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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA ADRIANO SILVA MEDEIROS CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSAMENTO E DO COMÉRCIO DE “GRUDE” DA PESCADA-AMARELA Cynoscion acoupa (LACÉPÈDE, 1801) DO MUNICÍPIO DE APICUM-AÇU, NO ESTADO DO MARANHÃO BELÉM 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

ADRIANO SILVA MEDEIROS

CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSAMENTO E DO COMÉRCIO DE “GRUDE” DA

PESCADA-AMARELA Cynoscion acoupa (LACÉPÈDE, 1801) DO MUNICÍPIO DE

APICUM-AÇU, NO ESTADO DO MARANHÃO

BELÉM

2019

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ADRIANO SILVA MEDEIROS

CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSAMENTO E DO COMÉRCIO DE “GRUDE” DA

PESCADA-AMARELA Cynoscion acoupa (LACÉPÈDE, 1801) DO MUNICÍPIO DE

APICUM-AÇU, NO ESTADO DO MARANHÃO

BELÉM

2019

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao

curso de Engenharia de Pesca (CTES) da Universidade

Federal Rural da Amazônia como requisito para obtenção

de grau de Bacharel em Engenharia de Pesca

Área de Pesquisa: Tecnologia pesqueira

Orientadora: Profª. M.Sc. Rosália Furtado Cutrim Souza

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Medeiros, Adriano Silva

Caracterização do processamento e do comércio de “grude” da

pescada-amarela Cynoscion acoupa (Lacépède, 1801) do Município de

Apicum-Açu, no Estado do Maranhão / Adriano Silva Medeiros – Belém,

2019.

37 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia de Pesca) –

Universidade Federal Rural da Amazônia, 2019.

Orientadora: M.Sc. Rosália Furtado Cutrim Souza

1. Pescada-amarela 2. Cynoscion acoupa 3. Pescada-amarela – Grude

4. Pescada-amarela – Comercialização I. Souza, Rosália Furtado Cutrim

(orient.) II. Título.

CDD – 639.2098115

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AGRADECIMENTOS

Agradecer primeiramente a Deus, por ter me concedido a oportunidade de cursar o nível

superior na Universidade Federal Rural da Amazônia e por ter me fortalecido para que eu

chegasse até o final do curso.

Quero também agradecer à minha família, meus pais, Antônio e Rosineide, pelo

incentivo durante toda a minha caminhada como estudante, por todo esforço para que eu

pudesse chegar até aqui. Á minha esposa Vanessa Medeiros, por ser meu braço direito, pela

força, apoio, paciência, pela fé em mim e por ser minha inspiração para almejar novos

horizontes e realizar muitos sonhos. Ao meu sogro Eduardo Portela pelo suporte da finalização

gráfica do meu trabalho.

À minha orientadora, Profª M.Sc Rosália Souza, pela confiança, apoio e dedicação na

elaboração dessa monografia, e conseguiu me resgatar para que eu pudesse finalizar meu curso.

Aos amigos Alex, Álvaro e Thayanne, parceiros de trabalhos em grupo e de estágio em

laboratório, com quem aprendi muito sobre amizade e profissionalismo. Aos amigos Leonilton,

Mayara, Luan e Luciane pelo apoio em minha conclusão de curso e por compartilhar ideias

futuras da área profissional. Ao amigo Josielson, por todo o aprendizado sobre a parte técnica

de como ser um bom profissional.

Aos colaboradores deste presente trabalho, meus tios José Ribamar, José Roberson,

Anastácio Júnior, minha tia Edileuza, Sr. Afonso e Sr. Adelson que me forneceram

hospedagem, dados e registros fotográficos.

E a todos que fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.

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RESUMO

Neste estudo, objetivou-se a caracterização do processamento da retirada da “grude” da

pescada-amarela e comercialização no município de Apicum-Açu/MA, localizado no litoral do

Maranhão. Os dados foram provindos em aplicação de questionários com os pescadores no

porto de Apicum-Açu no bairro de Tabatinga, para adquirir informações sobre o tratamento da

“grude” desde o momento da captura até a comercialização. Para especificações foram

direcionadas perguntas sobre a retirada da grude, as formas de conservação e a comercialização,

bem como uso do produto. Os dados de comércio da “grude” no Município, foram registrados

através de um comerciante, com base na sua compra diária de compra. Foram descritos os

conhecimentos dos pescadores sobre a “grude”, e o entendimento sobre a importância do

produto final, a forma de manipulação e estocagem e a comercialização e destino onde será

encaminhado, e através dos dados criou-se um fluxograma do processamento e comercial.

Identificou-se dois produtos de comércio com a “grude”: fresca e seca, ambos o procedimento

de limpeza são essenciais, sendo que produto seco o valor comercial é mais alto. Foram

entrevistados 32 pescadores no porto do município, interrogados sobre o tempo de exposição

no sol que 78,1% afirmaram o período de 2 a 3 dias, o local onde ocorre a secagem onde

responderam em torno de 93,75% em terra firme, e sobre a finalidade da “grude” de acordo

com os pescadores, 62,5% responderam que não possuem o conhecimento sobre a finalidade

do produto. Em valores comerciais, cerca de R$ 2.000/kg (tamanho GG), e R$ 1.600/kg

(tamanho M) e R$ 1.300/kg (tamanho P) com a “grude” seca, já com a “grude” fresca o valor

é de R$ 900/kg. Custando em torno de R$ 200,00 (tamanho GG); R$ 160,00 (tamanho M); R$

130,00 (tamanho P) a unidade da “grude” seca, e a “grude” fresca com o custo de R$ 90,00 a

unidade. Concluindo que ocorre uma espécie de contrato entre o pescador e proprietário da

embarcação sobre a “grude” adquirida na pescaria, a maioria das compras da “grude” são

contratadas antes mesmo da pescaria, estabelecendo quantidade e tipo, a opção da “grude” mais

comercializada é a seca, no entanto a “grude” fresca é bem procurada, principalmente por

atravessadores para repassar aos contratantes de outro município e o procedimento de limpeza

e o tamanho da “grude” influenciam no valor comercial final.

Palavras-chave: Pescada-amarela; Grude; Bexiga natatória; Comercialização; Apicum-Açu –

Maranhão; Secagem

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ABSTRACT

In this study, the objective the characterization of processing of the withdrawal of the "grude"

of acoupa weakfish and commercialization in the municipality of Apicum-Açu/MA, located on

the coast of Maranhão. The data have been coming in questionnaires with fishermen in the port

of Apicum-Açu in the Tabatinga, to acquire information about the treatment of "grude" from

the moment of capture until the marketing. For specifications were directed questions about the

withdrawal of “grude”, conservation and marketing forms, as well as use of the product. The

trade data of the "grude" in the city, were recorded through a merchant, based on your daily

purchase of purchase. Were described the knowledge of fishermen on the “grude”, and the

understanding of the importance of the final product, the way of handling and storage and

commercialization and destination where it will be forwarded, and through a data processing

flowchart. Identified two trade products with the "grude": fresh and dry, both the cleaning

procedure are essential, and dry the commercial value is higher. 32 fishermen were interviewed

at the port of the city, questioned about the exposure time in the sun that 78.1% say the period

of 2 to 3 days, the place where drying occurs where responded around 93.75% on dry land, and

about the purpose of the "grude" according to the fishermen, 62,5% answered that don't possess

the knowledge about the purpose of the product. In commercial values, about R$ 2.000/kg

(GG), and R$ 1.600/kg (size M) and R$ 1.300/kg (size P) with the “grude” dry, with the “grude”

fresh value is R$ 900/kg. Costing around R$ 200 (GG); R$ 160 (size M); R$ 130 (size P) the

unity of the “grude” dry, and the “grude” fresh with the cost of R$ 90 the unit. Concluding that

there is a kind of contract between the fisherman and owner of the vessel on the "grude" in the

fishery, most purchases of “grude” are contracted even before of the fishery by establishing

amount and type, the option of “grude” more marketed is the dry, however the “grude” cool is

well sought after, especially by middlemen to go over to contractors from another municipality

and the cleaning procedure and the size of the “grude” influence on business value end.

Keywords: Acoupa weakfish; “Grude”; Swim bladder; Marketing; Apicum-Açu-Maranhão;

Drying

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Morfologia externa da pescada-amarela ……………………………..……............15

Figura 2 – Localização do município de Apicum-Açu, no estado do Maranhão.......................19

Figura 3 - Porto de Tabatinga, no município de Apicum-Açu ..................................................20

Figura 4 - (A) “Grude” fresca esbranquiçada e (B) “Grude” seca amarelada............................22

Figura 5 - Processo de evisceração para retirada da bexiga natatória........................................23

Figura 6 - Fluxograma do procedimento de limpeza da “grude”...............................................24

Figura 7 - Corte longitudinal da bexiga natatória com auxílio de tesoura .................................25

Figura 8 - Retirada da membrana na câmara interna.................................................................25

Figura 9 - Mesa telada com as “grudes” para secagem..............................................................26

Figura 10 - Tempo de duração que a “grude” leva na secagem.................................................27

Figura 11 - Local onde ocorre a secagem da “grude”................................................................27

Figura 12 - Fluxograma de comercialização da “grude”...........................................................29

Figura 13 - Importância para qual finalidade é utilizada a “grude”...........................................30

Figura 14 - Os valores por unidade da “grude” em período e município diferentes...................31

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 11

2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 11

2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 11

3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 12

3.1 Pesca ............................................................................................................................. 12

3.1.1 Caracterização da pesca artesanal na região do Maranhão ........................................... 13

3.2 Produto pesqueiro ....................................................................................................... 14

3.2.1 Bexiga natatória ............................................................................................................ 14

3.3 Caracterização da espécie .......................................................................................... 14

3.3.1 Sistemática da pescada-amarela ................................................................................... 14

3.3.2 Características morfologias .......................................................................................... 15

3.3.3 Habitat e comportamento .............................................................................................. 15

3.3.4 Ocorrência ..................................................................................................................... 16

3.3.5 Sinonímia e nomes comuns de Cynoscion acoupa (LACÉPÈDE, 1801) ..................... 16

3.3.6 Relação peso x comprimento ........................................................................................ 16

3.3.7 Reprodução ................................................................................................................... 17

3.3.8 Importância comercial da “grude” ................................................................................ 17

3.3.9 Frota pesqueira de pescada-amarela ............................................................................. 18

3.3.10 Legislação ..................................................................................................................... 18

4 MATERIAL E METODOS ....................................................................................... 19

4.1 Área de estudo ............................................................................................................. 19

4.2 Coleta de dados ........................................................................................................... 20

4.3 Análise dos dados ........................................................................................................ 21

4.3.1 Processamento artesanal da “grude” a bordo e no porto .............................................. 21

4.3.2 Fluxo comercial da “grude” .......................................................................................... 21

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 22

5.1 Descrição do processamento introdutivo da “grude” .............................................. 22

5.1.1 Processamento da retirada da “grude” .......................................................................... 23

5.1.2 Secagem ........................................................................................................................ 26

5.2 Descrição dos aspectos da comercialização .............................................................. 28

5.2.1 Relação comercial ......................................................................................................... 28

5.2.2 Valor comercial ............................................................................................................ 30

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 33

APÊNDICE

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1 INTRODUÇÃO

O litoral amazônico, que inclui a costa dos estados do Pará, Amapá e Maranhão, possui

uma vocação natural para a explotação dos recursos pesqueiros. Nessa região, a matéria

orgânica, oriunda da decomposição das florestas de mangue e das planícies inundadas do rio

Amazonas, é responsável pela formação de condições propícias de produtividade (ISAAC,

2006).

A família Sciaenidae é um importante recurso pesqueiro mundial com cerca de 70

gêneros e 270 espécies, amplamente distribuído no oceano Atlântico, ocorrendo principalmente

em águas marinhas e estuarinas (MATOS; LUCENA, 2006). Os peixes da família Sciaenidae

constituem um dos recursos pesqueiros mais importantes no Oceano Atlântico. (MULATO et

al.,2015).

A pescada-amarela, Cynoscion acoupa (LACÉPÈDE, 1801) pertencente à família

Sciaenidae, identificado em águas rasas tropicais e subtropicais da costa atlântica da América

do Sul, sendo que no Brasil ocorre em todo o litoral, apresentando tolerância para as águas

salobras (SZPILMAN, 2000). Em estuários da costa Norte do Brasil, juvenis são abundantes

(CASTRO, 1997; BARLETTA-BERGAN; BARLETTA; SAINT-PAUL, 2002) e na zona

costeira, indivíduos de 51 a 125 cm de comprimento total foram observados no estado do Pará

(MATOS; LUCENA, 2006). A espécie tem grande valor comercial, tanto pela qualidade de sua

carne, como também pela bexiga natatória, denominada “grude”, utilizada para a elaboração de

emulsificantes e clarificantes (CERVIGÓN et al., 1993; WOLFF; KOCH; ISAAC, 2000).

Na região nordeste, o Maranhão destaca-se como um dos maiores produtores de

pescado. Em 2014, a produção de pescado no estado produziu 17.717 toneladas de pescado,

sendo considerado o segundo maior produtor dessa região (IBGE, 2014). Os recursos

pesqueiros de maior importância econômica no estado são a pescada-amarela C. acoupa,

pescada-branca Cynoscion leiarchus (Cuvier in Cuvier and Valenciennes, 1830) e a gurijuba

Sciades parkeri (Traill, 1832), que possuem valores comerciais diferenciados entre os

municípios (ALMEIDA et al., 2007).

O objetivo do estudo no município de Apicum-Açu, é importante no acompanhamento

do processo de extração da “grude”, e o trajeto comercial. É um comércio pouco incentivado

por órgãos públicos, no entanto possui uma grande valorização comercial exterior. O

conhecimento desse processamento da “grude” e a cadeia, contribuem para gestão desse

recurso.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Caracterizar o processamento da retirada do “grude” de Cynoscion acoupa

(LACÉPÈDE, 1801) e sua comercialização no município de Apicum-Açu, localizado no litoral

do estado do Maranhão.

2.2 Objetivos específicos

Caracterizar o processamento artesanal da “grude” no porto e;

Identificar o fluxo de comercialização da “grude” e;

Quantificar a valorização da comercialização da “grude” no município de Apicum-Açu.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Pesca

A Pesca e a Aquicultura são importantes atividades para a geração de alimentos,

emprego e renda para centenas de milhões de pessoas que atuam direta ou indiretamente na

cadeia de produção e distribuição do pescado em todo o mundo (MERONA; BITTENCOURT,

1988; CERDEIRA et al., 1997; BATISTA et al., 1998; FAO, 2016).

Nesse cenário a produção mundial de pescado cresce anualmente estimulando o

aumento do consumo per capta, que alcançou um novo máximo histórico de 20kg/pessoa/ano

em 2014, graças a um intenso crescimento da aquicultura, que na atualidade proporciona a

metade de todo o pescado destinado ao consumo humano, fortalecendo o papel do pescado

como um dos produtos alimentícios mais comercializados ao nível mundial, com destaque para

as exportações procedentes de países em desenvolvimento (FAO, 2016).

A pesca artesanal brasileira possui numerosas e complexas especificidades e levam em

consideração fatores sociais, políticos, institucionais, econômicos e ambientais intrínsecos a

cada local (SILVA, 2014). Seus usuários utilizam diversos meios de produção (petrechos,

embarcações e estratégias) para capturar diversos recursos geralmente pouco abundantes, em

um meio em constante mudança (DIEGUES, 1983) e ainda com conflituosas relações sociais.

Nos locais onde ocorre, a pesca artesanal é considerada um indicador de qualidade ambiental,

sendo ainda uma importante estratégia para a conservação dos recursos pesqueiros (CATELLA

et al., 2012).

As informações levantadas sobre a pesca artesanal do Maranhão tornam evidente a

grande diversidade das pescarias maranhenses quanto às características tecnológicas,

econômicas e ecológicas, embora essa atividade ainda seja tratada como uma unidade.

(ALMEIDA et al., 2011). Almeida (2009), propôs a subdivisão das modalidades de pesca

maranhense em 21 “Sistemas de Produção Pesqueira” (SPP) de acordo com o conceito

determinado pelo Grupo Temático Modelo Gerencial da Pesca (MGP/RECOS), através do

arranjo sequencial de oito características: frota, arte, recursos, ambiente, qualidade de moradia,

relações de trabalho, renda e grau de isolamento, subdivididas através de um raciocínio que

busca a homogeneidade na caracterização de cada sistema (ISAAC et al., 2006).

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Várias abordagens quantitativas são disponíveis para a avaliação de recursos pesqueiros

(HILBORN; WALTERS, 1992), incluindo àquelas que integram aspectos biológicos e

socioeconômicos na análise de dados (GALLANGER et al., 2004; LUCENA; O’BRIEN,

2005).

3.1.1 Caracterização da pesca artesanal na região do Maranhão

O litoral maranhense possui 640 km de linha de costa, ocupando importante papel no

cenário da produtividade pesqueira nacional devido ao grande volume produção de pescado no

estado (MONTELES et al.,2010). Segundo dados do BRASIL (2011), no boletim estatístico da

pesca e aquicultura no ano de 2011, o estado do Maranhão foi o terceiro maior contribuinte da

produção brasileira de pescado. Há um destaque pela dominância da categoria artesanal da frota

que é responsável pela totalidade da produção marinha, sendo que mais de 50% das capturas

ficam restritas ao litoral ocidental (ALMEIDA et al, 2006). As pescarias artesanais fornecem

alimento e emprego para muitas populações humanas, especialmente nos países tropicais e/ou

em desenvolvimento, contribuindo em até 60% da produção pesqueira marinha do Brasil e 95%

da produção maranhense (BEGOSSI, 2004; ALMEIDA et al., 2006).

Essa atividade contribui de forma significativa, dentre outros fatores, para incrementar

a economia local, fornecimento de fonte de proteína animal marinha e identidade e

fortalecimento social no sistema de crenças e valores agregados na atividade pesqueira

(RAMOS, 2008). A maior parte dessa produção é proveniente da pesca artesanal que utiliza

artes primitivas como o curral e a tapagem para a captura de peixes e o puçá de arrasto para o

camarão (SANTOS et al., 2008; MONTELES et al., 2009).

Os equipamentos usados, apesar de simples, são apropriados e bem adaptados as

condições locais de pesca, com exceção de certas redes com malhas muito pequenas como redes

de tapagem, redes de emalhar acima do tamanho e zangarias com pequenas aberturas de malha.

(ALMEIDA et al., 2008).

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3.2 Produto pesqueiro

3.2.1 Bexiga natatória

A pescada-amarela tem grande valor comercial, tanto pela qualidade de sua carne, como

também pela bexiga natatória, denominada “grude”, utilizada para a elaboração de

emulsificantes e clarificantes (CERVIGÓN, 1993; WOLFF et al., 2000). Este subproduto é

utilizado para a produção de cola, gelatina, clarificante na indústria vinícola e também como

alimento na China e outros países da Ásia (CERVIGÓN, 1993).

As bexigas natatórias da pescada-amarela (Cynoscion acoupa), é comercializada

informalmente em todo o litoral maranhense por um preço bastante elevado e exportado para

Japão e China (AQUINO et al., 2008). O processo mais empregado na extração de colágeno da

bexiga natatória de peixes é a solubilização em ácido acético durante cinco dias de extração,

portanto, consumindo um tempo relativamente longo e apresentando um rendimento baixo.

(AQUINO et al., 2008).

A bexiga natatória ou grude, proveniente das pescadas, conhecida na literatura

tecnológica com o nome de “issinglass” possui elevado valor comercial, sendo utilizada na

indústria de bebidas, principalmente na de cervejaria e vinícola, como agente clarificante. É

utilizada também, na indústria, como espumante, emulsificante, dispersante e gelificante

(ISAAC et al., 1998).

3.3 Caracterização da espécie

3.3.1 Sistemática da pescada-amarela

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Subfilo: Vertebrata

Classe: Teleostei

Ordem: Perciformes

Familia: Sciaenidae

Genero: Cynoscion

Espécie: Cynoscion acoupa (LACÉPÈDE, 1801)

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3.3.2 Características morfológicas

A pescada-amarela, C. acoupa, é uma espécie pertencente à família Sciaenidae, descrita

por Lacepède em 1801 e possui como características taxonômicas: Nadadeira dorsal com 11

espinhos e 17-22 raios; Nadadeira anal com 2 espinhos e 7-9 raios. Corpo quase uniforme

prateado, porção ventral da cabeça, margens das nadadeiras peitorais, pélvicas e caudais de

coloração alaranjadas, de acordo com imagem (Figura 1). Nadadeiras peitorais

aproximadamente iguais em comprimento às pélvicas. Boca grande, oblíqua com mandíbula

ligeiramente saliente. Queixo sem barbilhões ou poros. Porção com raios da nadadeira dorsal

sem escamas, exceto 2 ou 3 fileiras de pequenas escamas ao longo de sua base (MENEZES;

FIGUEIREDO, 1980; CERVIGÓN et al., 1993).

Figura 1 - Morfologia externa da pescada-amarela

Fonte: SOUZA-JUNIOR, 2017

3.3.3 Habitat e comportamento

Esta espécie é nectônica, demersal e costeira de águas rasas; comum nas águas salobras

dos estuários, lagoas estuarinas, desembocaduras dos rios e podem penetrar na água doce. Os

espécimes juvenis são restritos às águas salobras e doces, e encontrados em pequenos e grandes

cardumes nadando próximo ao fundo. Alimenta-se principalmente de peixes e crustáceos

(SZPILMAN, 2000).

De acordo com Carvalho Filho (1999), habita áreas de lodo, areia ou cascalho, entre 1

a 35 metros. Penetra rios de água doce e é a maior espécie do gênero no Brasil, e se aproxima

de águas mais rasas à noite para se alimentar de peixes e crustáceos, e durante o dia é pouco

ativa (MATOS; LUCENA, 2006).

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3.3.4 Ocorrência

Esta espécie encontra-se amplamente distribuída ocorrendo em águas rasas tropicais e

subtropicais dos Oceanos Atlântico, Indico e Pacífico (NELSON, 1994). No lado Ocidental do

Atlântico ocorre desde o Panamá até a Argentina (MENEZES; FIGUEIREDO, 1980;

CERVIGÓN et al., 1993). No Brasil, a espécie ocorre em todo o litoral apresentando hábito

demersal e costeiro, comum nas águas salobras dos estuários e lagoas estuarinas (SZPILMAN,

2000).

3.3.5 Sinonímia e nomes comuns de Cynoscion acoupa (LACÉPÈDE, 1801)

A sinonímia da Cynoscion acoupa registrados são pescada, pescada-amarela ou

pescada-jaguara. Segundo Travassos e Paiva (1957), os nomes comuns correspondente à

espécie são:

Calafetão;

Cambucu;

Cupá;

Guatupucá;

Pescada-verdadeira;

Tacupapirema;

Ticoá;

Tipucá;

Tucupapirema;

Pescada-vermelha;

Pescada-dourada;

Pescada-cascuda;

Pescada-de-escama;

Pescada-selvagem;

Ticupá.

3.3.6 Relação peso x comprimento

De acordo com um estudo realizado na baía de São Marcos em São Luís – MA, foram

analisados 244 espécimes de pescada-amarela. Dos quais, 140 eram machos e 104 eram fêmeas.

O comprimento total (CT) variou de 20,5 cm a 107 cm (47,84±23,68) nos machos, e 20,1 cm a

100 cm (48,96±23,25) nas fêmeas. Em relação ao peso total (PT), nos machos variou de 63g a

11.100g (2237,7± 2856,7) e nas fêmeas de 70g a 10.930g (1294,2± 2046,3). (ALMEIDA et al,

2016).

A análise da relação peso-comprimento para sexos separados indicou um crescimento

do tipo alométrico negativo para machos e para fêmeas. Sugerindo que a pescada-amarela

apresenta um menor aumento no peso do que no comprimento. (ALMEIDA et al, 2016)

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17

3.3.7 Reprodução

O comportamento reprodutivo, não se sabe se a pescada-amarela se agrega no período

de reprodução, muito embora os pescadores tenham indicado períodos e locais de desova, como

observado para o conhecimento dos pescadores sobre outros peixes marinhos no litoral

brasileiro (SILVANO et al., 2006). A literatura indica que apenas na fase larval essa espécie

entra nos estuários para sua alimentação e desenvolvimento, pois a pescada amarela é uma

espécie tipicamente marinha, entrando no estuário em um etapa do seu ciclo de vida (ARAÚJO,

2008).

O efeito da sazonalidade no comportamento reprodutivo da espécie, de acordo com as

literaturas, indica que a espécie tem uma forte aderência a salinidades mais baixas no período

reprodutivo, ocupando um gradiente de ambientes nas diferentes fases do ciclo de vida

(FERREIRA, 2016).

A percepção dos participantes da pesca da pescada-amarela na costa norte do Brasil

indicou tamanhos equivalentes ao tamanho de primeira maturação da pescada-amarela

(tamanho menor que observam ovada) de 70 cm (mediana) muito acima do tamanho de primeira

maturação (L50) relatado na literatura, que indica tamanhos L50 de 39,89 cm para machos e de

42,07 cm para fêmeas (ALMEIDA et al., 2016).

A desova da pescada-amarela (Cynoscion acoupa) é parcelada, com picos nos meses de

novembro e dezembro e de março a abril, segundo estudo realizado com espécimes (n=244

sendo 140 machos e 104 fêmeas), resultantes da pesca artesanal na Baía de São Marcos - MA

(ALMEIDA et al., 2016).

3.3.8 Importância comercial da “grude”

A comercialização do grude é bastante relevante na região. O grude da pescada-amarela

vem se tornando comercialmente importante desde a década de 90, aumentando o rendimento

da pescaria da pescada-amarela em 35%. Entretanto, apesar do bom rendimento deste

subproduto e do fato que o quilograma do grude detém valores bem superiores ao quilograma

da carne, esta última é a principal impulsionadora dos rendimentos com a pescaria, sendo

responsável por 65% do rendimento econômico (MOURÃO, 2009). O pescado capturado supre

os mercados regionais e, principalmente, São Luís, as bexigas natatórias e as barbatanas de

tubarões são vendidas para comerciantes paraenses e posteriormente exportadas para a China,

com o intuito de extraírem o colágeno, e essa cadeia envolve entre 3-5 atravessadores

(ALMEIDA, 2009).

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Os subprodutos gerados em alguns sistemas de produção, como as bexigas natatórias de

pescada e gurijuba, em sua totalidade são exportados por altos valores, agregando rendimento

à cadeia produtiva dos sistemas, e essa renda não é usufruída pelos pescadores, pois a renda

comercialização desses subprodutos, na maioria das vezes, fica limitada aos donos das

embarcações, que por sua vez por falta de processamento, também usufruem de uma pequena

parcela deste lucro, ficando por mais uma vez, a maior parcela da renda nas mãos dos sucessivos

atravessadores (ALMEIDA, 2009).

Segundo o estudo de Lisboa (2005) os preços variavam de acordo com tamanho, grau

de unidade (molhada ou seca), coloração e origem. A grande maioria das transações no

município de Vigia – PA, é de “grude” sendo 69% de pescada amarela, 31% de gurijuba, os

preços em uma unidade foram de R$ 120,00, em relação a “grude” da gurijuba chegando em

torno de R$ 80,00 (LISBOA, 2005).

3.3.9 Frota pesqueira de pescada-amarela

A pesca no Maranhão destaca-se pela dominância da categoria artesanal da frota que é

responsável pela totalidade da produção marinha, sendo que mais de 50% das capturas ficam

restritas ao litoral ocidental (ALMEIDA et al, 2006). Pesquisas sobre os recursos pesqueiros

indicam a existência de uma alta densidade e biomassa íctica na plataforma continental

maranhense (ALMEIDA, 2009).

Os recursos pesqueiros que apresentaram maior produção no Maranhão foram: os

camarões, perfazendo média de 5.000 t/ano; pescada-amarela com 3.300 t/ano e serra com

2.500 t/ano (ALMEIDA, 2009).

3.3.10 Legislação

O período de defeso ou determinação de comprimento mínimo de captura para as

espécies capturadas é inexistente. Os malhões capturam cerca de 97% de indivíduos de pescada-

amarela maduros. O maior prejuízo a indivíduos juvenis é causado pelas redes de menor malha,

como gozeira, onde há uma grande captura de indivíduos juvenis (MATOS, 2003). Apesar da

Portaria Federal do IBAMA 121(24/08/1998), que trata da proibição de redes de arrastos,

entretanto, não são constatadas ações efetivas (ALMEIDA, 2009).

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19

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

A área em estudo é o município de Apicum-Açu, localizado na região noroeste do estado

(Figura 2) e obteve a autonomia política em 10 de novembro de 1994, está inserido na

Mesorregião Norte Maranhense, dentro da Microrregião do Litoral Ocidental Maranhense,

abrange uma área de 353 km², com uma população de aproximadamente 14.959 habitantes e

densidade demográfica de 42,37 habitantes/km² (IBGE, 2010).

Figura 2 – Localização do município de Apicum-Açu, no estado do Maranhão

No Maranhão o período chuvoso que se concentra durante os meses de dezembro a maio

onde apresenta registros estaduais da ordem de 290,4 mm ao mês e alcança os maiores picos de

chuva no mês de março, e o período seco, que ocorre nos meses de junho a novembro, com

menor incidência de chuva por volta do mês de agosto, registra médias estaduais da ordem de

17,1 mm e 26 ºC (CORREIA-FILHO et al., 2011). As temperaturas em todo o Maranhão são

elevadas, com médias anuais superiores a 24 ºC, sendo que ao norte chega a atingir 26 ºC

(CORREIA-FILHO et al., 2011).

Fonte: IBGE (2017)

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4.2 Coleta de dados

Os dados foram provindos em aplicação de questionários estruturados realizado no

período de 07 a 09 de novembro de 2018, previamente com os pescadores no porto de Apicum-

Açu (Figura 3), para adquirir informações sobre o tratamento da “grude” desde o momento da

captura até a comercialização. Para especificações foram direcionadas perguntas sobre a

retirada da grude, formas de conservação e a comercialização, bem como uso do produto.

Figura 3 - Porto de Tabatinga, no município de Apicum-Açu

Fonte: Autor

Também os dados de comércio da “grude” no município, registrados através de um

comerciante, com base na sua compra diária de compra, bem como a detenção de informações

através da secretária de aquicultura e pesca do município de Apicum-Açu e a colônia de

pescadores da Z-54.

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21

4.3 Análise dos dados

Foram descritos os conhecimentos dos pescadores sobre a “grude”, e o entendimento

sobre a importância do produto final, a forma de manipulação e estocagem e a comercialização

e destino para aonde foi encaminhado. Foram analisados os dados quantitativos do comprador

sobre o comércio da “grude” para outro município, e de onde será entregue ao atravessador para

exportação do produto, além de dados quantitativos para elaboração de gráficos a partir dos

questionários aplicados com os pescadores.

4.3.1 Processamento artesanal da “grude” a bordo e no porto

Durante a aplicação dos questionários aos pescadores, foram descritos os procedimentos

da obtenção da “grude”, tanto a bordo quanto no porto. Houveram registros fotográficos para

complementação dos processos feitos na evisceração e limpeza da grude.

4.3.2 Fluxo comercial da “grude”

Verificou-se os procedimentos comerciais da “grude” através de um fluxograma, para

demonstração das fases desde a obtenção da grude com o pescador até a exportação do produto

pelo comerciante.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Descrição do processamento introdutivo da “grude”

No município de Apicum-Açu, a bexiga natatória “grude” da pescada-amarela é

comercializada em dois aspectos fisiológicos, fresca e seca. A forma fresca da “grude” é

caracterizada na etapa após a limpeza da bexiga natatória in natura, posteriormente são

acondicionadas para comércio ou para secagem.

A forma seca da “grude” é provinda do processo em que sofre a secagem, podendo ser

por meio de raios solares ou por estufa. A “grude” fresca possui uma coloração esbranquiçada

e seu tamanho é quase duas vezes maior que a “grude” seca, que apresenta a coloração

amarelada, conforme a figura 4.

Figura 4 - (A) “Grude” fresca esbranquiçada e (B) “Grude” seca amarelada

Fonte: Autor

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5.1.1 Processamento da retirada da “grude”

Após a captura da pescada-amarela ocorre o processo de evisceração (Figura 5) para

retirada da “grude”, que consiste em um corte longitudinal na área ventral do peixe, fazendo a

retirada da bexiga natatória, que será lavada com água do mar e separada para limpeza rápida,

retirando o sangue e a gordura. O procedimento pode ocorrer tanto a bordo, quanto em terra.

Figura 5 - Processo de evisceração para retirada da bexiga natatória

Fonte: LISBOA (2005)

Após o procedimento de evisceração, ocorre a limpeza da “grude” retirando a membrana

que envolve a bexiga natatória, em seguida lavando-se com água do mar.

Posteriormente efetua-se uma incisão longitudinal, com auxílio de uma faca ou uma

tesoura, e inicia-se uma limpeza da câmara interna, fazendo a retirada dos resquícios de sangue

e membrana, seguidamente utiliza-se novamente a água na finalização da limpeza da “grude”,

podendo assim acondiciona-las para o comércio em situação in natura.

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Para comércio da “grude” seca, repete-se o processo de limpeza com água corrente, e

conserva-as em água clorada, para iniciar a retirada de gordura da bexiga natatória com mais

precisão. Com auxílio de uma faca e escova com cerdas de alumínio, é feita a retirada de

gordura, e a imersão em água corrente elimina todo resquício de sangue, para evitar o odor

desagradável no período da secagem. Todo procedimento (Figura 6) deve ser seguido

minuciosamente.

Figura 6 - Fluxograma do procedimento de limpeza da “grude”

Fonte: Autor

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Figura 7 - Corte longitudinal da bexiga natatória com auxílio de tesoura

Fonte: Autor

Figura 8 - Retirada da membrana na câmara interna

Fonte: Autor

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5.1.2 Secagem

Segundo os pescadores entrevistados, existe diferença de espessura entre o macho e a

fêmea, e isso influencia no tempo de secagem. Geralmente, a bexiga natatória das fêmeas possui

espessura maior, por isso levam mais tempo para finalizar o processo de secagem, normalmente

essa diferença é de um dia.

Depois de terem passado pelo processo de lavagem que elimina as gorduras e resquícios

de sangue, evitando o mal odor proveniente destes, as “grudes” são enfileiradas em uma espécie

de mesa telada (Figura 9), e misturadas com as bexigas natatórias de outras espécies. As

“grudes” são colocadas fechadas por aproximadamente meia hora expostas ao sol, e mais meia

hora abertas, com a câmara interna virada para o sol, logo depois são expostas ao ventilador

para não ficarem muito secas.

Figura 9 - Mesa telada com as “grudes” para secagem

Fonte: Autor

A partir de 32 pescadores entrevistados, presentes no trapiche do município de Apicum-

Açu, com barcos de BPP (barcos de pequeno porte).

Os pescadores foram questionados sobre a questão do tempo de exposição ao sol e o

local onde ocorre a secagem da “grude”.

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A porcentagem de pescadores encontrados, isto é, 78,1% afirmam que a “grude” passa

em torno 2 a 3 dias no processo de secagem (Figura 10), corroborando com o estudo de Lisboa

(2005) no município de Vigia-PA, onde encontrou cerca de 90% de entrevistados que também

confirmaram o período de 2 a 3 dias para secagem da “grude”, conforme o estudo. Cerca de

93,75% responderam que o local onde mais se realiza a secagem é em terra firme (Figura 11).

Figura 10 - Tempo de duração que a “grude” passa na secagem

Figura 11 - Local onde ocorre a secagem da “grude”

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

2 em 3 dias 4 em 5 dias 6 ou mais dias

78,1%

12,5% 9,4%

Pes

cad

ore

s (%

)

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

A BORDO EM TERRA AMBOS

6,25%

93,75%

0,00%

Pes

cad

ore

s (%

)

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5.2 Descrição dos aspectos da comercialização

5.2.1 Relação comercial

A produção da “grude” comercializada no município de Apicum-Açu é provinda de

pesca artesanal realizada por pescadores do próprio município e de vilas próximas.

Essa comercialização é realizada pelos pescadores, proprietários das embarcações, casas

de atacadistas, intermediários que realizam compra da “grude” pescada-amarela, gurijuba e

“abas” de tubarão (nadadeiras).

A chegada das embarcações para desembarque é realizada através do rio Apicum-Açu,

no bairro de Tabatinga, no porto do Município. Nessa localização são escoadas as produções

provindas de pesca artesanal, que são comercializadas no município e fora dele. Boa parte dessa

produção, está negociada com os intermediários e proprietários de casas atacadistas. No

comércio da “grude” foi observado, que os proprietários de embarcações possuem um acordo

com os pescadores da localidade, nesse acordo, toda a produção da “grude” pertence ao

proprietário do barco, devido ao alto valor de compra dentro e fora da localidade, e uma parcela

da carne do pescado é acertada com os pescadores.

Constatou-se que a comercialização da “grude” no município de Apicum-Açu possui

seis fluxos comerciais (Figura 12) que abrange os intermediários, o pescador e o consumidor

final.

O atravessador I efetua a compra da “grude” no porto ou no local de processamento,

onde é feita a limpeza. O proprietário do barco faz um contrato informal com o pescador (Fluxo

1) sobre as “grudes” adquiridas no pescado. O pescador que possui o barco (Fluxo 3), negocia

também diretamente com o atravessador I e com as casas de atacadistas (Fluxo 2) do Município.

A mercadoria é despachada para os seguintes municípios observados nas entrevistas:

Belém (Fluxo 4), Bragança (Fluxo 5) e São Luís (Fluxo 6). É feita uma avaliação pela Secretaria

de Pesca e Aquicultura do município de Apicum-Açu, e logo após a vistoria, a mercadoria é

autorizada para prosseguir viagem ao destino. Com a chegada aos municípios citados nas

entrevistas, logo por diante, a mercadoria é repassada ao atravessador II que fará a exportação

para o comércio exterior, um exemplo respondido nos questionários foi o continente asiático,

mais precisamente, Hong Kong.

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Figura 12 - Fluxograma de comercialização da “grude”

Fonte: Autor

2

3

1

4 5 6

´

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30

Os pescadores foram questionados sobre se eles tinham o conhecimento da utilização

da “grude” para o mercado exterior e o motivo da grande procura, conforme a imagem abaixo

(Figura 13). Cerca de 62,5% dos entrevistados responderam que não possuem o conhecimento

para finalidade da “grude”, e 37,5% responderam que sabiam sobre a necessidade da “grude”.

As respostas que mais surgiram foram sobre o destino final de gêneros alimentícios, e a

produção de cola específica para indústria.

Figura 13 - Importância para qual finalidade é utilizada a “grude”

5.2.2 Valor comercial

A referência do valor comercializado da “grude” é na forma seca, pois nessa forma o

atravessador I adquire em torno de 50% de lucro em cima do produto, por outro lado, a “grude”

na forma fresca é vendida pela metade do valor da “grude” seca. A “grude” seca possui valor

mais alto devido os procedimentos que são feitos, desde a limpeza minuciosa cotidiana,

secagem (com sol ou estufa) até revenda para o comprador, de outro modo, a “grude” fresca só

passa por procedimento de limpeza externa e interna, com menor complexidade, explicando

seu menor preço.

Além dos procedimentos, os valores também variam de acordo com o tamanho das

“grudes”. Foram observados valores de R$ 2.000/kg (tamanho GG), e R$ 1.600/kg (tamanho

M) e R$ 1.300/kg (tamanho P) com a “grude” seca, já com a “grude” fresca o valor é de R$

900/kg. Custando em torno de R$ 200,00 (tamanho GG); R$ 160,00 (tamanho M); R$ 130,00

(tamanho P) a unidade da “grude” seca, e a “grude” fresca com o custo de R$ 90,00 a unidade.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

SIM NÃO

37,5%

62,5%

Pes

cad

ore

s (%

)

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De acordo com o estudo de Lisboa (2005), houve uma diferença no valor que foi

encontrado no estudo, custava R$ 120,00 a “grude” seca de pescada-amarela na

comercialização no município de Vigia de Nazaré-PA. Segundo Lisboa (2005) com o mesmo

estudo, cerca 69% de comercialização no município de Vigia, são feitas pela venda de “grude”

da pescada-amarela, sendo que em Apicum-Açu a porcentagem atinge em torno de 65% do

comércio.

Constatou-se uma diferença nos valores da “grude” seca no mesmo período do estudo

de Lisboa (2005). Através de uma agenda de rotina de um dos atravessadores, foi possível

desenvolver um gráfico (Figura 14) mostrando as diferenças e mudanças sobre o valor do

produto.

Figura 14 - Os valores por unidade da “grude” em período e município diferentes

Os valores de R$ 98,00 foram observados na venda da “grude” seca no período de 2005,

divergindo com o estudo de Lisboa (2005) que encontrou o valor de R$ 120,00 a unidade. Logo,

com passar dos anos, a valorização do comércio da “grude” tende a crescer, sendo que a

comercialização para o exterior, depende com exclusividade da cotação do dólar.

R$ 120,00

R$ 98,00

R$ 200,00

REAIS (R$)

2

Apicum-Açu - 2018 R$ 200,00

Apicum-Açu - 2005 R$ 98,00

Lisboa (2005) R$ 120,00

Apicum-Açu - 2018 Apicum-Açu - 2005 Lisboa (2005)

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32

6 CONCLUSÕES

A pesca artesanal prevalece no município de Apicum-Açu, onde a “grude” é provinda

de frota de pequeno porte, e o processamento para a comercialização da “grude” é artesanal,

sem tecnologia e de forma simples, desde o processo de captura do pescado, a limpeza

minuciosa das bexigas natatórias até o procedimento de secagem ao luz do sol.

Ocorre um contrato informal entre o pescador e o proprietário do embarcação sobre a

“grude” adquirida na pescaria, iniciando o total de seis fluxos comerciais passando por casas

de atacadistas, atravessador I, deslocando para os municípios de Belém, Bragança e São Luís,

onde o atravessador II dará o procedimento de exportação das “grudes” para países do

continente asiático.

A valorização da “grude” é obtida na comercialização do tipo seco, chegando em

estimativa de R$ 2.000/kg no tamanho GG, e a importância da limpeza da “grude” torna o valor

do produto mais valorizado, no entanto a “grude” fresca possui uma procura alta,

principalmente por atravessadores para repassar aos contratantes para outro município. A

comercialização da “grude” tem uma influência direta na cotação do dólar, é notório que o

comércio da “grude” no município de Apicum-Açu é um atrativo econômico eficaz para

rentabilidade de pescador (com embarcação própria), de atravessadores e comerciantes do

porto.

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REFERÊNCIAS

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Outro:

A bordo Ambos

Outro:

Outro:

Por quê?

QUESTIONÁRIO DEDICADO AO PESCADOR

Como faz a salga:

6. Você acha mais vantajoso vender o grude seco ou molhado?

Seco Molhado

5. Você cozinha?

Sim Não

Como faz o cozimento:

4. Você salga?

Sim Não

Em terra

Não

3. Você usa algum produto químico para a secagem à a bordo

Sim

1. A grude é retirada do peixe em que momento durante a pescaria

Na evisceração do peixe Depois da evisceração

2. Secagem é a bordo ou em terra-firme?

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Por quê?

Ap. açu São Luis

Qual?

Por quê?

Para que?

Sim Não

12. Quanto tempo grude leva em média para secar ao sol?

10. O tempo que o peixe fica no apetrecho do pesca na água influencia na qualidade do grude?

Sim Não

11. Você tem ideia para que serve o grude?

8. A produção do grude se destina a um só comprador?

Sim Não

9. A produção é vendida em Apicum-açu, São Luis ou em outro municipio?

Outro municipio

Carne do Peixe Grude

7. Prefere pescar para lucrar com a carne do peixe ou com grude?

Ambos