tribuna do advogado oab/rj (dezembro de 2011)

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Vitória da OAB/RJ: Câmara aprova honorários de sucumbência na JT

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Page 1: Tribuna do Advogado OAB/RJ (Dezembro de 2011)
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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 2

TRIBUNA DO ADVOGADO

Diretor:Wadih Damous

Chefe de ComunicaçãoSocial:Cid Benjamin([email protected])

Editor:Marcelo Moutinho - MTB 18.955([email protected])

Reportagem:Patrícia Nolasco([email protected])Cássia Bittar([email protected])Renata Loback([email protected])

Fotografia:Francisco Teixeira e Lula Aparício

Publicidade:Eduardo Sarmento([email protected])Tel: (21) 2272-2066

Projeto gráfico:Victor Marques([email protected])

Impressão: Ediouro

Tiragem: 128.000 exemplares

Departamento deJornalismo e Publicações:Av. Marechal Câmara, 1507º andar - CasteloRio de Janeiro - CEP: 22020-080Tels: (21) [email protected]

Jornal fundado em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

OAB - Seção do Estado do Rio de JaneiroAv. Marechal Câmara, 150 - Tel: (21) 2730-6525

Nesta edição

WADIH DAMOUS

RECADO DO PRESIDENTE

A VI Semana Nacional de Conciliação, projeto do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quereuniu todos os tribunais brasileiros na realização de milhares de audiências entre os dias 28de novembro e 2 de dezembro, abrangeu o terceiro e maior mutirão pré-processual da OAB/RJ, organizado pelo Núcleo Permanente de Solução de Conflitos da 2ª Região (NPSC),vinculado ao Tribunal Regional Federal da 2ª região (TRF-2).Na ocasião, 2.930 advogados com anuidades atrasadas foram convocados a sanar as dívidascom a Ordem com condições especiais de pagamento, antes de os processos serem distribuí-dos. “Litigar é muito doloroso. A participação da OAB/RJ nesse projeto é fundamental. Porque deixar correr essas ações de anuidade se elas podem ser resolvidas amigavelmente?”,observou a presidente do TRF-2, Maria Helena Cisne.“É importante criarmos uma cultura de conciliação, pois os advogados costumam achar queperdem com isso, quando, na verdade, cumprem um compromisso social, além de teremseus honorários garantidos”, afirmou o vice-presidente da Seccional, Sérgio Fisher, naabertura do evento.

Seccional participa da VI SemanaNacional de Conciliação do CNJ

Advocacia perde Ronald AlexandrinoRonald Alexandrino, conselheiro federal suplente pelo Rio de Janeiro, faleceuno dia 27 de novembro. Formado pela Faculdade de Direito do DistritoFederal, hoje Uerj, doutor em Direito Público pela antiga Faculdade Nacionalde Direito, atual UFRJ, Alexandrino militou por mais de 50 anos, tenho sidopresidente da Comissão de Exame de Ordem do Conselho Federal, entre 2003e 2006, e conselheiro seccional por cinco mandatos (1991 a 2003). Era,também, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB).

Vitória históricada OAB/RJ

A capa desta TRIBUNA DO ADVO-GADO já estava pronta e seria dedicadaà Conferência Nacional dos Advogados, re-alizada em Curitiba (PR) entre os dias 20 e24 de novembro. No entanto, notícia che-gada no dia 29 nos fez modificá-la ereformular toda a edição do jornal: acaba-va de ser aprovado na Câmara dos Deputa-dos o projeto de lei que institui honoráriosde sucumbência na Justiça do Trabalho.

Com essa votação, não é exagero di-zer-se que está prestes a se tornar rea-lidade uma aspiração histórica dos ad-vogados trabalhistas de todo o país. Es-tes, diferentemente do que acontece comcolegas que militam em outras áreas doDireito, não têm direito aos honoráriosde sucumbência — injustiça que estáprestes a chegar ao fim.

Iniciativa da OAB/RJ, o projeto foiaprovado em caráter terminativo na Co-missão de Constituição e Justiça (CCJ)da Câmara. Por isso, não precisará servotado no plenário, indo diretamentepara o Senado. E, nesta última Casa, hárazões também para otimismo em rela-ção à sua tramitação. Basta se ver o re-sultado da votação na CCJ da Câmara:77 votos a favor, um contrário e um pelaabstenção. É difícil que o quadro sejatão diferente no Senado.

É hora de se reconhecer e agradecera valiosa contribuição dos juristas Ar-naldo Süssekind e Benedito CalheirosBomfim na elaboração do projeto. E,também, de se ressaltar o incansável tra-balho do ex-presidente da Comissão deEstudos sobre Honorários de Sucum-bência, Nicola Manna Piraino, para asua aprovação.

Desde o ano passado, a Seccionaltem feito todos os esforços a seu alcan-ce para tornar realidade essa reivindi-cação. Além de manifestos públicos, or-ganizou um abaixo-assinado subscritopor mais de oito mil advogados.

A OAB/RJ se orgulha de ter sido pio-neira nesta luta, cujo resultado vai be-neficiar colegas de todo o país.

Foi uma grande vitória da nossaSeccional.

Mas foi, antes de tudo, uma grandevitória de toda a advocacia brasileira.

* * *Foi muito expressiva a participação

dos advogados do Rio na XXI ConferênciaNacional da OAB. Nossa delegação foi umadas mais numerosas: mais de 200 colegasdo estado se fizeram presentes — entre elestodos os presidentes de subseções.

Demos uma demonstração de com-promisso com o futuro da advocacia emnosso país.

OAB/RJ participa de passeata contra aredistribuição dos royalties do petróleoEngajada nessa luta desde 2010, quando foi votada a primeira emenda queafetaria os estados produtores de petróleo, a Seccional participou ativamentede do manifesto contra a proposta do senador Vital do Rêgo, que corre naCâmara dos Deputados, e, se aprovada, pode causar um prejuízo de até R$50 bilhões aos cofres fluminenses nos próximos anos. Segundo Wadih, oprojeto é inconstitucional. Página 9

Análise da Lei Seca sob oviés jurídico suscita polêmicaEmbora a redução do número de mortes de trânsito sejaum resultado positivo reconhecido por advogados, juízes epromotores, a Lei nº11.705/2008 divide opiniões no queconcerne à sua constitucionalidade e efetividade. A novaredação dada pela chamada Lei Seca ao artigo 306 do

Código de Trânsito Brasileiro é um dos motivos de divergências. Páginas 12 e 13

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 3

MANUELA OITICICA

Os advogados trabalhistas de todoo país estão perto de alcançar um fei-to histórico: por 77 votos contra um euma abstenção, a Comissão de Cons-tituição, Justiça e Cidadania (CCJ) daCâmara dos Deputados aprovou, emcaráter terminativo, o Projeto de Leinº 3.392/2004, que estende à esferatrabalhista a obrigação da cobrançados honorários de sucumbência. Otexto final do projeto, que teve HugoLeal (PSC/RJ) como relator, incorpo-rou quase integralmente as propos-tas da OAB/RJ e torna obrigatória,também, a participação dos advoga-dos em ações que correm nessa esfe-ra do Judiciário. Como a aprovação,que ocorreu em sessão do dia 29 denovembro, foi em caráter terminativo,o texto segue diretamente para o Se-nado sem a necessidade de passarpelo plenário da Câmara.

“Trata-se de reivindicação histó-rica dos colegas trabalhistas que, aocontrário de profissionais que atuam

Câmara aprova honoráriosde sucumbência e presençaobrigatória do advogadona Justiça do Trabalho

Benedito Calheiros Bomfim*

É com orgulho e grata satisfação que comunico aos colegas advogadostrabalhistas a memorável vitória, com a arrebatadora votação, na Comis-são de Constituição de Justiça e Cidadania (CCJC), da indispensabilidadedo advogado e seus honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho,ato que foi acompanhado de perto pelo ex-presidente da Comissão deHonorários de Sucumbência, Nicola Piraino, e por Ricardo Menezes,

presidente da Comissão da Justiça do Trabalho da Seccional.A conquista foi fruto de incansável trabalho perante aos deputados membros da CCJC,da OAB/RJ e de suas duas comissões, com a imprescindível participação dos colegasna mobilização dos parlamentares (...) Após a luta de várias gerações de advogadostrabalhistas, tivemos a aprovação do substitutivo, que agora será remetido diretamentepara a CCJ do Senado. Vamos dar continuidade ao nosso trabalho junto aos senadores.

* Vice-presidente de Assuntos Jurídicos da Comissão Especial deEstudos de Honorários de Sucumbência da Justiça do Trabalho da OAB/RJ

em outras áreas do Direito, não rece-bem os honorários dessa natureza. AOAB/RJ está orgulhosa de ter sido pi-oneira nesta luta e de ter empunhadoessa bandeira, que vai beneficiar ad-vogados de todo o país. Foi umaenorme vitória da nossa Seccional,mas foi, antes de tudo, uma vitória detoda a advocacia”, comemorou o pre-sidente da OAB/RJ, Wadih Damous,que esteve no Tribunal Regional doTrabalho do Rio (TRT-1) da Rua doLavradio, no dia 30, para entregar aoscolegas um panfleto com a notícia. Aolado dele, estavam os presidentes daCaarj, Felipe Santa Cruz, da Comis-são da Justiça do Trabalho, RicardoMenezes, e vários conselheiros.

A satisfação de Wadih é compar-tilhada por colegas que militam noTRT-1. Caso, por exemplo, deLuciano Gago, para quem as possí-veis mudanças na lei significam umavanço, principalmente, nos proces-sos que correm no interior do estado.Ouvido pela TRIBUNA DO ADVO-GADO na porta do tribunal, à Rua do

Lavradio, ele disse: “Ações movidaspela própria parte não são corriquei-ras na capital, mas ainda ainda sãouma realidade no interior do estado.Se for aprovada, a lei vai acabar comesse desequilíbrio entre as partes”.

Já o advogado Victor Rodriguesdestaca que a nova lei pode impulsio-nar os acordos e ajudar na celeridadeprocessual. “Como vai haver um valora mais para a parte perdedora pagar,os processos podem passar a ser re-solvidos até na primeira audiência,ajudando a diminuir essa quantida-de imensa de processos acumuladosna Justiça do Trabalho”.

Campanha da Seccionalcomeçou em 2007

A campanha da OAB/RJ pelos ven-cimentos começou em 2007, quandofoi criada a Comissão de Estudos deHonorários de Sucumbência na Jus-tiça do Trabalho. Presidida durantequase quatro anos por Nicola Piraino, acomissão recebeu sugestões de ad-vogados, realizou seminários com es-pecialistas e contou com a colabora-ção dos juristas Benedito CalheirosBomfim e Arnaldo Süssekind. Foi redigi-do um manifesto, incorporado em gran-de parte ao projeto aprovado na Câmara,e recolhidas cerca de oito mil assina-turas de apoio à campanha.

A participação de Süssekind é um

dos aspectos que fortalecem a luta daSeccional. O jurista e ex-ministro foico-autor da Consolidação das Leis doTrabalho (CLT), que, pelo artigo 791,permite a empregados e empregado-res acionarem pessoalmente à Justi-ça – princípio do jus postulandi. Di-ante da complexidade que a Justiçado Trabalho, pouco a pouco, foi ad-quirindo, Süssekind optou por pedira revogação do artigo que ele mesmoajudara a instaurar.

“Ao propugnar a revogação do art.791 da CLT, o ministro ArnaldoSüssekind, em gesto de probidade in-telectual e científica, concluiu pelanecessidade de, nesse particular, re-formar o Estatuto Trabalhista, paraadequá-lo às exigências da realidadeatual. Seu gesto equivale à pá de calque faltava para a erradicação do di-reito do leigo de se autorrepresentarna Justiça do Trabalho”, afirmouCalheiros Bomfim em artigos sobre oanacronismo do jus postulandi.

Seja por ajudar o advogado traba-lhista a se sentir mais respeitado oupor dar a ele uma nova fonte de remu-neração; seja por garantir o equilíbrioentre as partes do processo ou porcontribuir para a celeridade proces-sual, a vitória na Câmara é uma con-quista que pode ser comemorada porcolegas de todo o país e pela popula-ção em geral.

Conquista coroa luta travada pela OAB/RJ desde 2007

Uma vitória memorável

Felipe Santa Cruzinforma um colegada vitória da OAB/RJ

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 4

Ressaltandosempre que asprerrogat i vasprofissionais nãosão privilégios,

mas condição para o exercício da ad-vocacia, Wadih foi além, caracterizan-do tais garantias como condição parao efetivo exercício da cidadania. “Porisso, o respeito às nossas prerrogati-vas profissionais interessa também àsociedade. Mais: é condição necessá-ria para uma sociedade democrática”.

Ele lembrou o artigo 133 da Cons-tituição — “O advogado é indispen-sável à administração da Justiça, sen-do inviolável por seus atos e manifes-tações no exercício da profissão, noslimites da lei” —, insistindo que nãopode se tornar um enfeite. E bateuforte: “Muitos juízes não compreen-dem a importância e a profundidadedesse artigo e, no fundo, consideramque nossas prerrogativas são privilé-gios. Por isso, o desafio é não deixarque o que determinam a Constitui-ção e o Estatuto da Advocacia se torneretórica vazia e letra morta”.

O presidente da Seccional salien-tou, ainda, que muitas vezes profis-sionais sofrem a impopularidade dosclientes, sendo identificados com elespela opinião pública. E lembrou o que

Wadih faz enfática defesadas prerrogativas da classe

ocorreu recentemente em São Paulocom os defensores do casal Nardoni:“Eles foram quase linchados. E, an-tes mesmo de irem a julgamento,seus clientes já tinham sido conde-nados pela opinião pública”.

A atuação da Comissão de Defe-sa, Assistência e Prerrogativas (Cdap)da Seccional foi citada. “Nosso jor-nal, a TRIBUNA DO ADVOGADO,tem em todas as suas edições espa-ços generosos para informar a atua-ção da Cdap, numa demonstraçãocabal do valor que damos ao tema dasprerrogativas”.

Outro aspecto enfatizado foi a im-portância de que os profissionais deDireito tenham pleno conhecimentode suas prerrogativas e a compreen-são da necessidade de que elas se-jam respeitadas. “Há colegas quedesconhecem nossos direitos. En-

o comportamento daqueles que cum-prem a lei e reconhecem nossas prer-rogativas. Por isso, vou citar aqui umapassagem do despacho do juiz Eduar-do Klausner, da 7ª Vara de FazendaPública, que revogou decisão anteri-or. Ele foi enfático ao reconhecer a im-portância da preservação dos nossosdireitos: “O advogado exerce funçãoessencial à Justiça e à manutenção doEstado de Direito, possuindo prerro-gativas invioláveis conforme coman-do do artigo 133 da Constituição Fe-deral. A violação das prerrogativas dosadvogados pelo Poder Público éautoritarismo que remete aos déspo-tas, tiranos e ditadores, os quais nu-triam ódio aos advogados, pois na sua‘árdua fatiga posta a serviço da Justiça’arrostavam a prepotência dos poderososao exercer o seu múnus. (...) Quando vio-ladas as prerrogativas dos advogados,também restam violados os direitosfundamentais do indivíduo”.

Wadih criticou, ainda, “afamigerada aplicação de multa pro-cessual”, prevista no Código de Pro-cesso Penal. “Há juízes viciados naaplicação do artigo 265 do código”,disse, lembrando o caso recente deum advogado condenado a pagar mul-ta porque se levantou da mesa numaaudiência para buscar um colega nocorredor e foi acusado de abandonoprocessual. “Nossa Cdap conseguiuanular a punição”, contou.

Outra arbitrariedade citada porele: há juízes que responsabilizamadvogados que juntaram ao pro-cesso documentos fornecidos porclientes e que se revelaram falsos.“Também nesse caso impetramoshabeas corpus e não houve conde-nação”.

Wadih também detalhou a reaçãoda OAB/RJ diante de abusos de au-toridade da Polícia Federal em di-ligências efetuadas em escritóri-os de advocacia, criticando dura-mente a decisão do juiz VlamirCosta Magalhães, da 4ª Vara FederalCriminal do Rio de Janeiro, diante dopedido de que a OAB/RJ sejacomunicada com antecedência paraque possa acompanhar diligências emescritórios de advocacia, mantido o si-gilo a respeito dos locais alvos da in-vestigação. O juiz disse que a Ordempretendia fazer desses escritórios“paraísos penais”.

frentar essa situação é essencial, in-clusive usando a Escola Superior deAdvocacia (ESA) para dar cursos paracomeçar a superar esse problema.”

Sempre ressaltando que a OAB/RJ tem conseguido bons resultados aocombinar a mobilização e a pressãosobre autoridades com a negociação,Wadih lembrou como exemplo do su-cesso dessa política o fato de que a revis-ta de advogados na porta dos tribunais écoisa do passado no Rio de Janeiro.“Não somos mais humilhados em nos-sos locais de trabalho”, frisou. A resis-tência de juízes e, até, de serventuáriosda Justiça na permissão de vista dosautos foi também abordada. “Tododia recebemos queixas de negativa devista dos autos e agimos”.

“Tenho por hábito criticar juízes”— comentou Wadih, com bom hu-mor —, “mas não me nego a valorizar

Wadih: “O desafio é não deixar que o que determinam a Constituiçãoe o Estatuto da Advocacia se tornem retórica vazia e letra morta”

Passar do discurso de defesa dasprerrogativas para uma açãoprática que garanta que sejamrespeitadas é o grande desafioda advocacia, afirmou opresidente da OAB/RJ, WadihDamous, em sua palestra na XXIConferência Nacional da Ordem.“Temos uma luta permanente efundamental: tornar realidadenosso catálogo de direitos”, disseele aos participantes do encontro,realizado entre 20 e 24 denovembro, em Curitiba (PR).

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 5

O trabalho incansável da OAB/RJ em defesa das prerrogativas

profissionais foi reconhecido por colegas de vários estados que

compareceram ao painel Direitos e garantias dos advogados.

Informado por Wadih Damous, um dos palestrantes do painel,

de que a Seccional do Rio havia proposto ao ministro da

Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Ordem fosse avisada com

24h de antecedência sobre diligências da Polícia Federal em

escritórios, Ernando Uchoa Lima, que presidia a mesa, propôs o

apoio de todos os presentes à medida, o que foi acolhido de

imediato pelos advogados.

Os participantes manifestaram, também, crítica à decisão

judicial que considerou “despropositados” os pedidos da

Seccional em relação ao aviso prévio, conforme noticiado na

revista eletrônica Consultor Jurídico.

A terceira medida da OAB/RJ que resultou em apoio do público

tem relação com o êxito da Comissão de Defesa, Assistência e

Prerrogativas da Seccional (Cdap) ao obter liminar deferindo

vista de autos a advogado sem procuração. O caso ocorreu em

maio, em processo que tramitava na Secretaria Municipal do

Meio Ambiente. A decisão do juiz Eduardo Klausner, da 7ª

Vara de Fazenda Pública, que se posicionou a respeito da advoca-

cia, recebeu moção de apoio dos presentes.

Congressistas apoiam açõesda OAB/RJ em defesa deprerrogativas profissionais

A presidente da Comissão de Defe-sa, Assistência e Prerrogativas (Cdap)da OAB/RJ, Fernanda Tórtima, partici-pou do painel que debateu aspectos doCódigo Penal, ao lado do deputado fede-ral Alessandro Molon (PT/RJ), presi-dente da Subcomissão Especial de Cri-mes e Penas da Câmara dos Deputados,entre outros palestrantes.

Um dos assuntos em pauta foi a di-minuição de penas para crimes contra osistema financeiro, de forma a torná-lasproporcionais às penas previstas para oscrimes contra a vida. “A ideia seria tornarpossível a suspensão condicional do pro-cesso em relação a vários crimes previs-tos na Lei nº 7.492/86”, afirmou Fernanda.Foi proposta, também, a alteração na redação de cri-mes de gestão fraudulenta e temerária, e de em-préstimo vedado, “para que passem a exigir o pe-rigo concreto para o bem jurídico”, explicou.

A lei de lavagem de dinheiro foi outro pontoabordado nas discussões. Uma das teses levanta-das foi a de que a pena para crimes que infrinjamessa lei não ultrapassem a prevista para o crimeantecedente que gerou os rendimentos a serem

Estande do Rio, ponto de encontroentre advogados de todo o Brasil

lavados. Uma outra possibilidade, ainda, seria avedação da punição pela lavagem de dinheiro da-quele que houver sido punido pelo crime antece-dente.

Além de Fernanda e Molon, compuseram amesa Juliano Breda, secretário-geral da OAB/Pa-raná, os criminalistas Antonio Sergio Pitombo eLuciano Feldens. Fernanda e Breda são integran-tes da comissão presidida por Molon.

Nos quatro dias do evento, oestande da OAB/RJ na XXI Con-ferência se transformou emponto de encontro para advoga-dos de todo o país. A programa-

ção visual do estande lembrava juristas que, tendomigrado de outros estados, fizeram do Rio de Janei-ro o palco de suas carreiras e de sua história. “Criamosesse espaço com a intenção de integrar os colegasadvogados usando algumas características do nos-so estado”, afirmou o presidente da Caarj, FelipeSanta Cruz, na inauguração.

Felipe lembrou alguns pontos marcantes datrajetória da OAB/RJ na luta pela democracia, umdos temas da conferência, e citou a recente cria-ção da Comissão da Verdade. “Essa comissão de-sempenhará um papel importante para o país. AOrdem foi a principal questionadora do períododa ditadura e não pode descansar nos tempos dedemocracia”, discursou, sublinhando a que aSeccional do Rio ajudou a impulsionar os debatespela abertura de arquivos.

Representando o presidente da Seccional,Wadih Damous, o vice-presidente Sérgio Fisherressaltou que o estande fazia referência à alegria

do povo do Rio, formado pela mistura de culturase gêneros: “O Rio tem um pouco de tudo do Brasil.E uma mistura que dá um charme diferente”.

A boa receptividade foi expressa pelos visitan-tes do espaço, como destacou o advogado capixabaAndre Carvalho Lemos: “As mesas e os painéiscriam uma integração e garantem o clima de ale-gria que o Rio tem”. Para a amazonense TatianaDallagnol, o ambiente descontraído e o tratamen-to dispensado valorizaram o espaço. “É bom rela-xar em um local agradável entre uma e outra palestra.O estande do Rio é o melhor do evento”, resumiu.

O estande ofereceu aulas de certificação digi-tal e sediou o lançamento do livro Os fantasmas dacidade, do ex-presidente do Conselho FederalHerman Assis Baeta, que autografou exemplarespor quase três horas. Também visitaram o espaçoa ministra do Tribunal Superior de TrabalhoDelaíde Miranda e o ex-presidente do Conse-lho Federal Cezar Britto. Ele foi recebido pelapresidente da Comissão de Direito e Tecnologiada Informação da OAB/RJ (CDTI), Ana AméliaMenna Barreto, a quem entregou um exem-plar do livro Almas livres, corpos libertos, queacaba de lançar.

Fernanda Tórtima debateu Código Penal

Felipe Santa Cruze Sérgio Fisher

Fernanda Tórtima e Alessandro Molon

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 6

No fim do painel que debateu oDireito Social do Trabalho — e queteve como relator Marcus ViniciusCordeiro, conselheiro federal da OABpelo Rio —, o advogado CarlosHenrique de Carvalho, que é conselhei-ro estadual, propôs, em nome da bancadada Seccional do estado, o engajamentoda Ordem no esforço desenvolvidopelo Judiciário para a diminuição donúmero de acidentes de trabalho.

Pela proposta, aprovada por acla-mação pelos presentes no painel, aOAB Federal se engajará no Progra-ma Nacional de Combate aos Aciden-tes de Trabalho, promovido pelo Tri-

Cláudio Pereira propõe modeloseleitorais diferentes no país

No painelsobre reformapolítica, o con-selheiro fede-ral pelo Rio

Cláudio Pereira de Souza Neto, que étambém presidente da Comissão deEstudos Constitucionais da OAB Fe-deral, trouxe um enfoque original aodebate, defendendo a realização deexperiências com modelos eleitoraisnão necessariamente iguais em todoo território nacional.

Tendo como seu tema específicoReforma política, federação eexperimentalismo constitucional,Cláudio partiu de um diagnóstico ne-gativo do atual sistema eleitoral: “Écaro e propicia a influência do poder

econômico. O financiamento privadotransfere as desigualdades existen-tes na sociedade para o campo da po-lítica”, afirmou.

Ele constatou a existência de con-senso no país sobre a necessidade deuma reforma política, mas apontouuma dificuldade para que seja reali-zada: a falta de entendimento a res-peito de seu conteúdo. E perguntou,trazendo à tona uma dificuldade adi-cional: “Quem fará a reforma? Osmesmos parlamentares eleitos noatual sistema? Ora, em tese, eles nãoteriam interesse em mudar as regrasdo jogo”, disse.

Cláudio apontou, ainda, uma pre-ocupação entre os parlamentares etambém presente no Judiciário, o que

considerou justificável, com a possi-bilidade de que eventuais mudançastragam resultados inesperados — eindesejados.

A partir daí, apresentou, então,sua proposta: trabalhar com experimen-tações institucionais. E foi mais longe,sugerindo a possibilidade de adoçãopelos estados de sistemas eleitoraisdiferentes, mas dentro de um lequede opções aprovadas no plano federal.

A Constituição delega competên-cia exclusiva à União para legislarsobre matéria eleitoral, mas, segun-do Cláudio, a adoção desse modelo nãoexigiria uma reforma constitucional.“Uma lei federal complementar fixa-ria quatro modelos — todos dentrodo sistema proporcional, justamentepara não ferir a Constituição — pelosquais os estados poderiam optar. Asvantagens seriam que cada estadopoderia escolher um modelo que se ade-quasse à sua realidade específica e, alémdisso, uma vez experimentado um deter-minado modelo, se ele não desse cer-to, poderia ser modificado”.

Rio quer engajamento da Ordem nocombate a acidentes de trabalho

bunal Superior do Trabalho (TST).Além disso, suas seccionais promo-verão audiências públicas sobre aquestão, nos moldes da realizada re-centemente pelo TST.

“A relevância dessa questão éenorme. Segundo o INSS, há mais de700 mil acidentes de trabalho a cadaano, ocasionando mais de 2.700 mor-tes”, informou Carlos Henrique.“Deve ser levado em conta, ainda, queesses são dados oficiais, que, portan-to, não incorporam parte dos aciden-tes ocorridos na economia informal”,complementou Marcus Vinicius.

O presidente do Instituto dos Ad-vogados Brasileiros (IAB), FernandoFragoso, foi muito aplaudido, no dia21 de novembro, ao propor moção derepúdio à redução da concessão dehabeas corpus, por parte dos tribu-nais, sob pretexto de diminuir ovolume do trabalho forense.Fragoso, que participava do painelDireito e garantias do investigado,indiciado e réu, fez a crítica antesmesmo de iniciar sua palestra sobreo juiz de garantias no projeto do Có-digo de Processo Penal.

Foi uma explanação didática, naqual apresentou ao público esse novopersonagem do Judiciário, que seriaresponsável pelo acompanhamentodos inquéritos policiais e pelas me-didas propostas antes do oferecimen-to da denúncia. O presidente do IABsalientou que sua criação implicará apresença de dois magistrados emcada comarca. “Se sabemos que hojehá comarcas que não contam sequercom um juiz, creio que teremos pro-blemas”, disse ele, revelando que oInstituto formulou proposta alterna-

Fragoso repudia redução naconcessão de habeas corpus

tiva de novo Código, transformada emprojeto de lei por iniciativa do depu-tado federal Miro Teixeira (PDT/RJ).

O texto produzido pelo IAB vedaque os magistrados que participamda coleta de provas julguem o proces-so e proíbe a investigação penal peloMinistério Público — “o MP é parteno processo e não pode ter um podersuperior ao da parte contrária”, argu-mentou Fragoso, defendendo, tam-bém, que o depoimento do réu passea ser facultativo.

Fernando Fragoso

Cláudio Pereira:atual sistemaeleitoral é caro

MarcusViniciusCordeiro

CarlosHenriqueCarvalho

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 7

Gustavo Tepedino, ex-diretor da Faculdade de Direito

da Uerj, defendeu o reconhecimento pleno à compa-

nheira dos direitos sucessórios previstos na legislação

para o cônjuge. A tese foi sustentada em palestra no

dia 23 de novembro.

“Não pode haver hierarquia entre o casamento,

supostamente uma união de primeira categoria, e a

união estável, que seria de segunda categoria”,

afirmou. Ele lembrou, ainda, que esta última tampou-

co deve ser vista necessariamente como estágio

anterior ao casamento. “No âmbito da sucessão

hereditária não se justifica a desigualdade da base de

cálculo. E também o direito real da habitação deve

ser reconhecido para o companheiro, e não apenas

para o cônjuge. O companheiro é herdeiro necessá-

rio”, acrescentou.

Tepedino foi além, sustentando a necessidade de

extensão dos mesmos direitos “às diferentes espécies

de família”, referindo-se expressamente às uniões

homoafetivas. Segundo ele, “a perspectiva plural,

isonômica e democrática deve permear nossa visão”.

Afirmando que a opção sexual ou a opção de vida

depende de cada um, Tepedino lembrou, ainda, a

necessidade de que cartórios sejam orientados para

que aceitem tal interpretação. “A aceitação da

pluralidade e da igualdade das relações familiares

deve ser reconhecida, sem qualquer hierarquia entre

os diferentes núcleos familiares”, concluiu.

A condição da advocacia au-tônoma nas sociedades de advo-gados foi analisada pelo conse-lheiro federal Carlos Roberto

Siqueira Castro, do Rio, em painel no dia 22 denovembro. Contextualizando o tema, ele observou quevivemos tempos diferentes de outrora, quando oofício do advogado tinha “conotação romântica”.“Em passado não tão distante, abríamos o escri-tório ao lado de companheiros de faculdade, ra-chando despesas, com a cabeça cheia de sonhos ealguns delírios, que o tempo se encarregava deajustar”, recordou, salientando que a atividade secorporativizou e as sociedades são, hoje, uma re-alidade.

O advogado autônomo, observou, enquadra-seem um modelo intermediário entre o sócio e oempregado da sociedade. “O autônomo trabalhaem decorrência de uma livre pactuação contratual”,disse. Siqueira Castro ressaltou, no entanto, que,

Siqueira Castro analisa situação deadvogado autônomo nas sociedades

por determinação do Estatuto da Advocacia e doProvimento 112/2006 do Conselho Federal, os con-tratos de associação devem ser registrados naOAB. “A medida é positiva, porque garante trans-parência e a supervisão da Ordem”, elogiou. Se-gundo ele, o pacto de associação é lícito, não im-plicando rompimento com as normas celetistas e,caso fique comprovado que há relação de empre-go, a associação perde o caráter autônomo. “A Jus-tiça do Trabalho muitas vezes vêm reconhecendo,de modo excessivo, o vínculo empregatício nas as-sociações”, criticou.

Outro ponto abordado foi a possibilidade deassociação a várias sociedades. O conselheiro des-tacou que, assim como ocorre com os sócios, évedado aos advogados associados ter contrato commais de uma sociedade em uma mesma circuns-crição da OAB. “Em outros casos, como na ques-tão da responsabilidade civil, há distinção. Os só-cios podem ser responsabilizados e os associa-dos, não”, afirmou Siqueira Castro.

Sobre o assunto, ele lembrou que, em paísescomo o EUA, os escritórios fazem seguro de res-ponsabilidade para se precaver contra processosde indenização. “Clientes estrangeiros já pergunta-ram se meu escritório tinha seguro dessa natureza eexpliquei que aqui não é prática comum. Mas en-tendo que, com o adensamento das teses de respon-sabilidade profissional, em pouco tempo será”.

O conselheiro informou que a Ordem, respon-sável pelo marco regulatório da advocacia no país,já está atuando com relação às associações entreescritórios brasileiros e estrangeiros. Ele citou oexemplo da Inglaterra, onde já é possível que uminvestidor não advogado seja dono de escritório. “OBrasil não permite essa extravagância, mas começama chegar aqui modelos como esse, rigorosamenteincompatíveis com a advocacia. Como dispõe oEstatuto, o advogado, em seu mister privado, prestaum serviço público. E Ruy Barbosa já dizia que‘banca não é balcão’”, concluiu.

Tepedino defendedireitos para acompanheira e oscasais homoafetivos

Siqueira Castrocitou RuyBarbosa:“Banca nãoé balcão”

GustavioTepedino

O vice-presidente da Comissão de Direitos Humanosda OAB/RJ, Marcelo Chalréo (foto), participou de

encontro entre as comissões de direitos humanos dasseccionais, cujo principal tópico foi a situação do

sistema prisional do país. Segundo Chalréo, o Brasildetém, hoje, a terceira população carcerária do

mundo, e cerca de 200 mil presos são provisórios, ouseja, sem condenação. “A OAB Federal vai fazer umlevantamento minucioso dessa situação, de modo a

poder atuar junto aos poderes constituídos para tentarao menos minorá-la”, disse ele.

Comissões de direitos humanos discutem sistema prisional

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 8

Um dos mais im-portantes constitucio-nalistas do país, LuísRoberto Barroso apre-

sentou, na palestra de encerramentoda conferência, um decálogo de pro-postas para o país nos próximos dezanos. Tendo a democracia como pre-missa, o desenvolvimento como meioe a dignidade como fim, Barroso lis-tou suas propostas para melhoria doJudiciário, do Executivo e da socieda-de brasileira.

Para o professor de Direito da Uerj,

No encerramento, Barroso apresentadecálogo de propostas para o Brasil

o “constitucionalismo democrático”traduz a ideia de soberania popular,uma fórmula política baseada no res-peito aos direitos fundamentais e fun-dada na cooperação de pessoas livrese iguais. “Nesse ambiente, o conceitode povo assume dimensão humanísti-ca, identificando o conjunto de pesso-as ligadas entre si por uma parceriahistórica, que se manifesta em valo-res, projetos comuns e compromissoscom as gerações futuras”.

Quanto ao desenvolvimento, Barro-so classificou-o como “um processo

1 - Realização de um concurso multidisciplinar sob otema Uma nova narrativa para o Brasil, a fim de pro-mover a pesquisa sistemática e o pensamento original quecontribuam para a autocompreensão do país2 - Necessidade de uma ampla e urgente reforma política.3 - Saneamento básico, “a principal política pública desaúde preventiva”.4 - Busca de um sistema punitivo que cumpra adequa-

de aprimoramento das condições dasociedade”, compreendendo diferen-tes elementos e dimensões. Em suadimensão econômica, estaria associ-ado à geração de riquezas. Na social,estaria ligado à distribuição das ri-quezas e à qualidade geral de vida dapopulação.

Já a dignidade, segundo o jurista,transformou-se em um dos grandesconsensos éticos do mundo ociden-tal. “Do valor intrínseco de cadapessoa decorrem os direitos fun-damentais à vida, à igualdade e à

damente as funções da pena criminal.5 - Projeto educacional ambicioso, com ênfase em pro-gramas nacionais de capacitação de professores, usoamplo dos recursos tecnológicos para educação a dis-tância, com o ensino médio elevado à condição de prio-ridade máxima.6 - Retirar “o glamour da velocidade irresponsável e oclima de festa da embriaguez”, apontando as mortes notrânsito como outro grave problema brasileiro.7 - Mais avanços em termos de direitos humanos, comfoco nos direitos sociais.

8 - Proteção das minorias, com um Estado capaz deassegurar a descriminalização, do aborto, ações afirma-tivas para pobres e negros, e direitos aos homosse-xuais.9 - Transparência em relação ao orçamento público.10 - Imediatas transformações no mundo jurídico,marcado pela alta litigiosidade, com incentivo àcultura das soluções consensuais, instituição deum Exame Nacional de Magistratura como requisitopara inscrição nos concursos para juiz e aprimoramentodo mecanismo da repercussão geral no Supremo.

integridade física e psíquica.Para poder ser livre, igual e capazde exercer sua cidadania, a pessoatem de viver sem privações e teracesso a um mínimo de condi-ções para uma vida digna, inclu-indo educação e saúde básicas, ren-da mínima e informação”.

LuísRobertoBarroso

As dez propostas

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 9

CÁSSIA BITTAR

Munidos de uma grande faixa comos dizeres “Em defesa do Rio. Contraa espoliação dos royalties de petró-leo”, dirigentes da OAB/RJ se junta-ram às cerca de 150 mil pessoas queforam ao Centro da cidade no dia 10de novembro. O protesto foi contra oprojeto aprovado no Senado que po-derá causar um prejuízo de até R$ 50bilhões aos cofres fluminenses até2020, com a diminuição do repasseda receita aos estados produtores.

Liderado pelos presidentes daSeccional e da Caarj, Wadih Damouse Felipe Santa Cruz, o grupo era com-posto também pelo ex-presidente doConselho Federal Cezar Britto, pelovice-presidente da OAB/RJ, SérgioFisher, pelo tesoureiro Marcello Oli-veira, pelo presidente da Comissão deJustiça do Trabalho, Ricardo Mene-zes, e pelos presidentes das subse-ções da Barra da Tijuca e da Leopol-dina, Luciano Bandeira e FredericoMendes, respectivamente.

“Se a presidente Dilma não vetaressa proposta, a saúde e educação doRio estarão seriamente comprometi-das, além das Olimpíadas e da instalaçãode novas UPPs”, afirmou Wadih, duranteo ato. Para ele, o comparecimento emmassa da população confirmou a ten-dência do estado de luta por seus di-reitos: “Foi assim nas Diretas Já, foiassim na luta pelo impeachment, eagora pessoas de todo o Rio vieramlutar contra esta proposta que é umaverdadeira afronta à Constituição”.

Parlamentares também engrossa-ram a massa que pedia uma decisãoda Câmara dos Deputados contrária aoprojeto. “Não estamos aqui pedindo ne-nhum favor, nenhum privilégio. Nãofaz sentido o Rio abrir mão de umareceita que é sua por direito em razãode uma divisão que não mudará a vidade nenhum outro estado, mas que noscausará um prejuízo histórico”, sali-entou o deputado federal AlessandroMolon (PT/RJ).

Royalties do petróleo: OAB/RJvai às ruas em defesa do Rio

A constitucionalidade do textosubstitutivo do senador Vital do Rêgo(PMDB/PB) já havia sido questiona-da por membros da força política doRio de Janeiro em reunião convocadapelo governador Sérgio Cabral, no dia7 de outubro, no Palácio Guanabara.No entender dele e de seu vice, LuizFernando Pezão, o projeto desrespei-ta a Lei de Responsabilidade Fiscal,que controla os gastos da União, dosestados e dos municípios de acordocom a capacidade de arrecadação detributos e contribuições. “Por no mí-nimo dez anos, as prefeituras sofre-rão e poderão quebrar para se ade-

quar à legislação”, informou o vice-governador.

Segundo Wadih, além de desres-peitar o artigo 20 da Carta Magna, queestabelece a necessidade de compen-sação financeira aos estados pela ex-ploração de petróleo e gás natural, ainclusão de campos de petróleo já li-citados na nova partilha constitui umretrocesso legal.

Uma comissão especial foi cria-da na Câmara para tratar do tema. Peloregimento, devem ser realizadas 40sessões antes de levar o projeto à vo-tação, o que possivelmente jogará aapreciação para 2012. Se a proposta

passar e não for vetada pela presidenteDilma Rousseff, a questão será levada pelogoverno do Rio ao Supremo Tribunal Fe-deral (STF). “Caso o pleito chegue ao STF,a OAB/RJ se coloca à disposição do esta-do para subscrever uma ação diretade inconstitucionalidade contra essetexto”, disse Wadih, alegando que“compete à Ordem defender o Esta-do Democrático de Direito”.

Seccional lançoucampanha em 2010

Desde que a Emenda nº 387/09,proposta pelo ex-deputado Ibsen Pi-nheiro, foi aprovada pela Câmara dosDeputados em 2010, a OAB/RJ se po-siciona contra a mudança. Na passe-ata Contra a injustiça, em defesa doRio, realizada em março do ano pas-sado, a Seccional lançou a campanhaAssine pelo Rio, que coletou assina-turas da população em favor da der-rubada da proposta e contou com aadesão de mais de 60 mil pessoas.

Na ocasião, foram instalados pos-tos da campanha na sede da Seccio-nal, nas subseções, na Central do Bra-sil e no Mercadão de Madureira, alémdo site que coletava assinaturas onli-ne. “Há um sentimento de rejeiçãoao projeto entre a população do Rio, ea OAB/RJ está ecoando este senti-mento”, disse Wadih, na época.

A chamada Emenda Ibsen fariacom que o Estado perdesse R$ 7,3 bi-lhões por ano com a distribuição ime-diata dos royalties de forma igualitá-ria entre todos os estados e municí-pios do país. Com o veto do ex-presi-dente Lula, o texto foi modificado. Anova divisão proposta no Projeto de Leinº 448/11 prevê a redução da parte quecabe à União, aos estados e aos mu-nicípios produtores e o aumentogradativo dos entes federativos nãoprodutores. Ainda assim, de acordocom o líder da Federação de Comér-cio do Rio (Fecomercio/RJ), OrlandoDiniz, o Rio pode perder cerca de ummilhão de empregos com a medida.

Marcello Oliveira, Sérgio Fisher, Wadih Damous, LucianoBandeira, Cezar Britto, Frederico Mendes, Felipe Santa Cruze Ricardo Menezes representaram a OAB/RJ na manifestação

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PRERROGATIVAS

A Comissão de Defesa, Assistência ePrerrogativas (Cdap) da Seccional, por meiode seu assessor jurídico Carlos EduardoMartins, impetrou mandado de seguran-ça no Tribunal de Justiça (TJ) em favorde um advogado condenado erroneamentepor uma magistrada a pagar de multa dedez salários mínimos, com base no arti-go 265 do Código de Processo Penal, quepune defensores que abandonam pro-cessos sem comunicar ao juiz. A deci-são liminar foi favorável ao colega, quehavia somente se ausentado de uma au-diência para buscar assistência daOAB/RJ.

Na ocasião, a juíza afirmou que o advo-gado em questão, Alexandre Rocha, havia secomportado de forma desrespeitosa sem, noentanto, apontar claramente em que consis-tiria sua acusação. Para garantir o respeitoàs suas prerrogativas, o colega, com o avalde seu cliente, saiu da sala para procurarum representante da Ordem, o que, no en-tendimento da 2ª Câmara Criminal do TJ,

Liminar derivada de ação da OAB/RJlibera advogado de multa indevida

não poderia ser considerado abandono decausa, já que, posteriormente, o cliente ma-nifestou interesse em continuar sendo re-presentado por Alexandre.

“A juíza afirmou que eu estava com umtom de voz agressivo e chegou a dizer ao meucliente que ele tinha escolhido muito mal seuadvogado”, conta Alexandre. “Após váriasofensas e a sugestão da promotora de que eunão advogasse mais em Belford Roxo, eu fuiprocurar o apoio da OAB/RJ”, completa. Oadvogado aguarda, esperançoso, o mérito daquestão. “Estou muito confiante e agradeçoà Cdap, que deu todo o apoio técnico e moralde que eu precisava”.

A presidente da comissão, FernandaTórtima, afirma que o artigo 265 do CPPpermite a aplicação de sanção sem a possi-bilidade de defesa do advogado. “O Conse-lho Federal já ajuizou, inclusive, uma açãodireta de inconstitucionalidade contra a nor-ma em questão”. Ela garante que a Cdap to-mará providências para impedir a aplicaçãoda multa sempre que a medida for injusta.

Alexandre Rocha:“A Cdap deutodo o apoio deque eu precisava”

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TRIBUNA LIVRE

A polêmica envolvendo a Ação Diretade Inconstitucionalidade (Adin),

proposta pela Associação dosMagistrados Brasileiros (AMB), que

retira poderes do Conselho Nacionalde Justiça (CNJ) é o tema deste mês.

Ouvidos no prédio do Tribunal deJustiça, os colegas foram unânimes ao

discordar da ação, defendendo acompetência fiscalizadora do órgão.

O CNJ deve ter o poder dejulgar e punir juízes por

má conduta?

Sim. A discussão sobrea competência suple-mentar é descabida.Na minha concepção,essa ação dos magistra-dos é um mecanismoque os próprios tribunaisestão encontrando parafugir da responsabilidade

e de eventualmente serem punidos pelo CNJ. Mas,para mim, isso não faz sentido.Fabiana de Oliveira , advogada, 34 anos

Claro que sim, porquenenhuma instituiçãonesse país pode estaracima do bem e domal. Os próprios juízesdeveriam reconhecer acompetência do CNJ,porque eles nãopodem julgar seuspares através da corregedoria. O Conselho devejulgar e punir, sim, porque essa é a sua função.Luiz Carlos Dias, advogado, 54 anos

Sim, porque, como dizaquela velha expres-são, “juiz pensa que éDeus”. Então, devehaver um órgãosuperior, ao qualdevem respeitar, paramanter o Judiciário emperfeita ordem. Há

muitos erros de juízes nos processos e essaação só agravaria o cenário.Aline Justino, estagiária, 26 anos

Deve, porque acriação do CNJ se deupara um melhorcontrole dos atosdisciplinares e admi-nistrativos dos juízes.Isso é de extremanecessidade em umademocracia.Luiz Sérgio Corola Correia, advogado, 66 anos

Sim, porque, pormais que a magistra-tura tenha suaintegridade, a supervi-são de um órgãoneutro é essencial.Todos os setorespassam por esseprocesso. A atuação

do CNJ é importante para manter isso.Stefanno Carvalho, estagiário, 23 anos

Claro. Para um bomdesenvolvimento dopaís, todas as classesdevem ser fiscaliza-das. Se o presidenteda República passapor fiscalização, porque os juízes nãopassariam?Carlos Alberto Silva, advogado, 59 anos

Com certeza. Comoestá sendo apurado,há casos de desem-bargadores comenvolvimento provadoem corrupção, e comproblemas relaciona-dos à sentenças.Então, se o advogado,o promotor, o delega-

do são punidos, o juiz também tem que ser. Eé necessário um órgão externo, que é o CNJ,para fazer isso, uma vez que a corregedoria élenta e ineficiente.Augusto Bastos, advogado, 33 anos

Acho que sim,porque o CNJ foiinstituído para isso:ser um órgãoadministrativoneutro, de fiscaliza-ção e correção doJudiciário. Tiraressa atribuição delenão faz o menorsentido.Wanério Neves Martins, advogado, 41 anos

Acho que o CNJdeve ter, sim, essepoder, porque émuito difícil ospares se julga-rem. Aí se dá anecessidade deum órgão de forapara realizar essetrabalho. Infeliz-

mente, a gente sabe que a impunidadeentre os juízes é muito grande, por contado corporativismo que impera nessaclasse. Por isso, o CNJ é essencial para acidadania.Haíssa Cury, advogada, 28 anos

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Lei Seca: efeito pee quase nenhuma

Em um ponto todos concordam: a Lei nº11.705/2008, conhecida como Lei Seca, prin- cipalmente em seu caráter pedagógico, é

positiva e sua divulgação e aplicação vêm produ-zindo redução na taxa de mortes no trânsito. NoRio de Janeiro, onde os resultados foram mais sig-nificativos, os dois primeiros anos de vigência, apartir de 2008, representaram redução de 32% nes-ses óbitos, para uma média nacional de menos 6,2%mortes em relação ao período anterior. Em núme-ros absolutos, 2.302 vidas foram preservadas, se-gundo as estatísticas divulgadas pelo Ministérioda Saúde, em 2010.

A concordância acaba aí, e a polêmica se ins-tala quando a constitucionalidade da lei e suaefetividade, no aspecto penal, são postas em dis-cussão. A nova redação dada pela Lei Seca ao arti-go 306 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997) — que tipifica como crime dirigir tendo be-bido o equivalente a seis decigramas ou mais deálcool por litro de sangue (dois chopes, por exem-plo) — vem provocando divergências entre advo-gados, promotores e juízes, tendo como resultadoo arquivamento de processos no Judiciário. Se-gundo levantamento publicado pelo jornal O Glo-bo recentemente, dos 1.053 processos que deramentrada no Tribunal de Justiça do Rio entre março de2009 (quando começou a Operação Lei Seca) e junhopassado, relativos ao crime de embriaguez no trân-sito, apenas seis acabaram em condenações.

O juiz da 11ª Vara Criminal, Alcides da Fonse-ca Neto, é taxativo ao afirmar que a nova redaçãodada ao artigo 306 é a origem dos problemas e daimpunidade. “Quase sempre, quando o legisladorresolve disciplinar algo do Direito Penal, o faz demodo precipitado, preocupado em agradar a opi-

nião pública, ou a opinião publicada, e acaba pio-rando as coisas”, critica. O dado de concentraçãode 0,6 decigramas, segundo o magistrado, com-plicou a situação, por exigir, para comprovação,exame técnico – pelo bafômetro – que não se podeobrigar ninguém a se submeter, uma vez que égarantia constitucional o direito de não produzirprova contra si.

“Antes da mudança, a autoridade levava o mo-torista para a delegacia, fazia-se o exame clínicoimediato e depois o Ministério Público verificavase era caso de denunciar, ou não, sendo responsá-vel pela prova de que aquele crime contra a segu-rança viária tinha causado perigo a alguém. Ha-vendo ação penal, o juiz decidia pelas provas”, co-menta Alcides Neto.

Com a nova redação, segundo ele, deu-se “cla-ra violação à Constituição no que diz respeito aoprincípio da intervenção mínima, segundo o qualo Direito Penal só pode atuar quando outras for-mas de resolução de conflitos tiverem falhado. Alei, em seu artigo 165, diz que dirigir sob efeito deálcool ou outras substâncias psicoativas é infra-ção administrativa gravíssima. “Ora, se o DireitoAdministrativo já resolve a questão, não há neces-sidade de que o mesmo dispositivo transformeaquela conduta administrativa em conduta crimi-nosa”, observa o juiz. Outro ponto, explica, é quetodo crime depende da violação de um bem jurí-dico tutelado que, no caso, é a segurança viária.

A antiga disposição da lei dizia que, para serenquadrado, o motorista deveria, com sua condu-ção, gerar risco a alguém ou à coletividade. “Essetipo anterior era de crime concreto, e a nova reda-ção o transformou no que se chama crime de peri-go abstrato. No primeiro, há a necessidade de efe-tiva demonstração de um perigo e, no segundo, é alei que o presume. Mesmo assim, precisa haver ademonstração de que aquele comportamento ve-nha a lesionar um bem jurídico”.

O motorista que, mesmo dirigindo normal-mente, seja parado numa blitz, sopre no bafômetroe esteja com concentração superior à permitida

automaticamente se transforma em criminoso, por-que violou o artigo 306, comenta. Para Alcides Neto,“isso é completamente desproporcional”. Na opi-nião dele, o condutor deve ter a carteira recolhida esofrer todas as sanções administrativas, mas nãoresponder por um crime. “Veja o absurdo: a lei dáàquele motorista o poder de decidir se vai se tornarum criminoso ao soprar no bafômetro. É claro queas pessoas, cada vez mais, não querem soprar”.

Alcides Neto informa que ele e a maioria dosmagistrados vêm rejeitando as denúncias. “Nashipóteses que têm sido trazidas para o Judiciário,em que o motorista está dirigindo normalmente e,ao ser parado numa blitz, sopra o ba-fômetro e é acusada quantidade su-perior a 0,6 decigramas, venho rejei-tando as denúncias, por inépcia, por-que não descrevem um crime, ou seja, aviolação de um bem jurídico”. Quasetodas as câmaras criminais vêm de-cidindo de acordo com esse enten-dimento, afirma. O juiz diz aindaque o Superior Tribunal de Justiçatem rejeitado todos os processosquando não há prova técnica pelobafômetro ou por exame clínico.

“Acho que a Lei Seca deveacontecer, e até com maisfrequência, para impedir efetiva-mente que pessoas irresponsáveisdirijam embriagadas. Mas emtermos administrativos. Para ha-ver crime é preciso que o moto-rista dirija de forma anormal, porexemplo, fazendo ziguezagues,porque aí fica demonstrado o pe-rigo para a segurança viária ecom isso se justifica aincriminação”, defende.

Para ele, a imprensa atua nosentido de criminalização decondutas, o Legislativo crianovos delitos e é o Judiciário

Redução na taxa de mortes no trânsito é unanimementelegais ainda suscitam polêmica entre advogados, juízes

Alcides Neto critica a mudança na redação da lei

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 13

edagógico positivoa efetividade penal

que tem que resolver. “É o que é chamado de esté-tica Disney, o bem contra o mal, coisa que nãoexiste no mundo real”, critica. A impunidade notrânsito não será resolvida com novas leis, afirma.“Será quando o Executivo atuar, fazendo cumprira norma administrativa. Os Detrans se omitem,não funcionam. A carteira deve ser apreendida, oprocedimento instaurado e, depois do devido pro-cesso legal, que o motorista infrator tenha sua car-teira cassada ou suspensa, além de pagar multa”.

O magistrado lembra que, no que se refere alesão corporal ou homicídio culposo, a legislaçãodo trânsito é mais severa do que o Código Penal

(CP). No segundo caso, o artigo 302prevê detenção de dois a quatro anos,

e suspensão ou proibição de se ob-ter a permissão ou a habilitaçãopara dirigir. No CP, a pena é de atétrês anos.

No Ministério Público estadu-al, o procurador-

geral de Justi-ça, CláudioLopes, reco-nhece aexistênciade diver-g ê n c i adoutriná-ria e ju-

r i s p r u -dencial em

torno da LeiSeca, em seu

artigo 306. Paraele, no entanto, sua

finalidade e a contri-buição que tem dado

para a redução de mortes notrânsito a tornam válida. Em cer-

tos casos, quando os promotores opinam pela ine-xistência de crime e os juízes discordam, o pro-cesso é remetido para o procurador-geral dirimiro conflito, e Claudio tem refeito os pareceres in-terpretando pela constitucionalidade da lei.

“Parece razoável que a lei possa presumir operigo para a segurança viária. Se o motorista be-beu em quantidade acima do tolerável, deve res-ponder criminalmente”, salienta. Ele também dizque a negativa de soprar o bafômetro não se inserenas garantias individuais previstas na Constitui-ção. “Acho isso simplório. Defender isso édesproteger a vida e a integridade das pessoas. Oartigo 5º da Constituição não é empecilho em re-lação ao crime previsto, e a recusa em soprar obafômetro passa a ser considerada indício contrao motorista”, argumenta.

Ele concorda com o juiz, no entanto, ao consi-derar que a antiga redação do artigo 306 era me-lhor, e facilitava a aplicação da lei. Para suprir adeficiência, o procurador-geral é favorável ao en-durecimento das penas para o motorista que bebee provoca acidente com morte no trânsito. “Have-ria esse agravante, com pena de reclusão de cincoa 18 anos”. Segundo Claudio, a severidade da pu-nição “teria um efeito mais importante, do pontode vista pedagógico e de prevenção. As pessoasiriam pensar duas vezes antes de beber e dirigir”.

O presidente da Comissão de Acompanha-mento e Estudo da Legislação do Trânsito da OAB/RJ, Fábio Soito, compartilha a percepção positivada Lei Seca, principalmente por seu caráter pe-dagógico. Como aconteceu nas normas que insti-tuíram a obrigatoriedade do cinto de segurança eda cadeirinha para bebê, Soito acredita na ideiade conscientização das pessoas para os riscos debeber e dirigir.

“A lei veio defender o interesse coletivo de umamaneira bem incisiva. Ocorre que temos os prin-cípios constitucionais. O Poder Público não tem opoder de obrigar o cidadão a fazer prova contrasi”, observa. “A grande discussão sobre a Lei Secaé com relação ao caráter probatório da infração ou

o que é tipificado como crime”.“A simples negativa do condutor de fazer o tes-

te no bafômetro põe por terra qualquer tipo demeio probatório para comprovar o teor alcoólico”,continua. “Isso coloca o agente de trânsito em si-tuação de não ter condições para o encaminha-mento do condutor para testes médicos e técni-cos. O Estado não oferece esse suporte pericial ede pessoal e, por mais que o agente diga que o moto-rista está embriagado, essa prova é frágil”, diz.

Quando o condutor é parado na blitz e se negaa soprar o bafômetro, o agente pode multá-lo (R$957,70), apreender a carteira e o veículo. “O cará-ter pedagógico está caracterizado, e por isso tive-mos grande redução de acidentes. Porém, é preci-so mais para diminuir a agressividade no trânsi-to, as mortes”, argumenta o advogado, para quemé preciso que o Executivo invista em campanhaseducativas massivas com os valores arrecadadosem multas, que já ultrapassaram R$ 45 milhõesno Rio de Janeiro.

e reconhecida, mas constitucionalidade e consequênciass e promotores. Maioria dos processos acaba arquivada

Cláudio Lopes defende penas mais duras

Fábio Soito: “Caráter pedagódico está caracterizado”

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 14

PATRÍCIA NOLASCO

Processados individualmente pordanos à imagem pela siderúrgicaThyssenKrupp Companhia Siderúr-gica do Atlântico (TKCSA), localiza-da em Santa Cruz, na Zona Oeste doRio, devido a laudos nos quais apon-tam atividade poluidora da empresa,o pesquisador da Fundação OswaldoCruz (Fiocruz) Alexandre Pessoa Diase a bióloga da Uerj Mônica Lima vi-sitaram a OAB/RJ e se reuniramcom o presidente da Comissão deDireito Ambiental (CDA) da Seccional,Flávio Ahmed, de quem receberam soli-dariedade. Além dos dois, outro pes-quisador da Fiocruz, Hermano Cas-tro, está também sendo processado.

OAB/RJ se solidariza com pesquisadoresda Fiocruz processados por siderúrgica

O próprio presidente WadihDamous se pronunciou sobre o caso:“Se alguém quer refutar a conclusãode uma perícia deve fazê-lo apresen-tando dados, jamais impetrandoações judiciais por supostos danos àimagem. O caso abre um precedenteperigoso”, afirmou.

Na conversa com Flávio Ahmed,ficou acertado que a Comissão deDireito Ambiental analisará tambémo licenciamento de pré-operação doempreendimento — uma parceriaprivada entre a empresa alemãThyssenKrupp Steel, principal acio-nista, e a Vale do Rio Doce.

A TKCSA é alvo de duas açõespenais por crime ambiental movidaspelo Ministério Público estadual(MP). No ano passado, a empresa foimultada em R$ 1,3 milhão (agosto) eem R$ 2,4 milhões (dezembro) peloInstituto Estadual do Ambiente(Inea), que também fixou o pagamen-to de R$ 14 milhões, a título

indenizatório, em investimentos emobras de saúde e de infraestrutura naregião. Com previsão de produzir cin-co milhões de toneladas anuais de açopara exportação, a siderúrgica coleci-ona, desde sua inauguração, em julhode 2010, problemas com a comunida-de e acusações de poluição. O MP re-quereu à Justiça que a empresa sejaobrigada a interromper o despejo deferro-gusa em poços de emergência acéu aberto, sem controle de emissãode poluentes — em forma de uma po-eira prateada que ocasionalmente seespalha sobre a região. A AssembleiaLegislativa constituiu uma comissãoespecial para averiguar os fatos, e oInea determinou duas auditorias, umaindustrial e outra de saúde.

A partir da repercussão das de-núncias veiculadas em entrevistas dosdois pesquisadores da Fiocruz e da bió-loga Mônica Lima, da Uerj, a TKCSAdecidiu processar cada um dos três pordano moral, alegando prejuízos à sua

Seccional vai investigarimpacto ambiental deoperação da TKCSA

Mônica Lima e Alexandre PessoaDias, pesquisadores da Fiocruz

imagem por acusações, segundo cons-ta nas ações, infundadas.

Ao anunciar abertura de procedi-mento para analisar os problemas re-ferentes à operação da siderúrgica,o presidente da CDA, FlávioAhmed, criticou o caminho adota-do pela TKCSA em relação aos ris-cos à saúde e ao meio ambienteapontados pelos pesquisadores —baseadas no relatório Avaliação dosImpactos socioambientais e de saú-de em Santa Cruz decorrentes dainstalação e operação da empresaTKCSA, elaborado por dois gru-pos de trabalho de escolas vincula-das à Fiocruz.

Citando o relatório que assina,com outros pesquisadores, Alexandrelembra que, segundo análise do pró-prio Inea, houve incremento de maisde 1.000% de ferro no ar em relaçãoaos teores encontrados antes do iní-cio da pré-operação da siderúrgica.“A exposição ambiental a altas con-centrações de ferro pode ser compa-rada à exposição ocupacional, e den-tre os efeitos à saúde decorrentes daexposição crônica podem ser citadosdanos pulmonares e hepáticos,pancreatite, diabetes e anormalida-des cardíacas”, diz trecho do traba-lho, apontando os possíveis riscos amoradores de áreas próximas, agri-cultores locais e pescadores que so-brevivem da pesca artesanal na baíade Sepetiba.

O estudo elaborado pelos pesqui-sadores da Fundação registra aindaque a avaliação da poeira prateada co-letada por um morador da região emsua casa, em setembro de 2010, ana-lisada na fundação, continha, além deferro, elementos particulados comocálcio, manganês, silício, enxofre, alu-mínio, magnésio, estanho, titânio,zinco e cádmio. Sua presença podeprovocar vários problemas respirató-rios, ou agravar os pré-existentes,principalmente nas populações maisvulneráveis, como crianças e idosos,assinala o trabalho.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 15

Os pesquisadores da Fiocruz firmaram um laudotécnico, encomendado e endossado pela fundaçãoem que trabalham. O processo judicial por danomoral, individualizado, não pode ser consideradotentativa de intimidação?TKCSA: (...) Em outubro de 2011, foi divulgado estudorealizado por quatro profissionais da Fiocruz a respeitoda CSA e do suposto impacto de suas atividades sobrea saúde humana. A TKCSA não está processando essesquatro profissionais! Apenas um dos quatro funcionáriosda Fiocruz figura no pólo passivo de uma ação judicialmovida pela empresa. Além dele, a TKCSA move duasoutras ações judiciais: contra um médico da Fiocruz —distribuída antes de outubro de 2011 — e contra umafuncionária da Uerj, ambas sem qualquer relação como referido estudo. Nos três casos, o único objetivo daTKCSA é dar a oportunidade de retratação aos trêscidadãos em razão de declarações infundadas a respeitodos possíveis impactos das atividades da empresa sobrea saúde humana. A título de exemplo, foi afirmado quea população de Santa Cruz correria o risco de desenvol-ver casos de câncer e alterações fetais. (...) Esse tipode afirmação foi veiculada sem que uma visita tenhasido realizada à empresa e, pior, fazendo-se referênciaà literatura sobre o processo siderúrgico da década de1970, e não sobre a realidade da TKCSA. Se a inten-

TKCSA apresenta suas razões

ção da TKCSA fosse intimidar pesquisadores, o lógicoteria sido processar todos os quatro profissionais quesubscrevem o estudo. Para a empresa, o importante éesclarecer que não há indícios de que as atividadesindustriais expõem a população do entorno a quaisquerriscos de saúde. Inclusive, caso seja arbitrada pelo juizqualquer penalidade pecuniária a qualquer dos trêsprocessados, os valores serão revertidos para entidadesde assistência social em Santa Cruz.

Os pesquisadores da Fiocruz dizem que apenasrepetiram em audiências públicas e entrevistas asconclusões presentes em seus relatórios técnicos. Emque momento, para a TKCSA, eles teriam cometido ocrime de dano moral?CSA: Toda pessoa tem o direito à livre expressão desuas opiniões. A TKCSA entende que, no caso concreto,os três indivíduos em questão divulgaram informaçõesinconsistentes do ponto de vista técnico e completa-mente desconectadas da realidade. A consequênciadesses atos impensados foi a criação de pânico entrefuncionários da TKCSA e moradores da região de SantaCruz que começaram a indagar, dentre outros, sepoderiam continuar a morar na região e se o local seriaseguro para seus filhos. A TKCSA apenas deseja quehaja o reconhecimento de que tais declarações não

correspondem à verdade dos fatos, ou seja, de que nãoexiste base científica para concluir que a atividade daCSA possa causar danos à saúde.

A TKCSA dispõe de laudos de instituições indepen-dentes que se contrapõem aos laudos dos técnicos daFiocruz?CSA: A TKCSA dispõe de diversos laudos técnicosindependentes que refutam por completo as alegaçõesteóricas constantes do estudo dos funcionários daFiocruz. Esses elementos serão apresentados à Fiocruz,instituição séria e que merece, por parte da empresa,total apoio para que tenha condições de continuar oimportante trabalho na área de saúde. Como exemploprático da inconsistência produzida pelo estudo divulga-do em outubro, confirmamos que a TKCSA não emiteos compostos citados na literatura especializada comosubstâncias relacionadas — a partir de exposiçãoprolongada a altas concentrações — a alteraçõeshematológicas para as quais, em casos raros e extre-mos, há relatos de evolução de doenças. Justamentepor ser uma siderúrgica moderna, que incorporou o quehá de melhor na tecnologia mundial, a TKCSA cons-truiu a sua unidade da Coqueria com a tecnologia derecuperação de calor, o que permite a queima e elimina-ção por completo dos elementos voláteis presentes nocarvão. Justamente por isso, a TKCSA não emitesubstâncias que poderiam — em determinadas situa-ções — produzir casos de câncer e outras doenças.Infelizmente, os responsáveis pela elaboração do estudonão visitaram a TKCSA e nem requisitaram informaçõessobre o nosso processo produtivo. Isso talvez explique asdiscrepâncias entre o referido estudo, baseado em casos passados,e a realidade dos fatos no que se refere à TKCSA.

Em entrevista à TRIBUNA, Bianca Wien Prado, do DepartamentoJurídico da empresa, refuta as acusações dos pesquisadores

“O direito à saúde tem que prevalecer sobre asatividades econômicas”, diz o pesquisador Ale-xandre Pessoa Dias, para quem a ThyssenKruppCompanhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) nãoestá comunicando corretamente à população osriscos decorrentes de sua atividade. Embora nãotenha integrado o grupo da Fiocruz, Mônica Limaparticipou do atendimento de moradores no Hos-pital da Uerj e acha que, ao processá-la, a siderúr-gica está tentando “intimidar e calar as vozes quereclamam da poluição”.

“Independentemente da análise que faremose das conclusões a que chegaremos, podemosdizer que, no Direito Ambiental, um dos prin-cípios basilares é o direito à informação, queprecisa ser salvaguardado. É por isso que há audi-ências públicas no processo de licenciamento,para que a população participe de decisões sobrebens, como o ar e a água, que são de todos, e possase inteirar do impacto da atividade potencialmen-

Para cientistas, empresa tentacalar quem reclama da poluição

te poluidora. Se houve, ou não, excessos dos técni-cos, suas declarações devem ser contrapostas, enão censuradas”, salienta Flávio Ahmed.

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, cons-tituiu, em novembro, um grupo de trabalho coor-denado pelo vice-presidente Valcler Rangel paraassessorar a direção no exame dos possíveis pro-blemas socioambientais e de saúde decorrentesda implantação e operação de empreendimentosda indústria siderúrgica, em especial os associa-dos à TKCSA. Gadelha solidarizou-se com os pro-fissionais processados. Em comunicado, afirmouque “a Fiocruz preza, entre seus valores centrais,a plena liberdade de expressão individual de seustrabalhadores” e destacou que “a via jurídica es-colhida pela empresa para tratar do contraditóriopresente em questão tão complexa repercute comocerceamento a essa liberdade de expressão e criaconstrangimentos para o trabalho institucional debusca de superação dos impasses gerados”.

Flávio Ahmed,presidenteda Comissãode DireitoAmbientalda OAB/RJ

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 16

SUBSEÇÕES

CNJ garante salapara a Ordem noFórum da Leopoldina

O Fórum da Leopoldina contarácom uma sala dos advogados, comogarante o Estatuto da Advocacia (Leinº 8.906/1994). Foi o que decidiu oConselho Nacional de Justiça (CNJ),que julgou, no dia 8 de novembro, omérito de Procedimento de ControleAdministrativo (PCA) movido pelaOAB/RJ, devolvendo à Ordem o con-trole administrativo do espaço, semrestrições.

Desde a inauguração do fórum, emsetembro, a 58ª Subseção vinha lutan-do pela instalação da sala. Osubprocurador-geral da Seccional,Guilherme Peres de Oliveira, explicaque a Seccional enviou dois PCAs aoCNJ. “O primeiro PCA dizia respeito

ao descumprimento do Estatuto, jáque ele garante a instalação de salasda OAB em todos os fóruns. Depois,elaboramos outro, para questionar asexigências feitas pelo TJ através daResolução 27/2011”, diz ele.

A resolução, cujo objetivo era dis-ciplinar o uso das salas dos advoga-dos em todo o estado, foi derrubadano dia 13 de outubro por liminar con-cedida pelo CNJ a favor da OAB. “Di-ante de nossa atuação no CNJ, o TJ seviu obrigado a rever sua resolução evoltou atrás a respeito das exigênci-as”, conta Peres, mencionando as al-terações feitas na Resolução 27/2011no dia 8 de novembro. Segundo osubprocurador-geral, o novo docu-

mento não contém mais restriçõessobre o uso das salas.

No entender do presidente daOAB/Leopoldina, Frederico Mendes,a decisão do CNJ é uma vitória paratoda a advocacia. “Acompanhamostodo o processo de construção do pré-dio. Além de não haver nenhuma jus-

O novo fórum,inauguradoem setembro

tificativa plausível para a postura doTJ, a não-existência da sala contrari-ava a lei”, destaca. Mendes adiantaque o espaço que será destinado à salaestá localizado no 4º andar do Fórume tem aproximadamente 60 m². “A salavai receber os equipamentos que jáusávamos na sala atual”, resume.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 17

Os colegas de Campos foramsurpreendidos, em novembro,com a extinção das 35 vagasdestinadas à advocacia no esta-cionamento do fórum local, ondehá espaço para quase 300 car-ros. Publicada pela direção dofórum, a Portaria nº 01/2011 de-terminou que as vagas existen-tes na garagem só poderão serutilizadas por magistrados eservidores.

Diante do fato, o presidenteda OAB/Campos, Felipe Este-fan, reuniu-se com o diretor dofórum, juiz Paulo Assed Este-fan, no dia 7 de novembro. Na ocasião, o magistra-do informou que a decisão de extinguir as vagaspartiu da direção do Tribunal de Justiça (TJ).

Segundo Felipe, o juiz limitou-se a dizer que“a portaria respeita o que foi determinado peloTJ”. O estacionamento para advogados teria sidoextinto devido “à limitação de vagas de veículos noestacionamento, aos diversos problemas geradospela demanda de vagas no referido espaço e à ne-cessidade de se preservar o patrimônio público e

OAB/Campos protesta contra fim devagas para carros de advogados no fórum

a segurança das pessoasque por ali transitam”.

“Expus a insatisfaçãodos advogados, e tambéma necessidade de um es-tacionamento, ainda quelimitado. Às vezes, as au-diências terminam tardee os advogados são obri-gados a andar cerca de 300metros para chegar a seusveículos. O local é escuro eermo, tornando a situaçãoperigosa. Mas isso nãosensibilizou a direção dofórum”, salientou Felipe.

Para o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous,ainda que a reserva de vagas para advogados nãoseja obrigatória nos fóruns, em Campos há espa-ço suficiente para isso. “Fica clara a falta de apre-ço do tribunal pelos colegas. Os advogados sãoessenciais à manutenção da Justiça e é absurdoque o TJ os proíba de estacionar seus carros emseu local de trabalho, onde vão exercer sua profis-são. Eles estão no Fórum para trabalhar, e não apasseio”, afirmou.

Felipe Estefan, presidente da subseção

OAB/Macaé fiscalizaráos recursos dos royaltiesA Subseção de Macaé integrará o Conselho Municipalde Fiscalização dos Royalties do Petróleo de Macaé(Confrap), que tem como objetivo definir a melhorforma de aplicação, pela prefeitura, dos recursos dopetróleo, diante da possibilidade de brusca reduçãodessas receitas, caso a proposta de redistribuição quetramita no Congresso seja aprovada. A presidente daOAB/Macaé, Andrea Meirelles, atuará no órgão comoconselheira titular. João Luís Carvalho Viana, mem-bro da diretoria da subseção, será seu suplente.

OAB/Friburgo critica demorana chegada de recursos à SerraPrestes a completar um ano, a tragédia das chuvasna Região Serrana ainda tem consequências emNova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Boa partedos bairros atingidos ainda não contou com progra-mas de reconstrução ou de realocação de moradores,mesmo após a promessa feita pelo vice-governadordo Rio, Luiz Fernando Pezão. Ele anunciou, emoutubro, que o Governo Federal havia acabado deliberar R$ 320 milhões para serem utilizados emobras para contenção de encostas, drenagem, dragagemde rios e desobstrução da rede de escoamento das águaspluviais, além de um investimento de R$ 370 milhões naconstrução de casas populares. No entanto, nada foi feitoaté agora. “O sentimento na sociedade é de que ascoisas não estão acontecendo como deveriam. Háiniciativas que funcionam bem, como o aluguelsocial. Entretanto, os investimentos, dada a grandio-sidade da crise, ainda são tímidos”, lamenta opresidente OAB/Friburgo, Carlos André Pedrazzi.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 18

O déficit da Previdência é um mito construídopara que o orçamento reservado à seguridade so-cial financie outros programas do governo por in-termédio do Tesouro Nacional. A polêmica afir-mação foi feita pela auditora fiscal da Receita Fe-deral Clemilce Carvalho no seminário Tendênci-as da nova reforma da Previdência, realizado nodia 9 de novembro, na Seccional. Mostrando-secontrária à reforma da Previdência — “Reformasdevem servir para racionalizar. Não é o caso des-ta, que não tem fundamentação legal”—, Clemilcenegou que o sistema previdenciário esteja “que-brado”, como os relatórios divulgados pelo gover-no federal apontam.

“Não só temos dinheiro, como ele sobra. Tantoque projetos como o Bolsa Família são pagos comreceita da Seguridade Social, por meio do que cha-mam de ́ transferência´”, ressaltou. Ela apontouque a Lei Orçamentária Anual, em seu artigo 165,§ 5º, compreende de forma distinta os orçamen-tos fiscal (arrecadação da União), de investimen-to (referente aos repasses a empresas) e deseguridade. “A utilização do valor que está no es-

‘Déficit da Previdência é ummito’, afirma auditora fiscalem seminário na OAB/RJ

caninho do orçamento para fins relacionados aoorçamento fiscal é inconstitucional”, acrescentou.Segundo Clemilce, esse dinheiro deveria estar sen-do usado para pagar dívidas de trabalhadores,“mas, infelizmente, não há seriedade no trata-mento de receitas da seguridade”.

A auditora considera o Fator Previdenciário,que calcula a aposentadoria por tempo de contri-buição, idade e expectativa de vida, uma que-bra de compromisso com o contribuinte. “Paga-se para receber determinada coisa e não se re-cebe”, resume. De acordo com ela, o lucro pre-visto a ser obtido com o fator, em 2011, será decerca de R$ 9 milhões.

A respeito desse assunto, o também auditor ecolaborador da Comissão de Previdência Socialda OAB/RJ Fábio Zambitte disse que o cálculopor tempo de contribuição atende à parcela maisfavorecida da população. “Dificilmente umtrabalhador mais humilde conseguirá provarseu tempo de serviço”, salientou, completando:“O fator é um remendo que produz injustiças,mas o caminho não é acabar com ele. Devemos

buscar um sistema viável para nós e para os nos-sos filhos”.

Vice-presidente da comissão, a advogada Su-zani Andrade Ferraro destacou que há uma pro-posta de criação de um grupo de trabalho, em con-junto com as subseções, para montar uma novatabela de honorários para os advogados previden-ciários. “Vemos muita mudança nas áreas civil epenal, mas é como se a previdência não existis-se”, alegou.

O seminário contou também com a participa-ção do presidente da comissão, Leonardo Branco;do presidente do Instituto dos AdvogadosPrevidenciários (Iape), André Marques; do juizfederal Fábio Souza e da especialista em DireitoPrevidenciário Ignês Lemos.

DIRETORIA DA SECCIONALPresidente:Wadih Nemer Damous FilhoVice-presidente:Sergio Eduardo FisherSecretário-geral :Marcos Luiz Oliveira de SouzaSecretário-adjunto:Wanderley Rebello de Oliveira FilhoTesoureiro:Marcello Augusto Lima de Oliveira

DIRETORIA DA CAARJPresidente:Felipe de Santa Cruz Oliveira ScaletskyVice-presidenteHercules Anton de AlmeidaSecretário-geral:Renato Ludwig de SouzaSecretária-adjunta:Naide Marinho da CostaTesoureiro:Ricardo Oliveira de MenezesSuplentes:Julio Cesar da Costa Bittencourt e RuiTeles Calandrini Filho

CONSELHEIROS EFETIVOSAdilza de Carvalho NunesAdriana Astuto PereiraAfrânio Valladares FilhoAlvaro Sérgio Gouvêa QuintãoAnderson Elisio Chalita de SouzaAndrea Saramago Sahione de AraujoPuglieseAndré Porto RomeroBernardo Pereira de Castro Moreira GarciaBreno Melaragno CostaBruno CalfatCarlos Fernando de Siqueira Castro

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2010/2012)

Carlos Henrique de CarvalhoCarlos José de Souza GuimarãesCláudio Sarkis AssisDaniele Gabrich GueirosDéa Rita MatozinhosDiogo Rudge MalanEduardo Antônio KalacheEduardo de Souza GouveaFelipe Rocha DeiabFernanda Lara TórtimaFlávio Antonio Esteves GaldinoFrancisco Gonçalves DiasGabriel Francisco LeonardosGuilherme Pollastri Gomes da SilvaGustavo Binenbojm Gustavo Senechal de GoffredoJonas Oberg FerrazJorge Augusto Espósito de MirandaJosé de Anchieta Nobre de AlmeidaJosé Nogueira D’AlmeidaJosé Oswaldo CorreaJosé Ricardo Pereira LiraJosé Roberto de Albuquerque SampaioLeonardo Branco de OliveiraLeonardo Ducan Moreira LimaLuciano Vianna AraujoLuiz Américo de Paula ChavesLuiz Alberto GonçalvesLuiz Bernardo Rocha GomideLuiz Filipe Maduro AguiarLuiz Gustavo Antônio Silva BicharaMarcelo Feijó ChalreoMarcelo Mendes Jorge AidarMarcia Cristina dos Santos BrazMarcio Vieira Souto Costa FerreiraMarcos BrunoMarcos Dibe RodriguesMaria Margarida Ellebogen PressburgerMauricio Pereira FaroMauro Abdon Gabriel

Mônica Prudente GiglioMurilo Cezar Reis BaptistaNewma Silva Ramos MauésNilson Xavier FerreiraNiltomar de Sousa PereiraPaolo Henrique Spilotros CostaPaulo Parente Marques MendesPaulo Renato Vilhena PereiraPaulo Rogério de Araujo Brandão CoutoRanieri Mazilli NetoRaphael Ferreira de MattosReinaldo Coniglio Rayol JuniorRenan AguiarRenato Cesar de Araujo PortoRenato Neves ToniniRicardo Lodi RibeiroRoberto Ferreira de AndradeRoberto Monteiro SoaresRodrigo Garcia da FonsecaRonaldo Eduardo Cramer VeigaSamantha PelajoSergio Batalha MendesVania Siciliano AietaTatiana de Almeida Rego Saboya

CONSELHEIROS SUPLENTESAlexandre Freitas de AlbuquerqueAndre Andrade VizAntonio Geraldo Cardoso VieiraAntonio Jose de MenezesAntonio Santos JuniorAntonio Silva FilhoAstrogildo Gama de AssisBruno Vaz de CarvalhoCarlos Gustavo Loretti Vaz de AlmeidaBarcellosCarlos Nicodemos Oliveira Silva Cesar Augusto Prado de CastroClaudio Goulart de SouzaEduardo Farias dos SantosFabio Coutinho Kurtz

Fernando José Alcantara de MendonçaFlávio Vilela AhmedGeraldo Antonio Crespo BeyruthGeraldo Marcos Nogueira PintoGilberto FragaIvan de Faria Vieira JuniorJansen Calil SiqueiraJoaquim Tavares de Paiva MunizJonas Gondim do Espirito SantoJonas Lopes de Carvalho NetoJorge Antonio Vaz CesarJorge TardinJosé Alzimé de Araujo CunhaJosé Antonio Rolo FachadaLeda Santos de OliveiraLivia Bittencourt Almeida MagalhãesLuiz Roberto GontijoMarlos Luiz de Araujo CostaMaxwel Ferreira EisenlohrNorberto Judson de Souza BastosPaulo Haus MartinsRicardo BrajtermanRoberto Dantas AraujoRogério Borba da SilvaRomualdo Mendes de Freitas FilhoSelma Regina de Souza Aragão ConceiçãoWarney Joaquim Martins

CONSELHEIROS FEDERAISCarlos Roberto Siqueira CastroClaudio Pereira de Souza NetoMarcus Vinicius CordeiroSuplentes: Gisa Nara Maciel Machado daSilva e Ronald Cardoso Alexandrino

MEMBROS HONORÁRIOSVITALÍCIOS

Alvaro Duncan Ferreira PintoWaldemar ZveiterEllis Hermydio Figueira

Cesar Augusto Gonçalves PereiraNilo BatistaCândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterCelso FontenelleOctavio Gomes

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕES

Nova Iguaçu: Jurandir CeulinDuque de Caxias: Geraldo Menezes deAlmeidaPetrópolis: Herbert de Souza CohnBarra Mansa: Ayrton Biolchini JustoVolta Redonda: Rosa Maria de SouzaFonsecaBarra Do Piraí: Leni MarquesValença: Munir AssisSão Gonçalo: José Luiz da Silva MunizNova Friburgo: Carlos AndréRodrigues PedrazziMiracema: Hanry Felix El-KhouriItaperuna: Adair Ferreira Branco JuniorCampos: Filipe Franco EstefanTeresópolis: Jefferson de Faria SoaresTrês Rios: Sérgio de SouzaMacaé: Andréa Vasconcelos MeirellesNiterói: Antonio José Maria Barbosa da SilvaBom Jesus de Itabapoana: Luiz CarlosRibeiro MarquesResende: Samuel Moreira CarreiroSão João De Meriti: Júlia Vera deCarvalho SantosCabo Frio: Eisenhower Dias MarianoAngra Dos Reis: Claudio Rupp GonzagaMagé: Sérgio Ricardo da Silva e SilvaItaguaí: José Ananias Silva de OliveiraNilópolis: José Carlos Vieira Santos

Itaboraí: Jocivaldo Lopes Da SilvaCantagalo: Guilherme Monteiro de OliveiraVassouras: José Roberto CiminelliAraruama: Ademario Gonçalves da SilvaCampo Grande: Mauro Pereira dos SantosSanta Cruz: Milton Luis Ottan MachadoBangu: Ronaldo Bittencourt BarrosMadureira/Jacarepaguá: Roberto Luiz PereiraIlha Do Governador: Luiz Varanda dos SantosSão Fidélis: Magno Rangel RochaRio Bonito: César Gomes de SáParaíba Do Sul: Eduardo Langoni deOliveiraSanto Antônio De Pádua: AdautoFurlani SoaresMaricá: Amilar José Dutra da SilvaParacambi: Cleber do Nascimento HuaisParaty: Benedita Aparecida Corrêa doNascimentoMiguel Pereira: Darcy Jacob de MattosPiraí: Carlos Alberto dos SantosRio Claro: Adriana Aparecida Martins MoreiraItaocara: Fernando José Marron da RochaCordeiro: Dominique Sander Leal GuerraCambuci: Elizeu MacieiraMendes: Paulo Afonso Loyola CostaSão Pedro D’aldeia: Julio Cesar dosSantos PereiraCachoeiras De Macacu: Cezar AlmeidaMangaratiba: Ilson de Carvalho RibeiroRio Das Ostras: Alan Macabú AraujoBelford Roxo: Abelardo Medeiros TenórioQueimados: José Bofim Lourenço AlvesMéier: Humberto CairoPorciúncula: José Nagib SacreBarra Da Tijuca: Luciano Bandeira ArantesSaquarema: Miguel Saraiva de SouzaLeopoldina: Frederico Mendes

Ignês Lemos, Clemilce Carvalho e Fábio Zambitte

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 19

Rio já é penalizado por não recolher ICMS dopetróleo, cobrado nos estados destinatários

LINDBERGHFARIAS *

PONTOCONTRAPONTO

EDSONSANTOS*

Embora possa parecer simpática, a postura‘queremos tudo’ nos conduzirá a derrota

Para garantir que o Rio de Janeiro, maior estado pro-dutor, não seja prejudicado nas negociações sobre os lu-cros do petróleo, não podemos abrir mão do diálogo. Semnegociação, os 46 deputados e três senadores de nossoestado jamais conseguirão evitar a derrubada do veto doex-presidente Lula que protege o Rio contra os efeitos dachamada Emenda Ibsen. Esta emenda, aprovada por 369x 72 votos na Câmara, tira não apenas parte, mas todos os

royalties do petróleo do Rio e dos municípios produtores, exceto a parte que noscaberá no Fundo de Participação dos Estados e Municípios, que será ínfima.

Embora possa parecer muito bonito e simpático para os eleitores, o “quere-mos tudo” nos conduzirá a derrota pela maioria no Congresso, com a previsãode queda, de R$ 11 bilhões para R$ 1 bilhão, nos valores que o Rio recebe pelaexploração do petróleo. Por isso, defendemos a negociação. E quem defendenegociação não pode dizer “eu não cedo em nada, vocês cedem em tudo”. Poisque motivos, então, levariam o outro lado a ceder?

É temerário o argumento de que, se não cederem, ganharemos na Justiça.Pois, uma vez no Judiciário, a resolução doimpasse não ocorrerá antes de um período noqual poderemos ter graves e imprevisíveisconsequências para a economia fluminense.Além, é claro, de alimentar uma disputa entre oRio e os demais estados que nada soma paranós, nem para o país.

A ideia de “depenar” a Petrobras, tirandodela a diferença para que o bolo aumente, é ou-tro “tiro no pé”. O que é fácil de ser demonstra-do. Nos próximos quatro anos, a companhiaplaneja investir R$ 224 bilhões, dos quais R$101 bilhões estarão concentrados no Rio, inje-tando em nossa economia, anualmente, o dobrodo que o estado e os municípios fluminensesrecebem em royalties e participações especi-ais. O que a Petrobras pagar a mais sairá des-ses investimentos. E sem esses investimentos,também poderemos dar adeus a toda uma ca-deia de empresas fornecedoras que buscam oRio de Janeiro de olho nas encomendas daPetrobras, gerando mais emprego e renda.

Uma solução negociada, que preserve os in-teresses dos estados produtores e permita queos benefícios dessa riqueza alavanquem o de-senvolvimento do nosso país, é o inverso de sercontra o Rio. A intransigência, mesmo sob aaparência da defesa do Rio, pode transformarem derrota a grande vitória que teremos — oRio e o Brasil — com os recursos do petróleo,divididos com justiça e aplicados com controle,eficiência e honradez.

* Deputado federal (PT/RJ)

As descobertas de petróleo na camada pré-sal são uma gran-de conquista do povo brasileiro. A alteração no marco regulatóriodo petróleo, porém, pode mergulhar o Brasil em indesejada guer-ra federativa. Estados não produtores têm o legítimo direito depleitear maior participação nessa riqueza. Mas a conta não podeser paga pelos estados produtores.

Comparações internacionais apontam o Brasil como um dospaíses que menos tributam o petróleo. Umas das propostas que

apresentamos foi restabelecer o equilíbrio da participação especial (o “im-posto de renda” sobre os poços em atividade), atualizando as tabelas previstasno Decreto nº 2705/1998. Quando a participação especial foi instituída, o preçodo barril do petróleo era de U$ 15; hoje custa cerca de U$ 100. Além disso,apenas 18, de 298 poços, pagam esse imposto. A receita adicional seria desti-nada aos estados e municípios não produtores.

Estados produtores e não produtores não devem se digladiar enquanto aUnião concentra poderes. A Petrobras, que pertence à União, tem visto seuslucros crescerem acentuadamente, saltando de R$ 13,5 bilhões, em 2002, paraR$ 35,2 bilhões, em 2010. No mesmo período, a carga tributária da empresacaiu de 2,95% para 2,3% do PIB.

O Rio, em particular, já é penalizado pornão recolher ICMS do petróleo, cobrado nosestados destinatários. Deixamos de receberde R$ 8,5 bilhões. Além disso, somos um dosque menos recebem recursos do Fundo deParticipação dos Estados (FPE): a cota doRio é de 1,5%, bem abaixo de Minas Gerais(4,4%), Pernambuco (6,9%) e Bahia (9,3%).

O Brasil precisa saber que o Rio não estánadando em dinheiro. Somando-se todas asreceitas (ICMS, FPE e royalties), o estadotem a segunda menor do Brasil quando com-parada com o seu PIB (atrás apenas do DF).

O Rio está começando a se reerguer apósum período longo de problemas. Precisamosdar seguimento à política de pacificação,ampliando as UPPs e contratando novos po-liciais. Nos próximos anos, teremos aRio+20, a Copa do Mundo e as Olimpíadas.Tirar dinheiro do Rio agora é comprometertais ações, o que será uma derrota para oBrasil quando os olhos do mundo estão vol-tados para nós.

Produtores e não produtores precisamse unir para convencer o governo federal.

O pré-sal é nosso passaporte para ofuturo e não pode ser o pomo da discór-dia. A correção no decreto que dispõe so-bre a participação especial ou a taxação dasexportações de petróleo resolve o impasse,atende aos estados não produtores e nãoonera a União.

* Senador (PT/RJ)

Divisão dosroyalties do

petróleo

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 20

L i v r o d e c a b e c e i r a

Democracia, Justiçae direitos humanos

Composto de 12 ensaios sobre os desafios da democraciacontemporânea nos quais o autor enfrenta questões filosófi-cas e sociológicas sobre os dilemas da sociedade, o livro éum ótimo instrumento de estudo sobre Filosofia, Sociologiae Teoria Geral do Direito. Professor da Universidade de SãoPaulo (USP), Eduardo C. B. Bittar convida os leitores auma reflexão e os incentiva a trabalhar por uma verdadeiramudança social. A obra é da editora Saraiva. Mais informa-ções pelo telefone 0800-055-7688 ou no sitewww.saraivajur.com.br

Petróleo e desenvolvimentoDestinada a advogados, gestores públicos e profissio-nais da indústria do petróleo, a obra tem como temacentral a relação entre o Direito Internacional, odesenvolvimento e as políticas públicas. No livro, daeditora Saraiva, Lier Pires Ferreira analisa as condi-ções de viabilidade do acesso ao mercado do petró-leo, apresentando um panorama jurídico das ativida-des relacionadas à área. Mais informações pelotelefone 0800-055-7688 ou no sitewww.saraivajur.com.br

Lavagem de dinheiroA obra, resultado da tese de doutoradode Rogério Filippetto na UFMG, é umestudo sobre o complexo tema penal dalavagem de capitais, exposto comclareza e rigor científico pelo autor.Levando em conta pesquisas realizadasno Brasil e no exterior, Fillippettoapresenta a estreita relação entrelavagem de dinheiro, crime organizado ecorrupção, e discute mecanismos deprevenção e combate a esse tipo dedelito. O livro é da editora Lumen Juris.Mais informações pelo telefone (21)3505-5888 ou no sitewww.lumenjuris.com.br

Polícia cidadãPublicado pelo Núcleo de Identidade Brasileira e HistóriaContemporânea da Universidade Estadual do Rio de Janeiro(Uerj), o livro homenageia o coronel Carlos Magno NazarethCerqueira, assassinado em 1999. Seu sonho de transformara Polícia Militar do Rio de Janeiro em uma polícia cidadã éexposto na obra por meio de textos inéditos de sua autoria ede entrevistas com profissionais de seu convívio. A organiza-ção é de Ana Beatriz Leal, Íbis Silva Pereira e OswaldoMunteal Filho. Mais informações pelo telefone (21) 2334-0098 ou no blog http://nibrahc.blogspot.com

Intervenção doEstado na economia

O trabalho de A. Saddy busca, principalmente,classificar, explicar e comparar as distintas formasde atuação e intervenção do Estado brasileiro naeconomia. Para isso, o autor expõe as distintasnaturezas jurídicas da atuação estatal, tendo oobjetivo de frear práticas abusivas e apresentar umparadigma que decorre da conjunção do poderpúblico e da iniciativa privada, visando a umsistema de autorregulação entre esses setores. Aobra é da editora Lumen Juris. Mais informaçõespelo telefone (21) 3505-5888 ou no sitewww.lumenjuris.com.br

Direito FalimentarDe forma prática, Ecio Perin Junior acompanhaneste livro a evolução do novo processo falimentar ede recuperação de empresas, discutindo e analisan-do os aspectos sobre o instituto da falência e seusefeitos sobre os credores, o falido e seus contratos.Em formato de curso, o autor esclarece as dúvidasmais recorrentes sobre o assunto pelos aspectosteórico e prático, sempre focando em um contextode eventual sucesso das instituições. A obra é daeditora Saraiva. Mais informações pelo telefone0800-055-7688 ou no site www.saraivajur.com.br

ESTANTE

Arnaldo de Araújo Guimarães*

“Retomo a obra Memórias do esquecimento, deFlávio Tavares, em vista da bela reportagem publica-da na TRIBUNA DO ADVOGADO nº 509, sobrememória e verdade. Percebi que, com maestria eempenho, a Seccional do Rio destacou espaçoimportante aos desaparecidos políticos. Nesta linha,ouso recomendar para leitura um dos melhores livrossobre o tema, devorado em poucas horas com fatos edepoimentos reais e profundos. O autor integrou ogrupo de 15 prisioneiros políticos libertados em troca

do embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado pela guerrilha urbanaem 1969. Memórias do esquecimento é um testemunho do autor, não umainvenção, lembra de épocas duras, das prisões, da tortura e da morte, incrivel-mente sem rancor nem ódio. No olhar crítico de um jornalista, o autor usahumor e ironia, paixão e erotismo. Nada lhe escapa: a guerrilha, a imprensa,os companheiros de militância, os militares e os políticos. A história é divididaem duas grandes partes: na primeira, ele relata episódios ligados ao exílio; aúltima inicia com os bastidores do poder em Brasília, em 1964, às vésperas dogolpe, anos iniciais da ditadura militar e o começo da resistência armada,liderada por Leonel Brizola.

* Coordenador nacional das Caixas de Assistência dos Advogados (Concad) epresidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Rio Grande do Sul

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 21

Classitribuna

PANORAMADireito em debate: regulamentaçãoda mídia e questão das drogas sãodestaques no mês de dezembro

O Direito em Debate tratará, em dezembro, deassuntos polêmicos, como a regulamentação damídia e a questão das drogas. O programa sobrea mídia irá ao ar no dia 13 e contará com apresença do procurador-geral da Seccional,Ronaldo Cramer, e do jornalista Milton Temer. Jáno dia 20, o presidente da Comissão de Políticassobre Drogas da OAB/RJ, Wanderley Rebello, apesquisadora e professora Rita de Cássia Caval-cante Lima e o médico Leo Benjamin abordarão,de forma ampla, as drogas ilícitas, desde oaspecto legal até as implicações na saúde. Valelembrar que o programa é transmitido às terças-feiras, às 21h, na Rede Vida.

O Projeto de Lei (PL) nº 2177/2011, que institui o Código Nacio-nal de Ciência, Tecnologia e Inova-ção (CT&I) e encontra-se atual-mente em tramitação na Câmarados Deputados, foi amplamentedebatido em evento organizado pelaComissão de Assuntos Jurídicosdas Organizações Não-Governa-mentais (Cajong) da OAB/RJ, no dia18 de novembro.

“A comissão se antecipou à dis-cussão e às audiências públicas quecertamente virão. É fundamental a atualização dalegislação para o desenvolvimento econômico dopaís”, destacou o presidente da Cajong, PauloHaus, responsável pela realização do debate.

O representante da Comissão Parlamentar naCâmara dos Deputados responsável pelo PL, Cló-vis Squio, apresentou o anteprojeto do código comas seguintes premissas: diploma legal único paraassuntos de CT&I, documento novo ao invés de

Seccional debate anteprojeto de CódigoNacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

emendas, norma flexível adequada àdinâmica de execução de projetos depesquisa, superação de gargalos eampliação dos instrumentos deapoio à inovação em empresas. Deacordo com Squio, as principais pro-posições de mudanças se dão na uni-ficação de nomenclaturas e conceitos,nas regras gerais para instrumentosde fomento à pesquisa e nas exigên-cias para a prestação de contas.

O evento prosseguiu com apre-sentações e debates entre represen-

tantes de instituições de natureza diversa comoRaimar Van Den Bylaardt, do Centro de Tecnologiaem Dutos; Domingos Naveiro, do Instituto Naci-onal de Tecnologia; Paulo Ivo, da Associação Bra-sileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica;Alberto Machado, da Associação Brasileira de In-dústrias de Máquinas; e Naldo Dantas, da Asso-ciação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimentode Empresas Inovadoras.

Clóvis Squio Ronaldo Cramer e Milton Temer

Atuação como correspondente em audiências (JEC´s, cível e tra-balhista) e, para extração e postagem de cópias nas comarcas de Duquede Caxias e Petrópolis. Dra. Ana Paula Esperança (OAB/RJ 154108). Tels.21 9229-1117. email: [email protected].

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ERRATAA matéria No encerramento, tributo aos mestres, publicada na página 6 da edição de novembro da TRIBUNA,

deioxu de mencionar que a advogada Dirce Drach também foi agraciada com a Medalha Sobral Pinto, concedida a colegascom mais de 50 anos de profissão. A medalha lhe foi entregue pelo criminalista José Carlos Tórtima.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 22

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TRIBUNA DO ADVOGADO - DEZEMBRO / 2011 - 23

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Royalties“Importante a participação da OAB/RJ na defesa dointeresse do Rio de Janeiro. Mas enquanto a perda dosroyalties é fato atual, os royalties pagos ao Rio sãofatos já antigos. Por que nunca se emprestou esseprestígio a uma prestação de contas do que foiarrecadado até aqui (tal como nunca se fez em relaçãoà CPMF) e por que o silêncio quando Rosinha e o LuizPaulo Conde mudaram a Constituição do Estado parareduzir a 5% o montante destinado (dos 15%recebidos) ao meio ambiente? É duro dizer, mas opleito — legítimo — feito sem considerar seu usoconforme a desvirtuação constitucional mansamenteaceita até aqui pelas vozes mais exaltadas me fazpensar nas verdadeiras intenções ‘subjacentes’...Sugiro que a OAB/RJ lute pela apuração do uso dosroyalties nesses anos todos, já que não se viramresultados em educação, saúde ou segurança. Só apropaganda do estado foi a grande beneficiada (...)”Cláudio Severino Manfredini de Oliveira (OAB/RJ26.848)

“A OAB/RJ sempre participou dos grandes movimentoscívicos da nossa história. Agora, em que está em jogoo futuro do Rio de Janeiro com a questão dosroyalties, parece omissa e desinteressada. Por quê?(...) Será que a OAB/RJ perdeu seu sentido cívico?Carlos Barbosa Lima (OAB/RJ 12.682)

N. da R: A OAB/RJ organizou abaixo-assinado emfavor do Rio na questão dos royalties e tem participa-do ativamente dos atos públicos com esse objetivo,como mostra matéria na página 9.

Rocinha“Inicialmente cumprimento o presidente WadihDamous por sua gestão, que tanto tem facilitado osofrido trabalho dos advogados nas serventiasjudiciais sem estrutura e desrespeitosas, muitas vezes,no atendimento aos nossos pleitos. A Seccional nostem dado todo o apoio necessário e tornado viável aadvocacia em fóruns mais distantes. (...) Por outrolado, o assunto que trago é relativo à prisão deadvogados acobertando (e não simplesmente defen-dendo, portanto) o traficante Nem na comunidade daRocinha. Evidentemente, sei que é direito de qualquerpessoa ter defesa técnica, e não é a isso que me refiro.No entanto, o que pareceu à mim e à minha família éque ali, dentro daquele suposto veículo consular, nãohavia um traficante sendo “assistido” por seusadvogados, mas uma quadrilha formada por umtraficante e vários advogados. Dúvida não resta sobreo quanto esse triste evento golpeia o bom nome detodos nós, advogados éticos, que temos que carregar,junto com nossas carteiras, os olhares de desconfian-ça da sociedade, como se fôssemos iguais a essesbandidos, pois é exatamente o que eles são. Desejosaber que providências a OAB/RJ pretende tomar emrelação a esses inscritos (...)”.Janaina Aparecida Forteza Amorim (OAB/RJ161.462)

“(...) É com muito pesar que venho, por intermédiodesta manifestação, pedir a devida punição a LuizCarlos Cavalcante Azenha e seu comparsa AndréCruz, ambos infelizmente advogados, e exclusãoimediata, bem como apreensão da suas respectivascarteiras profissionais, a fim de mostrar para asociedade de bem e para os nobres colegas advogadosque a nossa Casa não permite bandidos e traficantestravestidos de doutores! Por fim, que seja dada umaresposta em meio de comunicação quanto ao procedi-mento aplicado pela OAB/RJ”.Robertoacsilva (OAB/RJ 107.091)

N. da R: O presidente da Seccional, Wadih Damous,responde: “Assim como os senhores, sinto vergonha eindignação quando tomo conhecimento de queadvogados desonram a nossa profissão. Tenho umaluta de defesa intransigente das nossas prerrogati-vas. Mas, também, não tolero a conduta improba demaus profissionais que atentam contra a boa imagemda advocacia perante a nossa sociedade. O caso foiimediatamente encaminhado ao nosso Tribunal deÉtica e Disciplina (TED), que suspendeu os trêsadvogados preventivamente por 90 dias e julgaráo processo”.

Juizados“Venho demonstrar minha indignação quanto àexcessiva morosidade dos juizados especiais cíveis daCapital, em especial quanto ao 21º e 23º. Atividadessimples, como juntadas de petição, envio dos autos àconclusão e expedição de mandados de pagamento,demandam tempo fora do razoável, fazendo com quenós, advogados, nos sintamos até constrangidosperante nossos clientes, que nos cobram andamentosem seus processos. Infelizmente, não temos comojustificar tal demora. Ao nos dirigirmos aos cartórios,nunca há uma resposta satisfatória por parte dosservidores, que simplesmente se limitam a dizer quehá falta de funcionários para realizar as atividades eque não há como agilizar os atendimentos. Sei que éum problema enfrentado por todos os advogados queatuam nos juizados, mas gostaria de solicitar que aOAB/RJ, na qualidade de representante da classe,cobrasse providências das autoridades competentes,para que cada vez mais possamos trabalhar com adignidade e o respeito que nossa profissão merece”.Flávia Lins (OAB RJ 150.303)

N. da R: A OAB/RJ promoveu a campanha Dignidadenos juizados e continuará cobrando providências doTribunal de Justiça

RoyaltiesIdicea Rodrigues Barbosa: É um absurdo como os própriosparlamentares, que deveriam preservar e guardar a Constitui-ção Federal de 1988, demonstram não conhecê-la. (...) Écerto que visam a seus próprios interesses e demonstramdesconhecer as leis e o direito do Rio de Janeiro e do EspíritoSanto aos royalties, ou querem permanecer na ignorânciapor interesses escusos, em detrimento do Rio, que será omais prejudicado em razão dos contratos já firmados comempresas estrangeiras e refrentes à Copa do Mundo.

Sala dos Advogados, no Fórum da Leopoldina, é devolvida à OABÉrica Batista: Graças a Deus essa pendência ficou resolvida.Fizeram um fórum lindo, mas os advogados, se necessitas-sem utilizar a sala da OAB, não podiam. Achei um absurdo,fico muito feliz mesmo por terem resolvido a questão!!!!

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TRIBUNA DO ADVOGADOÓrgão de Divulgação da OAB/RJAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andarCentro - Cep 20020-080 - Rio de Janeiro - RJ

Hermann Assis BaetaENTREVISTA

CÁSSIA BITTAR

Como nasceu o projeto de organizar a his-tória da OAB em uma coleção como essa?

Baeta - O projeto nasceu por iniciativa do pre-sidente do Conselho Federal à época, RubensAprobatto Machado, que também criou nesse pe-ríodo o Museu Histórico da OAB. Ele me convidoupara coordenar a coleção que iria relatar a históriada instituição. Procurei, então, pesquisadores ehistoriadores para a elaboração do trabalho de acor-do com a especialização de cada um.

Os livros resgatam episódios da luta pelorestabelecimento da democracia na época daditadura militar. Em sua opinião, esse é o pe-ríodo da história da entidade que mais mere-ce destaque? Que outros momentos da OABforam fundamentais?

Baeta - Entendo que sim, pela singularidadedos problemas surgidos à época da ditadura mili-tar. Além desse período, destaco, ainda, dois mo-mentos: a luta pela criação da própria entidade,que encontrou divergência entre os advogados e,quando, como presidente do Conselho Federal,

transferi sua sede para Brasília. Este ato susci-tou grande resistência entre importantes advoga-dos que militavam na sociedade brasileira, emespecial os colegas do Rio de Janeiro, onde erasediada a Ordem, pois acharam que sua partici-pação no Conselho Federal seria dificultada pelanecessidade de locomoção para a nova capital daRepública.

Na recente conferência nacional, o ex-presidente da OAB Cézar Britto afirmou quenão se pode contar a história do Brasil semcontar a história da Ordem. O senhor con-corda?

Baeta - Concordo, porque a pressão dos ad-vogados, por intermédio da sua entidade máxi-ma, foi decisiva em muitos momentos, como, porexemplo, no caso do impeachment do ex-presi-dente Fernando Collor de Mello.

O senhor pode destacar algum fato inte-ressante que desconhecia e descobriu gra-ças à sua pesquisa?

Baeta - Não desconhecia a história da OAB,mas posso destacar o caso da defesa do réu co-munista Luis Carlos Prestes pelo advogado Sobral

Pinto. Para defender Prestes dos maus tratos naprisão onde se encontrava, Sobral Pinto invocou aLei de Proteção aos Animais. Destaco, também, aresposta do ex-presidente da OAB RaymundoFaoro ao ex-presidente da República ErnestoGeisel, quando questionado sobre a solução paraacabar com a tortura no Brasil. Na ocasião, Faorodisse que bastava restabelecer o habeas corpusque o AI-5 estaria suspenso. Sem a vigência dessedispositivo, os réus poderiam ser torturados nasprisões sem nenhum recurso.

A coleção relata a história da Ordem até oano de 2003. Existe algum projeto de atuali-zação?

Baeta - Existe. Na própria apresentação dacoleção, eu, na qualidade de coordenador, ad-virto que ela está inacabada, pois os presi-dentes futuros terão que continuar a relataros fatos importantes das suas gestões, dandosequência à história. Além disso, é importante queos presidentes das seccionais elaborem projetosde registro de fatos das suas respectivas entida-des, que, de outra forma, podem escapar do co-nhecimento geral.

‘Pressão dos advogados, porintermédio da Ordem, foidecisiva na história do Brasil’Ex-presidente do Conselho Federal e responsável pela transferência dainstituição do Rio de Janeiro para Brasília, em 1986, Hermann AssisBaeta apresentou, na recente XI Conferência Estadual da OAB/RJ, acoleção História da Ordem dos Advogados do Brasil. A série, com setelivros, destaca fatos e personagens que marcaram a advocacia desde afundação do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), em 1843.Coordenador do projeto, Baeta destaca a participação da Ordem emgrandes momentos históricos do país e afirma que a coleção é “umlegado para as novas gerações”.