introdução ao sistema de casos latino

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  • 7/25/2019 Introduo ao Sistema de Casos Latino

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    Introduo ao Sistema de Casos Latino

    Para iniciarmos nossos estudos da gramtica latina propriamente dita, teremos de partirinevitavelmente de uma explicao do sistema de casos do latim e de consideraes acerca doque corresponde a esse sistema no portugus. Costuma-se dizer que estudar latim ,

    invariavelmente, estudar gramtica; aos que ainda no estudaram latim ou alguma outra lnguade caso, isso ficar evidente a seguir.Uma lngua de caso uma lngua em que as funes sintticas (que, a bem da verdade, sotambm, em alguma medida, funes semnticas) dos substantivos se encontram condensadasmorfologicamente nesses mesmos substantivos. No caso do latim e das demais lnguas indo-europias, essas funes se condensam morfologicamente como sufixos que se agregam aossubstantivos. Para explicar concretamente essa definio, formulemos o seguinte exemplohipottico:Tomemos a seguinte frase:Carlo comprou um carro.Nessa frase, temos dois substantivos: Carlo e carro. Carlo, aqui, exerce a funo sinttica desujeito da orao; j carro desempenha a funo de objeto direto da ao de comprar. Agora,suponhamos que nossa lngua pudesse marcar as funes sintticas dos substantivos por meio deum sufixo: digamos, o sufixo -s para a funo de sujeito e o sufixo -m para a funo de objetodireto. Acrescentemos, pois, esses sufixos s palavras de nossa frase exemplar:Carloscomprou um carrom.Agora que temos as funes sintticas condensadas morfologicamente em nossos substantivos,isto , que nossos substantivos apresentam em suas formas certas desinncias que indicam suasfunes sintticas na orao, podemos inverter a ordem dos substantivos na frase sem alterarmosem nada o sentido da mesma, j que -s indica qual o sujeito e -m indica qual o objeto direto.Assim:Um carrom comprou Carlos. (Leia-se, portanto, Carlo comprou um carro).Ou ainda:Um carrom Carlos comprou.Comprou Carlos um carrom.Um Carlos comprou carrom. E assim por diante.

    Na verdade, no seria necessrio tomarmos exemplos to arbitrrios, j que existem, emportugus, resqucios dos casos latinos, especificamente nos pronomes pessoais. Vejamos:

    Eu comprei um carro. (Pronome pessoal subjetivo, ou pronome pessoal do caso reto).Carlos me chamou. (Pronome pessoal objetivo direto, ou pronome pessoal do caso oblquo).Carlos deu um carro para mim. (Pronome pessoal objetivo indireto, ou pronome pessoal do casooblquo).Este carro meu. (Pronome pessoal genitivo, ou possessivo).

    Reparem que, nesses exemplos, de um modo geral, o referente semntico, ou o significado, dospronomes em itlico o mesmo: Eu, quer dizer, uma primeira pessoa do discurso. O que muda apenas a funo sinttica desses pronomes (desconsiderando que uma funo sinttica tambmexpressa, de algum modo, uma informao semntica).Por que, ento, optei por criar exemplos hipotticos? Porque, em primeiro lugar, esses resquciosportugueses de caso so apenas resqucios, quer dizer, eles no so percebidos, hoje (de maneirageral), como formas diferentes do mesmo pronome, mas como pronomes independentes. Porisso, e porque em portugus as funes sintticas so indicadas em grande parte pela posio das

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    palavras na frase (sendo a ordem cannica S-V-O), a mobilidade dos pronomes pessoais na frase reduzida, o que no verdade para os substantivos em latim. at possvel dizer: Comprei umcarro eu ! mas bastante estranho. Ademais, usei exemplos criados arbitrariamente porquequeria exemplificar o funcionamento dos casos com substantivos, j que, em latim e nas demaislnguas indo-europias, so eles sobretudo que apresentam flexo, isto , variao, de caso.

    exatamente assim que funciona o latim. S que, em vez de ter apenas duas marcasmorfolgicas de funes sintticas, o latim apresenta seis dessas marcas. E, para complicar, onmero de funes sintticas que podemos identificar em qualquer lngua ultrapassa em muito osseis casos latinos (algumas lnguas, como o finlands, chegam a ter 15 casos, e outras at mais),o que significa que cada caso latino pode expressar mais de uma funo sinttica. No entanto,no seria til estudarmos agora, em detalhes, as inmeras funes sintticas existentes e suasdistines finas. Em sua Gramtica Latina, o professor Napoleo Mendes de Almeida explica osistema de casos com base apenas em seis funes sintticas, o que suficiente, de maneirageral. Contudo, eu gostaria de acrescentar mais duas funes ao nosso estudo, que so as funescondensadas no sistema de casos do snscrito (a lngua litrgica e sagrada da ndia).Digamos, pois, que em uma orao se podem encontrar oito funes expressas por substantivos:1- O sujeito2- O vocativo3- O objeto direto4- O adjunto adnominal restritivo5- O objeto indireto6- O adjunto adverbial de instrumento (e companhia)7- O adjunto adverbial de lugar8- O adjunto adverbial dos demais tiposEm snscrito, essas oito funes so expressas pelos seguintes casos:1- Nominativo !Sujeito (e tambm predicativo do sujeito)2- Vocativo3- Acusativo !Objeto direto4- Genitivo !Adjunto adnominal restritivo5- Dativo !Objeto indireto6- Instrumental !Adjunto adverbial de instrumento (e companhia)7- Locativo !Adjunto adverbial de lugar8- Ablativo !demais adjuntos adverbiaisEsses oito casos representam as oito funes sintticas mais importantes de qualquer lngua, ameu ver. No latim, porm, h apenas seis casos, porque as funes locativa e instrumental soexpressas pelo caso ablativo; em outras palavras, o ablativo latino d conta de todos (na verdade,de quase todos, mas isso veremos mais adiante) os tipos de adjunto adverbial. Porm, como afuno locativa e a instrumental so muito recorrentes e significativas, creio que seja interessante

    as considerarmos separadamente do ablativo. Vejamos, portanto, a funo de cada caso em maisdetalhes.1- Nominativo !O caso do sujeito e do predicativo do sujeitoEtimologia: Nominativo > Latim nominativus "referente a nomeao; que nomeia".

    Sujeito > Latim subjectus, de sub "sob" + jacere "jogar; dispor", como traduodo grego hypokeimenon, de hypo "sob" + keimai "colocar, dispor".

    Predicativo >predicativus"referente a predicado; que predica", de prae "adiante;antes" + dicare "afirmar; proclamar".

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    O nominativo , por excelncia o caso do sujeito. Quer dizer, todo substantivo que, numa orao,exera a funo de sujeito apresentar flexo do caso nominativo (em grego h uma exceo aessa regra, a qual, creio, existe tambm em latim, mas no tenho certeza; depois veremos isso).Alm disso, quando temos um predicado nominal e, portanto, um predicativo do sujeito, opredicativo se encontra tambm no caso nominativo. Vejamos um exemplo em portugus e, em

    seguida, sua traduo em latim, aproveitando para introduzirmos desde logo a primeiradeclinao latina (veremos mais adiante o que uma declinao):A rosa bela. !Nessa frase, rosa o sujeito; bela o predicado, quer dizer, aquilo que se dizdo sujeito; e bela o predicativo do sujeito, quer dizer, o ncleo nominal do sujeito. Agora, emlatim:

    Rosa est bella.Ou, na ordem cannica do latim:

    Rosa bella est.Podemos observar que rosa e bella, que so duas palavras femininas da primeira declinao,apresentam a mesma terminao. Ou seja, elas concordam em nmero (singular), gnero(feminino) e caso (nominativo). Logo, podemos depreender da que o sufixo de nominativosingular , provavelmente, -a. Mas isso verdade apenas para as palavras da primeira declinao.Uma declinao um grupo de palavras cujas terminaes, ou flexes, de caso so, no geral,idnticas. Isso quer dizer que todas as palavras da primeira declinao apresentaro os mesmossufixos para cada um dos casos.Uma outra observao que podemos fazer que, at este ponto da apresentao, falvamos deflexo de caso em substantivos. Mas bella um adjetivo. Isso indica que, em latim, os adjetivosconcordam com os substantivos no apenas em nmero e gnero, mas tambm em caso. Porm,veremos os adjetivos em detalhes mais adiante; por hora, basta notar isso.2- VocativoEtimologia: > Latim vocativus "referente a chamado", de vocare "chamar".O vocativo o caso da funo vocativa, ou seja, da funo de chamado. Em geral, usamos ovocativo quando queremos chamar algum ou dirigir a palavra a uma segunda pessoa dodiscurso. Vejamos: marinheiro, a rosa bela.A interjeio , embora seja pouco usada hoje, indica precisamente esse chamado ouinterpolao e no deve ser confundida com a interjeio oh!, que expressa espanto ou surpresa.Em latim:O nauta, rosa bella est.Vemos que a terminao de nauta, que tambm uma palavra de primeira declinao (emboramasculina), idntica de rosa e bella. Contudo, ainda que as desinncias sejam iguais para ovocativo e o nominativo de primeira declinao, tratam-se de casos distintos, de funessintticas distintas. No h o risco de confundirmos as funes, no entanto, porque, assim comoo portugus, o vocativo latino sempre se destaca do resto da frase por meio de vrgulas (em

    textos editados; originalmente, no havia pontuao na escrita latina). O vocativo, portanto, umelemento de certo modo parte na orao e, por isso, pode vir em qualquer posio na frase.Rosa, o nauta, bella est. Rosa bella, o nauta, est. Rosa bella est, o nauta. !Em princpio, todas asposies so possveis e o sentido da frase no se altera.3- Acusativo !O caso do objeto diretoEtimologia: > Latim accusativos, de ad "contra; junto a" + causari "dar como causa ou motivo",como traduo do grego aitiatike "caso do que causado", de aitia "causa; acusao". A traduomais apropriada seria, ento, "causativo".

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    O acusativo , por excelncia, o caso do objeto direto, conquanto desempenhe em latim tambmoutras funes. Tomemos um exemplo em portugus:O marinheiro ama a rosa."Rosa", aqui, o objeto direto da ao de amar, da qual marinheiro sujeito agente. Em outraspalavras, a ao de amar, iniciada no sujeito marinheiro, tem seu trmino em rosa, que ,

    evidentemente, o objeto da ao. Em latim:Nauta rosamamat.Podemos observar, com isso, que a desinncia do caso acusativo singular para as palavras deprimeira declinao -m. Assim, se quisssemos dizer "o marinheiro ama a rosa", bastaria quetrocssemos os sufixos das palavras em questo pelas formas apropriadas: Rosa nautam amat.Vale lembrar tambm que, uma vez que as palavras se encontram no caso adequado, sua ordemna frase , em geral, de pouca importncia. Logo, nauta amat rosam, rosam amat nauta, amatrosam nauta, etc. !todas tm o mesmo significado.Outra observao importante que em portugus o objeto direto nunca vem acompanhado poruma preposio; do mesmo modo, quando o acusativo latino expressa sua funo primria, isto, a funo de objeto direto, tampouco o acompanhar uma preposio. Fica, porm, a ressalvade que nem todos os verbos que pedem complemento direto em portugus necessitam do mesmocomplemento em latim, e vice-versa.Aproveitamos para introduzir tambm o verbo amo, um verbo da primeira conjugao, que aprimeira que iremos estudar. Uma conjugao , para um verbo, algo bastante similar ao que umadeclinao para um substantivo, adjetivo ou pronome; isto , uma conjugao um grupo deverbos que so formados mais ou menos da mesma maneira e que, portanto, se comportam maisou menos da mesma forma. No futuro, estudaremos detidamente as peculiaridades de cadaconjugao verbal. Mas, embora conjugao e declinao sejam coisas semelhantes, no se deveconfundi-las jamais: conjugao para verbos; declinao, para substantivos (e adjetivos epronomes).4- Genitivo !O caso do adjunto adnominal restritivoEtimologia: > Latim genitivus "que expressa posse, fonte, origem", de gignere "gerar", comotraduo do grego genike "genrico (isto , que expressa raa ou tipo)".Comecemos nossa explicao do genitivo com um exemplo:O marinheiro ama a rosa da rainha."Da rainha", aqui, tem a funo de adjunto adnominal restritivo, isto , trata-se de uma locuoadjetiva que amplia o sentido e restringe a aplicao da palavra rosa. No exemplo, no falamosde qualquer rosa, mas da rosa da rainha, que pertence rainha. O genitivo , ento, porexcelncia, o caso para indicar posse. Vejamos o mesmo exemplo em latim:Nauta reginaerosam amat.Da traduo do exemplo, podemos depreender que a desinncia de genitivo singular para aprimeira declinao -ae. Como regra de traduo do genitivo latino, podemos adotar o seguintepreceito: todo genitivo latino, na passagem para o portugus, dever vir acompanhado dapreposio de; mas, como essa preposio tem tambm outras funes, nem tudo o que emportugus se segue preposio de dever ser vertido para o latim como um genitivo.Quem j estudou ingls e tem familiaridade com a lngua j deve estar acostumado com o casogenitivo. Em ingls, expressa-se pelo sufixo -'s, como no exemplo this is John'scar. Pois bem, afuno do genitivo latino, via de regra, precisamente a mesma. Ele agrega tambm outrasfunes, assim como a maioria dos outros casos, mas essas funes secundrias no nos devemocupar agora.5- Dativo !O caso do objeto indireto

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    Etimologia: > Latim dativus, de datus "dado", como traduo do grego dotike "de naturezadoadora; que d".O dativo , por natureza, o caso do objeto indireto. O caso recebeu esse nome, imagino, porqueseu paradigma nos fornecido pelo verbo dar, que de predicao duplamente incompleta:O marinheiro d a rosapara arainha.

    Em outras palavras, o verbo dar exige dois objetos, um direto (rosa) e outro indireto (para arainha). Notem que, neste exemplo, a ao tem seu trmino propriamente no objeto indireto, arainha, que recebe o objeto direto como resultado da ao que o sujeito exerce sobre ele.Vejamos agora o exemplo em latim:Nauta reginae rosam dat.Como se pode ver, a desinncia de dativo singular para a primeira declinao exatamente igual de genitivo: -ae. Porm, isso no deve ser fonte de preocupao; na grande maioria dos casos, ocontexto, o verbo e a ordem das palavras so suficientes para sanar qualquer ambiguidade.O dativo latino tambm pode expressar uma outra funo bastante comum. Vejamos a seguintefrase:Rosa reginae est.Traduzindo essa frase literalmente, teramos algo como "uma rosa para a rainha", ou, melhorainda, "h uma rosa para a rainha". Esse dativo se chama dativo de posse ou de interesse.Poderamos traduzir essa frase, para que ficasse mais adequada ao portugus, por: "A rainha temuma rosa". A idia geral a mesma. Posteriormente veremos outros usos do dativo de posse, maspor hora basta essa observao.6- Instrumental !O caso do adjunto adverbial de instrumento ou de companhiaO caso instrumental, em snscrito, tem por excelncia duas funes: de adjunto adverbial deinstrumento e de adjunto adverbial de companhia. Em latim, ambas as funes sodesempenhadas pelo uso do caso ablativo. Vejamos um exemplo para cada uma dessas funes:1) O marinheiro agrada a rainha com umarosa.2) O poeta louva a rainha com o marinheiro.No exemplo 1, "com uma rosa" indica o instrumento da ao de agradar !trata-se, portanto, deum adjunto adverbial de instrumento. Em outras palavras, a rosa o meio pelo qual o marinheiroagrada a rainha. J no exemplo 2, o poeta louva a rainha em companhia do marinheiro; "com omarinheiro", portanto, tem a funo de adjunto adverbial de companhia, isto , indica a pessoacom quem o poeta realiza sua ao. Em latim:1) Nauta ros!reginam delectat.2) Poeta cum naut!reginam laudat.Podemos observar que a desinncia latina para as funes de instrumento e de companhia, ouseja, para o ablativo singular, praticamente igual desinncia de nominativo e vocativo: -".Porm, trata-se de um "a" longo, fato indicado pela marca de acentuao que acompanha a letra,chamado de mcron. Em seguida, quando estudarmos a pronncia latina, veremos o que significauma vogal ser longa.Outro fato digno de nota que, ao passo que em portugus ambos os adjuntos necessitam, emgeral, da preposio com, em latim apenas a funo de companhia exige invariavelmente essapreposio. A preposio latina cum, que rege o caso ablativo (isto , que necessita decomplemento em ablativo), usa-se em geral, portanto, com os adjuntos adverbiais de companhia!e tambm de modo (que veremos posteriormente), como na expresso magna cum laude, "comgrande louvor".7- Locativo !O caso do adjunto adverbial de lugar

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    A funo locativa , creio, bastante simples. Assim como as funes de instrumento ecompanhia, expressa-se em latim essa funo por meio do caso ablativo. O adjunto adverbial delugar indica, simplesmente, um lugar, de forma esttica, sem idia de movimento. Vejamos:O poeta est na ilha.Agora em latim:

    Poeta in insul!

    est.Como se trata do caso ablativo, a desinncia idntica usada nas funes instrumental eassociativa. S temos duas coisas a observar aqui, por conseguinte: (1) como eu disse h pouco,o locativo indica um lugar esttico: o poeta est na ilha, no se dirige para l (a idia demovimento para algum lugar se expressa, em latim, pelo caso acusativo); (2) o locativo latinovem acompanhado, em geral, de alguma preposio que indica local ou posio, como in "em",supra "sobre" etc.8- Ablativo !O caso dos demais adjuntos adverbiaisEtimologia: > Latim ablativus, de ab "de, a partir de; para longe" + latus "carregado; levado".O caso ablativo, por excelncia, tem a funo de adjunto adverbial de procedncia; isto , eleindica o ponto de partida de um movimento ou ao. Com essa idia de procedncia,

    propriamente ablativa, geralmente vem acompanhado da preposio ab ou ex. Vejamos:O poeta canta a lua a partir da terra."A partir da terra" expressa aqui a idia do ablativo; quer dizer, a terra o ponto desde o qual opoeta canta, ou celebra, a lua. Em outras palavras, o ablativo indica o ponto de partida da ao dopoeta. Em latim:Poeta ab terr!lunam cantat.J aprendemos a desinncia do ablativo singular de primeira declinao: -". Resta, portanto,

    apenas observar que o ablativo latino tambm d conta de grande parte dos outros tipos de

    adjuntos adverbiais. Em sua Gramtica Latina, o professor Napoleo identifica os seguintes

    tipos de adjunto adverbial, todos os quais, em princpio, seriam expressados pelo ablativo:

    1) Lugar ! onde: Estou na sala (funo locativa)

    donde: O avio vai sair do campo (funo ablativa)por onde: Vimpelo melhor caminho (pode ser expressa pelo acusativo)

    2) Tempo ! quando:No vero os corpos se distendem.

    h quanto tempo: Somos assim desde crianas.

    3) Modo ! No pea com tanta insistncia.

    4) Companhia !Farei fortuna com meu irmo(funo associativa)

    5) Instrumento ou Meio !Comemos com garfo (funo instrumental)

    6) Causa !Quebrou-sepor culpa do menino.

    7) Matria !Anel de ouro (funo expressa pelo ablativo, no pelo genitivo).

    H, no entanto, outros tipos de adjunto adverbial, mas esses so os principais. Alm dos tipos

    estudados aqui em mais detalhes, estudaremos os demais de forma mais cuidadosa no futuro. Por

    hora, bastam essas indicaes e a ressalva de que nem todos os adjuntos adverbiais se expressam

    pelo ablativo; o de lugar por onde, por exemplo, pode ser expresso pelo caso acusativo.

    Com isso, conclumos nossa introduo ao sistema de casos latino, espero que de modo

    satisfatrio.