históriahistória clínica clínica tomografiatomografia...

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03/07/2012 1 Ação: organizando um ambulatório para acompanhamento de pacientes portadores de bronquectasias Mônica Corso Pereira Unicamp e PUC Campinas (SP) Ambulatório para acompanhamento de pacientes portadores de bronquectasias História História clínica clínica Tomografia Tomografia computadorizada computadorizada da da alta alta resolução resolução Imunoglobulinas Imunoglobulinas Cloro Cloro no no suor suor Espermograma Espermograma IgE IgE, RAST , RAST para para Aspergillus Aspergillus Pesquisa Pesquisa e e cultura cultura de de BAAR e BAAR e fungos fungos Triagem Triagem doença doença do do colágeno colágeno Causas Causas e e situações situações associadas associadas às às bronquectasias bronquectasias? Qual Qual a a melhor melhor classificação classificação? Congênitas Fibrose Cística Discinesia ciliar Imunodeficiência humoral Hipergamaglobulinemia Síndrome de Young Agenesia de cartilagem Deficiência de alfa-1 anti- tripsina Síndrome de Swyer-James Sequestro pulmonar Síndrome da unha amarela Adquiridas Infecções pulmonares virais: sarampo, coqueluche, adenovirus Infecções pulmonares bacterianas: Staphylococcus aureus, Haemophilus influenza, Mycoplasma pneumoniae, anaeróbios, Mycobacterium tuberculosis, micobactérias atípicas, entre outras Bronquite crônica tabágica SIDA Doenças auto-imunes Asma brônquica Obstruções brônquicas Aspiração de conteúdo gástrico Inalação de substâncias tóxicas Aspergilose broncopulmonar alérgica Doença do hospedeiro versus enxerto

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03/07/2012

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Ação: organizando um ambulatório para acompanhamento de pacientes portadores de bronquectasias

Mônica Corso PereiraUnicamp e PUC Campinas (SP)

Ambulatório para acompanhamento de pacientes portadores de bronquectasias

HistóriaHistória clínicaclínica

TomografiaTomografia computadorizadacomputadorizada dadaaltaalta resoluçãoresolução

ImunoglobulinasImunoglobulinas CloroCloro no no suorsuor EspermogramaEspermograma

IgEIgE, RAST , RAST paraparaAspergillusAspergillus

PesquisaPesquisa e e culturacultura de de BAAR e BAAR e fungosfungos

TriagemTriagem doençadoença do do colágenocolágeno

CausasCausas e e situaçõessituações associadasassociadas àsàs bronquectasiasbronquectasias??QualQual a a melhormelhor classificaçãoclassificação??

Congênitas Fibrose CísticaDiscinesia ciliarImunodeficiência humoralHipergamaglobulinemia Síndrome de Young

Agenesia de cartilagemDeficiência de alfa-1 anti-tripsinaSíndrome de Swyer-JamesSequestro pulmonarSíndrome da unha amarela

Adquiridas Infecções pulmonares virais: sarampo, coqueluche, adenovirusInfecções pulmonares bacterianas: Staphylococcus aureus, Haemophilus influenza, Mycoplasma pneumoniae, anaeróbios, Mycobacterium tuberculosis, micobactérias atípicas, entre outrasBronquite crônica tabágica

SIDADoenças auto-imunesAsma brônquicaObstruções brônquicasAspiração de conteúdo gástricoInalação de substâncias tóxicasAspergilose broncopulmonar alérgicaDoença do hospedeiro versus enxerto

03/07/2012

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FichaFicha de de coletacoleta de dadosde dados

Nome: _________________________________ _______________ HC: __________________

DN: ___/___/____ Primeiro atendimento ambulatorial: ___/___/____ Fem ( ) Masc ( )

Consulta de _____/_____/_____, refere persistência ou recorrência dos seguintes sintomas:

Tosse ( ) Produção de Secreção ( ) Dispneia aos esforços ( ) Sibilância ( )

Exame Físico : baqueteamento digital ( ) Alteração persistente na ausculta pulmonar ( )

SpO2____% Peso:____ Altura:_____ IMC:_____ Outros achados relevantes : ___________

______________________________________________________________________________

Tabagismo : Nunca fumou ( ) Fumante atual ( ) Ex-fumante ( ) Carga tabágica ____(AM)

Antecedentes Respiratórios :

• Idade no início dos sintomas : ≤ 18 anos ( ) >18 anos ( )

• Tratou de TBC ? Não( ) Sim( ); Tinha BK positivo? (na época): Não( ) Sim( ) Não sabe ( )

• Diagnóstico de Pneumonia : Não( ) Sim ( ) Se sim, quantas vezes ________________

• Sinusites anteriores : Não( ) Sim( ) Otites anteriores :Não( ) Sim( )

• Diagnóstico de Asma na infância? Não( ) Sim( )

• Cirurgia torácica? Não( ) Sim( ) Se sim, qual e quando? __________________________

• Outros _____________________________________________________________________

Diagnóstico : Fibrose Cística ( ) Discinesia Ciliar * ( ) Sequela Tbc ( )

Deficiências de Imunoglobulinas ( ) (qual?_________) ABPA ( ) HIV ( )

Doenças do colágeno ( ) (qual?_________) Idiopática ( ) *Situs inversus? Não( ) Sim( )

Exames Realizados para o Diagnóstico :

1) TCAR : datas: (___/___/___) (___/___/___) (___/___/___)

2) Teste do Suor Na _____ Cl _____ (___/___/___) Na _____ Cl _____ (___/___/___)

Na _____ Cl _____ (___/___/___)

3) Imunoglobulinas :IgG ____ IgA ____IgM____(___/___/___) IgG ____ IgA ____IgM____(___/___/___)

4) IgE (1)_____ (___/___/___) (2)_____ (___/___/___)

5) Espermograma (___/___/___) Não realizado ( )

Assinalar resultado conforme faixas de referência: Bom (B), Moderado (M), Ruim (R)

Contagem (número total) ( ) Motilidade ( ) Vitalidade ( )

6) Doença do colágeno Não ( ) Sim ( ) Especifique (___/___/__) __________________________

7) Outros: _____________________________________________________________________________

FICHA PARA DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES PORTADORES DE BRONQUIECTASIAS

Acompanhamento

Cultura de Escarro Datas

Agentes

BAAR Datas

Pesquisa

Cultura

Fungos Datas

Pesquisa

Cultura

TC 6 minutos (tempo zero, em 6 minutos, recuperação após 3 minutos)

Datas / / / / / / / / / /

Distância (m)

SpO2 Inicial/final/ recuperação

/ / / / / / / / / /

PA Inicial/final/ recuperação

/ / / / / / / / / /

FC Inicial/final/ recuperação

/ / / / / / / / / /

Borg Inicial/final/ recuperação

/ / / / / / / / / /

Espirometria

Data Data Pré-BD Pós-BD Pré-BD Pós-BD L % prev L % prev L % prev L % prev CVF CVF VEF1 VEF1 VEF1/CVF VEF1/CVF FEF 25-75 FEF 25-75 CV CV Data Data Pré-BD Pós-BD Pré-BD Pós-BD L % prev L % prev L % prev L % prev CVF CVF VEF1 VEF1 VEF1/CVF VEF1/CVF FEF 25-75 FEF 25-75 CV CV

PapelPapel dada TomografiaTomografia no no diagnósticodiagnóstico

� Técnica de alta resolução

� Avaliação de gravidade e extensão do quadro

� Sinais de acometimento de pequenas viasaéreas (correlação com função pulmonar)

� Procurar achados específicos(?)

FC

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FC

DC

GVHD

03/07/2012

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FC

SIDA e bronquiolite

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Monitorização da qualidade de vida Monitorização da qualidade de vida nos doentes bronquectásicosnos doentes bronquectásicos

�� 86 pacientes86 pacientes�� Dados clínicos, sintomas, extensão das bronquectasias, Dados clínicos, sintomas, extensão das bronquectasias,

variáveis funcionais, achados laboratoriais, medicações variáveis funcionais, achados laboratoriais, medicações em fase aguda e crônica, número de exacerbações, em fase aguda e crônica, número de exacerbações, qualidade de vida (SGRQ)qualidade de vida (SGRQ)

�� Dispneia, VEF1 e produção de secreção apresentaram Dispneia, VEF1 e produção de secreção apresentaram maior correlaçãomaior correlação

MartinezMartinez--Garcia et alGarcia et al CHEST 2005; 128:739CHEST 2005; 128:739––745745

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Monitorização da qualidade de vida Monitorização da qualidade de vida nos doentes bronquectásicosnos doentes bronquectásicos

�� 86 pacientes86 pacientes�� Dados clínicos, Dados clínicos, sintomas, extensão das bronquectasiassintomas, extensão das bronquectasias, ,

variáveis funcionais, achados laboratoriais, medicações variáveis funcionais, achados laboratoriais, medicações em fase aguda e crônica, número de exacerbaçõesem fase aguda e crônica, número de exacerbações, , qualidade de vida (SGRQ)qualidade de vida (SGRQ)

�� Dispneia, VEF1 e produção de secreção apresentaram Dispneia, VEF1 e produção de secreção apresentaram maior correlação maior correlação –– fatores quem em conjunto explicam fatores quem em conjunto explicam 55% da variabilidade no questionário de qualidade de 55% da variabilidade no questionário de qualidade de vida.vida.

MartinezMartinez--Garcia et alGarcia et al CHEST 2005; 128:739CHEST 2005; 128:739––745745

AcompanhamentoAcompanhamento

� Número de exacerbações, antibióticos usados� Quantidade e aspecto da secreção� Sintomas diários (tosse, expectoração, cansaço,

atividades da vida diária)� Adesão ao tratamento prescrito

BTS guideline for nonBTS guideline for non--CF CF bronchiectasisbronchiectasis, , ThoraxThorax Julho2010, Julho2010, volvol 6565

Fatores associados com a queda da função Fatores associados com a queda da função pulmonar em pacientes bronquectásicos pulmonar em pacientes bronquectásicos

(não(não--FC) adultosFC) adultos�� 76 pacientes, 48% de homens, idade 69,9 anos, 76 pacientes, 48% de homens, idade 69,9 anos,

seguidos por 2 anosseguidos por 2 anos�� Queda de 52mL de VEF1/anoQueda de 52mL de VEF1/ano

�� Colonização por Pseudomonas (OD 30,4; p=0,005)Colonização por Pseudomonas (OD 30,4; p=0,005)�� Mais de 1,5 exacerbação grave /ano(OD 6,9; Mais de 1,5 exacerbação grave /ano(OD 6,9;

p=0,014)p=0,014)�� Mais inflamação sistêmica(OD 3,1; p=0,023)Mais inflamação sistêmica(OD 3,1; p=0,023)

MartinezMartinez--Garcia et al, CHESTGarcia et al, CHEST 2007. 132:15652007. 132:1565--1572 1572

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AcompanhamentoAcompanhamento

� Microbiologia do escarro(coletas frequentes)

� Espirometria (anual)� Outros exames

funcionais (TC6, porexemplo)

� Sinais de insuficiênciarespiratória crônica(SpO2, hipertensãopulmonar)

� Exames de imagem

Acompanhamento

Cultura de Escarro Datas

Agentes

BAAR Datas

Pesquisa

Cultura

Fungos Datas

Pesquisa

Cultura

TC 6 minutos (tempo zero, em 6 minutos, recuperação após 3 minutos)

Datas / / / / / / / / / /

Distância (m)

SpO2 Inicial/final/ recuperação

/ / / / / / / / / /

PA Inicial/final/ recuperação

/ / / / / / / / / /

FC Inicial/final/ recuperação

/ / / / / / / / / /

Borg Inicial/final/ recuperação

/ / / / / / / / / /

Espirometria

Data Data Pré-BD Pós-BD Pré-BD Pós-BD L % prev L % prev L % prev L % prev CVF CVF VEF1 VEF1 VEF1/CVF VEF1/CVF FEF 25-75 FEF 25-75 CV CV Data Data Pré-BD Pós-BD Pré-BD Pós-BD L % prev L % prev L % prev L % prev CVF CVF VEF1 VEF1 VEF1/CVF VEF1/CVF FEF 25-75 FEF 25-75 CV CV

1999

AcompanhamentoAcompanhamento –– exameexame de de imagemimagem

1999

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2000

2010

2010

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FC

FC

Manejo: Nível secundário

� Todas as crianças com bronquectasias� Pacientes colonizados cronicamente com Pseudomonas

aeruginosa, MBNT, Stafilo aureus� Evidência de deterioração funcional� Exacerbaçoes frequentes (>3/ano)

� Pacientes em uso de antibiótico profilático� Pacientes com bronquectasias associadas à AR, doença

inflamatória intestinal, discinesia ciliar, imunodeficiências� ABPA

� Pacientes com Insuficiência Respiratória crônica e em consideraçãopara transplante pulmonar

BTS guideline for nonBTS guideline for non--CF CF bronchiectasisbronchiectasis, , ThoraxThorax Julho2010, Julho2010, volvol 6565

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� Um dos pilares do tratamento dos pacientes bronquectásicos

� Faltam estudos robustos nos pacientes com BCT não FC

� Adesão do paciente é fundamental

Equipe multidisciplinar:Fisioterapia respiratória

Ciclo respiratório ativoOscilação torácica expiratóriaEquipamentos com pressão +

Drenagem posturalFlutterUmidificação do ar inspirado

Manejo das exacerbações

� Colher escarro previamente à introdução dos antibióticos

� Coleta periódica de cultura do escarro pode ser útil

� Orientar o paciente quanto aos sinais e significado da mudança nos sintomas basais, e como proceder

Equipe multidisciplinar:Enfermeira� Enfermagem treinada com experiência em

medicações inalatórias – fundamental

� Antibióticos inalados� Medidas de higiene com pacientes

colonizados por Pseudomonas e outrosbichos

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Cuidados no manejo ambulatorial –infecção cruzada

� Spread of β-lactam-resistant Pseudomonas aeruginosa in a cystic fibrosis clinic� 120 crianças com FC� 92/120 – colonizadas por pseudomonas� 65/92 – resistentes à cefatazidime� 55/65 – mesma cepa (análise genômica das cepas

isoladas)

Cheng K et al , The Lancet,Vol 348:639 - 642, 1996

Changing Epidemiology of Pseudomonas aeruginosaInfection in Danish Cystic Fibrosis Patients (1974–1995)

� Culturas de escarro mensais (1974-1995)� Prevalência mensal de PA aumentou de <40% em 1976 para > 80%

em 1980

� Infecção cruzada?� 1981 – Isolamento/separação de pacientes colonizados – queda

progressiva até 1989� Incidência anual também caiu de 16 para 2% após introdução da

separação dos pacientes e tratamento intensivo da primeira colonização

� Tempo de aquisição da primeira Pseudomonas: 1 para 4 anos após introdução dos procedimentos de separação (isolamento)

Frederiksen B, Pediatr Pulmonol. 1999; 28:159–166. 1999

Como o nebulizador deve ser limpo e mantido?

� Nebulizadores podem ser origem de contaminação bacteriana� O método ideal para limpar nebulizadores ainda não está bem

estabelecido� Pacientes devem seguir as recomendações técnicas� O equipamento deve ser lavado e seco totalmente após cada

utilização� Lavagem de mãos� Esterilização uma vez/semana (fluido esterilizante ou fervura)� Secagem total é essencial

� Troca do filtro (cada 3 meses?)� Nebulizadores e sistemas de compressão hospitalares – procedimentos

periódicos

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Antibióticos inalados causam algumrisco para os profissionais de saúde oucuidadores?

� Ocasionalmente, já foi descrito rash cutâneo oubronconstricção em cuidadores

� É recomendada a colocação de um filtro naporta expiratória do nebulizador para evitar a contaminação ambiental

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44

0

20

40

60

80

100

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Bronquectasias não FC Fibrose Cística

Pacientes acompanhados no ambulatório da Unicamp (N=157)

2 2 2 2 3

21

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44

0102030405060708090

Pacientes acompanhados no ambulatório da Unicamp (N=157)

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Pacientes acompanhados atualmente no ambulatório da Unicamp (N=157)

Fibrose Cística (N=44)

Não Fibrose Císitica

(N=113)

CVF % Média ± dp 57 ± 15,96 56.55 ± 19,1

VEF1 % Média ± dp 1.38 ± 0,84 1.36 ± 0,5

Sat O2 aa Média± dp 93.05 ± 4,81 94.47± 3,26

Idade Média Média± dp 57.1 ± 18 51.14 ± 17,8

SexoFeminino 63% 60%

Masculino 37% 40%

Idade no início

Sintomas

< = 18 26% 35%

> 18 61% 39%

Informação não disponível 13% 26%

Trat. Anterior Tb

Não 59% 48%

Sim 19% 14%

Informação não disponível 22% 38%

Pseudomonas

Positivo 2 exames 11% 8%

Negativo 16% 13%

Não consta esta informação 59% 67%

Positivo 1 exame 14% 12%

Sugestões

� Equipe multidisciplinar� Enfermeira, fisioterapeuta, nutricionista

� Investigação diagnóstica de maneira sistemática� Parceria com laboratório de microbiologia, coletas frequentes de

amostras para cultura

� Cuidados com doentes colonizados cronicamente� Separar pacientes? (dia de atendimento?)� Fazer intervenções terapêuticas

� Monitorizar com cuidado a evolução funcional dos pacientes

ObrigadaObrigada pelapela atençãoatenção!!