hoje macau 18 mar 2013 #2813

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEGUNDA-FEIRA 18 DE MARÇO DE 2013 ANO XII Nº 2813 PUB CHINA LI KEQIANG PRETENDE REFORMAS PÁGINA 6 PUB SALÁRIOS FUNÇÃO PÚBLICA Aumentos de 6% chegam em Maio PÁGINA 2 LEI DO PATRIMÓNIO Excepções nas consultas públicas PÁGINA 3 ROTA DAS LETRAS Depois dos livros veio a música PÁGINAS 8, 9 E CENTRAIS FUTEBOL Macau perde com o Quirguistão PÁGINA 16 PUB VENHAM MAIS CINCO (SéCULOS) Ter para ler A cada dia que passa mais pessoas dão a sua opinião acerca do futuro da fortificação co- lonial situada em Coloane. A casamata, que tanta discórdia tem criado, é classificada pelo advogado Miguel de Senna Fernandes como sendo um “caso político”. Para o macaense, a aquisição do terreno “é legal do ponto de vista jurídico”. Do lado do Governo mais uma voz pró-conservação: Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural, assume que a casa- mata “vale a pena ser preservada”. PÁGINA 4 Preservar é preciso Ung Vai Meng reconhece valor patrimonial à edificação MOP$10 PERÍODOS DE CHUVA MIN 19 MAX 23 HUM 75-95% EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 ESCOLA PORTUGUESA DE MACAU CARLOS MONJARDINO DIZ QUE FINANCIAMENTO É CAPÍTULO ENCERRADO PÁGINA 5 CASAMATA DE COLOANE

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2813 de 18 de Março de 2013

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Page 1: Hoje Macau 18 MAR 2013  #2813

AgênciA comerciAl Pico • 28721006 Director carlos morais josé • segunda-feira 18 de março de 2013 • Ano Xii • nº 2813

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China

Li Keqiang pretende reformas

página 6

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saLários função púbLiCa

Aumentos de 6%chegam em Maio

página 2

Lei do património

Excepções nas consultas públicas

página 3

rota das Letras

Depois dos livros veio a música

páginas 8, 9 e Centrais

futeboL

Macau perdecom o Quirguistão

página 16

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Venham mais cinco (séculos)

Ter para ler

A cada dia que passa mais pessoas dão a sua opinião acerca do futuro da fortificação co-lonial situada em Coloane. A casamata, que tanta discórdia tem criado, é classificada pelo advogado Miguel de Senna Fernandes como sendo um “caso político”. Para o macaense, a aquisição do terreno “é legal do ponto de vista jurídico”. Do lado do Governo mais uma voz pró-conservação: Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural, assume que a casa-mata “vale a pena ser preservada”. página 4

preservar é precisoung Vai meng reconhece valor patrimonial à edificação

mop$10

períodos de Chuva min 19 max 23 hum 75-95% • euro 10.2 baht 0.2 yuan 1.2

esCoLa portuguesa de maCau

CarLos monjardinodiz que finanCiamentoé CapítuLo enCerrado

página 5

casamaTa De coloane

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segunda-feira 18.3.2013política2 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

Os funcionários públicos vão ter aumentos de sa-lariais de 6,06%

este ano, em princípio no início do mês de Maio. O anúncio foi feito na sexta--feira pelo porta-voz do Conselho Executivo.

Depois de mais de meio ano de discussão, o Governo concluiu a pro-posta de lei que actualiza os vencimentos e pensões de aposentação e sobrevivência dos trabalhadores da Admi-nistração. A subida no valor dos salários e pensões teve em conta a taxa de inflação que assombrou o território

O Governo prevê que o Comissariado contra a

Corrupção (CCAC) venha a enfrentar um aumento de trabalho, devido a ter inte-grado, no ano passado, não só competências de repressão da corrupção no sector privado e público, como também a parte de provedoria de justiça. Por isso mesmo, o Governo decidiu criar um novo depar-tamento no organismo.

De acordo com o porta--voz do Conselho Execu-tivo, Leong Heng Teng, o CCAC vai agora ter um “departamento de investi-gação”, para além dois já existentes, que ficará incum-bido de investigar eventuais práticas de corrupção no sector privado.

Mas não é apenas esta a alteração que o organismo liderado por Vasco Fong

vai sofrer. A equipa do CCAC vai contar com um total de 250 funcionários e, entre mudanças ao nível das competências de cada departamento interno, o regulamento criado pelo Executivo prevê ainda que seja criada a Divisão de Bens Patrimoniais e Interesses, no sentido de “elevar a eficácia dos trabalhos” relacionados com esta situação. - J.F.

EnTrAM em Abril deste ano em vigor os limites

sobre o bens disponíveis para que os cidadãos possam obter apoio judiciário e o Governo decidiu fixar este valor em 320 mil patacas. De acordo com o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, prevê-se que haja insuficiência económica quando o montante que soma os activos do requerente e

dos membros do agregado familiar menos as despesas não excedam este limite.

o Executivo decidiu criar ainda uma Comissão de Apoio Judiciário. O gru-po vai ser escolhido por re-gulamento administrativo, pelo que ainda não se sabe quem são os escolhidos, mas terá um máximo de sete membros. “Os membros da Comissão são escolhidos de

entre individualidades de reconhecido mérito e com conhecimentos e experiên-cia profissional relevantes, devendo ser nomeados por despacho do Chefe do Executivo”, referiu Leong Heng Teng, na sexta-feira. A comissão tem uma dura-ção de três anos e exige que tanto o presidente, como o vice-presidente sejam licenciados em Direito. - J.F.

Governo cria departamento de investigaçãopara eventual corrupção no sector privado

CCAC com mais divisões e funcionários

Apoio judiciário Comissãode avaliação composta pelo Chefe do Executivo

Ajudas até 320 mil patacas

Função pública recebe actualização salarial de 6,06% em Maio

Menos patacas do que no ano passadono ano passado e o Executi-vo diz-se confiante que este aumento possa devolver ca-pacidade de compra aos fun-cionários públicos. “sendo a taxa de inflação registada entre Janeiro e Dezembro de 2012 de 6,11%, a presente actualização salarial pode, a certo nível, assegurar que os valores reais auferi-dos pelos trabalhadores da função pública não sejam afectados pela subida de preços”, referiu Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo.

Apesar de a taxa de inflação ter aumentado o ano passado, o aumento é inferior ao do ano passado, que foi de 6,45%. E, à seme-lhança do que aconteceu em

2012, também não vai haver retroactivos.

A subida faz com que o índice mínimo da tabela de

vencimentos aumente, em termos reais, em 400 patacas. Isso significa, por exemplo, que quem calcula o seu salário

com base no índice mínimo da tabela indiciária vai receber 7000 patacas por mês, em vez das actuais 6600.

recorde-se que, desde o ano passado, que a Co-missão de Avaliação das remunerações dos Tra-balhadores da Função Pú-blica estava a discutir pro-postas para os aumentos. As opiniões dos membros do grupo divergiam, com José Pereira Coutinho, da Associação dos Trabalha-dores da Função Pública de Macau (ATFPM) a sugerir aumentos de 6,8%.

sobre a criação de um mecanismo de actualização salarial automática, o Go-verno não avançou qualquer novidade.

A proposta de lei segue agora para a Assembleia Le-gislativa, para ser aprovada pelos deputados.

O Chefe do Executivo, Chui sai On, considera que os elementos da nova

comissão eleitoral “têm competência para exercer as suas funções e desempenhar cabalmente as tarefas necessárias”. A de-claração foi feita no âmbito da partida do Chefe para Pequim, no sábado, para assistir ao encerramento da primeira sessão da 12.ª Assembleia Popular nacional (APn). Hoje, Chui sai On deverá ser recebido pelos no-vos dirigentes do continente, segundo um comunicado oficial.

Perante uma pergunta que fez referência à existência de vozes na sociedade que põem em causa a composição da comissão elei-toral, Chui sai On frisou que “não convém comentar o assunto, devido ao princípio de independência do poder judicial e do segredo de justiça e enquanto não existirem

resultados do caso em questão, ainda em fase de instrução.”

Um dia antes à partida de Chui sai On para Pequim, a comissão eleitoral reuniu, tendo definido a cronologia dos trabalhos para as próximas eleições, a acontecerem no dia 15 de setembro. Tais regras determinam não só os prazos para a campanha eleitoral (que começa a 31 de Agosto), como proíbem a propaganda feita através de meios de pu-blicidade comercial. Dão ainda instruções sobre as contas eleitorais.

O presidente da comissão, Ip song sang, disse no final dos trabalhos que a comissão espera “com base na eficácia dos trabalhos realizados no passado, criar um ambiente integro e justo para as próximas eleições e assim impulsionar o progresso e aperfeiço-amento contínuo da cultura eleitoral”.

Eleições AL Grupo lideradopor Ip Son Sang reuniu sexta-feira

Campanha arrancano final de Agosto

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3políticasegunda-feira 18.3.2013 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

Os deputados querem ex-cepções na necessidade de fazer auscultação pública aquando da clas-

sificação de imóveis como patrimó-nio da UNEsCO. A 3. Comissão Permanente da Assembleia Legis-lativa (AL), encarregue de analisar a proposta de Lei de Salvaguarda do Património, está à espera de uma decisão do Executivo, depois de ter sugerido que a regra que dita as auscultações públicas não fosse “rigorosa, morta e sem excepções”. “A Lei diz que deve haver consulta pública, porque tem a ver com o princípio da participação cívica, nós pedimos que, se possível, se abra uma porta para que determinados

casos não precisem de consulta pú-blica”, explicou Cheang Chi Keong, presidente da Comissão.

A obrigatoriedade de ouvir a população surgiu na Lei, de forma a que todos os cidadãos pudessem fazer parte da classificação do pa-trimónio de Macau. Os deputados consideram que, estando a “mexer” num bem de um proprietário privado a população não deve interferir. “A maioria [dos imóveis a ser classifi-cados] é do Governo, pelo que aí sim, faz-se consulta pública.”

SiStema de pré-claSSiFicação Em cima da mesa da reunião de sexta--feira entre Comissão e Governo esteve ainda a possibilidade de mais pessoas integrarem o processo de classificação de um imóvel, isto é,

sugerirem que determinados locais possam ser integrados na lista do património de Macau. Para já, a ini-ciativa pode ser do Instituto Cultural, dos serviços públicos do Governo ou do próprio proprietário do bem.

No entanto, em 2008, no decurso da recolha de opiniões sobre o pro-jecto de lei falou-se na possibilidade de poder ser iniciado um pedido de classificação pela população, desde que 500 assinaturas fossem reunidas. A regra foi, no entanto, eliminada do articulado, por falta de consenso e os deputados questionam agora o Executivo sobre se poderá ser aditada novamente.

Uma sugestão para evitar abusos nesse processo foi fazer como na Cina continental. “O cidadão que quer iniciar o procedimento de classificação, antes, teria de reunir

requisitos para ver se a sua intenção era boa e se admitido, tinha etapas a seguir”, explicou Cheang Chi Keong. “Sugerimos que fosse pon-derada a criação de um mecanismo [pré-procedimento] de classifica-ção, mas não sei se alterações vão ser introduzidas.”

Para já, e depois de mais de duas reuniões na semana passada, ainda não houve consenso face às suges-tões dos membros do hemiciclo, que agora esperam que o Governo pondere se estas são ou não viáveis. A Comissão espera agora uma nova versão do articulado para saber se o Executivo aceita ou não as alte-rações sugeridas. A versão final da lei, contudo, não deverá estar pronta em breve, já que só amanhã é que os deputados entram na analise de uma nova secção do diploma.

Ung Choi Kun acusa Governode atrasar leis sociaisO deputado Ung Choi Kun acusa o Governo de estar atrasado na produção de leis sobre os assuntos sociais, e que isso influencia o desenvolvimento social. Em interpelação entregue ao Executivo, o deputado deu como exemplo o atraso face à legislação sobre prédios devolutos, tendo frisado que isso já gerou “confusão” no mercado imobiliário. “Quem negoceia no mercado encontra menos transparência na lei e o desequilíbrio existente entre a oferta e procura faz com que o preço dos imóveis continue a subir.” Por outro lado, o deputado considera que no sistema jurídico referente à propriedade horizontal o Governo tem uma “atitude negativa” e pede a implementação de um “sistema de responsabilização”, bem como a eficácia da Direcção dos Serviços de Reforma Jurídica e Direito Internacional. Numa outra interpelação, o deputado do ramo imobiliário questiona o plano de habitação pública depois das 19 mil habitações, pelo que propõe a criação de uma “plataforma de publicação de mensagens sobre a reserva de terrenos e a transacção de imóveis, para que o público perceba claramente a situação do mercado”. - C.L.

Ho Ion Sang questiona facilidades para deficientesEm interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado Ho Ion Sang frisa que a maioria dos locais e instalações publicas de Macau têm falta de lugares de acesso para quem é portador de deficiência. O deputado questiona se o Governo tem algum calendário para melhorar o apoio às necessidades dos deficientes, bem como um planeamento definido para melhorar as instalações. - C.L.

Lei do Património Deputados querem excepções nas consultas públicas

cidadãos a classificar imóveis?

Lee Chong Cheng questiona nova fronteiraO deputado Lee Chong Cheng considera na sua interpelação escrita que o novo comboio que faz a ligação Cantão-Zhuhai-Macau trazem um grande número de turistas para Macau, enquanto agrava a pressão existente nas Portas do Cerco. Por esse motivo, o deputado pede que o Governo vá à Assembleia Legislativa (AL) explicar os planos de cooperação que estão a ser feitos com Zhuhai sobre a nova fronteira. Lee Chong Cheng quer ainda saber se vão haver mais medidas nesse âmbito, e se a nova travessia junto ao Canal dos Patos, com Guangdong, terá capacidade de transporte suficiente. - C.L.

Lam Heong Sang preocupado com ilegaisO deputado Lam Heong Sang quer saber o trabalho que o Executivo está a desenvolver face aos trabalhadores ilegais. Na sua interpelação, o deputado diz que é importante o Governo criar “um mecanismo de multa e inspecções eficaz”. “A situação mais grave no que diz respeito ao trabalho ilegal acontece no sector imobiliário”, aponta, pedindo ainda ao Governo para ir à Assembleia Legislativa (AL) explicar os estudos relevantes que tem vindo a fazer neste âmbito. Lam Heong Sang não põe de parte a importância de se criar uma lei que faça um cerco mais apertado aos ilegais. - C.L.

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segunda-feira 18.3.2013sociedade4

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORESE DOS CONTABILISTAS

Aviso

Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2012 nos termos do disposto na alínea c) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 22 de Março, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Vong, através do nº 85990168 ou 85990139, caso não recebam a mencionada notificação.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 28 de Fevereiro de 2013.

O Presidente do Júri,Iong Kong Leong

Cecília [email protected]

O presidente do Insti-tuto Cultural (IC), Ung Vai Meng, considera que a

casamata de Coloane “vale a pena ser preservada”. Em de-clarações ao telejornal chinês da TDM, o presidente do IC falou da importância histórica do local, cujo terreno está nas mãos de um empresário pri-vado que quer construir altos edifícios habitacionais.

“Embora ainda esteja-mos a recolher informações, numa primeira análise consi-deramos que a casamata vale a pena ser conservada, do ponto de vista da protecção do património”, disse Ung

ShElDOn Adelson, o patrão da las Vegas Sands, está a ser acusado por

Steve Jacobs de lhe ter ordenado que ameaçasse o ex-Chefe do Governo de Macau, Edmund ho, por este ter atitudes que o magnata do jogo considerava hostis contra a operadora.

De acordo com a imprensa norte--americana, o ex-director da Sands China terá feito estas alegações enquanto teste-munhava num tribunal do nevada, onde decorre um processo judicial entre os dois homens. Um dos motivos que justificam que Adelson terá, alegadamente, obrigado Jacobs a fazer estas ameaças prende-se com o bloqueio da venda dos apartamentos do Four Seasons, o hotel situado junto ao Venetian, na strip do Cotai.

Contudo, de acordo com o jornal Macau Business Daily, o magnata do jogo já terá negado as acusações.

Os jornais norte-americanos admi-tem que Adelson terá exigido a Jacobs que “recordasse ao então Chefe do Executivo que a operadora já tinha pago 40 milhões de dólares para fechar um acordo para a venda dos apartamentos”, mas Adelson nega que tenha dado tais ordens ou que as autoridades de Macau tenham prejudicado a sua empresa de qualquer forma. O processo que decorre no tribunal do nevada foi interposto por Steve Jacobs em 2010, depois de este acusar a las Vegas Sands de corrupção. A audiência está marcada para começar a 3 de Abril. - J.F.

Casamata de Coloane Miguel de Senna Fernandes acha que se trata de “caso político”

“Vale a pena ser preservada”, diz ICDepois das declarações de Lau Si Io e Jaime Carion, o presidente do Instituto Cultural reconhece valor patrimonial da casamata de Coloane. Senna Fernandes diz que Governo tem que tomar posição dado o confronto económico e histórico

Vai Meng, que garantiu ainda que o Executivo vai ainda considerar mais de-talhes para a continuação da análise e fazer “ajustes adequados” à questão dos projectos de construção para edifícios elevados.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) recebeu informações da parte das Obras Públicas e está neste momento a analisar todo o projecto, incluindo a análise do impacto ambiental. A DSPA promete ainda emitir opiniões neste âmbito.

“Caso poLítICo”Já o advogado Miguel Senna Fernandes, que foi

convidado para explicar a documentação legal respei-tante ao terreno, afirma que a aquisição da terra é legal do ponto de vista jurídico, pelo que o fomento do mesmo ter-reno já é “um caso politico”.

Segundo o documento da Conservatória do Registo Predial (CRP) sobre o terre-no em questão, até 2004, ano em que a empresa Sin hong adquiriu o terreno, o mesmo era descrito como sendo “terreno agrícola”. Perante esse facto, a terra nunca terá sido desenvolvida desde o seu registo inicial, em 1903. Porém, com a instalação de uma infra-estrutura histórica de cariz militar, surgiu o de-bate entre o âmbito público ou privado do dito terreno.

sheldon adelson nega pressão a ex-Chefedo Executivo sobre apartamentos do Four seasons

Jacobs fala de ameaças ao Governo

Miguel Senna Fernandes disse ao canal chinês da TDM que antes Coloane não era desenvolvida e que o Governo português apenas queria proteger a zona, tendo construído a casamata sem pensar se a terra era ou não privada. “É muito possível que o Governo tenha feito essa instalação militar para proteger a terra”, disse.

Quanto ao fomento pre-dial na zona, a empresa tem todo o direito a fazê-lo. “O caso já passou para o foro politico e depende da posição que o Governo vai ter. O pla-no de protecção ambiental e do património entra em conflito com o desenvolvi-mento social, e é necessária uma medida politica para resolver o problema.”

Segundo o mesmo do-cumento da conservatória, a empresa Sin hong já terá feito uma hipoteca em Fevereiro no valor de 300 milhões de dólares de hong Kong. O seu presidente, Sio Tak hong, também membro da Conferência Consultiva Politica do Povo Chinês (CCPPC), disse em Pequim que iria desenvol-ver o terreno, e disse que o valor histórico da casamata “depende da perspectiva” nele colocada.

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5sociedadesegunda-feira 18.3.2013 www.hojemacau.com.mo

Filho de Stanley Ho investe em casinonas FilipinasLawrence Ho, filho do magnata do jogo Stanley Ho, anunciou que vai investir 4590 milhões de patacas num casino em Manila, potenciando a capacidade das Filipinas no ‘jogo’ dos centros mundiais de entretenimento. O investimento no Belle Grande, um complexo integrado de lazer e jogo gerido pela Melco Crown Entertainment, figura como o primeiro ‘resort’ da empresa, com sede em Macau, fora da Região Administrativa Especial da China, explicou Lawrence Ho, em conferência de imprensa. “Estamos muito entusiasmados com o nosso projecto. Pensamos que as Filipinas possuem o potencial de crescimento e são um dos mais excitantes países da região”, acrescentou, antes de assinar a parceria com o milionário filipino Henry Su. Nas Filipinas, Lawrence Ho esteve com James Packer, proprietário de vários espaços de jogo na Austrália e um dos principais empresários do país e com quem tem parceria em Macau. O projecto deverá abrir em meados do próximo ano.

Trabalhadoresdo comércioaumentaram 10,3%O número de trabalhadores do sector do comércio em Macau aumentou 10,3% no quarto trimestre de 2012 para 36.357 entre uma população activa de 350 mil pessoas, revelou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. Os rendimentos dos empregados no comércio, dos quais 23.346 trabalhavam no comércio a retalho, registaram um aumento anual de 7% para 10.880 patacas, em relação ao final de Dezembro de 2011, indicam os resultados do inquérito às necessidades de mão-de-obra e às remunerações referentes ao quarto trimestre de 2012. No final do ano passado existiam 4.238 vagas no comércio por grosso e a retalho, mais 101 do que no trimestre homólogo de 2011, com o sector do retalho a concentrar a maioria das ofertas, com 3.077 vagas. O número de trabalhadores aumentou também nos sectores dos transportes, armazenagem e comunicações (mais 6,1% para 8.606 trabalhadores), segurança (mais 7,7% para 5.149 trabalhadores), e tratamento de resíduos sólidos e líquidos públicos, os quais no final do ano passado empregavam 726 trabalhadores, ou mais 9,5% em termos anuais. Dados oficiais divulgados esta semana indicam que nos três meses terminados no final de Janeiro a população empregada aumentou para 351.400 pessoas, e a taxa de desemprego manteve-se inalterada nos 1,9%. Entre a população empregada, 25,7% estava ligada às actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços, 15,5% aos hotéis, restaurantes e similares, 12,8% ao comércio por grosso e a retalho e 9% à construção. As actividades imobiliárias e serviços prestados às empresas absorviam 7,2% dos trabalhadores, a administração pública 7,3% e o trabalho doméstico 5,5%, enquanto os restantes 17,1% de empregados estavam classificados em “outras” áreas de actividade.

O presidente da Fundação Ori--ente (FO) ga-rante que o fi-

nanciamento da Escola Por-tuguesa de Macau (EPM) é um capítulo fechado, porque “não faz sentido” que uma instituição privada apoie “para sempre” uma inicia-tiva do Estado português. “Não, acabou, chega. Não fomos feitos para apoiar para sempre uma iniciativa que é do Estado português. Fizemo-lo durante muitos anos, mas não podemos fazer isso a vida inteira. É um disparate e não estamos aqui para isso”, afirmou Carlos Monjardino.

Em entrevista à agência Lusa por ocasião do 25.º aniversário da FO, que se assinala na segunda-feira, o presidente da fundação vincou que está na altura de o Estado português “assumir as suas respon-

Carlos Monjardino nem querouvir falar do financiamento da Escola Portuguesa

Capítulo mais que fechado

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ConvocatóriaNos termos do artigo 12.º do Estatuto da Associação Promotora do Desenvolvimento de Macau, convocam-se todos os sócios para a Assembleia Geral Ordinária a realizar no dia 25 de Março de 2013 (segunda-feira), às 15:00 horas, nas instalações do The Lagoon Banquete, situado na Avenida da Amizade de Macau, The Landmark Macau, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Apresentação, discussão e aprovação dos relatórios da Administração, das contas e do parecer do Conselho Fiscal relativo ao ano de 2013.

2. Outros assuntos

Se à hora marcada não estiver presente o número suficiente de sócios para se obter o quorum necessário previsto no n.º 1 do artigo 13.º do estatuto acima referido, é desde já, convocada nova Assembleia que se realizará meia hora mais tarde, no mesmo local e com a mesma ordem de trabalhos independentemente do númeno de sócios presentes.

Macau, 16 de Março de 2013,

A Mesa da Assembleia Geral

O PresidenteChow Kam Fai, David.

sabilidades” no que toca ao ensino da língua por-tuguesa em Macau. “Não está de maneira nenhuma nas mãos nem é obrigação nem vocação de nenhuma fundação privada fazer aquilo que já fizemos, quanto mais continuar”, frisou.

A FO foi constituída em 18 de Março de 1988 como uma das contrapar-tidas impostas pela então Administração Portugue-sa de Macau à concessão em regime de exclusivo da exploração do jogo no território.

Monjardino lembrou que entre 1989 e 2011 a FO gastou “cerca de 240 milhões de patacas” com a EPM e o Instituto Português do Oriente (IPOR), que considera “um dos projectos mais válidos” e ao qual conti-nua ligado. “Demos mais um milhão de patacas [à EPM] em Janeiro, mas agora acabou. Não damos mais”, frisou Monjardino, que quis deixar bem claro que essa decisão “nada tem a ver com ser forreta ou não”.

O financiamento da

EPM, que actualmente conta com cerca de 500 alunos do ensino básico e secundário, é agora sustentado em três partes: propinas, contribuição do Ministério da Educação português e contribuição da Fundação Macau, que “substituiu” a Fundação Oriente.

Uma coisa, vincou Monjardino, é “ajudar a lançar projectos que nos pareceram importantes” para Macau e para a sua população. “Outra coisa é manter isso sem limite de tempo”, vincou.

O presidente da FO dis-se não ter “qualquer queixa ou reparo a fazer em rela-ção à parte pedagógica da escola, que é francamente muito boa”, mas quanto à gestão, Monjardino cri-tica o facto de a EPM ter sempre sido gerida “com o melhor do público e do privado”.

Carlos Monjardino adiantou não perceber como “numa altura de crise”, em que os dinhei-ros públicos são escassos,

Lisboa acabe por “não aproveitar ao máximo a grande disponibilidade” que há por parte do Go-verno de Macau.

Nem o Ministério da Educação nem o Mi-nistério dos Negócios Estrangeiros têm “muito dinheiro neste momento para pagar seja o que for para além daquilo que é a sua actividade central e não aproveitam até ao limite que podiam aproveitar, (...) sobretudo quando do lado de Macau existe a melhor boa von-tade relativamente não só à Escola Portuguesa de Macau, como sobretudo ao IPOR”, afirmou.

Monjardino considera que o IPOR é um “projec-to de excelência” e que está a ter “um sucesso muito grande”, mas que “necessariamente tem de ser feito de mãos dadas com Macau”. “Não há voltar a dar, até porque o IPOR ensina português não-curricular a alunos estrangeiros, sobretudo chineses”, frisou. - Lusa

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segunda-feira 18.3.2013nacional6 www.hojemacau.com.mo

A Assembleia Nacional Popular chinesa termi-nou ontem a sua reunião anual aprovando por lar-

ga maioria o relatório do Governo e o orçamento de Estado para 2013.

Os dois documentos foram aprovados, respectivamente, com 94,9% e 90% dos votos dos 2.948 delegados que participaram na votação.

Os delegados aprovaram tam-bém os relatórios do Supremo Tribunal e da Procuradoria Geral, embora nestes casos com menos de 80% dos votos.

A reunião da Assembleia Na-cional Popular, dominada este ano pela eleição de um novo Presidente da República, Xi Jinping, e a nome-ação de um novo governo, decorreu durante 13 dias no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

O novo presidente chi-nês, Xi Jinping, exor-

tou ontem os membros do Partido Comunista, “e especialmente os quadros dirigentes”, a “colocar os interesses do povo acima de tudo” e a “combater firmemente a corrupção”. “Devemos firmemente re-jeitar o formalismo, a bu-rocracia, o hedonismo e a extravagância, e combater

determinadamente todas as manifestações de corrupção e outros comportamentos negativos”, disse Xi Jinping no encerramento da sessão anual da Assembleia Nacio-nal Popular.

“O Partido, que foi funda-do para o bem público e que exerce o poder para o povo, deve supervisionar a sua própria conduta, fortalecer a capacidade, resistir à corrup-

ção, evitar a degenerescência e repelir riscos”, afirmou.

A corrupção é uma das principais causas de descon-tentamento popular na Chi-na. “Se não conseguirmos controlar essa questão, pode-rá ser fatal para o partido e até causar o colapso do partido e a queda do Estado”, alertou o anterior líder do PCC, Hu Jintao, no Congresso de há quatro meses.

Três antigos líderes do PCC, um dos quais, Bo Xilai, chegou a ser considerado o político do ano na China, em 2010, estão presos por corrupção e outras “graves violações da disciplina”, mas ainda não foram julgados.

Xi Jinping, 59 anos, sucedeu a Hu Jintao, que completou o máximo de dois mandatos de cinco anos na chefia do PCC e do Estado.

Assembleia Nacional Popular chinesa encerrada. Novo PM chinês promete “governar sob o primado da lei”

Reformar é precisoDe acordo com a prática das

últimas duas décadas, Xi Jinping e o novo chefe do governo, Li Keqiang, deverão encabeçar a liderança chinesa nos próximos 10 anos.

Xi Jinping e Li Keqiang, de, respectivamente, 59 e 57 anos, são também os mais jovens no Comité Permanente do Politburo do Par-tido Comunista Chinês, composto apenas por sete elementos.

O novo primeiro-ministro chi-

nês, Li Keqiang, defendeu ontem que “não há alternativa à política de reformas”, prometendo “governar sob o primado da lei” e “aceitar a supervisão da sociedade e dos media”. “Temos de nos manter apegados ao princípio do primado da lei para construir uma economia moderna, uma sociedade moderna e um governo moderno”, disse Li Keqiang numa conferência de im-prensa no Grande Palácio do Povo, em Pequim, após o encerramento

da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (parlamento).

Foi a sua primeira conferência de imprensa desde que assumiu a chefia do governo, há dois dias.

Li Keqiang qualificou a política de “Reforma Económica e Aber-tura ao Exterior”, adoptada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) no final da década de setenta, como “o maior dividendo da China”. “Há um grande espaço para libertar produtividade através da política

de reforma e há grande potencial para assegurar que os benefícios das reformas atingirão toda a po-pulação”, acrescentou.

Li Keqiang prometeu ser “leal ao povo” e “corresponder às suas aspirações”, nomeadamente quanto ao combate à corrupção e à gestão dos dinheiros públi-cos. “Durante o meu mandato, o governo não recorrerá aos cofres do Estado para construir novos gabinetes, pavilhões ou residências para uso do governo (...) Para o povo viver bem, o governo deve ter um orçamento apertado”, disse.

O novo primeiro-ministro chinês, manifestou-se confiante que a China conseguirá manter um crescimento económico anual de 7,5% até ao final da década, apesar dos “riscos” e “desafios” que enfrenta. “Não será fácil, mas temos condições favoráveis e enor-mes potencialidades na procura interna”, disse Li Keqiang.

Para alcançar o objectivo estratégico apontada pelo 18º Congresso do Partido Comunista Chinês, há cerca de quatro meses, “temos de registar um crescimento económico anual de cerca de 7,5% até 2020”, precisou.

A China - a segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, mas como um PIB per capita inferior a cerca de 47.000 patacas - pretende tornar-se “uma sociedade moderadamente próspera” no início da próxima década. “A mais alta prioridade é manter um crescimento económico sustentável”, disse Li Keqiang.

“Como é esperado, o ambiente económico continuará a ser com-plexo e temos de estar preparados para potenciais adversidades, mas precisamos de crescimento econó-mico”, acrescentou.

A economia chinesa cresceu 7,9% no quarto trimestre de 2012, interrompendo dois anos de abran-damento.

Li Keqiang, 57 anos, é também o “número dois” da hierarquia do PCC, a seguir ao secretário-geral do Partido e Presidente da Repú-blica, Xi Jinping.

Formado em Direito e com um doutoramento em Economia, Li Keqiang é considerado “o mais ins-truído chefe do governo da história da Republica Popular da China”. “A lei ocupa um lugar na nossa sociedade. Ninguém, quem quer que seja ou o que faça, pode violar a lei. Estamos dispostos a aceitar a supervisão de toda a sociedade e dos media”, disse Li Keqiang.

Novo presidente chinês apela ao “firme combate contra a corrupção”

Poder para o povo

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segunda-feira 18.3.2013 www.hojemacau.com.mo 7região

O antigo embaixador chi-nês no Japão Wang Yi

foi sábado nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros da China, numa conjuntura marcada por acesa tensão nas relações entre os dois gigantes da Ásia Oriental.

Wang Yi, 60 anos, ini-ciou a carreira diplomática em 1982, quando a política de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior” estava a dar os primeiros passos.

Sempre ligado aos assun-tos asiáticos, Wang Yi esteve colocado duas vezes em

Tóquio, a última das quais entre 2004 e 2007, já com a categoria de vice-ministro.

É membro do Comité Central do Partido Comunis-ta Chinês desde 2007.

A China tornou-se nos últimos anos o maior par-ceiro comercial do Japão, à frente dos Estados Unidos, mas as relações políticas crisparam-se em 2012 devi-do ao diferendo acerca das ilhas Diaoyu, um pequeno arquipélago desabitado cuja soberania é reclamada pelos dois países.

Wang Yi sucede a Yang Jiechi, 63 anos, que foi promovido a membro do Conselho de Estado (o exe-cutivo do governo chinês).

Antes de ser nomeado para o actual cargo, Wang Yi dirigia o Gabinete do Conselho de Estado encarregue dos Assuntos de Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois do Partido Comunista tomar o poder no continente, em 1949, e que Pequim considera uma província da China.

O antigo número dois do Governo de Hong Kong, Henry Tang, que foi também can-

didato à chefia do Executivo, vendeu parte da sua colecção de vinhos raros numa operação que rendeu cerca de 40,5 milhões de patacas, revelou a Christie.

O leilão surge meses depois do antigo can-didato a líder do Governo ter sido envolvido num escândalo de obras ilegais na sua casa em Hong Kong que acabaria por ser determinante na derrota que sofreu na corrida eleitoral.

O leilão decorreu durante dois dias e incluiu uma ampla selecção de vinhos raros como Burgundys em colheitas entre 1949 e 2010.

A casa de leilões salientou que embora estivessem disponíveis milhares de garrafas, estas representam apenas uma pequena parte da colecção de Henry Tang.

Numa entrevista ao The Wall Street Jour-nal, o político garantiu, contudo, que nenhuma das garrafas esteve armazenada na cave ilegal descoberta em sua casa e que esteve na origem da polémica nas eleições de 2012.

UmA turista suíça foi violada por um gru-

po de homens no centro rural da Índia, informou sábado a polícia local, que já terá detido sete suspeitos.

A turista suíça estava a realizar um roteiro de bicicleta com o marido no estado de madhya Pradesh quando sete a oito homens atacaram o casal na sexta-feira à noite, violando a mulher e roubando o casal, acres-centou a polícia.

Os atacantes “amar-raram o homem e vio-laram a mulher na sua presença”, disse o agente Afzal da polícia local à AFP, acrescentando que roubaram cerca de 1400 euros e um telemóvel à mulher.

Fonte da embaixada suíça disse entretanto à EFE que a polícia já deteve sete pessoas por suspeita da violação da turista.

O casal dirigia-se para o destino turístico de Agra, onde se encontra o icónico Taj mahal, no norte da Índia, e decidiu acampar na aldeia de Jhadia para passar a noite.

Os media indianos dizem que os atacantes empunhavam paus.

A mulher, de 40 anos, deu entretanto entrada no hospital da cidade de Gwalior, a 342 quilóme-tros da capital do estado, Bhopal, disse o agente Dhodee, da polícia local.

No sábado, a vítima estava consciente e a prestar declarações às

autoridades, acrescentou a polícia.

A mulher disse que tanto ela como o marido são suíços, mas a polícia ainda não confirmou a informação.

Dhodee disse à AFP que a polícia ainda está a investigar o caso, mas afirmou que já foi “regis-tado um caso de violação contra sete pessoas não identificadas”.

A segurança das mu-lheres e das meninas na Índia, que tem 1,2 mil milhões de habitantes, é motivo de preocupação, não só devido às vio-lações, mas também à violência doméstica, que mata milhares de pessoas todos os anos, segundo activistas dos direitos humanos.

O fabricante japonês de produtos elec-trónicos Panasonic está a estudar a

venda da sua filial de produtos médicos e de saúde, um dos históricos pilares da companhia, para sanear as suas contas, revelou ontem o diário Nikkei.

A companhia, com sede na cidade japonesa de Osaka, tem actualmente di-versas ofertas para a compra da divisão Panasonic Healthcare, entre as quais do fundo de investimento norte-americano Kohlberg Kravis Roberts & Co.

A operação poderia render cerca de 8000 milhões de patacas e enquadra--se nos esforços da administração da Panasonic para reestruturar as finanças da empresa.

No ano fiscal 2012/2013, que termi-na no final de Março, a Panasonic estima perdas equivalentes a cerca de 60.140 milhões de patacas, o seu segundo ano em negativo.

Com o objectivo de reduzir perdas, que espera anular em 2015, a Panasonic anunciou em Novembro pretender cor-tar 10.000 postos de trabalho, essencial-mente no estrangeiro, depois de já ter diminuído o número de trabalhadores em 36.000 no ano de 2011.

No ano fiscal 2011/2012 a Panasonic Healthcare registou lucros equivalentes a cerca de 700,6 milhões de patacas e receitas de cerca de 10.070 milhões de patacas.

Ex-embaixador chinês no Japãonomeado ministro dos Negócios Estrangeiros

Especialistade assuntos asiáticos

Antigo número dois de Hong Kong arrecada 40,5 milhões de patacas na venda de colecção de vinhos

Rica colheita

Turista vítima de violação colectiva na Índia

Sete suspeitos detidos

Panasonic estuda venda da filialde produtos médicos para sanear contas

minimizar prejuízos

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segunda-feira 18.3.2013rota das letras8 www.hojemacau.com.mo

O fadista Camané apresentou-se, no sábado, em Macau, para es-

pectáculo com um alinha-mento traduzido para chinês, depois de ter interpretado um tema com os Dead Combo, também convidados do festi-val literário Rota das Letras.

Em palco com os músi-cos Paulo Parreira (guitar-ra), Carlos Manuel Proença (viola) e Paulo Paz (bai-xo), Camané apresentou “algumas surpresas” que inicialmente não estavam no alinhamento, como um dos temas inéditos da nova colectânea “O melhor 1995-2013”, a lançar em Portugal, no final de Abril.

Esta será a quarta vez que Camané se encontra com o público, em Macau, depois de, na década de 1990, ter sido convidado para a inauguração do Centro Cultural e de, em

2007, ter partilhado esse mesmo palco com a Or-questra Chinesa de Macau. “Gostei imenso do maestro e da ligação que conse-guiram criar com os meus músicos. Foi um trabalho até de alguma atenção, nas paragens, por exemplo, porque tiveram de apren-der algumas palavras em português para perceber o tempo da sílaba”, descre-veu, ao recordar a forma “calorosa” com que foi re-cebido pelo público chinês e pelos muitos portugueses que encheram a sala.

É a esse “público fan-tástico” que Camané dedi-cou a sua música. “Acho que [o fado] é uma musica-lidade, se calhar mais fácil para esta zona da China do que noutra, porque há uns sons, há umas recordações e há muitos portugueses, há uma musicalidade da língua, há palavras em

português, em todas as ruas, em todos os sítios, e penso que, de algu-ma maneira, isso facilita muito essa aproximação”, afirmou.

O fadista expressou ainda o desejo de dar um espectáculo no interior da China, uma possibilidade que o entusiasmou de-pois de, numa das visitas a Macau, ter feito uma viagem de carro até Can-tão, onde descobriu “um teatro genial, uma espécie de coliseu, super antigo, com umas madeiras lin-díssimas”. “Foi uma coisa que me fascinou imenso, aquele som e aquele am-biente. Claro que era um sítio que eu gostaria muito de conhecer e, também, de levar a minha música. É complicado, pode ser e pode não ser. Quem sabe, um dia?”, deixou no ar. - Lusa

A portugalidade dos Dead Combo ecoou este fim-

-de-semana pela primeira vez em Macau, através das personagens ‘gangster’ e ‘cangalheiro’, que levam à terra que parece “a Dis-neylândia” uma viagem carregada de dez anos de música, incluindo aquela “do restaurante chinês”.

A estreia na Ásia da banda formada por Tó Trips (guitarra) e Pedro Gonçalves (baixo, contrabaixo, kazoo) aconteceu uma década de-pois da gravação, em 2003, de um tema para uma com-pilação de homenagem a Carlos Paredes. “Nós nor-malmente quando tocamos [num sítio] pela primeira vez fazemos sempre um apanhado de todos os álbuns, incidindo normalmente o mais recente, que é o ‘Lisboa Mulata’”, disse à agência Lusa Tó Trips.

Escudando-se em duas personagens - um ‘gangs-ter’ e um ‘cangalheiro’ - os dois músicos tocam música

Camané actuou em Macaucom temas traduzidos para chinês

Plateia rendida

Dead Combo tocaram pela primeira vez em Macau

Na terra que “faz lembrar a Disneylândia”instrumental, incorporando sonoridades portuguesas, la-tinas, africanas e americanas nas composições. Em quatro álbuns lançados, identificam um tema com resquícios de oriente. “Há uma música, que é uma versão dos Que-en of the Stone Age, que se chama ‘Like a drug’, e que o

Tó [Trips] até costuma dizer, antes de tocar, que aquilo é música de restaurante chinês, mas também não conhecemos bem a cultura, a música, quase nada. As nossas influências são o que vivemos no dia-a-dia, temos de vir à Ásia mais vezes”, explicou Pedro Gonçalves.

O tema fez parte do concerto de sábado no Ve-netian, que contou com a participação especial do fa-dista Camané, também com um espectáculo em nome próprio no festival literário de Macau Rota das Letras. “Por acaso, uma música que podíamos tocar era a ‘Ouvi

o texto muito ao longe’, atirou Tó Trips, ao justifi-car a lembrança do poema escrito por Sérgio Godinho e declamado por Camané no último álbum da banda com a explicação simples de que “isto é um festival literário”.

Apesar de longe da crise de Portugal, o músico que em 1996 e 1998 participou no Festival de Jazz de Ma-cau, “noutro contexto, e com outras bandas”, estabelece paralelismos: “Vir tocar aqui, a sensação que tenho é a de que estou a viver num passado de alguma maneira e, por outro lado, no futuro, uma sensação de estar assim entre dois tempos, que não é bem agora, que é um pre-sente negro”.

“Aqui faz lembrar às ve-zes a Disneylândia. É outro universo”, reforçou.

Da discografia dos Dead Combo fazem parte “Vol 1” (2004) e “Vol 2 - Quando a alma não é pequena” (2006), “Lusitânia Playboys” (2008) e “Lisboa Mulata” (2011),

além de dois registos ao vivo e música para cinema.

No ano passado partici-param no programa televi-sivo norte-americano “No Reservations”, quando o au-tor, Anthony Bourdain, fez um episódio sobre Lisboa.

Por causa da participação naquele programa, os Dead Combo tiveram três álbuns entre os mais vendidos nos Estados Unidos, através do portal iTunes.

Os Dead Combo vão as-sinalar os 10 anos de carreira com um concerto no Teatro São Luís, em Lisboa, no dia 16 de Abril.

Os músicos estão tam-bém a preparar o lançamento de uma banda desenhada autobiográfica e, no terceiro trimestre deste ano, prevêem publicar o livro infantil “A Cidade da Tristeza Pro-funda” - escrito por Pedro Gonçalves e com capa de Tó Trips -, assim como uma biografia com texto e foto-grafias “com o que acontece para lá do palco”.

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Rita Marques [email protected]

Na conferência “as Literaturas dentro da Literatura de Expressão Portuguesa”, com lugar

no IPOR na sexta-feira, o escri-tor Valter Hugo Mãe foi um dos convidados do painel, ao lado de Paulina Chiziane, Vanessa Bárbara e antoine Volodine. Respondendo à questão da audiência sobre a vontade dos escritores escreverem sobre Macau, o autor de “a máqui-na de fazer espanhóis” não hesitou. “Já tenho o título e tudo”, reagiu, embora não revelasse o nome do conto que lhe foi proposto fazer pela organização do Festival Lite-rário de Macau – Rota das Letras, para o novo volume do livro de contos, depois de “amor como o Primeiro” saído da primeira edição do festival. “Já sei sobre o que é. No outro dia fui ao casino Lisboa e no meio dos jogadores estavam três raparigas a dançar com pouca roupa e uma das raparigas eu acho que era um rapaz. Muito transfor-mada em rapariga. Era preciso estar muito atento para perceber que aquela rapariga era um rapaz. E os homens estavam a apreciá--la e a admirá-la. E acho que vou escrever sobre isso”, explicou o

FOI exibido no sábado, pelas 15h30, no Cine-

ma alegria, no âmbito do Festival Literário de Macau – Rota das Letras. “Jouney to the South” é baseado numa história verídica e, como refere o realizador, presente na exibição do filme, não tem lugar a passar não tem lugar a passar nas salas de cine-ma do continente. Porquê? “Na China não é possível passar este filme. Temos um sistema de controlo muito severo para o cinema e televisão […] Mas a razão por não passarmos não é por dizermos algo de mau sobre a corrupção mas por mostrarmos a verdade das nossas condições de vida. Esta história acontece todos os dias na China”, explica Wiseman Wang.

O filme relata a história de Bing, um motorista de ca-

Romance novono fim do anoO novo romance de Valter Hugo Mãe, com os fiordes islandeses como cenário, deverá ser publicado no final do ano, revelou o escritor à agência Lusa. No centro do romance, está a história de “uma menina que, de algum modo, vai percebendo a solidão, a sua condição de habitante de um lugar quieto, enquanto descobre as mutações do seu corpo na fase em que a adolescência lhe proporciona todas as alterações de maturação”.

Valter Hugo Mãe já tem uma história para o próximo volume do livro de contos do Rota das Letras

Macau, palco de pequenas novas históriasautor para que pisou pela primeira vez Macau há três anos. “É um lugar muito irónico, é uma China que não deixa de ser chinesa, mas que se opõe à própria China, por isso, é uma profunda ‘ironização’ de todas as políticas, de todas as culturas e de todas as tradições, é um lugar que não é neutro, muito

pelo contrário, é um lugar ‘super vigiado’ e ‘super pensado’, mas que se exceptua. É uma excepção muito grande e eu acho que essa excepção vem um bocado dessa espécie de permissividade, que nasce do facto de ser uma terra de fantasia.”

Paulina Chiziane, por sua vez,

ainda não tem enredo. “O meu Macau foi diferente do Macau [de de Valter Hugo Mãe]. Para uma mulher da minha idade não fica bem andar nestes sítios. Nem ver rapazinhos que parecem mulheres”, disse, jocosa. “Eu vou escrever Macau que eu viu. Interacções de pessoas vindas de

diferentes quadrantes […] Afinal há um denominador comum em ser mulher em África, na China ou em Macau.” a escritora brasileira Vanessa Bárbara diz sair do Rota das Letras com “o caderninho cheio” mas tem de “absorver quando chegar a casa tudo o que viu. Por sua vez, o francês antoi-ne Volodine, auto-descrito como internacionalista, revolucionário, anarquista e de extrema-esquerda tal como as personagens que criou, apesar de estar em fim de carreira diz que irá também escrever “um pequeno conto”, respondendo ao convite dirigido pela organização.

Wiseman Wan, realizador do filme “Journey to the South”

“Na China não é possível passar este filme”miões de gás, que necessita de fazer viagens entre bom-bas de gasolina para ganhar a vida. Quando descobre que a escola ilegal onde andava o seu filho foi fechada, recebe também a notícia de que a sua mãe, que vive longe, está doente e precisa de um tratamento que custa uma soma avultada de dinheiro. É então que recebe uma proposta do seu patrão para fazer uma longa viagem com o depósito de gás até à província de Guangdong sendo recompensado com uma remuneração aliciante. Para trás deixa o filho com a vizinha. Pela frente tem de encarar situações com-plicadas de esquemas de corrupção, que envolvem a polícia e não só. Toda a história passa-se na época que antecedeu os Jogos Olímpicos de Pequim, em

2008. “a história é a China há dez anos mas muitos dos eventos estão agora a aconte-cer na China, todos os dias. as crianças a perder a escola, as pessoas a perderem as casas. O sistema a matar as pessoas. Esta é a situação real”, realça Wang no fim da exibição do filme, para uma sala quase lotada.

O filme é retratado por muitos como um “semi-do-cumetário”, explica Wang. as pessoas que entram no filme não são actores pro-fissionais, alguns são até pessoas que dão corpo à sua própria pele. “Por duas razões: primeiro não tenho dinheiro e depois porque é possível perceber que não é um filme (…) Filmámos cada vez que dava. Usá-vamos as pessoas reais, na bomba do gasolina, por exemplo. Não há na verda-

de nenhuma cena no meu filme. A razão é mostrar as condições reais na China”, revela. Depois há a questão dos movimentos de câmara, feitos com as mãos em boa parte do filme. “Quis dar a sensação de que era um documentário. Foi propo-sitado.”

Na conversa com o autor, os cinéfilos tiveram a oportu-nidade de colocar questões e interpretar o filme junto com o realizador. Bing foi visto como um personagem ‘naif’, segun-do uma das interpretações feitas pela audiência, talvez comum a muitos membros do público ocidental. Mas Wiseman Wang desmente. “as pessoas chinesas têm a sua natureza. Ficam sempre em silêncio quando algo [de mau] acontece. Por isso, Bing é uma pessoa normal que se mantém sempre em silêncio.”

O personagem principal é roubado sucessivamente, sem lugar a contra-argumen-tações em grande parte do filme. As peripécias dramá-ticas, encadeadas umas nas outras, deixam a sala impa-ciente. Via-se na inquietação de alguma pessoas.

Talvez por isso Wiseman Wang começou por dizer: “Não sei se quem não é chinês pode compreender o filme porque o tema é para a população chinesa. Há um lógica chinesa no filme.” Mas, segundo alguns “estrangeiros” presentes, o filme foi muito bem compre-endido. até porque, diziam, a realidade assemelha-se, em parte, aos dias vividos hoje em Portugal.

a verdade é que o enredo é baseado em factos reais que saíram num jornal chinês, re-fere o realizador, felizmente

com direito a igual “final feliz”. No entanto, adianta, “a história que saiu no jornal é ainda pior do que viram no filme”.

Porém, a mensagem passada é suficientemente forte para não ser exibida oficialmente no continente. Por agora só Macau, garan-te. “Tenho uma associação de filmes ‘underground’ onde podemos mostrá-lo em Pequim, Guangdong e Xangai para mas é apenas uma troca literária. Não é para fins comerciais.” A história também vai passar longe do público da 37ª edição do Hong Kong Inter-national Film Festival, com lugar até 2 de abril, porque “disseram não [quando submetido o filme]”. Por isso, receitas do filme não existem, garantiu Wiseman Wang. – R.M.R.

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Rita Marques [email protected]

Não é exagerado dizer que tanto Joanna Wang como o público tiveram uma noite surpreenden-

te. A artista de Taiwan aceitou o desafio de actuar no âmbito do Festival Literário de Macau porque se identifica mais com uma plateia “artística” e menos “comercial”, na qual vê maiores hipóteses de ser compreendida. Não estava enga-nada. A plateia, que se apresentou bem recheada no Cotai Arena do Venetian, rendeu-se. E ela retri-buiu. Elogiou-a, de igual forma em

mandarim e inglês – as duas línguas nas quais se expressa musicalmen-te. No final, ninguém arredou pé. E a grande custo, depois de aplausos incessantes, acompanhados de gri-tos e batidas de pé apresentou-se sozinha, assistida apenas pela sua guitarra para o encore. Escolheu “You and me”, single do álbum de originais lançado este ano - Galaxy Crisis: The Strangest Midnight Broadcast, numa versão acústica, improvisada e intimista. o proce-dimento, garante, é raro. “Fiquei a sentir que o público me deu tanto que quis retribuir um pouco mais”, explicou ao Hoje Macau, numa entrevista-relâmpago pós-concerto

Foi a sua estreia em Macau?Não, na realidade esta é a segunda vez que venho a Macau. Na última vez também actuei aqui, exactamente no mesmo palco, mas foi um concerto privado para uma empresa e não para um festival como o de hoje, com tanto público.

O que achou da actuação desta noite?Foi extraordinária. É tão bom para alguém que cria, seja o que for, ter as suas criações tão bem recebidas pelos seus ouvintes, por isso fiquei a sentir-me mesmo muito acarinha e feliz. Estou tão contente que esta tenha sido a carreira que escolhi e

tão contente por esta noite com estas pessoas que estiveram comigo. É mesmo um sentimento muito bom.

Ao longo do concerto mostrou estar maravilhada com o carinho do público. Chegou a dizer: “nunca fui tão aplaudida”. Acha que esta receptividade está intimamente ligada com a multiculturalidade do público, talvez bem diferente do habitual?Sim, acredito mesmo nisso. De acordo com a minha experiência, de actuar mais para um público maio-ritariamente chinês, muitas vezes as minhas composições não são tão bem recebidas. Mas hoje foi uma noite

extraordinária e foi tão bom sentir esta empatia com o público.

Para a maioria de nós portugue-ses, que eventualmente nunca a tenham escutado antes, esta noite foi realmente uma agradável sur-presa. Por essa razão, pedimos incessantemente um ‘encore’. Porque foi tão difícil para si aceder a esse pedido?É que habitualmente não faço ‘encores’. Tem sido sempre um procedimento-padrão meu porque eu nunca tenho uma vontade particular de fazer ‘encores’. Normalmente saio simplesmente e não volto. Acho que é o meu lado irritante. Mas toda

Joanna Wang actuou no Cotai-Arena, Venetian, sexta à noite, para uma plateia entusiasmada

“Foi uma noite extraordinária e foi tão bom sentir esta empatia com o público”

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esta experiência foi tão boa e fiquei a sentir que o público me deu tanto que quis retribuir um pouco mais.

E foi difícil escolher a música que cantou no fim?Sim, de facto estava a falar com os membros da minha banda – Martin and Luka – e não sabia bem o que fazer. E eles disseram: “Acho que deves ir tocar sozinha, vai ser bom. Tu e a guitarra apenas”.

Como é que geralmente escolhe os ‘covers’ que canta?Os meus covers… hmm... Algumas canções são de um álbum de covers […] que fiz há dois anos atrás. Ou-

tras são apenas músicas que adoro. Eu realmente gosto muito daquelas músicas dos anos 40, 50 e 60 que são realmente femininas e suaves como “Someone to watch over me” [original de George e Ira Gershwin] ou “What is a youth” [de Nino Rota]. Elas todas evocam tamanhas emoções de amor e tristeza, que tanto gosto.

Também gosta de as representar. Há um lado teatral nas suas actua-ções. Como é que sentiu esse desejo de as actuar por inteiro?Sim, eu adoro isso. Todos os álbuns que fiz, que escrevi e produzi, e que venha a fazer, adoro explorar este

lado fisicamente estimulante. É real-mente excitante e dramático. Adoro músicas emocionantes.

E as músicas que escreve e com-põe. De onde vem a inspiração? Algumas vêm de experiências pessoais?Não, de todo. Se ouvires os tópicos das canções não têm nada a ver. Realmente não escrevo muito sobre as minhas experiências pessoais porque a vida real é tão aborrecida e tão mundana. Gosto de escrever personagens e histórias. Quando canto, muitas das vezes que o faço estou a representar um personagem, e não a partir da Joanna.

Como se proporcionou esta vinda cá? Porque decidiu aceitar o con-vite da organização do Rota das Letras?Aceitei porque era um Festival Literário e achei lisonjeiro este convite, para este evento. E acho que para mim é sempre melhor estar mais perto de um público artístico em oposição a um público mais comercial porque acho que é nesses casos que me sinto mais apreciada. E estava certa. Foi uma noite realmente incrível. Porque me senti realmente muito compreen-dida enquanto actuava as minhas composições e esse é realmente um sentimento tão bonito.

Joanna Wang actuou no Cotai-Arena, Venetian, sexta à noite, para uma plateia entusiasmada

“Foi uma noite extraordinária e foi tão bom sentir esta empatia com o público”

Rita Marques Ramos

Apareceu de vestido longo branco, cabelo loiro apanhado atrás e pouca maquilhagem. Um estilo algo angelical que batia certo com a genuinidade das suas músicas. Mas que em nada impediu o dramatismo que viria a dar-lhes, quer pela representação em palco quer pela sonoridade do baixo e do piano a acompanhá-la. Manteve-se sempre sentada, a meio do palco, serena, criando sempre um clima de proximidade com o público, ora em chinês ora em inglês. Era assim também que apresentava cada história da nova canção. As músicas sucederam-se como as cerejas. Passavam e mal se dava por elas. O público frustrado. Com vontade de ouvir mais e mais. 14 músicas foram preparadas. Entre as quais, alguns covers como “Black hole sun”, dos Soundgarden, “I Blame it on you”, dos Young Blood, “Love of my life”, dos Queen, “Someone to watch over me”, interpretado originalmente por Gertrude Lawrence, “What is a youth”, de Nino Rota e para finalizar “Moon River”, de Audrey Hepburn no filme de 1961 “Beakfast at Tiffany’s”. Pelo meio músicas dos seus mais recentes álbuns: “The Adventures of Bernie the Schoolboy”(2011) e “Galaxy Crisis: The Strangest Midnight Broadcast” (2013). Do primeiro, “The Fool” sobre “as aventuras de um pequeno rapaz”. E “Apathy”, a história de um homem apático narrado pela sua mulher que faz tudo por ele. “Ela trata de tudo, inclusive os papéis do trabalho. Ele não tem uma preocupação no mundo”, explica Joanna Wang. “No fim ela diz: ‘Talvez seja pela maneira de seres que eu sou tão apaixonada por ti’. Sem nunca se levantar, cantou cada frase por meio de gestos. Aplausos, sempre. No fim de cada música, havia vontade de mostrar que o público estava presente e atento a cada movimento. “Vocês são um público maravilhoso”, dizia. Mas depois de “Moon River” saiu subtilmente e não queria voltar. Passados cerca de 10 minutos apresentou-se novamente, depois de tamanha insistência sem fim à vista. “Eu nunca faço encores”, anunciou. Mas fez. E fez apresentar sozinha em palco, apenas com a guitarra enrolada ao corpo com a qual actuou o single do seu último álbum, “You and Me”. Desta feita, sem lugar a que o público pudesse acompanhar a letra da canção nos ecrãs. Foi improvisada. A confirmação: não estava no alinhamento. Os aplausos juntaram-se pela primeira vez à música. Foi apenas uma mas o público agradeceu o esforço. Valeu a pena.

Quem éJoanna Wang?Tem 24 anos e já não é uma revelação para Taiwan, sua terra natal, ou mesmo no sudeste asiático, onde é acarinhada e vista como um ícone do jazz, folk e pop. Canta em mandarim e em inglês, língua de qual é fluente já que cresceu em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. É comparada a Norah Jones, pela semelhança de estilos e presença delicodoce. Como influências refere os britânicos Queen, Paul McCartney - e mesmo os Beatle no geral – a banda americana Oingo Boingo e a cantora japonesa Yoeko Kurahashi. Curiosamente, as bandas-sonoras de jogos electrónicos como Castlevania, Zelda ou Super Mario têm a sua quota parte de participação nas suas composições musicais, nomeadamente nas do último álbum Galaxy Crisis: The Strangest Midnight Broadcast (2013). Estreou-se aos 19 anos com “Start From Here”, lançado em Janeiro de 2008 com um set de dois discos em inglês e chinês. O álbum chegou a número 1 em Taiwan e tornou-se popular na Ásia, tendo sido lançado no Japão em Junho desse ano. Recentemente deixou os seus cabelos morenos em troca de um loiro platinado, depois de performances onde encarnou a pele de Maria Antoniette (ou, pelo menos, com quem se assemelhava) para apresentar o álbum The Adventures of Bernie the Schoolboy (2011).

opinião

Melodia aveludada

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segunda-feira 18.3.2013publicidade12 www.hojemacau.com.mo

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 27/2013(Reparação coerciva)

Lurdes Maria Sales, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e do artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 – Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho conjugados com o artigo 58.º, n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, à notificação do transgressor do Auto n.º 30/0708/2013, de 25 de Janeiro de 2013, senhor Lei Seng Kai, proprietário de “Hap Seng Cong Cheng Cong Si”, residente no bairro de Fai Chi Kei, Edifício Lok Yeung Fa Yuen, bloco 4, 20 andar W, em Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte ao da publicação dos presentes éditos, proceder ao pagamento da multa aplicada no aludido auto, no valor de Mop$6.666,70 (seis mil, seiscentas e sessenta e seis patacas e setenta avos), por prática da transgressão laboral prevista no artigo 77º e punida nos termos da alínea 5) do n.º 3 do artigo 85.º e n.º 2 do artigo 81.º da Lei n.º 7/2008 – Lei das relações de trabalho, bem como, no mesmo prazo, proceder ao pagamento da quantia em dívida ao trabalhador NG CHO CHEONG no valor de MOP$6.400,00 (seis mil e quatrocentas patacas), devendo ainda, nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do atrás citado prazo, fazer prova dos pagamentos efectuados.

A cópia do auto, a notificação, o mapa de apuramento e as guias de depósito deverão ser levantados, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo facultada a consulta do processo em causa, instruído por estes Serviços.

Decorridos os prazos, sem que tenha sido dado cumprimento à presente notificação, seguir-se-á a tramitação judicial, com a remessa do auto ao Juízo.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 4 de Março de 2013.

A Chefe de Departamento,

Lurdes Maria Sales

ANÚNCIO

N.º 54/2013

Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação económica abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do Boletim de candidaturaCHAN SOI KUAN 14574 AO IEONG IOI CHEONG 55430TAI NGAN CHI 58048

Após as verificações deste Instituto, notamos que os representantes dos agregados familiares de candidatos a habitação económica acima mencionados são elementos dos respectivos agregados familiares, que figurem noutros boletins de candidatura, aos quais o IH tenha autorizado a compra de uma fracção, pelo que, estes não podem candidatar-se à aquisição de fracções, nos termos da alínea 3) do n.º 4 do artigo 14.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica).

De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, devem apresentar, por escrito, as suas contestações e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio.

Se não apresentarem as contestações no prazo fixado ou as mesmas não forem aceites por este Instituto, os representantes dos agregados familiares forem retirados dos agregados familiares e as respectivas candidaturas serão excluídas da lista geral de espera, por não reunem os requisitos para aquisição de habitação económica, nos termos dos n.º 5 do artigo 60.º da Lei n.º 10/2011 e n.º 2 do artigo 16.º do Regulamento de acesso à compra de habitações construídas no regime de contrato de desenvolvimento para a habitação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, revisto pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002.

No caso de dúvidas, poderão dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Vong, através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 216), para consulta do processo.

O Chefe do Departamento de Assuntos de Habitação Pública, subst.º

Chan Wa keong14 de Março de 2013

ANÚNCIO

N.º 55/2013 Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar o representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação económica abaixo indicado, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do Boletim de candidatura CHONG IOK SENG 53922 Após as verificações deste Instituto, notamos que o representante do agregado familiar de candidatos a habitação económica acima mencionado é proprietário de fracção autónoma com finalidade habitacional na Região Administrativa Especial de Macau, desde à data da apresentação da candidatura e até à data de celebração da escritura pública de compra e venda da fracção, e é elemento do respectivo agregado familiar, que tenha vendido fracção de habitação económica, pelo que, este não pode candidatar-se à aquisição de fracções de habitação económica, nos termos das alínea 1 do n.º 3 e alínea 7 do n.º 4 do artigo 14.º da Lei n.º 10/2011(Lei da habitação económica). De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve apresentar, por escrito, a sua contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentar a contestação no prazo fixado ou a mesma não for aceite por este Instituto, o representante do agregado familiar for retirado do agregado familiar e a respectiva candidatura será excluída da lista geral de espera, por não reunir os requisitos para aquisição de habitação económica, nos termos dos n.º 5 do artigo 60.º da Lei n.º 10/2011 e n.º 2 do artigo 16.º do Regulamento de acesso à compra de habitações construídas no regime de contrato de desenvolvimento para a habitação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, revisto pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002. No caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Vong, através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 216), para consulta do processo.

O Chefe do Departamento de Assuntos de Habitação Pública, Subst.º

Chan Wa Keong14 de Março de 2013

ANÚNCIO

N.º 56/2013 Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar a representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação económica abaixo indicada, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do Boletim de candidatura LAI I NAM 34842 Após as verificações deste Instituto, notamos que a representante do agregado familiar de candidatos a habitação económica acima mencionada é elemento do respectivo agregado familiar, que tenha vendido fracção de habitação económica, pelo que, este não pode candidatar-se à aquisição de fracções de habitação económica, nos termos da alínea 7 do n.º 4 do artigo 14.º da Lei n.º 10/2011(Lei da habitação económica). De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve apresentar, por escrito, a sua contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentar a contestação no prazo fixado ou a mesma não for aceite por este Instituto, a representante do agregado familiar for retirada do agregado familiar e a respectiva candidatura será excluída da lista geral de espera, por não reunir os requisitos para aquisição de habitação económica, nos termos dos n.º 5 do artigo 60.º da Lei n.º 10/2011 e n.º 2 do artigo 16.º do Regulamento de acesso à compra de habitações construídas no regime de contrato de desenvolvimento para a habitação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, revisto pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002. No caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Vong, através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 216), para consulta do processo.

O Chefe do Departamento de Assuntos de Habitação Pública, Subst.º

Chan Wa Keong 14 de Março de 2013

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13segunda-feira 18.3.2013 www.hojemacau.com.mo vida

Co m e ç o u no Sábado passado mais uma Semana

Verde de macau, que já vai na sua 32.ª edi-ção. Desta vez, o Ins-tituto para os Assuntos Cívicos e municipais (IACm) vai organizar uma série de actividades junto do público, cujo objectivo é promover a arborização de macau. em comunicado, o or-ganismo explica que os objectivos desta semana são “incentivar os ci-dadãos a participar nas actividades da Semana Verde, experimentar o contacto com a natureza de uma forma diferente e contribuir para a pro-tecção da natureza”.

Sob o tema “Cida-

de Verde – Lar Ideal”, a Semana Verde irá decorrer na praça do Tap Seac, onde já está montado um espaço para o efeito. De entre as actividades programas para incentivar à plan-tação de mais árvores, decorre esta semana, dia 21, a plantação do Dia mundial da Árvore. No dia 23 haverá uma plantação de mangues ao longo da beira-mar na Avenida dos Jogos da Ásia oriental, no Cotai. No dia seguinte, promete acontecer a marcha da Semana Verde nos trilhos de Coloane. Com outras actividades programas, estão ainda previstas visitas a diversas insta-lações de arborização.

ChAmAr a atenção para os perigos que as embalagens de

comida enlatada podem conter é o objectivo da mais recente iniciativa promocional do Instituto para os Assuntos Cívicos e municipais (IACm). os cartazes informativos

hoje na chávena

Alcachofra

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Nome botânico: Cynara scolymus L.Família: Asteraceae (Compositae)Nomes populares: Alcachofra-horten-se; Cardo-hortense

Provavelmente derivada do Cardo ou Cardo-do-coalho, Cynara carduncu-lus L., por seleção natural no início do século XV, a Alcachofra é uma planta não espinhosa que pode atingir mais de um metro de altura; apresenta fo-lhas grandes e recortadas, formando uma roseta, e flores de cor violeta ou arroxeada. Originária dos países mediterrânicos do norte de África, é atualmente muito cultivada nas regiões temperadas. Era apreciada como diurética e afrodisíaca no século XVI, mas era, sobretudo, considerada como um legume raro. Foi apenas no século XX que adquiriu o prestígio que merece, para o qual contribuíram várias investigações médicas.Na Alcachofra podemos distinguir a parte edível, a flor, comumente designada por coração de Alcachofra, da qual se consome o recetáculo carnudo e as brácteas (folhas modi-ficadas); e as folhas, mais concentra-das em princípios ativos, usadas em fitoterapia. Alguns autores referem ser preferível utilizar toda a planta: folhas, caules e raízes.

COmPOsIçãOLactonas sesquiterpénicas amargas (cinaropicrina), cinarina, flavonoides derivados da luteolina, ácidos orgâ-nicos, enzimas (cinarase), hidratos de carbono, mucilagem, pectina, inulina, tanino, fitosterois, vitaminas (A e D), sais minerais (magnésio, potássio) e oligoelementos (ferro, manganésio).

AçãO tErAPêutICAA Alcachofra estimula a secreção dos sucos digestivos, melhorando o apetite e favorecendo a digestão; ativa as funções do fígado e da vesí-cula, aumentando a secreção de bílis, tornando-a mais fluida e prevenindo a formação de cálculos; combate os radicais livres, regenera e protege a célula hepática, desintoxicando o fígado de substâncias tóxicas; alivia as náuseas de diferentes origens. Algumas pessoas são mais sensíveis à sua ação adstringente, que prende o intestino, e outras, aos seus efeitos

laxativos, devido à sua ação benéfica sobre a vesícula. Excelente planta para todas as afeções hepáticas e vesiculares em geral, inclusive as crónicas: icterícia, hepatite, cirrose, intoxicação hepática, vesí-cula preguiçosa e cálculos biliares. É igualmente utilizada na síndrome do cólon irritável atenuando os sintomas e melhorando a qualidade de vida.

OutrAs PrOPrIEDADEsA Alcachofra apresenta ainda pro-priedades diuréticas e depurativas do sangue, promove a eliminação de ureia e outros resíduos tóxicos do metabolismo, neutraliza o ácido úrico e alcaliniza o organismo. tem sido usada tradicionalmente para aumentar a eliminação de líquidos, na inflamação da bexiga, edemas, hipertensão arterial, regimes de emagrecimento, ácido úrico e gota, na prevenção e tratamento de cálculos renais, ureia, presença de albumina na urina e insuficiência renal.Vários estudos confirmam os bene-fícios da Alcachofra na redução das taxas sanguíneas de colesterol (total e LDL) e triglicéridos combatendo, desta forma, a formação de placas de ateroma e a arteriosclerose. É ainda utilizada nos estadios iniciais da diabetes de forma a retardar a evolução da patologia, por baixar o nível de açúcar no sangue.

COmO tOmArusO INtErNO• Infusão: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente. tomar 3 chávenas por dia, de preferência an-tes das refeições. A infusão é amarga, mas não convém adoçar• Na forma de suco, gotas, xarope, cápsulas ou comprimidos. Integra numerosas fórmulas para as afeções hepatobiliares e emagrecimento• Na cozinha, a Alcachofra, de sabor suave e requintado, pode ser confecionada como um legume. Possui as mesmas propriedades das folhas, embora mais suaves. Deve ser consumida logo que cozinhada já que se deteriora rapidamente.

PrECAuçõEsNão deve ser utilizada durante a ama-mentação por diminuir a secreção do leite materno. Em caso de cálculos biliares só deve ser utilizada sob supervisão de um profissional.

IACm vai organizar 30 actividades promocionais

Tudo em prol da arborização da cidade

Exposições patentes em vários locais da cidade

IACm chama a atenção para comida enlatada

da iniciativa “Segurança Alimen-tar enlatada” vão estar presentes, inicialmente, em macau (largo de São Domingos), Taipa (largo do Governador Tamagnini Barbosa) e em Coloane, no largo de eduardo marques. Posteriormente, e segun-

do um comunicado oficial enviado pela própria entidade promotora, os cartazes passarão a estar dispo-níveis noutros locais do território.

A actividade estará disponí-vel nos próximos três meses, e o objectivo é “alertar a população para a necessidade de observar e atender aos rótulos dos géneros alimentícios pré-embalados”, por forma a “cuidar do bem-estar no âmbito da segurança alimentar”.

Segundo o IACm, “a manuten-ção da segurança alimentar é uma das missões mais importantes do Governo”, e houve, da parte da população, “interesse em tornar públicas informações básicas que constam dos rótulos de géneros alimentícios pré-embalados”.

Para além disso, o IACm pro-mete realizar, “não periodicamen-te” jogos interactivos na rua, para que estes ajudem os habitantes a ter “mais conhecimentos sobre a segurança alimentar”. está ainda disponível uma linha aberta sobre o assunto, com o número 28338181.

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segunda-feira 18.3.2013cultura14

Pelo Colégio de São Paulo passaram ilustres figuras das letras, da matemática e da astronomia que viriam a destacar-se no Império do Meio. Entre eles está o padre Tomás Pereira, cujo nome ficou imortalizado numa rua e numa rotunda da Ilha da Taipa, junto ao actual campus universitário. Minhoto de São Martinho do Vale, freguesia de Vila Nova de Famalicão. Tomás Pereira, numa deslocação à Tartária (assim se chamava a Mongólia de então), redigiu um diário onde descreve as suas impressões sobre a paisagem, a fauna, a flora e a vida dos nómadas. Pereira, que era conselheiro pessoal e amigo do imperador manchu Kangxi, foi um reputado

astrónomo e a primeira pessoa a divulgar na China e na Ásia Central a teoria e as práticas musicais ocidentais. Kangxi nomeou-o professor de música privado, pois admirava o ouvido absoluto do jesuíta, a quem bastava escutar um trecho uma só vez para o transpor para a pauta. Foi esse desejo do imperador de aprender a arte e ciência da música europeia que o levou a convidar Tomás Pereira a acompanhá-lo numa viagem de caça à Tartária, em 1685. A partir daí seriam muitas as jornadas. Tomás Pereira, o ilustre Xu Risheng, como era conhecido entre os chineses, morreu com 64 anos em Pequim, a 24 de Dezembro de 1708.

Livro de Joaquim Magalhães de Castro, documentário e sessão de debate, hoje às 18h30, na Fundação Rui Cunha

No rasto de Tomás Pereiravelhos. Apesar disso, e pese os 500 de permanência no Oriente, de viagens, rebel-dias e desobediências por esse mar dentro, Portugal e os portugueses, lamentavel-mente, são tão conhecidos na Ásia moderna como o Luxemburgo que nunca saiu do colo da Europa.

A mim, que tenho for-mação na área de História, a viagem assume valor inesti-mável sempre que se abeira das pessoas e do musgo das fortalezas e igrejas que a história perpetuou, ou dos artefactos e costumes, que embora não sendo os nos-sos, a eles se assemelham enormemente malgrado o fosso geográfico sempre pre-sente.», in Oriente Distante.

Joaquim Magalhães de Castro vive entre Portugal e Macau, é investigador e viajante, e à semelhança do nómada mongol, passa a vida a andar “De um Lado para o Outro”, carregando consigo o necessário à sua subsistência, informa a nota de imprensa da organização.

Inspirando-se no padre jesuíta Tomás Pereira, um dos primeiros portugueses a pisar a Mongólia, Joaquim parte rumo à descoberta desse país, e de vestígios da presença do seu miste-rioso compatriota, que por lá andou 300 anos antes, acrescenta a nota. - J.C.M.

A Fundação Rui Cunha e a CA-TAIO - Associa-ção Cultural, pro-

movem esta segunda-feira, pelas 18h30, o lançamento do livro “Oriente Distante” de Joaquim Magalhães de Castro. Em complemento deste evento, vai também ser exibido o documentário “De Um Lado para o Outro – Diários da Mongólia” de Joaquim Magalhães de Cas-tro, com realização de Joana Couto e produção da Casa de Portugal, que retrata as viagens realizadas pelo autor no rasto de Tomás Pereira, eminente jesuíta português do século XVII.

Na sequência desta apre-sentação tem início um de-bate com a presença do autor e dos professores Yao Jing Ming e António Vasconcelos

de Saldanha (Universidade de Macau).

“Oriente Distante”, de Jo-aquim Magalhães de Castro, com a chancela da editora Oficina do Livro (Grupo Leya), reúne uma série de relatos de viagem por países como a China (província do Xinjiang), Quirguistão, Mongólia, Japão, Vietname e Camboja. “Os textos que integram este livro falam da viagem que fiz antes de che-gar a Macau e de viagens ime-diatamente posteriores, nos anos que se seguiram à queda do muro de Berlim. São re-latos fiéis dos encontros que tive com a memória da minha terra no dia-a-dia de outras gentes, e, em contrapartida, do contacto – algumas vezes, o primeiro – desses mesmos povos com um cidadão português que lhes deu a

conhecer algo da pátria que o viu nascer. Fosse através de uma cantiga popular, de uma ilustração, de um relato mais ou menos minucioso – mas sempre apaixonado –, ou fosse simplesmente através de uma troca de direcções e o consequente selar de uma amizade.”

Ao longo de muitos anos de viagens fui, vezes sem conta, embaixador itinerante do meu país. Portugal, pio-neiro quantas vezes, teimo-samente presente – apesar da perda do protagonismo – nos recônditos mais perdidos e inesperados do globo. Pre-sença bem viva, não só nos vocábulos da língua mãe de inúmeros povos, mas também nos seus genes e nas suas tradições, cultos, música, arquitectura, arte ou nas recordações dos mais

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AnúncioHM - 1ª vez 18-3-13

Acção ordinária cV3-11-0074-cAo 3º Juízo cível

AUTORES: 1.Wang Qinghui (王慶輝), residente na China (廣東省佛山巿唐囥東二街8座601) e 2.ZoU QiWEn (鄒其穩), residente na China (廣東省佛山巿 衞國西群樂街9座603).RÉUS: 1.Wong Sok Fan; 2. Tang Wah Fui, com última morada conhecida em Hong Kong, Wut Wa Street, nº 5A, Wa Lai Building, 10º floor, Kwun Tong, Kowloon, ora ausente em parte incerta; 3. Leong io Man; e 4. interessados incertos. FAZ-SE SABER que pelo Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, citando 2. Tang Wah Fui e 4. interessados incertos, para no prazo de TRinTA DiAS, findo o dos éditos, contestarem a petição inicial dos autos, de ACÇÃO ORDINÁRIA acima identificados, apresentada pela autora, ao contestar, é obrigatória a constituição de advogado, nos termos do artigo 74º do Código Processo Civil. Na qual os autores pedem que a presente acção deve ser julgada como procedente por ser provada, pelo que deve: 1. Declarar como únicos imputadores a 1ª, 2º e 3º réus, por não ter assumido, de forma voluntária, os deveres consagrados no contrato-promessa celebrado com os 1º e 2º autores. 2. Nos termos do artº 820 do Código Civil, autorizar a execução específica do referido contrato-promessa, quer dizer, proceder à declaração negocial que não foi feita pelos 1ª e 2º réus, para que os autores possam adquirir a propriedade do terreno sem assumir nenhum encargo e custas (que sito no Beco do Sal de Macau, nº 28, descrito na Conservatória do Registo Predial sob o número de 10227, a fls. 149v do Livro B27, matriz do conselho de Macau nº 927), no intuito de produzir os efeitos da promessa feita pela 1ª ré Wong Sok Fan e pelo 2º réu Tang Wah Fui e proceder posteriormente ao registo devido na Conservatória do Registo Predial de Macau. 3. Condenar os 1ª, 2º e 3º réus no pagamento de todas as custas, abrangendo os honorários. Caso o MM.º Juiz não assim entenda, então: Para todos os efeitos jurídicos, sobretudo quanto ao registo predial, declare os 1º e 2º autores como os únicos e legais proprietários do terreno sito no Beco do Sal de Macau, nº 28 (descrito na Conservatória do Registo Predial sob o número de 10227, a fls. 149v do Livro B27, matriz do conselho de Macau nº 927). Caso o MM.º Juiz não assim entenda, então: pede-se que condene os 1ª, 2º e 3º réus a pagar, solidariamente, aos 1º e 2º autores, o valor equivalente ao dobro de sinal, com o valor fixado em HKD$2.400.000,00 (isto é, MOP$2.475.600,00) Tudo como melhor consta da petição inicial, cujos duplicados se encontram nesta Secretaria à sua disposição. Aos 06 de Março de 2013.

Tomás Pereira, o jesuíta e o imperador

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15segunda-feira 18.3.2013 www.hojemacau.com.mo publicidade

ANÚNCIO

COMISSÃO DO GRANDE PRÉMIO DE MACAU

Angariação de Patrocínio do Título do Evento do 60.o Grande Prémio de Macau

A Comissão do Grande Prémio de Macau tem a honra de convidar todas as entidades interessadas no Patrocínio do Título do Evento do 60.° Grande Prémio de Macau para apresentarem uma proposta.

Procedimento administrativo : O presente procedimento de angariação, incluindo o seu Programa e documentos complementares, encontra-se patente na Comissão do Grande Prémio de Macau, sita na Av. da Amizade, n.º 207, Edifício do Grande Prémio, 1.° Andar, onde correrá os seus termos a selecção. Nos dias úteis e durante o horário normal de expediente pode ser examinado e levantadas cópias do mesmo, desde a data da publicação do presente anúncio até ao dia 17 de Abril de 2013.

Condições de Admissão:Entidades sediadas em Macau.

Critério de selecção: A selecção das propostas de patrocínio será efectuada tendo em conta a proposta de valor mais elevado.

Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Comissão do Grande Prémio de Macau, até às 17:45 horas do dia 17 de Abril de 2013.

Sessão de esclarecimento: Terá lugar às 16:00 horas, do dia 22 de Março de 2013, na sala 104, no 1.° andar do Edifício do Grande Prémio de Macau.

Local, dia e hora do acto público:

Local: Comissão do Grande Prémio de Macau;

Dia e hora: 18 de Abril de 2013, pelas 11:00 horas.

Os proponentes deverão fazer-se representar no acto público de abertura das propostas para apresentação de eventuais reclamações e/ou esclarecimento de dúvidas acerca da documentação integrante da proposta.

Esclarecimentos:Quaisquer esclarecimentos sobre a presente angariação de patrocínio poderão ser solicitados à Comissão do Grande Prémio de Macau através dos seguintes números de telefone: 87962242 ou 87962210.

A Comissão do Grande Prémio de Macau, aos 14 de Março de 2013.

O Coordenador

João Manuel Costa Antunes

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segunda-feira 18.3.2013desporto16

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 51/AI/2013-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractora 黃燕萍(portadora do passaporte da RPC n.° G38138xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.º 25/DI-AI/2011 de 28.3.2011, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Rua do Terminal Maritimo, N°s 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 2, 5° andar D, bem como por despacho de 12.03.2013, exarado no Relatório n.º 107/DI/2013, de 04.03.2013, foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.˚1 do artigo 10.º e n.˚1 do artigo 15.°, todos da Lei n.º 3/2010. ----------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° dos Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de dias, conforme estipulado na alínea do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.ºs 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ----------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Março de 2013.

A Directora dos ServiçosMaria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 62/AI/2013

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor 孫振龍(portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W37232XXX), que na sequência do Auto de Notícia n.º 95/DI-AI/2011 de 29.12.2011, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia N° 271, Jardim Hoi Wan, 12° andar AJ, bem como por despacho de 12.03.2013, exarado no Relatório n.º 70/DI/2013, de 28.02.2013, foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.˚1 do artigo 10.º e n.˚1 do artigo 15.°, todos da Lei n.º 3/2010.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° dos Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de dias, conforme estipulado na alínea do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.ºs 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ----------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Março de 2013.

A Directora dos ServiçosMaria Helena de Senna Fernandes

Marco [email protected]

A selecção de Futebol de Macau entrou a perder na campanha de qualifi-cação para a fase final da

Taça Challenge do próximo ano, ao não conseguir evitar uma derrota pela margem mínima frente ao Quirguistão, numa partida dispu-tada na capital quirguiz, Bishkek.

Cerca de seis milhares de pessoas assistiram nas bancadas do estádio Dolen Omurzakov ao segundo desafio do Grupo B de qualificação para a edição de 2014 da Taça Challenge, prova que se deverá realizar em Março do próximo ano nas Maldivas. No encontro que pautou o pontapé de saída nas hostilidades referentes à poule de apuramento em que a selecção de Macau está integrada, o Tadjiquistão derrotou o Paquistão por uma bola a zero. O único golo

Macau perde com Quirguistão pela margem mínima

Africano naturalizado derrota onze do Lótus

Grupo B – resultados

2ª Jornada – terça-feira

Tadjiquistão 1 – 0 paquistão

Quirguistão 1 – 0 Macau

Macau – Tadjiquistão

Quirguistão – paquistão

do desafio foi apontado no último minuto do tempo regulamentar por Khurshed Makhmudov, médio ofensivo do Regar Tursunzoda.

A jogar no terreno do adversá-rio, Leung Sui Wing fez da cautela uma estratégia. A selecção do território apresentou-se no relvado do principal recinto desportivo de Bishkek sem um ponta-de-lança de raiz. Vinício Morais Alves, médio ofensivo da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau, foi o homem mais adiantado do onze da RAEM, coadjuvado de perto por outro atleta macaense, Herculano Monteiro Soares.

Com um alinhamento forte-mente defensivo e com a ausência notada de atletas do campeão Ka I no grupo de trabalho que se deslo-cou à Ásia Central, a formação do Lótus alinhou com Ho Man Fai na baliza, com Ho Wai Tong, Lei Tin U, Paulo Cheang e Chan Man na defesa; o meio-campo ficou entre-

com Leung Sui Wing a colocar em campo atletas de características mais ofensivas. Iuri Capelo, atleta formado nas escolas do Sport Ma-cau e Benfica entrou aos 68 minutos para o lugar de C.I Choi, mas o placard permaneceu incólume até ao final do desafio.

A selecção de futebol do terri-tório volta na terça-feira a entrar em campo frente ao Tadjiquistão, formação que venceu a edição inaugural da Taça Challenge, em 2006. O anfitrião Quirguistão de-fronta ao final da tarde de amanhã o Paquistão, num desafio que pode abrir as portas da qualificação ao grupo de trabalho da Ásia Cen-tral. Quatro dos oito finalistas da competição já são conhecidos e o nome dos restantes quatro serão conhecidos quinta-feira. Para além das Maldivas, estão também confirmadas na fase final da prova as selecções do Afeganistão, do Myanmar e da Palestina.

gue ao veterano Che Chi Man, a Hou Man Hou, a Vernon Wong e a C.I Choi. A frente de ataque esteve entregue aos já referidos Herculano Monteiro Soares e Vínico Morais Alves. Orientada por Sergey Dvoriankov, a selecção quirguíz apresentou-se em campo com os olhos postos no ataque e apostou nada mais nada menos do que em quatro jogadores de características ofensivas. Karim Izrailov, Mirlan Murzaev, Ildar Amirov e David Bruce Tetteh foram uma ameaça constante ao último reduto de Ma-

cau, mas a formação orientada por Leung Sui Wing conseguiu resistir ao assédio do adversário durante toda a primeira parte. O único golo do desafio foi apontado por David Bruce Tetteh ainda na primeira metade, mas já em período de de descontos. Nascido no Gana, o avançado do Dordoi Bishkek fez toda a carreira como profissional no Quirguistão e marca desde 2010 presença frequente no grupo de tra-balho da selecção centro-asiática.

Em desvantagem, Macau ainda procurou esboçar uma reacção,

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Page 17: Hoje Macau 18 MAR 2013  #2813

17segunda-feira 18.3.2013 www.hojemacau.com.mo futilidades

Sudoku [ ] Cruzadas

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SoluçõeS do problema

HORIZONTAIS: 1-ENCASACAR. 2-C. TAPEROA. F. 3-EM. TOTAL. VA. 4-NADAR. RETER. 5-TRAI. G. SUJO. 6-III. VA. MAL. 7-GA. LABIA. ME. 8-R. DILECTO. I. 9-ALEA. I. ABAR. 10-MOERA. OCULO. 11-ASMAS. RASAS.VERTICAIS: 1-CENTIGRAMA. 2-E. MARIA. LOS. 3-NT. DAI. DEEM. 4-CATAI. LIARA. 5-APOR. VAL. AS. 6-SET. GABEI. 7-ARAR. SIC. OR. 8-COLES. ATACA. 9-AA. TUM. OBUS. 10-R. VEJAM. ALA. 11-FAROLEIROS.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUçãO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gato

HORIZONTAIS: 1-Agasalhar. 2-Árvore silvestre do Brasil. 3-Entre. Resultado de uma edição, soma. Viaje. 4-Flutuar. Impedir de sair, deter. 5-Comete traição. Conspurco, mancho. 6-3 (Rom.). Percorras. Dor, moléstia. 7-Gálio (s.q.). Falas melífluas para iludir ou captar agrado. Para mim. 8-Muito querido, preferido. 9-Fileira de árvores. Prover de aba. 10-Extraira o suco por meio de prensa. Binóculo. 11-Dispneia (pl.). Acertas a medida com a rasoira.

VERTICAIS: 1-A centésima parte do grama. 2-O nome feminino mais comum em Portugal. Tecido fino como escumilha (pl.). 3-Novo Testamento (abrev.). Desse sítio. Outorguem. 4-Investigai. Atara, ligara. 5-Sobrepor. O m. q. vale. Aquelas. 6-Setembro (abrev.). Elogiei. 7-Lavrar a terra. Tal como foi dito. Profissão (Suf.). 8-Faças aderir com cola. Investe reciprocamente, agride. 9-Em partes iguais (Farm). Denotação (Interj.).Peça de artilharia destinada ao tiro curvo. 10-Obserevem. Flanco de exército disposto para batalha. 11-Encarregado de farol (pl.).

MAMA

Sala 1mama [c]Um filme de: Andy MuschiettiCom: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 2parker [c]Um filme de: Taylor HackfordCom: Jason Statham, Jennifer Lopez14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 3oZ: the great and powerful [3d] [b]Um filme de: Sam RaimiCom: James Franco, Rachel Weisz, Michelle Williams, Mila Kunis14.30, 16.45, 19.15, 21.30

[Tele]visão

Pu Yi

Um gATo Por enTre AS leTrASSó quem andou muito distraído não reparou na preenchida agenda literária de macau na última semana. mas, acredito, devem ter sido poucos os que passaram ao lado deste evento, pelo menos a julgar pela audiência.o rota das letras fortaleceu-se desde a primeira edição, no ano passado, e ganhou novo fôlego este ano. Convidados fortes, de vários quadrantes geográficos - lusofonia, francofonia, Portugal e China - que captaram a atenção de um público multicultural e heterogéneo.As crianças foram um dos públicos mais desafiantes, que preencheram as sessões de manhã, e talvez até o mais animado. ganharam ao conhecer mais autores. e talvez até ficaram com vontade de ler o que aqueles estranhos conhecidos já escreveram. esses, por sua vez, garantiram novas interpretações aos seus textos, às suas actuações. Foram várias as palavras soltas, que se despregaram de textos literários para falarem sobre a macau dos dias de hoje, do papel das mulheres na contemporaneidade, sobre sonhos e ambições que atravessam culturas num espaço comum e até sobre o futuro da literatura, o que esperar das novas gerações. Serão mais inteligentes embora menos letradas? Terão outro tipo de conhecimento mais lato por meio da internet? ou estarão mais perdidas no meio deste mundo de informação imparável?mas macau não foi apenas palco de letras. Deu lugar à música e cinema. Porque a cultura é entretenimento. e essa despretensão de alguns autores foi também cativante. olhares atentos têm também os músicos e os realizadores, que contam histórias escritas, em regra, mais cativantes e vibrantes. Foi por aí que com certeza houve grandes descobertas de parte a parte.Joanna Wang como revelação de Taiwan, que chega agora aos ouvidos de tantos portugueses e ocidentais. e, por outro lado, o “príncipe do fado” e a parelha que lembra Carlos, os Dead Combo, também devem ter conquistado um novo público oriental. Já não era sem tempo. É sem dúvida merecido. Por outro lado, há histórias da China profunda, ou superficial, que nos chegam pelas telas de cinema em macau, que felizmente é livre em oposição à política continental. Foi bom conhecê-los e deixarem-se conhecer. Todos têm a ganhar. e macau ganhou novos admiradores. está a ganhar um novo lugar no mapa. e está, sem dúvida e cada vez mais, na rota das letras. Juz seja feito ao Festival literário de macau. espero que continue a crescer mais e a ficar melhor.

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360º (Diferido)14:40 RTPi Directo17:00 Liga Sagres: Sporting – Setúbal (Repitação)18:30 Contraponto (Repetição)19:30 Vingança20:30 Telejornal21:00 TDM Desporto22:10 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 História Essencial de Portugal00:00 Telejornal - Repetição00:30 RTPi Directo

INFORMAçãO TDM

RTPi 8215:00 Telejornal Madeira15:30 Viva a Música16:30 AntiCrise 17:00 Bom Dia Portugal18:00 Portugal Aqui Tão Perto18:45 Vingança19:30 Palácios de Portugal20:00 Alves Redol, Memórias e Testemunhos 21:00 Jornal da Tarde22:15 O Preço Certo23:15 Portugal no Coração

30 - FOX Sports13:00 NASCAR Sprint Cup Series 201316:00 Australian Ironman 2012/13 1017:30 ACC Basketball Tournament Championship19:30 FOX SPORTS Central20:00 NASCAR Sprint Cup Series 2013 - Highlights21:00 NASCAR Nationwide Series 2013 - Highlights22:00 FOX SPORTS Central22:30 FIA F1 World Championship 2013 - Highlights Australian Grand Prix

31 - STAR Sports12:00 Tiger Street Football 201314:00 Thailand Open Day 3

17:00 Nz PGA Championship Pro AM - Highlights18:00 Tiger Street Football 201320:00 The Verdict20:30 500 Great Goals21:00 FIM Mx1 & Mx2 World Championship 2013 - Highlights21:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Copa Lagos 2012 Portugal vs. Argentina23:00 The Verdict23:30 500 Great Goals

40 - FOX Movies11:25 The Sixth Sense13:15 Transporter: The Series14:05 Anaconda 3: Offspring15:35 Pirates Of The Caribbean18:25 Did You Hear About The Morgans?20:10 The Walking Dead21:00 Trespass22:30 Ufc 158: St-Pierre Vs Diaz00:45 Transporter: The Series

41 - HBO11:55 Jack And Jill13:30 Enemy Of The State15:40 Gods And Generals19:15 Paul21:00 Aung San Suu Kyi22:00 Boss23:00 Girls23:30 Enlightened00:00 Taking Lives

42 - Cinemax13:00 Knight Rider 200014:30 Breakdown16:00 The Collector18:00 Hollywood On Set18:30 The American20:15 Kung Fu: The Legend Continues22:00 Rest Stop 23:20 Rest Stop: Don’T Look Back00:45 Police Academy: Mission To Moscow

Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

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O TempO envelhece Depressa • António TabucchiTodas as personagens deste livro parecem estar empenhadas numa confrontação com o Tempo: o tempo dos acontecimentos que viveram ou estão a viver e o tempo da memória ou da consciência. mas é como se uma tempestade de areia se tivesse levantado nas suas clepsidras: o tempo foge e detém-se, gira sobre si próprio, esconde-se, reaparece a pedir contas. Do passado emergem estranhos fantasmas, as coisas que antigamente eram incompatíveis agora parecem harmonizar-se, as versões oficiais e os destinos individuais não coincidem. Um ex-agente da defunta república Democrática Alemã que durante anos espiou Bertold Brecht, vagueia sem destino por Berlim até ir ter ao túmulo do escritor para lhe confiar um segredo. Numa localidade de férias da ex-Jugoslávia, um oficial italiano da ONU que durante a guerra do Kosovo sofreu as radiações do urânio empobrecido ensina a uma miúda a arte de ler o futuro nas nuvens. Um homem que engana a sua solidão contando histórias a si próprio torna-se protagonista de uma aventura que inventara numa noite de insónia. Sensível às convulsões da História recente, Antonio Tabucchi mede-se com o nosso Tempo «desnorteado», em que se os ponteiros do relógio da nossa consciência parecem indicar uma hora diferente daquela que vivemos.

peregrinaçãO De enmanuel Jhesus • Pedro Rosa MendesComo fez com o mapa Cor-de-rosa em Baía dos Tigres, Pedro rosa mendes reinventa, nesta “Peregrinação de enmanuel Jhesus”, um espaço nobre da literatura portuguesa, de Fernão mendes Pinto a ruy Cinatti: o arquipélago malaio, imenso território de aventura, onde as caravelas chegaram há exactamente 500 anos. Passagens de História, memórias políticas, cadernos da guerrilha, tratados breves de diplomacia, debates teológicos, cenas de artes marciais, cartografia antiga, observações de botânica, notas de geologia, ritos de sagração, sortes tauromáquicas, até um fado perdido (por Amália?) lá em «outramar»: abundantes são os tesouros que nos acompanham nesta viagem. Uma vertigem de per-sonagens desfilam e falam a várias vozes. O resultado é um romance em diário de bordo, uma ficção de portulano, «suma accidental em que da conta de mvitas e mvito estranhas cousas que vio e ouvio nos reynos do Achém, Çamatra, Sunda, Jaua, Flores y Servião y Bellos, que vulgarmente se chamam Timor, homde nace o sandollo».

Page 18: Hoje Macau 18 MAR 2013  #2813

stamos aqui reunidos para lembrar antónio José saraiva. Lembrá-lo e encontrarmo-nos uns com os outros – parentes, amigos ou leitores -, o que é duplamente bom.

Como seu filho gostaria também de recordá-lo, em palavras que por certo não esperam que sejam de simples circunstância.

Estaremos aqui para honrar um “falecido há 20 anos?”

Não lembro meu pai morto. Felizmente o Destino poupou-me vê-lo nessa passagem, pois estava em macau. E passaram 15 anos sem conseguir visitar a sua campa – até que minha mulher, depois de ter colhido um ramo de camélias vermelhas no jardim de uma casinha que ele tinha na Rinchoa (Sintra), me disse “É hoje que vamos pôr estas flores ao teu Pai”.

sim - vejo sempre meu pai vivo, passeando a pé pelos montes – coisa de que gostava tanto - argumentando comigo, lendo, escrevendo ...ou simplesmente olhando para o Mundo com um sorriso ligeiramente travesso e trocista. É que a morte, de facto, não existe.

Mas ainda assim deixou-nos…e por vezes gostaria de falar com ele. E será que devemos chorar por quem nos deixou? Salazar, num conhecido discurso feito no início da Guerra colonial, disse que só “devemos chorar os mortos se os vivos os não merecerem”.

Embora enunciada por salazar esta ideia não tem cor política. De facto Manuel Freire cantou-a de uma maneira mais simples e mais bonita:

“Se ao morrer um coraçãoMorresse a luz que lhe é queridasem razão seria a vidaSem razão...”

sim. sem razão seria a vida. E por isso estar aqui significa sobretudo, ao menos para mim, lembrar as luzes queridas a meu Pai.

O meu Pai acreditava na Amizade. Ao receber o 1.º ordenado que ganhou foi pô--lo por inteiro numa gaveta do quarto onde dormia com o irmão José Hermano (que à altura ainda não estava empregado) e disse--lhe “Zé, está aqui o nosso dinheiro”.

Gostava muito de andar de braço dado connosco (gesto que foi algumas vezes mal interpretado), talvez para nos sentir mais próximos, talvez pela dificuldade que tinha em ouvir.

O meu pai acreditava na Justiça, e lutava pelos mais fracos – e isto desde criança. É sua irmã maria José que o relata no Livro “O castelo da Paz”. Os irmãos e os amigos organizaram uma tourada – puseram cadei-ras a servir de bancadas e convidaram os adultos - em que o touro era essa irmã. mas nas touradas é o touro quem mais sofre – e pouco depois a irmã negou-se a ser mais

segunda-feira 18.3.2013opinião18 www.hojemacau.com.mo

Meu Pai, António José Saraiva

E

magoada. Todos criticaram a “miúda” que assim estragava a brincadeira. todos – menos o meu Pai, o único que a defendeu.

Por querer defender um aluno, que consi-derava injustiçado, ele, à altura um simples assistente novato, e que para mais se queria casar brevemente, afrontou um catedrático (o professor Vitorino Nemésio), situação que lhe valeu o lugar na Faculdade.

Aos 25 anos escrevia assim a minha mãe: “Há uma coisa que eu admiro no Tolstoi, S. Francisco de Assis, etc. É o sentimento de fraternidade com os outros homens, o senti-mento de que a nossa salvação só tem valor se todos se salvarem connosco; a vontade de partilhar os dons dos outros, sofrer porque os outros sofrem”.

E foi por em tal acreditar que foi primeiro cristão, e depois marxista, para mais tarde abandonar também essa doutrina.

O meu Pai acreditou no Amor incondi-cional, sem limites nem reservas – uma ideia que pode parecer estranha nos dias de hoje, dominados pelo relativismo. E para que se não diga, nestes tempos de relativismo, que exagero, vejamos as suas palavras exactas em carta para minha Mãe, escrita nos tempos de namoro (24 de Agosto de 1943):

“Esta manhã vinha a pensar naquela frase do Tolstoi, parafraseada da Bíblia: aquele que cobiça uma mulher comete adultério em seu coração, mesmo, e principalmente, se for a sua própria mulher. Vinha a pensar como isto não tem sentido entre mim e ti, porque o sentimento de cobiça é alguma coisa que se dirige a um objecto, e eu contigo sinto-me um. Tu sabes o que eu quero dizer”.

E, talvez sobretudo, o meu Pai acredita-va na Verdade, na autenticidade. Uma vez

disse-me: “Há pessoas que dizem que 2 e 2 são quatro; outras que dois e dois são seis. As “sensatas” vão pela média, e dizem que dois são cinco.

mas dois e dois são quatro, e é isso que devemos dizer”.

Das suas páginas mais profundas encon-tram-se no livro “Ser ou não ser Arte”, em que critica os romances neo-realistas por as suas personagens serem meros títeres sem vida própria, cumprindo o papel que os escritores lhes queriam fazer desempenhar.

Por recusar ser um títere se negou, em plena sessão da Conferência Mundial da Paz, em 1962, em Moscovo, a ler um texto que não havia escrito (o texto original, escrito por meu pai e por Maria Lamas, havia sido “reprovado” por poder ser entendido como “pró-Pequim” – (para quem não saiba, nessa altura, havia-se iniciado o ataque do Partido Comunista Chinês ao Partido Comunista Soviético, que era acusado de “demasiado brando”; e o Partido Comunista Português era firmemente pró-Moscovo).

Pelo amor à verdade e ao seu país ver-berou, num célebre artigo publicado em Janeiro de 1979 no Diário de Notícias, a descolonização – à altura designada “desco-lonização exemplar” e considerada uma das glórias da Revolução de Abril - que apelidou de “uma debandada em pânico, um salve--se-quem-puder. os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e africanos que confiavam neles. Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir”. A História lhe daria razão.

mas em todas essas polémicas – e meu

pai era um homem de paixões – nunca o vi usar expressões de ódio, ou tentar alcançar seus fins por caminhos ínvios : combatia sempre de cara ao sol.

A nível pessoal meu Pai era muito valen-te. Uma vez teve um problema nos pés. Um enfermeiro que ia a nossa casa dar injecções, o sr. Carriço recomendou-lhe que pusesse os pés em água quente. Muito quente? – perguntou o meu Pai. – Sim, o mais quente que puder suportar, respondeu-lhe o enfer-meiro. Então meu Pai pôs os pés em água a escaldar e ...ficou com os pés queimados. O enfermeiro ia lá a casa tratá-lo, e com uma pinça tirava-lhe a pele dos pés, que saía às tiras. “Dói?”- perguntava o sr. Carriço. “Não” – respondeu o meu Pai. Nessa altura olhei para a cara dele, e vi-lhe as lágrimas a correr pelas faces abaixo.

E que nos diria meu Pai sobre os tempos de hoje? Obviamente que não o podemos saber. mas vou ler uma carta que me escre-veu em Julho de 1992, próximo das férias de Verão, e em que se refere ao Referendo em que os Dinamarqueses disseram Não ao Tratado de Maastricht (o Tratado que criou a União Europeia): “...estou cheio de ansiedade por vos ver outra vez. também já não conto com uma vida longa. Já passaram cinco anos sobre o acidente que me inutilizou e a vida é-me cada vez mais penosa. Já me é inconcebível ir da vossa casa ao Leal senado, como fazia quando estava aí.

Desapareço ao mesmo tempo que o meu país, porque a Europa não é país, mas só existe como tratado de papel, imposto pelos políticos contra o povo. a negativa da Dinamarca é não só contra a Europa mas principalmente contra os políticos que vivem à custa do povo e que só sabem falar em direitos humanos que não respeitam e que para eles são só objecto de conversa. Não havendo Portugal no mundo deixo de ter sítio para habitar e portanto razão de existir. As nações não se escrevem em papel, mas com ferro e com sangue, na carne das pessoas. as pessoas agora têm medo de lutar e de viver. Por isso não merecem existir. São apenas palhaços, como o (....), de quem os “Europeus” se riem. Um país habitado por tais palhaços só merece ser colonizado e posto a ridículo. os nossos políticos são como os régulos de África. servem para transmitir as ordens de quem verdadeiramente manda...

Bom, adeus. Desculpem este desabafo, mas pouco mais me resta que desabafar.

Abraços do Pai e Avô para todos.”

sim, se tivesse dito apenas palavras de circunstância, teria traído a memória de meu Pai.

Ele não as dizia.

António Saraiva

Page 19: Hoje Macau 18 MAR 2013  #2813

19opiniãosegunda-feira 18.3.2013 www.hojemacau.com.mo

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N(Continuação)

a semana passada abordámos a apreciação dos testes de exame em Hong Kong e na China. a questão é simples e clara. Se as universidades não adoptarem este sistema é muito mais difícil estar

conectado com outras universidades e ser reconhecido por elas. Hoje começamos por abordar a questão da admissão de alunos e o ensino em Macau. Como habitualmente comparamos estas questões com a situação que se vive em Hong Kong.

Admissão de AluNos a admissão dos alunos na universidade deve ser outra questão para ser levada muito a sério. a admissão dos estudantes de Direito não diz respeito apenas à própria universi-dade, mas a toda a organização profissional jurídica. É obrigatório que haja uma ligação forte entre a universidade e a organização profissional jurídica. Vi um caso em Macau de um estudante que se formou em Hong Kong e que depois foi admitido na universidade. a pós-graduação permitia-lhe concorrer ao estágio de advocacia em Macau. Mas tal não aconteceu devido à sua formação de ‘common law’. É interessante notar que este aluno tinha tirado o mestrado em legislação chinesa, (a jurisdição é a mesma de Portugal), antes de prosseguir os estudos em Macau.

a partir deste exemplo podemos ques-tionar qual é a ligação entre a universidade e a ordem profissional. Se a universidade tem a responsabilidade de formar futuros profissionais de Direito, a sua ligação com a organização profissional deve ser suficien-temente forte, porque os estudantes de hoje, serão os profissionais de amanhã. Se esta ligação não existir, os alunos formados pela universidade e depois rejeitados pelo sistema profissional, passam “do céu ao inferno”.

A situAção em HoNg KoNg Voltemos para Hong Kong e analisemos como funciona o sistema nas universida-des. a admissão de alunos no curso PCLL é levada muito a sério. Os requisitos para frequentar o curso são simples: formação em Direito de Common Law e passar no teste de admissão de inglês e.g. IELTS. a jurisdição de Common Law significa que os alunos vêm de Inglaterra, austrália, Singapura, Malásia etc. as suas licenciaturas em Direito, (LLB), são aceites pela universidade.

Mesmo que as suas LLB não sejam de Common Law, ainda assim podem ser acei-tes, se tiverem frequentado alguns cursos de convenções e passarem em pelo menos oito

macau v is to de hong kongdavid Chan*

Reunificação X A competência não se aplica só

ao direito ou à contabilidade. Pelo contrário, a competência deve ser adoptada em qualquer profissão de modo a que o trabalho seja exercido de forma mais eficiente e efectiva.

matérias designadas por duas organizações profissionais de Direito de Hong Kong. A dura-ção dos programas das convenções é de cerca de dois anos e é oferecido pela universidade.

Depois de cumpridos os requisitos de admissão, os estudantes têm de passar um outro teste – teste de carácter. Os advogados são muito importantes para a sociedade. Têm de ser pessoas de carácter. Para se certificar que os estudantes têm bom carácter a universidade envia os seus registos para a polícia. a universidade tem de assegurar que os estudantes admitidos no curso PCLL estão “limpos”. Que não têm cadastro cri-minal; i.e. uma pessoa apta e condigna, de bom carácter, para poder vir a ser advogado de Hong Kong. Se um estudante não passar nesta fase não é admitido.

Um curso de Direito administrado pela universidade deve manter uma boa coorde-nação com as organizações profissionais. Quando assim é, aqueles que são admitidos na universidade têm mais hipóteses de entrar no mercado de trabalho. Quanto maiores forem as ligações entre a universidade e o mercado profissional, menores serão os danos para a sociedade e maiores os ganhos para Macau.

PessoAl uNiversitário e eNsiNo: grANde quANtidAde de doCeNtes em ‘PArt-time’ Os especialistas em Direito, particular-mente os especialistas chineses, são raros em Macau. Para contornar este problema, as universidades de Macau contratam uma grande quantidade de professores em regi-me de ‘part-time’. Quase 50% a 60% das matérias são dadas por professores nesta situação. alguns são funcionários superiores do governo de Macau e outros promotores do Ministério Público da Região adminis-trativa Especial de Macau.

Se os meus leitores acreditam que um maior número de funcionários superiores e de pro-motores públicos a gerir uma pós-graduação, significa que esta se torna melhor, talvez estejam enganados. Numa sociedade moderna todos

deviam utilizar os seus conhecimentos espe-cializados e as suas competências profissionais para trabalhar. Não interessas se o “especialis-ta” é advogado, contabilista, engenheiro, etc. Todas as profissões têm os seus especialistas. “Competência”, significa a técnica e destreza que o trabalhador utiliza no exercício da sua profissão. Se um trabalhador consegue usar a sua competência para exercer bem o seu trabalho pode ser um especialista na sua área. Consequentemente, a competência não se aplica só ao direito ou à contabilidade. Pelo contrário, a competência deve ser adoptada em qualquer profissão de modo a que o trabalho seja exercido de forma mais eficiente e efectiva.

Uma grande quantidade de docentes a trabalhar em ‘part-time’ produz resultados diferentes. alguns têm boas competências, outros nem tanto. Os dois casos seguintes demonstram bem a importância da com-petência no ensino. Quais são? Podem descobrir na próxima semana.

Tenham um bom dia.

(Continua na próxima semana)

cartoon de novopor Steff

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

Page 20: Hoje Macau 18 MAR 2013  #2813

segunda-feira 18.3.2013www.hojemacau.com.mo

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Cecília [email protected]

Realizou-se on- tem no parque urba-no da zona da areia Preta mais uma

edição do debate quinzenal “Fórum Macau”, promovido pela associação Novo Macau (aNM), e que mais uma vez versou sobre as politicas da habitação económica.

lei Kuok Keong, repre-sentante da Macao Youth Dynamics (Juventude Di-nâmica de Macau), fala em consequências sociais e demográficas.

Os T1 “vão influenciar a taxa de natalidade, porque os jovens vão começar a recear ter filhos por causa da falta de espaço que têm em casa. Para além disso, com a abertura das candida-turas, vão acontecer muitos casamentos por pressão, ou seja, os jovens casais vão casar mais cedo para que possam ser candidatos a uma habitação económica. Mas isso pode não ir de encontro à verdadeira vontade dos jovens, e pode disparar a taxa de divórcio”.

Já o académico do iPM considera que os números

Habitação económica no centro do debate “Fórum Macau”

T1 com consequências na natalidade e casamento

elevados de trabalhadores não-residentes (TNR) es-tão a fomentar os preços altos nas rendas de casa e na compra de habitação. Perante este ponto, leong Kei in acredita que o Go-

verno deveria promover uma maior regulação na hora de conceder licenças de jogo às operadoras, para que estas possam fornecer garantias de habitação aos TNR.

o professor diz ainda que o Governo deveria cla-rificar as suas politicas para a habitação e fazer “uma organização das habitações públicas e económicas, para que os cidadãos saibam o

que esperar do processo de candidaturas”.

FaLTa de CaLendárioe deFiniçõeso deputado da aNM, Ng Kuok Cheong, disse que

o Governo já disse que ia construir mais 2600 habi-tações públicas, “mas não definiu quantas fracções serão de habitação pública ou económica, e não tem um calendário certo”.

apontou ainda que vão haver 40 mil novas habita-ções nos novos aterros, e que pelo menos metade de-veriam destinar-se a serem habitações públicas.

Já o deputado José Pe-reira Coutinho, também presente no debate, disse, citado pela rádio, que o Go-verno deveria fazer um novo processo de candidaturas que pudesse corresponder às reais necessidades dos residentes.

os cidadãos que esti-veram presentes na versão alternativa do antigo “Fórum Macau” da TDM também deram as suas opiniões. enquanto uma idosa falou das dificuldades dos seus três filhos imigrantes que “querem aumentar a sua qualidade de vida mas não podem”, outro cidadão disse que a ligação entre o preço e a área de habitação eco-nómica não é a mais ideal para uma família ter um bom nível de vida.