planejamento das medições (aula 5)

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PLANEJAMENTO DAS MEDIÇÕES rso “Delineamento de um projeto de pesquisa” (aula ndra do Lago Moraes stituto de Medicina Tropical, Universidade de São P io de 2012

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Page 1: Planejamento das Medições (aula 5)

PLANEJAMENTO DAS MEDIÇÕES

Curso “Delineamento de um projeto de pesquisa” (aula 5)Sandra do Lago MoraesInstituto de Medicina Tropical, Universidade de São PauloMaio de 2012

Page 2: Planejamento das Medições (aula 5)

MEDIÇÕES• descrevem fenômenos em termos

que podem ser analisados estatisticamente

• A validade de um estudo depende da capacidade que as variáveis delineadas têm de representar os fenômenos de interesse

Page 3: Planejamento das Medições (aula 5)

Escolha da escala da medida influencia o seu conteúdo informativo

As medidas devem ser:Precisas- livres de erro aleatórioAcuradas- livres de erro sistemático

Minimizar o erro de medição

Page 4: Planejamento das Medições (aula 5)

VARIÁVEIS• tudo aquilo que estudamos por meio

da detecção de evidências (dados, resultados, sejam qualitativos ou quantitativos)

• Características que variam de sujeito a sujeito

Page 5: Planejamento das Medições (aula 5)

Variáveis • Variável preditora (independente): é a

que precede ou é pressuposta biologicamente como antecedente

• Variável de desfecho (dependente)

Page 6: Planejamento das Medições (aula 5)

Mas, dependem de quê?• Dependem umas das outras• conceito relativo: não existe uma variável que seja

sempre dependente ou sempre independente• Mas, a definição delas no estudo é fundamental,

pois auxilia na elaboração do delineamento experimental

• Variável independente faz parte da condição dos grupos experimentais

• Variável dependente será aquela quantificada como resultado dessa condição experimental

Page 7: Planejamento das Medições (aula 5)

VARIÁVEIS CATEGÓRICAS (QUALITATIVAS)

Fenômenos que não são facilmente

quantificáveis

Dicotômicas(dois valores possíveis)

NominaisEx.: Morto/vivo, macho/fêmea

Policotômicas(mais de duas

categorias)

Nominais(categorias

não ordenadas)

tipo sanguíneo, estado vital

Ordinais(categorias ordenadas)

Grau de dor

Page 8: Planejamento das Medições (aula 5)

VARIÁVEIS QUANTITATIVAS

Têm intervalos quantificados

Contínuas(escala infinita de

valores)

Massa corpórea,níveis plasmáticos de

glicose,

Discretas(escala finita de

valores)

No de tumores, No de cigarros/dia

Page 9: Planejamento das Medições (aula 5)

Precisão (ou Reprodutibilidade, confiabilidade, consistência)Medida precisa é aquela que é reprodutível (i.e.

cujos valores são semelhantes em cada medição)

• É afetada pela erro aleatório (acaso)• Três principais fontes de erro nas medidas

•Variabilidade do observador•Variabilidade do instrumento•Variabilidade do sujeito

Page 10: Planejamento das Medições (aula 5)

Avaliação da precisão• Reprodutibilidade intra-observador: um único observador

realiza medições repetidas em um conjunto de sujeitos ou espécimes

• Reprodutibilidade interobservador: diferentes observadores realizam medições em um conjunto de sujeitos ou espécimes

• Reprodutibilidade intra-instrumento: um único instrumento é usado para medições repetidas em um conjunto de sujeitos ou espécimes

• Reprodutibilidade inter-instrumento: instrumentos diferentes são usados para medições em um conjunto de sujeitos ou espécimes

Page 11: Planejamento das Medições (aula 5)

Estratégias para melhorar a precisãoEstratégia Fonte de erro aleatórioPadronização dos métodos de medição na manual de operações

Observador/ sujeito

Treinamento e certificação do observador

Observador

Otimização do instrumento Instrumento ou observador

Automatização do instrumento Observador/ sujeitoRepetição da medição Observador, sujeito e

instrumento

Page 12: Planejamento das Medições (aula 5)

Acurácia (ou exatidão)Capacidade de representar realmente o que

deveria representar • É função do erro sistemático, quanto maior o

erro, menor a acurácia• Viés do observador• Viés do sujeito• Viés do instrumento

Page 13: Planejamento das Medições (aula 5)

Avaliação da Acurácia (ou exatidão)

Comparação com um padrão-ouro (uma técnica de referência considerada como acurada)

Page 14: Planejamento das Medições (aula 5)

Estratégias para melhorar a acurácia

ESTRATÉGIA FONTE DE ERROPadronização dos métodos de medição

Observador ou sujeito

Treinamento e certificação dos observadores

Observador

Otimização dos instrumentos InstrumentoAutomatização de instrumentos Observador/ sujeitoRealização de medições não-intrusivas

Sujeito

Cegamento Observador/ sujeitoCalibração do instrumento instrumento

Page 15: Planejamento das Medições (aula 5)

Precisão e acurácia da medidaPRECISÃO ACURÁCIA

Definição Grau em que uma variável tem valores semelhantes quando medida várias vezes

Grau em que uma variável realmente representa o que deveria representar

Melhor forma de avaliar

Comparação entre várias medidas

Comparação com um padrão de referência

Importância para o estudo

Aumento do poder estatístico para detectar os efeitos esperados

Aumento da validade das conclusões

Ameaçada por Erro aleatório (acaso) causado pelo• Observador• Sujeito• instrumento

Erro sistemático (viés) causado pelo• Observador• Sujeito• instrumento

Page 16: Planejamento das Medições (aula 5)

Precisão x Acurácia

Alta precisãoBaixa acuráciaAlta precisãoAlta acuráciaBaixa precisãoBaixa acuráciaBaixa precisãoAlta acurácia

Page 17: Planejamento das Medições (aula 5)

Validade

• Validade de conteúdo• Aparente- julgamento subjetivo sobre se uma

medida faz sentido intuitivamente, se é razoável• Amostral- avalia se a medida incorpora todos ou a

maioria dos aspectos do fenômeno estudado• Validade de construto- capacidade de uma medição

de se encaixar dentro da concepção teórica (construto) sobre o fenômeno em estudo

• Validade relativa ao critério- grau em que a medida correlaciona-se com um critério externo ao fenômeno investigado. Variação: validade preditiva

Tipo especial de acurácia: grau em que a medida representa o fenômeno de interesse, quando esse é subjetivo e abstrato

Page 18: Planejamento das Medições (aula 5)

Outras características de abordagens de uma medição

• Sensível• Específica• Adequada ao objetivo do estudo• Fornecimento de ampla distribuição

de resposta• Objetiva

Page 19: Planejamento das Medições (aula 5)

Classifique as seguintes variáveis em dicotômica, nominal, ordinal, contínua ou discreta ordenada. Algumas delas poderia ser modificada para aumentar o poder estatístico? Como?• Sexo• Idade• Escolaridade (ensino médio completo/ sem

ensino médio)• Escolaridade (número total de anos cursados)• História de infarto (presente/ausente)• Quantidade de bebida alcoólica ingerida (em

número de doses diárias)• Depressão (nenhuma, leve, moderada, grave)• Oclusão das artérias coronarianas (%)• Hipercolesterolemia (>250 mg/dL, <250 mg/dL)

dicotômica

dicotômica

dicotômica

dicotômica

contínua

discreta

Discreta ordenada (contínua)

Discreta ordenada (contínua)

ordinal

Page 20: Planejamento das Medições (aula 5)

Considere a seguinte questão de pesquisa: • “O peso corporal em crianças de 1

ano é indicativo do número de consultas de pronto-atendimento durante o ano seguinte?”

• Você planeja um estudo de coorte prospectivo, medindo o peso corporal com uma balança infantil

Page 21: Planejamento das Medições (aula 5)

Você percebe os problemas listados adiante na hora de pré-testar suas medições.

• Quando os bebês estão com medo, tendem a sair da balança, e o observador deve contê-los na balança para poder completar a medição

• Se o bebê estiver muito agitado, o indicador da balança sofre fortes oscilações

• Ao pesar um peso de referência de 4 kg na balança 20x, o peso médio é 4,01 ± 0,4 kg (média ± DP)

• Ao pesar um peso de referência de 4 kg na balança 20x, o peso médio é 4,2 ± 0,01 kg (média ± DP)

• Alguns bebês são levados ao ambulatório imediatamente após terem comido, enquanto outros estão com fome: alguns dos bebês estão com as fraldas molhadas

Page 22: Planejamento das Medições (aula 5)

Esses problemas devem-se à falta de acurácia, de precisão ou de ambos? O problema deve-se principalmente à variabilidade do observador, do sujeito ou do instrumento? E o que pode ser feito sobre ela?

• Quando os bebês estão com medo, tendem a sair da balança, e o observador deve contê-los na balança para poder completar a medição

→ perda de acurácia e precisãoAcurácia: alteração do peso (↑ou↓) Precisão: oscilação no peso- Variabilidade: sujeitos- Solução: pesar o pai ou a mãe com e sem o bebê ao colo e então subtrair a diferença

Page 23: Planejamento das Medições (aula 5)

• Se o bebê estiver muito agitado, o indicador da balança sofre fortes oscilações

Problema principal: precisão, pois o indicador da balança irá oscilar em torno do peso real (se a balança estiver bem calibrada)

Variabilidade: sujeitos

Solução: igual à anterior

Page 24: Planejamento das Medições (aula 5)

• Ao pesar um peso de referência de 4 kg na balança 20x, o peso médio é 4,01 ± 0,4 kg (média ± DP)

Problema: Precisão- defeito na balança?Variabilidade: instrumentoSolução: conserto ou substituição Ou...Problema: Acurácia- erro do observador se a leitura foi feita antes de o indicador estar estabilizadoVariabilidade: observadorSolução: treinamento e teste do observador.

Page 25: Planejamento das Medições (aula 5)

• Ao pesar um peso de referência de 4 kg na balança 20x, o peso médio é 4,2 ± 0,01 kg (média ± DP)

Problema: Acurácia- erro no equipamento de medição

Variabilidade: instrumento

Solução: calibração da balança

Page 26: Planejamento das Medições (aula 5)

• Alguns bebês são levados ao ambulatório imediatamente após terem comido, enquanto outros estão com fome: alguns dos bebês estão com as fraldas molhadas

Problema: Acurácia- pois os pesos variam se comeram ou “molharam a fralda” antes do exame.

Variabilidade: sujeito

Solução: instrução das mães a não alimentar os bebês nas 3 h anteriores ao exame e pesando todos bebês sem roupa

Page 27: Planejamento das Medições (aula 5)

Aula baseada no capítulo 4 do livro Delineando a Pesquisa Clínica. Uma

abordagem epidemiológica. Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady D,

Hearst N, Newman TB. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.