gestão em enfermagem para totós

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Sobreviver à Cadeira Tirar 20 na Frequência Acabar por gostar de Gestão em Enfermagem PAULO J.S. COSTA

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Gestão em Enfermagem

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Page 1: Gestão em Enfermagem para Totós

• Sobreviver à Cadeira

• Tirar 20 na Frequência

• Acabar por gostar de Gestão em

Enfermagem

PAULO J.S. COSTA

Page 2: Gestão em Enfermagem para Totós

• O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

– Definição de Organização;

– Níveis organizacionais;

– Estrutura Organizacional;

– Características únicas;

– Controlo Organizacional;

– Ambiente Organizacional;

– Importância dos

trabalhadores;

– Níveis de Gestão;

– A Mudança Organizacional;

– Serviço de Aprovisionamento;

– Materiais e Stocks.

• PROCESSO ADMINISTRATIVO

– Funções do Gestor;

– Teorias da Administração

Cientifica (Taylor);

– Teoria da Administração

Clássica (Fayol);

– Teoria da Burocracia (Weber);

– Teoria das Relações Humanas;

– Teoria do Racionalismo

Sistémico;

– Teoria Contingencial.

• A GESTÃO E A SAÚDE

– Profissionais de Saúde;

– Mercado Cuidados de Saúde

(Características, Externalidades

e Relação de Agência

Imperfeita).

• A GESTÃO E A ENFERMAGEM

– Avaliação do Desempenho;

– SIADAP;

– Conteúdo Funcional do

Enfermeiro;

– Padrões Qualidade em

Enfermagem;

– Métodos Prestação de

Cuidados.

SUMÁRIO

2 Paulo J.S. Costa

Page 3: Gestão em Enfermagem para Totós

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

As organizações são entidades que:

¾ São constituídas por um conjunto de indivíduos e ou grupos

interrelacionados;

¾ Definem intencionalmente objectivos;

¾ Apresentam especificidade e diferenciação de funções;

¾ São coordenadas de forma racional e intencional;

¾ Apresentam continuidade temporal;

¾ Têm lideres e/ou administradores;

¾ Têm uma estrutura hierárquica.

Entidades sociais que são dirigidas por metas, são projetadas por sistemas de actividades deliberadas, estruturadas e coordenadas, interligadas ao ambiente externo, sendo o seu elemento principal as pessoas e seus inter-relacionamentos

(Daft, 1999) Coletividades capazes de alcançar os seus objectivos por permitirem àqueles que nelas trabalham o alcance dos seus próprios objectivos.

(Kamoche, 2001)

3 Paulo J.S. Costa

Page 4: Gestão em Enfermagem para Totós

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

NIVEIS ORGANIZACIONAIS

MICRO

Comportamentos Cognições individuais

Dinâmicas de grupo

MESO

Estratégia Estrutura

Processos

MACRO

Teoria das organizações

Contexto Organizacional

Teorias Organizacionais

• MICRO – relativo ao funcionamento individual ou de pequenos grupos da organização.

Têm em conta o aspecto cognitivo e dinâmico dos indivíduos.

• MESO – analisa estratégias e processos adotados ao longo da estrutura da organização. O

individuo e grupos deixa de ser avaliado, passando a ser importante qual a metodologia em

vigor na organização.

• MACRO – a organização é avaliada pelo modelo conceptual em vigor. Não interessa o

quem?, onde? e quando?, mas sim o como. A organização é analisada segundo o modelo

teórico que usa na sua génese e desenvolvimento.

4 Paulo J.S. Costa

Page 5: Gestão em Enfermagem para Totós

Segundo Robins (1990) uma estrutura organizacional define a atribuição de tarefas (quem desempenha o quê), as relações de autoridade (quem gere/lidera o quê/quem) e os mecanismos de coordenação formal das actividades (como se processam as coisas). Podemos afirmar que ao definir a estrutura de uma organizacional, identificamos quais as secções e agrupamentos existentes, realçando e estabelecendo as relações entre os mesmos, de forma a assegurar uma comunicação e coordenação efetiva entre si. Para determinar uma estrutura, factores como a dimensão da organização, a tecnologia existente e utilizada, o meio envolvente e a estratégia utilizada são importantes . Numa organização existem 4 formatos estruturais:

• Estrutura funcional;

• Estrutura multidivisional;

• Estrutura matricial;

• Estrutura em rede.

Sinais de deficiência estrutural (Daft, 1998)

• Lentidão, adiamento ou fraca qualidade das decisões;

• Incapaz de dar resposta à mudança;

• Níveis de conflito elevados.

Em termos de diferenciação da estrutura organizacional, esta poderá ser

horizontal (departamentalização) ou vertical (hierarquização).

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

5 Paulo J.S. Costa

Nidia Dias
Nidia Dias
Page 6: Gestão em Enfermagem para Totós

Organizações diferem de outras coletividades por possuírem características

próprias, tais como:

1. TRABALHO – realização de tarefas que envolvem o dispêndio de esforço mental e

físico com o objetivo de produzir bens e serviços que satisfaçam as necessidades

humanas.

2. HIERARQUIA – Existe uma diferenciação de poder, ou seja, uma hierarquia na

autoridade de cada um.

3. OBJETIVOS – que devem ser mensuráveis, congruentes, priorizados e exequíveis.

Numa organização, existem três tipos de objectivos: organizacionais, individuais e

sociais .

4. EFICÁCIA/EFICIÊNCIA – Eficácia corresponde ao alcançar de objetivos, metas e

resultados planeados (não confundir com eficiência, que é o alcance

da eficácia com o menos recursos possíveis. Só tem sentido falar de eficiência se

a eficácia foi alcançada).

5. FRONTEIRAS – todas as organizações têm limites que determinam os seus

relacionamentos para a troca de bens e serviços com a envolve e que os distingue

de outras organizações.

6. CONTROLO – Todas as organizações dispõem de um sistema de controlo que deve

assegurar a adaptação da organização. Para melhorar e se tornar autossuficiente e

competitiva, devem ser tidos em conta os fluxos de informação sobre a eficácia e

eficiência do desempenho de cada sector da organização – processo de

autoavaliação.

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

6 Paulo J.S. Costa

Page 7: Gestão em Enfermagem para Totós

Em que deve consistir o Controlo numa organização?

¾ Deve clarificar o que a organização espera do indivíduo;

¾ Deve percepcionar a influência dos indivíduos sobre a situação de trabalho;

¾ Deve incluir uma avaliação formal e contínua.

Contudo, o controlo na organização pode ser difícil dado que:

• Pode ser interpretado como forma de dominação;

• As características pessoais podem ser um entrave à aceitação do processo de

controlo;

• Nem todos os indivíduos aceitam submeter-se à importância dos objectivos

organizacionais;

•A adopção de comportamentos extremamente compatíveis com os controlos nem

sempre é bem conseguida por todos os membros de uma organização.

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

Estabelecimento de padrões

Medição do desempenho

face aos padrões estabelecidos

Acção corretivas dos desvios sinalizados

7 Paulo J.S. Costa

Page 8: Gestão em Enfermagem para Totós

O ambiente onde a organização se insere não é um entidade estática, mas sim um

sistema aberto e dinâmico. O desenvolve tecnológico, a expansão de mercados e

as transformações socioeconómicas podem condicionar um ambiente

organizacional.

Podemos considerar três realidades:

Ambiente interno – inerente à própria organização.

Envolvente Transacional – composto por um conjunto de entidades, indivíduos ou

organizações que de alguma forma se relacionam com a organização (por exemplo,

fornecedores, trabalhadores, acionistas, clientes, etc.);

Envolvente Contextual – o contexto/realidade em que a organização se insere

(características sociais, culturais, políticas éticas, económicas, etc.).

A sobrevivência e o desenvolvimento de uma organização irá depender

fortemente da sua capacidade para afirmar a sua singularidade no meio em que se

encontra inserida, dado que é neste que se negoceia a obtenção dos recursos

necessários e é nele que se inserem os seus clientes (por exemplo).

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

8 Paulo J.S. Costa

Utilizador
Page 9: Gestão em Enfermagem para Totós

Se falamos de ambiente, é imperativo afirmar que as organizações dependem das

pessoas que nelas trabalham, dado que são estas que lhe dão “vida” em termos

de dinâmica, criatividade, racionalidade e competitividade.

Comportamento organizacional – comportamento humano no local de trabalho.

Define a interacção e influência entre as pessoas e a organização.

Capital intelectual – simboliza a importância do fator humano na era da

informação. Cada individuo passa a ser visto como um agente proactivo, dotado de

uma visão e nível de intelectualidade própria.

Capital humano – simboliza o potencial produtivo do conhecimento e das acções

do individuo. Os trabalhadores deixam de ser vistos como passivos, mas sim

empreendedores, capazes de inovar e decidir.

Capital social – os indivíduos apresentam um potencial produtivo de

relacionamentos forte devido a características como boa vontade, confiança,

esforço cooperativo.

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

9 Paulo J.S. Costa

Page 10: Gestão em Enfermagem para Totós

Como já vimos anteriormente, gestão consiste num processo de facilitação na

consecução de objectivos de uma organização, de forma a atingir de forma eficaz e

eficiente uma meta colectiva. É então importante conhecer quais os níveis de

gestão existentes:

• Institucional – forte componente estratégica. Dá-se primazia à formulação de

politicas gerais que vão afectar a empresa a médio/longo prazo .

• Intermédio – componente táctica que se caracteriza pela movimentação de

recursos a curto prazo e elaboração de planos para determinado sector da

empresa.

• Operacional – predomina a componente técnica. Preocupa-se essencialmente

com a execução de tarefas.

MUDANÇA ORGANIZACIONAL

A mudança organizacional, enquanto dimensão da gestão, é um processo contínuo

de desenvolvimento organizacional, como forma de adaptação às contantes

exigências do meio envolvente, mantendo a coesão interna. Estas exigências

podem ser externas à organização (legislação, concorrência, novas tecnologias, …)

ou internas (insatisfação com o trabalho, mudanças na administração,…).

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

Factores de resistência à mudança: hábito, limitação de recursos, incerteza, medo, cansaço, ameaças reais, percepção de maior quantidade de trabalho, jogo de poder/influência, etc.

10 Paulo J.S. Costa

Utilizador
Page 11: Gestão em Enfermagem para Totós

Mudança Planeada: processo guiado pela gestão de topo, cujo finalidade é conduzir a organização de um estado A inicial

para um estado B mais favorável.

• Vantagens: a mudança planeada é um processo formalizado, tendo objectivos, metas, datas , entre outros, traçados

desde de início. Os gestores de topo planeiam e estudam a mudança. Desta forma, torna-se possível comparar

resultados com mudanças anteriores e futuras (porque existem dados concretos sobre se foram obtidos ganhos, ou

não). Além disto, toda a organização é foco deste processo.

• Desvantagens: se a mudança é implementada pelos gestores de topo, as razões por detrás da mesma podem não

ser transmitidas ao longo das diferentes partes da organização. As disputas políticas podem ocorrer, assim como a

negociação desta mudança (visto ser um processo formal e conhecido). Além disto, pode existir resistência à

mudança por parte dos indivíduos.

Mudança Emergente: processo complexo que nasce da necessidade do individuo em responder aos desafios com que se

confronta (processo auto-organizativo).

• Vantagens: a mudança emergente surge num determinado contexto da organização, o que dá possibilidade ao

individuo de ser criativo, autónomo e improvisar (ter uma acção reativa em vez de passiva). É possível controlar os

danos e aproveitar as oportunidades que surgem no momento. Assim, o processo de aprendizagem torna-se mais

natural, e existe maior abertura dos indivíduos em aceitar futuras mudanças, mesmo que planeadas.

• Desvantagens: se a mudança emergente surge num contexto único, a mesma pode não chegar a todas as secções de

uma organização (o que consome muito tempo e diminui a capacidade de resposta a ameaças que possam surgir).

Centra-se mais na operacionalidade do que na estratégia, dependendo da tecnologia e cultura existentes. Além disto,

é difícil dizer quando surgiu e quando terminou, podendo ser uma mudança que passe despercebida.

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

Os 2 tipos de mudança são essenciais e devem coexistir numa organização.

11 Paulo J.S. Costa

Page 12: Gestão em Enfermagem para Totós

APROVISIONAMENTO

A função do aprovisionamento é definida como o conjunto de operações que ocorrem para assegurar aos serviços utilizadores o fornecimento de materiais ou serviços, adquiridos no exterior, adequando à utilização a que se destinam, na quantidade necessária, com a qualidade exigível, nas datas de utilização previstas e por um custo total mínimo.

Função compra: é um acto comercial, limitado no tempo, que medeia entre a necessidade de consumo que se expressa e a altura em que o direito de propriedade do bem é transferido para a organização.

Então, compra-se para transferir a propriedade de um bem e aprovisiona-se para garantir a actividade normal da organização.

Gestão de Stocks – Que objectivos?

• Diminuir o número de dias de circulação de processos de aquisição;

• Reduzir o número de órgãos/serviços envolvidos;

• Centralizar os processos de organização;

• Ganhos em produtividade;

• Simplificar os procedimentos administrativos

• Negociar as condições de fornecimento (com ou sem vertente financeira);

• Possibilitar o alargamento de prazos de vigência dos produtos

• Garantir ganhos económicos/financeiros Î NEGOCIAÇÃO (sem negociação, o comprador limita-se simplesmente a aceitar a melhor oferta)

Paulo J.S. Costa 12

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

Nidia Dias
Page 13: Gestão em Enfermagem para Totós

GESTÃO DE STOCKS PODE SER:

• Física (existe espaço para a reposição de stocks?)

• Administrativa (há necessidade de repor stocks?)

• Económica (quanto custa repor o stock?)

O SERVIÇO DE APROVISIONAMENTO NA ESTRUTURA DO HOSPITAL

Pode estar dividido por:

• Estrutura por funções (quem faz o quê e como);

• Família de produtos .

Ciclo da função do aprovisionamento

1. Expressão das necessidades (é preciso algo);

2. Estudo do Mercado (o que há para comprar?);

3. Compra;

4. Execução do controlo do contrato;

5. Gestão de Stocks;

6. Distribuição (pelos serviços em necessidade);

7. Utilização;

8. Avaliação (foi uma boa compra?).

Paulo J.S. Costa 13

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

Page 14: Gestão em Enfermagem para Totós

Distribuição de Produtos na óptica do serviço fornecedor

• Níveis (sistema de reposição)

• Sistema por troca de carros

• Sistema de distribuição diária individualizada

CONCEITOS

• Stock – conjunto de materiais destinados à utilização pelo serviço.

– Normal: artigos consumidos regularmente (ex: compressas)

– Segurança/protecção: artigos destinados a situações resultantes de

atraso dos prazos de entrega dos fornecedores OU de consumos

imprevistos (ex: uma ampola extra de morfina)

– Afectado: conjunto de artigos destinados a fins específicos (ex: pedir

uma cânula interna para um utente único);

– Global: toda a existência física de determinado artigo;

– Stock máximo, médio e mínimo.

• Artigo – elementos constituintes do stock

• Item – variedade ou espécie de artigos

Paulo J.S. Costa 14

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

Page 15: Gestão em Enfermagem para Totós

Classificação de Materiais: artigos apresentam graus de importância, sendo

necessário defini-los de modo a equilibrar a minimização de custos do serviço

prestado.

Análise ABC

• Classe A (mais relevante) – produtos com maior consumo e/ou valor monetários,

cuja rotura teria consequências graves para unidade de saúde;

• Classe B (relevância intermédia);

• Classe C (artigos menos importantes).

O objectivo é facilitar a análise de artigos permitindo concentrar nos itens que

maiores benefícios trazem à organização.

Análise XYZ

• Classe X – materiais críticos não facilmente substituídos;

• Classe Y – materiais com grau de criticidade média;

• Classe Z – materiais mais críticos, ruptura coloca em risco os utentes.

O objectivo desta classificação é minimizar a falta de materiais elaborando

possíveis alterações de substituição, sem prejuízo para a organização e utentes.

Paulo J.S. Costa 15

1. O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES?

Page 16: Gestão em Enfermagem para Totós

2. PROCESSO ADMINISTRATIVO

A tarefa de gestor consiste em interpretar os objectivos e transformá-los em acção

empresarial, através do planeamento, organização, liderança e controlo de todos os

recursos de forma a conseguir a sua concretização.

• PLANEAR – determinar objectivos a médio/longo prazo, definir políticas a prosseguir e

fixar os recursos necessários para atingir os objectivos. Existem três níveis de

planeamento: estratégico, táctico e operacional.

• ORGANIZAR – Estabelecer relações formais entre os indivíduos, assegurando que a

pessoa certa se encontra no lugar certo. Define a estrutura e mecanismos de

coordenação, de forma a alcançar os resultados esperados com eficiência.

• LIDERAR – influenciar o comportamentos dos outros de modo a que eles atuem em

conformidade . É a capacidade de um indivíduo para influenciar, motivar e habilitar

outros a contribuíram para a eficácia e sucesso das organizações de que são membros

(House, 1999).

• CONTROLAR – compara o desempenho actual com os padrões previamente definidos.

Permite identificar desvios e implementar medidas corretivas.

16 Paulo J.S. Costa

Page 17: Gestão em Enfermagem para Totós

ABORDAGENS CLÁSSICAS

• Teoria da Administração Científica - Frederick Taylor (1856-1915)

Esta forma de administração das tarefas baseou-se na organização racional do trabalho do

operário (ao qual cabe receber e executar ordens). Determinou quanto os trabalhadores

deveriam ser capazes de produzir com o equipamento e material disponíveis. A

fragmentação do trabalho veio permitir a sua especialização. Do operário esperava-se

uma automatização, mera reprodução de movimentos mecânicos, completa, científica e

previamente definidos. Do supervisor esperava-se a especialização na função especifica de

supervisão. Tentava-se a completa automatização e especialização do trabalho.

Com a administração cientifica, as condições de trabalho passam a ser consideradas como

importantes elementos no aumento da eficiência, conforto do operário, e a melhoria do

ambiente físico passam a ser valorizados.

Taylor baseia, deste modo, a sua teoria em 4 princípios:

• Planeamento – determinar de modo eficiente e desenhar tarefas de forma racional;

• Preparação/Formação – selecionar pessoas de acordo com as suas características (de

forma a que estas sejam compatíveis com determinadas actividades). Treinar os

trabalhadores para que estes saibam o que fazer, como e em quanto tempo;

• Separação de responsabilidades – figura do supervisor passa a gerir o trabalhador;

• Controlo – controlar o desempenho dos trabalhador para garantir que os resultados são

atingidos. 17

2. PROCESSO ADMINISTRATIVO

Paulo J.S. Costa

Page 18: Gestão em Enfermagem para Totós

• Teoria Clássica da Administração - Henri Fayol (1841-1925)

Fayol preocupou-se fundamentalmente com a eficácia da organização pela adopção de uma estrutura adequada e de funcionamento compatível com essa estrutura (inaugurou uma visão anatómica e estrutural da empresa). Definiu 14 princípios gerais da administração: 1. Divisão do trabalho; 2. Autoridade e responsabilidade; 3. Disciplina; 4. Unidade de comando; 5. Unidade de direcção; 6. Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais; 7. Remuneração do pessoal; 8. Centralização; 9. Cadeia escalar; 10. Ordem; 11. Equidade; 12. Estabilidade e duração (num cargo) do pessoal; 13. Iniciativa; 14. Espírito de equipa.

Considerou 6 funções básicas na organização: 1. Operações técnicas – produção de bens ou serviços 2. Operações comerciais – compra, venda e permutação 3. Operações financeiras – procura e gestão de capitais; 4. Operações preventivas – protecção e preservação dos bens e pessoas; 5. Operações contabilísticas – inventários, registos, balanços, custos e estatísticas; 6. Operações administrativas- integração das outras 5 funções.

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2. PROCESSO ADMINISTRATIVO

Paulo J.S. Costa

Page 19: Gestão em Enfermagem para Totós

• Teoria da Burocracia - Max Weber (1864-1920) Conduziu a um tratamento equitativo de todos os empregados, uma vez que a cada trabalhador eram atribuídas áreas específicas de atuação e responsabilidade de acordo com as competências. ¾ A autoridade de cada individuo é delimitada pelas funções, direitos e deveres inerentes ao cargo que ocupa e o poder que possui depende exclusivamente desse cargo, conduzindo à impessoalidade das relações. ¾ Faz apelo ao uso intensivo de documentos escritos, com regras e regulamentos, que permitem ao gestor agir em função de regras consistentes, completas e que podiam ser ensinadas. ¾ Subordinados obedecem pelas condições definidas pela lei e não pela sua vontade. ¾ Subordinados nomeados com base em qualificações, garantidas por exame ou diploma.

Características:

• Carácter legal e normativo;

• Formalidade da comunicação;

• Racionalismo e divisão do trabalho;

• Impessoalidade e hierarquia;

• Rotinas e procedimentos padronizados;

• Meritocracia (salário e/ou elogio);

• Previsibilidade;

• Etc.

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2. PROCESSO ADMINISTRATIVO

Paulo J.S. Costa

Page 20: Gestão em Enfermagem para Totós

• Teoria das Relações Humanas - Teoria defendida por Elton Mayon, Maslow

(pirâmide), Herzverg, McGregor, entre outros.

Defende que os trabalhadores são sobretudo entes sociais, movidos por

necessidade de pertença e aceitação (o locus de empenhamento dos

trabalhadores é o grupo de trabalho).

¾ Dentro da organização formal existem organizações informais;

¾ Coexistem vários subgrupos dentro do grupo organizacional;

¾ Os trabalhadores reagem como membros de um grupo e não como indivíduos (modelo do

Homem Social);

¾ As pessoas são motivadas mais por necessidade de reconhecimento social do que por

benefícios materiais;

¾ A ênfase na pessoa substitui a ênfase que anteriormente se colocava nas tarefas e na

estrutura.

¾ A defesa da participação dos trabalhadores nas decisões que afetam o seu trabalho;

¾ O líder como elemento-chave para a moral e satisfação no grupo de trabalho;

¾ A importância de considerar o elemento humano e não apenas a eficiência como critérios de

avaliação organizacional.

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2. PROCESSO ADMINISTRATIVO

Paulo J.S. Costa

Page 21: Gestão em Enfermagem para Totós

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2. PROCESSO ADMINISTRATIVO

• Teoria do Racionalismo Sistémico – Kurcgant (1991)

Defende que uma organização é um sistema aberto, vivo, num processo de trocas

permanentes com os sistemas envolventes.

A Teoria Sistémica revela, assim, que a actividade em qualquer segmento de uma

organização afecta a actividade de todos os outros segmentos.

Explicou e realçou a importância de:

• Importação de energia;

• Processamento;

• Input e Output;

• Os sistemas como ciclos de acontecimentos;

• Entropia negativa;

• Input informativo, feedback negativo o

processo de codificação;

• Estado estacionário e homeostasia dinâmica;

• Diferenciação;

• Integração e coordenação;

• Equifinalidade.

3 PREMISSAS BÁSICAS:

• Sistemas existem dentro de

sistemas;

• Os sistemas são abertos;

• As funções de um sistema

dependem da sua estrutura.

Paulo J.S. Costa

Page 22: Gestão em Enfermagem para Totós

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• Teoria Contingencial – Emerge em 1960

A Teoria Contingencial surge de estudos que investigaram como uma mesma

instituição funcionava de diferentes modos em diferentes condições. É uma

reacção ao principio de que existe uma forma óptima de fazer.

Segundo esta teoria, o comportamento das organizações depende das variáveis

situacionais a que esta está sujeita, como por exemplo: ambiente externo,

factores tecnológicos, motivação e cultura organizacional.

Assim, e de acordo com as suas características, a organização tem que encontrar a

forma ideal de gestão. Nesta perspectiva, a organização é um sistema que

depende do meio onde está inserida, e dos subsistemas que a compõem.

Segundo a abordagem contingencial a organização é um sistema aberto, a sua

estrutura depende das variáveis situacionais que caracterizam a organização e não

uma forma óptima de fazer para todas as organizações.

2. PROCESSO ADMINISTRATIVO

“Concepção de que a técnica de administração que melhor contribui para o alcance de objectivos organizacionais pode variar em situações ou circunstâncias diferentes” (Stoner e Freeman, 1995).

Paulo J.S. Costa

Page 23: Gestão em Enfermagem para Totós

As estruturas hospitalares apresentam elevada diferenciação, sendo definidas como sistemas em que os elementos respondem em conjunto, embora preservando a sua diferenciação e entidade (equipas de enfermagem, equipas médicas, secretariados clínicos, etc.). A conexão imperfeita numa organização sugere a existência de elementos interdependentes relacionados entre si, mas capazes de um certo nível de independência.

Além disto, verifica-se uma grande autonomia por parte dos variados profissionais, o que é paradoxal dada a necessidade de coordenação das actividades internas da organização em saúde.

Ainda nesta óptica, o meio envolvente externo de uma organização em saúde também é fragmentado, caracterizando-se por diversos estímulos dispersos, por diferentes tipos de clientes e patologias e pela existência de expectativas incompatíveis ou contraditórias. Além disto, existem pressões em diferentes sentidos (as instituições de saúde querem menos custos e os utentes/profissionais melhor qualidade na prestação de cuidados).

23

3. GESTÃO E A SAÚDE

Paulo J.S. Costa

Page 24: Gestão em Enfermagem para Totós

O MERCADO DE CUIDADOS EM SAÚDE

O estudo de qualquer mercado deverá atender a 3 componentes fundamentais:

• Objecto de escolha (neste caso o bem são os cuidados de saúde);

• Comportamento dos agentes da procura (neste caso utentes/doentes);

• Comportamento do agente da oferta (profissionais de saúde).

Os cuidados de saúde constituem um bem cujo consumo, por si só, não

proporciona utilidade (apenas consumimos este bem para recuperar um estado

de saúde perdido/debilitado). Assim sendo, podemos considerar os cuidados de

saúde enquanto um bem sem utilidade intrínseca, associado a um estado de

necessidade dos utentes.

É importante diferenciar necessidade de cuidados de saúde (quando o individuo

fica doente ou incapacitado) e procura de cuidados de saúde (quando o individuo

considera ter uma necessidade e deseja receber tratamento). Desta forma, é

possível entender que existe uma fronteira ténue entre a necessidade e a procura

de cuidados de saúde.

Os Profissionais de Saúde não são necessariamente passivos neste processo,

podendo ser responsáveis pela indução de procura por parte dos utentes ,

fazendo com que os mesmos acreditem na necessidade dos cuidados de saúde

(por exemplo, a toma da vacina da gripe).

24

3. GESTÃO E A SAÚDE

Paulo J.S. Costa

Page 25: Gestão em Enfermagem para Totós

AS CARACTERÍSTICAS DO BEM “CUIDADOS DE SAÚDE”

• Esgotamento do consumo: pode ter uma inclinação negativa, porque com o fim do

tratamento de determinada condição, o indivíduo deixa de procurar cuidados de saúde;

• Inexistência de utilidade intrínseca no bem: como já dito anteriormente, os cuidados

de saúde proporcionam saúde ao consumidor, não apresentando uma utilidade por si só;

• Não-homogeneidade: nem todos os profissionais de saúde respondem a determinada

patologia/incapacidade seguindo os mesmos métodos de tratamento e abordagem;

• Eventual interdependência do consumo: raramente uma intervenção isolada resolve

uma patologia/incapacidade, mas sim um conjunto de várias (internamentos, consultas,

medicação, terapêuticas secundárias, etc.).

Sabendo que a procura fundamental por parte do consumidor é saúde, e não cuidados

de saúde per si, e reconhecendo que estas características influenciam a estrutura do

mercado, importa definir termos precisos para caracterizar este bem, que podem ser

organizadas em:

• RACIONALIDADE DO CONSUMIDOR: a economia do bem-estar costuma assentar em

juízos normativos (só o doente sabe interpretar o seu bem-estar) ou não-normativos (o

doente tem preferências, e as escolhas dependem destas preferências).

- Irracionalidade do consumidor: Alguns consumidores, ainda que doentes,

não desejam tratamento e/ou ignoram a doença; doentes com patologia do

foro mental podem não saber lidar com o continuum saúde/doença e decidir

o melhor para si e doentes em situações de emergência podem não ser

capazes de decidir o melhor para si.

25

3. GESTÃO E A SAÚDE

Paulo J.S. Costa

Page 26: Gestão em Enfermagem para Totós

• INCERTEZA: grau de incerteza do doente relativamente a várias dimensões da prestação

de cuidados.

– Desconhecimento quanto ao custo;

– Desconhecimento quanto à qualidade dos cuidados;

– Impossibilidade em segurar eficazmente o risco de doença;

– Existência de risco moral (exclusão social).

• EXTERNALIDADES: conjunto de efeitos externos que têm implicações na forma como

escolhemos e lidamos com os cuidados de saúde.

– Protecção Individual pode ser um benefício para a sociedade (ex: PNV);

– Aversão ao risco leva certos indivíduos a recorrer aos serviços de saúde;

– Indivíduos que constatam a existência de um sistema eficiente de protecção na saúde,

mas não o usam.

BEM DE MÉRITO – bem que não é consumido por livre iniciativa do consumidor, mas

cujo ato beneficia não apenas o próprio mas outros indivíduos também.

Necessidade em medir e comparar o carácter subjectivo das utilidades

individuais (existe dificuldade em avaliar que cuidados de saúde são úteis e para que

indivíduos).

Paulo J.S. Costa 26

3. GESTÃO E A SAÚDE

Page 27: Gestão em Enfermagem para Totós

No Mercado de Cuidados de Saúde existe ASSIMETRIA NA INFORMAÇÃO, na

medida em que os profissionais de saúde detêm mais conhecimento que o utente.

Assim sendo, o sistema de informação em torno da prestação de cuidados de

saúde é denominado pela oferta – o lado da procura (utentes) delega nos agentes

de oferta (profissionais) o processo de decisão relativo à função de preferências.

RELAÇÃO DE AGÊNCIA IMPERFEITA – os profissionais de saúde decidem

baseando-se na informação fornecida pelo utente (o que pode ser subjectivo).

Além disto, o cumprimento do regime terapêutico é voluntário. Deste modo

surgem vários problemas, nomeadamente:

• Risco Moral no consumo: como já dito antes, se o individuo se encontra protegido dos

riscos de saúde por um sistema/seguro de saúde, o seu comportamento tende a ser

mais descuidado. Este comportamento leva a uma procura excessiva dos cuidados de

saúde (Seleção Adversa).

• Risco Moral na oferta: os profissionais de saúde podem incorporam algumas das suas

preferências na função de preferência delegada pelo utente (indução de procura).

Ao ganhar direitos de propriedade sobre a função de utilidade do consumidor, o

agente da oferta terá a sua mercê todo um potencial de exploração do

consumidor, ou seja, os profissionais de saúde podem determinar os custos e

benefícios de terapêuticas para o doente. Este problema levanta a questão da

importância do papel dos códigos éticos.

Paulo J.S. Costa 27

3. GESTÃO E A SAÚDE

Page 28: Gestão em Enfermagem para Totós

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

Consiste numa apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa em função das

actividades que desempenha, dos resultados e objectivos a serem alcançados e do seu

potencial de desenvolvimento. Defende-se uma avaliação centrada na autoavaliação,

com maior participação do trabalho no planeamento do seu desenvolvimento pessoal,

com o foco no futuro e na melhoria continua do desempenho.

Objectivos:

• Contribuir para que o enfermeiro melhore o seu desempenho, através do reconhecimento das

suas potencialidades e necessidades;

• Contribuir para a valorização do enfermeiro, tanto pessoal como profissionalmente, de forma a

possibilitar a progressão e promoção da carreira em Enfermagem;

• Detectar factores que influenciam o rendimento profissional do Enfermeiro.

Pretende ser um meio para melhorar o desenvolvimento pessoal do enfermeiro, a

qualidade dos cuidados prestados, a organização e funcionamento dos serviços de

enfermagem e a identificação das necessidades de formação. Deste modo, podemos

afirmar que a avaliação do desempenho apresenta benefícios para a Instituição, para o

avaliador e para o avaliado (Enfermeiro).

Paulo J.S. Costa 28

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM

Negociação prévia dos objectivos e padrões de

desempenho

Contracto individual de desempenho e dos meios necessários

Avaliação particular dos objectivos

Acompanhamento contínuo

Page 29: Gestão em Enfermagem para Totós

SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da Administração

Pública):

• Promover o mérito, motivando os trabalhadores e valorizando os melhores desempenhos,

através da sua qualificação e melhoria continua;

• Aplica-se a todos os trabalhadores da Função Pública;

• É um sistema flexível na medida em que possibilita a adaptação do modelo às especialidades

próprias dos institutos públicos, bem como das carreiras especiais e ainda da Administração

Regional Autónoma e Administração Local.

Avalia os objectivos (contributos do trabalhador para concretizar metas traçadas

anualmente no plano de actividades da organização), competências

comportamentais (avalia características pessoais como conhecimentos e

competências, capacidade de execução, espirito de equipa, entre outros) e

atitudes pessoais (vontade pessoal de alcançar níveis superiores de desempenho,

esforço, interesse, empenho, motivação, etc.).

Anualmente são afixados, pelo menos, cinco objectivos para cada Enfermeiro,

divididos em objectivos:

• De realização (40 a60%)

• De qualidade (20 a 40%)

• De aperfeiçoamento e desenvolvimento (20 a 30%)

Paulo J.S. Costa 29

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM

Excelente - 4,5 a 5

Muito Bom- 4 a 4,4

Bom- 3 a 3,9

Necessita desenvolvimento - 2 a 2,9

Insuficiente - 1 a 1,9

Page 30: Gestão em Enfermagem para Totós

PADRÕES DE QUALIDADE DOS CUIDADOS EM ENFERMAGEM

Qualidade em saúde é uma tarefa multiprofissional, devendo ser definidos

padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem. Os Conselhos de Enfermagem

Regionais devem zelar pela observância dos padrões de qualidade dos cuidados de

enfermagem exigidos, cabendo às instituições de saúde a adequação dos recursos

e criação das estruturas necessárias para o efeito.

O exercício profissional dos enfermeiros insere-se num contexto de atuação

multiprofissional. Assim, distinguem-se dois tipos de intervenções de

enfermagem: as iniciadas por outros técnicos da equipa (intervenções

interdependentes) – por exemplo, prescrições médicas – e as iniciadas pela

prescrição do enfermeiro (intervenções autónomas). Relativamente às

intervenções interdependentes, o Enfermeiro assume responsabilidade na sua

implementação e, relativamente às intervenções autónomas, assume

responsabilidade perante a prescrição e implementação.

Existem 6 categorias: na avaliação da qualidade dos cuidados de enfermagem: a

satisfação do cliente, a promoção da saúde, a prevenção de complicações, o bem-

estar e o autocuidado, a readaptação funcional (adaptação do cliente aos

problemas de saúde) e a organização dos cuidados de enfermagem.

Paulo J.S. Costa 30

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM

Page 31: Gestão em Enfermagem para Totós

O CONTEÚDO FUNCIONAL da categoria de enfermeiro é inerente às respectivas qualificações e competências em enfermagem, compreendendo plena autonomia técnico-científica, nomeadamente, quanto a: a) Identificar, planear e avaliar os cuidados de enfermagem e efetuar os respectivos registos

(também se aplica à organização interna); b) Realizar intervenções de enfermagem requeridas pelo indivíduo, família e comunidade, no

âmbito da promoção de saúde, da prevenção da doença, do tratamento, da reabilitação e da adaptação funcional;

c) Prestar cuidados de enfermagem aos doentes, utentes ou grupos populacionais sob a sua responsabilidade;

d) Participar e promover acções que visem articular as diferentes redes e níveis de cuidados de saúde;

e) Assessorar as instituições, serviços e unidades, nos termos da respectiva organização interna;

f) Desenvolver métodos de trabalho promovendo a circulação de informação, bem como a qualidade e a eficiência;

g) Recolher, registar e efetuar tratamento e análise de informação relativa ao exercício das suas funções;

h) Promover programas e projectos de investigação, nacionais ou internacionais, bem como participar em equipas, e, ou, orientá-las;

i) Colaborar no processo de desenvolvimento de competências de estudantes de enfermagem, bem como de enfermeiros em contexto académico ou profissional;

j) Planear, coordenar e desenvolver intervenções no seu domínio de especialização; k) Identificar necessidades logísticas e promover a melhor utilização dos recursos, adequando-

os aos cuidados de enfermagem a prestar; n) Desenvolver e colaborar na formação realizada na respectiva organização interna;

l) Orientar os enfermeiros, nomeadamente nas equipas multiprofissionais, no que concerne à definição e utilização de indicadores;

m) Orientar as actividades de formação de estudantes de enfermagem, bem como de enfermeiros em contexto académico ou profissional.

2 - O desenvolvimento do conteúdo funcional previsto nas alíneas j) a p) do número anterior cabe, apenas, aos enfermeiros detentores do título de enfermeiro especialista

(Retirado do Decreto Lei 248 / 2009 - Artigo 9.º)

Paulo J.S. Costa 31

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM

Utilizador
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MÉTODOS DE PRESTAÇÃO DE CUIDADOS

¾ Método Funcional (até 1860) - O método funcional em Enfermagem dá ênfase à

realização das tarefas e procedimentos sendo efetuada a distribuição do trabalho,

por principio o alvo da ação não é o utente mas a tarefa a desenvolver.

• Vantagens: máxima eficiência para as tarefas; maximiza a produção de cada

Enfermeiro; tarefas executadas com maior rapidez; redução do número de

Enfermeiros e redução dos custos com salários e encargos funcionais.

• Desvantagens: não personaliza os cuidados; promove mais queixas por parte dos

utentes; o utente é repartido por tarefas e por diferentes pessoas; não permite a

prestação de cuidados globais; promove a repetição dos cuidados (Taylorismo!);

grande deficiência nos registo efetuados; grande dificuldade na identificação das

necessidades do utente; dificulta a interação e a relação interpessoal; não permite

a aplicação do Processo de Enfermagem; dificulta a avaliação dos cuidados; não

promove a continuidade de cuidados e favorece a insatisfação do utente e do

Enfermeiro.

Paulo J.S. Costa 32

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM

Page 33: Gestão em Enfermagem para Totós

Método individual (1865-1930): consiste na distribuição a cada Enfermeiro, de um

número de utentes, que varia segundo o seu grau de dependência, sendo este

responsável pela prestação de cuidados globais, não ocorrendo a fragmentação de

cuidados durante o turno de trabalho.

• Vantagens: maior individualização dos cuidados; favorece a relação do

enfermeiro/utente; permite a aplicação do Processo de Enfermagem; promove

a Humanização dos cuidados; permite a continuidade de cuidados; promove

maior autonomia na prestação de cuidados; aumenta a responsabilidade do

enfermeiro e a sua capacidade de decisão, aumentado a sua satisfação e

motivação para o trabalho; promove a atualização de conhecimentos; facilita a

avaliação da qualidade dos cuidados e facilita a confiança e segurança do

utente no enfermeiro prestador de cuidados.

• Desvantagens: maior dotação de pessoal; maior exigência de conhecimentos

por parte do Enfermeiro; heterogeneidade na prestação de cuidados; não dá

garantias do utente ser atendido pelo mesmo Enfermeiro durante o

internamento; maior preparação na implementação; mais exigente na gestão

dos recursos humanos e materiais e mais trabalhoso.

Paulo J.S. Costa 33

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM

Page 34: Gestão em Enfermagem para Totós

Método de Trabalho em Equipa (1930 – 1960): pretende responder a uma necessidade decorrente da diversidade de qualificações e capacidades dos elementos de uma equipa, sendo-lhe atribuída a responsabilidade de um grupo de utentes, pelo qual assume a responsabilidade de prestação da totalidade dos cuidados.

A equipa é liderada por um elemento que assume a responsabilidade de:

• Tomar decisões em relação às prioridades dos utentes;

• Planear, coordenar, supervisar, avaliar e verificar os registos dos cuidados de

enfermagem prestados.

• Vantagens: enfatiza a liderança e comunicação; descentralização de

responsabilidades; cada elemento da equipa conhece todos os utentes

distribuídos à sua equipa; favorece a dinâmica de grupo; incentiva para

melhorar a qualidade dos cuidados; utiliza melhor as capacidades dos

Enfermeiros; promove maior eficácia dos cuidados; facilita a integração e

desenvolvimento dos elementos menos experientes; pode ser usado qualquer

número de equipas e maior segurança e satisfação para o utente e enfermeiro.

• Desvantagens: exige maior dotação de elementos na equipa de enfermagem;

tendência para se transformar no método funcional senão houver boa

coordenação e distribuição; exige grande dinâmica de grupo; exige qualidade

nas relações interpessoais; não garante o atendimento do utente noutro turno

pela mesma equipa; pode surgir dificuldades na interação, colaboração e

comunicação entre enfermeiros e requer grande espirito de equipa.

Paulo J.S. Costa 34

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM

Page 35: Gestão em Enfermagem para Totós

Método Enfermeiro de Referência (1990-2000): o enfermeiro é responsável prestando contas pelo atendimento de um utentes 24 horas por dia. Esta responsabilidade inclui analisar, planear, implementar e avaliar os cuidados prestados ao utente desde a admissão até ao momento da alta.

Tendo este a responsabilidade de realizar a entrevista inicial ao utente, colhendo

informações que lhe permitam identificar as necessidades afetadas, definir

objetivos e o plano de ação até à alta (na sua ausência delega funções a um

enfermeiro assistente).

• Vantagens (associadas às do método individual): Promotor de maior nível de

individualização de cuidados; promover a continuidade de cuidados com

assistência personalizada; melhor aplicação do processo de enfermagem de

forma continua; confere maior autonomia ao enfermeiro; personaliza a

responsabilidade; facilita o ensino, instrução, treino e educação

(utentes/cuidador informal); facilita o planeamento da alta com maior eficácia

e eficiência; privilegia as funções independentes da enfermagem; favorece a

responsabilidade, criatividade e autonomia; facilita a comunicação com todos

os intervenientes e proporciona maior segurança ao utente e enfermeiro.

• Desvantagens: exige uma formação de base bastante qualificada, com

elevados conhecimentos técnico-cientifico-relacionais; maior exigência na

dotação de pessoal; dificuldade na implementação em unidades com elevada

taxa de rotação e dificuldade na adequação ao regime de roulement.

Paulo J.S. Costa 35

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM

Page 36: Gestão em Enfermagem para Totós

Numa abordagem contingencial, a organização da prestação de cuidados é um

sistema aberto, em que a sua estrutura depende das variáveis situacionais que

caraterizam a organização dos cuidados e não existindo uma forma ótima de o

fazer para todas as organizações.

Pode ser entendida como a “Concepção de que a técnica de administração que

melhor contribui para o alcance dos objectivos organizacionais pode variar em

situações ou circunstâncias diferentes” (STONER e FREEMAN, 1995).

As pessoas bem sucedidas trabalham mais por

realização do que por poder de posição. Elas têm

autoconhecimento e respeitam os seus limites.

Bom Estudo!

Paulo J.S. Costa 36

3. GESTÃO E A ENFERMAGEM