hoje macau 23 mar 2015 #3296

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KELSEY WILHELM GONÇALO LOBO PINHEIRO hojemacau ALBANO MARTINS | ECONOMISTA GABRIEL, O PENSADOR FUNDAÇÃO MACAU O FABULOSO MUNDO DOS APOIOS FINANCEIROS O economista olha para o futuro de Macau com reservas. A pouco saudável relação entre o Jogo e a sociedade, o mau aproveitamento das terras, a incapacidade de diversificar e o possível desaparecimento da Pataca são alguns dos temas em análise pelo também presidente da ANIMA. O Governo não pode estar refém de grupos DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 23 DE MARÇO DE 2015 ANO XIV Nº3296 SPORTING VITÓRIA EM NOITE FELIZ UM RAPPER APAIXONADO PELA LÍNGUA PORTUGUESA EVENTOS CENTRAIS PAG. 6 PAG. 16 PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 ‘‘ ENTREVISTA PÁGINAS 2-3

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Hoje Macau N.º3296 de 23 de Março de 2015

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O economista olha para o futuro de Macaucom reservas. A pouco saudável relação entreo Jogo e a sociedade, o mau aproveitamento das terras, a incapacidade de diversificar e o possível desaparecimento da Pataca são alguns dos temasem análise pelo também presidente da ANIMA.

o governonão pode estarrefém de grupos

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2 hoje macau segunda-feira 23.3.2015entrevistaEntrEvista AlbAno MArtins, econoMistA e presidente dA AniMA

“nem tudo bom para o Jogo, é bom para a economia”

Fil ipa araú[email protected]

Com as Linhas de Acção Gover-nativa (LAG) à porta, quais con-sidera serem os pontos fulcrais de trabalho para o Governo?Penso que a tutela da Economia, juntamente com a tutela das Obras Públicas, devia trabalhar num pro-jecto para aconselhar o Governo a intervir muito rapidamente no sector imobiliário. Essa é a grande preocupação da população, não só a local, como a expatriada e toda a mão-de-obra que Macau vai necessitar, que não pode entrar no mercado sem ter a sua condição de habitação satisfeita, de modo acei-tável. [O Governo] precisa de ter uma atitude muito mais proactiva do que o Governo anterior. Como segunda área de intervenção, acho que o Secretário para a Economia, Lionel Leong, deve tentar ver se se consegue encontrar uma solução para o aumento continuado dos pre-ços. Inflações sistemáticas acima dos 5% fazem perder rapidamente o valor da moeda e tornam tudo muito mais caro. Não é possível uma economia continuar em roda

livre entre 5% a 6% como tem acontecido nos últimos anos. É preciso intervir e o Governo tem que saber como é que vai intervir nesta área. Claro, que se mexer no imobiliário isso vai logo ajudar a inflação a cair.

Fala na queda do valor da moeda e também já defendeu diversas vezes o desligar da pataca do dólar americano. A pataca irá desaparecer no futuro?Já não faz sentido estarmos ligados ao dólar americano. O dólar só tem sentido para os grandes investi-dores que queiram investir aqui. Macau também não tem muito interesse nisso, interessa-nos sim a nossa relação com a China, o que mais dia menos dia vai acontecer. Por isso, sim a pataca vai ter que desaparecer. Do ponto de vista histórico, como português, achava piada que a pataca conseguisse [manter-se], mas do ponto de vista económico, não é razoável. Uma única moeda elimina custos de transacção brutais para as empre-sas, cria um espaço de crescimento muito maior, cria sinergias que duas moedas não criam e portanto penso

que, no futuro, como estamos tão dependentes do continente, o mais lógico é só usarmos uma moeda. Portanto a pataca desaparece, pro-vavelmente antes dos 50 anos [de transferência]. Até internamente a pataca só circula em pequenos pagamentos, mas nos grandes isso não acontece, por exemplo, nas rendas. Assim que a China tiver o yuan mais internacionalizado, vamos ser absorvidos. E acho bem, económica e politicamente faz todo o sentido que isso aconteça. Falava nas LAG, qual é terceiro ponto que pretende que seja debatido?Acho que o que o Governo deve pensar neste momento, ligado também à mão-de-obra, é a si-tuação dos casinos. Esta é uma preocupação que o Governo tem que ter, antecipar a tendência dos acontecimentos e tentar encontrar uma saída que não coloque em causa a indústria do Jogo. Even-tualmente, considerar prolongar por mais do que um ano a redução do imposto sobre o Jogo, porque de facto o imposto é pesado. Ao mesmo tempo que faz isso e apoia

a indústria de Jogo, também apoia a economia local, porque como se sabe a economia do Jogo é um dos grandes consumidores locais. Ain-da no bolo ligado ao sector do Jogo é importante que o Governo, por saber que a indústria do Jogo vai necessitar de mais mão-de-obra, tenha a coragem política de per-mitir que todas as empresas locais tenham maior facilidade no acesso à mão-de-obra não residente.

Sempre se mostrou contra o sistema que limita a contratação de trabalhadores não residentes

Com trinta anos de Macau, Albano Martins olha o futuro com dúvidas: quedas do jogo, recessão para 2015, fraco e errado aproveitamentoda terra,a inflação,a bolha imobiliáriae a necessidadede medidasdo Governo são pontos analisados pelo economista, que não deixa de acreditar numa melhoria social e política e que fala num desaparecimento gradual da pataca e de uma diversificação económica quesó deverá chegar em 20 anos

“Houve um período em que se achava que tudo o que era bom para o Jogo era bom para Macau. Hoje está provado que não é bem assim. Criou, de facto,um bom pé-de-meia para o Governo, mas também criou problemas gravíssimos paraa economia”

“Não temos capacidade para diversificar, mesmo nas indústrias criativas. Nenhuma tem a dimensão de conseguir ser substituta doJogo, nenhuma”

3 entrevistahoje macau segunda-feira 23.3.2015

“Permitiu-se que os grandes complexos de casinos continuassem a fazer mais casinos e a comer uma parte da área [do Cotai] que o Governo inteligentemente poderia ter colocado à disposição da população”

EntrEvista AlbAno MArtins, econoMistA e presidente dA AniMA

“nem tudo bom para o Jogo, é bom para a economia”(TNR), tendo já defendido que existem ‘forças’ que não querem que existam mais contratações. Porque é que isto acontece?Sim, isto acontece porque essen-cialmente há uma questão política que o Governo tem que conseguir dar a volta, ou seja, o Governo não pode estar refém de grupos políticos ou grupos que acenam a bandeira política em questões que de política não têm absolutamente nada. A mão-de-obra é necessária para as economias locais poderem competir, porque os casinos como têm maior capacidade sugam todos os recursos humanos. É necessário que não só os casinos tenham essa mão-de-obra que precisam mas também as empresas locais consi-gam ir buscar esses trabalhadores a preços que consigam suportar. Neste momento Macau, quase sem desempregados, não tem mão-de--obra com as qualificações de que a maior parte das empresas precisa. Estamos a falar entre 50 mil a 70 mil TNR que precisamos.

Que vão precisar de casa…Sim, significa que vamos precisar de alojar este pessoal.

Isso não aumentará a bolha imobiliária?Não creio, porque há muitas casas que estão devolutas, há muito imobiliário que pode ser renovado e a maior parte destes TNR, que Macau necessita, vivem num sis-tema – apesar de não ser a melhor solução – de partilha de casa. [A bolha imobiliária] não é uma situa-ção que se resolva a curto prazo. Não vai ser resolvida. Mas a bolha não é um obstáculo que impeça estes trabalhadores de vir para o território. Precisamos deles para que a economia continue a crescer.

Defendeu há pouco tempo uma recessão até dois dígitos no pre-sente ano. Em termos práticos, o que vai acontecer à sociedade?Sim, a evolução do terceiro trimes-tre do ano passado, juntamente com a evolução da queda das receitas do Jogo nestes primeiros meses do ano, podem indicar uma recessão a dois dígitos para a nossa economia em 2015. Em termos práticos, esta recessão tem efeitos positivos e negativos. O efeito negativo é um efeito macro para a economia no seu geral, é um efeito macro para os opera-dores que dependem dos casinos para vender os seus produtos. Os casinos compram demasiado à economia privada. Há um efeito positivo, porque vai permitir ate-

nuar alguma tensão no mercado sobre a mão-de-obra, porque provavelmente não vai necessitar de tanta neste momento, por outro lado a pressão sobre os preços vai cair porque o imobiliário em si, a tendência de subida, vai resfriar. Grande parte da pressão no imo-biliário está relacionada com o crescimento exponencial do Jogo. Penso que essa situação de quebra das receitas do Jogo, pelo menos por este ano, vai atenuar a especu-lação do sector imobiliário. Mas, repare, esta especulação não pode ser apenas atenuada por esta via, o Governo tem que ser muito mais rigoroso e exigente na maneira como combate esta especulação. Voltando ao sector do Jogo, acha que o Governo Central está a tentar controlar os lucros com medidas tais como a do fim do fumo nos casinos?A China tem a noção correcta que um crescimento a dois dígitos forte é prejudicial para a economia a médio e longo prazo, porque sobreaquece a economia. Embora o nosso indicar de inflação fale numa inflação a 5 ou 6% ninguém acredita que a inflação esteja nesses níveis. Apesar de não haver cálcu-los feitos, acredito numa inflação a 7 ou 8%, o que já é complicado. Essa ideia da China controlar o crescimento... claro, as economias não podem crescer a dois dígitos tão continuadamente porque isso vai criar problemas de sobreaque-cimento e Macau está nessa fase. Tudo é elevado. A preocupação não é que Macau cresça mais que a China, não é, antes pelo contrário, se o território não crescer é que é uma preocupação. No caso das medidas do tabagismo acho que é mais nociva a forma como está a ser aplicada, do que as medidas que o Governo poderia tomar no sentido de reduzir um pouco a situação. Não me parece que seja

grave que haja fumo nos casinos, em determinadas zonas específi-cas, parece grave é que sejam os locais a protestar contra o facto de serem croupiers e estarem sujeitos ao fumo, quando eles podiam per-feitamente não serem apenas os únicos, serem monopolistas desses lugares. Não tem sentido econó-mico o Governo continuar sem mão-de-obra a colocar croupiers locais, taxistas locais, condutores locais… economicamente isto é um erro. Politicamente é também um erro grave porque vai encur-ralar o Governo para decisões que serão ineficientes.

O Governo perdeu o controlo do crescimento do Jogo e dos seus efeitos?Sim, houve um período em que se achava que tudo o que era bom para o Jogo era bom para Macau. Hoje está provado que não é bem assim. Criou, de facto, um bom pé-de-meia para o Governo, mas também criou problemas gravís-simos para a economia. Estamos sobrelotados de pessoas, temos estradas completamente lotadas, não temos parque imobiliário sufi-ciente nem infra-estruturas moder-nas. Neste momento o erro grave foi permitir que as concessionárias

que já estavam no Cotai pudessem aumentar os seus investimentos naquela área.

O que deveria ter sido feito?O que se deveria ter autorizado, para todos estarem em pé de igual-dade, é que quem não tem de facto participação no Cotai, o pudesse ter. Permitiu-se que os grandes complexos de casinos continuas-sem a fazer mais casinos e a comer uma parte da área que o Governo inteligentemente poderia ter colo-cado à disposição da população. Ou seja, se o Governo tivesse desde o início alguém a pensar em longo prazo e não a curto prazo, no senti-do de prever todo esse crescimento, o Governo deveria ter circunscrito todo o Cotai a uma área, ou seja, àquela avenida principal. Tudo o resto dava espaço para a população, para fazer casas, infra-estruturas e espaços comerciais das pequenas e médias empresas (PME).

Que muito estão a sofrer.Esse é um dos dramas da nossa sociedade. Estão a morrer todas. Até as próprias agências imobi-liárias estão a morrer porque não conseguem sobreviver. Não há sentido nenhum económico de termos uma economia que vai ficar deserta porque só apenas quem tem poder de compra vai comprar. Qual é a importância para a sociedade de nós termos edifícios fechados ou não usados e funcionarem apenas como bolsa de imobiliário para al-guém fazer dinheiro? Isto não tem sentido nenhum, numa sociedade tão pequena como a nossa e onde a terra é escassa.

Falando do Fundo Soberano, quer explicar-nos a sua posição sempre tão vincada?As aplicações da autoridade são aplicações que são conservadoras e isso faz parte das regras dos bancos centrais. No cenário actual, em que a maior parte das taxas de juros é baixa, em que os activos são aplicados em produtos altamente protegidos, a remuneração é baixa. Se, nos EUA, tivermos uma remu-neração de 2% provavelmente não estamos a perder muito dinheiro porque a inflação anda por aí. Mas em Macau temos uma aplicação que traz rendimentos de 1% ou 1,5%, quando a nossa inflação supera os 5%. Na prática, no final do ano o nosso baú vale menos. Não sou contra o Fundo, antes pelo contrário, acho que é uma iniciativa boa, mas é preciso que seja feito com responsabilidade, competên-cia e perfeitamente controlado.

Sobre os EUA, a semana passada acabou com o relatório anual a aconselhar Macau a reduzir de 500 mil patacas para 24 mil o valor das operações a que os casinos são obrigados a repor-tar como transacções suspeitas de branqueamento de capitais. Vamos respeitar?Não vai ser fácil. Há noção que em Macau há uma abundância de capitais, muito provavelmente a China já está a actuar, não para que esse limite baixe mas para que o volume desses capitais chegue a Macau em menor quantidade. A China está a fazer o seu trabalho e Macau nunca irá actuar sem ouvir Pequim. Os EUA vão continuar a bater nessa tecla, porque é o que eles fazem. Mas não acredito que Macau vá tentar ir por aí. Esta pressão está a fazer-nos perder jogadores que optam por jogar noutras zonas, como as Filipinas. Atitude premeditada?Talvez, talvez seja desejado pela própria China. Precisamente para que a economia de Macau não esteja sobre a tensão que está até agora. Não sei se, premeditada-mente, a China não pensa que isso é importante e bom para Macau. É preciso colocar numa balança e pensar qual das situações é melhor. Muitos entraves e os jogadores vão para outros países. Qual a dimensão dessa deslocação? O Governo tem que acompanhar e tentar encontrar uma solução que não mate a galinha dos ovos de ouro.

Controlar os turistas quando vão surgir mais casinos não é uma contradição do Governo?A vinda de visitantes é importante para o comércio local, não é tudo para o Jogo. Mas temos que ter a noção de que se não resolvermos os problemas básicos de trânsito, os acessos pedonais, estamos a meter numa panela muita água. Demais. Temos que conseguir conciliar as coisas. Sou muito contra a ideia de limitação, mas em situações de emergência são precisas medidas de emergência. Se não houver so-lução para as situações, o Governo terá que impor um limite, mas a China já tinha esse limite. Tem que ser a própria China a tomar medidas. É contraditório, sim.

Diversificação económica é uma utopia?Provavelmente daqui a 20 anos poderá começar a dar-se alguns passos. O Jogo tem um potencial crescimento brutal e as outras indústrias não têm capacidade. O Jogo produz em três horas o que estas indústrias produzem num ano inteiro e metade do que produzem vem de subsídios do Governo. Não temos capacidade para diversificar, mesmo nas indústrias criativas. Nenhuma tem a dimensão de conseguir ser substituta do Jogo, nenhuma.

“A pataca desaparece, provavelmente antes dos 50 anos [de transferência]. Assim que a China tiver o yuan mais internacionalizado, vamos ser absorvidos”

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4 hoje macau segunda-feira 23.3.2015política

Joana [email protected]

p equim quer que macau reforce a educação patrió-tica e os conhecimentos das elites. De acordo com

um comunicado do Chefe do exe-cutivo, que versa sobre os recados ouvidos por macau na Assembleia Popular Nacional (APN) e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), a mensagem até veio directamente do anterior Chefe do Governo da RAem e agora vice-presidente da CCPPC.

“edmund Ho referiu a impor-tância da educação patriótica junto da próxima geração tendo em conta que esta necessita de reforçar cons-tantemente os conhecimentos so-

Flora [email protected]

a Direcção dos Serviços de educação e Juventude (DSeJ) reiterou, na passada sexta-feira, que é necessário

impulsionar a educação Cívica, onde se in-clui a educação patriótica, mesmo que exista um grupo de pessoas que consideram estes ensinamentos uma “lavagem cerebral”. O anúncio chega no dia em que o Partido dos Trabalhadores entregou uma carta ao orga-nismo, onde defende que macau não precisa de implementar esta disciplina.

O vice-presidente da associação, Lei

edmund Ho quer uma firme aposta na educação patriótica, em especial para a nova geração. Na APN, em Pequim, o vice-presidente da CCPCC – e ex-Chefe do executivo de macau – afiança ainda a forma como deve ser construída a sociedadede macau

“[É preciso] construiruma sociedade moderadamente próspera, de reforma profunda, do estado de Direito e de disciplinarígida parao partido”MensageM transMitidaa Chui sai On pelOs dirigentes dO gOvernO Central

partidO dOs trabalhadOres COntesta ensinO patriótiCO. dseJ insiste nO teMa

“Lavagem cerebral” necessáriaKin ion, referiu ao canal chinês da Rádio macau que actualmente as escolas já têm as disciplinas de História Chinesa e educação para a Cidadania, pelo que, justifica, estas são o suficiente para dar a conhecer o país às crianças. O responsável não deixou de salientar que a implementação desta disciplina é uma “lavagem cerebral”.

Lista de regrasem comunicado, a DSeJ defende que todos os países ou regiões têm uma disciplina de Educação Cívica adequada à cultura e local, acrescentando que o mote de “Ama o País, ama macau” é um valor crítico que gera consenso

no seio da população local. Assim, frisou que o executivo deverá impulsionar este tipo de educação.

“educação moral e da cidadania são parte indispensável da educação cívica, a Lei de Bases do Sistema educativo Não Superior exige claramente que se forme o carácter e os valores morais de ‘Ama o País, ama macau’ , ‘Ser generoso e fazer o máximo de boas ac-ções’ e ‘Respeitar as regras’”, escreve a DSeJ.

A entidade mostrou-se ainda esperançosa de que a implementação desta cadeira faça com que os jovens sintam “a importância da riqueza e força do país para o desenvolvimento pessoal, aumen-tando os sentimentos sobre o país e macau”.

bre o país, nomeadamente a Consti-tuição e a Lei Básica”, começa por frisar o comunicado do Gabinete de Chui Sai On. “[Ho] acrescentou que as elites e os representantes do sector devem conhecer bem o país e ensinar a próxima geração através do exemplo dado.”

Para o ex-Chefe do executivo, se os jovens conhecerem “de forma correcta”, as mudanças que a China tem enfrentado, “irão certamente aumentar o seu amor, com mais confiança, ao país e a Macau”.

edmund Ho frisou na reunião em Pequim que os chineses têm todas as razões para se sentirem orgulhosos, devido à busca que tem vindo a ser feita pela China “para uma grande mudança histórica” e Chui Sai On assegura que tudo tem vindo a ser feito nesse sentido.

eduCaçãO patriótiCa Pequim recomenda reforço de conhecimentos

Olhai a pátria, que ela vos contempla

“O Governo da RAem, em conjunto com todos os sectores da sociedade, reforça os trabalhos junto dos jovens, especialmente para garantir o valor do amor pela pátria e a macau, herdado de ge-ração em geração. De igual modo aposta mais recursos para fortale-cer esta força dedicada à pátria e a macau com toda a energia positiva que comporta”, escreve o líder do executivo em comunicado.

sociedade em harmoniaA atenção da China ao desenvolvi-mento da diversificação adequada da economia é um dos pontos que tem vindo a ser focado por Pequim, mas estas reuniões trouxeram também um novo foco sobre a “melhoria do trabalho” que tem vindo a ser feito relativamente “os

jovens locais”. Chui Sai On ouviu de Pequim que este é um dos temas de maior importância no trabalho do Governo da RAem.

“Durante as reuniões da APN e do CCPPC, os dirigentes nacio-nais demonstraram estar atentos ao aceleramento da diversifica-ção adequada da economia e dos trabalhos dedicados aos jovens, os quais também representam as prioridades do Governo da RAem. Para além de envidar esforços para elevar a força local, macau procura tirar partido das políticas privilegiadas concedidas pelo Governo Central, mantendo firmes as intenções de desenvolver a economia interna de macau em articulação com o reforço da coo-peração regional”, pode ler-se no comunicado do Gabinete do Chefe do executivo.

Na mensagem transmitida a Chui Sai On pelos dirigentes do Governo Central não ficou de fora um recado face à forma como deve ser construída a sociedade de Macau e à maneira como esta deve olhar Pequim.

“[É preciso] construir uma so-ciedade moderadamente próspera, de reforma profunda, do estado de Direito e de disciplina rígida para o partido”, sublinha a mensagem de Chui Sai On. “As Linhas de Acção Governativa do Governo Central para este ano promovem com pragmatismo a construção de um ambiente civilizado, com crescimento económico, desenvol-vimento político, cultural e social.”

Chui Sai On disse compreender “a necessidade da luta em conjunto com a população”, que consiste em resolver primeiro os problemas que afectam os residentes, pelo que promete que o Governo vai dar prioridade à resolução dos problemas relacionados com o trânsito, habitação e saúde.

“Edmund Ho referiu a importância da educação patriótica junto da próxima geração tendo em conta que esta necessita de reforçar constantemente os conhecimentos sobre o país, nomeadamentea Constituiçãoe a Lei Básica”COMuniCadO dO gabinetede Chui sai On

O deputado Chan Meng Kam considera que o arrendamento de es-paços para albergar

departamentos públicos já se tornou num “modelo administra-tivo fixo”, esperando, por isso, que exista um “planeamento razoável” da localização desses espaços, por forma a poupar cus-tos de arrendamento e aumentar a eficiência administrativa.

Numa interpelação escrita entregue ao Governo, Chan Meng Kam apontou que o orçamento destinado ao arrendamento des-ses espaços atingiu, já este ano, os 780 milhões de patacas. Por isso, diz, “vale a pena considerar se o Governo pode ser caprichoso enquanto tiver dinheiro”, tendo em conta o ajustamento que está a acontecer no sector do Jogo, principal origem dos dinheiros públicos.

Espalhados pEla cidadE“Nos últimos anos, o Governo impulsionou o serviço ‘one stop’ e concentrou vários serviços pú-blicos num mesmo local. Contudo, olhando para a situação real, os escritórios dos departamentos do Governo são diversos. Inclusi-vamente, se for necessário tratar

Gabinete de Lionel Leong com site e WeChat

Kiang Wu Instituto de Enfermagem quer mais cooperação com o Governo

Notários Privados Questionada suspensão de formação

Turismo Chui Sai On vai enviar relatório ao Governo Central

Chan Meng KaM CritiCa arrendaMento para serviços públiCos

Analisar para não gastar O deputado chama a atenção para o facto de muitos departamentos do Governo funcionarem em edifícios comerciais, em espaços que são arrendados e têm, por isso, custos altos 780

milhões de patacas, orçamento

destinado ao arrendamento de

espaços já atingido este ano

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, garantiu ontem, em

comunicado, que será estudada a eventual implementação de uma política de contenção do números de turistas nas ruas da cidade e que três relatórios sobre o turismo já foram entregues a Pequim.

“Após mais de dez anos em que [a política dos vistos indivi-duais] tem vigorado, acredita-se que este é o momento adequado para que seja realizada uma avaliação histórica e prospectiva dessa política”, refere o líder do Governo em comunicado.

O anúncio teve lugar depois de Chui Sai On ter recebido os três relatórios que havia pedido ao Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cul-tura, Alexis Tam, e ao Instituto de Formação Turística (IFT). “Após realizar uma análise pormenorizada e sistemática do teor desses relatórios, o Chefe do Executivo encaminhará um documento, contendo apre-ciação geral do assunto, para os departamentos do Governo Central”, refere.

Nas últimas semanas, tem ha-vido um debate significativo em volta do número eventualmente excessivo de turistas a circular nas ruas da cidade. Embora al-guns especialistas demonstrem que existe necessidade de conter o fluxo de pessoas e veículos na região, a equipa governamen-tal – nomeadamente Wong Sio Chak e Alexis Tam – já referiram que Macau tem capacidade para lidar com um volume elevado de pessoas. Os mesmos admitiram, no entanto, que há espaço para melhorias.

O deputado Ng Kuok Cheong quer saber porque é que

os cursos e exames de notários privados do Governo foram “bloqueados”. Na opinião do deputado, tal constitui um entrave para os jovens advogados que queiram seguir a profissão de notários do sector privado.

Numa interpelação escri-ta, Ng referiu que há profissionais do sector de Direito que se queixam da falta de abertura de cursos nesta área e que são publicitados através do Centro de Formação Jurídica e Ju-diciária há vários anos. Esta é, para os jovens, uma oportunidade para a promoção de notários privados, bem como de evolução na carreira dos jovens deste sector. “Desde 2011 que foram nomeados, pelo Governo, apenas dois notários privados (...) no entanto, de acordo (...) com o Estatuto dos Notários Privados os jovens que já estão registados como advogados só podem ser nomeados notários privados através de cursos

de formação e abertura de exames pela autoridade”, começou Ng por sublinhar.

“O Governo deve aconselhar todos os sectores a oferecerem capacidade de evolução na car-reira profissional, mas no entanto o mecanismo está bloqueado, de certa forma monopolizando este sector”, continuou.

Além disso, o deputado ques-tiona o Governo sobre a abertura de cursos e exames de notários privados no Centro de Formação Jurídica e Judiciária, colocando ainda a questão da falta de cursos durante vários anos e quais são as restrições para tal. -F.F.

o gabinete do secretário para a economia e Finanças, lionel leong, já tem uma página electrónica oficial e uma conta na rede social de conversação WeChat. para

estar actualizado das novidades e publicações daquela secretaria, basta assinar o serviço da conta da rede social e entrar no website. de acordo com comunicado deste

gabinete a integração permite “reforçar o diálogo com os diversos sectores da sociedade” e constitui uma das “tarefas prioritárias” do gabinete. o intuito é apresentar, de forma mais próxima, os trabalhos desenvolvidos pelo governo nesta área. a conta de WeChat pode ser acedida digitando “secretaria para a economia e Finanças de Macau” ou “seFraeM” na referida aplicação móvel.

O S responsáveis pelo Instituto de Enfermagem do hospital

Kiang Wu pediram ao Executivo uma cooperação mais estreita na área da investigação científica. O pedido teve lugar durante o encon-tro dos responsáveis do Instituto, Fong Chi Keong e Van Iat Kio, com o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam.

“O Secretário concordou e apoiou o desejo manifestado pelo Instituto relativo ao reforço da cooperação entre o Instituto e os serviços de saúde do Governo ao nível da investigação científica”, apontou o Gabinete do Secretário

em comunicado. É ainda feita referência ao facto de Alexis Tam ter assegurado os representantes do Instituto de que o nível de qualidade da saúde na região irá ser elevado, nomeadamente com a contratação de profissionais especializados. Foi igualmente sublinhada a celeridade de construção do Hospital das Ilhas.

“O Secretário referiu que, nos próximos anos, Macau estará dota-da de várias infraestruturas médi-cas, nomeadamente o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, crian-do assim mais oportunidades para a formação e elevação dos níveis técnicos”, frisa o comunicado.

de um assunto simples, temos de ir a departamentos da mesma direcção de serviços, localizados em diferentes sítios. O tempo de apreciação e a entrega de docu-mentos, nesta situação, acabam por dificultar o aumento da eficiência administrativa”, apontou Chan Meng Kam.

O deputado eleito pela via directa para o hemiciclo questio-na o calendário para a melhoria do processo de arrendamento de escritórios, para que o serviço prestado pelos departamentos seja eficaz e possa corresponder aos custos de arrendamento. Chan Meng Kam pede ainda que seja feita uma avaliação de todos os actuais contratos de arrendamen-to, exigindo a construção de um edifício para os assuntos adminis-trativos, para além do já prometido campus judiciário. - F.F.

5 políticahoje macau segunda-feira 23.3.2015

6 hoje macau segunda-feira 23.3.2015sociedade

AndreiA SofiA [email protected]

a Fundação Macau (FM) continua a dar largos donativos a entidades privadas do território

que operam nas mais diversas áreas, desde a saúde à investiga-ção académica. À margem de um almoço de Primavera oferecido aos meios de comunicação social, a entidade divulgou os dados de apoios concedidos o ano passado. No total, a FM concedeu 1740 mi-lhões de patacas, mais 680 milhões face a 2013.

Segundo o comunicado cedido, tais valores devem-se “à conces-são de apoios financeiros para o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia (200 mi-lhões), a construção dos edifícios e laboratórios, aquisição de equipa-mentos científicos, renovação dos equipamentos regulares por parte de instituições do ensino superior, diversas celebrações dos 15 anos da RAEM, acções de interesse público do interior da China e associações territoriais”.

A área da educação e inves-tigação surge no topo da lista, com 37,53% dos apoios conse-guidos, enquanto que as “acções de promoção de actividades filantrópicas e de voluntariado” representam 22,72% de todo o bolo. Em terceiro lugar surgem as “acções desportivas, culturais e recreativas, com 12,65% dos apoios recebidos.

No total, a FM apreciou 1052 casos, tendo concedido 857 pedi-dos de apoio financeiro a 43 pro-gramas já previstos no plano anual. A taxa de concessão de apoios foi

grAnde fAtiA pArAA culturANa área cultural, a FM “continuou a atribuir subsídios a associações para a realização de diversas actividades culturais e artísticas”. Os 388 espectáculos e exposições apoiadas representaram um investimento de 27 milhões de patacas, sendo que 140 exposições levaram a gastos de 19 milhões de patacas. Cerca de 131 projectos de edição e publicação de obras custaram 8,7 milhões.

1740milhões de patacas, valor total

dos apoios concedidos em 2014

Foram 680 milhões de patacas os apoios concedidos a mais no ano passado pela Fundação Macau, essencialmente para as áreas da educação, saúde e investigação. Constam donativos a universidades privadas como a MUST ou a Universidade de São José, sendo que a taxa de concessão de apoios foi de quase 90%

Fundação Macau Apoios finAnceiros sobem mAis de 600 milhões em 2014

Entidade mãos-largas

de 85,55%. A entidade explica que “em 2014 decidiu reforçar os apoios financeiros no que diz respeito à concessão de subsídios às associações do território que desenvolvem trabalhos no âmbito da melhoria das condições de saúde e educativas”.

Só o Conselho de Curadores da FM, liderado pelo Chefe do Exe-cutivo, autorizou 119 pedidos de apoio financeiro, no valor de 1250 milhões de patacas, enquanto que

eStudoA quAnto obrigASNa área da investigação, a FM “alargou o alcance das bolsas de Estudos sobre Macau”, sendo que, actualmente, três instituições de ensino recebem estes apoios. O ano passado foram investidos 41 milhões de patacas em subsídios para 58 projectos de investigação e de estudos. A FM deu ainda apoio a 138 bolseiros do interior da China e dos países lusófonos para a frequência do ensino superior em Macau.

o Conselho de Administração, pre-sidido por Wu Zhiliang, autorizou 738 pedidos de apoio financeiro, num total de 70 milhões.

Privados a ganhar Há muito que a FM é conhecida pela injecção de elevadas tranches de dinheiro em entidades privadas, que operam quer na área da saúde, quer na educação. E 2014 não foi excepção.

“É de destacar que a FM dispo-

nibilizou uma verba de 63 milhões de patacas para o Hospital Kiang Wu e para o hospital da Univer-sidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST), para adqui-

rirem os equipamentos médicos que mais precisavam”, aponta o comunicado.

Na área do ensino superior, entidades como a MUST, Univer-sidade de São José (USJ), Instituto Milénio de Macau e Instituto de Gestão de Macau receberam um total de 300 milhões, investidos na “aquisição de equipamentos de ensino e construção de residências para estudantes”.

Já na área do ensino não supe-rior, foram sete as escolas privadas beneficiadas, sendo que muitas de-las já pertencem a associações que recebem apoios públicos, como é o caso da Escola da Associação Geral das Mulheres de Macau, ou o jardim de infância e secção primária da Escola dos Moradores de Macau, da União Geral das As-sociações de Moradores de Macau (UGAMM).

“A FM concedeu apoios a instituições do ensino primário, secundário e superior para melho-rar as instalações e equipamentos de ensino, sendo de salientar que o valor concedido às escolas dos ensinos primário e secundário para a construção de edifícios escolares atingiu 155 milhões de patacas”, pode ler-se.

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7 sociedadehoje macau segunda-feira 23.3.2015

A Univers idade de Macau (UM) sublinhou num comunicado en-

viado à agência Lusa que o reconhecimento de progra-mas académicos no exterior, nomeadamente na União Europeia, dependerá do que ficar definido na nova Lei do Ensino Superior. Em causa está o fim do reco-nhecimento automático do curso de Direito em Língua Portuguesa iniciado no ano lectivo em curso, depois da Faculdade ter alterado o programa de estudos.

“Não podemos falar mais sobre o reconhecimento do programa porque esse termi-nou com a mudança agora operada. O que se poderá falar agora é sobre Acreditação do Programa de Direito, ou outros em Portugal, assunto que não é mais tratado pelo Governo de Portugal, mas por uma Agência de Acreditação independente, que se designa por Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Su-perior (A3ES), como, aliás, é agora norma na União Eu-ropeia”, refere a nota da UM.

No entanto, acrescenta a nota, a “solicitação de tal

M AcAU conta actualmente com 30.771 estudantes matriculados nas dez

instituições de ensino superior, dos quais mais de 12 mil - 39,6% - é proveniente do exterior, revelam dados da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).

De acordo com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, a fre-quentar uma licenciatura no ensino

Energia Cívica debateu falhas na educação especialOs problemas não são novos e têm surgido na imprensa, mas o Governo ainda não resolveu muitos dos problemas com os quais se debate actualmente a área da educação especial, virada para quem tem necessidades educativas especiais. A opinião é de Agnes Lam, docente da Universidade de Macau (UM) e líder da Associação Energia Cívica, que organizou ontem um debate sobre o tema. Ao HM, a docente, que já foi candidata às eleições legislativas, referiu a falta de centros de apoio e de recursos humanos como um dos maiores problemas. Mas não é o único. “Quando falamos da avaliação dos casos, que tipos de educação especial é necessária, os critérios de avaliação e análise não são claros. E não é dirigida para o tratamento de diversas doenças. Esse é um dos maiores problemas”, concluiu.

O não reconhecimento do curso de Direitoda UM em Portugal não depende da instituiçãode ensino superior, diz a própria universidade,que descarta responsabilidades para a Leido Ensino Superior de Macau

UM RECOnHECiMEntO nO ExtERiOR dEpEndE dE nOvA LEi

A culpa não é nossa“Não podemos falar mais sobre o reconhecimento do programa porque esse terminou com a mudança agora operada. O que se poderá falar agora é sobre Acreditação do Programa de Direito, ou outros em Portugal”NotA dA UM

coiMbra quer Mais estudantes chinesesA Universidade de coimbra quer atrair mais estudantes chineses, tentando aproveitar o crescente interesse pelo Português na china e o aumento das suas relações económicas com os países lusófonos, afirmou um responsável da instituição. “Acreditamos que há um número significativo de estudantes chineses que querem ter uma formação de base e de qualidade em Língua Portuguesa”, disse à agência Lusa o vice-reitor da Universidade de coimbra (Uc) responsável pelas relações internacionais, Joaquim Ramos de carvalho. “Sempre tivemos estudantes chineses vindos de Macau, mas a verdadeira procura, que não tem tido vazão, vem da china continental”, acrescentou. “A china tem muita importância [para a Uc] porque há uma procura crescente por profissionais com capacidades na Língua Portuguesa, motivada pelo investimento e comércio da china com os países lusófonos, sobretudo Brasil, Angola, Moçambique e Portugal”, disse Ramos de carvalho. A aposta na captação de estudantes chineses traduz o lema da actual reitoria da instituição: “Universidade de coimbra, universidade global”.

ENsiNo sUpErior QUAsE 40% dos AlUNos são do ExtErior

cursos em crescimentosuperior local estão 23947 alunos, cerca de sete em cada dez. Outros 5300 preparam-se para ser mestres e apenas 1200 estão em regime de doutoramento. Os restantes

221 alunos estão matriculados em outros cursos, cuja natureza não é especificada.

Os mesmos dados avançam que o corpo docente é composto

por 1993 professores, dois terços dos quais a tempo inteiro. Mais de metade dos professores a tempo integral são doutorados – cerca de 890, de entre 1351. Já no que diz respeito ao grau de curso com mais adeptos, a licenciatura e o bacharelato ficam-se à frente do mestrado e do doutoramento por largos números.

Já em termos curriculares, e de acordo com dados fornecidos pela DSEJ, o território oferece, desde Setembro passado, 14 no-vos cursos superiores que podem ser encontrados em parte das dez instituições universitárias existen-tes na RAEM. De entre os cursos mais ministrados estão comércio e Gestão, Serviços Turísticos e Recreativos e ciências Sociais e comportamentais, estando tam-bém Direito na lista de cursos com mais adeptos.

acreditação dependerá do que for decidido na nova Lei do Ensino Superior de Macau e de acordo com as directivas daí emanadas pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) para a Acreditação dos diversos programas de Ensino Superior locais”.

Troca de crédiTosA UM alerta também que a falta de uma acreditação automática e a ausência de uma decisão quanto a pedidos futuros de acreditação dos cur-sos ministrados na instituição não impede a troca de alunos mesmo a meio do programa académico, bastando, para tal, o reconhecimento de créditos pela universidade receptora.

“Isso poderá sempre acontecer através de trans-ferência de créditos entre instituições, como aliás se faz no mundo inteiro, e não apenas entre Macau e Portugal”, refere a nota, sa-lientando que a universidade que recebe o aluno “terá de efectuar uma equivalência das cadeiras considerando o historial académico do aluno completado na UM”.

A nota da UM recorda ainda que, após a transição

de poderes de Portugal para a china sobre Macau nenhum outro programa académico da instituição foi alvo de reconhecimento em Portugal e o curso de ciên-cias da Educação só teve o programa reconhecido no ano 2000 devido a “um atraso no processamento do reconhecimento por parte de Portugal”. - LUsa/HM

8 sociedade hoje macau segunda-feira 23.3.2015

Flora [email protected]

A Associação de Síndro-me de Down de Macau prevê que existam cerca de 200 portadores da

doença no território. No entanto, a entidade só conseguiu ter inscritos 54 pessoas com esta patologia.

Segundo a imprensa chinesa, o Instituto de Acção Social (IAS) e a Direcção dos Serviços de Educa-ção e Juventude (DSEJ) promete-ram formar mais terapeutas da fala para ajudar quem sofre da doença.

Numa actividade para assinalar do Dia de Síndrome de Down, rea-lizada pela Associação no sábado passado, a presidente da entidade, Lao Sio Fun, disse prever que existam 200 pessoas com Síndro-me de Down em Macau mas que, tendo em conta o baixo número de inscritos na Associação, “existem muitos casos escondidos”.

Lao Sio Fun disse que tanto adultos como crianças com Síndro-me de Down devem ter oportuni-dades iguais e direitos de escolha

leonor Sá [email protected]

a esmagadora maioria – cerca de 79% – das pessoas que procuraram emprego junto

da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), entre Julho e Dezembro passados , justi-fica a inscrição no organismo devi-do à cessação da relação laboral ou necessidade de mudar de ambiente de trabalho. Outros 9% fazem-no por terem chegado recentemente ao território, enquanto 7% procuram o seu primeiro emprego, estando os restantes 5% reservados para outras situações.

Os dados são da DSAL, que in-dicam que, entre Julho e Dezembro do ano passado, se inscreveram no centro de emprego da DSAL mais de 2900 pessoas, sendo que mais de metade destas ainda se encon-trava sem colocação no final do ano passado.

Contudo, a idade das pessoas desempregadas aumentou face ao ano passado, fixando-se este ano entre os 45 e os 59 anos. Esta faixa etária representa, assim, 47% dos inscritos na base de dados da entidade nos últimos seis meses de 2014.

Também a percentagem de seniores à procura de emprego au-mentou, representando, de acordo com a DSAL, cerca de 11%. Já os candidatos mais jovens, dos 25 aos 44 anos perfazem 31% do valor.

Tal como em anos passados,

Mercado abastecedor detecta problemas na importação de produtos

O mercado abastecedor Nam Yue implementou novas

penalidades depois de ter detec-tado várias irregularidades nos produtos importados, nomeada-mente as diferenças existentes entre o peso real dos legumes e aquele que vinha assinalado na chegada a Macau.

Segundo o jornal Ou Mun, a Agência Comercial de Gé-neros Alimentícios e Produtos Marinhos Nam Yue investigou e descobriu, junto com várias associações de comerciantes de legumes, quatro grandes pro-blemas, como a má preservação dos alimentos, as diferentes formas de contagem do peso e a existência de “comerciantes sem escrúpulos” que trazem “competição negativa ao mer-cado”, o que causa diferenças no peso dos produtos junto dos consumidores. Foram ainda registados roubos de legumes por parte dos responsáveis pelo transporte dos alimentos.

Chan Wai, vice-director da agência, referiu que os problemas se devem à falta de supervisão. Por isso, foi implementada a “medida de supervisão de peso e etiquetas de legumes no mercado de abastecimento”, que trazem não apenas mais inspecções especí-ficas e medidas de gestão, mas também penalizações em caso de irregularidades. Isso faz com que, em caso de registo de três erros junto de um fornecedor, o contrato não seja mais reno-vado. Caso se verifique, pelo menos três vezes por mês, que o peso real é 5% menor do que o peso registado no produto, as autoridades de Zhuhai serão contactadas para uma consoli-dação da inspecção, o que pode ter como última consequência a proibição da entrada dos pro-dutos em Macau. -F.F.

Síndrome de down AssociAção denunciA cAsos escondidos

A favor da igualdade Uma associação que lida com casos de Síndrome de Down prevê que existam 200 portadores da doença e assegura que há casos escondidos. Já o IAS, assume existirem apenas 87 doentes, ainda que admita serem necessários mais terapeutas

como as pessoas sem a doença. A Associação disponibiliza serviço de aconselhamento psicológico aos pais e a análise à situação familiar das crianças portadoras desta doença.

IAS com númeroS dIferenteSConvidado a participar na actividade, Iong Kuong Io, presidente do IAS, re-feriu que existirão em Macau apenas 87 crianças com Síndrome de Down. Os números diferem, mas a entidade

emprego procurA juStiFicAdA por ceSSAção de contrAto e chegAdA à rAem

Ensino secundário é o que mais prevalecetambém os números mais recentes demonstram que apenas 17% dos candidatos eram licenciados, a grande maioria possuindo apenas o ensino secundário – 56% das pessoas.

ArredondAr Sempre por bAIxoNo que diz respeito ao salário pedido pelos candidatos e aquele oferecido pelos empregadores, os valores raramente convergem, fi-cando o valor oferecido bastante aquém daquele que é pedido. De acordo com a DSAL, as pessoas pedem entre 8300 patacas e 15 mil para profissões como tra-balhador de casino, empregado administrativo, segurança ou

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• O BNU doou 1,6 milhões de patacas à Associação Tung Sin Tong, numa cerimónia presidida por Chui Sai Cheong, deputado e Presidente da Tung Sin Tong e por Pedro Cardoso, Presidente da Comissão Executiva do BNU. Tendo em vista a recolha de fundos para fins de beneficiência, o BNU e a Tung Sin Tong lançaram, em 1999, o Cartão de Crédito Visa da Tung Sin Tong, através do qual o BNU doa 1% do volume das transacções de retalho efectuadas pelos seus titulares. Desde o lançamento do cartão, o BNU já doou mais de 10,4 milhões de patacas à Tung Sin Tong.

BNU doa mais de mil milhões à TUNg siN ToNg

porteiro, vendedor e empregado de limpeza. Contudo, o valor oferecido pelos empregadores para as mesmas funções varia apenas entre as 6500 patacas e as 13900. Já no que toca às

governamental garante que tem dis-ponibilizado subsídios para a criação de instalações de reabilitação, para serviços de formação especial, creche temporária ou recursos familiares.

Contudo, Iong Kuong Io ad-mitiu que há falta de terapeutas da fala em Macau, mas considera que não devem ser importados estes profissionais pelo facto de não dominarem o chinês. Por isso, o IAS garante que vai cooperar com a DSEJ para que haja uma

acção de sensibilização junto dos estudantes locais, para que aceitem receber mais formação focada nestas terapias.

A chefe do Centro de Apoio Psi-co-Pedagógio e do Ensino Especial da DSEJ revelou que nos últimos anos têm sido abertos cursos para formar professores, por forma a apoiarem os alunos portadores de Síndrome de Down. A responsável prometeu ainda reforçar a forma-ção dada às famílias.

profissões que mais pessoas empregaram, encontram-se na linha da frente os empregados de limpeza, assentadores de tijolo e estucadores, vendedores e cozinheiros.

9 sociedadehoje macau segunda-feira 23.3.2015

O relatório anual do Departamen-to do Estado Norte Ameri-

cano sobre crimes financeiros volta a insistir na diminuição do valor mínimo de operações que as operadoras são obriga-das a reportar. Actualmente em Macau, só quando as operações envolvem valores de ou mais de 500 mil patacas é que as operadoras são obriga-das a reportar às autoridades, mas os EUA acreditam que este valor é demasiado alto e aconselham um limite de 24 mil patacas - quase menos 20 vezes o valor praticado actualmente.

“Macau deve diminuir o limiar para a participação de transacções suspeitas dos casinos para [24 mil patacas] para ir ao encontro dos pa-drões internacionais”, lê-se no relatório do Departamento de Estado norte-americano sobre branqueamento de capitais e crimes financeiros divulgado na semana passada.

De acordo com o Jornal Tribuna de Macau, que cita o documento, no relatório em causa “Macau vem mais uma vez identificado como um dos locais onde o fenómeno da lavagem de dinheiro é mais preocupante”. Apesar disso, o departamento norte--americano reconhece que o Executivo se tem esforçado

Wynn anuncia aumento de salários

Jogo EUA insistEm nA diminUição dE vAlor dE dEclArAção obrigAtório

Diz-me quanto tensde forma considerável para ir “ao encontro das recomen-dações americanas”, ainda que as deficiências existam e sejam notórias, como de-fende o relatório, tais como a falta de legislação para melhorar a entrada e saída de capitais do território.

“O relatório considera que Macau não tem ainda nas fronteiras um sistema eficaz de declaração de dinheiro e que o mesmo deve ser im-plementado o quanto antes”, escreve a publicação. Já a

“Macaudeve diminuiro limiar paraa participação de transacções suspeitas dos casinos para[24 mil patacas] para ir ao encontrodos padrões internacionais”relatórioDo DepartamentoDe estaDo Dos eua

Lusa, diz que, para Washing-ton, Macau “deve continuar a reforçar a coordenação inter-departamental para prevenir a lavagem de dinheiro na indústria do Jogo, especial-mente através da introdução de uma robusta supervisão dos ‘junkets’, exigindo as devidas diligências a cola-boradores do sector de Jogo não-regulamentados e ainda por via da implementação de requerimentos obrigatórios transfronteiriços de declara-ção de moeda”.

Pôr fim à lavagemÉ então sugerido que Macau reforce a coordenação entre agências para controlar e terminar com as lavagens de dinheiro no sector do Jogo.

“A indústria do Jogo de-pende fortemente dos promo-tores de jogo e colaboradores, conhecidos como operadores ‘junket’, fracamente regula-dos, para financiar jogadores abastados, na sua maioria do interior da China”, diz o do-cumento que, à semelhança de anos anteriores, volta a constatar vulnerabilidades à lavagem de dinheiro. “Cada vez mais populares entre os jogadores que procuram anonimato, bem como al-ternativas para as restrições de movimento de moeda na China, os ‘junkets’ também são populares entre os casi-

nos, que ambicionam reduzir o risco de incumprimento de crédito e são incapazes de cobrar legalmente as dívidas de jogo na China”, refere-se no documento, na parte refe-rente à lavagem de dinheiro e crimes financeiros.

No entanto, o filão da operação dos ‘junkets’ tem vindo a decair. Desde 2013 tem diminuído o número de promotores de jogo licencia-dos. Dados oficiais mostram que em 2013 eram 235 e, em

2014, totalizavam 216. Para este ano apenas 183 tinham licença para operar.

Segundo o Departamento de Estado norte-americano, que cita informações oficiais facultadas, as principais fon-tes dos fundos alvo da prática de branqueamento de capitais resultam da actividade cri-minosa local e estrangeira, de crimes relacionados com o jogo, contra a propriedade e de fraude.

O total de participações

chegou a vez da Wynn, à semelhança da mgm, sands e sJm, anunciar um aumento de 5% nos salários dos trabalhadores sem cargos de gestão. Um comunicado da operadora explica que 8100 funcionários vão usufruir deste aumento. Este tem efeitos

retroactivos a 1 de março e é para pagar no próximo mês de Julho. “os 13 anos que a empresa tem estado em macau reflectem um dos maiores privilégios alguma vez concedidos a uma empresa comercial. tivemos o privilégio de ser convidados a participar nesta notável expansão da economia de macau, cujo elemento mais singular tem sido o seu positivo impacto na vida dos seus residentes. reconhecemos que devemos o nosso sucesso a estas pessoas, aos nossos funcionários, que nos ajudaram a contribuir para o crescimento de um dos maiores destinos turísticos do mundo”, afirmou steve Wynn. A empresa indica que além da actualização salarial para os trabalhadores do Wynn macau e do Wynn Palace (em construção), o bónus anual equivalente a dois meses de vencimento – um entregue já em Janeiro e outro a pagar em Julho – vai continuar até 2017.

de transacções suspeitas de branqueamento de capitais e/ou financiamento de ter-rorismo tem vindo a subir ao longo dos últimos anos.

O número aumentou de 725 em 2007 para 1840 em 2012.

Em 2013 diminuiu para 1595 denúncias, voltando a subir para 1812 em 2014, segundo dados do Gabinete de Informação Financeira revela-dos na semana passada pelo Jornal Tribuna de Macau.

A reserva financeira de Ma-cau ascendia a 246,34 mil milhões de patacas no final

de 2014, segundo dados oficiais revelados pela Autoridade Monetá-ria de Macau (AMCM), que refere ainda que se prevê uma subida das taxas de juro este ano. Cerca de 116,46 mil milhões de patacas dos activos foram alocados para a ‘reserva básica’ e os restantes afectos à ‘reserva extraordinária’.

Em comunicado, em que se ex-plica a forma como foram geridas as reservas, a AMCM indica que carteira de títulos representava, até ao final do ano passado, 47% dos activos da reserva financeira, com os denominados em dólares norte--americanos e em yuan à cabeça.

“Em 2015, prevê-se uma subi-

amCm reserva finanCeira aCima Dos 200 mil milhões

Taxas de juro a subirda tendencial da taxa de juros de referência dos EUA, as diferentes situações económicas e direc-ções políticas a nível financeiro dos restantes principais países constituirão factores conducen-tes à flutuação dos preços dos títulos de dívida dos mercados internacionais, bem como à tur-bulência do câmbio das divisas, à instabilidade e à incerteza dos mercados bolsistas”, adverte o órgão regulador.

Possíveis ameaçasEsta série de factores de risco vai afectar directamente, segundo a AMCM, “a revalorização do preço dos correspondentes activos, no período homólogo, fazendo com que a Reserva Financeira venha

a confrontar-se com ameaças eventuais, em consequência das evoluções acentuadas dos rendi-mentos a curto prazo”.

“Face a esta situação, com base no pressuposto de que os riscos gerais dos investimentos são controláveis e, através do acompanhamento atempado da evolução do mercado e da adopção dos princípios de segurança e efi-cácia, os investimentos da carteira de activos serão concretizados mediante uma afectação dinâmica, nomeadamente, uma aceleração apropriada de aplicação de fun-dos em activos denominados em acções, através do asseguramento das oportunidades que emergem dos mercados”, realça em comu-nicado. -lusa/hm

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10 hoje macau segunda-feira 23.3.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

a vida no Céu • José eduardo agualusa“A Vida no Céu” é um romance distópico, num futuro que se segue ao Grande Desastre, e em que o Mundo deixou de ser onde e como o conhecemos. Encontrando-se o globo terrestre inteiramente coberto por água, e a temperatura, à superfície, intolerável, restou ao Homem subir aos céus. Mas essa ascensão é literal (não é alusiva ou simbólica): a Humanidade, reduzida agora a um par de milhões de pessoas, habita aldeias suspensas e cidades flutuantes - dirigíveis gigantescos denominados Tóquio, Xangai ou São Paulo -, e os mais pobres navegam o ar em pequenas balsas rudimentares. Carlos Benjamim Moco é o narrador da história. Tem 16 anos e nasceu numa aldeia, Luanda, que junta mais de cem balsas. O desaparecimento do pai fará com que Benjamim decida partir à sua procura.

Fala, memóRia • vladimir nabokovNabokov foi um dos raros escritores exilados pela Revolução de Outubro de 1917 que preservou na memória a Rússia da sua infância como paraíso perdido a que nunca quis regressar. A sua obra não é, pois, um ajuste de contas com os acontecimentos que destruíram as paisagens da sua infância e juventude. “Fala, Memória” é um dos mais deslumbrantes livros que alguém escreveu sobre o seu passado. Talvez porque, para Nabokov, mais importante do que a política ou a vida usual, era a arte sob a forma da escrita, o amor, o voo colorido das borboletas, a recusa da vulgaridade e os problemas de xadrez.

Gabriel, o Pensador RappeR, compositoR e escRitoR

“o Português é uma língua gostosa de se falar”É uma voz activa do meio político--social e fá-lo através da música que compõe há décadas. Gabriel, o Pensador quase dispensa apresentações, ainda que a sua fama não o impeça de se mostrar humilde perante fãs e jornalistas. Por cá, a convite do Festival Literário Rota das Letras, o rapper brasileiro fala da evoluçãona carreira,da paixão pela Língua Portuguesa e da vida enquanto escritor

Joana [email protected]

Desde os anos 1990 que tem carrei-ra como rapper. Porquê a decisão de fazer música? Não tive um momento em que levei um estalo repentino. Foi uma paixão de criança, de sempre gostar de ouvir música. Aos 11 anos escrevi algumas letras, falei pela primeira vez em formar uma banda, mas essa época passou. Aos 16, 17 anos, le-vei isso mais a sério e construí isto aos poucos. Fui fazendo as minhas letras e perdendo a timidez, porque era um pouco tímido (risos). Mas comecei a mostrar aos meus amigos e, aí sim, foi uma opção realizar esse sonho. Tanto que, até a minha mãe começou a trabalhar em Nova Iorque e me convidou a mim e ao meu irmão para irmos para lá com ela e não quis, por causa da música principalmente. Houve duas coisas que me fizeram ficar no Brasil: uma era o sonho de gravar um disco e outra era fazer o curso de Comuni-cação Social em Português. Preferi continuar falando minha língua (risos) e não a tentar fazer algo nos Estados Unidos.

Nota-se, nas suas músicas, uma voz política e social e uma evolução desse activismo de música para música. Porquê a opção de trans-mitir essa mensagem ao público? Morei no Rio [de Janeiro], em vários bairros diferentes e no meio de várias realidades. Fiz amigos de várias classes sociais, amigos que sofreram com racismo... Houve muitas histórias da minha vida so-cial de onde tirei [ideias], comecei a levantar questões sobre algumas coisas que não aceitava. Outra ra-zão, foi a música mesmo, que surgiu como um elemento de influência. Músicas que eu escutava do Bob Marley, dos Public Enemy e outros, da música brasileira também, que me fizeram desde pequeno pensar nesse tipo de assunto.

A forma como o Brasil está a nível político-social também teve peso na criação das suas músicas?Sim, [sobre] as coisas que fui apren-dendo sobre política e injustiça de vários tipos que a gente vê. As músicas têm essa função, de fazer as pessoas pensarem. Mas gosto de falar de outros temas. Gosto de fazer as pessoas sorrirem e se emociona-rem (sorriso). De falar de amizade, de amor, de surf... Gosto de falar de outras coisas também, claro.

É difícil passar mensagens deste tipo através do rap, considerando

que a figura do rapper ainda é, muitas vezes, conotada como algo agressivo?Não, acho que não. O rap tem de tudo, hoje em dia. Também não gosto de algumas coisas que o rap tem actualmente, muito fortes, que perderam a essência do que era o começo, do falar do coração, do protestar, do contar histórias. Existe a área do contador de histórias, que é algo muito bom neste nosso estilo musical. Sim, tem coisas meio bana-lizadas, onde alguns falam muito de ego, de dinheiro... esse lado também não gosto, mas acho que noutros

estilos musicais também tem isso. Depende de cada artista.

Esteve envolvido em acções em Portugal, como em 1995, contra a venda do Coliseu do Porto. Além da ligação familiar, que ligações tem mais a Portugal?Tenho laços com uma família, ex--mulher do meu pai, mãe dos meus irmãos Joana e Fernando, que são netos de portugueses, de Aveiro. Mas, a relação maior mesmo é de amizade, com várias pessoas que conheci por causa da música e do surf, porque nas minhas várias idas a

11hoje macau segunda-feira 23.3.2015 eventos

“Gosto de outras línguas também,mas a nossa línguaé muito rica”

Gabriel, o Pensador RappeR, compositoR e escRitoR

“o Português é uma língua gostosa de se falar”

Portugal, sempre que pude, também fui surfar um pouco e fiz amigos por causa disso. Tantas viagens que fiz, ainda bem, não vieram tanto por causa desses laços da família do meu pai, mas com trabalho que surgiu no começo da minha carreira já.

Porquê a escolha do nome ‘O Pensador’? Essa aí não tem resposta. (Risos) Nada muito claro, não me lembro da escolha do nome. Tem a ver com o que eu ouvia de Hip Hop, na época, porque os rappers americanos tinham uns pseudónimos engraçados e alguns brasileiros que estavam a começar a fazer rap colocavam um nome ame-ricanizado. Eu não queria nada assim sem sentido e ‘O Pensador’, para mim, fazia sentido porque as músicas que ouvia sempre me fizeram pensar. E sempre quis que as minhas também fizessem os outros pensar.

Sempre foi um grande defensor da Língua Portuguesa. Sim, amo a Língua Portuguesa. Gosto de observar as diferentes expressões. Fiz uma música chamada ‘Tás a Ver?’,

que é inspirada em três viagens que fiz, a Angola, Portugal e Indonésia e foi um angolano que ficou andando com a gente lá em Luanda e dizia sempre ‘Tás a ver, tás a ver?’. Foi, por acaso, ele que me falou essa expressão e depois dessas três viagens comecei a pensar nas diferenças e semelhanças entre as culturas e as pessoas e aí nasceu essa música. Gosto de outras línguas também, mas a nossa língua é muito rica. O Português, só dentro do Brasil, tem vários sotaques, palavreados e expressões diferentes e é uma língua gostosa de se falar e de se conhecer cada vez mais.

Macau mostrou-lhe também um pouco disso? Gostou de actuar aqui?Gostei, gostei, gostei. (Sorriso) Es-tou curioso ainda para andar mais um pouco por aí, mas fui muito bem recebido e quero voltar. Parabéns ao pessoal do Festival [Rota das Letras], que nos recebeu de forma excelente. Gostei de ouvir a banda [LMF] também e ler [a tradução] do que eles falam nas suas músicas. Gostei muito.

Relativamente ao futuro, o último álbum, ‘Sem Crise’, saiu em 2012. Há mais alguma coisa preparada? A gente acabou de lançar uma música há seis dias, que fala um pouco da insa-tisfação, do cansaço, do povo em geral. De pobres, ricos e classe média, como falo na outra música (‘Até Quando?’), da população brasileira, que está farta de tanta falta de respeito por parte dos políticos. Essa música chama-se ‘Che-ga’, é um novidade, mas é viral. Saiu domingo e [sábado] já tinha 30 milhões de acessos no Facebook. Sem contar com o YouTube, que ainda não vi. A população do Brasil é grande, mas 30 milhões já é uma boa parte, acho que as pessoas já estão querendo falar esse ‘Chega’. A minha preocupação foi dei-xar claro que não é uma cosia somente voltada para esse governo [brasileiro], nem para um partido, mas sim uma reclamação que está já acumulada há muitos anos, há vários governos, não só o federal, mas os estaduais e as pre-feituras. Todos roubam tanto, todos são tão desrespeitosos, descarados. Não têm vergonha de roubar e de mentir e a gente não aguenta mais. Essa música conseguiu expressar bem isso e essa é a grande novidade. Mas queremos fazer outras acções esse ano, lançar mais coisas novas. E vai ter um livro novo em breve também.

Sim, além da música, temos a versão escritor de Gabriel, O Pensador.

É, já está pronto. É mais um livro in-fantil, que estava já pronto, mas estão a ser refeitas as ilustrações, estão a mexer ainda no livro. Foi escrito com a minha amiga de infância Laura Malin e o nome do livro é ‘Nada de Mais’.

Porque é decidiu começar a escre-ver livros para crianças? Foi uma brincadeira. O primeiro livro foi para jovens e adultos, uma compilação de poemas e textos. O primeiro livro infantil foi mesmo uma brincadeira com as palavras, é a história de um garoto chamado ‘Rorberto’, porque o pai era anal-fabeto e escreveu o nome errado. (risos) E a história vai-se desen-volvendo enquanto escrevo. Foi gostoso mesmo de escrever e depois

também tive uma surpresa, que foi o prémio Jabuti, que é um prémio muito cobiçado pelos escritores de ofício mesmo. Depois fiz uma peça de teatro com essa história. Gosto de escrever e, se fosse mais organi-zado, já teria feito outros. Às vezes tenho as ideias e anoto e esqueço, sou muito espontâneo e poderia ter feito mais coisas, tenho prazer nisso. Tenho poemas inéditos, que poderia organizar – os que não perdi. (risos) Às vezes tenho o prazer de escrever e fica tudo guardado na gaveta.

É também um activista e tem vá-rios projectos especialmente para crianças e jovens. Como estão esses projectos actualmente? Teve um trabalho muito bonito na Ro-cinha (Brasil), com Hip Hop, que durou sete anos. Aulas de rap, breakdance, graffiti e reforço escolar, de Português e outras matérias. A gente começou a especializar-se no futebol, com alguns garotos que se queriam especializar no futebol e não eram da Rocinha e a gente abraçou esse outro caminho. Hoje, temos um clube de futebol no Rio Grande do Sul, que eu apoio. Há

“Sempre quis que as minhas músicas também fizessemos outros pensar”

mais ou menos dois anos começámos a fazer a tournée do [álbum] ‘Sem Crise’ e temos feito muitos shows, mas continuamos com esse trabalho de apoio ao clube, que se chama Novo Horizonte, perto de Porto Alegre. E no Rio [de Janeiro] também tivemos duas equipas durante três anos competindo.

Se tivesse que escolher a música que mais lhe dá prazer a actuar qual seria? Essa é difícil mesmo, escolher uma só. Mas o ‘Até Quando?’ é uma que mexe comigo, desde que a escrevi. Posso destacá-la entre outras, mas lembro-me do dia em que a gravei no estúdio. Estava com muita vontade de gravar aquela voz naquele dia e era uma coisa muito emocional, que tinha de ser naquele momento e não estávamos preparados para gravar a música, havia muitas coisas a acer-tar e eu falei ‘não, cara, tem de ser hoje’. (risos) Lembro disso, foi um momento ‘ahhhh’. Então cada vez que canto essa música, ela tem isso: foi um momento de coração.

O que é que mais gosta de ouvir dos fãs enquanto rapper? Cada vez mais tenho recebido co-mentários interessantes, principal-mente com a música nova. Histórias também, de músicas que mexeram com as vidas dos fãs, coisas mar-cantes para eles, que acabam por ser marcantes para mim. Fico feliz.

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GabrielOPensadorOficial

12 publicidade hoje macau segunda-feira 23.3.2015

13chinahoje macau segunda-feira 23.3.2015

O escritor chinês Murong Xuecun, duro crítico do regime, acredita que a sua detenção é inevitá-

vel e que, sendo esse um receio que o ocupa “todos os dias”, é também algo que o torna “ainda mais frontal”.

“Como escritor com uma voz mais independente, não sei quando vou ser preso. Penso sempre nisto, esse receio ocupa-me todos os dias. Mas por isso mesmo fico ainda mais frontal. Quando um problema me perturba por muito tempo, desejo que surja com rapidez”, afirma o escri-tor, acrescentando que “nos últimos tempos” mais de 15 dos seus amigos foram presos, o que o fez escrever, em Julho do ano passado, uma carta aberta à polícia oferecendo-se para ser detido.

A atitude de desafio não impede que sinta temor, já que, explica, por ser licenciado em Direito, pôde visi-tar muitas prisões chinesas e conhece bem a sua realidade.

Murong Xuecun, que divide o seu tempo entre Hong Kong e Pe-quim, encontra-se em Macau para participar no festival literário Rota das Letras.

Colaborador do New York Times, onde assina uma coluna regular sobre a governação chinesa, de que é um forte crítico, tornou-se famoso por se debruçar, em particular, sobre a corrupção, tanto nas suas crónicas, que apenas podem ser lidas fora do

Christine Lagarde afirmaque desaceleração é sinal positivo

Coreia do Sul, Japão e China juntospela primeira vez em três anos

OS ministros dos Negó-cios Estrangeiros do

Japão, China e Coreia do Sul reuniram-se sábado, em Seul, pela primeira vez em três anos, a fim de acalmar as disputas que têm complicado as relações diplomáticas entre os três países.

Depois de uma primeira série de reuniões bilaterais, os três ministros reuniram-se para conversações formais, as primeiras desde Abril de 2012.

Embora as relações entre a China e a Coreia do Sul este-jam em boa forma, Pequim e Seul mantêm relações tensas com Tóquio por causa do con-tencioso sobre ilhas que ambos os países disputam e sobre a interpretação da ocupação

A directora geral do Fundo Monetário Internacio-

nal, Christine Lagarde, disse ontem em Pequim que o arre-fecimento do crescimento da China contribui para a estabi-lidade económica e financeira mundial e a sustentabilidade do meio ambiente.

Christine Lagarde que está na China depois de ter visitado a Índia, intervinha no Fórum de Desenvolvimento da China, uma reunião de economistas, líderes políticos e empresários que analisam o futuro da segunda economia mundial.

“À medida que a China navega na ‘nova normalidade’ da sua economia, também contribui mais para o bem comum global: a estabilida-de económica e financeira, a sustentabilidade do meio ambiente e uma abordagem multilateral a pressionar os desafios globais que enfren-tamos”, disse.

Por outro lado, Christine Lagarde voltou a salientar, como já o tinha feito em Xangai, que o Governo chi-nês mantenha o caminho das reformas estruturais.

“Estas reformas levarão a um crescimento mais lento, mais seguro e mais susten-tável. É bom para a China e bom para o mundo. Os seus destinos estão entrelaçados”, insistiu.

Christine Lagarde aplau-diu os “impressionantes esfor-ços” de Pequim na luta contra a corrupção, no combate à poluição e na sua participação em diálogos multilaterais, salientando que a China “sabe que ninguém triunfa sozinho”.

A economia chinesa cres-ceu 7,4% em 2014, um ritmo três décimas inferior ao de 2013 e que foi o mais baixo desde 1990.

Murong Xuecun, de passagem por Macau, afirma que a sua detenção é um facto incontornável, só não sabendo quandoé que vai acontecer. O escritor enviouo ano passado uma carta aberta à polícia oferecendo-se para ser preso

Escritor crítico do rEgimE diz-sE prEparado para a prisão

Uma voz independente

“Até agora a minha liberdade ainda não foi restringidamas acredito queo meu telefoneestá sob escuta”

país, como através dos seus romances que estão publicados na China.

Do cepticismoMurong Xuecun, pseudónimo de Hao Qun, é um forte crítico do Presidente Xi Jinping e um céptico em relação às verdadeiras motivações da muito publicitada campanha anti-corrupção.

Neste momento, diz em entrevis-ta à agência Lusa, a corrupção pode ser mais tímida devido à “opressão do Presidente”, mas essa é uma situação temporária, já que a campanha é, na verdade, “uma espécie de combate interno dentro do partido”. “Uma vez que esse combate seja vencido, ainda vai ficar pior”, acredita.

Para Murong o poder está hoje “fora do controlo”, mas há motivos para es-perança devido ao que descreve como uma insatisfação popular generalizada.

“Qualquer chinês, tanto o cam-ponês como o dono do restaurante, odeia a realidade da China e aspira mudança”, afirma, lembrando que se em 2010 as autoridades chinesas

registaram 180 mil protestos, esse número subiu para 300 mil em 2014.

A impopularidade do Governo é também observável através da Internet onde “qualquer coisa que o Governo faz gera ironia”, dando como exemplo a proibição do documentário da jornalis-ta Chai Jing sobre a poluição na China.

Apesar da pesada censura, Mu-rong acredita que a Internet permite aos chineses “expressarem a sua voz” - antes de ser “apagado” pelas autoridades, o seu blogue tinha 8,5 milhões seguidores. A página já foi retomada, mas ainda não atingiu o mesmo número de leitores.

Arte De contornArO autor de “Leave Me Alone: A Novel of Chengdu”, publicou online 1.900 artigos relacionados com os textos de ficção, com crónicas sobre a actualidade social da China e ainda com “historinhas que inventei para fazer ironia indirectamente”, conta.

“Os chineses arranjam sempre maneira de fugir à censura”, afirma, dando como exemplo as referências dos internautas ao Nobel da Paz Liu Xiaobo, actualmente detido pelas au-toridades - “Mão Escondida”, devido à sua participação nos movimentos estudantis de Tiananmen, ou “Gago”, por ser alguém para quem é difícil falar, são apenas alguns. A própria data do massacre, 04 de Junho, é referida como “35 de Maio”.

A colaboração, a partir de 2013, com o jornal norte-americano sur-giu do seu desejo de “servir como ponte para que os media ocidentais façam um julgamento da China verdadeira”, mas desde então diz ter sido contactado pela polícia secreta “algumas vezes, para avisos e amea-ças”, mas que, “curiosamente, nunca mencionaram os artigos do Times”.

“Até agora a minha liberdade ainda não foi restringida mas acredito que o meu telefone está sob escuta”, remata.

japonesa antes e durante a II Guerra Mundial.

Seul criticou Tóquio por considerar que não pediu descul-pas suficientes pelas atrocidades cometidas durante a ocupação da península pelo exército japonês entre 1910 e 1945, nomeadamente pelas mulheres levadas para os bordéis para servirem os soldados japoneses.

Também continua entre os dois países uma disputa sobre terras controladas pela Coreia do Sul, mas que o Japão reclama como suas.

O reinício de negociações parece ser um verdadeiro passo em frente e alimenta a esperança de uma futura cú-pula trilateral, talvez no final do ano.

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ShitaoPropósitos Sobre a Pintura do Monge Abóbora Amarga

hoje macau segunda-feira 23.3.2015

Capítulo IIIa transformação (Continuação)

Mas com essa atitude em vez de nos servirmos desses pintores, tornamo-nos seus escravos. Querer a todo o custo assemelhar-se a tal mestre é o mesmo que comer os restos da sua sopa; muito pouco para mim1!Ou então outros ainda me dizem: «Abri o meu espírito ao contacto de tal mestre, adquiri a minha disciplina de outro tal2; agora que escola vou seguir, em

que categoria me vou arrumar, a quem vou buscar os meus critérios, quem vou imitar, a quem será melhor que eu peça a sua técnica dos “pontos” e da aguada, as suas “grandes linhas”3, as suas “rugas” e as suas formas, de modo a que a minha obra se possa confundir com a dos Antigos?» Mas assim não chegarás senão a conhecer os Antigos, esquecendo-te da tua própria existência4!Quanto a mim, eu existo por mim mesmo e para mim mesmo5.

As barbas e as sobrancelhas dos Antigos não podem crescer na minha cara, nem as suas entranhas instalar-se no meu ventre; eu tenho as minhas próprias entranhas e a minha própria barba. E se acontecer que a minha obra se encontre com alguma de qualquer outro mestre, é ele que me segue e não eu que o procurei6.A Natureza deu-me tudo; então quando eu estudo os Antigos, porque é que eu não os poderia transformar7?

1 - Um dos famosos seis Princípios da Pintura de Xie He era: “transmitir pela cópia”. Guo Xi escreveu:”Para chegar a ser um mestre é importante ter o conhecimento mais vasto dos mestres antigos, sem se limitar a uma escola em particular.” se este era um principio aceite e seguido durante muito tempo, no fim da dinastia Ming, dong Qichang deu-lhe uma interpretação literal e esterilizante. em vez de um meio de formação, e considerando que os antigos tinham atingido a perfeição suprema, a sua cópia só poderia conduzir a uma montagem mecânica de formas colhidas nos grandes mestres. Outros, como lian an, no princípio do século XV, comentando uma famosa diistinção de su dongpo entre a “forma constante” dos objectos inanimados e o “princípio constante” das realidades exteriores para traçar a diferença entre a parte artesanal da pintura, imitável e transmissível, e a arte verdadeira, que deriva de uma intuição espiritual, escreve:”a imitação dos antigos prende a pintura uma rotina grosseira, ela não compreende senão uma casca vazia cujo conteúdo lhe escapa.”2 - Nas “Conversações” Confúcio diz: “o bom mestre é aquele que, ao repetir o antigo, é capaz de encontrar o novo.” (livroii, 11)3 - enquanto a noção de “linhas de força” designa o impulso, a dinâmica da coisas que habitam a pintura e é um conceito abstracto, as “grandes linhas” designam um elemento técnico e gráfico. elas constituem a primeira etapa da pintura, a definição dos contornos generosos das massas; montanhas, rochas, troncos, etc. depois virão as “rugas”, inscritas dentro de e apoiadas nas “grandes linhas”, elas vem fragmentar e detalhar para sugerir as faces e os acidentes do relevo.etapa estruturante, as “grandes linhas” têm a mesma função descritiva das “rugas”, funcionalmente unidas e de natureza técnica idêntica, as segundas exercem em miniatura a função que as primeiras descreveram num primeiro momento. O recurso excessivo às “rugas” pode mascarar o menor acerto da etapa inicial das “grandes linhas”.

4 - Noutra inscrição numa pintura shitao insurge-se contra o academismo:”a visão deste dao é profunda e depurada: é preciso empunhar o pincel directamente e varrer tudo num impulso, de modo que mil falésias, dez mil vales se ofereçam num golpe à vista que os abraça com a imediatez do raio na fuga das nuvens compostas no seu crescimento natural. e então é uma pintura de Jin Hao ou de Guan tong? (…) Quem lhe poderá colar uma etiqueta? Conheço bastantes pintores famosos que a qualquer propósito se aplicam a imitar tal mestre, a trazer certas de tais escolas! a pintura e a caligrafia são dons naturais; na sua base está simplesmente um homem que trabalha sobre a sua própria obra: procurai somente esta verdade humana – mas esta demanda, como a poderíamos exprimir por palavras?” 5 - Mi Fu exprime de forma exemplar essa impetuosa consciência de originalidade quando no palácio do imperador Huizong, acabando de executar uma caligrafia, atira o pincel ao chão e exclama:” Varri de um golpe o estilo horrorosa dos dois Wang (os dois calígrafos mais universalmente venerados na História) e iluminei a dinastia song por dez mil idades.”6 - a inversão da relação entre os antigos e os modernos faria a sua escola, já no século XiX dai Xi formularia de modo surpreendente essa inversão cronológica: “É fácil fazer uma pintura que se pareça à dos antigos; o que é difícil é pintar de tal maneira que sejam as obras dos antigos que se pareçam com a nossa.”7 - shitao só reconhece a natureza como seu único mestre. dai Xi resumiria de modo hábil esse reconhecimento:” Os manuais de pintura falam dos métodos de tal e tal mestre mas não são senão elucubrações deduzidas dos seus imitadores posteriores, quando os pintores não as tinham minimamente premeditadas, contentando-se somente em seguir os modelos oferecidos pelo Criador(…) se se perceber esta verdade ver-se á que os antigos e nós somos todos alunos na escola do Criador.”

15 artes, letras e ideias

Paulo Maia e CarMotradução e ilustração

hoje macau segunda-feira 23.3.2015

16 desporto hoje macau segunda-feira 23.3.2015

Gonçalo lobo [email protected]

s porting de Macau e Monte Carlo encontraram--se ontem no principal jogo da 7.ª jornada da Liga de

Elite. no regresso ao Estádio de Macau, a vitória acabou por sorrir aos leões por duas bolas a uma.

noite fresquinha para se assistir a um jogo de futebol bem dispu-tado. o Monte Carlo começou por cima e logo aos dois minutos de jogo obrigou o guarda-redes do Sporting, Juninho, a defesa apertada depois de um excelente remate do defesa-central renato.

A toada continuou e, aos 10 minutos, Makson podia ter mar-cado para o Monte Carlo, em mais um ataque da equipa. o Sporting respondia apenas em contra-ataque mas sem eficácia.

Aos 16 minutos, um bom pormenor de Victor gameiro, defesa-central adaptado este jogo a ponta-de-lança devido à ausência de jogadores importantes na equipa amarela e azul, leva uma vez mais o Monte Carlo a chegar ao último reduto adversário. o jogador aca-bou por enviar a bola por cima da baliza dos leões.

o Sporting acabaria por apenas dar o ar da sua graça aos 21 minutos quando gaspard Laplaine apareceu pelo lado direito do seu ataque, rematando mas Domingos Chan estava atento.

oito minutos depois foi a vez de Bruno Brito, através de um livro directo, levar a bola por cima da baliza do Monte Carlo. o Sporting, nesta altura do jogo, tentava sacudir a pressão exercida pelo adversário.

Contudo, aos 31 minutos, quem volta a criar perigo é o Monte Carlo. o médio paulo Henrique, através de um passe longo, deixa à bola à mercê de Victor gameiro. Juninho estava atento na baliza do Sporting e consegue ser lesto a chegar à bola.

três minutos volvidos e nova oportunidade para gameiro que, com sentido de oportunidade, se

Liga de eLite Sporting vence Monte carlo por 2-1

Jogo disputado dá vitória aos leõesnum dos jogos da Liga de Elite mais bem discutidos até ao momento, a vitória sorriu ao Sporting de Macau. Monte Carlo vendeu cara a derrota

isola mas perde alguma força na hora do remate. Defesa aparen-temente fácil para o guarda-redes dos leões.

Aos 35 minutos, novamente o Monte Carlo na procura do golo. Ho Chi Fong, após ataque bem conduzido pelo meio-campo amarelo e azul, remata de cabeça com perigo.

os poucos espectadores que se deslocaram ao Estádio da taipa queriam golos. o jogo estava para isso e o brinde calhou ao Sporting. na marcação de um pontapé de canto, aos 40 minutos, gaspard

Laplaine consegue introduzir a bola na baliza à guarda de Do-mingos Chan, depois de Edgar ter levado a bola a embater na trave. Estava aberto o marcador e assim se manteve até ao intervalo.

Makson inconforMadoe Gaspard a fazer bisA segunda parte começou sem mudanças para o Sporting mas com uma alteração para o Monte Carlo. poon Chong Lam entrou para o lugar de Chung Wai Kin.

o pendor ofensivo do Monte Carlo continuou na segunda meta-

RESULTADOS7.ª Jornada

CLASSIFICAÇÃO7.ª Jornada

J V e d GM-Gs p

1. benfica 7 6 1 0 25-3 19

2. ka i 7 5 1 1 26-4 16

3. chao pak kei 7 4 2 1 26-11 14

4. Monte carlo 7 4 1 2 10-5 13

5. sporting 7 2 4 1 15-8 10

6. polícia 7 2 2 3 9-13 8

7. chuac Lun 7 2 1 4 11-28 7

8. Lai chi 7 1 3 3 10-19 6

9. casa de portugal 7 1 0 6 7-34 3

10. sub-23 7 0 1 6 3-17 1

chuac Lun 3 – sub-23 0

Lai chi 3 – chao pak kei 6

ka i 11 – casa de portugal 0

sporting 2 – Monte carlo 1

benfica 3 – polícia 0

de do encontro. Mandando no jogo, os amarelos e azuis chegaram com perigo à baliza dos verde e brancos por intermédio de paulo Henrique. o brasileiro, através de um livre directo que levava selo de golo, obrigou o compatriota Juninho a defesa muito difícil para canto.

os leões responderam, aos 56 minutos, com um ataque muito perigoso. Domingos Chan estava muito atento na baliza do Monte Carlo e salvou aquilo que parecia ser um golo certo, enviando a bola para canto. Desse pontapé de canto, o veterano guarda-redes do Monte Carlo brilhou novamente e fez uma grande defesa a remate do brasileiro Edgar.

Depois de 10 minutos de jogo morno, jogado a meio-campo e sem grandes oportunidades, é o Monte Carlo que volta a criar muito perigo. Um centro do esclarecido Makson leva a que a bola, depois de alguma confusão, seja salva em cima da linha pelo guarda-redes Juninho.

Com o Monte Carlo a atacar mais vezes, foi novamente o Spor-ting a alargar a margem no mar-cador. Aos 70 minutos, gaspard Laplaine rematou sem hipótese de defesa de Domingos Chan, depois de um bom trabalho sobre a defesa do Monte Carlo, fazendo o seu segundo tento na conta pessoal.

o Monte Carlo nunca virou a cara à luta e, apenas um minuto

depois, obriga Juninho a defesa complicada depois de um remate perigoso de Makson que viria a marcar, com total justeza, um golo aos 72 minutos. Defesa incompleta do guarda-redes do Sporting a um centro e o médio criativo dos amarelos e azuis, pleno de opor-tunidade, a rematar sem hipóteses. Chegava o golo que o Monte Carlo tanto procurou ao longo de todo o jogo, mas não chegava.

Até final, praticamente só deu Monte Carlo que viu um golo anu-lado aos 78 minutos por alegado fora-de-jogo. Aos 87 minutos, um canto directo marcado pelo Monte Carlo leva muito perigo à baliza do Sporting com Juninho a salvar em cima da linha. Ainda aos 88 e 89 minutos, os amarelos e azuis procuraram o golo que reporia alguma justiça no marcador, mas Victor gameiro não conseguiu fazer balançar as redes da baliza sportinguista.

o Sporting conteve o seu jogo e fez três substituições nos últimos 14 minutos de jogo. Vernon Wong saiu para dar lugar a Lei Ka Man, aos 76 minutos; Jorge tavares foi substituído por Alex Sampaio, aos 84 minutos, e já muito perto dos 90 minutos, timba Éder entrou para o lugar de Ho Man Hou. Do lado do Monte Carlo apenas mais uma substituição: Wong Ka Wai entrou para o lugar do esgotado Ho Chi Fong aos 89 minutos.

HojeRota das LetRas – Rota das escoLascom fRancisco josé viefasescola Luso-chinesa técnico-Profissional, 10h00 Entrada livre

Rota das LetRas – Rota das escoLascom maRia do RosáRio PedReiRa e joe tang Universidade de são josé, 10h00 Entrada livre

Rota das LetRas – Rota das escoLas, com Yang HongYingescola das nações, 10h45Entrada livre

Rota das LetRas - “o som das PaLavRas”com maestRo victoRino d’aLmeidaescola Portuguesa, 11h30Entrada livre

Rota das LetRas – “na estante do escRitoR: a imPoRtância de LeR”, com Xi cHUan e ondjakiedifício do antigo tribunal, 18h00Entrada livre

amanhãRota das LetRas – Rota das escoLas, com Yang HongYingescola Hou kong, 10h00

Rota das LetRas – Rota das escoLas, com joão toRdo e cHan im Wa mUst, 11h00

Rota das LetRas – Rota das escoLas – “ReescRevendo o mUndo”, com ondjakiescola Portuguesa de macau, 11h30

Rota das LetRas – WoRksHoP “desenHaR HistóRias”, com joão fazendaescola Portuguesa, 14h30

Rota das LetRas – “ainda Há vida PaRa o Romance?”, com david macHado e joão toRdoedifício do antigo tribunal, 18h30

Rota das LetRas – “PeqUenos LeitoRes, gRandes HistóRias”, com aUtoResedifício do antigo tribunal, 18h30

Rota das LetRas – “teatRo mUsicado: Uma viagem Única”, conceRto ao Piano com maestRo victoRino d’aLmeida e madaLena Reiscentro cultural de macau, 20h30Bilhetes a 100 patacas

diariamente Rota das LetRas - feiRa do LivRo (até 29/03)edifício do antigo tribunal Entrada livre

eXPosição “vaLqUíRia”, de joana vasconceLos mgm macauEntrada livre

eXPosição “niHonga contemPoRânea”,de aRLinda fRota fundação Rui cunhaEntrada livre

eXPosição de sândaLo veRmeLHo (até 22/03)grande Praça, mgmEntrada livre

tempo muito nublado min 19 max 21 hum 80-98% • euro 8 .6 baht 0 .2 yuan 1 .2

João Corvo

AcontEcEu HojE 23 de maRço

fonte da inveja

C i n e m acineteatro

Sala 1cindErElla [a]filme de: kenneth Branaghcom: Lily james, Richard madden, cate Blanchett14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 2thE divErgEnt SEriES: inSurgEnt [c]filme de: Robert schwentecom: shailene Woodley, theo james, kate Winslet14.30, 16.45, 21.30

thE divErgEnt SEriES: inSurgEnt [3d] [c]filme de: Robert schwentecom: shailene Woodley, theo james, kate Winslet19.15

Sala 3run all night[c]filme de: jaume collet-serracom: Liam neeson, joel kinnaman, common ed Harris14.30, 16.30, 17.30, 21.30

O que fazer esta semana?

Só demasiado tarde percebemos o que haveria para fazer.

17(f)utilidadeshoje macau segunda-feira 23.3.2015

nasce calouste Gulbenkian, o homem da cultura• Hoje é dia de recordar Calouste Gulbenkian, um arménio naturalizado britânico que se destacou no sector petrolífero, tornando-se pioneiro no negócio do petróleo no médio oriente. viria a desempenhar um importante papel no fomento da cultura em Portugal.foi a sua herança cultural que viria a dar origem à criação da Fundação Calouste Gulbenkian, que nasce em 1955, depois da morte de Gulbenkian – homem amante da arte, dono de uma colecção de bens artísticos imensa, com mais de 6000 peças.Calouste Gulbenkian reuniu um espólio infinito em áreas como pintura, escultura do antigo egipto, cerâmicas do oriente, manuscritos, encadernações e livros antigos, mobiliário, têxteis, joalharia, moedas gregas, medalhas do Renascimento, entre outro tipo de peças.Nasceu em Üsküdar (Arménia), a 23 de Março de 1869, foi engenheiro e empresário, naturalizado britânico e viria a morrer em Lisboa, a 20 de julho de 1955.outros factos históricos recordam-se a 23 de março. corria o ano de 1919 e em Milão, Itália, Mussolini funda um movimento político fascista. o parlamento alemão concede plenos poderes ao governo de Hitler, neste dia, em 1933.Já em 2001, a estação espacial russa Mir é desactivada, fragmentando-se na atmosfera. viria a cair no sul do oceano Pacífico, perto das ilhas fiji.e em 2011, josé sócrates demite-se do cargo de primeiro--ministro, depois de ver chumbado o Pec v, plano de austeridade que o Psd chumbou. esta demissão provocou eleições anteci-padas, que Pedro Passos coelho viria a vencer, criando maioria parlamentar com uma coligação entre Psd e cds.nasceram neste dia maria adelaide de frança (1732), Pierre Laplace, matemático francês (1749), William Smith, geólogo britânico (1769), Norton de Matos, militar e político português (1867), juan gris, pintor e escultor espanhol (1887), calouste Gulbenkian, engenheiro e empresário arménio (1869), Akira Ku-rosawa, cineasta japonês (1910), Lídia Franco, actriz portuguesa (1944), e Durão Barroso, político português (1956).

O grande, o enorme, Vinicius de moraes é a com-panhia para o início da semana. inquestionável é o poder das letras do muito e nada nosso artista brasileiro. a completar 35 anos da sua morte, Vinicius estará para sempre vivo em todas as nossas casas, lugares e lembranças. Do novo ao velho, todos ouvem e lêem Vinicius, uma vezes sem saber, outras por prazer. Desta vez fugimos aos álbuns e trazemos o livro. “a arca de noé”, transformado também em música, arruma poemas do artista para os seus filhos Suzana e Pedro de moraes. O livro foi escrito muito antes de década

de 70 mas só no primeiro ano, 1970, é que foi lançado em itália, local que muitas vezes recebeu Vinicius. anos mais tarde, Toquinho e Vinicius tornaram este livro num verdadeiro prazer musical. - Filipa araújo

A ArcA dE noé(vinicius dE morAEs)

U m l i V r O h O j e

18 hoje macau segunda-feira 23.3.2015direito de resposta

Carta ao Editor:Ex.mo Sr. Editor,

The Australian Council onHealthcare Standards

ACHSSafety Quality Performance (Desempenho de qualidade de segurança)

O texto que se segue é uma resposta ao artigo publicado no dia 12.11.2014 no Jornal “Hoje Macau” com título “Profissionais

apontam falhas apesar de elogios internacionais”. Por favor notar que o Conselho Australiano de Normas de Saúde (ACHS) apenas tomou conhecimento deste artigo no dia 04/02/2015.

A acreditação é um reconhecimento público emitido por um organismo de acreditação de cuidados de saúde a uma instituição de cuidados de saúde após esta ter alcançado o cumprimento das normas de acreditação. Isto é demonstrado através de uma avaliação efectuada por um perito autónomo, do mesmo sector, de acordo com as normas estabelecidas.

A acreditação demonstra, ainda, que uma entidade de serviços de saúde compromete-se a prestar serviços de cuidados de saúde de elevada qualidade e segurança aos pacientes, residentes ou indivíduos que a si recorram.

Outras indústrias, tais como, estabelecimentos educativos, universidades, unidades de fabrico e serviços de transporte de doentes também solicitaram o processo de definição de normas, avaliação e acreditação o que significa que estas entidades reconheceram a importância de melhorar o desempenho institucional e aumentar a satisfação dos utentes.

Na Austrália, há mais 40 anos que o Conselho Australiano de Normas de Saúde presta serviços de acreditação, contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade e segurança dos cuidados de saúde e para a maior compreensão da ligação que existe entre os resultados da acreditação, a cultura organizacional e o desempenho clínico. Nos últimos anos, o Conselho Australiano de Normas de Saúde expandiu os seus serviços a um nível internacional a mais de 17 países.

Relativamente à afirmação publicada que a organização de acreditação “é uma empresa que vende serviços, por isso tudo se compra neste”, a Presidente do Conselho Australiano de Normas de Saúde e Professora Associada Adjunta, Sr.a Dr.a Karen Linegar confirma que para obter os seus serviços da avaliação de acreditação é necessário efectuar um pagamento ao Conselho Australiano de Normas de Saúde, mas, tratando-se a ACHS de um organismo sem fins lucrativos, os custos visam apenas cobrir as despesas associadas ao trabalho das equipas de avaliação à instituição de cuidados de saúde, incluindo despesas de deslocação, alojamento, etc..

A CEO do Conselho Australiano de Normas de Saúde, Sr.a Dr.a Christine Dennis, afirmou que “uma organização pode adquirir um serviço de acreditação, porém, não pode comprar os seus resultados. Isso depende exclusivamente da capacidade que o organismo requerente tem em demonstrar o seu compromisso pela prestação de serviços de cuidados de saúde de qualidade e segurança, bem como apresentar provas correspondentes às normas estabelecidas.

(Autorizada pela Presidente do Conselho Australiano de Normas de Saúde e Professora Associada Adjunta, Sr.a Dr.a Karen Linegar em 09/02/15)

ACN 008 549 7735 Macarthur Street Ultimo NSW 2007 Australia T: +61 2 9281 9955 f: +61 2 9211 9633E: [email protected] W: www.achs.org.auA not-for-profit organisation

ISQuaAccreditation

ORGANISATION

NOTA: Este texto é uma tradução efectuada pelos Serviços de Saúde e o Conselho Australiano refere-se a uma citação de um profissional da área, publicado no texto acima referido.

cartoon

19hoje macau segunda-feira 23.3.2015

por Stephff

opinião

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Q uando me preparava para regressar aos temas despor-tivos, eis que surge um novo caso político, que tem sido tema em toda a comunica-ção social do nosso país!

Trata-se da famosa lista VIP, que para efeitos tribu-tários estaria blindada e que se algum funcionário da autoridade Tributária tentas-se aceder, seria imediatamen-te identificado pelo sistema

tendo como consequência um processo dis-ciplinar!

Quando a revista “Visão “ deu a notícia, o primeiro-Ministro e o Secretário dos assuntos Fiscais negaram a pés juntos que tal era mentira. o chefe do governo quando foi chamado à assembleia Legislativa, a propósito dos seus descontos para a segurança social e questionado também sobre este tema, respondeu, que tal lista nunca existiu, nem podia existir, acrescentando que a autoridade tributária tinha já afirmado por diversas vezes que a notícia era falsa!

Do outro lado, estava o sindicato, que afir-mava o contrário isto é: o assunto tinha sido abordado numa acção de formação, que decor-reu na Torre do Tombo, para novos técnicos há dois meses tendo inclusivamente o formador chamado a atenção dos presentes que se fosse consultada sem autorização prévia do director geral incorriam numa falta merecedora de um actuação disciplinar!

Enquanto o Primeiro-Ministro e o Secre-tário de Estado se estendiam em declarações afirmadas a sete pés, que nada mas mesmo nada existia, a revista Visão, que deu o notícia, punha no ar as declarações gravadas das chamadas de atenção, aos novos quadros, na tal acção realizada na Torre do Tombo!

apanhados em falso, chefe do governo e Secretário das Finanças, recuaram e mais uma vez aconteceu o que este governo nos habituou: os subordinados do secretário de estado tinham--no enganado e tudo tinha acontecido sem o seu conhecimento!

Com a “corrente esticada “ela acabou por partir pelo elo mais fraco, isto é, com a demissão do director geral, no primeiro dia do escândalo e igual atitude do sub-director no dia seguinte!

o Primeiro-Ministro apreçou-se a dizer que para ele o autor do “crime” tinha confessado e o assunto estava encerrado!

Curioso é o facto de o director ter assumido a totalidade das responsabilidades neste proces-so (elaboração da lista, onde figuram políticos incluindo Passos, bem como a montagem de todo este enredo) sem o conhecimento do Secretário de Estado com quem ia a despacho!

Tal como já tinha acontecido na Justiça e na Educação também aqui, quem se demitia ou era demitido, eram figuras secundárias e não o responsável político da área em causa!

Entretanto a oposição exigiu esclarecimen-tos e na próxima semana lá teremos mais uma trapalhada na comissão de inquérito, com a presença do Secretário de Estado e do ex- diretor geral da autoridade monetária.

Curiosa a posição do CdS donde é oriundo o Secretário de Estado das finanças Paulo Núncio,

desporto e não sófernando vinhais guedes

Na política. Uma lista VipHá semanas defendi, a antecipação das eleições legislativas, para antes do Verão, temendo os efeitos da degradação da vida política no nosso país. Hoje reforço essa ideia

que na assembleia Legislativa, onde o assunto foi primeiro abordado, não encontrou, nenhum dos seus parceiros de partido, que esboçasse sequer uma só palavra para o defender!

Já depois de iniciar este texto a Senhora Ministra das Finanças recusa falar deste as-sunto, como se não tutelasse o Ministério que superintende a máquina tributária?

a Senhora ou anda distraída ou quer fazer de todos os portugueses parvos!

o representante do sindicato dos traba-lhadores do fisco foi chamado à comissão Parlamentar, onde afirmou peremptoriamente, que essa lista existiu e que quem esteve por de trás dela, não foi o director, que se demitiu, mas sim o próprio secretário de Estado!

Como as posições dos diferentes prota-gonistas nesta matéria, não são coincidentes, nomeadamente do Secretário de Estado, que afirmou estar a leste de tudo, de não ter conhecimento, de não ter sido ele a elaborar qualquer lista, de só ter tido conhecimento através da comunicação social deste assunto etc, estou convencido, que não está para breve o esclarecimento de mais um caso somado a outros em que os culpados políticos sairão ilesos deste dossier extremamente complicado

Há semanas defendi, a antecipação das eleições legislativas, para antes do Verão, te-mendo os efeitos da degradação da vida política no nosso país. Hoje reforço essa ideia, tanto mais que daria tempo para ser constituído novo governo, um novo programa e haveria mais distância em relação às eleições presidenciais.

No DESPoRTo. UMA MUlhERno desporto de realçar o que aconteceu em Fevereiro passado na meia-maratona na cidade de austin, capital do Estado do Texas, que teve a participação de 15 mil atletas.

uma das participantes foi a Queniana Hyvor

ngetich, que não estando nas vinte primeiras, lutou por um lugar no pódio.

até aqui nada de extraordinário, já que são muitos os que querem vencer, mesmo que esta prova não tenha a projecção, nem ofereça somas avultadas em dinheiro.

o extraordinário aconteceu quando nge-tich foi filmada a poucos metros da linha de chegada, na terceira posição, completamente esgotada e incapaz de se manter em pé, cain-do desamparada a 5 ou 6 metros da linha de chegada. de imediato foi socorrida, tendo recusado uma cadeira de rodas para acabar a prova, optando por percorrer a distância que lhe faltava de joelhos, para surpresa de todos, classificando-se em terceiro lugar!

Como recompensa, organização da prova, ofereceu-lhe o mesmo prémio que foi atribuído à segunda classificada, mais mil e quinhentos uS dólares, tão pouco para quem com o seu sacrifício, levado ao extremo proporcionou tanta visibilidade à cidade de austin, ao colocá--la nos noticiários em todo o mundo.

Este caso traz para a discussão, a proble-mática dos limites humanos e da chamada superação, um tema a que hei-de voltar, quando me for possível.

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hoje macau segunda-feira 23.3.2015

Imprensa New York Times com jornal chinês em Macau

A empresa detentora do jornal diário New York Times (NYT) prepara-se para lançar o seu

primeiro periódico mensal totalmente escrito em língua chinesa e dedicado a Macau e Hong Kong. O “Chinese Montly” deverá, como o nome indica, ser publicado mensalmente, com lançamento de estreia previsto para 1 de Maio, com 50 mil cópias iniciais. O novo formato do gigante nova-iorquino deverá sair para as bancas com 24 páginas e cerca de 20% do conteúdo dedicado às duas regiões especiais administrativas. O anúncio surge numa altura em que o NYT é um dos vários periódicos com acesso proibido no continente pelo Governo Central. De acordo com notícia publicado pelo próprio meio de imprensa, o “Chinese Montly” estará disponível em quiosques de venda de rua, hotéis, lounges de aeroporto e condomínios residenciais.

A ideia ganhou vida quando o corpo dirigente do jornal percebeu que o número de leitores e seguidores chineses estava a aumentar exponen-cialmente. “O nosso público chinês tem aumentado muito através do nosso website e estamos entu-siasmados por complementar a nossa oferta digital, fornecendo uma cobertura de grande qualidade de assuntos globais, negócios e cultura aos nossos leitores chineses de imprensa em papel”, referiu Craig Smith, director da secção de China ao NYT.

Portugal Preconceitoface aos chineses

O antigo secretário de Estado da Cultura

português, Francisco José Viegas, diz-se preo-cupado com o crescente preconceito em relação à comunidade chinesa em Portugal, uma reacção que considera semelhan-

te à manifestada contra brasileiros e, antes disso, contra retornados das ex-colónias. Francisco José Viegas, que está em Macau para participar na quarta edição do festival Rota das Letras, afirma que há, em Portugal, “ignorância e preconceito contra a China” e “um ra-cismo anti-chinês”. “No outro dia assisti a uma cena numa loja chinesa em Évora. Estava de passagem e vi a maneira como as pessoas tratavam o empregado, fiquei absolutamente chocado. Apeteceu-me entrar e insultar a pessoa”, recorda, em entrevista à agência Lusa. “Há 15 anos tínhamos uma emigração brasileira impressionante e os brasileiros mudaram Portugal, como os retornados tinham mudado na década de 1970”, defende.

Foram estes retornados que puseram “o interior a mexer”, “criaram negócios” e impulsionaram o país “a viver de outra maneira”. Se não fosse essa sua influência “Portugal hoje andava de xaile preto na cabeça, eles mudaram muita coisa”, afirma.

Foi, aliás, graças à sua presença que Viegas diz ter visto o seu “primeiro umbigo” feminino. “Foi numa aula de Latim, era a Leonor que tinha vindo da Beira e vestia-se como uma africana. Era o primeiro umbigo que nós víamos, foi nos anos 1970”, recorda. “Acho que esse pequeno racismo português se manifesta agora contra os chineses”, diz.

A esse preconceito para com “os chineses humildes que abrem a sua loja” junta-se uma reacção contra “o grande poder das empresas chinesas”, que Viegas considera incongruente: “Eles compram porque está à venda, nós fomos incapazes de criar riqueza com aquilo. Esta reacção é muito portuguesa, tem que ver com a incapacidade de compreender o outro”.

O Tribunal de Úl-tima Instância (TUI) negou a apresentação de

um recurso quanto à decisão do Governo em não renovar a licença para a “ocupação precária da Ponte-Cais 23”, localizada na zona do Porto Interior. O despacho do Secretário para as Obras Públicas e Transportes, emi-tido em 2011, determinava que o ocupante tinha 30 dias para a remoção de todos os objectos, mas, por se tratar de “um acto opinativo”, à luz da lei, os juízes não acei-taram o recurso apresentado pelo ocupante, pelo que este terá mesmo de abandonar o Cais 23.

O despacho do Secretário dizia ainda que o ocupante não tinha direito a qualquer

Tribunal Negada reNovação da liceNça para o cais 23

Outra ponte que caiu

Este é o segundo caso em que os ocupantesde uma ponte-cais não vêema sua licença renovada, já quehá duas semanasa ponte-cais número 25teve o mesmo destino

indemnização, para além de “no caso da falta de obediên-cia à ordem de desocupação”, ter de assumir todas as “des-

pesas relativas à remoção e tratamento dos bens que permanecem na Ponte Cais 23, incluindo, mas não se

limitando, as despesas de transportes, armazenamento, guarda e limpeza”.

Soma e SegueEste é o segundo caso em que os ocupantes de uma ponte--cais não vêem a sua licença renovada, já que há duas semanas a ponte-cais número 25 teve o mesmo destino.

Neste caso, coube também ao Tribunal de Segunda Ins-tância (TSI) receber o proces-so, por parte do ocupante, que exigia a anulação do despacho do Secretário, sendo que a negação foi decidida a 25 de Setembro do ano passado. O TUI decidiu agora que o ocu-pante terá mesmo de sair do espaço Cais 23 e que não pode sequer recorrer da decisão, pelo despacho “não constituir uma estatuição autoritária” e se tratar de um “um acto opinativo”. “O despacho do Chefe do Executivo, na parte em que diz que a desocupação não dá direito a indemnização, não configura uma estatuição autoritária, por não caber à Administração a definição do direito nos seus litígios com os particulares, não constituindo, assim, um acto administrativo recorrível”, conclui o acórdão do TUI. - a.S.S.

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