criminologia - objeto da criminologia (1)-lfg intensivo

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    Criminologia Jos Procpio

    CONCEITO DE CRIMINOLOGIA

    Por que algum delinqe?O que fazer para que no haja delinqncia?

    Trata0se de cincia emprica, e interdisciplinar que cuida do crime, doinfrator, da vitima e do controle social do delito. E gera uma informaovalida da gnese, dinmica e variveis do crime, orientando sua preveno esua represso.

    Faamos digresso quanto a alguns pontos:

    Quanto ao mtodo: a criminologia cincia emprica / interdisciplinar.

    Quanto ao objeto: o objeto de estudo a criminologia envolve delito,criminoso, vitima e controle social.

    Quanto funo da criminologia: objetiva, prevenir e orientar aresposta orientar a poltica criminal estatal.

    I. MTODO por mtodo emprico quer-se indicar mtodo experimental aquele que evolui a partir da observao efetiva do mundofenomnico. Tambm pode ser chamado de analtico ou indutivo. Partedo objeto, da coisa, para chegar constatao, idia.

    O contrrio disto seria o mtodo dedutivo, silogstico.

    A criminologia se socorre de outras cincias (matemtica, estatstica,psicologia, balstica), que possam trazer algum contributo. Dametadisciplinar.

    II. OBJETO DA CRIMINOLOGIA:

    1. DELITO: sobre o delito palavra com mais de uma acepo. O conceitoformal da cincia do direito. e pode-se ter ai teoria bipartida,tripartida, quadripartida (fato tpico + antijurdico + culpabilidade +punibilidade, conforme o caso).

    J para a filosofia e para a tica o delito tem contedo moral, de contradio

    aos paradigmas ticos.Para a sociologia apenas fato social.

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    E para a criminologia? visto o delito como o problema, como o algo a serdecifrado.

    para a criminologia o delito um problema social e comunitrio, comincidncia aflitiva (incide de forma a constranger as pessoas daquele meiosocial), e persistncia espao-temporal (se incidir se uma vez no veio

    voltar a incidir, da no interessa a criminologia que se preocupa com apoltica criminal), que varia conforme a efetividade dos controles sociaisformais (crcera) e informais (famlia, vizinhana, amigos, parquias).

    2. CRIMINOSO: para a criminologia se liga ao modo de encarar o livrearbtrio; a pessoa determinada pelo meio ou ela se auto-determina/ aquesto relativa ao criminoso tem a ver com o livre-arbtrio.

    Para os clssicos o homem essencialmente bom, nasce sem pecado. obom selvagem

    O criminoso aquele que optou por delinqir, pelo erro, pelo mal. Emoutrasp lavras o criminoso, para os clssicos um pecador. Que optou pelomal diante do seu livre arbtrio. Diante desta tica a pessoa decide se querou no delinqir: ela opta por quebrar o pacto social. Uma viso quase queromntica de enxergar o criminoso.

    Por outro lado para os positivistas o livre-arbtrio iluso. Aqui se fala emsuperao da meta0fsica. No existe nada que no seja palpvel. Livrearbtrio no palpvel, logo no existe.

    Para os positivistas, no tendo o livre arbtrio, determinados indivduosportadores de patologias incidem no crime. O criminoso o portador de umapatologia, portanto. o famoso determinismo biolgico. As pessoas trazemna sua carga gentica fenotpica a tendncia para assassino, ladro, etc.

    a teoria de lombroso.Por esta teoria, ou a pessoa tinha essa patologia ou a adquiria por processoscausais alheias.

    Uma terceira escola so os famosos correicionalistas.

    Para estes, o criminoso era um fraco, um ser inferior, tbio de carter. incapaz, inbil, ineficiente. Por isso o Estado deve intervir para tutelar essas

    pessoas e impedir que elas incidissem no crime.

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    Partiam, portanto, da premissa de que as pessoas eram frgeis. A partir datutela contundente do estado ela poderia ser trazida novamente ao convviosocial adequado.

    Para estes o criminoso precisa ter sua vontade dirigida pelo estado. Ele temlivre arbtrio mas fraco de carter de forma que se deix-lo se auto-

    determinar, ir de delinqir.

    Em uma quarta corrente, para os Marxistas o criminoso a vtima doprocesso social. O infrator vitima do processo econmico de explorao dohomem pelo homem que colocam o foco da vida no ter e no no ser.

    Por muitas vezes no ter nem o mnimo para sobreviver, as pessoasdelinqem.

    3. VITIMA: tem papel importante na criminologia.

    At 1.215 quando a igreja catlica se afastou do sistema ordlico(provas de fogo, de gua, se queima ou afoga criminoso) a vitima eramuito importante na criminognese, gnese do delito, porque havia afamosa vingana privada haja vista no haver estado forte para exercer omonoplio da violncia.

    At a alta idade media a vitima tinha esse papel importante porque elamesma podia se vingar delinqindo, gerando mais violncia.

    A partir da baixa idade mdia, com o advento da Santa Inquisio avitima passou a jogar papel mnimo na gnese do crime, ela no eraimportante. O importante era saber se o criminoso ofendeu Deus, que setornou na vitima da maioria dos delitos. Os delitos eram contra a igreja ou oprprio deus.

    A vitima foi recuperada depois da 2 GM e os horrores do holocausto.

    Mendelson em 1.947 revalorizou o papel da vitima, e enunciou aspremissas do que seria a vitimologia que questiona que papel a vitima jogana gnese do delito.

    A vitimologia o estudo do comportamento da vtima comavaliao das causas e dos efeitos da ao delitiva sob o prisma dainterao da dupla penal criminoso-vtima e criao do risco.

    Que papel que a vitima joga? Quanto que ela responsvel na

    delinqncia?

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    Essa idia de que dependendo da vitima seu comportamento pode atefazer o agir, atingindo a vitimologia dogmtica.

    No mundo fenomnico se observou que muitas vezes a vitima cria asituao para que o crime ocorresse.

    Fala-se em processos de vitimizao: primria e secundria.

    a. Vitimizao primria so as conseqncias do delito que atingemdiretamente o ofendido, a vtima. Ex.: cidado foi vitima de umfurto, a vitima primria.

    b. Vitimizao secundria: depois de ter sido objeto do furto, elepassara por eventual via-crussis para poder vir atendido o seuinteresse bsico para que o estado tome conhecimento do fatocriminoso e v atrs. So, ento, os nus da burocracia. As

    vitimizaes geradas pelo prprio estado quando demora aresponder pelo crime.

    c. Vitimizao terciria; a que toca o autor do fato. O criminoso. Ex.:o autor do fato submetido a sevcias no crcere, fica em localsuperlotado. So as conseqncias do delito que tocam o prprioautor do fato tornando-o vitima do prprio processo de apurao dofato.

    4. CONTROLE SOCIAL DO DELITO:

    o conjunto de mecanismos e de sanes sociais que pretendemsubmeter o indivduo aos modelos sociais e comunitrios.

    Os controles so formais e informais. Formais so os pertinentes aoestado repressor; controles informais so aqueles pertinentes a famlia,igreja, social, amigos, tudo o que possa demover o individuo da prtica dodelito.

    III. FUNO:

    Poltica criminal: a criminologia pretende a partir de uma base dedados consistente a elaborao de uma poltica criminal, isto , a elaboraode meios e instrumentos para tornar mais efetivos os controles formais einformais dos delitos. Por outras palavras a criminologia pretende prevenir aocorrncia do delito e orientar a resposta estatal a prtica do delito.

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    HISTRIA DA CRIMINOLOGIA

    Menciona-se inicialmente Hipcrates, pai da medicina, do sc. IV a.C.foi o primeiro indivduo que fez aproximao entre a aparncia fsica dapessoa com o comportamento desviante.

    Sculos depois, em 1.586 d.C. Della Porta retoma as idias deHipcrates e cria algo que se chamou fisionomia que era a cincia quepretendia relacionar a ocorrncia do delito com o aspecto fsico da pessoa.

    Na idade mdia, muitas cincias alternativas pretenderam explicar osdelitos das mais diferentes maneiras. Existia uma chamada demologia quediziam que a delinqncia ao estar possuindo pelo demnio.

    Havia tambm uma cincia da quiromancia que pretendia ver naslinhas das mos da pessoa uma propenso a delinqir, ou outra que

    relacionava o crime quantidade de rugas na testa.

    Todas essas cincias foram banidas, colocados no ostracismo pelaigreja catlica com a santa inquisio. Foi colocado no lugar uma teoriaracional de criminologia, mas orientados pela religio.

    Os pensadores da igreja comearam a raciocinar a respeito da gnesedo crime.

    So Tomas de Aquino relacionou o crime com a pobreza. Segundo

    este o crime tem base na desigualdade e a pobreza geralmente a maiorincentivadora do roubo. So Toms foi o primeiro a justificar o furto famlicocomo um no delito, no seria este um crime contra Deus.

    Santo Agostinho dizia que a pena deve ser uma medida de defesasocial. Ela deve contribuir para a regenerao do criminoso punindo-o. Masela deve, tambm, conter implicitamente uma ameaa para aqueles quepretendem delinqir. (o mesmo conceito de hoje).

    No sec. XVIII como fim do monoplio do conhecimento por parte daigreja, comearam a voltar a cincia que pretendia relacionar o estado fsicoda pessoa com o delito que ela cometia.

    Em 1.776 Gall e Lavater cincias que se enunciavam comocraniometria, cranioscopia pretendiam relacionar o tamanho da cabeacom a forma como a pessoa se conduz na vida (muito antes de Lombroso).

    Pinel era mdico pensador do sistema manicomial do inicio do sec. XIX,1.801, tendo sido ele responsvel pela humanizao dos manicmios.

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    Pessoas esquizofrnicas, paranicas aquela poca eramacorrentados. Ento em 1.801 ele sinalizava a falncia daquele sistemamanicomial (j era uma crtica ao sistema positivado hoje que prevabstratamente a pena de internao em manicmios no caso de pessoasque delinqem sendo portador de desvio).

    Um dos seguidores de Pinel, chamado Esquirol disse que mesmopessoas inteligentes e bem formadas podem delinqir, desde que submetiass presses adequadas.

    Outra cincia auxiliar ao inicio da criminologia foi a frenologia de 1.844de Soler. Esta cincia pretendia entender as funes intelectuais humanas eo carter das pessoas. As estruturas cerebrais podem influenciar na gnesedo delito. a cincia que estuda o carter e as funes intelectuais humanas

    baseadas nas informaes do crnio (percussora da psiquiatria).

    Esta cincia sucedida pela psiquiatria de Sigmon Freud. Este diz quea violncia atavia ao ser humano. O homem potencialmente violento.Tem essa conduta social de sendo contrariado nos seus interesses vir adelinqir.

    A gentica de Darwin tambm foi importante porque Lombroso foicolher das noes de Darwin o conceito da atavismo.

    A partir dessas cincias, podemos formular 4 premissas para osurgimento da criminologia (hipteses de paternidade):

    A criminologia surge em 1.764 com Marques Becaria que escreveuo livro dos delitos e das penas. A gnese do crime e o que ocorrecom presos no crcere.

    Em 1.859, a partir das lies de Carrara, tinha um mtodo dedutivo

    com o foco no crime como um fato jurdico, e no como problemasocial. Surge a palavra, mas no para descrever a cincia que hojetemos como criminologia.

    Csare Lombroso, com a obra o homem delinqente. Aqui o foco na observao do cirminoso. Lombroso investigava inmeroscriminosos, fez inmeras autpsias, pessoas que delinqiramfisicamente e fez anotaes para entender se havia um carterfenotpico que fosse idntico, permitindo criar um padro deobservao. 1.876.

    Garfalo, em 1.885. a tentativa deste foi no sentido de criar umsentido unvoco de delito que sirva para qualquer cincia. Um

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    conceito substancial, passivo de ser entendido em qualquermomento. O que crime aqui no Brasil se for crime mesmocontrariar a tica e moral em todos os mbitos humanos, e emqualquer mbito humano.

    LOMBROSO

    Era positivista fortemente influenciado por Augusto Comte (pai dospositivstas). Lombroso acreditou ter reconhecido uma variedade especial dehomo sapiens, que seria o criminoso nato. Seria uma espcie diferente.

    Este criminoso nato teria estigmas, sinais como maxilar inferior largo,sobrancelha espessa, frontispcio projetado, orelhas grandes, mos grandes,etc. seriam indicaes de que essas pessoas necessariamente delinqiria, eexigiria uma atuao estatal antes da delinqncia.

    Algo meio minority report.

    Lombroso classificava os criminosos em trs tipos:

    a. Criminoso nato nasce com o estigma.

    b. Falso delinqente delinqente ocasional, circunstancial.

    c. Criminalide o delinqente meio fronteirio, oligofrnico. apessoa que no tem suporte para agentar provocaes, e reagesem pensar.

    FERRI

    Enrico Ferri foi discpulo de Lombroso, e o pai da sociologia cirminal porquealm dos fatores intrnsecos do individuo ele tambm punha foco nos fatoresambientais da gnese do crime, e classificava as causas do crime em trsespcies diferentes:

    a. Causas biolgicas herana gentica e a constituio da pessoa.

    b. Causas fsicas clima do lugar. Brasileiro era mais propenso avadiagem e mendicncia.

    c. Causas sociais pertinentes s condies de ambiente social dapessoa. Aqui entra, por exemplo, as paixes.

    Ferri no acreditava no livre arbtrio, como os demais positivistas.

    Ele classificou os delinqentes em cinco tipos:

    a. Delinqente nato;

    b. Louco;

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    c. Ocasional;

    d. Habitual;

    e. Passional.

    SUPERAO DO POSITIVISMO

    Um dos maiores crticos da pesquisa de Lombroso foi Grabiel Tardi. Estecriticava as teorias de Lombroso com os seguintes argumentos:

    a. O mtodo estava errado

    b. Fragilidade lgica das concluses. As observaes de Lombroso noredundavam logicamente nas concluses que ele tirava no

    porque reconheceu semelhanas fsicas entre determinadoscriminosos que far com que os que detm tais semelhanadelinqiro.

    O CP de 1.940 ainda previu o sistema do duplo binria, prevendo apossibilidade de impor inclusive ao imputvel tanto uma sano pelo fatopraticado como uma medida de segurana cautelar, protetiva do meio social,antes mesmo de uma condenao definitiva. Este modelo s veio a sersuperado no Brasil em 1.984 com a nova parte geral.

    Ed 1.940 ate 1.984 vivemos sob o signo dos positivistas italianos.Com a superao do positivismo os pensadores comeam a imaginar comoenfrentar o delito a partir de duas premissas: alguns pensam ser a sociedadecomo de eterno conflito e que sempre tende a se modificar. E outros pensamna sociedade como um consenso comum.

    H teorias fundadas no consenso social e outras fundadas no conflito social.1

    1. Teorias de consenso: As teorias de consenso social partem dapremissa partem da premissa de que o criminoso pode aceitar asregras da sociedade e se ressocializar. O foco destas teorias noscontroles informais do delito. Relaciona-se as seguintes escolas dessateoria do consenso (a sociedade tende a se rearrumar:

    a. Escola Ecolgica / de Chicago o pensamento sociolgicocomeou no final do sec. XIX quando se fundou a prpriauniversidade de Chicago e comeou a pensar porque as pessoas

    delinqiam. Mas a teoria ecolgica foi formulada por volta de 1.930,por Park e Burgess.

    1 Recorte epistemolgico cincia do conhecimento. recorte cientifico.

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    Estes dois estudiosos utilizaram-se do mtodo de observaoparticipante para descobrir como que os guetos das cidadesinfluenciavam na prtica do crime: iluminao, espao publico, meiode locomoo, etc.

    Concluses: (i) grandes cidades so geratrizes de crimes porque os

    controles sociais informais no funcionam. As pessoas tm menosvnculos familiares, so mais impessoais (deteriorao dos vnculosprimrios). (ii) o grupo familiar se deteriora no ambiente; a cidadegrande tem tendncia paternidade irresponsvel, de maternidadeirresponsvel. (iii) h uma alta mobilidade, grande migraoenfraquecendo mais ainda os vnculos pessoais. Tudo isso redundaem relaes interpessoais superficiais

    Alm disso, cidades grandes tm o problema do superadensamento:

    muita gente por metro quadrado, superpopulao. Mais ainda, elasestimulam o consumo excessivo; costumam ser mais competitivas.E h proximidade tentadora dos centros comerciais (cultura doconsumo + proximidade do centro comercial).

    Tudo resulta num caldo de cultura favorvel delinqncia e violncia. Prope-se ento um repensar da cidade, umareformulao.

    chamada ecolgica porque observa o homem dentro do seu

    meio.

    b. Escola da Associao / do Contato Diferencial criada porSutherland, em 1.944. este foi pesquisar o crime no mbito dasempresas, tendo pesquisado 70 grandes corporaes nos EUA de1920 a 1944, pesquisando essa criminalidade institucional.

    O objeto emprico dele era trustes e cartis (criminalidade contrafiscos).

    Premissas de Sutherland: (i) crime no exclusivo de pobre, notem relao com classe social; (ii) o crime no deriva da simplesinadaptao da pessoa sociedade; (iii) crime exige organizaopara burlar controles formais e informais; (iv) quem delinqe, o fazporque se reconhece no exemplo de quem delinqiu, copia o outroque j delinqiu e se deu bem. Quem se associa para delinqir porque se reconhece igual ao associado.

    Concluses: (i) o comportamento criminal aprendido (a pessoaaprende a delinqir); (ii) esse aprender do delinqir depende deduas bases: comunicao e imitao (entender o que acontece e

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    saber imitar); (iii) este aprendizado tambm inclui o motivo peloqual se delinqe de forma a dar-lhe base filosfica; (iv) o conflitocultural causa da associao diferencial, ou seja, por nocompactuar com as premissas postas em sociedade que a pessoase associa ao diferente, ao estranho, ao que delinqe. Na base do

    comportamento delinqente est uma associao do que delinqecom quem se comporta de forma desviada.2 (v) a ocasio faz oladro, o cometimento do delito depende de circunstncias, deprognstico de xito, situaes favorveis e desfavorveis.

    Resumindo, Sutherland diz que a complexidade dos crimes + seusefeitos difusos na sociedade (ngm sente quando marcos Valrio norecolhe tributos) + a tolerncia das autoridades + impunidadegeram as condies para a delinqncia. ( o caldo paradelinqir).

    c. Escola da Anomia ausncia de norma anunciada porDurkheim em 1.890, tendo sido aprimorada por Mertom por volta de1.938. Segundo essa escola o problema todo est na ausncia denormas. Ou mesmo ausncia de efetividade das normas postas que gera o ambiente necessrio para que algum delinqua.

    O problema ento a inefetividade das normas ou insuficincia

    delas. Constata-se que a ausncia de regras para regular asrelaes sociais gera conflituosidade. Tem por conseqncia oenfraquecimento na conscincia coletiva do sentido do que certoe errado. Fragiliza, portanto, o consciente coletivo, os valorescoletivos de certo e errado.

    Concluses: (i) o crime fenmeno normal que ocorre emqualquer sociedade, comum, e at bom. S deixa de s-lo quandoultrapassa certos limites passando a importar uma agresso prpria sociedade, ao prprio organismo. (ii) a punio saudvel

    porque reafirma no consciente coletivo o certo e o errado; osvalores que so caros sociedade (ex.: vida, propriedade, tica,respeito). (iii) a pena aplaca a sede de vingana coletiva. Ela sepresta a aplacar a rivalidade da sociedade para com aquela pessoa,reduzindo desconforto emocional coletivo em face do delinqente.(iv) impunidade fomenta a criminalidade.3 onde no h estado, hcrime, sendo outros controles formais, inclusive de punio.

    Segundo Mertom na sociedade moderna a ascenso social o valor

    precpuo, fundamental. E o principal aspecto pelo que a pessoa2 Segundo Racionais MCs adeso vida louca.3 pensamento de todas as teorias do consenso.

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    delinqe a frustrao desse desejo de ascenso social (o grossoda criminalidade hoje contra o patrimnio e trafico deentorpecentes).

    Mertom relaciona quatro posturas fundamentais do individuo emface dessa presso social de ascenso social (a pessoa pode reagir

    de 4 maneiras):

    i. Conformidade - conformar-se com sua frustrao; no hdelinqncia. At quer melhorar, mas no o faz.

    ii. Ritualismo o cidado renuncia aos bens, abrindo mo dascoisas, mas continua se movendo no mundo fenomnicocomo se fosse comum; deixa de achar a ascenso importante,mas continua se movendo igualmente no meio social.

    iii. Retraimento cidado vira monge; renuncia aos bens e aosritos.

    iv. Invaso este se desdobra na rebelio. Nestes dois contextoso cidado comea em maior ou menor grau a utilizar meiosem busca da ascenso social, se tornando elemento dacriminogenese.

    d. Escola da Subcultura do Delinqente

    subcultura contracultura. Subcultura reproduz os valores tradicionais, mas comsinal invertido, negativo, sob o signo da intolerncia com o diferente(ex.: movimento nazifascista que pega signos importantes etradicionais e vira eles para a intolerncia com o diferente).Contracultura renega o paradigma tradicional, valores importantespara a cultura dominante (ex.: movimento hippie que renega osvalores tradicionais e prope algo no lugar para que dinheiro,vamos viver em paz e harmonia).

    Quem primeiro manifestou essa idia foi Cohen nos EUA em 1950,observando a juventude americana do final dos anos 1.950.

    Ele constatou a frustrao do american dream, o sonho deprosperidade americana, dinheiro, riqueza, beleza. Junto com essafrustrao ele encontrou segregao racial, luta racial edesagregao familiar. Jovens desprezando a referencia dos pais,sem como conseguir dinheiro e racistas ou sofrendo o racismo.Cohen reconhece, portanto, a cultura do gueto = estabelecimentode novos padres de comportamento a partir de afinidades grupaise normalmente sob um paradigma violento. So as gangues.

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    Os aspectos fundamentais reconhecidos por Cohen nesta violnciaeram: (i) era uma delinqncia diferente, sem objetivo certo; noera busca de ascenso social; o que importa era o grupo social novoconstitudo. Era uma violncia sem aparentemente nenhumajustificao, nenhuma utilidade. (ii) a conduta sempre maliciosa,

    para deixar o outro de forma constrangedora, mostrar o quopattica a vitima. Se importa com as conseqncias da vitima nogrupo a que pertence. (iii) a subcultura do delinqente noconsegue enxergar um horizonte positivo. No consegue proporalguma soluo como a vida harmnica. sempre no sentido dedestruir, de aniquilar o posto.

    Esse grmen da gangue dos EUA teve como conseqncia direta asorganizaes criminosas no mbito do crcere existente no Brasilonde o importante mesmo o referencial do crcere.

    2. Teorias de conflito ; parte-se da premissa de que a sociedade lutadentro de si mesma, e se modifica substancialmente sempre. Parte-seda premissa de que os criminosos no aceitam os controles, no seressocializam. A sociedade tende a se autofagocitar. So elas:

    Premissa: o crime ou a criminalizao das condutas de interesse dasociedade. A sociedade usa essa pecha crime para albergar aspessoas desviantes que no se adaptam ao paradigma normal deatuao da sociedade.

    a. Escola do Labelling Approach / do Etiquetamento Quemprops isso foi Becker na dcada de 1.960. segundo esta crime algo que se estigmatiza ou imputa a algum por ter praticado umaconduta desviante.

    A criminalidade no a qualidade de uma determinada conduta,mas o resultado de um processo atravs do qual se atribui estaqualidade. O processo de estigmatizao. Ou seja, criminoso umaetiqueta que a sociedade prega em algum. um selo, um label.

    Chamar algum de criminoso interessa prpria sobrevivncia dasociedade em face daqueles que querem mud-la. Perseguir os quequerem a alterao da prpria sociedade, eventualmente ate maisjusta.

    Concluses: (i) desloca o problema criminal da ao para arepresso. O problema esta na forma como se reprime essaconduta. No importa o que delinqe, mas quem quer puni-lo e

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    porque o quer. (ii) a interveno da justia criminal gera maiscriminalidade, porque ela estigmatiza o desviante e impede que elese recupere. (iii) pessoas que sofrem com os mesmos estigmastendem a agrupar-se para reagir a esse processo deestigmatizao. (iv) o controle social do crime seletivo e

    discriminatrio (ex.:o que deve o tributo, pagando extingue suapunibilidade; mas o que deve um DVD ao supermercado, pagando-ono v extinta sua punibilidade).

    Esta teoria influenciou o sistema de progresso de pena da LEP.Influenciou o modelo de priso total para tentar aproximao doencarcerado com o meio social.

    b. Escola da Criminologia Crtica: esta se desdobra em vriasoutras subescolas. tambm chamada criminologia radical. Ela fazcritica contundente s premissas da criminologia clssica oupositivista.

    A origem mediata desta escola imputada a Rusche e Kircheimer,1.967.

    Fortemente influenciados pela doutrina marxista, eles propuseramque os processos de criminalizao de determinas condutas serelaciona com a disciplina da mo de obra no interesse do capital ecom a conteno dos movimentos sociais (ex.: crimes contra asrelaes de trabalho lock out, greve).

    Em vrios locais pipocaram doutrina com mesma baseargumentativa. Aqui no Brasil Roberto Lyra promoveu tal idia(promotor); na Itlia encontramos Barata; na Frana Foucloult.

    Premissas: (i) o delito depende do modo/modelo de produocapitalista; (ii) a lei penal incriminadora deriva desse modelo ejustifica este modelo. Segundo Foucoult o direito no cincia, masideologia; forma de dominao.

    O homem tem livre arbtrio relativo, o que reduzido pelapropaganda e educao (lavagem cerebral pelo modo de produocapitalista foco no ter e no no ser); a criminalizao deconduta ento se presta a retroalimentar o estado, se criminalizacondutas para justificar o monoplio da violncia do estado.

    As vertentes fundamentais da criminologia crtica so 4:

    i. Neo-realismo Young, Jock estes traziam para a gnese docrime outros aspectos no antes mencionados: (i) odesemprego massivo; (ii) o contraste entre riqueza e

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    pobreza; (iii) o surgimento de novas vitimas at entoinvisveis para a sociedade, quais, as mulheres e as crianas.Essas vitimas quase no tinham voz. a considerao denova delinqncia ate ento submersa na cifra negra. Elespropem que se voltam aos problemas da delinqncia e

    deixem de dizer que o problema somente o econmico. uma reao ao marxismo; prope um resgate dos outrosaspectos.

    ii. Minimalista Martin Sanches este indivduo prope umacontrao do sistema penal. o que no direito penal seconvencionou chamar fragmentariedade do direito penal. Adescriminalizao de condutas no relevantes para asociedade. Ele prope a contrao do sistema penal emcertas reas. Mas tambm prope maior efetividade dos

    direitos penais em outras reas. Seria o direito penal comoultima ratio.

    iii. Abolicionistas Matienser 1.896 faz critica arrasadora aodireito penal propondo o fim do direito penal; partem daobservao do que a sano penal gera no criminoso.

    Premissa: j vivemos em uma sociedade sem sistema penaldado o nvel alto de cifra nega. Quase tudo no perseguido,apurado efetivamente, muita coisa no nem notificado.

    Vivemos em uma sociedade em que o sistema penal notrabalha.

    O sistema anomico, seletivo e estigmatizante. O sistema va sociedade como um consenso (o que um erro j que ela muito mais uma luta) e o delinqente como inimigo.

    O sistema penal mquina de produzir dor intil; dor que nointegra, no resolve, no melhora. As pessoas saem da cadeiapior do que quando entraram. Ento no h justificativa para

    manter esse sistema to oneroso que de tal forma aniquila,estimagiza as pessoas.

    Em relao a esse movimento todo, temos o movimentoantittico, inverso, movimento da lei e da ordem.

    c. Novo Movimento de Defesa Social: ficou muito conhecido pelaspessoas com o nome de tolerncia zero (broken wondows).

  • 7/28/2019 Criminologia - Objeto Da Criminologia (1)-LFG Intensivo

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    Movimento da lei e da ordem o direito penal como prima ratio. a poltica da janela quebrada quebrou uma janela vamos paracima.

    Premissas: vamos lutar passo a passo contra pequenos delitos. pichador, vagabundo, vadiante, punguista, vamos para cima dele,

    tornando sua vida um constrangimento ate que migre para outrolugar.

    a inteno de tornar o sistema mais reprimente, mais ostensivo,dando mais poderes autoridade policial. Subjacente a estas est oreconhecimento e estigmatizao do inimigo dentro da sociedade. agir no estilo Minority Report.

    Vis de guerra preventiva.

    A partir dessa poltica, do novo movimento de defesa social,encontra-se legitimao no direito penal do inimigo (jacobs).