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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM TEMPO REAL Por: Cesar Augusto Mattos Maia Neumann Orientador Prof. Luiz Eduardo Chauvet Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM TEMPO REAL

Por: Cesar Augusto Mattos Maia Neumann

Orientador

Prof. Luiz Eduardo Chauvet

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM TEMPO REAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão Pública.

Por: Cesar Augusto Mattos Maia Neumann

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço

A Deus por me dar conhecimento е

permitir que eu compartilhe o mesmo

com outros;

A minha esposa e amiga, Natasha

Neumann, que contribuiu para que eu

prosseguisse e prosperasse neste

trabalho de forma graciosa e sábia.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos homens que

buscam ser melhores e que assumem

suas responsabilidades sem covardia ou

egoísmo, pois, seja na posição de agente

público ou cidadão, devem sempre buscar

conhecimento e participar, já que sofrerão

os resultados.

5

RESUMO

Com a presença cada vez mais marcante da internet no quotidiano

da sociedade e a constante necessidade de velocidade para envio e

recebimento de dados, faz-se necessário que o setor público se adapte. Apesar

de existirem projetos já postos em prática para que haja maior transparência

nas informações governamentais – salários, licitações, orçamentos, gastos,

recebimentos, entre outros –, o cidadão brasileiro ainda se sente excluído da

gestão pública. Portanto, para que seja alcançada a massiva participação

popular nos processos de tomada de decisão e na gestão dos recursos

públicos, é preciso que os dispositivos existentes sejam aprimorados e que três

ações sejam tomadas: 1) real comprometimento de todos os gestores públicos

com a sociedade, incentivando-a a participar e viabilizando sua ação; 2)

mudança no pensamento e na atitude dos cidadãos que compõem a

sociedade, para que erros do passado não se tornem perenes e impunes na

esfera pública; e 3) busca de aperfeiçoamento dos meios que garantam

transparência, compreensão e acesso rápido às informações de interesse

público.

Palavras-chave: gestão pública, internet, controle social, informação

em tempo real.

6

METODOLOGIA

A presente monografia busca mostrar a viabilidade do uso da

tecnologia em tempo real para avaliação dos gestores e, consequentemente,

da gestão pública federal. Tendo em vista exemplos práticos da busca por

transparência e excelência na gestão pública, bibliografia de análise acadêmica

é utilizada neste trabalho para fundamentar a necessidade de uma melhor

integração das informações governamentais com o ambiente da internet para

maior acessibilidade do cidadão.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – A Gestão Pública e a LRF 12

1.1 – O que é Gestão? 13

1.2 – O que é Gestão Pública? 14

1.2.1 – Orçamento Público 15

1.3 – A Gestão Pública no Brasil 17

1.4 – Lei de Responsabilidade Fiscal 18

1.4.1 – A aplicação da LRF na Gestão Pública 19

CAPÍTULO II – Política versus Administração 22

2.1 – A política e a gestão pública 23

2.2 – Administração de qualidade 25

2.2.1 – Princípios da Gestão Pública 27

2.2.2 – Princípios Orçamentários 28

CAPÍTULO III – A Sociedade Digital 31

3.1 – O que é sociedade digital? 35

3.2 – Movimentos sociais na era digital 37

CAPÍTULO IV – Propostas 41

4.1 – Gestão estratégica dos recursos públicos 43

4.2 – O Portal da Transparência 47

4.3 – Divulgação e incentivo à consulta pública 48

CONCLUSÃO 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52

ÍNDICE 58

FOLHA DE AVALIAÇÃO 59

8

INTRODUÇÃO

“um povo vicioso ou corrompido

– e é o caso da maioria dos povos existentes –

é aquele cujos componentes perseguem acima de tudo

a satisfação dos seus interesses particulares”

(FORTES, 1976, p. 114)

Em nossa sociedade, onde o “jeitinho brasileiro” é ao mesmo tempo

exaltado como “cultural” e combatido por ser avesso às regras da honestidade,

a visão do homem político é sempre a mais negativa possível, variando entre a

imagem do cúmplice-laranja-bode expiatório, no caso de um político “inocente”,

e o representante direto do diabo, nos casos mais abertos de desonestidade.

Tal visão é fruto dos incontáveis escândalos de desvio de verba pública e

corrupção, entre outros, que presenciamos de forma cada vez mais constante

através dos noticiários e posts na internet. Por mais que o cidadão comum

escolha entre se ausentar da vida política, participar desta ativamente ou ser

apenas um comentarista, a política e as ações dos representantes eleitos são

parte do quotidiano e das conversas nos mais variados locais e meios sociais.

Como comentado por Fortes (1976), analisando os escritos do

filósofo Jean-Jacques Rousseau, o grande erro que pode ser cometido pelo

homem que vive em sociedade é perseguir apenas seus desejos em

detrimento do bem geral da sociedade a qual pertence. Tal característica é a

que critica Rousseau (1999) ao se referir ao homem político corrupto e à

sociedade corrupta à qual este pertence. O autor defende que a corrupção é o

grande problema gerado pela distorção do Contrato Social, que é o acordo

tácito de união entre os homens visando o bem comum e o fortalecimento do

grupo. Para o filósofo, o homem nasce bom, a bondade lhe é natural, contudo,

a sociedade distorcida que se desenvolveu depois do Contrato Social

corrompeu esta bondade e fez do homem um ser egoísta que visa apenas seus

próprios interesses. Com isso, o político corrompido torna-se a imagem desta

distorção.

9

A explicação anterior mostra um lado obscuro da vida em sociedade

– isto é, a corrupção transparecida pelo individualismo e egoísmo – e volta à

noção do “jeitinho” que ronda o quotidiano do homem médio brasileiro. Este

critica abertamente a corrupção dos políticos, mas se sente tolhido no

momento de reagir efetivamente contra as ações dos políticos corruptos, pois

se sente culpado por seus próprios “pecados” cometidos com base no

“jeitinho”. Portanto, esta mesma pessoa não sabe ou não se interessa em

saber como funciona efetivamente o sistema político que rege nosso país e

quais as ações que podem ser tomadas para remediar as falhas do governo.

Tal falta de interesse vem do fato de ser mais fácil criticar e protestar, sem

nada fazer para remediar, o que vai de encontro aos princípios da democracia.

A democracia é uma herança da Grécia Antiga. Aristóteles a exaltou

em sua obra Política, pois para ele este era o sistema ideal de governo, já que

dava voz à maioria, sendo então o sistema mais puro e, assim, “incorruptível”

por respeitar o desejo da maioria. Apesar da teoria ser perfeita, esta não é

totalmente aplicada, já que a situação de Atenas era diferente da situação das

nações de nosso tempo, populosas e com características únicas. Enquanto a

Atenas do tempo do autor era uma cidade-Estado, equivalente a uma nação,

onde apenas homens livres não-estrangeiros tinham voz e podiam se reunir

todos em uma praça, nossas nações democráticas são territórios mais

extensos onde uma parcela bem maior da população tem voz na política. Por

conta da impossibilidade de igualar as situações, a única maneira de “unir” as

vozes dos cidadãos hoje é juntando a população em torno das urnas eleitorais.

Nossa história política passou por vários momentos e vivenciou

diferentes regimes políticos. A Constituição de 1988 foi um marco para o

exercício da cidadania, pois tratou do acesso à informação. O cidadão passou

a ter o direito de conhecer, opinar e acompanhar as decisões governamentais

objetivando verificar se os recursos administrados pelo Estado eram ou não

bem aplicados para benefício da coletividade. O Controle Social, resultado da

participação popular em defesa de seus direitos e dos interesses do coletivo,

só é plenamente alcançado quando o governo põe à disposição dados e

10

informações para facilitar o acesso e o entendimento do cidadão às

informações oriundas do âmbito público, sem necessitar que ele possua um

conhecimento técnico.

Assim, o princípio da transparência, termo que designa o

fornecimento das informações do setor público, é de fato cumprido, pois o

controle social é possível e motivado, o que alimenta um processo contínuo

entre o controle social e a transparência pública aperfeiçoando ambos. A Lei de

Responsabilidade Fiscal – LRF, surge em 2000 em decorrência da evolução da

contabilidade pública, onde o planejamento governamental, o equilíbrio fiscal, o

controle do endividamento público e a transparência são tratados como

essenciais. Uma importante contribuição é dada pela LRF no que refere a

transparência na gestão fiscal e que depois foi mais precisa, delineando a

relação cidadão – setor público, ou seja, controle social e transparência,

através da Lei Complementar nº 131, de 27.5.2009, ao dispor que a

transparência será assegurada pela participação popular, na disponibilização

em tempo real de todas as informações e na adoção de um sistema que reúna

com qualidade dados da administração financeira e de controle.

A presente monografia levanta a temática da transparência na

Gestão Pública e visa avaliar como resolver a falta de informação que é tão

criticada pela população quando a administração pública é tratada. A escolha

de tal tema encontra sua justificativa no advento cada vez mais frequente de

novas formas de interação entre as pessoas e na multiplicidade de

informações, via telefones, computadores, smart tvs e tablets. Estas

ferramentas podem fazer com que a sociedade e os governos diminuam a

distância entre eles, desburocratizando serviços, relatórios, projetos, eleições,

e muitas outras possíveis trocas que permitam transparência e qualidade do

serviço público perante o povo. Portanto, ter fácil acesso às informações; ter

transparência; ter detalhamentos por setores; ter acompanhamento em tempo

real e não no fim do governo; ter contínua divulgação em painéis; ter

premiações ou penalidades ao gestor público pelos serviços por ele prestados;

ter transparência entre os atos do legislativo, executivo e judiciário,

11

demonstrando suas responsabilidades e cumprimento de prazos dentro de um

projeto comum, materializam e permitem o controle social e a consequente

avaliação do serviço público. Por fim, alcançaremos plena transparência e

qualidade das informações públicas quando as tivermos em tempo real e,

consequentemente, desenvolveremos um novo modelo do serviço prestado

pelos gestores públicos, permitindo maior aproveitamento dos impostos pagos

pelos contribuintes.

O conceito de Gestão Pública será apresentado e estudado em

relação com a Lei de Responsabilidade Fiscal no capítulo 1. O capítulo 2

apresentará um olhar sobre a diferença entre uma gestão administrativa de

qualidade e a gestão administrativa pública que vemos. Em seguida, o capítulo

3 mostrará o conceito de sociedade digital e como a era digital influencia os

movimentos sociais da atualidade. Por fim, o capítulo 4 discorre sobre a

necessidade de divulgação e incentivo à consulta pública, apresentando

também o conceito de gestão estratégica e a solução de transparência da

gestão pública apresentada pelo Governo Federal.

12

CAPÍTULO I

A GESTÃO PÚBLICA E A

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

“É preciso designar um homem ou uma assembleia de homens para representar

a todos, considerando-se e reconhecendo-se cada membro da multidão

como autor de todos os atos que aquele que representa sua pessoa pratica,

em tudo o que se refere à paz e segurança comuns, submetendo, assim,

suas vontades à vontade do representante e seus julgamentos a seu julgamento”

(HOBBES, 2009, p. 127)

Thomas Hobbes, em seu livro Leviatã, explica a saída do homem do

estado de natureza caótico e violento para o estado onde a lei, e a igualdade

perante ela, é o parâmetro de convivência em sociedade. O autor teoriza que o

Estado de Direito sob o qual o homem se encontra é um monstro terrível,

temido e poderoso – o Leviatã – que se responsabiliza por evitar o caos e

proporcionar a segurança dos cidadãos. Ao escolher se colocar sob as regras

do Estado, o homem também se dobra, consequentemente, às decisões do

governante que controla o Leviatã. Para Hobbes, a atitude do homem sábio,

que preza por sua liberdade e segurança, é apoiar a existência e criação do

Estado, pois este garante que o caos do estado de natureza não o alcance e

que ele não tenha que se preocupar em lutar contra os perigos externos. A

união dos homens em torno deste objetivo e a escolha de um representante

que represente a vontade comum em detrimento das vontades individuais é a

versão hobbesiana do Contrato Social.

Assim como Hobbes e Rousseau, John Locke (2010) analisa a saída

do homem do estado de natureza para o estado de direito. Para o autor, a

propriedade é um resquício do estado de natureza que deve ser mantido, pois

é um direito do homem e reflete sua liberdade, devendo ser defendida a todo

custo. Além disso, contrariamente a Hobbes, Locke defende que a única forma

de evitar a volta ao caos do estado inicial é o estabelecimento de um governo

13

civil, pois o governo absolutista serve aos anseios do monarca e cala os

cidadãos, sendo assim apenas outra forma de se vivenciar o estado de

natureza, neste caso, um estado onde a vontade de um subjuga a todos.

Nesse ponto o autor se aproxima dos conceitos de Rousseau (1999), pois

defende que o governo deve ser o reflexo dos anseios da sociedade e o

homem político deve pautar-se nestes anseios para que haja um corpo político

que realmente represente o grupo. Entretanto, a grande diferença que há na

tese de Rousseau (1999) é que ela se aproxima da democracia de Atenas, pois

para o autor, apesar da vontade geral ser soberana e de haver a necessidade

de colocar alguém à frente do grupo, não se trata de uma governança

representativa, onde o povo apenas vota no representante e nada mais, e

também não se trata de um governo da maioria, já que a governança se dará

pela participação direta de cada cidadão em todos os assuntos.

1.1 O que é Gestão?

Então, por conta da necessidade de haver um representante para o

grupo, deve-se pôr em prática a administração do território, do povo que nele

habita e, consequentemente, do bem público arrecadado em prol da boa

governança. Entra assim em prática a Gestão Pública, contudo, para

compreendê-la é preciso primeiramente entender o que é gestão e o que deve

fazer um gestor.

A gestão, colocada em outras palavras é a administração, seja de

uma empresa, de um grupo, de um bem, ou outros. Quando se pensa em

gestão de sucesso, deve-se ter em mente que não bastam as análises,

orçamentos e planos no papel, é preciso envolver o capital humano. Um gestor

não pode ignorar o efeito de colaboradores eficientes e motivados a seguir as

diretrizes estabelecidas para levar a cabo seus projetos ou os projetos da

empresa para a qual trabalha. Segundo Inácio (2008),

O gestor deve ter sempre um espírito crítico, uma opinião própria e uma grande capacidade de flexibilização, tendo em

14

vista as grandes e rápidas transformações sociais que ocorre no mundo, como a globalização. Assim as soluções e procedimentos de problemas e conflitos é algo presente na realidade da empresa e faz necessários encaminhamentos imediatos a fim de que não tragam novos problemas.

Também, não se pode ignorar que a capacitação é de suma

importância para que os resultados demonstrem a mais alta qualidade e

eficiência. De acordo com Sovienski (2008, p. 55),

Para isso acontecer é necessário formular e coordenar a execução de um plano de capacitação anual voltado para o desenvolvimento do funcionário, compatível com as necessidades da Instituição e com os recursos disponíveis; desenvolver ações no sentido da formação de gerentes com postura participativa, capacitando-os para o exercício do papel de orientador e estimulador do desenvolvimento e desempenho dos colaboradores; possuir instrumentos de avaliação da satisfação dos funcionários e indicadores organizacionais, bem como ações para identificação, análise e solução de problemas e melhoria dos serviços.

Além do apresentado por Sovienski, vale a pena aprofundar-se na

noção de trabalhar a “propaganda” interna da empresa para que a aproximação

com o cliente seja feita de forma a alcançar o sucesso através do próprio

testemunho do colaborador, seja este expresso por palavras, seja expresso por

ações. Assim, a proposta de Lima (2011, p. 7) de praticar o endomarketing

pode ser a melhor maneira de unir as partes da empresa, promovendo os

valores internamente para que os colaboradores sintam-se também

responsáveis pelo crescimento dela. Isso geraria motivação e cooperação por

parte de todos. Contudo, é primordial que o gestor respeite e utilize o

conhecimento dos colaboradores, já que a bagagem individual de cada um e

sua criatividade podem enriquecer esta parceria sustentável entre empresa e

colaborador.

1.2 O que é Gestão Pública?

Baseando-se nas explicações acima, pode-se então introduzir o

conceito de gestão pública e, para tanto, faz-se necessário comentar o que é o

15

interesse público. Segundo Borba (2012, p. 9), as mudanças ocorridas no

século XIX acabaram por reafirmar que o interesse público tem supremacia

sobre o interesse privado. Comentando Tocqueville, a autora (p. 10) afirma que

o interesse deve ser bem compreendido, ou seja, cada indivíduo deve dedicar

parte de seu tempo para lidar com assuntos de interesse comum e cuidar do

bem-estar da sociedade, pois, ao se ausentar dos negócios públicos, os

cidadãos acabam deixando que apenas um grupo privilegiado concentre o

poder em suas mãos, o que foge totalmente dos princípios de governança

apresentados. Por fim, comentando Barbacena, a autora ainda declara (2012,

p. 10),

a lógica do interesse bem compreendido passa pelo entendimento de que cada cidadão é responsável pela administração e fiscalização da coisa pública ao mesmo tempo em que há participação política, revelando o grau de interdependência entre os indivíduos (BARBACENA, 2009).

Enfim, pode-se ainda acrescentar a este conceito que o gestor

público não toma decisões e atitudes sozinho, pois ele presta serviço à

comunidade que o nomeou para tal cargo. A legitimidade de seus atos na vida

pública vem exclusivamente de sua capacidade de escutar e responder

adequadamente aos argumentos e demandas que a comunidade põe em

pauta. Assim, sua responsabilidade é a de gerir escutando o que os cidadãos

pensam sobre os assuntos tratados e colocados em discussão. Então, pode-se

estabelecer que Gestão Pública é a administração do bem-estar da

comunidade e do bom funcionamento da vida em sociedade – incluindo-se aí,

proteção territorial, segurança pública, gestão coerente dos fundos públicos

colocados à disposição do gestor, entre outros. No capítulo 2, serão vistas em

detalhes as regras de administração pública com qualidade.

1.2.1 Orçamento Público

A existência e a boa gestão do Orçamento Público é um importante

elemento da Gestão Pública e é o fator mais questionado pelos membros da

sociedade que se encaixam perfeitamente no quadro de cidadãos que apenas

16

cumprem sua obrigação de votar e deixam a Administração Pública

concentrada nas mãos da pequena parcela política que rege a comunidade

onde vivem. Também, quando vemos na mídia os protestos e manifestações

da sociedade contra seus políticos, o assunto principal é o uso correto do bem

público, colocando em outras palavras, o dinheiro arrecadado em forma de

impostos.

Zago (2006, p. 14) conta que a obrigatoriedade de estabelecimento

de um orçamento público surgiu no século XIII na Inglaterra com a imposição

da Carta Magna ao rei João Sem-Terra pelos senhores feudais. Este

documento – que não teve nenhum teor democrático e demonstra a pressão

que a nobreza pode inferir sobre a classe governante –, limitava os poderes de

arrecadação do rei, que estava exagerando no valor dos impostos cobrados.

Verifica-se apenas bastante tempo depois a aplicação desta regra em outras

sociedades – notadamente, nos Estados Unidos, com a Declaração de Direitos

do Congresso da Filadélfia em 1787, e na França, com a inclusão do

consentimento popular para aceite dos impostos definidos pela Revolução em

1789 –, já seguindo outros parâmetros para seu estabelecimento. Observa-se

que o orçamento público deve estar acessível ao contribuinte, o que é um

passo importante para que os cidadãos saiam de sua inércia de apenas

aguardar as ações dos governantes e possam opinar sobre as informações

apresentadas por eles.

O autor também comenta, citando Silva (p. 16), que os princípios

democráticos transparecem no estabelecimento de um orçamento público e,

citando Kohama (p. 17), o define como sendo

o processo pelo qual se elabora, expressa, executa e avalia o nível de cumprimento da quase totalidade do programa de governo, para cada período orçamentário. Além do que é um instrumento de governo, de administração e de efetivação e execução dos planos gerais de desenvolvimento socioeconômico.

Por fim, nas palavras de Fortes (2002, p. 70), o orçamento público

17

É uma prévia autorização do Legislativo para que se realizem receitas e despesas de um ente público, obedecendo a um determinado período de tempo que permite verificar a real situação econômica do Estado, evidenciando o nível e a distribuição dos seus gastos nas diversas áreas de atuação.

1.3 A Gestão Pública no Brasil

A Gestão Pública brasileira tem sido alvo de grandes críticas vindas

da população. A cada dia o cidadão é bombardeado por novos escândalos

políticos e orçamentários, mudanças nas metas fiscais, aumento do índice de

inflação, reajustes de impostos, votação de novas leis para aumento dos

salários de políticos e seus assessores, entre outros. Tais eventos sempre

resultam em protestos, vandalismos e discussões sobre como remediar e se é

que tem como remediar os problemas existentes. Alguns pensam que mudar

de regime político ou levar os atuais políticos à impeachments, cassações de

mandatos e outras punições previstas em lei é a solução para todos os

problemas. Todavia, apesar de ser necessária uma mudança no controle da

gestão política, soluções radicais nem sempre levam aos resultados desejados,

vide nossa história política e a história política mundial.

Segundo Zago (2006, p. 16), desde 1789, com a Inconfidência

Mineira, busca-se controlar o Orçamento Público através da criação de leis e

órgãos controladores, além de ações de revolta dos cidadãos em relação à

imposição fiscal praticada pelo governo. A partir de 1922 foram estabelecidos

documentos e leis que padronizaram o orçamento público e regulamentaram a

elaboração de programas e projetos de governo. O marco final – até agora – de

tal busca ocorre nos anos 2000, com a criação da Lei 10.028/2000, conhecida

como “Lei de Responsabilidade Fiscal”, que estabelece quais são as normas

de finanças públicas que constituem responsabilidade fiscal, seguindo o art.

163 I da Constituição Federal de 1988, e que define quais são os crimes de

desrespeito à responsabilidade fiscal. Por fim, a tentativa de disciplinar e inibir

os políticos corruptos através da Lei Complementar 135/2010, conhecida como

“Lei da Ficha Limpa”, que está emendada à Lei Complementar 64/1990, foi

18

algo que, nas últimas eleições, foi amplamente divulgado para que houvesse o

impedimento, por conta de inelegibilidade, de vários políticos brasileiros.

Na prática, apesar dos cidadãos não serem tão ativos na gestão

política e nem tão bem informados sobre seus direitos e deveres em relação

aos políticos, os gestores públicos brasileiros têm suas ações vigiadas pelos

órgãos de controle aos quais são submetidos. Como lidaremos com a gestão

pública federal, o órgão ao qual será dada atenção é a Controladoria-Geral da

União (CGU), responsável por fiscalizar e auditar os gastos dos recursos

públicos federais e disciplinar os servidores públicos de acordo com os

preceitos da ética e da boa conduta administrativa perante os cargos a eles

conferidos e as obrigações ligadas aos mesmos. Muito se ouviu falar sobre a

CGU nos últimos anos por conta das Comissões Parlamentares de Inquérito

(CPI’s) que preenchem as páginas dos jornais, blogs, notícias online, trend

topics, e outros. A última notícia amplamente veiculada foi a do pedido de

demissão do Ministro Jorge Hage, que ficou 12 anos à frente do órgão, pediu

para não ser apontado novamente para o cargo e marcou sua saída com

declarações de que a CGU deve ser fortalecida para que a corrupção seja

melhor combatida no país. O acesso ao cidadão e as ações conferidas ao

órgão estão disponíveis na página http://www.cgu.gov.br.

1.4 Lei de Responsabilidade Fiscal

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), criada durante o governo de

Fernando Henrique Cardoso para haver melhor planejamento das despesas

públicas com vistas a estabilizar a economia brasileira a partir do Plano Real,

impõe o controle dos gastos, com limitação percentual preestabelecida para

cada tipo, em relação à arrecadação de tributos dos entes públicos (município,

estado, união), objetivando evitar que os gestores façam obras de grande porte

apenas no final de seus mandatos deixando a conta para seus sucessores e

maquiando seus desvios de verba. Esta lei também determina que metas

fiscais trienais sejam estabelecidas para que o planejamento das receitas e

despesas possa ser corrigido em tempo oportuno. A exigência de transparência

19

nos gastos obriga a apresentação detalhada destes para o Tribunal de Contas

respectivo ao poder público tratado (TCU, TCE ou TCM) para que as contas

sejam aprovadas. Caso as contas sejam rejeitadas, há a instauração de

investigação que pode resultar em multa, bloqueio de bens do executor,

processo, prisão e inclusive proibição de participar em novas eleições por

tempo determinado.

Como dito anteriormente, a LRF é vista como um marco na gestão

pública brasileira, pois especifica os crimes contra a responsabilidade fiscal e

implementa sanções contra os servidores que a violam. Todavia, Puttomatti

(2002, p. 1), analisando os dois primeiros anos de aplicação da LRF, atenua a

noção de marco indo mais a fundo em sua análise e classificando-a da

seguinte maneira:

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), aprovada em 2 de maio de 2000, foi uma peça fundamental na imposição de disciplina fiscal em todos os níveis de governo e nos três Poderes, consolidando vários elementos fundamentais em matéria de boa gestão das finanças públicas. Porém, a estrutura básica legal sobre regras de finanças públicas no Brasil é apresentada pela Lei No. 4.320/64, que estabelece normas gerais para preparação, execução, contabilização e apresentação orçamentária para os três níveis de governo (federal, estadual e municipal, bem como empresas estatais). Enquanto a Lei No. 4.320/64 estabelece as regras de preparação e execução orçamentárias, a LRF foca na gestão fiscal com ênfase na consolidação e manutenção da estabilidade macroeconômica. Embora a LRF seja um marco na história de gestão fiscal brasileira, ela significa apenas uma parte das iniciativas que foram implementadas para dar suporte ao ajuste fiscal de longo prazo.

1.4.1 A aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal na Gestão Pública

Em seu texto, a LRF contempla várias leis sobre as quais ela se

baseia para que seja aplicada corretamente. Assim, é apresentada a Lei de

Diretrizes Orçamentárias (LDO), que compreende as metas e prioridades da

administração pública e orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA).

É estabelecido que a LDO deve dispor sobre o equilíbrio entre receitas e

20

despesas, a limitação da aplicação do orçamento seguindo alguns critérios, as

normas de controle de custos e avaliação dos resultados dos programas

financiados, e as condições e exigências para transferências de recursos a

entidades públicas e privadas. Também, junto à LDO deve estar anexado o

Anexo de Metas Fiscais, que estabelece as metas anuais de forma detalhada e

apresenta os resultados do exercício anterior, e o Anexo de Riscos Fiscais,

onde são avaliados os riscos que podem afetar as contas e quais são as

providências a serem tomadas caso estes se concretizem. Em seguida, é

apresentada a LOA, que foi elaborada de forma compatível com o Plano

Plurianual (PPA), com a LDO e com as normas apresentadas na LRF. A LOA

deve conter uma reserva de contingência para atender os imprevistos que

venham a surgir e apresentar a compatibilidade da programação do orçamento

com os objetivos e metas apresentados no Anexo de Metas Fiscais, além de

anexar o demonstrativo de despesas relacionadas à dívida pública. Por fim, ela

não pode contemplar investimentos de longo prazo que não estejam previstos

no PPA ou que sejam impedidos por lei.

Em vista disso, o gestor público deve agir com consciência e de

forma ética no uso dos recursos destinados à sua gestão, pois, ao fim do

exercício fiscal de cada ano de seu mandato, a auditoria do Ministério Público e

do Tribunal de Contas ocorrerá e ele não poderá escapar das sanções

previstas na LRF, caso não tenha agido corretamente. Basta uma pesquisa na

internet para atestar que o receio de punição faz com que prefeitos e

governadores de todo o Brasil ajam de forma a não ultrapassar os limites

impostos pela lei referida, vide reportagens sobre cortes de gastos e cortes

salariais impostos pelos mesmos em seus territórios. De acordo com dados da

CGU datados de 2014, avaliando o período de 2003 a 2014, 67,17% dos

estatutários punidos o foram por ato relacionado à corrupção, categoria que

também contempla a violação da LRF.

Todavia, apesar da LRF estar em vigor e ser válida para todos os

entes públicos, foi divulgado em outubro de 2013, o projeto de lei que altera

retroativamente o indexador das dívidas dos estados, sendo suas dívidas

21

absorvidas pela união e sendo permitido então que estes possam tomar novos

empréstimos e contratar novos funcionários. Mais recentemente, nos meses de

outubro e novembro de 2014, foi divulgado o projeto de lei que autoriza o

Executivo a subtrair da meta fiscal os gastos com o Programa de Aceleração

do Crescimento e as desonerações concedidas, permitindo que o governo

federal feche o ano com déficit. Tal projeto de lei foi amplamente debatido e

combatido pela oposição por se tratar de uma forma do governo federal

escapar das punições da LRF, como denunciado por parlamentares, dentre

eles o senador Aécio Neves, que ameaçou dirigir-se ao Supremo Tribunal

Federal para denunciar a manobra do Executivo com uma Ação Direta de

Inconstitucionalidade, caso a nova lei fosse aprovada.

22

CAPÍTULO II

POLÍTICA VERSUS ADMINISTRAÇÃO

“Quando um homem assume uma função pública,

deve considerar-se propriedade do público.”

Thomas Jefferson

A declaração acima reflete como deveria funcionar a relação do

gestor público com o cargo que lhe foi conferido, assim como sua relação com

o cidadão. De mesmo modo, este último movimento deve funcionar no sentido

inverso, pois, para que o gestor público se veja como “propriedade do público”,

o público – o cidadão – deve sentir-se na posição de “proprietário”, quer dizer,

o cidadão deve cumprir o seu papel de principal agente fiscalizador das ações

do gestor. Infelizmente, nenhum dos lados cumpre a rigor tal teoria e o que se

vê de forma mais comum e constante são cidadãos reclamando publicamente

dos gestores em exercício, sem nada fazer concretamente para remediar sua

insatisfação, e gestores que não cumprem os projetos e planos estabelecidos e

ansiados pela sociedade.

Na primeira parte deste capítulo, o gestor que será focado é o que

vive a “dança” política e a prioriza em detrimento da verdadeira e correta

gestão do bem público. Este é o político que se encaixa na seguinte crítica de

Weber (1970, p. 57):

Todo homem que se entrega à política, aspira ao poder – seja porque o considere como instrumento a serviço da consecução de outros fins, ideais ou egoístas, seja porque deseje o poder ‘pelo poder’, para gozar do sentimento de prestígio que ele confere.

Tal reflexão denota a perversidade que existe em alguns candidatos

a cargos públicos, que se colocam como pessoas preocupadas com o bem-

estar do povo e o desenvolvimento da nação apenas para garantir votos, mas

na verdade anseiam somente o poder e o prestígio, não tendo dentro de si

23

nenhum anseio de ser bons gestores, focados em atender com qualidade a

sociedade, os eleitores que confiaram seus votos neles. De mesmo modo, a

seguinte declaração de Marilena Chaui (2004, p. 348) corresponde ao cidadão

inerte citado no capítulo anterior e o relaciona ao mal gestor público:

As pessoas que, desgostosas e decepcionadas, não querem ouvir falar em política, recusam-se a participar de atividades sociais que possam ter finalidade ou cunho políticos, afastam-se de tudo quanto lembre atividades políticas, mesmo tais pessoas, com seu isolamento e sua recusa, estão fazendo política, pois estão deixando que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política existente continue tal qual é. A apatia social é, pois, uma forma passiva de fazer política.

2.1 A política e a gestão pública

Baseando-se nos comentários anteriores, pode-se concluir que o

político e a gestão pública de qualidade não combinam. Todavia, é uma ideia

errônea, já que parte dos gestores públicos são concursados e isso exige

competência real. Existe no pensamento do cidadão brasileiro que o político

eleito nada faz que se aproxime do trabalho do funcionário público concursado,

exceto por “desperdiçarem o dinheiro dos impostos”. De fato, o estereótipo

criado na mentalidade do brasileiro sobre os políticos que se candidatam a

cargos públicos é que “todos são corruptos” e que na hora das eleições

escolhe-se aquele que “é o menos ruim” – aquele que cometerá menos erros

ou que não está ligado aos políticos carreiristas. Também, na cabeça do

brasileiro, o funcionário público é sempre alguém mal-humorado, que não se

preocupa em atender eficientemente o cidadão – já que não há cobranças de

produção –, inflexível e que só sabe fazer greve e atrapalhar a vida dos que

precisam de seus serviços.

Contudo, contrastando com o perfil, muitos buscam ser políticos ou

funcionários públicos pensando no salário, em uma aposentadoria e em um

emprego estável, de onde dificilmente poderão ser demitidos. Como então

entender o raciocínio da sociedade de forma geral, já que a mesma sociedade

que critica também quer uma “fatia do bolo”? O estereótipo prevalecente

24

denigre o político eleito e o funcionário público de carreira que se preocupam

em cumprir a missão de servir o cidadão. Não é tarefa fácil descobrir e

selecionar quem se encaixa ou não nestes perfis, todavia é preciso que tanto

aquele que é parte da máquina pública quanto o que está fora se unam em prol

de uma melhor gestão pública.

Assim, como falado no capítulo anterior, mudanças drásticas podem

ter resultados a curto prazo, mas não garantem os resultados que realmente

importam a longo prazo: mudança na mentalidade do cidadão e mudança na

mentalidade do político eleito e do funcionário público de carreira. É preciso

que todos os envolvidos busquem integrar-se neste objetivo e isso vem de

forma gradativa. Os gestores públicos devem seguir as regras da gestão já

estabelecidas por uma questão de respeito para com o cidadão e não por

receio de serem penalizados; e o cidadão deve aprender a se interessar pelos

assuntos que lhe tocam na vida em sociedade e cobrar dos gestores eficiência

no cumprimento de seus deveres.

A grande crítica apontada por autores que buscam analisar a

aplicação da LRF e dos princípios da gestão pública, é a ineficiência do gestor

público no que tange à administração dos recursos públicos. Como aponta

Fernandes (2009, p. 7), apesar da gestão pública dever aplicar práticas da

gestão privada,

Para o campo público a eficiência não parece ser aplicada à contento, pois a população tem demonstrado não estar contente com os serviços oferecidos pelo aparelho estatal. A sociedade tem a percepção de que paga muitos impostos e não se sente recompensada por isso, paga por um serviço que não tem. Ou paga muito por um serviço que gostaria que tivesse melhor qualidade. O sentimento é que o governo gasta muito e muito mal, ou seja, é ineficiente com o dinheiro público. A percepção é que poderia oferecer mais serviços ou aumentar a qualidade dos serviços que oferece pelo mesmo valor gasto.

Este sentimento de ineficiência pode ser apoiado no fato de que os

principais gestores indicados para liderar, ocupando a cadeira principal de

importantes postos, áreas e setores da administração pública brasileira, são

25

indicados por conta de suas filiações partidárias e das alianças feitas com os

partidos da base governista. Mesmo que seja notório que esses gestores

possuem uma equipe composta de pessoas com conhecimento de causa nas

respectivas pastas, dentre eles, muitos funcionários públicos concursados, o

sentimento do cidadão continua a tender à dúvida, até por conta dos

escândalos frequentemente noticiados. Apesar de estarem previstas em lei as

regras e exigências para a administração pública, estas ainda não estão sendo

plenamente utilizadas em todas as esferas da gestão pública, seja ela no

âmbito municipal, estadual ou federal. Por isso, concentrando-se no âmbito em

que esse trabalho foca, a CGU e o Tribunal de Contas da União (TCU) prezam

pelo fiel cumprimento das regras e, na medida em que seus orçamentos

permitem, alcançam seus objetivos.

2.2 Administração de qualidade

De acordo com Santos (2008, p. 8), o surgimento da administração

pública gerencial no século XX mudou a maneira de se gerir o setor público,

absorvendo ferramentas e práticas do setor privado, fortalecendo os princípios

de gestão pública, que ficaram conhecidos como Nova Gestão Pública.

Rodrigues (2007, p. 4) comenta sobre como deve funcionar a gestão pública

moderna e apresenta o quadro abaixo:

Doutrina Significado Justificação

1. Gestão profissional O gestor público com liberdade para gerir

A responsabilização necessita de gestores bem identificados

2. Medidas de desempenho Definição de objetivos e indicadores de desempenho Responsabilidade e eficiência

3. Controle de resultados Gastos e recompensas ligados ao desempenho

Ênfase nos resultados e não nos processos

4. Fragmentação das unidades públicas

Criação de unidades mais flexíveis e descentralizadas

Ganhos de eficiência, proliferação ou “contracting out”

5. Competição no setor público

Liberalização do mercado e uso de contratos Rivalidade faz baixar custos

6. Instrumentos de Gestão Privada

Liberdade de contratação e do sistema de punição e recompensas

Melhor gestão e aproveitamento das oportunidades do mercado

7. Disciplina na gestão Corte nos custos, aumento de produtividade

Necessidade de “fazer mais com menos”

26

Voltando para o caso brasileiro, Evangelista (2010, p. 6) comenta

que a Constituição Federal de 1988 inovou na história brasileira ao estabelecer

o Controle Social, incentivando a participação popular na elaboração e

discussão dos planos e ações do Estado. Tal mecanismo depende da

colocação em prática do princípio da publicidade, que está diretamente ligado à

noção de transparência.

A transparência é assegurada por lei para que o cidadão possa

exercer o seu direito de controle de maneira mais efetiva. Trata-se da Lei

Complementar 131/2009, anexa à LRF, que incentiva a participação popular e

a realização de audiências públicas, além de exigir que os órgãos do Poder

Público adotem um sistema integrado de administração financeira e coloquem

à disposição dos cidadãos em tempo real as informações de sua gestão, como

gastos com obras, encaminhamento das verbas e salários dos servidores. Ao

cumprir este princípio, o cidadão pode então cobrar de maneira mais efetiva a

eficiência que, de acordo com Fernandes (2009, p. 8), deve

incorporar outras dimensões de controle do gasto governamental que devem ser consideradas, conjuntamente às demais, orientadoras da gestão pública, como: qualidade dos serviços; meios como tais serviços são prestados; distribuição dos benefícios; qualidade dos gastos; e grau de adequação dos resultados dos programas às necessidades dos cidadãos.

Ainda de acordo com Evangelista (2010, p. 27), a sociedade

brasileira demorou a colocar em prática seu dever de agente fiscalizador, assim

como agente propulsor de novas leis e regras para os governantes. Contudo,

ela se tornou mais ativa desde que viu como sua voz pode afetar a política e a

gestão pública, podendo levar à demissão de gestores públicos, sejam eles

políticos ou outros administradores.

Zago (2006) apresenta de forma sucinta os princípios de gestão

pública obrigatórios a todos os entes federativos estabelecidos no artigo 37 da

Constituição Federal de 1988. Tais princípios, com a evolução da lei e da

sociedade, foram complementados e estendidos às empresas estatais e semi-

27

estatais. Assim, os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência, além de serem universais, são as bases para se julgar

se uma determinada administração pública é ou não ilegal.

2.2.1 Princípios da Gestão Pública

2.2.1.1 Princípio da legalidade

Segundo Zago (2006, p. 18), o princípio da legalidade esclarece que

na gestão pública apenas as regras estabelecidas em lei são permitidas, ou

seja, não há onde buscar proibição, já que não há liberdade de ações por parte

dos gestores públicos. Assim, uma gestão só é considerada boa se estiver de

acordo com os preceitos da lei.

2.2.1.2 Princípio da impessoalidade

Em seguida, o autor (2006, pp. 18 e 19) esclarece que o princípio da

impessoalidade não distingue os atos dos administradores públicos e os

legitima como ações do Estado, em nome de quem estão agindo ao cumprir

suas funções. Assim, proíbe-se que atos feitos com dinheiro público sejam

utilizados para promoção pessoal do gestor. Apesar de tal regra ser cumprida

quanto à publicidade oficial dos atos ligados ao governo, no ambiente de

promoção política e midiática, os gestores fazem questão que seus atos sejam

ligados a seus nomes para que não saiam da memória do povo, principalmente

no momento de propaganda eleitoral.

2.2.1.3 Princípio da moralidade

Sobre o princípio da moralidade, Zago (2006, p. 19) explica que este

é tradicionalmente debatido entre os autores, pois alguns o consideram como

parte do primeiro princípio, enquanto outros dizem que deve ser considerado

autônomo. A justificativa vem do fato que, administrativamente, a moralidade

está ligada à honestidade, à moral e aos bons costumes, que, quando violados,

28

levam a medidas administrativas punitivas, independente se houve violação do

princípio da legalidade.

2.2.1.4 Princípio da publicidade

Já o princípio da publicidade é explicado pelo autor (2006, p. 19)

como sendo aquele que trata da divulgação oficial dos atos administrativos que

não estão protegidos pelo sigilo. Este é o princípio que assegura a

transparência perante os cidadãos, que foi plenamente defendido ao se

aprovar a Lei Complementar 131/2009, exigindo a divulgação em tempo real

dos atos públicos.

2.2.1.5 Princípio da eficiência

Por fim, o princípio da eficiência é esclarecido por Zago (2006, pp.

19 e 20) como sendo aquele que exige do gestor público que busque os

melhores resultados na gestão dos bens públicos, otimizando os meios que

estão sob seu poder e maximizando os recursos disponíveis.

2.2.2 Princípios Orçamentários

Além de seguir os princípios elencados anteriormente, é de

fundamental importância que o gestor público siga os princípios orçamentários

para que sua gestão seja a melhor e a mais transparente possível (ZAGO,

2006, p. 20).

2.2.2.1 Princípio da anualidade

Segundo Machado (apud ZAGO, 2006, p. 20), este princípio obriga

que o orçamento estipulado corresponda e esteja limitado ao exercício

financeiro, que coincide com o ano civil, iniciando-se em 1 de Janeiro e

encerrando-se em 31 de Dezembro.

29

2.2.2.2 Princípio da exclusividade

Segundo Zago (2006, p. 20), este princípio, estipulado no artigo 165

da Constituição Federal de 1988, exige que apenas assuntos orçamentários e

autorização para créditos constem no orçamento público, evitando que

assuntos diversos influenciem sua formulação.

2.2.2.3 Princípio da especificação

Ainda segundo Zago (2006, p. 20), o princípio da especificação

esclarece que todas as receitas e despesas públicas devem ser discriminadas

no Orçamento para que a origem dos gastos e aplicação dos recursos sejam

definidas de forma transparente.

2.2.2.4 Princípio da unidade

Zago (2006, p. 21) aponta que o princípio da unidade proíbe que

outros orçamentos anuais existam paralelamente ao Orçamento Anual

publicado, composto de Orçamento Fiscal, Orçamento de Investimento das

Empresas Estatais e Orçamento das Entidades de Seguridade Social.

2.2.2.5 Princípio da universalidade

De acordo com Zago (2006, p. 21), o princípio da universalidade

estipula que o Orçamento Público deve conter todas as receitas e todas as

despesas, sem exceção.

2.2.2.6 Princípio do equilíbrio

Em seguida, Zago (2006, p. 21) ainda esclarece que o montante de

despesas não deve ultrapassar a receita prevista para o período seguinte,

criando um equilíbrio.

30

2.2.2.7 Princípio da não-afetação das receitas

Por fim, Zago (2006, p. 21) aponta que o princípio da não-afetação

das receitas estabelece que não se pode reservar parcelas de impostos para

gastos não determinados em lei.

31

CAPÍTULO III

A SOCIEDADE DIGITAL

“a gestão democrática implica o controle do Estado pela sociedade civil,

ou seja, é no envolvimento da comunidade na decisão dos rumos dos serviços

oferecidos pelo Estado que se podem obter melhores serviços e

uma maior eficiência na aplicação dos recursos públicos.”

(CAMARGO, 1997, p. 265)

O quotidiano é marcado pelo virtual. Diariamente são feitas

referências aos acontecimentos noticiados pela internet, os jargões das redes

sociais se inserem no vocabulário, muitos assuntos se resolvem por e-mails,

chats ou teleconferências, a maior parte das transações bancárias são feitas

online para se ganhar tempo, pode-se estudar exclusivamente pelo computador

bastando um acesso à internet, perfis em redes sociais se tornam mais

importantes do que a própria personalidade no dia a dia, enfim, a vida virtual se

mistura à vida real e a modifica. Com a rede mundial (tradução de World Wide

Web, ou www) ao alcance de todos, também se flexibilizou a fronteira entre o

privado e o público, havendo divulgação espontânea por parte do indivíduo de

sua própria vida pessoal e da vida pessoal de seus familiares e amigos.

Mostra-se publicamente momentos íntimos, sejam estes alegres ou tristes,

compartilha-se os pensamentos e ideias de outros para que sua própria voz

seja o eco de citações e artigos, defende-se causas que podem ou não estar

tocando o quotidiano do indivíduo.

Apesar de haver grandes críticas sobre a falta de “filtro” e falta de

comprovação das informações divulgadas pela internet, não se pode negar que

esta se tornou uma grande ferramenta tanto nas mãos de governos quanto nas

mãos de indivíduos. Atualmente esta é uma ferramenta essencial de

divulgação dos atos estatais e de acompanhamento das reclamações e

sugestões dos cidadãos, servindo também de ponto de encontro para ideais

políticos, sendo fundamental para a realização de acontecimentos que marcam

a história atual: as manifestações de junho de 2013, a primavera árabe e o

32

movimento Occupy são alguns deles. Portanto, pode-se dizer que a internet se

provou um ambiente democrático e livre, onde ideais políticos e sociais podem

tomar vida e passarem do virtual ao real, e onde governos, apesar de tentarem,

não podem interferir na livre expressão dos indivíduos. De acordo com Schiltz,

Verschraegen e Magnolo (2005, p. 351), comentando sobre os estudos de

Luhman e Stichweh, muitas modificações ocorreram desde a década de 1990

no conceito de esfera pública por conta das grandes inovações em

telecomunicações e tecnologia da informação. Portanto, tendo em vista que

houve uma evolução no ativismo, pode-se enumerar alguns fatos: 1) ele está

intrinsecamente ligado à sociedade onde está inserido; 2) é a maneira preferida

pela sociedade para exigir mudanças e defender seus ideais; 3) a internet

tornou-se um apoio e local de divulgação para os grupos e seus ideais.

Este capítulo tratará do ativismo na internet e também dos

movimentos gerados no ambiente virtual que se transpuseram para a

“realidade”. Assim, se faz necessário pensar sobre ativismo e sociedade civil.

Primeiramente, quando se reflete sobre ativismo, as imagens que vem à mente

são ações de grupos ativistas já estabelecidos como o Greenpeace, o

movimento LGBT, movimentos feministas, sindicatos, grupos religiosos e, até

aquele que está mais fresco na mente do brasileiro, o Movimento Passe Livre,

protestando e se manifestando sobre assuntos de política, economia e meio

ambiente, entre outros. Em seguida, é preciso pensar a sociedade civil, os

atores não-estatais. Ao estabelecer a categoria de atores não-estatais,

diferencia-se a influência do Estado e a influência dos grupos da sociedade na

esfera pública, principalmente no que tange à política e à economia. De acordo

com Herz e Hoffmann (2004, p. 224), o grupo de atores não-estatais é formado

na “esfera das relações entre indivíduos, entre grupos, entre classes sociais

que se desenvolveram à margem das relações de poder que caracterizam as

instituições estatais”. Deste modo, estão neste grupo as Organizações Não-

Governamentais (ONGs), os sindicatos, os movimentos religiosos, os grupos

terroristas, os movimentos estudantis e os movimentos feministas, para citar

alguns. Percebe-se então que os indivíduos se organizam em grupos para

fazer com que os Estados ouçam suas vozes e estes grupos, ao se

33

fortalecerem, representam uma grande influência na agenda interna e externa

dos Estados onde estão inseridos.

Segundo Matthews (1997), a emergência de uma sociedade civil

mais forte e atuante foi consequência do fortalecimento da democracia, do

neoliberalismo e dos movimentos intraestatais, causado pelo fim da Guerra Fria

e a nova configuração da sociedade internacional, sem a bipolaridade Estados

Unidos – União Soviética. Contudo, estes grupos intraestatais, com a ajuda da

internet e o avanço das telecomunicações, acabaram ultrapassando fronteiras

e se tornando globais. Com isso, questões consideradas como sendo internas

de cada Estado, se tornaram mundiais; conflitos étnicos, revoluções e guerras

civis que eram desconhecidos fora das fronteiras físicas dos Estados, se

tornaram causas internacionais.

Todavia, Durand (1999, p. 66) declara que uma sociedade civil

atuante não é novidade, pois desde o fim do século XIX, com a Revolução

Industrial e o estabelecimento de sindicatos profissionais, da OIT e das

Associações Internacionais do Trabalho I e II, já se delineava uma sociedade

civil global. Tal termo denota o elemento transnacional de certos grupos e

temas que tocam as pessoas de forma mais global, como trabalho, saúde e

meio ambiente. Ainda segundo Durand (1999, p. 67) os movimentos do pós-

Guerra Fria se fortaleceram e ganharam um novo elemento: a rede de

pessoas. Vários autores concordam que este é o ponto chave dos movimentos

sociais, pois a organização de indivíduos em torno de assuntos específicos,

criando redes de contato e de ação, fortaleceu estes movimentos.

Para ilustrar a noção do alcance de uma rede de pessoas, já em fins

do século XVIII e início do XIX os grupos abolicionistas do Reino Unido tinham

contato constante com os grupos dos Estados Unidos graças à rapidez das

viagens de navio que encurtaram o tempo de recebimento de cartas, folhetos e

notícias, além de facilitar a participação em reuniões em ambos os locais. Hoje,

vemos uma rapidez ainda maior por conta do elemento instantâneo da internet,

permitindo contato em tempo real entre os indivíduos e facilitando a criação de

34

redes praticamente espontâneas com o uso de redes sociais e suas fan pages

e retweets, por exemplo.

Também é inegável o papel desempenhado pelas ONGs e a

facilidade que a evolução das telecomunicações trouxe para que estes

indivíduos pudessem se encontrar, virtual ou fisicamente. Segundo Moraes

(2001, p. 2)

No curso dos anos 90, antes mesmo de a Internet alargar a teia planetária, grande parte das ONGs evoluiu para a constituição de redes que engendrassem ações locais e globais, particulares e universais, intraorganizacionais (divisões e ramificações de uma mesma entidade) e interorganizacionais (entre diferentes ONGs). Uma série de fatores contribuiu para isto: a exigência de intensificar parcerias; o desenvolvimento tecnológico; a internacionalização de conflitos sociais e ambientais; a necessidade de amplificar a oposição ao neoliberalismo e seus efeitos nefastos (empobrecimento, desemprego, competição desenfreada, esvaziamento dos poderes públicos, desprestígio das instituições de representação popular, absolutismo do mercado e do lucro). A Internet veio dinamizar esforços de intervenção dos movimentos sociais na cena pública, graças à singularidade de disponibilizar, em qualquer espaço-tempo, variadas atividades e expressões de vida, sem submetê-las a hierarquias de juízos e idiossincrasias. No ciberespaço, as ONGs credenciam-se a produzir manifestações em diferentes momentos e locais determinados, sem contudo estarem presas a um lugar ou tempo em particular. Nessa perspectiva, as ONGs virtuais compõem redes de organismos independentes ligados por aparatos tecnológicos, com o objetivo de repartirem competências, recursos, custos e espaços.

Por fim, retomando o artigo de Matthews (1997, p. 53-56), as ONGs

fortalecem a rede de indivíduos, lhes dando grande influência nas áreas de

assistência social, direitos humanos e meio ambiente, principalmente. Também

deve-se levar em conta que a pressão da sociedade civil em países com

governos não-autoritários levou à mudanças de agenda governamental,

adaptações do Estado para assuntos que, em princípio, não possuíam espaço

nas discussões políticas. Vale lembrar que na década de 80 a organização

Helsinki Watch, hoje conhecida como Human Rights Watch, levou o governo

finlandês a adotar uma política em defesa dos Direitos Humanos. Já mais

35

recentemente as pressões feitas pelas ONGs para o meio ambiente, levaram

Estados a adotarem políticas globais de redução da poluição durante

conferências como a ECO-92 e a Rio+20. Por fim, a presença de ONGs em

áreas de conflito e em países subdesenvolvidos leva a várias ações para o

bem-estar das populações, principalmente levando cuidados médicos, suporte

para a educação e técnicas e soluções para o saneamento básico.

3.1 O que é sociedade digital?

Utsonomiya e Reis (2011, p. 1-2), citando o sociólogo Manuel

Castells, declaram que a sociedade é organizada em redes e que a internet

passou a ser uma peça fundamental para se compreender as relações e a

velocidade das informações entre os grupos que a compõem. Declaram ainda

que (2011, p. 3)

A sociedade em rede, através da comunicação mediada pelo computador e das novas Tecnologias de Informação e de Comunicação (novas TIC’s) como os computadores pessoais, os smartphones e tablets, juntamente com os sites de relacionamento e de trocas de mensagens como Orkut, Facebook, Flicker e Twitter possibilitou uma explosão de “redes sociais” conectadas através da Internet onde os “nós” de uma rede podem estar interligados a dezenas, centenas, milhares e até milhões de outros nós, possibilitando uma comunicação em rede real, quase como uma comunicação mass media, mas disponibilizada por uma pessoa apenas

Essa característica de mass media que as redes sociais adquiriram

leva à definição de Safko e Brake (2010, p. 5) sobre mídias sociais:

Mídia social se refere a atividades, práticas e comportamentos entre as comunidades de pessoas que se reúnem online para compartilhar informações, conhecimentos e opiniões usando meios de conversação. Meios de conversação são aplicativos baseados na web que permitem criar e transmitir facilmente o conteúdo na forma de palavras, imagens, vídeos e áudios.

A interação entre os indivíduos dentro da sociedade civil se

fortaleceu com o uso da internet. Esta ferramenta é utilizada como fórum de

36

debate, agrupamento e pressão, pois a confiança no trabalho dos

representantes políticos está cada vez menor e o ambiente da web fornece um

espaço que foge do controle estatal e político, facilitando o acesso a

informações que a imprensa mainstream escolhe ignorar ou aceitar, esteja sob

a censura do Estado ou não. Com isso, a característica transnacional, a

existência, o fácil acesso e a alta abrangência das mídias sociais as tornam o

meio de comunicação preferido para divulgar ideias, reunir novos adeptos para

causas e organizar protestos, abaixo-assinados e petições. Em seguida, é

inegável que atualmente a organização de manifestações e atos públicos tem

sido feita de maneira rápida justamente por conta da abrangência das mídias

sociais. Os indivíduos se organizam em torno de ideias e propostas, criando

coesão e facilitando a manifestação, ao haver chance de exteriorização dos

ideais compartilhados no grupo.

De acordo com Thomas (2001, p. 1), um dos exemplos mais

marcantes de manifestação e coesão entre indivíduos das mais diversas

localidades, organizado via internet, ocorreu em 1999 em Seattle para protestar

contra a OMC. Estes protestos foram particularmente violentos e recebeu a

nomenclatura de Desobediência Civil pelos próprios participantes. Estes eram

principalmente estudantes que se prepararam de maneira detalhada e precisa

através da internet, onde as ações a serem feitas e os ideais a serem

defendidos foram divulgados. Como relatado por Moraes (2001), o precedente

criado pelas manifestações de 1999 e repetido regularmente nos protestos

feitos durante reuniões da OMC, do FMI e do G8, pode ser considerado uma

reviravolta na maneira de protestar. Ao comparar as manifestações de Praga,

em 2000, com as do ano anterior em Seattle, Moraes declara (2001, p. 7-8)

Ao adotarem táticas de “guerrilha” virtual, os ciberativistas optam por modalidades de ação direta, com efeitos imediatos. Na cobertura da reunião anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, de 26 a 28 de setembro de 2000, na República Tcheca, agências de notícias vinculadas a ONGs de direitos humanos, como a Independent Media Center e a Direct Action Media Network, montaram um QG em Praga. De seus notebooks acoplados a modems, enviavam, a um sem-número de instituições e veículos independentes, textos

37

relatando o que se passava dentro e fora do encontro, com ênfase nos protestos contra o FMI. (...) A revolta de Praga inspirou-se na de Seattle, cidade norte-americana que sediou, em dezembro de 1999, a Rodada do Milênio, promovida pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Cinqüenta mil pessoas encheram as ruas, no primeiro protesto expressivo contra o neoliberalismo. Os movimentos civis provaram em Seattle que não poderiam ser mais ignorados pelos artífices da governança global. A Web foi valiosa na preparação dos atos, através de correio eletrônico, boletins, listas de discussão e fóruns. "A troca de informações pelos computadores permitiu uma articulação inédita entre grupos com os mais diferentes interesses e localizados em 140 países", diz Maria Luísa Mendonça, representante no Brasil da Global Exchange, uma das ONGs que coordenaram as manifestações. Nos dias dos protestos, Global Exchange (www.globalexchange.org) e a agência de notícias Indymedia (www.indymedia.org) registraram 1,5 milhão de visitas. "As pessoas queriam saber o que era OMC, Rodada do Milênio, transgênicos, além de dar opiniões e apoio", acrescenta Maria Luísa.

Então, sociedade digital é justamente a sociedade que se junta em

torno de assuntos em comum, utilizando a internet como fórum de discussão

privilegiado. Ao escolher reunir-se de forma virtual para, em seguida, alcançar

a praça pública, estes indivíduos conseguem divulgar de maneira mais rápida e

mais ampla ideais e temas caros à sociedade de forma geral.

3.2 Movimentos sociais na era digital

Antes da popularização das redes sociais, a autora Maria Eugenia

Rigitano (2003, p. 3) definiu o ciberativismo como sendo “a utilização da

Internet por movimentos politicamente motivados, com o intuito de alcançar

suas tradicionais metas ou lutar contra injustiças”. Então, analisando os

movimentos sociais da última década, percebe-se que as mídias sociais

tornaram-se o ponto de largada de praticamente todos os movimentos

noticiados. Estes vieram com mais força a partir de 2009, quando Twitter,

Youtube e Facebook foram juntos, e ao mesmo tempo, fórum de debate e

vitrine de revoluções no mundo árabe. Contudo, vale ressaltar que Rigitano, ao

cunhar o termo ciberativismo, estava se referindo à divulgação na internet dos

horrores da guerra do Kosovo por participantes, vítimas e testemunhas dos

38

mesmos quase que em tempo real, e aos protestos coordenados por SMS para

o impeachment do presidente filipino Joseph Estrada em 2001.

Portanto, percebe-se que a evolução na maneira de protestar e se

aliar ocorreu paralelamente ao desenvolvimento da tecnologia. Matthews

(1997, p. 51-52) comenta que a revolução das telecomunicações, com o

advento da internet, proporcionou uma tecnologia mais barata e facilitou o

acesso às informações, enfrentando o monopólio da informação, que está nas

mãos da mídia mainstream e dos governos. Houve também a facilidade de

interação por conta do espaço aberto de discussão para os membros da rede,

colocando a democracia e a descentralização em lugar de destaque, em

detrimento da hierarquia e da burocracia.

Assim, a panfletagem e a distribuição por correio foram substituídas

pelos e-mails, que foram complementados pela divulgação através de websites

e blogs, permitindo interação através de comentários. Em seguida, com as

mídias sociais, estes primeiros estão sendo quase que substituídos por páginas

e perfis em redes sociais, alcançando um número infinito de indivíduos, já que

a divulgação não é mais unilateral apenas, pois o compartilhamento das

mensagens pode acontecer através de membros dos grupos e amigos desses

membros nas redes. Por fim, temos as ferramentas de mensagens como

WhatsApp e Viber, que podem alcançar, de forma gratuita, aqueles que se

abstém de redes sociais.

Todavia, Utsonomiya e Reis (2011, p. 7) defendem que a rede social

Twitter merece um lugar de destaque

Essas mídias sociais – com destaque para o Twitter, que é otimizado para o uso a partir de celulares – com certeza aumentaram significativamente a influência dos “movimentos politicamente motivados” em dois aspectos: a) exploração da democratização de acesso à internet: não é preciso ter um site para divulgar seus ideais, muito menos dominar a tecnologia para fazê-lo e b) velocidade de atualização dos “posts” ou mensagens. (...) Hoje, com o Twitter, em questão de segundos é possível postar uma mensagem que poderá ser lida por

39

milhões de pessoas. (...) O acesso à rede social, a capilaridade (alcance global e local) dessa rede e a velocidade com que se é possível trocar mensagens nessas mídias tornam-nas muito eficientes e atraentes para o ciberativismo.

Tal destaque foi acrescentado da ampla divulgação da imprensa

entre os anos de 2009 e 2011 sobre a mídia social como sendo a principal

ferramenta dos movimentos sociais que levaram à queda do governo da

Tunísia em 2011, aos protestos contra a reeleição de Ahmadinejad em 2009 e

à organização dos protestos que levaram à queda do governo egípcio em

2011. Contudo, não se pode esquecer que a mais ampla divulgação vem das

próprias redes sociais. Renomadas organizações não-governamentais, como

Anistia Internacional, Greenpeace, Médicos sem Fronteiras e Human Rights

Watch, que possuem grande alcance em suas divulgações, se utilizam com

grande frequência de seus perfis no Twitter, das fan pages no Facebook e dos

perfis no Youtube para se aproximar do público que, apesar de se interessar

pelas causas defendidas, não visita os respectivos websites e não se interessa

em receber e ler os impressos. Percebe-se que as organizações colocam nas

redes sociais as informações necessárias, de forma sucinta, para chamar a

atenção deste público e conseguir que se filiem, doem, assinem petições e

divulguem as causas, facilitando também o processo de denúncia ao permitir

que os internautas se comuniquem através das páginas, como é o caso da

Rede de Proteção aos Animais Silvestres – RENCTAS, que analisa e

encaminha as denúncias recebidas diretamente para a Polícia Federal e o

Ministério Público (MORAES, 2001, p. 5).

Contudo, não se pode esquecer do que ficou conhecido como

“Manifestações de Junho de 2013”, que recebeu inclusive um prêmio em nosso

país por mostrar que o povo ainda se une em prol de causas comuns à todos1.

Apesar de ter sido um movimento que uniu grande parte da população

brasileira, este teve poucos resultados duradouros, sendo estes reivindicações

1 Prêmio Brasileiros do Ano – Revista IstoÉ – 02/12/2013. Editora Três homenageia as personalidades que mais se destacaram em 2013. Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/336955_EDITORA+TRES+HOMENAGEIA+AS+PERSONALIDADES+QUE+MAIS+SE+DESTACARAM+EM+2013 - 10/01/2015.

40

de maior punição para o crime de corrupção e arquivamento de projetos de lei

controversos (PEREIRA, 2014). Muito foi falado mundialmente sobre o fato dos

brasileiros saírem às ruas para protestar contra aquilo que viam de errado no

governo, contudo, houve dificuldade para quem estava de fora do grupo

entender todas as exigências e compreender que as manifestações evoluíram

de uma reclamação sobre o aumento das tarifas para algo maior, pressão

política sobre o Governo Federal. É esta última característica que recebeu

maior destaque entre analistas políticos e jurídicos, historiadores, jornalistas e

a população de modo geral, pois demonstrou que a internet é sim uma

ferramenta a ser usada para reivindicações e um meio para unir indivíduos em

prol do bem do grupo (LIMA e ROSSATO, 2013). Entretanto, vale ressaltar que

no Brasil as manifestações ocorrem mais em época de comoção coletiva, como

eleições e eventos internacionais, contudo não houve no ano de 2014

manifestação comparável ou que pudesse mudar realmente o quadro político

brasileiro.

41

CAPÍTULO IV

PROPOSTAS

“Democracia, como sistema de vida de um grupo,

significa a compreensão inteligente dos fatos que nele se deem,

para decisões que atendam a interesses comuns,

por métodos de ação solidária”

(LOURENÇO FILHO, 1976, p. 155)

Discute-se a necessidade de ensinar noções de cidadania desde a

infância para que a criança, em seu desenvolvimento, torne-se um cidadão

consciente e interessado em participar ativamente da sociedade democrática a

qual pertence. Portanto, como primeira ação do setor público, alguns órgãos e

entidades públicos disponibilizam em seus websites páginas em linguagem

infantil, como o “Portalzinho da criança cidadã” (CGU) e a “Câmara Mirim”

(Câmara Federal), com o intuito de produzir o estímulo necessário para que os

mais jovens se interessem pelos assuntos tratados por estes. Contudo, o baixo

acesso às páginas e a falta de campanhas educativas que motivem pais,

professores e crianças a acessá-las mostra que a teoria não tem sido posta em

prática. Lira (2003, p. 80) comenta que

A educação para o controle social deverá ser iniciada na escola, quando a criança ainda estiver no ensino fundamental. A participação da sociedade deve acontecer desde a formulação das políticas públicas e a responsabilização dos gestores é imperativa para a credibilidade do controle. A descentralização deve ser acompanhada pela transparência e pelo estímulo à participação do cidadão.

Entretanto, Evangelista (2010, p. 16) discute que, independente do

pouco incentivo por parte do governo, não há motivação no cidadão para que

ele busque as informações das atividades governamentais e fiscalize se o

dinheiro público está sendo bem utilizado. A questão é que culturalmente o

brasileiro não se sente impelido à acompanhar o que o que governo faz de

maneira próxima, deixando que esse acompanhamento venha apenas através

42

das informações veiculadas em televisão, rádio e internet. Contudo, apesar de

receber tais informações e por muitas vezes indignar-se, o cidadão não coloca

em prática sua participação política, cumprindo seu papel na democracia: o

controle social. Evangelista (2010, p. 8), sobre esse aspecto, comenta que

Vislumbra-se por intermédio de um controle social atuante ser possível garantir melhores serviços prestados pelo setor público e melhor qualidade de vida à população, pois a partir do momento em que o Estado cumpre o dever de permitir que os gastos governamentais sejam fiscalizados estará fomentando o controle social direto e a participação da sociedade que lhe financia, ou seja, estará promovendo a cidadania e a otimização de recursos.

Outra questão, discutida por Santos (2008), é a necessidade de

aprimorar o funcionalismo público não apenas através de melhorias técnicas e

tecnológicas, mas também de melhorias dos recursos humanos envolvidos

neste serviço. É preciso haver a busca por um ambiente de trabalho amigável e

agradável, além de treinamento contínuo para esses funcionários públicos –

carreiristas ou não – objetivando que suas funções e serviços alcancem

excelência e estes ambientes tornem-se locais que não sejam fonte de

estresses e desgastes. Ao criar tal ambiente, o controle tanto por parte dos

funcionários envolvidos no processo quanto por parte da própria população,

deve tornar-se constante para que desvios de conduta não sejam parte do

quotidiano do funcionalismo público. Portanto, não estão excluídos do controle

e da busca por excelência os gestores, pois estes também devem passar pelos

processos, além de terem o dever de cuidar para que os funcionários que estão

sob sua autoridade estejam bem, de modo que a imagem do setor que

representam não sofra pela má-representação e pela ineficiência. Contudo,

Santos (2008, p. 14) comenta que a grande entrave para que estes processos

ocorram de maneira fluida e obtenham sucesso é a troca constante dos

gestores e funcionários que ocupam cargos políticos, ligados a acordos

partidários, entre os períodos de gestão dos órgãos e entidades públicos.

Apesar das entraves que atrapalham o bom desenvolvimento do

serviço público e a dificuldade mostrada pelo governo em incentivar seus

43

representantes, existem exemplos como o do Governo do Estado do Ceará,

que instituiu o “Prêmio da Gestão Pública” juntamente com o Programa

Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA) com o intuito

de premiar as organizações públicas que assumem a mudança de paradigma e

realizam autoavaliação de maneira contínua. Assim, em vista das questões

tratadas anteriormente, serão vistas abaixo propostas que se complementam

para criar o ambiente democrático funcional e saudável para o Estado, os

funcionários e gestores públicos e os cidadãos.

4.1 Gestão estratégica dos recursos públicos

Vários autores concordam que, assim como no setor privado, é

preciso que o setor público defina uma estratégia, estabeleça metas e alcance

os resultados esperados daquela gestão. Segundo Mintzberg (apud ZAGO,

2006, p. 37-39), existem cinco definições de estratégia:

Estratégia como Plano: A maioria das pessoas tem estratégia como um plano, ou seja, algum tipo de curso de ação conscientemente pretendido, uma diretriz para lidar com uma situação. Por essa definição, as estratégias têm duas características essenciais: são criadas antes das ações às quais vão se aplicar e são desenvolvidas consciente e propositalmente. Estratégia como Pretexto: Se estratégia é um plano, pode ser também um pretexto, ou seja, apenas uma manobra específica para superar um oponente ou concorrente. (...) Estratégia como Padrão: Se as estratégias podem ser pretendidas (seja como planos gerais, seja como pretexto específico), elas certamente também podem ser realizadas. Segundo o autor, definir estratégia como um plano não é suficiente; também é necessária uma definição que englobe o comportamento resultante. Assim, estratégia é um padrão, especificamente: um padrão em uma corrente de ações. (...) Estratégia como Posição: Estratégia como posição é como uma organização, está localizada no “ambiente”. Por essa definição, estratégia torna-se a força mediadora, ou a combinação, entre organização e ambiente, ou seja, entre o contexto interno e externo. Em termos ecológicos, estratégia torna-se um “nicho” (evidencia-se que, neste contexto, a palavra nicho tem significado de posição ocupada para evitar competição); em termos econômicos, um local que gera “renda”; em termos administrativos, um “domínio” de produto-mercado, o local no ambiente onde os recursos estão

44

concentrados. Essa definição de estratégia pode ser compatível com qualquer uma das anteriores; pode-se pré-selecionar uma posição e aspirar a ela por meio de um plano (ou pretexto), e/ou ela pode ser alcançada, talvez até encontrada, por meio de um padrão de comportamento. Estratégia como Perspectiva: Enquanto a quarta definição de estratégia olha para fora, buscando localizar a organização no ambiente externo, e para baixo, para posições concretas, a quinta olha para dentro da organização, na verdade, para dentro da cabeça dos estrategistas coletivos, mas com uma visão mais ampla. A estratégia como perspectiva possui seu conteúdo consistindo não apenas de uma posição escolhida, mas também de uma maneira fixa de olhar o mundo. O fundamental nesta quinta definição é que a estratégia é uma perspectiva compartilhada pelos membros de uma organização, por suas intenções e por suas ações.

Tais definições de estratégia levam ao estudo do planejamento

estratégico surgido na década de 70 nas escolas de administração, como

consequência do boom das empresas de consultoria estratégica. Zago (2006,

p. 40) defende que um plano estratégico coerente com a missão, os valores e a

visão de uma empresa, seja ela pública ou privada, são o ponto inicial de uma

gestão estratégica eficiente. Ele ainda defende em seu trabalho que o modelo

Balanced Scorecard (BSC), proposto por Norton e Kaplan em 1992, é uma

ferramenta de grande auxílio para a gestão pública (ZAGO, 2006, p. 6 e 13)

a gestão do orçamento público aliada às ferramentas propostas do Balanced Scorecard é capaz de medir e avaliar, através de indicadores/medidas de desempenho, se a entidade pública está cumprindo suas estratégias e para onde a instituição está caminhando. (...) Sabe-se que as empresas do setor público não buscam o retorno financeiro como resultado final de suas operações. Ao invés disso, buscam cumprir missões elevadas que visam à melhoria e ao bem-estar da sociedade. Como são organizações concentradas na missão, elas devem alterar a arquitetura padrão do Balanced Scorecard, elevando a função da missão e dos clientes, reduzindo assim a influência dos indicadores financeiros.

O autor (ZAGO, 2006, p. 40-41), baseando-se nas explicações de

Lere e de Oliveira, ainda comenta que o planejamento pode ser dividido em: 1)

Planejamento Estratégico, que é definido por um prazo de cinco ou mais anos

e que não se apoia em dados contábeis; 2) Planejamento Tático, que fornece

45

os dados quantitativos, permitindo ações a curto prazo; e 3) Planejamento

Operacional, que é o plano detalhado das ações a serem tomadas. Portanto,

ao implementar tal base de planejamento, o serviço público deveria utilizar-se

também da ferramenta proposta por Norton e Kaplan para alcançar excelência

em suas ações.

O BSC surgiu como uma maneira de medir o desempenho com base

em indicadores financeiros e não financeiros, podendo ser utilizado como

sistema de gerenciamento. Esta técnica serve como complemento para as

medições financeiras com avaliações sobre o cliente, identificando os

processos internos para aprimorá-los e analisando as possibilidades de

crescimento, além dos investimentos em recursos humanos com intuito de

capacitar os funcionários (ZAGO, 2006, p. 45). Por fim, seus idealizadores o

definem como um sistema de desempenho empresarial cujo intuito é ir além do

simples reconhecimento dos indicadores financeiros, indicando o equilíbrio

entre as medidas de curto e longo prazos, financeiras e não financeiras, além

de avaliar indicadores de resultado e tendências e perspectivas internas e

externas de desempenho.

Segundo Zago (2006, p. 51), para haver um aproveitamento máximo

da ferramenta, é preciso que um mapa estratégico seja desenhado para

esclarecer a estratégia escolhida e as ações a serem tomadas por todos os

envolvidos. Em seguida, o autor (2006, p. 48) também delineia que quatro

processos devem ocorrer: “a) Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia; b)

Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas; c) Planejar,

estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas; e d) Melhorar o feedback e

o aprendizado estratégico”. Enfim, comentando Kaplan e Norton, Zago (2006,

p. 53) diz que

um Balanced Scorecard bem construído é a explicitação das teorias estratégicas operacionais da empresa, onde o scorecard deve estar baseado numa série de relações de causa e efeito derivadas da estratégia, incluindo estimativas dos tempos de resposta e graus de correlação entre as medidas do scorecard.

48

força da legislação. Dentre essas iniciativas destacam-se os trabalhos do TCU, por meio de sua homepage; da CGU, pelo Portal da Transparência; do Senado com o Sistema Siga Brasil, dentre outros.

Seguindo as diretrizes da lei, a CGU disponibiliza no Portal da

Transparência (http://www.portaltransparencia.gov.br) todas as informações da

aplicação dos recursos públicos pelo Governo Federal, seus órgãos e

entidades da administração direta e indireta. Entretanto, apesar das

informações serem colocadas à disposição segundo as exigências da lei, estas

não são facilmente compreendidas por pessoas que não possuem o

conhecimento técnico para analisar tais documentos. Segundo Evangelista

(2010, p. 16), este é o desafio da Lei da Transparência, pois o cidadão, para

compreender os dados disponíveis, deve buscar ajuda externa às páginas de

transparência disponíveis, o que tende a desmotivá-lo.

4.3 Divulgação e incentivo à consulta pública

Como explicitado no capítulo anterior, a globalização e o avanço

tecnológico no setor das telecomunicações teve por efeito ligar grande parte da

população à internet, fazendo que este seja o meio de comunicação preferido

para coletar informações e expor opiniões, servindo também para acompanhar

o trabalho dos gestores públicos disponibilizado na internet. Assim, esta tornou-

se também a ferramenta do controle social, dando ao cidadão um “conforto

extra” para cumprir seu dever democrático, fornecendo-lhe os dados de forma

mais acessível, sem que precise deslocar-se fisicamente.

Contudo, para que um controle social atuante e efetivo ocorra, como

explicitado por Evangelista (2010, p. 8), é imprescindível que o governo

apresente ao cidadão dados suficientes e completos, de forma clara e

compreensível, além de indicar a maneira correta de apresentar denúncias e

informar qual o caminho que estas tomam, explicando também como acessar

os resultados das análises feitas (EVANGELISTA, 2010, p. 22). Por fim, faz

parte das obrigações do setor público incentivar o cidadão, através de

49

campanhas de sensibilização, a acessar tais informações e agir em prol do

bom funcionamento da democracia. Evangelista (2010, p. 21 e 22) propõe que

O cidadão comum, entretanto, deveria ser incentivado a fiscalizar, em princípio, as atividades governamentais mais próximas de seu raio de convivência: verificar se na escola não faltam professores, se no hospital ou posto de saúde não faltam médicos, se há remédios suficientes na farmácia que os fornece de forma gratuita, se o transporte escolar possui o mínimo de conforto e segurança e assim por diante. Tais ações estimulariam o cidadão ao exercício da cidadania, cuja participação tenderia a evoluir de forma natural e gradativa. Um bom exemplo da interação entre transparência e controle social pode ser visto em uma das regras do Programa Bolsa Família (PBF) que determina aos entes municipais a obrigatoriedade de divulgação dos beneficiários da localidade, cuja relação geralmente é afixada em local visível, essa é uma medida simples, mas de grande eficácia para combater eventuais desvios do Programa, pois possibilita que os benefícios pagos sejam objeto de fiscalização por parte da população. Nem sempre o cidadão estará preparado ou dispõe de tempo para verificar leis, confrontar documentos fiscais, conciliar extratos, escritas contábeis, analisar prestações de contas – para tais atividades e atributos há órgãos formalmente constituídos, a atuação do cidadão, em princípio, quando não conseguir obter as informações necessárias ou solucionar o problema de modo satisfatório junto ao órgão diretamente responsável, seria a de informar aos órgãos competentes sobre eventuais atividades que no seu entender não sejam corretas.

50

CONCLUSÃO

“Motivação é o empenho de aumentar ou

manter tão alto quanto possível a capacidade de um indivíduo,

a fim de que este possa alcançar excelência

na execução das atividades das quais dependam

o sucesso ou o fracasso da organização a que pertence”

(HECKHAUSEN, 1967, p.32)

Tendo em vista as informações e propostas apresentadas, pode-se

destacar que existem estruturas sendo desenvolvidas, todavia, estas são

pouco acessadas, o que não permite afiançarmos estarem palatáveis à maioria

da população. Pode-se afirmar que, ao ser alcançado o ideal mínimo de

participação da sociedade, haverão consequências que irão acelerar o tempo

de divulgação e principalmente de resposta, contribuindo para o efetivo

controle social e a desburocratização, assim desfavorecendo atividades

irresponsáveis e criminosas que permeiam o setor público.

De fato, existem meios viáveis para se alcançar tal objetivo

democrático de participação social. Contudo, a cultura de um povo está

construída nos hábitos e costumes de sua sociedade, traços difíceis de serem

alterados a curto prazo, exigindo um plano amplo e a longo prazo que não

esteja vinculado a partido e sim a nação. Suas articulações devem alcançar

não somente o avanço de técnicas administrativas e o uso de tecnologias

modernas, mas devem se aprofundar, empenhando-se em criar novos

conceitos e garantir que permaneçam ao longo do tempo para gerar frutos

fraternos e eternos, que garantam a igualdade e a liberdade, sem necessitar,

para isso, que ocorra uma revolução armada, mas efetivamente uma cultural.

Enfim, é preciso que os eleitos ou aprovados a cargos públicos

sejam valorizados pelo compromisso de servir a sociedade que confiou em sua

escolha, seja pelo voto ou pelo desempenho de um concurso, que o eleitor ou

contribuinte, que garante o status do servidor público, esteja consciente de sua

51

escolha e sinta-se responsável pelo monitoramento e aperfeiçoamento de seus

atos. Por fim, é necessário que a sociedade busque aperfeiçoar meios e

técnicas e que estes sejam para o bem comum. Retomando o pensamento de

Fernandes (2009, p. 18),

Trata-se, portanto, de construir uma melhor máquina pública que trabalhe em função do motivo que a mantém, que é o público, e de construir um país com melhores condições de competir no mercado globalizado, melhorando os requisitos básicos, como a diminuição do desperdício e a busca por melhor patamar de eficiência. Isto não será possível com a participação de apenas algumas organizações de alto nível de gestão, mas com o avanço de toda a estrutura, alinhada com os conceitos da competitividade sistêmica. Os esforços da máquina pública junto aos da iniciativa privada podem mover a nação para um melhor patamar da competitividade global. Adotar, pois, um modelo compulsório de gestão para a melhoria dos serviços do governo é fundamental e necessário para levar o país ao lugar desejado de um verdadeiro participante da construção de um mundo melhor.

52

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – A Gestão Pública e a LRF 12

1.1 – O que é Gestão? 13

1.2 – O que é Gestão Pública? 14

1.2.1 – Orçamento Público 15

1.3 – A Gestão Pública no Brasil 17

1.4 – Lei de Responsabilidade Fiscal 18

1.4.1 – A aplicação da LRF na Gestão Pública 19

CAPÍTULO II – Política versus Administração 22

2.1 – A política e a gestão pública 23

2.2 – Administração de qualidade 25

2.2.1 – Princípios da Gestão Pública 27

2.2.2 – Princípios Orçamentários 28

CAPÍTULO III – A Sociedade Digital 31

3.1 – O que é sociedade digital? 35

3.2 – Movimento sociais na era digital 37

CAPÍTULO IV – Propostas 41

4.1 – Gestão estratégica dos recursos públicos 43

4.2 – O Portal da Transparência 47

4.3 – Divulgação e incentivo à consulta pública 48

CONCLUSÃO 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52

ÍNDICE 58

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes Título da Monografia: Administração Pública em Tempo Real Autor: Cesar Augusto Mattos Maia Neumann Data de entrega: 23/01/2015 Avaliado por: Conceito: