hoje macau 10 mar 2015 #3287

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB SELECÇÃO O sonho em duas cartadas decisivas CCPPC Urgente acordo para travar corrupção SAN VA TRIBUNAL TIRA POSSE AOS DONOS GONÇALO LOBO PINHEIRO DESPORTO PÁGINA 16 POLÍTICA PÁGINA 5 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 10 DE MARÇO DE 2015 ANO XIV Nº 3287 Fica na Rua da Felicidade e é a casa de hóspedes mais antiga de Macau. Há anos que a sua propriedade anda a ser disputada. O conflito tem agora o seu desfecho após a decisão do TUI que atribui a posse à Chap Seng Tong, contrariando a anterior decisão do TJB que dava como donos do estabelecimento os herdeiros de quem o explorava desde os anos 50 Troca chaves hojemacau GRANDE PLANO PÁGINA 3 LEI VAN | SPORTS CHANNEL

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Hoje Macau N.º3287 de 10 de Março de 2015

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Page 1: Hoje Macau 10 MAR 2015 #3287

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Fica na Rua da Felicidade e é a casade hóspedes mais antiga de Macau. Há anos que a sua propriedade anda a ser disputada.O conflito tem agora o seu desfecho após

a decisão do TUI que atribui a posse à Chap Seng Tong, contrariando a anterior decisão

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de notícias, lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção andreia Sofia Silva; Filipa araújo; Flora Fong; leonor Sá Machado Colaboradores antónio Falcão; antónio graça de abreu; gonçalo lobo pinheiro; José Simões Morais; Maria João belchior (pequim); Michel reis; rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas antónio Conceição Júnior; arnaldo gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais guedes; isabel Castro; Jorge rodrigues Simão; leocardo; paul Chan Wai Chi; paula bicho Cartoonista Steph Grafismo edite ribeiro(estagiária); paulo borges Ilustração rui rasquinho Agências lusa; Xinhua Fotografia hoje Macau; lusa; gCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo agostinho, n.º 19, Centro Comercial nam Yue, 6.º andar a, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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MAnIFESTAnTES do partido conservador da Coreia do Sul agitam bandeiras do país e dos eUa, como forma de prestar homenagem ao embaixadornorte-americano na Coreia do Sul Mark lippert, que foi esfaqueado por um activista em Seoul. lippert está, agora, a recuperar de uma cirurgia à face.

Não há outra mais leal

A cAdA notícia que lemos nos jornais locais, mais percebemos o quanto Macau é uma cidade consti-tuída por várias camadas, algumas das quais dificilmente se tocam ou conhecem. Existe, no entanto, um paradoxal fascínio nesta constata-ção: é como se uma identidade se construísse não através da partilha de valores ou práticas comuns, mas pelo simples partilhar de um espaço com determinadas características. O segredo deve então residir no espaço e não nas pessoas que o ocupam.

É por isso que muito boa gente não suporta viver em Macau. Porque, para o fazer, tem de aceitar algumas das regras implícitas a esta cidade, regras que não estão escritas nem inscritas em lado nenhum, a não ser no grande livro da sabedoria dos seus habitantes que, como todos sa-bemos, anda há muito desaparecido.Não, é claro, enunciar alguns desses preceitos. São demasiado preciosos para que os retiremos ao silêncio e, estou convencido, só funcionam enquanto não-ditos, enquanto per-

manecerem silenciosos, estribados no bom senso e na imaginação mais tresloucada. Para os conhecer, é preciso viver a cidade, acordar e dormir com ela, percorrê-la com ou sem pre-conceitos e, sobretudo, ganhar o vício de aqui viver. Não se trata de uma dependência fácil. Tem bons momentos, de grande euforia. E outros que redondam em gigantesca depressão. É preciso as costas lar-gas, mas nunca ninguém prometeu que isto era para meninos.

Não há, contudo, outro sítio assim. Não existe, sob a roda do sol, outra cidade tão fora das normas e tão resistente ao irresistível. Outras serão melhores, mas este quisto nas margens do Rio das Pérolas, esta excrescência olorosa, esta existência multíplice de tudo e de todos, a todas bate perante uma sen-sibilidade que exija o inoportuno, o incrível, o indecente, o paradoxal. Para esta sensibilidade, refinada pelo tédio do mundo, não há outra mais leal.

“O Executivo tem também que trabalhar muito e rapidamentenuma forma de atrair outros turistas para além dos que surgem do interior da China”

Melinda chan, deputada, sobre as LAG 2015 | P. 4

“No que concerne às matérias de procriação medicamente assistida, [estes tratamentos] envolvem uma série de problemas, quer a nível social, quer ético, quer jurídico e relativo à própria reprodução humana. É necessário garantir que os respectivos serviços sejam prestados sob uma fiscalizaçãoao abrigo das disposições legais”ServiçoS de SAúde

“Não diria [que a população de Macau]é infeliz. (...) As pessoas não estão prontas para os desafios que podem surgir futuramente. As pessoas de Macau vivem intensamente os problemas aumentando-os desnecessariamente. Complicam um pouco mais, têm uma tendência para dramatizar, devido a esta segurança. Sofrem de ansiedade pelo futuro, não sabem o que pode ou não acontecer”PAuL Pun• Seretário-Geral da Cáritas

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AndreiA SofiA [email protected]

É a hospedaria mais antiga de Macau e a sua história foi contada numa reportagem do HM publicada o ano

passado, que abordou ainda os seus problemas de propriedade. Um ano depois, é finalmente conhecida a decisão dos juízes sobre um dos processos que estava a correr no tribunal. Anna e Peter Yip que-riam ver-lhes restituído o direito de propriedade do rés-do-chão do número 65 da Rua da Felicidade, mas o Tribunal de Última Instância (TUI) negou essa possibilidade. O HM entrou em contacto com Anna Yip, que não quis fazer qualquer comentário sobre o caso.

O caso remonta a Novembro de 2013, quando os donos da hos-pedaria San Van colocaram uma acção em tribunal contra a Chap Seng Tong Companhia Limitada, uma sociedade e mais duas pessoas singulares, por forma a obterem de novo a posse do rés-do-chão do número 65 da Rua da Felicidade. Em Dezembro desse ano, o Tribu-nal Judicial de Base (TJB) acabaria por dar razão a Anna e Peter Yip, decisão agora anulada com o novo acórdão do TUI.

A questão de propriedade na Rua da Felicidade não vem de agora. A reportagem do HM dava conta dos conflitos existentes entre a San Va e a Chap Seng Tong Com-panhia Limitada, com ligações à Associação Chap Seng Tong. Já então Anna e Peter Yip se diziam os verdadeiros proprietários, por terem herdado os espaços dos seus familiares.

Luta de cadeadosO TUI explica que “a requerente é dona e titular do hotel San Van, tendo ela e os seus antepassados ocupado e utilizado há vários anos

Hospedaria san Va Tribunal nega propriedade aos donos

Tristezas da rua da FelicidadeO Tribunal de Última Instância considerou que os donos da histórica hospedaria San Va, na Rua da Felicidade, não têm direito a ver-lhes restituída a posse do rés-do-chão do edifício número 65, actualmente nas mãos da Chap Seng Tong Companhia Limitada

(Anna Yip ) “Limitou-se a alegar osconceitos de direito respeitantes à posseda loja do prédio número 65, sem alegaros factos concretos que integrem a posse pública e pacífica do direito de propriedade,portanto tais factos não se provaram”acórdão do TUi

os prédios correspondentes aos números 65, 65-A e 67 da Rua da Felicidade, e aos números 13, 15 e 17 do Pátio da Felicidade, e aí explorado o hotel San Va e sempre pago uma quantia mensal à companhia [Chap Seng Tong Companhia Limitada] quanto ao número 67”.

Após um incêndio ocorrido na zona, em 2006, Anna e Peter Yip exigiram à companhia “obras de recuperação” dos três espaços no Pátio da Felicidade, tendo esse pedido sido recusado. Desde Maio de 2007, então, que os donos da San Va não pagavam rendas à empresa.

Apesar do TJB ter dado razão aos irmãos Yip, a verdade é que o TUI recuou na decisão. “Apesar da requerente ter deixado de pagar as rendas desde Maio de 2007, [estas] referiam-se apenas ao prédio com o número 67 e não o número 65”, pode ler-se. Além disso, “a reque-

rente nunca disse ao senhorio, nem a ninguém, que deixou de pagar as rendas por considerar que já não é arrendatária, mas sim [que] passou a ser a dona do local arrendado”. Tal facto, para os juízes, “não é suficiente” para que o título de propriedade passe para os dois irmãos.

Para o TUI, Anna Yip “limitou--se a alegar os conceitos de direito respeitantes à posse da loja do prédio número 65, sem alegar os

factos concretos que integrem a posse pública e pacífica do direito de propriedade, portanto tais factos não se provaram”.

Já na década de 50 o pai dos irmãos Yip arrendava o rés-do--chão do número 65 ao avô de uma das pessoas envolvidas, “a fim de aquele aí explorar um café”, tendo-lhe cobrado rendas, lê-se no acórdão.

Em Junho de 2012, uma das pessoas singulares envolvidas as-

sinou um contrato de arrendamento com a Chap Seng Tong Companhia Limitada, referente ao rés-do-chão do número 65, tendo deixado de pagar rendas aos irmãos Yip como fazia até então.

A partir daí iriam desencadear--se uma série de conflitos, tendo esse arrendatário começado por pôr um cadeado quando deixou de arrendar a loja e os irmãos Yip colocado outro, “para defender os seus próprios direitos”. Em Ou-tubro de 2013, outra das pessoas singulares envolvida “cortou o cadeado que os irmãos Yip tinham colocado na porta, entrou várias vezes no número 65 em conjunto com outras pessoas e desenvolveu trabalhos e obras de construção civil, esbulhando de forma violenta a posse da requerente”, havia con-siderado o TJB. Em Novembro, o tribunal acabaria por ser a solução encontrada.

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Fil ipa araú[email protected]

É no fim do presente mês que o Secretário para a Eco-nomia e Finanças, Lionel Leong, irá apresentar aos

deputados na Assembleia Legis-lativa (AL) as Linhas de Acção Governativa (LAG) da pasta da sua responsabilidade. Ainda sem se saber o que surgirá por parte do Executivo, o HM quis saber a opinião de deputados e economis-tas, que frisam que as principais necessidades se ligam ao Jogo.

Antes de mencionar os pontos--chave para esta pasta, Albano Martins, economista, volta a de-fender que as LAG deveriam ser linhas que “deviam existir a médio e longo prazo”. Para o profissional é necessário, com o novo Governo, que “o [Executivo] pense num novo formato da apresentação das LAG, num plano a médio e longo prazo”.

Assim, o Governo teria um con-junto de objectivos e anualmente era possível verificar a realização de parte desses objectivos. Desta forma, as LAG não seriam mais nada do que “a concretização anual de parcelas, ou de partes, de uma percentagem dos objectivos que o Governo define, para dar a ideia de que as pessoas sabem para onde estão a ir”. Albano Martins defen-de ainda que é mais importante o Governo mostrar para “onde quer ir”, do que propriamente quanto é que vai chegar em cada ano.

Jogo, ponto central É o sector do Jogo um dos pontos mais importantes desta pasta, como realça Albano Martins. “[Sobre] uma das variáveis mais importantes, que é o Jogo, acho que o Governo deve ter ideias muito concretas de quanto é que quer crescer, porque tudo isso

“O Governo não se consegue preparar para enfrentar as consequências do crescimento do Jogo,ou do não crescimento”AlbAno MArtins Economista

Deputados e economistas dão as suas opiniões sobre quais deveriam ser as Linhas de Acção Governativa na área da Economia para o presente ano. Uma postura de certeza e convicção nas decisões, que devem ser rápidas e eficazes, é o que é exigido a Lionel Leong, Secretário da tutela

lAG EconoMiA E FinAnçAs Pedidas medidas Para Jogo e inflação

De olhos nas contas

vai mexer com toda a economia. Se crescer a dois dígitos altos vai ter implicações fortíssimas na economia, se crescer a um dígito baixo também terá implicações no sector”, argumenta.

Assim, diz, só faz sentido o Governo definir o que quer. “O Governo não se consegue preparar para enfrentar as consequências do crescimento do Jogo, ou do não crescimento”, diz, sublinhando que por isso, é muito importante que o Executivo elabore ideias concretas.

Outros das linhas defendidas pelo economista é o valor da mão--de-obra. “O Governo tem que dizer ‘a mão-de-obra tem valor de x’. O número de mão-de-obra tem, então, que assistir a esse valor definido e a grande parte dessa mão-de-obra tem que ser deslocada para as Pequenas e Médias Empre-sas e, claro, uma grande parte para os casinos”, enumera.

Se, neste momento, os valores de mão-de-obra não residente ultrapassam as 170 mil pessoas, relembra Albano Martins, então futuramente os valores deverão chegar aos 220 mil.

“Não há outra solução, só os casinos vão abranger 50 mil tra-balhadores. Se esta definição não acontecer, a indústria privada, que não seja o Jogo, não vai conseguir ter capacidade para sobreviver. O Governo tem que assumir esta linha, não há outra opção”, remata.

Melinda Chan, deputada, não tem dúvidas: “O Governo tem que fazer

mais e melhor pela economia”, prin-cipalmente nos impostos e no mundo do Jogo. É preciso, diz a deputada, apostar fortemente na diversidade económica em várias “outras áreas de negócios”, para contornar as descidas da receitas do Jogo.

“O Executivo tem também que trabalhar muito e rapidamente numa forma de atrair outros turistas para além dos que surgem do inte-rior da China”, defenda ainda Me-linda Chan que garante que “tudo será perguntado ao Secretário”.

Para Lou Shenghua, vice--presidente da Associação da Nova Visão de Macau e académico, o Governo terá que explicar como vai promover o sector do Jogo tendo em conta as últimas quedas. Para Lou não há dúvidas, “esta será a pasta de maior destaque nas LAG”.

O vice-presidente acha ainda que o Executivo deve “aprovei-tar a cooperação com as regiões vizinhas para recuperar a queda das receitas”. O mesmo é de-fendido pelo economista José

Sales Marques, que defende que é importante o Governo explicar como será coordenada a integração do território e da sua economia nas regiões vizinhas. “Que tipo de regimes especial se podem esperar?”, questiona o economista argumentando que este deve ser um ponto de análise e esclarecimento do Executivo.

Sobre as licenças de Jogo, José Pereira Coutinho, deputado, diz também que Lionel Leong “deve começar de imediato com a aus-cultação pública geral do número de licenças que o Governo pensa [atribuir], tendo em consideração as salas VIP”. Diz o deputado que estas salas são as que mais dinheiro trazem para a economia do território.

“Penso que muitas das opera-doras VIP estariam na condição de obter licenças. É preciso criar legis-lação e um equilíbrio na regulação do Jogo, tendo ainda que ser mais meticuloso, principalmente sobre as dívidas do Jogo”, argumenta.

José Sales Marques, economis-ta, também concorda que está na altura para que este assunto das licenças seja debatido. “Não quer dizer que, com isso, o Governo apresente uma estratégia, já de imediato, sobre como vai proce-der, mas provavelmente será feito um anúncio qualquer no sentido de abrir a época de análise e de apresentação de qualquer tipo de directivas ou de orientações”, frisa.

casas controladasO imobiliário não fica também de fora, com Albano Martins a reforçar a necessidade de uma in-tervenção do Governo e “um papel activo” no controlo dos preços e da inflação.

“O Governo tem que intervir para controlar o aumento dos preços do imobiliário”, devendo inclusivamente intervir para “con-gelar os aumentos dos preços”. Na visão do economista, deve ainda aproveitar os novos aterros para construir habitação económica, mas não só. “Deve ter habitação a preços controlados” para que a classe média tenha também os seus gastos controlados. Assim, mantendo a atitude que até agora tem mantido, o Governo está a permitir a especulação, frisa.

É essencial, na visão do eco-nomista, que o Governo controle a inflação e o custo de vida, caso contrário a sociedade local terá muita dificuldade no seu dia-a-dia.

organização precisa-seOrdem na casa é ainda uma das coisas que o economista Albano Martins defende. “O Governo precisa de melhorar o tempo de decisão e isto passa por uma renta-bilização dos circuitos internos do processo de decisão”, argumenta. O que acontece neste momento, defende, é que as decisões por parte da Administração são atra-sadas no tempo, sendo que todas as decisões que são atrasadas no tempo “têm custos brutais para a economia privada”. Assim, a economia privada está em risco de sobrevivência. “Em termos práticos: imagine-se que um processe de licenciamento de um restaurante demora um ano. Uma PME não consegue sobreviver a isto”, diz. “Por isso, defendo que o Governo deve organizar--se e implementar a melhoria do processo de decisão em todas as plataformas, em todos os depar-tamentos, em todos os serviços tem que ser obrigatório”, remata.

Pereira Coutinho argumenta também que o Governo deve fazer um levantamento geral das com-petências na área da Direcção dos Serviços de Economia e do Insti-tuto de Promoção e Investimento de Macau, para que de facto o “investimento efectuado a nível de orçamento do Governo de Macau tenha efeitos mais produtivos”, conclui.

política

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5 políticahoje macau terça-feira 10.3.2015

Flora Fong [email protected]

D ois delegados de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês,

io Hong Meng e Lei Pui Lam, apre-sentaram ontem em conjunto uma proposta na capital chinesa. os dois querem que o Governo da RAEM e as entidades judiciárias do interior da China avancem com um acordo de “assistência judiciária em ma-téria penal”, de forma a combater os crimes transfronteiriços.

De acordo com o Jornal ou Mun, os dois representantes elo-giaram e concordaram com os resultados das medidas contra a corrupção que estão a ser levadas no interior da China e consideram que a RAEM deve não só apoiá-las, como tomá-las como referência.

TNR Representantes na APN sugerem segurança sociala partir da China

DuAs representantes de Macau na Assembleia

Popular Nacional, Ho sut Heng e Leong iok Wa, apresentaram em Pequim uma proposta que sugere que os trabalhadores não-residentes (TNR) de Ma-cau possam contribuir para a segurança social através do continente.

De acordo com o Jornal ou Mun, as também representantes da Federação das Associa-ções de operários de Macau (FAoM) relembram que os cer-ca de cem mil TNR a residir em Macau não podem usufruir dos benefícios de segurança social oferecidos pelo Executivo, mas ao mesmo tempo não conse-guem contribuir para a seguran-ça social no continente. Assim, propõem que o departamento nacional de segurança social leve a cabo uma investigação sobre esta questão, permitindo que os TNR possam contribuir para a segurança social através de companhias de mediação do interior da China.

A mesma medida pode ser pensada para vigorar também em Hong Kong e outras regiões, dizem. “os regimes de seguran-ça social de diversas cidades ou regiões são diferentes e há uma parte da população que não está totalmente incluída no sistema, como acontece com os TNR locais, que contribuíram com muito esforço para o desenvol-vimento económico de Macau, mas não têm acesso à segurança social, nomeadamente pensão de velhice e saúde”, explica-ram as responsáveis. “Esse problema não é ainda óbvio, mas a passagem do tempo deve permitir que mais pessoas per-cebam isso”, defenderam. - F.F.

A campanha anti-corrupção na China poderá fazer com que criminosos se refugiem em Macau, destacam delegados da RAEM em Pequim. io Hong Meng e Lei Pui Lam pedem rapidez na assinatura de um acordo entre Macau e China que permitaa extradição, numa ideia suportada pelo chefe do Gabinetede Ligação no território

CCPPC Pedido acordo Penal com continente

Cerco aos corruptos

Desejo De regaliaspara iDosos na ChinaQuatro representantes de Macau junto da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPC) apresentaram uma proposta para a resolução dos problemas dos idosos, que podem passar por usar o outro lado da fronteira. Ng siu Lai, ung Pui Kun, Ho Teng iat e iao Tun Ieong defendem que, devido à insuficiência de terrenos, recursos humanos e instalações comunitárias em Macau, é difícil construir mais lares de idosos. segundo o jornal ou Mun, os representantes relembram que o acordo de cooperação para a protecção de idosos de Guangdong e Macau permite a construção de mais lares na província do interior da China, o que permite oferecer “mais espaços e proporcionar melhores condições de vida”. os benefícios aos idosos, dizem, poderiam passar por regalias em hospitais do interior da China ou a facilitação do processo de pagamento de pensões aqueles que residirem do lado de lá da fronteira, por forma a “criar condições convenientes”. os quatro membros pedem ainda que o sector privado da saúde de Macau invista na construção desses mesmos lares.

“Não existe um acordo de assistência judiciária em matéria penal, o que faz com que haja lacunas básicas nas leis para a detenção de criminosos transfronteiriços”Io Hong Meng e LeI PuI LaM Delegados de Macau no CCPPC

No entanto, como existem dife-renças entre os sistemas judiciários de ambas as partes, nem existe um acordo em matéria penal, como relembram, quando os “criminosos por corrupção fugirem para Macau, o Governo da RAEM não tem fun-damentos de direito para os prender e para os entregar ao interior da China”.

Essa situação, alegam, pode fazer com que Macau se torne um “abrigo” de criminosos do interior da China, influenciando a segurança da região.

“Antes da transferência de sobe-

li gang rejeita “oCCupy Central” em maCau o chefe do Gabinete de Ligação do Governo Central de Macau, Li Gang, assegura que os residentes de Macau consideram que o movimento na região vizinha de Hong Kong, ‘occupy Central’, foi um movimento de expressão de opiniões excessivo e que tal nunca poderá acontecer na RAEM. “Macau é um Centro Mundial de Turismo e Lazer e é também uma sociedade onde todos os sectores estão avançados e estáveis, havendo melhorias continuamente a vida da população. Ninguém espera em Macau uma agitação como aquela”, disse ao canal chinês da Rádio Macau, sublinhando que não espera ainda que “a discriminação de turistas que aconteceu em Hong Kong surja em Macau”. sobre os visitantes, Li Gang admitiu ainda que é “um milagre” Macau receber mais de 30 milhões por ano.

rania, a lei de extradição de Portugal era utilizada no território. Depois da transferência, de acordo com a Lei Básica, Macau ficou com um siste-ma judiciário independente, onde não existe um acordo de assistência judiciária em matéria penal, o que faz com que haja lacunas básicas nas leis para a detenção de criminosos transfronteiriços”, relembram.

Sim, maS calmaQuestionado sobre a extradição de criminosos, Li Gang descarta

preocupações. o chefe do Gabinete de Ligação da RPC em Macau não acredita que Hong Kong e Macau sejam pontos principais de fuga dos criminosos do interior da China, ainda que concorde com a necessi-dade de se acelerar a elaboração de um acordo de assistência judiciária em matéria penal.

Para o responsável, as “medidas anti-corrupção do interior da China causaram um ambiente de ‘não ter coragem para, não poder e não querer a corrupção’” e, por isso, Li Gang acredita “que muitos oficiais corruptos já não tenham coragem para jogar em Macau”, argumenta.

Para Li Gang esta ausência dos oficiais é até uma “das causas de queda de receitas de Jogo que se registaram nos últimos nove meses”.

io Hong Meng e Lei Pui Lam apontaram que, apesar da Lei de Cooperação Judiciária em Matéria Penal já ter sido implementada em 2006, onde são regulamentadas uma série de medidas, processos e condi-ções de extradição de criminosos e sentença penal, lamentam que entre o interior da China e Macau nunca se tenha chegado a um acordo sobre este assunto. Tal acontece, recorde-se, também com Hong Kong, sendo que os considerados culpados de crimes na RAEM não podem ser detidos e extraditados da região vizinha.

os dois delegados preocupam--se ainda com o grande número de turistas que chegam a Macau, que, dizem, “podem vir cometer crimes, devido à conveniência da passagem nos postos fronteiriços”, pelo que apelam a uma cooperação “o mais rápido possível”.

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6 política hoje macau terça-feira 10.3.2015

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Leonor Sá [email protected]

A Associação Novo Macau (ANM) acusou ontem o Instituto para os

Assuntos Cívicos e Mu-nicipais (IACM) de ter construído uma cerca de madeira em volta do espaço com relva que existe frente à Assembleia Legislativa. O intuito da cerca, alegam, é impedir o acesso das pessoas ao espaço, cuja entrada, na visão dos activistas, já teria sido impedida de forma a evitar manifestações.

A Novo Macau pede ao IACM que a cerca que actualmente veda este es-paço seja demolida, já que o propósito de o local ter sido vedado antes, de acordo com o IACM, foi o de criar um jardim para a população. A Associação exige que seja clarificado todo o propósito do projecto para ali pensado.

“A ANM acredita que o IACM já tinha um plano para a proibição de acesso daquele espaço aos residentes, inde-pendentemente da partida de Xi Jinping [aquando da sua visita a Macau]. Assim,

“A ANM acredita que o IACM já tinha um plano para a proibição de acesso daquele espaço aos residentes, independentemente da partida de Xi Jinping [aquando da sua visita a Macau]. Assim, pedimos que o IACM seja transparente quanto ao plano de todo o projecto”

Novo Macau Espaço para manifEstaçõEs dá lugar a jardim

(a)cerca da verdade

pedimos que o IACM seja transparente quanto ao plano de todo o projecto, juntamen-te com a decisão definitiva de permitir a entrada e saída de pessoas do parque”, escre-vem os activistas numa carta enviada aos jornais.

Durante a visita do pre-sidente chinês Xi Jinping, o Executivo anunciou a cria-ção de um jardim naquela zona, que estaria aberto para a população passear. A ANM mostra-se agora contra este novo plano,

que aparentemente proíbe o acesso da população. “Recentemente a remoção da vedação metálica revelou que atrás das árvores e flores está a ser erigida uma cerca à volta do jardim e que dá si-nais de não ter entrada para

peões através do passeio. A história do IACM sobre o ‘projecto de ajardinamento’ torna-se dificilmente credí-vel”, escreveu a ANM no comunicado.

As placas metálicas foram ali colocadas em

Dezembro do ano passado, aquando da visita do presi-dente chinês, como forma de mostrar que ali iria ser cons-truída uma zona ajardinada.

Espaço simbólicoDe acordo com a ANM, que cita o jornal Macao Daily News, Leong Kun Fong – membro da Administração do IACM – referiu que “o jardim é tão espaçoso que a plantação de 25 árvores espaçadamente não iria criar impacto suficiente no espaço que se destina a actividades de residentes”.

O representante referiu ainda que, futuramente, a população terá oportuni-dade de “passear e brincar debaixo da sombra das ár-vores” que estão até agora por colocar. A ANM lembra ainda que aquela zona é um local “famoso” para todo o tipo de actividades recrea-tivas, como são pic-nics ou apreciação dos espectáculos de fogo-de-artifício. Além disso, o colectivo lembra o facto do mesmo parque ter sido um local simbólico por ter juntado milhares de pessoas contra o Regime de Garantias.

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7sociedadehoje macau terça-feira 10.3.2015

Fil ipa araú[email protected]

o caso tornou-se públi-co depois da deputada Chan Hong, numa interpelação escrita,

ter indicado que existem utentes que passam horas à espera de transporte no Hospital Conde de São Januário. As declarações da deputada foram ainda mais lon-ge, afirmando que existem casos de utentes que foram obrigados a “passar a noite no corredor do hospital”, por não terem forma de regressar.

Agora, o hospital São Januário confirma ao HM que “após ter sido feita uma inquirição”, os Serviços de Saúde (SS) admitem “que foram registados casos isola-dos em que os doentes com dificuldade de mobilidade, atendidos pelo Serviço de Urgên-cia” não conseguiram regressar a casa.

A informação foi fornecida pela Direc-ção de Enfermagem do hospital público, que explica que esta espera se deveu à “falta de meios”, que fizeram com que os doentes ficassem à espera do Rehabus, o serviço de transporte fornecido pela Cruz Vermelha, do dia seguinte para regressarem a casa.

“Neste contexto, o pessoal médico e de enfermagem prestou todo o auxílio e atenção aos indi-víduos afectados, colocando-os em locais apropriados para descanso e

Melhoria de inFra-estruturas é prioridade

“Após ter sido feita uma inquirição”, os Serviços de Saúde (SS) admitem “que foram registados casos isolados em que os doentes com dificuldade de mobilidade, atendidos pelo Serviço de Urgência” não conseguiram regressar a casa

Apesar de falarem em casos “isolados”, os SS confirmam que há casos de doentes que ficaram horas - e até noites - no hospital público por não terem transporte para retornar a casa. O serviço falha e quem paga são os utentes

Saúde Hospital confirma casos de doentes sem transporte

Os erros dos outros

fornecendo assistência de acordo com as necessidades particulares”, esclareceram os SS.

O hospital informou ainda que todos aqueles doentes que preten-deram recorrer aos serviços de táxi foram ajudados. “O pessoal de segurança presta e prestou todo o apoio para solicitar a presença do táxi através do telefone”, assegura o organismo.

Mais voluntáriosRecorde-se que este assunto é motivo de queixa de várias associa-ções sociais, que muitos casos têm recebido das famílias dos utentes, ou até dos próprios pacientes, que esperam por uma solução. Paul Pun, Secretário-geral da Cáritas, explicou que é preciso separar o problema.

“A prioridade deve efectiva-mente ser a do paciente chegar a horas ao seu tratamento ou consulta para não perder a sua oportunida-de.” Depois disso, diz, resolver a questão. “Este serviço [Rehabus] funciona até às 17h00, portanto alguém com mobilidade reduzida

CoMissão extinta O Governo decidiu acabar com a Comissão de Acompanhamento da Rede de Infra-estruturas do Sistema de Saúde (SS). De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, o Chefe do Executivo torna agora os Serviços de Saúde responsáveis pela prestação de “apoio técnico-administrativo à Comissão”, sendo que os funcionários em regime de contrato do Secretariado da Comissão de Acompanhamento da Rede de Infra-estruturas do Sistema de Saúde transitam para os SS. As mudanças fazem parte da optimização de recursos humanos e simplificação da estrutura administrativa e, de acordo com um comunicado do Governo, fica a saber-se que a proposta para a extinção do secretariado partiu do Secretário

para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que

é também presidente da Comissão. “Após avaliar os trabalhos realizados pelo secretariado num período determinado, entendeu-se ser mais apropriado que os Serviços de Saúde se responsabilizem pelas funções

de apoio técnico-administrativo”, lê-se ainda no

comunicado. Esta Comissão foi criada em 2011, com a missão de assegurar a coordenação, o acompanhamento e a avaliação, a nível global, dos investimentos públicos a efectuar no contexto do Projecto de Melhoramento das Infra-estruturas do Sistema de Saúde.

que precise de ir às urgências durante a noite, por exemplo, terá muita dificuldade”, explica.

Para o Secretário-Geral, que não nega a existência destes casos, é necessário criar um serviço de 24 horas, que possa atender a popu-lação. Também a Cáritas lançou o serviço “Expresso Solidário” que vai dar uma ajuda na resolução desta falha, disponibilizando um carro para que as pessoas que precisam de ajuda. “Temos falta de voluntários para conduzir, portanto não podemos ter mais carros à disposição”, remata.

É de lembrar que, confrontando com esta situação, João Ambrósio,

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, assegurou que a reforma e a melhoria das infra-estruturas e do sistema de saúde “constituem um trabalho prioritário do Governo para os próximos cinco anos”. Num encontro com a Federação de Médico e Saúde de Macau, o responsável assegurou que

o Executivo vai continuar a promover o desenvolvimento dos serviços de saúde nos sectores público e privado. Vários membros da Federação apresentaram as suas opiniões e sugestões, nomeadamente acerca do regulamento do funcionamento e da fiscalização de empresas que asseguram serviços médicos, a

necessidade de estudar e definir um regime de seguros para acidentes médicos que corresponda à situação real de Macau e sobre o regulamento da qualificação e credenciação de fisioterapeutas, bem como acerca de criação de uma faculdade de medicina para a formação de médicos especializados.

Secretário Geral da Cruz Verme-lha, negou ter conhecimento de casos do utentes que ficaram sem transporte. “Posso garantir-lhe que não tenho conhecimento algum de situações dessas”, disse ao HM, em Fevereiro.

João Ambrósio explicou que “as pessoas têm que ser um pou-co pacientes quanto ao tempo”, atirando o tráfego como maior causa de “pequenos atrasos das nove carrinhas em serviço”, com capacidade de 20 a 30 pacientes.

Segundo explicou o Secretário Geral, este serviço de transporte funciona “até às 17h30”. E o que acontece aos utentes que, por ca-

lendarização, ou próprio atraso do médico só estão disponíveis depois desse horário?

“Terão que encontrar uma for-ma de voltar para casa”, clarificou João Ambrósio. “Os utentes têm que compreender que não pode-mos estar a atrasar todos os outros pacientes por um”, disse.

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8 sociedade hoje macau terça-feira 10.3.2015

AndreiA SofiA [email protected]

A Livraria Portuguesa foi ontem palco de um debate que traçou o olhar sobre os últimos

15 anos de Macau e a sua evolução social e económica. O encontro, promovido pelo Fórum Luso--Asiático, presidido pelo académi-co Arnaldo Gonçalves, contou com a presença dos oradores Albano Martins, Pedro Coimbra e Marco Carvalho.

Tantos anos depois da transfe-rência do território para a China, Macau vê-se hoje a braços com uma economia onde o Jogo e o sector terciário dominam, com uma dependência face ao exterior e onde a classe média poderia ter melhores condições de vida face a 1999. Contudo, o caso da RAEM é um sucesso, aponta Arnaldo Gonçalves ao HM.

“Os dados que temos do manda-to do doutor Edmund Ho (primeiro Chefe do Executivo da RAEM) mostram um enorme desenvolvi-mento económico e demográfico. Nos cinco anos de Chui Sai On verifica-se que houve franco de-senvolvimento, um crescimento da população significativo e os dados mostram um nível de PIB per capita verdadeiramente notável. Há todas as condições para Macau ser uma sociedade desenvolvida”, apontou.

Contudo, explica, a RAEM debate-se hoje com os problemas da “pequenez do território” e da dependência externa em termos de

4G Governo já atribuiu licenças

“A única vantagem que esta economia está a dar são postos de trabalho, no final do mês os ganhos reais de cada família poderão ser ligeiramente maiores face a 1999, mas as preocupações são maiores e mais complicadas de resolver”AlbAno MArtins Economista

rAEM 15 Anos CresCimento eConómiCo agravou problemas soCiais

Economia de corda ao pescoço Macau é hoje uma economia fulgurante com “estrangulamentos” causados pelo rápido crescimento, onde as pessoas procuram casas para viver e a classe média não tem assim tantas melhores condições face a 1999. Eis algumas conclusões do debate de ontem promovido pelo Fórum Luso-Asiático

produtos de primeira necessidade e mão-de-obra, a importação de quase tudo. Até da poluição.

“Para o bem e para o mal es-tamos integrados e perfeitamente interdependentes do que se passa

na China”, acrescentou Arnaldo Gonçalves.

SoluçõeS “daqui a cem anoS”O académico, que moderou o de-bate, considerou que “Macau é um

paraíso em termos de segurança e acolhimento de novas pessoas. Dada essa dependência, qual será o motor de Macau? Ainda não te-nho respostas”, disse ao HM. Para Arnaldo Gonçalves, as soluções para a tão falada diversificação económica serão encontradas daqui a cem anos.

“O sector terciário tem um peso tremendo em Macau e não se vê nenhuma alternativa. Talvez no prazo de cem anos haja uma novi-dade, por via da nova ponte que vai ligar Macau, Hong Kong e Zhuhai, para a criação de mais metrópoles e que haja uma ligação física. Aí não seria mais Macau, seria um território integrado”, referiu.

Em vez de pensar num horizonte longínquo, o economista Albano Martins olhou para os números de 1999, quando havia uma recessão, e para os números do ano passado. E ao HM deixou as suas conclusões. “Hoje temos problemas agravados

pelo facto do crescimento ter sido muito rápido e ter sido feito de for-ma descontrolada. A economia e a comunidade que cá vive estão numa situação complicada. A economia está estrangulada porque não existe o factor terra e humano”, frisou.

claSSe média a contar toStõeS Numa altura em que a RAEM tem um PIB de fazer inveja a muitos países, é certo que nem todos estão felizes com tal panorama. “Temos uma RAEM que não tem muito mais infra-estruturas do que aquelas que tínhamos no tempo da Administração portuguesa, temos uma economia fortemente desequi-librada e muita gente não se revê nela”, disse Albano Martins.

O economista, residente em Macau há cerca de 30 anos, garantiu mesmo que a classe média e média baixa não estará muito melhor do que nos anos 1999. “A única van-tagem que esta economia está a dar são postos de trabalho, no final do mês os ganhos reais de cada família poderão ser ligeiramente maiores face a 1999, mas as preocupações são maiores e mais complicadas de resolver”, adiantou.

Quinze anos depois, a sociedade pretende, segundo Albano Martins, que o Governo resolva os factores de estrangulamento, que passam, claro, pelos recursos humanos. “As empresas querem mão-de-obra, as pessoas querem casas para viver, as PME querem ter espaços para fazer o seu comércio. E querem que o custo de vida esteja mais controlado.”

Na área do Jogo, o Executivo “tem de fazer opções muito claras”, uma vez que “não pode dar a terra que deu e a seguir não dar a mão--de-obra que precisam”. Na área do imobiliário, deve actuar para o colo-car numa “situação economicamente aceitável”.

“O Governo tem, ele próprio, de colocar construção no mercado, com os privados, sob sua respon-sabilidades, com preços mais baixos”, frisou Albano Martins.

A Companhia de Telecomuni-cações de Macau (CTM), a

China Telecom, a Smartone e a Hutchison conseguiram as quatro licenças para operar o serviço de 4G, anunciou ontem o Executivo. Entre as seis empresas, foram estas as que reuniram as condi-ções e, por isso, angariaram as licenças de operação desta rede de telecomunicações.

Num comunicado à imprensa, a Direcção dos Serviços de Regula-ção das Telecomunicações (DSRT) explicou que, até ao fim do prazo para a entrega de propostas, foram recebidas seis, estando entre as ven-cedoras a China Mobile Hong Kong

Company Limited e a U Hong Co-municações Limitada. Estas duas ficam excluídas e o comunicado justifica que a análise das propostas se baseou na capacidade de promo-ção do desenvolvimento do sector. A escolha, diz ainda a DSRT, versou nas operadoras que possam trazer a Macau “benefícios económicos e

sociais a longo prazo”. O organismo adianta ainda que as entidades licen-ciadas deverão iniciar a “prestação comercial dos seus serviços durante o ano de 2015”.

Recorde-se que, tal como o subdirector da DSRT, Hoi Chi Leong, garantiu no ano passado, as licenças, que não seriam mais de quatro, seriam atribuídas durante o primeiro trimestre deste ano. Na altura, disse o subdirector, antes do final de 2015 o serviço teria de atin-gir mais de 50% da cobertura, sendo que em 2016 o serviço tem de estar disponível em todo o território.

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9 sociedadehoje macau terça-feira 10.3.2015

AgrAdecimentoJoão M B Frexes, médico especialista em Cirurgia Geral do CHCSJ, comunica a todos os seus pacientes e amigos a interrupção da sua ac-tividade profissional, expressando, deste modo, o seu agradecimento pelas provas de amizade de que foi alvo durante os seus anos de activi-dade passados em Macau.

João M B FrexesMédico especialista de Cirurgia Geral

pub

MONTEPIO GERAL DE MACAUASSEMBLEIA GERAL

CONVOCATÓRIA

Nos termos do Artº 34º, nº 1, al. a) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 25 de Março de 2015, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos:

1ª - Discussão e votação do relatório e Conta de Gerência do ano de 2014 e do parecer do Conselho Fiscal; e2ª - Outros assuntos de interesse da Associação

No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados.

Montepio Geral de Macau aos 2 de Março de 2015.A Presidente da Assembleia Geral,

Rita Botelho dos Santos

Flora Fong [email protected]

Joana [email protected]

A Associação dos Traba- lhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) e a Forefront

of The Macau Gaming entregaram ontem uma petição ao Chefe do Executivo onde pedem aumentos no sector do Jogo equivalentes à inflação.

No dia em que a Sands China se juntou à Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e anunciou um aumento de 5% nos salários dos trabalhadores, o grupo Forefront of The Macau Gaming entregou uma carta na sede do Governo solicitan-do que os salários de funcionários cresçam o mesmo que a inflação, que foi de 6%. O mesmo pediu a ATFPM, como explica José Pereira Coutinho, presidente.

“Fomos entregar a carta ao Che-fe do Executivo solicitando que ele use da sua influência política e do cargo para que as concessio-nárias assumam a responsabilidade social de actualizar os salários em 2015, tendo como exemplo a

a S autoridades de Ma- cau anunciaram on-tem que resgataram,

até domingo, dois corpos na praia de Hác Sa, em Coloane, que acreditam serem vítimas do naufrágio de uma embarcação que naufragou no final de Fevereiro. De acordo com informações prestadas ontem à agência Lusa pelos Serviços de Alfândega, Polícia Judiciária e Polícia de Segurança Pública, o corpo de uma mulher foi encontrado na passada terça-feira e o de um homem no domingo, tendo os dois casos sido reencaminhados para a Polícia Judiciária para investigação.

Tudo indica que os dois

Jogo SandS China anunCia aumento. aSSoCiaçõeS querem 6%

Devia estar nos contratos

actualização dos trabalhadores da Função Pública para o corrente ano e a actualização feita por duas concessionários – a SJM e a Sands China – que (…) tomaram

a iniciativa de actualizar em 5% os salários dos trabalhadores”, afirmou à agência Lusa.

José Pereira Coutinho justifi-cou o pedido de aumento com a

recuperação do poder de compra dos trabalhadores dos casinos e descarta que as descidas nas re-ceitas sejam justificação para que não haja uma subida.

“O facto de os casinos não terem tantos lucros como tinham no passado não justifica que dei-xem de assumir responsabilidade social, que deixem de assumir a justiça na actualização e recupe-ração do poder de compra dos trabalhadores. Isto não pode servir de justificação para que deixem de tratar dos trabalhadores dos casinos que são os recursos humanos mais valiosos dentro de uma instituição de Jogo”, afirmou.

Também o líder da Forefront, Ieong Man Teng, concorda com a ideia. “Como as licenças das ope-radoras de Jogo vão ser revistas, o Governo tem responsabilidade em alargar a fiscalização à indústria de Jogo e sugiro que se defina nos

corpos pertenciam ao grupo de sete ou oito pessoas que se encontravam desapare-cidas após o naufrágio de uma embarcação na costa de Coloane, no dia 27 de Fevereiro.

Na altura, os Serviços de Alfândega relataram que o barco naufragou devido ao mau tempo e que trazia a bordo imigrantes ilegais que se deslocavam a Macau para jogar. Todas as informações sobre o grupo foram dadas

pelos seis passageiros deti-dos pelas autoridades, todos da China continental.

Além das pessoas que se acreditava estarem ain-da na água, outros quatro indivíduos foram descritos como estando a monte - terão conseguido chegar à praia e fugir sem que as autoridades os apanhassem.

De acordo com a Judi-ciária, a mulher encontrada, de 58 anos, tinha consigo o passaporte chinês. Anterior-

mente, a policia tinha dito ao HM que nada estava rela-cionada com a embarcação. Já o homem foi encontrado sem roupa e, por isso, sem qualquer identificação. O corpo apresentava uma lesão no peito. As duas autópsias estão ainda a decorrer.

Terrorismo a bordo?No domingo, o jornal de Hong Kong Ming Pao publicou um artigo em que relacionou o naufrágio em Macau com a

actividade de grupos terro-ristas da região chinesa de Xinjiang que se queriam juntar ao Estado Islâmico.

“Este grupo de Xinjiang pretendia ir ilegalmente para Macau e, a partir daí, ir para outros países do sudeste asiático e juntar-se ao Estado Islâmico”, escreve o jornal.

Segundo a publicação em língua chinesa, o barco perten-cia a um grupo criminoso de Xinjiang - região autónoma de maioria muçulmana - que já tinha feito viagens semelhan-tes para Macau nos dias 18 e 24 de Fevereiro.

As autoridades de Ma-cau, que na altura indicaram, com base nos depoimentos

Naufrágio Dois corpos eNcoNtraDos

Assombrações em Hác Sa

contratos de renovação o ajustamento de salários de trabalhadores de Jogo correspondendo ao aumento de in-flação e de salários de funcionários públicos”, disse ao HM, acrescentan-do que o grupo quer ainda a revisão dos regulamentos laborais, onde se crie um subsídio por turnos.

bónus e aumenTosNo mesmo dia, a Sands China anunciou aumentos salariais de 5% para os seus 26 mil trabalhadores a tempo inteiro nos casinos em Ma-cau. Em comunicado, a operadora sublinhou que este aumento vem no seguimento de um bónus pago a 16 de Fevereiro.

A proibição total de tabaco em casinos foi outra das solicitações apresentadas na carta. “Os traba-lhadores de Jogo não são máquinas, o Governo e as operadoras devem assegurar a qualidade do ar no ambiente de trabalho. Acredito que implementar a proibição total de tabaco em casinos pode melhorar a imagem do turismo de Macau.”

Em Fevereiro, os casinos de Macau registaram uma queda homóloga de quase 49% nas re-ceitas brutas, para cerca de 19.542 milhões de patacas.

dos detidos, que os passa-geiros do barco se desloca-vam ao território para jogar nos casinos, dizem não ter informações sobre estas alegações.

“Estamos muito preocu-pados com esta informação. Estamos a patrulhar a costa e o mar e já contactámos com as autoridades da China continental para saber mais. Até agora não temos mais informações”, disse Chao Chak Sam, chefe do Depar-tamento Geral de Operações dos Serviços de Alfândega, indicando que os passageiros detidos são “de diferentes províncias” da China e ne-nhum de Xinjiang. - Lusa/HM

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10 hoje macau terça-feira 10.3.2015eventos

O IrmãO AlemãO • Chico Buarque Aos 22 anos Chico Buarque descobriu que tinha um irmão alemão. Sergio Buarque de Holanda, reputado historiador e crítico literário, pai de Chico, vivera na Alemanha entre 1929 e 1930, enquanto correspondente de um jornal. A efervescente Berlim dos anos 30 serviu de cenário a um romance com uma mulher alemã, de quem teve um filho que nunca chegou a conhecer. Chamava-se Sérgio Ernst. Quase cinco décadas depois da descoberta, Chico Buarque decidiu fazer da existência desse irmão – e do silêncio em torno dele –a matéria deste romance.

À venda na Livraria Portuguesa ruA de S. dOmIngOS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • FAx: +853 28378014 • [email protected]

COISAS que um pASSArInhO me COnTOu , COnFISSõeS de umA menTe CrIATIvA • Biz stoneNesta obra, Biz Stone, co-fundador do Twitter, revela-nos o segredo do seu sucesso. É uma história de vida surpreendente e inspiradora, baseada na colaboração, na partilha e no poder das redes sociais, e que oferece uma perspectiva única para quem sonha despertar o seu potencial criativo, mudar de vida e mudar o mundo. Mais do que a narrativa de alguém que subiu na vida a pulso, este livro é um manancial de sabedoria e conselhos sólidos de um dos homens de negócios mais bem-sucedidos deste século.

o realizador portu-guês Pedro Costa apresenta em Ma-cau o seu mais re-

cente filme “Cavalo Dinheiro”, uma película que se debruça sobre a vida dos emigrantes cabo-verdianos em Portugal. Com estreia no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, “Cavalo Dinheiro” fez Pedro Costa merecer o prémio de Melhor Realizador, tendo ainda marcado presença em mais de trinta festivais em redor do mundo.

Depois de “Juventude em Marcha”, em 2006, onde os cabo-verdianos radicados em Portugal se viam a braços com uma utopia falhada, chega “Cavalo Dinheiro”, onde a história continua com Ventura, a personagem principal. Este é o homem que nos leva numa viagem a um Portugal que se quer democrático.

“Testemunhamos os restos de uma outra utopia, a do Por-tugal democrático. Guiados por Ventura, acompanhamo-lo num vaguear pelos escombros de Lisboa – cidade para onde emigrara 40 anos antes –, ao mesmo tempo que o vemos ser constantemente assaltado pelas suas memórias e demónios”, explica a organização.

É Vitalina, uma recém--chegada a terras lusas, que tem o papel de ajudar Ventura no apaziguar destas memórias.

‘AntecâmArA’ do centro culturAl português Abre em díli

Uma nova embaixadaB ERLiko Lian Timor, o ‘guer-

rilheiro cantor’, deu ontem o mote musical a um novo

espaço, instalado no edifício que acolhe a embaixada e consulado de Portugal em Díli e que serve de ‘antecâmara’ ao futuro Centro Cultural português.

A ‘animação’ musical - a cargo de elementos do grupo de teatro Boca do Mar - representou, simbo-licamente, um espaço para a cultura em língua portuguesa e que está aberto diariamente.

Com filmes, livros, jornais e aces-so à internet o pequeno espaço está localizado no rés-do-chão do edifício da Associação Comercial e industrial de Timor-Leste (ACAiT), onde a embaixada portuguesa funciona desde a restauração da independência timorense, em 2002.

Manuel Gonçalves de Jesus, embaixador de Portugal em Díli, explicou ontem que o novo espaço pode servir também como sala de espera para as dezenas de pessoas que, diariamente, acorrem aos serviços consulares portugueses.

Em média os serviços con-sulares atendem entre 140 e 200 marcações diárias com milhares de pedidos anuais de nacionalidade - podem solicitar a nacionalidade portuguesa todos os timorenses nascidos antes de 2002.

“Recebemos aqui diariamente muitas pessoas e este espaço pode agora ajudar a tornar a espera mais fácil”, disse.

“É uma antecâmara do que será o futuro Centro Cultural portu-guês”, explicou.

Antecipa-se que possa estar concluída ainda este ano a cons-trução da nova embaixada e centro cultural, num terreno próximo do Palácio do Governo, em Díli.

Até lá a sala de leitura ontem aberta soma-se à oferta da bi-blioteca que já está instalada há vários anos no 2.º andar do mesmo edifício.

Livros Para todoso novo espaço conta com cerca de mil livros que abrangem áreas como a Política e História de Timor-Leste,

cooperação e desenvolvimento, literatura e cultura lusófona e ainda, manuais escolares, gramáticas e dicionários de língua portuguesa.

Estarão também disponíveis para visionamento vários documentários sobre Timor-Leste e filmes lusófonos.

A Sala de Leitura estará aberta todos os dias úteis e contará com um calendário de actividades com-plementares, incluindo uma pro-gramação semanal de actividades.

Entre os temas previstos contam--se debates, sessões de conversação e esclarecimento de dúvidas em língua portuguesa, hora do conto ou cinema.

Poderá haver ainda actividades pontuais como ‘oficinas de teatro’, concursos de poesia, apresentação de livros e concertos de música.

cinemA Pedro Costa aPresenta “Cavalo dinheiro” em maCau

sensibilidAdes de outros temposo mais recente filme de Pedro Costa chegaa Macauno dia 30de Março, para ser exibido no Cinema Alegria

Manuel Gonçalves de Jesus

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11hoje macau terça-feira 10.3.2015

Cultura Japonesa “Sensexperience Macau 2015” no domingoÉ já no próximo domingo que acon-tece no Café Little Tokyo o evento

“Sensexperience Macau 2015”, que pretende mostrar ao público de Macau as diversas vertentes da cultura japo-nesa, desde a música às artes plásticas. Directamente do Japão estará presente, para uma exposição de pintura ao vivo, o artista Yoshinori Sakamaki, que será acompanhado na música pelos djs Ryoma e Gordon.

Ao HM, Ryoma Ochiai, japonês radicado em Macau, levanta a ponta do véu de uma iniciativa que terá entrada gratuita. “Queremos mostrar a boa arte japonesa. Com música, arte, café e cerveja. Queremos fazer um evento diferente”, contou o músico, que faz parte da Associação Internacional de Artistas de Macau. A exposição não

conta com qualquer apoio financeiro, sendo Ryoma e os rostos por detrás do Café Little Tokyo os responsáveis pelo projecto. O músico defende que este evento parte do Japão para o mundo, no sentido de pretender captar um público não apenas japonês mas de todas as nacionalidades. “Especialmente para os jovens chineses e locais, este é um

evento diferente, que vai além do que vemos nos casinos. Macau é um sítio pequeno e podemos fazer muitas coisas na área do lifestyle. Podemos fazer com que as coisas façam sentido por nós próprios. Não queremos intervir, apenas queremos partilhar”, concluiu.

A festa começa às 15h00 e só acaba por volta das 23h00.

TeaTro ‘Bok’ Traz peças e insTalação

Sete seguidas“Construído como um longo pesadelo expressionista, “Cavalo Dinheiro” é continuamente marcado por remissões violentas para datas precisas e espaços concretos”

D E 23 a 29 de Março, Macau recebe o ‘Bok Festival’, que promete trazer sete noites

seguidas de arte. O ‘Bok’ junta teatro e instalação e junta artistas de outras cidades aos de Macau. Tudo a aconte-cer na Avenida Venceslau de Morais, no número 185, um edifício velho que nada aparenta ter de artístico.

“Desde 2013 que o ‘Bok’ assu-miu o conceito de ‘interconexão, trabalho árduo e lutar com tudo o que temos’, de forma a explorar todas as possibilidades do teatro. Convidámos, anualmente, artistas de todas as áreas e mostrámos trabalhos de teatro experimental”, começa por dizer a organização. “Este ano escolhemos o tema ‘Palco de Instalação’, onde combinamos teatro e instalação.”

Artistas de Macau, Hong Kong, Shenzhen, Gaungzhou e

Seoul juntam-se, então, na RAEM para mostrar seis diferentes tipos de show: Own Teathre, Hiu Kok Experimental Theatre, Teathre Far-mers e o Teatro da Casa de Portugal são alguns dos locais escolhidos.

“Este ano, o ‘Bok Club’ vai ainda permitir aos interessados no teatro participarem e interagirem nas peças.

Para os sete dias estão agendas peças como “Life in Black and White”, de Shenzhen, “Invisible City” e “P’s Mirror”, de Macau, “Set Body”, de Hong Kong, “Good Day Today”, de Seoul, e “Change The Truth”, de Guangzhou. Os bilhetes estão à venda e custam 120 patacas para um dia, 180 para dois e 240 para três dias, sendo que os estudantes pagam apenas 80 patacas. Podem ser encontrados na KongSeng.

Cinema Pedro Costa aPresenta “Cavalo dinheiro” em maCau

sensiBilidades de ouTros TemposVitalina traz consigo “uma nova vida”, que injecta em Ventura de forma implacável.

Dos fantasmas“Construído como um longo pesadelo expressionista, “Ca-valo Dinheiro” é continua-mente marcado por remissões violentas para datas precisas e espaços concretos, que situam o espectador e equilibram mentalmente esse sobrevivente que é Ventura. É ele quem, à semelhança de um morto-vivo dos filmes de terror de outras décadas, atravessa labirintos, túneis, subterrâneos ao mesmo tempo que habita as estruturas arquitectónicas da anterior ditadura. É também ele quem, doente e debilitado, nos arrasta pelos destroços do Portugal contemporâneo – o dos quartos de hospitais, das salas de espera e das fábricas abandonadas”, revela a organização.

Descrito pela critica como um “filme de fantasmas”, ‘Ca-valo Dinheiro’ vai ser apresen-tado chega a Macau a convite da empresa ICON Digital e da Associação CUT, sendo exibido pela primeira vez no território, no Cinema Alegria, a 30 de Março, pelas 19h00. A entrada é livre e o realizador estará presente para uma sessão de perguntas e respostas.

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GCS

12 china hoje macau terça-feira 10.3.2015

a China acredita que a próxima visita do seu presidente, Xi Jinping, aos Estados

Unidos permitirá impulsionar um novo modelo de relação entre as duas potências, em que “a sinceridade pode fazer maravilhas”, exemplificou este domingo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi.

Xi deve visitar os EUA em Setembro, a convite do presiden-te americano Barack Obama, o que dará seguimento a reunião que tida em Pequim em Novem-bro após a cimeira de países do Fórum de Cooperação Ásia--Pacífico (Apec).

O objectivo é impulsionar “um novo modelo de relação” entre as duas principais potências mun-diais, destacou o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros em conferência de imprensa.

O estabelecimento deste novo modelo de relação “é um esforço pioneiro, e por isso não será uma travessia tranquila, mas é um desenvolvimento lógico, porque

Tibetana morre após imolar-se pelo fogoUma tibetana, de cerca de 40 anos, morreu depois de se ter imolado pelo fogo, nas vésperas do aniversário de uma frustrada rebelião contra a China, em 1959, revelou ontem um órgão de comunicação social e uma organização no estrangeiro. A mulher, chamada Norchuk, imolou-se pelo fogo na sexta-feira perto de Trotsuk, no distrito de Aba (Ngaba em tibetano) numa região da província de Sichuan, no sudoeste da China, povoada sobretudo por tibetanos, indicou a organização com sede no Reino Unido Free Tibet e a Radio Free Asia (RFA), um órgão financiado parcialmente pelos Estados Unidos. Mãe de família, Norchuk filiou-se num mosteiro local, precisou a RFA. Trata-se da primeira imolação pelo fogo nas zonas tibetanas reportada este ano e aconteceu nas vésperas de 10 de Março, dia do aniversário da rebelião dos tibetanos contra a influência de Pequim, que levou o seu líder espiritual, o dalai lama, a exilar-se na Índia.

MNE ANTECiPAção dE viSiTA dE Xi JiNPiNg AoS EUA

“Sinceridade pode fazer maravilhas”

A cooperação entre Pequim e Washington oferece “imensas possibilidades”, insistiu o chefe da diplomacia chinesa, embora “seja impossível não haver desacordos”

interessa às duas partes e é a ten-dência dos tempos”.

Wang enviou uma mensagem a Washington através de um

provérbio chinês, que diz que “a sinceridade pode fazer maravi-lhas”, e afirmou que enquanto as partes forem sinceras “não haverá

pub

conflito nem confronto” entre os dois países.

A cooperação entre Pequim e Washington oferece “imensas possibilidades”, insistiu o chefe da diplomacia chinesa, embora “seja impossível não haver desacordos”, apesar de ponderar que “não deve-mos ampliá-los”.

Obama e o seu governo de-ram atenção à política externa e de defesa para dar mais ênfase à região da Ásia-Pacífico, e Wang disse acreditar que uma maior interacção China-EUA aumentará a estabilidade na região.

Um dos campos nos quais hou-ve mais disputas ultimamente entre os dois países é o da cibersegurança, com os dois países a trocar acusa-ções de espionagem informática.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros ressalvou que os EUA e a China “têm um interesse comum” em aumentar e garantir a segurança cibernética, e assinalou o desejo de que este assunto “seja um novo campo de nossa coope-ração, em vez de uma nova fonte de atrito”.

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hoje macau terça-feira 10.3.2015

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a revolta do emir Pedro Lystmann

F oi tornada pública a semana passada, no dia 4 de Março, a habitual lista das cidades com melhor qualidade de vida da

Empresa de Consultadoria Mercer. A cidade que ocupa o primeiro lugar é Viena, na Áustria, a última é Baghdad, no iraque. Com excepção de 5 cidades japonesas e de Singapura, as primeiras 60 ou 70 são de matriz ocidental. os dados utilizados para compilação deste índex foram recolhidos no período de Setembro a Novembro de 2014.

As dez melhores são as seguintes:1. Viena.2. Zurique.3. Auckland.4. Munique.5. Vancouver.6. Dusseldorf.7. Frankfurt.8. Geneva.9. Copenhaga.10. Sydney.

Quais são os critérios tidos em consideração para a conclusão desta classificação? 39 factores são levados em conta, agrupados em 10 categorias (tradução própria):1. Atmosfera política e social (estabili-dade política, crime, cumprimento da lei, etc.).2. Atmosfera económica (regulamento cambial, serviços bancários).3. Atmosfera sócio-cultural (acesso a órgãos de comunicação social, censura, limites às liberdades pessoais).4. Considerações médicas e de saúde (serviços e provisão médica, doenças infecciosas, esgotos, remoção de lixos, poluição atmosférica, etc.).5. Escolas e educação (nível e disponi-bilidade de escolas internacionais).6. Serviços públicos e transportes (elec-tricidade, água, transportes públicos, congestionamento de tráfego, etc.).7. Recreação (restaurantes, teatros, ci-nemas, desporto e tempos livres, etc.).8. Bens de consumo (acesso a produtos alimentares e de consumo diário, car-ros, etc.).9. Habitação (mercado de arrenda-mento, equipamentos domésticos, mo-biliário, serviços de manutenção).10. Ambiente natural (clima, registo de desastres naturais).

Lista Mercer 2015, QuaLidade de Vida urbana

As categorias específicas ou técni-cas mais relevantes repetem-se em ou-tras listagens muito difundidas, como as das revistas Monocle e The Economist: saúde, educação, transportes, serviços públicos, recreação e cultura, acesso a bens de consumo, habitação e ambien-te. Estas interessam a um trabalhador contratado para exercer funções no es-trangeiro e a um residente.

A quem se dirige especificamente este tipo de informação? Essencial-mente a empresas multinacionais que contratam funcionários para trabalhar fora do seu país. Assim, difere de ou-tras listas que aqui já várias vezes se apresentaram e comentaram, nem sempre encomiasticamente, mas sem-pre com o sentido de que os critérios a uso são de consideração estimulante a uma reflexão sobre a nossa própria ci-dade. No entanto, muitas das cidades constantes de listas de intenção algo diversa acabam por ocupar lugares dis-tintos em todas elas. A aplicação desta grelha a Macau só pode causar troça ou um profundo desconforto.

Exemplo: uma cidade como Kiev

(176° lugar, imediatamente acima de Blantyre e Maputo), apresenta riscos que um empregador terá necessa-riamente que compensar para atrair um empregado. Na China, como em Mumbai ou Nova Deli, os elevados ní-veis de poluição atmosférica obrigam a um procedimento compensatório se-melhante.

Estes dados interessam igualmente a agências governamentais e municipa-lidades e, finalmente, a todos os que se interessam sobre a qualidade de vida nas cidades.

Lisboa aparece em 41° lugar (num conjunto de 230 cidades), entalada en-tre Londres e Milão. Macau não apare-ce. Hong Kong ocupa o 70° lugar. A primeira cidade não ocidental (isto é, sita fora da Europa, E.U.A. ou Canadá, Austrália ou Nova Zelândia) é Singa-pura - na 26ª posição.

Depois de Singapura, 5 cidades ja-ponesas figuram como as melhores não ocidentais: Tóquio (44°), Kobe (47°), Yokohama (48°), osaka (58°), Nagoya (61°), e só depois Hong Kong.

Depois da R.A.E. de Hong Kong, na vizinhança, figuram Seul (72°); Taipé (83°); Kuala Lumpur (84°, segunda no sudeste asiático); Busan (90°); Cheonan, Coreia do Sul (98°) e Taichung, Taiwan (99°). Bangkok, Manila e Jacarta não aparecem muito bem colocadas (respec-tivamente 117°, 136° e 140° posto). A pior, na zona, é Yangoon, em Myanmar (201°), um lugar abaixo de Luanda.

A primeira cidade sul-americana é Montevidéu (78°), no Uruguai. Rio de

Lisboa aparece em 41° Lugar (num conjunto de 230 cidades), entaLada entre Londres e miLão. macau não aparece. Hong Kong ocupa o 70° Lugar

Janeiro e São Paulo surgem em 119° e 120°, imediatamente após Pequim. Uma cidade considerada como “emer-gente” é Manaus, no Brasil.

A primeira cidade africana fica nas ilhas Maurícias, Port Louis (82°). No continente propriamente dito, a cida-de africana cimeira é Durban, na África do Sul, em 85° lugar (a par com Ate-nas). Em Durban, o relatório da Mer-cer elogia a qualidade da habitação, a oferta recreacional e a disponibilidade de bens de consumo de qualidade, en-quanto aponta para a taxa de crimina-lidade como o factor que impede que a cidade sul-africana ascenda aos 50 primeiros.

As cidades que ocupam os últimos lugares são as seguintes:221. Nouakchott, Mauritânia (tenho pena).222. Conacry, Guiné.223. Kinshasa, República Democrática do Congo.224. Brazzaville, República do Congo.225. Sana’a, iémen.226. N’Djamena, Chade.227. Khartoum, Sudão.228. Port-au-Prince, Haiti.229. Bangui, República Centro-Africana.230. Baghdad, iraque.

Por curiosidade refira-se que apenas 1 cidade aparece nos 10 primeiros da lista da Mercer e nas últimas listas das revistas The Economist e Monocle: Viena. 6 cidades figuram em 2 destas 3 com-pilações: Zurique, Auckland, Munique, Vancouver (vela e ski? Batota.), Co-penhaga e Sydney.

Que lugares ocupam outras cidades de carácter atraente mas que não preen-chem os requisitos severos da Mercer de modo a ocupar um lugar que recolha fa-vor? Roma 52° lugar; Glasgow 55°; Bue-nos Aires 91°; Santiago do Chile 93°; istambul 122°; Colombo 132°; Hanói 154°; Beirute 181°; Tbilisi 194°; Teerão 203°. Repita-se que o autor destas linhas entende que o rigor desta criteria exclui cidades cujas seduções são óbvias.

Critérios aparentados criam, nas listas da The Economist e da Monocle, premiados com características seme-lhantes. Valletta, Zanzibar, Asmara, Reiquejavique, Katmandu e Nuuk não figuram na lista da Mercer.

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hoje macau terça-feira 10.3.201514 h

N o decurso das primeiras vanguardas, designadamen-te do dadaísmo, desenvol-veram-se práticas artísticas

sustentadas pela vontade de transformar as estruturas sociais, aproximando arte e vida num mesmo plano através de estraté-gias de arte crítica e política. A história da arte contemporânea é prolixa na diversi-dade e intensidade de acções e processos que visam alterar a correlação de forças e poder no campo artístico e social. Jo-seph Beuys criou a “Universidade Livre” fundada sobre princípios de autonomia e autogestão. Hans Haacke vem traba-lhando subversivamente por dentro das instituições, desconstruindo formas de dominação financeira e ideologias totali-tárias. Mais recentemente, artistas como Christoph Schlingensief (1960-2010) ou colectivos como Rimini Protocol criaram projetos que provocam instabilidade na percepção de fenómenos sociais, econó-micos e políticos. outros criam institui-ções e movimentos verdadeiramente im-plicados em problemáticas sociais como Filip Noterdaeme e o seu Homeless Museum of Art, o Institute For Human Activities de Ren-zo Martens, a Church of Stop Shopping do Reverendo Billy ou o Imigrant Movement Internacional impulsionado por Tania Bru-guera.

Na vertente da Crítica Institucio-nal são os artistas quem desencadeia as acções numa luta de tomada de posições na esfera das artes contem-porâneas, no combate contra a merca-dorização absoluta ou privatização do valor artístico pelo mercado. A insta-lação “GERMANIA” de Hans Haacke para o pavilhão alemão da Bienal de Veneza de 1993 é considerada para-digmática pela maneira como expôs as relações entre ideologia, história e instituições de arte.

CrítiCa instituCionalPráticas instituintes

O fundamental na ideia de práticas (artísticas/culturais) instituintes é a confrontação com o “democratismo”

Anger is an Energy.John Lydon

Artistic freedom today should be tied to a different ideological project: an exploration of a principled fundamental democracy in which the imaginative force of art is a primary tool do defy rather than secure democratist monopolies of power. Jonas Staal

o pensamento e a acção crítica re-levam do questionamento da obediên-cia absoluta e da submissão dos sujei-tos às formas autoritárias de gover-nação. Nesse sentido a crítica requer uma prática autocrítica que produza a transformação das subjectividades, implica por isso uma vontade de não querer ser governado através de polí-ticas injustas e ilegítimas, mas também recusar as verdades ou as narrativas impostas de forma autoritária.

Uma das linhas de intervenção neste campo é o denominado artivismo, cujas práticas vêm sendo implementa-das dentro e foras das instituições cul-turais, tornando-se muitas das vezes aliadas dos protestos cívicos ocorri-dos nas cidades. Em 2014 Rui Mourão criou múltiplas performances artivistas

no confronto directo com instituições culturais públicas, designadamente no Museu de Arte Contemporânea - Museu do Chiado com a exposição Os Nossos Sonhos Não Cabem nas Vossas Urnas! Apesar de nas últimas décadas o activismo artístico performativo es-tar praticamente desaparecido da rua, o colectivo Felizes da Fé (1985) trouxe entre os anos 80 e 90 uma forma pe-culiar de provocar a ordem burguesa conservadora ligada ao regime de Ca-vaco Silva. No sector das artes visuais portuguesas, apesar de serem escassas as exposições com abordagens críticas e interventivas, a recente exposição O Tempo e o Modo, para um Retrato da Pobreza em Portugal, afirma que “o pensamento cultural e artístico deve contribuir para uma reflexão e observação do es-tado da Pobreza, analisando a sua evo-lução histórica, de forma a permitir um entendimento esclarecido e crítico da mesma, que seja útil à sociedade e aos cidadãos... numa proposta clara de pensamento como intervenção.” (Emí-lia Tavares e Paulo Mendes, 2014).

A prática crítica, seja em que cam-po for, não emana automaticamente de uma pressuposta liberdade inata da alma, nem é fruto da espontaneidade individual, pelo que a sua existência de facto só é viável em contextos cul-turais propícios à reflexão e interro-gação das formas de poder, à análise dos discursos e das práticas de gover-nação, ou à desordenação das regras institucionais de produção e distribui-ção de conhecimento. Agir critica-mente no actual contexto requer um entendimento de que os mecanismos de coerção e condicionamento do capitalismo tardio e da tecnopolítica (biopolítica, biopoder, neuropoder,...) são hoje substancialmente distintos e atravessam integralmente os corpos e as mentes humanas, como Foucault,

Deleuze ou Guattári souberam de-monstrar. A passagem da sociedade disciplinar (Foucault) a uma socieda-de de controle (Deleuze) introduziu novos dispositivos técnicos que esten-dem as possibilidades de vigilância ao infinito e aceleram as ligações ao mun-do virtual e tecnológico. o controle é hoje um dispositivo global contínuo e ilimitado, baseado na rapidez e no curto prazo, ao passo que a disciplina era administrada na longa duração. o homem pós-moderno já não é exclusi-vamente disciplinado pelas estruturas hierárquicas de poder, mas passou a ser também o homem endividado pela fluidez abstracta do capitalismo.

Na nossa actualidade pós-política, em que o discurso dominante tenta obstruir a própria possibilidade de uma alternativa à ordem actual (“there is no alternative”, já dizia a baronesa Margaret Thatcher em 1970), todas as práticas que possam contribuir para a subversão e a desestabilização do con-senso neoliberal hegemónico são cer-tamente bem-vindas. É isso que Chan-

tal Mouffe advoga quanto se questio-na acerca da conceção de estratégias artísticas na política e estratégias polí-ticas na arte, mas também sobre o tipo de relação a ser estabelecida com as instituições: devem as práticas artís-ticas críticas estar envolvidas com as actuais instituições, com o objectivo de transformá-las ou devem abando-ná-las por completo?

o conceito de práticas instituintes, permite-nos reformular as relações ente crítica e instituição cultural, ven-do na crítica uma condição necessária aos processos de gestão, produção e mediação cultural, e na possibilidade de re-instituir a partir da intensificação da democracia e da participação. Des-de logo isto significa, tal como referi-do anteriormente, partir do reconhe-cimento, análise e problematização criativa dos problemas concretos que afectam sociedades e grupos sociais concretos. Debater os problemas e elaborar estratégias e narrativas alter-nativas, construir visões contra-hege-mónicas que favoreçam as transforma-ções desejadas.

Diríamos então que a passagem de um paradigma fundado no protagonis-mo e iniciativa do artista (Crítica Ins-titucional) para uma outra visão mais abrangente onde o artista, o activista entre outros actores sociais colaboram na construção de imaginários sociais alternativos ou na democratização das instituições (Práticas Instituintes), se deve à necessidade de reagir a um agravamento global das condições de vida e à intensificação complexa das crises no decurso da história catastró-fica do capitalismo. A mobilização da “imaginação radical” (imaginar desde a raiz dos problemas) através de ações que convoquem a participação da arte na esfera sociopolitica e na vida comum. A imaginação radical, diz Max Haiven, “surge na maioria das vezes de forma mais vibrante em quem en-contra a maior ou a mais aguda opres-são e exploração, e muitas vezes é atrofiada e diluída em quem goza de maiores privilégios”.

o fundamental na ideia de práticas (artísticas/culturais) instituintes é a con-frontação com o “democratismo”, que por um lado representa o dispositivo

o homem pós-moderno já não é exClusivamente disCiplinadopelas estruturas hierárquiCas de poder, mas passou a ser também o homem endividado pela fluidez abstraCta do Capitalismo

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 10.3.2015

Rui Matosoin EsquErda.nEt

global de manutenção de monopólios de poder (político, militar, financeiro) sob uma aparência superficial (mediá-tica) de democracia cada vez mais ex-posta nas suas verdadeiras intenções de dominação e controle; e por outro, está incorporado nos nosso habitus e estruturas de pensamento individuais e colectivas. Trata-se portanto de abrir espaços glocais de crítica e criação, momentos constituintes da democra-cia fundamental (Jonas Staal), logo, da democratização de todos os campos, da ecologia, economia, política, arte,

etc. Algumas dessas novas práticas instituintes terão passado, para além de noutros territórios, também por aqui:

Truth is Concrete um acontecimento que durou 24 horas/7 dias, e que reu-niu mais de 200 artistas, activistas e teóricos para produzir e discutir estra-tégias e tácticas em arte e política.

Beyond Allegories um debate no qual participaram 250 artistas, políticos, representantes sindicais, professores universitários, dramaturgos, represen-tantes de organizações de refugiados e

ONGs, jornalistas e estudantes. Reu-niram durante sete horas na Câmara Municipal de Amesterdão para discu-tir o papel da arte no âmbito da gover-nança, mobilização política e acção .

Artist Organisations International reúne mais de vinte representantes de orga-nizações fundadas por artistas cujo tra-balho enfrenta as actuais crises na po-lítica, economia, educação, migração e ecologia. Apresenta igualmente uma agenda sociopolítica que liga o cam-po da ética com a estética. Não sendo apenas um meio de “questionamento” e

“confrontação”, a organização situa-se no campo da luta política diária.

ECLETIS (European Citizens’ La-boratory for Empowerment: Cities Shared) é um projecto de cooperação entre diversas estruturas artísticas e culturais europeias, visando a imple-mentação de processos para favorecer a integração dos cidadãos na tomada de decisões urbanas, valorização da diversidade europeia, o diálogo inter-cultural e as novas tecnologias como fontes para estimular a criatividade e novas práticas.

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ConvoCadosoperação Camboja (12 e 17 de março)

16 desporto hoje macau terça-feira 10.3.2015

Gonçalo lobo [email protected]

A Selecção A de futebol de Macau parte hoje para o Camboja à procura de um sonho: passar à

segunda fase de qualificação para o Campeonato do Mundo de futebol a ter lugar em 2018 na Rússia. No dia 12, a RAEM disputa a primeira mão naquele país e depois, no dia 17, recebe a sua congénere no Estádio da Taipa.

Para o seleccionador Joseph Tam, o grande objectivo é chegar à fase de grupos da qualificação asiática. “O nosso sonho é passar à fase seguinte, onde podemos ter mais jogos inter-nacionais para disputar”, começou por dizer ao HM. “Esse objectivo, a ser alcançado, é muito importante para o futebol de Macau.”

Mas para isso, os 18 escolhidos terão de fazer tudo para ultrapassar a equipa cambojana, algo que o se-leccionador da RAEM admite não ser fácil. “Já transmiti a mentalida-de que quero. Queremos fazer algo de bonito pelo futebol de Macau. Mas para isso, é preciso defender bem e apostar no contra-ataque. Não podemos perder a posse de bola. Isso é essencial.”

Macau irá encontrar uma Se-lecção um tudo ou nada superior e condições adversas de clima. “Nesta altura do ano estão 30 graus no Camboja. Isso é um ponto negativo para nós. Sabemos que o advers é superior. Contudo, isso não nos deixa desistir. Estamos fortes e a 100%. Essa é a mentali-dade que tenho tentado transmitir aos meus jogadores. Tenho uma equipa compacta que estudou o adversário e quer ser feliz.”

Não sofrer golos Na 1.ª mãoO avançado Niki Torrão vai ao en-contro das palavras do timoneiro da equipa. Para o jogador trata-se de “jogos muito difíceis para Macau”. No entanto, é preciso acreditar na passagem à fase seguinte desde “que se deixe tudo em campo”. “A selecção do Camboja tem van-

gUarda-redesHo man fai (monte Carlo)Cheong Ka meng (lai Chi)

defesaspaulo Cheang (monte Carlo)Chan man (benfica)lei Tin U (lai Chi)lao pak Kin (Ka I)lei Chi Kin (benfica)Choi meng Hou (Chao pak Kei)lei Ka Him (lai Chi)

mÉdIosluís amorim (benfica)Ho Chi fong (monte Carlo)Kong Cheng Hou (Ka I)pang Chi Hang (lai Chi)Iuri Capelo (benfica)alexandre matos (Ka I)

aVaNçadosNiki Torrão (benfica)leong Ka Hang (Tai po – Hong Kong)Ho man Hou (sporting)

“o nosso sonho é passar à fase seguinte, onde podemos ter mais jogos internacionais para disputar”Joseph Tamseleccionador de macau

Começa agora a qualificação asiática para o Mundial de 2018 na Rússia. Macau jogará duas importantes cartadas na operação Camboja. A vitória é o sonho que se acalenta com o intuito de chegarà fase de grupos

FuTebol Selecção de Macau pronta para defrontar o caMboja

o direito de acreditar

tagem no aspecto físico, o que é normal, mas existem hipóteses de podermos passar.”

O avançado do Benfica de Ma-cau acredita que a chave do bom resultado está numa boa defesa. “Vamos para o Camboja focados em conseguir um resultado positi-vo, sabendo que será muito difícil mas faremos tudo para trazer um bom resultado para a segunda mão em Macau. Positivo seria não sofrer golos, por isso defender bem será chave para os dois jogos.”

Torrão descreve o estado de espírito do grupo ao HM e a motiva-ção de defender a flor de lótus. “Os

jogadores encontram-se motivados em representar a Selecção. Todos sabem que há jogadores que não estão nos 18 finais que queriam aqui estar, por isso vão representar Macau com isso em mente. Essa tem sido a grande diferença que se tem notado com o novo treinador, uma mentalidade de espírito de união, de luta, de querer mais.”

Também ouvido pelo HM, o médio do Ka I Alexandre Matos acredita numa eliminatória po-sitiva para Macau. “Penso que podemos ultrapassar o Camboja, apesar de ser uma tarefa bastante difícil.”

O jogador assimilou as pala-vras do seleccionador e, apesar de assumir máxima exigência de cada um dos jogadores, a fórmula mágica passa mesmo pela “união, força, a mentalidade o querer”. “Eles jogam em casa com o estádio cheio e essa é outra barreira que temos de ultrapassar. São vários os obstáculos mas não deixa se ser possível. Eu acredito.”

O defesa-direito do Benfica de Macau, Chan Man, também está

confiante. “Estamos prontos para o desafio. Penso que o Camboja é uma boa equipa. Estão bem e fortes mas acredito que vamos conseguir passar. Apenas precisamos de estar focados e ouvir a estratégia do treinador. Um bom resultado lá será o empate. Perder é que nunca.”

afm apela aos CIdadãosDos corpos gerentes da Associação de Futebol de Macau (AFM) surgem palavras de incentivo. Ao HM, o vice-presidente do organismo Da-niel Sousa reitera total confiança na equipa técnica liderada por Joseph Tam e nos 18 jogadores escolhidos. “Estamos confiantes numa elimi-natória positiva. Esperamos um resultado que nos permita chegar às fase de grupos.”

Todos sabem que ultrapassar a Selecção do Camboja é um objec-tivo primordial, uma vez que isso permitiria mais experiência para os jogadores locais. “Se conseguirmos chegar à fase de grupos é muito pro-vável que apanhemos países como a República Popular da China, Japão, Coreia, etc. Jogos com essas selec-ções seriam muito importantes para nós. Ganharíamos mais experiência e outra projecção.

E para que tudo corra pelo melhor, Daniela Sousa deixa um último apelo a todos os que gostam de futebol e queiram apoiar Macau no próximo dia 17, no Estádio da Taipa, no jogo decisivo da segunda mão da eliminatória com o Cam-boja. “Apelamos a uma ida em massa ao estádio e que a população de Macau marque presença para apoiar a equipa nesta fase impor-tante e decisiva. É preciso criar atmosferas que levem as pessoas a gostar mais de futebol.”

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17 desportohoje macau terça-feira 10.3.2015

Sociedade de Pelota Basca de Macau, S.A.Convocatória

Ao abrigo dos estatutos desta Sociedade, é por este meio convocada a Assembleia Geral dos Accionistas, para reunir em sessão ordinária, no Centro de Comércio, localizado no 4º andar do Hotel L´Arc Macau, na Avenida 24 de Junho, nº 278.º, NAPE, Macau, no dia 27 de Março de 2015 (Sexta-Feria), pelas 13:30 horas, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Discussão e aprovação dos relatórios, balanço e contas finais, apresentados pelo Conselho de Administração, bem como a aplicação de resultados e o parecer do Conselho Fiscal, referentes ao exercício de 2015.

2. Deliberação sobre remuneração dos membros dos órgãos sociais;3. Eleição dos membros do Conselho Fiscal para o ano de 2015;4. Nomeação dos auditores para o ano de 2015;5. Quaisquer outros assuntos de interesse da Sociedade.

Macau, 10 de Março de 2015.

Presidente da Mesa da Assembleia Geral,Leong On Kei

pub

Sérgio [email protected]

F elix Rosenqvist, o piloto que venceu a Taça intercontinental FiA de Fórmula 3 no

61º Grande Prémio de Ma-cau, poderá voltar ao Circui-to da Guia no próximo mês de Novembro com o intuito de tentar repetir a proeza. O piloto sueco, que venceu a corrida “cabeça de cartaz” do evento automobilístico da RAeM à quinta tentativa, assinou contrato com a equi-pa Prema PowerTeam para voltar a competir na Fórmula 3 esta época e gostaria de regressar a Macau.

“estou bastante motivado no que eu vejo ser uma nova fase da minha vida. A Prema tem um sido uma incontes-tável equipa de topo de F3 desde que eu comecei a correr. eles venceram todos os títulos desde 2011 até agora e depois de ter visitado a base deles em itália é que eu realmente

r OdOlFO Ávila esteve em destaque nos três dias oficiais de testes da Taça Porsche Carrera Ásia, que tiveram

como palco o Circuito internacional de Sepang. de acordo com um comunicado enviado aos jornalistas pela assessoria do piloto, o português da Team Jebsen foi o mais rápido no segundo dia e o segundo classificado na tabela de tempos nos três dias de testes entre os 29 concorrentes presentes no circuito de Fórmula 1 da Malásia.

Ávila aproveitou para experimentar novas soluções e aperfeiçoar as afinações do Porsche 911 GT3 Cup nº 20.

“Foi um teste bastante importante porque conseguimos obter informação fundamental para um melhor acerto do carro. Temos um carro muito bom para qualificação, mas sabemos que ainda temos que melhorar as afinações para termos maior consistência em corrida”, explica Ávila.

Ambição de vencerO piloto português de Macau é apontado como um dos candidatos ao título do campeonato esta temporada, algo que não preocupa Ávila, que relembra que voltará a enfrentar adversários que têm a mesma ambição de vencer.

“Como em anos anteriores, a concor-rência continua forte, mas os resultados

Eunice Jepkirui Kirwa vence maratona de Nagoya comnovo recordeA atleta do Bahrein, de origem queniana, Eunice Jepkirui Kirwa venceu ontem a maratona de Nagoya, com um novo recorde da prova japonesa, cruzando a meta com o tempo de 2:22.08 horas. Kirwa retirou 11 segundos à anterior melhor marca da corrida, que pertencia à japonesa Naoko Takahashi há 15 anos, quando registou o tempo de 2:22.19 na edição de 2000. O segundo lugar foi ocupado pela veterana russa Mariya Konovalova, de 40 anos. A atleta de Leste estabeleceu um novo recorde de maratonistas com 40 ou mais anos, com o tempo de 2:22.27 horas, retirando quase dois minutos à anterior marca, que pertencia desde 2013 à cazaque Irina Mikitenko, quando correu a maratona de Berlim em 2:24.54, com 41 anos. O terceiro e último lugar do pódio foi ocupado por uma atleta da casa, Sairi Maeda, cronometrada em 2:22.48.

Porsche carrera Ásia Ávila em destaque

lugares cimeiros

Grande Prémio VENcEdOr dA cOrrIdA dE F3 dE 2014 pOdE VOLTAr

rosenqvist quer defender a coroa

Se vencer no Circuito da Guia, o duplo vencedor do Masters de F3 de Zandvoort igualaráo recorde de Edoardo Mortara

percebi porquê”, disse o piloto de 23 anos que foi oitavo no Campeonato FiA da europa de Fórmula 3 do ano passado.

“O título do campeonato

europeu é a única coisa que me falta vencer na Fórmula 3 e este será o meu objectivo esta temporada”, explicou o piloto que tentou sem su-cesso prosseguir carreira no Japão e que não viu qualquer porta abrir-se após o triunfo no território.

A equipa italiana, que ven-ceu em Macau em 2013 com o inglês Alex lynn, teve como parceira nas duas últimas edições do evento a Theodore Racing Team de Teddy Yip Jr, o sobrinho do empresário local do jogo Stanley Ho, e deverá estar presente em Macau na máxima força.

A assessoria de imprensa do jovem nórdico confirmou ao HM que “o Felix está aberto à possibilidade de defender

o título no Grande Prémio de Macau e quer fazê-lo”, no entanto, a última palavra pertence “à equipa Prema e ainda faltam um meses até à prova”.

Se vencer no Circuito da

Guia, o duplo vencedor do Masters de F3 de Zandvoort igualará o recorde de edoardo Mortara, o único piloto que conseguiu triunfar a histórica prova de F3 de Macau por duas ocasiões.

O português António Félix da Costa, vencedor da edição de 2012, tentou igualar a proe-za em 2013, mas terminou na segunda posição. entretanto, a Federação internacional do Automóvel confirmou a semana passada ter recebido 35 inscrições para o europeu de Fórmula 3, incluindo de três pilotos da China continental e do neto de emerson Fittipaldi, o que dá garantias que a Taça intercontinental FiA de F3 em Novembro vai voltar a ter “casa cheia”.

destes testes mostram que temos as condi-ções para lutar pelos lugares cimeiros desde a primeira corrida. devido ao sistema de pontuação, que não perdoa qualquer mau resultado, vencer a Taça Porsche Carrera Ásia requer não só rapidez, mas também muita consistência”, concluiu Ávila.

O início da Taça Porsche Carrera Ásia está marcado para o fim-de-semana de 11 e 12 de Abril, no Circuito internacional de xangai, como parte do programa do Grande Prémio da China de Fórmula 1.

Page 18: Hoje Macau 10 MAR 2015 #3287

18 hoje macau terça-feira 10.3.2015(F)utilidadestempo muito nublado min 15 max 19 hum 80-95% • euro 8 .6 baht 0 .2 yuan 1 .2

João Corvo

Aconteceu Hoje 10 de março

fonte da inveja

C i n e m aCineteatro

Sala 1Stand by me doraemon [a](Falado em Cantonês)Filme de: takashi Yamazaki, ryuichi Yagi15.55, 17.50

Stand by me doraemon [3d] [a](Falado em Cantonês)Filme de: takashi Yamazaki, ryuichi Yagi19.45

From vegaS to macau 2 [c](Falado em Cantonês legendado em Chinês e inglês)Filme de: Wong JingCom: Chow Yun-Fat, nick Cheung, Carina lau14.00, 21.45

Sala 2chappie [c](legendado em Chinês)Filme de: neill BlomkampCom: hugh Jackman, sharlto Copley, dev Patel14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Sala 3lucky Star [b]Filme de: sunnyCom: eric tsang, Wong Cho-iam, ella Chen14.30, 16.15, 18.00, 21.30

penguinS oF madagaScar [a](Falado em Cantonês)Filme de: eric darnell, simon J. smith19.45

O que fazer esta semana?

U m d i s C o h o j e

Graham Bell faz a primeira chamada telefónica• A 10 de Março de 1876, Alexander Graham Bell realiza a primeira chamada telefónica da histórica. “senhor Watson, venha cá, porque quero vê-lo”, afirmou Bell, num contacto pioneiro que hoje se multiplica. neste dia, em 1957, nasce osama bin laden, fundador da al-Qaeda, capturado e morto pelas forças norte-americanas, em 2011. A história do dia 10 de Março começa a ser contada em 1535, com a descoberta das ilhas galápagos (por parte do bispo do Panamá tomás de Berlanga), que são Património mundial da humanidade desde 1978.em 1814, napoleão Bonaparte é derrotado na Batalha de Laon, que ocorreu em França. Da guerra salta-se para o desporto – já depois de Bell ter realizado o primeiro tele-fonema – e encontramos a fundação do Chelsea Football Club, em 1905.regressamos à guerra para recordar outro facto histórico: em 1939, Adolf Hitler ordena a entrada do exército alemão em Praga, o que constitui um desrespeito pelo acordo de munique.Um golpe de estado em Cuba, liderado por Fulgencio Batista, ocorre a 10 de Março de 1952, sendo bem sucedido. Sete anos mais tarde, em 1959, o tibete não obtém o mesmo sucesso, na revolta contra dez anos de ocupação chinesa em Lhasa. a luta termina com milhares de vítimas, massacrados pelo exército de ocupação chinês.nas artes, destaque para ‘sir’ Paul mcCartney, que recebe este título a 10 de Março de 1997.nasceram neste dia Fernando ii de aragão (1452), John Playfair, matemático e geólogo inglês (1748), Alexandre III da rússia (1845), antónio Pedro Vasconcelos, realizador português (1939), Chuck norris, actor norte-americano (1940), osama bin laden, fundador da al-Qaeda (1957), sharon stone, actriz norte-americana (1958), e neneh Cherry, cantora sueca (1964).

“PArts of tHe Process – tHe Very Best” (MorcHeeBA, 2003)

skye edwards leva-nos ao céu sempre que abre a boca e, sem ela, a ban-da britânica morcheeba não seria a mesma coisa. do trip hop ao rock, passando pelo folk-rock, morcheeba são super completos ao nível da produção das suas músicas. Com “Parts of The Process – The Very Best”, a banda traz-nos temas extremamente bem compostos, como “otherwise”, “Undress me now”, “Rome Wasn’t Built in a day” ou as espectaculares “Trigger hippie” e “World Lookin in”. - joana freitas

hojemUsiCal ‘Cats’ (até 15/03)Venetian macau Bilhetes das 280 patacas às 680 patacas

amanhã seminário “stone intel - a inteligênCiada Pedra PortUgUesa” albergue sCm, 18h30entrada livre, mas necessidadede reserva (2852 2550)

diariamente exPosição “homenagem a mestresQUe nos insPiraram”, de artistas de maCaU e hK armazém do Boi, 19h00 (até 10/05)entrada livre

exPosição “nihonga ContemPorânea”,de arlinda Frota Fundação Rui Cunhaentrada livre

exPosição “Voz na esCUridão”,de ÓsCar BalaJadia/PaPa osmUBal (até 14/03)Creative macau entrada livre

exPosição de sândalo Vermelho (até 22/03)Grande Praça, MGMentrada livre

ExPoSIção DE DESIGn DE CARtAzES “V•x•xV:”(oBras de 1999, 2004 e 2009) [até 15/03]museu da transferência da soberania de macau,10h00 às 19h00entrada livre

“selF/UnselF” – exPosição de traBalhos de artistas holandeses (até 15 de março)Centro de design de macauentrada livre

ilUstrações Para Calendário de gUan hUinong(até 10/05)museu de arte de macau, das 10h às 19hentrada livreCriação conheço, sobretudo, a de galinhas.

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19opinião

“P ECÁMOS contra a dig-nidade dos cidadãos da Grécia de Portugal e da Irlanda”, afirmou o recen-temente eleito Presidente da Comissão Europeia senhor Juncker, no pas-sado dia 18 de Fevereiro, a propósito das pesadas medidas de austeridade,

que foram impostas pela famosa troika, nos últimos anos!

Estas declarações caíram como uma bomba desorientando, principalmente os que defenderam as medidas, com unhas e dentes como único remédio para tirar o doente dos “cuidados intensivos”!

O Governo português reagiu, através do seu porta-voz Marques Guedes afirmando, que as palavras usadas por Juncker tinham sido “ bastante infelizes”!

Já o líder da bancada do CDS Nuno Maga-lhães demarcou-se do governo reclamando, que desde há muito tempo, que o seu partido vem afirmando, que a intervenção da troika representou uma perda da soberania do país!

Passos Coelho o “bom aluno” que em tempos afirmou querer ir para além da troi-ka, um verdadeiro “troikista” desvalorizou as afirmações do presidente da Comissão Europeia sem qualquer discurso coeren-te, deixando entender ter sido apanhado de surpresa, pela inusitada declaração de alguém, que inclusive pertence à mesma família política!

Entretanto, a oposição congratulou-se com as declarações do senhor Juncker e An-tónio Costa considerou-as como “palavras sábias”. O BE desafiou Juncker a inverter as políticas da Comunidade Europeia e o P.C.P. acusou o presidente da Comissão de estar a “limpar as mãos à parede “, defendendo uma “ruptura com a política de desastre” que tem sido imposta ao país.

Posteriormente a ministra Maria L. Albuquerque e Passos ficaram “entalados “com as declarações do primeiro-ministro Grego, que acusou Portugal e Espanha, de dificultarem as negociações do seu país com a Comunidade Europeia, tentando dessa forma impedir que o Governo Grego concretiza-se as negociações com algum sucesso.

A ministra portuguesa negou qualquer interferência no acordo, tendo afirmado, que não era responsável nem por uma só vírgula do assunto em causa.

Contudo, convém lembrar, que Passos, que veio a público caricaturar as propostas do ministro das finanças Grego, apelidando--as de “brincadeira de crianças “negou também, ter tido qualquer responsabilidade nesta matéria.

O primeiro-ministro de um país, não deve por respeito e por educação por mais que discorde de uma ideia ou proposta, vir a público, no seu próprio país e em tom depreciativo, fazer críticas a quem faz parte do mesmo clube!

Existem locais e canais mais apropriados para se discordar: Quer se concorde ou não com o pensamento político da governo da Grécia, uma coisa é certa: o governo que exerce funções naquele país, teve nas últimas eleições, 75% dos votos, facto que nenhum outro governo da Comunidade pode apre-

“Pecámos contra a dignidade dos cidadãos”…!

Não chega ter-se sido eleito democraticamente. É também recomendável, que o exercício do poder, seja feito com elevação, dignidade, respeito pelos cidadãos e com a coragem e a grandeza de reconhecer e assumir erros cometidos!

desporto e não sófernando vinhais guedes

sentar, percentagem essa, muito à custa dos governos, que lhe antecederam ironicamente mais próximos da família política de próprio Passos Coelho!

Mas, quando tudo parecia estar serenado sobre esta matéria, no passado dia quatro, o senhor Juncker veio confirmar, que de facto, Espanha e Portugal tinham sido muito exigentes em relação à dívida da Grécia!

Afinal quem fala verdade, o primeiro-

-ministro português e a sua ministra das finanças ou o presidente da Comissão Europeia?

Ainda o rescaldo do conflito nas rela-ções entre o governo português e o grego, não estava totalmente esclarecido e rebenta esse sim um verdadeiro escândalo atingin-do directamente Passos Coelho na falta de verdade da coisa pública.

António Cerejo, conhecido e respeitado jornalista do diário Publico, confrontou o chefe do governo português com o incum-primento de descontos para a segurança social entre 2004 e 2007!

Na resposta, nova trapalhada de Pas-sos Coelho. Primeiro desculpou-se com o desconhecimento da lei, como se fosse um analfabeto, ele que fez toda a sua vida na política, desde a presidência da juventude social-democrata, passando por deputado. Depois ensaiou outra desculpa: era um ser humano imperfeito e por isso terá come-tido involuntariamente esse lapso. Depois ainda acrescentou mais “lama” para o seu fato, ao dizer, que era seu propósito sal-dar a dívida depois das legislativas para que não se pensasse que podiam pensar que beneficiaria de favores ao invocar

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como se diz no futebol: “a melhor defesa é o ataque “nas jornadas parlamentares do seu partido, de peito cheio foi dizendo, que podiam ficar tranquilos que o cidadão Passos Coelho nunca depois de abandonar o poder o encontrariam a fazer uma vida acima das suas possibilidades, nunca estaria sobre o escrutínio de favorecer amigos etc., numa alusão ao ex-ministro Sócrates detido preventivamente e este respondeu no dia seguinte em carta publicada do DN, que o primeiro-ministro estava desesperado pelas acusações e como tal “próximo da miséria moral”.

Ao expor-se desta maneira Passos entrou em terrenos perigosos. Como é do conhecimento decorrem processos a per-sonalidades dos partidos do chamado arco da governação!

Há uma questão que passa pela cabeça de milhões de portugueses: como é que um primeiro-ministro, paladino da austeridade, da sobrecarga de impostos de forma cega e logo injusta, que defendeu sempre o estatuto do bom aluno da troika (queremos se for necessário ir para além da troika) apologista dos sacrifícios das penhoras de bens a cida-dãos que não têm sequer dinheiro para pagar todos os medicamentos, tem a desfaçatez de continuar sem pedir, no mínimo, desculpa a todos os cidadãos deste país!

Por bem menos, quer em Portugal, quer noutros países houve ministros que se demitiram!

O primeiro-ministro, ensaiou várias desculpas infelizes e contraditórias, fazen-do lembrar um naufrago, que quanto mais esbraceja mais se afoga.

Finalmente, no dia 7 de Março, o presidente da República disse sobre o assunto, que tem marcado a vida portu-guesa, que ele era um presidente de bom senso e como tal não comentaria questões político-partidárias e que já se sentia o cheiro a eleições!

Quanto à questão das explicações da-das pelo primeiro-ministro, Cavaco Silva respondeu à jornalista que as explicações dadas por Passos Coelho, foram aquelas que ele entendeu dar.

Como é seu hábito, em circunstâncias delicadas, o nosso Presidente fez, como se diz no futebol: “chutou para canto”!

Convém lembrar, que nestes e noutros casos a primeira forma de autoridade é o exemplo e ele vem de cima, isto é de quem tem as mais altas responsabilidades.

Não chega ter-se sido eleito democrati-camente. É também recomendável, que o exercício do poder, seja feito com elevação, dignidade, respeito pelos cidadãos e com a coragem e a grandeza de reconhecer e assumir erros cometidos!

hoje macau terça-feira 10.3.2015

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Av. Governador Albano de Oliveira fechada para obras Um troço da Avenida Governador Albano de Oliveira estará encerrado durante quatro noites a começar a partir de amanhã. O encerramento acontece devido à execução da obra de construção de uma estrutura de suporte do metro ligeiro. Durante as quatro noites, o troço estará encerrado desde as 22 horas até às 06 da madrugada, sendo que a Estrada Governador Albano de Oliveira, junto ao Edifício Nam San, passará a ter dois sentidos de circulação para manter o tráfego em direcção à rotunda Tenente Pedro José da Silva Loureiro, como informa o Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego em comunicado.

Turismo Funcionários de pLp em formação

dezoito funcionários de entidades governamentais

do turismo de Cabo Verde, Guiné--Bissau e de timor-Leste vão ter formação na área e estagiar em macau entre meados deste mês e maio, foi ontem anunciado. de acordo com um comunicado ontem divulgado, os funcionários vão receber formação e estagiar em diversos departamentos da direcção dos serviços de turismo (dst). as acções vão permitir aos profissionais de Cabo Verde, Guiné-Bissau e de timor-Leste “inteirarem-se do desenvolvi-mento da indústria turística de macau e do funcionamento diário da dst, bem como reforçar a aprendizagem mútua e o inter-câmbio, contribuindo assim para a formação e desenvolvimento das competências de quadros técnicos da área do turismo”.

os primeiros seis funcioná-rios terão formação de 16 a 27 deste mês nos departamentos de planeamento e desenvolvimento da organização, promoção turís-tica, administrativo e Financeiro, Licenciamento e inspecção, e produto turístico e eventos. a formação inclui visitas de estudo aos locais classificados Patrimó-nio mundial pela organização das nações para a educação, Ciência e Cultura (unesCo), entre outras atracões turísticas e infra-estru-turas. “Com a organização deste programa de formação, a dst espera reforçar a aprendizagem mútua e o intercâmbio na área do turismo entre macau e os países de língua portuguesa, e contribuir para a formação e desenvolvimen-to de competências de talentos do sector”, acrescenta a nota.

a direcção dos serviços de turismo de macau assinou pro-tocolos de cooperação na área do turismo com Cabo Verde, Guiné--Bissau e moçambique, em 2010, e com timor-Leste em 2013.

Habitação Gás a vazar. proprietários contra obras

Foi descoberto no edifício da alameda da tranquilidade,

um dos prédios de habitação económica em Macau, uma corrosão do tubo central de gás, que está a criar vazamento da matéria. Contudo, numa assem-bleia geral de proprietários, uma parte de donos discordou em fa-zer obras de melhorias, fazendo com que seja impossível levar avante a reparação do tubo.

a responsabilidade pode estar relacionada com a qualidade das fracções, mas o próprio Instituto de habitação (ih), pediu aos proprietários que reconsiderem a decisão que, diz, vai afectar a segurança da vida e de bens.

os moradores encontraram um buraco no tubo central de gás, sendo que o gás entra em todas as fracções. tanto o ih, como o fornecedor do gás es-peram que se possa elaborar a obra de melhoria, o que inclui a montagem de caixas de medição de gás nas varandas de cada apartamento.

de acordo com o Jornal ou mun, uma parte dos proprietá-rios está mais preocupado com o facto de as caixas medidoras poderem criar acidentes. a ideia de reparar o tubo foi reprovada com 35 votos a favor, entre 282 donos presentes. - F.F.

“Muitas famílias que têm vontade de requerer estes serviços têm rendimentos superior àqueles exigidos pelo IAS”Sou Wan Iok Chefedo Centro de Serviçosde Familiares da aGMM

aMaS CoMunItárIaS rendIMento FaMIlIar não perMIte ServIço

“Para quem tiver dificuldades” Flora [email protected]

a chefe da divisão de in- fância e Juventude do instituto de acção social

(ias), Lao Kit im, admitiu ontem que houve poucos pedidos para o programa piloto do serviço de amas Comunitárias, concluindo que é necessário repensar e ana-lisar a iniciativa. a associação Geral das mulheres de macau (aGmm) sugere que o Governo aumente o limite máximo de rendimento de famílias, pois esta é uma das alíneas que pesa na aceitação de pedidos. o projecto oferece aos pais de crianças lo-cais a possibilidade de deixarem os seus filhos com ‘babysitters’ formadas pelo ias e que são pagas pelo Governo.

o programa foi implementa-do desde agosto do ano passado e é da responsabilidade da Cáritas, da aGmm e da união Geral das associações dos moradores de macau. inicialmente, estava previsto o recrutamento de 75 amas comunitárias para fazer face ao número limitado de vagas nas creches do território. segundo o canal chinês da Rádio

macau, a chefe referiu que, até ao momento, apenas cerca de dez amas comunitárias concluíram a formação e estão aptas para oferecer estes serviços. a estas somam-se nove outras que estão na lista de selecção para dar início à formação.

Lao acrescentou que são já nove as famílias que aceitaram estes serviços desde agosto passado, perfazendo mais de 500 horas de trabalho por parte das pessoas formadas. perante estes números, a dirigente admitiu que o número de pedidos ao programa não foi muito eleva-do, devendo assim analisar-se e

rever-se se os referidos serviços fazem efectivamente falta.

Requisitos a maisna idade do babetea chefe do Centro de serviços de Familiares da aGmm, sou Wan iok, considera que uma das causas para a escassez de pedidos por estes serviços se deve aos requisitos exigidos às famílias.

“muitas famílias que têm vontade de requerer estes serviços têm rendimentos superior àqueles exigidos pelo ias. por exemplo, uma família de três pessoas deve ganhar um montante inferior a 19 mil patacas, excluindo as despesas de alojamento”, começou sou por esclarecer.

“no entanto, o rendimento de um casal local já ultrapassa o montante exigido pelo ias”, disse, sugerindo o aumento do limite máximo de rendimento para cerca de 30 mil patacas. Contudo, salientou a chefe da divisão de infância e Juventude, o objectivo do programa passa por oferecer uma “escolha” além das creche e destina-se a famílias com dificuldades económicas e de outros tipos que não conse-guem cuidar de crianças.