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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO CIBERESPACIAL-ICIBE ENGENHARIA AMBIENTAL & ENERGIAS RENOVÁVEIS JULIANA CRISTINA SILVA DO NASCIMENTO RESÍDUOS ESPACIAIS: IMPACTOS ÀS MISSÕES NO ESPAÇO E POLUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE BELÉM 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO CIBERESPACIAL-ICIBE

ENGENHARIA AMBIENTAL & ENERGIAS RENOVÁVEIS

JULIANA CRISTINA SILVA DO NASCIMENTO

RESÍDUOS ESPACIAIS: IMPACTOS ÀS MISSÕES NO ESPAÇO E POLUIÇÃO

DO MEIO AMBIENTE

BELÉM

2019

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JULIANA CRISTINA SILVA DO NASCIMENTO

RESÍDUOS ESPACIAIS: IMPACTOS ÀS MISSÕES NO ESPAÇO E POLUIÇÃO

DO MEIO AMBIENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Rural da Amazônia como exigência para o Programa de Graduação em Engenharia Ambiental & Energias Renováveis.

BELÉM

2019

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à minha família, que sempre me deu a

assistência necessária não apenas durante o período da graduação, mas também em

toda a minha jornada como estudante, para que eu tivesse condições de chegar ao

final deste curso de Engenharia Ambiental & Energias Renováveis, que eu sempre

quis.

À Universidade Federal Rural da Amazônia, essa instituição ímpar que

tanto amo e tenho orgulho. A UFRA somou a minha vida muito conhecimento científico

e experiências novas, desde a relação com os professores até aos funcionários que

se tornaram amigos. É a universidade que estará sempre em meu coração.

Agradeço ainda ao meu orientador, professor Glauber Tadaiesky e ao

professor Otavio Chase, por todo aprendizado que me proporcionaram e pela

paciência ao me ajudarem em minhas pesquisas.

Minha mãe, Maria Nascimento, teve um papel muito importante em

minha vida, ensinando-me que a integridade e confiança são qualidades que sempre

devemos compartilhar com as pessoas a nossa volta. Sou gata pelo amor e fé que ela

depositou em mim, que me deram forças em muitos momentos decisivos.

A tia Lucialva Lopes foi uma pessoa que entrou na minha vida para mudar

totalmente o meu futuro. Tenho certeza disso porque sei que, sem a ajuda dela, eu

não chegaria aonde estou hoje, principalmente em relação aos estudos. Gostaria de

agradecer também por todo ensinamento de vida que ela me proporcionou.

Embora não sejamos “super grudadas”, agradeço pelo apoio e dicas

universitárias da minha irmã Jordana Nascimento. Estudamos juntas por muito tempo

durante o ensino fundamental e médio e sei de todo potencial que ela tem pra chegar

onde quiser.

Gostaria ainda de agradecer e dedicar este trabalho a uma pessoa muito

especial, que foi como um padrinho na minha vida, o meu tio de coração, Jorge Lopes,

o qual sempre acreditou em mim e é também um grande responsável por eu ter tido

uma boa educação. Ele é um grande exemplo pra mim de que vale muito a pena

acreditar em nossos sonhos e sempre estudar.

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Sou grata ao meu amigo Weverton dos Santos, que me ajudou

imensamente a organizar meus planos, mente e ideias. É um amigo que considero

como um irmão, porque ele é uma pessoa incrível e que sempre vai me deixar melhor

depois de conversar com ele.

Meus colegas de classe também foram parte essencial desse ciclo de

aprendizado, principalmente Paulo Reis e Luciano André, amigos que sempre me

apoiaram e estiveram perto de mim, seja em trabalhos acadêmicos, passeios, caronas

ou na fila do R.U. O companheirismo e carinho deles foi importante para mim.

O Leonan Lopes é outro amigo que sempre me apoiou com suas

palavras de incentivo e carinho. É uma pessoa que, frequentemente, me dá bons

conselhos os quais ajudaram e ainda ajudam em meu crescimento pessoal. Sou grata

pela amizade e orgulhosa da pessoa que ele é hoje.

Por último, mas tão importante quanto as pessoas já citadas, gostaria

ainda de agradecer à Priscila Ribeiro, que auxiliou em meu desenvolvimento interior

e que me ensinou através da amizade, companheirismo e afeto, que posso ser uma

pessoa muito melhor do que imagino. Ela me instruiu a confiar mais no meu potencial

e me mostrou que a reciprocidade ainda pode ser apreciada. É gratificante tê-la em

minha vida e torço pra que ela realize todos os sonhos que almeja.

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“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará

ao tamanho original”

Albert Einstein

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RESUMO

As questões acerca dos resíduos e a disposição final destes são problemas de cunho mundial, pois muito se produz e a população tende a comprar desenfreadamente, mesmo se os produtos que possuem ainda tenham utilidade. Observa-se então que esse problema, desde 1957, atinge até mesmo o espaço sideral, em torno da Terra, ao deixar rastros indesejados na órbita do planeta, através de detritos de missões espaciais, foguetes e satélites, popularmente chamados de “lixo espacial”. Tendo em vista que os resíduos espaciais, como outros tipos de resíduos, também têm um tempo útil de utilização e são compostos por algumas substâncias perigosas e até radioativas, é necessário, então, estudar os possíveis riscos e impactos que podem ser causados através desse tipo de resíduo e quais as medidas que são tomadas, por países potencialmente lançadores de satélites e missões espaciais, que visam uma destinação adequada ou diminuição dos impactos. Continuamente, as grandes potências preocupam-se com essa questão, criando acordos internacionais ou, até mesmo, equipamentos capazes de capturar resíduos presentes na órbita terrestre. Este trabalho teve o objetivo de avaliar o modo como os resíduos espaciais podem influenciar negativamente nas futuras missões espaciais, tripuladas ou não, no lançamento de satélites e até mesmo os possíveis impactos e danos ambientais que esse tipo de poluição pode ocasionar. Observou-se que o número de resíduos na órbita terrestre aumentou muito desde o lançamento do primeiro satélite, fator preocupante, pois diversas colisões e quedas de resíduos espaciais já foram registradas pelo mundo, inclusive na Amazônia. Embora haja legislações e acordos internacionais acerca do assunto, é importante conscientizar a sociedade e, principalmente, as grandes potências lançadoras de objetos espaciais, pois o acúmulo de resíduos e constantes colisões no espaço, que geram mais detritos, podem tornar inviáveis futuras missões espaciais.

Palavras-chaves: Resíduos espaciais; Impactos; Meio ambiente Espacial; Missões

espaciais; Satélites.

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ABSTRACT

The questions about waste and their final disposal are worldwide problems, because much is produced and the population tends to buy wildly, even if the products they have are still useful. Since 1957, this problem has even affected the outer space around the Earth, leaving unwanted traces in the orbit of the planet, through debris from space missions, rockets and satellites, popularly called “space junk”. Given that space waste, like other types of waste, also has a useful lifespan and is composed of some hazardous and even radioactive substances, it is necessary to study the possible risks and impacts that can be caused by such waste and what measures are being taken by potential satellite launching countries and space missions aimed at appropriate destination or mitigation of impacts. Continuously, the major powers are concerned with this issue by creating international agreements or even equipment capable of capturing waste present in Earth's orbit. This work aimed to evaluate how space debris can negatively influence future space missions, manned or unmanned, the launch of satellites and even the possible environmental impacts and damage that this type of pollution may cause. The number of debris in the Earth's orbit has increased significantly since the launch of the first satellite, a matter of concern, as several collisions and falls of space debris have been recorded worldwide, including in the Amazon. Although there are international laws and agreements on the subject, it is important to make society and, especially, the great launching powers of space objects important, since the accumulation of debris and constant collisions in space, which generate more debris, can make future space missions unviable.

Keywords: Space waste; Impacts; Space environment; Space missions; Satellites.

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 11

2- REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 14

3- METODOLOGIA........................................................................................................................... 16

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 17

4.1- HISTÓRICO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE O USO DO ESPAÇO ...................... 17

4.1.1- Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS, sigla em inglês para Committee on the Peaceful Uses of Outer Space)................................................................. 19

4.2- Código Brasileiro do Espaço .................................................................................................. 21

4.3- Síndrome de Kessler ............................................................................................................. 22

5- CONSEQUÊNCIAS AO MEIO AMBIENTE E ÀS MISSÕES ESPACIAIS ...................................... 25

5.1- Resíduos Eletrônicos ............................................................................................................. 25

5.2- Definição de Impacto Ambiental ............................................................................................. 25

5.2.1- Impactos Ocasionados Ao Meio Ambiente Pelos Resíduos Espaciais ................................. 25

5.2.1.1- Impacto na Atmosfera - Queima De Combustíveis ............................................................ 28

5.2.1.1.1- Consequências e Impactos No Espaço ......................................................................... 29

5.2.1.1.1.1- Impactos Das Tecnologias De Telecomunicações ...................................................... 30

5.3- Danos Ocasionados Por Satélites .......................................................................................... 30

5.4- Poder Destrutivo Dos Resíduos Espaciais.............................................................................. 33

5.5- Cenário Brasileiro .................................................................................................................. 36

6- Responsabilidade Internacional Por Danos Causados Por Objetos Espaciais ........................... 37

7- Quedas de Resíduos Espaciais e Acidentes ............................................................................. 37

7.1- Ocorrências De Quedas De Resíduos Espaciais No Brasil ..................................................... 38

7.2- Ocorrências De Quedas De Resíduos Espaciais Na Amazônia .............................................. 39

7.3- Único Acidente Onde Um Resíduo Espacial Atingiu Uma Pessoa .............................................. 40

8- EQUIPAMENTOS E POSSÍVEIS MEDIDAS MITIGADORAS QUE PODEM CONTER OS RESÍDUOS ESPACIAIS ...................................................................................................................42

8.1 Nave Especializada Na Remoção De Detritos Espaciais ......................................................... 42

8.2- Aerogel .................................................................................................................................. 43

8.3- Espuma ................................................................................................................................. 43

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8.4- Corda eletrodinâmica ............................................................................................................. 43

8.5- Raios Lasers .......................................................................................................................... 44

8.6- Satélite RemoveDEBRIS ....................................................................................................... 45

8.6.1- Remove Debris – ESA ........................................................................................................ 47

8.7- Nave Removedora de Resíduos............................................................................................. 47

8.8- Remoção Ativa dos Resíduos Espaciais ................................................................................ 47

9- As “Órbitas-Cemitérios”............................................................................................................. 49

10- Monitoramento De Resíduos Espaciais Pelas Agências Internacionais: Possíveis Soluções .... 49

10.1- National Aeronautics and Space Administration (NASA) ....................................................... 50

10.2- Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) ....................................................... 51

10.3- Agência Espacial Europeia (European Space Agency – ESA) ............................................. 51

10.4- Agência Espacial Brasileira (EAB) ........................................................................................ 52

10.5- Agência Espacial Nacional Sul-Africana (em inglês, South African National Space Agency, SANSA) .......................................................................................................................... 53

10.6- Cazaquistão: Um Dos Maiores Centros Lançadores De Foguete Do Mundo ......................... 54

11- Viabilidade das possíveis soluções para diminuir o problema dos resíduos espaciais .............. 55

12- Responsabilidade Ética e Visão Global para o Futuro ............................................................. 56

13- Reutilização e Reciclagem de Resíduos Espaciais .................................................................. 57

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 58

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 60

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1- INTRODUÇÃO

É incontestável que o desenvolvimento tecnológico e a contínua busca pelo

conhecimento trouxeram muitos benefícios à humanidade, entretanto, não há como

distingui-los dos impactos ambientais consequentes dessas ações, assim como o uso

desenfreado dos recursos naturais e a geração de resíduos (MENEZES, MENEZES

e GUIMARÃES, 2013).

Essa constante geração de resíduos é notável até mesmo no espaço sideral,

onde é crescente número de objetos orbitando a Terra sem nenhuma função,

causando motivos de preocupação tanto ambiental quanto às futuras missões e

lançamentos de satélites espaciais (ROSETTO, 2013).

Diante disso, a Agência Espacial Europeia (ESA) 2017, reitera que os resíduos

espaciais, popularmente conhecidos como “lixo espacial” (e até mesmo “detritos

espaciais”), são um problema permanente na órbita terrestre, pois voam de forma

descontrolada pelo espaço, colocando em risco diversas missões e a vida de

astronautas.

A agência ainda explica que os detritos espaciais podem prejudicar os

equipamentos que estão ativos na órbita terrestre da seguinte forma: muitas das vezes

esses detritos podem ser descartados de forma incorreta e acaba voltando para o

globo terrestre.

Nessa perspectiva, diante das diversas consequências que os resíduos

espaciais podem ocasionar à humanidade e ao ambiente terrestre e espacial,

percebe-se a necessidade de avaliar os efeitos que esse tipo de detrito pode causar

ao meio ambiente, às futuras viagens espaciais e lançamento de satélites ou

equipamentos do gênero.

Os resíduos espaciais afetam tanto a sociedade como o meio ambiente, que

tem sido alvo, constantemente, de diversos tipos de poluição, seja em rios, mares, ar

ou florestas. Sendo esse um interesse global, propor alternativas sustentáveis para a

problemática dos resíduos espaciais que adentram na atmosfera terrestre também é

importante para o futuro da humanidade (SOMMER e CARDOSO, 2016).

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Portanto, indaga-se: Os resíduos espaciais podem afetar o meio ambiente,

causando impactos? Se houver um intensivo aumento dos resíduos no espaço, é

provável que missões espaciais futuras sejam inviabilizadas? Há formas viáveis de

capturar os resíduos espaciais e diminuir a quantidade desses no espaço?

Então, o objetivo geral dessa pesquisa é analisar de que maneira a ações

antrópicas interferem no meio espacial e as consequências disso para o meio

ambiente e futuras missões espaciais.

A partir disso, foram delineados os seguintes objetivos específicos: Investigar

o histórico de normas e disposições quanto ao uso do espaço; analisar como os

resíduos espaciais que orbitam a Terra podem influenciar negativamente o meio

ambiente, o lançamento de satélites e viagens espaciais; identificar possíveis

soluções para diminuir a quantidade de resíduos espaciais orbitando o planeta.

A execução dessa pesquisa se justifica pelo fato de os resíduos espaciais terem

aumentado desde o primeiro lançamento de satélite, causando consequências

relacionadas ao acúmulo desses detritos no espaço sideral. Parte-se da hipótese que

pode haver consequências tanto para o meio ambiente quanto para as futuras

missões no espaço, tornando-se um problema de cunho global.

Como forma de viabilizar a hipótese desse trabalho, realiza-se uma pesquisa

exploratória através de revisão bibliográfica em revistas voltadas ao assunto, livros,

artigos e sites de órgãos de pesquisas espaciais.

Boa parte desse tipo de pesquisa se baseia em levantamento bibliográfico,

análise de exemplos que estimulem a compreensão entre outros. Trabalhos desse

tipo são classificados como pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Também foram

consultadas normas internacionais sobre quais as diretrizes atuais acerca desse

assunto.

Na primeira seção do trabalho, serão abordadas questões acerca do histórico

dos tratados internacionais sobre o uso do espaço e se estão sendo importantes para

se manter o ambiente equilibrado quanto aos resíduos espaciais.

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Na segunda seção, é analisada a forma de como os detritos orbitam a Terra

podem influenciar negativamente o futuro de missões espaciais e o futuro do meio

ambiente terrestre.

A terceira e última seção aborda a necessidade de identificar as possíveis e

mais viáveis soluções para mitigar esse impacto no espaço e no ambiente terrestre.

Ao final, conclui-se que os objetivos abordados são atendidos de acordo com o

que foi proposto. A hipótese confirmada, fato que indica que os resíduos deixados no

espaço e que estão orbitando nosso planeta são uma ameaça para as missões

espaciais, assim como para o meio ambiente, indicando que medidas mitigatórias

devem ser tomadas para combater esse problema.

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2- REFERENCIAL TEÓRICO

Felipe e Tedesco 2018 definem resíduos espaciais como os objetos criados

pelos humanos e que se encontram em órbita em volta da Terra, porém, que não

desempenham nenhum tio de função que seja útil como, por exemplo, partes e dejetos

de naves espaciais deixados para trás a partir do lançamento. Podem ser satélites

sem utilização, tanques de combustíveis, fragmentos provenientes de explosões e até

mesmo estágios completos de foguetes (MOURÃO, 2001).

A indústria aeroespacial se trata da atividade de, entre outras,

desenvolvimento, montagem e lançamento de equipamentos ao espaço, onde

realizará funções específicas. Esse tipo de indústria tem importância estratégica por

conta do seu caráter multidisciplinar que engloba tecnologias de última geração e

profissionais altamente especializados (MENEZES, MENEZES e GUIMARÃES,

2013).

Bresolin e Santin 2013 comentam que, em 4 de outubro de 1957, começava a

Corrida Espacial entre Estados e Unidos e União das Repúblicas Socialistas

Soviéticas (URSS). Nesse período, houve com destaque para os socialistas através

do lançamento do satélite soviético, o Sputnik 1, dando à antiga União Soviética o

destaque de colocar o primeiro objeto feito pela espécie humana no espaço (NASA,

2011).

Desde então, estima-se que mais de 3800 foguetes e 4600 satélites artificiais

foram lançados a partir da Terra. Dentre esses, mais de 500 ainda funcionam

ativamente. Muitos explodiram, dando origem a mais de 100 000 fragmentos, menores

que 10 cm, os quais não podem ser detectados por radares a partir do planeta Terra

(KEPLER e SARAIVA, 2014).

Segundo Mourão (1984), os Estados Unidos lançaram o satélite Vanguard I,

em 1958, o qual se tornaria lixo espacial após a desativação e, consequentemente, a

primeira peça de resíduo espacial, orbitando a Terra em alta velocidade, deixada pelo

homem (AEB, 2019).

Esses resíduos podem ser tanto peças grandes, ou pequenas (figura x), como

luvas e ferramentas, como o observado em estágios de foguetes e satélites

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desativados, os quais acabam congestionando o espaço ao redor do planeta,

causando o risco de acidentes graves, seja por colisão no espaço ou pela entrada

desses resíduos na atmosfera (FELIPE e TEDESCO, 2018).

Tendo em vista os constantes lançamento de diversos tipos de objetos na órbita

da Terra, como satélites, foguetes, aeronaves, espaçonaves, dentre outros, desde

1957 até a atualidade, nota-se que o espaço se tornou um local comercial onde,

principalmente, empresas de cunho privado usufruem dos diversos benefícios

econômicos gerados por esse tipo de atividade exploratória (SOMMER e CARDOSO,

2016).

Em 1969, a nave Apollo 11 levou para a Lua o engenheiro aeroespacial e

astronauta estadunidense, Neil Armstrong. Esse foi um dos momentos mais

marcantes da história. Mesmo que as primeiras missões espaciais tenham tido

características políticas, não se pode negar que foram passos importantes para

desenvolver tecnologias durante essas missões, resultando em avanços científicos

em diversas áreas (ROSETTO, 2013).

Sobre o cenário nacional, a Agência Espacial do Brasil (AEB) cita que o país

não é um grande produtor de detritos no espaço, entretanto, possui o status de

“Estado lançador”, o que gera responsabilidade à AEB de registrar objetos que são

lançados e deixados no espaço pelo Brasil, analisando também os impactos

ambientais que podem ser gerados.

A problemática do lixo espacial é recorrente desde o primeiro satélite lançado

até hoje. Com o passar do tempo e, sem que haja medidas mitigadoras e preventivas,

é provável que se torne uma situação alarmante e com sérios danos deixados no meio

ambiente, além de comprometer futuras navegações espaciais (RODRIGUES, 2010).

Cada satélite possui certa quantidade de combustível, material que será

indispensável para mensurar a vida útil do satélite. Este, ao fazer correções orbitais

para se manter dentro de uma região de cobertura eficaz, perde combustível e tem

sua durabilidade reduzida. Esgotando-se combustível, o satélite se movimenta em

função de perturbações orbitais. Se estes objetos não são retirados do arco

geoestacionário, acabam cruzando e até mesmo se chocando com satélites ativos

(ROSETTO, 2013).

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3- METODOLOGIA

Este estudo se baseou no modo de pesquisa exploratória, através de revisão

bibliográfica em livros, sites de Agências espaciais, revistas e órgão públicos e

privados relacionados ao tema em questão. De acordo com Gil 2007, este tipo de

pesquisa tem o foco em proporcionar maior familiaridade com o problema em questão,

tornando-lhe mais explícito ou a construir hipóteses. As palavras-chaves utilizadas nas

buscas foram: “Resíduos espaciais, Impactos do lixo espacial, Detritos espaciais,

Tratado do Espaço, Space debris, NASA, ESA, Environmental impacts of space

debris, Space environmental effects entre outras.

Mesmo que a pesquisa seja exploratória, ela vai se basear em trabalhos

semelhantemente já realizados, ou seja, não vai partir do zero. A busca nessas fontes

se torna indispensável para fazer o comparativo entre as conclusões que os diferentes

autores conseguiram através desse embasamento teórico, seja para reafirmar ou

enumerar discrepâncias (MARCONI e LAKATOS, 2002).

Ainda sobre o levantamento bibliográfico, a análise de exemplos estimula a

compreensão. Trabalhos dessa magnitude são classificados como pesquisa

bibliográfica e estudo de caso. Também foram consultadas normas internacionais e

diretrizes atuais acerca desse assunto (GIL, 2007).

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4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1- HISTÓRICO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE O USO DO ESPAÇO

A revolução da tecnologia mudou a forma como as relações e comunicações,

principalmente através de satélites, (figura 1) em nível global acontecem. É notável

que esse avanço é importante para o desenvolvimento da humanidade, porém, a que

custo esses novos benefícios estarão disponíveis para a sociedade e quais as

consequências dessas ações ainda são entraves que podem comprometer o futuro

(SOMMER e CARDOSO 2016).

Figura 1: técnico dando os últimos retoques no Sputnik 1, o primeiro satélite artificial da humanidade.

Fonte: NASA, 2011.

O Sputnik 1, uma esfera pressurizada feita de liga de alumínio tinha objetivos

científicos voltados para: teste do método de colocar um satélite artificial na órbita

terrestre, disponibilizar informações atmosféricas, testar rádio e métodos ópticos de

rastreamento orbital entre outros (NASA, 2011).

Segundo Nogueira 2005, no ano de 1983, o ônibus espacial americano

Challenger foi atingido, em uma de suas janelas, por um objeto em órbita, o que

resultou em uma rachadura. Em Terra, estudos mostraram que um fragmento

microscópico de tinta tinha sido o causador do dano, figura 3.

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Onde Sally Ride, figura 2, primeira mulher estadunidense a ir para o espaço a

bordo do Space Shuttle Challenger, na missão STS-7 (NASA, 2018), relata sobre a

situação em que uma partícula atingiu a nave onde a astronauta estava, a ponto de

fazer uma pequena marca na janela:

Lá pela metade do voo surgiu um pequeno estilhaço na janela do ônibus espacial e não sabíamos o que era. Uma quantidade enorme de análises foi feita enquanto estávamos em órbita para garantir que a firmeza da janela ia resistir à reentrada. Resistiu. Ficamos todos bem. Mas a análise posterior mostrou que nossa janela havia sido atingida por uma partícula de tinta em órbita, e as velocidades relativas eram suficientes a ponto de a tinta fazer uma pequena, mas visível, marca na janela. Bem, um grão de tinta não é a mesma coisa que um pequeno pedaço de metal viajando à mesma velocidade. Então, assim que você começa a aumentar a quantidade de lixo na baixa órbita terrestre, tem um subproduto indesejado que começa a colocar seus valiosos satélites em risco. Sally Ride, 1983. Primeira mulher estadunidense no espaço. (RODRIGUES, 2010).

Figura 2: Sally Ride a bordo do Space Shuttle Challenger na missão STS-

Fonte: NASA, 2018.

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Figura 3: Choque ocasionado por objeto de menos de 1cm na janela do ônibus espacial Challenger, em 1983.

Fonte: BBC, 2018.

A Associação Brasileira de Cerâmica 2017, observa que as janelas de ônibus

espaciais são feitas de vidros triplos laminados e altamente resistentes. Esses vidros

suportam grandes variações de pressão, choques mecânicos e variações de

temperaturas, entre 900°C e 1200°C, requisito necessário devido às altas

temperaturas na reentrada da atmosfera.

4.1.1- Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço

Exterior (COPUOS, sigla em inglês para Committee on the Peaceful

Uses of Outer Space)

Esse Comitê foi criado a fim de proporcionar a exploração mais consciente do

espaço, além de que esta fosse em benefício da humanidade. Visou-se alcançar esse

objetivo através da cooperação entre os Estados membros, o uso pacífico do espaço

sideral e pelo incentivo a pesquisas espaciais (ONU, 2019).

Em 1959, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu o Comitê permanente sobre os usos pacíficos do espaço sideral, com 24 membros. Desde então, cresceu para 92 membros - um dos maiores comitês das Nações Unidas. Além dos Estados, várias organizações internacionais, incluindo organizações intergovernamentais e não governamentais, têm status de observador junto ao COPUOS e seus Subcomitês. (ONU, 2019).

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O comitê, figura 4, permitia o tratamento mais aberto e transparente possível à

época de um tema intimamente ligado às tensões e à corrida armamentista entre as

duas superpotências da Guerra Fria, Estados Unidos e URSS (FILHO e SALÍN, 2003).

A Agência Espacial Brasileira 2013 ainda cita que várias resoluções do documento

reconheciam:

O interesse comum da humanidade no espaço exterior e o objetivo comum

de uso desse espaço unicamente para fins pacíficos, necessidade do

desenvolvimento progressivo do direito internacional na elaboração mais

detalhada dos princípios jurídicos fundamentais que devem reger as

atividades dos Estados na exploração e uso do espaço exterior; a

responsabilidade por acidentes causados por veículos espaciais; e a

prestação de ajuda a astronautas e veículos espaciais e sua devolução, e

outros problemas jurídicos; e encaminha ao COPUOS os diversos projetos já

apresentados sobre essas questões. (AEB, 2013).

Figura 4: Assembleia geral que criou o COPUOS.

Fonte: ONU, 2019.

Quando uma nação decide lançar um determinado objeto para o espaço, seja

de uso público ou privado, pequeno ou grande, lembra-se que o estado em questão

tem total responsabilidade internacional pelas atividades nacionais desenvolvidas no

espaço, mesmo que estas sejam provenientes de entidades não governamentais, as

quais devem ser alvo de vigilância permanente pelo estado lançador (UNOOSA,

1966).

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Entretanto, o Tratado do Espaço, em seus termos originários, vê-se obsoleto

devido: analisar temas que já estão regulamentados em outras convenções e por

haver, atualmente, uma gama de desafios, alguns inimagináveis para a época em que

o tratado foi proposto, como é o caso dos resíduos espaciais e da atuação de

empresas voltadas para a exploração de recursos naturais no espaço (ANDRADE,

2016).

4.2- Código Brasileiro do Espaço

Esse documento estabelece diretrizes e ordenamentos jurídicos aplicáveis às

atividades espaciais do país. O código ainda é complementado pela legislação

Nacional e acordos internacionais. A diretriz XI do artigo 7° desse código cita a

importância da mitigação do lixo ambiental (CÓDIGO BRASILEIRO DO ESPAÇO,

2019):

Art. 7º “Na realização das atividades espaciais deverão ser observados certos princípios de natureza permanente, sem embargo de outros complementares a serem adotados pelo Poder Executivo, que alicerçarão a política espacial brasileira; sem ser exaustivos, eles incluem as seguintes diretrizes:

XI – A Autoridade Espacial adotará medidas de proteção ambiental

durante as atividades de pesquisa, produção, prestação de serviços, incorporando-as a regulamentação espacial, do mesmo modo que se empenhará na mitigação do lixo espacial [...]. (CÓDIGO BRASILEIRO DO ESPAÇO, 2019).

Segundo Ribeiro 2009, no território brasileiro, o início das atividades espaciais se deu

no ano de 1965 quando, em cooperação com a NASA, o país iniciou atividades

espaciais, com o lançamento do foguete de sondagem Sonda I, figura 5. Foi

construído, ainda na década de 1960, o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno

(CLBI).

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Figura 5: Família de veículos de sondagem brasileiros.

Fonte: Agência Espacial Brasileira, 2017.

Após os anos de 1980, marcados pela grande inflação e desvalorizações

cambiais, em 1993, 14 anos depois da decisão de construir os satélites, finalmente o

Brasil lançou o seu primeiro satélite, o Satélite de Coleta de Dados 1 (SCD-1). Um ano

depois, em 1994, a Agência Espacial Brasileira foi criada, dando ênfase a novos

programas voltados às atividades espaciais (BRASIL, 2011).

4.3- Síndrome de Kessler

Esse termo foi dado pelo cientista da NASA Donald Kessler, tornando-se

popular em 1978. Trata-se de definição a qual prevê que fragmentos de colisões

aleatórias entre objetos catalogados na órbita baixa da Terra, figura 6, se tornariam

cada vez mais frequentes, principalmente após o ano 2000, resultando em impactos,

aumentando exponencialmente, o que pode inviabilizar a exploração espacial

(KESSLER et al, 2010).

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Figura 6: Simulação dos resíduos presentes na órbita geoestacionária da Terra.

Fonte: ESA, 2017.

Mesmo que cessem todos os tipos de lançamentos, a quantidade de

fragmentos que paira sobre a atmosfera terrestre ainda irá aumentar, porque as

colisões entre os objetos, já em órbita, continuarão frequentes, resultando em mais

detritos, os quais devem acentuar a poluição do espaço (FELIPE e TEDESCO, 2018).

Diminuir a quantidade de detritos espaciais não é fácil, pois é necessário que

haja novas tecnologias, que leis acerca do assunto sejam elaboradas e,

principalmente, que haja um grande investimento nesse tipo de atividade, pois trata-

se de um processo complexo (BBC, 2015).

Até o final de 2018, foram registradas apenas duas colisões acidentais entre

satélites, com destaque para o fato ocorrido em 2009, envolvendo um satélite norte

americano e outro russo, resultando em uma vasta nuvem de detritos que se expandiu,

fato que poderia afetar a segurança da Estação Espacial Internacional

(BALLESTEROS, 2018).

No ano de 2016, A Estação Espacial Internacional, localizada em órbita baixa

da Terra, estava rodeada de aproximadamente 2.700 toneladas de resíduos

espaciais. Nas maiores altitudes, havia mais de 3.600 toneladas desses objetos em

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órbita geoestacionária e cerca de 22.000 daqueles que são suficientemente grandes

para serem rastreados.

De acordo com Kepler e Saraiva 2014, cerca de 8000 fragmentos maiores são

monitorados aqui da Terra, tendo em vista a possibilidade de causar severos danos

às naves e satélites, sejam tripulados ou não.

Resíduos ainda menores, quantificados em torno de 100.000.000 fragmentos

maiores que 0.04 polegadas, devido as altíssimas velocidades que podem alcançar,

podem ocasionar grandes danos (NASA, 2016).

A figura 7 exemplifica como a quantidade de resíduos espaciais e naves

espaciais em operação foi aumentando ao longo dos anos, visto que, em 1960, quase

não se observava a presença destes no espaço ao redor da Terra. Já em 2010, após

a Corrida Espacial, o lançamento de diversos satélites e com o avanço da tecnologia,

observa-se que o espaço já possui quantidade considerável do chamado “lixo

espacial”.

Figura 7: Acúmulo de resíduos espaciais desde 1960 até 2010.

Fonte: NASA, 2016.

Mais colisões acontecerão de acordo com o aumento do número de resíduos

no espaço. A probabilidade de colisões catastróficas também aumenta e, no cenário

onde os “negócios” estão acima de tudo, as colisões começarão a prevalecer. Por fim,

fragmentos de colisões colidirão com outros fragmentos, reduzindo esses resíduos a

tamanhos menores. A Síndrome de Kessler é um processo que deve ser evitado

através de medidas de mitigação e remediação em nível global (ESA, 2019).

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5- CONSEQUÊNCIAS AO MEIO AMBIENTE E ÀS MISSÕES ESPACIAIS

5.1- Resíduos Eletrônicos

Os resíduos espaciais estão inclusos no grupo de resíduos eletrônicos, que são

aqueles materiais obsoletos e sem uso, oriundos de: pilhas, baterias, satélites,

celulares, computadores, televisores etc.

Esse “lixo tecnológico” possui componentes potencialmente poluentes, como

berílio, chumbo e cádmio, o que pode acarretar danos ambientais caso a destinação

final não seja adequada. A conscientização quanto a esse assunto em países da

América Latina e da África ainda é pequena, acarretando a imprecisão de dados

oficiais sobre coleta e destinação dos resíduos eletrônicos (MORAIS, 2009).

5.2- Definição de Impacto Ambiental

Segundo a resolução n° 01 de 1986, através do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), entende-se por impacto ambiental as ações de alteração das

propriedades físicas, químicas ou biológicas do ambiente, causadas por qualquer

forma de energia que direta ou indiretamente afetem:

I. A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II. As atividades sociais e econômicas;

III. A biota;

IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V. A qualidade dos recursos ambientais.

A partir dessa definição, entende-se que há realmente o impacto ambiental

causado pelos resíduos espaciais, tendo em vista que estes possuem propriedades

capazes de afetar os aspectos citados, principalmente a segurança e bem-estar da

população, principalmente em relação às missões no espaço.

5.2.1- Impactos Ocasionados Ao Meio Ambiente Pelos Resíduos Espaciais

Os objetos espaciais, sejam estes pequenos ou grandes, a partir do momento

em que não estão mais em operação ou se encontrem fora de controle, contribuem

para o aumento da poluição espacial, gerando resíduos que afetarão atividades fora

da Terra e até mesmo no próprio planeta (SANTOS, 2019).

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Assim como é preocupante a reentrada de resíduos espaciais na nossa

atmosfera, a queda de objetos portando elementos tóxicos também é alvo de atenção.

Os satélites, por exemplo, são compostos por polímeros, ligas metálicas e outras

substâncias artificiais que, caso entrem e contato com o solo ou água, podem causar

poluição (RODRIGUES, 2010).

Os detritos espaciais provenientes da ação antrópica podem ficar em órbita

durante séculos, dependendo da altitude e, somando-se a isso, nem todos os resíduos

podem ser rastreados com a mesma precisão que a de objetos maiores por exemplo

(SANTOS, 2019).

Em fevereiro de 2003, sete astronautas da NASA morreram por conta da

explosão de um ônibus espacial. A agência logo emitiu um alerta para a população

das cidades de Louisiana, Novo México e Texas, locais onde os destroços caíram. A

preocupação era voltada para a possível contaminação com substâncias tóxicas,

podendo resultar em grave envenenamento e queimaduras (RODRIGUES, 2010).

Além do ambiente terrestre, outros ambientes fora do planeta também podem

ser afetados pelos resíduos espaciais. Muitas sondas foram enviadas para diversos

corpos do sistema solar e, principalmente, para a Lua, retratando assim uma nova

forma de poluição (NOGUEIRA, 2005).

Mesmo que o ambiente lunar não seja habitado, paira a preocupação

acerca da contaminação biológica proveniente da Terra, possivelmente, por

microorganismos do planeta, fato que verdadeiramente aconteceu na década de

1960, quando astronautas da Apolo-12, figura 8, a segunda nave tripulada a pousar

na Lua, coletaram partes de uma sonda anteriormente lançada ao satélite,

constatando-se que esta estava contaminada por vírus da gripe (NOGUEIRA, 2005).

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Figura 8: A Missão Apollo 12 coletou uma sonda contaminada por vírus da gripe.

Fonte: Super Abril, 2019.

No dia 11 de abril de 2019, uma nave israelense caiu em solo lunar e espalhou

milhares de tardígrados, artrópodes milimétricos considerados os organismos mais

resistentes da Terra e que podem sobreviver, inclusive, no espaço. A nave pertencia

à Arch Mission Foundation (ou “Fundação Missão Arca”), que se trata de uma

organização sem fins lucrativos que pretende fazer “uma biblioteca lunar” com uma

cópia de todas as informações da humanidade (CANALTECH, 2019).

Através de dados fornecidos pelo Escritório de Detritos Espaciais da Agência

Espacial Europeia no ESOC, Darmstadt, Alemanha, em janeiro de 2019, a instituição

disponibilizou números atualizados, disponíveis na tabela 1 abaixo, acerca dos

resíduos espaciais e objetos ativos que orbitam a Terra (ESA, 2019).

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Tabela 1: Quantidade de objetos espaciais lançados ao espaço até janeiro de 2019.

Fonte: ESA, 2018.

Nota-se que os números de satélites alocados em órbita e os satélites

que não possuem mais utilidades estão quase próximos. Porém, o que chama atenção

é o quantitativo de detritos que estão na faixa de tamanho compreendida entre 1cm e

1 mm, cerca de 166 milhões de objetos.

Os satélites pequenos, podem ter o tamanho considerado de um resíduo

espacial (pouco maior do que 10 cm). Consequentemente, a capacidade de manobra

desses objetos é praticamente nula, fato que torna esses satélites potenciais

causadores de danos ambientais no espaço.

Sem técnicas voltadas à mitigação desses detritos no final de suas vidas úteis,

tende-se a haver o crescimento da poluição ambiental no espaço. Outra preocupação

relevante é quanto aos materiais nucleares e as interferências causadas pelos detritos

(SANTOS, 2019).

5.2.1.1- Impacto na Atmosfera - Queima De Combustíveis

Fora do contexto de resíduos provenientes de fragmentação, há também uma

das principais fontes de poluentes: a queima de motores de foguetes sólidos que, na

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forma de poeira do tamanho de micrômetros e partículas de escória de mm a cm,

liberaram óxido de alumínio (Al2O3) (ESA, 2019).

Ainda de Acordo com a Agência Espacial Europeia 2019, muitas explosões

estão relacionadas ao combustível residual o qual fica em tanques ou linhas de

combustível ou outras fontes de energia remanescentes. Mesmo depois que um

estágio de foguete ou satélite é descartado na órbita da Terra, esses combustíveis

ainda permanecem a bordo. Como resultado, a explosão pode gerar detritos que se

espalharão pelo espaço.

5.2.1.1.1- Consequências e Impactos Ao Espaço

O acúmulo dos resíduos espaciais transforma o espaço em volta da Terra em

um grandioso depósito de lixo, no qual o agrupamento desses detritos na crosta

espacial terrestre cria um ambiente conveniente para os choques que,

consequentemente, causam a destruição de muitos objetos ativos ou inativos na

atmosfera (SOMMER e CARDOSO, 2016).

Dentre os 19.000 objetos espaciais que estão em órbita atualmente, figura 9,

somente 1.400 são objetos funcionais, de acordo com o Escritório das Nações Unidas

para Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA). A Agência Espacial Europeia estima

que 42.000 objetos foram lançados durante os 60 anos de atividades espaciais.

Dentre estes, um total de 23.000 permanecem no espaço, todavia, apenas 1.200 são

objetos operacionais (SANTOS, 2019).

Figura 9: Simulação da NASA acerca dos resíduos espaciais em volta da Terra.

Fonte: NASA, 2016.

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De acordo com Rodrigues 2010, o aumento do número de detritos espaciais

em órbita é perceptível, ainda mais quando as manobras de emergência (para evitar

colisões no espaço) de naves espaciais tripuladas passam a ser comuns, fato que

poderia terminar em tragédia. Assim, também crescente o risco da queda de um objeto

orbital de grandes proporções de atingir alguém na superfície terrestre.

Há objetos que são atraídos pela força gravitacional da Terra e, por conta disso,

são destruídos na reentrada da atmosfera terrestre, porém, devido seus tamanhos

reduzidos, sem serem percebidos, principalmente os muito pequenos (EMBRAPA).

5.2.1.1.1.1- Impactos Das Tecnologias De Telecomunicações

É incontestável que, atualmente, o sistema de telecomunicações é dependente

da atuação de satélites, devido ao fato destes disponibilizarem imagens de alta

qualidade, acesso a zonas remotas do planeta, além de frequências que reduzem

interferências (LEITÃO).

Entretanto, há consequências que vão além dos resíduos produzidos na Terra

através da construção de sistemas de telecomunicações e os impactos produzidos

através de desmatamento, erosão e até mesmo poluição do solo na etapa de

implantação, o espaço também é afetado devido às toneladas de pedaços de satélites,

fato que também é um problema para as comunicações, pois algumas destas são

interrompidas (MORAIS, 2009).

5.3- Danos Ocasionados Por Satélites

Normalmente, os veículos lançadores de satélites são classificados como

pequenos, médios, intermediários e pesados. As órbitas nas quais os satélites são

colocados variam: LEO (Low Earth Orbit), MEO (Medium Earth Orbit), GEO

(Geostationary Earth Orbit) e HEO (High Earth Orbit) (RIBEIRO, 2009).

Órbita GEO

Existem órbitas principais para o uso de satélites (figura 10). A órbita

geoestacionária ou “órbita GEO” é a que circunda a Terra acima do equador de oeste

para leste e está a uma altura de 36000 km. Os satélites localizados nessa região

cobrem, de maneira contínua, uma grande parte do planeta, tornando-se, dessa

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forma, uma órbita ideal para a exploração da tecnologia de telecomunicações, além

de proporcionar melhor monitoramento climático (ESA, 2001).

Órbita LEO

Esta órbita está a uma altitude que varia de 180 a 2000 km. Para haver uma

cobertura total do planeta e, por estarem em baixa altitude, são necessários cerca de

40 satélites.

Órbita MEO

Órbita de maior extensão e que está localizada numa altitude entre 2000 km e

36000 km. Frequentemente utilizada para comunicação e navegação (UERJ,

2017).

Órbita HEO

Órbita mais afastada do planeta Terra. Localizada a altitudes acima de 36000 km.

Figura 10: Principais órbitas utilizadas por satélites.

Fonte: UERJ, 2017.

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Grande parte da concentração de resíduos espaciais está localizada em

camadas mais baixas da atmosfera. É importante salientar que os impactos causados

pelos satélites começam antes mesmo destes entrarem em operação, pois, no

desenvolvimento de produtos espaciais, ainda há a utilização de compostos que são

lançados diretamente na natureza (FELIPE e TEDESCO, 2018).

Os impactos ambientais ocasionados por pequenos satélites de alta

complexidade (PSBCs) sem qualquer tipo de controle ou que, simplesmente, que

perderam suas funções iniciais, refletem-se como perigos às missões espaciais e ao

próprio planeta. Esses impactos podem ser mitigados através de melhores

planejamentos voltados aos aspectos econômicos, socioambientais e políticos

(SANTOS, 2019).

Há satélites que carregam geradores eletro-nucleares, elementos responsáveis

por ativar funções dentro desses satélites. Alguns geradores utilizam como

combustível o urânio 235 e até mesmo o plutônio 238 (materiais altamente

radioativos). Uma vez que objetos portando esses tipos de substâncias reentram na

atmosfera, há a preocupação acerca de possíveis impactos ambientais provenientes

dos satélites, figura 11, e até mesmo aos seres humanos (UFMG, 2010).

Figura 11: Os satélites possuem componentes que podem levar à poluição ambiental.

Fonte: G1, 2014.

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No dia 10 de fevereiro de 2009, ocorreu a primeira colisão acidental em órbita

entre dois satélites, os quais estavam a 776 km de altitude acima da Sibéria. um

satélite militar da Rússia, Cosmos 2251 e o satélite de comunicação americano de

propriedade privada, o Iridium-33, se chocaram a 11,7 km/s. Consequentemente,

ambos foram destruídos, gerando cerca de 2300 fragmentos, figura 12 (ESA, 2019).

Figura 12: Fragmentos resultantes da colisão entre os satélites Cosmos 2251 e Iridium-33 em 2009.

Fonte: www.agi.com

Na figura acima, as órbitas em verde indicam os satélites ainda operacionais

da constelação Iridium e, em vermelho, aparecem as trajetórias dos objetos que não

estão mais em atividade. São representados pelos pontos azuis e laranjas,

respectivamente, os detritos resultantes da colisão entre o Iridium 33 e o Cosmos 2251

(ROSETTO, 2013).

5.4- Poder Destrutivo Dos Resíduos Espaciais

Há diversos riscos oferecidos pelos resíduos espaciais em órbita. Em relação

a naves espaciais por exemplo, tripuladas ou não, se forem atingidas por detritos de

1 mm de cumprimento, esse fato já seria capaz de romper cabos de dados e e força.

Indo além e visualizando resíduos maiores, de 4 mm a 5 mm, colidindo com essa

nave, painéis, tubos e cabos maiores de força poderiam ser danificados

(RODRIGUES, 2010).

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Em baixas trajetórias, a velocidade média dos detritos varia de 7000 a 8000

m/s; entretanto, quando há colisões, essa velocidade aumenta e fica entre 10000 e

15000 m/s, que é considerada de valor destrutivo (10 vezes mais rápido que a bala

de uma pistola). Dessa forma, conclui-se que até mesmo detritos de 1 cm podem

causar grandes danos a espaçonaves e satélites (JAXA, 2017).

Em um experimento, figura 13, realizado pela NASA, intitulado Solar MAX,

observou-se a dimensão do impacto causado por um objeto pequeno, simulando um

resíduo espacial. Nota-se que o impacto de um pequeno fragmento é capaz de fazer

um dano considerável ao material (CNN, 2018).

Figura 13: danos sofridos pelo experimento Solar MAX de um pequeno pedaço de detrito espacial.

Fonte: NASA/CNN, 2018.

A velocidade alcançada por uma nave em órbita é de aproximadamente ordem

de 30.000 km/h. Consequentemente, qualquer objeto lançado ao espaço, a partir de

uma nave, manterá a mesma velocidade (MOURÃO, 1984).

Morais 2009 destaca que, no ano de 2007, um fragmento de resíduo espacial

se chocou com uma espaçonave pertencente à missão STS-118, que ia para a

Estação Espacial Internacional. Essa partícula provocou um dano, figura 14, de cerca

de 8.1 mm por 6.4 mm em um dos painéis de radiação da nave.

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Figura 14: Buraco feito por um resíduo de titânio em um dos painéis de radiação da espaçonave.

Fonte: MORAIS, 2009.

Posteriormente a essa colisão, estudos foram feitos para analisar qual teria sido

o material causador da deformidade e, constatou-se que se tratava de um resíduo de

titânio com a dimensão próxima de 1,5 mm a 2 mm de diâmetro (MORAIS, 2009).

A Agência Espacial Europeia, no ano de 2009, fez um teste, figura 15,

envolvendo a super velocidade dos resíduos e o dano que estes podem causar.

Constatou-se que o efeito de uma bola de alumínio de 0,47 polegadas e 0,06 onça

atingindo um bloco de alumínio de 7 polegadas de espessura, numa velocidade de

6,8 km/s causa um grande impacto. A instituição reitera que a temperatura e a pressão

existentes nesse impacto "excedem as encontradas no centro da Terra". (CNN,

2018).

Figura 15: Simulação de impacto de um resíduo espacial a super velocidade.

Fonte: ESA/CNN, 2018.

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5.5- Cenário Brasileiro

A Agência Espacial Brasileira (AEB) 2018 tem registros sobre as principais

funções dos objetos em órbita associados ao Brasil (gráfico 1) são mantidos para se

obter o controle destes. Esse tipo de arquivo é disponibilizado para todos os países,

através do Escritório para Assuntos do Espaço Exterior das Nações Unidas.

Gráfico 1: Porcentagem das principais funções desempenhadas por objetos lançados pelo Brasil e que estão em órbita.

Fonte: AEB, 2018.

Nota-se que quase 70% dos objetos lançados e associados ao Brasil têm

relação com o serviço de comunicação. Também se destaca, com 11%, o

monitoramento de recursos terrestres por sensores ópticos, dados que podem ser

usados em ferramentas de geoprocessamento por exemplo.

Aguiar 2014 enfatiza que a inserção do Brasil no cenário internacional de

países aptos a fazer o lançamento de satélites só pôde se concretizar através do

desenvolvimento de tecnologias voltadas para circuitos eletrônicos, que são capazes

de suportar o ambiente espacial e passar anos sem manutenção, armazenando dados

confiáveis. Compreende-se que a política espacial do Brasil precisa ser revista. Uma

nova visão favorável à atividade espacial é importante para o desenvolvimento da

indústria nacional.

Serviço de telecomunicação

67% Outros fins 11%

Coleta de dados e retransmissão para estações meteorológicas

7%

científicos de plasma

4%

Estudos recursos terrestres por sensores

ópticos 11%

Principais Funções Dos Objetos Em Órbita Associados Ao Brasil

Monitoramento de

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O cenário de inovação dá prestígio tecnológico através de produtos e serviços

e, como consequência, cria o impacto econômico, científico e social. Tem-se, porém,

que levar em consideração os impactos ambientais e socioambientais desses projetos

e, por isso, estratégias de cooperação internacional nesse aspecto se mostram

indispensáveis (BRASIL, 2011).

As diversas atividades espaciais brasileiras estão continuamente sendo

organizadas em extensos programas, os quais englobam iniciativas de caráter

científico, além de incentivarem a capacitação tecnológica, implantação e manutenção

da estrutura que dará apoio às pesquisas e inovações, contribuindo para o

desenvolvimento nacional (RIBEIRO, 2009).

6- Responsabilidade Internacional Por Danos Causados Por Objetos

Espaciais

O Decreto n° 71.981, de 22 de março de 1973, promulga a Convenção Sobre

Responsabilidade Internacional Por Danos Causados Por Objetos Espaciais, que tem

o objetivo de elaborar e se fazer cumprir regras acerca dos possíveis danos

ocasionados por objetos espaciais provenientes dos países membros dessa

convenção.

O termo “dano” se refere ao óbito ou outros entraves à saúde, aos prejuízos a

propriedades públicas e privadas. Já se tratando de “objeto espacial”, incluem-se: o

veículo de lançamento e peças deste e materiais componentes de um objeto espacial.

O estado lançador tem total responsabilidade e deve arcar economicamente

caso provoque algum dano (seja na superfície terrestre ou em viagem espacial)

causado por objetos espaciais pertencentes ao país (BRASIL, 1973).

7- Quedas de Resíduos Espaciais e Acidentes

No ano de 1969, um resíduo proveniente do espaço e com cerca de 30

cm atingiu um barco alemão em alto mar. O fragmento fazia parte do foguete

americano Saturno-5, o qual foi utilizado para o lançamento da missão Apollo 11

(RODRIGUES, 2010).

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O acidente espacial mais grave ocasionado por conta de resíduos foi registrado

no ano de 1966, quando um satélite militar francês (Cerise) foi atingido por um

fragmento resultante da explosão, em 1986, de um foguete também oriundo da

França. Isso ocasionou na queda do satélite que, infelizmente, não atingiu nenhuma

pessoa e caiu de forma controlada na Terra (UFMG, 2010).

A recente queda da estação espacial chinesa Tiangong-1 (figura 16), em 2018,

trouxe novas preocupações acerca dos resíduos espaciais que pairam a órbita

terrestre (AEB, 2018). O artefato se deslocava desordenadamente desde 2016 e caiu

na região central do Pacífico Sul, tendo grande parte do módulo desintegrada no atrito

com a atmosfera (EL PAÍS, 2018).

Figura 16: Monitoramento da estação espacial chinesa Tiangong-1.

Fonte: El País, 2018.

7.1- Ocorrências De Quedas De Resíduos Espaciais No Brasil

No Brasil, já houve diversos registros de quedas de resíduos provenientes do

espaço. Entre os casos mais famosos está a esfera de combustível de um foguete

Saturno, com 1 metro de diâmetro, que caiu na costa litorânea norte, placas de metal

de 10 a 12 cm, que atingiram o rio Negro, no Amazonas, ambos em 1966, e um satélite

que desintegrou-se sobre a cidade do Rio de Janeiro em 1978 (UFMG, 2010).

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Ainda de acordo com a Universidade Federal de Minas Gerais 2010, no

município de Itapira, São Paulo, foram encontrados fragmentos recuperados em 1995,

um estabilizador de satélite encontrado no estado do Paraná em 1997. No estado de

Goiás, também em 1997, encontrou-se um objeto de formato esférico e medindo cerca

de 1m de diâmetro.

7.2- Ocorrências De Quedas De Resíduos Espaciais Na Amazônia

Em Belém (PA), no ano de 2006, foi encontrado um tanque que media cerca

de 80 cm de diâmetro por 1 m de altura, figura 17. Este pertencia ao foguete Ariane,

que lançou o satélite Telstar 402 (MORAIS, 2009).

Figura 17: Tanque do foguete Ariane encontrado em Belém no ano de 2006.

Fonte: MORAIS, 2009.

No ano de 2014, na vila de Macapazinho, em Salinópolis, a 220 km de Belém,

um pescador encontrou uma parte de um veículo espacial, figura 18, pertencente à

Agência Espacial do Reino Unido - UK Space Agency. O local foi isolado para manter

a segurança das pessoas, pois não se sabia se o objeto poderia conter material

radioativo. A própria agência do Reino Unido foi acionada para retirar o resíduo

espacial e prestar os serviços adequados (OGLOBO, 2014).

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Figura 18: Resíduo espacial encontrado em uma vila de Salinópolis-PA em 2014.

Fonte: OGLOBO, 2014.

7.3- Único Acidente Onde Um Resíduo Espacial Atingiu Uma Pessoa

No ano de 1997, pedaços do foguete Delta-2 espalharam-se entre o Texas e

Oklahoma, Estados Unidos. Como consequência, um fragmento de isolante térmico

atingiu uma mulher, figura 19, em um município chamado Turley. Lottie Williams saiu

da situação sem ferimentos graves (FILIPE, 2018).

Figura 19: Lottie Williams, única pessoa no mundo que foi atingida por um resíduo espacial.

Fonte: FILIPE, 2018.

Ela levou o resíduo para a biblioteca da cidade, onde um grupo de estudiosos

em Astronomia logo correlacionou os fatos. É raro um fato como esse ocorrer, devido

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à atmosfera, que é uma camada que protetora, sem contar com as altas temperaturas,

as quais destroem grande parte dos detritos (FILIPE, 2018).

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8- Equipamentos E Possíveis Medidas Mitigadoras Que Podem Conter Os Resíduos

Espaciais

8.1 Nave Especializada Na Remoção De Detritos Espaciais

Essa nave foi elaborada com a finalidade de remover detritos espaciais. A partir

da problemática apresentada, o Centro Espacial Suíço da Escola Politécnica Federal

de Lausanne almejou o desenvolvimento da nave-satélite CleanSpace One. Projeto

inserido dentro de outro maior, denominado Clean-ME. A tecnologia parte do Centro

Espacial suíço e teve início entre os anos de 2015 e 2016.

Visa a remoção dos resíduos da órbita terrestre através de nano-satélites os

quais que removeriam detritos em órbita e ao redor da Terra (MENEZES, MENEZES

e GUIMARÃES, 2013). Quando estiver próximo ao alvo, o satélite vai acoplar o

resíduo, figura 20, e, posteriormente, reentrará na atmosfera, resultando na queima

destes (EVANS e ARAKAWA, 2012).

Figura 20: Satélite Clean Space One que acopla resíduos para serem queimados na atmosfera.

Fonte: EPFL – École Polytechnique Féderale de Lausane – Projeto CleanSpace One.

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8.2- Aerogel

Trata-se de uma substância que possui um alto poder de unir objetos, como

uma “supercola”. Essa tecnologia já existe e é utilizada para coletar amostras

espaciais para fins de pesquisas científicas (SUPERINTERESSANTE, 2008).

Entretanto, visando os resíduos espaciais, uma quantidade muito grande de

aerogel seria necessária para a captura de uma pequena parte destes detritos. Em

2003, o aerogel foi utilizado para colher amostras de poeira da cauda do cometa Wild-

2 (NOGUEIRA, 2005).

8.3- Espuma

Procedimento parecido com o aerogel. Usa o fundamento de, através de um

painel de espuma altamente porosa, este é colocado na rota do detrito presente no

espaço e, a partir desse processo, o detrito teria sua velocidade diminuída, resultando

na reentrada na atmosfera e, consequentemente, a incineração através do atrito

(SUPERINTERESSANTE, 2008).

Contudo, para essa tecnologia dar certo, seriam necessários painéis muito

grandes para capturar quantidades significativas de resíduos espaciais fato que pode

fazer da ideia algo controverso, pois esse painel pode se chocar com outros objetos

grandes (SUPERINTERESSANTE, 2008)

8.4- Corda eletrodinâmica

De acordo com Evans e Arakawa 2012, esse mecanismo consiste em um cabo

que pode ter vários quilômetros de comprimento que, quando acoplado a um satélite,

arrastaria este, lentamente, até a superfície terrestre. A utilização dessa tecnologia,

porém, só é viável na LEO (Low Earth Orbit), pois usa como auxílio o campo

magnético da Terra.

As ideias ainda são pouco tangíveis devido à falta e apoio tanto econômico,

devido a ausência de uma fonte estável de financiamento do projeto, quanto por conta

de problemas políticos, porque tecnologias como esta podem ser utilizadas com dupla

finalidade como, por exemplo, armas espaciais (EVANS e ARAKAWA, 2012).

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8.5- Raios Lasers

Os raios lasers são também parte das idealizações que buscam diminuir a

quantidade de resíduos no espaço. Fundamenta-se no lançamento de lasers, através

de canhões instalados na superfície terrestre, no ar e, até mesmo, no espaço. Esse

conjunto de canhões dispararia contra o resíduo alvo, alterando a órbita deste para

mais perto da Terra. Projetos com essa finalidade têm a desvantagem de serem muito

caros (SUPERINTERESSANTE, 2008).

Há a parceria entre o governo da Austrália e a NASA, um projeto desenvolvido

através do Centro de Pesquisa Cooperativa, para a implantação dessa nova

tecnologia de lasers, figura 21, avaliado em cerca de 60 milhões de dólares. O objetivo

é desenvolver lasers que possam atingir até mesmo resíduos pequenos para que

estes sejam retirados da atmosfera (REUTERS, 2014).

Essa tecnologia seria muito eficaz, tanto para tirar de órbita objetos pequenos

ou grandes que possam ameaçar futuras missões e, até mesmo, o bom

funcionamento de satélites que ainda estão em atividade. Apesar de ser uma

alternativa cara, não se pode descartar, pois esta se mostra uma alternativa que, após

aperfeiçoamentos, pode ser de grande ajuda.

Figura 21: Projeto de canhão de laser que pode atingir resíduos espaciais.

Fonte: Inovação Tecnológica, 2012.

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Todavia, esses equipamentos e até mesmo naves projetadas, idealizadas para

o fim discutido ainda são questionáveis na comunidade internacional, porque podem

ser usados para interesses bélicos, desorbitar satélites de outras nações etc. Como

resultado, tem-se que ainda há poucos investimentos que, muitas vezes, não são

contínuos para as pesquisas desenvolvidas. Por essas e outras dificuldades, o

mercado tende a investir mais nos mecanismos de monitoramento de resíduos

espaciais (MENEZES, MENEZES e Guimarães, 2013).

8.6- Satélite RemoveDEBRIS

O satélite RemoveDEBRIS foi projetado para testar a tecnologia de remoção

de detritos ativos para ajudar na captura dos detritos que já não possuem mais função,

com a finalidade de diminuir a quantidade desses objetos ao redor da Terra

(UNIVERSITY OF SURREY, 2016).

Este projeto foi desenvolvido por um conjunto de empresas, dentre estas a

Airbus. Em fase de experimento, um satélite foi operado em órbita pela subsidiária

Surrey Satellite Technology Limited (SSTL) da Airbus. A missão é comandada pelo

Surrey Space Centre (SSC), localizado no Reino Unido, na Universidade de Surrey

(AIRBUS, 2019).

A sequência de ações para colocar o satélite em órbita, figura 22, ocorre da

seguinte maneira: um foguete contendo a plataforma, devidamente acondicionada,

RemoveDEBRIS, é lançado para a Estação Espacial Internacional, onde será

manuseada por astronautas para que o satélite seja levado para uma mesa de slide.

A partir daí, robôs colocarão o satélite em órbita através de um braço robótico

(UNIVERSITY OF SURREY, 2016).

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Figura 22: Sequência de ações necessárias para colocar o satélite Remove DEBRIS em órbita.

Fonte: University of Surrey.

O RemoveDebris custa cerca de 13 milhões de libras e pesa 100 kg. O

processo a que foi testado consiste na captura de resíduos espaciais através de um

arpão, rede e vela de arrasto, figura 23. O arpão acerta o alvo e se encaixa neste;

através de uma corda, o satélite consegue arrastar o resíduo, o qual será envolvido

por uma rede de captura. Ao final do processo, a vela de arrasto ajuda a puxar o

satélite pra baixo mais rapidamente (BBC, 2019).

Figura 23: Projeto RemoveDebris.

Fonte: Airbus, 2019.

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Por fim, a rede de arrasto, como acontece na pescaria, terá a função de levar

consigo todos os resíduos espaciais que estiverem no seu campo de alcance, afim,

de fazê-los reentrar na atmosfera onde, através do atrito e altas temperaturas, todos

serão destruídos (BBC, 2019).

Levando-se em comparação com o sistema de lasers por exemplo, esse

satélite removedor de resíduos espaciais através de arpão e rede é

consideravelmente mais barato, pois custa cerca de 13 milhões de dólares frente a 60

milhões de dólares da outra tecnologia citada, além de já haver vários experimentos

com esse tipo de satélite pelo mundo.

8.6.1- RemoveDebris – ESA

De acordo com o site Inovação Tecnológica 2015, a Agência Espacial Europeia

(ESA) também deu início aos testes de redes de captura de resíduos espaciais no ano

de 2015. Foram lançadas 20 redes, em diferentes velocidades, durante 21 voos

parabólicos em aviões, durante 2 dias. As redes, disparadas por ejetores a ar

comprimido, agarraram muito bem os satélites.

8.7- Nave Removedora de Resíduos

De acordo com o site Canaltech 2019, a empresa Astroscale Holdings, uma

instituição global que tem como foco o trabalho voltado para remoção de detritos

orbitais privados, prepara-se para lançar o seu novo satélite, o ELSA-d (sigla em inglês

para End-of-Life Services by Astroscale-demonstration). Ainda está em fase de

montagem, integração e teste.

Ele é formado por duas naves espaciais: um Servicer, com cerca de 180 kg, e

um Cliente, com cerca de 20 kg. O projeto demonstrará as contínuas capturas,

complexas e dinâmicas, fundamentais para a retirada de resíduos espaciais da órbita

terrestre. Isso se dá através da liberação e captura repetida do Cliente, através do

Servicer usando, para isso, um ímã (CANALTECH, 2019).

8.8- Remoção Ativa dos Resíduos Espaciais

Essa ação consiste na retirada ativa dos resíduos com a finalidade de

estabilizar o número desses objetos em órbita. O estudo intitulado Delta, realizado

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pela ESA, compara os cenários “Business As Usual”, figura 24, (onde há o aumento

desordenado dos resíduos espaciais) e o cenário onde há práticas mitigadoras, figura

25, ambos prevendo uma projeção para o ano de 2209 (ESA, 2017).

Figura 24: Projeção do cenário “Business As Usual” para o ano de 2209.

Fonte: ESA, 2017.

Figura 25: Projeção, para o ano de 2209, do cenário onde há práticas mitigadores acerca dos resíduos

espaciais.

Fonte: ESA, 2019.

Mesmo que as práticas mitigadoras sejam visivelmente importantes para

manter o espaço em torno da Terra menos poluído, há outros estudos feitos pela

Agência que, mesmo que se alcance um cenário quase perfeito, onde há 90% de

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conformidade com práticas mitigatórias e cumprimento de diretrizes, ainda haverá um

aumento constante da quantidade de resíduos e pode ocorrer pelo menos uma colisão

a cada 5 a 9 anos (ESA, 2017).

Limitar os lançamentos de diversos tipos de objetos para o espaço é uma

prática inviável, pois não é obrigatória. Dessa forma, promover ações mitigadoras que

mantenham o número de detritos pelo menos próximo do que existe atualmente já é

um grande passo para o futuro. Visa-se, principalmente, a retirada de objetos grandes,

pois esses geram mais resíduos em situações de colisão (ESA, 2017).

9- As “Órbitas-Cemitérios”

Uma possível solução, até o momento, seria direcionar os satélites para as

chamadas “órbitas-cemitério”, ato que se baseia em programar satélites para seguir

uma determinada órbita distante da Terra, assim que seu tempo útil esteja perto do

fim (FELIPE e TEDESCO, 2018).

Quando os satélites já não possuem mais utilidade, vão para essa localidade

por meio de seus propulsores. Esta órbita está localizada a cerca de 300 km acima da

órbita geoestacionária. Contudo, os satélites que estão em órbitas mais baixas entram

na atmosfera terrestre e são incinerados por conta do atrito (UERJ, 2017).

Como já citado neste trabalho a utilização de tecnologias voltadas para a

retirada de resíduos espaciais em torno do planeta Terra são muito importantes para

conter a poluição e evitar a Síndrome de Kessler, um problema que pode ser

irreversível futuramente.

10- Monitoramento De Resíduos Espaciais Pelas Agências

Internacionais

No contexto atual, os resíduos espaciais impactam mais o espaço exterior

(onde há um grande número de resíduos em velocidade de, no mínimo, 30.000 km/h)

que o próprio planeta Terra. Por conta disso, vê-se como indispensável o devido

monitoramento desses objetos que, casam atinjam outros, irão produzir mais detritos

espaciais (RODRIGUES, 2010).

Afim, de diminuir os riscos à população, atualmente, vários foguetes dispõem

de um sistema de reentrada controlada, permitindo-lhes o direcionamento para o

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oceano. Assim sendo, mesmo que partes de um foguete não se desintegrem

completamente, elas cairão em uma área sem habitação (EMBRAPA).

É importante que as agências espaciais e os governos estabeleçam mais

diretrizes e iniciativas para reduzir a quantidade de resíduos espaciais, contudo, para

que isso aconteça de forma eficiente, precisa-se levar em consideração as barreiras

tecnológicas, políticas, econômicas e legais que ainda não foram superadas,

principalmente, pelos países potencialmente lançadores (EMBRAPA).

10.1- National Aeronautics and Space Administration (NASA)

Por conta de problemas já enfrentados devido aos detritos espaciais e às

dimensões que a situação já chegou, os Estados Unidos, através da sua Agência

Espacial (NASA), foi o primeiro país a dispor de um conjunto de procedimentos para

a mitigação desses resíduos (MENEZES, MENEZES e Guimarães, 2013).

A NASA possui o programa Orbital Debris Program o qual faz o mapeamento

dos resíduos espaciais, registrando pontos de impacto nos painéis, figura 26, do

Telescópio Espacial Hubble.

Figura 26: Painel de controle da NASA que faz o monitoramento de resíduos espaciais.

Fonte: CNN/NASA, 2018.

O objetivo do Departamento de Defesa dos EUA é rastrear os detritos e impedir

que haja colisões, alertando os proprietários dos satélites quando estes estão em rota

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de impacto com algum objeto. Entretanto apenas objetos de 10 cm ou mais são

rastreáveis, fator que leva ao alerta quanto aos detritos menores, pois, como visto

anteriormente, pequenos pedaços de diversos equipamentos podem causar grandes

danos (CNN, 2018).

De acordo com os autores, o exemplo também foi seguido por agências de

outros países, como o Japão, França, Rússia e a Agência Espacial Europeia (ESA)

que, ao exemplo da NASA, criaram as suas próprias diretrizes de mitigação para os

detritos orbitais.

10.2- Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA)

O monitoramento dos resíduos espaciais é feito no Centro Espacial

Kamisaibara (figura 27) e no Centro Espacial Bisei (figura 28), ambos na Prefeitura de

Okayama.

Figura 27: Centro Espacial Kamisaibara Figura 28: Centro Espacial Bisei

Fonte: JAXA, 2017. Fonte: JAXA, 2017.

A agência analisa os dados dessas instalações, afim de identificar a órbita e a

posição dos resíduos e, quando é observado que há possibilidade de colisão, a

instituição emite um aviso à equipe responsável pelo satélite. O Centro de

Rastreamento e Comunicações Espaciais (STCC), com essas informações, muda a

rota dos satélites para evitar acidentes (JAXA, 2017).

10.3- Agência Espacial Europeia (European Space Agency – ESA)

Para a ESA 2019, remover os detritos ativos é de suma importância para

diminuir e estabilizar a disposição de resíduos espaciais. Mesmo que cessem todas

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as missões espaciais ou lançamentos, o número de resíduos tende a aumentar devido

às colisões no espaço.

A Agência conta com o Gabinete de Detritos Espaciais, figura 29, que está a

frente de atividades voltadas para o monitoramento e pesquisas com resíduos

provenientes do espaço, assim como práticas de medições, modelagem, proteção e

mitigação. Agências da Itália, França, Reino Unido e Alemanha também coordenam

os projetos (ESA, 2013).

Figura 29: Gabinete de Detritos Espaciais da ESA.

Fonte: ESA, 2013.

10.4- Agência Espacial Brasileira (EAB)

Recentemente, a Agência Espacial Brasileira intermediou propostas entre a

Agência Espacial Russa (Roscosmos) e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA),

para a instalação de um telescópio voltado para o monitoramento de resíduos

espaciais, figura 30. Essa parceria foi importante no que tange a crescente

preocupação com as questões ambientais acerca do espaço (AEB, 2018).

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Figura 30: Observatório de Picos Dias.

Fonte:LNA/EAB, 2018.

Isso também reflete na conscientização já observada no meio científico

nacional, dando visibilidade para um assunto que já é bastante debatido

internacionalmente. A implantação desse telescópio de monitoramento acende a

discussão, seja em meios públicos ou privados, sobre as possíveis medidas

mitigadoras e ações socioambientais que podem ser tomadas pelas nações

desenvolvidas e também pelas emergentes, afim, de proporcionar o uso sustentável

do espaço (AEB, 2018).

10.5- Agência Espacial Nacional Sul- Africana (em inglês,

South African National Space Agency, SANSA)

A África do Sul possui uma Política Espacial voltada apenas para o espaço

exterior. Nesse documento responsável por dar as diretrizes ao país, enfatiza-se que

o espaço deve ser utilizado de forma sustentável, afim, de assegurar que as atividades

dos setores públicos e privados sejam executadas de acordo com as leis sul africanas,

proporcionando melhores práticas internacionais (SANTOS, 2019).

A Agência Espacial Sul Africana visa o fortalecimento do país na questão do

monitoramento de resíduos espaciais. Afim, de maximizar esse processo, no ano de

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2017, foi inaugurado o Laboratório de Pesquisa Espacial Óptica (OSR), figura 31, em

Sutherland (SANSA, 2017).

Figura 31: Laboratório de Pesquisa Espacial Óptica, voltado para o monitoramento de resíduos

espaciais.

Fonte: SANSA, 2017.

Ainda de acordo com a Agência Espacial Nacional Sul-Africana 2017, além do

monitoramento de resíduos provenientes do espaço, esse centro de pesquisa sul-

africano também fará análise de ondas de gravidade atmosférica e recepção de

frequências muito baixas para observação de raios.

10.6- Cazaquistão: Um Dos Maiores Centros Lançadores De Foguetes

Do Mundo

O Cazaquistão possui um dos maiores centros lançadores de foguetes do

mundo, o Cosmódromo de Baikonur, figura 32. Como exemplo da importância que o

país possui nesse cenário, Yuri Gagarin, primeiro astronauta a viajar para o espaço a

bordo da espaçonave Vostok 1, decolou a partir do cosmódromo cazaque, em 1961

(SANTOS, 2019).

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Figura 32: Foguete sendo lançado a partir da base de lançamento do Cazaquistão.

Fonte: DW.com

Santos 2019 reitera que as legislações sobre o uso do espaço ainda são

recentes no país: no ano de 2012, Lei da República do Cazaquistão sobre Atividades

Espaciais foi criada e trata de pautas voltadas para o a sociedade e meio ambiente.

As atividades espaciais devem ser realizadas de forma a proteger a saúde das

pessoas, o meio ambiente e propriedades. Deve-se manter o controle ecológico do

meio ambiente e da sociedade ao redor do centro de lançamentos.

11- Diretrizes do COPUOS Para Diminuir O Problema Dos Resíduos

Espaciais

Visando mitigações para o problema dos resíduos espaciais, em 2010, o

COPUOS (Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior)

publicou diretrizes para mitigação desses detritos, intituladas Space Debris Mitigation

Guidelines. As normas expressas são de caráter voluntário, porém, expressam o

esforço de especialistas e estudiosos do assunto, profissionais que se preocupam

com o problema dos detritos espaciais e convidam os Estados-membros a

incorporarem essas medidas nos respectivos ordenamentos jurídicos desses países.

As organizações internacionais e estados-membros devem, de forma

voluntária, tomar medidas voltadas para a devida aplicação das diretrizes propostas,

a fim de que estas sejam pontuais para a redução dos resíduos espaciais. O

documento chama atenção para o Princípio da Responsabilidade intergeracional, que

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é o dever das nações em conservar o meio ambiente sadio para as atuais e futuras

gerações. Essas medidas contemplam as seguintes providências:

I. Limitar a liberação de detritos durante operações normais;

II. Minimizar o potencial de fracionamentos durante fases operacionais;

III. Limitar o potencial de colisões acidentais em órbita;

IV. Evitar destruição intencional de objetos espaciais e outras atividades

prejudiciais;

V. Minimizar o potencial de fracionamentos após a conclusão de missões,

resultantes de energia armazenada; e

VI. Limitar a presença a longo termo de objetos espaciais e estágios de veículos

lançadores em órbita baixa após o final das respectivas missões (UNOOSA, 2010).

A remoção ativa, ou seja, retirada de, pelo menos, 5 a 10 resíduos por ano da

órbita terrestre baixa, é vista como uma boa solução se corresponder a requisitos

como: capturar objetos mais críticos, de maiores massas, que possuam alto risco de

colisão e os resíduos descomissionados (ESA, 2019).

12- Responsabilidade Ética e Visão Global para o Futuro

A responsabilidade ética desse problema está relacionada à humanidade e

natureza porque, a partir do momento em que o espaço é poluído através da ação

antrópica, consequentemente, há a degradação do meio ambiente (FELIPE e

TEDESCO, 2018).

É imprescindível que se encontre um ponto de equilíbrio o qual consiga atender

aos interesses relacionados tanto à exploração espacial quanto aos da humanidade

que, além de ter o direito de desfrutar das pesquisas e informações obtidas através

da conquista do espaço, também necessita que o meio ambiente seja conservado,

afim de que haja continuidade das atividades (AEB, 2017).

Uma boa maneira de manter a responsabilidade ética seria redirecionar o

conhecimento científico, atualmente focado no desenvolvimento de novas tecnologias

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para satélites ou viagens espaciais, para recuperação do meio ambiente, como a

realização e o desenvolvimento de projetos que visem a redução do “lixo” espacial

(FELIPE e TEDESCO, 2018).

13- Reutilização e Reciclagem de Resíduos Espaciais

Morais 2009 alerta que reutilizar e reciclar resíduos espaciais e resíduos

eletrônicos em geral, ainda são processos delicados e em fase inicial. A reutilização

está voltada para as fases de produto, peças, componentes ou manutenção, enquanto

a reciclagem visa o reaproveitamento, através de refundição, de materiais como

plásticos e metais.

A reciclagem proporciona a volta ao ciclo produtivo de substâncias que seriam

descartadas. Dessa maneira, é poupada a utilização de nova matéria-prima, refletindo

no uso mais sustentável de recursos naturais como água, petróleo e e outros minerais

utilizados na produção (MORAIS, 2009).

Uma possível forma de reciclar diminuindo os custos seria a construção de um

centro de reciclagem na órbita da Terra, onde os resíduos presentes no espaço seriam

utilizados na fabricação de novos satélites e naves. Esse processo depende da

atualização das leis acerca desse assunto, que já é discutido pela ONU

(OLHARDIGITAL, 2018).

É notável que realizar a retirada de resíduos do espaço é uma tarefa árdua e

cara. Somando-se a isso, há empresas e órgãos que se omitem a fazer esse

importante processo, causando danos não apenas imediatos, mas também futuros.

Conservar o ambiente, seja ele terrestre ou espacial é possível, visto que

normas já vigentes prevêem acordos internacionais para o uso pacífico e consciente

do espaço. Essa postura deve ser adotada por todos, pois as consequências, positivas

ou negativas, afetarão a sociedade (SOMMER e CARDOSO, 2016).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se iniciou esta pesquisa, partiu-se da hipótese de que os resíduos

espaciais poderiam causar impactos às futuras missões e até mesmo ao meio

ambiente terrestre. A problemática dos resíduos espaciais é uma realidade que

precisa ser abordada e discutida no meio científico porque o acúmulo desses objetos

na atmosfera terrestre pode chegar a inviabilizar a futuras missões espaciais.

Os objetivos do trabalho foram atendidos pois, através da problemática

observada, verificaram-se alternativas para a retirada dos detritos espaciais e

possíveis formas de mitigar a poluição deixada por estes. Através do aprofundamento

na metodologia de ação de cada tecnologia abordada, viu-se que há maneiras

eficientes de retirar detritos da órbita terrestre e, pelo menos, manter o número atual

desses objetos através dos processos analisados.

Também foi alcançado o objetivo de abordagem das legislações vigentes e

resgatar o histórico sobre discussões globais sobre o tema. Há a preocupação das

grandes potências mundiais e até mesmo de países em desenvolvimento em cumprir

acordos e diretrizes internacionais voltados para o tema, mesmo que muitas dessas

não sejam obrigatórias.

Diante disso, a pesquisa abordou os tipos de impactos, que podem ser

irreversíveis caso providências, principalmente provenientes dos grandes estados

lançadores não sejam tomadas. As missões espaciais, lançamento e funcionamento

de satélites podem ser afetados por resíduos provenientes de explosões, foguetes, os

próprios satélites e, até mesmo, ferramentas deixadas no espaço.

A partir do aprofundamento acerca dos impactos, constatou-se que não apenas

o espaço é alvo da poluição, mas também o planeta Terra e a sociedade em geral

podem sofrer as consequências do descaso de muitas empresas e nações que não

se atentam para esse problema.

Mesmo que apenas uma pessoa no mundo tenha sido atingida por um

fragmento advindo da explosão de um foguete, o risco de que outra pessoa seja

atingida existe, embora seja raro. Quando perdem velocidade e caem em direção da

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superfície da Terra, grande parte dos resíduos é destruída na atmosfera por conta do

atrito, pressão e altas temperaturas. Caso consigam passar por essa camada

protetora, as chances de caírem na água são muito grandes, devido a grande

quantidade desta na superfície.

O desenvolvimento de novas tecnologias ainda se esbarra no viés bélico, pois

são pesquisas que precisam de altos investimentos e muita transparência quanto ao

projeto para serem aperfeiçoadas. Nem sempre as instituições que desenvolvem

esses estudos conseguem fundos permanentes de auxílio, pois os órgãos privados

ou não que podem apoiar justificam que tecnologias dessa magnitude possuem

finalidade dual caso sejam utilizadas como armas.

Recomenda-se, neste trabalho, que o a temática a respeito dos resíduos

espaciais seja mais abordada não apenas no meio acadêmico ou fique restrita a

agências internacionais espaciais, porque é um problema que exige a conscientização

de todos, pois afeta a todos: desde a queda de objetos na Terra, o que pode ocasionar

poluição ou acidentes até à inviabilização de missões no espaço, fator base da

Síndrome de Kessler.

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