hoje macau 14 mar 2013 #2811

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUINTA-FEIRA 14 DE MARÇO DE 2013 ANO XII Nº 2811 PUB PUB CHINA Xi Jinping deverá ser hoje eleito Presidente PÁGINA 5 LEI DE TERRAS Terrenos para jogo apenas com concurso público PÁGINA 2 CASA DE PORTUGAL Pelé ameaça levar Associação de Futebol a tribunal PÁGINA 15 PUB PERÍODOS DE CHUVA MIN 16 MAX 21 HUM 80-95% EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.2 VENHAM MAIS CINCO (SéCULOS) Ter para ler MP Tribunais especiais para situações específicas Celeridade precisa-se ROTA DAS LETRAS AGUALUSA DISSECA ANGOLA PÁGINAS 8 E 9 A ideia é defendida pelo procurador-adjunto do Ministério Público junto do Tribunal Judicial de Base. Para Paulo Mar- tins Chan, a criação de tribunais especiais traria “celeridade ao andamento dos processos”. Ter um tribunal dedicado aos assuntos de menores e família e outro dedicado apenas aos litígios laborais, a título de exemplo, é o caminho que foi ontem apontado pelo responsável. PÁGINA 3 ESCRITORA MARIA ONDINA BRAGA MORREU Há 10 ANOS PÁGINA 14 HOJE MACAU EM PEQUIM DAVID CHOW DIZ QUE É TEMPO DE MACAU ENTRAR NA CHINA PÁGINA 4

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2811 de 14 de Março de 2013

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AgênciA comerciAl Pico • 28721006 Mop$10 Director carlos Morais josé • quinta-feira 14 de Março de 2013 • Ano Xii • nº 2811

pub pub

CHINA

Xi Jinpingdeverá ser hoje eleito Presidente

PágINA 5

leI de terrAs

Terrenos para jogo apenas com concurso público

PágINA 2

CAsA de PortugAl

Pelé ameaça levar Associação de Futebol a tribunal

PágINA 15

pub

Períodos de CHuvA mIN 16 mAx 21 Hum 80-95% • euro 10.1 bAHt 0.2 yuAN 1.2 Venham mais cinco (séculos)

Ter para ler

mp Tribunais especiais para situações específicas

celeridade precisa-se

rotA dAs letrAs

AguAlusA dIsseCA ANgolA

PágINAs 8 e 9

A ideia é defendida pelo procurador-adjunto do Ministério Público junto do Tribunal Judicial de Base. Para Paulo Mar-tins Chan, a criação de tribunais especiais traria “celeridade ao andamento dos processos”. Ter um tribunal dedicado aos assuntos de menores e família e outro dedicado apenas aos litígios laborais, a título de exemplo, é o caminho que foi ontem apontado pelo responsável. PágINA 3

escriTora maria ondina braga morreu há 10 anos PágINA 14

Hoje mACAu em PequIm

dAvId CHow dIz que é temPode mACAu eNtrAr NA CHINA

PágINA 4

gonçalo lobo pinheiro

quinta-feira 14.3.2013política2 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

O debate ontem entre deputados e Governo sobre a revisão da Lei de Terras debruçou-

-se sobre os futuros projectos que poderão ganhar um terreno directo, sem ser através de um concurso público. No projecto de lei constam várias normas sobre as iniciativas que se enquadram na regra, e está lá a “mais polé-mica”, segundo os deputados: os projectos que vão de encontro às politicas do Governo. Contudo, as operadoras de jogo vão continuar a ter de passar pelo processo de concurso para obterem um terre-

Cecília [email protected]

O grupo de activistas “Macau Consciência”

entregou ontem uma carta junto da Comissão Eleitoral onde pede “justiça” para as eleições legislativas deste ano. Bill Chou, professor de ciência politica da Universi-dade de Macau (UMAC) e possível candidato às elei-ções, disse ao Hoje Macau que a “comissão tem que ser mais activa para verificar as violações ocorridas”. Chou condena ainda as recentes declarações de Ip Song Sang, presidente da comissão, que disse não ter um plano para combater as

Garantia foi dada pela deputada Kwan Tsui Hang

Terrenos para jogo sempre sujeitos a concurso público

Membros do “Macau Consciência” pedem justiça nas eleições

Comissão eleitoral “mais activa” para verificar “violações”

vorecimentos). As politicas estão claras e a sociedade não vai acei-tar que o sector beneficie mais”, garantiu a deputada Kwan Tsui Hang, presidente da 1ª comissão

“Algumas associações usam o financiamento do Governo nas campanhas, e isso não é justo para os candidatos que não estão apoiados por uma associa-ção e que não têm dinheiro do Executivo. A comissão tem que proporcionar um ambiente justo.”

Ao Hoje Macau, Bill Chou contou que a Funda-

no. “Em 2008 a sociedade já tinha pedido para não se favorecer mais o sector do jogo e o Governo não vai fazer isso. Acho impossível (abrir a possibilidade a mais fa-

campanhas eleitorais nas escolas. “Nós, enquanto Macau Consciência, já fize-mos várias iniciativas, como cartas entregue aos Serviços de Educação e Juventude e na sede do Governo”, acrescentou Bill Chou, que disse que os candidatos não devem oferecer facilidades para os seus eleitores, por uma questão de “justiça”.

permanente, encarregue da análise do diploma.

Ainda neste ponto, Kwan Tsui Hang frisou a consonância existente entre as concessões sem concurso e as politicas feitas com base na população. “Quando uma politica é definida não é de forma arbitrária, e aquando da sua con-cepção há uma discussão ampla na sociedade. Para esses projectos se articularem com as politicas do Governo passam por um certo período de gestação na sociedade.”

PoPuLAção vAi SAber oS PorquêSO Executivo garantiu ainda aos deputados que antes de conceder qualquer terreno a um empreendi-

mento sem concurso, os cidadãos terão acesso às informações sobre o terreno, o projecto e quem o de-senvolve. “Independentemente do processo se coadunar ou não com as politicas do Governo, os pla-nos, razões e projectos devem ser divulgados ao público. O Governo entende que esse já é um mecanis-mo de transparência e fiscalização junto da sociedade. Vamos ver se o Governo quer correr o risco politico se não ouvir a população”, disse Kwan Tsui Hang.

Quanto à alteração da finali-dade dos terrenos, vai passar a ser determinada pela Lei do Pla-neamento Urbanístico, dado que a Lei de Terras apenas falará dos procedimentos.

Quanto às renovações de con-cessão, cujo prazo em vigor é de 25 anos, foram ainda levantadas questões de como será feito no futuro. “Muitas vezes na renovação o Governo deve facilitar a vida à população, principalmente quando as fracções já foram adquiridas. Tem muito a ver com o direito de muitas pessoas, o direito de propriedade horizontal, e não apenas da Administração ou do concessionário.”

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Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 22 de Fevereiro de 2013, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento e Instalação de Dois Ventiladores Mecânicos aos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 13 de Março de 2013, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $31,00 trinta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral

destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 10 de Abril de 2013. O acto público deste concurso terá lugar no dia 11 de Abril de 2013, pelas 10,00 horas, na sala de “Reunião” situada na Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $18 000,00 (dezoito mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 06 de Março de 2013.

O Director dos ServiçosLei Chin Ion

AVISOCONCURSO PÚBLICO N.º 5/P/2013

AVISOCONCURSO PÚBLICO N.º 6/P/2013

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 1 de Março de 2013, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento e Instalação de Um Sistema de Laser de Multi-Comprimento de Onda aos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 13 de Março de 2013, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $29,00 vinte e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral

destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 9 de Abril de 2013. O acto público deste concurso terá lugar no dia 10 de Abril de 2013, pelas 10,00 horas, na sala do “Museu” situada junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $30 000,00 (trinta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 06 de Março de 2013.

O Director dos ServiçosLei Chin Ion

ção Macau (FM) dá fundos às associações tradicionais para que estas dêem “bene-fícios” aos seus membros, como por exemplo sacos de oferendas no ano novo chinês.

Andrew Cheong, ou-tro membro do Macau Consciência, apontou na última acção, junto da sede de Governo, que há

casos nas escolas onde os alunos são ameaçados de chumbos, caso não votem em determinado candidato.

Bill Chou fala ainda de situações com os fun-cionários dos casinos. “Em teoria não precisam de votar no seu patrão. São todos adultos e com capacidade para votar individualmente. Mas con-

trolar o pensamento dos menores é um caso ainda mais grave. A escola não é uma empresa. As escolas privadas recebem finan-ciamento do Governo e obrigam os seus alunos a votar nos seus candidatos, é injusto.”

O Macau Consciência promete agora distribuir folhetos de sensibilização junto das escolas. “Vamos ainda criar uma página no Facebook, intitulada grupo de atenção à justiça nas eleições de 2013. Vamos dar ajuda para que o Gover-no descubra as violações à lei, mas é melhor que desempenhe ele próprio o seu papel.”

3políticaquinta-feira 14.3.2013 www.hojemacau.com.mo

Paulo Martins Chan, procurador-adjunto do Ministério Público junto do Tribunal Judicial de Base, considera que “seria sempre bom ter tribunais próprios e especializados”, como o tribunal de família ou laboral. Tal poderia dar “celeridade ao andamento dos processos”, numa altura em que aumentam os casos de divórcio e de regulação do poder paternal

Andreia Sofia [email protected]

Poderia a raeM ter um tribunal dedicado aos assuntos de menores e de família, ou outro

dedicado a litígios laborais? Não só podia como deveria, a bem da celeridade processual no sistema judicial. a ideia é de Paulo Mar-tins Chan, procurador-adjunto do Ministério Público (MP) junto do Tribunal Judicial de Base (TJB), que falou ontem no âmbito de mais um encontro com a imprensa, e que serviu para fazer o balanço dos trabalhos na relação entre esses dois organismos judiciais. “Penso que especialização é sem-pre uma boa ideia, permite uma maior celeridade no andamento dos processos. Seria sempre bom ter tribunais próprios e especiali-zados, como o tribunal de família ou o tribunal laboral. Se um dia o número de magistrados for sufi-ciente para essa criação, é sempre uma ideia desejável.”

a possibilidade foi apresentada depois do MP ter traçado que “o

Cecília [email protected]

agNeS Lam, professora do departamento de co-

municação da Universidade de Macau (UMaC) e o ana-lista antony Wong disseram ao Jornal do Cidadão que o sistema de porta-vozes do Chefe do executivo necessita de maior respon-sabilidade, e que ainda se

dá primazia a um sistema tradicional de comunicação para o público. “Quando acontece um caso urgente o porta-voz fica mudo. Há departamentos que só dão noticias para determinados meios e não desempenham o seu papel para dar as-sistência numa entrevista. o governo descrimina os meios de comunicação”, diz agnes Lam. “o sistema

de porta-voz ficou igual ao sistema de comunicados de imprensa”, diz ainda.

Já antony Wong conside-ra que o problema principal é a falta de um mecanismo de responsabilização do porta-voz. “Não pode ape-nas enviar explicações mas tem a responsabilidade de responder directamente às perguntas dos jornalistas, e explicar os assuntos que os

outros não sabem.” “alexis Tam tem vários cargos, sendo também chefe de gabinete do Chefe do executivo. Na sua alta posição, tem que saber a importância dos meios de comunicação e do seu papel.” Para antony Wong, os jornalistas de Macau “são mais simpáticos do que noutras regiões”, pelo que “o governo não precisa de ter medo deles”.

ideia defendida por procurador-adjunto do Ministério Público

Tribunais especiais trariam “maior celeridade aos processos”

Agnes Lam e Antony Wong criticam sistema de porta-vozes do Governo

Mais justiça e responsabilidade

número de divórcios tem vindo a aumentar”, assim como “mais processos de regulação do poder paternal”. Contudo, Paulo Mar-tins Chan não soube precisar um número.

o que também aumentou “bastante” foi o número de pro-cessos de interdição ao nível dos

cheques pecuniários e subsídios, em situações onde os titulares dos apoios não conseguem gerir o dinheiro, como menores, idosos ou portadores de deficiência. Tal acontece graças “ao aumento dos benefícios sociais, designada-mente o plano de compar-ticipação pecuniária”.

Contudo, o procurador-geral disse não saber o número de pro-cessos.

TráfiCo de droGA eSTá no Topo dois dos crimes considerados mais comuns junto da sociedade é o de fuga à responsabilidade e emprego ilegal. Contudo, “o tráfico de droga é o crime mais praticado em Macau”, diz o MP, “nomea-damente por jovens que adquiri-

ram estupefacientes na China Continental, distribuíram e vende-ram em Macau. Nos últimos anos, apare-ceram muitos casos de droga corporal em grande quanti-dade, praticados por indivíduos oriundos de África e do

Sudeste asiático”. Nos casinos, a usura e abuso de confiança foram crimes que também registaram valores “notáveis”.

Quanto aos cerca de 1200 casos laborais que o MP tratou junto do TJB não é, contudo, alerta de aumento. “a fase pior foi no inicio de 2000. a economia estava fraca e houve fábricas a fechar, com centenas de pessoas a sair.

era uma fase preocupante e o Fundo de Segurança Social tinha de adiantar o dinheiro aos traba-lhadores. Nos últimos anos, com o ‘boom’ da economia de Macau, a situação melhorou.”

Contudo, Paulo Martins Chan considera que na construção civil a situação é hoje “a mais complica-da”. “Há muitos concessionários e subconcessionários e muitas vezes é difícil saber quem é verdadeira-mente a entidade patronal. É a área em que temos mais dificuldade.”

Questionado sobre a situação de processos que demoram cerca de cinco anos até ser marcado o julgamento, com testemunhas a esquecerem-se dos factos, Paulo Martins Chan disse que não é uma situação recorrente, e que muitos têm carácter de urgência. Mas fez um apelo. “Há testemunhas que chegam ao tribunal e se

esquecem das coisas, mas há situações em que as testemunhas não se querem envolver em problemas. E é flagrante que tenha presenciado pessoas que dizem que não viram, que saíram do local, que estavam a telefonar. Eu queria apelar que a justiça é feita com a contribuição de todos.”

O caso das dez sepulturas no cemitério de São Miguel Arcanjo ainda não chegou ao TJB. A garantia foi dada pelo procurador-adjunto do MP. “O processo encontra-se na fase de instrução criminal. Estou colocado no TJB e ainda não foi concluída a fase de instrução,

isso eu posso confirmar. Como pessoa também estou muito curioso e queria saber o que está lá dentro. Mas não podemos perguntar aos colegas, fica mal”, disse Paulo Martins Chan, invocando o respeito pelo segredo de justiça dos magistrados.

Campas ainda não saíram da instrução

“Justiça feita com a contribuição de todos”

4 política quinta-feira 14.3.2013www.hojemacau.com.mo

Joana Freitas, em [email protected]

VisiVelmente feliz e rodeado por mais de uma centena de pessoas - en-tre as quais, cerca de 50

embaixadores -, David Chow foi on-tem homenageado em Pequim pela estreia como um dos 29 delegados de macau à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC). “Um momento que nunca aconteceu na sua vida”, dizia no discurso, em tom de brincadeira.

O empresário do Fisherman’s Wharf de macau mantinha referido ter como prioridade a lusofonia, mas as ideias de David Chow não se ficam por aqui. E o slogan que deu cor aos jogos olímpicos de Pequim em 2008 serve também de mote ao novo delegado de macau na China. “One world, one dream. O mundo tem de estar junto e trabalhamos

O receio de alguns em-presários de macau em

apostar na ilha da montanha não faz mais sentido. Quem o diz é Henrique madeira, membro da Conferência Con-sultiva Política do Povo Chi-nês (CCPPC) e empresário da RAem. À margem de uma cerimónia de homenagem a David Chow, em Pequim, Henrique madeira assegurou aos jornalistas que deixar que o Governo de macau pense em todos os pormenores antes de deixar as pequenas e médias empresas (Pme’s) entrar na ilha da montanha - sob a s regras da China continental - é evitar que as empresas tenham sucesso. “Fica demasiado tarde, não podemos entrar lá.”

Para o empresário de macau, as pessoas que se queixam de dificuldades em entrar na ilha da montanha - como tem acontecido com proprietários de Pme’s em macau, cujos problemas são transmitidos na Assembleia legislativa - “é porque são tipicamente regionais, só sabem estar em macau e

ViCtOR lei, delegado de nansha na Conferência

Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) e membro do Comité para o Desenvolvi-mento da indústria logística de macau, assegura que o desenvolvimento na ilha de nansha vai ser focado na prestação de serviços, uma vez que “não é um bom local para a indústria”. À margem de uma cerimónia de homenagem a David Chow, em Pequim, Victor lei, que ocupa ainda o cargo de vice-presidente da Federação Geral da Associação Comer-cial das Pmes de macau, disse que o espaço ao lado da RAem será o local ideal para turistas e desenvolvimento de projectos de logística e ponto de trânsito para Guangdong.

em 2011, o Governo de Macau já tinha afirmado que, para nansha, vai apostar-se na área das convenções e expo-sições, valorizando-se o facto de macau ser a plataforma para os países de língua por-tuguesa, e também que será feito um reforço dos esforços

conjuntos no turismo, sendo que faz parte dos planos a construção de um porto de cruzeiros na ilha. Victor lei acrescenta ainda que, com 800 e tal quilómetros, nansha pode servir ainda como ponto de distribuição de produtos alimentares”.

O executivo já tinha exercido querer integrar as potencialidades de nansha e macau, transformando-as em parcerias na abertura ro-tas turísticas conjuntas, bem como a promoção de nansha como porto de cruzeiros. “A ideia é que as pessoas ao longo do Delta do Rio das Pérolas possam chegar de barco a nansha, mas também estrangeiros. Queremos con-vidar Ásia-Pacífico e outros países, mas a prioridade é para os locais.”

Para o vice-presidente da Federação Geral da Associa-ção Comercial das Pmes de macau, a maioria das Pmes de macau terá oportunidade para desenvolver negócios em cooperação ou de forma individual. - J.F.

David Chow e melinda Chan homenageados em Pequim por entrada na CCPPC

“A Conferência deve ser uma plataforma”melhor em conjunto. A CCPPC não é importante só para mim, é importante para todos os países e deve ser uma plataforma”, referiu Chow aos jornalistas. A ideia do empresário é conseguir representar os interesses dos países que tentam ou conseguem já fazer negócios com a China. “Cada nação tem a sua política, cultura e forma de estruturar negócios. mas de país para país leva algum tempo, se houver duas nações e um empre-sário como o intermediário é tudo mais fácil e podemos partilhar os benefícios futuros.”

MelindA hoMenAgeAdADavid Chow não recebeu, contudo, os louros sozinho. O jantar buffet que reuniu, além dos diplomatas, convidados de macau na embai-xada do Camboja serviu também para homenagear a esposa de David Chow. melinda Chan, deputada da

Assembleia legislativa de macau, conseguiu ser novamente eleita para delegada de Guangdong na CPPCP.

Para Júlio César de morais, em-baixador de Cabo Verde e um dos mentores da homenagem ao casal, o momento foi “de orgulho” e votos de sucesso para ambos, com uma

mensagem especial para David Chow. “Com certeza vai ocupar o cargo com humildade e compe-tência de sempre e defendendo os interesses de macau. mas, David, toma conta da tua saúde. esta é uma grande responsabilidade e daqui a uns anos queremos ver-te reeleito outra vez.”

Depois de já ter afirmado o inte-resse na lusofonia, Chow promete agora trabalhar “arduamente”, de forma a que todas as nações façam a China ter “mais sucesso e ser mais global”, referiu o empresário, que convidou o Hoje macau para estar presente na cerimónia.

ArtistA oFereCe PinturAApesar da noite fria na capital, no local manteve-se a boa disposição e prendas oferecidas aos homenageados. Uma das oferendas foi um quadro pintado à mão por Coana, jovem artista moçambicano que estuda em Pequim. A pintura juntava elementos europeus e lusófonos e chineses, como por exemplo uma lua que representava o festival lunar. Coana agradeceu a oportunidade por ter sido escolhido, apesar da sua juventude e desejou que, no futuro, outros artistas lusófonos estivessem no seu lugar.

PMe’s de Macau não devem ter receiode apostar na ilha da Montanha, diz empresário

“este é o tempode entrarmos na China”

nansha vai servir de localpara turistas mas terá mais funções, assegura Victor lei

Para o Deltamas não só

não têm coragem para sair para o grande mercado que é a China”.

Henrique madeira ex-plica que, com a passagem de soberania, o Governo de macau necessitou de apos-tar fortemente nas grandes empresas - como os casinos “entregues a americanos” - de forma a dinamizar a economia que era fraca em macau, mas agora história é outra. “As pequenas e médias empresas foram bastante esquecidas nes-sa altura, mas acho que agora já é tempo de não se assustarem e investirem. Os nossos trabalhadores são locais e o nosso inves-timento em macau, apesar de ser pequeno, é o pilar da sociedade de macau. As famílias tradicionais vivem das Pme’s, portanto nós temos o Governo de macau a dar muita atenção as Pme’s”, assegura.

Apesar de concordar que “nem tudo é um mar de rosas” e concordar que há alguma falta de regras, o facto de grandes empresas

da China estarem na ilha da montanha deve fazer com que as Pme’s de macau não receiem entrar também. “Como Pme’s, com algum apoio do Governo Central e da parte política de macau não sentimos dificuldade. nós aqui temos muitos mem-bros da CPPCC desta zona, eu próprio o sou, e tem-se esclarecido ao máximo as nossas perguntas. O poder local está a fazer só poder local está a fazer o possível.”

Henrique madeira ad-mite que a China ainda tem muitas falhas, mas assegura que é um país em grande

desenvolvimento e que já se regulamenta pelas leis internacionais e tem pro-curado melhorar. “eu acho que este é o período para entrarmos na China, se não, dificilmente vamos entrar. se não formos apostar na China, apostamos onde?”

FronteirAsdeVeM Abrir 24 horAsinstado a comentar a abertura das fronteiras 24 horas, Hen-rique madeira assegura que estas já deviam ter aberto. “Pelos menos no ano novo chinês, porque viu-se a cena ridícula para um país tão grande e uma cidade que se considera centro turístico, nas fronteiras as pessoas a acotovelar-se.” O empresário de macau acredita que mais tarde ou mais cedo isso vai acontecer e afirma que o que pode estar a atrasar a decisão são dois problemas: “há bu-rocracia do pessoal da China que é inflexível em abrir as portas e há pessoas de macau que receiam que abrindo as 24 horas o comércio de ma-cau caia”. Henrique madeira considera, contudo, que não há nada a perder, até porque o movimento de mais de um bilião de pessoas que habitam na China pode ser saudável para macau. “es-tamos ao lado de um grande país e economicamente forte, é como estar ao lado de um rico, não vamos ficar pobres.” - J.F.

5quinta-feira 14.3.2013 www.hojemacau.com.mo nacional

O novo secre-tário-geral do Partido Comu-nista Chinês

(PCC), Xi Jinping, deverá ser eleito hoje Presidente da Republica, assumindo na plenitude a liderança da geração que vai governar a China na próxima década.

É o terceiro cargo político de Xi Jinping, a juntar à presidência da Comissão Militar Central, um organismo com estatu-to superior ao Ministério da Defesa e que dirige as Forças Armadas chinesas.

O novo presidente chinês, nascido em 1953,

será eleito pelos cerca de 3.000 delegados à Assem-bleia Nacional Popular, o “supremo órgão do poder de Estado” na China, se-gundo a Constituição, e cuja sessão anual decorre até domingo no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Xi Jinping sucede ao presidente Hu Jintao, que está a completar o segundo e último mandato de cinco anos no cargo.

A Assembleia Nacio-nal Popular vai também eleger o seu próximo pre-sidente, lugar que deverá ser ocupado pelo “número

três” da hierarquia do PCC, Zhang Dejiang, e o vice-presidente da Re-pública.

Para a chefia do Go-verno, que será votada no sábado, o nome conside-rado mais provável é o do actual “número dois”, Li Keqiang.

Li Keqiang, nascido em 1955, sucederá a Wen Jiabao, um engenheiro de 71 anos, que durante a última década dirigiu o Governo chinês.

Xi Jinping e Li Ke-qiang emergiram ambos no 18º Congresso do PCC, em Novembro passado, e,

a avaliar pela experiencia anterior, deverão liderar o país até 2022.

A sucessão no Gover-no da segunda economia mundial ocorre numa conjuntura optimista.

No último trimestre de 2012, a economia chinesa cresceu 7,9%, interrom-pendo dois anos conse-cutivos de abrandamento, e para 2013 o Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento acima dos 8%.

Mas os “problemas”, ampliados pelos mais de trezentos milhões de microblogues do Sina

Weibo, o Twitter chinês, parecem crescer ainda mais do que Produto Interno Bruto, confron-tando a nova liderança chinesa com desafios sem precedentes. “Sob novas condições, o nosso partido enfrenta muitos desafios sérios e há tam-bém muitos problemas prementes dentro do partido que precisam de ser resolvidos, particu-larmente a corrupção, o divórcio do povo, for-malismos e burocracia”, disse Xi Jinping no seu primeiro discurso como secretário-geral do PCC.

O Governo de Hong Kong assegurou ontem estar “to-

talmente comprometido em atingir o sufrágio universal nas eleições para o chefe do execu-tivo e Conselho Legislativo”, a partir de 2016.

Um compromisso a ob-servar “em consonância com a Lei Básica e com a decisão do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, em Dezembro de 2007”, disse a secretária para os Assuntos Constitucionais e do Interior da China, Chang King-yiu, em Genebra, Suíça, durante a apresentação do relatório de Hong Kong junto do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. “Vamos, em momento oportu-no, lançar consultas públicas

14 mortos e 8 feridos em acidente de autocarro Pelo menos 14 pessoas morreram e oito ficaram feridas, duas delas com gravidade, quando um autocarro caiu de uma ponte para o rio Yangtzé, na província central chinesa de Hubei, revelaram ontem as autoridades do país. O autocarro, de dois pisos, propriedade de uma companhia de transporte da localidade de Enshi, em Hubei, atravessou a vala de retenção da ponte de Jingzhou, num acidente que aconteceu ao final da tarde de terça-feira. O veículo, de 36 lugares, transportava 22 pessoas entre Hubei e Enshi. As vítimas não foram ainda identificadas sendo que as autoridades indicam que maioritariamente são imigrantes. As autoridades abriram uma investigação ao acidente para determinar as suas causas. Os maus hábitos de condução e a má conservação das estradas são responsáveis por cerca de 70.000 mortes anualmente nas estradas do país que registam também cerca de 300.000 feridos. O rio Yangtzé, o maior do país e em cujas margens vive cerca de um terço da população chinesa ou 400 milhões de pessoas, tem 6.397 quilómetros e o seu delta, onde está localizada a cidade de Xangai, é a região mais rica do país asiático.

Número de porcos mortos encontrados em rio de Xangai sobeO número de porcos mortos encontrados no principal rio da cidade chinesa de Xangai duplicou em dois dias para cerca de 6.000, revelou o Governo com responsáveis de uma região próxima a tentarem negar serem a fonte do problema. De acordo com as autoridades de Xangai, foram já recolhidos 5.916 animais mortos do rio Huangpu, que atravessa a cidade e cria a zona do Bund, muito conhecida internacionalmente e zona de atracção de turistas e residentes. Na noite de domingo, as autoridades de Xangai tinham revelado que o número de porcos mortos recolhidos era de 2.813 e salientavam que os animais deveriam ter sido atirados ao rio depois de morrerem de doença. Xangai tem apontado o dedo a Jiaxing, na província de Zhejiang, um importante centro da suinicultura do país, como origem do problema. Responsáveis do município de Jiaxing garantem estar a investigar o caso, não excluem a possibilidade de serem a origem do problema, mas sustentam não terem certezas.

Novo líder do PC chinês a caminho da Presidência da República

Hoje é o dia de Xi Jinping

Hong Kong “totalmente comprometido” com objectivo de eleições universais

Democracia a bater à portasobre os métodos eleitorais para as eleições do Conselho Legis-lativo [parlamento], em 2016, e para o chefe do executivo, em 2017, bem como iniciar os procedimentos constitucionais

exigidos nesse sentido”, afir-mou, citada num comunicado oficial.

Na semana passada, a delega-da de Hong Kong à Assembleia Popular Nacional chinesa Rita Fan alertou a população do ter-ritório para não esperar muito progresso no sentido do sufrágio universal na próxima eleição do chefe do executivo, em 2017.

Rita Fan disse que nenhuma mudança deve ser esperada nos próximos anos no método de eleição do líder do Governo, es-colhido por um colégio eleitoral de 1.200 membros representati-vos dos vários sectores sociais.

Em 2007, Pequim avançou a possibilidade de a população da antiga colónia britânica poder eleger o chefe do executivo, em

2017, e os deputados ao Conselho Legislativo em 2020.

Ao discursar na abertura da audição do terceiro relatório de Hong Kong à luz do Pacto Inter-nacional sobre os Direitos Cívicos e Políticos, em Genebra, Chang King-yiu frisou a determinação do Governo da antiga colónia britâni-ca no que concerne à salvaguarda dos direitos humanos, destacando que as autoridades consideram ser “essencial” uma discussão “racional e informada” sobre a igualdade de oportunidades entre minorias sexuais.

O relatório, o terceiro da Região Administrativa Especial chinesa, actualiza o Conselho dos Direitos Humanos sobre a evolução de Hong Kong face ao relatório submetido em 2005.

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quinta-feira 14.3.2013rota das letras6 www.hojemacau.com.mo

Diana do Maragência lusa

Não estava à espera que o achassem “muito giro”, nem que lhe per-guntassem porque não

decidiu ser atleta face ao “forte corpo” que apresenta. ontem, em Macau, mais do que surpreender, Ricardo Araújo Pereira foi o sur-preendido.

Dezenas de alunos reuniram--se, de manhã, no auditório da Es-cola Luso-Chinesa Luís Gonzaga Gomes para uma sessão no âmbito do Festival Literário de Macau - Rota das Letras, que juntou à mesa o humorista Ricardo Araújo Pereira e a romancista e poetisa chinesa Hong Yin.

Logo à entrada, Ricardo Araújo Pereira extasiou os mais novos, em particular a ala feminina, arran-cando ‘assobios’. Mas a primeira pergunta a si dirigida, e em forma de elogio, acabaria por ser proferi-da no masculino: “Tem um corpo forte. Joga futebol ou basquetebol? Porquê decidiu ser autor e não atleta?” Antes da resposta, um riso maroto: “obrigada pela pergunta, e por dizer que o meu corpo é forte. Não estava à espera disto”, afirmou o humorista.

“Gosto muito de jogar futebol, mas não tenho jeito. A minha profissão é ser humorista. (…) No ocidente, o riso tem má fama, porque a religião tem peso (…) e o Deus mais importante não ri. Aqui, é diferente, há um buda que ri”.

o jardim da casa de Sal-vador da Bahia onde as

cinzas de Jorge Amado estão enterradas deverá ser a primei-ra área da propriedade a abrir portas ao público já este ano, disse à Agência Lusa a filha do escritor, Paloma. “Tenho pensado em abrir ainda este ano o jardim, a área [da casa] em que não dependemos de uma segurança muito grande, quando o conseguirmos man-ter bem conservado, porque o meu pai está lá e muita gente gostaria de ir ao jardim, sentar--se debaixo da mangueira” ali plantada e “estar um pouco com ele”, explicou Paloma Amado em Macau.

Jorge Amado morreu em Agosto de 2001 e hoje teria 100 anos. A mulher, Zélia Gattai, morreu em Maio de 2008, aos 91 anos. As cinzas dos dois estão enterradas

Estudantes chineses rendidos à “beleza”de Ricardo Araújo Pereira, que sabe dizer “Tsingtao”

O humorista atleta

Casa do escritor Jorge Amado na Bahia pode abrir portas

Jardim para o públicodebaixo da grande árvore do jardim da casa.

A família do escritor brasileiro tenta há cerca de dez anos estabelecer uma parceria com o Governo para transformar em museu a Casa do Rio Vermelho, onde Jorge Amado e a mulher viveram até ao fim da vida.

A filha Paloma garantiu que a família “continua a lutar” por esse sonho, mas que a perspectiva é agora de “estabelecer um acordo no âmbito da iniciativa priva-da”. “É muito difícil com os Governos (...) eles não têm a visão do que é o escritor in-

dependentemente da política, então resolvemos partir para outro caminho”, disse.

o arquitecto português Miguel Correia chegou a propor um projecto de re-novação, que não irá para a frente por a família Amado pretender “manter a casa exactamente como era para ser simplesmente visitada”, segundo Paloma.

Para já, a casa “está fecha-da e vazia para se preservar o acervo que tinha”, disse a filha do escritor, ao indicar que ele “tinha uma colecção de arte popular maravilhosa que está guardada, porque

para ser exibida é necessário um nível de segurança que [a família] não tem como pagar”.

Paloma Amado lembrou o pai como um “escritor de muitos leitores”, com 23 romances, dos quais vários fo-ram publicados em 55 países e traduzidos para 49 línguas, durante uma homenagem prestada ao autor pelo Festival Literário de Macau - Rota das Letras com uma exposição biográfica e a exibição de um documentário realizado pelo brasileiro João Moreira Salles.

A filha explica o sucesso do pai, que foi o brasileiro com obra mais adaptada para

o cinema e a televisão, por ter escrito “coisas universais (...), o que significa que foi uma pessoa com uma grande compreensão do ser humano”.

“os velhos marinheiros” é a sua obra preferida, disse à Lusa, por falar de sonhos, “uma coisa fundamental na vida”, como aprendeu com o pai, “que gostava de dizer que ?sonhar é o único bem inalie-nável do homem, podemos estar presos, sermos tortura-dos, mas resta-nos sempre o sonho, se nos dedicarmos a ele, conseguiremos alcançar o que queremos’”, recordou.

o sonho de Jorge Amado

de ver a sua obra “Capitães de Areia” adaptada ao cinema pela neta Cecília Amado foi realizado em 2011, tendo sido a primeira longa metragem da filha de Paloma como realiza-dora. “Ela era muito chegada ao meu pai e quando lhe disse que queria fazer cinema, ele disse--lhe ?você vai realizar o meu desejo, porque sempre quis ser cineasta’”, contou a mãe, uma das produtoras do filme, ao lembrar que “muita gente quis comprar ?Capitães de Areia’”, mas que Jorge Amado quis que fosse Cecília a filmar.

“Há outro livro reservado para ela, é o último livro do meu pai, ?Descoberta da Amé-rica pelos Turcos’, mas Cecília não o fará imediatamente, porque quer fazer outras coisas antes e sobretudo não quer transformar-se na cineasta do avô”, explicou a mãe. - Lusa

Ricardo Araújo Pereira confron-tou-se também, pela primeira vez, com a barreira da língua. “Hoje sinto-me particularmente estúpido por não falar chinês. Um terço da hu-manidade fala chinês e a única coisa que sei dizer é ‘Tsingtao’ [marca de cerveja chinesa], por isso, para mim, é muito difícil transmitir seja o que for”, disse, fazendo esboçar sorrisos na jovem plateia visivelmente en-cantada com a sua aparência física.

“Não parece um humorista”, atirou outro estudante. Ricardo Araújo Pereira voltou a franzir a sobrancelha, respondendo em jeito de brincadeira: “Acho isso muito curioso. Não sei como se parece um humorista, mas vou tentar ser mais parecido. Acho que não estavam à espera de um nariz vermelho e de sapatos grandes?”

Além das perguntas mais natu-rais sobre como e porquê começou

a escrever peças de humor, a tónica foi sempre colocada num outro ponto de vista. “É muito, muito giro. o que o levou a fazer isto?”, lançou uma aluna, corada antes da resposta. “Aparentemente, sou bonito na China e não o sou de todo em Portugal”, afirmou o humorista, explicando depois as razões por detrás da “paixão” que sente pelo que faz no dia-a-dia como forma de vida.

“Apaixonei-me pelo espasmo que o rosto faz quando se ri. É mui-to bonito e misterioso. Causar essa reacção [em alguém] sem lhe tocar é extraordinário. É algo muito po-deroso” explicou. Sobre a sua “obra favorita”, reconheceu não estar muito familiarizado com a literatura ‘made in China’, apontando que aprecia prosa que arranca sorrisos, citando Cervantes, bem como títulos ‘tricky’ (trapaceiros), exemplificando com “Three Men on a Boat”, do britânico Jerome K. Jerome.

“Mas porquê ser escritor? Es-crevo porque não sei fazer mais nada”, admitiu, ao realçar que a dada altura ficou “consciente de que podia fazer coisas com pa-lavras”, dado que não era muito bom a interagir fisicamente com as pessoas na hora de expressar algo.

Do lado dos mais crescidos também houve perguntas: “Como é que se consegue algo de novo todos os dias?” Isto face ao facto de o humorista assinar uma cró-nica semanal para a revista Visão, de ter estado dedicado, no último ano, ao “Mixórdia de Temáticas”, da Rádio Comercial, e de integrar o “Governo Sombra” da TSF. A resposta foi pronta: o Governo inspira. “Parte do meu trabalho é sátira política. A minha inspiração é o nosso Governo que é mesmo muito mau. o Governo dá-me muitas ideias”, rematou Ricardo Araújo Pereira, ‘atacado’ no final da sessão por dezenas de estudantes eufóricas para posar ao seu lado na fotografia.

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quinta-feira 14.3.2013 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

Nos momentos que an-tecederam a estreia de “A última vez que vi Macau”, ontem pelas

20h30, o Hoje Macau teve no Centro Cultural de Macau com os realizadores portugueses res-ponsáveis por este documentário ficcional. Visivelmente nervoso e expectante, João Rui Guerra da Mata decidiu relaxar com dois ‘dry martinis’, enquanto João Pedro Rodrigues manteve-se igual a ele próprio, calmo e confiante. “Para mim é uma noite muito emotiva”, explica João Pedro Guerra da Mata. Porquê? “Vivi em Macau. Trinta anos depois regresso, fazemos uma curta que tem uma relação com a longa ‘Alvorada Vermelha’. Fomos convidados para apresentar os filmes cá juntamente com ‘China China’ - realizado em 2007 e nunca passado no continente - ou seja, esta ideia de estarmos a passar aquilo que chamamos os nossos filmes asiáticos é mesmo muito emotiva”, justifica assim a emoti-vidade e os aperitivos.

O entusiasmo pelo filme e por Macau foi grande e os resultados têm sido bem conseguidos. Por essa razão, vai haver lugar a novo enredo. “Vamos voltar a filmar em Macau”, anuncia J. P. Guerra da Mata, naquela que foi uma vitória antes da interrupção dos subsídios do Instituto do Cine-ma e do Audiovisual (ICA), em Portugal, entretanto retomados. o retorno está já marcado para o fim do ano, que deve seguir-se de outros. “Esta nova curta-metragem que vamos fazer será a primeira de vários filmes que vamos fazer em Macau mas esta pelo menos já está aprovada”, revela Mata, sem levantar muito mais o véu do próximo projecto. “Tem um nome que foi entregue ao ICA mas quisemos mudar. É uma ficção que também se passa em Macau, com encontros e desencontros mas há sempre um lado emotivo. Tanto o João Pedro como eu, gostamos de filmar sítios e pessoas e às vezes nascem dos sítios onde queremos colocar as pessoas com quem queremos trabalhar.”

Acima de tudo, porque Macau fascina os dois realizadores, com

A ficção esconde as memórias. Ou ao contrário. E Macau tem estas duas faces, o real e o ficcionado, e um potencial imenso para filmes. “Macau ecoa cinema”, explica João Pedro Rodrigues, um dos realizadores de “Última vez que vi Macau”, exibido ontem à noite no Centro Cultural de Macau. Por essa razão, mais histórias ficcionadas virão. “É uma ficção que também se passa em Macau, com encontros e desencontros mas há sempre um lado emotivo”, avança João Rui Guerra da Mata

“Última vez que vi Macau” vai ser precedido por nova curta-metragem no fim do ano

Macau, terra de memórias e ficção

duas faces que garantem um po-tencial inesgotável para a ficção. “Esta cidade ecoa cinema”, explica Rodrigues.

“MeMóRias são ficções”As memórias do filme, ontem es-treado em Macau, hoje nas salas de cinema em Portugal, vêm de infância, apenas da de João Rui Guerra da Mata. Mas também de

João Pedro Rodrigues que, apesar de só ter vindo ao território em 2009, viveu em Macau através das histórias contadas pelo parceiro e também pelo cinema. “O João Rui sempre me contou a sua infância em Macau”, começa Rodrigues, antes de ser interrompido. “Sim, estou a azucrinar-lhe a cabeça há 20 anos”, confessa Mata. “De re-pente, Macau é diferente. Como é

normal. O tempo passa, as cidades mudam. A primeira ideia do filme era fazê-lo baseado na memória, também através do cinema porque há vários filmes que se ambientam em Macau, há muitos que se pas-sam cá e há mesmo o ‘Macau’, feito em 1951 por Joseph von Sternberg, um filme americano”, conclui João Pedro.

Na chegada a Macau, há dois

anos, o roteiro prendia-se com os lugares nas memórias de João Rui Guerra da Mata, como o Quartel dos Mouros, onde viveu, todas as vielas do Porto Interior, a zona nor-te, a aldeia de Ká-Hó, percorrendo percursos também no subcons-ciente, explicam, longe do roteiro da UNESCO. Numa história que, apesar de ser ficcional, tem um cunho pessoal, nem que seja pelo apelido da personagem principal coincidente ao de Mata, e pelas suas considerações de Macau três décadas depois.

Mas, entretanto, nesse enredo analéptico, depararam-se invaria-velmente com um grande obstá-culo: as mudanças geográficas de Macau. “Fomos sendo deslocados como se a cidade nos fosse indi-cando novos caminhos, que eram característicos da novas caracterís-ticas da cidade. No fundo, a cidade está sempre a contar histórias”, explica João Pedro Rodrigues. Mata interrompe para pôr os pés na terra: “Isto é super poesia”. “Mas é mesmo verdade”, avança, garantindo que as zonas mais desconhecidas e remotas são pri-vilegiadas neste filme. “Tudo o que nós tentámos foi evitar o Youtube, tudo o que normalmente não sê vê ou onde as pessoas não vão foi o que procurámos (...) Os casinos foi o que menos nos interessou porque as histórias que lá acontecem são óbvias, estão lá. Gostávamos de passear pela cidade, muitas vezes à noite e imaginar ficções.”

Da cidade ficou, de resto, o fascínio visível. “Continuo a ter uma paixão absoluta por Macau, com todas as suas incongruências, com essa arquitectura com que não me identifico. Mas, por outro lado, não tenho um pensamento nada nostálgico, como era tão bonito e como é. As cidades têm de evoluir. se a cidade não evoluísse era um parque temático.”

Da noite de cinema, ambicio-navam por um público eclético, com chineses e portugueses, mas sabem que as pessoas de Macau o vão compreender melhor do que os cinéfilos de outros pontos do globo onde o filme já foi visionado (mais de 40 países). “Se se vão identificar, não sei. Mas mais do que ninguém são as pessoas de Macau que vão perceber do que é que nós estamos a falar.”

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quinta-feira 14.3.2013rota das letras8 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

A conversa com José Edu-ardo Agualusa, nascido em Angola há 52 anos, seguiu-se a uma home-

nagem dos alunos do 2.º ano da Es-cola Portuguesa de Macau (EPM), e a um curioso interrogatório, de crianças do 3.º ciclo, que fez com que em hora e meia traçasse a sua biografia.

Filho de uma professora de português e francês, não era difícil adivinhar o gosto pela leitura. Ain-da mais quando isso representava um desafio em casa. “Nasci numa família muito grande, onde o me-lhor lugar à mesa era para quem sabia contar histórias”, recordou na conferência de ontem de manhã.

Contrariamente ao que seria de esperar, decidiu estudar agronomia e silvicultura em Lisboa, porque “queria trabalhar com os animais da savana”, respondeu aos pupilos da EPM que recentemente leram “A Girafa que Comia Estrelas”.

Garantiu não se ter sentido “Um ‘Estranho em Goa’”, depois de lá ter passado quatro meses a escrever, e que para dar a conhecer Macau era preciso mais tempo para

José Eduardo Agualusa, escritor angolano, fala do lugar que o viu crescer, antes e depois da descolonização, e dos actuais investimentos chineses na sua terra

“Essa diáspora resulta de uma política chinesa inteligente”

“passear” e “conversar com as pessoas”, embora lhe agrade este espaço de “confluência”.

“Não gostaria de morrer” mas “Olinda seria um bom lugar”, até porque “um angolano nunca se sente estranho no Brasil”. Tem dupla nacionalidade, angolana e portuguesa, e gostava que um dia lhe fosse concedida a brasileira. De Angola, primeiro lugar no seu coração, sente sempre falta da culinária. Dos bons momentos com amigos. Recorda o escritor Mia Couto, com quem muitas vezes é confundido.

Por entre um espaço que preser-va a “mistura de nacionalidades”, foi no anfiteatro da EPM que falou ao Hoje Macau sobre a “Vida no Céu”, um livro “completamente diferente” de tudo o que escreveu até hoje, mas sobretudo de Angola e necessariamente da sua última publicação: “Teoria Geral do Esquecimento”. Confissões que podiam ter sido regadas com “O Céu da Tua Boca”, música de uma revelação angolana, Aline Frazão, com letra da sua autoria.

Como é que vê Angola nos dias de hoje. Acha que há um sentimento de novo colonialismo?

Angola está a crescer muito mas é um crescimento com muitas distorções, esse é a primeira constatação óbvia. Não sei se se pode falar de neo-colonialismo no caso de Angola. Há quem fale em Angola - angolanos, analistas, observadores e comentadores - em endocolonialismo, ou seja, um co-lonialismo interno, no sentido em que há um grupo de angolanos que estão a gerir o país e apropriando--se das riquezas do país. Angola é um país independente hoje e com uma independência sólida. É mais endocolonialismo, resultado de uma gestão menos boa e do facto de haver um grupo de dirigentes que se estão a apropriar das riquezas de um país. E a geri-las mal.

O que acha da “diáspora” chine-sa em Angola, a explorar estes re-cursos? Há boas contrapartidas?Essa diáspora resulta de uma polí-tica chinesa inteligente do ponto de vista da China, no sentido em que Pequim percebe o que precisa em termos de recursos naturais e faz acordos, criando estruturas para depois poder retirar esses recursos. Mas são acordos de país a país. Portanto, se a China está a explorar, está a fazê-lo como resultado de

acordos feitos com os dirigentes angolanos.

E sente que Angola vive muito dependente destes investimentos externos?Não, o que acontece é que há uma má gestão. Angola é um grande produtor de petróleo, no caso, é o maior exportador de petróleo para a China, ou seja, a China importa petróleo sobretudo de Angola. O

que eu penso é que os lucros resul-tantes dessa exploração deveriam ser aplicados de outra maneira. Aplicados sobretudo na educação. As grandes áreas na minha opinião deveriam ser a educação e a saúde. Um país só se consegue desenvol-ver a partir do momento em que tem certos problemas de saúde resol-vidos, por exemplo, a malária. É curioso pensar que mesmo aqui na Ásia, países como a Malásia só se começaram a desenvolver depois de terem conseguido controlar a malária. Realmente há situações de saúde pública que impedem o desenvolvimento dos países. O investimento na saúde deveria ser prioritário. É preciso pensar que mesmo na época colonial havia doenças que já estavam extintas e que regressaram depois, como a doença do sono. Hoje temos esse surto ou cólera e malária, sobretu-do, que não tem razão nenhuma de ser num país com tantas riquezas naturais. Com tantas possibilidades de combater esses problemas.

E a nível de educação, tem fa-lado na rede de bibliotecas de-senvolvidas em Portugal e mais recentemente no Brasil? Se não houver pessoas formadas

Por exemplo, dentro do espaço da nossa língua, quando as telenovelas inundaram Portugal havia esse receio de que o português e Portugal se transformasse no do Brasil. É um receio muito interessante porque, ao contrário do que a maioria dos portugueses pensa, é mais arcaico do que o português de Portugal. mas não aconteceu

9quinta-feira 14.3.2013 www.hojemacau.com.mo

A razão porque Portugal e o Brasil se desenvolveram, em primeiro lugar, foi a democracia. É muito difícil desenvolver territórios e países assim de uma forma sustentável. A China, por exemplo, tem-se desenvolvido muito mas será que de uma forma sustentável? Hoje em dia vemos a China a enfrentar problemas gravíssimos ambientais, acho que é uma consequência de um défice democrático

José Eduardo Agualusa, escritor angolano, fala do lugar que o viu crescer, antes e depois da descolonização, e dos actuais investimentos chineses na sua terra

“Essa diáspora resulta de uma política chinesa inteligente”não há como gerir o país. Esse é um bom exemplo. O Brasil tem feito um esforço enorme no sentido de educar a sua população. Hoje é o maior comprador de livros do mundo, em termos de instalação de bibliotecas. Esse é o exemplo que Angola deve seguir. É preciso não só criar escolas, formar professores mas também criar redes de biblio-tecas, levar os livros aos alunos, apoiar todo o tipo de estruturas e organizações que lidam com a Internet. Ou seja, fornecer acesso às pessoas. Às vezes é mais fácil numa aldeia remota - mais uma vez, o Brasil tem feito isso - instalar o acesso à Internet, não podendo instalar bibliotecas físicas, que é uma forma mais barata de o fazer. Por isso, hoje em dia, as tecnolo-gias permitem-nos saltar etapas. Angola devia fazer isso também. Infelizmente, os investimentos têm sido errados. Continua-se a gastar mais na defesa do que na educação.

E nos últimos anos, não se tem conseguido gerir da melhor maneira estes recursos para que Angola comece a crescer unifor-memente. Isto prende-se com as fracas políticas de um presidente há mais de três décadas à frente dos destinos do país?Sim, tocou num ponto essencial. Porque não há democracia. A razão porque Portugal e o Brasil se desenvolveram, em primeiro lugar, foi a democracia. É muito difícil desenvolver territórios e países assim de uma forma sus-tentável. A China, por exemplo, tem-se desenvolvido muito mas será que de uma forma sustentá-vel? Hoje em dia vemos a China a enfrentar problemas gravíssimos ambientais, acho que é uma conse-quência de um défice democrático. Em democracia é mais difícil existirem esse tipo de problemas. A grande virtude da democracia para mim é o poder local, porque as pequenas localidades podem gerir os seus próprios recursos e desenvolver-se de uma forma mais harmoniosa. É preciso saber como crescer mas com grandes distor-ções, infelizmente, vamos ter a breve prazo desastres ambientais porque estão-se a fazer apostas erradas. Estão-se a construir estruturas sem fazer estudos de impacto ambiental, etc. E isso a meu ver, é resultado de não haver democracia.

Também já defendeu a descen-tralização do poder em Angola, ou seja, tirar o poder supremo a Luanda. A seu ver que outras

cidades teriam este potencial para um poder partilhado?Todas as cidades, evidentemente. A política correcta devia ser a de criar focos de desenvolvimento ao longo de todo o país. Angola é um país imenso, há zonas de Angola muito pouco habitadas como no sul, não é? O ideal seria criar focos de desenvolvimento nesses lugares até para atrair populações para esses lugares.

Falámos dos investimentos de empresas chinesas em Angola. E os investimentos da China em Portugal, na EDP por exemplo. Como é que os vê?O problema não são os investimen-tos é a transparência. No fundo é saber se esses investimentos estão a ser feitos e de onde é que vem esse dinheiro? É mais isso. Ninguém pode criticar. Os empresários an-golanos - que no caso são também portugueses, pois a maior parte tem dupla nacionalidade – são pessoas que têm o direito de investirem como quiserem. Agora, a questão é saber de onde vem esse dinheiro e se está a ser usado de modo correcto.

O seu novo livro fala-nos do processo de descolonização e, especialmente, já depois da in-dependência em 1975, da guerra civil angolana. Como foi essa época?O período da independência em Angola teve vários aspectos. Con-traditórios talvez. Por um lado,

havia um grande optimismo. As pessoas acreditavam que íamos ter um país livre e independente, próspero. Foi uma época de gran-des sonhos, ao mesmo tempo que foi uma época de violência. Talvez essa seja a principal diferença em relação ao que acontece hoje. Hoje há um certo cepticismo em relação à população de Angola. As pessoas estão cépticas, até cínicas. Esse período dos grandes sonhos parece ter terminado. Isso para mim é o mais desanimador. Em 1975, 1976 ou 1977 representou um período de grande repressão mas ainda havia uma grande fé. Um grande optimis-mo. As pessoas ainda acreditavam que fosse possível construir sonhos. E hoje isso perdeu-se.

E, diferentemente da sua perso-nagem portuguesa, a Ludo, mui-tas outras pessoas - os chamados “retornados” - decidiram não se deixar ficar “emparedados” mas voltar para Portugal. Como vê o facto de muitos não conseguirem voltar a Angola, uma vez que sabem não poder ver mais a terra que deixaram para trás?Não vão encontrar as mesmas imagens que deixaram nas me-mórias. Um português que tenha estado ausente de Portugal, de Lisboa, durante 35/40 anos não pode esperar encontrar a mesma cidade. E ainda bem que não vai encontrar. A mesma coisa acontece em Angola. Há cidades que não mudaram muito porque a guerra

impediu o desenvolvimento dessas cidades, desses lugares. E mesmo Luanda só começou a desenvolver--se de forma frenética há 10/12 anos. Luanda sim, transformou-se muito do ponto de vista físico. As outras não tanto. Houve outras transformações. E insisto, mais uma vez, ainda bem que não é mais a mesma. Há muitas coisas erradas mas de qualquer forma teria de haver transformações. Agora também acho que as pessoas vão--se reconhecer. Fora de Luanda, e mesmo em Luanda, porque há muita coisa que não mudou.

Como é que se proporciona esta vida entre três países - Angola, Brasil e Moçambique? Há um sentimento de pertença igual com cada um destes países?Sim. Quer dizer, não me sinto estrangeiro em nenhum desses lugares. Isso explicado a grosso modo. Depois evidentemente em determinados contextos posso sentir-me estrangeiro. Vamos su-por: eu iria sentir-me estrangeiro entre toureiros em Lisboa, ou entre skinheads no Brasil. Porque são meios que nada têm a ver comigo. Evidentemente que em qualquer um desses lugares há ambientes nos quais não me sinto confortá-vel. Mas de uma forma geral sim, sinto-me parte do esforço colectivo desses países. Não me sinto estra-nho em nenhum deles.

Voltando à sua última obra, foi um bocadinho ingrato com a sua personagem porque a reprimiu em quatro paredes. E viveu mui-to no medo e na aflição.Mas salvou-se no final.

Sentiu vontade de se meter na-quela “pele”, ainda que não au-tobiograficamente, mas sabendo que muita gente passou por esse conflito?Sim, tinha. Escrevo para tentar compreender os outros. Isso é ficção. E portanto, para mim, tinha uma grande curiosidade em tentar compreender essas pessoas, que têm medo dos outros, que se isolam, que fogem. E durante anos vivi com esta personagem, tentando colocar-me na pele dessa personagem, de forma que quando comecei a escrever o livro não foi tão difícil porque ela já vivia dentro de mim há muitos anos. Mas foi muito estranho porque eu não sou assim, sou o contrário disso.

O humor serviu para descontrair o ambiente?O humor está em todo o lado.

Tem a ver comigo. Provavelmente também não conseguia ser doutra maneira. Faz parte mim.

Está a escrever “A Vida no Céu”, que será lançado no Verão. De que trata?É um livro para um outro público. Comecei a escrever para os meus filhos. Um público mais jovem embora ache que qualquer pessoa pode gostar de ler. É uma fantasia.

Foi inspirado nos seus filhos?Não. Escrevi para eles. Leio para eles. E eles estão a gostar muito, sobretudo o mais velho. Para mim era um livro para um público mais jovem, para jovens adultos/adoles-centes. É um livro completamente diferente de tudo o que escrevi até hoje. É uma outra coisa. Mas não posso desvendar mais.

Já teve algum livro traduzido para chinês?Sim, o “Vendedor de Passados”, que foi traduzido em 23 línguas, acho eu. Não, para falar com fran-queza, tenho estado a pensar nisso. Disse à organização que tinha um livro em chinês publicado em Taiwan mas nunca vi o livro. Pode ter saído mas não tenho a certeza se está à venda nas livrarias. Foi feito contrato já há alguns anos. Deve estar traduzido mas não sei se saiu.

Mas teve algum feedback desses leitores?Não, a gente não tem. Desses lugares remotos é muito difícil. Esse livro está traduzido em coreano mas nunca nenhum leitor coreano disse algo. Acho difícil isso acontecer.

Apesar de ser um grande de-fensor da uniformização da ortografia (e portanto do Acordo Ortográfico), não tem qualquer medo da globalização, de se perder a pertença a um lugar?Sim, é verdade. O mundo está a ficar mais igual. Hoje andamos por uma rua de uma cidade europeia e não se sabe se se está em Itália, França ou Portugal. A uniformização não me agrada. Eu sou ecologista por-tanto, luto pela diversidade, não me agrada a uniformização. Mas acho e espero que as pessoas mantenham os lugares. E tem acontecido. Por exemplo, dentro do espaço da nossa língua, quando as telenovelas inun-daram Portugal havia esse receio de que o português de Portugal se transformasse no do Brasil. É um receio muito interessante porque, ao contrário do que a maioria dos portugueses pensa, é mais arcaico do que o português de Portugal. Mas não aconteceu. Os portugueses mantiveram a sua variante e adopta-ram uma ou outra palavra que fazia falta mas muito poucas. E, portanto, é isso que eu espero, que haja uma circulação, um conhecimento e um reconhecimento mas que as pessoas mantenham e preservem a sua diferença.

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quinta-feira 14.3.2013www.hojemacau.com.mo10 gastronomia

Joana Freitas, em [email protected]

Chegou ao oriente pela primeira vez em 2010 e pouco mais de dois anos depois é o chef principal

do restaurante Camões, no hotel Legendale de Pequim. Paulo Qua-resma é um português que já passou por momentos caricatos por servir comida lusitana e, ao hoje Macau, conta como é trazer um bocadinho de Portugal à mesa chinesa

Há quanto tempo está em Pequim?Desde outubro de 2010, dois anos e quatro meses para aí.

Como é que veio cá parar?Vim cá parar porque me forcei a sair de Portugal. Já por várias vezes tinha tido a curiosidade de trabalhar no estrangeiro, mas em Portugal estava num restaurante cujo negócio estava quase a terminar e eu pensei que seria um bom motivo, em vez de andar a procurar trabalho em Portugal, para ir para fora. Já por duas vezes tinha tentado, cheguei a fazer passaportes e tudo mas à última da hora fiquei [assustado] e desisti. Depois, naquela altura, pensei enviar uma série de currículos, falei com alguns amigos meus que também já estavam fora e disse que iria para o primeiro sítio onde me fizessem uma proposta. Mandei os currículos e entretanto recebi uma resposta de um senhor chamado Mário Reis, que agora está em Macau, que foi quem abriu este restaurante aqui em 2008, com outro profissional de cozinha. Perguntou--me o que eu achava de vir trabalhar para a China...

Não foi um impacto muito grande?Não. eu ao início não tinha bem realizado que vinha para Pequim. Só depois, mais tarde com tricas de e-mails com os directores de recursos humanos é que cheguei à conclusão que vinha para Pequim. Porque ao inicio, quando se fala em China, para um português, pensei que iria para Macau. Pensei ‘vamos embora, também é para conhecer o oriente’. Mas depois fui tomando consciência que vinha para cá. Vacilei um bocado, porque quer se queira quer não ainda existe no ocidente aquela imagem de, para quem nunca veio cá, que a China é um monstro. Temos uma imagem errada daquilo que é a China. Depois quando cheguei comecei a fazer amigos chineses, eles começam a explicar as tradições, as partes culturais, a comida. Começam a mostrar a verdadeira China e as pessoas... E fiquei fascinado e então, vou ser sincero, ao inicio quando vim

entrevista Paulo Quaresma, chef do restaurante Camões, em Pequim

“Temos uma ideia errada daquilo que é a China”

tinha como objectivo se não gostasse regressar a Portugal em Junho e não voltar. Mas, hoje em dia, quando entro no avião para regressar já penso que vou regressar a casa. É onde estão as minhas pequenas coisas. entretanto, já casei cá com uma local e fui pai agora em Dezembro.

Sabe falar mandarim?Consigo-me desenrascar, na rua, no restaurante, no táxi... Ao início era

complicado, ia a algum sítio ninguém entendia nada, ninguém falava inglês e eu não falo chinês. então tinha de ligar a algum amigo [pedir para tra-duzir], mas agora não preciso.

É a primeira vez que trabalha no Oriente?É a primeira vez que trabalho fora de Portugal. Trabalhei em Lisboa toda a minha vida, sou de Almada. Caí aqui de pára-quedas. e às vezes penso que

os portugueses realmente adaptam-se muito bem a qualquer situação.

Tenciona ficar por cá?Vou cá ficar mais uns anos, não que-ro ficar cá toda a minha vida. Mas Pequim ou Ásia, vou ficar por mais alguns anos.

Teve que fazer algum tipo de adap-tação à sua culinária?Tive. Não foram mudanças, mas tive de fazer ajustes ao gosto chinês. Por incrível que pareça eles têm doces ex-tremamente doces, mas não gostam dos nossos doces. gostam mas quase sem açúcar. o pastel de nata, por exemplo, eles gostam mas tem de ser quase sem açúcar. Fiz uns ligeiros ajustes. Mas mesmo assim, acho que ainda não é suficiente para atrair clientela para o

restaurante ser auto-suficiente. Não falo só no caso do nosso restaurante português, mas de todos os ocidentais. Apesar de as gerações mais novas estarem a mudar, eles ainda gostam muito da comida deles.

A maior parte dos clientes são do hotel?Não, não. Cerca de 70% dos nossos clientes vêm de fora. Mais de metade chineses, 40% ocidentais. Tenho boa clientela da parte das embaixadas de Angola, por exemplo, porque não há cá restaurantes deles e têm uma relação muito próxima com Portugal. Mas acho que [os chineses] ainda são muito conservadores a nível da comida deles.

É complicado arranjar produtos portugueses aqui?Muito complicado. Temos um for-necedor que é único, que traz coisas de Macau. Mas como tem de trazer grandes quantidades, quase dobra o preço e nós temos de ser caros [como alguns clientes se queixam]. Mas os produtos chegam-nos cá a uma exorbitância. [o fornecedor] não tem clientela para os produtos portugueses, porque restaurantes portugueses penso que aqui não há. Restaurante de comida tradicional portuguesa acha que somos o único. eu tento ter cá coisas tradicionais, tento usar produtos locais mas mesmo assim é complicado. enchidos, carne de porco, bacalhau...

Quais são os pratos com mais saída aqui no Camões?Arroz de marisco, arroz de pato, os pastéis de nata, que são a única sobre-mesa que tenho, porque já fiz outros tipos de doçarias e as pessoas acabam sempre por ir para o pastel de nata, o leitão e o bife à portuguesa, com molho de manteiga e alho, presunto e ovo a cavalo. e sopa de tomate à alentejana.

E o vinho português sai bem?Aqui sai porque não temos mais. Mas eu acredito que se dermos a escolher um vinho francês, mesmo que seja de muito má qualidade, e um vinho português muito bom, eles tendem a ir para o francês, porque têm ideias pré-concebidas que o luxo e qualidade é França, Itália, Suíça.

Já teve algum momento caricato por desconhecimento da comida portuguesa por parte do cliente?o das sardinhas saberem muito a peixe. os portugueses gostam do sabor inten-so e, por exemplo, as sardinhas têm um sabor muito característico, intenso e a forma como a gente cozinha o peixe - que não o deixamos esturricar, não pomos molho de soja, só pedrinhas de sal -, tem de ser transformada. o

acho incrível o desenvolvimento que macau teve, mas para mim é uma série de contradições. uma das coisas que mais me espantou foi como é que é possível ser um inglês a vender a receita de pastéis de nata para a china continental, com tantos chefs portugueses em macau

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11quinta-feira 14.3.2013 gastronomiawww.hojemacau.com.mo

Em Macau, os macaenses ou os portugueses locais deveriam ter orgulho na sua comida, já que a comida macaense ganhou uma identidade

Entrevista Paulo Quaresma, chef do restaurante Camões, em Pequim

“Temos uma ideia errada daquilo que é a China”

sabor é intenso e o peixe que eles estão habituados é de tanque e muitas vezes fazem frituras a lutas temperaturas, que retiram todo o sabor, ou a vapor, mas depois com molho de soja. São sabores diferentes e por isso é que se ouvem esses comentários. Acontece muitas vezes, por isso quando são clientes chineses nunca aconselham sardinha.

Já tenho clientes que chegam e pedem especificamente [comidas] como eu costumo fazer.

E quanto a si, já se habituou à comida chinesa?Eu gosto de comida chinesa. Ainda hoje comi. Já tenho uns quantos pratos preferidos, mas normalmente até são os meus cozinheiros que me fazem, porque eles já sabem os gostos que eu tenho. Em casa, entra mais a comida chinesa, porque já quase não cozinho em casa.

Já esteve em Macau?Sim.

O que achou do território?Quando se vai para Macau tem-se um propósito. O jogo. Para mim, acho que a cidade vive do jogo. Do jogo e tudo aquilo que acarreta. Eu fui lá porque estava carente de produtos portugueses, que pensei serem fáceis arranjar lá. E restaurantes portugue-ses - que, pelos vistos há, mas eu não fui aos sítios certos. Mas, também

fui lá para experimentar comida ma-caense, fui lá com esse intuito. Mas fiquei desiludido, porque sei que há uma grande comunidade portuguesa lá e fui a alguns sítios onde me cruzei com portugueses, mas fiquei desi-ludido porque não encontrei assim tantos produtos portugueses... É tudo vendido à portuguesa, mas não se encontra bem os produtos. Há, mas tem que se saber onde ir. Vende-se tanto Portugal lá que devia ser uma coisa [mais acessível]. Chego lá ninguém fala inglês e o turismo lá vem depois do jogo. Acho incrível o desenvolvimento que Macau teve, mas para mim é uma série de contradições. Uma das coisas que mais me espantou foi como é que é possível ser um inglês a vender a receita de pastéis de nata para a

China continental, com tantos chefs portugueses em Macau.

Mas tirou algumas ideias de Macau quando lá esteve?Tirei ideias de Macau, que tem coisas interessantes. Por exemplo, o arroz de bacalhau que lá há, que é salteado, não me parece descabido de todo. Se achar para os portugueses não é tão bom. Gostei da versão deles de Bacalhau à Brás. Como posso fazer a minha co-mida, tudo o que é extra é um bocado mais curioso, mas há muitos pratos lá que são ditos portugueses e vendidos como tal que acho que são um engano. Aqui na China, por exemplo, há um franchising [de comida de Macau] que vende dumplings e outras coisas, tudo à portuguesa. Mas quando vemos bem, é comida cantonesa. O que eu acho aproximado é a bifana [zhu pa pao], que o sabor aproxima-se ao nosso.

Sente que comida portuguesa está a ser desvirtuada?Sim. Por isso é que digo que, em Ma-cau, os macaenses ou os portugueses

locais deveriam ter orgulho na sua comida, já que a comida macaense ganhou uma identidade. É o caso do que eles chamam de galinha à portuguesa, que não tem nada de português... Tem o chouriço. Essa identidade devia ser defendida, não utilizar o marketing do ‘à portuguesa’, que aqui na Ásia vende tudo o que é europeu, para vender produtos que até são locais.

O que sente mais falta de Portugal?Céu azul. Aqui em Pequim, a poluição é violenta. Mas aqui há mais por onde escolher. Estou no sítio certo, porque sou muito reservado. Eu sinto falta de falar português, mas sou capaz de estar cá o ano todo sem falar com por-tugueses. Fico contente quando vêm cá [ao restaurante] clientes portugueses e tenho dois bons amigos portugueses.

quinta-feira 14.3.2013publicidade12 www.hojemacau.com.mo

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13quinta-feira 14.3.2013 www.hojemacau.com.mo vida

InvestIgadores japoneses consegui-ram, pela primeira vez, extrair gás de depósi-

tos submarinos de hidratos de metano – uma forma alternativa de combustível fóssil conhecida como “o gelo que arde”.

são compostos con-tendo metano e água, sob a forma de gelo, que se encontram tanto em terra, em solos congelados (per-mafrost), como no leito dos oceanos. desde 2001 que o Japão vem investindo fortemente na investigação

experiência bem sucedida com o hidrato de metano pode abrir caminho à exploração

Japão consegue extrair gás do “gelo que arde”

sobre o aproveitamento deste recurso natural, como uma potencial solução para reduzir a dependência pra-ticamente total do país em relação à importação de fontes energéticas.

a empresa nacional que gere a exploração mineira – Japan oil, gas and Metal Corporation – conseguiu extrair gás de depósitos ao largo da península de astu-mi, a cerca de 50 quilómetros da costa Centro-sul do país. “Queremos dar fiabilida-de às tecnologias, com o objectivo de se chegar a

uma exploração comercial”, disse o ministro da Indústria, toshimitsu Motegi, numa conferência de imprensa, citado pela agência aFP.

as reservas existentes nesta região seriam teori-camente suficientes para 11 anos de consumo de gás natural no país. É um dado relevante, não só pela dependência energética do Japão, como pela crise ge-rada com o acidente nuclear de Fukushima. desde então, quase todos os 50 reactores do país foram encerrados para testes de segurança.

no ano passado, o país im-portou cerca de 87 milhões de toneladas de gás natural.

os hidratos de metano são conhecidos há muito tempo, mas o seu aprovei-tamento depende ainda do desenvolvimento de tecno-logias viáveis. a empresa mineira japonesa já tinha testado, em 2002, uma tecnologia de extracção ba-seada na circulação de água

quente. seis anos mais tarde, teve sucesso com outro mé-todo, de despressurização, conseguindo extrair metano de reservas de camadas profundas do permafrost no Canadá.

agora, aplicou a mesma tecnologia com sucesso no fundo do mar, em reservas que podem vir a ser explo-radas comercialmente.

os hidratos de metano

são mais um dos chama-dos combustíveis fósseis “não-convencionais”, que podem vir alterar o cenário energético mundial. Pelo menos dois destes novos combustíveis, o gás e o pe-tróleo de xisto, estão já a ser explorados comercialmente em grande escala nos esta-dos Unidos, com reflexos no mercado mundial dos combustíveis fósseis.

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quinta-feira 14.3.2013www.hojemacau.com.mo

Anúncio AnúncioHM - 2ª vez 14-3-13

Proc. Acção ordinária n.º cV1-12-0105-cAo 1º Juízo cível

AUTORAS: MUi SEonG nGo, casada; ------------------------------------------ HonG SUT FAn, solteira, maior; ----------------------------------- HonG KA LEnG, solteira, maior; e -------------------------------- HonG KA MAn, solteira, maior, todos residentes em “澳門慕

拉士大馬路1-B,錦興大廈1樓AA座”. -------------------------------------------RÉUS: Herdeiros incertos de Hung Man Yau; e --------------------------------- interessados incertos.--------------------------------------------------------- FAZ-SE SABER que pelo Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, citando os réus Herdeiros incertos de Hung Man Yau e interessados incertos, acima identificados, para no prazo de TRinTA DiAS, findo o dos éditos, contestarem a petição inicial dos autos, de ACÇÃO ORDINÁRIA, acima identificados, apresentada pelas autoras, na qual as autoras pedem que deve a presente acção ser julgada procedente, por provada, e as autoras declaradas titular do direito de propriedade sobre a fracção autónoma designada por “AA1”, para habitação, do Prédio “錦興” sito em Macau, com os nºs 2 a 12 da Rua Um do Bairro da Areia Preta, e nºs 1 a 1-E da Avenida de Venceslau de Morais, descrita na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o nº 20538, a fls 4v do livro B45, e inscrita na matriz predial sob o nº 036380, por o ter adquirido por usucapião, tudo como melhor consta da petição inicial, cujos duplicados se encontram nesta Secretaria à sua disposição, sendo obrigatória a constituição de advogado, nos termos do artigo 74º do Código de Processo Civil, caso contestem.------------------------------------------------------------------- Os citandos ficam advertidos de que a falta de contestação não importam a confissão dos factos articulados pelos autores, caso os mesmos permaneçam na situação de revelia absoluta. ----------------------------------------- Aos 05 de Março de 2013.

HM - 1ª vez 14-3-13

Divórcio Litigioso cV1-12-0061-cDL 1º Juízo cível

Autor: Loi SEAK in, casado, de nacionalidade chinesa, residente em Macau, “Rua de Marques de Oliveira n.º17, Edf. San Heng, 5 andar E, Macau”--------------------------------------------------------------Ré: cHEonG UT MEi, casada, de nacionalidade chinesa, com última residência conhecida em Macau “Rua de Marques de Oliveira n.º 17, Edf. San Heng, 5 andar E, Macau” ora ausente em parte incerta.-------

***-----FAZ-SE SABER que pelo Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRinTA DiAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, citando a ré cHEonG UT MEi acima identificada, para no prazo de TRinTA DiAS, findo dos éditos, contestar, querendo, a petição inicial dos autos de divórcio litigioso acima indicados, apresentada pelo autor, na qual o mesmo pede que seja decretado o divórcio entre ele e a ré, tudo como melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra nesta Secretaria à sua disposição, sendo obrigatória a constituição de advogado, nos termos do artigo 74º do Código Processo Civil.----------------------------A ré é expressamente advertido de que a falta de contestação não importa o reconhecimento dos factos articulados pelo autor e o referido processo seguirá os seus termos à sua revelia.-----------------

cultura14

Gonçalo Lobo [email protected]

Foram muitos os escritores que pas-saram por macau ao longo dos anos.

Há até quem defenda que Camões esteve aqui. os mais cépticos dizem que não. mas outros eruditos da palavra estiveram de certeza e, de forma directa ou indirecta, reflectiram essa estadia a oriente na sua literatura, como é o caso de Wenceslau de moraes (1854-1929) ou Camilo Pessanha (1867-1926), entre muitos outros.

maria ondina Braga surgiu no território, durante o século XX, como umas das principais autoras por-tuguesas de ficção com liga-ções a Macau, em particular, e à China, em geral. o seu primeiro romance, e tercei-ro livro editado, “Eu Vim para Ver a Terra (1965)”,

Escritora maria ondina Braga morreu há 10 anos

O mundo calado da tristeza e da solidão

apresenta um conjunto de textos sobre angola, Goa e macau.

maria ondina nasceu em Braga a 13 de Janeiro de 1932, onde fez toda a sua escola. Iniciou-se nas letras através da poesia,

tendo publicado dois livros de poemas – “o meu Sentir” (1949) e “alma e rimas” (1952), a par de crónicas de carácter social para jornais bracarenses.

Herdeira classicista, ma-ria ondina Braga combinou

a memória, o conto, a novela, o romance e a crónica, tendo sido igualmente tradutora de autores como Graham Greene, Bertrand russel, John Le Carré, Herbert mar-cuse, anaïs Nin e Tzvetan Todorov, como conta José

antónio Barreiros num blogue dedicado à escritora - http://mariaondinabraga.blogspot.com.

Macau e china nO cOraçãOapós uma breve passagem pela Escócia e Inglaterra, onde exerceu a função de preceptora e frequentou a royal Society of arts, tendo--se licenciado em Literatura Inglesa. Instalou-se em Paris, aliando o trabalho e os estudos na alliance Fran-çaise. Em 1959, atraída pela distância, rumou até angola, Goa e, mais tarde, macau, onde ensinou Português e Inglês até 1966, data do seu regresso a Portugal.

O fascínio que sempre nutriu durante longos anos pelo povo chinês levou-a a aceitar o cargo de Leitora de Português no Instituto de Línguas Estrangeiras de Pequim em 1982, ano

em que redigiu angústia em Pequim (1984), uma “narrativa dolorosa, cirúr-gica”, segundo as palavras de Inês Pedrosa. a convite da Fundação Oriente, Maria ondina Braga regressou a macau em 1991.

Depois de ter vivido em Lisboa durante muitos anos, maria ondina voltou a Braga onde viria a falecer a 14 de Março de 2003 aos 71 anos de idade.

a Câmara municipal de Braga criou o Prémio Lite-rário maria ondina Braga, um concurso promovido com o intuito de desen-volver o gosto pela leitura e pela escrita, honrando a memória da escritora, nas-cida e falecida na cidade dos arcebispos.

O suplemento H do Hoje Macau vai reservar grande parte da sua

edição de amanhã à escritora portuguesa. Não perca!

BiBliografia• O Meu Sentir (1949) - Poesia

• Alma e Rimas (1952) - Poesia

• Eu Vim para Ver a Terra (1965)

• A China Fica ao Lado (1968) – (Prémio do concurso de

Manuscritos do SNI em 1966)

• Estátua de Sal (1969)

• Amor e Morte (1970) - (Prémio Ricardo Malheiros)

• Os Rostos de Jano (1973)

• A Revolta das Palavras (1975)

• A Personagem (1978)

• Mulheres Escritoras (1980)

• Estação Morta (1980)

• O Homem da Ilha (1982)

• A Casa Suspensa (1983)

• Angústia em Pequim (1984)

• Lua de Sangue (1986)

• Memórias e mais dizeres (1988)

• Nocturno em Macau (1991) - (Prémio Eça de Queirós)

• A Rosa de Jericó (1992)

• Passagem do Cabo (1994)

• A Filha do Juramento (1995)

• Vidas Vencidas (1998) - (Grande Prémio de Literatura ITF 2000)

• O Jantar Chinês (2004) – (a título póstumo)

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15quinta-feira 14.3.2013 www.hojemacau.com.mo desporto

Marco [email protected]

Azuis e negros de um lado, negros zebrados a amarelo do outro. Ao minuto oito, Leonel,

avançado giallonero com jogo ligeiro de pernas e pé de bombar-deiro, arrasta num valseado rápido dois defesas adversários e chuta, raivoso, para o primeiro tento da partida. Este é o relato de um golo que nunca aconteceu e se da valsa se não fez festa foi porque o delegado da Associação de Futebol de Macau (AFM) ao jogo decidiu que o mais azul que negro de uma camisola igualava com semelhança criteriosa o negro debruado a ouro da outra.

sem ter dado um pontapé na bola, o onze do Organismo Autóno-mo Desportivo da Casa de Portugal em Macau perdeu ontem por três golos sem resposta frente ao Grupo Desportivo Artilheiros, depois do representante do organismo que chama a si a tutela do futebol na RAEM ter impedido a concreti-zação do encontro. O delegado da AFM ao jogo concluiu que o equi-pamento envergado pela formação orientada por Pelé – que jogava na condição de visitante – se confundia clamorosamente com a camisola do Artilheiros - que se apresentava ao encontro na condição de visitado.

Camisolas ditam derrota da Casa de Portugal frente ao Pau Peng

“A Casa está a ser perseguida”

A decisão, decretada de forma unilateral pelo representante da Associação de Futebol de Macau e – garante Pelé – contra o próprio aviso do trio de arbitragem, deixou jogadores e dirigentes da Casa de Portugal indignados. O jovem téc-nico são-tomense diz mesmo que a formação de matriz lusófona está a

ser perseguida: “A Casa de Portugal está a sofrer uma perseguição e só não vê que isto está a acontecer quem não quer. A diferença entre as camisolas é tão notória que o próprio árbitro se mostrou favorável à realização da partida. É para mim óbvia a razão porque isto aconteceu: o treinador do Pau Peng é também

responsável pela selecção de sub-18 da Associação de Futebol”, sustenta o técnico.

O episódio ocorre menos de uma semana depois da Associação de Futebol de Macau ter reabilitado a suspensão a que Pelé foi condena-do pelo organismo, na sequência de uma das ocorrências que pautaram

a última edição do Campeonato da ii Divisão. O treinador terá agredi-do um árbitro após um desafio, no exterior do campo da universidade de Ciência e Tecnologia. A penali-zação terá sido levantada no início da temporada, mas foi reabilitada no fim da semana passado, depois da Associação de Futebol ter anun-ciado a intenção de erradicar ad aeternum um atleta da formação de matriz portuguesa. José Dinis é acusado pelo organismo que tutela o desporto-rei em Macau de ter agredido o árbitro que apitou o desafio entre a Casa de Portugal e o Lai Chi, num incidente de que Pelé – a garantia é dada pelo próprio – só tomou conhecimento uma semana depois. “Estamos a ser alvo de represálias pelo que aconteceu o ano passado. O que aconteceu na última época com a Casa de Portugal fez a Associação de Futebol perder a face e agora a Associação está a vingar-se. Estão a agir de má fé. E contra a má-fé a única resposta possível são os tribunais”, ameaça Pelé.

quinta-feira 14.3.2013www.hojemacau.com.mofutilidades16

Sudoku [ ] Cruzadas

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SoluçõeS do problema

HORIZONTAIS: 1-G. SABEREM. P. 2-AMOR. U. CEDE. 3-BABAS. POLEN. 4-AN. IAMOS. SO. 5-RIM. LIA. GAS. 6-UTIL. A. BABA. 7-UNIA. PELE. 8-R. IMBERBE. A. 9-AL. PORIA. TT. 10-BATON. OMBRO. 11-ORA. AAR. RIL.VERTICAIS: 1-GABARU. RABO. 2-MANITU. LAR. 3-SOB. MINI. TA. 4-ARAI. LIMPO. 5-B. SAL. ABONA. 6-EU. MIA. ER. A. 7-R. POA. PRIOR. 8-ECOS. BEBAM. 9-MEL. GALE. BR. 10-DESABE. TRI. 11-PENOSA. ATOL.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUçãO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gato

HORIZONTAIS: 1-Terem conhecimento. 2-Namoro, afecto. Concede. 3-Saliva viscose que corre da boca (pl.). Substância fecundante do vegetal. 4-Falta (Pref.). Andavamos. Afastado, único. 5-Orgão do aparelho urinário. Borras, sedimento. Qualquer fluido aeriforme. 6-Diz-se do dia que não é feridado. Saliva que escorre da boca. 7-Conciliava. Depile, descasque. 8-Que ainda não tem barba. 9-Outra coisa (Ant.). Colocaria. Tês. 10- Pau de substância plástica impregnada de carmim e por vezes aromatizada, com que as senhoras pintam os lábios. Parte superior do braço. 11-Exora, fala. Rio que banha Berna. Dança escocesa.VERTICAIS: 1-Planta terebintácea (Bras.) Assento, extremidade. 2-Uma das divindades dos indígenas da América do Norte. O ambiente doméstico. 3-Debaixo de. Saia muito curta. Tantálio (s.q.). 4-Lavrai. Asseado. 5-Graça (Fig.). Adianta, dá por bom. 6-Egoísmo. Choraminga (Fig.). Érbio (s.q.). 7-Género de plantas a que pertence a relva-dos-caminhos. Superior de certos conventos. 8-Repetições. Ingiram. 9-Extrema suavidade (Fig.). Antiga embarcação de baixo bordo. Bromo (s.q.). 1-Desmorone-se. O m. q. tris (Pref.). 11-Dolorosa. Recife circular de coral.

Sala 1mama [c]Um filme de: Andy MuschiettiCom: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 2parker [c]Um filme de: Taylor HackfordCom: Jason Statham, Jennifer Lopez14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 3oZ: the great and powerful [3d] [b]Um filme de: Sam RaimiCom: James Franco, Rachel Weisz, Michelle Williams, Mila kunis14.30, 16.45, 19.15, 21.30 MAMA

[Tele]visão

Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

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Pu Yi

ChAn ChAk Mo fAlou. E bEMAconteceu esta semana mais uma reunião entre deputados e Governo sobre a proposta de lei do planeamento urbanístico, actualmente em revisão. Mas o mais importante aconteceu depois, quando o presidente da dita comissão, o deputado Chan Chak Mo, falou aos jornalistas dos meios de comunicação em português. Digo importante porque foi um raro momento em que este deputado, eleito pela via indirecta, e com interesses na área comercial (é presidente das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e bebidas de Macau), foi claro nas suas opiniões. Mais do que isso, foi frontal. não falo da questão da casamata de Coloane, mas sim do projecto de um mercado nocturno que o Governo pretende construir no mercado de Sai Van. Chan Chak Mo foi claro quando disse que tal não se vai concretizar, dada a última polémica que tem surgido, com diversas opiniões divergentes. De seguida, apontou o dedo ao Governo, tendo acusando-o de falta de acções concretas no que à diversificação económica diz respeito. “As pessoas falam muito na diversificação mas não estamos a fazer isso, estamos a falar sobre isso. o Governo não está a fazer nada. Muitos dizem que as operadoras de jogo são as únicas que conseguem ter acesso aos terrenos, mas quando o Governo tenta fazer algo quanto ao sector privado todos dizem que não. Então como podemos ser o centro mundial de turismo e lazer? não acredito que consigamos.”Assim. Claro como água. Xeque-mate. Pela primeira vez, concordo consigo, caro deputado. nunca assumi aqui qualquer posição formal quanto ao referido projecto, que não acho que seja assim tão descabido, quando vemos muitos outros ataques feitos ao ambiente da RAEM. fala-se muito nesta terra, mas faz-se pouco, muito pouco, para o dinheiro que se tem. o dinheiro não paga mesmo a imaginação e a criatividade.

O TempO envelhece Depressa • António TabucchiTodas as personagens deste livro parecem estar empenhadas numa confrontação com o Tempo: o tempo dos acontecimentos que viveram ou estão a viver e o tempo da memória ou da consciência. Mas é como se uma tempestade de areia se tivesse levantado nas suas clepsidras: o tempo foge e detém-se, gira sobre si próprio, esconde-se, reaparece a pedir contas. Do passado emergem estranhos fantasmas, as coisas que antigamente eram incompatíveis agora parecem harmonizar-se, as versões oficiais e os destinos individuais não coincidem. um ex-agente da defunta República Democrática Alemã que durante anos espiou bertold brecht, vagueia sem destino por berlim até ir ter ao túmulo do escritor para lhe confiar um segredo. Numa localidade de férias da ex-Jugoslávia, um oficial italiano da onu que durante a guerra do kosovo sofreu as radiações do urânio empobrecido ensina a uma miúda a arte de ler o futuro nas nuvens. um homem que engana a sua solidão contando histórias a si próprio torna-se protagonista de uma aventura que inventara numa noite de insónia. Sensível às convulsões da história recente, Antonio Tabucchi mede-se com o nosso Tempo «desnorteado», em que se os ponteiros do relógio da nossa consciência parecem indicar uma hora diferente daquela que vivemos.

peregrinaçãO De enmanuel Jhesus • Pedro Rosa MendesComo fez com o Mapa Cor-de-Rosa em baía dos Tigres, Pedro Rosa Mendes reinventa, nesta “Peregrinação de Enmanuel Jhesus”, um espaço nobre da literatura portuguesa, de fernão Mendes Pinto a Ruy Cinatti: o arquipélago malaio, imenso território de aventura, onde as caravelas chegaram há exactamente 500 anos. Passagens de história, memórias políticas, cadernos da guerrilha, tratados breves de diplomacia, debates teológicos, cenas de artes marciais, cartografia antiga, observações de botânica, notas de geologia, ritos de sagração, sortes tauromáquicas, até um fado perdido (por Amália?) lá em «outramar»: abundantes são os tesouros que nos acompanham nesta viagem. uma vertigem de per-sonagens desfilam e falam a várias vozes. O resultado é um romance em diário de bordo, uma ficção de portulano, «suma accidental em que da conta de mvitas e mvito estranhas cousas que vio e ouvio nos reynos do Achém, Çamatra, Sunda, Jaua, Flores y Servião y bellos, que vulgarmente se chamam Timor, homde nace o sandollo».

TdM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360º (diferido)14:45 RTPi DIRECTO19:00 Montra do Lilau (Repetição)19:30 Vingança20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Perdidos Sr.622:10 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 Resumo Liga dos Campeões23:45 Liga dos Campeões: Málaga – Porto (Repetição)01:30 Telejornal (Repetição)02:00 RTPi Directo

INFORMAçãO TDM

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30 - FOX Sports13:00 World of Gymnastics 201313:30 Chang World of Football 2012/1314:00 (LIVE) Thailand Open Day 118:00 Premier League Darts 201319:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 ABL Crossover 201320:30 Total Rugby21:00 The Football Review 2012-201321:30 Global Football 2012/1322:00 FOX SPORTS Central22:30 Thursday Fight Night With UFC

31 - STAR Sports13:00 FIA World Rally Championship 2013 - Event Highlights14:00 AFC Champions League 201316:00 F1 Classics - 2003 Japanese Grand Prix17:00 Furusiyya FEI Nations Cup 201318:00 Sports Max 2012/1319:00 V8 Supercars Championship Series 2013 - Highlights21:00 Inside Grand Prix 201321:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 AFC Champions League 2013

40 - FOX Movies12:25 When A Stranger Calls13:55 Zombieland15:25 Rise Of The Planet Of The Apes17:15 Project Nim19:00 Planet Of The Apes21:00 One For The Money22:35 Transporter: The Series23:25 Prom Night00:55 The Walking Dead

41 - HBO11:15 Hellboy 13:20 Get Shorty 15:00 Boys 16:30 Bright Lights, Big City18:20 Game Change20:20 Larry Crowne22:00 Green Lantern 00:00 And Soon The Darkness

42 - Cinemax13:00 Source Code 14:30 Police Academy16:00 Hellfighters18:00 Internal Affairs19:50 Black Rain22:00 The Rite23:50 Paranormal Activity 2

17quinta-feira 14.3.2013 www.hojemacau.com.mo opinião

No mundo contemporâneo, um idioma comum tem valor inestimável como traço de fraternidade e criador de afetos. Assim é com a língua portuguesa, um património cultural com mais de 240 milhões de falantes espalhados pelos cinco continentes.

O fio condutor da língua foi a ideia de base dos dois canais da Rádio e Televisão de Portugal que emitem diariamente 24 horas: a RTP Internacional, com difusão planetária, e a RTP África, vocacionada para os países africanos de língua oficial portuguesa. Num contexto de grandes transformações é vital reforçarmos aquilo que nos une.

O nosso objetivo é fortalecer os laços entre as comunidades lusófonas, por mais remotas que sejam, mas também servir de ponte entre os diferentes países e culturas que usam a casa comum da língua portuguesa.

Sendo acessível nos quatro cantos do mundo – de Toronto a Timor-Leste, passando por Caracas ou Joanesburgo – a RTP Inter-nacional é um grande espaço de união ente todas as comunidades que falam português. Atingindo um vasto público que integra não só as tradicionais comunidades de emigran-tes portugueses e luso-descendentes mas também os destinos mais recentes da diás-pora lusófona. Sem esquecer todos quantos, nos seus países de origem, têm o português como segunda língua de uso corrente ou idioma de aprendizagem.

Mas à RTP Internacional não bastará levar imagens e notícias de Portugal. Este canal deve refletir também o quotidiano, as aspirações e as vivências dos emigrantes e luso-descendentes nas sociedades onde se encontram inseridos, transformando-se numa plataforma destinada a fortalecer os laços comuns.

Reforçar a cooperaçãoA RTP Internacional e a RTP-África têm importância estratégicano reforço da casa comum da língua portuguesa

A RTP África pretende reforçar o seu papel enquanto ferramenta privilegiada para aproximar todas as populações que falam português neste continente, no respeito ab-soluto pela identidade e integridade de cada país, sem qualquer estigma de centralismo ou paternalismo. Neste caso, pretende-se sobretudo estimular as produções autó-nomas, com diversos centros de cultura e de decisão, privilegiando o intercâmbio artístico e destacando as vastas potenciali-dades económicas de cada Estado-membro. Sempre com uma palavra-chave a servir-nos de mote: cooperação.

A RTP África, em especial, terá legítimas ambições de ligar continentes e aproximar países, através da permuta de conteúdos, das estratégias de produção comuns ou das sinergias técnicas.

Em função destas referências e valores, as nossas orientações políticas são claras.

• A primeira passa pelo reconhecimento de que a RTP Internacional e a RTP África são importantes ativos estratégicos a preservar. Eles afirmam a língua portuguesa como fator de desenvolvimento económico e social e potenciam a influência das nações que falam o português no mundo global e competitivo em que vivemos.

• A segunda orientação é no sentido de sublinhar duas necessidades imperiosas: a necessidade de investir na melhoria da programação da RTP Internacional, por-que os portugueses residentes no estran-geiro assim o merecem; e a necessidade de, no que à RTP África diz respeito, dar passos seguros no sentido de intensificar a permuta de conteúdos entre as televisões de serviço público de cada país, traçar estratégias de interesses comuns, de pro-

dução conjunta e unir sinergias capazes de abranger todo o espaço de intervenção deste canal.

• Finalmente, o nosso compromisso. O compromisso do reforço da coopera-ção, de fazer com que a RTP África e a RTP Internacional se convertam, hoje e cada vez mais no futuro, na grande casa da língua portuguesa e da expressão cul-tural lusófona. Afinal, a lusofonia é isto mesmo – o maior traço de união entre Povos, Nações e Continentes que falam Português. Cabe-nos a responsabilidade de a fortalecer e potenciar.

As escolhas são difíceis, mas não es-quecemos a diáspora e os falantes da língua portuguesa, património transversal a várias nações. Para além do óbvio valor cultural, o idioma tem uma relevância económica e política que não é um exclusivo de Portugal e dos portugueses. É um bem de todos os povos e países que adotaram o português como língua oficial.

No momento em que se procede à re-estruturação da RTP reitero a importância estratégica da RTP África e da RTP Inter-nacional. Desta forma, entendemos que contribuímos para o dever comum de defesa e promoção de uma língua falada em todos os continentes.

Miguel RelvasMinistro-Adjunto e dos Assuntos

Parlamentares de Portugal

Este texto foi escritoao abrigo do novo acordo ortográfico

omei conhecimento de um facto deplorável na sociedade portu-guesa. em determinados lares de idosos chega-se ao ponto de não dar de beber água aos internados para que não urinem na cama. o

pior é que em Portugal grassam os lares clandestinos e ilegais, em grande parte sem as condições mínimas de aturados e eficientes cuidados médicos e domésticos. infelizmente, existe uma conivência com determinados agentes das instituições de assistência social. A situação tem-se de-gradado nos últimos anos ao mesmo tempo que também se assiste a um combate por parte das autoridades contra a ilegalidade em lares e casas de repouso. em face deste desiderato lembrei-me de um amigo que se suicidou e que antes tinha dito que nunca quereria apodrecer num lar.

e a propósito de suicídios, Portugal vive um momento de grande preocupação. A crise grave, intensa e generalizada que se abateu sobre os portugueses tem deixado o tecido social em depressão. o medo por um futuro negro, a impossibilidade de fazer frente aos compromissos assumidos, a falta de dinheiro para o mínimo indispensável, está a provocar uma onda de suicídios que já se transformou num caso preocupante no seio da sociedade. e a política e a governação têm muita culpa do que está a suceder ao país real. os governantes optaram por uma política de austeridade que tem deixado milhares de famílias à beira do pré-suicídio. Ainda esta semana, o filósofo e ensaísta José Gil afirmou que “o Governo e o Presidente estão a léguas da realidade”.

o número de pessoas que decidem pôr cobro à vida está a aumentar. Para esses por-tugueses não existiu qualquer luz ao fundo do túnel. em 2012, o instituto Nacional de

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Cada vez mais suicídios

T A classe político-governante tem de entender que as directrizes emanadas de conselhos de ministros não podem constituir um novelo de números que simplesmente não toma em consideração que o destino desses números se dirige a seres humanos que acreditaram no seu país. O humanismo só tem razão de existir quando os políticos se convencerem que o seu trabalho é inútil sempre que não atendam aos problemas reais das populações. Infelizmente, vivemos numa terra com suicídios, leia-se desespero, a mais.

da estre laCarlos M. Cordeiro

emergência médica (iNem) registou mais 489 pedidos de ajuda relacionados com tenta-tivas de suicídio que em 2011. Um aumento ainda mais significativo, quando o suicídio é já a principal causa de morte, à frente dos acidentes de viação. No ano passado puseram fim à vida 1200 pessoas. Mas afinal, em que país já estamos a viver quando nos últimos meses sucederam-se os casos de donos de restaurantes e de empreiteiros que com os bens penhorados e afogados em dívidas acabaram por se suicidar? A imprensa regista que um cidadão depois de 20 anos à frente de um restaurante no Algarve, começou a ver o seu negócio a entrar em crise. Sem clientes, com dívidas acumuladas e depois de já ter penhorado a casa e os outros bens da família, acabou por pôr termo à vida. Um desfecho extremo, mas que não foi um caso isolado: entre Dezembro e Fevereiro nove donos de restaurantes e cafés suicidaram-se. Uma realidade que só encontra paralelo com o sector da construção civil. Todos eles têm em comum o acumular de dívidas, a falta de clientes e de perspectiva na resolução dos problemas. Nos últimos meses, na restaura-ção, sete dos casos aconteceram no Algarve e dois no Porto. A sul o problema é mais acentuado: neste momento 70% dos hotéis, cafés e restaurantes estão fechados com o

argumento de que é época baixa, quando antigamente nestes meses conseguiam ocupações de 60%. os proprietários destes estabelecimentos são pessoas com idades entre os 50 e 60 anos, que se dedicaram a vida inteira ao negócio. São pessoas humildes que depois de anos e anos de trabalho criaram relações com funcionários e depois chegam a uma fase em que não conseguem pagar--lhes os salários, nem aos fornecedores, já penhoraram tudo o que podiam e quando o negócio fecha não são apenas eles que ficam sem nada, fica toda a família. Um drama que se está a avolumar sem que o país tenha uma réstia de esperança em dias melhores. Semanalmente encerram mais empresas. o desemprego é desesperante e o suicídio é a única forma de (não) resolver as agruras. A classe político-governante tem de entender que as directrizes emanadas de conselhos de ministros não podem constituir um novelo de números que simplesmente não toma em consideração que o destino desses números se dirige a seres humanos que acreditaram no seu país. o humanismo só tem razão de existir quando os políticos se convencerem que o seu trabalho é inútil sempre que não atendam aos problemas reais das populações. infelizmente, vivemos numa terra com sui-cídios, leia-se desespero, a mais.

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Com os dois pés em Macauenho um amigo que viveu em Macau durante o tempo da administração portuguesa, e que regressou ao território há alguns anos, onde permanece até hoje. Sobre a situação em Portugal na

altura disse-me estas palavras que nunca esquecerei: “Aquilo não tem nada de mal, nós é que estamos mal habituados”. Com este “mal habituados” referia-se naturalmente à vida de Macau, e queria dizer obviamente “bem habituados”. Atendendo à actual si-tuação de desgoverno que o nosso país de origem atravessa, este meu amigo teria hoje uma opinião diferente, mas é um facto: quem vive em Macau durante alguns anos sente a diferença quando regressa à Pátria lusitana. Mesmo eu próprio, que passei aqui a maior parte da minha vida, noto esta diferença quando vou a Portugal de férias. Sinto-me um estranho na minha própria terra.

não preciso de me gabar de ter tomado a decisão certa quando chegou a hora de escolher entre ficar ou partir, até porque não foi uma decisão bem ponderada. Foi sobretudo o comodismo que me levou a adoptar Macau. não me apetecia mesmo nada recomeçar e passar por um processo de readaptação, mesmo na pujança dos vinte e poucos anos que tinha na altura. Fui ficando apenas porque sim. Nunca me

São cada vez mais os portugueses que escolhem Macau para viver, uns que chegam pela primeira vez, outros que regressam. Muitos que por aqui passaram sentem saudades e querem voltar – e do que estão à espera?

passou pela cabeça que a transição fosse reeditar os erros da descolonização em África. nunca me senti numa “colónia” propriamente dita, e sempre dependi do meu trabalho para sobreviver. nunca re-ceei que me expulsassem, e foi com algum humor que registei as opiniões dos mais pessimistas e demais profetas da desgraça. A forma como a transferência de poderes foi executada é actualmente um dos poucos motivos de orgulho que tenho do meu país. Pasme-se, que nos tempos que correm fize-mos qualquer coisa bem feita. Para variar.

não falo sem conhecimento de causa. Cheguei a viver e trabalhar em Lisboa antes de vir para Macau há quase vinte anos, e não há distância, saudades ou preocupações de natureza cultural ou política que me difi-

Tcultassem a decisão de ficar. A exiguidade, a tranquilidade e a serenidade desta terra foram a “água do Lilau” que bebi e que me prenderam aqui. não desprezo quem optou pelo regresso, e desejo-lhes a melhor sorte do mundo, mas para mim não, obrigado. não troco isto por nada. É bom saber que lá longe há quem nos vá receber de braços abertos, é sempre reconfortante ter um se-gundo lar, mas para mim o primeiro e até ver o único é este. Mesmo quando Macau me trai, quando se comporta como uma amante caprichosa, as raízes que me pren-dem impendem-me que lhe vire as costas. É mais que um simples compromisso. É uma cumplicidade.

o facto de poder deslocar-me a pé praticamente para todo a parte, a conveni-ência de andar para o serviço em menos de 15 minutos, sem precisar de depender de transportes públicos, sem a condicionante dos engarrafamentos, greves e tudo mais, a vantagem de poder atravessar a rua e jantar numa tasquinha qualquer por uma módica quantia, tudo isto é o que faz de Macau um local perfeito. Aqui não sabemos o que é precisar de dormir cedo durante a semana para depois acordar ainda de madrugada e apanhar o autocarro, o barco ou o comboio, e se os pequenos passam mal durante a noite em menos de cinco minutos estamos nas

urgências. Por aqui não há maternidades ou centros de saúde a encerrar por falta de verba. em Macau é possível sair do trabalho às sete da tarde e ainda comprar tudo e mais alguma coisa, e nem precisa de ser nas lojas dos chineses – que diabo, aqui todas as lojas são “dos chineses”.

São cada vez mais os portugueses que escolhem Macau para viver, uns que chegam pela primeira vez, outros que regressam. Muitos que por aqui passaram sentem saudades e querem voltar – e do que estão à espera? não quero adoptar um tom pa-ternalista, nem ensinar nada sobre Macau. Cada um deve estar e ser nesta terra da forma que muito bem entender. Mas se me permitem gostava de deixar um pequeno conselho: ponham os dois pés em Macau, pelo menos enquanto aqui estão, enquanto o território vos servir de casa. Basta de chorar pelo leite derramado lá longe, suspirar por um Portugal melhor onde um dia choverá dinheiro, o mel jorrará das fontes, cães e gatos serão finalmente amigos. Chega de promessas vazias. não é proibido sonhar, mas já que aqui estão aprendam a amar esta terra, escutem com atenção as lições que ela tem para ensinar. Como disse um dia um grande homem: “não queiram mudar Macau. Deixem antes que Macau vos mude”.

bairro do or ienteLeocardo

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car toonpor Steff

Um em cada quatro jovens faz voluntariado em Macau

Ajudar mais ainda não chega

Durão Barroso confirma propostade mais um anoO presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, confirmou hoje que Bruxelas vai propor que seja concedido a Portugal mais um ano para cumprir a meta do défice orçamental. «Portugal tem vindo a fazer um esforço notável. Por isso mesmo, posso reiterar que a Comissão vai propor ao Conselho a extensão, por mais um ano, do prazo para o cumprimento do défice orçamental», disse Durão Barroso, após um debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. A extensão do prazo para a correcção do défice é «correcta», porque «o facto de Portugal não ter atingido esse objectivo [o do défice] se deve em larguíssima medida a uma deterioração das condições externas», considerou Durão Barroso. «No essencial, achamos que o programa de ajustamento está a funcionar», disse. Durão Barroso já tinha revelado, ao semanário «Expresso», que a Comissão Europeia iria propor o prolongamento do prazo de empréstimo, permitindo que Portugal tivesse até 2015 para corrigir o défice.

Condenado por planear raptar mulheres para as comerUm agente da polícia de Nova Iorque foi condenado, esta terça-feira, por ter planos detalhados para raptar mulheres para as comer depois. O homem foi denunciado pela própria mulher, a quem planeava cortar a garganta. Gilberto Valle, de 28 anos, foi preso pelo FBI no ano passado após ter sido denunciado pela mulher, sendo agora julgado num tribunal de Manhattan onde 12 jurados o consideraram culpado de conspiração para rapto, como tinham sustentado os procuradores. A defesa argumentou que era apenas uma fantasia que ele inventou ao navegar por sites de fetiches sexuais, mas a acusação apresentou provas de algumas das mulheres mencionadas nos planos do polícia que foram mesmo contactadas por ele. A ex-mulher do polícia, Kathleen Mangan, de 27 anos, testemunhou contra ele afirmando ter encontrado emails a detalhar os seus planos de cortar a garganta dela e de sequestrar e matar uma das suas amigas. A acusação alegou ainda que o suspeito teria usado a base de dados da polícia para procurar informações pessoais das suas possíveis vítimas, além de ter mandado mensagens para marcar um encontro com pelo menos uma delas. A sentença será conhecida a 19 de julho, arriscando Gilberto Valle ser condenado a prisão perpétua.

Lau Si Io garantiu que Governo está atento ao projecto de Coloane O secretário para as Obras

Públicas e Transportes, Lau Si Io, garantiu ontem que caso a futura construção habita-cional traga “danos” à histórica casamata de Coloane, o projecto não irá avançar. Tais declarações foram feitas depois da reunião com os deputados sobre a Lei de Terras. “Damos importância a essa questão e a sociedade tem vindo a dar muitas opiniões sobre a protecção do ambiente e património. Já recebemos o projecto de desenvolvimento, que será aprovado segundo a actual lei do urbanismo e o re-gulamento geral da construção urbana. Vamos comunicar com todos os departamentos relevan-tes e não excluímos pedir mais informações ao empreiteiro do projecto, ao nível do ambiente e do património.” Lau Si Io não quis, contudo, comentar sobre a possibilidade do Executivo estar a sofrer pressões do responsável do projecto, um empresário de Hong Kong. Jaime Carion, direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), garantiu na mesma ocasião que “dano é uma coisa, protecção é outra” e que o or-ganismo que lidera tem estado a trabalhar com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambien-tal e com o Instituto Cultural. A casamata de Coloane data da década de 30 do século XX e foi construído pelas Forças Armadas Portuguesas. O terre-no é privado e foi comprado em 2004 por uma empresa registada em Hong Kong. O negócio terá custado cerca de 90 milhões de patacas, segundo apurou o diá-rio Ponto Final. É esta empresa que pretende agora construir um edifício com mais de 56 mil metros quadrados, com cerca de 30 andares e quase dois mil apartamentos para habitação. Segundo o Executivo, a empresa pode construir edifícios até 100 mil metros de altura. - A.S.S./C.L.

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O rAPTO

UM estudo ontem apre-sentado indica que 38,3% dos jovens em Macau entre os 13 e

os 29 anos fizeram voluntaria-do em 2012, uma percentagem que subiu em relação à década anterior, mas que fica aquém dos territórios vizinhos. “Com-parando com os números de há dez anos, 38,3% é muito, mas a nível internacional é reduzido. Esperamos que o Governo pro-mova mais o trabalho voluntário, disse Chan Iok Ip, presidente da Associação de Estudo Social Kuai Un, após apresentação, na Direção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), do estudo sobre a aquisição de capacidades e a formação da conduta moral dos jovens nos trabalhos voluntários.

Chan Iok Ip considerou que o ideal seria elevar a percentagem de jovens que realizem trabalho de voluntariado “até 50% ou mais”, mas não especificou metas temporais.

O estudo realizado em 2012 incidiu sobre os jovens residentes de Macau com idades entre os 13 e 29 anos e teve por base 1.538 questionários válidos (1.440 in-quéritos de rua e 98 submetidos na Internet).

De acordo com os “Indicado-res sobre a Juventude de Macau”, citados no documento, a região habitada por cerca de 580 mil pessoas tem um total de 161.800 jovens dos 13 aos 29 anos, o que faz com que a amostra represente 1% da faixa etária estudada.

O inquérito concluiu, entre outros aspectos, que o trabalho

voluntário é sobretudo realizado por estudantes e que devem ser proporcionadas mais oportuni-dades para a participação neste tipo de trabalho.

Por outro lado, é referido que “há grandes diferenças nas capacidades da colaboração em grupo, da iniciativa, da co-municação e coordenação bem como na conduta moral” entre os jovens que participam nestas actividades e os que nunca o fa-zem. “Os voluntários participam nas actividades para ajudarem a aumentar a sua capacidade de coordenação, capacidade de adaptação social e melhorarem também a sua conduta moral”, lê-se ainda nas conclusões.

A chefe do departamento da juventude da DSEJ, Un Hoi

Cheng, destacou que o “tra-balho de voluntariado é uma missão que consta nas Linhas de Acção Governativa para 2013” e que o organismo tem promovido acções de formação para diferentes públicos, bem como acções de sensibilização aos jovens para dar a conhecer os tipos de trabalho, e a forma como se realizam.

Hoje foi também apresen-tada, na reunião plenária do Conselho da Juventude, a pri-meira versão do relatório final da consulta pública da “Política de Juventude de Macau (2012-2020), conduzida no segundo semestre do ano passado, mas as conclusões só serão conhecidas até meados de Abril, segundo indicou Un Hoi Cheng. - Lusa