trabalho escravo em Áreas de crimes ambientais...

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Curso de Direito Artigo Revisão TRABALHO ESCRAVO EM ÁREAS DE CRIMES AMBIENTAIS FEDERAIS SLAVE LABOR IN AREAS OF FEDERAL ENVIRONMENTAL CRIMES Ellon Alexandre Amaral 1, Leonardo Ferreira de Souza 2 1. Aluno do curso de Bacharel em Direito, das Faculdades Integradas Promove de Brasília. 2. Professor Especialista do Curso de Direito. Resumo Ciente que o combate ao trabalho análogo de escravo é um dos principais pontos de discussão e agenda de promoção dos direitos humanos, não só no Brasil, mas em diversos países, principalmente por que o Poder Público entende que um dos requisitos de um país democrático e desenvolvido é a defesa dos direitos sociais e da dignidade humana, princípios contemplados em nossa Constituição Federal no Artigo 1°, inciso III, que o declara como um fundamento primordial da República Federativa do Brasil. Consoante destacar também o que está positivado no Artigo 225 da Constituição Federal, em que versa sobre o meio ambiente, positivando que é direito e dever de todos protegê-lo para as presentes e futuras gerações. Por isto, o combate aos delitos ambientais no geral é também preceito fundamental do Estado, especialmente combater os delitos ambientais que utilizam geralmente de mão de obra denominada como escrava para tais ações ilícitas, devendo os sujeitos ativos de esses ilícitos responderem em todas as esferas, combinando com as legislações penal, ambiental, administrativa e trabalhista. Palavras-Chave: Trabalho, Escravo, meio ambiente, desmatamento, preservação. Abstract Aware that the analogue combat slave labor is a major point of discussion and promotion of the human rights agenda, not only in Brazil but in many countries , mainly because the Government believes that one of the requirements of a country democratic and developed is the protection of social rights and human dignity, the principles covered in our federal constitution in Article 1 , section III of the states as a primary foundation of the Federative Republic of Brazil . Depending also highlight what is positive in Article 225 of the Federal Constitution, as it relates to the environment, positivando what is right and duty of everyone to protect it for present and future generations. Therefore, combating environmental crime in general is also fundamental precept of the state, especially combating environmental offenses usually called labor as a slave for such illegal actions use, should the assets subject of the illicit respond in all spheres, combining with the criminal, environmental, administrative and labor laws. Keywords: Work, Slave, environment, deforestation, preservation. Contato: [email protected] Introdução No Brasil existem várias legislações vigentes que procuram proteger o trabalhador da área urbana, como da rural ou o avulso contra a exploração abusiva e descontrolada da mão de obra denominada como escrava. Nossas leis buscam garantir a dignidade da pessoa humana em vários aspectos e contextos sociais. Aponta-se principalmente o desenvolvimento das leis trabalhistas, como uma verdadeira conquista obtida ao longo da nossa história, uma vez que, foi através dela que o trabalhador consagrou o direito às mínimas condições de trabalho. O presente artigo tem como problemática central a relação da mão de obra a condição análoga à de escravo, sendo em muitos casos empregada em conjunto com os crimes ambientais. Consoante tal situação problema, descrever-se-á como se dá a relação das leis trabalhistas e ambientais num contexto geral relacionado aos direitos sociais dos trabalhadores e aos crimes ambientais? Um dos principais objetivos desta pesquisa é destacar a coincidência entre conflitos sociais no campo e a degradação ambiental, enquanto fenômenos ilícitos simultâneos, onde têm sido constatados em boa parte dos processos envolvendo violações das garantias sociais dos trabalhadores e da legislação ambiental nas diversas áreas rurais do país, questionando-se se esses trabalhadores nessas condições: são vitimas, co-autores ou participes, devendo ou não responder pelos delitos cometidos, tanto na área penal, ambiental, administrativa e trabalhista. Será feito uma abordagem da importância de uma conceituação jurídica de que venha a ser o trabalho escravo contemporâneo e como podem se correlacionar com os delitos ambientais federais, bem como está ocorrendo à atuação do Poder Público no sentido de prevenção, combate e erradicação destas atividades ilegais. Embora a exploração de trabalho escravo e a devastação do meio ambiente atual, continuam caminhando juntos no Brasil e de forma acelerada,

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Curso de Direito Artigo Revisão

TRABALHO ESCRAVO EM ÁREAS DE CRIMES AMBIENTAIS FEDERAIS

SLAVE LABOR IN AREAS OF FEDERAL ENVIRONMENTAL CRIMES

Ellon Alexandre Amaral1, Leonardo Ferreira de Souza2

1. Aluno do curso de Bacharel em Direito, das Faculdades Integradas Promove de Brasília.

2. Professor Especialista do Curso de Direito.

Resumo

Ciente que o combate ao trabalho análogo de escravo é um dos principais pontos de discussão e agenda de promoção dos direitos humanos, não só no Brasil, mas em diversos países, principalmente por que o Poder Público entende que um dos requisitos de um país democrático e desenvolvido é a defesa dos direitos sociais e da dignidade humana, princípios contemplados em nossa Constituição Federal no Artigo 1°, inciso III, que o declara como um fundamento primordial da República Federativa do Brasil. Consoante destacar também o que está positivado no Artigo 225 da Constituição Federal, em que versa sobre o meio ambiente, positivando que é direito e dever de todos protegê-lo para as presentes e futuras gerações. Por isto, o combate aos delitos ambientais no geral é também preceito fundamental do Estado, especialmente combater os delitos ambientais que utilizam geralmente de mão de obra denominada como escrava para tais ações ilícitas, devendo os sujeitos ativos de esses ilícitos responderem em todas as esferas, combinando com as legislações penal, ambiental, administrativa e trabalhista.

Palavras-Chave: Trabalho, Escravo, meio ambiente, desmatamento, preservação.

Abstract

Aware that the analogue combat slave labor is a major point of discussion and promotion of the human rights agenda, not only in Brazil but in many countries , mainly because the Government believes that one of the requirements of a country democratic and developed is the protection of social rights and human dignity, the principles covered in our federal constitution in Article 1 , section III of the states as a primary foundation of the Federative Republic of Brazil . Depending also highlight what is positive in Article 225 of the Federal Constitution, as it relates to the environment, positivando what is right and duty of everyone to protect it for present and future generations. Therefore, combating environmental crime in general is also fundamental precept of the state, especially combating environmental offenses usually called labor as a slave for such illegal actions use, should the assets subject of the illicit respond in all spheres, combining with the criminal, environmental, administrative and labor laws.

Keywords: Work, Slave, environment, deforestation, preservation.

Contato: [email protected]

Introdução

No Brasil existem várias legislações vigentes que procuram proteger o trabalhador da área urbana, como da rural ou o avulso contra a exploração abusiva e descontrolada da mão de obra denominada como escrava. Nossas leis buscam garantir a dignidade da pessoa humana em vários aspectos e contextos sociais. Aponta-se principalmente o desenvolvimento das leis trabalhistas, como uma verdadeira conquista obtida ao longo da nossa história, uma vez que, foi através dela que o trabalhador consagrou o direito às mínimas condições de trabalho.

O presente artigo tem como problemática central a relação da mão de obra a condição análoga à de escravo, sendo em muitos casos empregada em conjunto com os crimes ambientais. Consoante tal situação problema, descrever-se-á como se dá a relação das leis trabalhistas e ambientais num contexto geral relacionado aos direitos sociais dos trabalhadores e aos crimes ambientais?

Um dos principais objetivos desta pesquisa é destacar a coincidência entre conflitos sociais no campo e a degradação ambiental, enquanto fenômenos ilícitos simultâneos, onde têm sido constatados em boa parte dos processos envolvendo violações das garantias sociais dos trabalhadores e da legislação ambiental nas diversas áreas rurais do país, questionando-se se esses trabalhadores nessas condições: são vitimas, co-autores ou participes, devendo ou não responder pelos delitos cometidos, tanto na área penal, ambiental, administrativa e trabalhista.

Será feito uma abordagem da importância de uma conceituação jurídica de que venha a ser o trabalho escravo contemporâneo e como podem se correlacionar com os delitos ambientais federais, bem como está ocorrendo à atuação do Poder Público no sentido de prevenção, combate e erradicação destas atividades ilegais.

Embora a exploração de trabalho escravo e a devastação do meio ambiente atual, continuam caminhando juntos no Brasil e de forma acelerada,

espera-se demonstrar neste trabalho, a quantidade de casos reais autuados pelo Poder Público, bem como às alternativas dos projetos de leis e programas para qualificar os trabalhadores, visando erradicar tais delitos.

1. O HISTÓRICO, O CONCEITO E O ALICIAMENTO DE TRABALHADORES ESCRAVOS NO BRASIL

No contexto mundial, a escravidão é um mal que atinge e permanece na humanidade desde os primórdios, onde muitas nações se desenvolveram e evoluíram economicamente graças a esta prática que é marcada pelo poder, sendo a dominação de um ser humano sobre o outro, em que este ser humano é tratado como coisa, objeto ou propriedade alheia.

A exploração do homem na forma de escravidão ainda existe no dias de hoje, podendo facilmente ser constatado por meio das noticias veiculadas pela imprensa e os diversos relatórios dos organismos em defesa dos direitos humanos e sociais.

Contudo o contexto do histórico mundial desta atividade desumana é atualmente tratado com muito repudio pelos organismos internacionais de defesa aos Direitos Humanos. Ater-se-á este estudo, no histórico e combate desta forma de exploração precisamente em nosso país, buscando entender seus antecedentes históricos, bem como os locais e áreas atuais que o mesmo existe e a sua incidência.

Portanto, é consenso que no Brasil o trabalho escravo existe desde a sua descoberta, em 1500 pelos portugueses1", iniciando-se esta exploração com os índios, que foram os primeiros aliciados e escravizados até a época do Império, posteriormente quando ocorreu à importação da mão de obra negreira africana.

1.1. Evolução Histórica do Trabalho Escravo no Brasil

A sobrevivência do sistema escravista brasileiro durante muitos séculos foi garantida pela mão de obra executada por índios, negros e mulatos, tanto os livres como os libertados, fazendo que esta mão de obra de baixo custo, ou até de graça, pagasse e sustentasse o sistema econômico do país por muitos anos, que era praticamente voltada para as atividades extrativista, agrícola e açucareira durante os séculos XV ao XVIII.

Embora esta forma de obter mão de obra barata e auferir e acumular mais lucros, este sistema não sustentaria eternamente o país, podendo a curto tempo levar ao colapso e as revoltas destes trabalhadores, que não tinha

1 SENTO-SE, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade. São Paulo. LTR 2000, p. 15.

nenhum amparo legal ou social, eram tratados como coisa ou objeto por seus proprietários.

Com a entrada em vigor da Lei nº 3.353 de 13 de maio de 1888 2, popularmente conhecida como a Lei Áurea teoricamente deveria iniciar-se um novo processo relativo ao trabalhador/empregador no Brasil. Mesmo sendo abolida há mais de 120 anos, essa modalidade de privação de liberdade e o direito de propriedade do servo pelo seu senhor, combinado com a exploração do trabalho humano, ainda este tipo de exploração se faz presente nos dias atuais, por meio da manutenção e privação de trabalhadores em fazendas ou locais vigiados. Acerca da exploração do trabalho escravo contemporâneo pode-se dizer que não leva em conta a raça ou a cor do trabalhador, como ocorria com a escravidão do período pré-republicano, atingindo indistintamente, brancos e negros .3

Atualmente o Brasil ocupa uma posição muito desconfortável mundialmente acerca do combate ao trabalho escravo. O Brasil está entre os 09 (nove) países com mais problemas de escravidão mundial, onde o Ministério do Trabalho e Emprego têm um grupo de combate ao trabalho escravo para tentar mudar essa realidade .4

Segundo o Plano Nacional de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil estima-se que cerca de 25.000 trabalhadores brasileiros se encontram em condições análogas à escravidão no Brasil hoje .5 A maioria destes trabalhadores estão encurralados em situações de servidão por dívida em acampamentos, na maioria localizada na região Amazônica onde trabalham e são forçados a pagar por transporte, alimentação, alojamento, vestuário, ferramentas e demais produtos essenciais à sobrevivência.

1.2. Conceito de Trabalho Escravo Contemporâneo

Preliminarmente deve se destacar que o conceito atual de trabalhador escravo difere-se do chamado trabalhador análogo à condição de escravo , conforme entendimento de diversos doutrinadores. Sendo que o primeiro, não é um cidadão livre, enquanto que a condição análoga a condição de escravo, parte-se da idéia de um cidadão livre que tem a sua liberdade privada ou

2 BRASIL, Lei nº 3.353, promulgada em 13 de maio de 1888. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LIM/LIM3353.htm 3 SENTO-SE, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade. São Paulo. LTR 2000, p. 20. 4 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho

História, Teoria Geral do Direito do Trabalho, relações Individuais e coletivas do Trabalho. 26ª ed. Saraiva, São Paulo, 2011, p. 929. 5 BRASIL, Plano Nacional de Erradicação ao Trabalho Escravo no Brasil, disponível em http://portal.mte.gov.br/trab_escravo/plano-nacional-para-erradicacao-do-trabalho-escravo.htm

cerceada não por varias condições, principalmente por força de terceiros.

A definição de escravo ou trabalho escravo de acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, também é atual, moderna. Diz que escravo é aquele que é privado da sua liberdade, e que está submetido à vontade absoluta de um senhor, a qual pertence como coisa, onde este senhorio detém essa pessoa como sua propriedade, ou seja, é aquele que está inteiramente sujeito a outrem. E por fim o conceito contemporâneo de trabalho escravo é aquele que o sujeito trabalha em demasia, sem garantias sociais.

A declaração dos direitos humanos da ONU

artigo 4º diz que ninguém será mantido em escravidão nem em servidão, a escravatura e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as formas, conforme consta na pagina V, desta declaração. No Sentido de tentar coibir e erradicar tal ilícito em nosso país destaca-se a visão do doutrinador abaixo:

Ao longo do século XX, foram realizadas várias conferências pela OIT =- Organização Internacional do Trabalho, com o fim de erradicar a escravidão, servidão e trabalhos forçados, culminando com a edição de varias convenções, a exemplo a de Genebra em 1930. 6

Corrobora neste sentido, acerca ainda da existência desta forma desumana de trabalho na atualidade no Brasil que é um fato que insiste em se perpetuar em nosso país, mormente na zona rural brasileira, não obstante o grande avanço tecnológico que o país vem atingindo nos últimos tempos .7

O conceito contemporâneo de trabalho escravo no Brasil, não está somente ligado às raízes negras, mas principalmente aos novos fenômenos sociais da multiplicação dos resultados pelas atividades empresariais. Porém, importa observar que historicamente tem grandes ligações com a escravidão negra dos séculos passados, conforme destaca o doutrinador abaixo, mas deve-se apontar também, que o mesmo atinge mais questões sociais das pessoas escravizadas, do que as questões étnicas.

Para a caracterização do fenômeno do escravismo contemporâneo no Brasil importa a observação que esse fenômeno não está diretamente relacionado com a escravidão negra, embora nesta encontre as suas origens mais remotas, tampouco à simples mecânica do sistema capitalista, mas ao ciclo peculiar ao sistema de desenvolvimento brasileiro, a partir da solução imigrantista no século XIX, e com

6 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, vol. II

8º ed. Niterói/RJ, Impetus, 2011, p. 514 7 SENTO-SE, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade. São Paulo. LTR 2000, p. 57.

este guarda manifestas relações de dependência.8

Portanto, o conceito de trabalho análogo à condição de escravo é aquele considerado como degradante, exaustivo, forçado, pois a partir do momento em que o trabalhador é privado de sua liberdade, têm-se uma situação inexplicável, conforme aponta:

Trabalho forçado é aquele em que o empregador sujeita o empregado a condições de trabalho degradantes, inclusive quanto ao meio ambiente em que irá realizar a sua atividade laboral, submetendo-o em geral, a constrangimento físico e moral que vai desde a deformação do seu consentimento ao celebrar o vínculo empregatício, passando pela proibição imposta pelo obreiro de resilir o vinculo quando bem entender, tudo motivado pelo interesse mesquinho de ampliar os seus lucros as custa da exploração de trabalhadores.9

Parafraseando o pensamento do doutrinador Sergio Martins Pinto, pode-se resumir que o avanço e conquistas das garantias e direitos dos trabalhadores ocorreram pelo resultado da reação conjunta de diversas classes contra a exploração dos empregadores, destaca que na antiguidade o proletário era o trabalhador que trabalhava jornadas extensas (14 a 16 horas), morava em condições subumanas, tinha muitos filhos e recebia salário ínfimo. Para ele o conceito mais contemporâneo de defesa dos direitos sociais e dos trabalhadores surgiu após a primeira guerra mundial:

A partir do término da primeira guerra mundial, surge o que pode ser chamado de constitucionalismo social, que é a inclusão nas constituições preceitos relativa à defesa social da pessoa de normas de interesse social e de garantida de certos direitos fundamentais, incluindo o direito do trabalho.10

Com várias opiniões de inúmeros doutrinadores, pode-se afirmar que o conceito do trabalho análogo a condição de escravo moderno é a pessoa em que empregador sujeita e mantém o empregado às condições de trabalho degradante, forçado, inclusive quanto ao meio ambiente inóspito em que irá realizar a sua atividade laboral, submetendo-o em geral, a constrangimento físico, psíquico e moral que vai desde a enganação e distorção ao celebrar o vínculo empregatício, passando ainda pela proibição imposta pelo obreiro.

Com relação à rescisão do vinculo pelo empregado quando bem entender. Consoante este modelo contemporâneo de exploração divergente do que no passado, ainda existe,

8 SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo: a abolição necessária. São Paulo, LTR 2008, p. 110. 9 SENTO-SE, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade. São Paulo. LTR 2000, p. 27 10 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho

27º ed. São Paulo. Ed. Atlas. 2011, p. 8

unicamente motivado pelo interesse mesquinho de ampliar os seus lucros as custa da exploração de trabalhadores, como acontecia nos séculos passados.

1.3. Como ocorre o aliciamento de trabalhadores no Brasil

Um ponto discutido pela doutrina é quanto e como ocorre o aliciamento de trabalhadores no Brasil, onde muitos concordam que os aliciamentos dos trabalhadores normalmente ocorrem por falsas promessas, mas que o trabalhador concorda e vai consciente laborar em outra região.

Geralmente esses trabalhadores são atraídos por meio de propostas de emprego considerados por muitos como uma excelente oportunidade de trabalho e perspectivas de melhoria de vida. Como muitos dos aliciados vivem em situação de baixa renda não encontram outra opção, acabam aceitando a falsa proposta vantajosa de emprego.

Enfatiza que há o aliciamento de homens, mulheres e também de crianças, pela figura do preposto do empregador, esses prepostos ou atravessadores são denominados popularmente de os gatos , ou mais precisamente os capatazes dos senhores donos das terras ou fazendas para onde os trabalhadores vão .11

Quando do recrutamento, o gato normalmente adianta um pequeno valor ao trabalhador, com objetivo de atender às suas necessidades básicas e de sua família remanescente, isto quando não leva contigo toda a família .12 Esse adiantamento é na realidade o início da divida que o levará a escravidão e a privação de sua liberdade, pois estará preso ao empregador por divida.

Relevante destacar que esta divida com o passar do tempo, vai aumentando diariamente, onde o trabalhador passa a não ter mais condições de pagá-la com seu simples trabalho braçal, com objetivo de amarrar e garantir este vínculo empregatício vantajoso para o empregador. Tais dívidas estão relacionadas ao transporte, alimentação, hospedagem, vestuário, equipamentos de trabalho, medicamentos, bebidas, cigarro, diversão e outros que o empregador cobra a preços fora do mercado do trabalhador.

O recrutamento inicial, principalmente em muitos casos, dá a idéia de uma coisa legal, uma oportunidade, mas quando os recrutados chegam ao local e começam os trabalhos, percebem que realmente foram alienados e enganados para um trabalho que não respeita o mínimo da dignidade e

11SENTO-SE, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade. São Paulo. LTR 2000, p. 21. 12 IBIDEM, p. 20.

os limites humanos, Dentre as regiões com o maior índice de trabalho escravo destaca o Estado do Pará é o que concentra a maior parte do trabalho escravo no Brasil, porém a maior parte dos trabalhadores recrutados é do interior dos Estados do Piauí e Maranhão .13

A região em que os trabalhadores irão laborar e o local onde residem são distantes, de difícil acesso, fazendo com que os mesmos fiquem sujeitos à vulnerabilidade da exploração por seus empregadores, neste sentido destaca a visão doutrinária abaixo:

Os trabalhadores normalmente são recrutados em regiões distantes dos locais de prestação de serviços ou em pensões instaladas em localidades próximas destas. Na primeira abordagem ao trabalhador normalmente são oferecidas boas oportunidades de trabalho, inclusive bons salários e fornecimento de alimentação e alojamento, transporte gratuito para o local de trabalho e por vezes, até mesmo adiantamentos para a família do trabalhador. 14

Deve-se observar que o simples recrutamento de trabalhadores no território nacional com intuito de levá-los para outra localidade, mediante fraude ou falsas promessas pode configurar o delito previsto no Código Penal artigo 207 que diz:

Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional: Pena - detenção de um a três anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. 15

Importante destacar que a conduta prevista no artigo 207 do Código Penal é muito comum e corriqueira quando do recrutamento de trabalhadores para formar equipes ou frente de trabalhos para atuarem na zona rural, principalmente em atividades longe dos centros urbanos e de difícil acesso.

Tal forma de recrutamento, mesmo sendo proibida em nossa legislação penal é comum, porém para configurar o delito é necessário que tenha mais de dois trabalhadores, devido à palavra trabalhadores apresentar-se no plural, quando da elaboração da norma penal.

13 PALO NETO, Vito. Conc. Jurídico e Combate ao Trab. Escravo Contemporâneo. São Paulo, LTr 2008, p. 44. 14 SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo: a abolição necessária. São Paulo, LTR 2008, p. 120. 15 BRASIL, Código Penal Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm

2. O TRABALHO ESCRAVO POSITIVADO NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

No Brasil a lei penal, bem como a trabalhista, não permite esse absurdo de existir trabalhadores ainda em condições escravistas. Mesmo assim, os empregadores fazem por ganância, buscando aumentar os lucros, onde empresários e fazendeiros aproveitam da miséria de muitos para impor o trabalho escravo. Pode-se afirmar que o trabalho escravo contemporâneo no Brasil se manifesta na clandestinidade, sendo marcado pela corrupção, racismo, autoritarismo e principalmente pela negligência e descaso das nossas autoridades e o desrespeito aos direitos humanos, em troca de aumento dos lucros da sua atividade.

Importante destacar que desde 1940, nosso Código Penal Brasileiro em seu artigo 149, buscava punir esta prática escravista, porém havia um problema quanto à sua aplicabilidade, cuja redação do artigo era um pouco superficial, que dificultava a sua utilização. Porém com a sua reformulação por meio da Lei nº 10.803, de 11 de dezembro de 2003, trouxe uma nova redação a este artigo, tornou-se então taxativa, não deixando margem à sua interpretação, facilitando então sua aplicabilidade.

2.1. O artigo 149 do Código Penal

Além do artigo 207 do Código Penal acerca do recrutamento e aliciamento ilegal de trabalhadores destacado acima, o artigo 149 do Código Penal16 cuida do delito de redução a condição análoga à de escravo, onde se procura identificar as hipóteses em que se configura o mencionado delito. Deve-se observar que esta positivação é relevante para entendermos como o delito ocorre em diversas situações. Neste sentido pode-se transcrever o que consta neste artigo:

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1o

Nas mesmas penas incorre quem: I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2o

A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I - contra criança ou adolescente; II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

Considerando a concepção do doutrinador penalista acerca da configuração do delito previsto

16 BRASIL, Código Penal Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm

no artigo149 do Código Penal Brasileiro pode-se apontar que:

A nova redação do artigo 149 do código penal, por meio da entrada da Lei nº 10.803/2003, vem em encontro às exigências internacionais, responsabilizando criminalmente aquele que reduz alguém à condição análogo a de escravo, desrespeitando as Convenções de trabalho, bem como da dignidade da pessoa humana17.

A lei penal é clara e direta, quando diz que se reduzir ou manter alguém à condição análoga à de escravo, principalmente quando apresentar e caracterizar as circunstâncias em que o trabalhador estiver obrigado a trabalhos forçados, impõe-lhe jornada de trabalho exaustiva, sujeitando-lhe às condições desgastantes e privando à sua liberdade de locomoção, ou a restringindo por qualquer meio e forma, devendo ser punida na forma da lei, conforme concorda também:

O artigo 149 do Código Penal apresenta uma enumeração taxativa que não comporta ampliações pelo interprete, como é próprio da lei penal: pressupõe a violação à liberdade de locomoção, direta ou indireta, esta em razão de dívida contraída com o empregador, ou a submissão da vitima a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva18.

Relevante destacar que com a nova redação do artigo 149 no Código Penal Brasileiro, trouxe uma maior proteção ao princípio da liberdade e da dignidade da pessoa humana. Desta feita, pode-se destacar que sobre estes princípios vão ao encontro também do que é conceituado e tutelado pela OIT - Organização Internacional do Trabalho, pois quando o trabalhador não pode decidir, espontaneamente, pela aceitação do trabalho, ou então, a qualquer tempo decidir em relação à sua permanência no trabalho, há trabalho forçado .19

O sujeito ativo do crime previsto no art. 149 do CP, pode ser qualquer pessoa, embora como regra passe a ser o empregador e seus prepostos. O sujeito passivo é o empregado ou trabalhador em qualquer tipo de relação de trabalho. O crime de redução a condição análoga à de escravo seria tratado melhor no contexto dos crimes contra a organização do trabalho, mas em se tratando dos crimes contra a vida, buscando se preservar a dignidade da pessoa humana é da liberdade individual como o objeto jurídico, é que se pretendeu tutelar, mantendo neste capitulo dos crimes contra a vida. Tal concepção, antes do

17 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, vol. II

8º ed. Niterói/RJ, Impetus, 2011, p. 515. 18 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho

História, Teoria Geral do Direito do Trabalho, relações Individuais e coletivas do Trabalho. 26ª ed. Saraiva, São Paulo, 2011, p. 933. 19 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. As boas práticas da inspeção do trabalho no Brasil e à erradicação do trabalho análogo ao de escravo. Brasília, OIT, 2010, p. 16.

advento da lei 10.803/2003, faltava uma liberalidade do artigo.

Reduzir alguém a condição análoga a de escravo era a descrição típica do art. 149, antes da modificação introduzida pela Lei 10.803/2003. Havia, pois, imensa dificuldade para aplicá-lo, pois feria o principio constitucional da taxatividade, que impõem sejam todos os tipos bem redigidos e de maneira detalhada. Agora, passa a um tipo fechado, indicando-se como se materializa essa situação.20

Para caracterizar este tipo penal, é pacifico entre diversos doutrinadores e jurisprudência que têm que ter o elemento subjetivo do dolo , que se refere ao elemento subjetivo do tipo especifico, tendo como finalidade a intenção de reter o trabalhador, privando-o de sua liberdade em um determinado local de trabalho, com excessivas jornadas de trabalho. Este tipo penal doutrinariamente pode ser classificado como crime comum, de forma vinculada, permanente e de dano, sendo admitido à tentativa, mas de difícil configuração, sendo consumado no momento em que se priva a liberdade de ir e vir.

Consoante nossa legislação vigente, jurisprudência e diversos doutrinadores são pacíficos o entendimento que o fator importante para caracterizar trabalho análogo ao de escravo é o cerceamento da liberdade. O trabalhador fica sem condições de sair do local onde está sendo explorado, sofrendo, a rigor, três tipos de coação, que são a coação econômica, moral e física .21

A primeira coação é a econômica, pois contrai uma dívida enorme com o empregador ou seu preposto relacionado com o transporte para fazenda e a compra de alimentos, vestuário, produtos de higiene e outros. O empregado tenta saldar as dívidas, mas não consegue devido aos elevados valores cobrados pelos materiais que são fornecidos.

A segunda coação e a moral ou psicológica, onde são realizadas torturas psicológicas de ameaças ao trabalhador ou de morte a membros de sua família, bem como aquelas com teor ofensivo por parte do responsável pela fazenda e constante presença de capataz, armado, em meio aos trabalhadores.

A terceira é a coação física, onde ocorrem agressões físicas contra a integridade dos trabalhadores, como forma de intimidação. A principal característica das diversas formas de coação imposta aos trabalhadores ou obreiros observa-se que:

Tem como principal característica a prestação de serviço pelo empregado mediante ameaça

20 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal

Parte Geral e Parte Especial. 8ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2012, p. 668. 21 SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo: a abolição necessária. São Paulo, LTR 2008, p. 147.

por parte do empregador, em especial através da negativa de encerramento do vinculo laboral, quando esta é a vontade do obreiro. Por isso se diz forçado, uma vez que o peão fica proibido de exercer o seu direito inalienável de por fim a relação laboral quando bem entender.22

O trabalho escravo ou em condição análoga é uma força específica de trabalho forçado, caracteriza-se pelo cerceamento real da liberdade de uma pessoa. O doutrinador abaixo lista às hipóteses sem as quais o conceito não se completa e, portanto não se evidencie o trabalho escravo:

O constrangimento no recrutamento, o trabalho forçado no seu desenvolvimento, à restrição à liberdade do prestado de se desligar da situação que se formou, direta por meios físicos ou morais, ou indireta em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto com o fim de retê-lo no locar de trabalho, pela apreensão de documentos, ou objetos pessoais do empregador, para mantê-lo, contra a sua vontade, na situação subjugada em que ele ou seus familiares se encontram23.

Alguns doutrinadores utilizam os termos trabalho escravo ou trabalho forçado como

sinônimo, o que não é, possuem significados diferentes. Originariamente, o trabalho escravo era apenas o trabalho forçado em sentido estrito, ou seja, exigido sobre ameaça ou sanção com privação da liberdade. Atualmente, conceitua forçado não só o trabalho em que empregado não tenha se oferecido espontaneamente, mas também quando ele é enganado por falsas promessas, nesta concepção pode-se destacar:

É que o trabalho forçado caracterizar-se-á tanto quanto o trabalho é exigido contra a vontade do trabalhador, durante sua execução, como quando ele é imposto desde o seu início. O trabalho inicialmente consentido, mas que depois se revela forçado é comum nessa forma de superexploração do trabalho no Brasil e não pode deixar de ser considerado senão como forçado. 24

O trabalho escravo ou análogo à condição de escravo passa a ser um gênero, tendo como espécies o trabalho forçado e o trabalho degradante. Em ambos, há confronto com o princípio da liberdade e da dignidade da pessoa humana.

A nova característica do conceito, então, é a liberdade. Quando o trabalhador não pode decidir, espontaneamente, pela aceitação do trabalho, ou então, a qualquer tempo, em relação à sua permanência no trabalho, há trabalho forçado. 25

22 SENTO-SE, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade. São Paulo. LTR 2000, p.20 23 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho

História, Teoria Geral do Direito do Trabalho, relações Individuais e coletivas do Trabalho. 26ª ed. Saraiva, São Paulo, 2011, p. 926. 24 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, vol. II

8º ed. Niterói/RJ, Impetus, 2011, p. 515. 25 IBIDEM, p. 515,

Importante acrescentar a jurisprudência do

STF, referente ao julgamento do RE nº 398041 do relator o Ministro Joaquim Barbosa, que decidiu por voto da maioria, deu provimento ao recurso, que a competência é da justiça federal, para julgar os casos em que houver trabalhadores em condições análogas a escravo, conforme segue:

RE nº 398041-STF. Ementa: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. ART. 149 DO CÓDIGO PENAL. REDUÇÃO Á CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. TRABALHO ESCRAVO. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. DIREITOS FUNDAMENTAIS. CRIME CONTRA A COLETIVIDADE DOS TRABALHADORES. ART. 109, VI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. A CF/88 traz um robusto conjunto normativo que visa à proteção e efetivação dos direitos fundamentais do ser humano. A existência de trabalhadores a laborar sob escolta, alguns acorrentados, em situação de total violação da liberdade e da autodeterminação de cada um, configura crime contra a organização do trabalho. Quaisquer condutas que possam ser tidas como violadoras não somente do sistema de órgãos e instituições com atribuições para proteger os direitos e deveres dos trabalhadores, mas também dos próprios trabalhadores, atingindo-os em esferas que lhes são mais caras, em que a CF/88 lhes confere proteção máxima, são enquadráveis na categoria dos crimes contra a organização do trabalho, se praticadas no contexto das relações de trabalho. Nesses casos, a prática do crime prevista no art. 149 do Código Penal (Redução à condição análoga a de escravo) se caracteriza como crime contra a organização do trabalho, de modo a atrair a competência da Justiça federal (art. 109, VI da CF) para processá-lo e julgá-lo. Recurso extraordinário conhecido e provido.26

2.2. A aplicação das penas atenuantes e agravantes

As circunstâncias são elementos que circundam o crime, sem afetá-lo em sua substância. Pode-se dizer que as circunstâncias servem como um patamar de parâmetros para mensurar os efeitos do delito, pois podem agravar ou atenuar a aplicação da sanção, principalmente sem alterar a substância do crime.

No caso, as circunstâncias atenuantes têm a mesma natureza jurídica das agravantes, entretanto, seguem sentido oposto ao destas, já que orientam a redução da pena, quando presentes no caso concreto, conforme descrito no artigo 65 do Código Penal:27

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; II - o desconhecimento da lei; III - ter o agente:

26 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, Disponível em www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=57031 27 BRASIL, Código Penal Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm

a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.28

No Direito Ambiental, também descreve quais as aplicações da pena e das circunstâncias atenuantes e agravantes tanto a pessoa jurídica e a pessoa física que cometeu crime ambiental.

No direito penal do meio ambiente, também descreve quais as aplicações da pena e circunstâncias atenuantes e agravantes para a pessoa jurídica e a pessoa física que cometeu crime ambiental, onde o artigo 6º da Lei 9.605/98 estabelece as regras pelas quais se devem orientar o julgador para individualizar a pena, conforme o principio constitucional da individualização da pena.29

Importante destacar o ponto de vista do doutrinador apontado na citação acima, acerca da natureza da ação penal, diz que A ação penal será de iniciativa pública incondicionada, em todos os crimes previstos na Lei 9.605/1998 30, tendo em conta que a coletividade sempre será afetada por um delito ambiental ,31 portanto, é necessário analisar as circunstâncias quando do cometimento do crime, para poder imputar a sanção ou a pena coerente ao caso concreto.

3. OS CRIMES AMBIENTAIS DE COMPETÊNCIA FEDERAL

A Constituição Federal brasileira de 1988, com o desejo de proteção integral do meio ambiente, atribuiu à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a competência comum para protegê-lo, combater a poluição em qualquer de suas formas, bem como preservar as florestas, a fauna e a flora (art. 23, VI e VII).32

Os constituintes cientes da importância da preservação do meio ambiente em todos os sentidos, atribuiram também a competência

28 BRASIL, Código Penal Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm 29 PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do Ambiente, Revista, atualizada e ampliada. 3ª ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2011, p. 161. 30 BRASIL, Lei nº 9.605/1998, Lei de Crimes Ambientais. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm 31 AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito Ambiental Esquematizado. 3º edição. São Paulo, Método, 2012, p. 533. 32 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar sobre "florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição" (art. 24, VI).

O Sistema Nacional do Meio Ambiente

SISNAMA, criado pelo artigo 6º da Lei 6.938/198133, que detém a competência para realizar a Política Nacional do Meio Ambiente, é composto por todas as entidades políticas, autárquicas e fundações previstas que desempenham função administrativa na seara ambiental, especificando a proteção e melhoria da qualidade do meio ambiente, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 34.

Além da positivação em nossa Carta Magna e nas leis extravagantes, deve-se destacar a estrutura do sistema nacional do meio ambiente, além das políticas e planos criados com objetivo de preservar o meio ambiente, conforme aponta doutrinador destacado acima.

3.1. Principais crimes ambientais de competência federal correlacionado ao trabalho escravo.

Conforme consta no artigo 109, VI da nossa Carta Magna, diz que a competência dos casos de crimes ambientais federais, só se faz presente quando existir qualquer lesão direta e imediata aos bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Nesse sentido os Bens da União estão positivados no art. 20 da CF, sendo a ofensa entendida, quando comprometer a qualidade de um meio ambiente sadio:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

33 BRASIL. Lei nº 6.938/1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm 34 PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do Ambiente, Revista, atualizada e ampliada. 3ª ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2011, p. 97.

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.35

Considerando as áreas ambientais de competência federal que devem ser protegidas e fiscalizadas, o doutrinador abaixo afirma que consta no site do IBAMA o quantitativo, bem como a localidade de todas as unidades de competência federal a serem protegidas.

De acordo com a lista publicada no site do IBAMA, atualizada até 2006, existem 728 unidade de conservação ambiental de competência federal, incluindo Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Estação Ecológica, Floresta Nacional, Parque Nacional, Refugio da Vida Silvestre, Reserva Biológica, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva Extrativista e Reserva particular de patrimônio natural.36

As áreas ambientais protegidas de competência da União, onde os desmates acontecem regularmente, na visão dos criminosos são terras de ninguém, onde o governo deixa de lado a fiscalização, e o aliciador ou preposto aproveita da situação de descaso e alicia e recruta trabalhadores para atuarem nessas áreas, caracterizando o trabalho escravo em áreas públicas.

Por causa desta ausência de fiscalização e planejamento segundo relatório disponível no Atlas do Trabalho Escravo no Brasil37, aponta claramente que é necessário identificar primeiramente onde estão às terras em poder e controle da União, para pode indicar ações de políticas públicas, pois legalmente essas áreas das terras protegidas formam uma barreira ao avanço das atividades econômicas, entre as quais destacam àquelas que têm se utilizado mão de obra escrava no desmatamento para a produção de bens e serviços.

3.1.1. O desmatamento ilegal

Inicialmente é importante conceituar e destacar o que é, e como ocorre o desmatamento? Segundo Édis Milaré renomado doutrinador ambientalista, destaca o desmatamento sendo:

A destruição, corte, abate indiscriminado de matas e florestas, para comercialização de madeira, utilização dos terrenos para agricultura, pecuária, urbanização, qualquer outra atividade econômica ou obra de engenharia. O desmatamento é causa de diversos desequilíbrios, e até desastres ecológicos; altera o clima, a biodiversidade, a paisagem e contribui para o efeito estufa 38

35 BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 36 AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito Ambiental Esquematizado. 3º edição. São Paulo, Método, 2012, p. 260. 37 BRASIL

CONATRAE - ATLAS DO TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL, 2006, p. 40. 38 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente

A gestão ambiental em foco. 6 ed. Editora RT, São Paulo 2009, p.166

O desmatamento pode ser legal ou ilegal.

Segundo o doutrinador abaixo, o mesmo pode ocorrer de ambas as formas, porém o enfoque do que é legal e ilegal é a forma de obtenção dos produtos florestais, em que diz que: A licença dada pela autoridade competente é que permite controlar a ação daquele que extraiu a madeira ou outros produtos oriundos de floresta .39

Importante destacar que o desmatamento ilegal é aquele que não é autorizado pelos órgãos ambientais. Mas o conceito de desmatamento ilegal não é tão simplório assim, é bem mais amplo. Preliminarmente é relevante definir que há consenso entre biólogos, ecologistas e juristas que o desmatamento ilegal é crime, e que estão correlacionados e conexos com outros crimes. Os artigos 38, 38-A e o 40 da Lei 9605/199840, definem o seguinte dispositivo acerca do crime de desmatamento:

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: Pena - reclusão, de um a cinco anos.

O que diferencia o desmatamento autorizado do ilegal é o conceito técnico da possibilidade de manejo e sustentabilidade no caso dos autorizados, onde após a derrubada das arvores inicia-se todo um processo de recuperação da área, visando à regeneração ambiental, pois em tese, deve haver um estudo prévio do impacto causado pela atividade. Com a retirada e a exploração ilegal continua dos recursos florestais, gera-se um desequilíbrio daquele bioma, alterando os processos ecológicos e o funcionamento e o comprometimento do meio ambiente local, danificando não só as diversas espécies de flora, mas também da fauna e solo da região.

39 FREITAS, Wladimir Passos. Crimes Contra a Natureza. 8ª ed, Ed. RT, São Paulo, 2005, p. 164. 40 BRASIL, Lei nº 9.605/1998, Lei de Crimes Ambientais. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm

O desmatamento ilegal concentra grande parte do trabalho escravo na região amazônica, onde a correlação entre ambos ilícitos é muito forte, principalmente pelo uso deste trabalho no inicio do desmate, na abertura de picadas e em outras atividades similares.

A problemática dos ilícitos ambientais e o trabalho escravo na região amazônica acontecem em razão da vasta extensão territorial e das diversas disputas da posse destas terras entre vários agentes, entre os quais destacamos posseiros, índios, fazendeiros e terras protegidas pela União.

Outro fator importante a destacar, refere-se à política de desenvolvimento da Amazônia na época dos militares, com grandes incentivos por parte do governo federal, com objetivo de ocupar a região, dando incentivo ao desmatamento e vários conflitos entre índios e população, porém, o desmatamento e a ocupação da região tinham um lema, integrar para não entregar .41

A região amazônica possui uma extensão territorial de 5.109.812 km2, que corresponde a cerca de 60% do território nacional. Por ser a maior parte coberta por florestas, com grande dificuldade de acesso, ficou por muitos anos posta a margem do interesse nacional. 42

Conforme destaca o doutrinador acima, a maior concentração dos crimes de desmatamento de florestas acontece na região amazônica se justifica por dois motivos. Primeiramente pelo fato da região possuir a maior extensão territorial de floresta dentro do território nacional. O outro ponto é devido às dificuldades de oportunidade e emprego na região pela população, combinando a baixa escolaridade e a ausência de outras ofertas de trabalho na região.

3.1.1.1. As Sanções Penais no Crime de Desmatamento Ilegal

As sanções penais, civis e administrativas relacionadas aos crimes de desmatamento ilegal, estão previstos na lei 9.605/1998, onde destaca um marco importante acerca da penalização das pessoas jurídicas. Importante descrever e reforçar que nossa legislação ambiental pune-se tanto a pessoa física autora, co-autora e participe, bem como a pessoa jurídica, sendo uma inovação na tutela penal brasileira esta forma de punir, pois de acordo com vários ambientalistas estas pessoas jurídicas são as maiores causadoras da degradação ambiental em nosso país.

Com efeito, além de apontar a possibilidade de aplicação de sanções penais para as pessoas físicas, prática tradicional do Direito Penal (art. 2º), projetou importante hipótese no sentido de responsabilizar penalmente as pessoas jurídicas (art.3º), sejam elas de direito público

41 PALO NETO, Vito. Conc. Jurídico e Combate ao Trab. Escravo Contemporâneo. São Paulo, LTr 2008, p.39. v42 PALO NETO, Vito. Conc. Jurídico e Combate ao Trab. Escravo Contemporâneo. São Paulo, LTr 2008, p. 50.

ou de direito privado, inclusive com a aplicação do instituto da desconsideração da pessoa jurídica (art.4º), instituto autorizador para que determinado órgão investido de poder, por força constitucional, possa num dado caso concreto não considerar os efeitos da personificação ou da autonomia jurídica da sociedade evidentemente com a finalidade de atingir e vincular aquele que efetivamente teria cometido o crime ambiental: a pessoa humana.43

Além do artigo 3º da Lei 9605/98, há outros significativos avanços, que visam à proteção ambiental, presentes na referida Lei, como a consolidação de normas penais ambientais, a possibilidade da forma culposa e a adequação das penas à gravidade dos fatos. Encontram-se no capítulo V os crimes contra o meio ambiente, dentre eles: crimes contra fauna, contra a flora, contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural, contra a administração ambiental e crimes de poluição.

O Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou beneficio da sua entidade Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou participes do mesmo fato.

A Lei n° 9.605/98 também traz penas alternativas autônomas, além da pena de prisão e multa. A inovação está na punição de empresas e pessoas condenadas por crime ecológico podem ser perdoadas se restaurarem o bem atingido ou consertarem os estragos. Do montante da reparação do dano pode ser deduzida a pena pecuniária estabelecida pelo juiz para pagamento à vítima, levando sempre em consideração tanto as que atenuam ou que majoram.

A aplicação de penalidades a pessoas jurídicas está prevista no artigo 21 da Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/1998. È aplicado àquelas empresas que infringirem este artigo, estando sujeitas às penas de multa, penas restritivas de direito e prestação de serviços à comunidade. A referida Lei dos Crimes Ambientais veio reordenar a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. A partir dela, a pessoa jurídica, autora ou co-autora da infração ambiental, pode ser penalizada judicialmente, chegando à liquidação da empresa, no caso de ser comprovado que a empresa foi criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental, além da penalização da liberdade das pessoas físicas responsáveis pela empresa. Por outro lado, a punição pode ser extinta quando se comprovar a recuperação do dano ambiental e no caso de penas de prisão de até quatro anos, sendo possível também aplicar penas alternativas.

43 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 10ª ed. São Paulo. Saraiva, 2009. p. 422.

3.1.2. Exploração Ilegal de Minérios

Inicialmente deve-se contextualizar o que é a exploração ou extração de recursos minerais, deve-se entender como recursos minerais as concentrações de minérios formados na crosta terrestre cujas características fazem com que sua extração seja ou possa chegar a ser técnica e economicamente rentável .44

Consoante destacar que o patrimônio mineral constitui uns dos bens mais relevantes para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, pois são bens de extrema importância estratégica e de riqueza para as presentes e futuras gerações de brasileiros.

Neste sentido a atividade de extração legal, autorizada ou concedida, beneficia toda sociedade, seja diretamente com produtos e emprego, seja com a melhoria dos serviços públicos sustentados pelos impostos devidos. Assim, somente a atividade mineraria concedida atinge a finalidade legal, qual seja, o interesse público almejado com o desenvolvimento social.

Diferentemente da que ocorre com a extração legal de minérios, a usurpação ilegal de mineiros, além de lesar o meio ambiente, lesa também o patrimônio de um país. Pois o usurpador não faz nada para proteger o meio ambiente, e vai além de subtrair o minério, lesando também trabalhadores, não paga taxas e encargos sociais, destrói o meio ambiente, e busca áreas de seu interesse econômico, e não há qualquer tipo de estudo ambiental. Por fim, gera ainda uma concorrência desleal com os que buscam extrair de forma legal.

Os diversos bens minerais pertencentes à União, onde cabe a este ente proteger, regulamentar, autorizar e permitir a exploração dos mesmos, existentes no solo e subsolo (artigos 20 e 176 da CF), sendo a atribuição da Polícia Federal investigar crimes envolvendo exploração ilegal de matéria-prima pertencente à União, portanto, não só por analogia, mas como todos os crimes que envolvam as explorações dos minerais, passam também a serem julgados pela Justiça Federal.

O disposto no artigo 55 da lei 9.605/1998, também considera como crime "executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida".45 Assim, quem praticar as condutas previstas nas citadas leis responde, em concurso formal, pela prática dos crimes de usurpação de bem público e contra o meio ambiente, isso em razão da distinção dos bens jurídicos atingidos.

44 http://recursosminerais.ibict.br/glossario/glossario_e.html, consulta em 12 de abril de 2014 45 BRASIL. Lei Federal nº 9.605/1998, disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm

No caso da atividade de mineração, é muito

comum encontrar trabalhadores também na situação prevista no artigo 149 do CP46, pois além da atividade laboral ser realizada sem qualquer tipo de respeito à saúde do trabalhador, desrespeita a jornada de trabalho semanal, descanso diário, alojamento e sem contar os valores absurdos dos custos que são cobrados em relação à alimentação e aos gêneros básicos necessários â sobrevivência humana.

3.1.2.1. As Sanções Penais no Crime de Extração Ilegal de Minérios

Como no caso de desmatamento ilegal, também há a punição da extração ilegal de minérios prevista na Lei nº. 9.605/1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, bem como as riquezas minerarias de nosso solo e subsolo. Conforme destaca o artigo abaixo:

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Além da lei ambiental, existe em nosso ordenamento pátrio, uma legislação especifica acerca de nossas riquezas minerais, que foi criada para proteger e garantir esses recursos para o desenvolvido do país, trata-se da Lei nº. 8.176/1991, que também define os crimes contra a ordem econômica, quando da exploração e extração de minérios sem autorização legal, trazendo o conceito e as penas quando ocorrer tal atividade.

Art. 2° Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou explorar matérias-primas pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo. Pena: detenção, de um a cinco anos e multa. § 1° Incorre na mesma pena aquele que, sem autorização legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo, consumir ou comercializar produtos ou matéria-prima, obtidos na forma prevista no caput deste artigo. § 2° No crime definido neste artigo, a pena de multa será fixada entre dez e trezentos e sessenta dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e a prevenção do crime. § 3° O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a quatorze nem superior a duzentos Bônus do Tesouro Nacional (BTN).47

4. A UTILIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA ESCRAVA EM CRIMES AMBIENTAIS

Geralmente às atividades de desmatamento, extração ilegal de minérios na região Amazônia, bem como em outros locais do

46 BRASIL, Código Penal Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm 47 BRASIL. Lei Federal nº 8.176/1991, disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8176.htm

país, são as que mais demandam mão de obra humana, pois são essas que necessitam uso braçal para desempenhar tais atividades. A grande maioria dos casos de trabalho escravo, no período de 1985 e 1995, as denuncias ocorreram na atividade agropecuária, especialmente na derrubada de florestas para a formação de novas pastagens .48

Em síntese, caso algum crime contra a fauna ou a flora, tenha sido praticado no interior de bens da União ou de Unidades de Conservação instituídas pela União, deverão ser julgados pela Justiça Federal.

A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 49

As atividades ilícitas ambientais que se tornaram muito comum nas ultimas décadas, especialmente as que demandam mão de obra forçada, degradante e exaustivas jornadas de trabalho estão relacionadas àquelas praticadas nas zonas rurais, especificamente no desmatamento dessas áreas protegidas, além da mineração e carvoaria ao longo do território nacional. Tem-se, por exemplo, dano direto a bem da União quando são cometidos crimes ambientais no interior de Unidades de Conservação criadas e administradas pelo Poder Público Federal. Conforme previsto pelo § 4º, do art. 225, da CF descrito acima.

4,1. Fatores sociais e econômicos dos trabalhadores

Os ilícitos relacionados ao trabalho escravo e aos crimes ambientais ocorrem em lugares de acesso difícil, em ambientes inóspitos são trabalhos ilegais, caracterizando diversos ilícitos, podendo ser punidos os agentes envolvidos na esfera ambiental, trabalhista, previdenciário, penal e administrativo. A facilidade de encontrar pessoas dispostas a colaborar com o desmatamento e outros ilícitos se dá devido aos altos índices de desemprego nas regiões de recrutamento escravista, há nessas regiões, um grande contingente de pessoas em busca de um serviço que possa prover o seu sustento e o de sua família .50

Apesar dos trabalhadores geralmente aceitarem o convite para trabalharem nos serviços rurais ocorre de forma livre. Após iniciar às atividades laborais, deve-se destacar o papel dos

48 SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo: a abolição necessária. São Paulo, LTR 2008, p. 142. 49 BRASIL. Constituição (1988), Constituição da Republica Federativa do Brasil. Disponível em : www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 50 SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo: a abolição necessária. São Paulo, LTR 2008, p. 122.

gatos (agentes de recrutamento) que

persuadirem as pessoas a permanecerem nos acampamentos por meio de pressão, bem como ameaças. Esses empregados muitas vezes demoram em descobrir que não são livres para partir em função da distancia, das dividas assumidas e de ameaças de violência física.

As fazendas normalmente localizam-se em pontos afastados de povoamentos e dos locais de comercio mais próximo. O trabalhador é levado para longe de seu local de origem e, portanto, da rede econômica, social e cultural na qual estava incluído. Dessa forma, fica em permanente estado de fragilidade, sendo dominado com maior facilidade. 51

Segundo informações no site do IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, quando flagrado o ilícito ambiental por meio de autuação administrativa, há também situação comprovada de trabalhos forçados e degradantes, caracterizando o crime tipificado no art. 149 do Código Penal, no qual pode ser comprovado por uma lista suja do MTE:

Os embargos têm como base crimes ambientais como desmatamento, queimadas ilegais, dano à flora, construções irregulares e outros. Diferente da lista suja do MTE que mantém os nomes dos infratores por dois anos, a lista do IBAMA não tem prazo para exclusão, que só ocorre quando as irregularidades forem sanadas. 52

Importante destacar que o desmatamento ilegal das áreas públicas exige trabalho continuo e com a máxima celeridade possível, para que o crime não seja descoberto pelos órgãos fiscalizadores, motivo pelo qual os empregadores mantêm seus empregados presos aos locais de trabalho, por ambos os motivos, para a celeridade do desmate e minimizar o transito de entrada e saída de pessoas dessas áreas. Ainda acerca das condições escravistas e degradantes de trabalho impostos aos empregados, pode-se apontar que:

O empregador que sujeita o empregado a condições de trabalho degradantes, inclusive quanto ao meio ambiente em que irá realizar a sua atividade laboral, submetendo-o em geral, a constrangimento físico e moral que vai desde a deformação do seu consentimento ao celebrar o vínculo empregatício, passando pela proibição imposta pelo obreiro de resilir o vinculo quando bem entender, tudo motivado pelo interesse mesquinho de ampliar os seus lucros as custa da exploração de trabalhadores.53

Portanto os trabalhadores que são encontrados nestas condições degradantes de trabalho especialmente em ambiente insalubre, no meio de florestas, longe dos seus familiares e com

51 IBIDEM, p. 120. 52 BRASIL. IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, disponível em htpp://www.ibama.gov.br. 53 SENTO-SE, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade. São Paulo. LTR 2000, p.27

jornadas exaustivas de trabalho, ocorrem normalmente por falta de oportunidades de trabalho em suas regiões, surgindo à oportunidade de aliciar e mantê-los nestas áreas por um considerável tempo, gerando então, uma atividade ainda mais rentável para o empregador.

4.2. Fatores Geográficos das áreas degradadas

Relevante destacar que estes ilícitos ambientais e trabalhistas acontecem nas áreas rurais, comprovadamente mais de 90% dos casos inspecionados pelos auditores do MTE na região amazônica .54

Inicialmente ocorre nestas áreas, devido sua localização ser distante dos centros urbanos, dificultando o deslocamento dos trabalhadores, a sua comunicação com familiares, além da baixa escolaridade desses trabalhadores além da ignorância acerca dos seus direitos sociais, surgindo uma nova forma de exploração, neste sentido corrobora o doutrinador abaixo que essa nova forma de escravidão teve o seu principal foco na região amazônica e foi estimulada pela política governamental de incentivos fiscais, que criou às frentes pioneiras de ocupação da região .55

A localização geográfica inóspita ou de difícil acesso às aéreas que ocorrem esses ilícitos, não são motivos e nem justificativas para omissão e a fiscalização pelos órgãos competentes, com esta concepção destaca-se a visão abaixo:

Casos de trabalho forçado têm sido localizados na mineração e no trabalho sazonal de desmatamento, na produção de carvão vegetal e numa série de atividades agrícolas, entre as quais o corte de cana, a plantação de capim e a colheita de algodão e café. O principal aspecto do trabalho forçado nas áreas rurais brasileira é o uso do endividamento para imobilizar trabalhadores nas propriedades até a quitação de suas dividas, em geral contraídas de modo fraudulento. É uma atividade clandestina e ilegal, difícil de ser combatida por diversos fatores, entre os quais a imensa extensão do país e as dificuldades de comunicação. 56

Sobre as condições geográficas e sociais dos trabalhados relativo ao endividamento e a exploração dos trabalhadores, a cartilha da CONATRAE

Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, diz que:

Há fazendeiros que para realizar derrubadas de matas nativas para formação de pastos, produzirem carvão para a indústria siderúrgica, prepara o solo para o plantio de sementes, entre outras atividades agropecuárias contratam mão de obra utilizando os

54 MTE

disponível em www.mte.gov.br, acesso em 12 de abril de 2014, 55 SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo: a abolição necessária. São Paulo, LTR 2008, p. 141. 56 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho

História, Teoria Geral do Direito do Trabalho, relações Individuais e coletivas do Trabalho. 26ª ed. Saraiva, São Paulo, 2011, p. 936.

famigerados gatos . Eles aliciam trabalhadores, servindo de fachada para que os fazendeiros não sejam responsabilizados pelos crimes. 57

Segundo o ATEB - Atlas do Trabalho Escravo no Brasil, elaborado pela ONG - Amigos da Terra Amazônia Brasileira, destaca que a atividade madeireira ilegal e o trabalho escravo andam juntos, pois a madeira é um dos produtos mais simbólicos da ilegalidade da exploração dos recursos naturais, especialmente na Amazônia .58

Esta madeira ilegal traz uma dúplice forma de obtenção de lucro, primeiramente pela usurpação da madeira pública, e o segundo pela mão de obra barata, sem encargos socais.

Tais ilícitos podem ser comprovados pela lista suja do MTE que consta com mais de 579 registros de empresas que constam das relações de infratores da legislação trabalhista do Ministério do Trabalho e Emprego, sendo que deste montante, cerca de 10% referem-se a infratores ambientais autuados pelo IBAMA, somando-se 58 empresas , na data desta pesquisa, que cometeram crime ambiental, ou seja, praticamente um em cada dez integrantes do cadastro da escravidão do MTE é também um infrator ambiental, comprovando que a exploração de trabalho escravo e devastação do meio ambiente continuam caminhando juntas no Brasil,

Os embargos têm como base crimes ambientais como desmatamento, queimadas ilegais, dano à flora, construções irregulares e outros. Diferente da lista suja do MTE que mantém os nomes dos infratores por dois anos, a lista do IBAMA não tem prazo para exclusão, que só ocorre quando as irregularidades forem sanadas. 59

Portanto, pode-se apontar que uma forma de combater tais ilícitos, além da autuação penal, ocorre também à administrativa, por meio dos embargos das empresas, ficando essas empresas embargadas pelo órgão ambiental por prazo indeterminado, sendo um ponto positivo para se tentar obter melhores informações dos maiores infratores e os locais de incidência desses ilícitos.

4.3. Correlacionar à prática dos ilícitos penais, ambientais, administrativos e trabalhistas aos sujeitos envolvidos

Após a identificação do tipo penal de um delito, deve-se preliminarmente verificar se há o dolo, ou seja, a consciência e a intenção de praticá-lo. Portanto, deve-se ter o elemento subjetivo do tipo especifico, tendo como finalidade

57 BRASIL

CONATRAE - ATLAS DO TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL, 2006, p. 40. 58BRASIL. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/trab_escravo/portaria-do-mte-cria-cadastro-de-empresas-e-pessoas-autuadas-por-exploracao-do-trabalho-escravo.htm, acesso em 21/01/2014, Ap. 42. 59 BRASIL. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/trab_escravo/portaria-do-mte-cria-cadastro-de-empresas-e-pessoas-autuadas-por-exploracao-do-trabalho-escravo.htm, acesso em 21/01/2014.

de reter o trabalhador, privando-o de sua liberdade em um determinado local de trabalho, com excessivas jornadas de trabalho .60 Nesse sentido, os crimes ambientais correlacionados ao trabalho escravo são classificados como crime comum, de forma vinculada, permanente e de dano.

Em regra, quando da extração de madeira na região amazônica, essa atividade acontece pela maioria das madeireiras de forma ilegal e irracional, onde não tem nenhuma licença ambiental, tão pouco uma forma mais sustentável ou um plano de manejo para a extração e conservação das demais espécies

61

Então nesta atividade ilegal, tornam todos os envolvidos no processo, desde os empreendedores, prepostos e trabalhadores como autores, co-autores e participes deste ilícito? Bem, está é uma resposta complicada, mas depende de vários aspectos, como a boa fé dos sujeitos envolvidos, principalmente dos trabalhadores, que muitas vezes são iludidos e aliciados de tal maneira que perde a consciência do que é certo e errado. Quanto ao empreendedor deve ser responsabilidade penalmente, pois tenha a ciência que para explorar qualquer produto de origem florestal ou mineral necessita de autorização dos órgãos competentes, então não serve de escusa para não ser penalizado.

Por isto, além da atividade ilegal na exploração da madeira e minérios, o interesse lucrativo, é o maior atrativo para se ter trabalhadores ilegais, sem qualquer vinculo, sem qualquer contato com o verdadeiro responsável empregador, pois assim, pode se evitar a responsabilização penal, civil e administrativa.

Essa forma célere e descontrolada de exploração da madeira em terras públicas é marcada pelo ciclo da fronteira agrícola, ocorrendo da seguinte forma: 1º a garimpagem vegetal 62, que é a coleta seletiva das madeiras mais valiosas. 2º passo é o que segue normalmente o ciclo da pecuária, quando os pecuaristas terminam a limpeza retirando as madeiras da área, semeiam o pasto. O 3º substitui a pecuária pela introdução, sobretudo de grãos de soja e milho que atualmente são os maiores motivos de desmatamento.

A soja é frequentemente acusada de ser um dos principais vilões da Amazônia já que, no seu deslocamento que a levou do Sul (onde começou a produção nos anos de 1970), ela percorreu toda a extensão dos cerrados, atravessou a zona de floresta de transição e

60 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, vol. II

8º ed. Niterói/RJ, Impetus, 2011, p. 515 61 AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito Ambiental Esquematizado. 3º edição. São Paulo, Método, 2012, p. 582 62 BRASIL

CONATRAE - ATLAS DO TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL, 2006, p. p. 44.

está hoje entrando francamente na mata ombrófila63.

Os crimes ambientais de competência federal são aqueles praticados no interior das unidades de conservação, pois caso algum crime contra a fauna ou a flora, tenha sido praticado no interior dos bens da União ou de Unidades de Conservação instituídas pela União, deverão ser julgados pela Justiça Federal 64. Conclui-se então, que as atividades ilícitas ambientais que se tornaram muito comum nas ultimas décadas, especialmente as que demandam mão de obra forçada, degradante e exaustivas jornadas de trabalho estão relacionadas àquelas praticadas nas zonas rurais, especificamente no desmatamento dessas áreas protegidas, além da mineração e carvoaria ao longo do território nacional.

No que tange a responsabilidade criminal ambiental, é comum nos países do sistema Common Law 65, a responsabilidade objetiva

podendo imputar à pessoa jurídica. No Brasil já se admite a responsabilidade penal de pessoas jurídicas nos crimes ambientais e nos delitos contra a ordem econômica, financeira e economia popular, ou seja, a responsabilidade penal da pessoa jurídica, conjuntamente com a pessoa física representante legal ou contratual .66

Porém, deve-se destacar que as penas previstas em nossa legislação ambiental, que busca punir tanto às pessoas físicas como às pessoas jurídicas envolvidas, sendo que as penas para as pessoas jurídicas, não está relacionado à privação da liberdade, mas tem outras penalidades, conforme o artigo 21 da Lei de Crimes Ambientais prevê as sanções de multa, a suspensão de atividades, restritiva de direitos e prestação de serviços à comunidade.

Os agentes envolvidos, tantos os responsáveis como os trabalhadores estão cometendo crime ambiental quando encontrados desmatando e retirando madeira no interior de uma floresta pública? Esta é uma pergunta bastante questionada, pois se deve imputar a

63 BRASIL

CONATRAE - ATLAS DO TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL, 2006, p. p. 45. 64 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 10ª ed. São Paulo. Saraiva, 2009. p. 131. 65 O nome de Common Law é um sistema jurídico que foi elaborado em Inglaterra a partir do século XII, refere-se às decisões das jurisdições reais. Manteve-se e desenvolveu-se até aos nossos dias, e além disso impôs-se na maior parte dos países de língua inglesa, especialmente nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e etc. A expressão Common Law Common Law significa o direito se revela pelos costumes e pela jurisdição, é um direito misto, costumeiro e jurisprudencial , é um direito coordenado pelos precedentes: stare decisis et nonquieta movere Disponivel em http://jus.com.br/artigos/22816/o-sistema-do-common-law. 66 AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito Ambiental Esquematizado. 3º edição. São Paulo, Método, 2012, p. 505

pratica do crime ao responsável, por que penalizar o trabalhador, que já penalizado muitas vezes por não ter seus direitos sociais pagos corretamente por aquele que o contratou, sem contar que muitos trabalhadores não têm conhecimento suficiente para entender que se trata de crime ambiental aquele desmate, pois ao longo dos anos isso aconteceu na região amazônica com o aval de nossos governantes. Diante do exposto, entende-se que deve punir somente os responsáveis, proprietários, prepostos e não o trabalhador que é punido muitas vezes por não receber o mínimo que deveria.

5. O COMBATE DA MÃO DE OBRA ESCRAVA PELO PODER PÚBLICO

Atualmente, o combate a esta pratica está sendo um desafio, considerado não muito fácil, para o governo, bem como para a sociedade em geral. O nosso país é signatário de vários acordos e tratados internacionais que protegem os direitos sociais dos trabalhadores, como os direitos que tratam sobre a dignidade da pessoa humana. Sabe-se que estes direitos sociais e da dignidade da pessoa humana são garantias constitucionais positivadas em clausulas pétreas em nossa Carta Magna, em que o poder público de todas as esferas tem a obrigatoriedade de coibir.

Partindo da concepção de proteção e combate ao trabalho escravo, na ultima década o país deu um salto enorme, pois passou a reconhecer que tal forma de exploração do trabalhador é algo comum e corriqueiro ao longo da extensão territorial de nosso país, tendo seu marco explorado pela mídia, a partir do assassinato dos fiscais do trabalho no município de Unai/MG em 2004, que buscava multar grandes agricultores por explorar esta mão de obra de forma escravista nos dias modernos, ignorando e passando por cima de todo e qualquer dispositivo legal previsto em nosso ordenamento jurídico.

5.1. As Leis existentes e os Projetos de leis para combater o trabalho escravo

A nossa Constituição Federal de 1988 consagrou diversos princípios que protegem o trabalhador, especialmente no artigo 1º, que versa sobre a dignidade da pessoa humana, da cidadania, do amparo aos valores sociais do trabalho, diretamente ligados aos princípios perpetuados no artigo 5º do mesmo diploma legal, que se referem ao direito à liberdade, à igualdade, à vida, garantindo que ninguém será submetido a tratamento desumano, degradante ou à tortura.

A nossa legislação penal, traz alguns artigos importantes para o combate ao trabalho análogo à condição escrava, que são os artigos 149, 203 e 207 do Código Penal, demonstrando uma harmonia com nossa Carta Magna, comprovando a necessidade de proteção á dignidade da pessoa humana e as condições sadia do trabalhador,

principalmente aplicando aos infratores destes delitos sanções penais, trabalhistas e administrativas.

Entende-se que à CLT

Consolidação das

Leis trabalhistas deu ao trabalhador condições dignas, buscando respeitar sempre os seus direitos individuais e coletivos, especialmente em relação às condições do meio ambiente de trabalho sadio, bem como à sua segurança, buscando preservar a vida do trabalhador, além das garantias sociais, como fundo de garantia, aviso prévio, 13º salário, jornada diária e semanal de trabalho, seguro desemprego e outros.

Embora haja em nossa Carta Magna uma proteção especial ao trabalhador no artigo 7º, XXIII da CF, da redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, esta previsão é desrespeitada por muitos empregadores. 67 Porém a tutela imediata ao meio ambiente do trabalho, concentra-se no artigo 200, VIII que diz que os empregadores e empregados devem colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Assim como em todos os outros casos, a tutela mediata do meio ambiente do trabalho concentra-se no caput do art. 225 de nossa Constituição Federal, tornando-se é importante verificar que a proteção ao direito do trabalho é distinta da assegurada ao meio ambiente do trabalho, porquanto esta última busca salvaguardar a saúde e a segurança do trabalhador no ambiente onde desenvolve suas atividades. O direito do trabalho, por sua vez, é o conjunto de normas jurídicas que disciplina as relações jurídicas entre empregado e empregador.

Relevante destacar os princípios de proteção ao meio ambiente, em que o principio da prevenção e da precaução que estão positivados no artigo 225 da CF, onde diz que é dever de preservar os bens ambientais com fundamento na dignidade da pessoa humana ,68 além de mencionar o que consta no artigo 1º, III, IV da nossa Constituição Federal, assim como nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, para defender que o meio ambiente do trabalho é um ramo do direito ambiental.

Destacar o projeto de Lei da PEC 438/2001, conhecido como o PEC do Trabalho Escravo, aprovada em maio de 2014, pelas duas casas do Congresso Nacional. O projeto de lei tem como objetivo alterar o art. 243 da CF, que dispõem sobre a expropriação de terras onde foram encontrados trabalhadores em situações análogas à de escravo, sem direito a indenização, sendo ainda essas propriedades confiscadas e utilizadas

67 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 10ª ed. São Paulo. Saraiva, 2009. p. 392. 68 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 10ª ed. São Paulo. Saraiva, 2009. p. 53..

para fins de assentamento dos trabalhadores resgatados e seus familiares, como parte da política de reforma agrária.

Muitos especialistas e organizações governamentais e não governamentais envolvidos acerca do tema concordam que este projeto de lei é um avanço para tentar erradicar o trabalho escravo no Brasil, não só pela expropriação, confisco sem indenização, mas como um reforço a função social da terra, previsto em nossa Carta Magna.

5.2 Os programas de governo para o combate ao trabalho escravo

Embora o que já está previsto em nossa Constituição Federal e procurando também cumprir os Tratados e Acordos Internacionais acerca dos direitos sociais e da dignidade da pessoa humana, em 2003 foi criado um programa pelo Governo Federal denominado Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, com objetivo de erradicar e reprimir o trabalho escravo contemporâneo em nosso país, tal programa envolve vários Entes da Federação e diversos órgãos públicos, tendo como prioridade alcançar objetivo principal e atingir as metas previstas no plano. Acerca do combate ao trabalho escravo no Brasil o doutrinador abaixo aponta:

No âmbito da OIT

Organização Internacional do Trabalho

o Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Escravo (IPEC) tem buscado uma abordagem holística da questão, ressaltando a importância da aplicação prática de serviços de consultoria como forma de assegurar que o trabalho forçado não esteja sendo praticado.69

Segundo manual técnico do Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil há ações que deverão ser implementadas a curto e médio prazo, buscando melhorias tanto na estrutura administrativa, fiscalizatória e na ação policial dos órgãos envolvidos nesta luta, com a finalidade de atingir seu objetivo principal o mais breve possível .70

Hoje, mais de dez anos após a criação do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, houve alguns avanços, podendo destacar que atualmente existe um grupo de servidores especializado ao tema junto no Ministério do Trabalho e Emprego, que emprega o conhecimento técnico e jurídico além do trabalho em conjunto com a Polícia Federal e outros órgãos federais como o MPT, DRT´s, no sentido de reprimirem e coibirem tais práticas por meio de operações, libertando os trabalhadores escravos, além de autuarem administrativamente,

69 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho

História, Teoria Geral do Direito do Trabalho, relações Individuais e coletivas do Trabalho. 26ª ed. Saraiva, São Paulo, 2011, p. 943. 70 BRASIL, Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, 2003, p. 15.

posteriormente remetendo as provas obtidas para as autoridades competentes no sentido de abertura de inquérito policial.

É consenso na visão de diversos doutrinadores, que o combate e a fiscalização contínua são fundamentais, assim como as diversas atuações dos órgãos envolvidos não só do poder público, principalmente da sociedade em geral, que concorda que a fiscalização é primordial para a erradicação do trabalho escravo, alem de ser uma forma de coibir a sonegação de impostos, e consequentemente fazer com que os empregadores cumpram a legislação trabalhista, assim deixarem de explorar e se aproveitarem de trabalhadores humildes e de baixa escolaridade.

Deve-se também apontar o papel da sociedade em todos os níveis, especialmente do meio acadêmico, das ONG´s e das Comissões e Associações que se propaga por todo o território. Pode-se apontar o papel da Comissão Pastoral da Terra que é uma organização não-governamental ligado a Diocese que reúne diversas igrejas cristãs com a finalidade de pacificar os conflitos e problemas socais ligados a terra, que desde a década de 70, vem denunciando diversas formas de exploração e violência contra o ser humano no campo.

Não se pode deixar de destacar o importante papel que a imprensa, através da mídia como um todo, que tem importantíssimo poder de divulgação e de conscientização dos direitos sociais, haja vista, que atingem muito rápido a sociedade, procurando denunciar a existência de trabalho escravo e o desrespeito à dignidade da pessoa humana pelos empregadores.

O Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo é um marco significativo e um avanço para erradicar essa prática desumana, pois a partir do momento em que o governo reconhece a existência em nosso país na atualidade, marca a reafirmação da necessidade de combatê-la, bem como surge o compromisso com a luta para tentar eliminar essa pratica no território nacional.71

Entende-se que não bastam só leis severas, mais vários programas, planos e a conscientização e apoio de toda a sociedade para coibir tais ilícitos. Segundo dados atualizados pelo MTE - Ministério do Trabalho e Emprego, somente no período de 1995 a 2012, foram registrados 44.41572 trabalhadores resgatados de condições análogas a de escravo, referente a um total de 3.441 estabelecimentos inspecionados, perfazendo um montante de 1.393 operações.

As diversas operações constituem-se um planejamento de inteligência e investigação,

71 SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo: a abolição necessária. São Paulo, LTR 2008, p. 147. 72http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D3DCADFC3013EE7228E9E6B75/Quadro%201995%20X%202012.%20Internet.%20Atualizado%2027.05.2013.pdf, acesso em 21/01/2014

realizada por meio de ações contínuas, formadas por equipes de vários órgãos, composta por auditores fiscais do trabalho, procuradores do Ministério do Trabalho, agentes e delegados de policia federal,

Pode-se destacar uma atividade que era visto como normal em nosso país, onde o trabalho forçado ocorreu por muitos anos nas carvoarias que fornecem carvão a grandes exportadoras de ferro gusa, na região do Estado do Pará. Mas por meio de uma operação em conjunto composta por vários órgãos governamentais, fez com que essa pratica corriqueira na região de exploração de trabalhadores, crianças, mulheres corroborassem por muitos anos para a riqueza de poucos, perfazendo a necessidade de uma força tarefa, várias ações civis e penais para se tentar trazer uma dignidade a estes trabalhadores, bem como freando tal prática corriqueira, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta entre as carvoarias e o Ministério Público do Trabalho, porém o crime ambiental da produção ilegal do carvão fora esquecido.

Conclusão

Pode-se concluir que o conceito atual ou contemporâneo de trabalho análogo à condição de escravo, conforme positivado no artigo 149 do Código Penal é quando alguém é reduzido a essa situação precária laboral, sendo submetido há trabalhos forçados ou há jornada exaustiva, sujeito às condições degradantes no meio ambiente do trabalho, bem como por ter sua locomoção restringida em razão de privação de sua liberdade ou por dívida contraída com o empregador ou preposto.

Destaca-se que a Organização Internacional do Trabalho dispõe que todo trabalho ou serviço exigido de um indivíduo sob ameaça de uma pena qualquer, principalmente aquele para o qual não se apresentou voluntariamente, caracteriza-se trabalho análogo à condição de escravo.

Compreende-se que o trabalho análogo ao de escravo fere princípios e regras constitucionais, não podendo ser tolerado pela sociedade brasileira e por órgãos governamentais e não governamentais, onde todos têm o dever de buscar encontrar os mecanismos suficientes para erradicar esse problema, tanto no âmbito jurídico com a aplicação de sanções, como no melhorando as oportunidades no campo social e econômico das regiões com mais incidência destes ilícitos, especialmente nas regiões com pouca oferta de postos de trabalhos.

Entender o conceito de trabalho escravo atual, além de compreender quais são os crimes ambientais de competência federal e correlacioná-los foi importante para poder qualificar e quantificar as necessidades de uma melhor atuação do poder público, principalmente na aplicação de punições mais severas aos sujeitos

envolvidos quanto aos dois delitos, pois quando a crime ambiental e ao mesmo tempo o de redução análoga a de escravo ocorrem, geralmente a denúncia destaca mais o crime de pena mais severa, esquecendo o crime ambiental que em muitos casos é mais branda a pena, devendo observar o principio da reparação ao dano ambiental que na maioria das vezes é ignorado pelas autoridades judiciárias competentes.

Portanto nem todo crime ambiental possui trabalhadores em condições análogas à de escravo, mas que todo sujeito encontrado dentro da área degradando ou desmatando ilegalmente, este sim, poderá ser considerado um infrator ambiental, devendo responder pelo crime ambiental, no mínimo com multas, arrestos e seqüestros de bens, para tentar compensar o dano ambiental.

Considerando que a submissão de trabalhadores a condição análoga à de escravo é crime que pode estar associado a outros ilícitos, é necessário atentar no curso da Ação Fiscal, para a ocorrência de diversas práticas ilegais, como o crime de aliciamento, crimes contra a organização do trabalho, crimes contra o meio ambiente, crimes de sonegação previdenciária e fiscal, lesões corporais, omissão de socorro, maus tratos, constrangimento ilegal, posse e porte de armas de fogo, formação de quadrilha ou bando, e dentre outros dependendo do caso concreto.

Por fim, o trabalho buscou apresentar em quais situações os agentes envolvidos deverão responder pelos delitos, sabendo-se que os diversos delitos configurados quando da comprovação do trabalho escravo e o crime ambiental, referem-se às áreas de direito distintas, mas que devem estar juntas, para que os envolvidos possam respeitar os direitos da dignidade humana do trabalhador, bem como os direitos de terceira geração, buscando proteger o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.

Agradecimentos

Primeiramente a Deus meu Senhor de todas as coisas que ilumina meus passos e me dá força para superar e vencer as dificuldades diariamente.

Aos meus familiares, que me incentivou nesta jornada, com apoio, paciência e amor para alcançar mais este objetivo.

Aos mestres por compartilharem comigo seus conhecimentos, colocando em minhas mãos as ferramentas e o saber, com as quais abriram novos horizontes, nesta grande caminhada em torno do aprofundar do conhecimento cientifico, permitindo-me a oportunidade de mais um curso superior.

Ao meu orientador, pela paciência, dedicação e sugestões que fez com que este pudesse se tornar realidade.

A banca examinadora pela sua atenção e disponibilidade em participar desse momento tão importante relativo ao meu crescimento pessoal e intelectual.

A todos os colegas de faculdades e amigos que de maneira direta e indireta foram importantes incentivadores para poder chegar ao fim desta etapa e realizar mais um sonho na conclusão do presente trabalho.

Por último, agradeço o apoio constante de minha ESPOSA DENISE DA SILVA ABREU AMARAL, por ser colega de sala, amiga, companheira e esposa em todos os momentos de alegria e de tristeza, dando-me força e incentivo sempre para nunca desistir desta jornada, pois além de estudar, caminhar e lutar diariamente do meu lado, me presenteou no fim deste curso com o presente mais valioso desta vida, HELENA ABREU AMARAL, nossa filha tão sonhada, esperada e abençoada, que por causa dessas duas mulheres presentes em minha vida, tive inspiração e força de vontade para poder chegar até aqui e concluir este artigo.

Obrigado Senhor! Te agradeço do fundo do meu coração!

Referências:

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2 - BITTAR, Eduardo C. B. Metodologia da Pesquisa Jurídica, 8º ed. São Paulo, Saraiva, 2011.

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Trabalho, relações Individuais e coletivas do Trabalho. 26ª ed. Saraiva, São Paulo, 2011.

11 - NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal

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12 - ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. As boas práticas da inspeção do trabalho no Brasil e à erradicação do trabalho análogo ao de escravo. Brasília, OIT, 2010.

13 - PALO NETO, Vito. Conceito Jurídico e Combate ao Trabalho Escravo Contemporâneo. São Paulo, LTr 2008

14 - PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do Ambiente, Revista, atualizada e ampliada. 3ª ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2011.

15 - SENTO-SE, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade. São Paulo. LTR 2000;

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Legislações

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