tribuna do advogado de novembro de 2011

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Page 1: Tribuna do advogado de novembro de 2011
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TRIBUNA DO ADVOGADO - NOVEMBRO / 2011 - 2

TRIBUNA DO ADVOGADO

Diretor:Wadih Damous

Chefe de ComunicaçãoSocial:Cid Benjamin([email protected])

Editor:Marcelo Moutinho - MTB 18.955([email protected])

Reportagem:Patrícia Nolasco([email protected])Cássia Bittar([email protected])Renata Loback([email protected])

Fotografia:Francisco Teixeira e Lula Aparício

Publicidade:Eduardo Sarmento([email protected])Tel: (21) 2272-2066

Projeto gráfico:Victor Marques([email protected])

Impressão: Ediouro

Tiragem: 121.000 exemplares

Departamento deJornalismo e Publicações:Av. Marechal Câmara, 1507º andar - CasteloRio de Janeiro - CEP: 22020-080Tels: (21) [email protected]

Jornal fundado em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

OAB - Seção do Estado do Rio de JaneiroAv. Marechal Câmara, 150 - Tel: (21) 2730-6525

Nesta edição

WADIH DAMOUS

RECADO DO PRESIDENTE

Uma conferência paraentrar na história

Em reunião realizada em 6 de outubro, opresidente da Secional, Wadih Damous, levouao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,pedido no sentido que a Ordem seja informada

Wadih pede a ministro da Justiça que Ordem sejaavisada 24 horas antes de diligências em escritórios

com antecedência mínima de 24 horas quandoa Polícia Federal fizer diligências que envolvamescritórios de advocacia. Cardozo, que recebeubem a proposta, informou que a encaminhará àassessoria jurídica do Ministério da Justiça. Aportaria interna do Ministério que trata damatéria obriga apenas o aviso à OAB, sem fixaro período de antecedência com que ele deve serdado. A petição entregue pela OAB/RJ —elaborada pela Comissão de Defesa, Assistênciae Prerrogativas (Cdap) e firmada por suapresidente, Fernanda Tórtima — sugere que elaseja modificada, explicitando-se o prazo mínimode 24 horas entre o aviso e a diligência.

Memória e Verdade: defesa deque seja conhecido o passado eelogios para campanha da OAB/RJEm um dos mais disputados painéis da conferência, aministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da

Presidência da República, Maria do Rosário, o secretário nacional deJustiça, Paulo Abrão, e o ex-presidente do Conselho Federal da OAB CezarBritto destacaram a importância de se conhecer o passado do país para aconstrução de um futuro democrático. Eles foram unânimes em elogiar acampanha da OAB/RJ pela abertura dos arquivos da ditadura. Página 7

Em painel sobre o CNJ, ministra Eliana Calmonassegura que continuará a fazer seu trabalhoA corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, fez umacontundente defesa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no painel doqual participou, ao lado de dois representantes da Ordem no órgão:José Hélio e Jefferson Kravchychyn. Ela garantiu que dará seguimento aseu trabalho, “doa a quem doer, goste quem gostar”. Página 11

UPPs são elogiadas, apesar das críticaspontuais a excessos da Polícia e do ExércitoEm painel que reuniu o subsecretário estadual de Segurança do Rio deJaneiro, Roberto Sá, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSol) e ocriminalista José Carlos Tórtima, a implantação das UPPs foi elogiada.Mas os excessos da polícia e do Exército, e a escolha das comunidades— que privilegiou a Zona Sul do Rio — receberam críticas. Página 15

Esta edição da TRIBUNA DO AD-VOGADO é quase toda dedicada à XIConferência dos Advogados do Rio de Ja-neiro. Não apenas porque o evento foi omaior acontecimento de outubro para aOAB/RJ. Mas também pelo seu absolutosucesso.

Com mais de dois mil inscritos, oempreendimento superou nossas expec-tativas, tanto no que diz respeito à parti-cipação de advogados, estudantes e dopúblico em geral, como no que concerneà qualidade dos debates. Esta conferên-cia vai ficar, sem dúvida, na história daSeccional.

O evento foi aberto, no dia 20 de outu-bro, sob o impacto da aprovação, na vés-pera, pelo Senado, do substitutivo do —até então desconhecido no plano nacio-nal — senador Vital do Rêgo (PMDB/PA).Descumprindo a Constituição, a maioriado Senado cometeu um atentado contra aharmonia federativa e uma enorme vio-lência contra o Estado do Rio, ao retirar-lhe boa parte dos recursos provenientesdos royalties do petróleo.

O Rio é quem sofrerá os impactos daexploração do petróleo. Desde já a OAB/RJ está alinhada na luta para impedir quetamanha injustiça se concretize.

Apenas três dias depois do encerra-mento da conferência, porém, o mesmo

Senado trouxe uma boa notícia para o paísao rejeitar o insólito substitutivo deFernando Collor, que criava a figura dosigilo eterno para documentos oficiais.

A decisão é um alento para os quecompreendem que a construção e o for-talecimento da democracia em nossopaís passam, inevitavelmente, pelo ca-bal conhecimento de um passado re-cente em que as liberdades e os di-reitos humanos foram pisoteados poruma ditadura.

Sem dúvida, a posição assumida peloSenado nesta questão fortalece a possi-bilidade de que a Comissão da Verdade,cuja criação foi aprovada recentementepelo Congresso, dê uma contribuição ex-pressiva no resgate da memória nacio-nal. E, com isso, sejam criados anticorposque não permitam a repetição dabarbárie.

Outra bandeira que temos assumido— e que foi tratada no editorial da últimaedição da TRIBUNA — é a defesa dasprerrogativas do Conselho Nacional deJustiça, ameaçadas pela resistência desetores corporativistas do Judiciário –aparentemente majoritários naquele po-der. A corregedora nacional de Justiça,Eliana Calmon — que reafirmou sua po-sição corajosa na nossa conferência —tem contado e contará sempre com nossoapoio nessa luta.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - NOVEMBRO / 2011 - 3

O repúdio e a indignação pela aprovação, no Sena-do, de nova divisão de recursos arrecadados na explo-ração de petróleo, em prejuízo do Rio de Janeiro comoestado produtor, marcaram o pronunciamento do pre-sidente da OAB/RJ, Wadih Damous, na abertura da XIConferência Estadual dos Advogados, no dia 20 de ou-tubro. Aplaudido pelo público que lotou o salão da

Seccional, Wadih classificou de “criminosa” e “falsamente igualitária” a dis-tribuição aprovada, e apontou sua “absoluta incompatibilidade com anormatização constitucional”, pondo a Ordem à disposição do governo esta-dual para, se necessário, recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Dirigindo-se ao chefe do Gabinete Civil do estado, Régis Fitchner, querepresentava o governador Sérgio Cabral, Wadih pediu-lhe que transmitisseo apoio da Seccional “numa futura ida ao STF para coibir este atentadocontra os cidadãos do Rio”. “Não podemos deixar isso passar em branco, e aOAB/RJ está à disposição. Nada disso que viemos aqui debater, Direito, de-senvolvimento e cidadania, terá sentido se não tivermos por foco o cidadão,destinatário de nossas preocupações”, destacou. Wadih explicou que, alémde decidir a temática dos debates em consonância à XXI Conferência Naci-onal, que se realizará em Curitiba, em novembro, a Seccional preocupou-seem adequá-los à realidade e às perspectivas do estado em face dos eventosinternacionais, a Copa e as Olimpíadas, que acontecerão no Rio.

Fitchner agradeceu a oferta da Seccional na luta pelos royalties e justifi-cou a ausência de Cabral, envolvido com a questão. Classificando a votação doSenado como “o maior atentado à federação na história republicana, quandoa maioria dos estados se juntou para tomar receitas legítimas de dois (Rio deJaneiro e Espírito Santo)”, o secretário definiu como um “precedenteperigosíssimo” o projeto aprovado pelo Senado, “permitindo que a maioriaesmagasse a minoria”. Ele disse que o governo vai agir para reverter a situa-ção. “Se não conseguirmos, vamos buscar guarida no Supremo para tentarevitar que a maioria tire recursos do Rio, atacando os cofres públicos”.

Já o presidente do Conselho Federal, Ophir Cavalcante, destacou o reco-nhecimento do papel da OAB como “a maior defensora” da Constituição e dasociedade. O embate no Judiciário sobre as atribuições do CNJ como fiscalda magistratura também mereceu destaque: “Há uma tentativa de apeque-namento do CNJ, que nasceu para fazer com que a Justiça seja transparente,confiável, deixando de ser uma caixa preta hermética. Hoje, tem o reconhecimento dasociedade pelo que faz e tenta fazer no controle dos desvios éticos de magistrados e nasua função de pensar a Justiça”. Segundo ele, o problema do Judiciário não é oexcesso de recursos, “mas a estrutura ainda arcaica, voltada para a suntuosi-dade de prédios, para a perfumaria, e não para a essência da Justiça”. Ophirconclamou os advogados a apoiar o Conselho. “Não podemos admitir um Judici-ário fechado, sigiloso, num Estado efetivamente democrático de Direito”.

A abertura da Conferência contou com as presenças do vice-presi-dente da Seccional, Sérgio Fisher, do presidente da Caarj, Felipe SantaCruz; do tesoureiro Marcello Oliveira como mestre de cerimônia, do ex-presidente da OAB Federal Hermann Assis Baeta, dos presidentes das sec-cionais do Pará, Jarbas Vasconcelos; do Maranhão, Mario Macieira, de SantaCatarina, Paulo Borba; e do conselheiro do CNJ Bruno Dantas. A presi-dente da OAB/Volta Redonda, Rosa Fonseca, representou, na mesa, as sub-seções, cujos dirigentes tambémprestigiaram a cerimônia.

Repúdio à redivisão dos royaltiesmarca abertura da XI Conferência

Marcello Oliveira, mestre de cerimônia

Wadih discursa naabertura da Conferência

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Abrindo o segundo dia doevento, a reforma do Código deProcesso Civil (CPC) foi temade intenso debate na Conferên-cia Estadual. Em tramitação naCâmara dos Deputados, o pro-jeto não é unânime entre os ju-

ristas, que, apesar de concordarem sobre a ne-cessidade de agilizar a Justiça, divergem em rela-ção à amplitude das reformas. Compuseram amesa o conselheiro do Conselho Nacional de Jus-tiça (CNJ) Bruno Dantas, o advogado SérgioBermudes e o procurador-geral da Seccional,Ronaldo Cramer.

Bermudes iniciou sua exposição se dizendoradicalmente contrário à elaboração de um novocódigo. Segundo ele, o fato de o atual ter sidoimplementado há 38 anos não torna seu conteúdoultrapassado. “Diversos pontos ainda precisamser absorvidos e praticados em sua plenitu-de. A longevidade das leis não coincide com ados homens”, declarou. Um dos argumentosdo advogado foi o de que a reforma, por maisampla que seja, não vai resolver as principaisquestões da Justiça. “Um novo CPC não solu-

cionaria o problema da falta de juízes, dosabusos do Ministério Público nem da falta deinfraestrutura”, completou.

Bermudes afirmou ainda que, dado o dinamis-mo da sociedade, alterações pontuais serão sem-pre necessárias, e terminou seu discurso mani-festando a certeza de que a colaboração de todosserá fundamental para a efetividade de eventuaismudanças. “Sejam favoráveis ou não às modifica-ções, uma vez que o novo código entre em vigorserá necessária a união de todos para que os efei-tos desejados sejam produzidos”.

Dantas, que fez parte da comissão de juristasresponsável pela elaboração do projeto, concordoucom a necessidade da colaboração geral, mas afir-mou que é preciso pensar em instrumentos judi-ciais para dar rapidez à Justiça. “O Brasil precisade um esforço coletivo de aperfeiçoamento. Nãobasta contratar juízes e construir fóruns”, disse.De acordo com ele, o principal estímulo para aelaboração do novo código é a profunda transfor-mação que o Brasil tem vivenciado. “O atual CPCdata de 1973 e substituiu o anterior, de 1939. Seráque tivemos menos transformações neste períododo que nos últimos 38 anos?”, indagou. Dantas

destacou, também, a preocupação com o equilí-brio durante a elaboração do texto. “Procuramossempre contrabalançar a segurança jurídica e aceleridade da melhor forma”, salientou.

Apresentando argumentos técnicos, RonaldoCramer defendeu de maneira enfática a aprova-ção do novo código. A sistematização dos procedi-mentos e uma necessidade de maior harmoniacom a Constituição foram apresentadas por elecomo as principais necessidades de alteração. “OCPC é nossa principal lei civil. Todos teremosnossa vida profissional modificada a fundo comas mudanças que vêm por aí”, observou. Após ex-por as mudanças em relação aos recursos, como aunificação dos prazos e o fim do efeito suspensivoautomático, Cramer apontou o julgamento de te-ses jurídicas como outro ponto fundamental. “É amaneira mais racional de lidar com o número deprocessos atual. Causas com a mesma tese de-vem, sim, ser julgadas de maneira mais célere”,frisou ele.

A mesa foi mediada pelo presidente da Comissãode Estágio da OAB/RJ, Leonardo Moreira Lima.

Juristas divergem quanto à amplitudeda reforma no Código de Processo Civil

Ronaldo Cramer, BrunoDantas, Leonardo MoreiraLima e Sérgio Bermudes

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Lembrando que o país temrecebido reconhecimento inter-nacional na área do DireitoAmbiental e que não é mais co-nhecido por ser o ‘país damotosserra’, o ex-ministro doMeio Ambiente e atual secretá-rio da pasta no Rio, Carlos Minc,

deu o tom otimista que marcou o debate sobreDireito Ambiental. “Há dez anos, ao participar deencontros mundiais, o Brasil ganhava o prêmiomotosserra. Já na Conferência de Copenhague, em2009, o presidente Lula foi aclamado pelo país teralcançado o mais baixo nível de desmatamento dahistória da Amazônia”, disse. Além de Minc, par-ticiparam do painel os presidentes do Instituto dePesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e daComissão de Direito Ambiental da OAB/RJ, LisztVieira e Flávio Ahmed, respectivamente.

Para o secretário de Meio Ambiente, o pro-gresso é fruto de leis, decretos e programas im-

Ambientalistas destacamavanço da legislação econscientização social

plantados nos últimos anos, como o Fundo Ama-zônia, do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES), que obtém recur-sos para incentivar a preservação da floresta, e aLei Nacional do Clima, reguladora da política con-tra o aquecimento global. “Quando assumi o Mi-nistério do Meio Ambiente, em 2008, praticamen-te todos os ministros eram contra a Lei de Emis-são de Carbono, alegando que aquela era a hora deo país evoluir. Nosso trabalho foi convencer essaárea econômica de que nossa evolução se dariajustamente com o progresso do Brasil na áreaambiental”, disse. O secretário ponderou, no entanto,que os avanços dependem, necessariamente, do cum-primento das leis. “Não adianta avançarmos na le-gislação se a sociedade não tiver conhecimentodisso e não se comprometer a cumprir. Temosexemplos de leis, como a que proíbe o uso de chum-bo da gasolina, que demoraram cerca de oito anospara serem aplicadas”. Minc elogiou o trabalho daComissão de Direito Ambiental da OAB/RJ, lem-brando que a Ordem e a Secretaria de Meio Am-biente têm feito boas parcerias.

Liszt, por sua vez, abordou o conflito entre oDireito Ambiental e o direito à moradia na ques-tão das ocupações desordenadas, que impedem,por exemplo, a expansão do arboreto do parqueJardim Botânico. Com cerca de 600 moradias, al-gumas em situação de risco, a situação fundiáriado Horto há décadas é motivo de discussão entresetores da sociedade que defendem a habitação ea administração da unidade, que busca uma área

para expandir o jardim, além da preservação daregião já tombada pelo Patrimônio Histórico.

“O governo até hoje não tomou providênciasem relação àquela habitação inadequada e o Jar-dim Botânico tem suas possibilidades de pes-quisa reduzidas pelo direito daquelas pessoasa terem suas moradias”, afirmou Liszt. Oimpasse, segundo ele, só poderia ser resolvidoa partir de concessões de ambas as partes.

Já Flávio Ahmed comentou os caminhos da le-gislação nos últimos 50 anos, destacando que aquestão ambiental só entrou em pauta, efetiva-mente, na década de 1960: “Antes, as leis que tra-tavam de assuntos relacionados visavam sempreà ótica do lucro, e não da ecologia”. Ele usou osexemplos expostos por Minc para mostrar como amentalidade da sociedade vem mudando com oesforço para a regulamentação da legislaçãoambiental: “Aos poucos, as pessoas vão entenden-do que, se não houver proteção ao meio ambienteno trabalho e na qualidade de vida dos cidadãosnão nos desenvolveremos na forma como o desen-volvimento é contemplado na Constituição”.

O painel foi comandado pelo presidente daOAB/PA, Jarbas Vasconcelos.

‘Não somos mais o paísda motosserra’, afirmaCarlos Minc, secretárioestadual de Meio Ambiente

CarlosMinc

LisztVieira

Flávio Ahmed

JarbasVasconcelos

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TRIBUNA DO ADVOGADO - NOVEMBRO / 2011 - 6

Em busca de saídapara a crise nos

juizados especiais

A demora nojulgamento deações e a grandequantidade de pro-cessos foram algu-mas das questõeslevantadas no painel

sobre os juizados especiais cíveis.Comandado pelo presidente da OAB/MA, Mário Macieira, o debate reuniuo presidente da Comissão dosJuizados Especiais e vice-presidenteda Seccional, Sérgio Fisher, e os mem-bros da Comissão de Juizados Espe-ciais do Estado do Rio de Janeiro, juizPaulo Roberto Jangutta, e do InstitutoBrasileiro de Direito Processual, HugoFilardi. Também compôs a mesa odiretor da Divisão de Análise de In-dicadores do Tribunal de Justiça, An-tônio Francisco Ligiero.

Para Paulo Roberto Jangutta, o au-mento na demanda processual nosJECs se deve à intensificação do con-sumo de bens e de serviços. “As gran-des empresas facilitaram o acesso aseus serviços e eles apresentam pro-blemas frequentemente, dando mar-gem a reclamações. Mas, ressaltandoque as empresas visam ao lucro, o queparece melhor para elas: reformulartoda sua sistemática de atuação oudeixar que os consumidores procu-rem a Justiça em alguns casos?”, in-dagou. “Esse foi um dos fatores quefizeram com que o projeto, criado paraser um sucesso, se transformasse emum exemplo de Justiça assoberbada”,acrescentou.

Diante de um quadro em que setornou vantajoso para as empresaspagarem indenizações esporádicasem vez de se empenharem para me-

lhorar a prestação de serviços, o advo-gado Hugo Filardi ressaltou a responsa-bilidade dos órgãos que fiscalizam ocumprimento dos direitos dos consumi-dores. Segundo ele, além de cobrar do Ju-diciário as punições às empresas quecometem irregularidades, a populaçãodeve exigir o controle desses órgãos.“Um controle efetivo estimularia umamudança de postura por parte dasempresas. Assim, novos danos pode-

riam ser evitados”, afirmou.Na visão de Filardi, os juizados

especiais cíveis surgiram como umaboa alternativa para que aqueles quenão tinham acesso à Justiça: “Antesdos JECs, o procedimento de defen-der direitos no âmbito judiciáriocustava muito caro. A ideia dosjuizados era permitir que qualquerpessoa pudesse levar sua reclamaçãoà Justiça”.

‘Modelo deve ser repensado’, afirmao vice-presidente da Seccional

Paulo Roberto Jangutta, Sérgio Fisher, Mário Macieira e Hugo Filardi

Na prática, não é o que tem acon-tecido, como salientou Sérgio Fisher.“Os JECs foram criados para que ascausas mais simples fossem julgadasrapidamente e o que acontece é jus-tamente o oposto. Os advogados es-tão tendendo a ajuizar nas varascíveis, já que o tempo é quase o mes-mo. O modelo atual dos JECs deve serrepensado”, observou.

Fisher explicou o que a comissãoda Seccional tem feito para diminuiras dificuldades de quem milita ouprecisa recorrer aos JECs: “Recebe-mos as queixas dos advogados e ofi-ciamos ao juiz responsável pelaserventia em questão. Nosso intuito éapresentar a eles as informações trazidaspelos colegas. Os juízes têm dado umretorno positivo. Afinal, esses dadostambém servem como base para elessaberem mais sobre o funcionamen-to dos juizados”.

Filardi, por sua vez, destacou o tra-balho da comissão associado à cam-panha Dignidade nos juizados, —lançada pela Seccional em agosto de2010 —, que disse considerar funda-mental. “Apesar dos problemas, osjuizados estão melhores do que eram.No início, a campanha não foi muitobem recebida pelos magistrados.Mas ela leva aos juízes a opinião dosadvogados e isso tem sido importan-te. É um indicador de que estamos nocaminho certo”.

Jangutta concordou: “Acho que nãodevemos ficar tão pessimistas. O siste-ma dos juizados é coeso e tanto os ma-gistrados como a OAB/RJ estão fazendode tudo para minimizar os problemas”.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - NOVEMBRO / 2011 - 7

O debate sobre Memória eVerdade, reunindo a ministraMaria do Rosário, titular da Se-cretaria de Direitos Humanosda Presidência da República;Paulo Abrão, presidente da Co-missão de Anistia do Ministé-

rio da Justiça e secretário nacional de Justiça; e oex-presidente da OAB Federal Cezar Britto trou-xe à tona diferentes abordagens, mas os pales-trantes concordaram num ponto: o conhecimentodo passado é condição para a construção de umfuturo democrático para o país.

O presidente da OAB/RJ, Wadih Damous,abriu o painel e lembrou a Campanha pela Memó-ria e pela Verdade, criada pela Seccional em 2010,como estando na origem de um movimento da so-ciedade que desembocou na aprovação da Comis-são da Verdade pelo Congresso. Em seguida, opresidente da OAB/Espírito Santo, Homero Jun-ger Mafra, que conduziu a mesa, agradeceu àOAB/RJ por ter trazido à pauta a questão, “quedeveria ser adotada por todas as seccionais e, emparticular, pela OAB Federal”.

Cezar Britto abordou a chamada justiça de tran-sição, necessária para a passagem de um períodoautoritário para a democracia. Ele apontou três desuas características. A primeira, a reparação àspessoas que resistiram ao autoritarismo. “Nesseaspecto, o Brasil está relativamente bem”, disse,elogiando o trabalho de Paulo Abrão à frente daComissão de Anistia. A segunda seria a punição

dos que cometeram crimes contra a humanidadeno regime ditatorial, lembrando que a OAB Fede-ral, no tempo que ele esteve à frente da entidade,levou ação ao Supremo Tribunal Federal (STF)nosentido de que os torturadores e assassinos de pre-sos políticos não teriam sido beneficiados pela Leida Anistia. “Infelizmente o Supremo impôs a am-nésia ao Brasil”, lamentou.

O terceiro ponto, segundo Britto, refere-se ao di-reito à memória e à verdade. Ele recordou o debatetravado na Alemanha, após a Segunda Guerra Mundial,sobre se seria melhor não lembrar os crimes pratica-dos pelos nazistas. “Felizmente essa posição nãoprevaleceu, pois falar a verdade é prevenir-se paraque as coisas não se repitam”. E disse que, noBrasil, quem financiava e defendia a tortura continuouno poder. “A transição foi uma reacomodação”.

Paulo Abrão manifestou otimismo em relaçãoà Comissão da Verdade, que considera um passoestrutural na consolidação democrática. “Há qua-tro anos a questão não estava na ordem do dia.Quem a trouxe à tona foi a sociedade, por meio deentidades como a OAB/RJ”. Para Abrão, o fato de acomissão ter sido aprovada com os votos de todasas forças políticas no Congresso lhe concede mai-or legitimidade. “Pela primeira vez haverá um ór-gão que vai apurar a violação dos direitos huma-nos e sua autoria, rompendo com a tradição de secamuflarem os conflitos”. Além disso, acrescen-tou, a comissão tem como uma de suas tarefaspropor reformas no aparelho de Estado, visando aimpedir que as violações se repitam. Ele sugeriuque seccionais da OAB, universidades e outrasentidades da sociedade criem suas comissões daverdade, coletando dados a serem repassados paraa comissão oficial.

Maria do Rosário lembrou o painel sobre desa-parecidos políticos, instalado na fachada da OAB/RJ, classificando-o como “um ato de coragem”.Ressaltou, também, a participação da presidenteda Comissão de Direitos Humanos da Secional,Margarida Pressburger, que representa o Brasil noSubcomitê para Prevenção da Tortura da ONU.Segundo a ministra, projeto elaborado pela Secre-taria de Direitos Humanos criando o SistemaNacional de Prevenção à Tortura foi encaminhadoà presidente Dilma Rousseff. Ressaltando a im-portância de se apurarem as violações ocorridasno passado, ela argumentou que esse esforço teriaefeito positivo para se evitarem torturas de presoscomuns, que continuam acontecendo em delega-cias e presídios brasileiros.

Por fim, rechaçou a ideia de que a Comissãoda Verdade seja a busca de um ponto de neutrali-dade: “Ela vai apurar as graves violações dos di-reitos humanos ocorridas na ditadura e pratica-das por agentes do Estado. É o Estado ditatorialque está em questão. São 475 mortos e desapare-cidos. Enquanto não se souberem as circunstân-cias das mortes e onde estão os restos mortais,essa questão estará em aberto”, disse.

Maria doRosário

CezarBritto

‘Conhecer o passado écondição para construiro futuro democrático’

Posição unânime no painel Memória e Verdade

PauloAbrão

HomeroJunger

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TRIBUNA DO ADVOGADO - NOVEMBRO / 2011 - 8

A discussão sobre areforma do Código deProcesso Penal (CPP)reuniu, em mesa media-da pelo advogado crimi-nalista Luís Guilherme

Vieira, o ex-secretário de Reforma doJudiciário do Ministério da JustiçaPierpaolo Cruz Bottini, o presidente doInstituto dos Advogados Brasileiros

(IAB), Fer-nando Frago-so, e o profes-sor de Pro-cesso PenalPaulo FreitasRibeiro.

B o t t i n iconsiderouinteressante,“na tentativade aproxi-mar o nosso

sistema processual penal de um sis-tema acusatório”, a ideia de que o juiznão possa determinar a produção de

DIRETORIA DA SECCIONALPresidente:Wadih Nemer Damous FilhoVice-presidente:Sergio Eduardo FisherSecretário-geral :Marcos Luiz Oliveira de SouzaSecretário-adjunto:Wanderley Rebello de Oliveira FilhoTesoureiro:Marcello Augusto Lima de Oliveira

DIRETORIA DA CAARJPresidente:Felipe de Santa Cruz Oliveira ScaletskyVice-presidenteHercules Anton de AlmeidaSecretário-geral:Renato Ludwig de SouzaSecretária-adjunta:Naide Marinho da CostaTesoureiro:Ricardo Oliveira de MenezesSuplentes:Julio Cesar da Costa Bittencourt e RuiTeles Calandrini Filho

CONSELHEIROS EFETIVOSAdilza de Carvalho NunesAdriana Astuto PereiraAfrânio Valladares FilhoAlvaro Sérgio Gouvêa QuintãoAnderson Elisio Chalita de SouzaAndrea Saramago Sahione de AraujoPuglieseAndré Porto RomeroBernardo Pereira de Castro Moreira GarciaBreno Melaragno CostaBruno CalfatCarlos Fernando de Siqueira Castro

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2010/2012)

Carlos Henrique de CarvalhoCarlos José de Souza GuimarãesCláudio Sarkis AssisDaniele Gabrich GueirosDéa Rita MatozinhosDiogo Rudge MalanEduardo Antônio KalacheEduardo de Souza GouveaFelipe Rocha DeiabFernanda Lara TórtimaFlávio Antonio Esteves GaldinoFrancisco Gonçalves DiasGabriel Francisco LeonardosGuilherme Pollastri Gomes da SilvaGustavo Binenbojm Gustavo Senechal de GoffredoJonas Oberg FerrazJorge Augusto Espósito de MirandaJosé de Anchieta Nobre de AlmeidaJosé Nogueira D’AlmeidaJosé Oswaldo CorreaJosé Ricardo Pereira LiraJosé Roberto de Albuquerque SampaioLeonardo Branco de OliveiraLeonardo Ducan Moreira LimaLuciano Vianna AraujoLuiz Américo de Paula ChavesLuiz Alberto GonçalvesLuiz Bernardo Rocha GomideLuiz Filipe Maduro AguiarLuiz Gustavo Antônio Silva BicharaMarcelo Feijó ChalreoMarcelo Mendes Jorge AidarMarcia Cristina dos Santos BrazMarcio Vieira Souto Costa FerreiraMarcos BrunoMarcos Dibe RodriguesMaria Margarida Ellebogen PressburgerMauricio Pereira FaroMauro Abdon Gabriel

Mônica Prudente GiglioMurilo Cezar Reis BaptistaNewma Silva Ramos MauésNilson Xavier FerreiraNiltomar de Sousa PereiraPaolo Henrique Spilotros CostaPaulo Parente Marques MendesPaulo Renato Vilhena PereiraPaulo Rogério de Araujo Brandão CoutoRanieri Mazilli NetoRaphael Ferreira de MattosReinaldo Coniglio Rayol JuniorRenan AguiarRenato Cesar de Araujo PortoRenato Neves ToniniRicardo Lodi RibeiroRoberto Ferreira de AndradeRoberto Monteiro SoaresRodrigo Garcia da FonsecaRonaldo Eduardo Cramer VeigaSamantha PelajoSergio Batalha MendesVania Siciliano AietaTatiana de Almeida Rego Saboya

CONSELHEIROS SUPLENTESAlexandre Freitas de AlbuquerqueAndre Andrade VizAntonio Geraldo Cardoso VieiraAntonio Jose de MenezesAntonio Santos JuniorAntonio Silva FilhoAstrogildo Gama de AssisBruno Vaz de CarvalhoCarlos Gustavo Loretti Vaz de AlmeidaBarcellosCarlos Nicodemos Oliveira Silva Cesar Augusto Prado de CastroClaudio Goulart de SouzaEduardo Farias dos SantosFabio Coutinho Kurtz

Fernando José Alcantara de MendonçaFlávio Vilela AhmedGeraldo Antonio Crespo BeyruthGeraldo Marcos Nogueira PintoGilberto FragaIvan de Faria Vieira JuniorJansen Calil SiqueiraJoaquim Tavares de Paiva MunizJonas Gondim do Espirito SantoJonas Lopes de Carvalho NetoJorge Antonio Vaz CesarJorge TardinJosé Alzimé de Araujo CunhaJosé Antonio Rolo FachadaLeda Santos de OliveiraLivia Bittencourt Almeida MagalhãesLuiz Roberto GontijoMarlos Luiz de Araujo CostaMaxwel Ferreira EisenlohrNorberto Judson de Souza BastosPaulo Haus MartinsRicardo BrajtermanRoberto Dantas AraujoRogério Borba da SilvaRomualdo Mendes de Freitas FilhoSelma Regina de Souza Aragão ConceiçãoWarney Joaquim Martins

CONSELHEIROS FEDERAISCarlos Roberto Siqueira CastroClaudio Pereira de Souza NetoMarcus Vinicius CordeiroSuplentes: Gisa Nara Maciel Machado daSilva e Ronald Cardoso Alexandrino

MEMBROS HONORÁRIOSVITALÍCIOS

Alvaro Duncan Ferreira PintoWaldemar ZveiterEllis Hermydio Figueira

Cesar Augusto Gonçalves PereiraNilo BatistaCândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterCelso FontenelleOctavio Gomes

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕES

Nova Iguaçu: Jurandir CeulinDuque de Caxias: Geraldo Menezes deAlmeidaPetrópolis: Herbert de Souza CohnBarra Mansa: Ayrton Biolchini JustoVolta Redonda: Rosa Maria de SouzaFonsecaBarra Do Piraí: Leni MarquesValença: Munir AssisSão Gonçalo: José Luiz da Silva MunizNova Friburgo: Carlos AndréRodrigues PedrazziMiracema: Hanry Felix El-KhouriItaperuna: Adair Ferreira Branco JuniorCampos: Filipe Franco EstefanTeresópolis: Jefferson de Faria SoaresTrês Rios: Sérgio de SouzaMacaé: Andréa Vasconcelos MeirellesNiterói: Antonio José Maria Barbosa da SilvaBom Jesus de Itabapoana: Luiz CarlosRibeiro MarquesResende: Samuel Moreira CarreiroSão João De Meriti: Júlia Vera deCarvalho SantosCabo Frio: Eisenhower Dias MarianoAngra Dos Reis: Claudio Rupp GonzagaMagé: Sérgio Ricardo da Silva e SilvaItaguaí: José Ananias Silva de OliveiraNilópolis: José Carlos Vieira Santos

Itaboraí: Jocivaldo Lopes Da SilvaCantagalo: Guilherme Monteiro de OliveiraVassouras: José Roberto CiminelliAraruama: Ademario Gonçalves da SilvaCampo Grande: Mauro Pereira dos SantosSanta Cruz: Milton Luis Ottan MachadoBangu: Ronaldo Bittencourt BarrosMadureira/Jacarepaguá: Roberto Luiz PereiraIlha Do Governador: Luiz Varanda dos SantosSão Fidélis: Magno Rangel RochaRio Bonito: César Gomes de SáParaíba Do Sul: Eduardo Langoni deOliveiraSanto Antônio De Pádua: AdautoFurlani SoaresMaricá: Amilar José Dutra da SilvaParacambi: Cleber do Nascimento HuaisParaty: Benedita Aparecida Corrêa doNascimentoMiguel Pereira: Darcy Jacob de MattosPiraí: Carlos Alberto dos SantosRio Claro: Adriana Aparecida Martins MoreiraItaocara: Fernando José Marron da RochaCordeiro: Dominique Sander Leal GuerraCambuci: Elizeu MacieiraMendes: Paulo Afonso Loyola CostaSão Pedro D’aldeia: Julio Cesar dosSantos PereiraCachoeiras De Macacu: Cezar AlmeidaMangaratiba: Ilson de Carvalho RibeiroRio Das Ostras: Alan Macabú AraujoBelford Roxo: Abelardo Medeiros TenórioQueimados: José Bofim Lourenço AlvesMéier: Humberto CairoPorciúncula: José Nagib SacreBarra Da Tijuca: Luciano Bandeira ArantesSaquarema: Miguel Saraiva de SouzaLeopoldina: Frederico Mendes

Recursos e habeas corpus: destaquesem painel sobre a reforma do CPP

provas, de ofício, durante a fase deinvestigação”. No texto aprovado, a co-lheita de provas fica entre o Ministé-rio Público e a Polícia, a não ser quehaja alguma providência que neces-site de autorização judicial. O juristaelogiou, também, a busca deagilização processual por meio da su-pressão de fontes de nulidade. “Pare-ce-me que o legislador foi feliz nessaquestão, pois quando sefala em dar agilidade,pensa-se logo em su-pressão de recursos, oque não funciona nemno processo civil nem noprocesso penal”.

Sobre a polêmicainclusão da figura dojuiz de garantias no CPP,Bottini explicou que aintenção foi garantir, naprimeira fase depersecução penal, a legalidade da in-vestigação criminal com equidistânciae a imparcialidade, com respeito aos

direitos e garantias fundamentais dosuspeito ou indiciado. Na fase poste-rior, outro juiz atuaria na causa. Ojurista manifestou dúvidas quantoà possibilidade de o Judiciário con-seguir se estruturar para atender àdisposição. “Existem comarcas quenão têm dois juízes. Como vão fazer?”,questionou.

O presidente do IAB não se mos-trou entusiastado novo código.“O CPP que estávindo aí é tãoruim quanto oantigo, que so-freu já modifica-ções em sua es-pinha dorsal em2008”, afirmou.Fragoso criticouo fato de a comis-são que elaborou

o texto “não ter tido a ousadia” de en-frentar a questão de permitir, ou não,poder investigatório ao Ministério

Público, – deixando a decisão para oSupremo Tribunal Federal. Ele tam-bém se mostrou crítico em relação afalhas no processo judicial eletrônicoque, em contradição ao Estatuto daAdvocacia, dificulta o acesso aos au-tos de advogado sem procuração.

O habeas corpus foi o foco da apre-sentação do advogado Paulo FreitasRibeiro. Apesar de o novo CPP nãoter alterado o instituto, ministros doJudiciário têm se manifestado favo-ravelmente à sua restrição nas ins-tâncias super iores , l embrou .Freitas foi incisivo ao considerarque o habeas corpus serve para atacarqualquer ile-galidade noprocesso emandamento:“O proble-ma do Judi-ciário não éexcesso derecursos, éfalta de es-trutura dosistema”.

PierpaoloBottini

FernandoFragoso

PauloFreitasRibeiro

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“Estamos pagando a contade uma festa para qual fomosconvidados, mas não decidimosse queremos de fato participar.Essa não era para ser a priori-dade do país”. A afirmação doprofessor e ex-coordenador doGrupo de Pesquisa, Gestão Ur-

bana e Direito Ambiental do Programa de pós-graduação em Direito da Uerj Ronaldo Coutinho,deu o tom do painel Jogos Olímpicos e uma novaproposta para a ocupação do espaço fluminense.

O debate foi acalorado: à crítica de Coutinhose confrontaram os argumentos de quem defendea importância do legado das construções para aCopa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Como é ocaso do auditor do Superior Tribunal de JustiçaDesportiva (STJD) e advogado responsável pelasnegociações da Fifa para a copa de 2014, Francis-co Müssnich. Ele discordou frontalmente das de-clarações do professor em relação aos jogos. ParaMüssnich, um evento que trará milhões de turis-tas não pode ser considerado mera exploração es-portiva. “Esta é uma excelente oportunidade demodernização para o país”, disse.

Na mesma linha de raciocínio, o vereador e con-selheiro da OAB/RJ Roberto Monteiro defendeu quealgumas das obras de infraestrutura realizadas no

Preparação do Rio para Copa e Olimpíadasdivide juristas entre críticas duras e elogios fartos

Rio, pensadas a partir dos Jogos Olímpicos, serãode suma importância para a população, como, porexemplo, os corredores de tráfego Transoeste,Transcarioca e Transolímpica. “A cidade não seráa mesma após as Olimpíadas”, frisou.

Na visão do vereador, por conta dos jogos, o Rioserá uma cidade mais cosmopolita e com visibilida-de turística infinitamente maior. Para Monteiro, sóisso já justificaria o empenho do governo emviabilizar os eventos. Concordando, Müssnich ar-gumentou que as obras não são pontuais, e vêm sen-do feitas dentro de um planejamento estratégico.

As ponderações foram rebatidas por Coutinho,que questionou até que ponto o Brasil precisa des-ses estímulos esportivos para realizar obras cujanecessidade sempre se mostrou patente: “Qualfoi o legado do Pan Americano para a cidade? Emais: a Fifa nunca demonstrou preocupação coma herança a ser deixada nos países sede. Por queainda vendem para a população que vai ser boa aconstrução de um estádio em Cuiabá, gastando-se milhões de reais onde nem ao menos existefutebol profissional? Cito apenas um dos exem-plos faraônicos para o que estamos passando esobre os quais ninguém se manifesta”.

De acordo com Coutinho, são muitos os ab-surdos praticados em nome dos jogos e do desen-volvimento enquanto a população sofre com a ca-

rência de obras emergenciais como de manuten-ção de hospitais e de construção de novas escolas.“No início, a proposta defendida era uma parce-ria público-privada, em que ficaria a cargo do di-nheiro privado a construção dos estádios. Não éisso o que estamos vendo”, declarou, indagando:“E os outros compromissos firmados com o povo,ninguém se preocupa em cumprir?”

Coordenador da mesa, o presidente da OAB/Pernambuco, Henrique Mariano, fez coro à fala deCoutinho, citando como exemplo a construção de umestádio em São Lourenço da Mata. “Até hoje mepergunto o porquê de escolherem São Lourenço paraessa construção. Não acredito que os torcedoresde Náutico, Sport e Santa Cruz irão sair de Recifepara assistirem aos jogos de seus clubes”.

Coutinho ironizou a liberação da venda de be-bidas alcoólicas durante os jogos da Copa. “Háuma lei clara que proíbe a venda de bebidas comálcool dentro de estádios. Mas na Copa será dife-rente, está liberado. O fato é que ninguém se dáconta de que isso só será possível, porque, olhema coincidência, o maior patrocinador da Fifa é acervejaria que venderá livremente durante os jo-gos”, afirmou.

Tese de que eventos esportivos não eramprioridade é confrontada com defesa dosbenefícios que poderão legar à cidade

Ronaldo Coutinho, HenriqueMariano, Roberto Monteiroe Francisco Müssnich

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No calor da decisão do Se-nado Federal de aprovar o Proje-to de Lei nº 448/11, que propõenova divisão dos recursos finan-ceiros gerados pelos royalties depetróleo e que tirou dos estadosprodutores, como Rio de Janeiroe Espírito Santo, grande pedaço

de sua receita, o painel que trataria tão-só da Leide Responsabilidade Social acabou tomando, emparte do tempo, rumo distinto.

De acordo com o senador Lindbergh Farias(PT/RJ), há um processo de esvaziamento políti-co na Região Sudeste. “Ninguém fala aqui em tirarnada do Norte e do Nordeste, mas estou convenci-do de que essas distorções fiscais alimentam umaelite política estabelecida no Congresso”, afirmou.Ele criticou a concentração de recursos nas mãosda União, salientando que os estados e municípi-os estão quebrados, e que, com essa situação, opaís caminha para um princípio de conflito fede-rativo, perdendo a ideia da unidade nacional.

Sobre o projeto de lei concebido pela Seccionalpara cobrar das autoridades providências de pre-venção de tragédias naturais, tema primeiro dopainel, o conselheiro federal Carlos RobertoSiqueira Castro explicou a necessidade de se es-tabelecer claramente a obrigação dos governos em

No debate sobre a Lei deResponsabilidade Social,mais protestos contra anova divisão dos royalties

adotar soluções efetivas para amenizar efeitos dedanos naturais. “Essas tragédias estão se tornan-do triviais sem que sejam tomadas as providênci-as por parte do Estado”, disse ele, responsável pelaelaboração do texto do projeto. “Ainda hoje, cercade cinco milhões de pessoas habitam em áreasconsideradas de alto risco pela Defesa Civil. Es-ses cidadãos precisam de respaldo do governo”,acrescentou.

Segundo Siqueira Castro, a lei fixa diretrizesgerais para a atuação integrada da União, estadose municípios na prevenção e solução de problemasde desenvolvimento urbano, além de estabelecersanções a que estarão sujeitos os chefes de pode-res executivos em caso de descumprimento dasmetas e ações previstas. “Na tragédia da RegiãoSerrana, tivemos mais de mil vítimas fatais, nú-mero impressionante se pensarmos que, na Aus-trália, na mesma época, ocorreu uma precipitaçãopluviométrica muito maior do que a do Rio e o nú-mero de mortos foi de cerca de 30 pessoas”, ressal-tou. Para ele, o que amenizou a situação na Austrá-lia foi o programa de prevenção adotado no país.

A proposta da OAB/RJ prevê que a União des-tine anualmente verba para prevenção de cataclis-mos naturais, sem prejuízo às destinações obri-gatórias aos estados, e a adoção de relatórios cir-cunstanciados pelos governos que possibilitari-am a publicidade dos atos do poder público e a

prestação de contas dessa verba. “Todos os gover-nadores e prefeitos ficam, assim, obrigados a pro-duzir anualmente um relatório de todas as medi-das adotadas para a prevenção de tragédias natu-rais, com o orçamento utilizado para elas”, expli-cou Siqueira Castro.

Lindbergh destacou que, com a atual política,a previsão para o verão não é alvissareira: “As chu-vas que inevitavelmente virão no final do ano mos-trarão nossa incompetência generalizada”. O se-nador defendeu um cadastro nacional de áreas derisco. “Muitas vezes os prefeitos sabem dos pro-blemas das regiões. A constituição desse cadas-tro serviria para que todos fossem alertados dotamanho que, juntos, adquirem”.

Siqueira Castro adiantou que a OAB/RJ cobraráresposta dos líderes parlamentares sobre a aprovaçãodo projeto. “Como não temos iniciativa legislativa, ocaminho mais fácil é a adoção pelas bancadas par-tidárias. E temos confiança de que o Congressoentenderá que, com a cobrança, os governos se sen-tirão responsabilizados se as tragédias forem agra-vadas pelo descumprimento dessas metas”.

A mesa foi presidida pelo conselheiro daSeccional Cláudio Sarkis.

Herman Assis Baeta apresenta coleçãode sete livros sobre a História da OABComo parte da programação da Conferência, foi realizada, no dia 21 de

outubro, a apresentação da Coleção da História da Ordem dos Advogados

do Brasil, organizada pelo ex-presidente do Conselho Federal Hermann

Assis Baeta. A cerimônia contou com a presença do presidente da Seccio-

nal, Wadih Damous.

A coleção é composta por sete volumes, que contam a trajetória da

Ordem a partir da fundação do Instituto dos Advogados Brasileiros

(IAB), em 1843. Destacando advogados marcantes e narrando fatos

históricos da advocacia, contextualizando-os com a história do Brasil, os livros

demonstram claramente a influência da OAB na sociedade.

LindberghFarias

SiqueiraCastro

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“Vou continuara fazer o meu tra-balho. Doa a quemdoer, goste quemgostar”. Assim acorregedora nacio-

nal de Justiça, ministra Eliana Cal-mon, encerrou sua participação nopainel sobre o Conselho Nacional deJustiça (CNJ).

Muito criticada por magistradose membros do Conselho após ter ditoem uma entrevista que a “Justiça so-fria com bandidos de toga”, ela apro-veitou a oportunidade para revelar oque a motivou a investigar a fundo aconduta dos juízes. “A primeira per-gunta que me fiz foi: por que depoisde seis anos está se questionando acompetência e publicidade dos atosdo CNJ? Ao assumir o cargo, decidimanter todos os projetos do ministroGilson Dipp, com apenas uma mu-dança. Comecei a aprofundar a inves-tigação a respeito das corregedoriasde Justiça locais, cruzando informa-ções do Conselho de Controle das Ati-vidades Financeiras (Coaf) e da Re-ceita Federal”, explicou, salientan-do: “A magistratura de carreira estáem meu DNA. Escolher não falar so-bre nada para não me indispor comas pessoas seria manter a mesmapostura que muitos juízes tiveramaté agora”.

Na mesma entrevista, a correge-dora havia criticado a Ação Direta deInconstitucionalidade nº 4.638, impe-trada pela Associação dos Magistra-dos Brasileiros (AMB) e que questi-ona a Resolução 135, responsável poraumentar o controle do CNJ sobre pro-cessos administrativos contra magis-trados. Para Eliana Calmon, limitar aatuação do conselho seria “o primei-ro passo para a impunidade da ma-gistratura”. “A ideia de que o magis-trado não precisa se preocupar comas consequências daquilo que decideficou no passado. No momento atual,com a internet e outros tantos meiosde comunicação, os cidadãos come-çaram a questionar o que nunca foiquestionado”, observou a ministra, aocriticar o pensamento que “ainda vi-gora no Brasil no sentido de que asdecisões dos magistrados são inques-tionáveis e sua atuação está além dequalquer fiscalização”.

Para Jorge Hélio, um dos repre-sentantes da OAB no CNJ, a relutân-

Eliana Calmon defende papel doCNJ e diz que continuará a fazerseu trabalho “doa a quem doer”

cia de alguns juízes e desembarga-dores em aceitar a existência de umórgão desse tipo é previsível. “A discus-são do momento é se o CNJ é ou não umórgão de controle externo. Desnecessá-rio dizer que as cúpulas do Judiciárionão queriam o CNJ já na época em elefoi criado. Mas a Justiça precisa, sim,de controle externo”, defendeu.

Os benefícios de um órgão decontrole também foram exaltados poroutro representante da OAB no CNJ,Jefferson Kravchychyn: “Durantemuitos anos buscamos opções paraesse controle. O Judiciário é, com cer-teza, o poder mais fechado que temosno Brasil. Não se trata de o CNJ ser ogrande redentor, mas o Conselho re-presenta um grande avanço”.

O trabalho das corregedorias foioutra questão levantada por ElianaCalmon. Segundo ela, o papel a quedá mais ênfase como corregedora nãoé o disciplinar, mas o de ajudar ascorregedorias a cumprirem suas atri-buições. “Ao visitá-las, eu pergunta-va: ‘Por que os processos estão naprateleira? Eles devem ser julgados

ou abrirei uma sindicância.’ Muitosnão julgam, acreditando que nada vaiacontecer. Eu cumpro o prometido eos juízes acabam julgando tudo nacorreria depois”, relatou.

A ideia agora, adiantou a minis-tra, é dar “musculatura” econômica eestrutural às corregedorias locais,responsáveis pela investigação demagistrados de primeiro grau. “Es-ses juízes são investigados. O problemamaior que enfrentamos é em relação aostribunais, que nunca deram nenhu-ma satisfação sobre seu trabalho. Afi-nal, quem investiga os desembarga-dores?”, questionou.

A pergunta também teve relaçãocom a Ação Direta de Inconstitucio-nalidade (ADI) proposta pela AMB.Segundo Eliana Calmon, 54 investi-gações, muitas envolvendo desembar-gadores em denúncias graves, “esta-rão absolutamente inutilizadas” se oSupremo Tribunal Federal decidirque o CNJ só poderá agir se as corre-gedorias estaduais forem omissas ounegligentes, conforme diz a ADI.

Na visão de Jorge Hélio, a atuação

de tais corregedorias deve ser con-corrente à do CNJ, e não se sobreporao órgão. “Essa concorrência vai esti-mular que elas façam seu dever decasa”, resumiu.

Já Kravchychyn ponderou que so-mente fiscalizar o que fazem os juí-zes não é suficiente para garantir quea situação do Judiciário brasileiromelhore de fato. Para ele, o grandeproblema está no “sistema de Justi-ça”. “Muitos acham que os culpadossão apenas os magistrados, que nãogostam de trabalhar etc. Mas tambémtemos que pensar pelo outro lado. Édesumano que juízes sejam obriga-dos a cuidar de mil sentenças por mêse sob a pressão do cumprimento dasmetas”, argumentou. No entender deKravchychyn, não adianta dobrar onúmero de magistrados, ou de servi-dores, ou mesmo o orçamento. “Te-mos que repensar o Judiciário comoum todo. Ele está apodrecido. A mu-dança é cultural e tem a ver com juí-zes e advogados”, frisou.

Wadih Damous, Jorge Hélio, Paulo Borba,Eliana Calmon e Jefferson Kravchychyn

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O pagamento de honorários de su-cumbência na Justiça do Trabalho foitema do debate que reuniu o advogadoBenedito Calheiros Bomfim, a minis-tra do Tribunal Superior do Trabalho(TST) Delaíde Miranda e o deputado

federal Hugo Leal (PSC/RJ), em painel mediadopelo presidente da OAB/RS, Claudio Lamachia.

Um histórico da Justiça do Trabalho foi traça-do por Calheiros na palestra de abertura. Segundoele, é necessário conhecer as mudanças ocorridasao longo do tempo para compreender as reivindi-cações atuais. “A Justiça Trabalhista vem se mo-dificando desde sua criação, em 1941. Antigamenteeram julgados casos triviais, e hoje a complexida-de é muito maior, demandando cada vez mais co-nhecimento dos colegas”. O jurista afirmou queas reformas são necessárias e vão beneficiar, in-clusive, os trabalhadores: “A ausência dos hono-

Defesa unânime do pagamento de honoráriosde sucumbência na Justiça do Trabalho

rários de sucumbência estimula os empregado-res. Ao invés de cumprir a lei, eles preferem mui-tas vezes a briga na Justiça, já que o empregado,geralmente com menos recursos, acaba compeli-do a aceitar um acordo menos vantajoso”.

Relator do Projeto de Lei nº 3.392/2004, quealtera dispositivos da Consolidação das Leis doTrabalho (CLT) e estabelece a imprescindibili-dade da presença de advogado nas ações traba-lhistas, prescrevendo critérios para fixação doshonorários advocatícios, Hugo Leal salientou que“a Justiça do Trabalho demanda uma legislaçãoparalela”. Para ele, é necessária a adaptação aosnovos tempos. “O princípio do jus postulandi sur-giu como medida de proteção e, hoje, vem preju-dicando os hipossuficientes”, constatou.

Já Delaíde disse que o TST sinalizou uma mu-dança de pensamento ao alterar a Súmula 219. “Al-guns tribunais regionais já determinaram, inclusi-ve, o pagamento dos honorários”, frisou. No enten-der dela, as vantagens da condenação com honorári-os de sucumbência são muitas, além de ser “umdireito dos trabalhadores receber a restituição dos

honorários advocatícios, que acabam sendo pagos comas próprias indenizações”. A ministra afirmou que oassunto é constantemente discutido no TST. “Énecessário o debate. O lento avanço jurispruden-cial não atende aos anseios da Justiça”, observou.

Presente ao evento, o presidente da Comissãode Estudos de Honorários de Sucumbência naJustiça do Trabalho da OAB/RJ, Nicola Piraino,argumentou que o pleito é justo e que sua aprova-ção desafogará a Justiça. “A não concessão de ho-norários de sucumbência na seara trabalhista édiscriminatória”, destacou. O presidente da Co-missão da Justiça do Trabalho da Seccional, Ri-cardo Menezes, também se pronunciou, reiteran-do as palavras de Nicola.

Realizadas na Escola Superior de Advocacia(ESA) nos dias 20 e 21 de outubro, as 36oficinas organizadas pelas comissões da OAB/RJ complementaram as palestras e dinamiza-ram o evento. Foram debatidos temas como:direito à moradia, uso ambiental do espaço, LeiMaria da Penha, relação entre a lei penal e asdrogas, atração de investimentos para o estadopela relação fisco-contribuinte, igualdaderacial, Direito Homoafetivo, e certificaçãodigital, pré-sal, arbitragem, inclusão depessoas com deficiência, Direito Autoral (foto),prerrogativas da advocacia, Direito do Consumi-dor, acesso à saúde, reforma política, Justiçado Trabalho e combate ao crime organizado.

Oficinas complementam edinamizam a Conferência

DelaídeMiranda

CalheirosBomfim

HugoLeal

CláudioLamachia

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O processo ele-trônico é uma rea-lidade incontestá-vel, mas, com todasas vantagens pro-metidas, continua-rá a preocupar, e

muito, até seus resultados poderemser avaliados, dentro de alguns anos.Esta foi a síntese das diversas opini-ões manifestadas na mesa que reu-niu o ministro do Supremo TribunalFederal (STF) Marco Aurélio Mello, oconselheiro Federal da OAB GuilhermeZagallo e o desembargador LucianoRinaldi, sob a mediação do presidenteda OAB/RN, Paulo Eduardo PinheiroTeixeira. Também participaram osdesembargadores André Fontes, doTribunal Regional Federal da 2ª Re-gião (TRF-2), e Ricardo Couto deCastro, do Tribunal de Justiça (TJ).

Rinaldi admitiu que a primeirasensação ante o processo eletrônicofoi de rejeição, em razão do costumecom o papel, mas afirmou que “o maisimportante agora é a compreensão deque os esforços têm sido no senti-do de que a transição seja a me-nos traumática possíve l” . Odesembargador citou a existênciade 70 milhões de processos emtramitação no país — sete milhõesno estado — e a tentativa de fazer comque os julgamentos de cada um nãose eternizem. Há dez anos, lembrou, nãohavia redes sociais, e hoje elas já estão nonosso dia a dia. O TJ terminou adigitalização na segunda instância cri-minal e pretende concluir até o finaldo próximo ano a digitalização dacível, informou. O segundo passo,“mais difícil”, segundo ele, serádigitalizar a primeira instância.

As vantagens em relação ao pro-cesso físico, na expectativa manifes-tada por Rinaldi, serão maiorceleridade processual e consequenteefetividade da Justiça, e mais segu-rança, porque não haverá risco de per-da dos processos — ao mesmo tem-po, sua disponibilidade para consul-ta de todos, além de economia de gas-tos para os tribunais.

Para Zagallo, que preside a Co-missão Especial de Informática e Es-

Processo eletrônico:

tatísticas do Conselho Federal, o pro-cesso eletrônico talvez seja o “temamais angustiante” para a advocacianesse momento de transição. “Temosque nos preparar para enfrentar estanova realidade”, disse ele, citando oesforço da Ordem na promoção dacertificação digital e na orientaçãodos advogados para os novos procedi-mentos. Segundo o conselheiro, há pro-blemas sérios a serem resolvidos o maisrapidamente possível, como amultiplicidade de sistemas adotadospelos tribunais. Sua unificação, deacordo com Zagallo, é fundamentalpara o advogado ante a inviabilidadede dominar cada um. “É a prioridadenúmero um da OAB”, resumiu.

Descrente em relação aos benefí-cios que poderão advir do processoeletrônico, o ministro Marco AurélioMello provocou risos e aplausos emvárias de suas manifestações críticasa respeito da Lei nº 11.419/2006, queo criou. “Continuamos a pensar quepodemos consertar o Brasil com leis,quando o que precisamos é de apegoàs posturas exemplares”, alfinetoulogo de início.

O ministro vê prejuízo, por exem-plo, para o princípio constitucional depublicidade que deve reger os atosda administração pública. É que oparágrafo 6o do artigo 11º da lei pre-vê que “os documentos digitalizadosjuntados em processo eletrônico so-mente estarão disponíveis para aces-so por meio da rede externa para suasrespectivas partes processuais e parao Ministério Público, respeitado odisposto em lei para as situações desigilo e de segredo de Justiça”.

Marco Aurélio também mostroudúvidas quanto à segurança dacertificação digital. “Nos processosfísicos, geralmente as falsidades dei-xam rastro; não sabemos se o pro-cesso eletrônico será seguro”, obser-vou, frisando que, se tiver que optarentre a celeridade processual e o con-teúdo, não terá dúvidas. O ministrodefiniu-se como um juiz à moda an-tiga, que não consegue sequer “ler ose-mails mais longos na telinha” e nãopode “conceber o colegiado virtual”sem a presença das partes.

“Vejo com muito receio e preocu-pação um sistema que dificulta so-

bremaneira que se leiam, que se exa-minem cuidadosamente todas as pe-ças, cada elemento probatório quepossibilite a reflexão. Processo éisso, acima de tudo”, argumentouo ministro, assinalando que, emsua opinião, há discrepâncias en-tre a lei e os princípios de presta-ção jurisdicional previstos naConstituição. Para Marco Aurélio,somente dentro de alguns anos serápossível avaliar se houve prejuízono conteúdo das decisões proferi-das no processo eletrônico. “A telinhaé maravilhosa para tudo o que édescartável”, comentou.

No encerramento do painel, Mar-co Aurélio também foi direto ao res-ponder a uma pergunta sobre sua opi-nião acerca do poder corregedor doConselho Nacional de Justiça (CNJ),motivo de polêmica recente envolven-do a ministra Eliane Calmon. “Acho aatuação do CNJ muito positiva, desdeque não queira substituir as 59corregedorias do país”.

muitas dúvidas na transição

Ricardo Couto,Marco AurélioMello, LucianoRinaldi eGuilhermeZagallo

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Em meio ao conflito em tornoda redistribuição dos royalties dopetróleo, os debatedores do painelOs impactos do pré-sal na eco-nomia fluminense expuseram aimportância dessa descobertapara o país por intermédio denúmeros que justificam a eufo-

ria causada tanto nos investidores quanto nos en-tes federativos. O que de fato motivou a aprovação,no Congresso, do substitutivo do senador Vital doRêgo (PMDB/PB) norteou a discussão realizadano auditório da Caarj.

Gerente excutivo de parcerias da Petrobras,José Bucheb — que representou o diretor de Ex-ploração e Produção da Petrobras, GuilhermeEstrella, no evento — explicou que antes do pré-sal a produção era relativamente pequena, com opreço do barril em baixa e explorações mal suce-didas. “A descoberta dos reservatórios do pré-salmudou o patamar das reservas petrolíferas do país,baixando o risco exploratório em um momento noqual o preço internacional do barril estava em alta,compensando os custos de exploração e produçãoem águas profundas e garantindo ótima rentabili-dade”, frisou.

Ele demonstrou que, antes do pré-sal, de cadadez poços perfurados, somente em três, ou seja,em 30% deles, havia petróleo com qualidade paracomercialização. No pré-sal, esse número saltoupara 87%, sendo que nos 13 poços da Bacia de

Santos o aproveitamento foi de 100%.Bucheb explicou que a União mantém mono-

pólio de pesquisa e lavra das jazidas, sendo a con-cessão a única opção para contratar essas ativida-des. Nesse regime, a propriedade do petróleo e dogás extraídos é transferida ao concessionário.“Para o poder concedente fica apenas uma parce-la dos rendimentos obtidos, paga na forma de com-pensações financeiras: bônus de assinatura,royalties e participações especiais, sendo estasdependentes do volume de produção”, disse.

Ele salientou que, mesmo após a descober-ta dos campos do pré-sal, a legislação não per-mitia que a União tivesse a alternativa de con-tratar as atividades de pesquisa e lavra porum modelo que garantisse sua maior partici-pação. Daí a criação de premissas ao MarcoRegulatório, regimento que regulariza a explo-ração e produção do petróleo. Dentre delas, des-tacam-se a maior participação do país nas recei-tas do petróleo; o maior desenvolvimento científi-co e técnico do país, voltado para esta área; e omaior controle no ritmo de produção.

Para o mediador do debate, o conselheiro fe-deral da OAB Arnoldo Wald Filho, estas novas me-didas, somadas aos números que o pré-sal carre-ga, como a expectativa de arrecadação de R$ 100bilhões em 2022, foram os inegáveis estimulantesdas discussões no Senado. “O líder do governo naCâmara, deputado Cândido Vacarezza (PT/SP),disse que a pauta levará cerca de 30 dias para ser

votada. É o momento de os estados se prepararempara apresentar novas propostas para essa divi-são”, afirmou o conselheiro, lembrando que “osprincipais polos do pré-sal se encontram sob ajurisdição de Rio de Janeiro e Espírito Santo, es-tados mais afetados caso seja aprovada aredistribuição”.

O tesoureiro da OAB/RJ, Marcello Oliveira, porsua vez, destacou que, caso queiram de fato modi-ficar a distribuição dos royalties, isso tem que serfeito com todas as fontes de arrecadação dosestados, municípios e União. “Também deveser providenciada uma nova análise do Fundode Participação dos Estados, de 1989, em que oRio é o que menos recebe, justamente por contado contrapeso dos royalties petrolíferos. Tenho cer-teza de que essa discussão causará muito maisalvoroço do que a atual, que só afeta diretamentedois estados”.

Marcello frisou que Macaé cresceu 600% porconta da arrecadação do petróleo e, em con-trapartida, enfrenta sérios problemas por causado inchaço populacional. “Temos uma excelente opor-tunidade de debater os reais motivos de merecimentodos royalties. Se o senador Vital do Rêgo diz que essesdois estados podem planejar suas finanças, qualquerque seja a perda, ele tem que se aprofundar emum estudo que comprove os seus impactos naseconomias afetadas”, observou.

No debate sobre pré-sal, númerosque explicam a briga pelos royalties

José Bucheb,Marcello Oliveira eArnoldo Wald Filho

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Mediado porIvan Vieira, presi-dente da Comissãode Segurança Pú-blica da OAB/RJ, odebate sobre asUnidades de Polí-

cia Pacificadora (UPPs) foi conside-rado pelos presentes como um dosmelhores da XI Conferência. JoséCarlos Tórtima, advogado crimi-nalista; Roberto Sá, subsecretário deSegurança Pública; e Marcelo Freixo,deputado estadual (Psol), foram ospalestrantes. Se todos concordaramem que as UPPs significaram umavanço, houve diferenças de avaliaçãosobre outros aspectos.

Tórtima começou fazendo umapergunta: as UPPs vêm para cobrirum déficit de cidadania nas comuni-dades carentes — reféns do tráfico,da milícia ou de maus policiais — ouvêm apenas dar a elas segurança pú-blica? Segundo ele, a resposta a essapergunta vai nortear a avaliação quese faz dessa experiência: “Do ponto

Concordânciase divergênciassobre as UPPs

de vista da segurança pública nas co-munidades em que foram instaladas,as UPPs foram um grande avanço”.O advogado lamentou, porém, a au-sência de um morador de uma comu-nidade com UPP como debatedor àmesa, lembrando que a experiênciaque poderia ser trazida por ele enri-queceria muito o debate.

Para Tórtima, o desarmamento foia grande vitória das UPPs. “Quem vi-via ameaçado por tiroteios na porta decasa hoje não tem essa preocupação.Além disso, os fuzis tinham um poderde atração de jovens para o crime, coi-sa que sempre preocupou as famíliasdessas comunidades.” Por outro lado,ele apontou um problema na imple-mentação das UPPs: “A Polícia Mili-tar do Rio é muito ruim. Não está pre-parada para respeitar os cidadãos po-bres”, disse, lembrando o caso em quepoliciais depredaram uma lan houseno Jacarezinho por não admitirem queum jovem negro e pobre pudesse serproprietário dos computadores.

Utilizando a projeção de uma ima-gem em que meninos saídos de umaescola no Complexo do Alemão foramalinhados contra a parede e revista-dos por soldados do Exército,Tórtima voltou à afirmação de que umaquestão vital para o sucesso de um poli-ciamento do tipo comunitário —como o realizado pelas UPPs — seráa transformação dessa mentalidade.

Roberto Sá também usou imagensem apoio à sua palestra. Projetouslides que contaram a história dasUPPs e apresentaram números mos-trando a melhoria dos índices de se-gurança pública nos locais em queelas foram implantadas. Contou quehoje é delegado da Polícia Federal, mastambém tenente-coronel da PM re-formado, com experiência no Batalhãode Operações Especiais (Bope). Dis-

se que vivenciou a política anterior dapolícia fluminense, que classificoucomo “bem intencionada, mas deconfronto”, e participou desde o iní-cio da formulação da política que le-vou às UPPs, cujos objetivos alinhou:consolidar o controle estatal sobreáreas antes dominadas por crimino-sos e implantar um policiamento per-manente, de cunho comunitário, parapermitir a chegada de iniciativas noplano social.

O policial lembrou que, salvo ca-sos de exceção, os PMs que traba-lham em UPPs são novos e prepara-dos de forma diferente dos que en-traram há mais tempo na corporação.A formação desses novos policiaisenfatiza a noção de que devem prote-ger, e não atemorizar, os moradores,afirmou. “Os soldados tornam-se co-nhecidos na comunidade e interagemcom os moradores, que os conhecempelos nomes.” Entre as imagens queprojetou para ilustrar a exposição,Roberto Sá mostrou a confraternizaçãode PMs com crianças de favelas, além deum conjunto de desenhos de alunos deuma escola pública nas proximidadesdo Morro do Borel, nos quais polici-ais são retratados de forma positiva.

Por fim, Marcelo Freixo reconhe-ceu que a introdução das UPPs trou-xe melhoria inegável para a situaçãodos moradores das comunidades ca-rentes, particularmente se compara-da com a política anterior, de confron-to. “Em 2007, esse mesmo governoCabral fez uma operação desastradaque matou 19 pessoas no Complexodo Alemão”, afirmou. Freixo elogiou aatual cúpula da Segurança Pública —o secretário José Mariano Beltrame eo subsecretário Roberto Sá —, em quemvê honestidade de propósitos, ainda queguarde algumas divergências com eles.“Quero, inclusive, registrar que o secre-tário Beltrame foi a única autoridadedo governo estadual que me telefonouquando recentemente veio a públicoque minha vida estava ameaçada. Esei que não fez isso por razões pro-fissionais, mas pelo seu caráter”.

As principais ressalvas que Frei-xo fez às UPPs foram duas. A primei-ra, o fato de, na sua opinião, os locaisem que foram instaladas aparente-mente responderem menos a exigên-cias de segurança pública e mais aconveniências de organizar a cidadepara receber a Copa do Mundo e as

Olimpíadas. “Por que Copacabanatem quatro UPPs e a BaixadaFluminense não tem uma sequer? Naverdade, o mapa das UPPs é o mapada Copa e das Olimpíadas”.

A segunda é que — com a exceçãoda Favela do Batan, em que jornalis-tas foram torturados por milicianos— não foram criadas UPPs em áreasdominadas por milícias. “Por quê?Afinal, é nas áreas de milícias queexistem os mais altos índices de ho-micídios. Se é para combater o acha-que de moradores, o gatonet, a explo-ração das vans e o monopólio da ven-da de botijões de gás, por que não fa-zer UPPs em Rio das Pedras ou emGardênia Azul?”, perguntou.

Roberto Sá

JoséCarlosTórtima

MarceloFreixo

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Jorge Aragão empolgaplateia em show na LapaAo som de grandes sucessos, o cantor Jorge Aragão colocou advogados e estagiários para sambar emshow comemorativo da XI Conferência, realizado no dia 20 de outubro, no Circo Voador, na Lapa.Durante cerca de duas horas, o sambista apresentou um repertório que uniu suas composições, comoMoleque atrevido, Coisinha do pai e Papel de pão aos clássicos Homenagem ao malandro e Trem dasonze, lembrando também músicas como Encontro das águas e Colete curto/Nega do patrão. Sua versãode Ave Maria emocionou o público, que já pulava novamente quando Vou festejar, eternizada por BethCarvalho, encerrou a apresentação. “A OAB/RJ e a Caarj estão muito felizes por este momento deconfraternização da categoria”, afirmou o presidente da Caixa, Felipe Santa Cruz, que deu as boas-vindas aos colegas antes do show. O espetáculo reuniu cerca de 1.500 pessoas.

Por iniciativa do presidente da Caarj, Felipe Santa Cruz, umaemocionante homenagem a grandes nomes da advocaciamarcou o encerramento da XI Conferência, no dia 21 deoutubro. A Medalha Sobral Pinto, concedida a profissionaiscom mais de 50 anos de trajetória, foi entregue a colegascomo os ex-presidentes do Conselho Federal Eduardo SeabraFagundes e Hermann Assis Baeta, e da OAB/RJ, CesarAugusto Gonçalves Pereira, que se ausentou da cerimônia pormotivo de saúde — em seu nome, a láurea foi recebida peloex-presidente da Seccional, Cândido de Oliveira Bisneto. Osjuristas Arnaldo Sussekind e Benedito Calheiros Bomfim,além do presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/RJ,João Baptista Lousada Câmara, também receberam a homena-gem, assim como Manoel Martins, Renato da Cunha Ribeiroe Ricardo Cesar Pereira Lira. A medalha do colega PauloCesar Costeira, que faleceu dias antes do evento, foi entregueà sua família. No encerramento, o presidente da Seccional,Wadih Damous, agradeceu o empenho dos palestrantes emfazer do evento um sucesso: “Foi uma Conferência devalorização da advocacia, acima de tudo”.

No encerramento,o tributo aos mestres

Sussekindrecebe, de

Marco AurélioMello, sua

medalha

Emocionado, Manoel Martins recebe, de Margarida, a homenagem

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Conferência Nacional da OAB:ainda há tempo de se inscrever

Chegou a hora de os colegas detodas as seccionais se reunirem nomaior encontro da classe no país. Entre20 e 24 de novembro, no Centro de Con-venções ExpoUnimed, em Curitiba(PR), será realizada a XXI Conferên-cia Nacional dos Advogados, que con-tará com 20 painéis simultâneos paradebater temas relacionados à profis-são e à sociedade, dentro dos pilaresda edição: Liberdade, Democracia eMeio Ambiente.

Na ocasião, mais de 120 pales-trantes, entre juristas nacionais e in-ternacionais, ministros de Estado edos tribunais superiores, além deadvogados e especialistas de outrasáreas, abordarão tópicos como direi-tos políticos e de liberdade; seguran-ça pública; eficácia dos direitos soci-ais; dignidade e direitos humanos;Direito Ambiental; direitos das famí-

lias, da criança, do adolescente e doidoso e a nova realidade do exercícioda advocacia.

“A conferência gira em torno dematérias que são de suma importân-cia e estão presentes no nosso dia a dia.É necessário que o advogado se insira,cada vez mais, no contexto social epasse a influir nele diretamente paraa transformação da sociedade, poisseu papel transcende a mera atuaçãodentro de uma causa”, afirma o pre-sidente do Conselho Federal, OphirCavalcante.

A OAB/RJ participará do eventocom o estande O Rio de todos os bra-sileiros, que homenageará grandesadvogados nascidos em outros esta-dos e que fizeram carreira no Rio deJaneiro. “Esperamos também que obar estilizado com fotos antigas da ci-dade, remetendo aos lugares de che-

gada desses profissionais à capi-tal, seja o grande ponto de encontroda conferência”, declara o conse-lheiro federal Marcus Vinicius Cor-deiro, coordenador do evento pelaSeccional.

O encontro contará tambémcom atrações culturais, como ses-sões de bate-papo com autores con-sagrados, e uma sala exclusivaonde, paralelamente aos painéisda Conferência, advogados queenviaram seus trabalhos pode-rão expor e debater temas com-plementares aos da edição. Aconferência magna de abertu-ra ficará a cargo do jurista Dal-mo Dallari e a de encerramento,do constitucionalista Luís Rober-to Barroso.

As inscrições podem ser feitas nosite oficial do evento (http://

conferencia.oab.org.br) As taxas sãode R$ 350, para advogados e outrosprofissionais interessados, e de R$150, para estudantes.

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Uma parceria entre a Comissão da Verdade e aOAB fluminense foi o tema da conversa entre

a ministra da Secretaria de Direitos Humanos daPresidência da República, Maria do Rosário, e opresidente da Seccional, Wadih Damous, em reu-nião realizada em Brasília no dia 29 de setembro.Wadih ofereceu colaboração institucional a partirdo trabalho empreendido na Campanha pela Me-mória e pela Verdade, iniciada no ano passado pelaOAB/RJ. Com a participação de organizações dasociedade civil, artistas e intelectuais, o movimen-

Seccional será parceirana Comissão da Verdade

Wadih Damous, tem contribuído no cenário naci-onal para a democracia e os direitos humanos”,afirmou a ministra.

A proposta de criação da Comissão da Verdadefoi aprovada na Câmara dos Deputados e no Sena-do após intenso trabalho de articulação e negocia-ção das lideranças parlamentares e da Secretariados Direitos Humanos, tendo tido a participaçãodireta da própria presidente Dilma Rousseff naconcordância com a redação final submetida aoplenário. Sete integrantes nomeados por Dilmaterão dois anos para apurar violações aos direitoshumanos entre 1946 e 1988, período que inclui aditadura militar. O projeto aguarda, agora, a san-ção de Dilma.

No encontro com Maria do Rosário, Wadih fezreferência à colaboração que a Seccional poderáprestar ao trabalho, apesar dos limites de atuação.“É um passo importante para que se possa resga-tar a memória do país, e estou confiante em quenossa parceria com a ministra renderá bons fru-tos para o fortalecimento da democracia no Bra-sil”, disse.

A Campanha pela Memória e pela Verdade foiiniciada pela OAB/RJ em abril de 2010, e nasceucomo reação à manifestação contrária do Minis-tério da Defesa ao Plano Nacional de DireitosHumanos, que incluía a criação da Comissão daVerdade e fora apresentado pelo então ministroPaulo Vannuchi, antecessor de Rosário.

A campanha contou com a exibição em cine-mas e na televisão de filmetes em que os atoresFernanda Montenegro, Mauro Mendonça, JoséMayer, Glória Pires, Eliane Giardini e OsmarPrado interpretaram militantes desaparecidosrelatando o que lhes aconteceu, finalizando sem-pre com a pergunta: “Será que esta tortura nuncavai acabar?”. Um abaixo-assinado pedindo a aber-tura dos arquivos da ditadura já obteve mais de 42mil adesões e continua acessível no Portal daSeccional (www.oabrj.org.br). Dezenas de seminá-rios, palestras em universidades e atos públicosforam realizados, com o apoio da Associação Bra-sileira de Imprensa (ABI), da União Nacional dosEstudantes (UNE), e de entidades de defesa dosdireitos humanos e familiares de mortos e desa-parecidos políticos.

to alcançou repercussão nacional com o apoio deredes de cinema, emissoras de rádio e televisão,das OABs de outros estados e do próprio Conse-lho Federal, e recebeu elogios da ministra.

“A OAB do Rio de Janeiro é um exemplo muitoimportante para toda a sociedade civil brasileira etem impulsionado o próprio trabalho da entidadeno plano nacional para a abertura dos arquivos darepressão política, o direito à verdade e à memó-ria e a democracia no país. O Rio, com a experiên-cia e o protagonismo da sua OAB e do presidente

“A OAB do Rio tem impulsionado o trabalho da OAB nacionalpela abertura dos arquivos da repressão”, diz Maria do Rosário

Wadih eMaria doRosário,na reuniãoem Brasília

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Um documento exigindo do governo do estadomedidas para o combate às milícias — cortandosuas fontes de receita e recuperando territórios do-minados — foi o primeiro resultado do ato públicosuprapartidário que reuniu na Seccional, no dia 18de outubro, políticos, artistas, intelectuais, ad-vogados, organizações da sociedade e lideran-ças comunitárias em torno da defesa da vida dodeputado estadual Marcelo Freixo (Psol), sob se-guidas ameaças.

Freixo, que presidiu a CPI das Milícias naAssembléia Legislativa — trabalho que levou a nu-merosas prisões pela Polícia Civil —, também co-brou o cumprimento de 58 propostas deenfrentamento desses grupos de criminosos apro-vadas em 2008 pela Alerj e encaminhadas às auto-ridades nas esferas municipal, estadual e federal.O deputado reiterou que as milícias têm hoje, noRio, “estrutura de máfia e projeto de poder”, eafirmou que, apesar de necessárias, a proteção desua vida e a detenção de bandidos não serão capa-zes de acabar com o domínio desses grupos.

Duas das propostas lembradas para cortar as

fontes de recursos para eles foram a fiscalizaçãosobre a distribuição de gás em botijão e o fim dolicenciamento de cooperativas de transporte al-ternativo (nas mãos da milícia), dando lugar a li-cenças individuais.

“Se seus braços econômicos e territoriais nãoforem destruídos, nós é que seremos. Já mataram umajuíza (Patrícia Acioli) e matam inúmeras pessoas quenão têm condições de fazer um ato como este. Gen-te que não tem voz nem espaço para pedir prote-ção”, disse o parlamentar, acrescentando “nuncater recebido” das autoridades informações sobreas providências tomadas a partir das ameaçasregistradas pelo Disque-denúncia e pelo serviçode inteligência da Polícia Militar.

O presidente da Seccional, Wadih Damous,anfitrião do ato, afirmou que o poder paralelo re-presentado pelas milícias atenta contra “a demo-cracia, o ordenamento jurídico e o próprio EstadoDemocráticode Direito”.Aludindo ao as-sassinato dePatrícia Acioli,Wadih dissenão ser possí-vel conviver, empleno século 21,com “um aten-tado ao Judici-ário porqueuma magistra-da tentavacumprir seudever”, e ame-aças ao Legis-lativo “porqueum parlamentarestá combaten-

do esta mazela que assola o Rio de Janeiro”.Os atores Wagner Moura, Camila Pitanga,

Maria Ribeiro, André Mattos e André Ramiro, ocineasta José Padilha, o escritor Júlio Ludemir, asenadora Marinor Brito, do Psol/PA, os deputadosfederais pelo Psol Chico Alencar e Jean Wyllys, osdeputados estaduais Wagner Montes, do PDT,Luiz Paulo Correa da Rocha, do PSDB, e ZaqueuTeixeira, do PT, o vereador Eliomar Coelho, doPsol; o desembargador do Tribunal de Justiça Nas-cimento Póvoas, o subprocurador-geral de Justiçade Direitos Humanos do Ministério Público esta-dual, Leonardo Chaves; a presidente da Comis-são de Direitos Humanos da Seccional, Margari-da Pressburger, a socióloga Julita Lemgruber e oex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel foram algunsdos participantes do ato. O ministro da Justiça,José Eduardo Cardozo, enviou carta de apoio, co-locando o ministério à disposição das autorida-

des estaduais.

Em ato público, OAB/RJ exige garantia de vidapara deputado ameaçado e combate à milícia

Marcelo Freixo e Wadih Damous

Margarida Pressburger, Wagner Moura, Jean Wyllis, José Padilha, Marcelo Freixo, LuizPaulo Correa da Rocha, Wagner Montes e Marinor Brito estiveram no ato

Mantendo o foco na discussão aprofundada de temas pertinentes à advocacia e à sociedade em geral, o Direito em debate,programa da OAB/RJ que reestreou na TV em rede nacional no dia 4 de outubro, tratará, em novembro, de questões urbanísti-cas relacionadas aos grandes eventos esportivos que serão realizados no estado e das alterações no Código de Processo Civil(CPC).No dia 15, o vereador Eliomar Coelho (Psol) e o presidente de honra da Comissão de Direito Urbanístico da Seccional, RicardoLira, abordarão o tema A Copa, as Olimpíadas e a remoção de comunidades. Já no dia 22, será a vez de o procurador-geral eo vice-procurador da OAB/RJ, Ronaldo Cramer e Guilherme Peres, respectivamente, além do professor de Direito ProcessualCivil da PUC/RJ Luciano Vianna Araújo, abordarem o novo CPC.O Direito em debate é transmitido pela Rede Vida todas as terças-feiras, às 21h.

Remoção de comunidades para obras da Copa e alteraçõesno CPC em pauta no programa da OAB/RJ na Rede Vida

Ricardo Lira

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Os advogados trabalhistas da capital agora po-dem devolver processos em um único local. Aten-dendo a um antigo pleito da OAB/RJ, o TribunalRegional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) inau-gurou, no dia 7 de outubro, o Protocolo da Justiçado Trabalho, que evita a locomoção dos colegas às82 varas da comarca.

A medida pretende diminuir as filas nos bal-cões das unidades e nos elevadores, gerandomais conforto e agilizando o trabalho dos ad-vogados. Além disso, o protocolo pode ser usa-do para a entrega de petições, quando estive-rem vinculadas ao processo a ser devolvido ouprotocoladas paralelamente a um processo a serentregue. O serviço já existiu na Justiça do Traba-lho, mas foi extinto em 2006 devido ao aumento donúmero de varas na capital e à falta de estruturapara a demanda.

“Um local para a devolução dos autos é umanseio antigo da OAB/RJ, que não se aquietava

Pleito antigo da OAB/RJ,protocolo único agilizará oserviço da Justiça do Trabalho

com o exaustivo trabalho dos colegas de ir e vir àsvaras onde seus processos corriam. Há cinco anoslutávamos pela reativação desse serviço”, come-morou o presidente da Comissão de Justiça doTrabalho (CJT) da Seccional, Ricardo Menezes,que representou a Ordem na solenidade.

Ricardo elogiou a atual gestão do TRT-1, que,segundo ele, vem mantendo um ótimo diálogocom a comissão, a fim de atender melhor oscolegas. “Tenho certeza de que, em breve,este tribunal vai corresponder às expecta-tivas de todos que buscam uma Justiça maisdinâmica e compatível com a era de tecnologia einformatização”, declarou.

O diretor do fórum da Rua do Lavradio, juizMaurício Pizarro Drummond, destacou, emseu discurso, o trabalho da CJT. Ele disse queo protocolo único diminuirá o fluxo no prédio,por onde circulam atualmente cerca de 12 milpessoas por dia, e, consequentemente, o tempo

de espera para atendimento nas varas.A importância de um trabalho conjunto para a

implantação do espaço foi ressaltada pelo vice-presidente do TRT-1, desembargador CarlosAlberto Araújo Drummond, que afirmou que a atu-al gestão apenas continuou um sonho antigo aoentregar a obra.

O Protocolo da Justiça do Trabalho funcionadas 10h às 17h, no prédio anexo ao fórum da Ruado Lavradio, na Lapa.

RicardoMenezes

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PANORAMA

Em cerimônia realizada no dia 18 de outubro,na sede da OAB/RJ, o prefeito do Rio de Janeiro,Eduardo Paes, sancionou o Projeto de Lei nº 789,aprovado em setembro pela Câmara Municipal eque cria o Órgão Municipal de Proteção e Defesado Consumidor (Procon-Rio). A ideia de implan-tação de um Procon municipal para promoverações de educação, orientação, proteção, fiscali-zação e defesa do consumidor na cidade foi leva-da à Prefeitura pela Comissão de Defesa do Con-sumidor da Seccional, presidida por RobertoMonteiro, que também é vereador. “Onze capi-tais do país já contam com um Procon municipal.Esta é uma tendência que o Sistema Nacional deDefesa do Consumidor está impondo. Por isso,sugerimos a criação de um em nossa cidade, paraaproximar a população do instrumento de defesade seus interesses”, explicou Monteiro.

O atendimento aos consumidores da capital

Lei de criação do Procon municipal,sugerida pela OAB/RJ, é sancionada

fluminense, que até agora erafeito pelo Procon estadual, jádeverá ser realizado pelo novoórgão a partir de novembro,de acordo com a previsão doprefeito. “Estamos criandouma estrutura diferenciadapara não permitir que certosvícios existentes em unidadespelo país se repitam na nossa.Teremos sistemas de controlepara dar transparência aoprojeto e ajudar a fazer doProcon-Rio um modelo parao Brasil”, disse Paes, se refe-rindo, entre outras ferra-mentas, ao Conselho Munici-pal Permanente de Normati-

zação, do qual a OAB/RJ fará parte, juntamente comoutras entidades, e que irá elaborar propostas e soluçõeslegislativas para o aperfeiçoamento do órgão. O prefeitoressaltou a importância de um diálogo permanenteentre o governo municipal e as instituições da so-ciedade civil: “Por intermédio do Conselho, a in-teração do Procon-Rio com a OAB/RJ e com o Mi-nistério Público será contínua”.

Para o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous,a implementação do Procon-Rio é um marco parao aperfeiçoamento da gestão pública e adminis-trativa do município. “Por mais padronizadas queas relações de consumo estejam, elas adquiremuma complexidade muito grande em uma metró-pole como o Rio de Janeiro. E nós, na verdade, vive-mos na cidade, não no estado”, frisou.

Também participaram cerimônia o vice-pre-sidente da Seccional, Sérgio Fisher, e o presidentedo Procon estadual, José Bonifácio Ferreira.

Prêmio Jurídico: inscriçõesvão até 18 de novembroOs interessados em participar do 39º PrêmioJurídico Evaristo de Moraes Filho têm até 18 denovembro para inscrever suas teses, dissertaçõesou monografias sobre os 70 anos da Justiça doTrabalho. Promovido pela Seccional, o concursopremiará os melhores trabalhos da categoriaadvogado com os valores de R$ 12 mil (1º lugar)e de R$ 10 mil (2º). Na categoria estagiário, osprêmios são de R$ 4 mil (1º lugar) e de R$ 3 mil(2º). Mais informações pelo telefone (21) 2272-2055 ou pelo e-mail [email protected].

Eduardo Paes,Wadih Damous eRoberto Monteiro

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF)decidiu, no dia 26 de outubro, que é constitucionalo Exame de Ordem, aplicado nacionalmente peloConselho Federal da OAB como requisito paraingresso do bacharel em Direito na profissão deadvogado. Segundo a decisão, o exame é uminstrumento correto para aferir a qualificaçãoprofissional e tem o propósito de garantir condiçõesmínimas para o exercício da advocacia, além deproteger a sociedade. “Justiça é bem de primeiranecessidade. Enquanto o bom advogado contribuipara realização da Justiça, o mau advogado trazembaraços para toda a sociedade”, afirmou orelator do processo, ministro Marco Aurélio Mello.Para o presidente da Seccional, Wadih Damous, adecisão põe um ponto final na questão e “é um alentopara todos os que têm consciência da importância dotrabalho do advogado no Estado de Direito”.O exame havia sido questionado pelo bacharel em DireitoJoão Antonio Volante. Ele recorreu ao STF contra adecisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região,que julgou legítima a aplicação da prova pela OAB.

Curso na ESAaborda mudançasno Código PenalA ESA promoverá, a partir do dia 1º de dezembro,o curso Mudanças no Código Penal: Dos crimescontra a dignidade sexual (Lei nº 12.015/2009).As aulas serão ministradas pelo professor ThiagoJordace, às quintas-feiras, das 18h30 às 21h30.O valor é R$ 85. As inscrições devem ser feitas noPortal da OAB/RJ (www.oabrj.org.br). Maisinformações pelo e-mail [email protected] ou pelotelefone (21) 2272-2097.

Mutirão: 218 acordos emdívidas com a SeccionalO segundo mutirão pré-processual da OAB/RJ,realizado na Justiça Federal, obteve média deacordos relacionados a dívidas com a Ordemsuperior ao primeiro. Das 260 audiências realiza-das de 3 a 7 de outubro, 218 terminaram emacordos homologados. Na ação, liderada nova-mente pela juíza federal Marcella Nova Brandão,advogados inadimplentes recebem condiçõesespeciais para o pagamento de dívidas relaciona-das às anuidades da OAB/RJ, antes mesmo de umprocesso ser distribuído.

Supremo decide, porunanimidade, que o Examede Ordem é constitucional

A presidente da Comissão de Defesa, Assistência ePrerrogativas (Cdap) da OAB/RJ, Fernanda Tórtima, foiindicada pelo presidente do Conselho Federal, OphirCavalcante, para integrar a Subcomissão Especial deCrimes e Penas da Câmara dos Deputados como represen-tante da Ordem. A Subcomissão foi instalada em agostopassado com o objetivo de promover uma reforma geral nalegislação sobre a matéria.

Fernanda Tórtima representaráa OAB em subcomissãoda Câmara dos Deputados

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CARTAS [email protected]

Conferência“Parabenizo a OAB/RJ pelo brilho da XI Conferência,

sob todos os aspectos: a organização, os temas, os

debates e a transmissão pela internet, que fechou com

chave de ouro. Estive no dia 20 de outubro e, no dia

21, só pude assistir pela internet. Estou impressiona-

da com a qualidade da transmissão. Parabéns!”

Amenia Maia (OAB/RJ 161.148)

CNJ“Quero parabenizar o presidente Wadih Damous pela

destemida posição ao propor um abaixo-assinado dos

advogados fluminenses em apoio à ministra Eliana

Calmon, corajosa corregedora do CNJ. Afinal, o

presidente do STF, ministro Cesar Peluso, tem que aceitar

que há ‘bandidos de toga’ no plantel do Poder Judiciário

nos vários tribunais do país. Cumprimento-o, também, pela

representação corajosa ao CNJ pelas arbitrariedades

do TJ no trato depreciativo das dependências da OAB/

RJ nos vários fóruns do estado do Rio de Janeiro”.

Adauto Moreira da Silva (OAB/RJ 22.956)

Gestão“Não encontro outra palavra senão sensibilidade.

Estou sensibilizado com a atenção, o carinho e a

paciência que nós, advogados veteranos, temos

recebidos desta Casa. São emails e contatos outros

nos convidando para participarmos de palestras e

conferências. São convites carinhosos em que o

funcionário demonstra real interesse pela nossa

presença, explicando pacientemente horários e

procedimentos.

E este comportamento não se prende somente aos

eventos. Parabéns pela gestão. Digo ainda que me

sindo confortável nos elogios, e agora me penitencio,

porque lamentavelmente não fui um dos eleitores do

atual presidente (...)”.

José Carlos Sarkis (OAB/RJ 27.290)

“Pela primeira vez me sinto efetivamente representado

pelo meu orgão de classe, pois tanto nos nossos

interesses como nas manifestações sobre interesses de

nossa sociedade a OAB/RJ sempre têm coincidido com

as minhas opiniões. Parabéns!”.

Luiz Fernando Waitz (OAB/RJ 55.255)

“É muito bom saber que, depois de tanto tempo

militando na advocacia, sinto que a OAB/RJ se porta

de forma a não permitir que nós advogados nos

sintamos tão desamparados profissionalmente como

em tempos idos, quando o advogado era visto e

tratado com menos valia pelos órgãos a quem estava

atrelado por força da profissão. É evidente que a

estrada é longa, mas o caminho começou a ser

percorrido e não tem mais volta ao antigo sistema de

sentimento de indignidade que pairava no semblante

dos advogados. Aproveito a oportunidade para

parabenizar a iniciativa do ônibus com mais conforto

e a sala para entrega de autos da Justiça do Trabalho”

Edna Laranjeiras (OAB/RJ 100.027)

Protocolo do TRT“A Comissão de Justiça do Trabalho da OAB/RJ

realizou antiga aspiração dos advogados trabalhistas

com a inauguração, pelo TRT, da Casa do Protocolo.

Essa conquista se deve à persistência, à dedicação e

ao espírito público do presidente da comissão,

Ricardo Menezes. Sua atuação me deixa orgulhoso”.

Celso Soares, ex-presidente do IAB

“Diante de mais essa conquista, tenho a dizer que

cada vez mais me fazem orgulhar de ser advogado,

motivo de que já havia esquecido. Parabéns a toda a

equipe. É a OAB/RJ mostrando trabalho”.

José Bôfim, presidente da OAB/Queimados

“Gostaria de parabenizar o trabalho e a luta da

Comissão da Justiça do Trabalho. Em pouco tempo de

criação, já conseguiu grandes conquistas para a

classe, a última delas, a criação de um novo protocolo

no TRT, que irá receber petições e autos processuais, e

é de grande valia àqueles que militam na justiça do

trabalho. Por certo, a rotina de trabalho do advogado

trabalhista sofrerá considerável influência positiva

com o novo protocolo (...)”.

Raphael Lopes da Costa Correia (OAB/RJ 163.395)

N. da R: Também enviaram mensagens à Comissão da

Justiça do Trabalho, elogiando a criação do novo

protocolo, os advogados Carlos Antonio Pires Correia,

Ana Cristina de Lemos Santos, Paulo Renato Vilhena

Pereira, Ricardo Alves Cruz, Vagner Couto, Deborah

Pietrobon, Viviane Holanda, Maria Goretti L.

Rodrigues, Rodrigo Sá, Fernando Moreira e Claudio

Goulart.

Exame de Ordem““Li a entrevista de Miguel Reale Jr. na edição de

outubro, sobre o Exame de Ordem. Sou antigo, minha

inscrição definitiva é 9956. Lidei com a profissão

desde o início da década de 1950, inscrito como

solicitador. Sou bacharel em Direito pela PUC, turma

de 1959. Desde esses idos já havia uma conversa

entre nós, pois sentíamos que era muito fácil obter

inscrição na OAB. Na década de 1950 e nas imedia-

tamente seguintes, não era tão fácil colar grau em

Direito. As faculdades exigiam que o aluno estudasse.

Em 1966, ingressei no Ministério Público, e hoje estou

aposentado como procurador de Justiça. Ao prestar o

difícil concurso, compreendi que eu tinha base, ou

seja, minha formação de bacharel tinha sido forte.

Seguindo a vida, lecionei vários anos em torno da

década de 1980, interrompi e voltei a lecionar 11

anos consecutivos a partir de 1990. Lecionei Direito

Administrativo, Penal, Processo Penal e Constitucio-

nal. (...) Certo é que, nos últimos cinco anos —

arredondando —, caiu muito a qualidade do aluno. As

faculdades de Direito deixaram de ser casas de ensino

e, no momento, são ‘empresas comerciais’. Estão

interessadas em lucro, mesmo com o sacrifício do

currículo e do aprendizado (...). Na última em que

lecionei, a direção estava despedindo os professores

com doutorado, porque a estes teria que pagar melhor

salário. Como sabemos, o advogado exerce uma

função social de alta relevância, desde os tempos

imemoriais. Lidar com as liberdades e com os

patrimônios é coisa da maior seriedade. Falar em

direito de defesa patrocinado por advogado incompe-

tente é neg ar a defesa e aviltar a liberdade. Muito

sonhávamos em que a OAB criasse alguma barreira

que impedisse os aventureiros e os incompetentes de

exercer a profissão. Parecia um sonho irrealizável. O

Exame de Ordem, para nós, bem antigos, beira o

milagre. Claro que às faculdades comerciais este

exame não interessa, até porque, está óbvio, são elas

que estão sendo reprovadas. Fiquei surpreso em saber

que o MP Federal está apoiando a tentativa de afastá-

lo. Claro que não há que se falar em ‘reserva de

mercado’ (não conheço o parecer do MPF). Já na

Declaração dos Direitos da Revolução Francesa estava

assinalado, no artigo 17, que nenhum direito poderia

ser exercido fora ou acima da lei e que todos os

direitos são limitáveis, princípio básico de uma

democracia. Ora, ao estabelecer e exigir condições

adequadas ao exercício de uma profissão, a autarquia

profissional que a fiscaliza está agindo dentro da lei e

exercendo a relevante função social que lhe foi

delegada pelo Estado. É comum ouvir opiniões no

sentido de que as outras ordens deveriam seguir a

OAB. (...) Temos certeza de que a OAB lutará para

manter o exame, no que poderá contar com seus

membros”.

Telius A. Avelino Memoria

Freixo“Compareci ao ato em defesa da vida do deputado

estadual Marcelo Freixo, no dia 17 de outubro, e

gostaria de parabenizar a casa pela iniciativa e pelo

prestígio ao parlamentar que vem pondo em risco sua

vida para combater o crime organizado fluminense.

Tal iniciativa, junto com a posição da Seccional nos

debates sobre Comissão da Verdade e Lei de Anistia,

demonstra a sensibilidade da atual gestão quanto a

temas fundamentais para reconstrução da nossa

sociedade gravemente contaminada pela herança do

regime militar. (...)”

Guilherme Jorge (OAB/RJ 118.649)

Page 24: Tribuna do advogado de novembro de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADOÓrgão de Divulgação da OAB/RJAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andarCentro - Cep 20020-080 - Rio de Janeiro - RJ

Demóstenes Torres

ENTREVISTA

MARCELO MOUTINHO

A PEC proposta pelo senhor assegura aoCNJ o poder de punir magistrados envolvi-dos em irregularidades. Essa já não era a mis-são do órgão quando criado? Por que umaPEC com tal finalidade?

Demóstenes - Sim. O CNJ foi criado exata-mente para exercer o controle financeiro e admi-nistrativo do Poder Judiciário, portanto, com o po-der de punir os maus juízes. Ocorre que o Supre-mo Tribunal Federal (STF) tem apontado no sen-tido de interpretar o dispositivo constitucional demaneira que o CNJ não poderia agir de forma con-corrente com as corregedorias dos respectivos ór-gãos do Poder Judiciário. Sua atuação somente sedaria após a manifestação daquelas. Ora, ninguémjamais imaginou criar um órgão do tamanho doCNJ para servir apenas como instância recursaldas corregedorias locais. Além do mais, proble-mas internos no CNJ estão ameaçando transfor-mar o Conselho em uma estrutura pesada, custosapara a União, ineficiente e inútil. Daí, não vi outro

caminho que não o de deixar ainda mais claros naConstituição os poderes do CNJ.

A Associação dos Magistrados Brasilei-ros (AMB), que contestou no Supremo a atu-ação do CNJ, alega que as corregedorias dostribunais exercem o papel de investigar assuspeitas sobre juízes. As corregedorias nãovêm fazendo esse trabalho?

Demóstenes - É claro que sim. E o CNJ, comoo Conselho Nacional do Ministério Público(CNMP), não teria estrutura para investigar osdesvios cometidos por todos os juízes brasilei-ros. A Corregedoria do CNJ deve, e tem, o poderde avocar os procedimentos investigatórios noscasos em que julgar necessário, principalmenteonde verificar que, por puro corporativismo, con-dutas ilícitas não estão sendo adequadamenteinvestigadas.

O senhor concorda com corregedora na-cional de Justiça, Eliana Calmon, que afirmouque há “bandidos de toga” na magistratura?

Demóstenes - Não acho recomendável resu-mir o teor de uma entrevista inteira em uma frase

apenas. Desvios de conduta ocorrem em todas asinstituições. Portanto, é claro que juízes tambémcometem infrações disciplinares e até crimes. Eisso a imprensa noticia com frequência. Então,imagino que a ministra quis dizer que há juízesque praticam crimes e que precisam ser punidossevera e exemplarmente. E nisso, sem utilizar amesma expressão, estou plenamente de acordocom ela.

E quanto ao Congresso Nacional? Há ban-didos com mandato parlamentar?

Demóstenes - Como já disse, desvios de con-duta existem em todas as instituições. No Con-gresso Nacional não poderia ser diferente. Há umnúmero expressivo de parlamentares que respon-dem a processos de toda natureza. Deimprobidade administrativa a crimes graves. Etodos os que comprovadamente praticaram os atospelos quais são acusados, a exemplo dos juízes, devemser punidos, com o máximo rigor. Lugar de criminosoé na cadeia, seja deputado, senador, ministro, juiz oudesembargador. A pena deve ser igual para todos. Equem não deve, não tem nada a temer.

‘CNJ não foi criadopara ser apenasinstância recursaldas corregedorias’Autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que garante aoConselho Nacional de Justiça (CNJ) competência para investigar epunir magistrados antes de as corregedorias dos tribunais concluíremsuas investigações, o senador Demóstenes Torres (DEM/GO) lembra que oórgão foi criado para exercer o controle administrativo e financeiro doJudiciário. “Portanto, com o poder de punir os maus juízes”,resume ele, que concedeu a seguinte entrevista à TRIBUNA.