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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Daiane Karoline Silveira da Silva A Exceção à Regra Para Concessão de Benefícios aos Dependentes da Previdência Social

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Daiane Karoline Silveira da Silva

A Exceção à Regra Para Concessão de Benefícios aos Dependentes da Previdência Social

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Biguaçu2008

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Daiane Karoline Silveira da Silva

A Exceção à Regra Para Concessão de Benefícios aos Dependentes da Previdência Social

Monografia apresentada à Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI , como requisito

parcial a obtenção do grau em Bacharel em

Direito.

Orientador: Prof. MSc. Márcio Roberto Paulo

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Biguaçu2008

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Daiane Karoline Silveira da Silva

A Exceção à Regra Para Concessão de Benefícios aos Dependentes da Previdência Social

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de bacharel e

aprovada pelo Curso de Direito, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de

Ciências Sociais e Jurídicas.

Direito Previdenciário:

Biguaçu, 11 de novembro de 2008.

Prof. MSc. Márcio Roberto PauloUNIVALI – Campus de Biguaçu

Orientador

Prof. MSc Allexsandre Luckmann GerentUNIVALI – Campus de Biguaçu

Membro

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Prof. Esp. Roberta Schneider Westphal UNIVALI – Campus de Biguaçu

Membro

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus pais por serem meus exemplos de vida e

principalmente aos meus queridos irmãos Victor e Nathália razões da minha

existência, a quem dedico todo o meu amor.

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Ao meu amado Cristiano, a quem serei eternamente grata por todo carinho e

incentivo para a realização desta conquista.

A todos os meus amigos e amigas, principalmente Andreza, Fabrina e Rosângela,

que durante toda a fase acadêmica estiveram ao meu lado me apoiando e

incentivando, não me deixando nunca desanimar nem tão pouco desistir diante de

alguma dificuldade ou obstáculo. A vocês dedico não somente este trabalho

acadêmico, mas também todo o meu carinho e gratidão que serão eternos.

AGRADECIMENTOS

Ao meu querido amigo, orientador e professor Márcio, meus sinceros

agradecimentos não só pelo conhecimento transferido durante as aulas em que ele

“apavorava” com os alunos, mas principalmente por ter aceitado participar da

elaboração desta pesquisa. Agradeço principalmente pela dedicação, carinho e

amizade os quais guardarei para sempre em minha memória.

Ao professor Allexsandre, ou melhor dizendo Allex um amigo que não poderia

deixar de agradecer pelo seu exemplo e dedicação não só como professor, mas

também como profissional.

A todos os professores que passaram durante a jornada universitária, minha

sincera gratidão pela presteza em tentar passar seu conhecimento e experiência a

nós alunos.

A todos que de qualquer forma direta ou indiretamente acreditaram na realização

deste sonho e que contribuíram para que ele se concretizasse transformando-se

em uma grande conquista em minha vida.

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E, sobretudo a Deus, que sempre esteve presente me protegendo e confortando

ao longo desta jornada, conduzindo meus passos sempre que estive no limite de

meus esforços, me fazendo chegar até aqui.

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“Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz

de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar,

inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados

médicos e os serviços sociais indispensáveis, e

direito à segurança em caso de desemprego,

doença, invalidez, viuvez, velhice, ou outros casos

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de perda dos meios de subsistência em

circunstâncias fora de seu controle”. (Declaração

universal dos direitos humanos, art. XXV. 1)

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade

pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Biguaçu, 11 de novembro de 2008.

Daiane Karoline Silveira da Silva

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RESUMO

A presente monografia trata sobre os Benefícios devidos aos dependentes de

segurado no Regime Geral da Previdência Social no Brasil. Apresenta a origem da

proteção social através da evolução histórica e legislativa. Conceitua a seguridade

social, bem como estabelece sua função social. Descreve os princípios

constitucionais da seguridade social mencionados no artigo 194 da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988 e trata do financiamento da seguridade.

Aborda o modo de filiação e inscrição do segurado e seus dependentes, define a

noção de segurados do Regime Geral, bem como a prescrição e decadência,

manutenção e perda da qualidade de segurado e dependente. Finalmente trata

sobre a comprovação da dependência econômica e das espécies de benefícios

devidos ao segurado e seus dependentes.

Palavras chaves: seguridade social; segurados; dependência econômica.

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RESUMÉN

La actual monografía trata de las ventajas debidas a los dependientes de

asegurados en el régimen general de la asistencia social en el Brasil. Presenta el

origen de la protección social con su evolución histórica y legislativa. Valora la

Seguridad Social, así como establece su función social. Describe los principios

constitucionales de la Seguridad Social mencionada en el artículo 194 da

Constitución de la República Federativa del Brasil de 1988 y se ocupa del

financiamiento de la seguridad. Se acerca de la manera de filiación y el registro de

los asegurados y sus dependientes, define la noción de asegurados del régimen

general, como también de la pérdida del efecto y el decaimiento, mantenimiento y

pérdida de la calidad de asegurados y del dependiente. Finalmente se ocupa de la

evidencia de la dependencia económica y de los tipos de ventajas debidas a los

asegurados y a sus dependientes.

Palabras-llaves: seguridad social; asegurados; dependencia económica.

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ROL DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

Ampl. - Ampliada;

APFESP- Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Servidores

Públicos;

Art. - Artigo;

Caput - Cabeça do artigo;

Ceme - Central de Medicamentos;

CIC- Cadastro de Identificação de Contribuinte;

CLT- Consolidação das Leis do Trabalho;

CPC - Código de Processo Civil;

CRFB - Constituição da República Federativa do Brasil;

Dataprev - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social;

DIB - Data de Inicio do Beneficio;

DJ – Diário de Justiça;

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EC- Emenda Constitucional;

ed.- Edição;

Funabem - Fundação Nacional do Bem Estar do Menor;

GPS - Guia da Previdência Sócial;

Iapas - Instituto de Administração Financeira da Previdência Social;

IAPB - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários;

IAPC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários;

IAPETC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e

Cargas;

IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários;

IAPM - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos;

Inamps - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social;

inc. - Inciso;

incs.- Incisos;

INPS - Instituto Nacional de Previdência Social;

INSS - Instituto Nacional de Previdência;

in verbis - Nestas Palavras;

IPASE- Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado;

LBA - Fundação Legião Brasileira de Assistência;

LOPS - Lei Orgânica de Previdência Social;

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Min.- Ministro;

nº- Número;

NIT - Número de Identificação do Trabalhador;

OGMO - Órgão Gestor de Mão-de-obra;

p.- Página;

PBPS – Plano de Beneficio da Previdência Social;

PIS/PASEP - Programa de Integração Social;

Rel. - Relator;

RESP- Recurso Especial;

RG - Registro Geral;

RGPS - Regime Geral de Previdência Social;

RPS - Regulamento da Previdência Social;

Rev. - Revisada;

SASSE- Serviço de Assistência e Seguro Social dos Economiários;

STF - Superior Tribunal Federal;

STJ – Superior Tribunal de Justiça;

SUDS - Sistema Único Descentralizado de Saúde;

SUS- Sistema Único de Saúde;

UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí;

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v.- Volume.

ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

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SEGURIDADE SOCIAL: “A seguridade social compreende um conjunto integrado de

ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os

direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.1

PREVIDÊNCIA SOCIAL: “A palavra previdência é derivada do verbo prever,

sinônima de antever. Prever ou antever, como o nome está a exprimir, tem

significado de ver antecipadamente fato ou situação que poderá ocorrer no futuro”.2

FILIAÇÃO: “A filiação é a relação jurídica que se estabelece entre os segurados e o

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social (Previdência Social), da qual decorrem

direitos e obrigações”.3

INSCRIÇÃO: “A inscrição é o ato pelo qual o segurado faz constar dos

assentamentos da instituição previdenciária seus dados identificadores e os de seus

dependentes”.4

SEGURADO: “(...)segurados são as pessoas físicas que exercem, exerceram ou

não atividade, remunerada ou não, efetiva ou eventual, com ou sem vínculo

empregatício”.5

1BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006.2GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. p.27.3SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.172.4COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito Previdenciário Brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.112.5MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.79.

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PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO: “A perda da qualidade do segurado

importa em caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade. Entretanto, essa

perda não prejudica o direito à aposentadoria, para cuja concessão tenham sido

preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que

estes requisitos foram atendidos”.6

DEPENDENTES: “São as pessoas que, embora não contribuindo para a Seguridade

Social, a Lei de Benefícios elenca como possíveis beneficiários do Regime Geral de

Previdência Social – RGPS, fazendo jus às seguintes prestações: pensão por morte,

auxílio-reclusão, serviço social e reabilitação profissional”.7

DEPENDÊCIA ECONOMICA: “O conceito de dependência econômica deve

abranger não só o que se refere às necessidades elementares, mas também o que

corresponde ao padrão de vida desfrutado pelo casal”.8

PENSÃO POR MORTE: “A pensão por morte é benefício direcionado aos

dependentes do segurado, visando à manutenção da família, no caso da morte do

responsável pelo seu sustento”.9

AUXÍLIO-RECLUSÃO: “O auxílio – reclusão é um benefício pago aos dependentes

do segurado de baixa renda, enquanto estiver recluso”.10

6EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p. 265/266.7CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006. p.213.8FELIPE, J. Franklin Alves. Curso de Direito Previdenciário. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.68.9IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007. p.562.10OLIVEIRA, Lamartino França. Direito Previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p.285.

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HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL: “A habilitação e reabilitação

profissional tem como objetivo proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou

totalmente para o trabalho e para as pessoas deficientes meios de educação ou

reeducação e adaptação profissional e social”.11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................1

1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO SOCIAL.............................3

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E LEGISLATIVA NO BRASIL.....................................3

1.1.1- ANO DE 1543 - CRIAÇÃO DA CASA DE MISERICÓRDIA DE SANTOS QUE

COMEÇA A PRESTAR SERVIÇOS ASSISTENCIAIS.............................................................3

1.1.2- EM 1835 – CRIAÇÃO DO MONGERAL – MONTEPIO GERAL DOS SERVIDORES

DO ESTADO – 1ª EMPRESA ESPECÍFICA A FUNCIONAR NO

PAÍS..........................................................................................................................................4

1.1.3- CONSTITUIÇÃO DE 1891- INSERIU NA REDAÇÃO O VOCÁBULO

“APOSENTADORIA” PARA OS SERVIDORES PÚBLICOS QUE SERVIAM A

NAÇÃO.....................................................................................................................................4

1.1.4- 1923- DECRETO - LEI 4.682/1923 (LEI ELOY CHAVES).............................................5

1.1.5- ENTRE 1930/1940 – UNIFICAÇÃO DAS CAIXAS EM INSTITUTOS, TAIS COMO

IAPTEC, IAPB, IAPC................................................................................................................6

1.1.6- CONSTITUIÇÃO/1934 – CRIADA A TRÍPLICE FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO

CUSTEIO..................................................................................................................................6

1.1.7- CONSTITUIÇÃO/1937 – CRIOU-SE A EXPRESSÃO SEGURO SOCIAL.....................7

11GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. p.139.

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1.1.8- CONSTITUIÇÃO/1946 – UTILIZOU-SE PELA PRIMEIRA VEZ A LOCUÇÃO

“PREVIDÊNCIA SOCIAL”.........................................................................................................8

1.1.9- 1960 – LEI 3.807- LEI ORGÂNICA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL...................................8

1.1.10- 1966 - DECRETO - LEI 72/1966- CRIAÇÃO DO INPS QUE VEIO A UNIFICAR OS

INSTITUTOS EXISTENTES.....................................................................................................9

1.1.11- 1977- Lei 6.439/1977- CRIAÇÃO DO SINPAS (SISTEMA NACIONAL DE

PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL)..............................................................................9

1.1.12- CONSTITUIÇÃO/1988 – CRIOU-SE A DENOMINAÇÃO SEGURIDADE SOCIAL

QUE AGREGA O SISTEMA DE SAÚDE ÚNICO (SUS).........................................................10

1.1.13- 1990- LEI 8.029/1990 – FUSÃO DO INPS E IAPAS PARA O SURGIMENTO DO

INSS (INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL).........................................................11

1.1.14- 1991- EDIÇÃO DAS LEIS 8.212 e 8.213/1991 (PLANO DE CUSTEIO E

ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL E PLANO DE BENEFÍCIOS DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL)........................................................................................................12

1.1.15- 1998- EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20 – EC/20, DESTINAÇÃO DO PRODUTO

ARRECADADO PELO INSS PARA A PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA

SOCIAL...................................................................................................................................12

1.1.16- 2003 - LEI Nº 10.666, de 08.05.2003. ALTEROU SIGNIFICATIVAMENTE AS

REGRAS DE CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA..........................................................................13

1.1.17- 2003- EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41: ALTEROU O REGIME GERAL DA

PREVIDÊNCIA DO SERVIÇO PÚBLICO...............................................................................14

1.2 SEGURIDADE SOCIAL.......................................................................................14

1.3 FUNÇÃO SOCIAL DE SEGURIDADE ................................................................16

1.4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE REGEM A SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA ............................................................................................................18

1.4.1- PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DE COBERTURA E

ATENDIMENTO......................................................................................................................18

1.4.2- PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS

ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS.............................................................................19

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1.4.3- PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS

BENEFÍCIOS E SERVIÇOS...................................................................................................20

1.4.4- PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS........................21

1.4.5- PRINCÍPIO DA EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO.............21

1.4.6- PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO...............................22

1.4.7- PRINCÍPIO DO CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA

ADMINISTRAÇÃO, MEDIANTE GESTÃO QUADRIPARTITE, COM PARTICIPAÇÃO DOS

TRABALHADORES, DOS EMPREGADOS, DOS APOSENTADOS E DO GOVERNO NOS

ÓRGÃO COLEGIADOS..........................................................................................................22

1.5 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL..................................................23

2 BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)......26

2.1 FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO DOS SEGURADOS E SEUS DEPENDENTES......................26

2.1.1 FILIAÇÃO......................................................................................................................26

2.1.2 INSCRIÇÃO...................................................................................................................27

2.2 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO.................28

2.2.1 DECADÊNCIA...............................................................................................................29

2.2.2 PRESCRIÇÃO...............................................................................................................30

2.3 SEGURADOS DO RGPS.....................................................................................31

2.3.1 SEGURADO OBRIGATÓRIO.................................................................................32

2.3.2 EMPREGADO...............................................................................................................32

2.3.3 TRABALHADOR DOMÉSTICO.....................................................................................33

2.3.4 TRABALHADOR AVULSO.............................................................................................33

2.3.5 SEGURADO ESPECIAL................................................................................................34

2.3.6 SEGURADO FACULTATIVO.........................................................................................35

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2.3.7 CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.......................................................................................36

2.4 MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO..........................36

2.5 DEPENDENTES...................................................................................................39

2.5.1-DEPENDENTES DA PRIMEIRA CLASSE OU PREFERENCIAIS................................41

2.5.1.1 CÔNJUGE MARIDO E MULHER...............................................................................41

2.5.1.2 COMPANHEIRO E COMPANHEIRA..........................................................................41

2.5.1.3 UNIÃO ESTÁVEL COM SEGURADO OU SEGURADA JÁ CASADOS.....................43

2.5.1.4 CONSEQUÊNCIAS NA SEPARAÇÃO OU DIVÓRCIO (EX-MULHER E EX-

MARIDO)................................................................................................................................44

2.5.1.5 FILHO MENOR DE 21 ANOS.....................................................................................44

2.5.1.6 EQUIPARADOS A FILHOS (MENOR TUTELADO E ENTEADO)..............................45

2.5.1.7 MENOR SOB GUARDA.............................................................................................46

2.5.2 DEPENDENTES DA SEGUNDA CLASSE....................................................................46

2.5.2.1 PAIS............................................................................................................................46

2.5.3 DEPENDENTES DA TERCEIRA CLASSE....................................................................47

2.5.3.1 IRMÃO MENOR DE 21 ANOS OU INVÁLIDO DE QUALQUER IDADE....................47

2.6 PERDA DA QUALIDADE DE DEPENDENTE.....................................................48

3 DEPENDENCIA ECONÔMICA DOS DEPENDENTES..........................................50

3.1 COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA........................................50

3.2 ESPÉCIES DE BENEFÍCIOS DEVIDOS AO SEGURADO E AOS SEUS

DEPENDENTES........................................................................................................52

3.2.1 DA PENSÃO POR MORTE ..........................................................................................53

3.2.2 DO AUXÍLIO - RECLUSÃO...........................................................................................60

3.2.3 HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL.....................................................68

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CONCLUSÃO............................................................................................................73

REFERÊNCIAS..........................................................................................................76

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto tratar do Regime dos

Dependentes da Previdência Social no Brasil.

O seu objetivo é analisar as hipóteses de concessão dos

benefícios para os dependentes do segurado da Previdência Social, com vistas para

os benefícios devidos em regra geral tais como a pensão por morte e o auxílio-

reclusão. Como benefício de exceção à essa regra temos a habilitação e reabilitação

profissional, que são concedidas como espécie de auxilio ao dependente e ao

segurado. Considerando que a hipótese de não concessão desses benefícios

provocaria uma série de problemas, principalmente financeiros para a família do

segurado que fica desamparada quando da morte, reclusão ou inabilitação para o

trabalho do segurado.

Para tanto, principia–se com o esboço histórico da Previdência

social no Brasil, trazendo os principais fatos que contribuíram para a formação do

sistema de Previdência que temos atualmente.

Logo após, conceitua-se a seguridade social, bem como sua

função social. Situa-se sobre os princípios Constitucionais que a regem, tendo como

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foco os princípios expressos no caput do artigo 194 parágrafo único da Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988. Define-se ainda as forma de

financiamento da seguridade social.

Passamos assim para os modos de inserção do segurado e de

seus dependentes na Previdência social, tais como a sua filiação e inscrição.

Conceitua-se os segurados do Regime Geral de Previdência Social, trata-se sobre a

prescrição e decadência da qualidade de segurado, bem como manutenção e perda

da qualidade de segurado.

Por fim trata-se da perda da qualidade de dependente, bem

como conceitua-se os dependentes da previdência social. Define-se a comprovação

da dependência econômica e os benefícios devidos ao segurado e aos seus

dependentes. Analisa-se a pensão por morte, o auxilio reclusão, habilitação e

reabilitação profissional.

Pesquisa-se na monografia o papel da Previdência Social, a

qual deve atuar em defesa dos interesses sociais garantindo o cumprimento dos

direitos individuais de cada cidadão. E como mecanismo de controle e verificação

deste cumprimento temos a Constituição da República Federativa do Brasil, que

assegura o cumprimento dos direitos individuais.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com a Conclusão,

na qual são apresentados pontos destacados do conjunto dos argumentos referidos,

seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a

concessão dos benefícios para os dependentes do segurado da Previdência Social

no Brasil.

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Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

Os benefícios são devidos a todos os dependentes do

segurado, tais como pais e cônjuge simultaneamente sem qualquer direito de

preferência?

Com relação a formulação de problema temos quais as

critérios utilizados para que a concessão dos benefícios de regra geral e o de

exceção para os dependentes.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, foi utilizado

o método indutivo, ao qual parte de teorias e leis gerais para ocorrência de

fenômenos particulares.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as técnicas

do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.

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1CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO SOCIAL

1.1 Evolução Histórica e Legislativa no Brasil

Ao acompanharmos a evolução das Constituições Federais,

Decretos e demais normas jurídicas que regeram o Estado, é possível compreender

o conceito e a história da previdência social no Brasil. Entre elas destacam-se

algumas datas:

1.1.1- Em 1543 - Criação da Casa de Misericórdia de Santos que começa a prestar serviços assistenciais

Em 1543 “É fundada a Santa Casa de Misericórdia de Santos,

por Brás Cubas, visando a entrega das prestações assistenciais. Paralelamente,

também é criado plano de pensão para seus empregados sendo estendido às

Santas Casas de Misericórdia do Rio de Janeiro e de Salvador abrangendo ainda os

empregados das Ordens Terceiras e outras que mantinham hospitais, asilos,

orfanatos e casas de amparo a seus associados e também para os desvalidos”.12

No primeiro momento prevalecia a beneficência, inspirada pela

mútua caridade, a preocupação do Estado primeiramente era com a prestação

assistencial, evoluindo posteriormente essa preocupação para as outras áreas que

12 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p.20/21.

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também necessitavam do amparo Estatal. Nesse mesmo ano houve também a

criação de planos de pensão para os empregados das casas de misericórdia,

abrangendo ainda os demais empregados que mantinham instituições tais como

asilos e demais casas de amparo destinadas ao auxílio dos desvalidos e

necessitados.

1.1.2- Em 1835 - Criação do Mongeral - Montepio Geral dos Servidores do Estado - 1ª empresa específica a funcionar no país

O Montepio dos Servidores do Estado (Mongeral) apareceu em

22 de junho de 1835, foi a primeira entidade privada a funcionar no país. Tal

instrumento legal é anterior à lei austríaca, de 1845, e à lei alemã, de 1833. Previa

um sistema típico do mutualismo (sistema por meio do qual várias pessoas se

associam e vão se cotizando para a abertura de certos riscos, mediante a repartição

dos encargos com todo o grupo). Continha a maior parte dos institutos jurídicos

securitários existentes nas modernas legislações e foi concebido muito tempo antes

da Lei Eloy Chaves. 13

Em 1835 foram criadas instituições conhecidas como

montepios, que são conhecidas como as manifestações mais antigas de Previdência

Social. Os montepios eram instituições em que, mediante o pagamento de cotas,

cada um de seus membros adquiria o direito de, por motivo de morte deixar pensão

pagável a alguém de sua escolha, garantindo assim um certo conforto em termos

financeiros para os membros de sua família.

13 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.6.

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1.1.3- Constituição de 1891- Inseriu na redação o vocábulo “aposentadoria” para os servidores públicos que serviam a nação

A Constituição de 1891 “(...) foi a primeira a conter a expressão

“aposentadoria”, a qual era concedida a funcionários públicos, em caso de invalidez

no serviço da nação. Os demais trabalhadores não possuíam qualquer proteção”.14

Temos aqui a utilização pela primeira vez da expressão

aposentadoria, esta por sua vez não aplicava a todos os trabalhadores, mas

somente aos funcionários públicos que ficaram inválidos no serviço da Nação. A

aposentadoria era totalmente custeada por recursos públicos.

1.1.4- 1923- Decreto - lei 4.682/1923 (Lei Eloy Chaves)

A Lei Eloy Chaves “(...) previa a criação de um sistema de caixa

de aposentadoria e pensão. No início, cada empresa do ramo ferroviário deveria

organizar a sua caixa. Seguindo o exemplo de Bismarck*, as contribuições seriam

devidas pelos trabalhadores e empregadores, as quais manteriam o sistema

protetivo que deveria cobrir alguns riscos sociais como invalidez, acidente de

trabalho, incapacidade temporária”.15

14 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.44.15 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p.23.

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*Na Alemanha em 1883, Otto Von Bismarck Instituiu o seguro-

doença obrigatório para os trabalhadores da indústria, sob a forma tríplice

contribuição.16

Essa foi a primeira norma a instituir a previdência no Brasil,

através da criação das caixas de aposentadoria para os ferroviários. Objetivo das

empresas era obter numerários para pagar futuras aposentadorias aos seus

funcionários. A partir dela surgiram dezenas de caixas chegando a atingir a quantia

de 83 caixas beneficiando outros empregados entre eles os do ramo portuário e

transporte aéreo.

1.1.5- Entre 1930/1940 - Unificação das caixas em Institutos, tais como IAPTEC, IAPB, IAPC

“A primeira instituição brasileira de previdência social de âmbito

nacional, com base na atividade econômica, foi o IAPM - Instituto de Aposentadoria

e Pensões dos Marítimos, criada em 1933, pelo Decreto nº 22.872, de 29 de junho

daquele ano. Seguiram-se o IAPC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos

Comerciários e o IAPB - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, em

1934; o IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, em 1936; o

IPASE - Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, e o

16 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.37.

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IAPETC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e

Cargas, estes em 1938”.17

O sistema de caixas deixou de ser estruturado por empresa e

passou a abranger categorias profissionais, cada categoria tinha seu próprio fundo,

o amparo social deixou de ser somente de uma determinada empresa, passando

para uma determinada categoria profissional, abrangendo todo território nacional.

1.1.6- Constituição/1934 - Criada a tríplice forma de participação no custeio

“(...) a Constituição de 1934 estabelecia a competência da

União para fixar regras de assistência social, ficando a cargo dos Estados -

Membros o cuidado com a saúde e as assistências públicas, além da fiscalização

das leis sociais. No art. 121, § 1º, h, falava - se em assistência médica e sanitária ao

trabalhador e na proteção à gestante. Nesse mesmo dispositivo mencionava - se o

custeio com a participação do ente público, empregado e empregador, com

contribuição obrigatória. O art. 170, §3º, previa a aposentadoria compulsória para os

funcionários públicos aos 68 anos de idade. Em caso de invalidez, previa-se a

aposentadoria com salário integral, que não poderia exceder os vencimentos da

ativa”.18

17 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006, p.67.

18 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de direito da seguridade social. 2º ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p.11/12.

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Essa Constituição instituiu como obrigatória a forma tríplice de

custeio da assistência social, que consistia na arrecadação de contribuições dos

trabalhadores, das empresas e do próprio governo. Era a primeira vez que o texto

constitucional inscrevia o amparo social como obrigação do Estado.

1.1.7- Constituição/1937 - Criou-se a expressão Seguro Social

“A carta Magna de 1937, outorgada em 10 de novembro, é

muito sintética em matéria previdenciária. Não evoluiu nem um pouco em relação às

anteriores, ao contrário, regrediu. A previdência social é disciplinada apenas em

duas alíneas do art. 137. A alínea m menciona “a instituição de seguros de velhice,

de invalidez, de vida e para os casos de acidente do trabalho". A alínea n trata que

“as associações de trabalhadores têm o dever de prestar aos seus associados

auxílio ou assistência, no referente às praticas administrativas ou judiciais relativas

aos seguros de acidente do trabalho e aos seguros sociais". A Carta Política de 1937

emprega muito a expressão “seguro social”, em vez de previdência social”.19

Apenas duas alíneas da constituição de 1937 faziam menção a

matéria previdenciária, uma mencionava a instituição de seguros de velhice, de

invalidez, de vida e para os casos de acidente do trabalho e a outra referia-se ao

dever das associações de trabalhadores em prestar aos seus associados auxílio ou

assistência, no que se referia às praticas administrativas ou judiciais relativas aos

19 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.10.

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seguros de acidente do trabalho e aos seguros sociais. Utiliza-se também pela

primeira vez a expressão seguro social.

1.1.8- Constituição/1946 - Utilizou-se pela primeira vez a locução “Previdência Social”

“A Constituição de 1946 previa normas sobre previdência no

capítulo que versava sobre Direitos Sociais, obrigando, a partir de então, o

empregador a manter seguro de acidente de trabalho. Foi a primeira tentativa de

sistematização constitucional de normas de âmbito social, elencadas no art. 157 do

texto. A expressão “previdência social” foi empregada pela primeira vez numa

Constituição brasileira”.20

Aqui podemos verificar que o uso da expressão seguro social

desaparece e começa a utilização da expressão previdência social. Importante

evolução dá-se com a obrigação de o empregador manter seguro de acidente de

trabalho para os seus empregados.

1.1.9- 1960 – Lei 3.807- Lei Orgânica de Previdência Social

Somente em 28/08/1960, com a Lei nº 3.807, chamada de Lei

Orgânica de Previdência Social (LOPS), houve a uniformização da legislação

20 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTr, 2006, p.67/68.

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previdenciária, há a inclusão de benefícios como o auxílio-reclusão, o auxílio-funeral

e o auxílio-natalidade, abrangendo um maior número de segurados, tais como os

empregadores e os profissionais liberais.21

A lei 3.807 Consolida e amplia a legislação previdenciária na

Lei Orgânica da Previdência Social e estabelece uma unidade de tratamento entre

os segurados e dependentes. Surgimento de novos benefícios, tais como: auxílio-

reclusão, o auxílio-funeral e o auxílio-natalidade.

1.1.10- 1966 - Decreto - lei 72/1966- Criação do INPS, que veio a unificar os Institutos existentes

“O Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966, criou o INSS - Instituto

Nacional de Previdência, que unificou os institutos previdenciários com gestão

estatal. A unificação administrativa não foi cabal, posto que sobreviveram ao lado do

INSS (Instituto Nacional de Previdência Social) o: I) IAPFESP- Instituto de

Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Servidores Públicos (art. 76 da LOPS);

(II) IPASE- Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, que

consagrava os funcionários públicos federais (Decreto- Lei nº 288, de 23.2.1938); III)

SASSE- Serviço de Assistência e Seguro Social dos Economiários que filiava os

empregados das caixas econômicas federais (Lei nº 3.149, de 21.5.1957)”.(grifo

nosso)22

21 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006, p. 9.

22 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p.26.

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Ocorreu aqui a tentativa de consolidação do sistema

previdenciário brasileiro com a unificação dos institutos de aposentadoria e pensões

em único órgão o INSS. A unificação não foi plena tendo em vista a permanência de

vários institutos, fracassando assim a tentativa de unificação.

1.1.11- 1977- Lei 6.439/1977- Criação do Sinpas (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social)

“Em 1977, foi instituído o Sistema Nacional de Previdência e

Assistência (Sinpas), responsável pela integração das áreas de assistência social,

previdência social, assistência médica e gestão das entidades ligadas ao Ministério

da Previdência e Assistência Social. O sinpas contava com os seguintes órgãos:

Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) – Autarquia responsável pela administração dos benefícios.

Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (Iapas) - Autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança de contribuições e demais recursos.

Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) – Autarquia responsável pela saúde.

Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA) – Fundação responsável pela assistência social.

Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (Funabem) – Fundação responsável pela promoção de política social em relação ao menor.

Central de Medicamentos (Ceme) – Órgão ministerial responsável pela distribuição de medicamentos.

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Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev) – Empresa pública responsável por gerenciar os sistemas de informática previdenciários.

Todas essas entidades foram posteriormente extintas, exceto a Dataprev, que existe até hoje, com função de gerenciar os sistemas informatizados do Ministério da Previdência Social”.23

O SIMPAS era destinado a integrar as atividades da

previdência, assistência social e médica e gestão financeira e patrimonial das

diversas entidades ligadas a previdência vinculadas ao Ministério da Previdência e

Assistência Social, contando com o apoio de diversos órgãos.

1.1.12- Constituição/1988- Criou-se a denominação Seguridade Social que agrega o Sistema de Saúde Único (SUS)

“A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o sistema de

Seguridade Social, como objetivo a ser alcançado pelo Estado brasileiro, atuando

simultaneamente nas áreas da saúde, assistência social e previdência social, de

modo que as contribuições sociais passaram a custear as ações do Estado nestas

três áreas, e não mais somente no campo da Previdência Social. Porém, antes

mesmo da promulgação da Constituição, já havia disposição legal que determinava

a transferência de recursos da Previdência Social para o então Sistema Único

Descentralizado de Saúde – SUDS, hoje Sistema Único de Saúde - SUS”.24

23 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005, p.23.24 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006, p.71.

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A Constituição de 1988 impôs uma nova e profunda

redistribuição da renda destinada ao custeio das prestações da seguridade social.

Que envolve a saúde, assistência social e previdência. Assim os que contribuíam

eram beneficiados nessas três áreas.

1.1.13- 1990- Lei 8.029/1990 - Fusão do INPS e Iapas para o surgimento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)

“O art. 17 da Lei nº 8.029, de 12-04-1990, permitiu a criação do

INSS. O Decreto nº 99.350, de 27-06-1990, criou o INSS (Instituto Nacional do

Seguro Social), autarquia federal vinculada ao então Ministério do Trabalho e

Previdência Social, mediante a fusão do IAPAS com o INPS. O INSS passa a ter a

finalidade de cobrar as contribuições e pagar os benefícios. Não há mais dois órgãos

para cada finalidade, mas apenas um só”. 25

O INSS foi instituído com a finalidade cobrar as contribuições e

pagar os benefícios. Sendo até hoje responsável pela arrecadação, fiscalização,

cobrança, aplicação de penalidades (multas) e regulamentação da parte de custeio

do sistema da seguridade social como pela concessão de benefícios e serviços aos

segurados e dependentes.

1.1.14- 1991- Edição das Leis nº 8.212 e 8.213/1991 (Plano de Custeio e Organização da Seguridade Social e Plano de Benefícios da Previdência Social)

25 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.16.

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“Em 24 de julho de 1991, entraram em vigor os diplomas

básicos da Seguridade Social: a Lei 8.212 (Plano de Custeio e Organização da

Seguridade Social) e a Lei 8.213 (Plano de Benefícios da Previdência Social),

revogando totalmente a LOPS. A LOPS, desde a promulgação da Constituição de

1988 até a publicação das leis supracitadas, continuou sendo aplicada, já que não

havia outro diploma legal, apesar de não ter sido recepcionada em grande parte.

Este expediente gerou um período conhecido como buraco negro, sendo os

benefícios aí concedidos objeto de revisão, com novo cálculo da renda mensal

inicial, segundo os padrões da Lei nº 8.213/91 (art. 144)”. 26

As leis 8.212 e 8.213 tratavam do custeio da seguridade social,

dos benefícios e serviços previdenciários incluindo os por acidente de trabalho.

Essas duas leis vigoram até hoje mesmo com as alterações ocorridas em diversos

dos seus artigos.

1.1.15- 1998- Emenda Constitucional 20 – EC/20, destinação do produto arrecadado pelo INSS para a previdência e assistência social

“A Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998, trouxe

substanciais mudanças à seguridade, normatizando as regras previdenciárias dos

servidores públicos, determinando a destinação específica à previdência e

assistência social do produto arrecadado pelo INSS com as contribuições, impondo

26 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.51.

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ao juízes do trabalho a execução das contribuições previdenciárias oriundas de suas

sentenças, extinguindo a aposentadoria por tempo de serviço, criando a

aposentadoria por tempo-contribuição e tornando mais rigorosos os requisitos

exigidos para a fruição de alguns benefícios, além de outras alterações”. 27

A emenda Constitucional nº 20 tentou realizar o equilíbrio

financeiro determinando a destinação à previdência e assistência social do produto

arrecadado pelo INSS com as contribuições, além de outras mudanças importantes.

1.1.16- 2003 - Lei nº 10.666, de 08.05.2003. Alterou significativamente as regras de custeio da previdência

“Lei 10.666, de 08 de maio de 2003 prevê contribuições

adicionais para as empresas tomadoras de serviços de cooperado; estabelece que

a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão da

aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial. Estabelece a obrigação

de a empresa arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu

serviço”. 28

A lei 10.666, alterou significativamente as regras de custeio da

previdência social, obrigando a empresa a arrecadar a contribuição do segurado

contribuinte individual que estiver a seu serviço. Estabeleceu a regra de que a perda

27 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.43.28 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p.30.

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da qualidade se segurado não seria considerada para a concessão de

aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial.

1.1.17- 2003- Emenda Constitucional 41: Alterou o Regime Geral da Previdência do Serviço Público

“Com as modificações da EC nº41/03, o caput do art. 40 da

Carta de 1988 assegura, expressamente, o direito do servidor a regime

previdenciário de caráter contributivo e solidário. Entendo que tal preceito não

impõe, necessariamente, a criação de regimes próprios pelos Entes Federativos em

favor de seus servidores ocupantes de cargo efetivo”. 29

A emenda 41 estabeleceu uma nova reforma previdenciária

atingindo mais os funcionários públicos. Reduziu a proteção previdenciária dos

agentes públicos ocupantes de cargos efetivos e vitalícios, quase que equiparando

as normas dos regimes próprios às do regime geral.

Através desse esboço histórico pode-se verificar que a

evolução da seguridade deu-se de forma lenta, sofrendo alterações e se moldando

passo a passo. A medida que a mentalidade social evoluía, sentiu-se a necessidade

de o Estado prestar amparo a sociedade. Saímos da assistência prestada por

caridade pelas casas de misericórdia e chegamos a prestação de proteção aos

direitos sociais individuais nas mais variadas formas prestadas pelo Estado.

29 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.41.

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1.2 Seguridade Social

A Seguridade Social ou proteção social teria surgido nos

primórdios dos tempos com a formação da unidade familiar, que vivia em

aglomerados e incumbia aos seus membros mais jovens a responsabilidade pela

subsistência dos mais velhos, tendo o Estado assumido essa responsabilidade muito

mais tarde.

Nas palavras de Fábio Zambitte Ibrahim:

Pode-se afirmar que a proteção social nasceu, verdadeiramente, na família. A concepção da família já foi muito mais forte do que nos dias de hoje e, no passado, as pessoas comumente viviam em largos aglomerados familiares. O cuidado aos mais idosos e incapacitados era incumbência dos mais jovens e aptos para o trabalho.

Contudo, nem todas as pessoas eram dotadas de tal proteção familiar e, mesmo quando esta existia, era freqüentemente precária. Daí a necessidade de auxílio externo, com natureza eminentemente voluntária de terceiros, muito incentivada pela Igreja. O Estado só viria a assumir alguma responsabilidade no século XVII, com a edição da famosa Lei dos Pobres.30

O objetivo proteger e dar tranqüilidade a entidade familiar e os

membros que dela participam continua até hoje, no entanto diferente do que ocorria,

o Estado acabou por assumir esse papel que antes era desempenhado por entes

familiares.

30 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.1.

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Tem-se como idéia ou objetivo da Seguridade Social “(...) dar

aos indivíduos e a suas famílias tranqüilidade no sentido de que, na ocorrência de

uma contingência (invalidez, morte, etc.), a qualidade de vida não seja

significativamente diminuída, proporcionando meios para a manutenção das

necessidades básicas dessas pessoas. Logo, a Seguridade Social deve garantir os

meios de subsistência básicos do indivíduo, não só mas principalmente para o

futuro, inclusive para o presente, independentemente de contribuição para tanto.

Verifica-se, assim, que é uma forma de distribuição de renda aos mais necessitados,

que não tenham condição de manter a própria subsistência”.31

A seguridade desta forma acaba por desempenhar um papel

fundamental para a vida em sociedade. Visa bem do individuo e luta para que ocorra

a redução de desigualdades sociais ainda existentes, principalmente as advindas

por algum evento que possa diminuir a sua qualidade de vida.

Marisa Ferreira dos Santos, assim comenta:

Garantindo os mínimos necessários à sobrevivência do indivíduo, a seguridade social é instrumento de bem- estar. É, também, redutor das desigualdades sociais causadas pela falta de ingressos financeiros no orçamento do indivíduo e de sua família, e instrumento de justiça social.32

31 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.19.32 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p.2.

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A Constituição da República Federativa do Brasil de 198833 em

seu art. 194 nos traz o conceito apropriado para definir a Seguridade Social:

Art. 194 A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Esse artigo trata os direitos relativos à saúde, previdência e

assistência social, os quais são direitos básicos que devem ser assegurados pelo

Poder Público e pela sociedade como um todo, com o intuito de proteger os

cidadãos.

1.3 Função Social da Seguridade

Qualquer pessoa pode obter os benefícios da Seguridade

Social, independente de estar exercendo atividade remunerada ou não. Como afirma

Aristeu Oliveira:

Qualquer pessoa acima de 16 anos de idade pode ser segurado da Previdência Social, sendo que o menor aprendiz já o pode aos 14 anos. Os que exercem atividade remunerada são segurados obrigatórios. Estão aí enquadrados os que têm carteira assinada e os que não têm carteira assinada, como avulsos, temporários, autônomos. As donas de casa podem ser filiadas como segurados facultativos. 34

33 BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006.34 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.17.

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O indivíduo passa a utilizar dos benefícios da seguridade social

quando o mesmo não tem condições de prover seu sustento e ou de sua família, em

razão de desemprego, doença, invalidez ou de qualquer outra causa prevista em lei.

No art. 201 da CRFB/8835 encontrar-se os eventos que são

cobertos pela proteção previdenciária em que os segurados e dependentes tem

direito, quais sejam:

I- cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

II- proteção à maternidade, especialmente à gestação;

III- proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;*

IV- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V- pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

*Seguro desemprego aparece aqui como benefício

previdenciário, mas na verdade não é. Sua concessão é feita pelo Ministério do

Trabalho e Emprego, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Verifica-se, portanto que “a Previdência Social objetiva

assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo

de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário,

35 BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006.

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encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam

economicamente”. 36

1.4 Princípios Constitucionais que regem a Seguridade Social Brasileira

A Seguridade Social é regida por princípios próprios que a

organizam, no parágrafo único do artigo 194 da CRFB/8837 encontrar esses

princípios, os quais serão comentados individualmente.

Art. 194 Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I- universalidade da cobertura e do atendimento;

II- uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III- seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV- irredutibilidade do valor dos benefícios;

V- eqüidade na forma de participação no custeio;

VI- diversidade da base de financiamento;

VII- caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

1.4.1- Princípio da universalidade de cobertura e atendimento

36 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.15.37 BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006.

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O principio da universalidade da seguridade social “(...) se

verifica quando notamos que ela se destina a todas as pessoas residentes no Brasil,

mesmo se de outra nacionalidade. A cobertura é termo abstrato que pressupõe que

esses habitantes poderão ser atendidos. Já o atendimento pode ser entendido como

a materialização da previsão de cobertura. Ou seja, o uso do sistema por quem

estava coberto. O segurado facultativo, a assistência social aos carentes e a saúde,

via SUS, a todos, são exemplos”. 38

Universalidade significa que os habitantes do país, farão jus a

seus benefícios diante de uma mesma circunstância ou contingência recebendo

cobertura por igual, não devendo existir distinção, principalmente entre segurados

urbanos e rurais. O segurado facultativo que recolher contribuição também terá

direito aos benefícios da previdência social, assim como os estrangeiros que

residirem em nosso país. A universalidade de cobertura deve se entendida como as

eventualidades que serão cobertas, como idade avançada e impossibilidade de

retorno ao trabalho. Já a universalidade de atendimento se refere às prestações que

independente de pagamento de contribuição devem ser pagas. Sendo esse

pagamento um direito da pessoa e um dever do Estado.

1.4.2- Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais

38 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p.39.

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Não deverá haver distinção entre trabalhadores urbanos ou

rurais. “As prestações securitárias devem ser idênticas para os trabalhadores rurais

ou urbanos, não sendo lícita a criação de benefícios diferenciados. Como se sabe, o

trabalhador rural tinha tratamento diferenciado até o advento da Constituição de

1988, a qual determinou o fim desse regramento previdenciário distinto. Assim, por

exemplo, todos os segurados, inclusive os rurais, nunca terão aposentadoria em

valor inferior a um salário mínimo”. 39

Deverá ser conferido tratamento igualitário aos trabalhadores

urbanos e rurais, havendo assim a uniformidade (benefícios e serviços idênticos) e

equivalência (para os mesmos eventos cobertos pelo sistema). Isso não significa

que o valor do beneficio será idêntico, e sim as regras para a sua concessão que

acabam se tornando idênticas.

1.4.3- Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços

O principio da seletividade na prestação dos benefícios e

serviços “(...) implica que tal prestação seja fornecida apenas a quem realmente

necessitar, desde que se enquadre nas situações que a lei definir. Somente poderão

usufruir o auxílio-doença, por exemplo, os segurados que se encontrarem em

situação de incapacidade temporária para o trabalho. O princípio da distributividade

é melhor aplicável à previdência e à assistência social. O Poder Público vale-se da

seguridade social para distribuir renda entre a população. Isso porque as 39 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p. 56.

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contribuições são cobradas de acordo com a capacidade econômica dos

contribuintes. Assim, uma vez nos cofres previdenciários, os recursos captados são

distribuídos para aqueles que precisem de proteção”.40

Princípio da seletividade pressupõe que os benefícios serão

concedidos a quem deles realmente necessite. Razão pela qual é necessário o

beneficiário preencher certos requisitos exigidos por lei. Por exemplo, um

trabalhador que não possua dependentes não terá a concessão do salário-família. A

distributividade refere-se a distribuição de renda e bem- estar social. Por exemplo, a

concessão do beneficio assistencial ao idoso que não possua meios de subsistência.

1.4.4- Principio da irredutibilidade do valor dos benefícios

A irredutibilidade pode ser de duas formas: nominal ou real. A

primeira significa dizer que o valor expresso em números não pode ser reduzido. Se

é R$ 100,00 não pode ser reduzido para R$ 90, 00. Entretanto, isso não traz

nenhuma garantia ao beneficiário ainda em tempos de inflação. A outra – a

verdadeira irredutibilidade – é real. Significa dizer que o poder aquisitivo deve ser

mantido. Hoje está expressamente consagrada no art. 201, § 4º, da Constituição

Federal, segundo o qual “é assegurado o reajustamento dos benefícios para

preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real conforme critérios definidos em

lei”.41

40 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005, p.29.41 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2007, p.28.

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Todo beneficio deve sofrer correção monetária para manter o

poder de compra de seu beneficiário. O supremo considera constitucional a redução

do poder de compra, desde que não altere e reduza o valor do beneficio recebido.

1.4.5- Princípio da eqüidade na forma de participação no custeio

Sobre a equidade na forma de participação no custeio pode-se

afirmar: “É um princípio dirigido exclusivamente ao legislador. Como feitor das leis,

deve ao elaborá-las primar pelo ideal de justiça, tendo em mente que a tributação

para fins da seguridade social deverá se der de acordo com a capacidade

contributiva dos diversos tipos de contribuintes do sistema”. 42

Apenas os contribuintes que estiverem em igualdade de

condições contributivas é que terão de contribuir da mesma forma. O trabalhador

não pode contribuir da mesma forma que a empresa, por não possuir as mesmas

condições financeiras para tal. A maior parte da receita da seguridade social deverá

vir da contribuição das empresas que já incluem no preço das mercadorias ou dos

serviços prestados o custo da contribuição previdenciária.

1.4.6- Principio da diversidade da base de financiamento

O art. 195 da CRFB/88 prevê que a seguridade seja financiada

por toda a sociedade. O custeio é feito por meio de recursos orçamentários da

42 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p.40.

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União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de contribuições

pagas pelo empregador, pela empresa ou entidade a ela equiparada (art. 195, I),

pelo trabalhador (195, II), pelas contribuições incidentes sobre as receitas dos

concursos de prognósticos (art. 195, III) e pelas contribuições pagas pelo importador

de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (art.195, IV). 43

A diversidade da base de financiamento traduz-se nas

contribuições a cargo do empregador, da empresa, da entidade a ela equiparada, do

trabalhador, dos demais segurados da previdência social, do administrador de

concurso de prognósticos e de recursos provenientes dos orçamentos da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

1.4.7- Principio do caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados

“O caráter democrático e a descentralização administrativa

visam dar segurança e moralidade na administração do sistema. Na criação de

órgão ou órgãos mastodônticos, como é o caso da previdência social no Brasil, cria-

se, correlatamente, grande dificuldade administrativa, em especial o afastamento de

possíveis fraudes. A experiência demonstra essa realidade. De qualquer forma, o

legislador constitucional entendeu de dar à administração do sistema ordem

democrática e descentralizada, exigindo a participação da comunidade interessada

(trabalhadores, empregadores, aposentados e Estado). A administração assim

43 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p.8.

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composta constituir-se-á, ao mesmo tempo, fiscal da ordem que deve reinar no

sistema”. 44

A democracia na gestão significa efetiva participação dos

trabalhadores, empregados, aposentados e do governo na administração dos

assuntos relativos a seguridade social, de maneira equivalente, ou seja, deve ser

igual entre todos os membros.

1.5 Financiamento da Seguridade Social

O financiamento da Seguridade Social está previsto no art. 195

da CRFB/8845 como um dever imposto a toda sociedade, a qual deverá contribuir

para seu custeio de forma direta ou indireta.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

44 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, p.14.45BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006.

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c) o lucro;

II- do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedida pelo regime geral de previdência social de que trata o artigo 201;

III- sobre a receita de concursos de prognósticos;

IV- do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

Assim podemos verificar que toda a sociedade deverá

contribuir para o custeio da seguridade social, essa contribuição deverá ocorre de

forma direta e indireta:

a) contribuição direta:

Feita pelos empregados através da folha de salário e demais

rendimentos, faturamento, lucro);

Feita pelo trabalhador com índice de 7,65% a 11% sobre o

salário.

b) contribuição indireta:

União, Estados, Municípios e Distrito Federal.

Desde a elaboração da primeira norma constitucional sobre o

tema em 1934, o custeio da Previdência Social foi alicerçado em uma tríplice fonte

de receita: contribuições dos trabalhadores, dos empresários e suplementação do

Estado. No início, contribuição tríplice e igual, após tornou-se apenas tríplice, não

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mais se impondo a igualdade para a participação da União Federal. Em diplomas

legais mais recentes, a igualdade entre as contribuições dos trabalhadores e dos

empresários resultou finalmente desfeita.46

A seguridade possui também outras fontes para o seu

financiamento, são elas:

Constituem outras receitas para o financiamento da Seguridade

Social, de acordo como o art. 27 da Lei nº 8.212/91:47

as multas (moratórias e por descumprimento de obrigações acessórias), a atualização monetária e os juros moratório;

a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros – art. 274 do Decreto nº 3.048/99;

as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de bens;

as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras;

as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais;

50% dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal;

40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Receita Federal; e

outras receitas previstas em legislação específica.

As companhias seguradoras que mantêm o seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, de que trata a Lei nº 6.194, de dezembro de 1974, deverão

46 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001, p.53.47 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8212cons.htm. acesso em 21.10.2008

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repassar à Seguridade Social 50% do valor do prêmio recolhido, destinado ao Sistema Único de Saúde - SUS, para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito.

Por todo o exposto, resta plenamente demonstrado a

importância da seguridade social na vida em sociedade. Com o decorrer da sua

evolução pode-se verificar que o legislador procurou atender as necessidades dos

que dela se utilizam, tentando desta forma minimizar o sofrimento vindo de uma

invalidez ou morte de um ente familiar, proporcionando meios para que se pudesse

manter suas necessidades básicas. Merecem destaque em seguida, os princípios

constitucionais que regem a seguridade social, bem como a sua forma de

financiamento.

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2BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

(RGPS)

Os destinatários das prestações do Regime Geral de

Previdência Social são considerados beneficiários, gênero das espécies segurados

(os que mantêm vinculo em nome próprio) e dependentes (os que dependem

economicamente dos segurados, cumprindo os requisitos exigidos pela lei).

2.1 Filiação e Inscrição dos segurados e de seus dependentes.

2.1.1 Filiação

Podem filiar-se ao RGPS as pessoas físicas que exercem

atividade remunerada e, excepcionalmente, o que não pratica esforço ou atividade

laboral, não sendo permitido a inscrição de pessoas jurídicas. 48

Na compreensão de Ítalo Romano Eduardo:

A filiação consiste no vínculo que se estabelece entre os segurados e a Previdência Social, do qual decorrem direitos e obrigações. O simples exercício de atividade remunerada implica automaticamente a filiação do segurado obrigatório. 49

48 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário. 3ª ed. São Paulo: Ltr, 2005. p.188.49 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p.277.

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Como vimos o exercício de atividade remunerada por si só já

implica na vinculação do segurado ao sistema previdenciário, essa vinculação gera

direitos e obrigações para o segurado perante a Previdência Social, não sendo

permitida a inscrição de pessoas jurídicas.

2.1.2 Inscrição

A inscrição do empregado é feita diretamente em sua empresa,

a do trabalhador avulso, no sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra

correspondente, e a dos demais segurados junto ao INSS, o qual fornecerá o

Número de Identificação do Trabalhador – NIT, caso o segurado não possua

inscrição junto ao Programa de Integração Social – PIS/PASEP. No caso de

inscrição feita junto ao INSS, as informações prestadas pelo indivíduo têm caráter

declaratório e são de sua inteira responsabilidade, podendo o INSS solicitar a

comprovação do que restou declarado.50

Fábio Zambitte Ibrahim, acrescenta que a inscrição do

segurado é um ato meramente formal, sendo uma medida necessário para a

identificação do segurado perante a Previdência social.

(...) a inscrição é ato meramente formal, pelo qual o segurado fornece dados necessários para a sua identificação à autarquia previdenciária (art. 18 do RPS). Em geral, a filiação ocorre primeiro, sendo a inscrição posterior. A exceção é o segurado facultativo, cuja inscrição ocorre antes da filiação (art. 20 do RGPS). Para os segurados obrigatórios, contudo, a inscrição pressupõe a filiação.

50 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006., p.219.

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Aquela sem esta não produz qualquer efeito perante a previdência social. 51

“O cadastro no Regime Geral de Previdência Social é

considerado inscrição de segurado para os efeitos da previdência social, cadastro

feito mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários

e úteis a caracterizar a filiação, ocorrendo na seguinte forma: 1. empregado e

trabalhador avulso - pelo preenchimento dos documentos que os habilitem ao

exercício da atividade, formalizado pelo contrato de trabalho, no caso de

empregado, e pelo cadastramento e registro no sindicato ou órgão gestor de mão -

de-obra, no caso de trabalhador avulso; 2. empregado doméstico - pela

apresentação de documento que comprove a existência de contrato de trabalho; 3.

empresário - pela apresentação de documento que caracterize a sua condição; 4.

contribuinte individual - pela apresentação de documento que caracterize o exercício

de atividade profissional, liberal ou não; 5. segurado especial - pela apresentação de

documento que comprove o exercício de atividade rural; e 6. facultativo - pela

apresentação de documento de identidade e declaração expressa de que não

exerce atividade que o enquadre na categoria de segurado obrigatório”. 52

Ao fazer a inscrição, deverá o segurado provar sua condição e

a de seus dependentes. A prova mais comum da condição de segurado com vínculo

empregatício, é a Carteira de Trabalho e Previdência Social devidamente anotada.

Por meio dele se apura a existencial e a persistência do exercício da atividade

51 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.143.52 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.387.

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abrangida. Isto não se considera obstáculo para que se intente a prova por outros

meios, sempre que pela Carteira não possa ser feito. 53

Aristeu Oliveira comenta sobre as formas de inscrição do

dependente:

A inscrição do dependente do segurado será promovida quando do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante a apresentação dos seguintes documentos: para os dependentes preferenciais: cônjuge e filhos - certidão de casamento e de nascimento; companheiro (a) - documento de identidade e certidão de casamento com averbação da separação judicial ou divórcio, quando um dos companheiros ou ambos já tiverem sido casados, ou do óbito, se for o caso; e equiparado a filho - certidão de judicial de tutela, e, em se tratando de enteado, a certidão de casamento do segurado e a de nascimento do dependente; para os pais: certidão de nascimento do segurado e documento de identidade dos mesmos; para os irmãos: certidão de nascimento. (grifo nosso)54

2.2 Decadência e Prescrição da qualidade de Segurado

Prescrição e decadência são dois institutos distintos, mesmo

existindo alguns pontos em comum entre eles. “Existe uma distinção entre a

decadência e prescrição, embora ambas tenham pontos em comum. A decadência é

o direito de o sujeito ativo constituir o crédito tributário com o lançamento em certo

período. A prescrição corresponde à perda do direito de ação para cobrança do

crédito tributário se decorrido um lapso de tempo, contado da data de sua

constituição definitiva”. 55

53 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.113.54 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.389.55 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.279.

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2.2.1 Decadência

A palavra decadência tem sua origem no latim, que significa cair, parecer, cessar:

Decadência" provém do latim cadens, de cadere (cair, parecer, cessar). É palavra formada pelo prefixo latino de (de cima de), pela forma verbal cado (decadere) e pelo sufixo encia (ação ou estado), tendo por significado a ação de cair ou o estado daquilo que caiu.

Juridicamente, decadência indica a extinção do direito pelo decurso do prazo fixado a seu exercício. Decadência é palavra que tem por significado "caducidade", "prazo extintivo ou preclusivo", que envolve a extinção do direito. 56

A decadência significa a queda ou extinção do direito pelo

transcurso do prazo estabelecido em lei.

O prazo de decadência do direito do segurado é de 10 anos a

contar do dia 1º ao mês seguinte do recebimento da primeira prestação ou da

tomada de conhecimento da decisão que indeferir administrativamente o pedido. “É

de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado

ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de beneficio, a contar do dia

primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o

caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no

âmbito administrativo. Na realidade, configura-se prescrição de fundo de direito. Este

56 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.254.

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prazo não começa a correr se não houver requerimento ou manifestação da

Autarquia, pois não haverá violação a direito do beneficiário.” 57

2.2.2 Prescrição

Encontramos no latim a origem da palavra prescrição, que significa:

Praescripto (do verbo praescribero, de prae + scribero), "escrever antes do começo", lembra-nos a parte preliminar (escrita antes) da fórmula em que o pretor romano determinava, ao juiz, a absolvição do réu, caso estivesse esgotado o prazo de ação. Uma vez extinto o lapso de tempo para o uso da ação, cabia a exceção de “prescrição temporal”, em razão da falta do exercício da ação. Isto se dava no Direito Pretoriano, pois no Direito Romano antigo as ações eram perpetuas ou inatingíveis. Com a evolução do conceito de prescrição, esta passou a significar a extinção da ação pela expiração do prazo de sua duração (exercício tardio da ação). 58

O prazo de prescrição também é diferente do prazo de

decadência do direito, conforme verificamos. “Sem prejuízo do direito ao benefício,

prescreve em cinco anos o direito às prestações não pagas nem reclamadas na

época própria, salvo na forma do Código Civil, os casos em que não há prescrição,

tais como (art. 347 do RPS): menores dependentes; incapazes; e ausentes”. 59

Necessário se faz a existência de pressupostos para que se

possa determinar a prescrição. “Para que ocorra a prescrição, é necessário a

57 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.198/199.58 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.256.59 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.682.

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existência de alguns pressupostos, tais como: a existência de uma ação exercitável

pelo titular de um direito; a inércia desse titular em relação ao uso da ação durante

certo tempo; ausência de um ato ou de um fato que a lei atribua uma função

impeditiva (tais como suspensiva ou interruptiva) do curso do prazo de prescrição”.60

2.3 Segurados do RGPS

Sérgio Pinto Martins conceitua o segurado, podendo assim ser

compreendido o tanto o que exerce atividade remunerada, o que não exerce e ainda

os que não tem remuneração por suas atividades:

(...) o segurado é tanto o que exerce atividade remunerada, como aquele que não exerce atividade (desempregado) ou que não tem remuneração por sua atividade (dona-de-casa). Os segurados podem ser divididos em segurados obrigatórios (empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso), obrigatórios individuais (trabalhador autônomo, eventual e equiparado, empresário) e segurado facultativo (desempregado, estudante, dona-de-casa, síndico de condomínio). 61

Os segurados da previdência social podem ser divididos em

segurados obrigatórios e segurados facultativos, os quais encontram - se elencados

nos arts. 11, 12 e 13 da Lei 8.213/9162.

Conforme verifica-se existem diferenças entre a classificação

dos segurados obrigatórios e dos facultativos. “Basicamente, a diferença entre estas

duas figuras reside automaticidade ou não de sua filiação. Para o segurado

60 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.282.61 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.286.62 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm acesso em 21.10.2008

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obrigatório, o mero exercício de atividade remunerada que lhe dê a qualidade de

segurado já é causa suficiente para seu ingresso no universo previdenciário. Já em

relação ao segurado facultativo, seu ingresso ficará na dependência de sua efetiva

inscrição”. 63

Os segurados obrigatórios são inseridos automaticamente no

RGPS. Já quanto aos facultativos como o próprio nome já diz é facultada a sua

inscrição, ou seja, para que o segurado facultativo se inscreva no RGPS depende de

sua efetiva inscrição.

2.3.1 Segurado Obrigatório

Os segurados obrigatórios estão elencados no inciso V do art.

12 da Lei nº 8.212/9164, sendo inconcebível a existência de segurado pessoa

jurídica.

Carlos Alberto Pereira de Castro define os segurados

obrigatórios:

Segurados obrigatórios são aqueles que contribuem compulsoriamente para a Seguridade Social, com direito aos benefícios pecuniários previstos para a sua categoria (aposentadorias, pensões, auxílios, salário-família e salário-maternidade) e aos serviços (reabilitação profissional e serviço social) a encargo da Previdência Social. O segurado obrigatório exerce atividade remunerada, seja com vinculo empregatício, urbano, rural ou domestico, seja sob regime jurídico publico estatutário (desde que não possua sistema próprio de previdência social), seja trabalhador autônomo ou a este equiparado, trabalhador avulso,

63 JORGE, Társis Nametala Sarlo. Manual de Benefícios Previdenciários. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p.129.64 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8212cons.htm acesso em 21.10.2008

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empresário, ou segurado especial. A atividade exercida pode ser de natureza urbana ou rural. Ainda que exerça, nessas condições, suas atividades no exterior, a pessoa será amparada pela Previdência Social, nas hipóteses previstas em lei.65

Segurado obrigatório portanto, é o que contribui para a

previdência social, fazendo jus ao recebimento de certos benefícios previstos para a

sua categoria.

2.3.2 Empregado

O art. 11, I, a da Lei nº 8.213/9166 nos traz o conceito de

segurado empregado:

a) Aquele que presta serviços de natureza urbana ou rural à

empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração,

inclusive como diretor empregado.

Podemos verificar que trata - se de conceito semelhante ao da

legislação trabalhista, contido no art. 3º da CLT67, reunindo os elementos que

caracterizam a relação empregatícia, tais como: subordinação, habitualidade,

onerosidade e pessoalidade.

2.3.3 Trabalhador Doméstico

65 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006, p.173/174.66 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm acesso em 21.10.200867 MARTINS, Sérgio Pinto. CLT Universitária. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.

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O conceito de trabalhador doméstico encontra-se no art. 11, II

da Lei nº 8.213/9168 e no art. 1º da Lei 5.859/7269:

Como empregado doméstico: aquele que presta serviço de

natureza continua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade

sem fins lucrativos.

O empregado doméstico possui todas as características citadas

anteriormente para a definição de empregado e além daquelas, verifica-se a

necessidade de os serviços prestados serem realizados exclusivamente no âmbito

residencial e sem que estes tenham a finalidade lucrativa. 70

2.3.4 Trabalhador Avulso

Segundo o inciso VI art. 11 da Lei 8.213/199171 pode-se

compreender como trabalhador avulso:

Como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas,

sem vínculo empregatício, serviços de natureza urbana ou rural definidos no

regulamento.

68 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm acesso em 21.10.2008.69 http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L5859.htm acesso em 21.10.2008.70 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006, p.247.71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm acesso em 21.10.2008.

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O trabalhador avulso diferencia-se do empregado pelo fato de

não possuir vínculo permanente com nenhuma das empresas que presta serviço.

Distingue-se do contribuinte individual (antigo trabalhador autônomo) pela

intermediação obrigatória do sindicato ou do OGMO (Órgão Gestor de Mão-de-

obra); se não houver tal intermediação através do sindicato, ou seja, se o

trabalhador contatar diretamente com o tomador de serviço, será considerado

contribuinte individual e não trabalhador avulso. 72

2.3.5 Segurado Especial

Como segurado especial temos o conceito estabelecido pela

Lei 8.213/199173, art. 11, VII.

Como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e o

arrendatário rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que

exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda

que com o auxilio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou

companheiros e filhos maiores de 14 (quatorze) anos ou a eles equiparados, desde

que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.

Ivan Kertzman define o segurado especial:

O segurado especial contribui para a Previdência com base em um percentual do resultado da comercialização da produção rural, tendo no entanto, direito a benefícios limitados ao salário mínimo. Será excluído da condição de segurado especial o membro de grupo familiar que possua outra fonte de rendimento. Pode este, todavia, perceber os seguintes rendimentos, sem perder a condição de

72 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p.53.73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm acesso em 21.10.2008.

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especial: a) pensão por morte deixada pelo segurado especial e os benefícios de auxilio - acidente e auxilio - reclusão cujo valor seja inferior ou igual ao salário mínimo; b) os recebidos pelo dirigente sindical que mantém o mesmo enquadramento perante o RGPS de antes da investidura no cargo 74.

2.3.6 Segurado Facultativo

O Decreto lei nº 30.48/9975, em seu artigo 11, define o conceito

de segurado facultativo:

Art. 11- O maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.

Segurado facultativo é a pessoa física que não tem obrigação

legal de recolher a contribuição previdenciária, mas o faz para poder contar tempo

de contribuição.

A atual configuração com relação ao segurado facultativo, é

muito mais ampla, pois permite a filiação voluntária de qualquer pessoa excluída do

sistema previdenciário, na maioria das vezes em virtude da ausência do exercício de

atividade remunerada. Esta possibilidade existe em relação a todas as pessoas que

não são vinculadas automaticamente ao sistema previdenciário, ou seja, não

74 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005.p. 51.75 http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1999/3048.htm acesso em 21.10.2008.

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exercem atividade remunerada que ocasione a filiação automática. Como possíveis

facultativos, temos a dona de casa, estagiário, estudante etc.76

Apesar de exercerem atividade remunerada, alguns

trabalhadores são excluídos do RGPS. Isto ocorre quando os mesmos já possuem

filiação em regime próprio de previdência em razão da atividade remunerada que

exercem como os servidores públicos federais e militares.

2.3.7 Contribuinte Individual

Contribuinte individual é a classe de trabalhadores que foi

criada pela Lei 9.876/9977, a qual reuniu as antigas denominações de segurados, tais

como: segurado empresário, autônomo e equiparado a autônomo.

A Lei 8.213/199178, em seu art. 11, V, elenca as principais

características para a conceituação do contribuinte individual.

Felipe, J. Franklin Alves ressalta que a lei não traz a definição

de segurado contribuinte individual, como podemos verificar:

A lei não define essa categoria de segurado, devendo o intérprete, para tanto, buscar o seu conceito na legislação comercial. Em qualquer tipo de empresa, o titular de firma individual, o sócio-gerente ou o diretor da firma coletiva são os que desenvolvem atividade econômica como seus órgãos. O sócio comum, cotista ou

76 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.167.77 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9876.htm acesso em 21.10.2008.78 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L8213cons.htm acesso em 21.10.2008.

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acionista, sem poderes de administração e sem retiradas, não é segurado da Previdência Social, por maior que seja sua participação no capital social, porque não exerce atividade profissional remunerada na sociedade. Por isso, o teor da legislação previdenciária: “e o sócio-cotista que receba remuneração decorrente de seu trabalho...” O normal é que o sócio-cotista receba remuneração quando participe da gestão. O texto anterior faz referência também ao sócio-cotista que participasse da gestão da empresa, independentemente de receber remuneração pelo seu trabalho. 79

2.4 Manutenção e Perda da Qualidade de Segurado

É permitido ao segurado que este passe algum tempo sem

efetuar seus recolhimentos para a previdência e mesmo assim mantenha a sua

condição de beneficiário do sistema. “O RGPS permite que o segurado passe algum

tempo sem efetuar seus recolhimentos, mantendo, mesmo assim, a condição de

beneficiário do sistema. Muito injusto seria se um segurado que contribuiu durante

vários anos, tendo, por descuido, deixado de efetuar apenas uma contribuição,

fosse, justamente nesse mês, acometido de doença incapacitante e não obtivesse a

cobertura previdenciária”. 80

Na compreensão de Carlos Alberto Pereira de Castro a

manutenção da qualidade de segurado refere-se ao período em que ele continua

filiado ao RGPS:

A manutenção da qualidade de segurado refere-se ao período em que o segurado continua filiado ao Regime Geral de Previdência

79 FELIPE, J. Franklin Alves. Curso de Direito Previdenciário. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.p.2880 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005.p. 106.

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Social - RGPS, por estar inserido no chamado período de graça..

Nesse período, ele e seus dependentes continuam amparados pelo regime caso necessitem, mesmo não estando a exercer atividade que o ajuste como segurado obrigatório, e sem estar contribuindo mensalmente, como facultativo; essa regra trata - se de uma exceção em face do sistema do RGPS, de caráter eminentemente contributivo. Assim, mantém-se a qualidade de segurado independentemente de contribuições, preservando todos os seus direitos na Previdência Social, respeitando os prazos estabelecidos no artigo 15 da Lei 8.213/91, que tem a seguinte redação: 81

O período de graça está previsto no art. 15 da Lei nº 8.213/91,

compreendendo o período em que o trabalhador mantém a condição de segurado,

mesmo com a interrupção da atividade remunerada, conforme Fábio Zambitte

Ibrahim:

Período de graça é o tempo em que o trabalhador mantém a sua condição de segurado com cobertura plena, mesmo após a interrupção da atividade remunerada. Tal período não conta para carência, nem como tempo de contribuição. Visa somente dar oportunidade ao trabalhador de obter uma nova atividade remunerada. 82

Já no que se refere a perda da qualidade de segurado, esta

seria a extinção da relação jurídica existente entre o segurado e a Previdência

Social, acarretando como conseqüência a caducidade dos direitos inerentes a essa

qualidade. 83

81 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7º ed. rev. São Paulo: LTr, 2006, p.207.82 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.129.83 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.177.

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Mesmo que ocorra a perda da qualidade de segurado, este não

tem seus direitos a aposentadoria prejudicados, conforme Aristeu Oliveira afirma:

A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria, que tenham sido preenchidos todos os requisitos para a sua concessão, segundo a legislação em vigor à época em que esses requisitos foram atendidos. A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão de aposentadorias por tempo de contribuição e especial. Com relação à aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será considerada, mas desde que o segurado conte com no mínimo 240 (duzentos e quarenta) contribuições mensais, conforme estipulado no artigo 3º e parágrafo único da MP nº 83, de 12/12/2002 - DOU de 13/12/2002. 84

Portanto “(...) no momento em que o segurado preenche as

condições em lei previstas para que assim seja considerado, do mesmo modo se

terá ele como desvinculado, desde que deixe de preencher as condições requeridas.

E quando tal fato ocorre, de pronto se apurarão as conseqüências, que são as de

não mais fazer jus às prestações estabelecidas no diploma legal da proteção,

obedecidos os prazos de persistência do vínculo (...)”.85

2.5 Dependentes

Dependentes são as pessoas que, embora não contribuam

para a Seguridade Social a Lei os elenca como beneficiários do Regime Geral de

Previdência Social, fazendo jus às seguintes prestações: pensão por morte, auxílio –

reclusão e reabilitação profissional.

84 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.11/12.85 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001, p.112.

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No primeiro momento a relação da previdência dava-se com a

pessoa do segurado o qual contribuía para a previdência social, quando este deixa

de existir quem passa a figurar na relação com a previdência é a figura do

dependente. “A relação jurídica entre dependentes e INSS só se instaura quando

deixa de existir relação jurídica entre este e o segurado, o que ocorre com sua morte

ou recolhimento à prisão. Não existe hipótese legal de cobertura previdenciária ao

dependente e ao segurado, simultaneamente”. 86

São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social na

condição de dependentes do segurado, os elencados no art. 16, do Decreto nº.

3.048/9987, quais sejam:

I- o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não

emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido; II- os pais; ou III-

o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido.

Existia anteriormente uma quarta classe de dependentes

previdenciários, que compreendia o menor de 21 anos ou maior de 60 anos de idade

ou pessoa inválida, a qual foi posteriormente revogada. “A lei nº 9.032/95 revogou a

quarta classe de dependentes previdenciários, a saber: pessoa designada menor de

21 anos ou maior de 60 anos de idade ou inválida. Historicamente esta modalidade

de dependente foi introduzida para estender a proteção previdenciária à

86 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p.105.87 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/decreto/D3048.htm acesso em 21.10.2008.

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companheira. A partir do momento em que o direito positivo passou a considerar a

companheira como dependente, perdeu a razão de existir”. 88

Assim temos que a dependência econômica das pessoas

elencadas na primeira classe é presumida e das demais classes deve ser

comprovada, exceto para os equiparados a filho (enteado e tutelado). Os

dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições, no caso

de direito ao beneficio este será rateado por igual entre os que participam daquela

mesma classe. 89

Na possibilidade de existirem vários dependentes de uma

mesma categoria (...) o beneficio é dividido em partes iguais. Se, por exemplo, o

segurado deixa a viúva e três filhos, a pensão será dividida em 1/4 para cada um. Se

um dos filhos morre ou completa 21 anos, sua parcela reverte para os demais, que

passam a receber 1/3, e assim por diante. Isso ocorre devido aos dependentes de

mesma categoria concorrerem em igualdade de condições. 90

Seguindo a ordem de preferência elencada no Decreto lei

3.048/9991, o beneficio é estendido somente a uma classe de dependente, não

podendo, por exemplo, beneficiar a companheira e os pais ao mesmo tempo. “Os

dependentes de uma classe concorrem em igualdade de condições e a existência de

dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os

88 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p.139.89 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p.270.90 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.450.91 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/decreto/D3048.htm acesso em 21.10.2008.

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das classes seguintes. Se por exemplo, o segurado tem como dependente a esposa

e dois filhos menores de 21 anos. Esse segurado não pode ter como dependente as

classes seguintes (pais e irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de

21 anos ou inválido)”.92

2.5.1-Dependentes da primeira classe ou preferenciais

2.5.1.1 Cônjuge marido e mulher

O cônjuge só tem direito ao beneficio se mantiver sociedade

conjugal com o segurado, cessando o casamento extingue-se também o direito de

receber o beneficio. “O cônjuge é considerado dependente se mantiver sociedade

conjugal com o segurado; ou dele estiver separado ou divorciado, percebendo

alimentos. Perderá a qualidade de dependente pela separação judicial ou divorcio,

sem alimentos; pela anulação do casamento; pelo óbito; ou por sentença judicial

transitada em julgado.” 93

Anteriormente a CRFB/88 havia uma distinção entre marido e

mulher, após a promulgação da mesma essa diferença deixou de existir, passando a

ambos os sexos terem direitos iguais perante a Constituição. “(...) a partir do advento

da Constituição de 1988, não mais existe distinção entre marido e mulher para fins

de dependência, aspecto em que não foi recepcionado o regime anterior da CLPS -

92 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.33/34.93 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.59.

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Consolidação das Leis da Previdência Social (apenas o marido inválido era

dependente), o que foi consagrado pela Lei nº 8.213/91 aludindo ao cônjuge.” 94

2.5.1.2 Companheiro e Companheira:

Considera-se companheiro ou companheira “(...) aqueles

definidos pelo §3º do art. 16: a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável

com o segurado ou com a segurada, na forma do § 3º do art. 226 da CRFB/88. O

Decreto nº 3.048/99 (art.16 §6º) define a união estável como a que se dá entre

homem e mulher como entidade familiar, quando forem solteiros, separados

judicialmente, divorciados ou viúvos, ou tenham prole em comum, enquanto não se

separarem. Não se deve concluir, em razão das disposições do RGPS, que a união

estável só pode ser reconhecida para os que não têm impedimentos, ao fundamento

de que, se casados com outras pessoas, sua vida em comum configuraria autêntico

concubinato adulterino”. 95

A união estável também pode ser reconhecida entre pessoas do

mesmo sexo, garantindo assim o cumprimento do princípio Constitucional ao qual

veda qualquer tipo de discriminação, mantendo todos iguais perante a lei.

Sobre a questão de união estável entre pessoas do mesmo

sexo André Luiz Menezes Azevedo Sette chama atenção:

94 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7º ed. rev. São Paulo: LTr, 2006, p.214.95 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p.109.

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Questão que poderá despertar acirrada polêmica doutrinária e jurisprudencial, é sobre a possibilidade de se considerar união estável a que se forma entre pessoas do mesmo sexo. Entendemos, face ao texto constitucional, pela impossibilidade se considerar pessoas do mesmo sexo como dependentes. Contudo o texto já reclama modificação, principalmente face ao principio da dignidade da pessoa humana e da justiça social. Não é justo que aquele que de outro dependia fique sem amparo da previdência no momento em que mais precisar. Ademais, o seu companheiro terá contribuído para o sistema previdenciário como qualquer outro, não sendo sequer justificável discriminações em razão de sua opção sexual. 96

Fábio Zambitte Ibrahim acrescenta sobre o assunto:

Como a Constituição veda qualquer tipo de discriminação (art. 3º, IV), o fato de inexistir previsão legal de união homoafetiva não impede seu reconhecimento, como de fato tem ocorrido. Ainda que tal situação possa causar estranheza e até mesmo repulsa, não pode o direito fechar-se à realidade social, deixando pessoa sem a devida cobertura previdenciária, em razão de sua opção sexual.

No mesmo sentido já se manifestou o STJ, admitindo a legitimidade do Ministério Publico na questão, tendo destacado que o conceito de entidade familiar contempla a união estável, e sem excluir as relações homoafetivas (RESP 395904, Rel. Min. Hélio Quaglia, julgado em 15/12/2005). (sic.)97

Desta feita o INSS a partir de decisão judicial passou a

reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo, assegurando assim o

direito do dependente receber pensão, desde que comprovada a união estável

existente.

96 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.181.97 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.456.

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2.5.1.3 União estável com segurado ou segurada já casados

O legislador admite a possibilidade de a companheira

concorrer como dependente ao recebimento das prestações na mesma classe para

com a esposa.

“(...) muito tempo teve de passar, antes que se admitisse a companheira concorrendo com a esposa, na mesma classe de dependentes e com ela repartindo a prestação, atitude indicativa de que a sociedade, ao cabo, via em situações assim mero resultado de desajustes, dos quais não seria acertado fazer pesar a conseqüência sobre quem, afinal, se apresentava como pessoa alcançada pela necessidade”. 98

Neste sentido Fábio Zambitte Ibrahim ressalta

Se determinado segurado, de modo flagrantemente imoral, ou mesmo ilegal, tenha relação não eventual com mais de uma pessoa, ou mesmo indevidamente casado (bigamia), não há razão plausível para, em caso de morte do segurado, prejudicar as pessoas com as quais se mantinha a relação continuada (neste sentido, STJ, RESP 54037/PE, Rel. Min. José Dantas, DJ 28.11.1994). No mesmo sentido o STF fixou o Verbete nº 382 de sua Súmula de Jurisprudência, definindo que não é necessário a coabitação para configurar a vida em comum (“a vida em comum sob o mesmo teto, more uxório, não é indispensável à caracterização do concubinato”).99

Pode portanto a companheira (o) de segurado já casado (a)

concorrer com o cônjuge para a percepção de pensão. O entendimento do STF

fixado na verbete nº 382 é de que não é necessário a coabitação para que se

configure a vida em comum.98 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.108.99 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.457.

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2.5.1.4 Conseqüências na separação ou divorcio (ex-mulher e ex -marido):

O cônjuge perde a qualidade de dependente pela separação

judicial ou divórcio sem direito a alimentos, certidão de anulação de casamento,

certidão de óbito ou sentença judicial, transitada em julgado, nos termos do (art. 17,

§2º da Lei nº 8.213/91). Portanto, nota-se que mesmo separado ou divorciado, mas

com direito a alimentos, mantém a qualidade de dependente. Com relação à

separação de fato, a jurisprudência não é pacifica. O critério da dependência

econômica também é de ser analisado para fundamentar a condição de dependente

no caso da separação de fato, pois esse foi o critério jurídico eleito pela lei

previdenciária.

O momento para que se verifique a dependência econômica é

na época do óbito ou da reclusão do segurado. Assim, se na data do falecimento ou

recolhimento à prisão do segurado o cônjuge estiver separado de fato ou

judicialmente ou divorciado e não mantiver dependência econômica com o

segurado, o beneficio não lhe será devido. 100

2.5.1.5 Filho menor de 21 anos:

Não há mais a distinção entre filhos legítimos ou não como

havia anteriormente em lei.

100 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.59.

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“Filhos são descendentes de primeiro grau, quer sejam legítimos, quer adotivos, vez que a partir do advento da Constituição de 1988, que os igualou em direitos, é vedada qualquer discriminação (art. 227, § 6º, CF). Somente serão considerados dependentes se forem menores de 21 anos não emancipados ou inválidos”. 101

Para a legislação previdenciária a maioridade para fins de

concessão de benefícios se estende até os 21 anos de idade. Os filhos são

dependentes até completarem a idade de 21 anos. A alteração da maioridade civil,

pelo novo Código Civil, não interfere no Direito Previdenciário, que estabelece

proteção com base no princípio da seletividade e distributividade. Assim, mesmo que

a maioridade civil se dê aos 18 anos, a proteção previdenciária, para o filho, na

qualidade de dependente, estende-se ate os 21 anos. 102

2.5.1.6 Equiparados a filhos (menor tutelado e enteado):

Marcelo Leonardo Tavares conceitua o dependente enteado e

tutelado para fins previdenciários.

O enteado é o filho do cônjuge ou do companheiro com terceiro, que conviva com o segurado. O tutelado é o assim considerado na forma da lei civil, mediante declaração judicial, desde que não possua bens suficientes para o próprio sustento e educação. 103

101 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.180.102 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p.111.103 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.74.

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A lei os equipara a filhos, desde que exista declaração do

segurado nesse sentido. O enteado menor que por determinação judicial, esteja sob

sua guarda, e o menor seu tutelado, que não tenha fonte própria de subsistência. Na

legislação anterior, o limite de idade para o filho ou o irmão era de dezoito anos,

tendo-se o legislador tornado mais benevolente e liberal alargando o período de

proteção ate a maioridade civil. 104

2.5.1.7 Menor sob guarda:

Nas concepção de Marcelo Leonardo Tavares, anteriormente a

implementação da Lei nº 9.032/95 o menor sob guarda era aceito como dependente

equiparado a filho, conforme verifica-se:

A Lei nº 8.213/91, em sua redação original, previa o menor sob guarda do segurado como dependente equiparado a filho. No entanto, a Lei nº 9.032/95 excluiu-o da listagem de dependentes da classe I. Assim, mantiveram a condição de dependentes todos aqueles menores sob guarda que tiveram implementadas as condições para a fruição dos benefícios até a data da entrada em vigor da Lei nº. 9.032/95, em 28/04/1995. 105

Diante de previsão legal o INSS, de modo geral não aceita a

inscrição do menor sob guarda judicial. Nos Estados de São Paulo, Minas Gerais,

Tocantins e Sergipe, entretanto, em virtude de ações civis públicas que estenderam

o direito aos menores sob guarda, essas autarquias editaram ato normativo interno

104 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001, p.99.105 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.74.

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aceitando, administrativamente, esse tipo de inscrição, ressaltando que somente

nesses quatro estados (IN 106/04). 106

2.5.2 Dependentes da segunda classe:

2.5.2.1 Pais

Para que seja feita a indicação dos pais como dependentes do

segurado, necessária se faz a comprovação de que não existem beneficiários na

classe anterior. “Os pais são os segundos dependentes do segurado indicados em

lei. Para receberem as prestações devidas aos dependentes em geral, não pode,

como visto, haver qualquer dependente da classe anteriormente arrolada (cônjuge,

companheiro ou filhos). Devem comprovar sua dependência econômica, que,

também, não precisa ser exclusiva em relação ao segurado”. 107

Há também a hipótese de cabimento da dependência

econômica por parte dos avós do segurado, quando estes criam o segurado como

se filho fosse. “Na segunda classe encontram-se os pais do segurado. Na linha de

ascendência, a lei inclui apenas esses, não outros. Não obstante, o Superior

Tribunal de Justiça já decidiu que avô pode ser considerado dependente de neto, em

situações especialíssimas, no seguinte julgado:

EMENTA: PREVIDENCIARIO. PENSÃO POR MORTE. AVÔ. OBITO DO NETO. SITUAÇÃO ESPECIALISSIMA DOS AUTOS. NETO QUE FORA CRIADO COMO SE FILHO FOSSE EM DECORRENCIA DA MORTE DE SEUS PAIS. POSSIBILIDADE.

106 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005, p.109.107 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de direito da seguridade social. 2º ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.233.

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1. A teor do art. 16 da Lei n. 8.213/91, o avô não é elencado no rol dos dependentes do segurado, razão pela qual, a principio não faria jus à pensão gerada pelo óbito do neto em cuja companhia vivia.

2. Presença, nos autos, de hipótese singular, em que a criação do segurado pelo avô, desde o nascimento, acrescida da morte precoce de seus pais, demonstram que o segurado tinha para com o Autor, na verdade, uma relação filial, embora sanguínea e legalmente fosse neto.

3. Impossibilidade de exigência da adequação legal da relação que existia à real situação fática, uma vez que é vedada a adoção do neto pelo avô, a teor do disposto no art. 42, §1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

4. Direito à pensão por morte reconhecido.

5. Recurso especial conhecido e provido”. 108

2.5.3 Dependentes da terceira classe:

2.5.3.1 Irmão menor de 21 anos ou inválido de qualquer idade:

Após verificação da não existência de segurados nas classes I

e II, o beneficiário passa a ser o irmão do segurado. “Inexistentes os dependentes

anteriores, quem terá direito às prestações previdenciárias será o irmão do

segurado, desde que, não sendo emancipado, possua menos de vinte e um anos

ou, ainda com idade superior a vinte e um anos, for portador de qualquer invalidez

física ou mental. Deve também comprovar a sua dependência, que não precisa,

como já visto à exaustão nas hipóteses anteriores, ser exclusiva em relação ao

segurado”. 109

108 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2007. p.212/213.109 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de direito da seguridade social. 2º ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.233.

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O irmão ou filho inválido farão jus à pensão desde que

submetidos a exame médico-pericial que conclua que a invalidez ocorreu em data

anterior ao óbito do segurado e o requerente não tenha se emancipado até a data da

invalidez. 110

2.6 Perda da qualidade de dependente

As hipóteses em que o dependente pode perder a sua

qualidade são as que estão previstas no artigo 17 do Decreto nº. 3.048/99111:

Art.17. A perda da qualidade de dependente ocorre:

I- para o cônjuge, pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a prestação de alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial transitada em julgado;

II- para a companheira ou companheiro, pela cessação da união estável com o segurado ou segurada, enquanto não lhe for garantida a prestação de alimentos;

III- para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de idade, salvo se inválidos, ou pela emancipação, ainda que inválido, exceto, neste caso, se a emancipação for decorrente de colação de grau científico em curso de ensino superior; e

IV - para os dependentes em geral:

a) pela cessação da invalidez; ou

b) pelo falecimento.

110 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005, p.109.111 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/decreto/D3048.htm acesso em 21.10.2008.

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Verifica-se assim as possibilidades para que o individuo perca

sua qualidade de dependente e deixe de ser beneficiário das prestações da

previdência social.

Desta forma verifica-se que o segurado precisa preencher

certos requisitos tanto para se vincular ao sistema previdenciário como para ser

desvinculado dele, obedecidas as condições estabelecidas em lei. Esta regra aplica-

se também aos dependentes do segurado, que devem cumprir certos requisitos para

serem considerados beneficiários do sistema.

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3 DEPENDENCIA ECONÔMICA DOS DEPENDENTES

3.1 Comprovação da dependência econômica

Marcus Orione Gonçalves Correia define o conceito de

dependência econômica.

Dependência econômica, para a lei previdenciária, consiste na situação em que certa pessoa vive, relativamente a um segurado, por ele sendo, no todo ou e parte, efetivamente ou presumidamente, mantida e sustentada. Corresponde, assim, a um estado de fato, não a uma decorrência puramente jurídica das relações entre parentes, já que essas relações, tais como as disciplinas da lei civil desprovida de ação de alimentos, seja pelo diploma previdenciário havida como dependente, como pode ocorrer que alguém, eventual credor de alimentos pelo Direito Civil, seja desclassificado na lei previdenciária, como legitimo credor de prestações. 112

A dependência econômica precisa ser comprovada através de

documentos específicos exigidos por lei, porém alguns dependentes em face o

vínculo de parentesco civil que possuem como o segurado tem a sua dependência

presumida, como por exemplo a esposa e os filhos do segurado. A prova do

parentesco ou da relação matrimonial já é o bastante para que se possa verificar a

dependência de quem as apresenta. 113

112 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de direito da seguridade social. 2º ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.98.113 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.102.

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A dependência econômica é comprovada de acordo com o

previsto em regulamento (art. 16, §2º do PBPS), e o RPS, no art. 22, § 3º, determina

que, para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso

deve ser apresentado, no mínimo, três dos seguintes documentos:

I- certidão de nascimento de filho havido em comum;

II- certidão de casamento religioso;

III- declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente;

IV- disposições testamentárias;

V- anotação constante na Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social, feita pelo órgão competente;

VI- declaração especial feita perante tabelião;

VII- prova de mesmo domicílio;

VII- prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil;

IX- procuração ou fiança reciprocamente outorgada;

X- conta bancária conjunta;

XI- registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado;

XII- anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;

XIII- apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária;

XIV- ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável.

XV- escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente;

XVI- declaração de não-emancipação do dependente menor de 21 anos; ou

XVII- quaisquer outros que possam levar a convicção do fato a comprovar.114

114 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.451/452.

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Desta forma observar-se que a dependência em alguns casos é

presumida e em outros ela precisa ser comprovada, essa comprovação deve ser

feita através da documentação exigida por lei, tudo isso levando-se em conta o grau

de parentesco do dependente com o segurado. “(...) a lei exige comprovada, em

cada caso, a efetiva dependência econômica. Essa prova pode ser feita por

documentos e por testemunhas, ouvidas em justificação, requerida pelo interessado.

Os documentos comprobatórios do estado de dependência e de sua persistência até

a data do fato gerador do direito à prestação serão todos os quem venham

demonstrar, suficientemente, a situação alegada. Para o trabalhador urbano, em

geral, será documento da maior relevância a indicação por ele feita, em sua Carteira

de Trabalho, nomeando seus dependentes, ainda que possa ser exigida a prova da

permanência dos motivos que geraram a designação. Para o trabalhador rural,

dadas as dificuldades inerentes ao meio agrário, a anotação em Carteira de

Trabalho poderá ser substituída por documento emanado do sindicato de classe”. 115

3.2 Espécies de benefícios devidos ao segurado e aos seus dependentes

O Regime Geral da Previdência Social - RGPS compreende as

seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de

acidente de trabalho, expressas em benefícios e serviços, como vemos a seguir, art.

25 do Decreto Lei 3048/99116:

- quanto ao segurado:

-aposentadoria por invalidez;

-aposentadoria por idade;

115 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.100.116 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/decreto/D3048.htm acesso em 21.10.2008.

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-aposentadoria por tempo de contribuição;

-aposentadoria especial;

-auxílio – doença;

-salário família;

-salário maternidade; e

-auxílio - acidente;

- quanto ao dependente:

-pensão por morte; e

-auxílio - reclusão; e

- quanto ao segurado e dependente:

-habilitação e reabilitação profissional

Verifica-se portanto que os benefícios a que o dependente faz

jus são a pensão por morte do segurado, o auxilio - reclusão e a reabilitação

profissional.

3.2.1 Da pensão por morte

A morte é um risco social ao qual encontramos previsão no art.

201, I, da CRFB/88, bem como no inciso V encontra-se previsão para a concessão

do beneficio de pensão por morte para o conjunto de dependentes do segurado. O

risco social morte implica na necessidade social gerada diante da ausência dos

rendimentos do segurado para a manutenção de sua família, ou seja os seus

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dependentes. A concessão do beneficio visa suprir essa nova necessidade que

surge junto com o evento morte. 117

Na afirmação de José dos Reis Feijó Coimbra que fala sobre o

evento morte e suas conseqüências.

O homem é o único animal que sabe que vai morrer. Essa certeza o acompanha todos os dias da vida e o torna consciente de que algum dia deixara de existir e que deve fazer algo para assegurar a subsistência de sua prole, quando ele já não o possa fazer. A idéia desse risco não se afasta do conceito geral de risco, porque, embora não seja incerto quanto à verificação, o é relativamente à época em que poderá ocorrer. 118

A morte conforme pode-se notar é um risco ao qual todos estão

sujeitos embora não seja certa a data de sua consumação. Diante da existência

deste risco, surge a preocupação no sentido de se fazer algo para assegurar o bem

estar e subsistência da família do segurado.

Conforme redação do art. 26, I da Lei 8.213/91 a pensão por

morte não tem período de carência estabelecido em lei, por ser a morte um evento

imprevisível.

Para que o dependente tenha direito de receber a pensão por

morte é necessário que o segurado não tenha se desvinculado da previdência

social. “(...) somente haverá concessão da pensão por morte, se o segurado falecido

117 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2007. p.283.118 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.132.

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mantivesse esta qualidade, caso contrario não seria ele filiado ao RGPS, não

fazendo jus a qualquer beneficio (nem seus dependentes). Contudo, se o segurado

tivesse adquirido o direito à aposentadoria por idade, por tempo de contribuição ou

especial, vindo a falecer antes de efetivar o requerimento administrativo, será devida

pensão por morte a seus beneficiários; hipótese em que a renda mensal inicial será

igual a da aposentadoria a que teria direito se tivesse efetuado o requerimento

administrativo. Dá-se ao presente caso, o mesmo tratamento que se daria ao

segurado se ele estivesse recebendo algumas destas aposentadorias: em

homenagem à regra do direito adquirido, constitucionalmente consagrado”. 119

Os beneficiários da pensão por morte são os dependentes que

se encontram elencados no art. 16 da Lei 8.213/91 (Cônjuge marido e mulher,

companheiro e companheira, filho menor de 21 anos, pais, irmão menor de 21 anos

ou inválido de qualquer idade).

A pensão por morte pode ser recebida tanto por dependente

homem ou mulher, não havendo a necessidade de que o segurado já esteja

aposentado quando de sua morte para que seus dependentes tenham direito à

receber a pensão. “A pensão por morte é o beneficio pago aos dependentes do

segurado, homem ou mulher, que falecer, aposentado ou não, conforme previsão

expressa do art. 201, V, da Constituição Federal, regulamentada pelo art. 74 do

RGPS. Trata-se de prestação de pagamento continuado, substituidora da

119 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.312.

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remuneração do segurado falecido. Em face disso, considera-se direito irrenunciável

dos beneficiários que fazem jus a ela”.120

A família do segurado receberá 100% do valor da

aposentadoria que o segurado recebia ou da pensão que teria direito, na data de

sua morte, conforme art. 75 da Lei 9.528, de 10.12.97121:

Art. 75 O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, observado o disposto no art. 33 desta lei.

Um aspecto interessante a ser analisado é o caso do segurado

que se encontrava preso e vem a falecer ainda cumprindo sua pena. De acordo com

Lamartino França Oliveira:

Se o segurado estava recluso (preso), mas exercia dentro da prisão alguma atividade remunerada, e, portanto, continuava a recolher a contribuição, o valor da pensão por morte, neste caso, será obtido mediante a realização de novo cálculo, incluindo todas as contribuições efetuadas pelo segurado, com base no novo tempo de contribuição e salários-de-contribuição correspondentes. Porém, caso queiram, os dependentes poderão optar em receber valor idêntico ao que recebiam a título de auxilio-reclusão. 122

A pensão por morte é benefício direcionado aos dependentes

do segurado, visando à manutenção da família, no caso da morte do responsável

120 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006. p.590.121 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9528.htm acesso em 21.10.2008.122 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p.281.

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pelo seu sustento. Este beneficio será devido ao conjunto dos dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data:

I- do óbito, quando requerido até trinta dias depois deste;

II- do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no

item I; ou

III- da decisão judicial, no caso de morte presumida.123

Na hipótese de o requerimento ser feito após 30 dias do óbito,

a data de início do benefício será a data do óbito, aplicados os reajustes devidos até

a data de início do efetivo pagamento, não sendo devida qualquer importância

relativa a período anterior à data de entrada do requerimento. 124

No caso de presunção de morte a pensão poderá ser

concedida em caráter provisório, de acordo com os seguintes termos:

I- mediante sentença declaratória de ausência, expedida por

autoridade judiciária, a contar da data de sua emissão; ou

II- em caso de desaparecimento do segurado por motivo de

catástrofe, acidente ou desastre, a contar da data da

ocorrência, mediante prova hábil.125

123 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007. p.562.124 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 667.125 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.668.

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Declarada a morte pela autoridade judicial competente, após 6

meses do desaparecimento do segurado em conseqüência de acidente, desastre ou

catástrofe, seus dependentes farão jus ao recebimento de pensão provisória.

Verificando-se o reaparecimento do segurado, o pagamento do beneficio de pensão

cessa imediatamente e desobriga os dependentes de qualquer tipo de reposição dos

valores recebidos, salvo em caso de má-fé comprovada. 126

Sobre a morte presumida de segurado, José dos Reis Feijó

Coimbra, acrescenta:

A morte presumida tem por endereço o reconhecimento do direito do dependente à pensão, no caso em que, em face da ausência do segurado, durante apenas seis meses, se provoque da autoridade judiciária sua declaração de ausência, limitada, em tal caso, ao efeito de permitir a habilitação do dependente à prestação. A morte, no caso, presume-se ocorrida, configurando o elemento material da hipótese de incidência. Diverso é o caso de que trata o § 1º do artigo 38 da Lei nº 8.213, porque já não se cogita de mera ausência, mas da ocorrência de um evento em que, comprovadamente, o segurado desapareça, havendo indícios manifestos de que tenha perecido. 127

A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta

de habilitação de outro possível dependente do segurado, sendo qualquer inscrição

ou habilitação posterior que resulte exclusão ou inclusão de dependentes só

produzirá efeito a contar da data da referida inscrição ou da habilitação, conforme

art. 76 da Lei 8.213/91.

126 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.366.127 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.134.

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Havendo mais de um pensionista, a pensão será rateada entre

todos, em partes iguais. Não havendo desta forma favorecimento de nenhuma parte,

art. 77 da Lei 8.213/91. “O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato,

que recebia pensão de alimentos, concorrerá em igualdade de condições com os

dependentes (cônjuge, companheira, companheiro e filho, de qualquer condição,

menor de 21 anos ou invalido)”128.

Conforme art. 770, § 2º da Lei 8.213/91 o pagamento da cota

individual da pensão por morte cessa: a) pela morte do pensionista; b) para o

pensionista menor de idade, ao completar 21, salvo se for inválido, ou pela

emancipação, ainda que inválido, exceto, neste caso, se a emancipação for

decorrente de colação de grau científico em curso de ensino superior; c) para o

pensionista inválido, pela cessação da invalidez, verificada em exame médico-

pericial a cargo da Previdência Social.

Reverte-se para os demais pensionistas a cota daquele cujo o

direito à pensão cessou, ou seja o beneficio dos que continuam a ter o direito será

acrescido com a parte do que dela não mais se beneficiará. Com a extinção da cota

do último pensionista, a pensão por morte será encerrada, não podendo ser

transferida para pensionistas de classe inferior (art. 77, § 1º e 3º da Lei 8.213/91).

128 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.365.

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Questão importante a ser analisada seria quanto ao direito dos

filhos nascidos após a morte do segurado de perceberem a pensão. Neste sentido

Ítalo Romano Eduardo comenta:

Os nascidos dentro dos trezentos dias subseqüentes à dissolução da sociedade conjugal por morte, separação judicial, nulidade e anulação de casamento, são considerados filhos concebidos na constância do casamento. 129

-Documentos necessários para o requerimento da pensão por morte

-documentos pessoais (CIC, RG), comprovante de residência;

-Carteira de Trabalho e Previdência Social (antiga Carteira Profissional) ou do documento equivalente;

-se o segurado for autônomo, facultativo, empregador, empregado domestico: cartão de inscrição; carnê de recolhimento das contribuições e GPS;

-se o segurado for empregador, prova dessa condição (contrato social da firma, registro de firma individual, ata da assembléia da eleição etc.);

-se o segurado tiver falecido em gozo de beneficio, carnê de pagamento. Este documento substitui os indicados nas letras c e d;

-Certidão de Óbito do segurado;

-comprovante da qualidade de dependentes (Certidão de Casamento, nascimento dos filhos, prova de condição de companheira ou de dependente designada etc.);

-termo de responsabilidade (formulário próprio do INSS). 130

129 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p.375.130 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.669.

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Sobre a questão de cumulação de benefícios (pensões), colhe-

se dois exemplos na doutrina para esclarecer essa questão, quais sejam:

Lamartino França de Oliveira elucida sobre a cumulação de

pensões diversas.

É possível a cumulação de pensões diversas. Ex.: mulher que perde o marido e o filho. Se ambos fossem segurados, ela poderia receber cumulativamente as duas pensões deixadas pelos falecidos. O que é vedado é o recebimento de duas pensões deixadas por dois sucessivos cônjuges. Neste caso, deverá o (a) pensionista optar por uma deles. 131

Sérgio Pinto Martins acrescenta sobre o direito dos filhos de

perceberem a pensão do pai e da mãe ambos segurados.

Morrendo o casal, desde que ambos segurados da Previdência Social, os filhos recebem as duas pensões. Acumula-se o valor se um dos cônjuges que era segurado vier a falecer. O viúvo ou a viúva tem direito à pensão do cônjuge, mesmo na hipótese de se casarem novamente. 132

Podem portanto os beneficiários nestes casos obterem a

concessão de dois beneficios simultaneamente.

3.2.2 Do auxilio - reclusão

131 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p.282.132 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.365.

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O auxilio reclusão é uma espécie de beneficio pago pela

previdência aos dependentes do segurado de baixa renda que for recolhido à prisão

desde que não receba remuneração da empresa e nem estiver em gozo de auxilio-

doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço. 133

A baixa renda considerada para a concessão do beneficio é a

do segurado e não a do dependente, conforme art. 13 da EC nº 20134 que garante a

concessão apenas aqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior à que

especifica.

Não havendo concessão de auxilio-reclusão, em razão de

salário de contribuição superior a R$ 676,27 (valor atualizado periodicamente. Ver

Portaria nº 142, de 11/04/2007), será devida pensão por morte aos dependentes se

o óbito do segurado tiver ocorrido dentro do período de graça. (art. 15, IV da Lei nº

8.213/91). 135

As regra que se aplicam para a concessão do auxilio-reclusão

são as mesmas utilizadas para a pensão por morte, sendo estes dois benefícios

destinados aos dependentes do segurado. O auxilio-reclusão assim como a pensão

por morte não tem período de carência (art. 80 da Lei 8.213/91).

133 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.321.134 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm acesso em 21.10.2008.135 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.178.

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Sobre o recolhimento do segurado à prisão, segundo Carlos

Alberto Pereira de Castro:

O criminosos, recolhido à prisão, por mais deprimente e dolorosa que seja sua posição, fica sob a responsabilidade do Estado. Mas, seus familiares perdem o apoio econômico que o segurado lhes dava e, muitas vezes, como se fossem os verdadeiros culpados, sofrem a condenação injusta de gravíssimas dificuldades.136

A idéia principal do benefício é o fato de que o preso deixa de

ter uma renda própria e com isso acaba por deixar sua família desamparada, razão

esta que motiva o pagamento do beneficio por parte da Previdência Social.

O fator determinante para a concessão do auxilio é a exclusão

do segurado do convívio em sociedade, não podendo exercer atividade remunerada

que contribua para o sustento de seus dependentes. No entender de Marcus Orione

Gonçalves Correia:

Inicialmente, há que se ressaltar que o evento que determina a concessão do beneficio é a exclusão do segurado do convívio social, mediante o cerceamento de seu direito de liberdade, em vista do cometimento de delito, passando assim a ser inviável o exercício por sua parte de qualquer atividade remunerada-o que não ocorre, por exemplo, em regimes em que o réu trabalha durante o dia e recolhe-se aos albergues durante a noite. Do mesmo modo, se o réu é condenado, mas esta foragido, não há como possibilitar o pagamento do beneficio. 137

136 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006. p.606.137 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de direito da seguridade social. 2º ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.282.

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O recolhimento do segurado à prisão pode dar-se tanto a título

provisório como prisão em flagrante delito, prisões temporárias, prisão decorrente de

sentença condenatória, etc., quanto em caráter definitivo mediante condenação

transitada em julgado, porque o que se busca é o amparo à família do segurado

recluso. 138

Equipara-se também à condição de recolhimento à prisão a

situação do menor púbere que compreende o maior de 16 e menor de 18 anos de

idade que se encontre internado em estabelecimento educacional ou congênere,

sob a custódia do Juizado da Infância e da Juventude. 139

No caso de prisão civil do segurado, não caberia a concessão

de auxilio-reclusão, pois poderia servir de incentivo para o descumprimento da

obrigação, conforme Marcelo Leonardo Tavares:

O auxilio-reclusão é incompatível com a prisão processual civil. Como esta modalidade de prisão somente deve ser utilizada se a pessoa, podendo, não cumpre a obrigação alimentar ou de depositário, ficaria sem sentido, em relação ao caráter coercitivo, manter o pagamento de beneficio para os dependentes, o que, em alguns casos, poderia servir de incentivo ao próprio descumprimento da obrigação. 140

Apesar de o beneficio ser devido nas mesmas condições que a

pensão por morte, o mesmo possui algumas ressalvas, pois os dois benefícios não 138 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.322.139 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005. p.138140 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.177.

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serão pagos de forma igualitária. (...) o auxilio-reclusão não é acumulável com

aposentadoria, é preciso interpretar essa disposição com ressalvas, pois o valor do

beneficio não será, como pode ocorrer na pensão por morte, de 100% do valor da

aposentadoria que o segurado recebia, mas, sim, de 100% do valor a que teria

direito se estivesse aposentado por invalidez na data da prisão, não podendo ser

inferior ao valor do salário-mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário-de-

contribuição. 141

O auxilio reclusão será devido:

I- da reclusão, quando requerida: a) pelo dependente maior de

dezesseis anos de idade, ate trinta dias depois; e b) pelo dependente menor ate

dezesseis anos de idade, ate trinta dias após completar essa idade, porque contra

este não correm os prazos prescricionais;

II- do requerimento, quando requerida pelo dependente maior

de 16 (dezesseis) anos após o prazo de 30 dias contados do óbito do segurado.

Nesta hipótese, a data de inicio do beneficio (DIB) será a data de reclusão,

aplicados os devidos reajustamentos ate a data de inicio do pagamento, não sendo

devida qualquer importância relativa a período anterior à data de entrada do

requerimento. 142

Caberá também a concessão de auxilio-reclusão aos

dependentes, mesmo que a reclusão ou detenção tenha ocorrido após a perda da

141 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2007. p.288.142 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.323.

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qualidade de segurado, se mediante auxilio-doença requerido de oficio, ficar

constatado através de parecer medico - pericial, que a incapacidade ocorreu dentro

do período de graça. 143

Relação de documentos necessários para o requerimento de

auxílio-reclusão:

.documentos pessoais (CIC, RG), comprovante de residência;

requerimento em formulário próprio do INSS;

.Carteira de Trabalho e Previdência Social (antiga Carteira Profissional) do segurado, ou documento equivalente;

.se o segurado for autônomo, facultativo, empregado doméstico: cartão de inscrição; carnê de recolhimento das contribuições;

.se o segurado for empregador, prova dessa condição (contrato social da firma, registro de firma individual, ata da assembléia de eleição etc.);

.certidão de despacho da prisão preventiva ou de sentença de condenação e atestado do efetivo recolhimento do segurado à prisão, firmados pela autoridade competente;

.declaração da empresa de que o segurado não recebe qualquer espécie de remuneração (segurado empregado);

.comprovante da qualidade de dependência (Certidão de Casamento, nascimento dos filhos, prova de condição de companheira ou de dependente designada etc.);

.termo de responsabilidade (formulário próprio do INSS).144

O requerimento para concessão do auxilio-reclusão deverá ser

instruído com a certidão de recolhimento do segurado à prisão, sendo obrigatória

143 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p.253.144 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.672/673.

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para a manutenção do beneficio a apresentação a cada três meses de declaração

de permanência na condição de presidiário. A concessão do beneficio será devida,

somente durante o período em que o segurado estiver recolhido à prisão sob regime

fechado ou semi-aberto, pois nos demais casos poderá o segurado trabalhar fora do

presídio. 145

Se durante o período de reclusão o segurado vier a contrair

matrimonio, o auxilio-reclusão será devido a esposa a partir da data do requerimento

do benefício. Da mesma forma o filho nascido durante o recolhimento do segurado à

prisão terá direito ao beneficio a partir da data do seu nascimento. 146

O detento que tenha perdido a qualidade de segurado, poderá

exercer atividade laborativa dentro da prisão e voltar assim a contribuir como

segurado obrigatório contribuinte individual, devendo desta forma seus dependentes

receber o auxilio-reclusão. Sobre essa situação nos ensina Társis Nametala Sarlo

Jorge:

(...) detento que, quando da sua prisão, não ostentava a qualidade de segurado. No entanto, quando já dentro do sistema penitenciário, começa a exercer atividade laborativa, enquadra-se como segurado obrigatório contribuinte individual, na forma do art. 9º, inciso V, alínea “o”, do Decreto 3.048/99.

Pois bem, quando de sua detenção, não poderiam receber os seus dependentes o auxilio-reclusão posto que ele não tinha, como visto, a qualidade de segurado. No entanto, agora, já no decorrer do cumprimento da pena, passou a integrar o sistema previdenciário.

145 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2007. p.287.146 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p.381.

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Tendo em vista que o auxilio-reclusão independe de carência, resta saber se poderão, a partir daí, os dependentes receber o beneficio. Cremos que sim, tendo em vista que o risco social se mantém enquanto se mantém preso (no regime fechado ou semi-aberto) o cidadão. Mesmo que se considere como evento determinante o “recolhimento” do preso, este evento possui um efeito continuativo (manutenção do estado de detento). 147

No entanto, há de se ressaltar que “O exercício de atividade

remunerada pelo segurado recluso que estiver cumprindo pena em regime fechado

ou semi-aberto e que contribuir na condição de segurado contribuinte individual, não

gera a perda do direito ao recebimento do auxilio-reclusão pelos dependentes”. 148

Como pode-se verificar, muitas vezes é essa atividade

laborativa remunerada do segurado preso que faz com que ele volte a contribuir

para a previdência fazendo jus aos seus dependentes o recebimento do auxilio-

reclusão.

Quando do falecimento do segurado ainda detido, o auxilio-

reclusão será convertido automaticamente em pensão por morte. “Falecendo o

segurado detido ou recluso, o auxilio-reclusão que estiver sendo pago será,

automaticamente, convertido em pensão por morte. Note-se que, nessa situação, a

Previdência Social já terá conhecimento de quem são os dependentes habilitados do

segurado, sendo, por isso, possível a conversão automática”. 149

147 JORGE, Társis Nametala Sarlo. Manual de Benefícios Previdenciários. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p.310.148 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p.381.

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Os pagamentos do auxilio-reclusão serão suspensos:

a) no caso de fuga;

b) se o segurado, ainda que privado de liberdade, passar a receber auxilio-doença;

c) se o dependente deixar de apresentar atestado trimestral, firmado pela autoridade competente, para prova de que o segurado permanece recolhido à prisão;

d) quando o segurado deixar a prisão por livramento condicional, por cumprimento da pena em regime aberto ou por prisão-albergue. 150

“No caso de fuga, o beneficio será suspenso e, se houver

recaptura do segurado, será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer,

desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado. Se houver exercício de

atividade dentro do período de fuga, o mesmo será considerado para a verificação

da perda ou não da qualidade de segurado”.151

Para Marisa Ferreira dos Santos, a concessão do auxilio-

reclusão deveria atender a todos independente do valor de renda percebido pelo

segurado e deus dependentes.

A nosso ver, todos os dependentes deveriam ter direito à proteção previdenciária por meio do auxilio-reclusão, qualquer que seja a renda do segurado ou do beneficiário. Isso porque, o beneficio

149 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.139.150 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005. p.139.151 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.324.

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substitui os ganhos habituais que o segurado auferia e destinava ao sustento de seus dependentes. 152

Já Sérgio Pinto Martins, defende a extinção da concessão do

beneficio, pois o trata-se de um beneficio no qual o preso dá causa com seu ato

para estar na condição de liberdade cerceada.

Eis um beneficio que deveria ser extinto, pois não é possível que a pessoa fique presa e ainda a sociedade como um todo tenha de pagar um benefício à família do preso,como se este tivesse falecido. De certa forma, o preso é que deveria pagar por estar nessa condição, principalmente por roubo, furto, trafico, estupro, homicídio etc.

Na verdade, vem a ser um benefício de contingência provocada, razão pela qual não deveria ser pago, pois o preso dá causa, com seu ato, em estar nessa condição. Logo, não deveria a previdência social ter de pagar tal benefício. Lembre-se que, se o acidente do trabalho é provocado pelo trabalhador, este não faz jus ao benefício. O mesmo deveria ocorrer aqui. 153

Não poderá o segurado preso direito a dispor de dois

benefícios ao mesmo tempo, “o segurado recluso não terá direito aos benefícios de

auxilio-doença e de aposentadoria durante a percepção, pelos dependentes, do

auxilio-reclusão, ainda que, nessa condição, contribua como contribuinte individual

ou facultativo, permitida a opção, desde que manifestada, também, pelos

dependentes, ao beneficio mais vantajoso”. 154

152 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. p.212.153 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.387.154 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006. p.609.

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Extinção do beneficio:

a) extinção da ultima cota individual;

b) concessão de aposentadoria no período de privação da liberdade;

c) óbito do segurado;

d) soltura do preso;

e) emancipação ou atingimento de 21 anos para os filhos e irmãos, salvo se inválidos;

f) Cessação da invalidez para dependente invalido; 155

Desta forma verificam-se as formas de extinção do beneficio aos dependentes.

3.2.3 Habilitação e reabilitação profissional

Para André Luiz Menezes Azevedo Sette a habilitação e

reabilitação profissional compreende-se como:

(...) espécie de prestação previdenciária (serviço prestado pelo INSS) que visa proporcionar aos beneficiários, incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em caráter obrigatório, independentemente de carência, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios indicados para proporcionar o reingresso no mercado de trabalho e no contexto em que vivem. 156

A habilitação profissional tem por finalidade habilitar o

beneficiário, ou seja, dar capacidade profissional a quem não a possuía. A

155 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p.251.156 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.341.

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reabilitação profissional, entre tanto, tem como objetivo reabilitar o beneficiário, ou

seja, devolver a capacidade profissional a quem já tinha, mas perdeu.157

São beneficiários da habilitação e reabilitação profissional

todos os segurados e seus dependentes, incapacitados parcial ou totalmente para o

trabalho.

Há a possibilidade dos não segurados também se

beneficiarem, conforme esclarece André Luiz Menezes Azevedo Sette:

As pessoas portadoras de deficiência que não sejam seguradas ou dependentes serão atendidas mediante celebração de convenio de cooperação técnico-financeira. O serviço, neste caso, é assistencial, vez que não há contrapartida da pessoa (recolhimento de contribuição previdenciária) que ira usufruí-lo. 158

Assim como na pensão por morte e o auxilio-reclusão, não há

período de carência para a concessão da habilitação e reabilitação profissional.

Desta forma comprova-se que a previdência social não se

preocupa exclusivamente só com o pagamento de benefícios, ela também se

preocupa em proporcionar meios para que o segurado ou dependente possa

retornar ao mercado de trabalho. “A proteção previdenciária não se esgota no

pagamento de benefícios, mas deve, também, proporcionar ao segurado e seus

157 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2007. p.301.158 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.341.

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dependentes, incapacitados total ou parcialmente e aos portadores de deficiência,

meios de retornarem ao mercado de trabalho e ao convívio social”. 159

O INSS fornecerá todos os meios necessários para auxiliar no

tratamento do segurado. “Aquisição de instrumentos de auxílio à reabilitação.

Quando indispensáveis ao desenvolvimento do processo de reabilitação profissional,

o Instituto Nacional do Seguro Social fornecerá aos segurados, inclusive

aposentados, em caráter obrigatório, prótese e órtese, seu reparo ou substituição,

instrumentos de auxílio para locomoção, bem como equipamentos necessários à

habilitação e à reabilitação profissional, transporte urbano e alimentação e, na

medida das possibilidades do Instituto, aos seus dependentes. No caso das pessoas

portadoras de deficiência, a concessão dos recursos materiais referidos ficará

condicionada à celebração de convênio de cooperação técnica-financeira”. 160

O processo de habilitação e reabilitação profissional do

beneficiário será desenvolvido por meio das funções básicas de (art. 137, do RGPS):

a) avaliação do potencial laborativo;

b) orientação e acompanhamento da programação profissional;

c) articulação com a comunidade, com vistas ao reingresso no

mercado de trabalho; e

d) acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de

trabalho. 161

159 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 218.160 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p.386.

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A execução dessas atividades será realizada, de preferência

com o trabalho de equipe multiprofissional especializada em Medicina, Serviço

Social, Psicologia, Sociologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e outras afins ao

processo, sempre que for possível na localidade do domicílio do beneficiário,

ressalvadas as situações excepcionas em que este terá direito á reabilitação

profissional fora dela. 162

“Cabe à previdência social a articulação com a comunidade,

com vistas ao levantamento da oferta do mercado de trabalho, ao direcionamento da

programação profissional e à possibilidade de reingresso do reabilitando no mercado

formal”. 163

Concluído o processo de reabilitação profissional através de

cursos e treinamentos, o Instituto Nacional do Seguro Social emitira certificado

individual indicando a função para a qual o reabilitando foi capacitado

profissionalmente sem prejuízo do exercício de outra para a qual se julgue ele

capacitado. 164

A habilitação ou reabilitação no entanto não garante o retorno

do reabilitando ao seu emprego ou em outro que ficar ele reabilitado. “A colocação 161 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.575.162 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p.386.163 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.576.164 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.343.

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do segurado no mesmo emprego ou em outro para o qual ficar reabilitado não é

obrigação da Previdência Social, cessando o processo de reabilitação profissional

com a emissão do certificado”. 165

O treinamento do reabilitando pode ser realizado em empresa,

no entanto não estabelece qualquer vinculo empregatício ou funcional entre o

reabilitando e a mesma, bem como entre estes e o INSS. O fato de treinar a pessoa

não implica vinculo empregatício entre esta e a empresa que fornece o referido

treinamento. 166

Segundo o art. 141 do Decreto 3.048/99, “a empresa com cem

ou mais empregados esta obrigada a preencher de 2 (dois) a 5% (cinco por cento)

de seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,

habilitadas, na seguinte proporção: I- ate duzentos empregados, 2% (dois por

cento); II- de duzentos e um a quinhentos empregados, 3% (três por cento); III- de

quinhentos e um a mil empregados, 4% (quatro por cento); IV- mais de mil

empregados, 5% (cinco por cento)”.167

Serão encaminhados para os programas de reabilitação

profissional, por ordem de prioridade:

I- o beneficiário em gozo de auxilio-doença, o acidentário ou o previdenciário;

165 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.481.166 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.575.167 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p.312/313.

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II- o segurado em gozo de aposentadoria especial, por tempo de contribuição ou idade, que, em atividade de laboração, sofra acidente de qualquer natureza ou causa a implicar redução da capacidade funcional;

III- o aposentado por invalidez;

IV- o segurado sem carência para o auxilio-doença previdenciário, portador de incapacidade;

V- o dependente pensionista invalido;

VI- o dependente maior de 16 anos, portador de deficiência;

VII- os portadores de deficiência, sem vinculo com a Previdência Social.

É obrigatório o atendimento pela reabilitação profissional dos beneficiários descritos nos itens I, II, III, ficando condicionado às possibilidades administrativas, técnicas, financeiras e às características locais, o atendimento aos beneficiários relacionados nos itens IV, V, VI e VII. 168

Por todo o exposto comprovou-se que a dependência em

alguns casos é presumida e em outros deve ela ser comprovada através da

documentação exigida por lei. As prestações pagas pela previdência em forma de

beneficio ao dependente são de suma importância para sua subsistência, pois este

não tem mais como contar com a remuneração do segurado.

Pode-se verificar também as especies de beneficios devidos

aos dependentes quais sejam: pensão por morte (quando da morte do segurado),

auxilio-reclusão (quando do recolhimento do segurado a prisão) e a habilitação e

reabilitação profissional (para inserção do segurado ou dependente no mercado de

trabalho).

168 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.576/577.

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CONCLUSÃO

Neste momento, procurar-se-á sintetizar as principais

definições que possibilitem um exame crítico da Seguridade Social Brasileira, bem

como as suas regras de aplicação para concessão de benefícios previdenciários,

considerando que uma atuação inadequada de sua parte provocaria um grande

problema social.

De tudo que foi abordado extrai-se inicialmente, evolução

histórica e legislativa no Brasil, analisando e abordando as principais datas,

Constituições, Decretos, Leis e Emendas Constitucionais que contribuíram para a

formação da legislação previdenciária atual.

Assim, conforme os ensinamentos doutrinários apontados no

presente trabalho, pode-se asseverar que a Seguridade Social tem o dever de

resguardar a tranqüilidade dos indivíduos e de suas famílias, visando que sejam

efetuados meios através do Poder Publico para se assegurar os direitos relativos a

previdência e assistência social para cada cidadão com o intuito de protege - los no

futuro.

Através dos princípios Constitucionais pode-se verificar os

principais objetivos da Seguridade Social, entre eles destaca-se neste momento o

principio da universalidade de cobertura e atendimento, o qual assegura a todos os

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habitantes do nosso pais sejam eles de nacionalidade brasileira ou não a cobertura

por igual, valendo também no que se refere a trabalhadores urbanos e rurais.

Para o financiamento da seguridade social deve-se contar com

a contribuição por parte da União, dos Estados, Municípios e por toda a sociedade,

de forma direta ou indireta. Constatou-se que a seguridade não é obrigação somente

dos entes públicos, mas também é uma obrigação de cada cidadão contribuir para o

seu financiamento.

A pessoa física que exerce atividade remunerada filia-se

automaticamente ao Regime Geral da Previdência Social, devendo desta forma

contribuir para o custeio da previdência. No entanto para ser considerado segurado

da previdência não necessita estar exercendo atividade remunerada. Os segurados

são divididos em três grupos: os segurados obrigatórios, obrigatórios individuais e os

facultativos, entrando nesse caso os desempregados.

O segurado portanto não necessita estar no exercício de

atividade remunerada, sendo permitido portanto que ele passe um certo período de

tempo sem efetuar os recolhimentos para a previdência e mesmo assim mantenha a

sua qualidade de segurado. Período este que é conhecido como período de graça,

ao ultrapassar o período de graça perde o segurado o seu direito e extinguindo-se

também a sua relação com o Previdência Social.

O dependente por sua vez também pode perder o direito de

percepção dos benefícios a que faz jus perante a Previdência Social. Os

dependentes aqui tratados são aqueles que dependem economicamente do

segurado, tendo direito a receber certos benefícios elencados em lei.

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Destacou-se a necessidade de se comprovar a dependência

econômica, sendo este fator essencial para que o dependente possa ter direito aos

benefícios, entre os quis pensão por morte e o auxilio-reclusão.

A pensão por morte conforme verificou-se é devida aos

dependentes, desde que o segurado tenha mantida a sua qualidade perante o

RGPS. Caso contrario não será devido nenhum beneficio ao segurado tão pouco a

seus dependentes.

O auxilio-reclusão por sua vez é beneficio direcionado aos

dependentes de baixa renda do segurado que for recolhido a prisão. A baixa renda

aqui considerada é com relação ao segurado e não ao dependente.

Ressaltando-se que a pensão por morte e o auxilio-reclusão

são benefícios concedidos como regra geral aos dependentes. Existe no entanto

uma exceção para essa regra, que no caso é a habilitação e reabilitação profissional

concedida não como beneficio, mas sim na modalidade de serviço. Podendo ser

concedida tanto ao segurado como aos seus dependentes.

Por todo o exposto conclui-se com o presente trabalho que a

concessão dos benefícios ao segurado e principalmente aos seus dependentes é de

suma importância. Portanto para que previdência atue de forma adequada e

conceda o beneficio devido ao dependente extremamente necessário a

comprovação da dependência econômica existente entre beneficiário e o segurado

da previdência social. A comprovação é feita através de documentação adequada

para cada tipo de beneficio.

Sendo os benefícios por sua vez devidos a todos os

dependentes do segurado, respeitada a ordem de preferência estabelecida em lei.

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