oabrj - tribuna do advogado de agosto de 2015
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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 3
RECADO DO PRESIDENTE
FELIPE SANTA CRUZ
Na aplicação de recursos,equilíbrio entre o interiorfluminense e a capital
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Este ano, entrega-remos a 14ª nova sede da Ordem no interior do Estado do Rio de Janei-ro, apenas nesta gestão. Depois de Resende, ain-da em agosto, teremos Angra dos Reis e Itaguaí
até dezembro. Em julho, foram Rio Claro e Mangaratiba. São espaços modernos, sem luxo algum, mas funcionais, dignos para quem milita no dia a dia da advoca-cia e precisa de suporte adequado para desempenhar seu trabalho.
Bem antes de chegar à presidência desta Seccional, ainda como diretor do Departamento de Apoio às Subseções, em 2007, com Wadih Damous à frente da OAB/RJ, entendemos que deveríamos aplicar mais igualitariamente os recursos
das anuidades, promovendo paridade entre os investimentos nas sedes da capital e do interior. Ao conhecer bem de perto, anos atrás, as instalações pre-cárias, os velhos equipamentos – havia antigas máquinas de escrever em alguns municípios – e a escassez de recursos para trabalhar, assumimos o compromis-so de mudar essa realidade.
Assim nasceu o projeto OAB Século 21, com o propósito de modernizar o in-terior, dando funcionalidade aos espaços e melhorando os serviços prestados aos colegas. Nesse caminho, foi chegado o momento de investir em tecnologia, com conexões de banda larga, computadores novos e capacitação profissional para o processo eletrônico. Em cada uma das 61 subseções, oferecemos cursos de peticionamento. A campanha Certifica-
ção itinerante possibilitou a aquisição do certificado digital com o mesmo desconto oferecido na capital.
Nesses anos, foram instalados 1.200 computadores nos pontos de atendi-mento da Ordem no estado, que passam de 210, hoje. Considerando somente o período de 2013 a 2015, além de se-des novas e reforma de 15 subseções, estamos entregando aos colegas cinco núcleos digitais, mais de 30 centrais de peticionamento e uma dezena de escri-tórios compartilhados. Entre salas dos advogados nos fóruns e nas subsedes, somam mais de 60 os espaços moder-nizados. São números expressivos, que sustentam e reafirmam o compromisso assumido por esta diretoria com os mais de 70 mil inscritos que militam no interior.
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Diretor: Felipe Santa Cruz
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MENSAGENS
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Greve e prerrogativas“(...) Ao chegar ao cartório da 78ª Vara do Trabalho (...) fui surpreendido com a informação de que o TRT encontrava-se em greve. Solicitei à funcionária que estava no balcão carga de autos (...), o que me foi negado (...). Por estar com prazo em curso, não me restou alternativa a não ser recorrer ao apoio da Cdap. Ao fazer contato (...) , fui muito bem atendido (...) pelo colega Carlos Eduardo Martins, que, ao se apresentar como delegado da Ordem, falou breve-mente com a servidora acerca dos nossos direitos profissionais, tendo a mesma realizado a carga anteriormente negada, de imediato. Mais uma vez pude contar com o trabalho da Cdap. A todos, os meus agradecimentos.”Renato Folhadella (OAB/RJ 131.822)
Página da OAB/RJ no Facebook adere a campanha contra homofobiaJuliana Martinez: OAB/RJ, meus parabéns por apoiar esta causa!
Estela Aranha: Parabéns, OAB/RJ, por me fazer ter orgulho de ser advogada.
Giovanni Pugliese Magalhães: Mais uma vez sinto orgulho em deparar-me com essa posta-gem. A OAB/RJ está de parabéns por tamanha demonstração de respeito ao ser humano e ao princípio basilar que norteia todas as nações desenvolvidas, o da isonomia.
Tânia Albuquerque: Parabéns, OAB/RJ, pela demonstração de apoio!
Sala da OAB/RJ na Cidade da Polícia Civil é inauguradaJosé Carlos Costa: A verdadeira função da OAB é essa. Parabéns!
Site do TJ fica fora do ar e OAB/RJ pede prorrogação de prazosJorge Borges: Parabéns à Comissão de Direito e Tecnologia de Informação da OAB/RJ pelo importante e brilhante trabalho que vem sendo realizado. Nós precisamos e contamos com vocês. Obrigado
Sidnei De Oliveira Paulo: Obrigado à OAB/RJ pela iniciativa
Liminar, a pedido da OAB/RJ, suspende concurso com salário muito abaixo do pisoDébora Vale: Vamos combinar que o salário de R$ 2.432,72 já é vergonhoso... Quiçá R$ 788,00!
Fabio de Azevedo: Este foi o principal motivo pelo qual não me inscrevi para este certame. Parabéns, OAB/RJ, pela iniciativa.
Jane Andrade: Absurdo! Onde nós, advogados, vamos parar?!
Evento na Seccional lembra os 25 anos de luta das Mães de AcariAdiléia Triani: O tempo passou, os crimes prescreveram. Talvez agora os corpos apareçam.
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Índice
36
OAB/RJ entrega este ano a colegas do interior 15 subsedes novas ou reformadas
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8
Entrevista
Vera Malaguti, professora de Criminologia da Uerj
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6
Página
PANORAMA
Inauguração da subseção de Rio Claro, preparação para o processo eletrônico na Leopoldina e busca de acordo para problema de água e esgoto em Campo Grande são destaques40
Página
SUBSEÇÕES
Homenagem a Ricardo Lira, ato das Mães de Acari, debates e palestras realizados pelas comissões da OAB/RJ
Ato na Seccional defende pluralidade das composições familiares
Página
10
Supremo decide se é crime, ou não, porte de drogas ilícitas para uso pessoal16
Página
Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente do TJ, conclama ao necessário equilíbrio dos poderes da República28
Página
ESPAÇO ABERTO
Advogados opinam sobre a descriminalização das drogas22
Página
TRIBUNA LIVRE
PontoContraPonto
A taxação de fortunas, nas visões opostas de Paulo Feldmann e Cesar Moreno
Página
34
Implantação das audiências de custódia no Rio, mudança necessária para reduzir superpopulação carcerária24
Página
Uso do WhatsApp pela Justiça abre debate sobre segurança jurídica30
Página
Diogo Rezende escreve sobre a regulamentação das convenções processuais no novo CPC14
Página
OPINIÃO
Caminhada dos Advogados dia 30, Cineclube Caarj e nova fase de projetos da Caixa
CAARJ
46Página
CULTURA
Novo CPC, gás natural, incentivos tributários e outros lançamentos editoriais
47Página
ESTANTE
44Página
Descontos de até 65% em teatros, festival de esculturas e a Dica do Mês
Comissão atua e consegue vitória em ações contra colegas27
Página
Vida Privada
Flávio Ahmed toca bandolim e violão. Música é seu hobby
Página
50
PRERROGATIVAS
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ENTREVISTA
‘Meios de comunicação têm naturalizado a barbárie’Vera Malaguti – Secretária-geral do Instituto Car ioca de Criminologia
“Temos a maior taxa de crescimento da população encarcerada, a polícia que mais mata no mundo e a população é levada à ideia de que prender mais e matar mais vai resolver alguma coisa”. Contundente na crítica à grande mídia e às proposições legislativas que visariam a reduzir a criminalidade – como o projeto que diminui para 16 anos a maioridade penal –, a socióloga Vera Malaguti, professora de Criminologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, diz que a opção política de tratar questões sociais pelo viés policial-punitivo leva ao afastamento, cada vez maior, de uma saída. E que o “falso consenso construído” para permitir a condenação de adolescentes pode impor “a maior derrota à República e à democracia no Brasil”. Para Vera, a legislação penal tem sido tratada com grandes equívocos por muitos parlamentares, à esquerda e à direita, e por alguns juristas.
PATRÍCIA NOLASCO
O que a senhora pensa sobre a redução da maioridade penal, sob apreciação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal?
Vera Malaguti – Penso que a dis-cussão, na forma como foi conduzida pela Câmara, é um indício de tempos muito terríveis. Como diria Nilo Batista, o uso excessivo do sistema penal é um sinal de intensa conflitividade social. Quando a opção política é tratar as questões sociais pelo viés policial--punitivo, nos deparamos com um paradoxo na democracia ou estamos no limiar de uma ditadura. A grande imprensa, em particular O Globo, está em campanha pela redução, conduzin-do a opinião pública para a profanação de um território sagrado na República brasileira contemporânea, a proteção da nossa infância e da nossa juventude.
A redução da maioridade integra um conjunto de propostas do Legis-lativo que seriam de combate à cri-minalidade, e que a senhora chamou de medidas de aprofundamento da barbárie. Por quê?
Vera Malaguti – Quando falo de barbárie, refiro-me ao conceito de barbárie como excesso de civilização, e não como contraponto à civilização. O que vemos no país hoje é extrema-mente preocupante, linchamentos, exe-cuções policiais, esquadrões da morte e tudo isso naturalizado por um noticiário que evoca mais violência. Na crimino-logia há uma vertente denominada “técnicas de neutralização”: diferentes grupos sociais desenvolvem definições favoráveis à violação da lei. Creio que desenvolvemos técnicas de neutraliza-ção quando não nos indignamos com a violência e a potencializamos na res-posta às infrações, entre elas as juvenis. Temos a maior taxa de crescimento da população encarcerada, a polícia que
mais mata no mundo e somos levados a achar que prender mais e matar mais vai resolver alguma coisa. Assim, vamos nos afastando cada vez mais de uma saída para tudo isso.
A questão criminal no país e a legis-lação penal, no seu entendimento, vêm sendo tratadas de forma adequada por juristas e parlamentares?
Vera Malaguti – Creio que a legisla-ção penal tem sido tratada com grandes equívocos por muitos parlamentares, à esquerda e à direita, e por alguns juristas. Poderíamos dizer que só dão voz no deba-te público ao punitivismo estéril. Estamos atrás de um paradigma estadunidense que já foi superado nos Estados Unidos. A Corte Suprema de lá, por exemplo, de-terminou que o Estado da Califórnia solte cerca de 30 mil presos. Enquanto isso, a cada dia aumentamos penas ou tipifica-mos crimes novos, alimentando a ilusão que a pena executada em nossas prisões infames vai trazer algum benefício. Sinto falta de coragem nos meios políticos e ju-rídicos para se contraporem a essa imensa onda punitiva. Acho também escandaloso que as concessões públicas de rádio e televisão sejam hegemonizadas por esse senso comum barbarizante. Com relação à redução da idade penal, o que ocorre é que o povo brasileiro não tem acesso ao ponto de vista contrário à redução, parece que isso não interessa aos grandes negócios da mídia.
Visto pela criminologia, o que é o populismo punitivo?
Vera Malaguti – O populismo punitivo é o conjunto de discursos que circulam pelo senso comum, tem a ver com a relação da mídia com a questão criminal. Os meios de comunicação no Brasil têm naturalizado a barbárie, é só ligar a tele-visão de tardinha e ver. As políticas de confronto têm criado, nas áreas pobres, uma paisagem de guerra, com episódios macabros que se justificam automatica-mente se forem etiquetados com a marca
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‘Meios de comunicação têm naturalizado a barbárie’“combate ao tráfico”. O Judiciário muitas vezes tem se prestado à policização produ-zindo juízes justiceiros que não se orientam pela proteção dos direitos e das garantias. Outros se acovardam diante da opinião pública, isto é, da opinião publicada na mídia conservadora. Os que se contrapõem são neutralizados ou desmoralizados pela mídia. Vai se criando uma ambiência sub-jetiva a partir dos efeitos dessas premissas que nada tem a ver com dados, estatísticas e experiências concretas. É o caso do de-bate sobre a redução da maioridade penal. Todas as estatísticas, como as apresentadas pelo Ministério da Justiça, demonstram que diminuir a idade não faz nenhum sentido. Nossa realidade demonstra que seria um descalabro se isso acontecesse. Mas quem resiste a meses de Jornal Nacional focando especificamente infrações trágicas prota-gonizadas por jovens (principalmente se forem negros e pobres)? Isso é o populismo punitivo.
Os Estados Unidos, após anos per-mitindo o encarceramento de crianças e jovens, aprovaram leis que tornam mais difícil processar e punir adolescentes como se fossem adultos. O Brasil está caminhando no sentido inverso, inclusive em relação à maioria dos países?
Vera Malaguti – Mesmo os Estados Uni-dos, que impuseram sua política criminal ao mundo, estão mudando de rumo. Não só por boas intenções, mas pela realidade do fracasso do sistema penal para resolver as infrações juvenis ou o uso p r o b l e -m á t i c o de dro-gas, por e x e m -p l o . O B r a s i l e s t á s e i s o l a n d o , inclusive em r e l a ç ã o à
Vera Malaguti – Secretária-geral do Instituto Car ioca de Criminologia
América Latina, e eu atribuo isso ao monopólio dos meios de comunicação que impede a circula-ção de opiniões que atrapalhem seus grandes negócios e os compromissos políticos que os viabilizam. O falso consenso construído para aprovar a redu-ção da maiorida-de penal pode impor, para mim, a maior derrota à República e à de-mocracia no Brasil. Seria a pá de cal no projeto de Brizola e Darcy Ribeiro, uma escola pública, de qua-lidade, laica e em tempo integral. T Fo
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Advogado s recebem 15 sedes modernas
EDUARDO SARMENTO
Com a nova sede da OAB/Resen-de – a inauguração está marcada para meados de agosto –, passam a ser 15 as subseções que ganharam instalações modernas desde o início de 2013. Até o fim do ano serão abertos os novos espaços de Angra dos Reis e Itaguaí e reformadas as unidades de Paraíba do Sul e Três Rios. O presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, observa que os esfor-ços empreendidos para levar aos colegas de todo o estado espaços adequados e confortáveis “são marca da gestão, que tem buscado promover a igualdade de investimentos entre a capital e o interior.”
Além de novas sedes, os colegas do interior ganharam, nos últimos anos, áreas de trabalho em fóruns, serventias e tribunais. Ainda este ano, serão lançadas salas para advogados na Freguesia, em Jacarepaguá; no Juizado Especial Cível de Nova Iguaçu e no Fórum de Nilópolis. Serão abertos, também, um escritório compartilhado e um auditório em Sa-quarema, o Núcleo Digital da Subseção de Campo Grande e a Escola de Inclusão Digital da OAB/Niterói.
O investimento direto em melhorias nas subseções foi um compromisso assu-mido pelo presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, ainda em 2007, como diretor do Departamento de Apoio às Subse-ções (DAS) da Seccional. Ele idealizou o projeto OAB Século 21, com o objetivo de padronizar, modernizar e ampliar as instalações oferecidas aos advogados.
“Historicamente os colegas do inte-rior sofriam com falta de equipamentos e escassez de recursos para trabalhar, sobretudo os profissionais autônomos, que careciam de mais apoio. O OAB Sécu-lo 21 foi pensado para trazer praticidade ao cotidiano dos advogados, facilitando o seu dia a dia”, afirma Felipe.
Se no começo a principal preo-cupação era substituir equipamentos obsoletos e criar um padrão visual para os ambientes, o advento do processo eletrônico obrigou a Ordem a tomar medidas para auxiliar a advocacia na
adaptação aos novos tempos. Em 2013, teve início a segunda fase do OAB Século 21 e, desde então, a prioridade passou a ser o investimento em tecnologia, com conexões de banda larga, a chegada de novos computadores e a capacitação dos advogados.
“Quando começamos o projeto, as salas da Ordem estavam caindo aos pe-daços, com móveis velhos e instalações precárias. Algumas ainda com máquinas de escrever antigas. Era parte do processo de recuperação da auto-estima da classe que esses espaços fossem modernizados e que, ali, o advogado se sentisse dentro da OAB/RJ. Após resolvermos esses problemas, nosso objetivo passou a ser ensinar os colegas a usar o processo ele-
Resende, a ser inaugurada em agosto, Angra dos Reis e Itaguaí, com entrega até o fim do ano e Paraíba do Sul e Três Rios reformadas ainda em 2015 são as últimas unidades prontas e
marcam gestão compromissada em equip arar investimentos no interior e na capital
trônico, fazendo das salas instrumentos de preparação para uma realidade total-mente nova”, explica Felipe.
Desde o início do OAB Século 21, há oito anos, foram instalados mais de 1.200 computadores nos pontos de atendimento da Ordem no estado, que hoje já passam de 210. Isso dá uma média de aproximadamente uma nova máquina a cada dois dias e meio. Se considerarmos apenas o período entre 2013 e 2015, foram inaugurados, além das já citadas sedes de 15 subseções, cinco núcleos digitais, mais de 30 cen-trais de peticionamento e uma dezena de escritórios compartilhados. Entre salas dos advogados localizadas em unidades
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Advogado s recebem 15 sedes modernas
Resende, a ser inaugurada em agosto, Angra dos Reis e Itaguaí, com entrega até o fim do ano e Paraíba do Sul e Três Rios reformadas ainda em 2015 são as últimas unidades prontas e
marcam gestão compromissada em equip arar investimentos no interior e na capital
está sendo investido e que obtenha retorno em serviços dos valores pagos”, salienta.
A aplicação dos recursos não se res-tringe a espaços físicos e equipamentos. Paralelamente a essas melhorias, foram criadas campanhas como a Certificação itinerante, que possibilita aos advogados do interior a aquisição do certificado digital com o mesmo desconto oferecido na Seccional. Foram promovidos, ainda, cursos de peticionamento eletrônico em cada uma das 61 unidades da Ordem no estado.
A diretora de Inclusão Digital da Seccional, Ana Amelia Menna Barreto, tem papel fundamental nesse sentido. “A OAB/RJ é referência nacional quando
o assunto é processo eletrônico e somos frequentemente solicitados a falar sobre nosso conhecimento e experiência em outros lugares do país. Nada mais justo do que fazermos o mesmo dentro de nos-so estado. Conseguimos levar o mesmo conteúdo oferecido na Seccional para advogados de todo o Rio de Janeiro”, orgulha-se ela.
As melhorias realizadas vêm sendo verificadas in loco por Felipe. Em 2014, uma caravana da Ordem percorreu todas as subseções durante o ano. A iniciativa deu certo e vem sendo repe-tida em 2015. “Iniciamos esse itinerário pelo interior com o objetivo de divulgar a 22ª Conferência Nacional dos Advoga-dos, que aconteceu no Rio ano passado, mas as visitas foram tão proveitosas que resolvemos transformar em um roteiro anual. É fundamental ouvir as deman-das e especificidades da advocacia de cada local e é dever do presidente da Ordem conhecer e acompanhar o dia a dia dos colegas de todo o estado. Além disso, a cada município em que verificamos os espaços organizados e funcionais sendo utilizados temos a certeza de que estamos no caminho certo”, finaliza. (Leia mais sobre subse-ções na página 40) T
do Poder Judiciário e subsedes da Sec-cional, foram mais de 60 espaços novos ou reformados.
Toda essa infraestrutura ajuda dia-riamente os mais de 70 mil advogados inscritos em subseções. Segundo Felipe, o investimento foi planejado de forma a diminuir ao máximo os gastos. Para isso, a OAB/RJ conta com funcionários próprios nas reformas e na feitura do mobiliário. “Buscamos nos antecipar às demandas, que crescem cada vez mais rápido nos tempos atuais. As instalações não são luxuosas, mas totalmente funcionais. Os recursos utilizados são provenientes da anuidade paga por cada colega. É funda-mental que ele veja onde seu dinheiro
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Seccional defende famílias afetivas e repudia projeto q ue exclui direitos
Propostas que tramitam na Câmara dos Deputados restringem direitos apenas às famílias formadas por um homem, uma mulher e seus descendentes. Famílias constituídas pelo afeto e filhos adotivos ficam excluídas
NÁDIA MENDES
Um ato conjunto realizado pelas comissões de Direito de Família e de Direito Homoafetivo da OAB/RJ marcou a posição da Seccional em relação ao Projeto de Lei 6583/2013, conhecido como Estatuto da Família. A redação da proposta exclui uniões homoafetivas, famílias por adoção, monoparentais, casais sem filhos e outras formações familiares. A OAB/RJ acredita nas diver-sas composições e repudia qualquer forma de exclusão. O evento aconteceu em 13 de julho, na sede da Seccional.
O presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, frisa que as famílias que tenham filhos adotivos não serão res-guardadas pela lei, caso seja aprovada. “Precisamos deixar claro que a socie-dade atual não tolera qualquer tipo de discriminação. São mais de seis mil crianças privadas de convívio familiar aguardando por adoção. Mesmo que sejam adotadas por um casal forma-do por homem e mulher não serão protegidas por essa lei, que não as contempla. Não podemos aceitar esse retrocesso. É importante existir uma lei para as famílias, mas é preciso que ela integre todas as formações existentes hoje na sociedade, não pode ser uma lei excludente”, argumenta.
No ato, foram expostos os pro-blemas que a aprovação do projeto acarretaria a todos que seriam dire-tamente impactados por ele. “Esse estatuto não terá força para mudar a sociedade”, destacou o presidente da Comissão de Direito de Família da OAB/RJ, Bernardo Garcia. Ele considera o PL uma aberração jurídica que visa
a marginalizar todas as famílias que não são constituídas por um homem e uma mulher. Ressaltou, entretanto, que mesmo que não sejam reconhecidas, existem diversas formações familiares e que a lei não vai mudar isso. “Parece--me que quem defende esse estatuto pensa, erroneamente, que a sociedade
mudará quando se começar a negar direitos às novas famílias, sendo que, na verdade elas serão marginalizadas e terão seus direitos negligenciados”, explicou.
Defendendo a inconstituciona-lidade do estatuto, a presidente da Comissão de Direito Homoafetivo da
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Seccional defende famílias afetivas e repudia projeto q ue exclui direitos
OAB/RJ, Raquel Castro, reiterou que o projeto é retrógrado e que acredita na sua rejeição. “É importante marcar a po-sição política da Seccional sobre esse assunto. A própria Constituição garante os direitos das famílias homoafetivas, mas a proposta não exclui apenas estas famílias, e por isso o ato foi realizado
em conjunto com a Comissão de Direito de Família. É preciso assegurar o direito de todos”, frisou. Silvana do Monte Moreira, que integra a comissão e or-ganizou o ato, concordou. “Nada é mais diverso que a concepção de família”.
Responsável pela 3ª Vara de Infân-cia, Juventude e Idoso da Capital do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), a juíza Mônica Labuto justificou que os direitos das crianças e famílias têm que ser garantidos independen-temente da nomenclatura que se dê na legislação. “As famílias já estão constituídas, elas não podem deixar de existir. As pessoas já se casaram, crianças já foram adotadas, inclusive em adoção monoparental, que também não está prevista nesse estatuto, além das famílias oriundas de divórcio em que os enteados compõem o núcleo familiar. Não há como mudar essa situação fática”, observou.
Ela fez um histórico das leis de adoção no Brasil desde 1979, quando apenas pessoas casadas há mais de cinco anos, salvo em caso de esteri-lidade de um dos cônjuges, estavam aptas a adotar, de acordo com o Código de Menores, documento que versava sobre a adoção na época. Também era preciso que os cônjuges tivessem mais de 30 anos. E não se permitia a adoção monoparental, exceto em caso de viuvez, caso o estágio de convivência do menor tivesse se iniciado antes do falecimento do cônjuge.
O Estatuto da Criança e do Ado-lescente (ECA), em 1990, revogou essa lei e permitiu a pessoas maiores de 21 anos, de qualquer estado civil, que adotassem. Em 2009, a permissão foi estendida para maiores de 18 anos, também comprovada a estabilidade. “Tanto na lei vigente hoje quanto na de 1979 não havia a menção das palavras homem e mulher para identificar o casal. A lei atual não gera dúvidas em relação à adoção homoafetiva. Mas ao explicitar que é preciso comprovar a estabilidade do núcleo familiar, o estatuto pode gerar divergências em relação à união de pessoas do mes-mo sexo. A interpretação da adoção homoafetiva é anterior à decisão do Supremo em relação à união estável, já que o ECA não diz em momento algum que a família é formada apenas por um homem e uma mulher. Não há no proje-to uma vedação à adoção homoafetiva, mas ele pode gerar essa interpretação restritiva”, salientou Mônica.
Outro problema caso o estatuto seja aprovado é o da definição de
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normalidade. Todas as situações que não estiverem contempladas na lei se-rão tidas como desviantes, o que pode acarretar problemas psicológicos para as crianças e adolescentes inseridos nessas outras formações familiares. A psicóloga do TJ Glícia Brazil defendeu esse ponto. “Havendo um modelo de família, o que fugir disso será tido como fora da norma. Com o tempo, o risco é que a sociedade passe a julgar as famílias que estiverem fora desse padrão”.
Glícia disse acreditar que, ao estabe-
lecer um padrão de família, a tolerância a situações fora da norma vai diminuir. “A nossa crença em relação ao assunto vai ser limitada. Com o tempo, o risco é que a gente passe a julgar algo que já está sendo introduzido na nossa realidade, que é a família formada pelo afeto. A sociedade está começando a aceitar algo que não era culturalmente aceito porque a percepção foi ampliada. No momento em que se limita a percepção, a tolerância pode se tornar muito menor e isso é preocupante para as crianças e jovens, futuros adultos. Esse estatuto veio no sentido oposto de tudo o que nós aprendemos ao longo desses anos de prática forense”.
Segundo o procurador de Justiça Sá-vio Bittencourt, a magistratura brasileira foi vanguardista em garantir os direitos dos casais homossexuais. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre casais homossexuais e em 2013, o Conselho Nacional de Jus-tiça aprovou uma resolução que obriga os cartórios do Brasil a realizarem casa-
mentos entre pessoas do mesmo sexo. Já em relação ao estatuto, ele disse que o conceito restritivo de família vai con-tra o que foi construído até então com histórias e famílias reais. “Esse conceito é essencialmente metajurídico e não cabe no estandarte da lei”, enfatizou.
O procurador discordou da intenção de se dizer por meio da lei o que é o afeto das pes-soas. “A pretensão que o Direito tem de explicar o que é uma família estará sempre a rebo-que das transformações que a sociedade nos traz. A ideia pela qual nós, do mundo do Direito, achamos que presumidamente temos a condição de fixar um conceito definitivo de família e estabelecer que aquele seja o modelo aceito e ideal, res-tringindo os direitos apenas às pessoas que se encaixam nesse modelo, será analisada no futuro com o mesmo nojo his-tórico com que se analisa hoje aquele jurista que defendia a possibilidade da escravidão ou, na época de Hitler, a eugenia”. Para ele, além do preconceito, é uma desumanidade que só se coloque sob proteção jurídica as pessoas que estão dentro de um modelo estabelecido.
Bittencourt levantou outra omissão na proposta, além do
O PL 6.583/2013O presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha, criou em fevereiro deste ano uma comissão especial para proferir parecer em relação ao PL 6.583/2013. De acordo com o regimento interno da casa, o projeto tramita-ria por 40 sessões e seguiria para votação em plenário. Entretanto, o prazo tem sido prorroga-do em decorrência de audiências públicas que estão sendo realizadas nos estados para discutir o texto nacionalmente. Inicialmente, o PL teria tramitação conclusiva nas comissões.
O autor da proposta, deputado Anderson Ferreira (PR/PE), diz que é necessária uma ampla discussão sobre a promoção de políticas públicas que valorizem a instituição familiar. “A família vem sofrendo com as rápidas mudanças ocorridas em sociedade, cabendo ao poder público enfrentar essa realidade, diante dos desafios vivenciados pelas famílias brasileiras”. Entre esses, ele pontua a epidemia de drogas, a violência doméstica, a gravidez na adolescência e a desconstrução do conceito de família. Ele também retoma, na justificativa, a definição de que a entidade familiar é formada por um homem, uma mulher e seus descendentes.
Bernardo Garcia
Mônica Labuto
Silvana Moreira
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 13
STF reconhece uniãoO primeiro passo dado pelo Judiciário em relação à igualdade entre casais heterossexuais e homoafe-tivos no Brasil ocorreu em 2011. O então ministro do STF Carlos Ayres Britto reconheceu a união estável entre casais do mesmo sexo. Segundo ele, mesmo que a Constituição Federal disponha que a entidade familiar é formada por homem e mulher, não proíbe a formação de família a partir de relação homoafetiva. “A Constituição não obrigou nem proibiu o uso da sexualidade. Assim, é um direito subjetivo da pessoa humana, se perfila ao lado das clássicas liberdades individuais”, afirmou, em seu voto.Toni Reis e David Harrad entraram, em 2005, com um pedido de habilitação de adoção conjunta. Foram autorizados a adotar apenas meninas com mais de dez anos. Eles recorreram ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), que entendeu que estavam habilitados a adotar sem restrição. Porém, o Ministério Público paranaense foi ao STF e ao STJ contra a decisão do TJPR, alegando que a Constitui-ção não prevê outras constituições familiares exce-to aquela formada por um homem e uma mulher.Em março deste ano, esse recurso foi votado no STF e a ministra Cármen Lúcia reconheceu a adoção, sem restrição de sexo ou idade, pelo casal, seguindo o entendimento da decisão de 2011. Em seu voto, ela ponderou que o Direito Constitucio-nal serve contra todas as formas de preconceito e que é função do tribunal defender e garantir que seja cumprido. “Pede-se seja obrigatório o reco-nhecimento, no Brasil, da legitimidade da união entre pessoas do mesmo sexo, como entidade fa-miliar, desde que atendidos os requisitos exigidos para a constituição da união estável entre homem e mulher e que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas uniões estáveis estendam-se aos companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo”. Em 2013, uma resolução do Conselho Nacional de Justiça obrigou os cartórios brasileiros a realiza-rem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A resolução estabelece que eles devem cumprir a decisão de 2011 do STF e, ainda, converter a união estável em casamento civil. Decisão semelhante aconteceu na Suprema Corte dos Estados Unidos, em junho deste ano, que legalizou o casamento homoafetivo em todo o país, por cinco votos a quatro. Dos 50 estados america-nos, 13 ainda proibiam a união entre pessoas do mesmo sexo.
conceito restritivo de família. Ao expli-citar na redação que o núcleo familiar é formado por um homem, uma mulher e sua descendência e sem nenhuma menção específica da adoção como forma de criação de família, estas ficariam excluídas. “Assim, você pode instituir uma visão preconceituosa, limitada, ofensiva de não contemplar a família adotiva. A chamada família tradicional adotiva também não está contemplada. E, desse modo, se ofende a criança que está na instituição, pri-vada do carinho do pai e da mãe, esta
criança que merece um destino feliz e de afetividade”.
No evento, Alyson Harrad Reis lançou seu primeiro livro, chamado Jamily – A holandesa negra. A história de uma adoção homoafetiva, e contou sua história de mudança de vida. Alys-son nasceu no Rio de Janeiro e depois de ser adotado por Toni Reis e David Harrad se mudou para Curitiba, em 2011. Em 2013, chegaram os irmãos Filipe e Jéssica, também nascidos no Rio. Ele ressaltou que a adaptação não foi fácil, mas aos poucos apren-deu que ter pais gays não era um problema. “Percebi que eles apenas eram diferentes, mas nossa família é uma família. Pagamos os mesmos impostos, vamos ao mesmo mercado e merecemos ser reconhecidos como família”, disse.
Toni e David completaram 25 anos de união em 2015. Para Toni, é preciso resguardar os direitos das diferentes famílias, já que no dia a dia elas en-frentam os mesmos problemas e têm o mesmo afeto que as tradicionais. “Para reconhecer os nossos direitos não é preciso que ninguém perca os seus. Não somos contra a família, pelo contrário, somos tão a favor que tam-bém quisemos constituir a nossa. Mas ninguém merece ser descriminado”. T
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Alyson Reis e sua família adotiva
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 14
As convenções processuais e o calendário no novo CPC
A inserção de
cláusula de elei-
ção de foro é bas-
tante corriquei-
ra em inúmeras
espécies de con-
trato. Do mesmo
modo, diversos
processos judiciais são usualmente
suspensos por iniciativa conjunta das
partes. Essas duas práticas comuns são
exemplos dos chamados negócios ou
convenções processuais, que visam a
disposição de algum direito proces-
sual ou a alteração do procedimento
previsto abstratamente em lei. A pos-
sibilidade de modificar aspectos do
procedimento comum é uma maneira
de minimizar riscos e de enfrentar de
forma individualizada o caso concreto
no próprio processo judicial, sem o
recurso à arbitragem.
Uma das principais novidades
trazidas pelo novo CPC é a melhor
regulamentação das convenções pro-
cessuais, especialmente com a pre-
visão do calendário processual. Não
obstante a legalidade das convenções
na vigência do antigo CPC, a ausência
de normatização mais adequada de-
sestimulava a adoção de espécies não
previstas expressamente em lei. Faltava
aos contratantes a convicção de que
a cláusula seria respeitada se o litígio
chegasse ao Judiciário. Esse problema
foi solucionado pelo novo código, que
melhor delimita o campo de atuação
dos negócios processuais. Essa opção
do legislador reformista revela uma mu-
dança ideológica do código, que agora
adota postura mais liberal e concede
maior liberdade às partes no processo.
O artigo 190 dispõe que, nas causas
que versem sobre direitos que admitam
autocomposição, é permitida às partes
capazes a celebração de convenções
antes (em contrato) ou durante o
processo sobre seus ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais. O
juiz está vinculado ao que decidiram as
partes em contrato, já que as conven-
ções sempre terão eficácia no processo,
salvo nas hipóteses de nulidade ou de
desigualdade flagrante entre os contra-
tantes, consubstanciada na formação da
convenção em contrato de adesão ou se
flagrante a situação de vulnerabilidade
de algum dos litigantes. Destarte, por
imposição legal, presumem-se válidas
e eficazes as convenções processuais,
mas podem ser consideradas nulas se
violarem a ordem pública processual, ou
seja, se impedirem o exercício do direito
de defesa, ou se não respeitarem a coisa
julgada ou a garantia do juiz natural,
por exemplo.
Pela limitação legal às convenções
previstas em contrato de adesão, tais
acordos encontram maior espaço nas
relações “b2b”, nas quais os negócios
são formalizados em contratos paritá-
rios. Os negócios processuais podem
tornar-se eficaz ferramenta à prevenção
de riscos decorrentes de litígios con-
tratuais de diferentes espécies, pois
propiciam aos contratantes estipularem
alterações capazes de tornar o processo
judicial um caminho menos tortuoso à
solução do conflito.
Além da cláusula geral prevista nos
artigos 190 e 200, o novo CPC traz, em
outros dispositivos, algumas conven-
ções específicas, como eleição de foro
(art. 63), delimitação consensual do
objeto do processo (art. 357), nomeação
de perito por escolha das partes (art.
471), redistribuição consensual do ônus
da prova, eleição contratual de bem a
ser penhorado em caso de execução
(artigos 833 e 848), e até a alteração de
prazo processual pelas partes (artigos
222 e 225).
O novo CPC disciplina também o
calendário processual, que tem como
escopo a criação de um cronograma
para o processo, estipulando datas para
a prática de atos processuais – contes-
tação, réplica, perícia, audiências, sen-
tença etc. – e pode advir de convenção
DIOGO A. REZENDE DE ALMEIDA*
OPINIÃO
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 15
processual ou de provimento judicial,
pouco importa. Em qualquer dos casos,
como abriga atos a serem praticados
pelas partes e pelo juiz, todos devem
a ele aderir para que se torne eficaz.
O calendário busca enfrentar os
tempos mortos, isto é, aqueles perí-
odos em que não há prazo correndo
para qualquer das partes – juntada de
petição, espera da data de publicação
etc. –, e que são os principais causado-
res da morosidade da Justiça. Segundo
pesquisa da FGV-SP de 2006, 80%
a 95% do tempo despendido até a
sentença pode ser classificado como
tempo morto. Como no calendário as
partes são intimadas uma vez só de
todas as datas, o processo corre sem
interrupções para novas intimações,
eliminando os tempos mortos.
O estabelecimento de calendário
no início do processo é eficiente ma-
neira (i) de adequação do rito às idios-
sincrasias do conflito, em especial ao
tempo necessário para a produção de
provas; (ii) de enfrentamento da morosi-
dade do processo civil; e (iii) de garantia
da segurança jurídica, decorrente da
elevada previsibilidade da duração do
processo neste modelo. Por outro lado,
pode enfrentar o obstáculo cultural da
sociedade brasileira e, principalmente,
da comunidade jurídica, de pouco
ativismo por parte dos jurisdicionados
e menor propensão à resolução do
conflito por decisões consensuais dos
litigantes. Somente a vigência do novo
CPC poderá revelar se as convenções e
o calendário tornar-se-ão mecanismos
processuais aplicados pelos operadores
do Direito ou se serão relegados como
outras ferramentas processuais promis-
soras, pouco adotadas na prática.
* Professor adjunto de Processo Civil
da FGV Direito Rio e autor do livro A
contratualização do processo: das
convenções processuais no processo civil
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 16
STF decide se portar drogaspara uso próprio é crime
Especialistas apontam, no entanto, a
necessidade de avançar e definir parâmetros
que reduzam a criminalização de
usuários como traficantes
VITOR FRAGA
Desde junho, está liberado para votação pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) um processo que pode descriminalizar o porte de dro-
gas ilícitas no Brasil para uso pessoal. Em tese, apenas o artigo 28 da
Lei de Drogas (Lei 11.343/06) está em discussão, mas mesmo que
a legislação já tenha livrado o usuário de pena, um possível enten-
dimento da corte nesse sentido, com repercussão geral, colocaria o
Brasil em sintonia com a tendência mundial em relação à política de
drogas – países como Portugal, Argentina, Estados Unidos e Uruguai,
de diferentes formas, vêm adotando políticas menos conservadoras
nessa área.
Especialistas ouvidos pela TRIBUNA consideram que uma decisão
do Supremo favorável à descriminalização seria um avanço, princi-
palmente no que diz respeito ao direito de cada indivíduo decidir
que tipo de substância quer ingerir, sem a interferência do Estado.
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 17
STF decide se portar drogaspara uso próprio é crime
fere a autonomia do indivíduo sobre seu
corpo. Foi esse princípio que a Suprema
Corte da Argentina adotou em 2011,
ou o parlamento de Portugal, em 2001.
A decisão do STF, caso favorável, sem
dúvida será um avanço, mas tímido. Ela
não toca em duas questões fundamen-
tais hoje, que são a regulamentação do
mercado, fator de produção de violência,
e a questão da diferenciação entre o
usuário e o traficante”, afirma Cinco.
Para ele, a lei é falha porque des-
taca como fatores de diferenciação a
“natureza e a quantidade da substância
apreendida”, além do “local e as condi-
ções em que se desenvolveu a ação, as
circunstâncias sociais e pessoais, bem
como a conduta e aos antecedentes do
agente”, o que cria uma seletividade
na punição. “Movimentos de direitos
humanos vêm denunciando que, siste-
maticamente, na prisão de pessoas de
classe média e alta, eles são enquadra-
dos como usuários, apesar de às vezes
a quantidade de droga apreendida ser
grande. Mas se o preso é morador de
favela ou periferia, não tem emprego
ou acesso a um advogado, a Defensoria
Pública não tem estrutura suficiente
para atender a todos. No fim, muitos
são condenados como traficantes sendo
usuários”, critica.
O professor de Direitos Humanos
da FGV Direito Rio Michael Mohallem
considera que o uso de dro-
gas se inclui na categoria das
práticas da esfera privada
que não afetam o direito de
outra pessoa. “A Constituição
protege a intimidade e a
vida privada como direitos
do mais alto nível, o que não
quer dizer que não possam
entrar em choque com outras
proteções legais. Para criar
uma exceção da inviolabili-
dade da intimidade há que
se ter justificativa razoável, o
que não há nesse caso, prin-
cipalmente no caso do uso
de drogas leves em âmbito
privado”, afirma.
Diversas entidades entraram como
amicus curiae no processo, e juristas
que são referência na área o acompa-
nham. A professora de Direito Penal da
Faculdade Nacional de Direito e coor-
denadora do Grupo de Pesquisas em
Política de Drogas e Direitos Humanos
da UFRJ, Luciana Boiteux, que atua como
advogada da Associação Brasileira de
Estudos Sociais sobre o Uso de Psicoa-
tivos (Abesup), concorda com a tese da
Defensoria. “Há vários argumentos, mas,
sem dúvida, o direito individual à inti-
midade e à vida privada como espaços
imunes à intervenção estatal são fortes
razões. Para além disso, entendo que
a descriminalização fará bem à saúde
pública”, diz ela, que também é vice-
-presidente do Conselho Penitenciário
do Rio de Janeiro.
Embora considere a descriminali-
zação do uso insuficiente para reduzir
a violência produzida pela ilegalidade
das drogas, a professora acredita que a
medida vai “contribuir para a redução
da violência hoje praticada pela políti-
ca contra usuários”, que precisam “ser
considerados como sujeitos de direitos
e não mero objeto de uma política
autoritária”. Além disso, acrescenta, “a
descriminalização poderá gerar efeitos
positivos na ampliação do acesso a
tratamento voluntário, como ocorreu
em Portugal, pelo fato de o usuário não
Porém, segundo eles, representaria um
passo insuficiente para resolver a com-
plexa questão das drogas e da violência
gerada pelo comércio clandestino (para
isso, seria necessário alterar a legislação
sobre o tema), e poderia ainda gerar
dificuldades na aplicação prática da lei
em relação à diferenciação entre usuá-
rios e traficantes, por exemplo – um dos
fatores centrais apontados por aqueles
que avaliam que a guerra às drogas é, de
fato, uma guerra aos pobres.
JulgamentoDesde 18 de junho, o relator, mi-
nistro Gilmar Mendes, liberou para jul-
gamento o Recurso Extraordinário (RE)
635.659, ação em que será discutida a
descriminalização do porte de drogas no
país. O processo se refere a um interno
do sistema penitenciário de São Paulo,
em cuja cela foi encontrada pequena
quantidade de maconha. Caso a decisão
seja favorável ao autor, na prática pode
significar a descriminalização do porte
para consumo pessoal – embora isso já
tenha sido despenalizado pela Lei de
Drogas de 2006. A alegação da Defenso-
ria Pública foi que a proibição do porte
para uso próprio contraria os princípios
constitucionais da intimidade e da vida
privada, questionando portanto a cons-
titucionalidade do artigo 28 da lei, que
fixa penas (sem restrição de liberdade)
para “quem adquirir, guardar, tiver em
depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem auto-
rização”. O tema foi classificado como de
repercussão geral, o que significa que o
julgamento do mérito deverá ser aplica-
do nas demais instâncias do Judiciário,
em casos similares. A previsão é de que
a matéria entre na pauta neste semestre.
O sociólogo e vereador do Rio de
Janeiro pelo PSOL Renato Cinco (que
é um dos organizadores da Marcha da
Maconha e militante do Movimento
pela Legalização da Maconha) observa
que a garantia da autonomia individual
é importante, mas que o debate precisa
ser mais amplo. “O Estado criminalizar a
ingestão de substâncias pelas pessoas
Gilmar Mendes
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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 18
ser mais estigmatizado como criminoso
e com isso ganhar confiança para buscar
ajuda. Como medida a médio e longo
prazos, eu defendo a regulação respon-
sável e a legalização de todo o circuito
produtivo das substâncias hoje ilícitas,
pois o fim do proibicionismo é essencial
para a redução da violência”, argumenta.
Também favorável à legalização de
todas as drogas, Renato Cinco entende
que a luta pela legalização da maconha,
especificamente, poderia ser um pri-
meiro passo importante para promover
alterações na política sobre o tema. “Sou
favorável à regulamentação do mercado
de drogas em geral, o que acabaria com
a necessidade de diferenciação.
Mas, entendendo que avançamos
aos poucos, acho que temos que
comemorar a descriminalização se
ela vier, apontando os limites, que
seriam não tocar na ilegalidade do
mercado nem na diferenciação en-
tre usuários e traficantes”, esclarece.
Ele considera que essa diferen-
ciação tem alguns aspectos centrais.
“Um deles é que o processo por
tráfico de drogas tem que envolver
a prova do crime. Se alguém está
sendo acusado, os agentes da lei
têm que apresentar à Justiça a infor-
mação sobre quem foi o comprador,
quem foi o vendedor, quando houve
a venda, qual a quantidade vendida,
o valor etc. É preciso haver o ato de
tráfico. E o acusado tem que ser apresen-
tado ao juiz em um prazo de 24 horas,
para não ficar semanas ou meses preso
injustamente”, propõe.
Para outras entidades que partici-
pam do processo, a descriminalização
é um tema que precisa ser debatido. O
diretor do Viva Rio e secretário executi-
vo da Comissão Brasileira sobre Drogas
e Democracia (CBDD), Rubem César
Fernandes, conta que a declaração apre-
sentada pelas duas entidades (que tam-
bém participam do processo), assinada
pelo advogado Pierpaolo Cruz Bottini,
parte justamente da tese da liberdade
individual. Para Fernandes, a descri-
minalização
ajudaria prin-
c ipalmente
pessoas que
sofrem com
o abuso de
drogas. “Hoje,
com a proibi-
ção legal e os
medos que
assombram
este mercado,
as pessoas e
as instituições
têm dificulda-
de de se apro-
ximar do tema. Ajudaria sobretudo na
proteção aos jovens, que formam a
massa consumidora. No caso da maco-
nha, que é de fácil cultivo domiciliar,
abriríamos a possibilidade de as pessoas
deixarem de frequentar o comércio clan-
destino. A regulação do seu cultivo para
consumo próprio representaria uma re-
dução na receita do narcotráfico”, diz ele.
Para o presidente da Comissão
de Políticas sobre Drogas da OAB/RJ,
Wanderley Rebello Filho, já existe o
entendimento de que a repressão falhou
no mundo todo. “É preciso retirar o con-
sumidor de qualquer tipo de droga das
esferas policial e judicial. Não são pesso-
as competentes para tratar do tema, são
Perfil dos encarcerados por tráficoO estudo Tráfico e Constituição: um estudo sobre a atuação da
Justiça Criminal do Rio de Janeiro e do Distrito Federal no crime
de tráfico de drogas, encomendado pelo Ministério da Justiça ao
Núcleo de Política de Drogas e Direitos Humanos da UFRJ, foi
publicado em 2009. No universo de condenados por esse crime
no Rio de Janeiro de outubro de 2006 a maio de 2008, a pesquisa
observou que: 66% eram réus primários; 91% foram presos em
flagrante; 60% estavam sozinhos quando foram presos; apenas
14% portavam armas no momento do flagrante e da prisão; 54%
foram presos com maconha, 42% flagrados e portando menos de
100g; e 58% receberam penas de oito anos ou mais de reclusão
em regime fechado.
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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 19
casos para as secretarias de Saúde e de
Educação. Se o STF julgar sem pressões
e, principalmente, afastando-se da hipo-
crisia que envolve o tema, obviamente
será favorável à descriminalização”,
acredita. Rebello observa que o uso
da maconha, por exemplo, não causa
letalidade direta, enquanto drogas lícitas
são extremamente letais.
“No ano passado, o abuso do álcool
matou só nas estradas mais de 20 mil
pessoas, correspondendo a mais de
50% de todos os acidentes fatais em
rodovias. Fora que, em decorrência do
álcool, há violência doméstica, contra
crianças, mulheres, brigas em bares. No
entanto, ele é liberado, há propaganda
na mídia. Não sou contra, sou favorável
à tese de que as pessoas podem fazer
uso do que elas quiserem, desde que
não prejudique terceiros”, esclarece.
O uso medicinal da maconha tam-
bém vem sendo debatido em diversos
países. “Os Estados Unidos abriram as
portas para o canabidiol [elemento da
cannabis que ameniza o efeito psicoa-
tivo do THC, sem retirar as propriedades
terapêuticas da planta] no tratamento de
diversos pacientes. Mas aqui é difícil, o
paciente tem que percorrer caminhos
desnecessários. A descrimina-
lização pelo STF deve facilitar
o acesso para quem precisa
de tratamento médico”, afirma
Rebello.
O secretário de Segurança
Pública do Rio de Janeiro, José
Mariano Beltrame, é favorável
à experiência de Portugal: a
descriminalização de drogas
não pesadas. “Lá, eles tiraram
essa questão da polícia: o
que eu acho importante, e
também desonera o Judiciário
– e colocaram na Saúde. Mon-
taram equipes multidiscipli-
nares para convidar pessoas
que usam drogas e querem
largar o vício a se tratar em
clínicas muito bem equipadas,
para que essas pessoas sejam
atendidas com todos os requi-
sitos que garantem os direitos
humanos”.
No Brasil, opina Beltra-
me, a discussão não deve
ser apenas criminalizar ou
descriminalizar. “Temos que
nos preocupar com os outros
passos, fazer essa caminhada
de trás pra frente.
Como vamos abor-
dar esse problema? Como
vamos contribuir para ajudar
uma pessoa a deixar o vício?
Vamos ter clínicas, levar es-
sas clínicas até o usuário?
Vamos fazer com que ele vá
até elas? Enfim, precisa ser
acertada uma série de outros
procedimentos antes desse
passo. O dependente tem
que ser tratado na saúde e
a segurança tem que se con-
centrar no grande traficante.
Isso racionaliza efetivo, ativi-
dade policial, a burocracia e
a atividade do Judiciário, que
está abarrotado de proces-
sos. Acho que isso deixaria a
segurança pública cuidar da
segurança pública”, defende.
Segundo o professor Mohallem, em-
bora a decisão só afete diretamente o ar-
tigo 28 da Lei de Drogas, alguns juristas
entendem que o STF, se quiser resolver
o problema da excessiva criminalização
de usuários como traficantes, precisará
avançar mais. “Para muitos juízes, a
condição social do réu acaba afetando a
isonomia da decisão. Seria interessante
que o Supremo estabelecesse parâme-
tros que sugerissem quantidades ou
outros elementos para diferenciação.
Seria uma decisão ousada, mas a corte já
fez coisas parecidas antes”, argumenta.
Ele acredita que, se o STF considerar
apenas que o artigo 28 é inconstitucio-
nal, ou seja, que usuários não podem
ser criminalizados, a situação atual em
que usuários são condenados como
José MarianoBeltrame
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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 20
Cenário mundialCom dados de 2012, foi divulgado no ano passado
o Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, que apontou
que cerca de 243 milhões de pessoas, uma média de 5%
da população mundial entre 15 e 64 anos, fazem uso de
drogas ilícitas. Os usuários considerados problemáticos
somariam 27 milhões, ou cerca de 0,6% da população
adulta mundial – a cada 200 pessoas, uma é dependente.
Foi a primeira vez que o o Escritório das Nações Unidas
contra a Droga e o Crime (Unodc) sugeriu a descrimi-
nalização do consumo: “Pode ser uma forma eficaz de
‘descongestionar’ as prisões, redistribuir recursos para
atribuí-los ao tratamento e facilitar a reabilitação”, diz
trecho do relatório de 22 páginas.
Apesar de os Estados Unidos continuarem sendo o
país que lidera a guerra às drogas, atualmente mais da
metade dos estados norte-americanos autoriza o culti-
vo e a venda de cannabis para fins medicinais – quatro
deles (Colorado, Washington State, Oregon e Alaska)
legalizaram a comercialização da maconha inclusive para
fins recreativos.
Em dezembro de 2013, o Uruguai tornou-se a primeira
nação do mundo a legalizar a produção, a distribuição e
venda de maconha sob o controle do Estado. O objetivo
da lei, segundo o governo uruguaio, é tirar poder do nar-
cotráfico e reduzir a dependência de drogas mais pesadas.
Uma agência estatal, o Instituto de Regulação e Controle
de Cannabis (IRCCA), ligado ao Ministério da Saúde Pública,
fica responsável por emitir licenças e controlar o comércio.
Argentina (desde 2011) e Portugal (desde 2001) são
os exemplos quando se trata de descriminalização do uso.
Em maio de 2015, a Colômbia interrompeu a pulverização
aérea da coca, e no início de julho os deputados chilenos
aprovaram um projeto de lei que autoriza o cultivo de
pequenas quantidades de maconha naquele país. Para
entrar em vigor, a medida ainda precisa ser analisada por
uma comissão de saúde e passar pelo Senado.
traficantes permaneceria ou até po-
deria se agravar. “Hoje, juízes que têm
posição ideológica pela criminalização
já tendem a enquadrar casos de usuá-
rios como traficantes. Então, é preciso
estabelecer uma margem segura de de-
finição de quem é usuário de fato, para
que essa pessoa não corra o risco de que
um policial, promotor ou juiz interprete
que ele não é usuário e sim traficante, e
portanto fique desprotegida da decisão
do próprio Supremo”, conclui.
Luciana Boiteux, que coordenou,
com Ela Wiecko, estudo (ver box na
página 18) sobre a questão, aponta que
a maioria dos condenados por tráfico é
formada por réus primários, que foram
presos sozinhos, desarmados e com
pouca quantidade de droga. Ela sustenta
que o aumento do número de pessoas
presas por tráfico de drogas no Brasil
é causa do alto índice de encarcera-
mento no país, mas isso não significou
nenhuma redução do consumo nem
mesmo contenção do mercado ilícito.
“Na verdade, o proibicionismo fracas-
sou nos fins a que se propôs no século
passado: proteger a saúde pública. Mas
podemos dizer que foi muito eficaz na
intensificação do controle social sobre
pobres, negros, mulheres e minorias em
geral, que são desproporcionalmente
afetados pela atuação concreta na
repressão penal no Brasil a pretexto de
‘combater as drogas’”, afirma a pesquisa-
dora, reforçando que “a grande maioria
dos presos são grupos vulneráveis”, que
têm os direitos desrespeitados e são,
em geral, “usuários pobres confundidos
com traficantes”.
Ou seja, a criminalização da po-
pulação mais pobre seria a verdadeira
face da guerra às drogas. “Hoje já se
discutem os efeitos da guerra às drogas
sobre a produção da violência, a instru-
mentalização da guerra às drogas como
uma ação seletiva do Estado contra as
populações marginalizadas. Como é que
o tráfico de drogas movimenta trilhões
de dólares no mundo sem a participação
de agentes financeiros? E não há inves-
tigação sobre a lavagem do dinheiro do
tráfico”, critica Cinco, defendendo que
é preciso “desmatricular” as pessoas
na “universidade do crime”, apostando
no fim da proibição: “O debate que a
sociedade tem que fazer é: proibir é
abrir mão de controlar. Você só pode
regulamentar o que não é proibido”. T
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Rubem Cesar Fernandes
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 21
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 22
A discussão sobre a
descriminalização das drogas
foi intensificada nos últimos
meses com a expectativa do
julgamento, pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), de um
caso de porte de maconha em
pequena quantidade, decisão
com caráter de repercussão
geral, como pode ser conferido
na matéria da página 16.
Cabe aos ministros examinar
se procede o argumento da
defesa de que o artigo 28 da Lei
Antidrogas viola a Constituição
Federal no que se refere ao
direito à vida privada. E, para
saber a opinião dos colegas
sobre o assunto de forma
mais ampla, a TRIBUNA esteve
na Casa do Advogado Celso
Fontenelle e perguntou:
O que você acha da descriminalização das drogas?
Acredito que a liberação para uso próprio pode ser uma maquiagem em cima de um problema, que é regular a conduta disso. O grande embargo é a morosidade do Poder Legislativo em criar um instrumento para poder fazer essa regulamentação, pois é o tipo de questão que não tem como ser vista através de jurisprudência. Mesmo para uso próprio, seria necessário regulamentar onde usar, como usar, onde comprar. Isso só será possível com a criação de uma lei.Douglas Pereira Martins, estagiário, 24 anos
Não acho possível implementar isso no Brasil. Assim como não concordo com a liberação da pequena quantidade, mesmo de maconha, para o usuário. Porque, dessa forma, libera-se a pequena quantidade mas não se consegue tratar de onde ela provém. Não há uma regulamentação prevista. Não há estrutura para a liberação, tanto juridicamente como dentro do próprio contexto que vivemos hoje na sociedade.Raquel Mendes, advogada, 29 anos
Em muitos países da América Latina, como por exemplo o Uruguai, a legislação já foi adaptada a essa realidade. A tendência é descriminalizar, é uma evolução natural da sociedade. Nós hoje ainda adotamos parâmetros do século passado e isso é muito ruim. Acho que o Direito tem que avançar também nesse sentido, acompanhar esse movimento.Marcio Nunes, advogado, 32 anos
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Eu sou a favor da descriminalização da utilização para consumo próprio. Acho que de uma forma geral a história está nos provando, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, que essa guerra às drogas, esse combate, não leva a nada. Sou a favor inclusive de experiências que vêm sendo adotadas em alguns países, inclusive o Uruguai. Me agrada a ideia de liberar, em um primeiro momento, as drogas mais leves e depois, com um pouco mais de estudo e cuidado, ir avançando em outros casos. Quem é o Estado para tutelar a saúde da pessoa?Roberto Banhara, advogado, 38 anos
Sou contra, porque isso vai acabar onerando o sistema público de saúde. Enquanto for considerada droga, tem que ser proibido o porte, porque mesmo o usuário estando em seu direito à privacidade, se ele ficar doente vai para o sistema público de saúde. Então, nem para uso próprio, dessa forma que está sendo julgada, eu concordo, pois essas pessoas, com permissão de utilizarem as substâncias, vão se viciar.Alexsandro de Souza Pereira, advogado, 32 anos
Sou a favor da descriminalização para consumo próprio porque não é o usuário quem vai ditar o aumento ou não da criminalidade. E, se houver uma regulamentação, como há em alguns países, pode haver inclusive um controle público sobre a própria droga, como é feito com o cigarro e com o álcool, porque a droga, como é vendida hoje em dia, não sofre nenhum controle de qualidade, o que causa vários problemas.Wanisio Guimarães, advogado, 38 anos
Nunca parei para pensar sobre isso, mas sou a favor da descriminalização para consumo próprio e em pequena quantidade de porte. Em muitos casos essas substâncias são necessárias inclusive por questões médicas. Não faço uso, mas não sou contra, principalmente para fins medicinais. Mas, ao mesmo tempo, não acho que a proibição invada a privacidade.Valerio Soares Mariano, advogado, 32 anos
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Audiência de custódia: barreira contra o aumento da população carcerária
RENATA LOBACK
Fevereiro de 2014. Num dia como outro qualquer, Vinícius, que havia acabado de sair do trabalho, caminhava até sua casa. Sem entender o porquê foi abordado por policiais e uma mulher, que, nervosa, afirmava a semelhança dele com a pessoa que acabara de levar sua bolsa. Vinícius acabou preso, mesmo sem portar o objeto do roubo ou qualquer outra prova do delito. Somente após os apelos de familiares e amigos, que promoveram uma campanha nas redes sociais, foi liberado para responder o processo em liberdade, depois de ficar 16 dias encarcerado.
O caso do vendedor e ator Vinícius Romão aconteceu exatamente um ano antes de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o Ministério da Justiça e o Tribunal de Justiça de São Pau-lo, lançar o projeto Audiência de custódia, que consiste na garantia da apresentação do preso a um juiz em até 24 horas nos casos de prisões em flagrante. Nesta oitiva, além da garantia de o acusado ter uma rápida defesa de um advogado ou defensor público, o juiz poderá analisar a prisão sob o aspecto da legalidade, da necessidade e da adequação de sua continuidade ou eventual concessão de liberdade, com ou sem a imposição de outras medidas cautelares. Eventuais ocorrências de tortura ou maus-tratos, entre outras irregularidades, também serão observadas dentro desse prazo.
O processo de Vinícius Romão já foi extinto, ficou comprovado que, de fato, apesar de possíveis semelhanças, ele não era o ladrão. “Foram 16 dias que marcaram a minha vida. Minha história teria sido diferente se o procedimento
fosse feito da forma correta. Sou a favor das audiências de custódia, porque esses erros grosseiros, infelizmente, acontecem com frequência. E nem todo mundo tem a mesma oportunidade de chamar atenção das autoridades com uma campanha que dê repercussão. Eu fiquei 16 dias, há pes-soas que ficam meses e anos”, lamenta.
O Brasil possui a quarta maior popu-lação carcerária do mundo, com 563.526 presos, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Rússia. Todos os dias milhares de pessoas são detidas por suposto flagran-te. Na cidade do Rio de Janeiro, a prisão é aplicada antes do julgamento em 72% dos casos. Após a audiência, apenas 40% são levados a uma condenação de prisão. No primeiro semestre do ano passado, foram registradas 565 mortes violentas no sistema prisional brasileiro, segundo dados recentes do Departamento Peni-tenciário Nacional (Depen). A principal causa dessa violência, na opinião de especialistas, é a superlotação, que se deve em parte à quantidade de detentos não julgados, 222 mil. Em junho de 2014, as unidades destinadas a presos provi-sórios apresentavam taxa de ocupação de 192%.
Para o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sis-tema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF) do CNJ, juiz Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, as audiências de custódia irão atuar dire-tamente para a diminuição do inchaço do sistema. “O encarceramento causa danos a quem está preso, mas sobretudo a quem não deveria estar. O primeiro passo como medida estruturante para este colapso é uma melhor qualificação da porta de entrada”, afirma Lanfredi.
De acordo com o coordenador do
DMF, além de trazer impacto positivo para o sistema carcerário, essas audi-ências protagonizam uma mudança de paradigmas no sistema de Justiça crimi-nal. “Elas são uma providência concreta para fazer frente à ideia de que, com a prisão, tudo se resolve. Cultura essa que se instalou e está enraizada na forma como agem os atores da Justiça criminal, também contaminando o pensamento de todos os setores da sociedade, que têm dificuldade de perceber que a prisão, isoladamente, não resolve o problema da criminalidade. Mais pre-sos, mais presídios e mais prisões não estão trazendo a segurança que todos desejamos”, observa Lanfredi.
Para a presidente do Conselho Pe-nitenciário do Estado do Rio de Janeiro, coordenadora geral do Fórum Nacional de Conselhos Penitenciários e represen-tante da OAB/RJ na Coordenação Nacio-nal de Acompanhamento do Sistema Carcerário, Maíra Fernandes, tal projeto respeita normas de natureza infracons-titucional e supralegal descumpridas pelo Brasil há mais de dez anos, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica.
“Atualmente, o juiz recebe o auto de prisão em flagrante no prazo de 24 horas (artigo 306, § 1º do Código de Processo Penal), mas decide sobre a legalidade da prisão, a aplicação de medida cautelar, a fiança, a liberdade provisória, a subs-tituição por prisão domiciliar ou, o que é mais comum, a conversão em prisão preventiva, com base somente em um papel, ou seja, sem qualquer contato com o preso. Tal só ocorrerá meses (ou mesmo anos) depois, na audiência de
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instrução e julgamento”, detalha Maíra. Segundo ela, a ausência de oitiva do
preso logo após o flagrante é uma das grandes responsáveis pela desumani-zação do sistema, que banaliza a prisão e encarcera em demasia. “Prender um pedaço de papel não há de gerar dor de consciência”, diz.
De acordo com o presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ, Breno Melaragno, é um absurdo que cerca de 40% da população carce-rária seja provisória: “Desse montante, mais de 20% têm a pena reduzida ou são absolvidos após o julgamento. Isso significa que mais da metade das pessoas que estão, hoje, no sistema carcerário sequer deveria estar ali”.
Segundo ele, o projeto de audiências de custódia tem todo o apoio da OAB/RJ. “Este é um procedimento jurídico que existe em quase todos os países e o Brasil ainda está muito atrasado. A Lei 12.403/2011 melhorou no que se refere à prisão em flagrante delito, mas
não avançou nas oitivas com juízes. Um magistrado expedir uma ordem de prisão com base na cópia de autos está longe de ser o ideal”, analisa Melaragno.
Considerado prioritário na atual ges-tão do CNJ, o projeto, que começou por São Paulo, já foi implantado no Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais e Mato Grosso. Segundo as primeiras estatísti-cas, a quantidade de prisões preventivas desnecessárias diminuiu em até 40%. No Tribunal de Justiça (TJ) maranhense, o índice de liberdade concedida é ainda maior – 60%.
Desde maio, o projeto vem sendo de-senhado no Rio de Janeiro com a criação, pelo TJ, de uma comissão formada por desembargadores, juízes, membros do Poder Executivo, da Defensoria Pública e representantes da área de segurança pública. A ideia do grupo é viabilizar um cronograma de implantação e definir sua estrutura física e funcional.
Atualmente, estima-se que existam 40 mil presos no Rio, entre julgados e provisórios. “As audiências de custódia vão representar uma redução da popu-lação carcerária. Existem muitas prisões cautelares que certamente não seriam necessárias. A possibilidade de controle judicial mais eficaz da legalidade do flagrante, avaliação mais célere acerca da necessidade de manutenção da prisão ou adoção de medidas alternativas ao cárce-re e a redução, por conseguinte, dessa su-perpopulação, são os aspectos positivos deste projeto”, reforçou o desembargador do TJ, Paulo de Oliveira Lanzellotti Baldez, que coordena o trabalho da comissão.
A presidente do Conselho Peniten-ciário do estado destaca alguns dos cuidados que devem ser tomados. Parti-cularidades que, segundo ela, o próprio CNJ já prevê, como não considerar o depoimento do preso contra ele, uma vez que as audiências de custódia não podem ser configuradas como interrogatórios; local para exame de corpo de delito pelo Instituto Médico Legal, antes da oitiva; e centrais de alternativas penais, de mo-nitoração eletrônica, de serviços e assis-tência social e de câmaras de mediação.
Em reunião com o secretário de Admi-nistração Penitenciária do Rio de Janeiro, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, em junho, a OAB/RJ solicitou apoio para a implanta-
ção das audiências de custódia no estado. Na ocasião, Costa Filho afirmou que todas as ações efetivas para esvaziar o sistema penitenciário são válidas. “As audiências em 24 horas vão ajudar muito o sistema penitenciário, que está sobrecarregado. Grande parte desses detidos serão ab-solvidos e é necessário considerar isso para que o sistema possa avançar”, disse o coronel, na ocasião.
De acordo com o desembargador Paulo Baldez, os trabalhos da comissão de instalação das audiências de custódia no TJ estão sendo realizados em parceria com o CNJ e a previsão é de que sejam implantadas até outubro. T
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Seccional obtém vitória em casos de colegas acionados por pareceres para licitações
A Comissão de Defesa e Assistência às Prerrogativas (Cdap) da OAB/RJ foi vitoriosa em dois casos em que advo-gados se viram acionados na Justiça por ter emitido pareceres para licitações. No primeiro, o colega foi processado crimi-nalmente por fraude, após dar pareceres em um conselho profissional do qual era assessor jurídico – a comissão conseguiu o trancamento da ação.
No segundo caso, o advogado que era procurador de um município flu-minense e teria emitido parecer sobre uma minuta de licitação foi acionado em ação civil, com outros oito réus. A Cdap ingressou como assistente sim-ples, visando a exclusão do profissional do polo passivo da demanda, também com sucesso. Em ambos as questões, os nomes dos advogados foram omitidos a pedido da comissão.
“A Cdap tem como principal missão resguardar o respeito às prerrogativas advocatícias, visando a salvaguardar o livre exercício da profissão. O advogado tem importância constitucionalmente re-conhecida e, por isso mesmo, deve exer-cer seu mister com plenitude, liberdade e independência”, afirmou o assessor jurídico do núcleo, Raphael Vitagliano. Ele atuou como delegado no caso do trancamento da ação criminal contra um ex-assessor jurídico do Conselho
Federal de Enfermagem, que deu alguns pareceres respondendo a consultas da presidente da entidade, posteriormen-te acusada de fraudar uma licitação. O Ministério Público Federal apresentou denúncia acusando-o de participação no crime, e o advogado pediu assistência à Seccional. “Apresentamos resposta à acusação e, como não foi absolvido sumariamente, impetramos o habeas corpus visando ao trancamento da ação penal. Fiz a sustentação oral, enfatizan-do não só que o parecer é uma peça meramente opinativa mas, também, a liberdade do advogado em opinar. A ordem foi concedida para trancar a ação penal por unanimidade”, relatou Vita-gliano. Em seu voto, o desembargador que determinou o trancamento da ação declarou que “o parecer não induz a erro sobre a realidade fática, mas apenas expõe a opinião técnica do agente, de maneira razoável, fundamentada e, até mesmo, cautelosa”, e que o advogado “ainda fez várias advertências a serem seguidas pelo administrador”.
Em outro caso, a Cdap participou de uma ação contra um ex-procurador do município de Paraíba do Sul, que teria emitido parecer sobre minuta de licita-ção para evento que ocorreria na cidade. O Ministério Público propôs a ação civil, visando à condenação do profissional
e outros oito réus no ressarcimento de valores desviados. “Em sessão de julga-mento, o desembargador Marcos Alcino Azevedo Torres destacou a importância constitucional do advogado bem como a liberdade que o mesmo deve ter no seu atuar, dando provimento ao agravo para não receber a petição inicial em relação ao profissional”, explicou Vitagliano. T
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PRERROGATIVAS
LUIZ FERNANDO RIBEIRO DE CARVALHO*
A clava forte da JustiçaÉ chegada a
hora de, parafra-
seando o mote de
Osório Duque Es-
trada no Hino Na-
cional Brasileiro ,
clamar aos filhos
de nossa sofrida pátria pelo enfrenta-
mento da luta.
No tempo de Nelson Rodrigues,
polêmico dramaturgo, jornalista e faná-
tico torcedor do Fluminense, a seleção
brasileira era a pátria de chuteiras.
Hoje, muitos arriscam que seleção – no
sentido de brio e garra patrióticos, sem
falar no talento e criatividade – já não
temos de há muito para torcer. Quanto à
pátria, sua própria noção se esfumaçou
– um pouco pela globalização galopante
e implacável dos tempos modernos,
mas certamente muito mais pela falta
de cultivo de um sentimento de nação
que, imperceptivelmente, passou à
dimensão do abstracionismo.
Dirão alguns mais atentos, mas por
que isso? Onde anda a teimosa alegria
de nossa gente nessa época dos tristes
marcada por uma avassaladora crise
simultaneamente econômica, politica
e moral, quando todos os valores que
sustentam uma nação na sua base mais
sólida parecem ter ruído.
Ainda outro dia, a presidente da
República anunciava que vetaria um
projeto de lei de reajuste de servidores
do Judiciário da União, por contemplar
valores excessivos nestes tempos de
crise e contenção de despesas. Não
se discute que o veto de projetos
aprovados no Congresso Nacional seja
prerrogativa presidencial. Mas o que o
anúncio prematuro do veto provocou?
Na mesma noite, em entrevista ao Jornal
Nacional, acompanhada por milhões
de espectadores, o presidente do Se-
nado e do Congresso Nacional, Renan
Calheiros, apregoou que, diante de
eventual veto presidencial ao projeto,
poderia o Congresso, também no uso de
prerrogativa constitucional, derrubá-lo,
ficando em consequência o dito (pela
presidente Dilma) pelo não dito e tudo
como dantes neste surreal quartel de
Abrantes.
Os cidadãos brasileiros acabam atô-
nitos e sem saber o que pensar diante
desse público tiroteio institucional que,
em meio aos potentes holofotes da
mídia, parece desservir ao país.
Não fosse bastante, em entrevis-
ta acerca do entrevero, um ministro
recentemente investido no Supremo
Tribunal Federal declara à imprensa que
o projeto de reajuste dos servidores do
Judiciário Federal, embora originário de
nossa corte maior de Justiça, possivel-
mente conteria percentual excessivo.
Ora, nem se precisa enfatizar o
óbvio, que este episódio não é isolado,
antes traduzindo regra geral de desres-
peito institucional, com perda substan-
cial de seus valores constitucionais e
arremesso à tábula rasa de postulados
da República – como o essencial fun-
damento, abrigado na Constituição, da
ESPAÇO ABERTO
A clava forte da Justiçaindependência e harmonia dos poderes
constituídos. Estes, aliás, criados pela
soberania do povo (em fonte originária)
e não extraídos de uma singular ou
pretensa autonomia daqueles frente
ao povo brasileiro, titular originário de
todo o poder que dele emana. Há que
honrar, senhores, a parcela de soberania
delegada que exercem.
Recentemente, todos assistimos ao
estrepitoso escândalo do “mensalão”,
com seus responsáveis punidos, nos
limites da lei, pela autoridade incontras-
tável do STF como guardião e intérprete
final da Carta da República.
Passados poucos meses, vem a ope-
ração Lava-jato, encetada pela Polícia
Federal, trazer à luz do dia – pelo sol
que é desinfetante maior – as infâmias
e apontados saques de quadrilheiros
contra a integridade moral e financeira
da Petrobras, até então indiscutido e
orgulhoso patrimônio nacional.
vultos mais preeminentes do cenário
nacional – o jornalista Barbosa Lima
Sobrinho, por muitos anos presidente
da Associação Brasileira de Imprensa
– que a missão última do Judiciário é
fomentar civilização.
Por tudo isso, não há descrer dos
demais poderes como instituições
essenciais ao sistema democrático, so-
brelevando, outrossim, a alta relevância
da imprensa livre, do Ministério Público
e da advocacia como instrumentos
indispensáveis ao funcionamento do
Estado democrático de Direito.
Mas, ao cabo dessas singelas refle-
xões, fica a esperança de que os filhos
desta terra ainda generosa diante de
tantas violações e agravos saberão
erguer e poderão contar – em meio ao
interregno de tanto espanto e perple-
xidade – com a clava forte da Justiça.
*Presidente do Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro
A nação, mesmo apreensiva, pode
confiar nos seus juízes, como demons-
trado pela serenidade e firmeza do
ministro Teori Zavascki, do STF, e do
juiz federal Sérgio Moro, condutores
dos processos judiciais relativos à
Lava-jato, todos envolvendo apuração
de graves potenciais crimes de corrup-
ção, lavagem de dinheiro, formação de
quadrilha, sonegação fiscal e outros
respeitantes atentados contra a integri-
dade nacional e a possível credulidade
pública diante de tanta solércia e sen-
sação de impunidade.
Nessa quadra tão difícil, as tábuas
da lei não podem ceder. A Constituição
e as leis da República, conduzidas pela
alta responsabilidade de que investido
o Poder Judiciário, não deverão ser
repasto de inescrupulosos agentes da
mais letal corrupção.
O tributo ao equilíbrio das institui-
ções não faltará nessa quadra de tantas
incertezas que povoam um cenário na-
cional ainda nebuloso. Este necessário
ponto de equilíbrio será dentro da curva
dos altos postulados que se apresentam
à nação. Certa feita, ouvi de um dos
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Uso do aplicativo pelo Judiciário abre debate sobre segurança jurídica e adequação às formas eletrônicas de comunicação
A Justiça na era do Wh atsApp
CÁSSIA BITTAR
Cada vez mais presentes na vida da população mundial, acessadas 24 horas por dia através dos mais diversos gadgets disponíveis, as redes sociais são já há alguns anos reconhecidas como um fenômeno e adotadas profissionalmente. Agora, passam por novo momento: com a disseminação do WhatsApp, aplicativo que pode ser utilizado no celular e em alguns computadores para mensagem
instantânea por meio de dados, está em curso uma revolução na comunicação de empresas e até mesmo do Judiciário.
A adoção vem sendo esporádica, mas muito repercutida. O último caso divulgado pela imprensa, em junho, trata do primeiro acordo trabalhista realizado por meio do aplicativo, na Justiça do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP). Sem a participação de advogados no processo, as partes fizeram toda a nego-ciação pelo WhatsApp e só precisaram ir ao fórum para assinar a documentação.
O acordo foi coordenado e orien-tado pela juíza Ana Cláudia Torres Vianna, diretora do Fórum Trabalhista de Campinas e responsável pelo Centro Integrado de Conciliação de 1º Grau. Ela implantou na serventia o projeto Mídia e mediação, que usará a plataforma digital para estimular o diálogo à distância entre as partes.
Em outro episódio recente, o juiz Ney Maranhão, titular da Vara do Trabalho de Tucuruí (PA), do Tribunal Regional do Tra-balho da 8ª Região, utilizou o aplicativo para notificar e dar ciência de sentença a reclamados que se encontravam fora do país. Segundo ele, a medida foi adotada após várias tentativas convencionais e devido à urgência de dar andamento ao processo movido pelo Ministério Público do Trabalho em favor do trabalhador de uma madeireira, porque ele teria desen-volvido uma grave doença ocupacional em sua função.
“Tendo em vista a ausência de domicílio dos reclamados em território nacional, foi expedida carta rogatória para notificação, o que exigiu gastos com tradutor juramentado e sujeição ao trâmite burocrático que envolve o
Ministério das Relações Exteriores. Pas-sado longo tempo e mesmo diante de diversos contatos por email e telefone, não obtivemos informações sobre o cumprimento regular da carta rogatória. No entanto, na audiência, fui convencido de que, apesar da ausência de resposta oficial, a carta expedida tinha cumprido o seu propósito, tendo ficado provado que, verdadeiramente, os demandados detinham pleno conhecimento do trâ-mite do processo, inclusive da sessão inaugural”, conta Maranhão.
Ele explica que, na audiência, os irmãos do reclamado informaram o número do celular com WhatsApp que ele utilizava no Suriname. “Com base na prova oral colhida em sessão, dei como regularmente intimados os demandados, reconhecendo a ausência injustificada, e prolatei a sentença de condenação”.
O magistrado salienta que seguiu o princípio da instrumentalidade das formas e que foram enviados a íntegra da sentença e o cálculo, respectivamente, por texto e fotografia, do aparelho celular do oficial de justiça. “No mesmo dia, o aplicativo acusou a leitura pelo destina-tário com o sinal de duas linhas azuis, o que foi objeto de certificação nos autos. A certeza da eficácia da intimação veio alguns dias depois, quando a empresa
Ney Maranhão
Ana Amelia
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A Justiça na era do Wh atsAppencaminhou expediente para a vara com suas alegações”.
Porém, para a diretora de Inclusão Digital da OAB/RJ, Ana Amelia Menna Barreto, é preciso ter cautela na uti-lização do aplicativo em casos como esse. Ela ressalta que a maior parte do Judiciário ainda é resistente à adoção de práticas não convencionais, princi-palmente ferramentas de comunicação, mas que não se pode deixar de lado a segurança jurídica: “O Judiciário não só pode como deve investir na área de Tecnologia da Informação, porém com a indispensável segurança jurídica exigida para a comunicação dos atos processuais. A exibição do tique duplo azul na tela do equipamento do emissor da mensagem não proporciona a certeza de que esta foi lida, bem como lida pelo legítimo receptor”, frisa.
Seu posicionamento vai ao en-contro do que pensa o ouvidor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Fabiano Silveira. “O Judiciário deve cada vez mais estabelecer formas efi-cazes de interação
Aplicativo é usado dentro e fora do expediente
Além do Judiciário, empresas e profissionais autônomos já adotaram o WhatsApp como forma de otimizar a comunicação com clientes e a troca de informações, entre os funcioná-rios, sobre o trabalho. Porém, com a instantaneidade das mensagens e a facilidade de acesso a elas, na palma da mão, um novo cenário se impõe: a ultrapassagem da jornada de tra-balho com as demandas por meio do aplicativo a qualquer hora do dia, da noite ou do fim de semana.
Analista de projetos em uma instituição de ensino e pesquisa científica, C., que preferiu não ser identificada, conta que é acionada pelo grupo de trabalho no WhatsApp inclusive nas férias: “Já houve casos de me consultarem em viagens e até de reclamarem, na segunda-feira, por eu não ter visualizado uma solici-tação no fim de semana. A cultura da empresa impõe quase como obrigação que estejamos disponíveis o tempo todo”.
Já o analista de marketing na equipe de mídias B2W Lucas Mattos
diz que ajuda no trabalho manter contato praticamente em
tempo integral com seus clientes e fornece-
dores: “Como não tenho acesso re-
moto ao email da empresa, é uma forma de agilizar a comu-nicação para assuntos mais urgentes. Mas acho
invasivo, mesmo as-
sim. O que acontece é que o mercado tem instituído a tendência do uso do WhatsApp. É trabalho full time”.
Para o presidente da Comissão de Justiça do Trabalho da Seccional, Marcus Vinicius Cordeiro, acionar os empregados por este meio fora do horário de expediente pode, sim, configurar hora extra, que pode ser requisitada em Justiça. “O artigo 6 da CLT afirma que ‘não se distingue entre o trabalho realizado no estabe-lecimento do empregador, o execu-tado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupos-tos da relação de emprego’, comple-tando, inclusive, que entre as formas de controle pelo empregador estão as informatizadas”, explica ele.
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com a sociedade. Nesse sentido, não se pode, em princípio, por preconceito ou desconhecimento, recusar as novas tecnologias. Mas deve-se tomar o cuidado de não banalizar a atuação dos órgãos desse poder. As formali-dades mínimas dos atos processuais precisam ser observadas, até para preservar o direito das partes e a dignidade da Justiça”.
Ana Amelia cita como bom exem-plo de utilização da ferramenta o da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que instituiu, por meio da por-taria 12/15, o aplicativo, permitindo o acompanhamento processual pe-los advogados, magistrados, partes envolvidas e até testemunhas. Na serventia, os envolvidos precisam ser previamente cadastrados para que sejam inseridos no grupo referente ao caso. Imagens, vídeos, áudio e documentos relacionados ao pro-cesso podem ser enviados por meio do WhatsApp.
Juiz titular desta vara, Ali Mazloum explica que a adoção do aplicativo na serventia não substitui intimações oficiais, serve como complemento que faz parte de um programa para dar mais celeridade à Justiça: “A finalidade do WhatsApp é ser instrumento faci-litador do trabalho do advogado, não um complicador. A ideia é que eles possam utilizar a ferramenta para evitar o deslocamento até o tribunal, obten-
do serviços de informação processual instantâneos, fotografia de despachos, feedback de alguma petição ou até mesmo agendar visita ao juiz e marcar data para consultar os autos”.
Mazloum reforça a percepção de Ana Amelia quanto à resistência por parte do Judiciário: “Persiste uma visão um tanto arcaica do processo, preferindo-se a forma ao resultado útil, que pode ser alcançado com meios mais modernos, não necessa-riamente os rituais obsoletos ainda vistos. A ferramenta é bastante útil ao bom desenvolvimento do processo, à celeridade e economicidade, mas en-contramos resistências que são muito mais internas do que externas por falta de uma cultura que deveria acompa-nhar a evolução tecnológica presente em todos os demais setores da vida e que pode perfeitamente ser aplicada à atividade jurisdicional”.
Ana Amelia frisa que o uso do apli-cativo deve ser opcional: “Qualquer ferramenta tecnológica que promova um canal de comunicação alternativo e complementar é bem vinda, como a utilizada pela 7ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Mas o WhatsApp deve ser uma ferramenta complementar, para facilitação e agilização de comunicação, uma vez que não existe previsão legal para uso dessa plataforma de mensa-gens para fins de intimação”.
Já o presidente do Comitê Ges-tor de Tecnologia da Informação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Nagib Slaibi Filho, acredita que a Lei 11.419/2009, que dispõe sobre a informatização do pro-cesso judicial, contempla a utilização do aplicativo. “O texto prevê a intima-ção eletrônica e não prevê a forma, então qualquer meio seguro para essa intimação é eficiente, abrindo espaço para o WhatsApp e o Telegram”, aponta.
Ele encara os novos meios de comunicação como uma necessidade frente a quantidade de processos que correm na Justiça: “Hoje temos cerca de 800, 900 oficiais de justiça para dar conta de todas as intimações. E vemos que os advogados cada vez mais têm contratado o serviço de empresas para a seleção de leitura do
Diário Oficial, porque é muita coisa para acompanhar”.
Para o desembargador, a intimação por meio eletrônico, inclusive pelo WhatsApp, tem a mesma garantia de recebimento de uma por meio do Diário Oficial. “Certamente também serão criados serviços para leitura das publicações eletrônicas”, completa, afirmando ainda que o TJ é “ampla-mente receptivo ao tema”, mas que ainda não há estrutura no Rio de Janeiro para a aplicação: “Muitas varas ainda não contam com o processo eletrônico. Primeiro é preciso trabalhar nisso para, quem sabe ano que vem, pensarmos em novas formas eletrônicas de comu-nicação”, acredita ele.
O ouvidor do CNJ, Fabiano Silvei-ra, conclui que, frente à demanda, é necessário um pensamento conjunto sobre a utilização dos aplicativos pelo Judiciário: “O debate acerca da incor-poração de ferramentas como as redes sociais da internet para propiciar maior efetividade e economicidade na comu-nicação dos atos processuais é sempre bem-vindo. Assim, tanto o poder pú-blico quanto os atores integrantes do sistema de Justiça devem participar da construção de consensos mínimos acerca do uso de tais procedimentos, de maneira a harmonizar ambos os princípios em prol de uma melhor prestação jurisdicional”. T
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Formulado em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos em Cooperativismo, o curso que trata de Direito Cooperativo é uma das novidades que a Escola Superior de Advocacia (ESA) da OAB/RJ traz em agosto. Além dele, a grade conta com op-ções como Direito Processual do Trabalho, Bioética e biodireito, Arbitragem e a 15ª edição do Curso de Direito Ambiental.
As aulas de Cooperativismo e Direito Cooperativo vão de 18 de agosto a 6 de no-vembro, às sextas-feiras, de 9h30 a 12h30; por um custo de R$ 600 para advogados e R$ 500 para estagiários. Os valores podem ser parcelados em duas vezes.
O curso Fundamentos de Direito Pro-cessual do Trabalho também terá início no dia 18 de agosto, com término em 13 de outubro. As aulas serão às terças, das 18h30 às 21h, a R$ 300 para advogados e R$ 250 para estagiários.
O II Curso sobre bioética e biodireito será
A OAB/RJ realizará, em parceria com o Tri-bunal Regional do Trabalho, um curso exclusivo para advogados deficientes visuais sobre peti-cionamento eletrônico no sistema de processo judicial da Justiça do Trabalho. As aulas serão nos dias 10, 11 e 12 de agosto, das 13h às 18h, na Escola de Inclusão Digital da Seccional. A ini-ciativa é pioneira entre as seccionais da Ordem.
Os equipamentos da escola passarão a contar com alguns sistemas especiais instalados, como o NVDA, usado para a leitura de tela. De acordo com a servidora da Seção Especializada em Dissídios Individuais do TRT e professora do curso Maria Villela, é recomendado que os inte-ressados tenham noções básicas de informática e familiaridade com programas leitores de tela e com o teclado do computador. As aulas, explica Maria, abordarão desde o cadastro dos advoga-dos no sistema do PJe até o acompanhamento dos processos.
A Seccional entrou em contato com os advogados em cujas inscrições constar dados a respeito da deficiência e abriu inscrições para os que não têm esse dado no cadastro.
Cooperativismo e Direito Ambiental, em sua 15ª edição, são destaques
de 18 de agosto a 3 de novembro, às terças e quintas, de 18h30 às 21h. O investimento é de R$ 800 para advogados e R$ 700 para estagiários, podendo ser parcelados em duas vezes.
A 15ª edição do Curso de Direito Ambiental, de 26 de agosto a 9 de novembro, será às segundas e quartas, das 18h30 às 21h. Custa R$ 800 para advogados e R$ 700 para estagiários, em duas parcelas.
O curso prático que visa a preparar advogados para procedimentos arbitrais será aberto em setembro, com início no dia 22. As aulas serão às terças e quintas, das 18h30 às 21h30. O valor é R$ 1.200, e o pagamento pode ser parcelado.
A ESA funciona na Av. Marechal Câmara, 150, 2º andar. Inscrições no portal www.oabrj.org.br e informações pelo telefone (21) 2272-2097 ou pelo email [email protected].
Curso pioneiro do PJe-JTpara deficientes visuais
ESA
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Encerrado o período eleitoral e iniciado o novo mandato, coube ao governo fede-ral encarar a dura realidade da crise
econômica que assola o país e propor um ajuste fiscal, de modo a contornar os efeitos da queda na arrecadação.
Para tanto, adotou a estratégia que se repete em todos os governos desde a volta da democracia: aumentar a carga tributária. Agora, volta a cogitar a criação do IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas). É a terceira vez que se retoma a discussão nos últimos 12 anos.
Nos anos de 2003 e de 2008, a proposta do Executivo consistia, basica-mente, em suprimir o texto “nos termos de lei complementar” que existe no inciso VII, do artigo 153, da Constituição Federal, que trata do IGF. Na prática, o objetivo era possibilitar a criação de tal tributo por lei ordinária, que exige apenas aprovação por maioria simples (25% mais um) dos membros do Con-gresso Nacional, ou seja, 21 senadores e 129 deputados, ou até mesmo por medida provisória.
Como tal modificação não foi adian-te, continua sendo necessária lei com-plementar para a criação do IGF, o que traz como consequência a exigência de sua aprovação pelo voto favorável da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional (ou seja, 41 sena-dores e 257 deputados). Por isso é que a base governista apresentou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 130/2012.
Como a Constituição não define o que são “grandes fortunas”, o projeto as classifica como o patrimônio líquido que exceda a determinado valor em múltiplos do limite mensal de isenção do IR para pessoa física.
Assim, patrimônios até oito mil vezes o limite mensal de isenção do
Tributo, além de não ter arrecadação rep resentativa, provoca fuga de capitaisImposto
sobre fortunas
CESAR MORENO*
PONTOCONTRAPONTO
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IRPF estariam isentos. Acima disso e até 25 mil vezes, a alíquota seria de 0,5%; acima de 25 mil e até 75 mil vezes, de 0,75%; e acima de 75 mil vezes, de 1%.
Tomando por base o limite de isen-ção do IRPF em vigor desde abril de 2015 (R$ 1.903,98), as faixas de tributação se-riam: até R$ 15.231.840, isenção; acima desse valor e até R$ 47.599.500, alíquota de 0,5%; acima desse valor e até R$ 142.798.500, 0,75%; e acima deste, 1%.
Do projeto em discussão, cabe destacar o fato do seu artigo 2º definir como contribuintes não só pessoas físicas brasileiras, como também pes-soas físicas ou jurídicas domiciliadas no exterior em relação ao patrimônio líquido possuído no Brasil. O que assusta é a amplitude do conceito de patrimônio líquido (bens e direitos de qualquer natureza, segundo o texto do projeto), o que pode dar ensejo à tributação de capital produtivo (participações socie-tárias, por exemplo).
Além disso, o projeto determina que o patrimônio imobiliário terá seu valor definido a partir da avaliação feita pelos municípios, ou seja, com base no valor venal para fins de incidência do IPTU.
O IGF não é um tributo muito comum. São poucos os países que o instituíram pelo fato de não ter arrecadação repre-sentativa, aliado à fuga de capitais que provoca. Mesmo assim, em razão de sua fúria arrecadatória, o governo empenha esforços para criar mais este imposto, quando poderia muito bem dedicar seu tempo para simplificar e reduzir a carga tributária brasileira, bem como eliminar parte das obrigações acessórias, tor-nando, assim, a indústria nacional mais competitiva.
* Bacharel em Direito e LL.M. em Direito Societário pelo Ibmec-SP, especia-
lista em Direito Tributário internacional pelo International Bureau of Fiscal
Documentation
Tributo, além de não ter arrecadação rep resentativa, provoca fuga de capitais
É hora de mandar conta do ajuste para aqueles que podem pagar
O Brasil assistiu nesse início de Século 21, pelo m e n o s e n t r e 2005 e 2012, a um crescimento do consumo e da
renda da população mais pobre, o que fez com que muitos interpretassem como decorrência de uma melhoria na péssima distribuição de renda. Importante esclarecer que isso não é verdade e nosso país continua ostentando uma das piores taxas de distribuição de renda do mundo. Uma das instituições internacionais que mede e avalia esses dados é o Pew Research Center. Segundo eles, quem ganha entre U$ 2 e U$ 10 por dia é considerado pobre ou miserável, e mais da metade da população brasileira está nessa categoria; 50,9%, para ser preciso. Na classe média, cuja renda diária vai de US$ 10 a US$ 20, estão 27,8 % dos brasileiros, e na classe alta, que vai de US$ 20 a US$ 50 por dia, ficam 15,9 % da população. Para completar os 100% faltam 5,4% da população que são os ricos e que ganham acima de US$ 50 por dia. Essa distribuição das porcentagens praticamente não mudou nos últimos 40 anos. Isso quer dizer que, se os pobres aumentaram suas respectivas rendas, os ricos também o fizeram mais ou menos na mesma proporção, e com isso a má distribuição de renda se perpetuou.
Os programas sociais implantados nos últimos anos não foram feitos como em outros países, tributando os mais ricos e repassando para os pobres. Eles resultaram de verbas orçamentárias do próprio governo federal que foram realocadas e do aumento do salário mínimo.
Está na hora de mandar a conta do ajuste para aqueles que têm e podem pagar essa conta. Segundo um relatório do banco Credit Suisse divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo em 14/10/2014, no Brasil existem 225 mil adultos que possuem um patrimônio pessoal de mais
de U$ 1 milhão. Suponhamos que essa riqueza seja, em média, de U$ 1,5 milhão. Isso significaria um patrimônio total de R$ 900 bilhões. Um imposto de 4% apenas sobre essa riqueza daria ao governo uma arrecadação adicional de R$ 36 bilhões. Isto representa mais da metade do valor do ajuste fiscal que o ministro Joaquim Levy está promovendo. Só que o ministro o faz cortando verbas de programas sociais, inclusive na área educacional. Não seria muito mais justo finalmente taxarmos os muito ricos?
Taxar mais e melhor as heranças também poderia contribuir, e muito. O Brasil ostenta uma das mais baixas alíquotas no mundo para o Imposto sobre Herança. Aqui chamado de ITCMD – é um imposto estadual. Heranças em nosso país são tributadas pelos governos estaduais e sobre elas incide um imposto de apenas 4%. Um décimo do valor da alíquota do Reino Unido, onde esse imposto é um dos mais importantes. Assim mesmo, no Brasil, em 2013, os governos estaduais arrecadaram R$ 4,5 bilhões com essa tributação. Se a alíquota fosse a mesma do Reino Unido teríamos tido uma arrecadação de R$ 45 bilhões.
No Brasil, a maior parte do que se arrecada é constituída de impostos indiretos, os ICMS, ISS, Cofins etc. que oneram da mesma forma os mais ricos e os mais pobres, ou seja, nosso sistema tributário é injusto. Aqui o que se arrecada com impostos diretos equivale a 2% do PIB, enquanto nos Estados Unidos, que também tem um percentual baixo, os impostos diretos são 8% do PIB. A alíquota mais alta do Imposto de Renda no Brasil é de 27,5%, enquanto na França é de 50%.
Taxar os ricos e as grandes fortunas nos tornará um país mais justo, abrindo caminho para o efetivo desenvolvimento de milhões de brasileiros que hoje sobrevivem com migalhas e esmolas a que chamamos programas sociais.
* Professor de Economia da FEA USP
PAULO R. FELDMANN (*)
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Medalha por carreira acadêmicaé entregue pela OAB/RJ a Ricardo Lira
O Conselho Pleno da OAB/RJ, reunido no dia 9 de julho, homenageou o advo-gado Ricardo Pereira Lira com a primeira medalha Antonio Evaristo de Moraes Filho, criada como premiação das carreiras acadêmicas. Lira, que presidiu a Escola Superior de Advocacia (ESA) e foi amigo fraterno de Evaristinho (falecido em 1997), como ele era chamado, é especia-lista em Direito Urbanístico e permanece como presidente de honra da comissão da Seccional que trata do tema.
“Antonio Evaristo de Moraes Filho foi um advogado que enfrentou grandes causas no Direito Penal, um defensor da liberdade e que hoje honra essa comenda com seu nome. E o primeiro homenageado não poderia ser outro, pois Ricardo Lira coroa a imagem do profissional que é um jurista completo”, elogiou o presidente da ESA, Flávio Ahmed.
“Recebo agradecido e emocionado essa medalha, mais um elo que nos une
Atualizar os conhecimentos dos colegas para acompanhar as mudanças que virão com a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil (CPC), em março de 2016, foi o objetivo da palestra Diálogo das fontes – O novo CPC e o pro-cesso do trabalho, que aconteceu no dia 29 de julho, na sede da Seccional.
O palestrante foi o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) Roberto Norris, convidado pela Comissão OAB/Mulher, organizado-ra do evento.
Norris abordou, especialmente, os aspectos do CPC que irão refletir no âmbito trabalhista. “A grande questão
do código é que ele veio com uma mentalidade nova, trazida das mais recentes codificações nos países consi-derados desenvolvidos, a aplicação das cláusulas gerais. Ele não vai resolver nossos problemas, mas desejo que seja bem aplicado em várias etapas do pro-cesso do trabalho, porque se for para aplicar mal vamos ignorá-lo. Não vejo muita celeridade nas novas regras, mas espero que possam nos trazer algum âmbito de certezas”, disse o desembar-gador, que após a palestra respondeu a perguntas da plateia. A presidente da OAB/Mulher, Rosa Fonseca, comandou o evento. T
eternamente. Fico aqui, na esperança de nos reencontrarmos, Evaristinho”, disse, emocionado, o homenageado.
Participaram da mesa o vice-presi-dente da Seccional, Ronaldo Cramer, o te-soureiro, Luciano Bandeira, e o presidente da Caarj, Marcello Oliveira. Filho de Ricar-do Lira, o também advogado José Ricardo Lira também falou da ligação entre sua família e a de Evaristinho, representada na ocasião por seus filhos Eduardo de Moraes e Renato de Moraes. T
Novo CPC na área trabalhista é foco de palestra
Na sessão do Conselho Seccional a homenagem ao ex-diretor da ESA
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Rosa Fonseca e Roberto Norris
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Mães de Acari lembram 25 anos de luta
A emoção e o sentimento de revolta marcaram o evento que lembrou os 25 anos da Chacina de Acari, como ficou conhecido o sequestro e desaparecimento de 11 jovens
moradores da favela de Acari e regiões próximas, na Zona Norte do Rio. Eles estavam em um sítio em Suruí, município de Magé,
e foram levados por homens que se identificaram como poli-ciais. Seus corpos nunca foram encontrados e as mães até hoje lutam por justiça. O inquérito foi encerrado por falta de provas em 2010, quando o episódio completou 20 anos.
Organizado pela Comissão de Igualdade Racial (CIR) da OAB/RJ, o ato aconteceu no dia 27 de julho, e contou com a participação de movimentos contra a violência e da Anistia Internacional. Em depoimentos emocionados, mães e irmãs de vítimas de violência, de Acari e de outras favelas, como Borel e Manguinhos, lembraram casos de parentes vitimados por agen-
tes do Estado sem que ninguém tenha sido responsabilizado.
As mães defenderam o fim da violên-cia policial e falaram da dor de terem sido privadas de se despedirem dos filhos. Aline Leite tinha 7 anos quando a irmã desapareceu. Ela lembrou a luta da mãe, Vera Lúcia, já falecida, por notícias. “Eu, que nunca tinha visto minha mãe chorar, a via chorando na televisão a cada pista que surgia sobre o caso. Não dá para descrever os anos de luta sem os socos que levamos”, relembrou.
O presidente da CIR, Marcelo Dias, citou casos de assassinatos de jovens nas periferias do Brasil. “A história do nosso país é uma história de extermínio da
juventude negra. É uma história de violência. São 30 mil jovens mortos por ano”, afirmou.
“Depois de Amarildo, outras 23 pessoas desapareceram na Rocinha”, acusou o presidente da Comissão de Direitos Huma-nos da Seccional, Marcelo Chalréo, que integrou a mesa. T
Organizações da sociedade civil discutem marco regulatório
O Marco Regulatório das Organi-zações da Sociedade Civil, criado pela Lei 13.019/2014, foi tema de encontro realizado na Seccional em 29 de julho. Organizado pela Comissão de Direitos Au-torais, Direitos Imateriais e Entretenimento (Cdadie) da OAB/RJ, o evento buscou reunir a visão do Estado e da sociedade a fim de debater as melhorias trazidas pela nova legislação e as demandas ainda pendentes.
Foram convidadas a participar as representantes da secretária-geral da Presidência da República, Aline Akemi, e
da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) no estado, Eleutéria Amora.
O marco regulatório deveria ter entrado em vigor no dia 27 de julho, porém uma medida provisória editada a pedido de municípios que não estavam preparados para as mudanças previstas na legislação adiou as alterações para janeiro de 2016. Segundo Akemi, a providência vai permitir que a lei seja melhorada. “Será mais um momento de discussão. Já foram identificados alguns pontos em que há a necessidade de aprimoramento do texto legal”, disse.
Ela explicou, ainda, os principais objetivos do marco regulatório. “Que-remos melhorar o ambiente jurídico e institucional relacionado às organizações a às parcerias com o Estado. Vamos trazer segurança jurídica para essas relações, ampliar a valorização das organizações e a transparência na aplicação de recursos
públicos”, pontuou.Em sua fala, Amora demonstrou in-
satisfação com o adiamento. “Não vamos enfrentar os problemas se a lei não entrar em vigor. Muitas organizações vão fechar e já há varias endividadas por causa de con-vênios mal feitos, em razão da ausência de regulamentação”.
Amora questionou, ainda, o trata-mento dado às organizações. “Sempre participamos do debate e apresentamos propostas. Intensificaremos a luta para que a lei entre em vigor. A sociedade civil vem antes do Estado e não podemos ser colocadas como instituições que utilizam recursos públicos sem controle. É preciso debater o nosso papel neste processo. Se-ria possível a implementação de políticas públicas sem a participação de entidades da sociedade civil?”, indagou.
Em seguida foi realizado um debate com a mediação do presidente da Cdadie, Fábio Cesnik. T
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Marcelo Chalréo e Marcelo Dias no ato por justiça
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Regras para aposentadoriade pessoas com deficiência
Em debate realizado em conjunto pelas comissões de Previdência Social (CPS), de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD) e de Direito Constitucional (Cdcon) da OAB/RJ, no dia 1º de julho, as regras de aposentadoria especial para pessoas com deficiência, na regulamentação disposta pela Lei
Complementar 142/2013 ao artigo 201 da Constituição Federal, foram avaliadas a partir de uma visão multidisciplinar.
Em sua explanação, o juiz fede-ral Fábio Souza, professor de Direito Previdenciário, explicou que o Direito avançou e passou a tratar a deficiência como uma questão de desigualdade de oportunidades: “A legislação precisa se adaptar para permitir que as pessoas possam superar as barreiras que lhe são impostas, para que se possa produzir a igualdade”. Souza frisou que a Emenda Constitucional 47 visa a permitir trata-mento diferenciado na aposentadoria em condições especiais, mas não impor. “Se a pessoa com deficiência não quiser, não precisa dessas condições especiais.
Influência estatal na economia é tema de palestra
A intervenção do Estado na economia, nos seus diversos aspectos, foi o tema da palestra gratuita proferida na Sec-cional, dia 7 de julho, pelo professor José Vicente Santos de Mendonça com a participação do professor André Saddy. O evento foi organizado pela Comissão de Estudos Regulados (CER) da OAB/RJ, representada na ocasião por Jorge Mesqui-ta Júnior.
Mendonça centrou sua abordagem na questão da regulação,
fez críticas e elogios e apontou desafios, como o de criar uma teoria própria. “Diferentemente de países como os Estados Unidos, não temos no Brasil um método, uma abordagem, uma perspectiva predominante no estudo da regulação. Aqui convivem as influ-ências norte-americana e europeia”, disse. Ele considera que essa é a “verdadeira mudança de paradigma” do campo atualmente. “É metodo-lógica. Ser um advogado de Direito Administrativo hoje não é mais ser um douto em teoria europeia, mas sim ser versado em microeconomia, conhecer categorias que não perten-cem à tradição do Direito Administra-tivo europeu”, defendeu. No evento, Mendonça também apresentou seu
livro, Direito Constitucional Econômico, da editora Fórum. Saddy concordou que faltam estudos sobre autorregula-
ção, diante de mudanças no cenário internacional. “O Direito europeu já está passando por mudanças, tentando se aproxi-mar do norte-americano. Concordo na afirmação de que um dos desafios é criar uma teoria própria. Temos que tentar parar de importar, ou então importar o que for importante, mas adaptando à nossa realidade”, concluiu. T
É um direito que ela tem”.Presidente da Comissão de Direito
Constitucional, Leonardo Vizeu apre-sentou minuciosamente os critérios contidos na Carta. Os presidentes da CPS, Suzani Ferraro, e da CDPD, Geraldo Nogueira, também participaram do evento, assim como o coordenador das comissões da OAB/RJ, Fábio Nogueira, que falou sobre a interação entre os grupos.
Deficiente visual, o membro da Comissão de Políticas Institucionais para promoção da acessibilidade no Tribunal de Justiça Marcio Aguiar abordou a evolução da visão da sociedade sobre a deficiência. A mesa foi presidida pelo advogado públi-co federal Luis Claudio Freitas. T
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Geraldo Nogueira e Leonardo Vizeu
Mendonça e Saddy, mediados por Jorge Mesquita (centro)
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Influência estatal na economia é tema de palestra
A Seccional reuniu especialistas para discutir, em aula livre, aspectos relaciona-dos à propriedade fiduciária. A palestra, realizada no dia 2 de julho foi ministrada pelo advogado Melhim Chalhub. Os presidentes das comissões de Mercado de Capitais, Igor Muniz e de Direito Imobiliá-rio, José Ricardo Pereira Lira, e o advogado Flávio Martins Rodrigues foram mediado-res do debate.
Chalhub dividiu sua exposição em duas partes. Primeiro, apresentou os conceitos relacionados à proprie-dade fiduciária e suas relações. Em seguida, expôs alguns conceitos sobre alienação fiduciária. “A propriedade fiduciária é uma propriedade resolú-vel com peculiaridades próprias, com características especiais”, explicou, no começo de sua fala. T
As implicações do Decreto 8.465, publicado em 8 de junho e que dispõe sobre os critérios de arbitragem para dirimir litígios no âmbito do setor portuário, guiaram o debate promovido em conjunto pela Comissão de Direito Marítimo, Portuário e do Mar e pela Comissão de Arbitragem da OAB/RJ no dia 14 de julho, na Seccional.
“Esse decreto é extremamente positivo para a sociedade, pois, além da regulação que traz, vem de um reconhecimento, por parte do Estado, de que precisamos de alternativas. O Judiciário está assoberbado, sabemos da dificuldade em relação ao tempo de tramitação dos processos. A Justiça Federal apresenta sintomas graves de
Regulação da arbitragem no setor portuário pauta debate
ineficiência e boa parte desses casos tem tramitação média de 10, 12 anos. Em boa parte desses litígios a União é parte interessada e credora, inclusive”, afirmou o presidente da Comissão de Direito Marítimo, Portuário e do Mar, Godofredo Mendes Vianna.
Presidente da Comissão de Arbi-tragem, Joaquim Muniz ressaltou que o decreto representa um momento de renovação no Brasil: “Apontamos agora para uma nova fronteira: a arbitragem envolvendo o Estado de uma forma mais ampla. E é muito auspicioso que o primeiro evento que se faz para debater esse decreto seja feito pela OAB/RJ”, salientou. Para Muniz, o modelo de regulamentação específico para cada área tende a ser mais eficiente.
O evento contou com contribuições do presidente e da vice-presidente do Centro Brasileiro de Mediação e Arbi-tragem (CBMA), Gustavo Smith e Camila Mendes Cardoso, respectivamente; do presidente da Associação de Terminais Privados (ATP), Almirante Murilo Barbosa; e do gerente jurídico do Grupo Libra, João Maligo. T
Especialistas discutem propriedade fiduciária
Especialistas explicam alienação parental autoinfligida
A Comissão de Direito de Família (CDF) da OAB/RJ promoveu, no dia 2 de julho, debate sobre a aliena-ção parental autoinfligida. O objetivo foi apresentar e explicar melhor aos advogados a denominação nova para casos em que um dos pais, após o divórcio, acredita estar sofrendo alienação parental, não sendo isso real. O presidente da comissão, Bernardo Pereira de Castro, e a integrante da CDF Tânia da Silva Pereira fizeram a apresentação e a mediação.
Participaram o advogado e professor Rolf Ma-daleno e o psiquiatra e perito Sérgio Nick. Segundo Madaleno, é preciso bastante conhecimento para lidar com o assunto. “É um tema novo, de desenvolvimento recente, e que as pessoas ainda não compreendem exatamente. É possível que a alienação autoinfligida seja mais comum até mesmo do que a alienação parental em si. Ela pode ser causada pelo próprio comportamento desfuncional de um dos pais, e ser consciente ou inconsciente”, explicou. T
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Joaquim Muniz (centro)destacou o momento de de renovação
José Ricardo, Chalhub, Igor e Martins Rodrigues
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RIO CLARO
Inaugurada a nova sede da subseção
NÁDIA MENDES
Continuando as visitas ao interior do estado iniciadas em março, a caravana da Seccional esteve em Rio Claro no dia 2 de julho. Na ocasião, o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, inaugurou a nova sede da subseção, que conta com escritório compartilhado e uma central
SEROPÉDICADurante visita, Felipe presta contas da gestão
O município de Seropé-dica recebeu a caravana da OAB/RJ na manhã do dia 2 de julho. O presidente da Seccio-nal, Felipe Santa Cruz, prestou conta dos 30 meses de gestão e conversou com os advoga-dos da região. No encontro, o presidente da subseção, Fábio Luiz Ferreira, agradeceu o apoio da Ordem. “Felizmente temos uma diretoria que olha individualmente para cada unidade”, observou.
Felipe afirmou ser impor-tante, em todo o Estado do
de peticionamento com dois computa-dores com internet banda larga, além de impressora multifuncional.
Emocionada, a presidente da OAB/Rio Claro, Adriana Moreira, agrade-ceu o apoio da Seccional na realização do que ela considerada um sonho. “Hoje é um dia de festa para os advogados do município. Há muito tempo procuráva-
mos um espaço assim para que pudésse-mos oferecer um serviço melhor”, disse.
Para Felipe, uma boa sede ajuda a melhorar cada vez mais a imagem da Ordem. “Uma entidade respeitada faz com que o advogado também seja respeitado. E quando inauguramos um espaço como este, temos como objetivo principal retornar para os colegas, na forma de serviços, a anuidade paga. É o mesmo que acontece, por exemplo, com outras iniciativas, como o curso online sobre o novo Código de Processo Civil, as salas da OAB nos fóruns e o plano odontológico gratuito”.
A ocasião foi marcada, ainda, pela en-trega da carteira de estagiário a um colega e pelas homenagens ao ex-presidente da subseção Emmanoel de Oliveira, que recebeu a medalha Roberto Luiz Pereira, e ao conselheiro seccional Alfredo Godói, notório advogado da cidade.
Estiveram presentes os presidentes das subseções de Mendes, Paulo Affonso Loyola; de Vassouras, José Roberto Cimi-nelli; de Paraíba do Sul, Eduardo Langoni; da Barra da Tijuca, Ricardo Menezes; de Mangaratiba, Ilson Ribeiro; de Barra do Piraí, Denise de Paula; de São João de Meriti, Júlia Vera dos Santos; de Campo Grande, Mauro Pereira; de Angra dos Reis, Cid Magalhães; e de Seropédica, Fábio Ferreira. T
Rio de Janeiro, que a popu-lação veja a unidade da OAB como um porto seguro. “Por natureza a Ordem cuida da advocacia e da sociedade”, afirmou.
Compareceram, também, o tesoureiro da OAB/RJ, Lu-ciano Bandeira; os presidentes das subseções da Barra da Tijuca e de Itaguaí, respecti-vamente Ricardo Menezes e José Ananias de Oliveira; e o diretor da Escola Superior de Advocacia (ESA) da OAB/Barra da Tijuca, Cláudio Carneiro. T
Adriana, Felipe e Luciano durante a inauguração
Fábio agradeceu o apoio da Ordem
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ioSUBSEÇÕES
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Denise, Felipe e Luciano
BARRA MANSA
O presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, esteve no dia 2 de julho, na ceri-mônia de entrega de carteiras a novos advogados e estagiários da Subseção de Barra Mansa. Na oportunidade, foram homenageados os 11 ex-presidentes da unidade com a medalha Roberto Luiz Pereira.
O presidente da OAB/Barra Mansa, Ayrton Biolchini, parabenizou os novos colegas e os convocou a utilizar os serviços que a Ordem oferece, como a central de peticionamento eletrônico e o centro de certificação digital. “Sejam bem-vindos a esta casa, que é de vocês. Participem das atividades oferecidas, façam os cursos, utilizem os espaços que são seus”, disse.
Na cerimônia, Felipe falou sobre a importância de reconhecer o trabalho de todos aqueles que, há 48 anos, estão
Ex-presidentes são homenageados
NOVA FRIBURGO
Subseção age e consegue isonomia entre advogados e magistrados
Após reclamações dos colegas da região de que apenas os advogados estavam sendo obrigados a passar pela revista na entrada do Fórum Rivaldo Pereira Santos, o presidente da Subse-ção de Nova Friburgo, Romulo Colly, se reuniu, em 3 de julho, com o juiz diretor da unidade, Marcus Vinícius Miranda, pedindo respeito à isonomia entre advogados e magistrados. Atualmente, todas as pessoas são submetidas ao procedimento.
O juiz atendeu o requerimento da subseção e liberou os advogados da revista mediante apresentação da car-teira funcional da Ordem, mas a decisão valeu apenas por cinco dias. Na quinta--feira, 9 de julho, a não obrigatoriedade
à frente da unidade em Barra Mansa. “O trabalho da Ordem é de doação e voluntariado. E sabemos que os presidentes de subseção abrem mão da família e de compromissos pessoais para se doar. Hoje estou aqui para agradecer, em nome dos 150 mil advogados do Rio de Janeiro”. Ele também falou aos novos colegas sobre a importância da valorização da profissão: “Convido todos vocês a lutarem junto comigo pelo Exame de Ordem”, con-vocou.
A comitiva da Seccional foi composta, ainda, pelo tesou-reiro da Seccional, Luciano Bandeira, e os presidentes das subseções da Barra, da Tijuca, Ricardo Menezes; de Mendes,
da revista para advogados foi revogada. O juiz Marcus Vinicius informou que, após orientação do TJ e reunião com os magistrados, promotores, defensores e
Paulo Afonso Loyola; de Rio Claro, Adriana Moreira; e de Volta Redonda, Alex Martins. T
serventuários da comarca, decidiu-se que todos deverão passar pelo detector de metais.
Desde então, todos estão sendo submetidos aos procedimentos de segurança na entrada do fórum. Colly enviou ofício a direção do tribunal pe-dindo explicações sobre a revista. Em algumas comarcas os advogados não são obrigados a passar pelo detector de metais e não está claro se isso é definido por cada comarca ou se é por uma resolução do tribunal, que valeria igualmente para todas. A revista passou a ocorrer em Nova Friburgo em 16 de junho de 2014, após a edição de lei federal e regulamentação do Conselho Nacional de Justiça. T
Ayrton e Felipe entregaram as medalhas aos homenageados
Romulo Colly
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CAMPO GRANDE
OAB/RJ e Foz Águas 5 tentam acordo para cobrança de taxa de esgoto
ITABORAÍ / CAMPO GRANDE
Os presidentes das subseções de Campo Grande, Mauro Pereira, e Itaboraí, Jocivaldo Lopes, participaram, em 16 de julho, de uma reunião com o presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), Poul Erik Dyrlund, e com o tesoureiro da OAB/RJ, Luciano Bandeira, para discutir demandas referentes à Justiça Federal nas duas regiões.
Em Campo Grande, o prédio da Justiça Federal está em funcionamento desde de-zembro e já existe espaço designado para a OAB/RJ no local. No entanto, a sala ainda não pode ser usada por falta de uma autorização do tribunal. “Falta apenas essa liberação para iniciarmos as obras e para colocarmos a sala à disposição dos colegas”, afirmou Mauro.
Em Itaboraí, a demanda é pela reins-talação da Vara Federal na cidade, que atualmente funciona em Niterói, no prédio da Justiça Federal. A competência da vara abrange, além de Itaboraí, os municípios de Tanguá, Rio Bonito e, ainda, Silva Jardim, que fica a 110 quilômetros de Niterói. Dyrlund
Em reunião no TRF, presidentes reclamam da burocracia
Representantes da concessionária Foz Águas 5 – responsável pela operação dos serviços de amplia-ção, coleta e trata-mento de esgoto da Área de Planejamento Cinco (AP5), que com-preende 21 bairros da Zona Oeste da cida-de do Rio de Janeiro – estiveram na manhã do dia 13 de julho na Seccional, em reunião com o tesoureiro da casa, Luciano Bandeira, e com o presidente da OAB/Campo Grande, Mauro Pereira. O encontro, agendado
pelo presidente da subseção, foi mais uma tenta-tiva de elucidar as dúvidas sobre a cobrança inde-vida da taxa de esgoto na região, uma vez que o serviço não é prestado efeti-vamente.
Na ocasião, o presidente da Foz Águas 5, San-
dro Stroiek, apresentou detalhes do con-trato de concessão da empresa e explicou a atual impossibilidade para alteração na
alegou que existe um problema contratual em relação ao prédio que abrigava a vara em Itaboraí e que a proprietária do imóvel se comprometeu a regularizar a situação e refor-mar o edifício até 2017. Segundo Jocivaldo, tanto advogados quanto jurisdicionados estão sendo prejudicados e não podem esperar por dois anos devido à burocracia. “São pessoas humildes que necessitam desses serviços e que precisam se deslocar até Niterói para serem atendidas”.
Jocivaldo apresentou outra alternativa durante o encontro. Segundo ele, o muni-cípio ofereceu um terreno de 1.500 m² ao TRF-2, onde poderia ser erguida a sede da Justiça Federal local. A ideia, conforme expli-cou o presidente, seria construir uma “cidade jurídica” na região próxima ao Tribunal de Justiça, já em funcionamento. “A Defensoria Pública e o Ministério Público já aceitaram o espaço cedido pelo município e nós, da OAB, também. Iremos construir um estacionamen-to para os advogados”, acrescentou.
taxa de cobrança. Por sugestão do tesou-reiro da Ordem, uma nova apresentação será realizada, desta vez, com a participa-ção de toda a diretoria da Subseção de Campo Grande. O encontro está previsto para a primeira semana de agosto.
Segundo Luciano, esta será uma boa oportunidade de esclarecimento, interação e divulgação. “São muitas as re-clamações em relação ao serviço sanitário da região. A troca de informações é uma alternativa de elucidar esses problemas”, disse.
Como representantes da concessio-nária, também estiveram presentes ao encontro a diretora comercial, Marilda Pa-gano, o responsável jurídico, Igor Zibordi, e a advogada Paula Passos. T
Dyrlund solicitou que a subseção produzisse um relatório mais detalhado do pedido, para que seja apresentado à equipe de engenharia do TRF-2. T
Mauro participou de reunião com concessionária
Jocivaldo, Luciano e Mauro em frente ao TRF
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SUBSEÇÕES
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 43
Equipe da subseção e moradores
TJ implantará processo eletrônico nos JECs locais
LEOPOLDINA / PAVUNA
O Tribunal de Justiça (TJ) implantará o processo eletrônico nos X e XI Juizados Especiais Cíveis (JECs) da Leopoldina e no XXV JEC da Pavuna.
O sistema foi implantado na Leopol-dina no dia 13 de julho, mas, segundo as informações do TJ, a distribuição de forma exclusivamente eletrônica será apenas a partir do dia 13 de agosto. Já na Pavuna, a medida passará a valer no dia 27 do mesmo mês.
Atenta às demandas dos advogados
Subseção terá maior autonomia a partir de 2016
MACAÉ
Reivindicada pela diretoria da OAB/Macaé, a criação de um conselho para a subseção foi aprovada no dia 25 de junho pelo Tribunal Pleno da Seccional. Com isso, a partir de janeiro de 2016, a subseção passará a contar com mais autonomia administrativa e financeira.
O pedido foi formalizado após de di-versas reuniões. “Esta transição constitui grande avanço para a nossa instituição, que deixará de ser uma subseção simples para ter mais autonomia. Isso inclui poder implantar na região todos os conselhos existentes na Seccional”, explicou Fran-çois Pimentel, presidente da OAB/Macaé.
A partir da mudança, a subseção cons-tituirá um Tribunal de Ética e Disciplina (TED) próprio e passará a contar, em sua diretoria, com 57 advogados membros, sendo cinco diretores, 26 conselheiros e 26 suplentes. “Estamos muito felizes com esta vitória obtida pela nossa diretoria, principalmente porque teremos condições de oferecer maior suporte aos advogados da região”, acrescentou François.
Além disso, a transformação da
instituição é, segundo ele, importan-te passo para o processo de elevação da Comarca de Macaé em entrância especial. “Estamos adequando a subseção para que este processo se torne efetivo, o que certamente ocor-rerá em breve”, concluiu o presidente da OAB/Macaé. T
Os advogados de Petrópolis agora con-tam com dez vagas de estacionamento na Rua Albert Mackenzie, próxima à Rua Barão do Rio Branco, onde fica o Fórum Felisberto Ribeiro Monteiro Neto, no Centro. Para utilizar
a vaga, é preciso ir à sede da subseção, na Rua Marechal Deodoro, 229, e retirar uma autoriza-ção, que será fixada no painel do veículo.
Outra mudança que vai facilitar a vida dos advogados de Petrópolis: a placa de identificação para embarque e desembarque da van da OAB foi fixada em frente ao fórum, próximo ao ponto de táxi da região.
O presidente da subseção local, Antônio Carlos Machado, também solicitou ao TJ um estudo de viabilidade técnica para a demarcação de vagas no pátio do fórum. O pedido já está em análise pelo departamento de engenharia do tribunal. T
Advogados têm vagas exclusivas próximas ao fórum
PETRÓPOLIS
da região, a OAB/Leopoldina, em parceria com a Diretoria de Inclu-são Digital da OAB/RJ, realizou um novo Curso de Peticionamento Eletrônico, no dia 24 de julho, na sede da subseção. “Já recebemos a aula algumas vezes, mas apri-morar a adaptação dos advogados é nossa preocupação permanente. Não podemos permitir que com o avanço do processo digital colegas se sintam exclu-ídos da profissão”, disse o presidente da
Ordem na Leopoldina, Frederico Mendes. O curso foi ministrado de forma gra-
tuita pela diretora de Inclusão Digital da Seccional, Ana Amelia Menna Barreto, e lotou o auditório da subseção. T
Ana Amelia ministrou curso na subseção
François Pimentel
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DesaforismosPara o exercício da advocacia, dominar a língua portugue-sa é fundamental. Saber se expressar bem interfere não só no sucesso de uma petição endereçada a um órgão julga-dor, mas também na definição das obrigações contratuais que estarão sendo contraídas pelo cliente. A preocupação em escrever bem e certo não pode ser confundida apenas com o trabalho dos advogados. Mais do que estresse e preocupa-ção o uso das palavras pode ser uma grande ferramenta de humor e descontração. Em Desaforismos, da Editora Caravansarai, Georges Najjar Jr. provoca o leitor a redescobrir, com muito humor, o significado das palavras e a satirizar a nossa vida cotidiana. Escrito na forma de um pequeno dicionário de pensamentos, Desaforismos é a dose homeopática diária de inspiração para começar meu dia bem.
*Conselheiro da OAB/RJ
Yuri Sahione*Incentivos tributários
Em meio às discussões sobre a necessidade de uma reforma tributária, Gilson Bomfim discute, neste livro, os motivos para que ela não tenha ido adiante até o momento, assim como questões que considera preocupantes referentes à justiça tributária e à exclusão indevida de contribuintes do esquema geral de tributação. Da editora Lumen Juris. Mais informações no site www.lumenjuris.com.br ou pelo telefone (21) 2224-0305.
CLT organizadaLançamento da editora Saraiva, a obra é composta
pelo texto da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), atualizado e acompanhado de notas elaboradas
e desenvolvidas pelo organizador, o jurista Carlos Henrique Bezerra Leite. Ele utiliza sua experiência no
magistério e na carreira jurídica para apresentar ao leitor a legislação correlata pertinente, súmulas dos
principais tribunais federais, precedentes normativos e orientações jurisprudenciais. Mais informações no site
www.saraiva.com.br ou pelo telefone 0800-0117875.
Novo Código de Processo Civil –
Comparado e anotado Coordenado por Aluisio Gonçalves de Castro
Mendes, Larissa Clare Pochmann da Silva e Marcelo Pereira de Almeida, o livro compara o Código de
Processo Civil de 1973 ao de 2015, com anotações de diversos especialistas. A obra procura apresentar, assim, dispositivo a dispositivo da nova legislação a todos os profissionais que trabalham com processo
civil brasileiro. Da editora GZ. Mais informações no site www.editoragz.com.br ou pelo telefone (21)
2240-1406.
ESTANTE
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 45
Manual de arbitragem para advogados
Com participação do presidente da Comissão de Arbitragem da OAB/RJ, Joa-quim Muniz, o Conselho Federal da OAB elaborou este Manual de Arbitragem para
Advogados, em parceria com a Confe-deração das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil. O livro tem colaborações de especialistas de várias seccionais e introduz, didaticamente, os leitores na área da arbi-tragem. O download está disponível gratuitamente diretamente no link http://goo.gl/wDLeWW
Mais uma obra de Carlos Henrique Bezerra Leite com nova edição lançada pela Saraiva, o livro é uma importante ferramenta de estu-do e consulta para os que desejam co-nhecer os aspectos
do Ministério Público do Trabalho, como a origem, a evolução, o conceito, a orga-nização, o regime jurídico, os princípios institucionais, os órgãos e as carreiras. Traz também jurisprudência, modelos de peças processuais e pareceres específi-cos utilizados pela instituição ministerial, além de questões de provas recentes do concurso público para o cargo de procurador do trabalho. Mais informa-ções e vendas pelo link http://goo.gl/wFzVM7
Ministério Público do TrabalhoEb
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Gás natural no cenário brasileiro
Organizada pela sócia fundadora do Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE), Maria D´Assunção Costa, a obra reúne textos de diversos especialistas que aprofundam as questões legais e regulatórias do setor de gás natural. O conteúdo indica alguns dos caminhos que precisam ser percorridos pela regulação e pelos agentes econômicos para o desenvolvimento eficiente desse mercado. Da editora Synergia. Mais informações no site www.synergiaeditora.com.br ou pelo telefone (21) 3259-9374.
Água: eu cuido, eu poupo
Da série Direito & Sociedade – FGV de bolso, o trabalho de Ana Alice De Carli trata da preocupação com a escassez da água, objeto de intenso debate em todo o mundo, falando sobre questões como a história do consumo deste bem e os problemas relacionados a seu uso e propondo novos instrumentos jurídicos para a matéria. Da editora FGV. Mais informações no site www.fgv.br/editora ou pelo telefone 0800-021-7777.
Delinquência econômica e financeira
A obra, de Fausto Martin de Sanctis, fala sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/1986), de lavagem de dinheiro (Leis 9.613/1998 e 12.683/2012) e contra o mercado de capitais (Lei 10.303/2001), diplomas legais que compõem o Direito Penal econômico – e, quer pelo conteúdo, quer pela forma, impõem uma constante releitura e estudo para que possam ser bem dimensionados diante da ordem atual das coisas, inseridos numa sociedade altamente complexa, judicializada e sedenta por justiça social. Da editora Forense. Mais informações no site www.grupogen.com.br ou pelo telefone (11) 5080-1796.
Caarj: nova fase de projetos nos eixos Vida e Cultural
Com a ideia de confraternizar, juntar as famí-lias e reafirmar a importância da advocacia no dia a dia da sociedade, a Caarj realizará, no dia 30 de agosto, a 26ª Caminhada dos Advogados, como parte das comemorações pelo mês dedicado à classe. “O evento já faz parte da agenda da advocacia, e contamos com a presença de todos os colegas. Queremos que venham não só os advogados, mas também suas esposas, maridos, filhos: o encontro é para as famílias”, convida o presidente da Caixa, Marcello Oliveira.
O sucesso da Campanha de Vacinação da Caarj e dos programas e parcerias do eixo Cultural marcaram o primeiro semestre de 2015. Em sua terceira edição, a campanha, que imuniza contra o vírus da gripe tipo H1N1, bateu a marca de cinco mil doses aplicadas. Já na área da cultura, novas oficinas estão sendo criadas, assim como o Cineclube Caarj, fruto da recente parceria firmada com o Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro, o Cine Odeon.
Iniciada em maio, a campanha de vacina-ção se encerrará este ano em agosto, tendo se expandido para além dos fóruns, subseções e casas do advogado: nesta edição, as duas equipes visitaram também 21 escritórios de advocacia, imunizando 511 colegas: “Estamos buscando ampliar o atendimento cada vez mais, por todo o território fluminense, para ga-rantir a capilaridade deste serviço que contri-
bui diretamente para a melhora das condições de saúde e trabalho dos advogados”, observa o presidente da Caixa, Marcello Oliveira.
A civilista Maria Aparecida Tavares Va-lente, que sofre de bronquite, foi uma das beneficiadas. Neste inverno, ela, que recebeu a vacina em junho, disse ter percebido boa diferença na sua resistência imunológica. “Há o mito de que quem toma vacina fica gripado. Mas sou a prova de que não é verdade”.
Eixo Cultural: novidade é o Cineclube Caarj
Já o eixo Cultural relança, nesse segundo semestre, projetos criados no início do ano que tiveram boa receptividade. “Queremos que, assim como a assistência ao advogado na área de saúde, a Caixa avance cada vez mais com as atividades culturais para se tornar
também uma referência”, explica Marcello.Entre as novidades do setor está o Cine-
clube Caarj, resultado do convênio entre a Caixa e o Cine Odeon. São exibidos mensal-mente filmes com a temática voltada para a prática do Direito.
Diretora do eixo, Talita Menezes considera que o sucesso de projetos como o Entreatos jurídicos, que ensina artes cênicas aos colegas, se deve a uma mudança de paradigmas. “Isso demonstra que a advocacia está receptiva à utilização da arte como instrumento de aprimoramento profissional e pessoal”, diz.
Devido à grande adesão por parte dos colegas, o Entreatos, iniciado em fevereiro, foi retomado em agosto com aula de expres-são corporal do coreógrafo Jaime Arôxa. Em setembro, a classe será de Técnica Vocal e Oratória, da fonoaudióloga Jane Celeste; em outubro, de Dramaturgia, com Renata Mizrahi; em novembro, oficina de análise de texto com o ator Daniel Herz; e em dezembro com lições sobre improvisação com o também ator Claudio Amado.
Outro projeto que terá continuidade, o DoutorArte, um curso de fotografia ministrado pelo fotógrafo e advogado Alexandre Torreão, será ampliado para familiares dos advogados. Profissionais e estagiários continuam com 20 bolsas com 45% do valor total do curso, que começará em setembro.
Seguem, ainda, os ensaios dos Corais dos Advogados. Agora em três unidades, os gru-pos promovem integração entre os colegas e permitem o ensino de técnicas vocais e de expressão corporal. Mais informações no site www.caarj.org.br. T
Caminhada dos Advogados será dia 30 de agostoCom o tema Dia das famílias, esta edição terá
ainda mais atividades para as crianças do que as outras edições, conta Marcello. Ele cita novidades como o simulador de asa delta e a versão própria para os pequenos a ser realizada paralelamente: a Caminhadinha dos Advogados: As crianças terão
ainda um espaço com promoção de brincadeiras pelos animadores, ato-res vestidos como personagens, malabaristas e contadores de histórias.
Para os adultos, haverá uma série de atrações, entre elas shows musicais e atividades físicas como aulas de zumba e cardiodance. T
Aula do Entreatos jurídicos com Jaime Arôxa
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CAARJ
O projeto Caarj Cultural traz, em sua pro-gramação de agosto, desconto de 65% na peça Antologia do remorso, em cartaz até o dia 30 no Teatro Gonzaguinha, no Centro Municipal de Arte Calouste Gulbekian. O espetáculo dis-cute, de forma trágica, mas também cômica, a degradação das relações cotidianas.
Outra novidade do programa que sai muito mais barata para a advocacia é o espetáculo Pulsões, em cartaz no Teatro Poeira, com 50% de desconto para colegas e um acompanhante. A peça se utiliza da psicanálise para abordar, através de música e dança, o amor como um instrumento para amenizar a loucura.
Já a comédia O homem primitivo trata da opressão sexista, tanto nas relações afetivas quanto nas profissionais. O espetáculo está em cartaz no Teatro das Artes com 20% de desconto. No mesmo teatro, a peça Bronca de quê? põe em cena um personagem com sín-drome de Down para discutir os preconceitos sofridos por estas pessoas. Todas podem ser conferidas até o dia 30 de agosto.
O Teatro dos Grandes Atores segue com as peças A vida sexual da mulher feia, comédia
Caarj Cultural dá desconto de até 65% este mês
com Otávio Müller, e o espetáculo voltado ao público jovem Amigos à parte, que reestreou em julho e fica em cartaz até 29 de agosto. E o Teatro Miguel Falabella mantém em cartaz a comédia Terapia do riso 4. Os três também oferecem 20% de desconto nos ingressos.
Teatro Gonzaguinha – Centro Municipal de Arte Calouste GulbekianRua Benedito Hipólito, 125, Cidade NovaTel: (21) 2224-3038
Antologia do remorsoSextas e sábados, às 20h; domingos, às 19hDesconto: 65%
Teatro PoeiraRua São João Batista, 104, BotafogoTel: (21) 2537-8053
PulsõesQuinta a sábado, às 21h; domingos, às 19hDesconto: 50%
Teatro das ArtesShopping da Gávea – Rua Marquês de São
Vicente, 52, GáveaTel: (21) 3874-3957
O homem primitivoQuintas a sábados, às 21h30; domingos, às 20h30Desconto: 20%
Bronca de quê?Sextas e sábados, às 19h; domingos, às 18hDesconto: 20%
Teatro dos Grandes AtoresShopping Barra Square - Av. das Américas, 355, lojas 116 e 117, Barra da TijucaTel: (21) 3325-1645
A vida sexual da mulher feiaSextas e sábados, às 21h; domingos, às 20hDesconto: 20%
Amigos à parteSábados, às 19hDesconto: 20%
Teatro Miguel FallabelaNorte Shopping – Av. Dom Hélder Câmara, 5332, PilaresTel.: (21) 2597-4452
Terapia do riso 4 – Portas abertasSextas e sábados, às 23h; domingos, às 21h30Desconto: 20%
Pulsões: A psicanálise no teatro
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CULTURA
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DIRETORIA DA SECCIONAL
Presidente
Felipe de Santa Cruz Oliveira
Scaletsky
Vice-presidente
Ronaldo Eduardo Cramer Veiga
Secretário-geral
Marcus Vinicius Cordeiro
Secretário adjunto
Fernanda Lara Tortima
Tesoureiro
Luciano Bandeira Arantes
DIRETORIA DA CAARJ
Presidente
Marcello Augusto Lima de Oliveira
Vice-presidente
Naide Marinho da Costa
Secretário-geral
Roberto Monteiro Soares
Secretário adjunto
Ricardo Brajterman
Tesoureiro
Renan Aguiar
Suplentes
Alexandre Freitas de Albuquerque
José Antonio Rolo Fachada
Antônio Silva Filho
Anderson Elisio Chalitade Souza
Andre Andrade Viz
Arnon Velmovitsky
Artur Arruda Lobato R. Carmo
Augusto Carneiro de O. Filho
Bruno Garcia Redondo
Carlos Eduardo Abreu Martins
Carlos Leno de M. Sarmento
Charles Soares Aguiar
Cirilo de Oliveira Neto
Clarissa Costa Carvalho
Claudio Goulart de Souza
Cleber do Nascimento Huais
Corintho de Arruda Falcao Neto
Diogo Campos Medina Maia
Eduardo Carlos de Souza
Eduardo de Souza Gouvea
Fábio Amorim da Rocha
Fernando José A. de Mendonça
Gema de Jesus Ribeiro Martins
Godofredo Mendes Viana
Gustavo Antonio Feres Paixão
Hygino Ferreira Marques
Igor Muniz
Ivan de Faria Vieira Junior
João Pedro Chaves Valladares Padua
Jorge Antonio Vaz Cesar
Jorge Miguel Mansur Filho
CONSELhEIROS EFETIVOS
Aderson Bussinger Carvalho
Adriana Astuto Pereira
Álvaro Sérgio Gouvêa Quintão
André Luiz Faria Miranda
Antonio Ricardo Correa da Silva
Armando Cesar A. P. Burlamaqui
Bernardo Pereira C. Moreira Garcia
Breno Melaragno Costa
Camila Freitas Ribeiro
Carlos Alexandre O’Donnell Mallet
Carlos André Rodrigues Pedrazzi
Carlos Alberto Menezes Direito Filho
Carlos Henrique de Carvalho
Claudio Sarkis Assis
Christiano Falk Fragoso
Daniele Gabrich Gueiros
Déa Rita Matozinhos Oliveira
Eduardo Antonio Kalache
Eduardo Abreu Biondi
Eduardo Valença Freitas
Fábio Nogueira Fernandes
Filipe Franco Estefan
Flavio Villela Ahmed
Flavio Antonio Esteves Galdino
Gabriel Francisco Leonardos
Geraldo Antonio Crespo Beyruth
Gilberto Fraga
Guilherme Rocha Murgel De Rezende
Gustavo Mano Gonçalves
Hercilio José Binato de Castro
Hercules Anton de Almeida
Jansens Calil Siqueira
Joaquim Tavares de Paiva Muniz
Jonas Gondim do Espirito Santo
Jonas Oberg Ferraz
Jonas Lopes de Carvalho Neto
José De Anchieta Nobre de Almeida
Jose Pinto Soares de Andrade
José Ricardo Pereira Lira
José Roberto de A. Sampaio
Juliana Hoppner Bumachar Schmidt
Leonardo Duncan Moreira Lima
Leonardo Pietro Antonelli
Leonardo Rzezinski
Luciano Vianna Araujo
Luiz Americo de Paula Chaves
Luiz Bernardo Rocha Gomide
Luiz Paulo de B. C. Viveiros De Castro
Marcelo Cury Atherino
Marcelo Feijó Chalréo
Marcio Vieira Souto Costa Ferreira
Marcos Bruno
Marcos Luiz Oliveira de Souza
Maria Alicia Lima Peralta
Mauricio Pereira Faro
Murilo Cezar Reis Baptista
Paula Heleno Vergueiro
Paulo Cesar Salomão Filho
Paulo Parente Marques Mendes
Paulo Renato Vilhena Pereira
Ranieri Mazzilli Neto
Raphael Ferreira de Mattos
Renato Neves Tonini
Roberto Ferreira de Andrade
Rodrigo Candido de Oliveira
Rodrigo Tostes de A. Mascarenhas
Romualdo Mendes de Freitas Filho
Rosa Maria de Souza Fonseca
Rui Teles Calandrini Filho
Samantha Pelajo
Tatiana de Almeida R. Saboya
Vânia Siciliano Aieta
Wanderley Rebello de O. Filho
Yuri Saramago Sahione de A. Pugliese
CONSELhEIROS SUPLENTES
Ademário Gonçalves da Silva
Adilza de Carvalho Nunes
Alexandre de Oliveira Venancio
de Lima
Alexandre dos Santos Wider
Alfredo Hilario de Souza
Ana Amelia Menna Barreto
O Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF) tem como destaque do mês o primeiro Festival de Esculturas do Rio, que apresenta, de 16 de agosto a 27 de setembro, 27 obras de pequeno e médio portes de artistas de diferentes partes do país. A exposição, prévia de um evento que acontecerá na Praça Paris e no Parque Madureira durante as Olimpíadas, será acompanhada de palestras, debates e exibição de filmes, tendo a escultura e o tridimensional como focos.
A curadoria é de Paulo Branquinho. A exposição fica aberta ao público de terça a domingo, das 12h às 19h, nas galerias do 2º andar.
CCJF apresenta festival de esculturas e mostra fotográfica
Já a exposição Linhas de fuga (foto) apresenta fotografias e instalações ambientais ligadas às transformações sofridas pelo Rio de Janeiro ao longo dos anos, propondo ao visitante uma leitura particular do que pode vir a ser sua cidade imaginada. A curadoria é de Mickele Petruccelli Pucarelli. A mostra está em cartaz, também gratuitamente, de 14 de agosto a 4 de outubro, de terça a domingo, das 12h às 19h, nas galerias do 1º andar.
O CCJF fica na Avenida Rio Branco, 241, Centro. Mais informações pelo telefone (21) 3261-2550 ou no site www10.trf2.jus.br/ccjf. T
CULTURA
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 49
O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2013/2015)
Jose Ademar Arrais Rosal Filho
José Agripino da Silva Oliveira
Jose Carlos Freire L. Cavalcanti
Jose Teixeira Fernandes
Leandro Saboia R. Carvalho
Leonardo Branco de Oliveira
Leonardo Jose de Campos Melo
Leonardo Schindler Murta Ribeiro
Leonardo Viveiros de Castro
Luiz Alberto Gonçalves
Luiz Paulo Pieruccetti Marques
Luiz Roberto Gontijo
Marcelo Jucá Barros
Marcelo Martins Fadel
Marlos Luiz de Araujo Costa
Monica Maria Lanat da Silveira
Monica Prudente Giglio
Nara da Rocha Saraiva
Nilson Xavier Ferreira
Norberto Judson de Souza Bastos
Olavo Ferreira Leite Neto
Pedro Capanema Thomaz Lundgren
Rafael Milen Mitchell
Raquel Pereira de Castro Araujo
Regina Celia Coutinho Pereira Real
Renata Pires de Serpa Pinto
Renato Luiz Gama de Vasconcellos
Renato Ludwig de Souza
Ricardo Loretti Henrici
Roberto Dantas de Araujo
Rodrigo Jose da Rocha Jorge
Rodrigo Garcia da Fonseca
Rodrigo Maia R. Estrella Roldan
Rodrigo Moura Faria Verdini
Rodrigo Loureiro de Araujo
Rodrigo Bottrel Pereira Tostes
Ruy Caetano do Espirito Santo Junior
Samuel Mendes de Oliveira
Sandra Cristina Machado
Saulo Alexandre Morais E Sá
Sergio Ricardo da Silva E Silva
Sergio Luiz Pinheiro Sant’anna
Valeria Teixeira Pinheiro
Vinicius Neves Bomfim
Wagner Silva Barroso de Oliveira
Wilson Fernandes Pimentel
CONSELhEIROS FEDERAIS
Carlos Roberto de Siqueira Castro
Cláudio Pereira de Souza Neto
Wadih Nemer Damous Filho
CONSELhEIROS FEDERAIS
SUPLENTES
Bruno Calfat
Luiz Gustavo Antônio Silva Bichara
Sergio Eduardo Fisher
MEMBROS hONORÁRIOS
VITALÍCIOS
Waldemar Zveiter
Ellis Hermydio Figueira
Cesar Augusto Gonçalves Pereira
Nilo Batista
Sergio Zveiter
Octavio Gomes
Wadih Nemer Damous Filho
PRESIDENTES DE SUBSEÇÕES
Angra dos Reis - Cid Magalhães
Araruama - Rosana Pinaud
Bangu - Ronaldo Barros
Barra da Tijuca - Ricardo Menezes
Barra do Piraí - Denise de Paula
Barra Mansa - Ayrton Biolchini
Belford Roxo - Abelardo Tenório
Bom Jesus do Itabapoana - Luiz
Carlos Marques
Armação dos Búzios - César Spezin
Cabo Frio - Eisenhower Dias Mariano
Cachoeiras de Macacu - Ricardo
Monteiro Rocha
Cambuci - Pedro Paulo de Tarso
Campo Grande - Mauro Pereira
Campos - Carlos Fernando Monteiro
Cantagalo - Guilherme de Oliveira
Cordeiro - Rilley Alves Werneck
Duque de Caxias - Geraldo Menezes
Ilha do Governador - Luiz Carlos
Varanda
Itaboraí - Jocivaldo Lopes
Itaguaí - José Ananias
Itaocara - Fernando Marron
Itaperuna - Adair Branco
Leopoldina - Frederico Mendes
Macaé - François Pimentel Moreira
Madureira/Jacarepaguá - Remi
Martins Ribeiro
Magé - Edison de Freitas
Mangaratiba - Ilson Ribeiro
Maricá - Amilar Dutra
Méier - Humberto Cairo
Mendes - Paulo Afonso Loyola
Miguel Pereira - Pedro Paulo Sad
Miracema - Hanry Félix
Nilópolis - José Carlos Vieira
Niterói - Antonio José Barbosa
da Silva
Nova Friburgo - Rômulo Colly
Nova Iguaçu - Jurandir Ceulin
Paracambi - Marcelo Kossuga
Paraíba do Sul - Eduardo Langoni
Paraty - Heidy Kirkovits
Pavuna - Antonio Carlos Faria
Petrópolis - Antonio Carlos
Machado
Piraí - Gustavo de Abreu Santos
Porciúncula - Fernando Volpato
Queimados - José Bôfim
Resende - Samuel Carreiro
Rio Bonito - César Gomes de Sá
Rio Claro - Adriana Moreira
Rio das Ostras - Alan Macabú
Santa Cruz - Milton Ottan Machado
Sto. Antônio de Pádua - Adauto
Furlani
São Fidélis - Rodrigo Stellet Gentil
São Gonçalo - José Muniz
São João do Meriti - Júlia Vera
Santos
São Pedro da Aldeia - Júlio César
Pereira
Saquarema - Miguel Saraiva
Seropédica - Fábio Ferreira
Teresópolis - Jefferson Soares
Três Rios - Sérgio de Souza
Valença - Fábio dos Anjos Batista
Vassouras - José Roberto Ciminelli
Volta Redonda - Alex Martins
Rodrigues
MARCELO MOUTINhO
O que pode parecer excepcional aos olhos de todos nós sempre foi rotina na trajetória de Hermínio Bello de Carvalho. “Imagine-se acor-dando no sofá da sala de Aracy de Almeida, no Encantado, e tendo seu café da manhã preparado pela própria, entre versículos do Eclesiastes e sendo chamado de matusquela”, escreve Ruy Castro na apresentação de Taberna da Glória e outras glórias - Mil vidas entre os heróis da música brasileira. Organizador do livro, Ruy se refere justamente a essa distin-ção de Hermínio. Uma entre tantas que o compositor, poeta e produtor arregimentou ao longo de seus recém-completados 80 anos.
Lançada pela Edições de Janeiro, a obra reúne 20 textos. São crôni-cas cheias de sabor e lirismo, em que Hermínio narra episódios emble-máticos dos quais tomou parte, seja como testemunha ou protagonista. A descoberta de Clementina de Jesus, por exemplo. Em 1963, a então empregada doméstica festejava na Taberna da Glória o dia da santa que dá nome ao bairro quando o produtor, voltando da praia, deparou--se com aquela voz. O resto é história.
DICA
DO
MÊS
As mil vidas de Hermínio Bello de CarvalhoTambém são descritos, nas 221 páginas, a gênese do espetáculo
Rosa de Ouro, que revelou artistas como Paulinho da Viola, e o primeiro brinde com Pixinguinha, marcado pela frase que acabou por batizar o afeto entre os dois: “Amigos no uísque e na dor”.
Elizeth Cardoso, Dolores Duran, Sarah Vaughan são outros dos personagens do livro, que traz mais de 40 fotos do arquivo pessoal de Hermínio. As imagens flagram gravações em estúdio, festas e cenas da intimidade, como o casamento de Dona Zica e Cartola, do qual foi padrinho. Completando o volume, há o ensaio biográfico assinado pelo pesquisador Rodrigo Alzuguir.
A face de escritor aparece em segunda obra que chega às livra-rias. Meu zeppelin prateado, da editora Folha Seca, compila a recente produção poética de Hermínio, com 34 textos que confirmam a multiplicidade do talento daquele que se auto-define “um grande malabarista dentro deste circo brasileiro”. Como diz o Ruy Castro, ele não para quieto. T
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De Cartola, foi padrinho de casamento
Com Pixinguinha, amigos
TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2015 - PÁGINA 50
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Flávio Ahmed, diretor-geral da ESA e presidente da Comissão de Direito Ambiental
Juristas: Nelson Nery Jr. e Ricardo Pereira LiraEscritor/escritora: Machado de Assis e Manuel Bandeira, gênios do texto; Nelson Rodrigues e Rubem Fonseca, mestres do cotidiano Livro: Macunaíma, de Mário de Andrade e A paixão segundo GH, de Clarice LispectorLugar: Praia de IpanemaFilme: Cidadão Kane, de Orson Welles Time: FlamengoCantor/cantora: São tantos... Gilberto Gil, Raul Seixas, Paulinho da Viola, Chet Baker. E as meninas: Elizeth Cardoso, Marisa Monte e Billie HolidayAtor/atriz: Jack Nicholson, Ary Fontoura e Aracy BalabalianMitos: Não sou muito chegado, mas há perso-nagens que considero emblemáticos: Leonel Brizola e Darcy RibeiroEsporte: Frescobolhobby: Música, para tocar e para ouvirPrato favorito: Feijoada e dobradinha, com muita pimentaPrograma de TV: O canal Off, para assistir filmes de surf com meus filhosMúsica: Quando eu me chamar saudade, por Nelson CavaquinhoFato da história: O fim da ditadura militarFrase ou citação: Fico com uma atribuída a Voltaire, mas, na verdade, de Evelyn Hall, sua biógrafa: “Posso não concordar com nada do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizer”
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