jean piaget - trabalho sobre a teoria de desenvolvimento

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Sumário INTRODUÇÃO............................................... 6 PRIMEIRO CAPÍTULO........................................7 A história da Psicologia do Desenvolvimento..........................7 SEGUNDO CAPÍTULO.........................................8 O conceito de desenvolvimento........................................8 TERCEIRO CAPÍTULO.......................................12 O desenvolvimento cognitivo na concepção de Piaget..................12 Factores explicativos do desenvolvimento............................13 Os mecanismos de adaptação ao meio..................................14 QUARTO CAPÍTULO.........................................16 Os estádios de desenvolvimento segundo Piaget.......................16 Estádio Sensório-Motor...........................................18 Estádio Pré-Operatório...........................................18 Estádio Operatório Concreto......................................20 Estádio Operatório Formal........................................20 CONCLUSÕES.............................................. 22 BIBLIOGRAFIA............................................23 ANEXOS.................................................. 24

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Page 1: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Sumário

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 6

PRIMEIRO CAPÍTULO........................................................................................................... 7

A história da Psicologia do Desenvolvimento.......................................................................................7

SEGUNDO CAPÍTULO............................................................................................................ 8

O conceito de desenvolvimento..........................................................................................................8

TERCEIRO CAPÍTULO......................................................................................................... 12

O desenvolvimento cognitivo na concepção de Piaget.......................................................................12

Factores explicativos do desenvolvimento.........................................................................................13

Os mecanismos de adaptação ao meio..............................................................................................14

QUARTO CAPÍTULO............................................................................................................ 16

Os estádios de desenvolvimento segundo Piaget...............................................................................16

Estádio Sensório-Motor............................................................................................................. 18

Estádio Pré-Operatório............................................................................................................. 18

Estádio Operatório Concreto.....................................................................................................20

Estádio Operatório Formal........................................................................................................ 20

CONCLUSÕES........................................................................................................................ 22

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................... 23

ANEXOS.................................................................................................................................. 24

Page 2: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Introdução

Falar de desenvolvimento não é uma coisa linear, pois comporta

demasiados conceitos, transformações, influências, estudo e dedicação ao

assunto e certas referências importantes e inesquecíveis. Desenvolvimento é

na sua definição, um conjunto de transformações a vários níveis, sendo a nível

físico, fisiológico e psicológico, e marcam significativamente toda a existência

do indivíduo dependendo das suas experiências, atitudes e características

pessoais.

Como futuros psicólogos, uma das nossas dedicações no estudo do

desenvolvimento será compreender as razões porque as pessoas mudam sob

diversos aspectos ao longo da sua vida e como acontecem estas

transformações.

Este trabalho vai centrar-se num dos grandes nomes da Psicologia do

Desenvolvimento, Jean Piaget, que definiu o desenvolvimento por estádios, os

quais serão apresentados posteriormente neste trabalho.

Serão então apresentadas noções históricas do desenvolvimento,

também a definição do conceito de desenvolvimento, e por fim a Teoria de

Piaget sobre o desenvolvimento.

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Page 3: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Primeiro Capítulo

A história da Psicologia do Desenvolvimento

Durante bastantes anos, o pensamento psicológico sobre o

desenvolvimento cognitivo das crianças era dominado pela perspectiva da

maturação biológica, a qual dava ênfase quase exclusiva à componente

“natureza” no desenvolvimento, isto é, o sujeito quando nasce é uma “tábua

rasa”, todo o conhecimento é adquirido pela experiência. A percepção das

coisas é o resultado da associação ou combinação das sensações elementares

recebidas dos sentidos. Este modelo de desenvolvimento cognitivo inspirava-se

directamente nas teses empiristas.

Mais tarde apareceram outras teses com bases no desenvolvimento

“estrutural”, em que o sujeito nasce já com um conjunto de estruturas inatas

que submetem as mesmas aos estímulos do meio externo. As coisas e as

situações são percepcionadas como totalidades. Estas estruturas influenciam o

modo como percepcionamos e interpretamos os diferentes elementos que as

constituem.

Estas duas perspectivas, teoria empirista ou associacionista e teoria

estruturalista, foram postas em causa por uma nova teoria surgida no século

passado, a teoria Operatória, em que emergiu um pensador, Jean Piaget.

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Page 4: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Segundo Capítulo

O conceito de desenvolvimento

Como se sabe, cada indivíduo tem o seu próprio desenvolvimento, e isso

constitui uma história singular que o acompanha desde a sua concepção até à

sua morte, o que torna o desenvolvimento um processo de transformação

ininterrupto.

Assim sendo, além das transformações físicas implicadas pelos factores

biogenéticos, o conceito de desenvolvimento abarca todas as transformações e

processos internos que permitem que a experiência, o conhecimento e o

comportamento adquiram uma diferenciação e complexificação crescentes,

integrando e englobando todas as funções do indivíduo.

Lembrando o caso do “Menino Selvagem”, Victor, pode ver-se a

importância que têm todos os factores envolventes ao indivíduo, pois o

desenvolvimento sofre influência de factores internos, a hereditariedade, e de

factores externos, do meio ambiente. As ideias sobre a contribuição relativa de

cada um destes factores têm efeitos importantíssimos na vida das pessoas,

pois de uma comunidade para outra, o desenvolvimento psicológico é

influenciado pelos valores sociais, pelo que as pessoas pensam sobre a

natureza humana e pelas diferentes opiniões sobre quais os factores que

determinam o desenvolvimento.

Existem psicólogos que concordam que os factores internos e externos têm

efeitos recíprocos, sendo a hereditariedade e o ambiente fontes de igual

importância para o desenvolvimento, pelo que é incorrecto dar mais

importância a um ou a outro.

A investigação em psicologia do desenvolvimento, permitiu estudar os

factores anteriores, e tornou-se rica com conhecimentos de diversas áreas

científicas, quer da psicologia, quer de fora dela, como por exemplo da biologia

genética, estudos etológicos, estudos históricos e antropologia. Assim,

intensificou-se a investigação nesta área e diversificaram-se os métodos e as

técnicas utilizadas. Recorre-se na pesquisa, ao método experimental, à

observação naturalista e ao método clínico, que são usados nos diferentes

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Page 5: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

ramos da psicologia. Existem entretanto preocupações e cuidados

deontológicos específicos, pois o objecto de estudo da psicologia do

desenvolvimento são privilegiadamente crianças. Mas além das preocupações

e cuidados, existem também limitações metodológicas, pois as crianças não se

podem auto-observar, as suas respostas a questionários diferentes estão

envoltas em fantasia e não se podem utilizar certas metodologias

experimentais, como retirar crianças da família e privá-las do contacto materno

para se estudar, por exemplo, as consequências do desenvolvimento.

Houve uma evolução nos instrumentos de recolha e tratamento de

dados, sendo que, hoje é comum a utilização de registos de vídeo e áudio,

tratamento informático de dados, etc. Tendo em conta que a psicologia do

desenvolvimento estuda isso mesmo, um ser em desenvolvimento, teve de

recorrer a métodos privilegiados, como por exemplo, o método longitudinal, o

método transversal e o método transverso-longitudinal.

O primeiro método, método longitudinal, baseia-se em estudar de forma

continuada e em intervalos de tempo um mesmo grupo de crianças. Este

intervalo tem de ser constante na mesma experiencia, mas poderá mudar de

grupo de estudo para grupo de estudo. Este método aplica-se a estudos que se

prolongam no tempo – estudos diacrónicos –, frequentemente durante mais de

uma dezena de anos. Facilita a apreensão do processo de transformação de

certas características e da evolução em geral, o que permite o controle de

variáveis, como por exemplo as que se referem a contextos históricos, sociais

ou escolares. Este método é no entanto difícil de aplicar, pois exige uma

grande planificação a longo prazo e acabam por existir perdas de sujeitos da

amostra durante o processo. Existe também outro tipo de estudos longitudinais

muito interessante, que são os estudos de casos biográficos.

O segundo método, o método transversal, baseia-se numa amostra que

é estudada ao mesmo – estudos sincrónicos –, envolvendo sujeitos em

diferentes fases de desenvolvimento, sobre uma ou mais variáveis. Tem uma

aplicação mais fácil e rápida que o método apresentado anteriormente e assim

sendo é o mais utilizado na investigação. Neste tipo de estudo, não é possível

controlar os aspectos educacionais escolares, pois os sujeitos mais velhos da

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Page 6: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

amostra não tiveram a mesma educação escolar do que os sujeitos mais

novos, e daí não podemos saber nas características dos sujeitos se deve aos

aspectos educacionais.

O terceiro e último método, o método transverso-longitudinal, como o

nome indica é um estudo misto, que pretende rentabilizar as vantagens dos

dois métodos anteriores. Assim sendo, segue-se uma amostra constituída por

grupos etários diferentes longitudinalmente com intervalos curtos e um período

não muito longo, e ao mesmo tempo que se compara transversalmente a

amostra.

Partindo de um conjunto de estruturas anatómicas e organizações

fisiológica que asseguram o funcionamento elementar do sistema do indivíduo

e a sua possibilidade de vida, denotam-se no ser humano, mudanças de

natureza qualitativa e quantitativa. As mudanças qualitativas são aquelas que

se traduzem por alterações de estrutura ou organização do indivíduo, como a

natureza da inteligência ou a forma como o pensamento funciona. Por outro

lado, as mudanças quantitativas são aquelas que se traduzem em quantidade

ou número, por exemplo a altura ou o peso, ou ainda o aumento de palavras ou

frases que a criança é capaz de dizer.

Os psicólogos que concebem o desenvolvimento como uma série de

mudanças suaves, de tipo essencialmente quantitativo, tomam parte de uma

visão continuista do desenvolvimento, ao contrário dos psicólogos que

defendem o desenvolvimento como um conjunto de transformações que

diferem qualitativamente entre si e tomam parte da visão descontinuista. Na

visão continuista do desenvolvimento, defende-se que o indivíduo apenas

aumenta a competência que está a desenvolver em cada área específica do

desenvolvimento. Na visão descontinuista, defende-se que a mudança não

significa apenas um acréscimo de competências, pois cada alteração

significativa provoca uma forma qualitativamente diferente de interpretar a

realidade e de interagir com ela.

Os psicólogos que de forma explícita ou não defendem a perspectiva

descontinuista consideram que o desenvolvimento é uma sucessão de

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Page 7: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

estádios, que são transformações qualitativas que ocorrem em determinados

períodos do ciclo vital. Um desses psicólogos é então Jean Piaget.

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Page 8: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Terceiro Capítulo

O desenvolvimento cognitivo na concepção de Piaget

Embora a maioria dos pais saibam das mudanças intelectuais que

acompanham o crescimento físico dos seus filhos, eles teriam sérias

dificuldades para descrever a natureza dessas mudanças.

O modo como os psicólogos contemporâneos descreveram estas

mudanças foi profundamente influenciado pelo psicólogo suíço Jean Piaget

(1896-1980), que é reconhecido como um dos pensadores mais influentes do

século passado.

Neste capítulo vou delinear a teoria de estádios de desenvolvimento de

Piaget.

Devido, em parte, ao resultado das suas observações com os seus

próprios filhos, Piaget interessou-se pelo relacionamento entre as capacidades

de maturação natural da criança e as suas interacções com o ambiente.

Ele via “a criança mais como um participante activo neste processo, do

que como um recipiente passivo do desenvolvimento biológico ou de estímulos

externos” (Piaget, 1997). Ele considerava as crianças como “cientistas

investigadores”, que fazem experiências com objectos e acontecimentos no

seu ambiente para ver o que acontece.

Os resultados destas “experiências” são utilizados para construir

esquemas, teorias como os mundos físico e social funcionam. Ao encontrar

um no objecto ou situação, a criança tenta assimila-lo, ou seja, compreendê-lo

em termos de um esquema preexistente. Se a nova experiência não se encaixa

com um esquema existente, a criança, como qualquer cientista, modifica o

esquema e, deste modo, amplia a sua teoria do mundo. Piaget chamou este

processo de “acomodação”(Piaget e Inhelder, 1969).

O primeiro trabalho de Piaget, enquanto estudante de pós-graduação em

psicologia, foi como um avaliador de inteligência para Alfred Binet, o inventor

do teste de QI. Durante o trabalho ele começou a perguntar a si próprio porque

as crianças cometiam certos tipos de erros. O que diferenciava o raciocínio das

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Page 9: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

crianças e o raciocínio dos adultos? Piaget observou atentamente os seus

próprios filhos enquanto brincavam, propondo-lhes problemas científicos e

morais simples sendo-lhes pedido que explicassem como chegaram às suas

respostas.

Factores explicativos do desenvolvimento

Existem 4 factores que segundo Piaget explicam o desenvolvimento

cognitivo:

1. A hereditariedade e a maturação física

2. A experiência

3. A transmissão social

4. A equilibração

O primeiro factor, a hereditariedade e a maturação física, é constituido

pelas mudanças biológicas que ocorrem no indivíduo e que são independentes

da experiência.

O segundo factor, a experiência, não é o simples registar passivamente

os dados da experiência, mas sobretudo a actividade do indivíduo sobre

objectos, quer física quer mentalmente e que lhe permite orgnizá-los e

distingui-los. Este segundo factor, é importante para a formação de estruturas

ou esquemas, e estes possibilitam a acção e a compreensão da realidade.

O terceiro factor, a transmisão social, refere-se à influência que a

sociedade tem não na nossa actividade, mas na nossa construção de contexto

social através da sua observação e educação.

E por fim, mas não menos importante, o quarto factor, a equilibração,

que é o equilíbrio termo entre a assimilação e a acomodação. Este factor,

assegura formas de equilibração cada vez mais estáveis na adaptação ao

meio, pois em cada novo estádio dá-se o surgimento de novos esquemas e

estruturas ou de esquemas e estruturas mais complexos do que os já

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Page 10: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

existentes. Acerca deste quarto factor, de acordo com Rodrigues (2004), “Para

Piaget o desenvolvimento cognitivo implica que a actividade do sujeito na

interacção com o meio responda aos desequilíbrios cognitivos procurando

atingir um estado de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação,

mecanismos de adaptação ao meio.” (p.59)

Os mecanismos de adaptação ao meio

Segundo Piaget, qualquer que seja a aprendizagem só é possível se

uma determinada fase do desenvolvimento tiver sido antes atingida.

Para Piaget, a principal característica do comportamento inteligente

consiste na capacidade inata do sujeito se adaptar ao meio. A inteligência é,

portanto, um caso particular da adaptação do sujeito ao meio, distinta da

adaptação biológica, ligada à sobrevivência.

O ponto de partida para essa adaptação é a actividade reflexa já iniciada

na vida intra-uterina que o bebé desenvolve desde o nascimento. Para Piaget

um reflexo é um esquema primitivo, a unidade básica do funcionamento

psicológico, a partir da qual é possível aprender a agir sobre o mundo. À

medida que aprendem com a experiencia, os bebés desenvolvem estruturas

cognitivas, ou esquemas, mais complexas.

Um esquema designa um padrão organizado de comportamento que o

indivíduo usa para pensar e agir em situações determinadas. Na infância, os

esquemas são conhecidos pelo nome das actividades que envolvem, sugar,

morder, abanar, bater, olhar. Os primeiros esquemas são portanto constituídos

pela actividade reflexa. Os primeiros esquemas são acções motoras.

À medida que as crianças se desenvolvem intelectualmente, novos

esquemas vão surgindo: os esquemas do pensamento, que integram e

organizam os esquemas motores. Os esquemas do pensamento tornam-se

progressivamente mais complexos, indo do pensamento concreto sobre o que

se pode ver e sentir, ao pensamento abstracto, que encontra a sua máxima

expressão no pensamento filosófico e científico.

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Page 11: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

É através do processo de adaptação que os esquemas iniciais se vão

consolidando e transformando noutros mais complexos. A adaptação, por sua

vez, é o resultado da acção de dois mecanismos que operam em simultâneo: a

assimilação e a acomodação.

Pela assimilação, as várias experiencias do sujeito são integradas, ou

absorvidas, pelas estruturas ou esquemas existentes. A acomodação, por sua

vez, designa as modificações que as novas experiências impõem aos

esquemas ou estruturas existentes, de modo a que haja adaptação.

Para que haja adaptação é necessário que haja equilíbrio entre a

assimilação e a acomodação. Quando o bebé leva um urso de pelúcia à boca,

há um desequilíbrio entre a assimilação (o exercício do esquema da sucção) e

a acomodação (as transformações necessárias para que se exerça o esquema

da sucção). Este desequilíbrio, ou insatisfação, é, no entanto, provisório e

desencadeia no bebé uma série de comportamentos de procura da sua

resolução, incluindo o recurso ao adulto. É esta procura que conduz a níveis

superiores de adaptação.

A estes desequilíbrios Piaget chamou conflitos cognitivos. Ao

processo de passagem de patamares de equilíbrio para outros patamares de

equilíbrio de nível superior Piaget chamou processos de equilibração. O

processo de equilibração é o nosso próprio desenvolvimento, a história da

resolução dos nossos conflitos cognitivos durante a adaptação ao meio e a

organização do nosso pensamento. Em cada nível de adaptação, o indivíduo

cria sistemas de pensamento que dão coerência ao seu conhecimento sobre o

que o rodeia, isto é, organiza as suas estruturas cognitivas.

Piaget concebeu a sua teoria como um modelo construtivista do

desenvolvimento, visto que ao sujeito é atribuído o papel principal na

construção do seu desenvolvimento: ao tentar activamente dominar o

ambiente, o sujeito constrói estruturas e níveis superiores de conhecimentos, a

partir dos elementos fornecidos pela maturação e pelo meio.

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Page 12: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Quarto Capítulo

Os estádios de desenvolvimento segundo Piaget

Se, por um lado, há uma continuidade funcional no processo de

desenvolvimento cognitivo, a adaptação é um processo contínuo, por outro

lado verificam-se mudanças qualitativas importantes que marcam a sua

descontinuidade estrutural. Quando a criança domina a linguagem, ou o

adolescente o pensamento hipotético-dedutivo, a sua forma de compreender o

mundo e os seus padrões de comportamento modificam-se completamente. A

estes novos padrões de comportamento correspondem igualmente novas

estruturas cognitivas ou esquemas, que caracterizam os diferentes estádios

de desenvolvimento.

As observações de Piaget convenceram-no de que a capacidade das

crianças de pensar e raciocinar progride através de uma série de estádios

qualitativamente distintos.

Estes, caracterizam-se por:

Uma estrutura com características próprias;

Uma ordem de sucessão constante;

Uma evolução integrativa, isto é, as novas aquisições são integrativas,

isto é, as novas aquisições são integradas na estrutura anterior,

organizando-se agora uma nova estrutura hierarquicamente superior.

Segundo Piaget, o desenvolvimento ocorre segundo quatro estádios:

Estádio Sensório-Motor (0-18/24 meses):

o Dos reflexos inatos à construção da imagem mental, anterior à

linguagem

o Coordenação dos meios e fins

o Permanência do objecto

o Invenção de novos meios, imagem mental e formação de

símbolos

Estádio Pré-Operatório (2-7 anos):

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Page 13: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

o Inteligência representativa

o Egocentrismo – centração

o Pensamento mágico / animismo, realismo, finalismo

Operações Concretas (7-11/12 anos):

o Reversibilidade mental

o Pensamento lógico, acção sobre o

real

o Operações mentais:

contar/medir/classificar/seriar

o Conservação da matéria

sólida/líquida/peso/volume

o Conceitos de tempo, espaço,

velocidade

Operações Formais (11/12

– 15/16 anos):

o Pensamento

abstracto

o Operar sobre

operações, acção sobre o possível

o Raciocínios

hipotético-dedutivos

o Definição de

conceitos e valores

o Egocentrismo

cognitivo

Piaget distinguiu duas grandes etapas no desenvolvimento, que dizem

respeito a dois tipos de inteligência:

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Page 14: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

o A inteligência prática ou sensório-motora, que é o anterior à linguagem,

até cerca dos dois anos de idade, a que chamou o período da

inteligência sensório-motora;

o E a inteligência interiorizada, verbal ou reflectida, a partir da linguagem e

que se desenvolve durante toda a vida, ao longo de três estádios:

estádio pré-operatório, estádio das operações concretas e estádio

das operações formais.

Estádio Sensório-Motor

Até aos dois anos de idade, período em que os bebés estão ocupados

em descobrir os relacionamentos entre as suas acções e as consequências

destas acções. Deste modo, eles começam a desenvolver uma ideia de si

mesmos como separados do mundo externo.

Uma descoberta importante durante este estágio é o conceito de

permanência do objecto, a consciência que um objecto continua a existir,

mesmo quando não está visível. No entanto com 10 meses de idade a procura

é limitada. Se o bebé conseguiu, diversas vezes encontrar um brinquedo várias

vezes escondido num determinado sítio, ele irá continuar a procurar nesse sítio

mesmo depois de ver um adulto esconder o brinquedo noutro local. Somente

com um ano de idade, uma criança irá invariavelmente procurar um objecto

onde ele foi visto pela última vez.

Estádio Pré-Operatório

Este estádio divide-se em outros dois: o pré-conceptual e o

perceptivo/intuitivo, e no seu todo, compreende idades dos 2 aos 7 anos.

As impressões visuais dominam o pensamento pré-operatório, isto é uma

das crenças de Piaget.

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Page 15: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

O 1º estádio, o pré-conceptual (desde os 2 anos aos 4/5 anos)

caracteriza-se por ser a fase em que a criança começa o “jogo simbólico”, ou

seja, o de procurar fazer “como se…”, isto significa que a criança é capaz de

representar a realidade tanto através do jogo como desenho, da linguagem ou

dos sonhos.

Durante este estádio do desenvolvimento cognitivo, a criança ainda não

compreende certas regras ou operações. Uma operação é uma rotina mental

para separar, combinar e transformar as informações de uma maneira lógica.

No estádio pré-operatório do desenvolvimento cognitivo, a compreensão da

criança da reversibilidade e outras operações mentais está ausente ou é fraca.

Consequentemente, segundo Piaget, as crianças pré-operatórias ainda não

entenderam a conservação, a compreensão de que a quantidade de uma

substância permanece a mesma quando a sua forma for alterada.

Fazerem-se representações da realidade, quer dizer que se é capaz de

ter presente na imaginação algo que está fora do campo da percepção

imediata ou, dito de modo diferente, que o que foi experimentado no passado

pode ser imaginado no futuro. A criança, ainda com um traço rudimentar,

desenha-se a si mesma, ou desenha o sítio onde foi com os seus pais, ou a

visita a um parque de diversões. Nesta idade começam a aparecer os medos,

precisamente pela capacidade de imaginar a realidade, embora esta realidade

seja muitas vezes angustiante. A criança pode recordar imagens de terror e de

violência, recordar uma luta com os colegas da escola ou uma zanga entre os

pais. Este período também se caracteriza por ser o inicio das primeiras

conceptualizações: a criança começa a ser capaz de registar conceitos como

as cores ou os tamanhos das coisas. No início o conceito está sempre ligado

ao objecto com que aprendeu. Se aprendeu a cor amarela como desenho de

uma flor amarela, pensará que todas as flores devem ser da mesma cor; ao

aumentar as suas experiências ficará surpreendida ao ver que nem só existem

flores de cor amarela mas que também existem flores de cor branca ou

vermelha.

No estádio perceptivo ou intuitivo (dos 4 aos 5/7 anos) aparece o

raciocínio pré-lógico. É a fase em que a criança dá argumentos onde não se

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Page 16: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

têm em conta os aspectos fundamentais, nem todos os atributos do conceito;

por exemplo, pode pensar que a tarde ainda não chegou porque ainda não

dormiu a sesta. Neste caso está a valorizar um aspecto que não é o que define

a tarde, mas que é sim o que está mais próximo das suas experiências, ou

seja, a sesta. Por este motivo, a criança pode não reconhecer o seu pai se este

cortou a barba ou o bigode.

Outra característica central das crianças pré-operatórias, segundo

Piaget, é o egocentrismo. As crianças pré-operatórias não têm consciência de

perspectivas que não as suas, elas acreditam que todas as pessoas percebem

o ambiente do mesmo modo que elas.

Piaget acreditava que o egocentrismo explica a rigidez do pensamento

pré-operatório. Por não serem capazes de apreciar outros pontos de vista que

não os seus, as crianças pequenas não são capazes de revisar os seus

esquemas a fim de levar em conta as mudanças no ambiente. Daí a sua

incapacidade de reverter operações ou conservar quantidade.

Estádio Operatório Concreto

Entre as idades de sete e doze anos, as crianças aprendem os diversos

conceitos de conservação e começam a realizar outras manipulações lógicas.

Elas são capazes de colocar objectos em ordem, com base em uma dimensão

como altura ou peso. Elas podem também formar uma representação de uma

série de acções. Crianças de cinco anos sabem ir até casa de um amigo, mas

não conseguem “guiar” alguém até lá ou traçar o percurso com lápis e papel,

ou seja não têm uma ideia global do trajecto. Em contraste, crianças de oito

anos sabem desenhar rapidamente um mapa do percurso.

Piaget chama a este período de estádio operatório-concreto: Embora as

crianças usem termos abstractos, elas só os utilizam em relação a objectos

concretos, ou seja, objectos aos quais elas têm acesso directo.

Estádio Operatório Formal

O que distingue o estádio operatório formal dos outros estádios é a

capacidade para o pensamento abstracto. Assim, o pensamento do

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Page 17: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

adolescente, entre os 12 e os 16 anos, é um pensamento proporcional,

baseado em proposições não obrigatoriamente reais, sendo que “o que é

possível” assume um estatuto superior ao que é real, ao contrário do que

sucede no período operatório concreto, onde só se argumentava e

racionalizava sobre dados reais. Uma das implicações deste novo tipo de

operações é a possibilidade de pensar na base de hipóteses. Nesta etapa há

também diferenciação entre a forma e o conteúdo.

Se o pensamento pré-operatório assentava em percepções e o período

operatório concreto no real observável, a adolescência, isto é, o período formal,

incide sobre um pequeno pensamento hipotético, sobre o virtual e

simplesmente possível e isto permite que o adolescente lide com um conjunto

mais vasto de dados quando tem de tomar decisões e resolver problemas.

Aproximadamente aos onze ou doze anos, as crianças atingem os modos

adultos de pensamento. Neste estádio, o adolescente já consegue, por

exemplo, construir teorias acerca de pessoas, acontecimentos, relações,

porque não está limitado a um conjunto restrito de dados, sendo o seu

pensamento mais aprofundado e amplo. Neste estádio a pessoa já é capaz de

raciocinar em termos puramente simbólicos.

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Page 18: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Conclusões

Apesar de várias teorias de desenvolvimento defendidas por vários

psicólogos, Piaget conseguiu formular até agora a que melhor explica o

desenvolvimento das crianças. Esta teoria, foi comprovada pelo mesmo,

observando os seus próprios filhos e fazendo experiências com outras

crianças. Qualquer indivíduo consegue fazer um pouco da análise que fez

Piaget, basta observar as crianças que o rodeiam.

Numa perspectiva dinâmica e abrangente, o ser humano terá que ser

encarado como um sistema aberto, em que todos os aspectos interagem: o

meio natural e a família, os amigos, o grupo de vizinhança, a escola, a

comunidade.

Existem contextos que influenciam activamente os percursos da nossa

vida: a mudança de terra/casa, doença, morte, divórcio…

Uma questão que se pode levantar é o problema da existência ou não

de períodos críticos, isto é, de etapas limitadas de tempo durante as quais o

organismo é sensível à estimulação do meio.

Com este trabalho concluí que, existem vários níveis de

desenvolvimento separados por estádios e divididos em idades. A cada estádio

corresponde um nível de desenvolvimento das crianças. Estes estádios são

constantes de geração em geração.

Trabalho Realizado por: Sandra Santos (22965) Página 22

Page 19: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Bibliografia

Piaget, J. (1997). A Psicologia da Criança. Porto: Asa

Rocha, A., & Fidalgo, Z. (1998). Psicologia 12º ano. Lisboa: Texto Editora

Pires, C., Azevedo, L., Brandão, S. (2006). Psicologia B 12º ano Parte 2 – A

procura da mente. Porto: Areal Editores

Rodrigues, L. (2004). Psicologia 12º Ano – O Essencial para os Exames.

Lisboa: Plátano Editora

Monteiro, M. & Santos, M. R. (1998). Psicologia: Nova Edição. Porto: Porto

Editora

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Page 20: Jean Piaget - Trabalho sobre a teoria de Desenvolvimento

Anexos

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