direito penal lfg intensivo 2014 + resoluÇÃo de questÕes

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1 Pablo Laranja DIREITO PENAL 2014 Aula 01 Direito penal Cristiano Rodrigues Princípios fundacional de direito penal 1) Legalidade ou reserva legal: Não a crime sem lei anterior que o defina, não tem crime sem que a lei exista primeiro, tem que haver lei para ter fatos posteriores a ela para haver crime. Função: coibir a retroatividade da lei penal incriminadora. a) Irretroatividade e a tradução da função, ele proíbe que a lei retroaja para piorar o crime, não pode criar um crime para definir algo antes . art. 2 CP b) Principio da retroatividade da lei penal benéfica , nasce dentro desta função da legalidade, mas e o contra ponto da proibição, e autorização que a lei vai retroagir para ajudar. O art. 2 CP, surge um instituto o abolitio criminis “abolir o crime lei nova que vem abolir o crime vem para retirar o crime do nosso ordenamento jurídico”. Consequências do abolicios criminis: 1) Retroage afastado todos antecedentes criminais da pratica do fato , inclusive antecedente e reincidência se sobrepondo ao transito e julgado 2) Não gera efeito na área civil, não afeta os afeitos civis da pratica do fato . Exemplo de abolitio: adultério, bigamia e (crime ainda não foi abolido do código) , sedução art.217 CP, rapto consensual. Dicas de crimes contra honra: Calunia (mentira) sobre a prática de um crime art. 138 a 145, provando que o fato e verdade o crime fica atípico não será atípico contra o Presidente da República, sentença absolutória. Difamação art.139 (fofoca) contar para terceiro para se consumar, por ser fofoca não admite a prova da verdade, salvo quando se tratar de funcionário público quanto ao exercício da função. Injuria (xingar) falar que o cara e macaco e injuria racial , racismo e segregação afastar diferenciar excluir . Publicidade para se consumar Publicidade para se consumar Não e necessário publicidade basta vitima tomar conhecimento que estará consumado Sendo cabível a tentativa (forma escrita) Por ser xingamento não admite a prova da verdade

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Pablo Laranja – DIREITO PENAL

2014

Aula 01

Direito penal

Cristiano Rodrigues

Princípios fundacional de direito penal

1) Legalidade ou reserva legal: Não a crime sem lei anterior que o defina, não tem crime sem que a lei exista primeiro, tem

que haver lei para ter fatos posteriores a ela para haver crime.

Função: coibir a retroatividade da lei penal incriminadora.

a) Irretroatividade e a tradução da função, ele proíbe que a lei retroaja para piorar o crime, não pode criar um crime para definir algo antes . art. 2 CP

b) Principio da retroatividade da lei penal benéfica, nasce dentro desta função da legalidade, mas e o contra ponto da proibição, e autorização que a lei vai retroagir para ajudar. O art. 2 CP, surge um instituto o abolitio criminis “abolir o crime lei nova que vem abolir o crime vem para retirar o crime do nosso ordenamento jurídico”.

Consequências do abolicios criminis:

1) Retroage afastado todos antecedentes criminais da pratica do fato , inclusive antecedente e reincidência se sobrepondo ao transito e julgado

2) Não gera efeito na área civil, não afeta os afeitos civis da pratica do fato . Exemplo de abolitio: adultério, bigamia e (crime ainda não foi abolido do

código) , sedução art.217 CP, rapto consensual.

Dicas de crimes contra honra:

Calunia (mentira) sobre a

prática de um crime art. 138 a

145, provando que o fato e

verdade o crime fica atípico

não será atípico contra o

Presidente da República,

sentença absolutória.

Difamação art.139 (fofoca)

contar para terceiro para se

consumar, por ser fofoca não

admite a prova da verdade,

salvo quando se tratar de

funcionário público quanto ao

exercício da função.

Injuria (xingar) falar que o

cara e macaco e injuria racial ,

racismo e segregação afastar

diferenciar excluir .

Publicidade para se consumar Publicidade para se consumar Não e necessário publicidade

basta vitima tomar

conhecimento que estará

consumado

Sendo cabível a tentativa

(forma escrita)

Por ser xingamento não

admite a prova da verdade

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Pablo Laranja – DIREITO PENAL

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Atingir a honra objetiva, coisa

concreta que você ver toca

concreta a imagem a

reputação da pessoa.

Afeta a honra objetiva. Afeta a honra subjetiva

(sentimento pessoal orgulho

próprio)

Obs: A injúria por preconceito e mais grave art.140 § 3˚, mas não se confunde com racismo que e

sinônimo de segregação crime imprescritível.

Obs: O animus jocandi, ou seja, a injúria cometida em tons de brincadeira afasta a tipicidade do

crime contra a honra. Ação penal de crime contra honra e a privada através da queixa crime. Salvo

nas hipóteses do art. 145 CP.

CPB Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.

2) principio da pessoalidade ou intranscendência da pena art. 5˚ XLV, CF

A pena é pessoa e intrasferível. Ela é só do sujeito ninguém e pode passar a pena para o outro.

Ninguém pode mandar o outro para cumprir a pena.

a) Pessoalidade: a pena é pessoal e intrasferível e jamais ultrapassa a pessoa do autor. A pena de multa não paga, torna-se divida de valor inscrita na dívida ativa da Fazenda Pública por causa da intranscendência das penas, sendo que a mesma não se comunica a herança em caso de morte do autor.

b) Princípio da individualização das penas: A pena deverá ser calculada e executada com base em características individuais de cada autor, sendo que com base nisso o STF declarou inconstitucional o regime integralmente fechado para crimes hediondos dando origem a lei 11.464/07 que definiu novos parâmetros mais severos do que a regra geral da LEP (1/6) para progressão quais sejam 2/5 e 3/5 (reincidentes). Por ser lei mais severa, não se aplica a crimes hediondos praticados antes da lei, esses crimes

terão progressão com base na regra geral (1/6).

03. Lesividade

Para que haja crime é preciso que a conduta lesione, atinja e afete bens jurídicos alheio de forma

significante.

Consequência: auto de lesão não caracteriza crime.

Obs: A conduta auto lesiva pode dar origem a crime quando atingir de forma reflexa bem jurídico

alheio.

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Ex: tentativa de suicídio da mulher gravida igual auto aborto art. 124 CP. Ex: fraude para seguradora

171 CP.

a) Insignificância: lesões pequenas ínfimas insignificantes, não gera crime, torna o fato atípico pela ausência de tipicidade material. O STF a tipicidade penal e igual à tipicidade forma (que é praticar o que esta na lei no artigo) + a tipicidade matéria (quer dizer com a lesão do bem lesividade) lesões pequenas insignificantes devem ser desconsideradas. De acordo com STF, não se aplica a insignificância nas seguintes hipóteses: crimes com violência ou grave ameaça .11.343/06 , falsificação de moeda art. 289 CP quando você falsifica pequeno valor mesmo assim e crime não importa o valor , porque é um crime e contra a fé publica. OBS: falsificações grosseiras são consideradas atípicas em fato do crime impossível. OBS: em crime tributário a insignificância será declarada para lesões de até 20 mil reais, fraude a tributo descaminho. O pagamento integral do tributo é causa de extinção da punibilidade e poderá ser feito a

qualquer tempo mesmo após o transito e julgado da sentença.

O parcelamento do tributo é causa de suspenção da punibilidade e poderá ser feito até o

recebimento da denúncia.

Teoria da norma

Espécies de norma penal:

1) Lei penal incriminadora: a lei penal incriminadora e parte especial define o crime define a pena, lei penal que cria o crime e define a pena. Ex: 121, 129 , 125 CP.

2) Não incriminadora: ela não quer criar o crime, nem pena podendo explicar o conceito um instituto explicativa ou ainda permitir autorizar a pratica de certa conduta sem que o fato seja crime (permissiva), lei incriminadora. Ex: legitima defesa.

3) Lei penal embranco: homogenia, heterogenia, e necessário um portaria da ANVISA que define as drogas que podem ser vendidas, a lei que estava embranco heterogenia, é aquela que necessita de um complemento para ser interpretada aplicada se vier por outra norma objeto a lei penal embranco será heterogenia. Ex: art. 33, tráfico de drogas complementadas por portaria da ANVISA.

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CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES

Livro Cristiano Rodrigues – editora grupogen.com.br

GRUPO 01: QUANTO AO SUJEITO ATIVO.

a. Crime comum – aquele que pode se praticado por qualquer pessoa. Ex. art. 121, art. 129

CPB.

b. Quando ao sujeito ativo – crime próprio de determinado grupo de pessoas. (funcionário

público).

Infanticídio

Um crime próprio da mãe, sobre influencia puerperal.

Obs: apesar de o infanticídio ser um crime próprio da mãe, ele pode ser cometido por uma terceira

pessoa também. É o caso de um irmão da mãe que empresta uma faca para que a mesma mate a

criança.

Crime próprio

É o crime onde o código penal diz quem é o sujeito ativo.

OBS: de acordo com o art. 30 do CP, são possíveis imputar um crime próprio a quem não possua as

características exigidas pelo tipo quando esteja atuando como coautor ou participe do sujeito ativo

específico.

GRUPO 02 – MOMENTO DE CONSUMAÇÃO

a. Crime instantâneo

REGRA GERAL: É aquele que se consuma em determinado momento, em um único instante, de uma

vez só, se consuma e acaba. Ex. homicídio, lesão corporal.

O momento em que o crime vai ser praticado seja instantâneo, não tendo prolongamento.

b. Crime permanente

EXCEÇÃO: é aquele que se consuma em determinado momento e permanece em estado de

consumação, durante certo período de tempo. Ex: seqüestro.

Conseqüências do crime permanente:

I. Se o agente atua quando é menor e completa 18 anos durante a permanência, responderá

como maior.

II. A prisão em flagrante poderá ser operada a qualquer tempo durante a permanência.

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OBS: Prazo prescricional

A regra é que começa a contar a partir da data de consumação do crime.

Exceção: No crime permanente, o prazo só começa a contar a partir do termino da

permanência.

III. O prazo prescricional só começa a correr a partir do término da permanência,

diferentemente da regra geral, em que a contagem se inicial na data da consumação.

IV. Surgindo uma lei nova mais severa no curso da permanência, esta será aplicada ao fato não

ferindo o princípio da irretroatividade.

GRUPO 03: QUANTO A NATUREZA OMISSIVA DA CONDUTA

Crimes omissivos puros ou próprios

É aquele em que a própria lei prevê uma omissão, um não fazer algo, e por isso gera um dever geral

de agir. Por prever uma omissão ou conduta jamais poderá imputar resultados ao autor, também

não tem obrigação de enfrentar perigo. Art. 135 CPB.

Crimes omissivos PRÓPRIOS PUROS Crimes Omissivos IMPRÓPRIOS IMPUROS

I. A lei prevê uma omissão

II. Dever de agir

III. Não responde por resultados (morte)

IV. Não há a obrigação de enfrentar perigo

I. Le: Prever ação

II. Dever especial de agir (art. 13, § 2 CPB)

III. Responde pelo resultado

IV. Há a obrigação de enfrentar perigo

Omissivo impróprio impuro ou comissivo pela omissão

Na verdade não se trata de uma qualificação dada para um ou outro crime, mas tão somente uma

forma de se atribuir resultados concretos a determinados sujeitos (garantidores) que possuem dever

específico de enfrentar o perigo e evitar esses resultados.

Ascendentes

Descendentes

Conjugues

Irmãos

Tutor

Curador

Funcionários públicos, durante o exercício da função. Ex: bombeiros, policiais etc.

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ITER CRIMINIS (Iter = percurso, caminho)

Etapas de realização de crimes dolosos

PRIMEIRA ETAPA

Cogitação

É a etapa psíquica, mental, de planejamento a respeito de algo e por isso absolutamente impunível,

já que não afeta bem alheio.

SEGUNDA ETAPA

Preparação ou atos preparatórios

É uma etapa física, concreta no mundo fático, no mundo das coisas. A pessoa se organiza para

instrumentalizar o crime. Adquirir os meios, fazer tocaia, é na verdade uma organização , e via de

regra é uma etapa impunível pois é uma etapa que não afeta bens de terceiros.

Exceção: existem certas hipóteses em que o legislador opta por criminalizar autonomamente um ato

que seria de mera preparação criando assim um novo crime. Ex: art. 288, 291 CPB

TERCEIRA ETAPA

Execução ou atos executórios

Ato executório ocorre quando o sujeito da inicio a realização do crime, passando a interferir na

esfera do bem alheio e permitindo a intervenção do direito penal para punir o fato pelo menos

através da tentativa, art. 14, inciso II, § CPB. A tentativa é um crime incompleto em que por motivos

alheios a vontade do agente o resultado, a lesão pretendida, não de produz. Desta forma se pune o

agente do crime com pena reduzida, de um terço a dois terços.

Espécies de tentativas:

PRIMEIRO GRUPO

Tentativa Inacabada ou imperfeita

a. É aquela em que os atos executórios ficam inacabados, ainda havendo atos a realizar.

O que está inacabado é a execução. Enquanto tiver coisas a fazer, algo interrompe e não consegue a

consumação.

b. Tentativa acabada ou perfeita (CRIME FALHO)

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É aquela em que os atos executórios estão completos, não havendo mais nada a se realizar e

por motivos alheios o crime não se consuma.

É a pefeita, ou seja, a execução acabou. Pode-se fazer todos os meios de execução porém

não atingir o objetivo. Ex: colar veneno no copo de alguém, esse ingere, mas só não vem a

óbito pelo fato de um terceiro intervir e socorrer à vítima.

SEGUNDO GRUPO

Tentativa branca (Incruenta)

Tentativa branca significa “não derramar sangue”.

É aquela que não gera nenhum resultado na vítima.

Tentativa cruenta

Gera lesão concreta na vítima, embora o crime não se consume.

CONSUMAÇÃO

Ocorre quando o crime está completo, sendo que isto ocorre de 03 formas:

a. Com a concreta produção, materialização, resultado previsto (crimes materiais). Ex:

homicídio, lesão corporal etc.

b. Com a concreta realização da conduta, formalmente proibida, mesmo que não ocorra o

resultado previsto (crime formal). Art. 159 CPB, extorsão mediante seqüestro.

c. Com a completa realização da mera conduta proibida, pois não há previsão de resultado

(crime de mera conduta). Ex. invasão de domicílio, entrar sem autorização.

ITER CRIMINIS

Cogitação Preparação Execução Consumação Termino Sentença

Cogitação = não há crimes, mas tem exceções. Ex: art. 288 e 291 CPB

Durante a execução até a consumação e o agente não consegue atingir sua vontade, teremos então a

tentativa. Art. 14 CPB.

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Desistência voluntária (art. 15 CPB)

O ato executório está em andamento e o agente voluntariamente resolve parar, logo o crime não

chega ao resultado, não havendo o que se falar em consumação. Isso quando não existe um motivo

alheio para execução, tem que ser uma desistência voluntária.

“Ocorre quando ao agente dá inicio a realização do crime e cmo os atos executórios em curso por

sua escolha, voluntariamente desistem de prosseguir na execução. Neste caso afasta-se a tentativa e

o fato iniciado se torna atípico, podendo responder por eventuais outros crimes já ocorridos (ponte

de ouro no direito penal).”

Para diferenciar desistência voluntária de tentativa no caso concreto, utiliza-se a formula de Frank:

Se posso prosseguir e não quero, será DESISTÊNCIA, se quero prosseguir e não posso, TENTATIVA.

Arrependimento eficaz – art. 15 CPB

Ocorre quando após concluir todos os atos executórios, o agente atua de forma eficaz e impede que

ocorra a continuação. Nesse caso, também se afasta a tentativa, pois não houve “motivos alheios” e

o fato inicial e o fato inicial se torna atípico.

No arrependimento eficaz, o sujeito começa a execução, complementando todos os atos

executórios, ele resolve parar e se arrepende evitando a consumação.

O sujeito interfere, se arrepende e eficazcamente ele consegue impedir o ato executório.

Se não há consumação, e não tem execução, a conseqüência é a mesma que na desistência

voluntária, logo, o fato fica atípica.

Ex: o famoso caso de uma pessoa coloca veneno na bebida de um desafeto, ele consome o veneno e

antes de consumar o fato de vez, ele salva seu desafeto pois se arrependeu do crime que cometeu.

IMPORTANTE

Macete para diferenciar do caso concreto a desistência voluntária do arrependimento eficaz, utiliza-

se a seguinte frase:

“Eu desisto apenas do que eu estou fazendo e me arrependo somente do que eu já fiz”.

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Arrependimento posterior – artigo 16 CPB

CPB

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o

recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

Para se arrepender depois que o crime foi consumado, é preciso reparar o dano. O arrependimento

posterior nada mais é que REPARAR O DANO.

IMPORTANTE: crime que tem grave ameaça ou violência não se admite arrependimento posterior.

O arrependimento posterior terá como efeito a redução da pena de um 1/3 a 2/3, porém, tem dois

requisitos para isso acontecer:

Crime sem ameaça ou violência

Ser feito até o recebimento da denuncia. Isso para mostrar boa fé e acelerar a restituição a

vítima.

Questão: como pode se arrepender do prejuízo que já foi causado já gerou o dano? Reparar o dano,

reparar o prejuízo aquilo que causou.

Ele terá diminuição da pena de 1/3 a 2/3 .

Quando fala de crime com violência o grave ameaça, não tem reparação não tem como aplicar o

instituto do arrependimento posterior.

Tem que reparar antes do processo começar , o prazo dele e ate o recebimento da denuncia .

1) Consumação completa o crime, se da quando crime completa e agente alcança a lesão do bem jurídico tutelado.

2) Recebimento da denuncia 3) Sentença

07-02-2014

TEORIA DO CRIME

Teoria do Crime

Conceito

a) Tipo penal b) Tipicidade material (principio da insignificância) /tipicidade formal (elementos de natureza

objetiva e elementos subjetivos (dolo) / (culpa). c) Ilicitude suas excludentes (art. 23): Estado de necessidade art. 24 legitima defesa art. 25,

estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de direito./ consentimento do ofendido.

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d) Culpabilidade elementos que compõe o conceito de culpabilidade que e sinônimo de reprovabilidade: imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa.

Tipicidade formal

Tipo penal

Tipicidade formal

Crime ilicitude excludentes

Culpabilidade

Tipo penal – fato típico – em seu aspecto formal é a descrição da lei de uma conduta humana para

qual se estabelece uma sanção.

Elemento do FATO TÍPICO

a. Elementos objetivos – são aqueles concretamente previstos em lei, englobando o verbo e

seus complementos, elementos descritivos, que descrevem algo de forma mediata,

elementos normativos jurídicos e extrajurídicos, que necessitam de conceito, normas e

interpretações. Ex. funcionário público, moléstia grave.

b. Elemento subjetivo – é aquele que traduz a intenção, finalidade, do sujeito do subjetivo ao

autuar, podendo ser elemento subjetivo geral (dolo) e em certos crimes o elemento

subjetivo especial ou especial fim de agir, que é uma intenção específica além do dolo

necessário para caracterizar certos crimes. Ex: fim de obter vantagens – extorsão mediante

seqüestro, art. 159 CPB. Fim de cometer crimes na associação criminosa, art. 288 CPB.

01. Elemento Subjetivo GERAL (DOLO)

Espécies:

I. Dolo direto de primeiro grau:

É a intenção, à vontade, a finalidade do agente ao atuar, ou seja, de acordo com o conceito de dolo

natural usado pelo finalismo, é a vontade direcionada a produção de um resultado. É o dolo na

essência. Leia-se a vontade de causar lesão. Intenção voltada para aquilo (teoria da vontade).

II. Dolo direto de segundo grau

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Ocorre quando o agente realiza uma conduta com intenção de obter certo resultado, porém, tem

certeza que outros resultados paralelos também se produzirão, e quanto a estes resultados

responderá a título de dolo direto de segundo grau. Ex: bomba no avião para matar um desafeto,

mas acaba matando piloto, co piloto e outros passageiros.

III. Dolo eventual

É modalidade anômala de dolo, em que o agente não tem intenção de gerar o crime, porém atua de

acordo com os seguintes elementos:

a. Previsão concreta do resultado ≠ de previsibilidade = possibilidade de prever = a crime

culposo, quer dizer que não tem a previsão, mas daria para ter previsto se tivesse sido mais

cuidadoso. Ex: previsão da mãe Diná.

b. Consentimento, indiferença, quanto a eventual produção do resultado pré-visto (teoria do

consentimento ou do assentimento).

c. Age aceitando assumindo os riscos de ocorrência do resultado.

OBS¹: No dolo eventual é preciso que o resultado previsto pelo agente efetivamente ocorra para que

ele responda pelo crime doloso, sendo que majoritariamente não se aceita falar em tentativa já que

não há vontade do agente ao atuar.

OBS²: De Acordo com o STF, nas hipóteses de racha ou pega, e ainda embriagues associada a

acidente, na maioria das hipóteses irão configurar dolo eventual, nas demais lesões no transito, fala-

se de crime culposo.

IV. Dolo geral

Ocorre quando o agente atua com intenção de gerar resultado e acreditando ter alcançado seu

objetivo realiza uma segunda conduta, porém o resultado inicialmente desejado será produto da

segunda conduta. Neste caso o dolo da primeira ação será geral e abrangente para alcançar o

segundo ato e o agente responderá por um único crime doloso consumado. Ex: caso Mércia, caso

Nardoni.

TIPO CULPOSO

São exceções, o legislador precisa colocar na lei, modalidade culposa, ele aparece em alguns artigos

com previsão expressa, e nos que não tem não pode se falar de culpa.

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Ocorre quando o agente através de falta de cuidado produz o resultado típico que possua expressa

previsão da forma culposa já que nem todos os crimes terão modalidade culposa (regra da

excepcionalidade).

Elementos integrantes do crime culposo

I. Conduta (ação/omissão)

II. Resultado típico

III. Nexo causal

IV. Falta de cuidado

V. Previsibilidade

ESPÉCIES DE CULPA

I. Culpa inconsciente – é a culpa comum, em que o agente não possui previsão concreta do

resultado, porém, atua com falta de cuidado através da imprudência, negligência ou

imperícia, já que o resultado era previsível (previsibilidade), causando assim o resultado

típico.

II. Culpa consciente – é a culpa e que o agente possui previsão concreta do resultado, porém

não aceita, repudia a ocorrência desse resultado e só age quando tem a convicção da não

ocorrência do resultado por confiar em suas habilidades pessoais para realizar a conduta. Ex:

ônibus 174; atirador de elite.

CRIME PRETER-DOLOSO

OBS: os crimes preter-dolosos são aqueles em que o agente realizam uma conduta dolosa, mas acaba

gerando por culpa um resultado mais grave do que o pretendido, devendo haver expressa previsão

legal desta forma preter-dolosa no próprio artigo.

ILICITUDE (antijuridicidade)

Antijuricidade porque e contrario ao ordenamento jurídico, que o ordenamento jurídico não permite

fazer , ela normalmente esta ligada a tipicidade .

É a relação de contrariedade de uma conduta típica em face do ordenamento jurídico, sendo que, de

acordo com a teoria indiciária (ratio cognos send) adotada, todo fato típico será também ilícito salvo,

quando estiver presente uma excludente de ilicitude.

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE

01. ESTADO DE NECESSIDADE – artigo 24 CPB

CPB Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. [Atual e inevitável]

Não criado por vontade do agente

Bens próprios ou de terceiros

Inexigibilidade do sacrifício do bem

a. Perigo atual ou inevitável – perigo atual é presente, que já esteja ocorrendo, é inevitável

significa que não pode haver outra saída para preservar o bem diante do perigo.

‘“Perigo” para determinado bem jurídico, diante do perigo a estrita necessidade de lesionar o bem alheio para preservar o bem em perigo. Ex: naufrágio, acidente incêndio, ou de a um perigo para o bem fatos naturais. Ex: alpinista que esta escalando que ele se pendura na corda do amigo, o alpinista de cima corta a corda do outro para se salvar. Conceito: decorre de uma situação de perigo para determinado bem jurídico quando a uma estrita necessidade, única alternativa, de se lesionar um bem alheio para preservar o bem que esta em perigo. Elementos integrantes do estado de necessidade: perigo – atual e inevitável

- Não criado pela vontade do agente - Bem próprio ou 3˚ - Inexigibilidade do sacrifício do bem

b. Criado pela vontade do agente: Quem cria a situação de perigo por sua própria vontade

(dolo) não poderá alegar estado de necessidade.

c. Bem próprio de terceiro: Pode atuar para preservar o próprio bem ou de terceiros.

d. Inexigibilidade do sacrifício do bem: Que o sacrifício do bem ameaçado não seja exigível

diante do caso concreto. Ex: não há estado de necessidade tirar uma vida para preservar um

patrimônio.

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OBS¹: de acordo com art.24 §2˚ se o sacrifício do bem era exigido mais o agente preferiu preservar seu bem e lesionar o bem alheio, respondera pelo crime, mas terá sua pena reduzida de ½ a 2/3 .

OBS¹: Art. 24§ 1˚- os garantidores não podem falar que não podem alegar estado de

necessidade os garantidores da alínea a art. 13 CP, eles tempo por lei cuidar da vigilância

enfrentar perigo esse não pode alegar.

Conceito: Os que tem dever legal de enfrentar perigo at. 13§2˚”a”, não poderão alegar

estado de necessidade.

OBS¹: de acordo com a teoria unitária todo estado de necessidade preenchidos os requisitos

legais será excludente de ilicitude afastando o crime ( estado de necessidade justificante ).

AULA 03

EXCLUDENTE DE ILICITUDE – art. 23 CPB

CPB

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

02. LEGITIMA DEFESA – art. 25 CPB

CPB Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

A palavra chave da legítima defesa será a agressão e terá algumas características:

I. A agressão tem que ser atual ou iminente

Agressão é conduta humana voltada a lesionar bem alheio.

Conseqüência: ataque de animal não caracteriza agressão, mas tão somente perigo e por isso não

gera legítima defesa, mas sim estado de necessidade. Salvo se for usado como instrumento por seu

dono, pois o animal pode virar uma arma.

a. Atual ou eminente – agressão atual é a que ta acontecendo, ta em curso. ´

Agressão atual é aquela que está acontecendo, já começou, mas não terminou ainda.

Isso é uma agressão atual.

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A agressão atual iminente é aquela que está presta a acontecer, quer dizer, no último

momento antes de se tornar atual. A conseqüência logo não há legitima defesa

contra agressões passadas.

OBS: quando a agressão for futura, mas se perceber que a única forma de garantir a

proteção do bem é agir antecipadamente, haverá a legitima defesa antecipada, que

para a maioria não afasta a ilicitude, mas poderá ser uma excludente de

culpabilidade. É uma causa supra legal de exclusão da culpabildade.

Ex: fulana entra no bar vai em direção ao desafeto e da um soco na cara o desafeto

cai e perde o equilíbrio e cai, o desafeto vai atrás e da o soco de volta.

Questão: ele agiu em legitima defesa? Não, acabou agressão não existe legitima

defesa.

II. A agressão tem que ser injusta

É toda aquela que não está autorizada pelo ordenamento, logo não há legitima defesa contra

agressões praticadas por quem está agindo em excludente de ilicitude, pois estas são justas. Ex: não

há legitima defesa de legitima defesa.

OBS: nada impede que haja legitima defesa do excesso daquele que estava em legitima defesa, mas

passou dos limites já que este excesso configura uma agressão injusta (legitima defesa sucessiva).

OBS¹: não existe legitima defesa de legitima defesa. O que pode acontecer e uma pessoa se defender

de legitima defesa do excesso, legitima defesa do excesso daquele que estava em legitima defesa,

mas passou dos limites já que esse excesso configura uma agressão injusta.

Legitima defesa sucessiva porque a legitima defesa sucede a outra. Ex: Em o Ultimo Samurai, o

Tom Cruz invade a aldeia de samurais começa lutar com samurais. O chefe apanha que nem

cachorro do samurai chefe, e cai no campo de batalha, o samurai esta em legitima defesa, o

samurai vai pegar uma espada para matar Tom Cruz ele pega uma lança enfia no samurai tom

cruz vai estar em legitima defesa.

III. A agressão pode ser contra bem próprio ou de 3º

A legitima defesa pode ser contra uma agressão sofrida pelo próprio agente ou uma agressão que

afete terceiros, não havendo necessidade de qualquer relação com o 3º.

IV. Meio moderado

O agente deverá atuar dentro dos limites estritamente necessários para fazer cessar a agressão,

sendo que os excessos serão punidos normalmente a título de dolo ou culpa.

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a legitima defesa tem que ser utilizada para repelir a agressão , tem que utilizar o meios necessários para que agressão pare. Não pode ir além do necessário para afastar a agressão . Ex: matar quem furta , não pode matar a pessoa , para proteger o radio . Excessos art. 23 § único.

OBS: A legitima defesa putativa ou virtual não é excludente de ilicitude, mas sim produto de um

erro, via de regra, quando a situação de agressão (erro de tipo permissivo) artigo 20, § CPB.

03. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

Terceira causa de exclusão

Agi licitamente o funcionário público que atuam de forma estrita e dentro dos limites, um dever

imposto por lei. Ex: policial que faz uma prisão; oficial de justiça que entra a força em uma casa para

penhorar bens.

IMPORTANTE: um policial que dispara sua arma contra um meliante, só estará autorizado a fazê-lo

quando estiver em legitima defesa, própria ou de terceiro, não age em estrito cumprimento do

dever legal.

04. EXCERCÍCIO REGULAR DE DIREITO

Age licitamente aquele que exerce um direito próprio que lhe foi outorgado pelo ordenamento

jurídico, desde que o faça dentro dos limites. Ex: exercício do poder familiar; intervenção cirúrgica;

lesão desportiva; onfendiculas ou ofensáculos (caco de vidro, arame farpado e cerca elétrica).

OBS: A cerca elétrica por ter funcionamento ativo é vista por algumas modalidades de legitima

defesa, chamadas de pré-ordenadas (previamente instaladas).

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO (é excludente, mas não está na lei)

É causa supra legal de exclusão da ilicitude, quando o titular do bem disponível autoriza previamente

a lesão (não cabe para a vida). EX: piercing; tatuagem; sadomasoquismo;

CULPABILIDADE

Imputabilidade (inimputáveis) – doença mental artigo 26 CPB;

menoridade (menos de 18) art. 27 CPB; embriaguez acidental, artigo

28 CPB.

Culpabilidade Potencial conduta da ilicitude (erro de proibição artigo 21 CPB)

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Exigibilidade de conduta diversa (enxigibilidade de conduta

diversa).

Coação moral art. 22 CPB

Obediência hierárquica art. 22 CPB

Para ter culpabilidade tem que ter os 03 elementos, pois culpabilidade é sinônimo de

reprovabilidade. Cada elemento tem hipóteses de exclusão.

01. Culpabilidade

Nas bases da teoria normativa pura, é a reprovabilidade pessoal da conduta típica e ilícita praticada,

sendo elemento integrante do conceito de crime, formado por 03 elementos, sendo eles:

IMPUTABILIDADE, POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE e EXIBILIDADE DA CONDUTA DIVERSA.

Elementos integrantes da culpabilidade

I. Imputabilidade

É a plena capacidade de entender, sendo que a nossa doutrina adotou a natureza dos fatos e de se

auto determinar de acordo com esse entendimento, sendo que nosso ordenamento adotou o

sistema biopisicológico (misto) para delimitação das causas de inimputabilidade.

Causas de inimputabilidade

a. Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto art. 26 CPB – Engloba os

loucos, retardados, débil mental, que comentem crimes não recebe penas, mas

somente medida de segurança em face da sua periculosidade. O menor de 18 anos é

inimputável.

b. Menoridade art. 27 CP – é a presunção absoluta de incapacidade para os menos de

18 anos, tem crime e nem recebe pena, mas pela prática do fato típico e ilícito (ato

infracional), de acordo com o ECA receberão medida sócio educativa, que pode ser

de privação.

c. Embriaguez acidental (qualquer substancia química entorpecente) –

I. Embriaguez é a perturbação psíquica, produto da ingestão de qualquer

substancia entorpecente (qualquer droga lícita ou ilícita).

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II. Acidental é sinônimo de involuntária, ou seja, o agente não escolhe a

ingestão ou as conseqüência das drogas, sendo portanto produto de caso

fortuito ou força maior.

III. Embriaguez completa é a que afasta toda a capacidade de discernimento e

auto-determinação do autor.

IMPORTANTE: A embriaguez voluntária (pré-ordenada, dolosa ou culposa), não afasta a

responsabilidade penal, em face da teoria da actio libera in causa, que determina que se transfira a

análise da imputabilidade e de todo o fato para o momento anterior, quando o sujeito

voluntariamente em estado de embriaguez.

II. Potencial conhecimento da ilicitude

Para que haja reprovação culpabilidade e crime, é preciso que o agente conheça pelo menos que

tenha a possibilidade ou potencial para conhecer o caráter ilícito, proibido daquilo que faz.

Quem não conhece a ilicitude atual em erro de proibição (artigo 21 CPB), que poderá afastar a

culpabilidade e o crime ou pelo menos reduzir à pena. Não se confunde com o desconhecimento da

lei que é inescusável.

III. Exigibilidade de conduta diversa

Para que haja reprovação, culpabilidade e crime, é preciso que seja possível se exigir do agente uma

conduta diferente, diversa daquela por ele realizada. Havendo inexigibilidade de conduta diversa

(falta disso) afasta-se a culpabilidade e o crime, pelas causas de exculpação, e são elas:

a. Coação moral irresistível– a conduta típica é realizada, mas a pessoa faz sem liberdade de

escolha. É aquela que incide na liberdade de escolha do agente, respondendo pelo crime

apenas o autor da coação.

b. Obediência hierárquica art. 22 CPB – tem dois detalhes:

01. Obediência hierárquico – SOMENTE NO DIREITO PÚBLICO, não existe obediência

hierárquica no DIREITO PRIVADO.

02. Quando o superior hierárquico de direto público dá uma ordem que não seja

manifestamente ilegal para seu subordinado, respondendo pelo crime apenas o autor da

ordem.

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Aula on line

Professor Cristiano Rodrigues

Teoria do erro

Temos dois tipos de:

I. Erros Essenciais: vinculados aos elementos essências do conceito de crime

a) Erro do tipo incriminador art. 20 caput b) Erro permissivo art. 20§1˚ CP c) Erro de proibição art. 21 CP

II. Erros Acidentais: são aqueles produtos de falha acidente na realização do fato são eles:

a) Erro sobre a pessoa art. 20§3˚ b) Erro de execução “aberratio ictus” art. 73 CP c) Aberratio criminis art. 74CP

Erro essências :

a) Erro do tipo incriminador art. 20 CP: É aquele que incide na situação fática narrada pelo tipo penal ou seja, o agente realiza um crime mais acha que esta praticando outra conduta, sem saber. Por errar quanto ao que faz o erro do tipo sempre afasta o dolo podendo afastar também a culpa e tornar o fato atípico (erro inevitável ) ou ainda afastar o dolo mais punir a forma culposa do crime (erro evitável) . Todo erro do tipo vai ter uma consequência que é o afastamento do dolo Ex: homicídio, matar alguém sem saber que esta matando alguém ele acha que não esta matando alguém. Pessoa que atira no mato achando que e um urso mais é uma pessoa, ele erra a respeito de alguém. Ex: Cara que pede que amigo leve medicamento para o amigo uma caixa ate outro lugar na casa da mãe e lá tinha drogas e foi pego no caminho. Ele tem erro, errou contra palavra droga ele não sabia que transportava a droga.

Erro do tipo incriminador

Inevitável (não tinha jeito de não errar) Evitável

Invencível Vencível

Escusável Inescusável

Afasta o dolo e a culpa ficando fato atípico Afasta o dolo mais a culpa fica

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b) Erro do tipo permissivo art. 20 §1˚: ocorre quando agente erra quanto a situação fática prevista na lei numa excludente de ilicitude Ex: Erra contra agressão na legitima defesa, gerando assim uma descriminante putativa (ex: legitima defesa putativa), tendo como consequência afastar dolo e culpa e isentar de pena ou ainda afastar o dolo e punir a forma culposa do crime . São artigos de lei que autorizem pratiquem a conduta sem com defesa em lei. Ex: legitima defesa, pode matar alguém quando, justa agressão repelido, usando dos meios necessários. Ex: pessoa acha que vai ser agredida e não vai, o desafeto não ia fazer nada e ele mata o desafeto crendo que estava em legitima defesa. A culpa impropria se dá pelo fato de que na legitima defesa putativa o agente tem dolo tem

intenção de atirar no suposto agressor, porém este dolo será afastado para o agente

responder impropriamente pelo crime culposo.

Erro permissivo

Inevitável Evitável

Invencível Vencível

Escusável Inescusável

Afasta dolo e culpa ficando o fato, logo

isento de pena

Afasta o dolo mais não a culpa, culpa

impropria

OBS: Na culpa impropria quando resultado pretendido pelo agente que age em erro não se

produziu poderá se falar em uma tentativa de um crime culposo.

c) Erro de proibição art. 21 CP: É aquele que o agente erra a respeito do caráter ilícito com aquilo que faz, portanto não conhece a ilicitude de seu comportamento podendo afastar a culpabilidade e isentar de pena (erro inevitável ou ainda reduzir a pena de 1/6 a 1/3, erro evitável). Ele tem relação com os crimes de reprovação culpabilidade pratica um fato que é crime, conhece o fato sabe que esta agindo daquela maneira mais desconhece o caráter ilícito o que esta fazendo, erra quanto ao caráter proibido do que faz mais você acha que aquilo que esta fazendo não e proibido mais é. Ex: eutanásia, crimes ambientais, uma pessoa tirou uma casquinha de uma árvore para fazer um chá a pessoa foi presa por isso por crime ambiental. Obs: erro de proibição não mexe no dolo, jamais afetara a natureza dolosa da conduta.

Erro de proibição

Inevitável Evitável

Invencível Vencível

Escusável Inescusável

Culpabilidade afasta e fica isento de pena A culpabilidade existe mais ela e menor,

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menos 1/6 menos 1/3

Erro acidental

Erro sobre a pessoa art. 20§3˚ Aberratio ictus ou erro de execução da

conduta

Quem é a pessoa? Fático

Valoração Erra o alvo

Identidade da vitima Erro da bala perdida

Erro do irmão gêmeo

Os dois

Responde como se tivesse acertado como

quem pretendia

Responde como se tivesse acertado como

quem pretendida

Questão de prova: mãe logo apos o parto sobre estado puerperal mata criança errada. Mata filho de

outrem, ela identificou os bebes de forma errônea.

Questão: quer matar seu desafeto mais erra o tiro e mata pessoa com mais de 70 anos. Nesse caso

respondera por?

Aberratio criminis ou aberratio delicti

Ocorre quando o agente quer produzir determinado crime.

Ex: Dano 163 CP e acaba lesionando uma pessoa, nesse caso a afasta-se a tentativa do crime doloso

inicialmente pretendido, dolosamente.

Pessoa quer cometer um determinado crime, e ocorre outro, quer lesionar um bem jurídico e lesiona

um bem diferente.

Ex: Quer causar um crime patrimonial um dano, pega uma pedra e arremessa contra janela de uma

casa, só que ao jogar a pedra erra a pedrada e acerta uma pessoa que estava dentro da casa

causando lesão corporal ou morte.

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Concurso de Crimes

Ocorre quando o agente realiza vários crimes idênticos ou não através de uma só conduta ou de

varias ações definindo a forma para se aplicar a pena através da soma ( sistema do cumulo material)

ou de uma só pena aumentada. (exasperação)

Espécies de concurso de crimes

1- Concurso material art. 69 CP: Ocorre quando o agente realiza vários crimes através de várias condutas independentes, determinando-se assim as somas das penas de cada crime (cumulo material). Se os crimes forem iguais o concurso material será homogêneo e havendo crimes diferentes será heterogêneo. Teremos vários crimes realizados através de varias condutas, não existe requisitos que combine a ter qualquer tipo de crime realizações a serem ex: estupro, furto, lesão corporal , homicídio. OBS: muitas vezes em concurso material o valor total de pena ultrapassa o limite máximo de

cumprimento que e de 30 anos (art. 75 CP), porém de acordo com a sumula 715 do STF esse

valor total será levado em conta para efeito de benefícios como a progressão e o livramento

condicional.

2- Concurso formal perfeito ou próprio art. 70 CP: Ocorre quando através de uma “só conduta” o agente realiza vários crimes idênticos, ou diferentes heterogêneos, porém atuando com unidade de desígnio ou seja um só objetivo (dolo ou culpa) neste caso responde por um só crime o mais grave aumentado de 1/6 a metade .

OBS: Se ao analisar a questão e as penas aplicadas e perceber que o aumento pelo concurso

formal perfeito 1/6, vai produzir um valor maior que o da soma das penas dadas, afasta-se o

aumento de pena aplicando a soma (concurso material benéfico) art. 70 § único.

3- Concurso Formal Imperfeito impróprio: art. 70 segunda parte ocorre quando o agente através de uma só conduta produz vários crimes idênticos ou não querendo cada um deles separadamente com dolos independentes desígnios autônomos. Aplica-se a pena igualmente ao concurso material ou seja somando-as (cumulo material). É porque ao agir de uma vez só vez, ele queria vários crimes ele age de uma vez só pretendendo gerar os vários crimes.

4- Crime continuado: Ocorre quando através de varias condutas o agente realiza vários crimes de mesma espécie, em circunstância de tempo lugar e modos de execução semelhantes. Nesta caso, aplica-se a pena de um só crime aumentada de 1/6 a 2/3 ou ate o triplo se além dos requisitos básicos houver violência ou greve ameaça e pluralidade de vitimas. Ele no fundo é muito parecido ao concurso material porque termos varias condutas e vários crimes. Ações independentes com crimes independentes. Tem que ser realizado em tempo modo lugar e relações semelhantes. OBS: súmula 605 não é mais aplicada e nada impede que haja crime continuado em crimes

contra a vida. Ex: serial killer

OBS: de acordo com STF para se aplicar o crime continuado o limite máximo de tempo entre

as condutas será de 30 dias acima disso aplica-se a regra do concurso material.

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RETA FINAL

DIREITO PENAL

CRIMES TRIBUTÁRIOS – lei 8137-90

Descaminho é entrar no País com mercadoria lícita, porém sem declará-lo, se esquivando de pagar

pelos tributos.

De acordo com o STF, nos crimes TRIBUTÁRIOS (lei 8137-90, art. 334 CPP e art. 168 “a” CPP), o

princípio da insignificância será aplicado para lesões de até R$ 20.000,00 mil reais, com base na lei de

execução fiscal e na portaria de número 75 do Ministério da Fazenda, sendo que lesões menores que

isso será considerada atípica.

Crimes tributários até 20 mil reais será fato atípico.

O pagamento integral do tributo é causa de extinção da punibilidade e poderá ser feito a qualquer

tempo (mesmo após o transito em julgado da sentença).

O parcelamento do tributo é causa de suspensa da punibilidade e poderá ser feito até o recebimento

da denuncia.

OBS: de acordo com a súmula vinculante número 24, não se tipifica crime tributário até o

lançamento definitivo do tributo, ou seja, até esgotar a esfera administrativa da apuração, discussão

e lançamento do tributo.

Classificação de crimes

Crime próprio é próprio de alguém, de determinado grupo de pessoas e o CP diz quem poderá

cometer determinado crime, é o caso dos crimes de funcionários públicos (olhar artigos 312 até 327).

Crime próprio “de” é aquele inerente a determinada categoria de pessoas. O tipo penal exige

características específicas do sujeito ativo. Ex: artigos 312 até 327 CP.

OBS: O estupro deixou de ser crime próprio e passou a ser crime comum.

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OBS: De acordo com o artigo 30 do CP é possível se imputar do crime próprio a quem não possua as

características exigidas pelo título, quando o co-autor ou partícipe desse sujeito ativo específico.

CRIMES OMISSIVOS

OMISSÃO PRÓRIA - ou pura OMISSÃO IMPRÓPRIA - impuras

1) São aqueles em que a lei prevê

OMISSÃO, e não fazer algo.

2) Por isso gera um dever geral “para

todos” de agir.

3) Não havendo qualquer resultado

concreto previsto ou imputável a quem

se omite.

4) Não há dever de enfrentar perigo;

1) A lei prevê a AÇÃO

2) Dever ESPECIAL de agir (dever especial

competente somente a algumas

pessoas) artigo 12, § 2 CPB)

3) Responde por resultados

4) Há a obrigação de enfrentar perigo (irá

responder por toda responsabilidade,

como homicídio, ou por qualquer

resultado que é tipificado por lei)

Na verdade não se trata de uma classificação para determinados crimes, mas sim uma forma de se

imputar resultados previstos em crimes através de ação aos garantidores que possuem o dever

específico de enfrentar perigo e evitar resultados (artigos 181, 182 3 183 CPB).

Escusa absolutória

Não se aplica à pena e afasta-se o crime quando em crimes patrimoniais e não violentos (155, 163,

168, 171 CPB), cometidos contra ascendentes, descendentes, cônjuge na constância do patrimonio.

OBS¹: não se comunica a escusa aos co-autores e participes.

OBS²: Quando a vítima tiver 60 anos ou mais não se aplica a escusa absolutória.

Nos crimes patrimoniais não violentos, a ação penal pode ser publica condicionada a representação

quando estes crimes são cometidos contra cônjuge separado, irmão, sobrinho ou co-habitação.

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INTER CRIMINIS

Cogitação

É a etapa psíquica de pensar, planejar mentalmente a prática de algo, e por isso é absolutamente

impunível.

Preparação ou atos preparatórios

O agente se instrumentaliza e se organiza para a realização do crime e via de regra será uma etapa

impunível.

Há exceções em que o ato preparatório é criminalizado autonomamente pelo legislador, que cria o

crime autônomo, permitindo a sua correção.

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OAB RESOLUÇÃO DE QUESTÕES Disciplina: Direito Penal 1) O Art. 33 da Lei n. 11.343/06 (Lei Antidrogas) diz: “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.” Analisando o dispositivo acima, pode-se perceber que nele não estão inseridas as espécies de drogas não autorizadas ou que se encontram em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Dessa forma, é correto afirmar que se trata de uma norma penal A) em branco homogênea. B) em branco heterogênea. C) incompleta (ou secundariamente remetida). D) em branco inversa (ou ao avesso). 2) Lúcia, objetivando conseguir dinheiro, sequestra Marcos, jovem cego. Quando estava escrevendo um bilhete para a família de Marcos, estipulando o valor do resgate, Lúcia fica sabendo, pela própria vítima, que sua família não possui dinheiro algum. Assim, verificando que nunca conseguiria obter qualquer ganho, Lúcia desiste da empreitada criminosa e coloca Marcos dentro de um ônibus, orientando-o a descer do coletivo em determinado ponto. Com base no caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) Lúcia deve responder pelo delito de sequestro ou cárcere privado, apenas. B) Lúcia não praticou crime algum, pois beneficiada pelo instituto da desistência voluntária. C) Lúcia deve responder pelo delito de extorsão mediante sequestro em sua modalidade consumada. D) Lúcia não praticou crime algum, pois beneficiada pelo instituto do arrependimento eficaz. 3) No ano de 2005, Pierre, jovem francês residente na Bulgária, atentou contra a vida do então presidente do Brasil que, na ocasião, visitava o referido país. Devidamente processado, segundo as leis locais, Pierre foi absolvido. Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta. A) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no estrangeiro, não ficou satisfeita uma das exigências previstas à hipótese de extraterritorialidade condicionada. B) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de extraterritorialidade incondicionada, exigindo-se, apenas, que o fato não tenha sido alcançado por nenhuma causa extintiva de punibilidade no estrangeiro. C) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o agente absolvido no estrangeiro. D) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como o agente é estrangeiro e a conduta foi praticada em território também estrangeiro, as exigências relativas à extraterritorialidade condicionada não foram satisfeitas. OAB Resolução de Questões – Direito Penal 4) Wilson, competente professor de uma autoescola, guia seu carro por uma avenida à beira-mar. No banco do carona está sua noiva, Ivana. No meio do percurso, Wilson e Ivana começam a discutir: a moça reclama da alta velocidade empreendida. Assustada, Ivana grita com Wilson, dizendo que, se ele continuasse naquela velocidade, poderia facilmente perder o controle do carro e atropelar alguém. Wilson, por sua vez, responde que Ivana deveria deixar de ser medrosa e que nada aconteceria, pois se sua profissão era ensinar os outros a dirigir, ninguém

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poderia ser mais competente do que ele na condução de um veículo. Todavia, ao fazer uma curva, o automóvel derrapa na areia trazida para o asfalto por conta dos ventos do litoral, o carro fica desgovernado e acaba ocorrendo o atropelamento de uma pessoa que passava pelo local. A vítima do atropelamento falece instantaneamente. Wilson e Ivana sofrem pequenas escoriações. Cumpre destacar que a perícia feita no local constatou excesso de velocidade. Nesse sentido, com base no caso narrado, é correto afirmar que, em relação à vítima do atropelamento, Wilson agiu com A) dolo direto. B) dolo eventual. C) culpa consciente. D) culpa inconsciente. 5) Analise as hipóteses abaixo relacionadas e assinale a alternativa que apresenta somente causas excludentes de culpabilidade. A) Erro de proibição; embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior; coação moral irresistível. B) Embriaguez culposa; erro de tipo permissivo; inimputabilidade por doença mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado. C) Inimputabilidade por menoridade; estrito cumprimento do dever legal; embriaguez incompleta. D) Embriaguez incompleta proveniente de caso fortuito ou força maior; erro de proibição; obediência hierárquica. 6) Para aferição da inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, assinale a alternativa que indica o critério adotado pelo Código Penal vigente. A) Biológico. B) Psicológico. C) Psiquiátrico. D) Biopsicológico 7) Débora estava em uma festa com seu namorado Eduardo e algumas amigas quando percebeu que Camila, colega de faculdade, insinuava-se para Eduardo. Cega de raiva, Débora esperou que Camila fosse ao banheiro e a seguiu. Chegando lá e percebendo que estavam sozinhas no recinto, Débora desferiu vários tapas no rosto de Camila, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Camila, por sua vez, atordoada com o acontecido, somente deu por si quando Débora já estava saindo do banheiro, vangloriando-se da surra dada. Neste momento, com ódio de sua algoz, Camila levanta-se do chão, agarra Débora pelos cabelos e a golpeia com uma tesourinha de unha que carregava na bolsa, causando-lhe lesões de natureza grave. Com relação à conduta de Camila, assinale a afirmativa correta. A) Agiu em legítima defesa. B) Agiu em legítima defesa, mas deverá responder pelo excesso doloso. C) Ficará isenta de pena por inexigibilidade de conduta diversa. D) Praticou crime de lesão corporal de natureza grave, mas poderá ter a pena diminuída. OAB Resolução de Questões – Direito Penal 8) José dispara cinco tiros de revólver contra Joaquim, jovem de 26 (vinte e seis) anos que acabara de estuprar sua filha. Contudo, em decorrência de um problema na mira da arma, José erra seu alvo, vindo a atingir Rubem, senhor de 80 (oitenta) anos, ceifando-lhe a vida. A esse respeito, é correto afirmar que José responderá (A) pelo homicídio de Rubem, agravado por ser a vítima maior de 60 (sessenta) anos. (B) por tentativa de homicídio privilegiado de Joaquim e homicídio culposo de Rubem, agravado por ser a vítima maior de 60 (sessenta) anos.

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(C) apenas por tentativa de homicídio privilegiado, uma vez que ocorreu erro quanto à pessoa. (D) apenas por homicídio privilegiado consumado, uma vez que ocorreu erro na execução. 9) Ao tomar conhecimento de um roubo ocorrido nas adjacências de sua residência, Caio compareceu à delegacia de polícia e noticiou o crime, alegando que vira Tício, seu inimigo capital, praticar o delito, mesmo sabendo que seu desafeto se encontrava na Europa na data do fato. Em decorrência do exposto, foi instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. A esse respeito, é correto afirmar que Caio cometeu (A) delito de calúnia. (B) delito de comunicação falsa de crime. (C) delito de denunciação caluniosa. (D) crime de falso testemunho. 10) Odete é diretora de um orfanato municipal, responsável por oitenta meninas em idade de dois a onze anos. Certo dia Odete vê Elisabeth, uma das recreadoras contratada pela Prefeitura para trabalhar na instituição, praticar ato libidinoso com Poliana, criança de 9 anos, que ali estava abrigada. Mesmo enojada pela situação que presenciava, Odete achou melhor não intervir, porque não desejava criar qualquer problema para si. Nesse caso, tendo como base apenas as informações descritas, assinale a opção correta. A) Odete não pode ser responsabilizada penalmente, embora possa sê-lo no âmbito cível e administrativo. B) Odete pode ser responsabilizada pelo crime descrito no Art. 244-A, do Estatuto da Criança e do Adolescente, verbis: “Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual”. C) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de estupro de vulnerável, previsto no Art. 217-A do CP, verbis: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”. D) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de omissão de socorro, previsto no Art. 135, do CP, verbis: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”. RESOLUCÕES PARTE II OAB RESOLUÇÃO DE QUESTÕES Disciplina: Direito Penal 1) Lucas, funcionário público do Tribunal de Justiça, e Laura, sua noiva, estudante de direito, resolveram subtrair notebooks de última geração adquiridos pela serventia onde Lucas exerce suas funções. Assim, para conseguir seu intento, combinaram dividir a execução do delito. Lucas, em determinado feriado municipal, valendo-se da facilidade que seu cargo lhe proporcionava, identificou-se na recepção e disse ao segurança que precisava ir até a serventia para buscar alguns pertences que havia esquecido. O segurança, que já conhecia Lucas de vista, não desconfiou de nada e permitiu o acesso. Ressalte-se que, além de ser serventuário, Lucas conhecia detalhadamente o prédio público, razão pela qual se dirigiu rapidamente ao local desejado, subtraindo todos os notebooks. Após, foi a uma janela e, dali, os entregou a Laura, que os colocou no carro e saiu. Ao final, Lucas conseguiu deixar o edifício sem que ninguém suspeitasse de nada. Todavia, cerca de uma semana após, Laura e Lucas têm uma discussão e terminam o noivado. Muito enraivecida, Laura procura a polícia e noticia os fatos, ocasião em que devolve todos os

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notebooks subtraídos. Com base nas informações do caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Laura e Lucas devem responder pelo delito de peculato-furto praticado em concurso de agentes. B) Laura deve responder por furto qualificado e Lucas deve responder por peculato-furto, dada à incomunicabilidade das circunstâncias. C) Laura e Lucas serão beneficiados pela causa extintiva de punibilidade, uma vez que houve reparação do dano ao erário anteriormente à denúncia. D) Laura será beneficiada pelo instituto do arrependimento eficaz, mas Lucas não poderá valer-se de tal benefício, pois a restituição dos bens, por parte dele, não foi voluntária. 2) Em relação ao princípio da insignificância, assinale a afirmativa correta. A) O princípio da insignificância funciona como causa de exclusão da culpabilidade. A conduta do agente, embora típica e ilícita, não é culpável. B) A mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica constituem, para o Supremo Tribunal Federal, requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação do princípio da insignificância. C) A jurisprudência predominante dos tribunais superiores é acorde em admitir a aplicação do princípio da insignificância em crimes praticados com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa (a exemplo do roubo). D) O princípio da insignificância funciona como causa de diminuição de pena. 3) Coriolano, objetivando proteger seu amigo Romualdo, não obedeceu à requisição do Promotor de Justiça no sentido de determinar a instauração de inquérito policial para apurar eventual prática de conduta criminosa por parte de Romualdo. Nesse caso, é correto afirmar que Coriolano praticou crime de A) desobediência (Art. 330, do CP). B) prevaricação (Art. 319, do CP). C) corrupção passiva (Art. 317, do CP). D) crime de advocacia administrativa (Art. 321, do CP) OAB Resolução de Questões – Direito Penal 4) Filipe foi condenado em janeiro de 2011 à pena de cinco anos de reclusão pela prática do crime de tráfico de drogas, ocorrido em 2006. Considerando-se que a Lei n. 11.464, que modificou o período para a progressão de regime nos crimes hediondos para 2/5 (dois quintos)em caso de réu primário, foi publicada em março de 2007, é correto afirmar que A) se reputará cumprido o requisito objetivo para a progressão de regime quando Felipe completar 1/6 (um sexto) do cumprimento da pena, uma vez que o crime foi praticado antes da Lei n. 11.464. B) se reputará cumprido o requisito objetivo para a progressão de regime quando Felipe completar 2/5 (dois quintos) do cumprimento da pena, uma vez que a Lei n. 11.464 tem caráter processual e, portanto, deve ser aplicada de imediato. C) se reputará cumprido o requisito subjetivo para a progressão de regime quando Felipe completar 1/6 (um sexto) do cumprimento da pena, uma vez que o crime foi praticado antes da Lei n. 11.464. D) se reputará cumprido o requisito subjetivo para a progressão de regime quando Felipe completar 2/5 (dois quintos) do cumprimento da pena, uma vez que a Lei n. 11.464 tem caráter processual e, portanto, deve ser aplicada de imediato. 5. Bráulio, rapaz de 18 anos, conhece Paula em um show de rock, em uma casa noturna. Os dois, após conversarem um pouco, resolvem dirigir-se a um motel e ali, de forma consentida, o jovem mantém relações sexuais com Paula. Após, Bráulio descobre que a moça, na verdade, tinha apenas 13 anos e que somente conseguira entrar no show mediante apresentação de

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carteira de identidade falsa. A partir da situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável doloso. B) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável culposo. C) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de tipo essencial. D) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de proibição direto. 6. Jaime, brasileiro, passou a morar em um país estrangeiro no ano de 1999. Assim como seu falecido pai, Jaime tinha por hábito sempre levar consigo acessórios de arma de fogo, o que não era proibido, levando-se em conta a legislação vigente à época, a saber, a Lei n. 9.437/97. Tal hábito foi mantido no país estrangeiro que, em sua legislação, não vedava a conduta. Todavia, em 2012, Jaime resolve vir de férias ao Brasil. Além de matar as saudades dos familiares, Jaime também queria apresentar o país aos seus dois filhos, ambos nascidos no estrangeiro. Ocorre que, dois dias após sua chegada, Jaime foi preso em flagrante por portar ilegalmente acessório de arma de fogo, conduta descrita no Art. 14 da Lei n. 10.826/2003, verbis: “Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Nesse sentido, podemos afirmar que Jaime agiu em hipótese de A) erro de proibição direto. B) erro de tipo essencial. C) erro de tipo acidental. D) erro sobre as descriminantes putativas. 7. Trata‐se de causa extintiva da punibilidade consistente na exclusão, por lei ordinária com efeitos retroativos, de um ou mais fatos criminosos do campo de incidência do Direito Penal, A) o indulto individual. B) a anistia. C) o indulto coletivo. D) a graça OAB Resolução de Questões – Direito Penal 8. Baco, após subtrair um carro esportivo de determinada concessionária de veículos, telefona para Minerva, sua amiga, a quem conta a empreitada criminosa e pede ajuda. Baco sabia que Minerva morava em uma grande casa e que poderia esconder o carro facilmente lá. Assim, pergunta se Minerva poderia ajudá‐lo, escondendo o carro em sua residência. Minerva, apaixonada por Baco, aceita prestar a ajuda. Nessa situação, Minerva deve responder por A) participação no crime de furto praticado por Baco. B) receptação. C) favorecimento pessoal. D) favorecimento real. 9. John, cidadão inglês, capitão de uma embarcação particular de bandeira americana, é assassinado por José, cidadão brasileiro, dentro do aludido barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos, no Estado de São Paulo. Nesse contexto, é correto afirmar que a lei brasileira A) não é aplicável, uma vez que a embarcação é americana, devendo José ser processado de acordo com a lei estadunidense. B) é aplicável, uma vez que a embarcação estrangeira de propriedade privada estava

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atracada em território nacional. C) é aplicável, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido em território estrangeiro, foi praticado por brasileiro. D) não é aplicável, uma vez que, de acordo com a Convenção de Viena, é competência do Tribunal Penal Internacional processar e julgar os crimes praticados em embarcação estrangeira atracada em território de país diverso. 10. Paula, com intenção de matar Maria, desfere contra ela quinze facadas, todas na região do tórax. Cerca de duas horas após a ação de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, a causa mortis determinada pelo auto de exame cadavérico foi envenenamento. Posteriormente, soube-se que Maria nutria intenções suicidas e que, na manhã dos fatos, havia ingerido veneno. Com base na situação descrita, assinale a afirmativa correta. A) Paula responderá por homicídio doloso consumado. B) Paula responderá por tentativa de homicídio. C) O veneno, em relação às facadas, configura concausa relativamente independente superveniente que por si só gerou o resultado. D) O veneno, em relação às facadas, configura concausa absolutamente independente concomitante. Gabarito I 01. B 02. C 03. C 04. C 05. A 06. D 07. D 08. D 09. C 10. C Gabarito II 01. A 02. B 03. B 04. A 05. C 06. A 07. B 08. D 09. B 10. B

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