idosos independentes ou em situaÇÃo de...
TRANSCRIPT
1
IDOSOS INDEPENDENTES OU EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE DA
UNIDADE DE SAÚDE ESCOLA
Elizabeth Aparecida de Souza 1
Francielli Fernandes Gandra2
Gilson Fernandes da Silva3
RESUMO: A pesquisa objetivou identificar os idosos independentes e os idosos frágeis ou em
processo de fragilização da área de abrangência da na Unidade de Saúde Escola do bairro Aclimação
do Município de Cascavel/PR. Optou-se pela pesquisa de campo documental, os dados foram
coletados por meio do formulário anexo ao prontuário das pessoas idosas que receberam a caderneta
de saúde da pessoa idosa. O instrumento para coleta de dados foi composto por 16 questões no total.
Foram pesquisados no total 49 (100%) prontuários de idosos de ambos os sexos, dentre os mesmos,
pode-se considerar apenas 7 (14,28%) idosos independentes, destes 3 homens e 4 mulheres e 42
(85,71%) idosos frágeis ou em processo de fragilização sendo 12 homens e 30 mulheres. Conclui-se a
necessidade da continuação da implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa na Unidade de
Saúde Escola, bem como no município de Cascavel, proporcionando atenção especial, com
planejamento e cuidado da saúde desta população, assim, definindo linhas de cuidado conforme
necessidade de cada idoso e os profissionais de saúde realize intervenções precoces sobre situações de
risco, mantendo a independência dos mesmos pelo maior tempo possível.
PALAVRAS-CHAVE: Idosos; Vulnerabilidade; Enfermagem
INTRODUÇÃO: O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial, mas no Brasil
ocorre de forma veloz. Para Souza (2007) o rápido crescimento da população idosa no Brasil
causa importante impacto tanto para a sociedade, como para as políticas públicas de saúde.
Assim, os serviços desta área precisam estar preparados para receber as demandas desse
grupo populacional quanto aos programas específicos, bem como recursos humanos
preparados. Para Bós; Bós (2004) um dos espaços de maior inquietação é de que forma os
serviços de saúde vêm respondendo as necessidades de saúde deste emergente perfil
demográfico. Lembrando que o atendimento ao idoso podem se contrapor ao
desenvolvimento do sistema de atendimento de saúde no país, peculiarmente voltado às
1 Enfermeira. Mestre em Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá – UEM – PR. Docente do Curso de
Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade de Cascavel – PR e Enfermeira da 10ª
Regional de Saúde – Cascavel – PR. 2 Enfermeira. Graduada pela Universidade Paranaense – UNIPAR- Unidade de Cascavel-PR.
3 Enfermeiro. Mestrando – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Docente do Curso de
Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade de Cascavel – PR.
2
populações mais jovens, especialmente a mulher e as crianças. Conforme Eliopoulos (2005) o
crescimento da população idosa tem levado ao aumento das Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT’s), causadoras de dependência e perda da capacidade funcional. A
portaria 399/GM de 2006 estabeleceu o Pacto pela Saúde no que tange à consolidação do
Sistema Único de Saúde (SUS) e a redefinição das responsabilidades governamentais, bem
como o compromisso entre os gestores no atendimento às prioridades que causam impacto
sobre a situação de saúde da população brasileira. Neste documento, evidencia-se o Pacto pela
Vida e, a Saúde do Idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três
esferas de gestão, desencadeando ações e diretrizes norteadoras para reformulação da Política
Nacional de Atenção à Saúde do Idoso. Nessa perspectiva, as diretrizes do Pacto pela Vida em
relação à saúde do idoso estão relacionadas ao envelhecimento saudável, atenção integral e
integrada a saúde da pessoa idosa, serviços de atenção domiciliar tendo como uma das
estratégias à caderneta de saúde da pessoa idosa com respeito à cidadania contendo
informações sobre a pessoa idosa para um acompanhamento por parte dos profissionais da
saúde (BRASIL, 2006a). Portanto, a caderneta de saúde da pessoa idosa é um instrumento de
identificação de dois grupos populacionais, a saber, idosos independentes e idosos frágeis ou
em processo de fragilização, sendo um instrumento de coleta de dados, desenhado para ser
preenchido pelos profissionais da equipe de saúde quando da visita domiciliar ou no
atendimento na unidade da saúde que auxilia os profissionais no planejamento e cuidado da
saúde desta população (BRASIL, 2006b). Assim, podemos distinguir três linhas de cuidado
ao idoso, a saber, idosos que estão em processo de fragilização e não dependentes, dos idosos
frágeis que são dependentes e ainda os idosos independentes. Sabemos que a maioria da
população idosa frágil ou em processo de fragilização necessita de intervenção da equipe
multiprofissional, tendo em vista a qualidade de vida e sobrevida. Destaca-se que a
enfermagem tem um papel fundamental na promoção, prevenção, reabilitação e
aperfeiçoamento dos aspectos envolvidos na função do cuidado juntamente com o idoso e
família. Nessa direção surgiram às seguintes indagações: Qual o numero de idosos
independentes e os idosos frágeis ou em processo de fragilização da área de abrangência da
Unidade de Saúde Escola do município de Cascavel-PR? Qual o perfil dessa população?
Portanto, é indispensável iniciar a implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa na área
3
de abrangência da Unidade de Saúde Escola, com acompanhamento e medidas que incidam
no cuidado da saúde desta população, bem como o planejamento articulado com a realidade
local. É importante destacar que é necessária mudança de comportamento por parte dos
profissionais, assumindo seu território com coordenação, estabelecendo vinculo e
comprometendo-se com as intervenções de saúde, em favor da comunidade. Considerando o
processo de envelhecimento e o trabalho de conclusão de curso de 2012, intitulado
Implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa no município de cascavel-PR, o qual
concluiu que no município de Cascavel-PR, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa não foi
implantada, sendo um documento pouco conhecido e a prática desvalorizada pelos
enfermeiros das Unidades de Saúde, bem como não reconhecem a função primordial e os
objetivos da caderneta da pessoa idosa. Portanto, a presente pesquisa justifica-se pela
necessidade de aprofundar o conhecimento, embasada na realidade dos idosos e distinguindo
os idosos independentes e os idosos frágeis ou em processo de fragilização. Assim, arraigar o
conhecimento sobre a saúde desse segmento populacional, contribuindo não apenas para a
melhoria da qualidade de vida individual e/ou com a prática dos profissionais da Atenção
Básica, mas também para uma saúde pública mais consciente e eficaz. Mudanças são
inevitáveis durante o processo de envelhecimento exigindo dos idosos(as) muitas adaptações
que incluem energia, disposição e flexibilidade. Eliopoulos (2005) afirma que situações
complexas para pessoas mais velhas que tendem de se adaptar as modificações que ocorrem
ao longo de sua vida, nos aspectos biológico, psicológico e social. Os idosos exibem
diferentes necessidades em relação à sua saúde, em particular, os idosos frágeis àqueles que
passaram por um empobrecimento funcional em decorrência da combinação de efeitos da sua
doença e idade, e estão susceptíveis a uma piora na sua capacidade funcional. A identificação,
avaliação e tratamento do idoso frágil constituem um dos maiores desafios, o qual requer tipos
de assistência diferenciados, especialmente no campo da saúde. Pondera-se que a fragilidade
aumenta com o envelhecimento, tendo uma prevalência que Hekman (2006 p. 927) afirma que
“entre 10 e 25% acima dos 65 anos e 46% dos idosos acima dos 85 anos que vivem na
comunidade”, estão sujeitos a alto risco para desfechos clínicos impróprios, que incluem
mortalidade, institucionalização, quedas e hospitalização. Para Teixeira (2006) a prevalência
da fragilidade em uma população de idosos depende dos critérios utilizados nas avaliações. O
4
problema é que não há concordância sobre quais seriam esses parâmetros. Uma meta do
conhecimento científico é o distanciamento máximo de ambigüidades referentes aos
conceitos. Nesse processo, exige-se o estabelecimento de critérios para as definições de
fragilidade em idosos. Embora pouco difundida entre os profissionais e ainda sem uma prática
de atenção que contemple as suas necessidades, a fragilidade aparece por meio da Portaria nº.
2.528/2006, que aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2008). Essa
Portaria, entre outras proposições, define o idoso frágil ou em situação de fragilidade como
aquele idoso que vive em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), esteja
acamado, que tenha estado recentemente hospitalizado, que apresente doenças causadoras de
incapacidade funcional, que se encontre pelo menos com uma incapacidade funcional básica,
ou que viva situação de violência doméstica. Entretanto, o Ministério da Saúde e que será
considerado nesta pesquisa, idosos frágeis ou em processo de fragilização, os quais, por
qualquer razão, proporcionam determinadas condições, ou seja, idosos com ≥ 75 anos, morar
sozinho ou já recebe algum tipo de cuidado, a pessoa que considera seu estado de saúde como
ruim ou muito ruim, pessoas com ≥ 5 patologias, pessoas com ≥ 5 medicamentos, referir
uma ou mais internação no período de um ano, referir ter caído duas ou mais vezes no ano,
que podem ser reconhecida pelo profissional de saúde e sejam priorizada ações de
recuperação, promoção e de atenção impedindo, a piora do quadro apresentado (BRASIL,
2006b). Para Hekman (2006) a fragilidade tem sido definida como uma síndrome biológica de
diminuição da capacidade de reserva homeostática do organismo e da resistência aos
estressores, que resultam em declínios cumulativos em múltiplos sistemas fisiológicos,
causando vulnerabilidade e desfechos clínicos antagônicos. Os marcadores de fragilidade
incluem declínios associados ao envelhecimento na massa corporal magra, força, resistência,
equilíbrio, capacidade de marcha e pouca atividade, sendo que múltiplos componentes devem
estar presentes para constituir a fragilidade (HEKMAN, 2006). As amostras de fragilidades
incluem nos sintomas perda de peso, fraqueza, fadiga, inatividade e redução da ingestão
alimentar. Os sinais que há compõem, incluem sarcopenia, anormalidades no equilíbrio da
marcha, descondicionamento e diminuição da massa óssea. Características que definem uma
variedade de sinais clínicos adversos associados com a mesma, que se juntam a declínio
funcional, institucionalização e mortalidade (HEKMAN, 2006). Conforme o dicionário
5
Aurélio o termo frágil significa quebradiço, pouco vigoroso, débil, assim é importante
considerar que nos ajudam a identificar a pessoa frágil em condição de declínio, afetando
física e mentalmente (FERREIRA, 2004). Destaca-se que o objetivo da caderneta é
exatamente identificar os idosos frágeis ou em processo de fragilização para que sejam
priorizadas as ações de recuperação, de promoção e de atenção, evitando, com isso, a piora do
quadro apresentado (BRASIL, 2006a). É necessário estabelecer a melhor forma de identificar
esta população, para assim intervir preventivamente evitando às máximas respostas adversas a
síndrome. E aos que já está com ela instalada, uma avaliação especifica que amenizara o
sofrimento proporcionando uma independência funcional (BRASIL, 2010). Sendo então
função das políticas públicas de saúde colaborarem para que mais pessoas perpassem pelos
ciclos de vida com o melhor estado de saúde possível, tendo como resultado um
envelhecimento ativo e saudável (BRASIL, 2010). A idade mais avançada de certa maneira
associa-se a um alto risco de casos da síndrome, priorizando a atenção organizada, lembrando
que a fragilidade é um dado clínico distinto do envelhecimento, podendo ser reversível ou até
mesmo evitada por meio de intervenções clínicas (BRASIL, 2010). Para Mendes (2011) as
equipes de saúde terão de confrontar com uma sobrecarga de doenças que ocorrerão nos
idosos, sendo que muitas das condições encontradas podem ser controladas e diminuídas. Se
tiverem serviços comunitários e de saúde que contribuam, os idosos podem dispor de boa
saúde e usufruir de sua independência funcional.
OBJETIVOS: identificar os idosos independentes e os idosos frágeis ou em processo de
fragilização, bem como caracterizar o perfil dos mesmos e iniciar a implantação da caderneta
de saúde da pessoa idosa na área de abrangência da Unidade de Saúde Escola do município de
Cascavel-PR.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Tratou-se de uma pesquisa descritiva e
exploratória e foi realizada na Unidade Básica de Saúde Escola no bairro Aclimação em
Cascavel/PR, pelo fato da mesma exercer papel de ensino, disponibilizando campo de estágio
para os cursos de graduação em enfermagem, psicologia e Biomedicina, entre outros,
colaborando desta forma para formação dos profissionais da área da saúde. Utilizou-se a
6
pesquisa de campo com análise documental que serve para complementar as informações
obtidas. As atividades de campo foram realizadas com auxílio dos acadêmicos do 4º ano do
curso de enfermagem da Universidade Paranaense (UNIPAR) unidade Cascavel e pela
pesquisadora. A escolha dos alunos foi em função da disponibilidade de tempo, do interesse
em participar da pesquisa e estarem cursando a disciplina de cuidado ao idoso no processo
saúde doença/clínica. Foi realizada capacitação do grupo quando se apresentou o projeto, os
instrumentos e a forma de preenchimento dos mesmos e se definiu o cronograma para
execução das atividades. No mês de março foi realizado treinamento para os acadêmicos de
enfermagem e na primeira e segunda semana de maio de 2013 foram realizadas as orientações
para os grupos de hipertensão e diabetes. Na primeira quinzena do mês de agosto iniciou-se a
implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa no momento das visitas domiciliares e
também quando a pessoa comparecesse na Unidade de Saúde. O instrumento para a coleta de
dados foi constituído de 16 questões no total, destas 07 não estruturadas, 07 estruturada e 02
semi-estruturada e os dados em seguida coletados por meio da analise documental, ou seja, da
ficha anexa ao prontuário das pessoas idosas que já receberam a caderneta de saúde da pessoa
idosa. A população constituída por idosos de ambos os sexos, pessoas de 60 anos de idade ou
mais, com capacidade de comunicação oral, orientadas no tempo e no espaço e residentes na
área de abrangência da Unidade de Saúde Escola do município de Cascavel-PR e foi realizada
nas seguintes etapas: Explicação sobre a função primordial, os objetivos e a própria caderneta
de saúde da pessoa idosa em dois momentos, ou seja, no primeiro momento nos dias 06 e 13
de maio de 2013 para as pessoas do grupo do Hiperdia com orientações aos sujeitos que
participaram da mesma e, na sequência foram inscritos aqueles usuários que contemplam os
critérios de inclusão. Em seguida, se iniciou a implantação da caderneta com auxílio dos
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da unidade e pelos acadêmicos do quarto ano de
enfermagem, os quais realizaram o preenchimento da caderneta juntamente com o idoso na
própria Unidade de Saúde e/ou no momento das visitas domiciliares, foi assegurado o
preenchimento da ficha sombra para anexar ao prontuário. O segundo momento foi realizado
nos dia 09 de outubro de 2013 para os profissionais da Unidade de Saúde Escola (USE) para
expor os objetivos da caderneta de saúde da pessoa idosa e a importância de sua implantação,
conforme cronograma pré-estabelecido junto à coordenação local nos período matutino e
7
vespertino com intuito de atingir todos os profissionais da Unidade de Saúde Escola na
consolidação da implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa. Para a autorização da
secretaria municipal de Cascavel foi solicitada oficialmente autorização para realização do
estudo. Conforme Resolução 466/2012 do CONEP/MS, o projeto de pesquisa foi submetido
ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paranaense (UNIPAR) e aprovado com o
parecer nº. 336.480. A pesquisa dispensa o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para
os participantes por tratar-se de pesquisa documental. A análise realizada com abordagem
quantitativa que para Marconi; Lakatos (2008) direciona em termos de grandeza ou qualidade
do fato presente em uma determinada situação, de acordo com os registros de idosos frágeis
ou em processo de fragilização e os dados estruturais da pesquisa serão distribuídos em
tabelas utilizando programa do Excel com percentagens simples.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com a Carta Magna brasileira, ou seja, da
Constituição Federal de 1988 no seu artigo 196, afirma que todo cidadão que está em
território nacional possui a sua disposição serviços de saúde consolidados pelo Estado,
voltadas para a sociedade com intuito de diminuir o perigo a doença e de demais injurias
oferecendo um acolhimento geral sem discriminações aos programas de saúde voltada ao bem
estar da pessoa de forma preventiva e curativa em favor do mesmo (BRASIL, 2009). O
Sistema Único de Saúde (SUS) oferece alicerce para a implantação da política de saúde no
Brasil, como suas diretrizes e bases de forma descentralizada entre o governo federal, estadual
e municipal. Foram realizadas 49 cadernetas de saúde da pessoa idosa para os idosos da área
de abrangência USE até o final de outubro de 2013, a tabela 1 mostra o perfil desses idosos,
sendo consideradas as idades até dezembro de 2013, portanto, 34 (69.4%) eram mulheres,
sendo a mais nova com 61 anos e a mais velha com 89 anos, com média de idade de 74 anos
entre as mesmas. Os homens totalizaram 15 (30.6%), sendo o mais novo com 62 anos e o
mais velho com 90 anos, perfazendo a média de idade de 73 anos. Destaca-se que o
contingente de mulheres é maior em relação aos homens, algo que vem sendo percebido ao
longo do tempo por meio de pesquisas, corroborando Gonçalves (2011) afirma que embora
haja maior nascimento do sexo masculino, a taxa de mortalidade em homens é maior em
relação às mulheres.
8
Tabela 1: Distribuição da população idosa por sexo, faixa etária e estado civil da área de abrangência
da Unidade de Saúde Escola do bairro Aclimação.
Faixa etária Sexo Estado Civil
F (%) M (%) Solteiro (%) Casado (%) Viúvo (%) Outros (%)
60 a 64 anos 3 4 1 3 1 1 65 a 69 anos 10 2 1 7 3 2 70 a 74 anos 5 2 3 4 75 a 79 anos 6 4 3 4 3 80 a 84 anos 6 2 2 6 85 a 89 anos 4 0 1 3 90 a 94 anos 0 1 1
Total 34 15 2 19 22 7 Fonte: Ficha anexa ao prontuário dos idosos.
Quanto ao grau de escolaridade do total dos idosos entrevistados obtivemos com 4 anos de
estudo 21 (42,85%) idosos, de 4 a 8 anos de estudo 11 (22,44%) idosos, de 8 anos ou mais 4
(8,16%) idosos e analfabetos 11 (22,44%) idosos, sendo que 2 (4,10%) não responderam. Sabe-
se que a infância destes idosos ocorreu em um período onde a escolaridade não era priorizada
como na atualidade, isto justifica o fato de a maioria dos entrevistados possuírem pouco tempo
de estudo e/ou serem analfabetos. Dentre os idosos que realizaram a caderneta 39 (79,6%) dos
mesmos possuem a aposentadoria, 1 (2,5%) possui benefício, 3 (6,12%) são pensionistas e 7
(14,28%) idosos não são aposentados e tampouco recebem algum tipo de beneficio. A
aposentadoria é um direito de todo cidadão garantido por lei. Ao analisar as respostas, confirma-
se que 79,6% dos idosos entrevistados gozam do mesmo. Porém há uma porção destes idosos
que não usufruem deste direito. Vale salientar que muitos idosos após aposentarem-se acabam
sofrendo e não aproveitando o tempo esperado como “para o descanso”. Bulla; Kaefer (2003)
consideram a sociedade incongruente, por ter a aposentadoria como uma conquista e um direito do
trabalhador após anos de trabalho, e consequentemente pela desvalorização que este idoso sofre
após aposentar-se. Ainda muitos veem a aposentadoria como um valor agregado, retornando ao
mercado de trabalho. Em relação aos hábitos de vida 5 (10,2%) idosos são fumantes, destes
apenas 2 (4,1%) relatam que fumam frequentemente. Os demais (85,7%) não fumam
atualmente. O tabagismo hoje em dia é considerado como dependência química que sujeita o
individuo a substancias tóxicas. O envelhecimento é um acontecimento biológico que se intera
de vários fatores, e dentre estes, o tabagismo se apresenta como um poderoso acelerador da
velhice e como agravante, maior risco para doenças como o câncer, derrame, doenças
9
pulmonares entre outras. O hábito do fumo interfere também nos efeitos das medicações
(BRASIL, 2005). Dentre os idosos entrevistados 29 relatam praticar atividade física, sendo que
18 praticam frequentemente, 4 raramente e 7 não relataram a frequência e 20 idosos não
praticam atividade física. A participação dos idosos em atividades físicas pode diminuir a
manifestação de patologias, e adiar o declínio funcional. O idoso que tem uma vida ativa
beneficia sua saúde tanto física como mental e permanece independente por mais tempo,
podendo diminuir as quedas. Deste modo encontramos na atividade física um enorme beneficio
(BRASIL, 2005). Quando questionados se ficam sozinhos a maior parte do tempo 32 (65,3%)
dos idosos não ficam sozinhos, enquanto 16 (32,6%) idosos afirmam ficarem sozinhos a maior
parte do tempo e 1 (2,1%) idosos não respondeu. Entretanto 7 (14,3%) idosos referem necessitar
de cuidados, destes 2 (4,1%) necessitam ajuda para deambular, 1 (2,1%) precisa de supervisão
continua devido a depressão, 1(2,1%) depende de cuidados gerais, 1 (2,1%) para o autocuidado
e 2(4,1%) não citaram o tipo do cuidado, enquanto 42(85,7%) relatam não precisar de ajuda.
Dentre os 49 entrevistados 12 (24,5%) idosos moram sozinhos. Para Dias; Schwartz (2005) a
pessoa idosa passa a se adequar a alguns limites, porém não significa que elas tenham que
renunciar tudo como seu trabalho, vida social e lazer. Sendo assim, mesmo com certas
dificuldades o idoso tem capacidade de desempenhar seus papeis sociais e cuidar da própria
vida. O bem estar idealiza a presença de independência e o poder de decisão, permitindo ao
individuo o autocuidado de sua vida. Segundo a Portaria 2.528/2006 que estabelece a Política
Nacional de Saúde da Pessoa idosa “o conceito de saúde para o individuo idoso se traduz mais
pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença
orgânica” (BRASIL, 2006c p.03). Ponderamos que a relação entre a autonomia e independência
é responsável pela harmonia e funcionamento de sistemas como comunicação, humor,
mobilidade e cognição. Camargos; Rodrigues, (2008) ressalta que perante a diminuição do
número de filhos, elevação do número de divórcios, hábitos de vida variados, evolução das
condições de saúde dos idosos e aumento da longevidade, enfatizando a maior população
feminina, o número de idosos vivendo sozinhos tende a aumentar. Ao abordar como os idosos
definem sua saúde 24 (49%) definiram como boa, 4 (8,16%) definiram como ótima, 17 (34,7%)
como regular, 2 (4,1%) como ruim, 1 (2,05%) como muito ruim e apenas 1(2,05%) não
respondeu a pergunta. Entende-se como idoso independente aquele que é capaz de realizar
10
atividades da vida diária sem dificuldades, bem como alguns que mesmo sendo independentes
apresentam dificuldades, podendo considerá-los possíveis de desenvolver a fragilidade
(BRASIL, 2006c). Portanto, considera-se 3 (6.16%) idosos frágil ou em processo de
fragilização, pois avaliam seu estado de saúde como sendo ruim ou muito ruim. Ainda foi
arguido aos idosos sobre seus problemas atuais de saúde, no qual 10 relataram que possuem
uma doença, 19 duas doenças, 8 relataram três doenças, 8 refere quatro doenças, um idoso citou
sete doenças, um idoso disse não ter nenhum problema de saúde e um não respondeu. Segundo
Delboni (2007) a decorrência da diminuição da mortalidade e fecundidade provocada pelas
mudanças da população mundial, atingiram tanto jovens quanto idosos, transformando a
incidência de doenças e causas de morte. Assim sendo as doenças infecciosas e parasitarias que
acometiam as crianças vão dando lugar às crônicas degenerativas que vem atingindo a
população idosa. Para Mendes (2011) tais doenças são distinguidas por necessitarem de um
período de tratamento mais longo e por restringirem os hábitos de vida não somente do idoso
como também da sua família. Delboni (2007) ressalta que no geral a maioria dos idosos possui
doenças crônicas e múltiplas, que exigem um rigoroso acompanhamento médico e o uso
continuo de medicamentos. Quanto à quantidade de medicamentos utilizada pelos idosos,
constata-se que 19 (38.77%) dos idosos entrevistados tomam ≥ 5 medicamentos, conforme
tabela 2, enquanto1 Homem e 1 Mulher referem não fazer uso de medicação.
Tabela 2: Distribuição da população idosa por sexo, faixa etária número
de medicamentos utilizados da área de abrangência da Unidade
de Saúde Escola do bairro Aclimação
Faixa etária
Medicamentos utilizados
1 2 3 4 5 + de 5
F M F M F M F M F M F M
60 a 64 anos 1 2 2 1 1
65 a 69 anos 2 1 1 1 2 3 2
70 a 74 anos 1 1 3 1 1
75 a 79 anos 1 1 2 2 1 1 1
80 a 84 anos 1 1 1 1 1 2 1
85 a 89 anos 1 2
90 a 94 anos 1
Total 5 - 2 3 3 1 9 5 8 - 6 5 Fonte: Ficha anexa ao prontuário dos idosos.
11
Consequentemente o número de medicamentos utilizados por estes idosos, requer o
conhecimento sobre tais medicações tanto pelo idoso, como seus familiares, devido ao risco e
beneficio que os mesmos apresentam. Os idosos por serem avaliados por vários profissionais
correm o risco de associações de medicamentos que possam prejudicar sua saúde. As pessoas
idosas frequentemente têm problemas crônicos de saúde e necessitam de medicamentos, os
mesmos são adquiridos com ou sem receita médica. Sendo que os idosos na maioria das vezes
gastam quase que totalmente seu rendimento em remédios (BRASIL, 2005). Das internações
no ultimo ano 13 (26,5%) idosos responderam que ficaram internados 1 vez neste período, 1
(2,05%) relatou que passou 3 vezes por internação, 1 (2,05%) quatro vezes, 1 (2,05%) cinco
vezes, 29 (59,18%) não passaram por internação hospitalar e 4 (8,16%) dos entrevistados não
responderam. Assim, pode-se afirmar que 16 (32,65%) dos idosos são considerados frágeis ou
em processo de fragilização, pois referiu uma ou mais internação no período de um ano. No
momento em que foi perguntando sobre o número de quedas no último ano, 9 (18,36%)
idosos tiveram 1 queda, 1 (2,05%) teve 2 quedas, 2 (4,08%) tiveram 3 quedas, 1 (2,05%)
passou por 4 quedas, 1 (2,05%) por cinco quedas, 31 (63,26%) deles não sofreram queda e 4
(8,15%) idosos não responderam. Assim, 5 (10,20%) dos idosos são considerados frágil ou
em processo de fragilização, pois independente da causa da queda, referiram ter caído duas ou
mais vezes no ano. As quedas em pessoas idosas são frequentes e aumentam com a idade em
todos os grupos étnicos e raciais. Podendo significar uma diminuição do funcionamento
fisiológico do organismo, ou indicar uma patologia. Tais acidentes comprometem a qualidade
de vida do idoso, e se inicia a um quadro de degeneração geral do mesmo (IAMSPE, S/D).
Charlotte (2005) afirma que as quedas na idade avançada evoluem para sérias conseqüências,
relacionando-se a 20% das admissões nos hospitais. Assegura ainda que mesmo não ocorra
trauma físico há uma grande chance de desenvolver síndrome pós-queda, reduzindo suas
atividades, diminuindo a socialização, e tornando-o um dependente. Quanto ao estado de
subnutrição/emagrecimento obteve-se nos prontuários que 11 (22,4%) idosos apresentam
subnutrição/emagrecimento e 38 (77,6%) não apresentam. Foi observado no momento da
entrevista se o idoso apresentava Schneider; Marcolin e Dalacorte (2008) citam que o ser
humano ganha peso até por volta dos 60 anos e, após isso este peso tende a diminuir pelo
motivo de perda de massa óssea e muscular. Quando o idoso emagrece é um indicativo de que
12
ele não esta bem, podendo ter relação com sua saúde física e emocional. Todo individuo deve
ser pesado pelo menos anualmente. Considerando que alimentação é uma atividade básica
para a sobrevivência, sendo influenciada por fatores como aspectos socioculturais, idade,
estado físico e mental, situação econômica e estado geral de saúde (MUNICÍPIO, 2006).
Dessa forma, a identificação precoce de indivíduos em risco nutricional para doenças
crônicas e o estabelecimento de programas de intervenção para a redução desse risco, tanto a
prevenção primária, como na secundária, permite a detecção precoce e o tratamento das
doenças ou condições assintomáticas (MUNICÍPIO, 2006).
CONCLUSÃO: A fragilidade no idoso é algo que vem sendo estudado e discutido,
atendendo os objetivos desta pesquisa foi considerado idosos frágeis ou em processo de
fragilização em 23 (46,9%) por apresentar idade ≥ 75 anos, 16 (32,6%) idosos ficam sozinhos
a maior parte do tempo, 7 (14,3%) dos idosos necessitam de cuidados, 2 (4,08%) considera
sua saúde como ruim e 1 (2,04%) muito ruim, 1 (2,04%) idoso citou sete doenças, 19
(38.77%) dos idosos tomam ≥ 5 medicamentos, 16 (32,65%) dos idosos passaram por
internamento hospitalar no período de um ano, 5 (10,20%) caíram duas ou mais vezes no
período de um ano. Portanto, dentre os 49 (100%) prontuários pesquisados dos idosos, pode-
se considerar apenas 7 (14,28%) idosos independentes, destes 3 homens e 4 mulheres e 42
(85,71%) idosos frágeis ou em processo de fragilização sendo 12 homens e 30 mulheres.
Conclui-se a necessidade da continuação da implantação da caderneta de saúde da pessoa
idosa na Unidade de Saúde Escola, bem como no município de Cascavel, proporcionando
atenção especial, com planejamento e cuidado da saúde desta população, assim, definindo
linhas de cuidado conforme necessidade de cada idoso. É importante que todos os
profissionais de saúde realizem a prevenção de agravos por meio de intervenções precoces
sobre situações de risco que possam comprometer a saúde e a capacidade funcional do idoso,
de modo a manter sua independência.
13
REFERÊNCIAS
BÓS, A. M. G.; BÓS, A. J. G. Determinantes na escolha entre atendimento de saúde privada e pública
por idosos. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 113-120, fev. 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Envelhecimento ativo: uma
politica de saúde. Brasília, DF, 2005.
______. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à Descentralização. Diretrizes
operacionais dos pactos pela vida, em defesa do SUS e de gestão. v. 1. Brasília, DF, 2006a.
______. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da pessoa idosa: manual de preenchimento.
Brasília: Ministério da saúde, 2006b.
______. Ministério da Saúde. Politica Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasilia, DF. 2006c.
______. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da saúde,
2008.
______. Ministério da Saúde. Estatuto do idoso. 2. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica.
Envelhecimento e Saúde da pessoa idosa. v.19, Brasília, DF, 2010.
BULLA L. C.; KAEFER C. O. Trabalho e aposentadoria: as repercussões sociais na vida do idoso
aposentado. Revista Virtual Textos & Contextos. nº 2 Disponível em: <
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/view>. Acesso em: out. 2013.
CAMARGOS M. C. S.; RODRIGUES R. N. Idosos que vivem sozinhos: como eles enfrentam
dificuldades de saúde. Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais,
realizado em Caxambu – MG. Outubro, 2008.
CHARLOTTE E. Enfermagem gerontológica. 5 ed. Porto Alegre. Artmed, 2005.
DELBONI M. E. M. C. A percepção de idosos com doenças crônico-degenerativas atendidos no
Posto de Saúde Rigoberto Romero. Monografia (Graduação). Fortaleza/CE, 2007.
DIAS, V. K.; SHUWARTZ, G. M. O lazer na perspectiva do individuo idoso. Lécturas: Education
Física e Deportes. Bueno Aires, v. 10, n. 87, ago. 2005. Disponível em: <
http://www.efdeportes.com/efd87/idos.htm>. Acesso em: out. 2013.
ELIOPOULOS, C. Enfermagem Gerontológica. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
FERREIRA, A. B. H. Dicionário da língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Positivo, 3. ed., 2004.
GONÇALVES, C. Em dez anos, população feminina superou a masculina em 4 milhões.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-04-29/em-dez-anos-populacao-
feminina-superou-masculina-em-4-milhoes>. Acesso em Outubro, 2013.
14
HEKMAN, P. R. W. O Idoso Frágil. In: FREITA, E. V. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 926-929.
IAMSP. Manual de prevenção de quedas da terceira idade. Disponivel em:<
http://maragabrilli.com.br/federal/manualquedasidoso/Manual_de_Prevencao_de_Quedas>. Acesso
em Outubro, 2013.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas
amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
MENDES, E. V. As situações das condições de saúde e os sistemas de atenção à saúde. In: MENDES,
E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. p.25-59.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do idoso. Belo Horizonte:
SAS/MG, 2006.
SCHNEIDER, R. H.; MARCOLIN, D. DALACORTE, R. R. Avaliação funcional de idosos. Revista
Scientia Medica. Porto Alegre v. 18, n. 1, p. 4-9, jan./mar., 2008.
SOUZA, E. A. Assistência ambulatorial à população idosa: estudo de demanda e oferta. 2007. 99 f.
Dissertação (Mestrado)–Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá, Maringá,
2007.
TEIXEIRA, I. N. Definições de fragilidade em idosos: uma abordagem multiprofissional.
Dissertação (Mestrado)- Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, São Paulo,
2006.