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OABRJ - Tribuna do Advogado

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Page 1: OABRJ - Tribuna do Advogado de Abril de 2013
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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 2

RECADO DO PRESIDENTENesta edição

TRIBUNA DO ADVOGADO

Diretor:Felipe Santa Cruz

Superintendentede Comunicação:Marcelo Moutinho([email protected])

Editora:Patrícia Nolasco (MTB 21.584)([email protected])

Reportagem:Vitor Fraga([email protected])Cássia Bittar([email protected])Eduardo Sarmento([email protected])

Fotografia:Francisco Teixeira e Lula Aparício

Publicidade:Ricardo Cariello([email protected])Tel: (21) 2272-2049

Projeto gráfico:Victor Marques([email protected])

Impressão: Ediouro

Tiragem: 132.000 exemplares

Departamento deJornalismo e Publicações:Av. Marechal Câmara, 1507º andar - CasteloRio de Janeiro - CEP: 22020-080Tel: (21) [email protected]

Jornal fundado em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

OAB - Seção do Estado do Rio de JaneiroAv. Marechal Câmara, 150 - Tel: (21) 2730-6525

Enfrentando osdesafios do presentecom os olhos no futuro FELIPE SANTA CRUZ

Conselho Federal aprovacom louvor contas da OAB/RJA Terceira Câmara do Conselho Federal aprovou por unanimidade, com louvor e sem

ressalvas, a prestação de contas da gestão da OAB/RJ referente ao exercício de

2011, apresentada pelo então presidente Wadih Damous. A aprovação foi publicada

no último dia 12 de março.

Parecer técnico da Controladoria do Conselho Federal opinou pela aprovação, atendi-

das as exigências contidas nos provimentos

números 101/2003 e 121/2007 do Conselho Federal. O relator da prestação de

contas (49.0000.2012.003871-9/TCA) foi o conselheiro Felipe Sarmento, e a

sessão foi presidida pelo conselheiro Antonio Oneildo Ferreira.

Supremo julga este ano recurso sobreimunidade tributária das caixas de assistênciaEstá previsto para o próximo semestre o julgamento do RecursoExtraordinário (RE) 405.267/MG, que versa sobre a imunidadetributária das caixas de assistência dos advogados. Para o presidenteda Caarj, Marcello Oliveira, a aprovação da proposta é prioridade paraa diretoria da instituição e pode significar a sobrevivência das caixas. Opresidente do Conselho Federal, Marcus Vinícius Furtado, defende aimunidade. Página 7

Após ação da OAB/RJ, fotógrafo passa deréu por desacato a vítima de injúria graveAbordado por policial enquanto aguardava uma amiga em uma estaçãode metrô do Rio de Janeiro, Izaqueu Alves foi acusado de desobediênciae desacato por se recusar a apresentar registro profissional. Como ligoupara o 190 durante a ação, o fotógrafo conseguiu a gravação dodiálogo que comprova arbitrariedade do agente. A OAB/RJ enviou ofícioà Secretaria de Segurança Pública e ao Ministério Público sobre o caso.Página 9

Da vida pública à volta para a advocacia privadaTendência de ex-promotores, magistrados e até ministros deixarem seuscargos públicos para voltar a advogar é registrada nos últimos anos,apontando para um bom espaço no mercado para esses profissionais.A TRIBUNA conversou com três dos que, por diferentes motivos,trilharam o caminho de volta à advocacia. Páginas 10 e 11

A suspensão daaplicação do Proces-so Judicial Eletrôni-co da Justiça do Tra-balho (PJe-JT) em 19

cidades do estado coroa a parce-ria que a OAB/RJ vem estabele-cendo com o Tribunal Regional doTrabalho (TRT), no sentido de queo novo sistema seja implantado combom senso.

Mas o trabalho da Seccional nãose limita à Justiça Trabalhista. Nomês passado, levamos à presidentedo Tribunal de Justiça, desembarga-dora Leila Mariano, nossa preocu-pação com as instabilidades no pro-cesso judicial também em fase deintrodução naquela corte.

Para apurar quais são as princi-pais críticas dos advogados, criamosum email ([email protected]),por intermédio do qual os colegaspodem registrar suas reclamações.Já repassamos à direção do TJ maisde 50 mensagens, recebendo, da pre-sidente do tribunal, o compromissode sanar as deficiências o mais rapi-damente possível.

Ainda no âmbito da Justiça esta-dual, participamos de reunião comLeila Mariano para registrar a indig-nação dos advogados com a lamentá-vel prática de alguns magistrados,que limitam seu expediente a terças,quartas e quintas-feiras. Vamos apoi-ar a campanha Presença do juiz nacomarca, lançada pelo tribunal, cujoobjetivo é justamente combater esseproblema.

Outra boa notícia é o início dasobras da Casa do Advogado que aOAB/RJ construirá ao lado do Fó-rum. Nos mesmos moldes do es-paço já existente na Rua do Re-zende, a Casa garantirá toda a es-trutura necessária para que faci-litar o dia a dia profissional doscolegas, com escritórios compar-tilhados, Central de Digitalização ePeticionamento, sala de reunião eguarda-volumes.

Estamos auxiliando os advogadosna adaptação aos novos tempos daJustiça e, paralelamente, asseguran-do condições dignas para o exercícioda profissão. É esse o desafio a quenos dedicamos, com a diligência e odinamismo que o presente exige. Ecom os olhos no futuro.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 3

Casa do Advogado vai facilitar a vida decolegas que militam no Fórum Central

Em agosto, a OAB/RJ irá entregar à advocaciafluminense um presente que vai melhorar a vidados profissionais que militam diariamente nasdiversas serventias da Justiça no centro da capi-tal: a nova Casa do Advogado, que ficará na RuaErasmo Braga, nas imediações do Fórum. As obrascomeçam em abril, e a meta é repetir o sucesso doespaço que já funciona na Rua do Rezende.

A nova casa foi um dos compromissos que opresidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, assu-miu durante a campanha. “O que estamos fazen-do é uma mudança total na estrutura de atendi-mento ao advogado no Rio de Janeiro. Além de do-brar o número de computadores, teremos equipa-mentos mais modernos, mais escritórios compar-tilhados. Com isso, vamos transferir a estruturade atendimento da Ordem para a frente do Fó-rum, facilitando ainda mais a vida dos colegas.Essa obra completa o processo que começou coma inauguração da casa da Rua do Rezende. O quevai mudar é a forma de atender milhares de pro-fissionais do estado”, explica Felipe. Ele salienta,ainda, que os gastos com as melhorias “são o re-torno da anuidade em serviços para os colegas”.

A nova Casa do Advogado será um centro deatendimento para advogados não só da capital comotambém do interior. “Pensamos nos colegas queusam muito o tribunal e precisam de um facilita-dor para seu exercício profissional”, diz Felipe.

O espaço terá 13 computadores destinadosapenas ao processo eletrônico e à inclusão digital,com uma Central de Digitalização e Peticionamen-to, além da certificação. A estrutura física tam-

Sala no Tribunal de Justiça fica pronta ainda este anoDentro do projeto de reestruturação do sistema de atendimento aoadvogado, a Seccional deverá entregar, ainda em 2013, a nova sala noFórum Central. O espaço está localizado no 4º andar do edifício principaldo Tribunal de Justiça (TJ) e é bem mais amplo que o atual, onde funcio-na a Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas (Cdap), o quepermitirá melhoria na prestação de serviços ao advogado. Toda a estrutu-ra da Cdap vai passar para as novas dependências, que contarão tam-bém com uma área da Caarj, onde será possível emitir a Grerj eletrônica.A transferência para o novo espaço, hoje ocupado por outra instituição,depende ainda da liberação do TJ.

bém receberá melhorias. Serão entregues 11 no-vos escritórios compartilhados e uma sala de reu-nião, o que irá ampliar ainda mais a rede de aten-dimento já existente. “Com as casas da Rua doRezende e da Erasmo Braga, os escritórios com-partilhados, antes disponibilizados somente nasede da Seccional, onde sempre foram muito uti-lizados, serão agora espalhados pelo Centro doRio e interligados com o transporte gratuito”, ob-serva Felipe.

A entrada terá uma ampla galeria para quemaguarda atendimento e um balcão de recepção,atrás do qual funcionará uma central de atendi-mento semelhante ao protocolo da sede da Secci-onal, na qual o advogado poderá fazer inscrição eemitir boletos. “A Ordem está se aproximando cada

vez mais do advogado de contencioso. É uma mu-dança de paradigma, no treinamento para o pro-cesso digital, no melhor atendimento aos colegas.O passo posterior será a construção de salas emtodos os juizados da capital, e ao fazer isso vamosoferecer a mesma estrutura que já construímosnas subseções. É o projeto OAB Século 21 che-gando à capital”, anunciou Felipe. O novo espaçocontará ainda com guarda-volumes, sala de su-pervisão, de controle e de administração, banhei-ros masculino, feminino e para pessoas com ne-cessidades especiais.

A nova sala terá 70 computadores (atualmente, são 30 máquinasdisponíveis), sendo uma parte especificamente destinada ao Proces-so Judicial Eletrônico (PJe). “Mais uma vez, estamos antecipando ademanda que crescerá com o processo eletrônico. Somando ascasas da Rua do Rezende, a nova sala no Fórum e a nova Casa doAdvogado na Erasmo Braga, o advogado estará totalmente cobertono Centro”, afirma Felipe Santa Cruz. A estrutura terá duas baiaspara protocolo, como na casa da Rua do Rezende, três baiasespeciais para cadeirantes, salas de reunião, posto bancário eserviço de fotocópia, entre outros.

Felipe: “Pensamos nos colegasque usam muito o tribunal e

precisam de um facilitador paraseu exercício profissional”

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 4

TRIBUNA LIVRENa fase de transição do Judiciário para o

meio digital, a Justiça Federal (JF) vem sedestacando pela forma cautelosa com que

implanta seu processo eletrônico. Entreos cuidados, a possibilidade de o

advogado entregar, no protocolo, apetição inicial em meio físico, para que o

próprio tribunal digitalize e dê andamentopelo novo sistema. Após receber elogiossobre a estrutura provida pelo Tribunal

Regional Federal (TRF-2), a reportagemda TRIBUNA esteve no local para

perguntar aos colegas:

O funcionamento do protocolodigital da JF é satisfatório?

O processo digital aqui naJustiça Federal funciona deverdade. Mesmo entregando apetição física, eles digitalizam,devolvem na mesma hora e oprocesso corre normalmente,

facilidade que não temos na Justiça estadual.Temos duas opções: digitalizar no escritório e fazera remessa por lá mesmo ou entregar a petiçãofísica aqui para ser digitalizada e juntada, o quefunciona muito bem.Miguel Teixeira, advogado, 72 anos

A estrutura daqui é razoável.Mas eu sei que o processoeletrônico na Justiça do Traba-lho tem problemas bem maio-res. Então, acho que a JustiçaFederal está bem avançada em

relação aos demais tribunais, mas aindapoderia ser investido mais em estrutura. Temosfalhas humanas e tecnológicas, passíveis deacontecer em qualquer lugar.Luylla Coelho, estagiária, 22 anos

O protocolo de fato tem umbom funcionamento, oatendimento é célere e estátudo bem organizado, inclusi-ve em relação ao retorno dapetição. Não tenho do quereclamar. A estrutura para

digitalização está boa, não tive problema nenhumutilizando o protocolo digital daqui.Bruno Rios Marques, advogado, 32 anos

O atendimento aqui é excepci-onal, eles informam quandoas coisas estão erradas,tentam ajudar... Trazemos apetição, eles digitalizam efazem tudo na hora, enquantono site dá erro o tempo todo:

o arquivo não carrega, temos que instalarvários programas porque não comportam maisde cinco folhas, entre outros problemas. É milvezes melhor vir aqui.Priscilla Goulart, estagiária, 27 anos

Eu acho que a forma com queimplantaram o processodigital aqui foi bem interes-sante, pois é mais rápida. Emdeterminados casos não énecessário vir, o que torna a

Justiça muito mais ágil, como a gente esperaque seja. A estrutura que oferecem para adigitalização também funciona tranquilamente.Carlos Frederico Martins, estagiário, 23 anos

Não é sempre que aqui é ágil,mas como hoje vim somenteprotocolar uma peça inicial,procedimento que é maissimples, achei o atendimentobem rápido. A estrutura daJustiça Federal, no geral, está

bem satisfatória, inclusive para o processa-mento eletrônico.Thiago Salvador, estagiário, 28 anos

Eu acho esse protocolo daJustiça Federal muito eficien-te, o atendimento sempre érápido. Acabei de chegar e fuilogo atendida, acho que nãolevei nem dois minutos aquiaguardando. O pessoal é

muito eficiente, a estrutura é muito boa.Nunca fiquei muito tempo na espera, diferente-mente de outros lugares.Catarina Leal, estagiária, 26 anos

O atendimento é muito bom,muito rápido e sem burocra-cia. Esta fácil, para nós,advogados, trabalharmosaqui. A estrutura que disponi-bilizam para o processo digitalé satisfatória. Até hoje não

tive dificuldade de lidar com isso.Mauro Vieira da Silva, advogado, 46 anos

Mais de 15 mil já curtiram o perfiloficial da OAB/RJ no Facebook

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 5

Luta por transição gradual paraprocesso eletrônico tem vitóriano TRT-1 e continua agora no TJ

EDUARDO SARMENTO

Há tempos eleita uma das priori-dades da OAB/RJ, a luta por umamudança gradual e pela melhor adap-tação possível dos colegas à era digi-tal do Judiciário vem dando resulta-dos no Tribunal Regional do Trabalho(TRT-1) e terá continuidade no Tri-bunal de Justiça (TJ). Mesmo tendosua aplicação limitada às varas tra-balhistas do interior do estado, umavez que a transição na capital já foifinalizada, a suspensão do cronogra-ma de instalação do Processo Judicialeletrônico na Justiça do Trabalho (PJe-JT) foi recebida como uma demons-tração de legitimidade das reivindi-cações dos advogados e celebradacomo uma vitória da classe pelo pre-sidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz.“Todos temos a exata percepção dadificuldade que é esta migração. Obom senso está prevalecendo”, afir-ma ele. A decisão foi anunciada nofinal de março pelo presidente do Co-mitê Gestor do TRT-1, desembarga-dor César Marques, e não interrom-pe o funcionamento do processo ele-trônico nos locais onde já havia sidoimplantado.

A determinação de Marques sealinha às recentes manifestações dopresidente do Tribunal Superior doTrabalho (TST), Carlos Alberto Reisde Paula, que, ao assumir o cargo, con-siderou estabelecer um novo crono-grama para implantação do sistema.O planejamento cancelado pelo Co-mitê Gestor do TRT-1 previa a im-plantação do PJe-JT nas comarcas deQueimados, Barra Mansa, Resende,Volta Redonda, Barra do Piraí, Angrados Reis, Macaé, Niterói, Magé, CaboFrio, Araruama, Nilópolis, Teresópo-lis, São Gonçalo, Itaboraí, Itaperuna,Campos, Nova Friburgo e Petrópolis.

Hoje, o sistema já é utilizado, alémda capital, nos municípios de TrêsRios, Itaguaí, Maricá, Duque de Ca-xias, Nova Iguaçu e São João de Meri-ti (veja os detalhes na página 7 daTribuninha).

Segundo Felipe, o foco a partir deagora é intensificar os esforços paraminorar os prejuízos causados aosadvogados que militam na JustiçaComum. “Atuamos bem no TRT-1 evamos fazer o mesmo trabalho com oTJ. Já estamos conversando e buscan-do soluções em conjunto”, afirmou,lembrando que o desafio promete ser

maior. “Dado o número de colegasatuantes, o volume de reclamaçõesdeve ser superior”, constata.

De acordo com a diretora de In-clusão Digital da OAB/RJ, Ana Amé-lia Menna Barreto, os problemas en-frentados na utilização do sistema doTJ e do TRT-1 apresentam similari-dades. “A questão do não oferecimentode um relatório de indisponibilidadee de equipamentos de digitalizaçãose repetem”, informa.

Desde o final de fevereiro, Secci-onal e TJ firmaram uma parceria quepossibilita aos advogados reportar

O presidente da OAB/RJ, FelipeSanta Cruz, reuniu-se no dia 13 demarço com a presidente do Tribunalde Justiça (TJ), Leila Mariano, e com ajuíza auxiliar Valéria Pachá paradebater temas variados do Judiciário.Entre os assuntos, estava a questãodos juízes que reduzem seus expedien-tes a terças, quartas e quintas-feiras- os chamados juízes TQQ. Tam-

bém participou da reunião, realiza-da no tribunal, o procurador-geral daSeccional, Guilherme Peres.“Conversamos sobre diversos temas,como as subseções da Ordem, acampanha Presença do juiz nacomarca, que propõe mutirões eaudiências de segunda a sexta, alémde outras medidas para agilizar aprestação jurisdicional”, detalhou Felipe.

Felipe debate com presidente dotribunal questão dos juízes TQQ

instabilidades no processo digital dotribunal. As reclamações são recebi-das pela Ordem no [email protected] e repassa-das à corte. A primeira leva, com 50 e-mails, foi entregue no início de mar-ço. Para Felipe, é um sinal claro deque o próprio TJ reconhece a agilida-de da OAB/RJ em informar os proble-mas enfrentados. “A primeira atitudedo advogado ao encontrar dificulda-des é procurar a Ordem”, diz.

A intenção de Felipe é se reunircom a presidente do TJ, Leila Maria-no, e propor a criação de um grupo detrabalho para acompanhar de formaconjunta a transição. O tribunal jáinformou que vai realizar paralisa-ções mensais para manutenção nosistema, sempre nas madrugadas desábado para domingo. “Sabemos dasdificuldades, mas procuraremos con-duzir da melhor forma possível”, ob-serva, destacando os problemas par-ticulares da informatização do TJ.“Temos que encarar problemas nasjuntadas de petição, que não são au-tomáticas, além da emissão das gui-as de recolhimento de custas, que sãofeitas exclusivamente pelo site”,acrescenta.

A fiscalização e o aprimoramentodos sistemas do TJ viriam paralela-mente a um maior investimento daSeccional na estrutura oferecida aosadvogados que militam no tribunal. Se-gundo Felipe, o intuito é garantir melho-res condições para a adaptação da advo-cacia ao processo digital. “Pretende-mos levar a sala da OAB/RJ do tercei-ro para o quarto andar, ampliando oespaço, melhorando os equipamen-tos e serviços, além de abrir umanova Casa do Advogado na AvenidaErasmo Braga, próximo ao TJ, nosmesmos moldes da que já existe naRua do Rezende”, explica.

Felipe eLeila Mariano

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 6

Em seminário, Fux aponta cultura de litigiosidadecomo causa da demora na prestação jurisdicional

A “cultura de litigiosidade” no Brasil, geradorade grande demanda por ações judiciais, foi

apontada pelo ministro do Supremo Tribunal Fe-deral (STF) Luiz Fux como uma das causas doacúmulo de processos e da demora na prestaçãojurisdicional. “Para cada dois brasileiros, temos

uma ação na Justiça”, afirmou, no seminário De-senvolvimento econômico e os novos instrumentosprocessuais, realizado pela Comissão Especial de As-suntos Tributários da OAB/RJ (Ceat), em parceria coma Federação das Indústrias do Estado do Rio de Ja-neiro (Firjan), no dia 15 de março, na sede da Firjan.

Sobre a morosidade do Judiciário, o ministromanifestou apoio a medidas como o julgamentodas preliminares apenas no final do processo. “Aparte vai apostar no resultado do fim do processo.Só interessa o seu prolongamento à parte que nãotem razão. Ao autor que tem razão interessa umadecisão rápida”. Além disso, Fux criticou o “exces-so de solenidade e de liturgias dos processos” e tam-bém a “prodigalidade recursal”. No Brasil, “recorre-sedas decisões muito facilmente, já vi ações com 25 re-cursos apenas na primeira instância”, disse, lem-brando que por esta razão foi criada a súmulavinculante, e também o recurso único ao final doprocesso, como na Justiça do Trabalho, para evitaro acúmulo de causas repetitivas.

“É preciso apostar na força da jurisprudência.Mas entendemos que o Direito não é um museu

de princípios, está em constante mutação”, argu-mentou, acrescentando que os magistrados pre-cisam manter diálogo com toda a sociedade. “Des-cobrimos que os juízes não têm conhecimentointerdisciplinar. Ou seja, não sabemos tudo. Porisso as audiências públicas são tão importantes”.O ministro afirmou que a norma jurídica deve serentendida em sua aplicação prática. “O que inte-ressa aos advogados é a aplicação da norma nassituações concretas”, salientou.

O presidente da Ceat, Maurício Faro, consi-derou o seminário um sucesso. “Foi uma oportu-nidade ímpar termos aqui no Rio o ministro abor-dando um tema que conhece muito, junto com juízesque trabalham com ele no Supremo. Pretendemosrealizar outros eventos para que a OAB/RJ conti-nue sendo parte importante no debate sobre oDireito Tributário”. O vice-presidente da comis-são, Gilberto Fraga, e outros membros da Ceattambém participaram do encontro. Na segundaparte do seminário, os juízes federais MarcusLívio Gomes e Leandro Paulsen falaram sobre arepercussão geral no STF da matéria tributária.

TRF absolve advogado acusadopor informações contidas em petição

O Tribunal RegionalFederal da 2ª Região (TRF-2) manteve a decisão da 1ªVara Federal de Barra doPiraí que absolveu advoga-do atendido pela Comis-são de Defesa, Assistên-cia e Prerrogativas (Cdap)da OAB/RJ após ter sidodenunciado pelo Ministé-rio Público Federal (MPF)pela prática do crime dedenunciação caluniosa.

O que originou a de-núncia foi o fato de o advo-gado, Álvaro Antônio daCunha, ter feito, em peti-ção, afirmações que suge-riam a prática do crime de tráfico de influênciapor terceiros, seguindo relatos de seu cliente, tam-bém denunciado pelo MPF.

Alegando que a prática criminosa só é confi-gurada com a comprovação de que o denunciado

teria consciência da falsidadedas informações prestadas eque a petição teria decorridoda narração do cliente, a co-missão apresentou memorialà 1ª Vara Federal de Barra doPiraí pedindo a absolvição doadvogado.

Segundo Cunha, um docu-mento escrito e assinado peloseu cliente, no qual contava ocaso que inseriu na petição, foifundamental para a defesa. “Comesse documento, provei que foiele quem falou aquilo e a partirdaí a comissão me deu todo oauxílio necessário e me encami-nhou a uma saída”, relata.

“A atuação do advogado no caso limitou-se a re-produzir nos autos do processo os fatos narradospor seu cliente, não podendo aquele ser responsa-bilizado criminalmente pelas informações obti-das”, afirmou o assessor jurídico e delegado da

Cdap que atuou no caso, Raphael Vitagliano.Em sua sentença, o juiz de 1ª instância da 1ª

Vara Federal de Barra do Piraí, Marcos Paulo deGóes, concedeu a absolvição, entendendo que, nomáximo, teria havido crime contra a honra, cujapersecução penal poderia ter sido promovida pelapessoa supostamente ofendida, caso julgasse ca-bível. O magistrado entendeu que não havia a in-tenção de se promover a instauração de procedi-mento criminal contra a vítima: “(...) os autos re-fletem que a notícia crime (...) não acusou pessoadeterminada, afastando-se o dolo exigido para aconfiguração do crime de denunciação caluniosa,uma vez que não se faz presente a vontade de in-justiçar outrem”, escreveu na decisão. A absolvi-ção foi mantida pela Primeira Turma Especializa-da do TRF-2 após o Ministério Público Federalrecorrer da sentença.

“O exercício da advocacia não pode ser criminali-zado. Advogados não podem responder a ações penaispelo simples fato de inserirem em petições infor-mações recebidas de seus clientes”, observou apresidente da comissão, Fernanda Tórtima.

PRERROGATIVAS

ÁlvaroAntônioda Cunha

Luiz Fux, noseminário da Firjan

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 7

Felipe discursana posse do TJImunidade tributária das Caixas

será decidida este ano pelo STFO plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)

deverá julgar no próximo semestre o Recurso Ex-traordinário (RE) 405.267/MG, que trata da imu-nidade tributária das caixas de assistência dosadvogados. A decisão unânime dos ministros daSegunda Turma do STF atendeu pedido feito aorelator da matéria, ministro RicardoLewandowski, pelo presidente do Conselho Fede-ral da OAB, Marcus Vinícius Furtado, junto com oprocurador para Assuntos Tributários do Conselho,Luiz Gustavo Bichara. “A tese é sólida, e o fato dea matéria ter sido afetada ao plenário é um indíciopositivo. Estamos esperançosos”, diz Bichara.

Segundo o presidente da Caarj, Marcello Oli-veira, a aprovação da proposta é da maior impor-tância e pode significar uma garantia de sobrevi-vência para as instituições. “Essa iniciativaconduzida pelo secretário-geral do Conselho Fe-deral, Claudio Pereira, e pelo procurador Bicharaé uma prioridade para a diretoria da Caarj, assimcomo para o presidente da Seccional, Felipe SantaCruz. A imunidade tributária para as caixas detodo o país é uma questão vital, para que possa-mos continuar contribuindo para oferecer condi-ções dignas de trabalho para o advogado. Estamosmuito confiantes”, afirma.

O presidente nacional da Ordem também de-fendeu a imunidade. “As caixas de assistência,que prestam um serviço essencial ao advogadomais necessitado, são um braço da OAB e, por-tanto, devem gozar da imunidade que a entidade

possui”, disse Furtado, ao comentar adecisão no STF.

Em audiência com Lewandowski,em março, o presidente da Ordem jáentregara um memorial dos embargosde declaração do recurso e pareceressobre o caso. No material, a OAB ar-gumenta que as caixas não são passí-veis de tributação por integrarem aestrutura organizacional da Ordem,entidade considerada autarquia espe-cial e, por isso, não tributada, confor-me prevê o artigo 150, inciso VI, daConstituição Federal. Também na reu-nião, Furtado lembrou ao ministro quejá há repercussão geral reconhecidasobre a matéria, analisada no RecursoExtraordinário 600.010/SP.

Enquanto a questão não é pacifi-cada pelo plenário do Supremo, a Or-dem trabalhará em todo o país paraevitar a tributação das caixas. A deci-são foi tomada seguindo o voto do con-selheiro federal pelo Rio de JaneiroWadih Damous, que é o relator do processo.

Ainda sobre o tema, está em tramitação naCâmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 3.747/2012, do deputado José Airton (PT/CE), que “dis-põe sobre a interpretação do artigo 45, parágrafo5º, da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 - Estatutoda Advocacia da Ordem dos Advogados do Bra-

sil”, e que pretende assegurar imunidade tributá-ria total às caixas de assistência em relação aosseus bens, rendas e serviços. O projeto, que é su-jeito à apreciação conclusiva das comissões, foienviado para a Comissão de Constituição e Justi-ça e de Cidadania (CCJC), na qual está desde maiode 2012 aguardando designação de relator.

A recém-criada Procuradoria do ConselhoFederal da OAB para Assuntos Tributáriosvem sendo exercida pelo conselheiro dabancada do Rio de Janeiro Luiz GustavoBichara desde o dia 7 de março, quando foinomeado pelo presidente da Ordem,Marcus Vinicius Furtado.O objetivo, segundo Bichara, é dar maisracionalidade a questões tributárias nasquais a OAB pode agir. “A Ordem, aocontrário das outras instituições, tem legitimi-dade para atuar em várias áreas”, explica.De acordo com ele, a iniciativa surgiu após

Bichara, da bancada do Rio, atua na nova procuradoria do Conselhoconversas entre o presidente da Seccional doRio, Felipe Santa Cruz, e Marcus Vinicius, aoperceberem que questões tributárias relevantesestavam sendo deixadas de lado.“Os dois presidentes tiveram a mesma impres-são de que alguns casos não estavam tendo adevida atenção. Com a instalação da procu-radoria, causas importantes que o Conse-lho Federal já propôs serão levadas adiantepor profissionais experientes e dedicados”,afirma, lembrando que há relevantes questõespendentes de decisão pelo Supremo TribunalFederal (STF).

Marcello Oliveira

LuizGustavoBichara

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 8

COMISSÕES

Informação é o foco da defesade pessoas com deficiência

Criada em 2009, a Comissão de Defesa dosDireitos das Pessoas com Deficiência da OAB/RJmantém seu foco de trabalho na difusão da legis-lação sobre o assunto para profissionais do meiojurídico e a população em geral. Produção de cartilhas,promoção de palestras, debates, cursos e incentivoa pesquisas são alguns dos meios utilizados.

“Um dos maiores problemas da área ainda é odesconhecimento da população sobre os direitosdas pessoas com deficiência. Já tivemos que ofi-ciar empresas e órgãos públicos para que mudas-sem a forma de lidar com essas pessoas no ambi-ente de trabalho”, exemplifica o presidente da co-missão, Geraldo Nogueira, que esteve à frente dogrupo nos seus três primeiros anos de funciona-mento e retorna para sua segunda gestão.

Para este ano, o advogado, que se especializouna área após sofrer um acidente de carro e ficarparaplégico, planeja continuar a trilhar a linha in-formativa da comissão, desenvolvendo projetos dedisseminação de conhecimento, como umacartilha de conscientização destacando os direi-

tos de cidadania das pessoas com deficiência.“Utilizaremos, nessa ação, uma linguagem queatinja operadores do Direito e atores sociais quesão responsáveis pela inclusão das pessoas comdeficiência”, explica Geraldo.

Outro projeto tratará da Lei nº 12.764, pro-mulgada no final de 2012 e que institui a PolíticaNacional de Proteção dos Direitos da Pessoa comTranstorno do Espectro Autista: “Por ser uma leirecente, não queremos deixar que seja esquecida.Destrincharemos seu texto com a ajuda de juris-tas que explicarão artigos específicos, nas diver-sas áreas do Direito, dando, assim, elementos paraa sociedade , os gestores públicos e os operadoresdo Direito aplicarem a lei”.

O material colhido, segundo ele, poderá ren-der um manual explicativo ou até mesmo um livro.“Temos a esperança de que a ideia seja bem exe-cutada e consigamos um produto que possa seraté usado pelo próprio Judiciário como base parajulgamento. Mas o que mais queremos é dar ele-mentos para que a lei fique viva, pois há um débito

social com as pessoas com autismo e suas famíli-as, que já viveram sem apoio por muitos anos”.

A expansão da comissão para as subseções éoutro desejo de Geraldo. “Explicaremos aos cole-gas que militam nas subseções como constituir eoperacionalizar um grupo como esse. O objetivo éter pontos de apuração dos problemas específicosde cada região e trabalhar em conjunto para atuarnessas demandas”.

Seminário sobre situação dasmulheres levanta temas polêmicos

Com opiniões abrangentes e po-lêmicas, que foram das críticas so-bre a aplicação do Direito Penal àquestão da culpa cultural feminina, oseminário As mulheres no Brasil atu-al, promovido pela Comissão OAB/Mulher no dia 21 de março, contou

com a participação de nomes repre-sentativos do Direito ligados ao tema.

O juiz André Nicollit, responsá-vel pela 2ª Vara Criminal de São Gon-çalo, sustentou que “os movimentossociais têm adotado cada vez maisuma postura conservadora, pela cri-

minalização”, como se a solução esti-vesse no Direito Penal. “Quanto maiscriminalizamos, mais crimes são cria-dos. No âmbito da relação familiar isso égrave, pois o Direito Penal não resolve oproblema da violência doméstica. Aliás,não acredito no Direito Penal para quasenada, porque quase sempre se des-considera o caráter humano, passívelde uma atitude errada. Desconsideroapenas o comportamento violento re-corrente”, explicou.

O entendimento do Supremo Tri-bunal Federal que permite ao Minis-tério Público prosseguir com umaação baseada na Lei Maria da Penha,mesmo quando há desistência porparte da mulher, também foi motivode crítica do magistrado. “Esta me-dida retira da mulher sua autonomia,sua posição de sujeito pensante. Oque para mim tem caráter machis-ta”, observou.

A internalização cultural da mu-

lher como passível de retaliações eculpa foi abordada pelo vice-dire-tor geral da Escola Superior de Ad-vocacia da Seccional, RonaldoCoutinho. “Vivemos em uma soci-edade que pune apenas a mulher.Desde os primórdios, a mulher é aadúltera, a amoral, enquanto nós, ho-mens, somos vítimas passivas damaldade feminina.O machismo estáenraizado até mesmo na mente femi-nina”, destacou Coutinho.

Na parte da manhã os temas Amulher no Brasil hoje: Desigualda-des, direitos e desafios e Maternalis-mos: Uma história de (escondidos) cos-tumes foram abordados, respectivamen-te, pela advogada Maíra Fernandes epela professora da Universidade Fe-deral Fluminense Suely Costa.

Ao final do seminário, a presidenteda OAB/Mulher da Seccional, RosaMaria Fonseca, apresentou algunsprojetos da comissão. “Queremosmanter uma programação de pales-tras a cada dois meses, e vamos visi-tar todas as subseções compartilhan-do informações”, afirmou. O coorde-nador-geral das comissões da OAB/RJ,Fábio Nogueira, representou o presiden-te da Seccional, Felipe Santa Cruz.

Geraldo Nogueira

Rosa Fonseca, AndréNicollit e Ronaldo Coutinho

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‘Crioulo não é porra nenhuma!’Esta foi a frase do policialque abordou IzaqueuAlves, detendo-o pordesacato e desobediência.Comissão de IgualdadeRacial da OAB/RJ agiude imediato e conseguiuque fotógrafo passassede réu a vítima

VITOR FRAGAEm 8 de dezembro de 2010, o fotó-

grafo Izaqueu Alves saiu de casa paramais um dia de trabalho. Com umamochila nas costas, aguardava umaamiga na estação do metrô de Vicentede Carvalho. Essa atitude foi consi-derada suspeita por dois policiais, queabordaram Izaqueu e exigiram quemostrasse seu registro profissional.Como se recusou, o fotógrafo foi alge-mado e levado à força para a 27ª Dele-gacia de Polícia (27ª DP), acusado dedesobediência e desacato. Izaqueuprocurou então a Comissão de Igual-dade Racial (CIR) da OAB/RJ, cujaação foi determinante para que o fo-tógrafo passasse da condição de réu àde vítima – no início do mês passado,os policiais foram requisitados pela juí-za da 19ª Vara Criminal, acusados deabuso de autoridade e injúria grave.

No dia da abordagem, o fotógrafoestranhou a conduta dos agentes e dis-se que não era obrigado a mostrar ne-nhum documento comprobatório desua atividade profissional. “A máqui-

na é um objeto, e vivemos em umasociedade de consumo. Se eu

comprei é meu, não pre-ciso ter nenhum regis-tro, a não ser que pro-vem que eu roubei”, dis-se Izaqueu.

Diante da arbitra-

riedade, o fotógrafo ligou para o tele-fone de emergência 190, questionan-do o procedimento policial. O diálogoque se seguiu foi gravado (leia nestapágina a reprodução de parte da gra-vação). O policial, após utilizar ter-mos chulos para anunciar a prisão,afirmou claramente: “Crioulo não éporra nenhuma!”.

Com receio de entrar na viatura,Izaqueu resistiu à prisão. Em textode sua autoria publicado em um blogna época do fato, chegou a afirmar:“Naquele momento, só pensei nosmeus filhos. Pressentindo o pior, merecusei a entrar naquele navio negrei-ro em miniatura”. Ele, então, foi alge-mado e levado para a delegacia. Na27ª DP, o escrivão determinou que asalgemas fossem retiradas e, após ve-rificar que Izaqueu não tinha fichacriminal, chamou os policiais. De-pois, foi sugerido ao fotógrafo que nãoapresentasse a denúncia. Ainda as-sim, os policiais militares AlexanderBrandão e Renato Alves registraramqueixa por desacato e desobediênciacontra o fotógrafo, dizendo que a abor-dagem aconteceu porque ele estaria“por várias horas naquele local comatitude suspeita, pois se encontravacom uma mochila nas costas”. Injus-tamente acusado, Izaqueu saiu embusca da gravação de sua ligação parao serviço do 190, já que não havia tes-temunhas, e procurou a OAB/RJ, coma intenção de processar o Estado. “Apolícia é o braço armado do Estado.Esse é um dos problemas que o cida-dão negro enfrenta no Brasil. Quandoum policial comete um delito, ele nãoé considerado como parte do Estado”,criticou o fotógrafo.

“O caso é emblemático, um even-to para se lamentar. Buscamos dar aIzaqueu toda a assistência processu-al. Em primeiro lugar, diligenciamosem relação à imputação dirigida, jáque não possui antecedentes crimi-nais. Ele foi conduzido algemado àdelegacia, lamentavelmente um fatocomum”, afirmou o secretário-geralda CIR, Rogério Gomes. Em julho de2011, a comissão da OAB/RJ enviou

ofício à Secretaria de Segurança Pú-blica do Estado, e em 2012, ao Minis-tério Público (MP), questionando acondição de réu de Izaqueu nos cri-mes de desobediência e desacato, eacrescentando que a oitiva da grava-ção da central de atendimento 190deixa claro o crime de racismo. Emmarço deste ano, a juíza da 19ª VaraCriminal fez a requisição dos polici-ais, agora réus dos crimes de abusode autoridade e injúria qualificada.“A comissão pediu apuração dos cri-mes de abuso de autoridade, de tor-tura, por conta do uso forçado das al-gemas, e de racismo. Já o MP enten-deu que não houve racismo e sim, in-júria. Reiteramos a denúncia de ra-cismo, que consideramos evidente”,sublinhou Rogerio. “É importante darpublicidade a esse caso, para que situa-ções assim não se repitam. A atuação ar-bitrária dos agentes policiais é óbvia.Posteriormente ele poderá, no campoda responsabilidade civil, de formaautônoma, requerer uma reparaçãopelos danos sofridos”.

Perguntado se considerava quesua reação interferiu de alguma for-ma no desfecho do caso, Izaqueu foienfático. “[Se não fosse a minha rea-ção] Acho que eu nem estaria vivo. Arealidade da maioria dos jovens ne-gros nas periferias é que eles nem vi-vem para contar sua história. En-quanto o índice de mortes entre jo-vens brancos vem diminuindo, entreos jovens negros aumenta sistemati-camente, um verdadeiro genocídio.

Tenho um filho de 13 anos, não possobaixar a cabeça para os arbítrios.Minha luta, a do Rogério e de tantosoutros, é para que seja dado um fim aisso, e que seja real. O racismo é cri-me inafiançável, mas ninguém foipreso no Brasil até hoje por isso. Comopode, em um país tão racista como onosso? O Brasil tem preconceito deter preconceito”.

Gravação do 190 (trechos)Atendente: Novo 190, bom dia!Izaqueu: Bom dia! Meu nome é Izaqueu Alves. Eutô sendo abordado por um policial aqui... Ele querque eu apresente uma carteira de fotógrafo pra ele,porque eu tô com uma máquina fotográfica na mão.Isso procede? (...)Izaqueu: Ele tá querendo me conduzir na viatura,mandou eu entrar na viatura. Procede isso? Eutenho que entrar?Atendente: Só um momento senhor (...)Izaqueu: A moça tá mandando você aguardar,não vai me prender assim não. Não vai não! Alô!Policial: Vambora! Vambora!Policial: Está preso por causa de desobediência.Izaqueu: Não não! (...)Atendente: Senhor! Senhor Ezaqueu!Policial: Agora tu tá preso além de desobediência,por desacato, por desacato!Policial 2: Preso nos dois.Izaqueu: Me desculpa!Policial: Foda-se! Agora você tá preso! Tava sendotratado como cidadão, tava sim. Racismo nada!Nessa ... de ninguém.Policial: Crioulo não é porra nenhuma! (...)Atendente: Alô!Izaqueu: Não posso nem ligar pro meu advogado?Policial 2: Liga da DP.Atendente: Alô! Alô! Alô! Falta de comunicação,estamos encerrando a sua ligação.

O fotógrafoIzaqueuAlves

Rogério Gomes, da Comissãode Igualdade Racial TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 9

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Caminho

Tendência nasúltimas décadasaponta que cadavez maispromotores emagistradosdeixam a vidapública pararetornar àadvocacia

Vocação, mudança de rumo na carrei-ra, oportunidade de mercado, mais inde-pendência profissional. Os motivos sãomuitos, mas a tendência que vem se con-solidando nos últimos anos no meio jurídicoune os mais diversos tipos de profissionais:o movimento de retorno de ex-promoto-res, juízes e ministros à advocacia apósa aposentadoria na vida pública.

Entre os casos mais destacados na mí-dia está o da ex-ministra do Supremo Tri-bunal Federal (STF) Ellen Gracie, que,após adiantar sua aposentadoria, se ins-creveu no ano passado nos quadros daOAB/RJ. Primeira mulher a ocupar uma

cadeira na corte,foi também a pri-meira e única apresidir o tribu-nal, no período de2006 a 2008. Teria odireito de perma-necer no Supremoaté 2018, mas re-solveu trilhar no-vos rumos e voltara advogar.

Outro ex-presi-dente do STF, Ce-zar Peluso, retirou,

também em 2012, sua carteira na OAB/SP efechou parceria com um escritório deBrasília, no qual não poderá atuar em pro-cessos que tramitem no tribunal até o fi-nal da quarentena prevista no artigo 95da Constituição, que estabelece que nãoé permitido “exercer a advocacia no juízoou tribunal do qual se aposentou, antes dedecorridos três anos do afastamento docargo por aposentadoria ou exoneração”.

“Como a aposentadoria compulsóriaaos 70 anos tem se demonstrado precipi-tada para várias pessoas que ainda pos-suem capacidade laborativa, temos visto,nos últimos tempos, muitos juízes e pro-motores aposentados pedirem sua inscri-ção na OAB. Essa circunstância serve deadvertência positiva para magistrados emembros do Ministério Público, no sen-tido de sempre prestigiar a advocacia pois,um dia, muitos voltam à militância”, ana-lisa o vice-presidente da Seccional, Ro-naldo Cramer.

Cramer enxerga como positivo o mo-vimento de retorno de nomes conceitua-dos no cenário jurídico à profissão de ad-vogados: “Desde que respeitada a qua-rentena, o retorno desses agentes públi-cos à advocacia é sempre bem-vindo equalifica a nossa classe”.

Para o advogado Luciano Godoy, queatuou em São Paulo como juiz federal pornove anos até pedir exoneração para vol-tar-se à iniciativa privada, o período de afas-tamento, instituído para impedir que ex-ma-gistrados façam uso de seu prestígio e conhe-cimento para benefício próprio nos tribu-nais em que atuaram , ajuda o processo deretorno, na medida em que o regulariza.

“A quarentena é uma coisa boa por-que, estabelecendo um prazo, facilita a vol-ta de ex-juízes à advocacia, inclusive nos lo-cais em que já trabalhou, sem maiores pro-blemas. Atualmente há um espaço muitogrande no mercado para que profissio-nais que se destacaram na vida públicaexerçam seu conhecimento”, observa ele.

Vocação para a advocaciaHoje sócio de um escritório especi-

alizado nas áreas contenciosa e pré-con-tenciosa, Godoy afirma que a vocaçãopara a advocacia privada foi o fator de-terminante de sua decisão.

“Eu gostava do que fazia como juiz,trabalhava bastante, mas chegou um de-terminado momento em que senti quemeu desejo era atuar na advocacia priva-da. Acho que o fato de vir de uma famíliade advogados teve muito a ver com isso”,conta o ex-magistrado, afirmando que aquestão financeira não foi determinante.

Ele relata que sua decisão foi, no prin-cípio, incompreendida por alguns cole-

gas de toga, masque conseguiu con-vencê-los que o novorumo na carreira es-tava ligado a uma re-alização pessoal.“Estou muito feliz eà vontade com a es-colha que fiz”.

Após se formar,em 1992, Godoy che-gou a trabalharcomo advogado atéprestar concurso

para a Procuradoria do estado, onde atuoupor cinco anos antes de se tornar juiz.Para ele, a experiência adquirida nos car-gos está sendo fundamental na nova jor-nada.

“A maturidade e o expertise alcança-dos na carreira pública me ajudam diari-amente na estratégia do litígio, até por serum advogado de contencioso”, observa,destacando como o maior aprendizado anecessidade de o advogado ser objetivo:“Os advogados ainda escrevem demais eos juízes têm pouco tempo para tomar co-nhecimento de cada caso”.

CÁSSIA BITTAR

O ex-magistrado acredita que as diferen-tes áreas de atuação se encontram em umobjetivo comum. “As ações são diferentes,mas todas trabalham pelo Direito comoum instrumento de pacificação social”.

Oportunidade de carreiraFábio Medina Osório trilhou o cami-

nho inverso da maioria dos profissionaisda área: recém-graduado, com apenas24 anos, foi aprovado em primeiro lugarno concurso para o Ministério Públicodo Rio Grande do Sul, sem sequer terpassado pela advocacia privada.

“Percebi, na prática, que a experi-ência de advogado é muito importantepara quem pretende ser promotor, pro-curador da República ou magistrado. E oinverso é verdadeiro: quem é oriundodestas carreiras tem uma visão interes-

RonaldoCramer

LucianoGodoy

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 11

o de volta sante para somar na advocacia. A tendên-cia é melhorarmos com o tempo e com osomatório de experiências múltiplas apartir do aprendizado”, salienta.

Voltado à vida acadêmica, fez douto-rado em Direito Administrativo na Uni-versidade Complutense de Madri e pu-blicou, em 1999, o livro Direito adminis-trativo sancionador. Permaneceu comopromotor por mais de 14 anos, até que osucesso da publicação chamou a atençãodo diretor jurídico de um grupo empre-sarial com sede no Rio de Janeiro.

“Ele me convidou para sair do Minis-tério Público e assumir uma diretoria edecidi aceitar o desafio. Creio que foi aprodução acadêmica, em primeiro lugar,que impulsionou minha saída, pois elaampliou meus horizontes para além domundo corporativo do Ministério Públi-co”, diz o advogado, que montou seu pró-prio escritório, com sede em Porto Alegree, mais recentemente, no Rio, onde hojereside.

Osório acredita que fez uma escolharadical quando optou pelo novo rumo pro-fissional: “A advocacia representa um sa-cerdócio, pois traduz um vínculo de confian-ça inquebrantável com os clientes. Somosdepositários de segredos e esperanças eé isto que torna esta profissão tão digna eelevada”.

Ele se confessasatisfeito com a de-cisão. “A profissãode advogado nosproporciona umaoportunidade deum contato maisestreito com aspessoas. No Minis-tério Público, mui-tas vezes, não setem a real dimen-

são humana do sofrimento inerente aosprocessos desencadeados injustamente.Além disso, as parcerias com os própriosadvogados são muito gratificantes. É umacategoria profissional que tem uma com-petição saudável e cria ambientes demútuas colaborações”, elogia.

Independência para dedicar a à vida acadêmicaFoi o fascínio por advogados como Ray-

mundo Faoro, Evandro Lins e Silva, Anto-nio Evaristo de Moraes Filho e Heleno Fra-goso que fez com que o ex-desembarga-dor do Tribunal de Justiça do Rio de Ja-neiro (TJ) Geraldo Prado optasse pelo cur-so de Direito. “Naquela época nós ingres-sávamos na faculdade para nos tornarmosadvogados e foi essa a minha principal

inspiração”, conta ele.Após concluir o curso, em 1983, advo-

gou em um pequeno escritório próprio e,posteriormente, em um banco, até, influ-enciado por professores que tiveram su-cesso como promotores, decidir prestarconcurso para o Ministério Público. “Aimagem que me passaram e meu própo-sito de atuar na área criminal contarammuito nessa escolha”.

Prado atuou como promotor por trêsanos até, em1888, tornar-sejuiz. No ano pas-sado, pediu adi-antamento daaposentadoriapara dedicar-seà consultoria ju-rídica na áreacriminal e a seutrabalho acadê-mico – é profes-

sor de da Universidade Federal do Rio deJaneiro, da Universidad Nacional de Lo-mas de Zamora, em Buenos Aires, e daUniversidade de Coimbra.

“Senti que já havia contribuído o quepoderia na vida pública e resolvi encararnovos desafios, atuando de outro lado.Creio que a transformação desta socie-dade em outra, mais justa e solidária, pas-sa pela atividade acadêmica. E, na advo-cacia, minha contribuição está sendo ar-ticulada com ela, por meio de pareceresque busquem, também, somar algo a essepropósito”, destaca.

Ele relata que, em muitos momentos,pensou que seu perfil estaria mais ligadoa outras áreas e que a energia que o im-pulsionava na atuação como desembar-gador cobrava mais dinamismo: “Soueternamente grato à magistratura, portudo o que me proporcionou, mas a pru-dência típica da carreira muitas vezes meinquietou”.

O advogado afirma se sentir rejuvenes-cido com a escolha: “Estou tão feliz como novo rumo profissional que, quem meconhece, diz que até pareço mais jovem.E é assim que me sinto”.

Sobre a tendência de volta à advocacia,Prado acredita estar ligada às mudançaseconômicas que o país sofreu nas últimasdécadas: “O protagonismo do Brasil, anossa força econômica e a dinâmica davida contemporânea estão convocandoos advogados a atuar com empenho e com-petência em novas áreas e mesmo nastradicionais, porém de modo diferente.E isso sem dúvida é muito bom profissio-nalmente”.

FábioOsório

GeraldoPrado

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Oito opções de cursosna programação de abril

ESA

A programação da Escola Superior de Advoca-cia (ESA) da OAB/RJ está repleta de cursos. Nes-te mês, os interessados terão oito opções: DireitoAmbiental, Petróleo e Gás, Direito Penal, Proces-so Penal, Direito Tributário, Direito Marítimo, Di-reito Desportivo e Advocacia na era digital.

Coordenado pelo presidente e pelo vice-presi-dente da Comissão Especial de Assuntos Tribu-tários da OAB/RJ, Maurício Faro e Gilberto Fraga,respectivamente, o curso Introdução ao DireitoTributário vai de 11 de abril a 14 de maio, comaulas às terças e quintas-feiras, das 18h30 às 20h30.Os valores são R$ 250 para advogados e R$ 200para estagiários.

A 10ª edição do curso de Direito Ambientalserá realizada de 15 de abril a 24 de junho, às se-gundas e quartas-feiras, das 18h30 às 21h. A coorde-nação é do diretor-geral da ESA, Flávio Ahmed. O inves-timento é de R$ 700 para advogados e R$600 paraestagiários, que podem ser divididos em duas parcelas.

O curso de extensão em Direito do petróleo e

do gás terá coordenação do professor GustavoMano. Será realizado de 16 de abril a 27 de junho,às terças e quintas, das 18h30 às 21h, por R$ 800para advogados e R$ 700 para estagiários, valoresque também poderão ser parcelados em duas vezes.

A área criminal será abordada em doismódulos. Um deles estará voltado ao Direito Pe-nal, entre os dias 16 de abril e 18 de junho, àsterça-feiras, das 18h30 às 20h30. O segundo tratado Processo Penal, de 18 de abril a 20 de junho, àsquintas-feiras, no mesmo horário. Ambos são co-

ordenados pelo professor Renato Tonini. O valorde cada módulo é R$ 250 para advogados e R$ 200para estagiários.

O curso de Direito Marítimo tem coordenaçãode Wellington Beckman e será realizado de 15 deabril a 24 de junho, às segundas-feiras, das 18h30às 21h30. O investimento é de R$ 500 para advoga-dos e R$ 400 para estagiários, valores que podemser divididos em duas parcelas.

A área esportiva ganha espaço com o curso Di-reito Desportivo e gestão desportiva, entre 16 deabril e 11 de julho, com aulas às terças e quintas,das 19h às 21h30. A coordenação é do presidente dacomissão da Seccional que trata do tema, Jucá Bar-ros. Os valores são R$ 700 para advogados e R$ 600para estagiários.

O curso Advocacia na era digital, coordenadopela diretora de Inclusão Digital da OAB/RJ, AnaAmélia Menna Barreto, acontece de 17 de abril

a 26 de junho, às quartas-fei-ras, das 18h30 às 21h30. O inves-timento é de R$ 250 para advo-gados e R$ 200 para estagiários.

A ESA fica na Av. Marechal Câ-mara, 150 – 2º andar. As inscri-ções devem ser feitas pelo site daSeccional (www.oabrj.org.br).Mais informações pelo telefone(21) 2272-2097.

Desde março, todos os cartazes de cursosda ESA estampam, em sua base, o QRCode, um código que permite aos usuáriosde smartphones acessar diretamente com oaparelho os links para inscrição e progra-mação no Portal da OAB/RJ(www.oabrj.org.br).

QR Code facilita acesso a informações

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 13

Aprovação do projeto vai regular arelação de trabalho entre prostitutae o dono de estabelecimento

PONTOCONTRAPONTO

Quanto vale (ou é por quilo?)a autonomia das mulheresno mercado da prostituição?

O deputado Jean Wyllys, que protagoniza a defesa depautas progressistas importantes como a criminalizaçãoda homofobia, caiu em uma armadilha desastrosa com oprojeto de lei de regulamentação da prostituição, o qualparece ter sido construído sem diálogo algum com setoresimportantes do movimento feminista.

O centro do projeto é a regulamentação da exploraçãodo conhecido popularmente como cafetão: a ele será permitido, além de lega-lizar seu negócio, apreender até 50% do valor do programa. Hoje, no Brasil, aprostituição não é crime, mas sim atividade da “cafetinagem”, o agenciamen-to lucrativo das mulheres prostitutas. Não obstante, o texto não assegura ne-nhum direito às prostitutas, além daqueles que hoje elas já possuem, como aaposentadoria e organização cooperativada.

Do ponto de vista da luta histórica das mulheres por emancipação, o proje-to de Jean Wyllys é um retrocesso. Ao legalizar as casas de prostituição, o

projeto vai ao encontro dos interesses dosempresários da prostituição, um mercado al-tamente lucrativo e em expansão nesses tem-pos de grandes eventos.

Lamentamos o fato de o deputado não terconsiderado o acúmulo de setores do movi-mento feminista sobre o debate. A atividadeprecisa ser problematizada na sociedade comoum mercado que funciona a partir da vendados corpos das mulheres para a satisfaçãosexual dos homens e que só é possível por-que existe uma relação de poder desigual es-tabelecida. A naturalização de uma sexualidadeprecificada e envolta em um cenário de vio-lência, exploração e pobreza é um problemapara a consolidação de uma vida plena e au-tônoma para as mulheres.

Não podemos esquecer que a luta femi-nista historicamente se fez no embate àsopressões por nós sofridas como “naturais”:“toda mulher nasceu para ser mãe”, “todamulher gosta de apanhar”. Hoje, uma dasnossas lutas é para dizer que não é naturalque mulheres vendam seus corpos e experi-mentem uma sexualidade mercantilizada. Éfundamental garantir que as mulheres te-nham verdadeira autonomia sobre sua vida,e para que elas possam de fato escolher épreciso haver possibilidades reais de esco-lha com autonomia econômica, saláriosiguais, acesso às políticas públicas e a umavida sem violência. Lutamos por autonomiapara as mulheres, mas não aquela forjadapelo direito liberal masculino. Uma autono-mia livre das regras do mercado. Até quenossos corpos não tenham preço.

* Antropóloga e membro da organizaçãoMarcha Mundial das Mulheres

O projeto de lei sobre prostituição de autoria do deputadoJean Wyllys – que com muito carinho batizou-o com meu nome– é a segunda tentativa do movimento organizado de prostitutasde emplacar um projeto no Congresso.

O primeiro, de autoria do ex-deputado Fernando Gabeira,foi arquivado quando ele deixou o Parlamento. Solicitamos en-tão a Jean Wyllys seu apoio político. Ele é hoje nosso aliado e o

projeto foi escrito com nossa assessoria.A Rede Brasileira de Prostitutas, fundada por mim e colegas em 1987, conta

com 32 associações em todo o país. São elas que lutam pela aprovação doprojeto, de fundamental importância para nossa categoria profissional, já in-cluída na Classificação Brasileira de Ocupações, do Ministério do Trabalho.

Importante porque permitirá regular a relação de trabalho entre prostituta edonos de casas, boates e termas, ao tirar do Código Penal os artigos referentes aonegócio, hoje ilegal. Essa relação não é formal justamente porque o proprietário écriminalizado, o que leva as prostitutas a seremexploradas, ao contrário do que pensa o sen-so comum, para o qual a proibição do negó-cio deixa a prostituta mais protegida. Sendoque nós não cometemos ilegalidade ao prestarserviços sexuais. Por outro lado, o projeto for-talece a penalização da exploração sexual,hoje mal definida no próprio Código.

Com a legalização, as prostitutas terãoacesso a ambientes de trabalho nosparâmetros comuns à sociedade, poderão tra-balhar em ambientes limpos, já que a Vigilân-cia Sanitária poderá intervir nas casas empéssimo estado (comuns em cidades distan-tes do olhar público).

Nós, da Rede Brasileira de Prostitutas, so-mos contrárias à presença de crianças emqualquer trabalho, inclusive a prostituição, ecom a formalização do nosso trabalho podere-mos ajudar a denunciar a presença de meno-res nos bordéis, o que hoje não é possível porfalta de segurança.

Finalmente, é comum ouvir das pessoascontrárias à legalização que tudo ficará tão fá-cil que aumentará o número de pessoas naprostituição. Na nossa opinião, ficará maisdifícil, já que haverá várias exigências que hojenão existem.

Quem sabe será mais fácil responder porque a prostituição incomoda tanto – e por isso,creio, o grande medo da formalização do tra-balho sexual. Quem sabe poderemos, enfim,discutir e entender a indústria do sexo, hojeum dos campos mais lucrativos da sociedadeocidental.

* Fundadora da Rede Brasileirade Prostitutas, da ONG Davidae da grife Daspu

ALANA MORAES*GABRIELA LEITE*

Regulamentação da atividade de

profissionais do sexo– Projeto de Lei

4.211/2012

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 14

Regulação da águaO livro de João Theotonio Mendes de Almeida Junior trata dodireito administrativo das águas e de consciência ambiental,com foco na regulação estatal das águas no Brasil após a Cartade 1988. Antes de entrar no tema, ele apresenta ao leitorproblemas que giram em torno do uso da água e da preserva-ção de mananciais e discorre sobre o valor da água como bemeconômico. A obra é da editora Lumen Juris. Mais informaçõese vendas no site www.lumenjuris.com.br.

Juízesempreendedores

Derivado de uma dissertação de mestrado, o livro de FernandoFontainha trata de assunto em evidência no Judiciário brasileiro nomomento: a informatização dos tribunais. O processo de modernizaçãoda Justiça é abordado pelo autor de um ponto de vista sócio-político,no qual ele trata do impacto das novas tecnologias e da possívelemergência de um novo modelo profissional de magistratura,evidenciada pela figura do “juiz empreendedor”. A obra é da editoraLumen Juris. Mais informações e vendas no sitewww.lumenjuris.com.br.

Direitos sociaisBaseando-se na doutrina do neoconstitucionalismo, segundoo qual a Constituição é tratada como documento normativoque antecede o regramento legal, Marcos Sampaio abordaa teoria dos direitos fundamentais, demonstrando como sedá a aplicabilidade dos direitos sociais por meio de suadelimitação, sua restrição e seu suporte fático. O livro é daeditora Saraiva. Mais informações e vendas no sitewww.saraiva.com.br ou pelo telefone (11) 4003-3390.

Bioética e direitosfundamentais

Organizada por Débora Gozzo e Wilson Ricardo Ligiera,a obra reúne textos de autores nacionais e estrangeirossobre o tema, refletindo inquietações comuns adiferentes culturas e sistemas políticos. As reflexõesabordam o processo de terminalidade da vida, inclusiveem situações nas quais os avanços da ciência e datecnologia podem produzir impactos adversos. O livro éda editora Saraiva. Mais informações e vendas no sitewww.saraiva.com.br ou pelo telefone (11) 4003-3390.

Direito Penalesquematizado

Baseando-se em sua metodologia de ensino “esquematiza-do”, Pedro Lenza formulou uma coleção que reúne as maisdiversas disciplinas para concursos públicos. Neste volume,que trata da Parte Geral do Direito Penal, o autor apresentadesde a história da matéria até temas como direito penalinimigo, aplicação de lei penal, conflito aparente de normase antijuridicidade, auxiliando estudantes com a inserção dequestões de provas e concursos ao final de cada capítulo. Aobra é da editora Saraiva. Mais informações e vendas no sitewww.saraiva.com.br ou pelo telefone (11) 4003-3390.

L i v r o d e c a b e c e i r aRonaldo Coutinho*

Pode parecer paradoxal que o meu “livro de cabeceira” seja OCapital, mas é nele que se encontra a base da teoria socialde Marx, teoria da sociedade burguesa, concebida como umcomplexo articulado de hipóteses verificadas e verificáveis,extraídas da análise histórica concreta, sobre a gênese, aconstituição, o desenvolvimento e as condições de crise da

ordem social que se estrutura sobre o modo de produção capitalista. E éjustamente esse conhecimento da estrutura da sociedade burguesa que éessencial para se pensar em qualquer iniciativa revolucionária.

* Vice-diretor-geral da ESA

ESTANTE

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TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL / 2013 - 15

OPINIÃO

Advogados no TREEm nenhum tribunal

jurisdicional os advoga-dos são tão prestigiadospela Constituição Federalquanto nos tribunais regi-onais eleitorais. Enquan-to a Justiça Comum tem ochamado Quinto e o STJ,o Terço Constitucional –ambos alternadamentecompostos por advogados

e membros do Ministério Público –nos TREs temos o terço exclusivo dosintegrantes da OAB.

Em outras palavras, na JustiçaEleitoral de segundo grau, os mem-bros do Ministério Público não têmassento como julgadores, restando aeles a fundamental tarefa de promo-ver a grande maioria das demandas,na qualidade de parte.

Pois bem. As legislações que re-gem a composição das listas parapreenchimento das quatro vagas, des-tinadas à denominada classe dos ju-ristas, são omissas quanto à participa-ção da OAB no seu processo de forma-ção. Essa ausência de previsão legal, comtodo o respeito, cria uma antinomia,uma vez que o TRE se torna propor-cionalmente o tribunal que mais temadvogados na sua composição, toda-via seu órgão de classe não colaborano processo de indicação dos nomesdos seus integrantes.

A consequência prática da omis-são legislativa tem acarretado a reite-rada ausência de preenchimento dasvagas destinadas aos advogados de-corrente da devolução das listas. Inú-

meros são os exemplos. Atualmente oTribunal Eleitoral do Rio de Janeiroestá desfalcado: das quatro vagas des-tinadas aos colegas, temos somen-te em exercício um substituto eum titular. Mais gravosa foi a si-tuação concreta no biênio anteri-or, quando haviasomente doissubstitutos du-rante um longoperíodo.

Com efeito,e n c a m i n h a d opelos TREs aosrespectivos TJsos ofícios reque-rendo a abertu-ra das inscr i-ções para preen-chimento dasvagas, inexiste –por parte dosmesmos – a afe-rição se os can-didatos preen-chem os requisitos objetivos. A le-gislação aplicável faz com que so-mente no TSE as candidaturassejam apreciadas e, ausentes ospressupostos legais, rejeitadas.Inúmeros são os exemplos de co-legas que tiveram seus nomes de-volvidos nos últimos cinco anos,pelos mais diversos fundamentosde direito: prática da advocacia porprazo inferior a dez anos, patrocínioinferior a cinco processos diversospor ano, candidatos processados noâmbito criminal, no cível e, até

mesmo, por serem réus em exe-cuções fiscais entre outros.

Respeitando pensamentos di-vergentes, todas estas questõesobjetivas poderiam e deveriam seraferidas pela OAB quando da ins-crição dos advogados. Aliás, as

subjetivast a m b é m ,inc lus i vepor meioda sabati-na dosp r e t e n -dentes, damesma for-ma queambas jásão apreci-adas em re-lação aosdemais tri-bunais, oque afasta-ria a reite-rada vacân-

cia das vagas que, d.v., fere por viareflexa o dispositivo constitucionalque garante a paridade dos integran-tes que compõem os TREs. Ora, se aConstituição tanto prestigia os inte-grantes da classe jurista na composi-ção da Justiça Eleitoral, parece-mepertinente que a nossa OAB possaentregar aos tribunais de Justiça can-didatos que estejam devidamentepreparados para colaborar tecnica-mente com a matéria eleitoral, atitu-de que vai ao encontro da justiça.

A providência seria salutar para

todos, a começar pelo próprio Tribu-nal de Justiça, que receberia uma lis-ta onde seus integrantes já haveriamsofrido um processo seletivo. Para aOAB, a iniciativa seria prestigiosa e,no âmbito estadual, cumpriria umadas finalidades da entidade a nívelnacional (artigo 44, II, da Lei nº8.906 – Estatuto da Advocacia), qualseja, promover a seleção dos advo-gados no Brasil. De fato, ninguémmelhor que a OAB para escolher,dentre tantos profissionais, aque-les que realmente possuam, alémde notável saber jurídico in casu elei-toral e idoneidade moral, os dez anosde efetivo exercício da advocacia. OTRE, por seu turno, colheria o benefí-cio da celeridade nas nomeações, hojecomprometida. Ganharia, por fim, com asoma de todos os benefícios acima aponta-dos, a cidadania, que é, em última análise, arazão da existência de todas as institui-ções envolvidas nesse processo.

No âmbito legislativo, encaminha-mos o pleito ao senador LindberghFarias, que está estudando a apresen-tação de projeto de emenda constitu-cional suprindo a lacuna apontada. Jáperante as instituições envolvidas eincentivado pelo apoio do presidenteda OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, inici-amos as medidas administrativas peran-te os tribunais locais objetivando que apróxima vaga, decorrente do término nomeu biênio, possa ser preenchida com aparticipação da nossa OAB.

*Leonardo Pietro Antonelli éconselheiro da OAB/RJ e integrante

da classe jurista do TRE/RJ

LEONARDOPIETROANTONELLI* Atualmente o Tribunal

Eleitoral do Rio de

Janeiro está desfalcado:

das quatro vagas

destinadas aos colegas,

temos somente em

exercício um substituto

e um titular

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PANORAMA

Visitas guiadas aoMuseu da JustiçaO antigo Palácio da Justiça do Rio de Janeiro mantém umprograma de visitas mediadas e guiadas por educadores. Avisitação dura cerca de uma hora e percorre vários ambientesque mostram o funcionamento do Judiciário fluminense atual ede outras épocas, além de contar a história da arquitetura doprédio onde hoje funciona o Museu da Justiça. O serviço é oferecidoàs terças-feiras, às 14h, e às quartas, às 11h e às 14h, e pode seragendado para grupos de no máximo 40 pessoas por sessão. Maisinformações pelo telefone (21) 3133-3532 ou pelo e-mail:[email protected]. Rua Dom Manuel, 29, Centro

Exposições fotográficas no CCJFO Centro Cultural da Justiça Federal apresenta a exposição Mind your step, do fotógrafo MarcosSêmola, com registro de personagens cosmopolitas sob a perspectiva da escada de saída de uma dasestações de metrô em Londres. São 18 fotografias em preto e branco, possibilitando um verdadeiroexercício de percepção da linguagem corporal, do tempo e do espaço. A curadoria é de VivianFaingold. A mostra fica em cartaz de 10 de abril a 19 de maio, de terça a domingo, das 12h às 19h,no Gabinete de Fotografia.Outra opção é a exposição Fui? De Porto a Porto, que leva o espectador a uma viagem pelos territóri-os da língua portuguesa, remetendo-os às paisagens urbanas comuns retratadas pelos própriosmoradores da região da zona portuária do Rio, durante oficinas ocorridas em fevereiro e março. Amostra, que reúne cerca de 70 imagens, une dois portos separados pelo Oceano Atlântico: o do Riode Janeiro e o da cidade do Porto (em Portugal). A curadoria é de Miguel Pinheiro. De 11 de abril a19 de maio, de terça a domingo, das 12h às 19h, nas galerias do 2º andar - Av. Rio Branco, 241.Telefone: (21) 3261-2550.

Condição humana e Emily Dickinson em peçascom desconto pelo projeto Caarj Cultural

O projeto Caarj cultural, que dá descontos de 50% em produções teatrais para advogados e um acompa-nhante, oferece duas opções este mês. Até 21 de abril, está em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim, emIpanema, o espetáculo Ah, a humanidade! E outras boas intenções, de quinta a sábado, às 21h, e domingo,às 20h. Com direção de Murilo Hauser, são encenadas cinco peças curtas do dramaturgo norte-americanoWill Eno, em que os atores Alice Borges, Claudio Mendes, Guilherme Weber e Renata Hardy interpretamsituações cômicas e frágeis – como uma coletiva de imprensa, uma gravação de vídeos para uma agência deencontros, o pronunciamento de uma companhia aérea após um trágico acidente e a reconstituição de umafotografia de guerra. A produção foi contemplada com o Prêmio Montagem Cênica 2011, com o patrocínioda Petrobras e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro.Outro espetáculo com desconto para os colegas é Emily, que está em cartaz até 9 de junho, no TeatroPoeirinha, em Botafogo, de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h. A peça traz a poeta americanaEmily Dickinson, interpretada pela atriz Analu Prestes, contando suas histórias, conflitos, seu amor pelasletras e seu jeito particular de ver o mundo.

Eduardo Wotzik, diretor de Emily e responsável também pelaadaptação da peça, fala sobre a concepção do espetáculo

A vida de uma poetisa americana do Século 19 pode sensibilizar o espectador brasileiro hoje?Eduardo Wotzik – A peça não é uma bibliografia, nem uma biografia da personagem, mas uma extração doque acredito servir ao nosso mundo contemporâneo sobre a vida daquela que é considerada a maior poetade língua inglesa de todos os tempos. Emily é um espetáculo sobre o respeito à natureza, o cuidado com avida, com os detalhes, sobre a delicadeza com o outro, com as pequenas coisas, com cada elemento quenos reveste. É sobre uma mulher que praticamente nunca saiu de sua casa, e assim mesmo teve uma vidaextraordinária, capaz de nomear e dar cidadania a cada elemento com que convivia.Você já realizou uma parceira com o Caarj cultural anteriormente, que se repete agora com Emily. O retornotem sido interessante?Eduardo Wotzik – Nossa parceria tem sido um sucesso. Considero as alianças entre mundos aparentementetão distintos sempre muito produtivas para a sociedade. Não somos partidos, a arte e o Direito têm muitocom que dialogar.O teatro tem atraído mais público?Eduardo Wotzik – Com certeza. O teatro tem uma força misteriosa, de impossível compreensão e desvela-mento. Entra governo, sai governo, com crise ou sem crise, com patrocínio ou sem patrocínios, mandos oudesmandos, com dinheiro ou sem dinheiro, ele continua lá, necessário, potente e vivo.

Eduardo Wotzik

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Nas redes sociaisFacebook.com/OABRJ

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2013/2015)

DIRETORIA DA SECCIONALPresidenteFelipe de Santa Cruz Oliveira ScaletskyVice-presidenteRonaldo Eduardo Cramer VeigaSecretário-geralMarcus Vinicius CordeiroSecretário adjuntoFernanda Lara TortimaTesoureiroLuciano Bandeira Arantes

DIRETORIA DA CAARJPresidenteMarcello Augusto Lima de OliveiraVice-presidenteNaide Marinho da CostaSecretário-geralRoberto Monteiro SoaresSecretário adjuntoRicardo Brajterman TesoureiroRenan Aguiar SuplentesAlexandre Freitas de AlbuquerqueJosé Antonio Rolo FachadaAntônio Silva Filho

CONSELHEIROS EFETIVOSAderson Bussinger CarvalhoAdriana Astuto PereiraÁlvaro Sérgio Gouvêa QuintãoAndré Luiz Faria MirandaAntonio Ricardo Correa da SilvaArmando Cesar de Araujo PereiraBurlamaquiBernardo Pereira de Castro MoreiraGarciaBreno Melaragno CostaCamila Freitas RibeiroCarlos Alexandre O’Donnell MalletCarlos Andre Rodrigues PedrazziCarlos Alberto Menezes Direito FilhoCarlos Henrique de CarvalhoClaudio Sarkis AssisChristiano Falk FragosoDaniele Gabrich Gueiros

Déa Rita Matozinhos OliveiraEduardo Antônio KalacheEduardo Abreu BiondiEduardo Valenca FreitasFábio Nogueira FernandesFilipe Franco EstefanFlávio Villela AhmedFlávio Antonio Esteves GaldinoGabriel Francisco LeonardosGeraldo Antonio Crespo BeyruthGuilherme Rocha Murgel de RezendeGilberto FragaHercilio José Binato de CastroHercules Anton de AlmeidaJansens Calil SiqueiraJoaquim Tavares de Paiva MunizJonas Gondim Do Espirito SantoJonas Oberg FerrazJonas Lopes de Carvalho NetoJose de Anchieta Nobre de AlmeidaJuliana Hoppner Bumachar SchmidtJose Ricardo Pereira LiraJose Roberto de Albuquerque SampaioLeonardo Duncan Moreira LimaLeonardo Pietro AntonelliLeonardo RzezinskiLuciano Vianna AraujoLuis Guilherme Martins VieiraLuiz Alberto GonçalvesLuiz Americo de Paula ChavesLuiz Bernardo Rocha GomideLuiz Paulo de Barros Correia Viveiros de CastroMarcelo Cury AtherinoMarcelo Feijó ChalréoMarcio Vieira Souto Costa FerreiraMarcos BrunoMarcos Dibe RodriguesMarcos Luiz Oliveira de SouzaMaria Alicia Lima PeraltaMaurício Pereira FaroMurilo Cezar Reis BaptistaPaula Heleno VergueiroPaulo Cesar Salomão FilhoPaulo Parente Marques MendesPaulo Renato Vilhena PereiraRanieri Mazzilli NetoRaphael Ferreira de Mattos

Renato Neves ToniniRoberto Ferreira de AndradeRodrigo Lins E Silva Candido de OliveiraRodrigo Tostes de Alencar MascarenhasRomualdo Mendes de Freitas FilhoRosa Maria de Souza FonsecaRui Teles Calandrini FilhoSamantha PelajoTatiana de Almeida Rego SaboyaVânia Siciliano AietaWanderley Rebello de Oliveira FilhoYuri Saramago Sahione de AraujoPugliese

CONSELHEIROS SUPLENTESAlexandre de Oliveira Venancio de LimaAnderson Elisio Chalita de SouzaAdemario Gonçalves da SilvaAdilza de Carvalho NunesAlexandre dos Santos WiderAlfredo Hilario de SouzaAna Amelia Menna Barreto de Castro FerreiraAndré Andrade VizAndré PerecmanisArtur Arruda Lobato Rodrigues CarmoAugusto Carneiro de Oliveira FilhoBruno Garcia RedondoCarlos Eduardo Abreu MartinsCarlos Jose Araujo SilvaCharles Soares AguiarCirilo de Oliveira NetoClaudio Goulart de SouzaClarissa Costa CarvalhoCleber Do Nascimento HuaisCorintho de Arruda Falcao NetoCristiano Franco FonsecaDiogo Campos Medina MaiaEduardo de Souza GouveaFábio Amorim da RochaFernando Jose Alcantara de MendoncaGema de Jesus Ribeiro MartinsGodofredo Mendes ViannaGustavo Mano GonçalvesGustavo Antonio Feres PaixaoHygino Ferreira MarquesIgor MunizIvan de Faria Vieira Junior

João Pedro Chaves Valladares PáduaJorge Antônio Vaz CesarJorge Miguel Mansur FilhoJosé Ademar Arrais Rosal FilhoJosé Agripino da Silva OliveiraJose Carlos Freire Lages CavalcantiJosé Teixeira FernandesJosé Pinto Soares de AndradeLeonardo José de Campos MeloLeandro Saboia Rinaldi de CarvalhoLeonardo Branco de OliveiraLeonardo Schindler Murta RibeiroLeonardo Viveiros de CastroLuiz Paulo Pieruccetti MarquesLuiz Roberto GontijoMarcelo Martins FadelMarlos Luiz de Araujo CostaMônica Maria Lanat da SilveiraMonica Prudente GiglioNara da Rocha SaraivaNilson Xavier FerreiraNorberto Judson de Souza BastosOlavo Ferreira Leite NetoPedro Capanema Thomaz LundgrenRafael Milen MitchellRaquel Pereira de Castro AraujoRegina Celia Coutinho Pereira RealRenata Pires de Serpa PintoRenato Luiz Gama de VasconcellosRenato Ludwig de SouzaRicardo Loretti HenriciRoberto Dantas de AraujoRodrigo Jose da Rocha JorgeRodrigo Garcia da FonsecaRodrigo Maia Ribeiro Estrella RoldanRodrigo Moura Faria VerdiniRodrigo Loureiro de AraujoRodrigo Bottrel Pereira TostesRuy Caetano Do Espirito Santo JuniorSamuel Mendes de OliveiraSandra Cristina MachadoSaulo Alexandre Morais E SáSergio Ricardo da Silva E SilvaSergio Luiz Pinheiro Sant AnnaValeria Teixeira PinheiroVinicius Neves BomfimWagner Silva Barroso de Oliveira

Wilson Fernandes Pimentel

CONSELHEIROS FEDERAISCarlos Roberto de Siqueira CastroCláudio Pereira de Souza NetoWadih Nemer Damous Filho

CONSELHEIROS FEDERAISSUPLENTESBruno CalfatLuiz Gustavo Antônio Silva BicharaSergio Eduardo Fisher

MEMBROS HONORÁRIOSVITALÍCIOSAlvaro Duncan Ferreira PintoWaldemar ZveiterEllis Hermydio FigueiraCesar Augusto Gonçalves PereiraNilo BatistaCândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterOctavio GomesWadih Nemer Damous Filho

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕESAngra dos Reis - Cid MagalhãesAraruama - Rosana PinaudBangu - Ronaldo BarrosBarra da Tijuca - Ricardo MenezesBarra do Piraí - Denise de PaulaBarra Mansa - Ayrton BiolchiniBelford Roxo - Abelardo TenórioBom Jesus do Itabapoana - LuizCarlos MarquesCabo Frio - Eisenhower Dias MarianoCachoeira de Macacu - RicardoMonteiro RochaCambuci - Tony Ferreira CorrêaCampo Grande - Mauro PereiraCampos - Carlos Fernando da SilvaCantagalo - Guilherme de OliveiraCordeiro - Rilley Alves WerneckDuque de Caxias - Geraldo MenezesIlha do Governador - Luiz CarlosVarandaItaboraí - Jocivaldo Lopes

Itaguaí - José AnaniasItaocara - Fernando MarronItaperuna - Adair BrancoLeopoldina - Frederico MendesMacaé - Andrea VasconcellosMadureira/Jacarepaguá - Remi MartinsRibeiroFreguesia - Florindo MarcosTaquara - Antonio de Andrade WanderleyMagé - Edison de FreitasMangaratiba - Ilson RibeiroMaricá - Amilar DutraMéier - Humberto CairoMendes - Paulo Afonso LoyolaMiguel Pereira - Pedro Paulo SadMiracema - Hanry FélixNilópolis - José Carlos VieiraNiterói - Antonio José Barbosa da SilvaNova Friburgo - Rômulo CollyNova Iguaçu - Jurandir CeulinParacambi - Marcelo KossugaParaíba do Sul - Eduardo LangoniParaty - Heidy KirkovitsPavuna - Antonio Carlos FariaPetrópolis - Antonio Carlos MachadoPiraí - Gustavo de Abreu SantosPorciúncula - Fernando VolpatoQueimados - José BôfimResende - Samuel CarreiroRio Bonito - César Gomes de SáRio Claro - Adriana MoreiraRio das Ostras - Alan MacabúSanta Cruz - Milton Ottan MachadoSto. Antônio de Pádua - Adauto FurlaniSão Fidélis - Rodrigo Stellet GentilSão Gonçalo - José MunizSão João do Meriti - Júlia Vera SantosSão Pedro da Aldeia - Júlio CésarPereiraSaquarema - Miguel SaraivaSeropédica - Fábio FerreiraTeresópolis - Jefferson SoaresTrês Rios - Sérgio de SouzaValença - Fábio dos Anjos BatistaVassouras - José CiminelliVolta Redonda - Alex MartinsRodrigues

PJe“Sirvo-me da presente para realizar umareclamação quanto à instabilidade dos sistemas doPJ. Simplesmente não consigo trabalhar – noescritório ou mesmo no Fórum –, já que devido àinstabilidade não conseguimos tirar boletos e, comisso, sermos atendidos no balcão da serventia.Espero que a OAB/RJ cobre explicações da presidên-cia sobre este problema que nos assola desde o fimdo ano passado. Grato”.Fernando Paes Elias (OAB/RJ 152.977)

N. R: O presidente da Seccional, Felipe SantaCruz, informa que o problema será tratado coma direção do TJ.

Transporte“Sugerimos à OAB/RJ que disponha de transportepara os advogados e estagiários saindo da Centraldo Brasil, tendo em vista que muitos utilizam otransporte ferroviário. Nossa sugestão é que oônibus saia da Central em direção ao TRT da 1ªRegião na Rua do Lavradio e depois passe no TJ,voltando, após, à estação. Desde já agradecemos aoportunidade e aguardamos respostas.”Leandro Cleto Luquini (OAB/RJ 192.425-E)

N.R: O presidente da Seccional, Felipe SantaCruz, agradece sua sugestão e informa queuma nova logística do serviço de transporteestá sendo analisada.

Em entrevista ao jornal O Dia,Felipe fala sobre Simples e PJe-JTIvan Dos Santos Gonçalves: Estamos torcendo paraa aprovação já...Contamos com a sua luta paraconseguir essa vitória para a classe.

OAB/RJ participa de reuniãocom outras seccionais sobre PJeRachel Barreto: O maior problema é a falta deinformação. O sistema não é tão ruim, mas nos foienfiado goela abaixo. Não houve tempo paraadaptação. E o advogado que se vire para peticio-nar. Faltou respeito com o advogado e com ojurisdicionado também.

Jovens advogados trocam escritóriostradicionais por 'descolados'Regina Bittencourt: Parabéns e muito sucesso para eles!Sempre achei que tailleur preto com blusa branca eescarpin preto era o supra sumo da insegurança deconhecimento... ainda sou uma das poucasadvogadas coloridas no Fórum... Prezo pelo estudoe atualização e não por ser reconhecida pelaformalidade!

Sistema de identificação do TJ/SPMarluce De Oliveira: Fiquei muito orgulhosa da nossaOAB/RJ quando me deparei com o ultrajantesistema antigo de identificação dos advogadosainda uti l izado pelo TJ/SP. Lá ainda temosque passar por revista para adentrar asdependências do Fórum! Nossa! Que coisamais opressiva e ultrajante para a classe dosadvogados que alí militam diariamente! Existe umportal onde faz-se revistas das bolsas e malas porta-das pelos causídicos! Uma agressão inominável!!!

@marcelocin: Eu concordo ! @OABRJ_oficial Jovensadvogados trocam escritórios tradicionais por ‘desco-lados’.

@HebertCalor: @OABRJ_oficial @DignidadeJEC 14JEC de Jacarepaguá. Calor insuportável, pouquíssimoslugares para sentar e atraso de duas horas para audiência.

@michelaragao: @felipesantacruz @OABRJ_oficialParabéns pela reportagem, Felipe. Realmente oJuizado do Méier é um terror!!!

A página do Facebook da Seccional já registra mais de 15 mil “curtidas”, que representam a quantidade deadvogados participantes. No Twitter, sete mil colegas acompanham diariamente o trabalho da OAB/RJ.

CARTAS [email protected]

Twitter.com/OABRJ_oficial

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TRIBUNA DO ADVOGADOÓrgão de Divulgação da OAB/RJAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andarCentro - Cep 20020-080 - Rio de Janeiro - RJ

Luís Roberto Barroso, professor de Direito Constitucional da UerjENTREVISTA

PATRÍCIA NOLASCO

Quais são os argumentos centrais na ADIcontra as mudanças na Lei dos Royalties?

Luís Roberto Barroso – O primeiro é: deacordo com o artigo 20, parágrafo 1º da Constitui-ção, royalties são uma compensação financeiradevida aos estados produtores. A lei questionada,ao destinar mais de 50% dos royalties aos não pro-dutores, deu a eles uma finalidade redistributivade renda, e não compensatória, em violação ao textoconstitucional. Em segundo lugar, na Constitui-ção de 1988, firmou-se um acordo pelo qual osestados produtores abriam mão da cobrança deICMS sobre as operações envolvendo petróleo, emtrocas dos royalties. Portanto, retirar os royaltiessem devolver o ICMS é uma deslealdade federati-va e uma violação do pacto federativo origináriocelebrado em 1988. Por fim, viola inúmeros prin-cípios de Direito a aplicação retroativa da nova leipara afetar situações já constituídas sob o regimeda lei anterior.

A imprensa tem veiculado sua opinião nosentido de que não há argumentos jurídicossólidos dos estados não produtores para sus-tentar a constitucionalidade da lei. Isso querdizer que está confiante numa decisão favo-rável do STF?

Barroso – Política é política, Direito é Direito.Embora haja eventuais superposições, são domí-nios diferentes. Na política, prevalece a vontadeda maioria. No Direito, prevalece a vontade daConstituição. As maiorias podem muito, mas têmlimites, que são precisamente os que são estabe-lecidos pelas normas constitucionais. No caso dosroyalties, o direito dos estados produtores é cla-ríssimo. O STF não é um tribunal imune à políti-

ca, mas ele é predominantemente técnico. Demodo que minha expectativa é de uma decisãopositiva, o que significa, em última análise, umadecisão justa.

Os governos de estados não produtoresparecem dispostos a buscar uma soluçãonegociada que permitiria a manutenção dasregras para os contratos firmados. O Rio es-taria aberto a essa negociação ou a questãoserá mesmo decidida no STF?

Barroso – Quem toma decisões políticas emnome do estado é o governador. Minha contribui-ção é essencialmente técnica. O que posso dizer éque quando a presidente Dilma vetou a aplicaçãoretroativa da lei — que, portanto, somente se apli-caria aos novos contratos — o governador não sinalizoua propositura de uma ação. O Rio é solidário com asdificuldades dos outros estados. Apenas não querser afetado nos seus direitos fundamentais.

E se a alteração na distribuição dos royal-ties vier a ser feita por meio de emenda cons-titucional?

Barroso – Uma emenda constitucional so-mente serviria para superar a primeira das tesesdo Estado do Rio de Janeiro. De fato, poderia elamudar o artigo 20, parágrafo 1º da Constituição,para retirar a referência a “compensação finan-ceira” aos estados produtores, prevendo que osroyalties tenham uma destinação livre ou redis-tributiva. Os outros dois argumentos, todavia, nãosão abalados por uma emenda constitucional. Emrelação a eles, ela seria tão inválida quanto a leiordinária que o STF suspendeu. No tocante à apli-cação retroativa, para colher contratos anteriores,a maior parte dos autores (eu inclusive) e a juris-prudência consolidada do STF é no sentido deque, tal como a lei ordinária, tampouco emenda

constitucional pode retroagir. No que diz respeitoà mudança do pacto federativo originário — o queocorreria se os royalties fossem retirados, sem adevolução do ICMS —, a emenda enfrentaria igual-mente objeção. É que a Constituição estabeleceque a Federação é uma cláusula pétrea, não seadmitindo qualquer emenda tendente a aboli-la.

Alguns parlamentares têm utilizado o ar-gumento de que a maioria do Congresso to-mou uma decisão e que o STF não deveriainterferir nela. Como vê essa crítica?

Barroso – Esta é uma questão central na teo-ria constitucional. O arranjo institucional que vi-gora no Brasil — e em quase todo o mundo oci-dental — é conhecido como constitucionalismodemocrático. Constitucionalismo e democraciasão conceitos que se justapõem, não se confun-dem. Democracia significa soberania popular,governo da maioria. Constitucionalismo significarespeito às regras do jogo (Estado de Direito) eaos direitos fundamentais. Isso significa dizer queas maiorias devem governar e que elas podemmuito, mas não podem tudo. Devem ceder diantedos limites impostos pela Constituição, que é,precisamente, o documento que contém as regrase define os direitos fundamentais. Inclusive dosestados entre si. Quando a maioria se excede, com-pete ao STF impor os limites.

‘Quando a maioria se excede,compete ao STF impor limites’Procurador do Estado do Rio de Janeiro na Ação Direta deInconstitucionalidade (ADI) apresentada contra a lei que mudou as regrasde distribuição dos royalties do petróleo, o constitucionalista Luís RobertoBarroso explica, nesta entrevista à TRIBUNA, por que está confiantenuma decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF).