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MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria Executiva

Diretoria de Administração Coordenação-Geral de Aquisições

Processo: 03110.007506/2014-02 Interessado: Coordenação-Geral de Administração Predial Assunto: Contratação de empresa especializada para a prestação de serviço de locação de

veículos com motoristas, para o transporte de documentação interna, deslocamento de autoridades, dirigentes, servidores em serviço e transporte de pequenas cargas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no Distrito Federal, Região do Entorno e demais localidades necessárias - Pregão Eletrônico nº 02/2015.

1. Reportando-me à impugnação interposta pela empresa OBDI MOTORS DO BRASIL EIRELI, contra o edital do Pregão Eletrônico nº 02/2015, cujo objeto visa a Contratação de empresa especializada para a prestação de serviço de locação de veículos com motorista, para deslocamento de autoridades, dirigentes, servidores em serviço e transporte de pequenas cargas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no Distrito Federal, Região do Entorno e demais localidades necessárias, temos a expor o que segue: 2. DA INTEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO.

O aviso de licitação referente o Pregão Eletrônico nº 02/2015, foi publicado no Diário Oficial da União em 05/03/2015, com abertura prevista para o dia 17/03/2015, às 9:00 horas.

De acordo com o subitem 12.1 do Edital, até dois dias úteis antes da data fixada

para abertura da sessão pública, qualquer pessoa poderá impugnar o ato convocatório do Pregão, na forma eletrônica. Considerando que o dia 17/03/2015 foi estabelecido para a abertura da sessão, e que não se computa o dia do início, o primeiro dia útil anterior, na contagem regressiva para a realização do certame é o dia 16/03/2015; o segundo é o dia 13/03/2015. Logo, conforme subitem 28.17 do Edital, qualquer pessoa poderia impugnar o ato convocatório do Pregão até às 18 horas do dia 13/03/2015.

A impugnação, conforme informado na mensagem da empresa OBDI MOTORS

DO BRASIL EIRELI, de 13/03/2015, foi enviada pelo e-mail [email protected], no dia 13/03/2015 às 18:08 horas, portanto, resta configurada sua INTEMPESTIVIDADE. 1. DA ALEGAÇÃO A impugnante alega que o edital prevê a contratação de serviço de transporte de pessoas, documentos e pequenos objetos, cuja categoria profissional que executará os serviços objetos do pregão eletrônico 02/2015 é a de motorista, tida como diferenciada conforme entendimento juridico expresso no texto abaixo:

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O enquadramento sindical dos empregados e

empregadores no Brasil é definido pela CLT, art. 511, o qual estabelece diferenciação

entre categoria profissional (empregados) e categoria econômica (empregadores).

Em princípio, o que define a categoria sindical dos empregados/empregadores é a

atividade principal do empregador. Aplicando-se a noção pura aos empregados, tem-se

que, a configuração de categoria profissional deve ser definida levando-se em

consideração a atividade principal desenvolvida pela empresa.

Contudo, a legislação prevê situações excepcionais de enquadramento sindical, as

chamadas categorias diferenciadas. A CLT, no § 3º, do aludido artigo, estatui a

definição legal de categoria diferenciada nos seguintes termos: “Categoria

diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções

diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de

condições de vida singular (…)”.

Nesse contexto, certos empregados serão enquadrados como categoria diferenciada,

independentemente da atividade econômica em que exerçam o trabalho.

Assim, as categorias diferenciadas não seguem o enquadramento pela atividade

preponderante da empresa, já que possuem peculiaridades inerentes à própria

profissão, não guardando nenhuma identidade com os demais trabalhadores da

empresa.

Dentre as categorias diferenciadas encontra-se a dos motoristas e demais empregados

abarcados pela singularidade desta profissão, como ajudantes, conferentes, etc.

Diante deste enquadramento diferenciado, resta pacífico na jurisprudência e na

doutrina que estes empregados, diante das particularidades das suas atividades,

enquadram-se na exceção prevista no § 3º, do art. 511, e, portanto, devem estar filiados

ao Sindicato dos Motoristas competente, devendo o empregador se preocupar por

cumprir as normas coletivas desta categoria, independente da atividade desenvolvida

pela empresa.

Entretanto, necessário citar o teor da Súmula 374, do TST, substanciada na Orientação

Jurisprudencial n° 55, da SDI-I, do TST, que disciplina que o empregado integrante de

categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver do seu empregador

vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada

por órgão de classe de sua categoria.

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Assim, a norma coletiva somente abrange os

empregados de categoria profissional diferenciada se a instituição sindical que os

representa tiver, a partir de negociação prévia, firmado acordo ou convenção coletiva

de trabalho com a empresa.

Dessa forma, conclui-se que a empresa que não possui como atividade preponderante o

transporte, mas, no entanto, possui motoristas empregados, só estará obrigada a

conferir a estes os benefícios da convenção coletiva da categoria diferenciada, caso o

sindicato representativo da atividade preponderante da empresa tenha participado na

negociação coletiva.

Esclarece-se que o simples fato de se pagar a contribuição sindical à categoria

diferenciada não implica na aplicação automática da norma coletiva da categoria

diferenciada. Assim, é necessário que o empregador ou o sindicato que o represente

tenha participado das negociações da norma coletiva da categoria diferenciada para

que esta lhe possa ser aplicável.

Em compêndio, pode-se concluir que a configuração material da hipótese de categoria

profissional diferenciada exige tão somente que seus integrantes – os profissionais

autônomos e empregados – componham e efetivamente exerçam determinada profissão

ou atividade profissional autonomamente ou no âmbito do empregador, nos termos de

seu estatuto legal instituidor, ou em decorrência de funções diferenciadas por força de

estatuto profissional especial, ou em decorrência de situações singularmente

estabelecidas e que estejam organizadas sindicalmente.

A identificação do empregado como integrante ou não de determinada categoria

profissional diferenciada não é fruto da opção individual deste, mais sim decorre da

caracterização legal constante no Ordenamento Jurídico profissional, sendo este um

critério legal, coercitivo, não facultativo, opcional. O gozo dos benefícios previstos em

normas coletivas desta categoria diferenciada, por sua vez, está condicionado a

participação do sindicato da classe da atividade preponderante do empregador, caso a

empresa não tenha como atividade fim o transporte.

Milena Silva Rocha Martins. Advogada da área trabalhista do escritório Brum &

Advogados Associados, sociedade jurídica de Vitória (ES), com filial em Nanuque

(MG) e em Los Angeles Branch (EUA), com mais de 30 anos de experiência em

assuntos pertinentes ao meio empresarial e no relacionamento com a sociedade e com o

setor público.

Neste mesmo sentido reza decisão do Ministério Público do Trabalho, em decisão manifestada

pela procuradoria regional do trabalho da 23ª região-Cuiabá:

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“Fixar nos instrumentos convocatórios, os

salários das categorias ou dos profissionais que serão disponibilizados para a

execução do serviço pela contratada , deixou de ser uma prática vedada a

administração desde a edição da Instrução Normativa MPOG/SLTI nº 3/2009, que

expressamente revogou o inciso II do artigo 20 da Instrução Normativa MPOG/SLTI nº

2/2008, conforme entendimento manifestado no Acordão 1612/2010 do TCU em seção

de 07/07/2010, em sua página 12”.

Convergindo nessa direção, o acordão 1584/2010, abaixo transcrito, reza:

Acórdão 1584/2010 Plenário

29. Ocorre que o Tribunal evoluiu seu ponto de vista em torno do tema. Inaugurando novo entendimento, adveio o Acórdão nº 256/2005-TCU-Plenário, impulsionado pelo voto do Ministro Marcos Vilaça, cujos trechos principais importa reproduzir:

...

“11. A proibição estabelecida pela Lei está vinculada ao princípio da indisponibilidade do interesse público, pelo qual o gestor não está autorizado a recusar propostas mais vantajosas à Administração. Ocorre, entretanto, que a vantajosidade não pode ser aferida em todos os casos apenas com base no preço, apesar de ser este, obviamente, o seu indicativo mais preciso. Mais que isso, em alguns casos os itens adquiridos têm seu valor mínimo estabelecido por força de normativos o que lhes torna inaplicável a mencionada regra do art.40.

...

16. Não acredito que o princípio da vantajosidade deva prevalecer a qualquer custo. A terceirização de mão-de-obra no setor público, quando legalmente permitida, não pode ser motivo de aviltamento do trabalhador, com o pagamento de salários indignos. A utilização indireta da máquina pública para a exploração do trabalhador promete apenas ineficiência dos serviços prestados ou a contratação de pessoas sem a qualificação necessária.

...

30. No mesmo sentido, temos o Acórdão nº 290/2006-TCU-Plenário, cujo voto condutor do Ministro Augusto Nardes foi assentado em argumentos que merecem alusão:

13. Há, contudo, outros pontos que devem ser considerados no presente julgamento, como aduzido pelo recorrente. Trata-se da questão da proposta mais vantajosa e a satisfação do interesse público. Reconheço que existe, sim, a possibilidade de aviltamento dos salários dos terceirizados e conseqüente perda de qualidade dos serviços, o que estaria em choque com satisfação do interesse público. Nesse aspecto, no caso de uma contratação tipo menor preço, em que as empresas mantivessem os profissionais pagando-lhes apenas o piso da categoria, entendo que não seria razoável considerar, apenas como vantagem a ser obtida pela Administração, o menor preço. Livres de patamares salariais, os empregadores, de forma a maximizar seus lucros, ofertariam mão-de-obra com preços de serviços compostos por salários iguais ou muito próximos do piso das categorias profissionais, o que, per se, não garantiria o fornecimento de mão-de-obra com a qualificação pretendida pela

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Administração. Sob esse prisma, entendo que a qualidade e a eficiência dos serviços postos à disposição de órgãos públicos não pode ficar à mercê da política salarial das empresas contratadas.

Ocorre que no Distrito Federal coexistem Convenções Coletivas indicando salários e benefícios muito diferentes entre si.

O sindicato representativo da categoria de motorista é o SITRATTER, mas o Sindiloc DF mantém uma CCT com salários mais baixos (CCTs em anexo).

Neste condão o trabalhador motorista fica a mercê de salários muito diferentes entre si, afetando a vida e o desempenho do profissional, intraquilidade que a mera indicação do salário supera.

Destacamos ainda que muitos editais, onde o conflito de salários e sindicatos ameaçam direitos tem se optado pela indicação dos sindicatos e salários é o caso da CEF, Edital 194/7068, ANS pregão 10/2015 e tantos outros na esfera Federal.

Em não havendo a indicação do piso salarial, a representação sindical e nem a convenção coletiva incidente, é evidente que a questão salarial atinentes aos motoristas que prestarão o serviço, constitui fator preponderante para compor o preço final da prestação, e neste ponto, importa assegurar a viabilidade da prestação objeto do contrato com o afastamento de propostas inexeqüíveis, que invariavelmente acarretam os conhecidos 'termos aditivos' ou os pedidos de 'reequilíbrio contratual, nesse sentido decisão do TRF4, em anexo.

Também faz-se necessário salientar que tal pleito visa apenas a isonomia entre os participantes, princípio inafastável das licitações, e a defesa de princípios trabalhistas, onde o agente público não pode ser o primeiro algoz, mas o defensor incondicional e o exemplo a ser difundido.

A ofensa ao princípio da isonomia dá-se aqui entre os participantes, uma vez que, em o edital não estipulando o piso salarial que pagando salários iguais, estarão em condições de competir pela competência técnica e operacional não pela exploração do trabalhador prestador.

Diante do exposto, com base nos fulcros legais, requeremos a inserção no edital de cláusula indicativa da condição de categoria diferenciada do motorista e ainda a indicação dos salários representativos da categoria motorista conforme o sindicato SITRATTER, representante da categoria no Distrito Federal.

2. DO PEDIDO

Requere:

Pede e espera Deferimento,

3. DA ANÁLISE

O pedido de impugnação foi enviado para a área demandante da contratação, a qual manifestou que:

1 – A empresa insurge contra o Edital alegando a necessidade de indicação da CCT a ser utilizada para fins de estipulação do salario e benefícios dos motoristas, visto que, de acordo com a empresa, existem dois sindicatos representativos da categoria que diferenciam o salario.

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2 – Sobre o assunto, convém, primeiramente ressaltar que de acordo com a CF não há como obrigar a filiação ou associação a determinado Sindicato ou Associação, conforme artigo 8º in verbis:

“Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;” 3 - Ademais, o foco do objeto do Pregão constitui em locação de veículos e não terceirização de mão de obra, conforme se verifica no item 4.18 do Termo de Referência anexo I do Edital, descrito abaixo:

4.18 O condutor utilizado na prestação de serviços caracteriza força de trabalho acessória ao contrato de locação de veículos, portanto, em nada deve ser comparada com terceirização de serviços de mão-de-obra, razão pela qual todas as adequações de escalas, horas excepcionais, horas de repouso e eventuais revezamentos devem ser previstos pela empresa em sua proposta de preços, sem que isso possa vir a refletir qualitativamente, quantitativamente ou economicamente no contrato.

Posto isto, entendemos ser improcedente a impugnação ora interposta.

4. DA CONCLUSÃO

Recebo a impugnação interposta, mesmo intempestiva, para negar-lhe provimento, em face da impertinência das alegações, o que ensejará na manutenção do rito procedimental referente ao Pregão Eletrônico nº 02/2015.

Brasília-DF, 16 de março de 2015.

MARIA HELENA ALVES FIGUEREDO Pregoeira