direito administrativo (lfg)

244
ADMINISTRATIVO, FERNANDA MARINELA CESPE: Celso Antonio Bandeira de Mello. Mais tranqüilo: José dos Santos Carvalho Filho Resumido: Maria Sylvia Zanella di Pietro (bom para 1ª fase) Além de manual e caderno, LEIS SECAS e INFORMATIVOS do STF e STJ 1. INTRODUÇÃO ao DIREITO ADMINISTRATIVO.....................6 1.1. Conceito de DA....................................... 6 1.2. Fontes do DA......................................... 8 1.3. SISTEMA ADMINISTRATIVO...............................8 1.4. ESTADO, GOVERNO e ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..............9 2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO..........................11 2.1. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO.....................11 2.2. INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO..............12 2.3. LIMPE............................................... 12 2.3.1. LEGALIDADE......................................12 2.3.2. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE.....................13 2.3.3. PRINCÍPIO DA MORALIDADE.........................14 2.3.4. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE........................15 2.3.5. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA.........................16 2.4. PRINCÍPIO DA ISONOMIA...............................17 2.5. CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA........................17 2.6. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. . .18 2.7. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE...........................19 2.8. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA.............................21 2.9. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE..........................21 2.10. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE.............21 3. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO............................22 3.1. FORMAS DE PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA.....22 3.2. ADMINISTRAÇÃO DIRETA................................23 3.2.1. CLASSIFICAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA...........24 3.3. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA..............................26 3.3.1. AUTARQUIAS......................................28 3.3.2. EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. . .34 3.3.2.1. CONCEITO.....................................34 3.3.2.2. REGIME JURÍDICO..............................35 1

Upload: 310505

Post on 20-Oct-2015

164 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

ADMINISTRATIVO, FERNANDA MARINELA

ADMINISTRATIVO, FERNANDA MARINELA

CESPE: Celso Antonio Bandeira de Mello.

Mais tranqilo: Jos dos Santos Carvalho Filho

Resumido: Maria Sylvia Zanella di Pietro (bom para 1 fase)

Alm de manual e caderno, LEIS SECAS e INFORMATIVOS do STF e STJ

61. INTRODUO ao DIREITO ADMINISTRATIVO

61.1. Conceito de DA

81.2. Fontes do DA

81.3. SISTEMA ADMINISTRATIVO

91.4. ESTADO, GOVERNO e ADMINISTRAO PBLICA

112. REGIME JURDICO ADMINISTRATIVO

112.1. SUPREMACIA DO INTERESSE PBLICO

122.2. INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PBLICO

122.3. LIMPE

122.3.1. LEGALIDADE

132.3.2. PRINCPIO DA IMPESSOALIDADE

142.3.3. PRINCPIO DA MORALIDADE

152.3.4. PRINCPIO DA PUBLICIDADE

162.3.5. PRINCPIO DA EFICINCIA

172.4. PRINCPIO DA ISONOMIA

172.5. CONTRADITRIO e AMPLA DEFESA

182.6. PRINCPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE

192.7. PRINCPIO DA CONTINUIDADE

212.8. PRINCPIO DA AUTOTUTELA

212.9. PRINCPIO DA ESPECIALIDADE

212.10. PRINCPIO DA PRESUNO DE LEGITIMIDADE

223. ORGANIZAO DA ADMINISTRAO

223.1. FORMAS DE PRESTAO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA

233.2. ADMINISTRAO DIRETA

243.2.1. CLASSIFICAO DA ADMINISTRAO DIRETA

263.3. ADMINISTRAO INDIRETA

283.3.1. AUTARQUIAS

343.3.2. EMPRESA PBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

343.3.2.1. CONCEITO

353.3.2.2. REGIME JURDICO

384. ENTES DE COOPERAO

384.1. SERVIOS SOCIAIS AUTNOMOS

394.2. ENTIDADE DE APOIO

394.3. ORGANIZAO SOCIAL (OS)

404.4. OSCIP

415. PODERES DA ADMINISTRAO

425.2. CLASSIFICAO QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE

425.3. ESPCIES DE PODER DA ADMINISTRAO

425.3.1. PODER HIERRQUICO

435.3.2. PODER DISCIPLINAR

435.3.3. PODER REGULAMENTAR

455.3.4. PODER DE POLCIA

465.3.4.1. ATRIBUTOS DO PODER DE POLCIA

475.3.4.2. POLCIA JUDICIRIA x POLCIA ADMINISTRATIVA

486. ATO ADMINISTRATIVO

486.1. CONCEITO

486.1.1. FATO x ATO

486.1.2. ATO DA ADMINISTRAO e ATO ADMINISTRATIVO

496.2. ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

496.2.1. SUJEITO COMPETENTE

506.2.2. FORMA

516.2.2.1. MOTIVAO

516.2.2.2. REGRA DO SILNCIO

526.2.3. MOTIVO

526.2.4. OBJETO

536.2.5. FINALIDADE

546.2.6. MRITO

556.3. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

556.3.1. PRESUNO DE LEGITIMIDADE

556.3.2. AUTO-EXECUTORIEDADE

566.3.3. IMPERATIVIDADE

566.3.4. TIPICIDADE

566.4. CLASSIFICAO DE ATOS ADMINISTRATIVOS

566.4.1. QUANTO AOS DESTINATRIOS

566.4.2. QUANTO AO ALCANCE

576.4.3. QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE

576.4.4. QUANTO AO OBJETO

586.4.5. QUANTO FORMAO

586.5. MODALIDADES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

586.5.1. ATO NORMATIVO

586.5.2. ATO ORDINATRIO

586.5.3. ATO ENUNCIATIVO

586.5.4. ATO NEGOCIAL

596.5.5. ATO PUNITIVO

596.6. FORMAO, VALIDADE e EFICCIA

606.7. EXTINO

626.8. DEFEITOS

637. LICITAES

637.1. CONCEITO

637.2. PRINCPIOS

647.3. SUJEITOS LICITAO

657.4. COMPETNCIA LEGISLATIVA

667.5. CONTRATAO DIRETA

667.5.1. POR INEXIGIBILIDADE

667.5.1.1. PRESSUPOSTO LGICO

677.5.1.2. PRESSUPOSTO JURDICO

687.5.1.3. PRESSUPOSTO FTICO

697.5.2. POR DISPENSA

707.6. MODALIDADES

707.6.1. CONCORRNCIA

717.6.2. TOMADA DE PREOS

717.6.3. CONVITE

737.6.4. LEILO

737.6.5. CONCURSO

747.6.6. PREGO

747.7. PROCEDIMENTO DE LICITAO

747.7.1. FASE INTERNA

757.7.2. FASE EXTERNA

777.7.3. FASE DE HABILITAO

787.7.4. CLASSIFICAO

787.7.5. HOMOLOGAO

797.7.6. ADJUDICAO

797.8. PROCEDIMENTO INVERTIDO (PREGO)

818. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

818.1. CONCEITO

818.2. CARACTERSTICAS

828.3. FORMALIDADES

828.3.2. PUBLICIDADE

838.4. CLUSULAS DO CONTRATO

838.4.1. CLUSULAS NECESSRIAS

858.4.2. CLUSULAS EXORBITANTES

878.5. ALTERAO DO CONTRATO

888.6. EXTINO DO CONTRATO

888.7. NEGCIOS JURDICOS DA ADMINISTRAO

898.7.1. CONVNIO

908.7.2. CONSRCIOS PBLICOS

929. SERVIO PBLICO

929.1. PRINCPIOS DO SERVIO PBLICO

939.2. DETERMINAES CONSTITUCIONAIS

949.3. CLASSIFICAO

949.3.1. QUANTO ESSENCIALIDADE

959.3.2. QUANTO AOS DESTINATRIOS

959.4. DELEGAO CONTRATUAL

969.4.1. CONCESSO DE SERVIO PBLICO

969.4.1.1. CONCESSO COMUM

999.4.1.2. CONCESSO ESPECIAL

99(A) MODALIDADES DE PARCERIA PBLICO-PRIVADA

99(B) CARACTERSTICAS DA PPP

100(C) PROIBIES OU VEDAES LEGAIS

100(D) CONSTITUIO, FORMALIZAO

101(E) CONTROLE

1019.4.2. PERMISSO DE SERVIO PBLICO

1019.4.2.1. NATUREZA JURDICA

1029.4.2.2. FORMALIZAO

1029.4.3. DIFERENAS ENTRE CONCESSO E PERMISSO

1039.4.4. AUTORIZAO DE SERVIO

103(A) FORMALIZAO, AUTORIZAO

10410. AGENTES PBLICOS

10410.1. AGENTES POLTICOS

10510.2. SERVIDORES ESTATAIS

10510.3. SERVIDOR PBLICO

10610.3.1. SERVIDOR PBLICO FEDERAL

10610.3.1.1. HISTRICO DO REGIME JURDICO NICO

10710.3.1.2. RJU

11210.3.1.3. FORMAS DE OCUPAO

11310.3.1.4. FORMAS DE VACNCIA

11310.3.1.5. REMUNERAO DO SERVIDOR

11410.3.1.6. REGIME DISCIPLINAR

11610.3.1.7. RESPONSABILIDADE

11610.3.1.8. FORMAS DE PUNIO DO SERVIDOR

11910.4. SERVIDOR DE ENTE GOVERNAMENTAL DE DIREITO PRIVADO

11910.5. PARTICULAR EM COLABORAO

12010.6. ACESSIBILIDADE

12210.7. ESTABILIDADE

12310.8. APOSENTADORIA

12711. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

12711.1. HISTRICO

12811.2. ELEMENTOS

128(A) PESSOAS

129(B) CONDUTA

130(C) DANO

130(D) DIREITO DE REGRESSO DO ESTADO CONTRA O AGENTE

13212. INTERVENO NA PROPRIEDADE

13212.1. LIMITAO ADMINISTRATIVA

13312.2. SERVIDO ADMINISTRATIVA

13412.3. REQUISIO

13412.4. OCUPAO TEMPORRIA

13512.5. TOMBAMENTO

13612.6. DESAPROPRIAO

13612.6.1. PARTE GERAL

13612.6.1.1.MODALIDADES

13712.6.1.2. FASES DA DESAPROPRIAO

13812.6.1.3. ESPCIES

13812.6.2. DESAPROPRIAO POR INTERESSE PBLICO

14312.6.3. DESAPROPRIAO POR INTERESSE SOCIAL

14312.6.4. DESAPROPRIAO PARA REFORMA AGRRIA

14613. BENS PBLICOS

14613.1. CONCEITO

14613.2. CLASSIFICAO

14613.2.1. QUANTO DESTINAO

14713.3. CARACTERSTICAS

14913.4. BENS PBLICOS EM ESPCIE

14913.5. FORMAS DE UTILIZAO DE BENS PBLICOS POR TERCEIROS

15214. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

15214.1. FUNDAMENTO LEGAL

15314.2. COMPETNCIA PARA LEGISLAR

15314.3. NATUREZA JURDICA

15414.4. SUJEITO PASSIVO

15614.5. SUJEITO ATIVO

15714.6. ATO DE IMPROBIDADE

15814.7. SANES

15914.8. PROCEDIMENTO

16215. PROCESSO ADMINISTRATIVO

16215.1. PRINCPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

16615.2. PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL

17116. CONTROLE DA ADMINISTRAO

17417. CONSRCIOS E CONVNIOS

1. INTRODUO ao DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO: o conjunto de normas coativas, impostas pelo Estado, que vo disciplinar a coexistncia pacfica em sociedade. DIREITO POSTO: o direito vigente em determinado momento histrico.

DIREITO PBLICO: o conjunto de regras dedicado satisfao do interesse pblico e atuao do Estado. DIREITO PRIVADO: o que cuida de interesses individuais, particulares. Norma de ordem pblica sinnimo de direito pblico? FALSO, porque a norma de ordem pblica aquela imposta coativamente, que no pode ser afastada ou modificada pela vontade das partes. Criao de tributo ou tipo penal obviamente de ordem pblica. Mas h normas de ordem pblica no direito privado? SIM, capacidade, por exemplo. Todo direito pblico de ordem pblica, mas h tambm direito privado de ordem pblica tambm.1.1. Conceito de DA

ADMINISTRATIVO direito interno e direito pblico. Difcil definir DIREITO ADMINISTRATIVO devido ao objeto. No comeo, corrente LEGALISTA ou EXEGTICA: direito administrativo o estudo de leis, doutrina no acolhida no Brasil. H sete correntes explicativas do direito administrativo (sublinhados so os mais importantes):

(1) ESCOLA DO SERVIO PBLICO. Lon Duguit o fundador, entendia que DA estudava o que era o servio pblico, qualquer servio prestado pelo Estado. No acolhida no Brasil porque (i) DA no estuda qualquer servio do Estado (atividade comercial, por exemplo); (ii) DA estuda poder de polcia, que no se confunde com servio.

(2) CRITRIO DO PODER EXECUTIVO. DA se preocupa com o poder Executivo APENAS. Mas se Judicirio ou Legislativo fazem edital para concurso ou licitao, no DA? sim, ento teoria no adotada no Brasil. O que interessa a funo efetivamente exercida.

(3) CRITRIO DAS RELAES JURDICAS. DA estuda TODAS relaes jurdicas do Estado, mas (i) h uma srie de relaes das quais o DA no cuida (previdencirias, tributrias) e (ii) DA cuida de eventos que no relaes jurdicas.

(4) CRITRIO TELEOLGICO. DA um conjunto de princpios. Realmente, mas DA no se limita a conjunto de princpios. Critrio aceito no Brasil, mas necessrio complement-lo.

(5) CRITRIO RESIDUAL ou NEGATIVO. DA seria muito difcil de conceituar; ento se retira o que funo jurisdicional ou legislativa e restaria o que DA. Este critrio foi aceito pela doutrina no Brasil, mas critrio tambm insuficiente.

(6) CRITRIO DE DISTINO entre atividade jurdica e atividade social do Estado. Atividade jurdica aquela regida pelo direito e atividade social, concernente poltica social; DA estuda o jurdico, no o social. Este critrio tambm foi aceito, mas deve ser complementado.

(7) Hely Lopes Meirelles cria o CRITRIO DA ADMINISTRAO PBLICA, que resulta da soma dos critrios teleolgico, residual e de distino. Ento, DA um conjunto de regras e princpios (regime jurdico administrativo) que disciplinam os rgos e agentes que exercem a funo administrativa, no importando qual o poder (Executivo, Legislativo ou Judicirio) que o faa, realizando de forma direta, concreta e imediata os fins desejados pelo Estado. Os fins do Estado so definidos em direito constitucional.

O que DIRETO? Judicirio indireto porque precisa de provocao. O administrativo no precisa de provocao.

O que CONCRETO? Legislar sobre proibio de venda de bebidas alcolicas, por exemplo, abstrata. Aplicao de multas ADMINISTRATIVO, porque concreto.

O que IMEDIATA? O DA no estudo o Estado social, mas o jurdico.

Observaes: (i) poder implica tanto direito quanto dever; (ii) h outros

1.2. Fontes do DA

(1) LEI em sentido amplo. Qualquer ESTRUTURA ESCALONADA ou HIERARQUIZADA (cf. STF). Normas inferiores devem ser compatveis com as normas superiores e todas devem ser compatveis com a Constituio: RELAO DE COMPATIBILIDADE VERTICAL.

(2) DOUTRINA, resultado dos trabalhos dos estudiosos.

(3) JURISPRUDNCIA o julgamento reiterado, num mesmo sentido. Ajuda para resolver divergncia da doutrina.

(4) SMULA a orientao jurisprudencial cristalizada. Tem efeito vinculante? Para ser SMULA VINCULANTE, h um procedimento especfico, previsto na lei 9.784/99, do processo administrativo.

(5) COSTUME a prtica habitual, que se cr obrigatria. fonte, no cria nem exime obrigao.

(6) PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO, aquelas regras do alicerce do ordenamento jurdico. Exemplo: enriquecimento ilcito serve para qualquer matria; ningum pode causar dano a outrem; ningum pode aduzi a prpria torpeza.

1.3. SISTEMA ADMINISTRATIVO

O que SISTEMA ADMINISTRATIVO? Os atos da administrao podem ser controlados por quem? Esse sistema de controle, mecanismo de controle, denominado SISTEMA ADMINISTRATIVO. Mas quem pode controlar?

(1) CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO, ou sistema francs. A prpria administrao pode controlar e rever os atos praticados pela administrao. O Judicirio pode EXCEPCIONALMENTE interferir:

(i) ATIVIDADE PBLICA DE REGIME PRIVADO. Quando a administrao faz um contrato de locao.

(ii) CAPACIDADE das pessoas.

(iii) ESTADO das pessoas.

(iv) PROPRIEDADE PRIVADA.

(v) REPRESSO PENAL.

(2) SISTEMA DE JURISDIO NICA. Judicirio julga administrao. o sistema adotado pelo Brasil, a despeito de uma tentativa em 1977, por meio da EC 7, que nunca foi implementada.

(3) SISTEMA MISTO DE CONTROLE. Os dois sistemas so mistos, em cada um predominando um lado, da a doutrina dizer no ser possvel um sistema misto.

1.4. ESTADO, GOVERNO e ADMINISTRAO PBLICA

GOVERNO e ADMINISTRAO PBLICA, qual a diferena?

ESTADO a pessoa jurdica (aptido para ser sujeito de direito e obrigaes) de direito pblico. No Brasil, por muito tempo, foi adotada a teoria da dupla personalidade se exercesse atividade privada, PJ de direito privado; se atividade pblica, PJ de direito privado mas hoje no mais aceita.

ESTADO tem como ELEMENTOS (i) povo; (ii) territrio e (iii) governo soberano, soberania sendo independncia na ordem internacional e supremacia internamente.

As FUNES (atividade em nome e interesse de outrem) do ESTADO. O Estado exerce atividade em nome e interesse do povo (funo pblica). Da diviso do Estado em trs poderes surgem trs funes. Se poder exerce funo para que foi criado, diz-se FUNO TPICA (Judicirio, julgar; Legislativo, legislar; Executivo, administrativo); se outra funo, ATPICA. Exemplos de funo atpica ou secundria: do Executivo, MP; do Legislativo, julgar presidente.

Poder Legislativo, exercendo sua funo principal, pode inovar o ordenamento jurdico. Essa funo ABSTRATA, porque no tem destinatrio determinado, da funo GERAL, porque atinge a coletividade.

Judicirio: pode criar regra nova? Normalmente, aplica coativamente a lei, no inova o ordenamento. Funo jurisdicional INDIRETA, porque depende de provocao, e INDIVIDUAL e CONCRETA, de regra, porque se destina a indivduos especficos, ainda que haja casos como a ADIN. INTANGIBILIDADE JURDICA a funo jurisdicional tem essa funo, porque cria coisa julgada.

Executivo: pode inovar ordenamento? NO, mesmo MP, porque a exercendo funo atpica. DIRETA, porque no depende de provocao, e CONCRETA, porque atinge indivduos especficos. Ato administrativo pode ser revisado pelo Judicirio, mas e COISA JULGADA ADMINISTRATIVA? Coisa julgada administrativa significa que no pode ser mudada DENTRO DA ADMINISTRAO, ou seja, esgotei vias administrativas. Mas pode ser revisada pelo Judicirio.

FUNO DE GOVERNO, criada por Celso Antonio Bandeira de Mello. Exemplo: presidente da Repblica declarou a guerra; declarado estado de stio etc. Qual funo? O administrador, quando declara guerra, est inovando o ordenamento? No. Est administrando? Antigamente, se achava que sim; mas se percebeu que administrar diz respeito habitualidade; declarar guerra muito importante, de cunho poltico, e sobrepe-se simples funo de administrar. Exemplos: declarar guerra e paz, estado de defesa, estado de stio, veto e sano a lei. Funes que no cabem em outras, de grande importncia, FUNO DE GOVERNO.

A responsabilidade civil cabe apenas ao Estado, porque PJ, no ao governo ou administrao.

GOVERNO o comando, direo. ADMINISTRAO a estrutura, aquilo que ser usado para satisfazer os fins do Estado. A doutrina traz dois conceitos: (i) CRITRIO SUBJETIVO, FORMAL ou ORGNICO, enfoque nos rgos, agentes e entidades que formam a estrutura da administrao; normalmente, com letra maiscula. (ii) CRITRIO OBJETIVO ou MATERIAL, administrao entendida a partir do que ela faz, das suas atividades; normalmente com letra minscula.

2. REGIME JURDICO ADMINISTRATIVO

Conjunto de regras e princpios que definem o DA. Pedras de toque, termo usado por Celso Antonio Bandeira de Mello, dizem respeito a DOIS princpios:

(i) SUPREMACIA DO INTERESSE PBLICO.

(ii) INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PBLICO.

INTERESSE PBLICO representa o interesse da coletividade, a soma dos interesses individuais. Divide-se em:

(i) PRIMRIO, que designa o que quer o povo, o que deseja a coletividade. Exemplo: meio ambiente.

(ii) SECUNDRIO, denomina o interesse do Estado. O Estado, como PJ, tem interesses prprios? SIM, ex.: arrecadao tributria.

O interesse primrio que deve ser perseguido, o secundrio deve ser seguido quando coincidirem.

2.1. SUPREMACIA DO INTERESSE PBLICO

o pressuposto da coexistncia pacfica em sociedade. O interesse do povo deve prevalecer sobre o interesse da mquina, do administrador, da pessoa privada.

Vrios institutos do DA baseiam-se no princpio do interesse pblico.

PODERES DA ADMINISTRAO. Poder de polcia: a administrao pblica pode restringir a liberdade individual em nome do interesse pblico. Exemplo: desapropriao para usar imvel para escola. Requisio tambm exemplo de prevalncia do interesse pblico. Clusulas exorbitantes dos contratos com o Estado.

O princpio da supremacia do interesse pblico encontra-se IMPLCITO no texto constitucional.

Banalizao do interesse pblico (prefeito que constri estdio para 60 mil em municpio de 20 mil): o limite supremacia vem do prximo princpio.

2.2. INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PBLICO

Administrador exerce funo pblica, em nome e interesse do povo. Assim, no pode dispor ou abrir mo desse interesse. uma restrio ao princpio da supremacia.

2.3. LIMPE

CF: 37, caput. CF: 37 foi reformado pela EC19, chamada da reforma administrativa.

2.3.1. LEGALIDADE

J constando do CF: 5, II (ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei), mas reiterado na CF: 37 e CF: 150 (tributrio).

CRITRIO DE NO-CONTRADIO LEI: legalidade para o direito privado a liberdade restringida apenas por lei.

CRITRIO DE SUBORDINAO LEI: para o DIREITO PBLICO, o administrador s pode aquilo que lhe prescreve a lei.

PRINCPIO DA RESERVA DE LEI sinnimo de legalidade? NO, significa reserva de matria a certo tipo de norma (exemplo: lei complementar).

Princpio da legalidade no exclui a liberdade, a discricionariedade do administrador, mas liberdade dentro dos limites da lei.

Princpio da legalidade um pressuposto do Estado de Direito (que o Estado politicamente organizado, que respeita e obedece suas prprias leis).

Seabra Fagundes: princpio da legalidade simplesmente administrar, aplicar a lei de ofcio.

Legalidade em sentido amplo: respeito lei e constituio, o que inclui princpios. Se razoabilidade, indisponibilidade do interesse pblico etc., desrespeitada, ento desrespeito legalidade em SENTIDO AMPLO.MRITO, ou convenincia ou oportunidade, do ato administrativo no pode ser controlado pelo Judicirio, que deve se restringir ao controle da legalidade em sentido amplo.

2.3.2. PRINCPIO DA IMPESSOALIDADE

Administrador no pode agir de forma pessoal, i.e. no pode buscar interesse pessoal, ausncia de subjetividade.

O ato do agente da administrao no da pessoa fsica do servidor, mas da administrao. Da a responsabilidade da pessoa jurdica pelos atos dos seus agentes.

Tratar os administrados sem discriminaes benficas ou em detrimento um dever que vem do princpio da impessoalidade (Celso Antnio).

Impessoalidade est ligada isonomia? SIM, dever de no discriminar relacionado ao dever de tratar com igualdade.

NEPOTISMO. EC45/04 criou CNJ (resolues 7, 9 e 21) e CNMP (resolues 4 e 7) e rgos proibiram parentesco para Magistratura e MP. ADC 12, STF confirmou competncia do CNJ e CNMP para regular matria e sublinhou que proibio de nepotismo resultado de QUATRO princpios: impessoalidade, moralidade, eficincia e isonomia. Quais as proibies? Cnjuge ou companheiro ou parentesco at terceiro grau no podem:

(i) Ocupar cargo em comisso (cargo de confiana, livre nomeao e livre exonerao).

(ii) Ser contratado temporariamente.

(iii) Contratao direta casos em que licitao dispensvel e pode-se contratar diretamente a empresa. Nesse caso, empresa no pode ter parente.

(iv) Nepotismo cruzado, em que servidores trocam parentes. Nepotismo cruzado com outros Poderes, muito difcil de rastrear, no est proibido expressamente. H projeto de lei nesse sentido.

Impessoalidade est representada por dois institutos da CF, por excelncia: CONCURSO e LICITAO.

Discusso acerca da impessoalidade o embate entre IMPESSOALIDADE e a FINALIDADE. Para HLM, impessoalidade substituiu imparcialidade ou finalidade do passado, finalidade e impessoalidade seriam sinnimos. Para CABM, princpio da impessoalidade buscar o interesse pblico, enquanto princpio da finalidade buscar o esprito da lei. Posso aplicar a vontade da lei sem aplicar a lei? NO, a lei e sua vontade devem andar juntas; princpio da finalidade derivada da legalidade. Assim, para HLM, finalidade e impessoalidade so mesma coisa, enquanto, para CABM, so princpios autnomos (nesse sentido, lei 9784/99: 2, d autonomia ao princpio da finalidade).

Instituto da REQUISIO, CF: , tem afinidade com princpios da finalidade ou prevalncia do interesse pblico sobre privado? SIM.

2.3.3. PRINCPIO DA MORALIDADE

Novidade da CF88. Definio muito difcil, doutrina defende que conceito vago e indeterminado, portanto apenas idia de moralidade possvel: ligao com princpios ticos, HONESTIDADE, LEALDADE e BOA-F. Dessa indefinio decorre a dificuldade de aplicao pelo Judicirio, que sempre utiliza princpio da moralidade com outros.

Imoralidade sinnimo de improbidade administrativa? NO, improbidade administrativa trazida pela CF: 37 e regulamentada pela lei 8429/92, imoralidade uma das hipteses de improbidade.

Moralidade para o particular tem a ver com a correo das atitudes. MORALIDADE ADMINISTRATIVA NO SE RESUME A CORREO DE ATITUDES. H o dever de uma boa administrao.

2.3.4. PRINCPIO DA PUBLICIDADE

Publicidade tem a ver com DIVULGAO, mas no se limita a ela. A primeira conseqncia da publicidade o

(i) CONHECIMENTO. um desdobramento da FUNO PBLICA, o titular do direito, que o povo, deve conhecer os atos praticados em seu nome e em seu interesse.

(ii) INCIO DOS EFEITOS. Publicao de contrato condio de validade ou de eficcia? Da EFICCIA, porque contrato vlido, mas seus efeitos dependem da publicidade. O prazo para entrega das merendas, objeto do contrato, contar a partir da publicao do edital.

(iii) INCIO DOS PRAZOS. Exemplo da multa: prazo para recurso no inicia na expedio da multa, mas a partir do conhecimento da multa.

(iv) FISCALIZAO outra conseqncia da publicidade. Exemplo das contas municipais que so publicadas em murais. Impossibilidade de controlar assim.

Qual o fundamento constitucional do princpio da publicidade?

(i) Direito de informao, CF: 5, XXXIII.

(ii) Direito de certido, CF: 5, XXXIV.

(iii) Habeas data, CF: 5, LII (s cabe quando informao sobre sua pessoa). Recentemente, STJ recebeu HD impetrado por viva do interessado.

(iv) Mandado de segurana.

Quando no haver publicidade? Doutrina majoritria entende haver trs excees, no havendo divergncia quanto ao item ii:

(i) CF: 5, X: garantia intimidade, vida privada, honra e imagem.

(ii) CF: 5, XXXIII: segurana do Estado.

(iii) CF: 5, LX: atos processuais.

(a) Lei 8112, procedimento disciplinar: sigilo pode ser imposto a fim de que instruo no seja comprometida.

(b) Processo tico-disciplinar tambm deve ser sigiloso, a fim de no provocar prejuzos ao investigado.

RESTRIO PROMOO PESSOAL: CF: 37, par. 1, de acordo com o qual no podem constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal. Exemplo: placas agradecendo poltico por obras. Ofensa legalidade, impessoalidade, moralidade, improbidade administrativa. O simples constar o nome para informar permitido, no pode promover a pessoa. H desrespeito tambm quando administrador renomeia bem pblico em seu nome.

2.3.5. PRINCPIO DA EFICINCIA

Eficincia agilidade, economia, produtividade. Eficincia tornou-se princpio expresso com EC19/98. Obviamente, antes disso a administrao estava obrigada a atuar eficientemente, por fora de lei mesmo (lei 8987/95, art. 6).

EC19 trouxe mecanismos para efetivar a eficincia:

(i) Alterao da regra da AQUISIO da estabilidade, inscrito no CF: 41. Para adquirir estabilidade, necessrios

(a) Concurso;

(b) Nomeao;

(c) Trs anos de exerccio (no se fala em estgio probatrio);

(d) Aprovao na avaliao de desempenho.

(ii) Alterao da regra da PERDA da estabilidade. Perda exige:

(a) Processo administrativo;

(b) Processo disciplinar;

(c) Avaliao peridica.

CF: 169 traz limites com despesas de funcionrios, regulamentada pela lei de responsabilidade fiscal, LC 101/00: 19. Limite da Unio 50%; Estados e Municpios: 60%. Caso haja despesas maiores, exigem-se cortes, nessa ordem: (i) cargo em comisso, 20% no mnimo; (ii) servidores no estveis, tantos quanto necessrios; (iii) servidores estveis. Dispensa do servidor por reduo de despesas: demisso (pena) ou exonerao? EXONERAO, porque no sano, havendo remunerao, portanto.

Servio pblico precisa ser eficiente, quanto aos MEIOS e quanto aos RESULTADOS. No pode haver exagero nos gastos, tampouco se gastar pouco e obter resultado porco.

Fluidez do conceito da eficincia no traz muitos resultados, mero desabafo do constituinte.

2.4. PRINCPIO DA ISONOMIA

CF: 5, caput. Tratar iguais como iguais, desiguais como desiguais, na medida da desigualdade, difcil de preencher. Tcnica: verificar discriminao e ponderar com objetivo da norma. Exemplo: concurso de salva-vidas, edital exclui cadeirantes pode? SIM, discriminao de acordo com esprito da norma. Exemplo: concurso para delegado exigia altura mnima, pode? NO, funo administrativa, no h porqu. Exemplo: tempo de contribuio distinto para mulheres e homens, fere isonomia? NO, jornada dupla. Exemplo: limite de idade para concurso pblico. Smula 673 do STF: natureza do cargo deve ser considerada. Jurisprudncia tambm exige que haja lei anterior prevendo a discriminao.

2.5. CONTRADITRIO e AMPLA DEFESA

Aplicao dos dois princpios ao processo administrativo novidade da CF88. Atos administrativos so resultantes de processo administrativo, cujo formato varia. Muito comum a nulidade do ato por falta de contraditrio ou ampla defesa.

Contraditrio a CINCIA DO PROCESSO, d-se conhecimento do processo. Pelo contraditrio constri-se a BILATERALIDADE da relao processual.

AMPLA DEFESA (oportunidade para se defender), de acordo com Odete Medauar, desdobra-se em cinco regras:

(i) DEFESA PRVIA, o que implica procedimento pr-determinado e penas pr-determinadas.

(ii) GARANTIA DE INFORMAO. Certeza da cpia do processo? No necessariamente: STJ condiciona ao pagamento das cpias. Caso no seja possvel cpia, certido. Os processos de licitao so muito grandes.

(iii) DEFESA TCNICA ou presena do advogado. No obrigatria no processo administrativo. A defesa tcnica no tem que atrapalhar um processo, ao contrrio do que o administrador pensa normalmente, pois colabora para a legalidade do processo, evitando a nulidade do processo aps seu fim. O administrador deve viabilizar a presena do advogado. STJ cristalizou, com a smula 343, entendimento segundo o qual advogado necessrio em todas as fases do processo administrativo disciplinar. Quando parte no tiver condies de contratar um advogado, necessrio Defensor Pblico.

(iv) GARANTIA DE PRODUO DE PROVAS. Comum a oportunidade de produo de prova ser dada apenas formalmente, sem que a prova realizada participe do julgamento do administrador. Alm da produo, prova deve ser submetida a anlise.

(v) GARANTIA DE RECURSO. CF: 5, LV. Exemplo: pode edital que probe interposio de recurso em alguma fase do concurso? NO. E como recorrer da etapa de concurso sem acesso prova? Aqui, item anterior. E exigncia de depsito prvio da multa para interpor recurso, comum em processo administrativo tributrio? INCONSTITUCIONAL, no pode ser exigido, cf. posio do STF (REx 388.359, REx 389.383, REx 390.513) e confirmao do STJ (REsp 943.116) da posio do STF.

Caso dos tribunais de contas que anulavam ato administrativo (concurso etc.) e para cujo respectivo procedimento eram chamados apenas os administradores. Mas e os interessados prejudicados pela anulao? Smula vinculante nesse sentido. Mas se simples controle de legalidade, no haveria necessidade.

2.6. PRINCPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE

Administrador precisa agir de forma razovel, i.e. agir de forma congruente, lgica, COERENTE. Assim, observa-se o critrio do homem mdio.

Proporcionalidade significa agir de forma EQUILIBRADA. Preciso de equilbrio entre o ato praticado e a medida do administrador, sopesando benefcio e prejuzo. Doutrina entende que proporcionalidade est dentro de razoabilidade.

Esses princpios so explcitos ou implcitos no texto constitucional? IMPLCITOS. EC45/04 incluiu inciso LXXVIII ao artigo 5 da CF, que fala sobre prazo razovel, o que alguns doutrinadores passaram a admitir ser a expresso da razoabilidade. Doutrina majoritria, no entanto, entende que a regra diz respeito ao princpio da celeridade. De qualquer forma, princpios estariam implcitos na CF, mas expressos na lei 9.784/99, lei do processo administrativo, art. 2.

LEITURA OBRIGATRIA: ADPF 45. MRITO, ou convenincia ou oportunidade, do ato administrativo no pode ser controlado pelo Judicirio, que deve se restringir ao controle da legalidade em sentido amplo. Assim, Judicirio pode rever a razoabilidade ou proporcionalidade? Princpios constitucionais e expressos na legislao infra-constitucional. Pode? SIM, na ADPF 45 o STF entendeu que controle de aplicao de princpio constitucional controle de constitucionalidade e pode ser realizada pelo Judicirio. Nesse sentido, Judicirio est limitando a liberdade do administrador.

Exemplo: municpio tem necessidade de hospital e escola e prefeito decide construir hospital. Judicirio pode rever essa deciso? NO, ambas necessrias. E se prefeito construsse praa? SIM, por ofensa ao princpio da razoabilidade, ento controle de legalidade.

2.7. PRINCPIO DA CONTINUIDADE

Usurio de servio pblico inadimplente, pode ter servio cortado? E servidor pblico pode entrar em greve?

Pelo princpio da continuidade, o servio pblico deve ser prestado de maneira ininterrupta. CABM: servio pblico e, portanto, de prestao obrigatria, que deve obedecer continuidade.

DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR. Constitucionalmente garantido, CF: 37, VII. Antes de EC19/98, constituio exigia lei complementar. Com EC19, simplesmente lei. Mas lei ainda no existe. Que tipo de eficcia tem essa norma constitucional? Plena, contida ou limitada? Plena no porque no existe a lei que a prpria constituio exigiu. LIMITADA de acordo com o STF, porque lei necessria para o exerccio de direito; assim, todas as greves de servidores entendidas como ILEGAIS desde 1988. Como conseqncia da ilegalidade da greve, devoluo ou desconto dos dias no trabalhados. Pode demitir? NO, demisso sano por falta grave. Greve falta grave? Apenas se servidor no apareceu na greve e teve nimo de abandonar o cargo ou ainda se causou prejuzo ao patrimnio. Para garantir o exerccio do direito, o que se faz? MANDADO DE INJUNO, STF reconhecia falta de lei, mas no podia forar Congresso a legislar. Em 2007, aps quase vinte anos sem regulamentao, STF decidiu que exerccio do direito de greve pelo servidor possvel, desde que respeitados os limites da lei da greve aplicvel ao trabalhador privado. MI 60, 708 e 712. Deciso mesmo no mandado de injuno 708.

SERVIOS PBLICOS. Posso cortar servio por inadimplncia? Regra na lei 8.987/95: 6, par. 3. O corte permitido desde que (i) por motivo de segurana (gato) ou (ii) inadimplncia, desde que houver aviso prvio. Sem aviso prvio, ILEGAL. H uma corrente minoritria do STJ que defende que corte de servio essencial no pode ser feito e que concessionria deve cobrar judicialmente, com base no CDC: 22 e 42. Mas corrente majoritria se contrape dizendo que, em massa, inadimplncia leva falncia, gerando prejuzo ao usurio pagante, com base na isonomia, supremacia do interesse pblico.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. Aplica-se ao contrato administrativo a clusula exceptio non adimplenti contractus (exceo do contrato no cumprido no posso exigir cumprimento da outra parte sem ter cumprido a minha)? Duas correntes: (i) tradicional (HLM), NO seria aplicvel aos contratos administrativos, porque, mesmo administrao no pagando, contratado ter que cumprir sua obrigao; (ii) moderna (CABM), SIM, aplicvel aos contratos administrativos, DE FORMA DIFERENCIADA. Lei 8.666/93, art. 78, XV, diz que administrao poder exigir do contratado o cumprimento da obrigao durante noventa dias; depois disso, clusula poder ser aplicada, e contratado no precisar mais prestar servio.

2.8. PRINCPIO DA AUTOTUTELA

Primeira possibilidade do princpio: a administrao pode controlar e rever seus prprios atos. Quando? Dois casos: (i) quando houver ILEGALIDADE, o que enseja a ANULAO, ou invalidao, segundo alguns, do ato; (ii) quando o ato for INCONVENIENTE, o que enseja REVOGAO do ato. Duas smulas do STF: 346 e 473.

Segundo enfoque do princpio da autotutela, apontado por Maria Sylvia Zanella di Pietro: alm da possibilidade de reviso, h o dever da administrao de zelo pelos prprios bens.

2.9. PRINCPIO DA ESPECIALIDADE

Administrao divide-se em DIRETA (entes polticos: Unio, Estados, Municpios e DF) e INDIRETA, que criada pela direta por meio de lei. Pessoas da administrao indireta (autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas, sociedades de economia mista). A lei que cria a administrao indireta deve conter a sua finalidade, qual a entidade de administrao indireta deve ser AMARRADA, PRESA. (MP-MG, acolhendo corrente minoritria, entende que rgos pblicos tambm seguem o princpio da especialidade).

2.10. PRINCPIO DA PRESUNO DE LEGITIMIDADE

Leia-se presuno de legitimidade como presuno de legitimidade, legalidade e veracidade. Legitimidade implica obedincia s regras morais; legalidade, lei; veracidade, verdade.

A presuno aqui iuris tantum, admite contestao. De quem o nus da prova? A quem alega, normalmente, ao administrado.

Qual a conseqncia jurdica da presuno de legitimidade? Exemplo: lei editada pelo Congresso, entrada em vigor na data da publicao, segue-se a lei por presuno de constitucionalidade. Da mesma forma o ato administrativo: pode ser questionado, mas se presume a legitimidade e aplica-se imediatamente.

3. ORGANIZAO DA ADMINISTRAO

Quais as formas de prestao da administrao pblica? Quem est prestando o servio e a que ttulo est prestando o servio?

3.1. FORMAS DE PRESTAO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA

SERVIO CENTRALIZADO: se ncleo da administrao, se administrao direta, presta o servio.

DESCENTRALIZAO: se servio ou atividade retirada do ncleo da administrao direta e dada para outras pessoas jurdicas. Quem pode receber a descentralizao da atividade? DL 200/67:

(i) Entes polticos. Descentralizao poltica ou administrativa? POLTICA. Quem determina essa descentralizao a constituio, visto em direito constitucional.

(ii) Administrao indireta.

(iii) Particulares.

E se transfiro atividade para rgos diferentes dentro da MESMA pessoa jurdica? DESCONCENTRAO.

Quando h DESCENTRALIZAO com criao de nova PJ, NO H subordinao hierrquica. Quando h DESCONCENTRAO, ainda mesma PJ, H subordinao hierrquica.

DESCENTRALIZAO pode ser realizada por:

(i) OUTORGA: transfiro titularidade e execuo da atividade, atravs de lei. Quem pode receber a outorga? Como a titularidade no pode sair das mos da administrao, outorga s pode ser dada ADMINISTRAO INDIRETA. Hoje, a doutrina majoritria entende que apenas as PJ de direito pblico (autarquias e fundaes pblicas) podem receber a outorga. E sociedades de economia mista e empresas pblicas? NO.

(ii) DELEGAO: transfiro s a execuo, atravs de lei. Quem pode receber? Administrao indireta (empresa pblica, sociedade de economia mista e fundaes pblicas de direito privado). Se atravs de contrato, posso delegar para particulares. Exemplo: concessionrias e permissionrias de servio pblico. Tambm se pode delegar por ato administrativo a particular; exemplo: autorizatria.

A administrao pode outorgar a concesso de servio pblico a particular? Se na definio tcnica de outorga, NO; se em sentido amplo, como dar, usada na Constituio, SIM.3.2. ADMINISTRAO DIRETA

Formada pelos entes polticos. As competncias so estudadas em direito constitucional.

Unio, por exemplo, para melhor prestao de servio pblico, dividiu-se em vrios ncleos, com competncias, atribuies de poder, diferentes. Esses ncleos da administrao direta denominam-se RGO PBLICO. O nome veio da idia de especializao dos rgos do corpo humano, em busca da eficincia. Assim, rgo pblico ncleo especializado de competncia. Caractersticas:

(1) Caracterstica marcante do rgo pblico a AUSNCIA DE PJ (aptido para ser sujeito de direitos e obrigaes). Quem responde pelo rgo pblico? PJ a que ele pertence (Unio, Estado, Municpio, DF). rgo pblico pode celebrar contrato? NO, mas pode licitar. CF: 37, par. 8, contrato de gesto, introduzido por EC19/98. Esta regra nunca foi implementada porque inconstitucional nesse aspecto, rgo no pode celebrar contrato. Ex.: criana fura olho da outra em escola pblica; quem responde? Se com pais, eles respondem; se na escola pblica municipal, o Municpio responsvel.

(2) Mesmo sem PJ, rgos tm nmero de CNPJ. Por qu? Para fiscalizar renda, a fim de poder fiscalizar fluxo de renda e aquisio de recursos, a Receita entendeu melhor dar-lhe CNPJ.

(3) rgo pblico pode ir a juzo? De forma anloga massa falida e ao esplio, rgo pblico pode ir a juzo; doutrina impe duas exigncias: (i) rgo em busca de prerrogativas funcionais; (ii) deve ser sujeito ativo. Mas h doutrina divergente.

(4) Pode ter seu prprio representante? SIM, veja-se exemplo de procuradores de Cmaras municipais etc. Mas no obrigatrio, pode usar procurador do quadro geral do ente.

(5) Pode haver rgos pblicos na administrao indireta? SIM, tome-se o exemplo do INSS, por exemplo, com diversos ncleos de competncia (agncia diferentes em vrios Municpios distintos), cf. lei 9784/99: 1.

3.2.1. CLASSIFICAO DA ADMINISTRAO DIRETA

(1) CRITRIO DA POSIO ESTATAL:

(i) INDEPENDENTES. rgos independentes so aqueles que gozam de independncia e ocupam o topo da estrutura estatal: Legislativo, Executivo e Judicirio, chefiando cada um dos poderes. Existe subordinao? NO, mas controlam uns aos outros (freios e contrapesos ou checks and balances). No Executivo federal, a presidncia; estadual, governadoria; municipal, prefeitura. No Judicirio, todos os tribunais e juzos monocrticos. No Legislativo, cada cmara (municipal, estadual).

(ii) AUTONMOS. rgos autnomos gozam de autonomia tcnica, administrativa e financeira, apesar de subordinados aos rgos independentes. Logo abaixo da presidncia, temos os ministrios; abaixo da governadoria, temos as secretarias; da prefeitura, secretarias municipais.

(iii) SUPERIORES. rgo superior ainda tem poder de deciso, mas no tem autonomia ou independncia, estando subordinado aos rgos autnomos e independentes. Exemplos: procuradorias, gabinetes.

(iv) SUBALTERNOS. rgos cuidam da mera execuo, no tm poder de deciso. Exemplos: zeladoria (que cuida do patrimnio), almoxarifado, sees administrativas etc.

(2) CRITRIO DA ESTRUTURA

(i) SIMPLES. Se rgo no tem ramificaes ou desdobramentos, nenhum outro rgo -lhe ligado.

(ii) COMPOSTO o rgo que tem outros agregados a sua estrutura. Exemplo: delegacia de ensino e escolas; postos de sade e hospitais.

(3) ATUAO FUNCIONAL

(i) SINGULAR ou UNIPESSOAL. Se rgo tem apenas um agente, diz-se rgo singular. Exemplo: presidncia, governadoria, prefeitura, juzo monocrtico.

(ii) COLEGIADO o rgo composto por vrios agentes. Exemplo: casas legislativas (Congresso, cmaras de vereadores, assemblias legislativas), tribunais.

RELAO ESTADO-AGENTE

Quando Prefeitura assina contrato, prefeito tem que assinar. Como explicar? Trs teorias:

(i) TEORIA DO MANDATO. O Estado e o agente celebram um contrato de mandato, de maneira semelhante qual um cliente celebra mandato para advogado. Mas se o agente vai assinar contrato com Estado, quem vai assinar pelo Estado? Necessrio agente, ento teoria no serve para o Brasil.

(ii) TEORIA DA REPRESENTAO. Relao entre Estado e agente d-se de forma correspondente aos institutos de tutela e curatela, que implicam idia de incapacidade. Mas Estado no sujeito incapaz!, sob pena de no se poder responsabilizar o Estado.

(iii) TEORIA DO RGO ou DA IMPUTAO. Toda relao jurdica entre Estado e agente ocorre por previso legal. Segunda essa teoria, a vontade do Estado e do agente se misturam e manifestam uma vontade nica. Esta foi a teoria adotada pelo Brasil.

3.3. ADMINISTRAO INDIRETA

So as autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista. Cinco caractersticas comuns a todas (PEixe FIsgou mas EScapou pelo LEIto do Crrego):

(1) PJ PRPRIA, ou seja, tem aptido para contrair obrigaes e ser titular de direitos, respondendo por seus atos. Como corolrios disso temos:

(a) PATRIMNIO PRPRIO, no importando a origem dos recursos. Se um prdio afetado para a autarquia, passar a pertencer ao seu patrimnio.

(b) RECEITA PRPRIA, que pode advir de diversas fontes, no interessando a origem.

(c) AUTONOMIA tcnica, administrativa e financeira, mas no autonomia poltica (aptido para legislar). E agncias reguladoras? Capacidade para normas tcnicas, mas complementando a lei.

(2) SEM FINS LUCRATIVOS. No tem por finalidade o lucro, podendo haver lucro, no entanto. Mesmo empresas pblicas? Quando para oferecer servio pblico, realmente no tm fins lucrativos. E quando para explorar atividade econmica (CF: 173)? Tambm no, CF prev que para segurana nacional ou o interesse coletivo, finalidade no lucro.

(3) FINALIDADES ESPECFICAS, como decorrncia da sua criao por lei. Trata-se do princpio da ESPECIALIDADE, que vincula a PJ a seus fins, que no podem ser alterados seno por lei.

(4) CRIAO E EXTINO DESSAS PJ, como previsto pelo CF: 37, XIX. O texto constitucional diz que lei especfica cria e autoriza criao. Lei especfica implica que ordinria e no complementar, porque, de outra forma, constituio teria dito complementar. Assim, preciso de lei ordinria especfica, ou seja, no posso misturar com outras coisas.

Mas texto constitucional

somente por lei especfica poder ser criada autarquia e autorizada a instituio de empresa pblica, de sociedade de economia mista e de fundao, cabendo lei complementar, neste ltimo caso, definir as reas de sua atuao

diz que lei cria autarquia e autoriza criao de empresa pblica, sociedade de economia mista e fundao. Assim, para autarquia existir, basta lei; para o resto, preciso de lei autorizando criao e preciso fazer registro (no cartrio de PJ ou junta comercial) a fim de dar-lhe existncia. Se lei cria, para extinguir tambm preciso de lei, pelo paralelismo de formas.

Lei complementar define as possveis finalidades da FUNDAO (ltimo caso). Mas que fundao essa mencionada pela CF? Pblica ou privada?

Se fundao instituda por poder pblico, fundao pblica; se fundao instituda por particular, fundao privada. A privada estudada pelo direito civil; a pblica estudada pelo direito administrativo. Quando poder pblico decide criar uma fundao, pode optar por regime de direito pblico (fundao pblica de direito pblico) ou regime de direito privado (fundao pblica de direito privado). A fundao pblica de direito pblico tratada como autarquia (autarquia fundacional). Como modalidade de autarquia, exige lei para ser criada. Fundao pblica de direito privado chamada fundao governamental e segue as mesmas regras da empresa pblica e sociedade de economia mista. Essa fundao governamental, precisa de lei para criar ou autorizar? A lei autoriza criao.

Retornando questo, qual a fundao citada pela constituio, que exige lei complementar para ter finalidade? De acordo com STF e doutrina majoritria, FUNDAO PBLICA DE DIREITO PRIVADO ou FUNDAO GOVERNAMENTAL, porque esta a lei autoriza criar, distinta da fundao de direito pblico ou autarquia fundacional, que criada pela lei.

(5) CONTROLE. Existe hierarquia entre PJ da administrao direta e indireta? Descentralizao, no existe hierarquia, mas controle.

Ser que poder legislativo pode controlar autarquia? O Tribunal de Contas, longamanus do Legislativo, pode controlar outras pessoas. Caso do mensalo: tudo veio a tona a partir de CPI dos Correios, que empresa pblica. Ento, CPI outro instrumento de controle da administrao indireta pelo Legislativo.

At 2005, STF entendia que TC no podia controlar sociedade de economia mista; no fim de 2005, o STF muda de opinio.

Judicirio pode controlar atos praticados pela administrao indireta por meio adequado: aes judiciais para controle de legalidade etc.

E o Executivo? Por superviso ministerial. Quem faz? Respectivo ministro verifica se finalidades esto sendo cumpridas e se despesas e receitas esto sendo realizadas adequadamente. Via poder Executivo, o Presidente pode nomear os dirigentes da administrao indireta. Direta nomeia indireta: no subordinao? Apesar de tradicionalmente dizer-se que no h hierarquia, trata-se de uma realidade.

Excepcionalmente, o presidente nomeia, mas depende de prvia aprovao do Senado Federal. Exemplos: Bacen, agncias reguladoras. Ler arts. 48 a 50 da CF.

3.3.1. AUTARQUIAS

PJ de direito pblico que desenvolve atividades tpicas de Estado (as mais importantes e no passveis de delegao para particular). Lembrar as caractersticas colocadas acima (PEixe FIsgou mas EScapou pelo LEIto do Crrego).

REGIME JURDICO: os atos praticados por autarquia so atos administrativos? Seus contratos seguem licitao? Em regra, segue o regime jurdico da administrao direta, portanto, seus atos so atos administrativos, i.e. so imperativos, auto-executivos e gozam de presuno de verdade. E os contratos da autarquia so contratos administrativos? SIM, seguem regime do contrato administrativo, tm que licitar, cf. lei 8.666/93, alterada muito frequentemente (trs vezes em 2007).

RESPONSABILIDADE civil da autarquia objetiva ou subjetiva? Responsabilidade civil segue duas teorias: subjetiva e objetiva; qual a diferena? Elemento subjetivo, que depende de prova da culpa e nexo de causalidade. CF: 37, par. 6

As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras de servios pblicos respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa

responsabilidade objetiva, em regra, com possibilidade de regresso contra agente caso haja culpa ou dolo. Mas doutrina e jurisprudncia aceitam tambm a teoria subjetiva quando? Quando houver ao do Estado, responsabilidade objetiva; quando houver omisso, responsabilidade do Estado.

A ao proposta contra a autarquia. E se autarquia no puder pagar, posso cobrar do Estado? Responsabilidade do Estado subsidiria (h ordem de preferncia, primeiro cobra-se da autarquia e depois do Estado) ou solidria (ambos ao mesmo tempo, no h ordem de preferncia)? Responsabilidade do Estado SUBSIDIRIA. Responsabilidade do Estado por ato da autarquia objetiva? SIM, porque no tem que comprovar a culpa do Estado para cobrar dbito da autarquia.

PRAZO PRESCRICIONAL DAS AES EM FACE DA AUTARQUIA, de acordo com maioria, de CINCO ANOS, cf. decreto 20.910/32. Segundo Jos dos Santos Carvalho Filho, posio minoritria, para reparao civil prazo prescricional de trs anos, cf. CC02: 206.

BEM AUTRQUICO BEM PBLICO? Lembrar da administrao direta: SIM. alienvel? Em regra, inalienvel, mas pode ser alienado. Assim, inalienvel de forma relativa ou alienvel de forma condicionado. impenhorvel? SIM, no pode ser objeto de penhora (garantia dentro de uma ao de execuo) nem arresto (cautelar tpica sobre bem indeterminado) ou seqestro (cautelar tpica sobre bem determinado). Lembrar: bandido decide seqestrar algum, tem que ser algum determinado. Bem pblico no pode ser objeto de onerao, ou seja, hipoteca, caso bem mvel, ou penhor, caso bem mvel. Penhora a restrio dentro de ao, bem foi penhorado; penhor quando empenho bem mvel para garantir dvida. Quando consigo penhora de bem em ao judicial, no final, haver hasta pblica, mas bem pblico condicionalmente alienvel, no possvel. Da mesma forma, penhor e hipoteca levariam a penhora e depois a alienao em hasta pblica, que no possvel, devido ao regime de alienao. Qual a garantia da satisfao do crdito, ento? Dbitos judiciais so pagos por precatrio (CF: 100). Assim, se crdito constitudo at 01/07 do ano, dever ser pago no exerccio do ano seguinte; se depois de 01/07, ano seguinte. Pagamento de alimentos segue regime de precatrios? SIM, mas com ordem cronolgica prpria, diferenciada da de precatrios restantes. Autarquia tambm, tem fila prpria.

PRIVILGIOS PROCESSUAIS. Sim, dois: (i) dilao de prazo, tem tratamento de Fazenda Pblica: prazo qudruplo pra contestar e em dobro para recorrer (CPC: 188); e (ii) reexame necessrio ou recurso de ofcio ou duplo grau de jurisdio obrigatrio; se parte no apresenta recurso, vai obrigatoriamente para tribunal. Vai sempre ter reexame necessrio? Duas hipteses no exigem reexame necessrio: (a) se pleno do tribunal j julgou a matria, no precisa mandar para nova apreciao; e (b) causa tiver valor inferior a 60 SM. E se no for enviado para tribunal? E se juiz esquece de enviar? Deciso no faz coisa julgada, fica suspenso.

Procedimentos financeiros: a autarquia est sujeita a regra de contabilidade pblica? LRF? SIM, todos sujeitos lei 4.320/64 (contabilidade pblica) e LC 101/00 (LRF).

TRATAMENTO TRIBUTRIO. CF: 150, VI, a, imunidade recproca entre os entes polticos. Imunidade restringe-se a IMPOSTOS, podendo incidir taxa e contribuio. CF: 150, par. 2, autarquias so imunes a impostos desde que diga respeito a sua finalidade especfica. Dois limites imunidade das autarquias: (i) s impostos, em oposio a taxas e contribuies; (ii) s com respeito a finalidade especfica da autarquia.

PESSOAL. Quadro da autarquia preenchido por servidores pblicos. REGIME JURDICO NICO foi originalmente exigido pela CF88. Preferencialmente, regime deveria ser estatutrio, mas deveria ser nico, podendo ser somente celetista. Com EC19/98, regime nico foi flexibilizado, facultando PJ ter estatutrios e celetistas (REGIME MLTIPLO). ADIN 2.135, STF declarou inconstitucional a alterao da CF: 39, ou seja, declarou a inconstitucionalidade (por vcio de forma, vez que EC no passou por dois turnos) em sede cautelar do regime mltiplo. Assim, restabelecido o REGIME JURDICO NICO. Celetista ou estatutrio? NICO significa ou um ou outro; para Unio, escolhido regime estatutrio. Os outros entes podem escolher. Mas demorou para ADIN ser julgada, alguns entes misturaram regime. Como fica? Cautelar de ADIN , em regra, ex nunc, mistura no seria mais possvel a partir da deciso.

AUTARQUIAS TERRITORIAIS nada mais so que territrios. Hoje, no h nenhum territrio, mas constituio prev possibilidade. Os constituintes preferiram aproximar figura do territrio da autarquia, para dar-lhe regime pblico, qualificando como autrquica. No se trata de autarquia, no entanto, um quase ente poltico.

CONSELHO DE CLASSE. Conselho de medicina, administrao etc. Qual o conceito? Inicialmente, conselhos de classe tinham natureza de autarquia. Em 1998, o legislador mudou natureza desses conselhos com lei 9.649; a partir da, conselho de classe tornou-se PJ de direito privado. Essa natureza privada compatvel com atividade desenvolvida pelo conselho? ADIN 1.717, STF diz que conselho de classe exerce poder de polcia. Dar poder de polcia a particular sobre outro particular inadequado; em nome da segurana jurdica, o conselho no pode ser PJ de direito privado. Assim, declarada inconstitucional lei e conselho volta a ser autarquia. A anuidade do conselho de classe tem, portanto, natureza tributria, podendo ser objeto de execuo fiscal. Submete-se o conselho lei 4.320, lei de contabilidade pblica, lei de responsabilidade? SIM, suscetvel ao controle do tribunal de contas. Sujeita, igualmente, a concurso pblico. O Estatuto da OAB, art. 79, prev que empregados deveriam ser celetistas; procurador geral entrou com ADIN 3026, pedindo interpretao conforme, para que o quadro da OAB sujeito a concurso pblico. STF entende, no entanto, que OAB no entidade da administrao indireta, mas ente mpar, sui generis, no estando vinculada ou sujeita a controle. Assim, a anuidade da OAB no tem natureza tributria, no cabe execuo fiscal, no est sujeita a controle do tribunal de contas, nem a concurso pblico. Outros conselhos de classe foram atrs do mesmo tratamento, mas decises diversas.

AUTARQUIA DE REGIME ESPECIAL. Trata-se de autarquia com tratamento diferenciado em alguns pontos. Surgiu para definir universidades pblicas. Quase todas universidades federais so autarquias especiais, mas por qu? Normalmente, chefe do Executivo escolhe chefe da autarquia; reitores so escolhidos pelo corpo docente e funcionrios. Alm disso, universidades tm liberdade para decidir sobre o currculo. Assim, peculiaridades: (1) REITOR escolhido por ELEIO e (2) LIBERDADE para CURRCULO.

AGNCIAS REGULADORAS

Em 1995, poltica da privatizao, surgindo necessidade de organismos de controle sobre atividades. As agncias reguladoras vm nesse contexto. No so nada mais que autarquia de regime especial. Por que o regime especial? O tratamento diferenciado diz respeito maior autonomia das agncias em relao s outras autarquias. As agncias tm a funo de regular, fiscalizar e normatizar diversas atividades. Essas funes eram do Estado j? CLARO, a funo da agncia no nova, s a especializao. A novidade a expresso agncia, vinda do direito estadunidense. Crtica: ineficientes e desnecessrias muitas vezes. Agncia pode normatizar: normatizar fazer leis? NO, agncia no pode legislar, no tem essa autonomia, podendo simplesmente COMPLEMENTAR a lei, definindo normas tcnicas. Segunda peculiaridade: NOMEAO ESPECIAL: prvia aprovao pelo Senado dos dirigentes, sendo depois nomeados pelo Presidente. Terceira peculiaridade: mandato fixo, de acordo com lei prpria, variando de dois a sete anos. O mandatrio pode ser retirado antes do fim do mandato? Caso da ANAC: lei estabelece prazo fixo, que poder ser encurtado por (i) pedido de exonerao; (ii) conduta criminosa e (iii) processo disciplinar. Dirigente da agncia pode ir trabalhar na iniciativa privada d setor aps fim de mandato? Dirigente tem informaes privilegiadas, devendo ficar afastado por quatro meses (QUARENTENA), em regra. Algumas agncias exigem doze meses.

REGIME JURDICO:

(i) DEVER DE LICITAR. Lei 9.472/97, lei geral das telecomunicaes, que criou a ANATEL. A lei diz que agncia reguladora no obedece a lei 8.666. Modalidades de licitao exigidas: prego e consulta. Constitucional essa lei? ADIN 1668, STF entendeu que (a) agncia deve seguir lei de licitaes; inconstitucional nessa parte, portanto; (b) pode, no entanto, seguir modalidades especficas de prego ou consulta. Quem pode fazer prego hoje no Brasil? Em 1997, ningum fazia prego no Brasil ou consulta. Prego foi introduzido em 2000 pela Unio, sendo estendido depois.

(ii) REGIME DE PESSOAL. Regra geral a da autarquia, deveria ser estatutrio. Primeiramente, lei 9.986/00 dizia que pessoal de agncia reguladora celetista, por contrato temporrio. Mas esse contrato temporrio tem como finalidade circunstncias especiais. ADIN 2.310, STF entendeu, em sede de cautelar, que regra inconstitucional, porque contrato no pode ser temporrio se necessidade permanente.

Presidente ento comea a criar mais de cinco mil cargos pblicos por MP 155/03, convertida em lei 10.871/04. Com essa lei, que alterou lei 9.986/00, ADIN perdeu objeto.

Presidente edita MP 269/05, prorrogando os temporrios at dezembro de 2007. MP convertida em lei 11.292/06. Nova ADIN, 3.678, que ainda est em andamento.

Como contratos temporrios teriam vencido em dezembro de 2007, presidente prorroga contratos temporrios at julho de 2009 com MP 407 de 26/12/2007. H caso de temporrios sem contratos estendidos e ainda assim continuam trabalhando.

Exemplos de agncia reguladora no servio pblico: ANEEL, ANATEL, ANS, ANVISA, ANTT (transportes terrestres), ANTAQ (transportes aquavirios) e ANAC (aviao civil, rea em que j havia ANC e Infraero). Para controlar o petrleo, ANP; gua, ANA; fomento para incentivar cinema, ANCINE. Normalmente: agncia nacional.

Mas nem tudo que tem nome de agncia agncia. ADA (agncia de desenvolvimento da Amaznia, sucessora da SUDAM); ADENE (agncia de desenvolvimento do NE, sucessora da SUDENE); e AEB (agncia especial brasileira) so AUTARQUIAS. A ABIN (agncia brasileira de inteligncia) rgo pblico.

Tampouco toda agncia tem nome de agncia; exemplo: CVM.

AGNCIA EXECUTIVA

Nasceu na lei 9.649/98: agncia executiva tem natureza de autarquia e fundao, que precisa ser melhorada. Para tanto, o ente elabora um plano estratgico de reestruturao. Para executar o plano, ente celebra com a administrao direta um contrato de gesto, por meio do qual o ente receber mais recursos e mais liberdade para torn-la eficincia. O status depende de um decreto do presidente e dura at final do contrato de gesto, ou seja, temporrio. Crtica: desde a origem o ente precisava ser eficiente; maior liberdade deveria vir de lei, no de decreto. Como exemplo: hoje, 19/03/2008, INMETRO.

3.3.2. EMPRESA PBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

Empresa ESTATAL: a que pertence ao Estado. Nem toda empresa estatal empresa pblica ou de economia mista. Precisa preencher outros requisitos alm da simples propriedade estatal.

3.3.2.1. CONCEITO

EMPRESA PBLICA:

(i) PJ de direito pblico ou privado? PRIVADO.

(ii) Para que serve? Prestao de servios pblicos ou explorao de atividade econmica.

(iii) A qualificao pblica diz respeito ao capital, que exclusivamente pblico, podendo ser de mais do que um ente (Municpio e Estado, Municpio e Municpio etc.).

(iv) Pode ser de qualquer modalidade empresarial (S/A, ltda. etc.).

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA:

(i) PJ de direito PRIVADO.

(ii) Para que serve? Prestao de servios pblicos ou explorao de atividade econmica.

(iii) Capital misto. A maioria do capital votante deve estar nas mos do poder pblico.

(iv) S pode ser S/A.

Assim, quais as SIMILARIDADES entre empresa pblica e sociedade de economia mista? (i) PJ de direito privado e (ii) servem para mesma finalidade.

Quais as DIFERENAS?

(i) Capital: EP: exclusivamente pblico, enquanto SEM: misto.

(ii) Constituio: EP pode ser qualquer tipo; SEM s pode ser S/A.

(iii) Competncia para aes. CF: 109, I. EP federal, de quem a competncia? Justia federal. SEM federal: Justia estadual. STF, smulas 517 e 556.

EPSEM

SIMILARIDADES

PJ de direito pblico

Podem prestar servio pblico ou exercer atividade econmica

DIFERENAS

Capital exclusivamente pblicoCapital misto

Pode constituir-se em qualquer tipo de empresaS S/A

Competncia da Justia FederalCompetncia da Justia Estadual

3.3.2.2. REGIME JURDICO

Regime MISTO, porque mistura regras de direito privado e pblico. Se prestadora de servio pblico, prevalncia de regime de direito pblico, mais prxima da autarquia. Se exploradora de atividade econmica, regime mais prximo da iniciativa privada.

CF: 173, a explorao direta de atividade econmica pelo Estado s ser permitida quando necessria aos imperativos da segurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei, interveno na atividade econmica s se justifica pela (i) segurana nacional e (ii) relevante interesse coletivo. Assim, no se pode explorar qualquer atividade econmica.

Regras para EP ou SEM prestadoras de servio pblico:

SEM/EP prestadora de servio pblicoSEM/EP exploradora de atividade econmica

LicitaoObrigatrio, lei 8.666: 1; CF: 37, XXI. Possibilidade de dispensa (lei 8.666: 17 e 24) e inexigibilidade (lei 8.666: 25)Facultativo, CF: 173, par. 1, III. A lei estabelecer o estatuto jurdico: estatuto ainda no veio; enquanto isso, aplica-se 8.666. Possibilidade de dispensa (lei 8.666: 17 e 24*) e inexigibilidade (lei 8.666: 25).

FalnciaNo esto sujeitas a falncia, cf. lei 11.101/05: 1.Havia alguma doutrina dizendo que cabvel falncia, mas LRE no faz distino; assim, no esto sujeitas a falncia, cf. lei 11.101/05: 1.

Responsabilidade SIM, CF: 37, VI.

Responsabilidade OBJETIVA. Solidariamente, existe ordem de preferncia.NO, aplica-se o direito civil.

Responsabilidade SUBJETIVA. Aqui, o Estado no responde.

Bens pblicosEm regra, NO, so penhorveis etc., porque seguem regime privado. EXCEO: s sero bens pblicos aqueles diretamente ligados prestao de servio pblico, pelo princpio da continuidade do servio pblico. H divergncia minoritria, no entanto.

Privilgios tributriosNO tm privilgios, desde que cobre tarifas. CF: 150, par. 3: no h aplicao da imunidade recproca quando houver cobrana do tarifa do usurio. Assim, quando houver prestao de servio pblico, possvel a tarifa.CF: 173, par. 2: NO tm privilgios, salvo os extensveis iniciativa privada.

PessoalQuadro NO TEM SERVIDOR PBLICO, mas SERVIDORES DE ENTES GOVERNAMENTAIS DE DIREITO PRIVADO, seguindo regime celetista, i.e. empregados. Esses empregados equiparam-se a servidor pblico em alguns aspectos:

(i) Concurso pblico;

(ii) Regime da no-acumulao (excees na CF);

(iii) Teto remuneratrio (caso precise de repasse; em caso contrrio, no aplicvel teto);

(iv) Improbidade, equiparados a funcionrios pblicos pela lei penal;

(v) Sujeitos a remdios constitucionais.

O empregado da EP ou SEM no goza de estabilidade do CF: 41, podendo ser a dispensa imotivada (TST, smula 390; OJ 247)**.

* Dispensa para 20% do convite.

** ECT empresa pblica, mas tem tratamento de Fazenda Pblica, ou seja, autarquia (regime de precatrio, imunidade tributria recproca, impenhorabilidade de bens etc.). Mesmo tendo tratamento de empresa pblica, abriu lojas por franchising, quando deveria fazer licitao. Tribunal de contas foi atrs.

A licitao dispensvel quando a competio for impossvel, o que ocorre quando prejudica a finalidade da atividade ou prestao do servio. Como essa atividade de interesse pblico, teramos a licitao, que visa ao interesse pblico, obstando a busca do interesse pblico. A licitao afastvel sempre que prejudicar o interesse pblico, que ela mesma quer proteger. O rol de circunstncias EXEMPLIFICATIVO. Exemplo: grficas de dirios oficiais so normalmente sociedades de economia mista, que tambm atuam no mercado. Se para comprar papel tivesse que licitar, deixaria de ser competitiva, da dispensa. Agora, para construir sede nova, obviamente necessrio.

4. ENTES DE COOPERAO

Entes de cooperao esto fora da administrao, pertencem ao TERCEIRO SETOR, tambm chamados ENTES PARA-ESTATAIS. ONGs podem pertencer a esta categoria, mas no necessariamente. So PJ de direito privado que no podem ter fins lucrativos, apesar de poder acontecer incidentalmente.

4.1. SERVIOS SOCIAIS AUTNOMOS

Ou SISTEMA S, vez que quase todos comeam com letra s: SESI, SENAC, SEBRAE, SENAI, SEST (transportes), SENAT (transportes), SENAR (rural) etc.

FINALIDADE. Ente para-estatal serve para fomentar e dar apoio s diversas categorias profissionais. Exemplos: cursos de profissionalizao do SEBRAE, show do SESI etc. Desenvolvimento da categoria causa o desenvolvimento do Estado.

FINANCIAMENTO. O sistema s tem duas receitas: (i) recursos oramentrios, i.e. direto do oramento, mas que no formam sua principal receita; (ii) PARAFISCALIDADE, ou seja, cobra contribuio social. Lembrando: competncia tributria a aptido para criar tributos e indelegvel; j capacidade tributria a aptido para cobrar tributos, esta sim, delegvel. Pode-se delegar a capacidade tributria para PJ de direito pblico (contribuio do INSS) ou PJ de direito privado, desde que perseguidoras do interesse pblico.

CONTROLE. Se servio social autnomo recebe recurso pblico (oramentrio e contribuio), est sujeito ao tribunal de contas. E licitao? Lei das licitaes prev tambm que est sujeito a licitao, no precisando seguir todas as regras, bastando o procedimento simplificado.

TRABALHADORES. Empregado privado, sob regime celetista.

PRIVILGIOS TRIBUTRIOS. Entes para-estatais no tm privilgios tributrios.

4.2. ENTIDADE DE APOIO

Exemplo: entidade de apoio UNB que financiou lata de lixo de mil reais para o reitor da universidade.

NATUREZA. Pode ser fundao, associao ou cooperativa; normalmente, fundao. Todas de natureza privada, formadas por funcionrios. Vo cooperar com Estado por meio de CONVNIO. Atuam junto de universidades pblicas e hospitais, sendo criadas pelos servidores pblicos. Ps paga em universidade pblica: organizada pelas entidades de apoio a fim de amealhar recursos para pesquisa. Exemplos: FAPESP, FUSP etc.

Alvos de muita crtica:

(i) Falta regulamentao, com exceo dos entes de apoio a universidades pblicas (lei 8.958/94).

(ii) PRIVILGIOS: podem receber dotao oramentria, tomar emprestados servidores pblicos, utilizar bens pblicos. Tm regime privado, mas usam recursos pblicos.

4.3. ORGANIZAO SOCIAL (OS)

Objeto de vrias crticas e de ADIN. Tem respaldo na lei 9.637/98. PJ de direito privado, sem fins lucrativos, fora da administrao. Normalmente, existe de extines de estruturas da administrao tenho rgo pblico desnecessrio e transfiro seus bens para ente privado. A OS, beneficiada pelo Estado, vai manter-se vinculada ao Estado mediante CONTRATO DE GESTO, que prever recursos oramentrios e utilizao de bens pblicos e servidores.

FINALIDADES. A OS no vai necessariamente prestar servio pblico, mas cooperar com o Estado nas reas do ensino, pesquisa, sade, meio ambiente e cultura.

CONSELHO DE ADMINISTRAO responsvel pela administrao da OS, composta por particulares e servidores. Incoerncia! Servidor com p no privado.

CONTROLE. O tribunal de contas pode controlar OS. OS tinha dispensa de licitao, mas esse privilgio foi suspenso na ADIN 1923 em sede de cautelar. ADIN, no entanto, discute a constitucionalidade da existncia mesma da OS.

CRTICA: para existir no mundo jurdico, OS precisa celebrar contrato de gesto. Maria Sylvia: preciso celebrar antes mesmo de existir! um fantasma, no d para saber da qualidade. Ideal seria transferir para ente j existente, com experincia.4.4. OSCIP

Organizao da sociedade civil de interesse pblico. PJ de direito privado, sem fins lucrativos, fora da administrao respaldada pela lei 9.790/99.

Diferente da OS, OSCIP precisa existir h pelo menos um ano, exercendo atividade, para receber recurso pblico por meio de TERMO DE PARCERIA.

FINANCIAMENTO. No recebe recurso oramentrio, somente recurso pblico, i.e. no recebe bens ou servidores ou recursos oramentrios, mas apenas recebe recurso pblico indiretamente. administrada pelos particulares, sem interferncia de servidores pblicos.

Exemplo: rgo da administrao precisa modernizar departamento de informtica e celebra termo de parceria com OSCIP para realizar plano de modernizao. Acabada atividade, empregado da OSCIP deixa rgo. Problema: muitas vezes, empregados da OSCIP exercem atividade tpica de funcionrio pblico, servindo para fraudar concurso pblico e suprir mo de obra. Antigamente, falsas terceirizaes e cooperativas serviam para fraudar concurso.

5. PODERES DA ADMINISTRAO

So instrumentos e prerrogativas atravs dos quais a administrao perseguir o interesse pblico, seus objetivos. Difere dos poderes do Estado, que so instrumentos orgnicos e organizacionais (Legislativo, Executivo, Judicirio). So os poderes disciplinar, regulamentar, de polcia etc.

Quando o Estado vai exercer o poder disciplinar (aplicar sano de demisso por infrao disciplinar), pratica um ato administrativo. O poder, assim, uma abstrao, vez que objetivamente ato administrativo. Da mesma forma, quando exerce poder de polcia (aplicao de multa por infrao administrativa), igualmente pratica ato administrativo. Quase tudo ato administrativo.

5.1. CARACTERSTICAS

(1) OBRIGATORIEDADE. Poder de exerccio obrigatrio ou facultativo? Exemplo: cometida infrao, deve ou pode aplicar sano? Deve; portanto, poderes da administrao so de exerccio obrigatrio, poder-dever. Celso Antnio: dever-poder, porque dever mais importante.

(2) IRRENUNCIABILIDADE. O poder renuncivel? O administrador exerce funo pblica, ou seja, em nome e no interesse do povo, seu titular, no podendo renunciar a esse poder, que no do administrador. PRINCPIO DA INDISPONIBILIDADE do direito administrativo: no posso dispor, no posso abrir mo desse instrumento. Um corolrio desse princpio a regra de acordo com a qual o administrador de hoje no pode criar obstculos prpria administrao, muito presente na lei de responsabilidade fiscal (LC 101).

(3) LIMITES. Administrador tem limites? bvio, segundo lei. Para que administrador exera poder, precisa respeitar o trinmio da NECESSIDADE, PROPORCIONALIDADE e EFICINCIA. A autoridade precisa ser competente? Sim, outro limite a regra da COMPETNCIA. Havendo desrespeito a esse limite ou abuso de poder (extrapolao dos limites do poder), cabe RESPONSABILIZAO? Sim, se agir com ao ou com omisso.

O abuso de poder conhece duas modalidades:

(i) Excesso de poder, quando se vai alm da autorizao. Ex.: competente para prender, mas tortura tambm.

(ii) Desvio de finalidade vcio ideolgico, subjetivo, defeito na vontade do administrador. Exemplos: ordem de priso do inimigo executada durante celebrao de casamento para provocar situao vexatria; remoo de servidor inimigo.

5.2. CLASSIFICAO QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE

CRTICA (Maria Sylvia, Celso Antonio): no o poder que vinculado ou discricionrio, vez que o poder instrumento; o ato administrativo sim. O poder ora um ora outro.

PODER VINCULADO o que no tem liberdade, juzo de valor, convenincia ou oportunidade. O administrador obrigado a cumprir ato. Exemplo: concesso de aposentadoria; preenchidas as condies (35 anos de contribuio e cumpridos 60 anos de idade), o administrador obrigado a exercer ato. Outro exemplo: tendo 18 anos, prestadas as provas, administrador est obrigado a conceder licena.

PODER DISCRICIONRIO caracterizado pela liberdade, juzo de valor, convenincia e oportunidade, nos limites da lei. Se fora dos limites da lei, o ato arbitrrio e deve ser retirado do mundo jurdico. Exemplo: bar colocar mesas na calada pode? Sim, por meio de permisso de uso de bem pblico (calada), exemplo de poder discricionrio. Outro exemplo: caminho acima dos padres, que desgasta via pblica etc. Autorizao discricionria. Da mesma forma, licena de armas.

5.3. ESPCIES DE PODER DA ADMINISTRAO

5.3.1. PODER HIERRQUICO

Poder hierrquico ou poder do hierarca (Celso Antnio) o instrumento que tem o administrador para estruturar, escalonar e organizar os quadros da organizao. Atravs do quadro, possvel saber quem obedece a quem.

CONTROLE. Em razo da hierarquia, o superior pode fiscalizar os atos dos subordinados e rev-los, controlando-os. Alm disso, o superior hierrquico pode delegar (repassar) e avocar (chamar para si) funo no exerccio da hierarquia. Se subordinado pratica infrao funcional, o superior hierrquico pode aplicar sano.

5.3.2. PODER DISCIPLINAR

Prerrogativa do administrador de aplicar sano em razo de infrao por subordinado. Quem pode ser atingido pelo poder disciplinar? Particular pode? No, necessrio que seja agente pblico, que esteja na intimidade da administrao: pode at mesmo atingir particular em exerccio de funo pblica (mesrio, concessionria).

O poder disciplinar discricionrio? Em regra, SIM, havendo excees.

Para aplicao de poder disciplinar, preciso instaurar processo administrativo. Mas dever ou faculdade? Dever, a suspeita de infrao gera o dever de instaurao de processo administrativo, sendo assim um poder vinculado. J a deciso ao fim do processo, vinculada ou discricionria? Normalmente, a previso de infraes utiliza conceitos vagos. Conduta escandalosa infrao prevista no estatuto dos funcionrios da Unio e subsuno depende de juzo de valor, da discricionariedade do administrador. A identificao da conduta infracional uma deciso discricionria, mas havendo determinada infrao, a penalidade certa, conduta vinculada: infrao leve gera advertncia; se mdia, suspenso; se grave, demisso, administrador no pode fugir disso. Administrador deve considerar a gravidade do dano para determinar a intensidade da sano. Em direito penal, agravantes e qualificadoras so especificados, a lei clara. Em direito administrativo, h vagueza, o administrador deve obedecer o princpio da proporcionalidade quando da determinao da pena.

5.3.3. PODER REGULAMENTAR

Ou poder normativo, segundo Maria Sylvia. Com o poder regulamentar, o administrador normatiza complementarmente a lei, visando sua fiel execuo. Exemplo: lei 10.520, lei do prego, estabelece que prego serve para aquisio de bens e servios comuns. O que bem e servio comum? Preciso enumerao desses bens e servios comuns, assim o decreto 355 vem e regulamenta a disposio em mbito federal. Outro exemplo: proibio de trfico de drogas; preciso determinar quais as drogas, ento poder regulamentar.

O poder regulamentar exerce-se por regulamento, portaria, resoluo, deliberaes, instrues e regimentos. Qual a diferena entre regulamento e decreto? Correto dizer regulamento autnomo ou decreto autnomo? Quando enumero condies para prestar concurso pblico, estou regulamentando; o decreto a forma, o veculo que faz com que o contedo (regulamento) entre em vigor. Assim, DECRETO REGULAMENTAR.

possvel um decreto regulamentar autnomo hoje no Brasil?

O decreto regulamentar pode ser EXECUTIVO, como aquele previsto no CF: 84, 4, que a regra e regulamenta uma lei. O decreto regulamentar AUTNOMO ou independente age como se prpria lei fosse, retirando seu fundamento da prpria CF, pula a lei, que normalmente necessria.

Qual a diferena entre regulamento e lei? Lei vem do Congresso Nacional; regulamento vem do chefe do Executivo, sozinho. Qual mais representativo? Obviamente a lei, da sua fora maior. A lei depende de processo legislativo; o regulamento depende unicamente de vontade do chefe do Executivo, no exige rigor do processo legislativo. Dadas as diferenas entre o regulamento e a lei, aquele no pode ter o mesmo tratamento, a mesma fora, que este.

Originalmente, a CF proibiu o decreto regulamentar autnomo, cf. ADCT: 25 (Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgao da Constituio, sujeito este prazo a prorrogao por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a rgo do Poder Executivo competncia assinalada pela Constituio ao Congresso Nacional). Vem EC 32, que alterou o CF: 84, VI (Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organizao e funcionamento da administrao federal, quando no implicar aumento de despesa nem criao ou extino de rgos pblicos; b) extino de funes ou cargos pblicos, quando vagos). A maioria da doutrina, com o STF, entende possvel decreto autnomo nessas excees particularssimas do inc. VI. Helly Lopes Meirelles diz que possvel sim, mesmo fora desses casos. Celso Antonio no admite nem nessas hipteses, lembrando MP. Alguns doutrinadores acreditam que o CF: 225 tambm seria um caso de decreto regulamentar autnomo.

5.3.4. PODER DE POLCIA

Poder de polcia a prerrogativa do Estado em limitar, restringir a atuao do particular, em nome do interesse pblico.

BUSCA DE BEM ESTAR SOCIAL. A finalidade do poder de polcia o bem estar social pela compatibilizao de interesses.

CARACTERSTICAS:

(i) Atividade administrativa que persegue o bem estar social.

(ii) Atinge, principalmente, os direitos liberdade e propriedade. Esse poder de polcia atinge a pessoa do particular? No, atinge seus interesses, bens e direitos.

(iii) O poder de polcia define a forma de exercer os direitos, no podendo gerar indenizao. Se Estado determina que construo no pode ultrapassar oito andares, limitao ao direito de construir; a verificao do cumprimento da limitao enseja a TAXA DE POLCIA (CTN: 78). Taxa porque possvel quando h contraprestao estatal; no caso, houve diligncia ao estabelecimento.

Poder de polcia pode ser exercido de maneira:

(i) PREVENTIVO. Exemplo: determinao de limite de velocidade; regra sanitria.

(ii) REPRESSIVO. Exemplo: aplicao da sano contra quem tenha desrespeitado o limite ou a regra sanitria.

(iii) FISCALIZADOR. Exemplo: implantar lombada eletrnica ou diligenciar ao estabelecimento.

Poder de polcia pode ser realizado por atos NORMATIVOS (determinao de limite de velocidade) ou por atos PUNITIVOS (aplicao da sano). Atos punitivos tm inmeras espcies (embargo de obras).

Poder de polcia negativo? Sim, em regra, porque institui obrigaes de no fazer, impe abstenes.

Fundamento para o exerccio do Poder de Polcia: pode ter uma atuao estatal que se fundamentar em uma supremacia especial e uma que se fundamentar em supremacia geral. Se a atuao do Estado decorre de um vnculo jurdico anterior, supremacia especial. Ex: um servidor pblico pratica uma infrao funcional e o chefe dele aplica uma sano. Aplicar sano ao servidor depende de um vnculo anterior, a aprovao e posse em concurso. Assim aplicar sano supremacia especial. Outro exemplo: aluno de escola pblica que recebe suspenso do diretor. A supremacia geral aquela que no tem vnculo anterior. Sujeito desrespeita velocidade na avenida X e a administrao aplica a multa. Poder de polcia depende de vnculo jurdico anterior? Poder de polcia exerccio de supremacia geral. Se existir vnculo anterior no ser poder de polcia. No se admite poder policia quando se fala em supremacia especial (sano que depende de uma relao jurdica anterior).Possvel a delegao de poder de polcia? Exemplo do rgo de classe. ADIN 1717, STF, invocando segurana jurdica, entendeu que conselho de classe, por exercer poder de polcia, no pode ser pessoa de direito privado. Doutrina admite delegao de atos materiais anteriores ou posteriores ao poder de polcia: bater foto de infrao a velocidade. Antigamente, mfia dos radares, percentagem em cima das multas. Ato posterior: demolio de obra que a administrao notificou, deu prazo e particular no cumpriu, administrao tem autorizao para demolir.

5.3.4.1. ATRIBUTOS DO PODER DE POLCIA

(1) DISCRICIONARIDADE

Em regra, o poder de polcia discricionrio. Quando o administrador decide, por exemplo, qual a velocidade limite para certa via, ou ainda quando define quais as regras para construo; quando se tratar de licena, no entanto, h vinculao da deciso do administrador: preenchidas as condies, d-se a licena (por meio de um alvar). AUTORIZAO, diferentemente de licena, deciso discricionria.

(2) AUTO-EXECUTORIEDADE

Atributo segundo o qual o administrador pode realizar seus atos independentemente do Judicirio. Administrador pode multar, por exemplo, mas parte pode, por insatisfao, ir ao Judicirio. Administrador pode pedir auxlio policial, por exemplo, para realizar certo ato, como fechar estabelecimento.

Auto-executoriedade significa que o ato no tem forma? No, auto-executoriedade implica a dispensa do Judicirio, no a ausncia de formalismo.

Todo poder de polcia auto-executvel? No, porque h aqueles que necessitam da anlise do Judicirio. Exemplo: se contribuinte no paga multa pecuniria, o administrador dever buscar o pagamento atravs do Judicirio, no podendo atingir o patrimnio do contribuinte.

(3) COERCITIVIDADE

Poder de polcia normalmente traz obrigatoriedade, coercitividade: ato do administrador deve ser observado.

5.3.4.2. POLCIA JUDICIRIA x POLCIA ADMINISTRATIVA

Polcia administrativa designa quem exerce o poder de polcia, visando ao afastamento das condutas anti-sociais, tentando compatibilizar os exerccios dos direitos. Poder de polcia exercido por diversos rgos e PJ (Inmetro, ANVISA...). J a polcia judiciria busca a conteno do crime. Diferentemente da polcia administrativa, a polcia judiciria no exercida por qualquer ente administrativo, mas por corporaes prprias (PM, polcia civil).

Exemplos: polcia de caa, de pesca, florestal, edilcia, sanitria, de trfico e trnsito, de pesos e medidas, de medicamentos, de divertimentos pblicos, de atmosfera e guas.

6. ATO ADMINISTRATIVO

Tema muito cobrado em provas de concursos federais. Matria com muita divergncia doutrinria.

6.1. CONCEITO

6.1.1. FATO x ATO

Fato acontecimento, que por vezes tem efeitos jurdicos. Nesses casos, diz-se FJ. Se o FJ, mais especificamente, atinge o direito administrativo, fala-se em fato jurdico administrativo. Exemplo: morte de funcionrio pblico; abre-se sucesso imediatamente, no campo civil; no campo administrativo, gera a vacncia.

O ato a manifestao de vontade; ser ato jurdico se tiver efeitos no mundo jurdico; ser ato jurdico administrativo se atingir o direito administrativo.

Ato jurdico (Digenes Gasparini) ou fato administrativo so simples atos materiais da administrao, que no manifestam ato de vontade especfica, como nos casos de conduo da viatura, ministrar aula. O simples ato no tem um fim jurdico especfico, realmente, apesar de gerar direitos (direito remunerao pelo trabalho, direito aposentadoria). A afirmativa est totalmente certa.

Ato envolve vontade e, por isso, pode ser anulado ou revogado; um fato, por no implicar vontade, no pode ser anulado ou revogado (nascimento: no d pra voltar atrs). Alm disso, ato goza de presuno (veracidade, moralidade etc.); fato, no.

6.1.2. ATO DA ADMINISTRAO e ATO ADMINISTRATIVO

Atos da administrao so os praticados pela administrao. H os atos da administrao regidos por direito privado: locao de imvel, por exemplo, que, a despeito de passar por licitao, regido por lei civil; h aqueles que so regidos pelo direito pblico (tombamento). Assim, atos da administrao so todos os atos praticados pela administrao; se regido por direito privado, diz-se simplesmente ato da administrao; caso regido pelo direito privado, ATO ADMINISTRATIVO. Mas h atos regidos pelo direito pblico que no so praticados pela administrao (atos do Legislativo, Judicirio, concessionrias e permissionrias); nesse caso, diz-se tambm ato administrativo. Enfim, temos trs tipos: (1) ato da administrao + ato administrativo; (2) ato da administrao s; (3) ato administrativo s.

Ato administrativo, assim, manifestao de vontade. Quem a manifesta? Estado (trs poderes) ou representante (concessionrias e permissionrias). Qual a finalidade? Criar, modificar ou extinguir direitos, de maneira complementar e inferior lei, que necessariamente seguir o regime do direito pblico e est sujeito ao controle judicirio.

Hely: ato administrativo em sentido estrito, alm de preencher todas as condies da definio mencionada acima, precisa ser UNILATERAL e CONCRETO.

6.2. ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Para a doutrina majoritria, os elementos ou requisitos do ato administrativo esto listados na lei de ao popular (Lei 4717/65), seguindo cinco temas: sujeito competente, forma, motivo, objeto e finalidade.

Celso Antnio Bandeira de Mello no trata apenas desta maneira: deve-se separar elementos dos pressupostos. Elementos formariam o contedo do ato, as condies para sua existncia. Quanto aos pressupostos, h dois tipos: (i) existncia, quando condio para ato administrativo; e (ii) validade. Assim, manifestada a vontade, h ato; quando a manifestao pertencer ao direito administrativo, preenche-se o requisito de pressuposto de existncia. Para que seja ato administrativo vlido, precisa preencher os requisitos de validade.

6.2.1. SUJEITO COMPETENTE

H quem fale apenas sujeito ou apenas competncia; Fernanda fala de sujeito competente para abarcar ambos.

O sujeito o agente pblico, o exercente de funo pblica. Mas o agente pblico deve ser competente.

A competncia deriva de dever legal, podendo a constituio ou a lei constituir fonte da competncia. A competncia de carter irrenuncivel, de exerccio obrigatrio, inaltervel pela vontade do administrador, no sujeita a transao ou prescrio. No mbito do processo civil, a incompetncia relativa no alegada pelas partes gera prorrogao; no caso do direito administrativo, no h prorrogao de competncia por falta de alegao.

Competncia administrativa delegvel ou avocvel? Cf. Lei 9784/99 (lei de processo administrativo), arts. 11 a 15, pode haver delegao ou avocao excepcionalmente, mediante justificativa. Em trs casos, no se permite delegao da competncia art. 13 da Lei 9784/99:

(i) as matrias de competncia exclusiva do rgo ou autoridade no podem ser delegadas, em oposio competncia privativa, delegvel;

(ii) a edio de atos de carter normativo;

(iii) a deciso em recursos administrativos.

A delegao gera a COMPETNCIA CUMULATIVA, vez que tanto quem delega quanto quem tenha recebido competncia continuam competentes.

6.2.2. FORMA

A forma do ato administrativo precisa ser a prevista por lei, no pode ser praticado de qualquer jeito. A vontade deve ser manifesta, a exteriorizao da vontade necessria. Na perspectiva de Celso Antnio, elemento.

O ato administrativo deve observar formalidades especficas. Exemplo: publicao do DO. Nesse caso, Celso Antnio diz que se trata de condio de pressuposto formalstico de validade.

O ato administrativo depende de processo anterior. Exemplo: processo de desapropriao; processo de licitao. O resultado final a desapropriao ou compra de determinado insumo. Caso dos defensores pblicos investidos, j trabalhando, e cujo concurso foi anulado por suspeita de fraude; STF reafirmou necessidade de prvio processo, principalmente quando se atinge a rbita de algum. O processo administrativo deve observar o amplo contraditrio. O processo dar a fundamentao para o ato administrativo. Celso Antnio chama esse requisito da forma de PRESSUPOSTO OBJETIVO DE VALIDADE.

6.2.2.1. MOTIVAO

Motivao requisito de forma e difere de motivo. a explicao, a correlao lgica entre os elementos do ato administrativo, justificativa que levaram ao ato.

Em regra, obrigatria ou facultativa? Jos dos Santos Carvalho Filho entende que facultativa, porque quando o legislador exigiu expressamente, facultou a justificao nos outros casos, com base nos arts. 93 e 50 da lei 9.784. Maioria da doutrina entende que OBRIGATRIA, porque (i) CF: 1: poder emana do povo; (ii) CF: 1; (iii) CF: 5, XXXIII (garantia de informao) e XXXV (possibilidade de controle pelo Judicirio); (iv) CF: 5, XXXV, se Judicirio precisa justificar seus atos, quanto mais administrao; (v) lei 9784: 50 traz lista de atos para os quais a justificativa obrigatria. Como lista muito extensa, abarca quase todos os atos.

A motivao precisa ser dada anteriormente ou simultaneamente ao ato. Tome-se o caso do administrador que celebrou contrato sem licitao. A motivao posterior no resolve o vcio.

6.2.2.2. REGRA DO SILNCIO

Em regra, atos administrativos devem ser realizados por escrito, de acordo com o PRINCPIO DA FORMALIDADE. Posso praticar ato administrativo de forma no-escrita? Sim, desde que lei autorize. Para se praticar de outra maneira, requer-se que a lei o diga. Lei 8.666, art. 60: contrato verbal permitido nos contratos de pronta entrega e pronto pagamento, se abaixo de R$ 4 mil. Outro exemplo: guarda que gesticula e com isso determina que o motorista estacione o veculo. No h ato escrito, mas gestual, possibilitado por previso legal.

SILNCIO: a falta de resposta da administrao significa anuncia? No, um nada jurdico, no significa sim nem no, a menos que a lei determine algum efeito. Se lei afirmar que silncio sim ou no, assim ser.

Exemplo: cidado vai e pede licena prefeitura. Cabe mandado de segurana em casos de leso ao direito de petio. O judicirio pode deferir uma licena? No, apenas fixar um prazo para que o administrador resolva a questo. Celso Antnio lembra que, em casos de atos discricionrios, no cabe a interferncia do Judicirio; nos casos de atos estritamente vinculados, que dependem de mero preenchimento de requisitos, nada impede que o Judicirio fornea a resposta requerida.

Quanto tempo tem o administrador para responder? CF: 5, LXXVIII: processos administrativos e judiciais devem observar prazo razovel.

Exigncias de forma podem ensejar trs vcios diferentes:

(i) Mera irregularidade. Exemplo: toda assinatura deve ser realizada com tinta azul, data e matrcula do servidor. Essa exigncia de forma no compromete o contedo do ato, tampouco sua validade, to somente o fim de uniformizao.

(ii) Vcio sanvel. Neste caso, ato anulvel, passvel de convalidao.

(iii) Vcio insanvel. Aqui, ato nulo e no passvel de convalidao.

6.2.3. MOTIVO

Fato + fundamento jurdico que levam prtica do ato. O motivo vincula o administrador, mas precisa ser verdadeiro.

6.2.4. OBJETO

o resultado prtico do ato administrativo, o que o ato faz em si mesmo: concesso de licena, desapropriao, ordem de fechamento de estabelecimento, dissoluo de passeata etc. o efeito jurdic