tribuna do advogado de agosto de 2011

28

Upload: jornalismo-oab-oab-rj

Post on 10-Mar-2016

219 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

tribuna do advogado

TRANSCRIPT

Page 1: Tribuna do advogado de agosto de 2011
Page 2: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 2

TRIBUNA DO ADVOGADO

Diretor:Wadih Damous

Chefe de ComunicaçãoSocial:Cid Benjamin([email protected])

Editor:Marcelo Moutinho - MTB 18.955([email protected])

Reportagem:Patrícia Nolasco([email protected])Eduardo Sarmento([email protected])Renata Loback([email protected])

Fotografia:Francisco Teixeira e Lula Vieira

Publicidade:Cássia BittarTel: (21) 2272-2066([email protected])

Projeto gráfico:Victor Marques([email protected])

Impressão: Ediouro

Tiragem: 121.000 exemplares

Departamento deJornalismo e Publicações:Av. Marechal Câmara, 1507º andar - CasteloRio de Janeiro - CEP: 22020-080Tels: (21) [email protected]

Jornal fundado em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

OAB - Seção do Estado do Rio de JaneiroAv. Marechal Câmara, 150 - Tel: (21) 2730-6525

Nesta edição

WADIH DAMOUS

Alvarás trabalhistas podem ser solicitadospor intermédio do Portal da OAB/RJA Seccional ampliou a parceria com o Banco do Brasil e pôs à disposição dosadvogados a possibilidade de solicitar o pagamento de alvarás trabalhistas online,diretamente pelo Portal da OAB/RJ (www.oabrj.org.br), a exemplo do que ocorrecom a consulta aos mandados da Justiça estadual. O novo serviço começou afuncionar no dia 1º de agosto.

Caminhada dos Advogados será nodia 28 de agosto, na Avenida AtlânticaPara lembrar a instituição dos cursos jurídicos no Brasil e alertar aclasse para a importância da atividade física, a Caarj promoverá, nodia 28 de agosto, em Copacabana, mais uma edição de sua tradicionalcaminhada. A concentração está marcada para as 8h, na AvenidaAtlântica (em frente à Rua Figueiredo Magalhães). Página 9

OAB faz visita à Serra e vaiacompanhar investigaçãosobre destino de verbas doadasAcompanhado da presidente da Comissão deDireitos Humanos da Seccional, MargaridaPressburger, o presidente da OAB/Nova Friburgo,

Carlos Pedrazzi, visitou locais atingidos pelas chuvas de janeiro econstatou que ainda há muito a ser feito na reconstrução. O presidenteda Subseção de Teresópolis, Jefferson Soares, nomeou um advogadopara acompanhar, na Alerj, as investigações sobre o desvio de verbasdoadas à Região Serrana. Páginas 16 e 17

No Pontocontraponto, visões opostas sobre ainternação compulsória de viciados em drogasO secretário municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro, RodrigoBethlem, e a conselheira da OAB/RJ Samantha Pelajo defendem, emdois artigos, opiniões opostas quanto à internação compulsória dejovens dependentes de drogas. O tema foi debatido também em eventona Seccional. Páginas 22 e 23

RECADO DO PRESIDENTE

O Judiciárioprecisa mudar

Nesta edição, que marca os 40 anosde existência da TRIBUNA DO AD-VOGADO, a matéria de capa seria olançamento de uma campanha da OAB/RJ pelo aumento do número de juízes.Porém, ao entrevistarmos o presidentedo Tribunal da Justiça, Manoel AlbertoRebêlo dos Santos, ouvimos que have-rá, ainda este ano, um concurso paracomeçar a preencher as 175 vagas emaberto no estado. Mais: ele disse tam-bém que, ainda na sua gestão, haveráum segundo concurso. E que, se ne-cessário, um terceiro já terá o editalpublicado para que o próximo presi-dente do tribunal possa realizá-lo tãologo assuma.

Diante das informações, saudamosa iniciativa do desembargador ManoelAlberto e suspendemos o lançamentoda campanha.

Ficou, então, como matéria de capauma entrevista em que são abordadasoutras mazelas do Judiciário.

Qualquer advogado militantesabe que muitos juízes sentem-sedonos da Justiça. Tal comportamen-to fere inclusive nossas prerrogati-vas profissionais e atropela o Estatutoda OAB — que é lei e, como tal, deveser respeitado.

O episódio em que o CNJ, compos-to majoritariamente por integrantes doJudiciário, exigiu o uso do terno em

audiências é ilustrativo, embora tenhase dado em torno de uma questão quenão é a mais relevante dentre os pro-blemas da Justiça. Primeiro, porque adecisão fere o estabelecido no Estatutoda OAB, para quem esta questão é daalçada da Ordem. Depois, porquedesconsidera as dificuldades vividaspelos advogados. Por outro lado, o ar-gumento da Associação de Magistra-dos Brasileiros para fugir à determi-nação de que a Justiça funcionasse oitohoras por dia era o forte calor reinanteem muitas regiões do país. É o caso dese perguntar: O que dizer dos demaisbrasileiros que, nessas regiões, traba-lham oito horas? Será que só os juízes— que, em sua maioria, dão expedien-te em ambientes refrigerados — sen-tem calor?

Outro exemplo do corporativismodos magistrados é a defesa dos 60 diasde férias. O argumento usado para sus-tentar o privilégio é risível: “Os juízestrabalham muito”. Isso é verdade, masserá seu trabalho mais cansativo do queos demais trabalhadores no país?

É preciso que o Judiciário se abrapara a sociedade e que os juízes pas-sem a se ver como servidores públicos— e não como casta privilegiada.

No dia em que isso acontecer, tere-mos dado um grande passo no aperfei-çoamento da Justiça.

Page 3: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 3

TJ anunciaconcurso

para juízeseste ano

Preenchimento de vagas ociosasera uma reivindicação da OAB/RJ

O Tribunal de Justiça (TJ) reali-zará, ainda este ano, concurso paratentar preencher um déficit de 175cargos de juiz no estado, com a pri-meira prova prevista para meados denovembro. Se as vagas não forem pre-enchidas, haverá um segundo concurso

ciso seguir as normas do ConselhoNacional de Justiça e há dificuldade,por exemplo, para constituir as ban-cas examinadoras, que não podem serformadas por desembargadores comparentes ou assessores inscritos, etampouco por quem leciona em cur-sos preparatórios. Isso está correto,mas representa, pontualmente, umobstáculo”, conta Manoel Alberto.

O TJ optou por contratar umaempresa de fora do estado, para “darainda mais transparência ao concur-so”, segundo ele. A primeira das cin-co fases previstas é que será realiza-da pela Vunesp, a R$ 70 por candidatoinscrito, constituindo-se de um “pro-vão” de múltipla escolha. As etapasseguintes ficarão sob a responsabili-dade do tribunal.

O desembargador arrisca um pal-pite de que o número de candidatosvá superar o do último concurso, de2008, que só aprovou três dos 2.303inscritos. Ele prevê, ainda, que a mai-oria será reprovada de imediato, e atri-bui essa expectativa à “má qualidade dasfaculdades de Direito”, entre outros fato-res. “Com sorte, talvez 300 cheguem àsegunda fase. Isso fará com que de-sembargadores altamente prepara-dos deixem de ter impedimento epossam constituir as bancas nas eta-pas seguintes”, diz, calculando o re-sultado final em março.

Os aprovados neste primeiro con-curso serão imediatamente empos-sados como juízes substitutos no in-terior. “Embora tenhamos um déficitde 175 magistrados, se, por hipótese,forem aprovados 80 candidatos, temosque preencher primeiro estas 50 va-gas de juiz substituto. À medida queestes forem sendo promovidos, ocu-parão as demais e serão chamados os30 restantes”, explica. Como a pers-pectiva é de um índice de aprovaçãoreduzido, Manoel Alberto já se pre-para para organizar o segundo certa-me e, não sendo suficiente, deixar oterceiro, já com edital publicado, paraseu sucessor na presidência do TJ darcontinuidade em 2013.

“As carências são gerais, temospouco mais de 600 juízes em ativida-de, e mais ou menos 20% dos cargosvagos. Isso é uma tragédia e, mesmose tivéssemos todos preenchidos, nãoseria bastante”, diz. Para ele, há ex-cesso de demanda no Brasil, “as pes-soas vão à Justiça para tudo”. São mais

de oito milhões de processos no esta-do, cerca de 52% nos juizados espe-ciais, informa. “Quem é que dá con-ta? O Judiciário está extremamentesobrecarregado, e as pessoas nãocompreendem que nossa legislação émuito liberal, permitindo uma sériede recursos”, comenta.

“Tem advogado que cobra por pe-tição, por recurso interposto, então,tenta levar a ação ao extremo, criandoum círculo vicioso. O processo é jul-gado na primeira instância, depois hárecurso para o tribunal, em seguidapara o Superior Tribunal de Justiça efinalmente para o Supremo. Tudo issovencido, podendo demorar até 15 anos,o processo baixa para executar, e podevoltar ao STF outra vez”, afirma.

O desembargador cita ainda adesproporção entre o número de juí-zes e a população, em relação a outrascategorias de profissionais liberais,como a dos advogados. E também ava-lia como agravante o alto número deprocessos movidos contra os gover-nos federal e estadual. “Se o PoderPúblico fizesse a sua parte, teríamoso trabalho reduzido a 10% do que éhoje. Aí, sim, a população poderia co-brar, com mais razão, maior rapidezdo Judiciário”. Ao contrário do quediz o ditado, para o desembargador“a Justiça que tarda, falha”, mas elequestiona: “Você pode imputar isso aoJudiciário, com esse número de ações,recursos, e a desproporção, uma dasmaiores do mundo, entre o númerode magistrados e a população?”

em 2012. O anúncio foi feito pelopresidente do TJ, desembargadorManoel Alberto Rebêlo dos Santos,em entrevista à TRIBUNA, e confir-ma a promessa feita por ele ao assu-mir a direção da corte, em fevereiro.

O presidente da Seccional, WadihDamous, saudou a iniciativa, há mui-to pleiteada pela advocacia: “Já está-vamos pensando em propor uma cam-panha por mais magistrados. A ca-rência é grande e alguns vêm acumu-lando funções em diversas comarcas,sendo este um dos fatores de morosi-dade do Judiciário. A medida tomadapelo presidente do TJ é importantís-sima e o desembargador Manoel Al-berto merece todos os elogios”.

Manoel Alberto informou que está“nas tratativas finais” a contrataçãoda Fundação Vunesp, vinculada à Uni-versidade Estadual Paulista e respon-sável por concursos em outros tribu-nais, como o TJ/SP. Ele esclarece quenão integra a comissão organizadorado concurso, coordenada pelo 1º vice-presidente do tribunal, desembarga-dor Nametala Machado Jorge, e daqual faz parte também o vice-presi-dente da Seccional, Sérgio Fisher,como representante da Ordem.

“Não é fácil fazer concurso. É pre-

DesembargadorManoelAlberto,presidentedo TJ

Wadih: carência de juízes é grande

Page 4: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 4

Pesquisa

O problema do déficit de juízes no Rio

iria motivar uma campanha da OAB/RJ pe-

dindo concursos. O quadro é grave?

Wadih - O próprio Tribunal de Justiça, sob a

nova administração, reconhece que há um défi-

cit de quase 180 juízes em todo o estado, atribu-

indo a esse déficit uma série de problemas re-

correntes, sobretudo a morosidade. Temos até

mesmo comarcas sem juízes. Isso faz com que

magistrados acumulem varas, processos de ou-

tras comarcas, e a prestação jurisdicional seja

extremamente prejudicada. A situação é cala-

mitosa, sobretudo nos juizados especiais, prin-

cipal foco de reclamações de advogados e cida-

dãos. Uma Justiça concebida para ser célere e

garantir o acesso fácil e gratuito está se

inviabilizando. Há colegas que preferem ajuizar

ações na Justiça Comum a enfrentar os percal-

ços nos juizados. Em muitas comarcas, o Judi-

ciário funciona hoje à base de mutirões, que se

fazem necessários como uma emergência, mas

não podem ser a regra. A prestação jurisdicional

não pode viver de mutirões.

É fácil resolver o problema do déficit em

curto prazo com a realização de concurso?

No último realizado pelo TJ, foram aprova-

dos apenas três juízes...

Wadih - Os concursos do Judiciário normal-

mente são difíceis, em qualquer lugar do Brasil,

e têm que ser mesmo. A aferição precisa de ri-

gor. Queremos uma magistratura qualificada, não

pode haver porteira aberta. Mas presumo que o

TJ vá rever critérios. É apenas especulação, mas

me parece que a intenção é preencher o maior

número de vagas possível, sem, é claro, que isso

configure prejuízo à qualificação dos candidatos.

O senhor diz que a relação entre a OAB/

RJ e o TJ hoje é boa, de respeito e colabora-

ção mútua. No caso do CNJ, porém, houve

um embate no caso do julgamento sobre a

indumentária do advogado...

Wadih - Esse julgamento gerou repercussão

para além da importância do tema em si. Obvia-

mente, este não é o principal pleito da advocacia.

Temos problemas mais graves. A questão diz

respeito ao verão, que tem sido uma estação de

calor inclemente. Em razão das mudanças cli-

máticas em todo o mundo, a cada ano esquenta

mais a temperatura. Boa parte dos advogados,

principalmente os que militam na Baixada , na

Zona Oeste e no Centro do Rio, cobrava da OAB/

RJ uma atitude com relação à exigência do traje

– que, aliás, não está determinada em lugar ne-

nhum. Alguns juízes deram verdadeiros fani-

quitos quanto a isso, como se estivessem am-

parados em algum diploma legal ou regimental.

Nenhuma lei ou regimento de tribunal prevê

que o advogado deva ir de terno e gravata. O que

a lei prevê, e me refiro à Lei nº 8.906/94, é que

compete à OAB regulamentar a indumentária

dos advogados. Então, já há dois anos, baixa-

mos regulamentação facultando o uso, tempo-

rariamente, no verão. O fato gerou mobilização

por parte de dirigentes de tribunais, de alguns

magistrados. O que nos levou ao CNJ foi o fato

de uma juíza do Trabalho em Caixas ter se re-

cusado a fazer audiência porque o advogado

estava sem paletó. Isso mostra como boa parte

do Judiciário — e não tenho medo de generali-

zar, porque é mesmo uma característica do Ju-

diciário — padece de conservadorismo, apega-

se a certos costumes quando a Justiça enfrenta

problemas muito mais sérios. Estamos falando

de um Poder cujas instalações de primeiro grau,

nas quais efetivamente a população é atendida,

estão em péssimas condições — e alguns juízes

ficam se apegando a mesquinharias. O Judici-

ário ainda está muito aquém das exigências da

cidadania.

Como o senhor avalia o tratamento que

o CNJ dispensou à OAB/RJ no julgamento?

Wadih - Vamos montar um enredo aparen-

temente ficcional, mas que tem a ver com a re-

alidade. Tomemos o caso daquele advogado com

o qual a juíza se recusou a realizar a audiência

em Caxias. Ele sai de casa, vai de ônibus até a

vara, enfrentando o calor, espera para iniciar a

sessão, porque sempre há atrasos, e, quando se

senta à mesa de audiências, é tratado com des-

respeito por causa de seu traje. Note-se que

não estava de bermuda, roupa de praia ou san-

‘Juizados especApós lamentar que “uma Justiça concebida para sercélere esteja se inviabilizando”, Wadih afirma quejuízes se encontram distantes do cidadão e esquecemque o Estatuto da Advocacia é lei a ser obedecida

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 4

Page 5: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 5

dálias. Mas apto, ao lado de seu cliente, para

defendê-lo. Então ele lê no jornal, ou vê em sua cida-

de, que o Judiciário constrói verdadeiros palácios,

prédios suntuosos, como são as sedes dos tribu-

nais superiores. Fica sabendo que o Judiciário in-

veste milhões de reais nessas obras, enquanto sen-

te na pele as deficiências da Justiça de primeiro

grau. Em outro processo, vê seus honorários fixa-

dos de forma aviltante. Que reflexão faz esse colega

sobre um Poder tão apegado a títulos quase

nobiliárquicos, tais como os de “desembargadores”,

“ministros”, quando em qualquer país os magis-

trados são chamados de juízes? O presidente da

Suprema Corte dos EUA é juiz-presidente da Su-

prema Corte. Aqui, embora haja tanto apego a no-

menclaturas, a realidade é a pior possível.

O mesmo CNJ que não aceitou a alegação

da OAB/RJ sobre o calor no julgamento sobre

o traje do advogado, acatou, porém, o pleito

dos juízes que alegaram não poder cumprir

oito horas de expediente pelo mesmo motivo...

Wadih - A conclusão a que chegamos é que o

Judiciário, pela pena do ministro Luiz Fux, decre-

tou que só juiz sente calor, embora viva no ar condi-

cionado. E nós, advogados, certamente, externamos

um mero capricho e somos desrespeitosos com a

Justiça pelo fato de, no verão, querermos usar tra-

jes mais leves, já que vivemos em um país tropical.

O CNJ, que era - e ainda considero ser - uma espe-

rança como instrumento de democratização do Ju-

diciário, tem composição majoritária de magistra-

dos e, quando o tema diz respeito diretamente à

magistratura, predomina o corporativismo. Foi o que

ocorreu na vergonhosa sessão sobre o traje do advo-

gado, na qual a OAB/RJ foi desrespeitada. O CNJ

veio para corrigir as mazelas da Justiça, mas adotou

uma delas: julgamento em bloco. Os temas que o

plenário já apreciou são julgados em bloco. Só que a

questão do vestuário do advogado nunca tinha sido

apreciada. Além disso, o presidente do Conselho,

Cezar Peluso, havia informado ao presidente em

exercício da OAB Federal, Miguel Cançado, que a

questão não entraria em pauta naquela sessão.

Se a lei dispõe que cabe à OAB decidir so-

bre o vestuário do advogado, o CNJ decidiu con-

tra a lei?

Wadih - Sim. O Estatuto da Advocacia é uma

lei, mas o Judiciário tem certo vezo em considerá-lo

como tal. Nesse julgamento, faça-se a ressalva da

exceção de alguns conselheiros, prevaleceu o lamen-

tável corporativismo da magistratura.

A composição do CNJ deveria ser diferente?

Wadih - Deveria haver mais representantes de

setores de fora da magistratura. Essa foi a luta de

parte do Congresso Nacional na época em que se

votou a criação do Conselho, mas a concepção que

prevaleceu foi a atual, que ainda considero um avan-

ço com relação ao que havia antes. O CNJ tem sido

importante em algumas decisões no sentido de me-

lhorar o funcionamento da Justiça brasileira, mas

às vezes sucumbe ao corporativismo.

Logo após o julgamento no CNJ, o senhor

deu uma entrevista à revista eletrônica Conjur

criticando os magistrados, e gerou uma nota

dura da Associação dos Juízes Federais do Rio

de Janeiro e do Espírito Santo (Ajuferjes), na

qual é chamado de preconceituoso. Como re-

agiu à nota?

Wadih - A Ajuferjes fazer a defesa

dos seus associados é normal, da demo-

cracia. Só entendo que mereciam uma

defesa melhor, podiam ter contratado um

advogado para isso. Fui acusado de ser

preconceituoso e de generalizar, mas re-

afirmo o que disse. Reconheço o papel importante

da magistratura, sobretudo o trabalho dos juízes de

primeiro grau, que não têm assessores ou carro ofi-

cial, atuam em condições precárias, e sobre quem

as corregedorias costumam agir com um rigor que

não se repete nos andares de cima do Judiciário.

Mas os magistrados não podem se considerar os

trabalhadores mais sacrificados do país. As férias

de dois meses, por exemplo, não se justificam, tam-

pouco as gambiarras nos vencimentos, como auxí-

lio-moradia, auxílio-alimentação... Esses foram ar-

tifícios criados para amenizar os baixos salários

dos trabalhadores, e os juízes não têm baixa remu-

neração. A magistratura deve ser bem remunerada,

mas isso não pode servir para formar uma casta. E,

na verdade, a população vê os magistrados como

uma casta, com linguajar ininteligível, distante. O

cidadão tem medo do juiz. Quando se senta diante

do juiz, não o faz com atitude respeitosa, mas com

medo. Isso não é culpa exclusiva individual desse

ou daquele magistrado, mas da concepção do pró-

prio Judiciário sobre si mesmo. Os juízes, no fun-

do, se sentem os donos do Judiciário.

O senhor acredita, então, que há uma visão

vertical do juiz com relação ao advogado?

‘Os magistrados não podem se considerar ostrabalhadores mais sacrificados do país. As férias

de dois meses, por exemplo, não se justificam’

iais estão uma calamidade’

Wadih - Infelizmente, o artigo 133, que dispõe

que o advogado é indispensável à administração da

Justiça, na prática, é um enfeite na Constituição.

Os advogados não são tratados como tal. No proces-

so virtual, por exemplo, a OAB foi ouvida antes que

o projeto de lei fosse enviado ao Congresso? Não.

Da mesma forma, quando o Judiciário vai construir

uma nova unidade — e o Judiciário é um dos seto-

res de maior incentivo à construção civil no Brasil

—, o prédio é concebido apenas para os juízes. Nem

estacionamento se prevê, na planta, para os advoga-

dos. Então, não erramos quando dizemos que é um

Poder corporativista e exclusivista. Devo ressaltar

que, aqui no Rio, as relações são mais democráti-

cas e de parceria com os três tribunais.

Um dos pontos mais levantados pelos ad-

vogados é o desrespeito às prerrogativas.

Como avalia esse problema?

Wadih - O desrespeito às prerrogativas é um

problema nacional, porque, a partir do momento em

o magistrado se vê sem controle funcional, dotado de

uma carga de poder acentuada, a tendência é que

desrespeite os direitos dos advogados. O desrespei-

to vai desde a recusa a um pedido de cópia dos autos

à prisão por alegação de desacato. Muitos magistra-

dos não entendem que, ao violar prerrogativas, estão

prejudicando o direito do cidadão de quem depende

a atuação do advogado. Questiúnculas acabam fa-

zendo com que relação entre advogados e juízes seja

desnecessariamente tensa. Não à toa o Conselho Fe-

deral começará, em setembro, e partindo do Rio, uma

caravana nacional pelo respeito às prerrogativas.

Page 6: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 6

TRIBUNA LIVRE

JECsO problema são as audiên-cias, marcadas para muitodepois da data prevista, e ademora dos processos nosjuizados especiais cíveis.Eu deixei de fazer JECsporque não compensa. O

advogado que trabalha nisso espera seismeses, ou até mais, para poder receber.Carmem Verônica Fonseca, advogada, 49 anos

JuntadaAinda estão juntando umapeça minha de setembro de2010 em uma vara cível. Oadvogado tem que matar20 leões por dia para fazerseus honorários. Umasolução seria a disponibili-

dade da certificação eletrônica em todos oscartórios, além da criação de um serviço dechat, com funcionários especializados nosatendendo, já que muitas informações nãopodem ser dadas por telefone.Marco Antônio de Magalhães Almeida,advogado, 58 anos

DemoraO maior problema aqui é ademora. Os juizados sãoum pouco mais céleres,mas percebo a lentidão natramitação dos processosnas varas. Para fazer umandamento ou juntar uma

petição, temos que vir aqui e ficar cobrando.Mesmo assim, são cerca de seis meses sópara juntar. Se não brigarmos, não anda.Pedro Sérgio Farias, advogado, 37 anos

Varas IPoucos são os processosque eu tenho aqui distribuí-dos, então eu não possoter uma visão generalizada.Da minha experiência,acho que o andamento dasvaras cíveis e, principalmente,

da Vara de Família, é bem moroso. Há processosque vão para o Ministério Público e não retor-nam. Percebo muita falta de organização.Vera Lucia Pacheco da Silva, advogada, 63 anos

Varas IINão atuo muito nessefórum, mas tive dificulda-des para juntar a petiçãode um processo que eutenho aqui, na 2ª VaraCível. Para remeter aconclusão, então, demorou

ainda mais tempo. É complicado buscar aefetividade da tutela jurisdicional dessa forma,porque a morosidade do processo e da remes-sa para a conclusão impede que ela se tornerealidade aqui.Jorge Luiz Moura, advogado, 32 anos

Varas IIIA falta de agilidade dentrodos cartórios, em especialna 2ª Vara Cível, é o maiorproblema. Acredito que issose dê pela falta de pessoal.Percebemos que os funcio-nários têm preparo, são

experientes, mas falta contingente para aten-der à demanda.Pedro Paulo Barros, advogado, 46 anos

PrazosNada anda aqui. Perceboesse problema de modogeral: é falta de vontade detrabalhar. Eles têm funcio-nários, mas a coisa nãocaminha. Muitas vezes,

então, temos que ligar para a Ouvidoria e ficarcobrando para conseguir falar com um juiz.Advogado tem prazo, mas parece que maisninguém tem.Nanci Chaves Sobral Gomes, advogada, 62anos

LentidãoEntendo que o maiorproblema do Fórum deJacarepaguá é a lentidão,atrelada a certo desrespeitode funcionários, serventuá-rios e juízes, que se recu-sam a receber advogados.São processos que demo-

ram até quatro meses para ir para a conclu-são, mandados de pagamento da 1ª VaraCível que demoram três semanas para sair...Está claro que o material humano daqui nãoestá dando conta da demanda.André Alves Paro, advogado, 27 anos

A lentidão no andamento dosprocessos foi o grande ponto

negativo destacado pelosadvogados entrevistados pelareportagem da TRIBUNA, que

esteve na Taquara paraperguntar aos colegas:

Qual é o maior problemado Fórum de Jacarepaguá?

Page 7: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 7

A Comissão de Assistência e Defesa de Prer-rogativas (Cdap) da OAB/RJ continua trabalhan-do firme para garantir os direitos dos colegas.Merecem destaque dois casos, ambos referentesa negativas de acesso a autos processuais, em umaclara demonstração de desrespeito aos advogadose, sobretudo, à lei. No mais complicado deles, oadvogado Rafael Mendes de Castro Alves entrouem contato com a Seccional por não ter consegui-do acesso aos autos de um processo administrati-vo em trâmite na Secretaria de Fazenda do Rio deJaneiro (Sefaz-RJ).

Após se dirigir duas vezes, sem sucesso, aolocal,o colega acionou a Cdap, que imediatamenteentrou com mandado de segurança apontandocomo autoridade coatora o secretário de Fazenda

Cdap intervém e garante aadvogado acesso a autos

Estadual. Apesar da vitória e da obtenção deliminar garantindo o cumprimento da lei, o oficialde Justiça do TJ não conseguiu cumprir a deter-minação em razão da “ausência de autoridadesno local”. A comissão fez, então, novo requeri-mento à desembargadora relatora, obtendo deci-são pela qual, considerando-se que “a Secretariade Fazenda Estadual estava acéfala quando se bus-cou o cumprimento da liminar”, foi deferido opedido formulado, para que ficasse suspenso oprazo de eventual recurso e não fosse prolatadadecisão até o julgamento do mérito do mandadode segurança. Após alguns dias, na presença dedelegado da Cdap, Rafael conseguiu, finalmente, oacesso aos autos do processo.

De acordo com Rafael, a atuação da comissãofoi de suma importância, tanto para assegurar seusdireitos, quanto para tranquilizá-lo. “Não conhe-cia a Cdap e fiquei extremamente satisfeito com oresultado. Fui muito bem amparado quando ne-cessário”, afirmou. Ele elogiou, também, a postu-ra firme durante o processo. “Todos atuaram compulso forte em defesa das prerrogativas profissio-nais da classe”, destacou.

Em ocorrência semelhante, desta vez em SãoJoão de Meriti, foi impetrado mandado de segu-rança pela comissão, em favor do advogado e pro-curador do município André Avramesco, pelo qualse obteve decisão determinando a concessão devista e expedição de certidão de inteiro teor deautos de processo no qual havia sido determinadaa sua suspensão preventiva do exercício de suaatividade na Procuradoria do município. O traba-lho foi desenvolvido pela delegada da CdapTathiana Hinden.

PRERROGATIVAS

Rafael: “Atuação da Cdap foi de suma importância”

Seccional agee TJ mantémSúmula 135Foi vitorioso odesfecho de maisum capítulo daluta da OAB/RJem defesa dasprerrogativasprofissionais dosadvogados. Apósintervenção daSeccional, no dia11 de julho, oÓrgão Especial doTribunal deJustiça do Rio de Janeiro (TJ) decidiu manter aSúmula 135, que faz distinção, nas açõescontra a Fazenda Pública, entre a verba devidaao cliente e os honorários de sucumbênciadevidos ao advogado, assegurando seu paga-mento separado por meio de RPV (requisiçãode pequeno valor).Diante da alegação por parte do MinistérioPúblico de que não se podia fracionar acondenação imposta pela Fazenda Pública, aOrdem argumentou, com base na Lei nº8.906/94 (Estatuto da Advocacia), que oshonorários de sucumbência do advogado têmautonomia e devem ser pagos, portanto, deforma separada da quantia devida ao cliente.O TJ acolheu, por unanimidade, a argumenta-ção apresentada.Estiveram presentes à sessão de julgamento dasúmula o procurador-geral e o subprocurador-geral da OAB/RJ, Ronaldo Cramer e GuilhermePeres, respectivamente.

Ronaldo Cramer

Page 8: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 8

Por iniciativa da Comissão de Política sobre Drogas da OAB/RJ, foi inaugurado, no dia 8 de julho, o Centro de Atendi-mento aos Usuários de Drogas da OAB/Caarj. Localizado no prédio da Caixa de Assistência, o espaço abrigará reuniõesabertas e fechadas, sempre sob a coordenação de um membro da comissão.De acordo com o presidente da comissão e secretário adjunto da Seccional, Wanderley Rebello, a sugestãopartiu dos próprios colegas. Ele explica que os encontros serão direcionados à classe, mas não exclusivos. “Oproblema é tão grave entre os advogados quanto na população em geral. Já estava na hora de participarmos daprevenção e do combate ao uso e abuso de drogas. É uma iniciativa importante que, tenho certeza, seráreconhecida”, destacou. Além de Wanderley, participaram do evento o tesoureiro da Caarj, Ricardo Menezes; opresidente da subseção de Mendes, Paulo Afonso Loyola; o lutador Amaury Bitetti, que por meio do esportepromove diversas campanhas contra as drogas; e o integrante da comissão Rogério Rocco, que na ocasiãolançou o livro Ao final, paz, também relativo ao tema.

Felipe presta contasdo trabalho feito naCaixa de Assistência

Os projetos Nascer e Aprendersão as iniciativas mais recentes embenefício dos advogados, mas o ba-lanço completo, com a respectiva pres-tação de contas do que vem fazendo aCaarj desde o início da atual gestão,vem sendo apresentado pelo seu pre-sidente e diretor do Departamento deApoio às Subseções da OAB/RJ, Feli-pe Santa Cruz, durante visitas às co-marcas do interior.

“Estamos prestando contas aomesmo tempo em que aproveitamos

para conhecer melhor os colegas dassubseções e acompanhar de pertoseus problemas. Queremos ressaltarque, apesar da grave situação finan-ceira encontrada quando assumimosa gestão, a Caarj não deixou de exer-cer sua função principal, que é a deprestar auxílio assistencial aos cole-gas”, disse Felipe, que esteve em 18municípios nas últimas semanas.

Ele lembrou o compromisso de“fazer da Ordem uma instituiçãoigual para todos os advogados do es-

tado, sem distinção nos serviços e notratamento oferecido”. Num relatóriode oito páginas apresentado às sub-seções, o presidente da Caarj listouos pontos de destaque da gestão:

Liquidação do endividamento ban-cário, que somava R$ 9,4 milhões em2008.

Redução de 49,11% no endivida-mento corrente (bancos, rede refe-renciada e fornecedores), cujo valorera de R$ 74,5 milhões em 2008 e caiupara R$ 36,5 milhões em 2011.

Redução de 18,25% nos passivostotais, incluindo as provisões paracontingências, em relação ao ano de2007, quando o endividamento da Ca-arj somava R$ 110 milhões (deman-das em diversas áreas).

Redução da estrutura administra-tiva em 78,8% e dos custos fixos em73,8%.

Reforma de mais de 150 salas dos

OAB/RJ e Caarj inauguram centrode atendimento a usuário de drogas

advogados, com o projeto OAB Século 21. Parceria com a Unimed-Rio a par-

tir de abril de 2008 – aprovada por 81%dos usuários –, introduzindo o mo-delo de gestão profissionalizada.

Convênio com rede Vidalink paradescontos em medicamentos.

Plano Goldental, gratuito e comampla rede de atendimento.

Central de Atendimento ao Advo-gado, com 18 mil ligações/mês.

Ação Cidadã OAB/RJ e Caarj, com25.758 atendimentos realizados, emdiversas áreas, dos municípios deNova Friburgo, Petrópolis e Teresó-polis, após as chuvas do início do ano.

CAARJ

FelipeSantaCruz

Ricardo Menezes eWanderley Rebello

Tabela de auxílios concedidos de janeiro de 2009 até abril de 2011

* Projeto Aprender: Auxílio criado em janeiro de 2011.** Auxílio Excepcional Provisório: Destinado a advogados da Região Serrana.

Page 9: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 9

A Caminhada dos Advogados, promovida pelaCaarj, chega à sua 22ª edição, e o tema deste anoserá a defesa das prerrogativas. Marco de con-fraternização no Mês do Advogado, em que secomemora a instituição dos cursos jurídicosno país, o evento é também uma forma de esti-mular o exercício físico como prevenção de doen-ças e manutenção do equilíbrio corporal. O eventoacontecerá em Copacabana, no dia 28, na AvenidaAtlântica.

A concentração está marcada para 8h, em frenteà Rua Figueiredo de Magalhães, onde será feito oaquecimento. Em seguida, os participantes cami-

Caminhada dos Advogados, no dia 28 deagosto, destacará defesa das prerrogativasEvento da Caarj lembra criação dos cursos jurídicos no Brasil e alerta para importância do esporte

nharão pela Avenida Atlântica até a altura da RuaDjalma Urich, e então retornarão.

No ponto de encontro inicial, será instaladoum quiosque onde os colegas poderão retirarsuas camisetas. Haverá, ainda, distribuiçãode brindes e um buffet com frutas, sucos e barrasde cereal. Os advogados poderão se submeter asessões de shiatsu, massagem indiana eauriculopuntura.

Segundo o tesoureiro da Caarj e presidente daComissão da Justiça do Trabalho da OAB/RJ,Ricardo Menezes, mais uma vez os advogados “es-tarão juntos, lembrando a importância do respei-

to às prerrogativas e, ao mesmo tempo, cuidandoda saúde e desfrutando de um ambiente festivo”.“Será uma manhã de congraçamento, de confra-ternização entre colegas que muitas vezes só seencontram pelos corredores do fórum, na correriado dia a dia”, salienta Ricardo.

A caminhada foi criada em 1989, após estudofeito pela própria Caixa de Assistência e que apon-tou o estresse e a vida sedentária como os princi-pais males que afetam a saúde dos advogados.Mais informações sobre o evento podem ser obti-das na Central de Atendimento OAB/Caarj, no te-lefone (21) 2730-6525.

A Caminhada de 2010 tambémfoi realizada na Av. Atlântica

Os serviços ecológicos prestados pelo ambiente podem servalorados economicamente? Essa é a principal questão do IVSeminário Nacional de Direito Ambiental da OAB/RJ, que serápromovido, nos dias 18 e 19 de agosto, na sede da Seccional.O evento vai discutir o Direito Ambiental pelo viés da econo-mia, apresentando a advogados um dos principais temas doRio + 20, conferência das Nações Unidas que será realizadana cidade em 2012.Com a temática Direito Ambiental e economia: uso e valora-ção de recursos ambientais, especialistas de todo o país irãoexpor suas visões sobre os instrumentos jurídicos que valori-zam os recursos naturais. “O bem ambiental é uma riqueza eé fundamental sabermos em que medida ele pode ser valora-do. A economia deve adotar padrões mais sustentáveis de

IV Seminário Nacional vai debater Direito Ambiental sob viés da economiaprodução, mas a natureza oferece serviços, que podem edevem ser quantificados”, afirma o presidente da Comissão deDireito Ambiental da OAB/RJ, Flavio Ahmed.Entre os principais tópicos a serem abordados no seminárioestão o pagamento por serviços ambientais; a responsabilida-de financeira de quem lucra com o uso da natureza e osinstrumentos econômicos de preservação do meio ambiente.“Nossa função é discutir como o Direito pode atuar noaperfeiçoamento de instrumentos para que a proteção danatureza se verifique de forma mais eficaz”, salienta Flávio.A cerimônia de abertura do seminário, que será gratuito,acontecerá no dia 18 de agosto, às 18h. As inscrições podemser feitas pelo e-mail [email protected]. Mais informações:(21) 2272-2043

Page 10: Tribuna do advogado de agosto de 2011

Preocupaçãodos juristasque elaboraramo texto a pedidodo Senado foievitar retrocessonos direitosdo cidadão

Cercado de cuidados dos juristas encarrega-

dos pelo Senado de elaborar um anteprojeto para

atualizá-lo, o Código de Defesa do Consumidor

brasileiro (Lei nº 8.078/1990) chega aos 21 anos

como um marco legal mundial no que diz respeito

aos direitos do cidadão. O desafio será, após o

período de audiências públicas e tramitação nas

comissões da Casa, que esteja adequado para

atender a novas necessidades da era virtual sem

prejuízo das garantias em vigor. Os principais ei-

xos de trabalho são regras claras voltadas para o

comércio eletrônico e regulamentação para o pro-

blema do superendividamento, fenômeno surgido

a partir da maior oferta de crédito, principalmen-

te entre a população de baixa renda.

O texto final do anteprojeto foi entregue em junho

ao presidente do Legislativo, senador José Sarney, pela

comissão de juristas presidida pelo ministro Herman

Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Um dos poucos que tiveram acesso ao trabalho foi

o advogado e professor da Fundação Getúlio Vargas

Ricardo Morishita, integrante, pela FGV Rio, da

comissão de especialistas do Sistema Nacional

de Defesa do Consumidor (SNDC), criada pelo

Ministério da Justiça para avaliar projetos de mo-

dificação do CDC no Congresso.

O professor diz que a grande preocupação de

todos que militam na área é que não haja retro-

Anteprojeto pdo Consumido

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 10

Page 11: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 11

cesso na lei. “O texto final deve ser resultado de

uma grande pactuação da sociedade após um de-

bate amplo, democrático e transparente, para que

fique clara a posição de cada segmento e não se

tenha que ir ao Judiciário depois”.

Ele não antecipa, em respeito a um pacto fir-

mado entre os especialistas para não queimar eta-

pas, nenhuma das alterações propostas. “Estamos

ainda está num processo bastante inaugural. O

código é uma ferramenta democrática de toda a

sociedade e por isso é tão importante que seja

amplamente debatido, porque vai mexer com a

vida de milhões de consumidores e de todos os

operadores do Direito”, afirma, acrescentando que

deverão ser realizadas audiências públicas nas

cinco regiões do país para debater as alterações.

Este cronograma deve ser definido em reunião

marcada para 8 de agosto.

Segundo Morishita, há várias propostas tra-

mitando no Congresso Nacional para alterar o CDC

com prejuízo das garantias. Ele exemplifica com

o mecanismo em vigor segundo o qual todos os

que participam da cadeia de consumo têm que

responder objetivamente perante o consumidor.

“O código revogou o ‘princípio da batata quente’,

que sai empurrando a culpa para todo mundo. To-

dos respondem. Esta é uma regra muito visada,

que se pretende alterar com a segmentação da res-

ponsabilidade”.

propõe adequação do Código de Defesaor às necessidades da era virtual

Na OAB/RJ, o presidente da Comissão de De-

fesa do Consumidor, Roberto Monteiro, designou

um grupo, integrado pelos advogados Bruno

Almeida, Ricardo Alves e Helio Bilheri, para acom-

panhar a discussão do anteprojeto. “Ainda não ti-

vemos acesso ao texto, mas nossa intenção é acom-

panhar sua tramitação, estudar as propostas e,

posteriormente, apresentar sugestões que venham

a contribuir para a atualização do CDC”, diz

Roberto, concordando com Morishita na preocu-

pação de não permitir retrocesso na lei. “É preci-

so muita cautela”, enfatiza.

Na regulamentação do comércio eletrônico,

Roberto acredita que poderá ser ampliado o prazo

de desistência pela compra do produto. Outra pro-

posta seria a obrigatoriedade de a empresa forne-

cedora ou prestadora de serviços ter endereço fixo

na apresentação da sua página na internet, e re-

gras claras e detalhadas de oferta. Em relação ao

superendividamento, é preciso assegurar ao con-

sumidor a possibilidade de pagamento à vista, sem

ter que usar o cartão de crédito, opina ele. Um ter-

ceiro aperfeiçoamento, na regulamentação do en-

vio de spams, passaria pela criação de mecanismo

para permitir que sejam processados “aqueles que

indevidamente invadem a privacidade das pesso-

as com ofertas inconvenientes de produtos”.

Os artigos 12 e 13 da Lei nº 8.078tratam da responsabilidade objetiva detodos os que participam da cadeia deconsumo, e são muito visados paraalteração pelas empresas, que pretendemsegmentar as responsabilidades.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor,

nacional ou estrangeiro, e o importador respon-

dem, independentemente da existência de culpa,

pela reparação dos danos causados aos consumi-

dores por defeitos decorrentes de projeto, fabrica-

ção, construção, montagem, fórmulas, manipula-

ção, apresentação ou acondicionamento de seus

produtos, bem como por informações insuficientes

ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece asegurança que dele legitimamente se espera,levando-se em consideração as circunstânciasrelevantes, entre as quais:I - sua apresentação;II - o uso e os riscos que razoavelmente dele seesperam;III - a época em que foi colocado em circulação.§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelofato de outro de melhor qualidade ter sido colocadono mercado.§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ouimportador só não será responsabilizado quandoprovar:I - que não colocou o produto no mercado;II - que, embora haja colocado o produto no merca-do, o defeito inexiste;III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável,

nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou oimportador não puderem ser identificados;II - o produto for fornecido sem identificação clara doseu fabricante, produtor, construtor ou importador;III - não conservar adequadamente os produtosperecíveis.Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento aoprejudicado poderá exercer o direito de regressocontra os demais responsáveis, segundo sua partici-pação na causação do evento danoso.

Ricardo Morishita, professor da FGV: “O

código revogou o ‘princípio da batata quente’”

Roberto Monteiro: “A OAB/RJ vai acompanhar a

tramitação do projeto e apresentar sugestões”

Trecho do anteprojeto

Page 12: Tribuna do advogado de agosto de 2011

OPINIÃO

Aviso prévio deveser proporcional aotempo de serviço

No dia 22 de junho de 2011, o Su-premo Tribunal Federal (STF) reali-zou um julgamento histórico sobre oaviso prévio proporcional nos manda-dos de injunção 943, 1010, 1074 e 1090.

O Congresso Nacional deveria regu-lamentar a proporcionalidade do aviso pré-vio ao tempo trabalhado na empresa, con-forme estabelece o inciso XXI do artigo

7º da Constituição Federal: “XXI - aviso prévioproporcional ao tempo de serviço, sendo no míni-mo de 30 dias, nos termos da lei;”.

Todavia, o Congresso Nacional não regulamen-tou o aviso prévio, e trabalhadores com 30 anos deempresa recebem o mesmo aviso que alguém con-tratado há apenas três meses. Isto viola aproporcionalidade do aviso prévio e impede que otrabalhador receba um direito garantido consti-tucionalmente.

Já prevendo que esta mora legislativa pudesseocorrer, o legislador constituinte criou o nobre ins-

trumento do mandado de injunção (inciso LXXIdo artigo 5º da Constituição).

Na injunção, o Poder Judiciário julga sem lei,porque a ele cabe criar a norma para o caso con-creto, servindo-se, para tanto, da equidade comocritério de julgamento.

Por isso é que a natureza jurídica do provimen-to pretendido deve ter plena eficácia, tendo caráterconstitutivo-mandamental: trata-se de uma deci-são que deve viabilizar o exercício do direito recla-mado e ordenar deque modo esseexercício devedar-se.

Colhe-se a li-ção do ministroCarlos Velloso no Mandado de Injunção nº 95: “Prosse-guindo no julgamento, faço o que, segundo penso, aConstituição quer que eu faça: para o caso concretoelaboro a norma a ser observada, nos seguintes ter-mos, o aviso prévio será de dez dias por ano deserviço ou fração superior a seis meses, observa-do o mínimo de 30 dias (C.F, art. 7º, XXI)”. E:“Obtida a norma – e é isto que o impetrante pro-cura obter no mandado de injunção –, retornemos autos ao Juízo Trabalhista, onde prosseguirá a

reclamação trabalhista já ajuizada. No Juízo Tra-balhista, o reclamante comprovará os dados fáti-cos que comporão a relação fatos-norma objetiva,vale dizer, os fatos sobre os quais a norma obtidaincidirá. Dessa incidência, poderá surgir o direi-to subjetivo perseguido, sendo tal, decisão do Juí-zo Trabalhista.”

Desta forma, no dia 22 de junho de 2011 o Su-premo reconheceu esta mora legislativa e decidiupor julgar procedentes os mandados de injunçãodos trabalhadores da Vale. Todavia, o própriorelator, ministro Gilmar Mendes, não soube aocerto qual será a norma a ser criada para o casoconcreto, sendo que várias propostas foram levan-tadas, incluindo aquela contida no MI 95supracitado.

Este advogado apontou uma simples soluçãode um dia por mês laborado, eis que a proporcio-nalidade ficaria melhor ressalvada por mês do queanual ou quinquenalmente. Isto evita que traba-lhadores deixem de ganhar um considerável nú-mero de dias a mais de aviso prévio por conta depoucos dias ou meses.

Em face deste impasse com relação à norma aser criada no caso concreto, os processos estão

suspensos até que o ministro relator apresenteuma proposta de solução.

Agora, deverá ser elaborada uma norma querespeite a proporcionalidade do aviso prévio, a qualse tornará padrão para as próximas decisões doSupremo sobre o tema do aviso prévio proporcio-nal ao tempo de serviço.

Mas acredito que o ponto mais relevante é quetodas as propostas que forem rejeitadas no STFpor violar a proporcionalidade deverão ser imedi-atamente descartadas no Congresso, caso contrá-rio, se alguma delas for aprovada no Legislativo, jánascerá uma lei inconstitucional.

Assim, o Supremo, apesar de apenas criar umanorma para o caso concreto, também irá induzir oLegislativo a atuar conforme preceitua a Consti-tuição, devendo ser observada a proporcionalidadepor tempo de serviço.

Por fim, vale lembrar que todos aqueles traba-lhadores que queiram fazer valer seu direito aoaviso prévio proporcional deverão entrar com ummandado de injunção no Supremo até que sejacriada lei sobre o tema pelo Congresso Nacional.

Esta será a única forma de garantir o direito dotrabalhador, e também uma forma de pressão paraque o Congresso Nacional crie finalmente uma leisobre o aviso prévio proporcional.

* Advogado da Associação dosEmpregados da Vale em Sergipe (Aerds)

BRUNO JOSÉSILVESTREDE BARROS*

O trabalhador que queira fazer valer seu direito ao avisoprévio proporcional deve entrar com mandado de injunção

no STF até que seja criada lei sobre o tema pelo Congresso

Page 13: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 13

Reformulado e mais completo,Portal da OAB/RJ facilita navegaçãoPara atender a quase um milhãode visitas mensais e acompanharos serviços e as campanhaspromovidas pela Seccional nosúltimos anos, o Portal da OAB/RJ(www.oabrj.org.br) passou poruma reformulação radical em seuconceito e em seu layout. Amudança, exibida desde o dia 8de agosto, acompanha aatualização do projeto gráfico daTRIBUNA, que também se tornoumais leve e fácil de ler.

Entre as principais alterações,está a opção por cores, tipologiae elementos que dão aspectomais suave às páginas do site.Além disso, o acesso acampanhas foi facilitado, com asubstituição de muitos bannerspor menus.

Outro destaque é o espaçodestinado a serviços eprerrogativas, bandeirasimportantes da atual gestão. Paraisso, foram criadas páginasexclusivas para a Comissão deDefesa, Assistência ePrerrogativas da OAB/RJ (Cdap) epara a Caarj.

“A reformulação foi feita pensandonas facilidades de navegação. Asnotícias continuam tendo lugarde destaque no portal, mas o sitefoi rearrumado para que eventos,vídeos, convênios e campanhastambém ficassem em evidência”,explica o superintendente deComunicação da Seccional, CidBenjamin.

Veja, nos tópicos ao lado, asprincipais novidades.

CONTATOLinha direta com osdepartamentos da OAB/RJ e formulários paradúvidas em serviçoscomo Mandado BB,Recorte digital e paga-mento de anuidade

PESQUISAResultados mais apura-dos e divididos emcategorias, incluindovídeos e imagens PRERROGATIVAS E CAARJ

Páginas com as últimasnoticias da Cdap e tambémcom informações sobrebenefícios, parcerias e convê-nios firmados pela Caixa

MENU VERTICALAcesso rápido a linksmais procurados no sitee a campanhas comoFique digital e PelaMemória e pela Verdade

TV OAB/RJAgrupamento devídeos relacionadosà Seccional

NOTÍCIASAgrupamento pordata e possibilida-de de leitura daslinhas iniciais

EVENTOS EEXAME DE ORDEMDestaque constante einformações prelimi-nares

DESTAQUE VARIÁVELDestaque para assuntosque devem ficar visíveispor um período deter-minado, como Quinto,Prerrogativas, Confe-rência etc.

ÁREA RESTRITACrédito específico para cadaprotocolo de pagamento emmandados do Banco doBrasil e novo serviço dealvarás trabalhistas

Page 14: Tribuna do advogado de agosto de 2011

Criada em agosto de 1971, TRIBUNA repercutiu principais fatos políticose jurídicos do Brasil, ajudando a contar a história da OAB e do próprio país

MARCELO MOUTINHO

Otexto, em tom beletrista e fortemente

adjetivado, ocupava toda a capa. Não ha-

via manchete, fotos, o mínimo sinal de cor.

E o alto da página estampava o título: Órgão deDivulgação. Foi assim que, em 11 agosto de 1971,

nasceu a TRIBUNA DO ADVOGADO.

“Em suas quatro páginas, jamais sujeitas ao

contágio político, o advogado encontrará amplo

noticiário forense e da classe, além de crônicas

opinativas, crítica sóbria e construtiva, reparos e

aplausos, estes despidos do aparato consagrador,

tão repudiado, hoje, pelo periodismo de cunho

noticioso”, avisava a matéria de apresentação do

jornal, na verdade um informe com tiragem de 18

mil exemplares e com conteúdo restrito a temas

corporativos. Sua criação fora proposta pelo então

conselheiro Benedito Calheiros Bomfim (ver box).Ao lado de Waldir Freitas de Castro, Paulo Costei-

ra, Haroldo Lins e Silva e Roberto Carvalho de

Mendonça, ele apresentara a proposta de insti-

tuição de um “boletim para veicular informações

sobre as atividades dos órgãos congêneres, publi-

car ordens de serviço, resoluções administrati-

vas, decisões judiciais, projetos de lei, relatórios

de congressos jurídicos e outras matérias de in-

teresse da classe”, como revela a ata da 1.519ª ses-

são do Conselho.

O nome TRIBUNA DO ADVOGADO só viria

em 1976. Mas desde as primeiras edições, que

tinham Serrano Neves como redator-chefe, o jor-

nal serviu como caixa de ressonância das ações

da OAB, ecoando, também, muitos episódios da

história do país nas últimas quatro décadas. Fun-

dada sob a sombra da ditadura militar, com a qual

conviveu por 13 anos, a TRIBUNA retratou a luta

da Ordem pelo restabelecimento da democracia,

a denúncia do terrorismo de Estado, o apoio à con-

vocação de uma Assembléia Constituinte e das

Diretas Já, e a participação da Seccional no movi-

mento pró-impeachment do então presidente

Fernando Collor de Mello.

O protesto contra o estado das coisas, que in-

cluía uma censura ferrenha, muitas vezes se deu

de forma criativa. Em outubro de 1971, por exem-

plo, uma das páginas trazia o título Sete anos doConselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Hu-mana, mas sem nenhum texto embaixo. No mes-

mo ano, a TRIBUNA divulgou a campanha pela

restituição do habeas corpus, suspenso pelo go-

verno de Emílio Garrastazu Médici, e o desagravo

da OAB/RJ a Sobral Pinto, intimado a prestar de-

poimento em um Inquérito Policial Militar (IPM)

instaurado contra um de seus clientes. Sobral se

recusara a fazê-lo.

Em 1977, ano que marca o aparecimento dos

primeiros anúncios publicitários no jornal, uma dos

principais matérias foi a entrevista com o general

Rodrigo Otávio Jordão Ramos, na qual ele pedia a

revogação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). A queda

de braço com o governo militar teria mais um capí-

tulo em 1978, quando, em reportagem sobre a VI

Conferência Nacional dos Advogados, a TRIBUNA

reproduziu, em título, a declaração do então presi-

dente do Conselho Federal, Raymundo Faoro: “Só a

democracia defende o interesse nacional”.

Foi nesse período que as subseções ganharam

espaço exclusivo na publicação. O destaque, po-

rém, continuava sendo o combate contra o regime

de exceção. “A Constituinte é a melhor arma con-

tra o terror”, dizia a manchete da edição especial

de agosto de 1980, fechada às pressas pelo editor

Leo Guanabara apenas algumas horas após o aten-

tado a bomba que vitimou dona Lyda Monteiro.

Em abril de 1981, ante a explosão de outra bomba,

dessa vez no Riocentro, a TRIBUNA denunciou a

“farsa jurídica” do IPM, no qual comissão insti-

Quatro décadas de informaçãoe debate ao lado dos advogados

Page 15: Tribuna do advogado de agosto de 2011

Em 1967, advogados da oposi-

ção, aglutinados no movimento Re-novação, elegeram sete conselhei-

ros, entre os quais me encontrava,

derrotando parcialmente a chapa

oficial da OAB, que, desde sua cri-

ação, elegera todos os seus candi-

datos. O cenário em que vivia o ór-

gão era desolador. A Caarj não possuía serviços médi-

cos, nem prestava assistência aos advogados. Logo

verifiquei que a preocupação da entidade era acumu-

lar capital com a renda dos imóveis adquiridos. Com

o apoio de meus colegas eleitos, insurgi-me contra

essa prática. Propus também a criação de uma bibli-

oteca. A proposta foi aprovada, nomeado um bibliote-

cário, mas a biblioteca nunca foi instalada.

Estávamos no auge da ditadura militar, e o próprio

Conselho agia de forma a não contrariar o regime. A

Seccional não possuía órgão de divulgação, nem mes-

mos para seus atos. Propus, então, a criação de um

boletim, para defesa das prerrogativas (desrespeita-

das) dos advogados e denúncia das violências das au-

toridades. Relator da indicação, o conselheiro Serrano

Neves ofereceu parecer contrário a seu acolhimento,

por entender inoportuna e inconveniente a proposta.

Aprovada esta por escassa maioria, o então presiden-

te do Conselho, Edmundo de Almeida Rego, guardou-

a por dois anos. Eleito conselheiro, e como novo presi-

dente da Seccional, José Ribeiro de Castro Filho, que

fora derrotado na eleição anterior, desengavetou a pro-

posta e publicou o boletim, do qual Serrano Neves se

tornou fervoroso editor. O ato destemido de Ribeiro

de Castro ganhou a admiração dos opositores da dita-

dura, e surpreendeu, porque sua atuação anterior era

muito conservadora. Na sua gestão, a TRIBUNA era,

talvez, a única voz a denunciar as violências do regi-

me, coerente, aliás, com sua corajosa defesa pessoal

da classe e do Estado de Direito. Restabelecida a de-

mocracia, o jornal só acumulou prestígio, ganhando,

já há cerca de cinco anos, uma feição moderna e exce-

lente apresentação gráfica.

* Advogado trabalhista e ex-presidente do Institutodos Advogados Brasileiros (IAB), Calheiros

Bomfim foi o autor da indicação no sentido de que oConselho criasse um órgão informativo

‘Na ditadura, era umavoz a denunciar asviolências do regime’

BENEDITOCALHEIROSBOMFIM*

tuída especialmente pela Ordem encontrou inú-

meras falhas.

Três anos depois, o jornal relatava o apoio do

Conselho à posição da OAB Federal em defesa da

Emenda Dante de Oliveira, que propunha as elei-

ções diretas para presidente do Brasil. Na esteira

da campanha que tomou conta do país, a OAB/RJ

engrossou o ato do dia 21 de março, na Candelária.

Com o início da redemocratização, as páginas

passaram a ser ocupadas por artigos e matérias

que promoviam uma reflexão sobre os rumos do

país. O futuro passava pela promulgação de uma

Constituição cidadã, e o trabalho em prol de uma

Assembleia Constituinte tornou-se prioridade

para a Ordem.

Neste sentido, a instituição promoveu, em

1985, o congresso De olho na Constituinte, que

reuniu cientistas sociais, historiadores, filósofos

e advogados. Nomes como Darcy Ribeiro, Lean-

dro Konder, Antonio Houaiss, Millôr Fernandes,

Fernando Lyra, Helio Jaguaribe e Antônio

Evaristo de Moraes, cujas ideias foram reporta-

das na TRIBUNA.

Já naquele tempo, o problema do desrespeito às

prerrogativas era assunto. Em 1984, o jornal noticiou

representação da OAB/RJ contra a juíza que enquadrou

o então conselheiro Fernando Batista Freire por

desacato a autoridade. Freire fora interpelado pela

magistrada porque chupava uma bala durante a

audiência e se negou a cuspi-la, já que “nenhuma

lei o obrigava” a seguir tal procedimento.

A partir de 1985, a TRIBUNA ganhou caráter

mais eclético, com seções dedicadas a esportes,

cinema, música, literatura e TV. O cartunista

Henfil e os jornalistas João Máximo e Sandro

Moreyra foram alguns dos colaboradores daquele

período, quando o jornal se caracterizava também

por reportagens fora do âmbito estritamente jurí-

dico, como as que retrataram as vidas do jogador

Heleno de Freitas e do escritor João do Rio. Fez

muito sucesso entre os leitores ainda a série so-

bre o caso Euclides da Cunha – sucessivas edi-

ções expuseram a íntegra das peças do processo

sobre sua morte.

Na década de 1990, o jornal ganhou cores e,

embora com perfil mais corporativo, abordou a

participação da Ordem no movimento pelo

impeachment e na campanha pela erradicação da

fome no Brasil, liderada pelo sociólogo Herbert de

Souza, o Betinho, além de registrar as mudanças

tecnológicas que irrompiam com intensidade. Em

novembro de 1996, as páginas centrais veiculavam

reportagem sobre o começo da popularização da

internet, explicando ao leitor o que afinal, era, a

ainda incipiente rede virtual.

As sucessivas reformas gráficas, nesses 40

anos, procuraram manter a publicação sempre

antenada com as tendências e necessidades do

design. A última delas, feita em 2007, deu à TRI-

BUNA as feições atuais, que nesta edição, para

marcar o aniversário, foram ainda mais suaviza-

das. Do pequeno boletim ao informativo que, hoje,

chega a 28 páginas, com matérias sobre os mais

relevantes acontecimentos do universo jurídico e

político, muito tempo se passou. A gestão profis-

sional, o visual contemporâneo e o aprimoramen-

to do conteúdo não modificaram, porém, o espíri-

to que viceja desde a primeira edição: o jornal

continua sendo, em sua gênese, uma verdadeira

tribuna para os advogados do Rio de Janeiro.

Cartum de Henfil, que foi colaborador do jornal

Page 16: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 16

Investigaçõessobre desvio dedoações à RegiãoSerrana serãoacompanhadaspela Ordem

Os presidentes da OAB/Nova Friburgo,

Carlos André Pedrazzi, e da Comissão de

Direitos Humanos da Seccional, Margarida

Pressburger, visitaram, no dia 14 de julho, al-

guns dos locais atingidos pelas chuvas de janeiro.

A constatação foi que, sobretudo nos bairros mais

afastados do centro de Friburgo, e também no

município vizinho, Teresópolis, ainda há áre-

as com escombros, encostas sem contenção,

ruas e estradas danificadas, rios assoreados, pon-

tes destruídas e moradores — cujas casas foram

interditadas pela Defesa Civil — sem receber o

aluguel social. Isso sem mencionar os 153 corpos

que continuam desaparecidos.

Indignada com a situação, Margarida cri-

ticou o descaso do Poder Público. “Estamos

voltando para conferir o ver o que foi feito

com a verba destinada pelos governos esta-

dual e federal, e também com os donativos

em dinheiro que vieram das embaixadas da

Suíça e dos EUA. O mundo se comoveu e co-

operou, e, infelizmente, não estamos vendo o

resultado dessa cooperação”, desabafou.

Pedrazzi, por sua vez, ressaltou a importân-

cia de a Ordem não deixar de fiscalizar o que

está sendo efetivado. “Não podemos permi-

tir que a situação caia no esquecimento. Ain-

da há muito o que ser feito em Nova Friburgo

e em toda a região”, afirmou.

A morosidade na reconstrução também

chamou a atenção do Tribunal de Contas da

União (TCU), que, em conjunto com o Mi-

nistério Público Federal (MPF), abriu inves-

tigação para apurar o destino dos cerca de

R$ 100 milhões remetidos pelo governo fede-

ral para socorrer as cidades após a tragédia.

Do total da verba, R$ 70 milhões foram libe-

rados para o governo estadual, R$ 10 milhões

para a prefeitura de Friburgo e R$ 7 milhões

para a de Teresópolis.

Em Friburgo, muitas áreas

ainda apresentam sinais

da tragédia de janeiro

SUBSEÇÕES

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 16

Page 17: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 17

Na Zonal de Cantagalo,subseções manifestampreocupação com destinode verbas destinadas à SerraA necessidade de uma postura ativa da OAB nafiscalização do destino das verbas e a cobrançapor uma recuperação mais ágil das cidadesafetadas pelas chuvas na Região Serrana deram otom da Reunião Zonal realizada no dia 8 de julho,em Cantagalo. A impressão geral é que, seis mesesapós a tragédia, pouco foi feito para prevenir novosdesastres. “Precisamos descobrir onde está odinheiro das doações e as verbas encaminhadaspelos governos estadual e federal. Não podemosadmitir irresponsabilidades políticas”, disse otesoureiro da Caarj, Ricardo Menezes.A Seccional e as subseções da região, quepromoveram ações sociais, prestação de serviços,arrecadação e distribuição de doações, acompa-nharam de perto o drama das vítimas e, de acordocom Ricardo, não podem se omitir em ummomento tão importante.Neste sentido, além de apoiar a fiscalização douso das verbas, a OAB/RJ e a Caarj vão estender oapoio financeiro aos advogados da região. “Aeconomia das cidades ainda não se restabeleceu.Localidades que já passavam por problemas, comoCordeiro, estão experimentando um período aindamais difícil”, disse o presidente da 45ª Subseção,Dominique Sander.Durante a reunião, foram debatidas tambémalternativas para melhorar a prestação jurisdicio-nal na Serra. O presidente da OAB/Nova Friburgo,Carlos André Pedrazzi, propôs a utilização doProtocolo Geral (Proger) para o envio de petiçõesdestinadas aos tribunais superiores. “Com osavanços da tecnologia, é um absurdo que umadvogado tenha que percorrer longas distânciassomente para dar entrada em um recurso”,ponderou.Os problemas do Judiciário foram levados àreunião também pelos presidentes da OAB/Teresópolis, Jefferson Soares, e da OAB/Petrópo-lis, Herbert Cohn. Em Teresópolis, a subseçãopromoveu um encontro com os advogados dacidade para ouvir suas queixas sobre a Justiçalocal. A lista de reclamações será levada aosjuízes da comarca.Já a OAB/Petrópolis apresentou a proposta de umpiso mínimo para as ações dos juizados especiaiscíveis. Herbert sugeriu que a ideia seja levada aoConselho Nacional de Justiça (CNJ). “Seria

De acordo com o TCU, a reconstrução não foi

iniciada em nenhuma das cidades e, ainda assim,

o Poder Público não prestou contas da utilização

do dinheiro. O secretário estadual de Obras, Hudson

Braga, se defendeu, argumentando que se trata de

contratos recentes, “assinados em 3 de julho”.

Segundo declarou em entrevistas, os R$ 70 milhões

recebidos teriam sido aplicados em aluguel de equi-

pamentos, contratação de pessoas para a remoção

de entulho e máquinas para abrir os acessos.

No dia 12 de julho, o jornal O Globo publicou

matéria que denunciava a cobrança de propina

para realização de contratos com empreiteiras em

Teresópolis. Segundo investigação do MPF, have-

ria um acordo entre secretários municipais e

empresários. A reportagem reiterou uma suspei-

ta que já circulava pela cidade. Desde março, uma

Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada

pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de

Janeiro (Alerj) investiga irregularidades na admi-

nistração do prefeito Jorge Mário. A CPI foi o re-

sultado de uma série de manifestações populares

feitas após a tragédia. Entre as acusações contra o

prefeito, estavam a falta de planejamento para a

reconstrução de Teresópolis, o não pagamento do

aluguel social e o desvio de doações.

Para acompanhar as investigações, a Subseção

de Teresópolis nomeou um advogado que partici-

pará da análise dos documentos junto à Alerj. “Por

intermédio dele, poderemos passar perguntas, ini-

ciativas e ações aos vereadores. Além disso, leva-

remos ao MP as informações que obtivermos para

cobrar ações”, explicou o presidente da subseção,

Jefferson Soares.

A investigação do MPF revela, igualmente, des-

perdício de verba pública em Friburgo, como a

compra, sem licitação, de material médico-hos-

pitalar pela Fundação Municipal de Saúde. A quan-

tidade de material comprada, salienta o MPF, su-

pera o volume necessário, mesmo em situação

emergencial. Há, ainda, registros de serviços pres-

tados sem assinatura de contrato, desvio de di-

nheiro com uso de “laranjas”, pagamentos de ser-

viços fictícios e a empresas fantasmas ou de fa-

chada, além de fraudes em nota fiscal.

uma forma de acabar com o absurdo desentenças no valor de R$ 50, por exemplo. Isso éuma afronta à população e ao trabalho dosadvogados”, reclamou.Presidente da OAB/Cantagalo, Guilherme deOliveira aguarda a instalação da Vara Trabalhista,já aprovada pelo tribunal, na comarca. Desde ofechamento da Vara do Trabalho de Cordeiro, acompetência das duas comarcas foi transferidapara Nova Friburgo. “A necessidade de locomoçãodificulta o acesso à Justiça. É o avanço social dointerior retrocedendo”, lamentou.A Vara Única de Cordeiro é outra que continuaprejudicando os colegas. Entre as reivindicaçõesdos advogados do município, estão a nomeação deum juiz-titular e a contratação de mais funcionári-os. “Já realizamos uma manifestação no Fórum,mas precisamos da presença da Seccional paralegitimar nossa reivindicação”, disse o presidenteda subseção, Dominique Sander.

Pedrazzi,

presidente

da OAB/

Friburgo

Ricardo Menezes e Guilherme de Oliveira

Page 18: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 18

Consequências do Complexo Petroquímicode Itaboraí para o Poder Judiciário sãodebatidas na Reunião Zonal de Rio Bonito

A preocupação com as conse-quências da instalação do ComplexoPetroquímico do Rio de Janeiro (Com-perj), que deve gerar aumento na de-manda do Judiciário na Região Me-tropolitana do estado, dominou os de-bates da Reunião Zonal realizada, nodia 1º de julho, em Rio Bonito. O en-contro reuniu representantes dasOABs de Itaboraí, Niterói e São Gon-çalo, além da subseção anfitriã.

O presidente da 35ª Subseção,Jocivaldo Lopes, lembrou que a ex-

A OAB/Niterói inaugurou, no dia 5 de julho, seu Centro de Inclusão Digital, que contacom nove computadores com acesso à internet e um professor para orientar oscolegas. O espaço é voltado para o atendimento dos advogados que não dispõem osequipamentos necessários para trabalhar com o processo eletrônico ou ainda têmdúvidas sobre o assunto. “Não podemos marginalizar aqueles que não estavampreparados para trabalhar com as novas tecnologias”, afirmou o vice-presidente daSeccional, Sérgio Fisher, na inauguração.Como revelou o presidente da OAB/Niterói, Antonio José Barbosa da Silva, a ideia decriar o centro surgiu quando os dirigentes da subseção perceberam as dificuldades doscolegas para pôr em prática o que aprendiam sobre o processo eletrônico. “O processo digitalé um caminho sem volta. Está sendo implantado no Judiciário em grande velocidade, e éimportante que os advogados entrem na era virtual”, disse.O Centro de Inclusão Digital funciona no 9º andar da Subseção de Niterói, em salacedida pela Escola Superior de Advocacia. Mais informações pelo telefone (21) 3716-8900.

Foram realizadas, no dia 6 dejulho, as cerimônias de possed a s p r i m e i r a s d i r e t o r i a s d aOABs da Pavuna e de Seropédi-ca. A subseção da Pavuna é pre-sidida por Antonio Carlos Ro-cha Faria e tem na sua diretoria

Antonio Pires(vice-presidente),Chistóvam Colom-bo Pires (tesourei-ro), Maria de Fáti-ma Lira MonteiroFigueiredo (secre-tária-geral) e Ja-queline AparecidaGomes de Melo (se-cretária-adjunta).

Já a diretoria da

pectativa é que o município deItaboraí, onde o Comperj está sendoconstruído, ganhe 700 novas indús-trias nos próximos cinco anos. Com oaumento da oferta de empregos, apopulação pode chegar, em dez anos,a um milhão de habitantes, alerta ele.“Se a população aumenta, cresce tam-bém a quantidade de ações na Justi-ça. O Comperj ainda está em fase deconstrução e a distribuição de pro-cessos na Vara Trabalhista já foi am-pliada significativamente”, observou.

No sentido de evitar oacúmulo de processos, Jo-civaldo defendeu mais in-vestimentos no Judiciáriolocal. “Além de melhoriasnas áreas de saúde, segu-rança pública e sanea-mento básico, é funda-mental dispensarmosessa atenção à Justiça. Acidade já cumpre as exi-gências para receber no-

vas varas. Mas, no momento, consi-dero que com mais uma, e a nomea-ção de juízes substitutos, consegui-remos atender à demanda”, afirmou.Ainda segundo ele, outra alternativapara melhorar a prestação jurisdici-onal seria possibilitar que a nova VaraTrabalhista de Itaboraí atendessetambém os advogados de Rio Bonito,Silva Jardim e Tanguá.

O presidente da OAB/Rio Bonito,César Gomes de Sá, encampou aideia: “Há um projeto de transferên-cia da competência dessas comarcaspara a Vara Trabalhista de Araruama.Caso se confirme, além de percorreruma distância maior, os colegas ain-da terão a despesa do pedágio da es-

OAB/Niterói inauguraCentro de Inclusão Digital

trada na ida e na volta. Com certeza, amedida dificultará o acesso à Justi-ça”, salientou.

O tesoureiro da Caarj e presiden-te da Comissão da Justiça do Traba-lho da Seccional, Ricardo Menezes,defendeu um mapeamento dascompetências das varas trabalhis-tas em todo o estado. “Há muitoscasos de localização de competên-cias absurdas, quando há opçõesem cidades mais próximas”, argu-mentou. Ricardo disse acreditarque a implantação de postos avan-çados solucionaria alguns dessesproblemas.

A situação na varas do trabalhoé semelhante em São Gonçalo, comorevelou o presidente da subseçãolocal, José Luiz Muniz. Ele pediuo apoio da Seccional para que sejasolicitado ao Tribunal Regional doTrabalho (TRT-1) a atuação de Gru-po de Apoio Correcional (Graco), que vemcorrigindo problemas em diversas va-ras trabalhistas.

Também estiveram presentes ospresidentes das subseções da Ilha doGovernador, Luiz Carlos Varanda, eda Leopoldina, Frederico Mendes.

Diretorias da OAB/Pavuna e daOAB/Seropédica tomam posse

Subseçãode Seropé-dica temF á b i oLuiz Fer-reira comopresiden-te e é com-p o s t a ,também,por Jac-q u e l i n eCaet a n odo Canto Silva (vice-presidente),Marcus Vinicius Câmara de Oli-veira (tesoureiro), Eliecir Gonçal-ves de Oliveira (secretária-geral) eNaralice Antunes Prado Cabral (se-cretária-adjunta).

SUBSEÇÕES

Antonio Carlos Faria

Fábio Luiz Ferreira

À mesa, LuizCarlos Varanda,César Gomes deSá e RicardoMenezes

Page 19: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 19

Desde o início de sua gestão, o presidente daOAB/CE, Valdetário Monteiro, assumiu duas ban-deiras: a defesa das prerrogativas e a ampliação emelhoria dos serviços, preparando os advogadospara as mudanças do Judiciário com a virtualizaçãodos processos. A partir dessas diretrizes, Valdetáriopromoveu iniciativas como a criação do Portal da Trans-parência da seccional e o movimento Justiça Já.

Preocupado com o aumento expressivo do nú-mero de inscritos e em realizar as mudanças dedentro para fora, a OAB/CE decidiu dinamizarseus processos internos. “Fomos a primeira OABdo Brasil com tramitação do processo adminis-trativo disciplinar 100% virtual”, garante Valdetário.Para isso, a diretoria promoveu a capacitação de todoo conselho seccional, do Tribunal de Ética e Dis-ciplina e de mais de 50 servidores.

Para Valdetário, o primeiro passo foi dado. Eleafirma que, para que a advocacia possa dar uma

SECCIONAIS

OAB/Ceará prepara advogadospara processo eletrônico e cobramelhorias no Judiciário local

resposta às crescentes demandas, é fundamentalque o Judiciário, sobretudo o Tribunal de Justiçado estado, consiga, também, atualizar sua es-trutura, tornando virtuais todos os processose acelerando os julgamentos. O movimentoJustiça já veio justamente para cobrar efici-ência. “Fizemos um grande ato cívico em fren-te ao fórum. O presidente do Conselho Federal,Ophir Cavalcante, esteve presente e nos deu todoo apoio. Reivindicamos maior agilidade,contratação de novos servidores, abertura do Ju-diciário e, também, a criação de mais varas doTrabalho”, destaca Valdetário.

Para minorar as dificuldades da transição parao processo eletrônico, a seccional firmou convêniocom o TJ/CE, assumindo a responsabilidade defornecer, gratuitamente, cursos de capacitaçãopara que advogados e estagiários aprendam a uti-lizar o novo sistema. Além disso, também estão

sendo oferecidos cursos a distância por meio daTV Web, acessada pelo site da entidade.

Em 2010, a seccional cearense criou o Portal daTransparência, que disponibiliza em tempo real agestão dos recursos. “Ao mostrar como o dinheiroestá sendo gasto, a OAB/CE passa segurança etranquilidade aos colegas. Eles sabem quanto pa-garam de anuidade, e é justo que tenham conhe-cimento do que está sendo feito com o dinheiro”,agumenta Valdetário.

ValdetárioMonteiro,presidenteda OAB/Ceará

Page 20: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 20

Page 21: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 21

Oferecer aos colegas a possibili-dade de diversificar e aprimorar suacapacitação é o objetivo da ESA ao dis-ponibilizar, em agosto, oito novos cur-sos sobre os mais variados assuntos.Previdência complementar, advocaciacível, juizados especiais, Direito dasObrigações, Deontologia Jurídica,Direito Ambiental, propriedade eusucapião, e marketing jurídico se-rão os temas abordados.

Com início previsto para o dia 11de agosto, a segunda turma de Intro-dução à Previdência Complementarterá lições às terças e quintas-fei-ras, das 19h às 21h30. Novamentesob coordenação da presidente daComissão de Previdência Comple-mentar da OAB/RJ, Gema Martins,o curso tem um custo de R$ 380 e

se estenderá até 27 de setembro.Tendo os advogados principian-

tes como público-alvo, o curso de Prá-tica de Advocacia Cível confirma osucesso iniciando sua sexta turma no dia12 de agosto. Ministradas por NahimMurad, as aulas serão realizadas até 16de dezembro, às sextas-feiras, das 10hàs 12h30. O valor é de R$ 250.

A teoria e a prática da Lei nª 9.099/95 serão o foco de Gustavo Manso deOliveira ao abordar os juizados espe-ciais cíveis no curso que aconteceentre 16 de agosto e 20 de setembro.A um valor de R$ 90, as aulas serão àsterças-feiras, das 18h30 às 20h30. Tam-bém previstas para durar até setem-bro, as classes de Direito das Obri-gações se iniciam em 17 de agosto.Custando R$ 150, serão apresentadas

por Affonso PernetJúnior, às quartas-feiras, das 9h às12h.

Para iniciar nodia 23, estão mar-cados dois cursos,ambos ao custo deR$ 100. Sob res-ponsabilidade deAurélio Bouret, aslições sobre pro-priedade e usuca-pião acontecerãoàs terças e quin-tas-feiras, entre10h e 12h, até 1º de setembro. Já ocurso de extensão em Deontologiajurídica será realizado, sob a batutade Rogério Borba, às terças-feiras, até

ESA oferece oito novoscursos no mês de agosto

ESA25 de outubro, das 9h30 às 11h30.

No dia 24, será a vez do curso deDireito Ambiental, organizado emparceria com a Comissão de DireitoAmbiental da Ordem. As aulas — àssegundas e quartas, das 18h30 às 21h— irão até 6 de dezembro. Os custossão de R$ 500 para profissionais e deR$ 400 para estagiários.

Finalizando omês, Diogo Hudson co-ordena o curso Saibaadministrar seu es-critório de advoca-cia: Marketing jurí-dico. Com aula inau-gural marcada para29 de agosto, o cursoterá a duração dequatro semanas,sempre às segun-das-fe iras , das18h30 às 21h30. Ocusto é de R$ 120.

As inscr içõesdevem ser feitas pelo

Portal da OAB/RJ (www.oabrj.org.br).Mais informações pelo [email protected] ou pelo telefone2272-2097.

Page 22: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 22

Um balanço da efetiva participação de pesso-as com deficiência no mercado de trabalho foi fei-to no seminário que o Instituto Brasileiro dos Di-reitos da Pessoa com Deficiência (IBDD) reali-zou na sede da OAB/RJ, no dia 25 de julho, tendocomo tema Uma lei que promove a cidadania nãopode ser marginalizada. A lei em questão é de nº8.213, que, há exatos 20 anos, instituiu que em-presas com mais de cem funcionários devem des-tinar aos deficientes de 2% a 5% de suas vagas.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego(MTE) mostram que, nesse período, quase trêsmilhões foram empregados, mas apenas 25% dasvagas que deveriam ter sido criadas pela lei foramrealmente abertas. Segundo a superintendente-geral do IBDD, Teresa Costa d´Amaral, fica evi-dente que a lei necessita de importantes ajustes,

Seminário na OAB/RJ avalia participação depessoas com deficiência no mercado de trabalho

Geraldo Nogueira, presidente da comissão

como a inclusão de pequenas e médias empresas(com menos de cem funcionários), com cotas ade-quadas, pois são as que mais abrem vagas no país,atualmente.

O presidente da Comissão de Defesa dos Di-reitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RJ, Ge-raldo Nogueira, destacou o trabalho que está sen-do realizado pela Ordem por maior acessibilida-de. Para o presidente da Seccional, WadihDamous, o apoio a eventos como esse demons-tra “a real vocação da OAB/RJ de olhar pelasociedade brasileira”. O seminário contouainda, entre outras autoridades, com as partici-pações do senador Lindberg Farias (PT/RJ), dodeputado federal Miro Teixeira (PDT/RJ) e da se-cretária municipal da Pessoa com Deficiência,Georgette Vidor.

Manifesto contra internação compulsóriade crianças reúne entidades na SeccionalUm ato de repúdio à atual política derecolhimento e internação compulsó-ria adotada pela prefeitura do Riopara crianças e adolescentes vítimasdo uso de drogas reuniu na OAB/RJ,no dia 25 de julho, representantes doConselho Nacional dos Direitos daCriança e do Adolescente (Conanda),vinculado à Secretaria de DireitosHumanos da Presidência da Repúbli-ca, dos conselhos profissionaisregionais de Serviço Social, Enferma-gem e Psicologia e de organizaçõesde defesa dos direitos da infância,

com o apoio das comissões deDireitos Humanos e de Política sobreDrogas da Seccional.No ato, denominado Recolher não éacolher, foi lido manifesto subscritopelas entidades, com a apresentaçãode relatórios de visitas de fiscalizaçãorealizadas por profissionais das áreasde serviço social, psicologia eenfermagem nos abrigos utilizadospela prefeitura para o acolhimentodos menores dependentes de drogasrecolhidos nas ruas. De acordo com omanifesto, que será encaminhado àsautoridades competentes, a metodo-logia adotada pela Secretaria munici-pal de Assistência Social privilegiauma “ação de defesa da ‘ordempública’, de natureza higienistatravestida de assistência social”, emdetrimento de políticas públicas eserviços intersetoriais de qualidadepelo Estado. Para a presidente daComissão de Direitos Humanos daOAB/RJ, Margarida Pressburger, aação da prefeitura é inconstitucional.O presidente do Conselho Regional de

Serviço Social, Charles Toniolo,relatou a ausência de assistentessociais na abordagem e no recolhi-mento dos menores, segundo ele feitode forma “violenta e agressiva”. Arepresentante dos profissionais deenfermagem, Kátia Calegaro, disseter verificado a inexistência de umserviço de enfermagem estruturadopara atender e dar suporte aotratamento com medicamentoscontrolados. O conselheiro doMargarida Pressburger

Wanderley Rebello

Conanda no Rio de Janeiro, CarlosNicodemos, afirmou que está muitoclaro o caráter de “ação de conten-ção” e de “criminalização da pobreza”adotado pela prefeitura, e que énecessária a união de esforços dasentidades para propor uma políticaalternativa à da prefeitura. Foramrelatados maus tratos às criançasabrigadas na unidade da prefeiturana Rua Alice, em Laranjeiras.Moradores denunciaram violênciacontra os menores e encaminharamqueixa ao Ministério Público.Todos concordaram que o recolhi-mento e a internação compulsóriaestão sendo realizados ilegalmente,contrariando as leis que regulam apolítica de saúde mental e os direitosda criança e do adolescente, entreoutras. Pela OAB/RJ, subscreveram omanifesto os presidentes das comis-sões de Direitos Humanos, MargaridaPressburger, e de Política sobreDrogas, Wanderley Rebello.Leia o manifesto no Portal da Seccio-nal: www.oabrj.org.br.

Page 23: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 23

Não se questiona o compromisso público da Prefeitura do Riode Janeiro em enfrentar com vigor a seriíssima questão social decrianças e adolescentes viciados em crack. Há, no entanto,questionamentos a serem feitos no tocante às diretrizes quenorteiam tal atuação.

A Constituição da República tutela a criança e o adolescentecom as garantias da proteção integral e da convivência familiarplena. A sociedade e o Estado foram, de fato, elencados pela Carta

Magna como corresponsáveis, mas em complementaridade ou substituiçãoexcepcional à família.

Neste sentido, na medida em que a criança ou o adolescente envolvido coma droga tenha família conhecida e esta se insurja contra a internação, acompulsoriedade jamais poderia ter lugar, sem que houvesse um processojudicial destinado a conhecer e julgar a questão, e em cujo âmbito se respeitas-sem os princípios da ampla defesa e do contraditório.

Se, em determinado contexto fático, os pais — responsáveis primeiros peloinfante — porventura não demonstrassem possuir suficiente ingerência sobreos destinos do filho, ou se lhes faltasse cuidado ou interesse na preservação daintegridade psicofísica do menor, o Judiciário, na divisão dos poderes estatais,seria a instância competente para decidiracerca da obrigatoriedade ou não dainternação.

Demais disso, há políticas nacionais decombate às drogas que nem de perto vêm sen-do observadas pela Prefeitura.

Assim, a toda evidência a Resolução no 20,editada em 27 de maio de 2011 pela SecretariaMunicipal de Assistência Social — Protocolodo Serviço Especializado de Abordagem So-cial —, viola preceitos constitucionais e nãodeve ter sua aplicabilidade aceita pela comu-nidade jurídica, sob pena de se legitimaremposturas absolutamente contrárias aos direi-tos e interesses da sociedade civil, emboratravestidas de legalidade.

Não se pode, sob qualquer justificativa,ainda que supostamente bem intencionada,admitir arbitrariedades estatais. Menos ain-da em situações que envolvem crianças e/ouadolescentes, os quais devem estar sempre asalvo de qualquer forma de abuso, inclusivedaqueles emanados do próprio Estado.

Indaga-se: o problema do vício najuventude estaria mesmo sendo com-batido por meio do recolhimento de cri-anças e adolescentes a abrigos? Cer-tamente não. O oferecimento de ensi-no de qualidade aos jovens cariocas,esse sim, mostrar-se-ia um caminhoprofícuo a ser trilhado pela municipa-lidade.

*Professora da PUC-Rio econselheira da OAB/RJ

Medida viola Constituição e não deveser aceita pela comunidade jurídica

SAMANTHAPELAJO*

PONTOCONTRAPONTO

Abrigar compulsoriamente crianças e adolescentescom dependência química é zelar pela integridade e apreservação do direito à vida desses jovens. A Constitui-ção determina que é dever de todos a proteção da criançae do adolescente e, neste caso, há de prevalecer o dever doEstado de tratá-los. Muitos tendem a ver o direito de ir evir da criança e do adolescente, mas ninguém os viu usu-

fruir desse direito passando dias, semanas e até meses sem ir em casa, expos-tos a todo tido de perigo, se prostituindo, roubando, sem comer, sem ter infân-cia, sem estudar, fumando crack.

Se os pais não agem, o Poder Público tem a obrigação de proteger. Aocontrário do que alguns dizem, o sucesso nos casos de dependentes de drogasinternados compulsoriamente é grande. Muitos se recuperam do vício porquesão obrigados a terminar o tratamento. E, no caso dos jovens que os profissio-nais da Secretaria de Assistência Social encontram abandonadas nas craco-lândias, apenas aqueles com histórico de uso compulsivo de crack — apósanálise de médicos e psiquiatras — são levados aos abrigos.

Desde maio, quando foi instituído o novo Protocolo de Abordagem Social,apenas 82 das 245 crianças e adolescentes re-colhidos foram levados ao abrigamento com-pulsório. Esses números caracterizam sim-ples ações de “faxina” ou “higienização”, comoafirma quem é contra?

Ninguém faz nada por esses jovens enquan-to estão jogados nas ruas. Estamos apenas cum-prindo o dever de protegê-los, como determinao Estatuto da Criança e do Adolescente.

E vale ressaltar que não fazemos isso alea-toriamente. Todo o trabalho vem sendo acom-panhado por promotores e pela Vara de Infân-cia e Juventude para evitar irregularidades eabusos contra os jovens.

O que tem que ser discutido é que estamoslidando com um problema muito grave.Muitas dessas crianças e adolescenteschegam aos abrigos com problemas quevão muito além da própria dependênciado crack. Antes de serem acolhidas, vivi-

am pelas ruas, no meio do lixo, em condiçõesdegradantes. Só quem já se predispôs a entrarnuma cracolândia sabe do que falo.

E, pelo que me consta, não recebiam ajudade ninguém. Agora, que estão recebendo trata-mento, cuidados, boa alimentação, proteção ecarinho, tem gente achando que não estão bem.

Estavam em melhores condições nas ruas?Se eu abrir a porta de cada abrigo e deixar queesses jovens voltem para as ruas, alguém sehabilita em pegá-los para cuidar?

* Secretário municipal de AssistênciaSocial do Rio de Janeiro

RODRIGOBETHLEM*

Estamos cumprindo o dever deprotegê-los, como manda o Estatuto

Internaçãocompulsória

de dependentesde drogas

Page 24: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 24

L i v r o d e c a b e c e i r a

Teoria Constitucionalnorte-americana

Organizado por José Ribas Vieira, o livro traz estudos de diferentesautores sobre o Direito Constitucional Estadunidense. Tema comacesso cada vez maior devido à publicação de obras especializadasna internet, os sistemas jurídicos estrangeiros têm sido usados comoreferência não apenas de forma mais frequente como, ao mesmotempo, mais articulada. Ana Luiza Saramago Stern, Daniel Almeidade Oliveira, João Carlos Castellar, José Guilherme Berman e ThulaRafaela de Oliveira Pires tratam de diferentes aspectos referentes àmatéria. Todos os trabalhos foram elaborados no âmbito doPrograma de Pós-Graduação em Direito da PUC-Rio. O livro é daeditora Lumen Juris. Mais informações pelo telefone (21) 3505-5888 ou no site www.lumenjuris.com.br

ESTANTE

Medida ProvisóriaObjeto de tese defendida por Luiz Eduardo Anesclar na Universidad deGranada, na Espanha, o livro cuida de uma das principais fontes de introduçãode normas no ordenamento jurídico brasileiro das últimas décadas: a medidaprovisória. A matéria gera polêmica, entre outros motivos, por, comoinstrumento de inserção de normas no ordenamento jurídico através do PoderExecutivo, melindrar o Estado de Direito e a democracia e, ao mesmo tempo,burlar a garantia destinada ao Congresso Nacional para a produção primáriada lei. A obra é da editora CRV. Mais informações pelo telefone (41) 3039-6418 ou no site www.editoracrv.com.br

ContratosA obra de Paulo Lôbo apresenta um estudo completoda teoria geral dos contratos e dos principaiscontratos civis contemporâneos. As transformaçõessocioeconômicas e a multiplicidade de atividadesnegociais surgidas nos últimos tempos mudaram oalcance do contrato, tornando necessária a aborda-gem de novos temas, como, por exemplo, constituci-onalização do Direito Contratual, massificação sociale revisão judicial. O livro é da editora Saraiva. Maisinformações pelo telefone 0800-055-7688 ou nosite www.saraivajur.com.br

Shopping centerConscientes da importância crescente do setor e atentos à necessidadede esclarecimentos conceituais diante da elevação nos conflitosenvolvendo empreendedores e lojistas, Daniel Alcântara Nastri Cerveira eMarcello Dornellas de Souza elaboraram o livro Shopping center –Limites na liberdade de contratar. A obra aborda, de modo prático, duasdas questões contratuais mais usuais do cotidiano dos shoppings: ascláusulas de raio e a revisão de aluguéis , analisando suas relações coma progressiva elevação dos conflitos jurídicos envolvendo empreendedorese lojistas em torno destes temas do Direito Empresarial. O livro é daeditora Saraiva. Mais informações pelo telefone 0800-055-7688 ou nosite www.saraivajur.com.br

Alienação parentalA interferência na formação psicológica dacriança ou do adolescente por um dosgenitores, ou qualquer outra pessoa, pararepudiar ou rejeitar o outro genitor foiintitulada, pela Lei nº 12.318/2010, dealienação parental. Fábio Vieira Figueiredo eGeorgios Alexandridis assinam um textoobjetivo e didático, com a concisão da novalei, formada por apenas 11 artigos. O livro éda editora Saraiva. Mais informações pelotelefone 0800-055-7688 ou no sitewww.saraivajur.com.br

Jayme Asfora*Quase memória, de Carlos Heitor Cony, é umlivro antológico que está sempre na minhacabeceira. O romance nos mostra, com rarasensibilidade, diante da efemeridade da vida, aimportância de vivermos plenamente opresente “como se não houvesse amanhã”,como disse Renato Russo. E de valorizarmos

as coisas simples do dia a dia, como o convívio com quemamamos e que, frequentemente, negligenciamos. Tenho sempre,também, o último livro de Rubem Fonseca, seja de contos, comoo delicioso Axilas e outras estórias indecorosas, ou novela, comoa igualmente recém-lançada José. Por fim, todo dia procuro ler OEvangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, verdadeirabússola para todos os momentos neste plano terreno, bem comoo livro de Chico Xavier, que sempre me ensina muito”.

* Conselheiro federal da pela OAB/PE e presidente da Comissãode Direitos Humanos da OAB Nacional

Direito PrevidenciárioFábio Zambitte trata do Direito Previdenciário analisando as normassem se descuidar dos aspectos práticos, úteis no cotidiano profissional,e, principalmente, da doutrina acatada e jurisprudência predominante.Estruturado como curso, o livro sistematiza os principais aspectos daprevidência social, fornecendo uma visão geral e particularizandoalgumas questões que provocam reflexão e dúvidas entre os interessa-dos na matéria. A obra, que tem como alvo os profissionais das áreastrabalhista, fiscal e previdenciária, é da editora Impetus. Maisinformações pelo telefone (21) 2621-7007 ou no sitewww.impetus.com.br

Page 25: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 25

Tendo como mote os dez anos do Estatuto da Cidade, aEscola Superior de Advocacia (ESA), em parceria com aPUC-Rio e com o Instituto de Pesquisa e PlanejamentoUrbano e Regional da UFRJ, realizará o 1º SeminárioFluminense de Direito Urbanístico. O evento acontecerános dias 4, 5 e 6 de outubro, na OAB/RJ, e contará coma participação de conferencistas de diversas instituições,que vão, por intermédio da análise da história e deexperiências recentes, avaliar os efeitos e tendênciasfuturas do Direito Urbanístico.As inscrições custam R$ 30 para estudantes e R$ 60para profissionais, e devem ser feitas pelo Portal daOAB/RJ (www.oabrj.org.br), no qual também pode serencontrada a programação completa do evento. Maisinformações pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone(21) 2272-2097.

PANORAMA

A Comissão de Arbitragem da OAB/RJ prepa-rou, para o segundo semestre, uma série de eventossobre a matéria. Além do já tradicional curso, serãooferecidas palestras gratuitas, ministradas por algunsdos principais especialistas do país.

O curso será realizado entre os dias 13 de se-tembro e 22 de novembro, sob a coordenação dopresidente da comissão, Joaquim Muniz, e deKatherine Spyrides. As aulas serão às terças equintas-feiras e os R$ 500 da inscrição podem serdivididos em duas parcelas.

As palestras gratuitas, afirma Muniz, podemservir como preparação para o curso. A próximaserá no dia 17 de agosto, às 18h30, quando Os te-mas polêmicos da Arbitragem estarão em pauta. A

OAB/RJ promove curso e ciclode palestras sobre arbitragem

mesa será formada por Pedro Batista Martins, JoséEmílio Nunes Pinto e Marcelo Ferro.

Em seguida, virão palestras sobre Problemasconcernentes à anulação de sentenças arbitraisdomésticas e A importância da sede na arbitra-gem, também sem custo algum para os colegas. Aprimeira, proferida por Sergio NelsonMannheimer e Marcelo Dickenstein, aconteceráem 17 de outubro, às 18h30, enquanto a segundaestá marcada para 7 de dezembro, às 9h30, e seráminstrada por José Maria Rossani Garcez eFabiane Verçosa.

Todos os eventos serão realizados na OAB/RJe as inscrições devem ser feitas pelo Portal daSeccional (www.oabrj.org.br).

Inscrições abertas para o1º Seminário Fluminensede Direito Urbanístico

Regularização fundiáriaurbana é tema de curso

A Regularização fundiária urbanae os novos caminhos do DireitoUrbanistico brasileiro foram o tema docurso gratuito promovido, em 29 de ju-lho, pela Comissão de Direito Urbanís-tico da OAB/RJ. Na abertura do evento,o presidente da comissão, RafaelMitchell, destacou a oportunidade de,reunindo representantes do Poder Pú-blico e do Direito, “estreitar os canaisde comunicação com a sociedade”.

A primeira palestra foi do coorde-nador das áreas de interesse socialda Secretaria municipal de Urbanis-

mo, Alexandre Furnaletto, que expli-cou o funcionamento do Pouso (Postode Orientação Urbanística e Social),projeto da prefeitura – com 25 unida-des instaladas em favelas e previsãopara instalação de mais 25 este ano –criado para promover a regularizaçãode imóveis e a urbanização das co-munidades, orientando e auxiliandoos moradores nesse sentido.

O diretor de regularizaçãofundiária do Instituto de Terras eCartografia (Iterj) do estado, WalterElísio, discorreu sobre o papel da

autarquia na regularização fundiáriade terras públicas estaduais. Ele afir-mou que o fundamental na questão éque “a regularização não seja umaimposição à comunidade, que deveparticipar de todas as suas etapas”.

A legitimação da posse foi o temaabordado pelo desembargador Mar-co Aurélio Bezerra de Melo. Ele suge-riu mudanças na Lei nº 11.977, quedispõe sobre o Programa MinhaCasa, Minha Vida, e a regularizaçãofundiária de assentamentos localiza-dos em áreas urbanas. De acordo comMarco Aurélio, deveria haver um pra-zo mais curto (atualmente demoramais de cinco anos) entre alegitimação da posse e a efetivação dapropriedade. “A regularizaçãofundiária é um grande passo para re-duzir a violência social”, disse.

Também participaram do curso odefensor público Alexandre Mendes,o professor do Ippur/UFRJ Alex Maga-lhães e o presidente de honra da Co-missão de Direito Urbanístico, pro-fessor Ricardo Pereira Lira.

RafaelMitchell

Page 26: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 26

DIRETORIA DA SECCIONALPresidente:Wadih Nemer Damous FilhoVice-Presidente:Sergio Eduardo FisherSecretário-Geral :Marcos Luiz Oliveira de SouzaSecretário-Adjunto:Wanderley Rebello de Oliveira FilhoTesoureiro:Marcello Augusto Lima de Oliveira

CONSELHEIROS EFETIVOSAdilza de Carvalho NunesAdriana Astuto PereiraAfrânio Valladares FilhoAlvaro Sérgio Gouvêa QuintãoAnderson Elisio Chalita de SouzaAndrea Saramago Sahione de AraujoPuglieseAndré Porto RomeroBernardo Pereira de Castro Moreira GarciaBreno Melaragno CostaBruno CalfatCarlos Fernando de Siqueira CastroCarlos Henrique de CarvalhoCarlos José de Souza GuimarãesCláudio Sarkis AssisDaniele Gabrich GueirosDéa Rita MatozinhosDiogo Rudge MalanEduardo Antônio KalacheEduardo de Souza GouveaFelipe Rocha DeiabFernanda Lara TórtimaFlávio Antonio Esteves GaldinoFrancisco Gonçalves Dias

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2010/2012)

Gabriel Francisco LeonardosGuilherme Pollastri Gomes da SilvaGustavo Binenbojm Gustavo Senechal de GoffredoJonas Oberg FerrazJorge Augusto Espósito de MirandaJosé de Anchieta Nobre de AlmeidaJosé Nogueira D’AlmeidaJosé Oswaldo CorreaJosé Ricardo Pereira LiraJosé Roberto de Albuquerque SampaioLeonardo Branco de OliveiraLeonardo Ducan Moreira LimaLuciano Vianna AraujoLuiz Américo de Paula ChavesLuiz Alberto GonçalvesLuiz Bernardo Rocha GomideLuiz Filipe Maduro AguiarLuiz Gustavo Antônio Silva BicharaMarcelo Feijó ChalreoMarcelo Mendes Jorge AidarMarcia Cristina dos Santos BrazMarcio Vieira Souto Costa FerreiraMarcos BrunoMarcos Dibe RodriguesMaria Margarida Ellebogen PressburgerMauricio Pereira FaroMauro Abdon GabrielMônica Prudente GiglioMurilo Cezar Reis BaptistaNewma Silva Ramos MauésNilson Xavier FerreiraNiltomar de Sousa PereiraPaolo Henrique Spilotros CostaPaulo Parente Marques MendesPaulo Renato Vilhena PereiraPaulo Rogério de Araujo Brandão CoutoRanieri Mazilli Neto

Raphael Ferreira de MattosReinaldo Coniglio Rayol JuniorRenan AguiarRenato Cesar de Araujo PortoRenato Neves ToniniRicardo Lodi RibeiroRoberto Ferreira de AndradeRoberto Monteiro SoaresRodrigo Garcia da FonsecaRonaldo Eduardo Cramer VeigaSamantha PelajoSergio Batalha MendesVania Siciliano AietaTatiana de Almeida Rego Saboya

CONSELHEIROS SUPLENTESAlexandre Freitas de AlbuquerqueAndre Andrade VizAntonio Geraldo Cardoso VieiraAntonio Jose de MenezesAntonio Santos JuniorAntonio Silva FilhoAstrogildo Gama de AssisBruno Vaz de CarvalhoCarlos Gustavo Loretti Vaz de AlmeidaBarcellosCarlos Nicodemos Oliveira Silva Cesar Augusto Prado de CastroClaudio Goulart de SouzaEduardo Farias dos SantosFabio Coutinho KurtzFernando José Alcantara de MendonçaFlávio Vilela AhmedGeraldo Antonio Crespo BeyruthGeraldo Marcos Nogueira PintoGilberto FragaIvan de Faria Vieira JuniorJansen Calil SiqueiraJoaquim Tavares de Paiva Muniz

Jonas Gondim do Espirito SantoJonas Lopes de Carvalho NetoJorge Antonio Vaz CesarJorge TardinJosé Alzimé de Araujo CunhaJosé Antonio Rolo FachadaLeda Santos de OliveiraLivia Bittencourt Almeida MagalhãesLuiz Roberto GontijoMarlos Luiz de Araujo CostaMaxwel Ferreira EisenlohrNorberto Judson de Souza BastosPaulo Haus MartinsRicardo BrajtermanRoberto Dantas AraujoRogério Borba da SilvaRomualdo Mendes de Freitas FilhoSelma Regina de Souza Aragão ConceiçãoWarney Joaquim Martins

CONSELHEIROS FEDERAISCarlos Roberto Siqueira CastroClaudio Pereira de Souza NetoMarcus Vinicius CordeiroSuplentes: Gisa Nara Maciel Machado daSilva e Ronald Cardoso Alexandrino

MEMBROS HONORÁRIOSVITALÍCIOS

Alvaro Duncan Ferreira PintoWaldemar ZveiterEllis Hermydio FigueiraCesar Augusto Gonçalves PereiraNilo BatistaCândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterCelso FontenelleOctavio Gomes

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕES

Nova Iguaçu: Jurandir CeulinDuque de Caxias: Geraldo Menezes deAlmeidaPetrópolis: Herbert de Souza CohnBarra Mansa: Ayrton Biolchini JustoVolta Redonda: Rosa Maria de SouzaFonsecaBarra Do Piraí: Leni MarquesValença: Munir AssisSão Gonçalo: José Luiz da Silva MunizNova Friburgo: Carlos AndréRodrigues PedrazziMiracema: Hanry Felix El-KhouriItaperuna: Adair Ferreira Branco JuniorCampos: Filipe Franco EstefanTeresópolis: Jefferson de Faria SoaresTrês Rios: Sérgio de SouzaMacaé: Andréa Vasconcelos MeirellesNiterói: Antonio José Maria Barbosa da SilvaBom Jesus de Itabapoana: Luiz CarlosRibeiro MarquesResende: Samuel Moreira CarreiroSão João De Meriti: Júlia Vera deCarvalho SantosCabo Frio: Eisenhower Dias MarianoAngra Dos Reis: Claudio Rupp GonzagaMagé: Sérgio Ricardo da Silva e SilvaItaguaí: José Ananias Silva de OliveiraNilópolis: José Carlos Vieira SantosItaboraí: Jocivaldo Lopes Da SilvaCantagalo: Guilherme Monteiro de OliveiraVassouras: José Roberto CiminelliAraruama: Ademario Gonçalves da Silva

Campo Grande: Mauro Pereira dos SantosSanta Cruz: Milton Luis Ottan MachadoBangu: Ronaldo Bittencourt BarrosMadureira/Jacarepaguá: Roberto LuizPereiraIlha Do Governador: Luiz Varanda dos SantosSão Fidélis: Magno Rangel RochaRio Bonito: César Gomes de SáParaíba Do Sul: Eduardo Langoni deOliveiraSanto Antônio De Pádua: AdautoFurlani SoaresMaricá: Amilar José Dutra da SilvaParacambi: Cleber do Nascimento HuaisParaty: Benedita Aparecida Corrêa doNascimentoMiguel Pereira: Darcy Jacob de MattosPiraí: Carlos Alberto dos SantosRio Claro: Adriana Aparecida MartinsMoreiraItaocara: Fernando José Marron da RochaCordeiro: Dominique Sander Leal GuerraCambuci: Elizeu MacieiraMendes: Paulo Afonso Loyola CostaSão Pedro D’aldeia: Julio Cesar dosSantos PereiraCachoeiras De Macacu: Cezar AlmeidaMangaratiba: Ilson de Carvalho RibeiroRio Das Ostras: Alan Macabú AraujoBelford Roxo: Abelardo Medeiros TenórioQueimados: José Bofim Lourenço AlvesMéier: Humberto CairoPorciúncula: José Nagib SacreBarra Da Tijuca: Luciano Bandeira ArantesSaquarema: Miguel Saraiva de SouzaLeopoldina: Frederico Mendes

Mobilização, com o apoio daOAB/RJ, para a aprovação, no

Congresso Nacional, do projeto de leique estende à Justiça do Trabalho opagamento de honorários desucumbência; ajuizamento de açõespara que as empresas repassem aosadvogados trabalhistas empregados

Álvaro Quintão toma posse no Sindicato dos Advogados

os honorários a que têm direito; cam-panha para a realização de concursopara a magistratura no Tribunal deJustiça; cobrança de melhorias nosjuizados especiais. Esses foram oscompromissos assumidos pelo pre-sidente do Sindicato dos Advogados,Álvaro Quintão, ao tomar posse, no dia

Felipe Santa Cruz,Fernando Fragoso, SérgioBatalha, Wadih Damouse Álvaro Quintão

7 de julho.“A relação que o sindicato preten-

de ter com o Judiciário é de parceria,mas também de muita cobrança. Semnos afastarmos do papel político quedesempenhamos na retomada dosrumos da nossa OAB/RJ, estamos emnova fase, mais livres para nos dedi-

carmos ainda mais fortemente à nos-sa tarefa constitucional, que é defen-der os advogados em seus direitostrabalhistas. Temos muito o quefazer, e começaremos já a bater àsportas”, afirmou Álvaro, ao lado davice-presidente da entidade, NaideMarinho.

Os presidentes da Seccional,Wadih Damous, e da Caarj, FelipeSanta Cruz, manifestaram apoio ànova gestão, saudada também pelopresidente do Instituto dos Advoga-dos Brasileiros (IAB), FernandoFragoso, e pelo conselheiro da OAB/RJ Sérgio Batalha, que transmitiu ocargo de presidente do sindicato e deuposse aos diretores, eleitos em maio.“No que depender de mim, o sindi-cato pode contar com a Ordem paratodos os projetos de interesse da ad-vocacia e da sociedade”, afirmouWadih, que lembrou os muitos anosdedicados à entidade. “A Caixa tam-bém está à disposição, e será parcei-ra do sindicato”, completou Felipe.

Cerca de 350 pessoas compare-ceram à cerimônia de posse, realiza-da no Clube dos Advogados.

Page 27: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO / 2011 - 27

Juízes“Gostaria de parabenizar o presidente Wadih Damouspela oportuna colocação com relação à postura dosjuízes (...). Tal colocação, corajosa e feita de formatransparente, revela a verdadeira face daquelesjulgadores, que se consideram acima do bem e domal. A nota da Ajuferj tenta nada mais do que negar oinegável, inclusive atacando a OAB/RJ, pois tangenciaas soluções necessárias e reforça o corporativismo.Aliás, o andar de cima do Judiciário parece estarsempre muito bem coordenado na defesa de seusprivilégios. Parabéns, mais uma vez, por dizer o queeu e os advogados sempre quisemos dizer”.José Antônio Rodrigues Mayerhofer (OAB/RJ 132.759)

Terno e gravata“Li e vou opinar a respeito da vestimenta do advogadoa serviço. Advogado não é militar para andar comvestimenta uniformizada. Basta uma referência éticasobre a necessidade de apresentação pessoal condi-zente com a credibilidade que a profissão requer. Umasimples diretriz regulamentar básica do tipo de trajerecomendado para o advogado usar já basta para quemesmo os mais simplistas no trajar cumpram ummínimo aceitável de figurino social. Não pode haverrigidez, como se verifica em corporações fardadas emque a padronização descaracteriza a personalidade doindivíduo como pessoa que tem seu próprio carisma,sua aparência diferenciada; enfim, em comum só temo nome da profissão, e o esmero de trajar-se adequa-damente para o exercício profissional, sem que tenharegras sociais rígidas de como trajar-se, mas preser-vando o bom senso visual, a decência moral, e orespeito aos bons costumes. Isso pode não requerer ouso de paletó e gravata, pois essa moda está emdesuso; até porque está aumentando muito a classe debandido engravatado no mercado dentro e fora detodos os ambientes... Abaixo a gravata! Queremos

praticidade, conforto e modernidade, criando nossospróprios estilos de vestes de caráter profissional comliberdade e direito de expressão pessoal (...)”.Carlos Henrique Arend (OAB/RJ 121.725)

Exame de Ordem“A opinião do presidente Wadih Damous, no artigo Onó da questão, publicado no Jornal do Commercio de13 de julho, está a merecer os nossos parabéns por suapertinente e interessante assertiva, quando coloca comoo nó da questão a precariedade do ensino, e não oexame em si. Acrescentamos que a hipótese nos remetea uma parábola, pois ilustra uma situação de naturezaética indireta, ao remetermos a questão para a esferados concursos públicos de ingresso nas carreiras afetasao Judiciário. Se o nó da questão estivesse somente naprecariedade do ensino, tal circunstancia justificaria apouca aprovação nesses concursos públicos, nunca sepreenchem as vagas ofertadas, as aprovações sãomínimas. Porém, muitas vezes os aprovados, tornam-seinjustos, prepotentes e não têm pudor em não cumpriras suas próprias funções, me perdoem a generalização,pois existem exceções. Será que os melhores e maispreparados se tornam, também, após aprovados, osmais preparados e melhores? O cotidiano não nosmostra isso, não cansamos de ver, embora a vistagrossa seja o imperativo, o negligenciar do próprioexercício funcional, transmudando a investidura edelegando a quem não se concursou a própria tarefa de‘julgar’, ‘defender’, ‘denunciar’ etc. (...). O nó daquestão é mais profundo”.Odir de Araujo Filho (OAB/RJ 64.645)

Juizados“Quero reiterar minha satisfação por confirmar que oatual mandato diretivo na OAB/RJ permanece preocu-pado em garantir a dignidade necessária para que osadvogados possam exercer a advocacia, e assim

Nas redes sociaisFacebook/OABRJ

Terno e gravata

Andre Roquete: "Não são o paletó e a gravata que dignificam oadvogado, tampouco a toga distingue o juiz, mas sim o saberjurídico, a observância à ética". Muito bom, Wadih Damous!

Entrevista de Wadih Damous no Conjur

Claudia Bassan: Eles não querem admitir que a lei declara queos advogados estão em igualdade aos juízes, procuradores edefensores. Por dignidade à categoria a OAB não pode seomitir!

@welderqs: Fica aqui minha indignacao e solidariedade aoscolegas procuradores da OAB/RJ @ronaldo_cramer e@gperesoliveira. Atitude antidemocrática. #ternoegravata

@gilivre: Excelente o curso de Capacitação Digital oferecidohoje pela @OABRJ_oficial . A Profa. Ana Amélia MennaBarreto foi brilhantemente didática.

possam bem cumprir seu labor na defesa de direitospróprios e alheios. Manter continuamente um canal dereclamação contra o desdém ou a precariedade doPoder Público (em especial contra o desserviço dosjuizados especiais, que se mostram deficientes)deveras é uma atitude louvável e honrosa, além deinédita na história da OAB/RJ, que merece o devidoreconhecimento por parte de todos os cidadãos eadvogados que dele se valham! (...)”Márcio Archanjo Ferreira Duarte (OAB/RJ 148.542)

Twitter: @OABRJ_Oficial

CARTAS [email protected]

ClassitribunaCONSULTORIA PARA ADVOGADOS E EMPRESAS - Civil, Co-mercial e Trabalhista. Recursos para o TJ, STJ e STF. Grande experi-ência no contencioso. Dr. Hélio (OABRJ - 9.709) Tels: 2284-7886 /2284-2860 / 9643-0199. E-mail: [email protected].

PETICIONAMENTO ELETRÔNICO - Instalo programas depeticionamento de todos Tribunais, certificado digital e leitorada OAB. Aulas de informática básica para peticionamento. Con-sultor formado pela Certisign. Carlos Wellisch - 21-8216-0804 [email protected]

ESCRITÓRIO VIRTUAL – Av. Rio Branco, 181. Venha conhe-cer nossas novas instalações! Total infra-estrutura, atendimento te-lefônico com transmissão de recados, endereçamento comercial, salasde atendimento e reunião com ramal telefônico e internet, fax e im-pressões. Tenha já seu escritório a partir de R$ 90,00. Site:www.atriumoffices.com.br – Tels.: (21) 2292-8488 / 2544-2666.

SALAS COMPARTILHADAS – Escritório junto Justiça Fede-ral, Metrô. Computadores individuais. Permite-se dupla. Veja site:www.jbgscc.adv.br - Antonio/Raquel. Tel: 2240-3026 / 2220-9032.

PROMOÇÃO REPÚBLICA POPULAR DA CHINA - VISI-TANDO: HONG KONG - SHENZHEN - NANKIN -SHANGHAI - CHONGQUING - TIBET - XIAN – BEIJING.Saída: 30 Setembro - 20 dias. Conhecendo o Trem bala - Tremmagnético - A maior ponte do mundo - e o Polo eletrônicouniversal. Reservas com Danillo Santos - Tel: (21) 2262-0266/0366 - Email: [email protected]

ADMITE-SE ESTAGIÁRIO – Admite-se estagiário de direitoque esteja cursando o sexto período e que tenha inscrição naOAB/RJ. Escritório em Copacabana. Tratar pelo telefone (21)2256-7879 ou (21) 2547-5936, Dr. Henrique.

JCS CÁLCULOS JUDICIAS LTDA. - Perito Judicial - Cálcu-los Trabalhistas, Cíveis, Federais e Estadual, Expurgos Poupan-ças, FGTS e Rest. IRRF s/Prev. Privada. (Portador terceirizado)Matriz - Av. Graça Aranha, 206-512/4 – Centro - Tel: 2240-0650/ 2533-0779 / 7851-9029/ 83*5130 – Filial - Rua Prof. FranciscoPiragibe, 169 – Taquara – JPA - Rua FORUM de JPA. Telefax: 3432-8013 / 2426-0161 -www.jcscalculos.com.br

CONTRATOS IMOBILIÁRIOS – Assistência Técnica emPerícias Judiciais. Inspeção e Vistoria de Edificações. Avaliaçãode Financiamentos. A. COLLET ENGENHARIA & FINANÇAS.Tel: (21) 2420-9239. Site: www.acollet.com.br. English: written/ spoken.

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA DE ALTACOMPLEXIDADE - Dr. José Nunes (OAB/RJ 115.964): ProfessorUERJ/CEPED e OAB/ESA. Acesse www.jcnunes.adv.br e conheçanossos serviços e contratos. Leia o curriculo lattes na CNPQ em http://lattes.cnpq.br/2995835872114837. Tels. 2517-3433 / 8102-9488.E-mail: [email protected].

ASSESSORIA E CONSULTORIA PARA ADVOGADOS - Ini-ciais, recursos (nas duas instâncias). Embargos. JEC. Mediação.Audiências. Sustentação oral. Orientação para alunos, estagiári-os, recém-formados. Prova OAB. Orientação para trabalhos aca-dêmicos. Dra. Nancy Tel: 21-2273-5927. Cel.: 9912-3878.

VENDEMOS IMÓVEIS - Lançamentos (comercial, residencial),avulsos, terrenos para Incorporadoras e alugueis. Trabalhamos commuita competência e ética. Atuamos nas Regiões dos Lagos, Costa Ver-de, Serrana e Metropolitana. Temos o melhor para satisfazê-lo. Javert -CRECI 40978 - Tels 21 3259.6112 - 9382.2853 [email protected] / Marina Maria - CRECI 48740 - Tels 21-3437.9131 - 9587.6073 - [email protected]

APRENDA A ADVOGAR - Estudo dirigido de prática jurídicapara recém-formados e estagiários. Casos concretos, audiênciasimulada, petição inicial e recursos. 3x R$100,00 (apostila incluida).Informações: Dra. Carina ( 8181-8164 ou 2210-1245) ou Dr. Marcelo(8108-6211). E-mail: [email protected]

PONTAL CÁLCULOS JUDICIAIS – Elaboramos cálculosjudiciais na esfera Trabalhista, Cível, Federal e Estadual.(FGTS e Poupança), Anatocismo (Cartão de Crédito –Empréstimo – Leasing de Automóveis) e Quesitos paraPerícias. Nota: Escaneie as peças principais do seu proces-so e nos envie. Prazo: 5 dias úteis. Rua Senador Dantas nº 117sala 1.927 – Centro – Rio de Janeiro. Cep. 20034-900 Tels: (21) 2210-5209 / 2220-1178. E-mail: [email protected]. Site:www.pontalcalculosjudiciais.com.br.

ASSESSORIA JURÍDICA – Oriento na elab. Peças em 1ª e 2ª ins-tâncias; sustentação oral TJ; aulas reciclagem Civil e Proc. Civilpart. ou grupo; Auxílio em audiências. Tels: 2258-0347 / 9797-6161.

REDUZA CUSTO – Escritório virtual. Centro - Av. Rio Branconº 147. Aluguel de horários fixos/temporários. Serviços: End.coml., secretária, internet, fax. Visite: www.officerio.com. E-mail:[email protected] Tels.: 21-2224-3443 / 21-2507-2602.

AULA PRÁTICA DE CERTIFICAÇÃO DIGITAL – Treina-mento para o imediato aprendizado da prática de peticionamentoeletrônico com uso da Certificação Digital: Programas de leiturado chip; geração de arquivos PDF; assinatura eletrônica; apre-sentação dos portais do TJ-RJ, TRT e Justiça Federal;protocolização eletrônica; visualização de peças. Professor Gui-lherme do Nascimento. Inscrições: [email protected] . In-formações: (21) 9467-1191

Page 28: Tribuna do advogado de agosto de 2011

TRIBUNA DO ADVOGADOÓrgão de Divulgação da OAB/RJAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andarCentro - Cep 20020-080 - Rio de Janeiro - RJ

Rodrigo Terra‘Agências deviam ter agidocontra Light e CEG desde aprimeira explosão de bueiro’

PATRÍCIA NOLASCO

A Light firmou um Termo de Ajustamentode Conduta (TAC) comprometendo-se a in-vestir na modernização de sua rede. Estáprevista multa de R$ 100 mil por bueiro queexplodir. Não seria o caso de a concessioná-ria ser obrigada a um esforço que, num pra-zo curto, resolvesse os problemas? Os mora-dores do Rio continuarão, nesses dois anos,vivendo em um território minado?

Rodrigo Terra – Na realidade, o TAC, alémde tornar público o cronograma de obras para mo-dernizar a rede de câmaras subterrâneas eviabilizar, inclusive, o controle quanto à sua exe-cução, previu que a multa de R$ 100 mil tambémseja aplicada em caso de descumprimento do pra-zo para a execução do cronograma. Ele, por outrolado, é escalonado, quer dizer, até dezembro de2011 prevê a reforma das 1.170 câmaras subterrâ-neas críticas, reduzindo drasticamente o risco deexplosão. É evidente que o MP gostaria que, comorequereu ao Judiciário na Ação Coletiva de Con-sumo que moveu contra as concessionárias Lighte CEG, em 30 dias todo o subterrâneo carioca es-tivesse reparado, para multar as empresas em R$1 milhão por bueiro que voltasse a explodir. Po-rém, a realidade é que seria muito difícil executaressa decisão, caso fosse acolhido o pedido minis-terial, em face da extensa gama de recursos queas poderosas concessionárias viriam a manejarpara suspendê-la e/ou revogá-la, ao passo que a

situação, agora, já está consolidada, há uma mul-ta e um cronograma. Vem-me à cabeça a observa-ção de Montesquieau, que perguntava não se asleis de um país eram boas, mas se eram cumpri-das. A pena de R$ 100 mil será cumprida, no quedepender do MP. Neste contexto, as agências re-guladoras e o próprio Procon/RJ ainda retêm opoder de punir administrativamente com multasmilionárias as reguladas. Finalmente, amobilização de atores importantes do processosocial, como a prefeitura e o Crea, pela solução doproblema já se traduz nas ruas, com obras dasconcessionárias em vários pontos da cidade, de-salojando as minas a que se refere a pergunta.

Como o senhor avalia o comportamento,até agora, das duas concessionárias, Light eCEG, perante a população?

Rodrigo Terra – A situação é gravíssima ejamais poderia ter chegado a este ponto, o quedebito à fraqueza da atuação das agências regula-doras que, desde a primeira explosão, há anos, játeriam que vir exigindo das concessionárias in-vestimentos capazes de evitar novas explosões.De qualquer maneira, qualquer empresa que sevisse enredada em acontecimentos inaceitáveiscomo estes deveria ter se apresentadoproativamente para a população, reconhecendo asua responsabilidade, pedindo desculpas e secomprometendo a resolver o problema com amaior celeridade possível.

O MP não demorou a agir?Rodrigo Terra – O MP instaurou o seu inquérito

civil público em meados de 2010, quando se in-tensificaram as ocorrências, no âmbito do qual

apurou os motivos das explosões e angariou fun-damento para mover a ação coletiva em facedas concessionárias. Releva reiterar que osetor é sujeito à fiscalização direta das agên-cias reguladoras, cuja função precípua seriapunir eventos relativos a anos anteriores. O MPnão é nem fisicamente capaz de se sobrepor àatuação dos demais órgãos da República, nem tema pretensão de fazê-lo.

Diante da deficiência na fiscalização dosistema das redes da CEG e da Light pelasrespectivas agências reguladoras, Agenersae Aneel, a quem os cidadãos podem recor-rer? Haveria a possibilidade de uma eventu-al cassação da concessão da Light?

Rodrigo Terra – O Ministério Público Fede-ral já instaurou procedimento administrativo paraapurar a atuação da Aneel, inclusive por ter con-vertido em obrigação de investimento a multa decerca de R$ 9 milhões aplicada pelos apagões. Acassação da concessão é consequência dodescumprimento das obrigações previstas no con-trato de concessão e, com certeza, a prestação ade-quada do serviço público se insere na categoria.

A investigação penal determinada pelo pro-curador-geral de Justiça, Cláudio Soares Lopes,correrá em separado ao trabalho da 2ª PJ?

Rodrigo Terra – A atribuição da 2ª PJ é limi-tada à esfera da tutela coletiva do consumidor, oque não lhe confere o poder para a investigaçãopenal. De qualquer maneira, este aspecto da res-ponsabilidade pelas explosões não tem como dei-xar de ser investigado, cabendo à 1ª Central deInquéritos.

O promotor Rodrigo Terra, da 2ª Promotoria de Justiça de TutelaColetiva de Defesa do Consumidor do Ministério Público estadual,critica omissão de órgãos reguladores quanto à exigência deinvestimentos das empresas concesssionárias e explica as medidasadotadas pelo MP para que o Rio deixe de ser um território minado.

ENTREVISTA