oabrj - tribuna do advogado de junho de 2013

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OABRJ - Tribuna do Advogado

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 2

RECADO DO PRESIDENTENesta edição

TRIBUNA DO ADVOGADO

Diretor:Felipe Santa Cruz

Superintendente de Comunicação:Marcelo Moutinho([email protected])

Editora:Patrícia Nolasco (MTB 21.584)([email protected])

Reportagem:Vitor Fraga([email protected])Cássia Bittar([email protected])Eduardo Sarmento([email protected])

Fotografia: Francisco Teixeira e Lula Aparício

Publicidade: Ricardo Cariello([email protected])Tel: (21) 2272-2049

Projeto gráfico:Victor Marques([email protected])

Impressão: Ediouro

Tiragem: 134.000 exemplares

Departamento de Jornalismo e Publicações:Av. Marechal Câmara, 150 7º andar - CasteloRio de Janeiro - CEP: 20020-080Tel: (21) 2272-2075 [email protected]

Jornal fundado em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

OAB - Seção do Estado do Rio de JaneiroAv. Marechal Câmara, 150 - Tel: (21) 2730-6525

Planejar para otimizar custos e garantir mais serviços

FELIPE SANTA CRUZ

Felipe recebe XXIIITroféu Dom QuixoteO presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, re-cebeu o XXIII Troféu Dom Quixote, conferido pela Confraria Dom Quixote, em parceria com a revista Justiça & Cidadania, a personalidades que se destacam na defesa da ética, da moralidade, da dignidade, da justiça e dos direitos da cidadania. Felipe recebeu a honraria das mãos da esposa, a ex-conselheira da OAB/RJ Daniela Gusmão. “Fico honrado pela homenagem, em nome da advocacia”, afirmou. A cerimônia foi realizada no plenário do Tribunal de Justiça, dia 21 de maio.

A moderni-zação das salas dos advogados e das dependências das subseções em todo o estado en-tra agora em uma

nova etapa, com a segunda fase do projeto OAB Século 21. Este é um programa que muito nos orgulha, pois possibilitou a ga-rantia de condições dignas de suporte ao trabalho do colegas, ajudando também a recuperar a auto-estima da classe.

Vale lembrar a situação nas unidades da Ordem há pouco mais de seis anos: salas com in-filtração, paredes descascando, arcaicas máquinas de escrever. Com estrito controle sobre os gastos – as obras foram baratea-das com a utilização de funcioná-rios próprios na condução das re-formas -, investimos R$ 8 milhões e conseguimos dar um verdadeiro choque de contemporaneidade nos espaços da OAB/RJ.

Nesse novo momento, o apor-te será de mais R$ 4 milhões e a prioridade recairá sobre a prepara-ção dos advogados para o processo digital. Traçamos um planejamento estratégico, com início e fim das obras, que inclui a expansão da Central de Peticionamento Ele-trônico e Certificação Digital da Ordem – passamos de seis para

20 computadores - e a inauguração do núcleos de Inclusão Digital nas subseções. O primeiro deles, em Niterói, já foi implantado.

Também fazem parte do pla-nejamento a criação da Casa do Advogado ao lado do Tribunal de Justiça, que acontecerá em agosto, e a reforma das sedes das subse-ções de Campo Grande, Araruama, Angra dos Reis, Paracambi, Paraíba do Sul, Valença, Piraí, Campos dos Goytacazes, Três Rios, Petrópolis e Volta Redonda, além da reestrutura-ção do Escritório Compartilhado de São Gonçalo.

Em outras frentes, no mês de maio fomos ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) solicitar providências no sentido de que o TRT-1 aceite petições em papel quando o PJe--JT ficar inacessível por mais de 24 horas e conseguimos retirar a advocacia do projeto de lei que previa a cobrança de 5% de ISS sobre o faturamento do escritório.

São vitórias que renovam nossa disposição na luta cotidiana em defesa da categoria.

* * * É com alegria que saudamos a

indicação do colega Luís Roberto Barroso, pela presidente Dilma Rousseff, para a vaga deixada pelo ministro Carlos Ayres Britto no Su-premo Tribunal Federal. A escolha de Barroso é um orgulho para os advogados e para o Rio de Janeiro.

Procura leva OAB/RJ a expandir oficina gratuita de informática As dificuldades enfrentadas pelos advogados na transição para o processo eletrônico, principalmente para aqueles ainda com pouca familiaridade com o computador, levaram à expansão da Oficina de Informática Básica criada pela Seccional e pela Caarj. Aulas, gratuitas, devem continuar até o final do ano. Páginas 6 e 7.

Especialistas debatem necessidade ou não de reforma nos 70 anos da CLTPromulgada em 1943, a CLT completou sete décadas em maio deste ano. O debate sobre a reforma trabalhista, a flexibilização das relações de trabalho e a atualidade do arcabouço legal criado por Getúlio Vargas são temas abordados por diversos especialistas. Páginas 14 e 15

Poder de investigação do Ministério Público na berlindaNa seção Pontocontraponto, o promotor de Justiça Emerson Garcia e o presidente da Associação dos Delegados da Polícia do Brasil, Paulo Roberto D´Almeida, apresentam visões opostas sobre a Proposta de Emenda à Constituição 37/2011, que limita a ação do Ministério Público, atribuindo exclusivamente à Polícia a condução de investiga-ções penais. Página 21.

PEC 33 e o embate entre os poderesEm entrevista, o professor de Direito do Estado na Universidade de São Paulo (USP) Virgílio Afonso da Silva analisa a polêmica Proposta de Emenda Constitucional 33, que submete decisões do Supremo Tribunal Federal ao Congresso Nacional. Página 28

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 3

Falhas constantes no PJe da Justiça do Trabalho levam Seccional a requerer providências ao CNJ

EdUARdo SARmENTo

Concebido com o intuito de dar celeridade e facilitar a rotina profissional de quem lida com o Judiciário, o Processo Judicial eletrônico da Justiça do Trabalho (PJe-JT) vem sendo um entrave no cotidiano de advogados, magistrados e serventuários. Sistemas constantemente fora do ar e estrutura deficiente para digitalização de documentos ferem, há tempos, a garantia cons-titucional de acesso à Justiça. A instabilidade que deixou o PJe-JT fora do ar por mais de 120 horas entre os dias 13 e 24 de maio foi decisiva para que a OAB/RJ solicitasse, dia 27, ao Conselho Nacio-nal de Justiça (CNJ), providências no sentido de que o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) passe a aceitar petições de papel caso o PJe-JT fique inacessível por mais de 24 horas.

O presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, foi enfático ao afirmar que a medida tornou-se a única saída para evitar maiores prejuízos. “Fomos ao CNJ para garantir a concomitância das petições em papel. Nossa paciência se esgotou e não há di-álogo ou ponte no mundo que consiga atravessar um sistema que funciona uma vez por semana”.

Para o procurador-geral da Seccional, Gui-lherme Peres, alternativas precisam ser criadas. “O que aconteceu foi muito grave. É necessário um plano B para que situações como essa sejam contornadas”, afirmou. Segundo ele, a solução passa por uma normatização com o objetivo de automatizar a aceitação de petições físicas. A Justiça Federal foi citada como exemplo a ser seguido. “O advogado leva uma petição em papel e um serventuário faz a digitalização na hora. A inserção do documento no processo é feita assim que o sistema volta ao normal”, explicou.

Guilherme participou, dia 20 de maio, de reunião com a vice-presidente do TRT-1, Ma-ria das Graças Viegas Paranhos, e a presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região (Amatra-1), Áurea Regina Sampaio, para buscar soluções. Deste encontro saiu o primeiro pedido da OAB/RJ para que petições em papel fossem aceitas em caráter emergencial, so-licitação atendida apenas em parte pelo tribunal, que determinou a análise caso a caso.

A presença da dirigente da Amatra-1 foi, para Guilherme, um indicativo de que os problemas enfrentados não atingem apenas a advocacia. Segundo ele, toda a sociedade sai prejudicada. “Ficamos com a Justiça Trabalhista praticamente paralisada por uma semana. Enquanto isso, a estrutura dos tribunais continuou ativa, gerando

um gasto inestimável, tudo pago com dinheiro público”, lembrou.

Para o secretário-geral e presidente da Comissão de Justiça do Trabalho (CJT) da OAB/RJ, Marcus Vinicius Cor-deiro, a situação é crítica. “As respostas do TRT-1 não nos permitem ter confiança no sis-tema”, observou, frisando que as prerrogativas dos advogados estão sendo desrespeitadas. “Não se trata de dificuldade, mas sim de impedimento de acesso”, constatou. No enten-der dele, o objetivo é oferecer aos colegas as melhores con-dições de atuação. “Estamos solicitando ao CNJ a garantia de que as petições físicas, inclusive as iniciais, sejam as-seguradas em qualquer nível”, ressaltou.

A Resolução nº 94 do Con-selho Superior da Justiça do Trabalho determina que os prazos processuais sejam adia-dos automaticamente em caso de instabilidade maior que 60 minutos, ininterruptos ou não, no mesmo dia. A medida, de acordo com Guilherme, ameniza alguns casos, mas não serve para situações extremas como a enfrentada na segunda quinzena de maio. “A prorrogação para o dia seguinte é eficiente quando acontece algo isolado. Adiamentos de uma semana ou mais prejudicam a todos, já que os advogados são impedidos de trabalhar e os juízes ficam com trabalho acumulado”, salientou.

Acompanhando de perto o processo de tran-sição da classe para o processo eletrônico, a dire-tora de Inclusão Digital da OAB/RJ, Ana Amelia Menna Barreto, é cética ao tratar da questão. Professora da maioria dos cursos sobre tecnologia oferecidos pela Seccional, ela conhece de perto os problemas. “Enfrentar as constantes quedas do sistema atrapalha ainda mais a adaptação dos colegas aos novos tempos”, destacou. Ana recebe as mensagens enviadas para o endereço eletrônico [email protected], criado exclusivamente para que os advogados possam reclamar e com-provar a instabilidade do PJe-JT. Todas as men-

sagens são encaminhadas ao TRT-1. “O número de queixas é maior a cada mês. Só em maio foram mais de cem”, concluiu.

Reconhecendo a existência de graves em-pecilhos, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Carlos Alberto Reis de Paula, anunciou, dia 20, ao participar de sessão plenária do Conselho Federal, a suspensão, pelo prazo de um mês, da migração do processo físico para o meio eletrônico em novas varas da Justiça do Trabalho. O objetivo da corte é aguardar as sugestões da advocacia de melhorias ao sistema do PJe-JT.

Apesar de reafirmar que a modernização da Justiça é inevitável e irreversível, Guilherme con-sidera fundamental que o processo seja condu-zido de forma cautelosa, sem açodamento. “Não podemos de forma alguma nos tornar reféns dos sistemas eletrônicos”, finalizou.

(PJe também é destaque na Tribuna Livre, na página 8)

Felipe: “Nossa paciência se esgotou e não há diálogo ou ponte no mundo que consiga atravessar um sistema que funciona uma vez por semana”

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 4

Exemplo da nova fase do projeto OAB Século 21, a nova Central de Peticionamento Eletrônico e Certificação Digital da OAB/RJ foi inaugurada no dia 2 de maio contando com a instalação de mais 14 computadores para ajudar os colegas na adequação ao sistema digital.No local, que recebe cerca de 50 advogados por dia, nove funcionários esclarecem dúvidas sobre a certificação digital e dão suporte a profissionais com dificuldades para lidar com os sistemas eletrônicos dos tribunais.“A demanda na sala cresceu muito, principal-mente este ano, com os tribunais exigindo a

A situa-ção de cala-midade em que algumas salas da OAB/RJ no estado se encontra-

vam em 2007, sem instalações adequadas e computadores, ficou para trás. Com o projeto OAB Século 21, idealizado pelo então diretor do Departamento de Apoio às Subseções (DAS) e hoje presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, sedes de subseções e espaços da Ordem em fó-runs foram modernizados e adotaram o mesmo padrão. Agora, o OAB Século 21 irá caminhar junto à transição para o processo eletrônico.

“Há cinco anos, quando começamos o pro-jeto, as salas da Ordem estavam abandonadas. Com cores variadas, móveis velhos... Algumas ainda com máquinas de escrever antigas. Era parte do processo de recuperação da auto--estima da advocacia que esses espaços fossem modernos e que, ali, o advogado se sentisse dentro da Ordem. Agora que resolvemos esses problemas, queremos ensinar os colegas a usar o processo eletrônico, fazendo das salas ins-trumentos de preparação para essa realidade”, declara Felipe.

Esta segunda etapa do OAB Século 21, ele faz questão de ressaltar, é parte do planejamento estratégico da gestão, apresentado pela primeira vez no Colégio de Presidentes de Subseções, no início de maio (ver matéria na Tribuninha). No programa estão as datas de início e conclusão das obras do projeto.

Na nova fase, que já inclui as inaugurações da Central de Inclusão Digital do Méier e do Núcleo de Inclusão Digital da OAB/Niterói, realizadas em maio, estão previstos grandes projetos, como a instalação da nova sala da Seccional no Tribunal

Central de Certificação Digital da OAB/RJ é expandida

certificação digital. Os advogados passaram a procurar mais a OAB/RJ para receber supor-te”, conta o chefe do setor, Anderson Lacerda, explicando que uma das principais requisições é a instalação de programas nos computado-res dos advogados. “As pessoas trazem seus próprios equipamentos para instalarmos os programas. Agora, com a nova estrutura, há um setor exclusivamente para suprir essa necessidade”.Das 20 máquinas disponíveis, 13 atendem a advogados que precisam de suporte para lidar com os sistemas, quatro estão reservadas para

OAB Século 21 em nova faseProjeto que em cinco anos reformou duas centenas de imóveis no estado e instalou

máquinas e equipamentos modernos chega agora à segunda etapa, com mais investimentos e adequação dos espaços à implantação do processo eletrônico

de Justiça (TJ), de salas do advogado em juizados da capital (a exemplo dos pontos já existentes na Taquara e na Freguesia) e de uma Casa do Advogado ao lado do TJ.

O novo espaço dentro do Fórum, localizado no 4º andar da sede do TJ, contará com 70 computado-res (atualmente, na sala do 3º andar, são 30), sendo

uma parte especificamente destinada ao Processo Judicial Eletrônico (PJe); instalações da Caarj e da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas (Cdap); além das salas de acordo, de atendimento bancário e de um posto de atendimento ao advogado, com fotocopiadoras e funcionários treinados para o peticionamento eletrônico.

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os colegas já familiarizados, que só necessitam utilizar o computador, e três são usadas para as instalações dos programas necessários ao peticionamento.“Vim a primeira vez aqui para pegar o token e fazer a certificação. Mas agora precisei de um procedimento diferente, pois não consegui ins-talar o programa necessário corretamente. Estão instalando novamente e me dando uma assesso-ria para utilizar o sistema”, contou a advogada Marianna Machado Moraes, enquanto aguardava o término do serviço no seu micro.O advogado Eduardo de Almeida Correia, que faz

uso da sala frequentemente, também aprovou a expansão: “Já vim para tirar dúvidas sobre o PJe (Processo Judicial eletrônico) e, hoje, para marcar a certificação. E o nível de atendimento aqui, que é sempre muito bom, agora ficou até melhor”, elogiou.A central fica no andar térreo do prédio da OAB/RJ e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, para a instalação de programas e para suporte com o peticionamento no PJe da Justiça do Trabalho, e das 9h às 18h para o peticiona-mento nos sistemas do Tribunal de Justiça e da Justiça Federal.

OAB Século 21 em nova faseProjeto que em cinco anos reformou duas centenas de imóveis no estado e instalou

máquinas e equipamentos modernos chega agora à segunda etapa, com mais investimentos e adequação dos espaços à implantação do processo eletrônico

“Estamos antecipando a demanda, que crescerá com o processo eletrônico digital. Somando esta sala à Casa do Advogado da Rua do Rezende, e a nova, que está sendo instalada na Avenida Erasmo Braga, o advogado terá, ao final do ano, mais de cem com-putadores à sua disposição no Centro”, afirma Felipe.

A utilização de funcionários próprios para fazer

as reformas – a Seccional contratou, em 2008, mar-ceneiros, pintores, técnicos de informática, motoris-tas, bombeiros hidráulicos e eletricistas –, por conta do elevado custo de empresas terceirizadas, foi crucial, segundo o tesoureiro da OAB/RJ, Luciano Bandeira, para o sucesso do projeto. “Essa medida barateou o custo e permitiu que o OAB Século 21

A oAB/Belford Roxo funcionava, em 2009, em uma casa com estrutura precária. Inaugurada em 2012 a nova sede segue o

padrão de modernidade do projeto, com computadores, serviços de digitalização, escritório compartilhado e auditório

Advogados recebem orientação na Central de Peticionamento

chegasse a todas as subseções”, observa.Luciano informa que a previsão de investi-

mentos é de R$ 1,5 milhão no primeiro ano e cerca de R$ 4 milhões em toda a gestão. “Para o benefício direto que o projeto traz ao advogado, o custo é baixíssimo, o que ajuda a tesouraria a administrar cuidadosamente o dinheiro da advocacia”.

O coordenador do projeto, Carlos Alberto Alves Júnior, explica o trabalho do grupo: “Fa-zemos a pintura, troca de piso, instalação de ar--condicionado, computadores e mobiliário novos, internet, bebedouro, coisas que, até pouco tempo, nem todas as subseções tinham. Nós vemos cada sala e pensamos no que há de melhor para ela dentro daquele espaço. Além disso, ajudamos em mudanças de sedes, tudo com os funcionários da Ordem”.

A nova fase do OAB Século 21 inclui também a construção de centrais de digitalização (serão com-prados mais de 200 computadores) com scanners de alta capacidade para auxiliar no envio de petições e de salas de recepção para os cursos telepresenciais da Escola Superior de Advocacia (ESA), além da inauguração das novas sedes de Miracema (rea-lizada em maio), Cordeiro e Cabo Frio.

Ainda para este ano, estão previstas a reforma de sedes em Campo Grande, Araruama, Angra dos Reis, Paracambi, Paraíba do Sul, Valença, Piraí, Campos dos Goytacazes, Três Rios, Petró-polis e Volta Redonda, além da reestruturação do Escritório Compartilhado de São Gonçalo.

“Hoje o advogado, onde quer que chegue, no interior do estado ou no Fórum Central, encontra uma sala com um padrão de identidade, com um funcionário a atendê-lo e um computador que possibilita a ele a ingressar no processo digital. Continuaremos nesse caminho, fazendo o que sempre fizemos, mas nosso desafio agora é não deixar que essa nova era do Direito seja exclu-dente para os colegas”, ressalta Felipe.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 6

Procura por oficina gratuita de noções de informática leva ordem a estender aulas

CáSSIA BITTAR

Se a transição para o processo digital está difícil para quem já utiliza o computador no dia a dia, como será para os colegas sem noções fun-damentais de informática? Pensada para atender a essa demanda, a Oficina de Informática Básica para o processo eletrônico, elaborada pela Supe-rintendência de Projetos Especiais, pela Diretoria de Inclusão Digital da OAB/RJ e pela Caarj, já é um sucesso. Em dois meses, o curso, gratuito e realizado aos sábados na Casa do Advogado, na Rua do Rezende, capacitou cerca de 300 colegas.

“Oferecemos 19 vagas em cada turma. O nú-mero reduzido se justifica pela necessidade de atendimento integral pela equipe, composta pela área técnica da Seccional”, explica a diretora de Inclusão Digital da OAB/RJ, Ana Amelia Menna Barreto. Devido à grande procura, a oficina, que

inicialmente teria apenas seis turmas, deve ser estendida até o fim do ano.

Segundo Ana Amelia, a intenção é capacitar os colegas a utilizar o computador de forma de que possam peticionar eletronicamente com maior segurança, habituados com suas ferramentas. “Após os cursos promovidos sobre PJe-JT, cer-tificação digital e peticionamento eletrônico, notamos que as dificuldades em operar na Justiça digital continuavam para um grande número de colegas. Analisando as reclamações e dúvidas apresentadas, ficou claro que muitos deles sen-tiam falta de noções básicas de informática antes que pudessem absorver os novos procedimentos necessários à transição profissional”, relata.

Durante as aulas, os professores Adriano Sici-liani, Carlos Wellisch e Rodrigo Burgos mostram na prática como utilizar editores de texto e nave-gadores, modelos de petição, arquivos em formato

PDF, digitalização de documentos, compactação de arquivos, noções de organização, além de dar dicas e recomendações para o cotidiano do advogado.

“Não é mais uma opção do advogado ser digital. Ele deve estar preparado para essa nova fase do Di-reito e deixar a resistência de lado, entendendo que a novidade não afeta só a nós, mas a todos os profis-sionais do meio”, observou a advogada e membro da Diretoria de Inclusão Maria Luciana Souza, ao fazer a introdução de uma aula.

Entre os presentes, desde colegas mais velhos, muitos sem nunca sequer terem sentado em frente a um computador, até advogados mais jovens. Uma delas, Eliane Felix da Costa, de 41 anos. “A aula foi muito proveitosa para nos ajudar a entender a apli-cação do sistema”, elogiou.

“Para mim, acostumado à datilografia na má-quina de escrever, fazer um curso de informática

maria Luciana Souza, da diretoria de Inclusão digital,

abre uma das aulas

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proporcionou muita alegria. Acredito que vou longe”, afirmou Cesar Luiz Pereira, de 69 anos. Aos 67, Maria José dos Santos teve, na aula, seu primeiro contato com um computador: “A advo-cacia só pode prosseguir e prosperar com o advo-gado inteiramente entrosado no meio digital. Vou continuar me dedicando para poder prosseguir bem na profissão”, disse ela.

“A experiência é altamente gratificante. Vi-venciamos as dificuldades de aptidão técnica que afligem os advogados e somos recompensados pelo conhecimento que eles adquirem”, relata Ana Amelia.

O curso é realizado em três horários – 9h, 11h15 e 14h –, três sábados por mês. Os inte-ressados devem se inscrever previamente, por meio da Central de Atendimento, pelo telefone (21) 2730-6525.

Foi com a mesma naturalidade com que aceitou todas as mudanças que enfrentou na vida que Jovino de Jesus, de 82 anos, resolveu encarar a transição para o processo eletrônico. Advogado criminalista, ainda não foi obrigado a fazer a certificação digital para continuar trabalhando, mas se adiantou e procurou a OAB/RJ, ciente da iminente transformação da Justiça.“Tem muita gente por aí dizendo que o processo ele-trônico não vai acontecer, não vai vingar. Como podem dizer isso? Já está acontecendo! É inevitável”, opina ele, que só aguarda seu certificado para começar a peticionar por meio digital.Jovino entrou em contato com a Seccional em abril, por meio do Portal da OAB/RJ, para pedir instruções sobre o processo eletrônico. Na Ouvidoria, foi encaminhado para os setores responsáveis por providenciar sua certificação e matrícula em uma das aulas de peticionamento eletrônico ministradas pela Diretoria de Inclusão Digital.Segundo a diretora do núcleo, Ana Amelia Menna Barreto, advogados como Jovino, já idosos, são os mais interessados e receptivos aos ensinamentos de infor-mática: “Os colegas mais experientes são movidos pela determinação de continuar advogando, estão dispostos a enfrentar os desafios da inclusão digital e demons-tram estar plenamente satisfeitos em conseguir realizar todas as etapas das atividades propostas”.O advogado confirma a observação: “Fui autodidata em informática. Aprendi o básico sozinho, porque não tive escolha. A tecnologia é assim: quando enfim consegui comprar minha Olivetti, achando que estava equipando meu escritório bem, a máquina de escrever já estava ultrapassada e eu nem sabia. As coisas vão passando e temos que acompanhar”, diz ele, afirmando não ter tido maiores dificuldades para entender o conteúdo do curso.A abertura de Jovino à evolução das ferramentas para o exercício profissional reflete um estilo que marcou suas mais de oito décadas de vida: já foi de motorista de táxi

Aos 82, um novo desafioa lapidador de diamantes, de professor de cursos livres a dono de boate.“Comecei a trabalhar aos 12 anos, lapidando diamantes. Aprendi muito e estava formando carreira quando o Brasil passou a exportar as pedras brutas. Quebrou nosso mer-cado. Nessa época, não protestávamos muito. Abríamos o jornal e procurávamos vagas, na área que fosse”, conta ele, que depois conseguiu emprego relacionado à moda, em exposições de confecções.A advocacia só entrou na vida de Jovino quando já tinha quase 50 anos, após sofrer um processo trabalhista. “Abriguei um morador de rua, surdo-mudo, na boate que eu tinha no Centro e ele passou a trabalhar para mim informalmente. Quando quebrei, ele entrou na Justiça do Trabalho contra mim”.As inspirações em leituras e vivências o levaram à área criminal: “Após o processo, me interessei por Direito, mas não quis mais nenhuma relação com a área do trabalho, por tudo o que havia passado. Como, desde a infância, lia textos sobre detetives e investigações criminais em revistas como a X-9, e presenciei muitas injustiças ao longo da vida, decidi trabalhar com essa matéria. Foi algo natural”, conta.Há quase 30 anos na profissão, Jovino relata que se dedi-cou totalmente a ela e não deixou de enfrentar percalços no caminho. Na explosão do restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, em outubro de 2011, perdeu parte de seu escritório, interditado até hoje. “Agora já podemos en-trar, mas, sem luz e água no prédio, é impossível limpar a sala, que está ainda como ficou após a explosão”.Jovino pôde continuar a trabalhar graças à disponibilida-de de uma sala comercial que seu filho possuía, também no Centro. Morador de Campo Grande, ainda enfrenta as dificuldades dos profissionais que militam longe de casa com disposição e paciência invejáveis, que lhe permi-tem tanto aguardar a resolução do problema de sua sala quanto a inevitável digitalização da Justiça.

Jovino de Jesus

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 8

TRIBUNA LIVREO dia em que a equipe de

reportagem da TRIBUNA visitou a sede do Tribunal Regional do

Trabalho (TRT) da Rua do Lavradio para saber sobre o respeito às

prerrogativas dos advogados que lá militam coincidiu com um período de dois dias em que o sistema de

Processo Judicial eletrônico da Justiça Trabalhista (PJe-JT) ficou fora do ar, no início da segunda quinzena de maio. Com isso, os problemas no sistema pautaram grande parte das respostas dos colegas, que também

ressaltaram a falta de organização na marcação de horários.

Qual a sua prerrogativa profissional mais desrespeitada na Justiça do Trabalho?

Primeiramente, os atrasos das audiências. Leva--se quase o dia todo ou pelo menos a manhã inteira em uma audiência designada para as 9h. Se é marcada para as 14h, saímos daqui às 17h, 18h, conforme a vara. Mas o PJe é o problema

principal, porque o sistema não está cor-respondendo, cai toda hora e impede nosso exercício profissional. Está há dois dias fora do ar. Hoje, com audiência marcada, tivemos que colocar tudo no pen drive para poder cumprir a nossa parte.Elisabeth Ávila, advogada, 64 anos

É no atendimento. A forma de despacho com o juiz, principalmente em situações de emergência, que é muito dificultada. Não conseguimos ser atendidos pelos juízes de forma rápida para que seja despachada uma

medida liminar, uma tutela de urgência. Se é uma tutela de urgência, deveríamos ser aten-didos prontamente, sem que tivesse que haver esse agendamento.Leandro Luiz de Souza, advogado, 34 anos

A principal violação é a falta de pagamento dos honorários de sucum-bência. É um grande absurdo ele ser negado a nós. A justificativa é que o advogado é particular e já está recebendo seus honorários, mas a gente também trabalha além

disso, na segunda instância, e sem cobrar mais dos nossos clientes. Então, acho mais do que cabível recebermos. Se existe na Justiça estadual, qual é a diferença?Elaine Lopes dos Reis, advogada, 34 anos

Encontramos uma série de problemas na Justiça trabalhista. Há muita di-ficuldade para cumprirem os horários estabelecidos para as audiências. E elas levam muito tempo, uma acaba atropelando o horá-rio da outra. Nós estamos sempre assoberbados

com prazos e temos que nos submeter a esses horários, o que nos cria problemas.Marco Antonio Coragem, advogado, 57 anos

O sistema PJe foi imple-mentado de uma forma precipitada, atendendo a interesses. Hoje temos uma impossibilidade para a nossa atuação profissio-nal porque o PJe não tem as ferramentas necessá-rias para nos atender. Te-mos, tecnicamente, uma

paralisação das atividades dos profissionais em razão de um sistema que não atende as necessidades de uma efetiva prestação jurisdi-cional, sempre saindo do ar.Luiz Tranjan, advogado, 59 anos

Atualmente a prerrogativa mais desrespeitada é a falta de cumprimento dos prazos, o que se trata de um abuso com a gente. Também sofremos com a demora principal-mente na expedição do alvará e do mandado de

pagamento.Fernanda Tolla, advogada, 57 anos

Como violação das prerro-gativas implica o tolhi-mento do nosso direito de advogar plenamente, acho que um dos maiores pro-blemas de violação aqui na Justiça do Trabalho é a deficiência na utilização do PJe. Tenho certeza de que, quando o Tribunal

estiver devidamente aparelhado, teremos pro-blemas antigos resolvidos. Só que hoje, com as intermitências, audiências estão deixando de acontecer por indisponibilidade do sistema, o que impede nosso trabalho.Marcos Chehab Maleson, advogado, 38 anos

A prerrogativa desrespei-tada é o indeferimento de provas essenciais ao processo, na maioria das vezes porque o juiz não quer levar mais tempo fazendo uma audiência. Eles suprimem provas, o que não deveriam fazer. Quando o advogado tem

experiência, ele procura fazer uso dessa situ-ação como se fosse um agravo e recorrer ao tribunal, mas, quando é inexperiente, pode ser prejudicado.Paulo César Bastos, advogado, 67 anos

Passei por um problema na utilização do PJe que me fez sentir proibida de exercer meu direito de advogar. O sistema só aceita a habilitação de um advogado por parte. Então, sem saber, outra pessoa do meu escritório

se habilitou a ver a documentação para mim, mas quem faria a defesa e acompanharia esse processo seria eu. E fui impedida de fazer isso. Foi uma situação altamente constrangedora e só consegui dar prosseguimento ao processo com o certificado da minha sócia, o que nem é certo, porque trata-se de uma assinatura.Luana Rosadas, advogada, 30 anos

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 9

O lançamento da campanha Ho-norários dignos, advogado valori-zado, no dia 15 de abril, marcou também o início das atividades do núcleo de ho-norários ligado à Comissão de De-fesa, Assistência e Prerrogativas

(Cdap). O grupo centraliza reclama-ções de advogados que considerarem suas prerrogativas violadas no que se refere ao recebimento dos honorários. “Nosso objetivo é uma campanha in-formativa, que estimule os advogados a questionar os valores em seu coti-diano e a apresentar reclamações ao núcleo quando se sentirem aviltados”, afirma a presidente da Cdap, Fernanda Tórtima, que anuncia a elaboração de

Núcleo da Cdap aponta necessidade de advogados questionarem honorários

uma carti-lha sobre o tema.Ao longo dessas primeiras semanas de tra-balho, a conclusão da presi-dente da comissão

e dos coordenadores do núcleo é a de que a demanda por uma campanha a favor de honorários dignos é cada vez maior. “Há um número crescente dos advogados que se sentem aviltados no arbitramento, pelo Poder Judiciário, de seus honorários. Uma análise inicial das reclamações constatou a neces-sidade real de uma atuação efetiva da OAB/RJ, tendo em vista equívo-cos interpretativos na aplicação da

legislação vigente sobre o tema”, diz a coordenadora da área trabalhista, Juliette Stohler.Para o coordenador da área tributária, Leonardo Rzezinski, o núcleo tem grande importância na divulgação de informações que irão nortear ações práticas e concretas de assistência aos advogados. “As ações se dividem, primeiramente, na divulgação da informação a todos os operadores do Direito, especialmente aos próprios advogados e aos magistrados, sobre a mais atual e justa visão das prerro-gativas e direitos que respeitam aos honorários advocatícios”, esclarece Rzezinski.O coordenador da área cível, Car-los Eduardo Martins, salienta que honorários dignos são condição de sobrevivência para muitos advogados. “Os tribunais fluminenses têm tratado com descaso – e em muitos casos, com desrespeito – a fixação dos

honorários de sucum-bência, que têm reconhecida natureza alimentar e assim representam o principal sustento de milhares de profissio-

nais em nosso estado”.Martins esclarece, no entanto, que a função do núcleo não é solucionar todos os questionamentos em relação aos honorários. “Nossa função é viabilizar a atuação institucional da OAB/RJ nos casos de flagrante violação de prerrogativas quanto ao recebimento de honorários, fortalecendo a defesa processual do profissional ofendido”, completa.

OAB/RJ firma parceria para cobrar presença de juízes nas comarcas

A campanha Pre-sença do juiz na co-marca, lançada pelo Tribunal de Justiça (TJ) no dia 29 de abril, ganhou o apoio da OAB/RJ. A in-tenção é fortalecer e cobrar a presença do magistrado em seus locais de atu-ação, além de agi-lizar o andamento processual, explicou

a secretária-geral adjunta da Seccional, Fernan-da Tórtima, que participou do lançamento do projeto, idealizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O acordo de cooperação para a campanha foi firmado entre o TJ, a Ordem, o Conselho Fede-ral, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, o Ministério Público estadual e o próprio CNJ.

Entre as propostas está a marcação de audiências em todos os dias úteis da semana. O Rio de Ja-neiro é o segundo estado a aderir ao projeto, que começou no ano passado, na Paraíba.

“A medida merece os maiores elogios por parte da OAB/RJ, que estará à disposição para colaborar com o que seja necessário para o cumprimento do convênio, atenta, inclusive, à colaboração das subseções reportando situações ao TJ e ao CNJ”, declarou Fernanda.

“Por meio dessa medida, esperamos eliminar a espera demasiada das partes para a solução de um processo”, observou o corregedor nacional de Justiça, Francisco Falcão, que apresentou o projeto e anunciou a instauração de um mutirão de audiências com duração de um ano.

O secretário-geral do Conselho Federal e conse-lheiro federal pela OAB/RJ, Cláudio Pereira de Souza Neto, afirmou que a Ordem ajudará a congregar a advocacia para a importância da magistratura pre-sente: “Nossa compreensão é de que a presença do juiz de segundas a sextas-feiras valorizará a atividade jurisdicional e, consequentemente, a advocacia.

O Poder Judiciário deve estar perma-nentemente repre-sentado não apenas nas grandes cida-des, mas também no interior do Brasil, nas pequenas cida-des. Por isso, a di-retriz da OAB para as seccionais é que busquem reprodu-zir esse projeto”.

“ C o n t a m o s com os magistrados, principalmente os de pri-meiro grau, para a concretização das propostas que serão feitas e para que, surgindo outras, complementem esse projeto”, disse a presidente do TJ, Leila Mariano. A solenidade contou ainda com as presenças do ministro do Supremo Tribu-nal Federal Luiz Fux e dos ministros do Superior Tribunal de Justiça Luis Salomão, Marco Aurélio Bellizze e Benedito Gonçalves.

Leila mariano Fernanda Tórtima

Juliette StohlerLeonardo Rzezinski

Carlos Eduardo martins

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 10TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 10

mais interação com o Legislativo nas questões penais

dos delitos considerados hediondos crimes contra a saúde pública], e que dá punição, inclusive à venda de cosméticos sem registro, superior ao crime de homicídio. Foi uma altera-ção feita em um momento emocio-nal, que está valendo até hoje e que evidentemente é uma excrescência jurídica”, avalia ele.

Umas das discussões já progra-madas para este ano abordará a Lei nº 12.683 (que altera a Lei nº 9.613, que trata da prevenção à lavagem de dinheiro) em um evento na sede da Seccional, ainda sem data definida. “O objeto de debate, nesse caso, é o alcance da lei, que afeta diretamente os advogados, em um dispositivo que obriga consultores a comunicar ao Coaf [Conselho de Controle de Ati-vidades Financeiras] operações dos clientes, violando o sigilo profissional garantido pela Constituição”.

Freitas prevê que os assuntos em pauta sejam tratados, também, em cursos realizados em parceria com a Escola Superior de Advocacia (ESA). Pretende, ainda, promover a interlocução com grupos externos que já tratam do projeto de reforma do Código Penal Brasileiro. “Há diversos questionamentos e críticas que decorrem da rapidez com que foi feito esse projeto”, observa.

Ele também deseja criar um programa de resgate da memória da advocacia criminal carioca, destacan-do os profissionais que atuaram na defesa de presos políticos no período da ditadura militar.

“O Rio de Janeiro tem uma memória jurídica muito forte, até por já ter sido capital do país. Que-remos aproveitar esse momento de resgate histórico, com as comissões da Verdade federal e estadual, e dar visibilidade aos colegas que atuaram em uma época difícil, em defesa de pessoas tidas como inimigas do poder e que, em razão disso, foram perseguidos, finaliza”.

“É importante que os advogados interfiram diretamente no processo legislativo, participando das discus-sões com o objetivo de evitar erros técnicos que muitas vezes acontecem em prejuízo do exercício profissio-nal e de toda sociedade”. Com essa premissa, o presidente da Comissão Especial de Estudos do Direito Penal da OAB/RJ, Paulo Freitas Ribeiro, pretende conduzir o grupo nesta gestão, focalizando, principalmen-te, a atualização sobre as alterações legislativas.

“Observamos que a sociedade civil e, principalmente, os advogados participam pouco desse projeto de transformação da legislação e depois sofrem e criticam as novas normas. Promoveremos debates e eventos para submeter essas alterações a uma análise, antes mesmo de sua aprovação. Isso poderá ajudar a evi-tar diversos erros técnicos”, afirma Freitas, explicando que as mudanças nas leis geralmente acontecem em razão de incidentes que mobilizam a opinião pública e que, por esta razão, perderiam por vezes o sentido racional.

“É o caso da lei feita na época em que foram divulgados casos gra-víssimos de falsificação de remédios [Lei nº 9.677/98, que altera o Código Penal, incluindo na classificação

COMISSÕES

Diretoras da OAB/RJ são designadas para comissões do Conselho Federal

O reconhecimento da atuação da

Seccional na área de inclusão digital

e também na defesa das prerrogativas

profissionais levou o Conselho Federal

a designar duas diretoras da OAB/RJ

para integrar comissões na entidade

máxima da advocacia.

A secretária-geral adjunta e pre-

sidente da Comissão de Defesa,

Assistência e Prerrogativas (Cdap)

da Seccional, Fernanda Tórtima, foi

designada para a Comissão Nacional

de Defesa das Prerrogativas e Valo-

rização da Advocacia, com a missão

de concretizar o projeto de criação de

um sistema nacional de defesa das

prerrogativas profissionais.

O sucesso da campanha Fique digital,

outra iniciativa da OAB/RJ que teve

reconhecimento em todo o país, levou

à indicação da diretora de Inclusão

digital da entidade, Ana Amelia Menna

Barreto, para compor a Comissão

Especial de Direito da Tecnologia da

Informação do Conselho Federal. A

atuação do núcleo da Seccional tem

ajudado a capacitar advogados do Rio

de Janeiro e de outros estados, por

meio de aulas presenciais e a distân-

cia – o último curso teve participação

online de advogados de todo o Brasil e

de diversos países.

Paulo Freitas

Ana Amelia menna Barreto

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 11

feito segundo as mesmas regras e as mesmas consequências da união estável heteroafetiva, diversos tribu-nais locais começaram a entender que não havia razão para negar a conversão da união estável em casa-mento, pois este é um direito e uma consequência daquela, assegurados pela Constituição Federal. Também abriu caminho para esta discussão a decisão do Superior Tribunal de Justiça, permitindo a habilitação direta para casamento de um par homossexual em outubro daquele ano (RESP1.183.378-RS).

E nesse tom, os tribunais es-taduais de todo o país procuraram minimizar a desigualdade e injustiça

existentes, autorizando o ca-samento entre pessoas do mesmo sexo, como coro-lário lógico da decisão do Supremo. Assim, edita-

ram provimentos próprios, por meio de suas correge-

dorias, determinando a adoção de procedi-mento idêntico para a conversão de união estável ou habilitação em casamento tanto para casais heterosse-xuais quanto para casais homossexuais, como foi

o caso dos estados de São Paulo, Espírito San-

to, Sergipe, Bahia, Piauí, Mato Grosso do Sul, Paraná

e Rondônia.

OPINIÃO

Enfim, iguais!No dia 16 de maio,

entrou em vigor a Re-solução n° 175/2013, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), autori-zando, finalmente, o ca-samento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil.

Após a festejada decisão proferida pelo Supremo Tribunal Fe-deral em maio de 2011, que reconheceu a união estável entre pessoas

do mesmo sexo, determinando que esse reconhecimento deveria ser

Porém, com intuito de regu-lamentar a matéria e uniformizar o procedimento, evitando, assim, disparidade entre os estados que autorizavam e os que negavam o ca-samento entre casais homoafetivos, o CNJ editou a mencionada resolu-ção, determinando que: “Art. 1°. É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. Art. 2º. A re-cusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis”.

Mais uma vez, o Judiciário acer-tou o passo nessa luta, exterminando de vez essa inaceitável desigualdade, tendo em vista a inércia e a má von-tade do Congresso Nacional, que inegavelmente prioriza interesses de pequenos grupos que, de olho na reeleição e manutenção no poder, pensam ser senhores da vida privada de cada indivíduo.

O provimento do Conselho, por óbvio, substitui os editados ante-riormente pelos estados, devendo ser seguido por todos os tribunais do país, podendo, em caso de des-cumprimento, ser feita reclamação ao próprio CNJ.

O Rio de Janeiro, por sua vez, já publicou o Aviso n° 632/2013 da Cor-regedoria Geral de Justiça, determi-nando o cumprimento da resolução do CNJ e proibindo a remessa dos autos ao juiz de Direito se não houver nenhuma impugnação, conforme

dispõe o artigo 1.526 do Código Civil, tirando, de vez, o poder de qualquer magistrado de aceitar ou não aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Na verdade, esse aviso, em qualquer outra corregedoria, não seria necessário, tendo em vista que as resoluções do CNJ devem ser cumpridas por todos os tribunais. Mas, em razão do

Provimento nº. 25/2013 da CGJ do TJ, publicado em 19 de abril de 2013, que determinava a remessa dos autos ao juiz para análise dos pedidos de conversão ou habilitação para casamento de pares homoafetivos, foi providencial a publicação do Avi-so nº 632/2013, sepultando de vez qualquer controvérsia, já que um único juiz vinha, inadvertidamente, negando esse direito aos homos-sexuais, baseado apenas em seu entendimento pessoal, descumprin-do, por sua vez, o entendimento do STF que, não custa lembrar, por ter sido proferido em uma Adin, possui efeito vinculante e erga omnes, o que significa dizer que não é mais permitido ao juiz exercer o direito ao livre convencimento.

Em uma sociedade democrática, que deve assegurar o convívio har-mônico e plural de seus membros, não há espaço para a prevalência de normas jurídicas que conduzam a interpretações excludentes dos direitos das minorias, restringindo a legitimação estatal do casamento aos pares heteroafetivos.

A felicidade é a finalidade da natureza humana, disse o filósofo Aristóteles. O que qualquer pessoa sonha, deseja, almeja, é ser feliz. E desde sempre alimentamos em nosso íntimo a esperança de encontrar um grande amor, casar, formar família. E nenhuma lei pode ter o poder de cassar o sonho de quem quer que seja, nenhuma norma pode ser violadora da felici-dade alheia quando esse sonho de felicidade se traduz em alguém de mesmo sexo.

E que brindemos, então, à ex-pressão máxima da felicidade, à coragem do Poder Judiciário, à conscientização de toda uma nação!

Mazel Tov!

*Raquel Pereira de Castro AraujoPresidente da Comissão de

Direito Homoafetivo da OAB/RJ

RAQUEL PEREIRA dE CASTRo ARAUJo*

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A Procuradoria da Seccional enviou ofício ao Conselho Federal solici-tando que interceda junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no sentido de propor mudanças regimentais para agilizar os julgamentos naquele órgão, especialmente os que possuem pedido de sustentação oral por parte dos advogados.Segundo o ofício encaminhado pelo procurador-geral, Guilherme Peres, em 15 de maio, os constantes atrasos nos julgamentos geram transtor-nos para os advogados, notadamente quando as sessões são marcadas com um intervalo de tempo grande entre uma e outra. “Os relatos dão conta de processos que, pautados para uma determinada sessão, acabam sendo julgados apenas após diversos adiamentos por conta do fim da sessão – muitas vezes entre sessões designadas com 15 dias de diferença –, gerando custo financeiro e de tempo substanciais para os advogados que aguar-dam o pregão de seus processos, especial-mente aqueles que se deslocam de outros estados exclusiva-mente para tal fim”, diz o texto.Embora reconhecen-do as dificuldades estruturais do Poder Judiciário, a Ordem encaminhou uma sé-rie de sugestões para melhorar o quadro de acúmulo de processos. Destacam-se, entre elas, “a criação de órgãos fracionários no âmbito do Conselho, com competência para julgar processos que não demandem quórum qualificado”, o que possibilitaria a realização de sessões com mais frequência.A dedicação integral dos conselheiros e regras mais claras para a substituição eventual do presidente do CNJ também foram propostas encaminhadas ao Conselho Federal. O objetivo principal é permitir a realização de mais sessões em um espaço menor de tempo, de forma a acelerar os julgamentos das ações. No ofício, a OAB/RJ sugere que tais mudanças sejam apresentadas ao CNJ como propostas de alterações regimentais.

Seccional pede ao Conselho Federal providências para atrasos em julgamentos no CNJ

oAB/RJ age e projeto sobre ISS não atingirá a advocacia

A categoria dos advoga-dos não será atingida pelas mudanças no Imposto So-bre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) previstas no Projeto de Lei do Se-nado (PLS) 386/2012. O anúncio foi feito no dia 23 de maio pelo senador Lin-dbergh Farias (PT/RJ), na sessão do Conselho Pleno da OAB/RJ.

Na ocasião, Lindbergh ressaltou que fez a articu-lação política com os pre-feitos – principais interes-sados na alteração – a partir de conversas com os presidentes da Seccional, Felipe Santa Cruz, e do Conselho Federal, Marcus Vinicius Furtado, e que, portanto, a exclusão do ponto que trata da advocacia nas alterações tratava-se de uma “vitória da força da classe”.

O texto, em tramitação na Comissão de As-suntos Econômicos, presidida pelo senador, é de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e, segundo Lindbergh, um projeto prioritário da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

“Entrei em contato com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que concordou com a não inclusão dos advogados na nova sistemática proposta”, informou Lindbergh, acresentando que o mesmo entendimento foi firmado pelos chefes do Executivo nos demais municípios. “A verdade é que esse projeto não teria chance de vingar sem modificações, pois afetaria todos os profissionais liberais do Brasil”, disse ele.

No Colégio de Presidentes de Seccionais, realizado nos dias 16 e 17 de maio em Belém, Felipe havia apresentado o pleito a Furtado, ressaltando a necessidade de apoio para im-pedir o aumento do ISS para os advogados. Após o pedido, o Conselho entrou em contato também com o relator do PLS, senador Ar-mando Monteiro (PTB/PE), que garantiu que não apresentaria seu relatório antes de ouvir todos os setores envolvidos.

O PLS, em sua versão original, previa a cobrança de 5% sobre o faturamento de es-critórios de advocacia, incluindo-os no rol de atividades comerciais. Já no atual sistema de cobrança do ISS, que será mantido graças ao acordo, os advogados são cobrados em valores fixos, de acordo com o número de sócios e de profissionais no escritório.

“Essa iniciativa aumentaria nossos impos-tos, gerando desemprego e queda nos postos de trabalho. Por isso foi de extrema importân-cia a atuação do senador”, observou Felipe.

Lindbergh Farias e Felipe Santa Cruz

Guilherme Peres

TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 12

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 13

A OAB/RJ será a sede de unidades diplomáticas

para países sem representação consular no Rio

de Janeiro durante a 28ª Jornada Mundial da

Juventude (JMJ), que será realizada de 23 a 28

de julho na cidade. Austrália e Colômbia já con-

firmaram que se instalarão no prédio da Ordem,

na Avenida Marechal Câmara, no Centro.

Como está localizada próximo ao Aeroporto

Santos Dumont, a Seccional, como prevê acordo

com a Arquidiocese do Rio, ficará responsável pela

“Há 15 anos, o Rio de Janeiro não recebia esta honra, que é mais uma prova da recuperação da Cidade Ma-ravilhosa no cenário nacional”, come-morou o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, ao receber a decisão do Conselho Federal que referendou a escolha da capital fluminense para ser a sede da 22ª Conferência Nacio-nal dos Advogados, em 2014.

“Este resultado é motivo de orgulho e representa uma grande responsabilidade. Devemos apro-veitar este momento para refletir e debater a participação mais intensa da advocacia nos fatos que têm rele-vância para a sociedade. A escolha do Rio também valoriza a retomada do prestígio da classe no estado, um dos principais compromissos da nossa administração”, afirmou Felipe. A vitória do Rio, que concorria com

Porto Seguro, foi anunciada no dia 17 de maio, durante o Colégio de Presidentes da Ordem, que aconte-ceu em Belém. No dia 20, o Pleno do Conselho Federal confirmou-a.

O projeto da candidatura da ci-dade, apresentado ao Conselho em abril, incluiu um videoclipe que des-tacou diversas qualidades da capital, como a hospitalidade da população carioca, a forte estrutura turística e a capacidade de organizar os próximos grandes eventos esportivos. “Nossa previsão é reunir mais de 20 mil pro-fissionais de todo o Brasil na Barra da Tijuca, o bairro ideal por possuir ótima infraestrutura”, disse Felipe.

Como organizadora, a OAB/RJ prevê a realização do evento – maior fórum de debates da Ordem – no segundo semestre de 2014. O local será o Centro de Convenções da

Barra da Tijuca (Riocentro). Os temas apresentados nesta edição ainda serão selecionados pelo Conselho Federal.

Felipe adiantou que a Seccio-nal já reservou os 42 mil metros quadrados do Riocentro para a realização de toda a programação cientí-fica e cultural. “A conferência começa a ser planejada com muita antecedência, o que nos dá tempo suficiente para realizar um evento magnífico. O Rio de Janeiro tem a honra de se sentir, desde já, a casa de todos os advogados brasileiros”, afirmou.

A escolha do Rio resgata uma tra-dição histórica da própria conferência - que acontece a cada três anos em cidades que vencem a concorrência nacional da Ordem. Além de sediar o primeiro evento, em 1958, a capital fluminense organizou os congressos

OAB/RJ abrigará consulados e

fórum durante Jornada Mundial

da Juventude

Rio será sede, em 2014, da Conferência Nacional dos Advogados

inscrição das pessoas que decidirem participar da

jornada mundial na última hora. O governo federal

estima que cerca de 2,5 milhões de pessoas partici-

pem do evento.

A entidade poderá abrigar ainda um fórum promovido

pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre

justiça e paz social, evento paralelo à JMJ, com 200

jovens de diferentes países. A OAB/Jovem pretende

também organizar um evento internacional com jovens

advogados durante a jornada.

de 1974 e de 1999. Diversos temas sociais ganharam notoriedade em seus fóruns de debates, entre eles, a qualidade do ensino das universida-des brasileiras, o direito à liberdade, à cidadania, à transparência pública e o apoio às minorias.

Uma das mais conhecidas posi-ções da OAB durante as conferências aconteceu há 40 anos, no congres-so de 1974, quando a entidade se manifestou publicamente contra a tentativa (mal sucedida) do governo militar de enfraquecer o papel da Ordem ao subordiná-la ao Ministério do Trabalho.

Felipe Santa Cruz

Reunião do Colégio de Presidentes em Belém

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 14

manutenção de direitos e necessidade de reforma na legislação dividem opiniões

VIToR FRAGA

Até os últimos anos do Estado Novo (1937-1945), alguns empregados brasileiros traba-lhavam 12 horas ou mais por dia, e não tinham nenhum dos benefícios de hoje. A partir de 1º de maio de 1943, data em que Getúlio Vargas promulgou o Decreto Lei nº 5.452, conhecido como Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o mercado de trabalho no país iria mudar de forma significativa.

Embora tenha recebido o nome de “consoli-dação”, a CLT não foi apenas a reunião de uma legislação dispersa, introduzindo também novos direitos e regulamentações. Sua promulgação conferiu prestígio popular ao governo, que teria buscado conciliar concessão de direitos e controle da organização dos trabalhadores. “A CLT conso-lidou, em 1943, um conjunto de leis trabalhistas criado a partir de 1931 sob o governo Vargas. Significava uma resposta do Estado às lutas da classe trabalhadora nas décadas anteriores. De um lado, reconheceu direitos previdenciários e trabalhistas; de outro lado, buscou limitar as possibilidades de luta, controlando os sindi-catos por meio de seu atrelamento ao próprio Estado, pela via de uma estrutura sindical cor-porativista”, explica o professor titular de História do Brasil na Universidade Federal Fluminense Marcelo Badaró.

Para o secretário-geral da OAB/RJ e presi-dente de sua Comissão de Justiça do Trabalho, Marcus Vinicius Cordeiro, a CLT não foi sim-plesmente uma “dádiva” getulista. “A busca por uma legislação trabalhista que atendesse aos interesses dos trabalhadores marcou o início do Século 20, com greves históricas, incremento do movimento sindical, criação do Partido Comunis-

ta Brasileiro etc. A CLT traduz, hoje, o símbolo da resistência de classe aos projetos liberais que querem a desregulamentação do mercado, a livre iniciativa sem freios e amarras, a transformação da força de trabalho em mercadoria barata e de fácil aquisição e reposição”, afirma.

Em maio de 2013, a CLT completou 70 anos. Mesmo após uma série de alterações – como a criação do 13º salário, em 1962; do Fundo de Ga-rantia por Tempo de Serviço (FGTS), em 1966; e das férias remuneradas, em 1977 –, permanece até hoje como principal referência para regular as relações individuais e coletivas de trabalho, sem grandes reformas – embora ao longo dessas sete décadas o tema nunca tenha deixado de ser debatido.

Um dos principais argumentos dos que defen-dem a reforma trabalhista é o de que os custos e a complexidade da legislação seriam responsáveis pela informalidade e pela dificuldade na geração de empregos. O presidente do Conselho de Assuntos Sindicais da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Ivo Dall’Acqua Júnior, assinala que a CLT já vem sendo modificada ao longos desses 70 anos, e defende sua reforma. “É necessário um ato de coragem para modernizá-la, pois se enfrentam críticas dos que acreditam que os dispositivos legais são ‘direitos adquiridos’, e que mudar a CLT provocaria um ‘retrocesso nas conquistas’. Existem aspectos da lei que estão travando a geração de empregos. A CLT não deve ser apedrejada, mas não deve ser vista como uma legislação pétrea e imutável”, observa Dall’Acqua.

Para Marcus Vinicius, a demanda por mu-danças não pode suprimir direitos garantidos pela CLT. “Se for para excluir direitos, restringir, flexibilizar, não creio que seja necessária reforma alguma. Até poderia se falar em adequação da lei a novas realidades, o que já vem sendo cumprido, sobretudo por força das decisões da Justiça do Trabalho”, argumenta.

Membro da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1), o desem-bargador Gustavo Tadeu Alkmim corrobora a visão de que a ação do Judiciário tem promovido

adequações na legislação. “Desafiando um perfil conversador originário, os juízes do Trabalho, com o passar do tempo, empunharam a CLT como instrumento de defesa do próprio Direito do Trabalho, particularmente o seu aspecto prote-tivo, que o diferencia de outros ramos do Direito. “Evidentemente, após 70 anos a CLT precisa se modernizar, acoplar novas relações de trabalho e novas realidades sociais. O que não se confunde com a reforma que visa a flexibilizar e precarizar direitos trabalhistas”, completa.

Com mais de 50 anos de experiência na área, o advogado João Baptista Lousada Camara reforça a tese contrária à plena flexibilização. “A CLT foi e é um instrumento fundamental para regular a relação capital-trabalho. Mais ainda em um país

marcus Vinicius Cordeiro

Ivo dall’Acqua

CLT 70 ANOS

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 15

manutenção de direitos e necessidade de reforma na legislação dividem opiniões

plena flexibilização e até mesmo na eliminação da CLT têm como objetivo acelerar o “processo de retirada de direitos” da classe trabalhadora. “Sob o argumento de ‘modernizar’ as relações de trabalho, o que querem é nivelar os salários e condições de trabalho por baixo, com aqueles praticados em determinadas áreas do mundo em que a precariedade do trabalho é ainda mais ampla do que no Brasil. Pelas propostas desses setores, tornar-se-ia normal e legal, por exemplo, a situação das confecções clandestinas de São Paulo, em que trabalhadores (especialmente imigrantes sul-americanos) são explorados de forma análoga à escravidão”, critica o professor.

“Existe ainda hoje, no Brasil, trabalho escravo ou em condições análogas à escravatura. Como imaginar, nesta realidade, que trabalhadores que se submetem a situações como estas terão condi-ção de ‘negociar’, sem a norma regulamentadora, com o patrão sedento pelo lucro?”, questiona o desembargador Alkmim, acrescentando: “O prin-cípio protetivo e tutelar é característica do Direito do Trabalho”. Lousada Camara acrescenta que “ainda por algum tempo, em função da pouca qualificação de boa parte dos trabalhadores, é necessária uma lei protecionista, embora não excessivamente tutelar”.

Do ponto de vista do setor empresarial, o caráter tutelar da legislação trabalhista tem desvalorizado os acordos coletivos, gerando uma intervenção excessiva do Judiciário. “Precisamos valorizar as convenções coletivas que respeitam o que está disposto na Constituição, mesmo quan-do contrariam a CLT. Quem entende das relações de trabalho é o empregado e o empregador. O Judiciário precisa respeitar as convenções e ser menos tutelar, precisa apenas dizer a lei, e não legislar. Há um excesso de intervenção da Justiça Trabalhista. A luta de classes foi teorizada no Sé-culo 18, e o mundo mudou, hoje temos cidadãos mais informados, uma massa crítica maior. Há problemas e diferenças, mas quem tem que tratar disso é a sociedade, negociando uma concerta-ção que promova o desenvolvimento em sentido amplo, mais do que simplesmente o crescimento econômico”, defende Ivo Dall’Acqua.

Nesse aspecto, Marcus Vinicius sublinha que o crescimento econômico e o aumento da taxa de emprego formal enfraqueceram o debate sobre a reforma nos últimos anos. “O ingresso no merca-do de trabalho formal de mais de 15 milhões de trabalhadores na última década demonstra que a CLT não é obstáculo às contratações. Assim, os arautos do liberalismo desenfreado perdem o seu discurso, que está centrado justamente no suposto anacronismo da legislação trabalhista a impedir o crescimento. No cenário de crescimen-to econômico, melhoria de renda e fortalecimento

dos mecanismos de controle e fiscalização, a informalidade tende, se não a desaparecer, ao menos a ficar restrita a serviços periféricos e àquelas atividades ilícitas que não podem mesmo ser registradas”, defende o secretário-geral da OAB/RJ.

Alkmim também discorda da tese de que a regulamentação impede a geração de empre-gos. “Não por acaso, o desemprego aumenta a cada mês na Europa e EUA. Em países como a Espanha – fonte inspiradora de certas normas flexíveis adotadas por aqui, como a contratação temporária e parcial, o banco de horas –, os nú-meros são assustadores. O mesmo acontece nos Estados Unidos, ícone da total ausência estatal nas relações de trabalho – o que demonstra que inexiste correlação direta entre regulamentação e desemprego”, explica.

Para Marcus Vinicius, a ideia de que o Brasil tem normas em excesso em comparação a outros países é questionável. “Na Europa em crise de hoje, o que vemos são gigantescas manifesta-ções de trabalhadores contra cortes de direitos. A jornada de trabalho da França é de 35 horas, inferior à nossa; o intervalo para repouso é de uma hora e meia; há indenização por tempo de serviço, contribuições para o sistema de saúde e previdência mais onerosas que no Brasil. Cada país tem a sua legislação trabalhista, desdizendo os que apresentam a CLT como se fosse uma excrescência jurídica”, afirma.

Ou seja, a CLT chega aos 70 anos sem deixar de ser um instrumento de equilíbrio em uma relação historicamente desigual. “Sua existência garante um equilíbrio social capaz de minorar o desnível existente entre quem produz a riqueza e quem dela se apropria. Se nos remetermos às leis antigas, chegaremos àquelas que autorizavam a escravidão”, conclui Marcus Vinicius.

como o Brasil, com tantas realidades diversas. Necessitaria, talvez, de pequenas adaptações, mas sem descaracterizá-la e tornar a pretendida plena flexibilização mais importante do que a lei. Ajustes pontuais são importantes por causa das novas atividades e novos tipos de trabalho, como o trabalho a distância, o telemarketing e atividades vinculadas à internet, em seus diversos desdo-bramentos”, pondera ele, acrescentando que, de vez em quando, por motivos políticos, ajustes pontuais podem gerar retrocesso. “Por exemplo, a medida provisória dos portos determinou um retrocesso na legislação de trabalho portuária. A Lei dos Portos de 1993 estava mais avançada que essa nova”.

Para Marcelo Badaró, os interessados na

Lousada Camara

CLT 70 ANOS

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 16

A necessidade de um novo pacto federativo foi opinião unânime entre parlamentares e governos no debate promovido pela OAB/RJ no dia 20 de maio. “O pacto geralmente é comentado pelo as-pecto econômico, pela fragilidade dos municípios frente ao Estado concentrador de recursos. Mas a questão da representação é outro problema sério, já que as distorções em nosso sistema acabam atrapalhando a democracia”, afirmou o conse-lheiro federal pelo Rio de Janeiro Wadih Damous, que representou o presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, no evento.

Os demais debatedores concordaram com a tese da importância de mudanças no pacto. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, afirmou que, sem reformulação no sistema po-lítico, em breve a democracia brasileira poderá viver um impasse. “As causas que determinam a crise federativa são as mesmas que determinam a impossibilidade de uma reforma política e uma reforma tributária decentes. Com o desenvolvi-mento econômico surgem novas demandas, e a esfera política precisa acompanhar esse desen-volvimento, senão haverá um impasse”. O vice--governador do Pará, Helenilson Pontes, endossou as críticas. “Estou convencido de que o federalis-mo entre nós não é uma opção política, mas uma imposição histórica. Ele busca o consenso entre partes desiguais”, afirmou Pontes.

O senador Lindbergh Farias (PT/RJ) ressal-tou a necessidade de um acordo que privilegie os interesses nacionais. “Ao longo da história, vivemos períodos de centralização e descentra-

Parlamentares e governos propõem, em debate, mudanças e um novo pacto federativo para o Brasil A OAB/RJ ingressou com pedido de admissão como amicus

curiae na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 4.917, ajuizada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro contra as novas regras de distribuição dos royalties do petróleo estabe-lecidas pela Lei nº 12.734/2012. O pedido da Seccional foi protocolado em 19 de abril. Segundo o conselheiro federal pela OAB/RJ e procurador especial tributário do Conselho Federal, Luiz Gustavo Bicha-ra, a Seccional solicitou o ingresso na ação para cumprir sua função institucional de defesa da Constituição Federal. “A Lei 12.734/12, que é impugnada nessa Adin, almeja uma alte-ração drástica nas regras de distribuição de royalties e parti-cipações especiais. A OAB/RJ, dada a sua histórica função de defensora intransigente dos direitos fundamentais, tem o dever de reafirmar a absoluta relevância e seriedade da tese conti-da na petição inicial, bem como externar o entendimento da classe quanto à agressão evidente a princípios constitucionais básicos”, afirma Bichara, que é um dos signatários do pedido juntamente com o presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, e o procurador-geral da entidade, Guilherme Peres. Na petição, a OAB/RJ reforça a tese do pacto federativo defen-dida pela Adin 4.917. O membro da Comissão de Assuntos Tributários da Seccio-nal Francisco Carlos Giardina concorda com esse argumento. “O regime do artigo 20, parágrafo 1º, da Constituição Federal se insere como um, entre tantos outros dispositivos, que asse-guram e fundamentam o modelo federati-vo brasileiro, marcadamente autônomo. Existe um direito a compensação das entidades federativas nas quais é explorado o petróleo. Na medida em que esse direito é amesquinhado, a própria ideia de federação entra em colapso”, argumenta.O tributarista observa que a forma de distribuição dos royal-ties estabelecida originalmente foi uma compensação pelos danos ambientais decorrentes da exploração do petróleo. “Além desses dois pilares fundamentais da discussão, a Ordem entende que não se pode aplicar esse novo regime a conces-sões firmadas muito tempo antes dessa legislação, sob pena de violação flagrante a princípios como o do ato jurídico perfeito e da segurança jurídica. Ou seja, além das questões específicas relacionadas aos royalties, a Ordem está na defesa de pilares básicos da democracia e do Estado de Direito, que não podem ser solapados pelo interesse de uma maioria parlamentar de ocasião”, critica Giardina. Desde 18 de março, quando a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia - relatora da Adin - concedeu liminar suspendendo dispositivos que preveem as novas regras, um total de 11 estados e entidades solicitaram inclusão na ação na condição de amicus curiae.

lização, e nos últimos anos estamos novamente diante de um processo que centraliza recursos e poder no âmbito da União. Mas temos um bloco de poder regional no Congresso, acentuado pelas distorções na representação. Defendo um maior equilíbrio, com razoabilidade no debate sobre o pacto federativo e a construção de um caminho de conciliação, em que se olhe menos o interesse de cada estado e mais a necessidade de um acordo nacional”, argumentou.

Outros parlamentares fizeram críticas ao projeto de redistribuição dos royalties do petróleo, que acirrou a polêmica em torno do pacto. “Este é um tema central para o futuro do Brasil. O debate deveria ser amplo, mas em vez de buscar uma saída pactuada, o Congresso levou o tema ao Supremo. A sociedade deve se apossar dessa dis-cussão”, declarou o deputado federal Alessandro Molon (PT/RJ). “Esse era um debate político, que foi deslocado para o campo jurídico”, acrescen-tou o deputado federal Hugo Leal (PSC/RJ). O deputado estadual Robson Leite (PT) salientou a necessidade, dentro desse contexto, da reforma política. “Precisamos avançar uma reforma polí-tica que paute a questão da representatividade e do financiamento de campanha. A distorção na representatividade dos estados e o financiamento privado de campanha são os pais da corrupção no Brasil”. Participaram ainda da mesa o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Huma-nos, Zaqueu Teixeira; o vice-prefeito do Rio de Janeiro, Adilson Pires e a deputada estadual Cida Diogo (PT).

Royalties: OAB/RJ pede ingresso em Adin como amicus curiae

Tarso Genro, Robson Leite, Hugo Leal, Adilson Pires, Wadih damous, Helenilson Pontes e Lindbergh Farias

Luiz Gustavo Bichara

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 17

A insensatez no Congresso

Como numa corrida desen-freada, em que vale pisotear nos demais participantes para chegar primeiro, parlamentares de esta-dos não produtores de petróleo lançaram mão de recursos dignos dos desesperados para usurpar os royalties dos campos já licitados dos estados do Rio de Janeiro,

São Paulo e Espírito Santo. Rompendo o pacto federativo, a nova lei de distribuição dos royal-ties aprovada feriu não apenas os direitos desses estados, mas a Constituição.

Assistimos, no fim de 2012, ao Congresso inventar uma urgência para apreciação do veto da presidenta Dilma Rousseff ao projeto dos royalties, veto este que tinha a intenção de pre-servar a atual partilha para contratos já assina-dos. A vontade da maioria era fazer com que a apreciação deste veto furasse uma fila cultivada pelo marasmo da casa há mais de 12 anos. Com base no mandado de segurança que impetrei no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luiz Fux determinou que os mais de três mil vetos pendentes deveriam ser votados em ordem cronológica. Esta demonstração de sensatez não ecoou entre os corredores da casa. Todos os vetos pendentes foram compilados em 463 folhas, em uma tentativa de votação em bloco que expôs o Congresso ao ridículo. Falhou.

Com a virada de ano, mais uma demonstra-ção de ganância: o veto da presidenta Dilma foi apreciado e derrubado em uma sessão tumultu-ada, evidenciando o fracasso do Parlamento em fazer política. Representantes de estados não produtores se mostraram irredutíveis, e uma

saída negociada foi por água abaixo, restando aos estados produtores apelar novamente ao equilíbrio do STF, pois a nova partilha entraria imediatamente em vigor.

Diante da responsabilidade de ter o destino de ao menos três estados nas mãos, a ministra Cármen Lúcia deferiu uma prudente liminar, adiando a redistribuição dos recursos até que o STF julgasse o mérito da ação. Ou seja, decidis-se se a nova partilha é constitucional ou não. A ministra reconheceu os riscos “inegáveis à segu-rança jurídica, política e financeira dos estados e municípios” e evitou, assim, danos irreversíveis aos estados produtores.

Os royalties são uma compensação aos estados produtores de petróleo, que devem investir em infraestrutura e serviços públicos para absorver a chegada de pessoas atraídas pela exploração do recurso. Além, é claro, de arcar com as consequên-cias ambientais. O derramamento de óleo em São Sebastião (SP), ocorrido em março deste ano, é um exemplo do motivo de existir o artigo 20 da Constituição. O óleo atingiu pelo menos dez praias da região e o custo ambiental, econômico e turístico do desastre não foi dividido entre os estados não produtores.

O Congresso parece não lembrar, também, que, na Constituinte, foi estabelecido que o ICMS sobre petróleo e derivados fosse arrecadado no estado consumidor, tendo como contrapartida aos produtores os royalties pela extração. O Par-lamento erra ao separar a análise de mudanças

no ICMS, da divisão dos royalties e do Fundo de Participação dos Estados. Deveria encarar este episódio como uma oportunidade de repensar o pacto federativo, sob pena de vermos mais deci-sões serem tomadas isoladamente, provocando desequilíbrio.

Aguardamos uma resposta positiva e definitiva do STF neste julgamento. Quem sabe assim al-guns parlamentares recobram o bom senso e, ins-pirados pela demonstração de lucidez, aproveitam para destinar os royalties do petróleo à educação.

A proposta é defendida pela presidenta Dil-ma, mas não foi adiante com a medida provisória editada pelo governo em dezembro de 2012, que expirou antes de ser apreciada. Para garantir que seja cumprida a meta do Plano Nacional de Educação para o período entre 2011 e 2020, que estabelece 10% do PIB para a área, apresentei o Projeto de Lei nº 5453. Nele, 100% dos royalties do petróleo têm destino certo: a educação.

Com este investimento, teremos um legado que sobreviverá para além da exploração de nossos recursos finitos. Teremos jovens e profis-sionais capacitados, que renovarão e sustentarão nossa economia, como aconteceu em países da Ásia que investiram pesado em educação. Não à toa, Coreia do Sul, Hong Kong, Japão e Cinga-pura estão entre os cinco mais bem colocados no Índice Global de Habilidades Cognitivas e Reali-zações Educacionais, organizado pela Pearson e divulgado no fim do ano passado. Já o Brasil é o penúltimo entre 40 países.

É hora, portanto, de repensar o pacto fede-rativo e reorganizar a distribuição de recursos. Mais do que isso, é hora também de centrar os investimentos em educação de qualidade e pensar no futuro que queremos para o Brasil.

* Deputado federal (PT-RJ)

ESPAÇO ABERTO

ALESSANdRo moLoN*

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 18

A OAB/RJ realizou em sua sede, no dia 24 de maio, ato público em defesa da pesquisa uni-versitária no Brasil, com o objetivo de corrigir distorções jurídicas que ameaçaram paralisar as atividades de ciência e tecnologia nas institui-ções de ensino superior no país, como o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pes-

Ato na Seccional faz defesa da pesquisa universitária no Brasil

quisa de Engenharia (Coppe/UFRJ).Na ocasião, o presidente da Seccional, Felipe

Santa Cruz, anunciou uma proposta de conciliação com a Controladoria Geral da União (CGU). Em fevereiro, o órgão editou uma cartilha que, segundo o Coppe, criou obstáculos para o investimento de empresas privadas e públicas nas instituições de pesquisa. Foi marcada uma reunião, em Brasília, com membros da CGU, da Coppe e mediadores da Ordem: o conselheiro federal Wadih Damous, o diretor-geral da Escola Superior de Advocacia (ESA), Flávio Ahmed, e o conselheiro seccional Rodrigo Tostes Mascarenhas.

“Recebemos os pesquisadores da universida-de com um problema grave de paralisia dos seus laboratórios. Isso é inadmissível. A OAB/RJ ime-diatamente entrou em contato com as autoridades e com a CGU para tentar achar uma solução para que o Rio de Janeiro não sofra com a paralisia da sua produção tecnológica na UFRJ”, disse Felipe.

Wadih afirmou que tentaria estabelecer um diá-logo produtivo com a Controladoria a fim de evitar a violação da autonomia universitária: “Não pode

haver incompatibilidade entre a interpretação de uma lei e a pesquisa, que faz parte dos interesses públicos do país”, observou.

A cartilha Coletânea de Entendimentos: Gestão de recursos das instituições federais de ensino su-perior e dos institutos que compõem a rede federal de educação profissional, científica e tecnológica vem gerando polêmica desde o seu lançamento, por criar uma interpretação que estabelece regras para os recursos obtidos de empresas parceiras da universidade.

“A CGU estabelece, hoje, que recursos priva-dos não podem ir diretamente para as instituições de apoio à pesquisa”, explicou, no ato, o reitor da UFRJ, Carlos Levi. O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, frisou que a previsão de autonomia para pesquisas científicas está na Constituição, “esquecida pela Controladoria”.

De acordo com o superintendente da Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (Coppetec), Fernando Peregrino, só a instituição gera mais de 700 projetos simul-taneamente na Coppe, que estariam, atualmente, paralisados na reitoria. “Já deixamos de assinar convênios e milhões de reais deixaram de ser repassados para nossa fundação desde que esse documento foi editado”, declarou.

A mesa do evento foi composta também por Ahmed e pelo diretor de Tecnologia e Inovação do instituto, Segen Estefen.

Fernando Peregrino, Carlos Levi, Felipe Santa Cruz, Wadih damous e Luiz Pinguelli

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Desaparecido em 1971 após ser preso e tor-turado por agentes do governo, o ex-deputado Rubens Paiva só teve sua morte legalmente reco-nhecida mais de 25 anos depois, em 1996. Uma de suas filhas, Ana Lúcia Paiva, esteve na OAB/RJ, dia 8 de maio, para a posse da Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro (CEV-RJ), criada para colaborar com a elucidação deste e de outros crimes cometidos durante a ditadura militar.

Alvo de um atentado a bomba em 1980 e pio-neira no debate que se abriu nos últimos anos sobre Memória e Verdade, a Seccional terá, mais uma vez, uma estreita relação com a luta pela democracia. Além de ter como presidente o conselheiro fe-deral pela OAB/RJ Wadih Damous, a Comissão do Rio foi instalada na sede da Caarj, prédio onde funcio-nava o Conselho Federal à época do atentado, próximo à Seccional.

O vice-presidente da OAB/RJ, Ronaldo Cramer, definiu o momen-to como “histórico e simbólico” e, representando o presidente Felipe Santa Cruz, pôs a entidade à dis-posição para ajudar numa tarefa que, segundo ele, será árdua. “Aqui ocorreu a tentativa de assassinato do então comandante da Ordem,

Comissão da Verdade do Rio é instalada no prédio onde houve atentado à ordem

Eduardo Seabra Fagundes, e foi aqui, também, que surgiu o embrião da Comissão Nacional da Verdade (CNV), com a campanha instalada em 2010. Acredito que o Wadih terá muito trabalho, já que o Rio foi palco de grande parte dos crimes da ditadura”, afirmou.

Foi o próprio Wadih quem anunciou a instala-ção da grupo na sede da Caarj: “Terei orgulho de trabalhar onde dona Lyda Monteiro trabalhou”. Secretária da Ordem, ela morreu na explosão da carta-bomba endereçada ao presidente do Conselho Federal.

Wadih ressaltou que os mortos e desaparecidos no período da ditadura são a principal razão da existência das comissões criadas pelos governos federal e estadual e mencionou comportamen-tos distintos entre membros das Forças Armadas e do Legislativo. “Sabemos dos dois lados daquela época sombria: os parlamentares e militares que desonraram seus mandatos e fardas e os verdadeiros heróis brasilei-ros que não sucumbiram à repressão. É um paradoxo,

mas a categoria profissional mais atingida pelo golpe foi exatamente a militar. São as histórias dessas pessoas que queremos contar”.

O governador do estado, Sérgio Cabral Fi-lho, garantiu autonomia ao grupo fluminense e anunciou que a sede do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na Rua da Rela-ção, na Lapa, um dos principais locais de tortura durante o regime militar, será transformada em um centro de memória. “Vamos restaurá-la e dar a dignidade da verdade e da memória ao centro. Este é o primeiro passo, pois a pretensão é expandir esse projeto a outros prédios onde pessoas foram torturadas na época da ditadura”. Por se tratar de um trabalho que envolve resgates históricos, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) vai colaborar com o projeto. “Já disponibilizamos bons recursos e outros virão”, finalizou Cabral.

Rosa Maria Cardoso, membro da CNV e defensora da presidente Dilma Rousseff quando guerrilheira, destacou o amadurecimento da sociedade, que tem, segundo ela, se mostrado interessada em saber o que de fato se passou durante o regime militar. “O interesse pela exumação de Jango é um exemplo disso”, destacou, fazendo referên-cia à investigação sobre a morte do ex-presidente João Goulart. Rosa anunciou a assinatura de um termo de cooperação entre os grupos nacional e estadual. “Firma-mos um pacto de sangue e solidariedade”, definiu.

A atuação dos advoga-dos durante a ditadura foi lembrada pela ministra da Secretaria de Direitos Hu-manos da Presidência da República, Maria do Rosário. “A figura de Modes-to da Silveira representa todos os advogados que fizeram sua carreira defendendo quem estava à margem do respeito da sociedade, num período em que a Constituição foi rasgada”, afirmou. A parceria entre a CNV e a CEV-RJ foi saudada por ela: “Fica claro, com isso, que o Brasil fez uma opção definitiva pela democracia”.

Wadih destacou, por fim, a importância his-tórica das iniciativas que vêm sendo tomadas e o reconhecimento do trabalho por parte das autori-dades. “A aceitação do governador é fundamental. Não estamos tratando de revanchismo, apenas da busca por justiça. As famílias dos desaparecidos têm esse direito. Não queremos tribunais de exceção, choques elétricos ou paus-de-arara. Estamos propondo que os criminosos tenham o direito de sentar no banco dos réus e se defen-der, como se faz em um Estado Democrático de Direito”, concluiu.

maria do Rosário, Sérgio Cabral e Wadih damous

Ronaldo Cramer

Ana Lúcia Paiva

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CAARJ

A Caarj promoveu, dia 22 de maio, a primeira edição do café da manhã reunindo a diretoria da Caixa e 20 mães beneficiadas este ano pelo Projeto Nascer, que concede R$ 715 às advogadas após nascimento ou adoção de um filho. Até o final de maio, 216 colegas haviam sido contempladas. A atividade deverá ser quinzenal e inclui palestras com especialistas e distribui-ção de kits do projeto.

“Nossa intenção é mostrar que todos os nossos programas, especial-mente os sociais, têm face humana, que não trabalhamos apenas com números. Queremos realizar ações que sejam reconhecidas pelos ad-vogados, conhecer as necessidades e a realidade de suas famílias, o que acontece fora do escritório”, afirmou o presidente da Caarj, Marcello Oliveira.

No primeiro encontro, a pales-

Se necessário, as assistentes fazem visitas domiciliares para verificar a necessidade de auxílio, diante de uma ocorrência social ou doença grave. “Mas o objetivo é que o auxi-lio seja temporário. Nossa intenção não é criar uma dependência, e sim dar assistência para promover a autonomia”, explicou a gerente de Serviço Social da Caixa, Dianne Arrais. O atendimento funciona de

segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, na sede ou pelos telefones (21) 2277-2314, 2277-2414 e 2277-2351.

A Caarj também está desenvol-vendo, em parceria com o IBGE, um censo da advocacia para nortear as próximas ações e projetos. Iniciado em maio, o levantamento deverá ficar pronto em julho e vai indicar em que aspectos a vulnerabilidade é mais drástica entre os advogados.

Caixa promove palestra e distribui kit para advogadas do Projeto Nascer

tra foi da nutricionista da Unimed Hediane Warrak, e tratou de alimen-tação saudável durante a amamenta-ção, valores nutricionais dos alimen-tos e reeducação alimentar. O evento também serviu como espaço de troca de experiências entre as advogadas. Foram entregues às mães kits do Projeto Nascer, com camisa, capa para carteira de vacinação, sabonete e shampoo para os bebês.

Mayrielly Wiltgen, que atua na área cível, foi uma das beneficiadas após o nascimento do filho Bernardo, em julho do ano passado. “Já sabia do projeto desde 2011. A iniciativa é ótima, já que a mãe fica um tempo afastada do trabalho quando nasce seu filho”, disse ela.

A Caarj conta com uma equipe de assistentes sociais para atender diretamente os advogados, com vistas à concessão de benefícios.

As mães tomaram café da manhã com marcello oliveira (ao centro), o tesoureiro Renan Aguiar (à esquerda) e a vice-presidente Naide marinho (à direita)

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 21

Exclusividade caminha em norte contrário à eficiência e compromete a própria segurança pública

PONTOCONTRAPONTO

Como teremos equilíbrio entre acusação e defesa se toda prova produzida for feita pela acusação?

PAULo RoBERTo d´ALmEIdA*

A sociedade brasileira tem sido ludibriada com a campanha que o Ministério Público tem feito contra a Proposta de Emenda à Constituição nº 37. Ao defender aquilo que está escrito na Carta Magna, a PEC 37 tem recebido apelidos que são um ataque frontal à democra-cia, ao Parlamento e à sociedade, um maniqueísmo que nada acrescenta ao debate sério e embasado que temos proposto.

A Constituição Federal de 1988, um marco na história da redemocratização do país, é clara quanto às atribuições

do MP: garante-lhe o controle externo nas investigações criminais, função esta privativa das polícias judiciárias (civis e Federal). A PEC 37 apenas reitera o que já é previsto constitucionalmente: o Ministério Público não é e nunca foi responsável pelas investigações no Brasil. Assim, como se pode tirar do MP aquilo que nunca lhe fora atribuído?

Ademais, não foi à toa que o constituinte não previu nem permitiu ao Ministério Público a competência para investigar. No Brasil, o MP é a ins-

tituição que acusa. Como teremos equilíbrio entre acusação e defesa se toda prova produzida for feita pela acusação? Portanto, Polícia Judiciária investi-ga, promotor acusa, advogado defende e juiz julga. Quebrar essa sistemática fere a segurança jurídica do cidadão.

No entanto, o Ministério Público, julgando-se acima da lei, passou a promover investigações base-adas apenas em critérios midiáticos, usando de suas prerrogativas para constranger agentes públicos e políticos, gerando um ambiente de risco para a governabilidade no país. Diante deste cenário, não seria nenhum exagero dizer que o que o Ministério Público vem fazendo é instalar uma ditadura civil, com seus excessos e abusos.

Preocupados com o combate à corrupção es-tamos nós, que trabalhamos para trazer à tona a verdade dos fatos, por vezes às custas de sacrifícios pessoais, com exposição própria e dos familiares a perigos, diuturnamente. O Ministério Público deveria começar a combater a corrupção dentro de casa, entre seus próprios membros. Deveria, isso sim, ser mais zeloso do seu dever de cuidar para que a Polícia receba investimentos que possibilitem uma melhor prestação de serviços à sociedade.

O momento é crítico e é um dever de todos os cidadãos, especialmente da classe jurídica e de ins-tituições como a OAB, que tem histórico em defesa da liberdade e da democracia, lutar para que esta campanha sórdida promovida pelo Ministério Públi-co não gere ainda mais prejuízos para a sociedade.

*Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil

Em um país assolado pela criminalidade, com envolvimen-to direto dos altos escalões do poder, sem contar os elevados índices de corrupção que assolam os órgãos públicos, é, no mínimo, estranho o surgimento da PEC 37/2011, que busca atribuir exclusividade à Polícia na condução de investigações criminais. O verdadeiro objetivo da PEC, como se sabe, é o de conter a atuação do Ministério Público, cujos membros pos-suem garantias que (ainda) lhes permitem insurgir-se contra

uma classe que, forjada à luz da célebre dicotomia de Gilberto Freyre, entre a “casa grande” e a “senzala”, já se habituara à impunidade. Afinal, a cadeia sempre foi vista como o “lar” de pretos, pobres e prostitutas. Pessoas de “bens”, como se sabe, raramente circulavam pelas “masmorras brasileiras” e, quando o faziam, a brevidade era a tônica.

A PEC surgiu justamente no momento em que o STF, intérprete último da Constituição, reconheceu que, implícito no poder de acusar, estava o de investigar. A maioria dos ministros pensa assim. A principal divergência está centrada nos limites desse poder, se amplo ou restrito, mas, mesmo aqui, poucas são as vozes que negam à instituição o poder de investigar os crimes praticados por policiais. Responde-se, desse modo, ao questiona-mento cunhado por Juvenal: quis custodiet ipsos custodes? (quem vigia os vigilantes?). A exclusividade caminha em norte contrário à eficiência, comprometendo a própria segu-rança pública, direito social de indiscutível relevância. Nem o Ministério Público possui legitimidade exclusiva para o ajuizamento da ação penal. Caso se omita, o ofendido tem o direito fundamental de agir.

Argumenta-se, em favor da PEC, que a investigação realizada pelo Ministério Público não está regulada em lei, o que significa au-sência de prazos e de controle, bem como que os seus membros produzem provas seletivas (pró-acusação e contra a defesa) e ofendem os direitos individuais. De minha parte, não creio que nossa população sinta-se perseguida pelo Ministério Público ou, mesmo, que uma instituição vocacionada à defesa da sociedade, ao invés de protegê-la, busque aviltá-la. Se, no entender do Congresso Nacional, a disciplina existente é insuficiente, melhor seria aperfei-çoá-la, não extinguir o poder de investigar. Algo parecido com a retirada do sofá da sala para que o pior não aconteça...

Doutor em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade de Lisboa e promotor de Justiça no RJ

PEC 37Restrição do poder de investigação criminal do Ministério Público

EmERSoN GARCIA*

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 22

Direito e mídiaCoordenada por Anderson Schreiber, a obra traz temas que põem frente a frente as áreas do Direito e da Comunicação, como biografias não autorizadas, direito de sátira, uso de imagens em arquivo no fotojornalismo, entre outros, abordados por vários estudiosos. O livro é da editora Atlas. Mais informações pelo telefone (11) 3357-9144 ou no site www.atlas.com.br

Advocacia e cidadaniaO livro do jurista João Pedro Ayrimoraes é o quarto de uma série. A obra é composta por artigos publicados na imprensa versando sobre fatos sociais marcantes na vida dos brasileiros, com enfoque jurídico. Da editora Lawbook. Mais informações pelo telefone (19) 8134-4058 ou pelo email [email protected].

Súmulas da AGUEm celebração aos 25 anos da Advocacia-Geral da União (AGU), Adriana Aghinoni Fantin e Nilma de Castro Abe coordenam as análises dos autores deste livro, membros efetivos da instituição, sobre as 68 súmulas editadas por ela até fevereiro de 2013, alcançando temas disciplinados na Constituição ou em leis federais em matéria atinente à Fazenda Pú-blica. A obra é da editora Saraiva. Mais informações e vendas pelo telefone (11) 4003-3390 ou no site www.saraiva.com.br.

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Crimes no meio ambiente digital

A obra apresenta um panorama sobre o conceito de meio ambiente digital e suas classificações, assim como sua relação com a sociedade da informação. De autoria de Celso Antonio Fiorillo e Christiany Pegorari Conte, o livro demonstra que a revolução cibernética demanda um novo olhar sobre o direito à informação, à privacidade e as tutelas jurídicas para as infrações cometidas. Da editora Saraiva. Mais informações e vendas pelo telefone (11) 4003-3390 ou no site www.saraiva.com.br.

L i v r o de cabeceira

ESTANTE

João Tancredo*

Como é bom chegar aos 87 anos e reaventurar-se pela estrada da vida em suas diversas fases. Foi o que fez Norberto Bobbio, jurista e filósofo, em seu livro O tempo da memória. Ali ele fez a análise de uma vida dedicada aos mais difíceis temas do Direito e da política, além de uma reflexão sobre a velhice a partir do próprio percurso. Bobbio dominou temas que marcaram o Século 20: duas guerras mundiais, a revolução russa, o comunismo, o fascismo, o nazismo, Hiroshima, o fim da guerra fria e o terrorismo, dentre outros fatos. Tratou da importantíssima ques-tão relativa ao significado da velhice no atual mundo, onde o número de

pessoas com mais de 80 anos é crescente. Gente que vive o que alguns chamam de “a quarta idade”, marca de nosso tempo e do próprio Bobbio, que faleceu aos 95 anos. Ateu, considera-va um dever moral do homem ter consciência do limite da vida.

*Advogado

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 23

Mesa-redonda sobre ética e direitos humanos e festival de cinema e futebol estão na programação do CCJFO Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF) será sede, de 17 a 22 de junho, o evento Diálogos globais: Ética e direitos humanos, em que serão debatidos temas de relevância global como corrupção e credibilidade pública, meio ambiente, desenvolvimento e sustentabilidade. Integra a programação a visita da delegação do Carnegie Council for Ethics in International Affairs ao Brasil. Inscrições no local e programação no site www.ccjf.trf2.gov.br.O CCJF também apresenta parte da programação do CINEfoot Extraordinário – Festival de Ci-nema e Futebol, que acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo. Histórias do futebol brasilei-ro e seus personagens desfilam pela tela do cinema descortinando um universo fantástico, em obras ficcionais ou documentais. De 25 a 29 de junho, de terça a sábado, com sessões das 14h30 às 21h30. Programação e classificação indicativa no site www.cinefoot.org. Senhas distribuídas uma hora antes de cada sessão.

PANORAMA

Conhecer o antigo Palácio da Justiça pode ser um passeio interessante, ainda mais quando o visitante é conduzido por personagens históricos e mitológicos, como o jurista Ruy Barbosa (interpretado por Eduardo diaz) e a deusa grega Têmis, protetora das leis e dos juramentos (interpretada por Thaisa Areia). É o que oferece o programa Por dentro do Palácio, promovido

pelo Centro Cultural do Poder Judiciário (CCPJ), com classificação livre e entrada gratuita. As visitas guiadas e teatralizadas acontecem às quintas-feiras, às 18h; e no último sábado de cada mês, às 16h.durante o giro, pode-se conhecer o primeiro Tribunal do Júri, a Câmara Isolada e o Tribunal Pleno – que recebeu eventos marcantes da vida judiciária e política

do país, como a promulgação do Código Penal Brasilei-ro, em 1940, com a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas.A distribuição de senhas acontece 15 minutos antes do início da visita, que dura uma hora. O CCPJ fica na Rua dom manuel, 29, Centro. Informações e agenda-mento pelo telefone (21) 3133-3368.

Comédia de Adriana Falcão tem desconto no Caarj culturalA comédia Tarja Preta, de Adriana Falcão, é o evento de junho do projeto Caarj cultural. Com direção de Ivan Sugahara, a peça aborda, de modo leve, divertido e delicado, um tema muito atual: as implicações e funções dos remédios com tarja preta. A protago-nista é uma pessoa ansiosa, transgressiva, deliciosamente louca e profundamente humana, que depende de comprimidos “pesados” para acordar ou dormir, e que trava um diálogo surrealista e cômico com seu próprio cérebro. As apresentações acontecem às sextas e sábados, às 23h, e aos domingos às 17h, no Teatro do Leblon – Sala Fernanda Montene-gro. A temporada vai até 30 de junho. Apresentando sua carteira da OAB/RJ, os advogados podem retirar até dois ingressos com 50% de desconto.

CCPJ promove visitas especiais ao antigo Palácio da Justiça guiadas por deusa Têmis e Ruy Barbosa

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 24

ESA

O pioneirismo da OAB/RJ no processo de inclusão digital dos advogados foi elo-giado pelo diretor-geral da Escola Nacional de Advocacia (ENA), Henri Clay Andrade, durante o Encontro Conjugado das Escolas Superiores de Advocacia, promovido em Belém (PA), dias 16 e 17 de maio. A moder-nização dos processos judiciais foi debatida durante a reunião, realizada paralelamente ao Colégio de Presidentes de Seccionais.

Para o diretor-geral da Escola Superior de Advocacia da Seccional, Flávio Ahmed, o tema é de importância fundamental. “Pre-cisamos de um programa de educação con-tinuada, já que o processo eletrônico é uma realidade e a necessidade de aprimoramento será constante”, disse. Como exemplo, ele citou o curso Advocacia na era digital, or-ganizado pela OAB/RJ.

Encontro das ESAs destaca capacitação digital e trabalho de vanguarda da Seccional

Flávio destacou a uniformização do ensi-no jurídico no país como um dos principais pontos abordados no encontro. Ao defender um ensino voltado para o cotidiano dos colegas, ele sustentou que a qualificação dos advogados resulta no fortalecimento da democracia. “As escolas de advocacia não devem ser apenas difusoras do Direi-to. É necessário abordar a matéria sob a perspectiva da realidade do advogado, com cursos de especialização voltados para o dia a dia”, disse.

A diretora de Inclusão Digital da OAB/RJ, Ana Amelia Menna Barreto, também presen-te no evento, salientou o estreitamento da relação da ESA com a Comissão de Direito e Tecnologia da Informação da Seccional como uma forma de aprimorar a formação dos advogados.

Flávio Ahmed

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TRIBUNA DO ADVOGADO - JUNHO / 2013 - 25

Nas redes sociaisFacebook.com/oABRJ

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2013/2015)

DIRETORIA DA SECCIONALPresidenteFelipe de Santa Cruz Oliveira ScaletskyVice-presidenteRonaldo Eduardo Cramer Veiga Secretário-geralMarcus Vinicius Cordeiro Secretário adjuntoFernanda Lara Tortima TesoureiroLuciano Bandeira Arantes

DIRETORIA DA CAARJPresidenteMarcello Augusto Lima de Oliveira Vice-presidenteNaide Marinho da Costa Secretário-geralRoberto Monteiro Soares Secretário adjuntoRicardo Brajterman TesoureiroRenan Aguiar Suplentes Alexandre Freitas de Albuquerque José Antonio Rolo Fachada Antônio Silva Filho CONSELhEIROS EFETIVOSAderson Bussinger Carvalho Adriana Astuto Pereira Álvaro Sérgio Gouvêa Quintão André Luiz Faria Miranda Antonio Ricardo Correa da Silva Armando Cesar de Araujo Pereira Burlamaqui Bernardo Pereira de Castro Moreira Garcia Breno Melaragno Costa Camila Freitas Ribeiro Carlos Alexandre O’Donnell Mallet Carlos Andre Rodrigues Pedrazzi Carlos Alberto Menezes Direito Filho Carlos Henrique de Carvalho Claudio Sarkis Assis Christiano Falk Fragoso Daniele Gabrich Gueiros

Déa Rita Matozinhos Oliveira Eduardo Antônio Kalache Eduardo Abreu Biondi Eduardo Valenca Freitas Fábio Nogueira Fernandes Filipe Franco Estefan Flávio Villela Ahmed Flávio Antonio Esteves Galdino Gabriel Francisco Leonardos Geraldo Antonio Crespo Beyruth Guilherme Rocha Murgel de Rezende Gilberto Fraga Hercilio José Binato de Castro Hercules Anton de Almeida Jansens Calil Siqueira Joaquim Tavares de Paiva Muniz Jonas Gondim Do Espirito Santo Jonas Oberg Ferraz Jonas Lopes de Carvalho Neto Jose de Anchieta Nobre de Almeida Juliana Hoppner Bumachar Schmidt Jose Ricardo Pereira Lira Jose Roberto de Albuquerque Sampaio Leonardo Duncan Moreira Lima Leonardo Pietro Antonelli Leonardo Rzezinski Luciano Vianna Araujo Luis Guilherme Martins Vieira Luiz Alberto Gonçalves Luiz Americo de Paula Chaves Luiz Bernardo Rocha Gomide Luiz Paulo de Barros Correia Viveiros de Castro Marcelo Cury Atherino Marcelo Feijó Chalréo Marcio Vieira Souto Costa Ferreira Marcos Bruno Marcos Dibe Rodrigues Marcos Luiz Oliveira de Souza Maria Alicia Lima Peralta Maurício Pereira Faro Murilo Cezar Reis Baptista Paula Heleno Vergueiro Paulo Cesar Salomão Filho Paulo Parente Marques Mendes Paulo Renato Vilhena Pereira Ranieri Mazzilli Neto Raphael Ferreira de Mattos

Renato Neves Tonini Roberto Ferreira de Andrade Rodrigo Lins E Silva Candido de Oliveira Rodrigo Tostes de Alencar MascarenhasRomualdo Mendes de Freitas Filho Rosa Maria de Souza Fonseca Rui Teles Calandrini Filho Samantha Pelajo Tatiana de Almeida Rego Saboya Vânia Siciliano Aieta Wanderley Rebello de Oliveira Filho Yuri Saramago Sahione de Araujo Pugliese CONSELhEIROS SUPLENTESAlexandre de Oliveira Venancio de Lima Anderson Elisio Chalita de Souza Ademario Gonçalves da Silva Adilza de Carvalho Nunes Alexandre dos Santos Wider Alfredo Hilario de Souza Ana Amelia Menna Barreto de Castro Ferreira André Andrade Viz André Perecmanis Artur Arruda Lobato Rodrigues Carmo Augusto Carneiro de Oliveira Filho Bruno Garcia Redondo Carlos Eduardo Abreu Martins Carlos Jose Araujo Silva Charles Soares Aguiar Cirilo de Oliveira Neto Claudio Goulart de Souza Clarissa Costa Carvalho Cleber Do Nascimento Huais Corintho de Arruda Falcao Neto Cristiano Franco Fonseca Diogo Campos Medina Maia Eduardo de Souza GouveaFábio Amorim da Rocha Fernando Jose Alcantara de Mendonca Gema de Jesus Ribeiro Martins Godofredo Mendes Vianna Gustavo Mano Gonçalves Gustavo Antonio Feres Paixao Hygino Ferreira Marques Igor Muniz Ivan de Faria Vieira Junior

João Pedro Chaves Valladares Pádua Jorge Antônio Vaz Cesar Jorge Miguel Mansur Filho José Ademar Arrais Rosal Filho José Agripino da Silva Oliveira Jose Carlos Freire Lages Cavalcanti José Teixeira Fernandes José Pinto Soares de Andrade Leonardo José de Campos Melo Leandro Saboia Rinaldi de Carvalho Leonardo Branco de Oliveira Leonardo Schindler Murta Ribeiro Leonardo Viveiros de Castro Luiz Paulo Pieruccetti Marques Luiz Roberto Gontijo Marcelo Martins Fadel Marlos Luiz de Araujo Costa Mônica Maria Lanat da Silveira Monica Prudente Giglio Nara da Rocha Saraiva Nilson Xavier Ferreira Norberto Judson de Souza Bastos Olavo Ferreira Leite Neto Pedro Capanema Thomaz Lundgren Rafael Milen Mitchell Raquel Pereira de Castro AraujoRegina Celia Coutinho Pereira Real Renata Pires de Serpa Pinto Renato Luiz Gama de Vasconcellos Renato Ludwig de Souza Ricardo Loretti Henrici Roberto Dantas de Araujo Rodrigo Jose da Rocha Jorge Rodrigo Garcia da Fonseca Rodrigo Maia Ribeiro Estrella Roldan Rodrigo Moura Faria Verdini Rodrigo Loureiro de Araujo Rodrigo Bottrel Pereira Tostes Ruy Caetano Do Espirito Santo Junior Samuel Mendes de Oliveira Sandra Cristina Machado Saulo Alexandre Morais E Sá Sergio Ricardo da Silva E Silva Sergio Luiz Pinheiro Sant Anna Valeria Teixeira Pinheiro Vinicius Neves Bomfim Wagner Silva Barroso de Oliveira

Wilson Fernandes Pimentel CONSELhEIROS FEDERAISCarlos Roberto de Siqueira Castro Cláudio Pereira de Souza Neto Wadih Nemer Damous Filho CONSELhEIROS FEDERAIS SU-PLENTES Bruno Calfat Luiz Gustavo Antônio Silva Bichara Sergio Eduardo Fisher

MEMBROS hONORáRIOS VITALíCIOSAlvaro Duncan Ferreira PintoWaldemar ZveiterEllis Hermydio FigueiraCesar Augusto Gonçalves PereiraNilo Batista Cândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterOctavio GomesWadih Nemer Damous Filho

PRESIDENTES DE SUBSEçõESAngra dos Reis - Cid MagalhãesAraruama - Rosana PinaudBangu - Ronaldo BarrosBarra da Tijuca - Ricardo MenezesBarra do Piraí - Denise de Paula Barra Mansa - Ayrton Biolchini Belford Roxo - Abelardo TenórioBom Jesus do Itabapoana - Luiz Carlos MarquesCabo Frio - Eisenhower Dias MarianoCachoeira de Macacu - Ricardo Mon-teiro RochaCambuci - Tony Ferreira CorrêaCampo Grande - Mauro PereiraCampos - Carlos Fernando da SilvaCantagalo - Guilherme de OliveiraCordeiro - Rilley Alves WerneckDuque de Caxias - Geraldo MenezesIlha do Governador - Luiz Carlos VarandaItaboraí - Jocivaldo LopesItaguaí - José Ananias

Itaocara - Fernando MarronItaperuna - Adair BrancoLeopoldina - Frederico MendesMacaé - Andrea VasconcellosMadureira/Jacarepaguá - Remi Martins RibeiroFreguesia - Florindo MarcosTaquara - Antonio de Andrade Wan-derleyMagé - Edison de Freitas Mangaratiba - Ilson RibeiroMaricá - Amilar DutraMéier - Humberto CairoMendes - Paulo Afonso LoyolaMiguel Pereira - Pedro Paulo Sad Miracema - Hanry FélixNilópolis - José Carlos VieiraNiterói - Antonio José Barbosa da SilvaNova Friburgo - Rômulo CollyNova Iguaçu - Jurandir CeulinParacambi - Marcelo KossugaParaíba do Sul - Eduardo LangoniParaty - Heidy KirkovitsPavuna - Antonio Carlos FariaPetrópolis - Antonio Carlos MachadoPiraí - Gustavo de Abreu SantosPorciúncula - Fernando VolpatoQueimados - José BôfimResende - Samuel CarreiroRio Bonito - César Gomes de SáRio Claro - Adriana MoreiraRio das Ostras - Alan MacabúSanta Cruz - Milton Ottan MachadoSto. Antônio de Pádua - Adauto FurlaniSão Fidélis - Rodrigo Stellet GentilSão Gonçalo - José MunizSão João do Meriti - Júlia Vera SantosSão Pedro da Aldeia - Júlio César PereiraSaquarema - Miguel SaraivaSeropédica - Fábio FerreiraTeresópolis - Jefferson SoaresTrês Rios - Sérgio de SouzaValença - Fábio dos Anjos BatistaVassouras - fique José Roberto CiminelliVolta Redonda - Alex Martins Rodrigues

Cursos“Gostaria que a OAB/RJ criasse cursos online de peticionamento eletrônico e outros ligados ao tema (...). A vantagem é estarem disponí-veis 24 horas, sete dias por semana e pode-rem ser acessados de qualquer lugar.” Marco Aurélio Evans (OAB/RJ 87278)

N.R: Os cursos de certificação digital e processo eletrônico estão disponíveis no site da OAB/RJ. Acesse http://www.oabrj.org.br/fique_digital.html e aba áudio-vídeo.

Tribunal de Justiça“Mais uma vez, o site jurídico do TJ continua com defeito. Estou tentando tirar uma Grerj eletrônica para custas de agravo de instrumento e em dado momento o procedimento fica travado (...). Realmente fica difícil. A OAB/RJ precisa perder o medo e reclamar desta deprimente forma de operar do site do TJ (...). Jamil Alves (OAB/RJ 41448)

N.R: A Diretoria de Inclusão Digital da Sec-cional informa que está atenta aos problemas no site e participa do grupo de trabalho criado pelo tribunal para solucioná-los. A OAB/RJ criou um email institucional – [email protected] – para os advogados enviarem os erros do sistema do TJ, que servirão como compro-vação para o tribunal.

Nova Central de Certificação Digital conta com 20 computadoresMaria Helena Miranda: Muito importante esse apoio para a certificação digital. Parabéns. Engraçado como cer-tos colegas somente se manifestam sobre a matéria só para criticar, falar mal etc.

“A transição do processo de papel para o processo eletrônico é inevitável”, diz FelipeAdiléia Triani: Novos tempos e novos advogados, mas os juízes são do tempo antigo...

Criado email para reclamações sobre PJe-JT. Serviço já existe para TJDaniele Gabrich Gueiros: Parabéns pela excelente iniciativa. De fato, não são erros, segundo os próprios técni-cos, o sistema é instável por isso não tem funcionado. Esperamos que tudo seja resolvido em breve.

A página do Facebook da Seccional já registra mais de 16 mil “curtidas”, que representam a quantidade de

advogados participantes. No Twitter, sete mil colegas acompanham diariamente o trabalho da OAB/RJ.

CARTAS [email protected]

Twitter.com/OABRJ_oficial

@edugoldenberg: A @OABRJ_oficial deveria notificar o TJRJ. O sistema de acompanhamento de processo ele-trônico “caiu” (disse-me a atendente). Hoje, de novo!

Prezado @edugoldenberg: a OAB/RJ criou endereço de e-mail para tratar de problemas ligados ao sistema do TJ: [email protected]

@allanbrito_: O #TJRJ deveria estar presente nas redes sociais a exemplo do @TJRSnoticias @TJRoraima @TJDFT_Noticias @TJSPoficial! Alou @OABRJ_oficial

Errata: diferentemente do que foi publicado na edição de maio, na reportagem Aquela tal malandragem não existe mais, a música Batuque na cozinha é, originalmente, de João da Baiana e foi gravada em 1968.

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TRIBUNA DO ADVOGADOÓrgão de Divulgação da OAB/RJAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andarCentro - Cep 20020-080 - Rio de Janeiro - RJ

Virgílio Afonso da Silva, advogado e professorENTREVISTA

A aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, da Proposta de Emenda Constitucional 33, que submete decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Congresso Nacional, acirrou ânimos e provocou debates no Judiciário e no Legislativo. Nesta entrevista à TRIBUNA, o professor titular de Direito do Estado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) Virgílio Afonso da Silva analisa a PEC e o embate entre os poderes.

PATRíCIA NoLASCo

Em seu ponto mais criticado, a PEC 33 prevê que uma decisão do Supremo Tribunal Federal que declare a inconstitucionalidade de uma emenda constitucional seja analisada pelo Congresso Nacional, o qual, caso a ela se opuser, deverá enviar o caso a consulta popu-lar. Qual sua opinião a respeito?

Virgílio Afonso da Silva – Essa pergunta envolve considerações mais complexas do que as que têm sido feitas ultimamente. Ao contrário do que muitos parecem supor, a Constituição não define com clareza que cabe ao STF a última palavra sobre emendas constitucionais. O pró-prio STF, quando se deparou pela primeira vez com a questão, teve que fazer uma deliberação prévia para analisar se ele era competente para controlar a constitucionalidade de emendas. O fato de ter decidido a favor de si mesmo não pode ser um argumento definitivo de que essa é a única forma de ver a questão. Além disso, quem diz que a PEC 33 fere a separação de poderes tem que definir o que exatamente sig-nifica a Constituição dizer que uma PEC não pode tender a abolir a separação de poderes. Significa que o arranjo institucional decidido em 5 de outubro de 1988 é imutável? Não pode ser, caso contrário outras emendas deveriam ter sido declaradas inconstitucionais. Apenas para ficar em dois exemplos: a criação de agências reguladoras e a reforma do Judiciário (que, dentre outras coisas, criou o CNJ e a súmula vinculante) com certeza alteraram a separação de poderes. Nem por isso foram declaradas inconstitucionais. O que a Carta brasileira exige é que tenhamos uma separação de poderes que garanta um con-

trole recíproco entre eles. Ela não fossilizou uma determinada concepção de separação, definida em 1988. Com isso não quero dizer, claro, que o STF não deve ou não pode ter a última palavra sobre emendas, mas apenas que essa questão não é assim tão simples. No fundo, trata-se mais de conveniência e oportunidade do que de mera interpretação cons-titucional: decidir se é o STF – e não o Congresso ou o povo – quem deve ter a última palavra sobre a Constituição que queremos não é algo que decorre da própria Carta, mas envolve questões como tra-dição jurídica, expectativa de proteção de direitos, estabilidade democrática e legitimidade do Poder Legislativo, dentre outras.

A aprovação da admissibilidade da PEC pôs em maior evidência o embate entre Legislativo e Judiciário, este acusado por parlamentares de exercer, cada vez mais, protagonismo no processo legislativo. O senhor avalia que, de fato, o Judiciário tem avançado nas competências do Congresso?

Virgílio – Não existe uma fronteira sempre nítida entre as competências desses poderes em matéria de interpretação da Constituição. O que é certo é que, nos últimos anos, o STF tem tido um protagonismo que nunca teve antes. Isso, em si, não é bom nem ruim, apenas um fato. Na minha opinião, o que é ruim é o uso estratégico, por parte do STF, de suas possibilidades de interpretação constitucional. Às vezes, o Supre-mo, claramente e sem grande constrangimento, avança na competência do Legislativo. Em outras ocasiões, quando não quer ter o ônus de decidir, diz que não pode fazê-lo porque não quer avançar no campo legislativo. Essa variação estratégica na definição dos limites de sua própria competência é algo que confunde os termos do debate.

Alguns estudiosos da área jurídica, a despeito de repelir a possibilidade de es-vaziamento do Judiciário e sua submissão ao Congresso, avaliam que a PEC contém aspectos interessantes. No que diz respeito às súmulas vinculantes, seria razoável a exigência de que sejam chanceladas pelo Legislativo. Qual a sua avaliação?

Virgílio – A súmula vinculante nasceu acusada de inconstitucionalidade. Muitos pa-reciam não se conformar com ela e a acusavam de avançar na competência do Legislativo. É interessante perceber como, menos de dez anos depois, uma tentativa de limitar um pouco a competência do STF na edição de súmulas vinculantes – mas sem chegar nem perto de voltar ao status quo de dezanos atrás – é vista por tanta gente como inconstitucional. Parece-me que há duas razões para isso: em primeiro lugar, muitos simplesmente gostaram das súmulas vinculantes e, em segundo lugar, uma proposta de limitar uma competência do STF que seja apresentada pelo Legislativo parece despertar a desconfiança automática de todos (mesmo daqueles que eram contra as súmulas vinculantes no passado). Neste âmbito, também, não há uma resposta clara, que decorra da Constituição. Ou seja, não é uma questão de interpretação constitucional, mas de política legislativa e judicial. Mas, na medida em que o Legislativo, se quiser, pode superar uma súmula vinculante (por meio da edição de uma nova lei cujo teor seja contrário a ela), exigir que as súmulas sejam aprovadas pelo Legislativo talvez seja um obstáculo a mais no já amarrado dia a dia do Judiciário e do Legislativo.

‘Constituição não define com clareza que cabe ao STF última palavra sobre emendas’

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