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Pós-Graduação em Direito Público Disciplina: Direito Constitucional Aplicado LEITURA OBRIGATÓRIA – AULA 5 AUTOR Artur Luis Pereira Torres

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Pós-Graduação em Direito Público

Disciplina: Direito Constitucional Aplicado

LEITURA OBRIGATÓRIA – AULA 5

AUTOR Artur Luis Pereira Torres

LEITURA OBRIGATÓRIA – AULA 1

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Anotações a respeito do desenvolvimento histórico das ações coletivas

Introito

O estudo do "direito processual coletivo", uma vez comparado ao avançado estágio de pesquisa realizado noutras áreas do estudo jurídico, pelo menos na realidade brasi-leira, afigura-se tarefa pouco explorada. Inobstante a constatação do trato do tema há mais de século em doutrina alienígena, a doutrina nacional passou a ter lúcido contato com a temática, tão somente, no último quartel do século passado.

Hodiernamente, é possível afirmar que o campo de estudo da prestação jurisdicional coletiva, pelo menos entre nós - face à cortina cinzenta que, ainda, paira sob as con-vicções científicas pertinentes -, é um dos mais controvertidos ramos da ciência jurí-dica. Inobstante, fortalecida por um exército de pesquisadores cada vez maior, a doutrina pátria tem revirado os alicerces da pouco explorada "ciência processual co-letiva" no afã de consolidar forte estrutura para desenvolvê-la cada vez mais, tor-nando-a chave mestra para a realização de uma tutela jurisdicional mais efetiva.

Contudo, ainda que o trato doutrinário possa ser tido como pouco explorado entre nós, não o é em doutrina estrangeira. Trata-se de matéria esmiuçadamente averi-guada no direito norte-americano que, a toda evidência, deve servir de base para a exploração deste vasto campo em construção.

Por fim, resta esclarecer que nosso papel não é outro senão o de apontar, ainda que sucintamente, as origens históricas deste específico ramo da ciência processual, via-bilizando ao leitor a compreensão do "pano de fundo" responsável pela evolução da temática até os dias atuais.

Revisitemos, então, a história das ações coletivas.

1 Da origem das contendas coletivas

Ainda que certa controvérsia exista a respeito do case inaugural, a doutrina tem-se mostrado unânime em reconhecer o direito inglês como berço das ações coletivas. Embora Stephen Yeazell1 aponte categoricamente o ano de 1199 como marco históri-co, fazendo referência ao caso do pároco Martin,2 Edwards Peters,3 assinala existên-cia de registro similar ao fenômeno narrado por Yeazell vinte anos antes, mais preci-samente no ano de 1179.4 Os relatos históricos não divergem quanto à aparição da espécie adstrita ao espectro passivo das demandas propostas outrora (ação coletiva passiva).5

Do século XIII vem a notícia de que três aldeões teriam provocado o juízo local a condenar os integrantes dos povoados de Donington e Bykere a assistir os moradores de Helpingham na reparação dos diques lá existentes. Consoante Aluisio Gonçalves de Castro Mendes, não figuraram nos polos ativo e passivo da demanda em destaque pessoas jurídicas como a municipalidade ou moradores individualmente considerados, restando presentes tão somente alguns indivíduos incumbidos de realizar a prote-ção/defesa dos interesses de uma e outra comunidade enquanto grupo.6 Ações desta estirpe tornaram-se mais comuns nos séculos XIV e XV.7 Significativa parcela doutri-nária, desconsiderando os registros mais antigos, reconhece o aparecimento das ações coletivas tão somente em meados do século XVII. 8 9

As ações coletivas admitidas na Inglaterra medieval não suscitaram, justificadamen-te, maiores debates em torno de questões de natureza processual. O processo civil, à época, era tido como mero apêndice do direito material.10 A preocupação central era

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a de consolidar proteção efetiva ao ordenamento material, ou seja, "decidir quem possuía direito", sendo relegadas a subsidiariedade questões de natureza objetiva. Em outras palavras, as ações coletivas "não eram objeto de discussão, justificação ou teorização, razão pela qual se pode dizer que o emprego e a admissibilidade das mesmas eram realizados de modo inconsciente".11 12

Antes de prosseguir, todavia, é preciso identificar peculiar característica do sistema jurídico inglês vigente à época do medievo. Neste trilho, indispensável rememorar que por razões histórico-políticas, até 1873 a jurisdição inglesa foi prestada de forma partilhada. O sistema vigorou aproximadamente por cinco séculos.

Consoante Antonio Gidi, "o poder autoritativo na Inglaterra estava dividido em duas esferas: a 'jurisdição do direito' (law jurisdiction) e a 'jurisdição da equidade' (equity jurisdiction)".13 Resumindo a tormentosa tarefa de distinguir com preci-são law e equity, Gidi refere que o sistema de common law era competente para a prestação jurisdicional quando a causa posta sub judice versasse a respeito de pre-tensões de natureza pecuniária ou indenizatória; já ao sistema de equity competia exercer jurisdição em face das pretensões declaratórias e mandamentais levadas a juízo. A jurisdição da equidade era aplicada pela denominada court of chancery, en-quanto a jurisdição do direito pelas courts of law. Em suma, a equity revelava-se como espécie de jurisdição complementar, destinada a suprir lacunas oriundas do direito comum. Comparado aos procedimentos utilizados na common law, "que era um sistema extremamente formal, rígido e burocrático", seus procedimentos caracte-rizavam-se pela maior flexibilidade. 14 15

Considerada tal distinção, necessário tecer comentários no que tange ao regime de aceite da intervenção de terceiros nos distintos sistemas vigentes à Inglaterra da época. O procedimento vigente nas courts of lawnegava a possibilidade da formação de litisconsórcio voluntário/facultativo com base meramente na existência de ques-tões afins. Permitia-se, tão somente, o litisconsórcio necessário. Ainda que as courts of chaceryadmitissem o litisconsórcio pautado na existência de questões comuns, sob a justificativa de evitar a multiplicidade de demandas, impunha o regramento "a in-tervenção compulsória de todas as pessoas interessadas no julgamento da lide, inclu-sive aquelas interessadas somente de fato, pena de extinção do processo".16 A deno-minada compulsory joinder, na prática, tornou-se sério empecilho para o acesso à justiça. Em outras palavras, ou todos os interessados se faziam presentes, isto é, tornavam-se partes no processo, ou a jurisdição não era prestada, sob a alegação de que o magistrado deveria realizar uma justiça completa, ou não realizá-la. Da con-vicção da existência de efetivo prejuízo aos litigantes presentes, em face da exigên-cia de que todos os interessados fossem a juízo formalmente, nasce, no âmbito das cortes de equidade, o denominado bill of peace.17

O inovador procedimento passa a admitir o que a doutrina estadunidense, posterior-mente, convencionou chamar representative actions. As ações representativas, atendidos certos pressupostos, permitiam que um ou mais integrantes do grupo re-presentassem-no em juízo, rompendo com a necessidade de que todos os interessa-dos, formalmente, necessitassem ir a juízo para ver tutelados seus interes-ses.18 Portanto, as class actions derivam da necessidade e conveniência de contornar a regra do litisconsórcio necessário, para que não se cometesse a injustiça da não prestação jurisdicional quando o agrupamento dos interessados, por alguma razão, não se fizesse possível.19

2 O direito estadunidense e o desenvolvimento das ações coletivas

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A inaugural contribuição do direito americano para o desenvolvimento das ações co-letivas dá-se através da admissão da utilização do expediente coletivo em hipótese, a princípio, ignorada pelo direito inglês.20 21 22

Observe-se, que o direito inglês foi a principal fonte inspiradora do direito america-no, tendo este adotado à perspectiva britânica da dualidade jurisdicional em seu período colonial (law v. equity), ainda que dotado de característica peculiar, pois que, diferentemente do que ocorrera no direito inglês, apenas um tribunal era res-ponsável pela prestação da dupla jurisdição.23

As group litigations foram arquitetadas visando à supressão dos litígios inúteis e a não multiplicação das demandas, no entanto, passaram a atender, no mínimo, outra função, a saber: "facilitar a instauração de demandas que, de outra forma, não seri-am formuladas, tendo em vista que os respectivos direitos individualmente conside-rados teriam valor muito reduzido".24

O pensamento americano referente à ampliação da possibilidade de uso do instru-mento coletivo, como é de fácil percepção, desenvolve-se mediante a constatação de que, em diversos casos, o ínfimo aspecto financeiro das violações sofridas indivi-dualmente não justificavam a busca da tutela jurisdicional. Melhor dizendo, a repa-ração do dano, financeiramente, não instigava os lesados a demandar em juízo, pois que, grosso modo, os valores alcançados não cobririam sequer os gastos despendidos com o processo. Neste contexto, a preocupação doutrinária não mais encontrava fundamento nos aspectos que motivaram o surprareferido bill of peace inglês - ne-cessidade e conveniência. O núcleo do pensamento residia em possibilitar ao jurisdi-cionado, independentemente da diminuta expressão financeira da lesão, irrestrito acesso à justiça.25

O regramento formal das ações coletivas encontra abrigo pela primeira vez no direito federal estadunidense na Federal Equity Rule 48, em 1842. 26 27 28 O substitutivo da Rule 48, criticado em face das gritantes lacunas que lhe caracterizavam, nasce tão somente em 1912 com a promulgação da Rule 38.29 30 A alteração mais expressi-va, comparados os diplomas, deu-se no concernente ao regramento instituído para ares iudicata pela Rule 38. O texto, não tendo repetido a parte final da Rule 48, im-plantava o regime da coisa julgada erga omnes à generalidade das ações coletivas, determinando que as decisões proferidas vinculassem além dos membros presentes, àqueles pertencentes ao grupo que estivessem ausentes no processo.31 Todavia, é em 1938, através da publicação Rule 23, que as ações coletivas começam a ganhar con-tornos mais aproximados do que hoje conhecemos.32 33 Importante observar que atra-vés da promulgação das Federal Rules of Civil Procedure34 chega ao fim o referido dualismo jurisdicional norte-americano herdado do direito inglês, isto é, as jurisdi-ções de law e equity deixam de ser distinguidas e o fenômeno da ações coletivas pas-sa a ser admitido, também, à proteção de direitos reconhecidos tão somente em law.35As pretensões indenizatórias passam a ser admitidas como objeto das representative actions.36 37

Diferentemente do que ocorrera nos registros anteriores, a proposta de James Willi-am Moore, apresentada junto ao Comitê Consultivo para o desenvolvimento das nor-mas do Processo Civil Federal,38 aprovada com diminutas alterações, tratou de classi-ficar, tomando por critério a natureza do direito material posto sub judice, a presta-ção jurisdicional coletiva nas três espécies, a saber: true, hibridy e spurious class actions.39 40

Segundo Antonio Gidi:

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Quando os direitos envolvidos fossem joint, common ou secundary, caberia uma true class action; quando os direitos fossem several e envolvessem uma propriedade específica, caberia uma hibridy class action; quando os direitos fossem several, e houvesse questões de direito ou de fato comuns, caberia uma spurious class actions.41

A tese de Moore, no que tange às hipóteses de cabimento, tendo sido consagrada no texto normativo da Regra 23 restou admitida pelos tribunais por longo espaço tempo-ral, inobstante a ampla dificuldade "de interpretação e definição clara das hipóteses" legais. 42 43 Aluisio Gonçalves de Castro Mendes sugere que, para melhor compreender a classificação vigente à época, dever-se-ia partir das seguintes premissas:

A ação de classe pura pressupõe a existência da unidade absoluta de interesse (unity of interest), ou seja, a natureza indivisível do direito ou do interesse, que seria co-mum (joint or commom) a todos os membros do grupo.

(...)

Nas class actions híbridas, por sua vez, os membros da classe compartilham do inte-resse em relação a um bem jurídico, que está sendo objeto na ação. Todavia, o direi-to não é único ou comum a todos. Assim, há uma pluralidade de direitos que inci-dem, aí sim, sobre o mesmo objeto, seja ele um bem corpóreo ou determinado fun-do.

(...)

Na última categoria, spourius class action, há uma pluralidade de interesses, mas decorrentes de uma questão comum de fato ou de direito, a indicar, como apropria-da, a agregação dos direitos individuais para a utilização de um remédio processual comum.44

A Rule 23 manteve-se inalterada até 1966, ocasião em que experimentou profunda reforma.45 46 O movimento pró-reforma, dentre outras questões, ganhou força em face da insatisfação com o regramento pertinente a coisa julgada no espectro das coletivas espúrias.47 Para a espécie, previa a Rule 23 que a res iudicata alçaria tão somente os presentes na demandada coletiva, tendo consolidado-se, majoritariamen-te, jurisprudência que admitia a intervenção dos interessados após a prolação da sentença de procedência.48 4950 51 Com o passar dos anos aflorou o sentimento de que "seria injusto permitir que os membros do grupo fossem beneficiados por uma sen-tença favorável, sem se submeterem à coisa julgada de uma sentença desfavorável, permitindo todos os benefícios da vitória", sem os riscos inerentes a uma possível derrota.52 Na prática, em face da suposta inadequação do tema coisa julgada nas spurious class actions, os magistrados que coadunavam com tal entendimento, frequentemente distorciam os fatos para certificar a demanda comotrue class ac-tions, pois que a coisa julgada, na espécie, possuía efeitos erga omnes. A irresigna-ção com a utilização distorcida do sistema opt in nas ações espúrias, que ao fim e ao cabo em decorrência da corriqueira utilização da denominada "one-way intervention" tornava vigente na praxe forense o regimesecundum eventum litis, foi uma das prin-cipais matizes da reforma que estaria por vir.53

3 A reforma de 1966

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Segundo Antonio Gidi, a versão original da Rule 23 nasce fadada ao insucesso. "A sua redação era confusa, complexa e demasiadamente abstrata, em total dessintonia com a realidade prática e a cultura jurídica americana, principalmente no que se refere às hipóteses de cabimento".54 55 Uma reforma seria imprescindível. O trata-mento processual diferenciado dado às distintas espécies de class action, somada a ausência de normas que regulassem medidas procedimentais de proteção aos mem-bros ausentes do grupo e o respeito ao devido processo legal, contribuíram para a identificação, trinta anos depois, da falência da proposta de Moore. O tema coisa julgada teve importância ímpar.

Além das inovações, a reestruturação da Rule 23 se prestou a consolidar o que a prá-tica americana do início da década de 60 já havia consolidado. A classificação das ações coletivas proposta por James Wiliam Moore quedava frente à inovação de cri-tério para distingui-las. O núcleo distintivo voltou-se à existência de direitos comuns entre os membros de um mesmo grupo.56 É neste contexto reformista que o ideal de "injustiça" a que supostamente eram submetidos os réus em ações coletivas, tradu-zido pela implantação do regime opt innas denominadas spourius class actions, ganha considerável destaque deixando de existir no inovador regramento. Doravante, as sentenças prolatadas em ação coletiva, independentemente do resultado, passavam a vincular "todos os membros do grupo em todos os tipos de ações coleti-vas".57 Entrava em cena o regime opt out. As ações coletivas ganham em peso, au-mentando consideravelmente sua importância social e política. Com a reforma de 1966 a regra passou a ser a de que todos os interessados, ressalvados os que exerces-sem o direito de afastar-se do âmbito de irradiação dos efeitos da sentença, subme-ter-se-iam ao manto da coisa julgada.58 O procedimento coletivo é submetido a novas exigências processuais até então desconhecidas da redação original da Rule 23. A necessidade de notificação de cada um dos interessados para que pudessem exercer, ou não, o opt out, era uma delas. A nova formulação procedimental aumenta em muito "o poder e o envolvimento do juiz com a ação coletiva".59 A reforma impulsiona a utilização do expediente coletivo no direito estadunidense transformando as class actions "em um poderoso instrumento político de acesso à justiça das 'pequenas cau-sas'".60 61

Ainda que pós-reforma as class action tenham alcançado papel de destaque no cená-rio jurídico norte-americano, o sucesso do instrumento processual decaí ao longo dos anos 80. Segundo Gidi chegou-se até mesmo a prever seu desaparecimento. Na déca-da de 90, porém, as ações coletivas recuperam força, voltando a ocupar lugar desta-que no cenário jurídico estadunidense.62

Embora a reforma de 1966 tenha revolucionado o trato da matéria, não foi a única nem a última alteração a que se submeteu o regramento americano. Descartadas maiores considerações a respeito da emenda a que foi submetida à Regra 23 em 1987, pois que, substancialmente, em nada alterou o trato da matéria,63 cabe menci-onar a alteração levada a cabo em 1995.

Sob o império dos interesses republicanos64 vem à baila o denominado Private Securi-ties Litigation Act. Ostatute restou codificado no título 15 do United State Code.65 A lei foi fruto do lobby de empresas de tecnologia de ponta "que se sentiam sufocadas com o constante monitoramento de suas atividades realizado pelos advogados espe-cializados em ações coletivas".66 Tem apontado a doutrina em geral que, inobstante o discurso oficial de que o novo diploma prestava-se a evitar a prática de condutas abusivas no âmbito de aplicação das class actions, o real objetivo teria sido o de res-tringir o acesso à justiça no âmbito das ações coletivas do mercado de valores.67

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A lei atinge tal objetivo através das mais variadas formas, fechando o cerco contra investidores em todos os flancos, tanto criando artificialmente embaraços processu-ais à propositura e à manutenção das ações, à atuação dos advogados e à descoberta de fraudes, como alterando o direito material em benefício das empresas, impondo limites ao valor dos honorários advocatícios e até mesmo das indenizações.68

Ainda que o texto legal não tivesse aplicação a todas as espécies de ações coletivas pode ser considerado com um primeiro grande golpe contra a plena eficácia dos ins-trumentos processuais não individuais. Em 1998, nova emenda veio a lume. A altera-ção tratou de autorizar a interposição de recurso imediato em face das decisões que certificavam ou decertificavam uma ação coletiva.69 No ano de 2003 a Rule 23 foi novamente emendada. Destinou-se a emenda a positivar práticas consagradas no fo-ro, alterando alguns aspectos das subdivisões "c" e "e" e, acrescentando as subdivi-sões "g" e "h".70 71

Derradeira emenda ocorre no ano de 2005. O "mais recente golpe contra as ações coletivas americanas foi desferido pouco tempo antes de o partido Republicano per-der o poder perante o público americano".72 73 Eis o Class Action Fairness Act.74 O CAFA teve por escopo principal transferir à Justiça Federal Americana a competência para julgar as ações coletivas de grande monta que envolvessem pretensões de pes-soas situadas em mais de um Estado (interstate action). Sustentou-se, à época, a existência de exacerbada amistosidade por parte de alguns magistrados competentes à prestação jurisdicional nas interstate actions. Tais condutas foram postas sob sus-peita.75 76

Por fim, imperioso reconhecer que, justamente em face das consistentes alterações "de fundo" a que foi submetida a Rule 23, representa esta o diploma jurídico que melhor traduziu a evolução do tema ações coletivas. Inobstante ordenamentos diver-sos tenham esmerado-se em desenvolver a temática, foi no plano do direito estadu-nidense, a toda evidência, que a verdadeira evolução do tema restou constata-do.77 Portanto, indispensável ao estudioso do processo coletivo ter viva, além da his-tória do direito norte-americano, a realidade das ações coletivas naquelas cercanias, pena de incompreensão das premissas que se encontram arraigadas à cultura da te-mática processual coletiva. Posto o desenvolvimento do tema em uma perspectiva alienígena, é ora de compreender de que forma e por quais vias a ideia da necessida-de de uma prestação jurisdicional coletiva chega ao Brasil.

4 A história do "direito processual coletivo" no Brasil

Nenhuma novidade representa a afirmativa de que o direito brasileiro, de modo ge-ral, é fruto de notória influência da denominada concepção romano-germânica, res-tando inegável a admissão de que, ainda hoje, lições advindas do longínquo direito romano por aqui se façam sentir. Os institutos e as preocupações jurídicas do povo romano, em especial os retratados no período do direito romano clássico, após moti-var a estruturação de diversos ordenamentos alienígenas - com destaque para os or-denamentos europeus dos primórdios do século XIX - serviram igualmente de âncora para o arquitetamento do direito pátrio. O exemplo mais claro desta real influência é vislumbrado nos apontamentos do Código Civil de 1916. O individualismo e o patri-monialismo que destacadamente nortearam o Código Beviláqua guardaram estrita relação com os ditames romanísticos de outrora.78

Neste mesmo trilho, o estudo referente à história da formação do Código Buzaid tem revelado sem maiores controvérsias a acentuada influência da denominada esco-la chiovendiana - desenvolvida na Itália do início do século XX - em sua conforma-

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ção.79 80 Tal escola, por sua vez, desenvolve suas lições motivada pelo intento do pro-grama alemão da ciência processual, qual seja o de sustentar as bases de uma teoria processual pautada no alicerce de uma "dupla pureza".81 Os alemães, por se auto inti-tularem herdeiros de Roma, buscavam justificar suas construções jurídica nos apon-tamentos romanos.82 Portanto, ainda que indiretamente, os ensinamentos e motiva-ções da pandectítisca alemã do final do século XVIII - também se fizeram sentir na elaboração do Código de Processo Civil Brasileiro de 1973.83 Imperioso reconhecer que, nem o direito civil, nem o processo civil brasileiro - arquitetados ao longo do século passado - guardaram qualquer compromisso com a proteção, material ou pro-cessual, dos ditos direitos coletivos, pois que essa não era uma realidade constatável à época do direito romano clássico.84

Os registros históricos têm revelado que a temática "direito processual coletivo" ga-nha força entre nós, também, por influência da doutrina italiana.85 86 As lições profe-ridas no início da década de 70 por Vittorio Denti e Mauro Cappelletti podem ser res-ponsabilizadas pela instauração de movimento doutrinário que visava a reformulação do processo civil brasileiro no concernente.87 88 José Carlos Barbosa Moreira foi o pri-meiro doutrinador brasileiro a tratar o tema sob o específico enfoque inaugurado pelos escritos de Cappelletti, escrevendo já no início dos anos oitenta célebre ensaio doutrinário a respeito da Ação Popular brasileira. 89 9091 92

Ainda que a temática tenha sido tratada sob tal enfoque tão somente a partir da se-gunda metade do século XX, é preciso salientar que, antes disso, mesmo inconscien-temente, o ordenamento pátrio já dava seus primeiros passos no espectro do proces-so coletivo.93

Aluisio Gonçalves de Castro Mendes relata que:

O desenvolvimento da defesa judicial dos interesses coletivos, no Brasil, passa, numa primeira etapa, pelo surgimento de leis extravagantes e dispersas, que previam a possibilidade de certas entidades e organizações ajuizarem, em nome próprio, ações para a defesa de direitos coletivos e individuais alheios. Nesse sentido, como lembra Pedro da Silva Dinamarco, foi editada, em 1950, a Lei 1.134, estatuindo que 'as asso-ciações de classes existentes na data da publicação desta lei, sem nenhum caráter político, fundadas nos termos do Código Civil e enquadradas nos dispositivos consti-tucionais, que congreguem funcionários ou empregados de empresas industriais da União, administradas ou não por elas, dos Estados, dos Municípios e das entidades autárquicas, é facultada a representação coletiva ou individual de seus associados, perante as autoridades administrativas e da justiça ordinária. Da mesma forma, o antigo Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, Lei 4.215, de 1963, estabelecia, no art. 1º, parágrafo único, que 'cabe à Ordem representar, em juízo ou fora dele, os interes gerais da classe dos advogados e os individuais, relacionados com exercício da profissão.

Por outro lado, a Constituição da República de 1934 dispôs, no art. 113, que 'qual-quer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de nulidade ou anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados e dos Municípios'. Era a chamada 'ação popular', que, em seguida seria suprimida pela Carta de 1937, mas reintroduzi-da em 1946, para se manter, a partir de então, em todas as Constituições, até os dias de hoje. 94 95 (grifos nossos)

Ainda que parcela doutrinária eleja a regulamentação da Ação Popular (Lei nº 4.717/65) como marco histórico da gênese do processo coletivo no Brasil, sem prejuí-

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zo do reconhecimento de um o outro diploma legislativo "civil" antecedente, análise macroscópica da história do processo brasileiro se presta a desfazer o equívoco.96

O Decreto nº 979, subscrito por Francisco de Paula Rodrigues Alves e Lauro Severiano Muller, em 06 de janeiro de 1903, teve por escopo maior facultar aos profissionais da agricultura e das industrias rurais a organização de sindicatos para a defesa de seus interesses.97 A noção de representação coletiva, portanto, já era admitida expressa-mente pelo ordenamento jurídico desde o início do século XX.98 Inobstante a variada gama de dispositivos legais posteriores que começavam a delinear os traços da Justi-ça Laboral que estava por vir, um deles merece destaque especial. Após a criação do Mistério do Trabalho, Indústria e Comércio (Decreto nº 19.443/1930) e a instituição do Departamento Nacional do Trabalho (Decreto nº 19.671-A), vem à baila o Decreto nº 19.770/1931, que se prestou a "regular a sindicalisação das classes patronaes e operarias", instituindo a "estrutura sindical oficial".99 Previa o artigo 1º do Decreto que:

Terão os seus direitos e deveres regulados pelo presente decreto, podendo defender, perante o Governo da Republica e por intermedio do Ministerio do Trabalho, Indus-tria e Commercio, os seus interesses de ordem economica, juridica, hygienica e cul-tural, todas as classes patronaes e operarias, que, no território nacional, exercerem profissões identicas, similares ou connexas, e que se organisarem em sindicatos, in-dependentes entre si, mas subordinada a sua constituição ás seguintes condições: (...).100 (grifos nossos)

O texto legal evidencia a possibilidade dos sindicatos postularem junto aos órgãos competentes à época a proteção de interesses pertencentes à categoria representa-da. Em 1932, Lindolfo Collor, o primeiro Ministro do Trabalho brasileiro, cria as de-nominadas Comissões Mistas de Conciliação entre empregados e empregadores, e o Conselho Nacional do Trabalho, tendo este último a peculiar função de solucionar conflitos coletivos do trabalho. O Decreto-Lei nº 1.237 de 1939, por sua vez, outor-gou organização à Justiça do Trabalho no Brasil, qualificando-a "como órgão adminis-trativo", estabelecendo em seu artigo 28 a competência dos Conselhos Regionais para "conciliar e julgar os dissídios coletivos que ocorrerem dentro da respectiva jurisdi-ção".101 102 A Justiça do Trabalho tão somente passou a integrar o Poder Judiciário com a promulgação da Constituição Federal de 1946, momento em que o modelo jus-trabalhista até então estruturado já se encontrava reunido em um único diploma normativo, a Consolidação das Leis Trabalhista (CLT).103 Bem compreendida a história do direito e da Justiça do Trabalho no Brasil é possível vislumbrar que noção de "tu-tela coletiva" há muito encontra guarida entre nós.104 Forçoso reconhecer, então, que o primeiro fragmento de processo coletivo no Brasil não advém da esfera civil (muito menos da LACP), mas sim é fruto do Direito Coletivo do Trabalho.105 106

Em que pese a lição exposta, não se deve minimizar a forte influência da doutrina das ondas renovatóriasapontadas por Cappelletti para o desenvolvimento do "direito processual coletivo" no Brasil. A tese consolidou-se como o ponto de partida "moder-no" para a reflexão do tema no espectro do processo civil brasileiro.107 108 109 110

Grosso modo, visando reaproximar o processo da cultura e da realidade social con-temporânea, Cappelletti identificou a necessidade de enfrentar três problemas cru-ciais que perturbavam o processo civil da época (para três problemas, três ondas re-novatórias). Elencando-os, refere que o processo civil moderno teria por tarefa pri-mordial solucionar (a) o seu elevado custo econômico, (b) sua extrema vinculação a

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uma culturaprocessualística não mais sustentável e (c) o problema da adaptação do instrumento processual aos "novos direitos". Em face do recorte científico por nós realizado, importa para o momento abordar o problema derradeiro.

Ao mencionar a necessidade de aprimoramento dos ordenamentos processuais para a realização dos ditos "novos direitos", Cappelletti referia-se tanto a noção de direitos "essencialmente" coletivos (transindividuais), como a ideia de direitos "acidentalmen-te" coletivos (individuais), derivados da crescente massificação das relações sociais. Eis a noção de tutela dos direitos coletivos e tutela coletiva de direitos.111 Segundo ele, o processo civil elaborado as luzes do intento alemão da ciência processual, pro-jetado notoriamente à composição de litígios de natureza individual, não se prestava a atender os novos anseios do direito material.112 A lição, entre nós, restou perfeita-mente apreendida por Barbosa Moreira, responsável pela apresentação do tema à doutrina brasileira sob esta óptica.113

Ciente da carência de um regramento processual capaz de reger adequadamente o Processo Coletivo que se impunha pela natureza dos novos direitos reconhecidos, o direito brasileiro passa - agora sim influenciados pelas lições de Cappelletti trazidas ao Brasil por Barbosa Moreira - a se valer de dispositivos "civis" esparsos no intuito de suprir tal necessidade.114 Sem prejuízo da regulamentação da Ação Popular prevista constitucionalmente desde 1934, marcante resposta veio à baila com a promulgação da Lei nº 7.347/85, responsável pela instituição da Ação Civil Pública no Brasil (ACP).115 A onda renovatória lato sensu, efetivamente, tomava forma legislati-va.116 Posteriormente, a Constituição Federal de 1988 alça a ACP ao espectro consti-tucional, e mais, inova com criação do Mandado de Segurança Coletivo (art. 5º, inciso LXX).117118 O interesse e a necessidade de prestação jurisdicional coletiva passa a ser induvidosa. Dois anos depois, a Lei nº 8.078/90, publicada sob a rubrica de Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC), ainda que sem fazer menção a "todas" as minúcias necessárias, institui regramento processual a ser aplicado na prestação da tutela coletiva, tornando-se diploma nuclear para o trato do Processo Coletivo no Brasil.119 120

Outrossim, cumpre advertir que analisado o contexto histórico "civilista" com mais vagar é possível perceber que outros dispositivos legais contribuíram em muito para o desenvolvimento e evolução do tema entre nós. Dentre eles, consoante assevera Swarai Cervone de Oliveira, merecem destaque - além das Leis nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular), nº 7.347/65 (Lei da Ação Civil Pública) e nº 8.078/90 (Código de Pro-teção e Defesa do Consumidor) - as Leis nº 6.938/81 (Lei de Defesa do Meio Ambien-te), nº 7.853/89 (Lei de Defesa dos Interesses das Pessoas Portadoras de Deficiência), nº 7.913/89 (Lei de Defesa dos Investidores do Mercado Financeiro), nº 8.069/90 (Es-tatuto da Criança e do Adolescente), nº 8.429/92 (Lei da Improbidade Administrati-va), nº 8.884/94 (lei que transforma o CADE em autarquia e dispõe sobre a prevenção e repressão à ordem econômica) e nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso), sem prejuízo da Lei nº 8.625/03 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público).121

Todavia, ainda que se tenha evoluído em muito até os dias atuais, a falta de uma legislação de caráter geral "especificamente" destinada ao trato do Processo Coletivo tem inquietado os estudiosos, que ao longo dos últimos anos, corajosamente, empe-nham-se em desenvolver estudos que culminaram na apresentação de diversas pro-postas de Código Brasileiro de Processos Coletivos.122 123 Atualmente, na falta de op-ção mais adequada, ainda que o CDC tenha sido erigido doutrinariamente à condição de norma geral para o Processo Coletivo Brasileiro, sua debilidade para tanto é mani-festa. O trato de alguns dos importantes aspectos processuais, a exemplo do que ocorre com os temas legitimidade, coisa julgada e execução, não é o bastante. Diver-

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sas das controvérsias e problemas que permeiam o trato processual dos feitos coleti-vos não são enfrentadas pelo diploma legal. A necessidade de uma reforma é quase unânime.

Por fim, resta dizer que, hodiernamente, tramita no Congresso Nacional com grande expectativa de aprovação o projeto de Lei nº 5.139/09124 que, grosso modo, se pro-põe a regular o Processo Coletivo no Brasil, uniformizando o trato da tutela não indi-vidualizada entre nós. Não é outro o estado atual da arte.

Considerações finais

Ao fim e ao cabo, o presente ensaio nos permite concluir que:

a) é possível afirmar que a primeira notícia a respeito da propositura de uma "ação coletiva" ocorre no último quartel do século XII, mais precisamente no âmago do di-reito inglês;

b) as "ações coletivas" admitidas na Inglaterra medieval não suscitaram maiores de-bates em torno de questões de natureza processual, pois que, à época, o processo civil era tido como mero apêndice do direito material. Desconhecia-se a noção dos distintos planos da ordem jurídica (plano do direito material; plano do direito proces-sual);

c) a prestação jurisdicional inglesa, até 1873, deu-se de forma partilhada, ou seja, coexistiam os sistemas deequity jurisdiction e law jurisdiction. Esta, mais formal, dedicava-se ao apreço das contendas de natureza indenizatória e pecuniária; àquela, bem menos rígida, competia administrar as causa de natureza declaratória e manda-mental, cumprindo, ainda, o papel de jurisdição complementar em face das lacunas oriundas do sistema de direito comum;

d) a constatação prática do efetivo prejuízo que a regra da compusory jointer trazia àqueles que litigavam quando os demais interessados não se habilitassem no feito, fez nascer o denominado bill of peace, procedimento que passou a admitir as ações representativas no plano da equity jurisdiction;

e) o bill of peace tinha como pressupostos (a) a impossibilidade, ou inviabilidade da formação do listisconsórcio, (b) interesse comum na causa e (c) a adequada repre-sentação dos interessados;

f) ainda que se possa atribuir a paternidade das "ações coletivas" ao direito inglês do medievo, o efetivo desenvolvimento da temática é fruto do direito estadunidense, ordenamento fortemente influenciado pelo direito britânico em seu período colonial;

g) inobstante constate-se a existência de diplomas legais anteriores, é em 1938, via Rule 23, que as ações coletivas começam a ganhar contornos mais aproximados do que hoje conhecemos. De acordo com a norma, as class actions restaram classifi-cadas em true, hibridy e spurious class actions;

h) a publicação da Rule 23 põe fim ao sistema da jurisdição partilhada no direito americano, característica herdada do direito inglês. As representative ac-tions passam a ser admitidas, também, no espectro dos direitos reconhecidos tão somente em law;

i) a elevada dificuldade de enquadramento fático nas hipóteses de cabimento previs-tas pela Rule 23, bem como a irresignação doutrinária e jurisprudencial no que tange ao regramento aplicável a res iudicata nasspurious class actions, motivaram a deno-minada "reforma de 66";

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j) entre as novidades, a queda da classificação proposta por James Willian Moore e a substituição do regimeopt in, anteriormente aplicável às falsas ações coletivas, pe-lo opt out ocupam lugar de destaque. Revigoradas, as ações coletivas alcançam seu ápice no direito norte-americano. Posteriormente, não foram raras as tentativas de minimizar o enorme potencial das class actions, tendo elas sofrido algumas limita-ções em face da entrada em vigor de dispositivos esparsos;

k) no Brasil, a noção referente à necessidade de implantação de um "processo civil coletivo" vem à baila tão somente no início dos anos setenta, fortemente influencia-da pelas lições de Mauro Cappelletti. O primeiro vestígio de processo coletivo no Bra-sil data de 1903, devendo-se atribuir tal fato à faculdade de constituição de alguns sindicatos, aos quais foram concedidos poderes de representação junto aos órgãos competentes da época para defender certos interesses classistas.

l) o efetivo desenvolvimento do moderno "direito processual coletivo" entre nós deu-se via diplomas esparsos, com especial destaque para as Leis nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular), nº 7.347/65 (Lei da Ação Civil Pública) e nº 8.078/90 (Código de Pro-teção e Defesa do Consumidor);

m) cientes da carência e necessidade de uma legislação tópica, doutrina e jurispru-dência, erigiram o Código de Proteção e Defesa do Consumidor a condição de norma nuclear para o trato do "direito processual coletivo brasileiro";

n) hodiernamente tramita no Congresso Nacional, com grande expectativa de aprova-ção o projeto de Lei nº 5.139/09 que se propõe a regular o Processo Coletivo no Bra-sil, uniformizando o trato da tutela não individualizada entre nós.

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2 Segundo as anotações de Yeazell, o pároco Martin, ajuizou ação em face de paro-quianos de Nuthanstead, povoação de Hertfordshire, para ver satisfeito suposto direi-to por serviços prestados, diariamente, àquela comunidade. Apenas alguns dos mem-bros da comunidade foram chamados a juízo.

3 PETERS, Edwards. The American Journal of Legal History, v. 36, p. 429, 1990.

4 Segundo Peters, já em 1179, na cidade de Paris, um grupo de aldeões da vila Rosnysous-Bois teria proposto ação desta natureza reivindicando o fim da condição de servos em face do abade e dos clérigos de Santa Genovese.

5 Há relatos doutrinários no sentido da existência de ações coletivas anteriores ao direito medieval inglês. No entanto, pelo que consta, demandas eram propostas em face de grupos de animais. Assim, ainda que certa curiosidade possa despertar ao leitor, preferimos, pelo menos para o momento, desconsiderar as assertivas em face da peculiaridade apontada. A respeito dos cases, vide: GIDI. A class action como ins-trumento de tutela coletiva de direitos, p. 43 e suas indicações em nota 12.

6 MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 44.

7 MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 44.

8 "Desde o século XVII, os tribunais de equidade (Courts of Chancery) admitiam no direito inglês, o bill of peace, um modelo de demanda que rompia com o princípio segundo o qual todos os sujeitos interessados devem, necessariamente, participar do processo, com o que se passou a permitir, já então, que representantes de determi-nados grupos de indivíduos atuassem, em nome próprio, demandando por interesses dos representados ou, também, sendo demandados por conta dos mesmos interesses. Assim nasceu, segundo a maioria dos doutrinadores, a ação de classe" (ZAVAS-CKI. Processo coletivo: tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de direitos, p. 26).

9 "Todavia, é historicamente impreciso traçar as raízes das modernas class ac-tions apenas às bill of peacedas court of chancery da equity, como faz a maioria dos autores. Uma forma primitiva de ação de grupo já existia muito séculos antes, po-dendo ser encontradas na Inglaterra medieval do século XII, onde alguns grupos soci-ais litigavam em juízo pelos seus lideres" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 40).

10 A respeito das teorias da ação, com grande proveito: MARINONI. Teoria geral do processo, p. 159-183; OLIVEIRA. Teoria e prática da tutela jurisdicional, capítulo II; NÖRR. La Scuola Storica, Il Processo Civile e Il Diritto delle Azioni. Rivista di Diritto Processuale, p. 23-40; TARUFFO. La giustizia civile in italia dal '700 a oggi.

11 MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 45.

12 "Registre-se, ainda, que o papel do costume no direito inglês, no período medieval, era mais acentuado e fundamental para o sistema jurídico. Portanto, a possibilidade de um povoado ter seus interesses defendidos por três ou quatro pessoas, indepen-dentemente da existência de procurações ou autorização específica para tanto, era vista como permitida pelo direito e costumes da época, na medida em que passou a representar uma prática constante e reiterada. A idéia incutida era a de que certo número de homens distintos e dotados de prudência (de ditioribus et discretioribus) poderiam responder pelos interesses da comunidade, seja quando esta demandasse em uma das Cortes do Rei, seja quando figurasse no pólo passivo" (MENDES.Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 45).

13 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 40.

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14 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 40.

15 A respeito da distinção entre law e equity, vide: RIBEIRO, Darci Guimarães. A con-cretização da tutela específica no direito comparado. In: TESHEINER, José Maria Ro-sa; PORTO, Sérgio Gilberto; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro (Co-ord.). Instrumentos de coerção e outros temas de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 134-139.

16 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 41.

17 "A origem das bill of peace remonta aos séculos XVII e XVII e inicialmente baseou-se em critérios denecessidade (para a tutela dos direitos indivisíveis, por exemplo) e conveniência (para a tutela dos direitos divisíveis, evitando ações repetitivas e de-cisões contrastantes). O seu procedimento era incompatível com o processo existente nos tribunais da comom law, só existindo nas ações em equity" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 44).

18 "Para que a ação representativa fosse cabível, todavia, era preciso que o grupo envolvido fosse tão numeroso, que tornasse o litisconsórcio de todos impossível ou impraticável, que todos tivessem interesse comum e que o autor adequadamente representasse os interesses dos membros ausentes" (GIDI. A class action como ins-trumento de tutela coletiva de direitos, p. 42).

19 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 42.

20 "Isso, porém, não impediu uma interessante contribuição do direito americano, acrescentando mais uma hipótese de cabimento à tutela coletiva, além dos já conhe-cidos critérios de necessidade e conveniência" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 44).

21 "Em termos de demanda coletiva, os primitivos escritos sobre o tema foram feitos por Joseph Story. O primeiro caso, West v. Randall, ocorrido em 1820, na verdade, passou a ser considerado não pelo seu conteúdo ou julgado, mas, sim, por ter inspi-rado o autor no interesse pelo tema, na medida em que o fez refletir e tecer comen-tários em torno da group litigation" (MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 63-64).

22 A respeito do desenvolvimento do tema em países como Itália, Alemanha, Portu-gal, Canadá, França, Espanha, Austrália, Argentina, Israel e China, vide: MEN-DES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 98-190.

23 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 45.

24 MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 65.

25 "Assim, a defesa de um direito poderia ser realizada coletivamente sempre que, não o fazendo, o juiz estivesse impedindo a realização da justiça" (GIDI. A class ac-tion como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 44).

26 "As Federal Rules of Civil Procedure não são uma lei, no sentido de norma jurídica emanada do poder legislativo de um país (statute). Também não se trata de um có-digo no sentido de sistema legal que almeja ser coerente e completo. Trata-se de um conjunto de normas (rules) emitido pela Suprema Corte dos Estados Unidos, através de delegação do Poder Legislativo americano" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 46, grifos nossos).

27 "Em 1842, a Suprema Corte norte-americana edita um conjunto de regras de equi-dade, dentre as quais aEquity Rule 48, que passa a ser considerada como a primeira

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norma escrita relacionada com a class actionnos Estados Unidos" (MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 66).

28 Assim constava do texto original da Rule 48: "Where the parties on either side are very numeous, and cannot, without manifest inconvenience and opressive delays, in the suit, be all brought before it, the court in its discretion may dispense with mak-ing all of them parties, and may proceed in the suit, having sufficiente parties before it to represent all the adverse interests of the plaintiffs and the defendants in the suit properly before it. But in such cases the decree shall be withoutprejudice to the rigths and claims of all the absent parties". Em uma tradução livre: Quando as partes forem numerosas em um ou outro pólo e não puderem, sem manifesta inconveniência e opressivos retardamentos, figurar como parte na ação, a corte em conformidade com a sua discrição poderá dispensá-los da atuação como parte e poderá dar prosse-guimento à ação, tendo partes suficientes, diante de si, para representar apropria-damente todos os interesses contrários aos dos autores e réus na ação perante a cor-te. Mas, em tais casos, a decisão judicial deve ser proferida sem prejuízo para os direitos e pretensões de todas as partes ausentes.

29 À época, muitos dos códigos de processo civil, de competência dos estados mem-bros, já albergavam lições compatíveis com a ratio da Federal Equit Rule 38. Neste sentido, vide: GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 45.

30 "Nesta época, as class actions eram instrumentos muito mais simples do que as ações coletivas atuais. O seu cabimento era condicionado pela lei apenas à existência de um interesse comum entre os membros de um grupo suficientemente numeroso a ponto de impedir o litisconsórcio de todos os interessados" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 46).

31 "A eliminação, contudo, não ensejou tratamento uniforme dos tribunais em relação à questão. Pelo contrário, o dissenso e a confusão sobre o tema continuaram a reinar nas cortes americanas (...)" (MENDES.Ações coletivas no direito comparado e nacio-nal, v. 4, p. 68-69).

32 Em 1934, foi promulgado o Rules Enabling Act (lei em sentido estrito, ou se-ja, statute). O texto de lei delegou à Suprema Corte a tarefa de estabelecer regras processuais para regulação dos processos correntes na Justiça Federal norte-americana (Rules Enabling Act, 28 U.S. §2072).

33 "Finalmente, em 1938, surge nos Estados Unidos o primeiro Código de Processo Ci-vil no âmbito federal" (MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 68-69). Em sentido contrário, afirmando que as Rules não se prestam a fazer as vias de um "código", vide: GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 46.

34 Em português, numa tradução livre: Normas do Processo Civil Federal.

35 "Dentre as Federal Rules of civil Procedure, encontrava-se a de número 23, desti-nada a regular as class actions, que passavam a estar disponíveis para todo o direito e não apenas para os processos calcados na equidade" (MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 69).

36 Vide p. 04.

37 "Somente com a promulgação da Rule 23 as ações coletivas com pretensão indeni-zatória (class actions for damages) foram permitidas nos Estados Unidos. Antes disso, as ações coletivas eram permitidas somente para a proteção das situações de vanta-gem reconhecidas pela equity e não pela law, vale dizer, somente para pretensões

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injuntivas e declaratórias" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 47).

38 Supreme Court Advisoy Committee on the Federal Rules.

39 "Antes de 1938 o direito americano não conhecia qualquer classificação das class actions nem nas leis daequity nem nos diversos códigos processuais estaduais" (GI-DI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 49).

40 "A classificação tripartite constante da Rule 23 original é uma criação do Prof. Ja-mes Moore. É curioso observar que os nomes true, hibridy e spurious não eram pre-vistos no texto de lei" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 49-50).

41 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 48.

42 "A distinção, segundo consta em geral nos livros, propiciou certa dificuldade de interpretação e definição clara das hipóteses" (MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 69). Para melhor ilustrar o tamanho da dificuldade, Antonio Gidi, transcreve Zacheriah Chafee Jr., no seguinte sentido: "Talvez eu daltô-nico com relação às ações coletivas, mas tenho tanta dificuldade em distinguir o common right de umseveral right quanto em decidir se algumas gravatas e vestidos são verdes ou azuis" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 51).

43 "As dificuldades com a aplicação da formalística classificação tripartite de Moore e a sua inutilidade prática forma aos poucos sendo expostas pela prática de Rule 23, tendo sido um dos principais motivos pelos quais a norma sofreu uma profunda revi-são em 1966" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 51).

44 MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 69-71.

45 "Com a reforma das Federal Rules of Civil Procedure, em 1966, a Rule 23 foi com-pletamente reescrita" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 57).

46 "Como resultado do descontentamento, a Suprema Corte norte-americana alterou substancialmente, em 1966, a redação da Regra 23, procurando estabelecer uma abordagem prática e funcional para as demandas coletivas" (MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 72).

47 "A verdadeira ação coletiva é aquela que permite a representação quando o litis-consórcio de todos os membros do grupo seria essencial para a solução da controvér-sia. Apenas este tipo de ação coletiva estendia a coisa julgada a todos os membros ausentes, independentemente de resultado da demanda. As hibridy class ac-tions eram um instrumento intermediário entre as true e as spurious class ac-tions contendo aspectos de ambas. Daí o seu nome 'híbrida'. Assim, a sua coisa julga-da vincularia apenas as partes no processo, mas vincularia todos os membros do gru-po no que se referisse a direitos relacionados à propriedade ou o fundo envolvidos no litígio. No caso das spurious actions, a coisa julgada somente atingiria as partes ori-ginais do processo e os membros do grupo que se fizeram partes através da interven-ção" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 49, grifos nossos).

48 Vide: KALVEN; ROSENFIED. The contemporary function of the class suit, 8. The University of Chigago Law Review, 684, 1940.

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49 Em sentido contrário, "Moore defendia que a possibilidade de intervenção deveria ser limitada ao período anterior a promulgação da sentença de mérito. Isso evitaria que os membros do grupo interviessem no feito somente no caso de uma sentença favorável, podendo se beneficiar do julgamento da uma class action sem correr os riscos de uma eventual sentença de improcedência da pretensão do grupo" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 53).

50 A jurisprudência, preponderantemente nos últimos anos de vigência da redação original da norma 23, passou a permitir a intervenção pós-sentença de procedência.

51 O fenômeno ficou representado através da expressão 'one-way intervention'. Neste sentido: GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 54.

52 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 54.

53 A dificuldade prática em enquadrar o objeto dos litígios na classificação elaborada por Moore, também, foi pedra de toque para a concretização da reforma. A respeito desta dificuldade, com grande proveito, vide: CHAFFE JR., Zechariah. Some problems of equity. Ann Arbor: University of Michigam Press, 1950.

54 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 55.

55 "Ademais, a norma era incompleta, pois não previa medidas procedimentais que assegurassem os direitos dos membros ausentes e o respeito ao devido processo legal" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 55).

56 "A doutrina e a jurisprudência que se seguiram à reforma, acertadamente, abando-naram por completo os critérios abstratos e a nomenclatura usados na classificação anterior" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 57).

57 A toda evidência, a nova regulamentação foi de forte impacto para aquelas situa-ções substanciais anteriormente classificadas como ensejadoras das denomina-das spourius class action, pois que os efeitos da coisa julgada, na espécie, alcançava tão somente os membros presentes no processo.

58 "Talvez por este motivo, a nova redação do dispositivo prevê medidas que o juiz deve tomar para assegurar o justo procedimento da ação coletiva e o respeito ao devido processo legal, notadamente a notificação aos membros do grupo e outros instrumentos de proteção aos interesses dos membros ausentes" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 58).

59 "Esse poder-dever atribuído ao magistrado norte-americano de tutelar os interesses dos membros ausentes vai frontalmente de encontro à secular tradição liberal do common law, em que o processo é conduzido inteira e exclusivamente pelos advo-gados, sendo o juiz um mero espectador passivo da contenda" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 59).

60 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 60.

61 Segundo estudo realizado no ano de 1972, nos primeiros cinco anos de vigência da reforma de 1966, o número de ações coletivas quadruplicou. American College of Trial Lawyers, Report and recommendations of the special commitee on Rule 23 of the Federal Rules of Civil Procedure, 1972.

62 "Atualmente, as ações coletivas estão no centro de todos os debates jurídicos e políticos" relevantes travados no direito norte-americano (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 61).

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63 "Não houve qualquer alteração substancial na redação ou no significado da norma. O objetivo da emenda era apenas tornar a redação do dispositivo neutra em face do sexo (gender neutral), como parte de uma campanha nacional 'politicamente correta' que reescreveu todas as leis e livros do país. Substituíram-se as palavras 'ele' (he ou him) e 'dele' (his) pela palavra 'membro' (member), para evitar o estereótipo do membro do grupo como sendo unicamente do sexo masculino" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 62).

64 "Não por coincidência, o Partido Republicano é ideologicamente identificado com o capital e as grandes empresas" (GIDI. A class action como instrumento de tutela cole-tiva de direitos, p. 62).

65 Cumpre advertir que o Private Securities Litigation Act, diferentemente da Rule 23, é um statute, isto é, lei emanada pelo Poder Judiciário. As rules, tecnicamente falando, não podem ser consideradas leis em sentido estrito. Recorde-se que a Rule 23, é fruto de espécie de resolução oriunda da Suprema Corte Americana.

66 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 62.

67 Securities class actions.

68 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 62.

69 "(f) Appeals. A court of appeals may inits discretion permit an appeal from an order of a district court granting or denying class action certification under this rule if ap-plication is made to it within ten days after entry of the order. An appeal does not stay proceedings in the district court unless the district judge or the court of appeal so orders". Em tradução livre: (f) Agravo de Instrumento. O tribunal de segundo grau pode, a sua discrição, permitir o agravo de uma decisão que certificar ou de certifi-car uma ação coletiva, se o requerimento for feito no prazo de dez diais a contar da decisão. O agravo não suspende o procedimento no juízo de primeiro grau, a menos que o juiz ou o tribunal decida diversamente.

70 "(g) Advogado do grupo. (1) Nomeação do advogado do grupo. (a) Salvo disposição em contrario, o juiz que certifica o grupo nomeara o advogado do grupo. (b) Um ad-vogado nomeado para servir como advogado do grupo deverá representar os interes-ses do grupo de maneira justa e adequada. (c) Ao nomear o advogado do grupo, o juiz (i) devera considerar: o trabalho que o advogado realizou em identificar ou in-vestigar potenciais pretensões no processo; a experiência do advogado em manejar ações coletivas, outros processos complexos, e os tipos de pretensões alegadas no processo; o conhecimento do advogado do direito aplicável; e os recursos que o ad-vogado disponibilizara para representar o grupo; (ii) poderá considerar qualquer ou-tra questão pertinente a habilidade do advogado de representar justa e adequada-mente os interesses do grupo; (iii) poderá ordenar candidatos a advogado do grupo a fornecer informações sobre qualquer assunto pertinente a nomeação e a fazer uma proposta para honorários advocatícios e despesas; e (iv) poderá dar outras ordens relacionadas a nomeação. (2) Procedimento para a nomeação: (a) O juiz poderá de-signar um advogado interino para representar o grupo antes da certificação da ação coletiva. (b) Quando houver um candidato a posição de advogado do grupo, o juiz poderá nomeá-lo somente se ele for adequado de acordo com a Rule 23(g)(l) (b) e (c). Se mais de um candidato adequado solicita nomeação como advogado do grupo, o juiz deverá nomear o candidato mais capacitado para representar os interesses do grupo. (c) A ordem nomeando 0 advogado do grupo pode incluir decisões sobre os honorários advocatícios e despesas, de acordo com a Rule 23 (h)."

71 "(h) Honorários advocatícios. Em uma ação certificada como coletiva, o juiz pode atribuir honorários advocatícios e despesas autorizados por lei ou por acordo das par-

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tes, de acordo com o seguinte: (1) Requerimento de honorários advocatícios. O re-querimento de honorários advocatícios e despesas deverá ser feito de acordo com a Rule 54(d) (2) no período determinado pelo juiz e sujeito ao disposto nesta subdivi-são. O requerimento devera ser notificado a todas as partes e requerimentos do ad-vogado do grupo serão dirigidos aos membros do grupo de uma maneira razoável. (2) Objeções ao requerimento. Um membro do grupo, ou a parte da qual o pagamento é solicitado, poderá apresentar objeções ao requerimento. (3) Audiência e decisão. O juiz poderá promover uma audiência e justificara sua decisão nas questões de fato e direito relacionadas ao requerimento a que se refere a Rule 52 (a).(4) Delegação ao Special Master ouMagistrate Judge. O juiz poderá delegar questões relacionadas ao cálculo para um special master ou para um magistrate judge, de acordo como disposto na Rule 54(d) (2) (d)".

72 GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 63.

73 A exemplo do ocorrido nos Estados Unidos, o fenômeno do refreamento das ações coletivas, também, se apresenta como norte no Brasil após o amplo desenvolvimento da temática. Consoante anota Ariane de Oliveira, "em que pese o retrocesso para a abrangência da tutela coletiva que as seguintes leis apresentam, não se pode deixar de mencioná-las", fazendo referência às Leis nº 8.437/92, nº 9.494/97 e nº 9.870/99 (OLIVEIRA. Execução nas ações coletivas, p. 35).

74 O CAFA como é conhecido, foi codificado no título 28 do United States Code. O diploma é aplicável a toda e qualquer ação coletiva.

75 "Um exemplo teratológico é o de um juiz de uma cidadezinha do Alabama, que certificou mais ações coletivas de interesse nacional (nationwide class action) do que todos os 900 juízes federais juntos. Alabama e Louisiana eram considerados o paraíso das class actions" (GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direi-tos, p. 63).

76 A respeito da existência de uma suposta conspiração política no tangente a pro-mulgação do Class Action Fairness Act, no sentido de dificultar o acesso à justiça, vide: GIDI. A class action como instrumento de tutela coletiva de direitos, p. 63-65.

77 A respeito do desenvolvimento do tema processo coletivo nos ordenamentos inglês, italiano, alemão, português, canadense, francês, espanhol e austríaco, vide, com grande proveito: MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 43-187.

78 O caráter oitocentista do diploma civil brasileiro do início do século XX salta aos olhos. Neste sentido, vide: PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Fontes e evo-lução do direito civil brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 1981.

79 "A escola processual italiana, inaugurada pela obra de Chiovenda, deixou para trás o método exegético, próprio das tendências de origem francesa, e assumiu uma pos-tura histórico-dogmática, porém assimilou "autonomia" do direito processual com neutralidade do processo em relação ao direito material" (MARINONI.Teoria geral do processo, p. 219, n. 12).

80 "Para que se compreenda melhor o que significou o surgimento dessa escola, basta lembrar, nas palavras do próprio Chiovenda, a misera condizione em que eram con-cebidos os estudos processuais ao final do século XIX, ou antes do surgimento da obra de Mortara, a qual é conferida a importância de ter iniciado a publicização do direito processual na Itália" (MARINONI. Tutela inibitória: individual e coletiva, p. 438).

81 Sem o temor maior do equívoco, é possível afirmar que as premissas sustentadas pela doutrina alemã da época estariam bem representadas pela noção de que (a) a

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primeira pureza suscitada visava o reconhecimento de que a ciência jurídica deveria preocupar-se com questões tão somente jurídicas, restando infensa a elementos de natureza social, políticos, culturais e religiosos, ou seja, tais elementos não compu-nham o universo de preocupação dos juristas. O direito deve se preocupar apenas com o que é jurídico; (b) direito material e processo não poderiam confundir-se.

82 A corrente alemã, em síntese, esmerava-se em sustentar que ciência jurídica e elementos culturais não se deviam misturar. No direito dos professores, como fora apelidado o direito alemão da época, os ensinamentos doutrinários, por intitularem-se os alemães herdeiros de Roma, guardavam estrita relação com o direito romano-clássico, fonte legitimadora de seus institutos jurídicos (SILVA. Jurisdição e execução na tradição romano-canônica).

83 A respeito, com grande proveito, vide: MITIDIERO, Daniel Francisco. Colaboração no processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

84 Uma primeira conclusão salta aos olhos! O CPC/73, pensado por Buzaid, do ponto de vista de sua estrutura (cognição, execução e cautela), toma corpo guardando es-treita relação com o professado pela doutrina italiana do início do século XX. O pro-cesso civil brasileiro, a toda evidência, é arquitetado sob os holofotes da, à época, referenciada "pureza processual", ou seja, o CPC/73 preocupou-se tão somente em resolver os problemas processuais à luz de conceitos puramente processuais, apar-tando-se rigorosamente do direito material. Uma segunda análise a respeito do códi-go Buzaid faz-se, ainda, necessária. Para melhor fundamentar a flagrante necessida-de do estudo do processo coletivo ora proposto é preciso analisar o código Buzaid sob o ponto de vista das relações que mantinha com a realidade social e com o direito material da época de sua criação. O código Buzaid a pretexto de sustentar a autono-mia do processo, ao que tudo indica,congelou determinada cultura que se fazia sentir nos ditames do direito material tutelado pelo CC/1916, que ao fim e ao cabo retra-vam a realidade social do século XIX, início do século XX, pois que sua redação foi claramente influenciada pelos códigos civis francês (1804) e alemão (1895). Portanto, o CPC/73, distancia-se em muito da realidade social pátria de sua época, noção que se impõe pela identificação de seus marcantes traços, a saber: (a) individualismo; (b) patrimonialismo; e (c) seu caráter meramente repressivo. É preciso compreender que a realidade social tomada por base para a elaboração do CPC/73 guarda estrita rela-ção com os ideais de liberdade da Revolução Francesa, período em que importava tão somente assegurar a proteção dos direitos individuais contra as arbitrariedades do Estado. A liberdade do indivíduo era o ponto fulcral. Justifica-se, assim, o motivo pelo qual o CPC nenhuma palavra versou a respeito do processo dito coletivo.

85 A respeito da evolução e realidade das ações coletivas no direito italiano, vide, com grande proveito: MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 98-120.

86 A respeito da distinção entre os conceitos de "processo civil" e "direito processual civil", importante a lição de Leo Rosemberg. "Segundo isto, pode definir o processo civil como o procedimento juridicamente regulado para a proteção do ordenamento jurídico mediante declaração, realização e segurança (principalmente) dos direitos e relações jurídicas de direito civil. E direito processual civil é todo o direito objetivo regulador deste procedimento, isto é, o conjunto das normas que têm por objeto as instituições estatais de jurisdição civil, os pressupostos e as formas do procedimento que se realiza ante as mesmas e os pressupostos, formas e efeitos dos atos da jurisdi-ção" (ROSEMBERG. Da jurisdição no processo civil, p. 13).

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87 Aluisio Gonçalves de Castro Mendes, evidencia pela qualidade e extensão a obra de Vincenzo Vigoritti (1979), que segundo ele "pode ser considerado como a monografia mais ampla e densa sobre o tema (...) até então editada, não apenas na Itália, mas, também, em termos mundiais (MENDES. Ações coletivas no direito comparado e naci-onal, v. 4, p. 106).

88 "Porém, a constatação de que o processo não atendia às necessidades sociais fez surgir, transcorrido bem mais de meio século do início da formação da escola siste-mática, nova perspectiva de análise, que pode ser designada de 'acesso à justiça'; o processo, a partir daí, passou a compreendido em sua dimensão política, social e econômica" (MARINONI. Tutela inibitória: individual e coletiva, p. 440).

89 "A verve do legendário Mestre, José Carlos Barbosa Moreira, foi marcante para o desenvolvimento da consciência e da problemática relacionada com a questão dos interesses coletivos, difusos e individuais" (MENDES. Ações coletivas no direito com-parado e nacional, v. 4, p. 192).

90 Sobre a temática, é célebre o texto: MOREIRA. A ação popular do direito brasileiro como instrumento de tutela jurisdicional dos chamados "interesses difusos". In: Temas de direito processual civil: primeira série, p. 110-126.

91 A ação popular foi por aqui prevista já na Constituição Federal de 1934, art. 123, 38, tendo saído de cena com a entrada em vigor da Constituição de 1937, sendo rein-troduzida em 1946, mantendo-se vigente até os dias atuais. Ainda assim, restou regu-lamentada tão somente em 1965, pela Lei nº 4.717.

92 "(...) Ada Pellegrini Grinover e Waldemar Mariz de Oliveira Jr., dentre outros, des-tacaram-se no empreendimento de desbravar os novos conceitos e pavimentar os caminhos florescentes e espinhosos da tutela jurisdicional dos interesses coletivos e difusos" (MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 193).

93 Segundo Daniel Mitidiero, o primeiro sintoma de processo coletivo no Brasil advém do âmbito laboral. O processo coletivo do trabalho, segundo ele, poder ser apontado como a gênese do trato coletivo entre nós.

94 MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 192.

95 No tangente ao grifo vale conferir a narratória mais detalhada de Ariane Fernandes de Oliveira, identificando os diplomas ditos esparsos, nos seguintes termos: "Ressalta-se ainda a introdução de duas ações de natureza popular no âmbito da legislação infraconstitucional: uma relacionada à aquisição, perda e reaquisição da nacionalida-de e perda de direitos políticos, Lei nº 818/1949 e outra relativa à impugnação do enriquecimento ilícito, Lei 3.052/58" (OLIVEIRA. Execução nas ações coletivas, p. 33).

96 Partindo deste marco histórico, vide, ainda: LEYSER. Ações coletivas e direitos difusos, p. 20-44. OLIVEIRA. Poderes do juiz nas ações coletivas. São Paulo, p. 20-34; ZAVASCKI. Processo coletivo: tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de direitos.

97 "Art. 1º. É facultado aos profissionais da agricultura e industrias ruraes de qualquer genero organizarem entre si syndicatos para o estudo, custeio e defesa dos seus inte-resses".

98 O Decreto nº 979/1903, estabelecia o cumprimento de algumas exigências para que os órgãos representativos obtivessem "os favores da lei", dentre elas, o depósito "no cartorio do Registro de hipothecas do districto respectivo, com a assignatura e ros-ponsabilidade dos administradores, dous exemplares dos estatutos, da acta, da ins-tallação e da lista dos socios, devendo o escrivão do Registro enviar duplicatas á As-sociação Commercial do Estado em que se organisarem os syndicatos" (art. 2º).

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99 DELGADO. Curso de direito do trabalho, p. 110-111.

100 O decreto encontra-se publicado na íntegra em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D19770.htm>. Acesso em: 08 out. 2009.

101 GARCIA, Pedro Carlos Sampaio. O fim do poder normativo. In: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos Neves (Coord.). Justiça do trabalho: competência amplia-da. p. 384.

102 "A Justiça do Trabalho seria, por fim, efetivamente regulamentada pelo Decreto-Lei n. 1.237, de 1.5.1939" (DELGADO. Curso de direito do trabalho, p. 111).

103 DELGADO. Curso de direito do trabalho, p. 112.

104 O leitor mais atento poderia, ainda, suscitar o seguinte questionamento: conside-rada a Justiça do Trabalho como órgão integrante do Poder Executivo poder-se-ia asseverar que ao tempo da vigência do Decreto-Lei nº 1.237 inexistiam no Brasil de-mandas coletivas judiciais?

105 A respeito da história da Justiça e do direito trabalhista no Brasil, vide: GARCIA, Pedro Carlos Sampaio. O fim do poder normativo. In: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos Neves (Coord.). Justiça do trabalho: competência ampliada. p. 385 et seq.; DELGADO. Curso de direito do trabalho; GIGLIO; CORRÊA.Direito processual do trabalho; MARTINS. Direito do trabalho; MARTINS. Direito processual do trabalho.

106 Em que pese a afirmativa da doutrina juslaboral que revela o estrito vínculo exis-tente entre o direito trabalhista pátrio e a Carta Del Lavoro italiana de 1927, enten-demos que, pelo fato de o Decreto nº 979/1903 expressamente trazer à baila a noção de sindicalismo (ou melhor, de representação coletiva), sem prejuízo do argumento de que o diploma brasileiro antecede a Carta Italiana em 20 anos e, ainda, sem negar a influência do sistema projetado por Mussolini sob a própria CLT, nos parece mais adequado tomar por marco histórico (de aparecimento de um primeiro fragmento do processo coletivo entre nós) a previsão contida no Decreto em epígrafe.

107 Reitere-se, por oportuno, que o Código de Processo Civil publicado em 1973, igno-rou o trato do processo coletivo por completo.

108 A bem da verdade, o objetivo da doutrina referida não era outro senão o de apro-ximar o processo da realidade social. Após constatar que o processo pensado à luz da escola chiovendiana distanciava-se, ainda que inconscientemente, em muito da rea-lidade social, Cappelletti sugere uma mudança de pensamento, ou melhor, uma re-forma cultural em que o acesso à justiça ocupe o núcleo do pensamento processual. As relações sociais deveriam tornar a influenciar na construção do processo. O pro-cesso deve atender às necessidades sociais, dentre as quais já se apresentava, à épo-ca, a imprescindibilidade de um tratamento diferenciado para as lides de caráter coletivo (CAPELLETTI, Mauro; GARTH, Brian. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gra-cie Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1988).

109 A novidade do tema, pelo menos entre nós, e a dificuldade de libertação das amarras científicas que inspiraram a produção do código Buzaid, recheia o cenário doutrinário de questões pertinentes ao processo a ser aplicado na esfera coletiva lato sensu.

110 Pelo menos uma curiosidade deve ser trazida à baila. Ainda que a doutrina italiana encabeçada por Cappeleti e Denti tenha sido o marco teórico do pensamento brasi-leiro no que concerne a necessidade da prestação jurisdicional não individual, na própria Itália a concepção doutrinária não vingou. "A adesão de doutrinadores, nos

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anos 70 e 80, produziu, entretanto reflexos de monta junto à jurisdição. A decisão tomada pelo Conselho de Estado, em 1973, admitindo a legitimidade da associa-ção Italia Nostra, influenciou apenas alguns tribunais administrativos, mas, em geral, permaneceu substancialmente isolada, durante muitos anos. Além disso, o acórdão foi anulado pela Corte de Cassação, em maio de 1978." O Brasil, veio a ter legislação pertinente ao trato do processo coletivo, quase uma década antes do sistema italia-no. Neste sentido, vide: MENDES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 109.

111 Em face da distinção, com grande proveito: ZAVASCKI. Processo coletivo: tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de direitos.

112 A respeito da genialidade de Mauro Cappelleti, vide: PORTO; USTÁRROS. Lições de direitos fundamentais no processo civil: o conteúdo processual da Constituição Fede-ral, p. 40-49.

113 Vide: MOREIRA. A ação popular do direito brasileiro como instrumento de tutela jurisdicional dos chamados "interesses difusos" In: Temas de direito processual civil: primeira série.

114 "É cada vez mais concreto o entendimento doutrinário no sentido de que o direito processual tradicional não se mostra mais suficiente à pacificação das novas formas de interesse" (CALDEIRA. Aspectos processuais das demandas coletivas, p. 17).

115 "(...) surgiu, então, um anteprojeto de lei - elaborado por um grupo de professo-res de São Paulo, sob a liderança (...) Ada Pellegrini Grinover. Integravam, também, a comissão os eminentes juristas Cândido Rangel Dinamarc, Kazuo Watanabe e Wal-demar Mariz de Oliveira Jr., 'que redigiram o anteprojeto a convite do Des. José Al-berto Weiss de Andrade, formulado após o encerramento de um seminário sobre o tema, ocorrido em fins de 1982. O anteprojeto foi aprovado pela Associação Paulista de Magistrados já no primeiro semestre de 1983 e apresentado ao público pela pri-meira vez em julho daquele ano, durante o I Congresso Nacional de Direito Processu-al, ocasião em que José Carlos Barbosa Moreira apresentou as primeiras sugestões de aprimoramento. Até então não havia sido utilizado o 'nome' ação civil pública. Ofere-cido ao Deputado Flávio Bierrenbach, em novembro de 1983, foi encampado e apre-sentado à Câmara dos Deputados, no ano de 1984, como o projeto de Lei nº 3.034. Em dezembro de 1983, realizava-se, no entanto, em São Lourenço, Minas Gerais, o XI Seminário Jurídico dos Grupos de Estudo do Ministério Público de São Paulo, ocasião em que foi debatido o anteprojeto da comissão coordenadora pela professora Ada Pellegrini Grinover, bem como sustentado e aprovado, como alternativa, o trabalho denominado 'Ação Civil Pública', de autoria dos então promotores de Justiça Antônio Augusto Mello de Camargo Ferraz, Édis Milaré e Nelson Nery Junior, contendo ante-projeto para a regulamentação do art. 3º, inciso III, da Lei Complementar nº 40/81. Assumida pelo Ministério Público de São Paulo e pela Confederação Nacional do Mi-nistério Público, a proposta foi encaminha ao Ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel e, depois, apresentada ao Congresso Nacional, pelo Presidente da República João Fi-gueiredo, como projeto de lei que recebeu, na Câmara dos Deputados, o nº 4.984/85 e, no Senado, o nº 20/85, sendo aprovado e transformado, com alguns vetos, na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, sancionada pelo presidente José Sarney" (MEN-DES. Ações coletivas no direito comparado e nacional, v. 4, p. 192).

116 Segundo Ariane Oliveira, merece destaque o advento da Lei nº 6.938/81, que um muito teria contribuído para a consolidação da noção de processo coletivo no Brasil (OLIVEIRA. Execução nas ações coletivas, p. 34).

117 Vide artigos 129, III, e 5º, LXXIII, da CF/88.

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118 Hodiernamente, o Mandado de Segurança Coletivo é regido pela Lei nº 12.016/09, encontrando seu regramento, mais especificamente, a partir do artigo 21.

119 Leis nºs 7.345/85, 8.078/90, 8.069/90 entre outras.

120 A respeito do "Diálogo das Fontes e Formas de Tutela Jurisdicional no Código de Defesa do Consumidor", vide: MITIDIERO. Processo civil e Estado constitucional, p. 77-88.

121 OLIVEIRA. Poderes do juiz nas ações coletivas, p. 20-29.

122 Nesta senda, duas frentes se destacaram. De um lado, sob a coordenação do pro-fessor doutor Aluisio Gonçalves de Castro Mendes, os programas de pós-graduação stricto sensu das Universidades do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Está-cio de Sá (Unesa); de outro, sob a supervisão da eminente professora Ada Pellegrini Grinover, o grupo de pesquisas dos pós-graduandos da Faculdade de Direito da Uni-versidade do Estado de São Paulo (USP), deram um passo à frente nesta complexa missão, embora nenhuma das propostas referidas tenha obtido êxito em tornar-se lei.

123 A íntegra de ambas propostas, mais a proposta de Código Modelo de Processos Coletivos para Ibero-América, respectivamente acompanhados das exposições de mo-tivos, são encontradas em: GRINOVER; MENDES; WATANABE (Org.). Direito processual coletivo e o anteprojeto de código brasileiro de processos coletivos, p. 421-464.

124 Com substitutivo apontado em outubro de 2009.

Currículo Resumido

Artur Luis Pereira Torres

Laureado com o diploma Dom Antonio Zattera pela Universidade Católica de Pelotas.

Especialista em Direito Processual Civil e mestre em Direito pela Pontifícia Universi-

dade Católica do Rio Grande do Sul. Professor convidado do PPG lato sensu da Uni-

versidade Caxias do Sul (Processo Civil-UCS). Professor convidado do PPG lato sen-

su da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Direito e Processo do

Trabalho). Advogado.

Como citar este artigo

TORRES, Artur Luis Pereira. Anotações a respeito do desenvolvimento histórico das ações coletivas. Revista Brasileira de Direito Processual - RBDPro, Belo Horizonte, ano 18, n. 69, jan./mar. 2010. Disponível em: <http://www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=65800>. Material da 5ª aula da Disciplina: Direito Constitucional Aplicado, ministrada no Curso de Pós Gra-duação em Direito Previdenciário - Anhanguera-Uniderp | Rede LFG.