documento protegido pela leide direito autoral · 2017. 1. 29. · escritÓrio de projetos em uma...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ESCRITÓRIO DE PROJETOS EM UMA EMPRESA DE
SERVIÇOS
Maria Carolina Fernandes Miranda
ORIENTADOR: Prof. Úrsula Gomes
Rio de Janeiro 2017
DOCUMENTO
PROTE
GIDO P
ELA LE
IDE D
IREITO
AUTO
RAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Projetos. Por: Maria Carolina Fernandes Miranda
ESCRITÓRIO DE PROJETOS EM UMA EMPRESA DE
SERVIÇOS
Rio de Janeiro 2017
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me proporcionado saúde,
determinação, dedicação e esforço nesta etapa da minha vida.
Agradeço aos meus pais Osmar e Divina que sempre me apoiaram nos
momentos mais difíceis.
Agradeço ao meu marido Wanderson Miranda, obrigado por ser minha
referência pessoal, profissional e estar sempre presente na minha vida de uma
forma indispensável.
Agradeço aos meus irmãos que sempre estiveram ao meu lado.
Agradeço aos amigos da pós-graduação, com os quais pude
compartilhar experiências e aprendizados.
Agradeço a todos os Professores e Mestres que contribuíram de forma
positiva para o meu crescimento pessoal e profissional.
4
RESUMO
O gerenciamento de projetos está cada vez mais presente nas
organizações, em especial neste momento de crise onde são desenvolvidos
vários projetos voltados para melhorias de processos, novos produtos, dentre
tantos outros. Para conseguir conciliar o gerenciamento de vários projetos
concomitantemente a utilização de PMO (Project Management Office) ou
Escritório de Gerenciamento de Projetos vem sendo utilizado não só em
empresas que prestam serviço de gerenciamento de projetos, mas em diversas
organizações om objetivos de melhorias em seus resultados. O PMO pode
trazer vários benefícios à organização, com seus projetos voltados para
atendimento ao planejamento estratégico, facilita a gestão dos projetos,
programas e portfólios da organização. Oferece a oportunidade de implementar
uma metodologia única de gerenciamento de projetos, bem como melhorar o
monitoramento e controle dos projetos e dessa forma atingir de forma mais fácil
e ágil os objetivos da organização.
5
METODOLOGIA
Foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros e artigos sobre o
tema Escritório de Projetos, pesquisas web com base em sites de internet que
abordam o assunto.
Além disso também foi considerado a vivência pessoal em
implementação de escritório de projetos em uma empresa de serviços.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
Escritório de Projetos e seus benefícios 10
CAPÍTULO II
Escritório de Projetos voltado à estratégia da empresa 15
CAPÍTULO III
Gerencia de Programas 22
CAPÍTULO IV
Portfólio de Projetos 26
CAPÍTULO V
Estudo de caso: Escritório de projetos em uma empresa de serviços 32
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 44
ÍNDICE DE FIGURAS 46
ANEXOS 47
7
INTRODUÇÃO
Segundo Menezes L. & Capelozza O. (2016), projetos existem por
inúmeras razões numa organização. Poderíamos mencionar inovação,
introdução de melhorias, desenvolvimento de produtos e soluções, dentre
tantas outras razões para desenvolvê-los. O que todas elas devem ter em
comum é que os projetos devem ser instrumentos para implementação da
estratégia nessas empresas. Ocorre, entretanto, que projetos são meios para
aquele fim e, como tal, nem sempre ganham a prioridade da organização em
sua implantação.
Também podemos complementar que com a globalização e o
aumento da concorrência cada vez mais acirrada, muitas empresas estão
enfrentando grandes esforços para obter igualdade e diferenciais competitivos.
Estes esforços envolvem a necessidade de realizar vários projetos em paralelo,
neste cenário a tradicional abordagem de projetos pode gerar desgastes e
conflitos devido à complexidade da situação.
Pensando nisso, o PMO (Project Management Office ou Escritório
de Gerenciamento de Projetos), pode ser uma opção para solucionar estes
conflitos.
O PMO pode ter vários entendimentos e aplicabilidades conforme
descritos abaixo:
1. Para um projeto autônomo
Podem ter projetos que devido ao seu porte e importância a empresa não
podem ter desvios em prazos, orçamento ou especificações. Essa atenção
exige, dentre outras coisas, que uma equipe seja dedicada à gestão, ao
monitoramento e ao controle do projeto. Nessas circunstâncias o profissional
responsável por esse PMO também terá que entregar os resultados
pretendidos pelo projeto.
2. Como suporte a um conjunto de projetos
8
Para empresas que possuem uma quantidade de projetos maior, procuram
estruturar um PMO que dê suporte à gestão do conjunto de seus projetos. Este
suporte assume diversas configurações, como por exemplo: realizar
monitoramento, apontar resultados e os disponibilizarem aos gestores dos
projetos para as tomadas de decisões e continuidade dos projetos;
conhecimento, metodologia e ferramentas para apoiar os gestores de projetos
em demandas específicas; estruturar e orientar a partida de algum projeto
específico; dentre outras configurações.
3. Como centro de excelência
Diferente dos anteriores, este não é responsável pela condução de projetos,
mas sim por relacionar com outros setores da empresa e também com
entidades externas que possuam alguma expertise no âmbito da gestão de
projetos. Seu papel é aproximar os demandantes com os profissionais destas
entidades, que lhes possam trazer ou compartilhar soluções úteis às suas
necessidades de gestão de projetos.
4. Como superintendência de projetos
Esse PMO além de todo conhecimento, metodologia, governança, ferramentas
e instrumentos para a gestão de projetos, possuem profissionais que
gerenciam projetos e são alocados nos projetos da empresa. Além de gerir um
conjunto de gerentes de projeto, traz para si a responsabilidade pelo sucesso
dos projetos da organização.
5. Como o profissional encarregado de um escritório de
projetos
O termo PMO às vezes pode se referir à figura de um colaborador que zela
pela gestão do portfólio de projetos ou pelo Escritório de Projetos da empresa.
Nesse caso, é dever desse profissional deter o conhecimento e
responsabilizar-se pela capacitação profissional em gestão de projetos na
empresa. Ele também deve estabelecer interface direta com a alta
9
administração da empresa, bem como stakeholders importantes com o objetivo
de transformar decisões de negócios em projetos.
Nessa monografia será apresentado a implementação de um
escritório de projetos com várias aplicabilidades citadas acima.
.
10
CAPÍTULO I
ESCRITÓRIO DE PROJETOS E SEUS BENEFÍCIOS
O gerenciamento de projetos pode ser trabalhado por empresas com
foco apenas em desenvolvimentos projetos, bem como para empresas que
realizam a prestação de serviços ou fabricação de produtos. Estas duas últimas
buscam por competências em seus colaboradores que atendam ao seu core
business, deixando a gestão de projetos apenas como uma competência
acessória, complementar às suas competências técnicas diretamente ligadas
ao negócio.
Podemos citar vários autores que defendem a montagem de um
PMO para auxiliar estas empresas no gerenciamento de projetos, e também as
barreiras para implementação, conforme Block, Frame (1998):
A montagem de um PMO é útil e facilita o trabalho em ambos os tipos de empresa. Existem, entretanto, inúmeras resistências a sua implementação e que empregam álibis variados para não desenvolver este tipo de solução organizacional. (BLOCK, FRAME, 1998)
Um escritório de Projetos pode trazer inúmeros benefícios, não
apenas diretamente à organização, como também aos executivos, gerentes de
projetos, clientes e ao longo do ciclo de vida dos projetos. Estes benefícios
também podem ser transformados em vantagem competitiva perante o
mercado.
1.1. Benefícios para a organização
Temos organizações que são dirigidas por processo ou por projetos,
ambas podem obter benefícios com uma melhor gestão de projetos. Muitas
empresas, obtêm resultados positivos, por uma gestão acidental das atividades
do projeto sem explorar as oportunidades que surgem ao desenvolvê-lo.
11
Barcaui cita alguns benefícios ligados à organização que implementa
e utiliza os serviços de um PMO, seja ele interno ou externo à empresa. A
figura 1 apresenta quatro grupos destes benefícios.
Figura 1 – Benefícios de um PMO à organização. Fonte: Barcaui, 2012
Abaixo vamos descrever um pouco mais sobre cada um destes
grupos de benefícios:
1.1.1. Âmbito da Estratégia
O PMO permitirá conduzir um melhor alinhamento dos projetos com
a orientação estratégica da empresa (PMBOK, 2008).
Adotar o PMO como elemento central na prática do portfólio de
projetos da empresa, poderá aumentar a capacidade de implementação da
estratégia e da produtividade de resultados melhores através de programas e
projetos estratégicos.
1.1.2. Âmbito do Conhecimento e Visão
O conhecimento e a visão na empresa podem ser favorecidos com a
implementação de um PMO.
12
Um primeiro sinal deste favorecimento global é que os projetos passam a ser mais previsíveis. Visão de futuro sobre prazos, sobre riscos, sobre a utilização de recursos, sobre custos e entregas necessárias contratadas auxiliam na melhoria da taxa de sucesso dos projetos e dá visibilidade aos projetos estratégicos e da alta administração (Ireland, Cleland, 2004).
Como o PMO tem com uma de suas funções centralizar os projetos
da empresa, é extremamente importante a utilização da mesma metodologia e
ferramentas de gestão de projetos por todos os responsáveis em
gerenciamento de projetos da empresa. Além disso, outro ponto importante é
que através do PMO é possível obter de forma centralizada o histórico de
projetos, especialmente quando se deseja melhorar a partir de algum projeto
anterior.
1.1.3. Âmbito das Mudanças Organizacionais
O PMO pode facilitar o planejamento de ações para introduzir as
inovações e mudanças necessárias, proporcionando à organização uma maior
flexibilidade ao trazer os colaboradores e pessoas envolvidas nas mudanças a
participarem mais de forma positiva e centrada.
1.1.4. Âmbito do Crescimento
Segundo Kerzner (2001), a vantagem que a organização aufere com
o PMO é a de crescer com maior eficiência, aplicando técnicas adequadas na
geração de resultados para os projetos.
O PMO pode proporcionar a comunicação única e integrada dos
projetos planejados pela empresa, e fazer com que todos os colaboradores
trabalhem com referência no plano estratégico.
1.2. Benefícios para os executivos
Os benefícios para os executivos através de um PMO passam por
quatro linhas de extrema importância para todas as organizações, seja de
serviço ou produto. São elas: metas, viabilização dos projetos, tomada de
decisão e padronização.
13
No que tange às metas, o PMO pode auxiliar na manutenção da
compatibilidade entre as propostas e a realidade, seja plano ou realização dos
projetos. A gestão do portfólio de projetos se torna mais fácil quando as metas
são estabelecidas e monitoradas.
A análise de viabilidade dos projetos é outra linha que os executivos
devem focar, e o PMO os auxilia neste processo seja para análise econômica
ou técnica através de procedimentos e históricos de outros projetos.
Para a tomada de decisão, o PMO aumenta o foco na escolha dos
projetos de valor agregado à organização com uma análise mais científica e
racional, menos emocional e parcial. Pois gera informações mais precisas,
oportunas e confiáveis.
A padronização é outra linha que facilita o reconhecimento das
informações e as análises. O PMO apresenta progressos e medidas financeiras
que proporcionam ao executivo um conforto e precisão maior para análises.
Sendo assim, fica mais fácil voltar o foco aos objetivos estratégicos da
empresa.
1.3. Benefícios para os gerentes de projeto
O PMO estruturado pode proporcionar aos gerentes de projeto a
metodologia de gerenciamento de projetos padrão além de suporte ao longo do
gerenciamento de projetos.
Os benefícios mais relevantes para os gerentes de projetos são:
Objetivo do Projeto: Será possível conhecer as reais necessidades
e os objetivos dos projetos, através do PMO os requisitos dos projetos poderão
ser melhor definidos além da definição de custos e prazos mais corretos, com
menor variabilidade.
Equipe: O PMO proporciona a capacitação e formação de
profissionais para melhor atuação sobre o conjunto de iniciativas da
organização. Além de contribuir para minimizar o desafio frequente dos
14
gerentes de projetos, que geralmente é a disponibilidade de recursos, formação
no tempo necessário e disponível e a sua integração enquanto time.
Ambiente: O ambiente no gerenciamento de projetos é de extrema
importância pois criam um ambiente motivador para a participação e
desenvolvimento dos projetos: metodologia, ferramentas, pessoas preparadas,
mecanismos de tomadas de decisão, são alguns exemplos.
Controle: A avaliação dos impactos e a complexidade dos projetos
sempre auxilia o gestor a dosar os seus esforços e de sua equipe. Um
escritório de projetos pode realizar o acompanhamento dos projetos até a real
finalização.
1.4. Benefícios aos clientes
Os benefícios para clientes com o PMO podem ser oferecidos para
clientes internos e externos. Através da utilização das melhores práticas,
diminui as incertezas e a instabilidade nos projetos, traz como benefício uma
maior segurança e satisfação.
Algumas garantias que os clientes tanto desejam é a da redução dos
riscos de gerenciamento e maior visibilidade e controle sobre outros riscos do
projeto. As entregas previstas são realizadas em consonância com os
requisitos do projeto, bem como ao atendimento dos padrões de qualidade
previstos.
Outro benefício oferecido é a comunicação com o cliente, que cada
vez se faz mais precisa e traz mais tomadas de decisão a tempo além da
qualidade na documentação de entrega ao cliente.
15
CAPÍTULO II
ESCRITÓRIO DE PROJETOS VOLTADO À ESTRATÉGIA
DA EMPRESA
Segundo Hill & Jones (2002), uma estratégia é um conjunto
específico de padrões de decisões e ações realizadas pela cúpula estratégica
da empresa para atingir os resultados pretendidos. Pode-se afirmar que a
maioria das empresas está sempre em busca da excelência e da liderança,
que, para serem alcançados, exigirão um desempenho superior, acima da
média do setor.
No quadro abaixo podemos ver o modelo de estratégia desenvolvido
por Hill & Jones, com objetivo de identificar estratégias de crescimento no
mercado atual e em novos mercados, considerando também a atual linha de
produtos e as inovações previstas.
Seg
men
to d
e M
erc
ado
Produtos existentes Produtos novos
Existentes Penetração no mercado
• Aumentar o uso do produto • Gerar novas aplicações • Publicidade intensiva • Fortalecimento da marca
Desenvolvimento de Produtos
• Melhoria nos produtos • Novos atributos • Novas marcas • Pacotes de produtos afins
Novos Desenvolvimento do mercado
• Expansão geográfica • Novos distribuidores • Novos segmentos de clientes
Proliferação de produtos
• Atuar em todos os segmentos • Sempre lançar novidades • Atuar em todos os canais
Quadro 1. Estratégias de mercado. Fonte: adaptado de Hill & Jones, 2002
As empresas precisam garantir o objetivo de sobrevivência no longo
prazo, e o planejamento estratégico pode auxiliar na definição e busca destes
objetivos.
A sobrevivência pressupõe o atendimento das expectativas e necessidades dos atuais e novos clientes. Ou seja, a empresa
16
deve estar atenta às mudanças de tecnologia, de padrões de consumo, de perfil dos clientes, de alterações demográficas, de legislação, de matéria prima. Deve estar atenta a todas as variáveis ambientais intervenientes no seu mercado e seus produtos. Cada mudança nos itens discutidos provavelmente irá levar à necessidade de novos produtos, novos mercados, novos processos de trabalho, novas tecnologias, dentre outras. Para cada mudança um novo projeto! Daí a necessidade da empresa utilizar um PMO como setor que vai assegurar a operacionalização da estratégica escolhida. (Barcaui, 2012)
As empresas utilizam o planejamento estratégico para decidir qual
caminho irá trilhar nos próximos anos. Geralmente se baseiam em quatro
variáveis importantes para definir projetos, objetivos e metas a serem
alcançados. São elas:
• Situação atual da empresa: faturamento, lucro, percepção dos
clientes, capacidade instalada e abrangência geográfica;
• Situação atual do mercado: concorrentes, tendências de
mudança nos padrões de consumo, tecnologias atuais e
futuras, novos entrantes e legislação;
• Fontes de recursos para projetos: taxas de juros, risco,
pessoal capacitado, novos mercados e recursos próprios;
• Propostas de projetos: crescimento geográfico, extensão da
linha de produtos, melhorias na infraestrutura, capacitação
interna dos colaboradores, projetos ambientais, projetos
sociais e novas tecnologias.
O resultado do planejamento estratégico se materializa em um plano
estratégico, o qual assemelha-se a uma carta de intenção, que indica a direção
para qual a empresa quer levar sua organização.
17
2.1. Formulação da Estratégia
Segundo Barcaui (2012) existem duas abordagens básicas em
relação ao pensamento estratégico: a perspectiva racional e a perspectiva do
pensamento criativo. Enquanto a primeira privilegia a objetividade e a lógica, a
segunda busca na subjetividade o pensamento analítico e criatividade na busca
de ideias que poderão resultar em projetos de mudança, garantindo a
sobrevivência da organização.
Wit & Meyer (2008) apresentam um conjunto de alternativas
estratégicas, descritas no quadro abaixo:
Nome Debate Perspectiva
Pensamento
estratégico Lógica x Criatividade Pensamento racional x Pensamento criativo
Formação da
estratégia Deliberada x Emergente Planejamento x Incrementalismo
Mudança
estratégica Revolução x Evolução Mudança radical x Mudança contínua
Estratégia de
negócio Mercado x Recursos De fora para dentro x De dentro para fora
Estratégia
corporativa Responsividade x Sinergia Portfólio x Competência chave
Estratégia de
rede Competição x Cooperação Organização discreta x Rede de Empresas
Contexto da
indústria Conformidade x Escolha Evolução da indústria x Criação da indústria
Contexto da
organização Controle x Caos Liderança organizacional x Dinâmica
organizacional
Contexto
internacional Globalização x Local Convergência global x Diversidade
Internacional
Propósitos da
organização
Rentabilidade x
Responsabilidade
Valor para os acionistas x Valor para
stakeholders
Quadro 2. Dez debates em estudos estratégicos. Fonte: adaptado de Wit & Meyer, 2008
18
Ainda com relação à formação da estratégia, o debate se dá entre
estratégias pretendidas, deliberadas, não realizadas, emergentes e realizadas,
conforme demonstrado na figura abaixo:
Figura 2 – Tipos de Estratégias. Fonte: Adaptado de MINTZEBERG & WATERS, 1985
O estabelecimento de estratégias pretendidas não é de
responsabilidade direta do PMO, bem como o atingimento das estratégias
realizadas. Sua responsabilidade se restringe a conhecer a estratégia
pretendida da empresa e identificar os projetos decorrentes desta estratégia,
além de estabelecer um padrão de comunicação entre as áreas e a alta
direção, informando os eventuais abandonos ou interrupções desses projetos,
o que poderá levar às estratégias não realizadas.
Os projetos emergentes também poderão surgir ao longo do ano e
como não é de responsabilidade do PMO aprovar ou rejeitar projetos, ele
deverá disponibilizar essa informação à alta direção para obter o alinhamento
estratégico necessário.
ESTRATÉGIA
DELIBERADA
ESTRATÉGIA PRETENDIDA
ESTRATÉGIA REALIZADA
ESTRATÉGIA NÃO REALIZADA
ESTRATÉGIAS EMERGENTES
19
2.2. O PMO na operacionalização da estratégia
Segundo Barcaui (2012), o PMO deve planejar, acompanhar,
controlar e reportar o resultado consolidado dos projetos da empresa. Para tal,
deve-se iniciar com o alinhamento estratégico dos projetos, ou seja, os projetos
contemplados com recursos devem representar a operacionalização do plano
estratégico em vigor. O trabalho inicial do PMO inicia-se algum tempo antes do
ano fiscal, quando a empresa começa a discutir o próximo orçamento. Esse
tempo varia de empresa para empresa, mas comumente leva cerca de seis
meses, ou seja, realiza-se ao longo do segundo semestre do ano anterior, para
empresas que coincidem o ano calendário com o ano fiscal.
Cada setor, área ou unidade de negócios é convocado a enviar suas
propostas de novos projetos, segundo um modelo de apresentação de
propostas, definido pelo PMO. Os modelos variam de acordo com o tipo de
negócio, mas devem conter no mínimo os seguintes elementos:
• Nome do Projeto
• Breve descrição do objeto do projeto
• Justificativa do projeto
• Prazo de realização do projeto
• Orçamento inicial
• Outros setores ou organizações envolvidas
• Caso existam, os organismos financiadores (FINEP, BNDES,
etc.)
• Pessoa responsável pela elaboração da proposta
A partir do recebimento das propostas dos diversos setores, o PMO
irá consolidar as informações e verificar possíveis inconsistências. Também irá
20
correlacionar cada proposta aos diferentes objetivos previstos no plano
estratégico da empresa.
Nem todos os projetos precisam estar subordinados ao plano
estratégico, pois podem existir propostas relacionadas a questões
operacionais, de infraestrutura, de manutenção, etc.
Segundo o Guia PMBOK (PMI, 2008), existem pelo menos sete
origens para o surgimento de novos projetos:
• Demanda do mercado
• Necessidade da organização
• Pedido do cliente
• Avanço tecnológico
• Exigência legal
• Necessidade social
• Necessidade ou impacto ecológico
Contudo, o PMO deve consolidar não só as propostas para projetos
que estão diretamente ligados ao plano estratégico, bem como os projetos que
surgem conforme origens listadas acima. O passo seguinte é levar as
propostas, já consolidadas e verificadas pelo PMO, para a aprovação pela
diretoria da empresa. Cabe à alta direção priorizar os projetos aprovados.
O fato de ter um plano com o portfólio de projetos para o ano
seguinte, não implica em início de todos eles logo no começo do ano. O plano
deverá conter um cronograma com o dispêndio de recursos ao longo do ano,
considerando também os projetos em andamento e os eventuais atrasos de
projetos que já deveriam estar concluídos na data.
O papel do PMO a partir daí é:
21
• Assessorar os setores no detalhamento do plano de projeto
(cronograma, EAP, análise de riscos, etc.)
• Incluir os novos projetos na base de dados do PMO
• Auxiliar os setores de recursos humanos na definição das
competências e perfis eventualmente necessários para
compor a equipe do projeto;
• Elaborar a minuta do termo de abertura do projeto, a ser
aprovada e assinada pela alta direção.
Ao longo da execução dos projetos, o PMO apoia e assessora os
gerentes dos projetos, bem como informa à alta direção o andamento de cada
projeto. O PMO também deverá apresentar os resultados consolidados do
gerenciamento do projeto, as lições aprendidas e os desdobramentos para a
estratégia da empresa.
22
CAPÍTULO III
GERÊNCIA DE PROGRAMAS
Com a globalização e o aumento da concorrência cada vez mais
acirrada, muitas empresas estão enfrentando grandes esforços para obter
igualdade e diferenciais competitivos. Estes esforços envolvem a necessidade
de realizar vários projetos em paralelo, neste cenário a tradicional abordagem
de projetos pode gerar desgastes e conflitos devido à complexidade da
situação.
A criação de programas com vários projetos para atingir o mesmo
objetivo pode ser uma boa escolha de forma a harmonizar os projetos e obter
os resultados esperados.
3.1. Programas de projetos
Segundo o PMI®, programa é um grupo de projetos relacionados
gerenciados de modo coordenado para a obtenção de benefícios e controle
que não estariam disponíveis se eles fossem gerenciados individualmente.
Programas podem incluir elementos de trabalho relacionado fora do escopo
dos projetos distintos no programa.
Além da interdependência dos projetos, existem outras quatro
formas de criar um programa. São elas:
• Foco em algum serviço específico;
• Abrangência organizacional;
• De acordo com algum cliente;
• De acordo com o foco geográfico;
23
3.1.1 Gerenciamento do programa
Segundo o PMI®, gerenciar programas é coordenar atividades e
recursos dos projetos do programa de forma centralizada, com o objetivo de
obter os benefícios estratégicos esperados pela organização.
Barcaui (2012), descreve que os primeiros grandes benefícios do
gerenciamento de programas para a organização são a otimização e a
integração de custos, tempo e esforço dos projetos. Se estes projetos não
estivessem integrados, teríamos, com certeza mais problemas a resolver,
como, por exemplo, a mitigação dos riscos associados aos projetos. Outro
benefício importante é o do melhor nivelamento dos recursos compartilhados,
muito comum nos dias de hoje, onde a escassez de profissionais
especializados é cada vez maior. Outros benefícios identificados são a
integração entre os benefícios alcançados pelos projetos, uma maior
visibilidade nas alterações de escopo destes projetos e a melhoria dos canais
de comunicação.
Na tabela abaixo podemos visualizar as diferenças entre gerência de
projetos e programas no que tange às ações de um projeto:
AÇÕES EM UM PROJETO GERÊNCIA DE PROJETOS GERÊNCIA DE PROGRAMAS
PLANEJAMENTO
Foco no planejamento detalhado, visando alcançar a entrega dos produtos do projeto.
Foco em planos de alto nível, provendo orientação aos gerentes de projeto.
GERENCIAMENTO
O gerente de projeto gerencia a equipe do projeto.
O gerente de programa gerencia os gerentes de projeto.
MONITORAMENTO
O gerente de projeto monitora e controla as atividades responsáveis pelas entregas do produto do projeto.
O gerente de programa monitora o progresso dos componentes do programa para garantir que os objetivos globais sejam atendidos.
Tabela 1. Gerência de projetos x programas. Fonte: Barcaui, 2012
24
3.1.1.1 Áreas de conhecimento do gerenciamento do programa
São cinco as áreas de atuação que um gerente de programas
aborda durante o ciclo de vida de um programa. Abaixo as áreas de atuação e
suas atuações:
Governança do programa: Trata-se da criação de um comitê de
governança, composto por líderes da organização, incluindo o patrocinador do
programa. Tem por objetivo definir a estrutura de governança pela qual o
programa será dirigido durante a execução.
Liderança do programa: Basicamente realizada pelo gerente do
programa, inclui ações como orientar os gerentes de projetos na estruturação,
revisão e aprovação de seus planos, garantir que as dependências entre os
projetos do programa estejam resolvidas.
Gerência financeira do programa: A visão financeira de um
programa é diferente da visão financeira de um projeto, pois em um programa
não existem apenas os custos envolvidos na execução dos projetos que o
compõe, outros tipos de custos também ocorrem e devem ser gerenciados de
forma a manter a sinergia financeira entre os projetos.
Planejamento do programa: Segundo Barcaui (2012) para o
planejamento de um programa, cada gerente de projeto constrói um plano com
estimativas, alocando os recursos necessários para oferecer os resultados
esperados pelo projeto, usando as mesmas técnicas e práticas que eles
empregariam no planejamento de um projeto simples. Posteriormente,
identificam ligações e dependências entre os seus projetos e refinam seus
planos no sentido de integrá-los aos outros projetos. Depois da integração, é
chegada a hora de elaborar o plano do programa, através de uma série de
revisões dos planos dos projetos, no sentido de criar um resumo dos seus
conteúdos tendo como objetivo a produção de uma visão concisa de todo o
trabalho dos prazos e dos resultados esperados.
25
Execução do programa: Nesta etapa o gerente de programa deve
garantir o apoio à execução do programa, através do gerenciamento de riscos,
dos problemas, de aquisições, da comunicação, de qualidade, de treinamentos,
dos benefícios. Além da garantia do programa que tem como objetivo reportar
ao comitê a execução do programa de acordo com as políticas ou normas que
precisam ser cumpridas.
3.1.1.2 Processos do gerenciamento do programa
Assim como no gerenciamento de projetos, o gerenciamento de
programa também possui processos divididos em cinco grandes grupos, cuja
terminologia também é similar ao gerenciamento de projetos, conforme
demonstrado na figura abaixo:
Figura 3 – Processos do Gerenciamento de Programas. Fonte: Próprio autor.
INICIAÇÃO Define e autoriza o programa ou um dos seus projetos constituintes
PLANEJAMENTO Planeja a melhor alternativa e curso de ação para o programa que será executado
EXECUÇÃO Integra os projetos para executar o plano do programa e entregar os seus benefícios
ENCERRAMENTO Formaliza o aceite do produto, serviço ou benefício
MONITORAMENTO E CONTROLE Monitora o programa e seus projetos, garantindo que o planejamento inicial está sendo cumprido.
26
CAPÍTULO IV
PORTFÓLIO DE PROJETOS
Um portfólio de projetos pode ser composto de projetos e
programas. Atualmente existem várias definições para portfólio de projetos,
como a citada abaixo definida pelo Project Management Institute (PMI).
Um portfólio existe dentro de uma organização e consiste em um conjunto de componentes ativos e iniciativas planejadas ou futuras. Portanto, portfólios não são temporários como projetos ou programas, e uma organização pode possuir mais de um portfólio, cada um tratando de áreas ou objetivos de negócios específicos.
Gestão de portfólio é a gestão centralizada de um ou mais portfólios, que inclui identificação, priorização, autorização, gerenciamento e controle de projetos, programas e outros trabalhos relacionados para atingir objetivos específicos de negócios estratégicos. A principal meta da gestão de portfólio é maximizar o valor do portfólio, por meio da análise dos projetos e programas candidatos à inclusão no portfólio e da exclusão oportuna de projetos que não atendam aos objetivos estratégicos da organização. (PMI, 2008)
O portfólio de projetos tem como objetivo manter condições
adequadas para obtenção de projetos bem-sucedidos alinhados à estratégia
empresarial e ao longo deste capítulo será demonstrado maneiras de atingir
este objetivo.
4.1 Gestão de Portfólio
A gestão de portfólio trata-se de um processo dinâmico de decisão
no qual uma lista de projetos ativos de novos produtos é constantemente
atualizada e revisada, onde são avaliados, selecionados e priorizados novos
projetos, projetos existentes podem ser acelerados, interrompidos, colocados
em espera e recursos são realocados aos projetos ativos. (COOPER et al.
1999)
A tomada de decisão no gerenciamento de portfólio nem sempre é
tão madura quanto parece profissional. Abaixo um Estudo de Benchmarking:
27
Brasil (PINTO, 2010) cujo resumo geral a respeito das práticas de portfólio é,
no mínimo, emblemático no que diz respeito à maneira como as empresas
conduzem tal gestão em um esforço no qual abordagens mais elaboradas são
sensivelmente menos adotadas, em detrimento de enfoques mais primários,
como a simples confecção de uma lista de projetos ativos:
Gráfico 1 – Práticas de gestão de portfólio. Fonte: PINTO, 2010.
4.2 Alinhamento entre a estratégia empresarial e os projetos
A estratégia da empresa é responsável por nortear todos os esforços
a serem aplicados, envolvendo desde pequenas melhorias em seus processos
produtivos até grandes iniciativas que podem revolucionar a organização.
Neste momento não é levado em consideração a magnitude do projeto, o seu
alinhamento aos objetivos estratégicos é a garantia de que a empresa está
investindo corretamente seus recursos.
Segundo Barcaui (2012), na gestão de portfólio devem ser
verificadas razões, restrições, tendências e impactos pela inserção de
28
conceitos de inteligência competitiva na perspectiva da gestão do
conhecimento, visando que os projetos sejam diferenciados pela contribuição
que oferecem para consolidar a estratégia da organização.
A figura abaixo ilustra a estruturação, que envolve e impacta tanto
operações como projetos numa organização, estimulando um círculo virtuoso
para a inovação e o aprimoramento contínuos através da interação equilibrada
entre ambos, sempre voltados à estratégia da empresa:
Figura 4 – O contexto organizacional da gestão de portfólios. Fonte: Adaptado de “The PMI
Global Standard for Portfólio Management”, 2006, p.7
A articulação entre os processos que compõe o gerenciamento de
um portfólio consiste quatro grupos principais, são eles: Planejamento
Estratégico, Alinhamento, Monitoração e Controle e Componente, podendo o
ultimo ser considerado como Projetos e Programas.
Estes quatro grupos iniciais se desdobram em nove processos, cujo
descrição será apresentada a seguir. Na figura 05 é possível visualizar de
maneira sistêmica esta articulação.
29
Figura 5 – Articulação dos processos de gestão de portfólio. Fonte: Internet 1.
Processos que compõe o gerenciamento de portfólio:
Identificação: Lista atualizada de novos projetos que serão
administrados na gestão de portfólio.
Categorização: Agrupa os projetos identificados de acordo com a
relevância para o negócio, a fim de contribuir para os próximos processo que
são: avaliação, seleção, priorização e balanceamento, sempre de acordo com o
plano estratégico.
Avaliação: Processo voltado a reunir todas as informações
relevantes para avaliar os projetos, podendo ser qualitativa ou quantitativa.
Seleção: Consiste em uma lista resumida de projetos a partir das
recomendações dos processos de avaliação e da comparação com critérios de
seleção da organização.
Priorização: Pretende classificar os projetos de acordo com critérios
como inovação, redução de custos, crescimento, manutenção e operações.
30
Balanceamento de portfólio: Contribui para o benefício primário da
gestão de portfólio, a habilidade de planejar e alocar recursos de acordo com a
direção estratégica e a capacidade de maximizar o retorno dentro do perfil de
risco assumido pela organização.
Autorização: Formaliza a alocação dos recursos humanos e
financeiros requeridos para desenvolver casos de negócio ou executar
componentes selecionados, comunicando formalmente as decisões sobre o
balanceamento de portfólio.
Revisão e relato do portfólio: este processo procura reunir
indicadores relevantes e reportar o desempenho dos projetos a fim de garantir
o alinhamento com a estratégia organizacional e o uso eficiente de recursos.
Conforme o resultado dos indicadores, realiza-se ou não a revisão do portfólio.
Mudança estratégica: habilita o processo anterior a responder às
mudanças estratégicas. Uma mudança na direção estratégica pode implicar em
mudanças na categorização ou priorização dos projetos, o que exige revisão do
portfólio.
4.3 Indicadores de Performance
Indicadores são variáveis representativas que permitem quantificar
ou qualificar aspectos considerados relevantes e avaliar o desempenho
organizacional, de processos, de tarefas, de pessoas, de produtos ou serviços
– eles devem ser interpretados com base em padrões bem definidos, além de
revisados e divulgados periodicamente. BARCAUI (2012).
Existem vários tipos de indicadores que podem ser utilizados, com
isso, deve-se analisar os que melhores se aplicam ao negócio. Alguns tipos de
indicadores são descritos abaixo:
Indicadores de Desempenho Organizacional (IDO): associados
ao atingimento de metas organizacionais, com base na missão, na visão e nos
objetivos do negócio.
31
Indicadores de Desempenho dos Processos (IDP): associados ao
cumprimento das especificações estabelecidas para os processos relacionados
ao desempenho organizacional.
Indicadores de Desempenho das Tarefas (IDT): associados às
tarefas que compõem os processos organizacionais e correspondem ao modo
como “o trabalho” é efetivamente realizado na organização.
Indicadores de Desempenho Individual (IDI): associados ao
desempenho das pessoas envolvidas em processos e tarefas da organização.
Indicadores de Desempenho dos Produtos (IDR): associados às
características dos produtos tangíveis gerados pelas pessoas em projetos,
processos organizacionais e tarefas correspondentes: técnicos, funcionais e
performance.
Indicadores de Desempenho dos Serviços (IDS): definidos à
partir do ponto de vista do cliente, associados às características dos serviços,
não tangíveis, gerados pelas pessoas nos projetos, processos organizacionais
e tarefas correspondentes. Abaixo exemplos de indicadores de desempenho de
serviços:
Indicadores Descrição
Tangíveis Evidências físicas do serviço – instalações, aparência do pessoal, material de
comunicação, equipamentos, etc.
Presteza Disposição/boa vontade em ajudar os clientes e realizar o serviço com rapidez.
Confiabilidade
Capacidade de executar o serviço prometido de forma consistente e precisa
(execução sem erros desde a primeira vez, manutenção de registros das
transações sem erros).
Garantia Conhecimento e cortesia dos funcionários e sua capacidade de inspirar
responsabilidade e confiança.
Empatia Atendimento individualizado e cuidadoso voltado ao conhecimento do cliente.
Tabela 2. Exemplos de indicadores de desempenho em serviços. Fonte: Berry, 1995
32
CAPÍTULO V
ESTUDO DE CASO: ESCRITÓRIO DE PROJETOS EM
EMPRESA DE SERVIÇOS
O estudo de caso abaixo demonstra a estruturação de um escritório
de projetos em uma empresa de serviços, através de uma coordenação de
projetos estratégicos.
5.1 Coordenação de Projetos Estratégicos
A estratégia de uma organização é implementada por meio de
projetos. Portanto, o desempenho dos projetos é fundamental para que sejam
alcançados os objetivos estratégicos e, por consequência, a visão institucional
da empresa.
A coordenação de projetos, por meio deste documento, tem como
objetivo ser instrumento de apoio e orientação aos envolvidos no
gerenciamento de projetos, buscando estabelecer uma linguagem comum e
contribuir para a melhoria na forma de gerenciar projetos.
O uso de práticas padronizadas de gerenciamento de projetos
possibilita uma maior previsibilidade de resultados no desenvolvimento dessas
iniciativas, o que significa que um número maior de projetos tende a alcançar
seus objetivos.
5.2 Objetivos
Abaixo os objetivos da área de coordenação de projetos:
• Consolidar e padronizar as práticas de gerenciamento de
projetos estratégicos, descrevendo o fluxo, as atividades
33
envolvidas no processo e os modelos de documentos
utilizados.
• Descrever a estrutura e as responsabilidades dos envolvidos
na gestão dos projetos estratégicos.
• Estabelecer critérios de avaliação dos projetos estratégicos.
Disseminar as práticas adotadas no gerenciamento dos
projetos estratégicos para outras áreas da empresa.
5.3 Definições
Projeto: Iniciativa não rotineira, caracterizada por um conjunto de
ações inter-relacionadas com início e fim claramente definidos, com o objetivo
de desenvolver um novo serviço ou uma melhoria em um processo de trabalho,
contribuindo diretamente para o alcance de metas.
Projeto Estratégico: Projeto aprovado pelo Comitê de Gestão
Estratégica para integrar o Plano Estratégico da empresa, devendo contribuir
para a consecução dos objetivos estratégicos aos quais se relacionam.
Possuem prioridade de recursos humanos, materiais e orçamentários frente
aos demais projetos.
Gerenciamento de Projetos: Aplicação de conhecimentos,
habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, a fim de atender a
seus objetivos, compatibilizando as restrições de escopo, tempo, recursos e
qualidade.
Metodologia: Sistema de práticas, técnicas, procedimentos e regras
usadas pelas pessoas que trabalham em uma disciplina.
Coordenação de Projetos Estratégicos (CPE): Equipe com
responsabilidades relacionadas à coordenação dos projetos estratégicos,
promovendo maior eficiência e eficácia no desenvolvimento dessas iniciativas.
Patrocinador: Responsável pelo fornecimento de apoio institucional
para o desenvolvimento do projeto.
34
Gerente de Projeto: Colaborador designado para gerenciar o
projeto, de forma a atingir seus objetivos.
Coordenador de Projetos: Colaborador alocado a projetos com a
incumbência de fornecer suporte ao gerente e à equipe de projeto quanto à
metodologia e melhores práticas de gestão de projeto.
Sistema de Gestão Estratégica: Sistema instituído para a medição,
monitoramento e análise das estratégias definidas no Planejamento Estratégico
(PE).
5.4 Missão
A Coordenação de Projetos tem como missão:
“Prestar suporte ao gerenciamento de projetos estratégicos e disseminar a
metodologia de gerenciamento de projetos para toda a empresa, contribuindo
para o sucesso da estratégia.”
5.5 Papéis e Responsabilidades
Os envolvidos no processo de Gerenciamento de Projetos
Estratégicos são:
• Comitê de Gestão Estratégica;
• Coordenação de Projetos Estratégicos;
• Patrocinadores;
• Gerentes de Projetos;
• Membros de equipes.
Todo projeto estratégico será vinculado à Coordenação de Projetos
Estratégicos.
35
Cada projeto terá um patrocinador, um gerente e uma equipe e será
apoiado por um Representante da Coordenação de Projetos Estratégicos, os
recursos que assumirão estas funções deverão ser definidos antes do início do
projeto.
A estrutura de tomada de decisão quanto aos projetos estratégicos
pode ser representada da seguinte forma:
Figura 6 – Estrutura de tomada de decisão. Fonte: Próprio autor.
A seguir, estão relacionadas as responsabilidades dos envolvidos:
a) Diretoria
• Priorizar os projetos estratégicos a serem executados,
alterando a composição do portfólio, quando necessário.
36
• Autorizar o início, a alteração de escopo e o encerramento
dos projetos estratégicos.
• Designar os patrocinadores e os gerentes de projetos.
• Garantir os recursos humanos, financeiros e materiais
necessários à execução dos projetos.
b) Comitê de Gestão Estratégica
• Realizar o Planejamento Estratégico;
• Validar o Planejamento Estratégico com a Diretoria;
• Identificar, selecionar e propor a priorização de projetos,
buscando um portfólio balanceado e suficiente para o
atingimento dos objetivos estratégicos.
c) Coordenação de Projetos Estratégicos
• Gerenciar o portfólio de projetos estratégicos, verificando os
resultados alcançados e provendo os direcionamentos
necessários à execução dos projetos.
• Definir diretrizes para o gerenciamento de projetos.
• Propor alterações de escopo e ações necessárias ao
redirecionamento de projetos estratégicos que tendem a não
atingir seus objetivos.
• Prestar suporte aos patrocinadores, gerentes e equipes
quanto à gestão de projetos.
• Monitorar o desempenho dos projetos, propondo ações
corretivas em caso de desvios com relação ao planejado.
• Consolidar informações sobre os projetos e reportar sua
situação ao Comitê de Gestão Estratégica
37
• Comunicar as realizações dos projetos e garantir a
disponibilização das informações sobre o andamento e
desempenho às partes interessadas.
• Monitorar o desempenho do portfólio de projetos, propondo
ajustes que garantam seu alinhamento à estratégia.
d) Patrocinador do projeto
• Fornecer o apoio institucional necessário ao desenvolvimento
do projeto.
• Negociar a liberação de recursos humanos, financeiros e
materiais para o projeto.
• Acompanhar o andamento e os resultados do projeto
estratégico sob sua responsabilidade.
• Atuar na gestão de conflitos com as partes interessadas no
projeto.
• Definir prioridades no âmbito do projeto estratégico sob sua
responsabilidade.
e) Gerente de projeto
• Planejar e gerenciar o projeto sob sua responsabilidade.
• Gerenciar os recursos (humanos, financeiros e materiais)
necessários à implementação do projeto.
• Monitorar os resultados alcançados, adotando ações
corretivas em caso de resultados não satisfatórios.
• Relacionar-se com as partes interessadas no projeto sob sua
responsabilidade, de forma a garantir sua viabilidade.
38
• Reportar a situação do projeto ao patrocinador do projeto e à
Coordenação de Projetos Estratégicos.
• Manter atualizadas no sistema informatizado de
gerenciamento de projetos as informações referentes ao
andamento do projeto, assim como a documentação
pertinente.
f) Equipe de projeto
• Auxiliar o gerente no planejamento do projeto.
• Executar as tarefas designadas pelo gerente do projeto.
• Reportar ao gerente do projeto o andamento das tarefas sob
sua responsabilidade.
5.6 Fluxo de gerenciamento dos projetos estratégicos
O ciclo de vida do gerenciamento de um projeto contempla o
conjunto de processos que devem ser seguidos para que o projeto seja bem
gerenciado. De acordo com o Guia PMBOK (Project Management Body of
Knowledge), os processos de gerenciamento de projetos podem ser
classificados em 5 grupos ou fases, sendo eles:
1. Iniciação
2. Planejamento
3. Execução
4. Monitoramento
5. Encerramento
39
O gerenciamento dos projetos estratégicos da empresa deve seguir
o fluxo constante no Anexo 1 deste documento. É importante observar que as
fases descritas podem ocorrer simultaneamente ao longo do gerenciamento de
um projeto.
FASE ATIVIDADE RESPONSÁVEL DOCUMENTO
UTILIZADO
1. Iniciação
1.1 Designar o patrocinador e o gerente
Comitê de Gestão Estratégica
Termo de Abertura de Projeto (TAP)
1.2 Elaborar o termo de abertura Coordenação de Projetos Estratégicos
2. Planejamento
2.1 Formar a equipe Gerente
Plano de Projeto Consolidado Plano de Projeto Detalhado
2.2 Analisar as partes interessadas (steakholders)
Gerente e Equipe
2.3 Detalhar o escopo (EAP)
2.4 Elaborar o cronograma
2.5 Definir o orçamento
2.6 Identificar e analisar os riscos
2.7 Planejar a comunicação
2.8 Consolidar o plano de projeto
2.9 Definir indicadores de desempenho
3. Execução 3.1 Executar as ações do Projeto
Equipe
Relatórios de entrega (ou cronograma atualizado)
4. Monitoramento 4.1 Monitorar ações e indicadores
Patrocinador, Gerente, Equipe e Coordenação de Projetos Estratégicos
Relatório de acompanhamento
5. Encerramento 5.1 Encerrar o Projeto Gerente Termo de Encerramento
Tabela 3. Processos de gerenciamento de projetos aplicados ao escritório de projetos. Fonte:
Próprio Autor
40
5.7 Critério de Avaliação dos Projetos Estratégicos
Os projetos serão avaliados segundo os critérios de cumprimento do
cronograma e resultados de indicadores, conforme o percentual de
cumprimento das atividades.
De acordo com a situação do cronograma, deverão ser adotadas
ações pelo gerente do projeto ou pela Coordenação de Projetos Estratégicos
para corrigir seu rumo, buscando-se alternativas para garantir que seus
objetivos sejam alcançados.
O quadro abaixo lista as situações em que as medidas são
necessárias e o que deve ser feito em cada caso:
% de ações em dia /
atingimento da meta
Situação do Cronograma
Resultado de indicadores
(meta)
Ações a serem adotadas pelo
Gerente de Projeto
Ações a serem adotadas pela
Coordenação de Projetos Estratégicos
Mais de 90%
Em dia Atingida -
Pautar o projeto na Reunião de Análise Estratégica, para apresentação do
andamento e resultados.
Entre 70 e 90%
Algumas ações em atraso
Parcialmente atingida
Replanejar as datas das tarefas atrasadas
Avaliar se as novas datas atendem à
Estratégia.
Menos de 70%
Atrasado Não atingida
Replanejar as datas de tarefas atrasadas e analisar mudanças
necessárias no projeto
Avaliar se as novas datas e mudanças
atendem à Estratégia.
Quadro 3. Critérios de avaliação dos projetos estratégicos. Fonte: Próprio autor.
41
CONCLUSÃO
O gerenciamento de projetos está cada vez mais em alta no cenário
mundial. A busca por resultados rápidos como resposta ao aumento da
competitividade e complexidade do mundo dos negócios, leva a visualizar o
gerenciamento de projetos competente como um fator de sucesso à
organização.
A implementação de um Escritório de Projetos não necessariamente
precisa ser realizada em empresas que oferecem este serviço, cada vez mais
as organizações, sejam governamentais, privadas ou não-governamentais vem
implementando escritórios de projetos.
Um escritório de projetos bem estruturado pode otimizar a gestão
dos projetos e buscar a implementação da estratégia, potencializando os
resultados da empresa e gerando vantagens competitivas. No entanto, existem
fatores que devem ser considerados para implementação de um PMO, como
por exemplo, porte da organização, objetivos, cultura, experiência, maturidade,
capacidade, recursos, dentre outros.
Ter um PMO não quer dizer que a organização não vai encontrar
problemas, riscos e surpresas nos projetos. Porém, vai reduzir o sofrimento das
organizações e fornecer evidências tangíveis para convencer os executivos e
as equipes dos projetos do valor do PMO.
42
BIBLIOGRAFIA
BARCAUI, André. PMO Escritório de Projetos, Programas e Portfólios na
prática. Rio de Janeiro, 2012.
BERRY, Leonard L., PARASURAMAN, A. Serviços de Marketing:
competindo através da qualidade. 3ª. ed. São Paulo: Maltese, 1995.
BLOCK, Thomas R.; FRAME, J. Davidson. The Project Office. Crisp
Publications, Washington: 1998.
COOPER, Robert G.; EDGETT, Scott J.; KLEINSCHMIDT, Elko J. New
product portfolio management: practices and performance. Journal of
Product Innovation Management, v. 16. July, 1999.
HILL, Charles; JONES, Gareth. Strategic management theory. Boston:
Houghton Miffin, 2002.
Internet 1: Acesso em 08/01/2017
http://images.slideplayer.com.br/25/8017176/slides/slide_24.jpp
IRELAND, Lewis R; CLELAND, David I. Gerenciamento de Projetos. Rio de
Janeiro: LTC, 2ª edição, 2004.
KERZNER, Harold. Project Management – A Systems Approach to
Planning, Scheduling and Controlling. 7th Edition. John Wiley: New York,
2001.
MENEZES, Luís C.M., CAPELOZZA, Odair. PMO as a service: Seus Projetos
em Boa Forma. Revista: Mundo Project Management. Ano 12 N° 70, Ago &
Set/2016.
MINTZBERG, H.; WATERS, J. Of strategies: Deliberate and emergent.
Strategic Management Journal, 6(3): 257-272, 1985.
PINTO, Américo (org.) Benchmarking em Gestão de Projetos. Brasil:
Relatório 2010. Rio de Janeiro: Senai, 2010.
PMBOK Guide. Project Management Body of Knowledge Guide. 4th Edition.
Project Management Institute, Newton Square, PN, USA, 2008.
PMI, Project Management Institute. Um guia do conhecimento em
gerenciamento de projetos. 4ª. edição. Newtown Square, PMI, 2008.
43
PMI, Project Management Institute. The Standard for Portfolio Management.
2.ed. Pennsylvania: PMI Inc., 2008b.
WIT, Bob; MEYER, Ron. Strategic synthesis: resolving strategy paradoxes
to create competitive advantage. London: Thomson, 2008.
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 RESUMO 04 METODOLOGIA 05 SUMÁRIO 06 INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
Escritório e Projetos e seus benefícios 10
1.1. Benefícios para organização 10
1.1.1 Âmbito da estratégia 11
1.1.2 Âmbito do conhecimento e visão 11
1.1.3 Âmbito das mudanças organizacionais 12
1.1.1 Âmbito do crescimento 12
1.2. Benefícios para os executivos 12
1.3. Benefícios para os gerentes de projeto 13
1.4. Benefícios aos clientes 14
CAPÍTULO II
Escritório de Projetos voltado à estratégia da empresa 15
2.1. Formulação da estratégia 17
2.2. O PMO na operacionalização da estratégia 19
CAPÍTULO III
Gerência de Programas 22
3.1. Programas de Projetos 22
3.1.1. Gerenciamento do Programa 23
3.1.1.1 Áreas de conhecimento do gerenciamento do programa 24
3.1.1.2 Processos do gerenciamento do programa 25
CAPÍTULO IV
Portfólio de Projetos 26
4.1. Gestão de Portfólio 26
4.2. Alinhamento entre a estratégia empresarial e os projetos 27
4.3. Indicadores de Performance 30
CAPÍTULO V
Estudo de Caso: Escritório de Projetos em uma empresa de serviços 32
45
5.1. Coordenação de Projetos Estratégicos 32
5.2. Objetivos 32
5.3. Definições 33
5.4. Missão 34
5.5. Papéis e Responsabilidades 34
5.6. Fluxo de gerenciamento dos projetos estratégicos 38
5.7. Critério de avaliação dos projetos estratégicos 40
5.8. Reuniões de acompanhamento cos 40
CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA 42 ÍNDICE 44 ÍNDICE DE FIGURAS 46 ANEXOS 47
46
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Benefícios de um PMO à organização 11
Figura 2 – Tipos de Estratégias 18
Figura 3 – Processos do Gerenciamento de Programas 25
Figura 4 – O contexto organizacional da gestão de portfólios 28
Figura 5 – Articulação dos processos de gestão de portfólio 29
Figura 6 – Estrutura de tomada de decisão 35
47
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Fluxo Gerenciamento de Projetos;
48
ANEXO 1
FLUXO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS
49