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Análise do Filme: “O Enigma de Kaspar Hauser” (Werner Herzog) Priscila Meireles Guidugli RA: 725471 Psicologia – Integral – 1° termo Profª Maria Antônia Vieira Soares

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Análise do Filme: “O Enigma de Kaspar Hauser”

(Werner Herzog)

Priscila Meireles Guidugli RA: 725471 Psicologia – Integral – 1° termo

Profª Maria Antônia Vieira Soares

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“Vocês não ouvem os assustadores gritos

ao nosso redor que habitualmente

chamamos de silêncio?”

Prólogo do filme “O enigma de Kaspar Hauser” (Werner Herzog, 1974)

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ÍNDICE: INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 4

SITUAÇÃO DO DIRETOR DO FILME NO MOVIMENTO “NOVO CINEMA ALEMÃO”...................... 5 Filmografia.......................................................................................................................................... 6 Prêmios............................................................................................................................................... 6 Características do novo cinema alemão............................................................................................. 7 I – DESENVOLVIMENTO 1.1 – Positivismo / Organicismo......................................................................................................... 9 1.2 - Realidade Objetiva e Subjetiva e sua Dialética.......................................................................... 10 1.3 - Cultura X Socialização............................................................................................................... 11 Socialização e Linguagem.................................................................................................................. 11 Linguagem, Exclusão Social e Transformação do Mundo................................................................. 12 1.4 - Ideologia X Estereótipo.............................................................................................................. 13 1.5 - Referenciais de outras disciplinas do semestre....................................................................... 14 II - CONSIDERAÇÕES FINAIS E PROBLEMATIZAÇÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO FILME PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL.............................................. 15

III - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 16

IV - ANEXOS....................................................................................................................... 17

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INTRODUÇÃO

Após situar o diretor “Werner Herzog” no novo cinema alemão e expor brevemente as características do movimento, o objetivo da análise do filme “O Enigma de Kaspar Hauser”, é transpô-lo à nossa realidade para que através dele seja possível, traçar paralelos com a situação social brasileira e encontrar em diferentes obras, de diferentes estilos de crítica, uma correlação com a história real do garoto que foi privado do convívio social por anos a fio. As obras escolhidas são “Vidas Secas” de Graciliano Ramos e “A hora da estrela” de Clarice Lispector, onde serão comparadas cenas do romance e do filme à luz dos temas: Cultura X Socialização e Ideologia X Estereótipo.

Além da identificação de características positivistas que fizeram de Kaspar um ser à margem da sociedade, a presente análise também conta com visões da Psicanálise e do Behaviorismo, para explicar por diferentes vertentes as conseqüências do isolamento.

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SITUAÇÃO DO DIRETOR DO FILME NO MOVIMENTO “NOVO CINEMA ALEMÃO”. “Depois do nazismo e da Segunda Guerra, o cinema alemão se reergueu nos anos

60. Com o país dividido, os filmes começaram a esboçar críticas em relação ao socialismo

real.

Em 1962, durante um festival em Oberhausen, 26 jovens cineastas lançaram as

bases para o que seria denominado o "novo cinema alemão". Embora ainda vivesse à

sombra dos horrores nazistas, a nova fase buscava retratar o próprio meio de

comunicação cinematográfico. Destacou para o mundo os nomes de Wim Wenders (de

"Asas do Desejo"), Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder e Alexander Kluge.”

(www.contracampo.com.br/80/pgkasparhauser.htm dia 14/07/2007_12h03min)

O nome de batismo de Herzog é Werner Stipetic, e ele nasceu em Munique, em 5 de setembro de 1942. É um dos maiores representantes do novo cinema alemão, movimento que surgiu nos anos 70. Embora seja mais conhecido por seus filmes de ficção, ele é tido como um excelente documentarista e, ao longo de sua carreira, dividiu-se entre os dois gêneros. A maioria de seus documentários nunca passou no Brasil e, segundo a crítica européia, possuem um estilo pessoal e ares de ficção. É um autor completo, sendo responsável pelo roteiro, produção e realização da maioria de seus filmes. Ao mesmo tempo, é um símbolo do cinema aventureiro, capaz de tudo para concretizar seus sonhos. Vale desde usar uma câmera roubada até levar toda a equipe para um trecho desconhecido da floresta amazônica ("Aguirre" e "Fitzcarraldo").

Ou ainda, hipnotizar todos os atores ("Coração de Cristal"). Em 1974, ele faz um de seus mais importantes e premiados filmes: "O Enigma de Kaspar Hauser". É a história real de Kaspar, um homem criado sem convívio social até a idade adulta e depois é abandonado na cidade por um homem desconhecido, no fim do século 19. Acolhido por moradores, ele passa a ser educado, tem que aprender a falar, a ler e a se comportar. É a resposta do diretor para filmes como "O Menino Selvagem" de François Truffaut. Nas entrelinhas, uma dura crítica aos costumes da sociedade dita civilizada, retratada nas situações em que Kaspar não entende ou não aceita certas formas de comportamento, a religiosidade, etc. O filme ganhou os prêmios Ecumênico, Fipresci, e o especial do júri no Festival de Cannes de 1975.

“O cinema de Werner Herzog trata de dois temas principais: o homem privado do convívio normal com a sociedade e a obsessão e suas conseqüências. Sua obra pode ser resumida na cena de abertura de “O Enigma de Kaspar Hauser”. O personagem, em um porão, vive acorrentado, longe do mundo. Mesmo nos filmes sobre a obsessão, seus retratados vivem distantes.”

FILMOGRAFIA: 2006 - Rescue dawn 2005 - Além do azul (Wild blue yonder, The) 2005 - O homem-urso (Grizzly man) 2004 - White diamond, The 2003 - Wheel of time 2002 - Ten minutes older: The trumphet 2001 - Invincible

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2001 - Pilgrimage 2000 - Julianes Sturz in den Dschungel (TV) 1999 - Meu melhor inimigo (Mein liebster feind - Klaus Kinski) 1997 - Little dieter needs to fly 1995 - Tod für fünf stimmen 1994 - Die verwandlung der welt in musik 1993 - Glocken aus der tiefe 1992 - Lektionen in finsternis (curta-metragem) 1991 - No coração da montanha (Cerro Torre: Schrei aus stein) 1991 - Jag Mandir: Das excentrische privattheater des maharadscha von udaipur 1989 - Giovanna d'Arco (TV) 1989 - Wodaabe - Die hirten der Sonne. Nomaden am südrand der Sahara (curta-metragem) (TV) 1988 - Les gauloises (curta-metragem) 1988 - Les français vus par (TV) 1987 - Cobra verde (Cobra verde) 1986 - Portrait Werner Herzog 1984 - Balada de um pequeno soldado (Ballade vom kleinen soldaten) (curta-metragem) (TV) 1984 - Onde sonham as formigas verdes (Wo die grünen ameisen träumen) 1984 - Gasherbrum - Der leuchtende Berg (TV) 1982 - Fitzcarraldo (Fitzcarraldo) 1980 - Crença e valor (Glaude und Währung) (curta-metragem) (TV) 1980 - God's angry man (TV) 1980 - A pregação de Huie (Huies predigt) (curta-metragem) (TV) 1979 - Woyzeck (Woyzeck) 1979 - Nosferatu - O vampiro da noite (Nosferatu: Phantom der nacht) 1977 - La soufrière - Warten auf eine unausweichliche katastrophe (curta-metragem) 1977 - Stroszek (Stroszek) 1976 - Coração de cristal (Herz au glas) 1976 - Mit mir will keiner spielen 1976 - How much Wood would a woodchuck Chuck (curta-metragem) 1974 - O enigma de Kaspar Hauser (Jeder für sich und Gott gegen alle) 1974 - O grande êxtase do escultor Steiner (Die grobe ekstase des bildschnitzens Steiner) (curta-metragem) 1972 - Aguirre, a cólera dos deuses (Aguirre, der zorn gottes) 1971 - Fata Morgana 1971 - Terra do silêncio e da escuridão (Land des schweigens und der dunkelheit) 1971 - Futuro impedido (Behinderte zukunft?) (TV) 1970 - Também os anões começaram pequenos (Auch zwerge haben klein angefangen) 1969 - Medidas contra fanáticos (Massnahmen gegen fanatiker) (curta-metragem) 1969 - Os médicos voadores da África oriental (Die fliegenden ärzte von ostafrika) (curta-metragem) 1968 - Sinais da vida (Lebenszeichen) 1968 - Últimas palavras (Letzte worte) (curta-metragem) 1967 - A defesa sem precedentes do forte Deutschkreuz (Die beispiellose verteidigung der festung Deutschkreuz) (curta-metragem) 1964 - Jogo na areia (Spiel im sand) (curta-metragem) 1962 - Herakles (curta metragem) PRÊMIOS:PRÊMIOS:PRÊMIOS:PRÊMIOS: - Recebeu uma indicação ao Independent Spirit Awards de Melhor Documentário, por "O Homem-Urso" (2005). - Recebeu uma indicação ao BAFTA de Melhor Filme Estrangeiro, por "Fitzcarraldo" (1982). - Recebeu uma indicação ao César de Melhor Filme Estrangeiro, por "Aguirre, a Cólera dos Deuses" (1972).

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- Recebeu uma indicação ao European Film Awards de Melhor Documentário, por "Meu Melhor Inimigo" (1999). - Ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, por "O Enigma de Kaspar Hauser" (1974). - Ganhou o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes, por "Fitzcarraldo" (1982). - Ganhou o Prêmio Ecumênico do Júri no Festival de Cannes, por "O Enigma de Kaspar Hauser" (1974). - Ganhou o Prêmio FIPRESCI no Festival de Cannes, por "O Enigma de Kaspar Hauser" (1974). - Ganhou o Prêmio Especial no Festival de Berlim, por "Sinais da Vida" (1968). - Ganhou o Prêmio FIPRESCI no Festival de Veneza, por "Além do Azul" (2005). - Ganhou o Prêmio OCIC no Festival de San Sebastián, por "Fitzcarraldo" (1982). - Ganhou o Prêmio do Público de Melhor Documentário na Mostra Internacional de São Paulo, por "Meu Melhor Inimigo" (1999). CARACTERÍSTICAS DO NOVO CINEMA ALEMÃOCARACTERÍSTICAS DO NOVO CINEMA ALEMÃOCARACTERÍSTICAS DO NOVO CINEMA ALEMÃOCARACTERÍSTICAS DO NOVO CINEMA ALEMÃO:::: A ausência de uma perspectiva crítica

no cinema do pós-guerra levou os precursores do que posteriormente seria chamado Novo Cinema Alemão a publicar, em 1962, Manifesto de Oberhausen.

� O objetivo: recriar a cinematografia do país a partir do zero. Pode-se dizer que somente décadas após o fim da guerra é que se pôde, enfim, observar no país discussões substanciais sobre os traumas do passado nazista;

� Os grandes temas pátrios e humanistas são substituídos pela pessoa comum e por suas pequenas histórias;

� Registro seco e direto das imagens, sem em momento algum descuidar da construção psicológica de seus personagens;

� A presença do expressionismo chega a causar mal estar (propositalmente), como em “O Enigma de Kaspar Hauser”, nas cenas iniciais, mostra-se o movimento das águas e da grama, como se fossem um quadro de Monet e fazem com que o espectador comece a incorporar o “clima” do filme;

� Na fotografia, optam por tons pastéis que contrapõem ambientes hostis e fazem com que prestemos mais atenção ao personagem, o que também acontece em “O Enigma de Kaspar Hauser”;

� Leste Europeu: Durante os anos 60, o cinema da Alemanha Oriental ocupou então uma posição intermediária entre as cinematografias da Europa Ocidental e do Leste Europeu. Alguns cineastas sofreram influências visíveis da Nouvelle Vague francesa e do British New Cinema, fazendo surgir no país a consciência do papel social desempenhado pelo cinema. O acesso à cinematografia do Leste Europeu no país foi também fundamental para alguns diretores, que receberam influências, entre outros, do russo Andrei Tarkovski e de uma então nova geração de cineastas tchecos e poloneses, entre eles Andrej Wajda e Milos Forman.

� Filmes "antifascistas": Nos anos 60, certos diretores começaram a esboçar críticas em relação ao socialismo real, afastando-se, mesmo que discretamente, da linha ideológica imposta pelo partido único SED, trabalhavam aspectos da história alemã, apropriando-se da única opção viável de trabalho disponível para diretores impedidos de levar temas atuais às telas.

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� Diretores como Murnau, Robert Wiene, Fritz Lang, Werner Herzog, Win Wenders, Fassbinder e Tom Tykwer fizeram e fazem a história do cinema alemão, e por que não dizer, do cinema mundial, uma vez que esses diretores produziram filmes que influenciaram a cinematografia mundial.

� Enquanto a Alemanha Ocidental diversificava aos poucos sua cinematografia, o setor era na República Democrática Alemã (RDA), de regime comunista, completamente controlado pelo Estado. A Defa (Deutsche Film AG) havia sido criada em 1946, ainda com o propósito de unir a produção cinematográfica do país dividido, inspirando-se nas melhores intenções democráticas e antifascistas. Contudo, em 1953, a Defa passou às mãos do Estado, tornando-se a única companhia de cinema da RDA, tendo produzido mais de 50 filmes por ano na década de 70 e deixando um saldo de mais de 700 títulos em quase meio século de existência.

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I – DESENVOLVIMENTO

Análise Crítica das cenas do filme à luz dos seguintes referenciais teóricos: 1.1 1.1 1.1 1.1 –––– POSITIVISMO / ORGANICISMO POSITIVISMO / ORGANICISMO POSITIVISMO / ORGANICISMO POSITIVISMO / ORGANICISMO:::: O Positivismo é uma corrente filosófica surgida no século XIX através de Auguste Comte (1798-1857). Originado do cientificismo, acreditava no poder exclusivo e absoluto da razão humana para conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais, com a pretensão de substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por meio das quais – até então – o homem explicava a realidade. A sociedade foi concebida como um organismo constituído por partes integradas e coisas que funcionavam harmonicamente, segundo o modelo físico ou mecânico, o Positivismo procurava identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural. (Cristina Costa, Sociologia: Introdução à ciência da sociedade, Editora Moderna , São Paulo, 1997, pág. 46 e 47). Trazendo para a atualidade, para o Positivismo algo que fuja aos padrões não é válido, as engrenagens devem funcionar perfeitamente e qualquer peça com defeito é descartada. É assim que acontece com as pessoas que não se submetem ao modelo vigente.

No caso de Kaspar Hauser não é diferente, quando ele aparece no meio da rua segurando uma carta, chama a atenção de todos. Quando é levado às autoridades, poucas coisas são entendidas: a carta continha apenas o seu nome, data de nascimento e a indicação de que ele deveria tornar-se cavaleiro como seu pai foi e também dizia que ele viveu preso depois de 1812, “podem perguntar-lhe que ele não sabe dizer”.

Kaspar somente sabia escrever seu nome, rejeitava alimentos (exceto pão e água) e as feridas nos pés chamaram atenção, a pele era muito branca, frágil e macia como a de quem não estivesse acostumado a andar.

Aos poucos ele vai assimilando as novidades do ambiente, mas questionando a tudo: Quando ele está tomando chá com os clérigos, eles querem saber se ele entende algo sobre Deus: responde-lhes: “Não percebo essa

pergunta. No meu cativeiro não pensei em nada e não posso imaginar que Deus, a partir do

nada, tivesse criado tudo, da maneira como mo disseram!”. Os clérigos dizem-lhe: “Tens de acreditar! Os princípios da fé transcendem a vida dos mortais.”. Kaspar responde: “Tenho de aprender melhor a ler e a escrever para poder compreender o resto.”

Outro momento interessante para demonstrar isso, acontece quando um professor de lógica confronta Kaspar com um dilema. Um homem está num cruzamento entre 2 caminhos. Um dos caminhos conduz a uma povoação de mentirosos e o outro conduz a uma povoação de pessoas que só dizem a verdade. Kaspar deve colocar uma única pergunta a esse homem para descobrir de que povoado ele vem e qual o caminho que deve tomar. Kaspar fica em silêncio. O professor dá a solução para o dilema: “através de uma dupla negação, um mentiroso é forçado a dizer a verdade... É a isso que eu chamo lógica, afirma; o caminho de argumentação em direção à verdade”. Porém, Kaspar

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apresenta uma solução alternativa: “pergunto ao homem se ele é uma rã. O homem mentiroso iria responder que sim, mas um homem que só falasse a verdade diria não”. O professor, indignado afirma: “a lógica é educação, não é descrição. O que fizeste foi descrever qualquer coisa, não deduzi-la... Compreender é secundário: o raciocínio formal é que é importante.”

Já que ele está dando gastos, a forma encontrada para que ele ajudasse no seu sustento foi apresentá-lo em um circo como uma aberração, um dos quatro enigmas do universo, isso demonstra a humilhação a que ele foi sujeitado, ridicularizado por suas diferenças. Na festa de Lorde Stanhope fica mais explícito ainda a rejeição da nobreza e a não adaptação de Kaspar aos “padrões”. Ao ser apresentado ao prefeito e sua primeira dama, a conversa não é muito agradável:

“- Estou ansiosa para que fale sobre a sua prisão. Que tal aquela cova? - Melhor que aqui fora. - Mas está bem aqui, só tem amigos, está querendo dizer algo; - Não temas as pessoas aqui, ficaríamos felizes se nos falasse com sua juvenil

espontaneidade. - Vossa Senhoria, ele nada viu em mim, apenas minha vida.” Depois disso, Kaspar tenta tocar uma música no piano, mas sente-se mal e fica

sozinho numa sala fazendo tricô, o Lorde fica revoltado e diz: “Por que se entrega a esta ocupação grosseira? Não estou favoravelmente impressionado como eu pensava.”

Ele passa a incomodar muito e sofre um atentado, ele sobrevive, mas da 2ª vez ele não resiste. Em sua autópsia procuram um motivo para toda sua estranheza e não adaptação: “- Sou médico legista, venha ver os miolos, há algo muito particular. “- Com efeito, uma estranha anomalia. ... – O hemisfério esquerdo é muito reduzido. - Isso explica as coisas.” Dessa forma pôde ser justificado seu destino, assumir que eram humanos que tinham tido responsabilidade pelo seu destino era uma idéia intolerável. Tinha de haver uma explicação que livrasse os homens (sociedade) de qualquer responsabilidade, essa explicação deveria estar no próprio Kaspar – em sua natureza física / animal, não naquela que deveria ter sido providenciada pelos humanos.

Marion J. Levi Jr define bem quais são as normas a serem seguidas por nossa sociedade ainda fortemente positivista: “... para que uma sociedade possa subsistir, deve ser satisfatoriamente transmitida a cada indivíduo a maior parte da quota mínima necessária à adequada socialização dos indivíduos, o máximo dos modos de ajustamento à situação total, dos recursos de comunicação, das orientações cognitivas, sistemas de alvos, atitudes inerentes à regulamentação dos meios. Modos de expressão afetiva, além de outras, a fim de torná-lo capaz de comportar-se nos seus múltiplos papéis através da vida, tanto com relação às suas habilidades como às atitudes.” 1.2 1.2 1.2 1.2 –––– REALIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA E SUA DIALÉTICA:REALIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA E SUA DIALÉTICA:REALIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA E SUA DIALÉTICA:REALIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA E SUA DIALÉTICA: É chamado de realidade social “o ambiente humano em que vivemos e que exerce influências sobre o que somos, sabemos e cremos o que apreciamos e sobre nossa conduta”. É a “realidade objetiva” (aquela que já está formada e encontramos ao nascer, para Durheim quando o indivíduo nasce já está formado, entidades como a igreja, as crenças, os costumes e valores existem independentemente de nós.). Os diálogos apresentados deixam claro que Kaspar não aceitou passivamente aquela realidade social e suas regras. No processo de formação de sua identidade e sua realidade subjetiva (o modo como introjetamos a estrutura de ação da sociedade), ele estava naquela fase do “porque” e ao questionar as coisas, decepciona-se e diz “Para mim os homens são como lobos”.

Para Peter Berguer e Thomas Luckman, a realidade social é uma moeda de duas faces, é ao mesmo tempo objetiva e subjetiva, e existe uma dialética entre elas, é quando nos tornamos autores do nosso processo, pois apesar de encontrarmos uma estrutura pronta somos “sujeitos históricos” ao interiorizar de maneira única a cultura a que fomos expostos. É exatamente o que ocorre com Kaspar Hauser, que revela um olhar sobre o

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mundo e a humanidade bem distante de seus contemporâneos e dos nossos também. É por ser uma novidade discordante que é punido com a morte. “Queria saber para que servem as mulheres... só servem para ficarem sentadas? E porque só lhe permitem cozinhar e fazer crochê?”

Sua apreensão diferente do mundo e opinião própria, o alarde que causou em Nuremberg e sua não adaptação ficam claras na cena em que um “close” dos seus pés mostra que sua pele continuou fina e frágil, com várias feridas, feridas que representam dores físicas e dores morais. 1.31.31.31.3 –––– CULTURA X SOCIALIZAÇÃO: CULTURA X SOCIALIZAÇÃO: CULTURA X SOCIALIZAÇÃO: CULTURA X SOCIALIZAÇÃO: Quando Kaspar

Hauser chegou em Nuremberg era um ser livre, não era escravo de etiquetas e convenções. Até então, ele vivia como um animal que reproduz determinadas ações involuntariamente, sem preocupar-se com suas finalidades, fazia puramente por instinto. Para Kaspar foi um choque muito grande, já que ele sobrevivia com o que a natureza lhe proporcionava (a comida que aquele homem misterioso levava todos os dias), de - repente viu-se como um agente transformador mas não conseguiu adequar o meio em que viveu às suas necessidades, e decepcionou-se profundamente ao ver que viver em sociedade não é tão civilizado assim, talvez seja por sua pureza infantil que ele consiga enxergar algumas máscaras tão bem. Foi adquirindo uma idéia mais clara de si mesmo a medida que foi avançando na aprendizagem da fala, percebia que não era como os outros. Perguntava várias vezes porque não tinha uma família e também não entendia como e porque das relações amorosas. Apresentava muita dificuldade em denominar distâncias e não tinha qualquer noção de perspectiva, como mostra o diálogo: “ – Esta torre é muito alta, deve ser muito grande o homem que a construiu. – Para construí-la não precisou ser tão alto como ela, pois existem andaimes” , confundia muitas vezes o sonho com a realidade, como quando sonha com a esposa do prefeito, pensa que a viu quando na verdade ela nem está na cidade! Teve lições de cálculo, aprendeu latim e a tocar piano, inclusive o compositor alemão Mozart.

Contudo, manteve-se apático às novidades e questionava porque Deus não nos deixava sempre felizes, “quem acende e apaga as estrelas?”, “o que é a alma, podemos vê-la? E aos poucos foi se lembrando de sua vida no buraco onde ficava, quanto ao rosto da pessoa que deixava comida e o obrigava a fazer alguns rabiscos, nunca conseguiu ver seu rosto.

� Socialização e Linguagem: Para Isidoro Blikstein a linguagem exerce uma função modeladora sobre o pensamento, portanto é anterior a ele. Ou o pensamento é anterior à linguagem, portanto o referente se constrói por outros processos. Para Piaget a linguagem falada / escrita é uma representação elaborada socialmente: “A linguagem já está toda elaborada socialmente e, contém de antemão, para uso dos indivíduos que a aprendem antes de contribuir para seu enriquecimento, um conjunto de elementos cognitivos (relações, classificações, etc.) a serviço do pensamento”.

Referente Produto da Linguagem

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A linguagem como mediadora do processo do conhecimento:

No complexo caminho rumo ao conhecimento e à socialização, a linguagem se faz necessária, pois permite que o homem reorganize suas experiências, de modo que juntas formem uma totalidade, esta que servirá para a formação de uma nova cultura. Os símbolos são importantes, pois são mutáveis, assim o homem pode modificar o meio em seu benefício.

Porém, a linguagem é muitas vezes um poderoso instrumento de ocultação da verdade, de manipulação do outro, controle, intimidação, opressão e emudecimento, onde a finalidade básica não é comunicar, mas manipular a comunicação. Em Foucault há um alerta para os perigos embutidos na linguagem: “Suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por um certo número de procedimentos que tem por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade.” Com Kaspar Hauser será assim, o instrumento principal da sociedade para tentar faze-lo conceber aquilo que sua natureza não concebe: a representação. Partindo deste ponto de vista podemos afirmar que Kaspar Hauser não foi socializado, pois não consegue captar o mundo como faz a sociedade que o cerca, ou seja, interpreta à sua maneira, com uma lógica diferente, mesmo tendo adquirido a linguagem. Por outro lado se considerarmos que a socialização depende da aquisição de uma linguagem e através dela desenvolver pensamentos próprios e questionadores, o desenvolvimento de uma personalidade podemos dizer que ele foi socializado sim, mas apenas não se adequou à cultura vigente, não se deixou domesticar. “Ninguém aceita Kaspar”, “o mundo é todo mau”.

� Linguagem, Exclusão Social e Transformação do Mundo: Trazendo para realidade brasileira, podemos citar um grande exemplo na literatura onde uma linguagem deficiente contribui para a marginalização e exploração. Em “Vidas Secas”, Graciliano Ramos narra a história de uma família de retirantes, onde o sertanejo é reduzido condição de animal, isso é percebido na ausência de fala entre Fabiano e seus familiares. Eles quase não conversavam e a comunicação era feita basicamente por gestos e grunhidos: 1 “Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto” , a fala era tão precária que o papagaio repetia os latidos da cadela Baleia. A falta da linguagem traz problemas a Fabiano e ele chega a ser preso injustamente por não conseguir se defender: 2 “- Toca pra frente, berrou o cabo. Fabiano marchou desorientado, entrou na cadeia, ouviu sem compreender uma acusação medonha e não se defendeu. – Está certo, disse o cabo. Faça lombo

CONHECER

ATIVIDADE CEREBRAL (elemento biológico)

INTERAÇÃO SOCIAL (elemento sócio antropológico)

PERCEPÇÃO, MEMORIZAÇÃO, DIFERENCIAÇÃO

(processos psicológicos)

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paisano. Fabiano caiu de joelhos, repetidamente uma lâmina de facão bateu-lhe no peito, outra nas costas. Em seguida abrira uma porta, deram-lhe um safanão que o arremessou para as trevas do cárcere. A chave tilintou na fechadura, e Fabiano ergueu-se atordoado, cambaleou, sentou-se num canto, rosnando – Hum! Hum! Porque tinham feito aquilo? Era o que não podia saber.” Nem o próprio Fabiano considerava-se humano: 3 “- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra. Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: - Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades. Chegara naquela situação medonha - e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.- Um bicho, Fabiano.”

O mesmo ocorre com Kaspar Hauser, pois ele não tem noção de que é humano e ao brincar com um passarinho sente-se tão próximo dele, como nunca houvera sentido antes com outro ser, depois ele até tenta ensinar um gato a andar. A linguagem é fundamental para a transformação de si mesmos e do mundo, é através dela que o homem transforma e é transformado. Quanto mais pobre a linguagem maior será a fragilidade, ao passo que uma boa linguagem é capaz de mudar o homem e o meio. 1.1.1.1.4 4 4 4 –––– IDEOLOGIA X ESTEREÓTIPO: IDEOLOGIA X ESTEREÓTIPO: IDEOLOGIA X ESTEREÓTIPO: IDEOLOGIA X ESTEREÓTIPO: O enfoque da instalação do estereótipo observa que pessoas, inicialmente, imaginam e definem o mundo e em seguida o observam. A interpretação estaria fundamentalmente associada à cultura, que determinaria de forma estereotipada a noção interna sobre o mundo externo. Assim, já haveria uma opinião formada, de acordo com os códigos da cultura, para se analisar o mundo antes mesmo de observá-lo. O mundo estaria ordenado por códigos, passados de geração a geração, favorecendo a estereotipia, que por função defenderia as tradições culturais e posições sociais. Essas opiniões são repassadas por ideologias, e como sendo um corpo sistemático de representações que nos “ensinam” a conhecer e agir, influenciam nossa percepção social, julgamentos e comportamentos, moldam nossas relações e definem a maneira como se percebe e avalia o outro. “Outra característica da ideologia é fazer uma inversão, tomando a aparência social como explicação, tomando resultados como se fossem causas. A ideologia parte das aparências da realidade para elaborar suas explicações, sem levar em conta as condições sócio – econômicas e históricas que a determinam. A superestrutura ideológica é uma representação invertida da infra-estrutura, onde vigoram as relações sociais” Kaspar Hauser era um incômodo pelo simples fato de existir e como há uma tendência na autovalorização e na valorização do próprio grupo, foi desvalorizado e até ridicularizado (Como na cena em que vira atração circense representando um enjeitado, sem procedência definida, juntamente com um anão, cuja pequenez é a razão de sua anormalidade, o índio Hombrecito, que é atração só por ser de uma cultura diferente e por fim, uma criança inteligente, mas marginalizada por não querer ir à escola.). “Porque é que é tudo tão pesado para mim? Porque não se consegue tocar piano como se respira?” As únicas pessoas que não têm preconceitos para com ele são as crianças, que ainda sem estereótipos formados, tentam ajuda-lo a compreender o mundo: Agnes, a filha do guarda procura ensinar-lhe uma cantiga, mas as rimas ainda são muito difíceis para Kaspar. De qualquer modo, o ritmo aproxima Kaspar do seu mundo natural.

1, 2,3: e-book em www.mundocultural.com.br

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O uso de estereótipos contribui para deteriorar a identidade, banalizando a morte e o sofrimento, essa é a característica de vários grupos sociais, como skinheads e neonazistas, que não se importam com alguém de um grupo diferente, somente os seus tem valor. Dessa forma os estereótipos servem para justificar injustiças sociais e são uma economia do esforço de pensar. Críticas ao uso de estereótipos são muito encontradas na literatura, como por exemplo, na obra “A hora da estrela”, Clarice Lispector nos apresenta o narrador Rodrigo S.M que contará a história de Macabéa (nome vindo do livro da Bíblia “Macabeus”, que significa “filhos desgraçados”) “Acumula em seu corpo franzino, ‘herança do sertão’, todas as formas de repressão cultural, o que a deixa alheia de si e da sociedade. Dessa forma, segundo o narrador, ela nunca se deu “conta de que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável”. Através da história de Macabéa, podemos mergulhar na situação social brasileira e perceber que não é só no sertão que existem deficiências na linguagem e suas conseqüências de exclusão, como Kaspar, ela não faz idéia de que um ser humano. Macabéa também se parece com Kaspar, pois mesmo não tendo consciência do que é existir, procura seu eu, olha-se no espelho, porém não reconhece seu rosto, procura a pessoa que estaria atrás dele e não se enxerga. Para Macabéa, existir seria tornar-se uma estrela de cinema, como Marylin Monroe, e para Haspar Hauser seria tornar-se um cavaleiro como foi seu pai. Outra semelhança entre os dois é a morte, somente quando morreram tiveram atenção de outros; ela estendida no chão vomita uma estrela de sangue e um mundo de gente pára a observá-la e quanto a ele, consegue contar uma história com todos prestando atenção e sem interrompê-lo, mesmo a história não tendo um final: “Obrigado por terem me ouvido. Agora estou cansado.”. A frase no início do filme “Vocês não ouvem os assustadores gritos ao nosso redor que habitualmente chamamos de silêncio?” chama a atenção e faz pensar que os gritos ao nosso redor são Kaspars, Fabianos e Macabéas chamando pelo olhar da sociedade. 1.5 1.5 1.5 1.5 –––– REFERENCIAIS DE OUTRAS DISCIPLINASREFERENCIAIS DE OUTRAS DISCIPLINASREFERENCIAIS DE OUTRAS DISCIPLINASREFERENCIAIS DE OUTRAS DISCIPLINAS DO SEMESTRE: DO SEMESTRE: DO SEMESTRE: DO SEMESTRE: Para a Psicanálise, o isolamento social foi prejudicial para a formação de caráter, pois não teve como estabelecer relações (principalmente uma relação maternal), isento de influências formativas não desenvolveu apego e não aprendeu a lidar com a ambivalência, essencial para uma vida adulta equilibrada: “raiva e ódio, interesse e amor são sentimentos conflituosos e a criança deve aprender a regular este conflito de modo maduro e construtivo e através disso também desenvolver de um modo saudável sua ansiedade e culpa, caso estes impulsos não forem bem administrados ela poderá sofrer uma ansiedade aguda, tornar-se mais agressiva e insegura em suas relações.” (Bowlby, John “Formação e rompimento dos laços afetivos”, 1997). Para o Behaviorismo, Kaspar teve um desvio comportamental muito grande, o ambiente não proporcionou as condições necessárias para o desenvolvimento de suas funções motoras, sua sensação e percepção. Não pôde desenvolver-se pois não contou com uma linguagem, não passou pelos processos de modelagem (aproximações sucessivas do comportamento desejado) e modelação (imitação). Para que o ser humano se desenvolva são necessários reforços, interação com o ambiente, estímulos e sensibilidade a eles, entendendo o mecanismo de conseqüência / resposta. Enfim, privado totalmente do contato social, foi impossível para ele perceber que é um ser humano, que tem uma mente e um corpo e que existe enquanto indivíduo.

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II – CONSIDERAÇÕES FINAIS E PROBLEMATIZAÇÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO FILME PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Por meio deste trabalho, foi possível trazer o filme para uma realidade palpável, e chegar à conclusão de que existem muitos Kaspars por aí, em cada esquina do Brasil, pois ser socializado não significa apenas ter convívio em sociedade, é ocupar um lugar dentro dela e participar como agente transformador deste processo. Através disso, pôde ficar claro que todos temos responsabilidades sociais; o psicólogo mais ainda. O filme foi importante porque nos faz parar para pensar: e se Kaspar Hauser tivesse tido o apoio de um psicólogo? Sua vida poderia ter sido diferente com alguém ao seu lado que realmente quisesse ouvi-lo e entendê-lo, só assim ele poderia ser socializado de verdade.

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III – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: TEXTOS DADOS EM AULA:

� A construção da realidade social (transcrito e adaptado de Berger, P. e Luckman, T.: “A construção social da realidade” Vozes, Petrópolis, 1973);

� Transcrição da palestra do professor Izidoro Blikstein (Profª Drª Maria Antônia Vieira Soares);

� Ideologia (Profª Drª Maria antônia Vieira Soares); � O homem e a cultura (capítulo extrarído do livro: Filosofando – Introdução à

Filosofia” Aranha, Maria Lúcia de Arruda, Martins, Maria Helena Pires); � Cultura e doença mental (Dulce C. A. Whitaker); � Livro “Kaspar Hauser ou a fabricação da realidade” Blikstein, Izidoro, Cultrix, São

Paulo) OUTRAS BIBLIOGRAFIAS:

� http://www2.uol.com.br/revistadecinema/edicao29/dossie/index.shtml 08/05/2007 - 11h21min;

� http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/personalidades/diretores/wernerherzog/corpo.asp#materias 08/05/2007 – 11h30min;

� http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/quefoipositivismo.html 21/07 23h19min; � http://www.contracampo.com.br/80/pgkasparhauser.htm dia 14/07 as 12:03; � PERES, Rodrigo Sanches. Vygotsky e Kaspar Hauser: aproximações histórico-

culturais Psicologia argumento, Curitiba, v. 21, n. 35, p. 55-62, Out-Dez/2003 ; � ZAN, Clacy. A linguagem como mediação no processo do conhecimento. Série -

Estudos, Campo Grande, n. 6, Nov/1998-Mar/1999; � http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/psicousf/v7n2/v7n2a13.pdf 12/05/2007 - 19h27min; � www.mundocultural.com.br/analise/vidas_secas_g-ramos.pdf 17/07/07 10h41min; � sabotagem.revolt.org/node/565 17/07/07 10h41min; � http://www.insite.pro.br/Ensaio%20Carlos%20Duas%20Estrelas.htm 20/07/2007

13h12min; � http://pedagogia.incubadora.fapesp.br 17/07/07 11h34min; � http://www.geocities.com/contracampo/expressionismoalemao.html 17/07/07

11h44min; � http://maracuja.homeip.net/doc/soc/pdf/estigma.pdf; 17/07/07 15h33min; � www.scielo.br/pdf/ptp/v22n1/29843.pdf � www.mundocultural.com.br (e – book de “Vidas Secas” Ramos Graciliano)

17/07/07 10h53min; � “A hora da Estrela” (Lispector, Clarice - Rocco Rio de Janeiro, 1999);

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IV - ANEXOS: Anexo I: Música “Sapato 36” – Raul Seixas. De um modo engraçado, Raul Seixas canta a história de alguém que não conseguiu adequar-se a algumas normas sociais: Eu calço é 37 Meu pai me dá 36 Dói, mas no dia seguinte Aperto meu pé outra vez Pai eu já tô crescidinho Pague pra ver, que eu aposto Vou escolher meu sapato E andar do jeito que eu gosto. Por que cargas d'água Você acha que tem o direito De afogar tudo aquilo que eu Sinto em meu peito Você só vai ter o respeito que quer Na realidade No dia em que você souber respeitar A minha vontade Meu pai Meu pai Pai já tô indo embora Quero partir sem brigar Pois eu já escolhi meu sapato Que não vai mais me apertar Que não vai mais me apertar Que não vai mais me apertar Anexo II: Música “Homem Primata” – Titãs. Nesta letra, os Titãs fazem uma crítica feroz ao homem “socializado” atual: Desde os primórdios Até hoje em dia O homem ainda faz O que o macaco fazia Eu não trabalhava, eu não sabia Que o homem criava e também destruía Homem primata Capitalismo selvagem ô ô ô Eu aprendi A vida é um jogo Cada um por si E Deus contra todos Você vai morrer e não vai pro céu É bom aprender, a vida é cruel Homem primata Capitalismo selvagem ô ô ô Eu me perdi na selva de pedra

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Eu me perdi, eu me perdi. I'm a cave man A young man I fight with my hands with my hands I'm a jungle man, a monkey man Concrete jungle! Concrete jungle! Anexo III: Foto representando Kaspar Hauser perdido no mundo da linguagem:

Anexo IV: Foto representando Kaspar Hauser em processo de aprendizagem:

Horse!!!