ministÉrio da educaÇÃo universidade federal rural da...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA UFRA ENGENHARIA CARTOGRÁFICA E DE AGRIMENSURA INSTITUTO CIBERSPACIAL - ICIBE CENDY MONTEIRO DIAS MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DE PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO A PARTIR DE AEROFOTOS OBTIDAS POR DRONE: PRAÇA BRASIL - BELÉM/PA. BELÉM-PA 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA

ENGENHARIA CARTOGRÁFICA E DE AGRIMENSURA

INSTITUTO CIBERSPACIAL - ICIBE

CENDY MONTEIRO DIAS

MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DE PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO A PARTIR

DE AEROFOTOS OBTIDAS POR DRONE: PRAÇA BRASIL - BELÉM/PA.

BELÉM-PA

2019

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CENDY MONTEIRO DIAS

MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DE PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO A PARTIR

DE AEROFOTOS OBTIDAS POR DRONE: PRAÇA BRASIL - BELÉM/PA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para graduação no Curso Engenharia Cartográfica e de Agrimensura.

Orientador: MSc. Jamer Andrade da Costa.

BELÉM-PA

2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia

Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

D541m Dias, Cendy Monteiro

Modelagem tridimensional de patrimônio arquitetônico a partir de aerofotos obtidas por drone : praça Brasil - Belém/PA / Cendy Monteiro Dias. - 2019.

92 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de engenharia cartográfica e de agrimensura, Campus Universitário de Belém, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2019.

Orientação: Prof. Me. Jamer Andrade da Costa

1. Fotogrametria digital à curta distância. 2. Aeronave remotamente pilotada. 3. Agisoft Metashape. 4. Patrimônio histórico e artístico. I. Costa, Jamer Andrade da , orient. II. Título

CDD 526.982

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AGRADECIMENTO

Primeiramente a Deus por me proporcionar saúde, força e sabedoria me

iluminando durante todos os momentos de minha vida.

À minha mãe Irene Monteiro, meu pai, José Franklin Dias e meu irmão Relry

Monteiro que sempre me apoiaram em todos os aspectos.

Ao professor e orientador Jamer Andrade da Costa, pelas suas orientações,

incentivos e contribuições fundamentais, tanto no ambiente acadêmico como nas

atividades de campo.

Aos amigos Lucas Corôa, Jean Ferreira e Rafael Mendonça, pela grande ajuda

nas etapas desenvolvidas no projeto.

As amigas/irmãs que sempre estiveram ao meu lado, Aylanna Barroso, Bianca

Nunes, Bianca Saraiva, Glênea Costa, Lorena Soares, Luana Costa, Setéphani

Pereira e Thayssa Lima, pela amizade, momentos de descontração e incentivos

durante esta jornada.

A equipe caravana, junta em todos os trabalhos acadêmicos e aos colegas de

curso que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

Aos professores do curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura que

através de seus ensinamentos permitiram que eu pudesse estar hoje concluído este

trabalho.

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EPÍGRAFE

I have not failed. I’ve just found 10.000 ways that won’t work. (Thomas A. Edison)

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RESUMO

A fotogrametria é uma técnica amplamente utilizada em atividades cuja finalidade é a

extração de medidas de objetos através de fotografias. Este trabalho aborda as

técnicas da fotogrametria digital à curta distância (também conhecida como

fotogrametria arquitetônica) como uma ferramenta importante de auxílio à proteção do

patrimônio arquitetônico, objetivando gerar um modelo tridimensional que possa

auxiliar atividades de conservação, avaliação de condições físicas, publicação e

gerenciamento em órgãos de pesquisa relacionados a conservação do patrimônio

histórico e artístico, devido, principalmente, ao fato das constantes depredações e dos

furtos ocorridos das esculturas em metal que possuem algum valor econômico. Foram

executados três tipos de levantamentos neste projeto: o levantamento fotogramétrico

com a utilização de um drone (RPA - Aeronave Remotamente Pilotada), para o

mapeamento planialtimétrico da área de estudo, para a construção do modelo digital

tridimensional texturizado do monumento ao Índio – localizado na praça Brasil, em um

dos bairros centrais da cidade de Belém - PA e que retrata uma importante parte da

história ocorrida durante a colonização portuguesa; o levantamento geodésico

(GNSS), para orientação das imagens a um sistema geodésico global; e o

levantamento topográfico planialtimétrico, para a obtenção de pontos de apoio do local

de estudo. Os resultados obtidos através do controle de qualidade da

aerotriangulação, utilizando os testes de tendência (T-Student) e precisão (qui-

quadrado), se mostraram satisfatórios e o modelo 3D, gerado a partir do

processamento no software Agisoft Metashape, mostra um produto que poderá ser

útil em casos de restauro.

Palavras-chave: Fotogrametria digital à curta distância. Patrimônio histórico e

artístico. RPA - Aeronave Remotamente Pilotada. Agisoft Metashape.

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ABSTRACT

Photogrammetry is a technique widely used in activities whose purpose is the

extraction of measurements of objects through photographs. This work approaches

the techniques of digital photogrammetry at a short distance (also known as

architectural photogrammetry) as an important tool to help the protection of

architectural heritage, aiming to generate a three - dimensional model that can support

conservation activities, physical conditions evaluation, publication and management in

research bodies related to the preservation of historical and artistic heritage, mainly

due to the constant depredations and thefts of metal sculptures that have some

economic value. Three types of surveys were carried out in this project: the

photogrammetric survey using a drone (RPA - Remotely Piloted Aircraft), for the

planialtimetric mapping of the study area, for the construction of the three - dimensional

textured digital model of the monument to the Indian - located in Brazil square, in one

of the central districts of the city of Belém - PA and that portrays an important part of

the history occurred during the Portuguese colonization; the geodetic survey (GNSS),

to orient the images to a global geodetic system; and the topographic survey

planialtimétrico, to obtain points of support of the place of study. The results obtained

through the aerotriangulation quality control using the T-Student and chi-square tests

were satisfactory and the 3D model, generated from the processing in Agisoft

Metashape software, shows a product which may be useful in restoration cases.

Keywords: Digital photogrammetry at close range. Historical and artistic heritage.

RPA - Remotely Piloted Aircraft. Agisoft Metashape.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tríade de esculturas completa. ................................................................ 17

Figura 2 - Operação BVLOS..................................................................................... 21

Figura 3 - Operação VLOS. ...................................................................................... 21

Figura 4 - Operação EVLOS..................................................................................... 21

Figura 5 - Espaço-imagem e espaço-objeto, condição de colinearidade e elementos

de orientação exterior. ............................................................................................... 27

Figura 6 - Geometria: (a) vertical; (b) baixo-oblíqua; (c) alto-oblíqua; e (d) par

convergente. .............................................................................................................. 29

Figura 7- Surperposições lateral e longitudinal......................................................... 30

Figura 8 - Regiões de Von Grüber. ........................................................................... 32

Figura 9 - Principais erros no posicionamento pelo GNSS. ...................................... 33

Figura 10 - Princípio do posicionamento GNSS. ...................................................... 34

Figura 11- Constelação do sistema norte-americano GPS (desenho artístico). ....... 36

Figura 12 - Estrutura Básica do Sinal GPS (modernizado)....................................... 38

Figura 13 - Constelação do sistema russo GLONASS (desenho artístico). ............. 39

Figura 14 - Constelação prevista para o sistema Galileo (desenho artístico). .......... 41

Figura 15 - Configuração prevista para o sistema BeiDou (desenho artístico). ........ 42

Figura 16 - Situação das estações da RBMC. .......................................................... 49

Figura 17- Levantamento por irradiação. .................................................................. 50

Figura 18 - Mapa de localização do objeto de estudo. ............................................. 51

Figura 19 - Monumento ao Índio ............................................................................... 52

Figura 20 - Drone Mavic 2 PRO. .............................................................................. 54

Figura 21 - Equipamentos: A – Receptor GNSS e B – Estação Total. ..................... 55

Figura 22 - Formula pra identificação da altitude ortométrica. .................................. 56

Figura 23 - Ilustração da tomada de fotos durante o voo. ........................................ 59

Figura 24 - Visualização da interface do aplicativo. .................................................. 60

Figura 25 - Acompanhamento do voo (teste). .......................................................... 61

Figura 26 - Coleta de pontos GNSS para os marcos, vante (A) e ré (B). ................. 62

Figura 27 - Localização dos marcos em campo (marco 1- vante e marco 2 -ré). ..... 62

Figura 28 - Estação estacionada no marco 1. .......................................................... 63

Figura 29 - Exemplo de alguns dos pontos de apoio entre faixas. ........................... 63

Figura 30 - Fluxograma das etapas realizadas. ........................................................ 64

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Figura 31- Descompactação dos arquivos. .............................................................. 65

Figura 32 - Aquisição da estação base (BELE). ....................................................... 65

Figura 33 - Aquisição dos dados das efemérides precisas. ..................................... 66

Figura 34 - Visualização das linhas entre a BELE os marcos no Software. ............. 67

Figura 35 - Fluxograma das etapas realizadas. ........................................................ 69

Figura 36 - Procedimento para calibração automática da câmera. .......................... 70

Figura 37 - Inserindo as imagens no software Agisoft PhotoScan. .......................... 70

Figura 38 - Coordenadas UTM zona 22 Sul. ............................................................ 71

Figura 39 - Procedimento para importar os pontos de apoio (controle e check). ..... 71

Figura 40 - Resultado do 1º alinhamento. ................................................................ 72

Figura 41 - Procedimento de identificação do ponto de controle P1. ....................... 72

Figura 42 - Procedimento de identificação do ponto de check C1 (antigo P4). ........ 72

Figura 43 - Nuvens de pontos gerada pelo software. ............................................... 73

Figura 44 - Configurações para o Build Mesh. ......................................................... 74

Figura 45 - Nuvens de pontos gerada pelo software ................................................ 75

Figura 46 - Nuvens de pontos gerada pelo software. ............................................... 75

Figura 47 - Nuvem de pontos densa gerada pelo software. ..................................... 76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características principais dos sistemas GNSS. ....................................... 43

Tabela 2 - Área do monumento (considerando-o como um cilindro). ....................... 58

Tabela 3 - Parâmetros de voo. .................................................................................. 59

Tabela 4 - Pontos GNSS ajustados. ......................................................................... 67

Tabela 5 - Altitude ortométrica dos marcos............................................................... 67

Tabela 6 - Caderneta dos pontos de apoio. .............................................................. 68

Tabela 7 - Nova Caderneta ....................................................................................... 68

Tabela 8 - Teste de tendência dos pontos de check. ................................................ 78

Tabela 9 - Teste de precisão dos pontos de check. .................................................. 78

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resumo da regulamentação da ANAC. .................................................. 22

Quadro 2 - Parâmetros de classificação das cartas. ................................................ 77

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANAC - Agencia Nacional de Aviação Civil

ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações

ASPRS - Sociedade Americana de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto

BIM - Building Information Modeling

BRLOS - Operação além da Linha de Visada Rádio

BVLOS - Operação além da Linha de Visual

CCD - Charge-Coupled Device

CDMA – Divisão do Código para Múltiplo Acesso (Code Division Multiple Acces)

CM - Código de Comprimento Moderado

CMA - Certificado Médico Aeronáutico

CMOS - Complementary Metal Oxide Semiconductor

CL - Código de Comprimento Longo

DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo

DGPS - Differential Global Positioning System

DoD - Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (Department of Defense) EGNOS - Sistema de Correção Diferencial Europeu (European Geostationary Navigation Overlay Service) EVOLS - Operação em Linha de Visual Estendida

GLONASS - Globalnaya navigatsionnaya sputnikovaya sistema

GNSS - Global Navigation Satellite System

GPS - Global Positioning System

ICAO - Associação Internacional de Aviação Civil (Internacional Civil Aviation

Organization)

IGS - Serviço GNSS Internacional (International GNSS Service)

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IRNSS/NAVIC - Indian Regional Navigational Satellite System

ISS - Information Satellite Systems

ITRF - Rede de Referência Terrestre Internacional (International Terrestrial Reference

Frame)

NAVSTAR - NAVigation Satellite with Time And Ranging

NTGIR - Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais

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OE - Orientação Exterior

OI - Orientação Interior

PDI - Processamento Digital de Imagens

PMD - Peso Máximo de Decolagem

PPP - Posicionamento por Ponto Preciso

PPS - Posicionamento Absoluto por Ponto Simples

PZ-90 - Parametry Zemli 1990

QZSS - Quasi-Zenith Satellite System

RBAC - Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial

RBMC - Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS

RETA - Responsabilidade do Explorador ou Transportador Aéreo

RINEX - Receiver INdependent EXchange Format

RLOS - Operação em Linha de Visada Rádio

RNSS - Sistema Regional de Navegação por Satélite (Regional Navigation Satellite

System)

RPAs - Remotely-Piloted Aircraft

RTK - Real Time Kinematic

SCA - Sistemas de Controle Ativos

SIG – Sistema de Informações Geográficas

SISANT – Sistema de cadastro da ANAC

SP3 – Standard Product 3

SR – Sensoriamento Remoto

VANTs - Veículos Aéreos Não Tripulados

VLOS - Operação em Linha de Visada Visual

WGS84 - World Geodetic System 1984

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 15

1.1. MOTIVAÇÃO 16 1.2. OBJETIVOS 17 1.2.1. GERAL 17 1.2.2. ESPECÍFICOS 17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 18

2.1. DRONE 18 2.1.1. BREVE HISTÓRICO 18 2.1.2. CARACTERÍSTICAS GERAIS 19 2.1.3. LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA UTILIZAÇÃO 20 2.2. FOTOGRAMETRIA 23 2.2.1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES 23 2.2.2. FOTOGRAMETRIA DIGITAL À CURTA DISTÂNCIA 24 2.2.3. ORIENTAÇÃO 26 2.2.4. CÂMARAS 27 2.2.5. GEOMETRIA DAS FOTOGRAFIAS 28 2.2.6. ESTEREOSCOPIA E PARALAXE 29 2.2.7. MOSAICO 30 2.2.8. FOTOTRIANGULAÇÃO 31 2.3. GNSS - GLOBAL NAVIGATION SATELLITE SYSTEM 32 2.3.1. GENERALIDADES 32 2.3.2. SISTEMAS DE POSICIONAMENTO 35 2.3.2.1. NAVISTAR-GPS 35 2.3.2.2. GLONASS 38 2.3.2.3. Galileo 40 2.3.2.4. BeiDou/ Compass 42 2.3.3. MÉTODOS DE POSICIONAMENTO 44 2.3.3.1. Posicionamento absoluto por Ponto Simples (PPS) 44 2.3.3.1.1. Posicionamento por ponto preciso (PPP) 44 2.3.3.2. Posicionamento relativo 45 2.3.3.2.1. Posicionamento relativo estático 45 2.3.3.2.2. Posicionamento relativo estático rápido 46 2.3.3.2.3. Posicionamento relativo semicinematico 46 2.3.3.2.4. Posicionamento relativo cinemático 46 2.3.3.2.5. Posicionamento diferencial DGPS 46 2.3.3.2.6. Diferencial pós-processado 47 2.3.3.2.7. RTK - Real Time Kinematic 47 2.3.4. FORMATOS DE ARQUIVOS GNSS 47 2.3.5. EFEMÉRIDES TRANSMITIDAS E EFEMÉRIDES PRECISAS 48 2.3.6. REDE BRASILEIRA DE MONITORAMENTO CONTÍNUO DOS SISTEMAS GNSS 48 2.4. TOPOGRAFIA 49

3. HISTÓRICO DA CIDADE 50

3.1. ÁREA DE INTERESSE 51 3.1.1. ABORDAGEM HISTÓRICA 52

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4. MATERIAL E MÉTODOS 53

4.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO/DOCUMENTAL 53 4.2. MATERIAL 54 4.2.1. SOFTWARES 55 4.2.1.1. Litchi 55 4.2.1.2. RNXCMP 55 4.2.1.3. To RINEX 56 4.2.1.4. Topcon Tools 56 4.2.1.5. MAPGEO2015 56 4.2.1.6. DataGeosis 57 4.2.1.7. Agisoft Metashape 57 4.2.1.8. QGis 57 4.3. MÉTODOS 57 4.3.1. RECONHECIMENTO DA ÁREA 57 4.3.2. COLETA DE DADOS 58 4.3.2.1. Aquisição das imagens 58 4.3.2.1.1. Elaboração do plano de voo 58 4.3.2.1.2. Execução do voo 60 4.3.2.1.3. Acompanhamento do voo 60 4.3.2.2. Aquisição de pontos de apoio 61 4.3.2.2.1. Através do GNSS 61 4.3.2.2.2. Através da Estação Total 63 4.4. TRATAMENTOS DE DADOS 64 4.4.1.1. Dados obtidos com GNSS 65 4.4.1.1.1. Download dos pontos coletados e descompressão 65 4.4.1.1.2. Aquisição da estação base e das efemérides 65 4.4.1.1.3. Coordenadas resultantes 66 4.4.1.2. Dados obtido com Estação Total 68 4.4.1.2.1. Download dos pontos coletados 68 4.4.1.2.2. Mudança das coordenadas 68 4.4.2. PÓS-PROCESSAMENTO DAS IMAGENS 69 4.4.2.1. Calibração 70 4.4.2.2. Mudança de coordenadas e inserção dos pontos de apoio 70 4.4.2.3. Alinhamentos e pontaria dos pontos 71 4.4.2.4. Nuvem de pontos densa 73

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 74

5.1. ELABORAÇÃO DO MODELO 3D 74 5.1.1. CONSTRUÇÃO DO MODELO (BUILD MESH) E DA TEXTURA (BUILD TEXTURE) 74 5.2. CÁLCULO DOS ERROS 76

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 78

7. REFERÊNCIAS 80

ANEXOS 88

ANEXO A – Especificações do drone Mavic 2 PRO 89 ANEXO B – Dados da estação RBMC: BELE 91 ANEXO C – Dados da RN Bujaru 92

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15

1. INTRODUÇÃO

No Brasil o uso das geotecnologias é comum em diversas áreas do

conhecimento cientifico, estando diretamente ligadas à espacialização de informações

e dados da superfície terrestre (SOUZA, 2017). Também conhecida como

“geoprocessamento”, as geotecnologias são caracterizadas pela união de tecnologias

relacionadas à coleta de dados; ao processamento e tratamento da informação

espacial; à análise e; à oferta de informações com referência geográfica (ROSA,

2005). Dentre seu conjunto de ferramentas, destacam-se o Sensoriamento Remoto

(SR); o Sistema de Informações Geográficas (SIG); o Processamento Digital de

Imagens (PDI); o uso de GNSS (Global Navigation Satellite System); os Veículos

Aéreos Não Tripulados (VANTs); e etc (SOUZA, 2017).

As RPAs (Remotely-Piloted Aircraft), no Brasil denominadas VANTs (Veículos

Aéreos Não-Tripulados) ou simplesmente drones, possibilitam a obtenção de

informações georreferenciadas, a partir do levantamento de fotogramétrico, de forma

rápida e eficaz, permitindo inclusive a modelagem tridimensional, sendo úteis na

geração de modelos 3D de cidades para o planejamento urbano, na avaliação de

danos ao patrimônio edificado, na conservação de monumentos e na arquitetura e

turismo digital (SORIA et. al., 2013; MEDINA, 2018). Um modelo 3D trata-se de “toda

representação de um objeto no espaço tridimensional”, cuja modelagem geométrica

descreve a forma e as dimensões de um objeto, bem como pode ser utilizada em

simulações de processos dinâmicos (REISS, 2007).

A modelagem tridimensional (3D) tem se tornado cada vez mais frequente no

ramo das engenharias. A adoção de modelos virtuais de realidade apresenta

benefícios quanto a custo, tempo, cronogramas de construção, redução na

manutenção e maior segurança na elaboração de projetos (SAROT et. al., 2014).

Atualmente, existe um amplo desenvolvimento das técnicas de levantamento do

patrimônio arquitetônico por modelagem tridimensional a partir de fotografias (aéreas

ou não) (OLIVEIRA et. al., 2015).

Por ser um método diferente da já empregada forma manual (BIM1 - Building

Information Modeling, em português Modelagem de Informações da Construção), que

necessita de muitas horas de trabalho, o uso da fotogrametria, onde fotos do alvo ou

1 Meio digital para criar um ou mais modelos virtuais precisos de uma construção, por meio

de processos manuais (EASTMAN et al., 2011).

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16

área são obtidas com RPA fotogramétrico, traz maior facilidade devido à altura e

grandeza do objeto. A Fotogrametria Terrestre, também conhecida como

Fotogrametria à Curta Distância ou Fotogrametria Arquitetônica, é uma técnica

poderosa para a aquisição de dados sobre as construções, e pressupõe a proximidade

entre a câmara e o objeto a ser fotografado (TOMMASELLI, 2009; KUO et al., 2010).

Wutke, Fosse e Centeno (2005) ressaltam que o levantamento fotogramétrico

traz muitas vantagens, principalmente pela fidelidade na representação da forma, que

é capturada exatamente como se encontra quando do momento de registro das

fotografias. Desta maneira, a partir dos RPA’s é possível obter dados da superfície

terrestre com grande nível de detalhe. Além disso, o custo para aquisição e operação

é relativamente baixo quando comparado com os demais sistemas convencionais

(SILVA et. al., 2014; SILVA et. al., 2015).

1.1. Motivação

Segundo Stojakovic (2013), com a criação de softwares modeladores

tridimensionais baseados em nuvem de pontos gratuitos, tem-se aumentado

significativamente a quantidade de registros de patrimônio cultural (arquitetônico,

arqueológico, urbanístico), incorporando na documentação do acervo digital o modelo

tridimensional, capaz de ser reproduzido posteriormente em equipamentos de

fabricação digital em qualquer outro lugar, permitindo a criação de cópias com grande

quantidade de detalhes. As tecnologias digitais de gravação e documentação, são

recursos muito importantes para auxiliar a preservação do patrimônio arquitetônico,

tendo em vista os riscos diversos a que estão sujeitos.

Tendo em vista a relevância histórica da cidade de Belém, aliados aos

constantes casos de roubos, ao abandono e a falta de vigilância dos monumentos e

obras arquitetônicas, ainda somados à falta de valorização da população ao

patrimônio, resultam em danos irreparáveis para a memória coletiva da cidade.

O caso mais recente ocorreu no dia 08/10/2018, a última das 3 esculturas de

bronze do mural que faz parte do monumento em homenagem a Lauro Sodré (1º

governador do Pará), inserido no complexo arquitetônico do Mercado de São Brás, foi

roubada. Com aproximadamente 2,5 m as esculturadas criadas pelo artista paulista

Bruno Giorgi (Figura 1) representavam o Trabalho (esquerda), a República (centro) e

as Artes (direita), inaugurado em 10 de junho de 1959 o conjunto arquitetônico é

patrimônio histórico municipal e estadual (AAPBEL, 2016; MONTEIRO, 2018).

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Figura 1 - Tríade de esculturas completa.

Fonte: https://www.romanews.com.br/cidade/estatua-e-roubada-da-praca-floriano-peixoto/18985/

Neste contexto, as imagens obtidas com drones se mostram úteis para

levantamentos executados periodicamente, elaboração de produtos cartográficos,

registro e análise temporal. Com o drone as medições são muito mais rápidas e

dinâmicas, pois são obtidas imagens georreferenciadas e ortorretificadas que

permitem o tratamento. Dessa forma é possível entregar resultados mais rápidos e

com melhor qualidade, gerando dados com mais níveis de detalhes e com um maior

ritmo de produtividade, visando atualizar ou substituir a documentação existente e,

caso haja um sinistro, servem como ferramentas de suporte a novas medidas de

preservação, manutenção e restauração.

1.2. Objetivos

1.2.1. Geral

Analisando este cenário, o presente trabalho tem o objetivo de criar um acervo

digital de modelos tridimensionais com informações georreferenciadas das

construções arquitetônicas históricas e de grande importância cultural para a cidade

de Belém/PA. O Monumento ao Índio, a odisseia do guerreiro de bronze, foi escolhido

como piloto desta ideia.

1.2.2. Específicos

Nesse trabalho teve-se como enfoque a elaboração do modelo tridimensional.

Deste modo, o levantamento perpassa pela:

• Análise e constatação das condições do local onde se encontra o monumento;

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• Planejamento e execução do voo tendo em vista a obtenção de imagens

através de drone;

• Coleta de coordenadas geográficas com aparelhos GNSS e com estação total

dos pontos fotoidentificáveis;

• Criação do mosaico e a elaboração modelo 3D;

• Validação da precisão do levantamento.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Drone

2.1.1. Breve histórico

A ideia de construir veículos aéreos autônomos não tripulados é antiga. Um dos

primeiros registros ocorreu no ano de 1709, quando o padre brasileiro Bartolomeu

Lourenço de Gusmão demonstrou para o rei de Portugal em Lisboa o balão de ar

quente que havia projetado e construído (BRANDÃO et. al., 2007). Alguns registros

relatam também que em 1849 os austríacos teriam enviado cerca de 200 balões não

tripulados carregando bombas temporizadas à cidade de Veneza na Itália (ALVES

NETO, 2008).

As primeiras aerofotografias de que se tem registro foram obtidas em 1888, na

França, quando Artur Batut acoplou uma câmera fotográfica a uma pipa, em 1890

publicou o livro “A Fotografia Aérea por pipas” que demonstrava aplicações para

exploradores, arqueólogos, agrônomos e forças militares (PUSCOV, 2002). Os

maiores avanços dos RPA’s, bem como da aerofotogrametria e do sensoriamento

remoto, foram dominados e motivados pela área militar, que tinha o objetivo de obter

informações privilegiadas de forma rápida e discreta do território inimigo (JENSEN,

2011).

Durante a década de 1970, conhecida como início da área moderna dos RPA’s,

designers americanos e israelenses começaram a ensaiar projetos mais baratos e

menores. Tratavam-se de aeromodelos que embarcavam pequenas câmeras de vídeo

que transmitiam imagens em tempo real (JENSEN, 2011; LONGHITANO, 2010).

Os usos científicos e civis têm sido desenvolvidos em maior quantidade e

englobando funções avançadas mais recentemente, nas últimas duas décadas,

buscando-se que os veículos aéreos desprovidos de tripulação apresentem vantagens

técnicas e/ou econômicas em relação a diferentes campos de atuação. Na maioria

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das aplicações civis desenvolvidas, os RPA’s têm sido concebidos como plataforma

para embarcar sensores remotos para obtenção de imagens e dados da superfície

terrestre (JENSEN, 2011; LONGHITANO, 2010).

2.1.2. Características gerais

Embora a Agencia Nacional de Aviação Civil - ANAC utilize o termo Aeronave

Remotamente Pilotada (RPA), cuja a definição é: “todo e qualquer tipo de aeronave

que pode ser controlada nos 3 eixos e que não necessite de pilotos embarcados para

ser guiada”, os termos VANT (Veículo aéreo não tripulado) e drone (do Inglês, zangão)

são amplamente utilizados na literatura (SILVA et. al., 2014; SILVA et. al., 2015;

DECEA, 2019).

Os RPA’s permitem obter imagens em resoluções iguais ou superiores aos voos

tripulados, com o benefício da ausência de nuvens. Quanto à precisão, eles atendem

aos levantamentos planialtimétricos para fins de medição de área construída,

permitindo a otimização na coleta dos dados em relação às variáveis tempo e custo,

desde que atendam a alguns fatores múltiplos, tal como a qualidade da câmera, a

calibração da câmera, o número e a localização dos pontos de controle na terra e a

escolha do software de processamento (HARWIN, 2012; TAHAR et. al., 2013;

MAURICE et. al., 2015).

Entende-se o levantamento utilizando RPA’s como um conjunto de operações

com o objetivo principal de obter imagens aéreas de um determinado local, através de

uma câmera acoplada. Os drones podem ter suas trajetórias controlados pelo

operador ou orientadas por sistemas de navegação por satélite. Podem capturar

imagens sequenciais que são analisadas e processadas via software até a geração

de produtos cartográficos como ortofotos, nuvens de pontos, modelos digitais de

terreno e de superfície, os quais podem fornecer outros produtos como distâncias,

alturas de objetos e volume (HUNG et. al., 2018).

Atualmente há uma grande facilidade para a aquisição ou montagem de um

RPA, para fins de aerofotogrametria. Apesar da alta tecnologia um sistema completo

tem um custo significativamente muito baixo, quando comparado com um sistema

aerofotogramétrico convencional. A facilidade de obtenção de imagem de alta

resolução espacial e temporal aliadas ao baixo custo, propiciam o emprego dessas

aeronaves nas mais variadas aplicações permitindo sua ampla utilização por

profissionais da área de geotecnologias. Essa acessibilidade ao público, encontra

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porem, dificuldades quanto as restrições legais vigentes no Brasil (SILVA et. al., 2014;

ALVES JÚNIOR, 2015).

2.1.3. Legislação vigente para utilização

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) foi criada em 2005 para regular e

fiscalizar as atividades de aviação civil e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária

no Brasil. Embora uma tecnologia recente, devido as suas infinidades de aplicações,

os drones estão cada vez mais populares no País. A legislação brasileira, visando o

desenvolvimento sustentável e a segurança na utilização dos aparelhos, baseou-se

em regulamentações e definições de outros países criando o Regulamento Brasileiro

de Aviação Civil Especial - RBAC-E nº 94 da ANAC, complementando os normativos

já existentes da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e do DECEA

(Departamento de Controle do Espaço Aéreo).

Segundo o regulamento supracitado, o peso máximo de decolagem (PMD) é o

critério diferencial na classificação das RPA’s, existem três:

• Classe 1: Acima de 150 kg - É equiparado as aeronaves tripuladas, sendo

obrigatória a certificação do aparelho e o registro do voo no RBAC, assim como a

identificação de marca, nacionalidade e matrícula;

• Classe 2: Acima de 25 kg e abaixo ou igual a 150 kg - Os parâmetros devem

ser observados pelo fabricante, além de registrado o voo no RBAC, com identificação

de marca, nacionalidade e matrícula;

• Classe 3: Abaixo ou igual 25 kg- São subdivididas em duas: os que operam

além da linha de visão (BVLOS) ou acima de 120 metros deverão ser de um projeto

autorizado pela ANAC juntamente com identificação de marca de nacionalidade e

matrícula; os que operam em até 120 metros (VLOS), não precisarão ser de projeto

autorizado, mas deverão ser cadastrados na ANAC por meio do sistema SISANT, com

informações sobre o operador e o equipamento, identificação gerado na certidão de

cadastro dever estar acessível na aeronave de forma legível e produzido em material

não inflamável.

Os voos realizados podem ser diferenciados quanto ao tipo de operação, são

eles:

• BVLOS (Operação além da linha de visual): É a classificação para voos em que

não se tem nenhum tipo de contato visual ao piloto, existindo entre ela três

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subcategorias denominadas de BVLOS A-pilotagem direta, BVLOS B- piloto

automático, BVLOS C- pilotagem wairpoint;

Figura 2 - Operação BVLOS.

Fonte: ANAC (2017).

• VLOS (Operação em Linha de Visada Visual) Operação na qual o piloto

mantém contato visual direto com o drone (sem outro auxílio) obtendo o total

gerenciamento;

Figura 3 - Operação VLOS.

Fonte: ANAC (2017).

• EVOLS (Operação em linha de visual estendida): É quando só é capaz de

manter contato visual com o drone com o auxílio de observadores da RPA;

Figura 4 – Operação EVLOS.

Fonte: ANAC (2017).

• Operação autônoma: a RPA opera sem intervenção do piloto no gerenciamento

do voo. Esse tipo de operação é proibido no Brasil.

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Vale ressaltar que no Brasil a permissão para operar um RPA civil só ocorre se

o projeto for previamente aprovado pela ANAC, levando em consideração a classe e

o tipo de operação, excerto drones com até 250g, pois não precisão de cadastro ou

registro, independentemente de para uso recreativo ou não (ANAC, 2017). O Quadro

1 mostra em resumo as regras que deveram ser seguidas para a execução do voo,

de acordo com o aparelho utilizado.

Quadro 1 - Resumo da regulamentação da ANAC.

Fonte: ANAC (2017).

Para a regularização da RPA, os pilotos devem legitimar seus equipamentos

na agência de telecomunicações e na aeronáutica. Deve comparecer com nota fiscal

da aeronave e número de chassi/shell da câmera fotográfica e do controle remoto. Em

seguida é feito um cadastro de equipamento na ANAC, para realizar o cadastro são

necessários: os documentos pessoais do usuário, certificado de homologação da

Anatel, nota fiscal, fabricante e modelo do equipamento, número de série da aeronave,

peso máximo na decolagem (PMD) e foto do equipamento e por fim feito um seguro

RETA (Responsabilidade do Explorador ou Transportador Aéreo) esses sendo por

obrigatoriedade e responsabilidade do portador ou piloto do equipamento (com

exceção de aeronaves controladas pelo espaço) (ANAC, 2017).

Os transportes de cargas só podem ser feitos em condições especiais sendo

elas: atividades agriculturas, horticultura, florestais entre outras, sendo proibidas o

transporte de pessoas, animais e artigos perigosos. Abrindo-se uma exceção apenas

para os equipamentos utilizáveis para o voo (bateria, câmeras, filmadoras e etc).

Sendo essas atribuições não obrigatórias por parte do governo, que terão por total

responsabilidade do voo e equipamento adquirido pelo mesmo (ANAC, 2017).

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A habilitação é exigida para pilotos de RPA’s das classes 1 e 2. O operador

também precisa obter o CMA (Certificado Médico Aeronáutico), emitido pela ANAC ou

pelo DECEA. Os locais de pousos e decolagens podem ser utilizados em áreas

distantes de terceiros e quando liberada pelo local que se está presente, com ressalva

de aeronaves não tripuladas em aeródromos pois este só podem acontecer com a

autorização do portuário (ANAC, 2017).

A fiscalização será incluída no programa de vigilância continuada e as

denúncias recebidas serão apuradas administrativamente de acordo com as sanções

previstas no Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei nº 7.565/86), órgão de segurança

pública na esfera civil e penal. As penalidades podem ser aplicadas pela ANAC,

aplicando a suspenção temporariamente em caso de suspeita ou descumprimento. E

por outros órgãos, através do Art. 261, prevê pena de reclusão de dois a cinco anos

para quem expusera perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar

qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea. Art.

132, que prevê pena de detenção de três meses a um ano (ou mais se o crime for

considerado mais grave) nos casos em que se coloquem em perigo direto ou iminente

a vida ou à saúde terceiros, assim como, dirigir aeronave sem estar devidamente

licenciado pode gerar pena de prisão simples (quinze dias a três meses) e pagamento

de multa. Pelo Art. 35 da mesma lei, praticar acrobacias ou fazer voos baixos, fora da

zona permitida em lei, bem como fazer descer a aeronave fora de lugares destinados

a essa finalidade, também pode gerar prisão simples (15 dias a três meses) e multa.

2.2. Fotogrametria

2.2.1. Conceitos e definições

A palavra Fotogrametria deriva etimologicamente de três palavras cujos

radicais vêm do grego: “photon” (luz), “grafos” (escrita) e “metron” (medida). E pode

ser definida como uma técnica de extrair de fotografias, as formas, as dimensões e as

posições dos objetos nelas contidos (AMORIM et al, 2004).

A Fotogrametria, segundo a American Society for Photogrammetry and Remote

Sensing (1997), é a arte, ciência e tecnologia de obtenção de informação confiável

sobre objetos físicos e o meio ambiente, através de processos de gravação, medição

e interpretação de imagens fotográficas e padrões de energia eletromagnética

radiante e outras fontes.

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Deste modo, podemos dizer que a Fotogrametria é a técnica que permite o

estudo e a definição das formas, das dimensões e das posições de objetos no espaço,

utilizando-se de medições obtidas a partir de fotografias ou imagens digitais. Sua

evolução se deu ao longo dos anos graças aos avanços tecnológicos, passou de fotos

tiradas com câmaras terrestres a bordo de balões para o uso de câmaras digitais e

scanners (MONICO, 2008).

Quanto a participação instrumental a fotogrametria subdivide-se em três tipos.

A Fotogrametria Analógica, surgiu na década de 1960, época em que foram

inventados os estereoscópios, os retificadores analógicos e os restituidores

estereofotogramétricos juntamente com as teorias e fundamentos matemáticos,

sendo esta responsável por grande parte dos mapeamentos topográficos existentes

no mundo (TOMMASELLI, 2009).

A Fotogrametria Analítica, desenvolveu- se com a utilização dos computadores

para a restituição numérica, aumentando a velocidade das etapas de ajustamento de

observações por aerotriangulação, por modelos independentes e por feixes

perspectivos; e dos restituidores analíticos, que permitiam determinar as coordenadas

terrestres de qualquer ponto, através das “Equações de Colinearidade” e “Equações

de Coplanaridade”, ao invés de ser uma solução mecânica, como na fase analógica;

e a Fotogrametria Digital, utiliza-se de fotografias ou imagens digitais, feitas a partir

da digitalização de filmes analógicos, ou diretamente de câmaras digitais, com todo o

processo numérico, desde a coleta até a saída dos dados (TOMMASELLI, 2009;

JENSEN, 2011).

Quanto a posição e orientação a plataforma de coleta temos a Fotogrametria

Aérea (ou Aerofotogrametria), onde as fotografias do terreno são tomadas por uma

câmara de precisão montada em uma aeronave; a Fotogrametria Terrestre, quando

as fotografias são tomadas de uma posição fixa no terreno (normalmente conhecida);

a Fotogrametria Espacial, que compreende todos os casos de fotografias ou imagens

extraterrestes e as medições subsequentes, nas quais a câmara estiver fixada na

terra, na lua, em um planeta ou num satélite artificial e a Fotogrametria a Curta-

distância, utilizada na Arquitetura, Medicina, Indústria, Engenharia, e pressupõe a

proximidade entre a câmara e o objeto a ser fotografado (TOMMASELLI, 2009).

2.2.2. Fotogrametria digital à curta distância

A fotogrametria a curta distância também conhecida como fotogrametria

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terrestre, é, de acordo com Kraus (1993), um ramo da técnica onde o objeto a ser

fotografado deve estar a uma distância entre 1m e 100m da câmara, para Atkinson

(1996), é quando a extensão do objeto é menor que 100m e as câmaras são

posicionadas próximas a ele. No entanto, Westphal (1999) diz que o termo pode ser

empregado quando a distância entre a câmara e o objeto, não ultrapassa os 300

metros. Portanto, de acordo com os autores citados, podemos entender que à

fotogrametria a curta distância é caracterizada pela obtenção de imagens por volta do

objeto, a uma distância máxima de 300 metros entre a câmara e o objeto, sendo este

com extensão inferior a 100 metros.

Devido, principalmente, ao avanço da tecnologia digital e no desenvolvimento

de avançados sistemas de processamento, a fotogrametria à curta distância se tornou

muito mais eficiente e econômica agora que a poucas décadas atrás (LEMA et al.,

2004). Nos anos 80 o surgimento da Fotogrametria Digital trouxe como grande

inovação a utilização de imagens digitais como fonte primária de dados.

Kraus (1993), conceitua a fotogrametria digital como o uso de sistemas

computacionais no processamento das informações referentes à restituição

fotogramétrica das imagens, tendo como ferramenta na automatização do processo a

câmara digital, com imagens na forma de pixels. Os avanços tecnológicos dos

softwares fotogramétricos da última década aliados a redução de custos dos

equipamentos e capacidade de processamento de dados por computadores

possibilitaram o uso da fotogrametria de forma mais acessível e emprego de um leque

maior de aplicações (MATTHEWS, 2014). De acordo com Gruen (1996), isso se dá

pela facilidade e velocidade de aquisição de dados, a capacidade de levantamento

em tempo real, o alto grau de automação e a adaptabilidade para solicitações

diversas.

A sociedade Americana de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto (ASPRS,

1997) enumera as seguintes aplicações para a Fotogrametria à curta distância. São

elas:

• Análise detalhada de fachadas de prédios, servindo para a recuperação de

estruturas ou para trabalhos de arquitetura;

• Mapeamento topográfico, auxiliando nos trabalhos de campo, uma vez que,

além de obter dados com o teodolito (atualmente a estação total), ainda obtém a

imagem do local, usada em locais de difícil acesso e de grande interesse;

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• Na evolução de escavações ou explorações em minas ou reservas quaisquer;

• Aplicações na agricultura, ecologia, florestas, arqueologia, paleontologia,

criminologia, oceanografia e acidentes de trânsito.

Os resultados da fotogrametria à curta distância devem geralmente ser

avaliados rapidamente após a aquisição de imagens, podendo ser usados para vários

processos relacionados à mensuração do objeto e suas funções. Uma característica

significante da fotogrametria à curta distância é a grande diversidade de problemas

de medição que podem ser solucionadas usando a técnica. Para isso, são utilizados

diferentes tipos de câmeras, imagens, configurações, processos fotogramétricos,

métodos de análise e forma de resultados a serem considerados, como

instrumentação específica e técnicas a serem selecionadas dependendo de cada caso

em particular (ATKINSON, 1996).

O emprego de técnicas fotogramétricas digitais para a documentação de

imagens de edificação e objetos é utilizada pela rapidez com que os dados são

adquiridos, permitindo que sejam avaliadas as condições de conservação e possíveis

soluções para problemas existentes, além do baixo custo para utilização desta técnica

(GRUEN, 1996).

As aplicações em Fotogrametria compreendem o mapeamento utilizando

tradicionalmente aeronaves tripuladas e mais recentemente aeronaves remotamente

pilotadas (RPA) equipados com câmaras digitais para o mapeamento de áreas de

reduzida extensão. Além da Fotogrametria Aérea, outra técnica bastante utilizada é a

Fotogrametria Terrestre, principalmente para a geração de modelos tridimensionais

de edificações ou objetos. Atualmente as câmaras de pequeno e médio formato estão

sendo bastante empregadas em drones (SENSEFLY, 2013).

2.2.3. Orientação

Para tornar possível a realização de medições através da Fotogrametria, são

necessários dois tipos de orientações para as fotografias utilizadas: a orientação

interior (OI) e a orientação exterior (OE). De acordo com Andrade (1998), a OI

recupera a geometria interna da câmara no momento da aquisição da fotografia.

Trata-se, portanto, da reconstrução dos feixes perspectivos internos à câmara no

instante da tomada das fotografias. A OE determina as posições e as rotações da

câmara (ω, φ e κ), referenciadas ao sistema de coordenadas do espaço-objeto. A

orientação exterior utiliza o modelo matemático de colinearidade, que relaciona o

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Figura 5 - Espaço-imagem e espaço-objeto, condição de colinearidade e elementos

de orientação exterior.

ponto medido na imagem com o ponto que se encontra no espaço-objeto (REISS,

2007).

A relação entre o espaço-imagem e o espaço-objeto é feita através das

equações de colinearidade. O centro perspectivo da câmara (O), um ponto no sistema

fotogramétrico (p) e esse ponto no espaço-imagem (P) são ditos colineares, ou seja,

há uma reta comum que liga esses três pontos, conforme mostra a Figura 5.

Fonte: adaptado de ERDAS, 2010.

2.2.4. Câmaras

As câmaras usadas em fotogrametria são classificadas em métricas e não

métricas, podendo ser analógicas (sensibilizam um filme que, se revelado, leva a uma

imagem analógica), ou digitais, cujo sensor é formado por uma linha (sensor linear)

ou uma matriz de pixels (sensor de quadro). A característica geométrica é a principal

diferença entre as câmaras métricas e não métricas (BRITO, 2007).

As câmaras digitais se diferenciam das analógicas principalmente pelo sensor

uni ou bidimensional, CCD ou CMOS, no lugar do filme. São classificadas de acordo

com o tamanho do sensor em: câmaras digitais de pequeno, médio e grande formato.

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As câmaras de pequeno formato possuem até 15 megapixels (MP), sendo este valor

calculado pelo produto entre a quantidade de pixels por linha e por coluna que

compõem o sensor, elas são usadas domesticamente e para captura de imagens de

pequenas áreas. As câmaras de médio formato têm em torno de 16 megapixels, em

geral, são modelos profissionais que são usadas por fotógrafos em projetos

ambientais e mapeamentos de pequenas áreas. As câmaras com resolução superior

a 40 megapixels são as de grande formato, que possibilitam maior rendimento em

projetos de mapeamento de grandes áreas, aliando as vantagens da tecnologia digital

à cobertura mais extensa do terreno (JENSEN, 2011).

Nas câmaras digitais três imagens são capturadas no mesmo instante em três

bandas diferentes do espectro eletromagnético, correspondentes aos comprimentos

de onda do vermelho, do verde e do azul. As imagens podem então ser compostas

em uma única imagem, considerando a teoria aditiva de cores, resultando em uma

imagem denominada colorido-normal (JENSEN, 2011).

Toda câmara fotogramétrica vem acompanhada de um certificado de

calibração, ou seja: um documento que atesta os valores precisos de determinados

parâmetros fundamentais da câmara, que serão utilizados nos processos

fotogramétricos.

2.2.5. Geometria das fotografias

Ao tomar a fotografia de um objeto qualquer, esta pode ser classificada de

acordo com a sua geometria (WOLF, 1983; TOMMASELLI, 2004):

• Fotografia vertical: é tomada quando o eixo ótico da câmara se encontra na

vertical ou aproximadamente na vertical. Normalmente uma fotografia vertical é

tomada com o eixo ótico ligeiramente inclinado; refere-se a esta foto como inclinada.

Esta inclinação acidental do eixo ótico deve ser menor que três graus;

• Fotografia baixo-oblíqua: é tomada com o eixo ótico inclinado, mas não o

suficiente para mostrar o horizonte;

• Fotografia alto-oblíqua: é uma foto tomada com o eixo ótico suficientemente

inclinado para mostrar o horizonte terrestre;

Conforme Tommaselli (2004), as fotografias oblíquas ainda incluem as

convergentes. Uma fotografia convergente é composta por um par de fotos baixo-

oblíquas, onde o eixo óptico de uma câmara converge em direção ao eixo da outra

câmara, havendo recobrimento aproximadamente igual pelas duas fotografias. Os

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tipos de fotografias descritos são mostrados na Figura 6.

(a) (b) (c) (d)

Fonte: Adaptado de TOMMASELLI, 2004.

As fotografias oblíquas, apesar de haver uma limitação geométrica que dificulta

seu uso para o mapeamento, são úteis por representarem uma área extensa e pelo

realce do relevo fotografado, que são itens importantes para o reconhecimento do

terreno. As fotografias convergentes, segundo Ruy (2008), têm maior utilização na

Fotogrametria terrestre, dada a difícil adequação para obtenção das fotografias por

sensores aerotransportados.

2.2.6. Estereoscopia e paralaxe

Para o estudo da fotogrametria é necessário ter dois conceitos bem definidos:

estereoscopia e paralaxe. A estereoscopia diz respeito à visualização de um mesmo

foco por dois mecanismos de captação de imagens. A paralaxe é o deslocamento

aparente na posição de um objeto, em relação a um ponto de referência, causado por

uma mudança na posição de observação (TOMMASELLI, 2004). Por exemplo, se um

observador tomar como referência um objeto qualquer, tapar seus olhos e visualiza-

lo alternadamente, com um olho aberto de cada vez, perceberá que o mesmo

deslocar-se-á horizontalmente.

São exigidas ao menos duas imagens (estereopar) tomadas de posições

diferentes e com uma área mínima de surperposição para tornar possível a visão

estereoscópica. As superposições podem ser de dois tipos, lateral e longitudinal, como

pode ser observado na Figura 7. A surperposição lateral acontece entre as faixas do

bloco, e seu valor na maioria dos casos é de aproximadamente 30%. A surperposição

longitudinal ocorre entre as fotografias e é normalmente superior a 60% (ERDAS,

2010).

Figura 6 - Geometria: (a) vertical; (b) baixo-oblíqua; (c) alto-oblíqua; e (d) par convergente.

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30

60%

30%

Fonte: adaptado de ERDAS, 2010.

As imagens geradas pela câmera têm de estar em boas condições e com menor

erro possível de superposição, assim duas ou mais fotografias de uma mesma feição

ou objeto, tiradas de diferentes posições podem gerar modelos tridimensionais, além

da extração de suas medidas. A junção dessas fotografias forma um mosaico,

propiciando uma vista ampla da área fotografada, devido a impressão de continuidade

entre as fotografias (LIMA et al., 2010).

2.2.7. Mosaico

Wolf (1983), define mosaico como sendo o conjunto de fotos de escala

aproximada, de uma determinada região, recortada e montada, técnica e

artisticamente de tal forma a dar impressão de que todo o conjunto é uma única

fotografia. Os mosaicos podem ser classificados de acordo com o processo de

produção e com o nível de controle, sendo dessa maneira: não-controlados,

controlados e semi-controlados.

É conhecido como mosaico não controlado aquele que usa as fotos originais,

eventualmente alterando apenas a escala, sem a preocupação de retificá-la ou

posicioná-la em relação ao terreno. Já o mosaico controlado, necessita de fotografias

retificadas e devidamente posicionadas em relação ao datum2 provido do número

suficientes de pontos de controle. Por outro lado, verifica-se o mosaico semi-

controlado, que expressa a coletânea de fotos não retificadas, mas de escala

homogênea ou vice-versa (WOLF, 1983).

2 Modelo matemático teórico da representação da superfície da Terra ao nível do mar (SANTIAGO e CINTRA, 2018a)

Figura 7- Surperposições lateral e longitudinal.

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Retificar uma imagem consiste em modificar os ângulos referentes à atitude

(orientação interior) da câmera, bem como a distância focal (f), resultando em projetá-

la, segundo seu feixe perspectivo, para um plano horizontal. Em fotografias aéreas

esse processo é interessante para transformar as imagens, tornando-as perfeitamente

verticais (ANDRADE, 1998).

2.2.8. Fototriangulação

Lugnani (1987) conceitua a fototriangulação como um método fotogramétrico,

no qual são determinadas as coordenadas dos pontos no espaço objeto através da

relação geométrica de fotos adjacentes devidamente tomadas, controle de campo

mediante pontos de apoio e de valores aproximados de parâmetros. Desta forma, é

necessário definir o modelo de sensor (parâmetros de orientação interior) e o modelo

da plataforma (parâmetros de orientação exterior).

Como já mencionado, a orientação interior estabelece as características do

sensor (distância focal, posição do ponto principal no referencial da imagem, entre

outras), o que permite reconstruir os feixes de raios que originaram a imagem. O

modelo de plataforma determina a posição e orientação de um feixe de raios com

relação ao sistema de coordenadas do espaço objeto. Cada feixe de raios requer seis

parâmetros independentes, três translações do centro perspectivo CP (XCP, YCP e ZCP)

e três de três rotações ou ângulos de Euler (κ, φ e ω) (Figura 5, item 2.2.3) (MIKHAIL

et al., 2001; REISS, 2007).

De acordo com Andrade (1998), a fototriangulação “tem como maior objetivo

fornecer coordenadas precisas para os pontos necessários para a orientação absoluta

de modelos fotogramétricos”. Para isso o apoio de campo é fundamental, pois tem a

finalidade de obter coordenadas geodésicas tridimensionais de um conjunto de pontos

para dar suporte à realização da fototriangulação.

Jensen (2011) diz que “um ponto de controle no terreno é definido como

qualquer objeto na imagem para o qual as coordenadas no terreno, no mundo real X,

Y e Z, são conhecidas”. Segundo conclusão de Brito et al. (2007) os métodos de

fototriangulação representam um grande avanço das técnicas fotogramétricas, por

permitir a obtenção de coordenadas de vários pontos no terreno a partir da

interpolação de alguns pontos de campo.

A medição de pontos de controle constitui um fator fundamental para garantir a

robustez geométrica de faixas e blocos de fotografias. Suas coordenadas

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Figura 8 - Regiões de Von Grüber.

planimétricas e/ou altimétricas são conhecidas através de levantamento de campo, e

devem ser medidos nas fotografias, de modo a orientar os produtos gerados a um

referencial comum ao desses pontos de apoio (PALERMO et al., 2013).

Os pontos de check ou de verificação apresentam as mesmas características

dos pontos de controle, ambos são determinados em campo, a diferença é a sua

utilização, enquanto os pontos de controle são utilizados no processamento do bloco

fotogramétrico os de check são utilizados apenas para verificação do produto final

(SILVA NETO, 2015).

Esses pontos de apoio podem ser alvos existentes ou colocados dentro da área

a ser mapeada, tendo suas coordenadas rastreadas com o uso de aparelhos de

precisão geodésica (GALVÃO, 2017). Sendo assim, esses pontos poderiam ser

medidos em qualquer parte da fotografia, entretanto, é recomendado para melhorar a

geometria de faixas e blocos que tanto os pontos de controle quanto os de check

estejam na região de Von Grüber, localizadas nas áreas mostradas na Figura 8.

Fonte: adaptado de ANDRADE, 1998.

Os pontos de Von Grüber podem ser medidos manualmente ou de forma

automática, utilizando operações matemáticas envolvidas na chamada correlação de

imagens. Através da correlação de imagens são definidas regiões comuns em

diferentes fotografias de uma mesma cena, buscando-se identificar o pixel

correspondente de uma imagem em outra.

2.3. GNSS - Global Navigation Satellite System

2.3.1. Generalidades

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O GNSS é uma das tecnologias espaciais de posicionamento mais avançadas

que surgiu recentemente, e tem revolucionado as atividades relacionadas com

posicionamento, proporcionando o posicionamento em qualquer lugar do planeta

Terra com alta acurácia (erro de poucos centímetros) (ALVES et al., 2013). O termo

surgiu durante a 10ª Conferência de Navegação Aérea em 1991, quando a Associação

Internacional de Aviação Civil (ICAO) reconheceu que a fonte primária para a

navegação aérea no século XXI seria o GNSS (MONICO, 2008).

De acordo com Santiago e Cintra (2017), o receptor GNSS “é um equipamento

capaz de ler informações emitidas pelos satélites em órbita, e calcular as coordenadas

geodésicas (latitude, longitude e altitude) sendo possível ter dados precisos a respeito

de um determinado local”. Ou seja, é possível obter informações de posição, direção,

distância, área, entre outros, resolvendo-se assim, as questões de localização,

deslocamento e mensuração (ROTHACHER, 2002; STEINGENBERGER et. al, 2006).

As observáveis básicas GNSS que permitem determinar tais informações podem ser

identificadas como: Pseudodistância e Fase de batimento da onda portadora.

A Pseudodistância é igual à diferença entre o tempo registrado no receptor no

instante de recepção do sinal e o tempo, registrado no satélite, no instante de

transmissão do sinal, multiplicado pela velocidade da luz no vácuo. É denominada

pseudodistância em razão do não sincronismo entre os relógios (osciladores)

responsáveis pela geração do código no satélite e sua réplica no receptor. Porém, não

resulta exatamente na distância geométrica entre as antenas do receptor e do satélite,

devido à refração atmosférica (ionosfera e troposfera) e dos efeitos de multicaminho,

além de outros erros (orbital, por exemplo) (Figura 9) (SEGANTINE, 2001).

Figura 9 - Principais erros no posicionamento pelo GNSS.

Fonte: WESTON et al., 2010.

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Figura 10 - Princípio do posicionamento GNSS.

A observável Fase de batimento da onda portadora é igual à diferença entre a

fase do sinal do satélite, recebido no receptor, e a fase do sinal gerado no receptor,

ambas no instante de recepção. O que a torna muito mais precisa que a

Pseudodistância (KING et al., 1988).

As observáveis GNSS, como todas as outras, também estão sujeitas a erros

aleatórios (inevitáveis e que não apresentam nenhuma relação funcional com as

medidas), sistemáticos (podem ser parametrizados (modelados como termos

adicionais) ou eliminados por técnicas apropriadas) e grosseiros (relacionados com a

desatenção do observador ou uma falha no equipamento) (WESTON et al., 2010).

Os receptores GNSS podem ser classificados como navegação, topográficos

ou geodésicos, de acordo com a precisão. Os receptores de navegação têm precisão

aproximada de 10 metros e são utilizados principalmente para localização instantânea

e navegação automotiva. Os receptores topográficos têm precisão abaixo dos 3

metros, podendo chegar à precisão submétrica, se os dados forem processados

usando bases fixas de coordenadas conhecidas. Os receptores geodésicos por sua

vez têm precisão centimétrica quando é feito o pós-processamento de dados, são

utilizados para obras, levantamentos topográficos, georreferenciamento de imóveis

rurais e posicionamento de alta precisão (SANTIAGO e CINTRA, 2018).

Vale ressaltar que a precisão do levantamento e o tempo de coleta de dados

podem ser influenciados pelas condições atmosféricas, distribuição de satélites no

espaço, distância dos receptores (estação base e receptor móvel) e obstrução do sinal

dos satélites (IBGE, 2008).

Devido ao não sincronismo dos relógios do satélite e receptor são necessários

no mínimo 4 satélites para determinar uma posição por meio do GNSS (Figura 10),

assim, garante-se a maior integridade e confiança aos usuários do sistema

(SANTIAGO e CINTRA, 2018).

Fonte: CALDEIRA et al., 2018.

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2.3.2. Sistemas de posicionamento

Dentre os sistemas de satélite utilizados no GNSS, destacam-se o sistema

americano GPS, o russo GLONASS, o europeu Galileo e o chinês Compass/BeiDou,

assim como satélites altimétricos e sistemas de posicionamento baseadas em

técnicas a laser e Doppler (ROTHACHER, 2002; STEINGENBERGER et. al., 2006).

2.3.2.1. NAVISTAR-GPS

O sistema NAVSTAR (NAVigation Satellite with Time And Ranging), ou apenas

GPS (Global Positioning System), foi criado e é controlado pelo Departamento de

Defesa dos Estados Unidos da América - DoD (Department of Defense), originalmente

concebido para aplicações militares, nos anos 80 foi disponibilizado para uso civil,

acessível em qualquer período do dia, sob quaisquer condições atmosféricas e em

qualquer local do planeta, porém com controle de precisão absoluta (MONICO, 2008).

As observações GPS são afetadas por técnicas de segurança com o propósito de

provocar erros na determinação de coordenadas para os usuários não autorizados.

De acordo com Monico (2008) e o DoD, a estrutura do GPS (e dos sistemas

GNSS em geral), se divide em três segmentos. O espacial: relativo aos satélites em

órbita; o de controle: relativo às estações terrestres de monitoramento, que realizam

a manutenção e garantem o funcionamento do sistema; e o de usuários.

• Segmento espacial: é composto pela constelação de 28 satélites, sendo 4

sobressalentes, em 6 planos orbitais igualmente espaçados. Cada satélite circunda a

Terra duas vezes por dia a uma altitude de 20.200 quilômetros. Os satélites têm a

bordo relógios atômicos de precisão de bilionésimos de segundos, que transmitem

continuamente por sinais digitais de rádio, sua localização e hora exata para que

sejam processados pelos receptores de GPS.

• Segmento de controle: é formado por estações de observações dispersas pelo

mundo ao longo da Zona Equatorial (Hawaii, Kwajalein, Ascension Island, Diego

Garcia e Colorado Springs). Estas estações monitoram as órbitas, sincronizam os

relógios atômicos e atualizam os dados de almanaque dos satélites que compõe a

constelação e transmitir informações sobre as órbitas (efemérides).

• Segmento do usuário: consiste no rastreador que capta os sinais emitidos pelos

satélites e decodifica as transmissões do sinal de código e fase de múltiplos satélites

e calcula a sua posição com base nas distâncias a estes até os satélites. A posição é

dada por latitude, longitude e altitude, coordenadas geodésicas referenciadas ao

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Figura 11- Constelação do sistema norte-americano GPS (desenho artístico).

sistema WGS84 (geocêntrico).

O projeto GPS foi desenvolvido em 1973 e concebido para inicialmente conter

24 satélites, estando completamente operacional em 1994. Em 2005 o sistema

operava com 29 satélites e no meio de 2007 com 30 satélites, até 9 de janeiro de

2019, havia um total de 31 satélites operacionais na constelação GPS. Sobre o

segmento espacial, os satélites GPS são constantemente substituídos

(modernizados) (GPS.GOV, 2019). O status atual da constelação pode ser consultado

no seguinte endereço eletrônico: https://www.navcen.uscg.gov/?Do=constellation

Status. A Figura 11 ilustra a constelação dos satélites GPS distribuídos em seus

planos orbitais.

Fonte: https://www.gps.gov/systems/gps/space/

Em relação ao sinal, Monico (2008) diz que cada satélite GPS (original)

transmite duas ondas portadoras: L1 e L2. Elas são geradas a partir da frequência

fundamental de 10,23 MHz, a qual é multiplicada por 154 e 120, respectivamente.

Desta forma, as frequências (L) e os comprimentos de onda () de L1 e L2 são:

L1 = 1575,42 MHz e 19 cm;

L2 = 1227,60 MHz e 24 cm.

Essas duas frequências são geradas simultaneamente, permitindo aos

usuários, corrigir grande parte dos efeitos devido à refração ionosférica. Os satélites

mais recentes transmitem uma terceira portadora, designada de L5, onde a frequência

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fundamental é multiplicada por 115, resultando em:

L5 = 1176,45 MHz e 25,5 cm.

Os códigos que formam o PRN3 são modulados, em fase, sobre as portadoras.

Essa técnica permite realizar medidas de distâncias, a partir da medida do tempo de

propagação da modulação (LEICK, 2004).

Cada satélite transmite um código C/A diferente, dentre os 37 definidos no ICD-

GPS-200C. O código C/A faz parte de uma família de códigos (Gold Codes), que tem

como característica básica, a baixa correlação entre seus membros. Isso possibilita a

rápida distinção dos sinais recebidos, simultaneamente, de vários satélites. Ele é

modulado somente sobre a onda portadora L1. Esse é o código, a partir do qual, os

usuários civis obtêm as medidas de distâncias que permitem obter a acurácia

estipulada. Ele não é criptografado, embora possa ter sua precisão degradada

(MONICO, 2008).

O código P (Precise ou Protected) tem sido reservado para uso dos militares

americanos e usuários autorizados. Ele é transmitido com a frequência fundamental

de 10,23 MHz, resultando num comprimento de onda da ordem de 30 m gerando

medidas mais precisas (MONICO, 2008).

À cada satélite é atribuído um determinado PRN, que é modulado nas

portadoras L1 e L2. Portanto, todos os satélites transmitem na mesma frequência,

mas podem ser identificados pelo código exclusivo de cada satélite. Denominada

CDMA (Code Division Multiple Access – divisão do código para múltiplo acesso) essa

técnica é válida tanto para o código C/A, como para o código P (SPILKER, 1996).

Com a modernização do GPS em 1998 pelo DoD, entrou em cena o código civil

L2C, modulado na portadora L2, visando reduzir os problemas advindos do código Y

(código P criptografado no modo AS), além do anúncio de uma nova portadora, a L5.

O código L2C apresenta melhor sensibilidade que o código C/A, disponível na

L1. Ele usa um código CM (código de comprimento moderado) com 10230 bits e um

código CL (código de comprimento longo) com 767250 bits. O código L2C é

transmitido com frequência de 511,5 KHz. Logo, enquanto o código CM se repete a

cada 20 ms, o CL se repete a cada 1,5 segundos. CM é o código que transporta os

3 Sequência binária de +1 e -1 ou 0 e 1, gerado por um algoritmo. Tratam-se basicamente dos códigos C/A e P (L2C) (MONICO, 2008).

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dados e CL é dito ser o sinal piloto, não tendo dados modulado sobre ele. Os sinais

básicos do GPS são ilustrados seguir (Figura 12).

Figura 12 - Estrutura Básica do Sinal GPS (modernizado).

Fonte: MONICO, 2008.

As mensagens de navegação, que fornecem as informações básicas para o

cálculo das posições dos satélites, são também moduladas sobre as portadoras, numa

taxa de 50 bps. Elas contêm os parâmetros orbitais (elementos keplerianos e suas

variações), dados para correção da propagação na atmosfera, parâmetros para

correção do erro dos relógios dos satélites, saúde dos satélites, etc (MONICO, 2008).

2.3.2.2. GLONASS

O GLONASS (Global’naya Navigatsionnaya Sputnikkovaya Sistema) foi criado

no início da década de 1970, na antiga União Soviética, pela Soviet Union’s Production

Association of Applied Machanics como um sistema semelhante ao norte-americano

GPS, que na época tinha seu protocolo fechado e era usado exclusivamente para fins

militares, a nível regional e global, atualmente é desenvolvido e operado pela Russian

Federation Space Forces (MONICO, 2008). O sistema soviético chegou a ter 24

satélites em órbita em 1995 (totalmente operacional), mas a partir do colapso da União

Soviética o sistema foi abandonado e, em 2002, só restavam sete satélites em órbita.

A partir de 2004 o Governo da Rússia resolveu recuperar o sistema GLONASS

e criou a empresa Information Satellite Systems (ISS), que promoveu o lançamento

de novos satélites para substituir os que, apesar de ainda em funcionamento, estavam

chegando ao limite de vida útil. Em 2010, o GLONASS alcançou 100% de cobertura

em território russo e, em outubro de 2011, a constelação orbital completa de 24

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satélites foi restaurada, como podemos observar na Figura 13, permitindo uma

cobertura global completa (SKYBRARY, 2017).

Figura 13 - Constelação do sistema russo GLONASS (desenho artístico).

Fonte: SPACECORP, 2013.

O GLONASS é atualmente o único sistema GNSS alternativo ao GPS com

cobertura global e disponibilidade contínua. Como já mencionado, o GLONASS

também é composto de três segmentos (MONICO, 2008).

• Segmento espacial: é constituído por um total de 26 satélites, sendo 1

sobressalente e 1em fase de testes, dispostos em três planos orbitais. Cada plano

orbital contém 8 satélites, igualmente espaçados (120°), em órbita quase circular

(arranjadas de forma que não ocorra o fenômeno de ressonância4), com altura de

aproximadamente 19.000 km e inclinação de 64,8º em relação ao Equador.

• Segmento de controle: é composto por cinco estações terrestres, distribuídas

em território pertencente à antiga União Soviética, localizadas em Moscou (Estação

Principal), St. Petersburg, Ternopol, Eniseisk e Komsomdsk-na-Amure. Estas

estações monitoram as órbitas, sincronizam os relógios atômicos e atualizam os

dados de almanaque dos satélites que compõe a constelação e transmitir informações

sobre as órbitas (efemérides). Ao contrário do GPS, O GLONASS possui diversas

estações de monitoramento localizadas no Brasil.

• Segmento do usuário: é também formado pelos rastreadores pessoais e

profissionais, assim com o GPS. A posição é dada por latitude, longitude e altitude,

coordenadas no sistema PZ-90 (Parametry Zemli 1990).

4 Uma perturbação adicional na órbita do satélite devido à comensurabilidade do período do satélite com o período de rotação da Terra (MONICO, 2008).

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A maior parte dos receptores GNSS disponíveis no mercado utiliza os sistemas

GPS e GLONASS de forma integrada, fornecendo melhor cobertura e precisão, devido

a maior quantidade de satélites disponíveis em relação ao posicionamento somente

GPS ou somente GLONASS, principalmente decido ao fato da falta de receptores

somente com o sistema GPS (MONICO, 2008). Os smartphones em geral também

possuem sistema integrado de posicionamento GPS e GLONASS. O status atual da

constelação GLONASS pode ser obtido no seguinte endereço eletrônico:

http://glonass-iac.ru/en/GLONASS/.

O GLONASS transmite sinais em duas bandas, também denominadas

portadoras L1 e L2, as quais são moduladas por dois códigos binários e as mensagens

de navegação. Mas cada satélite tem sua própria frequência (k), diferentemente do

GPS (MONICO, 2008). Como as frequências do GPS e GLONASS são relativamente

próximas, isso permite o uso de uma antena combinada e um amplificador comum no

mesmo equipamento, o que tem facilitado o desenvolvimento de equipamentos que

rastreiam satélites de ambos os sistemas simultaneamente, porem o processamento

do sinal é diferente (SEEBER, 2003; MONICO, 2008).

2.3.2.3. Galileo

O Galileo é um sistema GNSS que está sendo desenvolvido pela União

Europeia e pela Agência Espacial Europeia. O sistema Galileo concebido como um

projeto civil apresenta várias vantagens: maior precisão (em fase de testes), maior

segurança (possibilidade de transmitir e confirmar pedidos de ajuda em caso

emergência) e menos sujeito a problemas (o sistema tem a capacidade de testar a

sua integridade automaticamente) (MONICO, 2008).

Diferente dos outros sistemas existentes, o Galileo oferta diversos serviços

comerciais (não gratuitos) aos usuários civis interessados, como navegação comercial

ou com seguro de vida, busca e resgate e serviços voltados a órgãos públicos, tendo

tem aspecto semi-público, que dependem em maior ou menor grau de decisões

governamentais ou militares. Outra vantagem importante é a caraterística

interoperabilidade com os sistemas GPS e GLONASS (SIMON, 2005; ZIEDAN, 2006;

MONICO, 2008).

A estrutura para o fornecimento de todos os serviços propostos, também está

dividida em 3 segmentos (MONICO, 2008).

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• Segmento espacial: Quando estiver em operação o sistema contará com um

total de 30 satélites de orbita media, sendo 27 operacionais e 3 reservas, estarão

posicionados em três órbitas circulares a aproximadamente 23.600 km de altitude da

Terra, inclinados a 56º em relação ao Equador, com período orbital de

aproximadamente 14h04min.

• Segmento de controle: será utilizada a estrutura disponível do EGNOS (sistema

de correção diferencial europeu), entretanto serão construídas novas estações devido

a sua abrangência global. Ao todo, serão distribuídas aproximadamente 30 estações

que darão apoio na determinação de orbitas, sincronização de tempo, geração de

mensagens de navegação, controle de integridade etc.

• Segmento de usuário: consiste nos rastreadores capazes de receber os sinais

deste sistema, apesar da existência de poucos satélites, já existes receptores aptos

para receber seu sinal.

Um esboço do sistema Galileo pode ser visto na Figura 14. Até o momento, 16

satélites estão em modo operacional e contribuindo para a prestação de serviços, seu

status atual pode ser obtido detalhadamente no endereço eletrônico: http://www.gsc-

europa.eu/system-Status/Co nstellation-Information.

Figura 14 - Constelação prevista para o sistema Galileo (desenho artístico).

Fonte: https://www.e-education.psu.edu/geog862/node/1871

A estrutura do sinal do Galileo, juntamente com a modernização do GPS, foi

preliminarmente definida durante a WRC 2000 realizada em Istambul, Turquia, e

confirmada durante a WRC 2003. Cada satélite transmitirá 10 sinais dos quais 6 para

serviços abertos e segurança de vida, 2 para propósitos comerciais, e 2 para serviços

públicos normatizados; transmitidos em três bandas de frequências (E5, E6 e L1)

usando quatro portadoras (E5A com 1176,45 MHz; E5B com 1207,14 MHz; E6 com

1278,75 MHz e E1 com 1575,42 MHz) (ZIEDAN, 2006).

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Figura 15 - Configuração prevista para o sistema BeiDou (desenho artístico).

2.3.2.4. BeiDou/ Compass

O BeiDou Navigation Satellite ou Compass (“bússola”) é o sistema GNSS que

está sendo desenvolvido pela China. Seu nome faz referência a constelação Ursa

Maior, que é conhecida em chinês como Běidǒu e significa, literalmente, “Urso do

Norte", nome para as sete estrelas mais brilhantes da constelação da Ursa Maior

(GUZATTO et al, 2016).

O BeiDou consiste de duas constelações de satélites. O primeiro sistema

BeiDou, chamado oficialmente de Satellite Navigation System Experimental BeiDou

(BeiDou - 1) é composto por satélites geoestacionários e em órbita inclinada

geossíncrona, formando um RNSS (Regional Navigation Satellite System - sistema

regional de navegação por satélite) ao redor da China; e a segunda geração do

sistema, chamada oficialmente de sistema de navegação por satélite BeiDou (BDS),

também conhecidos como Compass (bússola) ou BeiDou - 2, é composta por satélites

em órbita média inclinada para cobertura global, similar aos demais sistemas GNSS

(GROVES, 2007).

O sistema experimental BeiDou -1 foi encerrado no final de 2012. O BeiDou - 2

tornou-se operacional na China em dezembro de 2011, com 10 satélites em órbita, e

começou a oferecer serviços aos clientes na região da Ásia e do Pacífico em

dezembro de 2012. Está previsto para começar a servir de forma global após a sua

conclusão em 2020 (GUZATTO et al, 2016). O sistema completo incluirá pelo menos

35 satélites, sendo 5 geoestacionários e 30 de órbita média, como mostra a Figura 15

(IAC, 2019). Estes satélites geossíncronos acompanharão o movimento de rotação da

Terra, variando apenas na latitude, com um plano orbital a 55º do plano do equador,

e permitirão o posicionamento tri-dimensional, oferecendo cobertura completa do

globo (GUZATTO et al, 2016).

Fonte: https://www.glonass-iac.ru/en/guide/beidou.php

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Em meados de 2015, a China iniciou o desenvolvimento do sistema BeiDou de

3ª geração (BDS-3), que oferecerá um serviço de navegação totalmente global até

2020. Em 2015/2016, foram lançados cinco satélites de validação em órbita BDS-3S.

A construção da constelação operacional BeiDou -3 que começou em novembro de

2017 (IGS, 2019). O status atual da constelação (regional e global) pode ser obtido no

seguinte endereço eletrônico: http://mgex.igs.org/IGS_MGEX_Status_BDS.php.

Existem dois tipos de serviço, um gratuito para os civis, com precisão de

localização de 10 metros e outro licenciado para o governo chinês e militares, com

precisão de localização de 10 centímetros, que pode ser usado para a comunicação,

e fornecerá informação sobre o estado do sistema para o utilizador (GUZATTO et al,

2016).

O uso combinado dos sistemas oferece diversas vantagens para o

posicionamento, tais como melhorar a precisão em áreas com visibilidade restrita,

melhoria da qualidade no posicionamento isolado (absoluto), maior possibilidade de

obter boa geometria no rastreio e verificação dos resultados obtidos com o uso de

cada sistema separadamente (ROTHACHER, 2002; STEINGENBERGER et. al.,

2006).

Existem outros sistemas menores quem compõem o GNSS, como os locais

IRNSS/NAVIC (Indian Regional Navigational Satellite System), QZSS (Quasi-Zenith

Satellite System) e os de aumento GNSS (SBAS, GBAS, A-GPS e IPS), porém só

serão detalhados os sistemas globais, mais influentes na obtenção de

posicionamento. A Tabela 1 mostra um resumo das características mais relevantes

dos principais integrantes do sistema GNSS.

Tabela 1 - Características principais dos sistemas GNSS.

Parâmetros GLONASS GPS Galileo Compass

Nº. de satélites final/atual

24/24 24/32 30/10 35/15

Planos orbitais 3 6 3 3/3/1

Inclinação 64.8° 55° 56° 55,5°

Altitude (MEO) 19100 km 20233 km 23600km 21500 km

Frequências (MHz)

L1: 1597-1617 L2: 1240-1260 L3: 1201-1221

L1: 1575,42 L2: 1227,60 L5: 1176,45

E1: 1575,42 E5B: 1207 E5A: 1176

B11: 1561,098 B21: 1207,14

P Code MHz 5.11 10.23 10,23 10,23

Efemérides P, V, T Kepleriana Kepleriana Kepleriana

Identificação dos satélites

FDMA/CDMA CDMA CDMA CDMA

Fonte: Autora, 2019.

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2.3.3. Métodos de posicionamento

As técnicas de posicionamento utilizando GNSS podem ser classificadas como

estáticos (objeto a ser posicionado está em repouso) e cinemáticos (objeto a ser

posicionado está em movimento), dependendo do movimento da antena, ou em tempo

real (estimativa da posição da estação de interesse ocorre praticamente no mesmo

instante em que as observações são coletadas) e pós-processado (as posições dos

pontos em que os dados foram coletados são estimadas em um processamento

posterior). Quanto à utilização ou não de uma estação de referência, podem ser

classificadas em posicionamento relativo e posicionamento absoluto (autônomo ou

por ponto), respectivamente (IBGE, 2008).

A partir destes surgem suas derivações como: Posicionamento por Ponto

Preciso (PPP), Relativo Estático, Relativo Cinemático, Levantamento em Tempo Real

(RTK - Real Time Kinematic), correções diferenciais (DGPS - Differential Global

Positioning System), dentre outros (SEEBER, 2003; MONICO, 2008).

2.3.3.1. Posicionamento absoluto por Ponto Simples (PPS)

No posicionamento absoluto (PPS), as coordenadas de um ponto são

determinadas diretamente em relação ao centro de massa da Terra (geocentro), ou

seja, a posição do ponto é determinada no referencial vinculado ao sistema de

coordenadas dos satélites, que no caso do GPS, é o WGS-84 G1762, no caso do

GLONASS, é o PZ90.11 e etc. (GUZATTO et al, 2016). Este método utiliza apenas

um receptor que recebe dados, exclusivamente do código C/A na portadora L1,

resultando em baixa precisão, uma vez que utiliza somente a observável

pseudodistância, que apresenta erros de ordem métrica, assim os erros envolvidos

(orbitais, dos relógios dos satélites e do receptor, centro de fase da antena, dentre

outros) se propagam diretamente às coordenadas que se deseja estimar (MONICO,

2008).

2.3.3.1.1. Posicionamento por ponto preciso (PPP)

O PPP refere-se à obtenção da posição de uma estação com acurácia

centimétrica, seja com estimativa próxima do tempo real (latência5 de poucos

segundos) ou no modo pós-processado (MARQUES, 2012). O PPP fornece a

depuração dos erros e consequentemente uma melhor precisão, pois utiliza código

5 Período de inatividade entre o estimulo e a resposta por ele provocada (MARQUES, 2012).

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C/A (pseudodistância) e/ou fase de batimento da onda portadora para a determinação

das coordenadas em relação ao referencial WGS84 (World Geodetic System 1984)

(MONICO, 2008). Isto se deve a coleta de dados por receptores de simples, dupla, ou

tripla frequência, utilizando efemérides precisas para a correção dos erros de órbita e

do relógio dos satélites, cujo referencial do ponto será o ITRF (International Terrestrial

Reference Frame – rede de referência terrestre internacional) vigente (GUZATTO et

al, 2016).

Existem diversos serviços de PPP disponíveis online como: JPL

(http://apps.gdgps.net/index.php); NRCan (http://csrsjava.geod.nrcan.gc.ca/csrsicp/C

srsLogin?userlang=en); GAPS da UNB (http://gaps.gge.unb.ca/); OPUS

(http://www.ngs.noaa.gov/OPUS/); AUPOS (http://www.ga. gov.au/bin/gps.pl);

SOPAC (http://sopac.ucsd.edu/cgi-bin/SCOUT.cgi); GEGE; e o mais conhecido IBGE

(https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/rbmc/rbmcpesq.shtm?c=9).

2.3.3.2. Posicionamento relativo

No posicionamento relativo, as coordenadas são determinadas com relação a

um referencial materializado por um ou mais vértices com coordenadas conhecidas,

deste modo, são necessários dados de dois ou mais receptores (GUZATTO et al,

2016). Porém, com a existência de Sistemas de Controle Ativos (SCA), o usuário pode

dispor de apenas 1 receptor, ou seja, a estação com coordenadas conhecidas (base)

é ocupada por um receptor, enquanto outro receptor é utilizado simultaneamente no

ponto cujas coordenadas deseja-se estimar, é imprescindível que dados dos mesmos

satélites sejam coletados por no mínimo 2 receptores (IBGE, 2008).

O princípio básico desta técnica é minimizar os erros envolvidos no

posicionamento GNSS em função da diferença entre as observações enviadas

simultaneamente pelos satélites comuns a ambos os receptores (IBGE, 2008). O

método de posicionamento relativo é classificado de acordo com o tempo de rastreio

para obtenção dos dados e subdivide em: posicionamento relativo estático, estático

rápido, semicinemático, cinemático, DGPS, diferencial pós-processado e RTK

(SEEBER, 2003; MONICO, 2008).

2.3.3.2.1. Posicionamento relativo estático

De maneira geral, no posicionamento relativo estático o receptor da base e os

pontos, cujas coordenadas desejam-se estimar, são ocupados por cerca de 20

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minutos a algumas horas, dependendo da geometria local e do comprimento do vetor

linha base formado entre a base e o ponto ocupado denominado de rover, conforme

estabelece a Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais (NTGIR)

do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). É o método que

permite obter as melhores precisões sendo assim, sendo utilizado na medição de

linhas de bases curtas (até 20 km) e longas (maiores que 100 km), redes geodésicas,

etc. (INCRA, 2010).

2.3.3.2.2. Posicionamento relativo estático rápido

O posicionamento relativo estático rápido caracteriza-se, principalmente, pela

duração de espera em cada ponto ser menor, entre 5 a 20 minutos, sendo apropriado

à solução de linhas de bases curtas (distância entre a estação de referência e o ponto)

(MONICO, 2008).

2.3.3.2.3. Posicionamento relativo semicinematico

O posicionamento relativo semicinemático (stop and go), é uma técnica de

posicionamento semelhante ao método estático rápido, mas o tempo de permanência

em cada estação é bem menor, uma vez que o receptor fica parado alguns segundos

sobre o ponto (stop) e em seguida é deslocado ao próximo ponto (go) visando a

solução da ambiguidade (MONICO, 2008).

2.3.3.2.4. Posicionamento relativo cinemático

O posicionamento relativo cinemático é um método no qual o receptor base fica

parado enquanto que o receptor rover dos pontos a se determinar desloca-se entre

estes durante toda a sessão (MONICO, 2008). Deste modo, no levantamento

cinemático a trajetória entre a base e o destino desejado é descrita por uma série de

pontos, também denominada de nuvem de pontos, sendo, ideal ao levantamento de

detalhes em campo. Para tanto, é necessário ajustar a taxa de gravação de acordo

com a velocidade de caminhamento, ou seja, a uma taxa de poucos segundos.

2.3.3.2.5. Posicionamento diferencial DGPS

No método de posicionamento DGPS, uma estação em movimento é

posicionada em relação a uma estação de referência (fixa), associada a correções

diferenciais, geradas em tempo real pela estação de referência e enviadas a estação

rover, equipamento que ocupará os pontos cujas coordenadas se deseja determinar,

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por meio de um sistema de comunicação, utilizando a correção pós-processada dos

dados por meio da observável pseudodistância obtida partir do código C/A, (INCRA,

2010).

2.3.3.2.6. Diferencial pós-processado

No posicionamento relativo diferencial pós-processado um receptor é mantido

coletando dados na estação de referência, enquanto os demais receptores percorrem

a região de interesse (MONICO, 2008).

2.3.3.2.7. RTK - Real Time Kinematic

O método RTK se assemelha ao DGPS, porém a observável utilizada é a fase

da onda portadora e as coordenadas são obtidas em tempo real via link de rádio entre

a estação base e os rovers (INCRA, 2010). Para os casos em que não há necessidade

de posicionamento em tempo real, é possível utilizar efemérides precisas e as

correções para os relógios dos satélites produzidos pelo IGS, ambos com alta

precisão (MONICO, 2008).

2.3.4. Formatos de arquivos GNSS

Cada fabricante de receptores possui formatos próprios de armazenamento e

transferência de arquivos GNSS. Desta forma, para facilitar o intercâmbio de dados

dos diferentes receptores GNSS, foi desenvolvido o formato RINEX (Receiver

INdependent EXchange format), o qual consiste de três tipos de arquivos: arquivo de

observações (extensão .o); arquivo de dados meteorológicos (extensão .m) e arquivo

de mensagens de navegação ou efemérides transmitidas (extensão .n para GPS,

extensão .g para GLONASS, extensão .e para Galileo, extensão .c para

BeiDou/Compass, extensão .j para QZSS, extensão .i para IRNSS, extensão .s para

SBAS). Cada arquivo contém em seu cabeçalho o vértice, o receptor, informações da

antena, tempo e intervalo de rastreio e informações das observáveis, seguido

mostrando os dados de rastreio (LIMA, 2018).

Ressalta-se que os dados de observação, contendo as distâncias satélite-

receptor em todos os sistemas GNSS (pseudodistâncias dos códigos e fases das

portadoras), podem resultar em arquivos de grande extensão, especialmente para

sessões de rastreio longas. Desta forma, foi desenvolvido o algoritmo de compressão

HATANAKA desenvolvido pelo pesquisador japonês Yuki Hatanaka, do Geospatial

Information Authority of Japan (GSI), que consiste na compactação do arquivo de

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dados brutos GNSS (.d), permitindo uma redução significativa do tamanho do arquivo.

(HATANAKA, 2008).

2.3.5. Efemérides transmitidas e efemérides precisas

As efemérides são essenciais para obter a posição de um receptor GNSS, pois

armazenam as coordenadas (posições), calculadas através da distância até os

satélites (interpolação), tornando possível determinar a posição de cada satélite

GNSS em um determinado instante (MONICO, 2008). Elas são produzidas e

fornecidas gratuitamente pelo site do IGS, podendo ser de quatro formas: preditas,

ultra-rápidas, rápidas e finais. Mais detalhes sobre cada tipo de efeméride do IGS

(International GNSS Service – serviço GNSS internacional) podem ser obtidos no

seguinte endereço eletrônico: http://www.igs.org/products.

Para obter alta precisão no posicionamento, recomenda-se a utilização de

efemérides precisas. As efemérides precisas de órgãos como o IGS, ao contrário das

efemérides transmitidas, não são fornecidas no formato RINEX, mas em um formato

denominado SP3 – Standard Product 3 (extensão .sp3), contendo, em geral, a

identificação, coordenadas e erro do relógio de cada satélite dos diferentes sistemas

GNSS (CARARO, 2011).

2.3.6. Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS

O sistema geodésico brasileiro (SGB) é um sistema definido caracterizado por

um conjunto de pontos geodésicos implantados na superfície territorial, determinado

por procedimentos operacionais e com coordenadas calculadas segundo modelos

geodésicos de precisão compatível com a finalidade a que se destinam (FORTES et

al., 1989). O IBGE (Instituto Brasileiro de geografia e Estatística) é o órgão nacional

oficial responsável pela definição, implantação e manutenção do SGB. O maior

avanço na área da geodesia dado pelo IBGE foi o estabelecimento de uma rede de

monitoramento ativo, a RBMC.

Segundo IBGE (2010), o estabelecimento da Rede Brasileira de Monitoramento

Contínuo dos sistemas GNSS (RBMC) foi iniciado no final do ano de 1996, sendo a

estação PARA (Curitiba, PR), atualmente UFPR a primeira a ser oficialmente

instalada. Com a adoção oficial do Sistema de Referência Geocêntrico para as

Américas – SIRGAS2000, no Brasil em 2005, a RBMC assumiu um papel de grande

importância, sendo a Rede de Referência do novo referencial geodésico (IBGE, 2010).

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Figura 16 - Situação das estações da RBMC.

Atualmente, a RBMC fornece todas as observáveis rastreadas pelos

receptores, ou seja, contém todas as observáveis rastreadas das constelações GPS,

GLONASS, GALILEO, Beidou e SBAS, seus arquivos são disponibilizados no formato

de compressão Hatanaka. Atualmente existem 151 estações operacionais, possuindo

funcionamento contínuo com coordenadas precisamente conhecidas e monitoradas

através de processamento semanal dos seus dados (Figura 16) (IBGE, 2019).

Fonte: Adaptado do IBGE, 2019.

2.4. Topografia

O processamento fotogramétrico automático pode ser concluído apenas com

as posições dadas pelo sistema GNSS, mas para garantir uma boa precisão é

pertinente o uso de pontos de controle e pontos de checagem para o controle de

qualidade (PIX4D, 2013). Estes pontos podem ser obtidos através de técnicas de

topografia.

Segundo Loch (2000), a topografia consiste no “conhecimento dos

instrumentos e métodos que têm por finalidade determinar o contorno, dimensão e

posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a

curvatura resultante da sua esfericidade”. Nestas condições, faz-se necessário um

levantamento que se incumbe de proceder todas as operações necessárias para

alcançar os objetivos da topografia, isto é, a medição de ângulos e distâncias e a

execução dos cálculos indispensáveis para representar, fielmente os elementos

colhidos no terreno (LOCH, 2000).

A estação total é provavelmente um dos equipamentos topográficos mais

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populares e de maior importância para os levantamentos topográficos (WOLF, 1983).

É um instrumento eletrônico utilizado na obtenção de ângulos, distâncias,

coordenadas e cotas, sem a necessidade de anotações, podendo transferir os dados

para um computador através de softwares específicos (COELHO JR et al., 2014).

A planialtimetria é a parte da topografia que estuda o terreno levando em

consideração as dimensões, coordenadas planimétricas (coordenadas X e Y) e

altimétricas (coordenada Z) (COELHO JR et al., 2014). Dentre os métodos de

levantamento tem-se a irradiação. Neste método o equipamento fica estacionado

sobre um ponto (Ponto A) e faz-se a “varredura” dos elementos de interesse próximos

ao ponto ocupado (Ponto B e C), medindo direções e distâncias para cada elemento

a ser representado, assim as coordenadas dos pontos são identificadas (VEIGA et al.,

2007).

Figura 17- Levantamento por irradiação.

Fonte: Domínio Público, 2019.

3. HISTÓRICO DA CIDADE

Belém do Pará é uma cidade histórica com muitos monumentos que merecem

ser preservados, uma vez que a cidade nasceu da necessidade de se organizar um

certo espaço no sentido de integrá-lo e aumentar sua independência visando a

sobrevivência do grupo no lugar e o rompimento do isolamento das áreas. O uso e a

ocupação da cidade de Belém pelos portugueses no início do século XVII obedeceram

a esta lógica, pois o centro irradiador de sua expansão partiu do que hoje é conhecido

como Forte do Presépio localizado no Complexo Feliz Lusitânia, delineando as

direções para onde a cidade distinguiria o lineamento de suas primeiras ruas

(ARAUJO JUNIOR; AZEVEDO, 2012).

Assim, a fundação da cidade de Belém do Pará ocorreu em 12 de janeiro de

1616 por Francisco Caldeira Castelo Branco com o intuito de proteger e ocupar a foz

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do rio Amazonas, limite que divide os Estados do Brasil e Peru, contra os ingleses e

holandeses (HISTÓRIA DE BELÉM, 2018).

A política portuguesa, visando ao exercício de sua soberania no mundo físico-

político imerso que estava criando, firmou-se com a ereção de pequenas fortificações,

que representavam o poder militar dos portugueses e asseguravam o exercício de sua

soberania com maior segurança. O fortin do Presépio construído em 1616 por

Francisco Caldeira Castelo Branco e origem do núcleo urbano que é hoje a cidade de

Belém, foi o início dessa política de fortificações (REIS, 1989).

Em Belém, há muitas construções inspiradas na estética francesa que datam

do século XVIII, período intitulado belle époque, o qual brilhou em decorrência da

produção da borracha na Amazônia. Junto à arquitetura há praças públicas, como a

Praça Brasil, atualmente Praça Santos Dumont, que guardam riquezas naturais como

monumentos públicos materializando a memória de um fato histórico. Como exemplo

e estudo do trabalho tem-se o “Monumento ao Índio”, uma estátua de um índio guarani

em bronze, tamanho natural, sobre um pedestal de granito, com altura aproximada de

quatro metros (COSMO, 2018).

3.1. Área de interesse

Figura 18 - Mapa de localização do objeto de estudo.

Fonte: Autora, 2019.

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A área de estudo mostrada acima (Figura 18) está localizada no Município de

Belém (PA), que possui aproximadamente 1.059,458 km², sendo a população

estimada em 1.485,732 habitantes (IBGE, 2018). O monumento utilizado no trabalho

se encontra no bairro do Umarizal, zona centro-sul (Distrito Administrativo de Belém).

3.1.1. Abordagem histórica

O Monumento ao Índio (Figura 19) foi inaugurado em 1º de maio de 1933,

porém a sua odisseia começou em 1905, quando a estátua foi encomendada, na

Alemanha, por Francisco Monteiro, o qual era um dos herdeiros de uma das maiores

lojas de ferragens da época chamada “loja Guarani”. A estátua foi pensada como uma

homenagem ao estabelecimento que foi assim intitulado em tributo ao escritor José

de Alencar e ao Maestro Carlos Gomes por serem os criadores das obras intituladas

“O Guarani”. A estátua do índio de bronze chegou a Belém ao final de 1906 e foi fixada

na parte central externa, sobre cantoneiras de ferro, da loja Guarani e posteriormente

foi colocada na Praça Brasil (COSMO, 2018).

Figura 19 - Monumento ao Índio

Fonte: Autora, 2019.

O Monumento ao Índio na Praça Brasil representa a resistência nativa, pois foi

preciso conquistar territórios indígenas, extinguir povos inteiros e reduzir a babel

linguística ao império de Portugal para construir a região. A memória do índio da Praça

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Brasil, retoma um passado conhecido com a paz do Nheengaíbas (Marajoaras), feito

histórico onde mostra como os colonizadores e missionários conquistaram o território,

deixando ao relento os verdadeiros amazônicas (PORTAL VERMELHO, 2009).

O monumento está sob um pedestal, como uma figura imponente de um índio

com um olhar como que desafiasse o horizonte. Em pé, corpo esguio, a perna direita

pendendo para frente, na altura do joelho, aparentando ter seu andar congelado por

um encanto. Já a perna esquerda permanece firme e ereta. Na mão esquerda, segura

supostamente uma lança, pronto para enfrentar qualquer ameaça e na mão direita

está um objeto não identificado. Na cabeça, tem um cocar com formas de penas de

tamanhos diferentes, sendo umas maiores e outras menores intercaladas e no

pescoço há um colar aparentemente na forma de dentes de animais. Possui nos

membros superiores e inferiores, adereços semelhantes a braceletes, do mesmo

material que, na cintura possui, uma espécie de tanga de penas (COSMO, 2018).

O pedestal é feito de granito, cuja arquitetura é de pedras em forma aproximada

de cubos assemelhando-se a uma pequena torre, havendo quatro objetos cravados

frontalmente, onde de cima para baixo são os seguinte: um suposto símbolo, que

infelizmente, já não existe no lugar, duas placas, uma de mármore e a outra de

material semelhante ao aço, e um disco de ferro, nos quais estão descritos o ano de

inauguração, o interventor Federal Major Magalhães Barata, e o prefeito municipal

Abelardo Conduru. Na placa frontal há o nome da Praça e a dedicação ao Marechal

do ar, Alberto Santos Dumont, na lateral direita há um brasão de armas do Estado do

Pará e na esquerda o brasão de armas de Belém e uma placa circular destacando a

reconstrução da Praça Brasil e na parte posterior, observa-se dano ao pedestal e a

ausência de um possível símbolo (COSMO, 2018).

4. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho desenvolvido pode ser dividido em três etapas: levantamento

bibliográfico para embasamento teórico, coleta de dados em campo e processamento

dos dados coletados em laboratório.

4.1. Levantamento bibliográfico/documental

Detectou-se a necessidade da pesquisa bibliográfica no momento em que se

fez uso de materiais já elaborados: livros, artigos científicos, revistas, documentos

eletrônicos e enciclopédias na busca e alocação de conhecimento sobre

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fotogrametria, geoprocessamento, cartografia etc. como ferramenta para a tomada

de decisões sobre as técnicas mais apropriadas para a elaboração do presente

estudo. A análise de textos variados com informações direcionadas para o

conhecimento dos termos e técnicas utilizados é de extrema importância.

4.2. Material

O principal equipamento utilizados para aquisição das imagens neste trabalho

foi o drone Mavic 2 PRO (cedido pelo professor e orientador Jamer Costa). O drone

(Figura 20), desenvolvido pela empresa DJI, é um modelo do tipo quadricóptero

(quatro hélices), equipado com câmera HASSELBLAD 4K, sensor óptico de 1” CMOS

que permite a obtenção de imagens em boa resolução espacial (20 megapixels),

distância focal equivalente de 28mm f/2.8-11com possui autonomia de voo de 31

minutos (DJI, 2019).

Figura 20 - Drone Mavic 2 PRO.

Fonte: Autora, 2019.

O equipamento é controlado via controle remoto, conectado ao telefone celular,

sendo necessário um aplicativo específico para o seu controle e planejamento de voo,

dentre as várias opções, optou-se pela utilização do aplicativo Litch. Os produtos

gerados pelo drone podem ser entendidos como uma vantagem competitiva no

campo, sendo uma forma eficiente e eficaz para o monitoramento.

Para a coleta dos pontos de apoio necessários ao ajuste e verificação dos

produtos resultantes do aerolevantamento, foram utilizados dois receptores

geodésicos (GNSS) modelo R90-T na coleta dos marcos, e a Estação Total modelo

RTS-822R5 para o levantamento dos pontos de apoio, ambos da marca chinesa

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RUIDE (Figura 21) e cedidos pelo laboratório de topográfica, pertencente a

Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Belém.

Figura 21 - Equipamentos: A – Receptor GNSS e B – Estação Total.

Fonte: Autora, 2019.

Para o processamento dos pontos coletados e das fotos obtidas foram

utilizados os softwares, RNXCMP, Topcon Tools, MapGeo 2015, Datageosis, Agisoft

Metashape entre outros.

4.2.1. Softwares

São necessários vários softwares para o planejamento da missão, para controle

durante o voo e para o processamento fotogramétrico. Para as etapas de

planejamento e realização (controle) do voo e posterior processamento dos dados,

foram utilizados, respectivamente, os seguintes aplicativos:

4.2.1.1. Litchi

É um aplicativo para planejamento de voo e aquisição das imagens. Trata-se

de um substituto para o DJI GO, mas com mais funções, como a função orbit (utilizada

neste trabalho), permite a parametrização do plano de voo em função da resolução

desejada para as imagens, definição da altura de voo, linhas de voo e etc. Possui um

módulo de controle do voo em formato de aplicativo, compatível com o dispositivo de

controle do RPAS, no caso, um smartphone conectado ao rádio controlador do drone

(FLYLITCH, 2019).

4.2.1.2. RNXCMP

É um software para compressão/restauração de arquivos de observação

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RINEX desenvolvido por Y. Hatanaka. Ele converte arquivos de observação GNSS do

formato RINEX (versão 2.x ou 3.x) para um formato compactado (o formato

CompactRINEX, ou frequentemente chamado de formato compactado por Hatanaka)

e vice-versa. Este formato é frequentemente usado para trocar dados de observação

GNSS através da internet (HATANAKA, 2008).

4.2.1.3. To RINEX

É um utilitário da Trimble que converte arquivos de medição GNSS nos

formatos TGD, DAT, T01, T02, r17, r27 ou .cap, podem incluir observações de GPS

L2C e / ou GLONASS, para os formatos RINEX (versão 2.x ou 3.x) (UNAVICO, 2011).

4.2.1.4. Topcon Tools

É um programa de pós-processamento e ajuste de dados coletados com

GNSS, Estação Total, RTK entre outros, fornece dados personalizados e rotinas de

tratamento automatizadas, que permite o processamento dos dados GPS/GLONASS

estáticos e cinemáticos, análise numérica dos dados, ajustamento de redes, geração

de relatórios e exportação dos dados para vários softwares de GIS, Google Earth,

Tabular, CAD, e 3D (TOPCONCARE, 2019).

4.2.1.5. MAPGEO2015

É um programa brasileiro desenvolvido pelo IBGE com intuito de determinar a

ondulação geoidal (N) - diferença entre as superfícies do geoide e do elipsoide- a fim

de converter a altitude advinda do receptor GNSS (h), referente a um elipsoide com

dimensões específicas, em altitude ortométrica (H), relacionada ao nível médio do

mar, o geoide (IBGE, 2009). Esta elação pode ser vista na formula abaixo (Figura 22).

Figura 22 - Formula pra identificação da altitude ortométrica.

Fonte: IBGE, 2009.

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4.2.1.6. DataGeosis

É um software desenvolvido pela empresa Alezi Teodolini para executar o

trabalho de Campo no escritório com agilidade e rapidez. O programa importa diversos

tipos de arquivos de estações totais e ainda de alguns receptores de GPS, a empresa

fornece a versão DEMO para estudantes (BORGES, 2010).

4.2.1.7. Agisoft Metashape

É um programa independente para processamento fotogramétrico de imagens

digitais obtidas no aerolevantamento. Integra os dados obtidos de pontos de controle

e de imagens para gerar modelos ajustados de terreno, superfície, ortomosaico e

modelos 3D para uso em aplicações GIS, documentação de patrimônio cultural e

produção de efeitos visuais, bem como para medições indiretas de objetos de várias

escalas. O Metashape prova produzir resultados precisos e de qualidade (AGISOFT

LLC, 2018).

4.2.1.8. QGis

É um software de Sistema de Informação Geográfica (SIG) livre e versátil para

integração e processamento de dados geográficos. Pode ser utilizado tanto para

formatos vetoriais quanto matriciais e apresenta diversas funcionalidades, como

visualizar, criar, editar, analisar dados e compor mapas imprimíveis (MMA, 2019).

4.3. Métodos

4.3.1. Reconhecimento da área

O primeiro passo é analisar a área, é prudente faze-lo em duas etapas: a

primeira utilizando o Google Earth, para a identificação geográfica do local visando o

reconhecimento de estacionamentos, espaços livres para a locação dos

equipamentos, boa visualização do alvo e também a periculosidade inerente. A

segunda etapa consiste na análise in loco, com a identificação de possíveis barreiras,

como galhos de árvores, postes, fios elétricos, transeuntes e quaisquer outras

interferências que sejam capazes de interferir na execução do voo ou da coleta de

pontos.

Deste modo, se atingindo resultados satisfatórios nas etapas de

reconhecimento da área, dar-se-á início ao processo de coleta de dados, objetivando

obtê-los de maneira rápida, prática e acurada.

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4.3.2. Coleta de dados

4.3.2.1. Aquisição das imagens

Para obter-se as imagens de forma precisa e a contento, são necessários os

seguintes processos:

4.3.2.1.1. Elaboração do plano de voo

O planejamento de voo se trata de uma das etapas mais essenciais de um

levantamento aerofotogramétrico. Nesta etapa serão definidas as variáveis que irão

orientar todos os passos futuros e ajudar a obter o sucesso no levantamento. É

importante que seja feito o reconhecimento da área assim como sua delimitação,

indicando o perímetro de interesse, local de lançamento e pouso na aeronave, direção

do vento, altitude e velocidade de voo e o grau de sobreposição das imagens.

O processo para elaborar o plano de voo iniciou com a obtenção do tamanho

do alvo, altura e área que o monumento ocupa. A partir disso e tendo em vista o

método escolhido para a captura das imagens (oblíquas convergentes) pode-se a

altura do voo, velocidade do drone, número de faixas de voo necessárias para o

recobrimento do alvo, intervalo entre as fotos e a autonomia de cada voo.

Os valores acima descritos foram adquiridos através de cálculos matemáticos,

os resultados obtidos, os dados necessários para tal foram retirados do guia rápido

sobre o drone utilizado no levantamento (Mavic 2 PRO) fornecido pela empresa DJI

(Anexo A) e os valores do equivalentes ao a extensão e altura do alvo foram obtidos

com auxílio de trenas e do próprio drone.

Para saber o valor do raio de voo foi necessário primeiramente calcular a área

do monumento, para que a tomada de fotos o atingir-se por inteiro (Tabela 2).

Tabela 2 - Área do monumento (considerando-o como um cilindro).

DADOS (m)

Altura do monumento (h) 9

Raio do monumento(r) 1,5

RESULTADOS (m²)

Área da base 7,068583471

Área lateral 84,82300165

Área total 98,96016859

Fonte: Autora, 2019.

De posse dos dados acima (Tabela 2) foi possível determinar os parâmetros

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para a execução do voo. Estes podem ser vistos abaixo (Tabela 3).

Tabela 3 - Parâmetros de voo.

DADOS RESULTADOS

Raio do Voo - função orbit (m) 5 Área lateral do voo (m²) 345,5752

Altura máxima do voo (m) 11 Vertical Distância entre as fotos 6°/s

Altura media do voo (m) 8 Baixo obliqua Avanço lateral (°) 12

Altura mínima do voo (m) 5 Baixo obliqua Nº de faixas 3

Velocidade do drone 2°/s Circunferência (°) 360

Autonomia de voo (min) 31 Fonte: Autora, 2019.

Como indicado, o voo foi realizado em 3 alturas diferentes, sendo que a

geometria dos 2 voos mais baixos é “baixo obliqua” e a do voo mais alto é “vertical”,

garantido assim, a superposição longitudinal de quase 100%. Por ser um voo em

orbita, as imagens são convergentes (foco em um mesmo ponto – o centro do

monumento) a superposição lateral também é de quase 100%. Devido ao avanço

lateral de 12°, foram retiradas 30 fotos em cada altura a uma velocidade de 2°/s, e

uma imagem do topo do monumento, um esboço das distancias entre as fotos e a

superposição pretendidas podem ser vistos na Figura 23.

Fonte: Autora, 2019.

Figura 23 - Ilustração da tomada de fotos durante o voo.

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4.3.2.1.2. Execução do voo

Feito o planejamento prévio, será feito o deslocamento para o local do

monumento escolhido na cidade de Belém/PA, onde iniciará o voo. Ao chegar em

campo, é importante isolar a área de voo, analisar as reais condições climáticas ou

que fujam do planejado no plano predefinido e verificar o estado do equipamento e

das baterias para que não haja problemas futuros. No aplicativo Licthi (Figura 24),

onde é possível desempenhar o planejamento das missões automaticamente, foram

inseridos, durante da configuração do voo, os valores do obtidos na Tabela 3.

Figura 24 - Visualização da interface do aplicativo.

Fonte: Autora, 2019.

Para recobrir de forma uniforme o alvo, foi escolhida a função orbit, que oferece

a opção de escolher um ponto de interesse e a partir dele executar o voo em uma

circunferência perfeita e raio a escolha do operador, para este caso utilizou-se um raio

de 5 metros, pois a esta distância os riscos de colisão com pedestres, árvores e

construções próximas eram reduzidos significantemente.

4.3.2.1.3. Acompanhamento do voo

O acompanhamento em solo (Figura 25) é imprescindível, seja por um

notebook ou smartphone, para a verificação dos parâmetros de voo como: altitude,

velocidade da aeronave, velocidade do vento e estabilidade para assegurar a

qualidade das fotos. Caso haja, durante o voo, algum imprevisto que fuja do

planejamento, a operação poderá ser cancelada e refeita.

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Figura 25 - Acompanhamento do voo (teste).

Fonte: Autora, 2019.

Durante a realização do voo, houveram alguns imprevistos como a chuva, que

acarretou na paralização temporária da aquisição de fotos e também os fortes ventos

durante o voo na maior altitude (11 metros), que dificultou a de imagens de qualidade

na referida orbita, assim as imagens feitas nesta altitude foram excluídas e refeitas.

4.3.2.2. Aquisição de pontos de apoio

Alves Junior et al. (2015), que trabalharam com modelos de ortomosaicos de

validação e superfície digital de RPA’s, concluíram que há necessidade de pontos de

apoio para a geração de produtos cartográficos a partir de fotografias aéreas de

RPA’s. Sendo assim, os pontos foram obtidos de duas maneiras: com GNSS e com

Estação Total.

4.3.2.2.1. Através do GNSS

Para o levantamento dos pontos de apoio utilizando Estação Total, é

imprescindível, para garantir alta precisão, partir de coordenadas conhecidas.

Portanto, a locação de marcos é essencial, ela foi realizada com o uso do GNSS

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(Figura 26). Devido à localização próximo a arvores e prédios, cada ponto coletou

durante cerca de 45 minutos, tendo em vista a redução de erros devido ao

multicaminhamento.

Figura 26 - Coleta de pontos GNSS para os marcos, vante (A) e ré (B).

Fonte: Autora, 2019.

A localização dos marcos (Figura 27) foi determinada de acordo com as

condições físicas do local, ou seja, que não obstruísse a passagem de pedestres e

nem prejudicasse a paisagem natural, aliados a boa visualização dos alvos e entre si.

Figura 27 - Localização dos marcos em campo (marco 1- vante e marco 2 -ré).

Fonte: Autora com imagem 3D do Google Earth, 2019.

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4.3.2.2.2. Através da Estação Total

Com os marcos definidos, a Estação Total pôde ser locada no mesmo ponto do

marco 1, para a coleta dos pontos de apoio (Figura 28). Foram determinados 20

pontos de apoio (15 de controle e 5 de check) através do método de irradiação, sem

a utilização do prisma. Estes pontos foram escolhidos segundo os critérios do item

2.2.8, sendo todos foto identificáveis e distribuídos na intercessão de faixas de voo,

visando a posterior orientação dos produtos a um referencial comum (Figura 29).

Figura 28 - Estação estacionada no marco 1.

Fonte: Autora, 2019.

Figura 29 - Exemplo de alguns dos pontos de apoio entre faixas.

Fonte: Autora, 2019.

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4.4. Tratamentos de dados

A diferença de escala de uma imagem ocorre no momento em que o sensor

captura a resposta espectral de objetos morfologicamente distintos e elevações acima

ou abaixo do terreno médio, o que gera imagens em diferentes escalas e com algumas

distorções, tornando necessário correções (JENSEN, 2009). Assim, faz-se necessário

o processamento dos dados obtidos em campo.

A finalidade do processamento de fotografias aéreas com o software Agisoft

Metashape é de construir um modelo 3D da área de interesse. A realização do

processamento das imagens adquiridas em campo e a construção do modelo 3D da

área desenvolveram-se em duas etapas (pós-processamento dos pontos de apoio e

pós-processamento das imagens), apresentadas a seguir.

4.4.1. Pós-processamento dos pontos de apoio

O processamento dos pontos se deu por meio do software TopconTools, este

procedimento, em âmbito geral, consistiu-se no download e descompactação dos

arquivos para posteriormente no software realizar o processamento dos mesmos. As

etapas desse procedimento são apresentadas no fluxograma a seguir (Figura 30).

Figura 30 - Fluxograma das etapas realizadas.

Fonte: Autora, 2019.

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4.4.1.1. Dados obtidos com GNSS

4.4.1.1.1. Download dos pontos coletados e descompressão

Após a coleta em campo, os dados adquiridos em formato .sth foram

descarregados para um computador e em seguida descompactados (Figura 31)

através do software To Rinex, resultando na criação de quatro novos arquivos, onde

o de observação (.O) possui as informações desejadas para o processamento.

Figura 31- Descompactação dos arquivos.

Fonte: Autora, 2019.

4.4.1.1.2. Aquisição da estação base e das efemérides

A estação base com coordenadas conhecidas confiáveis utilizada foi a BELE

(RBMC)(Figura 32) (Anexo B), pois encontra-se a menos de 5 km da área de estudo,

seus arquivos, dentre eles o de Hatanaka (.d), são fornecidos através do site:

https://www.ibge.gov.br/geociencias-novoportal/informacoes-sobre-posicionamento-g

eodesico/rede-geodesica/16258-rede-brasileira-de-monitoramento-continuo-dos-sist

emas-gnss-rbm c.html?=&t=dados-diarios-da-estacao em uma pasta compactada.

Neste caso os dados de observação (.O) foram obtidos com a utilização do software

RNXCMP.

Figura 32 - Aquisição da estação base (BELE).

Fonte: Autora, 2019.

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Já as efemérides precisas (formato .sp3), necessárias para garantir a máxima

precisão dos pontos, foram obtidas através do site http://www.gnsscalendar.com/ (Figura

33) e não precisaram de nenhuma transformação pois o software reconhece o

formato.

Figura 33 - Aquisição dos dados das efemérides precisas.

Fonte: Autora, 2019.

Como vistos nas Figuras 32 e 33, os dados obtidos referem-se ao dia 30 de

janeiro de 2019 (dia da realização do levantamento).

4.4.1.1.3. Coordenadas resultantes

De posse dos dados convertidos, foi possível iniciar o processamento dos

pontos no software Topcon Tools. Para isso, neste projeto, adotamos o Sistema de

Projeção UTM Fuso 22 Sul, e Sistema de Referência SIRGAS2000, com unidade

linear e angular em metros e grau minuto e segundo (DMS), respectivamente. O nível

de confiança estabelecido foi de 68% (mais rigoroso).

Porém antes de iniciar o processamento, verificou-se a qualidade das

observações, eliminado as linhas de base dependente, permanecendo apenas as

linhas entre a estação base e os pontos coletados e retirando a perda de ciclo

(interferência de sinal ou perda de sinal) (Figura 34). O resultado dos pontos ajustados

está na Tabela 4.

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Figura 34 - Visualização das linhas entre a BELE os marcos no Software.

Fonte: Autora, 2019.

Tabela 4 - Pontos GNSS ajustados.

PONTO N E ELEVAÇÃO(h) PRECISÃO

HORIZONTAL PRECISÃO VERTICAL

MARCO 1 9840936,751 779635,663 -14,654 0,023 0,032

MARCO 2 9840951,716 779638,206 -14,052 0,014 0,023

PONTO DESVIO

PADRÃO (N) DESVIO

PADRÃO (E) DESVIO

PADRÃO (Hv)

MARCO 1 0,01105 0,02028 0,0231

MARCO 2 0,00838 0,01171 0,0144 Todos os valores estão em metros.

Fonte: Autora, 2019.

As altitudes fornecidas estão referenciadas ao elipsoide, portanto a conversão

da mesma foi realizada com auxílio do software do IBGE, MAPGEO2015, obtendo-se

assim o valor da ondulação geoidal, necessária para o cálculo da altitude ortométrica

(item 4.2.1.5). Como resultado temos (Tabela 5):

Tabela 5 - Altitude ortométrica dos marcos.

Todos os valores estão em metros.

Fonte: Autora, 2019.

Foi realizado um ajuste das altitudes ortométricas dos pontos coletados com

base nos dados da RN Bujaru (Anexo C).

PONTO N E ELIPSOIDAL (h) ONDULAÇÃO GEOIDAL (N)

ALTITUDE OR-TOMÉTRICA (H)

MARCO 1 9840936,751 779635,663 -14,654 -24,96 10,306

MARCO 2 9840951,716 779638,206 -14,052 -24,96 10,908

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4.4.1.2. Dados obtido com Estação Total

4.4.1.2.1. Download dos pontos coletados

Após a coleta em campo, os dados armazenados na Estação Total foram

descarregados para um computador através do software Datageosis (Tabela 6).

Tabela 6 - Caderneta dos pontos de apoio.

Fonte: Autora, 2019.

4.4.1.2.2. Mudança das coordenadas

As coordenadas os pontos de partida (vante e ré) foram trocadas para as

calculadas do Topcon Tools (marco 1 e 2) e a caderneta de pontos recalculada. Esta

mudança foi necessária pois a coleta de pontos com o GNSS e a Estação Total foram

feitas no mesmo dia (30/01/19), e por conta da espera pelas efemérides precisas

(cerca de 15 dias) para o processamento dos pontos GNSS a coleta dos pontos de

apoio foram a partir de coordenadas arbitrarias. A referência dos pontos obtidos foi

trocada para SIRGAS2000 zona 22 Sul no software QGIS, o resultado pode ser visto

a seguir (Tabela 7).

Tabela 7 - Nova Caderneta

PONTO LONGITUDE UTM (X) LATITUDE UTM (Y) ALTITUDE ORTOMETRICA (H)

P1 779653.840 9840932.326 10.359

P2 779655.157 9840935.047 10.360

P3 779656.542 9840931.015 10.340

P4 779654.898 9840933.840 10.718

P5 779654.793 9840933.247 11.611

P6 779655.148 9840932.197 11.629

P7 779654.325 9840932.473 10.108

P8 779655.390 9840934.395 12.693

P9 779655.809 9840931.468 10.115

P10 779655.805 9840934.588 10.132

P11 779655.917 9840932.032 13.723

P12 779655.781 9840934.037 13.396

P13 779655.075 9840932.867 15.324

P14 779655.964 9840932.211 15.461

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P15 779655.692 9840933.806 15.374

P16 779656.056 9840933.174 16.431

P17 779655.665 9840932.684 16.951

P18 779656.031 9840933.162 17.917

P19 779655.440 9840932.880 17.909

P20 779655.793 9840933.001 17.145 Todos os valores estão em metros.

Fonte: Autora, 2019.

Dentre os 20 pontos coletados, 5 foram escolhidos para tornarem-se pontos de

verificação ou check (P4, P7, P13, P16 e P20), as nomenclaturas passaram a ser

iniciadas pela letra “C” (C1, C2, C3, C4 e C5).

4.4.2. Pós-processamento das imagens

O processamento das imagens se deu por meio do software aerofotogramétrico

Agisoft Metashape Professional, este procedimento, em âmbito geral, consistiu-se na

seleção e filtragem das imagens para posteriormente no software realizar o

processamento das mesmas. As etapas desse procedimento são apresentadas no

fluxograma a seguir (Figura 35).

Figura 35 - Fluxograma das etapas realizadas.

Fonte: Autora, 2019.

Inserção dos pontos

de Apoio

1º Alinhamento

Marcação dos Pontos 2º Alinhamento

Construção da Malha

3D

Construção da

Nuvem em Pontos

densa

c

c c

c

Calibração

Exportação

Construção do

Modelo Texturizado

Agisoft Metashape

Seleção e Filtragem

das Imagens

Obtenção das

Imagens

Obtenção dos

Pontos de

Apoio

Processamento das

Imagens

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4.4.2.1. Calibração

Os dados de entrada no programa para a construção modelo 3D são

preparados em etapas sendo, 1ª etapa - Fotografias obtidas no voo, 2ª Etapa -

Coordenadas registradas pelo drone para cada fotografia, 3ª Etapa – reconhecimento

dos ângulos de atitude da aeronave (ângulos de Euler – Ômega, Phi e Kappa).

Estes dados são gerados automaticamente (Figura 36), pois o software

Metashape realiza a leitura das informações armazenadas nas fotografias, sendo por

exemplo, a dimensão do pixel, a distância focal, a dimensão do pixel para a orientação

automática e os centros de projeção resultantes do posicionamento do GPS embutido

no drone.

Figura 36 - Procedimento para calibração automática da câmera.

Fonte: Autora, 2019.

4.4.2.2. Mudança de coordenadas e inserção dos pontos de apoio

As imagens inseridas (Figura 37) apresentam coordenadas geodésicas (Datum

WGS 84), para a realização de medidas, é necessário a mudança de coordenadas

para UTM (Universal Transversa de Mercator), que utiliza um sistema de coordenadas

cartesianas bidimensional para dar localizações na superfície da Terra (Figura 38).

Figura 37 - Inserindo as imagens no software Agisoft PhotoScan.

Fonte: Autora, 2019.

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Figura 38 - Coordenadas UTM zona 22 Sul.

Fonte: Autora, 2019.

Logo em seguida foram inseridos os pontos de apoio da Tabela 8, na mesma

referência das imagens (Figura 39).

Figura 39 - Procedimento para importar os pontos de apoio (controle e check).

Fonte: Autora, 2019.

4.4.2.3. Alinhamentos e pontaria dos pontos

Na primeira vez, o alinhamento foi feito com baixa precisão (Figura 40),

somente para poder apontar os marcadores nos alvos e criar coordenadas do terreno.

A precisão está relacionada com a busca dos pontos homólogos pixel a pixel, entre

as imagens com sobreposição em comum (Figura 41 e 42).

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Figura 40 - Resultado do 1º alinhamento.

Fonte: Autora, 2019.

Figura 41 - Procedimento de identificação do ponto de controle P1.

Fonte: Autora, 2019.

Figura 42 - Procedimento de identificação do ponto de check C1 (antigo P4).

Fonte: Autora, 2019.

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Após o 1º alinhamento das imagens e a pontaria de pontos de controle, recriar a

nuvem de pontos espaçada, através do 2º alinhamento, feito com alta precisão. A

partir disso foi feita a edição da nuvem de pontos criada, retirando os erros de

projeção, erros de reconstrução incerta (áreas com pouca superposição) e erros da

acurácia, foram retirados cerca de 10% do total de pontos gerados para cada tipo de

correção de erro. Posterior a isso, foi realizada a atualização dos dados de calibração

das câmeras.

A verificação acurácia dos pontos marcados pode ser obtidas através do

relatório de processamento.

4.4.2.4. Nuvem de pontos densa

A nuvem de pontos densa é conjunto de pontos com um sistema de

coordenadas 3D (x,y,z) conhecido (Figura 43). Sua principal função é aumentar a

quantidade de pontos, gerada no processo anterior, diminuindo os espaços vazios

para representar melhor a área mapeada.

Figura 43 - Nuvens de pontos gerada pelo software.

Fonte: Autora, 2019.

Este processo permite medições de coordenadas e cotas de um terreno,

geração de modelos digitais de elevação, imagens ortorretificadas e malhas

tridimensionais.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Elaboração do modelo 3D

5.1.1. Construção do modelo (Build Mesh) e da textura (Build Texture)

Depois que a nuvem de pontos densa foi reconstruída (item 4.4.2.4), foi

possível gerar um modelo de malha poligonal (modelo 3D) com base nos dados

produzidos na nuvem densa (Figura 44).

Figura 44 - Configurações para o Build Mesh.

Fonte: Autora, 2019.

A determinação do tipo de superfície como “arbitraria”, pois, é específica para

a reprodução 3D de monumentos, a fonte de dados escolhida “dense cloud” deveu-se

ao fato de apresentar o maior número de pontos, o que melhora significativamente o

resultado, se comprado com a nuvem de pontos esparsa. O software utiliza o processo

de interpolação de faces para melhorar o detalhamento do modelo, quanto maior o

nível (Low, Medium e High), maior o detalhamento.

O modelo gerado pode ser visto abaixo (Figura 45), no canto superior direito

tem-se o zoom para a melhor visualização do resultado.

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Figura 45 - Nuvens de pontos gerada pelo software

Fonte: Autora, 2019.

Com este produto é possível representar o monumento de fora compacta, sem

ser nuvem de pontos. Porém é imprescindível a aplicação da textura (Figura 46) para

melhorar a as feições melhorar o aspecto visual do modelo.

Figura 46 - Nuvens de pontos gerada pelo software.

Fonte: Autora, 2019.

A determinação do modo de mapeamento como “adaptive orthophoto”, foi

realizado para que a texturização do objeto fosse feita com base no mosaico de fotos

(Blending mode). Para o texture size/count tem-se vários tamanhos, quanto maior o

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valor, melhor a texturização. Em Advanced foram marcadas as duas opções, a

primeira para eliminar buracos na texturização, e a segunda para que objetos em

movimento não tenham efeito sobre a texturização.

Deste modo, o monumento foi executado de forma fiel a área de interesse

sendo possível o mapeamento tridimensional (Figura 47).

Figura 47 - Nuvem de pontos densa gerada pelo software.

Fonte: Autora, 2019.

5.2. Cálculo dos erros

De acordo com Rocha (2002) é necessário ter disponíveis produtos

cartográficos de qualidade, que atendam às reais necessidades de cada usuário. Para

que os produtos cartográficos sejam utilizados, necessita-se que sejam atuais,

completos e precisos. O processo de geração desses produtos é composto por etapas

como método de coleta de dados, a escala e simbologia de representação, e, por

consequência a precisão dos dados que retratem com fidelidade os fenômenos da

superfície.

No Brasil o Decreto nº 89.817 de 20 de junho de 1984, estabelece as

Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional, que define

normas e procedimentos de padronização, permitindo a avaliação e produção de

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cartas com qualidade compatível com padrões internacionais. Este decreto apresenta

uma avaliação da qualidade do mapa quanto à exatidão, estabelecido pelo Padrão de

Exatidão Cartográfica (PEC), e classificação das cartas em Classe A, B e C (BRASIL,

1984). O Quadro 2 apresenta os parâmetros estabelecidos pela norma de qualidade

geométrica de documentos cartográficos.

Quadro 2 - Parâmetros de classificação das cartas.

Classe A

1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 0,5 mm, na

escala da carta, sendo de 0,3 mm na escala da carta o Erro-

Padrão correspondente.

2. Padrão de Exatidão Cartográfica - Altimétrico: metade da

equidistância entre as curvas de nível, sendo de 1/3 desta

equidistância o Erro-Padrão correspondente.

Classe B

1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 0,8 mm na

escala, da carta, sendo de 0,5 mm na escala da carta o Erro-

Padrão correspondente.

2. Padrão de Exatidão Cartográfica - Altimétrico: 3/5 da

equidistância entre as curvas de nível, sendo de 2/5 o Erro-

Padrão correspondente.

Classe C

1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 1,0 mm na

escala da carta, sendo de 0,6 mm na escala da carta o Erro-

Padrão correspondente.

2. Padrão de Exatidão Cartográfica - Altimétrico: 3/4 da

equidistância entre as curvas de nível, sendo de metade desta

equidistância o Erro-Padrão correspondente.

Fonte: BRASIL (1984).

Para fazer o controle de qualidade da fototriangulação foram utilizados os 5

resíduos dos pontos de check obtidos através do relatório do processamento. Assim,

foram calculadas a precisão e a tendência do processo tendo como meta o padrão de

exatidão classe A.

Calculou-se a média de cada um dos valores de resíduos de cada eixo (X, Y

e Z) e em seguida os desvios padrões para cada resíduo dos eixos de coordenada. O

teste de tendência usa o produto entre média e desvio padrão de cada eixo

multiplicado pela raiz quadrada do grau de liberdade (número de amostras menos

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um). Assim, obtiveram-se os valores de tendência representados como T-Student

(Tabela 8). O valor tabelado é o inverso bicaudal da distribuição T de Student.

Tabela 8 - Teste de tendência dos pontos de check.

PARÂMETRO X Y Z

T-Student 1,12599681 1,27789664 1,37652741

T-Tabelado 2,35336344 2,35336344 2,35336344

Fonte: Autora, 2019.

Como os valores de T-Student foram menores que os de T-Tabelado, pode-

se concluir que os pontos não apresentam tendência.

Em seguida foi calculado o teste de hipótese dos pontos de check quanto às

precisões (planimétrica e altimétrica). Nesta etapa pode-se obter tolerância de 1/2 ou

1/3 da precisão em planimetria e 1/3 em altimetria. Para fazer a análise, utilizou-se o

cálculo do qui-quadrado, que multiplica o grau de liberdade pelo produto dos

quadrados do desvio padrão e da precisão de cada ponto. Assim, obtiveram-se os

valores de qui-quadrado, representados como q na Tabela 9. Os valores tabelados

são o inverso da probabilidade de cauda direita da distribuição qui-quadrado.

Tabela 9 - Teste de precisão dos pontos de check.

PARÂMETRO X Y Z

q 2,01163462 1,13506576 4,3726697

q-Tabelado 6,25138863 6,25138863 6,25138863

Fonte: Autora, 2019.

Como os valores do qui-quadrado (q) são menores que o tabelado (q-

Tabelado), pode-se afirmar que os pontos estão dentro da precisão desejada.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os objetivos propostos inicialmente neste trabalho foram realizados e

concluídos com a geração do modelo tridimensional do monumento ao Índio,

localizado na Praça Brasil no município de Belém/PA. O aprendizado adquirido pela

aplicação prática e a consulta constante às fontes teóricas demonstra que este estudo

cumpriu com seu propósito, tanto no sentido de preparar um futuro profissional, quanto

no de reforçar os ensinamentos teóricos adquirido ao longo da graduação.

Neste trabalho teve-se a oportunidade de utilizar o drone (Aeronave

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Remotamente Pilotada) de pequeno porte e avaliar parcialmente suas

potencialidades. A utilização do drone nas atividades de mapeamento de áreas

pequenas mostrou-se eficaz e possível de ser realizado com pouca equipe técnica e

em tempo reduzido, resultando em um levantamento de grande volume dados, pois

os voos podem ser programados e executados com facilidade, e até mesmo

reprogramados em campo dependendo, por exemplo, se as condições de vento não

estiverem favoráveis para o aerolevantamento e possam modificar o estabelecido no

planejamento de voo.

Apesar da rapidez no levantamento fotogramétrico, as etapas posteriores,

como a coleta e o processamento de dados demandam mais tempo para sua

execução. Estas etapas, como por exemplo, a pontaria dos pontos de apoio exige

bastante atenção do operador, e são definidoras da qualidade dos produtos finais

gerados.

É importante ressaltar que após o advento da tecnologia de posicionamento de

pontos através de uso de satélites artificiais, houve uma grande evolução nas técnicas

de posicionamento, propiciando na melhora da precisão. A tecnologia GNSS acelera

o processo de aquisição e também garante precisão na obtenção de dados. O

surgimento das estações total, os avanços na captação de imagens, seja por RPA’s

ou por satélites, são alguns exemplos de tecnologias que auxiliam na obtenção da

locação e definição de pontos com precisão. Aliados a evolução, surgiram os

softwares computacionais utilizados para o processamento dos dados coletados.

Os métodos empregados neste estudo demonstram a quantidade de softwares

e os produtos que eles podem gerar, além de mostrar a eficácia e precisão dos

resultados obtidos controle de qualidade, que para este processamento, mostram-se

dentro da margem de erro.

Os atuais softwares de processamento de imagens, apresentam grande

qualidade em seus produtos, viabilizando pesquisas que antes não eram realizadas

devido à falta de recursos e de limitações a estes métodos. As atividades executadas

aqui são importantes para o conhecimento e a prática da fotogrametria arquitetônica,

que é não é tão empregada no Brasil assim como a divulgação do mapeamento

tridimensional de monumentos históricos, tão importantes para a preservação

histórica de uma cidade.

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ANEXOS

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ANEXO A – Especificações do drone Mavic 2 PRO

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ANEXO B – Dados da estação RBMC: BELE

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ANEXO C – Dados da RN Bujaru