lista de exercícios 3o bimestre

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS CAMPUS X - CURVELO DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA E CULTURA TURMAS: EDI, ELE, MEA – 1º ANO 2010 Professora Ana Elisa Novais LISTA DE EXERCÍCIOS - 3º BIMESTRE PARTE 01 - BARROCO Nasce o Sol e não dura mais que um dia Depois da Luz se segue a noite escura Em tristes sombras morre a formosura Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura na se dê constância, E na alegria sinta-se a tristeza. Começa o mundo em fim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. (MATOS, Gregório. 25 poemas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1998. p.44.) 01) A respeito do soneto de Gregório de Matos é INCORRETO afirmar: a) O poeta, influenciado pelo classicismo, estabelece um paralelo entre os processos naturais e o percurso humano. b) O poeta, inspirado no desconcerto do mundo camoniano, se queixa da brevidade da vida e da instabilidade do mundo. c) O poeta, apesar da visão pessimista, observa que o destino das tristezas é se transformarem em alegria. d) O poeta, baseando-se numa constatação pragmática, afirma que a Luz e formosura estão destinadas a desaparecer. e) O poeta, imbuído no espírito Barroco que enforma a sua poesia, vê o mundo às avessas, em que o fulgaz é o que permanece. 02) (UFV-MG) Leia atentamente o fragmento do sermão do padre Antônio Vieira: "A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros. Tão alheia cousa é não só da razão, mas da mesma natureza, que, sendo criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer."

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

CAMPUS X - CURVELO DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA E CULTURA

TURMAS: EDI, ELE, MEA – 1º ANO 2010 Professora Ana Elisa Novais

LISTA DE EXERCÍCIOS - 3º BIMESTRE

PARTE 01 - BARROCO Nasce o Sol e não dura mais que um dia Depois da Luz se segue a noite escura Em tristes sombras morre a formosura Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura na se dê constância, E na alegria sinta-se a tristeza. Começa o mundo em fim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. (MATOS, Gregório. 25 poemas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1998. p.44.)

01) A respeito do soneto de Gregório de Matos é INCORRETO afirmar:

a) O poeta, influenciado pelo classicismo, estabelece um paralelo entre os processos naturais e o percurso humano.

b) O poeta, inspirado no desconcerto do mundo camoniano, se queixa da brevidade da vida e da instabilidade do mundo.

c) O poeta, apesar da visão pessimista, observa que o destino das tristezas é se transformarem em alegria. d) O poeta, baseando-se numa constatação pragmática, afirma que a Luz e formosura estão destinadas a

desaparecer. e) O poeta, imbuído no espírito Barroco que enforma a sua poesia, vê o mundo às avessas, em que o fulgaz é o

que permanece.

02) (UFV-MG) Leia atentamente o fragmento do sermão do padre Antônio Vieira:

"A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros. Tão alheia cousa é não só da razão, mas da mesma natureza, que, sendo criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer."

(VIEIRA, Antônio. Obras completas do Padre Antônio Vieira: sermões. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçal o Alves. Porto: Lello e Irmão - Editores, 1993. v. III, p. 264-265.)

O texto de Vieira contém algumas características do Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela em que NÃO se confirmam essas tendências estéticas:

a) A utilização da alegoria, da comparação, como recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte. b) A tentativa de convencer o homem do século XVII, imbuído de práticas e sentimentos comuns ao

semipaganismo renascentista, a retomar o caminho do espiritualismo medieval, privilegiando os valores cristãos.

c) A presença do discurso dramático, recorrendo ao princípio horaciano de "ensinar deleitando" — tendência didática e moralizante, comum à Contra-Reforma.

d) O tratamento do tema principal — a denúncia à cobiça humana - através do conceptismo, ou jogo de idéias. e) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem x mal, em linguagem simples, concisa, direta e expressiva da

intenção barroca de resgatar os valores greco-latinos.

03) (UFV/MG-2006) Assinale abaixo a alternativa em que a metalinguagem aparece como recurso discursivo nos sermões do Padre Antônio Vieira:

a) O estilo era que o Pregador explicasse o Evangelho: hoje o Evangelho há de ser a explicação do Pregador. Não sou eu o que hei de comentar o Texto; o Texto é o que me há de comentar a mim. Nenhuma palavra direi que não seja sua, porque nenhuma cláusula tem que não seja minha. “Sermão da Epifania”

b) Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque

quer que façam na terra, o quefaz o sal. “Sermão de Santo Antônio”

c) Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por conseqüência clara que fica por parte do pregador. “Sermão da Sexagésima”

d) Este Sermão, que hoje se prega na Misericórdia de Lisboa, e não se prega na Capela Real, parecia-me a mim,

que lá se havia de pregar e não aqui. Porque o Texto em que se funda o mesmo sermão, todo pertence à Majestade daquele lugar e nada à piedade deste. “Sermão do Bom Ladrão”

e) Dizei-me, Cristão, se vos víreis em poder de um tirano que vos quisesse tirar a vida pela Fé de Cristo; que

havíeis de fazer? Dar a vida, e mil vidas. Pois o mesmo é dar a vida pela Fé de Deus, que dar a vida pelo serviço de Deus. “Sermão da Primeira Dominga da Quaresma”

04) (UFV/MG-2006) Leia com atenção o fragmento abaixo, extraído do “Sermão da Sexagésima”, do Padre Antônio Vieira: “Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por conseqüência clara que fica por parte do pregador. E assim é. Sabeis, Cristãos, por que não faz fruto a palavra de Deus? Por culpa dos Pregadores. Sabeis, Pregadores, por que não faz fruto a palavra de Deus? Por culpa nossa.”

Com base no fragmento, pode-se afirmar que o texto relata as dúvidas do pregador diante:

a) da fé cristã, típica do período barroco. b) da tarefa de cristianizar o mundo, questionando a importância da mensagem. c) da onipotência de Deus, característica da mentalidade barroca.

d) de seu próprio papel enquanto mensageiro da palavra de Deus. e) das atitudes do público ouvinte, pouco dedicado à mensagem cristã.

05) (ITA-SP) Leia o texto abaixo e as afirmações que se seguem.

"Que falta nesta cidade? Verdade. Que mais por sua desonra? Honra. Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.

O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha."

(GUERRA Gregório de Matos. Os melhores poemas de Gregório de Matos Guerra. Rio de Janeiro: Record, 1990.)

I - Mantém uma estrutura formal e rítmica regular. II - Enfatiza as idéias opostas. III - Emprega a ordem direta. IV - Refere-se à cidade de São Paulo. V - Emprega a gradação. Então, pode-se dizer que são verdadeiras:

a) Apenas I, II, IV. b) Apenas I, II, V. c) Apenas I, III, V. d) Apenas I, IV, V. e) Todas.

06) (Fatec-SP)

As cousas do mundo

"Neste mundo é mais rico o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa: O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa; Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa. Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa." Gregório de Matos Guerra. Seleção de obras poéticas.

A alternativa que melhor exprime as características da poesia de Gregório de Matos, encontradas no poema transcrito, é a que destaca a presença de:

a) Inversões da sintaxe corrente, como em “Com sua língua, ao nobre o vil decepa” e “Quem menos falar pode”. b) Conflito entre os universos do profano e do sagrado, como se vê na oposição “Quem dinheiro tiver” e “pode

ser Papa”. c) Metáforas raras e desusadas, como no verso experimental “a Musa topa/Em apa, epa, ipa, opa, upa”. d) Contraste entre os pólos de antíteses violentas, como “língua” —“decepa” e “menos falar” —“mais increpa”. e) Imagens que exploram os elementos mais efêmeros e diáfanos da natureza, como “flor” e “tulipa”.

07) (UFSCAR-SP)

"O pregar há-de ser como quem semeia,e não como quem ladrilha ou azuleja.Ordenado,mas como as estrelas.(...) Todas as estrelas estão por sua ordem;mas é ordem que faz influência,não é ordem que faça lavor.Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu,da outra hão-de dizer subiu.Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o estilo da disposição,e também o das palavras." (VIEIRA, Padre Antônio. Sermão da sexagésima. Disponível em:)

No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão, que era comum na arte de pregar dos padres dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o objetivo de:

a) Defender a ordenação das idéias em um sermão. b) Fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido. c) Comparar o sermão de certos pregadores a uma verdadeira prisão. d) Mostrar que o xadrez se assemelha ao semear. e) Criticar a preocupação com a simetria do sermão.

08) (PUC-CAMPINAS/SP-2007) O pensador italiano Umberto Eco, ao analisar a poética do Barroco, afirma que ela “reage a uma nova visão do cosmo introduzida pela revolução copernicana. Assim, as perspectivas múltiplas produzidas pela arte barroca refletem essa concepção – não mais geocêntrica, e portanto não mais antropocêntrica – de um universo ampliado rumo ao infinito”. (Adaptado de VV.AA. A física e suas muitas interações e interfaces. Ciência e Cultura n. 3, 2005)

As perspectivas múltiplas produzidas pela arte barroca, a que Umberto Eco faz referência no texto, expressam-se na linguagem verbal por meio do uso intensivo de figuras como as antíteses, os paradoxos, os quiasmos — figuras que favorecem um jogo de simetrias e oposições.

É o que se pode notar em qual destes versos de Gregório de Matos?

a) A assombração apagou a candeia Depois no escuro veio com a mão Pertinho dele Ver se o coração ainda batia

b) São golpes, são espinhos, são lembranças Da vida ao teu menino que, ao sol posto, Perde a sabedoria das crianças

c) Cantos de amor, salmos de prece, Gemidos, tudo anda por esse Olhar que Deus à terra desce.

d) E quer meu mal, dobrando os meus tormentos, Que esteja morto para as esperanças, E que ande vivo para os sentimentos.

e) O sacristão chama-se São Bentinho E a gente logo que sai da igreja Cai no rio espraiado

09) (UFRRJ)

Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol as Inconstâncias dos Bens do Mundo.

"Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância."

(GUERRA, Gregório de Matos. Antologia poética. Rio de Janeiro: Ediouro, 1991. p. 84.)

Um dos aspectos da arquitetura do poema barroco é aquele em que conceitos e/ou palavras são inicialmente citados ao longo do poema para, mais adiante, serem retomados conclusivamente. Esse recurso, no soneto de Gregório de Matos, acontece respectivamente:

a) Nos dois quartetos e no 2º terceto. b) No 1º quarteto e no 2º quarteto. c) Nos dois quartetos e nos dois tercetos. d) No 2º quarteto e no 1º terceto. e) No 1º terceto e no 2º terceto.

10) (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam esse conflito é:

a) "Um paiá de Monal, bonzo bramá, Primaz da Cafraria do Pegu, Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,

Quer ser filho do sol, nascendo cá." Gregório de Matos Guerra

b) "Temerária, soberba, confiada, Por altiva, por densa, por lustrosa, A exaltação, a névoa, a mariposa, Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada." Botelho de Oliveira

c) "Fábio, que pouco entendes de finezas! Quem faz só o que pode a pouco obriga: Quem contra os impossíveis se afadiga, A esse cede amor em mil ternezas." Gregório de Matos Guerra

d) "Luzes qual sol entre astros brilhadores, Se bem rei mais propício, e mais amado; Que ele estrelas desterra em régio estado, Em régio estado não desterras flores." Botelho de Oliveira

e) "Pequei Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. " Gregório de Matos Guerra

11) (UEL-PR) O caráter essencial do Barroco está no apelo às emoções, na busca do movimento, na dramatização das expressões, nas colunas torcidas e nos panejamentos em “S” (sinuosos) das roupas dos santos. Com base nos conhecimentos sobre o Barroco, analise as imagens a seguir.

Correspondem à arte barroca apenas as imagens:

a) 1 e 2. b) 1 e 3. c) 2 e 4.

d) 1, 3 e 4. e) 2, 3 e 4.

12) (PUC/PR/PAES-2006) Das características abaixo, assinale aquela que definitivamente NÃO SE APLICA ao Barroco:

a) Busca pela simplicidade, através de uma linguagem que se quer clara e objetiva, defendendo o conceito de arte como imitação, tanto da natureza quanto dos modelos clássicos.

b) O dilema revelado nas composições barrocas centra-se na oposição entre vida eterna versus vida terrena; espírito versus carne. Dentro do Maneirismo e dentro do Barroco não há possibilidade de conciliação para estas antíteses. Ou se vive sensualmente a vida, ou se foge dos gozos humanos e se alcança a eternidade.

c) Suas expressões literárias e artísticas revelam o conflito entre os prazeres corpóreos e as exigências da alma, que afligia o homem barroco.

d) A forma conflituosa e exagerada dos barrocos traduz um estado de mal-estar causado pela oposição entre os princípios renascentistas e a ética cristã, entre a lascívia dos novos tempos e a tradição medieval. Traduz também o gosto pela agudeza do pensamento, pela artificialidade da linguagem e pelo desejo de causar assombro no leitor.

e) A audácia verbal revelada pela estética barroca não tem limites: comparações inesperadas, antíteses, paradoxos, hipérboles, inversões nas frases, palavras raras revelam um estilo retorcido, contraditório, por vezes brilhante, por vezes incompreensível e de mau gosto.

13) (PUC/PR/PAES-2006) Ainda que alguns críticos e historiadores encontrem lampejos de genialidade e nacionalismo nas manifestações literárias barrocas no Brasil do séc. XVII, não se pode deixar de considerar a mediocridade quase que geral deste período. Poucos autores resistem a uma leitura crítica. Dois nomes, entretanto, superam a pobreza intelectual do contexto em que inscrevem suas obras. São eles:

a) Gregório de Matos Guerra e Padre Antônio Vieira. b) Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. c) Silva Alvarenga e Botelho de Oliveira. d) Gregório de Matos Guerra e Cláudio Manuel da Costa. e) Padre Antônio Vieira e Tomás Antônio Gonzaga.

14) (UPE – 2007) Às religiosas que em uma festividade, que celebraram, lançaram a voar vários passarinhos

“Meninas, pois é verdade, não falando por brinquinhos, que hoje aos vossos passarinhos se concede liberdade: fazei-me nisto a vontade de um passarinho me dar, e não devendo-o negar, espero m'o concedais, pois é dia em que deitais passarinhos a voar.”

(Gregório de Matos. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix. p. 262.)

Sabe-se que Gregório de Matos, entre outros textos, teria escrito poemas satíricos, de caráter erótico-irônico. O poema acima é um exemplo disso. Os enunciados abaixo trazem alguns comentários sobre esse poema e sobre o contexto histórico em que se insere. Analise-os.

I. A sátira gregoriana consiste na brincadeira lançada a respeito de um fato que parece ter realmente ocorrido, como nos sugere o título. O efeito sarcástico ocorre pela ambigüidade da palavra ‘passarinhos'.

II. Foi tomando por referência poemas como este, entre outras razões, que Gregório de Matos ficou conhecido como ‘Boca do Inferno'.

III. O poema pode ser considerado barroco, pois aborda, claramente, um tema religioso, representado na figura das religiosas em ato de celebração.

IV. O subtítulo ‘Décima'faz referência ao poema de estrutura fixa, composto por uma ou mais estrofes de dez versos. No Barroco brasileiro, esses versos costumam dispensar o recurso à rima.

V. A antítese, recurso retórico tão comum ao Barroco, predomina na composição deste poema, como revelam sobretudo os quatro primeiros versos.

A afirmativa é verdadeira nos itens

a) II, III e V, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III, apenas. d) I, II e IV, apenas. e) II, IV e V, apenas.

15) Considere as afirmações

I. A temática e a linguagem barrocas expressam os conflitos experimentados pelo homem do século XVII. II. A linguagem barroca caracteriza-se pelo emprego de figuras, como comparação e alegoria, entre outras.

III. A antítese e o paradoxo são as figuras que a linguagem barroca emprega para expressar a divisão entre mundo material e mundo espiritual.

IV. A estética barroca privilegia a visão racional do mundo e as relações humanas, buscando na linguagem a fuga às constrições do dia-a-dia.

a) I e II estão corretas b) II e IV estão corretas c) III está correta

d) I, II e IV estão corretas e) I, II e III estão corretas

16) Que figuras do Barroco sobressaem na estrofe abaixo de Gregório de Matos? Anjo no nome, Angélica na cara, Isso é ser flor e Anjo juntamente, Ser Angélica flor, e Anjo florente, Em quem, senão em vós se uniformara?

a) Prosopopéia e antítese. b) Antítese e metáfora. c) Metáfora somente. d) Metáfora e hipérbole. e) Antítese e hipérbole.

17) (UEPA-2005) Na estética barroca, os temas mais freqüentes evidenciados na poesia, dizem respeito à aflição e a ansiedade frente à transitoriedade da vida. Levando em conta essa afirmativa, identifique o fragmento poético que tematiza essa transitoriedade.

a) A vós correndo vou, Braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos; Que para receber-me estais abertos E por não castigar-me estais cravados.

b) Ando sem me mover, falo calado, O que mais peço vejo, se me ausenta,

E o que estou sem ver, mais me atormenta, Alegro-me de ver-me atormentado.

c) Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?

d) Anjo no nome, Angélica na cara.

Isso é ser anjo e flor conjuntamente, Ser Angélica flor, anjo florente Em que, se não em vós, se uniformara?

e) Quem vira uma flor, que não a cortará,

de verde pé, da rama fluorescente; E quem um anjo vira tão reluzente, Que por seu deus o não idolatrará?

18) (PRISE-2005) Ofendi-vos, meu deus, bem é verdade, É verdade, Senhor, que hei delinqüido, Delinqüido vos tenho e ofendido, Ofendido vos tem minha maldade. Arrependido estou de coração, De coração vos busco, dai-me os braços, Abraços, que me rendem vossa luz. (José Miguel Wisnik (org.). Gregório de Matos: Poemas escolhidos. São Paulo, Cultrix/sd) Analisando o trecho do poema acima, podemos constatar que ele é marcado pelo(a):

a) culto ao contraste e tendência para os jogos de palavras, atitudes peculiares ao espírito do Trovadorismo. b) revolta contra o destino do homem: o inferno e a desgraça espiritual, orientação do período árcade a que

pertencem os textos. c) consciência da necessidade de ser piedoso para poder ser perdoado por Deus.

19) Observe a poesia lírica de Gregório de Matos Guerra: A MESMA D. ÂNGELA Anjo no nome, Angélica na cara Isso é ser flor e anjo juntamente Ser Angélica flor e Anjo florente Em quem senão em vós se uniformara Quem vira uma tal flor que a não cortara De verde pé da rama florescente E quem um anjo vira tão luzente

Que Põe seu Deus, o não idolatrara? Se, pois como Anjo sois dos meus altares Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda Livrara eu de Diabólicos azares. Mas vejo que por bela e por galharda Posto que os anjos nunca dão pesares, Sois anjo que me tenta e não me guarda.

Dele só não podemos afirmar que:

a) O soneto transcrito revela muito do estilo cultista adotado por Gregório. Notamos, em primeiro lugar, ao observar o trocadilho anjo-angélica

b) O toque barroco aparece no jogo de contradições revelado nos tercetos: se a bela mulher é anjo, como é possível que, em vez de garantir proteção , cause apenas a tentação ao eu lírico?

c) O soneto se inicia com uma louvação de uma beleza angelical e se encerra como advertência contra uma tentação,

d) Este é um bom exemplo de soneto que mantém a imagem feminina angelical e a tentação da carne que atormenta o espirito.

e) Há uma preocupação existencial no soneto que é fazer da mulher um ser contraditório mas que opta ao final pela espiritualidade própria da escola barroca, induzida pela Contra-Reforma católica.

20) (Unama 2000) Leia com atenção os textos a seguir: "Essa ânsia de ir para o céu e a de pecar mais na terra". (Carlos Drummond de Andrade) "Porque, quanto mais delinqüido Vos tenho a perdoar mais empenhado" (Gregório de Matos Guerra) Cotejando-se (comparando-se) os versos dos dois poetas, separados, no tempo, por quase três séculos, a leitura revela o seguinte tema convergente:

a) Fugacidade da Vida. b) A Contradição Humana. c) A Ruptura com o Divino. d) Nacionalismo Exacerbado. e) Sentimento de evasão

21) A vós, correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos, Que, para receber-me, estais abertos E, por não castigar-me, estais cravados. A vós, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lágrimas abertos Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechados. Os versos de Gregório de Matos Guerra apresentam ao leitor uma das temáticas da poesia barroca que consiste:

a) na antítese entre a consciência do pecado e o pedido de perdão a Cristo b) na permanente preocupação com a salvação da alma c) no eterno dilema do homem ante a sua condição de pecador d) na certeza de que a salvação lhe está garantida e) nos questionamentos permanentes acerca da transcendência

22) (UEPA) "É a vaidade, Fábio, nesta vida Rosa, que da manhã ensolarada Púrpuras mil, com ambição dourada Airosa rompe arrasta presumida" Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a principal característica do, Barroco é:

a) o rebuscamento da linguagem. b) a não utilização de rimas alternadas. c) a ausência de antíteses. d) a temática da preponderância humana. e) o uso de aliterações.

23) Ao abordar a figura feminina através de Uma perspectiva conflituosa, no soneto "A mesma D. Angela", Gregório de Matos assim apresenta o último terceto: “Mas vejo que por bela, e por galharda. Posto que os anjos nunca dão pesares, Sois anjo que me tenta e não me guarda.” Daí podemos concluir que:

a) os elementos da natureza refletem com exatidão a beleza feminina. b) a figura feminina aparece etérea, divinizada, e, como tal, bem distante do eu lírico. c) a única felicidade terrena, está na realização amorosa – é o que prega tal terceto. d) coexistem aí sedução mítica e carnal e) a noção de efemeridade da vida ressalta neste terceto pelos jogos de metáforas utilizados.

PARTE 02 - ARCADISMO

01) “Oh! Que saudades Do luar da minha terra Lá na serra branquejando Folhas secas pelo chão Este luar cá de cidade Tão escuro não tem aquela saudade Do luar lá do sertão!” Os versos acima ilustram características do Arcadismo:

a) exaltação à natureza da terra natal b) declarada contenção dos sentimentos c) expressão de sentimentos universais d) volta ao passado para escapar das agruras do presente e) oposição entre o campo e a cidade

2) (PUC-CAMPINAS/SP-2007) A imagem mítica de uma natureza harmônica, capaz de inspirar o desejo do equilíbrio racional e da vida simples, constitui uma espécie de paradigma da poesia neoclássica, tal como se pode perceber nestes versos:

a) O Demo a viver se exponha Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha.

b) O vocábulo puro, em que me amparo,

Esquiva-se a meu jugo; e raro canto. Que a palavra da boca é sempre inútil Se o sopro não lhe vem do coração.

c) O poema é uma pedra no abismo.

O eco do poema desloca os perfis. Para bem das águas e das almas

Assassinemos o poeta.

d) A morte é limpa. Cruel mas limpa. Com seus aventais de linho – Fâmula – esfrega as vidraças. Tem punhos ágeis e esponjas.

e) Pois que viva eu em paz, em calma pura,

Abrandando a paixão nestes ribeiros, Aspirando dos álamos a brandura, Ouvindo ao vento os cantos mais inteiros.

3) (UFAC-2007) O Arcadismo brasileiro surgiu por volta de 1700, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. Sobre essa escola literária, só não se pode afirmar que:

a) Tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos e latinos, dos quais imita os motivos e formas. b) Apresentou uma corrente de conotação ideológica, envolvida com as questões sociais do seu tempo, com

a crítica aos abusos de poder da Coroa Portuguesa. c) Legou a nós os poemas de feição épica Caramuru, de Frei José de Santa Rita Durão e O Uraguai, de Basílio

da Gama, no qual se reconhece qualidade literária destacada em relação ao primeiro. d) Teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que, de forma original, recusou a motivação bucólica e

os modelos camonianos da lírica amorosa. e) Em termos dos valores estéticos básicos, norteou a produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que

celebrizou Tomás Antonio Gonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento local dos temas pelo autor.

4) (UNIFESP-2007) INSTRUÇÃO: Leia o poema de Bocage para responder às questões de número 4a a 4d. Olha, Marília, as flautas dos pastores Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes Os Zéfiros brincar por entre flores? Vê como ali, beijando-se, os Amores Incitam nossos ósculos ardentes! Ei-las de planta em planta as inocentes, As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira, Ora nas folhas a abelhinha pára, Ora nos ares, sussurrando, gira: Que alegre campo! Que manhã tão clara! Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira, Mais tristeza que a morte me causara.

4a) A descrição que o eu lírico faz do ambiente é uma forma de mostrar à amada que o amor

a) acaba quando a morte chega. b) tem pouca relação com a natureza. c) deve ser idealizado, mas não realizado. d) traz as tristezas e a morte. e) é inspirado por tudo o que os rodeia.

4b) O emprego de Mas, na última estrofe do poema, permite entender que

a) todo o belo cenário só tem tais qualidades se a mulher amada fizer parte dele. b) a ausência da mulher amada pode levar o eu-lírico à morte. c) a morte é uma forma de o eu-lírico deixar de sofrer pela mulher amada. d) a mulher amada morreu e, por essa razão, o eu-lírico sofre. e) o eu-lírico sofre toda manhã pela ausência da mulher amada.

4c) Leia os versos e analise as considerações sobre as formas verbais neles destacadas. I. “Olha, Marília, as flautas dos pastores...”— Como o eu lírico faz um convite à audição das flautas dos pastores, poderia ser empregada a forma Ouça, no lugar de Olha. II. “Vê como ali, beijando-se, os Amores...” — A forma verbal, no imperativo, expressa um convite do eu lírico para que a amada se delicie, junto a ele, com o belo cenário. III. “Mas ah! Tudo o que vês...” — A forma verbal, também no imperativo, sugere que, neste ponto do poema, a amada já viu tudo o que o seu amado lhe mostrou. Está correto o que se afirma apenas em

a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III.

4d) O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, que apresenta, dentre suas características, o bucolismo e a valorização da cultura greco-romana, que estão exemplificados, respectivamente, em

a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marília, as flautas dos pastores. b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto o rouxinol suspira. c) Que bem que soam, como estão cadentes!/Os Zéfiros brincar por entre flores? d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes. e) Que alegre campo! Que manhã tão clara!/Vê como ali, beijando-se, os Amores.

5) (PUC/PR/PAES-2006) É só a partir do Arcadismo, que começa a surgir no país uma relação sistemática entre autor, obra e público, que caracterizam um sistema literário. Aponte a alternativa que melhor descreve esse período.

a) Busca da simplicidade, racionalismo, imitação da natureza, caráter pastoril, imitação dos clássicos, ausência de subjetividade.

b) Individualismo e subjetivismo, culto à Natureza, evasão, liberdade artística, culto à mulher amada, sentimentalismo, indianismo, nacionalismo.

c) Subjetivismo, efeito de sugestão, musicalidade, irracionalismo, mistério. d) Liberdade, de expressão, incorporação do cotidiano, linguagem coloquial, inovação técnica, ambigüidade,

paródia. e) Racionalismo, incorporação do cotidiano, culto à mulher amada, imitação dos clássicos, efeito de

sugestão. 6) (UFPB-2006) No Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles recria poeticamente os acontecimentos históricos de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta mesma época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga. O fragmento a seguir foi extraído da Carta 2 em que Critilo (Gonzaga), dirigindo-se ao seu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarrão Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador de Minas). Aquele, Doroteu, que não é Santo Mas quer fingir-se Santo aos outros homens, Pratica muito mais, do que pratica, Quem segue os sãos caminhos da verdade. Mal se põe nas Igrejas, de joelhos, Abre os braços em cruz, a terra beija, Entorta o seu pescoço, fecha os olhos, Faz que chora, suspira, fere o peito; E executa outras muitas macaquices, Estando em parte, onde o mundo as veja. (GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 68-69). Considerando as informações apresentadas e esse fragmento poético, é correto afirmar:

a) O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer uso de um tom irônico. b) O autor critica algumas atitudes do governador de Minas, julgando-as dissimuladas. c) O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de Minas, sem apresentar um

posicionamento crítico. d) O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é observado nesse fragmento, pois, aqui, há apenas a

descrição das práticas religiosas do Fanfarrão Minésio. e) O autor chama a atenção para o fato de que o governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos

fiéis. 7) (UFMT-2007) Leia o poema do poeta árcade Cláudio Manoel da Costa e responda às questões 7a e 7b. VIII Este é o rio, a montanha é esta, Estes os troncos, estes os rochedos; São estes inda os mesmos arvoredos; Esta é a mesma rústica floresta. Tudo cheio de horror se manifesta, Rio, montanha, troncos, e penedos; Que de amor nos suavíssimos enredos Foi cena alegre, e urna é já funesta. Oh quão lembrado estou de haver subido Aquele monte, e as vezes, que baixando Deixei do pranto o vale umedecido! Tudo me está a memória retratando; Que da mesma saudade o infame ruído Vem as mortas espécies despertando. (MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através de textos. São Paulo: Cultrix, 1986.) 7a) A respeito do texto, assinale a afirmativa verdadeira.

a) A natureza é cenário tranqüilo, descrita sem levar em conta o estado de espírito de quem a descreve, como ocorre no Romantismo.

b) O poema faz elogio ao pastoralismo, criticando os males que o meio urbano traz ao homem. c) Exemplo típico do Arcadismo, o poema apresenta a primazia da razão sobre a emoção, revelando a

influência da lógica iluminista. d) A antítese Foi cena alegre, e urna é já funesta. resume o poema, indicando a passagem do tempo e a

lembrança do amor perdido. e) Faz referência à constância da vida, à previsibilidade do destino, recomendando que se aproveite o dia.

7b) A respeito da construção do poema, assinale a afirmativa INCORRETA.

a) A métrica regular e a estrutura do poema, um soneto, são de inspiração greco-latina. b) O jogo interior × exterior organiza o poema em duas partes: os dois quartetos × os dois

tercetos. c) Nas duas primeiras estrofes, as rimas são emparelhadas e interpoladas; nas duas últimas, cruzadas. d) Apresenta períodos em ordem indireta, mas sem o radicalismo da escrita barroca. e) Apresenta vocabulário erudito, com latinismos próprios à literatura clássica.

8) (UEM/PR-2007) Sobre o fragmento abaixo e sobre a escola a que ele pertence, assinale a

alternativa incorreta. Minha bela Marília, tudo passa; a sorte deste mundo é mal segura; se vem depois dos males a ventura, vem depois dos prazeres a desgraça. Estão os mesmos deuses sujeitos ao poder do ímpio fado: Apolo já fugiu do céu brilhante, já foi pastor de gado. (Marília de Dirceu – Tomás Antonio Gonzaga)

a) O trecho acima alterna versos decassílabos com versos hexassílabos. Curiosamente, o tema da estrofe é a inconstância da sorte. É como se o encurtamento do verso, alternado com o verso mais longo, imitasse os altos e baixos do destino.

b) A referência ao deus grego Apolo é típica do Arcadismo, escola que pretendia uma espécie de retorno ao tempo mitológico da Grécia clássica. Além disso, segue-se a eferência ao período em que o deus foi pastor, reforçando o elo com a escola árcade, na qual os poetas freqüentemente adotavam um pseudônimo pastoril, como Glauceste ou Elmano.

c) Para o Arcadismo, a vida do pastor, singela e próxima da natureza, é bela e pura. No entanto os versos “Apolo já fugiu do céu brilhante / já foi pastor de gado” criam uma imagem dentro da qual estar no céu é o pólo positivo (felicidade) e ser pastor é o pólo negativo (degradação). Portanto a imagem contida nos versos é surpreendente quando percebemos que ela subverte o tema árcade da vida pastoril como ideal a ser buscado.

d) A imagem do deus Apolo fugindo do céu possui forte valor simbólico, explicável pelas características do Arcadismo: ela remete a um conceito de mundo como espaço emocrático, aberto às mudanças. Fica implícito que, se um Deus pode fugir do seu destino traçado (estar no céu), seja por vontade, seja por necessidade, um homem comum também pode mudar a própria condição de vida, tornando-se até mesmo rico e poderoso.

e) Os principais autores do Arcadismo, homens cultos e educados, escreviam poemas nos quais se exaltavam a simplicidade e a vida em contato com a natureza. Gonzaga é, até certo ponto, coerente com isso, embora o eu-lírico das Liras alterne poemas (ou estrofes) nos quais ele é “um triste pastor” com outros (ou outras) nos quais surge a figura do magistrado, diante de “altos volumes” sobre a mesa, decidindo processos jurídicos.

9) (UNIFESP-2007) O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, que apresenta, dentre suas características, o bucolismo e a valorização da cultura greco-romana, que estão exemplificados, respectivamente, em

a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marília, as flautas dos pastores. b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto o rouxinol suspira. c) Que bem que soam, como estão cadentes!/Os Zéfiros brincar por entre flores? d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes. e) Que alegre campo! Que manhã tão clara!/Vê como ali, beijando-se, os Amores.

10) (PUC/PR/PAES-2006) É só a partir do Arcadismo, que começa a surgir no país uma relação sistemática entre autor, obra e público, que caracterizam um sistema literário. Aponte a alternativa que melhor descreve esse período.

a) Busca da simplicidade, racionalismo, imitação da natureza, caráter pastoril, imitação dos clássicos, ausência de subjetividade.

b) Individualismo e subjetivismo, culto à Natureza, evasão, liberdade artística, culto à mulher amada, sentimentalismo, indianismo, nacionalismo.

c) Subjetivismo, efeito de sugestão, musicalidade, irracionalismo, mistério. d) Liberdade, de expressão, incorporação do cotidiano, linguagem coloquial, inovação técnica, ambigüidade,

paródia. e) Racionalismo, incorporação do cotidiano, culto à mulher amada, imitação dos clássicos, efeito de

sugestão. 11) (UFPB-2006) No Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles recria poeticamente os acontecimentos históricos de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta mesma época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga. O fragmento a seguir foi extraído da Carta 2 em que Critilo (Gonzaga), dirigindo-se ao seu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarrão Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador de Minas). Aquele, Doroteu, que não é Santo Mas quer fingir-se Santo aos outros homens, Pratica muito mais, do que pratica, Quem segue os sãos caminhos da verdade. Mal se põe nas Igrejas, de joelhos, Abre os braços em cruz, a terra beija, Entorta o seu pescoço, fecha os olhos, Faz que chora, suspira, fere o peito; E executa outras muitas macaquices, Estando em parte, onde o mundo as veja. (GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 68-69). Considerando as informações apresentadas e esse fragmento poético, é correto afirmar:

a) O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer uso de um tom irônico. b) O autor critica algumas atitudes do governador de Minas, julgando-as dissimuladas. c) O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de Minas, sem apresentar um

posicionamento crítico. d) O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é observado nesse fragmento, pois, aqui, há apenas a

descrição das práticas religiosas do Fanfarrão Minésio. e) O autor chama a atenção para o fato de que o governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos

fiéis. 12) (UFMT-2007) Leia o poema do poeta árcade Cláudio Manoel da Costa e responda às questões 12a e 12b. VIII Este é o rio, a montanha é esta, Estes os troncos, estes os rochedos; São estes inda os mesmos arvoredos; Esta é a mesma rústica floresta. Tudo cheio de horror se manifesta, Rio, montanha, troncos, e penedos; Que de amor nos suavíssimos enredos Foi cena alegre, e urna é já funesta.

Oh quão lembrado estou de haver subido Aquele monte, e as vezes, que baixando Deixei do pranto o vale umedecido! Tudo me está a memória retratando; Que da mesma saudade o infame ruído Vem as mortas espécies despertando. (MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através de textos. São Paulo: Cultrix, 1986.) 12a) (UFMT-2007) A respeito do texto, assinale a afirmativa verdadeira.

a) A natureza é cenário tranqüilo, descrita sem levar em conta o estado de espírito de quem a descreve, como ocorre no Romantismo.

b) O poema faz elogio ao pastoralismo, criticando os males que o meio urbano traz ao homem. c) Exemplo típico do Arcadismo, o poema apresenta a primazia da razão sobre a emoção, revelando a

influência da lógica iluminista. d) A antítese Foi cena alegre, e urna é já funesta. resume o poema, indicando a passagem do tempo e a

lembrança do amor perdido. e) Faz referência à constância da vida, à previsibilidade do destino, recomendando que se aproveite o dia.

12b)(UFMT-2007) A respeito da construção do poema, assinale a afirmativa INCORRETA.

a) A métrica regular e a estrutura do poema, um soneto, são de inspiração greco-latina. b) O jogo interior × exterior organiza o poema em duas partes: os dois quartetos × os dois tercetos. c) Nas duas primeiras estrofes, as rimas são emparelhadas e interpoladas; nas duas últimas, cruzadas. d) Apresenta períodos em ordem indireta, mas sem o radicalismo da escrita barroca. e) Apresenta vocabulário erudito, com latinismos próprios à literatura clássica.

13) (UEM/PR-2007) Sobre o fragmento abaixo, extraído da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antonio Gonzaga, assinale a alternativa incorreta. Minha bela Marília, tudo passa; a sorte deste mundo é mal segura; se vem depois dos males a ventura, vem depois dos prazeres a desgraça. Estão os mesmos deuses sujeitos ao poder do ímpio fado: Apolo já fugiu do céu brilhante, já foi pastor de gado.

a) O trecho acima alterna versos decassílabos com versos hexassílabos. Curiosamente, o tema da estrofe é a

inconstância da sorte. É como se o encurtamento do verso, alternado com o verso mais longo, imitasse os altos e baixos do destino.

b) A referência ao deus grego Apolo é típica do Arcadismo, escola que pretendia uma espécie de retorno ao tempo mitológico da Grécia clássica. Além disso, segue-se a referência ao período em que o deus foi pastor, reforçando o elo com a escola árcade, na qual os poetas freqüentemente adotavam um pseudônimo pastoril, como Glauceste ou Elmano.

c) Para o Arcadismo, a vida do pastor, singela e próxima da natureza, é bela e pura. No entanto os versos “Apolo já fugiu do céu brilhante / já foi pastor de gado” criam uma imagem dentro da qual estar no céu é o pólo positivo (felicidade) e ser pastor é o pólo negativo (degradação). Portanto a imagem contida nos versos é surpreendente quando percebemos que ela subverte o tema árcade da vida pastoril como ideal a ser buscado.

d) A imagem do deus Apolo fugindo do céu possui forte valor simbólico, explicável pelas características do Arcadismo: ela remete a um conceito de mundo como espaço democrático, aberto às mudanças. Fica implícito que, se um Deus pode fugir do seu destino traçado (estar no céu), seja por vontade, seja por necessidade, um homem comum também pode mudar a própria condição de vida, tornando-se até mesmo rico e poderoso.

e) Os principais autores do Arcadismo, homens cultos e educados, escreviam poemas nos quais se exaltavam

a simplicidade e a vida em contato com a natureza. Gonzaga é, até certo ponto, coerente com isso, embora o eu-lírico das Liras alterne poemas (ou estrofes) nos quais ele é “um triste pastor” com outros (ou outras) nos quais surge a figura do magistrado, diante de “altos volumes” sobre a mesa, decidindo processos jurídicos.

14) (MACKENZIE/SP-2006) Assinale a alternativa que apresenta comentário crítico adequado à obra de Cláudio Manuel da Costa, poeta do Arcadismo brasileiro.

a) “sua poesia prolonga uma atmosfera lírica e moral que descortinamos na poesia camoniana, evidente no

emprego constante da antítese, do paradoxo e do racionalismo” b) “a essência doutrinária revela um homem primitivo, apegado ainda à Idade Média: os poemas respiram

uma fé inabalável, intocada pelos ventos críticos da Renascença.” c) “o sentimento amoroso se espraia livremente; nota-se que o poeta infringe os princípios clássicos da

contenção e manifesta a emoção dum modo tal que seus versos acabam adquirindo foros de crônica amorosa.”

d) “é preciso ver na força desse poeta o ponto exato em que o mito do bom selvagem, constante desde os árcades, acabou por fazer-se verdade artística.”

e) “os seus versos agradaram, e creio que ainda possam agradar aos que pedem pouco à literatura: uma expressão fácil, uma sintaxe linear, uma linguagem coloquial e brejeira”

15) (MACKENZIE/SP-2006) Tomás Antônio Gonzaga, outro poeta árcade brasileiro, assim expressa o sentimento amoroso: “Se não lhe desse, / compadecido, / tanto socorro / o deus Cupido; / se não vivera / uma esperança / no peito seu, / já morto estava / o bom Dirceu.” Nesses versos, encontram-se índices que apontam para o fato de que a poesia brasileira do século XVIII I. preservou da cultura clássica as referências mitológicas. II. adotou explicitamente o “fingimento” poético, ao desenvolver motivos pastoris. III. apoiou-se também em padrões métricos mais populares, como o verso tetrassílabo. Assinale:

a) se apenas a afirmação I estiver correta. b) se apenas a afirmação II estiver correta. c) se apenas a afirmação III estiver correta. d) se apenas as afirmações I e II estiverem corretas. e) se todas as afirmações estiverem corretas.

16) (PROSEL/UEPA-2006) Leia com atenção os versos abaixo. “Depois que nos ferir a mão da Morte, Ou seja neste monte, ou noutra serra, Nossos corpos terão, terão a sorte

De consumir os dous a mesma terra. Na campa, rodeada de ciprestes, Lerão estas palavras os Pastores: ‘Quem quiser ser feliz nos seus amores, Siga os exemplos, que nos deram estes.’ Graças, Marília Bela, Graças à minha Estrela!” Tomás Antônio Gonzaga, Marilia de Dirceu. 1ª parte. Lira I. Com esta estrofe, conclui-se a 1ª lira do poema, na qual o poeta se apresenta à Marília e faz uma projeção da vida que poderão viver juntos até que sejam feridos pela morte. Nesta estrofe, o tema da Morte evidencia a seguinte característica da poesia do Arcadismo:

a) recorrência a elementos da mitologia greco-romana. b) carpe Diem: gozar a vida, porque ela é fugaz. c) culto à natureza tomada como modelo de equilíbrio e beleza. d) racionalismo: presença da razão na abordagem do tema amoroso. e) predomínio do amor carnal sobre o platônico.

17) (PSS/UEPG-2006) "Marília de Dirceu".Tomás Antonio Gonzaga Primeira Parte Lira I ------------------------------------------ Os teus olhos espalham luz divina, A quem a luz do sol em vão se atreve; Papoila ou rosa delicada e fina Te cobre as faces, que são cor da neve. Os teus cabelos são uns fios, d’ouro; Teu lindo corpo bálsamos vapora . Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora , Para glória de amor igual Tesouro! Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! (bálsamos vapora = exala perfumes) Segunda Parte Lira XV ------------------------------------------- Se o rio levantado me causava, Levando a sementeira, prejuízo, Eu alegre ficava, apenas via Na tua breve boca um ar de riso. Tudo agora perdi; nem tenho o gosto De ver-te ao menos compassivo o rosto. Em relação à compreensão dos dois fragmentos e à compreensão global da obra "Marília de Dirceu", assinale a alternativa correta.

a) A descrição de Marília é real, o retrato fiel da mulher daquela época. b) O tom de felicidade e otimismo permeia os dois fragmentos e constitui-se característica da obra toda. c) O "eu lírico", mesmo fragilizado pela incerteza de seu destino, não demonstra desalento e amargura. d) A descrição de Marília é uma convenção clássica, tudo nela é ideal, sublimado e hiperbólico. e) Observa-se a exploração do motivo da mulher inacessível e misteriosa desejada por um homem cansado e

doente.

18) (UFV-MG) Os árcades, no Brasil, assimilaram as idéias neoclássicas européias, muitas vezes, reinterpretando, cada um ao seu estilo, a realidade sociopolítica e cultural do país, como se observa no seguinte fragmento das Cartas chilenas:

"Pretende, Doroteu, o nosso chefe erguer uma cadeia majestosa, que possa escurecer a velha fama da torre de Babel e mais dos grandes, custosos edifícios que fizeram, para sepulcros seus, os reis do Egito. Talvez, prezado amigo, que imagine que neste monumento se conserve, eterna a sua glória, bem que os povos, ingratos, não consagrem ricos bustos nem montadas estátuas ao seu nome. Desiste, louco chefe, dessa empresa: um soberbo edifício levantado sobre ossos de inocentes, construído com lágrimas dos pobres, nunca serve de glória ao seu autor, mas sim de opróbrio."

Tomás Antônio Gonzaga. Cartas chilenas. In: Alvarenga Peixoto, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 814.

Todas as alternativas abaixo apresentam características desse estilo literário, presente nos versos acima citados, EXCETO:

a) Valorização do ideal da vida simples e tranqüila. b) Tendência ao discurso em forma de diálogo do eu poético com um interlocutor. c) Utilização de linguagem elegante, rebuscada e artificial. d) Intenções didáticas, expressas no tom de denúncia e sátira. e) Caracterização do poeta como um pintor de situações e não de emoções.

19) (UFRRJ) Lira XI "Não toques, minha musa, não, não toques Na sonorosa lira, Que às almas, como a minha, namoradas Doces canções inspira: Assopra no clarim que apenas soa, Enche de assombro a terra! Naquele, a cujo som cantou Homero, Cantou Virgílio a guerra." Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro: Anuário do Brasil, s/d. p. 30. Marília de Dirceu apresenta um dos principais traços do Arcadismo. A opção que aponta essa característica temática, presente no texto, é

a) o bucolismo. b) a presença de valores ou elementos clássicos. c) o pessimismo e negatividade. d) a fixação do momento presente. e) a descrição sensual da mulher amada.

20) (UFSM-RS) "Tu não verás, Marília, cem cativos tirarem o cascalho e a rica terra, ou dos cercos dos rios caudalosos, ou da minada serra.

Não verás separar ao hábil negro do pesado esmeril a grossa areia, e já brilharem os granetes de oiro no fundo da bateia."

No trecho de Marília de Dirceu, expressões como "cem cativos", "rios caudalosos" e "granetes de oiro" remetem para:

a) A profissão de minerador exercida por Dirceu. b) Uma atividade econômica exercida na época. c) O desagrado de Dirceu em relação à atividade do pai de Marília. d) Preocupações de Dirceu relativas à poluição dos rios. e) A prosperidade em que vivia o povo brasileiro.

21) (Ufla-MG) Apresentam-se em seguida três proposições: I, II e III. I. O momento ideológico, na literatura do Setecentos, traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero. II. O momento poético, na literatura do Arcadismo, nasce de um encontro, embora ainda amaneirado, com a natureza e os afetos comuns do homem. III. Façamos, sim, façamos, doce amada, Os nossos breves dias mais ditosos. A característica que está presente nesses versos de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, é o "carpe diem" ("gozar a vida"). Marque:

a) Se só a proposição I é correta. b) Se só a proposição II é correta. c) Se só a proposição III é correta. d) se só são corretas as proposições I e II. e) Se todas as proposições são corretas.

22) (UFV-MG) Sobre o Arcadismo, anotamos: I. Desenvolvimento do gênero lírico, em que os poetas assumem postura de pastores e transformam a realidade num quadro idealizado. II. Composição do poema Vila Rica por Cláudio Manuel da Costa, o Glauceste Satúrnio. III. Predomínio da tendência mística e religiosa, expressiva da busca do transcendente. IV. Propagação de manuscritos anônimos de teor satírico e conteúdo político, atribuídos a Tomás Antônio Gonzaga. V. Presença de metáforas da mitologia grega na poesia lírica, divulgando as idéias dos inconfidentes. Considerando as anotações anteriores, assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas I e III são verdadeiras. b) Apenas II e IV são falsas. c) Apenas II e V são verdadeiras. d) Apenas III e V são falsas. e) Todas são verdadeiras.

23) (PUC-MG) Texto I "Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo claramente Na vossa ardente vista o sol ardente, e na rosada face a aurora fria; Enquanto pois produz, enquanto cria Essa esfera gentil, mina excelente No cabelo o metal mais reluzente, E na boca a mais fina pedraria. Gozai, gozai da flor da formosura, Antes que o frio da madura idade Tronco deixe despido o que é verdura. Que passado o zenith da mocidade, Sem a noite encontrar da sepultura, É cada dia ocaso da beldade."

Gregório de Matos Guerra Texto II "Minha bela Marília, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura;

Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça. Estão os mesmos deuses Sujeitos ao poder do ímpio Fado: Apolo já fugiu do Céu brilhante, Já foi pastor de gado. Ah! enquanto os Destinos impiedosos Não voltam contra nós a face irada, Façamos, sim façamos, doce amada, Os nossos breves dias mais ditosos, Um coração, que frouxo A grata posse de seu bem difere A si, Marília, a si próprio rouba, E a si próprio fere. Ornemos nossas testas com as flores; E façamos de feno um brando leito, Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores. Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre."

Tomás Antônio Gonzaga O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, só não é correto afirmar que:

a) Os barrocos e árcades expressam sentimentos. b) As construções sintáticas barrocas revelam um interior conturbado. c) O desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos dois textos. d) Os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada que os barrocos. e) A fugacidade do tempo é temática comum aos dois estilos.

24) (UFPE) "Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós que roubais em uma armada sois imperador? Assim é. Roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza. O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas que levam de que eu trato, são os outros... ladrões de maior calibre e mais alta esfera... Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos, os outros furtam debaixo de seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros se furtam são enforcados, e o bucolismo estes furtam e enforcam."

Antonio Vieira. Sermão do bom ladrão. "Que havemos de esperar, Marília bela? Que vão passando os florescentes dias? As glórias que vêm tarde já vêm frias; E pode enfim mudar-se a nossa estrela. Ah! Não, minha Marília, Aproveite-se o tempo, antes que faça O estrago de roubar ao corpo as forças E ao semblante a graça."

Tomás Antônio Gonzaga. Lira XIV. Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas a seguir. I. A obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O tema dos versos acima é o “carpe diem” (gozar a vida presente), escrito numa linguagem amena, sem arroubos, própria do Arcadismo. II. Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares, a linguagem arcádica, no poema de Gonzaga, diferencia-se da linguagem rebuscada, usada pelo Barroco.

III. O texto de Vieira, sendo Barroco, está pleno de metáforas, de linguagem figurada, de termos inusitados e eruditos, sendo de difícil compreensão. IV. Vieira adota a tendência barroca conceptista que leva para o texto o predomínio das idéias, do raciocínio, da lógica, procurando adequar os textos religiosos à realidade circundante. Está(ão) correta(s) apenas:

a) I, II e III. b) I. c) I. d) I, II e IV. e) II, III e IV.

24) (Ufal) Considerando-se a produção poética de Gregório de Matos e Cláudio Manuel da Costa, é correto afirmar que ambos:

a) cultivaram o soneto, forma fixa pela qual exploraram temas e recursos poéticos próprios dos diferentes períodos e estilos literários que tão bem representaram.

b) cultivaram o soneto, pois valorizaram o mesmo estilo de época predominante no século XVII, quando essa forma fixa de poesia era considerada superior a todas as demais.

c) notabilizaram-se pela sátira, dirigida contra os mandatários da Coroa portuguesa responsáveis pela exploração econômica do açúcar e pela corrupção política na Bahia.

d) notabilizaram-se por um tipo de lirismo sentimental que já prenunciava o movimento romântico, influindo diretamente nas obras de Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo.

e) notabilizaram-se pela idealização do amor e da natureza, esses dois elementos centrais para a lírica que seguia os padrões e os valores do chamado estilo neoclássico.

25) (UEL-PR) A chamada atividade literária das primeiras décadas de nossa formação histórica caracterizou-se por seu cunho pragmático estrito, seja a circunscrita ao parâmetro jesuítico, seja a decorrente de viagens de reconhecimento e informação da terra. São representantes dos dois tipos de atividade literária referidos no excerto acima:

a) Gregório de Matos e Cláudio Manuel da Costa. b) Antônio Vieira e Tomás Antônio Gonzaga. c) José de Anchieta e Gabriel Soares de Sousa. d) Bento Teixeira e Gonçalves de Magalhães. e) Basílio da Gama e Gonçalves Dias.

26) (Ufal) Considere as seguintes afirmações: I. Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga compuseram poesia lírica, mas o talento de ambos encontrou sua expressão máxima nas sátiras. II. Em Marília de Dirceu, o árcade mineiro buscou figurar um equilíbrio entre a vida rústica e a cultura ilustrada. III. Cláudio Manuel da Costa confronta a paisagem bucólica idealizada com a de sua terra natal. Está inteiramente correto o que vem afirmado SOMENTE em

a) I. b) II. c) II. d) I e II. e) II e III.

27) (Unifesp) Leia os versos do poeta português Bocage. "Vem, oh Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo. Deixa louvar da corte a vã grandeza; Quanto me agrada mais estar contigo, Notando as perfeições da Natureza!" Nestes versos:

a) O poeta encara o amor de forma negativa por causa da fugacidade do tempo. b) A linguagem, altamente subjetiva, denuncia características pré-românticas do autor. c) A emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se aproveitar o tempo presente. d) O amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto, inacessíveis a ele. e) O poeta propõe, em linguagem clara, que se aproveite o presente de forma simples junto à natureza.

28) (UFPA) Tomás Antônio Gonzaga escreveu Marília de Dirceu, um dos mais conhecidos poemas de nosso Arcadismo. Leia duas estrofes da Lira I, da primeira parte do poema. “Eu, Marília, não sou algum vaqueiro Que viva de guardar alheio gado, De tosco trato, d`expressões grosseiro, Dos frios gelos e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela! Irás a divertir-te na floresta, Sustentada, Marília, no meu braço;

Aqui descansarei a quente sesta, Dormindo um leve sono em teu regaço; Enquanto a luta jogam os pastores, E emparelhados correm nas campinas, Toucarei teus cabelos de boninas, Nos troncos gravarei os teus louvores. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela!”

GONZAGA, Tomás Antônio. "Marília de Dirceu". In: Literatura comentada. São Paulo: Abril Cultural,

1980.

É correto afirmar sobre as estrofes:

a) Ilustram não só preferências temáticas do Arcadismo, como o ideal de vida simples, o herói que se faz pela honradez e pelo trabalho, mas também o sentimento de transitoriedade da vida, que arrasta o poeta ao carpe diem (aproveitar a vida) horaciano.

b) Representam os temas do bucolismo, do fugere urbem (fuga da cidade), da áurea mediocritas (existência dentro da mediania), mas fogem do convencionalismo arcádico da linguagem simples, o que torna o poema artificial.

c) Apresentam a fina ironia de Gonzaga, o que liga o poema às Cartas Chilenas, escritas pelo autor, depois que estava preso, para ridicularizar o Visconde de Barbacena, feroz inimigo dos Inconfidentes.

d) Reiteram o nome de Marília nos estribilhos, mas, ao contrário do que pode parecer, esse recurso não imprime musicalidade ao texto, serve para enaltecer a mulher, vista, naquele momento, como elemento angélico e divinal, o que faz a poética de Gonzaga preceder o Romantismo.

e) Ilustram tópicos preferenciais do Arcadismo, como o locus amenus (lugar ameno), o ideal de vida simples, a pintura de cenas pastoris, e revelam os valores da classe burguesa, de então, presentes na preocupação econômica que o pastor enuncia.

29) (UFPA) Convite a Marília “Já se afastou de nós o Inverno agreste Envolto nos seus úmidos vapores; A fértil Primavera, a mãe das flores, O prado ameno de boninas veste: Varrendo os ares o subtil Nordeste Os torna azuis: as aves de mil cores Adejam entre Zéfiros [vento brando] e Amores, E toma o fresco Tejo a cor celeste;

Vem, ó Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo: Deixa louvar da corte a vã grandeza: Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfeições da Natureza!”

BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Sonetos. Lisboa: Europa-América, s. d. p. 38.

Acerca do soneto, é correto afirmar:

a) Observa-se, devido à presença de uma natureza agreste, um afastamento das convenções árcades referentes ao “locus amoenus”.

b) O Pré-Romantismo, com sua valorização do sentimento, manifesta-se nas referências mitológicas, como “Zéfiros” e “Amores”.

c) “Locus amoenus” é configurado, nos quartetos, por expressões como “a fértil Primavera”, “o prado ameno”, “a cor celeste”, o que afasta o texto das paisagens noturnas do Pré-Romantismo.

d) A oposição entre “a vã grandeza” da corte e “as perfeições da Natureza” revela o conflito entre o eu lírico e os valores da sociedade, numa antecipação pré-romântica do sentimento da paisagem.

e) No primeiro terceto, dada a presença do tema campestre, evidenciam-se o bucolismo e o sentimento da natureza, típicos do Pré-Romantismo.

30) (Ufam) Considerando, principalmente, o nome da musa inspiradora, somente um dos trechos abaixo foi escrito por Tomás António Gonzaga. Assinale-o.

a) “Não sei, Marília, que tenho. Depois que vi o teu rosto, Pois quanto não é Marília, Já não posso ver com gosto. Noutra idade me alegrava, Até quando conversava Com o mais rude vaqueiro: Hoje, ó bela, me aborrece Inda o trato lisonjeiro Do mais discreto pastor.”

b) “Nilse? Nilse? Onde estás? Aonde espera

Achar-te uma alma, que por ti suspira; Se quanto a vista se dilata e gira Tanto mais de encontrar-te desespera!”

c) “Eu vi a linda Estela e namorado Fiz logo eterno voto de querê-la; Mas vi depois a Nise e é tão bela, Que merece igualmente o meu cuidado. [ ]”

d) “Uma, que às mais precede em gentileza,

Não vinha menos bela do que irada: Era Moema, que de inveja geme, E já vizinha à nau se apega ao leme.”

f) Este lugar delicioso e triste,

Cansada de viver, tinha escolhido Para morrer a miséria Lindóia. Lá, reclinada, como que dormia.”

31) (Ufam) Todas as características de estilo abaixo relacionadas pertencem ao Arcadismo, exceto:

a) A defesa de uma função social para a literatura, que devia ter caráter didático. b) O retorno ao equilíbrio e à simplicidade dos modelos greco-romanos. c) O culto da teoria aristotélica da arte como imitação da natureza. d) A exaltação da vida campesina, com sua paisagem, seus pastores e seu gado. e) O gosto pelo noturno, como forma de acentuar a atmosfera de mistério.

32) (Ufam) Leia as afirmativas abaixo, feitas a respeito do Caramuru, poema épico de Frei José de Santa Rita Durão: I. Possui inspiração devota e a vontade de celebrar em Diogo Álvares Correia um herói camoniano, capaz de dilatar a fé cristã e o Império português. II. Moema, preterida pelo Caramuru em favor de Paraguaçu, apostrofa o ingrato herói e morre agarrada ao leme do navio que o levará, com sua eleita, para a França. III. Emprega o verso branco, que o neoclassicismo, em seu duplo afã de austeridade e naturalidade, valorizava. IV. O alarido da glória bélica perde importância ante a sensibilidade amorosa registrada nas cenas de namoro entre o herói e sua eleita. Estão corretas:

a) Apenas III e IV. b) I, II e III. c) I, III e IV. d) Apenas II e IV. e) Apenas I e II.

33) (Ufam) Leia as afirmativas abaixo, feitas a propósito de poetas brasileiros do período colonial: I. O apego à felicidade do “lar, doce lar” e ao comodismo burguês perpassam sua lírica muitas vezes erótica, e esse último aspecto desfaz em parte o código da idealização platônica da mulher eleita. II. Seus versos, que nunca foram editados e circularam muito tempo em cópias volantes, até serem coligidos a partir do século XX, constituem um dos grandes problemas de autoria de nossa literatura. III. Sua grande contribuição à literatura reside na habilidade com que infundiu lirismo ao verso narrativo, tendo imprimido no confronto civilização versus natureza várias notas de simpatia pelo selvagem. Os enunciados se referem, respectivamente, a:

a) Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama, Gonçalves Dias. b) Cláudio Manuel da Costa, Bento Teixeira, Santa Rita Durão. c) Alvarenga Peixoto, Gregório de Matos, Gonçalves Dias. d) Tomás Antônio Gonzaga, Gregório de Matos, Basílio da Gama. e) Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama.

Créditos: Os exercícios dessa lista foram retirados e adaptados do site da Editora Moderna, nos endereços abaixo. Vale a pena dar uma olhada nos links, lá existem vários outros exercícios! http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/em/literatura/litbrasil/vestibular/ http://www.moderna.com.br/pnlem2009/fazendo/questoes/literat_pnlem2009.pdf Outros sites com exercícios de vestibular sobre Barroco e Arcadismo http://www.vestibular1.com.br/exercicios/literatura_brasileira_barroco.htm http://www.vestibular1.com.br/exercicios/literatura_brasileira_arcadismo.htm