faculdade de ensino superior da...

24
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO CHRISTIANE ARARUNA SARMENTO BRAGA AUXÍLIO-RECLUSÃO: Aspectos Temáticos JOÃO PESSOA 2013

Upload: dangngoc

Post on 15-Dec-2018

228 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

CHRISTIANE ARARUNA SARMENTO BRAGA

AUXÍLIO-RECLUSÃO: Aspectos Temáticos

JOÃO PESSOA

2013

CHRISTIANE ARARUNA SARMENTO BRAGA

AUXÍLIO-RECLUSÃO: Aspectos Temáticos

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado à Faculdades de Ensino Superior da Paraíba-FESP – Curso de Graduação em Direito para atender a exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em direito. Área de Concentração: Direito Previdenciário Orientador: Prof. Dr. Rogério Moreira

JOÃO PESSOA

2013

B813a Braga, Christiane Araruna Sarmento Auxílio-reclusão: aspectos temáticos. / Christiane Araruna Sarmento

Braga. – João Pessoa, 2013. 17f. Orientador: Prof. Dr. Rogério Moreira Artigo (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da

Paraíba – FESP. 1. Seguridade 2. Auxílio 3. Subsistência 3. Prole 3. Criminalidade I.

Título.

BC/FESP CDU: 34:331.836(043)

CHRISTIANE ARARUNA SARMENTO BRAGA

AUXÍLIO-RECLUSÃO: Aspectos Temáticos

Trabalho de Conclusão de Curso –TCC- apresentado à Banca Examinadora da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Aprovada em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________ Prof. Dr. Rogério Moreira

Orientador

_________________________________ Membro da Banca Examinadora

_________________________________ Membro da Banca Examinadora

AGRADECIMENTOS

A Deus nosso pai, pela proteção e inspiração divina, confortando-me a alma em todos os

momentos de glórias e provações;

Aos meus pais Zemauro Sarmento Braga e Maria de Lourdes Araruna S. Braga, por acreditar

nos meus sonhos, por me orientar nos momentos de dúvidas, por me acalmar no desespero,

por me consolar nas derrotas, comemorar nas vitórias e confiar que posso conseguir ainda

muito mais, essa conquista é totalmente dedicada a vocês, AMO VOCÊS;

A meus irmãos Jonathan Braga e Luiz Gustavo Braga que sempre estiveram ao meu lado e

incentivaram meus objetivos e agora vibram por mais uma conquista;

A minha prima “irmã” Thais Araruna que esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis,

sempre me apoiando e me ajudando a prosseguir;

A amiga Andréa Farias por todo o apoio e carinho, pelas palavras e incentivos, sempre se

dispondo a ajudar-me;

Aos meus amigos, todos indistintamente, desde aqueles da infância até os que hoje

compartilham deste momento de concretizações em minha vida;

Aos Dr. Enio Silva Nascimento, Marcus Aurélio Torquato e Otaviano Henrique Silva Barbosa

e colegas de trabalho pela paciência e pelo incansável apoio;

Ao professor Rogério Moreira, profissional comprometido com a causa que abraçou,

orientando-me com sabedoria e benevolência, sendo a concretização deste trabalho em virtude

de sua dedicação, meu eterno agradecimento.

“Aquele que for atacado em seu direito deve resistir; é um dever para consigo mesmo”

(Rudolf Von Ihering)

1

AUXÍLIO RECLUSÃO: Aspectos Temáticos

Christiane Araruna Sarmento Braga*

RESUMO

Este artigo científico tem como objetivo demonstrar e comprovar que o auxílio- reclusão não estimula a criminalidade e que o objetivo do mesmo é garantir a sobrevivência da família, por falta temporária do provedor. O auxílio-reclusão é um benefício pago a família de baixa renda do segurado preso e não ao próprio.O real intuito do referido auxílio é prover a subsistência da prole dos detentos que contribuem à seguridade social e encontram-se em estado de necessidade. Deparamo-nos com várias discussões relacionadas ao referido assunto, que acabam por gerar diversas indagações sobre o direito ao auxílio-reclusão. Por mais difícil que seja aceitar, é dever do Estado, por pior que seja o crime, trabalhar na reabilitação do criminoso e ainda arcar com as suas necessidades fundamentais. O problema não está aí. A grande problemática dessa temática versa acerca dos dependentes do encarcerado, que tem as suas necessidades e o direito a uma existência digna ameaçados pela condição do seu mantenedor.É para eles que o auxílio-reclusão foi criado.O método de abordagem utilizado na elaboração do trabalho é o dedutivo, utilizando-se da pesquisa bibliográfica. Nas considerações finais, alvitram-se recomendações que contribuam para futuras pesquisas sobre a importância das discussões acerca do auxílio-reclusão.

Palavras-chave: Seguridade. Auxílio. Subsistência. Prole. Criminalidade.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente trabalho versa sobre o auxílio-reclusão previsto na Lei nº 8.213/91, pelo

Decreto 3.048/99 e no art. 201, inciso IV da Carta Magna, uma vez regulamentada na

legislação mencionada.

A ideia de realizar este trabalho surgiu devido à escassez de estudo que conjuguem o

tema o auxílio-reclusão, em especial aqueles que defendem que este não estimula o crime,

além do fato de ser a família os únicos beneficiados com o recebimento desse auxílio.

Frente a esse cenário, discorre-se ao longo deste trabalho sobre a seguridade social,

embasando teoricamente acerca do auxílio reclusão, conceituando-se o benefício em comento,

sendo posteriormente analisado os requisitos para a sua concessão, assim como ocorre a sua

* Graduanda do curso de bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, período 2013.1. E-mail

[email protected].

1

extinção. Por fim, tratamos do foco central do tema propriamente dito deste trabalho: O

auxílio-reclusão: aspectos temáticos, para com isso demonstrar que o referido auxílio não

estimula a criminalidade.

Convém ressaltar que surgem inúmeras divergências acerca da concessão desse

auxílio, assim sendo, muitos são os pontos importantes passíveis de reflexão sobre tal assunto.

A primeira problemática do nosso estudo é a errônea interpretação acerca do auxílio-

reclusão estimular a prática de ato delituoso. Há de se considerar que este trabalho vem

demonstrar a importância da assistência à família do sujeito recluso.

Na segunda problemática enfoca-se que a inexistência do benefício ou surgimento de

obstáculos ao repasse desse auxílio, pode causar consequências desastrosas, uma vez que o

mesmo é um benefício que vem a socorrer necessidades relacionadas a custo de alimentos,

vestuário, tratamentos de saúde da família, ocasionado pelo encarceramento do seu membro

mantenedor, esses de baixa renda e não tendo como prover a sua subsistência. Assim, a

inexistência desse auxílio séria um fator determinante ao surgimento de um grande problema

social.

O objetivo geral deste trabalho é analisar de maneira pormenorizada que o auxílio-

reclusão não estimula a criminalidade, tendo por finalidade garantir a sobrevivência da

família, por falta temporária do provedor.

Especificamente, visa conceituar, bem como a composição e o histórico da Seguridade

Social, além de tecer algumas considerações acerca dos princípios que a regem; apresentar

conceitos do auxílio-reclusão; analisar de maneira detalhada os requisitos para sua concessão;

tecer comentários a respeito das exigências e valores e apontar as hipóteses de extinção do

auxílio.

A vertente metodológica do presente trabalho será de natureza qualitativa, o método

de abordagem a ser utilizado será o dedutivo, uma vez que partiremos de um conceito amplo,

geral, do que venha a ser a Seguridade Social bem como auxílio-reclusão previsto, e a partir

daí, examinaremos os requisitos necessários a sua concessão. Dessa forma, iremos fazer uma

análise geral do assunto até chegarmos a sua forma específica.

Quanto ao método jurídico de interpretação, este estudo fará uso do exegético e

teleológico visto que iremos analisar de maneira pormenorizada as leis, doutrinas e

jurisprudências acerca do assunto, tentando identificar qual o real alcance e eficácia do

auxílio-reclusão.

2

No que concerne à classificação da pesquisa, com relação ao objetivo geral, será

exploratória, visto que faremos reflexões de ideias e conceitos, tendo como base o

posicionamento de diversos doutrinadores.

Este estudo será, quanto à classificação da pesquisa concernente ao procedimento

técnico a ser utilizado, predominantemente bibliográfico. Assim se classifica porque se baseia

em consultas a obras que apresentam uma interpretação já definida a respeito do assunto em

questão.

No que se refere ao procedimento técnico, adotamos o levantamento bibliográfico e a

documentação indireta como técnica de pesquisa, feita através de livros, meios eletrônicos e

legislação. Ademais, estando elencadas as considerações iniciais que se fazem pertinentes,

reportemo-nos então ao delineamento do conteúdo do presente trabalho científico.

2 SEGURIDADE SOCIAL

2.1 BREVE HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DA SEGURIDADE

SOCIAL

A proteção do seio social se origina das famílias. Já a Seguridade Social começou a

surgir a partir dos benefícios instituídos pelo Estado-Greco Romano que proporcionavam aos

servos prestadores de serviços ao império fragmento de terras que delas tiravam sua

subsistência.

A Preocupação do homem com o futuro, não é de hoje, verificando-se na história

desde da antiguidade, a presença de várias iniciativas para amenizar os efeitos dos danos

decorrentes dos infortúnios, diante de tal cenário, têm-se os seguintes marcos históricos no

mundo:

1. 1601: Poor Relief Act (Lei do Amparo aos pobres) – Inglaterra – primeiro marco da presença do Estado enquanto órgão prestador de assistência aos necessitados;

2. 1883: Lei do Seguro Doença, promulgada por Bismarck na Alemanha – primeira norma previdenciária do mundo (instituiu um seguro obrigatório, com a participação do Estado e custeio tríplice);

3. 1917: Constituição do México – primeira constituição do mundo a incluir o seguro social em seu texto;

4. 1919: Constituição de Weimar e criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – constitucionalismo social e universalidade da proteção social;

5. 1948: Declaração Universal dos Direitos do Homem – eleva a proteção social como um direito fundamental do homem: art. 85. Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar,

3

inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito à seguridade no caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice, outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora do seu controle (DIAS; MÂCEDO, 2010).

De acordo com todo o esboço apresentado, conclui-se que a necessidade de se

estabelecer mecanismos que garantissem a seguridade social vem dos tempos remotos, para

acompanhar as transformações ocorridas na sociedade e as mudanças do papel do Estado, que

no início não tinha muito aparecimento, passando a ser importante coadjuvante no decorrer da

história.

A evolução da seguridade social no mundo foi um forte fator que veio a influenciar o

surgimento no sistema previdenciário do Brasil, conforme discorreremos a seguir.

2.2 BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL

Da mesma forma que, aconteceu na seara mundial, as políticas de proteção social

emergiram com caráter predominantemente beneficente e assistencial, a começar pelos

modelos coloniais das “Santas casas de misericórdia” em 1543, seguidas das “Irmandades de

Ordens Terceiras”, em 1785 criado o Plano de Beneficência dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais

da Marinha.

Com isso, Oliveira (1996) concebe que:

O primeiro texto em matéria de previdência social no Brasil foi expedido em 1821, pelo ainda Príncipe Regente, Dom Pedro de Alcântara. Trata-se de um Decreto de 1º de outubro daquele ano, concedendo aposentadoria aos mestres e professores, após 30 anos de serviço, e assegurado um abono de ¼ dois ganhos aos que continuassem em atividade.

No Brasil, o marco legislativo da previdência social é apontado oficialmente em 24 de

janeiro de 1923, data em que foi editado o Decreto Legislativo n° 4.682, conhecido como “Lei

Eloy Chaves” (nome do Deputado do Estado de São Paulo), que a concebeu que criava e

determinava a criação de caixas de aposentadoria e pensões para os ferroviários, com o

objetivo de amparar esses trabalhadores contra riscos sociais clássicos, como doença, velhice,

invalidez e morte (GONÇALVES, 2008).

Após discutirmos o surgimento da seguridade social no Brasil, passaremos a fazer uma

breve pincelada nos marcos mais importantes da sua evolução histórica. No ano de 1934 tem-

se a primeira previsão constitucional expressa de direitos previdenciários e do custeio

tripartite (empregados, empregadores e governo).

4

Por outro lado, no ano de 1933 a 1960 surgiram os Institutos de Aposentadorias e

pensões (IAPs); já em 1960 foi editada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) através

da Lei 3.807, que unificou a legislação dos IAPs; em 1963 a Lei 4.214, denominada Estatuto

do Trabalhador Rural, que veio a conferir ao trabalhador rural sistema de proteção de natureza

assistencial (FUNRURAL); em 1966 tivemos a criação do INPS; no ano de 1967 vivenciamos

a inclusão do Seguro de Acidentes do Trabalho, Lei. n° 5316; em 1971 Lei Complementar

n.11, criação do PRORURAL; em 1972 inclusão das empregados domésticos na Previdência,

Lei 5859(GONÇALVES,2008).

Dando continuidade a evolução histórica da seguridade social no Brasil, no ano de

1977 tivemos a criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS);

em 1988 promulgação da Constituição Federal, Previsão Constitucional do Sistema de

Seguridade Social; no ano de 1990 ocorreu extinção do SINPAS e a criação do Instituto

Nacional de Seguridade Social (INSS) e ainda a publicação da Lei 8.080, que institui o

Sistema Único de Saúde (SUS), em 1191 foi promulgada a Lei n° 8.212, de 24 de julho, que

dispõe sobre a organização da seguridade social, institui o Plano de Custeio e dá outras

providências e a Lei 8.213 de 24 de julho que dispõe sobre o Plano de Benefícios da

Previdência e dá outras providências (GONÇALVES, 2008).

Já no ano de 1993 foi publicada a LOAS – Lei Orgânica da Assistente Social, Lei n°

8.742/93; e no ano de 1998 a EC n. 20, de 16 de dezembro, altera dispositivos constitucionais

relativos à Previdência; em 2003 a EC n. 41 de 19 de dezembro, altera dispositivos

constitucionais relativos ao regime previdenciário dos servidores públicos; e nos anos de 2004

a 2007, Medida Provisória n.222, convertida na Lei n. 11.098/2005. Retira o INSS a

arrecadação das contribuições previdenciárias, contribuições previdenciárias, atribuindo-a

diretamente ao Ministério da Previdência Social e a Lei n. 11.457 de 16 de março e cria a

secretaria da Receita Federal do Brasil (GONÇALVES, 2008).

2.3 A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A Seguridade Social só foi realmente especificada e positivada, com o advento da

Constituição de 1988, quando passou a ocupar um espaço reservado para a seguridade social

previsto no Título VIII, Da Ordem Social, Capítulo II, que preconiza em seu art. 194 a

seguridade social como “um conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da

sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à

assistência social”.

5

Depois de ser realizada uma breve discussão das evoluções históricas da seguridade

social no Brasil e no Mundo, passaremos a discorrer sobre os princípios da seguridade.

2.3.1Princípios gerais da seguridade social

Verifica-se que na Seguridade Social, existem seus princípios específicos, previstos na

Constituição Federal de 1988, e na legislação infraconstitucional. Existem também os

princípios denominados de universais, esses aplicáveis em todos os ramos do Direito, quais

sejam: igualdade, legalidade, direito adquirido e dignidade da pessoa humana.

O Princípio da Igualdade, por sua vez, está previsto no art. 5° da Constituição Federal

de 1988, o qual proclama no seu caput que “todos serão iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Desse

modo, podemos afirmar que é estabelecido um tratamento igualitário á todos que estão

subordinados à Carta magna.

Outro princípio universal é o Princípio da legalidade que preconiza que “ninguém será

obrigado a fazer ou deixar de fazer coisa senão em virtude da lei”. Assim, nos traz o

entendimento que toda e qualquer obrigação ou direito utilizado pelo indivíduo esteja previsto

em lei, exigindo que tenha um fundamento legislativo que o sustente.

O Princípio do Direito Adquirido inserido no artigo 5º da Constituição Federal, em seu

Inciso XXXVI, diz que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a

coisa julgada.

Por fim, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana que a Lei maior estabelece como

um dos princípios fundamentais da República a dignidade da pessoa humana, promovendo a

redução das desigualdades sociais e a promoção do bem-estar de todos (art. 3º, incisos III e

IV), pelo qual se deduz que a seguridade social vem com o objetivo de proporcionar aos

indivíduos condições dignas de sobrevivência. Sabe-se que o referido princípio vem nortear

os demais princípios ligados aos direitos sociais e fundamentais do cidadão, sendo de suma

importância que os benefícios da seguridade estejam inseridos no núcleo assistencial da

dignidade humana.

6

2.3.2 Princípios específicos da seguridade social

O art. 194 da CF/88 dispõe que é assegurado ao Poder Público a competência para

administrar a seguridade social, nos termos da lei e com bases nos objetivos ali elencados,

que depois revelam-se não apenas como metas, mas como princípios que orientam e

fundamentam a interpretação da norma específica, conforme discorreremos a seguir

(SANTOS, 2010).

2.3.3 Princípio da solidariedade

Para a doutrina em entendimento unânime, este é o princípio mais importante, uma

vez denominado de fundamental. Isso quer dizer que uma vez ausente, não há de se falar em

seguridade social. A referida informação se justifica pelo fato de a seguridade atingir toda

uma coletividade, tendo por contribuintes aqueles que, contenha capacidade contributiva,

venham a contribuir em favor daqueles que não tem renda (CORREIA; CORREIA, 2008).

2.3.4 Princípio da obrigatoriedade

O referido princípio vem a fundamentar o fato de que ao desenvolver determinada

ação, o indivíduo estará automaticamente filiado ao sistema previdenciário. Visando garantir a

todos, a proteção social no momento da ocorrência dos fatos geradores de necessidades

sociais (HORVATH JUNIOR, 2004).

2.3.5Princípio da unicidade

Tal princípio preconiza que, é vedada acumulação por parte do beneficiário de mais de

um benefício originário de um mesmo vínculo, já que a relação jurídica estabelecida é

personalíssima.

2.3.6 Princípio da imprescritibilidade do benefício

O Direito ao benefício é imprescritível, ou seja, não prescreve, sendo assim, uma vez

preenchidos os requisitos necessários à sua concessão, não perderá seus efeitos com o passar

do tempo ou por não uso do beneficiário.

7

2.3.7 Princípio da expansividade social

Este princípio retrata que, é dever do sistema previdenciário garantir o acesso do maior

número possível de pessoas, seja como segurados obrigatórios ou facultativo. Sabe-se que, é

um princípio de suma importância para os atuais sistemas previdenciários, pois proporciona a

integração dos trabalhadores informais para o manto protetivo da previdência (HORVATH

JUNIOR, 2004).

Insta ressaltar que, é necessária a explanação desses conteúdos, como a evolução

histórica da seguridade social e os seus princípios norteadores para que se possa fazer uma

melhor interpretação acerca do tema, aplicando-se os estudos supra ao recebimento do auxílio

- reclusão, conforme abordaremos na sessão seguinte.

3 AUXÍLIO RECLUSÃO : Embasamento Teórico

Ao iniciarmos as discussões referentes auxílio-reclusão, é imprescindível o

entendimento que a previdência social1 concebe sobre tal auxílio, para quem:

O Auxílio-Reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto. Não cabe concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou cumprindo pena em regime aberto.

Nas concepções de Gonçalves (2008, p. 185), auxílio-reclusão se define como um

“benefício de prestação continuada, substitutivo do salário - de - contribuição ou do

rendimento do trabalhador, devido ao conjunto dos dependentes de segurado de baixa renda

recolhido à prisão".

O referido benefício foi instituído pela Lei nº 3.807, de 1960, para todos os

beneficiários da previdência social. No entanto, a partir de 16 de dezembro de 1998 por meio

da Emenda Constitucional nº 20, o benefício passou a ser concedido apenas aos dependentes

de segurado de baixa renda.

1Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22>. Acesso em: 20 mar. 2013.

8

O auxílio-reclusão tem previsão constitucional no art. 201, VI, e no art. 13 da EC n.

20/98. Está regulamentado pelos arts. 80 do PBPS, 2° da Lei n. 10.666/2003 e 116 a 119 do

RPS.

3.1 REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO

Nas palavras de Tavares (2009, p. 171), o auxílio-reclusão é concedido:

No caso de haver recolhimento de segurado à prisão, por motivo criminal, a qualquer título, desde que não receba remuneração da empresa nem esteja em gozo de auxílio - doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço (benefício extinto). [...] O auxílio é devido apenas durante o período em que o segurado estiver recolhido em regime fechado ou semi - aberto. O benefício não será pago se o segurado tiver como manter seus dependentes por receber remuneração ou estarem gozo de um dos benefício já referidos.

O auxílio-reclusão é pago aos dependentes do segurado preso, desde que o preso não

receba nenhuma remuneração de empresa, não esteja no gozo de auxílio-doença ou

aposentadoria (GONÇALVES, 2008).

Para recebimento do auxílio é de extrema importância frisar os requisitos exigidos pela

previdência social2, quais sejam:

• O segurado que estiver preso não poderá estar recebendo salário da empresa na qual

trabalhava, nem estar em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de

permanência em serviço;

• A reclusão deverá ter ocorrido no prazo de manutenção da qualidade de segurado;

• O último salário de contribuição do segurado (vigente na data do recolhimento à

prisão ou na data do afastamento do trabalho de cessão das contribuições) tomado em

seu valor mensal, deverá ser igual ou inferior aos seguintes valores,

independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas

considerando-se o mês a que se refere.

2Ver em:<http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22>. Acesso em: 01 maio. 2013.

9

Quadro 1: Tabela de pagamento e datas.

PERÍODO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO TOMADO

EM SEU VALOR MENSAL A partir de 1º/01/2013

R$ 971,78 – Portaria nº 15, de 10/01/2013

A partir de 1º/01/2012

R$ 915,05 – Portaria nº 02, de 06/01/2012

A partir de 15/07/2011

R$ 862,60 – Portaria nº 407, de 14/07/2011

A partir de 1º/01/2011

R$ 862,11 – Portaria nº 568, de 31/12/2010

A partir de 1º/01/2010

R$ 810,18 – Portaria nº 333, de 29/06/2010

A partir de 1º/01/2010

R$ 798,30 – Portaria nº 350, de 30/12/2009

De 1º/2/2009 a 31/12/2009

R$ 752,12 – Portaria nº 48, de 12/2/2009

De 1º/3/2008 a 31/1/2009

R$ 710,08 – Portaria nº 77, de 11/3/2008

De 1º/4/2007 a 29/2/2008

R$ 676,27 - Portaria nº 142, de 11/4/2007

De 1º/4/2006 a 31/3/2007

R$ 654,61 - Portaria nº 119, de 18/4/2006

De 1º/5/2005 a 31/3/2006

R$ 623,44 - Portaria nº 822, de 11/5/2005

De 1º/5/2004 a 30/4/2005

R$ 586,19 - Portaria nº 479, de 7/5/2004

De 1º/6/2003 a 31/4/2004

R$ 560,81 - Portaria nº 727, de 30/5/2003

Fonte: MPAS. Disponívelem:http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22>. Acesso em: 01 maio. 2013.

Equipara-se à condição de recolhido à prisão a situação do segurado com idade entre

16 e que tenha sido internado em estabelecimento educacional ou congênere, sob custódia do

Juizado de Infância e da Juventude3.

Ressalta-se que, o evento determinante para a concessão do benefício é exatamente a

exclusão do segurado do convívio com a sociedade mediante o cerceamento de seu direito de

liberdade, por ter cometido prática de ato delituoso, ficando impossibilitado de exercer

3Ver em:<http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22>. Acesso em: 01 maio. 2013.

10

atividade remunerada, não ocorrendo nos regimes que o réu trabalha durante o dia e é

recolhido durante a noite. Da mesma maneira quando o réu é condenado e está foragido, não

há como possibilitar o pagamento do benefício (CORREIA; CORREIA, 2008).

Vale salientar que, tem direito a receber o auxílio-reclusão os dependentes de qualquer

das espécies de segurado da Previdência Social. A prestação é devida aos dependentes da

mesma forma da pensão, pois, não tem sentido em conceder benefício previdenciário em

razão de cometimento de crime de delitos, a quem se encontra preso. Contudo, como a pena

não poderá ser estendida da pessoa do condenado, e está configurada situação de necessidade

social, pela falta temporária do provedor caracterizando no desamparo dos que dependiam

economicamente do segurado preso, justifica-se a concessão do benefício (GONÇALVES,

2008).

Para fazer jus ao benefício em comento é necessário que o segurado preso seja

classificado como de baixa renda, não pode ter renda mensal, atualmente, superior a R$

971,78 (Portaria MPS 15, de 10-01-2013), valor reajustado sempre na mesma data e a

proporção do reajuste geral dos benefícios da Previdência Social. Esse requisito passou a ser

exigido com a publicação da EC n.20/98 (GONÇALVES, 2008).

Considera-se para deferimento do benefício o cumprimento da pena, no caso em tela

verifica-se aquelas cumpridas em regime a) fechado: o sujeito à execução da pena em

estabelecimento de segurança máxima ou média; ou b) semi-aberto: sujeito a execução da

pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Assim, não se defere o

benefício para quem esteja em livramento condicional ou cumpra pena em regime aberto

(GONÇALVES, 2008).

Quando a prole do segurado preso começar a receber o benefício, terão que apresentar

um atestado emitido por autoridade competente a cada três meses atestando que o mesmo

continua recluso junto ao INSS.

3.2 CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO

De acordo com a previdência social4 o auxílio-reclusão cessa pelo os seguintes

motivos:

• com a morte do segurado e nesse caso, será convertido em pensão

por morte;

4Ver em:<http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22>. Acesso em: 01 maio. 2013.

11

• com a fuga, liberdade condicional, transferência para prisão albergue

ou cumprimento de pena em regime aberto;

• se o segurado passar a receber aposentadoria ou auxílio-doença (os

dependentes e o segurado poderão optar pelo benefício mais

vantajoso, mediante declaração escrita de ambas as partes);

• ao dependente que perder a qualidade (filho ou irmão que se

emancipar ou completar 21 anos de idade, salvo se inválido, cessação

da invalidez, no caso do dependente inválido, etc);e

• com o fim da invalidez ou morte do dependente.

Acerca da cessação do referido benefício Correia e Correia (2008, p. 309), preconizam

que, “o benefício cessa com a soltura do réu, por qualquer motivo, seja cumprimento da pena

de prisão, suspensão de seu cumprimento, habeas corpus etc”.

Quando ocorre fuga, o pagamento do auxílio reclusão é suspenso até a recaptura do

réu, assim será observada manutenção da qualidade de segurado (CORREIA; CORREIA,

2008).

Sobre a morte do segurado preso, Martins (2009, p. 111) assevera que:

Em caso de morte do segurado recluso que contribuir na forma anteriormente exposta, o valor da pensão por morte devida a seus dependentes será obtido mediante a realização de cálculo, com base no novo tempo de contribuição e salário - de - contribuição correspondentes, nelas incluídas as contribuições recolhidas enquanto recluso, facultada a opção pelo valor do auxílio - reclusão.

Convém ainda ressaltar que no caso da morte do segurado preso o auxílio reclusão

passará de imediato para pensão por morte.

4 AUXÍLIO-RECLUSÃO : Exigência e Valores

O presente trabalho tem como tema a discussão acerca do estímulo à criminalidade

com a efetiva concessão do benefício do auxílio-reclusão, como já mencionado nos capítulos

anteriores o auxílio-reclusão é um benefício pago aos dependentes do segurado preso e não ao

próprio. Esse, por sua vez, está lá encarcerado, sendo mantido pelo Estado.

Deparamo-nos, com várias polêmicas sobre a concessão desse auxílio, muitas

indagações sobre o direito ao mesmo, que por mais difícil que seja aceitar é dever do Estado

por pior que seja o crime, trabalhar na reabilitação do criminoso. É mister asseverar que isso

12

não seria possível se ele não fosse mantido vivo, desse modo, o Estado arca com as suas

necessidades fundamentais.O problema não está aí, mas em quem depende do preso, esses

dependentes tem as suas necessidades e é pra eles que o auxílio vai ser pago.

A garantia do mínimo de existência para os apenados está ligada ao binômio

capacidade e necessidade, pois, o Estado tem a obrigação de efetivar os direitos essenciais ao

homem, pois esse precisa da proteção do Estado, bem como de garantir a subsistência de seus

dependentes.

Isso nos permite afirmar que, se formos contra o recebimento do benefício é

estendermos a punição aos dependentes do preso. Esses sim seriam os verdadeiros

prejudicados. Sabemos que no Brasil adota o Princípio da Intranscedência previsto no art. 5°,

inciso XLV, da CF, in verbis:

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. (Grifo nosso).

Ou seja, é vedada a extensão da pena para quem não cometeu fato punível, assim

sendo a pena não estenderá a família do segurado recluso. Como dito nas linhas anteriores, o

recebimento do auxílio-reclusão não estimula o crime. Afirmar que o mesmo estimula o crime

é desinformação, preconceito e ignorância. Assim, ficando claramente demonstrada que a

verdadeira intenção do benefício em tela é garantir a sobrevivência da família de baixa renda

do segurado encarcerado para que o mesmo possa alcançar as reais necessidades de seu

público alvo.

Isso posto, em concórdia com o Ministério Público5, "o objetivo desse auxílio é

garantir a sobrevivência do núcleo familiar, diante da ausência temporária do provedor".

(Brasil, 2013).

Em contrapartida, há que se ponderar que o auxílio-reclusão é um benefício de suma

importância para a manutenção de várias famílias de presos que contribuíram para o Instituto

Nacional de Seguridade Social (INSS).

Diante desse quadro, não há de se falar em incentivo ao crime com o recebimento do

benefício, esse sendo para sustento da prole do preso, em nenhum momento quem praticou ou

5 Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/fabio-bonini/auxilio-informacao-para-os-protestos-vapt-vupt/>.

Acesso em: 10 maio. 2013.

13

vai praticar um crime, foi ou será incentivado pelo recebimento do auxílio. Tal benefício é

pago como outro qualquer. Partindo de tal pressuposto, ao afirmarmos que o auxílio-reclusão

estimula o crime, estaríamos auto-afirmando que o recebimento do auxílio-acidente, por

exemplo, estimula o acidente.

A inexistência ou surgimento de obstáculos traz consequências desastrosas, uma vez

que o mesmo é um benefício que vem a socorrer necessidades relacionadas a custo de

alimentos, vestuário e tratamentos de saúde da família do preso contribuinte para o Instituto

Nacional de Seguridade Social (INSS), esses não tendo como prover a sua sobrevivência.

Assim, a inexistência desse auxílio séria um fator determinante ao surgimento de um grande

problema social.

No ano de 2009 foram pagos 16.128 auxílios, já em 2010 o número aumentou para

18.883 e no ano de 2011 tivemos mais um aumento para 21.189 beneficiários. Os dados

utilizados foram obtidos no Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS) e no Boletim

Estatístico da Previdência Social (BEPS) e compreendem de 2009 a 2011.

Segundo o Informe de Previdência Social, o que ocorre é:

antigamente, existia uma consciência coletiva de associar Previdência Social a aposentados e pensões, pois o auxílio - reclusão, pela sua característica diferenciada e menos usual no Sistema Previdenciário, certamente era pouco conhecida da Previdência Social tem investido, cada vez mais, na disseminação de informações sobre os direitos e deveres do segurado, com a finalidade de assegurar proteção social a todo cidadão. Assim, provavelmente, uma das possíveis explicações para o crescimento do auxílio - reclusão tenha sido a evolução no grau de conhecimento do segurado sobre seus direitos e deveres em relação à Previdência Social (MPAS, 2013).

Nos últimos anos o auxílio reclusão vem sendo alvo de um grande debate,

ocasionando alguns questionamentos, tais como: é justo a família do sujeito recluso receber o

benefício? Tal benefício vem a estimular prática de ato delituoso? O recebimento desse vem

aumentando ano após anos por causa da publicização de tal direito? Isso porque a sociedade

está cada vez mais informada, buscando os seus direitos?

Merece destacar que o Código Penal Brasileiro atual não traz uma definição do que é

crime. A doutrina desenvolveu alguns conceitos. Segundo alguns autores como, Mirabete e

Fernando Capez, temos três tipos de forma de conceituar o crime, que são o conceito formal,

material e analítico, veremos a definição de cada um deles a seguir: Conceito formal "é

aquele que segue o que a lei diz, sendo assim o legislador define uma conduta como crime, já

existira o crime por si só, sem entrar em sua essência, em seu conteúdo, em sua matéria"

(VICTOR, 2008).

14

Já o conceito material "procura explicar o que é o crime, sob vários outros aspectos

que chegam a envolver outras ciências extrajurídicas, como por exemplo, a Sociologia, a

Filosofia, a Psicologia etc. "O conceito analítico diz que o crime é a “ação típica, antijurídica

e culpável” (VICTOR, 2008).

Percebe-se que, a pena é a condição de existência do crime, é a medida de segurança, tendo

em vista que o escopo do direito penal é proteger os bens jurídicos, através da cominação,

aplicação e execução da pena. Sabe-se que a pena é um instrumento de coerção para proteger

os bens jurídicos tutelados pelo Estado, os referidos bens são políticos e não econômicos

emanam da proteção a norma penal, para evitar o dano social.

O crime é um fato praticado pelo ser humano que viola os bens jurídicos protegidos

socialmente. Uma ação típica, ilícita e culpável, considerando o nexo de causalidade. De

acordo com o art. 32 do Código Penal, as penas podem ser: privativas de liberdade; restritivas

de direitos e multa. Em outras palavras:

As penas restritivas de liberdade previstas pelo Código Penal para os crimes ou delitos são as de reclusão e detenção. Deve ser ressaltado, contudo, que a Lei das Contravenções Penais também prevê sua pena privativa de liberdade, que é a prisão simples [...] As penas restritivas de direitos, de acordo com a nova redação dada ao art. 43 do Código Penal pela Lei nº 9.714/98 são: a) prestação pecuniária; b) perda de direitos e valores; c) prestação de serviços a comunidade ou a entidades públicas; d) interdição temporária de direitos; e e) limitação de fim de semana. A multa penal é de natureza pecuniária (GRECO, 2009, p. 496-497).

Assim, o crime é caracterizado por um fato típico, antijurídico e culpável. Sendo que,

o primeiro é o comportamento humano, seja positivo ou negativo, que provocou resultado,

previsto na lei penal, ou seja, a conduta praticada dolosa ou culposa, resultado; nexo de

causalidade e se o fato material fica enquadrado em uma norma penal incriminadora.

De acordo com os dados do Departamento Penitenciário do Ministério da Justiça -

Sistema Integrado de Informações Penitenciárias - InfoPen6, vem ocorrendo um aumento na

população carcerária do Brasil, entre os anos de 2000 e 2012. Em 2000 o total geral de presos

no sistema e na polícia era de 212 mil presidiários, passando para 548.003 em 2012.

Com base no Informe da Previdência Social, o aumento da população carcerária

decorreu “tanto da elevação da criminalidade no país, como pela ação repressiva da policia,

que está mais eficiente, e, também, pela justiça, apesar de ser considerada lenta, condenar

cada vez mais pessoas ao cárcere” (MPAS, 2013).

6Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/main.asp?View=>. Acesso em: 18 maio. 2013.

15

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo versou a respeito do auxílio-reclusão, instituído na Constituição de

1988 em seu art. 201, IV, bem como no art. 80 da Lei 8.213/91, e nos arts. 116 a 119, do

Decreto 3.048/99, apontando os requisitos exigíveis no decorrer do processo de concessão do

benefício, oferecido à prole de baixa renda do segurado encarcerado, para possuir meios de

prover seu próprio sustento.

Preliminarmente, delineou-se sobre a seguridade social, perpassando sua evolução

histórica até os princípios pertinentes à matéria como também os pertencentes à Constituição,

que norteiam a produção legislativa e aplicação do direito.

O ponto culminante foi o estudo de tudo aquilo relacionado ao auxílio reclusão,

principalmente a parte que trata das ações que permeiam as propriedades desse auxílio, onde

se dizem estimular a prática de ato delituoso. Entretanto, como visto exaustivamente, a real

intenção do mesmo é garantir à família do sujeito recluso condições dignas de prover a sua

existência.

Falar que o citado benefício vem estimular ou incentivar a criminalidade é fechar os

olhos para a realidade e não querer enxergar que a prole do segurado preso não poderá ser

penalizada por atitude do mesmo, respeitando o Princípio da Intranscedência da pena.

O auxílio-reclusão bem como a pensão por morte é devida aos dependentes do

segurado, que seriam os que possuem legitimidade para pleitear o referido beneficio,

conforme o art. 80 da LBPS. Destarte, entende-se que a figura do apenado é ilegítima para

solicitar tal auxílio.

Desse modo, a tese adotada pela maioria leiga, e pasmem, por parte da comunidade

científica, que dita a não concessão do benefício aos dependentes do sujeito recluso segurado,

não merece ser acatada, haja vista que o benefício em tela não é mero pagamento ao infrator

da norma penal. O presente trabalho visa conscientizar a comunidade acadêmica, bem como a

população em geral, para a importância da defesa à assistência aos dependentes do

contribuinte.

Restou claro, que o beneficio em tela é de pleno direito do cidadão como um dever do

Estado, vindo a respeitada Carta Magna exaltar a dignidade da pessoa humana como vertente

basilar e norteadora dos ditames jurídicos nacionais. Tomando como pontos basilares os

princípios da dignidade da pessoa humana e o da solidariedade, acreditamos que o benefício

previdenciário deve ser mantido para dar assistência aos dependentes do segurado.

16

Acreditar que as despesas de saúde, educação e moradia de todo um grupo familiar

possam ser supridas com a estimativa do valor recebido é digno de se dizer descabido e

incoerente, e ainda acreditar que esse valor vem estimular a marginalização, isso sim, é

desinformação. Sabe-se que, a inexistência do auxílio-reclusão para família de baixa renda do

segurado preso, reforçará as desigualdades sociais.

O tema abordado traz uma questão polêmica, alvo de debates atuais, sendo um

problema de cunho jurídico e social, envolvendo os dependentes do segurado preso que

necessitam do referido benefício para suprir suas necessidades fundamentais.

Diante de todo o exposto, ficou claramente demonstrado que o recebimento do auxílio

reclusão não estimula a pratica de ato delituoso, sendo instituído para suprir as necessidades

básicas da família do segurado preso. Qualquer pessoa está sujeita a cometer delito, e pela

prática de tal ato será penalizada. Frisa-se que, caso seja segurado da previdência social, a sua

família ficará devidamente amparada, pela falta temporária do seu provedor.

ASSISTANCE CONFINEMENT: Thematic Aspects

ABSTRACT

This research paper aims to demonstrate and prove that the aid-seclusion does not encourage crime and the goal of it is to ensure the survival of the family, temporary lack of provider. The imprisonments benefit is a benefit paid to low-income family of the insured and not stuck to itself. The real purpose of the aid is providing sustenance offspring of inmates who contribute to social security and are in need. We come across several discussions related to that subject, which eventually generate several questions about the right to the aid-seclusion. As hard as it may be to accept, it is the duty of the State, is worse than the crime, working in the rehabilitation of the criminal and still afford their basic needs. The problem is not there. The big problem about this theme versa dependent incarcerated, which has its needs and the right to a dignified existence threatened by the condition of its maintainer. It is for them that the aid-seclusion was created. The method of approach used in the preparation of the work is deductive, using the literature. In closing remarks, alvitram up recommendations which contribute to future research on the importance of the discussions on the aid-seclusion. Key-words: Security. Assistance. Subsistence. Offspring. Criminality.

17

REFERÊNCIAS

CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade social. 4 ed. São Paulo. Saraiva, 2008. DIAS, Eduardo Rocha; MACÊDO, José Leandro Monteiro de. Curso de direito previdenciário. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2010. GONCALVES, Ionas Deda. Direito previdenciário. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. GRECO, Rogério. Curso de direito penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito previdenciário. 4 ed. São Paulo: Quartier Latin, 2004. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/main.asp?View=>. Acesso em: 18 maio. 2013. OLIVEIRA, Antônio Carlos de. Direito do trabalho e previdência social: estudos. São Paulo: LTR, 1996. PREVIDÊNCIA SOCIAL. em: <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.p hp?id=22>. Acesso em: 20 mar. 2013. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário: regime geral de previdência social e regras constitucionais dos regimes próprios de previdência social. 11. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. VICTOR, Paulo. Auxílio Reclusão. 2008. Disponível em: http://paulovitorf.no.comuni dades.net/index.php?pagina=1855462080. Acesso em: 20 fev. 2013.