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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM NEONATOLOGIA Camila Carvalho Elias Alvarenga USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS EM SEPSE NEONATAL São Paulo 2018

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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM

NEONATOLOGIA

Camila Carvalho Elias Alvarenga

USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS EM SEPSE

NEONATAL

São Paulo

2018

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Camila Carvalho Elias Alvarenga

USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS EM SEPSE

NEONATAL

Projeto de pesquisa vinculado ao

Trabalho de Conclusão de Residência

Multiprofissional em Neonatologia do

Programa de Pós-graduação da

Universidade de Santo Amaro (UNISA).

Orientador:Prof.Ms. Jorge Eduardo

Menezes

São Paulo

2018

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Ficha catalográfica gerada automaticamente pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade de Santo Amaro - UNISA

Alvarenga, Camila Carvalho Elias USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS EM SEPSE NEONATAL / Camila Carvalho Elias Alvarenga. -- São Paulo, 2018 39 f.

TCC Especialização (RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM NEONATOLOGIA) - Universidade de Santo Amaro, 2018

Orientador (a): Prof. Ms. Jorge Eduardo Menezes

1.Antimicrobiano. 2. Recém nascido. 3.Sepse Neonatal. I.Prof. Ms. Jorge Eduardo Menezes, orient. II.Universidade de Santo Amaro III.Titulo

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus por ter me dado força, animo e persistência pra

ir até o fim da residência. Agradeço também a minha família que esteve do

meu lado me apoiando e estimulando a continuar. Quero ser grata também ao

Hospital pela oportunidade e a toda esquipe da farmácia que me acolheu com

todo carinho, em especial as preceptoras que se desdobraram na tentativa de

ensinar, que generosamente compartilhou seu conhecimento comigo.

Agradecer aos meus companheiros multiprofissionais da residência que juntos

sofremos e sorrimos. Quero direcionar meus agradecimentos também ao a

UNISA e a orientação pelo espaço de ensino.

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“Não te mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo. Não pasmes, nem te espantes, porque o Senhor teu Deus é contigo por onde quer que andares.” (Josué 1.9).

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RESUMO

Segundo dados estatísticos divulgados no Sistema de Informações de

Mortalidade do DATASUS, 60% da mortalidade infantil ocorrem no período

neonatal, sendo a sepse uma das principais causas. O difícil diagnóstico da

sepse neonatal e o tratamento inadequado podem aumentar o risco de

mortalidade e morbidade nessa população. O diagnóstico de sepse deve ser

embasado em parâmetros clínicos e laboratoriais. Os resultados de

hemoculturas são utilizados como padrão ouro no diagnóstico de sepse

neonatal. Esse estudo abordou a importância do diagnóstico confirmatório pós-

uso empírico do antibiótico (ATB) em sepse neonatal presumida. O estudo foi

realizado na Unidade Neonatal de uma maternidade de grande porte, com 60

leitos e média mensal de 670 partos, localizada na Região Norte da cidade de

São Paulo. Foi coletada informações de 41 prontuários de recém-nascido

internados no 1º semestre de 2016, desses 36 eram prematuros (≤ 37

semanas) e 5 eram termos; todos tiveram diagnostico de sepse documentada

em prontuário e pela CCIH da instituição. Os resultados demostraram a

necessidade de boas praticas do uso racional de antimicrobianos. É necessário

promover políticas de prescrição segura e educação continuada nas unidades

neonatais.

Palavras-chave: Antimicrobiano. Recém-nascido. Sepse Neonatal.

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ABSTRACT

According to statistics published in the DATASUS Mortality Information

System, 60% of infant mortality occurs in the neonatal period, with sepsis being

one of the main causes1. The difficult diagnosis of neonatal sepsis and

inadequate treatment may increase the risk of mortality and morbidity in this

population2. The diagnosis of sepsis should be based on clinical and laboratory

parameters. Blood culture results are used as the gold standard in the diagnosis

of neonatal sepsis3. This study addressed the importance of the empirical post-

use confirmatory diagnosis of antibiotic (ATB) in presumed neonatal sepsis. The

study was carried out at the Neonatal Unit of a large maternity unit, with 60

beds and a monthly average of 670 births, located in the North Region of the

city of São Paulo. Information was collected from 41 medical records of

hospitalized new born in the first half of 2016, of which 36 were premature (≤ 37

weeks) and 5 were terms; all had a diagnosis of sepsis documented in medical

records and by the institution's CCIH. The results demonstrated the need for

good practices in the rational use of antimicrobials. It is necessary to promote

policies of safe prescription and continuing education in neonatal units.

Keywords: Antimicrobial. Newborn-Sepsis. Neonatal.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 9

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 12

2.1 Objetivos Primários ....................................................................................................... 12

2.2 Objetivos Secundários .................................................................................................. 12

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 13

3.1 Critérios de Avaliação para Sepse .............................................................................. 13

3.1.1 Fatores Maternos.................................................................................................... 13

3.1.2 Fatores de Risco Neonatais .................................................................................. 14

3.1.3 Diagnóstico Laboratorial para Sepse .................................................................. 15

3.2 Antibioticoterapia ........................................................................................................... 16

3.2.1 Antibióticos de Primeira Escolha .......................................................................... 17

3.2.2 Antibióticos de Segunda Escolha ........................................................................ 19

3.2.3 Antibióticos Restritos .............................................................................................. 20

4 METODOLOGIA .................................................................................................................... 22

4.1 Análise Estatística ......................................................................................................... 22

5 RESULTADOS ...................................................................................................................... 23

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 31

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 34

8 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 35

APÊNDICE A – Uso de Antimicrobiano ............................................................................ 37

APÊNDICE B – Critérios de Inclusão ................................................................................ 38

ANEXO A – Termo de compromisso de confidencialidade ............................................... 39

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

ATB - Antibiótico

CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

GBS - Streptococcus do Grupo B

ICS- Infecções da Corrente Sanguínea

ITU - Infecção do Trato Urinário

LCR - Cefalorraquidiano

MS – Ministério da Saúde

MRSA – Staphylococcus aureus resistente á meticilina

PCR – Proteína C Reativa

RN – Recém Nascido

SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria

UTIN - Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal

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1 INTRODUÇÃO

Segundo a revisão de sepse neonatal do boletim científico de pediatria

(2012), “sepse neonatal é uma síndrome clínica caracterizada por sinais

sistêmicos de infecção acompanhados pela presença de bacteremia no

primeiro mês de vida, ou seja, não basta à presença do microrganismo, é

necessária uma resposta multiorgânica do recém-nascido1”.

Diagnosticar sepse neonatal é difícil, devido aos sintomas serem

inespecíficos, podendo fazer parte do quadro clínico de outra doença. O

diagnóstico clínico de sepse pode ser de complexa diferenciação de outras

condições que afetam o neonato e os sintomas como parâmetro único tem

baixo valor preditivo positivo. Dessa forma, é de fundamental importância

conhecer o diagnóstico diferencial de cada sintoma que pode integrar o estado

clínico de infecção, com o objetivo de avaliar os casos empíricos e atestar ou

afastar este diagnóstico com maior segurança2.

O diagnóstico de sepse deve ser baseado em parâmetros clínicos e

laboratoriais, sendo utilizados como padrão ouro para o diagnóstico os

resultados de hemoculturas, cuja coleta deve ser realizada no inicio do uso do

antimicrobiano. As culturas de líquido cefalorraquidiano (LCR) e urina, quando

houver indicação, também devem ser coletadas no inicio do tratamento com

antimicrobiano. A terapêutica antimicrobiana individualizada apropriada inclui a

escolha acertada do ATB ou a combinação deles, no período adequado e na

concentração, via de administração e duração do tratamento apropriado. O

emprego do antimicrobiano na terapêutica empírica da infecção em neonatos

depende do tempo do aparecimento de sinais e sintomas clínicos, podendo ser

precoce ou tardia. Após o resultado das culturas poderá ser necessário ajuste

ou troca do antibiótico utilizado, correspondendo ao microrganismo identificado

e perfil de resistência3.

O uso racional de antimicrobianos tem sido tema de discussão há muitos

anos, uma vez que seu uso indiscriminado pode gerar resistência bacteriana.

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Estima-se que 70% das bactérias responsáveis por infecções hospitalares são

resistentes a, pelo menos, um dos antimicrobianos indicados para combatê-las.

Pacientes portadores de bactérias resistentes tem maior permanência

hospitalar e risco aumentado de danos à saúde 3,5.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os

critérios de avaliação para sepse presumida estão baseados em evidências

(sem identificação do microrganismo):

a) Fatores de risco materno nas primeiras 48 horas de vida

(indica uma sepse precoce, originada da mãe);

b) Um ou mais sinais e sintomas no neonato: hipoatividade,

variação térmica, hiperglicemia, desconforto respiratório,

apneia, intolerância alimentar e distúrbios hemodinâmicos;

c) Parâmetros laboratoriais;

O Ministério da Saúde num guia para profissionais da saúde publicado

em 2013 inclui para além do recomendado pela ANVISA, os fatores de risco

fetais: taquicardia fetal (>180bpm), prematuridade, APGAR 5 min.<7, sexo,mãe

de primeiro gemelar6.

Alguns fatores contribuem de forma direta ou indireta para o uso

inadequado de antimicrobianos, como a ausência de programa de uso racional

de antimicrobianos, o uso de fármacos de amplo espectro, incertezas no

diagnóstico e dosagens incorretas. A alta taxa de mortalidade neonatal por

sepse precoce e tardia chega aproximadamente 30% a 50% em infecções

causadas por bactérias Gram-negativas multirresistentes. A implantação de

programas para melhorar o uso de antimicrobianos tem sido empregada em

unidades neonatais em todo o Brasil 3.

O uso empírico de antibioticoterapia em casos de sepse presumida a

partir dos parâmetros acima especificados deve ter inicio o quanto antes. A

Sociedade Brasileira de Pediatria em uma publicação de 2012 recomenda

evitar o uso de cefalosporinas, carbapenêmicos (imipenen, meropenen) e

glícopeptídeos (vancomicina). Em infecções precoces orienta o esquema com

ampicilina ou penicilina cristalina associada com amicacina ou gentamicina. Já

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em infecções tardias destaca como primeira opção a oxacilina associada com

amicacina e, como segunda opção, a vancomicina associada à cefotaxima ou

cefepima3, 4.

Para melhor eficácia e efetividade da antibioticoterapia é necessária uma

reavaliação do caso após 72 horas; para isso algumas condutas devem ser

tomadas:

a. Coletar preferencialmente duas amostras de hemoculturas, com

antissepsia validada pela Comissão de Controle de Infecção

Hospitalar (CCIH) e volume de 1mL por amostra¹.

b. Colher a hemocultura antes do início da antibioticoterapia ou no

caso de estar em uso de antibiótico, colher antes da próxima

dose(1).

c. Coletar novo de hemograma e PCR após 72horas do inicio do

tratamento¹.

Na reavaliação, o médico vai confirmar ou descartar o quadro de

infecção, utilizando da evolução clínica e laboratorial para definir o diagnóstico.

Em casos de que os parâmetros de diagnóstico descartam a sepse, é

importante que o antibiótico seja suspenso. Quando confirmada a sepse, torna-

se necessária uma adequação do antibiótico utilizando-se o antibiograma,

optando sempre que possível por medicamentos menos tóxicos e pela

monoterapia 3,7.

A promoção do uso racional de antibióticos em pacientes com sepse

neonatal promoverá uma melhora na efetividade e segurança clínica. Torna-se

relevante também para a redução de infecções multirresistentes especialmente

quando se trata de pacientes altamente vulneráveis como os recém-nascidos.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivos Primários

Investigar o uso racional de antimicrobianos na Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal (UTIN) em pacientes com sepse neonatal.

2.2 Objetivos Secundários

Investigar o cumprimento dos seguintes critérios adotados pela ANVISA1,

Ministério da Saúde6e Sociedade Brasileira de Pediatria3no manejo racional da

sepse neonatal:

Preconização do uso empírico:

Fatores de risco materno

Fatores de risco neonatais

Parâmetros laboratoriais

Uso baseado em evidências

Teste de cultura

Antibiograma

Escolha racional do antibiótico

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Critérios de Avaliação para Sepse

A sepse neonatal é uma infecção bacteriana invasiva que ocorre durante

o período neonatal. Essa infecção é responsável por cerca 40% dos 5 milhões

de óbitos de recém-nascidos por ano. Isso significa que 2 milhões de crianças

poderiam ser salvas se houvesse o tratamento adequado da sepse no período

neonatal8. Os recém-nascidos que desenvolvem as infecções de início precoce

frequentemente demonstram história de um ou mais fatores de risco

significativos para infecção, durante o parto².

As principais fontes de infecção do recém-nascido são a mãe e o

ambiente do berçário. As infecções que se manifestam na primeira semana de

vida são usualmente o resultado da exposição a micro-organismos de origem

materna, porém as que se apresentam de forma tardia podem ter origem tanto

materna como ambiental9. Levando o tempo de manifestação da sepse

podemos dividi-la em duas: sepse precoce até 48 h depois do nascimento e

sepse tardia após 48h de vida2.

3.1.1 Fatores Maternos

Os fatores de risco materno são evidências utilizadas no diagnóstico de

infecção nas primeiras 48 horas de vida do neonato, geralmente indicativo de

sepse precoce. São definidos como risco materno1, ²:

Corioamnionite: conhecida também como infecção intra-

amniótica aguda tem como características febre materna,

aumento da frequência cardíaca materna ou fetal, dor ou

desconforto uterino persistente, leucocitose, e liquido

amniótico fétido1,6,10;

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Bolsa rota ≥18 horas, quando ocorre ruptura das

membranas amnioticas1, 6;

Trabalho de parto prematuro quando ocorre antes de 37

semanas1,6;

Cerclagem¹;

Infecção do trato urinário (ITU) materna sem tratamento ou

em tratamento a menos de 72 horas1;

Colonização materna por Estreptococo beta hemolítico do

grupo B1, 6;

Os fatores de risco materno não devem ser analisados isoladamente, para um

diagnóstico seguro deve se considerar os outros fatores¹.

3.1.2 Fatores de Risco Neonatais

Na avaliação clinica da sepse deve se considerar os sinais e sintomas

apresentados pelo RN, apesar desses sintomas serem inespecíficos

(sugestivos para outras patologias) na somatória de todos os fatores pode ser

decisivo no diagnóstico. É muito importante conhecer o diferencial de cada

sintoma e sinal para alcançar um diagnóstico seguro4. No quadro clinico do RN

com sepse, pode destacar:

Hipoatividade: quando ocorre a queda do estado geral, o neonato fica

menos reativo do que o habitual, lembrando que é necessário verificar

outras etiologias para essa hipoatividade (sedação, hipotérmico, acabou

de mamar, etc.)¹, ²;

Instabilidade térmica: interpreta se como distermia a temperatura

cutânea menor que 36,0ºC (hipotermia) e maior que 37,5ºC

(hipertermia)¹, ²;

Hiperglicemia: usa - se como valor de referencia concentrações de

glicose superiores a 125mg/dL no sangue total ou 145mg/dL no plasma.

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Importante descartar o provável quadro de diabetes mellitus neonatal ou

prescrição de glicose acima do tolerado².

Apneia: intervalo respiratório com duração >20segundos ou com

duração menor associada á frequência cardíaca <100bpm ou cianose¹, ²;

Desconforto respiratório: identificado através de uma gemência,

enlevamento da frequência respiratória, recuo do esterno ou subcostal, e

cianose¹, ²;

Intolerância alimentar: pode ser caracterizada pela presença de um ou

mais sintomas, como: vômitos, resíduo alimentar de ≥50% do volume

administrado, resíduos gástricos e distensão abdominal¹, ²;

Instabilidade hemodinâmica: é uma disfunção circulatória aguda, que

resulta numa deficiência no transporte de oxigênio e nutrientes para os

tecidos¹, ².

A presença de mais de um dos sinais e sintomas acima devem ser

analisados em conjunto com outros fatores de riscos e resultados laboratoriais

para se alcançar um prognóstico¹.

3.1.3 Diagnóstico Laboratorial para Sepse

Alguns critérios laboratoriais são utilizados no diagnóstico de sepse. É

necessária a realização de hemograma sendo considerado como resultado

significativo ≥3 parâmetros alterados e proteína C reativa (PCR) quantitativa

elevada. Devido à especificidade da amostra, sua coleta deve ser executada

preferencialmente entre 12 e 24h de vida¹.

O diagnóstico definido de sepse deve ser baseado em conceitos clínicos

e laboratoriais, sendo considerado como padrão ouro para o diagnóstico o

resultado da hemocultura, sendo que a coleta deve ser feita antes do inicio do

uso de antibióticos. Quando houver indicação, realizar a coleta e cultura de

líquido cefalorraquidiano e urina, os quais também devem ocorrer no inicio do

tratamento com antibióticos³.

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O tratamento antimicrobiano individualizado adequado inclui a escolha

correta do ATB ou combinação deles, na concentração, via de administração e

duração do tratamento apropriado. Após resultado das culturas, será

necessária uma avaliação do medico para realização da adequação do ATB

utilizado, baseado no microrganismo identificado e perfil de resistência³.

3.2 Antibioticoterapia

Antibioticoterapia é o tratamento terapêutico que se utiliza de antibióticos

para eliminar os patógenos responsáveis pela da infecção. A escolha do

antibiótico para o tratamento da sepse em neonatos depende do tempo de

aparecimento dos sinais clínicos (precoce ou tardia) e dos protocolos

institucionais ou de órgãos competentes, e orientações da CCIH de cada

hospital¹¹.

Existe um consenso entre a SBP e o MS em suas publicações de

orientação ao uso de antimicrobianos, ambas indicam o tratamento empírico

de2, 3, 6,11:

Sepse precoce: como primeira escolha associação de uma penicilina

(ampicilina ou penicilina cristalina) com um aminoglicosídeo

(gentamicina ou amicacina)2, 3,11;

Sepse tardia: como primeira escolha associação de uma penicilina

resistente às penicilinases (oxacilina) com um aminoglicosídeo

(amicacina)2, 3,11;

Como segunda escolha: glicopeptídeo (vancomicina) associado a

uma cefalosporinas de terceira e quarta geração (cefotaxima ou

cefepima), esquema terapêutico só deve ser administrado

empiricamente quando houver o conhecimento da prevalência de

Staphylococcus aureus resistente à meticilina/oxacilina na UTIN3, 11.

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Após 72h do inicio do tratamento, recomenda se uma reavaliação do

paciente, sendo analisados os sinais e sintomas clínicos juntamente com o

hemograma, PRC e resultados microbiológicos (hemocultura e antibiograma).

Quando descartado o diagnóstico de infecção a terapêutica com

antimicrobianos deve ser suspensa imediatamente, prevenido o risco de

provável resistência bacteriana. Caso obtenha resultados positivos

comprobatórios da sepse, recomenda se utilizar o antibiograma para modificar

o antibiótico, se possível, para uma monoterapia e/ou medicamento sensível de

menor toxicidade 1, 2, 3,6.

3.2.1 Antibióticos de Primeira Escolha

O primeiro esquema terapêutico para ambas as sepses se utiliza de

penicilinas associadas à aminoglicosídeos, escolha essa baseada na

sensibilidade dos agentes patógenos (Streptococcus agalactiae, Listeria

monocytogenes, Gram-negativos entéricos e Enterococos) mais comuns

identificados². É fundamental para o uso seguro e racional do ATB conhecer

sua classe e suas propriedades farmacológicas. Nesse estudo abordamos

duas importantes classes:

Penicilinas: pertence ao grupo de antibióticos ß-Lactâmicos, por

ter incomum um núcleo estrutural e o anel ß-Lactâmicos,

responsável por sua ação bactericida. Seu mecanismo de ação

basicamente é a inibição da síntese de peptideoglicano da parede

bacteriana. Dentro da classificação das penicilinas temos as

aminopenicilinas, são semissintéticas de amplo espectro em

comparação as naturais, sendo indicada a ampicilina na infecção

precoce. Já nas infecções tardias a indicada e oxacilina,

pertencente ao grupo das penicilinas resistentes as penicilinases,

de amplo espectro. As penicilinas no geral possuem baixa

toxicidade sendo sua reação adversa mais preocupante a

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hipersensibilidade. Algumas bactérias podem desenvolver

resistência aos ATB ß-Lactâmicos, através da produção de ß-

lactamases, enzima que degrada o anel ß-Lactâmicos. Eliminadas

na sua maioria 90% pelos rins, possui uma boa distribuição em

todos os tecidos5, 12.

Aminoglicosídeos: com complexa estrutura química, seu

mecanismo de ação é a inibição da síntese de proteínas da

bactéria. Tem seu efeito potencializado quando administrado com

ATB que interferem na parece celular (antimicrobianos ß-

Lactâmicos). É indicada em infecções precoces, devido a sua

especificidade em bacilos Gram-negativos. Na sepse tardia

indica-se amicacina, devido seu maior espectro de ação de sua

classe, sendo eficaz no tratamento de bacilos Gram-negativos

resistentes à gentamicina. Os aminoglicosídeos são eliminados

pelo rim, quase de 50-60% na sua forma inalterada no período de

24h, em caso de comprometimento renal pode ocorrer um

acumulo e por consequência o aumento da toxicidade. Deve ser

prescrito com cautela devido sua ototoxicidade e nefrotoxicidade3,

5,12.

Para aumentar o espectro de ação no tratamento de Enterococos e

microrganismos Gram-negativos e evitar a resistência bacteriana utiliza-se a

associação de penicilina e aminoglicosídeo, além de serem fármacos de baixo

custo3, 12. O tempo de tratamento bem sucedido, no geral, ocorre de7a 10 dias

em infecções confirmadas. Para tratamentos sem confirmação laboratorial

utiliza-se por 7dias, já em casos específicos como Staphylococcus aureus com

uso de cateter central, prolonga-se o tratamento para 14 dias 2,3.

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3.2.2 Antibióticos de Segunda Escolha

Os antimicrobianos de segunda escolha para tratamento de sepse

presumida podem ser divididos em dois grupos sendo eles:

Com indicação empírica especifica nesse caso esta indicada:

vancomicina associada à cefotaxima ou cefepima.

Antimicrobianos escolhidos baseado na sensibilidade

apresentada no resultado do antibiograma, sendo especifico para

combater o microrganismo isolado.

A vancomicina pertence à classe dos glícopeptídeos, antimicrobianos

que possuem mecanismos múltiplos, mas seu alvo principal é a inibição da

síntese de peptideoglicano e a alteração da permeabilidade da membrana

citoplasmática inibindo assim a síntese da parede celular da bactéria. Possui

eficácia principalmente em bactérias Gram-positivas e a MRSA, porém, pode

gerar resistência bacteriana. Sua indicação é bastante restrita, sendo utilizada

em pacientes com hipersensibilidade a ATB ß-Lactâmicos e infecções por

Staphylococcus resistentes a oxacilina. Eliminado de 75-90% pela função renal

em indivíduos com função normal ocorre em 11h, mas em pacientes com

função renal diminuída pode levar 7 dias. Deve ser administrado com cautela

devido o risco de hipersensibilidade no local da aplicação. Antes da prescrição

é necessário considerar a função renal do paciente. Trata-se também de um

medicamento de alta ototoxicidade e nefrotoxicidade em RN, podendo interagir

com outros fármacos de toxicidade parecida como aminoglicosídeos,

aumentando o risco de toxicidade quando administrado concomitantemente3,

5,13.

A outra classe de medicamentos usados como segunda escolha são as

cefalosporinas de terceira e quarta geração, indicadas com certa restrição. As

cefalosporinas são ATB ß-Lactâmicos de amplo espectro, sendo que seu

espectro e especificidade aumentam entre as gerações. A cefotaxima é de

terceira geração, exibindo maior potência contra bacilos Gram-negativos

facultativos. Na quarta geração observa-se a cefepima, de amplo espectro e

resistente às ß-lactamases. As cefalosporinas são eliminadas pela função

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renal, normalmente são bem toleradas. Também possuem baixa toxicidade,

sendo sua reação adversa mais frequente assim como as penicilinas e a

hipersensibilidade e o tromboflebite. Sua indicação é restrita ao tratamento de

meningites devido sua eficácia na penetração do SNC e na terapêutica de

infecções em RN com insuficiência renal e nas infecções resistentes aos

aminoglicosídeos, preservando o uso racional desse ATB e minimizando o

risco de resistência bacteriana3, 5,14.

A indicação empírica de vancomicina e cefalosporinas de últimas

gerações no tratamento de sepse presumida devem ser avaliadas com cautela

e obedecendo a esses critérios específicos adotados por instituições

referencias ou pela CCIH do hospital1, 3.

3.2.3 Antibióticos Restritos

Os antimicrobianos correspondem à segunda classe de fármacos mais

prescritos no ambiente hospitalar, afetando a microbiota do paciente que faz

uso e a ecologia microbiana de outros pacientes. O corpo do ser humano

possui uma microbiota diversificada em sítios específicos (pele, trato

gastrointestinal e genitálias), o uso de ATB pode alterar a flora desses sítios

colonizados podendo levar a um desequilíbrio. Esse desequilíbrio da microbiota

do paciente pode levar o surgimento de bactérias multirresistentes e infecções

hospitalares que por consequência aumentam o tempo de internação e a

morbidade dos pacientes no ambiente intra-hospitalar7.

Com o intuito de prevenir o aparecimento de microrganismos

multirresistentes e infecções hospitalares, gerando o aumento dos custos na

despesa da instituição, os hospitais estabelecem politicas de uso racional de

medicamentos e instituem a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

(CCIH). A CCIH vai desenvolver critérios de utilização desses antimicrobianos

baseando-se no sistema de vigilância epidemiológica das infecções dentro e

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21

fora da instituição e nos parâmetros de cada ATB (mecanismo e espectro de

ação, farmacocinética, farmacodinâmica e efeitos colaterais)1,7.

O uso racional de antimicrobianos deve ser feito partindo da prescrição,

que precisa ser feita baseando-se em informações fundamentais para uma

escolha segura. Informações como conhecer o paciente na sua integralidade

(idade, história pregressa, alergias, funções renais e hepáticas, doenças de

base, etc.); saber identificar as diferenças entre colonização, contaminação e

infecção; conhecer a microbiologia clínica e a microbiota humana; e por fim

conhecer o ATB7. Para estabelecer limites no uso de antimicrobianos a CCIH

da instituição elabora uma lista de antibióticos restritos16.

A lista de antibióticos restritos tem por objetivo aperfeiçoar os efeitos

terapêuticos, diminuindo o risco de consequências indesejadas como

resistência bacteriana e efeitos tóxicos14. O uso desses ATB restritos deve

obedecer aos protocolos desenvolvidos pela CCIH ou instituições

referenciadas, assim como a portaria nº 2616/98 do Ministério da Saúde que

traz diretrizes para se realizar o controle de infecções hospitalares

estabelecendo a criação da CCIH e suas competências16.

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22

22

4 METODOLOGIA

Foi realizado um estudo observacional transversal retrospectivo de

detecção de não conformidades às referências adotadas sobre o uso racional

de antibioticoterapia em sepse neonatal. O estudo foi realizado utilizando

dados coletados de prontuários de pacientes atendidos na Unidade Neonatal

do hospital participante no período do dia 01/01/2016 até 30/06/2016. A

escolha do período foi aleatória e o critério de inclusão adotado foi: recém-

nascidos em uso de antibióticos com diagnóstico presumido de sepse,

internados na Unidade Neonatal. Foram excluídos desse estudo os pacientes

pediátricos não neonatais, adultos, idosos e neonatos sem diagnóstico de

sepse, internados na unidade neonatal. A pesquisa envolveu risco mínimo por

se tratar de uma atividade cujos procedimentos não sujeitam os participantes a

riscos maiores que empreguem o registro de dados.

4.1 Análise Estatística

Na execução da avaliação dos dados foi feita uma análise descritiva,

construída para as variáveis quantitativas, tabelas com médias, tabelas com as

distribuições de frequências e porcentagens. Para análise dos resultados

aplicou-se o teste G de Cochran (Siefel) para estudar a concomitância do uso

de antibióticos. Fixou-se em 0,05 ou 5% o nível de significância17.

Foi utilizado um Instrumento de Coleta de Dados (APÊNDICE A e B) o

programa da Microsoft Excel 2010, onde as informações estão armazenadas.

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23

23

5 RESULTADOS

O estudo foi realizado na Unidade Neonatal de uma maternidade de

grande porte, com 60 leitos e média mensal de 670 partos, localizada na

Região Norte da cidade de São Paulo. É uma instituição referência em gravidez

de alto risco na região, além de realizar serviços como cirurgias ginecológicas,

planejamento familiar, ambulatório de especialidades, entre outros. A instituição

não possui protocolo institucional, utilizando o Guia para os Profissionais de

Saúde “Atenção à Saúde do Recém-Nascido” do MS.

Foram coletadas informações de 41 prontuários de RNs internados no 1º

semestre de 2016, desses, 36 eram prematuros (≤ 37 semanas) e 5 eram

termos; todos tiveram diagnóstico de sepse documentada em prontuário e pela

CCIH da instituição.

A maior relevância para este estudo é o grupo de prematuros, por essa

razão será abordado os resultados significativos desse grupo. Segue abaixo

os resultados coletados.

A tabela 1 abaixo se refere ao número total de pacientes é o diagnóstico

que cada um recebeu, sendo que 29 prematuros foram diagnosticados com

sepse precoce, 21RNs com sepse tardia dentro desse grupo 14 prematuros

também tiveram diagnóstico anterior de sepse precoce.

Tabela 1- Censo geral de RNs com diagnóstico de sepse na UTIN no 1º

sem/2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados.

PREMATURO

SEPSE

PRECOCE

SEPSE

TARDIA

SEPSE

PRECOCE+TAR

DIA

36 29 21 14*

*Somente uma hemocultura positiva desse grupo

Censo geral de RNs com diagnostico de sepse na UTIN

no 1º sem/2016

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24

Já a tabela 2, trás a relação de antimicrobianos utilizados no tratamento

de sepse por cada prematuro diagnosticado no período do estudo. Os

antimicrobianos utilizados foram 13: amicacina, ampicilina, anfotericina B,

cefepima, cefotaxima, claritromicina, gentamicina, meropenem, metronidazol,

oxacilina, penicilina, piperacilina/tazobactam, vancomicina.

Tabela 2- Uso de antimicrobiano no grupo de prematuro 1ºSem./2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados.

PREM

ATUR

O

AMIC

ACIN

A

AMPI

CILIN

A

ANFO

TERI

CINA

B

CEFE

PIM

A

CEFO

TAXI

MA

CLAR

ITROM

ICIN

A

GENT

AMIC

INA

MER

OPEN

EM

MET

RONI

DAZO

L

OXAC

ILINA

PENI

CILIN

A

PIPE

RACI

CLIN

A +

TAZO

BACT

AM

VANC

OMIC

INA

1 1 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1

2 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

3 1 1 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1

4 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

5 1 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1

6 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

7 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0

8 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

9 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

10 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

11 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1

12 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 1

13 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0

14 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1

15 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0 1 1

16 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0

17 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0

18 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1

19 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0

20 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1

21 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1

22 0 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 1

23 1 1 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1

24 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

25 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0

26 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1

27 1 1 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1

28 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0

29 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

30 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0

31 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

32 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

33 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

34 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

35 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

36 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1

20 30 2 5 1 1 28 4 3 15 3 1 17

55,5 83,3 5,5 13,8 2,8 2,8 77,8 11,1 8,3 41,7 8,3 2,8 47,2

USO DE ANTIMICROBIANO NO GRUPO DE PREMATURO 1º SEMESTRE/2016

%

Teste G de Cochran G=136,57 (p=0,0000)17

Total

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25

A tabela 3 a seguir, faz um comparativo como número de RNs desse estudo

com diagnóstico de sepse e a quantidade de hemoculturas realizadas no

período escolhido.

Tabela 3- Hemoculturas realizadas nos RNs internados na UTIN no

1ºsem/2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados.

Na tabela 4 abordou o resultado das hemoculturas realizadas nos RNS

no 1ºsemestre de 2016, destacando a porcentagem de resultados positivos em

cada grupo.

Tabela 4– Hemoculturas realizadas nos RNs internados na UTIN no

1ºsem/2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados.

Em seguida, a tabela 5 trás a relação de microrganismos isolados e

identificados nas amostras de hemoculturas positivas.

PREMATURO 36 28 77,78

TERMO 5 2 40,00

TOTAL 41 30 73,17

Hemoculturas realizadas nos RNs internados na UTIN no

1ºsem/2016

% de

hemoculturas

HEMOCULTUR

AS FEITAS

GRUPO TOTAL POR

GRUPO

positivas negativas

PREMATURO 13 15 28 46,43

TERMO 0 2 2 0,00

TOTAL 13 17 30 43,33

Resultado das hemoculturas dos RNs internados a UTIN no

1ºsem/2016

GRUPOTOTAL POR

GRUPO% de positivas

HEMOCULTURA

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26

Tabela 5 - Microrganismos Identificados nos RNS da UTIN no 1ºsem/2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados

Os dados da sexta tabela referem-se à quantidade de prematuros que

utilizaram ATB segundo o protocolo (Guia do MS) usado na instituição, para o

tratamento de sepse. Os antimicrobianos foram separados em dois grupos:

primeira escolha (ampicilina; penicilina cristalina; oxacilina; gentamicina;

amicacina) e segunda escolha (todos os outros ATB). Destaca-se a

porcentagem de cada grupo de ATB e o fato dos prematuros terem utilizado as

duas escolhas de ATB, conforme na tabela abaixo.

Tabela 6– Antimicrobianos prescritos em conformidade com protocolo

1ºSEM/2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados

A tabela abaixo identifica o número de prematuros com diagnóstico de

sepse que fizeram uso de antimicrobianos pertencentes à lista de ATB restritos

MICROORGANISMO CASOS

Acinetobacter iwoffii 1

Candida spp 1

Enterobacter cloacae 1

Escherichia coli 2

Pantoea agglomerans 1

Staphylococcus aureus 2

Staphylococcus epidermidis 3

Streptococcus grupo viridans 1

Streptococcus pneumoniae 1

TOTAL 13

Microrganismos Identificados nos RNS da UTIN no 1ºsem/2016

GRUPO

PREMATUROS1ª escolha 2ª escolha 1ª+2ª escolha

36 32 19 15

% 89 52,8 41,7

* 1ªESCOLHA: Amicacina /Ampicilina/Penicilina/ Gentamicina/Oxacilina

2ª escolha: todos os outros antibioticos 3,11

ANTIMICROBIANOS PRESCRITO EM CONFORMIDADE

COM PROTOCOLO* 1ºsem/2016

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27

27

determinados pela CCIH da instituição. A tabela 7 também informa a

porcentagem desses prematuros dentro do grupo estudado.

Tabela 7- Grupo de prematuros com prescrição de antimicrobiano restrito com

diagnóstico de sepse 1ºsem/2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados

Na tabela 8 é possível visualizar que um grupo de 17 prematuros que

utilizaram ATB restritos e a porcentagem de cada antimicrobiano prescrito

dentro desse grupo. São considerados antimicrobianos restritos no hospital

anfotericina B, cefepima, cefotaxima, claritromicina, meropenem, metronidazol,

piperacilina/tazobactam e vancomicina.

Tabela 8– Uso de antimicrobiano restrito no grupo de prematuros da UTIN com

diagnóstico de sepse no 1ºsem./2016.

Fonte: Prontuários dos RNs internados.

SIM NÃO

17 19

Grupo de prematuros com prescrição de

antimicrobiano restrito com diagnostico de sepse

1ºsem/2016

PREMATUROS

36

% DE SIM

47,22

PR

EM

AT

UR

O

AN

FO

TE

RIC

INA

B

CE

FE

PIM

A

CE

FO

TA

XIM

A

CLA

RIT

RO

MIC

INA

ME

RO

PE

NE

M

PIP

ER

AC

ICLIN

A +

TA

ZO

BA

CT

AM

VA

NC

OM

ICIN

A

1 0 1 0 0 0 0 12 1 1 0 0 0 0 13 0 0 0 1 0 0 14 0 0 0 1 0 0 15 0 0 0 0 0 0 16 0 0 0 0 1 0 17 0 0 0 0 0 0 18 0 0 0 0 1 1 19 0 0 0 0 0 0 1

10 0 0 0 0 0 0 111 0 0 1 0 0 0 112 0 1 0 0 1 0 113 0 1 0 0 0 0 114 0 0 0 0 0 0 115 1 1 0 0 0 0 116 0 0 0 0 0 0 117 0 0 0 0 1 0 1

TOTAL 2 5 1 2 4 1 17% 11,7 29,4 5,9 11,7 23,5 5,9 100

USO DE ANTIMICROBIANO RESTRITO NO GRUPO DE PREMATURO DA UTIN NO 1ºSEM/2016

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A tabela 9 refere-se à quantidade de prematuros que utilizaram

antimicrobianos restritos com diagnóstico confirmatório (hemocultura positiva).

Tabela 9- Prescrição de antimicrobiano restrito relacionados ao resultado de

hemoculturas positivas no diagnóstico de sepse 1ºsem/2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados

A próxima tabela faz uma relação com o diagnóstico de sepse

presumida com o uso de ATB restrito.

Tabela 10- Diagnóstico de sepse com relação ao uso de antimicrobiano restrito

1ºsem/2016

Fonte: Prontuários dos RNs internados.

A tabela 11 mostra á quantidade de dias de administração de ATB por

cada prematuro com diagnostico de sepse no 1ºsemestre de 2016 e a media

de dias de cada antimicrobiano.

36 0 6

PRESCRIÇÃO DE ANTIMICROBIANO RESTRITO

RELACIONADOS AO RESULTADO DE HEMOCULTURAS

POSITIVAS NO DIAGNOSTICO DE SEPSE 1ºSEM/2016

PREMATUROS PRECOCE TARDIA

DIAGNOSTICO DE SEPSE COM RELAÇÃO AO USO DE

ANTIMICROBIANO RESTRITO 1ºSEM/2016

PREMATUROS TARDIA

1536

PRECOCE

2

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29

Tabela 11- Dias de uso de antimicrobiano no grupo de prematuro no

1ºsem/2016

Fonte: prontuário dos RNs internados

PREM

ATU

RO

AM

ICA

CIN

A

AM

PICI

LIN

A

AN

FOTE

RICI

NA

B

CEFE

PIM

A

CEFO

TAXI

MA

CLA

RITR

OM

ICIN

A

GEN

TAM

ICIN

A

MER

OPE

NEM

MET

RON

IDA

ZOL

OXA

CILI

NA

PEN

ICIL

INA

PIPE

RACI

CLIN

A +

TAZO

BACT

AM

VAN

COM

ICIN

A

1 9 4 0 10 0 0 4 0 0 0 0 0 202 0 10 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 03 1 7 21 17 0 0 7 0 0 2 0 0 164 0 7 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 05 10 0 0 0 0 9 0 0 0 10 0 0 146 0 10 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 07 1 3 0 0 0 0 3 0 0 0 1 0 08 10 10 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 79 0 14 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0

10 0 7 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 011 2 7 0 0 0 0 7 0 0 1 0 0 112 10 9 0 0 0 0 9 11 6 7 0 0 1013 7 3 0 0 0 0 3 0 0 7 0 0 014 10 3 0 0 0 0 3 0 0 1 0 0 1015 23 2 0 0 0 0 2 1 23 2 0 37 116 0 4 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 017 6 0 0 0 0 0 0 0 0 11 0 0 018 6 7 0 0 0 0 7 0 0 6 0 0 1419 10 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 020 7 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 721 1 0 0 0 8 0 0 0 0 0 0 0 1222 0 7 0 4 0 0 7 5 0 0 0 0 523 2 6 0 7 0 0 6 0 0 2 0 0 724 0 7 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 025 0 6 0 0 0 0 6 0 0 10 0 0 026 18 10 0 0 0 0 6 0 0 12 0 0 1027 1 7 21 7 0 0 7 0 0 5 0 0 1028 8 2 0 0 0 0 2 0 0 8 0 0 029 0 7 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 030 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 031 0 14 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 032 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1433 0 10 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 034 0 7 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 035 0 12 0 0 0 0 12 0 0 0 0 0 036 0 8 0 0 0 0 8 5 0 0 0 0 5

Media 8 7 21 9 8 9 7 6 12 6 4 37 10

DIAS DE USO DE ANTIMICROBIANO NO GRUPO DE PREMATURO

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30

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31

31

6 DISCUSSÃO

Realizado um censo onde se observar que dos 36 pacientes

prematruros 29 (80,1 %) tiveram diagnóstico de sepse precoce e 21(58,3%)

sepse tardia, ainda dentro desse resultado podemos observar que no grupo da

tardia 15(41,7%) pacientes tiveram um diagnóstico anterior de uma infecção

precoce e somente um teve hemocultura positiva (Tabela 1). Esse resultado

sugere a hipótese de uma reinfecção ou uma provável resistência ou ainda

uma infecção por outro patógeno. Na Tabela 2 foram abordados os 13 ATB

(amicacina, ampicilina, anfotericinaB, cefepima, cefotaxima, claritromicina,

gentamicina, meropenem, metronidazol, oxacilina, penicilina, piperacilina +

tazobactam, vancomicina) utilizados pelo grupo de prematuros. Nessa

avaliação estatística utilizou-se o teste G de Cochran, mostrando que os

medicamentos que apresentaram consumo significativo foram os ATB de

primeira escolha, o que já era esperado devido ao protocolo do MS utilizado na

UTIN, também houve um consumo significativo da vancomicina (47%), dado

esse que não condiz com as orientações de indicação especifica do protocolo

referência.

Outro dado importante para o estudo e o número de hemoculturas

realizadas, onde identificamos que dos 36 prematuros com diagnóstico de

sepse somente 28 (77,78%) realizaram a hemocultura (Tabela 3).

Complementando essas informações, 13 (46,43%) deram positivos (Tabela 4),

ou seja, menos da metade das hemoculturas feitas. Os resultados negativos

seriam o parâmetro para interrupção do ATB como orienta o guia da ANVISA¹ e

o Manual da MS6. Os microorganismos isoladosem cultura são encontrados

facilmente no ambiente hospitalar e na flora humana, nota-se que as bacterias

Gram-positivas tiveram maior prevalência nas infecções (Tabela 5), um dado

epidemiologico significativo para estabelecer protocolos especificos para

instituição de uso racional de ATB16.

A escolha farmacológica de um tratamento deve obedecer aos

consensos e diretrizes nacionais na observância do uso racional de

medicamentos. O uso de antibioticoterapia em pacientes com sepse neonatal

internados na UTIN do Hospital será avaliado segundo os critérios

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recomendados pela ANVISA¹, Ministério da Saúde6 e Sociedade Brasileira de

Pediatria³, tanto o uso inicial empírico quanto baseado em evidências. Os

critérios empíricos incluem fatores de risco materno e neonatais, sinais e

sintomas clínicos e parâmetros laboratoriais. O antibiótico utilizado

empiricamente também foi avaliado a escolha, dose, esquema posológico e

tempo de utilização. O uso de antibioticoterapia para sepse neonatal baseada

em evidências tem como critérios as provas de cultura, o antibiograma, a dose,

o esquema posológico e o tempo de utilização do antibiótico indicado.

A partir dos dados coletados foi possivel observara utilização dos

protocolos adotados pela instituição na escolha do antimicrobiano no

tratamento da sepse, foi contatado que 32 (88,9%) prematuros receberam

antibioticos de primeira escolha indicado pelo protocolo, mas um segundo dado

mostra que 19 (52,8%) utilizaram ATB de segunda escolha (Tabela 6),o que se

justificaria com os dados de positividade das hemoculturas como determinado

nas politicas de uso racional de antimicrobianos 1,2,3. Onúmero de

microorganismos isolados não são igualitários ao uso de ATB de segunda

escolha.

Outro dado que entra nessa discussão sendo bastante preocupante é o

uso de antimicrobiano restrito, cuja lista definida pela CCIH da instituição conta

com 7 ATB (anfotericinaB, cefepima, cefotaxima, claritromicina, meropenem,

piperacilina + tazobactam, vancomicina) utilizados no periodo da análise. Os

dados mostram que 17 prematuros tiveram prescrição desses medicamentos

(Tabela 7) e que todos, sem exceção, fizeram uso de vacomicina como

exposto na Tabela 8. Desses que utilizaram ATB restrito somente 6 tiveram

hemocultura positiva, como descrito na Tabela 9. Logo,a alteração de

antimicrobiano não foi baseada no isolamento do microorganismo como

recomendado no protocolo adotado pela instituição.

Com base na Tabela 10, foi administrado ATB restrito para tratar 2

casos sepse precoce e 15 casos de sepse tardia. Os dados coletados dos dias

de administração dos ATB não possibilitaram um cálculo estatístico

comparativo, mas observa-se a falta de um esquema posologico em alguns

casos (Tabela 11). O protocolo da Secretaria², assim como o da ANVISA

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recomendam ATB de 7 a 14 dias, mas notou-seque alguns pacientes que

utilizaram por periodos superiores a 14 dias. A exposição prolongada ao ATB

aumenta o risco de efeitos adversos como a toxicicade do farmaco3,5. Alguns

medicamentos foram suspensos depois de 72h, o que sugere que a hipotese

diagnostica de sepse foi descartada ou o antibiograma foi utilizado para fazer

uma alteração do ATB.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados demonstraram a necessidade de boas praticas do uso

racional de antimicrobianos, não basta ter um protocolo, é essencial utilizá-lo

conscientemente no dia-a-dia. Exposições prolongadas de ATBs restritos é

claramente questionável3. É necessário promover políticas de prescrição

segura, trabalhar com redução de danos a saúde do paciente refletido em

morbidades evitáveis, ter uma educação continuada nas unidades neonatais,

reciclar os profissionais da assistência criando estratégias de prevenção.

Os protocolos de restrição devem ser cumpridos, salvo as exceções, a

portaria nº 2616/98 do Ministério da Saúde norteia a CCIH exerce um papel

efetivo no controle das infecções. Os recursos de diagnóstico precisam ser

usados, é não poupado quando tratar da segurança do paciente.

No uso racional de ATB é necessário que haja indicadores e metas que

não sejam somente números, mas á direção de estratégias a serem realizadas.

A instituição desse estudo apesar de usar medidas como a lista de ATB

restritos com formulário da CCIH para liberação, á pratica precisa ser

aperfeiçoada, os profissionais prescritores necessitam se comprometer com a

política de uso racional, a equipe multiprofissional precisa fazer parte das

tomadas de decisão. A terapêutica do paciente não pode depender de um

único profissional á necessidade de ações conjuntas para garantir o sucesso

do tratamento.

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Bulário eletrônico. 2018[ Acesso em 05/01/2018]. Disponível em:

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17. SIEGEL,S.E CASTELLAN JR,N.J. Estatística não paramétrica para

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APÊNDICE A–Uso de Antimicrobiano

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APÊNDICE B – Critérios de Inclusão

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ANEXO A – Termo de compromisso de confidencialidade