ministÉrio da educaÇÃo universidade federal rural...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
FERNANDA SARMENTO DE OLIVEIRA LOUZANO
VALIDAÇÃO DE ESCALA DIAGRAMÁTICA PARA MANCHA FOLIAR CAUSADA
POR Pestalotiopsis sp. EM MUDAS DE COQUEIRO
BELÉM
2019
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FERNANDA SARMENTO DE OLIVEIRA LOUZANO
VALIDAÇÃO DE ESCALA DIAGRAMÁTICA PARA MANCHA FOLIAR CAUSADA
POR Pestalotiopsis sp. EM MUDAS DE COQUEIRO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Universidade Federal Rural da Amazônia
como requisito para obtenção de grau de
Bacharel em Engenharia Agronômica.
Orientadora: Dra. Gisele Barata da Silva e Co-
Orientadora: Msc. Aline Figueiredo Cardoso.
BELÉM
2019
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecas da Universidade
Federal Rural da Amazônia
Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
L886v Louzano, Fernanda Sarmento de Oliveira Validação de escala diagramática para mancha foliar causada por Pestalotiopsis
sp. em mudas de coqueiro / Fernanda Sarmento de Oliveira Louzano. - 2019.
27 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Agronomia, Campus universitário de Belém, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2019.
Orientação: Profa. Dra. Gisele Barata da Silva Coorientação: MSc. Aline Figueiredo Cardoso.
1. Plantas - doenças. 2. Coqueiros. 3. Pestalotiopsis. 4. Patometria. I. Silva, Gisele Barata da , orient.
II. Título
CDD 632.4
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À Valéria Santos (in memorian). Minha maior
inspiração. Exemplo de fé, força e superação.
Dedico.
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AGRADECIMENTOS
À Deus, por ser meu refúgio, fonte de força e consolo durante todo esse trajeto.
Ao meu esposo, Marcos Joaquim Louzano, por seu maior incentivador, conforto nos
momentos de angústia e por emanar energias positivas sempre que precisei. Sou grata
por tê-lo ao meu lado durante todo o desenrolar dessa graduação e principalmente por
não me deixar desistir.
Aos meus pais, Célio Oliveira e Deize Sarmento, por toda a educação que me deram,
por incentivarem a busca pelos meus objetivos e principalmente por mencionarem meu
nome diante de Deus em oração.
Aos meus amigos de graduação, Ana Karoliny Alves, Cássia Pinheiro, Waldiney
Xavier, Jehmison Barradas, William Barros, Emanuela Nascimento e Victor Fernando,
pela parceria e por toda contribuição que tiveram ao longo dessa caminhada.
Aos companheiros de LPP (Laboratório de Proteção de Planta - UFRA), Laís Sena,
Aline Chaves, Amanda Silva e Juliane Carvalho, por auxiliarem na execução desse
trabalho.
À Profa. Dra. Gisele Barata, pelo incentivo ao conhecimento e por toda a orientação.
À Msc. Aline Cardoso, por se doar inteiramente a orientação desse trabalho, por toda
dedicação, cobrança e, principalmente, por todo conhecimento repassado. És
responsável por grande parte do que me tornei nessa busca pelo crescimento
profissional.
À Empresa Sococo, na pessoa do superintendente Dr. Paulo Manoel Lins, por
disponibilizar seus funcionários e por permitir a coleta necessária para a realização
desse trabalho.
Ao Msc. Sidney Daniel Araujo, por nos conduzir até a Fazenda Reunidas Sococo
sempre que foi necessário.
À Universidade Federal Rural da Amazônia por proporcionar todo o conhecimento que
adquiri ao longo desses anos e por me permitir vivenciar experiências que levarei pelo
resto da vida.
À todos que tiveram sua contribuição direta ou indireta para que esse trabalho fosse
realizado.
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RESUMO
A ausência de uma metodologia para quantificar a mancha de Pestalotiopsis sp.
em plantas de coqueiro (Cocos nucifera L.) justificou a elaboração e validação de uma
escala diagramática contendo sete valores (2%, 5%, 10%, 15%, 20%, 40% e 60%) de
severidade da doença, em uma amostragem em condições naturais de ocorrência no
campo. Para elaboração da escala diagramática, 100 folhas de Cocos nucifera L. foram
obtidas de campo experimental da Fazenda Reunidas Sococo no município de Santa
Isabel, Pará. As imagens destas folhas foram obtidas com auxílio de uma câmera digital.
Posteriormente, com o auxílio do software Assess 2.0 APS, foram obtidos os valores de
severidade real da doença em termos percentuais. A validação da escala diagramática
proposta foi realizada por dez avaliadores inexperientes que avaliaram as imagens
projetadas sem auxílio da escala sugerida, e posteriormente, com auxílio da escala. A
partir dos dados obtidos dos avaliadores com e sem escala foi realizada análise de
regressão linear, relacionando a severidade real e a severidade estimada. A precisão das
estimativas foi avaliada pelo coeficiente de determinação da regressão (R2) e pela
variância dos erros absolutos. A acurácia de cada avaliador foi determinada por meio do
teste t aplicado ao coeficiente angular da reta (b) e ao coeficiente linear da reta (a),
ambos obtidos pela regressão linear. Através dos valores de coeficiente de
determinação, é possível verificar que o uso da escala conferiu maior precisão a 100%
dos avaliadores com média de 0,94 e repetibilidade de 94%. O uso da escala
diagramática de mancha para Pestalotiopsis sp. possibilita trabalhos futuros com
acurácia e precisão, assim como pode otimizar as práticas de controle da doença dentro
de um programa de manejo no viveiro de mudas de coqueiro.
Palavras-Chave: Plantas-doenças; Coqueiros; Pestalotiopsis; Patometria.
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ABSTRACT
The absence of a methodology to quantify the Pestalotiopsis sp. in coconut
trees (Cocos nucifera L.) justified the elaboration and validation of a diagrammatic
scale containing seven values (2%, 5%, 10%, 15%, 20%, 40% and 60%) of disease
severity in sampling in natural conditions of occurrence in the field. To elaborate the
diagrammatic scale, 100 leaves of Cocos nucifera L. were obtained from
the experimental field of Reunidas Farm Sococo in the municipality of Santa Isabel,
Pará. The images of these leaves were obtained with the aid of a digital
camera. Subsequently, with the aid of Assess 2.0 APS software, the values of the
disease's actual severity were obtained in percentage terms. The validation of the
proposed diagrammatic scale was carried out by ten inexperienced evaluators who
evaluated the projected images without the aid of the suggested scale, and later with the
aid of the scale. From the data obtained from the evaluators with and without scale a
linear regression analysis was performed, relating the real severity and the estimated
severity. The precision of the estimates was evaluated by using the regression
coefficient determition (R2) and the variance of absolute errors. The accuracy of each
evaluator was determined by using the test t applied to the angular coefficient of the line
(b) and the linear coefficient of the line (a), both obtained by linear regression. Through
the coefficient of determination values, it is possible to verify that the use of the scale
gave greater precision to 100% of the evaluators with a mean of 0.94 and a repeatability
of 94%. The use of the diagrammatic stain scale for Pestalotiopsis sp. possible future
works with accuracy and precision, as well as can optimize disease control practices
within a management program in the nursery of coconut tree seedlings.
Keywords: Plant disease; Coconut tree; Pestalotiopsis; Pathometry.
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Sumário
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 10
1.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 12
1.1 Coqueiro ............................................................................................................................ 12
1.2. Importância econômica e social ....................................................................................... 13
1.3. Manchas foliares .............................................................................................................. 13
1.3.1. Manchas causadas por Pestalotiopsis sp. em mudas ................................................. 13
1.4. Escala diagramática .......................................................................................................... 14
2. OBJETIVOS .......................................................................................................................... 15
2.1. Objetivo geral ................................................................................................................... 15
2.2. Objetivos específicos........................................................................................................ 15
3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 16
3.1. Local ................................................................................................................................. 16
3.2. Identificação de lesão e isolamento de Pestalotiopsis sp. ................................................ 16
3.3. Elaboração da escala diagramática ................................................................................... 17
3.4. Validação da escala .......................................................................................................... 18
3.5. Análise estatística ............................................................................................................. 18
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 19
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 24
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INTRODUÇÃO
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é considerado uma planta rústica, cultivado em
diversos países, sendo os maiores produtores Indonésia, Filipinas, Índia e Brasil. O
Brasil é quarto maior produtor, destacamos os estados da Bahia (30, 3%), Sergipe
(13,2%), Pará (11%) e Ceará (10,4%) com as respectivas contribuições na produção
nacional. O estado do Pará é terceiro produtor nacional, com produção de 197.387 mil
frutos (IBGE, 2017). O cultivo do coqueiro tem importância significativa na
contribuição da economia brasileira, através da geração de empregos ao longo de toda
sua cadeia produtiva até a indústria (CUENCA, 2001). Uma das principais vantagens
em seu cultivo é que podem ser originados diversos produtos de alto valor econômico
voltados para alimentação, cosméticos, artesanatos entre outros (EMBRAPA, 2010).
No sistema produtivo do coqueiro existem fatores que podem prejudicar seu
desenvolvimento, destacamos o fitossanitário responsável por danos e perda econômica
significativa (WARWICK, 1989). As manchas foliares ocorrem principalmente em
plantas adultas, como a Queima das folhas causada por Lasiodiplodia theobromae (Pat.)
(Griffo; Maubl), a Lixa pequena causada por Phyllachora torrendiella (Batista)
Subileau e a Lixa grande cujo agente etiológico é Sphaerodothis acrocomiae
(Montagne) von Arx; Muller (WARWICK; LEAL, 2002).
Na produção de mudas destacam-se as manchas foliares causadas pelo fungo
Pestalotiopsis sp., este gênero pode apresentar três células centrais de coloração escura
e duas células das extremidades de coloração clara e podem apresentar apêndices
simples ou ramificados na célula apical e um apêndice simples na célula basal
(KARAKAYA, 2001). Nas folhas, os sintomas são evidentes na forma de lesões
arredondadas elípticas de bordas definidas, com coloração escura e tamanho entre 3 e 5
mm. Com a expansão as lesões verificaram-se descolorações pardas avermelhadas e,
posteriormente, o secamento das áreas das ráquis (CARDOSO et al., 2003).
Para os estudos de severidade de doenças foliares uma das ferramentas propostas
é o uso de escala diagramática, que consistem em representações ilustradas de partes de
uma planta com sintomas em diferentes níveis de severidade (BERGAMIN FILHO;
AMORIM, 1996). O uso de escala pode resultar em melhor compreensão de estudos
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epidemiológicos, podendo propor estratégias de controle eficazes dando subsídios para
a quantificação (HALFELD-VIEIRA; NECHET, 2006; TROJAN; PRIA, 2018)
O objetivo foi elaborar e validar uma escala diagramática para estimar a
severidade da mancha de Pestalotiopsis sp. em folhas de mudas de coqueiro para
padronização da avaliação da severidade da doença.
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1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 Coqueiro
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma cultura presente em países de origem
tropical, sua introdução no Brasil ocorreu no século XVI pelos colonizadores
portugueses (BONDAR, 1955). Pertencente à classe Monocotyledoneae, ordem
Palmales, família Arecaceae, antiga Palmacea, subfamília Cocoideae e gênero Cocos.
Este gênero possui apenas a espécie Cocos nucifera L., (TEULAT et al., 2000;
MOBOT, 2018) a qual é dividida em dois grupos de variedades: o coqueiro anão
(variedade Nana) e o coqueiro gigante (variedade Typica), sendo as mais importantes
(ARAGÃO et al., 1999; RIBEIRO; SIQUEIRA; ARAGÃO, 2002).
A planta pode ter caule curvado ou ereto, além de estipe ausente de tecido
meristemático, em comprimento, pode chegar, em média, a 18 m de altura. Possui
sistema radicular característico de monocotiledôneas, fasciculado. Suas folhas são
compostas e do tipo penada, podendo emitir de 12 a 18 folhas por ano. A inflorescência
é do tipo panícula, axial, protegidas por brácteas do tipo espata, pode apresentar flores
individualmente masculinas ou femininas e encontram-se na mesma planta. O fruto se
apresenta como uma drupa e possui epicarpo (camada mais externa, fina e lisa),
mesocarpo (casca fibrosa), endocarpo (camada dura) e o endosperma (camada carnosa
onde forma a água de coco) (PASSOS, 1997; FRÉMOND; ZILLER; NUCÉ DE
LAMOTHE, 1966; MIRISOLA FILHO, 2002).
Para seu desenvolvimento, o coqueiro encontra condições favoráveis em
ambientes com temperatura média anual de 27°C, umidade relativa superior a 60%.
Necessita de intensidade luminosa em torno de 2.000 horas anuais, com precipitação
anual de 1.500 mm em média (CHILD, 1974; FRÉMOND; ZILLER; NUCÉ DE
LAMOTHE,1975; PASSOS, 2002). Possui bom desenvolvimento em solos arenosos ou
areno-argilosos, com pH acima de 5, boa aeração e boa fertilidade (FONTES, 2002).
Um processo crucial no estabelecimento de uma cultura é a produção e seleção
de mudas. O uso de mudas sadias, com boa origem genética, sem defeitos de formação e
livre de doenças e pragas, confere ao coqueiral em formação o desenvolvimento de
plantas adultas vigorosas e com alta produtividade (FONTES; LEAL, 1998).
As mudas de coqueiro podem ser obtidas através do método tradicional ou o
método alternativo. Sendo o método tradicional aquele onde as mudas precisam ser
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armazenadas em germinadouro e viveiro até estarem prontas para serem levadas ao
campo, torno de 10 a 12 meses de idade, apresentando em torno de oito folhas. O
método alternativo é o mais atual e mais utilizado entre os produtores, o método
consiste em transplantar as mudas direto do germinadouro para o campo, sem a
necessidade de passar pelo viveiro. Nesse sistema, as mudas levam de 4 a 6 meses para
estarem prontas para o campo, apresentando em torno de 3 a 4 folhas vivas (FONTES,
2002).
1.2. Importância econômica e social
A cultura do coqueiro tem importância significativa na economia em vários
países, sua cadeia produtiva abrange atividades desde o cultivo, produção,
beneficiamento, até fornecimento de matéria-prima para a indústria. O setor contribui
direta e indiretamente na geração de empregos no comércio, transporte, indústria,
insumos, têxtil, máquinas, equipamentos e embalagens. Além de o fruto ser consumido
in natura, da planta pode ser originado mais de 100 produtos e subprodutos, como
produção de óleo, ácido láurico, leite de coco, farinha, água de coco, fibra e ração
animal. Além de ser uma planta muito utilizada no paisagismo (FERREIRA, 1998;
CUENCA, 2002; SIQUEIRA; ARAGÃO; TUPINANBÁ, 2002; BATUGAL;
BOURDEIX; BAUDOUIN, 2009, EMBRAPA, 2010).
1.3. Manchas foliares
Problemas fitossanitários são os principais limitantes na produção de coco.
Dentre os quais, destacam-se as manchas foliares que podem ocorrer em plantas adultas
ou ainda em fase de muda (GASPAROTTO; PEREIRA; DA SILVA, 1999; ANJOS et
al, 2000). Assim como a queima das folhas causada por Lasiodiplodia theobromae
(Pat.) (GRIFFON; MAUBL) (WARWICK; LEAL, 2002). As manchas foliares são
doenças causadas em geral por fungos e podem ocorrer ainda em viveiros, onde
encontram condições favoráveis ao desenvolvimento dos fungos devido principalmente
as condições climáticas favoráveis (WARWICK, 1989).
1.3.1. Manchas causadas por Pestalotiopsis sp. em mudas
Pertencentes à família Amphisphaeriaceae, os fungos do gênero Pestalotiopsis
sp. podem ser encontrados em solos, ramos, sementes, frutos e folhas e podem ser
classificados como parasitas endofíticos (JEEWON; LIEW; HYDE, 2004). Possui como
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característica a presença de conídios com cinco células, sendo três células medianas de
coloração escura e duas células (apical e basal) hialinas (JEEWON; LIEW; HYDE,
2002). Possuem apêndices podendo ser simples ou ramificados que saem da célula
apical e um apêndice simples da célula basal. (KARAKAYA, 2001). Apresentam
conidióforos que são produzidos em estruturas conhecidas como acérvulo (SUTTON,
1980). São de fácil disseminação, penetram nos tecidos vegetais através de ferimentos
ou aberturas naturais, infectando diversos hospedeiros. As manchas causadas por
Pestalotiopsis sp. em mudas de coqueiro são caracterizadas por lesões arredondadas,
elípticas de bordas definidas e escuras, que ao expandir na folha tornam-se pardas
avermelhadas e posteriormente, secamento das áreas lesionadas (ANJOS et al, 2000).
1.4. Escala diagramática
As escalas diagramáticas são representações de diferentes níveis de sintomas de
doença através de imagens ou ilustrações de plantas ou partes de plantas (BERGAMIN
FILHO; AMORIM, 1996). Considerada a principal ferramenta para avaliar a severidade
de muitas doenças, a escala diagramática é de fácil manuseio, é uma ferramenta barata e
acessível. Antes de serem propostas como um método padrão de quantificação de
determinadas doenças, as escalas diagramáticas devem ser validadas, com intuito de
garantir precisão e acurácia que são conferidos à escala, baseados na experiência e
percepção visual de cada avaliador. Há registro de escalas diagramáticas para várias
culturas de interesse agronômico, como feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.), inhame
(Dioscorea cayennensis L.), citrus (Citrus spp.), cana-de-açúcar (Saccharum
officinarum L.), soja (Glycine max), milho (Zea mays), entre outras (DÍAZ;
BOSSANEZI; BERGAMIM FILHO, 2001; MICHEREFF; MAFFIA; NORONHA,
2000; RODRIGUES; NOGUEIRA; MACHADO, 2002; AMORIM et al., 1987;
MARTINS, 2004; TROJAN; PRIA, 2018).
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2.OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
O objetivo deste trabalho é elaborar e validar escala diagramática para
quantificação de mancha foliar causada pelo fungo Pestalotiopsis sp. em folhas de
mudas de coqueiros.
2.2. Objetivos específicos
Avaliar amostras com sintomas de doenças;
Determinar a severidade de manchas foliares com auxílio de software;
Validar os dados obtidos;
Comparar avaliações para validação de escala;
Obter escala.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local
O experimento foi conduzido na fazenda Reunidas Sococo localizada no
município de Santa Izabel – PA (1°13’26”S e 48°02’29”W), em parceria com
laboratório de proteção de plantas-LPP da Universidade federal Rural da Amazônia-
UFRA (1° 27' 31" S e 48° 26' 04.5" O).
3.2. Identificação de lesão e isolamento de Pestalotiopsis sp.
Amostras de 10 de folhas de 10 plantas diferentes apresentando sintomas da
doença (Figura 1A) foram coletadas em viveiro e levadas para laboratório e realizados
isolamentos direto, onde as amostras foram desinfestadas com álcool a 70%, hipoclorito
de sódio a 2% seguido de enxágue com água estéril. Após este processo, as amostras
foram colocadas em câmara úmida, caixas do tipo Gerbox, forradas com papel filtro
estéril e umedecidos com água estéril, por 24 horas. Amostras de esporos foram
coletados e cultivados em meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar), e mantidos em
temperatura de 25ºC, até ser observado o crescimento micelial das colônias e
esporulação (BARNET; HUNTER, 1972). Foram confeccionadas lâminas
semipermanentes para identificação até gênero com auxílio de microscópio Olympus
X21(ALVES et al., 2011; MACIEL et al., 2012) (Figura 1).
Figura 1. Sintomas de mancha provocada por Pestalotiopsissp.em mudas de
coqueiro(A), colônias de Pestalotiopsis sp.em Ágar-Batata-Dextrose (BDA) (B) e
conídios com apêndices apicais e basais (C).
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Fonte: Cardoso, F.A. (2018).
3.3.Elaboração da escala diagramática
Foram coletadas 100 folhas de mudas de coqueiro, com diferentes valores de área
afetada por manchas foliares, aleatoriamente (Figura 2). Essas folhas foram levadas para
laboratório, onde foram selecionadas e fotografadas. Em seguida, cada folha foi
analisada de acordo com a área lesionada, utilizando-se o programa Assess 2.0 APS,
onde foram obtidos os valores de severidade real da doença em termos percentuais. A
partir disso, foram determinadas as folhas de coqueiro com menor número de lesões e
com maior número, estabelecendo assim, o limite inferior e o superior da escala
diagramática, respectivamente. Os níveis intermediários de severidade da escala foram
determinados de acordo com a lei de Weber-Fechner de acuidade visual. A partir dos
valores obtidos, estabeleceu-se a escala diagramática (MARTINS et al., 2004).
Figura 2. Amostras de folha apresentando sintomas de mancha de Pestalotiopsis sp. em
mudas de coqueiro, para validação de escala diagramática.
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Fonte: Cardoso, F.A. (2018).
3.4. Validação da escala
Para que a escala seja validada, as imagens das folhas com diferentes valores
de área afetada foram apresentadas para diferentes avaliadores. Na primeira fase, 10
avaliadores inexperientes avaliaram as imagens projetadas sem auxílio da escala
sugerida, na segunda fase avaliadores inexperientes avaliaram as imagens com auxílio
da escala. Os dados estimados pelos avaliadores foram tabelados e posteriormente
foram comparados com os dados reais de severidade obtidos com o auxílio do programa
Assess 2.0.
3.5. Análise estatística
A partir dos dados obtidos dos avaliadores com e sem escala foi realizada
análise de regressão linear, considerando a severidade real como variável independente
e a severidade estimada como variável dependente. A precisão das estimativas será
avaliada pelo coeficiente de determinação da regressão (R2) e pela variância dos erros
absolutos (severidade estimada menos severidade real). A acurácia de cada avaliador
será determinada por meio do teste t aplicado ao coeficiente angular da reta (b) e ao
coeficiente linear da reta (a), ambos obtidos pela regressão linear (severidade real x
severidade estimada) (MARTINS et al., 2004).
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores mínimo e máximo de severidade da mancha de Pestalotiopsis sp.
encontrados nas amostras foram 2% e 60% respectivamente (Figura 3). A escala foi
desenvolvida com sete valores de severidade, para representar os intervalos de
frequências mais altos de acordo com os valores encontrados no campo. A
representação dos sintomas inclui apenas o tecido necrosado ou manchas cloróticas. Os
sintomas são observados em folhas totalmente expandidas, com ocorrência de mancha
de coloração parda na borda da folha que ao avanço da doença no tecido apresenta-se
enegrecida sem forma determinada, quando ocorrendo na área central das folhas os
sintomas são de manchas de coloração parda com forma arredondada definida. Na
escala diagramática elaborada os valores que corresponderam a área foliar necrosada
foram de 2, 5, 10, 15, 20,40 e 60% (Figura 3).
Figura 3. Escala diagramática para mancha em folhas de mudas de coqueiro causada
por Pestalotiopsis sp. de acordo com o programa Assess 2.0. Santa Isabel - PA.
A acurácia é definida como a exatidão de uma medida isenta de erros
sistemáticos (BERGAMIN FILHO; AMORIM, 1996), avaliando o coeficiente angular
(b) e intercepto da regressão linear (a) entre severidades real e estimada, esperando-se
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que a inclinação da regressão linear entre valores reais e estimados deve ser igual a 1,
sem desvios sistemáticos, e o intercepto deve ser igual a 0 (NUTTER JR. et al, 1993).
Quando a severidade da mancha foliar causada por Pestalotiopsis sp. em
mudas de coqueiro foi estimada sem o auxílio da escala, sete avaliadores foram pouco
acurados, sendo que os avaliadores 1, 2, 5, 6, 7 e 8 apresentaram valores dos interceptos
significativamente diferentes de zero (P≤0,01) e o avaliador 9 apresentou coeficiente
angular significativamente diferente de 1 (P < 0,01) (Tabela 1). Para a validação de
escalas diagramática relatam-se que existe uma tendência em superestimar valores, o
que pode ter ocorrido com os avaliadores sem uso de escala (SPÓSITO et al., 2004;
HALFELD-VIEIRA; NECHET, 2006), tal fato é comprovado quando os avaliadores
utilizaram escala proposta, pois os valores do intercepto (a) não diferiram de zero e nem
os valores de coeficiente angular diferiram de 1, para nenhum dos avaliadores (P≤0,01)
(Tabela 1).
Tabela 1. Intercepto (a), coeficiente angular (b) e coeficiente de determinação (R²) das
regressões lineares entre severidade obtida entre a severidade real e a estimada proposta
dos diferentes avaliadores sem o auxílio de escala e com o auxílio de escala.
SEM
COM
Avaliador a b R² Avaliador a b R²
1 10,21* 0,89 0,65 1 0,79 0,97* 0,99
2 5,24* 0,91 0,89 2 1,34 0,96* 0,97
3 5,58 0,93 0,72 3 1,79 0,95 0,96
4 5,78 1,15 0,59 4 0,97 1,01 0,96
5 5,18* 0,88 0,79 5 0,73 0,99 0,99
6 9,37* 0,77 0,76 6 0,54 0,96 0,99
7 10,63* 0,77 0,63 7 4,24 0,86 0,80
8 9,99* 0,78 0,68 8 3,33 0,90 0,93
9 1,37 0,73* 0,73 9 1,87 0,86 0,88
10 10,28 1,00 0,39 10 0,54 0,96* 0,97
Média 7,36 0,88 0,68
1,61 0,94 0,94 * situações em que a hipótese de nulidade (a=0 ou b=1) foi rejeitada pelo teste t (P < 0,01).
A precisão de uma escala proposta para quantificação de doenças é definida
como a exatidão de uma operação onde há rigor ou refinamento na medida, e pode ser
avaliada pelo coeficiente de determinação da regressão (R2), valores aceitáveis
próximos a 1, e pela variação dos erros absolutos, obtidos pela diferença entre
severidades estimada e real (NUTTER JUNIOR; SCHULTZ, 1995; BERGAMIN
FILHO; AMORIM, 1996). No presente trabalho verificou-se que sem o uso da escala os
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coeficientes de determinação obtidos pelos avaliadores variaram 0,39 a 0, 89 com média
de 0,68, e com a utilização da escala os coeficientes de determinação variaram de 0,80 a
0,99 com média de 0,94 (Tabela 1). Através dos valores de coeficiente de determinação,
é possível verificar que o uso da escala conferiu maior precisão a todos os avaliadores
(Figura 4). Alguns autores recomendam treinamento com os avaliadores para reduzir a
superestimativa da doença, visto que a acuidade visual humana detecta mais tecido
doente do que tecido sadio (HOSFALL; BARRATT, 1945).
Figura4.Severidade estimada de manchas foliares causadas por Pestalotiopsis sp. em
mudas de coqueiro por 10 avaliadores inexperientes sem e como auxílio da escala e
equações de regressão obtidas entre a severidade real (pontos cheios vermelhos) e a
severidade estimada (pontos cheios azuis).
SEM ESCALA COM ESCALA SEM ESCALA COM ESCALA
y = 0.8929x + 10.2120
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 1
y = 0.9754x + 0.79890
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 1
y = 0.9151x + 5.24220
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 2
y = 0.96x + 1.34940
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 2
y = 0.9304x + 5.58810
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 3
y = 0.956x + 1.79890
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 3
y = 1.1521x + 5.78940
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 4
y = 1.0156x + 0.97390
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 4
y = 0.8838x + 5.18750
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 5
y = 0.991x + 0.7330
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 5
y = 0.7786x + 9.3740
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 6
y = 0.996x + 0.43990
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 6
y = 0.7727x + 10.6360
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 7
y = 0.8686x + 4.24820
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 7
y = 0.7801x + 9.9920
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 8
y = 0.9009x + 3.3360
20
40
60
80
0 20 40 60 80
Avaliador 8
SE
VE
RID
AD
E E
ST
IMA
DA
-
22
Os erros absolutos, diferença entre valores absolutos de severidade estimada e
real, mostram que ocorreu redução com o uso da escala proposta. O erro absoluto sem
escala variou de -14,59 a 29,66%, e com o uso da escala variou de –6,59 a
9,13%(Figura 5). Os valores do erro obtidos com uso de escala são considerados dentro
dos padrões aceitáveis -10% e +10%, para avaliação de doenças (TOMERLIN;
HOWELL, 1988; NUTTER JUNIOR; WORAWITLIKIT, 1989).
A partir das análises verificou-se boa repetibilidade das estimativas, onde a
quantidade média de variação dos avaliadores sem escala é explicada pela avaliação
com escala em 94%. Em três avaliadores, o coeficiente angular foi significativamente
diferente de 1 (P
-
23
CONCLUSÃO
O uso da escala diagramática de mancha de Pestalotiopsis sp. possibilita
trabalhos futuros com acurácia e precisão, assim como pode otimizar as práticas de
controle da doença dentro de um programa de manejo no viveiro de mudas de coqueiro.
-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 3
-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 3
-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 4-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 4
-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 5-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 5-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 6-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 6
-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 7-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 7-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 8-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 8
-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 9-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 9-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 10-50
-30
-10
10
30
50
0 20 40 60
Avaliador 10
SEVERIDADE (%)
-
24
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