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Módulo 1 – Gestão Ambiental 1 1 BREVE HISTÓRICO DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA Objetivo O primeiro bloco da disciplina Gestão Ambiental divide-se em quatro tópicos principais, introduzindo conceitos que fundamentam a compreensão da gestão ambiental no contexto da cadeia produtiva da indústria da construção. O objetivo do LO 1, que faz parte do primeiro bloco, é apresentar um breve histórico do movimento ambientalista, e os conceitos de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável. 1. Introdução O homem pode dificilmente reconhecer os demônios de suas próprias criações. Albert Schweitzer A sociedade atual luta para manter vivo o sistema econômico estabelecido e os recursos naturais, que estão cada vez mais ameaçados. Cada vez mais ameaçados – Há cerca de 3700 anos, as cidades suméricas foram abandonadas quando as terras irrigadas que haviam produzido os primeiros excedentes agrícolas do mundo começaram a tornar-se cada vez mais salinizadas e alagadiças. Há quase 2400 anos Platão deplorava o desmatamento e a erosão do solo provocada nas colinas da Ática pelo excesso de pastagem e pelo corte de árvores. McCormick, 1992 O homem vem tomando consciência da fragilidade do sistema natural muito lentamente. Os primeiros indícios dessa conscientização foram percebidos a partir da revolução industrial. É na revolução industrial que a sociedade começa a desenvolver e aplicar novas tecnologias para alimentar e fortalecer um sistema capitalista. Revolução industrial ...[a revolução industrial] retirou os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas. Que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços. – Hobsbawn, 1972 Desde a revolução industrial, tecnologias são desenvolvidas e aplicadas para gerar um crescimento econômico maior. As inovações tecnológicas, normalmente, são desenvolvidas na busca da inserção no mercado de um produto único. Além disso, as inovações tecnológicas buscam reduzir a mão-de-obra no processo produtivo.

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Modulo 01 de Gestão Socioambiental FGV

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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1 – BREVE HISTÓRICO DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA Objetivo O primeiro bloco da disciplina Gestão Ambiental divide-se em quatro tópicos principais,

introduzindo conceitos que fundamentam a compreensão da gestão ambiental no contexto da

cadeia produtiva da indústria da construção.

O objetivo do LO 1, que faz parte do primeiro bloco, é apresentar um breve histórico do

movimento ambientalista, e os conceitos de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável.

1. Introdução

O homem pode dificilmente reconhecer os demônios de suas próprias criações.

Albert Schweitzer

A sociedade atual luta para manter vivo o sistema econômico estabelecido e os recursos

naturais, que estão cada vez mais ameaçados.

Cada vez mais ameaçados – Há cerca de 3700 anos, as cidades suméricas foram

abandonadas quando as terras irrigadas que haviam produzido os primeiros excedentes

agrícolas do mundo começaram a tornar-se cada vez mais salinizadas e alagadiças. Há quase

2400 anos Platão deplorava o desmatamento e a erosão do solo provocada nas colinas da

Ática pelo excesso de pastagem e pelo corte de árvores. McCormick, 1992 O homem vem tomando consciência da fragilidade do sistema natural muito lentamente.

Os primeiros indícios dessa conscientização foram percebidos a partir da revolução industrial.

É na revolução industrial que a sociedade começa a desenvolver e aplicar novas tecnologias

para alimentar e fortalecer um sistema capitalista.

Revolução industrial – ...[a revolução industrial] retirou os grilhões do poder produtivo das

sociedades humanas. Que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida,

constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços. – Hobsbawn, 1972

Desde a revolução industrial, tecnologias são desenvolvidas e aplicadas para gerar um

crescimento econômico maior.

As inovações tecnológicas, normalmente, são desenvolvidas na busca da inserção no mercado

de um produto único.

Além disso, as inovações tecnológicas buscam reduzir a mão-de-obra no processo produtivo.

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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Inovações tecnológicas – Mesmo com o avanço tecnológico a economia tem se apropriado

de grandes quantidades de recursos naturais, que são usados para fabricar mercadorias úteis

ao consumo humano. Os seres humanos têm desejos ilimitados, os recursos da natureza são

limitados pelo uso, resistência, suporte. Os recursos econômicos são escassos. Mota, 1998.

Todos esses fatores geram um desafio para o homem...

...quando há crescimento econômico há, também, degradação ambiental.

A lógica tradicional da teoria econômica tende a valorizar principalmente os aspectos de

maximização dos lucros.

A lógica tradicional da teoria econômica entra em conflito com a lógica ecológica.

Lógica ecológica – A racionalidade ecológica consiste em satisfazer as necessidades

materiais da melhor forma, com a menor quantidade possível de recursos de valor de uso e

durabilidade elevados; portanto, com um mínimo de trabalho, de capital e de recursos naturais.

A busca de rendimento econômico máximo, por outro lado, consiste em se vender, com um

lucro mais elevado possível, um máximo de produções, realizadas com um máximo de eficácia,

o que exige uma maximização dos consumos e das necessidades. Apenas esta última permite

uma rentabilização de quantidades crescentes de capital. A busca do rendimento máximo na

escala da empresa conduz, consequentemente, na escala da economia, a desperdícios

constantes.(Gorz, Apud,, Bursztyn, 1993 – p.99.)

Quando o sistema produtivo utiliza matéria-prima de forma desequilibrada, surge poluição,

resíduos, desperdícios e degradação ambiental.

Mas, o homem vem tomando consciência de que se mantiver a relação com a natureza

baseado na lógica de produção, pode vir a destruir-se e ao planeta.

As evidências da tomada de consciência passam a ser percebidas por meio do...

...progresso da pesquisa científica, o crescimento da mobilidade pessoal, a

intensificação da indústria, a disseminação dos assentamentos humanos, e as

mudanças mais amplas nas relações sociais e econômicas – McCormick, 1992

Todos esses fatores propiciaram o surgimento de um dos mais importantes movimentos da

humanidade – o ambientalismo.

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2. O ambientalismo e a consciência de um sistema de produção que degrada e consome a natureza As raízes do movimento ambientalista do século XIX, na Inglaterra, fundamenta-se em fatos

distintos...

...grupos de mulheres inglesas preocupadas com a degradação de pássaros

selvagens;

...homens de Letras nos cafés preocupados com a fumaça preta sujando o ar das

cidades;

...especialistas florestais e botânicos trabalhando para evitar a derrubada de florestas

na Ásia e África;

...colonos que apreciavam a natureza da América do Norte em conflito com os que a

exploravam. – McCormick, 1992

O desenvolvimento da litografia e fotografia também ajudou nesse processo.

Naturalistas, ilustradores e fotógrafos ficavam deslumbrados com a beleza natural e

trabalharam divulgando seu encantamento.

Essa divulgação educava as pessoas com relação às belezas da natureza indômita.

De um modo geral as origens do ambientalismo estão...

...nas descobertas científicas.

...no interesse pela história natural;

...nos fundamentos da botânica;

...na zoologia;

...em outras ciências biológicas.

Todos esses fatores levaram à proteção da vida selvagem e, mais tarde, até à reivindicação de

áreas de lazer.

As pesquisa dos séculos XVIII e XIX fizeram com que emergisse uma consciência do homem

como parte integrante da natureza.

Essas pesquisas possibilitaram que o homem entendesse que seu distanciamento da natureza,

a colocava em risco.

Com o desenvolvimento do transporte e a popularidade da História Natural, o homem aprendeu

mais sobre a natureza e seu valor. História Natural – principalmente o desenvolvimento da ornitologia.

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A crença de que a condição urbana social...

...era destruidora da moral e da ordem social, da saúde humana, dos valores

tradicionais, do meio ambiente físico e da beleza natural. – McCormick, 1992 ...baseou-se em vários fatores...

...na depressão econômica de 1880;

...na crise intelectual da era pós-Darwin;

...nos pensamentos de Charles Dickens e Friedrich Engels.

Com o avanço do colonialismo e a destruição do meio-ambiente dois processos se

acentuaram...

...aceleração na acumulação de capital nos processos de produção;

...intensificação do comércio internacional.

Destruição do meio-ambiente – derrubada de florestas, exploração mineral e de animais

selvagens.

Nos Estados Unidos, o ambientalismo se assemelhou com o da Inglaterra.

Mas, como os EUA eram uma colônia, sofriam os mesmos processos de exploração da África

do Sul e da Austrália.

Na virada do século, XIX para XX, o ambientalismo americano dividiu-se em dois campos...

...os protecionistas – influência do protecionismo britânico;

...conservacionistas – influência da ciência florestal alemã.

O protecionismo americano – defendido por Muir –, almejava áreas virgens exclusivas para

recreação.

O conservacionismo – defendido por Pinchot – considerava a conservação com base em três

princípios...

...desenvolvimento;

...prevenção do desperdício;

...desenvolvimento para muitos.

No início do século XX, começa um movimento rumo à uma organização internacional para

proteção da natureza.

Algumas sementes são lançadas no sentido de se obter uma cooperação internacional para a

preservação da natureza.

No entanto, até o período pós-guerra, a preocupação dominante era a conservação, e no

período entre guerras quase nada foi feito.

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A década de 60

A segunda guerra mundial deixou marcas profundas na sociedade.

O ambientalismo passou a ser mais ativista, principalmente, diante da realidade vivenciada nas

décadas de 50 e 60.

Nos anos 50, a Europa vivia seu renascimento econômico no pós-guerra.

E os EUA passava por uma expansão industrial.

Nesse período, novos problemas ambientais emergiram...

...poluição – sonora, ar, água, solo;

...lixo doméstico;

...resíduos industriais.

Os anos 50 testemunharam o surgimento de uma concepção mais ampla do lugar ocupado

pelo homem na natureza.

A partir desse momento é possível atestar uma compreensão mais sofisticada da relação do

homem com a biosfera.

Compreender que o desenvolvimento econômico usava recursos naturais rápido demais e que

os processos de produção poluíam só foi possível por alguns fatores...

...os efeitos da afluência;

...a era dos testes atômicos;

...os desastres ambientais;

...os avanços científicos;

...os movimentos sociais que emergiam – feminismo, hippie...

No final da década de 60, a crise ambiental já não era silenciosa.

No final da década de 60, nascia um debate inevitável e controverso – os limites do

crescimento econômico.

De acordo com o argumento Malthusiano, o colapso seria inevitável se não houvesse controle

populacional e dos recursos naturais.

De acordo com esse debate, 3 questões fundamentais deveriam ser levadas em conta, em

conjunto, na análise dos limites do crescimento...

...a poluição;

...o crescimento populacional;

...a tecnologia. – McCormick, 1992

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Havia duas forças de tensão...

Os argumentos de Erlich – o crescimento populacional deveria ser planejado por meio do

controle da natalidade, com base em uma perspectiva cientifica – Erlich, 1969;

Os argumentos de Commoner – mesmo sem crescimento populacional haveria poluição e

exaustão de recursos naturais, pois a tecnologia usada é defeituosa – sintéticos, produtos

descartáveis, pesticidas e detergentes.

Commoner também não aceitava que a sociedade assumisse o custo da degradação

ambiental, ao subsidiar as empresas privadas. – Commoner, 1971

O subsídio é o resultado do empréstimo que as empresas privadas fazem da natureza, ao

retirar os recursos necessários para seus processos produtivos.

Na maioria das vezes, as empresas privadas não repõem os recursos naturais.

Portanto, o custo ambiental fica para a sociedade.

Commoner e Erlich exerceram um papel importante para o aceleramento da reflexão sobre os

efeitos das tecnologias dos sistemas produtivos.

Os sistemas produtivos têm como objetivo principal explorar os recursos naturais, buscando

maior produtividade, e maior lucro.

Commoner e Erlich são considerados os profetas do Apocalipse.

A década de 60 testemunhou o despertar ambiental – OECD, 2000.

O despertar ambiental levaria à compreensão de que os problemas ambientais eram resultado

de componentes...

...econômicos;

...políticos;

...naturais;

...sociais.

Todos esses componentes são interdependentes no sistema global.

Era dado início a um movimento muito mais comprometido por parte das nações.

Começou a haver a preocupação de compreender os limites do crescimento.

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A década de 70

Conscientes dos erros cometidos com relação ao meio ambiente, o próximo passo para o

homem seria repará-los.

Os anos 70 caracterizaram-se pela busca de limpeza e reparação.

Essa busca se efetivou por meio de...

...pesquisas de novos conceitos e instrumentos de análise;

...expansão da institucionalização das questões ambientais.

A conferência de Estocolmo, 1972, foi um marco dessa discussão.

Alguns países desenvolvidos, que já tinham alcançado um patamar de desenvolvimento,

argumentavam que era hora de parar de crescer.

Mas, os países em desenvolvimento não aceitaram perder o direito de continuar a se

desenvolver.

O relatório produzido pelo MIT e apresentado na conferência de Estocolmo defendia...

O otimismo tecnológico é a reação mais comum e mais perigosa às nossas

descobertas a partir do modelo do mundo. A tecnologia pode amenizar os sintomas de

um problema sem afetar as causas subjacentes [...] e pode, desse modo, desviar nossa

atenção do problema mais fundamental – o problema do crescimento num sistema

finito. E propunha reduções de 40% de investimentos industrial, de 20% no

investimento agrícola, de 40% na taxa de natalidade e uma transferência maciça de

riqueza dos países ricos para os pobres. McCormick, 1992, p. 88

MIT – Massachusetts Institute of Technology

O modelo de crescimento que considerava que os países periféricos deveriam alcançar os

países centrais, passou a ser questionado.

Celso Furtado, um economista brasileiro, concordou com o fato de que sem limite para o

crescimento econômico, a natureza estava ameaçada.

Além disso, acrescentou que os limites do crescimento identificados no relatório do MIT, diziam

respeito à...

...pressão sobre os recursos não reprodutíveis;

...concentração da renda no centro do sistema capitalista.

Dessa forma, Celso Furtado desmistificou o mito do desenvolvimento – Furtado, 1974

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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A conferência de Estocolmo...

...legitimou mundialmente questões políticas ambientais;

...demonstrou que interesses nacionais não impedem a obtenção de consensos

globais;

...abriu as portas para as necessidades dos países pobres.

Considerar as necessidades dos países pobres levou a uma maior aproximação entre

desenvolvimento e meio ambiente.

As características dominantes da administração do meio ambiente na década de 70 foram...

...foco nos riscos ambientais em escala local e regional;

...estratégias formuladas por uma única fonte;

...confrontação sobre financiamento e responsabilidade com oficiais públicos, líderes

industriais, grupos ambientais e nações vizinhas.

Nos anos 70 outros avanços também foram feitos...

...a questão ambiental entrou nas agendas públicas;

...órgãos nacionais específicos do meio ambiente foram criados;

...a legislação se expandiu.

Firmou-se um compromisso de tratar o meio ambiente como elemento fundamental de

desenvolvimento.

O primeiro corpo de fundamentação de leis ambientais surgiu, assim como alternativas para o

desenvolvimento.

alternativas para o desenvolvimento – foi criado o Princípio do Poluidor Pagador – PPP –

OECD, 2000; conceitos como ecodesenvolvimento; tecnologias apropriadas de acordo com

fundamentos da economia Budista –Small is Beautiful, Schumacher, 1974 – buscavam

direcionar novas possibilidades de assumir uma convivência mais pacífica entre crescimento

econômico, uso de tecnologia e meio ambiente.

A crise ambiental era real, assim como a necessidade de permitir que o crescimento econômico

seguisse seu curso, mesmo que fosse monitorado.

Crescimento econômico e meio ambiente deixaram de ser vistos como incompatíveis...

...limites para as fronteiras foram criados;

...o meio ambiente urbano ganhou atenção;

...países em desenvolvimento se uniram aos industrializados.

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A década de 80

A década de 80 testemunhou um movimento que visou principalmente prevenir e antecipar os

problemas ambientais. – OECD, 2000

Partidos verdes entraram na arena e o Grupo dos 7 começam a colocar problemas ambientais

em suas agendas.

Grupo dos 7 – Heads of State.

Nos anos 80, aumenta a pressão sobre os governos e indústrias para maior segurança para o

meio ambiente e planejamentos adequados.

Desastres como Chernobyl e diversos derramamentos de óleo revelaram a capacidade do

homem de destruir o meio ambiente.

Na década de 80, vários avanços são alcançados...

...a integração entre governo e indústria aumenta;

...as tentativas de cooperação entre governos e setor privado crescem;

...a agenda internacional preocupa-se com a gestão de recursos naturais, a proteção

da fauna e conservação dos solos cultiváveis.

O setor industrial passa a se preocupar com a proteção do meio ambiente e planejar o custo

para protegê-lo.

Nesse contexto, fala-se em eficiência econômica e em alguns novos conceitos...

...novas maneiras de calcular riquezas;

...green GDP;

...o papel de estudos de análise de custo-benefício;

...o escopo de taxas ambientais.

Começa a ocorrer uma maior integração entre países ricos e pobres no que diz respeito a

responsabilidades e prioridades do meio ambiente.

A elaboração de políticas passa a considerar; além de fatores econômicos, sociais e políticos; a

integração de políticas, parcerias e responsabilidades.

Nesse momento era preciso ir além dos limites do crescimento...

era preciso conseguir desenvolver-se sustentavelmente.

De acordo com Meadows, para se alcançar sustentabilidade, alguns degraus devem ser

seguidos...

...melhoramento dos sinais;

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...aumento da velocidade de respostas;

...redução do uso de recursos não renováveis;

...prevenção da erosão de recursos não renováveis;

...uso de recursos com o máximo de eficiência;

...redução populacional. – Meadows, Meadows, & Randers, 1991

A década de 90 Nos anos 90, com a aceleração da economia internacional, as nações estavam unidas pelas

cordas da economia de mercados e tecnologia – OECD, 2000.

Nos anos 90, o crescimento econômico estava sujeito tanto à regulações quanto à subsídios...

...e as influências chaves eram a geopolítica e a economia.

Nos anos 90, as questões ambientais eram vetores de influência...

...na economia;

...na estabilidade social;

...no comportamento;

...no mercado;

...com seus vizinhos.

Os anos 90 são o tempo da globalização, e da busca de modelos sustentáveis.

O movimento globalizante, paradoxalmente foi regionalizado – OECD, 2000.

Essa relação paradoxal foi construída por países que formavam organizações e mecanismos

cooperativos.

Organizações e mecanismos cooperativos com uma orientação predominantemente econômica

e preocupações ambientais...

… Comunidade Européia;

...NAFTA – North American Free Trade Agreement;

… APEC – Asian-Pacific Economic Co-operation Forum;

...Mercosul...

Nesse contexto, várias conferências influenciaram as nações com relação ao meio ambiente...

...RIO-92;

...convenções sobre mudança climática e biodversidade;

Nessas convenções muitos temas importantes eram discutidos...

...questões de mudança climática;

...perda de biodiversidade;

...degradação de fontes limpas de água;

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...gestão sustentável da exploração de pesca;

...florestas e terras cultiváveis.

Há uma interdependência, tanto política quanto econômica, entre as nações e uma constante

ameaça ambiental atualmente...

...sendo assim, a tendência é fortalecer os acordos e as organizações internacionais.

Somente diante dos acordos e organizações internacionais é que as mudanças necessárias

serão de fato implementadas.

Além disso há a necessidade de integrar ações, agentes e instrumentos na busca de soluções

para os problemas complexos da sociedade.

3. Conclusão

A sociedade passa por problemas muito complexos e o tempo mostra que esses problemas

têm uma abrangência maior do que a apreensão do homem.

Dentre esses problemas é possível destacar...

...a competição;

...os riscos das novas tecnologias;

...o trade-off entre os benefícios econômicos no curto prazo e a estabilidade ambiental

no longo prazo. – Clemen,1990

O século XX foi testemunha de mudanças na relação do homem com a natureza.

O movimento ambientalista construiu modificações fundamentais nos valores humanos.

Mas, a tecnologia ainda está a serviço do lucro, que permanece concentrado nas mãos de uma

minoria.

Os lucros beneficiam uma minoria, mas os problemas gerados nesse processo são transferidos

para a sociedade.

Somos uma família global, mas com terríveis diferenças entre seus membros.

Os países ricos são os que consomem mais recursos naturais e continuam crescendo

economicamente.

Curas para doenças graves são descobertas, avanços para a construção da primeira cidade

espacial são alcançados e milhares de pessoas ainda morrem de fome.

Apesar das conquistas, ainda há muitas perguntas sem resposta...

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Como inverter o processo de degradação ambiental alimentado pelo sistema capitalista e ao

mesmo tempo permitir que o ser humano supra as suas necessidades e desejos de consumo?

Todos sabem...

...que o homem é totalmente dependente da natureza;

...que é imprescindível que seu legado tecnológico seja readaptado;

...que o modelo de crescimento econômico não responde aos anseios da sociedade

como um todo.

Entretanto, há uma realidade assustadora...

...pobreza;

...desemprego;

...necessidades materiais não atendidas;

...devastação de florestas;

...perda de biodiversidade;

...mudanças climáticas drásticas.

...espaços urbanos degradados...

A sociedade realmente caminha para reverter o processo de destruição do meio ambiente?

Ainda há tempo de interferir nessa realidade?

Os conceitos de sustentabilidade mostram saídas convincentes, mas difíceis de serem

adotadas pelo sistema capitalista e seus processo produtivos.

Talvez o caminho esteja na proposta franciscana...

...todas as partes da natureza têm uma autonomia espiritual, e essa autonomia deve

ser respeitada, para que haja harmonia – White, 1967.

Caso as relações políticas, sociais e econômicas adotassem esse o paradigma, é possível

mudar os valores?

É possível inverter a ordem do sistema atual para que as prioridades passem a ser as questões

sociais e do meio ambiente?

Bibliografia e Referências

Bursztyn, Marcel – Estado e meio ambiente no Brasil , In Para Pensar o Desenvolvimento

Sustentável, IBAMA e ENAP, Editora Brasiliense, Brasília,1993.

Cairncross, Frances – Ecología SA – Como ganar dinero sin destrozar el Medio Ambiente ,

Capítulo 3, Colección Economia Ecologia, Ecoespana, Madri, 1996.

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Clemen, Robert T. – Making Hard Decisions (An Introduction to Decision Analysis), Duxbury

Press (Na Imprint of Wadsworth Publishing Company, Belmont, Califórnia, 1990.

Commoner, B; “The Closing Circle” – Chapter 13, In: Nelissen, N., Straaten, J.D.V., Klinders,

L. Classics, Environmental Studies (An Overview of Classic Texts in Environmental Studies),

International Books, Netherlands, 1997.

Ehrlich, P. & A.. “The Population Bomb”. In: Nelissen, N., Straaten, J.D.V., Klinders, L.

Classics, Environmental Studies (An Overview of Classic Texts in Environmental Studies),

International Books, Netherlands, 1997.

Furtado, Celso; O Mito do Desenvolvimento Econômico , 2ed., Paz e Terra, São Paulo, 1996.

Hobsbawm, Eric J.; “A Era das Revoluções –Europa 1789-1848 (Capítulos 1 e 2)”, 12nd, Paz

e Terra, Rio de Janeiro, 1977.

Long, Bill. L.,” International Environmental Issues and the OECD 195 0-2000”, OECD, 2000.

Meadows, D.& Randers J..; “Beyond the Limits”; Confronting Global Collapse; Envisioning a

Sustainable Future, In: Nelissen, N., Straaten, J.D.V., Klinders, L. Classics, Environmental

Studies (An Overview of Classic Texts in Environmental Studies), International Books,

Netherlands, 1997.

McCormick, John.. “Rumo ao Paraíso, A História do Movimento Ambientali sta”, Relume-

Dumará, Rio de Janeiro, 1992.

Mota, José Aroudo; Desejos Ilimitados e Escassez de Recursos – Texto não Publicado

Sachs, Ignacy; “Caminhos para o desenvolvimento sustentável”, Org. Paula Yone Stroh,

Garamond, Rio de Janeiro, 2000.

Schumacher, E. F.; “Small is Beautifull – A study of economics as if p eople mattered” – Chapter 4 – Buddhist Economics, Abacus, Sphere Books Ltd.,1974, Great Britain.

Wallerstein, Immanuel; Historical Capitalism, Verso, London, 1983.

White, L. Jr., “The Historical Roots of Our Ecologic Crisis” – Cha pter 10, In. “The Ethics of

the Global Environment”, Edinbugh University Press, 1999, Edinburgh, Great Britain.

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2 – CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO – CPIC Objetivo

O primeiro bloco da disciplina Gestão Ambiental divide-se em quatro tópicos principais,

introduzindo conceitos que fundamentam a compreensão da gestão ambiental no contexto da

cadeia produtiva da indústria da construção:

O Objetivo deste LO2, que faz parte do primeiro bloco, é introduzir o conceito de cadeia

produtiva da indústria da construção e exercitar o raciocínio de identificação de seus impactos

ambientais.

1. O conceito de cadeia produtiva

O conceito da indústria da construção – IC –, antes vinculado principalmente ao processo

construtivo, hoje considera vários setores, agentes, processos e produtos.

O produto da IC pode ser caracterizado sob 2 pontos de vista...

Primeiro ponto de vista – admite que o produto da construção é apenas resultado do

processo construtivo em geral e de engenharia pesada – construções novas e reformas, o

ambiente construído;

Segundo ponto de vista – inclui os produtos oriundos de outras indústrias fornecedoras de

serviços, materiais e componentes da IC – TURIN, 1966; ; Ive and Groak, 1986; Blumenschein, 2004.

O primeiro conceito de IC está vinculado ao processo construtivo e é definido como o processo

de produção de um dado edifício ou obra de infra-estrutura.

O processo construtivo é considerado desde a tomada da decisão de construir até a utilização

da edificação ou obra de infra-estrutura e eventual demolição.

O primeiro conceito de IC está ligado ao processo pelo qual insumos e recursos – financeiros,

físicos e humanos – são...

...gerenciados;

...integrados;

...aplicados;

...transformados.

Um processo de produção que ocorre de acordo com uma tecnologia, um padrão de relações

entre os vários participantes, especificações e metas a serem cumpridas.

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O segundo conceito permite uma visão mais ampla, pois o processo construtivo não é

considerado sinônimo de processo de produção da IC.

O segundo conceito considera que o processo construtivo abrange o processo de produção

como um todo.

Além disso, o processo construtivo está interligado a todos os outros processos pelos quais os

insumos e recursos são obtidos ou produzidos.

O processo construtivo está sujeito às suas influências e à troca de estímulos em geral. – IVE &

GROAK, 1986; BLUMENSCHEIN, 1989

O conceito de processo construtivo incorpora, portanto a indústria de processo e a indústria de

materiais e componentes, a prestação de serviços e a realização de pesquisa, fundamentando

o desenvolvimento do conceito de cadeia produtiva.

O conceito de cadeia produtiva pode ser aplicado à IC a partir do conceito de cadeia de valor

aprofundado por Porter – PORTER, 1985

Porter definiu cadeia de valor – value chain – como um dos principais instrumentos de uma

empresa para diagnosticar e aumentar sua vantagem competitiva.

A cadeia de valor inclui cautelosas atividades de desenvolvimento de projeto, produção,

marketing e distribuição de produtos.

A cadeia de valor também contribui na análise de estruturas industriais.

Seguindo essa lógica, o conceito de cadeia de valor passa a ser compreendido como cadeia de

produção, ou cadeia produtiva de uma indústria.

A relevância do uso do conceito de cadeia produtiva evidenciou-se no Brasil a partir do final da

década de 1990.

Nos últimos anos, várias ações que fortalecem e promovem o desenvolvimento da cadeia

produtiva da indústria de construção vem sendo tomadas por instituições como...

...CNI – por meio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC ...SEBRAE ;

...SENAI;

2. A cadeia produtiva da indústria da construção

A indústria da construção é composta por 3 grupos industriais básicos, que representam os

elos principais da cadeia de produção...

...indústria que produz materiais, insumos e componentes – ou indústria de

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suprimentos;

...indústria que produz edificações e obras de engenharia pesada – ou indústria de

processos;

... indústria auxiliar.

Todos esses elos principais são compostos por microelos, como ilustrado pela figura 1.

Figura 1: Cadeia Produtiva da Indústria da Construção

Fonte: adaptado de projeto estratégico regional do Senai, alavancagem do Mercoeste, 2000, e de MDIC, 2002.

Blumenschein, 2004.

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A cadeia produtiva da IC é a responsável pela oferta de habitação, de infra-estrutura e a

geração de empregos.

A cadeia produtiva da IC é organizada em 5 setores...

...material de construção;

...bens de capital para construção;

...edificações;

...construção pesada;

...serviços diversos – TREVISAN CONSULTORES, 1999

Essa cadeia complexa envolve um grande número de agentes e participantes.

A cadeia produtiva está inserida em um meio também complexo e com fatores determinantes

influenciando seu comportamento.

É possível observar, na figura 2, que a complexidade da cadeia produtiva vai além das

características intrínsecas do seu produto e processo de produção.

SISTEMA EDUCACIONAL

SISTEMA TRI BUTÁRIOSI STEMA TRABAL HISTA

SI STEMA SANITÁRIALEGISLAÇÃO AMBI ENTAL

LEGISL AÇÃO URBANASI STEMA DE NORMAS TÉCNICAS

CADEIA AUXILIAR

CADEIA PRINCIPAL OU

DE PROCESSOS

CADEIA DE SUPRIMENTOS

Figura 2: Meio ambiente da CPIC. Adaptado do MDIC. Blumenschein, 2004.

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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O meio ambiente da CPIC é composto de diferentes fatores, que estão incorporados em

diferentes sistemas.

Esses sistemas influenciam toda a cadeia podendo potencializar ou restringir seu

desenvolvimento.

A cadeia produtiva é muito peculiar e de extrema importância, por diversos fatores...

...a complexidade inerente da CPIC;

...a natureza física de sua cadeia de processos e seus produtos finais – edificações e

obras de infra-estrutura;

...a sua importância para o desenvolvimento econômico e social do país;

...seu impacto no meio ambiente.

A cadeia de suprimentos

A cadeia de suprimentos é composta pela indústria de extração de recursos naturais, e pelas

indústrias que os transformam.

Recursos naturais – como brita, cascalho, areia, barro, madeira, calcário, ferro...

Os recursos naturais são a matéria-prima para a indústria de produção de elementos e

componentes.

elementos e componentes – como olarias, esquadrias – metal e madeira –, material elétrico,

vidros, PVC, siderúrgica, metalúrgica...

Os elos da cadeia de suprimentos são empresas e indústrias fornecedoras de insumos para a

cadeia de processos, seus clientes finais.

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Figura 3: Principais elos da cadeia de suprimentos. Adaptado de MDIC – 2000 – e de Minto – 2002. Blumenschein, 2004.

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A cadeia de processos ou cadeia principal

A cadeia de processos é composta pela indústria que produz edificações ou obras de

engenharia pesada e pela indústria imobiliária.

O produto final da cadeia de processos é um bem físico, tangível, que tem massa e valor,

porém, é imóvel.

O produto da cadeia de processos compõe o ambiente construído...

...edifícios residenciais;

...hospitais;

...escolas;

...bairros;

...avenidas;

...pontes;

...hidrelétricas...

É no decorrer da cadeia de processo que os elos da cadeia produtiva como um todo, são de

fato integrados para a geração de um produto específico.

Todos os elos da cadeia de processo são integrados em um esquema complexo de produção.

As empresas construtoras são contratadas para construir um produto definido pelo cliente.

As empresas incorporadoras planejam e constroem imóveis.

Ao contrário do empreiteiro, o incorporador tem total controle sobre o produto e o processo de

produção.

O autoconstrutor não tem um negócio, mas uma necessidade a ser atendida.

Normalmente a necessidade é a construção de uma residência própria ou uma reforma.

O autoconstrutor, geralmente, contrata um arquiteto, engenheiro civil ou, mestre de obra.

mestre de obra – o mestre de obra deve receber supervisão de um arquiteto ou engenheiro.

O esquema de produção da cadeia de processos, ou seja, o processo construtivo,

esquematizado na figura 4, exerce o papel de um catalisador dentro da CPIC.

Dessa forma, o processo construtivo pode ser considerado como um importante acesso de

introdução de mudanças na cadeia como um todo.

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- cliente final- empresa consultoria/ incorporadora

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Necessidad es do contratante de p ro jeto

- empresas de marketing e pesquisa de mercado

Necessid ades dos clientes fina is

Formulação do programa

- un iversidades- empresas incorporadoras- empresa const rutora- empresa imobiliária Análi se do terreno

- concessionárias de serviços públicos - empresa construtora- empresas de sondagem/ levantamento topográfico- consultores especializados

- cliente final contratante- empresa incorporadora/ construtora- fabricante de materiais- componentes e sistemas construtivos- consultores especializados

Concep ção do p rojeto

Analise de interfaces com os demais projetos e com o processo

de p rodução

Desenvolvimento do p rojeto

Entrega do ProjetoExecução d a

obra

Avaliação pós ocupacional

- empresa construtora - consultores especializados

-Fornecedores de hardware e software- consultores especializados

- cliente contratante- empresa construtora

- empresa construtora- fornecedores de materiais e serviços- consultores especializados

Linhas de interdependências

Figura 4: Processo de produção e de utilização de um edifício. MDIC, 2000. Blumenschein, 2004.

A cadeia auxiliar

A cadeia auxiliar é composta por diferentes elos que alimentam com informação e pesquisa a

cadeia de suprimentos e, principalmente, a cadeia de processos.

Os principais elos da cadeia auxiliar são...

...universidades;

...centros de pesquisa;

...empresas de consultoria – prestadoras de serviços especializados como arquitetura,

engenharia, paisagismo, projetos de estrutura, projetos elétricos e hidráulicos.....

A cadeia auxiliar é de grande importância para a CPIC.

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Pois, é ao longo do processo da cadeia auxiliar que as decisões mais relevantes aos produtos

da cadeia principal são tomadas.

Potencialmente, as decisões tomadas na cadeia auxiliar afetam...

...as especificações – modulações, materiais, características...

...o processo construtivo;

...a utilização do usuário final;

...o descarte da obra quando finda sua vida útil.

A figura 5, adaptada de Hendriks – 2000 –, por Blumenchein, 2004 enfatiza a interdependência

das várias decisões tomadas ao longo da vida útil de um edifício.

As várias etapas são consideradas e as influências das decisões tomadas no projeto e em

cada fase de produção.

Figura 5: Interdependência entre as principais fases de produção de um edifício.Adaptada de Hendriks – 2000.

Blumenschein, 2004.

A figura 6, adaptada de Minto – 2002 –, por Blumenschein, 2004, identifica as áreas de

conhecimento e serviços de apoio ao desenvolvimento de empreendimentos de construção de

edifícios.

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Essas áreas representam os principais elos da cadeia auxiliar.

Figura 6: Áreas de conhecimento e serviços de apoio, inseridos na cadeia auxiliar. Adaptada de Minto – 2000.

Blumenschein, 2004.

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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3. complexidades e características da CPIC

A complexidade da cadeia produtiva da IC evidencia-se pelas características de seu processo

de produção e seu produto final.

O processo de produção integra um enorme número de atores, que atuam de acordo com

objetivos e metas.

Há diversidades nas linguagens técnicas dos atores.

O produto final é o produto pesado, em sua maioria único, ao qual se aplica tecnologias

diversas.

A cadeia de suprimentos é segmentada, dentro de um amplo mercado.

A segmentação da cadeia de suprimentos dificulta a padronização de produtos e ações.

A cadeia auxiliar também apresenta uma alta segmentação do mercado, em geral, são

empresas pequenas.

A cadeia de processos, ou cadeia principal ainda é tradicional e lenta em sua evolução.

Produtos fixos e operários móveis – ao contrário da produção em cadeia que apresenta

produtos móveis e operários fixos.

A construção civil, no Brasil, se desenvolveu em diversas áreas.

O discurso atual toma como base o modelo capitalista globalizado do início dos anos 90 e tem

os seguintes aspectos como pano de fundo, entre outros:

...abertura do mercado nacional;

...criação do Mercosul;

...privatização de empresas estatais;

...lei de licitações e contratos;

...código de defesa do consumidor;

...redução dos preços das obras públicas;

...consolidação do PBQP-H.

4. A importância econômica da CPIC

A importância da CPCI pode ser notada tanto pelo seu papel na economia como na sociedade

como um todo.

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O ambiente construído é um dos maiores e mais importantes bens que uma sociedade pode

produzir.

Sem o ambiente construído não é possível estabelecer sistemas de...

...saúde;

...energia;

...água;

...esgoto;

...transporte;

...lazer;

...produção industrial...

A CPCI contribui para a geração de...

...renda;

...emprego;

...acessibilidade;

...mercado residencial;

...acesso à energia;

...segurança;

...saúde.

E mais...

A CPCI contribui principalmente para o produto interno bruto – PIB –, o que a torna relevante

para o desenvolvimento econômico do país.

A participação no PIB brasileiro da CPIC gira em torno de 19,26%, enquanto a construção civil

isoladamente, participa no PIB com 10% – TREVISAN CONSULTORES, 2003;

5. Varrendo impactos ambientais

A varredura dos impactos ambientais causados pela CPIC um diagnóstico que permita

identificar problemas ambientais nessa cadeia.

Uma metodologia aplicável analisa as etapas, atividades e estágios dos processos de produção

caracterizando seus impactos ambientais e não-ambientais.

Os impactos são avaliados de acordo com critérios e indicadores pré-estabelecidos.

O trabalho de Jassen, Nijkamp e Henk Voogd – 1984 – atua como um princípio norteador

dessa metodologia.

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Essa análise oferece uma visão geral e preliminar do problema...

...além de fornecer alguns parâmetros para identificar os impactos e dados a serem

priorizados em estudos mais detalhados.

Esses estudos aplicam ferramentas que permitem análises quantitativas, e a inserção das

questões abordadas como itens de agenda de elaboração de políticas públicas.

Essa análise preliminar permite uma avaliação inicial e qualitativa do impacto da CPIC no meio

ambiente.

O perfil das atividades, critérios e característica s

Conforme a metodologia proposta, em primeiro lugar, é necessário identificar os principais

estágios de produção da cadeia produtiva a ser analisada.

As atividades e etapas a serem incluídas são...

...as que causam um impacto significativo ao meio ambiente, e que o governo pode

influenciar por meio de políticas públicas;

...as que podem ser influenciadas por intermédio de programas específicos, e podem

representar etapas do ciclo de vida de um produto.

O impacto no meio ambiente da CPIC ocorre ao longo de todo o seu processo de produção.

Um edifício é o produto principal da CPIC e ao longo de todo seu ciclo de vida ele causará

impactos no meio ambiente.

O processo de produção de um edifício gera impacto e condiciona a ambiência, tanto pelo

processo como pelo produto.

Ao longo de toda essa cadeia, recursos naturais são explorados e utilizados, energia é

consumida e resíduos são gerados.

O processo de produção de um edifício engloba desde a ocupação de terras à utilização de

edificações e obras de infra-estrutura pelos seus usuários.

Quando um edifício é concluído, os seus processos de utilização e manutenção, devem

também ser objetos de análise de impactos ambientais.

O seu descarte final, por meio de demolição, também causa impacto ambiental.

De acordo com a metodologia de Jassen, problemas ambientais podem ser avaliados em três

dimensões...

...os atributos das atividades e etapas de produção a serem avaliadas;

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...as características dos impactos causados pela atividade;

...a natureza da estrutura de tomada de decisão relacionada com a atividade.

Posteriormente, deve ser feita a análise de cada característica em relação às atividades e

etapas de produção identificadas e seus respectivos impactos.

A avaliação de cada etapa deve seguir alguns critérios e características...

Etapas de produção a serem consideradas na identifi cação de impactos – são aquelas

que representam os principais estágios do processo de produção da CPIC.

Cada etapa de produção da CPIC a ser considerada, corresponde ou está ligada à cadeia de

suprimentos ou cadeia de processos.

Vejamos os principais estágios de produção da CPIC, e a cadeia à que esse estágio está

ligado...

� ocupação de terras – cadeia de processos;

� extração de matéria-prima – cadeia de suprimentos;

� processamento de matéria-prima para produção de elementos e componentes – cadeia

de suprimentos;

� transporte de matéria-prima e componentes – cadeia de processos e suprimentos;

� processo construtivo – PC – cadeia de processos;

� disposição de resíduos oriundos do PC – cadeia de processos.

Características dos impactos causados pelas ativida des Impactos ambientais...

� solo e lençol freático – água subterrânea – e água – superfície;

� ar;

� flora e fauna;

� paisagem;

� barulho;

� clima;

� energia.

Impactos não-ambientais...

� emprego, renda e inclusão;

� acessibilidade – melhoria do sistema viário;

� mercado residencial;

� fortalecimento de atividades industriais e comércio;

� segurança e saúde.

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Escala espacial das etapas de produção – a escala espacial das atividades pode estar

relacionada a...

...atividades internacionais;

...atividades nacionais;

...atividades regionais;

...atividades locais.

Efeitos classificados de acordo com suas caracterís ticas – aspectos temporais... ...único;

...repetitivo;

...contínuo no curto prazo;

...contínuo no longo prazo.

Outros aspectos...

� aplicação de regulamentações formais;

� aplicação de regulamentações não formais.

Indicadores ambientais

Indicadores ambientais são um parâmetro ou um valor derivado de parâmetros, que provêm de

informações sobre um fenômeno, meio ambiente ou uma área. – OECD,1993 Os indicadores ambientais compreendem a qualidade do meio ambiente e aspectos de

quantidade e qualidade de recursos naturais.

Atualmente não há indicadores ambientais referentes a CPIC que preencham todos esses

requisitos, principalmente por falta de dados específicos.

Os indicadores referentes a condições ambientais englobam...

Indicadores biofísicos ...

...geomorfologia local e regional;

...geologia;

...classes de solos;

...declividade;

...susceptibilidade a erosão;

...hidrografia;

...vegetação;

...características de biodiversidade local e regional;

...microclima.

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Aproveitamento dos recursos naturais – nível region al... ...utilização de recursos hídricos – fontes de abastecimento de água, despejos de

esgotos, lançamento de águas pluviais;

...exploração de recursos minerais – areias, cascalheiras.

Uso e ocupação do solo – áreas comerciais, residenc iais, industriais ...

Infra-estrutura ...

...energia elétrica – consumo;

...abastecimento de água – consumo;

...esgoto sanitário – destinação final dos efluentes e impactos gerados;

...drenagem pluvial.

Os indicadores referentes à qualidade ambiental eng lobam ...

� contaminação hídrica;

� poluição atmosférica;

� poluição sonora;

� poluição do solo;

� poluição visual;

� proporção relativa de espaços verdes – naturais e implantados – e área verde por

habitante.

Dada a complexidade do CPIC , a avaliação dos seus impactos conta com dados referentes às

condições ambientais e referentes à qualidade ambiental.

6. Exercício da metodologia proposta

É importante visualizar a aplicação da metodologia proposta.

Cada etapa de produção é analisada de acordo com os impactos ambientais identificados, com

base nos dados disponíveis sobre esses impactos, separadamente.

Posteriormente os dados são apresentados em uma tabela global.

Com base nos dados obtidos, os critérios e características são utilizados tendo como referência

dados e indicadores que permitam qualificar o impacto ambiental.

Na tabela, a cada critério foi atribuída uma cor, variando entre baixo, médio e grande,

respectivamente, amarelo, laranja e vermelho.

A cor verde é usada para representar impactos positivos, que no caso da CPIC, relaciona-se

aos impactos não-ambientais.

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Verificar na aula on line
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A falta de dados compromete resultados precisos, no entanto, a análise confirma a relevância

da aplicação do método.

Ocupação de terras

A ocupação de terras é uma conseqüência do processo de urbanização.

A ocupação de terras sobrecarrega recursos naturais valiosos como água, energia e matérias-

primas, como madeira, cascalho...

A fase de ocupação de terras inclui as etapas de...

...preparação do terreno;

...implantação do canteiro de obra;

...execução de infra-estrutura – rede de esgoto e água, rede de energia, pavimentação

e paisagismo.

A ocupação de terras pode ser dividida em 2 grandes etapas...

...implantação, ou seja, construção;

...utilização.

O impacto causado pela utilização do espaço urbano construído depende muito do tipo de

atividade a ser realizada nesse espaço.

O impacto pode variar entre impacto em áreas industriais e áreas residenciais.

Alguns dados apontam para uma realidade pessimista.

Pois, o processo de urbanização avança sem assumir critérios de um desenvolvimento urbano

sustentável.

Dados do IBGE – 2003, – confirmam uma urbanização acelerada nas últimas décadas.

Um dos grandes desafios da gestão urbana tem sido as ocupações irregulares de terras.

As ocupações irregulares são ambientalmente irresponsáveis.

Essas ocupações acontecem por conta de empreendimentos imobiliários, ou do avanço natural

urbano.

São inúmeros os exemplos de invasões ou ocupação de terras pelo mercado imobiliário em

manguezais e outras áreas de preservação ambiental.

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Além disso, raramente as intervenções urbanas legais são projetadas e implantadas

respeitando a interdependência entre os vários subsistemas...

...água;

...energia;

...natureza – paisagem, fauna, flora, matérias primas;

...disposição de resíduos e dejetos.

Identificação de impactos ambientais

Solo e lençol freático

A opção de se adotar a drenagem natural de águas pluviais não tem sido considerada na

maioria das ocupações urbanas.

Isso implica no comprometimento da alimentação dos mananciais.

Vários processos de urbanização utilizam poços artesianos ou fossas, executados sem critérios

pré-definidos e fiscalização.

Isso potencializa o desperdício e a contaminação de águas subterrâneas.

O solo tem sofrido impactos principalmente pelo processo de remoção de terra sem critério.

Essa remoção é feita para acomodar requisitos de projetos e aterramentos, utilizando entulhos

sem nenhuma forma de segregação.

Água – superfície

O impacto nas águas superficiais ocorre ao longo do processo construtivo e principalmente

durante o processo de utilização do espaço construído.

Isso ocorre devido...

...à falta de tratamento de esgoto, em grande parte dos assentamentos urbanos;

...ao alto nível de desperdício de água.

O saneamento básico é extremamente inadequado, tendo em vista que 46% dos domicílios

brasileiros não são supridos de rede de esgoto – CBIC, 2002.

Isso compromete a saúde de rios, lagos e outros cursos de água doce.

Água doce – apenas 0,007% da água do planeta é doce – adequada ao consumo – e

acessível – WRI.

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No Brasil, o consumo de água é de cerca de 50 a 200 litros por pessoa ao dia no Brasil,

dependendo da região (IPT/SABESP ).

O ambiente construído urbano gasta 30% da água tratada no Brasil – WRI.

Ar

A poluição do ar é momentânea, ocorrendo durante a implantação e estendendo-se durante o

tempo da construção, por particulados.

A poluição do ar refere-se principalmente à produção de poeira na etapa de remoção da terra,

do aterramento ou do preparo do terreno.

Flora, fauna e paisagem

O impacto na flora, na fauna e na paisagem é, na maioria dos casos, imensurável.

Esse problema é ainda mais grave em empreendimentos imobiliários que implantam projetos

onde a vegetação local é toda removida.

A remoção da vegetação local ocorre no momento da limpeza do terreno e na implantação do

canteiro de obras.

O impacto é mais sério ainda quando ocorrem invasões em áreas de proteção ambiental.

Nesses casos, além dos locais preservados, corredores ecológicos também são destruídos,

colocando em risco a sobrevivência de ecossistemas.

Barulho

A geração de ruídos desde a ocupação de terras até o momento de entrega do produto é

momentânea.

O barulho refere-se principalmente ao funcionamento de maquinários necessários para

execução de serviços de...

...saneamento;

...pavimentação;

...rede de energia...

Clima

A mudança climática é um impacto que só pode ser sentido e avaliado ao longo do tempo,

após monitoramento sistemático.

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A destruição de áreas verdes é um fator preponderante no potencial aquecimento dos climas

urbanos.

Extração e uso de matéria-prima

Estima-se que a CPIC seja responsável pelo uso de 14 a 50% de todos os recursos naturais

disponíveis, renováveis e não renováveis – Sjostrom, Apud. JOHN, 2000:15.

Uso de 14 a 50% de todos os recursos naturais – no Japão, estima-se que a CPIC consuma

cerca de 50% dos materiais que circulam na economia – Kasai Apud. JOHN, 2000.

No Brasil, são consumidos 210 milhões de toneladas/ano, não somados perdas e agregados

usados na pavimentação – JOHN, 2000.

A CPIC absorve insumos como...

...areia;

...pedra britada;

...aço;

...cimento;

...cal;

...vidro;

...produtos cerâmicos;

...madeira...

Apesar de a legislação vigente assegurar ações de melhoria, a exploração clandestina traz

muitos riscos à preservação dos recursos naturais utilizados pela CPIC.

Extração mineral

De acordo com a publicação Produção Mineral Brasileira, 17% da extração mineral são de

minerais para uso direto na construção civil.

No entanto, considerando...

...a alta clandestinidade observada no setor de minerais de uso direto na construção

civil, é possível que este corresponda a uma porcentagem próxima de 1/3 da PMB.

Como demonstra o gráfico 1 – MMA, 1997.

A exploração de areia causa grande impacto no meio ambiente.

Vejamos o gráfico.

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Gráfico 1: defasagem entre areia extraída e areia usada. MMA, Relatório Mineral, 200. Apud. Blumenschein, 2004.

Solo e lençol freático

A exploração de areia pode destruir formações geológicas do solo de maneira agressiva.

A agressão ao solo, com a retirada de areia, pode tornar impossível a reconstituição ou a

melhoria dos resultados negativos.

Fotografia 1: Extração clandestina de matéria-prima no Parque Burle Marx – DF. Fonte: cedida por

Fernando Campos, 2003. Apud, Blumenschein, 2004.

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Flora, fauna e paisagem

A exploração de areia, cascalho e do solo destrói ecossistemas, afetando a flora, fauna e

paisagem drasticamente.

Fotografia 2: Extração clandestina de matéria-prima no Parque Burle Marx – DF

Inúmeros componentes e elementos da construção são feitos de madeira ou a utilizam em seu

processo de produção.

A maior aplicação da madeira é feita em estruturas e andaimes, como confirma Sobral na

tabela 1 .

A madeira também é utilizada em mobiliários, cujo consumo está atrelado ao processo

construtivo.

Elementos da construção são feitos de madeira – de acordo com o IBAMA – 2002 – as

madeiras mais exploradas hoje e usadas na construção civil são mogno, virola, pinho e imbuia.

O impacto causado ao meio ambiente pela retirada de madeira das florestas naturais equipara-

se aos impactos de exploração de areia.

A extração de madeira causa uma série de impactos no solo; na fauna; na flora e na paisagem.

A extração de madeira destrói completamente ecossistemas e afeta de forma agressiva o

clima.

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A extração de madeira vem causando a desertificação de partes do norte e do nordeste do

Brasil.

Produção de materiais, elementos e componentes

A cadeia de suprimentos é responsável pelo fornecimento de um inúmeros materiais.

O cimento é um desses materiais e seu fornecimento tem grande impacto no meio ambiente,

particularmente na APA do Cafuringa-DF.

No Brasil, são consumidas 2,5 toneladas de cimento por pessoa ao ano.

Para cada tonelada de cimento produzido...

...gasta-se em torno de 60 a 130kg de combustível;

...são utilizados 110KWh de eletricidade;

...são emitidos 0,83 ton . de dióxido de carbono na atmosfera. – COLEMAN, Apud.

SuperObra.com, 2003.

A produção de cimento retira argila e calcário da natureza deixando solo, fauna, flora e

paisagem devastadas.

Águas superficiais nas áreas e regiões das fábricas normalmente recebem fluidos poluentes

oriundos do processo de produção.

Transporte de matéria-prima e componentes

O transporte rodoviário de cargas é responsável por 65% de todo o transporte rodoviário no

Brasil. – GEIPOT,1994-98

Infelizmente, não há estatísticas que revelem dados relativos às cargas da IC.

Apesar disso, sabe-se que o transporte de matéria-prima ocorre por meio de veículos sem

manutenção adequada.

Isso causa consumo excessivo de pneus e combustível, caracterizando mais um desperdício e

emissão em excesso de CO2 na atmosfera.

Transporte de matéria-prima – principalmente areia, calcário e pedras.

O processo construtivo

A atividade de construir, por ser complexa, caótica, suja e grosseira, causa impactos ao longo

de seu processo.

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O processo construtivo...

...causa barulhos;

...emite poeira, entre outros particulados, no ar;

...desperdiça matérias-primas;

...gera resíduos.....

Os projetos são concebidos e detalhados por meio de um processo que se caracteriza por uma

comunicação ineficaz e ineficiente.

Esses problemas potencializam a constante presença de retrabalhos.

A qualidade do processo construtivo envolve qualidade...

...de recebimento;

...de armazenagem;

...de aplicação de materiais.

A falta de qualidade no processo construtivo, gera perdas e desperdícios.

Geração e disposição de resíduos

O desperdício potencializa a geração de resíduos.

Estudos demonstram que 40% a 70% do volume dos resíduos urbanos são gerados pelo

processo construtivo. – Hendriks – 2000 – e Pinto – 1999.

Um grande volume de entulho é disposto irregularmente sem qualquer forma de segregação ou

preocupação ambiental.

A disposição de resíduos, em grande parte irregular e clandestina, causa sérios problemas à

gestão ambiental urbana.

Há vários problemas causados pelo acúmulo de resíduos...

...o esgotamento prematuro de áreas de disposição final de resíduos;

...a obstrução de elementos de drenagem urbana;

...a degradação de mananciais;

...a sujeira nas vias públicas;

...a proliferação de insetos e roedores;

...o prejuízo aos cofres municipais e à saúde pública do cidadão.

Os resíduos oriundos da construção são comumente chamados de entulho, e são volumosos.

Quando os entulhos são lançados em áreas virgens causam um impacto visual que caracteriza

o local como depósito de lixo .

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Como lixo atrai lixo, a área passa a funcionar como um chamariz para o depósito de outros

dejetos, orgânicos ou não orgânicos.

A mistura de elementos orgânicos e não orgânicos resulta em poluição do solo, pela produção

do chorume.

O chorume, muitas vezes, contém metais tóxicos, polui águas subterrâneas e solo, além de

atrair roedores e insetos.

Os roedores e insetos causam graves danos a saúde pública disseminando doenças como...

...febre tifóide;

...dengue;

...leishmanioses;

...peste bubônica;

...leptospirose...– SISINNO & SILVEIRA, 2000

O fim dado aos resíduos oriundos do processo construtivo demonstra uma cultura que não

absorveu a importância de exercitar a gestão adequada desses resíduos.

Vejamos alguns exemplos dessa falta de gestão dos resíduos.

Fotografias 3 e 4: Entulho – às margens de rodovia Goiânia

Fonte: Blumenschein, 2004.

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Fotografias 5 e 6: Entulho – às margens da linha de metrô em Brasília – DF.

Fonte: Blumenschein, 2004.

Fotografias 7 e 8: Entulho disposto clandestinamente no meio ambiente – DF.

Fonte: Fernando Campos, 2004, apud. Blumenschein, 2004.

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O produto em si Os produtos produzidos pela cadeia principal da CPIC são normalmente pesados, fixos e

afetam o clima, os ventos, a água, a energia etc. As especificações não visam minimizar o

impacto causado pela utilização de materiais inadequados ao meio ambiente e as soluções de

projeto muita vezes não visam otimização, padronização, tampouco modulação. Esses últimos

permitiriam maior flexibilidade ao longo da vida útil dos edifícios.

Na Comunidade Européia, os edifícios consomem aproximadamente 40% da energia total e

são responsáveis por cerca de 30% das emissões de CO2.

Os edifícios também geram aproximadamente 40% de todo o lixo produzido pelo ser humano. –

CIB, 2000

De acordo com o WRI, cerca de 30% da água utilizada no Brasil, concentra-se nos centros

urbanos, o restante é utilizado na agricultura.

Apresentação gráfica – resultados globais

Os impactos dos estágios de produção da CPIC, quando agregados em uma única matriz,

revelam um desenho interessante, conforme a tabela 1.

Por um lado, os impactos ao meio ambiente são, em sua maioria, grandes e de efeito

contínuo...

...por outro lado, os impactos econômicos e sociais também são relevantes.

A tabela 1 resume a análise feita anteriormente, identificando nas atividades apontadas os

impactos ambientais e não-ambientais.

A análise feita revela a CPIC é um dos grandes desafios para a gestão ambiental.

Os resíduos sólidos devem ser prioridade na gestão da CPIC por uma série de fatores...

...a cultura negligente de gestores e geradores dos resíduos;

...a complexidade do problema;

...o potencial de contribuição à gestão ambiental.

Além disso, sua gestão depende muito das empresas construtoras, inseridas na cadeia

produtiva e que têm potencial catalisador e disseminador de comportamentos.

Mas, ainda não existe uma cadeia de valor consolidada para os resíduos oriundos do processo

construtivo, principalmente...

...restos de tijolos;

...concreto;

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...argamassa;

...cerâmica – resíduos classe A, de acordo com a resolução 307 do CONAMA .

Sendo assim, não há impactos não-ambientais identificados na atividade de disposição de

resíduos na tabela 1.

Como não há cadeia de valor para os resíduos oriundos de processos construtivos, é ainda

maior a necessidade de priorizar os resíduos na gestão da área de construção.

A. Impactos Ambientais

I. Solo e lençol freático (águas subterrâneas)

II. Água (superfície)

III. Ar

IV. Flora/Fauna

V. Paisagem

VI. Barulho

VII. Clima

VIII. Energia

B. Impactos não-ambientais

I. Emprego e Renda

II. Inclusão

III. Acessibilidade – melhoria do sistema viário

IV. Mercado Residencial

V. Fortalecimento de atividades industriais e comércio

VI. Segurança

VII. Saúde

C. Efeitos classificados de acordo com suas caracte rísticas Aspectos Temporais:

I. Único;

II. Repetitivo;

III. Contínuo no Curto Prazo;

IV. Contínuo no Longo Prazo:

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Legenda:

AMARELO LARANJA VERMELHO VERDE

Baixo Médio Grande Impacto

Econômico/Social:Positivo Síntese analítica

Os impactos causados pela CPIC no meio ambiente justificam a busca de soluções capazes de

acelerar mudanças nos paradigmas tecnológicos.

A CPIC envolve diversos processos, responsáveis pela geração de diferentes produtos.

Esses produtos são integrados a um grande número de agentes em um processo principal de

produção.

A CPIC é uma cadeia complexa, cujos resultados são frutos de decisões interdependentes.

Portanto, os impactos ambientais devem ser minimizados em cada estágio dos vários

processos de produção da CPIC.

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Os impactos causados pela geração e disposição dos resíduos sólidos oriundos de processos

construtivos devem ser a prioridade na gestão da CPIC.

A minimização dos impactos causados pelos entulhos muito tem a contribuir com a gestão

ambiental urbana.

Por outro lado, é necessário fortalecer os impactos não-ambientais dos resíduos sólidos

oriundos de processos construtivos.

A cadeia principal da CPIC trabalha como um potente catalisador, capaz de influenciar e

determinar comportamentos.

Portanto, é preciso que a CPIC dê uma maior atenção no processo construtivo e na

minimização dos impactos causados por resíduos sólidos.

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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3 – RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E SOCIAL NA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO

1. Introdução

A busca pela sustentabilidade caracteriza o cenário atual.

Sendo assim, é necessário avaliar os impactos ambientais e sociais do ambiente construído,

formado por infra-estrutura e edificações.

Nesse curso, será analisado o processo de produção de edificações.

O processo de produção de edificações passa por fases que englobam desde a concepção da

edificação até sua demolição.

Uma das fases importantes do processo de produção de edificações é a de decisão dos

materiais e componentes – insumos – a serem utilizados na construção.

É na fase de compra que se efetiva a aquisição dos materiais e insumos escolhidos.

O processo de produção de edificações causa impactos ambientais e sociais e é constituído

por diversas fases e agentes.

Todos os agentes do processo de produção de edificações têm responsabilidade sócio-

ambiental pelas suas decisões, ações e atividades.

Nesse curso, vamos refletir sobre dimensão da responsabilidade social para o setor da

construção.

A análise da RAS exige a compreensão de uma série de conceitos...

...cadeia produtiva da indústria da construção;

...ética empresarial;

...passivos;

...custos;

...internalização e externalização;

...responsabilidade organizacional em suas dimensões econômica, ambiental e social;

...sustentabilidade organizacional;

...empresas vistas como sistemas abertos;

...campo organizacional;

...pilares institucionais.

Seria bom um link para RAS. http://www.cebds.org.br/cebds/resp-ctresp.asp

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2. Ética

A ética está diretamente ligada ao comportamento nos relacionamentos, que dependem de

valores estabelecidos.

Os valores estabelecidos, cristalizados pelo senso comum, formam os conceitos de modo

incorreto ou modo correto.

Os valores estabelecem o que é socialmente aceitável.

Mas, o que é ético em determinado contexto pode não ser em outro. De acordo com Holanda – 2001...

O termo ética tem origem no latim ethica e no grego ethiké.

Ética é o estudo dos juízos de apreciação, referentes à conduta humana qualificável do

ponto de vista do bem e do mal.

Essa qualificação pode ter uma dimensão relativa a uma sociedade ou ao absoluto.

3. ética empresarial

Empresas são comunidades, que funcionam dentro de comunidades maiores.

A convivência da comunidade empresarial com a comunidade maior impõe deveres de respeito

e colaboração.

Todo cidadão utiliza e se beneficia de bens coletivos como recursos naturais e recursos

construídos pela sociedade.

As empresas, como membros da comunidade, devem portar-se como qualquer cidadão

responsável pelo uso desses recursos. Cada irresponsabilidade, fraude ou postura insustentável tem impacto negativo no coletivo.

Todos esses desvios representam um custo com o qual todos arcam...

...porque esses desvios geram ineficiências.

A postura pouco ética de determinados agentes gera...

...menos empregos que o necessário;

...pouco crescimento da economia;

...milhares de pessoas na pobreza e na indigência...

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A ética empresarial é um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua reputação

e seus bons resultados.

Para Moreira (1999), a ética empresarial é "o comportamento da empresa – entidade lucrativa

– quando ela age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder

aceitas pela coletividade (regras éticas)".

Esse conceito de ética baseado na moral está errado. Ética é uma coisa, moral é outra.

A ética está diretamente ligada à forma como a organização trata seus relacionamentos com o

público interno e externo.

Externo – comunidade, órgãos governamentais, ONGs, clientes, fornecedores, concorrentes,

parceiros.

A ética relaciona-se diretamente com os juízos morais...

(...) há empresas que possuem seus códigos de conduta, numa demonstração à

sociedade sobre seus pressupostos éticos. A finalidade da empresa, sob a ótica da

teoria clássica é a maximização dos lucros. Modernamente, o escopo empresarial

ancora-se, também, no conceito da exploração da atividade econômica, sob a ótica de

que ela (empresa) é mais que um negócio. – Ourives, 2007.

Ourives trata a ética empresarial abordando...

...definições;

...teoria sobre princípios éticos;

...importância e evolução da ética empresarial.

A sociedade exige, atualmente, que as empresas promovam o desenvolvimento sustentável,

conforme determina a Câmara de Comércio Internacional.

Ourives afirma que o comportamento ético é a única maneira de obtenção de lucro com

respaldo moral.

Ourives também conclui que a questão ética vem se destacando no Brasil, na última década. Esse destaque ocorre na esfera política e no campo empresarial. O foco na ética visa integrar o país em um mercado que se globaliza e exige relações profissionais e contratuais. A sociedade cobra transparência e integridade no fornecimento de produtos e serviços ao mercado. Além disso, a legislação permite que os órgãos de fiscalização e a sociedade em geral adotem medidas judiciais para coibir abusos cometidos por empresas.

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É necessário que o mundo empresarial tenha consciência de que a ética empresarial é

condição para o desenvolvimento e crescimento dos seus negócios.

4. passivos

De acordo com Sanchez – 2004 –, passivos são as obrigações que uma pessoa natural ou

jurídica deve satisfazer.

Os passivos resultam, na maioria das vezes, de um requerimento legal.

Sanchez aborda a questão dos passivos ambientais analisando a obrigação de recuperação de

uma área degradada ou dano ambiental.

Sanchez afirma que...

...o custo de recuperação ou reparação representa o montante do passivo ambiental.–

Sanchez – 2004

Sanchez também diz que o passivo pode ser estimado, contabilizado e comunicado a terceiros.

O autor cita como exemplos de passivos ambientais...

...medidas de prevenção e controle da poluição;

...monitoramento e acompanhamento de impactos ambientais;...recuperação de áreas

degradadas;

...atendimento a requisitos relativos à conservação da flora, manejo de fauna e

remediação de áreas contaminadas;

...obrigações relativas a requisitos da legislação – normas e padrões ambientais;

...atendimento a requisitos de licenças ambientais – medidas mitigadoras,

compensatórias, monitoramento...

...atendimento a requisitos de ações judiciais ou termos de ajuste de conduta e

obrigações contratuais – proprietário do solo, vizinhos, ONGs, prefeituras...

Vejamos alguns exemplos de passivos sociais de uma organização...

...cumprimento de leis e normas regulamentadoras do trabalho;

...treinamento e capacitação de pessoal;

...promoção de boas condições no ambiente de trabalho;

...obrigações de avaliação e monitoramento de impactos sociais da atividade

organizacional;

...mitigação e compensação de danos a terceiros;

...estabelecimento de canais de comunicação;

...resolução de conflitos com a comunidade sobre as atividades que a afetam.

Toda atividade organizacional que gera obrigações – passivos – potencialmente gera custos

que devem ser pagos pela organização que os causou.

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Dessa forma, há internalização dos custos, há exercício da responsabilidade.

Quando uma organização não identifica uma obrigação, não identifica o custo correspondente.

Assim, há um custo invisível, que não é incluído no sistema contábil da organização.

O custo invisível é externalizado, transferido para outrem, que podem ser...

...vizinhos;

...prestadores de serviços;

...trabalhadores;

...municípios;

...o estado;

...a nação.

Os custos invisíveis deveriam ser de responsabilidade da organização que os gerou...

...mas, passam a ser rateados com a sociedade, conforme demonstra a figura 1.

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Figura 1 – internalização e externalização de custos organizacionais.

Fonte : Tomé & Blumenschein – 2007

Tendo em vista o cálculo dos passivos, Kraemer – 2007 – considera a contabilidade muito

importante.

Pois, a contabilidade desperta o interesse para questões ambientais e ajuda a inclusão da

variável ambiental na gestão.

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A contabilidade é responsável pela apuração dos resultados econômico-financeiros.

Portanto, a contabilidade deve ser utilizada como instrumento para a contabilização de

passivos ambientais e sociais.

Os custos dos passivos ambientais e sociais devem ser arcados pela organização.

Kraemer afirma, ainda, que a contabilidade é um sistema que informa a situação e a evolução

patrimonial, econômica e financeira da empresa...

...sendo assim, a contabilidade deve analisar todos os dados relacionados ao meio

ambiente.

A contabilidade dá subsidio ao processo de tomada de decisão.

O contador deve participar de forma ativa no processo de tomada de decisão da empresa.

O contador deve registrar e divulgar as medidas adotadas e os resultados alcançados. 5. Responsabilidade

Responsabilidade é a qualidade ou a condição de responsável. – Holanda, 2001

Responsável é aquele que responde pelos próprios atos ou pelos de outrem, legal ou

moralmente.

Responsabilidade organizacional

As organizações devem ter uma visão integradora, que considere os aspectos

multidimensionais da responsabilidade.

A responsabilidade organizacional pode ser considerada nas dimensões...

...legal;

...social;

...ambiental;

...técnico operacional.

Dimensão legal – compreende...

...o atendimento dos requerimentos legais da própria organização;

...a garantia dada por fornecedores de produtos ou serviços.

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Dimensão ambiental – visa minimizar o impacto negativo da atividade sobre o meio ambiente.

Dimensão técnico-operacional – inclui a gestão de operações propriamente ditas, a

promoção da reciclagem e a minimização de custos e desperdícios.

Dimensão social – busca agir com ética e transparência.

É preciso deixar claro os impactos – negativos ou positivos – causados pela atividade da

empresa na comunidade e no meio ambiente.

A dimensão social da responsabilidade organizacional facilita o acesso e a comunicação entre

a empresa e as partes externas interessadas.

Responsabilidade social corporativa A responsabilidade social pode ser considerada sob 3 pontos de vista...

...como é percebida pela própria organização;

...como é percebida pelos stakeholders;

...como é realmente.

A definição do termo responsabilidade social corporativa não é unânime.

Mas, de forma ampla, a responsabilidade social corporativa se refere a decisões de negócios

tomadas com base em valores éticos.

Os valores éticos incorporam...

...as dimensões legais;

...o respeito pelas pessoas;

...as comunidades e o meio ambiente – Machado Filho apud BSR, 2001

A responsabilidade social das empresas tem como principal característica a coerência ética nas

práticas e relações com seus diversos públicos.

As empresas devem contribuir para o desenvolvimento contínuo...

...das pessoas;

...das comunidades;

...dos relacionamentos entre os agentes e o meio ambiente.

Quando as empresas assumem uma conduta ética e socialmente responsável, conquistam...

...o respeito das pessoas;

...o respeito das comunidades atingidas por suas atividades;

...o engajamento de seus colaboradores;

...a preferência dos consumidores – ETHOS, 2001.

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De acordo com Bowen, as empresas devem seguir linhas de atuação adequadas aos objetivos

e valores da sociedade na qual estão inseridas.

Bowen – de acordo com Machado Filho – 2002 –, Bowen – 1953 – foi o primeiro acadêmico a

desenvolver um ensaio sobre o tema das responsabilidades corporativas.

Carroll & Bucholtz – 2000 – afirmam que as atividades de negócios devem preencher 4

responsabilidades, em ordem crescente de prioridade...

...responsabilidades filantrópicas;

...responsabilidades éticas;

...responsabilidades legais;

...responsabilidades econômicas.

Responsabilidade filantrópica – reflete o desejo de que as empresas estejam ativamente

envolvidas na melhoria do ambiente social.

A responsabilidade filantrópica vai além das funções básicas tradicionalmente esperadas da

atividade empresarial.

A responsabilidade filantrópica pode ser considerada como uma extensão da dimensão ética.

Responsabilidade ética – refere-se ao comportamento das empresas no contexto em que se

inserem.

A responsabilidade ética leva a um comportamento empresarial apropriado às expectativas dos

agentes da sociedade.

Responsabilidade legal – corresponde às expectativas da sociedade em relação às

obrigações legais da empresa.

A responsabilidade legal deve respeitar as determinações legais existentes na sociedade na

qual a empresa se insere.

Responsabilidade econômica – envolve as obrigações de rentabilidade e produção da

empresa.

Segundo Carroll, & Bucholtz, a primeira e mais importante responsabilidade social de uma

empresa é econômica.

Pois, a instituição de negócios é a unidade econômica básica de nossa sociedade.

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A imagem acima não tem legenda, nem mesmo explica o que é RSC, que eu julgo ser

responsabilidade social corporativa, mas tem que haver alguma especificação. Deve ser a

Figura 2: Modelo bidimensional de responsabilidade social corporativa (RSC). Fonte: Quazi &

O´Brien apud Machado, 2002. O processo de integração dos mercados obriga as empresas a elevarem seus padrões de

comportamento ético.

Por exemplo...

...as empresas multinacionais enfrentam o desafio de comunicar valores e práticas

éticas a milhares de funcionários que vivem realidades distintas.

Os funcionários de multinacionais trabalham em diferentes...

...sistemas institucionais;

...culturas;

...sistemas legais;

...países.

As diferenças na conduta ética em diversos ambientes institucionais tende a diminuir,

especialmente nas empresas mais expostas à economia global.

Entretanto, a crescente conectividade social aumenta os riscos das empresas sofrerem

sanções legais e perdas de reputação.

A identidade corporativa se expressa nas práticas administrativas empregadas nas relações

internas e externas da empresa.

A nossa sociedade é baseada na linguagem...

...portanto, atribui-se nomes a tudo o que pode ser reconhecido, para se distinguir as

coisas no mundo – Machado Filho, 2002 apud Tadelis, 1999.

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Com as organizações não seria diferente...

Quando uma empresa passa a ser reconhecida, o seu nome é associado às características e

desempenho conquistados.

A reputação conferida pelo nome da empresa é um bem intangível.

A empresa é reconhecida pelo seu nome e pelas suas apresentações.

O nome e a apresentação da empresa formam imagens mentais que constroem a reputação da

organização.

Vejamos, no fluxograma, a relação entre as responsabilidades e o aumento do valor da

empresa...

Figura 2 : agregação de valor pelas ações de responsabilidade

Fonte : Machado Filho, 2002 apud Forbrum

As empresas, para atuar com responsabilidade social, não devem...

...abandonar os objetivos econômicos;

...deixar de atender aos interesses de seus proprietários e acionistas.

Muito pelo contrário!

Uma empresa que é socialmente responsável desempenha seu papel econômico na

sociedade...

...produzindo bens e serviços;

...gerando empregos;

...criando retorno para os seus acionistas, dentro das normas legais e éticas da

sociedade.

Mas, cumprir somente o papel econômico não é o suficiente para as empresas. – Machado

Filho, 2002.

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Os líderes das empresas são responsáveis pelos efeitos das atividades da organização na

sociedade.

6. responsabilidade e sustentabilidade organizacion al

O meio empresarial tem absorvido os conceitos de...

...produção responsável;

...sustentabilidade;

...sustentabilidade empresarial.

sustentabilidade empresarial – essa nomenclatura vem sendo adotada pelo Conselho

Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS – criado no Brasil em

1997.

Vejamos o tripé da sustentabilidade empresarial...

Figura 3: Desenvolvimento sustentável – o tripé da sustentabilidade empresarial

Fonte : www.cebds.com.br – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.

A noção de sustentabilidade tem sido utilizada como uma ferramenta de marketing por diversos

atores sociais.

Atores sociais – empresas, governos, mídia, organizações não governamentais, cidadãos.

Há uma série de conceitos diferentes acerca da sustentabilidade.

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O adjetivo sustentável passou a ser utilizado amplamente, sem que haja uma clareza em sua

utilização.

O termo sustentável tem sido usado para abordar comportamentos desejáveis e vendáveis,

sem que haja um comprometimento real com a sustentabilidade. A responsabilidade

organizacional está comprometida com a sustentabilidade de seus processos e produtos.

Nesse trecho há um salto...os assuntos não se ligam, não há uma transição.

Para considerar o escopo e o limite da responsabilidade organizacional é preciso abordar as

organizações como sistemas abertos.

7. Organizações como sistemas abertos

Vejamos o esquema de uma organização como um sistema aberto.

Figura 4 : empresas como sistemas abertos.

Fonte : Harrisson & Shirom, 1998.

Genericamente, é possível afirmar que a estrutura de um sistema empresarial apresenta os

seguintes componentes...

...entrada – recursos;

...comportamento e processos;

...saída;

...cultura e estrutura;

...ambiente;

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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...dinâmica do sistema.

Os recursos compreendem os seguintes elementos...

...matéria-prima;

...recursos financeiros;

...recursos humanos;

...equipamentos;

...informação;

...conhecimento;

...autorizações legais.

Os recursos são requeridos do ambiente em que a empresa está inserida e contribuem para a

criação dos produtos e resultados.

Os resultados são os produtos utilizados para diversos fins e serviços.

As organizações transferem seus principais produtos para o ambiente e utilizam outros

internamente.

Os resultados humanos são um importante subproduto do sistema em funcionamento.

Os resultados humanos incluem resultados comportamentais, como...

...absenteísmo;

...esforço e cooperação;

...rotatividade;

...saúde e segurança dos empregados.

Os resultados subjetivos incluem a satisfação dos empregados e a qualidade de vida percebida

no ambiente de trabalho.

Os resultados humanos e subjetivos se refletem sobre os produtos e serviços das empresas.

Os impactos sociais e ambientais da atividade produtiva também podem ser considerados

como resultados.

Os processos do sistema – transformações – são as formas pelas quais a organização

transforma os recursos em resultados.

As transformações que requerem atividade humana nas organizações envolvem

relacionamento, capacitação e treinamento.

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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Os processos do sistema dependem de 2 componentes fundamentais...

...a tecnologia;

...o comportamento organizacional.

A tecnologia abrange as ferramentas, equipamentos e técnicas utilizadas para processar os

recursos.

O comportamento organizacional refere-se aos padrões de interação que prevalecem entre

indivíduos e grupos.

O comportamento organizacional contribui na transformação de recursos em produtos.

Os processos do sistema incluem procedimentos intelectuais e procedimentos sociais.

procedimentos intelectuais – como um diagnóstico ambiental.

procedimentos sociais – como trabalhos em equipe.

Os subcomponentes de comportamento e processo são particularmente importantes para lidar

com desafios funcionais.

Os subcomponentes de comportamento e processo incluem atividades de...

...cooperação;

...conflito;

...coordenação;

...comunicação;

...controle;

...recompensas;

...processo de influência e relações de poder;

...supervisão;

...liderança;

...tomada de decisão;

...solução de problemas;

...coleta de informação;

...autocrítica;

...avaliação;

...grupos de aprendizado;

...estabelecimento de metas.

As metas e objetivos dos membros correspondem...

...às expectativas de desempenho do sistema atual;

...às projeções ideais dos recursos, processos, resultados e outros componentes.

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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O ambiente é dividido em ambiente próximo e geral.

O ambiente próximo inclui...

...todas as organizações externas;

...as condições que estão relacionadas diretamente com as organizações e forças;

...os processos de transformação e suas tecnologias.

As organizações externas e as forças formam o contexto em que o sistema está inserido

As organizações externas e as forças – tais como...

...fornecedores;

...distribuidores;

...sindicatos;

...prestadores de serviços;

...clientes;

...consumidores;

...agências reguladoras;

...competidores;

...parceiros estratégicos;

...mercado para produtos e recursos;

...estado de conhecimento técnico da organização.

O ambiente geral inclui instituições e condições que têm impactos não- freqüentes ou de longo

prazo sobre a organização e seu ambiente próximo.

Instituições e condições – como...

...a economia;

...o sistema legal e político;

...o estado de conhecimento científico e técnico;

...instituições sociais – como a família;

...distribuição e composição da população;

...culturas locais e nacionais em que a organização opera.

A estrutura refere-se às relações duradouras entre indivíduos, grupos e grandes unidades.

Relações duradouras – dentre as relações duradouras é possível destacar...

...distribuição de atividades;

...autoridade;

...responsabilidade;

...privilégio relativo aos cargos;

...grupos de posições nas divisões;

...departamentos e outras unidades;

...padrões e procedimentos operacionais;

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...arranjos administrativos para gerenciar processos-chave.

Os processos-chave podem ser...

...a coordenação;

...o controle;

...o gerenciamento de recursos humanos;

...as premiações;

...os planejamentos;

...a descrição de cargos;

...a infra-estrutura.

Padrões estruturais emergentes – estruturas informais como coalizões, distribuições de

poder – podem diferir substancialmente dos padrões oficialmente constituídos.

A cultura de uma organização é constituída por normas, valores, crenças e premissas

compartilhadas.

A cultura de uma organização se expressa em diversos fatores...

...nos comportamentos;

...nos artefatos;

...nos símbolos;

...nos rituais;

...nas histórias;

...na linguagem.

A cultura inclui...

...normas e compreensões a respeito da natureza e identidade das organizações;

...a forma com que o trabalho é realizado;

...o valor e a possibilidade de inovação;

...as relações entre os membros dos diversos níveis hierárquicos da organização;

...a natureza do ambiente.

A estrutura do sistema mostrado na figura 5 contém características dinâmicas.

Estrutura do sistema mostrado na figura 5 – a dinâmica do sistema, envolvendo os

processos de crescimento ou retração, desenvolvimento, ajustamento, inovações, aprendizado

e mudanças na configuração básica dos componentes e subcomponentes do sistema, não está

descrita na figura.

A estrutura apresentada na figura expressa a realimentação de informação e demandas

internas e externas à organização.

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Estrutura apresentada – os ciclos de realimentação aparecem em linhas pontilhadas na

figura.

Como os sistemas organizacionais são abertos, dependem e interagem com o ambiente

externo.

Essa interação ocorre por meio de entradas de matérias-primas e serviços e saída de produtos

e serviços.

A sustentabilidade dos sistemas organizacionais, assim como a responsabilidade, não se

limitam ao ambiente interno.

A sustentabilidade e a responsabilidade das empresas dependem das relações externas, que

ocorrem nas entradas, nas saídas e nos feedbacks.

8. Campo organizacional

Campo organizacional é um sistema aberto de interação entre os atores sociais interessados

nas atividades empresariais que estão sendo realizadas.

As empresas existem dentro de múltiplos campos e respondem a eles com diferentes níveis de

atenção e postura – Nardelli e Griffith, 2003.

Figura 5 : O campo organizacional.

Fonte : Nardelli e Griffith, 2003.

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De acordo com Nardelli, a dinâmica organizacional, tanto interna quanto externa à empresa,

afeta as percepções corporativas internas e suas ações.

Nardelli – texto, ainda não publicado, baseado em estudo sobre Hoffman – 1997.

A empresa é um reflexo da sociedade da qual faz parte.

Não diretamente, pois essa relação é mediada e filtrada pelo meio institucional.

As empresas existem dentro de múltiplos campos e respondem a eles com diferentes níveis de

atenção e postura.

Por exemplo...

O modo como a questão ambiental é definida dentro da organização depende de como

a questão ambiental é definida fora da organização.

Isso não significa que as ações de uma empresa são determinadas completamente pelo meio

externo...

...mas, sim, que as decisões internas são influenciadas pelas estruturas do ambiente

externo.

As empresas podem escolher, a partir de uma variedade de ações possíveis...

...mas, as possibilidades de escolha são limitadas pelo ambiente externo.

As partes interessadas externas têm demandas institucionais sobre a empresa.

As demandas institucionais são expressas por meio do estabelecimento de regras, normas e

conceitos comuns de comportamento.

A mudança organizacional é um produto da mudança institucional.

A empresa não pode ser vista isolada, livre das influências de seu ambiente externo.

As estruturas e práticas ambientais das empresas são reflexos das instituições que prevalecem

no campo organizacional.

Entretanto, a empresa pode agir com um certo grau de auto-determinação, afetando o

desenvolvimento dessas instituições.

As empresas têm liberdade de ação, mas dentro dos parâmetros do jogo.

Muitas mudanças organizacionais não representam melhorias, e nem mesmo visam a maior

eficiência...

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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...mas, expressam conformidade às normas institucionais.

Para conhecer o campo organizacional, é preciso identificar as normas institucionais que as

empresas devem seguir.

Instituições são regras culturais do campo organizacional.

As instituições representam uma identidade, uma linguagem comum dentro de determinado

campo organizacional.

9. Pilares institucionais

Os pilares institucionais são conjuntos de leis, normas, e padrões de comportamento e valores

que regem uma sociedade.

A institucionalização é processo socialmente integrado, pelo qual se busca dar maior

estabilidade a idéias difusas e instáveis, formando conceitos estáveis. Hoffman – 1997 – afirma haver 3 pilares institucionais...

...pilar regulativo – constitui a base da legitimidade;

O pilar regulativo está legalmente sancionado, e seus indicadores são as leis, regras e

regulamentos.

...pilar normativo – moralmente governado, fundamentado na certificação e

credenciamento;

...pilar cognitivo – caracterizado pela prevalência de valores culturalmente suportados.

Hoffman – baseado no modelo institucional de Scott, 1987.

De acordo com Harrisson e Shirom – 1999 –, a legitimação externa depende do que predomina

no campo organizacional que pode ser: os padrões estabelecidos pelas organizações, ou por

instituições normativas ou por fatores técnicos.

A ação institucional são as regras do jogo.

10. Conceito de RAS aplicado à cadeia produtiva da indústria da construção

A CPIC é bastante complexa e envolve um grande número de organizações no processo

construtivo.

Levando-se em conta a complexidade da CPCI é possível concluir que o conceito de RAS

aplica-se a todas as organizações que atuam...

...nas cadeias de suprimentos;

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...na cadeia principal;

...na cadeia auxiliar.

CPIC – Cadeia Produtiva da Indústria de Construção

Fica claro, portanto, que...

...cabe a todos os agentes da CPIC assegurar que impactos ambientais e sociais sejam

minimizados em suas atividades.

É indispensável que as organizações fiquem atentas à percepção dos seus campos

organizacionais e dos seus pilares institucionais.

As empresas devem estar preparadas para uma série de demandas...

...os impactos ambientais e sociais;

...a produção de passivos ambientais e sociais;

...a condição de sistemas abertos, sujeitos às forças do campo organizacional;

...a sustentabilidade das organizações, condicionada ao atendimento das leis, normas,

de acordo com requerimentos da sociedade.

A sociedade está cada vez mais consciente e demandando produtos gerados por produção

responsável.

O exercício da responsabilidade ambiental e social, para qualquer empreendimento, consiste

em mapear os macro-processos, processos e atividades da organização.

A partir desse mapeamento identificam-se as obrigações legais, ambientais e sociais

decorrentes.

As obrigações que geram custos devem ser identificadas para que possam ser incluídas no

sistema de contabilidade.

O levantamento de impactos ambientais e sociais também é uma boa ferramenta para uma

gestão ética e responsável.

Os impactos que geram custos devem ser identificados e incluídos no sistema contábil.

As organizações da cadeia principal da CPIC precisam realizar um diagnóstico de

responsabilidades pelos custos ambientais e sociais.

Esse diagnóstico deve ser feito em cada etapa do processo de produção de edificações...

...particularmente na especificação e aquisição de materiais e componentes – insumos.

É preciso evitar a transferência dos custos ambientais e sociais para...

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...os prestadores de serviço;

...os funcionários próprios ou terceirizados;

...o meio ambiente;

...a comunidade vizinha;

...a sociedade como um todo.

As empresas diminuem passivos sociais e ambientais implantando uma política de compra

responsável, com critérios de seleção e avaliação dos fornecedores.

Esse procedimento promove um posicionamento diferenciado no mercado e atribui maior valor

à marca.

Há uma crescente demanda no mercado por produtos sustentáveis.

A adoção da gestão responsável aumenta a responsabilidade social e ambiental dos

fornecedores de matéria-prima e serviços para a indústria da construção.

Essa cadeia se reverte em uma rede de benefícios para a sociedade como um todo.

A gestão responsável fortalece, ainda, o comportamento ético, estruturando uma visão

consistente e coerente das responsabilidades ao longo da cadeia.

A gestão responsável é uma forma eficiente de reduzir...

...custos sociais, ambientais e econômicos;

...ineficiências;

...desperdícios.

A gestão responsável contribui para maior integração entre a sociedade e a cadeia produtiva.

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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Módulo 1 – Gestão Ambiental

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4 – Fundamentos, conceitos e instrumentos da gestão ambiental 1. Introdução

Nesse curso conheceremos os fundamentos relevantes para a compreensão do conceito de

gestão ambiental para agentes de cadeias produtivas.

A sociedade atual tem problemas mais complexos do que se pode apreender.

Segundo Clemen – 1990 –, a sociedade atual sofre com problemas como...

...a competição;

...os riscos das novas tecnologias;

...o trade-off entre os benefícios econômicos no curto prazo;

...a estabilidade ambiental no longo prazo.

A estabilidade ambiental no longo prazo liga-se às políticas de gerenciamento dos recursos

naturais.

As políticas de gerenciamento dos recursos naturais estão voltadas, principalmente, para a

regulamentação das intervenções humanas sobre...

...os sistemas urbanos;

...os sistemas rurais;

...os sistemas naturais.

Os problemas ambientais são responsabilidade dos principais atores da sociedade, tais como...

...o Estado;

...a sociedade;

...o mercado.

Para resolver os problemas ambientais, é preciso que haja instrumentos de gerenciamento dos

recursos naturais.

E mais...

...esses instrumentos devem ter base em um Estado forte, ágil e integrado.

O Estado deve ser capaz de regular e regulamentar as questões relacionadas ao meio

ambiente.

A regulamentação das questões relacionadas ao meio ambiente é um grande desafio...

...porque o crescimento econômico gera, por conseqüência, a degradação ambiental.

O produto mundial cresceu mais que seu dobro entre as décadas de 50 e 70.

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Grande parte desse crescimento econômico foi gerado por indústrias altamente

contaminadoras, como a química e a de produção de energia. – Cairncross – 1996.

A lógica tradicional da teoria econômica valoriza os aspectos de maximização dos recursos

escassos, o que gera um grande conflito com a lógica ecológica.

Um grande conflito com a lógica ecológica – Gorz assinala que...

A racionalidade ecológica consiste em satisfazer as necessidades materiais da melhor

forma, com a menor quantidade possível de recursos de valor de uso e durabilidade

elevados; portanto, com um mínimo de trabalho, de capital e de recursos naturais. A

busca de rendimento econômico máximo, por outro lado, consiste em se vender, com

um lucro mais elevado possível, um máximo de produções, realizadas com um máximo

de eficácia, o que exige uma maximização dos consumos e das necessidades. Apenas

esta última permite uma rentabilização de quantidades crescentes de capital. A busca

do rendimento máximo na escala da empresa conduz, consequentemente, na escala

da economia, a desperdícios constantes. – Gorz, apud, Bursztyn, 1993

Quando o sistema produtivo requisita matéria-prima de maneira desequilibrada, surgem...

...a poluição;

...os resíduos;

...a degradação ambiental;

...o desperdício.

As questões relativas à preservação do meio ambiente devem ser institucionalizadas.

A institucionalização das questões relativas ao meio ambiente fará do planejamento estratégico

um sinônimo de sobrevivência.

2. Gestão ambiental

O conceito de gestão ambiental é elástico, apresenta diversas definições e conotações.

A gestão ambiental engloba políticas de controle do uso de recursos naturais no sistema de

produção.

O conceito de gestão ambiental já foi amplamente analisado por Seldem e Egler.

Seldem – De acordo com Seldem, gestão ambiental pode ser entendida como a condução, a

direção e o controle, pelo governo, do uso dos recursos naturais e das intervenções humanas

nos sistemas naturais ou antrópicos por intermédio de determinados instrumentos, o que inclui

medidas econômicas, regulamentos e normas, investimentos públicos e financiamento,

requisitos institucionais e jurídicos. – Seldem, 1973, in Malheiros, 1995

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Egler – De acordo com Egler – 2004, freqüentemente gestão ambiental é entendida como

sinônimo das técnicas e dos instrumentos da política ambiental que visam minimizar os

impactos antrópicos sobre os ambientes rurais e urbanos, e.g. AIA , Auditoria Ambiental,

Zoneamento Ambiental, Licenciamento Ambiental etc.

Ainda segundo Egler...

(...) gestão ambiental deve ser entendida como um plano de intervenção humana no

ambiente, que incorpora, não só as medidas necessárias à otimização dos benefícios

econômicos e sociais da intervenção, mas principalmente os procedimentos que

garantem a manutenção da qualidade do ambiente e a sustentabilidade do

empreendimento. As intervenções sobre o ambiente freqüentemente se dão na

ausência de um plano integrado de gestão ambiental. Em síntese, embora a

implementação dos licenciamentos, da avaliação de impacto ambiental e de outros

instrumentos de gestão ambiental venham sendo aprimorados nos últimos anos no

Brasil, ainda há pouca experiência da gestão ambiental propriamente dita no país.

A responsabilidade da gestão ambiental deve ser compartilhada entre agentes públicos e

privados.

As indústrias devem se responsabilizar pela gestão ambiental, de acordo com os impactos de

suas atividades.

As organizações devem levar em conta uma série de fatores para a tomada de decisões...

...os impactos causados pelos processos produtivos;

...o crescimento da economia;

...a globalização.

As decisões sobre gestão ambiental devem ser submetidas às técnicas de análise que

permitem quantificar o impacto associado aos seus resultados.

De acordo com Ferrão...

As técnicas de análise devem apoiar a transição para uma economia guiada pela

tecnologia e pela transferência de informação, na qual é notória a relação entre

eficiência, lucro e proteção ambiental. A noção de que a poluição e os resíduos estão

associados à ineficiência e de que a ineficiência se paga, começa a disseminar-se e a

constituir parte integrante da orientação social e política – Ferrão, 1998.

A gestão ambiental compreende ações que visam à manutenção de um capital ambiental

suficiente para que qualidade de vida seja a mais alta possível.

O sistema de relações econômicas e sociais deve ser condicionado ao objetivo das ações de

gestão ambiental. – Ortega y Rodriguez, apud. Vitória, 1997.

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Segundo Vitória – 1997 –, a utilização de recursos naturais requer a avaliação de riscos e

impactos ao meio ambiente.

A análise da capacidade do meio ambiente é necessária para situar atividades em territórios e

ecossistemas.

Por exemplo...

A identificação dos impactos é importante para evitar uma emissão de efluentes acima

da capacidade do meio ambiente de assimilar impactos.

Os territórios e ecossistemas devem ter uma alta capacidade de acolher a utilização de

recursos.

A gestão ambiental apresenta alguns critérios para tomada de decisão...

...estender a responsabilidade sobre produtos, projetistas, fabricantes, distribuidores,

usuários e gestores de resíduos;

...estabelecer novas forças de mercado e propiciar a sua utilização;

...encorajar o desenvolvimento de tecnologias ambientais.

Alguns critérios – segundo Sustainable América: A new consensus – 1996 – apud. Ferrão,

1998.

Estender a responsabilidade sobre o produto significa estender a responsabilidade a todos os

agentes envolvidos em um processo produtivo.

Novos mecanismos de atuação de mercado, como a compra e venda de quotas de emissões,

devem ser desenvolvidos.

A inovação do sistema fiscal deve ser estimulada.

É preciso que haja taxas para resíduos, emissões ou ineficiência na produção de riqueza,

emprego ou investimento.

Os sistemas de gestão econômica e ambiental devem criar um ambiente favorável à inovação

e ao desenvolvimento tecnológico.

A inovação e o desenvolvimento tecnológico devem contribuir para a minimização de impactos

ambientais e para a geração de riqueza e empregos.

Os objetivos definidos pela União Internacional para a Conservação da Natureza

fundamentam-se...

...no desenvolvimento de políticas de gestão ambiental;

...na aplicação de sistemas de gestão ambiental – SGA.

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Os objetivos definidos pela União Internacional para a Conservação da Natureza

estabelecem...

...a manutenção dos principais processos ecológicos e os sistemas de suporte à vida;

...a preservação da diversidade genética;

...a utilização sustentável das espécies e dos ecossistemas.

Um SGA pode ser definido como parte do sistema global de gestão. – Ferrão, 1998.

Um sistema global de gestão para a definição e realização da política ambiental inclui diversos

aspectos...

...a estrutura funcional;

...as responsabilidades;

...as práticas;

...os processos;

...os procedimentos;

...os recursos.

Os sistemas de gestão descrevem o modo pelo qual o trabalho de uma organização deve ser

conduzido. – Nardelli & Griffith, 2000.

Os sistemas de gestão devem ser descritos de forma clara...

...para que os métodos e práticas sejam verificados segundo os objetivos traçados.

Os sistemas de gestão permitem a comparação dos sistemas de diferentes organizações.

A comparação entre os sistemas de diferentes organizações permite a consumidores e

governos o exercício mínimo de controle sobre seus fornecedores.

O processo de implantação de um SGA, envolve 5 passos...

� elaboração de política ambiental;

� planejamento;

� implementação e operação;

� verificação corretiva;

� análise crítica pela administração.

Implantação de um SGA – com base em Ferrão, 1998, e Nardelli & Griffith, 2000.

A empresa ou organização deve definir uma política de ambiental.

A política ambiental deve demonstrar comprometimento em assegurar a eficiência ambiental da

organização.

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Os requerimentos para assegurar a eficiência ambiental compreendem os seguintes

elementos...

...comprometimento da alta administração;

...análise do desempenho ambiental da organização – pontos fortes e principais

deficiências no seu desempenho ambiental;

...política ambiental – definição de parâmetros de ação, responsáveis, procedimentos e

objetivos.

As técnicas de análise ambiental mais utilizadas na indústria são...

Auditoria ambiental – AA A auditoria ambiental visa...

...à verificação do cumprimento da legislação ambiental;

...à avaliação da eficiência de um determinado sistema de gestão ambiental.

Análise de risco – AR A análise de risco objetiva...

...a verificação do risco para a saúde humana ou para os ecossistemas;

...a avaliação de substâncias perigosas;

...a análise de exposição de substâncias perigosas.

Análise de impacto ambiental – AIA A análise de impacto ambiental tem como metas...

...a identificação de como as ações modificam os meios

...o estabelecimento de critérios para avaliar o interesse de tais mudanças;

...a minimização de conseqüências.

A AIA passa por uma série de etapas...

...identificação de objetivos e metas;

...identificação de alternativas para os programas, políticas ou planos;

...identificação dos impactos ambientais;

...definição dos indicadores ambientais;

...descrição do estado atual do ambiente;

...prevenção aos impactos.

Análise de ciclo de vida – ACV Análise de ciclo de vida avalia os impactos ambientais de um produto ao longo de todo o seu

ciclo de vida.

Os ciclos de vida de um produto são os estados consecutivos e interligados pelos quais um

produto passa.

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O ciclo de vida de um produto vai da extração de matérias-primas, ou transformação de

recursos naturais, até à deposição final do produto na natureza. – Ferrão, 1998

As normas ISO oferecem um caminho eficiente para a implantação de um sistema de gestão

ambiental.

ISO – International Organization for Standardization – federação internacional civil de

organizações de normalização, sem fins lucrativos, composta de 120 países membros e com

sede em Genebra, na Suíça.

A série de normas ISO 14000 oferece...

...diretrizes para o desenvolvimento e implementação de sistemas de gestão ambiental;

...coordenação com outros sistemas gerenciais;

...ferramentas de avaliação;

...auditorias;

...ferramentas de suporte orientadas para produtos.

A série ISO 14000 é formada pelas seguintes normas...

� ISO 14001 – sistema de gerenciamento ambiental – estabelece especificações para

certificação;

� ISO 14004 – sistema de gerenciamento ambiental – estabelece diretrizes sem fins de

certificação para implantação de sistema de gestão ambiental;

� ISO 14010 – 14012 – auditoria ambiental;

� ISO 14031 – avaliação de desempenho ambiental;

� ISO 14041 – 14044 – análise do ciclo de vida;

� ISO 14020-14024 – rotulagem ambiental.

3. Instrumentos de política ambiental

Identificar e aplicar instrumentos de política ambiental contribui com a aceleração a absorção

de tecnologias que minimizam os impactos causados no meio ambiente pelas cadeias

produtivas.

Nas cadeias produtivas, está incluída a indústria da construção – CPIC.

Os instrumentos de política ambiental vêm sendo usados para a introdução de mudanças

compatíveis com a preservação do meio ambiente.

Os instrumentos de política ambiental tendem a ser integrados às políticas públicas e, aos

poucos, passam para a agenda de programas de ciência e tecnologia.

Há 3 grupos de instrumentos de política ambiental...

...sistema de informação;

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...regulamentação direta;

...instrumentos econômicos – FIORINO, 1995, CAMPOS & CORRÊA, 1998.

Os instrumentos de política ambiental também podem ser classificados como...

...coercitivos – comando e controle;

...persuasivos;

...incitativos – econômicos.

Vejamos, no quadro 1, a conceituação dos instrumentos de gestão ambiental...

Quadro 1: Instrumentos de gestão ambiental

COERCITIVOS comando e controle

PERSUASIVOS INCITATIVOS econômicos

Apoiados em interdições,

autorizações, regulamentação

das ações e atividades que

causam problemas

ambientais, por exemplo, o

licenciamento.

Regulamentam processos e

produtos.

Proíbem ou limitam o

lançamento de certos

poluentes.

Controlam certas atividades,

por meio de normas e

autorizações.

Apoiados principalmente na

informação, formação,

conhecimento científico e sua

difusão, por exemplo, a

educação ambiental.

Apoiados principalmente em

taxas e subvenções, por

exemplo, a cobrança pelo uso

da água.

Os instrumentos econômicos

podem também ser de

incentivo quando usados para

incentivar usos ou

comportamentos.

Fonte : Maria Augusta Bursztyn, notas de aula, 2003.

Pesquisas demonstram a importância do papel da reforma tributária ecológica.

Pesquisas demonstram – Factor Four – Weizsacker et al., apud. VEIGA, 2002.

A reforma tributária ecológica é considerada mais eficiente do que a regulamentação

ambiental...

...pois, a reforma tributária ecológica é a alavanca da mudança do comportamento

empresarial a caminho da ecoeficiência.

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Sardinha – 2002 -, por meio de um modelo matemático, analisa a relação entre a ênfase e a

pressão, e conclui que...

...se o governo desenvolve campanha de marketing ambiental, que, por meio de ações

integradas, provoque um aumento de 10% na pressão exercida pelos stockholders, as

possibilidades são grandes de que essa campanha acarrete um aumento da ênfase da

alta administração em torno de 4,75%.

Bursztyn – 2003 – enfatiza, em relação aos instrumentos de gestão ambiental, que...

...cada instrumento é mais adequado a um determinado problema ambiental. Mas além

das oportunidades práticas a escolha dos instrumentos é igualmente determinada pelas

tradições nacionais de políticas públicas e principalmente pela conjuntura social sobre

a qual os instrumentos podem ter efeitos secundários

A escolha do instrumento de gestão ambiental a ser aplicado deve seguir alguns critérios.

Vejamos os critérios de escolha do instrumento no quadro 2...

Quadro 2: Critérios para aplicação de instrumentos de gestão ambiental

CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Baixos custos de implementação.

Integração da política ambiental com as políticas setoriais.

Redução máxima dos efeitos regressivos na distribuição de renda – evitar efeitos sociais

indesejáveis.

Conformidade com acordos internacionais e com regras de comércio internacional.

Aceitação política – função custo, da facilidade de implementação, transparência, participação

social...

Efeitos econômicos – evitar efeitos negativos nos preços, na taxa de emprego e na taxa de

crescimento.

Fonte : Maria Augusta Bursztyn, notas de aula, 2003.

A construção de uma política ambiental exige a utilização de alguns instrumentos de gestão...

� instrumentos de informação;

� instrumentos de regulamentação direta;

� instrumentos econômicos;

� instrumentos de avaliação de impactos ambientais;

� instrumentos utilizados no gerenciamento de resíduos sólidos.

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Instrumentos de informação A informação é usada atualmente para...

...prover consumidores e comunidades de dados necessários para prevenir riscos;

...informar características específicas de produtos.

Por exemplo...

Produtos químicos manipulados domesticamente trazem informações importantes em

seus rótulos.

É importante destacar entre os instrumentos de informação a rotulagem ambiental.

A rotulagem ambiental permite ao produtor divulgar características de seus produtos.

Produtos compatíveis com a proteção do meio ambiente melhoram sua posição no mercado.

A questão de rotulagem evoluiu muito nas últimas décadas.

A receptividade dos produtos com rotulagem ambiental foi grande junto ao consumidor.

O crescimento da receptividade gerou um instrumento capaz de induzir empresas a melhorar

seu desempenho ambiental. – FIORINO, 1995, CAMPOS & CORRÊA, 1998.

Vários programas governamentais de emissão de selos têm sido implementados em diferentes

países, como...

...Japão;

...Alemanha;

...Canadá;

...Inglaterra.

Os programas governamentais determinam critérios e categorias com base em análises do

ciclo de vida do produto.

Os critérios e categorias são reavaliados periodicamente, de acordo com o avanço tecnológico.

Instrumentos de regulamentação direta

Os instrumentos de regulação direta fazem parte dos instrumentos coercitivos.

Os instrumentos de regulação direta dizem respeito ao estabelecimento de...

...padrões ambientais;

...padrões de emissão;

...padrões de engenharia;

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...padrões de qualidade ambiental – tipo de embalagem, tetos para consumo de

energia;

...obrigatoriedade de recolher embalagens;

...registro de produtos e proibições.

Os instrumentos de regulação direta envolvem medidas punitivas e restritivas ao não

cumprimento de suas definições e determinações.

As medidas punitivas e restritivas induzem a mudanças de hábitos e condutas. – FIORINO,

1995, CAMPOS & CORRÊA, 1998.

Os instrumentos de regulação direta podem ser aplicados aos produtos e aos processos de

produção.

O regulamento de produtos envolve definição de padrões relativos às características físicas,

tais como...

...conteúdo de certas substâncias ou materiais reciclados;

...tipos de embalagem e dispositivos sobre seu descarte final.

O regulamento dos processos de produção envolve...

...medidas governamentais;

...externalidades de consumo.

As medidas governamentais estabelecem requisitos para externalidades de produção.

As externalidades de produção estão relacionadas aos efeitos ambientais na fase inicial do

ciclo de vida.

As externalidades de consumo estão relacionadas aos efeitos ambientais após a produção.

As etapas após a produção englobam...

...a distribuição;

...a comercialização;

...o consumo;

...a disposição final.

Instrumentos econômicos Os instrumentos econômicos ou incitativos surgem para fortalecer os instrumentos de

regulação direta ou corrigir falhas de mercado.

As falhas de mercado tendem a tratar ar, água, solo e outros recursos naturais como bens

livres – FIORINO, 1995.

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Tratar recursos naturais como bens livres implica na não internalização de custos ambientais e

sociais.

Os instrumentos econômicos visam, principalmente, reparar as falhas de mercado...

...dessa forma, esses instrumentos induzem os agentes envolvidos a considera os

custos ambientais e sociais em suas decisões de produção e consumo. – CHERMONT

& MOTTA, 1996

A implementação dos instrumentos econômicos na gestão ambiental é justificada por 2 fatores...

...o estímulo à condução de comportamentos dos agentes via incentivos;

...o aumento de receitas governamentais – CHERMONT & MOTTA, 1996

É preciso que as organizações internalizem os custos ambientais nas várias tomadas de

decisão.

Segundo Tolmasquim...

...a finalidade da aplicação dos instrumentos econômicos na proteção do meio

ambiente é, sobretudo, que o responsável por uma atividade sinta as suas

conseqüências e as internalize no processo de tomada de decisão – Tolmasquim,

Apud. SAYAGO, OLIVEIRA & MOTTA, 1998

É possível fazer com que empresas internalizem custos sociais por meio de regulações.

Os instrumentos econômicos influenciam comportamentos...

...pois empresas são obrigadas a pagar pelo uso de recursos e pelo impacto que

causam ao meio ambiente.

Os instrumentos econômicos mais utilizados na gestão ambiental dividem-se em 5 categorias...O texto anuncia 5 itens, mas só apresenta 4...

...taxas e impostos internos usados com objetivos ambientais;

...autorizações comercializáveis;

...subsídios para produtos específicos de interesse ambiental;

...acordos voluntários entre governo, empresários e indústrias.

Os acordos voluntários restringem a quantidade de material de embalagem ou introduz sistema

de reciclagem.

instrumentos econômicos mais utilizados na gestão ambiental – de acordo com FIORINO,

1995, CAMPOS & CORRÊA, 1998 Taxas e impostos internos – taxas de poluição, permissões de mercado, sistema de depósito

e retorno, reduções de barreiras de mercado e eliminação de subsídios governamentais.

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Instrumentos de avaliação de impactos ambientais

A AIA é o principal instrumento de gestão institucional de planos, programas e projetos. –

MMA/RHAL /IBAMA ,1995.

A AIA funciona em nível federal, estadual e municipal.

A EIA, RIMA e outros documentos técnicos requisitados para licenciamento são instrumentos

legais de implementação da AIA .

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental Os estudos de impactos ambientais – EIA – descrevem detalhadamente os impactos negativos

e positivos de medidas, projetos ou diversas ações possíveis – Bursztyn, 1994.

Os EIA controlam e monitoram as atividades poluidoras.

Os EIA são um instrumento de licenciamento.

O licenciamento ambiental é desenvolvido em 3 etapas...

...licença prévia;

...licença de instalação;

...licença de operação.

Os mecanismos de fiscalização pós-operação são ineficientes por conta da fragilidade das

instituições estaduais e municipais

A utilização de instrumentos de licenciamento tem sido positiva para o avanço da qualidade de

gerenciamento ambiental.

A utilização de instrumentos de licenciamento nos sistemas estaduais...

...disponibiliza uma base legal mínima para a implementação do sistema como um

todo;

...promove uma ampliação nas relações institucionais envolvidas no processo.

O exercício do licenciamento promove a institucionalização de Conselhos Estaduais do Meio

Ambiente.

A função prioritária dos Conselhos Estaduais do Meio Ambiente é o processo de licenciamento.

É importante haver instrumentos que permitam uma maior integração dos impactos ao longo

das macro cadeias de produção...

...porque esses instrumentos permitem a identificação dos impactos cumulativos.

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Uma visão global dos impactos de determinados processos de produção desenha retratos reais

das várias cadeias de produção.

Os retratos das cadeias de produção em cada região permitem definir metas de planejamento

com mais clareza e precisão.

Os instrumentos tradicionalmente utilizados para identificação de impactos apresentam

limitações relevantes...

...pois, esses instrumentos são direcionados a um projeto específico.

Instrumentos tradicionalmente utilizados – de acordo com a Política Nacional do Meio

Ambiente.

Os instrumentos de identificação de impactos utilizados para projetos específicos ignoram as

interações entre os diferentes impactos e os eventuais efeitos cumulativos. – Bursztyn, 1994.

As experiências adquiridas com o desenvolvimento e implementação de EIA demonstram

limitações em exercer papel de coordenação...

...contudo, disponibilizam instrumentos de elaboração de políticas.

Os instrumentos de elaboração de políticas dão suporte à aplicação e implementação da

Avaliação Ambiental Estratégica – AAE .

Há vários instrumentos de elaboração de políticas...

...avaliação tecnológica;

...avaliação de recursos e planejamento de usos do solo;

...economia verde;

...estratégias sustentáveis

...leis e políticas ambientalistas internacionais.

Vários instrumentos de elaboração – de acordo com The World Bank,1993.

A experiência adquirida com a implementação do EIA contribuiu para formar as etapas e

procedimentos da AAE ...

� identificação de objetivos e metas;

� identificação de alternativas para os planos, políticas e programas;

� identificação dos impactos ambientais;

� priorização dos impactos ambientais;

� definição indicadores ambientais;

� descrição do estado atual do ambiente;

� prevenção de impactos;

� avaliação dos impactos e comparação de alternativas;

� redução dos impactos ambientais;

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� monitoramento.

As questões mais importantes da prática da AAE incluem...

...o estabelecimento dos respectivos regulamentos e procedimentos;

...os vínculos entre AAE e o desenvolvimento sustentável;

...a tomada de decisão e a avaliação ambiental de projetos;

...as metodologias de avaliação;

...o papel dos grupos de interesse.

Questões mais importantes da prática da AAE – de acordo com Partidário & Thérival.

O objetivo principal da AAE é o aperfeiçoamento dos processos de tomada de decisão.

Os processos de tomada de decisão se relacionam a investimentos e estratégias resultantes e

fundamentados em políticas, planos e programas.

Os impactos ambientais causados pelos investimentos e ações são avaliados sistematicamente

e interdisciplinarmente.

Os impactos ambientais são considerados nas diferentes etapas do planejamento, junto com os

aspectos políticos, econômicos e sociais.

A aplicação da avaliação ambiental estratégica assume 3 formas...

� avaliação ambiental setorial – avaliação dos impactos ambientais e não ambientais de

um mesmo setor econômico;

� avaliação ambiental programática – avaliação ambiental de política ou programa

genérico do governo;

� avaliação ambiental regional – avaliação de projetos incidentes sobre uma mesma

região.

Assume 3 formas – de acordo com Verocai, 2000.

A aplicação da AAE permite a integração de problemas ambientais ao planejamento e

desenvolvimento estratégico.

Segundo Egler – 2000 – a integração de problemas ambientais ao planejamento estratégico

propicia a...

...implementação de práticas e procedimentos que venham a promover o

desenvolvimento sustentável, e por ser um processo sistemático para se avaliar as

conseqüências ambientais de políticas, planos e/ou programas, assegurando que

essas conseqüências sejam incluídas e apropriadamente consideras no estágio inicial

do processo de tomada de decisão.

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Instrumentos utilizados no gerenciamento de resíduo s sólidos

O sucesso e a eficiência de um Sistema Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

dependem da política ambiental.

A política ambiental tem como diretrizes...

...o fortalecimento da minimização de resíduos;

...o favorecimento de circuitos de reutilização e reciclagem.

As diretrizes refletem as conseqüências das mudanças no tratamento de problemas

ambientais, introduzidas nos países desenvolvidos.

Essas mudanças dizem respeito à adoção de instrumentos de política ambiental.

Três grupos de instrumentos vêm sendo usados na implementação da política ambiental...

...sistema de informação;

...regulamentação direta;

...instrumentos econômicos – FIORINO, 1995, CAMPOS & CORRÊA, 1998

A eficiência dos IEs na mudança de comportamento de empresas aumenta sua utilização no

gerenciamento de problemas ambientais.

IEs – Instrumentos econômicos

Na última década, o gerenciamento de resíduos sólidos aplica esses instrumentos de política

ambiental em diferentes países.

A aplicação desses instrumentos objetiva...

...incentivar a reciclagem;

...minimizar o consumo de recursos naturais;

...minimizar a poluição.

Há alguns importantes instrumentos econômicos aplicados ao gerenciamento de resíduos

sólidos...

Créditos para reciclagem – a sua concessão visa potencializar o surgimento e aumento da

atividade de reciclagem.

Créditos para reciclagem – segundo CHERMONT & MOTTA, 1996...

...o incentivo econômico visa transferir aos agentes os benefícios gerados pela

reciclagem, que podem ser mensurados através dos custos evitados de disposição final

– aterro ou incineração.

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Concessão – transferência de recursos que teriam sido gastos no tratamento do lixo.

Cobrança pela disposição em aterro – visa à redução da quantidade de resíduos sólidos

destinados a aterros sanitários ou incineração.

Uma taxa sobre o volume do lixo depositado no aterro deve ser cobrada para reduzir os

resíduos sólidos.

Essa cobrança deve ser aplicada diretamente sobre o usuário gerador, de acordo com o

volume depositado.

Sayago et al – 1998 – aponta 2 problemas relativos à cobrança pela disposição em aterro...

...aumento da disposição ilegal de lixo, uma vez que os agentes iriam procurar

alternativas que diminuíssem o seu custo;

...mesmo sendo possível alterar a taxa de lixo do IPTU, tornando-a equivalente à

geração de lixo de cada agente, os custos exigidos para o controle do governo seriam

altos demais, tornando o instrumento pouco eficiente na prática.

Cobrança sobre a geração de lixo – visa reduzir a demanda excessiva por serviço de coleta

de lixo doméstico.

A introdução de um sistema de preços unitários para o lixo doméstico reduziria a demanda

excessiva pelo serviço.

Impostos sobre produtos – visam desencorajar a utilização de materiais danosos ao meio

ambiente no processo produtivo, e evitar uma superutilização de materiais – CHERMONT &

MOTTA, 1996.

Sistema depósito-retorno – visa incentivar a reciclagem e reutilização de produtos

específicos.

O sistema depósito-retorno cobra depósitos dos consumidores no ato da venda e reembolsa na

devolução da embalagem – CHERMONT & MOTTA, 1996.

O sistema depósito-retorno pode ser aplicado no consumo e no processo produtivo.

No consumo – o consumidor paga o depósito ao produtor na compra do produto e o recebe de

volta ao retornar a embalagem.

No processo produtivo – o fabricante paga o depósito a uma entidade governamental – uma

forma de débito de um tributo. O reembolso equivalente é retornado àquele que realiza o

reaproveitamento – uma forma de crédito desse tributo. – SAYAGO et al., 1998

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A aplicabilidade e impacto desses instrumentos têm um grande potencial para acelerar

absorção e introdução de tecnologias desejáveis.

Um bom exemplo é a Resolução 307 do CONAMA , aprovada em 05/07/2002.

Essa Resolução dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos da IC. A Resolução 307 levou a diferentes iniciativas e à integração de instituições do setor público e

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