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Aula I - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 25 de janeiro de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 01
DICAS: www.marinela.ma
Escolhe o manual de Direito Administrativoo Celso Antônio Bandeira de Melo
o José dos Santos Carvalho Filho
o Fernanda Marinela
Leitura de Informativos Leitura de Súmulas e jurisprudências Leitura Obrigatória:
Constituição – Leitura inteira no mínimo 5 vezes seguidas
ASSUNTO – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
01. O que é Direito Posto? Conjunto de regras impostas coativamente pelo Estado que vão disciplinar a vida em sociedade permitindo a coexistência pacífica dos seres. Estabelece o limite de cada individuo na sociedade. Busca a harmonia desses seres em sociedade. É o direito vigente num dado momento histórico.
Para fins didáticos o direito é subdividido em vários ramos:
Direito Interno – é aquele que se preocupa com as relações dentro do território nacional;
Direito Internacional - são normas superiores aceitas pelos demais Estados/Nações.
O direito administrativo é ramo do direito interno, se preocupa apenas com as relações dentro do território nacional.
Para fins didáticos e de acordo com o interesse que protege, subdivide-se o direito em público e privado. O direito administrativo é ramo do direito público. O ramo do direito público estuda a atuação do Estado na satisfação de um interesse público. Exemplo: poder de polícia, desapropriação etc.
Pergunta: Direito público é sinônimo de ordem pública? Resp.: Não. Regra de Ordem Pública é uma regra imperativa e inafastável pela vontade das partes. Toda regra de Direito Público é também regra de ordem pública. O conceito de ordem
pública é mais amplo do que o conceito de direito público, porque encontramos regras de ordem pública que estão no direito privado.
Exemplo: regras de incapacidade e regras de impedimento para o casamento.
Havia divergência quanto ao conceito de “Direito Administrativo”. Várias teorias tratam a respeito da indeterminação e do objeto de estudo do direito administrativo. As teorias são as seguintes:
1ª Teoria: Escola Legalista ou Exegética – dizia que o direito administrativo tinha como objeto de estudo um conjunto de leis, tratando-se de lei seca. Essa escola foi afastada do Brasil, não sendo acolhida.
Na verdade, a doutrina disse que o direito administrativo vai estudar princípio + lei e não somente lei. Assim, tendo como base lei + princípio, várias teorias foram criadas na sequência.
2ª Teoria: Escola do Serviço Público – dizia que o direito administrativo tinha como objeto de estudo o serviço público, entretanto, na época, serviço público representava toda a atuação do Estado. O conceito de serviço público era tão amplo que abrangia atividade industrial, atividade comercial, dentre outras. Este conceito era muito amplo e não foi adotado pela doutrina brasileira, uma vez que o direito administrativo vai estudar apenas uma parte da atuação do Estado e não toda.
3ª Teoria: Critério do Poder Executivo – segundo este critério o direito administrativo só estuda a atuação do Poder Executivo, não estudando a atuação do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. O direito administrativo estuda a atividade administrativa, não importando quem a exerça, ou seja, se é o Poder Legislativo, Poder Executivo ou o Poder Judiciário. Logo, este critério não prosperou.
4ª Teoria: Critério das Relações Jurídicas – dizia que o direito administrativo regia todas as relações jurídicas entre Estado e administrado. Este critério não foi acolhido por nossa doutrina. Esta idéia também é ampla demais, uma vez que o direito administrativo vai estudar apenas algumas relações do Estado.
5ª Teoria: Critério Teleológico – para este critério o direito administrativo representa o conjunto harmônico de regras e princípios. Tal critério foi aceito pela doutrina brasileira, acolhido por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, porém faltou ser definido o que ele abrangia, por ser ainda muito amplo, sendo tido como insuficiente.
6ª Teoria: Critério Residual ou Negativo – o conceito de direito administrativo para esta teoria era feito por exclusão, excluindo-se a função legislativa e a função jurisdicional do Estado, ressaltando que o que sobra (o restante) faz parte do direito
administrativo. Tal critério foi aceito pela doutrina brasileira, em razão de tal exclusão, mas ainda precisa de complemento.
7ª Teoria: Critério de Distinção da Atividade Jurídica e da Atividade Social do Estado – dizia que o direito administrativo se preocupava com a atividade jurídica do Estado, mas ele não estuda a atividade social do Estado. Este critério foi aceito no Brasil, mas também foi dito insuficiente.
8ª Teoria: Critério da Administração Pública – apesar das críticas, foi o mais aceito no Brasil. Este critério foi definido por Hely Lopes Meirelles.
Conceito de Direito Administrativo: é um conjunto harmônico de regras e princípios, chamado por nossa doutrina de (Regime Jurídico Administrativo), que rege os órgãos públicos, os agentes, no exercício da atividade administrativa, independentemente de quem o exerça (Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário), tendente a realizar de forma direta, de forma concreta e de forma imediata os fins desejados pelo Estado, fins estes determinados constitucionalmente.
Quem define os fins desejados pelo Estado é o Direito Constitucional, o Direito Administrativo apenas os realiza.
Pergunta: O que significa realizar de Forma Direta, Concreta e Imediata os fins do Estado?
Realizar de Forma Direta: diz-se não ser necessária provocação por parte de alguém. A função do Estado que precisa de provocação é a função jurisdicional, logo esta fora de nosso conceito. O juiz só trabalha se for provocado, logo, essa função é inerte. Aplicação do “Critério Residual”.
Realizar de Forma Concreta: diz-se que tem um destinatário determinado e procura-se atingi-lo. Exemplo: desapropriação do imóvel de José. Ele normalmente atua de forma concreta e exclui a função abstrata do Estado, ou seja, excluímos a função legislativa do Estado. Aplicação do “Critério Residual”.
Realizar de Forma Imediata: a realização de forma imediata significa realizar no exercício de atividade jurídica do Estado. Difere da atuação mediata, esta diz respeito à atuação social do Estado. Logo a atividade social do Estado não é problema do Direito Administrativo. Aplicação do “Critério de Distinção da Atividade Jurídica e da Atividade Social do Estado”. 02. Fontes do Direito Administrativo
Conceito de Fonte: é o que leva a criação de uma regra de Direito Administrativo.
1ª Fonte: Lei em Sentido Amplo - CF, LC, LO, MP, EC (qualquer espécie normativa).
O ordenamento jurídico brasileiro é denominado ordenamento jurídico escalonado ou hierarquizado. Isso significa que se têm normas superiores e normas inferiores.
Hierarquia: Ordem cronológica - Constituição Federal (1º) → Leis (2º) → Atos Administrativos (3º).
A norma inferior precisa ser compatível com a norma superior. Todas as normas precisam ser compatíveis com a CF. O STF denominou a relação escalonada, ou seja, essa Relação de Compatibilidade de Relação de Compatibilidade Vertical.
2ª Fonte: Doutrina – nada mais é do que o resultado do trabalho de nossos estudiosos. A falta de codificação gera divergência.
3ª Fonte: Jurisprudência – tem um papel muito importante, soluciona inúmeros problemas. Ela se constitui com julgamentos reiterados sempre num mesmo sentido. O julgamento isolado denomina-se acórdão. Uma vez consolidada a jurisprudência, o Tribunal irá editar uma súmula. No Brasil tem-se a súmula que orienta, mas que não vincula e a súmula vinculante (criada com a EC 45/2004, sendo instrumento poderoso do STF).
Obs: Surgiu com a Reforma do Judiciário a Repercussão Geral, que também tem efeito vinculante. “Ficar de olho, pois está mascarado”. Decidido o mérito da questão, ninguém mais modificará, tendo efeito vinculante.
4ª Fonte: Costume – nada mais é do que a prática habitual acreditando ser ela obrigatória. É fonte, mas não obriga, no Brasil o direito costumeiro, nem cria e nem exime obrigação, serve apenas como fonte.
5ª Fonte: Princípios Gerais do Direito – são regras que estão previstas no alicerce da ciência. Muitas vezes estão expressos ou implícitos no ordenamento jurídico, mas que devem ser obedecidas pelos nossos diversos ramos.
Exemplos: ninguém pode causar dano a outrem, mas se causar terá que indenizar; é vedado o enriquecimento ilícito no Brasil; ninguém pode se beneficiar da sua própria torpeza.
03. Mecanismos de Controle ou Sistemas Administrativos
Pergunta: Quem pode rever e quem pode controlar os atos praticados pela administração pública?
03.1 Sistema Contencioso Administrativo : foi chamado também de Sistema Francês. O controle dos atos será feito pela própria administração. “Administração pratica,
Administração controla”, em regra. Nos países que adotam esse sistema, excepcionalmente, o Poder Judiciário realizará esse controle.
Exemplos: o Poder Judiciário irá controlar as atividades públicas de caráter privado (na atividade pública de caráter privado quem faz é o Estado, mas tal atividade está sujeita ao regime privado); a repressão penal; as ações ligadas às propriedades privadas e as ações ligadas à capacidade e estado das pessoas. Esse rol é exemplificativo, em outros países podem ser encontradas outras hipóteses.
03.2 Sistema de Jurisdição Única: foi chamado também de Sistema Inglês. Agora prevalece o julgamento pelo Poder Judiciário. A administração na jurisdição única pode controlar, mas sua decisão vai ser revisada pelo Poder Judiciário. O Brasil adota a jurisdição única, quem dá a última palavra é o Poder Judiciário.
Obs: o Brasil desde sempre acolheu a Jurisdição Única. A Emenda Constitucional nº 07 de 1977 tentou introduzir o sistema contencioso, mas essa regra nunca saiu do papel. Parei aqui de escrever no caderno
Pergunta: A responsabilidade civil da administração no Brasil é objetiva (prevista no art. 37, § 6º, da CF)? Falso, erro no enunciado. A responsabilidade civil é do Estado e não da administração do Brasil.
Estado: nada mais é do que pessoa jurídica de direito público; ele tem personalidade jurídica, ou seja, tem aptidão para ser sujeito de direito e de obrigação. A responsabilidade é da pessoa jurídica. Quem celebra contrato é o Estado.
Obs.: Hoje o Estado é pessoa jurídica de direito público, porém já vigorou no Brasil a Teoria da Dupla Personalidade, ou seja, para esta teoria ora o Estado aparecia como pessoa jurídica de direito público (na atuação pública), ora o Estado aparecia como pessoa jurídica de direito privado (na atuação privada). Esta teoria não vigora mais no Brasil.
Estado de Direito: é o Estado politicamente organizado que obedece as suas próprias leis.
Elementos Constitutivos do Estado: território, povo, governo soberano e finalidades específicas. Governo: é o comando do Estado brasileiro. Esse governo precisa ser claro, soberano.
Soberania:(GOVERNO SOBERANO) é a independência da ordem internacional (lá fora faço o que quiser), mas supremacia na ordem interna (aqui dentro quem manda sou eu).
04. Funções do Estado
O Estado, segundo a Teoria da Tripartição dos Poderes de Montesquieu, exerce dois tipos de funções, chamadas de típicas(principal) para que o governo foi criado, e funções atípica, chamada de função secundárias.
Função é exercer uma atividade em nome do interesse de outrem.
Função Pública é exercer uma atividade em nome do interesse do povo.
Obs: Alguns autores mais modernos incluem na função típica do Poder Legislativo a função de fiscalizar. Isso se justifica pelo Tribunal de Contas e em razão da CPIs, pela força que vem ganhando em nosso contexto.
4.1 Função do Poder Legislativo: função típica (primária) é legislar (legiferante), ou seja, inovar o ordenamento jurídico. É uma atuação direta (não depende de provocação), abstrata (geral), é para todos que estiverem na mesma situação (aplicação erga omnes). Função atípica (secundária) é julgar; função atípica (secundária) é licitar “administrando”.
Obs: Em tese, somente no Brasil, a função legislativa pode inovar o ordenamento jurídico.
4.2 Função do Poder Judiciário ou Função Jurisdicional: função típica (primária) é julgar; função atípica (secundária) é legislar; função atípica (secundária) é administrar. O Poder Judiciário não inova a ordem jurídica. A atividade é concreta (em regra) e atua de forma indireta (depende de provocação). A ideia é que não inova o ordenamento jurídico, mas na prática não é isso que acontece. Somente a função jurisdicional produz a chamada intangibilidade jurídica, ou seja, a impossibilidade de mudança “imutabilidade” (efeitos da coisa julgada).
4.3 Função do Poder Executivo: função típica (primária) é administrar; função atípica (secundária) é legislar; função atípica (secundária) é julgar. O Poder Executivo, normalmente, não inova a ordem jurídica. A atividade é concreta e atua de forma direta (não depende de provocação) e revisível pelo Poder Judiciário. Não produz a chamada intangibilidade jurídica. Na via administrativa não cabe mais recurso, mas nada impede que a decisão seja levada ao Poder Judiciário para ser revisada.
Obs: Coisa Julgada Administrativa significa impossibilidade de mudança na via administrativa, não cabendo mais recurso, mas nada impede que havendo dúvidas estas sejam dirimidas no Poder Judiciário.
Obs: o Decreto Regulamentar Autônomo e a MP inova o ordenamento jurídico (é uma exceção). É função atípica do Poder Executivo.
4.4 Função de Governo ou Função Política: são as situações excepcionais de conteúdo político que não representam o simples administrar, ou seja, as funções do dia a dia. Celso Antônio Bandeira de Mello diz que a função de governo se encaixa nas situações que não se misturam com as três funções citadas anteriormente. São exemplos: a sanção e veto do Presidente da República, celebração de guerra e de paz, estado de defesa e estado de sítio.
Governo – é elemento do estado, governo é comando, governo é direção. Para que nosso Estado seja independente o nosso governo tem que ser soberano. Governo soberano significa independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna.
Administração – Para a doutrina majoritária, a administração é máquina administrativa, significa aparelho estatal, instrumento do Estado. É a estrutura física da pessoa jurídica; é todo o aparelhamento do Estado (são os bens, pessoas etc.). É a máquina administrativa. A administração Pública é subdividida em 02 enfoques, segundo alguns autores:
a. Administração no Critério/Enfoque Formal, Orgânico ou Subjetivo – fala-se a respeito dos agentes e do patrimônio que compõe a pessoa jurídica. Fala-se dos “Órgãos, Agentes e Bens” que compõem a estrutura. É o conceito da máquina administrativa.
b. Administração no Critério/Enfoque Material ou Objetivo – fala-se da atividade administrativa desenvolvida.
Parou aqui em 25 de janeiro de 2012
Fim!!!
Aula II - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 25 de janeiro de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 02
ASSUNTO – REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
01. Conceito de Regime Jurídico Administrativo
É o conjunto harmônico de regras e princípios que guardam correlação lógica, compõem o Direito Administrativo. A doutrina brasileira não decidiu ainda nem quantos e nem quais princípios compõem esta lista. É fato que um princípio não é incluído na lista do Regime Jurídico por acidente de percurso, se ele for incluído é porque ele tem coerência lógica com os demais princípios, ou seja, guardam entre si uma correlação. Pode ocorrer que numa mesma situação vários princípios sejam aplicados.
Teoria da Ponderação dos Interesses: temos no ordenamento jurídico situações diferentes para as regras e os princípios. Segundo essa teoria quando aplicamos no caso concreto uma regra, esta regra exclui as demais. Exemplo: Se aplico a regra “A” ao caso concreto, exclui-se a regra “B”, reconhecendo-se a nulidade desta. Quando falamos em princípio, não há um princípio absoluto (verdadeiro), sendo todos eles absolutos. Num mesmo caso concreto podem-se ter vários princípios a serem aplicados, não se falando em exclusão dos demais princípios. É possível ter-se a prevalência de um princípio em relação a outro, de acordo com os interesses protegidos, consequentemente, os demais princípios podem até ser aplicados, mas apenas um irá prevalecer. Essa teoria está surgindo no Direito Administrativo, começando a ser conhecida pelos doutrinadores mais modernos, não havendo posicionamento pacífico quanto ao tema.
Leitura do Texto: Estabilização dos efeitos do ato, jacinto arruda.
Foram definidos como PEDRAS DE TOQUE os supraprincípios do Direito Administrativo: Obs: Essa expressão foi utilizada por Celso Antônio Bandeira de Mello (se referia o autor às colunas, vigas mestras, do Direito Administrativo). Segundo Celso Antônio são os princípios da Supremacia do interesse público somado ao princípio da indisponibilidade do interesse Público.
a. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público
Conceito de Interesse Público – classifica-se em primário e secundário. Interesse público é o somatório dos interesses individuais dos seres considerados em sociedade, desde que esse número represente a vontade da maioria.
Conceito de Interesse Público Primário é a vontade do povo propriamente dita, é o resultado desse somatório.
Conceito de Interesse Público Secundário é a vontade do Estado, enquanto pessoa jurídica. O certo é que esses dois interesses estejam em harmonia, ambos querendo a mesma coisa (povo e Estado). Mas se existir divergência entre eles, o interesse que deverá prevalecer é o primário. O Estado e o povo deveria ter uma carga tributária justa, interesse primário, e é esse o interesse que deve prevalecer.
Leitura recomendada: Supremacia do interesse público. Alice gonzales borges
b. Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado
Este princípio significa a sobreposição do interesse público em face dos interesses individuais (particulares). Em razão desse princípio a administração pública terá alguns privilégios, ou seja, tratamento diferenciado em algumas questões. A doutrina diz que os princípios da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado e da Indisponibilidade do Interesse Público são indispensáveis para a vida em sociedade.
Obs: A supremacia não é do administrador e nem da máquina estatal, mas sim do interesse público/coletivo.
Prerrogativas / Privilégios para o Estado:
Exemplos de aplicação do Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado:
Cláusulas Exorbitantes: confere à administração pública a possibilidade de rescindir contratos, aplicar penalidades, etc. Também é exercício da supremacia.
Desapropriação: em nome da supremacia a administração pública adquire compulsoriamente imóveis. A desapropriação pode gerar o dever de indenizar.
Há uma nova corrente doutrinária minoritária, no Direito Administrativo, que critica este princípio. Ela diz que este princípio precisa ser recolocado, porque da forma que está legitima o abuso e a arbitrariedade do administrador. Defende, portanto, sua eliminação do ordenamento jurídico. A corrente doutrinária majoritária diz que o problema não é de eliminação do princípio e nem de desconstrução, e sim aplicá-lo de forma verdadeira, uma vez que se realmente for atendido esse princípio (se houver justificação para a aplicação do mesmo) não haverá arbitrariedade.
A administração pública, em nome da supremacia, pode quase tudo. Para restringir tal princípio surge o Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público, não podendo dispor, abrir mão desse interesse. É, na verdade, um limite ao Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado. c. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público
Uma vez presente o interesse público, o administrador não pode dispor/abrir mão (fazer o que se quer) desse interesse público. O administrador não tem liberalidade, uma vez presente o interesse público, ele tem que protegê-lo.
O administrador exerce função pública. Esta, por sua vez, significa exercer uma atividade para o povo e em nome do povo.
Princípio Geral do Direito (significa, também, o Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público): o administrador de hoje não pode criar entraves, não pode criar obstáculos, ou seja, comprometer o administrador de amanhã. E para controlar esses abusos, foi criada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/00).
Exemplos: fraude ao dever de licitar e a fraude ao dever de concursos públicos violam o princípio da indisponibilidade do interesse público.
02. Princípios Mínimos do Direito Administrativo
São os enumerados no caput, do art. 37, da CF/88 “LIMPE”. Este dispositivo foi objeto da Emenda Constitucional nº 19/98. Essa emenda foi denominada de “Reforma Administrativa”, modificando todo o conteúdo do capítulo da administração pública. No caput, do art. 37, da CF/88 foi inserido o princípio da eficiência.
a. Princípio da Legalidade
Art. 5º, inciso II, da CF/88: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
Art. 37, caput, Art. 87, IV, Art. 150 da CF – Todos com a ideia de legalidade
Este princípio faz parte da base de um Estado Democrático de Direito. O Estado de Direito é o estado politicamente organizado e que obedece suas próprias Leis.
A legalidade tem duas aplicações/enfoques diferentes: um para o particular e outro para o administrador.
Legalidade para o Direito Privado : o particular pode tudo, salvo o que estiver proibido em lei. Chama-se este enfoque de Critério de não contradição à lei. Obs.: O Administrador não pode dar aumento de salário por meio de decreto.
Legalidade para o Direito Público : o administrador só pode fazer o que está previsto/autorizado na lei, ou seja, só pode agir nos limites que estabelecer a lei. Chama-se este enfoque de Critério de subordinação à lei.
Segundo Seabra Fagundes, administrar é aplicar a lei de ofício, ou seja, automaticamente (é o conceito de legalidade para este doutrinador). O administrador tem que fazer o que está na Lei.
Pergunta:
Princípio da Legalidade é sinônimo do Princípio da Reserva de Lei?
Resp.: Falso. Legalidade é fazer o que a lei autoriza. Hoje é, também, a aplicação das regras e princípios constitucionais (é a legalidade entendida em sentido amplo). Reserva de Lei – acontece quando
selecionada uma matéria pelo constituinte, a ela é atribuída uma determinada espécie normativa. Quando se falar em lei, trata-se de lei ordinária e não de lei complementar. Os doutrinadores dizem que o princípio da legalidade é muito mais amplo do que o princípio da reserva de lei.
Controle de legalidade -
b. Princípio da Impessoalidade
O administrador não pode buscar interesses pessoais, tem que agir com ausência de subjetividade. O ato administrativo é impessoal, não é do agente, é da entidade a que ele pertence, quem se responsabiliza é a pessoa jurídica. Exemplos: concurso público, licitação (segundo o STJ concurso público e licitação são institutos diferentes).
Princípio da Impessoalidade, segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, traduz a ideia de que a administração pública tem que tratar a todos sem discriminações, benéficas ou detrimentosas, nem favoritismos e nem perseguições são toleráveis, simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atividade administrativa.
O Princípio da Impessoalidade está ligado à igualdade ou isonomia constitucional, à ideia de não discriminação, de não criação de favoritismo, de não perseguição.
Segundo esse princípio, ainda, o ato administrativo é um ato impessoal, não é ato da pessoa física, e sim, da pessoa jurídica. O ato é da entidade a que ele pertence e não do agente público/servidor.
Pergunta: Disserte sobre a divergência entre Princípio da Finalidade e Princípio da Impessoalidade:
Segundo a doutrina tradicional, Hely Lopes Meirelles, o princípio da finalidade é sinônimo do princípio da impessoalidade. Antes da CF/88 prevalecia o princípio da finalidade e após o advento da CF/88 passou a prevalecer o princípio da impessoalidade.
Segundo a doutrina moderna, Celso Antônio Bandeira de Melo, os princípios da impessoalidade e da finalidade são autônomos e não sinônimos. Finalidade significa que o administrador precisa buscar o espírito da lei, ou seja, a vontade maior da lei. Já a impessoalidade significa a ausência de subjetividade (trata-se de não buscar interesses pessoais). O princípio da finalidade está ligado ao princípio da legalidade e não ao princípio da impessoalidade.
Reforçando a posição da doutrina moderna, temos o Art. 2º da Lei nº 9.784/99 (Lei de Processo Administrativo) que trata do princípio da finalidade, enquanto princípio autônomo.
Obs: Hoje prevalece nos concursos públicos a posição da corrente moderna.
c. Princípio da Moralidade
Esse princípio, segundo a doutrina brasileira, tem conceito vago/indeterminado. Esse conceito vago/indeterminado traz ao Poder Judiciário uma grande dificuldade na aplicação do princípio de forma isolada. Para solucionar tal problema, o Poder Judiciário aplica este princípio amarrado com outros princípios. Apesar de o conceito ser vago, esse princípio traduz a idéia de que o administrador tem que agir com honestidade; tem que agir com probidade; tem que atender e obedecer aos princípios éticos; tem que agir com lealdade; tem que agir com boa-fé; tem que agir com correção de atitudes.
Obs: A violação à moralidade caracteriza a improbidade administrativa, a qual está prevista no art. 11, da Lei nº 8.429/92.
Pergunta:Moralidade Administrativa é igual à Moralidade Comum?A moral administrativa é mais exigente do que a moral comum. Moralidade Comum é a correção de atitudes, é o certo e errado dentro das regras do convívio social. Moralidade Administrativa exige além da correção de atitudes, precisa que o administrador escolha a melhor forma possível, ou seja, tem que agir também como um bom administrador, também ligada a ideia de eficiência.
Nepotismo (Favorecimento a parentes ou amigos): a proibição do nepotismo ganha força/repercussão a partir da EC nº 45/2004. Essa emenda introduziu a chamada “Reforma do Poder Judiciário”. Dentro dessa reforma a EC nº 45/2004 criou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Estes são órgãos que exercem o controle da atividade administrativa. O CNJ passa a controlar a atividade administrativa no Poder Judiciário e o CNMP passa a controlar a atividade administrativa no MP. Com a criação desses dois órgãos, a primeira providência tomada foi proibir o nepotismo. O CNJ publica resolução dizendo que não pode mais parentes no Judiciário. O CNMP, na sequencia, publica resolução dizendo que não pode mais parentes no MP. No CNJ algumas resoluções tiveram grande importância, como a Resolução nº 07, mas temos outras na sequência, ou seja, a 09, 21, etc. Também, no CNMP várias resoluções tratam a respeito desse assunto, tais como as de nº 01, 07, 21, 28, dentre outras, porém a mais importante é a de nº 01. Quando o CNJ publicou a Resolução nº 07 houve um grande problema, os Tribunais simplesmente se recusaram a cumpri-la, afirmando ser a mesma inconstitucional. Afirmaram, ainda, que o CNJ não poderia fazer essa regra e que a matéria não pode estar proibida em resolução. Mas o CNJ diante de tal inércia por parte dos Tribunais acabou exonerando os parentes que lá estavam. Tal resolução foi objeto de controle de constitucionalidade no STF, através de ADC nº 12. O STF resolveu que a proibição do nepotismo no Brasil é constitucional, estando dentro de
vários princípios constantes da Constituição Federal (são eles: a moralidade, impessoalidade, eficiência e isonomia), afirmou que o CNJ foi criado para fazer controle da atividade administrativa, portanto, ele tem competência para decidir quanto ao nepotismo. Ainda, disse que a resolução é o ato normativo que o CNJ tem e, assim, o meio é o adequado/correto.
Quando o STF julgou a ADC nº 12 restou na Casa Legislativa uma grande vontade de legislar sobre nepotismo. O STF queria resolver a questão de verdade, principalmente quanto aos outros poderes. Porém, o Supremo Tribunal Federal não podendo legislar sobre o assunto, editou, então, a Súmula Vinculante nº 13.
É necessário deixar claro que a preocupação com o nepotismo é em relação a cargos, função em comissão ou função de confiança e com o exercício de função gratificada. Assim, a Súmula Vinculante nº 13 preocupa-se com a autoridade nomeante e o nomeado.
1ª Hipótese de Proibição: Não pode parentesco entre autoridade nomeante e o nomeado, desde que esse nomeado vá exercer cargo em comissão (ou de confiança) e função gratificada.
Cargo em Comissão: Nada mais é do que o cargo com livre nomeação e livre exoneração(exoneração ad nutum), podendo ser exercido por qualquer pessoa, a qual irá receber a remuneração do cargo. Esse cargo, no Brasil, serve para direção, chefia e assessoramento.
Função – Só existe no Brasil um tipo de função a de confiança;
Função Gratificada: Nada mais é do que a função de confiança. Essa função é baseada na confiança. Também serve para direção, chefia e assessoramento. Só pode ser ocupado por quem tem cargo efetivo, ou seja, a pessoa que prestou concurso público, que exerce o cargo efetivo (de carreira) e a qual passará a exercê-lo juntamente com a função de confiança. O sujeito recebe a remuneração do cargo + uma gratificação pela função de confiança. Esse cargo, no Brasil, serve para direção, chefia e assessoramento.
Cargo = Atribuição + Responsabilidades + Posto(Exemplo: Quadro com vários quadrinho na casa dos avós)Função = Atribuição + Responsabilidade
Exemplo: não pode pai nomear filho para cargo em comissão (ou de confiança) ou para a função gratificada.
2ª Hipótese de Proibição: Não pode parentesco entre servidor que ocupe cargo de direção, chefia ou assessoramento (cargo em comissão) com outro servidor que também ocupe cargo em comissão ou função gratificada. Não pode em qualquer dos poderes, na mesma pessoa
jurídica. Essa proibição independe de quem vai nomear. Não pode ser parente na mesma pessoa jurídica.
3ª Hipótese de Proibição: Não pode ajustes mediante designações recíprocas. Não pode trocar de parente. É o denominado “nepotismo cruzado”.
Exemplo: troca de parentes entre a União e o Estado.
Obs: Nós não temos ferramentas para a aplicação desta súmula vinculante; não há banco de dados para tal aplicação.
A súmula vinculante que proíbe o nepotismo não se aplica para os agentes políticos. Exemplo: prefeito pode nomear um irmão como secretário de saúde e outro irmão como secretário de infraestrutura da prefeitura.
Parou aqui em 07 de fevereiro de 2012
Fim.
PAREI AQUI... ADRIELE CONTINUAR - AULA 03
Aula III - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 07 de fevereiro de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 03
ASSUNTO – REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
d. Princípio da Publicidade
Significa dar conhecimento/ciência ao titular do direito; o titular do poder (administração Pública) dá conhecimento ao titular do direito (povo).
d.1 Consequências/Desdobramentos do Princípio da Publicidade:
A publicidade é condição de eficácia dos contratos, os quais a partir desta produzirão efeitos. É, ainda, termo inicial ou marco inicial para a contagem de prazo. O prazo deve ter início com o recebimento da notificação. Ademais, é mecanismo ou instrumento de controle de fiscalização dos atos públicos praticados.
Art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93: A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição
indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.
d.2 Exceções ao Princípio da Publicidade:
Obs: Na licitação, na modalidade convite, existe a publicidade (que é muito mais ampla) (exemplo: mandar correspondência por AR), porém, na verdade, não há publicação (menos ampla) (é uma das formas de publicidade) do instrumento convocatório.
Exceções:
Não deverá ocorrer a publicidade dos atos nos seguintes casos:
1. Art. 5º, X, CF/88 – “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”; O administrador pode publicar, mas não pode comprometer a imagem honra e vida privada das pessoas.
2. Art. 5º, XXXIII, CF/88 – “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”;
3. Art. 5º, LX, CF/88 : “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”;
Se um Órgão Público nega informações referentes a uma determinada pessoa jurídica caberá mandado de segurança (para discutir direito de informação). Se um Órgão Público nega informações pessoais referentes à uma determinada pessoa caberá habeas data.
Obs: O administrador tem o dever de publicidade, se ele descumpre esse dever estará consequentemente praticando improbidade administrativa (hipótese expressa do art. 11, da Lei nº 8.429/92).
Pesquisar: Lei 12.527/2011
Obs: Nos termos do Art. 37, § 1º, da CF/88 a publicidade tem que acontecer no caráter educativo, informativo e de orientação social. O administrador não pode publicar para fazer promoção pessoal.
Obs: Nomes em locais públicos, em que pese não haver proibição legal na utilização de nomes de pessoas vivas, recomenda-se o uso homenageando pessoas já falecidas.
Obs.: A não publicidade dos atos caracteriza improbidade administrativa; Art. 11, da Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa).
Obs: O simples fato de constar o nome do administrador em placas de construção de obras, por exemplo, não representa promoção pessoal. Porém, deve-se analisar caso a caso, considerando a proporcionalidade e a razoabilidade. As placas aqui mencionadas foram consideradas placas informativas e não significam promoção pessoal. Segundo o STJ, é necessário haver o bom senso.
e. Princípio da Eficiência
Ganha roupagem de princípio expresso na Constituição Federal a partir da EC nº 19/98 (chamada reforma administrativa). Esse princípio já constava na Constituição, porém de forma implícita. Entretanto, na Lei nº 8.987/95 (Lei de Concessão e Permissão de Serviço Público) tal princípio já estava expresso, em seu art. 6º. O mencionado artigo conceitua o serviço público adequado.
EC20/98 – Chamada reforma da previdência – mexe com a aposentadoria dos servidores públicos;
e.1 Características do Princípio da Eficiência:
Ausência de desperdícios, dever de economia, produtividade e agilidade/presteza ou celeridade.
Mudança após a EC nº 19/98 (introdução do princípio da eficiência ao caput do art. 37 da CF). Com essa emenda houve modificação no tocante às regras sobre estabilidade do servidor público, regras previstas no art. 41 da CF/88 (previsão da estabilidade). O servidor hoje para adquirir estabilidade no Brasil precisa ser nomeado em cargo efetivo (concurso público), ter 03 anos de exercício e ser aprovado em avaliação especial de desempenho. Para que um servidor público adquira a estabilidade deverá ser aprovado na avaliação especial de desempenho, a qual tem por objetivo atender a eficiência. Para que a estabilidade se mantenha e em homenagem a eficiência deverá ser o servidor público aprovado na avaliação periódica de desempenho, o qual não sendo aprovado perderá a estabilidade. Porém, até a presente data não há norma regulamentando. A perda da estabilidade se dá, também, por meio de processo judicial transitado e julgado e por processo administrativo, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa.
Com o propósito de aplicar o princípio da eficiência e em razão de o administrador não poder gastar tudo com o pessoal, o constituinte modifica o art. 169, da CF/88 estabelecendo limite de despesa com pessoal, regulamentado pela famosa Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/00), e determina em seu art. 19 que para a União há o limite de até 50% e para o Estado e o Município há o limite de até 60%.
Em razão de tais gastos com o pessoal, é preciso uma racionalização da máquina administrativa, ou seja, enxugá-la através de corte de cargos em comissão e funções de confiança, na proporção de pelo menos 20% destes, e servidores não estáveis (quem entrou antes da CF/88 e não adquiriu a estabilidade) de acordo com a necessidade para se chegar ao limite, ou seja, não há percentual, podendo chegar a 100% dos não estáveis, bem como os servidores estáveis, em última hipótese. A idéia é reduzir os servidores que não são tão importantes, ou seja, são desnecessários.
Dessa forma deve ser respeitada a ordem de exclusão de servidores, dando-se esta exclusão através do instituto da exoneração, não podendo ser por meio de demissão porque esta é caso de punição. Ademais, para evitar perseguições políticas, os cargos serão extintos, só podendo ser recriados com funções idênticas ou assemelhadas após 04 anos. Nestes termos, somente os servidores estáveis têm direito a indenização.
Precisamos de eficiência quanto aos meios e aos resultados. Gasta-se o menor valor possível para se obter o melhor resultado.
Para a doutrina, apesar de todos esses aspectos e regras (medidas, instrumentos), lamentavelmente, tudo não passou de uma utopia, sonho do constituinte de 1998, uma vez que não se tornou realidade até os dias atuais no Brasil.
03. Princípios do Direito Administrativo que não Constam no Art. 37, caput, da CF/88
a. Princípio da Isonomia
Significa tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual na medida de suas desigualdades.
Deve ser verificado o fator de discriminação e se este está compatível com o objetivo da norma. Se o fator de discriminação estiver compatível com o objetivo da norma não há violação da isonomia, porém se não estiver compatível há violação da isonomia.
Exemplo: concurso público da policia civil, função administrativa, deficiente físico de cadeira de rodas está excluído do certame. Se o deficiente físico consegue exercer a referida função administrativa, essa exclusão viola o princípio da isonomia, uma vez que não há compatibilidade com o objetivo da norma.
Para que o requisito de limitação imposta no edital não viole a isonomia, segundo a jurisprudência, deverá haver compatibilidade com as atribuições do cargo e a exigência deverá ter previsão na lei da carreira.
Não viola a isonomia o edital de concurso público para salva-vidas e a respectiva exclusão do certame dos deficientes. Não viola, também, a limitação de idade. A exigência de altura em concurso público viola a isonomia.
Exame psicotécnico, além de estar previsto na lei da carreira, de ser compatível com as atribuições do cargo, precisa ter critérios objetivos e tem que dá direito a recursos. Súmula 686 do STF, Jurisprudência do STJ.
b. Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade
Princípio da Razoabilidade - Significa agir de forma razoável, com lógica, com coerência e com congruência. O administrador público não pode agir de forma despropositada, devendo agir com lógica, equilíbrio etc. Para os administrativistas brasileiros dentro do princípio da razoabilidade encontra-se o princípio da proporcionalidade.
Princípio da Proporcionalidade - significa agir de forma equilibrada. Agir de forma equilibrada também é agir de forma razoável. Atos e medidas devem ser sempre equilibrados. Exemplo: Se um servidor pratica lesão leve, sua punição deve ser leve (Advertência). Se praticar ação grave, pune-se com sanção grave (demissão).
Pensando em proporcionalidade é preciso ter equilíbrio entre os benefícios e os prejuízos causados. Ressalte-se que os benefícios tem que ser superiores aos prejuízos.
Estes dois princípios estão implícitos na Constituição Federal. Vale lembrar, ainda, que estes princípios estão expressos na Lei Ordinária (Lei de Processo Administrativo nº 9.784/99, em seu art. 2º).
Alguns autores defendem que o art. 5º, LXXVIII, da CF foi introduzido pela EC nº 45/2004. Esse dispositivo levou alguns autores a afirmarem que esse dispositivo tratava do princípio da razoabilidade e assim, este princípio teria se tornado uma regra expressa na Constituição Federal. Para a maioria dos autores, apesar de esse princípio falar em razoável, não se trata do princípio da razoabilidade, mas sim princípio da celeridade do processo. Logo, o princípio da razoabilidade continua sendo um princípio implícito.
Os princípios da razoabilidade (adequação e necessidade) e da proporcionalidade hoje limitam a liberdade, discricionariedade e juízo de valor do administrador.
O Poder Judiciário pode rever (controlar) qualquer ato administrativo no que tange à legalidade. Hoje, no Brasil, legalidade significa lei e regras constitucionais. Porém, o Poder
Judiciário não pode controlar o mérito do ato administrativo. Mérito é a liberdade, ou seja, é a conveniência e a oportunidade. Se a decisão viola o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade trata-se de controle de legalidade e, assim, o Poder Judiciário pode controlar, ou seja, rever o ato.
Obs: Por vias tortas, os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade permitem ao Poder Judiciário controlar o mérito do ato administrativo.
Entende o STF que o Poder Judiciário pode exercer o controle das políticas públicas revendo a legalidade (ADPF nº 45).
ADPF - Políticas Públicas - Intervenção Judicial - "Reserva do Possível" (Transcrições)
ADPF 45 MC/DF*
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE E DA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO EM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, QUANDO CONFIGURADA HIPÓTESE DE ABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. DIMENSÃO POLÍTICA DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL ATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DA LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULA DA "RESERVA DO POSSÍVEL". NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DA INTEGRIDADE E DA INTANGIBILIDADE DO NÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO "MÍNIMO EXISTENCIAL". VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADES POSITIVAS (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO).
DECISÃO: Trata-se de argüição de descumprimento de preceito fundamental promovida contra veto, que, emanado do Senhor Presidente da República, incidiu sobre o § 2º do art. 55 (posteriormente renumerado para art. 59), de proposição legislativa que se converteu na Lei nº 10.707/2003 (LDO), destinada a fixar as diretrizes pertinentes à elaboração da lei orçamentária anual de 2004.
O dispositivo vetado possui o seguinte conteúdo material:
"§ 2º Para efeito do inciso II do caput deste artigo, consideram-se ações e serviços públicos de saúde a totalidade das dotações do Ministério da Saúde, deduzidos os
encargos previdenciários da União, os serviços da dívida e a parcela das despesas do Ministério financiada com recursos do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza."
O autor da presente ação constitucional sustenta que o veto presidencial importou em desrespeito a preceito fundamental decorrente da EC 29/2000, que foi promulgada para garantir recursos financeiros mínimos a serem aplicados nas ações e serviços públicos de saúde.
Requisitei, ao Senhor Presidente da República, informações que por ele foram prestadas a fls. 93/144.
Vale referir que o Senhor Presidente da República, logo após o veto parcial ora questionado nesta sede processual, veio a remeter, ao Congresso Nacional, projeto de lei, que, transformado na Lei nº 10.777/2003, restaurou, em sua integralidade, o § 2º do art. 59 da Lei nº 10.707/2003 (LDO), dele fazendo constar a mesma norma sobre a qual incidira o veto executivo.
Em virtude da mencionada iniciativa presidencial, que deu causa à instauração do concernente processo legislativo, sobreveio a edição da já referida Lei nº 10.777, de 24/11/2003, cujo art. 1º - modificando a própria Lei de Diretrizes Orçamentárias (Lei nº 10.707/2003) - supriu a omissão motivadora do ajuizamento da presente ação constitucional.Com o advento da mencionada Lei nº 10.777/2003, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, editada para reger a elaboração da lei orçamentária de 2004, passou a ter, no ponto concernente à questionada omissão normativa, o seguinte conteúdo material:
"Art. 1º O art. 59 da lei nº 10.707, de 30 de julho de 2003, passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos:
'Art.59............................................§ 3º Para os efeitos do inciso II do caput deste artigo, consideram-se ações e serviços públicos de saúde a totalidade das dotações do Ministério da Saúde, deduzidos os encargos previdenciários da União, os serviços da dívida e a parcela das despesas do Ministério financiada com recursos do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza.§ 4º A demonstração da observância do limite mínimo previsto no § 3º deste artigo dar-se-á no encerramento do exercício financeiro de 2004.' (NR)." (grifei)
Cabe registrar, por necessário, que a regra legal resultante da edição da Lei nº 10.777/2003, ora em pleno vigor, reproduz, essencialmente, em seu conteúdo, o preceito, que, constante do § 2º do art. 59 da Lei nº 10.707/2003 (LDO), veio a ser vetado pelo Senhor Presidente da República (fls. 23v.).
Impende assinalar que a regra legal em questão - que culminou por colmatar a própria omissão normativa alegadamente descumpridora de preceito fundamental - entrou em vigor em 2003, para orientar, ainda em tempo oportuno, a elaboração da lei orçamentária anual pertinente ao exercício financeiro de 2004.
Conclui-se, desse modo, que o objetivo perseguido na presente sede processual foi inteiramente alcançado com a edição da Lei nº 10.777, de 24/11/2003, promulgada com a finalidade específica de conferir efetividade à EC 29/2000, concebida para
garantir, em bases adequadas - e sempre em benefício da população deste País - recursos financeiros mínimos a serem necessariamente aplicados nas ações e serviços públicos de saúde.Não obstante a superveniência desse fato juridicamente relevante, capaz de fazer instaurar situação de prejudicialidade da presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, não posso deixar de reconhecer que a ação constitucional em referência, considerado o contexto em exame, qualifica-se como instrumento idôneo e apto a viabilizar a concretização de políticas públicas, quando, previstas no texto da Carta Política, tal como sucede no caso (EC 29/2000), venham a ser descumpridas, total ou parcialmente, pelas instâncias governamentais destinatárias do comando inscrito na própria Constituição da República.
Essa eminente atribuição conferida ao Supremo Tribunal Federal põe em evidência, de modo particularmente expressivo, a dimensão política da jurisdição constitucional conferida a esta Corte, que não pode demitir-se do gravíssimo encargo de tornar efetivos os direitos econômicos, sociais e culturais - que se identificam, enquanto direitos de segunda geração, com as liberdades positivas, reais ou concretas (RTJ 164/158-161, Rel. Min. CELSO DE MELLO) -, sob pena de o Poder Público, por violação positiva ou negativa da Constituição, comprometer, de modo inaceitável, a integridade da própria ordem constitucional:
"DESRESPEITO À CONSTITUIÇÃO - MODALIDADES DE COMPORTAMENTOS INCONSTITUCIONAIS DO PODER PÚBLICO. - O desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer mediante ação estatal quanto mediante inércia governamental. A situação de inconstitucionalidade pode derivar de um comportamento ativo do Poder Público, que age ou edita normas em desacordo com o que dispõe a Constituição, ofendendo-lhe, assim, os preceitos e os princípios que nela se acham consignados. Essa conduta estatal, que importa em um facere (atuação positiva), gera a inconstitucionalidade por ação.- Se o Estado deixar de adotar as medidas necessárias à realização concreta dos preceitos da Constituição, em ordem a torná-los efetivos, operantes e exeqüíveis, abstendo-se, em conseqüência, de cumprir o dever de prestação que a Constituição lhe impôs, incidirá em violação negativa do texto constitucional. Desse non facere ou non praestare, resultará a inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total, quando é nenhuma a providência adotada, ou parcial, quando é insuficiente a medida efetivada pelo Poder Público........................................................- A omissão do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em menor extensão, a imposição ditada pelo texto constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da maior gravidade político-jurídica, eis que, mediante inércia, o Poder Público também desrespeita a Constituição, também ofende direitos que nela se fundam e também impede, por ausência de medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos postulados e princípios da Lei Fundamental." (RTJ 185/794-796, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)
É certo que não se inclui, ordinariamente, no âmbito das funções institucionais do Poder Judiciário - e nas desta Suprema Corte, em especial - a atribuição de formular e de implementar políticas públicas (JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, "Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976", p. 207, item n. 05, 1987,
Almedina, Coimbra), pois, nesse domínio, o encargo reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo.
Tal incumbência, no entanto, embora em bases excepcionais, poderá atribuir-se ao Poder Judiciário, se e quando os órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos que sobre eles incidem, vierem a comprometer, com tal comportamento, a eficácia e a integridade de direitos individuais e/ou coletivos impregnados de estatura constitucional, ainda que derivados de cláusulas revestidas de conteúdo programático.Cabe assinalar, presente esse contexto - consoante já proclamou esta Suprema Corte - que o caráter programático das regras inscritas no texto da Carta Política "não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado" (RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
Não deixo de conferir, no entanto, assentadas tais premissas, significativo relevo ao tema pertinente à "reserva do possível" (STEPHEN HOLMES/CASS R. SUNSTEIN, "The Cost of Rights", 1999, Norton, New York), notadamente em sede de efetivação e implementação (sempre onerosas) dos direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais), cujo adimplemento, pelo Poder Público, impõe e exige, deste, prestações estatais positivas concretizadoras de tais prerrogativas individuais e/ou coletivas.
É que a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais - além de caracterizar-se pela gradualidade de seu processo de concretização - depende, em grande medida, de um inescapável vínculo financeiro subordinado às possibilidades orçamentárias do Estado, de tal modo que, comprovada, objetivamente, a incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal, desta não se poderá razoavelmente exigir, considerada a limitação material referida, a imediata efetivação do comando fundado no texto da Carta Política.
Não se mostrará lícito, no entanto, ao Poder Público, em tal hipótese - mediante indevida manipulação de sua atividade financeira e/ou político-administrativa - criar obstáculo artificial que revele o ilegítimo, arbitrário e censurável propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento e a preservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de condições materiais mínimas de existência.
Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da "reserva do possível" - ressalvada a ocorrência de justo motivo objetivamente aferível - não pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente quando, dessa conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou, até mesmo, aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade.
Daí a correta ponderação de ANA PAULA DE BARCELLOS ("A Eficácia Jurídica dos Princípios Constitucionais", p. 245-246, 2002, Renovar):
"Em resumo: a limitação de recursos existe e é uma contingência que não se pode ignorar. O intérprete deverá levá-la em conta ao afirmar que algum bem pode ser exigido judicialmente, assim como o magistrado, ao determinar seu fornecimento pelo Estado. Por outro lado, não se pode esquecer que a finalidade do Estado ao obter recursos, para, em seguida, gastá-los sob a forma de obras, prestação de serviços, ou qualquer outra política pública, é exatamente realizar os objetivos fundamentais da Constituição.
A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode ser resumida, como já exposto, na promoção do bem-estar do homem, cujo ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade, que inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais mínimas de existência. Ao apurar os elementos fundamentais dessa dignidade (o mínimo existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os alvos prioritários dos gastos públicos. Apenas depois de atingi-los é que se poderá discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em que outros projetos se deverá investir. O mínimo existencial, como se vê, associado ao estabelecimento de prioridades orçamentárias, é capaz de conviver produtivamente com a reserva do possível." (grifei)
Vê-se, pois, que os condicionamentos impostos, pela cláusula da "reserva do possível", ao processo de concretização dos direitos de segunda geração - de implantação sempre onerosa -, traduzem-se em um binômio que compreende, de um lado, (1) a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e, de outro, (2) a existência de disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas.
Desnecessário acentuar-se, considerado o encargo governamental de tornar efetiva a aplicação dos direitos econômicos, sociais e culturais, que os elementos componentes do mencionado binômio (razoabilidade da pretensão + disponibilidade financeira do Estado) devem configurar-se de modo afirmativo e em situação de cumulativa ocorrência, pois, ausente qualquer desses elementos, descaracterizar-se-á a possibilidade estatal de realização prática de tais direitos.
Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por delegação popular, receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta, nesse domínio, a liberdade de conformação do legislador, nem a de atuação do Poder Executivo.
É que, se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de neutralizar, comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando, como decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como precedentemente já enfatizado - e até mesmo por razões fundadas em um imperativo ético-jurídico -, a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente recusada pelo Estado.Extremamente pertinentes, a tal propósito, as observações de ANDREAS JOACHIM KRELL ("Direitos Sociais e Controle Judicial no Brasil e na Alemanha", p. 22-23,
2002, Fabris):
"A constituição confere ao legislador uma margem substancial de autonomia na definição da forma e medida em que o direito social deve ser assegurado, o chamado 'livre espaço de conformação' (...). Num sistema político pluralista, as normas constitucionais sobre direitos sociais devem ser abertas para receber diversas concretizações consoante as alternativas periodicamente escolhidas pelo eleitorado. A apreciação dos fatores econômicos para uma tomada de decisão quanto às possibilidades e aos meios de efetivação desses direitos cabe, principalmente, aos governos e parlamentos.
Em princípio, o Poder Judiciário não deve intervir em esfera reservada a outro Poder para substituí-lo em juízos de conveniência e oportunidade, querendo controlar as opções legislativas de organização e prestação, a não ser, excepcionalmente, quando haja uma violação evidente e arbitrária, pelo legislador, da incumbência constitucional.No entanto, parece-nos cada vez mais necessária a revisão do vetusto dogma da Separação dos Poderes em relação ao controle dos gastos públicos e da prestação dos serviços básicos no Estado Social, visto que os Poderes Legislativo e Executivo no Brasil se mostraram incapazes de garantir um cumprimento racional dos respectivos preceitos constitucionais.A eficácia dos Direitos Fundamentais Sociais a prestações materiais depende, naturalmente, dos recursos públicos disponíveis; normalmente, há uma delegação constitucional para o legislador concretizar o conteúdo desses direitos. Muitos autores entendem que seria ilegítima a conformação desse conteúdo pelo Poder Judiciário, por atentar contra o princípio da Separação dos Poderes (...).
Muitos autores e juízes não aceitam, até hoje, uma obrigação do Estado de prover diretamente uma prestação a cada pessoa necessitada de alguma atividade de atendimento médico, ensino, de moradia ou alimentação. Nem a doutrina nem a jurisprudência têm percebido o alcance das normas constitucionais programáticas sobre direitos sociais, nem lhes dado aplicação adequada como princípios-condição da justiça social.A negação de qualquer tipo de obrigação a ser cumprida na base dos Direitos Fundamentais Sociais tem como conseqüência a renúncia de reconhecê-los como verdadeiros direitos. (...) Em geral, está crescendo o grupo daqueles que consideram os princípios constitucionais e as normas sobre direitos sociais como fonte de direitos e obrigações e admitem a intervenção do Judiciário em caso de omissões inconstitucionais." (grifei)
Todas as considerações que venho de fazer justificam-se, plenamente, quanto à sua pertinência, em face da própria natureza constitucional da controvérsia jurídica ora suscitada nesta sede processual, consistente na impugnação a ato emanado do Senhor Presidente da República, de que poderia resultar grave comprometimento, na área da saúde pública, da execução de política governamental decorrente de decisão vinculante do Congresso Nacional, consubstanciada na Emenda Constitucional nº 29/2000.Ocorre, no entanto, como precedentemente já enfatizado no início desta decisão, que se registrou, na espécie, situação configuradora de prejudicialidade da presente argüição de descumprimento de preceito fundamental.
A inviabilidade da presente argüição de descumprimento, em decorrência da razão ora mencionada, impõe uma observação final: no desempenho dos poderes processuais de que dispõe, assiste, ao Ministro-Relator, competência plena para exercer, monocraticamente, o controle das ações, pedidos ou recursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal, legitimando-se, em conseqüência, os atos decisórios que, nessa condição, venha a praticar.Cumpre acentuar, por oportuno, que o Pleno do Supremo Tribunal Federal reconheceu a inteira validade constitucional da norma legal que inclui, na esfera de atribuições do Relator, a competência para negar trânsito, em decisão monocrática, a recursos, pedidos ou ações, quando incabíveis, estranhos à competência desta Corte, intempestivos, sem objeto ou que veiculem pretensão incompatível com a jurisprudência predominante do Tribunal (RTJ 139/53 - RTJ 168/174-175).
Nem se alegue que esse preceito legal implicaria transgressão ao princípio da colegialidade, eis que o postulado em questão sempre restará preservado ante a possibilidade de submissão da decisão singular ao controle recursal dos órgãos colegiados no âmbito do Supremo Tribunal Federal, consoante esta Corte tem reiteradamente proclamado (RTJ 181/1133-1134, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - AI 159.892-AgR/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).
Cabe enfatizar, por necessário, que esse entendimento jurisprudencial é também aplicável aos processos de controle normativo abstrato de constitucionalidade, qualquer que seja a sua modalidade (ADI 563/DF, Rel. Min. PAULO BROSSARD - ADI 593/GO, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - ADI 2.060/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - ADI 2.207/AL, Rel. Min. CELSO DE MELLO - ADI 2.215/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), eis que, tal como já assentou o Plenário do Supremo Tribunal Federal, o ordenamento positivo brasileiro "não subtrai, ao Relator da causa, o poder de efetuar - enquanto responsável pela ordenação e direção do processo (RISTF, art. 21, I) - o controle prévio dos requisitos formais da fiscalização normativa abstrata (...)" (RTJ 139/67, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
Sendo assim, tendo em consideração as razões expostas, julgo prejudicada a presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, em virtude da perda superveniente de seu objeto.
Arquivem-se os presentes autos.
Publique-se.
Brasília, 29 de abril de 2004.
Ministro CELSO DE MELLO
Relator
* decisão publicada no DJU de 4.5.2004
Assessora responsável pelo Informativo
Graziela Maria [email protected]
Parou aqui em 08 de fevereiro de 2012
Fim!!!
Aula IV - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG –29 de fevereiro de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 04
ASSUNTO – REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
c. Princípio do Contraditório e Princípio da Ampla Defesa
Está previsto no Art. 5º, LV, da CF/88:
Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Contraditório - significa dar ciência, dar conhecimento da existência do processo. Quando a parte é trazida ao processo é, então, constituída a relação bilateral (processual). No direito administrativo chama-se a parte por notificação, intimação, não tendo cuidado com a terminologia, pois tudo significa que se está dando ciência do processo. Quando se dá o conhecimento a parte da existência do processo, dar-se a ela a garantia do exercício do direito de defesa (princípio da ampla defesa).
Para que o direito a ampla defesa seja efetivo, temos algumas exigências (alguns desdobramentos) a serem cumpridas:
(a) Procedimento Determinado: as penas e o procedimento precisam estar pré-estabelecidos, sendo anteriores ao julgamento final do processo;
(b) Direito às Informações do Processo: significa, também, o acesso às cópias (reprodução) do processo (as quais serão viabilizadas pela administração) e, nesse caso, o interessado é quem irá custear as despesas;
(c) Produção de Provas: a prova tem que ser produzida e efetivamente tem que interferir no julgamento do julgador (ser a prova avaliada/analisada). Enquanto direito de defesa, a parte tem direito de recurso (direito à revisão da decisão). Independentemente de existir previsão de recurso específico, esse direito tem que
acontecer porque é um direito de defesa. As regras de editais que proíbem recursos são ilegais. O direito de recurso está atrelado à motivação da tomada da decisão.
(d) Defesa Técnica: trata-se da participação do advogado durante o processo administrativo disciplinar. Desde a origem, no processo administrativo, a presença do advogado era facultativa. Ocorre que durante muitos anos construiu-se no STJ um posicionamento dizendo que o advogado contribuía para a regularidade do processo disciplinar. E em razão de tal fato, foi construída passo a passo neste Tribunal uma posição consolidada quanto ao tema, editando-se a Súmula nº 343 STJ.
Levados por motivos econômicos, muito mais do que por motivos jurídicos, o STF editou a Súmula Vinculante nº 05, a qual contradiz a súmula anteriormente mencionada.
Obs: O STJ não cancelou a Súmula nº 343, porém prevalece a Súmula Vinculante nº 05 do STF.
Exigência de depósito prévio para admissibilidade de Recurso AdministrativoSúmula 373 do STJ Direito de RecursoSúmula Vinculante nº 21
Análise da Súmula Vinculante nº 03:
Explicando: um servidor preenche os requisitos, vai até a administração, e afirma querer se aposentar. A administração vai manifestar sua vontade, mas este ato só estará perfeito e acabado depois que o TCU também manifestar sua vontade (é um ato complexo, necessitando de duas manifestações de vontade, uma do TCU e outra da Administração). Se algo der errado, ou seja, se o pedido de concessão de aposentadoria for negado o servidor irá exercer seu direito ao contraditório e ampla defesa, entretanto, esses direitos irão ser exercidos perante a administração e não perante o TCU. Ressalte-se que não se tem dois atos, e sim um só. Ademais, o TCU não está retirando o direito de aposentadoria do servidor, está apenas participando da tomada de decisão e, assim, justifica-se o não exercício perante o mesmo do contraditório e ampla defesa.
d. Princípio da Continuidade
Afirma que a prestação do serviço público (atividade administrativa) tem que ser prestada sem interrupção. Celso Antônio Bandeira de Mello diz que o Estado tem o dever de desempenhar a atividade pública, tendo esse dever todos os dias.
Princípio da Continuidade x Direito de Greve do Servidor Público:
(Direito de Greve do Servidor Público) – o servidor público hoje tem direito de greve, segundo o art. 37, VII, da CF. Esse dispositivo diz que o servidor público tem direito de greve na forma da lei específica.
Ao mencionar lei específica, deve aqui ser ressaltado que quando o constituinte mencionar Lei Complementar ele mencionará expressamente no texto a expressão “Lei Complementar”. No entanto, quando ele não mencionar a expressão acima, trata-se então de Lei Ordinária Específica.
Até o advento da LC nº 19/98, o art. 37, VII, da CF trazia expressamente o termo “Lei Complementar”. Após o advento da mencionada LC, traz o dispositivo o termo “Lei Ordinária Específica”. Trata a “Lei Ordinária Específica” de lei que não vai cuidar de inúmeros assuntos da greve, e sim tratar apenas de um assunto da greve. Até hoje a lei ordinária não foi criada.
Obs: Trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, uma vez que o direito de greve precisa de lei específica para ser regulamentada.
Frente à ausência da lei, segundo o STF, aplica-se aos servidores públicos a Lei de Greve do Trabalhador Comum (Lei nº 7.783/89), no que couber.
MI 670MI 708MI 712
Nesse sentido STF - MANDADO DE INJUNÇÃO: MI 20 DF
MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO - DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL - EVOLUÇÃO DESSE DIREITO NO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO - MODELOS NORMATIVOS NO DIREITO COMPARADO - PRERROGATIVA JURÍDICA ASSEGURADA PELA CONSTITUIÇÃO (ART. 37, VII) - IMPOSSIBILIDADE DE SEU EXERCÍCIO ANTES DA EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR - OMISSÃO LEGISLATIVA - HIPÓTESE DE SUA CONFIGURAÇÃO - RECONHECIMENTO DO ESTADO DE MORA DO CONGRESSO NACIONAL - IMPETRAÇÃO POR ENTIDADE DE CLASSE - ADMISSIBILIDADE - WRIT CONCEDIDO.DIREITO DE GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO: O preceito constitucional que reconheceu o direito de greve ao servidor público civil constitui norma de eficácia meramente limitada, desprovida, em conseqüência, de auto-aplicabilidade, razão pela qual, para atuar plenamente, depende da edição da lei complementar exigida pelo próprio texto da Constituição. A mera outorga constitucional do direito de greve ao servidor público civil não basta - ante a ausência de auto- aplicabilidade da norma constante do art. 37, VII, da
Constituição - para justificar o seu imediato exercício. O exercício do direito público subjetivo de greve outorgado aos servidores civis só se revelará possível depois da edição da lei complementar reclamada pela Carta Política. A lei complementar referida - que vai definir os termos e os limites do exercício do direito de greve no serviço público - constitui requisito de aplicabilidade e de operatividade da norma inscrita no art. 37, VII, do texto constitucional. Essa situação de lacuna técnica, precisamente por inviabilizar o exercício do direito de greve, justifica a utilização e o deferimento do mandado de injunção. A inércia estatal configura-se, objetivamente, quando o excessivo e irrazoável retardamento na efetivação da prestação legislativa - não obstante a ausência, na Constituição, de prazo pré-fixado para a edição da necessária norma regulamentadora - vem a comprometer e a nulificar a situação subjetiva de vantagem criada pelo texto constitucional em favor dos seus beneficiários. MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO: A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de admitir a utilização, pelos organismos sindicais e pelas entidades de classe, do mandado de injunção coletivo, com a finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou associados dessas instituições, o exercício de direitos assegurados pela Constituição. Precedentes e doutrina.........................................................................................................................................
MANDADO DE INJUNÇÃO. DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR PÚBLICO. ARTIGO 37, VII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NECESSIDADE DE INTEGRAÇÃO LEGISLATIVA. OMISSÃO DO CONGRESSO NACIONAL.1. Servidor público. Exercício do direito público subjetivo de greve. Necessidade de integralização da norma prevista no artigo 37, VII, da Constituição Federal, mediante edição de lei complementar, para definir os termos e os limites do exercício do direito de greve no serviço público. Precedentes.2. Observância às disposições da Lei 7.783/89, ante a ausência de lei complementar, para regular o exercício do direito de greve dos serviços públicos. Aplicação dos métodos de integração da norma, em face da lacuna legislativa. Impossibilidade. A hipótese não é de existência de lei omissa, mas de ausência de norma reguladora específica. Mandado de injunção conhecido em parte e, nessa parte, deferido, para declarar a omissão legislativa.
Hoje, no Brasil, o STJ vem à frente com várias decisões sobre o direito de greve dos servidores públicos.
As decisões do STF quanto aos mandados de injunção no mesmo sentido irão produzir efeito concreto e erga omnes. Ressalte-se que esses efeitos não serão sempre concretos, podem ter efeito, também, inter parts.
Não cabe demissão ao servidor que fez greve. A demissão tem caráter punitivo. Só seria demitido o servidor se ele cometesse alguma infração grave.
(Corte do Serviço Público) – hoje a posição que prevalece está no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. Essa lei cuida da permissão e concessão do serviço público e afirma que é possível a interrupção do serviço público em caso de emergência e, também, o corte do serviço com prévio aviso. Neste último caso dá-se o corte por desrespeito as normas técnicas comprometendo as instalações e em razão do inadimplemento do usuário.
Para a jurisprudência minoritária, o corte do serviço público não é possível. Inúmeras decisões utilizam o CDC para fundamentarem esse posicionamento (arts. 22 e art. 42).
A jurisprudência majoritária afirma que o corte é possível, mesmo nos casos de serviços essenciais.
O corte do serviço público representa a aplicação do princípio da supremacia do interesse público, do princípio da continuidade (continuidade para a coletividade) e do princípio da isonomia.
Obs: Mesmo que seja o Estado o usuário inadimplente haverá o corte do serviço público, salvo alguns casos. Deverão ser mantidas algumas situações, hospitais, logradouros públicos,
e. Princípio da Presunção de Legitimidade
Leia-se este princípio como presunção de legitimidade (obediência as regras morais) + presunção de legalidade (obediência a lei) + presunção de veracidade (corresponde com a verdade).
A consequência prática da presunção da legitimidade é a aplicação imediata dos nossos atos.
Trata-se de uma presunção relativa, o ato é legítimo, legal e verdadeiro até que se prove o contrário. Essa presunção é iuris tantum (relativa). Essa presunção pode ser contestada, pode ser alegada. O ônus da prova cabe a quem alega, normalmente é ao administrado.
A presunção de legitimidade traz ao ato administrativo como consequência prática a sua aplicação imediata. A presunção de legitimidade decorre do dever de legalidade.
f. Princípio da Autotutela
Permite que a administração pública possa rever seus próprios atos. A revisão dos atos se dá quando eles são ilegais, e então haverá a sua retirada via anulação; mas se o ato for inconveniente, haverá a sua retirada via revogação.
A previsão de revisão dos atos também decorre do art. 53, da Lei nº 9.784/99:
Maria Silvia Zanella de Pietro afirma que além da possibilidade de revisão dos atos, a administração tem a obrigação de zelar de seus bens, ou seja, cuidar de seu patrimônio.
Este princípio está resguardado nas Súmulas do STF nº 346 e 473. Tais súmulas são antigas, mas continuam válidas.
g. Princípio da Especialidade
Esse princípio foi definido num primeiro momento no que diz respeito à administração indireta. Quando a administração direta cria as pessoas da administração indireta, necessariamente, ela depende de lei. No momento de criação de tais pessoas jurídicas, automaticamente, a lei define as suas finalidades especificas de cada pessoa. O que esse princípio quer afirmar é que as pessoas jurídicas da administração indireta estão presas às finalidades previstas em lei, ou seja, as finalidades para as quais foram criadas. Hoje esse princípio é utilizado para outras situações, como para os órgãos públicos.
Obs: Se a lei define a finalidade da pessoa jurídica, somente a lei pode modificar essa finalidade, não podendo intervir o administrador. Tanto para a administração direta quanto para a administração indireta.
ASSUNTO – ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
01. Formas de Prestação da Atividade Administrativa no Brasil
A atividade administrativa inicialmente pode ser prestada pelo centro da administração (administração direta – U, E, DF e M). Quando falamos em centro/núcleo da administração chama-se de Administração Centralizada.
Quando a atividade é retirada da administração direta para outras administrações, a exemplo da administração indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista), chama-se de descentralização. A descentralização pode ser transferida para os particulares.
Descentralização da atividade administrativa, chamada de:
a) Descentralização Administrativa é a distribuição para pessoa diversa, ou seja, nova pessoa (pessoa física ou pessoa jurídica), de atividade administrativa.
b) Descentralização política é a repartição de competência entre os entes políticos (U, E, DF e M). A descentralização política não é estudada pelo Direito Administrativo, e sim pelo Direito Constitucional.
A distribuição de atividade/serviço dentro do próprio centro, ou seja, dentro da mesma pessoa jurídica, chama-se de desconcentração.
Em descentralização não há hierarquia (subordinação), e sim o controle, fiscalização.
Em desconcentração existe hierarquia (subordinação), com relação de subordinação, assim, um manda e o outro obedece.
A descentralização Administrativa pode acontecer de duas formas:
a) Por outorga – significa transferir a titularidade (domínio) juntamente com a execução do serviço. Titularidade significa propriedade/domínio. Só pode ser realizada por meio de lei. Para a maioria dos autores hoje a titularidade não pode ser concedida a qualquer pessoa. A titularidade da atividade administrativa não pode sair das mãos do Poder Público. Para alguns autores a outorga só pode ser concedida as pessoas da administração indireta, sendo essas de direito público (são as autarquias e fundações públicas de direito público).
Obs: Tem autores que admitem a outorga para qualquer pessoa da administração indireta, incluindo as empresas públicas e sociedades de economia mista. Essa não é a orientação que prevalece no Brasil.
b) Por delegação – nada mais é do que a transferência da execução desse serviço. Pode ser realizada por meio de lei (denominada delegação legal). Delega-se para as pessoas jurídicas da administração indireta de direito privado, ou seja, empresa pública, sociedade de economia mista e fundação pública de direito privado. Dá-se, também, por meio de contrato (delegação contratual). Esta é tida como a forma mais comum. É concedida aos particulares. Exemplos: permissão de serviço público; concessão de serviço público.
Também é possível delegar serviço através de ato unilateral ao particular. A descentralização nesse caso dar-se à pessoa física.
O poder público pode outorgar a concessão de um serviço público a um particular?Resp.: Outorgar é na concepção vulgar, dar, realizar, fazer a concessão ao particular.
Exemplos: serviço de táxi, serviço de despachante no brasil. (se dá através de uma autorização).
Parou aqui em 29 de fevereiro de 2012
Fim.
Aula V - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG –02 de março de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 05
ASSUNTO – ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
02. Relação entre “Estado e seu Agente” Várias teorias foram criadas para a definição dessa relação.
1ª Teoria: Teoria do Mandato – segundo essa teoria, o Estado e o agente celebram o contrato de mandato. Teoria não aceita pelo sistema. Justificativa: A pessoa jurídica no Brasil não manifesta vontade sem a presença de pessoa física (do agente), logo, não há celebração de contrato de mandato.
2ª Teoria: Teoria da Representação – segundo essa teoria essa relação se faz igual na tutela e curatela. Tutela e curatela pressupõem que o Estado é um incapaz, necessitando de um representante. Teoria não aceita no sistema. Justificativa: Hoje no Brasil e no mundo o Estado é sujeito capaz, sujeito responsável e não incapaz.
3ª Teoria: Teoria do Órgão ou Teoria da Imputação – essa teoria traz duas idéias:
(a). Toda relação entre Estado e agente decorre de previsão legal;
(b). A vontade do agente quando no exercício da função pública se confunde com a vontade do Estado.
Obs: Esta teoria foi adotada no Brasil.
ASSUNTO – ÓRGÃOS PÚBLICOS
01. Conceito de Órgão Público
Órgão Público nada mais é do que um núcleo/centro especializado de competência. A idéia é a de que o órgão público terá uma função especializada e, consequentemente, será mais eficiente. Essa divisão do órgão está presente na administração direta e também é possível na administração indireta (previsão no art. 1º da Lei de Processo Administrativo – nº 9.784/99).
Órgão Público não tem personalidade jurídica, ou seja, não tem aptidão para ser sujeito de direitos e de obrigações, logo, não pode celebrar contrato (Regra Geral). Em razão de ato de órgão público a responsabilidade é da pessoa jurídica a que pertence, ou seja, União, Estado ou Município. O órgão público pode fazer o procedimento licitatório; pode, ainda, administrar e fazer a gestão dos contratos. Há a possibilidade do ato formal de assinar/rubricar o instrumento de contrato ser delegado ao gestor do órgão. No entanto, ressalte-se que a parte no contrato será a pessoa jurídica.
Obs: (Exceção) – art. 37, § 8º, da CF/88. Este dispositivo foi introduzido pela EC nº 19/98. “Trata esse dispositivo dos contratos de gestão”. Este artigo afirma que contrato pode ser possível entre entes da administração pública direta e indireta (não é possível realizar contrato entre órgãos), entre administradores públicos (não se trata então de contrato administrativo, e sim de contrato privado). A doutrina brasileira afirma que esse dispositivo é inconstitucional, porém ele nunca foi declarado inconstitucional e, assim, pode ser aceito como resposta correta nos concursos públicos.
Se o órgão público tem recurso público, terá ele que ter número de cadastro, ou seja, CNPJ. Logo, para poder ser fiscalizado sobre o IR de seus servidores e como recebe renda, pode-se cobrar imposto de renda.
Pergunta: Órgão público não tem personalidade jurídica, mas pode ir a juízo?Resp.: Sim. Excepcionalmente pode ir à juízo, segundo a doutrina, o órgão público pode ir a juízo quando for imprescindível às prerrogativas funcionais (no exercício da função ou em nome da prerrogativa de funções). A posição majoritária da doutrina entende que só pode ir a juízo como sujeito ativo, jamais como sujeito passivo. Ou seja, o órgão público não pode ser demandado, apenas pode funcionar como autor.
Exemplo: A Câmara Legislativa vai a juízo para fazer valer o direito de receber o repasse do duodécimo (verba que vem do orçamento para bancar as despesas do Legislativo e quem faz o repasse de tal verba é o Prefeito).
Obs: Os órgãos públicos terão representação própria, a exemplo dos municípios que possuem os próprios procuradores municipais. Nem sempre terá a representação própria, vai depender muito da estrutura do órgão público.
Leitura do Artigo no site: www.marinela.ma - “ personalidade judiciária de órgãos públicos ”, josé carvalho dos santos filho
02. Classificação de Órgão Público
Obs: Não é um tema forte para ser cobrado em concursos públicos, por isso aqui serão dadas apenas as três principais classificações, as que mais são cobradas nas provas.
1ª Classificação: De acordo com a Posição Estatal
(a). Órgãos Independentes: são aqueles que gozam de independência, não sofrendo qualquer relação de subordinação, podendo sofrer controle/fiscalização. São aqueles que estão no comando, no topo de cada um dos poderes.
Exemplos: a Presidência da República, Governadoria do Estado, Prefeitura, Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, Juízes Monocráticos, STJ, STF, etc.
(b). Órgãos Autônomos: são aqueles que gozam de autonomia, ampla liberdade para tomada de decisão, mas sofrem subordinação, ou seja, ele manda muito, mas não manda sozinho, são subordinados aos órgãos independentes.
Exemplos: os Ministérios e as Secretarias Estaduais e Municipais.
Obs: Para os administrativistas o TCU e MP estariam na lista de órgãos autônomos (tratando-se aqui da estrutura administrativa). Posição da maioria, mas não é a posição pacífica.
(c). Órgãos Superiores: são aqueles que têm poder de decisão, mas está subordinado aos órgãos independentes e autônomos. Não tem ampla liberdade.
Exemplos: os Gabinetes e as Procuradorias.
Obs: As Procuradorias nem sempre serão órgãos superiores, vai depender muito da estrutura da administração.
(d). Órgãos Subalternos: são aqueles que não têm poder de decisão. São os chamados órgãos de mera execução.
Exemplos: o Almoxarifado, a Zeladoria (cuida do controle do patrimônio público), os Departamentos de Recursos Humanos etc, seção de expediente.
2ª Classificação – De acordo com a Estrutura
Órgão Simples: é aquele que não tem ramificação, ou seja, não tem órgão agregado à sua estrutura; não tem desdobramentos.
Exemplos: os Gabinetes.
Órgão Composto: é aquele que tem órgãos agregados a sua estrutura.
Exemplos: as delegacias de ensino e as escolas ligadas a essas delegacias; os postos de saúde e os hospitais. Vários Braços.
Obs: Não existe órgão complexo.
3ª Classificação – De Acordo com a Atuação Funcional
Órgão Singular ou Unipessoal: é aquele constituído por um único agente em que a tomada de decisão é feita de forma unipessoal.
Exemplo: a Presidência da República; a Prefeitura, o Juízo Monocrático.
Órgão Colegiado: é aquele constituído por vários agentes em que a tomada de decisão é feita de forma coletiva.
Exemplos: as Casas Legislativas (o Congresso Nacional, a Assembleia Legislativa etc.); Tribunais.
ASSUNTO – PESSOAS JURÍDICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 01. Compõem a Administração Indireta
1.1 Fundações Públicas
1.2 Autarquias
Obs: Englobam as agências reguladoras, as agências executivas, os conselhos de classe, os consórcios públicos.
1.3 Empresas Públicas
1.4 Sociedades de Economia Mista
Conceito de Administração Indireta
São as entidades de direito público ou privado que exploram determinada atividade econômica de interesse do Estado. (Iremos estudar apenas os órgãos públicos).
Características Comuns à Administração Indireta
1ª Característica: Cada pessoa da administração indireta goza de personalidade jurídica própria e, assim, podem ser sujeitas de direito e de obrigação, logo, respondem por seus atos.
Essas pessoas gozam de receita e patrimônio próprio, independentemente da origem do dinheiro ou do patrimônio (se o dinheiro estiver na conta da administração indireta é o mesmo próprio dela); Essas pessoas gozam de autonomia técnica, administrativa e financeira; Esses entes não gozam de autonomia ou capacidade política que é aquela para legislar (poder de legislar).
Obs: Agência Reguladora regula, mas não legisla.
2ª Característica: Criação e extinção por lei das pessoas da administração indireta.
Art. 37, XIX, da CF: Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
Obs: Cada pessoa jurídica da administração indireta irá ter a sua lei. Mas para criar a autarquia é preciso de LO (lei específica). Lei específica autoriza a criação da empresa pública, sociedade de economia mista e da fundação.
Obs.: A autarquia é criada por lei ordinária específica (nesse caso a lei faz tudo, já existindo no mundo jurídico). E para as demais pessoas jurídicas a lei ordinária específica apenas autoriza a criação (nesse caso é necessário o registro dos atos constitutivos para que passe a existir efetivamente; este registro é feito no Cartório de Registro Civil “se a pessoa jurídica tiver natureza civil” ou Junta Comercial “se a pessoa jurídica tiver natureza comercial”).
Para extinguir essas pessoas jurídicas é necessária lei. Lei cria, Lei extingue; Lei autoriza criação; Lei autoriza extinção (trata-se de paralelismo de formas).
Obs: LC definirá as possíveis finalidades das fundações públicas.
1.1 Fundações Públicas
Conceito: é um patrimônio destacado por um fundador para uma finalidade específica (patrimônio personalizado).
O fundador (quem destaca a fundação) é quem define o nome da fundação. Se quem instituir a fundação for um ente público, esta será fundação pública. “Esta compõe a administração indireta”. O regime jurídico pode ser público ou privado, ou seja, pode ser pessoa jurídica de direito publico ou pessoa jurídica de direito privado (Já foi decido pelo STF e é a doutrina majoritária). Se quem instituir a fundação for um particular, esta será fundação privada. Esta é regulada pelo CC. “Está fora da administração”.
Para Fernanda Marinela fundação pública de direito público é espécie do gênero autarquia e é a chamada Autarquia Fundacional. O regime jurídico será de direito público. Nesse caso, a lei cria a fundação pública, assim como a autarquia.
Já a fundação pública de direito privado é denominada Fundação Governamental. O regime jurídico desta fundação é híbrido, ou seja, pessoa de direito privado, mas que tem algumas regras de pessoa de direito público. Segue o mesmo regime jurídico da sociedade de economia mista e da empresa pública. Também chamada por alguns autores de Fundação Híbrida. Neste tipo de fundação a lei autoriza a sua criação.
Pergunta: Fundação pública de direito privado é espécie de empresa pública?Não. A única semelhança entre ambas é o regime jurídico.
Obs: Para Hely Lopes Meirelles a fundação pública deve ter natureza jurídica de direito privado, para Celso Antônio Bandeira de Mello a fundação pública deve ter natureza jurídica de direito público.
3ª Característica: Tem finalidade específica.
Cada pessoa jurídica da administração direta tem finalidade específica. Essa finalidade é definida pela lei de criação. Para ser modificada essa finalidade, deve a mesma se realizar mediante lei. Princípio da especialidade prende as pessoas da administração indireta às suas finalidades específicas.
4ª Característica: Não têm fins lucrativos.
Podem ter lucro, mas não são constituídas com esse objetivo. O Estado não intervirá na atividade econômica, exceto para a segurança nacional ou o interesse coletivo. Fora essas duas hipóteses não pode intervir, logo, o objetivo não é o lucro, e sim o interesse coletivo.
Art. 173 da CF: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
5ª Característica: Estão sujeitas a controle e não sofrem hierarquia.
As fundações públicas estão sujeitas à fiscalização. A partir de 2005, o TCU controla todas as pessoas da administração indireta.
Obs: Quando a Administração Direta cria a Administração Indireta, ela cria o controle chamado de supervisão ministerial (direta x indireta). O Ministério de acordo com a finalidade é que vai realizar esse controle. Por exemplo, se tiver ligação com a saúde, quem vai realizar esse controle é o Ministério da Saúde. Tem como principal controle o da finalidade, chamado de Controle Finalístico. Também é possível controlar receitas e despesas
de acordo com a lei orçamentária. Em muitos casos, dentro da supervisão ministerial, o Chefe do Poder Executivo/Administração Direta pode nomear os dirigentes da Administração Indireta, ou seja, isso acontece quando o chefe do Poder Executivo nomeia e exonera de forma livre o dirigente da Administração Indireta (Regra Geral).
Exemplos: a Agência Reguladora e o Banco Central.
Excepcionalmente o Presidente da República não tem esse poder de nomear livremente, em algumas situações essa nomeação depende da prévia aprovação do Senado Federal.
Parou aqui em 02 de março de 2012
Fim.
Aula VI - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG –15 de março de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 06
ASSUNTO – ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
1.2 Autarquia
É pessoa jurídica; goza de personalidade jurídica; goza de personalidade própria; é pessoa jurídica de direito público; tem como finalidade prestar serviços/atividades típicas do Estado; o regime jurídico é praticamente o mesmo da Administração Direta.
1.2.1 Regime Jurídico das Autarquias
O ato praticado por Autarquia é ato administrativo (gozam de características próprias, a exemplo da presunção de legitimidade, auto-executoriedade e imperatividade). Quando a autarquia celebra contrato, este contrato segue o regime administrativo. E assim, a autarquia está sujeita à licitação (previsão na Lei nº 8.666/93) e às clausulas exorbitantes (conferem à administração privilégios, prerrogativas etc.).
1.2.2 Responsabilidade Civil
Está sujeita ao art. 37, § 6º, da CF/88.
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Segue, diante do dispositivo acima, a responsabilidade civil do Estado. A regra a que se segue é a teoria objetiva. Teoria Objetiva (abrange a conduta, dano, nexo de causalidade) é mais benéfica para vítima, uma vez que o conjunto probatório é reduzido. Não há exigência de culpa ou dolo. Pode em algumas circunstâncias ser teoria subjetiva. Teoria Subjetiva (conduta, dano, nexo causal, “culpa ou dolo”). Ocorre em casos de omissão, de caráter excepcional etc. O Estado responde objetivamente por ato de autarquia e subsidiariamente pela ordem de preferência.
Responsabilidade da Prestadora de Serviço – primeiro cobra-se indenização da autarquia e após cobra-se do Estado (este responde subsidiariamente e não solidariamente, ou seja, há ordem de preferência). Neste último caso responde subsidiariamente quando a autarquia não tiver patrimônio. Se o Estado descentralizar a outros órgãos suas atividades, ele continua sendo responsável.
Obs: A responsabilidade, na teoria objetiva, não exclui o fato de ser subsidiária. Objetiva e subsidiária diz respeito a enfoques diferentes. Objetiva diz respeito ao elemento “culpa” e subsidiaria diz respeito à ordem de preferência.
1.2.3 Bens da Autarquia
A autarquia é pessoa pública, logo, seus bens são públicos. Tais bens têm proteção especial. São bens inalienáveis de forma relativa (alienáveis de forma condicionada), uma vez que devem ser preenchidas as condições do art. 17 da Lei nº 8.666/93.
Bem público também é impenhorável, ou seja, não podem ser objeto de penhora, de arresto e de sequestro.
(a) Penhora: é uma restrição ao patrimônio que acontece dentro de uma ação de execução, que serve para garantir o cumprimento da obrigação.
(b) Arresto e Sequestro: são cautelares típicas. A ação cautelar vai proteger o patrimônio, restringindo-o, para se ter a certeza de cumprimento de obrigação no futuro. No arresto restringem-se bens indeterminados e no sequestro restringem-se bens determinados.
Bem público não pode ser objeto de direito real de garantia, não pode ser objeto de oneração.
(a) Penhor: não se confunde com penhora. Significa direito real de garantia fora da execução. É a garantia sobre bens móveis. Exemplo: penhor de jóias na Caixa Econômica Federal.
(b) Hipoteca: significa direito real de garantia sobre bens imóveis.
Se o bem for objeto de penhora é um bem penhorado, no entanto, bem objeto de penhor é um bem empenhado.
(c) Anticrese: é um instituto em desuso, ele explora o produto do devedor para pagar o débito. é a exploração pelo credor do patrimônio do devedor para pagamento da obrigação. Não se aplica aos bens públicos.
Bem público não pode ser objeto de usucapião. O poder público pode fazer usucapião, só não pode sofrer usucapião.
Bem público não pode ser objeto de prescrição aquisitiva, ou seja, ele é imprescritível.
Pergunta:Quem garante o cumprimento da obrigação, já que o patrimônio público está ausente de tal cumprimento?Os débitos judiciais das autarquias são garantidos pelo regime de precatórios (ordem cronológica de apresentação dos documentos). Previsão no art. 100 da CF/88.
Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
Este dispositivo foi alterado pela EC nº 62/2009. O regime de precatórios é constituído para que não se pague de forma aleatória. Precatório constituído neste ano (exemplo 2010) será pago no ano de 2011. “Teoricamente deve ser assim”. Cada autarquia tem a sua fila de precatórios.
Regra Geral: o prazo prescricional para se ajuizar uma ação contra a autarquia é, em regra, de 05 anos, com base no Decreto-lei nº 20.910/1932.
Exceção: polêmica em caso de reparação civil. O art. 10 do Decreto-lei nº 20.910/32 diz que o prazo será de 05 anos, se não existir outro prazo mais benéfico. Com o advento do CC/02 o prazo passou a ser de 03 anos. O STF não se posicionou sobre isso, uma vez que é matéria de lei, e quem resolve tal polêmica é o STJ. Ano passado este Tribunal disse que o prazo seria de 05 anos. Ainda há decisões de outras turmas que afirma que o prazo é de 03 anos. Porém, a jurisprudência que vem a ser consolidada é a de que o prazo é de 05 anos.
1.2.4 Privilégios Tributários
Previsão decorrente do art. 150, VI, “a”, da CF:
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.
Este dispositivo afirma que um ente político não pode instituir imposto para outro ente político.
Art. 150, § 2º da CF: A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Art. 150, VI, “a” da CF: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.
Estende-se a imunidade tributária recíproca para as autarquias, mas somente na sua finalidade específica. A imunidade reciproca é somente para os impostos. Logo, as autarquias pagam taxas e contribuições, mas não pagam impostos. Finalidade Específica é a finalidade para a qual foi criada.
1.2.5 Privilégios Processuais
A Autarquia no processo tem tratamento de fazenda pública.
Conferem-se as autarquias:
(a) Prazo Dilatado
Art. 188 do CPC : Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.
(b) Reexame Necessário
Significa dizer que, independentemente de recuso voluntário das partes, o processo tem que ser levado a duplo grau de jurisdição obrigatório (reexame necessário obrigatório). Regra Geral.
Art. 475 do CPC: Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público; que julgar procedentes, no todo ou em parte, os
embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI).
Excepcionalmente, o reexame não vai acontecer quando as causas forem de até 60 salários mínimos ou se a matéria já foi julgada pelo STF ou Tribunal Superior.
Se o processo não for levado ao Tribunal, precisando o mesmo de reexame necessário, consequentemente, a decisão não produzirá transito em julgado.
1.2.6 Regime Pessoal dos Servidores das Autarquias
Quem trabalha em autarquia, atua em pessoa pública, logo, é por tanto servidor público. Hoje, no Brasil, vale o Regime Jurídico Único, ou seja, todos os servidores das pessoas jurídicas devem seguir um único regime, ou seguem o regime estatutário, ou seguem o regime celetista. Não há obrigatoriedade, mas no Brasil a preferência é pelo regime estatutário.
1.2.7 Procedimentos Financeiros
As autarquias estão sujeitas à lei de contabilidade pública (Lei nº 4.320/64) e à lei de responsabilidade fiscal (Lei Complementar nº 101/00).
Exemplos de Autarquias: INSS, IBAMA, INCRA, Universidades Federais (UFAL, UFPE, UFBA, UFRJ), Banco Central etc.
1.2.8 Autarquia: Conselho de Classe
Exemplos: Conselho de Engenharia, Conselho de Medicina, etc.
São os conselhos que cuidam das diversas profissões. Nasceu no ordenamento com natureza de autarquia. Em 1998 surge a Lei 9.649/98, a qual disciplinou as agências executivas e afirmou que os conselhos de classe passariam a ter natureza de pessoa privada.
Vale lembrar que o conselho de classe pode caçar as carteiras dos profissionais. Esta matéria foi levada o STF, por meio da ADI nº 1.717, a fim de que seja exercido o controle de constitucionalidade. O STF decidiu pela inconstitucionalidade da Lei nº 9.649/98 por motivo de comprometimento da segurança jurídica, uma vez que o conselho de classe exerce poder de polícia e não pode ser delegado a pessoa jurídica de direito privado. Sabe-se que o poder de policia não pode ser dado a um particular. Assim, o conselho de classe volta a ser uma autarquia, ou seja, pessoa jurídica de direito público.
Tendo os conselhos de classe natureza de autarquia, algumas considerações importantes devem aqui ser feitas:
(a) O conselho de classe cobra anuidade e essa anuidade tem natureza tributária (natureza de contribuição). O não pagamento da anuidade gerará cobrança via execução fiscal.
(b) A autarquia está sujeita as regras de contabilidade pública.
(c) O Tribunal de Contas controla e fiscaliza os conselhos de classe.
Questão referente à situação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
Desde o surgimento do estatuto da ordem, a OAB tem como entendimento na jurisprudência (STF e STJ) que não deve cobrar tributo, não tendo natureza tributária. Consequentemente se não tem natureza tributária não cabe execução fiscal. No caso dos inadimplentes é ajuizada execução comum. A contabilidade é privada e o Tribunal de Contas não controla e nem fiscaliza essa pessoa jurídica. A OAB não precisa seguir a lei de responsabilidade fiscal e nem a lei de contabilidade pública.
O PGR querendo discutir o Estatuto da OAB e o Conselho de Classe, no que diz respeito ao concurso público, ajuizou a ADI nº 3.026, a qual tinha por objetivo dizer que os conselhos de classe tinham que realizar concurso público para contratar o pessoal.
O STF disse que não procede a alegação de que a OAB se sujeita aos ditames impostos à administração direta ou indireta, ela não é uma entidade da administração indireta da União, ela é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no Brasil, não está incluída no conceito de autarquia especial, e não se confunde com os demais conselhos de classe. Para este tribunal, a OAB é pessoa jurídica ímpar no direito brasileiro e não precisa fazer concurso.
Hoje, a OAB continua tendo privilégios/benefícios de uma autarquia, mas as obrigações de uma autarquia ela não tem.
Obs: Não há definição para a expressão “pessoa ímpar”. Obs.: As outras entidades de classe tem que fazer concurso para contratar, a OAB não precisa fazer concurso para contratar.
1.2.9 Autarquia: Autarquia Territorial
Foi o termo utilizado pelos administrativistas para falar de território. Hoje no Brasil não tem território, porém, amanhã, pode haver a criação do (s) mesmo (s). O território tem natureza de pessoa pública, mas não é ente público, ou seja, não se confunde com a União, os Estado-membros, o Distrito Federal e os Municípios. Diante de tal fato foram classificados como autarquias. Deve ser aqui ressaltado que Território não tem nada de autarquia, apenas o nome (segundo Fernanda Marinela).
1.2.10 Autarquia: Autarquia de Regime Especial
Essa expressão “autarquia de regime especial” é muito antiga no Brasil. Já foi utilizada muitos anos para se falar em universidades públicas (as quais eram assim denominadas). Para as universidades públicas essa denominação significava que as mesmas podiam escolher seus dirigentes por eleição, ou então, podiam definir sua grade curricular.
Com o passar dos anos, essa expressão “autarquia de regime especial” passou a ser utilizado para as agências reguladoras.
1.2.11 Autarquia: Agência Reguladora
Nada mais é do que uma autarquia de regime especial. Tudo que estudamos para autarquia serve para as agências reguladoras. É autarquia, mas em alguns aspectos terá tratamento diferenciado/especial.
A partir de 1995 o Governo Federal decidiu que precisava enxugar a máquina, que precisava reduzir a estrutura do Estado. Ele decidiu então instituir a chamada política nacional das privatizações (oportunidade em que o Estado vendeu muitas coisas, no entanto, ninguém viu o dinheiro, ou seja, o resultado das vendas). Essa denominação “política nacional das privatizações” foi utilizada para aquelas empresas que foram vendidas, mas alguns serviços, eles foram transferidos, mas não efetivamente vendidos, e esses foram chamados de “política nacional de desestatização”. Exemplo: telefonia no Brasil.
Quando o Estado resolve enxugar a máquina e desestatiza vem a idéia de que se o serviço vai ser transferido alguém terá que controla-lo, fiscaliza-lo. E nessa idéia é que vem a agência reguladora.
A agência reguladora serve para normatizar, regular e fiscalizar as diversas atividades. Agencia Reguladora não legisla.
O tratamento especial conferido à agência reguladora é definido por:
(a) Liberdade e autonomia;
Tem mais autonomia e liberdade do que as demais autarquias. Função de Regulação.
(b) Investidura ou nomeação especial dos dirigentes;
O Presidente da República nomeia o dirigente com prévia aprovação do Senado Federal (denomina-se investidura especial). O Presidente da República não pode exonerar o dirigente nomeado. O dirigente assume o mandato por prazo determinado e quem determina esse prazo é a lei que cria a agência. O dirigente só perde o mandato mediante condenação em processo judicial ou administrativo. Só pode o dirigente ser mandado embora, antes do prazo, se existir uma condenação ou renúncia. Encerrado o mandato o dirigente não pode atuar na empresa
privada naquele ramo de atividade, é o que se denomina de estado de quarentena. Nada impede que ele possa exercer um outro cargo público ou outra atividade. O tempo de impedimento é de 04 meses, recebendo os proventos de dirigente, salvo algumas agências que determina prazo de 12 meses.
Exemplos de Agências Reguladoras: ANCEL, ANATEL, ANS, ANVISA, ANTT, ANTAQ, ANAC, ANP, ANA, ANCINE (nasceu por meio de medida provisória, no entanto, até hoje não foi convertida em lei).
Parou aqui em 15 de março de 2012
Fim.
Aula VII - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG –16 de março de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 07
ASSUNTO – ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
Licitação (Regra Especial)
Com a Lei 9.472/97 (Norma Geral das Telecomunicações que criou a ANATEL). Esta lei além de tratar da ANATEL diz que Agência Reguladora não está sujeita a Lei 8.666/93, ou seja, está fora e afirma que cada agência vai ter o seu próprio procedimento de licitação. A Lei 9.472/97 diz que as agências irão seguir modalidades especificas: pregão e consulta.
Em 1997 não existia no Brasil nem pregão e nem consulta. Eram modalidades específicas das agências reguladoras. No entanto, a partir de 2000 o pregão é feito por todos os entes.
A matéria foi levada ao STF (Controle de Constitucionalidade – ADI nº 1.668) e este decidiu que agência reguladora é autarquia (pessoa jurídica de direito público) e sendo assim não pode fugir da Lei nº 8.666/93, logo, não pode ficar fora desta lei porque é inconstitucional. Ademais, diz que a regra de que cada uma tem seu próprio procedimento de licitação é inconstitucional e terá que seguir a Lei nº 8.666/93, estando sujeita a norma geral (Lei de Licitação). Está sujeita a Lei nº 8.666/93, mas pode ter modalidades pregão e consulta (é constitucional segundo o STF).
Obs: A modalidade hoje especifica da agência reguladora é a consulta. A consulta ainda não foi regulamentada por lei.
Regime de Pessoal da Agência Reguladora
A Lei 9.986/00 define o regime de pessoal. Diz esta lei que o quadro da Agência Reguladora vai seguir o regime de emprego público. Várias agências reguladoras definiram em suas leis que é regime de emprego com contrato temporário (temporário não precisa de concurso público).
A matéria foi levada ao STF através da ADI nº 2.310 (Controle de Constitucionalidade) e este decidiu em sede de cautelar que não pode seguir regime de emprego e sim regime de cargo público, pois a função é qualificada e o sujeito tem que ser preparado, logo, predomina o regime estatutário. Ademais, disse que a necessidade é permanente, não podendo ser emprego e nem temporário.
A modalidade hoje específica é regime de cargos públicos (estatutários). Os contratos temporários que estão em andamento vão até o seu prazo final, segundo o STF. No entanto, no meio desta ação o Presidente da República edita um MP nº 155/03 para criar cargo público, alterando a Lei 9.986/00. Esta MP foi convertida na Lei 10.871/04. A ADI foi extinta sem julgamento de mérito por perda do objeto, pois a lei foi modificada e não tinha mais o que discutir. O Presidente da República decide prorrogar os contratos temporários por mais um ano até os dias de hoje e nada foi resolvido, porém a matéria está sendo discutida no STF na ADI nº 3.678. Muitas agências ainda são mantidas até os dias atuais com contratos temporários. Mas o TCU vem pegando no pé para que haja concurso.
Exemplos de Agencias Reguladoras:
Controlando e Fiscalizando Serviços Públicos
o ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
o ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicação
o ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
o ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar
Controlando os Transportes Terrestres:
o ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres
o ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários
o ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil
Controlando o Petróleo
o ANP – Agência nacional de Petróleo
Controlando os Bens Públicos
o ANA – Agência Nacional de Águas
Controlando o Fomento
o ANCINE - Agência Nacional do Cinema Nacional
Obs.: Nem tudo que tem nome de agência é agência reguladora. A lei de criação é que vai definir se é agência reguladora ou não. Ex.: ABIN (Órgão Administrativo), AEB – Agência Espacial Brasileira (É só autarquia, não é agência reguladora, não tem natureza de agência reguladora); CVM - Comissão de Valores Mobiliários (Apesar de não tem nome de agência reguladora, tem natureza de agência reguladora);
Obs.: Nos concursos públicos eles querem as normas gerais de cada agência. Deve-se prestar atenção na mídia, pois sempre cai em prova questões a respeito das agências que estão envolvidas em escândalos. Prestar atenção também no edital porque se contiver nele alguma agência eles irão cobrar a norma específica.
1.2.12 Autarquia: Agência Executiva
Nada mais é do que uma velha autarquia, ou uma velha fundação. Ela vem para recuperar uma autarquia ou fundação que está acabada/ineficiente. Para ser uma autarquia mais eficiente ela irá elaborar um plano estratégico de reestruturação. E para executar esse projeto novo ela vai até a Administração Direta e celebra com esta um contrato de gestão. Para isso ocorrer a Administração Direta vai transferir mais autonomia, mais liberdade e mais recursos públicos para a agência executiva. Ser agência executiva é uma situação temporária, é só enquanto estiver em andamento o contrato de gestão. Quando terminar o contrato de gestão ela retornará a ser uma autarquia ou uma fundação pública (volta à situação original). Está prevista na Lei nº 9.649/98.
1.3 Empresas Públicas e Sociedades de Economia
Empresa Estatal é toda aquela em que o Estado faz parte/participa. A empresa pública e sociedade de economia mista serão empresas estatais se seguirem o regime jurídico da mesma.
Empresa Pública: É uma pessoa jurídica de direito privado. Seu nome está ligado ao capital da empresa e não ao seu regime jurídico. Esse regime não é absolutamente privado, ele é misto (nem totalmente público e nem totalmente privado). Ela vai ter o capital exclusivamente público. O capital pode ser de mais de um ente, desde que este ente seja exclusivamente público. Pode ser prestadora de serviço público e também pode ser exploradora da atividade econômica. Pode ser formada/constituída de qualquer modalidade empresarial. Exemplo: Caixa Econômica Federal.
Sociedade de Economia Mista: É uma pessoa jurídica de direito privado. Seu nome está ligado ao capital da empresa e não ao seu regime jurídico. O regime jurídico é misto (público
e privado). O capital é misto, mas a maioria do capital votante tem que estar nas mãos do Poder Público, lembrando que a proposta é que este tenha o comando. Serve para prestar serviço público e explorar atividade econômica. Tem que ser necessariamente constituída na forma de S/A (sociedade anônima). Exemplo: Banco do Brasil.
Semelhanças e diferenças entre Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista:
1ª Semelhança: Pessoa Jurídica de Direito Privado
2ª Semelhança: Regime Jurídico Híbrido
Obs: A diferença está no capital, pois enquanto a empresa pública terá o capital exclusivamente público, a sociedade de economia mista terá o capital misto (a maioria do capital votante tem que estar nas mãos do Poder Público).
3ª Semelhança: Possuem a mesma finalidade (exploram atividade econômica ou prestam serviço público).
Obs: A diferença está em suas constituições. Enquanto a empresa pública pode ser constituída de qualquer modalidade empresarial, a sociedade de economia mista só pode ser uma S/A (sociedade anônima).
Obs: A diferença também está ligada à competência para julgamento de suas ações. A competência decorre da previsão do art. 109 da CF. Compete a Justiça Comum Estadual julgar a sociedade de economia mista federal. Porém, se a União tiver interesse na causa ela pede para que o processo seja remetido à Justiça Federal (lembre-se que a remessa é por conta da presença da União e não da Sociedade de Economia Mista Federal). Se as empresas públicas ou sociedades de economia mista forem estaduais ou municipais serão julgadas na Justiça Comum Estadual.
Ver Súmulas STF 517 e 556
Obs: No tocante à empresa pública e sociedade de economia mista podem ambas ter dois objetivos e duas finalidades diferentes:
Podem ser prestadoras de serviço público e exploradoras da atividade econômica.
Temos como exemplo os Correios e Telégrafos, o qual é empresa pública e prestadora de serviço público. Se a empresa presta serviço público o regime é misto, porém é mais público que privado. Quanto à exploração de atividade econômica, deve aqui ser ressaltado que o Estado não pode explorar qualquer atividade econômica (art. 173 da CF). Só é possível explorar atividade econômica quando for importante para a segurança nacional e tiver relevante interesse coletivo (são razões de interesse público). Quando as empresas exploram
atividade econômica, o regime jurídico vai se aproximar mais das empresas privadas do que das empresas públicas.
1.3.1 Licitações e Contratos da Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
Empresa pública na atividade fim não precisa licitar.
(Regra) Se as empresas prestarem serviço público é indiscutível que elas tenham que licitar. Estão sujeitas a Lei nº 8.666/93.
(Exceção) Se as empresas exploram a atividade econômica poderão ter um regime próprio de licitação e contrato, dependendo apenas de lei específica (art. 173, § 1º, da CF). Porém, até hoje a lei não foi criada, e assim, elas irão seguir o regime jurídico geral, ou seja, Lei nº 8.666/93. Apesar de estarem sujeitas à Lei nº 8.666/93, a própria lei traz várias dispensas e várias inexigibilidades. Quando a licitação prejudicar o interesse público (atividade fim) será, então, inexigível, porque a competição é inviável. (Trata da Exigibilidade de Licitação)
(Trata da Dispensa de Licitação) Art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93. Este dispositivo trata a respeito de dispensa de tratamento especial para as empresas públicas e sociedades de economia mista. Normalmente as empresas acima mencionadas gozam de dispensa de 10% na modalidade convite, para obras e serviços de engenharia 15.000,00 e para outros bens e serviços que não são os de engenharia no limite de 8.000,00. No caso do tratamento especial, as empresas terão 20% de dispensa no parâmetro do convite, para obras e serviços de engenharia 30.000,00 e para outros bens e serviços que não são os de engenharia no limite de 16.000,00.
(Inexigibilidade) Está prevista no art. 25 da Lei 8.666/93, esse artigo representa rol exemplificativo. A competição inviável, licitação inexigível, quando prejudicar o interesse público. Se a empresa pública presta serviço público ou atividade econômica e prejudicar o interesse público, essa é uma razão de interesse público, se a licitação prejudicar o interesse público a licitação será prejudicada, a licitação se torna inexigível.
1.3.2 Responsabilidade Civil da Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
Se a empresa pública e sociedade de economia mista forem prestadoras de serviço público estão sujeitas ao art. 37, § 6º, da CF.
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Assim, a responsabilidade civil segue a teoria objetiva. Por ser serviço público é responsabilidade do Estado, no entanto, é subsidiária.
Quando as empresas acima mencionadas exploram atividade econômica, elas não estão sujeitas ao art. 37, § 6º, da CF, e sim ao CC. A regra é a responsabilidade subjetiva. Aqui o Estado não responde subsidiariamente.
1.3.3 Bens da Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
Os bens seguem, em regra, o regime privado, sendo, portanto, bens privados. Podem ser penhorados, alienados.
Só seguirão o regime público, excepcionalmente, os bens diretamente ligados à prestação do serviço público. O fundamento é o princípio da continuidade (caso os bens sejam penhorados ou alienados irão comprometer a continuidade do serviço).
Bens de empresas públicas prestadoras de serviços públicos podem ser penhorados, para os que não estão diretamente ligados à prestação de serviço público.
Obs: A ECT (CORREIOS) é empresa pública, mas por ter a exclusividade do serviço postal (monopólio das cartas e não da encomenda “distribuição”) ganha o tratamento de Fazenda Pública e, assim, seu regime é igual ao da autarquia (Regime Jurídico Público). Ver ADPF nº 46. Seus bens são impenhoráveis, significa que o regime é público, a ECT tem tratamento diferenciado.
1.3.4 Regime Tributário da Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
Em regra, as empresas acima mencionadas gozarão de privilégios tributários.
Quando a Empresa Pública e a Sociedade de Economia Mista explorar atividade econômica não terão privilégios, não extensíveis a iniciativa privada. Ou seja, se a iniciativa privada tiver privilégios, a empresa pública também vai ter, porém se a iniciativa privada não tiver privilégios, a empresa pública também não vai ter. Logo, o que for dado à iniciativa privada será dado às empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Art. 173, § 2º, da CF: A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
Quando as empresas prestam serviço público, mas a carga tributária é repassada no custo do serviço (a carga tributária vai para o contribuinte junto com o valor do serviço, o consumidor final é quem está pagando a conta), elas não terão privilégios tributários. Na prática, normalmente, é feito o repasse da carga tributária.
Art. 150, § 3º, da CF: As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
A ECT (CORREIOS) como tem tratamento de Fazenda Pública ganhou imunidade tributária recíproca.
1.3.5 Regime Falimentar da Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
Com a nova Lei de Falência as empresas não estão sujeitas ao regime falimentar. Não há mais diferença quanto aos regimes públicos e privados. Essa distinção era feita antes da nova lei.
1.3.6 Pessoal da Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
Por serem pessoas jurídicas de direito privado, o regime de pessoal é de servidores de entes governamentais de entes privados. São, na verdade, empregados sujeitos ao regime da CLT. Entram no conceito de agente público, mas não são servidores públicos (pessoa pública). No entanto, se igualam aos servidores públicos em alguns aspectos. São eles:
(a) Concurso Público;
(b) Teto Remuneratório;
Obs: Equiparam-se ao teto remuneratório, salvo quando as empresas não dependerem de repasse da administração direta para o custeio.
(c) Regime de Não-Acumulação de Cargos e Empregos;
(d) Sujeição à Lei Penal (previsão no art. 327 do CP);
(e) Sujeição à Lei de Improbidade (Lei nº 8.429/92);
(f) Sujeição aos Remédios Constitucionais.
Obs: Diferem os servidores de entes governamentais de entes privados dos servidores públicos no tocante à dispensa. Os servidores públicos tem que ser dispensados motivadamente. Já os servidores de entes governamentais de entes privados são dispensados imotivadamente, ou seja, sem justificativas.
Súmula nº 390 do TST: Estabilidade - Celetista - Administração Direta, Autárquica ou Fundacional - Empregado de Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista. I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 265 da SDI-1 - Inserida em 27.09.2002 e ex-OJ nº 22 da SDI-2 - Inserida em 20.09.00). II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 - Inserida em 20.06.2001).
Diante de tal idéia, o TST publicou a OJ nº 247, a qual afirma que não tendo a estabilidade do art. 41, a dispensa do empregado é imotivada, quanto ao pessoal às empresas públicas e sociedades de economia mista.
1.3.7. Empresa de Correios e Telégrafos
É uma empresa pública. Por prestar serviço exclusivo teve tratamento diferenciado pela ADPF nº 46, sendo-lhe conferido tratamento de Fazenda Pública (próximo das pessoas da administração direta). Ela ganhou regras próprias como a impenhorabilidade dos bens (no tocante a qualquer bem), tem regime de precatórios, goza de imunidade tributária recíproca para os impostos em sua finalidade exclusiva; a dispensa dos seus empregados pode ser livre (RE nº 589.998 PI – STF – Repercussão Geral).
ENCERRADO O ESTUDO DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. AGORA SERÃO ESTUDADAS AS PESSOAS QUE ESTÃO FORA DA ADMINISTRAÇÃO.
01 Consórcios Públicos
Surgiu no Brasil com a Lei nº 11.107/2005. Nasce da reunião de entes políticos (U-E-DF-M), da qual celebram um contrato de consórcio. Desse contrato surge uma nova pessoa jurídica que é chamada de associação. Essa associação pode ter dois regimes diferentes, podendo ser de regime público e de regime privado. Se ela segue o regime público é, então, uma espécie de autarquia. Se ela segue o regime privado seguirá o mesmo regime híbrido da empresa pública e sociedade de economia mista.
Retornar os estudos no Intensivo II.
02. Entes de Cooperação
Colaboram com a administração, mesmo estando fora da mesma.
Para fins econômicos temos a seguinte classificação:
1º Setor: Estado;
2º Setor: Mercado, ou seja, Iniciativa Privada;
3º Setor: Organizações Não Governamentais – ONGS;
4º Setor: Economia Informal, Pirataria, Camelôs etc. (criminalidade de forma geral).
Obs: Será estudado apenas do 3º setor, o qual tem vínculo com o Estado.
2.1 Serviços Sociais Autônomos
Trata-se de pessoa jurídica de direito privado que se encontram fora da administração. São denominados de entes paraestatais.
Serviço Social Autônomo também já foi chamado de “Sistema S”. Compõe esse sistema o SEBRAE, SENAC, SESI, SENAI etc.
O “Sistema S” colabora com o Estado fomentando as diversas categorias profissionais, seja fomentando a indústria, o comércio, o transporte etc. Não presta efetivamente o serviço público, ele apenas ajuda no desenvolvimento do mesmo, e não possui fins lucrativos.
O “Sistema S” pode viver de duas receitas diferentes (recursos diferentes). Pode receber dotação orçamentária, ou seja, pode receber dinheiro direto do orçamento. E é beneficiário de contribuição parafiscal, ou seja, parafiscalidade (recursos financeiros). * Competência Tributária é a aptidão para criar tributos. Capacidade Tributária é a capacidade para cobrar tributos. A competência tributária é indelegável, somente tendo o ente político. Capacidade tributária pode ser delegada. A delegação dessa capacidade é o que se chama de parafiscalidade. Logo, o “Sistema S” possui capacidade tributária, cobrando a contribuição parafiscal (é a principal receita desse sistema).
O “Sistema S” está sujeito a controle pelo Tribunal de Contas e, consequentemente, está sujeitos a licitação (art. 1º da Lei nº 8.666/93). No entanto, quanto à licitação ele tem direito a um procedimento simplificado, denominado de “Procedimento Simplificado do Sistema S”.
O “Sistema S” não tem privilégios tributários, privilégios processuais, o regime de pessoal é de empregados (celetistas – empregado privado) e não tem regras especiais.
2.2 Organizações Sociais
Estão previstas na Lei nº 9.637/98. Surge da extinção de uma estrutura da administração pública. São denominadas de “OS”. É uma pessoa jurídica de direito privado.
Recebe a atividade da extinta estrutura através de um contrato de gestão. Contrato de gestão dará a organização social dotação orçamentaria, utilização de bens públicos e, ainda, a cessão dos servidores.
É administrada por um Conselho de Administração, o qual é composto por particulares e com a interferência de administradores públicos.
Em tese recebe dotação orçamentária e, assim, o Tribunal de Contas tem que controlar, porém não precisa licitar, pois ganharam dispensa de licitação (Lei nº 8.666/93, art. 24, XXIV). Tem dispensa por meio dos contratos decorrentes dos contratos de gestão. A Organização Social juntamente com a Dispensa de Licitação estão sendo objeto de controle de constitucionalidade, por meio da ADI nº 1923.
2.3 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)
Está prevista na Lei nº 9.790/99. Entra na administração para um projeto especifico, executa-o e depois vai embora. Celebra com o Estado para a execução de um projeto determinado/específico o que se denomina de Termo de Parceria. Termo de Parceria nada mais é do que uma forma de contrato, o qual tem finalidade específica. Para celebrar esse termo a OSCIP tem que estar no mercado e ter experiência de pelo menos 01 ano no ramo, o termo de parceria não tem interferência de administradores públicos. Pode atuar na assistência social, cultura, patrimônio histórico, patrimônio artístico, meio ambiente e desenvolvimento econômico e social. O Termo de Parceria pode dar a OSCIP recursos públicos. Não está sujeita a regra orçamentária (não recebe dinheiro diretamente do estado), ou seja, tem que prestar o serviço para poder receber o pagamento. A gestão é privada, não tem interferência do administrador público, sendo o regime jurídico completamente privado.
Obs: A doutrina aceita melhor a OSCIP do que a OS.
2.4 Entidades de Apoio
Hoje, no Brasil, as universidades públicas estão abandonadas. Diante de tal fato, os servidores das universidades se reúnem e constituem uma nova pessoa jurídica de direito privado, denominada de entidade de apoio. Celebram com o Estado um convênio e atua dentro das universidades. Podem ser constituídas com natureza de fundação ou associação de natureza privada. Os próprios servidores trabalham na entidade de apoio. Servem para estimular a pesquisa (mestrados, pós-graduação etc.) e não prestam serviço público. Previsão na Lei nº 8.958/94 (matéria regulamentada apenas para as universidades públicas).
Exemplos: FINATEC, FAPEP, FAPEL, FUSP etc.
Parou aqui em 16 de março de 2012
Fim.
Aula VIII - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 29 de março de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 08
ASSUNTO – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
01. Conceito
São ferramentas que tem o Estado para a perseguição do interesse público. Alguns autores preferem chamar os Poderes da Administração de Poderes Administrativos.
Poderes da Administração são prerrogativas/instrumentos (Exemplos: Poder Disciplinar, Poder de Polícia etc.).
≠
Poderes do Estado são elementos organizacionais do Estado (Exemplos: Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário). É estudado em Direito Constitucional.
O direito administrativo estuda apenas os Poderes da Administração. São eles:
(a). Poder Disciplinar
(b). Poder de Polícia
(c). Poder Hierárquico
(d). Poder Regulamentar
Serão citadas abaixo algumas características que servem para o exercício de qualquer desses poderes:
(a). O poder é de exercício obrigatório, é poder-dever, ou seja, não é facultativo;
(b). O poder é irrenunciável, ou seja, o administrador não pode dispor desse poder, uma vez que exerce função pública, isto é, exerce função em nome e interesse do povo. Prevalece aqui o Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público;
(c). O administrador de hoje não pode criar entraves/obstáculos para o futuro administrador. Abrir mão do poder (renunciar) significa comprometer a nova (futura) administração;
(d). O administrador deve exercer o poder dentro dos limites legais, significando cumprir as regras de competência. É importante, ainda, que a medida adotada seja adequada, isto é, deve ser necessária e deve respeitar o Princípio da Proporcionalidade. É preciso ainda que a medida adotada seja eficiente. Necessidade aqui significa adequação e proporcionalidade.
(e). Se o administrador extrapola os limites da lei será, então, responsabilizado por abuso de poder. Pode ser responsabilizado tanto por ação quanto por omissão.
Observações:
Abuso de Poder: acontece quando a autoridade extrapola os limites da lei. Possui duas categorias:
1ª Categoria: Excesso de Poder – ocorre quando a autoridade dá um passo a mais, extrapolando os limites de sua competência, exagerando em sua atitude. Exemplos: blitz policial; controle alfandegário, etc.
2ª Categoria: Desvio de Finalidade – alguns autores denominam de desvio de poder. É vício subjetivo (está na cabeça/vontade do administrador); ideológico; de defeito na
vontade. Obs: Esse desvio normalmente vem disfarçado, é muito difícil de ser comprovado na prática.
02. Classificação do Poder quanto ao Grau de Liberdade
Os autores mais modernos não usam a classificação poder vinculado e poder discricionário. Eles afirmam que os poderes não podem ser totalmente vinculados ou discricionários. Dizem, ainda, que tal classificação se adéqua aos atos, pois são os atos, decorrentes do exercício do poder que podem ser classificados como discricionários ou vinculados.
Obs: Hely Lopes Meireles utiliza as expressões poder vinculado e poder discricionário.
2.1 Poder Vinculado: é aquele que o administrador não tem liberdade, juízo de valor. Não há análise de conveniência e oportunidade. O administrador é obrigado a praticar o ato a que tenha se comprometido exercer. Exemplos: concessão de aposentadoria; licença para construir, licença para dirigir etc.
2.2 Poder Discricionário: é aquele que o administrador tem liberdade, juízo de valor. Há análise de conveniência e oportunidade, porém deve ser exercido nos limites da lei. Nos limites da lei é ato discricionário e fora dos limites da lei é ato arbitrário. Exemplos: permissão de uso de bem público; autorização de veículos fora da medida de peso.
Poder Hierárquico
É o instrumento para que o Poder Público crie/estruture/distribua/hierarquize dentro da própria administração uma hierarquia (organizando os quadros da administração).
Consequências ou Desdobramentos do Poder Hierárquico: o chefe pode dar ordens; fiscalizar os atos praticados pelos subordinados; revisar (corrigir) os atos praticados pelos subordinados.
A delegação de competência administrativa (retirar do meu para transferir uma atribuição) é possível, em exceção, e desde que devidamente justificável.
A avocação de competência administrativa (retirar dele e transferir para mim) também é possível, em exceção, e devidamente justificável. A partir do momento em que o administrador (chefe) dá uma ordem e o subordinado não cumpre a mesma, pode o administrador aplicar uma penalidade/sanção ao subordinado.
Obs: O ato de aplicar sanção ao subordinado decorre da hierarquia, no entanto, tal ato caracteriza poder disciplinar. O poder disciplinar é conseqüência do poder hierárquico.
Poder Disciplinar
É o instrumento cabível para apurar e aplicar sanção aos servidores em razão da prática de infração funcional. Atinge aqueles servidores que estão na intimidade da Administração, ou seja, aqueles que estão prestando atividade pública. O exercício do poder disciplinar não vai ser imposto a um particular qualquer.
Pergunta: Poder Disciplinar é, em regra, discricionário?Não. A autoridade pública tem a obrigação de investigar, de instaurar o processo administrativo para a averiguação da prática funcional. Instaurar o processo é uma providência vinculada. O conceito de infração funcional no direito administrativo difere do conceito de infração funcional no direito penal. Aqui se utiliza o conceito vago/indeterminado de infração penal. É necessário juízo de valor para a definição da mesma. Ressalte-se que se aplica a sanção inerente a ocorrência de infração funcional. A lei não dá liberdade quanto á escolha da sanção, estando essa pré-definida na lei. Logo, a aplicação da sanção é vinculada. A discricionariedade está presente apenas na definição da infração pela autoridade pública. Em regra, este poder é vinculado.
Poder Regulamentar
Alguns autores preferem a terminologia poder normativo. Poder Regulamentar é o instrumento através do qual o administrador vai normatizar, disciplinar, regulamentar, complementando uma lei, buscando sua fiel execução, por meio de decretos ou regulamentos. Exemplos: regulamentos, portarias, resoluções e regimentos, instruções e deliberações, etc.
Diferença entre Decreto e Regulamento: Regulamento nada mais é do que uma norma. Exemplo: definir regras sanitárias (definir normas sobre um assunto). Denomina-se decreto regulamentar. A forma (formato; moldura) que se deve dar ao regulamento é o que chamamos de decreto.
Obs: Decreto: é forma; Regulamento: é conteúdo. O decreto pode ou não ser um regulamento. Regulamento e leis são atos abstratos e gerais. O regulamento é feito em Gabinete pelo Chefe do Executivo, o qual o faz sozinho, de portas fechadas, ou seja, não há processo, é realizado sem grandes publicidades e sem qualquer formalidade. Este procedimento difere do procedimento de criação das leis, sendo este último feito pela Casa Legislativa. Assim, hoje, conclui-se que fazer uma lei traz mais segurança do que fazer um regulamento.
Temos no Direito Comparado e no Brasil dois tipos de Regulamento:
Regulamento Executivo – serve para complementar a lei e busca dar fiel execução a mesma. Não cria direitos novos e nem regras novas (não inova a ordem jurídica). Depende da lei anterior e seu fundamento de validade está na lei.
Art. 84, IV, da CF : Compete privativamente ao Presidente da República sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução.
Decreto Regulamentar Autônomo – também denominado de independente. Tem seu fundamento de validade na própria Constituição Federal. É como se ele assumisse o papel da lei no ordenamento jurídico. Não precisa de lei anterior para disciplinar (inova o ordenamento jurídico).
Pergunta: É possível, hoje, Decreto Regulamentar Autônomo?Depois da EC 32/2001 que alterou o art. 84, VI, da CF é possível hoje no Brasil o Decreto Regulamentar Autônomo. Com essa alteração a jurisprudência passou a afirmar que se trata de Regulamento Autônomo.
Obs: Cargo público é criado por lei (deve, portanto, ser extinto por lei), mas se cargo público estiver vago ele pode ser extinto por decreto regulamentar (este decreto assume o papel da lei).
Hoje para a maioria dos autores é possível o decreto regulamentar autônomo no Brasil, porém, há ainda autores que divergem quanto ao tema. STF diz que é possível decreto regulamentar autônomo no Brasil, no entanto, só pode em caráter excepcionalíssimo e quando expressamente autorizado pela CF. Hely Lopes Meireles diz que pode sempre e em qualquer caso. Celso Antônio Bandeira de Mello diz que não pode nunca, em nenhuma hipótese.
Poder de Polícia
É uma prerrogativa/ferramenta através da qual o Estado utiliza para restringir, limitar, frear a atuação do particular na satisfação do interesse público. O Estado compatibiliza as vontades do interesse público e do interesse privado buscando o bem-estar social.
O Poder de Polícia basicamente atua em dois direitos, ou seja, está ligado ao direito de liberdade de ir e vir e direito de propriedade do particular.
O exercício do poder de polícia lícito não gera direito à indenização. O Estado não retira direito do particular, ele apenas define a forma de se exercer esse direito. Este poder não atinge a pessoa do administrado, mas sim os direitos, as atividades, os bens, os seus interesses.
O art. 78 do Código Tributário Nacional traz o conceito de Poder de Polícia:
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Pelo exercício deste poder é possível cobrar taxa, sendo esta denominada de taxa de polícia. Taxa de Polícia é um tributo vinculado a uma contraprestação estatal e neste caso o que se cobra é o valor da diligência realizada.
Esse poder pode se concretizar de várias maneiras:
Pode ser Poder de Polícia Preventivo – é aquele que evita a insegurança, o prejuízo e etc. A Administração define as regras. Exemplo: definir limite de velocidade em uma determinada rodovia.
Poder ser Poder de Polícia Fiscalizador – é aquele que serve para verificar o cumprimento das regras. Exemplo: o fiscal examina os pesos e as medidas da balança de um determinado local.
Poder ser Poder de Polícia Repressivo – é aquele que tem o objetivo de aplicar uma sanção. Exemplo: apreender mercadoria.
O poder de polícia se apresenta através de atos normativos, os quais definem as regras. Ato normativo é exercício de Poder Regulamentar e é exercício também de Poder de Polícia. A aplicação de multa de trânsito é exemplo de ato punitivo.
Pergunta: Poder de Polícia é em regra negativo?
Sim, porque na maioria das hipóteses ele institui uma abstenção, ou seja, uma obrigação de não fazer. Exemplos: não ultrapassar velocidade no trânsito; não construir acima de seis andares etc. Ressalte-se que essa regra não é absoluta, uma vez que ele pode instituir uma obrigação de fazer. Exemplo: nos casos de enchentes a administração determina a desocupação da área de risco. É, assim, uma obrigação de fazer, obrigação de sair do local.
O Poder de Polícia tem como fundamento a chamada Supremacia Geral que significa a atuação do Poder Público que independente de vínculo jurídico anterior. Exemplos: controle alfandegário; controle de pesos e medidas; controle por meio do bafômetro etc. É diferente de Supremacia Especial que significa a atuação do Poder Público que decorrente de relação/vinculo jurídico anterior. Exemplo: aluno matriculado na escola foi expulso por colocar bomba no banheiro. Ele estava matriculado na escola e assim tem vínculo jurídico, ou seja, a matrícula escolar. Pelo fato de decorrer de um vínculo jurídico trata-se de Supremacia Especial e não de Supremacia Geral, logo, não é caso Poder de Polícia.
Parou aqui!!!! Em 29 de março de 2012
Fim.
Aula IX - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 13 de abril de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 09
ASSUNTO – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
Pergunta: É possível delegação do Polícia?Resp.: Não pode haver delegação de tal poder. Na ADI nº 1.717, o STF decidiu, com base na segurança jurídica, que o Poder de Policia não pode ser dado a um particular (pessoa jurídica de direito privado).
Obs.: A nossa jurisprudência afirma que é possível delegar atos materiais de polícia (atos mecânicos de polícia, atos instrumentais de polícia, atos preparatórios). Pode ser dado a uma empresa privada, a exemplo da contratação de radar de trânsito pertencente à empresa privada.
Os atos materiais podem ser divididos em (ambos podem ser delegados):
Atos Materiais Preparatórios - são os que vão preparar a atuação da polícia.
Exemplos: quando o radar bate a foto; contratar uma empresa privada de máquinas.
Atos Materiais Posteriores – são os atos de decisão, que vêm depois do ato preparatório.
Exemplos: ocorre quando a administração recebe a foto tirada pelo radar e decide a respeito dela; contratadas as máquinas decide a administração pela demolição de casas que estão em área de risco.
03. Atributos (Características) do Poder de Polícia
Obs.: Não confundir os atributos do poder de polícia com os atributos dos atos administrativos.
1º Atributo: Discricionariedade.
O poder de polícia é, em regra, discricionário.
Exemplo: autorização para porte de arma.
Excepcionalmente, em algumas situações esse poder de policia será vinculado.
Exemplo: licença para construir.
2º Atributo: Autoexecutoriedade.
O poder de polícia, em regra, é auto-executável. Auto-executoriedade significa que este poder não precisa, não depende da presença do Poder Judiciário. É a atuação que não precisa de autorização, ou seja, de controle prévio do Poder Judiciário, mas não impede o controle do Judiciário quando o administrado estiver insatisfeito.
Para a doutrina majoritária hoje a autoexecutoriedade divide-se em dois enfoques:
Exigibilidade é meio de coerção indireto; todo ato tem exigibilidade; é decidir/executar sem a presença do Poder Judiciário.
Executoriedade: é executar sem a presença do Poder Judiciário; nem todo ato tem executoriedade; acontece nas situações previstas em lei e quando as situações forem urgentes; é meio de coerção direto. Para se ter a autoexecutoriedade é necessário ter a executoriedade + exigibilidade.
Todo poder de polícia é autoexecutável – Resposta falso no concurso. Na verdade ele é em regra, mas não sempre.
Coercibilidade – é imperativo, imposto, obrigatório. A decisão tem que ser obedecida, tem que ser cumprida.
O Poder de Polícia gera para a administração pública a denominada polícia administrativa. Polícia Administrativa nada mais é do que a atuação do Poder de Polícia. Não pode ser confundida com a Polícia Judicial, a qual diz respeito à contenção do crime (a exemplo da Polícia Civil)
01. Diferenças entre “Ato” e “Fato”
1.1 Fato
Fato – significa um acontecimento/evento do mundo em que nós vivemos. Exemplos: morrer, nascer, chover etc.
Fato Jurídico – significa um acontecimento que produz efeito na órbita jurídica. Exemplos: se falecer alguém, se morrer alguém etc.
Fato Administrativo – significa um acontecimento que atinge a órbita jurídica, mas atinge, especificamente, o Direito Administrativo. Exemplo: com a morte de um determinado servidor público ocorre a vacância do cargo e daí surge a necessidade de concurso público.
1.2 Ato
Ato – é aquele que decorre de manifestação de vontade.
Ato Jurídico – ocorre quando a manifestação de vontade (ato) atinge a órbita do direito.
Ato Administrativo – ocorre quando temos a manifestação de vontade de alguém e esta atinge o mundo jurídico, especificamente, o Direito Administrativo. Exemplos: ocorre quando o Estado compra um veículo, ocorre quando acontece o tombamento de um patrimônio etc.
Obs.: Quanto ao ato, o que interessa é a manifestação de vontade (a vontade é relevante e vai fazer diferença). Precisa-se de uma declaração de vontade (não importa a forma da declaração). O ato é passível de anulação e de revogação. Ademais, goza de presunção de legitimidade.
Obs.: Quanto ao fato, não há uma declaração e a vontade é irrelevante. Fato não admite anulação, revogação e nem presunção.
02. Diferenças entre “Ato da Administração” e “Ato Administrativo”
2.1 Ato da Administração
Quem o pratica é a administração. Quando a administração pratica os atos, eles podem ser regidos pelo regime jurídico público ou pelo regime jurídico privado. Quando os atos seguem o regime público podem ser denominados ao mesmo tempo de ato da administração e de ato administrativo.
Obs.: Ato praticado por concessionária ou permissionária é ato administrativo porque seguem o regime público, mas as concessionárias e permissionárias estão fora da administração pública.
Podemos ter:
(a). 1. Atos da administração: são os atos praticados pela administração pública, sendo estes regidos pelo regime privado;
(b). 2. Atos da administração: são os atos praticados pela administração pública e, são ao mesmo tempo, atos administrativos (praticados pela administração pública e regidos pelo regime público); (c). 3. Atos administrativos: são os atos das concessionárias e das permissionárias (estas não fazem parte da administração pública). Esses atos são regidos pelo regime público e, portanto, são atos administrativos.
Obs: Conclui-se que há atos administrativos dentro da administração pública (praticados pela administração pública e seguem o regime público) e fora da administração pública (praticados pelas concessionárias e permissionárias e seguem o regime público).
2.2 Ato Administrativo
É uma manifestação de vontade do Estado ou de quem lhe represente (a exemplo das concessionárias ou permissionárias) que irá criar, modificar ou extinguir direitos e que têm por objetivo satisfazer o interesse público. Os atos administrativos estão sujeitos ao Regime Jurídico Público. Os atos administrativos são inferiores e complementares a previsão legal. Os atos administrativos estão sujeitos a controle, ou seja, sujeitos a revisão pelo Poder Judiciário (trata-se de um controle de legalidade).
Hely Lopes Meirelles faz a seguinte distinção:
Ato Administrativo em Sentido Amplo - é o que diz o conceito acima mencionado.
Ato Administrativo em Sentido Estrito – também chamado de Ato Administrativo Propriamente Dito, é o que diz o conceito acima mencionado juntamente com as características de ser unilateral e concreto.
03. Elementos ou Requisitos de Validade dos Atos Administrativos
Conceito: segundo a doutrina majoritária, os elementos ou requisitos de validade constam da lista de requisitos prevista na Lei nº 4.717/65 (Lei de Ação Popular).
(a). Competência (Sujeito)
(b). Forma
(c). Motivo
(d). Objeto
(e). Finalidade
Obs: Para Celso Antônio Bandeira de Melo nem tudo é elemento ou requisito de validade. Elemento é aquilo que é condição para que haja o ato jurídico (a exemplo da manifestação de vontade). Afirma este doutrinador que alguns aspectos constantes da lista mencionada acima não são apenas elementos, e sim pressupostos. E, por sua vez, acaba dividindo esses pressupostos em:
Pressupostos de existência: é condição para a existência de ato administrativo. Exemplo: o assunto tem que ser administrativo para que exista o ato administrativo.
Pressupostos de validade: é a condição para a existência de ato válido.
1º Elemento: Sujeito (Competência)
Alguns autores preferem o termo “competência” e outros autores preferem o termo “sujeito”. Iremos nos reportar aqui ao termo “sujeito”.
Conceito: o ato vai ser praticado por quem está no exercício de uma função pública, seja essa função dentro ou fora da administração pública. Agente público é todo aquele que pratica uma função pública, seja de forma temporária ou permanente, com ou sem remuneração . Exemplo: mesário das eleições. Assim, o sujeito do ato administrativo nada mais é do que o agente público. Não pode ser um agente público qualquer, tendo este que obedecer as regras de competência (devendo ser um agente competente).
Obs: A competência tem como fonte a lei ou a CF.
Características da competência administrativa: é de exercício obrigatório; é irrenunciável; é imodificável; não admite transação; é imprescritível; é improrrogável.
Pergunta?
Competência administrativa pode ser objeto de delegação ou de avocação?
Art. 11 da Lei nº 9.784/99: A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Art. 12 da Lei nº 9.784/99: Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.
Art. 13 da Lei nº 9.784/99: Não podem ser objeto de delegação: a edição de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos; as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Art. 14 da Lei nº 9.784/99: O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Art. 15 da Lei nº 9.784/99: Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
Delegação de Competência: é transferir a competência para outrem. Quando se delega competência, as duas autoridades são competentes, ou seja, quem recebe e quem transfere a competência.
Avocação de Competência: é chamar para si a competência de outrem.
Obs: Delegação e avocação devem ocorrer em caráter excepcional, portanto, devem ser fundamentadas/justificada.
Não é possível delegação de competência, segundo a lei:
(a). Para transferência da competência para ato normativo;
(b). Para transferência da competência para decisões de recurso administrativo;
(c). Para delegação exclusiva.
A competência administrativa pode ser definida segundo vários critérios:
(a). Competência Administrativa que decorre da Matéria
(b). Competência Administrativa que decorre do Território
(c). Competência Administrativa que decorre do Grau de Hierarquia
(d). Competência Administrativa que decorre do Tempo
2º Elemento: Forma
A forma do ato administrativo deve estar prevista em lei. O ato administrativo depende de uma exteriorização, ou seja, de uma manifestação da vontade. Precisa-se do pronunciamento da vontade. O pronunciamento, muitas vezes, tem que cumprir formalidades específicas. Como exemplo, alguns atos administrativos precisam ser publicados no diário oficial, nos jornais de grande circulação, devem ser criados por portaria etc. O ato administrativo precisa cumprir formalidades específicas. Todo ato administrativo, em regra, deve ser praticado por escrito. Se a lei autorizar, em exceção, o ato administrativo pode ser praticado de outra maneira, a exemplo da formal verbal, por meio de gesticulações etc. Exemplos: contrato verbal (art. 60, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93); guarda de trânsito ao gesticular um ato. Cada ato administrativo tem suas exigências próprias, ou seja, suas regras próprias. Os atos administrativos estão sujeitos ao Princípio da Solenidade.
Silêncio Administrativo nada mais é do que a falta de resposta a um determinado pedido pela autoridade, é um nada jurídico (não produz efeito algum), salvo quando a lei estipular. O silêncio administrativo pode ser levado à via judicial, mas nessa via vai ser discutido o silêncio à resposta. O direito de petição, ou seja, direito de pedir e se ter uma resposta, está previsto no art. 5º, XXXIV, da CF. Logo, havendo lesão ao direito líquido e certo de petição é cabível Mandado de Segurança. Prevalece hoje na jurisprudência que na decisão do Mandado de Segurança o juiz não vai decidir pelo administrador (substituindo-o), ele apenas vai estabelecer uma pena de coerção ao administrador, a qual vai depender do caso concreto.
Celso Antônio Bandeira de Mello diz que se o ato administrativo for ato meramente vinculado, ou seja, com mera conferência de requisitos, o juiz pode conferir os requisitos e deferir o pedido. Porém, se o ato administrativo depende de valoração dos requisitos não pode intervir o juiz. Decisão não majoritária.
É da forma do ato administrativo a realização de um processo administrativo prévio. Esse processo tem de estar conforme o novo modelo constitucional, ou seja, que obedeça ao art. 5º, LV, da CF. Esse dispositivo diz que os processos administrativos e judiciais estão submetidos ao contraditório e a ampla defesa.
Também é condição de forma do ato administrativo o dever de motivação. Motivação é a justificativa, a fundamentação, sendo ainda a correlação lógica entre os elementos do ato e a previsão legal.
Hoje há divergência doutrinária. José dos Santos Carvalho Filho, representando a posição minoritária, diz que a motivação é facultativa. Para a maioria da doutrina e para o STF a motivação tem que ser obrigatória. Segundo a posição majoritária fundamenta-se tal posição com base nos seguintes dispositivos abaixo:
Art. 1º, inciso II, da CF: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: a cidadania.
Art. 1º, parágrafo único, da CF: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 5º, XXXV, da CF: A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Art. 5º, XXXIII, da CF: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Art. 93, X, da CF: As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros.
Art. 50 da Lei nº 9.784/99: Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; decidam recursos administrativos; decorram de reexame de ofício; deixem de aplicar
jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
Obs: O administrador deve motivar seus atos, no entanto, essa motivação tem que ser antes ou durante a prática do ato. Logo, não interessa a motivação posterior a criação do ato administrativo.
Obs: A motivação é obrigatória em qualquer ato administrativo, tanto no ato vinculado quanto no ato discricionário.
3º Elemento: Motivo
Motivo nada mais é do que o fato + o fundamento jurídico que justificam a prática do ato. Exemplo: em uma passeata tumultuosa pode o Poder Público dissolve-la; o motivo é o tumulto e a passeata é dissolvida com a finalidade de proteger bens públicos. Já a Motivação é a explicação do ato. O motivo do ato administrativo tem que ser legal.
Legalidade do Motivo: tem que ter materialidade, ou seja, tem que ser verdadeiro/real, uma vez que motivo falso é motivo ilegal; tem que ser compatível com a previsão legal; o motivo do ato precisa ser compatível com o resultado do ato.
Teoria dos Motivos Determinantes – afirma esta teoria que uma vez declarado o motivo, o administrador está vinculado/preso ao motivo e terá que cumpri-lo. Esse motivo tem que ser legal para que o administrador cumpra-o. Motivo falso é ilegal e compromete o seu cumprimento.
Obs: A autoridade pública tem uma exceção, a qual se denomina de Exoneração ad nutum. Significa a exoneração que não precisa de motivação, ocorre em cargos em comissão, porém se o administrador resolver justificar o motivo ele terá, então, que cumprir.
Obs: Temos nos casos de desapropriação uma exceção denominada Tredestinação. Denomina-se tredestinação a mudança de motivo autorizada pelo ordenamento jurídico, desde que mantida uma razão de interesse público. Acontece em desapropriação e precisa ser mantido o interesse público.
Parou aqui em 13 de abril de 2012!!!!
FIM!!!
Aula X - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 04 de maio de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 10
ASSUNTO – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
4º Elemento: Objeto
Objeto é o resultado prático do ato, é o ato considerado em si mesmo. É o que ele certifica, defere etc. É chamado de efeito jurídico imediato.
É o ato considerado em si mesmo, é o resultado prático. É o efeito jurídico imediato.
Celso Antônio Bandeira de Melo faz a diferença entre conteúdo e objeto. O conteúdo é a decisão do ato, ou seja, é o elemento do ato. Já o objeto do ato administrativo é o assunto, ou seja, é um pressuposto de exigência.
O objeto precisa ser, lícito, possível e determinado:
(a). Lícito é aquele previsto/autorizado em lei;
(b). Possível é aquele material e juridicamente possível, faticamente viável;
(c). Determinado é aquele claro, preciso, expresso.
5º Elemento: Finalidade
Deve ser sempre uma razão de interesse público, lembrando que é o interesse que queremos proteger. É denominada de Efeito Jurídico Mediato. Se o ato administrativo é praticado com outro interesse que não seja interesse público, ele tem um defeito, um vício, e esse vício é chamado de Desvio de Finalidade (é vício ideológico, vício subjetivo, é defeito na vontade). O desvio de finalidade é vício que gera defeito no elemento finalidade (em regra), no entanto, gera também defeito no motivo.
A finalidade nada mais é do que o bem jurídico protegido.
Motivo (Está no passado) – é o que leva a prática do ato; Objeto (presente) – é o resultado; Finalidade (futuro) – visa à proteção de um bem jurídico.
VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE
É feito de acordo dom o grau de liberdade.Celso Antônio Bandeira de Mello diz que, excepcionalmente, quando a lei estabelecer, a forma e a finalidade passam a ser elementos discricionários.
Controle pelo Poder Judiciário: ele pode controlar todos os atos administrativos, isto é, atos vinculados e atos discricionários, desde que esse controle seja controle de legalidade (controle de aplicação da lei ou dos princípios e regras constitucionais). O Poder Judiciário não pode controlar o mérito do ato administrativo (mérito é a liberdade, o juízo de valor). O Poder Judiciário pode controlar o motivo e o objeto no que tange à legalidade de um ato discricionário e de um ato vinculado.
Ato Vinculado: é aquele que o administrador não tem liberdade e nem juízo de valor, nem conveniência e oportunidade. Assim, preenchidos os requisitos legais o administrador é obrigado a praticar o ato. Ex.: concessão de aposentadoria de servidor público; licença para construir.
Ato Discricionário: é aquele que o administrador tem liberdade, pode fazer um juízo de valor e avaliar a conveniência e a oportunidade. O administrador tem liberdade, tem juízo de valor mais sempre nos limites da lei. Se o ato for praticado fora dos limites da lei, ele é um ato arbitrário (ilegal). Ex.: art. 62 da Lei 8.666/93; permissão de uso de bem público.
Obs: Ato praticado contra os limites da lei é chamado de ato arbitrário.
QUADRO DOS ELEMENTOS ADMINISTRATIVOSVINCULADO DISCRICIONÁRIO
COMPETÊNCIA Vinculado VinculadoFORMA Vinculado VinculadoOBJETO Vinculado Discricionário
FINALIDADE Vinculado VinculadoMOTIVO Vinculado Discricionário
Obs.: Celso Antônio Bandeira de Melo: excepcionalmente a forma e a finalidade, quando a lei der alternativas, podem ser discricionários.
MÉRITO ADMINISTRATIVO
É o juízo de valor, a liberdade, a discricionariedade.
O poder judiciário pode rever qualquer ato administrativo (vinculado ou discricionário) desde que este controle seja um controle de legalidade. Porém, ele não pode rever o mérito administrativo (juízo de conveniência e oportunidade).
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
04. Atributos/Características dos Atos Administrativos
(a). Presunção de Legitimidade: até que se prove o contrário, todo ato é legitimo. Onde estiver escrito presunção de legitimidade, leia-se presunção de legitimidade + presunção de
legalidade + presunção de veracidade. Presunção de legitimidade significa obediência às regras morais. Presunção de legalidade significa obediência à lei. Presunção de Veracidade significa que o ato corresponde com a verdade. Até que se prove o contrário, os atos são legítimos, legais e verdadeiros. Essa presunção não é absoluta, ela é relativa, também denominada de presunção juris tantum, admitindo prova em contrário, ou seja, pode ser contestada, pode ser afastada. O ônus da prova normalmente é alegado pelo administrado, isto é, o ônus é de quem alega/contesta. A presunção dos atos administrativos traz ao ato a sua aplicação imediata.
(b). Auto-Executoriedade: auto-executoriedade significa que a administração pública pode praticar o ato sem a autorização do Poder Judiciário, porém nada impede que a parte insatisfeita recorra ao Poder Judiciário e ajuíze uma ação.
A auto-executoriedade não interfere no formalismo do ato administrativo. Essa matéria é divergente. Para a maioria dos autores a auto-executoriedade deve ser subdividida em duas bases diferentes: (b.1) exigibilidade; (b.2) executoriedade.
A exigibilidade é o poder que tem o administrador de decidir sem o Poder Judiciário. Todo ato administrativo possui exigibilidade. A administração tem um meio de coerção indireto.
A executoriedade significa executar sem o Poder Judiciário. Fala-se em um meio de coerção direto. Nem todo ato administrativo possui executoriedade, apenas estará presente quando previsto em lei ou se for uma situação urgente.
(c). Imperatividade: imperatividade significa coercibilidade, isto é, obrigatoriedade. Nem todo ato administrativo tem imperatividade. Essa característica é própria de atos que trazem em seu conteúdo uma obrigação.
(d). Tipicidade: foi definido inicialmente por Maria Silvia de Pietro. Cada ato administrativo vai ter a sua aplicação/utilidade determinada. Exemplo: demissão serve para punir infração grave de servidor público.
05. Classificação dos Atos Administrativos
5.1 Quanto aos Destinatários
(a). Atos Gerais: são atos abstratos, impessoais, os quais não possuem destinatário certo, sendo aplicados a toda a coletividade. Exemplo: ocorre quando a administração pública estabelece que em uma determinada via deve-se trafegar na velocidade máxima de 60 km/h, assim, essa velocidade deve ser obedecida por todos.
(b). Atos Individuais: são aqueles atos que têm destinatário determinado. Exemplo: ocorre quando a administração pública nomeia José como servidor público.
(b.1) Ato Individual Singular: é o ato individual que tem um só destinatário (determinado).
(b.2) Ato Individual Plurimo: é o ato individual que tem mais de um destinatário (determinado).
5.2 Quanto ao Alcance
(a). Ato Interno: é aquele que produz efeitos dentro da própria Administração.
Exemplo: ocorre quando a administração pública determina uniforme (vestimenta) novo para os servidores.
(b). Ato Externo: é aquele que produz efeitos para fora da Administração. Ressalte-se que os efeitos também atingem aqueles que estão dentro da Administração.
Exemplo: horário de funcionamento dos órgãos públicos.
5.3 Quanto ao Grau de Liberdade
(a). Ato Vinculado: já foi explicado.
(b). Ato Discricionário: já foi explicado.
5.4 Quanto à Formação “Manifestação de Vontade”
(a). Ato Simples: é aquele ato que se torna perfeito e acabado apenas com uma manifestação de vontade.
(b). Ato Composto: é aquele que está perfeito e acabado com duas manifestações de vontade. Tais manifestações acontecem em um mesmo órgão. O 1º Órgão tem a manifestação principal (é quem decide de verdade) e o 2º Órgão tem a manifestação secundária (apenas confirma a manifestação do 1º Órgão).
(c). Ato Complexo: é aquele que está perfeito e acabado com duas manifestações de vontade. Tais manifestações acontecem em órgãos diferentes, logo, as duas manifestações estão em patamar de igualdade, ou seja, têm a mesma força. Exemplo: concessão de aposentadoria, nomear dirigente de agência reguladora (Presidente da República nomeia e o Senado Federal ratifica).
06. Formação, validade e os Efeitos dos Atos Administrativos
O ato administrativo perfeito é aquele que cumpriu a sua trajetória, ou seja, seu ciclo de formação. O ato administrativo válido é aquele que cumpriu todos os requisitos, ou seja, as exigências. O ato administrativo eficaz é aquele que está pronto para produzir seus efeitos.
Pergunta:É possível no Brasil um ato administrativo perfeito, inválido e eficaz?É possível, o ato produz todos os efeitos até ser declarado inválido. Pergunta:É possível no Brasil um ato administrativo perfeito, válido e ineficaz?É possível, no entanto, o ato não produz efeitos. Art. 61, paragrafo único da Lei 8.666/93.
Pergunta:É possível no Brasil um ato administrativo perfeito, inválido e ineficaz?É possível, no entanto, será declarado inválido e não produzirá efeitos.
EFEITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
O ato administrativo produz dois tipos de efeito: efeitos típicos (efeito esperado) e atípicos (efeito não esperado – efeito secundário).
Os efeitos atípicos se subdividem em duas categorias:
Efeito Atípico Reflexo é aquele efeito que atinge terceiro estranho a prática do ato.
Ex.: Estado desapropria o imóvel do José, só que José mantem contrato de aluguel com Maria, Maria vai ser atingida, por meio de efeito atípico reflexo.
Efeito Atípico Preliminar é aquela que aparece nos atos administrativos que dependem de duas manifestações de vontade e se caracteriza com o dever da segunda autoridade de se manifestar, quando a primeira autoridade já se manifestou. Representa um efeito secundário e acontece antes do aperfeiçoamento do ato. Celso Antônio Bandeira de Mello chama de efeito prodrómico (nada mais é do que o efeito atípico preliminar).
Ex.: Nomeação de dirigente da Agência Reguladora. Tem que ter aprovação do Senado Federal + nomeação pelo Presidente, o ato está perfeito quando estiverem as duas aprovações, quando cumprir o ciclo da sua trajetória.
07. Formas de Extinção dos Atos Administrativos
7.1 Decorre a Extinção com o Cumprimento dos Efeitos do Ato AdministrativoO ato é extinto quando cumpre os efeitos e objeto. Exemplo: conclusão da obra de uma escola.
7.2 Decorre a Extinção pelo Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto
O falecimento de um servidor público gera o seu desaparecimento, logo, o ato de nomeação deixa de existir, uma vez que desapareceu o sujeito. Ocorre o desaparecimento quando um imóvel foi tombado e após algum tempo ele caiu/desmoronou, logo, desaparece o tombamento, uma vez que este perdeu o objeto.
7.3 Decorre a Extinção com a Renúncia do seu Interessado
O interessado abre mão de seu direito.
Parou aqui em 04 de maio de 2012!!!
Fim.
Aula XI - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 18 de maio de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 11
ASSUNTO – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
7.4 Decorre a Extinção com a Retirada do Ato Administrativo pelo Poder Público
Pode o Poder Público retirar o ato administrativo através da cassação, caducidade, anulação, revogação ou contraposição.
(a) Cassação : significa a retirada de um ato administrativo pelo descumprimento das condições inicialmente impostas.
Ex.: Um determinado município proíbe a instalação de Motel no município, o empresário monta um Hotel e alguns anos depois tenta mudar a atividade do Hotel para Motel. O poder público pode cassar a autorização concedida ao Hotel.
(b) Caducidade : é a retirada de um ato administrativo pela superveniência de uma norma jurídica que é com ele incompatível.
Ex.: Ato administrativo é a Instalação de circos e parques na cidade. Algum tempo entra em vigor a lei do plano diretor, regulando a instalação de ruas no lugar aonde o circo funcionava, e afirma que passará a ser rua, nesse caso o ato
administrativo anterior será incompatível com a nova lei e vai prevalecer a norma jurídica.
(c) Contraposição : são dois atos administrativos que decorrem de competências e fundamentos diferentes, sendo que o segundo elimina os efeitos do primeiro.
Exemplo: ato de nomeação e ato de demissão, o segundo elimina os efeitos do primeiro.
(d) Anulação: é a retirada de um ato, porque este ato é ilegal no ordenamento jurídico. Pode a administração pública anular os atos administrativos ilegais (consagrado pelo poder da autotutela, Súmula 346, 473 do STF). Ressalte-se que tanto a administração pública quanto o Poder Judiciário podem realizar a retirada do ato administrativo ilegal do ordenamento jurídico. A administração pública tem o prazo de 05 anos para anular seus próprios atos (art. 54, da Lei nº 9.784/99). Não há previsão de prazo para o Poder Judiciário quanto à retirada dos atos do ordenamento jurídico. A anulação nada mais é do que um novo ato administrativo que retira o ato ilegal desde a origem (produz efeito ex tunc), entendimento da maioria dos autores.
Celso Antônio Bandeira de Melo tem posicionamento diferente. Afirma que quando a anulação é restritiva de direitos ela produz efeitos ex nunc (produz efeitos de hoje em diante). Afirma que quando a anulação é ampliativa de direitos ela produz efeitos ex tunc (produz efeitos desde a origem e de hoje em diante).
(e) Revogação: a revogação ocorre quando o ato administrativo é inconveniente. Só quem pode revogar é a própria administração pública. O Poder Judiciário pode revogar os seus atos administrativos (quando ele é a própria administração pública, quando é ele que está administrando, quando é ele que está fazendo controle administrativo). O Poder Judiciário não pode revogar os atos dos outros, em sede de controle judicial. A revogação produz efeitos “ex nunc” (daqui para frente). Revogação não tem limite temporal, ela tem limite material. Não cabe revogação de ato que já produziu direito adquirido. Não cabe revogação de ato vinculado. Não cabe revogação de ato administrativo que já esgotou os seus efeitos.
O ato administrativo pode ter vícios sanáveis e insanáveis. Se o vício é sanável o ato é anulável. Este ato é passível de convalidação (conserto). O vício é sanável quando é vício de competência e de forma. O vício de competência e de forma não são sempre sanáveis. Se for vício
de motivo, objeto e finalidade não são sanáveis. Quando o vício é insanável o ato é nulo, logo, retira-se o ato através da anulação.
Corrente que vem crescendo no Brasil diz que se a anulação de um ato causa mais prejuízo do que mantê-lo, mesmo que ilegal, no ordenamento jurídico, é preferível manter-se o ato. Chama-se de Estabilização dos Efeitos do Ato.
ASSUNTO – LICITAÇÃO
Conceito: é um procedimento administrativo prévio que vai preparar a celebração de um contrato.
Finalidade: Esse processo serve para escolher a melhor proposta (a mais vantajosa para o interesse público). Ressalte-se que nem sempre a melhor proposta é a mais barata. A licitação serve também para a aplicação do princípio da impessoalidade + princípio da isonomia (qualquer um que preencha os requisitos pode participar da licitação). Previsão no art. 3º da Lei nº 8.666/93, alterado pela Lei 12.349/10 que introduziu também a finalidade de promover o desenvolvimento nacional.
Sujeitos à Licitação: previsão no art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93. São as pessoas da administração direta (União, Estados, DF e municípios); administração indireta (autarquias, fundações, inclui as empresas públicas e sociedades de economia mista, segundo o art. 173 da CF); fundos especiais (podem ter natureza de órgão, já pertencendo a administração direta, e, de fundação, já pertencendo a administração indireta); demais entes controlados direta ou indiretamente pelo Poder Público (organizações sociais “OSCIP”, serviços sociais autônomos “SESI”, entidades de apoio).
Obs.: Serviço Social Autônomo segue um procedimento simplificado para as licitações. Esse procedimento foi definido pelo TCU, denominado de “Procedimento Simplificado do Sistema S”.
Competência para Legislar: previsão no art. 22, XXVII, da CF. Compete privativamente à União (legisla sobre normas gerais). Exemplo: Lei nº 8.666/93 é norma geral de âmbito nacional (serve para todos os entes federados).
Normas Gerais: Lei nº 8.666/93; Lei nº 10.520/2002 ; Lei nº 8.987/95; Lei nº 11.079/2004. Obs.: Todos os entes, inclusive a União, podem legislar em normas específicas (U, E, DF e M). Quando a União legisla em norma específica esta lei é de âmbito federal, apenas servindo para ela própria. E assim acontece com os Estados-membros, uma vez que a lei de âmbito estadual serve apenas para o próprio Estado-membro. E, assim, acontece com o Município e o Distrito Federal.
O STF decidiu que a Lei nº 8.666/93, apesar de norma geral (de âmbito nacional), disse que a União foi longe demais em alguns dispositivos, legislando em normas específicas e não em normas gerais. Matéria objeto de controle de constitucionalidade na ADI nº 927 (um dos artigos em questão é o 17 e algumas de suas alíneas). O STF disse que o art. 17 é constitucional, desde que interpretado conforme a CF, interpretado como norma específica de âmbito federal, que só serve para a União, não como norma geral, de âmbito nacional. Os Estados-membros e o Município podem legislar no tocante às normas específicas.
Princípios da Licitação:
1º Princípio: Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório
Este princípio diz que o instrumento convocatório nada mais é do que o edital. “O Edital é a lei de licitação” – tudo que for relevante tem que estar previsto no edital. A Administração não pode exigir nem mais e nem menos do que está previsto no edital.
2º Princípio: Princípio do Julgamento Objetivo
O administrador tem que no edital, decidir e definir, de forma clara e precisa, no edital qual será o critério de seleção.
Obs.: Art. 45 da Lei nº 8.666/93 (este dispositivo trata dos tipos de licitação). O edital tem que estabelecer. Os tipos tratam-se dos critérios de seleção. Exemplos: melhor técnica, melhor técnica e preço etc.
Exemplo: “Tipo Preço” – A (R$ 1.00) e B (R$ 1,01). O licitante B afirma que por este centavo a mais dará uma caneta banhada a ouro e parcelará em 10x o valor do objeto. Logo, o licitante apresentou uma melhor proposta, mas o critério é melhor preço, assim, o licitante A é o vencedor. Só pode ser levado em consideração o que está previsto no edital, até mesmo quando ao parcelamento do valor do objeto como exemplo acima mencionado (10x).
3º Princípio: Princípio do Procedimento Formal
Tem que cumprir as formalidades e procedimentos previstos em lei. O Administrador não pode pular etapas, juntar duas etapas etc., logo, não pode inovar.
Formalidade Necessária é aquela que se não for observada vai causar prejuízo a alguém. Logo, deve ser observada.
Obs.: formalidade por mera formalidade não é necessária. Só as formalidades que causar prejuízo, sempre com bom senso, sem exageros.
Exemplo: envelope amarelo e envelope branco.
4º Princípio: Princípio do Sigilo de Proposta
As propostas são sigilosas até o momento de sua abertura em sessão pública. Só no dia e hora marcados é que se devem abrir os envelopes. Fraudar sigilo de proposta é crime e também improbidade administrativa.
Leilão é a modalidade de licitação que não há sigilo de propostas, uma vez que não tem envelope lacrado. “É o quem dá mais...”. Os lances são verbais.
Pressuposto Lógico: precisa-se de pluralidade, ou seja, ter mais de um ofertante.
Objeto singular: é quando só existe um. Tem-se o objeto singular: (1) Em caráter absoluto: é aquele que só existe um; (2) Em razão de ter participado de um evento externo, ou seja, de um evento especial; (3) Em razão do seu caráter pessoal.
Serviço Singular: para configurar essa singularidade (inexigibilidade de licitação) é preciso preencher alguns requisitos – (1) o serviço é preciso estar previsto no art. 13 da Lei nº 8.666/93; (2) o serviço tem que ser necessário à administração, ou seja, relevante; (3) o serviço tem que ter notória especialização.
Pressuposto Jurídico: significa que a licitação precisa perseguir o interesse público.
Pressuposto Fático: o mercado tem que ter interesse no mercado.
Pressuposto de Viabilidade: tem que ser viável.
Modalidades de Licitação:
Previsão no art. 22, da Lei nº 8.666/93.
Art. 23 da Lei nº 8.666/93
Critérios que podem ser utilizados:
1º Critério: Valor – Concorrência (valor alto); Tomada de Preço (valor médio); e Convite (valor pequeno).
2º Critério: Objeto - Leilão; Concurso; e Pregão.
Exceções: concorrência em algumas circunstâncias pode ser utilizada pelo objeto e o leilão pode ser utilizado pelo valor.
(a) Concorrência
Pode ser pelo valor e pelo objeto. Os valores estão previstos no Art. 23 da Lei nº 8.666/93, este dispositivo traz dois parâmetros: obras e serviços de engenharia; e outros bens e serviços, que não os de engenharia.
(Regra) – Concorrência:
Obras e serviços de engenharia são valores acima de 1.500.000,00. Para outros bens e serviços, que não os de engenharia, são valores acima de 650.000,00.
(Exceção) – Concorrência:
Nos casos de imóvel a licitação será a concorrência, seja para comprar ou vender imóvel.
Art. 19, da Lei nº 8.666/93 – se o imóvel for decorrente de decisão judicial ou dação em pagamento (é pagar de outra maneira que não a estipulada inicialmente), ele pode excepcionalmente ser alienado por leilão ou concorrência. Quem escolhe se será por meio de leilão ou concorrência é o administrador.
1. Em razão do objeto também se utiliza a concorrência quando a hipótese for de concessão. A modalidade também é concorrência em razão da concessão. Temos a concessão de direito real de uso de bem público que se faz por concorrência; e a concessão de serviço público que também utiliza a modalidade concorrência.
2. Os serviços que foram transferidos pela Política Nacional de Desestatização foram transferidos por leilão.
Exemplo: Telefonia no Brasil, privatização dos Aeroportos.
3. Também se utiliza a concorrência, em razão do objeto, na hipótese de licitação internacional (é aquela que tem a participação de empresas estrangeiras). Tem que ser concorrência.
Exceções:
a. Pode ser tomada de preço: quando o valor for correspondente à tomada, e quando existir cadastro de empresas estrangeiras;
b. Pode ser convite: o valor tem que ser correspondente à modalidade convite, e não pode existir fornecedor no País, logo, tem que ser todos estrangeiros.
O prazo de intervalo mínimo para a modalidade concorrência: prazo previsto no art. 21, da Lei nº 8.666/93. Para a proposta do tipo técnica e técnica + preço o prazo é de 45 dias, mas se o tipo for apenas preço o prazo é de 30 dias. Obs.: o prazo é em dias corridos, uma vez que a lei não menciona que são em dias úteis.
Parou aqui em 18 de maio de 2012
FIM!!!
Aula XII - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 31 de maio de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 12
ASSUNTO – LICITAÇÃO
(b) Tomada de Preços
Art. 23 da Lei 8.666/93
É selecionada/escolhida em razão do valor médio. Ela começa onde termina o convite e termina no começo da concorrência É utilizada para obras e serviços de engenharia acima de R$ 150.000,00 até 1.500.000,00. Para outros bens que não os de engenharia é o valor até R$ 650.000,00.
Quem pode participar: os licitantes cadastrados e os licitantes que preencherem os requisitos para o cadastramento até 3º dia anterior a entrega dos envelopes (a prova é o requerimento feito pelo licitante, apresentado à Administração, com os respectivos documentos e preenchidos os requisitos necessários).
O cadastramento nada mais é do que uma habilitação prévia (onde todos os documentos, ou seja, requisitos são analisados. Assim, empresa recebe o Certificado de Registro Cadastral e só a empresa cadastrada é que vai participar da licitação).
O prazo de intervalo mínimo para a modalidade tomada de preço: prazo previsto no art. 21, da Lei nº 8.666/93. Para a proposta do tipo técnica e técnica + preço o prazo é de 30 dias, mas se o tipo for apenas preço o prazo é de 15 dias. Obs.: o prazo é em dias corridos, uma vez que a lei não menciona que são em dias úteis.
Pergunta de Concurso: Contrato de engenharia no valor de 1.500.000, qual é a modalidade licitatória para o caso? Resp.: Até 1.500.00 é tomada de preço. Não pode ir além do limite da modalidade escolhida, em razão das modalidades contratuais, o TCU orienta que seja deixado uma folga, uma flexibilidade, se a modalidade está no topo, o ideal é que seja escolhida a modalidade mais rigorosa.
Pergunta de Concurso: A modalidade tomada fica no mínimo do convide e o máximo da concorrência é verdadeiro ou falsa? (F)
(c) Convite
Critério : valor (pequeno):
● Para obras e serviços de engenharia: de R$ 0,00 a R$ 150.000,00.● Demais obras e serviços: de R$ 0,00 a R$ 80.000,00.
Diz respeito ao valor e este valor é médio. É utilizada para obras e serviços de engenharia 0 até R$ 150.000,00. Para outros bens que não os de engenharia o valor é de 0 até R$ 80.000,00.
Obs.: quando o valor da licitação é pequeno, ela é dispensável. Mas se o administrador quiser licitar, vai ter que usar convite.
Quem pode participar: qualquer pessoa pode ser convidada. Pode ser o convidado cadastrado ou não. Tem que ser no mínimo em número de 03. Hoje mesmo tendo 02 convidados, apesar de 03 terem sido convidados, a Administração tem que justificar a ausência para prosseguir na licitação (ausência em razão da restrição de mercado). Os licitantes cadastrados que tiverem interesse em participar da modalidade convite tem que ir à Administração, com 24 horas de antecedência, manifestar seu interesse em participar. Esse prazo de 24 horas não é para se cadastrar, pois ele já está cadastrado, ele vai apenas manifestar o interesse de participação. Não cadastrado e não convidado pode participar desde que até o terceiro dia anterior da tomada ele pode participar, com o manifesto em 24 horas antes.
O prazo de intervalo mínimo para a modalidade convite: prazo previsto no art. 21, da Lei nº 8.666/93. O prazo é de 05 dias (úteis). Dia útil é o dia que a repartição está funcionando. Ponto facultativo se funcionar é dia útil.
O instrumento convocatório do convite é a carta convite. Esta será encaminhada aos convidados. A Administração tem que fixar no saguão (lugar principal, como um mural), a carta convite. Tem, então, uma publicidade diferente, uma vez que não é publicada no D.O.U. e nem em jornais de circulação.
Parênteses:
- Regras importantes:
● Quando o valor é pequeno (pode ser dispensável), a licitação é dispensável, no limite de 10% do convite (ou seja: ▪ engenharia: dispensável até R$ 15.000,00; ▪ demais: dispensável até R$ 8.000,00) e aplicada a todos os entes da Administração (art. 24, I e II, Lei 8.666/93).
Exceção: o percentual é de 20% (ou seja: ▪ engenharia: dispensável até R$ 30.000,00; ▪ demais: dispensável até R$ 16.000,00). Esse limite dobrado é aplicável às agências executivas (autarquias e fundações qualificadas como agências executivas) (art. 24, parágrafo único, Lei 8.666/93), às empresas públicas, às sociedades de economia mista e aos consórcios públicos (da Lei 11.107/05).
● Se a lei determinar a modalidade + simples, nada impede que o administrador escolha a + rigorosa (FCC). Agora, não pode se a lei exigir procedimento + rigoroso, substituir por mais simples.
● Os limites de valores na concorrência, tomada de preços e convite serão, para os consórcios públicos (é a reunião dos entes políticos) (Lei 11.107/05):- com até 3 entes, dobrados; Os valores serão dobrados- com + de 3 entes, serão triplicados (art. 23, § 8º, Lei 8.666/93). Por exemplo, o limite da tomada fica em R$ 4.500.000,00.; Os valores serão triplicados. Participantes :
Licitantes convidados, cujo número mínimo deve ser 3, cadastrados ou não.
Obs.: é possível prosseguir com a licitação se comparecerem menos de 3 convidados? Para o TCU, é preciso 3 propostas válidas (não basta que se convide 3); mas para o concurso prevalece que é possível que a licitação prossiga com um número inferior, desde que devidamente justificado, comprovando-se que foram feitos 3 convites válidos.
Licitantes cadastrados quando forem convidados ou quando não convidados, desde que com 24h de antecedência manifestam o interesse de participar.
Obs.: o cadastrado também pode ser convidado; o não cadastrado só pode participar se for convidado.
Licitante não convidado e não cadastrado: a lei não diz, mas a doutrina majoritária entende que é igual ao da tomada de preços, ou seja, se cadastrado até 3 dias anterior a entrega dos envelopes (manifestando interesse em 24 horas).
Intervalo mínimo : 5 dias úteis. (Obs.: dia útil é quando a repartição está funcionando; se está fechada por luto, reforma, etc., não é dia útil. Nos dias facultativos (ex.: recessos), se a repartição funcionar, será dia útil; caso não funcione, não será dia útil).
Comissão da licitação: em regra, é composta por 3 servidores (art. 51, Lei 8.666/93). No convite, a comissão deve seguir a regra, mas, excepcionalmente, se tiver a repartição for pequena e a composição por 3 servidores for excessiva (vai prejudicar o serviço), é possível fazer o convite com 1 único servidor.
Instrumento convocatório : é a carta-convite (que não é publicada no Diário Oficial, mas é enviada p/ os convidados (a carta-convite também é afixada no mural – lugar central – da repartição).
(d) Leilão
Critério: objeto.
Hipóteses em que é utilizado:
Só é admitido p/ ALIENAR bens, que são os seguintes:
a) Bens imóveis: de forma excepcional (porque a regra é a concorrência) quando o bem advier de decisão judicial ou dação em pagamento (art. 19 da Lei 8.666/93).
b) Bens móveis:
Inservível (não é necessariamente sucata, mas apenas não serve +); Apreendido; ou Penhorado. (obs.: aqui, o legislador cometeu uma impropriedade; na verdade, é móvel EMPENHADO (ou seja, aquele bem que está fora do processo de execução). Ex.: leilão de joias da CEF. O leilão de bem penhorado é aquele que acontece lá no processo de execução, seguindo o CPC).
c) móvel até o limite de R$ 650.000,00 (art. 17, §6º, Lei 8.666/93).
Intervalo mínimo: 15 dias corridos.
O leilão é feito pelo leiloeiro (a Administração nomeia um servidor; mas nada impede que se crie um cargo concursado de leiloeiro – o que não acontece na prática) que, segue praxe administrativa, por não haver um procedimento formal p/ o leilão (ou seja, a Lei 8.666/93 não prevê um procedimento formal para o leilão).
(e) Concurso
Escolhe-se um trabalho técnico, artístico, científico e, em contrapartida, se dá um prêmio ou uma remuneração.
Comissão: aqui é especial, que não precisa ser preenchida necessariamente por servidores públicos (embora possa); pode ser por qualquer pessoa idônea com conhecimento na área. Art. 51 Lei 8.666/93
O seu procedimento do concurso não está previsto na Lei 8.666/93; cada concurso terá seu regulamento próprio (assim como acontece nos concursos privados.
Ex.: envie 3 embalagens do produto x e ganhe um carro).
Intervalo mínimo: 45 dias corridos.
(f) Pregão
Foi definido pela primeira vez para as agências reguladoras pela Lei 9.472/97 (ANATEL). Em 2000, através da MP 20,26/00, foi transformada em modalidade licitatória para a União.
Previsto na Lei 10.520/02 (só traz o que é ≠; o resto será regido pela Lei 8.666/93).
Só serve para AQUISIÇÃO de bens e serviços comuns (que são aqueles que podem ser conceituados no edital com expressão usual de mercado – qualquer pessoa que ler, saberá o que é).
Critério: é sempre o MENOR PREÇO (portanto, engenharia está fora do pregão).
É feito pelo pregoeiro, assistido por uma equipe de apoio (esta equipe de apoio não tem o mesmo poder decisório do pregoeiro; quem bate o martelo mesmo é o pregoeiro).
Intervalo mínimo: 8 dias úteis.
Formas: Pode ser eletrônico ou presencial. Em termos de sequência, o eletrônico segue as mesmas regras do presencial, mas como acontece no mundo virtual, tem algumas peculiaridades para a sua adequação; essas adaptações para o mundo virtual estão no Decreto 5.450/2005; em virtude de não estar regulado em lei, nunca cai em concurso.
Seu procedimento é invertido (não segue a regra geral).
Questões de concurso:
CESPE (PGE-PI/2008) Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados, em número mínimo de três, pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas (F). CESPE (PGE-PI/2008) Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias (V). CESPE (PGE-PI/2008) De acordo com a Lei n.º 8.666/1993 é lícita a criação de outras modalidades de licitação, bem como a combinação das modalidades já existentes (F).
DISPENSAS E INEXIGIBILIDADES NA LICITAÇÃO
Excepcionalmente, a Administração pode celebrar o contrato sem licitação (contratação direta): acontece em caráter excepcional, nas hipóteses de dispensa e inexigibilidade.
Dispensa
O rol é taxativo, tem que estar previsto na lei.
a. Dispensada
A competição é possível, mas o legislador diz que não precisa.
Se o administrador quiser, ele pode licitar? Se a licitação já está dispensada, o administrador não pode licitar.
O art. 17 da Lei n. 8.666/93 traz hipóteses de dispensa:
b. Dispensável
Aqui a competição é possível, o administrador tem liberdade, licita se ele quiser.
Rol do art. 24 da lei 8.666/93:
Licitação deserta: não pareceu ninguém. A Administração só pode contratar diretamente se, repetindo a licitação, causar prejuízo; se não causar, tem que repetir. Só há dispensa quando se tratar de desclassificação, não em inabilitação (porque o rol é taxativo e não se fala nesta hipótese).
Questões de concurso:
CESPE (Juiz Federal TRF5/2007) A contratação de contador para prestar serviço à administração pública pode ser precedida de dispensa de licitação porque tal situação constitui caso de inviabilidade de competição, pela singularidade do serviço a ser prestado (F).
CESPE (AGU/2006) Para a caracterização da situação de emergência devem estar presentes simultaneamente a imprevisibilidade da situação, a inadiabilidade da operação a ser contratada, a iminência e gravidade do risco e a suficiência do objeto da contratação para afastar os riscos no prazo de até um ano a contar da ocorrência da emergência (F).
CESPE (AGU/2006) A situação adversa tida como emergencial, para caracterizar devidamente a hipótese de dispensa de licitação, não pode ser resultado da falta de planejamento ou desídia administrativa em dar cumprimento a ações que prevenissem a ocorrência do fato invocado como emergência (V).
CESPE (AGU/2004) É dispensável a licitação sempre que a União tiver de intervir no domínio econômico (F).
Inexigibilidade
Ocorre quanto a competição é inviável.
Está no rol do art. 25 da lei:
O rol é exemplificativo, então, a licitação é inexigível quando a competição for inviável.
Para que a competição ser viável, tem que preencher 3 requisitos (faltando qualquer um, a competição será viável):
1) Pressuposto lógico: pluralidade;2) Pressuposto fático: o objeto da licitação tem que ter objeto de mercado;3) Pressuposto jurídico: a licitação tem que proteger interesse público. Se
prejudicar interesse público, a competição é inviável, logo, a licitação é inexigível.
Esses pressupostos são condições cumulativas.
a. Pressuposto lógico: só pode existir competição se houver pluralidade de concorrentes. Com relação à pluralidade, vale destacar duas questões importantes:
1. Se o objeto é singular, a licitação será inexigível. O objeto singular pode ser:
1.1. Singular em caráter absoluto: quando só existe um no mercado. Ex.: uma marca de carros só produz uma unidade de um modelo de carro.
1.2. Singular em razão de um evento externo: quando o objeto, por eventos externos, se torna singular. Por exemplo, uma chuteira usada pelo Ronaldinho no final da Copa do Mundo. Aqui, existem várias chuteiras iguais àquela, mas só uma dessas chuteiras foi usada pelo Ronaldinho, de forma que o objeto se torna singular. 1.3. Singular em razão do caráter pessoal: é o caso de uma obra de um artista, por exemplo. A singularidade do objeto se dá em razão do caráter pessoal, da qualidade do artista.
2. Para que o serviço gere inexigibilidade de licitação, o serviço tem que ser singular. Para ser singular, o serviço tem que estar na lista do art. 13 da Lei 8.666/93:
Além disso, o serviço, para ser singular, tem que ter notória especialização e a Administração tem que precisar do melhor, ou seja, essa notória especialização tem que ser relevante e necessária para a Administração.
Ex.: a Administração está com um problema na exportação da carne brasileira e precisará contratar um advogado para negociar o boicote da carne – é claro que nesse caso, a Administração precisará do melhor, não é qualquer advogado que poderá resolver essa situação.
b. Pressuposto fático: significa interesse de mercado. O objeto da licitação tem que ter interesse de mercado. Ex.: contratação de médico cirurgião cardíaco altamente especializado e a Administração quer pagar a ele R$ 600,00 por mês, e a Administração quer licitar e contratar. Isso não terá interesse de mercado.
Quando se faz um estudo de viabilidade de licitação, faz um estudo de interesse de mercado. Outro momento é com o edital publicado, nenhum licitante aparece (licitação deserta), logo,
uma licitação deserta não significa falta de interesse. A falta de interesse é um estudo prévio; já a licitação deserta aparece depois do edital publicado. Licitação deserta é hipótese de dispensa.
c. Pressuposto jurídico: interesse público + segurança nacional + relevante interesse coletivo.
Ex.: as empresas públicas e as sociedades de economia mista não precisam licitar quando a licitação prejudicar sua atividade-fim (discursiva AGU).
Se a empresa presta serviço público está exercendo finalidade de interesse público; e se explora atividade econômica, pode atuar em duas situações: segurança nacional e relevante interesse coletivo. Segurança nacional e interesse coletivo representam razões de interesse público. Nos dois casos, persegue-se uma finalidade pública. Assim, nas duas circunstancias a Lei 8.666 e, por consequência, às regras do art. 25 (regras de inexigibilidade).
Então, se a licitação prejudica a atividade/serviço fim dessa empresa, estará prejudicando diretamente o interesse público. Se a licitação prejudica a atividade-fim serviço ou a atividade-fim exploração econômica, ela fere o interesse público, que é justamente o que ela precisa proteger; neste contexto, lhe faltará pressuposto jurídico, razão pela qual, será inexigível.
A licitação não representa um fim em si mesmo; ela visa proteger o interesse público; é um meio para buscar o interesse público. Neste sentido, se ela fere o interesse público, não deve ocorrer.
Exemplo: a gráfica oficial, além de rodar o Diário Oficial, ela também roda livros, jornais, etc. Digamos que uma pessoa leve um material com as últimas notícias do dia, para que a gráfica publique um jornal no dia seguinte. Se ela tiver que licitar para comprar papel, tinta, ela não conseguirá fazer as publicações a tempo, ou seja, não conseguirá competir com outras gráficas da iniciativa privada. Nesse caso, por prejudicar sua atividade-fim (lhe falta o pressuposto jurídico) a licitação é inexigível. Mas claro que, se ela precisar sede nova, ela precisará licitar para realizar a obra, já que construção não é sua atividade-fim.
Só é inexigível quando prejudicar a atividade-fim, na atividade econômica isso está mais presente.
Já vimos na aula de atos administrativos, que é condição prévia para a celebração e prática de ato administrativo o procedimento prévio e, a licitação é justamente um procedimento prévio. (prepara a realização do contrato/ do ato administrativo) Pergunta-se: quando a licitação é inexigível, dispensável ou dispensada, como fica a situação do procedimento prévio? Ele será cumprido da mesma forma, pois, substituindo a licitação, deveremos ter, necessariamente, um procedimento de justificação, que encontra respaldo no art. 26 da Lei 8.666/93:
Esse procedimento de justificação é exatamente o meio pelo qual se demonstrará que a licitação é inexigível, dispensável ou dispensada. Aqui será legitimada a conduta do administrador.
Questões de concurso:
CESPE (PGE-PI/2008) É inexigível a licitação referente a compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento (F).
CESPE (PGE-PI/2008) É inexigível a licitação na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica (F).
PROCEDIMENTO NA LICITAÇÃO
Regra geral (concorrência, tomada de preços e convite)
REGRA GERAL DO PROCEDIMENTO DE LICITAÇÃO:
Usada para concorrência, tomada de preços e convite. (leilão e concurso têm regras à parte)
a. Fase interna (preparatória da licitação)
Formalização do processo: autuação (capa, nº, etc.) a qual, define/identifica a necessidade e o recurso orçamentário (que arcará com a despesa) nomeação da comissão (art. 51, Lei 8.666) elaboração do edital de licitação (art. 40, Lei 8.666) edital é submetido a 1 parecer jurídico volta p/ a autoridade que nomeia a comissão p/ que ela autorize a deflagração do certame (autorização formal p/ que o edital seja publicado).
Obs.: em anexo ao edital, já vem a minuta do contrato; e, obviamente, em anexo ao contrato vem o edital.
Parou aqui em 31 de maio de 2012
FIM!!
Aula XIII - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 11 de junho de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 13
ASSUNTO – LICITAÇÃO
b. Fase externa da licitação
1º) Publicação do edital
Requisitos: Art. 21 da Lei 8666/93:
Publicação é feita por meio de aviso que estará disponível na Administração.
Faz em jornal de grande circulação e no diário oficial.
O edital não pode ser uma forma de arrecadação, mas pode cobrar o custo de reprodução dele.
Obrigação de ter o edital para participar: muitos exigem isso, mas é proibido condicionar a compra do edital. Não pode colocar essa regra expressamente, é ilegal, pois o que se deve é conhecer o edital, não importa se emprestou e leu.
Questões de concurso: CESPE (Juiz Federal TRF5/2007) O edital, que é a lei interna da concorrência e da tomada de preços, traduz-se em uma verdadeira norma porque subordina administradores e administrados às regras que estabelece. Para a administração, desse modo, o edital é ato vinculado e não pode ser desrespeitado por seus agentes (V).
Impugnação do edital:
Art. 41 da Lei 8.666/93:
Há duas formas de impugnar:
Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital, desde que esteja no gozo dos direitos políticos.
Prazo para contestar: até 5º dia útil anterior à entrega dos envelopes. Comissão tem 3 dias úteis para decidir a impugnação.
O potencial licitante (empresa, etc.) também pode impugnar o edital.
Até 2º dia útil anterior à entrega dos envelopes, depois decai o direito na via administrativa.
Para esse caso a comissão não tem prazo, a ideia é que ela corrija logo.
Impugnação não tem natureza de recurso, não suspende a licitação, pode continuar independente do julgamento.
Alteração do edital:
Art. 21, §4º da Lei 8.666/93:
Até aqui pode alterar o edital.
Toda alteração deve ser feito por aditamento, e depois faz a publicação da mesma forma como foi publicado o edital.
Quando há inclusão de obrigação, ou retirada, deve haver abertura de prazo de intervalo mínimo.
Procedimento de recebimento dos envelopes:
2 envelopes: 1. documentos e 2. proposta (melhor preço ou melhor técnica)
3 envelopes: 1. documentos, 2. proposta técnica, 3. proposta preço (melhor preço e(+) melhor técnica).
O licitante não precisa comparecer, basta que os envelopes sejam entregues no lugar e hora designados.
Não importa a hora, se a comissão está presente, a licitação já começou, o que importa é a fase, se ainda está recebendo envelopes, mesmo chegando atrasado.
2º) Habilitação/ Qualificação
Nesse momento é feito uma análise de todos os documentos;Rubrica tudo: Art. 43, §2º para não ter dúvidas;
Requisitos: Art. 27 (rol taxativo, deve decorar), e Seguintes da Lei 8.666/93:
Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em:I - cédula de identidade;II - registro comercial, no caso de empresa individual;III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administradores;IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal, conforme o caso, consistirá em:I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual;III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social, demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei.IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei.
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.§1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do "caput" deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigências a: I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos; II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)a) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)b) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)§2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no instrumento convocatório. §3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.§4º Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação de aptidão, quando for o caso, será feita através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou privado.§5º É vedada a exigência de comprovação de atividade ou de aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação.§6º As exigências mínimas relativas a instalações de canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico especializado, considerados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de localização prévia.§7º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)I - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)§8º No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamente por critérios objetivos.
§9º Entende-se por licitação de alta complexidade técnica aquela que envolva alta especialização, como fator de extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser contratado, ou que possa comprometer a continuidade da prestação de serviços públicos essenciais.§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de comprovação da capacitação técnico-profissional de que trata o inciso I do §1º deste artigo deverão participar da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela administração. § 11. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)§ 12. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no "caput" e §1º do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.§1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. §2º A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no §1º do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.§3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta data através de índices oficiais.§4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assumidos pelo licitante que importem diminuição da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de rotação.§5º A comprovação de boa situação financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo da licitação que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não usualmente adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento
das obrigações decorrentes da licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)§6º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicação em órgão da imprensa oficial.§1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão.§2º O certificado de registro cadastral a que se refere o §1º do art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31, quanto às informações disponibilizadas em sistema informatizado de consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a superveniência de fato impeditivo da habilitação.§3º A documentação referida neste artigo poderá ser substituída por registro cadastral emitido por órgão ou entidade pública, desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obediência ao disposto nesta Lei.§4º As empresas estrangeiras que não funcionem no País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações internacionais, às exigências dos parágrafos anteriores mediante documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo ter representação legal no Brasil com poderes expressos para receber citação e responder administrativa ou judicialmente.§5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata este artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida.§6º O disposto no §4º deste artigo, no §1º do art. 33 e no §2º do art. 55, não se aplica às licitações internacionais para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com o produto de financiamento concedido por organismo financeiro internacional de que o Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de cooperação, nem nos casos de contratação com empresa estrangeira, para a compra de equipamentos fabricados e entregues no exterior, desde que para este caso tenha havido prévia autorização do Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de bens e serviços realizada por unidades administrativas com sede no exterior.
Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:I - comprovação do compromisso público ou particular de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá atender às condições de liderança, obrigatoriamente fixadas no edital;III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva participação, podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos
para licitante individual, inexigível este acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas assim definidas em lei;IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isoladamente;V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de execução do contrato.§1º No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado o disposto no inciso II deste artigo.§2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo.
Analisa o envelope de documentos e os requisitos.Tudo na licitação deve ser rubricado pela comissão e pelos licitantes presentes, para
não ser substituído ou incluído depois. Se houver muitos licitantes, pode escolher 3 para rubricar pelos demais.Depois de rubricado, analisa os requisitos, se preenchidos o licitante está habilitado. Se não preenche os requisitos está inabilitado, ou desqualificado, não passa para a fase
seguinte. Se todos os licitantes foram inabilitados, art. 48, §3º, a comissão suspende a licitação e
dá prazo de 8 dias úteis para complementar documentos (no convite, prazo é de 3 dias úteis).Se os licitantes continuam inabilitados, tem que licitar de novo. Só há dispensa de licitação se foram todos desclassificados, e não desqualificados.
Recurso : Art. 109 da Lei 8.666
Deve ser apresentado no prazo de 5 dias úteis, salvo no convite que é de 2 dias úteis.
Esse recurso tem efeito suspensivo até julgamento.
Questões de concurso: CESPE (PGE-ES/2008) É abusivo exigir, em edital de licitação, que, na fase de habilitação, as empresas participantes comprovem capital mínimo circulante ou patrimônio líquido de 10% do valor da contratação (F).
3º) Classificação e julgamento
Abre o envelope das propostas.
Três procedimentos:
Classificação:
Analisa se a proposta cumpre as formalidades do edital. Verificar se o valor está compatível com o valor de mercado.
Se o licitante não preencher um dos requisitos, estará desclassificado. Preço zero ou irrisório, em regra gera desclassificação, mas é possível, desde que o
licitante não dependa de ninguém (matéria prima e mão de obra é dele).
Arts. 44 e 48 da Lei 8.666/93:
Julgamento:
Escolhe a melhor proposta. (se preço melhor preço, se técnica melhor técnica);Em caso de empate é preciso desempatar, art. 3º, §2º da Lei, critérios de desempate. Se
continuarem em condição de empate, vai par ao art. 45 e faz-se o sorteio.
Classificação:
Os demais licitantes são colocados em ordem classificatória. Se todos os licitantes foram desclassificados, primeiro tenta diligência art. 48, §3º, se
continuarem desclassificados, licitação fracassada, pode haver dispensa (contratação direta):
Recurso : Art. 109 da Lei 8.666/93
5 dias úteis, no convite é de 2 dias úteis. Há efeito suspensivo.
Empate : Art. 3º, §2º da Lei 8.666/93:
Aplica a seguinte ordem para desempatar: 1º empresas brasileiras, 2º de capital nacional, 3º produz no Brasil, 4º investe em pesquisa. Doutrina considera que esse artigo é inconstitucional, pois o art. 171 da CF foi revogado, não havendo mais distinção entre empresa brasileira e empresa brasileira de capital nacional. (Celso Antonio acha que o artigo ainda é constitucional).
Se continuar empatado: sorteio. Art. 45, §2º da Lei 8.666/93:
4º) Homologação
Verifica a regularidade do procedimento. Primeiro se homologa, depois se adjudica. Quem confere o procedimento: autoridade superior, se estiver tudo certo,
homologa.Se tiver irregularidade, anula o procedimento, licita de novo.
5º) Adjudicação
Dá ao vencedor, o status de vencedor, o resultado oficial.Licitante vencedor tem mera expectativa de direito, só tem certeza de não ser preterido.
O licitante vencedor está obrigado a assinar a contrato pelo prazo de 60 dias da data da entrega dos envelopes, se não tiver outro prazo no edital (isso porque terá que executar pelo preço proposto) (art. 64, §3º da Lei de Licitação). Se não quiser assinar, gera penalidade (art. 87 da Lei de Licitação), mesmo assim não quer assinar, chama o segundo colocado para executar na proposta do primeiro colocado (não está obrigado, podendo chamar o 3º, etc.). Se ninguém quiser cumprir a proposta do primeiro, licita de novo.
8.1) Pregão
Ele e invertido, de trás pra frente. Bens e serviços comuns, só por melhor preço, Lei 10.520/02.
O procedimento:
1º) Formalização do processo
2º) Publicação do edital
3º) Recebimento dos envelopes (dois envelopes) 1. Proposta, 2. Documentos;
4º) Classificação e julgamento
Julgamento (duas fases):
Propostas escritas: faz uma triagem, seleção prévia para poder fazer lances verbais; e todas as demais que não excedam em 10% a melhor (no mínimo mais 3 licitantes além da melhor, ou seja, total de 4).
Lances verbais: feitos por quem fez a melhor proposta, e todas as demais que não excedam em 10% a melhor (no mínimo mais 3 licitantes além da melhor, ou seja, total de 4).
Se não tiver pelo menos 3 que não excedam em 10%, ignora os 10% e escolhe as 3 melhores além da melhor, (é a melhor e mais 3).
E então vai para os lances verbais.
5º) Habilitação
Somente a empresa vencedora passa para a habilitação.
Do julgamento da habilitação abre-se a oportunidade de recurso, que deve ser apresentado na hora. As razões por escrito podem ser apresentadas em 3 dias.
6º) Adjudicação
Dá ao vencedor o status de vencedor, resultado oficial.
7º) Homologação
Geralmente essas duas últimas etapas ocorrem em um ato só.
Questões de concurso: CESPE (AGU/2004) As normas da lei de licitações se aplicam, no que couber, aos convênios, cuja celebração deve ser precedida da aprovação de plano de trabalho proposto pela organização interessada em celebrar a avença. (V). CESPE (AGU/2004) A licitação para a contratação de construção, reforma, fabricação,
recuperação ou ampliação de determinado bem público exige, como condições específicas para a sua regularidade, a definição prévia de um projeto básico e a existência de um projeto executivo, podendo ser este desenvolvido concomitantemente com a execução da obra, desde que autorizado, de forma fundamentada, pela administração pública (V).
ASSUNTO: CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Contrato Administrativo: esse é estudado pelo direito administrativo.
Conceito: É um vínculo jurídico (ato jurídico) bilateral (sujeitos: ativo e passivo, que se comprometem a uma prestação e contraprestação).
O interesse (objetivo) perseguido por esse contrato é a satisfação do interesse público. Conta-se com a participação do Estado na relação, podendo este ser sujeito ativo ou passivo. Contratos regidos pelo regime jurídico público. Esse regime é marcado pelas cláusulas exorbitantes.
Contrato da Administração:
Conceito: São aqueles contratos celebrados pela administração, mas que estão sujeitos ao regime privado.
Exemplo: contrato de locação realizado pela administração (mesmo sendo necessária a licitação para locações).
Em tais contratos não há clausulas exorbitantes, não há privilégio entre as partes etc. Tais contratos são estudados em direito privado, ou seja, em Direito Civil.
Características do contrato administrativo:
O Estado tem que participar dessas características (Sujeito ativo, Sujeito passivo).
1. Os contratos são formais (tem várias formalidades previstas em lei, dentre elas a licitação);
2. Os contratos são consensuais (são contratos que se aperfeiçoam, são perfeitos e acabados a partir do momento em que há manifestação de vontade).
Exemplo: contrato de compra e venda.
Obs.: Contrato real é aquele que para estar perfeito e acabado necessita a entrega do bem.
Exemplo: contrato de empréstimo.
3. Os contratos são comutativos (tem prestação e contraprestação equivalentes e predeterminadas).
Exemplo: compra de caneta (se paga pelo valor equivalente, ao que realmente vale).
Obs.: Contrato aleatório pode ter cumprimento alternativo, pode haver desequilíbrio.
4. Os contratos são de adesão (não há discussão de cláusula contratual). Uma pessoa faz o contrato e a outra aceita o que está no contrato se quiser.
Exemplo: contratos bancários.
Nesse caso uma das partes tem o monopólio da situação. Vem anexo ao edital e é parte integrante da minuta do contrato.
5. Os contratos são personalíssimos (levam em consideração as condições do contratado). Em tese, consequentemente, um contrato personalíssimo não é passível de sub-contratação. Muitos autores dizem que a sub-contratação para o direito administrativo representa violação/fraude ao direito de licitar.
Acontece de muitas empresas laranja participarem da licitação. Após ela vende/negocia o contrato. Isso acontece muito por violação à licitação. Essa situação é muito criticada. Fala-se também que a sub-contratação compromete o princípio da isonomia.
A lei diz que a sub-contratação sem autorização da administração é causa de rescisão do contrato. Logo, em tese, de acordo com a nossa lei a sub-contratação é possível, desde que autorizada e desde que preencham os seguintes requisitos:
a) tem que estar prevista no edital ou contrato;
b) a administração tem que conceder a sua anuência;
c) terá que cumprir os requisitos da habilitação (requisitos de qualidade fiscal, idoneidade etc);
d) é possível subcontratar partes do contrato e não de sua totalidade;
Formalidades do Contrato Administrativo:
a) licitação prévia (excepcionalmente se há dispensa/inexigibilidade – tem que ter procedimento prévio só que é o procedimento de justificação);
b) devem ser escritos (regra geral) – se a lei autorizar que se faça de outra maneira, poderá então ser praticado de outra maneira e, assim, se pode ter o contrato verbal (de maneira excepcional). art. 60, parágrafo único, da Lei nº 8666/93
c) tem que ter publicação – é exigência do art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8666/93. Contrato publicado é válido e ineficaz. A publicação é condição de eficácia. O prazo só começa a contar a partir da publicação. A publicação corre a cargo/é obrigação da administração.
Prazo (limite) é de 20 dias e não poderá ultrapassar o 5º dia útil ao mês subsequente ao de sua assinatura. O que aparecer primeiro é o prazo que deve ser aplicado.
d) instrumento de contrato (Lei nº 8666/93, art. 62). Esse documento é obrigatório em algumas situações e facultativo em algumas situações. Nada mais é do que o documento que vai descrever as regras da relação, que vai estabelecer as minúcias da relação.
Ele vai ser obrigatório quando o valor do contrato for correspondente à modalidade concorrência ou tomada de preço, mesmo que a licitação tenha dispensa ou inexigibilidade, não importa, pois o que vale é o valor do contrato.
Ele vai ser facultativo quando o valor do contrato seja correspondente ao valor do convite e também desde que seja possível realizá-lo de outra maneira, tais como carta contrato, ordem de serviço são atos administrativos simples que só descrevem a ordem, não descrevendo detalhes.
Exemplo: carta contrato, nota de empenho ou ordem de serviço. (Pague..).
CLÁUSULAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
Cláusulas Necessárias: são as cláusulas essenciais, ou seja, são cláusulas obrigatórias. Estão enumeradas no art. 55 da Lei nº 8.666/93. É cláusula necessária que a empresa mantenha durante toda a execução do contrato as condições previstas na habilitação. Se a empresa descumpre o contrato administrativo ela está dando causa à rescisão do mesmo.
Garantia (art. 55, da Lei nº 8666/93 e seus detalhes estão previstos no art. 56 da mesma lei). A administração poderá exigir a garantia (fala-se de poder-dever, ou seja, é uma obrigação e assim a administração deve exigir a garantia – segundo a doutrina).
Forma de prestar a garantia: é uma decisão do contrato, escolhendo uma das alternativas que a lei dispõe. A lei diz que é possível prestar a garantia do contrato através de caução em dinheiro. Também é possível a prestação por meio de título da dívida pública (como não é valorizado no Brasil, compra-se no mercado por um valor muito baixo). Aqui a administração é obrigada a aceitar os títulos de dividida pública, uma vez que a forma é escolhida pelo contratado, e os títulos têm que ser válidos. É possível a prestação através de fiança bancária (prestada por um banco). Também é possível por meio de seguro garantia (nada mais é do que um contrato de seguro do contrato – se a empresa não cumprir o contrato principal, a seguradora terá que cumprir o contrato).
Percentual da garantia: é de até 5% do valor do contrato. Quanto maior o valor, menor é a garantia. No art. 56 a lei diz que excepcionalmente a garantia pode chegar a até 10% do valor do contrato, quando o nosso contrato for de grande vulto, de alta complexidade ou de riscos financeiros à nossa administração.
Duração do contrato administrativo: está na lista do art. 55 da Lei nº 8666/93, e seus detalhes contam no art. 57 da mesma lei.
Todo contrato administrativo no Brasil, hoje, tem que ter prazo determinado. Regra geral o prazo deve ser de acordo com o crédito orçamentário (prevista na LOA – Lei Orçamentária Anual). O máximo do contrato então é de 12 meses (é o mesmo prazo de duração do crédito orçamentário).
O art. 57 da Lei nº 8666/93 traz 03 exceções (poderá ultrapassar 12 meses):
01. (art. 165 e ss. da CF/88) –
PPA (04 ANOS) – divide-se em LDO;
LDO (01 ANO) – diz o que vai fazer;
LOA (01 ANO) – diz o que vai gastar. O objeto tem que estar previsto no PPA (plano plurianual). O prazo máximo é o do PPA. Não significa que o prazo será de 04, mas o limite é de 04.
02. Pode ter duração maior se o objeto do contrato for serviço de prestação contínua. Se maior o prazo, melhor o preço, a Lei diz que pode ter prazo de 60 meses, desde que quanto maior o prazo do contrato, menor o preço do serviço. Excepcionalmente é possível uma prorrogação de 12 meses a mais, segundo a lei.
03. Pode nos casos de aluguel de equipamentos e programas de informática, o prazo pode chegar até 48 meses.
Duas outras que não constam no art. 57 da citada lei também são importantes, inserida pela Lei 12.349/10 – Alguns contratos que estão previstos no art. 24 da lei de licitações, pode durar até 120 meses:
LRF – LC 101/0001. Contrato sem desembolso por parte da administração não precisa cumprir o crédito orçamentário. Mesmo nesse caso, ainda que possa ter prazo superior a 12 meses, tem que ter prazo determinado.
02. Contrato de concessão e permissão de serviço público é a lei de cada serviço público que vai definir o prazo. Normalmente quanto maior o investimento, maior o prazo.
Cláusulas Exorbitantes: é aquilo que extrapola/exorbita o comum dos contratos; é aquela que dá a administração prerrogativa, ou seja, um tratamento desigual. A alteração bilateral não é cláusula exorbitante. Art. 58 da Lei nº 8666/93.
1ª Cláusula: alteração unilateral do contrato – a administração altera o contrato e o administrado terá que aceitar.
2ª Cláusula: a administração pode rescindir unilateralmente o contrato.
3ª Cláusula: poder da administração de fiscalização do contrato. Ela pode inclusive interferir/intervir na gestão da empresa. Ela não se resume então na execução do contrato. Art. 67 da Lei nº 8666/93.
4ª Cláusula: possibilidade de ocupação provisória dos bens da contratada para dar continuidade ao serviço, quando o processo administrativo de rescisão do contrato estiver em andamento. Fundamenta-se no princípio da continuidade do serviço.
A administração antes de decidir pela rescisão do contrato tem que da o direito a empresa ao contraditório e a ampla defesa, ou seja, a administração tem que instaurar processo administrativo.
No final do contrato, a administração afirma que não quer mais o contrato, os bens utilizados provisoriamente pela administração, podem ser os bens devolvidos por ela ou adquiridos (esta aquisição é chamada de reversão dos bens).
Ocupação e reversão são institutos passíveis de indenização.
5ª Cláusula: a administração pode aplicação de penalidade ao contratado. Art. 87 da Lei nº 8666/93.
a) Pena de advertência.
b) Pena de multa. Esta vai depender de cada contra, ou seja, o seu percentual, o seu valor.
c) Pena de suspensão de participar de licitação e pena de celebrar contrato com o Poder Publico. A suspensão vai ter prazo máximo de até 02 anos. A suspensão de contratar atinge o ente que aplicou a sanção.
d) Pena de declaração de inidoneidade. Essa pena é a mais grave e atinge todos os entes. O Estado não pode contratar com empresa inidônea. Os doutrinadores afirmam que essa pena não pode ser utilizada em quaisquer circunstâncias, mas apenas nas condutas descritas como crime.
Para a empresa voltar a ser idônea ela precisa ser reabilitada. E para a reabilitação tem duas condições para a empresa: cumprir o prazo de até 02 anos e indenizar os prejuízos causados.
4ª Cláusula: possibilidade de ocupação provisória dos bens da contratada para dar continuidade ao serviço, quando o processo administrativo de rescisão do contrato estiver em andamento. Fundamenta-se no princípio da continuidade do serviço.
A administração antes de decidir pela rescisão do contrato tem que da o direito a empresa ao contraditório e a ampla defesa, ou seja, a administração tem que instaurar processo administrativo.
No final do contrato, a administração afirma que não quer mais o contrato, os bens utilizados provisoriamente pela administração, podem ser os bens devolvidos por ela ou adquiridos (esta aquisição é chamada de reversão dos bens).
Ocupação e reversão são institutos passíveis de indenização.
5ª Cláusula: aplicação de penalidade ao contratado. Art. 87 da Lei nº 8666/93.
a) Pena de advertência.
b) Pena de multa. Esta vai depender de cada contra, ou seja, o seu percentual, o seu valor.
c) Pena de suspensão de participar de licitação e pena de celebrar contrato com o Poder Publico. A suspensão vai ter prazo máximo de até 02 anos. A suspensão de contratar atinge o ente que aplicou a sanção.
d) Pena de declaração de inidoneidade. Essa pena é a mais grave e atinge todos os entes. O Estado não pode contratar com empresa inidônea. Os doutrinadores afirmam que essa pena não pode ser utilizada em quaisquer circunstâncias, mas apenas nas condutas descritas como crime.
Para a empresa voltar a ser idônea ela precisa ser reabilitada. E para a reabilitação tem duas condições para a empresa: cumprir o prazo de até 02 anos e indenizar os prejuízos causados.
Parou aqui em 11 de junho de 2012
Fim.
Aula XIV - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 22 de junho de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 14
ASSUNTO – LICITAÇÃO
Ocupação provisória
Ocupação provisória de bens. Durante o processo para a extinção do contrato, a Administração pode retomar o serviço e a ocupação provisória dos bens da contratada; extinto o processo, o Estado pode adquirir, através da REVERSÃO, os bens que estava ocupando provisoriamente.
OBS: o Estado pagará o valor desses bens, mas pode haver disposição contratual em contrário.
OBS: tanto a ocupação quanto a reversão podem ser indenizáveis.
OBS: quando a Administração realiza a ocupação provisória, durante o processo de extinção, na verdade, ela quer manter o contrato; assim, a extinção só ocorrerá caso não seja mais possível.
Cláusulas exorbitantes
É a que extrapola o comum dos contratos. Traz prerrogativas/privilégios p/ a Administração. Está no art. 58 da Lei 8.666/93:
A Administração pode extinguir unilateralmente o contrato;
A Administração pode alterar unilateralmente o contrato (art. 65 da Lei 8.666/93);
Alterações unilaterais possíveis:
a) Alteração das especificações do projeto;
Essa alteração é qualitativa (das qualidades do contrato); além disso, só pode ocorrer desde que não se atinja a natureza do objeto, que é imodificável).
b) Alteração do objeto, que gerará a alteração do valor:
Essa alteração é tão-somente quantitativa. Não pode ultrapassar 25% (p/ cima ou p/ baixo) do valor do contrato.
Exceção: em caso de reforma (de prédios ou equipamentos), os acréscimos (só acréscimos) podem chegar a até 50%.
OBS.: É possível alterar bilateralmente (lembre que não são cláusulas exorbitantes)?
Resp.:
- o regime de execução;
- a forma de pagamento, desde que isso não aconteça antes da entrega do bem;
- substituição da garantia;
- para a busca do equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Aspectos importantes:
O equilíbrio também é chamado de teoria da imprevisão (cláusula “rebus sic stantibus”), a qual traz um fato novo (tem que ser imprevisto e imprevisível) que trará um desequilíbrio. Esse fato onera de mais o contrato para uma das partes (gera o desequilíbrio contatual).
Hipóteses da Teoria da Imprevisão:
Fato do príncipe: é a atuação do Poder Público, geral e abstrata, que atinge o contrato de forma indireta ou reflexa (mas não impede o objeto principal).
Ex.: alteração da alíquota de um tributo.
Fato da Administração: é a atuação do Poder Público específica, que atinge/impede diretamente o contrato.
Ex.: negativa de desapropriação.
Interferências imprevistas: são aquelas situações que já existiam ao tempo da celebração, mas que só podem ser descobertas ao tempo da execução.
Ex.: Normalmente, são alterações do solo.
Caso fortuito e força maior: há divergências, mas a maioria da doutrina aceita os 2 (uma parte da doutrina só aceita caso fortuito e outra parte só aceita força maior).
Pagamentos
Correção monetária – Não altera o custo, atualização da moeda;
Reajustamento de preços – Existe alteração do custo do serviço, vem de uma situação prevista e programada do contrato. Ex. Dissidio Coletivo.
Recomposição de preços – Essa alteração de custo não está prevista no contrato e vem da Teoria da Imprevisão.
Questões de concurso:
CESPE (PGE-PB/2008) Fato do príncipe é situação ensejadora da revisão contratual para a garantia da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato (V).
CESPE (PGE-PB/2008) Força maior e caso fortuito são eventos imprevisíveis e inevitáveis, que geram para o contratado excessiva onerosidade ou mesmo impossibilidade da normal execução do contrato (V).
CESPE (PGE-PB/2008) Ocorre fato da administração quando uma ação ou omissão do poder público especificamente relacionada ao contrato impede ou retarda a sua execução (V).
CESPE (PGE-PB/2008) Interferências imprevistas consistem em elementos materiais que surgem durante a execução do contrato, dificultando extremamente a sua execução e tornando-a insuportavelmente onerosa (V).
CESPE (Juiz Federal TRF5/2007) Não pode ser aplicada a teoria da imprevisão para a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato administrativo na hipótese de aumento salarial concedido, em virtude de dissídio coletivo, aos empregados da empresa contratada pela administração para terceirização de serviço, pois tal dissídio constitui evento certo que deveria ser levado em conta quando da efetivação da proposta (V).
CESPE (Procurador Federal/2006) Uma greve excepcionalmente prolongada em setor correlato ao objeto de contrato administrativo pode ser invocada pelo particular como motivo para aplicação da teoria da imprevisão (F).
CESPE (Procurador Federal/2006) Identifica-se fato do príncipe nos caos em que a
administração contratante põe em prática o seu poder de alterar unilateralmente o contrato (F).
CESPE (Procurador Federal/2006) Tanto o fato do príncipe quanto a teoria da imprevisão têm aplicação nos contratos de prestação sucessiva (V).
CESPE (Procurador Federal/2006) Em termos evolutivos, a consideração da álea econômica extraordinária e da álea administrativa extraordinária, comumente separadas, do ponto de vista teórico, como requisitos da aplicação da teoria da imprevisão, tornou mais difícil a fixação da diferença entre imprevisão e fato do príncipe (V).
CESPE (AGU/2004) O fundamento da teoria da imprevisão é a álea econômica, decorrendo da aplicação dessa teoria um de dois efeitos: a rescisão contratual sem atribuição de culpa ou a revisão do preço para a restauração do equilíbrio do contrato administrativo (V).
CESPE (AGU/2003) A doutrina administrativista brasileira não admite a existência do chamado fato do príncipe negativo, isto é, o ato do poder público que afeta de maneira benéfica a situação do particular no contrato administrativo; exemplo dessa categoria seria a extinção de tributo incidente sobre fatos geradores praticados por causa da execução do contrato, o que elevaria os ganhos do contratado (F).
“EXCEPTIO NON ADIMPLENT CONTRACTUS” - OBS: art. 78, XV da Lei 8.666/93:
Note que a exceptio non adimplenti contractus se aplica, atualmente, aos contratos administrativos. Porém, essa aplicação não é imediata, mas sim, diferenciada (visto que se deve aguardar 90 dias). Também é o entendimento da doutrina majoritária.
Cuidado! Alguns concursos cobram a posição antiga da doutrina, pela qual, ela não era aplicável.
Até 90 dias, o contratado é obrigado a cumprir a sua parte, em nome do princípio da continuidade.
A partir de 90 dias, a “exceptio” é aplicável, art. 78, XV. Isso não é cláusula exorbitante, porque existe no contrato comum. Diz-se que “Exceptio non adimpleti contractus” é aplicável aos contratos administrativos de forma diferenciada.
Fiscalização pela Administração;
A Administração pode aplicar penalidades: advertência; multa; suspensão de contratar com o poder público, máximo de 2 anos, e vale para o ente que aplicou a pena (só aquele Município); declaração de idoneidade: vale para todos os entes da Administração, sendo que para voltar a ser idônea, precisa indenizar os prejuízos causados à Administração. Somente pode ser aplicada, nas situações em que as condutas são criminosas. Art. 87 da Lei 8.666/93:
OBS: quando é aplicada a pena do inciso IV, para que a empresa volte a ser idônea, exige-se 2 requisitos cumulativos:
- aguardar o prazo de 2 anos;
- a empresa tem que indenizar os prejuízos causados à Administração.
OBS: a lei não traz as sanções por níveis; então, quem decide (decisão discricionária) qual pena será aplicada é o administrador.
Ocupação provisória de bens. Durante o processo para a extinção do contrato, a Administração pode retomar o serviço e a ocupação provisória dos bens da contratada; extinto o processo, o Estado pode adquirir, através da REVERSÃO, os bens que estava ocupando provisoriamente.
OBS: o Estado pagará o valor desses bens, mas pode haver disposição contratual em contrário.
OBS: tanto a ocupação quanto a reversão podem ser indenizáveis.
OBS: quando a Administração realiza a ocupação provisória, durante o processo de extinção, na verdade, ela quer manter o contrato; assim, a extinção só ocorrerá caso não seja mais possível.
EXTINÇÃO DO CONTRATO
1. Conclusão do objeto. Ele pode aparecer com o advento do termo contratual (vencimento do prazo).
2. Advento do termo contratual
3. Rescisão do contrato nas seguintes hipóteses:
a. Rescisão administrativa unilateral: quando a Administração extingue de forma unilateral (por razão de interesse publicou ou quando há descumprimento contratual).
Obs.: Se em contrato de concessão, tal rescisão é chamada de ENCAMPACAO (razoes de interesse público); se a rescisão se da em virtude de inadimplemento contratual é chamada de CADUCIDADE (também em contrato de concessão apenas).
b. Rescisão judicial: quando o contratado não quer mais (lembre-se que é a única saída p/ o contratado).
c. Rescisão amigável (=consensual): feita de comum acordo.
d. Rescisão de pleno direito: decorre de circunstâncias estranhas à vontade das partes.
e. Anulação: quando há um ato ilegal.
Questões de concurso:
CESPE (PGE-ES/2008) A administração pode rescindir o contrato administrativo em razão de seu descumprimento, mas não pode promover retenção do pagamento que lhe é devido (V).
SERVIÇOS PÚBLICOSSERVIÇOS PÚBLICOS
Leis Importantes:
Lei 8.687/95
Lei 11.079/04
OBS.: o que mais cai é a delegação (concessão/permissão); a parte geral cai menos.
1. CONCEITO
Não existe uma lista definida do que é serviço público; assim, seu conceito é mutável, depende muito do momento histórico.
Serviço público é uma utilidade/comodidade material, que vai satisfazer uma necessidade coletiva; porém, cada um a utiliza da sua maneira; portanto, é fruível singularmente. O Estado o assumiu como seu dever, mas isso não significa que ele tem que prestar o serviço com suas próprias mãos/estruturas, ou seja, a prestação pode ser dar de forma direta ou indireta.
O regime dos serviços públicos é público, mas pode ser total ou parcialmente público.
Serviço adequado é aquele previsto no art. 6º da Lei 8.987/95, que também traz os princípios que regem os serviços públicos (obs.: essa lista de princípios do art. 6º é divergente, mas é a que prevalece para a maioria).
2. PRINCÍPIOS
a) Eficiência: já existia na Lei 8.987/95 quando apareceu no caput do art. 37, CF (EC 19).
b) Generalidade: significa que o serviço deve ser prestado à coletividade em geral (erga omnes).
c) Segurança: não pode colocar em risco a vida, a saúde, a segurança dos administrados.
d) Atualidade (= modernidade ou atualização): tem que ser prestado de acordo com as técnicas mais modernas, mais atuais.
e) Regularidade;
f) Modicidade: Tarifas módicas. tem que ser o mais barato possível.
g) Cortesia: tem que ser prestado de forma cortês/bem-educada.
h) Continuidade.
CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
1. De acordo com a essencialidade (Hely Lopes Meireles)
a. Serviço público próprio (= propriamente dito) - É o serviço essencial/ indispensável. Não admite delegação, não admite transferência ao particular.
Ex.: segurança nacional.
b. Serviço público impróprio (= de utilidade pública) - Não é essencial. Admite delegação e transferência ao particular.
Ex.: transporte público, telefonia.
OBS: essa classificação é muito criticada pela doutrina moderna. Cite-se o exemplo do transporte público, que é essencial e admite delegação.
Cuidado! Maria Sylvia usa tal classificação de forma diferente, mas sua posição é isolada e não cai em concurso.
2. Quanto aos destinatários
a. Geral – É prestado à coletividade como um todo; não tem destinatário determinado. Assim, é indivisível (não dá para medir/calcular o quanto cada um utiliza). A manutenção é feita via receita geral do Estado (arrecadação dos impostos).
Ex.: Segurança pública.
b. Individual – Tem destinatário determinado. Assim, é específico, divisível (dá para medir/calcular quanto cada um utiliza). Pode ser:
b.1. Compulsório – São os mais importantes/essenciais, não podem ser recusados.
Você paga pelo simples fato do serviço ser colocado à disposição; é mantido através de taxa mínima (ou seja, usando ou não, você paga uma taxa mínima).
Ex.: saneamento básico.
b.2. Facultativo –
Você só paga quando o utiliza. Normalmente, está transferido ao particular (ou seja, é prestado por concessionária/ permissionária). É mantido através de tarifa
OBS: lembre-se que tarifa não é tributo; assim, ela pode ser alterada de forma mais flexível que um tributo (não se sujeita à anterioridade, legalidade, etc.).
OBS: a TIP (= Taxa de Iluminação Pública) foi declarada inconstitucional; em seguida, via EC, foi criada a contribuição de iluminação pública (COSIP), mas, apesar de ser cobrada atualmente, ela continua sendo inconstitucional, visto que a contribuição é vinculada.
OBS: também existem outras taxas muito criticadas, como a taxa de bombeiro, a taxa do buraco tapado (que é serviço geral, não podia ser cobrada através de taxa), etc.
DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Como está a determinação constitucional dos serviços públicos?
A CF possui vários artigos (Art. 21 a 30 da CF) que estabelecem a competência desses serviços.
Se a prestação do serviço não estiver na CF, a sua competência será definida conforme o seu interesse:
Interesse Nacional/geral: competência da União;
Interesse regional: competência do Estado;
Interesse local: competência do Município.
Ex.: serviço funerário não está expresso na CF, mas trata-se de interesse local, portanto, a competência é do Município.
O texto constitucional distribui a forma de prestação de serviços em 4 grupos:
1. Serviços exclusivos do Estado : o Estado deve prestá-lo com suas próprias mãos. A CF não estabelece a possibilidade de o Estado transferir o serviço.
OBS: a CF/88 não prevê expressamente a possibilidade de transferência (concessão, permissão e autorização) do serviço postal, não havendo, então, a possibilidade de transferência desse serviço. Mas vimos anteriormente que o serviço postal já não é prestado com exclusividade pelo Estado; por isso, a doutrina e a jurisprudência já reconhecem privilégios para a ECT (tratamento de Fazenda Pública), art. 21, X da CF. Apesar de tal hipótese ocorrer na prática, essa possibilidade ainda não foi reconhecida, de modo que devemos aguardar a decisão da ADPF 46.
2. O Estado tem a obrigação de prestar o serviço, mas ele é obrigado também a transferi-lo, ou seja, não pode segurar para si mesmo. Art. 223 da CF
Exemplos: serviços de rádio e TV.
3. O Estado e o particular têm titularidade para prestá-lo, sem que haja transferência feita pelo Estado; na realidade, aqui, o particular tem titularidade em virtude de existir determinação constitucional neste sentido. Tanto o Estado tem titularidade como o particular também tem titularidade.
Cuidado! Não confunda com as hipóteses em que o Estado pode transferir o serviço. Aqui, o particular não é titular porque o Estado lhe transferiu, mas sim, porque a CF assim estabeleceu.
Ex.: serviços de ensino e de saúde.
Para a doutrina majoritária, esses serviços são públicos, sejam eles prestados pelo Estado ou pelo particular; por isso, podem ser questionados via MS.
4. O Estado tem a obrigação de prestar o serviço, mas tem a faculdade de transferi-lo. Ou seja, o serviço deve ser obrigatoriamente prestado, mas ele pode transferi-lo. É nesta hipótese que encontramos a concessão, permissão e autorização.
DELEGAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS – Art. 175 da CF
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Vimos que a delegação pode ser: legal, contratual ou proveniente de ato administrativo. Aqui, estudaremos apenas a delegação contratual e a proveniente de ato administrativo, ou seja, analisaremos a concessão, a permissão e a autorização de serviço público.
Aqui não se fala em concessão de uso de bem.
Delegar é transferir o serviço para outra pessoa jurídica.
A Lei 8.987/95 traz a concessão de serviço público comum e a Lei 11.079/04 traz a concessão de serviço público especial.
Vale ressaltar que a Lei 8.987/95 traz a concessão comum, mas não fala nessa expressão “concessão comum”. Isso porque, como a Lei 11.079/04 também trouxe uma espécie de concessão, o legislador sentiu a necessidade de diferenciá-la da velha concessão; foi em razão disso que, na Lei de 2004, denominou a concessão da Lei 8.987/95 de “concessão comum” e a nova concessão (criada pela própria lei de 2004) de “concessão especial” (também chamada de PPP).
A Lei 8.987/95 também dispõe sobre a permissão de serviço público (que é contrato) nos art. 2º, IV e art. 40; no resto, aplicam-se, no que couber, as regras da concessão.
A autorização de serviço público é ato administrativo e não possui lei específica; assim, aplica-se a ela, no que couber, a Lei 8.987/95.
Há 3 grandes institutos de delegação de serviço: concessão, permissão e autorização.
2. CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Lei 8.987/95Lei 11.079/04
a. Concessão comum (Lei 8.987/95)
Na delegação, esse instituto é o que mais cai em concursos públicos.
Delegação é a transferência da execução do serviço. Administração retém a titularidade.
Não tem relação com transferência de bem (concessão de uso de bem público).
Conceito
Aqui, fala-se em delegação de serviço público feito pelo poder concedente a pessoa jurídica ou consórcio de empresas.
Poder concedente é a pessoa jurídica da Administração direta que tem o serviço na sua órbita de competência.
Consórcio de empresas é a reunião de várias empresas para determinado contrato administrativo.
Não se admite concessão de serviço à pessoa física.
Formalização da concessão de serviço público
Necessariamente será formalizada através de contrato administrativo. Assim, precisa ter prazo determinado, que depende da lei específica do serviço (vai de 1 ano a 45 anos, a depender do investimento).
Se se trata de contrato administrativo está sujeito à licitação. A modalidade licitatória deve ser a concorrência.
Obs.: a regra geral é a concorrência, mas em 95 foi introduzida a Política Nacional de Desestatização e, dentro delas, foram incluídos alguns serviço que podem ser transferidos por concorrência ou leilão.
Ex.: a telefonia foi transferida por leilão.
Obs.: a concorrência utilizada para a concessão de serviço é a mesma da Lei 8.666/93? Inicialmente era a mesma, mas ganhou regras especiais. Não foge completamente da Lei 8.666/93, mas há regras específicas:
Aqui a menor tarifa de usuário pode ser critério de seleção , esse é mais um critério além daqueles previstos na Lei 8.666/93;
A regra de concorrência sofreu alteração há uns 3 anos, e hoje, a concorrência da concessão pode ter procedimento invertido, como no pregão (primeiro se seleciona a proposta, para depois verificar os documentos da empresa);
Há possibilidade de lances verbais .
Os princípios são os mesmos, mas ela possui regras específicas.
O projeto de alteração da lei quer inverter todo o procedimento da concorrência.
Para se realizar concessão de serviço é preciso autorização legislativa específica. Cada serviço tem que ter a sua autorização.
Responsabilidade
1. Contrato com terceiros em execução de obras – O Estado é responsável e exige da empresa. Aqui aplica a teoria subjetiva.
2. Contrato de concessão – Aqui o Estado só é chamado em segundo lugar, responsabilidade subsidiária. A concessionária assume por sua conta e risco e ela é pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sujeita ao art. 37, §6º da CF. Aplica aqui a teoria objetiva, independentemente de ser usuário ou não.
O poder concedente transfere à empresa a titularidade e execução do serviço, e esta assume o serviço por sua conta e risco.
Assim se a concessionária causar prejuízos a alguém de quem é a responsabilidade? Ao se pensar em um contrato comum, por exemplo, de coleta de lixo, o usuário reclama diretamente ao Estado. Nesse tipo de contrato, a relação é Estado-usuário. Essa relação é chamada de contrato de serviço. É um contrato simples. Ex.: merenda escolar. Ex.: o Estado transfere a uma empresa o serviço de telefonia. Aqui se fala em contrato de concessão. Neste caso, o usuário reclama do serviço para a concessionária. Isso acontece porque a empresa assume o serviço por sua conta e risco. A relação aqui é usuário-empresa. O vínculo se faz entre o usuário e a empresa. No contrato de concessão há um deslocamento dessa relação. Então, quem responde perante o usuário é a empresa.
A responsabilidade civil da concessionária é objetiva ou subjetiva? Causou prejuízo, a responsabilidade é da concessionária. Mas se a concessionária não tiver dinheiro para pagar a conta, o Estado pode ser chamado, sendo essa responsabilidade subsidiária.
Se a concessionária responde, em regra, a sua responsabilidade é objetiva. Assim, aplicam-se às concessionárias o art. 37, §6º da Constituição:
Ex.: acidente entre ônibus e carro, com alguns passageiros machucados.
A responsabilidade em face do proprietário do carro é a mesma do usuário dentro do ônibus?
Resp.: O STF já decidiu, em uma decisão, fazendo uma separação dizendo que se o sujeito é usuário de serviço (passageiros), a eles se aplica o art. 37, §6º, sendo a responsabilidade objetiva. Mas se o sujeito não é usuário do serviço, aplica-se o direito civil, e a responsabilidade no regime privado; logo, é responsabilidade subjetiva. Não é uma decisão pacífica, mas CESPE já cobrou em 2 concursos.
Mas nessa situação é fácil de identificar o usuário e o não usuário. Mas se ele estivesse no ponto de ônibus esperando o ônibus? Não é fácil identificar o não usuário, e o STF não identificou isso.
Em provas: só responder subjetiva se falar expressamente em não usuário de serviço. Senão, colocar como responsabilidade objetiva.
STF – RG RE 591874 – A responsabilidade será objetiva, sendo usuário ou não. Entendimento pacífico.
3. Estado – Se o Estado assume o seu dever, ele responde.
Remuneração
A empresa concessionária vive basicamente de tarifa de usuário.
Toda tarifa de usuário, assim como reajustes, são definidos no momento da licitação. Então, se a empresa está abusando é porque o Estado escolheu mal ou não está fiscalizando.
Recursos alternativos
Recursos públicos – Além da tarifa de usuário, se o serviço é caro demais, o Estado pode custear com uma parcela para cooperar com a modicidade da tarifa.
Cuidado! O recurso público é facultativo (é diferente da concessão especial).
A terceira possibilidade de remuneração é a receita alternativa, por exemplo, através de propaganda no ônibus. Isso tudo deve estar previsto no contrato administrativo, também servem para ajudar na modicidade da tarifa.
Extinção da concessão
Pode-se dar de algumas formas:
Pelo advento do termo contratual: vencendo o prazo do contrato, ele estará extinto.
Rescisão amigável ou consensual: as partes podem extinguir de comum acordo. Se estivéssemos em contrato privado seria chamada de distrato.
Rescisão judicial: se o contratado não quer mais o contrato.
Rescisão administrativa: feita por ato unilateral da Administração. Quando a Administração pode fazer isso:
a) Encampação: por razões de interesse público. Ela depende de autorização legislativa e a Administração terá que indenizar o contratado;
b) Caducidade: se o contratado descumprir cláusula contatual por parte da empresa. Neste caso, a Administração não tem o dever de indenizar.
Arts. 36 e seguintes da lei de concessões:
Extinção por falência da empresa: a doutrina fala em extinção de pleno direito, que nada mais são que circunstâncias estranhas à vontade da parte, como incapacidade civil, morte, falência.
Questões de concurso:
CESPE (PGE-PI/2008) Contrato administrativo pelo qual a administração pública delega a outrem a execução de um serviço público, para que o execute em seu próprio nome, por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente da exploração do serviço (Maria Sylvia Di Pietro. Parcerias na administração pública. São Paulo: Atlas, 1999, p. 72 (com adaptações)). A definição apresentada no texto acima refere-se ao
instituto denominado: concessão de serviço público.
CESPE (AGU/2004) As concessões de serviço público têm natureza de contrato administrativo, sendo a remuneração pela execução do serviço feita por meio de tarifa, que, paga pelo usuário, tem natureza de preço público e é fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas na lei que disciplina o regime de concessão de prestação de serviços públicos, no edital e no contrato (V).
CESPE (AGU/2004) A extinção do contrato de concessão de serviço público por meio da encampação se consuma com a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por ter a concessionária descumprido cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão (F). OBS: aqui se trata da caducidade
CESPE (AGU/2003) Nas relações jurídicas entre o usuário de serviço público e o ente prestador dele, não se aplica a inversão do ônus da prova em favor do primeiro (F). OBS: se aplica SIM em razão da responsabilidade objetiva do ente prestador de serviço público.
Parou aqui em 22 junho de 2012
FIM
Aula XV - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 03 de julho de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
AULA 15
b. Concessão Especial – PPP’s (Lei 11.079/2004) / PARCERIA PÚBLICO- PRIVADA = ESTADO + EMPRESA PRIVADA
Para procuradoria e magistratura vale a pena estudar. Fazer a leitura da lei seca.
Parceria era promessa de salvação do Governo.
Acabou não sendo aplicada porque o particular não quer investir.
Objetivo
A grande ideia era buscar investimentos privados, porque o Estado precisava de novos investimentos, mas não tinha dinheiro.
Outra justificativa: a eficiência estava nas mãos do particular. Mas na prática não é bem assim, por exemplo, hoje, a telefonia é a recordista em ações judiciais. Então, também se queria a eficiência do setor privado.
Conceito
Parceria é reunião de esforços para uma finalidade comum. Mas é isso que acontece nas PPP’s? Não, o parceiro privado coloca o dinheiro para ter lucro; logo, não tem
nada de parceria. A doutrina critica muito. Isso é um contrato administrativo que, consequentemente, tem interesses divergentes.
Se é concessão especial, é contrato administrativo; logo, os interesses são divergentes.
A concessão especial é uma concessão, então, o que se estudou na Lei 8.987/95 vale para cá também. O que há de diferente aqui são algumas regras próprias.
Modalidades de concessão especial
Concessão patrocinada: é uma concessão comum, sendo que o recurso público é obrigatório. O Estado necessariamente tem que arcar com uma parcela do contrato. Recurso público mais tarifa do usuário.
Ex.: projeto da quarta linha do metrô de São Paulo; em projetos de rodovias; aeroportos.
Concessão administrativa: se parece com o contrato simples. Nesta concessão, a Administração é a própria usuária do serviço, sendo que ela pode ser usuária de forma direta ou indireta.
Ex.: presídio, o usuário direto é o preso e o Estado é usuário indireto.
Características da concessão especiais
Necessariamente, tem que ter financiamento privado. O Estado depois paga em suaves prestações.
Compartilhamento dos riscos. Se algo der errado o estado compartilha os risco do prejuízo. Ex.: o Estado celebra um contrato de parceria para o serviço X, mas se o serviço não for rentável, o Estado vai dividir os prejuízos.
Pagamento por parte do Estado: aqui existe a chamada pluralidade compensatória ou remuneratória, ou seja, o Estado terá que pagar a sua parcela no contrato. A lei estabelece que o Estado pode transferir para o parceiro privado créditos não tributários (advindos de indenização, por exemplo), também pode transferir a utilização de bens públicos, também há a outorga de direitos (outorga onerosa). Então, é possível o Estado pagar de várias maneiras, sendo esse rol exemplificativo. Mas isso gera dificuldade de fiscalização.
a. Ordem bancária;
b. Cessão/Transferência de créditos não tributários;
c. Utilização de bens públicos
d. Outorga de direitos
Vedações legais
Quanto ao valor: Não se admite concessão especial com valor inferior a R$ 20.000.000,00;
Quanto ao prazo: Não pode ter prazo inferior a 5 anos e nem prazo superior a 35 anos;
Quanto ao objeto: A concessão especial exige sempre, pelo menos, dois objetos: serviço + obra ou serviço + fornecimento. Tem que misturar, pelo menos, dois elementos.
Gestão da parceria
Quando celebrado o contrato de concessão especial, essas pessoas constituem uma sociedade de propósitos específicos, que é uma pessoa jurídica, criada em razão da parceria, constituída pelo Estado + empresa privada, e tem como objetivo a gestão do contrato de PPP.
O objetivo é cuidar do contrato de parceira.
Questões de concurso:
CESPE (AGU/2006) Considere que um Ministério pretenda contratar o fornecimento de mão-de-obra para a execução de uma obra pública. Nesse caso, esse ministério pode-se valer da celebração de contrato de parceria público-privada (F). OBS: tem que ser uma concessão comum.
CESPE (AGU/2006) Nos contratos de parceria público-privada, o pagamento ao parceiro privado não pode ficar vinculado à qualidade do seu desempenho, pois os riscos do empreendimento devem ser repartidos entre as partes (F).
CESPE (AGU/2006) Antes da celebração do contrato de parceria público-privada, deve ser constituída sociedade de propósito específico, da qual a administração pública não pode fazer parte, por ter poder-dever de fiscalização sobre ela, durante a execução do contrato (F).
CESPE (Juiz Federal TRF5/2006) O contrato de parceria pública e privada deve ser firmado entre o poder público e uma sociedade de propósito específico, a qual poderá adotar a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado (F).
3. PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Cuidado! Não é de uso de bem público.
O instituto da permissão nasceu como ato unilateral. Era ato unilateral, discricionário e precário.
Com a Lei 8.987/95, a permissão de serviço público passa a ter natureza de contrato.
Assim, a natureza de permissão de uso de bem público continua sendo ato unilateral.
O STF já se manifestou dizendo que a natureza jurídica da permissão de serviços públicos é idêntica a da concessão, ou seja, contratual, sendo ambas constituídas com contrato administrativo (além de ser a posição do STF também está na lei, porém há grande divergência na doutrina, visto que alguns continuam entendendo que é instituída por ato unilateral).
Permissão de serviço significa delegação de serviço (transferência somente da execução do serviço) feita pelo poder concedente a pessoa física ou pessoa jurídica.
Qualquer modalidade licitatória é possível, aqui vai depender do valor do contrato.
Aqui não precisa de autorização legislativa específica, diferentemente do que acontece com a concessão.
Esse instituto é mais simples do que a concessão.
Art. 40 da lei:
A lei só traz permissão em dois artigos: 2º, IV e 40.
Natureza jurídica dessa relação: segundo o STF, se a lei disse contrato, a natureza jurídica da permissão é idêntica a da concessão.
Contrato com prazo determinado, como todo contrato administrativo, com o dever de indenizar.
Cuidado! A lei fala em contrato precário, logo, pode ser retomado a qualquer tempo. Ser precário significa que a administração pode retomar a qualquer tempo, não precisando indenizar.
Esse ato era unilateral também nasceu de forma precária, podendo ser retomado a qualquer tempo e não gera dever de indenizar. Isso era muito vulnerável. Mas com a Lei 8.987/95 a permissão é feita por contrato, assim, a Administração pode retomar antes do prazo? Pode, por razões de interesse público, mas, agora, é com indenização. Contudo, a lei diz que é contrato, mas não deixa de ser precário, que significa que pode ser retomado a qualquer tempo e não precisa indenizar. São situações completamente contraditórias. Pela doutrina e jurisprudência majoritárias a característica da precariedade fica mitigada em razão de ser contrato, então, a Administração pode retomar a permissão, mas terá o dever de indenizar.
Mas se cair na prova é contrato e é precário, marcar como verdadeiro.
4. AUTORIZAÇÃO de serviços públicos
A doutrina critica muito, dizendo que é inconstitucional; mas a posição majoritária reconhece a autorização de serviços públicos.
É ato adminstrativo unilateral, discricionário e precário (pode ser retomado a qualquer tempo e não gera o dever de indenizar).
Utiliza-se em serviços é possível quando tratar de pequenos serviços ou serviços urgentes.
Ex.: serviço de táxi; serviço de despachante.
Questões de concurso: CESPE (AGU/2003) O regime jurídico da autorização não é constitucionalmente compatível com a exploração de serviço público por parte de pessoa jurídica privada. (F).
OBS: a Lei 8.112/90 é tema do Intensivo II, mas é importante fazer a leitura.
AGENTES PÚBLICOS
1. CONCEITO : É todo aquele que exerce função pública, seja de forma temporária ou permanente, seja com ou sem remuneração.
Ex.: mesário nas eleições é agente público.
A expressão agente público é uma expressão muito ampla.
Questões de concurso: CESPE (AGU/2003) No direito administrativo, o conceito de agente público é amplo e abrange até pessoas sem vínculo jurídico permanente com a administração, como é o caso dos componentes de mesas receptoras de votos nas eleições, pessoas delegadas de serviços públicos, como permissionários e concessionários de serviços públicos, e pessoas detentoras de mandato eletivo, como os membros de câmaras municipais e o presidente da República. (V).
2. CLASSIFICAÇÃO
2.1. Agentes políticos
Em regra, são escolhidos mediante eleição; excepcionalmente, por concurso público. Têm regime estatutário (cargo público). São eles os que estão no comando de cada um dos Poderes (é aquele que constitui a vontade do Estado):
Chefes do Poder Executivo, Vices e auxiliares imediatos do Poder Executivo (Ministros, Secretários estaduais e municipais); Membros do Legislativo (Deputados Federais e Estaduais, Senadores e Vereadores); Membros da magistratura e MP (há divergências, mas prevalece que são agentes políticos em razão da importância do cargo que ocupam, e não, em razão de ser uma escolha política – é inclusive o entendimento do STF desde de 2002); Ministros e Conselheiros dos TC’s.
Obs.: Se os direitos estão previsto em uma lei se submetem ao regime legal ou chamado por algumas autoridades de regime jurídico administrativo ou regime
estatutário. O Sujeito aqui é titular de cargo público que só está presente em pessoa jurídico de direito público, não se admite em direito privado. Previsão na Lei ou em leis específicas ou na CF.
Se os direitos do trabalhador estão previstos em um contrato de trabalho estão sujeitos ao regime contratual ou trabalhista ou celetista. Nesse caso o Sujeito é titular de emprego, que estão previsto em pessoa jurídica de direito público, bem como em pessoa jurídica de direito privado.
Parênteses:
Aqui, vale fazer uma observação quanto ao regime jurídico:
Se os direitos do trabalhador estão previstos na lei ou na CF, ele segue o regime legal, o regime estatutário (aplicável a titular de cargo – seja efetivo, ou em comissão). Cargo só existe em pessoa jurídica de regime de direito público.
Se os direitos do trabalhador estão em contrato, o regime é contratual ou celetista (aplicável a titular de emprego – possível em pessoa jurídica de direito público e de direito privado).
Os agentes políticos são estatutários. Lembra-se que, muitas vezes, as regras do seu regime estão na CF.
Quando se fala em regime estatutário, não significa Lei 8.112/90; pode ser outra lei. A Lei 8.112/90 é um dos estatutos, mas não é o único. Há lei própria, por exemplo, para magistratura e para o MP.
2.2. Servidor estatal
Atuam no Estado (Administração Direta ou Indireta). Subdividem-se em:
a. Servidor público: Aquele que atua em pessoa jurídica de direito público (Administração Direta, autarquia e fundação pública de direito público).
Aqui, vale abordar a evolução histórica do regime jurídico:
Originariamente, pela CF/88, servidor público estava sujeito a um regime jurídico único. Ou seja, em cada ordem política só é possível um regime (em todo Estado, em toda União). A maioria acabou escolhendo o regime estatutário. Neste momento, não existia obrigatoriedade pela adoção do regime estatutário.
Com a EC 19/98 (Reforma Administrativa) foi abolido o regime jurídico único e foi instituído um regime múltiplo, pelo qual, o regime poderia ser estatutário (para titulares de cargo) ou celetista (para titulares de emprego). Na mesma ordem jurídica era possível existir os dois regimes ao mesmo tempo. Aqui, vale fazer as seguintes observações:
Obs.: A determinação por cargo ou por emprego público era feita através de lei. Neste momento, a preferência também era para o cargo público porque dá mais benefícios ao servidor público.
Obs.: A expressão “funcionário público” era utilizada para os titulares de cargos públicos, mas ela não é mais utilizada; nem mesmo a Constituição a menciona.
Obs.: O art. 39 da CF, que estabeleceu o regime jurídico múltiplo, era eivado de vício formal, pois a EC não foi aprovada em 3/5 e em 2 turnos (Apesar de não te sido aprovado esta parte pelo Plenário, mesmo assim foi incluída pela Comissão de Redação colocou a matéria na emenda mesmo assim). Por isso, a matéria foi levada ao STF através da ADI 2.135, na qual, só existe decisão em sede de cautelar, pela qual se declarou a inconstitucionalidade formal do art. 39, visto que não se cumpriu a aprovação em 3/5 e em 2 turnos. Diante disso, atualmente, vale o regime jurídico único, restaurado pela decisão do STF. Vale lembrar que cautelar em ADI, em regra, produz efeitos “ex nunc”, mas o STF pode estabelecer que é “ex tunc”. Nessa cautelar, o STF frisou que a decisão tinha efeitos “ex nunc”, ou seja, o regime jurídico único valeria a partir da decisão. E os que tinham misturado os regimes com a EC 19? Eles não podem mais misturar daqui para frente. Na realidade, precisamos aguardar a decisão de mérito dessa ADI.
Pergunta-se: levando-se em consideração que o regime jurídico único foi restaurado no Brasil, isso significa que esse regime jurídico único é estatutário? Prevalece que não, ou seja, preferencialmente (e não, obrigatoriamente) é o regime estatutário (CABM, Maria Sylvia). Já caiu em concurso que o regime jurídico único é o estatutário, mas não é a posição que prevalece. Quando a pergunta for: “Servidor público é seletista ou estatutário? R.: Pode ser os dois, desde que seja único, não é necessariamente o regime estatutário.”
b. Servidor de ente governamental de direito privado: Atua na Administração Indireta de pessoa jurídica de direito privado (empresa pública, sociedade de economia mista e fundação pública de direito privado).
Segue apenas o regime celetista (empregado cuidado! Só é empregado, não é empregado público). Regidos pela CLT.
- Se é servidor público em pessoa jurídica de direito público é emprego público- Se trabalha em pessoa jurídica de direito privado é somente emprego
Equipara-se ao servidor público em alguns aspectos. E quais são esses aspectos?
Também presta concurso público.
Ex.: concurso da CEF, do BB, da Petrobrás, etc.;
Aplica-se o regime da não-acumulação (que é a regra, mas há exceções constitucionais);
Aplica-se o teto remuneratório, em regra, mas aqui, a CF faz uma ressalva: se a EP ou SEM não precisa da ajuda da Administração Direta para o seu custeio (despesas correntes, do dia-a-dia), vivendo da sua própria renda, ela não precisa respeitar o teto;
Aplica-se a Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92);
Também está sujeito ao art. 327 do CP, ou seja, também é funcionário público para fins penais;
Também estão sujeitos aos remédios constitucionais (são considerados autoridades para esses fins). O MS só vai ser cabível se for prestadora de serviço público.
Importante ressaltar que ele não é equiparado no que atine à dispensa. Na súmula 390, o TST reconhece que estes empregados de empresa pública e de sociedade de economia mista não gozam da estabilidade do art. 41 da CF. Neste sentido, o TST editou a OJ 247, consolidando a orientação de que a dispensa é imotivada. Cuidado! o TST traz uma ressalva à esta orientação: a ECT, como tem regime de Fazenda Pública, não está sujeita à essa orientação, ou seja, a dispensa tem que ser motivada. RG nº 131 no RE 589.998
c. Particulares em colaboração
Ele colabora com o Estado.
Em certo momento, exerce função pública, mas não perde a qualidade/natureza de particular. Pode ser:
a) Requisitado : colabora porque é obrigado.
Ex.: mesário, jurado, serviço militar obrigatório.
b) Voluntário ou particulares em “sponte própria” (= agente honorífico por HLM - FCC): colabora porque quer.
Ex.: amigo da escola, médico que colabora, dirigentes/presidentes de ordem de classe.
c) Os que trabalham em concessionárias e permissionárias prestando serviço público.
Ex.: motorista do ônibus.
d) Delegação de função - Serviços notariais e de registro (“cartórios extrajudiciais”): trazidos pelo art. 236 da CF (os notários são chamados pela CF de “delegados de função”). Não é delegação de serviço, é uma situação específica. Exercem em caráter privado, mas prestam concurso público.
e) Particulares que praticam atos oficiais : são particulares que prestam serviços públicos porque a CF atribuiu essa titularidade. Assim, não há delegação. A titularidade para prestar serviço público é conferida ao particular diretamente pela CF. Por isso, cabe MS contra um dirigente particular que pratica ato oficial.
Ex.: área da saúde e de ensino, dirigente de uma universidade privada.
f) Particular que exerce locação civil : a locação civil é um contrato de prestação de serviço celebrado no direito privado.
Ex.: contratar um advogado para prestar serviço via locação. Atualmente, não é muito utilizado, mas pode ser.
3. ACESSIBILIDADE
Hoje, no Brasil, aplica-se a regra de acessibilidade ampla, ou seja, podem ser servidores públicos os brasileiros e os estrangeiros (estes, na forma da lei).
Obs.: A possibilidade dos estrangeiros, na forma da lei, não é originária da CF/88, mas veio com a EC 19/98. Contudo, para os estrangeiros têm que ter regulamentação. Atualmente, existe regulamentação para professores e pesquisadores estrangeiros.
Para os brasileiros, a acessibilidade vale para natos e naturalizados (salvo exceções constitucionais em que o brasileiro tem que ser nato).
3.1. Via de acesso
Em regra, a acessibilidade se dá via concurso público, escolha meritória, ganha ou passa o melhor. É diferente de Licitação.
Exceções:
Mandato eletivo; Cargo em comissão (antigamente era chamado de cargo de confiança), de
livre nomeação e exoneração (= ad nutum, ou seja, não precisa de motivação para exonerar).
Parênteses:
Qual a diferença entre cargo em comissão e função de confiança?
Cargo = atribuições + responsabilidade + posto/espaço na estrutura da administração. cargo em comissão é o baseado na confiança (serve para direção, chefia e assessoramento); qualquer pessoa pode ocupar um cargo em comissão (livre nomeação e exoneração). O problema é que, toda vez que muda o chefe, seria possível alterar o ocupante do cargo em comissão. Por isso, estabeleceu-se a regra de que existe um mínimo de ocupantes de cargo em
comissão que deve ser preenchido por ocupantes de cargo efetivo (daí, quando muda o chefe, ele volta para o seu cargo efetivo);
Obs.: Qualquer pessoa pode ocupar cargo comissão, salvo Súmula Vinculante 13 do STF (proibição do nepotismo).
A função de confiança significa atribuições + responsabilidades; não existe posto/lugar no quadro da administração. A função de confiança também serve para direção, chefia e assessoramento. Hoje, a única função prevista na CF é a função de confiança; neste sentido, ela só pode ser atribuída a quem já está nos quadros da administração, ou seja, por quem já tem cargo efetivo. Se já tem cargo efetivo (atribuições + responsabilidade + posto/espaço na estrutura da administração) e ganha uma função de confiança (atribuições + responsabilidades), repare que com a função, ele ganha um plus nas suas atribuições e responsabilidades, ou seja, ele não deixa o cargo efetivo; pelo plus nas suas atribuições, ele recebe um plus na sua remuneração: a gratificação por função de confiança.
Contrato temporário: Art. 37, IX da CF:
Ele é utilizado em caso excepcional interesse público. Se a necessidade é permanente, o contrato não pode ser temporário.
O processo seletivo dos contratos temporários é simplificado. Existe um projeto (“trem da alegria”) de estabilizar os temporários. O STF orienta que o temporário que não está em situação excepcional é ilegal. O STJ tem falado na manutenção desses servidores pela estabilização dos efeitos.
Hipóteses constitucionais (expressas):
Ex.: Ministro do STF, regra do quinto constitucional, Ministro e Conselheiro do TC (todos cargos vitalícios), algumas vagas dos Tribunais Superiores, agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, §4º, CF, alterado pela EC 51). Regulado pela Lei 11.350/06
Obs.: quando a CF fala de processo seletivo, prevalece o entendimento que não se trata de concurso, porque se assim quisesse o constituinte, assim teria disposto.
Antes eles eram contratados temporariamente, agora passam por um processo seletivo (que não é concurso).
Essa matéria foi regulamentada pela Lei 11.350/2006. Assim, eles entram em regime de emprego público, mas deixam de ser temporários e passam a ter estabilidade. O problema da lei é que ela acaba estabilizando temporários e, muitas vezes, esses temporários eram escolhidos por parentesco, amizade, etc. Por isso, é bem provável que isso seja bastante discutido.
OBS: Ler as súmulas: 683, 684, 685, 686 (STF), 266 (STJ)
Súmula 683 - O LIMITE DE IDADE PARA A INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO SÓ SE LEGITIMA EM FACE DO ART. 7º, XXX, DA CONSTITUIÇÃO, QUANDO POSSA SER JUSTIFICADO PELA NATUREZA DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO A SER PREENCHIDO. (a jurisprudência do STF diz que esses requisitos também têm que estar previstos na lei da carreira). A atividade jurídica é aplicada a partir da colação de grau.
Súmula 684 - É INCONSTITUCIONAL O VETO NÃO MOTIVADO À PARTICIPAÇÃO DE CANDIDATO A CONCURSO PÚBLICO.
Súmula 685 - É INCONSTITUCIONAL TODA MODALIDADE DEPROVIMENTO QUE PROPICIE AO SERVIDOR INVESTIR-SE, SEM PRÉVIA APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO SEU PROVIMENTO, EM CARGO QUE NÃO INTEGRA A CARREIRA NA QUAL ANTERIORMENTE INVESTIDO. (proibição de acesso sem concurso)
Súmula 686 - SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR A EXAME PSICOTÉCNICO A HABILITAÇÃO DE CANDIDATO A CARGO PÚBLICO.
266. O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.
Prazo de Validade do Concurso público: Requisitos para concurso público é possível, desde que:
a) Compatível com as atribuições do cargo;
b) Validade: O concurso público tem como validade até 2 anos;
c) Prorrogação: podendo ser prorrogados por uma única vez e por igual período;
d) Previsão na lei da carreira, além de previsão no edital.
4. CONCURSO PÚBLICO
4.1. Prazo de validade
Até 2 anos.
4.2. Prorrogação
Admite-se uma única prorrogação por igual período (fixado no edital), mas por uma única vez. Para poder prorrogar tem que estar prevista esta possibilidade no edital, não é automático. É decisão discricionária, prorroga se for conveniente.
Prevalece que só é possível se prevista no edital.
Só pode prorrogar enquanto o concurso for válido.
Conforme o STF, a prorrogação só pode ser revogada enquanto não for iniciado o prazo (pois, a partir do dia do seu início, gera direito adquirido para os candidatos).
Parou aqui em 03 de julho de 2012
FIM
Aula XV - INTENSIVO I – Direito Administrativo – LFG – 03 de julho de 2012 – Profª. Fernanda Marinela
4.3. Novo concurso
A partir da EC 19/98, admite-se sua realização, mesmo estando válido o concurso anterior. Porém, primeiro se esgota a lista do concurso anterior (enquanto não vencer seu prazo de validade, por óbvio) e depois chamam-se os aprovados no concurso novo.
Dicas de leitura:
SÚMULA STF 683, 684, 685, 686
SÚMULA VINCULANTE 13
SÚMULA STJ 266, 377
4.4. Direito à nomeação
Tradicionalmente a doutrina e jurisprudência diziam que o candidato aprovado em concurso, via de regra, não tem direito a nomeação, como regra, ele tem mera expectativa de direito.
Atualmente o direito a nomeação vem sendo reconhecido, nos seguintes casos:
a) Direito de não ser preterido – De não ser passado para trás. Candidato preterido na ordem de classificação (entendimento pacificado – STF Súmula 15).
b) A Administração realiza vínculos precários tendo concurso válido com candidatos aprovados na lista. Vínculos precários podem ser contratação de temporários, designação a doc, cessão de servidores, desvio de função.
c) Candidatos aprovados no concurso dentro do numero de vagas, terá direito subjetivo a nomeação. O direito subjetivo diz respeito ao concurso válido. Matéria decidida no STJ e STF com julgamento do mérito. RE 598.099 (RG) STF. Esse direito não é um direito absoluto, se existir uma mudança de contexto ou uma situação nova que justifique não nomear, não é obrigado a nomear.
4.5. Requisitos para ir para o edital
1. Tem que está previsto na Lei da carreira;
2. Compatibilidade com a natureza das atribuições que serão exigidas;
3. A exigência tem que na expressa no edital;
Dicas:
Limite de Idade – Hoje limite de idade em concurso público pode. Súmula 683 do STF; Desde que preenchidas as condições. É possível tanto o limite mínimo quanto o limite máximo de idade. RE 600885 (RG) STF.
Exame psicotécnico – Súmula 686 – É possível exame psicotécnico desde que esteja previsto na carreira. Conferir STJ e STF. Além da súmula a jurisprudência trás outro complemento, além da exigência da lei (Lei da carreira), ele tem que ter parâmetros objetivos, exame psicotécnico não pode ser subjetivo. E ainda precisa do direito de recurso ao candidato.
Prazo de validade: 2 anos, venceu o concurso, o administrador resolve prorrogar no dia seguinte, essa prorrogação não é válida, os cargos nomeados a partir da prorrogação também são ilegais, deve ser portanto anulada. Logo, os servidores tem direito ao contraditório e a ampla defesa.
5. ESTABILIDADE Art. 41 da CF
5.1. Cargo efetivo – Nomeado em caráter definitivo e a condição do servidor é ser estável;
5.2. Servidor Estável – Estabilidade é garantia de permanência no serviço e requisito ocupar cargo efetivo.
5.3. Requisitos para ser efetivo:
5.5.1. Aquisição
1. Nomeado para cargo efetivo – pressupõe a prévia aprovação em concurso público;
2. 03 anos de exercício;
3. Ser aprovado na avaliação específica de desempenho;
Obs.: Emprego x Estabilidade - O candidato para ter estabilidade precisava ter passado em concurso público. Texto original da CF/88. Tinha direito a estabilidade o titular de cargo público e o titular de emprego público. Nesse contexto o TST publica a súmula 390 do TST – Se o servidor é empregado de PJ de direito público (empregado público –
Servidor público) esse empregado tem direito a estabilidade, Art. 41 da CF. Se for PJ de direito privado, agora vai ser sem estabilidade do art. 41 da CF.
Obs.: Em 1998 a EC 19 alterou o art. 41 da CF – A partir da EC o servidor público para ter direito a estabilidade precisa de cargo público + 3 anos de exercício + avaliação. Hoje empregados públicos não tem direito a estabilidade.
5.4. Avaliação Especial de desempenho – É condição para aquisição da estabilidade, até hoje não foi disciplinada. A lei da carreira é quem vai disciplinar essa avaliação, que não foi regulamentada em alguns casos. Hoje o servidor vai adquirir estabilidade mesmo sem a avaliação Especial de desempenho.
5.5. Perda da Estabilidade – O servidor pode perder a estabilidade nas seguinte situações.
5.5.1. Processo administrativo conforme o novo modelo constitucional, com contraditório + ampla defesa;
5.5.2. Por meio de processo judicial com sentença transito em julgado;
5.5.3. Avaliação periódica de desempenho.
Obs.: Também precisa de regulamentação.
5.5.4. Em razão da racionalização da máquina administrativa - Art. 169 da CF. Ex.: 20% dos cargos em comissão e de confiança e servidores não estáveis, só depois serão os servidores estáveis. Caso de exoneração.
6. ESTÁGIO PROBATÓRIO
É o período de teste do servidor para verificar se ele pode ficar no cargo.
Evolução:
CF/88: 2 anos p/ adquirir estabilidade Lei 8.112/90, art. 20: estágio probatório (diferente de estabilidade) é de 24 meses (diferente de 2 anos) EC 19/98: 3 anos p/ adquirir estabilidade doutrina: art. 20 não foi recepcionado pela EC, portanto, estágio probatório é de 3 anos 2004 – STF: CF nunca falou em estágio probatório, mas sim em estabilidade, por isso, vale a regra do art. 20, ou seja, o estágio probatório é de 24 meses.
Entendimento atual (AGU, STJ): 3 anos (apesar do STJ já ter dito a mesma coisa que o STF);
CNJ – PP 822: Entende que o prazo é de 3 anos.
TST: 36 meses (é a melhor resposta p/ concurso).
MP 431/08 –
7. SISTEMA REMUNERATÓRIO
7.1. Modalidades
Há duas modalidades:
a) remuneração (=vencimentos): composta por 2 parcelas: parcela fixa (=vencimento) + parcela variável. A parcela fixa é o salário-base.
b) subsídios (EC 19/98): composto por parcela única.
A doutrina critica essa segunda modalidade, alegando que se é única, não deveria se chamar parcela; além disso, subsídio, em latim, significa ajuda de sobrevivência.
Quem recebe subsídios:
Chefes do Poder Executivo(e seus respectivos Vice) e seus auxiliares imediatos;
Membros do Poder Legislativo;
Magistrados;
Membros do MP;
Ministros e Conselheiros dos TCs;
Membros da AGU;
Procuradores (exceção: procuradores municipais) e defensores públicos;
Todos os policiais;
Todos os demais organizados em carreira (= quando há plano de ascensão).
Exceções: Existem duas verbas que podem ser pagas fora dessa parcela única.
Art. 39, §3º, CF: Verbas pagas fora da parcela única.
Verbas indenizatórias: Verbas pagas fora da parcela única. ex.: diária, ajuda de custo, transporte, etc.
7.2. Fixação da remuneração dos servidores públicos
Qualquer remuneração/subsídio só é fixada por meio de lei de iniciativa do dono do bolso, ou seja, se quem paga é o Poder Legislativo, a iniciativa é do Poder Legislativo; se quem paga é o Poder Executivo, a iniciativa é do Poder Executivo, etc.
Únicas exceções à fixação da remuneração:
Remuneração do Presidente da República e Vice, Senadores, Ministros e Deputados Federais fixada por DECRETO LEGISLATIVO do CN;
Remuneração dos vereadores será fixada por fixada por DECRETO LEGISLATIVO da Câmara Municipal.
Obs.: legislativo é aquela espécie normativa que não tem deliberação executiva (não há sanção/veto do Presidente). (Mesmo que os cargos tenham sido criados por resolução – ex.: assessores do Poder Legislativo).
7.3. Teto remuneratório
Apesar de haver inúmeras exceções e discussões, o que vem sendo cobrado em concurso é a regra básica da CF.
Para a professora, o teto está fadado à falência. O teto foi estabelecido inicialmente pela EC 19/98, que fixou um teto geral; contudo, com a EC 19, a regra do teto ainda dependia de regulamentação, que não veio e a regra não saiu do papel.
Consequência: a EC 41/03 trouxe os sub-tetos e, a partir daí, a as regras começaram a ser aplicadas.
Neste cenário, atualmente, temos:
Teto geral: ninguém pode ganhar mais que os Ministros do STF. Hoje é fixado pela Lei 12.041/09, no valor de R$ 26.723,13. Lembre-se que essa lei é de iniciativa do próprio STF. Assim, o salário dos Ministros do STF é teto geral e sub-teto para a União (âmbito federal).
Nos Estados, no Poder Legislativo, ninguém pode ganhar mais que o deputado estadual.
No Poder Executivo, o sub-teto é o do Governador.
No Poder Judiciário, o sub-teto é o do desembargador, que também deve ser aplicado para os membros do Ministério Público, procuradores e defensores públicos. E para os auxiliares do Ministério Público? O sub-teto é o do Governador.
O teto do desembargador é de até 90,25% do salário dos Ministros do STF – isso continua valendo, apesar de ter sido objeto de ADI 3854. Na verdade, o STF fez uma interpretação conforme, entendendo que o teto de 90,25% é o teto para a remuneração como desembargador; se ele exercer outra função (ex.: de professor, junto aos tribunais eleitorais, etc.), o teto será igual ao dos Ministros do STF. Cuidado! Alguns autores dizem que o STF declarou a regra inconstitucional, mas não foi o que ocorreu – a regra foi declarada constitucional, tendo sido feita uma interpretação conforme.
No âmbito municipal, o teto remuneratório é o do Prefeito.
O CNJ e o CNMP têm regras sobre benefícios previdenciários, magistério, etc.
8. ACUMULAÇÃO DE CARGOS
A regra é a não-acumulação. Há proibição para cargos e empregos. Excepcionalmente a CF autoriza, art. 37, XVI e XVII e art. 38, com 04 exceções (nas quais só pode acumular 2 cargos/empregos), vejamos:
8.1. Atividade + atividade: requisitos:
a. Horário compatível;
b. Teto remuneratório (lembre-se que existem sub-tetos – Ex.: tetos das áreas estadual e municipal) ele escolherá a remuneração de 1 das atividades caso a remuneração ultrapasse o teto;
Hipóteses:
2 cargos de professor. Em atividade nos dois cargos e ganha remuneração nos dois casos.
Hipóteses:
a) Se o horário for compatível;
A soma das duas remunerações não podem ultrapassar o teto remuneratório;
b) E tem que ser em umas das seguintes hipóteses de atividades: 2 de professor; 1 de professor e 1 de técnico científico (ex.: juiz); 2 na área da saúde com profissão regulamentada por lei.
8.2. Proventos (aposentadoria) + proventos (aposentadoria): desde que atendidas as regras do teto (idem item anterior);
Obs.: Aposentadoria + aposentadoria - É possível a aposentadoria nos dois cargos, Nas hipóteses da atividade.
8.3. Proventos (aposentadoria) + atividade (pode ser mandato eletivo, cargo em comissão): obs.: antes da EC 20/98, o aposentado podia acumular com qualquer cargo; assim, aqueles que já estavam acumulando antes da EC, continuarão acumulando, em função do direito adquirido. A partir da EC, p/ acumular, tem que atender às regras do item 1.essa regra não está no corpo da CF, mas sim, no art. 11 da EC 20.
Obs.: Aposentadoria + remuneração – Nas mesmas hipóteses da atividade pode tudo.
Obs.: Aposentado como professor + remuneração de presidente = Pode cumular as duas remunerações, em qualquer mandato eletivo; O segundo cargo pode ser também um cargo em comissão.
Obs.: Delegado de policia aposentado + cargo de promotor em atividade = Até 1998 qualquer hipótese era possível, a partir de 1998, por força da EC 20, art. 11,
só nas seguintes hipóteses: a) Nas hipóteses da atividade, mandatos eletivos e cargo em comissão;
8.4. Atividade + atividade de mandato eletivo: só pode acumular se o mandato for de vereador e o horário for compatível (porque se for incompatível, ele se afasta da 1 a. atividade e escolhe a remuneração). Obs.: mandato federal/estadual/distrital tem que se afastar da 1a. atividade e receberá a remuneração do mandato; se o mandato for de prefeito tem que se afastar da 1a. atividade, mas pode escolher a remuneração). No caso de vereador, sendo o horário compatível ele vai exercer os dois e ganhar pelos dois. No caso de mandato eletivo, pode, para vereador se o horário for compatível.
8.5. Competência
8.5.1. Se o servidor é do regime é jurídico administrativo e o vinculo é legal e o servidor é estatutário – Competência é da Justiça Comum Federal ou Estadual. ADI 3395.
8.5.2. Se o servidor é regido pela CLT – É a Justiça do trabalho
9. TEMPORÁRIOS
Sujeito ao regime jurídico Administrativo especial. Segundo o STF os contratos temporários segue o regime jurídico administrativo; A competência é da Justiça comum, se federal ou estadual. Independentemente se o vinculo é válido ou não. RE 573.202 (RG)
Parou aqui em 05 de julho de 2012
FIM
10. APOSENTADORIA DO SERVIDOR PÚBLICO
Não tem caído muito em concurso, pois é matéria bastante confusa. A aposentadoria tem um histórico de 3 EC’s.
Aqui, não falaremos do regime geral da previdência social (INSS), que é estudado no direito previdenciário. Estão sujeitos ao RGPS os empregados da Administração Direta e da Administração Indireta, os ocupantes de cargo em comissão (livre nomeação e livre exoneração).
Estudaremos aqui, o regime próprio, previsto no art. 40, CF, aplicado para titulares de cargos efetivos e titulares de cargos vitalícios.
10.1. Evolução
O regime próprio começou na CF/88, em seu texto original, pelo qual, o que importava era o tempo de serviço, não importando se o servidor estava ou não contribuindo.
A primeira alteração foi introduzida pela EC 20/98, pela qual, eliminou-se o tempo de serviço e criou dois requisitos novos: idade + tempo de contribuição – trata-se do regime contributivo (o que interessa é o que o servidor contribui, prestigiando-se, assim, o princípio da reciprocidade, pelo qual, o que o servidor contribui para o regime geral pode ser aproveitado no regime próprio e vice-versa). Esses requisitos continuam no art. 40 e não foram alterados pelas EC’s posteriores.
8.2 Modalidades de aposentadoria
Assim, quais são as modalidades de aposentadoria que temos hoje no art. 40? São 4 modalidades:
Tipo de aposentadoria
Proventos Requisitos para aquisição
Aposentadoria por invalidez permanente – art. 40, §1º, I, CF/88.
Regra: proventos proporcionais ao tempo de contribuição
A invalidez tem que ser permanente.
Exceção: proventos integrais
Quando a invalidez surgir de moléstia profissional ou doença no serviço, grave e contagiosa ou incurável.
Aposentadoria compulsória – art. 40, §1º, II, CF/88.
Regra: proventos proporcionais ao tempo de contribuição.
70 anos de idade (homem ou mulher).
Exceção: proventos integrais
Quando atingir o limite de contribuição.
Aposentadoria voluntária - art. 40, §1º, III, CF/88. Tem que ter 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo.
Proventos integrais
Homem - 60 anos de idade + 35 anos de contribuição;
Mulher - 55 anos de idade + 30 anos de contribuição
Proventos proporcionais às contribuições pagas
Homem - 65 anos de idade;
Mulher - 60 anos de idade.
Aposentadoria especial
- art. 40, § 5º, CF/88.
Proventos integrais
- professor, com exclusividade de magistério (sala de aula), do ensino infantil, fundamental ou médio;
- homem: 55 anos de idade + 30 anos de contribuição;
- mulher: 50 anos de idade + 25 anos de contribuição.
- A EC 47/05 incluiu o deficiente físico e a atividade de risco (mas ainda não foram regulamentadas por Lei Complementar).
OBS: a EC/47 também disse que essas regras dependiam de regulamentação especial, via LC, mas, até hoje, não temos essa LC. Em virtude disso, a matéria foi levada ao STF através do MI 721 (que só fala de atividade de risco, não fala de deficiente físico), no qual, o STF entendeu que aplica-se o regime geral, enquanto não vem a LC. Repare que esta decisão foi proferida pelo STF com caráter mandamental e não com caráter declaratório de omissão legislativa.
Obs: O STF já julgou a ADI em 29.10, sendo que a decisão não foi publicada ainda.
Aposentadoria especial do professor: tem que ser do ensino fundamental, infantil e médio com exclusividade de magistério.
ADI 3772: o STF decidiu que o sujeito tem que ser professor necessariamente. Mas se professor e exercer atividade de diretor, coordenador dentro da escola, continua correndo esse tempo. Prevaleceu que continua tendo direito à aposentadoria especial.
Aposentadoria Especial e Funções de Magistério -2 (Informativo 526 STF – novembro de 2008)
O Tribunal concluiu julgamento de ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da República em que se objetivava a declaração de inconstitucionalidade da Lei 11.301/2006, que acrescentou ao art. 67 da Lei 9.393/95 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) o § 2º (“Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8º do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico.”) — v. Informativo 502. Salientando que a atividade docente não se limita à sala de aula, e que a carreira de magistério compreende a ascensão aos cargos de direção da escola, o Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido formulado para conferir interpretação conforme, no sentido de assentar que as atividades mencionadas de exercício de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico também gozam do benefício, desde que exercidas por professores. Vencidos os Ministros Carlos Britto, relator, Cármen Lúcia e Joaquim Barbosa, que julgavam procedente o pleito, ao fundamento de que a lei impugnada ofenderia o § 5º do art. 40 e o § 8º do art. 201, da CF, a qual teria conferido aposentadoria especial não a todos os profissionais da educação, mas apenas ao professor que desempenha a atividade de docência, entendida como tal a que se passa em sala de aula, no desempenho do específico mister de ensino regular ou habitual (CF: “Art. 40. ... § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º,
III, ‘a’, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. ... Art. 201. ... § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; ... § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.”). Vencida, também, a Min. Ellen Gracie, que dava pela total improcedência da ação.
ADI 3772/DF, rel. orig. Min. Carlos Britto, rel. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, 29.10.2008. (ADI-3772)
8.3 Emendas constitucionais
Servidores que entraram antes da EC e já preenchiam os requisitos, têm direito adquirido de se aposentar conforme a regra antiga; para servidores que entraram antes da EC, mas na data de sua publicação ainda não preenchiam os requisitos, valem as regras de transição trazidas pelas EC’s (tais regras de transição são FACULTATIVAS para o servidor). Os servidores que entrarem depois da EC, devem seguir o regime novo.
A) EC 20/98
Art. 8º trouxe a primeira regra de transição abono de permanência: servidores ganharam isenção da contribuição previdenciária (11%), caso continuassem trabalhando (procurou-se evitar que os servidores se aposentassem correndo).
B) EC 41/03
Revogou o princípio da integralidade e substituiu pelo princípio da média vida laboral (pelo qual o servidor recebe a média de tudo que ganhou na vida laboral, sendo que, só entram no cálculo, remunerações sobre as quais houve incidência de contribuição).
Revogou o princípio da paridade (pelo qual os aposentados recebiam todas as vantagens que os ativos recebiam) substituindo-o pelo princípio da preservação do valor real (preservação do poder de compra).
Criou o teto de proventos, que corresponde ao teto do regime geral da Previdência Social. Obs.: ele só será aplicado aos servidores quando sair o regime complementar (até o momento existe).
Criou a contribuição dos inativos, com alíquota de 11% (Estados e Municípios podem estipular porcentagens maiores) sobre o que ultrapassar o teto.
Trouxe 2 regras de transição: a do art. 2º e a do art. 6º, o qual, revogou a regra de transição do art. 8º da EC20/98. O art. 2º criou mais um abono de permanência, pelo qual, o servidor recebe 11% e paga 11% de contribuição, ou seja, modifica a natureza de isenção do art. 8º para a natureza de renda (observe que incide IR); isso porque, com o princípio da média laboral, o servidor ficaria prejudicado se não pagasse contribuição (porque a média só é calculada sobre as remunerações em que incidiram contribuições).
C) EC 47/05
Trouxe mais uma regra de transição (art. 3º) para substituir o art. 2º da EC 41/03 (a qual tinha revogado o art. 8º da EC20/98); desta vez, não revogou, apenas trouxe a regra (ou seja, é facultativo para o servidor – que entrou antes da EC 20 e preenchia os requisitos na época (note que esse servidor tem direito a todas as regras de transição) – usar o art. 2º da EC 41 ou o art. 3º da EC 47).
Trouxe a aposentadoria especial para deficientes físicos e exercentes de atividade de risco.
Questões de concurso:
CESPE (AGU/2006) É inviável juridicamente o deferimento de licença para tratar de interesses particulares a ocupante de cargo de provimento em comissão, ainda que exercido sob a forma de mandato (V).
CESPE (AGU/2006) O servidor que exerce cargo em comissão em localidade diversa da sua sede de expediente tem direito de receber ajuda de custo, calculada sobre a remuneração integral do cargo em comissão (V).
CESPE (Juiz Federal TRF5/2006) Conforme entendimento do STF, o servidor público federal tem direito de retornar a cargo federal anterior, mesmo após o estágio probatório de novo cargo assumido (F).
CESPE (Juiz Federal TRF5/2006) No que se refere a licença para atividade política, apenas o servidor público detentor de cargo efetivo fará jus à remuneração do cargo, no período do registro da candidatura até o décimo dia seguinte ao da eleição, não podendo essa licença exceder o prazo máximo de três meses (V).
CESPE (Juiz Federal TRF5/2006) Suponha que Pedro seja professor em uma universidade pública. Nesse caso, ele poderá acumular o seu cargo de professor com um cargo de analista judiciário, área meio, em tribunal regional federal (F).