tribuna do advogado oab/rj (abril de 2007)

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OAB/RJ dá o exemplo

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Page 1: Tribuna do Advogado OAB/RJ (Abril de 2007)
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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 2

Um exemplo quecomeça em casa

EXPEDIENTE

Diretor:Wadih Damous

Superintendente deComunicação Social:Cid Benjamin([email protected])

Editor:Marcelo Moutinho - MTB 18.955([email protected])

Reportagem:Renata Albinante([email protected])Vitor Fraga([email protected])Raquel Peixoto([email protected])Paola Barra / estagiária([email protected])

Fotografia: Francisco Teixeira

Projeto gráfico:Victor Marques([email protected])

Diagramação:Flávia Marques([email protected])

Ilustração da capa: Aliedo

Impressão: Ediouro

Tiragem: 118.000 exemplares

Depto de Jornalismo:Av. Marechal Câmara, 1507º andar - Castelo - RJTels: (21) 2272-2073/[email protected]

Nesta edição

Fundado em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

WADIH DAMOUS

É com orgulho e satisfação que anuncia-mos o convênio firmado entre a OAB/RJ e oCentro de Seleção e de Promoção de Eventosda Universidade de Brasília para a aplicaçãodo Exame de Ordem. As mudanças já entra-rão em vigor no próximo Exame de Ordem, ase realizar no dia 15 de abril (ver página 3).

No momento em que denúncias de frau-de num recente concurso para juiz em nossoEstado foram motivo de extensas reportagensna grande imprensa e, a pedido da OAB, es-tão sendo investigadas pelo Conselho Nacio-nal de Justiça (CNJ), iniciativas que garan-tam transparência e segurança ganham rele-vância ainda maior.

Com o convênio recém-firmado com aUnB, os boatos que há anos circulam entreadvogados do Rio, envolvendo supostas cum-plicidades entre bancas examinadoras e de-terminados cursinhos, ganharão uma pá decal. As medidas de segurança garantirão quenem a diretoria da Seccional ou a banca exa-minadora, indicada por ela, saberão antecipa-damente as questões do Exame. A banca apre-sentará um determinado número de questõese os especialistas da UnB escolherão entre elasas que constarão do Exame. Não haverá qual-quer possibilidade de identificação das pro-vas, quer no dia do Exame, quer quando daapresentação de recursos. Até agora, quandose interpunham recursos, os interessadoseram identificados.

Uma entidade como a OAB/RJ, que defen-de a necessidade da terceirização dos concur-sos para o Judiciário – a exemplo do que já fa-zem o Executivo e o Legislativo – teria que daro exemplo em sua própria casa. Isto nãosignifica que nos consideramos desones-tos, ou que as administrações dos tribu-nais o sejam, mas que somos entes públicos edevemos agir com transparência, para que seafaste qualquer suspeita sobre os concursos quesão realizados. Exigimos de nós o que se exigiapara a mulher de César.

Ainda em relação à importância da ética eà necessidade de garantir a lisura em concur-sos, trazemos o registro da visita de solidari-edade ao atual presidente do Tribunal de Justi-ça, desembargador Murta Ribeiro. Exemplo deintegridade, o presidente do TJ já deixou claroque não pretende acobertar eventuais irregula-ridades cometidas na gestão anterior à sua notribunal. A OAB/RJ saúda esse comportamen-to, consciente de que só aos inimigos da demo-cracia e do Estado de Direito interessa a des-moralização do Judiciário.

Por fim, é com satisfação que informamoster sido excelente a receptividade às mudan-ças, na forma e no conteúdo, da TRIBUNA.O número de cartas ao jornal pratica-mente triplicou, exigindo que reservás-semos espaço maior para as manifestaçõesdos leitores. É possível que tenhamos de au-mentar ainda mais esse espaço nas próximasedições. Mas, se necessária, esta é uma deci-são que tomaremos com prazer.

Na contramão da opinião públicaNão raramente os criminalistas sentem na pele odissabor de defender um réu que enfrenta orepúdio quase unânime da sociedade. Na matériada página central, Paulo Ramalho e AlexandreDumans falam sobre sua experiência no papel

tão incompreendido de advogado de defesa. Páginas 14 e 15

Juristas comentam sentença quereconheceu feto como autor de açãoRecente decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceuum feto de apenas 15 semanas como pólo-ativo de uma ação paraassegurar o atendimento pré-natal de sua mãe. A sentença dosdesembargadores foi aplaudida pelos juristas ouvidos pelaTRIBUNA. Páginas 18 e 19

Comissão de Constituição eJustiça da Câmara participade audiência pública na OAB/RJPela primeira vez na história, a Comissão deConstituição e Justiça da Câmara Federalparticipou de audiência pública convocada pelaOAB/RJ. O presidente e o relator da Comissão,

deputados Leonardo Picciani (foto) e Flávio Dino, respectivamente,estiveram na sede da Seccional para debater os projetos de comba-te à violência em trâmite no Congresso. Página 9

Tarso Genro e Wadih em aula inauguralAo lado do ministro da Justiça, Tarso

Genro, do secretário-nacional de Justi-ça, Antônio Carlos Biscaia, e do reitorCandido Mendes, o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, compôs a mesa di-retora dos trabalhos na aula inaugural docurso de Direito da Universidade Can-dido Mendes, no dia 30 de março. Coubeao ministro da Justiça, Tarso Genro,proferir a palestra de abertura das ativi-dades do curso, que versou sobre o temaRepública, humanismo e globalização.

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Gestão

Concurso do TJ: solidariedade a Murta RibeiroO presidente da OAB/RJ, Wadih

Damous, manifestou o apoio daSeccional ao desembargador JoséCarlos Murta Ribeiro, presidente doTJ, quanto às suspeitas de quebra desigilo e fraude no último concurso paraingresso na Magistratura em dezem-bro passado, durante a gestão dodesembargador Sérgio Cavalieri. “AOrdem está solidária com o presiden-te, pois entende que os fatos citadosnão aconteceram em sua administra-ção. Queremos ver as denúncias apu-radas, e temos certeza de que o atualpresidente fará o que está ao seu al-cance para esclarecer as suspeitas. Éimportante que a opinião pública saiba da disposi-ção da OAB/RJ, do Tribunal e do CNJ para resolvero assunto com rapidez”, afirmou ele, após reuniãocom Murta Ribeiro, realizada no dia 23 de março.

O presidente do TJ deixou claro que pretendecolaborar integralmente com o Conselho Nacional

OAB/RJ terceirizaa aplicação doExame de Ordem

No dia 15 de abril, pela primeira vez todas asseccionais do país realizarão a fase preliminar doExame de Ordem em uma única data. Mas na OAB/RJa mudança será ainda maior: a partir desta 32ª edi-ção, a prova será aplicada por uma instituiçãoespecializada — o Centro de Seleção e de Pro-moção de Eventos, ligado à Universidade de Bra-sília (Cespe/UnB) —, a fim de garantir mais segu-rança e transparência. Além disso, a banca enviaráao Cespe/UnB um número de perguntas superiorao total de questões, e a instituição ficará responsá-vel pela escolha segundo critérios técnicos. Assim,nem a banca, nem a diretoriada OAB/RJ terão conhecimen-to prévio das questões que cons-tarão da prova. “A elaboração dasquestões, a correção e a apreciação dosrecursos continuam sob responsabilidade dabanca examinadora, indicada pela Seccional.O Cespe/UnB se responsabilizará pela impres-são e aplicação das provas, bem como pela infor-matização de todo o processo, desde a inscrição atéo encaminhamento dos recursos. Ou seja, pela lo-gística”, esclarece Marcello Lima de Oliveira, pre-sidente da Comissão de Exame de Ordem.

O objetivo, em linhas gerais, é informatizar eprofissionalizar a aplicação do exame, para evitarfraudes. “Antes, a impressão era feita numa gráficacomum, sem segurança alguma em relação ao sigi-lo, e a prova circulava entre um número excessivo depessoas. Os recursos, apresentados por quem foireprovado, eram identificados, o que facilitava a pres-são externa sobre o examinador. Além disso, as respo-tas aos recursos não eram fundamentadas, sendocorriqueiro o despacho lacônico, que simplesmen-te indeferia o pedido. Após a apreciação dos recur-sos, as provas ficavam à disposição da Comissão,abrindo-se a possibilidade de aprovações extem-porâneas, com a reconsideração de despachos emtese irrecorríveis”, critica Marcello. Com a con-tratação do Cespe/UnB, várias medidas de segu-rança serão tomadas, a começar pela inscrição, queserá feita via internet.

No que diz respeito à elaboração das provas, ha-verá mais cuidado na escolha das questões, já queos examinadores deverão justificar as respostas in-dicadas. Outra novidade é que as provas terão omesmo conteúdo, mas a ordem das questões serádiferente. “Assim, impediremos que indivíduosmal intencionados divulguem o gabarito ao sairda prova. Há muito tempo ouvem-se boatos, nãoconfirmados, de que certos cursos preparatóriostinham acesso ao conteúdo das provas antes dadata de sua aplicação, com estranhas coincidên-cias entre os exercícios aplicados aos alunos navéspera do exame e a prova efetiva. Houve caso

registrado, inclusive, de candidatoque apresentou recur-

so à Comissão sobre uma questão que nem mesmo foirespondida no Caderno de Respostas”, salienta ele.

As provas serão impressas na gráfica do Cespe/UnB, que fica numa área de segurança da institui-ção, vigiada por câmeras e com controle rigoroso daentrada e saída de funcionários por meio de im-pressão digital. O material será trazido para o Riopor agentes da Polícia Federal – o Cespe/UnB temconvênio com a Associação Nacional dos Delegadosda PF. No dia do exame, haverá detectores de me-tal nos acessos e não serão permitidos celulares,nem relógios digitais. A escolha e o treinamentodos fiscais caberão ao Cespe/UnB. Após a aplica-ção, as provas serão escaneadas e enviadas paraBrasília. O bacharel terá acesso apenas à sua pro-va, identificada digitalmente, e ao gabarito cor-respondente. Os recursos também serão feitos eapreciados pelos examinadores via internet, e semidentificação. “Com a tecnologia, podemos desi-dentificar todo o processo. Nem os alunos, nemos examinadores terão contato com a prova im-pressa em papel”, explica Marcello.

A Comissão também vai divulgar os nomes quecompõem a banca examinadora, com os respectivoscurrículos. Para o 33º Exame de Ordem, além dostrês locais em que a prova já é aplicada – Rio de Janei-ro (capital), Volta Redonda e Campos –, existe a pre-visão de inclusão de outros quatro: Nova Friburgo,Niterói, Petrópolis e Duque de Caxias.

de Justiça na apuração das irre-gularidades. Murta Ribeiro rea-firmou que já tomou as providên-cias necessárias ao cumprimen-to do despacho do relator do pro-cedimento de controle adminis-trativo designado pelo CNJ, Ale-xandre de Moraes.

As suspeitas de fraude noconcurso para juiz do TJ dizemrespeito ao suposto vazamento degabaritos da prova, que teria be-neficiado parentes de desem-bargadores do Tribunal. Dos 24aprovados no concurso, pelo me-

nos sete têm laços com magistrados do TJ. O casomais emblemático foi o da candidata Denise PieriNunes, que reproduziu textualmente em seu exa-me o gabarito de uma das provas específicas. Osdocumentos apontando indícios de irregularidadeforam levados pelo presidente Wadih Damous aoConselho Nacional de Justiça.

Murta Ribeiro e Wadih Damous

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Gestão

Por unanimidade, o ConselhoSeccional aprovou, na sessão do dia 6de março, os nomes dos dois plenáriosque se localizam no 4º andar da sede daOAB/RJ. O maior ganhou o nome deEvandro Lins e Silva, e o menor, o doex-presidente da Ordem CarlosMaurício Martins Rodrigues.“Estamos nos adequando à lei. O art.151 do Regulamento Geral da OAB/RJproíbe que dependências sejambatizadas com o nome de pessoas vivas atítulo de homenagem”, afirmou o presi-dente Wadih Damous, referindo-se àsduas placas que foram afixadas ante-riormente nas entradas dos plenários.

A diretoria da Ordem apurou que,apesar das placas, nunca houve umato formal dando nome às duas salas.“Não entro no mérito daqueles quetiveram seus nomes estampados nasplacas. Só cobramos o respeito à lei e

Fim da revista no Fórum

De acordo com Wadih Damous, até o fim doprimeiro semestre o Tribunal de Justiça deverá pôrfim à revista, permitindo que o advogado ingresseno prédio somente com sua carteira profissional.Segundo parecer técnico, a carteira atual da Ordemtem código de barra muito estreito, o que impedesua leitura pela catraca do Fórum. A solução, então,será a troca da catraca. OAB/RJ já está analisandoem parceria com o setor competente do TJ qual omodelo mais adequado. “O presidente Murta Ri-beiro já aceitou o princípio de que não tem cabi-mento impor a revista aos advogados. Ele apenasquer ter a cautela de que os advogados se identifi-quem, mas com a sua carteira” explica Wadih.

Cópias sem procuração no TRT

A Seccional age para que o Tribunal reconheça odireito de os advogados e estagiários, desde que seidentifiquem, não serem obrigados a ter procura-ção nos autos para copiar processos.

OAB/RJ faz reivindicações ao TRF, ao TRT eao TJ para facilitar a atuação dos advogados

Desde janeiro, a atual diretoria da

OAB/RJ vem trabalhando para

descomplicar a atuação cotidiana

dos advogados junto ao Judiciário.

Segundo o presidente da Seccional,

Wadih Damous, entre as metas

prioritárias está a adoção de

medidas que agilizem o trabalho dos

contadores do TRF. Junto ao TRT, a

Ordem reivindica o fim da exigência

de procuração no acesso aos autos

para as cópias. E, no TJ, a luta é pelo

término da revista no ingresso ao

Fórum. Confira os pleitos da OAB/RJ:

TRF: Permissão para ingresso na Contadoria

A Ordem vai dar início a negociações com o TRFpara que os advogados tenham permissão para in-gressar no setor de Contadoria da Justiça Federal epara que sejam adotadas medidas que agilizemo trabalho dos contadores, já que os processosatualmente levam, em média, 90 dias para se-rem liberados. A OAB/RJ vai solicitar, ainda, queseja dado cumprimento à determinação do Con-selho de Justiça Federal dispensando a exigên-cia de poderes específicos na procuração paralevantamento de precatórios e RPV (Requerimentode Pequeno Valor).

Pagamento dos precatórios

Segundo Wadih Damous, já foram iniciadas ges-tões junto ao TJ e ao Governo do Estado, visando aagilizar a tramitação do pagamento dos precatórios.“Para se ter uma idéia do atraso, só agora começa-ram a pagar os referentes ao exercício de 1996”,explica o presidente da Seccional.

Conselho dá os nomes de Evandro Lins e Silva e CarlosMaurício Martins Rodrigues aos plenários da Seccional

aos preceitos éticos, sobretudo den-tro da Ordem dos Advogados”, argu-mentou Wadih.

Lista sêxtupla do TRT:haverá nova votação

Na mesma sessão foi aprovada porunanimidade a anulação de todo oprocesso de escolha, feita pela gestãoanterior, da lista sêxtupla para o Quin-to Constitucional do TRT. A lista foidevolvida pelo presidente do Tribu-nal, Ivan Rodrigues Alves, sob a ale-gação de que a Seccional enviou os no-mes, no fim de novembro passado, semque o processo de abertura da vaga ti-vesse sido deflagrado. Os conselheirosacolheram o parecer da Procuradoriada OAB/RJ, dispondo que a remessa dalista foi um ato de açodamento da anti-ga diretoria da Seccional e propondouma nova seleção de nomes.

Os conselheiros (acima) aprovaram os novosnomes, que se adequam ao Regulamento,como observou Wadih Damous (à dir., entreLauro Schuch e Marcos Luiz Oliveira de Souza)

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Comissões

A preocupação em disseminar o conceito de éti-ca não só entre a classe, mas na própria sociedade,dará o tom dos trabalhos da nova administração doTribunal de Ética e Disciplina da Seccional. Presidi-do desde março pelo advogado e professor Paulo Saboya,o TED terá suas atividades divididas em duas eta-pas. O primeiro passo será difundir, por meio de

TED quer propagar a ética eservir de modelo para a classepalestras nas universidades do Estado, a importân-cia da cadeira de deontologia jurídica nos cursos deDireito. “Queremos enfatizar a relevância da pos-tura do advogado na sociedade, contar um pouco dahistória da Ordem e mostrar que estamos, de fato,vivendo um novo tempo. Vamos divulgar as decisõesdo TED pela internet para servirem de padrão deconduta para os advogados”, afirma Saboya.

A segunda etapa diz respeito à parte “repressi-va” — e também didática. Saboya, que foi secretáriode Justiça do Estado e vice-presidente da OAB/RJ,explica que o TED está viabilizando a aplicação depenas alternativas nos casos de infrações de menorconteúdo lesivo. “Penas como censura e advertênciaserão substituídas por trabalhos prestados. Isto serápossível por meio de convênios com a Defensoria eescritórios de advocacia das faculdades. O foco estáno trabalho social relevante”, salienta.

No entender de Paulo Saboya, é fundamental queas atividades do TED se pautem pela seriedade.“Não podemos exigir da sociedade se nós tambémnão tivermos padrões éticos superiores como base.

Todos os casos que chegarem ao TED serão julga-dos com absoluta imparcialidade, com amplo di-reito de defesa e de maneira célere”, ratifica.

Acumulados desde gestões anteriores, há aproxi-madamente, só na capital, quatro mil processos re-ferentes a infrações disciplinares aguardando julga-mento no TED. Nas subseções, os números são se-melhantes. Para agilizar as atividades, o Tribunal fezuma avaliação preliminar de sua capacidade de julga-mento e tem trabalhado com cerca de 20 processospor pauta para cada turma. Dependendo da produtivi-dade, haverá pautas extras para julgamento.

Existem, ainda, cerca de 1.200 processos relati-vos ao não-pagamento da anuidade. “É absurdo oadvogado empobrecido responder a processo ético-disciplinar. A anuidade tem de ser paga, e o exercí-cio profissional deve condicionar-se ao pagamentodesta contribuição, mas a punição pelainadimplência não pode ser tratada como infraçãoético-disciplinar”, conclui Saboya, que promete ten-tar, junto ao Conselho Federal, a modificação doEstatuto neste sentido.

Paulo Saboya: penas alternativas para infrações leves

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Comissões

Devido à abrangência de suas atividades, a Co-missão de Assuntos Legislativos da OAB/RJ é con-siderada por seu presidente, Ronald Maia, uma es-pécie de Comissão de Constituição e Justiça. Des-de janeiro à frente da CAL — que tem por finalida-de analisar a constitucionalidade de matérias le-gislativas nos âmbitos estadual, municipal e fede-ral —, Ronald anuncia o estudo permanente, de ago-ra em diante, de temas que apresentem qualquerviés de ilegalidade ou inconstitucionalidade. “Te-remos uma conduta diferente das gestões anterio-res. Os relatores trabalharão nas matérias e elabo-rarão pareceres. Se ficar constatado algum tipo de des-vio ou violação ao Estado Democrático de Direito, enca-minharemos o parecer à Procuradoria da Ordem,para que esta tome as providências cabíveis. Esta-remos em constante vigilância”, afirma Ronald.

A Comissão também está programando eventospara debater assuntos como a reforma política —mais especificamente a polêmica proposta de re-call, instrumento que possibilitaria aos eleitoresrevogar o mandato de parlamentares e outros ocu-

pantes de cargos eletivos. Entre as matérias quevêm sendo objeto de estudo por parte da Comis-são inclui-se a Medida Provisória 340, que dizrespeito ao DPVAT (Seguro de Danos Pessoaiscausados por Veículos Automotores de Vias Ter-restres). A CAL entende que há desvio de finali-

Comissão de Assuntos Legislativospromete intensificar suas atividades

Ronald: trabalho integrado com as outras comissões

dade, e que os pressupostos referentes à MPforam violados. Além disso, a Medida não atendeaos princípios de urgência e relevância. “Cerca de50% da receita do DPVAT estão sendo desviadospara o SUS”, afirma Ronald.

A pauta da Comisão abrange, ainda, a análisede inconstitucionalidades nas áreas fiscal e tri-butária. “Teremos audiência com o secretáriode Estado de Fazenda e com o governador Sér-gio Cabral. Pretendemos firmar parcerias para au-xiliar o combate a eventuais desvios e violações cons-titucionais. Hoje, o Governo do Rio tem mais de 100diplomas legais absolutamente inconstitucionais,reconhecidos até mesmo pelo STF, sobretudo naárea fiscal. Isto representa renúncia de receita daordem de R$ 4 bilhões”, explica Ronald.

A Comissão vai lutar também para que a Or-dem tenha assento no Conselho de Contribuintesdo Estado, a exemplo do que ocorre em todos ostribunais e conselhos nacionais.

Ex-diretor do Sistema Penitenciário do Riode Janeiro e atualmente advogando na área tri-butária, Ronald salienta que “o trabalho só se tor-nará completo a partir da integração com as demaiscomissões da Seccional”. A primeira reunião daCAL, que contou com a presença do presidenteWadih, aconteceu em 15 de março.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 7

A atualização e o aperfeiçoamento dos advo-

gados, com vistas à elevação técnico-pro-

fissional, estão hoje no topo dos objetivos

da Escola Superior da Advocacia (ESA). Comanda-

da pelo advogado Ricardo César Pereira Lira, que

assumiu o cargo de diretor-geral no começo de ja-

neiro, a ESA vem passando por mudanças estrutu-

rais, a fim de garantir o melhor desempenho de

suas atribuições. O atual Conselho Diretor, que tem

à frente o presidente da Seccional, Wadih Damous,

em breve se transformará em Conselho Acadêmi-

co, a ser composto por eminentes pensadores e ope-

Nova ESA terá comodiretrizes o aprimoramentoprofissional e a busca deinteração com a sociedade

radores do Direito. A lista de prioridades inclui ainda

a realização de cursos, congressos, palestras, progra-

mas de atualização e de pós-graduação lato sensu, em

parceria com instituições de ensino superior de alto

nível. “Inspirados nos ideais de Wadih Damous e

Lauro Schuch, que inauguraram uma Nova OAB,

nós aqui da ESA queremos fazer uma Nova Escola

Superior da Advocacia, também com preocupações

sociais”, resume Ricardo Pereira Lira.

O diretor-geral destaca que a ESA deve ser en-

tendida como uma instituição de ensino superior,

com o perfil de uma universidade. Com base nesta

filosofia, a Escola se adequará aos novos paradigmas

do Direito. “O Direito não vive uma crise, mas uma

época de mudanças. Não é mais um singelo instru-

mento de solução de conflitos intersubjetivos, mas

instrumento vivo de transformações sociais, sem-

pre com os olhos voltados aos princípios fundamen-

tais da República: o respeito à dignidade da pessoa

humana, a erradicação da pobreza e da

marginalidade, a redução das desigualdades soci-

ais e regionais, visando à construção de uma socie-

dade livre, justa e solidária. É nesta linha que a

ESA caminhará”, explica Ricardo Lira, ex-presi-

dente do Instituto dos Advogados Brasileiros

(IAB) e ex-diretor da Faculdade de Direito da

Uerj, onde leciona atualmente na pós-graduação.

A integração com a sociedade civil ganhará

forma no próximo mês, com a realização de um

evento que contará com a presença de líderes co-

munitários e de federações, assentados em

loteamentos irregulares, além de professores,

estudantes e técnicos. O objetivo do encontro é

estudar a aplicabilidade do Estatuto da Cidade.

A ESA propõe a análise do substitutivo do Plano

Diretor enviado à Câmara pelo prefeito César

Maia. Outros debates já programados dizem res-

peito às matérias de consumo e de regularização

fundiária plena. Entre os assuntos abordados es-

tarão o saneamento básico e a política de trans-

porte de massa. “Os advogados podem esperar

da ESA a organização de programas voltados ao

seu aprimoramento profissional e também à in-

serção da OAB/RJ na sociedade”, informa.

A idéia é de que a cada mês seja promovido

um curso ou seminário com temas de grande re-

percussão no Direito, desenvolvidos por especia-

listas de renome na área. Em 26 de março teve

início o curso Direito civil – Novos instrumentosdo Código Civil, que terminará em 9 de maio.

Entre 27 de março e 12 abril, a ESA realizou o

curso Processo civil – A nova Execução Civil.

Além do diretor-geral Ricardo Lira, compõem

a direção da Escola os advogados Carlos José de

Souza Guimarães (vice-diretor); Sérgio Fisher

(tesoureiro); Ronaldo Cramer (secretário peda-

gógico); e Rosângela Cavallazzi (consultora aca-

dêmica). Informações sobre a programação aca-

dêmica da ESA podem ser obtidas pelos telefo-

nes: (21) 2272-2097 / 2272-2098 / 2272-2099, ou

pelo e-mail: [email protected] .

Lista de prioridades

inclui a realização de

cursos, congressos,

palestras, programas de

atualização e de pós-

graduação lato

sensu, em

parceria com

instituições de

ensino superior

de alto nível

Ricardo Pereira Lira: aESA como instituição de

ensino superior

Comissões

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 8

Comissões

Atendendo ao apelo de 90 mães de vítimas da violência,a OAB/RJ, por intermédio da Comissão de Direitos Huma-nos e Assistência Judiciária, vai acompanhar o andamentodos inquéritos e processos relativos aos crimes que atingi-ram seus parentes. As mães também receberam da Secci-onal um convite para indicarem três representantes queparticiparão da comissão como colaboradoras, para queatuem também na busca de propostas legislativas ou demedidas capazes de reduzir a criminalidade.

Representado por Jovita Belfort, mãe de Priscila Belfort,desaparecida desde 2004; Cleyde Prado Maia, mãe da ado-lescente Gabriela, morta num tiroteio em estação do metrôna Tijuca; Zoraide Vidal, mãe da policial Ludmila, assas-sinada em agosto de 2006; e Francilene Pinheiro Castro,mãe do policial Thiago, morto há dois anos, entre outras, ogrupo se fez acompanhar da vereadora Aspásia Camargo(PV), que lhe dá apoio. O presidente da Comissão de Di-reitos Humanos, João Tancredo, receberá do grupo de mãesos nomes das que forem escolhidas como colaboradoras daOAB/RJ, assim como os processos das famílias que dese-jarem o acompanhamento da Ordem nos inquéritos ou nasações relativas aos crimes cometidos contra seus parentes.

Mães de vítimas da violênciaterão assento na Comissãode Direitos Humanos

O Dia Internacional da Mulher - 8 de março -, foi comemorado duplamente pela Comissão Permanente deMulheres Advogadas (CPMA) da OAB/RJ. Na própria data, diversas integrantes da Comissão participaram daMarcha Mundial da Mulher, realizada no Centro do Rio. No dia 28, foi realizado ciclo de palestras na Seccional,reunindo médicas, advogadas e a deputada estadual Heloneida Studart. Entre os temas debatidos, estiveram asaúde feminina, a questão da violência e as prerrogativas da mulher advogada. Houve também a exibição defilmes sobre a trajetória das mulheres em busca de espaço e igualdade de direitos. Segundo a secretária-geralda CPMA, Thereza Näveke, a Comissão voltou a trabalhar a pleno vapor. “A entidade está retomando a luta pelaigualdade de direitos, contra a violência e a discriminação. Nossa iniciativa de fazer parte da Marcha foiparabenizada por diversos representantes dos movimentos sociais que estavam presentes”, afirmouThereza.A presidente da Comissão, Joselice Cerqueira, acrescentou que o ciclo de palestras foi uma ótima oportunidadepara a discussão de temas ligados à condição feminina.

OAB/RJ comemora o Dia da Mulher

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 9

Segurança pública

No dia 9 de março, pela primeira vez na histó-ria, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) daCâmara dos Deputados participou de uma audiên-cia pública convocada pela OAB/RJ. O objetivo doencontro — que contou com a presença de parla-mentares, conselheiros, representantes de ONGse parentes de vítimas da violência — foi discutir osprojetos de lei que propõem alterações no CódigoPenal e estão sob exame no Congresso. Na abertu-ra, Wadih salientou que o evento tinha como metadiscutir os projetos racionalmente, sem se deixar le-var pelo clima emocional com que o problema dacriminalidade vem sendo tratado nas últimas se-manas. “A OAB/RJ quer o debate democrático, masvai zelar pelas conquistas históricas do povo brasi-

Comissão de Constituição e Justiça debate,na OAB/RJ, projetos de combate à violência

Progressão de pena para crimes hediondos: imposição da exigência de, pelo menos, 40% dapena cumprida para réus primários e de 60% para reincidentes.

Uso de celular nas penitenciárias: qualificação como falta grave.

Prescrição retroativa: fim da prescrição entre o fato e a denúncia, mantendo-a apenas para operíodo entre a denúncia e a sentença.

Tribunal do Júri: alterações no sentido de que o rito transcorra com mais agilidade.

Videoconferência: autorização do uso, desde que com prévia comunicação e direito da presen-ça do advogado onde ocorrerá a sessão.

Menores: agravamento da pena dos maiores envolvidos em crime com a participação decrianças e adolescentes.

leiro. Não nos curvaremosa propostas que signifi-quem retrocesso”, afirmou.

Além de Wadih, compu-seram a mesa que dirigiu ostrabalhos o presidente e o re-lator da CCJ, deputados fe-derais Leonardo Picciani eFlávio Dino, o deputado es-tadual André Correa (repre-sentando a Assembléia Le-gislativa), o presidente naci-onal da Ordem, Cezar Britto,o desembargador Siro Dar-lan e o presidente do Conse-lho Regional de Engenharia eArquitetura (Crea), Reinal-do de Barros. Cezar Brittoelogiou a iniciativa da Secci-onal do Rio e ponderou que o

encontro colaborou também para acabar com a “ima-gem equivocada” de que os advogados não queremmudar o atual sistema, que facilitaria ganhos finan-ceiros em sua atuação profissional.

Em seguida, a palavra foi passada aos doismembros da CCJ. Picciani explicou que a Co-missão vem agrupando projetos que tramitavamde forma desordenada e frisou que a intenção éabrir o diálogo com as entidades representativasda sociedade, a fim de chegar a consensos, aindaque pontuais. Flávio Dino detalhou os seis proje-tos (ver box), todos já aprovados na Câmara. Eleesclareceu também que, numa etapa posterior,serão formuladas proposições sobre a antecipa-

ção da maioridade penal, a indenização das víti-mas de balas perdidas e o Estatuto da Criança edo Adolescente.

Durante a sessão, alguns dos itens arroladospelo parlamentar sofreram críticas. O conselhei-ro Fernando Fernandes, por exemplo, condenouas mudanças na prescrição retroativa. “Não po-demos legitimar que um tribunal leve 20 anos paraexaminar uma ação, e sim agir para que issonão aconteça mais”, argumentou. O conselheirofederal Técio Lins e Silva fez reparos ao uso davideoconferência: “O juiz tem que sentir o chei-ro do réu, ver se a testemunha está mentindo ounão. A TV falsifica a realidade. É um absurdotirar do acusado o sagrado direito de ver o ma-gistrado que vai julgá-lo”.

Rosa Fernandes, mãe do garoto João Hélio, par-ticipou do evento, ao lado do marido, Élcio, e dafilha, Aline. Ela disse esperar que, com a mobili-zação que o crime contra seu filho suscitou, oEstado apresente um conjunto de ações capazde minorar o quadro de violência generalizada,sobretudo no Rio. Ao fim do encontro, foi exibi-do um vídeo que registra a terrível situação dos in-ternos do Instituto Padre Severino.

Também estiveram presentes à audiência pú-blica os presidentes das subseções de Duque deCaxias, Geraldo Menezes de Almeida; Resende,Antônio Paulo Fainé Gomes; e Maricá, Amilar JoséDutra da Silva; da Comissão de Direitos Huma-nos da OAB/RJ, João Tancredo; da Associação dosMagistrados da Justiça Militar, Edmundo Francode Oliveira; além dos deputados Andréa Zito ePaulo Ramos e da juíza Maria Lúcia Karam.

As propostas em tramitação no Congresso

O deputado Flávio Dino, relator dos projetos, ao lado de Cezar Britto e Wadih Damous

Os pais de João Hélio (à esq.) participaram do evento na OAB

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 10

Enquanto aguardam a decisão do Supremo Tribu-nal Federal sobre a Contribuição para o Financiamentoda Seguridade Social (Cofins), as sociedades profissionaisprestadoras de serviço já sabem o que vem pela frente: umimpacto considerável em suas receitas. Apesar de adi-ado, o resultado é praticamente certo. Com oito votos afavor da cobrança e apenas um contra, o placar pres-supõe uma grande dor de cabeça para as prestadorasde serviço, já que muitas deixaram de pagar o tributocom base no entendimento do Superior Tribunal deJustiça, cuja Súmula 276 sustentava a isenção.

Com o resultado de votação favorável à cobrança,a expectativa de escritórios de advocacia e outrasprestadoras agora é com relação à eficácia da decisão doSupremo: se atingirá ou não os que deixaram de reco-lher. A preocupação atinge inclusive as sociedades be-neficiadas com ações transitadas em julgado no STJ,já que o Supremo derrubou indiretamente a súmula276 por considerar a matéria reservada ao STF.

De acordo com a presidente da Comissão Es-pecial de Assuntos Tributários da OAB/RJ, Daniela

Cofins: sociedades de advogados devem sofreros impactos da recente decisão do Supremo

Gusmão, se prevalecer no STF o entendimento deque a cobrança da Cofins poderia ser restabelecidapor lei ordinária e não houver outras medidas queprotejam os contribuintes por parte do Executivo,todas as sociedades civis que deixaram de pagar acontribuição deverão recolher os valores devidos.“As prestadoras que recorreram à Justiça e obtive-ram liminares para não pagar a contribuição esta-rão livres de multa, desde que recolham o tributoem 30 dias a partir da data da revogação da liminar.Do contrário, sofrerão multa de até 20%. Quem dei-xou de recolher o tributo sem decisão judicial, alémde pagar o valor devido, pagará multa de 75% sobreesse valor. Aqueles que depositaram os valores em juízoterão seus depósitos convertidos em renda da União”,explica. Coordenadora da Área Tributária do escri-tório Tozzini Freire Advogados e mestre em direitotributário, Daniela Gusmão ressalta ainda que umapossível saída é o parcelamento dos débitos em até60 vezes, mas sendo a dívida acrescida de 20% dejuros de mora além da Selic.

Tributos

Daniela Gusmão: sociedades que não pagarampoderão ter que recolher os valores devidos

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 11

A primeira Reunião Zonal da gestão 2007/2009aconteceu no dia 9 de março, na sede da subseçãode São Gonçalo. “O objetivo principal dos encon-tros zonais é buscar a integração não só da Seccio-nal com as subseções, mas também entre as pró-prias subseções”, afirmou o secretário-geral daOAB/RJ, Marcos Luiz de Souza, na abertura do even-to, cuja pauta priorizou a reorganização financeirada Ordem. O secretário-geral explicou aos repre-sentantes do interior a importância dos cortes nosgastos supérfluos. “Fomos eleitos para trabalhar emprol da classe, e não em benefício próprio. Não es-tranhem o orçamento tão austero, porque as de-mandas justas serão atendidas. Neste evento, porexemplo, estamos reunidos com toda a dignidade econforto, temos tudo que é necessário para traba-lharmos bem. Não é preciso luxo nem desperdíciode dinheiro”, argumentou Marcos Luiz.

Além do anfitrião, Luiz Alberto Gonçalves, esti-veram presentes representantes das OABs de NovaIguaçu, Duque de Caxias, São João de Meriti, Niló-polis, Belford Roxo, Queimados, Niterói, Magé eItaboraí, além do diretor-tesoureiro da CAARJ, Ri-cardo Menezes. Apesar de reclamações isoladas, amaior parte dos presentes elogiou a política finan-ceira da entidade e concordou que a Ordem viveagora uma nova fase. “Nós herdamos esses proble-mas, não fomos nós que os criamos. Aliás, ganha-mos a eleição porque esses problemas existiam,

porque os advogadosestavam fartos de vero seu dinheiro des-perdiçado”, ponde-rou Marcos Luiz, di-ante de algumas crí-ticas à redução orça-mentária. A própriaexistência do debateacalorado foi sauda-da como um sinaldos novos tempos.“Essa reunião de-monstra o caráterdemocrático da novaOAB/RJ, que aceitaquestionamentos econflitos de idéias,

Cortes dos gastos supérfluos dominam osdebates na primeira Reunião Zonal do triênio

estimulando o debate”, elogiou José Luiz Muniz,vice-presidente da OAB/São Gonçalo.

Em seguida à apresentação do orçamento para2007, o tesoureiro da CAARJ, Ricardo Menezes, ex-plicou algumas das últimas medidas tomadas pela di-retoria da Caixa. “O motivo do fechamento das farmáci-as de São Gonçalo e Petrópolis é bem simples: am-bas eram deficitárias há alguns anos, e não fazianenhum sentido mantê-las abertas”, justificou.

Subseções fazem reinvidicações

Outro ponto importante foram as reivindicaçõesdas subseções. A vice-presidente da OAB/Duquede Caxias, Marta Maria Dantas, pediu melhori-as na estrutura de tecnologia, solicitando maiscomputadores e um aparelho de fax. O tesourei-ro da OAB/Queimados, Sebastião Neli Torres,defendeu a substituição dos atuais exemplaresdos códigos legais da subseção por material deconsulta atualizado.

Presidente da OAB/Niterói, Antonio José da Sil-va fez coro na defesa da austeridade fiscal: “Herda-mos uma sede que estava um pardieiro, com pro-blemas de mofo e cupins. Queremos reformá-la,

mas sabemos que é uma obra cara, portanto é pre-ciso responsabilidade”. Já o presidente da 19ª Sub-seção, Luiz Carlos Mascarenhas, reclamou me-lhorias nas instalações e serviços prestados pelaCAARJ na comarca de São João de Meriti, alémde solicitar uma copiadora para a sala da Ordem naJustiça do Trabalho. O presidente da subseção deNova Iguaçu, Jurandir Ceulin, reinvidicou mais umfuncionário para a sede, além da instalação de umacentral telefônica.

Ricardo Abreu de Oliveira, presidente da OAB/Itaboraí, levantou outro tema importante. “Preci-samos atuar como entidade de classe para pres-sionar o Judiciário a adotar férias coletivas”, sa-lientou ele. Segundo o secretário-geral MarcosLuiz, ainda este ano o Conselho Federal vai enca-minhar projeto sobre a matéria.

A rodada de reivindicações foi encerrada pelovice-presidente da subseção anfitriã, José LuizMuniz. “Precisamos instalar o escritório compar-tilhado, pois é grande a precarização da profissão.Quanto ao fechamento da farmácia da CAARJ em nossacomarca, temos consciência de que não havia outra solu-ção, por conta do déficit. Temos que ter coragem paratomar as decisões necessárias”, afirmou ele.

Luiz Alberto Gonçalves, da OAB/São Gonçalo, Marcos Luiz de Souza e Ricardo Menezes, da CAARJ

Apesar de algumas

reclamações isoladas,

a maior parte dos

presentes elogiou a

política financeira da

entidade e concordou

que a Ordem vive

agora uma nova fase.

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Prosseguir na estrutu-ração da OAB/Mendes éo principal objetivo dopresidente Nélio da RosaBrum à frente da entida-de. Para isso, ele es-pera contar com oapoio necessário.“Tenho algumasmetas em mente,

Em Mendes, prioridadepara a reestruturação

mas obviamente precisarei da ajuda de parceiros.Neste particular, noto a boa vontade da Seccionalem colaborar. Queremos trazer para mais perto,mesmo em conjunto com outras subseções, ativi-dades como cursos, palestras, seminários e outros

eventos voltados ao desenvolvimento profissi-onal dos advogados. A sala no Fórum ne-

cessita de uma reestruturação geral,precisa de computador, impressora elivros, já que se mostra inadequadapara servir aos colegas. Há ainda oportal da subseção na internet, no

qual estamos trabalhando para que seja uma ferra-menta útil de consulta, de contato com a Ordem ede informação do dia-a-dia. Finalmente, apostamostambém na realização de eventos culturais que be-neficiem não somente os advogados, mas tam-bém o cidadão, e principalmente os jovens da cida-de”, revela o presidente da OAB/Mendes, deixandoclara a intenção de atuar além dos limites estrita-mente corporativos.

Nélio , 43 anos, nasceu em Mendes e formou-seem Direito pela UBM de Barra Mansa em 1988.Desde a criação da subseção, em 1994, ele faz parteda diretoria. Primeiro, foi tesoureiro, depois, se-cretário-geral, e desde 2001 ocupa o cargo de presi-dente, iniciando agora seu terceiro mandato. Em-bora se defina apenas como um advogado – “Minhavida gira em torno dessa atividade magnífica” –, opresidente da 47ª subseção possui interesse parti-cular na fotografia. “Sempre tive um dom para de-senhar, mas confesso que o que realmente gosto éde fotografia. Perseguir uma foto perfeita e originaldentro de um motivo, por vezes simplório, como umpôr do sol, e diferenciá-la, por exemplo, é muitointeressante”, observa. Outro interesse particularé a tecnologia, ferramenta cada vez mais essencial.“Sou aficionado por informática, leio tudo que aminha curiosidade exigir”, resume.

Nélio Brum querpromover maisatividades

Subseções

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 13

O presidente da subseção de São Pedro d’ Al-deia, Júlio Cesar dos Santos Pereirea, revela que, notriênio que se inicia, terá como principal diretriz aluta em favor das prerrogativas, muitas vezes viola-das no exercício da profissão. “É precisoconscientizar os colegas para que participemmais da vida da Ordem, a fim de que possamosmelhor representá-los. Além disso, queremos equi-par as salas dos advogados com pelo menos maisdois computadores e instalar o escritório comparti-lhado”, afirma ele.

Desde a criação da subseção, em 1995, JúlioCesar já esteve à frente da entidade por três vezes:nos triênios 95/97, 98/00 e 04/06. Numa breve avali-

São Pedro d’Aldeia priorizaráprerrogativas e a instalaçãodo escritório compartilhadoJúlio Cesar Pereira quer equipar as salas dos advogados

ação de sua trajetória, ele enumera algumas dasconquistas mais importantes: a cessão do terrenolocalizado entre os prédios dos poderes Executivo eJudiciário e a construção e posterior ampliação dasede da subseção, com a inauguração de um audi-tório com capacidade para 70 pessoas.

Júlio César destaca ainda a colaboração na cons-trução do Fórum de São Pedro d’Aldeia; a cam-panha para elevação da comarca local; a partici-pação na criação da 2ª Vara, da Vara de Família,da Infância e Juventude e do Fórum de IguabaGrande; e a instalação da Justiça Federal, queconcentra as reivindicações dos jurisdicionadosde toda a Região dos Lagos.

Sobre as perspectivas na relação com a Seccional, opresidente da OAB/São Pedro d’Aldeia aposta na ma-turidade. “A Ordem está acima de vaidades. A suaúnica meta é — e há de ser sempre — a luta incansá-vel na busca pelo ‘bem maior’ de uma sociedade livre,igual e fraterna. É nesta peleja que nos incluímos”,completa ele. Nascido em 29/5/1956, na cidade deSão Pedro d’Aldeia, Júlio César cursou a Faculdadede Direito de Valença (RJ), formando-se em 1982.

Júlio Cesar:conquistas

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Remando contra a coAdvocacia

Acostumados a enfrentar o reppré-condenação da mídia pelacriminalistas criticam exagerosa incompreensão sobre o pap

MARCELO MOUTINHO

Trinta anos após o fim da Segunda Guerra, so-breviventes dos campos de concentração localiza-ram nos Estados Unidos o ucraniano Ivan Demjan-juk, apontado como o impiedoso carrasco que atuouem Treblinka, na Polônia, comandando os motoresque bombeavam gazes venenosos sobre os judeusencarcerados. Segundo os ex-prisioneiros, Demjanjukseria o torturador conhecido pela alcunha de Ivan, o Ter-rível. Diante da acusação, ele foi extraditado para Israel— onde novas testemunhas o reconheceram frenteà Corte Distrital da cidade — e acabou condenado àmorte por crimes contra a humanidade.

Não foi pequena a surpresa, portanto, quando oadvogado Yoram Sheftel assumiu a defesa do réu.De origem judaica, Sheftel perdera 90 membros desua família durante o Holocausto e tinha as maisprofundas e humanas razões para querer a danaçãode Demjanjuk. O advogado, no entanto, acreditavana inocência de seu cliente, que negava perempto-riamente ser o cruel Ivan.

Sheftel apelou para a Suprema Corte de Israel evaleu-se de todos os expedientes possíveis para oadiar o julgamento, na esperança de obter alguma

Paulo Ramalho acredita que toda aceleuma em torno do caso Guilherme dePádua no final foi positiva. “A democracia ga-nhou. Hoje, não vemos mais os jornais cha-mando alguém de assassino antes da conde-nação na Justiça. Aprenderam a utilizar a ex-pressão ‘acusado’, que é a correta”, argumen-ta ele. A interferência da mídia, aliás, é a pe-dra de toque do discurso do defensor públicoe advogado que virou inimigo público núme-ro um da sociedade quando aceitou, em 1993, defender oator. “A mídia interfere sempre que há interesse econômi-

novela da TV Globo na época. “Os jornais divulgavam asnotícias sobre o acontecimento usando os nomes dospersonagens que Guilherme e Daniella interpretavamna televisão, Bira e Yasmim. A ficção misturou-se à reali-dade de tal forma que a população simplesmentedemonizou o réu, porque quando se mata o personagemque representa o Bem na trama, isso se reveste de umasimbologia fortíssima. Era como se o Guilherme fosse oautor da morte de Papai Noel diante de um júri de crian-ças”, compara o advogado.

Durante os quase cinco anos de tramitação, Ramalhoenfrentou as conseqüências de trabalhar num processo tão

co ou algum dado extravagante na situa-ção, operando para que a sociedade pas-se a acreditar numa tese pré-definida.Quando chegamos ao tribunal, o júri játem opinião formada sobre o caso”,acrescenta.

Na situação específica do assassina-to de Daniella Perez, diz Ramalho, houveuma completa glamourização de quemacusava, tonificada pelo fato de os dois

principais envolvidos no crime – réu e vítima – es-tarem em evidência: o casal estrelava a principal

Paulo Ramalho: “Quando chegamos ao tribunal, o júri já tem opinião formada”

TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 14

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Indagado sobre a di-ficuldade de defender umréu previamente rejeita-do pela sociedade, Ale-xandre Dumans recorreao livro A feiticeira, deMichellet. O texto narra asdesventuras da mulheracusada de bruxaria, queteria esquartejado o cadá-ver de uma criança para a

realização de rituais satânicos. Após a exumação do cor-po e da constatação de que continuava intocado, os acu-sadores comentaram: “Isso é que é feitiçaria!”, como sea moça houvesse juntado novamente os pedaços.

A macabra história de Michellet serve como ilustra-ção de que a culpabilidade em alguns casos realmente éinferida a priori. “O Judiciário deve estar sempre alertapara refrear o poder punitivo da imprensa e da Polícia,funcionando como dique de contenção e habilitando ape-nas as pretensões corretas, sem se dobrar a coações”,assinala Dumans. O advogado, que hoje não trabalha maisno caso, foi procurado pelos familiares de Adriana de Al-meida poucas horas depois do anúncio da morte de René.Se não sofreu ameaças de agressão física, deparou-secom o dissabor de ver divulgadas conversas que deveri-am se restringir à confidencialidade entre advogado e cli-ente. “A Polícia tornou públicos diálogos sobre os quais alei garante sigilo. Felizmente, a OAB/RJ me deu amparo,acusando a autoridade policial”, revela. Aliás, a impren-sa, segundo ele, “teve um comportamento deplorável” nacobertura do crime. “Houve um linchamento da acusada,o julgamento antecipado, o que levou a população a secolocar contra Adriana”, critica.

Quanto ao papel dos jornalistas, outro ponto levantadopelo criminalista é a incomprensão quanto ao timing es-pecífico da Justiça. “Os jornais carecem da notícia para odia seguinte, enquanto o Judiciário exige as instruçõesadequadas ao veredito, com a ampla garantia do direitode defesa, porque a responsabilidade é de que seja apu-rada a mais pura verdade. A imprensa não precisa daverdade, apenas da notícia”, pondera ele.

Dumans tem consciência de que a advocacia crimi-nal sofre uma espécie de repúdio público, fertilizado pelafalta de comprensão sobre a importância do processo le-gal. “Seremos desprezados sempre que nosso cliente ti-ver a ojeriza social. Mas isso não é algo novo”, enfatiza,antes de citar trecho do livro Psicologia judiciária, escri-to por Enrico Altavilla no começo do século passado. Oautor italiano sublinha que o penalista se vê rodeado por umsentimento misto de “admiração velada” e “menosprezo”.“É uma situação muito desconfortável, mas enfrentá-la éo dever de quem abraça a profissão”, resume Dumans.

ção os processos contra Fernando Collor de Me-llo, Guilherme de Pádua e Adriana de Almeida.

O primeiro, um presidente da República rejei-tado quase unanimemente diante das denúnciasde corrupção na esfera governamental. O segundo,um astro de novela suspeito do assassinato da atrizDaniella Perez. E finalmente Adriana, a viúva queenfrenta atualmente a fúria popular sob a acusa-ção de ser mandante do homicídio de René, o ma-rido a quem se uniu logo após ele ter ganho umabolada na Mega-Sena.

Collor acabou absolvido. Guilherme de Páduafoi condenado. Adriana ainda aguarda julgamento.Mas seus advogados, respectivamente Evaristo deMoraes Filho, Paulo Ramalho e Alexandre Dumans,experimentaram na pele, assim como Sheftel, aextrema solidão que é defender alguém contra to-dos, ser praticamente a única voz na contracor-rente ao turbilhão da opinão pública.

Como o saudoso Evaristo afirmou a este mesmorepórter há alguns anos, é justamente por essa pos-tura de enfrentamento ante a poderosa máquina dapressão social que talvez a missão do criminalistatoque no ponto mais sensível da profissão de advo-gado. “O Direito ganha sua dimensão maior é quan-do ampara um ser humano que vem sendo esmaga-do. Isso não significa que se tenha o dever de absol-ver. A defesa tem que obedecer ao que consta doprocesso”, observou ele.

Paulo Ramalho e Alexandre Dumans não pen-sam diferente. Assim como Evaristo o fez na épocado julgamento de Collor, os dois criticam a impren-sa, vista como elemento gerador de pressão indevidajunto ao Judiciário. E embora reconheçam que muitasvezes isso possa engendrar impopularidade, entendemque o papel desempenhado por aqueles que mili-tam na área penal é esgarçar ao limite o sagrado direitode defesa. Não é à-toa, portanto, que recorrem a umafrase de Evaristo para sintetizar o próprio ofício: “omaior cliente de um penalista é a liberdade.”

nova prova. No decorrer do processo, foi duramenteatacado pela imprensa e pela sociedade. Sua pró-pria mãe voltou-se contra ele, taxando-o de ‘capo’,expressão que designava, em evidente tom de crí-tica, os judeus que colaboraram com os nazistasdurante o III Reich.

A protelação do julgamento só fez aumentaremas reações contra Demjanjuk e, conseqüentemen-te, contra seu advogado. Sheftel chegou a sofrer ten-tativas de agressão. Na mais grave delas, teve o ros-to atingido por um ácido, ficando parcialmente cegode um dos olhos. Mas ele perseverou no trabalho,até que, com a abertura democrática na antiga UniãoSoviética, os arquivos da KGB revelaram documentosque identificam o indivíduo Ivan Marchenco, e nãoDemjanjuk, como sendo o verdadeiro torturador.

O relato da obstinação de Sheftel, que enfrentoucom coragem o repúdio popular e seu próprio gru-po social, encena a condição em que não raramen-te se vêem enredados os advogados criminalistas.Não se trata de característica histórica ou geogra-ficamente localizada, mas de traço peculiar à pró-pria militância na área penal. No Brasil, por exem-plo, não foram poucos os casos similares. Entreos mais recentes, chamam especialmente a aten-

rumoroso. Recebeu mais de 800 ameaças de morte, algu-mas delas por escrito, com nome e endereço. Seu carro teveos pára-brisas quebrados. Manifestantes confeccionaramcartazes com sua foto acrescida de chifres e a expuseramnos diversos atos em frente ao Fórum. As seqüelas chega-ram ao núcleo familiar: a tia que fora responsável por suacriação telefonou-lhe aos prantos para lamentar que, de-pois de tanto cuidado, Ramalho fosse lhe dar o desgosto dedefender um assassino. Além disso, a novelista Glória Perez, mãede Daniella, recorreu à OAB/RJ para tentar cassar sua carteirade advogado. “Felizmente, a Ordem não cedeu”, elogia.

O sofrimento foi capaz de lhe fazer enxergar, na carne, aimportância de diplomas legais como o Estatuto da Advo-cacia. “O Estatuto frisa que não devemos esmorecer com

receio de desagradar a quem quer que seja. Essanorma, que pode parecer abstrata, ganha impres-sionante concretude quando estamos diante deuma situação de fato, como a que passei”, afirmaele. Ramalho salienta que, durante a ação penal, oadvogado é a figura do processo que mais repre-senta a sociedade: “Há uma discussão estéril so-bre quem realmente a representa, se é o promo-tor, que acusa, se é o juiz, que decide... Podesoar paradoxal, mas é o advogado quem, no augeda comoção social que retira de alguns o direito dedefesa, lembra de forma racional que se trata deprerrogativa essencial à dignidade humana eimanente à pessoa”, assinala.

Alexandre Dumans:“A imprensa não precisa daverdade, apenas da notícia”

TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 15

orrentepúdio da sociedade e a defesa de seus clientes, da imprensa e lamentampel que desempenham

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VITOR FRAGA

Liderando comitiva que incluiuo presidente da OAB/RJ, Wa- dih Damous, o presidente do

Conselho Federal, Cezar Britto, en-tregou no dia 2 março ao presidenteda Câmara dos Deputados, ArlindoChinaglia, o projeto de reforma polí-tica elaborado pela Ordem. O texto éresultado de um longo debate promo-vido no Fórum da cidadania para areforma política, sob a coordenaçãodo advogado e professor titular da Fa-culdade de Direito da USP Fábio Kon-der Comparato, e aprovado na sessãoplenária de 10 de dezembro de 2006.

Em entrevista publicada no mêsde janeiro na TRIBUNA, Konder jáesclarecia o principal objetivo da pro-posta elaborada pela Ordem. “O sis-

Ordem entrega à Câmaraprojeto de reforma política

A apresentação da proposta de reforma políticapor parte da OAB gerou reações tanto dos poderespúblicos quanto na sociedade civil. Enquanto o pre-sidente da Câmara dos Deputados, Arlindo China-glia, definiu o documento como uma simples “su-gestão”, o jornalista Elio Gaspari publicou nos jornaisFolha de S. Paulo e O Globo, no primeiro domingo demarço, artigo intitulado A reforma política da OAB é umrodízio de carnes . No texto, ele criticava a ingerênciada Ordem em assuntos dessa natureza.

Para Cezar Britto, ambas as reações desconsi-deram que a OAB tem, por dever constitucional, afunção de ajudar a aperfeiçoar a democracia. “A his-tória da instituição a autoriza a se manifestar emdefesa dos interesses da cidadania. Foi a luta pelacidadania que expressou em lei o dever da entidadede atuar para aprimorar o Estado Democrático deDireito. Temos uma reciprocidade ativa: se a soci-edade legitima o papel da Ordem em defender ademocracia, a entidade vê a função como um de-

ver”, explica. Cobrando pressa dos parlamentaresna votação da matéria, o presidente da OAB Federalacredita que a reforma pode alterar o atual estadode coisas no país. “Não somos detentores da verda-de, mas temos o dever de apresentar nosso ponto devista. A reforma política é a mãe de todas as refor-mas, pois é a política que dita os rumos da socieda-de. Acredito que, hoje, a reforma política é o instru-mento mais eficaz para retirar o Brasil do marasmoe da crise social em que se encontra”, observa.

Cezar Britto acredita que é dever da OAB debater os rumos da sociedade

tema de representação popular, noBrasil, sempre foi uma fantasia retó-rica. Não é o povo que aparece repre-sentado nas nossas casas legislativas,e sim as classes ricas, as corporaçõespoderosas ou os grupos de pressãomais influentes. A introdução das prá-ticas da democracia direta e participa-tiva visa a dar aos agentes políticos um

mínimo senso de responsabilidade,tornando-os, de direito e de fato, me-ros delegados do povo soberano”, afir-mava o professor. Seguindo essa linhade raciocínio, a proposta de reformapolítica tem duas diretrizes, e o docu-mento entregue à Câmara, dividido emdois capítulos, é o desdobramentodessas linhas gerais. São elas:

1) a efetivação da soberania po-pular, pelo reforço dos instrumen-tos institucionais de democraciadireta e participativa;

2) o aperfeiçoamento do siste-ma eleitoral e partidário, no sen-tido de uma representação po-pular menos falseada pelo po-der oligárquico.

Cezar Britto passou os documentos às mãos do deputado Arlindo Chinaglia

Atuação na sociedade

Chinaglia e Wadih, que integrou a comitiva

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 17

Em relação à efetivação da soberania popular, aOrdem propõe que não apenas o Congresso Nacio-nal, mas também a Justiça Eleitoral possa convocarplebiscitos e referendos. Defende, ainda, que projetosde lei de iniciativa popular “possam ser apresentadospor 0,5% do eleitorado, ou por confederação sindical ouentidade de classe de âmbito nacional que repre-sentem este número”. São signicativas também asmudanças nos sistemas partidário e eleitoral.

Na reforma partidária, seriam instituídas a fideli-dade ao partido e a proibição de doações. Através daalteração na redação do artigo 26, da Lei nº 9.096/05, oparlamentar eleito passaria a ser proibido de mudarde partido, “a partir da data da eleição e durante todaa legislatura”, sob pena de perder o mandato. Os par-tidos políticos não poderiam mais receber doações,“devendo manter-se exclusivamente com as contri-buições de seus filiados e os recursos do Fundo Parti-dário”. O sistema eleitoral também passaria por am-pla reformulação. Outros pontos do projeto são:

Financiamento das campanhas eleitorais -

A OAB propõe a adoção do sistema francês, pelo

Proposta reforça instrumentos de soberania popular

Na reforma partidária,

seriam instituídas a

fidelidade ao partido e a

proibição de doações.

O parlamentar eleito

passaria a ser proibido de

mudar de partido, “a partir

da data da eleição e

durante toda a legislatura”.

qual a Justiça Eleitoral “terá o poder de fixar um limitemáximo de despesas de campanha dos candidatos, emcada eleição, bem como de pagar, a título de reembolso,uma quantia determinada, variável conforme a elei-ção, a cada candidato cujo patrimônio e cujarenda tributável não sejam superiores a deter-minado montante, desde que o candidato tenharecebido, na eleição,pelo menos 5% da to-talidade dos votos váli-dos no distrito”. Cabe-rá ainda à Justiça Eleito-ral fixar, para cada pleito,o montante máximo dedoações que cada can-didato está autorizado areceber. O candidato queinfringir qualquer umadas disposições será im-pedido de tomar posseno cargo e, se já tiversido empossado, perde-rá o mandato;

Instituição da revogação popular de man-datos eletivos (recall);

Fim da verticalização – Quebra da verticali-

zação também quanto ao tempo de ocupação dorádio e da televisão pelos partidos políticos, sejanas eleições estaduais, distritais ou municipais.

Assim, os partidos poderiam optar pornão somar os tempos de cada legendaintegrante da coligação;

Fim das coligações proporcionais- Abolição das coligações nas eleiçõesproporcionais, “a fim de se evitar queos votos dos eleitores sejam computa-dos promiscuamente para todos ospartidos da coligação, o que fere o prin-cípio da votação proporcional”;

Eleição e duração do mandatodos senadores - O mandato dos se-nadores passaria a ser de quatro anos,e seriam abolidos os suplentes.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 18

Justiça

Direito àvoz desde aconcepção

RENATA ALBINANTE

“A criança e o adolescente têm di-reito a proteção à vida e à saúde, me-diante a efetivação de políticas soci-ais públicas que permitam o nasci-mento e o desenvolvimento sadio eharmonioso, em condições dignas deexistência”. A mensagem expressa noartigo 7º do Estatuto da Criança e doAdolescente nunca foi levada tão asério como no começo deste ano: emsentença inédita, o Tribunal de Justi-ça de São Paulo reconheceu o direitode um feto de apenas 15 semanas fi-gurar como pólo ativo de uma ação paragarantir o atendimento pré-natal desua mãe. A decisão — que abriu pre-cedentes no direito de família e pro-mete revolucionar os costumes — re-presenta, na opinião de especialistas,a consagração dos princípios consti-tucionais de proteção à vida e à digni-dade humana, antes mesmo do nas-cimento.

A história teve início em julho doano passado, quando a DefensoriaPública paulista ajuizou, na vara dainfância e juventude de São Bernardodo Campo, oito ações contra a Fazen-da Pública de São Paulo com o objeti-vo de garantir assistência médicaadequada a oito grávidas presas naCadeia Pública Feminina de São Ber-

nardo. Apoiados na premissa de queo pré-natal visa a assegurar não ape-nas a vida e a saúde da mãe, mas tam-bém a vida e a saúde dos fetos, os de-fensores entraram com o pedido emnome dos nascituros. O juiz, porém,não aceitou que a ação fosse propostapelos fetos e determinou a emendada inicial tendo as mães como auto-ras. A Defensoria recorreu ao TJ/SPcom o argumento de que o feto, devi-damente representado, pode pleitearjudicialmente seus direitos. Em 4 dejaneiro, veio a público o entendimen-to do Órgão Especial do TJ paulista:ainda que desprovido de personali-dade jurídica, o feto pode, sim, desdeque devidamente representado, figurarcomo autor de ação. “Trata-se de uma

decisão muito bem-vinda, porque re-presenta a aplicação justa da lei nagarantia dos direitos fundamentais”,analisa o vice-presidente da OAB/RJ,Lauro Schuch, especialista nas áreascível e de família.

Lauro lembra que, embora o nas-cituro não tenha personalidade civil,ele já é um ser titular de direitos, im-plícitos antes mesmo do nascimento.“O direito de nascer dignamente e deter a proteção do Estado para que estadignidade seja garantida está na lei.O artigo 7º do Estatuto da Criança edo Adolescente é o fundamento quedá amparo à criança potencial, que éo nascituro. Para que o ser humanotenha todas as suas potencialidadesasseguradas plenamente, é impor-tante que a proteção se dê desde o pro-cesso de formação do indivíduo. Esta é alógica do artigo 7º do ECA. Não adiantaproteger a criança se não são dadas ascondições para que ela venha a seruma criança. O pensamento de que oEstatuto amplia a proteção para en-tes ainda não configurados como de-tentores de personalidade está ga-nhando força”, reflete.

O vice-presidente da Ordempondera que os direitos do nas-cituro eram entendidos, namaioria das vezes, sobretudosob a ótica patrimonial. “Épreciso reconhecer queexistem direitos própriosda personalidade humanafora do ambiente das su-cessões. No mundojurídico, esse vícioda patrimonialida-de dos direitos fa-zia com que see n x e r g a s s e mapenas aspectospatrimoniais nocampo dos direi-tos do nascituro.Decisões como ado Tribunal deJustiça de SãoPaulo sinalizampara um cenárioamplo, de prote-ção a todo e qual-quer interesse

digno de amparo. Estamos trilhan-do um novo caminho”, prevê.

A grande questão, porém, é o hia-to existente entre a lei civil, material,e a lei processual. “Embora o nasci-turo seja detentor de direitos, não háprevisão na lei processual para queeste possa exercer esses direitos ouacionar os mecanismos de proteção aesses direitos. A lei processual só ad-mite o exercício do direito de ação porquem tenha capacidade para estar emjuízo ou que seja titular de personali-dade. No caso do nascituro, a postu-lação deverá acontecer de forma es-pecial, pela gestante, pelo pai, pelo Mi-nistério Público e, no campo extra-judicial, por entidades ou órgãos deproteção de direitos fundamentais oude promoção da infância e da juven-tude”, esclarece.

Especialistas em direito de famíliaaplaudem sentença do TJ de São Paulo,que reconheceu feto como autor de ação

Lauro Schuch: justa aplicação da lei

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 19

No entender da presidente do Instituto dos Ad-vogados Brasileiros, Maria Adélia Campello, a de-cisão do TJ/SP vai de encontro ao Código Civil, masestá de acordo com o espírito da Constituição. “OCódigo Civil é muito claro: quando fala em capaci-dade civil, refere-se ao nascimento com vida. Poroutro lado, se examinarmos a Constituição, que pri-vilegia a vida e a dignidade da pessoa humana, vere-mos que seu contexto permite uma interpretaçãomais extensiva. Foi esta a leitura dos desembarga-

Advogada e juiz divergem quanto àfidelidade da decisão ao Código Civil

dores de São Paulo. O juiz de primeira instância, aocontrário, se ateve à lei, argumentando que o fetonão teria capacidade processual nem por represen-tação, como de fato não tem. Mas os desembarga-dores do TJ se basearam justamente na proteçãoaos direitos do nascituro. Trata-se de um entendi-mento controverso; se esta decisão for adotada, épossível que enseje pequena alteração no CódigoCivil”, acredita Maria Adélia.

Advogada da área de família, a presidente doIAB elogia a decisão pioneira dos desembargado-res paulistas e acredita que a história abrirá prece-dentes. “É assim que a lei evolui, a partir de novoscasos, nos quais o legislador certamente nem pen-saria. Desta forma aperfeiçoamos a jurisprudên-cia, o entendimento e a lei. Da mudança de costumessurge a jurisprudência e, com ela, uma nova lei, queacompanhe a evolução dos tempos. Cada vez mais, oser humano deve ser compreendido de uma formaabrangente, global”, enfatiza Maria Adélia.

Titular da 2ª Vara de Família do Tribunal de Jus-tiça do Rio, o juiz Gerardo Carnevale também en-xerga com bons olhos o ineditismo da decisão doTJ/SP. “O artigo 2º do Código Civil diz que a perso-nalidade civil começa no nascimento com vida, masa lei põe a salvo desde a concepção os direitos donascituro. Hoje, discutem-se questões referentes aembriões, se eles têm direito de serem gerados evir a nascer, por exemplo. Mas a legislação consagraao nascituro o direito a um desenvolvimento saudá-vel, por meio de assistência adequada. O Código

adotou a tese da concepção, ou seja, nascimentocom vida, e isto não foi alterado com esta sen-tença. Com relação a questões patrimoniais, odireito à sucessão também só existe se houvernascimento com vida. O entendimento do Tri-bunal de São Paulo é fiel ao Código, pois, aoconceder direito ao pré-natal, concedeu tam-bém o direito ao nascimento”, conclui o ma-gistrado.

Carnevale: personalidade civil começa no nascimento

Maria Adélia: entendimento segue espírito da Constituição

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 20

Ex-presidente Baeta ganha a Medalha Teixeira de FreitasO Conselho Superior do Instituto dos Advogados Brasileiros elegeu, em

reunião realizada no dia 7 de março, o nome do advogado e ex-presidente

Hermann Assis Baeta para receber a Medalha Teixeira de Freitas, mais alta

honraria outorgada pela instituição. A cerimônia de entrega da medalha

será realizada no Plenário do IAB, em data a ser divulgada.

IAB e Ibdfam promovem painel sobre cooperação jurisdicionalDando continuidade ao convênio IAB/Ibdfam, será realizado no Plenário do

IAB painel versando sobre Cooperação jurisdicional em direito de família:

competência, alimentos, guarda, adoção e tráfico. A matéria é polêmica, e

terá como expositores o juiz Ricardo Perlingeiro Mendes da Silva, a

promotora de justiça Nádia de Araújo e a advogada Márcia Tibúrcio. O

evento ocorrerá no dia 18 de abril, às 18h. Mais informações podem ser

obtidas na página do Instituto - www.iabnacional.org.br - ou pelo telefone

(21) 2240-3921.

Palestra com Ada Pellegrini GrinoverA processualista Ada Pellegrini Grinover fará palestra no IAB sobre o tema

Ação civil pública e a legitimidade da Defensoria Pública no dia 16 de

maio. O evento está marcado para 18h, no Plenário, e as inscrições

podem ser feitas no site da instituição.

IAB / Ouvidoria

O ouvidor-geral da OAB/RJ, Arnon Velmovitsky, reuniu-se dia 5 de março como ouvidor-geral do Tribunal de Justiça, desembargador Manoel Carpena deAmorim. O encontro teve como objetivo a troca de experiências para a melho-ria dos serviços oferecidos a advogados, estagiários e partes pela Ouvidoria daOrdem, que passa por processo de reformulação.

Encontro de ouvidorias

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 21

TÉCIO LINS E SILVA*

A Comissão de Valo-res Mobiliários, criadaem 1976, com inspira-ção no modelo norte-americano de regulação,tem como função pri-mordial a fiscalização e

o fomento do mercado de capitais.

Em um país em constante desen-volvimento econômico, uma agênciareguladora com essa finalidade tempapel fundamental; afinal, já estácomprovada a ligação direta do avan-ço do sistema financeiro com o cres-cimento da própria economia.

Para poder exercer com eficáciasuas funções institucionais, a referi-da autarquia federal foi dotada de in-dependência administrativa, autono-mia financeira e orçamentária.

Porém, apesar de toda essa inde-pendência, não pode passar desper-cebida a atuação da Comissão de Va-lores Mobiliários como órgão admi-nistrativo sancionador. A instituiçãoparece sofrer, atualmente, uma sé-ria crise de identidade, que a impe-de de cumprir sua missão institu-cional como órgão de regulação, tra-vestindo-se também em delegaciaespecializada de repressão, subor-dinada ao controle externo do Mi-nistério Público Federal.

Não há lógica, nem legalidade, nosprocedimentos investigatórios que aCVM, mesmo antes de julgar, decideenviar ao Ministério Público, como seele fosse seu autêntico super-ego.Vale ressaltar que boa parte das ope-rações financeiras investigadas pelaautarquia não passa de mera infra-ção administrativa, sem qualquercontorno de natureza penal. Porém, o

Ser ounão ser?

Eis a questãoA atuação inquisitorial da Comissão deValores Mobiliários no procedimento

administrativo sancionador

pavor que parece contaminar a atua-ção da CVM talvez explique a razãodas precipitadas remessas ao Minis-tério Público, subserviência que nãodistingue o ser ou não da atribuiçãodaquela importante instituição.

Estamos diante de uma força-ta-refa esdrúxula. A CVM não deve agircomo se fosse um braço fiscalizatóriodo Ministério Público, temente a essesuposto chefe. Este não é o seu papel.Os investigados pela referidaautarquia têm o direito de se defen-der e ser julgados pelo seu Colegiado,antes que qualquer das informaçõeslá investigadas seja remetida paraoutro órgão. Até mesmo porque oColegiado da instituição, ao final doprocedimento administrativo, podeentender tanto pela ocorrência de in-fração administrativa (que não neces-sariamente terá implicações na esfe-ra penal), como também pela totalimprocedência dos indícios que

ensejaram a atuação da CVM.

É notório que nem todas as ope-rações financeiras são de fácil enten-dimento para aqueles que não traba-lham no ramo do mercado de capitais.É justamente por isso que existe umaentidade especializada para entendê-las, apurá-las, julgá-las e, se for o caso,encaminhar aos órgãos competentesos fatos por ela apurados. A inversãodessa lógica é inaceitável.

Trata-se de verdadeiro disparatea remessa prévia das informaçõesobtidas pela CVM ao Ministério Pú-blico. Tal atitude expõe os investi-dores e transforma o mercado de ca-pitais em uma área insegura de atu-ação, disseminando o medo atravésda ameaça penal.

É difícil crer que uma instituiçãocriada para estimular a poupança e aaplicação em valores mobiliários sejaa mesma que hoje fornece, sem qual-quer critério, informações que ainda

não passaram pelo crivo do con-traditório administrativo, distri-buindo suas impressões prévias atorto e a direito.

Essa atuação marcantementepolicialesca, além de inadmissível,contrapõe-se às finalidades precípuasda autarquia que tem o dever de as-segurar o direito à ampla defesa semo medo de parecer que está apenasprotegendo o infrator.

A Comissão de Valores Mobiliári-os deve zelar pela legalidade das ope-rações financeiras praticadas nomercado de capitais, mas, para tanto,não pode se transformar em um ór-gão apenas acusador por excelência,pois possui outras funções extrema-mente importantes para o bom fun-cionamento do mercado financeiro.

O Colegiado da instituição, com-posto por cidadãos de reconhecidacompetência na matéria de merca-dos de capitais, tem a responsabili-dade e o dever de coibir atitudes quedesonrem e desviem a CVM da suaprincipal missão, qual seja, o de-senvolvimento pleno do sistema fi-nanceiro brasileiro.

Portanto, os que têm a responsa-bilidade de dirigir órgão tão impor-tante para a economia do país devemorientar toda a hierarquia da CVM paraaguardar o desfecho dos procedimen-tos, sem sair distribuindo relató-rios precipitadamente. Pois, para as-segurar o prestígio da instituição, seusservidores não devem temer respei-tar o direito de defesa e o devido pro-cesso legal, para não correr o riscode associar o M da sigla com o Mde medo.

* Conselheiro federal daOrdem pelo Rio de Janeiro

É difícil crer que uma instituição criada para estimular a poupança e a aplicação em valores mobiliários seja a mesma que

hoje fornece, sem qualquer critério, informações que ainda não passaram pelo crivo do contraditório administrativo.

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A ilicitude do consumo éuma das causas da violência

ROGÉRIO ROCCO*

A discussão sobre as alternativas para a atual política de dro-gas deve ser dividida em duas vertentes: a que se refere à deman-da (consumo) e a relacionada à oferta (produção e tráfico). A mais

simples delas é a descriminalização do consumo. Esta medida resume-se aexcluir do procedimento penal o cidadão flagrado com alguma substânciaproibida. O comércio de drogas ilícitas continuaria caracterizado como cri-me, porém o porte para uso próprio seria tratado através de regras dos direi-tos civil e administrativo, da mesma forma que foi regulamentado na Colôm-bia em 1994. Neste caso, haveria a aplicação de sanções variadas (comosuspensão de carteira de motorista etc.) ao usuário que coloque em risco avida e o patrimônio de terceiros, recorrendo ao tratamento e à assistênciapsiquiátrica ou médica apenas em casos voluntários ou patológicos.

Porém, o grande conflito sobre a política correta a ser adotada repousa notrato da oferta. Expandindo-se a cada dia em função da volumosa movimen-tação econômica, o comércio de drogas ilícitas disputa o ranking das ativi-dades mais lucrativas em todo o mundo, junto ao comércio de armas e dopetróleo. Não há, entretanto, nenhuma iniciativa legislativa no Bra-sil que apresente uma alternativa à norma vigente.

Ainda assim, prosperam análises que conduzem à defesa dalegalização gradual das drogas proibidas, questionando o desviode centenas de milhões de dólares da economia for-mal com os mercados paralelos, sugerindo que a le-galização otimizaria recursos para os países.

Fator essencial a ser considerado é a violência ge-rada pelas disputas locais por pontos de venda e a açãoarmada do tráfico internacional, que em vários paí-ses sustenta o aparato de grupos paramilitares. Alegalização gradual atingiria a vértebra destas orga-nizações, minando sua principal fonte de lucros.

Porém, os próprios defensores da legalização da pro-dução e do comércio de drogas ilícitas divergem em umponto crucial do debate: o mercado deve ser gerido peloEstado por sua função estratégica, ou pela iniciativaprivada por tratar-se de atividade econômica? A dis-tinção básica entre as considerações é a de que o Es-tado atuaria sem fins lucrativos. A iniciativa privada,ao contrário, estimularia o consumo em busca de lu-cro que justifique seus investimentos.

A legalização das drogas não é a solução para acrise da violência, mas não há como negar que ailicitude da produção, do comércio e do consumo dedrogas está entre suas principais causas. Portanto, paraa gravidade do quadro atual, temos que considerar asalternativas mais ousadas, com coragem eracionalidade.

* Mestre em Direito pela Uerj e autorde vários livros, dentre eles O que é

legalização das drogas (Brasiliense, 1996)

Quando o risco é maiordo que o benefício

ANA CECÍLIA PETTA ROSELLI MARQUES*

A humanidade está cercada de diversas substâncias, queinicialmente foram descobertas na natureza, algumas delascom a propriedade de alterar a percepção e a consciência. O desejo de experi-mentar esses ‘estados alterados’ parece ser um componente intrínseco do serhumano. Quando se coloca o foco nas substâncias psicotrópicas, a questão ébem mais complexa. Evidências milenares mostram que seu uso foi e temsido parte de rituais religiosos e de diferentes comemorações. Algumas forame são até hoje usadas, medicinalmente, para muitos males e, se em algummomento causam prejuízos, são banidas e proibidas. Essas substâncias têma capacidade de sensibilizar o sistema nervoso central, em áreas especial-mente nobres, onde é também registrada a memória emocional e, para alguns,infelizmente, local de desenvolvimento da síndrome de dependência.

Um aspecto fundamental a ser considerado sobre as drogas psicotrópicasé sua diversidade quanto à ação, ao efeito e à via de administração, e cujaresposta também se modifica quando em contato com homens ou mulheres,

adolescentes, crianças ou idosos. Apesar destas peculiaridades,a maioria dos usuários não percebe problemas no início do uso.Ao contrário, o que se observa é que a minoria busca cuidadosquando já detecta efeitos adversos relacionados. Se abusam ou

estão dependentes, o impacto individual e coletivo é as-sustador. Este é o caso das drogas lícitas, como a bebidaalcoólica, o cigarro de tabaco e os inibidores de apetite,aqui no Brasil, e em todo o mundo. Substâncias que po-dem prejudicar a própria vida.

Quando se estuda o impacto das drogas psicotrópicasilícitas, como a maconha e a cocaína, a realidade é a mesma.

Mudam os fatores, mas, como o protagonista é o mesmo, oresultado tem sido desastroso. Assim, é preciso que cada in-

divíduo atualize seus mitos e crenças, deixe de lado filo-sofias tendenciosas facilmente manobradas por movi-

mentos políticos e se posicione em uma plataforma de lançamen-to para o futuro. Já vivendo o século XXI, com tantas evidências so-

bre o tema, fica muito difícil imaginar que existem drogas psicotró-picas mais leves ou mais pesadas, ou que o impacto do consumo é

apenas individual e não coletivo, ou ainda que elaborar medidas decontrole social para este grave problema signifique desrespeitar osdireitos individuais. É, ainda, manter-se na contramão da Ciência,negando os relatórios mundiais e nacionais, que mostram um agrava-mento da situação, que atinge hoje principalmente as populações es-peciais. Em suma, adotar a ‘política do avestruz’ é quase negar a pró-pria história da humanidade com as drogas!

* Doutora em Ciências pela Unifesp, ex-presidente emembro do Conselho Consultivo da Associação

Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas (Abead)

LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS LEVES

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 24

Direito tributário emlinguagem objetiva

Lançado pela ColeçãoRoteiros Jurídicos, daEditora Saraiva, Direitotributário abrange, demaneira sintética e emlinguagem objetiva, oconteúdo necessáriopara que o estudanteassimile os principaispontos da matéria,inclusive os normal-mente exigidos emconcursos públicos. Aobra, dividida em novecapítulos, aborda ostemas como o

sistema tributário nacional, tributos emespécie, a legislação tributária, o processo administra-tivo fiscal, o processo judicial tributário e crimescontra a ordem tributária, entre outros. Ao final decada tópico, há sugestões de leituras, indispensáveis areflexões posteriores. A autora, Daniela Ribeiro deGusmão, é professora do curso de pós-graduação emdireito tributário da Fundação Getúlio Vargas (FGV),mestre na matéria pela Universidade Cândido Mendese doutoranda pela Universidade do Estado do Rio deJaneiro (Uerj). Mais informações: (11) 3613-3366 ouna página www.saraivajur.com.br.

O NCC e as igrejasApós realizar vários eventos a respeito dosefeitos do novo Código Civil sobre as instituiçõesreligiosas, o professor Gilberto Garcia elaborouum trabalho indispensável a pastores e líderes.O novo Código Civil e as igrejas, lançado pelaEditora Vida, traz orientação sobre a obrigatorie-dade das reformas no estatuto das igrejas, ascompetências privativas das assembléias e osnovos direitos e deveres dos membros dainstituição. Mais informações: Tel: (11) 6096-6814 ou na página www.editoravida.com.br.

Leis penaisLançado pela Editora Impetus, Leis penaisespeciais comentadas foi escrito pelo professorMarcos Ramayana, procurador de Justiça doEstado do Rio de Janeiro. O livro aborda asdegradações direcionadas por condutas ilícitasaos idosos, os direitos fundamentais da pessoahumana, os crimes eleitorais tipificados noCódigo Eleitoral e o processo penal eleitoral. Aobra contempla ainda a questão do abuso dopoder, enfatizada na análise detalhada da Lei deAbuso de Autoridade, com reflexos na Lei deTortura. Mais informações: (21) 2621-7007 ouna página www.editoraimpetus.com.br.

Livro de cabeceiraCezar Britto*

“Dentre os vários livros que li, um certamente deixou uma marca maisdestacada, especialmente porque foi degustado tendo como cenário ocontexto histórico do movimento estudantil que intensamente vivi. Era aépoca em que combatíamos a ditadura militar divididos entre as teoriastotalitárias e as libertárias. Falo do velho clássico A revolução dos bichos,em que o fenomenal escritor George Orwel faz um verdadeiro libelo acusa-

tório contra o autoritarismo ortodoxo de algumas propostas tidas como socialistas, bem assim odesvirtuamento que provocavam na charmosa idéia de um mundo igualitário. É ainda um livroatual, pois alguns continuam sonhando em serem mais iguais do que os outros.”

* Presidente do Conselho Federal da Ordem

Trabalhador ruralTrabalhador rural, editado pela Juruá, reúne trabalhos de diversos agraris-tas, que analisam o papel da categoria no contexto sociopolítico, jurídico eeconômico brasileiro. Coordenado por Darcy Walmor Zibetti, Emiliano Joséklaske Limberger e Lucas Abreu Barroso, o livro é uma homenagem aogaúcho Fernando Ferrari, deputado federal que se destacou na defesa doslavradores, operários, donas de casa e dos direitos trabalhistas. Maisinformações: (41) 3352-3900 ou na página www.jurua.com.br.

Meio ambienteDireito internacional do meio ambiente é um livrorecomendado aos operadores do meio jurídico e pesqui-sadores envolvidos na matéria. A obra, que contémensaios de diversos autores, é uma homenagem aoprecursor entre os juristas brasileiros no estudo e nadivulgação do direito internacional do meio ambiente, oprofessor Guido Fernando Silva Soares. O livro contem-pla temas como a transformação da teoria do direitointernacional, as responsabilidades públicas sobre asflorestas e as mudanças climáticas em relação àsenergias renováveis. Mais informações: (11) 3357-9144ou na página www.EditoraAtlas.com.br.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 25

O ciclo em homenagem ao dramaturgo, romancista e poeta Ariano Suassuna será o grandedestaque da programação do mês de maio no projeto Emerj Cultural. O evento, com entradagratuita, compreenderá conferências, musicais e leituras dramatizadas de textos do autor, além desua célebre aula-espetáculo. A programação, sempre com início às 19h, será aberta no dia 7, coma conferência Ariano Suassuna, o cabreiro tresmalhado, ministrada pela professora MariaAparecida Lopes Nogueira, da Universidade Federal de Pernambuco.

No dia 8, o cantor, ator e músico Antonio Nóbrega realizará o espetáculo Ariano Suassuna e o roman-ceiro popular. No dia 14, haverá leitura da obra O santo e a porca, com direção de João Falcão, seguida dedebate com o escritor e dramaturgo Alcione Araújo. A pauta inclui ainda a conferência A pedra do reino: umromance inacabado?, no dia 21, com o escritor Bráulio Tavares. Na semana seguinte (dia 28), aconte-cerá a leitura do Auto da compadecida, com direção de João Falcão. E no dia 29, fechando o mês comchave de ouro, a aula-espetáculo com o próprio poeta.

Além do ciclo em tributo a Suassuna, o projeto Emerj Cultural dará seguimento emmaio à série Amor e morte, voltada para o cinema. No dia 9, às 18h, será

exibido o filme Otelo, de Orson Welles. Logo em seguida, haverá debatecom o professor de filosofia Pedro Sussekind e mediação da jornalista

Susana Schild. Inscrições e informações sobre a retirada de senhaspara os eventos podem ser obtidas pelos telefones (21) 3133-3380/3133-3369 ou pelo e-mail: [email protected].

Ciclo em tributo a Ariano Suassuna será odestaque da Emerj Cultural no mês de maio

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Page 26: Tribuna do Advogado OAB/RJ (Abril de 2007)

TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 26

DIRETORIA DA SECCIONALPresidente:Wadih Nemer Damous FilhoVice-presidente:Lauro Mario Perdigão SchuchSecretário Geral:Marcos Luiz Oliveira de SouzaSecretário Adjunto:Marcelo Feijó ChalréoTesoureiro: Sérgio Eduardo Fisher

CONSELHEIROS EFETIVOS:Aderson Bussinger CarvalhoAdriana Astuto PereiraAlexandre Moura DumansAlexandre Pacheco da PaixãoAlfredo José de Godoi MacedoAloysio Augusto Paz de L. MartinsAndré Luiz de Felice SouzaAndré Porto RomeroArmando Silva de SouzaArnon VelmovitskyBerith José Citro Lourenço MarquesCarlos Fernando Siqueira CastroCarlos Henrique de CarvalhoCarlos Roberto Barbosa MoreiraCésar Augusto Dória dos ReisClaudio Figueiredo CostaDaniela Ribeiro de GusmãoDante Braz LimongiDenise Arminda MuraEduardo Antonio KalacheFelipe de Santa Cruz OliveiraFernando Augusto FernandesFernando Tristão FernandesFlávio Antônio Esteves Galdino

Flavio Villela AhmedGabriel Francisco LeonardosJoão Batista TancredoJorge Augusto Espósito de MirandaJosé Carlos TórtimaJosé Luiz MilhazesJosé Márcio Araújo de AlemanyJosé Nogueira D' AlmeidaJosé Oswaldo CorrêaJoselice Aleluia Cerqueira de JesusJosé Ricardo Pereira LiraLuciano Bandeira de TollaLuiz Eduardo Tostes CaldasMarcelo Augusto Lima de OliveiraMárcia DinisMarcos BrunoMarcus Vinicius CordeiroMário Nilton LeopoldoMatusalém Lopes de SouzaNicola Manna PirainoNilson Xavier FerreiraRita de Cássia Sant`anna CortezRoberto Ferreira de AndradeRoberto Monteiro SoaresRonald Madeira MaiaRonaldo Eduardo Cramer VeigaRonaldo Mesquita de OliveiraRui Berford DiasSérgio Batalha MendesSydney Limeira SanchesVânia Siciliano Aieta

CONSELHEIROS SUPLENTES:Adilza de Carvalho NunesBreno Melaragno CostaBruno Vaz de Carvalho

Carlos Augusto Coimbra de MelloCarlos José de Souza GuimarãesCid Fernandes de MagalhãesCláudio Sarkis AssisCristóvão Tavares M. S. GuimarãesDário Martins de LimaGilberto Antônio Viana GarciaHildebrando Barbosa de CarvalhoJosé Antonio Galvão de CarvalhoJosé Calixto Uchôa RibeiroLuiz Alexandre Fagundes de SouzaLuiz Filipe Maduro AguiarMara de Fátima HoffansMárcia Cristina dos Santos BrazMarco Enrico SlercaMarcos Dibe RodriguesMaria Margarida PressburgerMário Afonso Bittencourt FontesMaro Antônio PereiraMauro Abdon GabrielNiltomar de Sousa PereiraOswaldo Henrique de Souza NevesRenan AguiarRicardo Monteiro de França MirandaRodrigo Sobrosa MezzomoSérgio Luiz Pinheiro Sant'AnnaVictoria Amália de B.C.G. de Sulocki

CONSELHEIROS FEDERAISCarlos Roberto Siqueira CastroNélio Roberto Seidl MachadoTécio Lins e SilvaMembros Suplentes: Cláudio Pereira deSouza NetoGlória Márcia Percinoto

MEMBROS HONORÁRIOS VITALÍCIOS

Alvaro Duncan Ferreira PintoJosé Danir Siqueira do NascimentoEllis Hermydio FigueiraVirgílio Luiz DonniciWaldemar ZveiterCesar Augusto Gonçalves PereiraFrancisco Costa NettoHélio Saboya Ribeiro dos SantosNilo BatistaCarlos Maurício Martins RodriguesCândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterCelso FontenelleOctavio Gomes

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕESNova Iguaçu - Jurandir CeulinDuque de Caxias - Geraldo M. de AlmeidaPetrópolis - Herbert de Souza CohnBarra Mansa - Hércules Anton de AlmeidaVolta Redonda - Rosa Maria de S. FonsecaBarra do Piraí - Leni MarquesValença - Munir AssisSão Gonçalo - Luiz Alberto GonçalvesN. Friburgo - Carlos André Rodrigues PedrazziMiracema - Hanry Félix El-khouriItaperuna - José Demétrio FilhoCampos - Filipe Franco EstefanTeresópolis - Jefferson de Faria SoaresTrês Rios - Salatiel RodriguesMacaé - Juvêncio Claro PapesNiterói - Antônio José M. Barbosa da SilvaBom Jesus do Itabapoana - Nacif deSouza ReisResende - Antônio Paulo Fainé GomesSão João de Meriti - Luiz Carlos M. de Souza

Cabo Frio - Eisenhower Dias MarianoAngra dos Reis - Cosme Teixeira CoutinhoMagé - Norberto Judson de Souza BastosItaguaí - Nilton de Almeida VitorettiNilópolis - Eduardo Farias dos SantosItaboraí - Ricardo Abreu de OliveiraCantagalo - Guilherme M. de OliveiraVassouras - Sylvio da Cruz LealAraruama - Ademário Gonçalves da SilvaCampo Grande - Mauro Pereira dos SantosSanta Cruz - Milton Luis Ottan MachadoBangu - Ronaldo Bittencourt BarrosMadureira/Jacarepaguá - Roberto L. PereiraIlha - Luiz Carlos Varanda dos SantosSão Fidélis - Hélio Leite da SilvaRio Bonito - Antônio Carlos de S. GuadelupeParaíba do Sul - Eduardo Langoni de OliveiraSanto Antônio de Pádua - Adauto Furlani SoaresMaricá - Amilar José Dutra da SilvaParacambi - Cleber do Nascimento HuaisParaty - Heidy KirkovitsMiguel Pereira - Darcy Jacob de MattosPiraí - Rosângela Cabral CorrêaRio Claro - Emmanoel de OliveiraItaocara - Fernando José Marron da RochaCordeiro - David Romeu Lima SalomãoCambuci - Pedro Paulo de Tarso V. de LimaMendes - Nélio da Rosa BrumS. Pedro da Aldeia - Júlio César dos S. PereiraC. de Macacu - Sebastião de Jesus B. JordãoMangaratiba - Ilson de Carvalho RibeiroSaquarema - Miguel Saraiva de SouzaRio das Ostras - Samuel Mendes de OliveiraBelford Roxo - Antônio Santos JúniorQueimados - Sucena Geara Reis LiraMéier - Humberto CairoPorciúncula - Maxwel Ferreira Eisenlohr

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2007/2009)

Nova TRIBUNA“Eis a primeira gritante diferença que noto naTRIBUNA DO ADVOGADO. Jamais tive sombra deímpeto para escrever para este, hoje, importanteveículo dirigido à classe, antes mais afeito a umpanfleto narcisista. Valho-me, portanto, destacarta para transmitir à nova diretoria da OAB/RJ ea toda a equipe envolvida com o jornal meus maissinceros e efusivos parabéns pela nova fase.

Não falo apenas da diagramação, da nova cara dojornal, da nova letra, mas da nova alma, do novoânimo, da nova tendência, da visível guinada àesquerda — e estamos em tempos nos quaisquerem nos convencer de que isso tudo é balela— que se verifica a cada página.

Ler o nome de Rosa Luxemburgo escrito por umdesembargador do TJ/RJ que é contra a penarestritiva de liberdade, ver o Lauro, com quemtive a oportunidade de trabalhar em prol da lisurade eleições no Estado do Rio de Janeiro, comovice-presidente, e um ex-sindicalista na presidên-cia da outrora aguerrida OAB/RJ, preocupado coma classe massacrada, perseguida e menosprezadadesde que me formei, é uma vitória.

Eu, advogado militante, apaixonado pelo que faço,que me comovo com a obtenção de um resultadojusto obtido após intensas batalhas contra amáquina, o poder econômico e o tráfico deinfluências, fico literalmente orgulhoso por poderver a OAB/RJ ocupando o espaço que merece. Aolado e em prol de quem merece e precisa. Econtra a canalha que tenta, há anos — em vão!— menosprezar o trabalho de quem trabalha emsilêncio em prol de uma sociedade mais justa”.Eduardo Goldenberg (OAB/RJ 80.839)

“Parabéns pelo novo jornal da OAB/RJ. Elogiosespeciais ao artigo do BeneditoCalheiros Bomfim. Felizmente a picaretagem foibanida. Embora discordandoda opinião de alguns sobre a violência, no geral onovo veículo da Seccional honra a categoria dosadvogados. Excelente também o Recado doPresidente”.Ib Teixeira

“Quero parabenizar a TRIBUNA DO ADVOGADOpela excelente edição no número de março. Depoisde muitos anos, consegui voltar a ler o jornal denossa categoria. A TRIBUNA voltou a ter, emsuas matérias, o enfoque social que semprenorteou a OAB/RJ em suas gloriosas lutas pelademocracia no nosso país e tão necessário noatual momento político. Tal enfoque (e prova-velmente nossas lutas) foram totalmenteesquecidas pelas últimas gestões.Ultimamente, nem abria a TRIBUNA. Quandoela chegava do Correio, jogava quase queimediatamente no lixo. Até mesmo porque,como advogado trabalhista que sou, não encon-trava nenhuma matéria de interesse específico daminha área. Entretanto, resolvi dar uma novachance à TRIBUNA, tendo em vista a nova gestãoque se inicia, e dar uma olhadinha no número demarço. E tive uma grata surpresa. Excelentesmatérias com nomes expressivos de nossa catego-ria, abordando não só os problemas da nossaprofissão, como também os problemas de nossasociedade como um todo. Parabéns a todos, eespero que continuem assim, pois estão no caminhocerto. Voltei a ter orgulho de ser advogado”.Luiz Eduardo Chaves de Souza (OAB/RJ 59.236)

Advogado criticarevista no Fórum“Primeiramente, não posso deixar de mani-festar minha alegria e externar meus para-béns às mudanças efetuadas pela novaPresidência em todos os aspectos, desde ojornal, que antes mais parecia um álbum defotografias do presidente, até mesmo quantoàs matérias nele inseridas, o que demonstra,sem dúvida alguma, a transparência dessa novaequipe. Continuem assim. O objetivo destamissiva tem apenas o condão da pretensão deuma pequena publicação, abaixo transcrita, nacoluna de Cartas do jornal, a saber:Com o devido respeito ao posicionamento dacolega Tilly Patti Ferrari, que na últimaedição na coluna de Cartas escreveu: “nãoconsidero que seja discriminatória a revista.O advogado, quando embarca nos aeroportos,passa pela vistoria, como todo mundo o faz”.É bem verdade. No entanto, não é menosverdade que, nesses mesmos aeroportos,também se revistam juízes, escrivãs, escre-ventes, oficiais de Justiça, ou qualquer outrocidadão. Nesse caso, não há discriminação,ao contrário do que acontece no Fórum doRio, ato que repugna a grande maioria dosadvogados. O curioso é que em toda ahistória do Fórum apenas dois pequenosincidentes foram registrados, e em nenhumdos dois havia advogado envolvido”.Gentil Pimenta Neto (OAB/RJ 101.175)

Page 27: Tribuna do Advogado OAB/RJ (Abril de 2007)

TRIBUNA DO ADVOGADO - Abril / 2007 - 27

“Parabéns à nova presidência da OAB/RJ por todasas positivas mudanças que já dão mostras de querealmente teremos de volta a dignidade, o bomsenso, a transparência e a credibilidade de umórgão que deve ser o baluarte dos direitoshumanos e das garantias constitucionais (...).Particularmente, fiquei muito feliz com o artigodo eminente Benedito Calheiros Bomfim,intitulado Supersalários no Judiciário (TRIBUNAde março). Parabéns pelo texto corajoso, verda-deiro, que serve de alerta para que a elite tenhaconsciência de que ela também pode ser, e é,vítima da violência gratuita que reina no país, emparte devido justamente às desigualdades sociais,em que uma classe privilegiada tem tudo, emdetrimento da maioria que passa fome. (...)”.Rosângela Dantas Lima (OAB/RJ 70.032)

“Pela primeira vez, li integralmente a TRIBUNA DOADVOGADO, e até mesmo o CAARJ Informe. Atransformação que vem se dando, esteticamentemoderna, facilita e agiliza a leitura (...).A mudança que se aplaude com louvores já começano Editorial, redigido sem auto-promoção (...), epassa pelas matérias de interesse de toda a classe,entrevistas e comentários magníficos, de conteúdo einteresse geral. É muito bom tomar conhecimento,relembrar das vigorosas e combatentes idéias,sempre em defesa do trabalhador, do jurisdicionadosofrido, do profissional da Advocacia e desassistidopela OAB, em todos os meandros — saliente-se:acreditamos na mudança — das atuais interpreta-ções, dos dinâmicos conceitos do Direito, através

dos mais que ilustres e dignos, dentre outros queintegram a TRIBUNA nº 243: Miguel Baldez,Sérgio Verani, João Luiz Duboc Pinaud, SaleteMaccalóz, e dos membros diversos do novo corpodiretor da entidade (...), que têm nos dado oconforto e o alívio de termos declinado do continuís-mo, da mesmice, da pouca iniciativa ao combatedaquilo que parecia não mais ter fim: a subserviên-cia a todos e a qualquer nível, a pompa com seusgastos desmedidos, a falsa (ou farsa) divulgação derealizações quase nunca vistas (...).A matéria de contracapa, com a entrevista do juizCláudio Montesso, é, deveras, de cunho informativoe um bravo alerta ao governo Lula. Rogamos aDeus: não a sacione, vez que será a confirmação daacirrada luta deste governo e do PT e seus aliadosem desgraçar e jogar ao lixo os ainda direitostrabalhistas e, sobretudo, traz manifesto desafio aoimpério econômico e patrimonial dos empresáriosda indústria, do comércio e dos prestadores deserviço (...).Foi bom observar, na seção de Cartas, a seleçãodas idéias, com a preocupação com o coletivo e,principalmente, os profissionais, partes ou servidoresportadores de necessidades especiais, obrigados aenfrentar no dia-a-dia a barreira da discriminação,do preconceito, além das arquitetônicas (...).A Ordem é uma instituição respeitada e acreditadapor muitos, e a OAB/RJ tem histórico e méritos emsua atuação. Falhas e mágoas do passado podemser superadas a partir dessa nova caminhada, semrevanchismo ou bravatas inócuas”.Anadir Faris dos Santos (OAB/RJ 41.185)

“Quero parabenizar a iniciativa e a felicidade naabordagem feita pelo colega Marcus ViníciusCordeiro na TRIBUNA de março, quando atestouque é um absurdo inominável considerar oscrimes de tortura praticados sob o manto dos atosinstitucionais da ditadura militar como sendoconexos. Os crimes de tortura, além de seremimprescritíveis, nunca guardaram conexão com oscrimes políticos, mesmo porque estes foramcometidos pelas vítimas de torturas, e não pelosseus carrascos. Destarte, inexiste conexão, sendodespiciendo, data maxima venia, a revogação daLei nº 6.683/79 (Lei de Anistia) no Brasil. Asvítimas do regime militar, em muitos casos,cometeram crimes conexos quando, a fim depreencher a figura do crime político, tiveram v.g.de falsificar carteira de identidade, e utilizá-la.Sobre a abertura dos arquivos, é uma imposiçãoconstitucional o acesso a todas as informações doperíodo, como forma de resgate da memóriahistórica, pois, como bem considerou o doutoadvogado de cassados políticos, conselheiroMarcus Vinícius Cordeiro, a amnistia não significaesquecimento das mazelas e do arbítrio do Estadoautoritário, mas sim do crime político cometidopela vítima de exceção”.Marcos Cilos, 1º secretário do IAB

N. da R: Em virtude do grande aumento nonúmero de cartas e e-mails recebidos, que quasetriplicou, selecionamos nesta edição as mensa-gens sobre as mudanças efetuadas na TRIBUNAe na OAB/RJ.

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Antônio Carlos Gomes de Mattos

TRIBUNA DO ADVOGADOÓrgão de Divulgação da OAB/RJAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andarCentro - Cep 20020-080 - Rio de Janeiro - RJ

Entre o cinema e o DireitoAutor de vários livros sobre a Sétima Arte, como Publique-se a lenda: A história do

western e Do cinestoscópio ao cinema digital, Antônio Carlos Gomes de Mattos

dividiu a atividade de resenhista com a militância no Direito desde 1960, quando se

formou pela Universidade do Brasil (hoje UFRJ). O crítico foi colaborador da célebre

revista Cinemim, que marcou época na década de 70, além do jornal Diário de

Notícias, e atualmente é professor de história do cinema na PUC-Rio. Fã ardoroso do

gênero, ele conversou com a TRIBUNA sobre os chamados ‘filmes de tribunal’,

que ajudaram a despertar a vocação de muitos advogados.

MARCELO MOUTINHO

T.A: Há diversos relatos de advogados queafirmam ter descoberto a paixão pelo Direitoa partir do interesse pelos filme de tribunal.Foi o seu caso?

A. C. Gomes de Mattos: Não. Quando era me-nino, interessavam-me apenas os filmes de cow-boys e os seriados — enfim, os filmes de ação. De-pois, passei direto para as produções mais intelec-tualizadas. Felizmente essa fase passou. Mas acre-dito que os dramas de tribunal podem ajudar, sim,na escolha da profissão por parte do advogado, prin-cipalmente porque promovem certa glamourizaçãoda Advocacia. Para ser um bom profissional da área,porém, é preciso mais do que tudo ter vocação, oumelhor, nascer com uma mente jurídica, com capa-cidade de raciocinar juridicamente. E sempre há orisco da decepção, já que o dia-a-dia de quem advo-ga é bem diferente daquele que aparece na tela.

T.A: O senhor lembra qual foi o primeirofilme do gênero a que assistiu?

A.C. Gomes de Mattos: Não me recordo deforma exata, mas possivelmente foi Um caso de hon-ra, um filme inglês lançado em 1949, interpretadopor Robert Donat.

T.A: Quais os melhores filmes de tribunalde todos os tempos, na sua opinião?

A.C. Gomes de Mattos: O melhor é Testemu-nha de acusação, de Billy Wilder. Para citar filmesde três grandes diretores, Agonia de amor, de Al-fred Hitchcock, e O veredito, de Sidney Lumet, tam-bém são excelentes. Entre os mais atuais, indicariaO júri, O povo contra Larry Flint e O advogado dodiabo. Da mesma forma, as adaptações dos livrosde John Grisham, como O cliente, A firma e Tempode matar, têm lá seu interesse.

T.A: Podemos afirmar que gênero é emi-nentemente americano?

A.C. Gomes de Mattos: Não. O cinema fran-cês, por exemplo, produziu grandes filmes do gêne-ro. André Cayatte era especialista. Fez Direito dematar, Somos todos assassinos, O processo negro...De modo geral, todos os filmes de tribunal se pare-cem, diferenciando-se naturalmente pela normasde direito penal e processual penal de cada país.

T.A: Por que cinema brasileiro não temtradição no gênero, apesar de em geral osfilmes não exigirem tanto investimento deprodução?

A.C. Gomes de Mattos: Realmente, há poucosfilmes de tribunal no cinema brasileiro. O caso dosirmãos Naves, de Luis Sergio Person, é uma dasexceções. Isso talvez se dê pelo fato de os cineastassentirem que o grande público prefere temas maisleves e divertidos, como as comédias musicais. Nãohá muita paciência para acompanhar (e entender)filmes de tribunal, sempre mais complexos e maisfalados do que os outros.

T.A. Quais as principais características quemarcam, em essência, um filme de tribunal?

A.C. Gomes de Mattos: Em síntese, que a tra-ma gire em torno de um julgamento e a ação sepasse quase o tempo todo em uma corte de Justiça.O grande interesse do público ocorre porque sem-pre há suspense e reviravoltas no enredo.

T.A. A imagem dos advogados em geral épositiva ou negativa nesses filmes?

A.C. Gomes de Mattos: Em geral, é positiva,mas há exemplos negativos, como o já citado O ve-redito, no qual se faz uma crítica aos grupos depressão que colocam o interesse antes da eqüidade— no caso, um poderoso escritório de advocacia e acorrupção de uma parte da Magistratura.