hoje macau 14 mar 2014 #3050

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PORQUÊ FILMAR EM MACAU? GOVERNO GARANTE Obras do novo TJB vão arrancar JUSTIÇA PÁGINA 6 LI KEQIANG CONFIANTE China procura nível apropriado de crescimento ECONOMIA PÁGINA 8 PUB THOMAS LIM PÁGINA 14 h PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 14 DE MARÇO DE 2014 ANO XIII Nº 3050 hojemacau H7N9 chega sem assustar residentes COM MUITA TRANQUILIDADE Galinhas infectadas com gripe aviária foram descobertas no Mercado Abastecedor. O IACM abateu os animais e proibiu, durante 21 dias, a venda de aves de capoeira. Alguns residentes não se mostraram nada preocupados com a medida e com a chegada do vírus. Se não vai com carne viva, vai com congelada. PÁGINA 5

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Hoje Macau N.º3050 de 14 de Março de 2014

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Page 1: Hoje Macau 14 MAR 2014 #3050

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

PORQUÊ FILMAR EM MACAU?

GOVERNO GARANTE

Obras do novo TJB vão arrancar

JUSTIÇA PÁGINA 6

L I KEQIANG CONFIANTE

China procura nível apropriado de crescimento

ECONOMIA PÁGINA 8

PUB

THOMAS LIM PÁGINA 14h

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 1 4 D E M A R Ç O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 5 0

hojemacau

H7N9 chega sem assustar residentes

COM MUITA TRANQUILIDADE

Galinhas infectadas com gripe aviária foram descobertas no Mercado

Abastecedor. O IACM abateu os animais e proibiu, durante 21 dias, a venda

de aves de capoeira. Alguns residentes não se mostraram nada preocupados

com a medida e com a chegada do vírus. Se não vai com carne viva,

vai com congelada.

PÁGINA 5

Page 2: Hoje Macau 14 MAR 2014 #3050

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

2 hoje macau sexta-feira 14.3.2014POLÍTICACECÍLIA L [email protected]

H OW Weng Chong, cidadão de vestes vermelhas que costuma manifestar-se na zona da Praia Grande e do largo do Senado,

começou ontem a distribuir o seu jornal se-manal “Macau Rights Post”, sendo também director da publicação.

O activista, também conhecido como o “estranho vermelho”, decidiu colocar nas páginas do seu jornal os temas que costuma levar para as ruas com cartazes e altifalantes, como é o caso do conflito com os Serviços de Saúde, direitos humanos ou opiniões sobre os dirigentes da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM). Na última página podem ainda ser vistas fotos do “estranho vermelho” com os muitos turistas que diariamente passam no leal Senado.

Ao HM, o Gabinete de Comunicação Social (GCS) confirmou o registo da publicação, feito em Dezembro do ano passado. Contudo, segundo o website do “Macau Rights Post” revela que a pri-meira notícia foi publicada no dia 20 de Dezembro, uma semana antes do registo oficial junto do GCS.

O GCS acrescenta ainda que, segundo a Lei Básica, “os residentes têm direito à liberdade de imprensa, e, por isso, não vai olhar para as acusações publicadas no jornal, dirigidas a membros do Governo.”

Recorde-se que Hoi Weng Chong tentou participar nas últimas eleições para a As-sembleia Legislativa (AL), mas viu ser-lhe negada essa possibilidade porque as 147 as-sinaturas que apresentou foram consideradas como “não elegíveis” pela Comissão para os Assuntos Eleitorais (CAEAL).

O deputado Leong Veng Chai, número dois de José Pereira Coutinho, vol-tou a questionar o Governo sobre a

responsabilização dos altos cargos públicos, nomeadamente devido à polémica ligada ao contrato das operadoras de autocarros. Escreve o deputado na sua interpelação escrita que “o director da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) reconheceu ter aplicado incorrectamente a norma jurídica para a celebração do contrato de prestação de serviços de transporte co-lectivo. E declarou o director da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) ser ele o primeiro a assumir res-ponsabilidades daí decorrentes”.

Contudo, tendo sido “a primeira vez que se regista a assunção de falhas e faltas por parte dos próprios dirigentes”, a verdade é que, segundo o deputado, tudo continua na mesma. “O contrato passou pela DSAJ, gabinete do secretário das Obras Públicas, gabinete da secretária para a Administração e Justiça, Conselho Executivo e Chefe do Executivo. (...) As suas regalias vão ser aumentadas sem um correspondente au-

mento em termos de exigência e ao nível da responsabilização, ou ao nível da postura”, diz, referindo-se à actualização salarial dos titulares dos principais cargos, que viram o seu vencimento aumentar em 10%.

Leong Veng Chai quer saber ainda se é possível “remediar” a situação e evitar novos casos no futuro. “Os titulares dos principais cargos não assumiram até à data as respectivas responsabilidades, mas viram as suas remunerações actuali-zadas, situação que pode conduzir a que essa cultura de gestão e esse ambiente de irresponsabilidade facilmente se instaurem e disseminem em diversos serviços públi-cos.” “Como é que os residentes hão-de depositar confiança no Governo e acreditar que os seus direitos e interesses estão bem protegidos?”

Sobre o futuro novo modelo de autocar-ros, o qual deverá assentar no mesmo modo de funcionamento adoptado até aqui, com uma empresa a assumir o lugar da Reolian, Leong Veng Chai quer saber se “a nível técnico” vai estar de acordo com “o regime de concessão pública”. - A.S.S.

O caso recente de uma campanha de tele-marketing, alega-

damente feita por um instituto de beleza, levou o deputado Ho Ion Sang a questionar o Gabinete para a Protecção dos Dados Pessoais (GPDP) sobre a eficácia da investigação, uma vez que este departamento público só terá analisado o caso com base nas respostas da empresa e não dos queixosos.

Na sua interpelação

“ESTRANHO VERMELHO” JÁ TEM O SEU JORNAL SEMANAL

Protestos saltam da ruapara o “Macau Rights Post”

TELEMARKETING HO ION SANG PEDE JUSTIFICAÇÕES AO GPDP

Será que o sistemaOpt-in ainda funciona?

AUTOCARROS RESPONSÁVEIS CONTINUAM NOS CARGOS

Contratos voltama ser questionados

escrita entregue ao Execu-tivo, o deputado pede que seja garantida a eficácia do sistema Opt-in, utilizado pelas empresas nas suas campanhas de telemarke-ting, mas que apenas permi-te que a campanha seja feita a pessoas que autorizaram a utilização do seu número de telemóvel para receberem campanhas de publicidade. Por isso, Ho Ion Sang pede uma maior investigação por parte do Governo a estas actividades, questionando se já foram feitas violações à lei de protecção dos dados pessoais. “Na última sua última resposta o Governo disse que se a entidade responsável não tiver a autorização dos titulares dos dados e utilizarem os contactos de telemóvel para campanhas de tele-

marketing, é possível que isso esteja contra a lei de protecção de dados e ser uma situação ilegal. Mas a verdade é que os residentes continuam a receber esse tipo de mensagens, emails ou chamadas com número desconhecido da parte de lojas ou empresas. Ou seja, mesmo que a lei proíba isso, não há efeitos práticos.”

Ho Ion Sang diz que recebe reflexões dos cida-dãos, que referem que esse tipo de actos acontecem cada vez mais. “Segundo a resposta do Governo, ainda não foi descoberta a verdadeira situação deste tipo de operações, mas como é que o Governo pode monitorizar a utilização de dados pessoais e garantir a eficácia do sistema Opt--in?” - C.L.

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3 políticahoje macau sexta-feira 14.3.2014

CECÍLIA L [email protected]

A Associação Geral dos Operários de Construção Civil de Macau queixou-se ontem a Francis Tam que

continua a haver trabalhadores locais a serem despedidos sem justa causa, sendo que há ainda alguns que foram suspensos do trabalho sem saber por-quê. Numa reunião com o secretário para a Economia e Finanças, ontem, os trabalhadores pediram a Tam que responsabilizasse os departamentos que têm obrigação de executar a lei do trabalho, ou seja, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), para que estes casos não voltem a acontecer. Tam prometeu que o Governo vai fazer uma “revisão abrangente à proporção de TNR nas obras”.

Já não é a primeira vez que há quei-xas de trabalhadores locais que dizem ser despedidos sem justa causa, por causa de trabalhadores não-residentes. Os operários querem que o Governo actue, “obrigando as empresas a dar prioridade aos trabalhadores locais e, ao mesmo tempo, criando um me-canismo que os expulse de Macau”. Além disso, pedem que os casos sejam investigados e que as empresas que violarem a lei vejam as suas quotas de importação de mão de obra do exterior canceladas. A associação não disse os nomes dos patrões das empresas que terão despedido trabalhadores, mas afirmou que “têm ligação às empresas de jogo e não envolvem projectos públicos”.

Francis Tam sublinhou que o Go-verno tem uma posição forte na gestão de TNR, mas comprometeu-se a falar com os responsáveis dos grandes pro-jectos sobre esta situação. O secretário assegura que o Governo não permite e não tolera empregadores a contratar TNR em substituição dos locais.

O Governo da RAEM gastou 4.500 milhões de patacas entre Ja-

neiro e Fevereiro deste ano, um crescimento de 23,4% face ao mesmo período do ano an-terior, mas que traduz apenas 16,7% da receita arrecadada.

Nos primeiros dois meses, os cofres da Administração de Macau receberam, segundo os dados da execução orçamental, 26.941,8 milhões de patacas, mais 16,2% do que no mesmo período de 2013, correspon-dente a 19,1% do previsto para todo o ano.

Já a despesa total, apesar de ter crescido 23,4%, representa uma execução de 5,8% com o registo de 4.503,7 milhões

Mak Soi Kun pede maisparticipação de Macau em HengqinO deputado Mak Soi Kun quer que a RAEM dê mais atenção ao desenvolvimento da Ilha da Montanha, considerando que o desenvolvimento sustentável do território depende de Hengqin. Contudo, o deputado lembra que apenas estão a ser desenvolvidos, no âmbito de cooperação Guangdong-Macau, o novo campus da Universidade de Macau e o Parque Industrial e Cientifico de Medicina Chinesa. Mak Soi Kun lembra na sua interpelação escrita que a falta de projectos é algo que vai contra a diversificação pedida com o acordo-quadro de cooperação Guangdong-Macau, e insta o Governo a participar mais no desenvolvimento da Ilha da Montanha. Pede uma expansão do espaço a desenvolver para Macau e a luta por mais recursos ao nível de terrenos.

Ng Kuok Cheong quer limitarnúmero de turistas O deputado Ng Kuok Cheong considera que durante os períodos de festividade, como o Ano Novo Lunar, Macau recebe demasiados turistas, algo que veio trazer problemas à vida dos residentes. Na sua interpelação escrita, Ng Kuok Cheong volta a dizer que o Governo Central deveria intervir depois de receber uma sugestão de Macau, à semelhança do que já defendeu na Assembleia Legislativa. Ng Kuok Cheong pergunta ainda se o Governo poderia pedir dados mais pormenorizados sobre o número de turistas, a fim de se poder fazer uma análise mais objectiva.

Japão e Macau assinam acordo de troca de informações fiscais

TNR GOVERNO VAI FAZER UMA “REVISÃOABRANGENTE À PROPORÇÃO NAS OBRAS”

Locais “despedidos sem justa causa”

TRABALHADORES DESPEDIDOS PELA STDM VÃO À DSAL HOJECerca de 40 trabalhadores locais que foram despedidos pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) vão hoje à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para fazer queixa e ter uma reunião com os dirigentes do Governo. O anúncio foi feito através de um comunicado de agenda. A STDM não quis comentar o caso, até à hora do fecho desta edição.

EXECUÇÃO ORÇAMENTAL GOVERNO GASTA MAIS 23,4% EM DOIS MESES

Saldo positivo continua a crescerde patacas. A receita corrente foi de 26.836,3 milhões de patacas, mais 17,4% e a re-presentar os mesmos 19,1% de execução.

No campo da receita da administração, os impostos directos são a principal fonte de rendimento com 22.874,1 milhões de patacas - mais 13% do que nos primeiros dois meses de 2013 e a representar

18,5% para todo o ano de 2014 - com os impostos directos sobre o jogo a representarem a maior fatia.

De facto, os 35% que o Go-verno cobra sobre as receitas brutas dos casinos - num im-posto cobrado entre Dezembro de um ano até Novembro do ano seguinte - valeram 22.306 milhões de patacas, mais 12,6% do que nos primeiros

dois meses do ano passado e representando uma execução prevista de 18,9%.

Os impostos sobre o jogo traduzem 97,5% dos impostos directos recolhidos, 83,32% das receitas correntes e 82,8% das receitas totais, além de representarem, ainda, por exemplo, 28,9% da despesa total feita em 2013.

Entre receitas e despesas, o saldo positivo do orçamen-to de Macau é de 22.438,1 milhões de patacas, uma su-bida de 14,8% face aos dois primeiros meses de 2013 e a traduzir 35% dos 64.160,7 milhões de patacas previstos como saldo final positivo do orçamento deste ano. - Lusa

MACAU assinou um acordo de troca de

informações fiscais com o Japão. O secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, e o cônsul--geral do Consulado--Geral do Japão em Hong Kong, Hitoshi Noda, fo-ram os responsáveis pela assinatura do acordo.

O objectivo princi-pal do acordo é fornecer informações fiscais para o combate à eva-são fiscal transfrontei-riça, “que para além de satisfazer as exigências da Organização para a Cooperação e Desen-volvimento Económi-co (OCDE), contribui para a criação de um ambiente fiscal inter-nacional justo, de um ambiente económico internacional harmo-nioso”, e reflecte, ain-da, “o compromisso da RAEM na cooperação internacional em maté-ria fiscal”.

Até à data, Macau assinou um total de 17 acordos de troca de informações fiscais e de dupla tributação, continuando a negociar com outros países e regiões a assinatura de mais acordos.

Como membro do Fórum Global so-bre Transparência e Troca de Informações para Efeitos Fiscais, a RAEM foi aprovada na segunda fase de avaliação da OCDE. O processo avaliou o mecanismo de troca de informações fiscais, assim como a satisfação dos padrões internacio-nais.

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4 publicidade hoje macau sexta-feira 14.3.2014

Objecto:Prestação dos Serviços de Vigilância e Segurança das Instalações e dos Equipamentos da Responsabilidade do Instituto Politécnico de Macau, pelo período de trinta e seis meses, contados desde 01 de Julho de 2014 a 30 de Junho de 2017, com os seguintes locais: (1) Sede do Instituto Politécnico de Macau (Rua de Luís Gonzaga Gomes e na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues); (2) Campus no Edifício Hotline, 19º andar); (3) Campus no Edifício de Companhia de Electricidade de Macau (Estrada D. Maria II, Edifício de CEM 7.º e 8.º andares); (4) Campus no Edifício Magnificient Court (Rua de Berlim, Edifício Magnificient Court, Bloco 3, 2.ºandar); (5) Campus no Edifício Industrial Ocean (Rua de Pescadores, n.º 230, Edifício Ocean Industrial, Bloco 2, 5.º andar, fracção A); (6) Campus no King Light Garden (Rua de Chiu Chau, n.º 48-52, Edifício King Light Garden, r/c e 1.º andar, Taipa, Macau).

Prazo de validade das propostas do concurso:As propostas do concurso são válidas até 90 dias contados da data de abertura das mesmas.

Explicação do Programa do ConcursoHora e Data: 17 de Março de 2014, pelas 10H00.Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes.

Limite da Apresentação das propostas do concurso:Hora e Data: 31 de Março de 2014, antes das 17H45.Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico

de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes.

Abertura das Propostas do Concurso:Local: Anfiteatro III, 1.º andar do Edifício Wui Chi do Instituto

Politécnico de Macau, sita na Avenida de Dr. Rodrigo Rodrigues/ Rua de Luis Gonzaga Gomes.

Data: 1 de Abril de 2014.Hora: 10H00

Caução Provisória:Devem os concorrentes prestar uma caução provisória, no valor de $562 000,00 (quinhentas e sessenta e duas mil patacas), mediante depósito no Serviço de Contabilidade e Tesouraria do Instituto Politécnico de Macau, ou mediante garantia bancária.

A avaliação das propostas do concurso será feita de acordo com os seguintes critérios:- Preço Razoável (60%)- Qualidade do Serviço (40%):- Curriculum Vitae, envergadura do concorrente,

objectivos e padrão dos serviços de vigilância e segurança; regulamentos de gestão, incluindo o processo de trabalho, o mecanismo de casos de urgência, o mapa de organização pessoal, condições de nomeação pessoal, distribuição, gestão dos ordenados e projectos formativos (15%);

- Propostas favoráveis aos serviços de vigilância e segurança do Instituto Politécncio de Macau (5%);

- Desempenho anterior dos semelhantes serviços ou em outras instituições, é necessário entregar a lista dos clientes do ano 2012 a presente, e os certificados passado pelos clientes sobre a qualidade dos serviços prestados (5%);

- Equipamentos e materiais para vigilância no Instituto Politécnico de Macau, e que deverá incluir catálogos elucidativos das características dos equipamentos a utilizar (5%);

- Limite máximo de idade dos guardas (5%);- Esclarecimentos na reunião (as questões profissionais

levantadas por IPM sobre a prestação do serviço) (5%).

Consulta e Aquisição do “Programa do Concurso” e do “Caderno de Encargos”:O Programa do Concurso e o Caderno de Encargos podem ser consultados e adquiridos na Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, mediante o pagamento de MOP$100,00 (cem patacas).Horário: de 2ª feira a 5ª feira das 09H00 às 13H00 e das 14H30

às 17H45. 6ª feira das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30. Informações:8599 6140, 8599 6153 ou 8599 6404.

Macau, aos 7 de Março de 2014.A Presidente em Exercício, Yin Lei

Prestação dos Serviços de Vigilância e Segurança(sede e escolas/centros fora do campo do IPM)

CONCURSO PÚBLICO N.º 02/DOA/2014

ANÚNCIO

[N.º 31/2014]

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar a representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicada, no uso da competência delegada pela alínea 1) e 14) do n.º 1 do Despacho n.º 01/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 3, II Série, de 15 de Janeiro de 2014 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

N.º do boletim de candidatura

Nome N.º do boletim de abono de residência

Restituição do valor do abono

31200905683 SUN SUT MEI 30201000634 18,700 patacas

Após as verificações deste Instituto, notamos que a representante do agregado familiar de candidatos a habitação social acima mencionada é proprietária de fracção autónoma na Região Administrativa Especial de Macau, desde o termo do prazo para entrega do boletim de candidatura até à data de assinatura do contrato de arrendamento com este Instituto, pelo que, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos das alíneas 2) do n.º 4 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 25/2009(Atribuição, Arrendamento e Administração de Habitação Social). Este Instituto informou-a por meio de ofício, com o no 1309090132/DHS, datada de 9 de Setembro de 2013, a solicitar à interessada acima mencionada para apresentar por escrito a sua contestação pelo facto acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção do referido ofício, entretanto não o fez dentro do prazo indicado. Nos termos dos artigo 5.º e alínea 2) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, e n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, assim como da decisão do despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0295/DHP/DHS/2013, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera por IH.

Simultaneamente, foi cessado a concessão de abono de residência por o agregado familiar beneficiário ter sido excluido da lista geral de espera, e implicando a restituição do abono recebido a partir do mês seguinte ao da aquisição da fracção autónoma, no prazo de 30 dias a contar da data de publicaçao do presente anúncio, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social), n.º 3 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social), com as alterações introduzidas pelos Regulamentos Administrativos n.º 30/2009, n.º 19/2010, n.º 32/2011, n.º 22/2012 e n.º 25/2013, e a decisão do despacho do signatário, exarado na Proposta acima mencionada.

Caso queira contestar a respectiva decisão, de acordo com o disposto no n.º 22 do Despacho n.º 62/IH/2013, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 34, II Série, de 21 de Agosto de 2013 e no artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo , aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, cabe recurso hierárquico necessário da respectiva decisão adminstrativa, à Presidente substituta do Instituto de habitação, no prazo de 30(trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

Chan Wa Keong12 de Março de 2014

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5SOCIEDADEhoje macau sexta-feira 14.3.2014

JOANA FREITAS*[email protected]

O Instituto para os Assun-tos Cívicos e Munici-pais (IACM) detectou, na quarta-feira, um

lote de galinhas vivas infectadas com o vírus da gripe H7N9. O departamento assegura que não há motivos para alarme e essa parece ser a opinião geral dos residentes ouvidos pelo HM.

No total, foram mil as aves vivas que mostraram estar infec-tadas. O lote era proveniente de Zhuhai e estava num dos pisos do Mercado Abastecedor da Nam Yue, na Ilha Verde. O IACM as-segura que nenhuma das galinhas saiu para os mercados municipais, uma vez que ainda estavam na fase de “quarentena e inspecção sanitária”. Ainda assim, mandou abater não só o lote infectado, como animais sem vírus, por precaução. “Para garantir a saúde pública, [o IACM] decidiu actuar de imediato, implementando o mecanismo de proibição de aces-so, abate e desinfecção. As auto-ridades abateram cerca das 7500 aves vivas existentes no mercado abastecedor. Ao mesmo tempo, realizaram uma desinfecção a todo o espaço ambiental do mercado.”

O instituto decretou ainda que, desde ontem, e até dia 3 de Abril está proibida a importação, compra e venda de aves de capoeira no território. O IACM garante que vai também limpar e desinfectar os estabelecimentos de venda de aves e dos locais de abate.

RESIDENTES CONFIANTESO alerta foi dado na madrugada de ontem, pelo que, durante o dia, ainda havia quem não soubesse do sucedido. “Não sabia que já não estavam a vender galinhas vivas e ainda [quarta-feira] comprei para fazer sopa. Pela consideração da nossa saúde, não vou comer mais, mas também raramente compro”, disse um residente ao HM, afir-mando, no entanto, “que se a carne for congelada” vai arriscar. Esta

H7N9 VÍRUS DETECTADO NUM LOTE DE GALINHAS VIVAS NO MERCADO ABASTECEDOR. IACM ABATEU 7500 ANIMAIS

Residentes sem medo

Temos reservas de medicamentos para tratamento para um período de três meses. Mas, apelamos aos cidadãos que não se desloquem a mercados com aves vivas e que prestem atenção à higiene pessoal SERVIÇOS DE SAÚDE

Depois de ordenar a suspensão de compra e venda de aves vivas em Macau – devido a ter sido detectada gripe das aves em galinhas – o IACM diz estar ainda a estudar a hipótese de subsidiar os comerciantes destes animais. Durante 21 dias, é proibido vender galinhas vivas, algo que não preocupa a maioria dos residentes com quem o HM falou – se a carne for congelada, vão continuar a consumir frango

aves vivas e que prestem atenção à higiene pessoal.”

Entretanto, e devido à suspen-são da transacção de aves vivas, os vendedores deste tipo de animais estão a pedir ao Governo que sub-sidie os dias em que ficarão sem trabalhar, devido “à perda de negó-cios”. O HM questionou o IACM sobre o assunto, mas o organismo diz que ainda está a “comunicar com o sector” e que ainda não tem resultados para divulgar à comu-nicação social. A Associação dos Negociantes de Aves Domésticas de Macau disse à Rádio Macau em língua chinesa que cerca de 70 postos de venda destas aves vão ter de fechar durante estes dias, o que afecta “200 trabalhadores”. O que vai surgir depois do período de quarentena também assusta quem faz disto vida. “Já há trabalhadores com medo de não receber salários no final do mês, por isso é que esperamos que as autoridades aju-dem. Mesmo depois de podermos começar a vender, vai haver um período de cerca de dois meses onde o negócio vai continuar a ser afectado, de certeza.”

As galinhas, que provêm da criação de aves de capoeira a cargo da Companhia Jinfeng, no distrito de Doumen, em Zhuhai, tinham o subtipo de gripe H7. Em Macau, nunca foi detectado qual-quer paciente infectado – apesar de terem sido feito mais de 70 despistes – ou caso relacionado com o vírus. Na China continental, recorde-se, cerca de 390 pessoas foram infectadas com o vírus H7N9 e mais de 90 acabaram por falecer. - * com Cecília Lin

que Macau venha a ter um grande surto de gripe”.

VENDEDORES QUEREM SUBSÍDIOSCerca de 30 trabalhadores do mercado abastecedor deverão ter tido contacto com as aves infec-tadas, mas os Serviços de Saúde (SS) garantem que não foram detectados quaisquer sintomas de gripe até à hora do fecho desta edição. Os SS asseguram que as autoridades vão acompanhar de perto o estado de saúde dos tra-balhadores, pelo menos durante dez dias, e afirma que, caso haja um surto em Macau, a situação é controlada. “Temos reservas de medicamentos para tratamento para um período de três meses. Mas, apelamos aos cidadãos que não se desloquem a mercados com

é, aliás, a reacção da maioria das pessoas com quem falámos. “Não tenho medo, porque não como todos os dias frango e acho que, se for cozinhado, não há proble-ma. Além disso, normalmente, compro carne congelada”, disse Ray Lee.

Uma outra residente, Bobo Chan, disse ao HM não ter medo da gripe e ir continuar a consumir. “Comer frango não vai causar nada de grave”, disse, ao mesmo tempo que uma idosa assegura que, “não vai comer frango durante os 21 dias”, mas que “não tem medo

Page 6: Hoje Macau 14 MAR 2014 #3050

hoje macau sexta-feira 14.3.20146 sociedade

O Governo já decidiu qual a empresa que vai construir o novo Tribunal Judicial de Base, com a adjudicação a cifrar-se nas 380 milhões de patacas. O projecto deverá demorar 27 meses até ficar concluído ANDREIA SOFIA [email protected]

A construção do novo edifício do Tribunal Judicial de Base (TJB) já deveria ter começado

no segundo semestre do ano passa-do mas, afinal, vai mesmo arrancar até Junho deste ano. A garantia foi dada ao HM pelo gabinete da secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, com base em informações cedidas pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Espera-se iniciar a construção no primeiro semestre de 2014, (sendo que) o prazo de conclusão será de 27 meses”, foi dito em resposta escrita.

Sin Fon Garden Governo já adiantou 10 milhões de patacas em subsídios

E XECUTIVO afirmou ontem que não vai deixar de prestar apoio aos moradores que ficaram

sem casa devido ao risco de ruína do seu edifício, o Sin Fong Garden.

Em comunicado, o Governo garante que já adiantou subsídios num valor total de 10 milhões de patacas, sendo que continuam a ser atribuídos mensais de 800 mil patacas no total, que beneficiam 101 famílias. “Os montantes atribuídos serão reem-bolsados após a efectivação da responsabilidade”, pode ler-se. Da parte do Instituto de Acção Social (IAS), promete-se disponibilizar “serviços de alo-jamento provisório quando estes forem solicitados pelos moradores com dificuldades de habitação”.

“Desde a ocorrência, em Outubro de 2012, do incidente, tem sido a preocupação máxima do Governo as necessidades habitacionais dos seus moradores. Importa salientar que o Governo compreende as diversas dificuldades dos moradores eventualmente encontradas na vida quotidiana. Em caso de se depa-rarem com dificuldades na habitação, os moradores poderão pedir apoio junto do IAS no sentido de lhes prestar serviços de alojamento provisório.”

De frisar que os moradores do Sin Fong Gar-den prometeram deitar-se no chão em frente ao edifício em forma de protesto, mas acabaram por não tomar essa iniciativa.

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE PROJECTO SÓ ESTARÁ CONCLUÍDO EM 2016

Obras arrancam este anoEspera-se iniciar a construção no primeiro semestre de 2014, (sendo que) o prazo de conclusão será de 27 meses GABINETE DA SECRETÁRIAPARA A ADMINISTRAÇÃOE JUSTIÇA, FLORINDA CHAN

SUSPEITO FOGE DE AGENTES DA PJ QUANDO ESTAVA A SER LEVADO PARA O MP

Ainda a monte por Macau

Do concurso público, iniciado a 15 de Novembro do ano passado e com 11 empresas candidatas, também já existem novidades. Será o conjunto de empresas China Road and Bridge, Coneer Eng. e AD, Urbana J&T e Sonnic, Lda a serem responsáveis pelo projecto de construção, cujo contrato de adjudi-

cação é de 380 milhões de patacas. O anúncio da empresa vencedora consta no website da DSSOPT desde o passado dia 20 de Fevereiro.

O HM questionou ainda o avanço do projecto do novo campus jurídico, que irá albergar todos os tribunais de Macau e que está previsto para os novos ater-

ros, mas do gabinete de Florinda Chan não foi fornecida qualquer informação.

O Governo diz que o novo edifício, a situar-se junto à avenida Doutor Stanley Ho, na zona da Praia Grande, deverá ter oito pisos, onde vão ficar albergados “o bal-cão dos serviços de informações,

a sessão central, os serviços dos juízos especializados, os gabinetes dos juízos, os gabinetes dos ma-gistrados do Ministério Público, as salas de audiência, os serviços do Ministério Público e a sala para os advogados, entre outros”. Vão ainda existir quatro pisos na cave, sendo que dois deles serão desti-nados aos arquivos e manutenção de provas materiais.

Tal como já tinha sido noticia-do, será o CC Arquitectura Limita-da, do arquitecto Carlos Couto, o atelier responsável pela concepção do novo tribunal. O HM tentou contactar Carlos Couto via tele-fone, para saber mais pormenores sobre o projecto, mas o arquitecto não se mostrou disponível até ao fecho desta edição.

Em declarações ao Jornal Tri-buna de Macau em Maio de 2012, Carlos Couto afirmou que o novo edifício do TJB será “o ex-líbris de Macau”. “Os tribunais devem ser sempre uma peça que marca, porque representam na sociedade elementos reguladores. E a arqui-tectura tem de reflectir isso.”

U M homem que ia ser pre-sente ao Ministério Público fugiu ontem de manhã dos

agentes da Polícia Judiciária (PJ) que o detiveram. O indivíduo é suspeito de ter cometido um “roubo” em 2006, segundo a PJ, e ainda estava a monte até à hora do fecho desta edição. As autoridades dizem que o homem não é perigoso.

O suspeito é do continente e fugiu quando estava a ser es-coltado por três agentes da PJ, cerca das 11h30 da manhã de ontem. Segundo as autoridades, quando estava a descer do carro e a entrar no edifício do MP, sem algemas, o suspeito atacou um dos polícias que o acompanhavam e tentou roubar-lhe a pistola, sem sucesso. Devido à confusão, diz a PJ, o homem fugiu em direcção ao jardim Hoi In, perto do casino Rio. Um dos agentes ainda tentou segui-lo, mas acabou por “torcer um pé”, relatam as autoridades,

pelo que não foi possível apanhar o fugitivo. Outro dos polícias disparou tiros para o ar, como sinal de advertência, mas isso não ajudou a parar o homem.

Ao HM, a PJ disse não ter muito mais informações sobre o suspeito de 33 anos, não sabendo, por exemplo, se o homem tinha consigo documentos de identi-ficação. Sabe-se que o suspeito poderá estar ligado a um caso de roubo ocorrido em 2006, mas não foi detido na altura, tendo sido detido quando entrou novamente no território. A PJ explica que “não há ainda provas suficientes” para que o homem seja tido “como criminoso” e afirma que o homem não tinha algemas devido ao crime “não ser grave”. O homem ainda não tinha sido acusado formalmente de nenhum crime, mas sabe-se que “roubou bens avaliados em cerca de quatro mil patacas de uma vítima”. - J.F. com C.L.

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

7 sociedadehoje macau sexta-feira 14.3.2014

O número de veícu-los motorizados a circular nas es-tradas de Macau

aumentou 74,9% nos últimos 10 anos e o maior mercado fornecedor da cidade é Taiwan, indicam dados compilados pela agência Lusa.

Entre Janeiro de 2004 e o mesmo mês de 2014, as estradas de Macau receberam 181.200 novos veículos a motor, 46% dos quais oriundos de Taiwan e 33.4% do Japão, os dois princi-pais mercados abastecedores de veículos motorizados a Macau.

A China contribuiu com 6,1% dos veículos em que se incluem ligeiros, pesados, mo-tociclos e ciclomotores, ao pas-so que outros mercados como a Alemanha ou a Coreia do Sul são responsáveis pelo forneci-mento de, respectivamente, 7% e 1,2%, uma diferença justifi-cada pela apetência de marcas germânicas, habitualmente associadas ao luxo e fiabilidade.

No final de Janeiro de 2014 circulavam nas ruas de Macau 29.629 veículos, mais 74,9% dos que os 131.285 apurados no mesmo mês de 2004.

Dados oficias indicam que em, Janeiro de 2004 estavam registados 59.921 veículos

D UAS pessoas, donas de um restaurante, são suspeitas de ter

subornado funcionários pú-blicos do Instituto para os As-suntos Cívicos e Municipais (IACM). Os responsáveis do estabelecimento de comidas terão tentado pagar aos tra-balhadores para que estes aprovassem o sistema de

Emprego Mais de 1900 vagas para o sector do jogo no quarto trimestre de 2013

VEÍCULOS NÚMERO AUMENTOU 74,9% NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Estradas entupidas

CORRUPÇÃO DONOS DE RESTAURANTE TENTAM SUBORNAR FUNCIONÁRIOS DO IACM

‘Lai si’ no bolso das calçasexaustão do restaurante. “São suspeitos de terem cometido o crime de corrupção activa e o caso já foi encaminhado para o Ministério Público”, refere o CCAC em comu-nicado.

A denúncia foi apresen-tada ao organismo presidido por Vasco Fong pelo próprio IACM. Após a investigação

efectuada pelo CCAC, o comissariado apercebeu-se que o IACM tinha enviado funcionários para efectuar uma fiscalização ao exaus-tor do estabelecimento, motivada por uma queixa. O restaurante não passou no exame e o instituto exigiu--lhe melhorias sob pena de multa ou mesmo a suspen-são do funcionamento para reparação do equipamento. Numa segunda visita, onde seriam recolhidas amostras de fuligem para mais um exame, os donos do restau-rante terão oferecido ‘lai si’ aos dois funcionários do IACM, que os recusaram. No entanto, posteriormente, um dos dois trabalhadores descobriu um ‘lai si’ no bol-so das calças, o que motivou a denúncia.

Os responsáveis do res-taurante - localizado na zona central da cidade – ofere-ceram 4500 patacas “para influenciar o resultado do exame” e podem estar su-jeitos a uma pena de prisão até três anos. - J.F.

ligeiros, 4.554 pesados, 30.968 motociclos (acima de 50 cen-tímetros cúbicos) e 35.842 ciclomotores (igual ou inferior a 50 centímetros cúbicos).

Já no mesmo mês de 2014,

o número de veículos ligeiros subia 71,2% para 102.614, o de pesados crescia 53,27% para 6.980, os motociclos 153,6% para 78.550 e os ciclomotores au-mentavam 15.54% para 41.412.

O ano de 2007 foi aquele em que se venderam mais veículos motorizados - 21.977 - e o único em que as vendas ultrapassaram as 20.000 uni-dades.

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NO último trimestre de 2013, existiam mais de 1900 vagas de emprego no sector

das lotarias e de outros jogos, menos 158 do que em período semelhante de 2012. Dados ontem divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) – resultantes do inquérito às necessidades de mão-de-obra e às remunerações - indicam que existiam 1966 vagas no sector das lotarias e de outros jogos. Havia 2703 postos no comércio a retalho - menos 374 - e 885 no sector dos transportes, armazenagem e comunicações – mais 208.

Quanto ao número de trabalhadores, a maioria continua a estar empregada no sector do jogo: no último trimestre de 2013, havia 56.608 trabalhadores ao serviço das lotarias e outros jogos de aposta, mais 3,2% do que em 2012. En-tre estes, 25.250 eram croupiers, com um salá-rio médio de 16 mil 710 patacas. O comércio por grosso e a retalho é o segundo sector a empregar mais pessoas em Ma-cau e contabilizava 45.819 trabalhado-res, mais 18,2%.

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8 hoje macau sexta-feira 14.3.2014CHINA

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, manifestou-se ontem confiante nas “enor-

mes potencialidades” da economia do país e na sua capacidade para “assegurar um nível apropriado de crescimento”, apesar dos “sérios desafios” que enfrenta. “Não vai ser fácil, mas o que mais devemos recear não é a dificuldade em si, mas o não estarmos preparados” para enfrentar os desafios, disse Li Keqiang no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Numa conferência de imprensa após o encerramento da sessão anual da Assembleia Nacional Po-pular, Li Keqiang salientou que, em 2014, a China “precisa de assegurar um firme crescimento económico e o emprego” e, ao mesmo tempo, “elevar a qualidade e eficiência do desenvolvimento económico” e “tratar da poluição”.

O Governo chinês preconizou para este ano um crescimento eco-nómico de “cerca de 7,5%, igual à meta fixada para 2013 e que acabou por ficar 0,2 pontos percentuais aquém do índice alcançado (7,7%).

Admitindo alguma flexibili-dade naquela meta, o primeiro--ministro chinês disse não estar “preocupado” com o crescimento do Produto Interno Bruto. “O crescimento que queremos é o que proporcione benefícios reais à população”, acrescentou.

Li Keqiang reafirmou que “o aprofundamento das reformas em todas áreas económicas e sociais” continuará “no topo da agenda” do seu Governo, “para estimular plenamente o mercado e a criatividade da sociedade”. O primeiro-ministro chinês pro-meteu “aprofundar a reforma das

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, prometeu ontem “tolerância zero”

para com os funcionários corrup-tos e assegurou que a campanha anti-corrupção, que no último ano atingiu mais de uma dezena de al-tos quadros do Partido Comunista, “vai continuar com perseverança”. “O Governo está firme na sua von-tade e determinação para combater a corrupção do China”, disse Li Keqiang no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Numa conferência de imprensa

transmitida em directo pela rádio e televisão, Li Keqiang caracteri-zou a corrupção como “o inimigo natural do governo popular”. “A China é um país sob o primado da lei. Toda a gente é igual perante a lei”, disse.

Em 2013, Bo Xilai, um an-tigo membro do Politburo do Partido Comunista Chinês, foi condenado a prisão perpétua por corrupção e abuso do poder, mas o processo foi associado a uma alegada luta interna pelo poder. “Independentemente da

posição que ocupa, quem violar a disciplina do Partido e a lei do país será punido de acordo com a lei”, afirmou o primeiro-ministro chinês.

A corrupção é uma das princi-pais fontes de descontentamento popular na China. Após o último congresso do PCC, em Novem-bro de 2012, a nova liderança do partido adoptou o combate à corrupção como um das suas prioridades, prometendo “com-bater as pequenas moscas e os grandes tigres”.

Bruxelas recebe primeira visitade um Presidente chinês a 31 de Março

Não vai ser fácil, mas o que mais devemos recear não é a dificuldade em si, mas o não estarmos preparadosLI KEQIANG Primeiro-ministroda China

ECONOMIA LI KEQIANG CONFIA NUM “NÍVEL APROPRIADO DE CRESCIMENTO” EM 2014

Persistência nas reformas

CAMPANHA ANTI-CORRUPÇÃO “VAI CONTINUAR COM PERSEVERANÇA”

Contra o inimigo natural

empresas estatais” e “desenvolver um sistema de propriedade mista”, para fomentar “maior concorrên-cia”, nomeadamente na assistência médica e outras áreas do sector de serviços. “Vai demorar algum tempo, mas temos de ser persis-tentes”, disse.

Segundo referiu, o programa de reformas preconizado pela direc-ção do Partido Comunista Chinês em Novembro passado “abala interesses instalados” e “alguns lugares serão deslocados”.

Na conferência de imprensa, de quase duas horas, Li Keqiang foi também questionado acerca da divida interna contraída pelas pro-víncias e autarquias chinesas, que, na opinião de analistas ocidentais, pode ser “um grande perigo para a economia mundial”. “Em 2013 efectuamos uma auditoria geral à divida do Governo. Os riscos da dí-vida estão sob controlo”, afirmou.

Li Keqiang disse que “a per-centagem da dívida face ao Pro-duto Interno Bruto está abaixo do nível de alerta internacionalmente reconhecido”, mas - acrescentou - a China “não subestima os riscos potenciais da dívida”,

A China é a segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, e em 2013 tornou-se também a maior potência comercial, com um volume de ex-portações e importações superior a cerca de 30 biliões de patacas.

O Presidente chinês, Xi Jin-ping, vai visitar a 31 de

Março as principais instituições europeias em Bruxelas, por oca-sião de um périplo por alguns países europeus, divulgou esta quarta-feira a União Europeia (UE).

Esta visita será “a primeira na história de um Presidente chinês às instituições europeias”, subli-nhou o Conselho Europeu, num comunicado. Xi Jinping, chefe de Estado desde Março de 2013, será recebido pelos presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão

Europeia, José Manuel Durão Barroso.

A 1 de Abril, o governante chinês irá pronunciar um discurso sobre as relações UE-China no Co-légio da Europa em Bruges (Bélgi-ca), prestigiada instituição privada de ensino que consta no currículo de um grande número de funcionários europeus. A visita de Xi Jinping a Bruxelas surge no âmbito de um périplo europeu, que irá incluir deslocações a França e à Holanda, onde o representante de Pequim vai participar, em Haia, numa cimeira sobre segurança nuclear agendada para 24 e 25 de Março.

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9 chinahoje macau sexta-feira 14.3.2014

REGIÃO

O primeiro-ministro chinês, Li Ke-qiang, afirmou

ontem que “a guerra contra a poluição” declarada pelo seu Governo será “uma ba-talha difícil” e “vai demorar tempo” a vencer. “Não é uma guerra contra a natu-reza, mas contra o nosso ineficiente e insustentável modelo de crescimento e modo de vida”, disse Li Keqiang no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Numa conferência de imprensa após a sessão anu-al da Assembleia Nacional Popular, Li Keqiang disse que as causas da poluição na China são “complexas” e que a solução vai “de-morar”, mas o Governo “não pode ficar sentado” e “tem de agir”. “A poluição tornou-se “uma questão grave e afecta a vida da população”, salientou.

Já este ano, o corte no consumo de carvão, a principal fonte de energia no país, ascenderá a 220 milhões de toneladas, um aumento de 3,9% em rela-ção a 2013, anunciou.

O primeiro-ministro chinês prometeu “medidas duras” para defender o ambiente e alertou que os que violarem as regras ou “fecharem os olhos “ às infracções serão “severa-mente punidos” e “respon-sabilizados”.

Li Keqiang salientou que a China está a monitori-zar a qualidade do ar em 164 das suas cidades, na “mais extensa rede do género em qualquer país em vias de desenvolvimento”. “Iremos declarar guerra à poluição e iremos combatê-la com a mesma determinação com que lutámos contra a pobreza”, diz o relatório do

Governo chinês aprovado hoje por 99% dos cerca de 3.000 delegados à Assem-bleia Nacional Popular.

Durante a sessão anual da Assembleia, um vice--ministro da Protecção Ambiental, Wu Xiaoqing, indicou que entre as 74 principais cidades, apenas três (Haikou, Lhasa e Zhou-shan) cumpriram os valores padrão de qualidade do ar em 2013. “Estamos a pagar ‘um preço muito alto’ pelo crescimento económico”, disse Wu Xiaoqing.

Na última semana de Fe-vereiro, em Pequim, a den-sidade de partículas PM2,5, as mais susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões, chegou a ultrapassar os 400 microgramas por me-tro cúbico, muito acima do máximo de 25 preconizado pela Organização Mundial de Saúde.

A China vai continuar a procurar o avião da Malaysia Airlines,

desaparecido desde sábado, “enquanto houver uma cen-telha de esperança”, afirmou ontem o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

A bordo do Boeing 777 da Malaysia Airlines se-guiam 239 pessoas, dos quais quase dois terços são chineses (153). “Os familia-res e amigos destas pessoas

estão a ser consumidos pela ansiedade”, sublinhou Li Keqiang, em conferência de imprensa.

“O Governo e o povo chinês estão profundamente preocupados com a sua se-gurança”, acrescentou.

A China participa nas operações com oito navios, estando o nono a caminho, tendo ainda colocado ao ser-viço das buscas dez satélites, indicou.

O avião da Malaysia Airlines partiu, na madru-gada de sábado, de Kuala Lumpur rumo a Pequim, não havendo, até ao momento, qualquer sinal do aparelho.

Satélites chineses cap-taram imagens de objectos flutuantes suspeitos, mas aviões do Vietname desta-cados ontem para o local não encontraram qualquer vestígio de eventuais des-troços da aeronave.

P ELO menos 31 pessoas morreram e outras nove continuam desaparecidas na sequência de uma explosão provocada

pela colisão entre dois camiões-cisterna num túnel no norte da China, informou a imprensa oficial ontem, duas semanas após o acidente.

Esta é a primeira vez que a imprensa estatal publica o elevado número de vítimas mortais no acidente, que ocorreu a 1 de Março num túnel de 800 metros perto de Jingcheng, na província chinesa de Shanxi, desencadeado pelo choque entre os dois camiões carregados de metanol.

Aquando do acidente, as autoridades chineses deram conta, através dos meios de comunicação oficiais, de que 12 pessoas ficaram feridas e de que outras nove tinham sido dadas como desaparecidas.

O Conselho de Estado chinês, indica a agência Efe, enviou uma equipa de investi-gação a Jincheng, formada por elementos de uma dezena de instituições governamentais.

A colisão ocorreu no mesmo dia do

O S suicídios de pessoas afectadas pelo sismo e tsunami de Março de

2011 que devastou o nordeste do Japão aumentaram 54% no ano passado face a 2012, indicam dados publicados ontem pelas autoridades nipónicas.

Nas prefeituras de Iwate, Miyagi e Fukushima - as mais afectadas pela catástrofe - fo-ram registados 37 suicídios relacionados com a tragé-

dia, mais 13 do que no ano anterior, segundo o balanço anual divulgado pela Agência Nacional de Polícia, dois dias depois de cumprido o terceiro aniversário.

Apesar de os suicídios nas três regiões mais atingidas pelo desastre natural e pela crise nuclear terem aumentado, o número de suicídios em todo o país diminuiu 2,1% para 27.283, naquela que figura

como a quarta descida anual consecutiva.

Na região de Fukushima, o número de suicídios relaciona-dos directamente com a tragédia pela polícia subiu de dez em 2012 para 23 em 2013.

A polícia japonesa associa os suicídios à catástrofe com base em notas deixadas pelos falecidos e em declarações dos seus familia-res, tendo também em conta se residiam em casas temporárias

ou se estavam envolvidos nos trabalhos de reconstrução.

Os deslocados “podem sentir-se stressados por não saberem quando regressarão a casa, afastados dos seus entes queridos ou isolados das pes-soas que os rodeiam”, explicou Yasuyuki Shimizu, um respon-sável da organização japonesa de consciencialização contra o suicídio “Life Link”, em declarações à agência Kyodo.

POLUIÇÃO É PRECISO TEMPO PARA COMBATER

“Uma batalha difícil”

MALAYSIA AIRLINES PEQUIM CONTINUA BUSCAS

“Enquanto houver uma centelha de esperança”

EXPLOSÃO PELO MENOS 31 MORTOS E NOVE DESAPARECIDOS

Choque fatal

JAPÃO SUICÍDIOS RELACIONADOS COM TSUNAMI DO JAPÃO AUMENTARAM 54% EM 2013

Stressados e isolados com Fukushima

ataque em Kunming (sudoeste do país), atribuído por Pequim a separatistas do Xinjiang.

O ataque - o primeiro do género regis-tado na China - foi executado por homens armados com grandes facas que começaram a esfaquear indiscriminadamente as pessoas que se encontravam no ‘hall’ da estação ferroviária daquela cidade.

Quatro dos atacantes foram abatidos no local e outros quatro, entre os quais uma mulher, foram detidos, segundo a polícia.

O líder do grupo foi identificado como Abdurehim Kurban, um nome aparente-mente uigur, a maior etnia do Xinjiang, de religião muçulmana e cultura turcófona.

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ANÚNCIO

[N.º28/2014]

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, no uso da competência delegada pela alínea 1) do n.º 1 do Despacho n.º 01/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 3, II Série, de 15 de Janeiro de 2014 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletimde candidatura

Nome N.º do boletimde candidatura

*NG ON NAM 31200900038 *KWAN IP SENG 31200901939*CHEONG KIN WA 31200904531 *CHE MOU HAN 31200906042*TAM NOI KOK 31200903054 *HOI CHAK CHAT 31200903383

Após as verificações deste Instituto, notamos que os representantes dos agregados familiares não apresentaram os documentos mencionados no prazo fizado, pelo que não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009, este Instituto informou-os por meio de ofícios, com os n. os 1307260243/DHS, datada de 29 de Julho de 2013, 1309120102/DHS, 1309120133/DHS, datada de 13 de Setembro de 2013, 1310150343/DHS, datada de 17 de Outubro de 2013 e 1310180237/DHS, 1310180247/DHS, datada de 21 de Outubro de 2013, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção dos referidos ofícios, mas não fizeram a entrega das suas contestações. Nos termos dos artigo 5.º, n.º 3 do artigo 9.º e alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009, assim como do despacho do Chefe do Departamento de Habitação Pública, exarado nas Propostas n. os 0344/DHP/DHS/2013, 0383/DHP/DHS/2013 e 0541/DHP/DHS/2013, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera.

* Simultaneamente, foram cessados a concessão de abono de residência por os agregados familiares beneficiários terem sidos excluidos da lista geral de espera, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social).

E de acordo com o disposto no n.º 22 do Despacho n.º 62/IH/2013, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 34, II Série, de 21 de Agosto de 2013 e no artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, cabem recurso hierárquico necessário da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

Chan Wa Keong

10 de Março de 2014

ANÚNCIO

[N.º29/2014]

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar a representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicada, no uso da competência delegada pela alínea 1) do n.º 1 do Despacho n.º 01/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 3, II Série, de 15 de Janeiro de 2014 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletimde candidatura

LEI A CHAO 31200905215

Após as verificações deste Instituto, notamos que a representant do agregado familiar não apresentou os documentos mencionados no prazo fizado, pelo que não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009, este Instituto informou-a por meio de ofício, com o n. o 1311070034/DHS, datada de 8 de Novembro de 2013, a solicitar ã interessada acima mencionada para apresentar por escrito a sua contestação pelos factos acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção do referido ofício, mas não fez a entrega da sua contestação. Nos termos dos artigo 5.º, n.º 3 do artigo 9.º e alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009, assim como do despacho do Chefe do Departamento de Habitação Pública, exarado na Proposta n. o 0048/DHP/DHS/2014, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera.

E nos termos das alínea b) do n.º 2 do artigo 145.º, n.º 1 do artigo 154.º, n.º 1 do artigo 155.º e n.º 1 do artigo 157.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, cabe recurso hierárquico necessário da respectiva decisão adminstrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

Chan Wa Keong 10 de Março de 2014

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12 EVENTOS

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JÁ ENTÃO A RAPOSA ERA O CAÇADOR • Herta MüllerRoménia nos últimos dias do regime de Ceausescu: amigos que se fizeram traidores, outros que desapareceram, provavelmente assassinados; ex-directores tornam-se professores, fiéis de armazém tornam-se directores. Numa atmosfera onde o medo e o horror são omnipresentes, a professora Adina, a operária fabril Clara e o músico Paul tentam sobreviver. Mesmo depois da queda do regime, a ameaça não se dissipa. A raposa continuou a ser o caçador. Herta Müller, uma das mais proeminentes autoras de língua alemã, combina o vigor imagético e a prosa rítmica numa singular abordagem do totalitarismo. Na fundamentação da Academia Sueca de Estocolmo, lê-se sobre a autora galardoada com o Prémio Nobel de Literatura de 2009 que «retrata, através da concentração da poesia e a franqueza da prosa, a paisagem dos desapossados».

LANTERNA MÁGICA • Ingmar BergmanNesta sua autobiografia, Ingmar Bergman lança, em 1987, um olhar sobre a sua vida marcada por uma educação rígida, uma imaginação fecunda e uma vida amorosa acidentada. Através da sua leitura vemos como foi um homem do teatro e do cinema, tendo vivido com intensidade os seus momentos de crise e de graça. Bergman avalia sem auto complacência as suas relações familiares, de amizade e amorosas, e fala com lucidez dos seus encontros com actores como Laurence Olivier, Greta Garbo ou Ingrid Bergman. Revela ainda episódios desconhecidos das filmagens de “Morangos Silvestres”, “Mónica e o Desejo” e “Sonata de Outono”. A obra testemunha as suas feridas e crises, mas também os seus momentos de felicidade, iluminados pelo persistente fulgor da infância.

hoje macau sexta-feira 14.3.2014

JOSÉ MARQUES MEIO SÉCULO EM CENA COM O FOTÓGRAFO DO TEATRO

Retrato de uma época em mais de cem mil imagensN EGATIVOS, negativos

em vidro, provas de con-tacto, slides, fotografia digital. Diferentes su-

portes ao serviço de uma época, documentada pela lente de José Marques (1924-2012), um dos mais importantes nomes da fotografia de teatro em Portugal e um dos primei-ros a chegar ao Rossio no dia em que as chamas consumiram o D. Maria, na madrugada de 2 de Dezembro de 1964. Nos 50 anos da efeméride,

o teatro vai “contar a história do desgraçado incêndio, fotografado no próprio dia e nos dias seguintes por José Marques, que fotografou ainda a companhia Amélia Rey Colaço Robles Monteiro no meio dos escombros. Foi toda uma forma de fazer teatro que desapareceu. É a fotografia, um sistema mecânico, que nos ajuda a resgatá-lo”, descreve Carlos Vargas, Presidente do Con-selho de Administração do TNDM II, que no final de 2013 adquiriu a

totalidade do espólio do fotógrafo aos seus herdeiros.

Mais de 100 mil imagens recupe-ram este e outros momentos, produ-zidas ao longo de três décadas pelo “sr Marques”, como ficou conhecido o homem da máquina, que em bom tempo trocou a efemeridade do cir-cuito dos casamentos e baptizados pelos palcos e seus bastidores. De-pois da passagem por uma bolha de anóxia, tratamento químico prévio ao ingresso no arquivo, o material

submete-se agora a uma fase de ca-talogação. “Vamos começar também com um processo de digitalização, que já temos vindo a fazer, para pude-rem ser consultadas online”, adianta

Carlos Vargas. O mesmo acontecerá com este conjunto de fotos. Apesar do “trabalho ciclópico” que a equipa tem pela frente, o entendimento do funcionamento do arquivo pessoal

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eventos 13hoje macau sexta-feira 14.3.2014

Q UANDO o objectivo é en- sinar arquitectura, afinal, por que não começar com o

edifício da própria escola? Será assim na nova Universidade de Arquitectura de Tournai, cujo projecto acaba de ser ganho pelo atelier português Aires Mateus.

Com uma primeira fase de tra-balhos orçada em cerca de quarenta milhões de patacas, nesta obra os irmãos Manuel e Francisco Aires Mateus visam passar aos estudantes a importância de conceitos como os de troca e partilha, concentrando-se na criação de espaços colectivos.

Eliminar corredores e divisões, obrigar as pessoas a circular pelo

“A SAS do Vento” é uma das apostas do festival, no ano

em que a Hungria é o país homenageado e estão apenas dois filmes portugueses a concurso. Começa amanhã, em Lisboa.

Hayo Miyazaki, reali-zador japonês de 73 anos, anunciou a reforma em Se-tembro de 2013. A notícia foi recebida num misto de lamento e descrença, aumen-tando o interesse em torno de “Asas do Vento”, aquele que deveria ser o seu último

filme. As notícias sobre a sua saída de cena foram, no entanto, claramente exagera-das. No final do ano, figuras próximas do autor revelaram que a tentativa para deixar a animação deveria ser, como as anteriores seis, um falso alarme. Já o interesse no filme mantém-se (ou não fosse Miyazaki um nome obrigatório do cinema de animação) e é na edição deste ano da Monstra que terá a sua estreia portuguesa - sábado, no cinema São Jorge, em Lisboa. A segunda casa do

festival, que começa amanhã, é o cinema City Alvalade (como nos anos anteriores).

O que está mesmo dife-rente é o número de filmes portugueses na programa-ção. Apenas 13, entre sete trabalhos de estudantes, quatro supershorts - Jealous (By The Brick), The Lan-dscapes, O Outro Lado e Peel - e dois na competição das curtas-metragens (sem contar com Feral, realizado por Daniel Sousa, de origem portuguesa, mas produzido nos EUA).

ARQUITECTURA ATELIER AIRES MATEUS VENCEU CONCURSO PARA UNIVERSIDADE DE TOURNAI

Ideia de urbanidade

CINEMA DE ANIMAÇÃO MONSTRA ESTREIA O ÚLTIMO FILME DE HAYAO MIYAZAKI

Referência obrigatória

do seu autor é facilitado pelo facto de ter sido encontrado e retirado tal como se encontrava em sua casa, alvo de uma minúcia a que associam inúmeros livros de registo.

Entre espectáculos e eventos vá-rios para lá do pano, o legado devolve memórias de Amália Rodrigues, ou dos então muito jovens João Perry, João Mota, e Carlos Avillez, actual geração de mestres que se fazia ro-dear da inspiradora Amélia Rey Co-laço. Jantares, reuniões de trabalho, cerimónias oficiais agora revividas, pela lente de um nome reconhecido pela comunidade artística e desafiado a captar de forma sistemática a esfera privada dos artistas, das casas de fado aos botequins.

Um olhar demorado sobre en-saios dos actores e as manobras ensaiadas no quotidiano, até ver impressionada a película da sua 6x9.

UM CASAMENTO COM O TEATROO vínculo de José Marques com o D. Maria II remonta à década de 50, quando é convidado para ser fotógrafo da Companhia Amélia Rey Colaço, indicado pelo actor Varela Silva. Cedo conquista a confiança e apreço por parte dos directores da casa, acabando por forjar o laço de “residente” até ao começo dos anos 70. “Aparentemente teria um contra-to de exclusividade, coisa que não acontece. O seu trabalho demonstra isso. Fotografa Lisboa inteira. Muito provavelmente, o facto de trabalhar essencialmente para a companhia do Nacional confere um certo estatuto e vai-lhe abrindo portas. Vai num grande crescendo até ao 25 de Abril”.

Face ao incêndio de 64, e ao longo período de reconstrução que relega a sua reabertura para 1978, José Marques vai fotografando outras companhias, todo o teatro de revista no Parque Mayer, percorrendo o Maria Vitória, Capitólio, Variedades e ABC, e ainda o Teatro Municipal São Luiz, a Casa da Comédia, o Teatro Experimental de Cascais, o Teatro Adoque, teatro infantil e grupos amadores. “Esse trabalho no pós-25 de Abril tem menos expres-são, com questões de moda que se impõem e o aparecimento de outros fotógrafos. Começa a fotografar cada vez mais a vida social, e vai tendo alguns contratos com a imprensa”. Actuou como freelancer, colaborou com a Nova Gente, e retratou caras conhecidas, que dele guardam a figura de cabelos brancos e longos bigodes caídos. Repórter em exercício entre 1949 e 2011, entretanto esquecido no meio teatral, renasce por via de um trabalho que ajuda a reabilitar outros profissionais marcantes. “Depois da exposição dedicada a Lucien Donnat, cenógrafo e figurinista, temos a inten-ção de continuar a tratar monografi-camente cenógrafos importantes do século XX, como José Barbosa, Pinto de Campos, que deixaram material iconográfico em enorme quantidade e qualidade. Há muito material no espólio José Marques referente a estes dois nomes”.

interior de zonas de trabalho, e, indo ainda mais longe, fazer da escola um acesso entre dois bairros da cidade – são algumas das caracte-rísticas base das novas instalações da universidade que já em 2015 começará a mudar-se do seu actual campus, a 10 quilómetros do centro da cidade, para o centro de Tournai. “Toda a estratégia [do projecto] tem a ver com a resposta a essa ideia de

urbanidade”, explica Manuel Aires Mateus. E responder ao centro ur-bano implicou todo um trabalho de relação com pré-existências – desde logo, uma lição de arquitectura.

No complexo a ocupar, para além de várias pequenas constru-ções mais incaracterísticas, exis-tem um antigo hospital do século XVIII e dois edifícios industriais do princípio do século XX. O

projecto de Manuel e Francisco Aires Mateus prevê a demolição do edificado de menores dimensões e a reabilitação dos três maiores.

O antigo hospital receberá os ser-viços administrativos e os dois edifí-cios industriais, de estrutura metálica e espaços amplos, receberão as salas de aulas e bibliotecas. O edifício a construir de raiz funcionará como um grande foyer, o grande espaço público – e de representação pública – da escola, com zonas expositivas e auditórios. “O que fizemos com esse edifício foi unir todos os níveis [da escola], assegurando [através dele], todas as circulações verticais e horizontais, tanto no interior da universidade como entre as praças”, explica ainda Manuel Aires Mateus.

Esse edifício funcionará, assim, “tanto como espaço interior como eixo do redesenho de toda a envol-vente exterior”.

EDIFÍCIO NEUTROComo no resto da zona antiga da cidade, nesta zona, o edificado mais característico tem embasamentos feitos em “bluestone” e fachadas em tijolo. O projecto prevê que a nova construção se apague de forma a evidenciar essas características essenciais das pré-existências. “Queremos um edifício tão neu-tro quanto possível, que se deixe fazer apenas de pano de fundo. Interessa-nos a ideia da memória e, sobretudo, queremos trabalhar a ar-quitectura não só como forma mas, fundamentalmente, como espaço.”

Essa é outras das lições – construir menos, tirar mais partido do que existe já: “Foi um dos desafios: com uma só construção não só funcionalizamos todos os edifícios como com eles redesenhamos o espaço público.”

À fase final do concurso público internacional chegaram cinco candi-datos. O projectos dos irmão Mateus venceu contra propostas de ateliers franceses e belgas como Lacaton & Vassal e Robbrecht en Daem.

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14 hoje macau sexta-feira 14.3.2014

hARTE

S, L

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S E

IDEI

AS

Thomas Lim*

I MAGINE que é um aspirante a cineasta em Macau. Tudo o que tem, por agora, é a ideia para o que poderá ser uma grande histó-

ria. Quer contá-la através de um filme e quer que as pessoas a vivam através do grande ecrã. Mas, como se faz um filme em Macau?

É com prazer – e honra – que, deta-lhadamente, vos mostro, através deste meu artigo para o Hoje Macau, como foi para mim filmar a minha primeira longa-metragem – “Roulette City” - em Macau. Para quem não sabe, “Roulet-te City” foi completamente filmado no território e lançado ao público nos principais cinemas do Japão, de Singa-pura e também em Macau. Além de ter dirigido o filme, fui ainda o actor prin-cipal e escrevi o guião.

Nasci e fui criado em Singapura e es-tudei para ser actor em Londres. Traba-lhei como actor de teatro em Singapura e Hong Kong e como actor de televisão

FAZER UM FILME EM MACAU: DO GUIÃO ÀS FILMAGENS

Capítulo I: Porquê filmar em Macau?

3) O espaço compacto de Ma-cau. O tempo é uma das mais impor-tantes considerações e um dos facto-res mais limitadores quando fazemos um filme. Muita gente não entende isto, mas muito do que se vê no ecrã é produto do que o director conseguiu fazer sob constrangimentos dos seus recursos, sendo o tempo o mais impor-tante deles. Por exemplo, um director pode ter um plano para filmar algo de uma determinada forma, mas pode ser forçado a filmá-la de forma mais simples por não ter tempo suficiente para o fazer. Daí que o espaço com-pacto de Macau permite cortar, signi-ficativamente, no tempo entre locais e mesmo noutras tarefas durante a pro-dução. Na produção cinematográfica, como em tudo, tempo é dinheiro... e significa também conseguir filmarmos o que inicialmente planeamos.

e cinema na China. Então, porque esco-lhi fazer a minha primeira longa-metra-gem em Macau? As razões são muitas.

1) As ruas espectaculares. Macau é deslumbrante e exótico aos olhos de um estrangeiro. Basta dobrarmos uma esquina para sermos transportados de um beco chinês aparentemente duvido-so para uma praça que se assemelha, em muito, às que podemos encontrar em Lisboa. À noite, sob a luz amarelo-ala-ranjada dos candeeiros de rua, as ruas de Macau transformam-se num dos mais bonitos lugares da Ásia para fotógra-fos e cineastas. Uma palavra que eu e o meu director de fotografia, Sam Voutas, constantemente usamos para descrever a paisagem de Macau é “textura”. Sente--se, nas ruas de Macau, muita textura. E muito carácter. Isto torna Macau em algo muito agradável de ver em filmes. Uma paisagem que, facilmente, nos faz evocar diversos sentimentos: tristeza, romance, perda, alegria e até mesmo horror, que inspiram os cineastas.

2) As audiências internacionais sentem curiosidade sobre Macau. Há muito poucos filmes que são inteira-mente filmados em Macau. Algumas produções estrangeiras vêm para Ma-cau filmar (especialmente de Hong Kong), mas, normalmente, não envol-vem suficientes actores de Macau, ou até mesmo equipas e locais para que seja considerado um filme “made in Macau”. Acreditei que isto tornasse Macau mais apelativo aos olhos das audiências internacionais. E, de fac-to, estava certo. Quando o “Roulette City” foi visto nos cinemas japone-sas pela primeira vez no Japão, mui-tos dos espectadores quiseram ver o filme por ser completamente filmado em Macau, algo raro. Os japoneses já ouviram falar da cidade, mas sabem muito pouco sobre Macau, excepto que é uma cidade infestada de casinos. No entanto, consideraram a localiza-ção como sendo um dos pontos mais a favor do filme e estão esfomeados por mais filmes “made in Macau”.

* actor, guionista e director do filme “Roulette City”

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 14.3.2014

E M Macau não se celebra pu-blicamente a festa pagã do Carnaval. No entanto, mes-mo antes desses cinco dias

abertos às diabruras que ninguém leva a mal, já no dia 27 de Fevereiro a Con-fraria do Senhor Bom Jesus dos Passos iniciou a novena na Igreja de Nossa Se-nhora da Graça, durante a qual se fez a preparação dos fiéis devotos ao Senhor dos Passos, lembrando-lhes a triste his-tória ocorrida há dois mil anos no bos-que das Oliveiras.

Durante o ano, é por detrás do al-tar mor desta igreja, mais conhecida por Igreja de Santo Agostinho, que fica exposta a imagem do Senhor Bom Je-sus dos Passos coberta com uma túni-ca roxa e carregando a cruz. A figura, que parece viva, tem o tamanho de um adulto e está vergada ao peso da cruz, sendo representada em abatimento fí-sico e moral. Na cabeça, uma coroa de espinhos, a cara está ensanguentada e tem uns olhos penetrantes, mas tristes.

Durante nove dias são diárias as missas; às oito horas da manhã, em chi-nês e às 17h30 em português, fazendo--se ainda o culto à Paixão de Cristo.

Chegados ao primeiro sábado da Quaresma, que ocorreu este ano no dia 8 de Março, logo às oito da manhã foi celebrada a missa da Festa das Cinco Chagas do Senhor e na parte da tarde, a Via-Sacra. Ainda houve o Sermão do Horto em chinês, sendo em português feito já na Sé Catedral, para onde foi nesse dia a imagem transladada em Procissão da Cruz, que saíra às 19h da Igreja de Nossa Senhora da Graça.

O andor com o Senhor dos Passos carregando a cruz foi coberto por um véu transparente de cor roxa antes de deixar a igreja. Transportado pelos membros da confraria, levava atrás a banda da polícia que por vezes tocava uma marcha fúnebre. Em cortejo lento, seguia-se uma imensa moldura humana de devotos. Pelo caminho entre a Igre-ja de Santo Agostinho e a Sé, à passa-gem da imagem as pessoas ajoelharam--se numa atitude de penitência e houve ainda quem montasse à entrada de casa uma mesa com dois candelabros acesos e mirra a fumegar. Feito num carregado silêncio, o percurso simbólico do Cal-

José simões morais(TEXTO E FOTOS)

PROCISSÃO DO SENHOR BOM JESUS DOS PASSOS

vário desceu pela Calçada do Tronco Velho, Rua Dr. Soares, atravessou a Avenida Almeida Ribeiro e pelo Lar-go do Senado entrou na Travessa do Roquete, seguindo pela Rua da Sé até chegar à Catedral.

À porta de entrada da Sé, o Bispo de Macau esperava a procissão. Após o Sermão do Horto feito por um padre Jesuíta e finda a comunhão, os fiéis co-locaram-se em fila para puderem tocar na venerada imagem.

Na Sé Catedral ficou em vigília a estátua até ao dia seguinte, sendo em procissão transportada de novo para a Igreja de Santo Agostinho no primeiro domingo de Quaresma.

Após o Sermão do Pretório (para lembrar aos fiéis os tormentos infligi-dos ao Filho do Homem no Pretório de Pilatos) dado em chinês ainda na Sé Catedral, saiu a imagem em procissão desta igreja “a caminho do Calvário”. Descendo a Travessa do Bispo, entrou na Rua de S. Domingos, seguiu depois pela Rua Pedro Nolasco da Silva onde parou em frente ao Consulado Portu-guês, pois aí se encontra uma das es-tações da Via-sacra. Seguiu a procissão pela Rua do Campo e no cruzamento com a Avenida da Praia Grande uma nova paragem, com outra estação em frente à entrada do antigo Centro Católico. Tal como nas anteriores es-tações da Via-sacra e nas restantes, a Verónica, representada por uma jovem vestida de branco e com trajes da épo-ca, abriu um rolo e mostrando o sudá-rio de Cristo cantou o lamento: “o vos omnes qui tansitis per viam, atendite e videte si est dolor sicut dolor meus”, (ó vós todos que passais pelo caminho, detendo-vos e vede se há dor seme-lhante à minha dor).

Subiu a procissão pela Travessa do Padre Narciso e no topo, em fren-te às escadas que levam à Igreja de S. Lourenço, uma outra estação da Via--sacra. Daí, pela Rua de S. Lourenço continuou pela Rua Central, subindo depois a Calçada do Teatro e por fim chegou ao Largo de Santo Agostinho. Em frente à porta da igreja, a última das

(Continua na pagina seguinte)

NA SÉ CATEDRAL FICOU EM VIGÍLIA A

ESTÁTUA ATÉ AO DIA SEGUINTE, SENDO

EM PROCISSÃO TRANSPORTADA DE NOVO

PARA A IGREJA DE SANTO AGOSTINHO NO

PRIMEIRO DOMINGO DE QUARESMA

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16 hoje macau sexta-feira 14.3.2014h

estações dolorosas, onde a Verónica, pela última vez mostrou a imagem dum rosto com golpes a escorrerem sangue, enquanto cantou o angustiante lamen-to. A procissão terminou ao fim de duas horas de percurso e a cerimónia foi concluída dentro da igreja, onde se realizou o Sermão do Calvário falado em português e foi dada a Bênção do Santíssimo Sacramento.

HISTÓRIAS SOBRE A PROCISSÃO DO SENHOR DOS PASSOSA Confraria de Nosso Senhor Bom Je-sus dos Passos foi fundada pelos Agos-tinhos Portugueses quando chegaram a Macau em 1589, sendo provavelmente dessa data o início da Procissão do Se-nhor do Bom Jesus dos Passos. Como se pode perceber, devido à evolução da cidade, o percurso foi mudando e só através de alguns episódios narrados na História de Macau se pode inferir sobre os caminhos seguidos.

Assim, a 25 de Março de 1708, se-gundo nos conta António Feliciano Marques Pereira e complementado por Luís Gonzaga Gomes, a procissão do Senhor da Cruz (ou dos Passos) saiu de Santo Agostinho e foi até S. Domingos, onde ficou o Senhor. Foi a procissão feita pelos ordinários, por ordem do senhor Bispo, visto acha-rem-se os padres Agostinhos retidos no seu convento, em consequência de eles se terem colocado ao lado do Pa-triarca de Antióquia, o Cardeal Char-les Thomas Maillard de Tournon, no conflito contra as autoridades, religio-sas do Padroado e políticas portugue-sas. Os Irmãos que acompanhavam o Senhor dos Passos iam com opa bran-ca e murça roxa.

O Convento de Sto. Agostinho foi retirado aos seus frades por ordem do Vice-Rei D. Rodrigues da Costa, sob acusação de serem afectos ao Cardeal De Tournon. O Convento e a igreja passaram para a administração do Or-dinário em 15 de Janeiro de 1712, devi-do à ausência dos padres de Convento (expulsos em 1711), que foram presos para Goa, à ordem do Vice-Rei.

A 14 de Fevereiro de 1712, os or-dinários levaram o Senhor dos Passos para a Igreja de S. Lourenço, donde saiu a procissão na véspera à noite para a Sé e se recolheu noutro dia a S. Do-mingos.

Os frades Agostinhos, por ordem do Rei D. João V, regressaram ao seu con-vento em 1721. José Maria Braga conta que a 14 de Fevereiro de 1721 houve nesta cidade uma grande carestia, pela falta de alimentos. Os chineses pagãos, atribuindo isso ao facto de se não fazer a Procissão dos Passos, requereram ao

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 14.3.2014

Procurador do Senado para que fizesse andar pelas ruas aquele homem do pau às costas, oferecendo-se para pagar os gastos. O facto é que feita a procissão, terminou a escassez e os chineses cum-priram o acordo.

Através de testemunhos orais reco-lhidos por José Maria Braga e Chantre Morais Sarmento, estes tentaram deli-near o provável trajecto da procissão usado desde o início do século XIX. Assim, o primeiro Passo era dentro da Catedral; em seguida, na Igreja da Mi-sericórdia (hoje desaparecida, estando ela situada onde é a Travessa da Mise-ricórdia, no local por detrás do actual edifício da Santa Casa); à entrada da Calçada das Verdades e mais tarde, no Hospital de S. Rafael, hoje Consulado Português; depois, no tempo em que ainda existia o Convento de S. Fran-cisco, a procissão ia até aos degraus da sua escadaria, mas quando o Conven-to foi demolido, passou a estação para defronte da capelinha da Rua Formo-sa pertencente à Baronesa de Porto Alegre e agora, é no cruzamento da Rua do Campo com a Avenida da Praia Grande; existia ainda um Passo na Praia Grande, ao fundo da Traves-sa da Paixão que, segundo os citados investigadores, era bem possível que

tivesse vindo da residência do Gover-nador, situada no local do Palácio das Repartições (a que hoje denominamos por antigo Tribunal); o penúltimo Pas-so encontrava-se no cruzeiro e Capela do Bom Jesus, erguida em 1740 por

Francisco Xavier Doutel e que depois foi o Claustro das Carmelitas, sendo em seguida na porta norte do jardim da Igreja de S. Lourenço; finalmente, a procissão terminava em Santo Agos-tinho.

No desenho de um artista holandês dos finais do século XVII, feito desde a Colina da Pena e representando Ma-cau, encontra-se aí uma enorme cúpu-la entre um inúmero casario por cima da Praia Grande. Esta imagem causa estranheza a quem a observa, já que não se consegue dar resposta à exis-tência de nenhuma igreja conhecida nesse local. Para J. Braga seria um re-trato desproporcionado da Capela do Bom Jesus, mas para o Padre Manuel Teixeira era uma enorme mansão ou, da grande família Marques ou, da Ri-beiro Guimarães.

Uma história ocorrida ainda no sé-culo XIX conta que um abastado co-merciante macaense de apelido Dias, querendo ter no seu oratório particular uma escultura do Senhor dos Passos com a Cruz às costas, encomendou a imagem em Portugal. O barco em que ela viajava naufragou, mas passados dias deu à costa um caixote com o en-dereço do Sr. Dias, onde se encontrava intacta a escultura.

A 12 de Setembro de 1835, os frades foram expulsos e o Governo apossou--se do Convento e da Igreja de Santo Agostinho. A 28 de Janeiro de 1873, a igreja foi entregue à Confraria de Nos-so Senhor Bom Jesus dos Passos.

Após a Guerra do Ópio e tendo os britânicos se assenhoreado de Hong Kong, precisaram da ajuda dos maca-enses, que dominavam tanto a língua cantonense como a inglesa, para lhes fazer o trabalho de ligação com a co-munidade chinesa. É assim que a de-voção do Senhor dos Passos chegou também a Hong Kong e ainda nos anos 50 do século passado se realizava a procissão no segundo Domingo da Quaresma, havendo em Kowloon, na Igreja do Rosário, uma imagem do Se-nhor dos Passos exposta à veneração.

NOTA: Devido a ter sido assaltada a minha casa, foi-me roubada a máquina fotográfica onde se encontrava registado parte do trabalho sobre a Procissão. Por tal razão, as fotografias aqui reproduzidas são de anos passados. Se por ventura esta semana comprou uma máquina fotográfica Canon EOS 5D Mark II em segunda mão na China, ou em Macau, por favor veja se o número de série corresponde ao 2764BO12AA02 e a lente Canon EF 24-70mm tem o n.º 622450. Pago pelo preço que as comprou

ASSIM, A 25 DE

MARÇO DE 1708,

SEGUNDO NOS CONTA

ANTÓNIO FELICIANO

MARQUES PEREIRA E

COMPLEMENTADO

POR LUÍS GONZAGA

GOMES, A PROCISSÃO

DO SENHOR DA CRUZ

(OU DOS PASSOS) SAIU

DE SANTO AGOSTINHO

E FOI ATÉ S. DOMINGOS,

ONDE FICOU O SENHOR

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18 hoje macau sexta-feira 14.3.2014h

Gonçalo lobo Pinheiro

J ANEIRO de 2014. É lançado na Internet o ‘Projecto Troika’, de-senvolvido por oito fotojornalis-tas e um realizador. O objectivo é retratar os efeitos da passagem

da ‘Troika’ por Portugal.A ideia partiu de Adriano Miranda,

fotojornalista do jornal Público, que depois de uma conversa com Lara Ja-cinto, acabaram por convidar os res-tantes membros do projecto: António Pedrosa, Bruno Simões Castanheira, José Carlos Carvalho, Paulo Pimenta, Pedro Neves e Rodrigo Cabrita.

ESPEREMOS QUE

ESTE PROJECTO NÃO

SEJA, TAMBÉM ELE,

UMA VÍTIMA DAS

CIRCUNSTÂNCIAS

RODRIGO CABRITA, FOTOJORNALISTA

A ‘TROIKA’PELA LENTE DE OITO FOTOJORNALISTAS E UM REALIZADOR

E foi com o fotojornalista no jornal i, Rodrigo Cabrita, que o HM conversou. “Este projecto teve início numa simples conversa entre o Adriano e a Lara. Fala-ram na ‘Troika’ e nos efeitos das medidas de austeridade aplicadas no país. A partir daí pensaram num conjunto de fotógra-fos. Fui o último a ser convidado e aceitei com muito gosto.”

O projecto nasceu de uma vontade de dar continuidade ao livro e exposição 12.12.12, do qual muitos destes nomes fizeram parte, e no sentido de proporcio-nar um documento às gerações futuras.

“Oficialmente, e bem, entendemos este projecto como um documento do presen-te para memória futura”, começou por ex-plicar Rodrigo Cabrita. “É um documento que não mostra toda a pobreza no país, mas mostra grande parte dela. Queríamos que esta e outras gerações daqui a 10, 20 ou 30 anos tivessem um olhar sobre o país de agora.”

Ao HM, o fotojornalista acha que o projecto não se define por ser a favor ou contra a ‘Troika’, apenas pretende mostrar as consequências e os resultados sociais das medidas governamentais impostas a

IDOSOS. FRANCELINA ESTA ACAMADA, SEM MOBILIDADE, E FRANCISCO, SEU MARIDO, PRECISA DO APOIO DAS EQUIPAS DA CRUZ VERMELHA. A IDA PARA UM LAR ESTÁ FORA DE QUESTÃO POIS O DINHEIRO DAS REFORMAS NÃO CHEGA. NEM PARA O LAR, NEM PARA TUDO O RESTO. UM ANEURISMA E A DOENÇA DE ALZHEIMER ATIRARAM-NA PARA UMA CAMA, ATÉ AO ÚLTIMO DOS SEUS DIAS (foto de Rodrigo Cabrita)

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19 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 14.3.2014

todos os portugueses e representa, acima de tudo, “uma grande atitude solidária de um conjunto de pessoas para com as outras que vivem diariamente esta trági-ca realidade” quase em jeito de missão. “Hoje são estas pessoas, amanhã pode ser qualquer um de nós. A linha que nos separa é assustadoramente ténue. Temos de consciencializar a sociedade civil para este drama social e fazemo-lo dando do nosso trabalho, do nosso próprio orça-mento e do sempre impagável tempo. Sem lucro, quase como uma missão. Te-nho esperança de que publicando alguma

ajuda possa surgir para quem vive estas situações. Basta uma pessoa para que já tenha valido a pena.”

TRABALHO CONCLUÍDO EM MAIOOs portefólios deverão estar concluídos em Maio, data prevista para a saída da ‘Troika’ de Portugal, mas a angariação de fundos vai decorrer até Setembro. O grupo precisa de 15 mil euros para po-der publicar a obra, que inclui um DVD com um vídeo. Rodrigo Cabrita expli-ca que o projecto só faz sentido existir “com a subscrição dos livros”. “Apesar

dos 31% já angariados em ‘crowdfun-ding’ em www.projectotroika.com ain-da nos faltam 69%. Quero esclarecer já que isto só anda para a frente com a subscrição de livros. E é muito simples. Os trabalhos estarão todos concluídos nas datas previstas. A questão é: se ti-vermos dinheiro o projecto avança, se não tivermos dinheiro fica tudo na ga-veta. Devo dizer que se o projecto não avançar todo o dinheiro é devolvido e a vida continua. A adesão tem sido gran-de, nota-se um apoio moralizador dia-a--dia, nas redes sociais, etc.”

EM LISBOA, CENTENAS DE PESSOAS CARENCIADAS AGUARDAM A ENTREGA DE ALIMENTOS E ROUPAS DURANTEUMA FESTA DE NATAL PROMOVIDA POR UMA ORGANIZAÇÃO DE CARIZ RELIGIOSO (foto de Bruno Simões Castanheira)

Contudo, o próprio cenário de cri-se também não ajuda na compra dos livros e afecta as pessoas. “Mesmo nas pessoas que nos apoiam, que não tem possibilidades de adquirir. Esperemos que este projecto não seja, também ele, uma vítima das circunstâncias.”

Na página da Internet do ‘Projec-to Troika’, há mais informações sobre o trabalho desenvolvido assim como dos seus autores, mas também sobre as diversas formas de apoio ao projecto. Cada livro custará 25 euros, mas há ou-tras formas de apoiar.

TEMPO, MENTIRA E PARTIDA. EFEITOS DA POLÍTICA DA ‘TROIKA’ NA SOCIEDADE EM CONTRAPONTOCOM OS RESPONSÁVEIS, AS NOTÍCIAS E AS CAUSAS NA POPULAÇÃO (fotos, originais a cores, de Paulo Pimenta)

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20 DESPORTO hoje macau sexta-feira 14.3.2014

JOÃO [email protected]

C OMEÇOU ontem, em Khanty Mansiysk, Rús-sia, o torneio de onde emergirá aquele que no

próximo mês de Novembro terá direito a desafiar o actual campeão do mundo de xadrez, o norueguês Magnus Carlsen, que, então, colo-cará o seu título em disputa.

Há oito candidatos que se vão defrontar entre si, num sistema de todos contra todos, a duas voltas. Só um deles irá poder apertar a mão a Carlsen em Novembro.

Vishvanathan Anand, o “Sempre Jovem”, campeão do mundo por cin-co vezes, indiano, 43 anos, número oitp do mundo, com 2770 pontos de Elo (Elo é o nome dado ao sistema de classificação dos xadrezistas, um pouco semelhante ao ATP do ténis). Anand foi destronado no passado mês de Novembro precisamente por Carlsen e procura a desforra, tentando mostrar ao mundo que ainda não está reformado.

Vladimir Kramnik, “a Classe”, também um anterior campeão do mundo, russo, 37 anos, terceiro do mundo, com 2787 pontos de Elo. É apontado como um dos dois favoritos à vitória neste torneio. Podia estar no lugar de Carlsen já que no torneio de candidatos do ano passado, destinado a encontrar o ‘challenger’ de Anand, então o campeão do mundo, terminou empa-tado em primeiro lugar com Carlsen. Este último apenas foi quem seguiu em frente por força de um polémico sistema de desempate baseado nos respectivos regulamentos e não por ter tido mais pontos do que Kramnik.

A seguir aparece Dmitry An-dreikin, “o Criativo”, campeão mundial de juniores em 2010, russo, 23 anos, 42.º do mundo, com 2709 pontos de Elo.

Para tentar bater Magnus Carlsen aparece também Veselin Topalov, “o Destemido”, vice-campeão do mundo por duas vezes, perdendo para Kramnik e Anand, 37 anos, quatro do mundo com 2785 pontos de Elo.

Shakhriar Mamedyarov, “o Imprevisível”, sem títulos retum-bantes no seu currículo até ao momento, mas capaz de, num bom dia, derrotar qualquer adversário,

TORNEIO DE CANDIDATOS PARA DEFINIR O ‘CHALLENGER’ DO CAMPEÃO DO MUNDO COMEÇA AMANHÃ

Super-xadrez em Khanty Mansiysk

Peter Svidler Vishvanathan Anand

Dmitri Andreikin

Sergei Karjakin

Veselin Topalov

Shakhriar Mamedyarov Levon Aronian

Vladimir Kramnik

azeri, 28 anos, 13.º do mundo, com 2757 pontos de Elo.

Levon Aronian, “a Elegância”, outro anterior campeão do mundo, arménio, 31 anos, número dois do mundo, logo a seguir a Carlsen, com 2830 pontos de Elo. É o outro dos dois favoritos, talvez mesmo mais do que Kramnik , detentor

de um estilo xadrezista próprio e elegante, apenas acusando alguma inconstância em algumas partidas onde está claramente melhor, nos momentos de grande pressão.

“O Talento”, como é chamado Sergei Karjakin, foi então o mais novo Grande Mestre do Mundo tendo recebido este título com a

idade de 12 anos e sete meses. É de nacionalidade russa e tem 23 anos. Actualmente ocupa o nono lugar no ranking mundial, com 2766 pontos de Elo.

E, por último, Peter Svidler, “o Perseverante”. Há mais de 20 anos no topo mas sem nunca haver obtido um importante título internacional,

apesar de ter batido todos os recordes de campeão da maior potência xadre-zista, a Rússia, ao ganhar o respectivo campeonato por sete vezes. É russo, tem 36 anos e é o 11.º do mundo, com 2758 pontos de Elo.

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hoje macau sexta-feira 14.3.2014 FUTILIDADES 21

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 15 MAX 19 HUM 65-85% • EURO 11.1 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

Pu YiPOR MIM FALO

MELISSA DEBLING: INGLATERRA CONTA COM ELA

Melissa Debling, modelo de 25 anos, é uma das mulheres mais desejadas do Reino Unido. Dona de um corpo deslumbrante, olhar a transbordar sensualidade, Debling começou no mundo da moda em tenra idade, mas não perdeu tempo em se lançar sozinha. Desde vários trabalhos de publicidade on-line, a um calendário pessoal, desde 2011, a loira também ganhou mediatismo com a participação numa linha de sexo para a televisão Elite TV.

João Corvofonte da inveja

Sem qualquer pejo

Fervilham contrastes nunca perdidosraiar de celeumas disparatadase a humana-carne sem abrigostem as vidas por demais atrapalhadas.

Premeditadas falas incoerentesesvair de tormentas e percalços,além das dificuldades adjacentesnum retorno ao caminhar descalços.

Antecipa-se o prélio da morteante um agoniante sobreviver,desfile da imprevisível sorte.

Alheios a todo este desvaneceros mentores deste rude transporteestão imbuídos em nos enlouquecer.

Italiano solicitou uma prostituta e apareceu-lhe a futura nora• Tudo aconteceu em Itália, na cidade de Treviso, quando um senhor de 70 anos sentiu a necessidade de recorrer aos serviços de uma “trabalhadora sexual” e, para sua surpresa, a mulher contratada e que lhe bateu à porta tratava-se nada mais nada menos que a futura esposa do seu filho. A mais que tudo do seu filho, de 40 anos, tinha contado à família que trabalhava como empregada de mesa. O homem, perante a situação, suspendeu a “contratação” e já não houve programa. Depois, contou ao filho o sucedido, que não recebeu muito bem a notícia, e tudo acabou numa grande discussão entre pai e filho.

Vodka salva a vidade cão na Austrália• O cão Charlie, um maltês terrier, ingeriu uma substância venenosa na garagem da residência da sua dona Jacinta Rosewarne, em Melbourne (Austrália). Para reverter o qua-dro, um veterinário recorreu a um método nada ortodoxo: vodka. Durante dois dias, foram administradas várias doses “doses” de vodka directamente no estômago. A solução alcoólica tinha o objectivo de anular o efeito da substância venenosa no organismo do animal. E funcionou.

A Europa sofreu um traumatismo ucraniano.

SALA 1NEED FOR SPEED [B]Um filme de: Scott WaughCom: Aaron Paul, Dominic Cooper, Imogen Poots14.30, 16.45, 21.30

NEED FOR SPEED [3D] [B]Um filme de: Scott WaughCom: Aaron Paul, Dominic Cooper, Imogen Poots19.15

SALA 2 300: RISE OF AN EMPIRE [C]Um filme de: Noam Murro

Com: Sullivan Stapleton, Eva Green, Lena Headey14.15, 17.50, 21.30

MR. PEABODY & SHERMAN [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Rob Minkoff16.05, 19.45

SALA 3NON-STOP [B]Um filme de: Jaume Collet-SerraCom: Liam Neeson, Julianne Moore14.30, 16.30, 19.30, 21.30

NEED FOR SPEED

C I N E M ACineteatro

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22 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 14.3.2014

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

A Crimeia tem uma população de cerca de dois milhões de habitantes, sendo 58,3 cen-to de russos, 24,4 por cento de ucranianos e 12 por cento de tártaros de origem muçulmana que foram de-portados por Estaline para a Ásia Central e Sibéria e que regressaram à sua terra

desde o século XVIII, após a declaração de independência da Ucrânia e a dissolução da URSS, tendo suportado activamente a revolta contra o deposto presidente Viktor Ianukovitch.

A Crimeia é um microcosmo onde convi-vem dezenas de comunidades culturais, existin-do mais de cem nacionalidades. É uma região de clima subtropical essencialmente agrícola e famosa pela actividade vitivinícola, situada entre o Mar Negro e o Mar de Azov, o que lhe confere grande importância geoestratégica.

É possuidora de belas estâncias balne-ares, como a da cidade onde se realizou a secreta “Conferência de Ialta”, de 4 e 11 de Fevereiro de 1945, entre os presidentes dos Estados Unidos e da URSS e o primeiro--ministro da Inglaterra para pôr fim à II Guerra Mundial e repartir a Europa em duas zonas antagónicas, a Ocidental, democrática e a Oriental, totalitária.

A Rússia saiu favorecida, aquando da “Assinatura do Acordo de Ialta” de 1992, em que foi dividida a ex-frota soviética do Mar Negro, ficando com as melhores e mais rápidas unidades militares navais. A divisão criou com o favorecimento da Rússia, uma tremenda fraqueza no poder de defesa, beligerância e de dissuasão da Ucrânia, acrescentada pela terrível crise económica resultante da dissolução da URSS, tendo os investimentos para a defesa sido anulados, permanecendo as novas unidades em cons-trução nos estaleiros até ao presente e sendo possuidora de apenas vinte e nove navios de guerra e um submarino.

A Rússia está firmemente decidida a voltar a ser uma potência temida, apoiada na sua riqueza energética que lhe proporciona 50 por cento das suas receitas e estimulada nos últimos quinze anos pela determinação do seu Presidente, o país tem sido o aluno que melhor assimilou as experiências da geoeconomia e da geopolítica postos ao serviço da sua ambicionada grandeza.

A Rússia tem nos últimos anos, conver-tido o gás e o petróleo em poderosas armas, para solidificar a sua influência juntos dos países com quem tem fronteiras ou estão próximos, como a Ucrânia, mas também para controlar possíveis rivais como a Alemanha, ao torná-los extremamente dependentes dos

Guerra, thermidor ou détente na Ucrânia (II)“A large nation, Ukraine covers the entire southwestern frontier of Russia, and from the Russian point of view, it is the key to Russian national security.”

George FriedmanThe Next 100 Years: A Forecast for the 21st Century

seus fornecimentos. A Rússia fornece 37 por cento do gás que consome a Alemanha, 27 por cento do consumido pela Itália e 24 por cento do consumido pela França, suprindo 67 por cento do gás consumido pela UE cujos gasodutos passam pela Ucrânia.

A Rússia usa o preço do gás para recompensar ou punir os países que pre-tende controlar e utiliza esse suporte para neutralizar qualquer possível alternativa de fornecimento à Ucrânia, reduzindo o preço. A Rússia continua a seguir um pen-samento muito caro à ex-URSS de que ser potência reside única e exclusivamente no seu poderio militar e daí o seu sustentado esforço apoiado no facto de ser o primeiro exportador mundial de hidrocarbonetos para modernizar a sua capacidade militar, sonhando ser reconhecida de novo como superpotência.

Após ter vencido o impacto da queda do abismo na década de 1990 como resultado da desintegração da ex-URSS e com o co-meço da recuperação económica em 2000, o Presidente Putin, aproveitou o desastre do submarino “Kursk” para estimular uma profunda reforma na defesa. A ambição mi-litarista da Rússia faz prever que no período de 2013 a 2016 o orçamento da defesa poderá aumentar 65 por cento. A sua prioridade centra-se no aumento de operatividade das forças armadas cada vez mais profissiona-lizadas detentoras de material bélico mais sofisticado, ampliando e prestigiando as unidades de operações especiais bem como as de combate operacional e a modernização das forças estratégicas.

O orçamento da defesa é de 4,5 por cento do PIB, muito semelhante ao dos Estados Unidos, mas em termos absolutos é oito vezes menor, representando 18 por cento do orçamento do Estado, prevendo-se que atinja os 20,5 por cento em 2016. A Rússia terá em 2020 cerca de 75 por cento de todo o seu equipamento e material bélico renovado e modernizado.

O desafio torna-se muito mais exigente quando se considera que o governo em 2012 afirmava a necessidade de reduzir o orçamento do Estado em cerca de cento e trinta milhões de dólares até 2020, ou seja, 21 por cento do orçamento foi desbaratado ou desviado, que o suporte industrial é ineficaz, o que explica a compra dos navios de assalto anfíbio à França, ou que a queda demográfica não garante recursos humanos suficientes e bem qualificados.

A Rússia começou o ano com uma nova força de acção no Mediterrâneo, com a entrada ao serviço da quarta geração de sub-marinos nucleares estratégicos e o reinício de voos de reconhecimento e patrulhas no Atlântico. O que está a acontecer na penín-sula da Crimeia não é mais que expressão da vontade do poder da Rússia, que inclui uma estratégia nova e impensável em termos imaginativos como o uso de forças militares sem identificação oficial e o afundamento de um navio anti-submarino à entrada de

uma das bases navais ucranianas impe-dindo a saída dos sete navios de guerra aí ancorados, e a baía de Sevastopol cercada por dez navios de guerra. As bases aéreas encontram-se sitiadas.

A Rússia tem a intenção fundamental de neutralizar a capacidade operativa das fracas forças armadas ucranianas, criando uma situação de facto que impossibilite qualquer ajuda do exterior, controlando as vias rodoviárias que ligam a península da Crimeia com a restante parte do território ucraniano, bem como os aeroportos. A Rússia ao sitiar as principais instalações militares tem como estratégia manter os militares ucranianos encerrados nos quartéis como forma de dissuadir actos de força que levariam a um confronto directo que se pautaria por total fracasso.

É uma inteligente estratégia ainda que totalmente condenável à luz do direito in-ternacional público, que garante um maior suporte de negociação com o governo ucraniano e os seus aliados, sendo que o resultado último é de anexar a Crimeia e criar uma situação idêntica à da Finlândia para a Ucrânia, sem derramamento de sangue.

As sanções impostas pelos Estados Unidos de suspenderem as negociações comerciais com a Rússia, a viagem do Secretário de Estado americano à Ucrânia para conversações com as autoridades inte-rinas até às eleições presidenciais marcadas para 25 de Maio, a condenação e pedido de retirada das tropas pela OTAN e UE, não têm efeito imediato de monta, assim como a condenação e cancelamento da “Reunião de Sochi” pelo G7.

A ajuda de mil milhões de dólares pelos Estados Unidos e de onze mil milhões de euros pela UE sem um qualquer acordo di-plomático e antes das eleições presidenciais na Ucrânia só vêm acirrar mais o ânimo da Rússia, jogando a seu favor. E tanto é assim, que no dia seguinte ao anúncio do plano de ajuda por parte da UE, o parlamento da Crimeia vota a favor da independência da Ucrânia e a anexação à Rússia, servindo o referendo marcado para 30 de Março para a população confirmar a decisão.

Trata-se de uma decisão perfeitamente inconstitucional, do parlamento da Crimeia, que tem autonomia em diversas áreas, mas não pode violar a lei constitucional do país. A situação de facto de ocupação da Rússia e da votação favorável da maioria pró russa a favor da adesão, pese o facto de violação dos mais elementares princípios de direito internacional público e da constituição da Ucrânia, fazem que o futuro da península esteja irremediavelmente decidido.

O governo ucraniano perante a debi-lidade da sua autoridade por se tratar de governo interino sem qualquer suporte eleitoral, com forças armadas sem ânimo, em estado de fraqueza em termos humanos e de capacidade bélica, grande parte sitiada, parece apenas restar-lhe o pedido de que o parlamento da Crimeia controlado por forças

pró russas cancele o referendo sob pena de uma dissolução sem qualquer valor prático.

A legitimidade da invasão pela Rússia da Crimeia dá-se pela invocação do pedido efec-tuado pelo presidente deposto que continua a considerar-se o legítimo representante do povo, pelo governo da Crimeia em defesa dos cidadãos russos que são a maioria e dos seus interesses. Sabendo previamente qual será o resultado do referendo de 30 de Março, e não aceitando a Ucrânia o estado da situação existente forçosamente terá de pedir auxilio internacional para mediar a libertação todos os militares sitiados, reaver a sua frota naval, área e material militar bem como definir a situação dos 24,4 por cento de população ucraniana e 12 por cento de tártaros.

O pedido de auxílio não se divisa que possa ir além das sanções económicas e condenações políticas e esforços diplomá-ticos, sendo impensável qualquer confronto com a Rússia pela península da Crimeia, limitando-se à ajuda económica desenhada que começará a ser efectiva após as eleições presidenciais de 25 de Maio.

A Rússia com a anexação da Crimeia não carece de negociar mais as bases navais mesmo que continue a manter a sua frota nas margens do Mar Negro com cerca de trinta mil homens que poderia ser considerado como desnecessária pois as frotas de guerra dos países vizinhos são muito pequenas, ou inexistentes como a da Geórgia e a mais po-derosa a da Turquia, que é membro da OTAN desde 18 de Fevereiro de 1952, detendo o segundo maior exército depois dos Estados Unidos, tem as suas bases fundamentalmente no Mediterrâneo.

A Rússia não sofrerá nenhuma ameaça dos seus vizinhos, sendo o Mar Negro um lago inteiramente russo com a anexação da Crimeia e a existência da frota vêm de uma possibilidade remota e uma presença permanente no Mediterrâneo cujos avisos foram reacendidos com a guerra civil da Síria e a presença da Sexta Esquadra dos Estados Unidos aumentada com navios de guerra provenientes do Oceano Índico e do Golfo Pérsico, acrescentada de navios de guerra alemães, franceses e ingleses posicionados defronte das costas sírias.

As autoridades interinas da Ucrânia estão a viver uma dura realidade com umas forças armadas mal preparadas e equipadas, uma parte significativa sitiada, estando incapazes de reconquistar a Crimeia. As forças armadas ucranianas têm sido caute-losas em não responder às provocações que seriam a justificação que a Rússia necessita para uma intervenção em larga escala na Ucrânia. As forças armadas ucranianas têm evitado qualquer tipo de intervenção pois a sua liderança tem mudado continuamente durante a grave crise política e social que o país vive. A Ucrânia é a fase essencial para a existência de uma Europa democrática do Atlântico até aos Urais. O favorecimento de tal situação com perspicácia é a grande missão da Europa.

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23 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau sexta-feira 14.3.2014

contramãoISABEL [email protected]

P ERTENÇO ao grupo de pessoas que entende que a liberalização do jogo – esta liberalização do jogo – não trouxe grande coisa para Macau. Bem sei que não havia volta a dar, era coisa que tinha de ser feita, mas há muitas formas de escrever o mesmo texto. No caso de Macau, não consigo associar crescimento

económico a desenvolvimento económico, assim como não consigo associar crescimen-to económico a desenvolvimento social. Os cofres encheram-se mas as pessoas, as pesso-as comuns, estão na mesma – ou então pior.

Claro que a liberalização do jogo em-prestou a Macau uma nova dinâmica – uma dinâmica por certo discutível, mas uma nova dinâmica. Acontece, porém, que em todos os empréstimos há juros a pagar. No caso

Não sei que mais sabe Pequim. Mas presumo que saiba das contas da Fundação Macau, das muitas associações que pululam na cidade com subsídios gordinhos nas contas bancárias, das outras associações que, em substituição do papel social do Governo, fazem contas à vida para pagar rendas e salários

O mesmo textoem análise, começa agora a tornar-se cada vez mais evidente que os juros são altos. São altos e cobrados a muitos níveis, em diferentes dimensões. Pagos por todos – mas mais por uns do que por outros.

Com a liberalização do jogo, a entrada em cena das grandes operadoras, e o milagre da multiplicação de turistas e apostadores, encheram-se as carteiras de alguns e as ruas de todos. Macau tornou-se num sítio que tem todos os inconvenientes das cidades grandes e todas as desvantagens das terras pequenas. O trânsito não apagou o provincianismo. A poluição em crescendo não acabou com a falta de ideias. O aumento estúpido do custo de vida não trouxe mais oferta cultural.

Numa altura em que se começa a pensar no futuro do jogo – essa indústria que, pelo modo como foi concebida em Macau, seca tudo em redor –, devia ser dado início a

QUEBRA-CABEÇAScartoonpor Stephff

um outro debate: definir com clareza o que se pretende para quem aqui vive, o que se pretende dar a quem aqui vive e o que se pretende como moeda de troca. Numa dis-cussão em simultâneo, é chegada também a hora de se analisar com seriedade o modo como se usa o dinheiro do jogo – afinal, a factura do crescimento económico tem vindo a bater à porta (e a entrar no bolso) de todos nós. É o momento de se ponderar se não há outras formas de escrever o mesmo texto.

Não percebo suficientemente de jogo para avaliar as queixas que, de vez em quando, as operadoras fazem em relação aos impostos que pagam. Mas sei que noutras jurisdições cobra-se menos e exige-se mais: um modelo que a Macau teria servido bem. Na impossibilidade de se destruir tudo para se voltar à estaca zero, na impossibilidade de se voltar atrás, resta-nos exigir mais de quem tem responsabilidade política e social em re-lação ao modo como tudo isto aconteceu.

Esta semana, em Pequim, deixaram-se algumas ideias para Macau que passam pela concessão de um terreno na China a uma hora de viagem da cidade – porque em Macau o espaço encolheu – e falou-se também na necessidade de qualidade de vida, esse jargão político há tanto desaparecido da retórica do Executivo local.

Pequim sabe – e disse-o – que as pes-soas de Macau não querem ir viver para a Ilha da Montanha. Pequim sabe – mas não o disse com todas as letras – que as pessoas de Macau não querem ser escor-raçadas da cidade que lhes pertence. Não sei que mais sabe Pequim. Mas presumo que saiba das contas da Fundação Macau, das muitas associações que pululam na cidade com subsídios gordinhos nas contas bancárias, das outras associações que, em substituição do papel social do Governo, fazem contas à vida para pagar rendas e salários, e para encontrar gente disponível para trabalhar. Presumo que Pequim saiba também que faltam camas no hospital público. Presumo que Pequim saiba que a factura, a factura de um crescimento sem desenvolvimento, chega a casa de todos na volta do correio.

Quero acreditar que Pequim sabe – eu cá não pertenço ao grupo dos que entendem que a intervenção do Norte é necessariamente um bilhete para o inferno. Afinal, vistas bem as coisas, Pequim tem de conseguir garantir que o modo de vida (que modo de vida?) se mantém até 2049. E tem de conseguir garantir que, cá em baixo, os egos não se digladiam pelo melhor negócio, num provin-cianismo sem emenda de paróquia armada em cidade grande.

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GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

hoje macau sexta-feira 14.3.2014

PUB

O bispo de Macau, José Lai, lamentou ontem a morte do patriarca emérito de Lisboa

José Policarpo, “um homem que amava Macau”, cuja obra ficará para sempre ligada à fundação do ensino superior católico no territó-rio. “Ele foi o fundador do antigo Instituto Inter-universitário de Macau, que hoje é a Universidade de São José (USJ). Ele foi sempre o ‘chanceler’ desta instituição até ao ano passado, em que deixou de ser patriarca de Lisboa”, disse à agência Lusa José Lai.

Em funcionamento desde Abril de 1997, o Instituto Inter--universitário de Macau (IIUM) resulta da actividade da Fundação Católica para o Ensino Superior de Macau, cujos associados são a Universidade Católica Portuguesa e a Diocese de Macau.

José Lai recordou a visão do patriarca emérito de Lisboa “tam-bém como plataforma, como ponte, entre a cultura portuguesa cristã e a cultura oriental e chinesa em Ma-cau”. “Penso que ele também tinha o objectivo de fundar este instituto inter-universitário para ajudar ao intercâmbio cultural”, sustentou.

José Lai recordou as deslocações frequentes do “saudoso patriarca” a Macau. “Ele vinha regularmente

BISPO JOSÉ LAI LAMENTA PERDA DE “HOMEM QUE AMAVA MACAU”

Morreu José Policarpo

antes da fundação do instituto e também participou na inauguração das respectivas instalações - actual Universidade de São José situadas no Novos Aterros do Porto Exterior (NAPE) -, marcando presença na bênção do edifício. Além disso, esteve algumas vezes presente nas cerimónias de graduação e entrega de diplomas em Macau”.

O bispo lamentou ainda o facto de D. José Policarpo já não assistir à inauguração do novo campus da

USJ, em construção na Ilha Verde, e que, segundo disse no final de Janeiro o reitor Peter Stilwell, de-verá estar pronto a tempo do ano lectivo 2015/2016.

O patriarca emérito de Lisboa será recordado em duas missas em Macau, ambas celebradas por José Lai, a 18 de Março, quando se assinala o sétimo dia da morte de José Policarpo. A primeira homilia está agendada para as 12h, no Se-minário de São José, no âmbito da

celebração de São José pela USJ, e a segunda para o final da tarde, pelas 18h, na Sé Catedral. “É um homem que deixa obra ligada a Macau e isso é muito importante”, concluiu José Lai.

O patriarca emérito José da Cruz Policarpo morreu esta quarta--feira em Lisboa, aos 78 anos, na sequência de um problema car-díaco, disse à agência Lusa fonte da família.

O prelado morreu na sequência de uma operação a um aneurisma na aorta, num hospital de Lisboa, onde deu entrada depois de se ter sentido mal na manhã de quarta--feira.

O cardeal José da Cruz Poli-carpo era actualmente patriarca emérito de Lisboa, depois de ter sido patriarca de Lisboa entre 1998 e 2013.

O assessor do patriarcado, padre Nuno Rosário Fernandes, adiantou que as exéquias vão realizar-se na hoje à tarde, na Sé de Lisboa.

Feridos ligeirosem acidente combarco em MacauTrês pessoas ficaram ontem feridas em Macau quando a embarcação onde seguiam, proveniente de Hong Kong, embateu no edifício do terminal marítimo na manobra de ancoragem. De acordo com uma nota oficial divulgada pelo Gabinete de Comunicação Social do Governo, a embarcação fazia a ligação entre Hong Kong e Macau e está agora a ser inspeccionada pelos Serviços de Assuntos Marítimos que apenas vão “libertar” o barco após concluídas todas as inspecções e garantida a segurança de tripulação e passageiros. O barco transportava na altura do acidente 291 passageiros e 10 tripulantes tendo ficado ligeiramente feridos na cabeça dois homens de Hong Kong e uma mulher australiana, todos passageiros do navio.