hoje macau 11 mar 2014 #3047

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PÁGINA 6 A obra de renovação do teatro Cheng Peng está a decorrer a bom ritmo. William Kuan, presidente da companhia que gere o espaço cultural, apontou como meta de inauguração o ano de 2015 e já veio justificar uma derrapagem de 10 milhões de patacas ao orçamento inicial de 20 milhões. DERRAPAGEM ASSUMIDA Renovação do teatro Cheng Peng encareceu mais 50% AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB TRIBUNAL Empresários de Macau terão ajudado no esquema de Carson Yeung , afirma juiz LAVAGEM DE DINHEIRO PÁGINA 7 NOVO MACAU MOSTRA-SE CONTRA PROVA CONJUNTA E PEDE AUSCULTAÇÃO PÚBLICA EXAME DE ADMISSÃO PÁGINA 5 UNIVERSIDADES hojemacau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 11 DE MARÇO DE 2014 ANO XIII Nº 3047 PUB REPORTAGEM PÁGINAS 2 E 3 LOJAS ONLINE SÃO ESCOLHA PARA NEGÓCIOS DE PEQUENA DIMENSÃO

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Hoje Macau N.º3047 de 11 de Março de 2014

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Page 1: Hoje Macau 11 MAR 2014 #3047

PÁGINA 6

A obra de renovação do teatro Cheng Peng está a decorrer a bom ritmo. William Kuan,presidente da companhia que gere o espaço cultural, apontou como meta de inauguração o ano de 2015

e já veio justificar uma derrapagem de 10 milhões de patacas ao orçamento inicial de 20 milhões.

DERRAPAGEMASSUMIDA

Renovação do teatro Cheng Peng encareceu mais 50%

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

TRIBUNALEmpresários de Macau

terão ajudadono esquema de Carson

Yeung, afirma juiz LAVAGEM DE DINHEIRO PÁGINA 7

NOVO MACAU MOSTRA-SE CONTRA PROVA CONJUNTAE PEDE AUSCULTAÇÃO PÚBLICA EXAME DE ADMISSÃO PÁGINA 5

UNIVERSIDADES

hojemacau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 1 1 D E M A R Ç O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 4 7

PUB

REPORTAGEM PÁGINAS 2 E 3

LOJAS ONLINE SÃO ESCOLHA PARA NEGÓCIOS DE PEQUENA DIMENSÃO

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2 hoje macau terça-feira 11.3.2014REPORTAGEM

Cada vez mais negócios de pequena dimensão optam por mostrar e vender os seus produtos em websites ou no Facebook, não só para estudar o mercado mas também para evitar as rendas elevadas. Wilson Lam, da Macau Creations, diz que as lojas online serão cada vez mais uma tendência, mas refere a falta de competitividade

LOJAS ONLINE RENDAS ALTAS SÃO UM DOS FACTORES QUE LEVAM À ADOPÇÃO DA ESTRATÉGIA

O negóciofacilitadona InternetANDREIA SOFIA SILVA [email protected]

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3 reportagemhoje macau terça-feira 11.3.2014

É certo que estão longe da febre mediática de consu-mo em que se transformou o website de vendas online

Tao Bao, no continente. Mas a ver-dade é que as lojas online são cada vez mais uma realidade em Macau,

muito por culpa das rendas altas que se praticam actual-

mente. O Facebook é uma arma poderosa

e gratuita para exporem os

produtos

Fazer lojas online de sucesso, é uma outra questão. As lojas online em Macau ainda não estão preparadas WILSON LAM Designer

numa primeira fase. O número de “gostos” na página e de en-comendas via website ou mesmo através da plataforma WeChat vai determinar se o projecto tem pernas para andar e se vale a pena arrendar uma loja.

Mas para muitos esse objecti-vo é difícil de concretizar a curto prazo. “Abrir uma loja num espaço físico neste momento é um bocado impossível, porque as rendas são muito altas para criar um negócio, e os preços não vão ser os mais desejados para as pessoas, e isso é o que acontece nas lojas em Macau”, conta ao HM Bruna Pablo, uma das fundadoras da loja de roupa Ori Macau.

O negócio começou a funcio-nar através do Facebook desde

Outubro de 2013. A marca foi criada em Macau por Bruna

e uma amiga, mas já conta com representantes em Itá-lia, Alemanha e Portugal. As vendas começaram a correr melhor do que o esperado e o website da marca já está em construção. A loja só chegará mais tarde. “A nossa estratégia inicial é que as pessoas conheçam a Ori através do Facebook. Depois vamos passar a uma fase, que está terminada, com um websi-te. Já temos tudo preparado para o momento em que acharmos que já existe o conheci-mento sobre a Ori. Depois vamos ter

uma loja em Macau que vai ser uma parte

da Ori, só com produ-tos vindos de Itália.”

Esses pro- dutos se-rão roupas de marcas bem

conhecidas nas passerelles,

mas a preços acessíveis. “Temos alguns fornecedores na China e esse foi um trabalho que tivemos de fazer, o de encontrar fornecedores correc-tos para termos o estilo Ori. Vamos também ter fornecedores em Itália, de marcas diferentes.”

Bruna Pablo orgulha-se ainda de mais um projecto da Ori: as famosas malas de cortiça portu-guesas, já exportadas para vários países. “Estamos a tentar fazer a colocação das malas em Macau através da Ori, mas não temos de ter uma loja num espaço físico, podemos colocar o produto em várias lojas.”

Apesar de estar a planear arren-dar um espaço, Bruna Pablo tem a certeza de que a criação de lojas online vai ser uma tendência para os próximos tempos. “Acho que isso vai acontecer. Pode até nem ter a ver com o facto das pessoas conseguirem ou não suportar essas rendas. Poderíamos ter fundos para uma loja física, mas não tem a ver com o lucro, mas com a oferta: não teria tanto sucesso. Depois os preços seriam iguais às outras lojas. Não temos custos elevados.”

MERCADO PEQUENOE POUCO COMPETITIVOA Macau Creations, projecto de Wilson Lam ligado às indústrias criativas, também disponibiliza vendas online, para além das lo-jas em funcionamento. Contudo, Wilson Lam garante que o website é pouco expressivo ao nível das vendas. “Notei que servia mais para promover a nossa loja do que propriamente para vender produ-tos”, conta ao HM.

Wilson Lam não tem dúvidas de que a tendência para os próximos tempos será a abertura de lojas na Internet. “Penso que essa é uma tendência, de certeza. Mas fazer lojas online de sucesso, é uma outra questão. As lojas online em Macau ainda não estão preparadas.”

O CEO da Macau Creations garante que não se pode pensar na abertura de uma loja online como se fosse uma loja comum. “Para resolvermos a questão das rendas e termos a possibilidade de vender os produtos online temos de pensar de forma diferenciada. São públi-cos diferentes. Não é mais fácil só porque as rendas num espaço físico são mais altas e então podemos vender na Internet.”

A falta de preparação destas lojas prende-se com a falta de com-petitividade perante o ‘boom’ das vendas online na China, nomeada-mente com o website Tao Bao, onde tudo se compra e tudo se vende. E depois há os custos de entrega. “Temos de pensar, primeiro, em como promover a loja e reduzir os

custos de entrega. Temos recursos limitados em relação a isso. Não há apoio para as lojas online neste momento, não é suficiente.”

“Tudo depende dos clientes, e têm de ser planeadas de forma diferente. Vender online significa vender fora de Macau, e os grandes mercados para os seus produtos podem estar em Taiwan, Japão, Co-reia ou China. Os custos de entrega são altos, e aí não seremos bem su-cedidos. Como é que se pode fazer um produto online competitivo e que seja facilmente entregue sem grandes custos?”, avisa.

ESTUDAR O MERCADOE TER “CAUTELA”Bárbara Diaz é uma das muitas estilistas locais que opta por vender através do seu website. “Não tenho uma loja por duas razões: o valor da renda é um absurdo e sinto que ainda é cedo, porque estou a come-çar. Talvez se as rendas tivessem um valor mais baixo correria o risco de ter as duas coisas. O lado bom de ter uma loja online é que tenho contactos de locais, mas também da China, de Portugal e até de Inglaterra.”

Para a estilista, que tem vindo a mostrar o seu trabalho em even-tos como o Macau Fashion Link, acredita que a criação de uma loja online é também uma forma de estudar o mercado. “Acho que essa vai ser a ideia inicial das pessoas, porque as rendas são realmente um absurdo e nada garante que se possa vender para cobrir as des-pesas com a renda e a montagem da loja. É uma forma de testar o mercado, para ver se vale a pena o investimento. Começam a surgir cada vez mais lojas online, que oferecem serviços de ioga, comi-das e bebidas ou aconselhamentos nutricionais.”

Bárbara Barreto Ian é outra estilista local que vende, desde 2012, as suas peças, da marca

Cocoberryeight, através do web-site. As mesmas são produzidas no seu atelier. “No meu caso fazia mais sentido criar uma loja online porque para abrir uma loja é pre-ciso dinheiro, não apenas para a renda mas também para ter o stock completo. Mais tarde poderei abrir uma loja, mas como este foi o meu primeiro projecto quis ter cautela. As vantagens de ter uma loja online é que podemos vender para todo o mundo. Vendemos grande parte para a Europa ou Austrália. Não só tenho o website como também vendo na Asos.”

Bárbara acredita que a expan-são de negócios na Internet vai crescer, porque também na Ásia o consumidor se virou para esta forma de comprar. “Na Europa compra-se mais online do que na Ásia, não se tem muito esse hábito aqui, mas isso está a mudar. Na China não se costumava comprar online, mas agora em Macau vejo muitas pequenas lojas que vendem no Facebook.”

ROUPA NA REDE SOCIAL Para Vincy Wong, o Facebook representou algo mais do que uma plataforma para adicionar amigos e partilhar fotografias. Foi através desta rede social que decidiu criar a Vestilo Closet, que também opera na venda de roupa. “Não temos uma loja num espaço físico, porque todos os sócios têm trabalho a tempo inteiro. É difícil gerir para todos. Se continuar a fazer isto vamos abrir uma loja, mas temos de ver se conseguimos ter muitos clientes, porque as rendas estão muito altas.”

Ana (nome fictício) gere o grupo Macao Group of Fashion Collection, onde publica as peças de vestuário que quer vender. As vendas depois fazem-se por tele-móvel ou mensagens privadas, e a entrega das roupas, importadas da China, é feita na zona da Taipa. “Eu e o meu marido trabalhamos e por isso criei esta loja, para o ajudar. Criei a loja o ano passado e o negócio podia correr melhor, mas para já é suficiente para nós.”

Para esta filipina, arrendar uma loja é algo impensável. “Não posso suportar uma renda. Se tivesse essa oportunidade, talvez, mas de momento não posso. É uma tendência (as lojas online) e em Macau há muitas lojas caras. Nós vendemos roupas de qualidade, mas mais baratas.”

Não tenho uma loja por duas razões: o valor da renda é um absurdo e sinto que ainda é cedo, porque estou a começar BÁRBARA DIAZ Estilista

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4 publicidade hoje macau terça-feira 11.3.2014

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5POLÍTICAhoje macau terça-feira 11.3.2014

JOANA [email protected]

A Associação Novo Macau (ANM) está “fortemente” con-tra o exame geral

de admissão às universidades e, por isso mesmo, entregou ontem uma carta no Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES). Jason Chao, presi-dente da associação, quer que o departamento faça “uma con-sulta pública” sobre o plano.

O exame de admissão conjunta ao ensino superior deverá ser implementado no ano lectivo de 2015/2016, mas a ANM diz que ninguém foi bem informado sobre o as-sunto. “No final de Fevereiro, professores do ensino secun-dário foram convidados para uma reunião sobre exames conjuntos para admissões na Universidade de Macau (UM), no Instituto Politécnico de Macau (IPM), no Instituto de Formação Turística (IFT) e na Universidade de Macau de Ciência e Tecnologia (MUST). Uma vez que, entre as quatro instituições, três são públicas, uma mudança tão significativa nos regimes de admissão de-veria ter sido consultada com todas as escolas, professores, alunos, pais e o público em geral. No entanto, nenhum deles foi bem informado do plano, até à reunião unilateral das instituições. Isto, quando os exames conjuntos para a admissão acontecerão dentro de um ano.”

A associação quer que o GAES “confesse tudo” sobre os exames ao público, porque considera que, ao contrário do que é dito, estes não vão

CECÍLIA L [email protected]

O Governo tem enfatizado a prio-ridade dos transportes públicos na política geral de trânsito e dos

transportes, mas a deputada Song Pek Kei considera que o número de autocarros já não corresponde ao número da população que realmente utiliza estes transportes públicos. Numa interpelação escrita ao Governo, a deputada quer aponta ainda que a sobrecarga nos transportes é visível diariamente. “A po-pulação de Macau já ultrapassou as 610 mil pessoas, segundo os dados das autoridades e, em Outubro do ano passado, havia 500 mil pessoas por dia a apanhar autocarros. No futuro, vai haver ainda mais pessoas a usar este transporte, mas a capacidade para levar pessoas já não é suficiente.”

A deputada cita cidadãos que dizem que, agora, mesmo saindo de casa meia hora mais cedo, ainda chegam atrasados ao trabalho ou à escola. Quando está a chover, ainda é pior e, diz, uma viagem de dez ou vinte minutos demora uma ou duas horas. “Segundo a política de transportes, o tempo de espera por um autocarro não pode ultrapassar, em média, dez minutos, mas, na verdade, o tempo real de espera é muito mais longo do que isto.”

Song Pek Kei aponta ainda que cada autocarro tem limites de passageiros, mas diz que ninguém liga à sobrecarga constante que se vê nos transportes. “Os residentes podem aguentar o mau am-biente no autocarro, mas para a segurança de trânsito, o Governo e as empresas de autocarro têm que regulamentar quantas pessoas podem realmente ir lá dentro.”

Song Pek Kei cita dados de 2012, que indicam que Macau tem 677 au-tocarros a andar na rua, um número menor do que o número de autocarros dos casinos – o ano passado, o Governo disse na Assembleia Legislativa que há mais de 500 autocarros nos casinos. “Acrescendo os autocarros de turismo alugados pelas empresas de jogo, o número destes autocarros é muito mais do que 500.”

A deputada questiona se o Governo admite que a capacidade de suporte dos autocarros em Macau já está no seu limite e pergunta o que o Governo vai fazer para resolver o problema. A deputada também insta o Governo a alterar as medidas para melhorar a frequência da partida dos au-tocarros, para que haja mais autocarros a sair à rua.

Kwan Tsui Hang pede Regulamentos Administrativos mais completos

O Governo já lançou alguns Regulamentos Administrativos sobre a Lei de Planeamento

Urbanístico e a Lei de Salvaguarda do Património, mas a deputada Kwan Tsui Hang não está satisfeita com a falta de alguns pormenores dos regulamen-tos. A deputada lançou ontem uma interpelação escrita, onde insta o Governo a permitir que os residentes participem mais na forma como são aplicadas as leis.

Kwan Tsui Hang apontou que, segundo o artigo 19º da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, “a iniciativa do procedimento de clas-sificação pode pertencer ao Instituto Cultural, a outros serviços públicos ou ao proprietário do bem imóvel” e que “os residentes da RAEM podem apresentar ao IC propostas de classificação de bens imóveis com interesse cultural relevante”. A deputada disse que as autoridades ainda não criaram, contudo, um processo fácil para que os residentes enviem os requerimentos. - C.L.

Subsídios para famílias carenciadas aumentama partir de Abril

CHEONG U deu autorização para que os subsídios para as famílias carenciadas sejam

aumentados, a partir de 1 de Abril deste ano. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, e assinado pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, os subsídios dizem respeito à educação, cuidados médicos e invalidez.

A partir de Abril, o Regulamento do Apoio Especial para as Famílias em Situação Vulnerável vê aumentos entre as 50 e as 200 patacas. Assim, o apoio para “ actividades de aprendizagem” passa a ser de 200 patacas por criança para o jardim infantil e ensino primário, 400 patacas por estudante do ensino secundário e 600 para quem frequente o ensino superior. Já no caso do apoio para cuidados médicos específicos, quem viva sozinho e não tenha familiares na RAEM, receberá mil patacas, quem viva sozinho mas tenha familiares por cá, recebe 800 patacas.

O montante do apoio de invalidez a estas famí-lias sobe também, para 800 patacas para quem viva sozinho e não tenha família e para 600 patacas, no caso de ter ainda familiares. Estes subsídios não eram actualizados desde 2011. - J.F.

Pode começar a haver uma competição, que pode provocar um tumulto entre as escolas em MacauASSOCIAÇÃO NOVO MACAU

UNIVERSIDADES NOVO MACAU CONTRA EXAMES DE ADMISSÃO CONJUNTA E PEDE CONSULTA PÚBLICA

Quem tem medoda competição?

diminuir o nível de stress dos alunos. “Há preocupações de que as escolas influenciem os estudantes a estudar intensa-

mente para o exame. Pode começar a haver uma compe-tição, que pode provocar um tumulto entre as escolas em

Macau, para ver quem tem as notas mais altas no exames de admissão conjuntos e levar os alunos a serem classificados consoante as notas.”

Actualmente, recorde-se, cada universidade tem os seus próprios requisitos para exames de acesso e o GAES diz pretender que haja mais coordenação entre as insti-tuições e que não haja tantas diferenças. Jason Chao tem outra opinião. “Os exames de admissão conjunta vão, inevitavelmente, moldar o currículo das escolas de ensino secundário para que este fique de acordo com o currículo dos exames. Actu-almente, as escolas em Ma-cau têm uma ampla margem de manobra na definição dos currículos e na escolha dos livros didácticos. Se o pro-grama de estudos proposto não for escrutinado para que não haja uma inclinação para utilizar o currículo ou os li-vros de uma fonte particular, estudantes de determinados “backgrounds” podem ter vantagens nos exames de ad-missão.” Chao diz ainda que quem promoveu este exame não foram as universidades, mas o próprio Governo.

AUTOCARROS SONG PEK KEI QUER SABER SE VEÍCULOS EXISTENTES CHEGAM

Número não corresponde à população

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6 hoje macau terça-feira 11.3.2014SOCIEDADE

CECÍLIA L [email protected]

A renovação do te-atro Cheng Peng, junto à Rua da Felicidade, pros-

segue a bom ritmo. William Kuan, presidente da Compa-nhia do Centro Cultural Cheng Peng, disse ontem numa conferência de imprensa que o projecto poderá custar até 30 milhões de patacas. “Antes disse que o projecto iria custar 20 milhões de patacas, mas agora digo que o custo pode atingir as 30 milhões de pata-

cas, porque as obras externas do edifício, e as obras interio-res, as instalações do teatro, incluindo luz, equipamentos de áudio, mobiliário e sistemas informáticos não são baratos.”

Cheong Cheok Kio, em representação do Instituto Cultural (IC) disse que esta entidade é apenas respon-sável pela reparação dos edifícios e de outros compo-nentes com valor, incluindo o projecto de concepção de in-teriores, a parte de engenharia civil, sem esquecer a recolha e tratamento de informações arqueológicas, da ópera can-

tonense e da cultura Cheng Peng, cujos custos deverão cifrar-se abaixo das cinco milhões de patacas. Cheong Cheok Kio disse ainda que todo o projecto de renovação deverá estar concluído no terceiro trimestre de 2015.

O representante do IC disse ainda que os objectivos da futura direcção do teatro é manter a fachada original e criar instalações modernas, por forma a criar um centro de dinamização da ópera canto-nense e transformar o espaço num dos centros de indústrias culturais e criativas.

William Kuan garantiu ainda que o teatro Cheng Peng irá dar espaço para que as associações de cariz cultural possam desenvolver as suas actividades. Para os eventos financiados pelo IC, a renda pela utilização do espaço será partilhada pelo IC e empresa. “Não queremos ter lucros com as associações de caridade que queiram usar o teatro. O preço será baixo, semelhante ao que é actualmente cobrado pelo IC no aluguer de espaços de propriedade pública aos grupos responsáveis pelos eventos.”

Mais de 300 pedidos de importaçãode empregadas domésticas recebidosO Gabinete para os Recursos Humanos (GRH) recebeu um total de 312 pedidos para a importação de empregadas domésticas do interior da China. O período de importação para recepção dos documentos em falta dos pedidos já feitos terminou ontem. Segundo o gabinete, apenas 238 requerimentos satisfizeram os requisitos exigidos, sendo que 202 requerentes pretendem a contratação de trabalhadores não residentes provenientes da província de Guangdong e os restantes 36 da província de Fujian. Os restantes 74 requerentes foram já notificados, mas podem interpor recurso hierárquico ou apresentar reclamação.

HK Macau Legend Development na bolsaA Macau Legend Development está, desde ontem, no Hang Seng Composite, o principal índice da Bolsa de Hong Kong. A empresa liderada por David Chow sublinha, em comunicado, que a integração no índice é sinal de confiança dos investidores.

TEATRO CHENG PENG RENOVAÇÃO CONCLUÍDA A EM 2015

Obra deverá custar30 milhões de patacasFomos ver como estão a decorrer as obras do novo teatro Cheng Peng, perto da Rua de Felicidade. William Kuan, presidente da Companhia revelou que a obra poderá custar até 30 milhões de patacas

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7 sociedadehoje macau terça-feira 11.3.2014

JOANA [email protected]

O S “laços estrei-tos” de Carson Yeung com o mundo dos ca-

sinos de Macau ajudaram o dono do Clube de Futebol do Birmingham City a co-meter o crime de lavagem de dinheiro. É o que diz a agência Reuters e a imprensa inglesa, citando Douglas Yau, o juiz do tribunal de Hong Kong que condenou o empresário a seis anos de cadeia por cinco crimes de lavagem de dinheiro. O juiz afirma que, “apesar de Yeung não ter sido quem planeou ou ‘dirigiu’ o esque-ma de lavagem de dinheiro, não conseguiria manter esse esquema por tanto tempo e em tão larga escala, se não tivesse relações e considerá-veis habilidades em partilhar negócios com os casinos de Macau”.

O julgamento de Carson Yeung pôs a descoberto negócios do empresário no território. Segundo a Reuters, o Ministério Público da re-gião vizinha disse existirem “cheques suspeitos” de paga-mentos feitos a Carson Yeung por “empregados de empre-sas de Macau”, incluindo de um operador ‘junket’. O tribunal dá conta que terá sido a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) a fazer os pagamentos a Yeung e mostra que o grupo Neptuno também surgiu como fazendo parte dos negócios do empresário. “Yeung recebeu centenas de depósitos cuja proveniência é desconhecida e que o em-presário diz serem ganhos do jogo. Isto inclui pagamentos feitos em cheque de Cheung [Chi Tai] e uma tranche de cheques no valor de 72,5 milhões de dólares de Hong Kong da SJM.”

Cheung Chi Tai é o maior investidor do grupo Neptuno. Este é um dos mais conheci-dos operadores ‘junket’ de Macau, que arranjam jogado-res VIP para os casinos do ter-ritório. As notícias da região vizinha dão conta que Yeung admitiu ter começado a jogar em Macau em 1997 e que, em 2004, conheceu o Clube VIP Neptuno, “dentro do casino Lisboa”. Diz a Reuters que, em 2005, Cheung Chi Tai e Lin Cheuk Fung ofereceram a Yeung a hipótese de investir no Grupo Neptuno.

COMO ENRIQUECEU?Yeung – que era cabelei-reiro de famosos em Hong Kong – chegou a afir-

O Tribunal Judicial de Base (TJB) absolveu a Autori-dade Monetária e Cambial

de Macau (AMCM) de um processo interposto por um português, num caso que se arrasta desde 1984. Um acórdão do tribunal dava ontem conta de que o homem era, à data, um analista da empresa portuguesa de cimentos CIMPOR e pediu uma indemnização à AMCM por o que considerou ser um “despedimento ilícito”.

Numa situação de recrutamento especial em Portugal, o Instituto Emissor de Macau – actualmente, AMCM – fez um contrato com o analista entre 1958 e 1995, tendo sido “sucessivas” as renovações do contrato. O analista, diz o tribunal, concordou que a AMCM lhe pagas-

se uma remuneração, ainda que o homem mantivesse o seu vínculo laboral com a CIMPOR. Em 1994, o homem celebrou com a empresa de cimentos um acordo de pré-reforma, através do qual cessaria funções, passando a receber prestações men-sais de pré-reforma. No entanto, o contrato celebrado entre o homem e a AMCM foi sendo renovado até 28 de Setembro de 1998, quando a entidade monetária comunicou ao analista a cessação do contrato a partir de 31 de Dezembro desse mesmo ano. Segundo o tribunal, a comunicação foi feita “até 60 dias antes da pretendida cessação do contrato”, tendo a AMCM “res-peitado as cláusulas contratuais”. O tribunal diz que, nessa altura, o analista não levantou nenhuma dú-

vida, mas, cerca de 13 anos depois, o homem interpôs uma acção no Tribunal Judicial de Base.

Nessa acção, o homem alegava que, “depois de ter sido recrutado ao exterior de Portugal, entre os anos de 1995 e 1998”, prestou a sua actividade profissional mediante uma contrapartida salarial, “pelo que deveria ser considerado como trabalhador pertencente ao quadro” da AMCM e que, por isso, deveria ser-lhe aplicada a legislação laboral vigente no território. “[O analista] entendeu que o seu contrato de trabalho devia ser contrato sem termo [e que] a não renovação do contrato pela [AMCM] equivaleu a um despedimento ilícito”. O homem pediu, por isso, que a AMCM fosse condenada a pagar-lhe uma indem-

nização de mais de 847 mil patacas, mais juros legais. O problema é que o tribunal discorda por completo da opinião do analista. “[O homem] pretendeu ver o contrato celebra-do em Macau reconhecido como sem termo, quando em Portugal manteve sempre um outro contrato de trabalho até à sua reforma, ou seja, quis cumular ao mesmo tempo dois contratos sem termo. Porém, isso não é possível. (...) O contrato celebrado entre [o analista] e a [AMCM], que foi sendo renovado, não se converteu num contrato em termo, daí que a denúncia unilateral do contrato feita pela [AMCM] não possa ser entendida como um despedimento ilícito.” O tribunal diz, por isso, que o homem não tem direito a indemnização. - J.F.

O dono do Birmingham City – condenado a seis anos de prisão por lavagem de dinheiro – terá beneficiado das relações com empresários e casinos de Macau para cometer os crimes de que foi acusado. É o que diz o tribunal que o condenou, que pôs ainda a descoberto pagamentos “estranhos” feitos ao empresário: alguns deles foram provenientes da SJM e de um empresário ligado ao Grupo Neptuno

CARSON YEUNG JUIZ DIZ QUE MACAU AJUDOU NA LAVAGEM DE DINHEIRO

Re(ve)lações de ouro

TRIBUNAL ANALISTA DA CIMPOR PERDE CONTRA AUTORIDADE MONETÁRIA

Uma queixa do fundo do baú

mar em tribunal que tinha acumulado a sua fortuna com a ajuda de diversas áreas diferentes, onde se inclui “jogar nos casinos de Macau” e fazer “outros investimentos” no territó-rio, como por exemplo, no sector imobiliário. Ainda assim, o juiz, considerou “estranha” a forma como o patrão do Birmingham enriqueceu. “O arguido não diz a verdade. Considero que [Yeung] é alguém pre-parado para mentir sempre que necessário e tentou fazê-lo”, disse Douglas Yau, que acrescentou que o empresário mentiu sobre a forma como conseguiu fazer fortuna e que “exage-rou” no dinheiro que diz ter conseguido fazer só com o seu salão de cabeleireiro e o jogo nos casinos.

O juiz que condenou Carson Yeung considera “extremamente estranho” que alguns dos seus negó-cios tenham sido feitos sem qualquer tipo de contrato, especialmente tendo em conta a avultada soma de dinheiro em causa. “A me-nos, claro, que quem estava envolvido nessa transacção preferisse que não houvesse registos.”

Carson Yeung nega as acusações de lavagem de dinheiro – no valor de 93 milhões de dólares de Hong Kong – que terão aconte-cido durante seis anos. No julgamento, deu-se conta de diversos métodos e formas de movimentação ilícita de capital entre Macau, Hong Kong e a China continental.

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8 hoje macau terça-feira 11.3.2014CHINA

A S autoridades da Malásia des-mentiram ontem que tenham sido

encontrados restos do avião da Malaysia Airlines, desa-parecido no passado sábado, tal como informaram fontes do Vietname, enquanto pro-cedem com a investigação “sem descartar nenhuma possibilidade”.

O director geral do de-partamento de Aviação Civil, Azharuddin Abdul Rahman, disse que 24 aviões e 40 barcos do Vietname, China, Singapura, Estados Unidos, Indonésia, Tailândia, Austrá-lia e Filipinas participam nas operações de busca no Golfo da Tailândia. “Lamentavel-mente, não encontrámos nada que pareça ser do avião nem mesmo o avião”, disse Azharuddin, em conferência de imprensa transmitida pelo canal malaio TV1.

Azharuddin desmentiu, em concreto, as informações procedentes do Vietname que, na noite de domingo, indicaram que um avião de reconhecimento vietnamita tinha avistado, a sul de Tho Chu, o que pareciam ser, da perspectiva aérea, destroços de uma aeronave. “Estas in-formações não foram ontem atestadas oficialmente pelas autoridades do Vietname”, disse o dirigente da Aviação Civil da Malásia.

Azharuddin confirmou que várias amostras do combustível recolhidas no mar foram enviadas para laboratório para esclarecer se procedem do B-777 desa-parecido no passado sábado.

Entretanto, agências de serviços de informação de vários países participam numa investigação que visa clarificar se houve uma eventual mudança de rota.

Azharuddin frisou que ne-

S ETENTA e duas pessoas morre-ram na China de-

vido à gripe aviaria H7N9 nos primeiros dois meses de 2014, segundo dados oficiais.

O vírus infectou 99 pessoas e causou 44 vítimas mortais em Fevereiro, informou no relatório mensal a agência chinesa para a Saúde e Planeamento

Familiar que registou 226 casos de infec-ção desde o início de Janeiro.

Em 2013, o vírus H7N9 infectou cerca de 140 pessoas, causando pelo menos 46 mortos, de acordo com dados oficiais.

Segundo a Orga-nização Mundial de Saúde (OMS), não foi verificado até à data

nenhum contágio entre seres humanos.

O aumento do nú-mero de casos registado este ano “deve-se, em larga medida, a factores sazonais, às evoluções meteorológicas e a nada mais”, afirmou, em Fevereiro, Bernhard Schwartlander, repre-sentante da OMS na China. “O vírus gosta do frio, que lhe permite

viver mais tempo. E no inverno, o sistema respiratório (humano) fica um pouco mais frágil”, disse.

Hong Kong confir-mou na semana passada o sexto caso de infecção com o vírus H7N9, enquanto na vizinha Região Administrativa Especial de Macau não foram reportados casos até à data.

Lamentavelmente, não encontrámos nada que pareça ser do avião nem mesmo o aviãoAZHARUDDIN ABDUL RAHMAN Director geraldo departamento de Aviação Civil da Malásia

MALAYSIA AIRLINES DESMENTIDO ACHADO DE DESTROÇOS DO AVIÃO DESAPARECIDO

Mistério sem precedentes

H7N9 GRIPE CAUSA 72 MORTOS NOS PRIMEIROS DOIS MESES DO ANO

O vírus que gosta do frio

nhuma hipótese é descartada incluindo a de um eventual sequestro ou ataque terrorista. “Precisamos de provas, de restos do avião para determi-nar o que é que aconteceu”, afirmou, qualificando o caso como um “mistério sem pre-cedentes na aviação”.

ANÁLISE DOS PASSAPORTES ROUBADOSSegundo Azharuddin, os especialistas estão a analisar as gravações e vídeos de um circuito interno de televisão de dois passageiros que embarcaram no avião com passaportes roubados.

Em causa, os passa-portes do italiano Luigi Marald e do austríaco Christian Kozel, os quais foram furtados em 2013 e 2012, respectivamente, na

Tailândia, de acordo com dados confirmados pela Interpol.

Azharuddin não con-firmou, porém, se os pas-sageiros que utilizaram os passaportes falsos tinham traços asiáticos, como indi-cou, horas antes, o ministro do Interior da Malásia.

O mesmo responsável indicou também que se en-contram a ser investigados os casos de outros cinco que não embarcaram.

Entretanto o Governo chinês enviou uma dele-gação à Malásia formada por 13 pessoas, que inclui funcionários dos ministérios dos Negócios Estrangei-ros, Segurança Pública e Transportes, bem como da Administração de Aviação Civil da China.

Segundo declarou o líder da missão, o director adjunto do Departamento de Assuntos Consulares do Mi-nistérios dos Negócios Es-trangeiros, Guo Shaochun, citado pela agência Xinhua, “a questão mais importante continua a ser a busca e o resgate”. “Pedimos à parte malaia e às restantes partes implicadas nos trabalhos de resgate que colaborem com vista a intensificar os esfor-ços de busca, a fortalecer a coordenação e a não desistir enquanto existir um mínimo sinal de esperança”, disse.

A delegação vai, entre outros, coordenar-se com a Malásia e os restantes países afectados pelo desa-parecimento do avião para investigar o acidente.

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9 chinahoje macau terça-feira 11.3.2014

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ANÚNCIOHM-2ª VEZ - 11-3-14PROC. ORDINÁRIO DE EXECUÇÃO 3º. Juízo CívelNº. CV3-11-0084-CEO

EXEQUENTE: MGM GRAND PARADISE S.A., com sede em Macau, na Avenida Dr. Sun Yat Sen, s/n, Edifício MGM Grand Macau.-----------------------------------------------------------------------

EXECUTADO: KIM HYUN SOO, ausente em parte incerta, com última residência conhecida em Macau, na Rua do Campo,

nº131-Edifício Ngam Fai, 2ºandar A. *****

FAZ-SE SABER que, por esta Secção, correm éditos de TRINTA (30) DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, notificando COMPANHIA M I R LIMITADA, registada na Conservatória dos Registos Comercial e Bens Móveis sob o nº29126(SO), com última sede conhecida na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, nº600E, Edf. Centro Comercial First Nacional, 12º andar, sala 05, em Macau, de que nos presentes autos foi ordenado a penhora da QUOTA SOCIAL que o executado KIM HYUN SOO detém no valor de MOP$24,000.00 na sociedade referida, para garantia e pagamento da quantia de MOP$8,829,172,65, acrescido de juros e custas. --------------------------------------------- Mais fica notificada a Sociedade que a referida quota fica à ordem deste Tribunal e que lhe é lícito, requerendo, no prazo DEZ DIAS, que começa a correr depois de findos os éditos, fazer a declaração que entender quanto ao direito do executado e ao modo de o tornar efectivo nos termos do art.750º do CPCM.------------------------

*****RAEM, 03 de Março de 2014

*****O Juiz de Direito

_________________________________Carlos Armando Carvalho

***A Escrivã Judicial Principal

_________________________________Lam U

A S exportações da China recuaram ines-peradamente em Fe-

vereiro, levando a balança comercial para um deficit e ampliando os temores de uma desaceleração na segunda maior economia do mundo apesar de os feriados do Ano Novo Lunar terem sido considerados os culpado pela queda.

A forte queda nas expor-tações acontece após uma série de investigações liga-das à industria desde o início de 2014 indicarem uma diminuição da actividade económica de acordo com o enfraquecimento da procura doméstica e exterior.

As exportações em Fe-vereiro caíram 18,1 por cento face ao ano anterior, após uma subida de 10,6 por cento em Janeiro, informou sábado a Administração Geral de Alfândegas.

As importações subiram 10,1 por cento, o que implicou deficit comercial de cerca de 180 mil milhões de patacas

A primeira “Casa de Portugal” na China continental vai ser

inaugurada no próximo dia 20 de Março em Zhengzhou capital da província de Henan, no centro do país, anunciou à agência Lusa um dos promotores da iniciativa.

Trata-se de um escritório de representação, que servirá para divulgar produtos e projectos de investimento portugueses e que procurará também promover a cultura portuguesa e as relações entre as autarquias dos dois países, precisou o presidente da Liga do Chineses em Portugal, I Ping Chow.

Radicado em Portugal há

mais de meio século, I Ping Chow considera que “as rela-ções económicas luso-chinesas melhoraram muito nos últimos anos e vão melhorar ainda mais”. “A ‘Casa de Portugal’ em Zhengzhou é um projecto amplo e ambicioso”, afirmou.

A província de Henan, atravessada pelo Rio Amare-lo, é uma das mais populosas da China, com quase 100 milhões de habitantes.

A inauguração da “Casa de Portugal” contará com a presença de autarcas e em-presários do Tâmega e Sousa, responsáveis do Instituto Poli-técnico do Porto e ainda com o embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, confirmou

ontem, na véspera do tercei-ro aniversário do acidente de Fukushima, a sua inten-ção de reactivar as centrais nucleares que cumpram os novos requisitos de segu-rança. “Gostava de reactivar [os reactores] cuja seguran-ça tenha sido confirmada

pelos estritos padrões da Autoridade de Regulação Nuclear, obtendo assim a compreensão por parte do povo”, afirmou Shinzo Abe, numa intervenção diante do parlamento, citada pela agência Kyodo.

As declarações do pri-meiro-ministro nipónico foram proferidas um dia antes de se cumprirem três

anos desde o sismo segui-do de tsunami que causou graves danos na central de Fukushima Daiichi, desencadeando o mais grave acidente nuclear desde Chernobil. “A nossa premissa básica é garantir a segurança nuclear tendo em conta as lições aprendidas com Fukushima”, afirmou Abe, instando a oposição

a lançar “discussões cons-trutivas” sobre a utilização deste tipo de energia no país.

O primeiro-ministro japonês destacou a neces-sidade de pôr em marcha “uma política energética responsável, passível de evitar qualquer problema para a vida dos cidadãos e para a actividade econó-mica”.

Coreia do Norte Kim Jong-un eleito deputado com “apoio absoluto”

REGIÃO

JAPÃO GOVERNO CONFIRMA INTENÇÃO DE REACTIVAR CENTRAIS NUCLEARES

Três anos depois de Fukushima

COMÉRCIO EXPORTAÇÕES CHINESAS RECUAM INESPERADAMENTE

Novos temores de desaceleração“CASA DE PORTUGAL” INAUGURADA EM HENAN NA PRÓXIMA SEMANA

Ambição lusitana

para o mês face ao superávit de cerca de 250 mil milhões de patacas em Janeiro.

As expectativas numa pesquisa da Reuters era de uma subida de 6,8 por cento nas exportações, um aumento de 8 por cento nas importações e um superávit comercial de cerca de 112 mil milhões de patacas.

Alguns analistas alerta-ram para não se tirar muitas conclusões dos números para Janeiro ou Fevereiro, dadas as possíveis distorções provocadas pelos feriados do Ano Novo Lunar, que começou em 31 de Janeiro e cobriu o início de Fevereiro. Muitas fábricas e empresas fecharam por largos períodos

Ainda assim, as expor-tações somadas em Janeiro e Fevereiro caíram 1,6 por cento face ao mesmo perí-odo do ano anterior, com uma subida de 7,9 no ano de 2013. As importações subiram 10 por cento nos primeiros dois meses na comparação anual.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, foi eleito, por unanimidade, como de-

putado na Assembleia Popular Suprema nas eleições legislativas de domingo, informou ontem a KCNA. “Todos os eleitores da cir-cunscrição participaram na votação e 100% votou a favor de Kim Jong-un”, indica um despacho da agência estatal. O líder norte--coreano apresentava-se como candidato ao distrito eleitoral 110 do monte Paektu, situ-ado no norte do país, junto à fronteira com a China, considerado pelo regime um “lugar

sagrado”, onde supostamente nasceu o seu pai, Kim Jong-il, falecido em Dezembro de 2011.

A eleição de Kim Jong-un foi “uma expres-são do apoio absoluto do pessoal de serviço e do povo” a Kim Jong-un, segundo a KCNA, que insistiu na ideia de “unidade monolítica” em torno do líder, promulgada pelo regime nas últimas semanas. As eleições legislativas norte-coreanas, que acontecem de cinco em cinco anos, realizaram-se, no domingo, pela primeira vez desde que o jovem líder assumiu o poder após a morte do seu pai.

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10 hoje macau terça-feira 11.3.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A ANATOMIA DO SEGREDO • Leslie SilbertInglaterra 1593: Três semanas antes da sua enigmática morte, o famoso e sedutor Christopher Marlowe goza um enorme sucesso como dramaturgo. Rival de Shakespeare e espião ao serviço da Rainha da Inglaterra, Marlowe conhece o submundo de Londres como a palma das próprias mãos. Nova Iorque, actualidade: Kate Morgan, uma jovem licenciada em história da arte, trabalha como detective numa agência privada com ligações à CIA. A hábil e encantadora Kate é contratada pelo jovem milionário Medina para desvendar o mistério de um tomo escrito há mais de 400 anos que tem em seu poder. Quando as páginas amareladas começam a desvendar os seus segredos... o que esconderá este manuscrito? O que fará com que séculos mais tarde ainda leve alguém a matar?

A ARCA • Victoria HislopTessalonica, 1917. No dia em que Dimitri Komninos nasce, um incêndio devastador varre a próspera cidade grega, onde cristãos, judeus e muçulmanos vivem lado a lado. Cinco anos mais tarde, a casa de Katerina Sarafoglou na Ásia Menor é destruída pelo exército turco. No meio do caos, Katerina perde a mãe e embarca para um destino desconhecido na Grécia. Não tarda muito para que a sua vida se entrelace com a de Dimitri e com a história da própria cidade, enquanto guerras, medos e perseguições começam a dividir o seu povo.

O ex-director artístico do Teatro Real de Madrid Gerard Mortier morreu no

sábado à noite, em Bruxelas, aos 70 anos, informaram domingo fontes próximas do artista e o gabinete da ministra da Cultura belga.

Gerard Mortier, que foi diagnos-ticado com um cancro no pâncreas no verão passado, morreu em casa rodeado de amigos e familiares, de acordo com as mesmas fontes próximas do artista, citadas pelas agências Efe e France Presse.

De nacionalidade belga, Mortier

foi director artístico do Teatro Real de Madrid entre Novembro de 2008 e Setembro de 2013, altura em que foi substituído por Juan Mataboch, após duras críticas à tutela da Cultu-ra. Presentemente, era conselheiro artístico do Teatro Real de Madrid.

Antes de assumir o cargo em Madrid, Gerard Mortier dirigiu o Théâtre Royal de la Monnaie, em Bruxelas, o Festival de Salzburgo e a Ópera de Paris.

ARTES MORREU GERARD MORTIER

Um visionário e inovador

MÚSICA CELINA PEREIRA RECEBE PRÉMIO CARREIRA

Mais de 40 anos de canções e “estórias”E MOCIONADA, Celina Pe-

reira viu domingo consagrada uma carreira de mais de 40 anos de canções e de “estó-

rias” ao receber o principal prémio da 4.ª Edição dos Cabo Verde Music Awards (CVMA).

De lágrimas nos olhos, Celina Pe-reira obteve a mais longa ovação da noite para receber o Prémio Carreira das mãos da “primeira-dama” de

Cabo Verde, Lígia Fonseca, suceden-do, assim, a outros nomes grandes da música popular cabo-verdiana, como Cesária Évora (2011), Bana (2012), ambos já falecidos, e Zeca di Nha Reinalda (2013).

“Dona” de uma voz potente e doce, com várias oitavas, Celina Pereira dedicou o prémio à morna, um dos principais géneros musicais de Cabo Verde, oriunda da sua ilha

No Teatro Real de Madrid, que quis converter num “laboratório de ópera do século XXI”, levou à cena o clássico “Così fan Tutte”, de Mozart, e “A Perfect American”, do compositor norte-americano contemporâneo Philip Glass.

Já visivelmente fraco, foi à apresentação da ópera “Brokeback Mountain”, a 27 de Janeiro, em Ma-drid, que encomendou, em 2008, ao compositor norte-americano Charles Wuorinen.

O director do Teatro de Odéon, em Paris, Luc Bondy, recordou-o

como “um grande inovador”, ape-sar de “não ter sido de todo consen-sual”, mesmo quando, “ao mesmo tempo, reflectia muito sobre a coerência das suas programações”.

O Théâtre Royal de la Monnaie evocou “a perda de um amigo in-substituível”.

UMA PESSOA GENEROSAO primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, destacou a perda de

uma “personalidade visionária e generosa”, enquanto o Presidente francês, François Hollande, saudou a memória de um “grande director de ópera”, que tinha “a convicção de que esta arte era decididamente contemporânea”.

Autor de “Dramaturgia de uma paixão”, conjunto de refle-xões sobre ópera, Gerard Mortier empreendeu a renovação do La Monnaie, em Bruxelas, durante a década de 1980, trabalhando com encenadores como Luc Bondy e Patrice Chéreau, falecido em 2013.

Em 1991, assumiu a direcção do Festival de Salzburgo, sucedendo ao maestro Herbert von Karajan, titular da Filarmónica de Berlim, que nascera na cidade austríaca e dominara o festival durante quase 30 anos.

Mortier abriu então Salzburgo a encenadores contemporâneos como Peter Stein e Peter Sellars, programou obras de compositores do século XX como Leos Janacek, Richard Strauss e Olivier Messia-en, trabalhou com regentes como Kent Nagano e Claudio Abbado, falecido no passado mês de Ja-neiro, em Itália, e acabou por se afastar da direcção, quando os ultranacionalistas de Jorg Haider assumiram o governo austríaco, em 1999. “Era maravilhoso tra-balhar com ele, quando, com a sua capacidade e paixão, realizava programas que pareciam impossí-veis”, disse domingo a presidente do Festival de Salzburgo, Helga Rabl-Stadler, reagindo em comu-nicado à morte de Mortier. “Mas era difícil trabalhar com ele - pros-seguiu -, quando a sua vontade de provocar feriam companheiros e artistas”.

“A sua morte é uma trágica perda”, concluiu Rabl-Stadler.

Em homenagem a Gerard Mortier, o Teatro Real de Madrid “vestiu-se” de negro, na fachada, e dedicou-lhe a representação de “Alceste”, de Christoph Willibald Gluck, uma das óperas que marca-ram a reforma da chamada “ópera séria”, no final do século XVIII.

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eventoshoje macau terça-feira 11.3.2014 11

O Venetian realiza no pró-ximo sábado um Baile de Caridade para a Best Bu-

ddies International, uma organiza-ção não-lucrativa que ajuda pessoas com problemas de desenvolvimen-to intelectual. O baile – intitulado “Noite de Brilho e Glamour” – pretende comemorar a abertura da Associação Best Buddies Macau, que aconteceu em Janeiro deste ano, mas cuja abertura oficial está marcada para este mês. “A Sands China criou o Baile de Caridade para angariar fundos para uma causa notável e estamos muito satisfeitos por angariar fundos este ano para o estabelecimento da Best Buddies em Macau”, referiu Edward Tracy, presidente da Sands China, aos jornalistas. “A Sands China acredita em oportunidades iguais para todos (...) e, desta forma, vai beneficiar a comunidade de Macau.”

A Associação Best Buddies Macau, dirigida por Elizabeth Yanming Tsui, tem já seis par-ticipantes em programas que oferece e trabalha em conjunto com a Associação dos Familiares

China Cidade Proibida estabelece campo de trabalho de pós-doutoramento

Yuen Wai Ip expõe na Galeria Iaohin Ga“Macau sofreu nos últimos anos por uma profunda transformação, passando de uma pequena vila desconhecida, para uma cidade metropolitana. Enquanto cidadão de Macau, consigo sentir todos os traços da sua atmosfera surrealista...”. É desta forma que o artista, nascido em Macau em 1974, apresenta a sua mais recente exposição, que ontem inaugurou na Galeria Iaohin Ga. Leo Yuen Wai Ip transporta para a tela a sua afeição e os seus sentimentos mais profundos pela cidade que o viu nascer, através de cenários narrativos, carregados de cor, de expressões exageradas, figuras abstractas e com um sentido de composição absurdo, lê-se no cartaz de apresentação da mostra. A exposição estará patente na Galeria Iaohin Ga até ao próximo dia 1 de Maio.

VENETIAN ACOLHE BAILE DE CARIDADEPARA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

Kevin Spacey abrilhanta evento

Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau, a Fuhong Society Macau e a Assosciação do Síndrome de Down de Macau.

O preço de entrada para o Baile de Caridade é de 1500 pa-tacas e não inclui só um jantar e leilão. O conhecido actor Kevin Spacey estará encarregue do entretenimento ao vivo da festa. Spacey, vencedor de Grammy, é já um apoiante da Best Buddies International. A ser leiloadas, estarão, por exemplo, uma gui-tarra autografada pelos Rolling Stones, a famosa “Marylin” de Andy Warhol e réplicas de raque-tes assinadas por Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic, entre outros. - J.F.

O Museu de Palácio, também conhecido como a Cidade

Proibida, anunciou que já esta-beleceu um campo de trabalho de pós-doutoramento direccionado para a arqueologia e a investi-gação de relíquias culturais. O campo de trabalho planeia atrair os licenciados nacionais e estrangeiros nos próximos três anos para reali-zarem estudos com especialistas e académicos do museu, informou o administrador Shan Jixiang.

Para além da investigação científica e projectos de publica-ção, o museu quer também traba-lhar com o Museu de Palácio de Taipei para conduzir em conjunto um trabalho de investigação sobre

mais de dois mil artigos de bronze. A parte de Taipei já respondeu positivamente sobre o trabalho em conjunto.

Também na cerimónia de apresentação, Shan disse que a China atravessa um período im-portante para o desenvolvimento dos museus. Mais de 200 museus são abertos todos os anos.

Contudo, ainda existem dife-renças entre os museus chineses e os de nível mundial, disse Shan.

Localizada no centro de Pe-quim, a Cidade Proibida foi resi-dência de imperadores da China e o centro do poder de 1420 a 1911. Recebe mais de 15 milhões visitantes anualmente.

MÚSICA CELINA PEREIRA RECEBE PRÉMIO CARREIRA

Mais de 40 anos de canções e “estórias”natal, a Boavista, onde, ao lado dos 16 irmãos e irmãs, sem contar com tios, avós e primos, começou a can-tar e a dar nas vistas, estreando-se em 1975.

Sobrinha do primeiro presidente de Cabo Verde, Aristides Pereira (1975/91), Celina, já depois de a sua família se mudar para o Mindelo, na ilha de São Vicente, onde estu-daria, foi descoberta pelo homem a quem gosta de chamar “tutor”, o popular “Humbertona” (Humberto Bettencourt dos Santos), um dos “históricos” da música popular cabo--verdiana, a par de Bana.

Foi, aliás, com o “rei da morna”, Bana, que, contrariando a ordem do pai, cantou pela primeira vez em público, no então renomado Eden Park, no Mindelo, altura em que a voz, apoiada na sua beleza de crioula, uns impressionantes olhos verdes já era conhecida, e reconhecida, no meio musical mindelense.

Mas foi “Humbertona” quem a descobriu, ainda uma menina de oito anos, a cantar como solista do

orfeão da igreja protestante. Além do “Eden Park”, foi definitivamente reconhecida nas actuações nos então tradicionais Serões para Trabalha-dores, sempre às escondidas do pai.

A INFLUÊNCIA DE BANAE A IDA PARA PORTUGALEstava-se no início da década de 70 e, mesmo numa sociedade menos conservadora, como a do Mindelo, a actuação ao lado de Bana e nos serões tiveram consequências: o pai enviou-a para Portugal para continuar os estudos e, depois de os acabar, foi trabalhar como hospe-deira de bordo na companhia aérea portuguesa TAP, onde permaneceu mais de duas décadas.

O gosto pela música, porém, não esmoreceu e, paralelamente à carreira profissional, Celina Pereira acabaria por gravar um primeiro “single” em 1976, “Boavista, Nha Terra” (“Boavista, Mi-nha Terra”), dando assim início a uma longa carreira, que perdura até hoje.

Em 1986 edita o primeiro dis-co, “Força di Cretcheu” (Força do

Meu Amor), com arranjos e direcção musical de Paulino Vieira, que inclui histórias e cantigas de roda, brincadei-ra, casamento e trabalho.

Em 1990, lançou “Estória, Estória... No Arquipélago das Maravilhas”, que contou com a colaboração de Paulino Vieira e, um ano depois, começa um trabalho de “contadora de estórias” nos Estados Unidos.

Em 1993 edita, pela editora francesa Melódie, o álbum “Nós Tradição”, par-ticipa na compilação “Pensa nisto!...”, publica novo disco em 1998, “Harpejos e Gorjeios”, com direcção musical do luso-cabo-verdiano Zé Afonso, colabo-ra com o brasileiro Martinho da Vila.

Em 2003 é condecorada pelo então presidente português Jorge Sampaio com o grau de comendadora pelo tra-balho na área da educação e cultura.

Em 2010, “Estória, Estória...” é reedi-tado em formato áudio-livro, para narrar o conto tradicional do boi “Blimundo”, figura central do imaginário infantil cabo-verdiano, “símbolo da luta dos escravos pela libertação”. Desde então que percorre o mundo a contá-la.

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12 hoje macau terça-feira 11.3.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

A sucessão dos dias escuros e o aborrecimento que causa algum cinema contemporâ-neo obriga a tomar medidas

extremas. Estas são voltar ao aconche-go côncavo e quente do cinema co-mercial japonês dos anos 60. Koshoku Ichidai Otoko (a Lustful Man, 1961), Manji (1964), e Irezumi (1966), todos de Masumura Yazuso. Este o homem que eu convoco em casos de extrema ne-cessidade.

Rejeitam-se aqui todas as conside-rações sobre o cinema japonês desta al-tura, várias vezes tecidas e aborrecida-mente repetidas a propósito de muitos filmes. O Masumura que eu invoco é o do cheiro transpirado dos corpos e do tatami e estas linhas serão apenas deve-doras de um desejo térmico.

Yonosuke, o herói de Koshoku Ichidai Otoko, não é, no entanto, um herói ex-clusivamente japonês. É um amador de mulheres, totalmente desinteressado em honras e bens materiais num mundo des-concertado e venal, como o que Pasolini retratou, nos anos 70, no Decameron, em Flores das Mil e Uma Noites ou nos Contos de Cantuária, sem artifícios que não sejam os do picaresco e da expressão de um desejo luxuriante e ruidoso pela vida.

O maior elogio que se pode fazer a Pasolini e a Fassbinder é o de se insti-tuírem constantemente como base de comparação.

Este é o herói estulto e voluptuário por excelência, obrigado a uma linha de pensamento e acção – dar prazer às mulheres a todo o custo – de uma ex-trema simplicidade. A sua linha ligeira e dançante, sobrecarregada de humor é, essa, muito japonesa e teatral.

A última mulher a que Yonosuke de-dica um desinteressado amor é Yugiri, com quem planeia fugir para um país onde as mulheres não sejam tão mal tratadas como no Japão. Yugiri é Ayako Wakao. Esta solar actriz japonesa bri-lha também em Manji e Irezumi.

Nenhum cinema é tão epidérmico e tribal e tão intensamente amável para com a vida como o japonês, mesmo quando em torno dos seus heróis se exibe um espectáculo repugnante de intolerância, injustiça, interesse e co-biça.

Manji já aqui foi alvo de admiração, há vários anos. Não se repete o que se disse antes. Passa o tempo mas perma-nece o poder sedutor da coloração dos quimonos e o poder de um desejo la-biríntico. Tudo é um pouco excessivo, à moda de Osaka, da garridez dos qui-monos à ornamentação floral das cartas trocadas pelas duas amantes. Nesta his-tória de Junichiro Tanizaki o amor dá--se, contrário ao costume social, entre duas mulheres. Como em Koshoku Ichi-dai Otoko e Irezumi, Manji é um filme de interiores, uma obsessão claustrofóbica

que tem em Moju (Blind Beast, 1969) a sua mais bizarra manifestação.

A história de libertação social de uma das amantes dá-se em divisões apertadas da casa de uma delas. Não é um filme de época, como acontece com os outros dois. A casa de Sonoko é uma casa moderna e muitas das cenas passam-se na alcova desta, desenhada ao gosto ocidental.

Nos momentos de delírio, causados pelas maquinações de Mitsuko/Wakao, tão próprias a Tanizaki, espraia-se um labirinto de emoções. Estamos numa estalagem junto ao mar, vestidos de yukata, e no filme de Masumura entra o odor do mar e a presença do ruído incessante da ondulação, vestígio in-quieto do que há lá fora.

Nada demonstra melhor o elogio à fortitude da mulher como a história de Irezumi. Neste outro conto de Tani-zaki, a heroína dispõe sedutoramente de todos quantos contribuiram para a sua queda.

Vendida a uma casa de gueixas nun-ca vemos senão Otsuya (Ayako Wakao) a construir a sua teia de destruição. Teia é a palavra adequeada. Depois de um período de semanas passadas em companhia do amante e após a sua venda, um artista de tatuagens (irezumi é um tipo de tatuagem) imprime nas suas costas a imagem de uma mulher-ara-nha, símbolo do seu domínio sobre os

homens e do desejo perverso de quem quer ver – o espectador de cinema.

São dois momentos apropriados a estes dias escuros e sonolentos. Como em Ai no Corrida, os amantes passam vários dias de amor no quarto de uma pequena estalagem onde se edifica, quotidianamente, o odor do desespero.

O chão do quarto mostra-se cober-to de peças de roupa em desalinho. O cheiro que se desprende destes dias de amor é intenso. Fora do quarto os dias são frios. As várias camadas dos quimo-nos de Otsuya espalham uma sedução quente, opressiva e desejada.

As cenas de tatuagem constituem um elogio encantatório. As costas des-nudadas de Otsuya/Wakao preenchem todo o ecrã. Nunca se vira uma pele assim. Seikichi, o artista tatuador, está em êxtase perante a sua obra. Lá fora os dias do inverno continuam frios. É difí-cil desviar o olhar das costas brancas e macias de Wakao e da aranha que pare-ce ganhar vida e crescer à medida que os inimigos de Otsuya são mortos num banho de sangue. No fim, Seikichi, como um Cardillac, propõe-se destruir a sua malévola obra prima.

Nenhum cinema transmite, como o japonês, de modo tão intenso os odo-res que se desprendem das roupas, dos corpos e das casas dos ricos e dos desti-tuídos. Nenhum cinema é tão adequa-do a dias frios e escuros.

luz de inverno Boi Luxo

MASUMURA YAZUSO

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13 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 11.3.2014

Sérgio de AlmeidA CorreiABoi luxo

“Mas? ¿tú? ¿Volver? Regresar no piensas, Sino seguir libre adelante, Disponible por siempre, mozo o viejo, Sin hijo que te busque, como a Ulises, Sin Ítaca que aguarde y sin Penélope”

Peregrino, Luís Cernuda(1902-1963),  

V OLTAR a reconhecer uma cidade é como voltar a pensá-la. Para pensar uma cidade, como se pensa a

liberdade, é preciso tê-la conhecido antes de a podermos reconhecer no presente. É preciso senti-la, percorrê-la como se fosse o corpo de uma mulher que se descobre, apaixonarmo-nos sem remorso. Ou, como as amizades juvenis que se tornam em amores tardios, ter a noção dos seus contornos antigos, da forma como evoluiu e se tornou adulta.

Macau é hoje uma cidade que não cabe no seu corpo. Como um corpo volumoso que sendo incapaz de manter a elegância tenta que a voluptuosidade de outros tempos disfarce a fealdade recente que à viva força quer acomodar num tailleur de Dior, depois de durante anos andar enfiada em calças de Lycra.

A liberdade sente-se. A liberdade respira-se. A liberdade é uma realidade tangível mesmo para quem não consi-ga defini-la. E mede-se por parâmetros que conjugados nos dão uma ideia so-bre a sua profundidade e amplitude. Do mesmo modo que uma cidade. E tudo o que em termos individuais nos apega à liberdade reflecte-se no modo como vivemos uma cidade.

Não há cidades livres onde os seus cidadãos não se sintam livres, onde a sua vida seja submetida a constrangi-mentos insuportáveis ou a moinhas recorrentes, onde a sua liberdade de movimentos se sinta oprimida pela desvalorização da sua qualidade de re-sidentes, de amantes que com ela parti-lham o corpo e deixam de neste se re-conhecer, como se de repente se trans-mutassem num corpo estranho dentro daquele que por amor lhes pertence e com o qual se habituaram a conviver.

Não há cidades livres, cosmopolitas ou de turismo onde os seus cidadãos não se sintam livres. Onde o ar que respiram, a fluidez dos seus caminhos, a arrumação dos seus passeios ou a li-berdade de movimentos não sejam os elementos essenciais da qualidade do sangue que os percorre. Um espaço tem de se sentir organizado para que quem o habita saiba quais são as suas medidas. Para que um fato de bom corte confeccionado com os melhores tecidos não descaia nos ombros, nem encolha com as primeiras gotas de água, deixando à vista de todos as suas

MACAU insuficiências, as costuras mal cosidas, as pregas inconsequentes, as entretelas de má qualidade.

Esta não foi a cidade que conheci. Não lhe reconheço os espaços onde o meu corpo se habituou a anichar-se. E sinto-lhe hoje o peso do ar nos cami-nhos que percorro, a gordura mistura-da no seu sangue, entupindo as artérias, numa organização sem sentido de um espaço cuja agradabilidade se liberta num qualquer postal.

Voltar a pensar Macau é voltar a torná-la livre. Para quem nela vive e para quem chega. É voltarmos a apai-xonarmo-nos pelas suas curvas, pelos contornos que o tempo lhe deu. É con-vocarmos um laborioso costureiro, um estilista sensato e sensível, que pela arte e pelo gosto lhe construa uma segunda pele, onde a textura de um corpo ainda jovem possa voltar a brilhar, sem pro-tuberâncias estranhas e desconsoladas.

A pureza do seio farto e acolhedor que se descobre não pode ser ofusca-da pela marca da fuligem que escapou da manápula suja de quem a percorreu. Um curto momento de deleite não pode ser transformado numa viagem prensada entre dois espirros e uma pi-sadela, numa correria sem sentido e in-frutífera atrás de um indisposto e rude taxista, onde a simples procura de um lugar para parar não seja transformado num passatempo de pobres sem abrigo.

A opulência de um porto, a qualida-de de vida de uma cidade, a riqueza de uma região, vê-se no rosto de quem aí trabalha, de quem aí circula, de quem vive os seus espaços, de quem aí ama e se deixa amar. Como Veneza num re-trato de Morris.

Quinze anos volvidos, Macau é uma amante que precisa de atenção. Que não pode ser tratada como a concubina de quem governa, ou emprestada a quem chega para dela se servir. Os diamantes são eternos, dizem. A paixão, por muito infinita que seja no verso do poeta, sa-bemos todos que não dura mais do que o tempo de uma vida. E a liberdade, esse corpo com o qual todos gostamos de nos envolver e sem o qual não podemos passar, não pode ficar prisioneira de um cheque amarelecido com o tempo.

Macau precisa de um amante que olhe para ela, que circule com ela, que a envol-va e lhe devolva o conforto à sua pele.

VOLTAR A PENSAR

MACAU É VOLTAR A

TORNÁ-LA LIVRE.

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14 hoje macau terça-feira 11.3.2014h

Inês nadaIsIN PÚBLICO

C ASO à parte da arte bra-sileira do século XX, Mira Schendel é a silenciosa fi-gura que Serralves põe a

falar de Deus e da fenomenologia até 24 de Junho.

Tudo em Mira Schendel (Zurique, 1919 – São Paulo, 1988) dizia que ela vinha de outro lugar — na verdade, tudo em Mira Schendel dizia que ela vinha de lugar nenhum. A roupa sem-pre preta quando o preto ainda estava a décadas de ser a cor a usar. O sotaque sempre de estrangeira qualquer que fosse a língua (português — do Brasil — para as coisas do dia-a-dia, alemão para as coisas da filosofia, italiano para as coisas da infância, as línguas balcâ-nicas com que contactou nas suas er-râncias de judia sem país durante a Se-gunda Guerra Mundial e o inglês para outras, raras, eventualidades). A vonta-de sempre um pouco estranha de não pertencer conclusivamente a nenhum movimento, de não aderir a nenhum manifesto, nesses primeiros anos da segunda metade do século XX em que a arte brasileira se dividia e subdividia em famílias. E, no entanto, apesar de ter estado sempre tão aparentemente à distância de tudo, ela também fundou a sua, diz Tanya Barson, a curadora da Tate Modern que comissariou — com Taisa Palhares, da Pinacoteca do Esta-do de São Paulo — a maior retrospecti-va internacional alguma vez dedicada à artista, desde há uma semana (e até 24 de Junho) no Museu de Serralves: “A Mira Schendel funda um paradigma al-ternativo na arte brasileira, que se tor-nará depois muito influente para várias gerações de artistas, sobretudo a partir da década de 1980.”

Em Londres, onde esta mesma re-trospectiva teve a sua primeira vida en-tre Setembro do ano passado e Janeiro deste ano, Mira Schendel foi apresen-tada — continua a ser preciso apresen-tá-la, até no Brasil, onde está infinita-mente mais representada em colecções particulares do que em museus — como “uma das mais importantes e prolíficas artistas do pós-guerra em toda a Amé-rica Latina”, responsável, com os seus contemporâneos Lygia Clark e Hélio Oiticica, pela reinvenção do moder-nismo europeu no Brasil. Foi, de resto, por causa de Oiticica — Tanya Barson também o antologiou para a Tate Mo-dern em The Body of Colour, de 2007 — que Mira Schendel chegou no Ou-tono a Londres: havia vários trabalhos dela nessa exposição e Tanya Barson foi atrás.

“Interessou-me imenso a maneira como esses trabalhos ocupavam o es-paço: pareciam irradiar uma energia in-crível. Quanto mais ia ao Brasil e mais imersa ficava na arte brasileira, mais me apercebia de que o nome dela estava na

TANTAS LÍNGUAS PARA DIZERMIRA SCHENDEL

boca de toda a gente. É curioso: é uma figura tão influente, e no entanto não é assim tão fácil ver o trabalho dela. Achei essa disjunção muito intrigante”, contou à jornalista do diário britânico The Guardian que a acompanhou a São Paulo numa das muitas vezes que até lá se deslocou para procurar em salas de jantar e quartos de dormir de coleccio-nadores as mais de 250 obras, nalguns casos nunca antes mostradas (pinturas, esculturas, desenhos), actualmente reu-nidas em Serralves. Interessou-lhe a re-lativa invisibilidade — e o quase total anonimato internacional, interrompido apenas em 2001 por uma individual no Jeu de Paume, em Paris, e depois em 2009 por uma retrospectiva a meias

com o artista argentino Léon Ferrari no MoMA, em Nova Iorque — de uma artista com tanta descendência. Mas interessou-lhe sobretudo, conta agora aos jornalistas que a acompanham, já no Porto, numa visita guiada à exposi-ção, a forma como “uma mulher”, uma deslocada da Segunda Guerra Mundial que dá por si no Brasil sem saber muito bem como (foi o primeiro país que lhe aceitou o pedido de imigração; tinha--se candidatado a vários), “forja prati-camente sozinha uma carreira com um significado tão universal”. “Antes dela”, argumenta, “não há nem esta investiga-ção tão profunda das questões da on-tologia nem esta consciência tão aguda da materialidade da obra de arte. É fas-

cinante presenciar o modo como nela a extrema profundidade das ideias cor-responde à extrema beleza dos objec-tos que as corporizam. A arte brasileira deve muito a Mira Schendel: ela põe em movimento uma matriz completa-mente nova”.

QUASE PALAVRASMas o Brasil é apesar de tudo uma his-tória relativamente tardia na vida de Mira Schendel, que ali chega (fixa-se primeiro em Porto Alegre, depois em São Paulo) já quase com 30 anos, vinda de muitos lugares — na verdade, vinda de lugar nenhum. Filha única de um ju-deu checoslovaco que era comerciante de tecidos e de uma modista italiana de origem judaica (mas convertida ao ca-tolicismo), Myrrha Dagmar Dub nas-ce a 7 de Junho de 1919 em Zurique; os pais separam-se três anos depois e Myrrha tem uma vida transumante (pai na Suíça, mãe em Itália, avós em Ber-lim) até se fixar em Milão, onde a mãe entretanto casa com o conde Tomaso Gnoli, poeta e director da Biblioteca Nazionale Braidense. É aí que passa parte da infância e da adolescência: vive num apartamento no Palazzo di Brera, com acesso ilimitado (bastido-res e tudo) à extraordinária colecção de arte da Pinacoteca homónima. O endurecimento do fascismo apanha-a já na universidade: em 1938, é forçada pelo decreto com que Mussolini retira a nacionalidade italiana aos cidadãos de ascendência judaica a abandonar os estudos de Filosofia e Belas-Artes. Atra-vessa os Alpes a pé, instala-se tempo-rariamente em Sófia, mas em 1941 já está em Sarajevo, onde se casa com um croata de ascendência austríaca, Jos-sip Hargesheimer. O fim da Segunda Guerra Mundial podia ter sido o prin-cípio da sua segunda vida — mas será preciso esperar mais três anos (os três anos em que Myhrra e o marido vivem como deslocados de guerra em Roma) para a vermos desembarcar, a 12 de Ja-neiro de 1949, no Rio de Janeiro.

Está em Porto Alegre quando come-ça a pintar (também dá aulas, trabalha como ceramista, publica poesia), conti-nua em Porto Alegre quando ganha co-ragem para enviar trabalhos para a Bie-nal Internacional de Arte de São Paulo, que nesse ano de 1951 se realiza pela primeira vez, mas já não está em Porto Alegre dois anos depois. “São Paulo de-fine completamente o modo como Mira

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 11.3.2014

Schendel se estabelece como artista no Brasil: é uma cidade de imigrantes como ela, uma cidade industrial (e são indus-triais, baratos, os materiais que Mira usa: talco, pó de tijolo), aspectos cru-ciais para o trabalho que viria a produ-zir”, comenta Tanya Barson na primeira sala da retrospectiva, que começa jus-tamente em 1953, o ano em que Mira Schendel conhece o livreiro alemão Knut Schendel e encontra finalmente o seu lugar (ou não, como testemunha a sua única filha, Ada, ao Guardian: “Ela não se sentia em casa nem no Brasil nem na Europa. Esperava encontrar um lugar no Brasil. Mas não foi fácil. Nunca deixou de ser uma deslocada. O territó-rio sempre foi para ela uma questão e isso vê-se no seu trabalho”).

As suas pinturas desse ano, aque-las que introduziram Mira Schendel no meio artístico brasileiro, são ainda muito marcadas pela influência do mo-dernismo europeu, e em especial por Giorgio Morandi e Alfredo Volpi — “É importante dizer que quando a Mira apareceu no Brasil era vista como uma pintora italiana”, refere Taisa Palhares. A década seguinte obriga-a a fazer o seu caminho, e a negociar a distância (mas não a ignorância) a manter em relação aos dois grandes movimentos da arte brasileira, o concretismo do seu grande amigo Haroldo de Campos e o neo-concretismo de Ferreira Gullar, Lygia Clark ou Lygia Pape. Com o passar do tempo viria a haver samba, e Chico Buarque, e João Cabral de Melo Neto, mas o verdadeiro mundo de Mira Schendel estava na Europa, e sobretudo na filosofia alemã (entusiasma-se com Husserl, que lê vorazmente na língua original, assim como Heidegger, Max Bense e Wittgenstein), o que desde logo faz dela uma outsider num meio intelectual dominado pela fenomenolo-gia francesa e em particular pelas teses de Merleau-Ponty. “O interesse pela fe-nomenologia e pela ontologia — pela forma como existimos em relação com o espaço e com os objectos — percorre toda esta obra, dos primeiros aos últi-mos trabalhos”, sublinha Tanya Barson, apontando para um quadro de 1959 que a artista criou para ser colocado per-pendicularmente à parede, e que a sua derradeira série, Sarrafos (1987), ecoa à saída da exposição.

É também nesses anos 1960 que o texto — matéria de que se alimenta

grande parte deste corpo de trabalho autofágico: “Pintar (...) era uma ques-tão de vida ou morte para mim”, há-de dizer — se torna imagem para Mira Schendel. Primeiro nas Monotipias (1964-67), a primeira das muitas séries que produziu em cima da toalha de plástico da mesa da cozinha em papel de arroz japonês — uma espécie de al-fabeto filosófico de mais de 2.000 ca-racteres, talvez a verdadeira língua de Mira Schendel, aquela em que exprime a sua relação com Deus (mantinha-se muito próxima dos dominicanos), com o mundo e também com as pequenas aventuras da pintura (“Este é um dese-nho gostoso”; “Este é um desenho bem--feitinho”: as monotipias em português, diz Taisa Palhares, “são sempre as mais bem-humoradas”) —, depois com os Objetos Gráficos (1967-1968) que ex-põe na Bienal de Veneza em 1968.

Encontramo-los na quarta sala da exposição — a seguir às Droguinhas (1965-66), a sua aproximação à escul-tura, “que considerava absurdamente elevada e que quis tornar mais efémera,

mais próxima do corpo”, diz Tanya Bar-son — e exactamente como os imagina-mos depois de ler o poema que Harol-do de Campos escreveu para Mira uns anos antes: “Uma arte de vazios/ onde a extrema redundância começa a gerar informação original/ uma arte de pala-vras e de quase palavras/ onde o signo gráfico veste e desveste vela e desvela/ súbitos valores semânticos/ uma arte de alfabetos constelados/ de letras-abelhas enxameadas ou solitárias (...)/ uma arte onde a cor pode ser o nome da cor/ e a figura o comentário da figura/ para que entre significante e significado/ circule outra vez a surpresa/ uma arte-escritura / de cósmica poeira de palavras/ uma semiótica arte de ícones índices símbo-los/ que deixa no branco da página seu rastro numinoso”. Letras em cima de le-tras, palavras em cima de palavras, uma floresta de línguas: Mira trabalha em palimpsesto, forçando transparências e sobreposições não só entre os vários objectos da instalação como dentro de cada um deles (“O avesso da transparên-cia está à nossa frente e o ‘outro mundo’

afinal é mesmo este”, escreveu). “Sendo na prática uma autodidacta, ela demons-tra uma compreensão avançada do fun-cionamento da linguagem e das ques-tões da semiótica”, nota Taisa Palhares.

Era disso, do poder tão fundador da linguagem (e também do seu inevitável colapso, que viveu pessoalmente como desterrada) que Mira Schendel verda-deiramente queria falarem qualquer lín-gua. E também do silêncio de Deus, que no entanto diz coisas em Ondas Paradas de Probabilidade, a instalação com que a artista participou na muito boicotada Bienal de São Paulo de 1969, já em ple-na ditadura militar. Para ela, arte era ou-tra maneira de dizer nostalgia de Deus, e de tudo o que é impossível. Ou que pelo menos foi impossível para Mira Schendel, que quis matar-se depois de ser mãe, como a própria filha contou ao The Independent: “A Mira nunca ultra-passou a sua vida, a sua mãe, a sua dor. Toda a sua vida foi dolorosa. Todas as suas relações — comigo, com os aman-tes, com os amigos — foram difíceis. Ela não acreditava numa vida feliz.”

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FUTEBOLISTASMAIS RICOS

16 DESPORTO hoje macau terça-feira 11.3.2014

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MONTEPIO GERAL DE MACAUASSEMBLEIA GERAL

CONVOCATÓRIA

Nos termos do Artº 34, nº 1, al. a) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 26 de Março de 2014, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos:

1ª - Discussão e votação do relatório e Conta de Gerência do ano de 2013 e do parecer do Conselho Fiscal; e2ª - Outros assuntos de interesse da Associação.No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado

no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados. Montepio Geral de Macau, aos 6 de Março de 2014.

A Presidente da Assembleia Geral,Rita Botelho dos Santos

Sociedade de Pelota Basca de Macau, S.A.Convocatória

Ao abrigo dos estatutos desta Sociedade, é por este meio convocada a Assembleia Geral dos Accionistas, para reunir em sessão ordinária, no 4.º andar do Hotel L´Arc Macau, Centro de Comércio, na Avenida 24 de Junho, nº 278.º, NAPE, Macau, no dia 27 de Março de 2014 (Quinta-Feira), pelas 16:30 horas, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Discussão e aprovação dos relatórios, balanço e contas finais, apresentados pelo Conselho de Administração, bem como a aplicação de resultados e o parecer do Conselho Fiscal, referentes ao exercício de 2013;

2. Eleição dos membros dos órgãos sociais;3. Deliberação sobre remuneração dos membros dos órgãos sociais;4. Eleição dos membros do Conselho Fiscal para o ano de 2014;5. Nomeação dos auditores para o ano de 2014;6. Quaisquer outros assuntos de interesse da Sociedade.

Macau, 10 de Março de 2014.Presidente da Mesa da Assembleia Geral,

Leong On Kei

O português Cris-tiano Ronaldo, do Real Ma-drid, é o fute-

bolista mais rico do Mundo, de acordo com uma lista publicada anualmente pelo sítio na Internet goal.com, superando o argentino Lionel Messi, do Barcelona.

O “capitão” da Selec-ção Portuguesa tem um património estimado de 148 milhões de euros, após um ano em que aumentou a sua influência no Real Madrid e na equipa das “quinas”, tendo conquistado a Bola de Ouro da FIFA e assinado um novo contrato milioná-rio de cinco anos com os “merengues”.

O argentino Lionel Messi é o segundo da lista, com

apenas menos dois milhões de euros do que Ronaldo, num “ranking” efectuado por um grupo de analistas e que tem em conta todas as fontes de rendimento dos jogadores ao longo da sua carreira.

Ronaldo sucede ao in-glês David Beckham, que era o mais rico em 2013, mas terminou a carreira em Maio.

O camaronês do Chelsea Samuel Eto’o é o terceiro da lista, seguido do inglês Wayne Rooney, que subiu a quarto, depois de ter renova-do com o Manchester United.

O brasileiro Neymar as-cendeu ao sexto lugar, num valor que tem em conta os 40 milhões pagos aos seus pais na polémica transferência do Santos para o Barcelona.

Pistorius vomitaem pleno tribunalO atleta paralímpico Oscar Pistorius vomitou, esta segunda-feira, em pleno tribunal, durante a descrição da autópsia da sua namorada, Reeva Steenkamp, morta a 14 de Fevereiro de 2013. Pistorius estava a chorar quando o médico Gert Saayman, responsável pela autópsia, prestava o seu depoimento ao tribunal, descrevendo o estado do crânio de Reeva Steenkamp, morta com uma bala na cabeça. O acusado acabou por baixar a cabeça e vomitar em plena audiência. Antes, o juiz encarregue do processo tinha aceite o pedido do médico para que o seu depoimento não fosse transmitido em directo pela televisão. Pistorius, recorde-se, já assumiu que matou a sua namorada acidentalmente, alegando que a confundiu com um assaltante.

Surf Tiago Pires perde para Kelly SlaterO surfista português Tiago Pires terminou a participação no Quicksilver Pro Gold Coast, na Austrália, ao ser eliminado pelo norte-americano Kelly Slater na terceira eliminatória da prova. ´Saca` somou 8,67 pontos (5,5 e 3,17), bastante aquém dos 16,57 (9,07 e 7,5) somados por Slater, que passa assim à quarta eliminatória. Com a eliminação, Tiago Pires termina, assim, o Gold Coast entre os 13 melhores classificados.

Ténis João Sousa eliminado emIndian WellsO português João Sousa foi este domingo eliminado na segunda ronda do Masters 1000 de Indian Wells, ao perder frente a Ernests Gulbis, por dois sets a zero (6-3/6-3). O tenista letão, 20º cabeça de série do torneio norte-americano e 22º do “ranking” ATP, necessitou de apenas uma hora e quatro minutos para garantir o acesso à terceira ronda do torneio norte-americano, batendo assim o tenista luso, 45.º da hierarquia mundial.

Bayern Munique Presidente reconhece fraude fiscal

O presidente do Bayern Munique, Uli Hoeness, começou, esta segunda-feira, a ser ouvido em tribunal, em Munique,

tendo admitido uma fraude fiscal de pelo menos 18,5 milhões de euros.

Segundo o Ministério Público alemão, Hoenness não declarou 3,5 milhões de euros em impostos, tendo omitido ganhos financeiros de 33,5 milhões de euros, obtidos através de uma conta na Suíça, da qual as autoridades alemãs não tinham conhecimento.

Os documentos bancários apresentados pela defesa em tribunal referiam que o montante de evasão fiscal ultrapassava “largamente mais de 15 milhões de euros”. Contudo, o Minis-tério Público refere serem, pelo menos, 18,5 milhões de euros.

Desde o início do julgamento que o líder do Bayern reconhe-ceu a evasão fiscal, pelo que, se for condenado, enfrentará uma pena até dez anos de prisão. “Arrependo-me profundamente do meu comportamento delituoso”, disse Hoeness, acrescentando que espera esclarecer este “capítulo terrível” da sua vida.

Futebol Pelé mostra-se confiantenum “excelente Mundial”

1. Cristiano Ronaldo (Real Madrid), 148

2. Lionel Messi (Barcelona), 146

3. Samuel Eto’o (Chelsea), 85

4. Wayne Rooney (Manchester United), 84

5. Kaká (AC Milan), 82

6. Neymar (Barcelona), 80

7. Ronaldinho (Atlético Mineiro), 78

8. Zlatan Ibrahimovic (Paris Saint-Germain), 69

9. Gianluigi Buffon (Juventus), 63

10. Thierry Henry (New York Red Bulls), 57

RONALDO É O FUTEBOLISTA MAIS RICO DO MUNDO, CONCLUI SITE

CR7 de bolsos recheados

O antigo futebolista brasileiro Pelé mostrou-se, esta segunda-feira,

confiante que o Brasil conseguirá organizar um bom Campeonato do Mundo. “Vai ser fantástico para o Brasil. Penso que, depois da expe-riência da Taça das Confederações, o governo está melhor organizado para o Mundial. Por isso, espero que possamos ter um excelente Mundial. Merecemos”, considerou o ex-jogador, em entrevista à AFP.

Sobre a Selecção canarinha, Pelé lembrou que da última vez que o Brasil organizou a prova perdeu na final contra o Uruguai, esperando agora que tudo seja diferente. “No Brasil temos uma má experiência, a

de 1950, quando jogámos o Mundial no Brasil e perdemos com o Uruguai. Agora as pessoas têm medo que a mesma coisa aconteça. Mas penso que vai ser diferente.”

Pelé sublinhou que, sendo este o primeiro Mundial do jovem futebo-lista Neymar acarretará uma “grande responsabilidade”, mas frisou que “o problema da pressão não é apenas de Neymar, é de toda a equipa”.

Espanha e Alemanha são, para o antigo jogador, os favoritos a vencer o Mundial.

Já sobre os constantes protestos contra os gastos do governo na prova, Pelé espera que as “manifestações não estraguem tudo”.

EM MILHÕES DE EUROS

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hoje macau terça-feira 11.3.2014 FUTILIDADES 17

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 13 MAX 17 HUM 80-98% • EURO 11.0 BAHT 0.2 YUAN 1.3

Pu YiPOR MIM FALO

Um avião desaparecido

DOMINIQUE PESTAÑA, A FÃ DE MESSI

Dominique Pestaña nasceu há 29 anos em Temperley, perto de Buenos Aires, na Argentina. É cunhada de Esteban Cambiasso, médio do Inter de Milão. Em pequena queria ser cantora ou actriz mas acabou por fazer carreira como modelo e tornou-se numa das mais requisitadas da Argentina, nos últimos anos. Já se despiu para várias revistas, a principal das quais a Playboy. Ah, e é fã de Messi!

João Corvofonte da inveja

É certo que o caso ainda não acabou, e ninguém sabe onde está a verdade dos factos. A história do avião da Malaysia Airlines que desapareceu parece saída de um filme: um avião que partiu do aeroporto, mas não chegou ao seu destino. A actualidade é agora marcada por estas noticias. O Governo malaio disse que ainda não foi confirmada a posição do avião, mas também já se noticiou que, alegadamente, foram encontrados destroços do avião junto ao Vietname. Em quem podemos acreditar? Permanece o mistério: quem ia no avião? Apenas passageiros normais ou terroristas? Se o caso se transformar num simples mas horrível acidente, depois as respostas poderão, decerto, surgir.Mas dois dias depois, este acidente é ainda um mistério para o público, mas parece que os resultados são cada vez mais negativos. Só precisamos de esperar por um milagre. Uma frase de uma mãe chinesa em Pequim impressionou-me. Quando essa mãe estava a chorar disse que “o meu filho tinha apenas 40 anos, porque não posso trocar a minha vida pela dele?” Perante tal mistério, é triste ver que esta mãe já está a pensar na morte do seu filho. No inicio todos pensavam que era apenas um acidente, mas depois foi descoberto um visto falso, o que parece uma conspiração. Ainda nos lembramos do 11 de Setembro, quando terroristas alteraram as rotas de dois aviões. Não sei se podemos comparar os dois casos, mas a rota de avião de Pequim para a Malásia pode ser considerada sensível, especialmente depois do ataque ocorrido em Kunming, e tendo em conta que a 12.ª sessão da Assembleia Nacional Popular (ANP) ainda agora terminou. Precisamos de amor e não de guerra. Todos falam disso há décadas, mas traficantes de armas, extremistas religiosos e outros permanecem com motivos pessoais para incentivar guerras e provocações. Não é algo saudável. Esperemos a resolução do mistério do avião desaparecido.

Médicos removem ovo cozido de vagina de mulher• A China é uma país grande e, como tal, é também lá que acontecem muitas coisas estranhas. Médicos do Shanghai’s Nº 411 Hospital of the People’s Liberation Army tiveram que lidar com uma situação fora do comum quando às suas mãos chegou uma paciente com um ovo cozido enfiado na vagina. O ovo foi inserido na vagina da mulher pelo seu marido mas depois não o conseguiu remover, mesmo com a ajuda de um par de pauzinhos e uma colher. O jogo sexual terá ido longe de mais, avisaram os médicos.

Milhares convocadospara entrevista em centrode emprego• Na Suécia a corrida a uma vaga de emprego correu mal no dia 27 de Fevereiro quando 61.000 pessoas se dirigiram a um Centro de Emprego na capital sueca, Estocolmo. O pior é que todos os candidatos tinham sido notificados “oficialmente” por e-mail para comparecer naquele local e naquela data. Tudo não passou de um erro, pois só eram para ser notificados 1000 candidatos e não 61.000! Os ânimos foram progressivamente ficando alterados e instalou-se a confusão.

Criação conheço, sobretudo, a de galinhas.

SALA 1300: RISE OF AN EMPIRE [C]Um filme de: Noam MurroCom: Sullivan Stapleton, Eva Green, Lena Headey14.30, 16.30, 21.30

300: RISE OF AN EMPIRE [3D] [C]Um filme de: Noam MurroCom: Sullivan Stapleton, Eva Green, Lena Headey19.30

SALA 2 LONE SURVIVOR [C]Um filme de: Peter BergCom: Mark Wahlberg, Taylor Kitsch, 14.30, 21.30

MR. PEABODY & SHERMAN [A](FALADO EM CANTONÊS)

Um filme de: Rob Minkoff16.45, 19.30

SALA 3MR. PEABODY & SHERMAN [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Rob Minkoff14.30

POMPEII [C]Um filme de: Paul W. S. AndersonCom: Kit harington, Emily Browning, Kiefer Sutherland16.30, 21.30

12 YEARS A SLAVE [C]Um filme de: Steve McQueenCom: Michael Fassbender, Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor19.00

300: RISE OF AN EMPIRE

C I N E M ACineteatro

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18 OPINIÃO hoje macau terça-feira 11.3.2014

RicaRdo aRaújo PeReiRain Visão

A grande diferença entre a festa do PSD no Coliseu de Lisboa e as antigas festas no Coliseu de Roma é que, no Coliseu de Lisboa, só compareceram os leões. Os cristãos ficaram em casa, a acompanhar o espectáculo pela televisão. É certo que vimos a alegria dos leões,

no palco, e adivinhamos o medo dos cris-tãos, em casa. Mas, para a plateia, é mais compensador assistir ao confronto dos leões com os cristãos, no mesmo recinto.

Senti falta de emoção. Não teria sido difícil encontrar dois ou três desempregados e pensionistas, soltá-los em frente à mesa do Conselho Nacional, e deixar que Passos Coelho os devorasse vivos, na alcatifa cor de laranja.

Os organizadores do Congresso sabem que as massas apreciam pão e circo, e o circo

A grande diferença entre a festa do PSD no Coliseu de Lisboa e as antigas festas no Coliseu de Roma é que, no Coliseu de Lisboa, só compareceram os leões

Migalhas e circoque montaram estava bastante bom, mas o pão vai sendo cada vez menos.

O circo parece, aliás, aumentar à mesma velocidade a que o pão diminui. A grande conclusão do Congresso foi exactamente esta ideia, mas vertida para linguagem po-lítica. Fica assim: o País está melhor, mas as pessoas estão pior. O País e as pessoas são duas entidades distintas.

O PSD, coitado, tem feito os possíveis para melhorar o País, e com muito êxito.

Mas as pessoas, por uma razão qualquer, resolveram regredir. Se o País não tivesse pessoas, os problemas de Portugal estavam

resolvidos. Infelizmente, vivemos num da-queles países que incluem pessoas.

Confesso que não sei se o País, no início, vinha sem pessoas, e as pessoas foram um extra acrescentado depois de 1143, ou se as pessoas já vinham de origem. Tenho de ir confirmar aos livros do professor Mattoso. Mas percebemos cada vez melhor os in-centivos do Governo à emigração: este país prosperaria se toda a gente saísse.

De resto, o Congresso do PSD parecia aquele quadro do Bruegel: A Luta entre o Carnaval e a Quaresma. No Coliseu, era a luta entre o Carna-val da propaganda e a Quaresma da austeridade. Ganhou o Carnaval, o que não costuma suceder.

Talvez a vitória se deva ao facto de este ser um Carnaval especial, mais robusto, na medida em que incluiu mesmo uma Páscoa: a ressurreição de Miguel Relvas foi, após a crucificação e a morte política, uma alegria para todos. Nosso Senhor Jesus Cristo res-suscitou ao fim de três dias, e a ressurreição de Relvas demorou dez meses. Desta vez, ninguém o pode acusar de cumprir as tarefas em menos tempo do que os outros.

RIDL

EY S

COTT

, GLA

DIAT

OR

Page 19: Hoje Macau 11 MAR 2014 #3047

19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau terça-feira 11.3.2014

S OCHI 2014: A Rússia arre-cadou trinta e três medalhas, 13 de ouro, 11 de prata e nove de bronze. Em segundo lugar posicionou-se a Noruega com vinte e seis, 11 de ouro, cinco de prata e 10 de bronze e em terceiro os EUA com vinte e oito, nove de ouro, sete de prata e 12 de bronze.

Desportivamente nada podia ter corrido melhor ao antigo responsável pela polícia política da ex-URSS, agora Presidente e no passado Primeiro-ministro do país, que tem como capital a cidade de Moscovo.

Contudo a festa não ficou barata à Rússia, melhor dizendo ao povo da Russo, que pagou por este brilharete a módica quantia de 50 mil milhões dólares norte-americanos, valor do total das despesas com obras e organização deste evento.

Trinta e sete mil polícias e militares foram mobilizados para garantirem a segurança de cerca de seis mil atletas oriundos de 88 países, com as delegações mais numerosas vindas dos EUA e da própria Rússia, não fosse o azar acontecer e ocorrer qualquer incidente que pudesse manchar esta grande oportunidade de afirmação política, pujança económica e de potência geoestratégica numa de nações vizinhas, que em tempos fizeram parte do bloco de Leste.

Porém, os Jogos Olímpicos, bem como campeonatos do mundo de futebol e ou-tros eventos de grande impacto mundial, começam logo nas candidaturas à sua organização.

É nessa fase, que se inicia um outro tipo de jogos, uma competição, que envolve de-zenas de milhões, só na fase de promoção das candidaturas, onde muitas vezes tem lugar um complexo jogo de influências obscuras na conquista de votos como já foram denunciadas, quer no seio do comité Olímpico internacional no tempo em que era seu Presidente o espanhol José António Saramanch, quer no seio da FIFA, quando liderada pelo brasileiro João Havelange!

Também nestes Jogos de Sochi houve um primeiro candidato, Coreia do Sul, com 36 votos, e a em segundo Rússia com 34.

Contudo na segunda votação deu-se uma reviravolta, com os votantes a premiarem a Rússia com 51 votos relegando a Coreia do Sul para segundo lugar com 47 votos!

De realçar também, alguns factos que ocorreram antes destes jogos Olímpicos terem sido iniciados:

Os direitos humanos, nomeadamente liberdades de expressão estiveram em cima da mesa obrigando Putin a recuar nos seus propósitos, quando em Inglaterra, nos Es-

desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

Mas, se a festa foi bonita e Putin esperava rentabiliza-la politicamente, os recentes acontecimentos em Kiev, constituíram um sério revés, para já, nas ambições expansionistas do antigo chefe da polícia secreta da ex-URSS

Putin apostou e ganhoutados Unidos e em França, as comunidades gay e lésbicas pediram o boicote aos Jogos.

Os Estados Unidos responderam de imediato, nomeando como chefe da sua dele-gação uma senhora assumidamente lésbica.

A França e a Inglaterra, pressionadas pela comunicação social e pelos movimentos cívicos criticaram as posições do presidente Putin, que no seu país, Rússia, perseguia e reprimia essas pessoas com penas de prisão, pediram o boicote aos Jogos.

Na Alemanha a Sr.ª Meckel ameaçou não enviar aos jogos de Sochi, qualquer representante do seu governo.

A prisão do grupo musical feminino Pussy Riot e do magnata do petróleo ex-dono da empresa Yukos, Mikhail Khdorkovsky, condenado por duas vezes num total de 16 anos por financiar partidos que se opunham a Putin, presos numa cadeia na Sibéria, para onde o ditador Estaline enviava também os seus opositores, constituíram uma ameaça uma espécie de nuvem negra que pairou sobre os Jogos, levando Putin a fazer rápidas “ cambalhotas à retaguarda”para branquear, o regime que existe no país de que é, Presi-dente e já foi Chefe do Governo!

Por isso, Putin achou por bem dar uma entrevista à televisão estatal para dizer que, nada tinha contra os gays, afirmando ser inclusivamente, um admirador do cantor inglês Elton John!

Quanto às cantoras do grupo Pussy Riot, Nádia e Maria foram libertadas antes dos Jogos de Sochi, o mesmo aconteceu com Mikhail Khdorkovsky, o preso mais me-diático também libertado antes dos Jogos, depois de ter cumprido 10 anos numa prisão da longínqua Sibéria, como fazia Estaline aos seus adversários políticos.

Tudo leva a crer, que esta aparente aber-tura do regime de Putin, não foi mais nem menos, que o preço que se dispôs a pagar para salvar a face destes Jogos com sede na cidade de Sochi.

Durou muito pouco esta aparente bene-volência, uma vez que a polícia de Putin, um dia depois da cerimónia de encerramento

MAR

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dos jogos, prendeu duzentas pessoas, entre as quais estavam Nádia e Maria elementos do grupo musical Pussy Riot por gritarem” Liberdade” e “ Rússia sem Putin”

Mas, se a festa foi bonita e Putin espera-va rentabiliza-la politicamente, os recentes acontecimentos em Kiev, constituíram um sério revés, para já, nas ambições expan-sionistas do antigo chefe da polícia secreta da ex-URSS.

Para retirar o brilho a este dispendioso acontecimento desportivo, a televisão públi-ca WDR da Alemanha, noticiou no dia 25, dois dias após o encerramento dos Jogos, que os atletas da Rússia estariam dopados com gás xénon, cujo efeito é melhorar a produção de (EPO) Eritropoietina, substância capaz de aumentar em 160% a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue, aumentando conside-ravelmente as capacidades de resistência nos atletas e permitindo recuperações do esforço em muito menos tempo.

Este assunto está já a ser estudado por especialistas alemães, nomeadamente pelo médico Wilhelm Schänzer, um especialista muito conceituado nesta matéria.

No passado, já o jornal britânico The Economist, havia noticiado a utilização deste gás sem cor e sem cheiro e difícil de detectar.

A ser verdade, os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, organizados pela Rússia na cidade de Sochi, poderão vir a ficar na história pelas piores razões!

Entretanto, em resposta à polémica do uso do gás xénon, pelos atletas da Rússia, Vladimir Uiba, responsável da agência fede-ral russa de biomedicina, veio a público dizer que” os atletas russos de alta competição recorrem à inalação do gás xénon desde os Jogos Olímpicos de Atenas-2004. É possível que os atletas tenham recorrido à inalação de xénon, mas isso não tem mal nenhum. Não é ilegal, não destrutivo e não provoca efeitos secundários” afirmou o sr. Vladimir em comunicado divulgado pela televisão alemã WDR, sem no entanto negar, que a sua inalação provoca o aumento da percen-tagem do número de glóbulos vermelhos na corrente sanguínea, resultando daí quer um aumento da capacidade de esforço quer na diminuição dos tempos de recuperação desse mesmo esforço.

Veremos como vai ser resolvido este im-bróglio pelo Comité Olímpico Internacional?

Uma coisa é certa: o gás xénon não faz parte da lista específica das substâncias proibidas, mas por outro lado, é também ver-dade, que no documento sobre esta matéria, está escrito ser proibido a qualquer atleta, recorrer a qualquer forma não especifica que lhe aumente as suas capacidades, para daí tirar proveito.

Page 20: Hoje Macau 11 MAR 2014 #3047

hoje macau terça-feira 11.3.2014

Crimeia Anexação à Rússia poderá ser concluída em mesesO primeiro-ministro pró-russo da Crimeia, Serguei Aksionov, deixou a promessa de trabalhar 24 horas por dia, caso o referendo de dia 16 de Março dê a vitória ao sim, confirmando a intenção da incorporação da República Autónoma da Crimeia na Rússia. “Se a consulta popular disser que sim, que a Crimeia deve formar parte da Rússia, começaremos a trabalhar 24 horas por dia”, disse o líder pró-russo, em entrevista divulgada hoje pela agência russa RIA-Novost. O primeiro-ministro da Crimeia, cuja legitimidade não é reconhecida pelo Governo de Kiev, sublinhou que a verificar-se a anexação será necessário um período de transição que passará pela adopção do rublo como moeda oficial.

Papa visita Coreiado Sul em AgostoO Papa Francisco vai visitar a Coreia do Sul em Agosto, entre dias 14 e 18. É uma resposta a um convite já feito pela presidente Park Geun-Hye e inserida nas jornadas de juventude asiáticas, de 10 a 17 de Agosto. Será a terceira viagem ao estrangeiro depois as jornadas mundiais da Juventude no Rio de Janeiro, e da que vai ainda fazer à Terra Santa em Maio.

Portugal Jurosda dívida aliviampara mínimos de 2010Os juros da dívida soberana de Portugal a dois e 10 anos estavam ontem a atingir mínimos de 2010. Pelas 9h (hora local), os juros a 10 anos estavam a recuar para 4,572%, contra os 4,577% no final da sessão de sexta-feira, em mínimos de Maio de 2010. No prazo de dois anos, os juros estavam igualmente a aliviar, ao serem negociados a 1,643%, depois de terem encerrado na sexta-feira a 1,677%, batendo em mínimos de Abril de 2010.

Síria Fotógrafoluso-descendente morre em explosãoAli Mustafa, fotógrafo freelancer canadiano de 29 anos, filho de imigrantes portugueses e paquistaneses, perdeu a vida este domingo na cidade de Aleppo, no norte da Síria, durante uma explosão, que também matou sete bombeiros. O ataque terá sido levado a cabo por forças do regime sírio, que largaram dois barris com explosivos sobre Hadariyeh, uma zona da cidade de Aleppo que é controlada por rebeldes. Foi Justina Rosa Botelho, irmã de Ali Mustafa, a confirmar o óbito do irmão, depois de ter recebido uma fotografia do corpo, enviada pelos rebeldes. “Ele apenas queria que o mundo tivesse conhecimento dos direitos humanos e das coisas horríveis que lá acontecem. Ele tinha uma enorme paixão em fazer o mundo saber estas coisas”, afirmou Justina Rosa Botelho à Associated Press. Ali Mustafa, que nasceu em Toronto, vendia fotografias para as agências EPA e SIPA, as quais garantiram que o luso-descendente colaborava com elas há pouco tempo.

Espanha Um dos mortos em naufrágioé portuguêsUm dos dois corpos recuperados no naufrágio do pesqueiro português Santa Ana, nas Astúrias, é de um dos dois portugueses a bordo, de acordo com a empresa armadora, sendo o outro espanhol. O barco tinha nove tripulantes. Há ainda seis desaparecidos, falta apurar se os seis estão dentro da embarcação. Foi recuperado o mestre, espanhol, recolhido por outro barco de pesca. O pesqueiro estava registado no porto de Leixões.

Lazer “Watch Dogs” lançado a 27 de MaioO estúdio Ubisoft confirmou que “Watch Dogs”, um dos jogos para consola e computador mais aguardados do ano, será lançado no mercado a 27 de Maio para as plataformas Xbox One, Xbox 360, PlayStation 3, PlayStation 4 e PC. O lançamento para a Wii U irá acontecer depois. “Estamos muito satisfeitos por anunciar a todos os jogadores em todo o mundo a nova data de lançamento de Watch Dogs”, afirmou o vice-presidente Geoffroy Sardin. O dirigente assegurou que o tempo extra que recebeu serviu para melhorar todos os aspectos do jogo e que irá merecer a espera.

TIMOR-LESTE PROBLEMAS EM BAUCAU CONTROLADOS

Situação de acalmia

cartoon por Stephff

TRAGÉDIA

O Governo timorense disse ontem que a situação de segu-rança em Laga, a

leste de Baucau, foi controlada, depois de uma operação da polícia timorense que provocou um ferido e a detenção de dois indivíduos. “Durante uma operação em Laga (Baucau), houve um pequeno inci-dente ocorrido ao início da manhã de hoje quando dois membros da Conselho de Revolução Maubere acenderam uma garrafa com gasó-leo e a atiraram para o sítio onde estava a polícia, provocando feri-mentos num membro da polícia”, refere, em comunicado enviado à agência Lusa, a Secretaria de Estado de Segurança.

“A polícia tomou medidas imediatas, que culminaram na detenção de dois suspeitos e a situação em Baucau, em particu-lar em Laga, está sob controlo e voltou ao normal”, salienta a Se-cretaria de Estado de Segurança.

A operação da polícia ocorreu no âmbito da resolução aprovada a semana passada pelo Parla-mento timorense que condena o que considera serem tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado protagonizadas pelo Con-selho de Revolução Maubere, liderado pelo antigo comandante da guerrilha Mauk Moruk, e pelo Conselho Popular da Defesa (Democrático) da República de Timor-Leste (CPD-RDTL).

Segundo o comunicado, para implementar a resolução do Parlamento, a polícia timorense está a pedir aos membros daque-les dois grupos para cessarem actividades, para cooperarem e entregarem as suas fardas mili-tares e entregarem-se às forças de segurança.

Os dois grupos são acusados pelo Parlamento de realizarem paradas militares, recolherem

ilegalmente dinheiro junto das pessoas e ameaçarem e fazerem acusações contra as autoridades do Estado. “Perante a resistência de alguns membros dos grupos, a Polícia Nacional de Timor--Leste está actualmente a fazer operações em todos os distritos do país, para garantir o fim das actividades e a recolha de fardas militares”, acrescenta o comuni-cado. - Lusa