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FACULDADES ICESP PROMOVE CURSO DE ENFERMAGEM RUTE GONÇALVES DA CUNHA SANDRA MARIA HELENA EVANGELISTA A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ÁGUAS CLARAS-DF 2013

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FACULDADES ICESP PROMOVE

CURSO DE ENFERMAGEM

RUTE GONÇALVES DA CUNHA

SANDRA MARIA HELENA EVANGELISTA

A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

ÁGUAS CLARAS-DF

2013

1

RUTE GONÇALVES DA CUNHA

SANDRA MARIA HELENA EVANGELISTA

A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM.

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à conclusão do curso de Bacharel em enfermagem apresentado a Faculdade Promove.

Orientador: Luiz Carlos Schneider

ÁGUAS CLARAS- DF

2013

2

A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

CUNHA, Rute Gonçalves da1

EVANGELISTA, Sandra Maria Helena1

SCHNEIDER, Luiz Carlos2

RESUMO

O presente estudo teve como preocupação uma análise sobre a importância da Antropologia na formação dos profissionais de Enfermagem. Buscou-se suporte teórico em várias publicações especializadas com a intenção de se extrair dessas pesquisas elementos que fundamentassem tal importância. Trata-se de uma pesquisa de duplo caráter, ou seja, qualitativa e quantitativa. Destaca-se seu caráter qualitativo fundamentou-se em estudo bibliográfico classificado como de leitura seletiva com o intuito de explorar os textos escolhidos e buscar informações específicas no que se refere ao objeto de pesquisa, com a intenção de sistematizar aspectos já apreendidos por diversos autores e aplicá-los à pesquisa. Configura-se como pesquisa quantitativa a partir da intenção de analisar a percepção de estudantes do oitavo semestre de enfermagem de uma instituição de ensino superior privada sobre a importância da Antropologia enquanto disciplina no referido curso. Para tanto se utilizou questionário com questões fechadas com a finalidade de produzir estatística analítica. Assim foi objetivo da pesquisa analisar a percepção da disciplina de antropologia da saúde na formação dos acadêmicos de enfermagem. Secundariamente objetiva-se destacar a importância de uma formação crítica dos profissionais de enfermagem em relação à ciência/doença e o ser humano em sua integralidade e demosntrar que a qualidade do ensino pode ser melhorada com relação ao tema apresentado. Concluiu-se com a pesquisa que 95% dos entrevistados se sentem influenciados pela disciplina ao adquirirem uma visão holística do processo de cuidar e 99% acreditam que para que um paciente recebe o devido cuidado é necessário enxergá-lo em suas várias instâncias e acolhê-lo com base no respeito à diversidade.

Palavras-chaves: Assistência de enfermagem. Cuidado. Antropologia.

Conhecimento.

ABSTRACT

The present study was concerned an analysis of the importance of anthropology in

training of nursing. We sought theoretical support in various publications with the

intention of extracting these research elements that would substantiate their

importance. This is a survey of dual character, ie, qualitative and quantitative. Stands

its qualitative character was based on bibliographic classified as selective reading in

order to explore the chosen texts and seek specific information regarding the

1 Formadas do curso de Enfermagem – ICESP-PROMOVE.

2 Professor orientador.

3

research object, with the intent to systematize aspects already seized by several

authors and apply them to research. Configured as quantitative research from the

intention to examine the perceptions of students in the eigth semester of nursing of a

private institution of higher education on the importance of anthropology as a

discipline in that course. For this we used closed questions in order to produce

analytical statistics. Thus objective of the research was to analyze the perception of

the discipline of anthropology of health training of nursing students. The secondary

objective is to highlight the critical importance of training of nurses in relation to

science / disease and the human being in its entirety and likely to demonstrate that

the quality of education can be improved with respect to the issue presented.

Concluded with the research that 95% of respondents feel influenced by the

discipline to gain a holistic view of the care process and 99% believe that a patient

receives proper care is necessary to see it in its various instances and welcome it

based on respect for diversity.

Keywords: Nursing care. Care. Anthropology. Knowledge.

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa teve como foco principal uma abordagem acerca da

importância da antropologia no processo formativo do profissional de enfermagem,

destacando a importância do ensino da humanização no contexto da integralidade

do paciente cuidado considerando as várias instâncias constituintes de seu ser.

É preciso, neste contexto entender o paciente não apenas como um

indivíduo que necessita de um cuidado específico sob demanda médica, mas como

ser que, mesmo em sua individualidade deve ser visto como pessoa que merece,

além do cuidado demandado, atenção e respeito por sua história de vida. Tal

entendimento faz parte dos conceitos divulgados por Laplantine (2003), o qual

afirma que desde que o homem se integrou em uma comunhão social a mútua

observação foi e, continua sendo, uma constante na vida humana. Todavia, tal

comportamento tão antigo quanto à própria humanidade, segundo as palavras do

autor, só começou a ser sistematizado num contexto científico a partir do final do

século XVIII, com a sistematização do saber a partir da objetivação do homem,

tornando-o o próprio campo de abordagens antropológicas (LAPLANTINE, 2003).

A intenção deste trabalho de pesquisa foi analisar as relações que os

estudantes de enfermagem têm com a disciplina de antropologia quando ainda estão

4

em formação acadêmica. Vale ressaltar que, neste processo formativo a história da

antropologia no âmbito da medicina se confunde com a própria história da

antropologia. Além de analisar a contribuição que essas várias escolas ofereceram

para esse campo de estudo, aponta-se o impasse atual que se está nele se

verificando considerando a dificuldade que algumas correntes sentem ao analisar o

indivíduo a partir de um olhar segregador ou limitador de suas potencialidades

(QUEIROZ; CANESQUI, 1986).

Com base na intenção da pesquisa foram levantandas algumas questões

norteadoras com a finalidade de comprovar a importância da antropologia no

processo de formação do profissional de enfermagem, com destaque para busca de

respostas sobre como o profissional de enfermagem pode utilizar o conhecimento

construído acerca da disciplina de antropologia na sua prática profissional; como o

estudante de enfermagem deve ser formado para que entenda, perceba e veja o ser

humano em sua integralidade, cuidando do paciente e não somente da doença; e

como pode ser possível oportunizar uma reflexão teórico-crítica em enfermagem

acerca de um novo paradigma, tendo como ponto de partida as percepções geradas

a partir da disciplina de antropologia de forma a contribuir para uma formação

profissional que supere o modelo hospitalocêntrico.

Assim, como forma de se chegar ao esclarecimento das questões acima

estabelecidas objetivou-se analisar a percepção da disciplina de antropologia da

saúde na formação dos acadêmicos de enfermagem. Secundariamente objetiva-se

destacar a importância de uma formação crítica dos profissionais de enfermagem em

relação à ciência/doença e o ser humano em sua integralidade e demosntrar que a

qualidade do ensino pode ser melhorada com relação ao tema apresentado.

5

MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi fundamentado num método misto de pesquisa quantitativo e

qualitativo e, no que se refere à questão qualitativa foram utilizadas bibliografias

orientadas com o intuito de se extrair conceitos chaves acerca da importância da

antropologia na formação dos profissionais de enfermagem, bem como sua

evolução, características e generalidades.

O estudo bibliográfico está classificado como o de leitura seletiva com o

intuito de explorar os textos escolhidos e buscar informações específicas no que se

refere ao objeto de pesquisa, com a intenção de sistematizar aspectos já

apreendidos por diversos autores e aplicá-los à pesquisa.

Contudo, também será utilizado o método quantitativo, observando que,

além de pesquisas bibliográficas, periódicos e em bases de dados será, também,

verificado o contexto relacionado à aplicação da antropologia na formação de

profissionais de enfermagem.

Segundo Richardson (1999, p. 189):

“Existem diversos instrumentos de coleta de dados que podem ser utilizados para obter informações acerca de grupos sociais, o mais comum entre estes instrumentos talvez seja o questionário (...)”.

“Geralmente, os questionários cumprem pelo menos duas funções: descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social”.

A pretensão quando da utilização de um questionário é de quantificar

informações (ou variáveis) e transformá-las em gráficos ou tabelas para possibilitar

uma análise mais dinâmica e concreta das estatísticas porventura produzidas.

Ainda de acordo com Richardson (1999, p. 124-125):

“O coeficiente estatístico relevante nas escalas nominais é o número de casos, porém, uma vez que se tenham formado classes ou categorias com vários indivíduos pode-se determinar a classe mais numerosa, o modo e, sob certas condições, pode-se testar pelos métodos de contingência, as hipóteses concernentes à distribuição de casos entre as classes”.

6

A pesquisa que ora se apresenta é do tipo descritiva, ao passo que se

dispõe a analisar, de forma mais aprofundada o possível o objeto em questão.

Desta forma, segundo Vergara (2005, p. 47):

“A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação”.

Caracterização da pesquisa

O presente estudo se caracterizou como uma pesquisa de revisão de

literatura com trabalho de campo, do tipo descritivo e de caráter exploratório, onde

foi realizado um trabalho observacional da amostra.

População e amostra

A amostra do estudo foi composta por estudantes de ambos os sexos

estudantes do oitavo semestre do curso de Enfermagem da faculdade ICESP-

PROMOVE, Águas Claras-DF. A amostra obedeceu ao seguinte critério de inclusão:

estudantes de enfermagem do oitavo semestre que aceitarem participar da pesquisa

através da resposta de questionário. O critério de exclusão se deu com base na

recusa na participação da pesquisa.

Local e período da pesquisa

Realizou-se a pesquisa numa entidade de ensino superior, em Águas

Claras-DF, no período pré-estabelecido num cronograma para a presente pesquisa.

7

Coleta de dados

Para a coleta de dados e informações foram utilizados vários

procedimentos metodológicos, tendo por base pesquisa em bibliografias referentes a

livros, textos, artigos científicos e outros, além de aplicação de questionário com

questões fechadas, bem como a realização de observações de campo.

Análise de dados

Os dados obtidos foram codificados, unificados, tabulados e organizados em

tabelas e gráficos, para estatística descritiva simples, sendo analisado e discutido

com base na literatura pertinente.

REFERENCIAL TEÓRICO

Assim como nas palavras de Esther Jean Langdon, em entrevista para a

Revista Brasileira de Enfermagem, a antropologia estende seu olhar para os

métodos ou procedimentos construídos a partir do coletivo e também leva muito em

consideração a subjetividade contida no sujeito. Vale ressaltar que, como

mecanismo de abordagem antropológica a narrativa é bastante utilizada para se

conseguir embrenhar no vasto campo da subjetividade do indivíduo (BECKER et al.,

2006).

Neste aspecto a narrativa se constitui como um método conta com

detalhes um determinado episódio ou evento, onde toda sua linha de raciocínio

evidencia e assinala todo o desencadeamento dos acontecimentos em uma

estrutura que respeita o princípio, o meio e o fim. Pode, neste sentido, descrever um

passado bem distante que, por vezes está envolto em um contexto mítico ou pode

descrever acontecimentos de uma história recente que envolve um indivíduo que

está inserido num plano social coletivo (BOEHS, 2000).

E é justamente por ser o homem um ser cultural, pois a cultura acaba por

8

influenciar todas as atitudes e atividades do indivíduo, sobretudo na sua maneira de

pensar e de estabelecer relações entre pensamentos, de tomar decisões em ações

individuais e coletivas, de articular seu comportamento diante de situações

específicas, é que a antropologia se impõe como um importante segmento do

conhecimento humano necessário e aplicável ao estudo de aspectos associados à

saúde, neste caso específico a enfermagem numa perspectiva de formação do

profissional, o qual será responsável por um comportamento moldado pelos padrões

necessários e exigíveis para o cuidado (CORTEZ; TOCANTINS, 2006).

Desta forma, associando a narrativa com o aspecto cultural inerente ao

ser humano, o diálogo é um dos fatores mais importantes no processo do cuidar de

enfermagem, pois o profissional em formação deve entender que é necessário

escutar o que o paciente tem a dizer e não apenas olhar para o que o prontuário de

atendimento está dizendo. Um trabalho humanizado quer dizer que ver o outro,

enquanto paciente, não é o bastante, ou seja, é necessário enxergá-lo em suas

várias instâncias, participar de suas angústias, saber de suas necessidades

específicas que, em muitos casos, nem estão relacionadas com sua demanda

patológica, mas suscitam cuidados e olhares mais abrangentes (CHAVES;

MASSAROLLO, 2009).

É muito importante relacionar a assistência de enfermagem, os cuidados

paliativos a uma proposta cuidadora com características humanizadas. Não se deve

entender tal assistência como uma obrigação, uma carga, mas como um processo

dirigido com respeito e solidariedade. Vale ressaltar que um sem número de

profissionais de enfermagem se vê desafiados na tentativa de promoção de uma

assistência pautada na qualidade, sem, no entanto, deixar de lado a questão

humana do cuidar (SANTANA et al., 2009).

Num momento em que as exigências de saúde aumentam, é uma

preocupação dominante para os enfermeiros exigir que o conhecimento da sua

prática seja validado cientificamente. Para o Enfermeiro, é precisamente o ser

humano, em toda a sua dimensão e vulnerabilidade, o objeto da sua prática

profissional. Por isso, mais do que o seu saber e saber-fazer (conhecimentos

técnicos e científicos), o enfermeiro deve também desenvolver o seu saber-ser e

saber- estar tanto com ele mesmo, como na relação com o utente/doente (COSTA,

2011).

9

É preciso considerar que alguns tipos de patologias só podem ser

explicados em sua integralidade ou mesmo entendidas em seu contexto se

profissionais de enfermagem estiverem coadunados com a dimensão sociocultural

que a mesma está inserida. Muitos relatos, ou melhor, dizendo, narrativas proferidas

em estudos antropológicos relacionados ao âmbito da medicina mostram

preocupação apenas em encontrar um método curativo que somente leva em

consideração a experiência do indivíduo com a doença propriamente dita, dando

explicações para corresponder a expectativas específicas que o paciente ou sua

família ou comunidade porventura tenham. Neste ponto específico é que se deve dar

um foco mais amplo no processo de formação do profissional de enfermagem no

contexto do cuidado, fazendo-o entender as necessidades ‘globais’ do paciente,

sobretudo no que diz respeito aos seus apelos emocionais (BÄCKSTRÖM, 2011).

Fazer o profissional de enfermagem em formação entender que a

narrativa da vida do paciente é um elemento de estrema valor e muita importância

no processo de cuidar, pois vai dar subsídios para ajudá-lo a entender aspectos

culturais inerentes a todos nós e, no caso também ao paciente, tais como crenças,

valores, anseios etc. É, portanto, preciso entender e fazer entender que o cuidado

ou a assistência de enfermagem está diretamente ligada às relações humanas, uma

vez que lida de forma direta com uma especificidade de valores e crenças

individuais de cada paciente (CHAVES, 2006).

10

Compreendendo que tal abordagem antropológica no processo de

formação do profissional de enfermagem ou mesmo no processo do cuidar tem a

capacidade de garantir aos profissionais de saúde entender as complexidades

inerentes aos relacionamentos interpessoais e direcionar sua prática no dia a dia

profissional com maior clareza, entendimento e aceitação do paciente, ou cliente

doente, dando um toque pessoal ou particular no entendimento do processo e que o

paciente se encontra inserido (IGOR, 2010).

Portanto, conhecer os aspectos socioculturais permeados pela doença e

narrados pelo paciente é de fundamental importância na prática cuidativa dos

profissionais de enfermagem, pois terão a capacidade de entender como elementos

culturais, tais como as crenças e valores, podem influenciar tanto na narrativa do

paciente descrevendo suas queixas quanto na forma de compreender esta narrativa,

o que irá influenciar de maneira decisiva no processo de cuidado (COSTA, 2011).

A assistência de enfermagem pode ser entendida como o cuidado

prestado ao paciente, sobretudo em unidades hospitalares. Tem uma associação

direta com o manejo da dor, no cuidado de demandas específicas, entretanto há

profissionais especificamente orientados e formados para este tipo de assistência. É

preciso ressaltar que nesse momento onde, mesmo que o profissional de

enfermagem deva estabelecer uma ligação íntima ou uma identificação com o

paciente, ele aprende a desenvolver métodos psicológicos com a finalidade de se

defender diante de tal envolvimento (SIMONI; SANTOS, 2003).

Considerando tais preceitos parece contraditório falar em uma formação

do profissional de enfermagem com bases antropológicas, todavia,

“O modo como o enfermeiro representa a problemática da saúde e da doença poderá revelar se essa problemática se mostra culturalmente competente e/ou politicamente conforme. [...] É por isso que é tão importante perceber que modelos são elaborados para interpretar o fulcro problemático da ação do cuidar, que, a meu ver, é formado pela diferença e/ou pela identidade que se estabelece entre a saúde e a doença” (COSTA, 2011, p. 8).

Hoje em dia é preciso levar vários aspectos culturais em consideração

quando o assunto é o cuidar e um aspecto muito relevante está associado à

diversidade cultural. Essa diversidade instiga a lançar novos olhares e calcular novas

11

práticas inerentes ao cuidade de saúde buscando sempre uma coerência neste

processo cuidativo, considerando sempre uma prática coordenada e não isenta dos

contextos individualizados e socioculturais dos pacientes. Urge entender, desse

modo, que tanto a cultura quanto o entendimento das diversidades culturais irão

oferecer o melhor caminho ou adequações para uma prática que leve em

consideração as necessidades integrais de uma sociedade veementemente

contemporânea. Sem dúvida não há que contextar que desafios são constantes e

integram uma rede de discussões saudável para a formação do profissional de

enfermagem, pois estes acabam tendo que entender que é necessário estar

sintonizado com elementos transculturais, interculturais e/ou mesmo multiculturais,

tal como a capacidade de conviver e respeitar as diferenças alheias (NUNES;

RAMOS, 2011).

As mesmas autoras ainda enfatizam que “conhecemos pouco sobre os

outros, sobretudo o outro doente e o nosso etnocentrismo, [...], pode levar-nos a não

valorizar convenientemente alguns aspectos identitários e comportamentais”, o que

pode ocasionar um aumento da dor, além de provocar profundas marcas àqueles

entregures aos cuidados de um profissional com tal perfil (NUNES; RAMOS, 2011, p.

75).

Assim, é preciso entender a necessidade de que o processo comunicativo

entre os pacientes e profissionais de enfermagem deve abranger várias formas de

linguagem, sobretudo a não verbal, devendo esse profissional estar preparado para

ouvir, sentir e perceber as necessidades e intenções do paciente. Quando um

enfermeiro se encontra apto para se comunicar de várias formas, ele tem a

capacidade de diminuir o sofrimento oriundo da internação, bem como pode facilitar

o processo avaliativo da assistência de enfermagem (SILVA, 2003).

É bom destacar que as ações de assistência de enfermagem ligada ao

caráter humanístico e terapia paliativa vão além da prática de certos procedimentos

técnicos. Pequenas ações na assistência de enfermagem, tais como um toque, um

determinado carinho, trazem apreciações de atitudes e momentos de relativo prazer

por parte do paciente. Isso promove um aumento na qualidade de vida que ainda

resta para si. (CARVALHO; MERIGHI, 2005).

Ainda nessa linha de argumentação é muito importante para os

profissionais de enfermagem que promovem a assistência a pacientes, sobretudo

12

em estado grave, possuírem conhecimentos além de sua área profissional, tais

como filosofia, sociologia e, sobretudo antropologia. Nesse sentido devem possuir

habilidade para proceder ao cuidado do tratamento da dor, não aquela física

somente, mas também a dor espiritual e a dor emocional (RODRIGUES; ZAGO,

2003).

É comum observar entre enfermeiros o entendimento de que o paciente

em estado grave é merecedor de um cuidado duradouro e contínuo, uma vez que se

apresenta como um paciente diferencial, que não depende de suas capacidades

terapêuticas. Esse entendimento deve estar compreendido desde as ações e

simples rotinas até uma assistência mais específica e complexa que possa

possibilitar uma qualidade no cuidado (CHAVES, 2006).

Em pesquisa realizada por Araújo (2006), num universo de 39 pacientes

terminais, revelou-se que tais pacientes tinham o desejo de serem tratados com o

máximo de humanidade uma vez que, além da dor física, eram detentores de

problemas de cunho existencial e outras necessidades humanas básicas,

principalmente no tocante a relacionamentos pessoais e familiares.

Nesse sentido é preciso destacar que o conceito de humanização ou

cuidado holístico aponta para uma relação de troca e mudança de valores não

apenas no ambiente profissional, mas também nas relações interpessoais através da

percepção de que todo e qualquer indivíduo é um ser constituído de relações, uma

vez que em se tratando de humanização do cuidado do paciente, isso só ocorre

porque se tem a consciência das influências socioculturais (SANTANA et al., 2009).

Com base nesse processo de assistência de enfermagem humanizador,

“É preciso resgatar de forma mais ampla o valor do cuidado que ficou em segundo plano ante a busca da cura das doenças, e que num sentido mais amplo, abrange aspectos humanos, espirituais e sociais. Estes cuidados são necessários à reabilitação dos pacientes, para que possam conviver com suas limitações, ou seja, mesmo que eles não tenham possibilidade terapêutica de cura clínica, que possam ter a sua condição de ser humano e ser social ativo, não apenas na dimensão biológica” (CHAVES; MASSAROLLO, 2009, p. 31).

Uma assistência de enfermagem caracterizada pela dignidade e

humanização, que vá além das possibilidades tecnológicas aplicadas nos pacientes

13

terminais é imbuída de outras características, conforme aponta Zoboli (2003, p. 38):

“[...] o cuidar é mais que um ato ou momento de atenção, zelo e desvelo. É uma atitude. E por atitude, nessa situação, entende-se a fonte geradora de muitos atos que expressam a preocupação, a responsabilização radical e a aproximação vincular com o outro. Cuidar, portanto, configura uma atitude que possibilita a sensibilidade para com a experiência humana, reconhecendo o outro como pessoa e sujeito”.

Assim, tal reconhecimento e sensibilidade com o próximo deve estar

presente na prática de todo e qualquer profissional, não apenas na prática do

enfermeiro. Mas deve ainda ser mais presente na assistência de enfermagem do

paciente terminal, pois este se encontra por de mais fragilizado em decorrência de

vários motivos, e o principal deles é a sua própria condição de saúde.

14

RESULTADOS

De acordo com a aplicação do questionário os resultados da pesquisa

podem ser observados nos gráficos a seguir.

Ao ser questionado sobre a consideração acerca do processo pedagógico

da instituição, no que diz respeito sobre sua crença sobre se o estudo da disciplina

de antropologia pode formar um profissional mais crítico em relação a sua

assistência de enfermagem, a população respondeu o seguinte:

Gráfico 1

Fonte: Pesquisa das autoras (2013).

Os acadêmicos do oitavo semestre ao serem questionados sobre a

importância da disciplina de antropologia foram enfáticos na resposta, com 64%

afirmando a importância e 36% negando-a.

64%

36%

Sim

Não

15

Gráfico 2

Fonte: Pesquisa das autoras (2013).

Ao serem questionados se acreditam que o conhecimento adquirido com

a disciplina de antropologia pode ser aplicado no desenvolvimento das atividades de

enfermagem a grande maioria, com 92% do total, respondeu que sim e apenas 8%

responderam que não.

Gráfico 3

Fonte: Pesquisa das autoras (2013).

92%

8%

Sim

Não

44%

56%

Sim

Não

16

Em relação ao questionamento, tomando por base o conteúdo ministrado

em antropologia, se sente preparado para atuar conforme as propostas do SUS e a

realidade social/capitalista que atualmente a área da saúde se encontra percebe-se

que a maioria respondeu que não se encontra preparada, com 56% da resposta.

Aqueles que se dizem preparados correspondem a 44% da amostra.

Gráfico 4

Fonte: Pesquisa das autoras (2013).

Em questionamento sobre qual procedimento tem adotado em estágio

para tornar a sua assistência mais crítica e humanizada 42% responderam que

estão se adaptando de acordo com o ambiente, 8% estão utilizando metodologias

diferenciadas e 50% trabalhando em grupo. Ninguém admitiu estar trabalhando

individualmente.

42%

8%

50%

Adaptando de acordo com o ambiente

Utilizando metodologias diferenciadas

Trabalhando em grupo

17

Gráfico 5

Fonte: Pesquisa das autoras (2013).

Quando questionados se a disciplina de antropologia pode influenciar o

profissional de enfermagem no sentido de fazê-lo ter uma visão holística e mais

crítica acerca do cuidado em enfermagem, 95% foram enfáticos em dizer que sim,

ao passo que apenas 5% da amostra disse que não.

Gráfico 6

Fonte: Pesquisa das autoras (2013).

95%

5%

Sim

Não

99%

1%

Sim

Não

18

Sobre o questionamento se a pessoa considera que para que o paciente

receba uma assistência de enfermagem humanizada é necessário enxergá-lo em

suas várias instâncias, participar de suas angústias, saber de suas necessidades

específicas que, em muitos casos nem estão relacionadas com sua demanda

patológica 99% disseram que sim e apenas 1% disse que não.

DISCUSSÃO

Entende-se de grande importância a ministração da disciplina de

antropologia em cursos da área de saúde, destacando a enfermagem pela sua

importância no processo de cuidado e relação com o paciente ou ente cuidado. Essa

disciplina, conforme pode ser verificado na sua estrutura ementária revela

preocupação expressa com o alargamento do conhecimento acerca do sujeito que

se coloca na posição de cuidado. Ressalta-se que um dos elementos básicos

constituintes da disciplina de antropologia é justamente a busca pela compreensão

do ser humano em sua integralidade e instâncias, mostrando-se completamente

compatível com a conceituação de humanização (RABUSKE, 2003).

Os conteúdos antropológicos aplicados no âmbito acadêmico, sobretudo

aqueles sistematizados a partir de literatura científica e bibliografias clássicas

geralmente oferece uma espécie de modelo etiológico, com esquematizações

explicativas e modelos terapêuticos de modo que seja interpretado em conformidade

com as demandas ou respostas de pacientes inseridos num contexto de cuidado ou

de saúde-doença. Interessante ressaltar que através de tais esquemas é possível

acessar a natureza das representações e valores constituídos de forma sociais pelos

sujeitos que se encontram adoecidos (LAPLANTINE, 2004).

Muito pertinente salientar que sendo consenso nas abordagens

antropológicas acerca de saúde e doença, que no âmbito dos trabalhadores o

processo de adoecimento só é levado em consideração e interpretado na sua

amplitude e, consequentemente tratado se tal processo trouxer algum tipo de

incapacitação que tire o indivíduo do seu circuito social, ainda que temporariamente,

ressaltando o papel do trabalho neste contexto. Tal conceito é esclarecedor, pois a

incapacitação física traz outras constantes alienantes, como a dificuldade de cuidar

19

da família e manter o status social, trazendo ao indivíduo um veemente sofrimento

(MELO et al., 2011).

E o elemento terminológico sofrimento é bastante tratado e discutido no

âmbito disciplinar da Antropologia, considerando neste aspecto o sofrimento como

elemento que constitui o próprio mundo social, estando às análises antropológicas

debruçadas sobre o estudo de sociedades e culturas no que se refere ao processo

de adoecimento, estabelecendo sua associação com as normatizações sociais,

inclusive relacionando ética, moral e cultura no processo de cuidar. Este sofrimento

pode ser entendido e interpretado de várias formas, tal como a própria disciplina

sugere, ou seja, trata-se de uma desordem orgânica, aflição, perturbações que,

invariavelmente acometem e transtornam a vida da pessoa doente (VICTORA,

2011).

E é por isso que tantos estudantes e profissionais se sentem

influenciados pela Antropologia, tal como pôde ser observado nos resultados da

presente pesquisa. Percebe-se que tanto nas atividades de assistência ou cuidado

e pesquisa, ao se entrar em contato com o doente fragilizado, sôfrego, percebe-se

uma narrativa que vai além da anamnese e especificidades do seu processo de

adoecimento. E é justamente onde reside a importância da Antropologia na

formação dos profissionais de enfermagem, pois sabe-se que todas as informações

obtidas junto aos doentes devem ser contextualizadas de acordo com a realidade de

quem narra, obrigando o entrevistador a compreender sua narrativa e, para isso

deve-se colocar numa posição de compreensão da realidade do entrevistado. Ou

seja, “na antropologia, as narrativas sempre foram consideradas como a principal

expressão usada pelas pessoas para contarem suas sagas coletivas ou individuais

(conquistas, derrotas, dramas pessoais, alegrias, aflições) (SILVA; TRENTINI, 2002,

p. 424)”.

O olhar antropológico em qualquer área do conhecimento, mas com

ênfase no âmbito da Enfermagem, exige uma postura livre de julgamentos ou

preconceitos diante da diversidade, especialmente sob o ponto de vista étnico-

cultural, obrigando o profissional de enfermagem a adaptar seus próprios valores e

conhecimentos de modo a expressar sua percepção de mundo de forma a orientar

suas práticas para que compreenda as necessidades e anseios do outro e aprimore

sua prática do cuidar (LANGDON; WIIK, 2010).

20

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na ementa analisada observou-se que a mesma é descrita,

também, como ciência aplicada à saúde, compreendendo-se que, neste sentido

também se aplica à Enfermagem. Sendo aplicada no primeiro semestre e com carga

horária de 40 horas verificou-se que seus objetivos e conteúdo contempla a

abordagem das dimensões constituintes do conceito de cuidado e humanização,

dando direcionamento para um acolhimento aprimorado dos pacientes residentes

em uma determinada realidade demandante de atenção e cuidados.

Tal entendimento coligado com a disposição teórica disponibilizada

através do conteúdo programático ressaltando, entretanto a ausência deste contexto

uma especificidade relacionada a um compartilhamento de referenciais teóricos,

ainda assim sugere uma estreita relação com as especificidades da enfermagem e

seus conteúdos teórico-práticos relacionados com o cuidado e humanização

aplicada a uma realidade assistencial específica.

Estabelecendo uma comparação com a ementa utilizada como parâmetro

comparativo para o desenvolvimento da presente pesquisa é necessário salientar

que, muito embora tal ementa tenha se auto descrito como ciência da saúde,

subentendendo-se como ciência também aplicada à enfermagem e com

apresentação de carga horária meramente teórica, sem contemplação de atividades

ou conversões práticas, é perfeitamente viável sua aplicação no âmbito da

humanização considerando-se uma realidade in loco através de reflexões a partir

dos conteúdos abordados em sala de aula. Não se está sugerindo uma aplicação

direta na prática de enfermagem, mas que seja levando em consideração o

conhecimento apreendido e incorporado na assistência, observando princípios

básicos como humanização e cuidado no desenvolvimento do trabalho no âmbito da

enfermagem.

Há ainda que se ressaltar sobre a vivência nos estágios através da

disciplina de antropologia. O que houve, não raras vezes, é que não há nenhuma

aplicabilidade prática dos elementos disciplinares antropológicos no dia a dia do

profissional de enfermagem, o que, a nosso ver está muito errado. Acreditamos que

é justamente através da antropologia que conseguimos ampliar a visão holística do

21

cuidado, tanto no que diz respeito ao aspecto biopsicossocial quanto espiritual.

Essa visão holística do cuidar, cremos veementemente, é, em grande

parte moldada pelos conhecimentos construídos a partir da disciplina de

antropologia e isso nos faz profissionais preocupados com o ser cuidado, fazendo-

nos mais preparados para compreendê-lo em suas várias instâncias.

22

REFERÊNCIAS

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medicamento”: necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos.

São Paulo: Escola de Enfermagem da USP, 2006. (Dissertação de Mestrado).

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antropologia: entrevista com Esther Jean Langdon. Revista Brasileira de

Enfermagem, v. 62, n. 2, p. 323-6, 2006.

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am. Enfermagem, v. 8, n. 3, p. 5-10, 2005.

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percepção de mulher com câncer: uma atitude fenomenológica. Ribeirão Preto:

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP, 2005.

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dilemas éticos relacionados a pacientes terminais em Unidades de Terapia Intensiva.

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CHAVES, A.A.B. Percepção de enfermeiros sobre dilemas éticos relacionados a

pacientes terminais em Unidade de Terapia Intensiva. São Paulo: USP, 2006.

(Dissertação de Mestrado).

CORTEZ, E. A.; TOCANTINS, F. R. Em busca de uma visão antropológica no

Programa de Saúde da Família. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 59, n. 6, p.

800-4, 2006.

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pelos enfermeiros no contexto multicultural da prestação de cuidados da UCCI

da Santa Casa da Misericórdia de Portimão. Lisboa: Faculdade de Ciências

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23

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NUNES, M. N.; RAMOS, N. Cuidar em contexto de diversidade cultura:

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QUEIROZ, M. S.; CANESQUI, A. M. Antropologia da medicina: uma revisão teórica.

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RODRIGUES, I.G.; ZAGO, M.M.F. Enfermagem em cuidados paliativos. O Mundo

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SANTANA, J.C.B. et al. Cuidados paliativos aos pacientes terminais: percepção da

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SIMONI, M; SANTOS, ML. Considerações sobre cuidado paliativo e trabalho

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ZOBOLI, E.L.C.P. Bioética do cuidado: a ênfase na dimensão relacional. Rev

Estima, v. 1, n. 1, 2003.

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APENDICE

APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

ENTREVISTA PARA A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Este questionário faz parte do estudo das alunas Rute Gonçalves da Cunha e Sandra Maria Helena Evangelista que estão realizando como pré-requisitos a sua graduação em Bacharel em Enfermagem, na FACULDADE PROMOVE em 2013, e tem por objetivo identificar “A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM”. Para tanto, solicito a sua colaboração no preenchimento do questionário.

Rute Gonçalves da Cunha; Sandra Maria Helena Evangelista.

Questão 1

1) Considerando o processo pedagógico da instituição, você acredita que o estudo

da disciplina de antropologia pode formar um profissional mais crítico em relação a

sua assistência de enfermagem?

Questão 2

2) Você acredita que o conhecimento adquirido com a disciplina de Antropologia

pode ser aplicado no desenvolvimento das atividades de enfermagem?

Questão 3

3) Conforme o conteúdo ministrado em antropologia, você se sente preparada (o)

para atuar conforme as propostas do SUS e a realidade social/capitalista, que hoje

a área da saúde se encontra?

Questão 4

4) Qual procedimento você tem adotado em estágio para tornar a sua assistência

mais crítica e humanizada?

( ) Adaptando de acordo com o ambiente ( ) Trabalhando em grupo

( ) Utilizando metodologias diferenciadas ( ) Trabalhando individualmente

Questão 5

5) A disciplina de Antropologia pode influenciar o profissional de enfermagem no

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sentido de fazê-lo ter uma visão holística e mais crítica acerca do cuidado?

Questão 6

6) Você considera que para que o paciente receba uma assistência de enfermagem

humanizada é necessário enxergá-lo em suas várias instâncias, participar de suas

angústias, saber de suas necessidades específicas que, em muitos casos, nem

estão relacionadas com sua demanda patológica.

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ANEXO

EMENTA DA DISCIPLINA ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA

APLICADA A SAÚDE

Curso de Enfermagem

PLANO DE ENSINO

DISCIPLINA Antropologia e Sociologia Aplicada à Saúde

PROFESSOR Luis Carlos Schneider

CARGA HORÁRIA TURMA SEMESTRE

TOTAL SEMANAL 1º Semestre Matutino Turma I 1º/2013

40 2

EMENTA

Sociologia aplicada à Saúde. Antropologia aplicada à Saúde. Enfermeiro e as ciências sociais. Estudo sobre as condições sócio-culturais e de saúde envolvendo as minorias raciais.

OBJETIVO

GERAL

Desenvolver o ensino reflexivo dos impactos causados pelo desenvolvimento biológico e cultural do homem na história. Permitir análise dos aspectos sociais e humanos relacionados ao favorecimento da saúde. Explanar sobre as ideologias, a visão de homem e do modelo de prestação de assistência à saúde sob a ótica capitalista moderno. Situar o aluno a identificar as influências ideológicas, sociológicas e antropológicas no Cuidado de Enfermagem.

ESPECÍFICOS

Ao término da disciplina o aluno deverá: a) Compreender as relações do Homem em sociedade, cultura, poder e regimes políticos, relação das minorias étnicas raciais com a saúde; b) Saber contextualizar o processo saúde/doença; c) Compreender a construção social do modelo de assistência à saúde; d) Compreender a dinâmica das relações complexas das estruturas antropológicas na construção do ?ser? social; e) Compreender e associar os conceitos da ciência cognitiva e neurociência com os conceitos da antropologia; f) Compreender o papel social do corpo na política e no poder e suas implicações no processo saúde/doença; e g) Estabelecer as ligações e correlações dos conhecimentos adquiridos com a prática profissional e o modo de vida.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE I: SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE a) Sociologia e as relações de interdependência para com a saúde. b) Construção social do Homem. c) O ser e fazer humanos. d) O Homem como fruto e construtor do meio onde vive. e) Sociologia médica e Sociologia da Saúde. f) Sociologia da saúde e a reforma sanitária. UNIDADE II: ANTROPOLOGIA APLICADA À SAUDE a) O estudo do Homem por inteiro. b) Corporeidade: usos e narrativas sociais do corpo. c) Relações Cérebro/Mente/Cultura e Representações Sociais. d) Mitos e lendas sobre saúde e doença. e) Medicina popular e medicina científica. UNIDADE III: O ENFERMEIRO E AS CIÊNCIAS SOCIAIS a) Implicações teórico/práticas para a formação profissional. b) Responsabilidade social e cidadania na abordagem profissional ao atender e compreender o universo das minorias étnico-raciais de populações minoritárias. c) Implicações sociais nas políticas públicas de saúde.

METODOLOGIA

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Facilitar a apropriação, pelo educando, das seguintes competências e habilidades: - Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade: as explicações das Ciências

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Sociais, amparadas nos vários paradigmas teóricos, e as do senso comum. - produzir novos discursos sobre as diferentes realidades sociais, a partir das observações e reflexões realizadas; - construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida cotidiana, ampliando a ?visão de mundo? e o ?horizonte de expectativas?, nas relações interpessoais com os vários grupos sociais; - Compreender o processo saúde doença como fenômeno social e ser capaz de argumentar sobre o tema. ESTRATÉGIA DE ENSINO: Aprender a ser, conviver, conhecer e fazer são os quatro pilares do Paradigma de Desenvolvimento Humano e a fundamentação didático/pedagógica da disciplina. Atendendo esta fundamentação, as aulas são voltadas para a reflexão, análise e crítica pelos estudantes, de maneira que, compreendam e assimilem os conceitos e sejam capazes de formular uma síntese. As aulas são sempre dialogadas e reforçadas com recursos audiovisuais. Fazer pensar, refletir, expressar o pensamento, compreender e relacionar o conteúdo da disciplina com seu mundo particular e o futuro profissional é a principal estratégia de aprendizado. Para o protagonismo e construção de seu próprio processo de aprendizado, são criadas situações de estímulo aos estudantes tais como: facilitar sua expressão, estimular seu raciocínio, expressar sua criatividade, assumir responsabilidades e desenvolver a autodisciplina. Para tanto, as aulas são fundamentadas na pedagogia ativa com contextualização e problematizarão sobre o conteúdo. Cada aluno terá um portfólio com material de pesquisa, anotações próprias e respostas de questionários pertinentes a cada tema. Serão realizados seminário e trabalhos em grupo com roda de análise.

ESTRUTURA DE APOIO

Retroprojetor; Datashow;Televisão e DVD;CD-ROM;Internet;Pesquisa Bibliográfica;Filmes temáticos.