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 MATERIAL DE APOIO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Apostila 01 Direito das Obrigações Introdução e Classificação das Obrigações PROF.: PABLO STOLZE GAGLIANO 1. Introdução e Conceito do Direito das Obrigações O desenvolvimento do Direito das Obrigações liga-se mais proximamente às relações econômicas, não sofrendo, normalmente, acentuadas influências locais, valendo destacar que é por meio das “relações obrigacionais que se estrutura o regime econômico, sob formas definidas de atividade produtiva e permuta de bens”, como já salientou ORLANDO GOMES 1 . Em objetiva definição, trata-se do conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não  fazer. 2. Conceito de “obrigação” Em sentido amplo, podemos definir “obrigação” como sendo a relação jurídica obrigacional (pessoal) entre um credor (titular do direito de crédito) e um devedor (incumbido do dever de  prestar). Não se confunde, pois, com a relação jurídica real, estudada pelo Direito das Coisas. 1  GOMES, Orlando, Direito das Obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p.3.

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MATERIAL DE APOI

DIREITO DAS OBRIGAÇÕE

Apostila 01

Direito das Obrigações

Introdução e Classificação das Obrigações

PROF.: PABLO STOLZE GAGLIANO

1.  Introdução e Conceito do Direito das Obrigações

O desenvolvimento do Direito das Obrigações liga-se mais proximamente às relações

econômicas, não sofrendo, normalmente, acentuadas influências locais, valendo destacar que é

por meio das “relações obrigacionais que se estrutura o regime econômico, sob formas definidas

de atividade produtiva e permuta de bens”, como já salientou ORLANDO GOMES1.

Em objetiva definição, trata-se do conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores da

relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem

incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou nã

 fazer.

2.  Conceito de “obrigação” 

Em sentido amplo, podemos definir “obrigação” como sendo a relação jurídica obrigacional 

(pessoal) entre um credor (titular do direito de crédito) e um devedor (incumbido do dever de

 prestar).

Não se confunde, pois, com a relação jurídica real, estudada pelo Direito das Coisas.

1 GOMES, Orlando, Direito das Obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p.3.

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Relação Jurídica Obrigacional:

Sujeito Ativo (credor) ----- relação jurídica obrigacional ----- Sujeito Passivo (devedor)

Relação Jurídica Real:

Titular do Direito Real ------------relação jurídica real------------ Bem/Coisa

A relação obrigacional é composta por três elementos fundamentais:

a)  subjetivo ou pessoal:

-  sujeito ativo (credor)

-  sujeito passivo (devedor)

b)  objetivo ou material: a prestação

c)  ideal, imaterial ou espiritual: o vínculo jurídico

Questão de Concurso 1- O que é “obrigação propter rem”? 

Também chamada de “ob rem” ou simplesmente “in rem”. 

Trata-se, em verdade, de uma obrigação de natureza mista (real e pessoal), e que se vincula a uma cois

acompanhando-a (ex.: obrigação de pagar taxa condominial). São determinadas por lei.

Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

AÇÃO DE COBRANÇA. COTAS DE CONDOMÍNIO. LEGITIMIDADE PASSIVA.

PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL, PROMISSÁRIO COMPRADOR OU POSSUIDOR.

PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNC

DE SIMILITUDE FÁTICA. RECURSO NÃO CONHECIDO.

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1. As cotas condominiais, porque decorrentes da conservação da coisa, situam-se como obrigações propt

rem, ou seja, obrigações reais, que passam a pesar sobre quem é o titular da coisa; se o direito real que

origina é transmitido, as obrigações o seguem, de modo que nada obsta que se volte a ação de cobrança do

encargos condominiais contra os proprietários.

2. Em virtude das despesas condominiais incidentes sobre o imóvel, pode vir ele a ser penhorado, ainda qu

gravado como bem de família.

3. O dissídio jurisprudencial não restou demonstrado, ante a ausência de similitude fática entre os acórdão

confrontados.

4. Recurso especial não conhecido.

(REsp 846.187/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 13.03.2007,

09.04.2007 p. 255)

No próximo julgado, muito interessante, observamos que a obrigação de pagar taxa de condomínio (propt

rem) tem preferência, inclusive, sobre a obrigação de pagar credor com garantia de hipoteca sobre o imóve

CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO CONDOMINIAL. PREFERÊNC

AO CRÉDITO HIPOTECÁRIO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. ALEGAÇÃO DE OFENSA A DISPOSITIVO

CONSTITUCIONAIS. ANÁLISE IMPOSSÍVEL NA VIA RECURSAL ELEITA. IMPROVIMENTO.

I. O crédito condominial tem preferência sobre o crédito hipotecário por constituir obrigação propter rem

constituído em função da utilização do próprio imóvel ou para evitar-lhe o perecimento. Precedentes do ST

II. Inviável ao STJ, na sede recursal eleita, a apreciação de suposta ofensa a normas constitucionais, p

refugir à sua competência.

III. Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 1039117/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado e

23/06/2009, DJe 24/08/2009)

E vale anotar ainda esta interessante aplicação, no âmbito do Direito Ambiental:

AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL.

DIREITO ADMINISTRATIVO. MEIO AMBIENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL EM PROPRIEDADE RURA

DEMARCAÇÃO, AVERBAÇÃO E RESTAURAÇÃO. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA. OBRIGAÇÃO EX LEGE

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PROPTER REM, IMEDIATAMENTE EXIGÍVEL DO PROPRIETÁRIO ATUAL. VIOLAÇÃO DA LEI DE INTRODUÇÃO A

CÓDIGO CIVIL. INOCORRÊNCIA.

1. A obrigação do atual proprietário pela reparação dos danos ambientais, ainda que não tenha sido ele

responsável pelo desmatamento, é propter rem, ou seja, decorrente da relação existente entre o devedor e

coisa, independente das alterações subjetivas. Dessa forma, é transferida do alienante ao novo proprietário

obrigação de demarcar e averbar no registro de imóvel a reserva legal instituída no artigo 16 do Códig

Florestal, não resultando disso violação qualquer do artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil.

2. Agravo regimental improvido.

(AgRg nos EDcl no REsp 1203101/SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado e

08/02/2011, DJe 18/02/2011)

Não confunda a “obrigação propter rem” com a “obrigação com eficácia real”, que traduz, simplesment

uma obrigação com oponibilidade erga omnes, ou seja, oponível a qualquer pessoa. É o caso da anotação d

obrigação locatícia (contrato de locação) levada ao Registro de Imóveis (art. 8º da Lei do Inquilinato): nest

caso, mesmo com a alienação do imóvel a obrigação em face do locatário deverá ser respeitada por qualqu

eventual adquirente. Trata-se de uma obrigação com eficácia real (cf. Novo Curso de Direito Civil

Obrigações, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Cap. 01).

Questão de Concurso 2 – O que é “obrigação natural’? 

Em essência e na estrutura, a obrigação natural não difere da obrigação civil: cuida-se de uma relação d

débito e crédito que vincula objeto e sujeitos determinados. Todavia, distingue-se da obrigação civil pornã

ser dotada de exigibilidade jurídica.

Tal inexigibilidade pode pretender preservar a segurança e a estabilidade jurídicas, como ocorre, po

exemplo, na prescrição de uma pretensão decorrente de uma dívida (em que o direito não se satisfaz co

obrigações perpétuas) ou na impossibilidade de cobrança judicial de dívida de jogo (pelo reconheciment

social do caráter danoso de tal conduta).

A conseqüência ou efeito jurídico decorrente da obrigação natural é a retenção do pagamento (solu

retentio), ou seja: posto não possa cobrá-lo, caso receba o pagamento, poderá o credor retê-lo.

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Questão de Concurso 3 – Que se entende por “Schuld” e “Haftung”? 

Em alemão, “Schuld” pode significar culpa ou débito. “Haftung”, e também “Haftpflicht”, por sua vez, podem

traduzir responsabilidade.

Muito bem.

No Direito Civil, a palavra Schuld identifica-se com o débito e Haftung com a responsabilidade.

Sobre o tema, anota, com sabedoria, GUILHERME C. N. DA GAMA: “Normalmente, débito e responsabilidad

se verificam conjuntamente na mesma pessoa do devedor, mas é perfeitamente possível que

responsabilidade seja de outro sujeito que não o devedor, como nos casos de fiança, de aval, de direit

reais de garantia (hipoteca, penhor, anticrese)”.2 

3.  Classificação Básica e Especial das Obrigações

3.1. Classificação Básica

As obrigações, em uma classificação básica, apreciadas segundo a prestação que as integr

poderão ser: POSITIVAS (de dar  – coisa certa ou coisa incerta; de fazer) e NEGATIVAS (d

não fazer).

Em sala de aula, desenvolveremos esta temática.

3.2. Classificação Especial

Vamos estudar também outras categorias especiais de obrigação.

Considerando o elemento subjetivo (os sujeitos), as obrigações poderão ser:

a)  fracionárias;

2 GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito Civil – Obrigações. São Paulo: Atlas, 2008, pág31.

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b)  conjuntas;

c)  disjuntivas;

d)  solidárias.

Considerando o elemento objetivo (a prestação) - além da classificação básica, qu

também utiliza este critério (prestações de dar, fazer e não fazer) -, podemos apontar

existência de modalidades especiais de obrigações, a saber:

a)  alternativas;

b)  facultativas;

c)  cumulativas;

d)  divisíveis e indivisíveis;

e)  líquidas e ilíquidas;

E, quanto ao elemento acidental, encontramos: 

a)  obrigação condicional;b)  obrigação a termo;

c)  obrigação modal.

Finalmente, quanto ao conteúdo, classificam-se as obrigações em:

a)  obrigações de meio;

b)  obrigações de resultado;

c)  obrigações de garantia.

 Classificação Especial Quanto ao Elemento Subjetivo (Sujeitos).

Obrigações Fracionárias.

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Nas obrigações fracionárias, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, de forma que cada udeles responde apenas por parte da dívida ou tem direito apenas a uma proporcionalidade do crédito.

Uma obrigação pecuniária (de dar dinheiro), em princípio, é fracionária.

Obrigações Conjuntas.

São também chamadas de obrigações unitárias ou de obrigações em mão comum ( Zur gesamtem Hand

no Direito germânico.

Neste caso, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, impondo-se a todos o pagamenconjunto de toda a dívida, não se autorizando a um dos credores exigi-la individualmente.

Obrigações Disjuntivas.

Nesta modalidade de obrigação, existem devedores que se obrigam alternativamente ao pagamento ddívida. Vale dizer, desde que um dos devedores seja escolhido para cumprir a obrigação, os outrestarão conseqüentemente exonerados, cabendo, portanto, ao credor a escolha do demandado.

De tal forma, havendo uma dívida contraída por três devedores (A, B, C), a obrigação pode ser cumpridpor qualquer deles: ou A ou B ou C.

Obrigações Solidárias.

Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada u

com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívid

por inteiro (solidariedade passiva).

A solidariedade não se presume nunca: resulta da lei ou da vontade das partes.

Veja, por exemplo, a respeito da solidariedade passiva, recente julgado do STJ:

DIRIETO CIVIL. SOLIDARIEDADE PASSIVA. TRANSAÇÃO COM UM DOS CO-DEVEDORDES. OUTORGA DQUITAÇÃO PLENA. PRESUNÇÃO DE RENÚNCIA À SOLIDARIEDADE.

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO EFETIVO. DANOS MORAIS. ALTERAÇÃO PELO STJ. VALO

EXORBITANTE OU ÍNIFMO. POSSIBILIDADE.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. SUCUMBÊNCIA. FIXAÇÃO. PEDIDOS FORMULADOS E PEDIDO

EFETIVAMENTE PROCEDENTES.

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- Na solidariedade passiva o credor tem a faculdade de exigir e receber, de qualquer dos c

devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Havendo pagamento parcial, todos os demais c

devedores continuam obrigados solidariamente pelo valor remanescente. O pagamento parcial efetivado p

um dos co-devedores e a remissão a ele concedida, não alcança os demais, senão até a concorrência d

quantia paga ou relevada.

- Na presente lide, contudo, a sobrevivência da solidariedade não é possível, pois resta apenas u

devedor, o qual permaneceu responsável por metade da obrigação. Diante disso, a conseqüência lógica

que apenas a recorrida permaneça no pólo passivo da obrigação, visto que a relação solidária era constituí

de tão-somente dois co-devedores.

- O acolhimento da tese da recorrente, no sentido de que a recorrida respondesse pela integralidad

do valor remanescente da dívida, implicaria, a rigor, na burla da transação firmada com a outra devedor

Isso porque, na hipótese da recorrida se ver obrigada a satisfazer o resto do débito, lhe caberia, a teor d

que estipula o art. 283 do CC/02, o direito de exigir da outra devedora a sua quota, não obstante, nos term

da transação, esta já tenha obtido plena quitação em relação à sua parte na dívida. A transação implica e

concessões recíprocas, não cabendo dúvida de que a recorrente, ao firmá-la, aceitou receber da out

devedora, pelos prejuízos sofridos (correspondentes a metade do débito total), a quantia prevista no acord

Assim, não seria razoável que a outra devedora, ainda que por via indireta, se visse obrigada a despend

qualquer outro valor por conta do evento em relação ao qual transigiu e obteve quitação plena.- Os arts. 1.059 e 1.060 do CC/02 exigem dano material efetivo como pressuposto do dever d

indenizar. O dano deve, por isso, ser certo, atual e subsistente. Precedentes.

- A intervenção do STJ, para alterar valor fixado a título de danos morais, é sempre excepcional

 justifica-se tão-somente nas hipóteses em que o quantum seja ínfimo ou exorbitante, diante do quad

delimitado pelas instâncias ordinárias. Precedentes.

- A proporcionalidade da sucumbência deve levar em consideração o número de pedidos formulad

na inicial e o número de pedidos efetivamente julgados procedentes ao final da demanda. Precedentes.

Recurso especial parcialmente conhecido e, nesse ponto, provido.

(REsp 1089444/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/12/2008, D

03/02/2009)

Em geral, entende-se que a obrigação de pagar alimentos traduz, não propriamente uma típic

solidariedade legal, mas sim uma complementaridade jurídica entre os coobrigados: por exemplo, eu dev

alimentos ao meu filho, no entanto, caso haja insuficiência ou ausência total de recursos, os meus pais (av

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da criança) poderão ser chamados. Note-se, pois, que, em tese, poderá haver a participação  – e

litisconsórcio – de mais de um legitimado passivo, mas a regra é no sentido de haver preferência de uns e

face de outros (eu respondo em face do meu filho, antes dos meus pais, que só atuaria

complementarmente ou em subsidiariedade).

Todavia, se os alimentandos (credores) forem idosos, para ampliar a sua tutela, o STJ, aplicando

Estatuto do Idoso, já entendeu haver inequívoca solidariedade passiva entre os devedores (legitimado

passivos):

Direito civil e processo civil. Ação de alimentos proposta pelos pais idosos em face de um dos filho

Chamamento da outra filha para integrar a lide. Definição da natureza solidária da obrigação de prest

alimentos à luz do Estatuto do Idoso.

- A doutrina é uníssona, sob o prisma do Código Civil, em afirmar que o dever de prestar alimento

recíprocos entre pais e filhos não tem natureza solidária, porque é conjunta.

- A Lei 10.741/2003, atribuiu natureza solidária à obrigação de prestar alimentos quando os credore

forem idosos, que por força da sua natureza especial prevalece sobre as disposições específicas do Códig

Civil.

- O Estatuto do Idoso, cumprindo política pública (art. 3º), assegura celeridade no process

impedindo intervenção de outros eventuais devedores de alimentos.- A solidariedade da obrigação alimentar devida ao idoso lhe garante a opção entre os prestadore

(art. 12).

Recurso especial não conhecido.

(REsp 775.565/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13.06.2006,

26.06.2006 p. 143)

Outro importante julgado do STJ é no sentido de reconhecer a solidariedade entre o proprietário e o 

condutor do veículo por acidente:

ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRANSPORTE BENÉVOLO. VEÍCULO CONDUZIDO POR UM DOS COMPANHEIROS D

VIAGEM DA VÍTIMA, DEVIDAMENTE HABILITADO.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO PROPRIETÁRIO DO AUTOMÓVEL.

RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA.

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- Em matéria de acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e solidariamente pel

atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o acidente, pouco importando que o motorista nã

seja seu empregado ou preposto, ou que o transporte seja gratuito ou oneroso, uma vez que sendo

automóvel um veículo perigoso, o seu mau uso cria a responsabilidade pelos danos causados a terceiros.

- Provada a responsabilidade do condutor, o proprietário do veículo fica solidariamente responsável pe

reparação do dano, como criador do risco para os seus semelhantes.

Recurso especial provido.

(REsp 577.902/DF, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGH

TERCEIRA TURMA, julgado em 13.06.2006, DJ 28.08.2006 p. 279)

Finalmente, segue julgado sobre a solidariedade e o instituto processual do chamamento ao processo:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE ENERG

ELÉTRICA. UNIÃO FEDERAL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO

COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO. "RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIV

DE CONTROVÉRSIA" (REsp 1145146/RS). ARTIGO 543-C, DO CPC. RESOLUÇÃO STJ 8/2008. ARTIGO 557, D

CPC. APLICAÇÃO.

1. A solidariedade obrigacional não importa em exigibilidade da obrigação em litisconsórcio necessário (ar47 do CPC), mas antes na eleição do devedor pelo credor, cabendo àquele, facultativamente, o chamamen

ao processo (art. 77, do CPC).

2. A União Federal responde solidariamente pelo valor nominal dos títulos relativos ao empréstim

compulsório instituído sobre energia elétrica, nos termos do art. 4º, § 3º, da Lei 4.156/62, in verbis: "Art. 4

Até 30 de junho de 1965, o consumidor de energia elétrica tomará obrigações da ELETROBRÁS, resgatáve

em 10 (dez) anos, a juros de 12% (doze por cento) ao ano, correspondentes a 20% (vinte por cento) do val

de suas contas. A partir de 1º de julho de 1965, e até o exercício de 1968, inclusive, o valor da tomada de ta

obrigações será equivalente ao que fôr devido a título de impôsto único sôbre energia elétrica. (Redaçã

dada pela Lei nº 4.676, de 16.6.1965) (omissis) § 3º É assegurada a responsabilidade solidária da União, e

qualquer hipótese, pelo valor nominal dos títulos de que trata êste artigo." 3. A parte autora pode elege

apenas um dos devedores solidários para figurar no pólo passivo da demanda, consoante previsto no art.

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275 do Código Civil, que regula a solidariedade passiva: "Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber d

um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcia

todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.

Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um o

alguns dos devedores." 4. A solidariedade jurídica da União na devolução dos aludidos títulos, enseja a que

mesma seja chamada ao processo na forma do art. 77 do CPC, com o consequente deslocamento d

competência para a Justiça Federal.

5. O autor, elegendo apenas um dos devedores solidários para a demanda, o qual não goza de prerrogativ

de juízo, torna imutável a competência ratione personae.

6. Outrossim, a possibilidade de escolha de um dos devedores solidários afasta a figura do litisconsórc

compulsório ou necessário por notória antinomia ontológica, porquanto, o que é facultativo não pode s

obrigatório. (Precedentes: REsp 1111159/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgad

em 11/11/2009, DJe 19/11/2009; REsp 1018509/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURM

 julgado em 24/03/2009, DJe 23/04/2009; AgRg no CC 92.312/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMI

PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/11/2008, DJe 05/03/2009; REsp 1052625/PE, Rel.

Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/08/2008, DJe 10/09/2008; AgRg no C

83.169/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/03/2008, DJe 31/03/2008) 7. À luz d

novel metodologia legal, publicado o acórdão do julgamento do recurso especial, submetido ao regimprevisto no artigo 543-C, do CPC, os demais recursos já distribuídos, fundados em idêntica controvérs

deverão ser julgados pelo relator, nos termos do artigo 557, do CPC (artigo 5º, I, da Res. STJ 8/2008).

8. Agravos regimentais desprovidos.

(AgRg no REsp 1119095/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/05/2010, DJ

19/05/2010)

Classificação Especial Quanto ao Elemento Objetivo (Prestação).

Obrigações Alternativas.

As obrigações alternativas ou disjuntivas são aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo

que o devedor exonera-se cumprindo apenas uma delas.

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Exemplo da aplicação:

DIREITO COMERCIAL. FALÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE DINHEIRO.

ALIENAÇÃO DE MERCADORIAS RECEBIDAS EM CONSIGNAÇÃO ANTES DA QUEBRA.

CONTABILIZAÇÃO INDEVIDA PELA FALIDA DO VALOR EQUIVALENTE ÀS MERCADORIAS. DEVER DA MASSA

RESTITUIR OU AS MERCADORIAS OU O EQUIVALENTE EM DINHEIRO. SÚMULA 417 DO STF.

- O que caracteriza o contrato de venda em consignação, também denominado pela doutrina e pelo atua

Código Civil (arts. 534 a 537) de contrato estimatório, é que (i) a propriedade da coisa entregue para

venda não é transferida ao consignatário e que, após recebida a coisa, o consignatário assume uma

obrigação alternativa de restituir a coisa ou pagar o preço dela ao consignante.

- Os riscos são do consignatário, que suporta a perda ou deterioração da coisa, não se exonerando da

obrigação de pagar o preço, ainda que a restituição se impossibilite sem culpa sua.

- Se o consignatário vendeu as mercadorias entregues antes da decretação da sua falência e recebeu o

dinheiro da venda, inclusive contabilizando-o indevidamente, deve devolver o valor devidamente

corrigido ao consignante. Incidência da Súmula n.° 417 do STF.

- A arrecadação da coisa não é fator de obstaculização do pedido de restituição em dinheiro quando a

alienação da mercadoria é feita pelo comerciante anteriormente à decretação da sua quebra.

Recurso especial ao qual se nega provimento.

(REsp 710.658/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 06.09.2005, DJ

26.09.2005 p. 373)

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Em caso de impossibilidade total ou parcial das obrigações alternativas, apresentamos o

seguinte quadro-resumo, para facilitar a sua fixação:

1.  Impossibilidade Total (todas as prestações alternativas):

a)  sem culpa do devedor  – extingue-se a obrigação (art. 256, CC-02, art. 888, CC

16);

b)  com culpa do devedor – se a escolha cabe ao próprio devedor: deverá pagar

valor da prestação que se impossibilitou por último, mais as perdas e dano

(art. 254, CC-02, art. 886, CC-16); 

- se a escolha cabe ao credor: poderá exigir o valor

de qualquer das prestações, mais perdas e danos (art. 255, segunda parte, CC-02

art. 887, segunda parte, CC-16).

2.  Impossibilidade Parcial (de uma das prestações alternativas):

a)  sem culpa do devedor  – concentração do débito na prestação subsistente (ar

253, CC-02, art. 885, CC-16);

b)  com culpa do devedor – se a escolha cabe ao próprio devedor: concentração d

débito na prestação subsistente (art. 253, CC-02, art. 885, CC-16); 

- se a escolha cabe ao próprio credor: poderá exigir a

prestação remanescente ou valor da que se impossibilitou, mais as perdas e

danos (art. 255, primeira parte, CC-02, art. 887, primeira parte, CC-16).

Obrigações Facultativas.

A obrigação é considerada facultativa quando, tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de

substituir a prestação devida por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente.

Não se confunde com a obrigação alternativa, cujo objeto já “nasce” composto. 

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Obrigações Cumulativas.

As obrigações cumulativas ou conjuntivas são as que têm por objeto uma pluralidade de prestações

que devem ser cumpridas conjuntamente. É o que ocorre quando alguém se obriga a entregar uma

casa e certa quantia em dinheiro.

Obrigações Divisíveis e Indivisíveis.

As obrigações divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestaçã

as indivisíveis, por sua vez, só podem ser cumpridas por inteiro.

Obrigações Divisíveis:

“Art. 257. Havendo mais de um devedor, ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume

se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quanto os credores ou devedores”. 

Obrigações Indivisíveis:

“Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato

não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a

razão determinante do negócio jurídico”. 

Fique atento: Não confunda “indivisibilidade” com “solidariedade”. 

Por óbvio, qualquer que seja a natureza da indivisibilidade (natural, legal ou convencional), se concorrerem

dois ou mais devedores, cada um deles estará obrigado pela dívida toda (art. 259, CC-02, art. 891, CC-16), ei

que não se admite o fracionamento do objeto da obrigação. Note-se, todavia, que o dever imposto a cada

devedor de pagar toda a dívida não significa que exista solidariedade entre eles, uma vez que, no caso, é o

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objeto da própria obrigação que determina o cumprimento integral do débito. Por óbvio, se A, B e C obrigam

se a entregar um cavalo, qualquer deles, demandado, deverá entregar todo o animal. E isso ocorre não

necessariamente por força de um vínculo de solidariedade passiva, mas sim, pelo simples fato de que não se

poderá cortar o cavalo em três, para dar apenas um terço do animal ao credor.

Com a sua peculiar erudição, CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA enumera os caracteres distintivos das duas

espécies de obrigação3 (indivisível e solidária):

a)  a causa da solidariedade é o título, e a da indivisibilidade é, normalmente, a natureza d

obrigação;

b)  na solidariedade, cada devedor paga por inteiro, porque deve integralmente, enquan

na indivisibilidade, solve a totalidade, em razão da impossibilidade jurídica de se repart

em quotas a coisa devida;

c)  a solidariedade é uma relação subjetiva, e a indivisibilidade objetiva, em razão de qu

enquanto a indivisibilidade assegura a unidade da prestação, a solidariedade visa

facilitar a satisfação do crédito;

d)  a indivisibilidade justifica-se com a própria natureza da prestação, quando o objeto é, e

si mesmo, insuscetível de fracionamento, enquanto a solidariedade é sempre de orige

técnica, resultando da lei ou da vontade das partes;

3 PEREIRA, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil – Rio de Janeiro: Forense.

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e)  a solidariedade cessa com a morte dos devedores, enquanto a indivisibilidade subsist

enquanto a prestação suportar;

f)  a indivisibilidade termina quando a obrigação se converte em perdas e danos, enquanto

solidariedade conserva este atributo.

Obrigações Líquidas e Ilíquidas.

Líquida é a obrigação certa quanto à sua existência, e determinada quanto ao seu objeto. A

prestação, pois, nesses casos, é certa, individualizada, a exemplo do que ocorre quando alguém

obriga a entregar ao credor a quantia de R$100,00. A obrigação ilíquida, por sua vez, carece de

especificação do seu quantum, para que possa ser cumprida.

Classificação Especial Quanto ao Elemento Acidental4.

Obrigações Condicionais.

Trata-se de obrigações condicionadas a evento futuro e incerto, como ocorre quando alguém se

obriga a dar a outrem um carro, quando este se casar.

Obrigações a Termo.

Se a obrigação subordinar a sua exigibilidade ou a sua resolução, outrossim, a um evento futuro

certo, estaremos diante de uma obrigação a termo.

Obrigações Modais.

4 Cf. Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral, Volume I, capítulo XV (“Plano de Eficácia dNegócio Jurídico”) – Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho - Saraiva.

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As obrigações modais são aquelas oneradas com um encargo (ônus), imposto a uma das partes, que

experimentará um benefício maior.

Classificação Especial Quanto ao Conteúdo.

Obrigações de Meio.

A obrigação de meio é aquela em que o devedor se obriga a empreender a sua atividade, sem

garantir, todavia, o resultado esperado.

As obrigações do médico, em geral, assim como as do advogado, são, fundamentalmente, de

meio, uma vez que esses profissionais, a despeito de deverem atuar segundo as mais adequada

regras técnicas e científicas disponíveis naquele momento, não podem garantir o resultado de

sua atuação (a cura do paciente, o êxito no processo).

Obrigações de Resultado.

Nesta modalidade obrigacional, o devedor se obriga, não apenas a empreender a sua atividade

mas, principalmente, a produzir o resultado esperado pelo credor.

Em geral, a obrigação do médico é de meio, no entanto, no caso do cirurgião plástico (cirurgia

plástica estética), a jurisprudência entende ser de resultado:

AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ERRO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA.

OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. JULGAMENTO EM SINTONIA COM OS PRECEDENTES DESTA CORTE

CULPA DO PROFISSIONAL. FUNDAMENTO INATACADO. DANOS MORAIS. QUANTUM

INDENIZATÓRIO. R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). RAZOABILIDADE.

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I - A jurisprudência desta Corte orienta que a obrigação é de resultado em procedimentos

cirúrgicos para fins estéticos.

II - Esta Corte só conhece de valores fixados a título de danos morais que destoam razoabilidad

o que não ocorreu no presente caso.

III - O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, a

qual se mantém por seus próprios fundamentos.

Agravo improvido.

Agravo Regimental improvido.

(AgRg no Ag 1132743/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em

16/06/2009, DJe 25/06/2009)

AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIDADE MÉDICA. OBRIGAÇÃO DE MEIO.

REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. INCIDÊNCIA.

1. Segundo doutrina dominante, a relação entre médico e paciente é contratual e encerra, d

modo geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de meio e não de resultad

Precedente.

2. Afastada pelo acórdão recorrido a responsabilidade civil do médico diante da ausência d

culpa e comprovada a pré-disposição do paciente ao descolamento da retina - fato ocasionado

da cegueira - por ser portador de alta-miopia, a pretensão de modificação do julgado esbarr

inevitavelmente, no óbice da súmula 07/STJ.

3. Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 256.174/DF, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado e

04.11.2004, DJ 22.11.2004 p. 345)

CIVIL E PROCESSUAL - CIRURGIA ESTÉTICA OU PLÁSTICA - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO (RESPONSABILIDADE

CONTRATUAL OU OBJETIVA) - INDENIZAÇÃO - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

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I - Contratada a realização da cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume obrigação d

resultado (Responsabilidade contratual ou objetiva), devendo indenizar pelo não cumprimen

da mesma, decorrente de eventual deformidade ou de alguma irregularidade.

II - Cabível a inversão do ônus da prova.

III - Recurso conhecido e provido.

(REsp 81.101/PR, Rel. Ministro WALDEMAR ZVEITER, TERCEIRA TURMA, julgado em 13.04.1999

DJ 31.05.1999 p. 140)

OBS.: Existe, na jurisprudência, entendimento no sentido de que a cirurgia para a correção de miopia,

por se tratar de procedimento médico, encerra OBRIGAÇÃO DE MEIO, e não de RESULTADO (ou seja,

havendo melhora na acuidade visual, a sua finalidade foi atingida, não podendo o médico garantir a

visão perfeita): “Por considerar que uma clínica não foi responsável pelos danos no olho de um paciente

a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais reformou o entendimento de primeira instânc

e a dispensou de pagar indenização. Para o relator, Pereira da Silva, a cirurgia no olho do paciente, para

correção de miopia, “foi realizada com a técnica certa, com destreza e zelo, sendo certo que a seqüela

decorreu por fatores pessoais do paciente”. Ainda segundo o relator, “vale registrar que o contrato de

prestação de serviços médicos é, em geral, considerado de meio, como no presente caso, e não de

resultado”. Assim, cabe a indenização quando o serviço é prestado de forma negligente. Havia “um risco

intrínseco ao procedimento adotado, que na época era o único existente e adequado à doença”, afirmou

Mas, de acordo com o desembargador, houve também uma redução da miopia de 13 para 3,5 graus. A

cirurgia custou R$ 420. Durante a recuperação, a região central da córnea ficou prejudicada e, com isso,

houve uma redução da visão do olho operado. O rapaz entrou na Justiça contra a clínica. Alegou falha no

procedimento cirúrgico. Já a clínica alegou ter informado sobre a possibilidade de uma má cicatrização,

que poderia gerar um corpo opaco no olho. Também argumentou que, após a cirurgia, o paciente não

compareceu mais ao local para aplicação de colírio. Cabe recurso. Leia a decisão: APELAÇÃO CÍVEL

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1.0707.01.044481-8/001” (Informação do Consultor Jurídico:

http://www.conjur.com.br/static/text/56944,1#null, acessado em 20 de setembro de 2008)

Obrigações de Garantia.

Tais obrigações têm por conteúdo eliminar riscos que pesam sobre o credor, reparando sua

conseqüências.

Na exemplificação sobre a matéria, observa MARIA HELENA DINIZ:

“Constituem exemplos dessa obrigação a do segurador e a do fiador, a do contratante, relativamen

vícios redibitórios, nos contratos comutativos (CC, arts.441 e s.); a do alienante, em relação à evicçã

contratos comutativos que versam sobre transferência de propriedade ou de posse (CC, arts. 447 e

oriunda de promessa de fato de terceiro (CC, art. 439). Em todas essas relações obrigacionais, o de

não se liberará da prestação, mesmo que haja força maior ou caso fortuito, uma vez que seu conteú

eliminação de um risco, que, por sua vez, é um acontecimento casual ou fortuito, alheio à vonta

obrigado. Assim sendo, o vendedor, sem que haja culpa sua, estará adstrito a indenizar o com

evicto; igualmente, a seguradora, ainda que, p. ex., o incêndio da coisa segurada tenha sido prov

dolosamente por terceiro, deverá indenizar o segurado” 5. 

Obrigação Natural

Já mencionamos linhas acima. Mas vale a pena relembrar.

Em essência e na estrutura, a obrigação natural não difere da obrigação civil: trata-se de uma relaçã

de débito e crédito que vincula objeto e sujeitos determinados. Todavia, distingue-se da obrigaçã

civil por não ser dotada de exigibilidade jurídica.

5 DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, 2º vol., 16ª ed., São Paulo: Saraiva2002, p.186.

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Sobre o tema, o CC estabelece (o art.882):

“ Art.882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumpr

obrigação judicialmente inexigível ” 

Nessa mesma linha, as dividas de jogo ou aposta, na forma do art.814, CC-02:

“Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pod

recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se

 perdente é menor ou interdito.

§ 1o

Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconheciment

novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta a

terceiro de boa-fé.

§ 2o

O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido

só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.

§ 3o

Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em

competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados s

submetam às prescrições legais e regulamentares.”  

Destaque-se, por fim, que a irrepetibilidade do pagamento existe na obrigação natural ainda que se trate d

caso de erro quanto à incoercibilidade da dívida, sendo irrelevante o fato de o devedor ter realizado

prestação na convicção de que podia ser compelido a pagar. Trata-se da soluti retentio (retenção d

pagamento).

4. Peça Prática - Sentença

Segue, abaixo, uma sentença homologatória de transação, figura jurídica estudada em noss

curso, que enfrenta uma das mais tormentosas questões do Direito Brasileiro: a composiçã

de lides em face de imóveis sem registro.

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Buscamos no Direito Obrigacional a fundamentação jurídica necessária para a homologaçã

do acordo, pondo fim ao litígio.

No caso, constituiu-se um titulo obrigacional com força executiva entre as partes.

E a lide, então, pôde ser devidamente solucionada.

JUÍZO DE DIREITO DA COMARCA DE AMÉLIA RODRIGUES

ESTADO DA BAHIA

AUTOS N. xxxx

AUTORA: ELA

RÉU: ELE 

SENTENÇA

Trata-se de Ação de Dissolução de Sociedade de Fato (União Estável),proposta por “ELA”, por condut

de advogado constituído, em face de “ELE”, em que se alegou a falência do vínculo afetivo, n

convivência concubinária, mantida ao longo de onze anos.

Em curso o feito, as partes juntaram termo de acordo, referente, apenas, à divisão, por igual (50%), d

sítio São João, localizado na Rua XXXXXX, neste município, tendo havido consenso quanto aos dema

interesses patrimoniais atinentes à lide (fls. 22-23).

Reiteraram, portanto, o pleito dissolutório.

O Ministério Público pugnou pela homologação do acordo e a extinção do feito, com resolução d

mérito (fl. 24 v.).

Juntou-se certidão de registro imobiliário do referido bem, a fl. 28.

Brevemente relatados, DECIDO.

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Este processo traz características bastante inusitadas, posto freqüentemente comuns no interior do noss

País, em que o Direito Registrário acaba por não acompanhar a realidade dos fatos e a perspectiv

econômica das relações negociais do cidadão brasileiro.

Muito clara a intenção dos conviventes de se separarem, pretensão reforçada pelas suas divers

manifestações, no curso do presente feito, o que nos impõe solução imediata, para que não se desdob

mais.

Aliás, dentro da nova perspectiva do Direito Civil, de valorização do vínculo socioafetivo na formação d

conceito moderno de família, não pode e não deve o Poder Judiciário manter unidas pessoas que não s

gostam mais.

Aliás, como bem observou RODRIGO DA CUNHA PEREIRA:

 A partir do momento em que a família deixou de ser o núcleo econômico e d

reprodução para ser o espaço do afeto e do amor, surgiram novas e vária

representações sociais para ela6.

Tendência essa observada, entre os clássicos, pelo grande CAIO MÁRIO, em uma de suas últimas e imorta

obras:

Numa definição sociológica, pode-se dizer com Zannoni que a família compreende um

determinada categoria de ‘relações sociais reconhecidas e portanto institucionais

Dentro deste conceito, a família ‘não deve necessariamente coincidir com um

definição estritamente jurí dica’. 

6 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de família e o novo Código Civil . Coord.: Rodrigo dCunha Pereira e Maria Berenice Dias. Belo Horizonte: Del Rey/IBDFAM, 2002, p. 226-227.

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E arremata:

Quem pretende focalizar os aspectos ético-sociais da família, não pode perder de vist

que a multiplicidade e variedade de fatores não consentem fixar um modelo socia

uniforme7 .

Nesse contexto, não poderia uma mera discussão patrimonial prejudicar o desiderato do casal de v

reconhecido o fim do vínculo concubinário que os unia, especialmente porque firmaram transaçã

solucionando amigavelmente este aspecto que impedia o desfecho da lide.

Todavia, algumas observações, segundo a boa doutrina, devem ser feitas.

Consoante podemos observar da análise dos termos de fls. 09-11 e 28, o imóvel Sítio São José fora objeto d

Cessão de Direitos Hereditários, em que figuraram como cedentes JOÃO XXXX e MARIA XXXXX, e cessionár

JOELIO XXXXXXXX. Posteriormente, este último firmou Contrato Preliminar de Compra e Venda (Promessa

em favor do réu, ELE.

De logo, portanto, registro que o a transação celebrada entre as partes gerará efeitos apenas no plan

obrigacional, e não no plano dominial, eis que o registro imobiliário do bem ainda pende de regularizaçã

no que tange à sua cadeia sucessória.

Nada impede, todavia, que o presente acordo seja homologado, ainda que no plano meramente pessoal o

obrigacional, firmando-se os direitos das partes, nos termos propostos, e obrigando-as, reciprocamente,

que procedam, a posteriori , à regularização dominial, pela via adequada (adjudicação compulsória o

usucapião), uma vez que os pressupostos da transação encontram-se devidamente configurados:

“Para reconhecer a existência efetiva de uma transação, faz-se mister a conjunção de quatro elemento

constitutivos fundamentais:

7 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Direito civil : alguns aspectos da sua evolução. Rio de JaneiroForense, 2001, p. 170.

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a) acordo entre as partes: a transação é um negócio jurídico bilateral, em que

convergência de vontades é essencial para impor sua força obrigatória. Assim sendo,

imprescindível o atendimento aos requisitos legais de validade, notadamente a capacidad

das partes e a legitimação, bem como a outorga de poderes especiais, quando realizada po

mandatário (art.661, § 1º, CC-02, art.1.295, § 1º, CC-16);

b) existência de relações jurídicas controvertidas: haver dúvida razoável sobre

relação jurídica que envolve as partes é fundamental para se falar em transação. Por iss

mesmo, é “nula a transação a respeito do litígio decidido por sentença passada em julgado

se dela não tinha ciência algum dos transatores, ou quando, por título ulteriorment

descoberto, se verificar que nenhum deles tinha direito sobre o objeto da transação” (ar

850, CC-02, art.1.036, CC-16). Como observa SILVIO VENOSA, ‘qualquer obrigação que poss

trazer dúvida aos obrigados pode ser objeto de transação. Deve ser elástico o conceito d

dubiedade. Somente não podem ser objeto de transação, em tese, as obrigações cuj

existência, liquidez e valor não são discutidos pelo devedor’; 

c) animus de extinguir as dúvidas, prevenindo ou terminando o litígio: através d

transação, cada uma das partes abre mão de uma parcela de seus direitos, justamente par

evitar ou extinguir o conflito. Essa é a idéia regente do instituto;

d) concessões recíprocas: como a relação jurídica é controversa, não se sabendo, d

 forma absoluta, de quem é a razão, as partes, para evitar maiores discussões, cede

mutuamente. Se tal não ocorrer, inexistirá transação, mas, sim, renúncia, desistência o

doação”.8 

Assim entendo, não apenas porque não haveria razão e sentido em manter os conviventes unidos em um

relação exaurida, mas, especialmente, porque o reconhecimento da composição nos termos propostos nã

infringe nem vulnera norma de ordem pública, estando perfeitamente harmonizado com o Direit

Obrigacional.

8 GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil Obrigações. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006, págs. 201-202.

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Assim, acolho o parecer ministerial, e, a teor do art. 269, III, CPC, HOMOLOGO O ACORDO, declarand

extinto o processo, com resolução do mérito, para dissolver a união estável entre ELA e ELE. 

Custas processuais pro rata, devendo cada parte arcar com os honorários dos seus advogados.

P.R.I.

Amélia Rodrigues, em XX de junho de 2006.

Pablo Stolze Gagliano

Juiz de Direito Titular

5. Texto Complementar

Recomendamos a leitura de texto do culto Prof. Carlos Alberto Bittar Filho, cujo trecho abaixo destacamos:

Ensaio sobre a mecânica obrigacional e contratual: o iter obligacionis e o iter contractus (*)

Carlos Alberto Bittar FilhoProcurador do Estado De São PauloDoutor Em Direito Pela Usp

***“Eu não sei que imagem o mundo fará de mim, mas eu me vejo como um menino brincando na praia,

divertindo-se ao descobrir de vez em quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita do que o usual

tendo diante de si o imenso e desconhecido oceano da verdade.” (Isaac Newton) 

I – DA MECÂNICA OBRIGACIONAL

Em que consiste a obrigação (obligatio)? Cuida-se de relação jurídica caracterizada pelos seguintes

elementos formadores: a) sujeito ativo (credor), relativamente ao qual se fala em “crédito” (creditum); b)

sujeito passivo (devedor), relativamente ao qual se fala em “débito” (debitum); c) vinculum iuris, que é o elo

de ligação entre os sujeitos; d) objeto imediato, que é a prestação, consistente em dar, fazer ou não-fazer

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(dare, facere ou non facere); e) objeto mediato, que é o bem da vida almejado (coisa, pecúnia, serviço, etc.)

f) responsabilidade na hipótese de inadimplemento (caracteristicamente, ela é atribuída ao devedor,

podendo, no entanto, ser atribuída a outra pessoa que a assuma, como, exemplificativamente, o fiador).Adotamos, como se vê, a concepção dualista da obrigação, que faz a separação entre “débito” (Schuld) e

“responsabilidade” (Haftung). O crédito é direito de natureza relativa, pois que é oponível apenas ao sujeito

passivo do vínculo obrigacional, apartando-se, dessarte, dos direitos qualificados como absolutos (direitos d

personalidade e direitos reais), cuja oponibilidade é erga omnes. A essas considerações se deve acrescer qu

é fulcral que as partes se portem com lisura e correção, o que é conseqüência da boa-fé objetiva, que impõ

norma de conduta àquelas. Ademais, enquanto vinculadas pela obrigação, as partes hão de manter-se em

perfeito equilíbrio, de maneira que uma não prevaleça sobre a outra. Esse equilíbrio de poder entre as

partes, no microcosmo da relação jurídica obrigacional, realiza a justiça comutativa e, mais ainda, aquilo qu

poderíamos denominar “democracia obrigacional”. Corolário do equilíbrio de poder no microcosmoobrigacional é o equilíbrio das prestações avençadas pelas partes, de modo que não há prevalência de uma

sobre outra. (continua)

Para ler a íntegra do texto do Professor Bittar Filho:

Este texto do Prof. Bittar Filho está disponível no:

http://www.diritto.it/materiali/straniero/dir_brasiliano/filho59.html, acessado em 21 de setembro de 2008

6. Fique por Dentro

Recentemente, a Fundação Getúlio Vargas reeditou a clássica obra “A Obrigação como um Processo” d

grande professor Clóvis do Couto e Silva (2007).

Trata-se de uma das mais importantes obras do Direito Obrigacional brasileiro.

Segundo o autor, a relação obrigacional somente poderia ser compreendia em seu aspecto dinâmico, t

como se dá em uma relação processual:

“A obrigação é um processo, vale dizer, dirige -se ao adimplemento, para satisfazer o interesse do credor.

relação jurídica, como um todo, é um sistema de processos. Não seria possível definir a obrigação como se

dinâmico se não existisse separação entre o plano do nascimento e desenvolvimento e o plano d

adimplemento. A distância que se manifesta, no mundo do pensamento, entre esses dois atos, e a relaçã

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funcional entre eles existente, é que permite definir-se a obrigação como fizemos”. (trecho das “conclusões

da obra).

Vale a pena conferir!

Já no campo da nossa jurisprudência, seguem importantes notícias do STJ:

DECISÃO

Mantida decisão que negou a moradores indenização por dano moral em razão de falta de iluminação

pública

A falta de iluminação pública na rua não configura, por si só, presunção de dano moral. Esse entendimento

foi mantido depois que a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento ao recurso

de um grupo de moradores de São Gonçalo (RJ), que entrou na Justiça estadual com ação civil pública para

responsabilizar o estado por danos morais pela falta da prestação do serviço de iluminação.

Os moradores pretendiam que o município fosse condenado por dano moral in re ipsa (presumido), isto é,

aquele que dispensa a comprovação do abalo psicológico para ser reparado. Em primeiro grau, o pedido foi

 julgado procedente, mas o município apelou. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decidiu que nãohá caracterização de dano moral pela simples inexistência de iluminação no logradouro público.

Inconformada, a Defensoria Pública, que atua em nome dos moradores, apresentou recurso especial, mas o

TJRJ não admitiu a subida do recurso. Interpôs, então, agravo diretamente ao STJ, para que a questão fosse

analisada pelos ministros.

Omissão 

A Defensoria Pública alegou que haveria omissão na decisão do TJRJ, porque o município teria “obrigação

constitucional de prestar o serviço de iluminação”. A falta do serviço refletiria na esfera interna do indivíduo

sendo evidente a responsabilidade do poder público, “na medida em que o dano moral decorreria

inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, está demonstrado o dano

moral à guisa da presunção natural”. 

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Entretanto, o relator do processo, ministro Benedito Gonçalves, não aceitou os argumentos para dar

seguimento ao recurso especial. Para ele, nos termos em que foi decidida a controvérsia pelo TJRJ, não há

omissão, “pois o tribunal de origem julgou a matéria de forma clara, coerente e fundamentada,pronunciando-se suficientemente sobre os pontos que entendeu relevantes para a solução do caso”. 

O relator ressaltou que não há tese recursal sobre a caracterização do dano in re ipsa. “O recurso especial

não está apto à discussão a respeito da presunção do dano no caso de não haver iluminação pública na rua”

concluiu.

O voto de Benedito Gonçalves foi acompanhado pelos demais ministros da Primeira Turma.

Fonte: http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=105540 acessadoem 06 de maio de 2012.

Benefício de previdência privada não fica livre de IR

22/10/2010

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou a favor da União recurso em que se discutia a

existência de isenção do Imposto de Renda (IR) sobre a complementação de pensão recebida de entidade d

previdência privada, após a vigência da Lei n. 9.250/1995. Os ministros entenderam que a tributação éimprescindível, seja quando o participante do fundo de previdência paga suas contribuições, seja no

momento em que recebe o benefício.

O julgamento se deu sob o regime dos recursos repetitivos, previsto no artigo 543-C do Código de Processo

Civil, tendo em vista o grande número de ações judiciais relativas à mesma controvérsia jurídica. O caso tev

como relator o ministro Luiz Fux e a decisão foi unânime.

Em primeiro grau, uma viúva teve negado o pedido para restituição do valor do Imposto de Renda incidente

sobre a complementação de pensão que ela recebia da Petros, o fundo de previdência dos empregados da

Petrobras. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no entanto, deu razão à viúva, por entender que a Lei

9.250/95 assegura a isenção do IR sobre a complementação da pensão, o que levou a Fazenda Nacional a

recorrer ao STJ.

Em seu voto, o ministro Luiz Fux assinalou que, sob a Lei n. 4.506/1964, havia incidência do IR no momento

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do recebimento da pensão ou aposentadoria complementar. Depois, a Lei n. 7.713/1988 passou a isentar “o

benefícios recebidos de entidades de previdência privada quando em decorrência de morte ou invalidez do

participante”, mas o imposto incidia sobre os aportes feitos ao fundo de previdência. Finalmente, a Lei n.9.250/95 reformou o texto anterior e restabeleceu o imposto sobre os benefícios.

A razão de não se tributar o recebimento da pensão por morte ou da aposentadoria complementar, segund

o relator, “residia no fato de que as contribuições recolhidas sob o regime da Lei n. 7.713/88 já haviam

sofrido a incidência do Imposto de Renda no momento do recolhimento”. Daí os benefícios e resgates não

serem novamente tributados.

De acordo com o ministro, a Lei n. 9.250/95 retornou ao sistema da Lei n. 4.506/64. Com isso, o IR só nãoincide sobre o valor do benefício de complementação de aposentadoria ou pensão, ou sobre o valor do

resgate de contribuições, quando esses valores corresponderem, proporcionalmente, às parcelas de

contribuições efetuadas no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995 (período de vigência da Lei n. 7.713/88), cu

ônus tenha sido exclusivamente do participante do plano de previdência privada.

Como o marido da autora da ação morreu em 1987, ele não chegou a contribuir para o fundo de previdênc

enquanto esteve em vigor a Lei n. 7.713/88 – período durante o qual o recebimento do benefício era isento

mas havia tributação sobre os valores das contribuições ao plano. Diante disso, segundo o relator, não seriacorreto admitir, no seu caso, a não incidência do IR sobre os valores recebidos a título de pensão por morte

Processos: REsp 1086492

Fonte:

http://www.stj.gov.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=9954

1 acessado em 23 de outubro de 2010.

Nova súmula exige aviso de recebimento quando citação for por correio

26/03/2010

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou nova súmula que estabelece a obrigatoriedad

do aviso de recebimento nos casos de citação postal. A citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o

interessado a fim de se defender. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.

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A Súmula 429 ficou com a seguinte redação: “A citação postal, quando autorizada por lei, exige o aviso de

recebimento”. Ela expressa um entendimento reiterado do STJ sobre o tema. Não tem poder vinculante, ma

de orientação. É uma posição que deverá ser adotada em julgamentos nas demais instâncias da JustiçaFederal e dos estados.

A referência legal da nova súmula são os artigos 215 e 223 do Código de Processo Civil. Assim, a citação pel

correio deve obedecer ao disposto na lei, sendo necessária a entrega direta ao destinatário, de quem o

carteiro deve colher o ciente.

Desde 1996 esta posição vem sendo adotada. Os ministros também consideraram dez precedentes das

Turmas julgadoras do STJ a respeito do tema e um caso julgado na Corte Especial, todos relativos a pessoafísica. O precedente analisado pela Corte Especial foi a julgamento em 2005.

Naquele caso, o relator foi o ministro Carlos Alberto Menezes Direito, que analisou a hipótese de divergênc

entre julgados de órgãos do STJ. O ministro destacou a pessoalidade que deve revestir o ato da citação. A

posição eleita foi a de não ser suficiente a entrega da correspondência no endereço do citando, devendo o

carteiro entregar a carta diretamente ao destinatário, de quem deve colher a assinatura no recibo.

Quando a citação é para uma pessoa jurídica, em geral as empresas têm setores destinados exclusivamentepara o recebimento desse tipo de comunicação, mediante protocolo. No entanto, tratando-se de pessoa

física, é preciso considerar a deficiência dos chamados serviços de portaria nos edifícios e condomínios.

Para os ministros, não se pode ter como presumida a citação dirigida a uma pessoa física quando a carta

citatória é simplesmente deixada em seu endereço, com qualquer pessoa, seja o porteiro ou qualquer outra

que não efetivamente o citando.

De acordo com o precedente da Corte Especial, o ônus da prova para a demonstração da validade da citaçã

é do autor, e não do réu. “Portanto, não sendo do réu a assinatura no aviso de recebimento, cabe ao autor

demonstrar que, por outros meios ou pela própria citação irregular, teve aquele conhecimento da

demanda”. 

Processos: Eresp 117949; Resp 57370; Resp 1073369; Resp 129867; Resp 208791; RMS 12123; Resp 884164

Resp 80068; Resp 164661; Resp 810934; Resp 712609

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Fonte:

http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=9650

acessado em 28 de março de 2010.

Corte Especial determina cancelamento de súmula sobre indenização por acidente de trabalho

21/09/2009

O julgamento de ação de indenização por acidente de trabalho movida pelos herdeiros do trabalhador é de

competência da Justiça do Trabalho. O novo entendimento foi firmado pela Corte Especial do Superior

Tribunal de Justiça (STJ), que decidiu revogar a Súmula 366, a qual estabelecia ser a Justiça estadual a

competente para o julgamento dessas ações. A mudança se deu em razão de jurisprudência do SupremoTribunal Federal (STF) firmada após a Emenda Constitucional 45/2004.

A emenda ficou conhecida como Reforma do Judiciário. Por ela, foi atribuída à Justiça do Trabalho a

competência para julgar as ações de indenização por dano moral e material decorrente de relação de

trabalho. O STF incluiu aí as ações motivadas por acidente de trabalho.

No caso apreciado pelo STJ, a ação foi proposta pela viúva do empregado acidentado, visando obter a

indenização de danos sofridos por ela. Em situação semelhante, o Tribunal já havia sumulado que competiaJustiça estadual julgar ação indenizatória proposta por viúva e filhos de empregado falecido em acidente de

trabalho (Súmula 366).

Ocorre que o STF, recentemente, firmou o entendimento de que se trata de acidente de trabalho em

qualquer causa que tenha como origem essa espécie de acidente. Sendo assim, é irrelevante para a definiçã

da competência da Justiça do Trabalho que a ação de indenização não tenha sido proposta pelo empregado

mas por seus sucessores.

Considerando que cabe ao STF dar a palavra final sobre interpretação da Constituição (no caso, o artigo 114

o relator do conflito de competência analisado pela Corte Especial do STJ, ministro Teori Zavascki, propôs o

cancelamento da súmula. O ministro Teori destacou ser importante que o STJ adote a posição do STF até

mesmo para evitar recursos desnecessários. Com isso, o STJ passa a acompanhar a posição do STF: o

ajuizamento da ação de indenização pelos sucessores não altera a competência da Justiça especializada (do

Trabalho).

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Processos: CC 101977

Fonte:

http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=9381acessado em 22 de setembro de 2009

STJ fixa teses repetitivas sobre juros em contratos do Sistema Financeiro Habitacional

21/09/2009

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmou o entendimento de que, nos contratos celebrados no âmbito do

Sistema Financeiro da Habitação (SFH), é vedada a capitalização de juros em qualquer periodicidade. No

entanto, não cabe ao STJ verificar se há capitalização de juros com a utilização da Tabela Price, por exigirreexame de fatos, provas e análise de cláusula contratual. O STJ decidiu, ainda, que a lei regente do SFH (Le

n. 4.380/64) não estabelece limitação dos juros remuneratórios.

O julgamento ocorreu de acordo com o rito da Lei dos Recursos Repetitivos (Lei n. 11.672/08), que possibili

que uma tese decidida pelo novo sistema seja aplicada no julgamento de todas as causas idênticas não só n

STJ como nos tribunais de segunda instância. A ferramenta reduziu em 20% o número de recursos que

chegaram aos gabinetes dos ministros em 2009, em relação ao mesmo período do ano passado.

O relator do recurso, ministro Luis Felipe Salomão, levou as duas questões ao julgamento na Segunda Seção

As teses repetitivas foram aprovadas por unanimidade. O recurso é da instituição bancária contra decisão d

Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR).

Tabela Price

O sistema francês de amortização, chamado de Tabela Price, é um dos sistemas mais usados em contratos d

financiamento da habitação e também um dos mais polêmicos. Alega-se que a tabela gera uma evolução nã

linear da dívida, compatível com cobrança capitalizada de juros. Também se afirma que a prática seria

incompatível com o SFH, cuja finalidade é facilitar a aquisição de habitação pela população menos

beneficiada.

O ministro Salomão destacou que é possível a existência de juros capitalizados somente nos casos

expressamente autorizados por norma específica, como nos mútuos rural, comercial ou industrial. Já os

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contratos firmados pelo SFH têm leis próprias (a lei regente) que, somente em julho deste ano, passou a

prever o cômputo capitalizado de juros com periodicidade mensal (alteração dada pela Lei n. 11.977/2009).

Até então, destacou o ministro relator, não era possível a cobrança de juros capitalizados em qualquerperiodicidade nos contratos de mútuo celebrados pelo SFH.

Entidades ligadas aos consumidores alegam que a utilização da Tabela Price implicaria capitalização de juro

Já as instituições do ramo financeiro negam a ocorrência pelo método. O ministro Salomão concluiu que,

para chegar a uma conclusão, não há como analisar uma fórmula matemática única; é preciso analisar cada

caso, o que envolve apuração de quantia e perícia. Nessa hipótese, não pode o STJ reexaminar provas, fatos

ou interpretar cláusula contratual.

Limitação 

Outro ponto contestado no recurso diz respeito à limitação dos juros remuneratórios em 10% ao ano,

conforme a lei regente do SFH. Neste aspecto, o ministro Salomão explicou que o artigo 6º, alínea e,

somente tratou dos critérios de reajuste de contratos de financiamento previstos no artigo 5º da mesma lei

não estabelecendo limitação da taxa de juros.

Neste aspecto, no caso concreto, a Segunda Seção atendeu ao recurso da instituição financeira e afastou alimitação de 10% ao ano imposta pelo TJPR no tocante aos juros remuneratórios.

Outros dois temas debatidos no recurso foram decididos para o caso concreto, mas não pelo rito dos

repetitivos. A possibilidade de cobrança do coeficiente de equiparação salarial (CES) em contratos anteriore

à edição da Lei n. 8.692/93 será analisada no julgamento na Corte Especial do Resp 880.026, cujo relator é o

ministro Luiz Fux. Já a incidência do Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados antes de sua

vigência foi considerada irrelevante pelo ministro Salomão para a solução do caso concreto, razão por que a

sua análise não teve a abrangência da Lei dos Repetitivos.

Processos: Resp 1070297; Resp 880026

Fonte:

http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=9380

acessado em 22 de setembro de 2009

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STJ edita nova súmula sobre fraude de execução

18/03/2009

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça aprovou uma nova súmula, a de número 375. O textodetermina que o reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem alienado

ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

O relator foi o ministro Fernando Gonçalves, que levou em conta vários recursos especiais e embargos de

divergência julgados nas Turmas e Seções do STJ. Entre eles, os recursos especiais 739.388-MG, 865.974-RS

734.280-RJ, 140.670-GO, 135.228-SP, 186.633-MS e 193.048-PR.

Um dos precedentes aplicados pela Corte para embasar a aprovação da Súmula 375 foi o recurso especial739.388/MG, ajuizado contra a Fazenda Pública de Minas Gerais pelos legítimos proprietários de um lote no

município de Betim que foi levado à penhora em razão de execução fiscal proposta pelo Estado contra os

alienantes do referido imóvel.

No recurso, os compradores do imóvel alegaram que a ineficácia da venda em relação a terceiro em razão d

fraude à execução depende da demonstração de que o adquirente tinha ciência da constrição e agiu de má

fé. No caso em questão, eles sustentaram que não houve má-fé, uma vez que a penhora não estava

registrada quando a operação de compra e venda do imóvel foi efetivada.

Acompanhando o voto do relator, ministro Luiz Fux, a Primeira Turma concluiu que o registro da penhora n

cartório imobiliário é requisito para a configuração da má-fé dos novos adquirentes do bem penhorado,

porquanto presume o conhecimento da constrição em relação a terceiros por meio da sua publicidade.

O termo “súmula” é originário do latim e significa resumo. No Judiciário, a súmula é uma síntese das

reiteradas decisões proferidas pelos tribunais superiores sobre uma determinada matéria. Com ela, questõe

que já foram exaustivamente decididas podem ser resolvidas de maneira mais rápida mediante a aplicação

de precedentes já julgados.

Fonte:

http://www.stj.jus.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&tmp.texto=9133

acessado em 21 de março de 2009

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7.  Bibliografia Básica do Curso

Fonte: Novo Curso de Direito Civil – vol. II – Obrigações. Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho

(Ed. Saraiva) www.editorajuspodivm.com.br ou www.saraivajur.com.br 

8.  Mensagem

“O que quer que seja que pedirdes na prece, crede que o 

obtereis, e vos será concedido (Marcos, cap. XI, v. 24)”. 

A oração verdadeira é aquela que se pronuncia com o coração, e que nos faz

sentir toda a plenitude da Presença de Deus.

Esta Força está ao seu alcance!

Nos momentos de desânimo, recorra a Ela!

E lembre-se: Para Deus nada é impossível!

Nada!

Um forte abraço!!

O amigo,

Pablo.

Contato: www.pablostolze.com.br 

Revisado.2012.1.OK C.D.S.