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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Especial Tema: Interceptao Telefnica. Nova Lei de Drogas. Prof.: Luis Flavio Gomes Data: 30/01/2007 Interceptao Telefnica - lei 9296/96 Antes de 1988, todas as formas de interceptao eram vlidas, no se discutia o tema, desde que o juiz autorizasse. Aps 1988, com o advento da Constituio Federal nenhuma interceptao era vlida, pois no havia lei disciplinando a matria. Por fim, aps o ano de 1996, com a lei em estudo, toda interceptao vlida desde que siga a lei vigente. Artigo 1, esse artigo trs o termo comunicao de qualquer natureza que abrange no apenas a comunicao atravs da fala mas tambm a comunicao escrita, como o e-mail por exemplo. O pargrafo nico do mesmo artigo afirma ainda que tudo o que se comunica por informtica ou telemtica (telefone mais informtica) protegido pela lei. Assim, seja por via telefnica ou somente informtica, as comunicaes esto protegidas. Conceitos: Interceptao telefnica: a captao feita por terceira pessoa de comunicao entre dois (ou mais) interlocutores sem o conhecimento de qualquer deles. Escuta telefnica: a mesma captao feita por terceiro da comunicao entre dois (ou mais) interlocutores, porm com o conhecimento de um deles (ou alguns deles). Gravao ou auto gravao: o prprio comunicador capta sua comunicao. No Brasil possvel gravao telefnica, gravao clandestina? No nosso pas pode-se gravar suas prprias comunicaes telefnicas, porm como foi feita de forma clandestina no possvel comunicar o contedo, salvo quando houver justa causa para a quebra desse sigilo. Essa auto gravao vale como prova? O STF posiciona-se da seguinte forma: se a gravao envolver interesses de quem gravou, ento valar como prova, ser prova lcita. Gravao ambiental: significa gravar o som de um ambiente. Ateno: a lei do Crime Organizado permite e como a lei no menciona ouros crimes s pode ser utilizada por meio de analogia (analogia no Processo Penal possvel, ao contrrio do Direto Penal). Vale lembrar que gravao ambiental diferente de filmagem. Na primeira grava-se apenas o som, em quanto na segunda grava-se alm do som a imagem. Quanto filmagem, esta pode ser de duas formas: a) Filmagens intra muros: significa filmar algum dentro de seu domicilio, considerada prova ilcita por violar a intimidade. b) Filmagens extra muros: significa filmar algum em sua vida pblica, ou seja, fora de casa. Obs.: A empregada domestica pode ser filmada pois a casa para ela ambiente de trabalho e no sua residncia. Nesse caso seria prova lcita. Em relao quebra do sigilo dos registros telefnicos (aqueles dados da conta telefnica detalhada, para quem o individuo ligou, qual o tempo das ligaes, etc.) estes so dados privados e esse sigilo s pode ser quebrado mediante ordem judicial, ou por CPIs. Finalidade da Interceptao:

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Especial Tema: Interceptao Telefnica. Nova Lei de Drogas. Prof.: Luis Flavio Gomes Data: 30/01/2007 Sua finalidade exclusiva para fins criminais, ou seja no vale para outras reas do direito e apenas o juiz criminal pode autoriz-la. A prova autorizada no Direito Penal pode ser emprestada para o Direito Civil? Para o professor Luis Flvio Gomes e professora Ada Pelegrino, entre outros doutrinadores, impossvel a prova emprestada uma vez que a interceptao telefnica s admitida para fins criminais. Como relao ao modo como a interceptao ser realizada ela depender de autorizao do juiz competente para o caso, e dever seguir exatamente o que a lei prev. Caso no decorrer da diligencia aparea um crime da espera federal, ento a competncia ser deslocada para a Justia Federal. O STJ entende que nesses casos a prova feita na justia estadual vlida porque quando o juiz estadual decretou a interceptao telefnica s se vislumbrava crime estadual, porm no decorrer da investigao descobriu-se um outro crime de competncia federal, deslocando a competncia. Todavia a prova obtida valer na esfera federal. A interceptao telefnica autorizada pelo juiz, todavia ela no pode ser comunicada ao acusado, ela tramita em segredo de justia. Mas e o contraditrio, desrespeitado? No, ele existe porm trata-se do contraditrio postergado, diferido, aquele que vem depois. Artigo 2; Requisitos de admissibilidade da interceptao telefnica: A) Indcios razoveis da autoria e materialidade da infrao penal. B) Indispensabilidade da interceptao, ser realizada apenas em ultima ratio C) S permitida para crimes punidos com recluso. Pargrafo nico; Requisitos de validade: A) Individualizao do fato investigado. B) Individualizao subjetiva, ou seja individualizao da pessoa investigada. Obs.1: No possvel interceptao por prospeco, ou seja, aquela feita sem nenhum indcio. Obs.2: Se o fato ou a pessoa foi encontrado fortuitamente e tem conexo com o crime investigado vela como prova. J o fato/agente encontrado fortuitamente no tiver conexo com o que est sendo apurado ele valer apenas como noticia do crime. O STF admite como prova o crime punido com deteno encontrado fortuitamente conexo com aquele investigado. Artigo 3; Esse artigo trs que o juiz poder determinar de oficio a interceptao telefnica. Embora haja uma ADIN proposta pelo Procurador da Republica discutindo a constitucionalidade deste artigo ela ainda no foi julgada e, portanto vale o que est na lei. Artigo 4; preciso convencer o juiz da necessidade da interceptao telefnica para apurar o crime, com indicaes dos meios com o qual ser feita. Artigo 5; A deciso do juiz deve ser fundamentada. Sua no fundamentao acarretar na violao de regra processual e como conseqncia proa invalida.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Especial Tema: Interceptao Telefnica. Nova Lei de Drogas. Prof.: Luis Flavio Gomes Data: 30/01/2007 O juiz pode determinar at 15 dias para que a diligncia seja realizada, porm se comprovada a necessidade esse prazo pode ser renovado. Para a renovao do prazo o juiz deve novamente fundamentar a indispensabilidade da prova. Artigo 6; Quem preside a diligencia a autoridade policial devendo apenas dar cincia ao Ministrio Pblico. A autoridade policial deve fazer uma sntese do que mais importante na operao e encaminha ao juiz. Artigo 8; Os autos seguem apartados; no se junta a interceptao telefnica para preservar o sigilo. A defesa exercer o direito ao contraditrio no momento em que o juiz determinar que os autos sejam apartados, da d-se cincia ao acusado. Artigo 9; Inutiliza-se tudo o que no interessa investigao pois se trata da intimidade da pessoa. Nesse momento podem participar as partes e o Ministrio Pblico est presente. Artigo 10; A lei prev trs crimes: 1) Autorizao para objetivos no previstos em lei (ex. interceptao para fins civis). 2) Fazer interceptao sem autorizao do juiz. 3) Violar o segredo de justia. Obs.: Comunicao entre cliente e advogado no permite interceptao telefnica pois a profisso de advogado protegida pelo sigilo. Parte processual da Nova Lei de Drogas Usurio: a lei acabou com a pena de priso para usurio, agora na nova lei todas as penas previstas so alternativas e o juiz pode aplic-las cumulativamente ou isoladamente. Todavia, do ponto de vista penal, houve descriminalizao formal, ou seja o usurio no criminoso mas responde pela infrao penal sui generis ou seja no prev pena de priso e sim penas alternativas. Portanto no houve abolitio, mas sim uma descriminalizao formal pois mudou a pena. Quem semeia plantas usurio de drogas? Depende: aquelas que geram pequena quantidade de droga, trata-se de hiptese de usurio; j aquelas que geram grandes quantidades, so consideradas de traficante - aquele que semeia. o delegado quem classifica pela primeira vez o individuo, se ele usurio ou traficante. Essa classificao no vincula o Ministrio Pblico, e a classificao deste tambm no vincula aquela feita pelo juiz. Quem julga o usurio? O juiz dos Juizados, logo cabe transao penal. Caso a transao seja descumprida caber ao juiz apenas duas condutas: 1) advertir o individuo ou 2) se esta no gerar efeitos ento aplicar uma multa. Porm caso essa multa no seja paga nada pode o juiz fazer, devendo o sujeito esperar o prazo prescricional do crime. Vale lembrar que no Juizado no pode haver nova transao no lapso de 5 anos. No caso do usurio, porm cabe nova transao mesmo dentro do prazo de 5 anos. Isso porque a lei especifica revoga a lei geral. Em relao ao flagrante, no se impor priso em flagrante para o usurio. Ou seja deve-se capturar, conduzir ao Distrito policial, mas no cabe auto de priso em flagrante nem recolhimento a priso e nem mesmo nota de culpa. No lugar do auto lavra-se um Termo Circunstanciado (TC).

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Especial Tema: Interceptao Telefnica. Nova Lei de Drogas. Prof.: Luis Flavio Gomes Data: 30/01/2007

Procedimento: Em caso de flagrante para o crime contido no artigo 33 e seguintes, para lavr-lo indispensvel o auto de constatao. Esse feito por apenas um perito que pode subscrever o laudo definitivo, que necessita de 2 peritos. A lei prev o prazo de 30 dias para encerrar o inqurito policial de ru preso e o prazo de 90 dias para ru solto. Esse prazo pode ser prorrogado apenas uma vez pelo seu dobro de tempo desde que autorizada pelo juiz. No procedimento so permitidos: 1) Agente infiltrado: necessariamente agente de policia autorizado pelo juiz. 2) Flagrante prorrogado: a autoridade aguarda o melhor momento para prender. Hoje s possvel mediante autorizao judicial. Parte procedimental: 1) Ministrio Pblico tem 10 dias para denunciar, seja para ru solto ou preso o prazo o mesmo. 2) No h mais o chamado plea bargaining ou seja, acordo entre o MP e o ru. A lei de txicos antiga previa esse instituto. 3) Oferecida a denuncia o juiz notifica para apresentar a defesa preliminar (diferente de defesa prvia). Essa defesa preliminar obrigatria. 4) Feita a defesa preliminar e acolhida a denuncia o juiz marca a audincia de instruo e julgamento. Essa audincia concentrada. 5) Condenado por trfico o ru no pode apelar em liberdade. Porm o STF interpreta da seguinte forma: 1) Se o ru respondeu em liberdade vai apelar em liberdade, salvo motivo que justifique sua priso. 2) Se o ru respondeu preso ento apelar preso, salvo se a priso no mais se justifica. Obs.: A competncia para trfico internacional ou transnacional da justia federal, na falta dela no local no pode o juiz estadual assumir essa funo como ocorre em alguns casos, deve-se levar o fato a cidade mais prxima que possui justia federal. Dvidas ou sugestes sobre o material podem ser enviadas para: [email protected] Bibliografia: GOMES, Luiz Flvio. Gravaes telefnicas: ilicitude e inadmissibilidade. Revista CEJ, Braslia, v. 2, n. 5, p. 55-61, maio/ago. 1998. GOMES, Luiz Flvio. Interceptao telefnica "de ofcio": inconstitucionalidade. Revista Jurdica, Porto Alegre, v. 45, n. 242, p. 31-37, dez. 1997. GOMES, Luiz Flvio, CERVINI, Raul. Interceptao telefnica: Lei 9.296, de 24.07.96. So Paulo, Revista dos Tribunais, 1997. 278 p. GOMES, Luis Flvio, BIANCHINI, Alice, CUNHA, Rogrio Sanches, OLIVEIRA, William Terra. Nova lei de drogas comentada.So Paulo, Revista dos Tribunais, 2006.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

1. Lei das organizaes criminosas, Lei 9034/95. Essa lei um exemplo do fenmeno chamado Direito da Emergncia. Ele caracteriza-se pela quebra de garantias justificadas por uma situao excepcional. A lei aplica-se tanto aos delitos em si, quais sejam de quadrilha, bando e de associaes criminosas, quanto aos delitos decorrentes. O Art. 1 nos trs: 1) Quadrilha: prevista no artigo 288 do CP, a associao estvel e permanente de mais de 3 pessoas com o fim de praticar uma srie indeterminada de crimes. Ateno: no art. 35 da lei 11.343/06 bastam duas pessoas para configurar quadrilha. 2) Associaes criminosas: o artigo 2 da lei 2889/56, lei que regula e define os crimes de genocdio, trs para o ordenamento brasileiro as associaes criminosas. Elas tambm aparecem no art. 35 da nova lei de drogas. 3) Organizaes criminosas: no existe na legislao brasileira nenhum conceito de organizaes criminosas da muitos doutrinadores acreditarem ser um elemento normativo. Tambm a doutrina trs alguns aspectos que caracterizam uma organizao criminosa: 4) Uso freqente de tecnologia, a) Especializao de atividade, b) Hierarquia estrutural, c) Alto poder de intimidao, d) Oferta de prestaes sociais. 1.1 Crime organizado por extenso e Crime organizado por natureza.

O crime organizado por natureza diz respeito punio pelo crime organizado em si. J o crime organizado por extenso diz respeito aos crimes praticados pelas organizaes criminosas. Artigo 2, inc II: Ao controlada, ou flagrante postergado ou ainda flagrante diferido: a autoridade tem discricionariedade para escolher o melhor momento para realizar o flagrante. Na lei de drogas essa prtica necessita de autorizao judicial. Inc III: Trata de quebra de sigilo bancrio, fiscal, financeiro e eleitoral. Devemos nos lembrar que alm da autoridade judiciria, podem quebrar sigilo: a CPI e no caso do sigilo bancrio tambm as autoridades fazendrias podem faz-lo. Hoje com o advento da LC 105/01 o MP no pode mais quebrar sigilo bancrio. O remdio apto a contestar a quebra de sigilo o HC, segundo o STF (ver material de apoio). Inc IV: A captao e interceptao ambiental dependem de autorizao judicial. A interceptao ocorre quando uma terceira pessoa intercepta uma comunicao alheia. J captao ambiental significa registrar qualquer sinal do ambiente. Inc V:-1

POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

Infiltrao de agentes policiais, tambm chamados de undercover. a infiltrao de agente policial possvel graas lei 10.217/01, onde o agente da policia ou de inteligncia, que falseando sua identidade, penetra na organizao criminosa para obter informaes e desta forma desmantela-la. Porm a lei brasileira foi muito pobre ao legislar a infiltrao deixando de regular diversas matrias a ela pertencente. Art. 3: Ele trs a figura do juiz inquisidor. Se for decretada a quebra do sigilo previsto no artigo 2, inc III seria a diligencia realizada pelo juiz. A doutrina majoritria afirma ser este artigo inconstitucional. O STF em julgado, ver material de apoio, julgou ser este artigo parcialmente inconstitucional. Ou seja, os dados bancrios e financeiros, a LC 105/01 derrogou, e a parte do inciso que trata dos dados fiscais e eleitorais o STF considerou inconstitucional (ADIN 1570 STF). Assim, hoje no existe mais a figura do juiz inquisidor. Art. 4: Norma programtica. Art. 5: A lei 1054 especifica sobre identidade criminal, teria revogado esse artigo, pois no diz nada a respeito da obrigatoriedade da identificao de individuo que se envolve com crime organizado. Art. 6: A delao premiada surge no Brasil em 1990 com a lei 8072/90, lei dos crimes hediondos, que acrescentou a este artigo o pargrafo 4. Esse pargrafo trsia a expresso quadrilha que foi substituda por concurso pela lei 9269/96. Ou seja, antes s poderia beneficiar-se da delao a agente que cometeu o crime com mais 3 pessoas, hoje basta ter sido cometido em concurso de agentes. A doutrina majoritria afirma que se o individuo efetivamente o auxiliou teria direito a reduo de pena. A discricionariedade do juiz seria em relao ao quantum da reduo. A natureza jurdica da delao premiada, observando o artigo 1, pargrafo 5 da lei 9613/98, pode ser: de causa de diminuio de pena, de causa de fixao de regime aberto, de causa de perdo judicial, ou ainda de causa de substituio de pena. OBS: Nos crimes econmicos a delao premiada chamada de acordo de lenincia ou acordo de doura. Art. 7: Veda a liberdade provisria aos que tiveram intensa e efetiva participao na organizao criminosa. O STF posiciona-se da seguinte forma: para vedar a liberdade provisria faz-se necessrio demonstrar a presena de um dos requisitos que autorizam a priso preventiva.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

Art. 8: O prazo para encerramento da instruo criminal para ru preso de 81 dias e para ru solto de 120 dias. Art. 10: Esse artigo informa que o cumprimento da pena se iniciar e regime fechado. Todavia, o HC 82959, ver material de apoio, reconheceu a inconstitucionalidade deste artigo. 2 Lavagem de capitais, Lei 9613/98.

A preocupao com a criminalizao da lavagem de capitais surge com a ineficcia do estado em coibir a trfico de entorpecentes. Lavagem de capitais significa transformar dinheiro sujo em dinheiro aparentemente lcito. o crime praticado com o objetivo de se introduzir na ordem econmica os frutos financeiros percebidos pelas atividades ilcitas enumeradas no artigo 1 da lei 9613/98. Art. 1: Para o STF um mero depsito pode caracterizar lavagem de capitais. H 2 espcies de movimentao de dinheiro sujo: 1) Movimentao simples: movimenta-se o capital sujo sem nenhuma mistura com dinheiro limpo. 2) Movimentao mimetizada ou camuflada: mescla-se dinheiro ilcito com dinheiro licito. A lavagem possui 2 etapas: 1) Movimentao, 2) Reinsero do produto no capital no mundo licito ou ilcito. H 3 geraes de lavagem de capitais: Legislao de 1 Gerao: o crime precedente somente o trfico de drogas. Legislao de 2 Gerao: as leis comeam a ampliar o rol de crimes precedentes. O Brasil esta inserido aqui. Legislao de 3 Gerao: o dinheiro sujo vem de qualquer crime precedente. 2.1 Bem jurdico protegido.

H 3 correntes sendo a ultima a majoritria: 1 corrente: o bem o mesmo protegido pelo crime antecedente. 2 corrente: o bem protegido a administrao da justia. 3 corrente: o bem protegido a ordem econmico financeira. 2.2 Do rol dos crimes precedentes.

Somente ocorre lavagem se anteriormente ocorrer um dos crimes enumerados no artigo 1 da lei 9613/98. O substantivo crime faz parte da descrio do tipo penal de lavagem de capitais. Logo, a palavra crime uma elementar do artigo 1. Se no ocorrer a prtica do crime precedente a conduta atpica.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

Art. 1: A maioria da doutrina sustenta que no existiria terrorismo. Todavia a Lei de Segurana nacional, em seu artigo 20 menciona o crime de terrorismo motivo pelo qual alguns doutrinadores sustentam a existncia do delito no Brasil. Entretanto o mencionado artigo no conceitua o crime de terrorismo. Bibliografia: GOMES, Luis Flvio, CERVINI, Ral. Crime organizado: enfoques criminolgicos, jurdicos e polticocriminal. Editora Revista dos Tribunais. So Paulo, SP. GOMES, Luis Flvio, CERVINI, Ral, OLIVEIRA, Willian Terra de. Lei de lavagem de capitais. Editora Revista dos Tribunais. So Paulo, SP.

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

1. Lei das organizaes criminosas, Lei 9034/95. Essa lei um exemplo do fenmeno chamado Direito da Emergncia. Ele caracteriza-se pela quebra de garantias justificadas por uma situao excepcional. A lei aplica-se tanto aos delitos em si, quais sejam de quadrilha, bando e de associaes criminosas, quanto aos delitos decorrentes. O Art. 1 nos trs: 1) Quadrilha: prevista no artigo 288 do CP, a associao estvel e permanente de mais de 3 pessoas com o fim de praticar uma srie indeterminada de crimes. Ateno: no art. 35 da lei 11.343/06 bastam duas pessoas para configurar quadrilha. 2) Associaes criminosas: o artigo 2 da lei 2889/56, lei que regula e define os crimes de genocdio, trs para o ordenamento brasileiro as associaes criminosas. Elas tambm aparecem no art. 35 da nova lei de drogas. 3) Organizaes criminosas: no existe na legislao brasileira nenhum conceito de organizaes criminosas da muitos doutrinadores acreditarem ser um elemento normativo. Tambm a doutrina trs alguns aspectos que caracterizam uma organizao criminosa: 4) Uso freqente de tecnologia, a) Especializao de atividade, b) Hierarquia estrutural, c) Alto poder de intimidao, d) Oferta de prestaes sociais. 1.1 Crime organizado por extenso e Crime organizado por natureza.

O crime organizado por natureza diz respeito punio pelo crime organizado em si. J o crime organizado por extenso diz respeito aos crimes praticados pelas organizaes criminosas. Artigo 2, inc II: Ao controlada, ou flagrante postergado ou ainda flagrante diferido: a autoridade tem discricionariedade para escolher o melhor momento para realizar o flagrante. Na lei de drogas essa prtica necessita de autorizao judicial. Inc III: Trata de quebra de sigilo bancrio, fiscal, financeiro e eleitoral. Devemos nos lembrar que alm da autoridade judiciria, podem quebrar sigilo: a CPI e no caso do sigilo bancrio tambm as autoridades fazendrias podem faz-lo. Hoje com o advento da LC 105/01 o MP no pode mais quebrar sigilo bancrio. O remdio apto a contestar a quebra de sigilo o HC, segundo o STF (ver material de apoio). Inc IV: A captao e interceptao ambiental dependem de autorizao judicial. A interceptao ocorre quando uma terceira pessoa intercepta uma comunicao alheia. J captao ambiental significa registrar qualquer sinal do ambiente.

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

Inc V: Infiltrao de agentes policiais, tambm chamados de undercover. a infiltrao de agente policial possvel graas lei 10.217/01, onde o agente da policia ou de inteligncia, que falseando sua identidade, penetra na organizao criminosa para obter informaes e desta forma desmantela-la. Porm a lei brasileira foi muito pobre ao legislar a infiltrao deixando de regular diversas matrias a ela pertencente. Art. 3: Ele trs a figura do juiz inquisidor. Se for decretada a quebra do sigilo previsto no artigo 2, inc III seria a diligencia realizada pelo juiz. A doutrina majoritria afirma ser este artigo inconstitucional. O STF em julgado, ver material de apoio, julgou ser este artigo parcialmente inconstitucional. Ou seja, os dados bancrios e financeiros, a LC 105/01 derrogou, e a parte do inciso que trata dos dados fiscais e eleitorais o STF considerou inconstitucional (ADIN 1570 STF). Assim, hoje no existe mais a figura do juiz inquisidor. Art. 4: Norma programtica. Art. 5: A lei 1054 especifica sobre identidade criminal, teria revogado esse artigo, pois no diz nada a respeito da obrigatoriedade da identificao de individuo que se envolve com crime organizado. Art. 6: A delao premiada surge no Brasil em 1990 com a lei 8072/90, lei dos crimes hediondos, que acrescentou a este artigo o pargrafo 4. Esse pargrafo trsia a expresso quadrilha que foi substituda por concurso pela lei 9269/96. Ou seja, antes s poderia beneficiar-se da delao a agente que cometeu o crime com mais 3 pessoas, hoje basta ter sido cometido em concurso de agentes. A doutrina majoritria afirma que se o individuo efetivamente o auxiliou teria direito a reduo de pena. A discricionariedade do juiz seria em relao ao quantum da reduo. A natureza jurdica da delao premiada, observando o artigo 1, pargrafo 5 da lei 9613/98, pode ser: de causa de diminuio de pena, de causa de fixao de regime aberto, de causa de perdo judicial, ou ainda de causa de substituio de pena. OBS: Nos crimes econmicos a delao premiada chamada de acordo de lenincia ou acordo de doura. Art. 7: Veda a liberdade provisria aos que tiveram intensa e efetiva participao na organizao criminosa. O STF posiciona-se da seguinte forma: para vedar a liberdade provisria faz-se necessrio demonstrar a presena de um dos requisitos que autorizam a priso preventiva.

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

Art. 8: O prazo para encerramento da instruo criminal para ru preso de 81 dias e para ru solto de 120 dias. Art. 10: Esse artigo trs que o cumprimento da pena se iniciar e regime fechado. Todavia, o HC 82959, ver material de apoio, reconheceu a inconstitucionalidade deste artigo. 2 Lavagem de capitais, Lei 9613/98.

A preocupao com a criminalizao da lavagem de capitais surge com a ineficcia do estado em coibir a trfico de entorpecentes. Lavagem de capitais significa transformar dinheiro sujo em dinheiro aparentemente lcito. o crime praticado com o objetivo de se introduzir na ordem econmica os frutos financeiros percebidos pelas atividades ilcitas enumeradas no artigo 1 da lei 9613/98. Art. 1: Para o STF um mero depsito pode caracterizar lavagem de capitais. H 2 espcies de movimentao de dinheiro sujo: 1) Movimentao simples: movimenta-se o capital sujo sem nenhuma mistura com dinheiro limpo. 2) Movimentao mimetizada ou camuflada: mescla-se dinheiro ilcito com dinheiro licito. A lavagem possui 2 etapas: 1) Movimentao, 2) Reinsero do produto no capital no mundo licito ou ilcito. H 3 geraes de lavagem de capitais: Legislao de 1 Gerao: o crime precedente somente o trfico de drogas. Legislao de 2 Gerao: as leis comeam a ampliar o rol de crimes precedentes. O Brasil esta inserido aqui. Legislao de 3 Gerao: o dinheiro sujo vem de qualquer crime precedente. 2.1 Bem jurdico protegido.

H 3 correntes sendo a ultima a majoritria: 1 corrente: o bem o mesmo protegido pelo crime antecedente. 2 corrente: o bem protegido a administrao da justia. 3 corrente: o bem protegido a ordem econmico financeira. 2.2 Do rol dos crimes precedentes.

Somente ocorre lavagem se anteriormente ocorrer um dos crimes enumerados no artigo 1 da lei 9613/98. O substantivo crime faz parte da descrio do tipo penal de lavagem de capitais. Logo, a palavra crime uma elementar do artigo 1. Se no ocorrer a prtica do crime precedente a conduta atpica.

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

Art. 1: A maioria da doutrina sustenta que no existiria terrorismo. Todavia a Lei de Segurana nacional, em seu artigo 20 menciona o crime de terrorismo motivo pelo qual alguns doutrinadores sustentam a existncia do delito no Brasil. Entretanto o mencionado artigo no conceitua o crime de terrorismo. Bibliografia: GOMES, Luis Flvio, CERVINI, Ral. Crime organizado: enfoques criminolgicos, jurdicos e poltico-criminal. Editora Revista dos Tribunais. So Paulo, SP. GOMES, Luis Flvio, CERVINI, Ral, OLIVEIRA, Willian Terra de. Lei de lavagem de capitais. Editora Revista dos Tribunais. So Paulo, SP.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

PROJETO DE LEI n 7.223/2002 Acrescenta dispositivos Lei n 9.034, de 3 de maio de 1995, que dispe sobre a utilizao de meios operacionais para a preveno e represso de aes praticadas por organizaes criminosas, e ao art. 288 do Cdigo Penal. O Congresso Nacional decreta: Art. 1 Esta lei define o conceito de organizao criminosa, para os fins previstos na Lei n 9.034, de 3 de maio de 1995, e no art. 288 do Cdigo Penal. Art. 2 O art. 1 da Lei n 9.034, de 3 de maio de 1995, passa a vigorar acrescido do seguinte pargrafo nico: Art. 1 ... Pargrafo nico. Considera-se organizada a associao ilcita quando presentes, pelo menos, trs das seguintes caractersticas: I hierarquia estrutural; II planejamento empresarial; III uso de meios tecnolgicos avanados; IV recrutamento de pessoas; V diviso funcional das atividades; VI conexo estrutural ou funcional com o poder pblico ou com agente do poder pblico; VII oferta de prestaes sociais; VIII diviso territorial das atividades ilcitas; IX alto poder de intimidao; X alta capacitao para a prtica de fraude; XI conexo local, regional, nacional ou internacional com outra organizao criminosa. (NR) Art. 3 O art. 288 do Decreto-lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940, passa a vigorar acrescido do seguinte 2, passando o pargrafo nico a 1: Art. 288. ... 2 A pena ser de 3 (trs) a 8 (oito) anos de recluso, quando se tratar de quadrilha ou bando organizado (art. 1, pargrafo nico, da Lei n 9.034, de 3 de maio de 1995). (NR) Art. 4 Esta lei entra em vigor na data de sua publicao. COMISSO PARLAMENTAR DE INQURITO - QUEBRA DE SIGILO ADEQUADAMENTE FUNDAMENTADA - ATO PRATICADO EM SUBSTITUIO A ANTERIOR QUEBRA DE SIGILO QUE HAVIA SIDO DECRETADA SEM QUALQUER FUNDAMENTAO - POSSIBILIDADE - EXISTNCIA SIMULTNEA DE PROCEDIMENTOS PENAIS EM CURSO, INSTAURADOS CONTRA O IMPETRANTE - CIRCUNSTNCIA QUE NO IMPEDE A INSTAURAO DA PERTINENTE INVESTIGAO PARLAMENTAR SOBRE FATOS CONEXOS AOS EVENTOS DELITUOSOS REFERNCIA SUPOSTA ATUAO DE ORGANIZAES CRIMINOSAS NO ESTADO DO ACRE, QUE SERIAM RESPONSVEIS PELA PRTICA DE ATOS CARACTERIZADORES DE UMA TEMVEL MACRODELINQNCIA (TRFICO DE ENTORPECENTES, LAVAGEM DE DINHEIRO, FRAUDE, CORRUPO, ELIMINAO FSICA DE PESSOAS, ROUBO DE AUTOMVEIS, CAMINHES E CARGAS) - ALEGAO DO IMPETRANTE DE QUE INEXISTIRIA CONEXO ENTRE OS ILCITOS PENAIS E O OBJETO PRINCIPAL DA INVESTIGAO PARLAMENTAR - AFIRMAO DESPROVIDA DE LIQUIDEZ - MANDADO DE SEGURANA INDEFERIDO. A QUEBRA FUNDAMENTADA DO SIGILO INCLUI-SE NA ESFERA DE COMPETNCIA INVESTIGATRIA DAS COMISSES PARLAMENTARES DE INQURITO. - A quebra do sigilo fiscal, bancrio e telefnico de qualquer pessoa sujeita investigao legislativa pode ser legitimamente decretada pela Comisso-1

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Parlamentar de Inqurito, desde que esse rgo estatal o faa mediante deliberao adequadamente fundamentada e na qual indique, com apoio em base emprica idnea, a necessidade objetiva da adoo dessa medida extraordinria. Precedente: MS 23.452-RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO (Pleno). PRINCPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE JURISDIO E QUEBRA DE SIGILO POR DETERMINAO DA CPI. - O princpio constitucional da reserva de jurisdio - que incide sobre as hipteses de busca domiciliar (CF, art. 5, XI), de interceptao telefnica (CF, art. 5, XII) e de decretao da priso, ressalvada a situao de flagrncia penal (CF, art. 5, LXI) - no se estende ao tema da quebra de sigilo, pois, em tal matria, e por efeito de expressa autorizao dada pela prpria Constituio da Repblica (CF, art. 58, 3), assiste competncia Comisso Parlamentar de Inqurito, para decretar, sempre em ato necessariamente motivado, a excepcional ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas. AUTONOMIA DA INVESTIGAO PARLAMENTAR. - O inqurito parlamentar, realizado por qualquer CPI, qualifica-se como procedimento jurdico-constitucional revestido de autonomia e dotado de finalidade prpria, circunstncia esta que permite Comisso legislativa - sempre respeitados os limites inerentes competncia material do Poder Legislativo e observados os fatos determinados que ditaram a sua constituio - promover a pertinente investigao, ainda que os atos investigatrios possam incidir, eventualmente, sobre aspectos referentes a acontecimentos sujeitos a inquritos policiais ou a processos judiciais que guardem conexo com o evento principal objeto da apurao congressual. Doutrina. Precedente: MS 23.639-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO (Pleno). O PROCESSO MANDAMENTAL NO COMPORTA DILAO PROBATRIA. - O processo de mandado de segurana qualifica-se como processo documental, em cujo mbito no se admite dilao probatria, pois a liquidez dos fatos, para evidenciar-se de maneira incontestvel, exige prova pr-constituda, circunstncia essa que afasta a discusso de matria ftica fundada em simples conjecturas ou em meras suposies ou inferncias. (STF MS 23652/DF Tribunal Pleno Rel. Min. Celso de Mello DJ 16/02/2001). Mandado de Segurana. Sigilo bancrio. Instituio financeira executora de poltica creditcia e financeira do Governo Federal. Legitimidade do Ministrio Pblico para requisitar informaes e documentos destinados a instruir procedimentos administrativos de sua competncia. 2. Solicitao de informaes, pelo Ministrio Pblico Federal ao Banco do Brasil S/A, sobre concesso de emprstimos, subsidiados pelo Tesouro Nacional, com base em plano de governo, a empresas do setor sucroalcooleiro. 3. Alegao do Banco impetrante de no poder informar os beneficirios dos aludidos emprstimos, por estarem protegidos pelo sigilo bancrio, previsto no art. 38 da Lei n 4.595/1964, e, ainda, ao entendimento de que dirigente do Banco do Brasil S/A no autoridade, para efeito do art. 8, da LC n 75/1993. 4. O poder de investigao do Estado dirigido a coibir atividades afrontosas ordem jurdica e a garantia do sigilo bancrio no se estende s atividades ilcitas. A ordem jurdica confere explicitamente poderes amplos de investigao ao Ministrio Pblico - art. 129, incisos VI, VIII, da Constituio Federal, e art. 8, incisos II e IV, e 2, da Lei Complementar n 75/1993. 5. No cabe ao Banco do Brasil negar, ao Ministrio Pblico, informaes sobre nomes de beneficirios de emprstimos concedidos pela instituio, com recursos subsidiados pelo errio federal, sob invocao do sigilo bancrio, em se tratando de requisio de informaes e documentos para instruir procedimento administrativo instaurado em defesa do patrimnio pblico. Princpio da publicidade, ut art. 37 da Constituio. 6. No caso concreto, os emprstimos concedidos eram verdadeiros financiamentos pblicos, porquanto o Banco do Brasil os realizou na condio de executor da poltica creditcia e financeira do Governo Federal, que deliberou sobre sua concesso e ainda se comprometeu a proceder equalizao da taxa de juros, sob a forma de subveno econmica ao setor produtivo, de acordo com a Lei n 8.427/1992. 7. Mandado de segurana indeferido. (STF MS 21.729/DF Tribunal Pleno - Rel. Min. Marco Aurlio Julgamento: 05/10/1995 Publicao: DJ 19/10/2001) CONSTITUCIONAL. MINISTRIO PBLICO. SIGILO BANCRIO: QUEBRA. C.F., art. 129, VIII. I. - A norma inscrita no inc. VIII, do art. 129, da C.F., no autoriza ao Ministrio Pblico, sem a-2

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interferncia da autoridade judiciria, quebrar o sigilo bancrio de algum. Se se tem presente que o sigilo bancrio espcie de direito privacidade, que a C.F. consagra, art. 5, X, somente autorizao expressa da Constituio legitimaria o Ministrio Pblico a promover, diretamente e sem a interveno da autoridade judiciria, a quebra do sigilo bancrio de qualquer pessoa. II. - R.E. no conhecido. (STF RE 215.301/CE 2 Turma Rel. Min. Carlos Velloso Publicao: DJ 28/05/1999). EMENTA: I. Habeas corpus: admissibilidade: deciso judicial que, no curso do inqurito policial, autoriza quebra de sigilo bancrio. Se se trata de processo penal ou mesmo de inqurito policial, a jurisprudncia do STF admite o habeas corpus, dado que de um ou outro possa advir condenao a pena privativa de liberdade, ainda que no iminente, cuja aplicao poderia vir a ser viciada pela ilegalidade contra o qual se volta a impetrao da ordem. Nessa linha, no de recusar a idoneidade do habeas corpus, seja contra o indeferimento de prova de interesse do ru ou indiciado, seja, o deferimento de prova ilcita ou o deferimento invlido de prova lcita: nessa ltima hiptese, enquadra-se o pedido de habeas corpus contra a deciso alegadamente no fundamentada ou carente de justa causa - que autoriza a quebra do sigilo bancrio do paciente. II. Habeas corpus: deciso equivocada do relator declaratria da incompetncia do Tribunal, no gerando precluso no processo de habeas corpus, pode nele ser retificada de ofcio. (STF 1 Turma HC 79.191/SP Rel. Min. Seplveda Pertence Julgamento: 04/05/1999 Publicao: DJ 08/10/1999) AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9034/95. LEI COMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE. HIERARQUIA SUPERIOR. REVOGAO IMPLCITA. AO PREJUDICADA, EM PARTE. "JUIZ DE INSTRUO". REALIZAO DE DILIGNCIAS PESSOALMENTE. COMPETNCIA PARA INVESTIGAR. INOBSERVNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. IMPARCIALIDADE DO MAGISTRADO. OFENSA. FUNES DE INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAO DAS ATRIBUIES DO MINISTRIO PBLICO E DAS POLCIAS FEDERAL E CIVIL. 1. Lei 9034/95. Supervenincia da Lei Complementar 105/01. Revogao da disciplina contida na legislao antecedente em relao aos sigilos bancrio e financeiro na apurao das aes praticadas por organizaes criminosas. Ao prejudicada, quanto aos procedimentos que incidem sobre o acesso a dados, documentos e informaes bancrias e financeiras. 2. Busca e apreenso de documentos relacionados ao pedido de quebra de sigilo realizadas pessoalmente pelo magistrado. Comprometimento do princpio da imparcialidade e conseqente violao ao devido processo legal. 3. Funes de investigador e inquisidor. Atribuies conferidas ao Ministrio Pblico e s Polcias Federal e Civil (CF, artigo 129, I e VIII e 2; e 144, 1, I e IV, e 4). A realizao de inqurito funo que a Constituio reserva polcia. Precedentes. Ao julgada procedente, em parte. (STF ADI 1570/DF Tribunal Pleno Rel. Min. Maurcio Corra Julgamento: 12/02/2004 Publicao: DJ 22/10/2004). PENAL. RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. IDENTIFICAO CRIMINAL DOS CIVILMENTE IDENTIFICADOS. ART. 3, CAPUT E INCISOS, DA LEI N 10.054/2000. REVOGAO DO ART. 5 DA LEI N 9.034/95. O art. 3, caput e incisos, da Lei n 10.054/2000, enumerou, de forma incisiva, os casos nos quais o civilmente identificado deve, necessariamente, sujeitar-se identificao criminal, no constando, entre eles, a hiptese em que o acusado se envolve com a ao praticada por organizaes criminosas. Com efeito, restou revogado o preceito contido no art. 5 da Lei n 9.034/95, o qual exige que a identificao criminal de pessoas envolvidas com o crime organizado seja realizada independentemente da existncia de identificao civil. Recurso provido. (STJ RHC n. 12.965/DF 5 Turma Rel. Min. Felix Fischer Julgamento: 07/10/2003 Publicao: DJ 10/11/2003 p. 197). PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSO - RAZO DE SER. A progresso no regime de cumprimento da pena, nas espcies fechado, semi-aberto e aberto, tem como razo maior a ressocializao do preso que, mais dia ou menos dia, voltar ao convvio social. PENA -3

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CRIMES HEDIONDOS - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSO - BICE - ARTIGO 2, 1, DA LEI N 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da individualizao da pena - artigo 5, inciso XLVI, da Constituio Federal - a imposio, mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova inteligncia do princpio da individualizao da pena, em evoluo jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo 2, 1, da Lei n 8.072/90. (STF HC 82.959/SP Tribunal Pleno - Rel. Min. Marco Aurlio Julgamento: 23/02/2006 Publicao: DJ 01/09/2006) Lavagem de dinheiro: L. 9.613/98: caracterizao. O depsito de cheques de terceiro recebidos pelo agente, como produto de concusso, em contas-correntes de pessoas jurdicas, s quais contava ele ter acesso, basta a caracterizar a figura de "lavagem de capitais" mediante ocultao da origem, da localizao e da propriedade dos valores respectivos (L. 9.613, art. 1, caput): o tipo no reclama nem xito definitivo da ocultao, visado pelo agente, nem o vulto e a complexidade dos exemplos de requintada "engenharia financeira" transnacional, com os quais se ocupa a literatura. (STF 1 Turma - RHC 80.816/SP Rel. Min. Seplveda Pertence Julgamento: 18/06/2001 Publicao: DJ 18/06/2001) 'HABEAS CORPUS'. TRANCAMENTO DA AO PENAL. ARTIGOS 1, INCISO I; PAR. 1, INCISOS I E II, E PAR. 2. INCISO I, TODOS DA LEI N 9.613/98. PRINCPIO DA RESERVA LEGAL. OFENSA. INEXISTNCIA. ATIVIDADE CRIMINOSA. PERMANNCIA. PROVA DAS ALEGAES . DEMONSTRAO DE PLANO. LITISPENDNCIA. INOCORRNCIA. ARTIGO 2, INCISO II DA LEI N 9.613/98. ORDEM DENEGADA. I- SE OS CRIMES IMPUTADOS AO PACIENTE NA DENNCIA, EXPRESSOS NOS ARTIGOS 1, INCISO I; PAR. 1, INCISOS I E II, E PAR. 2, INCISO I, TODOS DA LEI N 9.613/98, ESTO DEFINIDOS EM LEI ANTERIOR, NO H QUE SE FALAR EM OFENSA AO PRINCPIO DA RESERVA LEGAL, MORMENTE SE AS RESPECTIVAS CONDUTAS SUBSUMEM-SE NA MOLDURA DESCRITA NA LEI. II- OS TIPOS PENAIS ELENCADOS NA LEI N 9.613/98, EXPRESSOS NA OCULTAO E DISSIMULAO, CUJAS AES PODEM PROTRAIR-SE NO TEMPO E PERPETUAR A PERICLITAO DO BEM JURDICO PRECIPUAMENTE PROTEGIDO, CARACTERIZAM HIPTESES DE CRIMES PERMANENTES. III- TRATANDO-SE DE IMPUTAO DESSE JAEZ, QUE TEVE INCIO ANTES DO ADVENTO DA ELIN 9.613/98, MAS QUE SE PROLONGOU MUITO APS A ENTRADA EM VIGOR DA NORMA INCRIMINADORA, NO H QUE SE FALAR EM OFENSA AOS PRINCPIOS DA RESERVA LEGAL E DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL, POSTO QUE A OFENSA AO BEM JURDICO RESTOU PROTRADA NO TEMPO. IV- EM SE TRATANDO DE 'HABEAS CORPUS', A PROVA DAS ALEGAES DEVE ESTAR DEMONSTRADA DE PLANO, POIS, DE OUTRA FORMA, IMPOSSIBILITADA EST A PRPRIA AFERIO DAS QUESTES SUSCITADAS. V- NO H LITISPENDNCIA ENTRE AES PENAIS, CUJO PEDIDO E CAUSA DE PEDIR SO DISTINTOS. VI- A ABSOLVIO DO PACIENTE PELO CRIME ANTERIOR AO DE LAVAGEM DE DINHEIRO, EM NADA ALTERA A RELAO JURDICO-PROCESSUAL DO CRIME EM TESTILHA, DE ACORDO COM O QUE DISPE.

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VII- ORDEM DE HABEAS CORPUS DENEGADA. (TRF 3 Regio 5 Turma Relatora Juza Suzana Camargo - HC 1999.03.00.016717-9/MS Deciso: 15/02/2000 Publicao: DJU 18/04/2000 p. 781) CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTRIA. LAVAGEM DE CAPITAIS. INPCIA DA DENNCIA. AUSNCIA DE INQURITO POLICIAL. PRINCPIO DA CONSUNO. INOCORRNCIA DE CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE. ARGIO DE INCOMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL AFASTADA. Da leitura da inicial acusatria no se pode concluir que possua algum vcio capaz de conduzila inpcia, porquanto embora seja extensa, discorre de forma minudente acerca dos fatos delituosos imputados ao paciente e aos co-rus, eventos que, pela sua complexidade, requerem descrio detalhada e, por conseguinte, alongada. A "trama criminosa" envolvendo o paciente encontra-se delineada de modo exaustivo, o que esvazia a alegao de inpcia da denncia, descrevendo fatos que se amoldam s figuras penais nela elencadas, merecendo ser rechaada de todo a tese defensiva nesse aspecto. Preservadas, pois, as garantias individuais da ampla defesa e do contraditrio, tendo em vista que propiciou a apreenso de seu contedo, atendendo s exigncias contidas no art. 41 do Cdigo de Processo Penal. A invocada causao de prejuzo ao paciente em decorrncia da falta de inqurito policial prvio tambm no merece prosperar, pois no se cuida de pea obrigatria, mas instrumento para a formao da opinio delicti por parte do Ministrio Pblico - pea informativa -, o qual, como se v, dispensou a realizao de investigaes para a apurao dos fatos, uma vez que j detinha elementos suficientes para a instaurao da ao penal contra o paciente e os demais co-rus, quais sejam: prova inequvoca acerca da materialidade e indcios suficientes da autoria. Quanto absoro do crime de lavagem de capitais pelo delito de sonegao fiscal, em decorrncia do princpio lex consumes derogat legi consumptae, no prospera igualmente a impetrao que ao discorrer acerca do princpio da consuno diz que ocorre a absoro de um crime (meio) por outro (fim) quando aquele for meio necessrio para a consecuo deste. primeira vista, no se pode dizer que a ocultao e dissimulao da natureza e origem do numerrio objeto da evaso fiscal seja meio necessrio para a realizao do delito contra a ordem tributria imputado ao paciente, uma vez que a via estreita do habeas corpus no a apropriada para se conferir nova definio jurdica ao fato delituoso imputado, providncia que incumbe ao Juiz da causa principal, consoante o disposto no art. 383 do Cdigo de Processo Penal. No socorre ao paciente a alegada ocorrncia de causa extintiva da punibilidade no que diz respeito ao crime de sonegao de tributo federal (Imposto de Renda), uma vez que, segundo informa a autoridade impetrada, inocorreu parcelamento ou pagamento de dbito antes do recebimento da denncia, o que afasta, a incidncia do art. 34 da Lei n 9.249/95. Incabvel a argio de incompetncia da Justia Federal para o processamento e julgamento dos fatos denunciados, uma vez que existe crime federal conexo com os crimes de lavagem de capitais, peculato e formao de quadrilha, permanecendo intacta a competncia da Justia Federal, absoluta - com base constitucional -, pois ratione materiae, nos termos do art. 109, incs. IV e VI, da Constituio Federal, e Smula n 122 do Superior Tribunal de Justia. (TRF 4 Regio 2 Turma Rel. Vilson Dars - HC 2001.04.01.005080-6/PR Deciso: 22/03/2001 Publicao: DJU 06/06/2001 p. 1256).

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PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DE INQURITO POLICIAL. FALTA DE JUSTA CAUSA. ATIPICIDADE DA CONDUTA CORRESPONDENTE AO DELITO DE "LAVAGEM DE DINHEIRO". FALTA DE COMPROVAO, NA ATUAL FASE DE INVESTIGAO PRELIMINAR, PELA PRTICA DE UM DOS DELITOS PRVIOS RELACIONADOS NA LEI 9.613/98. DESNECESSIDADE, PARA O EFEITO DE INTEGRAO DA CONDUTA TPICA QUE CONSTITUI O DELITO ACESSRIO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NO DEMONSTRADO. - O trancamento do inqurito policial, pela via estreita do hbeas corpus somente possvel quando, pela mera exposio dos fatos investigados, constata-se que h imputao de fato penalmente atpico, inexistncia de qualquer elemento indicirio demonstrativo da autoria do delito ou extinta a punibilidade. - A alegao de ausncia de justa causa para o prosseguimento do inqurito policial s pode ser reconhecida quando, sem a necessidade de exame aprofundado e valorativo dos fatos, indcios e provas, restar inequivocamente demonstrada, pela impetrao, a atipicidade flagrante do fato, a ausncia de indcios a fundamentarem a investigao, ou, ainda, a extino da punibilidade. - No h que se falar em manifesta ausncia de tipicidade da conduta correspondente ao crime de "lavagem de dinheiro", ao argumento de que no foi devidamente comprovado, na atual fase da investigao preliminar, a prtica de algum dos crimes anteriores arrolados no elenco taxativo do artigo 1, da Lei 9.613/98, sendo inexigvel que o autor do crime acessrio tenha concorrido para a prtica do crime principal, desde que tenha conhecimento quanto origem criminosa dos bens ou valores. - Impedir a possibilidade do Estado -Administrao demonstrar a responsabilidade penal do acusado implica em cercear o direito-dever do poder pblico em apurar a verdade sobre os fatos. Ordem denegada. (STJ 6 Turma HC 44.339/SP Rel. Min. Paulo Medina Julgamento: 06/10/2005 Publicao: DJ 21/11/2005 p. 309). HABEAS CORPUS. "LAVAGEM DE DINHEIRO" E CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. CONEXO. ENUNCIADO 122 DA SMULA DO STJ. 1. Determina o artigo 109, inciso VI, da Constituio Federal que os crimes contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira sero da competncia da Justia Federal; 2. Esta Corte Superior entende que compete Justia Federal processar e julgar os crimes conexos de competncia federal e estadual, no se aplicando, em tais hipteses, a regra do art. 78, II, "a", do Cdigo de Processo Penal (enunciado 122 da Smula do STJ); 3. Na medida em que a denncia oferecida apresenta indcios suficientes do envolvimento do paciente com operaes de cmbio no autorizadas, realizadas com o propsito de evaso de divisas ou a ocultao de informaes relativas movimentao de valores dos rgos estatais fazendrios, cuja origem se localizaria no comrcio de ilcito de substncias entorpecentes, dvidas no h, ainda que nesta estreita sede cognitiva, quanto ao liame entre os delitos praticados, adequando-se o presente writ quela hiptese de competncia da Justia Federal; 4. Ordem concedida para anular o feito, desde o recebimento da denncia, determinando seu encaminhamento Vara Criminal Federal competente, destacando a necessidade de repetio somente daqueles atos de cunho decisrio. (STJ 6 Turma HC 43.575/RO Rel. Min. Hlio Quaglia Barbosa Julgamento: 17/11/2005 Publicao: DJ 05/12/2005 p. 383)

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Questes 1. Quanto ao crime de lavagem de dinheiro (22 Concurso para provimento de cargos de Procurador da Repblica): a) h atenuante em merc do autor, do co-autor ou do partcipe que colabora com as autoridades espontaneamente, auxiliando na apurao das infraes e das respectivas autorias ou na localizao dos bens, direitos ou valores objeto do crime; b) resta configurado quando os bens, direitos ou valores os quais o agente ocultou e utilizou, posteriormente, em atividade econmica lcita so provenientes de furtos praticados de modo habitual; c) acessrio, podendo, contudo, ser cometido por quem no perpetrou o delito principal antecedente. d) o agente definitivamente condenado por sua prtica no poder exercer cargo ou funo pblica de qualquer natureza, perdurando este efeito automtico da condenao pelo tempo da pena privativa de liberdade aplicada. 2. A Lei n. 9.613/98 (21 Concurso para provimento de cargos de Procurador da Repblica): a) faz depender os atos de cooperao internacional da existncia de tratado internacional; b) no prev aumento de pena quando o crime antecedente for praticado por particular contra a administrao pblica estrangeira, mesmo se praticado de forma habitual ou por intermdio de organizao criminosa; c) na doutrina dominante, protege sobretudo a administrao da justia; d) sanciona penalmente as pessoas fsicas que deixarem de comunicar COAF operaes ou transaes suspeitas de lavagem de dinheiro. 3. A Lei n. 9.613/98 prev a interdio de exerccio de funo pblica, como medida a ser aplicada pelo juiz, ao reconhecer procedncia de denncia por crime de lavagem de dinheiro o ocultao de bens, direitos ou valores (X Concurso Pblico para Provimento de Cargos de Juiz Federal Substituto da 4 Regio). a) a lei apontada prev essa interdio como pena acessria, com durao igual ao dobro do tempo da pena privativa de liberdade imposta. b) a lei apontada prev essa interdio como efeito da sentena condenatria, com durao igual ao dobro do tempo da pena privativa de liberdade imposta. c) a lei referida estabelece a medida de interdio como pena acessria pelo prazo correspondente ao da pena imposta, ainda que o sentenciado obtenha progresso para o regime aberto ou livramento condicional. d) a lei referida no estabelece a medida de interdio para dirigentes e gestores de pessoas jurdicas privadas. 4. Assinale certo ou errado (XIII Concurso Pblico para provimento de cargos de Juiz Federal Substituto da 3 Regio): a) ( ) O crime do artigo 1 da Lei n. 9.613/98 (lavagem de ativos provenientes de crimes) delito acessrio de outros crimes, sendo irrelevante que a apenao que esses ltimos no tenham sido objeto de processo e mesmo que sejam desconhecidos seus autores; b) ( ) O crime do artigo 1 da Lei n. 9.613/98 (lavagem de ativos provenientes de crimes) delito acessrio de outros crimes de modo que a autoria ou concurso de agentes deve excluir os autores ou partcipes das infraes antecedentes, em relao s quais a nova conduta mero exaurimento.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro Prof.: Renato Brasileiro Data: 06/02/07

GABARITO: 1. C 2. B 3. B 4. a certo E b - errado

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POLICIA FEDERAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Crimes Hediondos e Lei de Drogas Prof.: Rogrio Sanches Data: 13/02/07

1. Crime Hediondo. H trs sistemas: 1) Sistema legal. Adotado pelo Brasil. 2) Sistema Judicial. 3) Sistema misto. 1.1 Latrocnio. Fator tempo (durante o assalto) + Fator nexo = Latrocnio. Obs: A hediondez est no evento morte ou se ela no ocorreu por circunstancias alheias a vontade do agente. A competncia para processar e julgar crimes de latrocnio do juiz singular e no do Tribunal do Jri. Smula 603 STF. 1.2 Estupro e Atentado violento ao pudor. Segundo o STF hediondo toda e qualquer forma de estupro e de atentado violento ao pudor, seja com violncia real ou presumida. 1.3 Homicdio. O homicdio qualificado hediondo e o homicdio simples o ser quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio. o chamado homicdio condicionado. possvel homicdio qualificado privilegiado ser hediondo? R: Para o STF no possvel. 2. Conseqncias para agente que pratica crime hediondo. a) Anistia e graa. Sendo para tortura tambm permitido o indulto, que pela posio do STF no se estende aos demais. b) Fiana e liberdade provisria. Obs.: STF permite relaxamento em crime hediondo e no permite liberdade provisria. O STF entende inconstitucional o cumprimento de pena em regime integralmente fechado. Ateno essa matria esta sendo matria de smula vinculada que logo entrar em vigor! Priso temporria: prazo de 30 dias prorrogveis por mais 30. Permite-se o livramento condicional se preenchidos os requisitos necessrios. Caso em que ser direito subjetivo do ru. 3. Lei de drogas Lei 11.343. Sujeito ativo: salvo o crime do artigo 38, os demais so crimes comuns, podendo portanto serem praticados por qualquer pessoa. Sujeito passivo: sade pblica, a coletividade. Tipo subjetivo: salvo o crime do artigo 38, os demais so dolosos.-1

POLICIA FEDERAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Crimes Hediondos e Lei de Drogas Prof.: Rogrio Sanches Data: 13/02/07

A Conduta e a Consumao e tentativa variam de tipo para tipo. 3.1. Trfico. -Previsto no artigo 33 o trfico pode configurar: a) Trfico; b) Trfico de menor potencial ofensivo. O crime consuma-se com a prtica de um dos ncleos, no sendo necessrio que o trafico gere lucro. - Artigo 33, pargrafo 1, I: pune a comercializao de matria-prima, produtos qumicos e insumos destinados a preparao da droga. - Plantao de drogas: a) Trfico do artigo 33, pargrafo 1, II; b) Conduta equiparada ao uso, artigo 28 pargrafo 1. - Aquele que empresta imvel para uso: vide quadro comparativo entre artigo 12, pargrafo. 2, II da lei anterior X artigo 33, pargrafo. 2 da nova lei no material de apoio do professor. - O artigo 33 pargrafo. 4 veda pena restritiva a todos os sujeitos, inclusive ao traficante privilegiado. - Artigo 34: comercializar maquinrio para produzir drogas. crime subsidirio. - Artigo 35: duas ou mais pessoas que se unem para fins de praticar crime de trfico. Para haver esse crime a associao deve ser estvel e permanente. Ateno: esse crime consuma-se com a mera associao. - Financiamento do trfico, artigo 36: indispensvel a relevncia do sustento. - Colaborador, informante, artigo 37. - Artigo 38, j era previsto no artigo 15 de lei antiga. Trata-se da nica hiptese de crime prprio. Consuma-se com a mera aplicao, entrega da receita, sem prejuzo da sade do paciente. No preciso atingir o paciente basta ministrar ou prescrever. Obs: crime culposo e portando no admite tentativa. Bibliografia: FRANCO, Alberto Silva. Crimes Hediondos. Editora RT. 5 edio. So Paulo, SP. GOMES, Luis Flvio, BIANCHINI, Alice, CUNHA, Rogrio Sanches, OLIVEIRA, William Terra. Nova lei de Drogas Comentada. Editora RT. 1 edio. So Paulo, SP.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Lei de Drogas e Lei de Tortura Prof.: Rogrio Sanches Data: 13/03/07

Material de Apoio 1.Lei de drogas (continuao). Art. 38: prescrio culposa de droga, o nico crime culposo dessa lei. Art. 39: novatio legis 1.1 Causas de aumento de pena: Art. 40 da lei 11.343/06 e art. 18 da antiga lei. Vide quadro comparativo disponibilizado pelo professor. 1.2 Lei 8072/90 ( no que diz respeito ao trfico) X Lei 11.343/06. Lei 8072/90 vedava: a) b) c) d) Liberdade provisria; Fiana; Anistia, graa e indulto; Progresso de regime.

Lei 11343/06 vedou: a) b) c) d) e) Liberdade provisria; Fiana; Anistia, graa e indulto; sursi; Rest. De direitos.

Ateno! A nova lei no veda a progresso de regime. 2. Lei de Tortura. Art. 1, I: crime comum. Art. 1, II: crime prprio. Art. 1, 1: crime comum do ponto de vista do sujeito ativo e prprio do ponto de vista do sujeito passivo. Esse crime no exige finalidade especfica como os demais do art. 1. Art. 1, 2, abrange: a) Omisso imprpria; b) Omisso prpria. Art. 1, 3: qualificadoras. a) Quando a tortura resulta em morte ou; b) Leso corporal grave. Art. 1, 4: causas de aumento. a) Cometido por agente pblico; b) Contra criana, adolescente, gestante, pessoa portadora de deficincia, maior de 60 anos ( a lei no diz idoso).

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: Lei de Drogas e Lei de Tortura Prof.: Rogrio Sanches Data: 13/03/07

c) Crime praticado mediante seqestro. Seqestro aqui em sentido amplo. Art. 1, 5: efeito da condenao ao agente pblico. Art. 1, 6: para o STF o beneficio do indulto s cabe a tortura. Art. 1, 7: STF hoje entende que a proibio a progresso de regime inconstitucional. Art. 2: hiptese de extraterritorialidade. Art. 3: revoga o artigo 233 do ECA no que diz respeito a tortura. Referncia bibliogrfica: CAPEZ, Fernando. Legislao Penal Especial. Editora Saraiva. GOMES, Luis Flvio, BIANCHINI, Alice, CUNHA, Rogrio Sanches, OLIVEIRA, William Terra. Nova Lei de Drogas Comentada. Editora RT. 1 edio. So Paulo, SP.

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Juizados Especiais Prof.: Luis Flvio Gomes Data: 20/03/07

Material de Apoio 1. Juizados Especiais Criminais. Lei 9009/95, Lei 10.259/01, EC-22/99, Art. 98 da CF. Somente lei federal cria Jecrim. Os juizados significam um novo modelo de justia no Brasil, a Justia consensual. 1.1 Finalidade da lei: a) Evitar pena de priso; b) Compor os danos em favor da vtima. 1.2 Medidas despenalizadoras da Lei 9099/95: Ateno:Descriminar retirar o fato do Direito Penal, essa lei no descriminalizou ela despenalizou, isto , evitou ou dificultou pena de priso. a) Transao penal; b) Extino de punibilidade quando h composio civil na ao privada ou condicionada representao; c) Suspenso condicional do processo; d) Exigncia de representao da vitima nas leses leves e culposas. 1.3 mbito de aplicao do Jecrim: a) Juizados Criminais; b) Juzes comuns, onde no criado os Juizados; c) Justia Militar no aplica o Jecrim; d) Justia Federal; e) Justia eleitoral; f) Proc. De competncia originaria; g) Violncia domestica (lei 11.340/06) no aplica o Jecrim. 1.4 Competncia do Jecrim: a) Conciliao; b) Processo; c) Julgamento; d) Execuo. Quem preside o Jecrim? R: O juiz togado, onde h Jecrim e o juiz criminal onde no h Jecrim. Crimes conexos, por exemplo, roubo e leso leve, o processo correr na vara comum. Nesta vara comum o juiz aplicar os institutos do Juizado. Julga crimes com pena de at 2 anos e as contravenes penais. Obs.: Aplica-se o Jecrim a todos os crimes de trnsito excludo o crime de homicdio. Obs.: Juizado e o Estatuto do idoso Crimes com at 4 anos (no estatuto) segue o rito sumarssimo, cf art. 94 e as infraes de menor potencial ofensivo. 1.5 Princpios:

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Juizados Especiais Prof.: Luis Flvio Gomes Data: 20/03/07

a) Oralidade; b) Informalidade; c) Simplicidade; d) Economia processual. 1.6 Foro competente: O local da infrao. Questo: 1- Se o Jri desclassificar tentativa de homicdio para leso simples remete-se tudo para o Juizado porque a competncia constitucional, OU 2- Lei 11.313/06: o juiz presidente do jri julga a leso? R: a jurisprudncia entende que, desclassificado o crime para leso corporal, o juiz deve intimar a vitima para representar (prazo de seis meses para representar). No existe citao por edital, se o agente no for encontrado encaminha-se o processo para a Vara comum e ento se procede a citao por edital. Causa complexa: desloca a competncia para a vara comum. 2. Procedimento. 2.1 Fase preliminar. O princpio da discricionariedade regrada que rege a fase preliminar. a) O MP desde que preenchidos os requisitos legais tem de oferecer a proposta de acordo, o ato do MP vinculado. b) No h IP, mas sim Termo Circunstanciado de ocorrncia (TCO). c) No existe priso em flagrante. Salvo se o autor do fato se recusar a comparecer no Jecrim. Nada impede, porm, que lhe seja aplicado os institutos da fiana, do direito de livrar-se solto, etc. Ateno: H ADIN tramitando, todavia houve pedido de liminar para que a Policia Militar possa lavrar TC, logo por ora a PM pode faze-lo. 2.1.1 Audincia preliminar: a) Presentes: autor do fato, vtima, advogados, MP, responsvel civil. Ateno, pode haver conciliador que presida a fase preliminar. b) Objetivo: acordo tanto no mbito civil quando no mbito penal.

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Juizados Especiais Prof.: Luis Flvio Gomes Data: 20/03/07

Ateno: Feita a composio civil extingue-se a punibilidade? R: Na ao privada e na ao pblica condicionada sim. A composio civil no extingue a punibilidade na ao pblica incondicionada, havendo ainda a possibilidade de transao penal. 2.1.2 Transao penal: Quem prope? R: MP, querelante Recusa da proposta: a) Recusa do MP: se fundamentada inicia-se o rito sumarssimo, se desarrazoada o juiz aplica o 28 do CPP. b) Recusa do querelante: cabe ao interessado pedir a transao, podendo o juiz concede-la. Onde a vtima representa? Pela lgica da lei a representao deveria dar-se em juzo, mas a jurisprudncia admite na delegacia de policia. 2.1.2.1 Penas alternativas. Qual a natureza jurdica das penas alternativas? Para a jurisprudncia a natureza penal. Efeitos da pena alternativa: a) No gera reincidncia; b) No gera maus antecedentes; c) No vale para efeitos civis; d) Impede nova transao no prazo de cinco anos (para o usurio de droga possvel). Causas impeditivas da transao: a) Condenao anterior por crime b) Existncia de transao anterior no lapso de cinco anos. c) Antecedentes, personalidade, motivos e circunstancias do crime. Obs.: O juiz homologa a transao somente quando presentes os requisitos legais. Essa sentena homologatria apelvel pois pode ter ocorrido vcio de consentimento. O descumprimento da sentena homologatria: a) Jamais permitir priso (STF e STJ); b) STF e STJ afirmam que caber denuncia (embora a lei 9099/95 no d essa soluo). No havendo transao ou extino da punibilidade passamos para o rito sumarssimo. 2. Rito Sumarssimo. Inicia-se com uma pea acusatria que pode ser oferecida oralmente e reduzida a termo. O juiz, aps mais uma tentativa de acordo, cita o ru e designa audincia de instruo e julgamento. Nessa audincia obrigatria a presena de advogados.

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Juizados Especiais Prof.: Luis Flvio Gomes Data: 20/03/07

A sentena do juiz produzir todos os efeitos penais. Recursos: a apelao ser julgada por turmas recursais, compostas por trs juizes de primeira instancia. a) cabe apelao contra sentena homologatria; b) cabe apelao contra sentena final; c) cabe apelao contra rejeio da denuncia ou queixa; d) no cabem embargos infringentes contra as Turmas Recursais. e) no cabe recurso especial, pois esse s cabe contra deciso de tribunais e a turma recursal no um tribunal. f) HC contra o juiz dever ser impetrado nas Turmas Recursais. J contra estas ser competente o TJ ( e no mais para o STF). g) MS contra o juiz Turmas Recursais. Se contra as turmas TJ. h) cabe reviso criminal de sentena homologatria ou condenatria, e ser julgada pelo TJ. i) cabe embargos de declarao no prazo de 5 dias. j) apelao no Jecrim prazo de 10 dias. 3. Fase executiva. Pena de multa jamais sai dos juizados. Se o juiz fixou outras sanes, quem executa a vara das execues. Multa no paga no pode ser convertida em restritiva de direitos 4. Suspenso condicional do processo. instituto que depende da anuncia do ru(principio da autonomia da vontade). O processo fica suspenso de 2 a 4 anos. Suspenso o processo, no corre prescrio. O ru cumprir algumas condies: a) reparao de danos; b) proibio de freqentar lugares; c) proibio de ausentar-se da comarca; d) comparecimento mensal em juzo. Finalidade: desburocratizar a justia. Admitem a suspenso condicional do processo crimes cuja pena mnima no ultrapasse 1 ano. Para o STF a suspenso do processo no fere o principio da indisponibilidade da ao pblica.

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POLICIA ESTADUAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Juizados Especiais Prof.: Luis Flvio Gomes Data: 20/03/07

Cabe suspenso condicional do processo na ao privada? Sim.

Recusa: a) Injustificada do MP em oferecer a suspenso: art.28 CPP b) Injustificada do querelante: o ru pode pedir ao juiz que pode deferir ou no. Todavia dessa deciso o querelante pode recorrer. Ateno: No cabe suspenso condicional do processo na Justia militar e em caso de violncia contra a mulher. Causas impeditivas: a) Processo em andamento; b) Condenao anterior por crime (STF) impede a suspenso por cinco anos. c) Maus antecedentes, personalidade, conduta do agente. Bibliografia:

GOMES, Luiz Flavio; et al. Juizados Especiais Criminais - Comentrios Lei 9099 - 5 Edio 2005. Editora RT. So Paulo, SP.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao penal especial Tema: Tutela penal das relaes de consumo e Crimes contra o sistema financeiro Prof.: Adel El Tasse Data: 23/03/2007

MATERIAL DE APOIO 1. Tutela penal das relaes de consumo. 1.1 Idia geral. Interesses difusos: so aqueles que pertencem a determinado grupo, mas esse grupo no identificvel, da o atingimento difuso. Interesse coletivo: aquele que se consegue verificar o grupo de indivduos atingidos. Nos crimes contra as relaes de consumo fala-se em leso difusa, da a necessidade de uma proteo meta individual. 1.2 Particularidades do sujeito passivo. H um sujeito passivo principal e um sujeito passivo secundrio. Isto pois, h um bem jurdico principal e um bem jurdico secundrio. O bem jurdico principal as relaes de consumo, o direito penal deve garantir o normal funcionamento das relaes de consumo, ou seja coibir o abuso de poder econmico e o abuso do poder de propaganda. O bem jurdico secundrio aquele pertencente a um consumidor individualmente considerado. Sendo assim o bem jurdico secundrio integra a esfera do sujeito passivo secundrio. Desta forma temos que a leso ao bem jurdico principal de ocorrncia obrigatria para caracterizar o crime e a quebra do bem jurdico secundrio reflexa. 1.3 Objeto material do delito. a coisa ou pessoa sobre o qual recai a conduta delituosa. Nas relaes de consumo temos o chamado crime invisvel uma vez que no h contato com o sujeito passivo. 1.4 Discusses a cerca dos crimes nas relaes de consumo Num primeiro momento acreditou-se que esses delitos deveriam ser caracterizados como crime de perigo. Essa viso se obtinha observando apenas o bem jurdico secundrio. Todavia a doutrina repensou essa caracterstica tendo em vista a correta abordagem do bem jurdico, qual seja ao normal funcionamento das relaes de consumo e concluram majoritariamente que o bem jurdico em tele o principal e esse esta sendo atingido concretamente e no apenas sendo posto em perigo. Sendo assim a conduta delituosa atinge sempre o bem jurdico principal e pode vir a atingir o bem jurdico secundrio. 1.5 Tipos especficos 1) Art. 63: um tipo omissivo que visa proteger a sade do consumidor em decorrncia da falta de informaes a respeito da periculosidade e nocividade de um produto ou servio.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao penal especial Tema: Tutela penal das relaes de consumo e Crimes contra o sistema financeiro Prof.: Adel El Tasse Data: 23/03/2007

2) Art.64 e 65: se o fornecedor vier a saber, posteriormente da nocividade e periculosidade de seu produto ou servio e no comunicar a autoridade competente. O tipo tambm serve aqueles que no obedecerem ordem da autoridade para retirar do mercado determinado produto ou no prestarem mais determinado servio. O pargrafo nico traz a hiptese de concurso penal na modalidade formal imprprio, quando as penas so somadas. 3) Art. 66: Trabalha-se nesse tipo o abuso de informao. Os dados observados no tipo devem ser organizados de forma cientifica, pois qualquer momento em que a autoridade os requisitem devem ser a ela apresentado de pronto. Pargrafo 1: trata-se de uma regra especial de concurso de agente pois independentemente do grau de interao do individuo com o autor ele ser punido com a mesma pena deste. 4) Art. 67: Aqui h duas figuras tpicas constantes nos ncleos: FAZER a propaganda (uma produtora de vdeo, por exemplo) OU PROMOVER publicidade enganosa ou abusiva. Obs.: propaganda enganosa, aquela que induz a erro e propaganda abusiva aquela em que h um excesso publicitrio que tira o pleno discernimento do consumidor. 5) Art. 68: a propaganda no pode induzir o consumidor a agir de forma prejudicial a sua sade, a sua segurana. Ex: h um refrigerante no mercado cuja propaganda o vincula a gua, sade. 6) Art. 69: deixar de organizar os dados tcnicos, fticos e cientficos que do embasamento a publicidade. crime, pois impede a fiscalizao, a verificao da publicidade. 7) Art. 70: neste tipo no h uma vedao ao uso de peas ou componentes usados, o que se probe que se faa isso sem o conhecimento do consumidor. 8) Art. 71: trata-se da cobrana vexatria ou abusiva. A condio de devedor no diminui seus direitos e no permite que seja exposto ao ridculo, interfira em seu trabalho ou mesmo em seu perodo de descanso ou lazer. 9) Art. 72: o consumidor tem de ter acesso a seus dados constantes em loja, empresa etc. O ncleo do tipo impedir ou criar empecilhos a esse acesso. 10) Art. 73: deixar de proceder a correo imediata de informaes que se tenha conhecimento serem inexatas ou que deveriam saber serem inexatas. 11) Art. 74: deixar de entregar o termo de garantia com as devidas informaes especificas. Ateno: no existe garantia oral! 2. Crimes contra o sistema financeiro. 2.1 Bem jurdico: nesse caso o sistema financeiro nacional que toda a credibilidade que se opera no sistema financeiro do pas. Instituio financeira, cf o artigo 1 da lei 7492/76, tanto as instituies publicas quanto as privadas (idia de amplitude).

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao penal especial Tema: Tutela penal das relaes de consumo e Crimes contra o sistema financeiro Prof.: Adel El Tasse Data: 23/03/2007

Obs: equipara-se a instituio financeira pessoa jurdica que capte, administre seguros, cambio, consorcio, capitao ou qualquer tipo de poupana ou recursos de terceiros. Obs2: a pessoa natural que exercer qualquer das atividades previstas no caput pode ser considerada instituio financeira. Art. 2: Esse um delito comum pois no precisa de condio especial, pode ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito passivo: o Estado + os investidores (que compraro um papel que no exprime um valor real). Art. 4: Gesto fraudulenta. P. nico: se a gesto temerria. H um debate quanto a constitucionalidade desse pargrafo nico. Isto porque ele infringiria o principio da legalidade uma vez que no descreve de forma exata a conduta, mas sim apenas a enuncia. Para entender melhor pense: o que significa se a gesto temerria? Esta questo esta sendo discutida no STF porem esse ainda no julgou a demanda. Bem jurdico principal tutelado: credibilidade do sistema financeiro nacional. Bem jurdico secundrio: higidez na gesto, patrimnio da prpria instituio e o patrimnio de t3. Sujeito ativo: cf. art. 25 da lei, os diretores e gerentes. Trata-se de crime prprio. Sujeito passivo: Estado+ mercado financeiro. Art.5: crime prprio s podendo ser praticado pelas pessoas elencadas no artigo 25. Momento consumativo: o momento em que passou a agir como se proprietrio fosse. Sujeito passivo: Estado + instituio financeira. Art.11: crime do caixa 2 Esse crime no pode ser praticado com a finalidade de sonegao pois se assim for ser absorvido pelo crime de sonegao, crime contra a ordem tributaria. Sujeito ativo: as pessoas do artigo 25. Sujeito passivo: Estado + aquele que era objetivo da leso (ex.: scio, se o objetivo da contabilidade paralela era engan-lo). Art. 19: nesse tipo o individuo obtm o financiamento mediante fraude. Sujeito passivo: a prpria instituio financeira + aquele que fazia jus ao beneficio + Estado. Art. 20: quando o financiamento foi obtido de forma licita porem houve desvio de finalidade. Esse desvio de finalidade do financiamento s se aplica s instituies publicas. Trata-se de lei penal em branco, pois preciso que lei diga qual q finalidade do financiamento.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao penal especial Tema: Tutela penal das relaes de consumo e Crimes contra o sistema financeiro Prof.: Adel El Tasse Data: 23/03/2007

Art. 22: evaso de divisas do pas (tambm as pedras preciosas so espcies de divisas) Ateno: esse crime admite delao premiada. Bibliografia: GUIMARES, Srgio Chastinet Duarte. Tutela Penal do Consumo - Abordagem dos Aspectos Penais do Cdigo de Defesa do Consumidor. Editora Revan. Cazetta, Ubiratan; Autores; Rocha, Joo Carlos de Carvalho; Henriques Filho, Tarcsio Humberto Parreiras. Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional - 20 Anos da Lei N.7.492/1986. Editora Del Rey. David, Fernando Lopes. Dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional. Editora Iglu

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POLICIA FEDERAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Estatuto do Desarmamento Prof.: Rogrio Sanches Data: 27/03/07

Material de Apoio 1. Estatuto do desarmamento, lei 10.826/03. Posse/ porte ilegal de arma: - At 1997 contravenes; - Com a lei 9437/97, crime em seu artigo 10. - Estatuto do desarmamento, atende a proporcionalidade colocando em artigos diferentes os comportamentos mais ou menos gravosos. 1.1 Competncia: justia estadual, salvo o trafico internacional do artigo 18 que de competncia da justia federal.

1.2 Tipos em espcie: 1) Art. 12: pune a POSSE ilegal de arma, munio ou acessrio de uso permitido. Obs.: indispensvel para a configurao do delito a capacidade de funcionamento desses materiais comprovada por percia. 2) Art. 13: omisso de cautela. Pune aquele que no tem cuidado na guarda da arma e deixa que esta chegue s mos de menor de 18 anos de idade ou deficiente mental (crime culposo). Ateno: 1-esse artigo no diferencia se a arma em tese de uso restrito ou de uso permitido. 2- trata-se de crime culposo de mera conduta, uma exceo regra dos crimes culposos.

3) Pargrafo nico do artigo 13: o sujeito que tem sua arma roubada, seja ela de uso restrito ou permitido, deve ter duas condutas nas prximas 24 horas, quais sejam registrar B.O. na policia civil e comunicar a policia federal.

4) Art. 14: pune o PORTE de arma, munio ou acessrios. Trata-se de crime plurinuclear e se o individuo praticar mais de um dos ncleos num mesmo contexto ftico o crime continua nico porem a pena ser majorada. Obs.: indispensvel para a configurao do delito a capacidade de funcionamento desses materiais comprovada por percia. 5) Art. 16= 12 +14. Nesse tipo s muda o objeto material que passa a ser arma, acessrio, munies de uso restrito. 6) Art. 16, pargrafo nico: traz as figuras equiparadas em seus incisos. Ateno: o pargrafo nico independente de seu artigo 16 nele englobam-se as armas de uso permitido e as de uso restrito. 7) Art. 17: pune o comercio ilegal de arma de fogo. Crime punido a titulo de dolo e no necessrio habitualidade. Consumao com a entrada ou sada da arma sem autorizao legal.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: LEGISLAO PENAL ESPECIAL Tema: Estatuto do Desarmamento Prof.: Rogrio Sanches Data: 27/03/07

comerciante

Vende arma no exerccio de atividade comercial art. 17 Vende arma fora do comrcio 14/16 Importa ou exporta

Pessoas qualquer

Vende arma art. 14 Importa / exporta art. 18

18

8) Art. 18: traz o comercio internacional de arma de fogo, munio ou acessrio. Competncia da justia federal. Antes do estatuto essa conduta era punida pelo art.318 ou 334 do CP (contrabando ou descaminho). 9) Art. 19: traz causas de aumento de pena. 10) Art. 20: nos artigos 14,15,16,17 e 18 aumento de metade se praticados por intermdio dos integrantes dos art. 6 , 7 e 8. 11) Art. 21: os crimes dos artigos 16,17 e 18 so insuscetveis de liberdade provisria. 12) Art. 30: para aqueles que tm arma de fogo sem registro foi dado 180 dias para regulariz-la ou entrega-la. Esse prazo foi prorrogado via medida provisria at o final de dezembro de 2005. 1.3 Concurso de crime: questes. 1) 121 cometido com arma da qual no tinha porte, por qual crime responde o agente? H 3 correntes sendo a que prevalece afirma que, o crime de perigo fica absorvido pelo crime de dano. Todavia para o MP/SP o agente responde pelos dois crimes. 2) O porte absorve a posse ilegal? 3) Disparo + 121, responde como? Homicdio absorve o artigo 15 pois o crime de dano absorve o crime de perigo.

Bibliografia: CAPEZ, Fernando. Estatuto do Desarmamento - Comentrios Lei N. 10.826, de 22-122003 - 4 Edio 2006.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: LEP Prof.: Rogrio Sanches Data: 10/04/2007

Material de Apoio 1. Lei de execuo especial- Lei 7210/84 (lembrar das Lei 11.464/07 e Lei 11466/07): 1.1 Finalidade da execuo: art. 1 a) proporcionar meios para que a sentena seja integralmente cumprida. b) reintegrao do sentenciado. 1.2 Princpios norteadores da execuo penal: a) Princpio da legalidade; b) Principio da igualdade; c) Principio da personalizao ou da individualizao da pena; d) Principio da jurisdicionalidade; e) Principio reeducativo; f) Principio do devido processo legal; g) Principio da humanizao das penas. 1.3 Competncia: a competncia do juiz da execuo penal se d com o transito em julgado da condenao. 1.4 Local da execuo: a) Pena privativa de liberdade: o local onde o individuo est preso. b) Pena restritiva de direito: ser o juiz do local do domicilio do reeducando. c) Pena multa: STF, STJ no juzo da fazenda publica. d) Foro por prerrogativa de funo: local ser o do Tribunal que o processou e julgou. 2. Direitos e deveres do preso (tambm serve aquele que cumpre medida de segurana): art. 38 a 43 da LEP. 3. Sano disciplinar. A falta disciplinar se subdivide em: a) Falta leve; b) Falta mdia; c) Falta grave: art. 50. 4. Espcies de sanes disciplinares: 4.1 RDD caractersticas: artigo 52 da LEP. 4.2 Hipteses de cabimento do RDD: art.52 caput, art.52 parg. 1, art.52 parg.2. 4.3 Quem aplica o RDD? Apenas o juiz, cf art. 57. 5. Execues das penas privativas de liberdade: 3 sistemas: a) Sistema Filadlfia; b) Sistema auburn ou auburniano; c) Sistema ingls ou progressivo: o adotado pelo Brasil.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: LEP Prof.: Rogrio Sanches Data: 10/04/2007

6. Progresso de regime: A lei 11.464/07 aboliu toda e qualquer norma que vedasse progresso. 6.1 Progresso do regime fechado para o semi-aberto: Requisitos: a) cumprir 1/6 da pena (se hediondo ou equiparado cumprir 2/5 da pena se primrio e 3/5 da pena se reincidente). b) bom comportamento carcerrio. c) Exame criminolgico: STF decidiu que ele existe embora passe a ser requisito facultativo. d) Sumula 716 STF permite a execuo provisria nesse caso. e) Crimes praticados contra a administrao pblica o requisito do art. 33 parg. 4 do CP. 6.2 progresso do regime semi-aberto para o aberto: requisitos so art. 112+ art. 113/114/115. 7. Priso domiciliar: Art. 117 da LEP traz rol taxativo das hipteses, qual seja: a) condenado maior de 70 anos; b) condenado acometido de doena grave; c) condenada (o) com filho menor ou deficiente fsico ou mental que precise dela (e). d) Condenada gestante.

Bibliografia: SANCHES, Rogrio, e outros autores. Leituras complementares de execuo penal. Editora Juspodium Mirabete, Julio Fabbrini. Execuo penal, 11 edio. Editora ATLAS.

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POLICIA FEDERAL Disciplina: Legislao Penal Especial Tema: ECA Prof.: Luciano Alves Data: 17.04.07

Material de Apoio 1. Aspectos gerais. Documentos internacionais inspiradores do ECA: Diretrizes de Riad diretrizes para preveno da delinqncia Regras de Beijing regras mnimas para a administrao da justia da infncia e juventude Regras de Tquio regras mnimas para os jovens privados de liberdade Conveno de Direitos da Criana da ONU (1989) doutrina da proteo integral

O ECA representou uma profunda mudana de paradigma em relao ao antigo Cdigo de Menores. Principais diferenas: Cdigo de Irregular): Menores (Doutrina da Situao ECA (Doutrina da proteo integral): Crianas e adolescentes so sujeitos de direito Crianas e adolescentes no esto em situao irregular, mas sim as instituies (famlia, comunidade, Estado) Fundada na descentralizao, por isso devem ser ouvidas Conflitos relativos ausncia de recursos foram desjudicializados Crianas e adolescentes so pessoas completas (com a particularidade de que esto em desenvolvimento), por isso devem ser ouvidas. (art. 6, ECA) Juiz limitado por um sistema de garantias

Crianas e adolescentes tidos como incapazes, objetos de proteo Centralizao do atendimento Amplo poder discricionrio do juiz irrelevante Opinio da criana irrelevante s crianas no se observam garantias

1.1 Sistema de garantias: O art. 228, CF, traz a garantia da inimputabilidade, da qual surgem trs decorrncias: a) Lei Especial ECA Criana Medida Protetiva Adolescente Medida scio-educativa b) Justia Especial Regras de competncia (art. 148, ECA) Exclusiva (148, ECA) Concorrente (situaes de risco) 148 e 98 do ECA c) Processo Especial Tutela Jurisdicional diferenciada, atravs da Ao scio-educativa, cuja finalidade a Apurao do Ato infracional e aplicao de Medidas scio-educativas ou Medidas Protetivas. 2. Medidas scio-educativas: O art. 112, que estabelece as Medidas Scio-Educativas vm em rol taxativo. Conceito: Resposta estatal dotada de coercitividade dirigida em face de um adolescente, autor de um ato infracional. Tem as Medidas scio-educativas natureza sancionatria, seu objetivo a inibio da reincidncia atravs da educao do infrator. 2.1 Espcies de medidas protetivas: arts. 115 a 121 ECA Advertncia

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Obrigao de reparar o dano Prestao de servios comunidade Liberdade Assistida Semi-liberdade Internao

2.2 Internao: Conceito e principais caractersticas; Consiste na privao da liberdade, sujeita aos princpios da brevidade, excepcionalidade e respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvimento (art.121, caput, ECA). A imposio dessas medidas, a exceo da advertncia, pressupe a existncia de proas suficientes da autoria e da materialidade da infrao. (art.114) Requisitos: Artigo 121 ECA I - Ato Infracional com grave ameaa ou violncia a pessoa. II reiterao no cometimento de outras infraes graves (para alguns igual a reincidncia, para outros dever haver 3 condutas (STJ)). O 3 deste artigo diz que em nenhuma hiptese o perodo mximo de internao ser superior a 3 anos. A hiptese do inciso III Descumprimento reiterado e injustificvel da medida anteriormente imposta trata da internao com prazo determinado. Est no poder ser superior a trs meses (art. 122 1 e ainda a smula 265 do STJ que diz que para a regresso da medida scio-educativa se faz necessria a oitiva do menor infrator). Entre os principais direitos do Adolescente esto o direito de avistar-se reservadamente com o defensor e o de receber visitas ao menos separadamente. (art. 124) Em nenhum caso haver incomunicabilidade na internao, podendo, no entanto haver a suspenso temporria de visitas. 3. Procedimento de apurao do Ato Infracional: Legislao aplicvel: Aos procedimentos regulados no ECA aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislao processual pertinente. Direitos individuais A privao de liberdade necessariamente deve ser por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciria competente ou em flagrante. Da apreenso deve haver a comunicao incontinenti autoridade judicial e sua famlia. O adolescente civilmente identificado no ser submetido identificao compulsria, salvo para efeito de confrontao, havendo dvida fundada. Garantias Processuais O art. 110 diz que nenhum adolescente ser privado de sua liberdade sem o Devido Processo Legal e como corolrio deste, sem o contraditrio e a ampla defesa. Art.111 e traz garantias mnimas em rol exemplificativo, como em seu inciso III que prev a defesa tcnica por advogado. Direito de petio ex: HC O art. 143 do ECA probe a divulgao de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianas e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. 4. Fases do Procedimento: Fase pr-processual A legitimidade para a ao scio-educativa exclusiva do Ministrio Pblico. A vtima tem a possibilidade de servir como assistente da acusao. A apreenso pressupe ordem escrita procedimento em curso Flagrante

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Formalidades: art. 173 Lavratura do auto de apreenso, salvo casos que no de violncia ou grave ameaa (B.O. circunstanciado), apreenso do produto da infrao e requisitar os exames e percias. a) liberao para pais ou responsveis b) No liberao pela gravidade do delito e sua repercusso social. Deve o adolescente permanecer para garantia de sua segurana pessoal ou manuteno ordem pblica e neste caso ento a autoridade policial o encaminha ao MP imediatamente. No sendo possvel, ento, encaminha-se o adolescente a uma entidade de atendimento para que essa o apresente ao MP em 24 horas e quando na localidade no houver essa entidade, ele ficar custodiado em separado dos maiores de idade, pela autoridade policial que deve apresent-lo ao MP em 24horas. Expediente: O art.179 determina ao MP a oitiva informal obrigatria do adolescente. O art.180 prev ento trs possibilidades: Arquivamento Remisso Representao Arquivamento Ou porque no se trata de Ato Infracional ou no o adolescente seu autor. Pode ento o juiz arquivar ou se no concordar remeter autos ao PGJ (Procurador Geral de Justia) semelhana do art.28 do CPP Remisso: (arts. 126 a 128 ECA) duas possibilidades: a) Ministerial excluso do processo. Aqui no haver o processo de conhecimento e est essa remisso sujeita a homologao judicial. E se o juiz no concordar repete-se o procedimento acima descrito, com a remessa dos autos ao PGJ). b) Judicial: suspenso ou extino Suspenso do processo outras medidas, similar a lei 9099/95. Extino do processo com medidas scio-educativas (exceto internao ou semi-internao) ou Advertncia Com o cumprimento haver extino do processo e O no cumprimento determina a retomada do curso do processo A remisso pode ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentena (art. 1890). Caracterstica Bsica: A remisso no importa em antecedentes criminais e no importa em reconhecimento da prtica do Ato infracional. 5. Fase Processual: Representao: a petio inicial da Ao Scio-educativa Essa representao ser oferecida por petio de forma escrita ou oral, que conter o breve resumo dos fatos e a classificao do ato infracional e, quando necessrio, o rol de testemunhas. A representao independe de provas pr-constitudas da autoria e materialidade. Oferecida a representao, a autoridade designar audincia de apresentao, decidindo, desde logo, sobre a decretao ou manuteno da internao, que ter prazo mximo de durao de 45 dias e dever ser fundamentada e baseada em indcios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada sua necessidade imperiosa (arts. 184, 108, caput e pargrafo nico). O adolescente ser citado e seus pais ou responsvel sero notificados a comparecer a audincia, acompanhados de advogado. Audincia de apresentao A audincia de apresentao o interrogatrio do adolescente. Se citado o adolescente e este no comparecer de forma injustificada, o juiz marcar nova data e determinar a sua conduo coercitiva nova (art.187). Se no tiver sido encontrado, o juiz determinar a busca e apreenso com o sobrestamento do feito

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at a efetiva apresentao (art.184 3). Nesta audincia o juiz proceder oitiva do adolescente e seus pais ou responsvel e pode conceder remisso judicial, ouvido o MP. Negando o adolescente a autoria do ato infracional, o juiz marcar audincia de Continuao. Audincia de Continuao Nesta audincia so ouvidas as testemunhas arroladas na representao e na defesa prvia, cumpridas as diligncias e juntado o relatrio da equipe interprofissional. Ser ento dada palavra ao Ministrio Pblico e ao defensor, sucessivamente pelo tempo de 20 minutos para cada um, prorrogvel por mais 10, a critrio da autoridade judicial, que em seguida proferir deciso (art. 186 4). Sentena: no ser aplicada qualquer medida adolescente, desde que se reconhea na sentena (art. 189); Estar provada a inexistncia do fato No haver prova da existncia do fato No constituir o fato ato infracional No existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional. A sentena de improcedncia do art. 189 do ECA equivalente a do art. 386 do CPP. Procedente a condenao, se aplicar medida de internao ou semi-liberdade, ser feita intimao ao adolescente e ao seu defensor. O prazo para recorrer contar da ltima intimao. Sendo outra medida aplicada intima-se unicamente o defensor. Sistema Recursal adotado pelo ECA Em razo do princpio da prioridade absoluta (art. 227 CF) tero preferncia de julgamento e dispensaro revisor. Quanto aos recursos o ECA segue o CPC subsidiariamente, no entanto possui diversas regras especiais, conforme previsto em seu art. 198. So elas: Os prazos para recorrer no ECA de 10 dias para qualquer recurso, exceto embargos de declarao, cujo prazo de 5 dias. As razes recursais devem acompanhar a Petio de interposio. No h necessidade de preparo. A Defensoria Pblica tem prazo em dobro. Tem prevalecido que o Ministrio Pblico