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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 2

WADIH DAMOUS

RECADO DO PRESIDENTE

A gestão dasprerrogativas

No último Colégio de Presidentes, realizado nos dias 3, 4 e 5 de agosto,em Vassouras, usei a expressão “gestão das prerrogativas” para classificaro mandato que se encerra este ano.

Efetivamente, nos dois períodos em que estive à frente da Seccionalmuito foi feito – o que é reconhecido pelos advogados. As pesquisas odemonstram. Mas não hesito em afirmar que a principal marca do traba-lho da atual diretoria foi a recuperação da dignidade da OAB/RJ perante osadvogados, perante o Judiciário e perante a sociedade.

Hoje, um agente público tem consciência de que, se desrespeitar asprerrogativas de um advogado, terá que enfrentar a ação da Seccional, nafigura da nossa Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas, a Cdap– de cuja atuação temos nos orgulhado.

À sociedade demonstramos que o respeito às prerrogativas da advoca-cia, antes de ser apenas de interesse profissional dos advogados, é condi-ção imprescindível para que os cidadãos possam buscar seus direitosjunto ao Poder Judiciário. Por isso, o respeito às nossas prerrogativas éatributo essencial para o Estado de Direito e para a própria democracia.

Outro aspecto marcou fortemente nossa gestão: a valorização dos advo-gados das subseções.

Foi-se o tempo em que a atenção da Seccional às subseções circuns-crevia-se, principalmente, à promoção de eventos festivos do qual partici-pavam alguns privilegiados.

Hoje, por meio do projeto OAB Século 21 – idealizado e capitaneadopelo presidente da Caarj e diretor do Departamento de Apoio às Subse-ções (DAS), Felipe Santa Cruz –, o espaço físico de todas as subseções foireformado e equipado. Em alguns casos, novas sedes foram adquiridas.

E o apoio não se deu apenas no que concerne à infraestrutura física,pela criação de novos espaços ou melhoria dos já existentes.

Os advogados do interior passaram a ser respeitados como profissio-nais tão importantes quanto os da capital. E receberam o mesmo apoiodedicado aos colegas da capital.

São muitos os exemplos disso. O mais recente foi a criação dos cursostelepresenciais, fazendo com que aulas ministradas pelos melhoresjuristas da sociedade estejam ao alcance de qualquer advogado doestado, que não precisará mais sair de sua cidade para acompanhá-las.Assim, a possibilidade de aperfeiçoamento profissional se estenderá, demaneira equânime, a todo o estado, não mais ficando restrita aos queresidem na capital.

Deve ser registrado, ainda, que nosso comportamento em relação àssubseções foi absolutamente republicano. Não nos preocupamos em sa-ber se um determinado presidente apoiou ou não nossa chapa no períodoeleitoral. Todos os presidentes de subseção foram eleitos de forma legíti-ma. Por isso, representam igualmente os advogados de sua base e merece-ram o mesmo respeito por parte da Seccional.

Por fim, vale registrar que o apoio às subseções se fez presente não sóno aspecto material, mas em todos os campos. E, aí, voltamos ao tema dasprerrogativas

Houve a imediata intervenção da OAB/RJ cada vez que um advogado foidesrespeitado no seu exercício profissional – estivesse ele na capital ou nointerior.

E não poderia ter sido de outro modo.Afinal, esta foi mesmo a gestão das prerrogativas.

Nesta ediçãoComissão de Prerrogativas: trabalho redobradoem defesa dos direitos dos advogadosOs números apresentados pela Comissão de Defesa, Assistência ePrerrogativas (Cdap) da OAB/RJ, durante a reunião do Colégio de Presidentesdas Subseções, comprovam o bom trabalho do órgão na defesa dos direitosdos colegas. Nos últimos 30 meses, a Cdap proferiu 4.729 despachos, enviou4.170 ofícios e realizou 143 reuniões com advogados. Páginas 6 e 7

Felipe Santa Cruz e Luiz GustavoBichara abordam a relação entre oSimples Nacional e a advocaciaA situação da advocacia perante a alta cargatributária nacional e o impacto que o SimplesNacional – regime que permite que empresas com

receita anual de até R$ 3,6 milhões recolham de forma unificada os tributosdevidos – poderia ter sobre a classe, se permitida sua aplicação, é tratada emartigo pelo presidente da Caarj, Felipe Santa Cruz, e pelo vice-presidente daComissão Especial de Assuntos Tributários da OAB/RJ, Luiz GustavoBichara. Página 11

Na seção Pontocontraponto, a proibição daparticipação de médicos em parto domiciliarA proibição, pelo Cremerj, de que médicos realizem partos em casa geroupolêmica. No Pontocontraponto, a presidente do órgão, Márcia Rosa deAraújo, defende a medida, enquanto o presidente do Conselho Regional deEnfermagem do Rio de Janeiro, Pedro de Jesus Silva, critica a rede da saúdepública e afirma que as resoluções do Cremerj tentam legislar sobre o corpofeminino. Página 19

TRIBUNA DO ADVOGADO

Diretor:Wadih Damous

Chefe de ComunicaçãoSocial:Cid Benjamin([email protected])

Editor:Marcelo Moutinho - MTB 18.955([email protected])

Reportagem:Patrícia Nolasco([email protected])Cássia Bittar([email protected])Renata Loback([email protected])

Fotografia:Francisco Teixeira e Lula Aparício

Publicidade:Ricardo Cariello([email protected])Tel: (21) 2272-2049

Projeto gráfico:Victor Marques([email protected])

Impressão: Ediouro

Tiragem: 128.000 exemplares

Departamento deJornalismo e Publicações:Av. Marechal Câmara, 1507º andar - CasteloRio de Janeiro - CEP: 22020-080Tels: (21) [email protected]

Jornal fundado em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

OAB - Seção do Estado do Rio de JaneiroAv. Marechal Câmara, 150 - Tel: (21) 2730-6525

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 3

Setenta e oito por cento dos ad-vogados do Estado do Rio deJaneiro aprovam a gestão do

presidente da OAB/RJ, WadihDamous, aponta pesquisa realiza-da pelo Ibope entre 7 e 14 agosto. Adesaprovação é de somente 7%, e11% não souberam responder.Não marcaram resposta na avali-ação 4%. A soma dos que conside-ram que a situação da Seccional me-lhorou com a atual diretoria é de 66%,

Gestão da OAB/RJ éaprovada por 78% dosadvogados, diz Ibope

enquanto para 18% ficou igual, e para3%, piorou.

Perguntados como classificam aadministração atual, 54% responde-ram que é boa, 21% a definiram comoótima e 17% marcaram regular, so-mando 92% de respostas positivas.Avaliaram-na como ruim 2%, e pés-sima, 1%. Não souberam ou não res-ponderam 6%.

A pesquisa aferiu também a con-fiança dos advogados no mandato da

atual diretoria, e 74% disseram queconfiam, para 15% que não e 10% quenão souberam ou responderam.Com relação à concordância, ou não,sobre se a OAB/RJ ajuda a valorizar aprofissão na sociedade, 82% disseramque sim, e 15%, não.

A principal razão dos advogadospara avaliar como ótima a atual admi-nistração de Wadih foi a defesa e avalorização dos colegas, com 42% dasrespostas espontâneas relacionadas

a essas questões. O segundo motivomais citado, com 34%, refere-se aosbenefícios oferecidos, entre os quaisforam mais mencionadas a oferta deplanos de saúde, 11%, de planoodontológico, 9%, e as melhorias naCaarj, 7%. Somaram 22% as respos-tas apontando a eficiência adminis-trativa, a transparência e a moderni-zação da gestão.

Na opinião de 80% dos colegas queusam as salas dos advogados nosfóruns, houve melhorias nos últimostrês anos. Entre os 85% da amostraque conhecem os serviços oferecidospela OAB/RJ e pela Caarj, 66% cita-ram os convênios e benefícios e 40%os relacionados à internet, como oRecorte digital, com 30%.

Na avaliação da Caarj, 45% res-ponderam que melhorou nessa ges-tão, para 6% que disseram ter piora-do. Nesse quesito, 27% não soube-ram responder, e 18% não apontarampiora ou melhora.

A importância da atuação da OAB/RJno cenário brasileiro recebeu a con-cordância de 82% dos colegas,para 14% que discordaram. Quan-to ao Exame de Ordem, 88% mani-festaram aprovação, para 11% que odesaprovam.

Entre os meios de comunicaçãoda Seccional com os advogados, 85%consideram a TRIBUNA DO ADVO-GADO boa ou ótima. O site ganhou68% dessas opiniões. Outros meios,como o Twitter e o Facebook aindasão desconhecidos para 86% e 81%dos colegas, respectivamente.

A margem de erro da pesquisa éde quatro pontos percentuais, paramais ou para menos. As respostas àsperguntas cujas somas das porcen-tagens não totalizam 100% são decor-rentes de arredondamentos ou demúltiplas respostas. Foram ouvidos500 advogados.

Aprovação do Exame de Ordem Avaliação das melhorias nas salas da OAB

Aprovação daatual gestãoda OAB/RJ

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 4

Falta de juízes e situaçãoRio levam OAB/RJ a ped

Há cinco anos, Itaperuna não temjuiz titular. Vassouras, há quatro.A Vara de Família de Magé, comseis mil processos, também não,como muitas outras do interior. Ojuiz de Búzios acumula a funçãoem três comarcas, o que resulta emextrema morosidade e até parali-sação de processos. As instalaçõesnos fóruns da Baixada fluminensesão lamentavelmente precárias apesarde atenderem à segunda maior popu-lação do estado, enquanto no Noro-este, onde a demanda é bem me-nor, prédios subutilizados ofere-cem condições ideais até para ofuturo. A falta de serventuários é odenominador comum.

Essa situação, exposta em le-vantamento feito nas subseções

única resposta a quadro tão difícil,agravado na medida do crescimentoda demanda da população”, acrescen-ta o presidente da Seccional, preocu-pado com a “falta de perspectivas demelhora” e a ausência de iniciativasque poderiam atenuar os efeitos.

“Por que a direção do TJ não deixade utilizar-se de juízes de auxílio nosgabinetes? O jurisdicionado precisamuito mais deles do que os dirigentesda corte”, observa Wadih, propondoque esses 16 magistrados alocadossejam redistribuídos para serventias

VassourasHá quatro anos, a comarca não contacom juiz titular.O número de funcionários nos cartóri-os é insuficiente.O Proger tem apenas um funcionário.Na ausência dele, as petições só po-dem ser protocoladas na Vara Única.

PiraíA Comarca de Pinheiral funciona hámuito tempo apenas com juiz substi-tuto e precisa, com urgência, de juiztitular.O número de servidores é insuficien-te, o que prejudica ainda mais o aten-dimento ao público.O prédio do Fórum de Piraí requermelhorias na sua acessibilidade, coma instalação de elevador, que facilita-ria o acesso a deficientes físicos, bemcomo ampliação do espaço físico daVara Única, que atualmente nãocomporta mais que quatro pessoas.

MéierO XII JEC, hoje localizado sob a pisci-na olímpica da Universidade Gama Fi-lho, encontra-se em péssimas condi-ções, tendo a engenharia do TJ dadoparecer favorável à sua mudança para

onde são mais necessários. Em seulugar, a presidência poderia trabalharcom assessores qualificados, que nãoprecisam ser aprovados em concursopara serem nomeados, sugere. Wadihdestaca que faltam investimentos egerenciamento na 1ª Instância e criti-ca o atendimento dos escreventes aoadvogado.

A convocação de mais mutirõesjudic ia is para de s a f o g a r a sser ventias atulhadas de proces-sos é outra sugestão da Sec-cional, “além de realização de con-

Principais reclamações rego Fórum do Méier. Contudo, o proces-so está parado no gabinete da direto-ria do Fórum Regional do Méier desdeo dia 26 de maio de 2011, sem qual-quer informação quanto às providênci-as tomadas.Há muitas queixas de violação deprerrogativas, sobretudo na 4ª VaraCível.

MagéO prédio do Fórum é muito antigo enão comporta a demanda do municí-pio. Além disso, não oferece condi-ções de acessibilidade para idosos e de-ficientes, pois tem três andares e nãoconta com rampas ou elevadores.A Vara Cível está sem juiz titular hámais de um ano e acumula as atribui-ções cíveis, orfanológicas, INSS (aci-dentes de trabalho), falência e Fazen-da Pública, com um acervo de 9.500processos. Para tanto, conta com ape-nas dez servidores.A Vara Cível Regional de Inhomirimtem como atribuição apenas o julga-mento de demanda cível e orfanológi-ca, fazendo com que demandas queversem sobre outras matérias sejamdistribuídas à Vara Cível de Magé,mesmo nos casos em que o deman-

dante seja domiciliado na área deabrangência da primeira.Contando com um acervo de aproxi-madamente 1.500 processos, a VaraCriminal da Magé tem apenas cincoserventuários. Após a criação de maisuma casa de custódia no Município,teve grande aumento o número decartas precatórias, hoje em torno de20 por dia. Os funcionários são deslo-cados a fim de darem cumprimento àscartas, por conta do caráter de urgência.A Vara de Família de Magé, que apre-senta seis mil processos e sete serventu-ários, não tem juiz titular.O cartório da Dívida Ativa, que pro-cessa mais de 85 mil feitos, não temjuiz titular e conta com número insu-ficiente de servidores.

ItaboraíA OAB tem sido impossibilitada defornecer serviços de fotocópias noFórum local, embora o serviço sejadestinado apenas aos profissionais doDireito, sem qualquer finalidadede lucro. A atitude do TJ temcausado enormes dif iculdades aadvogados e estagiários, pois oserviço de reprografia autorizadopelo tribunal é insuficiente para o

pela OAB/RJ, levou o presidente daSeccional, Wadih Damous, a encami-nhar pedido de providências ao Con-selho Nacional de Justiça (CNJ) jun-to ao Tribunal de Justiça (TJ). “O fun-cionamento do Judiciário é muitoruim, prejudica enormemente o ju-risdicionado e os advogados. Comoórgão de planejamento estratégico dopoder, o Conselho precisa agir no sen-tido de propor e exigir medidas e cor-reções para solucionar os problemase minimizar seus efeitos deletérios”,afirma Wadih.

“Reconhecemos o esforço da pre-sidência do TJ na realização de con-cursos para preencher o déficit de maisde 160 juízes. Mas esta não pode ser a

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 5

ão precária da Justiça doedir providências ao CNJ

cursos paraserventuários esua lotação confor-me a carência dascomarcas”, lembraWadih, para quema utilização de es-tagiários funcionacomo “tapa bura-co”. “A lotaçãoatual dos servido-res “reproduz ahierarquia quehá na sociedade,

egistradas pelas subseçõesatendimento de toda a demanda.

Belford RoxoRequer mais magistrados e serventuá-rios.

ItaperunaO Juizado Especial Cível e Criminalde Itaperuna está sem juiz titular háaproximadamente cinco anos.

Barra do PiraíCartório da 1ª Vara – A Vara não temjuiz titular e conta com número insu-ficiente de serventuários, o que temprovocado muita demora nas juntadasde petições, bem como nas publica-ções de despachos e sentenças.Cartório do Juizado – As audiências estãosendo marcadas para novembro de2012. Os autos dos processos com au-diência marcada não são liberadosmediante carga para cumprimento dedespacho, podendo apenas ser retira-dos para cópias. Os conciliadores sãodespreparados e sem condições deconduzir as audiências; e a juíza exigecomprovante de residência da parte auto-ra, o que atenta contra a informalidadedos juizados. O prédio oferece péssi-mas condições de acomodação: fal-

tam sanitários, bebedouros, ventila-ção e acesso para deficientes físicos.

Três RiosJuizado Especial Cível – Há demoraexcessiva na expedição de mandadosde pagamento. As audiências de conci-liação apresentam baixo índice de apro-veitamento, em razão do despreparodos conciliadores, que não são bacha-réis em Direito como exige a lei.1ª Vara – A prestação jurisdicionalestá seriamente prejudicada pelo nú-mero insuficiente de peritos contá-beis, são apenas dois. Chega-se a le-var dez meses para a entrega do lau-do, já que os peritos fazem carga deaté 150 processos por vez.2ª Vara – Apresenta enorme acervo,resultante da acumulação de atribui-ções para julgar feitos criminais, Fa-zenda Pública e Dívida Ativa dos mu-nicípios de Três Rios, Areal e Comen-dador Levy Gasparian.

CordeiroA ausência de juiz titular e a insufici-ência de serventuários na Comarcatêm agravado consideravelmente oandamento dos processos, que totali-zam mais de 5.500 feitos.

Nova IguaçuCom a atual demanda de cerca de 30mil processos nos JECs e um milhãode habitantes na cidade, cuja comar-ca abrange ainda o município de Mes-quita, é preciso a implantação de maisum Juizado Especial Cível na cidade.É necessário, também, o aumento donúmero de servidores dos três JECs dacomarca, a fim de suprir a deficiênciaque provoca atraso no processamentodos feitos.Os computadores e impressoras utili-zados nas serventias da Comarca sãomuito antigos.Quanto às sete varas cíveis de NovaIguaçu, verifica-se grande morosidadenos processamentos cartorários, sen-do, portanto, necessário o aumentode serventuários.

MacaéFaltam serventuários nas comarcasde Macaé, Conceição de Macabú eQuissamã/Carapebus, e novos magis-trados, considerando a posse de 35juízes aprovados no último concursopara preenchimento das sete serventi-as da região.É preciso elevar a da Comarca de Macaéà categoria de entrância especial no TJ.

Wadih: “Faltaminvestimentos egerenciamentoà 1ª Instância”

as capitais são bem servidas e o inte-rior fica desprovido”, diz.

A falta de recursos, alegação recor-rente para a falta de estrutura e a precari-edade nas instalações, justamente nointerior, também é rebatida. “Em umestado em que o TJ, e não estou mereferindo a nenhuma administra-ção, exibe verdadeiros palácios nacapital, é inaceitável a tese de quefaltam verbas. Existe, sim, má distri-buição”, diz o presidente da OAB/RJ.

Outro problema grave apontadono levantamento, o mau funciona-mento dos juizados especiais, pre-cisa de soluções urgentes, segundoWadih. “Os JECs, instalados comopromessa de celeridade processual,

estão inviabilizados. O próprio Ju-diciário os considera justiça desegunda classe e os jurisdiciona-dos e advogados preferem procu-rar a Justiça comum a esperar nãose sabe quanto tempo para um pro-cesso ser julgado”. Infelizmente, sus-tenta Wadih, os juizados tornaram-seuma boa opção para quem quer a pro-crastinação dos feitos, não para os ci-dadãos. “Levamos ao CNJ essa radio-grafia da situação atual porque aqui játentamos de todas as formas. Precisa-mos de providências”, frisa.

Para o presidente da OAB/RJ, háum padrão comum nas queixas dosadvogados. “O comportamento des-respeitoso dos serventuários e a vio-lação das prerrrogativas por parte dediversos juízes são recorrentes”, afir-ma Wadih.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 6

Balanço comprovaótimos resultados dotrabalho da Comissãode PrerrogativasNos últimos 30 meses, Cdap proferiu 4.729 despachosem processos em defesa dos direitos dos colegas

Quatro mil, setecentos e vinte e nove despa-chos, 4.170 ofícios e 143 reuniões com ad-vogados. Relativos ao trabalho da Comis-

são de Defesa, Assistência e Prerrogativas (Cdap)da OAB/RJ nos dois anos e meio em que está sobo comando de Fernanda Tórtima, esses númeroscontundentes demonstram como a defesa dos di-reitos dos advogados têm sido uma prioridade dadiretoria da Seccional.

Fernanda salienta que a atuação conjunta dosmembros da comissão foi fundamental para bonsresultados. “Muito embora eu faça tudo pessoal-mente, conto com uma equipe muito competentena Cdap e isso me ajuda muito”, elogia.

O balanço foi apresentado no Colégio de Presi-dentes das Subseções, realizado nos dias 3, 4 e 5de agosto, em Vassouras (leia mais na TribunaRegional), onde o presidente da Seccional, WadihDamous, falou sobre os avanços obtidos pela co-missão nesse período. “Hoje, os advogados nãotêm medo de confrontar esta ou aquela autoridadee acabar sendo desacatados ou até presos, poissabem que a OAB/RJ não vai deixar isso passarem branco”, disse.

Segundo ele, foi estabelecida uma nova relaçãocom o Judiciário, “mostrando que o dispositivoconstitucional que define o advogado como indis-pensável à Justiça não é letra morta”.

Fernanda relatou que, desde que assumiu acomissão, pensou em formas de evitar a burocra-cia e organizar a equipe. “Disse aos delegadosque saíssem do gabinete e comparecessem aoslocais para checar as denúncias. Muitos dos pro-blemas que enfrentamos são pequenos e podemser solucionados com a visita de um membro daCdap”, explicou ela.

“Além disso, investimos na profissionalizaçãoda comissão. Contratamos pessoas que fossemse dedicar ao trabalho. Hoje, temos delegados plan-tonistas voluntários em número suficiente paraque nenhum deles precise fazer mais de umplantão por mês. Também contamos com trêsassessores jurídicos, além de um quarto, queestá sendo contratado agora; e voluntários não plan-tonistas, isto é, renomados advogados que pres-tam assistência nos casos mais complexos”, con-tou Fernanda.

Casos mais popularesDe acordo com ela, grande parte das denúnci-

as que chegam à comissão são de desacato e cri-mes contra a honra. “É incrível a criminalizaçãoda conduta do advogado. É claro que alguns cole-gas se excedem no exercício de sua função, mas ébem verdade que se tornou quase impossível odiálogo com algumas autoridades”, criticou.

Entre os principais alvos de reclamação estãoos órgãos da administração pública e as delegaci-

as de polícia. “São instituições que não têm o há-bito de permitir que advogados consultem os pro-cessos sem procuração e isso gera queixas dosprofissionais”, relatou.

Projetos em destaquePara Fernanda, um dos projetos da comissão

que merecem destaque é a luta contra a cobrançade multas processuais aplicadas indevidamente.“Temos trabalhado contra as multas cobradas porconta de insatisfação de juízes com a atuação de

advogados. Esse projeto é a minha menina dosolhos”, disse ela, explicando a situação: “Umexemplo de aplicação indevida é quando o co-lega não comparece à audiência, mas justi-fica. Ainda assim, o magistrado realiza aaudiência e ainda aplica multa ao advogadopor abandono”.

Outro trabalho importante é o controle de açõesde busca e apreensão em escritórios de advoca-cia. “Ainda que o colega seja suspeito de envolvi-mento em crimes, não podemos abrir mão de que

Wadih e Fernanda,durante a exposição noColégio de Presidentes

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 7

A OAB/RJ participou, em 21 e 23 de junho, de exposições sobre a Ordem e aadvocacia para juízes recém-aprovados em concurso. Na primeira palestra,realizada na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), apresidente da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas (Cdap), FernandaTórtima, falou sobre a importância de as prerrogativas serem respeitadas erelatou as medidas que vêm sendo tomadas pela Cdap e os diversos casos deconflitos envolvendo magistrados e advogados, propondo forma de evitá-los.“Entre as prerrogativas que são violadas com mais frequência está a dificuldade

Muitos advogados ainda não sa-bem, mas a cobrança de custas decertidões que, obtidas por cartório,tenham como objetivo informar algumerro cometido pelo próprio cartório, comonão localização dos autos, por exemplo,estão impedidas pelo Tribunal de Jus-tiça (TJ) desde maio deste ano.

A decisão atendeu a pedido daComissão de Defesa, Assistência ePrerrogativas (Cdap) e da Procurado-ria da OAB/RJ, após reclamações deadvogados sobre a dificuldade na ob-tenção de certidões em caráter

emergencial. Elas são necessáriasquando o cartório informa a um cole-ga a impossibilidade de determinadoprocesso ser localizado, o que o leva ater que solicitar uma certidão infor-mando isso, sob pena de perder seusprazos.

Segundo a presidente da Cdap,Fernanda Tórtima, os colegas apon-tavam que, por distintas razões, osautos não se encontravam em cartó-rio durante o transcurso de prazosprocessuais, impedindo, portanto, oseu cumprimento.

Após a comissão comunicar o fatoà Procuradoria da Ordem, o subpro-curador-geral Guilherme Peres en-viou ofício à Corregedoria Geral deJustiça, que, posteriormente, edi-tou o Aviso 370/2012, pelo qual sedeterminou, além da dispensa dorecolhimento de custas nesses ca-sos, que certidões não decorrentes deerro da serventia também sejam emi-tidas imediatamente, sendo faculta-da a comprovação do recolhimentodas custas no primeiro dia útil sub-sequente.

TJ atende pleito da Ordem e impede cobrança de taxaspara pedidos de certidões que informem erro de cartórios

o procedimento seja feito de acordocom a lei, ou seja, com um membroda OAB presente. Não se trata dedefender o advogado, mas de cum-prir a lei e garantir que os clientessejam preservados. Um colega tem odireito de manter em seu escritóriodocumentos que incriminem seusclientes. Isso faz parte do trabalhodele. Nossa intenção é garantir queapenas os documentos que digamrespeito às investigações sejam le-vados”, explicou a presidente.

Segundo ela, a atuação da comis-são nesses casos tem rendido bonsfrutos. “Depois das anulações debuscas obtidas pela Cdap, a PolíciaFederal passou a nos avisar sobre asbuscas com a devida antecedência, oque está possibilitando o envio de re-presentantes da Ordem. É um gran-de avanço”, comemorou.

que um advogado tem para ser recebido por magistrados”, ressaltou.A segunda exposição foi realizada na Escola de Magistratura Regional Federal da2ª Região (Emarf) e contou, além de Fernanda, com a participação do procura-dor-geral da Seccional, Ronaldo Cramer, que frisou que a relação entre advoga-dos e magistrados não deve ser de competição, e sim de cooperação. “Os juízesnão devem ver os advogados como adversários, mas sim buscar nos advogadosamparo para formar sua convicção. Somente assim, a solução judicial será frutodo efetivo debate entre os participantes do processo”, afirmou.

Fernanda e Cramer falam sobre advocacia para novos magistrados

Acatando habeas corpus impetrado pelaComissão de Defesa, Assistência ePrerrogativas (Cdap) da OAB/RJ, aSegunda Turma Recursal do Tribunal deJustiça (TJ) determinou o trancamentode ação penal instaurada contra umadvogado em afronta a suas prerrogativasprofissionais.“Eu estava na parte interna do V JuizadoEspecial Criminal da Capital para falarcom um escrivão e o serventuáriosolicitou que eu me retirasse. Diante daminha negativa, chamaram a polícia efui conduzido à delegacia sem nemmesmo uma ordem para isso”, relata oadvogado Anderson Martins Pereira da Silva, que foiautuado na ocasião pela prática do crime de desobediência.“É prerrogativa do advogado entrar e permanecer emcartórios ou salas de audiência, independentemente deautorização do titular. E, segundo relatos dos própriosserventuários, o colega o fez de forma civilizada, semnenhuma ofensa a nenhum deles. A Ordem achou, portan-to, que tipificar como crime essa conduta, além de um atoexcessivo, ainda afrontava o seu Estatuto”, afirma odelegado da comissão que atuou no caso, Diogo Tebet,

Ação criminal que violava direito de advogadoé trancada após intervenção da Seccional

ressaltando, ainda, que Silva não desobedeceunenhuma ordem oficial de saída, apenas umpedido do serventuário.O magistrado relator do caso, Marcelo CastroFerreira, acatou os argumentos da Cdap,entendendo que, quando entrou na serventia, oadvogado o fez com o respaldo de lei federal(inciso VI, artigo 7º, da Lei n º 8.906/94) eque, portanto, sua conduta seria atípica noDireito Penal.“Fiquei tão desnorteado que até duvidei seminha conduta estava realmente correta. Asituação é tão ‘surreal’ que nem acreditei.Mas tive um amparo tão grande na OAB/RJque, no mesmo dia, já fui tranquilizado”,

conta Silva. “A Cdap se superou nesse caso e nãodeixou barato”, elogia.A presidente da comissão, Fernanda Tórtima, ressaltou aarbitrariedade no caso, mas lembrou que os colegas devemusar o bom senso: “O advogado deve usar tal prerrogativacom parcimônia, apenas quando necessário, pois a entradaindiscriminada no interior de serventias poderá trazerprejuízos à boa administração da Justiça. No entanto, oque não se pode admitir, e não admitiremos, é que ocolega seja responsabilizado criminalmente por isso”.

DiogoTebet

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 8

A morosidade não é um tópico novo nasreclamações dos advogados quanto aofuncionamento dos juizados especiais

cíveis (JECs) do estado. E foi justamenteo tema dominante nas declarações dos

colegas ouvidos em agosto pela TRIBUNAdo Fórum Central. O número excessivo de

ações foi destacado por muitos comoprincipal causa do problema.

Qual sua opinião sobre asituação dos JECs do Rio

de Janeiro?

TRIBUNA LIVRE

Há uma necessidade urgentede empreender esforços paraagilizar o processamento nosJECs, principalmente odespacho de petições. Paraos advogados, a situação émuito difícil, pois os clientesacham que a culpa da demora

no processo é nossa. Em alguns casos específicosa situação é ainda pior, como no II JEC deCaxias e no XIII Juizado, no Méier, que levammeses para juntar petições, necessitando demutirões frequentemente.Ed Wilson Lino, advogado, 42 anos

Esses juizados foram feitospara serem céleres, e nãomorosos, como estãosendo atualmente. Quandodistribuímos uma ação,eles levam em torno deseis meses para juntaruma petição. Nós, advo-

gados, sofremos com isso porque o clientefica insatisfeito com essa demora, e comrazão. Era importante que o presidente doTribunal de Justiça visse essa questão e apurassese deve mandar suporte para os serventuários emagistrados que estão assoberbados.Maria Auxiliadora Ferreira, advogada, 63anos

A situação nos JECs é decalamidade: faltam serventu-ários, conciliadores, juízes...O Tribunal de Justiça precisaurgentemente abastecer essasserventias com novos servidorese oferecer uma prestação

jurisdicional decente para a população, queestá muito carente de direito e justiça.Wendell Araújo, advogado, 38 anos

A Lei nº 9.099/95, queinstituiu os juizados especi-ais cíveis, foi criada paradirimir conflitos de pequenopoder ofensivo. Mas, infeliz-mente, o que acontece hoje éa formação de uma indústria do

dano moral. Tudo hoje é levado para o Judiciário, a fimde arrecadar dinheiro. O problema, portanto, não estána estrutura e no funcionamento dessas serventias,mas, sim, nessa prática, que deve ser inibida.Anselmo Pires de Souza, advogado, 59 anos

Na comarca da capital, épreciso socorrer os cartóri-os, porque toda vez queprecisamos dos serviçosde lá, nos vemos diante deuma gigantesca quantidadede feitos, e com um pessoal

despreparado para lidar com eles. Mas deveser dada ainda mais atenção aos JECsinstalados nos fóruns regionais, como osde Campo Grande e Nova Iguaçu, quetêm uma grande demanda e são carentesde material humano.Marcos Knopp, advogado, 52 anos

Há, nos JECs, uma demandamuito grande e um númerode funcionários reduzido.Então torna-se difícil que ojuiz decida algumas situa-ções mais urgentes. E oque vemos é que há uma

demanda de ações que não precisavamchegar ao Judiciário. Às vezes, a via adminis-trativa é muito mais eficaz e evita o congestio-namento. Isso é muito triste, porque busca-mos uma eficácia da Justiça e, nesse caso,nem é culpa dos juízes e serventuários. Asolução seria criar mais juizados e abrirconcursos para poder suportar essa demandacrescente de ações.Fernando Freitas Pereira, advogado, 52 anos

Acho que eles estão muitoassoberbados, não estãodando conta do volume deprocessos. O que era praser rápido e ágil estálevando um tempo muitogrande e nós, advogados,estamos tendo problemas

com os clientes e com pagamentos quenão estão sendo feitos dentro do prazo. Oprincípio dos juizados está sendo perdido.Dizem que o numero de funcionários épequeno, mas não sei se é verdade. Só seique nosso trabalho está ficando cada vezmais arrastado.Márcia Amorim, advogada, 40 anos

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 9

OPINIÃO

País deveria criarmercado de trabalhopara bacharéis

A proposta de extinção do Exa-me da Ordem, à espera para serapreciada no âmbito do Projeto deLei no 2.154/2011, merece críticasno que diz respeito à intenção quelhe deu origem. É mais do que evi-dente o propósito político-eleitoral,bem como de acerto de contas pes-

soal por trás da proposta. Não bastassem tais pro-pósitos espúrios, a proposta em si é antirrepubli-cana e capaz de causar graves prejuízos a toda asociedade brasileira.

Ao contrário do que alguns vêm afirmando, oExame não configura instrumento de poder ou con-trole da OAB utilizado para selecionar aqueles que lheinteressam, mas sim de um método que aufere a ca-pacidade intelectual e o preparo acadêmico míni-mos dos candidatos para exercerem uma profis-são de suma importância, que é a advocacia. Oargumento carece de lógica: sem o filtro do Exa-me, a OAB se transformaria em uma instituiçãopoderosíssima, pois representaria e recolheriaanuidades de milhões de profissionais, que hojenão superam esse importante crivo.

As estatísticas apontam a existência de cercade cinco milhões de bacharéis no Brasil, potenci-ais candidatos à inscrição dos quadros da OAB. Osatuais 700 mil advogados já colocam o Brasil no rankingdos três países com maior número desses profissi-onais, tanto em números absolutos quanto percapita, ao lado de Estados Unidos e Índia. Extinto

o Exame, o Brasil dispararia na frente.Isto não significa apenas prejuízo para o mer-

cado da advocacia, que já não oferece condiçõesdignas de trabalho aos advogados atualmente ins-critos. Mas perderá, sobretudo, a sociedade, casotenha que se valer de um profissional inserido emum mercado que se tornaria predatoriamentecompetitivo, com tantos profissionais disputan-do o mesmo espaço. Sem dúvida, a qualidade tam-bém cairia verticalmente.

De fato, a aprovação no Exame de Ordem vemse mantendo, há algum tempo, em percentuaisbaixos. Mas a culpa não é dos candidatos. Elessão vítimas de um ensino superior deficiente, quemais se importa com quantidade do que com aqualidade. Trata-se de verdadeiro estelionato edu-cacional.

Assim, faz mais sentido afirmar que aquelesque não obtiveram a desejada aprovação no Exa-me da Ordem deveriam dirigir suas reclamaçõesao sistema de ensino como um todo, que não lhesforneceu a base necessária.

Por isso, entendo que a extinção do Exame nãoé o melhor caminho para solucionar o drama hu-mano a que se submetem os bacharéis que nelenão logram êxito, ficando no limbo entre a condi-ção de estagiário e advogado e, por isso, encon-trando obstáculo no exercício da função para aqual se prepararam.

Alternativamente a isso, portanto, tenho comorazoáveis duas propostas para a melhoria desse

quadro: em primeiro lugar, os candidatos que ob-tivessem a aprovação na 1ª fase e não a obtivessemna 2ª fase poderiam ser poupados da exigência derefazer a 1ª fase do exame subsequente; em se-gundo lugar, parece interessante trazer para o Bra-sil uma figura de prestígio e status jurídico, pre-sente no modelo norte-americano. O “paralegal” éaquele que se formou como bacharel em Direito(não podendo mais, portanto, atuar como estagiá-rio) e se tornou um assistente do advogado, de-sempenhando funções que visam a tornar os ser-viços legais mais céleres e eficazes. Como muitosque não obtêm a aprovação no Exame desejamapenas uma oportunidade de trabalho até que con-sigam se qualificar para de fato exercer a advoca-cia, o “paralegal” seria a opção ideal para acabarcom o limbo em que se encontram essas pessoas,dando-lhes status jurídico, com a possibili-dade de inscrição na OAB sob tal desig-nação.

Além disso, há que seincentivar concur-sos públicosque permitama inscrição debacharéis, taiscomo o realizadopela Defensoria Públi-ca para o cargo de asses-sor de defensor.

Dessa forma, com a cri-ação de mercado de tra-balho para os ba-charéis, enquantoestes não logramêxito em obter aprova-ção do Exame de Ordem,por meio das medidas aci-ma propostas, permite-se solu-ção adequada para o drama que vi-vem essas pessoas, sem, no entanto,acabar com esse importante instrumentode proteção da cidadania brasileira.

* Presidente da OAB/RJ

WADIH DAMOUS*

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Quem milita na Justiça do Traba-lho e ainda não fez sua certificaçãodigital deve correr: o Processo Judici-al eletrônico (PJe), que vem sendo ins-talado desde junho em diversas ser-ventias e para os mandados de segu-rança, será implantado em toda a se-gunda instância da 1ª Região na se-gunda quinzena de setembro. Parautilizar o sistema, é imprescindívelter o certificado. A OAB/RJ tem auxi-liado os colegas na adaptação, reali-zando, desde agosto, cursos gratuitossobre o PJe. O próximo será em 19 desetembro, das 15h às 17h (inscriçõesdevem ser feitas previamente no siteda Seccional: www.oabrj.org.br).

“Enquanto ainda têm a possibili-dade de peticionar em papel, muitosadvogados adiam a certificação. Mas

é necessário se adiantar, pois o meiodigital é uma realidade e, deixandopara a última hora, o colega corre orisco de perder seus prazos”, alerta apresidente da Comissão de Direito eTecnologia da Informação da Seccio-nal, Ana Amélia Menna Barreto.

Além de capacitar centenas depessoas a cada edição presencial, os cur-sos também são transmitidos pela inter-net – na primeira aula sobre o siste-ma, realizada no dia 8 de agosto, fo-ram cerca de 700 acessos – e as vi-deoaulas são disponibilizadas para vi-sualização posteriormente no site. Tam-bém em seu endereço eletrônico, a Sec-cional criou área exclusiva no painelFique digital com informações sobreo funcionamento do novo sistema.

“Nossa Central de Atendimento tam-

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bém conta com profissionais capacitados atirar as dúvidas dos colegas sobre o PJe”,lembra Ana Amélia, que representa aOAB/RJ no Comitê Gestor Regional doProcesso Judicial eletrônico da Justi-ça do Trabalho na 1ª Região.

Para o credenciamento no PJe,é indispensável que o advogado es-teja com seus dados cadastrais atu-alizados junto à OAB/RJ. Caso as in-formações não estejam corretas, onovo sistema informatizado retornarámensagem de erro e o credenciamentonão será efetivado.

A atualização cadastral pode serfeita em todas as salas da OAB/RJ, tantona capital quanto no interior, por corres-pondência convencional ou pela Central deAtendimento ao advogado: pelos telefones(21) 2730-6525 e 2272-6150, pelo email

[email protected] ou, ainda,pelo formulário de contato.

A única alteração que precisa, ne-cessariamente, ser feita de forma pre-sencial é em relação ao estado civil.

Seccional vai promovermais um curso sobre PJe

Novo sistema estará emtoda a segunda instância do

TRT até fim de setembro

Serventias do TJ aceitarãosomente petições eletrônicasOnze serventias do Tribunal de Justiça (TJ)aceitarão somente petições e documentos eletrôni-cos a partir de 1º de outubro. São elas: XIIJuizado Especial Cível do Méier; 5ª e 6ª varascíveis regionais de Campo Grande; 6ª e 7ª varascíveis regionais de Jacarepaguá; III JuizadoEspecial Cível da Comarca de Nova Iguaçu; I, II e IIIjuizados especiais da Fazenda Pública da capital; IIJuizado Especial Cível da Barra da Tijuca e 5ª VaraCível Regional da Leopoldina. O sistema está sendoutilizado, também em caráter de exclusividade, no IJuizado Especial Cível da Barra desde o 21 de agosto.

Classitribuna

O último curso, nodia 22 de agosto,lotou o salão da OAB/RJ

Page 11: OABRJ - Tribuna do Advogado de Setembro de 2012

ESPAÇO ABERTO

O Simples eos advogados

A alta carga tributá-ria nacional, associadaàs complexas e numero-sas obrigações que asempresas brasileirastêm que cumprir parapagamento dos tributosdevidos e também paraprestar informações ao

Fisco, faz com que muitos profissionais de-sistam da intenção de constituir empresas.Com isso, empregos que poderiam ser criadose renda que poderia ser gerada infelizmente nãose concretizam.

Isto não é novidade, e com a classe dos advoga-dos não é diferente. Diante do caro e burocratiza-do labirinto tributário, muitos advogados optampor atuar apenas como autônomos, atendendoseus clientes muitas vezes de uma forma, pode-se dizer, artesanal.

Para estimular a criação de micro e pequenasempresas, com o consequente aumento do núme-ro de empregos e da renda gerados por estas, foicriado o Simples Nacional – regime que permiteque as empresas com receita anual de até R$ 3,6milhões recolham de forma unificada os tribu-tos devidos. A simplificação resulta em econo-mia de tempo (com a unificação, a burocraciaa ser enfrentada é muito menor) e, principal-mente, dinheiro (pois as alíquotas dos referi-dos tributos são reduzidas). Este regime tri-butário simplificado tem se mostrado eficien-te e nele estão hoje enquadradas milhares deempresas brasileiras.

Contudo, inexplicavelmente a classe dos ad-vogados não pode utilizar esta valiosa ferramen-ta de simplificação fiscal. Essa exclusão atingemilhares de advogados e traz resultados nãoapenas para estes. São também afetados suasfamílias e outros profissionais que poderiamvir a se beneficiar com a criação de novas soci-edades de advocacia. Entre os referidos profis-sionais, figuram desde os estagiários e advo-

gados recém formados que encontrariam com maisfacilidade seu primeiro emprego, passando pelosprestadores de serviços contratados pelas socie-dades então formadas, até os empregados auxilia-res (secretárias, contínuos, faxineiras etc.) queseriam contratados.

Tornar a advocacia uma atividade passível deenquadramento no Simples Nacional seria confe-rir aos advogados tratamento similar ao que foiconferido em 2008 aos contadores, que podemdesde essa época fazer a opção pelo Simples. Nestamesma situação se encontram hoje, por exemplo,os profissionais que atuam nos setores de análi-ses clínicas, patologia clínica, ensino (fundamen-tal, médio, técnico e de línguas), entre outros.

Para se ter uma noção dos números envolvi-dos, atualmente a OAB con-ta com mais de 700 miladvogados inscritos,destacando-se

que a maioria destes profissionais não integragrandes escritórios, tampouco o departamen-to jurídico de empresas. No Estado do Rio deJaneiro, por exemplo, existem cerca de 200 milinscritos e apenas quatro mil sociedades deadvogados. Em São Paulo, para os mais de 300mil inscritos existem pouco mais de dez mil so-ciedades.

Ou seja, o número de profissionais que podevir a se associar para a constituição de sociedadesde advogados sob o regime do Simples Nacional éenorme. Se pensarmos no número de pessoas quepodem vir a ser afetadas com esta medida, então acifra fica gigantesca. Não por outro motivo trami-ta no Senado Federal desde maio de 2008 o Projetode Lei nº 467, de autoria da senadora Ideli Salvattie que propõe a ampliação do Simples Nacionalpara abarcar, entre outras atividades, a advocacia.

Resta aos advogados hoje alijados deste regi-me tributário simplificado saber se a vontade po-lítica em prol da simplificação vai acompanhar ascifras envolvidas neste dilema, ou se os advogadospermanecerão excluídos do Simples Nacional.

* Felipe Santa Cruz é presidente daCaixa de Assistência dos Advogados

do Rio de Janeiro (Caarj) e LuizGustavo Bichara é vice-presidente da

Comissão Especial de AssuntosTributários da OAB/RJ

FELIPE SANTA CRUZ ELUIZ GUSTAVO BICHARA*

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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2012 - 10

Música e história nacomemoração dos80 anos da OAB

PATROCÍNIO

APOIO

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 11

Em uma noite encerrada com a apresentação deGilberto Gil, que cantou alguns de seus maioressucessos, a Seccional promoveu, no dia 11 deagosto, uma dupla comemoração: os 80 anos da OABe o Dia do Advogado. O evento, que incluiu uma esquetedo humorista Nelson Freitas e foi totalmente custea-do por patrocínios, reuniu dois mil colegas no PíerMauá. Os convites haviam sido distribuídos, porordem de chegada, na sede da Ordem.

As atividades foram abertas com a exibição de umvídeo que contou a história da OAB ao longo dessasoito décadas. Pelos telões instalados em vários pontos,os advogados puderam acompanhar a decisiva atua-ção da entidade em momentos emblemáticos datrajetória da República, como o Estado Novo e aditadura militar, destacando-se o permanente com-promisso com a democracia e o Estado de Direito.

Em seguida, a mestre de cerimônias Zezé Mottachamou ao palco o presidente da Seccional, WadihDamous. Em pronunciamento emocionado, Wadihsaudou os colegas pelo seu dia e salientou que aOAB hoje se mantém fiel ao caminho que trilhoudesde a fundação e que legou, à instituição, o res-peito da sociedade. “Sem descuidar das questõesque afetam o dia a dia dos colegas em seu trabalho,como a defesa intransigente das prerrogativas, aOrdem tem um compromisso com a cidadania e nãohesita nenhum segundo em honrar esse compromis-so”, afirmou.

Próximo a falar, o presidente da Caarj, Felipe SantaCruz, fez questão de lembrar que os festejos dos 80anos da OAB e do Dia do Advogado não utilizaram“nenhum centavo das anuidades”. “Levamos quase umano para fechar todos os patrocínios que permitirampromover esta noite, as palestras da OAB Expo (verpágina 14) e uma série de eventos nas subseçõesde todo o estado. A anuidade paga é totalmenteaplicada em serviços para os próprios colegas e namanutenção da estrutura da Ordem”, disse.

Coube ao tesoureiro da Seccional e organizador dacerimônia, Marcello Oliveira, fazer o agradecimentoaos patrocinadores (Petrobras e Prefeitura do Rio) eapoiadores (Governo do Estado e Qualicorp).

Marcello Oliveira, Felipe Santa Cruz, Wadih Damous, Sérgio Fisher e Wanderley Rebello

Nelson Freitas Zezé Motta

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 14

Debates gratuitosna OABExpo 2012

SylvioCapanema

O Mês do Advogado e os80 anos da OAB tiveramsua programação inici-ada com a OABExpo,que concentrou, de 1º a

3 de agosto, dezenas de palestras, de-bates, seminários e estandes de ex-positores na sede da Seccional. O lan-çamento dos primeiros cursos tele-presenciais da Escola Superior deAdvocacia (ESA) foi anunciado pelopresidente Wadih Damous, na aber-tura do evento, como “um marco nosentido de fazer com que a Seccionalseja, cada vez mais, uma entidade pre-sente no dia a dia dos advogados, en-curtando as distâncias entre os cole-gas da capital e os do interior”. As trans-missões começam em setembro (maisdetalhes na Tribuna Regional)

Ao abrir a série de palestras abor-dando de forma aprofundada os dez

anos do Código Civil, as práticas daadvocacia e o novo Código de Proces-so Civil (CPC) em discussão noLegislativo, Wadih destacou tambéma importância da realização daOABExpo: “Este ano em especial,quando a Ordem completa 80 anos, épreciso enfatizar a necessidade deeventos como esse, que mostram nos-sa preocupação permanente de pro-porcionar à advocacia instrumentosque visem à formação técnica e aoaprimoramento profissional”.

O diretor-geral da ESA, RenanAguiar, disse que “a construção daeducação a distância para os advoga-dos talvez seja a maior conquista daescola nesses 20 anos de sua existên-cia”, e agradeceu o apoio da Seccionale da Caarj para a concretização daoferta de cursos telepresenciais.

A primeira mesa da OABExpoabordou o anteprojeto do novo Códigode Processo Civil, em tramitação noCongresso Nacional. O professor eprocurador-geral da Seccional,Ronaldo Cramer, falou sobre recur-sos e as mudanças propostas. Antesde iniciar sua palestra, Cramer sali-entou a contribuição efetiva da

Seccional na elaboração do futuroCPC, por ele representada na comis-são do Conselho Federal que traba-lhou no texto entregue ao Congresso.

O professor e subprocurador-ge-ral Guilherme Peres abordou questõessobre tutelas de urgência e de evidên-cia, e o professor Bruno Garcia Redon-do tratou do tema Incidente de resolu-ção e de demandas repetitivas. Odesembargador aposentado e advoga-do Sylvio Capanema proferiu a pales-tra Uma análise sobre a primeira dé-cada e os desafios para o futuro.

BrunoGarciaRedondo

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 15

Sede da primeira série de audiências públicasda Comissão Nacional da Verdade (CNV) no Riode Janeiro, a OAB/RJ firmou com seus integrantestermo de cooperação para o esclarecimento de vi-olações aos direitos humanos praticadas durantea ditadura. Cabe à Seccional repassar os depoi-mentos e as informações que resultarem do tra-balho de sua própria comissão, criada com o es-copo de investigar a atuação da Justiça Militar noperíodo entre 1964 e 1985.

“Oficializamos aqui o compromisso de repassarà CNV tudo o que apurarmos sobre as arbitrarieda-des cometidas pela Justiça Militar e pelo MinistérioPúblico Militar naquele período”, afirmou o presi-dente da OAB/RJ, Wadih Damous, ao assinar o ter-mo, no dia 14 de agosto, após a audiência públicacom vítimas e familiares e as mesas redondas rea-lizadas pela manhã e à tarde, na véspera.

Os três membros do grupo nacional presentesà assinatura, Rosa Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiroe José Paulo Cavalcanti Filho, destacaram a impor-tância da tarefa em conjunto. “O simbolismo dessacooperação é imenso, tendo em vista a história daOrdem na luta pela democracia”, disse Pinheiro.

De acordo com Rosa, que foi advogada da en-tão ativista e agora presidente Dilma Rousseff, deveser discutida conjuntamente pela Ordem e o Ins-tituto dos Advogados Brasileiros (IAB) a reforma

OAB/RJ e Comissão Nacionalda Verdade ouvem vítimas daditadura e firmam cooperação

do Código Penal: “Há novos pontos inseridos notexto que muito têm a ver com a problemática deque tratamos, como a questão dos desaparecimen-tos forçados. Além disso, não haverá prescriçãode alguns crimes, o que nos leva a repensar a rela-ção com alguns protegidos pela Lei da Anistia”.

Nas audiências realizadas no dia 13 de agosto,a Seccional entregou à comissão os primeiros de-poimentos colhidos. Além disso, foram apresen-tadas propostas da Ordem que dizem respeito aotema, como o tombamento dos locais que funcio-naram como centros de tortura – os prédios doDoi-Codi na Rua Barão de Mesquita, do Dops naRua da Relação e a Casa da Morte (esta, no fecha-mento desta edição, teve o processo de tomba-mento iniciado pela Prefeitura de Petrópolis)– e sua transformaçãoem memoriais e espaçosde debates para o fortale-cimento da democracia. AOAB/RJ também quer queo futuro prefeito do Riose comprometa com ainstalação de placas emarcos de sinalizaçãourbana em locais ondeaconteceram episódiosde violação dos direitos

humanos na ditadura (ver página 17).A audiência pública do dia 13 lotou o auditório

da Seccional com vítimas de torturas e parentesde mortos e desaparecidos, além de entidades dedefesa dos direitos humanos. Travou-se intensodebate entre boa parte da assistência, reivindi-cando acesso aos depoimentos e documentosproduzidos no âmbito da comissão, e a mesa in-tegrada por seis dos sete componentes designa-dos pela Presidência da República.

O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias dis-se que dar publicidade aos depoimentos signifi-caria prejudicar a apuração dos fatos. “Este tra-balho tem características de investigação crimi-nal. A comissão tem autonomia e poderes paraprocessar quem não atender à convocação, e sealguém falsear o depoimento cometerá perjúrio”,explicou Dias, tentando tranquilizar a plateia. Ocientista político Paulo Sérgio Pinheiro salientouo fato de a CNV não funcionar como tribunal dejustiça, tendo como missão apurar os crimes eviolações cometidos por agentes do Estado, pro-duzindo relatório a ser entregue ao CongressoNacional em maio de 2014.

Entre as dezenas de vítimas de torturas esta-vam presentes Inês Etienne Romeu, que apesarde muito debilitada pelas sequelas já havia pres-tado depoimento à Ordem sobre o período em quefoi prisioneira na Casa da Morte, e José Maria deOliveira, sequestrado e torturado com a mulher e a filhade apenas 12 anos, segundo seu relato. Muito emocio-nado, ele – defendido por Modesto da Silveira naépoca – disse aos membros da comissão que es-tava “nas mãos deles” se o passo dado em direçãoao resgate da verdade seria “ilusório ou não”.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça(STJ) e coordenador do grupo, Gilson Dipp, pro-meteu que “o passado será passado a limpo” coma colaboração das comissões estaduais e comitêsinstituídos. “Depois dessa Comissão da Verdadeo Brasil não será mais o mesmo”, prometeu. RosaCardoso associou a realidade atual das prisõesbrasileiras, “com genocídio de negros e pobres”,à lógica da violência que imperou durante o regi-me militar. A psicanalista Maria Rita Kehl e o ju-rista José Paulo Cavalcanti Filho, que também in-tegram a comissão, participaram da abertura.

Anfitrião da audiência pública, Wadih Damouslembrou que o Rio foi “talvez o maior centro de

repressão política na ditadu-ra”, e destacou o empenho daSeccional no resgate da his-tória, com a Campanha pelaMemória e pela Verdadedeflagrada em 2010 . “Inclu-sive, acho que é tarefa destaComissão da Verdade saberquem pôs a bomba endere-çada a Eduardo SeabraFagundes e que matou donaLyda Monteiro”, afirmou.

Wadih e Rosa Cardosoassinam o documento

Paulo SérgioPinheiro, Wadih,Gilson Dipp eMaria Rita Kehl

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 16

Campanha da Seccional em favor dotombamento de centros de torturaganha apoio expressivo de entidades

Por aclamação, mais de 20 entidades ligadas àdefesa dos direitos humanos e da cidadania, sin-dicatos, associações civis, estudantis e de traba-lhadores aprovaram, no dia 7 de agosto, a pro-posição da OAB/RJ de deflagrar campanha pelotombamento dos principais locais usados no Rio deJaneiro para a tortura de presos na ditadura pós 1964,com sua posterior transformação em centros decultura, debates e resgate da memória histórica.

Foi aprovada ainda a iniciativa de propor aoscandidatos a prefeito que se comprometam com ainstalação de marcos e monumentos nas ruas,praças e prédios onde ocorreram mortes, desapa-recimentos forçados e outras violações aos direi-tos humanos nos anos de arbítrio (ver página aolado). A ideia, apresentada também pela Seccional,segue a linha do projeto Marcas da Memória, fir-mado entre a prefeitura de Porto Alegre e o Movi-mento de Justiça e Direitos Humanos, de fixaçãode placas informativas com breves resumos do

que aconteceu naqueles locais de luta pela demo-cracia. Buenos Aires, Paris e Varsóvia são capitaismundiais onde o Poder Público registrou fatos desua história.

“O Rio de Janeiro, por ser referência política ecultural, foi um dos principais alvos da ditadura.É importante que prédios onde funcionaram cen-tros de torturas, como o antigo Doi-Codi e o Dops,assim como a Casa da Morte, sejam tombados etransformados em espaços de memória, reflexãode debates para o fortalecimento dos princípios evalores democráticos, para que nunca se repita oarbítrio daqueles anos de chumbo”, afirmou o co-ordenador do grupo de trabalho da Comissão daVerdade da OAB/RJ, conselheiro Marcelo Chalréo,ao abrir o encontro com as entidades convidadas.Dias após o evento, a Prefeitura de Petrópolis ini-ciou o processo de tombamento da Casa da Morte.

Após aprovarem as iniciativas da Seccional, osrepresentantes das organizações se prontificaram

a participar das duas campanhas. Fizeram parteda mesa, além de Chalréo, a presidente da Co-missão de Direitos Humanos da Ordem, Marga-rida Pressburger, o presidente do Conselho Regio-nal de Engenharia e Agronomia (Crea), AgostinhoGuerreiro, o conselheiro da Associação Brasileirade Imprensa (ABI) Mário Augusto Jakobskind e osecretário executivo do Conselho Regional de Eco-nomia (Corecon), Wellington Leonardo da Silva.

Apoiaram as propostas, engajando-se nos mo-vimentos, representantes dos sindicatos dosadvogados, dos médicos, dos professores, doseconomistas, dos petroleiros e dos engenhei-ros do município do Rio de Janeiro, o grupo Tor-tura Nunca Mais, o Movimento de Defesa da Eco-nomia Nacional, o Centro pela Justiça e pelo Di-reito Internacional (Cejil), a Casa América Lati-na, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos dePetrópolis, estudantes da UFRRJ e da FederaçãoNacional de Escolas Técnicas, entre outros.

Mário Augusto Jakobskind, Agostinho Guerreiro, Marcelo Chalréo e Margarida Pressburger

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 17

Aspásia Camargo (PV) - Achoimportante esta iniciativa, especi-almente pensando nos jovens, quenão viveram os tempos da ditadu-ra e talvez não saibam como édifícil viver sob um regime autoritá-rio. Nós, do PV, nos compromete-mos com o projeto Marcas daMemória. Mantendo viva a nossaverdadeira história, mantemos ocompromisso da sociedade com ademocracia e com os direitoshumanos.

Ciro Garcia (PSTU) - O compro-misso com esse projeto é umcompromisso com a memória daluta do povo brasileiro contra aditadura militar. Defendemostambém o fim do sigilo dosdocumentos secretos e mudançasna Lei da Anistia, para punir osenvolvidos com o terrorismo deEstado. Por uma Comissão daVerdade independente do governoe indicada pelos movimentossociais!

Eduardo Paes (Coligação Somosum Rio) - Devemos valorizarnosso passado com justiça.Continuarei a honrar a conquistapelos direitos humanos. O Marcasda Memória fará parte de umcorredor histórico-cultural chama-do Caminhos da Democracia,dedicado a promover espaços emobiliário urbano relacionados àluta democrática. Esses espaçosserão inventariados, tombados erecuperados para manter a memó-ria viva de cariocas e de visitantes.

Fernando Siqueira (PPL) - Comocandidato a prefeito, me comprometocom o projeto Marcas da Memória,da OAB/RJ, para a instalação deplacas e monumentos em ruas,calçadas ou prédios que tenham sidoprisões, centros de detenção, torturaou desaparecimentos ilegais. Épreciso marcar bem essas violaçõesdos direitos humanos para que elasjamais se repitam. Para o bem dademocracia.

Otavio Leite (PSDB) - É digno deaplauso um projeto dessa naturezaque visa a favorecer a memóriapolítica da nossa cidade. Afinal, aluta pelo Estado de Direito demo-crático faz parte da história daOAB. O nosso governo apoiaráintegralmente esta excelente propostada instituição.

Rodrigo Maia (Coligação Um Riomelhor para os cariocas) - Um dosgrandes desafios de uma nação é respei-tar a sua história, valorizando erespeitando quem faz parte destahistória. Os tristes episódios deviolação de direitos, perseguiçãopolítica, prisões e tortura não podemcair no esquecimento. Nosso compro-misso é com a garantia da preservação damemória e da verdade, para que ademocracia seja celebrada como o caminhoda liberdade e do desenvolvimento.

Marcelo Freixo (PSOL) - Comoprefeito, vou implementar e ampliar oprojeto que, ao preservar a memóriada luta contra a ditadura, mantémacesa a defesa da democracia, aindahoje ameaçada por tendênciasautoritárias que preocupam osdefensores dos direitos humanos nomundo todo. O convívio com opassado ensina a transformar opresente para construir um futurodiferente.

Candidatos a prefeito do Rio se comprometemcom projeto Marcas da Memória, da SeccionalEm depoimento à TRIBUNA, sete dos oito candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro se comprometeram com o projeto Marcas daMemória, da OAB/RJ, que consiste na instalação de placas e monumentos em ruas, calçadas ou prédios que tenham sido prisões

ou centros de detenção, tortura ou desaparecimentos ilegais, tornando público que esses locais foram palco de graves violações aosdireitos humanos ou de relevantes acontecimentos na luta pela democracia. Todos os postulantes tiveram rigorosamente o

mesmo espaço para se expressar. Antônio Carlos Silva, candidato do PCO, não retornou os contatos feitos por email e telefone.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 18

Dentro da campanha Fique LegalII, que vai até 28 de setembro, aOAB/RJ já enviou os boletos de re-gularização de situação financeiraaos advogados em débito com aanuidade. Antes mesmo de recebê-

los, 694 colegas realizaram pagamentos –pelo cartão de crédito ou boleto impresso a

partir do portal da Ordem (www.oabrj.org.br), que con-tém todas as informações referentes a cada umadas diferentes situações de dívida.

A campanha oferece facilidades para a volta àregularidade contributiva – e à possibilidade deusufruir dos benefícios, serviços e convêniosofertados –, conforme as regras estabelecidas naResolução nº 163/2012. A diretoria da Seccionallembra que, por determinação do Conselho Fede-ral (artigo 12, inciso VII do Provimento nº 146), o

Fique Legal II: campanha que oferecefacilidades para o pagamento de débitoscom a Seccional vai até 28 de setembro

advogado precisa estar com sua situação finan-ceira regularizada até 26 de outubro para votar em26 de novembro.

A campanha abrange valores devidos até 2011.Estão previstas três situações de inadimplência,com as seguintes condições e regras para oparcelamento e descontos:

1 – Débito até R$ 1.500, no boleto, em até 12parcelas e com 20% de desconto na multaestatutária.

2 – Débito entre R$ 1.501 e R$ 3.000, no boleto, ematé 24 parcelas e com 20% de desconto na multa.

3 – Débito acima de R$ 3.000 no boleto, em até30 parcelas (desde que sejam pagos 20% do débi-to à vista) e desconto de 20% na multa.

A resolução prevê prestações mensais e su-cessivas, com correção monetária, já incorporadapor ocasião do cálculo do débito, mas sem acrés-

cimo de juros – de acordo com o demonstrativo aser encaminhado e/ou apresentado a cada colegainadimplente que assim o solicitar.

Se o advogado quiser pagar seu débito à vista,estará isento da multa estatutária. No caso de pa-gamentos feitos no cartão de crédito, de qualquervalor, há possibilidade de parcelamento em até 12vezes, também com isenção total de multa. Estamodalidade somente estará disponível por meiodo site da Seccional.

Quem já havia requerido parcelamento do dé-bito e está em dia com o contratado pode adequaro pagamento às normas da campanha. Tambémpodem aderir aqueles que solicitaram parcelamen-to anterior e não honraram os compromissos as-sumidos, desde que em acordo com critérios paraas situações específicas, detalhadas no site daSeccional.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 19

PONTOCONTRAPONTO

PEDRO DEJESUS SILVA*

Resoluções tinham propósito corporativoe tentavam legislar sobre corpo feminino

Complicações inesperadas demandamcuidados imediatos e equipe médica

MÁRCIA ROSADE ARAÚJO*

Proibição daparticipação de

médicos emparto domiciliar

Sou enfermeiro, não advogado. Mas sendo um cidadão quegosta e que precisa por força do cargo estar bem informado, apli-co-me em conhecer os direitos e deveres da minha categoria, quetambém são os meus. Assim, causou espanto a todos nós, daenfermagem, a publicação das resoluções 265 e 266/2012 doCremerj. Ambas as matérias eram tão arrogantes e autoritáriasque lembravam os plúmbeos anos do regime de exceção, impostopela ditadura militar. Mas logo se desvendaram o propósito

corporativo e a tentativa de legislar sobre o corpo feminino. E, assim, a 2ª VaraFederal deferiu liminar na ação pública ajuizada pelo Coren-RJ, suspendendoas resoluções que afrontavam visivelmente a legislação.

Como era previsto, o Cremerj entrou comrecurso, mas o Conselho Federal de Medi-cina (CFM) já suavizou o discurso. Depoisdo clamor das marchas pelas ruas do Brasil,com milhares de mulheres defendendo o seudireito de parir em segurança, da forma eonde lhes aprouver, o CFM agora só “reco-menda que os partos sejam feitos em ambi-ente hospitalar de forma preferencial, porse tratar da opção mais segura”, e alerta paraos riscos de morte envolvendo partos fora dehospitais. Como o CFM explica os índicesnacionais de mortalidade perinatal, em tor-no de 68 mortes para cem mil partos (a OMSindica o máximo de 20 para 100mil), se 98%das mulheres brasileiras dão à luz nos hos-pitais? Se só 2% têm seus filhos em casa, aocontrário do que afirmam, o parto domicili-ar não é um risco; parir em hospital no Bra-sil, sim, pode ser um perigo de vida! Nosúltimos 11 anos, enquanto o mundo reduziaanualmente os óbitos nos partos a 3,6%, oBrasil conseguiu diminuir somente 0,3%,podendo deixar de cumprir, até 2015, umadas chamadas metas do milênio para a saúdepública. Em tempo e com ênfase: o Brasil é cam-peão mundial de cesarianas, com 52% de inci-dência contra os 15% recomendados pela Or-ganização Mundial da Saúde (OMS). A ci-rurgia, por tantas vezes desnecessária,transformou o ato natural em intervenção ci-rúrgica de alta complexidade. Esse percentualnão interfere nos índices de mortalidade? Sónão enxerga quem não quer ver...

O incentivo ao parto hospitalar pressio-na psicologicamente um ser tão sensibili-zado como a gestante a desprezar o partonatural humanizado e seguro, em casa ouna casa de parto. Amedronta e praticamenteobriga a mulher a parir no hospital, mesmo comuma rede de saúde pública que não dá conta dademanda.

* Presidente do Conselho Regional deEnfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ)

Os princípios iniciais do Código de Ética Médica sãoclaros: a medicina é uma profissão a serviço da saúde e omédico deve agir com o máximo de zelo com seus pacien-tes. O cumprimento dessa tarefa é preocupação constan-te e não se restringe ao consultório. É com base nessesprincípios que o Conselho Regional de Medicina do Esta-do do Rio de Janeiro (Cremerj) condena a realização dospartos domiciliares.

O Cremerj reforçou sua posição ao publicar resolu-ções que restringem a presença dos médicos em partos realizados em casa elimitam aos profissionais da área de saúde a participação nos procedimentos

realizados em maternidades e hospitais. Umdos objetivos com a publicação das resoluçõesfoi alertar futuras mães sobre os perigos que envol-vem o parto em casa. O nascimento é um momentoúnico na vida, mas também é um processo dinâmicoe envolve riscos, mesmo para mulheres que te-nham passado por um pré-natal sem proble-mas. Complicações inesperadas demandamcuidados imediatos, em um ambiente com es-trutura adequada e uma equipe médica de pron-tidão. Em casa, nada disso está presente.

Quem defende o parto domiciliar sustentaque os hospitais próximos são mapeados e aces-síveis em 20 minutos. Em caso de uma compli-cação, contudo, um lapso de tempo muito me-nor pode provocar danos irreparáveis à saúdedo bebê e da mãe. E até mesmo custar vidas.Isso sem lembrar quão delicado é o transporteda parturiente.

O Cremerj não é uma voz solitária nessecaso. A Federação Brasileira de Ginecologia eObstetrícia (Febrasgo) e outras entidades tam-bém se opõem à prática. Fora do país, o ColégioAmericano de Obstetrícia e Ginecologia criticao procedimento por considerar que falta rigorcientífico aos estudos.

Dados do Ministério da Saúde revelam que98% dos partos no Brasil acontecem em mater-nidades e hospitais. Entre os 2% restantes, par-te significativa das mulheres tem o filho em casapor falta de opção: residem em regiões com frá-gil estrutura de saúde. Importante ressaltar quea esmagadora maioria das futuras mães sabequal o local mais adequado e seguro para o nas-cimento de um bebê.

Qualquer debate sempre é enriquecedor. OCremerj aceita o contraditório, mas não abre mãode condenar práticas que são um risco para a saúdede mulheres e bebês brasileiros. Como médicos,não podemos impedir a realização do parto emcasa, mas temos a obrigação de orientar nossospacientes e a sociedade em defesa da vida.

* Presidente do Conselho Regional de Me-dicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj)

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 20

ESTANTE

Crimes na internetNa obra, o membro da Comissão de Direito eTecnologia da Informação da Seccional AlexandreMattos aborda assuntos como manipulação de dadosna internet sem permissão, criação de vírus, fraudesem redes sociais, estelionato eletrônico, evasão dedados e ciberespionagem. O autor também apresentaas tecnologias mais modernas para proteção dosdados pessoais e modelos de petições que o leitorpoderá utilizar caso seja alvo de algum crime dessanatureza. O livro é da editora Espaço Jurídico. Maisinformações pelo telefone (21) 2262-6612 ou peloe-mail [email protected].

Direito à vidaCom base na ética, na bioética e no Direito Constitucio-nal e Internacional, Leslei Lester dos Anjos Magalhãesaborda a defesa do direito à vida desde a concepção atéa morte natural. O autor discute temas como o aborto ea eutanásia, e propõe uma análise com embasamentofilosófico sobre os padrões éticos e sua prática efetiva nasociedade moderna. A obra é da editora Saraiva. Maisinformações pelo telefone 0800-0557688 ou no sitewww.saraivajur.com.br.

Dicionário deDecisões Trabalhistas

Criada em 1943 por Benedito Calheiros Bomfim,remodelada em 1950 e contando, nas últimasedições, com Silvério Santos como coautor e ViníciusNeves Bomfim como colaborador, a obra é referênciade jurisprudência trabalhista. A publicação, editadapela Impetus, reúne as mais variadas decisões dostribunais, organizadas por temas. Em sua 37ª edição,foram acrescentados acórdãos e decisões de 2009,2010 e 2011. Mais informações no sitewww.impetus.com.br.

Solução de conflitosLuciane Moessa de Souza defende, no livro, adisponibilização obrigatória de instrumentosconsensuais para a resolução de controvérsias queenvolvem entes públicos, desde a esfera adminis-trativa até o âmbito judicial. Para isso, abordaquestões teóricas e explora questões referentes àestruturação de programas de gestão consensualde conflitos. A obra é da editora Fórum. Maisinformações no site www.editoraforum.com.br.

Direito Processual CivilFruto da experiência do promotor de Justiça Humberto DallaBernardinha de Pinho, a obra, dividida em dois volumes,abrange com linguagem clara e direta todos os institutosrelacionados ao Processo Civil, incluindo o novo CPC.Completa e abrangente, atende às diversas necessidades,desde o estudante ao profissional já habituado ao cotidianoforense. A editora é a Saraiva. Mais informações pelo telefone0800-0557688 ou nos sites www.saraivajur.com.br ewww.humbertodalla.pro.br.

L i v r o d e c a b e c e i r a

Direito AmbientalFormulado pela Comissão de Direito Ambiental da OAB/RJ, olivro é fruto do curso ministrado há mais de quatro anos naSeccional, servindo de guia para os interessados em seaprofundar em reflexões ainda pouco abordadas. Em linguagemacessível aos não especialistas, a obra traz temas atuais e degrande complexidade, em discussões transdisciplinaresacórdãosque a tornam interessante aos profissionais do Direito e deoutras áreas. A editora é a Lumen Juris. Mais informações nosite www.lumenjuris.com.br.

Rosana Chiavassa*

As mentiras que os homens contam é uma obra engraçadís-sima a respeito do “código de conduta” que parece existirentre os homens para sua autoproteção. Com base emsituações do dia a dia, o autor nos revela uma série dehistorietas que os homens costumam contar para suposta-mente protegerem a si próprios e também para “protegeroutras pessoas”, geralmente, por mais incrível que pareça,

as mulheres. São situações muito engraçadas que povoam o universo masculi-no, desde pequenas mentirinhas que surgem na infância, coisas como se fingirde doente para não ter que ir à escola e ganhar a simpatia da mãe (e para ficarbem na foto) e outros tantos artifícios para manter sua autoimagem preserva-da. O autor, Luís Fernando Veríssimo, de maneira brilhante e muito bemhumorada, entrega toda essa malandragem numa bandeja para o leitor.

* Advogada em São Paulo

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 21

Felipe Santa Cruz recebe medalha Pedro ErnestoO presidente da Caixa de Assistência dos

Advogados do Rio de Janeiro (Caarj), Felipe SantaCruz, recebeu, no dia 6 de agosto, a Medalha doMérito Pedro Ernesto. Maior comenda do mu-nicípio, a condecoração é entregue a personalida-des que se destacam em suas áreas de atuação. Overeador Roberto Monteiro (PCdoB) foi oidealizador da homenagem, realizada no CâmaraMunicipal.

Felipe teve sua história de militância social ea atuação como dirigente da Caarj destacadas portodos os oradores durante a cerimônia. Compon-do a mesa estavam, além do anfitrião e do home-nageado, os presidentes da OAB/RJ e do Sindica-to dos Advogados, Wadih Damous e ÁlvaroQuintão, respectivamente; o desembargador doTribunal Regional do Trabalho (TRT) pelo Quin-to Constitucional da advocacia Mário Sérgio Pi-nheiro; o tesoureiro da Seccional, Marcello Oli-veira; e o senador Lindbergh Farias.

Para Wadih, a comenda homenageou toda a clas-se. “Essa deferência honra, também, a advocacia e, emespecial, a geração da qual fazem parte tantos bravoscompanheiros de luta”, disse, referindo-se ao gru-po que iniciou, em 1992, a militância, tanto napolítica geral quanto na Seccional.

A OAB/RJ participou, no dia 9 de agosto,

da assinatura do Protocolo Interinstitucio-

nal de Planejamento e Ações Integradas.

Desdobramento de encontros realizados

durante a Rio+20, o protocolo formalizou

a criação de dois grupos de trabalho que

têm como objetivo a elaboração de meca-

nismos mais efetivos de uso e administra-

ção das riquezas ambientais nacionais.

As discussões devem resultar em criação de

marco legal de proteção da biodiversidade.

Estiveram presentes o presidente da

Seccional e da Comissão de Direito Ambi-

ental (CDA) da OAB/RJ, Wadih Damous e

Flávio Ahmed, respectivamente; a corregedo-

ra nacional de Justiça, Eliana Calmon; o

presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª

Região (TRF-3), Newton de Lucca; e a desem-

bargadora Consuelo Yoshida. O encontro

Primando pelavariedade e,sobretudo, pelaqualidade musical,a Rádio OAB/RJapresenta de horaem hora umaprogramaçãoexclusiva dedicada

ao choro, gênero instrumental tipicamente carioca.Intitulado Bloco do Choro, o programa resgatamúsicas de compositores históricos, como ErnestoNazareth, Pixinguinha, Jacob do Bandolim e WaldirAzevedo, executadas por grupos das mais diversasépocas, e dá espaço para novos compositores,como o cavaquinista Siqueira, que está lançandoseu primeiro disco. As sequências são transmitidas sempre nas horascheias e têm duração de aproximadamente dezminutos.

Seccional firma protocolo de açõesintegradas em prol do meio ambiente

PANORAMA

Da mesma geração de Felipe, Lindbergh lem-brou de quando o conheceu, no início de sua atu-ação. “Fomos apresentados no começo da décadade 1990 e ainda hoje vejo nele a mesma vontade demudar o que acha errado”, afirmou. A atuação daSeccional frente a problemas da sociedade tam-bém foi comentada por Lindbergh. “Se hoje te-mos uma Comissão da Verdade no país, há de sereconhecer a importância das atitudes tomadaspela OAB/RJ”, elogiou, antes de lembrar FernandoSanta Cruz, pai de Felipe e desaparecido político.“Felipe teve boa parte de sua vida inspirada natrajetória dele”, salientou.

Emocionado, Felipe agradeceu a presença detodos e se disse encorajado com a lembrança.“Esta homenagem me dá a certeza de queagimos certo na hora do embate, defenden-do nossos ideais sem desrespeitar opiniõescontrárias”, frisou.

Por fim, ele destacou o fortalecimento da clas-se e lembrou algumas realizações. “O trabalho estásendo feito. Hoje são oito desembargadores noTribunal de Justiça e dois no TRT indica-dos pelo Quinto. Além disso, incluímos 14mil advogados gratuitamente no processodigital”, observou.Felipe Santa Cruz e Roberto Monteiro

aconteceu na sede do TRF-3, em São Paulo.

Uma subcomissão da CDA vai atuar

diretamente com os grupos de trabalho.

Para Flávio, é fundamental o empenho

coletivo. “Vamos trabalhar em conjunto

com comissões já estabelecidas, podendo,

assim, combater uma variedade maior de

crimes”, afirmou, antes de lembrar que o

Brasil possui 23% da biodiversidade

do planeta.

A criação de um marco legal de prote-

ção da biodiversidade deve ser, segundo

ele, o desfecho natural das discussões. “A

variação das áreas de atuação e os

diversos setores explorados, como tráfico de

animais e plantas silvestres, comércio ilegal de

madeiras e biopirataria, vai acabar resultando

na consolidação de uma legislação bem

específica”, concluiu.

Gênero tipicamentecarioca, choro temespaço na Rádio OAB/RJ

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TRIBUNA DO ADVOGADO - SETEMBRO / 2012 - 23

CARTAS [email protected]

Nas redes sociaisFacebook.com/OABRJ

Rádio OAB/RJ“Parabéns pela Rádio OAB/RJ. Mais uma vez renovo aminha satisfação de fazer parte desta seleta classe etrabalhar em prol dos colegas na Comissão de Defesa,Assistência e Prerrogativas (Cdap)”.Marcelo Ferreira da Fonseca (OAB/RJ 140.422)

Exame de Ordem”Qual será a opinião de um advogado jubilado sobre aatual administração? Realmente, não poderia omitir-me quanto a isso, até porque, durante décadas deatividades ininterruptas como operador do Direito,somente agora posso expressar o meu contentamentopor todas as ações que vêm sendo tomadas pelaSeccional, capitaneada pelo presidente WadihDamous, irretocável por sinal. Nós, advogados, jamaispoderíamos nos omitir quanto ao modo correto detratar dos interesses da classe, e assim como brada-mos outrora no que tange ao modo pelo qual enfrenta-mos diversos dissabores com administrações anterio-res (existem honrosas exceções), surge a oportunidadede declarar: parabéns, presidente”.Victor Zaidan (OAB/RJ 13.364)

Canal de discussão“(...) Venho requerer que seja oferecido espaço, no sitee na publicação, para opiniões divergentes dadiretoria. Um canal que possibilite a discussão, asdiferenças de opiniões e enriqueça ainda mais vossaadministração democrática. Tenho certeza que opresidente Wadih Damous apoia tal medidaparticipativa, uma vez que sempre primou pela defesa

Sérgio Fisher leva reivindicações de subseçõesao presidente do TJPatrícia Lucas: Passou da hora. É uma vergonhauma comarca como a de Búzios ficar tantotempo sem nenhum juiz titular...

Novidades no Recorte digital facilitarão acesso apublicações oficiaisManasses Gomes: Muito mais confortável receberas publicações no email pessoal, parabenizo eagradeço pela iniciativa.

Comemoração dos 80 anos da OABCristiana Feitosa: Foi uma noite linda.... Para-béns, OAB/RJ!Monica Pennaforte Dinelli: Evento perfeito,parabéns aos organizadores.

DIRETORIA DA SECCIONALPresidente:Wadih Nemer Damous FilhoVice-presidente:Sergio Eduardo FisherSecretário-geral :Marcos Luiz Oliveira de SouzaSecretário-adjunto:Wanderley Rebello de Oliveira FilhoTesoureiro:Marcello Augusto Lima de Oliveira

DIRETORIA DA CAARJPresidente:Felipe Santa Cruz Oliveira ScaletskyVice-presidenteHercules Anton de AlmeidaSecretário-geral:Renato Ludwig de SouzaSecretária-adjunta:Naide Marinho da CostaTesoureiro:Ricardo Oliveira de MenezesSuplentes:Julio Cesar da Costa Bittencourt e RuiTeles Calandrini Filho

CONSELHEIROS EFETIVOSAdilza de Carvalho NunesAdriana Astuto PereiraAfrânio Valladares FilhoAlvaro Sérgio Gouvêa QuintãoAnderson Elisio Chalita de SouzaAndrea Saramago Sahione de AraujoPuglieseAndré Porto RomeroBernardo Pereira de Castro Moreira GarciaBreno Melaragno Costa

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2010/2012)

Bruno CalfatCarlos Fernando de Siqueira CastroCarlos Henrique de CarvalhoCarlos José de Souza GuimarãesCláudio Sarkis AssisDaniele Gabrich GueirosDéa Rita MatozinhosDiogo Rudge MalanEduardo Antônio KalacheEduardo de Souza GouveaFelipe Rocha DeiabFernanda Lara TórtimaFlávio Antonio Esteves GaldinoFrancisco Gonçalves DiasGabriel Francisco LeonardosGuilherme Pollastri Gomes da SilvaGustavo Binenbojm Gustavo Senechal de GoffredoJonas Oberg FerrazJorge Augusto Espósito de MirandaJosé de Anchieta Nobre de AlmeidaJosé Nogueira D’AlmeidaJosé Oswaldo CorreaJosé Ricardo Pereira LiraJosé Roberto de Albuquerque SampaioLeonardo Branco de OliveiraLeonardo Ducan Moreira LimaLuciano Vianna AraujoLuiz Américo de Paula ChavesLuiz Alberto GonçalvesLuiz Bernardo Rocha GomideLuiz Filipe Maduro AguiarLuiz Gustavo Antônio Silva BicharaMarcelo Feijó ChalreoMarcelo Mendes Jorge AidarMarcio Vieira Souto Costa FerreiraMarcos BrunoMarcos Dibe Rodrigues

Maria Margarida Ellebogen PressburgerMauricio Pereira FaroMauro Abdon GabrielMônica Prudente GiglioMurilo Cezar Reis BaptistaNewma Silva Ramos MauésNilson Xavier FerreiraNiltomar de Sousa PereiraPaolo Henrique Spilotros CostaPaulo Parente Marques MendesPaulo Renato Vilhena PereiraPaulo Rogério de Araujo Brandão CoutoRanieri Mazilli NetoRaphael Ferreira de MattosReinaldo Coniglio Rayol JuniorRenan AguiarRenato Cesar de Araujo PortoRenato Neves ToniniRicardo Lodi RibeiroRoberto Ferreira de AndradeRodrigo Garcia da FonsecaRonaldo Eduardo Cramer VeigaSamantha PelajoSergio Batalha MendesVania Siciliano AietaTatiana de Almeida Rego Saboya

CONSELHEIROS SUPLENTESAlexandre Freitas de AlbuquerqueAndre Andrade VizAntonio Geraldo Cardoso VieiraAntonio Jose de MenezesAntonio Santos JuniorAntonio Silva FilhoAstrogildo Gama de AssisBruno Vaz de CarvalhoCarlos Gustavo Loretti Vaz de AlmeidaBarcellosCarlos Nicodemos Oliveira Silva

Cesar Augusto Prado de CastroClaudio Goulart de SouzaEduardo Farias dos SantosFabio Coutinho KurtzFernando José Alcantara de MendonçaFlávio Vilela AhmedGeraldo Antonio Crespo BeyruthGilberto FragaIvan de Faria Vieira JuniorJansen Calil SiqueiraJoaquim Tavares de Paiva MunizJonas Gondim do Espirito SantoJonas Lopes de Carvalho NetoJorge Antonio Vaz CesarJorge TardinJosé Alzimé de Araujo CunhaJosé Antonio Rolo FachadaLeda Santos de OliveiraLivia Bittencourt Almeida MagalhãesLuiz Roberto GontijoMaxwel Ferreira EisenlohrNorberto Judson de Souza BastosPaulo Haus MartinsRicardo BrajtermanRoberto Dantas AraujoRogério Borba da SilvaRomualdo Mendes de Freitas FilhoSelma Regina de Souza AragãoConceiçãoWarney Joaquim Martins

CONSELHEIROS FEDERAISCarlos Roberto Siqueira CastroClaudio Pereira de Souza NetoMarcus Vinicius CordeiroSuplentes: Gisa Nara Maciel Machadoda Silva e Ronald CardosoAlexandrino

MEMBROS HONORÁRIOS VITALÍCIOSAlvaro Duncan Ferreira PintoWaldemar ZveiterEllis Hermydio FigueiraCesar Augusto Gonçalves PereiraNilo BatistaCândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterOctavio Gomes

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕESNova Iguaçu: Jurandir CeulinDuque de Caxias: Geraldo Menezes deAlmeidaPetrópolis: Herbert de Souza CohnBarra Mansa: Ayrton Biolchini JustoVolta Redonda: Rosa Maria de Souza FonsecaBarra Do Piraí: Leni MarquesValença: Munir AssisSão Gonçalo: José Luiz da Silva MunizNova Friburgo: Carlos AndréRodrigues PedrazziMiracema: Hanry Felix El-KhouriItaperuna: Adair Ferreira Branco JuniorCampos: Filipe Franco EstefanTeresópolis: Jefferson de Faria SoaresTrês Rios: Sérgio de SouzaMacaé: Andréa Vasconcelos MeirellesNiterói: Antonio José Maria Barbosa da SilvaBom Jesus de Itabapoana: Luiz CarlosRibeiro MarquesResende: Samuel Moreira CarreiroSão João De Meriti: Júlia Vera deCarvalho SantosCabo Frio: Eisenhower Dias MarianoAngra Dos Reis: Célio Rosa BrumMagé: Sérgio Ricardo da Silva e SilvaItaguaí: José Ananias Silva de Oliveira

Nilópolis: José Carlos Vieira SantosItaboraí: Jocivaldo Lopes Da SilvaCantagalo: Guilherme Monteiro de OliveiraVassouras: José Roberto CiminelliAraruama: Ademario Gonçalves da SilvaCampo Grande: Mauro Pereira dos SantosSanta Cruz: Milton Luis Ottan MachadoBangu: Ronaldo Bittencourt BarrosMadureira/Jacarepaguá: Remi Martins RibeiroIlha Do Governador: Luiz Varanda dos SantosSão Fidélis: Magno Rangel RochaRio Bonito: César Gomes de SáParaíba Do Sul: Eduardo Langoni de OliveiraSanto Antônio De Pádua: AdautoFurlani SoaresMaricá: Amilar José Dutra da SilvaParacambi: Cleber do Nascimento HuaisParaty: Benedita Aparecida Corrêa doNascimentoMiguel Pereira: Pedro Paulo SadPiraí: Gustavo Abreu SantosRio Claro: Adriana Aparecida Martins MoreiraItaocara: Fernando José Marron da RochaCordeiro: Rilley Alves WerneckCambuci: Elizeu MacieiraMendes: Paulo Afonso Loyola CostaSão Pedro D’aldeia: Julio Cesar dosSantos PereiraCachoeiras De Macacu: Cezar AlmeidaMangaratiba: Ilson de Carvalho RibeiroRio Das Ostras: Alan Macabú AraujoBelford Roxo: Abelardo Medeiros TenórioQueimados: José Bofim Lourenço AlvesMéier: Humberto CairoPorciúncula: José Nagib SacreBarra Da Tijuca: Luciano Bandeira ArantesSaquarema: Miguel Saraiva de SouzaLeopoldina: Frederico Mendes

da democracia, da ampla defesa e do contraditório”.Alberto Rocha (OAB/RJ 154.121)

N. da R: O presidente Wadih Damous respondeudiretamente ao colega, que havia escrito para a OAB/RJpor intermédio do email Fale com o presidente.Reproduzimos o teor da resposta de Wadih:

“Além do espaço destinado a reportagens que são deinteresse da categoria e não expressam propriamenteopinião, a TRIBUNA publica: o editorial, assinado pelopresidente (como é normal em qualquer publicação);artigos de advogados (que não representam necessa-riamente a posição da diretoria sobre o tema aborda-do); textos com posições conflitantes na seçãoPontocontraponto; e cartas dos leitores (que, muitasvezes, explicitam divergências com a diretoria oucontêm críticas a seu trabalho). Assim, não háqualquer restrição na TRIBUNA a manifestações emdesacordo com as posições da diretoria. O que não sepode é transformar o órgão de informação da catego-ria numa espécie de colcha de retalhos de artigosopinativos. Isso seria mudar inteiramente o caráter dojornal. E, certamente, os advogados não aprovariamtal mudança. Deve ser lembrado, ainda, que, uma vezinscritas as chapas que concorrerão à eleição denovembro, será aberto espaço igual a cada uma delasno jornal, para que expressem seus pontos de vista.Dessa forma, o pluralismo tem sido e continuarágarantido em nosso órgão oficial.

Diante da resposta do presidente, o colega enviououtra mensagem: "Agradeço a resposta. Coloco-me aoseu dispor para contribuir sempre com o fortaleci-mento da OAB/RJ".

Twitter.com/OABRJ_oficial

Exame de Ordem@ediomarestock: @TheFaithinGod@OABRJ_oficial “Receita” pra passar no Exame:levar muito a sério a faculdade e antes do exameestudar muito

Site do TJ@papoulab: Colegas da @OABRJ_oficial, estácomplicado pra trabalhar com o site do TJ.Dando erro todo dia. Temos que tomar umprovidência!

Page 24: OABRJ - Tribuna do Advogado de Setembro de 2012

TRIBUNA DO ADVOGADOÓrgão de Divulgação da OAB/RJAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andarCentro - Cep 20020-080 - Rio de Janeiro - RJ

Jorge Hélio Chaves de OliveiraENTREVISTA

‘Se não foi reprovada, Justiçaficou de segunda época’

Um dos representantes da Ordem no Conselho Nacional de Justiça e destaque na recente reunião doColégio de Presidentes de Subseções, em Vassouras, Jorge Hélio Chaves de Oliveira analisa Judiciáriobrasileiro e faz balanço do trabalho do CNJ. Leia a íntegra da entrevista no Portal da OAB/RJ.

CID BENJAMIN

Qual a sua visão do Judiciário brasileiro? De zeroa dez, que nota mereceria?

Jorge Hélio - A Justiça, no Brasil, sempre foi fortemen-te hierarquizada e hermética, o que não se coaduna com ostempos atuais, com o Estado democrático de Direito em quese constitui a República Federativa do Brasil, segundo ospostulados trazidos pela Constituição e, mais especialmen-te, após o advento da Emenda Constitucional nº 45 – a cha-mada Reforma do Poder Judiciário. Ocorre que transforma-ções infraestruturais, não meras mudanças reformistas,demandam tempo e uma conjunção de esforços e fatores. Asociedade civil organizada vem protagonizando a repaginaçãodo país, e sua Justiça foi, por último, incluída na agenda. OJudiciário melhorou muito com a criação do CNJ, concebidopara cumprir funções até então lacunosas, como o planeja-mento estratégico e o estabelecimento de metas para os ór-gãos judiciários, além de outras que, na média, não vinhamsendo cumpridas a contento, como é o emblemático caso dopapel correicional que, depois de longos e calorosos debates,o STF, ainda que em sede de medida liminar, decidiu pos-suir o CNJ em concorrência com os as corregedorias locais.Mas muito ainda há por fazer. O cancerígeno processo deletargia no andamento dos feitos – cada vez mais em maiornúmero e mais complexos, como consequência, entre ou-tros aspectos, do processo histórico de aprofundamento dademocracia entre nós e do esclarecimento de nossa gentesobre seus direitos – é pai da impunidade dos poderosos emãe da corrupção e do obscurantismo, gêmeos univitelinos,e precisa ser extirpado da jurisdição. A falta de celeridade nocurso dos processos judiciais é fragorosamenteinconstitucional, pois ofende vários princípios destacadosno Estatuto Republicano, como o da isonomia, o do acesso à

justiça material, o do devido processo legal, o da razoávelduração dos processos. É como se o Estado, que existe paraprestar o bem estar social, estivesse negando sua razão deser, seu motivo existencial, tivesse desertado. Não se podefalar de dignidade da pessoa humana – outro princípiopositivado na Constituição de 88 – sem atrelá-lo diretamentea uma Justiça efetiva e célere, que reconheça o direito a seulegítimo possuidor, e puna, na forma da lei, os que infringi-rem as normas civilizatórias de convivência. E no tempopedagogicamente hábil. A figura da prescrição me lembra oEstado pedindo concordata, em situação de déficit quaseincorrigível diante de seus credores. Não vou atribuir umanota. Seria reducionista em nossa análise. Mas a Justiçabrasileira, se não foi reprovada, está seguramente em recu-peração, ficou de segunda época.

Como tem funcionado o CNJ? Ainda corre o riscode ter seu trabalho coibido?

Jorge Hélio - Estamos na quarta composição de suacurta história, a segunda de que participo. O avanço no diag-nóstico e na solução para os problemas estruturais dos ór-gãos da Justiça é notório. Sem dúvida, o Judiciário brasileiroé um antes e outro depois do CNJ. Os princípios da publici-dade e da eficiência têm sido concretizados como nuncaantes, fundamentalmente graças à atuação do Conselho. Suasimples existência, por exemplo, já fez com que ascorregedorias dos tribunais se reformulassem e atuassemmelhor. Afora os julgamentos plenários quinzenais, os maisdiversos projetos realizados pelas tantas comissões temáticasinstituídas no seio do Conselho e a aproximação da Justiçado jurisdicionado – tarefa contínua e incansável do CNJ –constituem nossos principais desafios, diuturnamenteperseguidos.Como todo órgão de controle, o CNJ jamais selivrará de resistências e reações à sua existência. Quem tempoder de mando dele não admite livrar-se facilmente, semconfronto. É de notar, entretanto, que a chamada opiniãopública o acolheu e absorveu, com inconteste aprovação, suastarefas institucionais. Assim, o Conselho vem-se legitimandoa cada decisão que toma, seja nos processos que julga, sejanos atos normativos (resoluções, recomendações e enuncia-dos) que edita. Trata-se da republicanização da Justiça pá-tria, nem mais nem menos. Preservá-lo é uma tarefa plúrima

por que todos os homens e mulheres de bem desta nação, tãoencontrada em desencontros, somos responsáveis, na con-dição de sujeitos ativos.

Apesar de estar hoje no CNJ, o senhor é advo-gado. Como tal, apoia as eleições diretas para oConselho Federal da Ordem?

Jorge Hélio - Sou representante dos advogados bra-sileiros no CNJ, alçado a essa honrosa condição pordelegação do Conselho Federal. Como tal, defendo ospleitos republicanos que a Ordem propõe ao Judiciá-rio, como o faço para propostas da mesma naturezatrazidas pelo Ministério Público, pela Defensoria, pe-los advogados públicos e privados e pelos membros eórgãos da magistratura, além dos cidadãos, no que cou-ber. Todos esses protagonistas, que gravitam em tornodo Judiciário, são tão medulares quanto ele e exercemfunções essenciais à Justiça, entre as quais não há qual-quer hierarquia, senão o cumprimento de deveres com-plementares, visando à prestação da mais nobre dastarefas metafísicas do Estado: a justiça social, a felici-dade geral, no dizer de Kelsen. Todas essas atividadespassam por uma revisão de valores, numa espécie dechoque civilizatório, verticalizando seu papel no con-texto geral da nova sociedade brasileira que se estáconstruindo.Nesse sentido, tenho-me posicionado fa-voravelmente às eleições diretas para a direção nacio-nal da OAB, em moldes distritais, preservado o pactofederativo. Penso em discutir as eleições locais e osprojetos nacionais da Ordem no mesmo processo elei-toral, cada estado federado tendo direito a um voto nopleito federal. Isso não significa desaprovação às ges-tões federais que têm encabeçado a OAB. Muito aocontrário, vejo a Ordem como ícone da moderna cida-dania brasileira e legítima representante das melhoresaspirações republicanas. Foi ela a maior militante emdefesa da Lei da Ficha Limpa, da moralização no tratoda coisa pública, da manutenção dos poderes do CNJ,só para citar episódios recentes que a todos nos enchemde alegria cívica. Mas dar esse passo à frente engrande-ceria nossa história e acompanharia as boas práticas decidadania que defendemos para outras instituições.