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3

José Francisco de Assis DIAS

DÍZIMO:

FÉ COMPROMETIDA Análise Canônico-Pastoral do Sistema do Dízimo

Reimpressão

Humanitas Vivens Ltda

Uma Instituição a serviço da Vida!

Sarandi (PR) 2009

4

Copyright 2009 by Humanitas Vivens Ltda

EDITOR:

Prof. Dr. José Francisco de Assis DIAS

CONSELHO EDITORIAL:

Prof. Ms. José Aparecido PEREIRA

Prof. Ms. Leomar Antonio MONTAGNA

Prof. Gunnar Gabriel ZABALA MELGAR

REVISÃO ORTOGRÁFICA E ESTILO:

Anna Ligia CORDEIRO BOTTOS

CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN:

Agnaldo Jorge MARTINS

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Dias,José Francisco de Assis

D541d Dízimo: fé comprometida.

Análise canônico pastoral do

sistema dízimo. / José Francisco

de Assis Dias. -- Sarandi :

Humanitas Vivens, 2009.

248p.

ISBN 978-85-61837-14-3

1.Dízimo – Análise canônico

pastoral. 2.Dízimo – Fé

comprometida.

CDD 21.ed. 254.8

Bibliotecária: Ivani Baptista CRB-9/331

O conteúdo da obra, bem como os argumentos expostos, é de

responsabilidade exclusiva de seus autores, não representando o ponto de

vista da Editora, seus representantes e editores. Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por

qualquer forma e/ou quaisquer meios ou arquivada em qualquer sistema ou

banco de dados sem permissão escrita do Autor e da

Editora Humanitas Vivens Ltda.

Rua Naviraí, 1145, CEP: 87112-210, Sarandi - PR

www.humanitasvivens.com.br [email protected]

Fones: (44) 3042-2233 – 9904-4231 – 9904-4235.

5

Ao Giovanni, filho querido,

na sua condição de ‘humanitas vivens’,

dotado de ímpar dignidade humana;

na sua condição de ‘imago Dei’ redimida,

elevado à dignidade de ‘filho de Deus’.

6

Sumário

Siglas e Abreviações .............................................................

Introdução .............................................................................

CAPÍTULO I:

INICIATIVAS PASTORAIS ............................................

1. Iniciativas a Nível Nacional .............................................

2. As Comunidades Eclesiais de Base .................................

2.1. A Igreja como Povo de Deus .....................................

2.2. A Igreja como comunhão .........................................

2.3. O papel insubstituível do Cristão Leigo ...................

3. Diocese de Umuarama:

Uma Experiência Válida .......................................................

CAPÍTULO II:

O SISTEMA DO DÍZIMO ................................................

1. Os Fins da Igreja e seu Direito aos Bens ..........................

2. A Instituição do Dízimo Bíblico ......................................

3. O Dízimo na História ........................................................

3.1. Domínio universal do Criador sobre tudo .................

3.2. Testemunho ao Mundo ..............................................

3.3. Membros vivos do Povo de Deus .............................

3.4. Regulamentação eclesiástica do

dever divino–natural ........................................................

3.5. Sistema de Taxas:

inadequado às exigências pastorais de nossos dias...........

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4. Peculiaridades do Sistema do Dízimo ..............................

4.1. Conceituação .............................................................

4.2. Peculiaridades ...........................................................

4.3. Conseqüências....................................................

CAPÍTULO III:

A ADMINISTRAÇÃO DO DÍZIMO ...............................

1. Noções de Administração ................................................

1.1. Alienação .................................................................

1.2. Determinações da CNBB .........................................

1.3. Abrangência do conceito de “alienação” .................

2. O Conselho Paroquial do Dízimo (CPD) ........................

2.1. Atribuições ..............................................................

2.2. Transparência ..........................................................

2.3. O Papel do Pároco ...................................................

2.4. Honesta Sustentação dos Ministros ........................

2.5. Previdência Social ..................................................

2.6. Patrimônio Comum .................................................

2.7. Remuneração das Religiosas e Religiosos ..............

2.8. Funcionários ............................................................

CAPÍTULO IV:

IMPLANTANDO E ORGANIZANDO

O “SISTEMA DO DÍZIMO” ............................................

1. Pastoral do Dízimo ...........................................................

1.1. Aspectos sociológicos da Pastoral do Dízimo .........

1.2. Aspectos Pastorais do

Sistema do Dízimo ..........................................................

1.3. Sentido Comunitário da

Pastoral do Dízimo ..........................................................

1.4. Riscos históricos do Sistema do Dízimo ...................

1.5. O Sustento dos Ministros e a

Pastoral do Dízimo ...........................................................

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2. Implantando o Sistema do Dízimo .....................................

2.1. Passos no Processo de Implantação ...........................

2.2. Cronograma ................................................................

2.3. Temas de Reflexão .....................................................

3. Organizando o Sistema do Dízimo ....................................

3.1. Dízimo Mirim ............................................................

3.2. Arrecadação ...............................................................

3.3. Modelo de Carnê .......................................................

3.4. Organograma do Dízimo:

nível paroquial ..................................................................

3.5. Organograma do

Conselho Paroquial de Pastoral (CPP) .............................

3.6. Organograma da

Equipe Paroquial de Pastoral do Dízimo (EPPD) .............

3.7. Organograma do

Conselho Paroquial do Dízimo (CPD) ..............................

3.8. Organograma do Dízimo: nível setorial .....................

Conclusão ..............................................................................

Fontes e Bibliografia ............................................................

1. Fontes .................................................................................

2. Bibliografia ........................................................................

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9

Siglas e Abreviações

AAS - Acta Apostolicae Sedis, Comentarium

Officiale, Romae 1909

adh. Ap. - Adhortatio Apostolica (Exortação Apostólica).

Arq. Dioc. - Arquivo Diocesano.

art. - Articulus.

B.A.C. - Biblioteca de Autores Cristianos.

c. - Canon.

CC - Conselho Comunitário.

cc. - Canones.

CDP - Conselho Diocesano de Pastoral.

CEB - Comunidade Eclesial de Base.

CEBs - Comunidades Eclesiais de Base.

CELAM - Conferência Episcopal Latino-Americana.

cf. - Conferir.

cfr. - Confrontar.

CIC - Codex Iuris Canonici .

CIC17 - Codex Iuris Canonici 1917.

CIC83 - Codex Iuris Canonici 1983.

CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Comm. - Communicationes.

const. - Constitutio.

const. dogm. - Constitutio Dogmatica.

const. past. - Cosntitutio Pastorale.

CPP - Conselho Paroquial de Pastoral.

decr. - Decretum.

doc. - Documentum.

ed. - Editio.

est. - Estudos.

estat. - Estatística.

Ib. - Ibidem.

Id. - Idem.

INPS - Instituto Nacional de Previdencia Social.

litt. - Littera.

10

litt. past. - Littera Pastoralis.

m.p. - Motu Proprio.

n. - Numerus.

o.c. - Opus Citatum.

pl. past. - Plano de Pastoral de Conjunto

S. - São.

V. - Volumen.

VV. - Columina.

11

Introdução

Este estudo foi inspirado na iniciativa corajosa de

várias Igrejas Particulares brasileiras, de modo especial a

Igreja Particular de Umuarama, que procuraram no Sistema

do Dízimo aquilo que é necessário para atingir ou realizar

seus fins próprios, enquanto Igreja peregrina sobre a Terra1.

Atendiam, assim, à Conferência Episcopal que qualificou

“pastoralmente inadequado o atual sistema de taxas” e votou

que se fizesse “um estudo teológico e científico sobre o

dízimo, a ser aplicado sistematicamente”2.

Meu objetivo específico é apresentar o Dízimo como

a experiência jurídico - pastoral mais viável para atender às

necessidades materiais do Culto e condizentes com sua

“Dignidade” e “Santidade”. Desejo fundamentá-la, a partir

da Legislação Universal, como uma opção juridicamente

válida e pastoralmente preferível ao “Sistema das Taxas”;

bem como oferecer os instrumentais canônicos e pastorais

para sua implantação e organização administrativa.

A Conferência Episcopal pediu, como veremos no

primeiro capítulo, que cada Bispo em sua Diocese

procurasse preparar o povo para a implantação do Dízimo. É

uma tentativa de atender, concretamente às palavras do III

1 Cf. CIC83 C. 1260. 2 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.

Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 8.

12

Sínodo dos Bispos de 1971, que diz ser desejável que o

Povo Cristão receba paulatinamente tal formação, a ponto

de fazer com que o sustento dos Sacerdotes seja

desvinculado dos atos de Ministério, especialmente daqueles

de natureza sacramental3.

Desta forma, fica mais claro para todos que o Dom de

Deus “não se compra com dinheiro”4, mas distribui-se

gratuitamente, como fizeram os Apóstolos e tantas antigas

Igrejas.5

O Dízimo é uma experiência gratificante, com

desafios e deficiências, mas também com pontos positivos e

peculiares para muitas Dioceses pelo Brasil a fora. É esta

experiência jurídico - pastoral que analiso e apresento,

desejoso de dar uma contribuição para as Igrejas

Particulares do Brasil, fundamentando o Dízimo como

Instituto Jurídico - Pastoral e opção preferível.

É a solução em larga vantagem do arcaico sistema de

taxas, que infelizmente ainda se conserva no código vigente,

uma vez que a sensibilidade pastoral hodierna repugna

receber alguma coisa dos fiéis em ocasião dos serviços

sagrados, sobre tudo daqueles de natureza sacramental.6

3 Cf. SYNODUS EPISCOPORUM, doc. Ultimis Temporibus, 30 de

novembro de 1971, II, 2,4. 4 Cf. At. 8,18-25. 5 Cf. A. MOSTAZA RODRIGUES, “Diritto Patrimoniale Canonico”,

in Corso di Diritto Canonico, I, Cremona 1975, 317. 6 Cf. L. DE ECHEVERRIA, ( a cura de), Código de Derecho

Canónico, Edicion Bilingüe Comentada por los Professores de la

Facultad de Derecho Canonico de la Universidad Pontificia de

Salamanca (B.C.A. 442), 7ª ed., Madrid 1986, 600.

13

A nova legislação deveria ser impostada de modo a

considerar uma mentalidade largamente difusa hoje, de que

o testemunho da Igreja na moderna sociedade laicizada e

consumista se torna eficaz se puramente religiosa e não

suspeita de interesses temporais próprios7.

Sou movido pelo desejo de dar à experiência do

Dízimo como Fé e Amor à Comunidade dos irmãos as luzes

da Vigente Legislação Canônica, as quais são, muitas vezes,

ignoradas pelas Legislações Particulares, quando concebidas

e promulgadas.

Recorro ao auxílio de autores qualificados que, com

comentários e reflexões, deram sua contribuição ao Direito

Patrimonial Canônico, em especial ao Instituto do Dízimo.

Para maior aprofundamento do Instituto do Dízimo e dos

princípios gerais do direito patrimonial da Igreja, ofereço

um elenco de fontes e bibliografia.

Uso um método de análise direta da Realidade

Pastoral ordenada pelas Legislações Particulares, à luz da

Normativa Universal. Trata-se de buscar, mesmo que

sumariamente , os motivos que conduziram a esta escolha

específica e conhecer os pressupostos pastorais e

instrumentos para sua implantação.

Nesta análise uso a experiência da Diocese de

Umuarama, uma das pioneiras na Implantação do Dízimo

como única forma ordinária de manutenção das Paróquias. É

a nossa “Diocese Laboratório”.

7 Cf. G. ZANNONI, I Beni Temporali della Chiesa nel Nuovo Codice

di Diritto Canonico, Lámico del Clero 65(1983)154.

14

Quero manifestar meu sincero agradecimento àqueles

que me apoiaram e sustentaram na pesquisa e elaboração

deste trabalho. Primeiramente agradeço ao Senhor, Supremo

Legislador, de quem toda Ordem procede.

Agradeço ao Prof. V. De Paolis, moderador de minha

monografia de Mestrado em Direito Canônico, na Pontifícia

Universidade Urbaniana, da qual parti para a realização

deste “trabalho”. De fato ele ocupou lugar fundamental na

minha pesquisa e reflexão, sempre solícito em corrigir-me e

orientar-me para chegar a uma apresentação satisfatória do

tema a que me propus.

Quero lembrar o Prof. E. Sastre Santos, pelas suas

indispensáveis lições de Metodologia Jurídica junto à

Pontifícia Universidade Urbaniana, sempre pronto para

colaborar na pesquisa e elaboração metodológica de nossos

trabalhos.

Quero lembrar o Rvmo. Pe. Paolo Orlandi, Superior

Geral da Congregação dos Sacerdotes de São João Batista,

que me acolheu em Roma e hospedou-me carinhosamente

para meus estudos, tratou-me como amigo e irmão.

Quero lembrar o Revmo Pe. Ennio Verdenelli, atual

Vigário Geral da Congregação dos Sacerdotes de São João

Batista, pelo seus trabalhos na Diocese de Umuarama nos

anos da implantação do Sistema do Dízimo e pelo seu apoio

na pesquisa deste Tema, quando hospedei-me em sua Casa

Geral em Roma durante meus estudos de Direito Canônico.

Deixo por último, para dar maior destaque, S. Exa.

Revma. José Maria Maimone, Epíscopo e Amigo, que me

deu a oportunidade de ser Presbítero em sua Diocese e

15

estudar este tema tão vivo na Missão da Igreja. Tema que

figura entre os mais delicados pelas conseqüências que dele

derivam à imagem da Igreja8.

8 Cf. G. ZANNONI, o.c., 154.

16

CAPÍTULO I:

INICIATIVAS PASTORAIS

1. Iniciativas a Nível Nacional.

A discussão em torno da implantação do Dízimo

como Sistema de Arrecadação ordinária na Igreja do Brasil

teve significativo desenvolvimento a partir de 1967. A

Conferência Episcopal procurou assessorar estudos neste

sentido, na medida em que foram solicitados pelas Igrejas

Particulares.

Durante a vigência do primeiro pl. past. nacional, o

Secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil fez acontecer um Seminário de Estudos com o tema

“Bens Eclesiásticos e Sistemas de Sustentação da Igreja”9.

Seus principais estudos constam do livro “Bens Temporais

numa Igreja Pobre” de R. CARAMURU DE BARROS10.11

9 . Rio de Janeiro, fevereiro de 1967. 10 . R. CARAMURU DE BARROS, Bens Temporais Numa Igreja

Pobre (Novos Caminhos 31), Petrópoles 1968. 11 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.

Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 7.

17

Por ocasião da X Assembléia Geral do Episcopado

Brasileiro12, os Bispos do Brasil, respondendo a uma

insistente solicitação dos presbíteros, classificou como

“pastoralmente inadequado o atual sistema de taxas” e

votou que se fizesse “um estudo teológico e científico

sobre o dízimo, a ser aplicado sistematicamente”. Confiou-

se à Coordenação Nacional da Campanha da Fraternidade

a realização de um levantamento e apresentação de

sugestões para a adoção do Dízimo no Brasil. Como fruto

desses primeiros estudos temos o folheto “Campanha

Nacional do Dízimo”13.14

Durante a XI Assembléia Geral15 foi nomeada uma

Comissão Especial para prosseguir os estudos já iniciados.

Um amplo inquérito foi elaborado e enviado a todas as

Dioceses brasileiras. Baseando-se em seus resultados, esta

Comissão elaborou um “plano” para implantação do

Dízimo, em âmbito Nacional, aprovado pelo episcopado na

XII Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos

do Brasil16.17

Os anos de 1971 e 1972 foram marcados pelo

trabalho de reflexão e elaboração de subsídios por parte da

Comissão Especial, em âmbito nacional.18

12 . S. Paulo, 1969. 13 . Maio de 1970. 14 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.

Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 8. 15 . Brasília, maio 1970. 16 . Belo Horizonte, fevereiro de 1971. 17 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.

Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 8. 18 Cf. Ibidem

18

Nos anos de 1971 a 1974 vários Regionais

começaram a tomar as primeiras iniciativas para a

implantação deste Sistema. Ao mesmo tempo algumas

Igrejas Particulares adotaram o Dízimo em âmbito

diocesano.19

Foi neste ano de 1974 o início, com o primeiro pl.

past., dos preparativos para a implantação do Sistema do

Dízimo na então Jovem Diocese de Umuarama, Diocese

que será nosso laboratório para aferir a aplicabilidade do

“Dízimo Radical” na realidade pastoral.

A XIII20 e a XIV21 Assembléias Gerais voltaram a

refletir sobre o problema do Dízimo como substituto do

Sistema de Taxas. Ao mesmo tempo que fortalecia sua

opção pelo Sistema do Dízimo, constatava-se

progressivamente a inviabilidade de sua implantação

através de um “plano nacional” onde as etapas e datas

fossem idênticas para todas as Igrejas Particulares, dadas

as diversas realidades existentes nas várias Regiões

Brasileiras.22

As decisões finais desta XIV Assembléia foram as

seguintes:

1. “Todas as Igrejas Particulares no Brasil devem

Ter como meta a implantação do dízimo como

sistema de contribuição sistemática e periódica,

19 Cf. Ibidem 20 . S. Paulo 1973. 21 . Itaici 1974. 22 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.

Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 8-9.

19

que substitua progressivamente o sistema de

taxas”;

2. “Haja um intenso trabalho de conscientização do

povo e dos agentes de pastoral e de progressiva

organização do sistema ao nível diocesano,

paroquial e de base”;

3. “As Igrejas, dentro de um mesmo regional, devem

prestar mútua ajuda, fazendo circular as várias

experiências”;

4. “Os regionais cuidem da elaboração de subsídios,

onde eles forem necessários e pedidos pelas

Igrejas Particulares”;

5. “Os organismos nacionais prestem aos regionais a

devida assessoria”;

6. “Cada Igreja Particular fixará a data a partir da

qual será obrigatória a implantação do sistema”. 23

É evidente que não houve um recuo quanto à

necessidade e oportunidade da implantação do Sistema do

Dízimo. Houve, sim, uma mudança de sistemática em nível

nacional.

Abandonou-se a idéia de um “plano Nacional” e

optou-se por um processo que atendesse melhor às diversas

realidades presentes na Igreja do Brasil.

A implantação do Dízimo foi colocada como meta a

ser atingida por todas as Igrejas Particulares. Essa meta não

23 Cf. Ibidem, 9.

20

era uma mera “exortação pastoral” ou um “objetivo

desejável”. As Igrejas Particulares “deviam” buscá-la:

tratava-se de um “compromisso pastoral” sério, cuja

consciência emergiu de um longo período de reflexão que

remonta o ano de 1967.24

Tanto se tratava de um dever pastoral sério a ser

concretamente realizado, que a própria Assembléia Geral

decidira que fosse realizado, em todas as Igrejas

Particulares, um “intenso trabalho de conscientização” e

uma “progressiva organização do sistema do Dízimo” e a

definição de uma data a partir da qual seria obrigatória a

implantação do mesmo.25

É importante para nosso objetivo a concepção do

Sistema do Dízimo em nível nacional e seu “objetivo

preciso”: substituir o Sistema de Taxas por uma forma de

contribuição sistemática e periódica mais condizente com a

dignidade e santidade dos atos do Ministério Sacerdotal,

principalmente daqueles de natureza Sacramental.

Nada se diz em âmbito nacional, a respeito de

doações espontâneas, coletas, promoções especiais, rendas

patrimoniais; nem se define quanto a “índices”, “formas” e

“organização concreta” do Sistema do Dízimo.26

A implantação do Sistema do Dízimo em sua forma

radical, como a propomos, pressupõe elementos e

instrumentos fundamentais que viabilizam seu

amadurecimento jurídico-pastoral.

24 Cf. Ibidem, 9-10. 25 Cf. Ibidem 26 Cf. Ibidem, 10.

21

O que mantém o Dízimo, como Sistema Radical e

sustento da Paróquia, são as pequenas comunidades. De

modo especial as CEBs são instrumentais adequados, pois

através delas é possível a conscientização do povo. Através

delas, também, é que se viabiliza a arrecadação mais eficaz,

bem como a prestação de contas.

Sem o espírito comunitário que se adquire através das

CEBs, o Sistema do Dízimo, certamente não sobrevive nem

dá os frutos pastorais de engajamento comprometido e

responsável do fiel em relação à Comunidade Paroquial.27

Esta constatação exige de nós maior conhecimento

sobre as Comunidades Eclesiais de Base, para nos

tornarmos capazes de entender bem o processo de

implantação deste Sistema do Dízimo, em sua forma radical,

como a propomos.

Para tanto, reservo o próximo item. Apresentarei,

mesmo que sumariamente, alguns elementos e princípios

gerais sobre a sua constituição e atuação, como “Igreja

Base”.

27 Cf. J.M.MAIMONE, o.c., 13.

22

2. As Comunidades Eclesiais de Base.

Já em 1962, o pl. past. Plano de Emergência afirmava

a urgência em “vitalizar e dinamizar nossas paróquias,

tornando-as instrumentos aptos a responder à premência das

circunstâncias e da realidade em que nos encontramos”.

Um dos caminhos propostos para isso era fazer da

Paróquia “uma comunidade de fé, de culto e de caridade”

para que se tornassem “fermento da comunidade humana”.28

Recomendava-se ainda “identificar as comunidades

naturais e iniciar o trabalho a partir da realidade que

apresentam”.

Nestas comunidades abertas à evangelização, os

elementos dinâmicos irão ajudar a despertar e formar líderes

das novas Comunidades.

Aos leigos cabe um papel decisivo29: “Observar que a

conquista das comunidades pagãs ou indiferentes dos

centros urbanos será feita de preferência por penetração das

comunidades naturais. O método mais seguro é a

evangelização partindo dos problemas de vida”30.

28 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, pl.

past. Plano de Emergência, Rio de Janeiro 1962, 5.4. 29 Cf. Ibidem, 5.5. 30 Cf. Ibidem, 5.6.

23

Encontramos, nestas afirmações, já em germe alguns

dos traços característicos constitutivos daquilo que seria a

Comunidade Eclesial de Base.31

Constatando que a extensão geográfica e a densidade

populacional de nossas Paróquias constituem um obstáculo

à vivência comunitária, o Plano de Emergência diz fazer-se

“urgente suscitar e dinamizar, dentro do território paroquial,

comunidades de base onde os cristãos não sejam pessoas

anônimas, se sintam acolhidas e responsáveis e delas façam

parte integrante, em comunhão de vida em Cristo e com

todos os seus irmãos”32.

Nos sucessivos “Planos de Pastoral de Conjunto” da

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, as

Comunidades Eclesiais de Base mereceram uma atenção

crescente até serem assumidas como Prioridade nos III e

IV Planos Bienais33 .

O Concílio Vaticano II, eminentemente pastoral, com

suas grandes idéias-chaves trouxe a fundamentação

teológica para a intuição, já sentida na prática: a renovação

pastoral se fará a partir da renovação da Vida Comunitária e

31 Cf. IDEM, doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do

Brasil, 23-26 de novembro de 1982, 10. 32 Cf. IDEM, pl. past. Plano de Emergência, 38-39. 33 . Pode-se cf. estes planos: CONFERÊNCIA NACIONAL DOS

BISPOS DO BRASIL, doc. III Plano Bienal dos Organismos

Nacionais 1975-1976, S. Paulo 1975; IDEM, doc. IV Plano Bienal dos

Organismos Nacionais 1977-1978, Brasília 1977.

24

de que a Comunidade deve se tornar “Instrumento de

Evangelização”.34

São destas idéias-chaves e nutridas por elas, que

nasceram as Comunidades Eclesiais de Base. Pode-se

salientar as seguintes:

2.1. A Igreja como Povo de Deus.

Foi do agrado de Deus santificar e salvar os homens

não individualmente e sem alguma ligação entre si, mas quis

constituir deles um “Povo”, que o reconhecesse na verdade

e santamente o servisse:

“Aprouve contudo a Deus santificar e salvar os

“homens não singularmente, sem nenhuma conexão

uns com os outros, mas constituí-los num povo, que O

conhecesse na verdade e santamente O servisse.

Escolheu por isso a Israel como o Seu povo.

Estabeleceu com ele uma aliança. E instruiu-o passo

a passo. Na história deste povo de Deus Se

manifestou a Si mesmo e os desígnios da Sua vontade.

E santificou-o para Si. (...) Foi Cristo quem instituiu

esta nova aliança, isto é, o novo testamento em seu

sangue (cf. 1 Cor 11,25), chamando de entre judeus e

gentios um povo, que junto crescesse para a unidade,

não segundo a carne, mas no Espírito, e fosse o novo

34 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, 23-26 de

novembro de 1982, 11.

25

Povo de Deus. Na verdade os que crêem em Cristo,

os que renasceram não de semente corruptível mas

incorruptível pela palavra do Deus vivo (cf. 1 Pd

1,23), não da carne mas da água e do Espírito Santo

(cf. Jo 3,5-6), são finalmente constituídos “em

linhagem escolhida, sacerdócio régio, nação santa,

povo adquirido ... que outrora não eram, mas agora

são povo de Deus” (1 Pd 2,9-10). ”35.

2.2. A Igreja como comunhão

A Igreja é uma comunhão profunda de pessoas

tornada visível na Comunidade participante e responsável.

Sacramento ou sinal e instrumento da união com Deus e da

unidade de todo o Gênero Humano:

“E porque a Igreja é em Cristo como que o

sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união

com Deus e da unidade de todo o gênero humano, ela

deseja oferecer a seus fiéis e a todo o mundo um

ensinamento mais preciso sobre sua natureza e sua

missão universal, insistindo no tema de Concílios

anteriores.”36.

35 Cf. const. dogm. Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, 9. 36 . Ibidem, 1.

26

2.3. O papel insubstituível do Cristão Leigo

O papel insubstituível do Cristão Leigo e sua missão

específica na Igreja e no mundo. Todos os leigos devem ser,

diante do mundo, testemunha da ressurreição e da vida do

Senhor Jesus e o sinal do Deus Vivo. Todos juntos e cada

um por sua vez, devem alimentar o mundo com os frutos

espirituais e nele difundir o espírito, do qual são animados

os pobres, humildes e pacíficos.

O cristão deve ser no mundo aquilo que a alma é no

corpo:

“Cada leigo individualmente deve ser perante o

mundo uma testemunha da ressurreição e vida do

Senhor Jesus e sinal do Deus vivo. Todos juntos e

cada um na medida das suas possibilidades devem

alimentar o mundo com frutos espirituais (cf. Gál

5,22). Devem difundir no mundo aquele espírito pelo

qual são animados os pobres, os mansos e os

pacíficos que o Senhor no Evangelho proclamou bem-

aventurados (cf. Mt 5,3-9). Numa palavra, “o que a

alma é no corpo, isto sejam no mundo os

cristãos””37.

As Comunidades Eclesiais não “susrgiram como

produto de geração espontânea, nem como fruto de mera

decisão pastoral”. São o resultado da convergência de

descobertas e conversões pastorais que implicam toda a

37 Cf. Ibidem, 38.

27

Igreja Povo de Deus, na qual o Espírito Santo age sem

cessar.38

Elas constituem, em nosso país, uma realidade que

expressa um dos traços mais dinâmicos da vida da Igreja e,

por motivos diversos, vai despertando o interesse de outros

setores da sociedade.39

As Comunidades Eclesiais de Base no Brasil

“nasceram no seio da Igreja-instituição e tornaram-se ‘um

novo modo de ser Igreja’. Pode-se afirmar que é ao redor

delas que se desenvolve, e se desenvolverá cada vez mais,

no futuro, a ação pastoral e evangelizadora da Igreja”40.

Elas são “Fator de renovação interna e novo modo de

a Igreja estar presente ao mundo, elas constituem, por certo,

um fenômeno irreversível, senão nos detalhes de sua

estruturação, ao menos no espírito que as anima”41.

O IV Sínodo dos Bispos de 1974, ao tratar da

evangelização no mundo de hoje, também reflete sobre as

experiências de Comunidades Eclesiais de Base que se

realizavam já um pouco em toda parte.

A partir dos dados deste Sínodo, o Sumo Pontífice

Paulo VI escreveu a adh. ap. Evangelii Nuntiandi. “Depois

de expor as novas dimensões da evangelização em nosso

tempo, o Santo Padre, como que dando às CEBs o título de

38 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, 23-26 de

novembro de 1982, 7. 39 Cf. Ibidem, 1. 40 Cf. Ibidem, 3. 41 Cf. Ibidem, 4.

28

reconhecimento oficial, indicava-lhes condições de ser lugar

e meio de evangelização42.

O Sínodo ocupou-se largamente destas Comunidades.

O que vêm a ser tais Comunidades de Base e por quê hão

de ser destinatárias especiais da evangelização e ao mesmo

tempo evangelizadoras? Esta pergunta é respondida pelo N.º

58 da adh. ap. Evangelii Nuntiandi.

Florescentes mais ou menos por toda a parte na

Igreja, essas Comunidades diferem bastante entre si, mesmo

dentro duma só região, e mais ainda, de umas regiões para

as outras.

Nalgumas regiões nascem e desenvolvem-se, salvo

algumas exceções, no interior da Igreja. São solidárias com

a vida da mesma Igreja e alimentadas pela sua doutrina e

conservam-se unidas aos seus pastores.

Nestes casos, elas nascem da necessidade de viver

mais intensamente a vida da Igreja. Ou do desejo e da busca

de uma dimensão mais humana do que aquela que as

Comunidades Eclesiais maiores dificilmente poderão

revestir. Dificuldade presente sobretudo nas grandes

metrópoles urbanas contemporâneas onde é favorecida a

vida de massa e o anonimato.

Elas poderão muito simplesmente prolongar, a seu

modo, no plano espiritual e religioso – culto,

aprofundamento da fé, caridade fraterna, oração, comunhão

com os pastores – a similares. Ou então intentarão

congregar para ouvir e meditar a Palavra, para os

sacramentos e para o vínculo do ágape. 42 Cf. Ibidem, 20.

29

São grupos que a idade, a cultura, o estado civil ou a

situação social tornam mais ou menos homogêneos – como

por exemplo casais, jovens, profissionais e outros. Ou ainda,

pessoas que a vida faz encontrarem-se já reunidas nas lutas

pela justiça, pela ajuda aos irmãos pobres, pela promoção

humana, etc. Ou reúnem os fiéis naqueles lugares em que a

escassez de sacerdotes não favorece a vida ordinária de uma

Comunidade Paroquial.

Tudo isto, porém, é suposto no interior de

Comunidades constituídas da Igreja, sobretudo das Igrejas

particulares e das Paróquias.

Em outras regiões, ao contrário, agrupam-se

Comunidades de Base com “espírito de crítica” acerba à

Igreja, que elas estigmatizam muito facilmente como

“institucional” e à qual elas se contrapõem como

Comunidades Carismáticas – libertas de estruturas e

inspiradas somente no Evangelho.

Estas têm, como sua característica, uma evidente

atitude de censura e de rejeição em relação às expressões da

Igreja: a sua hierarquia e os seus sinais.

Contestam radicalmente esta Igreja. Nesta linha, a sua

inspiração principal bem depressa se torna “ideológica” e

freqüentemente são a presa de uma opção política, de uma

corrente e, depois, de um sistema, ou talvez mesmo de um

partido, com todos os riscos de serem “instrumentalizadas”.

É notável a diferença: as Comunidades que pelo seu

espírito de contestação se separam da Igreja, da qual

prejudicam a unidade, podem muito bem denominar-se

“Comunidades de Base” - terminologia puramente

30

sociológica. Não poderiam, sem abuso de linguagem,

intitular-se “Comunidades Eclesiais de Base”. Essa

designação pertence àquelas que se reúnem em Igreja, para

se unir à Igreja e para fazer crescer a Igreja.

Estas, sim, serão um “lugar de evangelização”, para

benefício das Comunidades mais amplas, especialmente das

Igrejas Particulares. Serão uma esperança para a Igreja

Universal, na medida em que:

1. procurem o seu alimento na Palavra de Deus e não

se deixem enredar pela polarização política ou

pelas ideologias que estejam na moda, prestes

para explorar o seu imenso potencial humano;

2. evitem a tentação sempre ameaçadora da

contestação sistemática e do espírito hipercrítico,

sob pretexto de autenticidade e de espírito de

colaboração;

3. permaneçam firmemente ligadas à Igreja local em

que se inserem, e à Igreja Universal, evitando

assim o perigo de se isolarem em si mesmas, e

depois de se crerem a única autêntica Igreja de

Cristo e, por conseqüência, perigo de

anatematizarem as outras Comunidades Eclesiais;

4. mantenham uma comunhão sincera com os

pastores que o Senhor dá à sua Igreja, e também

com o Magistério que o Espírito de Cristo lhes

confiou;

5. jamais se considerem como único destinatário ou

como único agente da evangelização, ou como o

31

único depositário do Evangelho; conscientes de

que a Igreja é muito mais vasta e diversificada,

aceitem que esta Igreja se encarna de outras

maneiras, que não só através delas;

6. progridam cada dia na consciência do dever

missionário e em zelo, aplicação e irradiação

neste aspecto;

7. demonstrem-se em tudo “Universalistas” e nunca

“sectárias”.

Com estas condições exigentes e exaltantes, a um

tempo, as Comunidades Eclesiais de Base corresponderão

à sua vocação mais fundamental: ouvintes do Evangelho e

destinatárias privilegiadas da evangelização. Tornar-se-ão,

sem demora, anunciadoras do Evangelho.43

As Comunidades Eclesiais de Base, em sua

caminhada de “Igreja”, apoiaram-se nessas orientações

claras e seguras de Evangelii Nuntiandi e aproveitaram

toda a reflexão de estudos e documentos da Conferência

Episcopal, como também de múltiplos e variados

encontros delas mesmas44.

O Episcopado Latino-americano em Puebla, reafirma

as Comunidades Eclesiais de Base como centros de

evangelização e motores de libertação:

43 Cf. PAULUS VI, adh. ap. Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro de

1975, 58. 44 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, 23-26 de

novembro de 1982, 21.

32

As “comunidades de base que, em 1968, eram apenas

uma experiência incipiente, amadureceram e

multiplicaram-se. Em comunhão com os seus bispos,

converteram-se em centros de evangelização e em motores

de libertação e desenvolvimento”45.

Os Bispos Latino-americanos constataram, ainda, que

“nas pequenas comunidades, mormente nas mais bem

constituídas, cresce a experiência de novas relações

interpessoais na fé, o aprofundamento da palavra de Deus,

a participação na Eucaristia, a comunhão com os pastores

da Igreja particular e um maior compromisso com a justiça

na realidade social dos ambientes em que se vive”46.

Constatou-se que as Comunidades Eclesiais de Base,

“inspirando-se nos ensinamentos do Concílio, tornaram-se

instrumentos da construção do Reino e concretização das

esperanças de nosso povo”47.

Como “Comunidades”, elas integram famílias,

adultos e jovens em estreito relacionamento interpessoal na

fé.48

Enquanto “Eclesial” a Comunidade de Base é

comunidade de fé, esperança e caridade. Celebra a Palavra 45 Cf. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, doc.

Conclusões da Conferência de Puebla, S. Paulo 1986, 96. 46 Cf. Ibidem, 640; também cf. VI ENCONTRO INTERECELSIAL

DE CEBs, doc. CEBs: Povo de Deus em Busca da Terra Prometida,

Revista Eclesiástica Brasileira 46(1986) 483-488. 47 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, 23-26 de

novembro de 1982, 23. 48 Cf. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, doc.

Conclusões da Conferência de Puebla, S. Paulo 1986, 641.

33

de Deus e se nutre com a Eucaristia, ponto culminante dos

demais sacramentos.

Realiza a Palavra de Deus na vida, mediante a

solidariedade e o compromisso com o mandamento novo

do Senhor. Torna presente e atuante a missão eclesial e a

comunhão visível com os legítimos pastores, através do

serviço de coordenadores aprovados.49

Enquanto “Base” a Comunidade Eclesial é

constituídas por um pequeno número de membros em

forma permanente e como célula da grande comunidade

Eclesial: a Paróquia e a Diocese.50

Em sua primeira visita apostólica ao Brasil – 30 de

junho a 11 de julho de 1980 -, o Sumo Pontífice João

Paulo II, deixa uma mensagem para os líderes das

Comunidades Eclesiais de Base. Reafirma a sua “nota”

característica da “eclesialidade”:

“Entre as dimensões das Comunidades Eclesiais de

Base, julgo conveniente chamar a atenção para

aquela que mais profundamente as define e sem a

qual se esvairia sua identidade: a eclesialidade.

Sublinho essa eclesialidade, porque está explícita já

na designação que, sobretudo na América Latina, as

comunidades receberam. Ser eclesiais é sua marca

original e seu modo de existir e operar. E a base a

49 Cf. IDEM, Ibd.; cf. também A. BARREIRO, A Eclesialidade das

CEBs, Revista Eclesiástica Brasileira 46(1986) 631-649; IDEM,

Raízes da Consciência Eclesial das CEBs, Convergência 17(1982)

602-649. 50 Cf. Ibidem; cf. também const. dogm. Lumen Gentium, 21 de

novembro de 1964, 26.

34

que se referem é de caráter nitidamente eclesial e não

meramente sociológico ou outro”51.

“É sabido também que uma Comunidade Eclesial tem

de ser forçosamente, uma Comunidade de caridade

ou de amor fraterno. Não foi por acaso que, querendo

apontar o traço característico dos seus discípulos e

seguidores, o Senhor proclamava: ‘Nisto conhecerão

que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos

outros’(Jo 13,35). É comunidade de caridade

enquanto seus membros procuram mais e mais

conhecer-se, viver juntos, partilhar alegrias e dores,

riquezas e necessidades. De resto, qual é o primeiro

motivo de formação de Comunidades de Base, senão

a necessidade e o desejo de criar grupos, não

multitudinários, mas à medida humana, capazes de

constituir espaços de verdadeiro diálogo de partilha?

A Comunidade de Base será comunidade de caridade,

sobretudo enquanto se revela instrumento de serviço

mútuo, no interior da mesma comunidade e serviço

aos outros irmãos, sobretudo aos mais

necessitados.”52

“Essa eclesialidade se concretiza em uma sincera e

leal vinculação da comunidade aos seus legítimos

pastores, em uma fiel adesão aos objetivos da Igreja,

em uma total abertura às outras comunidades e à

51 Cf. IONNIS PAULUS II, disc. Vosso Desejo, 11 de julho de 1980,

3. 52 Cf. Ibidem, 4.

35

grande comunidade da Igreja universal, abertura que

evitará toda tentação de sectarismo”53.

A eclesialidade é a dimensão imprescindível à reta

compreensão da identidade das Comunidades Eclesiais de

Base no Brasil:

“Elas querem ser eclesiais enquanto a fé em seus

membros e a unidade com a fé da Igreja é o principal

catalizador para a própria constituição do grupo

enquanto eclesial. Eclesiais em seguida, enquanto se

veiculam à hierarquia da Igreja, reconhecidas e

acolhidas por ela e a ela submissas; eclesiais porque

constituem um novo modo de ser Igreja, no qual esta

vive, na espontaneidade de novas formas de serviço e,

portanto, na criação de novos ministérios e modos de

presença no mundo”54

Tendo presentes estes princípios apresentados,

podemos buscar na experiência jurídico-pastoral de nossas

Paróquias, de modo especial, na Diocese de Umuarama, que

é nosso “laboratório” para estudo do Dízimo Radical.

Sem dúvida, as CEBs foram e são a base pastoral para

a implantação do Sistema do Dízimo, como “instrumento 53 Cf. Ibidem, 5 54 Cf. M.AZEVEDO, Comunidades Eclesiais de Base e Inculturação

da Fé, S. Paulo 1986, 86-87; sobre a “nota” Base, cf. 98, nt. 47; para

um maior aprofundamento, cf. também BETTO, O que é Comunidade

Eclesial de Base, S. Paulo 1981; IDEM, As Comunidades Eclesiais

como Potencial de Transformação da Sociedade Brasileira, Revista

Eclesiástica Brasileira 40(1980)597-625; IDEM, Em que Ponto Estão

Hoje as CEBs?, Revista Eclesiástica Brasileira 46(1986)527-538;

IDEM, Fisionomia das Comunidades Eclesiais de Base, Concilium

4(1981)99-109.

36

adequado” para despertar nos fiéis a “consciência eclesial”:

pressuposto indispensável para este processo.

3. Diocese de Umuarama: Uma

Experiência Válida

Na Diocese de Umuarama, nossa “Diocese

Laboratório”, quando foi erigida aos 16 de setembro de

1973, havia três Paróquias que integravam o “plano piloto”

do Regional Sul II, para a implantação das Comunidades

Eclesiais de Base no Paraná.

As três Paróquias estavam sob a cura pastoral dos

Sacerdotes de São Tiago – Padres Franceses – aos quais a

Diocese deve as primeiras iniciativas para a implantação das

Comunidades Eclesiais de Base.

Os bons frutos de renovação paroquial trazidos pelas

CEBs nascentes, levou a primeira Reunião Geral do Clero

decidir, por maioria absoluta, que a experiência fosse

estendida a toda a Diocese.

A partir dos trabalhos desta Reunião geral do Clero,

foi promulgado o primeiro pl. past. A Pastoral de Conjunto

na Diocese de Umuarama, 1º de janeiro de 1974.

Este plano coloca a formação de Comunidades

Eclesiais de Base como “prioridade”:

“Decidimos finalmente – diz – que o principal

esforço em nossa pastoral no ano de 1974 seria a

37

formação dessas Comunidades em todas as

Paróquias tanto nas cidades como nas zonas

rurais”55.

Para facilitar a compreensão das CEBs, este Plano

tece algumas considerações sobre a Igreja Particular, a

Igreja Paroquial, a Igreja Diaconal e a Igreja Base. É

significativo considerarmos o que diz sobre a Igreja Base:

“Mesmo as Diaconias congregam muita gente e

torna-se difícil o contacto individual com todos. Daí a

conveniência de dividi-las em pequenas comunidades

que chamamos de Igreja Base ou Comunidades

Eclesiais de Base. São grupos de mais ou menos dez

famílias que se reúnem semanalmente para ouvir a

palavra de Deus, estudar religião, discutir seus

problemas e planejar sua ação. Cada Comunidade

deve ter seu Líder ou Coordenador. Este trabalhará

em comunhão com o Sacerdote recebendo dele os

subsídios para as reuniões”56.

Atendendo às iniciativas e orientações da Conferência

Episcopal a Diocese de Umuarama, por cinco anos procurou

conscientizar os fiéis sobre o sentido, conveniência e

utilidade do Sistema do Dízimo, para tanto, valeu-se das

CEBs nascentes.

Procurou levar aos fiéis que este Sistema não é um

“novo modo de ganhar dinheiro”, mas um instrumento

privilegiado para evangelização e momento forte da atuação

55 Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1974, 1º de janeiro de 1974, 7. 56 Cf. Ib., 8.

38

do “direito/dever” de todo fiel na manutenção da

Comunidade Eclesial.57

“Por graças de Deus – diz o Bispo Diocesano -,

nosso primeiro Plano de Pastoral de Conjunto

(janeiro de 1974) convocava todas as paróquias a

organizarem as Comunidades Eclesiais de Base”58.

“Acreditamos – dizia o Plano – que a formação das

pequenas comunidades ou Igrejas Base muito

favorecerá para conscientizar os fiéis de que a Igreja

é uma grande Comunidade onde ele tem “direitos” e

“deveres”.

Comunidade que lhe oferece toda a assistência

espiritual e às vezes material e social, e que pede

dele, em troca, constante presença e participação

tanto apostólica como material”59.

Este foi o pensamento que motivou o Conselho

Presbiteral a optar pela criação destas Comunidades em toda

a Diocese já no ano de 1975 e, juntamente com estas, que

fosse feita a preparação para a futura “implantação radical”

do Sistema do Dízimo em toda a Diocese.60

A primeira e mais difícil conscientização é a do

próprio Presbitério, por incrível que o pareça. Na Diocese de

57 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 7; cf.

também CIC83 c. 222§1. 58 Cf. Ib.; pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1975, 14. 59 Cf. pl. past., A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1974, 1º de janeiro de 1974, 14. 60 Cf. cf. Ib.

39

Umuarama , uma equipe nomeada pelo Bispo Diocesano no

ano de 1977 elaborou temas de reflexão para que clérigos e

agentes de pastoral leigos pudessem conscientizar-se do

“sentido e conveniência” deste Sistema.

No ano de 1978 o trabalho de conscientização foi para

todos os fiéis leigos. Para atingir este escopo a Comissão

Diocesana ofereceu um texto de reflexão para o debate nos

Grupos de Reflexão e nas Reuniões mensais das

Comunidades Eclesiais de Base.

Nesta iniciativa se vê claramente a participação das

CEBs como instrumento conscientizador e preparador do

processo de implantação radical do Dízimo. Graças à

organização das Paróquias em pequenas Comunidades foi

possível uma consciência eclesial crescente entre os fiéis.

Esta consciência de “ser Igreja” levou os fiéis a

assumirem mais fortemente seu “direito/dever” de socorrer

às necessidades da Igreja - Povo de Deus:

“Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades

da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é

necessário para o culto divino, para as obras de

apostolado e de caridade e para o honesto sustento

dos ministros.”61.

Muitas Comunidades Eclesiais de Base nasceram por

causa de problemas sociais, quando um grupo atingido por

eles se unem para tentar resolvê-los. São Comunidades que

desenvolvem um trabalho maravilhoso na Sociedade e que

61 Cf. CIC83 c. 222§1 com suas fontes: CIC17 c. 1496; decr.

Apostolicam Actuositatem, 18 de novembro de 1965, 21; decr. Ad

Gentes, 7 de dezembro de 1965, 36; decr. Presbyterorum Ordinis,

40

merecem todo respeito. Porém, muitas delas não atuam sua

“eclesialidade”62.

As Comunidades Eclesiais de Base na Diocese de

Umuarama, nasceram do desejo de compreender e viver

melhor a “Fé”; conhecer e servir melhor a Cristo e sua

Igreja.

Querem realizar, em sua Vida Comunitária, aqueles

sete pontos apresentados pela adh. ap. Evangelii Nuntiandi.

A saber:

1. alimentar-se da Palavra de Deus;

2. evitar a contestação sistemática e o espírito

hipercrítico;

3. manter-se firmemente ligadas à Igreja Local;

4. comunhão sincera com os pastores;

5. jamais se considerar como destinatário único ou

como o único agente da evangelização;

6. consciência do dever missionário;

7. demonstrar-se universalistas e nunca sectárias.63

Cresceram na reflexão da Palavra de Deus, no

aprofundamento da doutrina cristã, e no conhecimento,

estima e ajuda aos irmãos da mesma Comunidade.64

62 Cf. PAULUS VI, adh. ap. Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro de

1975, 58. 63 Cf. Ibidem

41

O segundo pl. past. para o ano de 1975, mantinha a

prioridade “Comunidades Eclesiais de Base” e dava pistas

pastorais mais precisas. Apresentava-as como “esperança”.

Devem reproduzir as primitivas Comunidades da

Igreja, formando um clima de oração, amor recíproco e

fraternidade cristã. Devem ser uma expressão autêntica de

Igreja, uma verdadeira comunhão: congregadas em Jesus

Cristo pelo Espírito Santo, convocadas pela Palavra,

alimentadas pela Eucaristia, coordenadas pelos Pastores e

por eles autenticadas como Comunidades de salvação.65

A Comunidade de Base deve ser Comunidade de

“Fé”, de “Culto” e de “Amor”, onde se destacam a Palavra

de Deus, a Eucaristia e o Serviço aos Irmãos.

Atendendo às palavras de alerta da adh. ap. Evangelii

Nuntiandi, a Legislação Particular de Umuarama convida

todos a cuidar para que as Comunidades tenham verdadeiro

“sentido de Igreja”66.

Elas não devem destruir a “estrutura paroquial”, mas

nela se inserirem como pequenos grupos bem formados e

definidos. Assistidas pelo Bispo ou pelo Pároco, devem

dinamizar a Paróquia, exprimindo os valores do Evangelho

64 Cf. J.M.MAIMONE, o.c., 11. 65 Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1975, 1º de janeiro de 1975, 8. 66 Cf. PAULUS VI, adh. ap. Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro de

1975, 58.

42

e irradiando a fé, esperança e amor dentro da Grande

Comunidade Paroquial.67

Em se tratando da “Religiosidade Popular”,

fomentadora da espiritualidade do Dízimo como gratidão a

Deus, as CEBs são aptas para conhecer a alma do povo, para

entrar nessa “alma popular”; compreender sua fé simples,

seus costumes e suas crenças. Terão possibilidade de

conquistar esses irmãos e “purificar” sua fé daquilo que é

supersticioso, sem contudo exigir deles a renúncia da sua

identidade cultural e religiosa.

Vale lembrar a atitude de certos sacerdotes e leigos

“letrados” que negam aos irmãos de fé simples até mesmo

coisas aprovadas e recomendadas pela Igreja, tais como a

bênção do Sacerdote, o Culto aos Santos, a devoção do

Rosário Mariano.

Ao invés de negar a religiosidade popular, as

Comunidades Eclesiais de Base querem mostrar o

verdadeiro sentido de certas devoções e, através delas,

chegar ao que é essencial na Fé.68

O terceiro pl. past., para orientar a ação pastoral no

ano de 1976, continua o trabalho de conscientização e

formação destas Comunidades.

67 Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1975, 1º de janeiro de 1975, 9; cf. as palavras de PAULO VI, adh. ap.

Evangelii Nuntiandi, 58 E. 68 Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1975, 1º de janeiro de 1975, 10.

43

Sob o item “Comunidades Eclesiais de Base”69 se

encontra uma “Constatação da Realidade”, uma

“Fundamentação Teológica” e “Pistas Pastorais” a nível de

Grupos de Reflexão, de Igreja Base, de Igreja Paroquial, de

Igreja Decanal e de Igreja Particular.70

O quarto pl. past., para orientar a ação Pastoral no ano

de 1977, foi promulgado a partir das conclusões da I

Assembléia Diocesana71 - novembro de 1976. Esta

Assembléia insistiu ainda na concentração de esforços para

a formação das CEBs, e pediu que fosse dado prioridade à

formação dos “Agentes Leigos de Pastoral”.

Depois de indicar o que as CEBs esperavam do clero,

a I Assembléia cobrava alguma coisa das Paróquias

omissas, pedindo que até julho daquele ano, toda Paróquia

tivesse iniciado a formação dos Grupos de Reflexão. Todas

as Paróquias deveriam formar a sua “Equipe Paroquial de

Pastoral das CEBs”.72

69 Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1976, 1º de janeiro de 1976, 7. 70 Cf. Ibidem 71 . Assembléia Diocesana é o órgão de máxima participação de todos

os níveis da Igreja Particular congregada sob a presidência do Bispo

Diocesano, para o planejamento da ação pastoral. O CIC83 disciplina,

nos cc. 460-466 o Instituto do Sínodo Diocesano. A Assembléia

Diocesana, porém, segue todas as suas formalidades jurídicas,

segundo os cc. citados. Suas conclusões adquirem força vinculante

com a promulgação segundo o c. 466: “O único legislador no sínodo

diocesano é o Bispo diocesano, tendo os outros membros do sínodo

voto somente consultivo; só ele assina as declarações e decretos

sinodais, que só por sua autoridade podem ser publicados”. 72 Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1980-81, 1º de janeiro de 1980, 23; CONSELHO EPISCOPAL

44

No quinto pl. past. promulgado a partir das

conclusões da II Assembléia Diocesana – novembro de

1977, para o ano de 1978, encontramos uma exposição

sobre o que é “Comunidade”, o que significa “Base”, e o

que se exige para que uma comunidade de Base seja

“Eclesial”. Utilizou-se para isto, basicamente, os

documentos já apresentados no ítem anterior deste Capítulo.

Referindo-se às pastorais específicas, foi lembrado

que todos os “Cursos” e “Econtros” diocesanos ou

paroquiais, deviam ser direcionados ao objetivo geral da

Pastoral e às suas prioridades diocesanas. Logo, à Pastoral

das CEBs. Nenhum dirigente desses Cursos ou Encontros

poderia estar descomprometido em sua vida, com estas

Prioridades e Objetivos da Pastoral de Conjunto.73

A II Assembléia Diocesana pediu que o Dízimo

fosse implantado oficialmente em janeiro de 1979, na sua

forma mais radical: excluindo radicalmente o sistema de

taxas.

“Depois de toda essa caminhada – diz o Bispo

Diocesano – acreditamos poder decretar a

implantação do sistema do dízimo que começa a

vigorar a partir de 1º de janeiro de 1979.”74

Completou este ano seu 20º aniversário de

implantação oficial como substituto do Sistema de

Taxas.

LATINO-AMERICANO, doc. Conclusões da Conferência de Puebla,

S. Paulo 1986, 641. 73 Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –

1980-81, 1º de janeiro de 1980, 23. 74 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 11.

45

“A partir dessa data – diz o Bispo Diocesano – todas

as despesas ordinárias da Paróquia deverão ser

atendidas pelo dízimo, que será praticamente a única

arrecadação, uma vez que passa a ser expressamente

proibido receber qualquer oferta por ocasião da

administração dos sacramentos.”75

Sobre esta proibição de “pedir” e “aceitar” qualquer

oferta por ocasião das prestações ministeriais,

principalmente das de natureza sacramental, tratarei mais

detalhadamente no quarto item do próximo Capítulo:

“Peculiaridades do Sistema do Dízimo”.

A partir dos trabalhos da III Assembléia Diocesana –

novembro de 1978 – foi promulgado o sexto pl. past. para o

ano de 1979.

A IV Assembléia Diocesana – novembro de 1979 –

pediu que no sétimo pl. past. para os anos de 1980-1981,

fossem promulgadas diretivas precisas no que se refere aos

passos técnicos a serem dados no aprimoramento da vida

das CEBs.76

Este sétimo pl. past. foi, pode-se dizer, o coroamento

no processo implantativo. Chegou-se, assim, à maturidade

da implantação do Sistema do Dízimo, como única fonte de

manutenção ordinária da Igreja Particular.

Lembremo-nos que este Sistema, em sua forma

radical, já funcionava há um ano em toda a Diocese, desde

1º de janeiro de 1979. Foi momento de avaliação e de

75 Cf. Ibidem, 12. 76 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 24.

46

projetar o futuro da sua atuação dentro das Pequenas

Comunidades desenvolvidas a partir de 1974.

O VIII Plano de Pastoral de Conjunto dizia:

“O Dízimo nos ajudou muito a conquistar um espírito

comunitário e afastar toda impressão de simonia

(...)77.

Por oferecer o seu Dízimo e por receber da Igreja as

suas prestações ministeriais sem nada “pagar”, os fiéis

sentem-se realmente seus membros efetivos.

Aqueles que mais participam na Vida da Comunidade

são também os que oferecem mais e com mais alegria o

Dízimo. Estão participando e contribuindo para uma

Comunidade, ou uma Igreja que é “sua”.

Insisto em usar o termo “oferecer” para manifestar a

desvinculação deste Sistema do “poder impositivo de

tributos” específicos ou “taxas” que compete à Igreja sobre

todos os fiéis.78

Sem dúvida o ideal seria que todas as prestações

ministeriais de “Ordem” ou de “Jurisdição” – fossem

totalmente gratuitas na Igreja Universal. Mas, o Legislador

Universal ao conservar as “espórtulas” por ocasião da

administração dos sacramentos e sacramentais, tem presente

que em muitas regiões sacerdotes não têm outro recurso a

77 Cf. cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama

1982-84, 2 de fevereiro de 1982,25. 78 Cf. G.DALLA TORRE, o.c., 510.

47

não ser aquilo que recebem por ocasião dos atos de

ministério79.

O CIC83 conserva as contribuições anexas a tais

prestações, distinguindo, porém, entre “taxas” e

“espórtulas”, segundo o voto do III Sínodo dos Bispos de

1971 dizendo que era desejável que o Povo Cristão

recebesse paulatinamente tal formação, a ponto de fazer

com que o sustento dos Sacerdotes seja desvinculado dos

atos de Ministério, especialmente daqueles de natureza

sacramental80.81

É oportuno destacar que a “taxa” dá lugar a uma

obrigação de “justiça comutativa”, enquanto responde ao

conceito de “troca” entre “prestação” – o ato posto a favor

de um determinado fiel – e “contraprestação” – a

recompensa que o fiel dá pela prestação recebida.

A “oferta” dada pela Celebração dos Sacramentos ou

dos Sacramentais, é indicada pelo CIC83 como modo

concreto para satisfazer ao “dever” de subvencionar as

necessidades da Igreja:

“Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades

da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é

necessário para o culto divino, para as obras de

79 Cf. Comm. 1980, 403, c. 6. 80 Cf. SYNODUS EPISCOPORUM, doc. Ultimis Temporibus, 30 de

novembro de 1971, II, 2,4. 81 Cf. L. CHIAPPETTA, Il Codice di Diritto Canonico, Commento

Giuridico-pastorale, 2 vv., Napoli 1988, 4139; L. DE ECHEVERRIA,

o.c., 600-601.

48

apostolado e de caridade e para o honesto sustento

dos ministros”82.

A este “dever” corresponde também um “direito” de

todos os fiéis enquanto membros do Corpo Eclesial:

“Os fiéis são livres de doar bens temporais em favor

da Igreja”83.84

O Sistema do Dízimo foi implantado, assim

radicalmente, querendo ser uma opção válida para a

realização deste mesmo “direito/dever” da parte do fiel

para com sua Igreja. Ele quer ser um modo concreto para

esta satisfação.

Está claro para todos nós que o principal instrumento

de conscientização na implantação do Sistema do Dízimo

são as CEBs. As Paróquias que mais se esforçam na

caminhada da Pastoral Orgânica, sobretudo na formação das

CEBs, têm maior facilidade na implantação do Sistema do

Dízimo e têm maior êxito.

Fora de uma Pastoral Orgânica e de uma

“Consciência Eclesial” o Sistema do Dízimo certamente

fracassará.85

A Diocese de Umuarama - nosso laboratório pastoral

para este trabalho - usou como instrumental útil para formar

esta Consciência, as CEBs. Hoje pode-se perguntar se

82 Cf. CIC83 c. 222§1. 83 Cf. CIC83 c. 1261§1. 84 Cf. L.RISTITS, o.c., 77. 85 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 30.

49

somente elas são aptas a levar os fiéis à Consciência de Ser

Igreja. A resposta tem, necessariamente, de ser “Não”.

Com as palavras da adh. ap. Evangelii Nuntiandi,

elas não são o único modo de ser Igreja:

“Jamais se considerem como destinatário único ou

como o único agente da evangelização – ou, por

outra, como o único depositário do Evangelho! -; mas

conscientes de que a Igreja é muito mais vasta e

diversificada, aceitem que esta Igreja se encarna de

outras maneiras, que não só através delas”86.

Assim, podemos afirmar que o pressuposto

fundamental para o processo implantativo do Sistema do

Dízimo, em sua forma “Radical” como única fonte para a

manutenção ordinária da Igreja em qualquer Diocese é o

“espírito comunitário” e não as CEBs. Estas são sim,

instrumento apto, mas não único e nem exclusivo. Somente

assim, entendemos o seu papel “fundamental” neste

processo: a um tempo “destinatárias” e “agentes” da

evangelização.

O mesmo objetivo de levar os fiéis ao “espírito

comunitário” pode ser conseguido através de outros

instrumentais pastorais, segundo a inspiração do Espírito

Santo para cada época e região, neste ou naquele contexto

sócio-econômico.

Insistimos em falar “Pastoral do Dízimo”, pois

acreditamos no grande alcance pastoral deste Sistema, em

86 Cf. PAULUS VI, adh. ap. Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro de

1975, 58.

50

substituição ao inadequado Sistema de Taxas87, como

veremos no primeiro item do quarto capítulo reservado à

“Pastoral do Dízimo”.

O Dízimo não é “maneira nova de ganhar dinheiro”,

ou de ganhar mais dinheiro.88 O que se deseja com o

Sistema do Dízimo, em sua forma radical, é despertar na

Comunidade dos Fiéis o sentido da “oferta”, como sinal

concreto da participação na vida da Igreja e sinal de uma

nova sociedade: ser um instrumento participativo na

realização dos “fins da Igreja”:

“§ 1. A Igreja católica, por direito nativo,

independentemente do poder civil, pode adquirir,

possuir, administrar e alienar bens temporais, para a

consecução de seus fins próprios.

§ 2. Seus principais fins próprios são: organizar o

culto divino, cuidar do conveniente sustento do clero

e dos demais ministros, praticar obras de sagrado

apostolado e de caridade, principalmente em favor

dos pobres”89.

O Dízimo, dentro do “Sistema do Dízimo”, é

oferecido como “agradecimento a Deus”, enquanto

“membro de uma Comunidade”, como “interessado no

sustento da Igreja” e na evangelização para o crescimento

do Reino de Deus e sinal de uma sociedade justa e

fraterna. É, portanto, radicalmente diverso do Sistema de

87 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 23. 88 Cf. Ibidem, 24. 89 Cf. CIC83 c. 1254§2; também litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de

novembro de 1978, 14.

51

Taxas, a qual se oferece para pagar um trabalho ou um bem

recebido.90

É ilusão de qualquer Igreja Particular pensar que a

implantação oficial do Sistema do Dízimo substituindo o

inadequado Sistema de Taxas dispensa um continuado

trabalho de conscientização91. A mesma conscientização que

acompanhou o processo de implantação deve continuar a ser

um desafio contínuo para a Pastoral do Dízimo, como

veremos no quarto capítulo: “Implantando e Organizando o

Sistema do Dízimo”.

Conhecendo o processo de sua implantação na

Diocese de Umuarama – nosso laboratório pastoral -, a

partir das iniciativas nacionais da CNBB, através do

instrumental CEBs, sentimos a necessidade de conhecer

melhor o Sistema do Dízimo em si mesmo, analisando-o nas

Escrituras e conhecendo suas peculiaridades.

É importante também conhecer os princípios do

Direito Universal que dão à Igreja o Direito de adquirir,

possuir, administrar e alienar bens temporais.92

Devemos conhecer também o dever dos fiéis para

com as suas necessidades materiais93; o Sistema do Dízimo

enquanto legitimado por este direito da Igreja, atuado pelo

dever dos fiéis na sua manutenção. Para isto reservo o

próximo Capítulo.

90 Cf. J.M.MAIMONE, o.c., 15; litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de

novembro de 1978, 13. 91 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 80. 92 Cf. CIC83 c. 1254§1. 93 Cf. CIC83 c. 222§1.

52

CAPÍTULO II:

O SISTEMA DO DÍZIMO

1. Os Fins da Igreja e seu Direito aos

Bens.

É difícil individuar, em modo preciso, os “fins da

Igreja”. Não é fácil, senão impossível elencá-los

taxativamente. Estão presentes nos vários setores da

atividade eclesial. Trata-se evidentemente de fins

sobrenaturais. Mas os meios que se usa para realizá-los nem

sempre são de ordem espiritual.

Disto se compreende como o c. 125§2 do CIC83, ao

indicar os fins próprios da Igreja – pelos quais têm direito

aos bens temporais -, usa o advébio “praecipue” –

principalmente:

“Seus principais fins próprios são: organizar o culto

divino, cuidar do conveniente sustento do clero e dos

demais ministros, praticar obras de sagrado

apostolado e de caridade, principalmente em favor

dos pobres”.

53

Estes “fins” são ordenados em modo hierárquico mas

pertencem igualmente à missão da Igreja, também as obras

de caridade, especialmente para com os pobres.94

É importante aqui ter presente que por “fins da Igreja”

deve-se entender tudo aquilo que a Igreja realiza ou deve

realizar pela sua identidade institucional. A saber:

- a pregação da verdade revelada em cada

modalidade e grau,

- a celebração do culto,

- o governo pastoral,

- a atividade missionária e a

- prática da caridade evangélica.

Enfim, atuação de quanto pertence à “missão”

recebida do seu Fundador: Jesus Cristo.95

Os “fins da Igreja” estão para a “missão da Igreja”, a

ela confiada pelo seu Fundador, para ser realizada no

Mundo.96 Recebem existência e fundamento na missão

salvífica, pois a salvação dos homens deve ser sempre na

Igreja a suprema lei:

94 Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19. 95 Cf. F. COCCOPALMERIO, “Diritto Patrimoniale della Chiesa”, in

PONTIFICIUM INSTITUTUM UTRIUSQUE IURIS, Il Diritto nel

Mistero della Chiesa, IV, Diritto Patrimoniale, Tutela della

Comunione e dei Diritti, Chiesa e Comunità Politica (Quaderni di

Apollinaris 4), Roma 1980, 5,15. 96 Cf. L.CHIAPPETTA, o.c., 5371-5372, 2913.

54

“(...) a salvação das almas que, na Igreja, deve ser

sempre a lei suprema”97.

Este nexo entre os “fins da Igreja” e a “missão da

Igreja” estabelece também um “limite” ao direito mesmo e

ao seu exercício. A Igreja tem direito aos bens temporais

porque tem fins que lhe são próprios a realizar98.

A Igreja tem este direito na medida que o exijam tais

“fins”. Se faltassem estes “fins”, principalmente os

elencados no c. 1254 do CIC83 –

“organizar o culto divino, cuidar do conveniente

sustento do clero e dos demais ministros, praticar

obras de sagrado apostolado e de caridade,

principalmente em favor dos pobres”; a posse e o uso

de tais bens careceria de justificação e os Entes

Eclesiais que os possuíssem o fariam “ilicitamente”.99

97 Cf. CIC83 c. 1752. 98 Cf. “Ecclesiae nativum est exigendi a christifidelibus, quae ad fines

sibi proprios sint necessaria”, CIC83 c. 1260. 99 .cf. V. FAGIOLO, Adempimenti Amministrativi degli Enti

Ecclesiastici, L’amico del Clero 66(1984)155; L DE ECHEVERRIA,

o.c., 597; L. RISTITS, I Beni Temporali della Chiesa nel Nuovo CIC,

Libro V, L’amico del Clero 66(1984)256; G. DALLA TORRE, o.c.,

277; “Il criteiro della necessità o non necessità è discriminante tra

possesso legitimo e illegitimo. La necessità è da valutare in concreto,

com riferimento alle circostanze di luogo e di tempo, alla natura

dellístituzione, alla sensibilità degli amministratori ecc.”: V. Rovera,

“Il Livro V: I Beni Temporali della Chiesa”, in Il Nuovo Codice di

Diritto Canonico, Studi, Torino 1985, 232.

55

Os bens materiais ao serviço da “missão Salvífica” da

Igreja são acessórios e instrumentais.100 Enquanto Ela vive e

realiza a sua “missão salvífica” no tempo, não pode deixar o

auxílio dos bens temporais, mesmo daqueles de ordem

econômica. Esta necessidade deriva da sua própria estrutura,

querida pelo Fundador. Logo, este direito tem sua fonte na

mesma vontade do Fundador.101

O direito aos bens temporais – com as especificações

de adquirir, possuir, administrar e alienar102 - é estreitamente

ligado aos fins da Igreja103, próprios Dela e que somente ela

pode realizar. Daqui também a originalidade de tal direito e

a independência no seu exercício.

Precisemos:

- “adquirir” significa obter a titularidade de direito

sobre determinado bem;

- “reter” significa possuir, porém também a

faculdade de defender a titularidade, qualquer que

seja, frente a despojos e perturbações;

- “administrar” significa a exploração ativa dos

patrimônios, por quem tem a titularidade;

100 Cf. M. LOPEZ ALARCON, “La Titularidad de los Bienes

Eclesiásticos”, in Espana, XIX Semana Espanola de Derecho

Canónico, Celebrada en Salamanca del 17 al 21 de Septiembre de

1984 (Biblioteca Salamanticencis – Estudos 75), Salamanca 1985, 23;

V. FAGIOLO, o.c., 156. 101 Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 18. 102 Cf. CIC83 c. 1254§1. 103 Cf. CIC83 1254§2.

56

- “alienar” significa a faculdade de transferir a

outra pessoa a titularidade sobre determinado

bem.104

O Direito aos bens temporais vem reivindicado à

Igreja Católica105, Comunidade dos Batizados que tem

origem em Jesus mesmo, feita por Ele depositária dos meios

de Graça e de Salvação e que subsiste em plenitude na

Igreja Católica, guiada pelo Romano Pontífice e pelos

Bispos em comunhão com ele:

“Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo

como sociedade, subsiste na Igreja católica,

governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em

comunhão com ele”106.107

Nela se entra mediante o Batismo que dá

personalidade jurídica ao batizado. Fá-lo sujeito de direitos

e de deveres, na medida em que vive na comunhão da Igreja

e não seja atingido por uma sanção:

“Pelo batismo o homem é incorporado à Igreja de

Cristo e nela constituído pessoa, com os deveres e os

direitos que são próprios dos cristãos, tendo-se

presente a condição deles, enquanto se encontram na

104 Cf. M. LOPEZ ALARCON, o.c., 22. 105 Cf. CIC83 c. 1254§1. 106 Cf. CIC83 c. 204§2; cf. também const. dogm. Lumen Gentium, 21

de novembro de 1964, 8, 9,14,22,38; const. past. Gaudium et Spes, 7

de dezembro de 1966, 40. 107 Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19.

57

comunhão eclesiástica, a não ser que se oponha uma

sanção legitimamente infligida”108. 109

Vale a precisação de que com o termo Igreja –

“Ecclesia” - , no Livro V “Dos bens temporais da Igreja”

do CIC83 se entende não só a Igreja Universal e a Sé

Apostólica, mas também qualquer pessoa jurídica pública na

Igreja, exceto que resulte diversamente:

“Nos cânones seguintes, com o termo Igreja são

designadas não só a Igreja universal ou a Sé

Apostólica, mas também qualquer pessoa jurídica

pública na Igreja, a não ser que do contexto ou da

natureza do assunto apareça o contrário”110.

Trata-se de uma Igreja com uma missão única,

hierarquicamente constituída sim, mas que compreende no

seu seio todos os fiéis. Trata-se de um “direito” derivante do

direito co-extensivo à missão mesma da Igreja.111

Há, assim, uma unidade fundamental na Igreja como

sujeito de Direito e nos fins enquanto se trata de fins

eclesiais. Mas, se única é a missão da Igreja, diversos são

os seus fins e, por isso, os meios através dos quais tal

missão salvífica se realiza.112

A Igreja reivindica para si o direito “nativo”, ou seja,

originário, porque ligado não à concessão ou à tolerância da

autoridade civil, mas à sua origem e à sua natureza

108 Cf. CIC83 c. 96; cf. também CIC17 c. 87. 109 Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19. 110 Cf. CIC83 c. 1258. 111 Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19, 20. 112 Cf. Ibidem, 22.

58

mesma113, com todos os meios justos de Direito Natural e

Positivo114:

“A Igreja pode adquirir bens temporais por todos os

modos legítimos de direito natural e positivo que

sejam lícitos aos outros”.

Reivindica também capacidade jurídica nesta matéria:

“A Igreja universal e a Sé Apostólica, as Igrejas

particulares e qualquer outra pessoa jurídica, pública

ou privada, têm capacidade jurídica de adquirir,

possuir, administrar e alienar bens temporais, de

acordo com o direito”115 ; independente da autoridade

civil116.

A Igreja também reivindica para si o Direito de

“exigir” dos fiéis quanto seja necessário para a realização

dos seus “fins próprios”:

“A Igreja tem direito nativo de exigir dos fiéis o que

for necessário para seus fins próprios”117.118

Isto porque a maneira mais óbvia que a Igreja tem

para adquirir bens é a generosidade de seus fiéis.119

Generosidade fomentada e fortificada, de um modo

113 Cf. L. CHIAPPETTA, o.c., 4117. 114 Cf. CIC83 c. 1259. 115 Cf. CIC83 c. 1255. 116 Cf. CIC83 c. 1254§1. 117 Cf. CIC83 c. 1260. 118 Cf. CIC17 cc. 1495, 1496, 1499; cf. também const. past. Gaudium

et Spes, 7 de dezembro de 1965, 71; cf. também o estudo de A.

MOSTAZA RODRIGUEZ, o.c., 434. 119 Cf. L. DE ECHEVERRIA(a cura de), o.c., 599.

59

especialíssimo, dentro do Sistema do Dízimo, como

veremos no terceiro item deste Capítulo.

Se o direito sobre os bens temporais é afirmado como

“nativo” e como “independente” – subtraído às leis e ao

controle da autoridade civil -, isto significa que a Igreja

reivindica para si um verdadeiro “poder de governo” ou

“jurisdição” sobre os bens temporais que ela considera de

própria competência.120

O Concílio Vaticano II no decr. Presbyterorum

Ordinis, falando sobre o uso dos bens temporais, recorda

aos sacerdotes que tais bens devem ser empregados para a

organização do Culto Divino, o honesto sustento do clero,

sustento das obras de apostolado e de caridade

especialmente para com os pobres, texto reportado no c.

1254§2, como vimos:

“Com a ajuda de leigos experimentados, enquanto

possível, administrem os sacerdotes os bens

eclesiásticos propriamente ditos, conforme a natureza

da coisa e a norma das leis eclesiásticas. Destinem-

nos sempre para aqueles fins para a consecução dos

quais é lícito à Igreja possuir bens temporais, como

seja, para organizar o culto divino, prover ao

sustento honesto do clero ou ainda dar andamento às

obras do apostolado sagrado ou da caridade, em

benefício sobretudo dos necessitados”121. 122

120 Cf. V. ROVERA, o.c., 229. 121 Cf. decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de 1965, 17. 122 Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, Posizione di Giovanni di Dio,

Andrea Dias de Escobar e Altri Canonisti sulla Funzione Sociale delle

Decime, Roma s.d., 411.

60

Em particular quanto aos bens provenientes do

exercício dos ofícios eclesiásticos, o Concílio afirma o dever

tanto dos presbíteros quanto dos bispos de aplicá-los

principalmente para o próprio honesto sustento e para o

cumprimento dos deveres do próprio estado, destinando o

restante para o bem da Igreja e para as obras de caridade:

“Os bens que porém lhes advierem no desempenho de

algum ofício eclesiástico, salvo algum direito

particular, empreguem-nos os Presbíteros, como

aliás também os Bispos, sobretudo para seu sustento

honesto e para o cumprimento dos deveres do próprio

estado. O que porém sobrar queiram destiná-lo em

benefício da Igreja ou às obras de caridade. Não lhes

sirva o ofício eclesiástico para fins de lucro, nem

empatem rendas que daí provenham para aumento de

seu patrimônio”123.124

Refere-se ao exercício da sua missão. Vem proposta a

atitude dos apóstolos que testemunharam com o exemplo

pessoal que o Dom de Deus, que é gratuito, é transmitido

gratuitamente e souberam habituar-se à abundância como à

indigência. Também é sugerida a comunhão de bens

segundo o modo que foi praticado pela Igreja Primitiva:

“São até convidados a abraçar a pobreza voluntária,

que tornará mais evidente sua semelhança com Cristo

e os fará mais disponíveis para o sagrado ministério.

Pois Cristo, por nossa causa, se fez pobre, sendo rico,

a fim de nos enriquecer por Sua pobreza. Também os

Apóstolos atestaram pelo seu exemplo que o Dom

123 Cf. decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de 1965, 17. 124 Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 411.

61

gratuito de Deus deve ser dado de graça, sabendo

viver na abundância e na penúria. Mesmo assim,

algum uso comunitário das coisas, à imitação da

comunhão de bens que mereceu destaque na história

da Igreja primitiva, abriria do melhor modo o

caminho para a caridade pastoral. Por tal forma de

vida, os Presbíteros poderiam levar honrosamente à

prática o espírito de pobreza recomendado por

Cristo”125.126

De outro lado, o mesmo Concílio afirma o direito dos

presbíteros, que se dedicam plenamente ao serviço de Deus

no exercício das funções a ele confiadas, para ser retribuídos

com equidade, porque o “operário tem direito ao seu

salário”127 e o “Senhor determinou que aqueles os quais

anunciam o Evangelho, vivam do Evangelho”128.129

Tal direito, se não se provê de um outro modo

compete principalmente aos fiéis mesmos, dado que é pelo

seu bem que os Ministros Sagrados trabalham.

O modo prático, porém de prover que não falte aos

ministros destinados ao serviço do Povo de Deus os meios

necessários para conduzir uma vida “honesta e digna” vem

confiado aos bispos ou às Conferências Episcopais.130 No

primeiro ítem do terceiro Capítulo analisaremos como se

disciplina esta questão dentro do Sistema do Dízimo,

implantado em sua forma radical.

125 Cf. decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de 1965, 17. 126 Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 411. 127 Cf. Lc. 10,7. 128 Cf. Cor. 9,14. 129 Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 411. 130 Cf. Ibidem

62

Reafirma, ainda, o Concílio Vaticano II que a

retribuição justa, adaptada às condições das pessoas e às

diversas circunstâncias de lugar e de tempo, deve ser tal que

possibilite a remuneração das pessoas que lhes presta

serviços. Também que consinta o socorro pessoal aos

necessitados, dado que este ministério, a favor dos pobres,

foi tido em grande consideração pela Igreja desde os

primeiros tempos:

“Pela dedicação ao serviço de Deus no cumprimento

de um cargo a eles confiado, merecem os Presbíteros

a justa remuneração, porque “o operário é digno de

seu salário” (Lc 10,7), e o “Senhor prescreveu aos

que anunciam o Evangelho que vivam do Evangelho”

(1 Cor 9,14). Caso”131.132

Estes princípios foram recordados pelo III Sínodo dos

Bispos de 1971, segundo o qual, os problemas econômicos

da Igreja não podem ser adequadamente resolvidos, se não

considerados no contexto da comunhão e da missão do Povo

de Deus.

É dever de todos os fiéis contribuir às necessidades da

Igreja. Afirma que ao tratar este gênero de questões, deve-se

ter presente não somente a solidariedade no âmbito da Igreja

Particular ou do Instituto Religioso, mas também as

condições das Dioceses de uma mesma região ou nação,

antes, de todo o mundo e das outras regiões pobres.133

131 Cf. decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de 1965, 20. 132 Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 411-412. 133 Cf. SYNODUS EPISCOPORUM, doc. Ultimis Temporibus, 30 de

novembro de 1971, II, 2, 4; cf. também o estudo de A. D. DE SOUSA

COSTA, o.c., 412.

63

Quanto à “retribuição dos sacerdotes” diz que deve

ser determinada em espírito de pobreza evangélica, mas, por

quanto seja possível, suficiente e com equidade. É uma

questão de justiça e deve compreender a previdência social.

É necessário abolir, em tal setor, as excessivas

desigualdades, sobretudo entre os presbíteros de uma

mesma Igreja Particular, em referência também com a

condição comum da gente daquela região.134

Em particular, o Sínodo deseja a abolição das taxas

para a administração dos Sacramentos ou o exercício

do sacerdócio ministerial, substituindo tais taxas pelas

ofertas voluntárias dos fiéis135.136

Foi levado à Comissão de redação do Código que

neste complexo problema não se pode dar uma solução ou

norma única para toda a Igreja, porque existem regiões onde

os sacerdotes não recebem nenhuma côngrua nem do Estado

nem dos fiéis137.

Por este motivo – diz A. D. DE SOUSA COSTA -,

prudentemente, desejou-se deixar às Conferência Episcopais

a determinação de abandonar ou não o “Sistema das Taxas”.

Isto estaria em perfeita harmonia com os mesmos princípios

e orientações dadas pelo Concílio Vaticano II.138

134 Cf. Ibidem 135 Cf. SYNODUS EPISCOPORUM, doc. Ultimis Temporibus, 30 de

novembro de 1971, II, 2, 4. 136 Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 412.

137 Cf. Comm. 1980, 403, c. 6. 138 Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, O.C., 412.

64

A pertença ao “Povo de Deus”, com a comunhão e

participação na Vida e na Missão da Igreja, determina

direitos e deveres especificados pelo “Titulo I: Das

Obrigações e Direitos de todos os fiéis”, “Parte I: Dos

Fiéis”, do “Livro II: Do Povo de Deus”, do CIC83.

Entre os “deveres” é incluído o de subvencionar as

necessidades da Igreja, no exercício da sua missão, como já

vimos acima139. O c. 222§1, de fato, impõe um preciso

dever jurídico, teologicamente fundado e pastoralmente

válido.

A obrigação de todos os fiéis de socorrer às

necessidades da Igreja, das quais fala este c. 222§1 é bem

diversa, sob o ponto de vista pastoral e estritamente jurídico,

das ofertas feitas em ocasião da administração dos

sacramentos e dos sacramentais, das quais trata os cc. 1264

n. 1; 952, §1; 1181.

A administração dos sacramentos e sacramentais não

faz surgir nenhum dever em quem os recebe, nem determina

algum direito em quem os administra, por causa da essencial

gratuidade dos sacramentos, como já realçava o c. 736 do

CIC17 e o c. 848 do CIC83:

“Além das ofertas estabelecidas pela autoridade

competente, o ministro nada peça pela administração

dos sacramentos, tomando sempre cuidado para que

os necessitados não sejam privados do auxílio dos

sacramentos por causa de sua pobreza”.

Em sintonia com o espírito conciliar e com as

indicações expressas pelo Sínodo dos Bispos de 1971, já 139 Cf. CIC83 c. 222#1.

65

apresentadas neste trabalho, o CIC83 tende a reduzir o

exercício do poder de imposição da Igreja, fundado sobre o

poder dominativo que a ela compete sobre todos os fiéis,

para acentuar o aspecto da livre e responsável participação

dos fiéis ao sustento da Igreja140, mesmo mantendo o dever

do c. 222§1.

Presentes estes elementos que fundamentam o direito

da Igreja aos bens temporais, de um modo geral;

conhecendo melhor o seu conseqüente direito de “exigir”141

dos fiéis o necessário para a realização dos seus fins

próprios. Podemos, agora passar à análise do Sistema do

Dízimo : quer ser atuação do direito da Igreja142, e do dever

de todo fiel143 para com as suas necessidades e sinal de uma

sociedade justa e fraterna.144

140 Cf. G. DALLA TORRE, o.c., 512; V. FAGIOLO, o.c., 157. 141 Cf. CIC83 c. 1260. 142 Cf. CIC83 c. 1254. 143 Cf. CIC83 c. 222§1. 144 . Para um aprofundamento sobre a Instituição do Dízimocf.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.

Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 28-43; “Decimae”, in FERRARI,

F.L., Biblioteca Canonica Iuridica Moralis Theologica necnon

Ascetica Polemica Rubricistica Historica, III, Romae 1886, 11-35;

também a bibliografia ali citada; P. CIPROTTI, “Decima”, in

Enciclopedia del Diritto, XI, Varese 1962, 805-809; A. BURDESE,

“Decime (Diritto Romano)”, in AZARA,A., - EULA,E.(a cura de),

Novissimo Digesto Italiano, V, Torino 1960, 257-258; G. CASSANI,

Origine Giuridica delle Decime Ecclesiastiche in Generale e delle

Centesi in Particolare, Bologna 1894; N.D’AMATI, “Decime (dir.

trib.)”, in Enciclopedia Giuridica, X, Roma 1988, 1-3; E. DE

RUGGIERO, “Decuma”, in Dizionario Epigrafico di Antichità

Romane, II, 2, Spoleto 1910, 1502; M. FERRABOSCHI, Il Diritto di

Decima, Padova 1949; C. JANNACCONE, “Decime (diritto

66

2. A Instituição do Dízimo Bíblico.

O “Dízimo” bíblico é apenas “uma” das expressões

duma realidade que aparece também de outras maneiras: o

homem oferece à divindade parte dos bens de que dispõe,

sob a forma de Dízimo, de “primícias”, ou ainda pagando

“impostos religiosos”.145 O Dízimo é apenas uma forma

entre muitas. O importante é que ele foi e quer ser expressão

de uma atitude interior.146

O Livro do Gênesis 14, 18-20 nos mostra Abraão

vitorioso após a guerra. Entrega a décima parte de todos os

botins a Melquisedec, Sacerdote do Deus Altíssimo:

“Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho; ele

era sacerdote do Deus Altíssimo. Ele pronunciou esta

bênção: ‘Bendito seja Abraão pelo Deus Altíssimo

que criou o céu e a Terra, e bendito seja o deus

Altíssimo que entregou teus inimigos entre tuas

mãos.’ E Abraão lhe deu o Dízimo de tudo”147.

A oferta de Abraão não era ainda o “Dízimo”

prescrito na Legislação Mosaica. Pagar “Dízimo” a Reis era

ecclesiastico)”, in AZARA,A. (a cura de), Novissimo Digesto Italiano,

V, Torino 1960, 258-267; G. MINELLA, Le Decime ed Altre

Prestazioni Congeneri, Padova 1888; O. ROBLEDA, “Capacidad

Patrimonial de las Comunidades Eclesiasticas Ante el Estado en los

Siglos I-III”, in Lex Ecclesiae, Salamanca 1972, 83-116.

145 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 13. 146 Cf. Ibidem, 14. 147 Cf. Gn. 14,18-20.

67

um uso antigo e anterior à Religião Mosaica. Mas, sem

dúvidas, o gesto de Abraão era um “ato religioso”, e os

israelitas, pagando o Dízimo segundo as Leis Mosaicas,

viam no seu Patriarca, um modelo.148

Também o Patriarca Jacó, segundo a Tradição Eloísta,

deu este exemplo. Estando para empreender viagem à

Mesopotâmia, onde se enriqueceria 149 e donde retornaria

ileso apesar dos perigos150, tem a visão de Deus em Betel.

Funda ali um santuário prometendo-lhe:

“Se Deus estiver comigo e me guardar no caminho

por onde eu for, se me der pão para comer e roupas

para me vestir, se eu voltar são e salvo para a casa

de meu Pai, então Iahweh será meu Deus e esta pedra

que ergui como uma estela será uma casa de Deus, e

de tudo o que me deres eu te pagarei fielmente o

dízimo151.152

Destas duas narrativas das tradições Javista e Eloísta

podemos concluir que, embora não mencionada uma

Legislação do Dízimo, os Patriarcas são conhecedores de

uma “praxe” de Dízimo.153

O “Código da Aliança”, instiga o israelita a não adiar

a oferta, e acrescenta-se a exigência da oferta das primícias:

148 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 16. 149 Cf. Gn. 30,43; 31,1. 150 Cf. Gn. 31-33 151 Cf. Gn 28,20-22. 152 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 17. 153 Cf. Ibidem

68

“Não tardarás em oferecer de tua abundância e do

teu supérfluo. O primogênito de teus filhos, tu mo

darás. Farás o mesmo com os teus bois, e com as tuas

ovelhas; durante sete dias ficará com a mãe, e no

oitavo dia mo dará”154.155

O Profeta Samuel recorda aos israelitas, os quais lhe

pediam um “Rei”, os direitos do rei:

“Das vossas culturas e das vossas vinhas ele cobrará

o dízimo, que destinará aos seus eunucos e aos seus

oficiais. Os melhores dentre os vossos servos e as

vossas servas, os vossos bois e os vossos jumentos,

ele os tomará para o seu serviço. Exigirá o dízimo

dos vossos rebanhos, e vós mesmos vos tornareis seus

escravos”156.157

A Legislação do Dízimo presente no Levítico encerra

uma motivação arcaica: a décima parte é propriedade de

Deus, enquanto Senhor da terra e dos seus produtos:

“Todos os dízimos da terra, tanto dos produtos da

terra como dos frutos da terra, tanto dos produtos da

terra como dos frutos das árvores, pertencem a

Iahweh; é coisa consagrada a Iahweh. Se alguém

quiser resgatar uma parte do seu dízimo,

acrescentará um quinto do seu valor. Em todo dízimo

de gado graúdo ou miúdo, a décima parte de tudo que

154 Cf. Ex 22,28-29. 155 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 18. 156 Cf. Sam. 8,15-17. 157 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 18.

69

passa sob o cajado do pastor é coisa consagrada a

Iahweh. Não se deve observar se é bom ou mau e não

se fará substituição: se isto se der, tanto o animal

consagrado como aquele que o substitui serão coisas

consagradas, sem possibilidade de resgate. Estes são

as ordens que Iahweh deu a Moisés, no monte Sinai,

para os filhos de Israel”158.159

Também Deuteronômio segue a mesma linha:

“A cada três anos tomarás o dízimo da tua colheita

no terceiro ano e o colocarás em tuas portas. Virá

então o levita (pois ele não tem parte nem herança

contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que vivem

nas tuas cidades, e eles comerão e se saciarão. Deste

modo Iahweh teu Deus te abençoará em todo

trabalho que a tua mão realizar”160.

Este texto cuida em que não se negligenciem os

direitos do levita que morava em outras cidades fora de

Jerusalém. Também, a cada três anos, o atendimento do

estrangeiro, do órfão e da viúva – necessitados – com o

Dízimo161.162

Note-se que por “Dízimo” se entende na Legislação e

na praxe bíblica a “décima parte”, como o nome diz.163 Hoje

158Cf. Lev. 27,30-34. 159 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 19. 160 Cf. Dt. 14,28-29. 161 Cf. Dt. 26,12-15. 162 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 19. 163 Cf. Ibidem, 20.

70

este termo, como o aprofundaremos no próximo item, quer

significar a “oferta” generosa, espontânea, livre, dada

familiar e comunitariamente pelo fiel, enquanto membro de

uma Comunidade – Igreja – que tem necessidades materiais.

Usamos a terminologia bíblica porque é desta fonte

que a Conferência Episcopal bebe quando empreende a

iniciativa de buscar um sistema alternativo, mais pastoral e

apto para substituir o Sistema das Taxas, então vigente,

como vimos no primeiro item do Capítulo anterior.

Esta Instituição é revigorada pelo Rei Ezequias, em

sua reforma geral do Culto, para que os Sacerdotes e Levitas

pudessem dedicar-se melhor às suas funções164 ministeriais. 165

É também hoje uma das fortes motivações que fez

suscitar o Sistema do Dízimo como Sistema de sustentação

do Clero em tantas Igrejas Particulares Brasileiras, como

veremos no primeiro item do próximo Capítulo.

Também Neemias, depois do exílio, reorganiza, entre

outras coisas, o Dízimo166:

“Eu soube também que as partes dos levitas não mais

lhes eram dadas e que os levitas e os cantores

encarregados do serviço haviam fugido cada qual

para sua propriedade. Repreendi os magistrados e

disse-lhes: ‘Por quê o Templo de Deus está

abandonado?’ Tornei a reuni-los, e os reintegrei nas

164 Cf. 2Cr. 31. 165 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 20. 166 Cf. Ne 10,36ss.

71

suas funções. Então todo o judá trouxe para os

armazéns o dízimo do trigo, do vinho e do azeite”167.

Com essa boa organização, o povo de Judá se

alegrava por ver os sacerdotes e levitas exercendo suas

funções ministeriais:

“Naquele tempo, estabeleceram-se homens para

guardar as salas destinadas às provisões, às

contribuições, às primícias e aos dízimos; esses

homens deveriam recolher, do território das cidades,

as partes que a Lei reserva para os sacerdotes e os

levitas. Pois Judá punha sua alegria nos sacerdotes e

nos levitas em exercício”168.

Os “Profetas” denunciam a falta de pagamento do

Dízimo como “roubo”:

“Sim, eu, Iahweh, não mudei, mas vós filhos de Jacó,

não cessastes! Desde os dias de vossos pais vos

afatastes de meus decretos e não os guardastes.

Voltai a mim e eu voltarei a vós! Disse Iahweh dos

Exércitos. Mas vós dizeis: Como voltaremos?

Pode um homem enganar a Deus? Pois vós me

enganais! E dizeis: Em que te enganamos? Em

relação ao dízimo integral para o Tesouro, a fim de

que haja alimento em minha casa. Provai-me com

isto, disse Iahweh dos Exércitos, para ver se eu não

abrirei em abundância. Por vós, eu ameaçarei o

gafanhoto, para que não destrua os frutos de vosso

campo, e para que a vinha não fique estéril no

167 Cf. Ne 13,10-12. 168 Cf. Ne 12,44.

72

campo, disse Iahweh dos Exércitos. Todas as nações

vos proclamarão felizes, porque sereis uma terra de

delícias, disse Iahweh dos Exércitos”169.170

No Novo Testamento, de modo geral, podemos notar

dois pontos:

1. Uma certa polêmica contra os exageros da praxe

do Dízimo mosaico como então concebido:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais

o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas

omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a

misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas

coisas, mas sem omitir aquelas. Condutores cegos,

que coais o mosquito e tragais o camelo”171;

2. Consciência de que todos os fiéis devem dar sua

contribuição material para atender as necessidades

materiais da Igreja:

“Permanecei nessa casa, comei e bebei do que

tiverem, pois o operário é digno do seu salário. Não

passeis de casa em casa”172

Durante os primeiros séculos, a Igreja, sem existência

legal, viveu exclusivamente das ofertas dos fiéis em

169 Cf. Ml 3,6-12 170 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 21. 171 Cf. Mt 23,24; também cf. Lc. 11,42. 172 Cf. Lc 10,7; também Mt 10,10; Mc 12,13-17; At 5,1ss; 11,27-30;

2Cor 8,1-9.15; Rom 15,26s; Gl 6,6; 1Cor 9,4.6-11.13-14.

73

dinheiro ou em espécie, ofertas das quais já nos fala S.

Lucas no Livro dos Atos 4,32-35:

“A multidão dos que haviam crido era um só coração

e uma só alma. Ninguém considerava exclusivamente

seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum.

Com grande poder os apóstolos davam o testemunho

da ressurreição do Senhor, e todos tinham grande

aceitação. Não havia entre eles necessitado algum.

De fato, os que possuíam terrenos ou casas,

vendendo-os, traziam os valores das vendas e os

depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se então,

a cada um segundo a sua necessidade.”

São Paulo escrevendo aos Coríntios:

“Irmãos, nós vos damos a conhecer a graça que Deus

concedeu à Igreja da Macedônia. Em meio às

múltiplas tribulações que as puseram à prova, a sua

copiosa alegria e a sua pobreza extrema transbordam

em tesouros de liberalidade. Dou testemunho de que,

segundo os seus meios e para além dos seus meios,

com toda a espontaneidade e com viva insistência,

nos rogaram a graça de tomar parte nesse serviço em

proveito dos santos. Ultrapassando mesmo as nossas

esperanças, deram-se primeiramente ao Senhor,

depois a nós, pela vontade de Deus. Por isto,

insistimos junto a Tito para que leve a bom termos

entre vós essa obra de generosidade, como já a tinha

começado”173.

173 Cf. 2Cor 8,1-6.

74

Carentes de capacidade patrimonial civil, as

Comunidades cristãs se viam obrigadas a possuir seus bens

indispensáveis por meio de pessoas interpostas, com os

riscos que isso implicava quando essa pessoa apostatava da

fé ou rompia o compromisso de fidelidade assumido.174

Presentes estes elementos bíblicos da Instituição do

Dízimo, que foram “fonte” para a iniciativa de implantação

do Sistema do Dízimo, a nível nacional e a nível diocesano

em várias Igrejas Particulares, podemos analisar “O Dízimo

na História”.

3. O Dízimo na História.

Neste item queremos buscar, com auxílio do estudo

da CNBB “Pastoral do Dízimo”, elementos e motivos que

justifiquem o Dízimo como Sistema ainda hoje viável para

nossas Paróquias e Dioceses.

Na literatura patrística o Sistema do Dízimo foi

justificado pelas premissas lançadas nos textos do Antigo

Testamento, de modo especial nos textos do Levítico. Como

já vimos, o Dízimo bíblico parte de que a “terra e todos os

bens naturais pertencem ao Senhor. Em conseqüencia, uma

parte desses bens deve periodicamente reverter a Deus.”175

174 Cf. IDEM,Ib.; cf. A. MOSTAZA RODRIGUEZ, o.c., 428;

R.NAZ(a cura de), o.c., 227. 175 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.

c., 36.

75

Se ampliarmos a cosmovisão destes textos do Antigo

Testamento, podemos afirmar algumas premiças sobre o

Dízimo.

3.1. Domínio universal do Criador sobre

tudo.

É reconhecido, pelos cristãos, o domínio absoluto e

universal de Deus Criador sobre todas as suas criaturas.

Todos os bens Dele procedem e a Ele se destinam,

necessariamente. Trata-se de um domínio total, ou seja,

estende-se sobre os bens espirituais e materiais. Apesar

destes últimos ocuparem o último lugar na escala de valores

dos cristãos, são reconhecidos como indispensáveis para a

realização do projeto de Deus.

Para evitar o risco de se negligenciar o “material” em

vista do “espiritual” a legislação de Israel estabelecia que

um percentual sobre os bens materiais de todos os israelitas

devesse ser sistematicamente consagrado a Deus Criador e

dador de tudo o que temos.

Os cristãos, por sua vez, apesar de terem se libertado

das minúcias das leis israelitas, transpuseram a mesma

onipotência do Deus Criador a Jesus Cristo e Senhor de tudo

e de todos. Sentiam a necessidade de exprimir esta

dependência total a Jesus, o Cristo, através de ofertas de

bens e dinheiro, feitas visivelmente à Comunidade, novo

Povo de Deus.

76

Tais ofertas estavam destinadas à manutenção do

Culto e de seus Ministros. Além destas finalidades, digamos

espirituais ou religiosas, existia a dimensão social de tais

ofertas: eram aplicadas no auxílio dos irmãos necessitados.

Esta mesma atitude social, não só de assistência, mas

também de promoção social, apregoamos no Sistema do

Dízimo, com as características tomadas por este Sistema

atualmente.

Sentiam como “dever” a necessidade de prover aos

interesses dos irmãos e ao Culto divino. Trata-se de

verdadeiro direito “divino – natural”. Sua forma de

execução ou regulamentação canônica , porém, é de direito

eclesiástico.

Já nos primeiros séculos do cristianismo, verificava-

se a negligência em relação ao cumprimento dessa

obrigação, ao passo que pioravam as condições de vida no

Ocidente europeu. Conseqüentemente, os concílios

regionais, a partir do século VI, foram aplicando sanções ao

descaso em relação ao Dízimo: torna-se um dever

sancionado em lei canônica com punições, às vezes pesadas.

Tratava-se, na verdade de institucionalizar mediante

leis positivas e obrigantes o reconhecimento de que todos os

bens têm sua origem em Deus Criador e dador de tudo.

Tonou-se momento privilegiado de o Fiel manifestar sua

gratidão e reconhecimento a Deus, dando a Ele um pouco de

tudo o que Ele deu e continua a dar.176

176 Cf. Ibidem, 36-37.

77

3.2. Testemunho ao Mundo.

As contribuições – Dízimos e ofertas – ao Culto e aos

irmãos torna-se momento privilegiado e sinal; testemunho

dado ao mundo pagão. Manifestação de que os cristãos

reconhecem Deus como Senhor e aos Homens como irmãos.

Reconhecem a dimensão social e comunitária dos bens

criados e a eles entregues por Deus.

Ninguém pode se arvorar em “Senhores” absolutos

dos bens materiais: o que possuem é em vista dos

irmãos177.178

3.3. Membros vivos do Povo de Deus.

A prática da oferta ou doação em prol da Comunidade

atesta a consciência de que o Cristão é membro do Povo de

Deus; corresponsável pela Missão salvífica de Cristo,

missão esta confiada à sua Igreja Peregrina sobre a Terra.

A Const. Dogmática Lumen Gentium, do Concílio

Vaticano II realçou estas verdades afirmando:

“ O Pai Eterno, por libérrimo e arcano desígnio de

sua sabedoria e bondade, criou todo o universo.

Decretou elevar os homens à participação da vida

177 Cf. Lc 12, 21. 178 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS, o. c., 37.

78

divina. E, caídos em Adão, não os abandonou,

oferecendo-lhes sempre os auxílios para a salvação,

em vista de Cristo, o Redentor, “que é a imagem de

Deus, o primogênito de toda a criatura” (Col 1,15). A

todos os eleitos o Pai, desde a eternidade, “conheceu

e predestinou a serem conforme a imagem de seu

Filho, para que Ele fosse o primogênito entre muitos

irmãos”(Rom 8,29). Assim estabeleceu congregar na

santa Igreja, os que crêem em Cristo. Desde a origem

do mundo a Igreja foi prefigurada. Foi

admiravelmente preparada na história do povo de

Israel e na antiga aliança. Foi fundada nos últimos

tempos. Foi manifestada pela efusão do Espírito. E

no fim dos tempos será gloriosamente consumada,

quando, segundo se lê nos santos Padres, todos os

justos desde Adão, “do justo Abel até o último

eleito”, serão congregados junto ao Pai na Igreja

universal.”179

A seu modo, cada cristão deve dar sua parcela de

contribuição para a edificação do Reino Definitivo. Uma das

formas desta colaboração é garantir à Igreja os recursos

financeiros necessários para a execução de sua obra

salvífica.

Tenhamos presentes também as palavras do decr.

Apostolicam Actuositatem do Concílio Vaticano II:

“Nasceu a Igreja com a missão de expandir o reino

de Cristo por sobre a terra, para a glória de Deus

179 Cf. const. dogm. Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, 2.

79

pai, tornando os homens todos participantes da

redenção salutar e orientando de fato através deles o

mundo inteiro para Cristo. Todo o esforço do Corpo

Místico de Cristo que persiga tal escopo recebe o

nome de apostolado. Exerce-o a Igreja através de

todos os seus membros, embora por modos diversos.

Pois a vocação cristã é, por sua natureza, também

vocação para o apostolado. Como não organismo de

um corpo vivo, nenhum membro se porta de maneira

meramente passiva, mas, unido à vida do corpo,

também compartilha a sua operosidade, da mesma

forma no Corpo de Cristo, que é a Igreja, todo o

corpo “segundo a atividade destinada a cada

membro, produz o engrandecimento do corpo”(Ef

4,16). Mais. Tão grande é neste corpo a conexão e a

coesão dos membros (cf. Ef 4,16), que o membro que

não trabalha para o aumento do Corpo segundo sua

medida, deve considerar-se inútil para a Igreja e

para si mesmo.

Existe na Igreja diversidade de serviços, mas unidade

de missão. Aos Apóstolos e a seus sucessores foi por

Cristo conferido o múnus de, em nome com o poder

d’ Ele, ensinar, santificar e reger. Os leigos, por sua

vez, participantes do múnus sacerdotal, profético e

régio de Cristo, compartilham a missão de todo o

povo de Deus na Igreja e no mundo. Realizam

verdadeiramente apostolado quando se dedicam a

evangelizar e santificar os homens e animar e

aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do

Evangelho, de maneira a dar com a sua ação neste

campo claro testemunho de Cristo e a ajudar à

salvação dos homens. Já que é realmente

80

característico do estado leigo viver em meio ao

mundo e aos negócios seculares, são eles chamados

por Deus para, abrasados no espírito de Cristo,

exercerem o apostolado a modo de fermento no

mundo.”180.181

3.4. Regulamentação eclesiástica do dever

divino – natural.

Uma vez que a Igreja é Santa, mas também é

pecadora; é divina, mas também é humana e organizada em

sociedade; torna-se conveniente que o Legislador

regulamente tal dever divino – natural de contribuir

materialmente para com a Igreja – Povo de Deus.

O importante a ter presente é que tal regulamentação

deve ser adaptada aos tempos e lugares. Este critério de

adaptação aos tempos e lugares esteve presente no Antigo

Testamento e na História da Igreja.

No período colonial e, posteriormente, imperial

brasileiro, vigorava a contribuição do Dízimo, como

imposto cobrado e administrado, em parte, pelos órgãos

estatais. Período em que Igreja e Estado estavam unidos.

Com a República e a conseqüente separação da Igreja

e o Estado, viu-se que a Igreja estava privada dos recursos

180 Cf. decr. Apostolicam Actuositatem, 18 de novembro de 1965, 2. 181 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.

c., 38.

81

materiais básicos, indispensáveis na realização de sua

missão salvífica e profética no Mundo. Neste contexto

avultou-se a solicitação de ofertas dos fiéis por ocasião das

prestações ministeriais, resultando no Sistema de Taxas.

Juntamente com este reforçam-se as espórtulas pelos

sacramentos e coletas em geral.182

3.5. Sistema de Taxas: inadequado às

exigências pastorais de nossos dias.

No contexto acima descrito as iniciativas de taxas,

espórtulas e coletas foram satisfatórias para seus fins

econômicos e, por que não dizer, também pastorais. Hoje,

porém, a mentalidade e a Pastoral atual não aceitam mais

tais iniciativas.

As espórtulas ou ofertas por ocasião das prestações

ministeriais gerou em muitos fiéis a idéia de simonia ou

comércio das coisas sagradas. Como se os sacramentos

fossem comprados com dinheiro.

Tal processo desvirtua também o sentido

comunitário e a sua finalidade teocêntrica. Perde aquele

sentido de pertença ao Povo de Deus e por isso deve

contribuir para a manutenção da Comunidade eclesial. É

enquanto membro de uma comunidade visível e peregrina

sobre a Terra que o fiel deve ofertar bens materiais à Igreja.

A finalidade teocêntrica é percebida tendo-se presente a

182 Cf. Ibidem, 38-39.

82

concepção de Deus Criador e dador de tudo a todos. A

retribuição a Deus deveria ser a mola propulsora da oferta

do fiel, ao contrário, no sistema de taxas, percebe-se mais a

relação de contratação privada de serviços ou a compra de

um produto qualquer.

O sistema de taxas ignora também a diversidade e

desigualdade financeira entre os cristãos: o pobre e o rico

pagam a mesma quantia pela prestação. Como se todos

pudessem arcar igualmente com as mesmas despesas.183

Estas são razões que levaram a CNBB a optar pelo

Sistema do Dízimo, dando-lhe porém uma nova

configuração. Configuração esta que estamos trabalhando já

ao longo desta análise canônico - pastoral do Sistema do

Dízimo.184

4. Peculiaridades do Sistema do

Dízimo.

4.1. Conceituação.

Os Dízimos são – segundo P. CIPROTTI - um

imposto ou tributo genérico que pela lei da Igreja se deve

pagar periodicamente ao Pároco, ou, mais raramente, ao

Bispo ou a outra autoridade eclesiástica – para contribuir na

183 Cf. Ibidem, 39. 184 Cf. Ibidem

83

manutenção de quem administra os sacramentos, tem a cura

das almas e desempenha as funções de culto público.

Trata-se de um imposto – ainda segundo

P.CIPROTTI – que consiste numa quota ( originalmente e

ainda depois, a décima parte) dos frutos de animais (

Dízimos Sangüíneos ) ou de outras coisas ( Dízimos Reais

), ou da renda de capitais móveis ou de trabalho (Dízimos

Pessoais ).185

Coloca-se a pergunta: como é qualificável o “Sistema

do Dízimo”, enquanto desejado pela CNBB e promulgado

em várias Igrejas Particulares Brasileiras?

Precisemos alguns conceitos com os quais se poderia

qualificar este Sistema. Seria ele “tributo”, “taxa”,

“primícia”, “oferta espontânea” e “oferta solicitada”?

1. Tributo: por “tributo” se entende a prestação –

em dinheiro – exigida em forma obrigatória e

predeterminada aos fiéis pela autoridade

competente, independentemente de qualquer

serviço prestado aos mesmos. Trata-se de uma

prestação a título genérico, motivado pela

obrigação de subvencionar as necessidades da

Igreja:

185 Cf. P.CIPROTTI, “Decima”, in Enciclopedia del Diritto, XI,

Varese 1962, 805; cf. também “Decimae”, in FERRARIS,F.L.,

Bibliotheca Canonica Iuridica Moralis Theologica necnon Ascetica

Polemica Rubricistica Historica, III, Romae 1886, 11; “Oblationes”, in

FERRARIS, F.L., Bibliotheca Canonica Iuridica Moralis Theologica

necnon Ascetica Polemica Rubricistica Historica, IV, Romae 1889,

817-823.

84

“Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades

da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é

necessário (....)”186.187

É um direito do Bispo Diocesano impor tributos, para

atender às necessidades da Diocese, porém não é um direito

ilimitado, mas “segundo o direito”, de modo que se evite

todo abuso188:

“O Bispo diocesano, ouvidos o conselho econômico e

o conselho presbiteral, tem o direito de impor às

pessoas jurídicas públicas sujeitas a seu regime um

tributo moderado, proporcionado às rendas de cada

uma, em favor das necessidades da diocese; às outras

pessoas físicas e jurídicas ele somente pode impor

uma contribuição extraordinária e moderada, em

caso de grave necessidade e sob as mesmas

condições, salvas as leis e costumes particulares que

lhe confiram maiores direitos”189.190

2. Taxas: por “taxa” se entende um tributo a título

específico, ou seja, motivado pelo fato de

beneficiar-se de uma determinada prestação. O

“tributo” genérico tem o escopo de prover às

despesas comuns de utilidade geral, a “taxa” é

pedida como contribuição, daquele que se vale de

186 Cf. CIC83 c. 222§1. 187 Cf. F.COCCOPALMERIO, o.c., 36. 188 Cf. L. CHIAPPETTA, o.c., 4135. 189 Cf. CIC83 1263. 190 Cf. A. MOSTAZA RODRIGUEZ, “Derecho Patrimonial”, in DE

ECHEVERRIA, C. (a cura de), Nuevo Derecho Canónico, Manual

Universitário (B.A.C. 445), 2º ed. , Madrid 1983, 435.

85

um serviço ou de uma concessão que tem caráter

de interesse ou de vantagem privada.191

3. Primícias: por Primícias se entende os primeiros

frutos da Terra ou dos animais aos ministros do

culto, independentemente do Dízimo. No uso

hebraico deviam ser oferecidas ao Senhor a título

de “reconhecimento”. Tal uso vem invocado por

alguns Padres e Concílios. Permaneceu em

algumas regiões, com valor sobretudo simbólico.

Também por isto o CIC17 se remete aos costumes

locais192.193

4. Oferta: podemos falar de oferta solicitada e

espontânea. Por oferta solicitada se entende as

coletas que se faz ordinariamente em igrejas

durante a Santa Missa, ou feitas também em

outras ocasiões e em outros modos na

Comunidade Paroquial, para os fins próprios da

Igreja.194

Por oferta espontânea se entende a entrega de

bens – geralmente em forma de dinheiro – que se

oferece livremente e espontaneamente à Igreja.

191 Cf. Ibidem; L. RISTITS, o.c., 79; L. DE ECHEVERRIA (a cura

de), Código de Derecho Canónico, Edición Bilingue Comentada por

los Professores de la Facultad de Derecho 192 Cf. R. NAZ ( a cura de), o.c., 235; L. RISTITS, o.c., 76; P.G.

CARON, O.C., 190, n. 1; A. MOSTAZA RODRIGUEZ, o.c., 436. 193 Cf. CIC17 c. 1502. 194 Cf. G. DALLA TORRE, o.c., 511; A. MOSTAZA RODRIGUEZ,

o.c., 320; IDEM, o.c., 437; L. DE ECHEVERRIA, o.c., 601; F.

COCCOPALMERIO, o.c., 39-40; S.A.MORAN,-M.CABREROS DE

ANTA, o.c., 153; P. G. CARON, o.c., 190.

86

As oblações, em sentido lato, pode definir-se

“ofertas espontaneamente dadas para o culto

divino e para sustentação dos ministros”. Neste

largo significado as oblações compreendem todas

as disposições patrimoniais a favor de qualquer

pessoa ou Ente Eclesiástico, feitas por qualquer

pessoa com finalidade sobrenatural – “ad causas

pias” - , seja por “actum inter vivos” (doações)195,

seja por “actum mortis causa” (testamento)196.197

195 . “Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por

liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de

outra, que os aceita”, cf. art. 1.165 do Código Civil brasileiro; “In

sostanza a donazione non è che un atto di liberalità spontaneo con il

quale il donante apporta un vantaggio economico ad altra persona.

Esso piò concretarse o disponendo di un diritto (per esempio,

trasferimento del diritto di proprietà su un immobile a favore dell’altra

persona) o dichiarandosi debitore verso la stessa persona in relazione

ad una precisa obbligazione”: A. FAVATA, Dizionario dei Termini

Giuridici, 12ª ed., Piacenza 1990, 149. 196 Cf. A. FAVATA, o.c., 442. 197 Cf. F. COCCOPALMERIO, o.c., 39-40; P.G. CARON, o.c., 190;

A.MOSTAZA RODRIGUEZ, o.c., 436-437; G. DALLA TORRE,

o.c., 510; L. DE ECHEVERRIA, o.c., 601; L. RISTITS, o.c., 78;

A.DE ANGELIS, “I Consigli per gli Affari Econômici: Statuti e

Indicazioni Applicative”, in I Beni Temporali della Chiesa in Italia:

Nuova Normativa Canonica e Concordataria (Studi Giuridici 11),

Città del Vaticano 1986, 57; G. FORCHIELLI, “Oblazione ( dir. can.)

“, in AZARA,A.,-EULA,E.(a cura de), Novíssimo Digesto Italiano,

XI, Torino 1965, 721.

87

4.2. Peculiaridades.

Entendemos que o Sistema do Dízimo traz algumas

inovações em relação ao modo como era concebido e

praticado pelo Povo Bíblico. A estas inovações chamamos

“peculiaridades”: são características que dão nova

conotação ao Sistema do Dízimo.

O sistema do dízimo parece pastoralmente rico,

portanto, enquanto sistema de contribuição é:

1. pessoal;

2. livre (enquanto ninguém pode ser obrigado por lei

a ser dizimista; trata-se de um compromisso

religioso e moral, não jurídico);

3. espontânea (enquanto fixado de acordo com a

consciência formada de cada um sem aliquotas);

4. sistemática (enquanto contribuição responsável e

periódica, mensal, por exemplo);

A) Pessoalidade.

A primeira das características do Sistema do Dízimo,

as quais chamamos peculiaridades, é a sua dimensão

pessoal. Falamos de um Dízimo que é resultado do direito /

dever do fiel em manter a Obra Evangelizadora da Igreja,

retribuir amorosamente a Deus por tudo o que Ele dá sinal

de uma nova sociedade onde reine a justiça e a fraternidade.

88

Não se trata de “individualismo” mas sim

compromisso pessoal e insubstituível do fiel para com sua

Comunidade e seu Deus. Não podemos permitir que fiéis

irresponsáveis se escondam atrás de um Dízimo

“supostamente familiar” para se omitir neste dever divino

– natural.

Dói muito a sensibilidade pastoral ver, onde existe o

Dízimo familiar, filhos e maridos que trabalham, têm renda,

gastam com tudo “pessoalmente”, porém na hora de dar o

Dízimo se escondem atrás do dinheirinho suado da esposa e

mãe que dá seu Dízimo em nome da Família.

O sentido pastoral do Dízimo Familiar é profundo.

Cada fiel, mensalmente sentaria com sua família e, enquanto

Igreja doméstica, colocaria em comum seus ganhos e

despesas. O Pai de família recolheria as ofertas “pessoais”

de toda a família e daria numa única oferta “familiar”.

Infelizmente, o que é bonito na teoria, na prática não

funciona.

O Dízimo Pessoal pode e deve ser incentivado sem

negligenciar o nível de Igreja Doméstica. Cada fiel,

incentivado a dar o seu Dízimo pessoal, sobre seus

vencimentos, pode e deve ser motivado a faze-lo após uma

reunião familiar, onde cada um com todos os membros da

família refletiria e decidiria por quanto ou como ofertar.

O sentido pastoral do Dízimo, podemos dizer, passa

pelo nível pessoal, familiar, comunitário e chega ao nível

paroquial; este último o leva ao nível diocesano e

missionário.

89

B) Liberdade.

A segunda nota que caracteriza e distingue o Sistema

do Dízimo daquela Instituição Bíblica é a liberdade na

oferta. Esta deve ser livremente decidida. Não desejamos

uma alíquota tributável. Conseqüência da espontaneidade –

própria da oblação – o Sistema do Dízimo quer que o

volume da oferta seja livremente decidido. Só assim o

Dízimo refletirá o amadurecimento da fé de uma

Comunidade Eclesial.

Cada fiel que se disponha a oferecer o Dízimo o fará

conforme suas posses e segundo sua sensibilidade para com

as necessidades da Igreja. Não se quer impor alíquota, pois

cairíamos no inadequado Sistema das Taxas. Pretende-se

levar aos fiéis o espírito evangélico de desapego aos bens

materiais e gratidão a Deus.

Esta nota quer dar um sentido novo à oferta: quer que

seja fruto da conversão pessoal, não meramente fruto de um

dever pura e simplesmente, como já vimos ao longo deste

trabalho.

C) Espontaneidade.

A espontaneidade na decisão donativa, da parte do

fiel – fruto de conversão e compromisso para com sua Igreja

– é a terceira das suas notas a merecer nossa atenção.

O Sistema do Dízimo quer fundar-se na espontânea e

generosa disposição em atender às necessidades da Igreja,

fruto de conversão, da consciência eclesial, adquirida com

90

uma intensa participação na Vida da sua Comunidade

Eclesial.198

Esta espontaneidade quer atingir também as

promoções com fins específicos, como campanhas ou

quermeces. Que sejam realizadas à base de doações

espontâneas, eliminando toda forma de pressão direta ou

indireta sobre o fiel.

Deste modo poderemos dizer que o fiel contribui por

consciência eclesial de modo espontâneo, pois tem os

problemas de sua comunidade como sendo os seus

problemas.

A Pastoral do Dízimo não pode, sem trair o espírito

que a anima e as notas características deste Sistema, aceitar

a prática das assim chamadas “listas de prendas”,

pressionando os fiéis a darem uma contribuição não

desejada de uma quantidade não livremente escolhida.

É bom frisarmos que tais práticas, a saber, quermeces

e campanhas, devem ser exceção dentro do Sistema do

Dízimo. Trata-se de um recurso estremo e inadequado que

não pode ser usado, se não o exigir uma necessidade

extraordinária e igualmente excepcional, sob pena de se trair

profundamente o espírito da Pastoral do Dízimo.

Podemos afirmar, de nossa experiência, que o Sistema

do Dízimo só funciona quando é implantado de forma

radical, ou seja, quando ele abole toda e qualquer outra

forma de arrecadação. Quando o mesclamos com outros

“Sistemas” ou “Meios” vemos o Dízimo fracassar, pois os

fiéis dão o Dízimo como ato de Fé e confiança em Deus que 198 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 52.

91

dá o cêntuplo. Porém, quando eles percebem que da parte

dos líderes da Comunidade não existe a mesma confiança e

abandono na providência divina, eles se retraem.

O Dízimo Radical é um desafio para a fé, em primeiro

lugar dos Sacerdotes e outros ministros que vivem

integralmente para os serviços da Comunidade, pois é dele

que tirarão o sustento digno.

Com tal forma – espontânea – percebemos um grande

crescimento de fiéis e sacerdotes, pois todos se colocam

livremente nas mãos do Senhor, dador de todos os bens.

Esta atitude, uma vez amadurecida, pode facilmente levar os

jovens a buscar uma doação ainda maior e radical no

Sacerdócio ou na vida Consagrada.

D) Sistematicidade.

A concepção do dízimo como um sistema de

contribuição sistemática (não ocasional) por um lado, e de

contribuição livre, fruto de obrigação moral ( e não legal ou

jurídca) de outro, impõe a busca de caminhos próprios de

implantação, que não desdigam na prática os valores

pastorais que se querem realizar.

Se o dízimo é concebido como expressão de vivência

de fé em Comunidade, sinal da doação livre e responsável

diante de Deus, sua implantação e manutenção parecem

excluir todo tipo de organização complexa, precisa e

impessoal, que sugerisse tratar-se de um departamento

especializado dentro da Igreja, ou lembrasse uma sucursal

de coletoria de impostos. A montagem, portanto, de um

“aparelho de captação de dízimos” devido a sua frieza,

92

preocupação aritmética e impessoalidade, estaria excluída

pelo próprio sentido do Dízimo.

A espontaneidade, por sua vez, abandonada a si

mesma, muito rapidamente sucumbe a suas próprias

limitações. Um Sistema de Dízimos que simplesmente

deixasse plena espontaneidade para que cada um

contribuísse com quanto, como e quando quisesse, já não

poderia chamar-se de Dízimo e nem de Sistema.

Não teria nenhuma chance de se sistematizar e de

responsabilizar as pessoas. Já não seria mais Dízimo, mas se

classificaria dentro das “contribuições espontâneas” que,

com ou sem o Dízimo, sempre tiveram seu lugar nas

Comunidades religiosas.

É preciso ainda lembrar que, em um mundo técnico

como o que vivemos, tudo o que não tem um mínimo de

organização e controle é naturalmente menosprezado e não

é levado a sério. Igualmente, certas facilidades da sociedade

atual (cobranças em casa, pelo correio, pelos bancos) são

assumidos como verdadeiros valores que simplificam e

facilitam a vida.

Excluir a priori esses e outros meios semelhantes, em

função de uma visão idealista de responsabilidade pessoal,

pode inconscientemente não estar entendendo a mentalidade

do homem de hoje, e dificultando mais o cumprimento de

suas responsabilidades.

O problema pastoral que se coloca, portanto, é

encontrar caminhos que sejam realmente pastorais (não

meramente técnicos), e, ao mesmo tempo, acessíveis à

mentalidade do homem de hoje. Em outros termos, como

93

descobrir um tipo de organização que não sufoque a

expressão da liberdade pessoal, mas, ao mesmo tempo, não

sucumba a seus defeitos? Ou ainda, como usar os meios

modernos de oraganização, corrigindo sua frieza e

impessoalidade? Como usar a informática a serviço da

Pastoral do Dízimo?

Mais do que em outros aspectos, parece importante

aqui uma elástica variedade de meios, que atendam às

diferenças culturais regionais.199

Com o Dízimo a Comunidade Paroquial atenderá às

suas despesas ordinárias, como veremos mais

detalhadamente no primeiro item do próximo Capítulo,

reservado à administração do Dízimo.

4.3. Conseqüências.

Como conseqüência do Sistema do Dízimo, levando

em conta suas peculiaridades acima analisadas,

aconselhamos que se proíba “pedir” ou “aceitar” qualquer

“oferta” ou “taxa” por qualquer prestação, seja do Poder de

Ordem ou de Jurisdição.

Fica aos fiéis, porém, o dever de “pessoalmente,

livremente, espontaneamente e sistematicamente oferecer o

seu Dízimo dentro das suas capacidades, e segundo a

generosidade de seu coração.

199 Cf. Ibidem, 56-57.

94

Deve ser grande preocupação da Pastoral dos

Sacramentos afastar toda e qualquer impressão de Simonia.

Procuramos afastar até mesmo a mais sutil aparência de

“negócio ou comércio” dos serviços, principalmente

daqueles de natureza sacramental:

“Deve-se afastar completamente (...) até mesmo

qualquer aparência de negócio ou comércio”200.

Os fiéis que, impulsionados pelo sentido religioso e

eclesial, querem unir, por uma mais ativa participação à

Celebração Eucarística, uma contribuição pessoal às

necessidades da Igreja e particularmente ao sustento dos

seus ministros201, podem e devem fazê-lo na oferta do

Dízimo.

Assim, o Sistema do Dízimo garante a mesma

característica das “oblações” e salvaguarda o mesmo direito

do fiel praticar sua piedade, contribuindo materialmente

para com a Igreja:

“Os fiéis que oferecem espórtula para que a missa

seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com

essa oferta, para o bem da Igreja e participam de seu

empenho no sustento de seus ministros e obras”202.

Segundo o c. 948 e o decr. Mos Iugiter, 22 de

fevereiro de 1991, da “Congregação para o Clero”, art. 1§1,

o fiel tem direito de oferecer uma oferta pela aplicação de

uma singular S. Missa segundo sua intenção particular.

200 Cf. CIC83 c. 947. 201 Cf. PAULUS VI, m.p. Firma in Tradione, 13 de junho de 1974,

AAS 66(1974)308. 202 Cf. CIC83 c. 946.

95

O Sacerdote é obrigado à aplicação de Ss. Missas

distintas por cada intenção pela qual foi oferecida e aceita

uma oferta:

“Devem aplicar-se missas distintas, nas intenções

daqueles em favor de cada um dos quais oferecida e

aceita uma espórtula, mesmo diminuta”203.

Dentro do Sistema do Dízimo, na sua forma radical,

sob a proibição de “aceitar” ou “pedir” qualquer oferta, pela

aplicação da S. Missa, o fiel mantém o mesmo direito de

receber a aplicação singular. Este direito lhe é mantido pois

já foi feita sua oferta no Dízimo. Uma vez pedida a

aplicação de sua intenção e aceita pelo Sacerdote, ele é

obrigado a satisfazê-la “por justiça”204.

Contrariam esta norma os Sacerdotes – mesmo dentro

do Sistema do Dízimo – que recebem pedidos de aplicação

da S. Missa por intenções singulares, e pretendem satisfazê-

las com uma única celebração.205

Isto poderia ser feito somente se os fiéis interessados,

prévia e explicitamente advertidos, livremente consentissem

que suas intenções fossem satisfeitas com uma única

Celebração Eucarística, segundo uma única intenção

“coletiva”206.

Neste caso deveria ser publicamente indicado o dia, o

lugar e o horário no qual tal S. Missa seria celebrada, porém

203 Cf. CIC83 c. 948. 204 Cf. CONGREGATIO PRO CLERICIS, decr. Mos Iugiter, 22

fevereiro de 1991, art. 1§1. 205 Cf. Ibidem, art. 1§2. 206 Cf. Ibidem, art. 2§1.

96

não mais de duas vezes por semana207, para manifestar seu

caráter de “exceção”, e seu alargar-se deve ser considerado

como um abuso208.

O Sistema do Dízimo implantado assim radicalmente,

não viola estas normas da Legislação Universal. Se no

Sistema do Dízimo os fiéis não “podem” e não “devem” dar

nenhuma oferta por ocasião dos serviços da Igreja – seja do

Poder de Ordem, seja do de Jurisdição – podem e devem

fazê-lo na oferta do seu Dízimo.

Se os Sacerdotes não podem “pedir” nem “aceitar”

nenhuma oferta por estas prestações, seu honesto sustento é

garantido por uma “justa remuneração através do Dízimo:

“Os clérigos, quando se dedicam ao ministério

eclesiástico, merecem uma remuneração condizente

com sua condição, levando-se em conta, seja a

natureza do próprio ofício, sejam as condições de

lugar e tempo, de modo que com ela possam prover

às necessidades de sua vida e também à justa

retribuição daqueles de cujo serviço necessitam”209

É importante para compreendermos melhor a

disciplina referente a esta matéria, ler as palavras de

G.AGUSTONI, então secretário da “Congregação para o

Clero”, comentando o supra citado decreto:

“A Lei Canônica, de fato, estabelece que cada

Sacerdote que aceita a tarefa de celebrar uma S.

Missa segundo as Intenções dos ofertantes, deve

207 Cf. Ibidem, art. 2§2. 208 Cf. Ibidem, art. 2§3. 209 Cf. CIC83 c. 281§1.

97

cumpri-la, por um dever de justiça, ou pessoalmente,

ou então confiando a realização a outro Sacerdote,

independentemente da importância da oferta”210.

Continua:

“A praxe anômala, ao invés, consiste em aceitar, ou

em recolher, indistintamente ofertas para a

celebração de Ss. Missas, segundo as intenções dos

ofertantes, cumulando as ofertas e as intenções

pretendendo de satisfazer às obrigações que delas

derivam com uma única S. Missa celebrada segundo

uma intenção que é realmente coletiva. Nem vale o

pretexto que nestes casos as intenções dos ofertantes

sejam especificadas durante a celebração, porque

não se vê em que medida este procedimento satisfaça

a obrigação da qual o c. 948 do CIC83, de aplicar

tantas Missas quantas são as intenções”211.

E conclui:

“Não raramente, de fato, ouve-se repetir daqueles

que a celebração eucarística é uma ação da Igreja e

por isto eminentemente comunitária; e portanto seria

alheio pela natureza mesma da Missa a idéia de

‘privatisá-la’ fixando intenções particulares, ou

querendo destinar seus frutos segundo os nossos

entendimentos. Estas argumentações manifestam a

confusão doutrinal de certa eclesiologia em relação

aos méritos infinitos do único sacrifício da Cruz, em

relação à celebração do sacramento daquele único 210 Cf. G. AUGUSTONI, A Tutela di Una Pia e Preziosa Tradizione,

L’osservatore Romano 68(1991)5. 211 Cf. I., Ib.

98

sacrifício que Cristo confiou à Igreja, e em relação

ao “thesaurus Ecclesiae” do qual a Igreja dispõe.

Nem se pode esquecer que a doutrina católica tem

constantemente ensinado que os frutos do Sacrifício

eucarístico são atribuidos: antes de tudo àqueles que

a Igreja mesma nomeia nas ‘intercessões’ da Oração

Eucarística, depois ao Ministro Celebrante (o assim

chamado fruto ministerial), portanto aos ofertantes, e

assim por diante”212.

Outro erro que poderia resultar do Sistema do

Dízimo, é quanto ao teor do c. 534, §1 do CIC83:

“Depois de ter tomado posse da paróquia, o pároco é

obrigado a aplicar a missa pelo povo que lhe é

confiado, todos os domingos e festas de preceito de

sua diocese; mas, quem estiver legitimamente

impedido de fazê-lo, aplique nesses mesmos dias por

meio de outro, ou ele mesmo em outros dias”.213

Trata-se de um dever grave e de justiça porque se

fundamenta sobre o ofício pastoral, mesmo. É pessoal e real,

imprescritível, no sentido de que o Pároco é obrigado a

celebrar e a aplicar a S. Missa pessoalmente, ou em caso de

legítimo impedimento, através de um outro sacerdote, mas

212 Cf. Ibidem 213 Cf. P. LOMBARDIA, -J.I.ARRIETA(a cura de), Codigo de

Derecho Canonico, Edición Anotada, Pamplona 1983, 373-374;

L.CHIAPPETTA, o.c., 2310; P.V.PINTO(a cura de), Commento al

Codice di Diritto Canonico, Roma 1985, 322; L.DE ECHEVERRIA(a

cura de), o.c., 287-288.

99

tal impedimento não o exime da obrigação –

“imprescritível”.214

O erro, que não é fictício, mas real, se daria se o

Pároco, por causa do alargar-se abusivo das chamadas

“intenções coletivas”, pensasse não ser vinculado a este c.

uma vez que “todas as Missas são ‘pro populo’!”.

Este abuso deve ser severamente impedido e corrigido

a teor do §3 do mesmo c.:

“O pároco que não tiver cumprido a obrigação

mencionada nos §§ 1 e 2, aplique quanto antes tantas

missas pelo povo quantas tiver omitido”.

214 Cf. L.CHIAPPETTA, o.c., 2310.

100

CAPÍTULO III:

A ADMINISTRAÇÃO DO DÍZIMO

1. Noções de Administração.

Antes de tratarmos especificamente da administração

do Dízimo e seus órgãos administrativos, é importante ter

presente alguns elementos gerais referentes à

“administração” e “vigilância”, “administração ordinária” e

“administração extraordinária”.

Não pretendo alargar-me excessivamente nestas

precisações, apenas apresentar alguns elementos que nos

serão úteis ao concebermos a administração do Dízimo.

1. Administração: por administração, em sentido

restrito, compreende-se todos os atos, pelos quais

são conservadas as coisas adquiridas; as façam

melhores, mais úteis e mais fecundas; os atos

101

pelos quais se recebe os seus frutos no tempo

devido e convenientemente os aplica.215

2. Vigilância: por vigilância se entende o direito de

visitar e de exigir contas; o direito de prescrever

o modo da administração, mas somente “ad

normam iuris”.216

3. Administração Extraordinária: os atos da

extraordinária administração são aqueles que

excedem os fins e o modo da administração

ordinária, segundo V. De Paolis.217

A noção canônica de ato de extraordinária

administração e ato de ordinária administração não coincide

exatamente com a distinção que fazem os civilistas, entre

“atos de administração” e de “disposição”218.

Para o Direito Canônico todo negócio patrimonial é

ato de administração e todos eles formam parte da gestão do

patrimônio eclesiástico. A diferença entre uns e outros é que

o “ato de extraordinária administração” comporta um

excesso no fim e no modo em relação ao “ato de

administração ordinária”.219

Se a norma não estabelece expressamente, a natureza

de um negócio patrimonial concreto será determinada 215 Cf. G. VROMANT, De Boni Ecclesiae Temporalibus, Paris 1953,

180; cf. também V. DE PAOLIS, De Bonis Ecclesiae Temporalibus

Adnotationes in Codicem: Liber V, Romae 1986, 76. 216 Cf. G. VROMANT, o.c., 183. 217 Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 77. 218 Cf. P. LOMBARDIA, -J.I.ARRIETA(a cura de), o.c., 765; cf.

também A. FAVATA, o.c., 29. 219 Cf. P. LOMBARDIA, -J.I.ARRIETA(a cura de), o.c., 765.

102

recorrendo-se a critérios qualificadores do excesso, tais

como:

1. a quantia em que diminui o patrimônio;

2. o risco de graves perdas;

3. a incidência na substância, ou somente nos frutos;

4. perigos de alteração da estabilidade do patrimônio

básico;

5. a natureza da coisa objeto do ato de administração

e serviço que vem prestando;

6. a modalidade e complexidade do negócio;

7. o valor da coisa;

8. a duração dos prazos de execução que poderiam

estipular-se;

9. a incerteza dos resultados econômicos.220

Para que sejam válidos os “atos de extraordinária

administração” se dispõem que os administradores

obtenham previamente autorização do Ordinário dada por

escrito, sem prejuízo dos estatutos:

“Salvas as prescrições dos estatutos, os

administradores praticam invalidamente atos que

excedam os limites e o modo da administração

220 Cf. Ibidem

103

ordinária, a não ser que previamente tenham obtido,

por escrito, a autorização do Ordinário.”221

Se o ato constituísse alienação de bens, então se

deveria observar o estabelecido pelos cc. 1291-1295 do

CIC83222:

“Para alienar validamente bens que por legítima

destinação constituem patrimônio estável de uma

pessoa jurídica pública, e cujo valor supera a soma

definida pelo direito, requer-se a licença da

autoridade juridicamente competente”223.

1.1. Alienação.

“Alienação, em sentido estrito, é qualquer ato em que

se transmite o domínio radical de uma coisa. Mas, de

acordo com o cân. 1295, equiparam-se à alienação

todos os negócios em que a condição patrimonial de

uma pessoa jurídica se torna “pior”, ou seja, em que

diminui não só o domínio radical (propriedade), mas

também o domínio útil (uso ou disposição). De

acordo, pois com essa norma, cuja interpretação se

deduz do Motu Proprio Pastorale Munus, n.º 32, que

lhe serviu de fonte (30 de novembro de 1963: AAS 56,

pp. 5-12), as formalidades requeridas para a

‘alienação’ são requeridas nas seguintes operações:

221 Cf. CIC83 c. 1281§1. 222 Cf. P. LOMBARDIA, -J.I. ARRIETA( a cura de), o.c., 765. 223 Cf. CIC83 c. 1291.

104

venda, doação, hipoteca, penhor, redenção do cânon

enfitêutico e assunção de dívidas (normalmente, por

empréstimo). Já não se deve incluir neste conceito o

aluguel ou arrendamento (cf. cân. 1297). Para medir

o valor econômico da operação e conseqüentemente

determinar a autoridade competente para dar a

licença valem os seguintes princípios:

a) Para a venda e a doação computa-se o valor

determinado pela avaliação dos peritos, de acordo

com o cân. 1293 §1, 2..

b) Para o penhor, a hipoteca e a tomada de

empréstimo sem garantia pignoratícia ou

hipotecária, o valor da dívida que se contrai, mas

devem manifestar-se à autoridade competente as

outras dívidas que, porventura, gravam a pessoa

jurídica em questão, e o plano de amortização.

c) Para a redenção do cânon enfitêutico, a avaliação

do valor dessa redenção, de acordo com o ditame

de peritos.”224

Outro c. importante neste ponto:

“§ 1. Salva a prescrição do cân. 638, §3, quando o

valor dos bens, cuja alienação se propõe, está entre a

quantia mínima e a máxima a serem estabelecidas

pela Conferência dos Bispos para sua própria região,

a autoridade competente, em se tratando de pessoas

jurídicas não sujeitas ao Bispo Diocesano, é

determinada pelos próprios estatutos; caso contrário,

224 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.

c., 558-559.

105

a autoridade competente é o Bispo diocesano com o

consentimento do conselho econômico e do colégio

dos consultores, bem como dos interessados. O

próprio Bispo diocesano precisa também do

consentimento deles para alienar bens da diocese.

“§ 2. Tratando-se, porém, de coisas cujo valor supera

a soma máxima, de ex-votos dados à Igreja, ou de

coisas preciosas por seu valor artístico ou histórico,

para a alienação válida se requer ainda a licença da

Santa Sé.

“§ 3. Se a coisa a ser alienada for divisível, ao se

pedir a licença para a alienação, devem-se declarar

as partes anteriormente alienadas; do contrário, a

licença é nula.

“§ 4. Quem deve participar na alienação de bens com

seu conselho ou consentimento não dê o conselho ou

consentimento sem antes ter sido exatamente

informado, tanto da situação econômica da pessoa

jurídica, cujos bens se querem alienar, quanto das

alienações já feitas anteriormente.”225

1.2. Determinações da CNBB.

“A quantia máxima referida no cân. 1292 é a de três

mil vezes o salário mínimo vigente em Brasília DF e

225 Cf. CIC83 c. 1292.

106

a quantia mínima é a de cem vezes o mesmo

salário.”226

Condições para a alienação:

“§ 1. Para a alienação de bens cujo valor excede a

soma mínima fixada, requer-se ainda:

1.º justa causa, como necessidade urgente, evidente

utilidade, piedade, caridade ou outra grave razão

pastoral;

2.º avaliação escrita da coisa a ser alienada, feita por

peritos.

Ҥ2. Observem-se ainda as outras cautelas prescritas

pela legítima autoridade, a fim de se evitarem danos

à Igreja.”227

Preço da alienação:

“§ 1. Ordinariamente não se pode alienar uma coisa

por preço inferior ao indicado na avaliação.

§ 2. O dinheiro recebido pela alienação seja

cuidadosamente investido em favor da Igreja, ou

então prudentemente empregado de acordo com as

finalidades da alienação.”228

226 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

Legislação Complementar ao Código de Direito Canônico, c. 1292. 227 Cf. CIC83 c. 1293. 228 Cf. CIC83 c. 1294.

107

1.3. Abrangência do conceito de

“alienação”.

“O que se exige de acordo com os cânn. 1291-1294,

com os quais se devem conformar também os

estatutos das pessoas jurídicas, seja observado, não

só na alienação, como ainda em qualquer negócio, no

qual a situação patrimonial da pessoa jurídica possa

ficar em condição pior.”229

O c. 1281, §2 do CIC83 pretende introduzir certa

segurança na qualificação dos atos de “extraordinária

administração” e encomenda sua definição aos estatutos das

respectivas pessoas jurídicas. Na falta destes, é o Bispo

Diocesano, ouvido o Conselho para Assuntos Econômicos,

quem deve determinar quais são estes atos230:

“Sejam determinados nos estatutos os atos que

excedem o limite e o modo da administração

ordinária; no entanto, se os estatutos silenciam a

respeito, compete ao Bispo Diocesano, ouvido o

conselho econômico, determinar tais atos, para as

pessoas que lhe estão sujeitas.”231

O Ordinário Local tem o direito e o dever de “vigiar”

sobre todos os bens eclesiásticos das pessoas jurídicas

públicas sujeitas à sua autoridade, como prescreve o c.

1276§1 do CIC83:

229 Cf. CIC83 c. 1295. 230 Cf. Ibidem 231 Cf. CIC831281§2; cf. também V. DE PAOLIS, o.c., 90.

108

“Cabe ao Ordinário local supervisionar

cuidadosamente da administração de todos os bens

pertencentes às pessoas jurídicas públicas que lhe

estão sujeitas, salvo títulos legítimos pelos quais se

atribuam maiores direitos ao Ordinário.”

O Romano Pontífice, em virtude do primado de

governo, é o administrador supremo dos bens eclesiásticos

na Igreja Universal. O Bispo Diocesano, em virtude da sua

autoridade pastoral, é o primeiro responsável pela

administração dos bens eclesiásticos, compreendidos no

âmbito da Igreja Particular e pertencentes às pessoas

jurídicas públicas sujeitas à sua jurisdição.

São associados ao Bispo Diocesano os outros

Ordinários da Diocese, segundo o c. 134§1-2. Os Ordinários

Locais têm, principalmente, o dever e o direito de vigiar

com cura – “sedulo” – sobre a administração de tais bens232:

“§ 1. Com o nome de Ordinário se entendem, no

direito, além do Romano Pontífice, os Bispos

diocesanos e os outros que, mesmo só interinamente,

são prepostos a alguma Igreja particular ou a uma

comunidade a ela equiparada, de acordo com o cân.

368; os que nelas têm poder executivo ordinário

geral, isto é, os Vigários gerais e episcopais;

igualmente, para os seus confrades, os Superiores

maiores dos institutos religiosos clericais de direito

pontifício e das sociedades clericais de vida

apostólica de direito pontifício, que têm pelo menos

poder executivo ordinário.

232 Cf. L. CHIAPPETTA, o.c., 4181.

109

§2. Com o nome de Ordinário local se entendem

todos os mencionados no §1, exceto os Superiores dos

Institutos religiosos e das sociedades de vida

apostólica.”233

2. O Conselho Paroquial do Dízimo

(CPD).

O principal órgão dentro da administração paroquial

é o “Conselho Paroquial do Dízimo”, uma vez que ele é a

principal forma de arrecadação, se não a única, dentro do

Sistema do Dízimo, implantado em sua radicalidade.

Toda Paróquia deve criar seu Conselho do Dízimo

que se encarregará de administrá-lo, como veremos mais

detalhadamente no próximo capítulo.

Justifiquemos a nomenclatura utilizada. Trata-se de

um “Conselho” pois sua função é sempre sob a autoridade

administrativa e deliberativa do Pároco. Chamamos este

Conselho de Paroquial do Dízimo para reforçarmos o

papel do Dízimo dentro da vida econômica da Paróquia. Ele

poderia ser chamado de Conselho para Assuntos

Econômicos pois sua natureza é bem esta e suas atribuições

são as atribuições deste Conselho do c. 1280 do CIC83:

“Toda pessoa jurídica tenha o seu conselho

econômico ou pelo menos dois conselheiros, que

233 Cf. CIC83 c. 134§1-2.

110

ajudem o administrador no desempenho de suas

funções, segundo os estatutos.”

Referindo-se especificamente à Paróquia, o c. 537 do

CIC83 resulta como conseqüência lógica do c. anterior:

“Em cada paróquia, haja o conselho econômico, que

se rege pelo direito universal e pelas normas dadas

pelo Bispo diocesano; nele os fiéis, escolhidos de

acordo com essas normas, ajudem o pároco na

administração dos bens da paróquia, salva a

prescrição do cân. 532.”

“O conselho econômico é obrigatório, como o é em

todas as pessoas jurídicas canônicas (cf. cân. 1280).

Poderia coincidir com o conselho pastoral

paroquial? Não há nenhuma norma que o proíba” 234,

segundo J. Hortal.

Não é necessário lembrar que permanece salvo o teor

do c. 532 do CIC83:

“Em todos os negócios jurídicos, o pároco representa

a paróquia, de acordo com o direito; cuide que os bens da

paróquia sejam administrados de acordo com os cân. 1281-

1288.”

Como se compreende da sua própria designação, o

Conselho Paroquial do Dízimo é Paroquial: sua ação tem

dimensões paroquiais e seus membros são e devem ser

sempre uma representação paroquial.

234 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

Código de Direito Canônico, 2ª Edição revista e ampliada com a

legislação complementar da CNBB, S. Paulo 1987, 255.

111

2.1. Atribuições.

O CPD – Conselho Paroquial do Dízimo –

movimenta uma conta corrente “pessoa jurídica”, conjunta

com o Pároco e em nome da Paróquia. Deve ser uma conta

corrente assinada solidariamente pelo Pároco e o Ecônomo

paroquial. Assim manifesta-se a real paroquialidade do

Dízimo.

O Dízimo é Paroquial. Não é nem da Comunidade

Matriz, nem das Capelas, mas da Paróquia.

Neste caixa Dízimo, pode entrar, além do Dízimo

propriamente dito, as coletas – exceto as com fins

específicos -, ofertas espontâneas e doações.

Este caixa deve atender às necessidades da vida

paroquial, a saber:

- a sustentação dos Sacerdotes, Diáconos e outros

ministros;

- a previdência social dos Sacerdotes, Diáconos e

outros ministros;

- remuneração de irmãs;

- remuneração de demais funcionários;

- bem como suas obrigações trabalhistas;

112

- despesas com o Culto de todas as Comunidades da

Paróquia;

- despesas com limpeza e manutenção de todos os

Templos e demais Prédios da Paróquia;

- tarifas de luz, água e telefone;

- combustível.

Cada Comunidade dentro da Paróquia deve ter um

“Coordenador” do Dízimo. Este agente de Pastoral do

Dízimo integra a Equipe Paroquial de Pastoral do Dízimo

(PD), como aprofundaremos no próximo capítulo.

Ora, se o caixa Dízimo atende todas as “despesas

ordinárias” da Paróquia, o seu Conselho deve ter,

necessariamente, poder administrativo ordinário em todos

estes negócios; segundo os esclarecimentos acima sobre a

“administração ordinária”.

Sim, de fato ele administra todo o montante

econômico para cobrir tais despesas. Efetua todos os

pagamentos, contabiliza, elabora o balancete, que deve ser

mensal, e o apresenta ao Pároco.

Seu poder administrativo é ordinário, porém sempre

sob a Presidência e vigilância do Pároco.

113

2.2. Transparência.

Na computação do Dízimo Paroquial é bom que

apareça, discriminadamente, o Dízimo que cada

Comunidade ofertou naquele mês; isto ajuda numa maior

transparência na administração e credibilidade diante dos

fiéis. Faz muito bem para a Comunidade saber quanto

arrecadou e em que seu dinheiro foi aplicado.

Este balancete, uma vez aprovado pelo Pároco, deve

ser exposto e divulgado por todos os recantos da Paróquia.

A transparência na administração do Dízimo é uma das

causas de seu sucesso ou fracasso.

A mesma prestação de contas deve acontecer a nível

diocesano; da Paróquia em relação à Diocese e desta em

relação à Paróquia, manifestando assim a unidade do Povo

de Deus, como Comunidade de Irmãos: onde existe

transparência existe confiança e colaboração. Dízimo

Radical não funciona com desconfianças ou suspeitas a

nível administrativo.

A fim de um efetivo exercício da vigilância, em vista

de uma maior transparência na administração, o c. 1287 do

CIC83 prescreve que os administradores, clérigos ou leigos,

de qualquer bem eclesiástico, que não sejam legitimamente

isentos da jurisdição do Bispo Diocesano235, apresentem

anualmente a prestação de contas ao Ordinário Local, que o

235 Cf. nos cc. 591, 593, 532 a situação dos Institutos de Direito

Pontifício.

114

passará pelo exame colegial do Conselho Diocesano para

Assuntos Econômicos236:

“Reprovado o costume contrário, os administradores,

tanto clérigos como leigos, de quaisquer bens

eclesiásticos que não estejam legitimamente

subtraídos ao poder de regime do Bispo diocesano,

são obrigados, por ofício, a prestar contas

anualmente ao Ordinário local, que as confie, para

exame, ao conselho econômico.”

A Legislação Particular, porém, deve determinar que,

quanto à administração do Dízimo, esta prestação de contas,

seja a nível paroquial, seja a nível diocesano, aconteça cada

mês, para uma mais atenta e transparente vigilância, nos

termos dos esclarecimentos feitos acima, sobre “vigilância”,

“administração ordinária” e “administração

extraordinária”.

2.3. O Papel do Pároco.

Segundo o c. 1279 do CIC83 a administração dos

bens eclesiásticos corresponde a quem de maneira imediata

governa a pessoa a quem pertencem esses bens:

“A administração dos bens eclesiásticos compete

àquele que governa imediatamente a pessoa a quem

esses bens pertencem, salvo determinação contrária

do direito particular, dos estatutos ou de algum

236 Cf. L. CHIAPPETTA, o.c., 4203.

115

legítimo costume, e salvo o direito do Ordinário de

intervir em caso de negligência do administrador”237

Aplicando-o com o c. 532 do mesmo CIC83, temos

que o Pároco representa a Paróquia em todos os negócios

jurídicos:

“Em todos os negócios jurídicos, o pároco representa

a paróquia, de acordo com o direito; cuide que os

bens da paróquia sejam administrados de acordo com

os cân. 1281-1288.”

Sua negligência nesta matéria é uma das causas de

possível remoção segundo o c. 1741 n. 5 do CIC83:

“As causas pelas quais o pároco pode ser

legitimamente destituído de sua paróquia são

principalmente estas: (....)

5.º má administração dos bens temporais com grave

prejuízo da Igreja, sempre que não se possa dar outro

remédio para esse mal.”238

É importante ter presente a distinção feita por V. De

Paolis, quanto a representar uma pessoa jurídica, dirigi-la e

administrar os seus bens:

“Representar uma pessoa jurídica, dirigir uma

pessoa jurídica, administrar bens de uma pessoa

jurídica não são a mesma coisa. Estes três múnus

podem residir em diversas pessoas, mas podem

237 Cf. CIC83 c. 1279§1. 238 Cf. L. DE ECHEVERRIA( a cura de), o.c., 286.

116

também cumular, ad normam iuris universal,

particular e dos próprios estatutos”239.

Mesmo existindo na Paróquia um Conselho com

função administrativo–ordinária de uma “massa econômica

paroquial”, como o é o Dízimo, o Pároco continua sendo o

representante da Paróquia em todos os negócios jurídicos e

o administrador “ipso iure” de todos os seus bens.

O Conselho Paroquial do Dízimo (ou Conselho

Para Assuntos Econômicos), com competência ordinária

na administração paroquial age sempre sob a autoridade e

em conjunto com o Pároco.

Se o Pároco deve cuidar que os bens eclesiásticos

sejam administrados “ad normam iuris”240, ele deve valer-se

do auxílio de um Conselho com função administrativo–

ordinária, para todos os assuntos referentes àqueles negócios

que a Legislação Particular qualificar como ordinários.

Vale notar que

“na ordem civil, normalmente, as paróquias são

consideradas no Brasil como filiais da diocese, para

agir validamente, os párocos precisam de procuração

da mitra diocesana. O Bispo não pode normalmente

negar essa procuração, pois isso descaracterizaria o

ofício do pároco, tal como está estabelecido no

Código”241.

239 Cf. V. DE PAOLIS, o.c. 80. 240 Cf. CIC83 c. 532. 241 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

Código de Direito Canônico, S. Paulo 1983, 252.

117

2.4. Honesta Sustentação dos Ministros.

Quanto ao “digno sustento” dos ministros sagrados, o

Conselho Paroquial do Dízimo pagará aos Sacerdotes e

demais ministros aquela soma pecuniária estabelecida pelo

Ordinário Local no Direito Particular, juntamente com a

previdência social de ambos.

Além desta “soma pecuniária”, como parte da sua

“justa remuneração”, o Conselho Paroquial do Dízimo dá

aos Ministros sagrados, na maioria das Dioceses onde foi

implantado, os seguintes itens:

- Casa mobiliada,

- Automóvel para uso exclusivo,

- Combustível,

- Água,

- Luz,

- Telefone,

- Reformas,

- uma doméstica mantida pela Paróquia.

Em algumas Dioceses os Ministros Sacros ganham

também a “Alimentação” e a “Manutenção Higiênica da

118

Casa Paroquial” – também chamada em algumas regiões

de “Canônicas”.

Os Ministros Sagrados que não trabalham em

Paróquias, mas servem a Cúria Diocesana ou Seminário,

normalmente recebem da Mitra Diocesana a mesma soma

pecuniária e mais as mesmas condições materiais de

habitação e locomoção daqueles que trabalham em

Paróquias.

Assim evita-se as constrangedoras desigualdades no

nível de vida dos ministros.

Este ponto merece alguns esclarecimentos de cunho

canônico. A “justa remuneração” assegurada pela Igreja ao

Sacerdote que se dedica ao exercício do ministério segundo

o mandato do Bispo Diocesano não é mensurável segundo o

critério da contraprestação e da proporcionalidade em

relação às condições singulares do ministério de cada

Sacerdote.

A Igreja de “per se” não assegura uma retribuição ao

trabalho ou aos trabalhos prestados pelo Sacerdote, mas lhe

garante o honesto sustento, segundo sua missão recebida

do Bispo:

“Os clérigos, quando se dedicam ao ministério

eclesiástico, merecem uma remuneração condizente

com sua condição, levando-se em conta, seja a

natureza do próprio ofício, sejam as condições de

lugar e tempo, de modo que com ela possam prover

119

às necessidades de sua vida e também à justa

retribuição daqueles de cujo serviço necessitam”.242

“Os diáconos casados, que se dedicam em tempo

integral ao ministério eclesiástico, têm direito a uma

remuneração com que possam prover ao sustento seu

e da própria família; todavia, os que receberem

remuneração em razão de profissão civil, que

exercem ou exerceram, atendam às necessidades

próprias e de sua família com as rendas daí

provenientes”.243

A qualidade e a pluralidade dos encargos são

componentes a considerar, para a determinação da “justa

remuneração”. Não é, porém, determinante por si em

ordem a uma diversa configuração dos conceitos em jogo.

Uma vez que se veja assegurado o honesto sustento, o

Sacerdote recebeu aquilo que a Igreja é empenhada a

assegurar-lhe mediante a incardinação e não pode, de per se,

exigir outros direitos.244

Sob este ponto de vista, a diferença entre a

“remuneração” do sacerdote e o salário ou o estipêndio do

funcionário, é radicada no fato que não existe a prestação

trabalhista, que exige ser proporcionalmente

reconhecida e retribuída.

A pessoa do Sacerdote e sua prestação ignora esta

lógica e é mensurável somente pelo mandato recebido e pela

intensidade do espírito de dedicação.

242 Cf. CIC83 c. 281§1. 243 Cf. CIC83 c. 281§3. 244 Cf. A. NICORA, Tratti Caratteristici e Motivi Ispiratori del Nuovo

Sistema di Sostentamento del Clero, L’amico del Clero 71(1989)341.

120

A Igreja é obrigada a prover-lhe simplesmente os

fundos necessários para o honesto sustento, para que o seu

serviço ministerial possa continuar a exprimir-se com

serenidade e plena liberdade apostólica.245

É importante salientar que o ideal para o Ministério é

que os Clérigos não necessitem exercer nenhuma atividade

profissional ou lucrativa, mas se dediquem exclusivamente

ao seu trabalho pelo Reino.

Esclarecemos que estamos falando de o Clérigo

“necessitar” de exercer atividade economicamente rentável

para se manter: é viável e louvável, porém, que os clérigos

exerçam atividades comumente chamadas de profissionais,

pois ele pode ser uma presença da Igreja no mundo do

trabalho. Assim todo o enfoque muda: não se visa o lucro da

atividade, mas os frutos ministeriais daquele contato com o

ambiente do trabalho.

Dentre estas atividades a que mais nos chama a

atenção é o Magistério, onde o Clérigo pode desempenhar

um trabalho maravilhoso num mundo tão secularizado.

Outro ambiente tão carente da presença Sacerdotal é o

245 Cf. IDEM, o.c., 342; para um maior aprofundamento do tema

“sustentação do clero” cf. M. PIACENTINI, “Congrua”, in

AZARA,A.,-EULA,E., Novissimo Digesto Italiano, IV, Torino 1959,

96-108; M. FERRABOSCHI, “Congrua”, in FAVALA,A.(a cura de),

I Sacerdoti nello Spirito del Vaticano II, Torino 1968, 1035-1078;

IDEM, La Posizione Economica del Clero Nelle Principali Esperienze

del Mundo Contemporaneo, L’amico del Clero 47(1975)300-322; V.

DE PAOLIS, “Il Sostentamento del Clero dal Concilio al Codice di

Diritto Canonico”, in LATOURELLE,R.(a cura de), Vaticano II:

Bilancio e Prospettive Venticinque Anni Dopo(1962-1987), Assisi

1987, 571-595.

121

mundo da Política. Lembrando sempre que não se trata do

Sacerdote despir-se da sua identidade Sacerdotal e tornar-se

um professor ou um político que reza missas. Trata-se de ser

Sacerdote nos vários campos onde exerce este e outros

encargos próprios do mundo do trabalho.

2.5. Previdência Social.

Quanto à Previdência social dos Clérigos, as

Legislações Particulares devem prover a isto.

Dentro do Sistema do Dízimo, implantado em sua

radicalidade, o Conselho Paroquial do Dízimo pagará a

Previdência do Estado, atualmente INSS.

Com tal medida as Legislações Particulares vêm de

encontro com o estabelecido no c. 281§2 do CIC83:

“Assim também, deve-se garantir que gozem de

previdência social tal, que atenda convenientemente

às suas necessidades, em caso de enfermidade,

invalidez ou velhice.”246

Segundo V. DE PAOLIS, o.c., 127§2 do CIC83 dá

precedência à previdência social organizada na Sociedade

civil:

246 . Para uma fundamentação, cf. decr. Christus Dominus, 28 de

outubro de 1965, 16; decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de

1965, 21; PAULUS VI, m.p. Ecclesiae Sanctae

122

“Onde a previdência social em favor do clero não

está devidamente constituída, cuide a Conferência

dos Bispos que haja um instituto, com o qual se

providencie devidamente à seguridade social dos

clérigos.”247

2.6. Patrimônio Comum.

O Sistema do Dízimo deve atender também ao c.

1274§3 do CIC83:

“Em cada diocese constitua-se, enquanto necessário,

um patrimônio comum, com o qual os bispos possam

satisfazer às obrigações para com outras pessoas que

estejam a serviço da Igreja, acudir às diversas

necessidades da diocese, e por meio do qual as

dioceses mais ricas possam também socorrer as mais

pobres.”248

A constituição deste patrimônio comum dos bens é

de se fazer enquanto seja possível, enquanto é meio para

atender às obrigações. Não se trata de uma exigência. Seja,

se possível, constituída em cada Diocese. Pode ser

constituída também em outras Igrejas Particulares, segundo

o c. 368:

“As Igrejas particulares, nas quais e das quais se

constitui a una e única Igreja católica, são

247 Cf. V. DE PAOLIS , o.c., 86. 248 Cf. o comentário de L. CHIAPPETTA, o.c., 4175.

123

primeiramente as dioceses, às quais, se equiparam,

não constando o contrário, a prelazia territorial, a

abadia territorial, o vicariato apostólico, a prefeitura

apostólica e a administração apostólica estavelmente

erigida.”

e também em prelasias pessoais, segundo o c. 295§2:

“O Prelado deve prover à formação espiritual e

digna sustentação dos que tiver promovido pelo

referido título”.

Este patrimônio comum tem múltiplos fins:

- satisfazer às obrigações para com outras pessoas

que estejam a serviço da Igreja,

- acudir às diversas necessidades da diocese,

- socorrer as dioceses mais pobres. Não sendo

necessário erigi-lo em pessoa jurídica.249

Uma proposta de formação deste “patrimônio

comum” pode ser o que acontece na Diocese de Umuarama,

Noroeste do Estado do Paraná. Trata-se de uma experiência

que deu certo. A partir da proposta da III Assembléia

Diocesana – 11/1978 -, a Legislação Particular determinou

que a Cúria Diocesana e o Instituto Religioso, ao qual fosse

confiada cura pastoral na Diocese, tivesse sua quota de

contribuição vinculada à arrecadação do Dízimo

paroquial.250.

249 Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 85. 250 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 25.

124

As Igrejas Particulares tributariam as Paróquias em

10% do Dízimo arrecadado, daquelas Paróquias entregues à

cura pastoral de Sacerdotes Seculares do Clero Diocesano e

em 5% do Dízimo e demais arrecadações daquelas

Paróquias entregues à cura pastoral dos demais Sacerdotes.

O Instituto ou a Congregação destes últimos receberão 5%

do Dízimo arrecadado nestas Paróquias.

Esta tributação pode ser alargada às outras entradas

ordinárias – coletas, ofertas, doações – ou extraordinárias –

Promoções.

Esta “contribuição” das Paróquias para com a Mitra

Diocesana e para com os Institutos ou Congregações se

caracteriza como verdadeiro “tributo”, sim. Trata-se de

tributo com alíquota previamente determinada e fixa, com as

características apresentadas no terceiro item do Capítulo

anterior:

“Por ‘tributo’ se entende a prestação – em dinheiro –

exigida em forma obrigatória e predeterminada (...)

pela autoridade competente, independentemente de

qualquer serviço prestado (...)”251

É um tributo exigido da Paróquia, independentemente

de qualquer serviço prestado pela Mitra Diocesana, fundado

no direito do Bispo Diocesano de exigir delas o necessário

para a manutenção da Igreja Particular:

“O Bispo diocesano, ouvidos o conselho econômico e

o conselho presbiteral, tem o direito de impor às

pessoas jurídicas públicas sujeitas a seu regime um

tributo moderado, proporcionado às rendas de cada 251 Cf. F. COCCOPALMERIO, o.c., 36.

125

uma, em favor das necessidades da diocese; às outras

pessoas físicas e jurídicas ele somente pode impor

uma contribuição extraordinária e moderada, em

caso de grave necessidade e sob as mesmas

condições, salvas as leis e costumes particulares que

lhe confiram maiores direitos.”252

Outra possibilidade muito mais pastoral e condizente

com o “espírito do Dízimo” é a Diocese praticar, em relação

às Paróquias, a mesma metodologia pastoral do Dízimo

radical usada pela Paróquia em relação ao fiel. A saber:

isentar as Paróquias todas de qualquer taxa ou tributo,

pedindo-lhes apenas que contribuam “pessoalmente,

livremente, espontaneamente e sistematicamente com seu

Dízimo para atender às necessidades da Igreja Particular.

Manter taxas ou tributos para as Paróquias é um escândalo

para a Pastoral do Dízimo, aos olhos dos fiéis.

A corresponsabilidade não pode jamais fechar o

Sistema do Dízimo dentro de uma Comunidade local, sem

abertura solidária com as demais Comunidades dentro da

Igreja Diocesana. O Dízimo como Pastoral exige uma

corresponsabilidade que ultrapasse as limitadas fronteiras da

Comunidade Setorial, Paroquial e chegue até a Igreja

Particular; podemos almejar que chegue até à ajuda

missionária a outras Igrejas Particulares.

Este espírito de abertura responsável garantirá a

subsistência da Igreja Diocesana dentro do Sistema do

Dízimo. Não é justo que o problema seja simplesmente

252 Cf. L. DE ECHEVERRIA (a cura de), o.c., 600; V. DE PAOLIS,

o.c., 12; G. DALLA TORRE, o.c., 511; A. MOSTAZA

RODRIGUEZ, o.c., 436.

126

resolvido com o recurso fácil a uma taxa percentual: um

percentual “X” do que cada Comunidade Paroquial

arrecadar será “pago” à Diocese. Assim como para o

Dízimo a nível de Paróquia, seria voltar simplesmente a

uma visão jurídica, que obrigaria Comunidades pobres e

ricas ao mesmo ônus. Trataria de cobrar mais de quem tem

menos e menos de quem tem mais.253

2.7. Remuneração das Religiosas e

Religiosos.

Quanto à remuneração das Religiosas e Religiosos

que trabalham na Pastoral a tempo integral devem ser

devidamente registrados como funcionários da Mitra

Diocesana e remunerados segundo os mesmos critérios

canônicos acima analisados e segundo as exigências

trabalhistas civis.

Aquelas Religiosas e Religiosos que não prestam

serviços pastorais a tempo integral, devem ser remunerados

segundo a justiça, levando-se sempre em conta os critérios

canônicos acima apresentados e a justiça trabalhista.

É bom esclarecer que “tempo integral” neste caso é

carga trabalhista determinada pelas leis trabalhistas, de

acordo com a função exercida por cada Religiosa ou

Religioso.

253 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, O.

C., 54-56.

127

2.8. Funcionários.

Os funcionários que prestam serviços para a Paróquia

ou a Diocese, devem ser remunerados segundo as

determinações trabalhistas civis para cada categoria,

levando-se em conta os direitos trabalhistas estabelecidos e

a justiça canônica.

128

CAPÍTULO IV:

IMPLANTANDO E ORGANIZANDO

O “SISTEMA DO DÍZIMO”

1. Pastoral do Dízimo.

Falamos de Pastoral do Dízimo pois apostamos no

potencial pastoral deste Sistema. Trata-se de uma verdadeira

ação pastoral, ou seja, uma ação profética em vista da

edificação do Reino de Deus, uma vez que o escopo do

Dízimo não é arrecadar mais dinheiro. Seu objetivo é o

crescimento da Comunidade enquanto “Comunidade de fé”

que assume responsabilidades e vivencia o Evangelho,

preanunciando uma sociedade justa e fraterna, sinal

escatológico do Reino.

129

1.1. Aspectos sociológicos da Pastoral do

Dízimo.

A Pastoral do Dízimo não tem a implantação do

Dízimo como seu escopo maior. Ela almeja os frutos

pastorais de amadurecimento na fé e comprometimento dos

fiéis para com sua Comunidade, a serviço da Evangelização.

O Sistema do Dízimo é uma instituição muito ligada

aos hábitos e espírito das Comunidades cristãs como um

todo, porém, difundiu-se mais intensamente entre os cristãos

não – católicos.

Infelizmente, na Igreja Católica o Sistema do Dízimo,

mais do que tornar-se prática comum, institucionalizou-se

na legislação canônica: “Pagar dízimos segundo o costume”,

dizia o mandamento da Igreja.

O elemento organizacional e sociativo caracteriza-se

por uma ética sociológica forte, calcada no dever jurídico e

punida a violação com sanções legais. O cristianismo figura,

então como uma religião organizada como grupo numa

interação permanente, que cultua a Deus numa expectativa

religiosa.

Ninguém se salva sozinho. Toda salvação é mediada

pelo grupo: Comunidade. Na Igreja Católica o elemento

organizativo torna-se mais acentuado quanto relevante. Tal

130

elemento justifica-se e explica-se na vida da Comunidade

como tal.254

Max Weber, partindo dessa característica da religião

organizada em grupo, analisa a distinção entre o Sacerdote

e o Mago:

O “sacerdote caracteriza-se por pertencer a uma

organização com a finalidade do culto religioso,

sendo um funcionário dessa organização e, como tal,

recebe dela uma remuneração para viver... é

remunerado através de sua Igreja... o mago é

remunerado pelos serviços que executa, como um

profissional liberal. Ele tem clientes, aos quais presta

um serviço e assim como os clientes de um mesmo

dentista, por exemplo, não formam uma comunidade,

os clientes de um mesmo mago não mantêm relações

estáveis entre si; feito o pagamento, cessa toda

interação. O sacerdote e o profeta, ao contrário, não

estão a serviço de clientes, mas de uma comunidade

mais ou menos estável. Por isso, não podem ser

pagos pelos serviços que executam para cada

indivíduo, pois isso fecharia o ciclo de interações. As

interações entre o sacerdote ou o profeta e sua

comunidade caracterizam-se pelas dívidas mútuas: a

comunidade deve favores a seu sacerdote, e este a

ela”255.

254 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.

c., 44. 255 Cf. P.A.RIBEIRO DE OLIVEIRA, O Papel do Padre, Rio de

Janeiro 1968, vol. I, 16.

131

Na Comunidade de Culto, todo tipo de relação

pessoal deve ser expressão de uma realidade comunitária;

seja ela enquanto existente ou enquanto tendência de

estreitamento dos laços pessoais entre as pessoas do grupo.

Sob este prisma é que se pensa a reforma do Sistema de

Sustentação material da Igreja, de modo especial o Sistema

de Taxas exigidas por ocasião das prestações ministeriais.

O Sistema de Taxas por ocasião das prestações

ministeriais é, segundo Max Weber, característica da

Magia, na qual é permanente o tipo de relação à base da

clientela. Esgota-se todo seu conteúdo comunitário na

impessoalidade de uma contratação privada de serviço e sua

correspondente remuneração.256

O Sistema do Dízimo aparece, ao contrário, como um

sistema de provimento às necessidades da Comunidade.

Toda relação pessoal traz um conteúdo diferente, pois é

mediada pela Comunidade. O Sistema do Dízimo faz

acontecer uma real participação de todos no mesmo objetivo

comunitário.

A Igreja é um grupo integrado, no qual as partes se

compõem num todo, modificando-se seu comportamento

pela referência às normas de conduta grupal. Terá uma

estrutura elementar onde encontraremos um mínimo de

controle do grupo sobre os indivíduos. Participação nas

atividades do grupo e atitude de pertença a ele.

A Igreja enquanto Sociedade, procura realizar e

reativar em si aquelas características estruturais de grupo.

Todo seu esforço, enquanto Sociedade, de auto – renovação

256 Cf. Ibidem, 45.

132

dirige-se no sentido de reacender o espírito comunitário de

seus fiéis; levá-los a modelos de comportamento queridos

por Ela, criando neles uma atitude de pertença ao Corpo de

Cristo.

A renovação litúrgica também tem este escopo.

A tentativa de implantação do Sistema do Dízimo

enquanto modo concreto de participação sistemática na Vida

da Comunidade se coloca em consonância com o esforço de

renovação da Igreja universal. Este esforço de renovação da

Igreja deve preceder ao Sistema do Dízimo, criando os

condicionamentos mentais e sócio – culturais para sua

implantação eficaz.257

O Sistema do Dízimo se situa e se firma inteiramente

numa motivação e dimensão de ordem Comunitária. É

sociologicamente difícil, senão impossível, o sucesso de

uma implantação do Sistema do Dízimo onde:

- não houver o despertar de um senso de pertença e

responsabilidade;

- não houver um senso de renovação religiosa com a

conseqüente tomada de consciência de ser Igreja;

- não houver um senso de que se pertence a uma

Comunidade espiritual, com real superação de uma

realidade individualista;

- onde o rito religioso tem um sentido e um

significado enquanto simboliza e significa aquela

257 Cf. Ibidem, 46.

133

Comunidade perfeita que um dia será realizada

com a Parusia de Cristo.258

O Sistema do Dízimo implantado em sua radicalidade

desperta uma profunda sensibilidade para um

comprometimento em ordem aos aspectos não individuais

da vida espiritual. Manifesta-se assim sua função

formadora. Sua implantação radical é, necessariamente,

cercada de toda uma sistemática de reflexão que marca a

dimensão formadora.

Os fiéis não deixarão de se questionar sobre as razões

de sua contribuição, crescendo em consciência cristã e

comprometimento pastoral. Não amamos o que não

conhecemos e “pouco valorizamos o que nada nos custa”.

Cada membro de um grupo ou associação, para

ostentar seu título de participação, deve prestar sua adesão

por meio de um pagamento. Esta é uma característica do

espírito associativo do homem de hoje.

O Estado moderno sempre mais exige de cada

cidadão uma parcela bem precisa e nada abstrata de sua

participação na promoção do bem comum, manifestando

materialmente sua pertença à nação, através de impostos e

outros instrumentos. 259

Estes deveres para com o Estado e a Comunidade

Nacional são exigência para que o cidadão possa

salvaguardar ou promover seus interesses individuais.

258 Cf. IDEM Ib., 46-47, 259 Cf. Ibidem, 47.

134

Toda Comunidade, é bastante ciosa do que por

origem e destinação lhe pertence. Daí o Sistema do Dízimo

exigir, em contrapartida, uma correspondência de vida dos

ministros, ou pessoas a serviço da Comunidade, expressa

na sobriedade perante o uso dos bens.

Do contrário o Sistema fracassaria e cresceria o

descontentamento por parte dos fiéis em relação à

destinação dos Dízimos ofertados. Daí ser imprescindível

uma clara prestação de contas e administração transparente

como vimos no capítulo anterior.260

1.2. Aspectos Pastorais do Sistema do

Dízimo.

Sob o ponto de vista da Pastoral é notória a

preocupação de buscar os meios financeiros para a

manutenção dos serviços da comunidade cristã. Esta

preocupação do Sistema do Dízimo é Pastoral na medida

que inclui outros critérios que a coloquem dentro de todo o

sentido da ação pastoral da Igreja no mundo, enquanto

Comunidade de Salvação.

Não é todo Sistema de manutenção da Comunidade

que pode ser chamado de pastoral. A mera finalidade a que

se destina não lhe dá essa característica. Mesmo dentro os

sistemas coerentemente pastorais devemos escolher aquele

que, dadas as suas circunstâncias históricas e culturais, seja

260 Cf. Ibidem, 48.

135

o que melhor exprima o sentido religioso e cristão dos dons

materiais em benefício da Comunidade.261

Podemos reduzir a quatro os principais Sistemas de

manutenção da Comunidade Cristã ao longo de sua história:

- o Sistema de doações espontâneas, como já vimos

ao longo deste trabalho. Expressão da

disponibilidade religiosa do homem e do espírito

de sacrifício;

- o Sistema de Dízimo, sancionado mediante uma

legislação precisa, com a conseqüente obrigação

jurídica e sanção correspondente;

- o sistema de côngrua, isto é, subvenção dos

ministros e do culto por parte dos governos

“cristãos”;

- o sistema de taxas, pagas por ocasião de certos

serviços religiosos.

Eles não se excluem mutuamente. Em alguns

momentos da história coexistiram dois ou mais Sistemas no

mesmo lugar. Nunca se suprimiu as doações espontâneas,

por exemplo, qualquer que fosse o Sistema ulteriormente

adotado.

Estas ofertas espontâneas são ricas de sentido

teológico. São verdadeiros marcos de generosidade do fiel

diante de seu Deus Criador e dador de tudo a todos. Mesmo

no Sistema do Dízimo, implantado em sua radicalidade, não

admite sua exclusão. O que se pede é que estas ofertas

261 Cf. Ibidem, 49.

136

espontâneas sejam sempre dissociadas das prestações

ministeriais de caráter sacramental.

Tais ofertas são louváveis, porém as necessidades da

Comunidade não podem ficar à mercê exclusiva da

generosidade espontânea dos fiéis, pois estas são

ocasionais. A Comunidade necessita de arrecadação

sistemática e comprometida para fazer frente a suas

despesas que são, na maioria, mensais.

Disto vem a necessidade que se pense um Sistema

que não suprima as ofertas espontâneas nem as doações que

são e serão sempre um direito do fiel; porém, ofereça uma

regularidade nas entradas, garantindo uma receita

sistemática para a Comunidade poder se manter sem

imprevistos.

Nenhum outro Sistema se manifesta tão “pastoral”

quanto o Sistema do Dízimo, porém, não aquele Dízimo

bíblico e histórico tal qual era praticado, com a obrigação e

sanções jurídicas. Nem um Dízimo matemático ou

percentual (10% ou 1% dos rendimentos). Mas sim um

Sistema do Dízimo que beba nas fontes bíblicas, sustente-se

na força da história da Igreja e sua praxe; reforçando a

eqüidade da oferta dada, manifestando os caminhos para

uma sociedade nova, pautada pela justiça e fraternidade à

luz do Evangelho.

O Dízimo “percentual” impõe uma obrigação

matematicamente igual a todos, mas realmente diferente a

cada um, uma vez que é muito mais difícil para quem ganha

um (1) salário mínimo dar Dízimo de 10% do que para

quem ganha cinco ou dez salários.

137

Trata de um erro metodológico – pastoral que

algumas Comunidades cometem. Sob uma suposta

solidariedade e unidade na oferta, pede-se menos de quem

tem mais e pede-se mais de quem, na verdade, tem

menos.262

O Dízimo é pastoralmente rico, enquanto Sistema de

contribuição:

1. pessoal: resultado do compromisso do fiel para

com sua Comunidade;

2. livre (enquanto ninguém pode ser obrigado por lei

a ser dizimista; trata-se de um compromisso

religioso e moral, não jurídico);

3. espontânea (enquanto fixado de acordo com a

consciência formada de cada um sem alíquotas);

4. sistemática (enquanto mensal, por exemplo);

Esta nova configuração do Sistema do Dízimo

abandona conotações percentuais e históricas e assume seu

sentido puramente religioso.

Não é pastoralmente aconselhável também substituir

o termo “Dízimo” por nenhuma inovação: “centésimo” ou

outra criatividade. Conservamos a nomenclatura bíblica pois

é desta fonte que toda a pastoral bebe, com adaptações aos

tempos e lugares.263 Enfocá-lo como dom religioso e não

como obrigação jurídica está perfeitamente em sintonia com

seu sentido bíblico.

262 Cf. Ibidem, 50-51. 263 Cf. Ibidem, 51.

138

Mesmo antes da legislação mosaica, o Dízimo já era

enfocado em seu sentido religioso de reconhecimento do

Poder Divino e da fraqueza humana. Nas primeiras páginas

do Livro do Gênesis, preocupado em delinear a posição do

homem diante de seu Deus e do mundo, encontramos

claramente este sentido religioso do Dízimo.

O Dízimo é uma catequese permanente e viva que dá

mais vida à Comunidade. Reeduca as atitudes religiosas do

homem vitimado pela cultura da técnica que afronta Deus

com seu poder “quase absoluto e ilimitado”. Restaurar este

Sistema do Dízimo renovado e radical é levar o mundo

hodierno a descobrir seus limites e a abrir-se ao Absoluto,

colocando-se nas mãos de Deus.

Seria falta de sensibilidade bater na tecla da obrigação

jurídica do Dízimo diante do homem de hoje, perdendo uma

oportunidade privilegiada de catequizar para o compromisso

social e comunitário.264

A Comunidade dos primeiros cristãos tinha

consciência viva de não estarem mais subjugados pela Lei

mosaica, nem mesmo a do Dízimo. Não se tratava de

rebeldia ou anarquia, era sim um profundo sentimento de

liberdade comprometida com a Comunidade. Tão forte era

tal consciência que ao invés de viverem a lei do Dízimo

“repartiam seus bens” entre si e “tinham tudo em comum”.

Todas as contribuições eram fruto de uma obrigação de

ordem religioso – moral e não jurídica.

Infelizmente o fiel de hoje sente apenas a liberdade

em relação à Lei Mosaica, sem sentir o compromisso e a

264 Cf. Ibidem, 52.

139

responsabilidade para com as necessidades da Comunidade.

Sente estranheza e mal-estar frente a deveres de contribuir

monetariamente com sua Comunidade.

Muitos, porém, contribuem, por uma prática milenar,

com ofertas espontâneas e sentem com estranheza a

sistematização ou a obrigação de contribuir com o Dízimo.

Para que o Sistema do Dízimo seja de fato “pastoral”

é necessário que aconteça junto com uma “constante e

profunda formação de consciência”. Assim o fiel se sentirá,

de um lado comprometido, e de outro, livre sem

constrangimentos de espécie alguma. O processo “Pastoral

do Dízimo” é muito mais lento e supõe elementos e recursos

que ultrapassam os critérios econômicos e técnicos de um

tributo qualquer ou taxas.

Notamos assim que o mero recurso à propaganda

torna-se ineficaz e dispensável. Não atingiria o objetivo de

conscientizar e formar, ao contrário provocaria “escândalo e

oposição à igreja por parte de áreas que não a reconhecem e

a ela se opõem”265.

O recurso à pressão pessoal ou de massa não é

caminho pastoral viável, “enquanto oferecesse benefícios e

privilégios aos dizimistas, seja enquanto negasse certos

serviços ou impusesse obrigações especiais aos não

dizimistas”. Isto significaria restaurar o Sistema do Dízimo

histórico com base percentual. Não é o que pretendemos

com a Pastoral do Dízimo.266

265 Cf. Ibidem, 54. 266 Cf. Ibidem, 52-54.

140

1.3. Sentido Comunitário da Pastoral do

Dízimo.

A ligação entre a Comunidade religiosa e o Sistema

do Dízimo – enquanto sistema de contribuição constante e

não apenas ocasional – é ressaltada quando analisamos

sociologicamente a Pastoral do Dízimo.

O Sistema do Dízimo, assim, podemos dizer que é

muito mais autêntico e verdadeiro para expressar a ligação

do fiel com sua Comunidade, na qual celebra os mistérios da

Fé. O Dízimo é, portanto, um instrumento prático de

inestimável valor na superação do individualismo que

destrói e na promoção do “Espírito Comunitário”.

O restabelecimento do Sistema do Dízimo se situa no

esforço pastoral primordial da Igreja e oferece um

instrumental a mais de realização desse mesmo esforço. É

expressão do espírito comunitário já existente e o

instrumento pedagógico de formação e aprofundamento

deste mesmo espírito.

Todo esforço de vida e espírito comunitário são uma

preparação e conscientização indireta para o

restabelecimento do Sistema do Dízimo. Isso leva-nos a

questionar a viabilidade prática de seu restabelecimento

naquelas Paróquias situadas fora do esforço de renovação

comunitária. Todo trabalho que leve ao comprometimento, à

participação, sobretudo nos centros paroquiais são passos

importantíssimos de conscientização para o Dízimo.

141

Para a formação da consciência responsável e

comprometida em vista da superação de uma mera

obrigação jurídica de que falávamos acima, o espírito

comunitário é o clima, o meio ambiente natural e

necessário.

Objetivação do sentido religioso da doação material é

a comunidade viva, em suas necessidades concretas. A

oferta é feita a Deus com o sentido preciso de socorrer as

necessidades da Comunidade de Fé, uma vez que Deus não

necessita de coisa alguma. Na vida comunitária o Sistema

do Dízimo vê seu sentido alargado em direção à

fraternidade e corresponsabilidade na vivência da Fé em

busca de uma sociedade mais justa e digna.

A corresponsabilidade não pode jamais fechar o

Sistema do Dízimo dentro de uma Comunidade local, sem

abertura solidária com as demais Comunidades dentro da

Igreja Diocesana. O Dízimo como Pastoral exige uma

corresponsabilidade que ultrapasse as limitadas fronteiras da

Comunidade Setorial, Paroquial e chegue até a Igreja

Particular; podemos almejar que chegue até à ajuda

missionária a outras Igrejas Particulares.

Este espírito de abertura responsável garantirá a

subsistência da Igreja Diocesana dentro do Sistema do

Dízimo. Não é justo que o problema seja simplesmente

resolvido com o recurso fácil a uma taxa percentual: um

percentual “X” do que cada Comunidade Paroquial

arrecadar será “pago” à Diocese. Assim como para o

Dízimo a nível de Paróquia, seria voltar simplesmente a

uma visão jurídica, que obrigaria Comunidades pobres e

142

ricas ao mesmo ônus. Trataria de cobrar mais de quem tem

menos e menos de quem tem mais.267

1.4. Riscos históricos do Sistema do Dízimo.

Não podemos pensar que o Sistema do Dízimo não

traga consigo sérios riscos, alguns deles podemos chamá-los

de “históricos”, pois aconteceram de fato ao longo da

História da Igreja:

- a rotina , ou seja a perda do sentido religioso do

Dízimo, reduzindo-o a um tributo, é o primeiro

dos riscos históricos. Facilmente, até por falta de

fé, sentimos medo da insegurança que a

providência divina nos impõem no Sistema do

Dízimo e nos esquecemos de seu sentido religioso

e pastoral: reforçamos seu caráter tributário e

percentual;

- a aplicação abusiva do Sistema do Dízimo

eliminando outras formas espontâneas de

contribuição, tais como as doações e ofertas pias.

Práticas milenares em nossas Comunidades que

podem ser inibidas ou abandonadas com prejuízo

para o sentido religioso da retribuição;

- o farisaísmo é o pior dos riscos no Sistema do

Dízimo. Trata-se da necessidade farisaica de

mostrar que deu e quanto deu a Deus no Dízimo.

267 Cf. Ibidem, 54-56.

143

Colocando-se numa atitude de se sentir melhor e

mais perfeito do que os outros que não dão o

Dízimo. O farisaísmo do Dízimo faz com que os

fiéis que dão sejam enaltecidos e os outros

desprezados e humilhados através das “listas de

Dízimos” com nomes e valores: atitude altamente

condenável. Este é um recurso que um bom

Sistema de Gestão Canônico-Pastoral deve ter,

mas para uso interno da Pastoral do Dízimo, não

para ser afixada no mural da Igreja ou distribuída

aos fiéis.

A “razão” pastoral nos leva a termos presentes tais

riscos, que são reais, para não cairmos na euforia otimista de

haver encontrado um Sistema perfeito. As inúmeras

qualidades e vantagens do Sistema do Dízimo, bem

realçadas por nós neste trabalho, não podem encobrir os

riscos, abusos e perigos inerentes igualmente a ele.

São pastoralmente inválidos e historicamente

inviáveis recursos à força legal para impor o Sistema do

Dízimo. Ele contará, pois, sempre, com a única força de

seu vigor original, a formação e a vivência do espírito

comunitário.

Isso o manterá em sua pureza original e alertará os

agentes sobre a necessidade de um recurso constante e

periódico à força da motivação bíblica e religiosa do

Dízimo, numa formação permanente. A conscientização não

é uma simples etapa anterior à sua implantação, mas um

trabalho constante da Comunidade junto a seus membros.

Outros riscos históricos foram no tocante à

arrecadação e à administração do Dízimo. Os malefícios

144

pastorais de tais abusos são por demais patentes para serem

analisados por nós neste trabalho. Basta lembrarmos, como

vimos no capítulo anterior, que tais abusos devem ser

coibidos e punidos segundo o rigor do direito penal

canônico.

Sobre o modo de proceder quanto à administração do

Dízimo e outras entradas ordinárias da Comunidade tenha-

se presente o capítulo anterior, todo ele reservado à

Administração.

A mentalidade farisaica do Dízimo é a mentalidade

do contribuinte, que não espera nem busca com humildade,

mas tem a consciência de seu direito e passa a exigir e

criticar quando os serviços prestados não coincidem com os

próprios gostos. Pode levar a uma certa atitude de dono da

Igreja com imposição de normas e padrões de privilégio

dentro da vida da Comunidade ou por ocasião da

administração dos sacramentos.

Isto é a própria negação do sentido Pastoral do

Dízimo, da atitude religiosa, toda ela impregnada de busca

humilde de Deus e de serviço à Comunidade. É uma

inconsciência minimizar este risco e deixar de colocá-lo,

desde o início, para a Comunidade.

A Sagrada Escritura deixa claro que o Dízimo não se

trata apenas de “decisão” de razão ou jurídica. A pregação

profética e o Evangelho do Senhor são ricos de

ensinamentos a esse respeito. Nada como a consciência do

dever cumprido no campo econômico para criar um

145

sentimento global de quitação e de direitos adquiridos,268

próprios da mentalidade farisaica.

1.5. O Sustento dos Ministros e a Pastoral

do Dízimo.

Uma última reflexão pastoral se impõe, sobre a

relação entre o Sistema do Dízimo e a manutenção dos

ministros sagrados. Uma vez que esta matéria já tratada sob

o aspecto canônico no capítulo anterior, nos ateremos aqui

apenas ao aspecto pastoral da manutenção dos ministros da

Comunidade.

Uma das principais finalidades do Dízimo é a

manutenção dos ministros. É importante notar que isso não

decorre apenas da constatação de um direito mas envolve

uma dupla perspectiva pastoral. Visa libertar os ministros de

preocupações de ordem material, deixando-o totalmente

disponível para sua missão pastoral e os comprometendo

mais estritamente com uma Comunidade concreta.

Duas razões justificam a manutenção dos ministros

através do Dízimo:

- em razão de justiça: o trabalhador é digno de seu

sustento e uma vez que trabalha para a

Comunidade é justo que dela retire seu digno

sustento;

268 Cf. I.d, Ib., 58-61.

146

- em razão pastoral: tendo seu sustento garantido

tem mais serenidade para se empenhar no trabalho

pastoral em prol da Comunidade. Podem acontecer

situações históricas concretas, que evidenciem

conflito entre a exigência do direito e os interesses

pastorais. A solução deve ser pensada a partir do

bem pastoral. Assim o fez também São Paulo, que

preferiu renunciar ao direito de viver da

Comunidade e viver do trabalho das próprias mãos

pois lhe parecia mais pastoral.

É justamente numa perspectiva pastoral, a partir do

contexto social hodierno, que se levantam interrogações

sobre a conveniência da sustentação dos ministros através

do Dízimo:

- em certos ambientes, não seria mais pastoral e

mais evangélico hoje, viver do trabalho das

próprias mãos, renunciando livremente ao direito

de ser mantido pela comunidade, em vista de uma

liberdade profética em relação à Comunidade

também, a exemplo de S. Paulo?

- não seria mais justo que o digno sustento dos

ministros fosse garantido por uma remuneração

diocesana ou nacional, ao invés de receber

diretamente da Comunidade; tornando-o, também,

mais livre de um certo constrangimento no

constante esforço de conscientização que o

Sistema do dízimo impõem?

- depender da Comunidade para sustentar-se não

inibe sua liberdade para um pleno exercício da

147

missão profética, tanto mais difícil num Mundo

secularizado como o é o Mundo de hoje?

- não seria um elemento valioso de educação para os

fiéis a manutenção, ao menos em parte, do

ministro da comunidade, dentro da preocupação

pastoral de formar Comunidades?

É inegável que o Sistema de Taxas provocou um mal–

estar e um sensível desgaste da figura dos atuais ministros.

É necessário um esforço de objetividade para não projetar

sobre outros Sistemas todo um conteúdo de indisposição

pessoal e pastoral resultantes do Sistema de Taxas. É

conveniente que se ouça os leigos de vários ambientes e

movimentos de Igreja, que poderão colaborar eficazmente

para uma reflexão objetiva sobre a viabilidade do Sistema

do Dízimo.

Com a diversificação dos ministérios e

amadurecimento das Comunidades Eclesiais de Base, é

pastoralmente imprudente decidir taxativamente a questão a

partir unicamente da experiência dos atuais ministros.269

269 Cf. Ibidem, 61-63.

148

2. Implantando o Sistema do Dízimo.

2.1. Passos no Processo de Implantação.

A implantação do Sistema do Dízimo como sistema

de arrecadação e instrumento pastoral de altíssima eficácia

no crescimento do Espírito Comunitário e de transformação

da Sociedade pode seguir os seguintes passos:

- Organizar uma Equipe de Pastoral do Dízimo

(PD);

- Organizar um Conselho Paroquial do Dízimo;

(CDP);

- Auto conscientização e formação da própria

Equipe;

- Levantamento da realidade sócio – econômico –

religiosa de todos os fiéis;

- Conscientização dos fiéis em geral;

- Implantação oficial com data marcada.

1º Passo: Organizar uma Equipe de Pastoral do

Dízimo (PD).

149

Uma vez decidia pelo Sistema do Dízimo a Paróquia

deve criar uma Equipe de Pastoral do Dízimo (PD). Esta

deve congregar seus membros dentre as principais

lideranças da Paróquia. Deve ser uma representação

paroquial.

Pode ser constituída dos seguintes membros:

- Coordenador (a);

- 1º Vice-coordenador (a);

- 2º Vice-coordenador (a);

- Secretário (a);

- Vice-secretário (a);

- Um ou dois responsáveis pela animação dos

trabalhos: cantos, instrumentos, etc...

- Um ou dois responsáveis pela divulgação e

publicidade dos trabalhos;

- Todos os Coordenadores Setoriais do Dízimo.

Esta equipe de PD - Pastoral do Dízimo - deverá se

reunir com freqüência para a auto formação e avaliação dos

trabalhos. Esta fase durará no mínimo três meses.

2.º Passo: Organizar o “Conselho Paroquial do

Dízimo” (CPD).

150

Este conselho deve ser formado pelos seguintes

membros:

- Presidente: que normalmente é o Pároco;

- 1º Vice-Presidente;

- 2º Vice-Presidente;

- Ecônomo (a);

- Vice-Ecônomo (a);

- Secretário (a);

- Vice-Secretário (a);

- 1º Conselheiro (a);

- 2º Conselheiro (a);

- 3º Conselheiro (a).

Este Conselho pode tomar novas configurações

segundo a realidade própria de cada Paróquia.

3.º Passo: Auto conscientização e formação da

própria Equipe de Pastoral do Dízimo e

do Conselho Paroquial do Dízimo.

Antes de sair a campo é necessário que seja feito um

trabalho de conscientização com seus membros. Isto pode

acontecer do seguinte modo. Utilizando nossos temas de

151

reflexão sobre o Dízimo, reúnam-se semanalmente, durante

doze (12) semanas para refletir e se preparar. Neste período

de auto conscientização a equipe de PD e o CPD vai:

- amadurecer o espírito comunitário indispensável

para o sucesso do Sistema do Dízimo;

- convencer-se das vantagens do Sistema do

Dízimo;

- tomar consciência das dificuldades e desafios a

serem vencidos durante o processo de

conscientização dos fiéis em geral;

- solidificar-se como equipe e conselho: alguns

membros desistirão e outros se achegarão.

4.º Passo: Levantamento da realidade sócio –

econômico – religiosa de todos os

fiéis.

Há uma questão fundamental, que condiciona todo o

trabalho da implantação do dízimo: quem pagará o dízimo?

A resposta que nos vem seria: “os fiéis!” Importa

percebemos as conseqüências práticas diferentes que as

respostas trazem, com relação à implantação do Dízimo.

Podemos entender por fiéis:

1) Os cristão católicos que moram no território

paroquial, qualquer que seja o tipo de ligação que tenham

com a Comunidade.

152

Para conseguir o objetivo, será preciso localizar uma

a uma as famílias católicas, que moram na Paróquia.

Para tanto, é necessário realizar um levantamento

paroquial.

Este levantamento poderá ser de dois tipos:

a) um levantamento completo que dê um

conhecimento mais amplo de toda a realidade

humana existente no território da Paróquia, em

vista a outros trabalhos paroquiais: condições

sócio – econômicas, culturais, etc.;

b) um levantamento simples, procurando obter

somente os dados essenciais para o Dízimo.

Este levantamento sócio – econômico - religioso da

Paróquia, levantamento este feito em termos científicos,

objetiva atingir a realidade de toda a Paróquia.

É impensável um eficaz levantamento destas

dimensões sem valer-se dos recursos da informática,

portanto aconselhamos que as Paróquias onde o

Computador ainda não é usado em sua organização pastoral,

agora, em vista do Sistema do Dízimo, passem a utilizá-lo.

Não basta um ótimo computador e uma ótima

impressora, é necessário também um ótimo “software” ou

sistema para:

- gerenciar todas estas informações colhidas durante

o levantamento;

- contabilizar ofertas e despesas;

153

- possibilitar relatórios diários e no período

(mensais e anuais);

- oferecer extratos de dizimistas ofertantes e não

ofertantes no período (mensais e anuais);

- gráficos analíticos do Dízimo por Comunidade e

Paroquial;

- mala direta (envelopes e etiquetas) para dizimistas

aniversariantes;

- mala direta para aniversariantes de matrimônio.

Em suma, cada Paróquia deve buscar um Software

que seja verdadeiramente um Sistema de Gestão

Canônico-pastoral, em sua plenitude: além deste controle

financeiro e do Dízimo ofereça todos os controles de

sacramentos, pastorais e catequese, bem como relatórios de

fiéis diversos.

O levantamento é realizado, então, em vários níveis:

- com os cristãos conscientes e participantes na

Comunidade através de celebrações, encontros e

reuniões de grupos de reflexãos das CEBs e dos

vários movimentos ou equipes;

- com os “católicos em geral”, através de visitas

casa por casa e por envio de cartas, folhetos

explicativos, cartões de aniversário e felicitações

múltiplas, etc.

154

À medida em que se obtêm respostas, vai se

organizando a lista dos dizimistas para o cadastro no

Sistema de Gestão Canônico-Pastoral do Computador.

Os aspectos positivos dessa atitude pastoral são

atingir maior número de pessoas e provocar um contato

pessoal da Paróquia com cada um dos habitantes de seu

território. O dízimo pode ser uma oportunidade de

conscientização, quanto ao fato da pessoa “pertencer” à

Paróquia.

Os aspectos negativos são que, aparentemente, os

contatos da Igreja com os não praticantes serão sob o

aspecto econômico; terá sempre uma marca de obrigação

antipática em relação a uma Igreja que não a reconheço

verdadeiramente como “minha”; a introdução do Dízimo

corre, assim, o risco de ser apenas uma nova maneira de

angariar fundos.

2) Os membros conscientes da Comunidade

paroquial.

“Consciência” e “participação” variam muitíssimo,

mas pensamos num mínimo aceitável: participação normal

nas celebrações, por exemplo.

Com esta estratégia de conscientização, o objetivo é

que apenas os fiéis conscientes ofertem o Dízimo. As

contribuições começam a ser colhidas em um grupo

pequeno, comparado com os habitantes católicos do

território paroquial. Nascerão e crescerão devagar,

progressivamente, à medida em que mais católicos

comecem a participar da vida paroquial. O crescimento do

155

Dízimo acontecerá a medida do crescimento da própria

Comunidade.

Esta é uma estratégia que desaconselhamos.

Reportamo-la aqui apenas para elucidar a possibilidade,

uma vez que é considerada pela CNBB.

A fase de levantamento ou conhecimento da realidade

paroquial deve compreender um determinado espaço de

tempo durante o qual pode-se colher inscrições dos futuros

dizimistas na Secretaria paroquial, nas saídas das

celebrações, nos grupos de reflexão, etc.

É fundamental, já nesse período, manter um serviço

de correspondência com todos, lembrando e animando os

fiéis a assumirem seu compromisso com a Comunidade e

com a justiça na sociedade.270

Apresentamos a seguir um modelo de ficha cadastral

para viabilizar esta fase de levantamento dos fiéis a nível

paroquial. Trata-se de uma ficha bastante completa para que

se possa traçar um perfil o mais completo possível dos fiéis

da Paróquia.

270 Cf. Ibidem, 74-79.

156

Ficha Cadastral para o levantamento.

Nome:______________________________; Sexo: _____

Cpf:____________________; RG: __________________

Nascto.: ___/____/_____; Naturalidade:______________

End.: __________________________________________;

Cx.P.:_________

Bairro: _________________________________________;

CEP: ________ - ___

Cidade: ______________________________; UF: ______

Fone: (___)____ - ______; Fax: (___)______ - _______;

Pai: ____________________________________________

Mãe: ___________________________________________

Estado Civil do Fiel: ______________________________

Nome Cônjuge: __________________________________

Data Matr.: _____/_____/_______;

Prof.Cônj.:________________________________

Nascto Cônj.: _____/_____/______;

Filhos: __________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

Comunidade: ____________________________________

Grupo de Reflexão: _______________________________

Ministérios: _____________________________________

Movimentos: ____________________________________

Pastorais: _______________________________________

Batizado(a)? _____; Data: ____/____/_____;

Paróq.:__________________________________________

157

Diocese: ________________________________________;

L.:____; Fl.:_____; N.:____

Crismado(a)? __________;

Catequizando(a)?_______;

Casados no Relig.? _______; Dizimista?_______;

Cód.:_______

Informações Sócio – econômicas:

Atividade Econ.:__________________;

Habitação:____________________ Moradia:_________;

Luz:__________; Água:___________; Sanitários:______

Quintal/Horta:______; Meio Transp.:_______________

Computador?____________________;

Cor/Raça:______________________________

Plano Saúde:_______; Combustível Coz.:____________

Cômodos Casa:______; Animal Doméstico:___________

Deficiência Física:________________;

Escolaridade:___________________________

Vícios:_________________________; Profissão

Fiel:____________________________

Rede Vida:______________________;

Habilidades:____________________________

158

5.º Passo: Conscientização dos fiéis em geral.

Enganam-se os que pensam ser necessário a

organização de uma campanha complexa e difícil. A

Paróquia não teria material humano nem recursos

financeiros para tal. Pensa-se erradamente numa

conscientização em massa através dos grandes meios de

comunicação. Muitas vezes a Paróquia sente-se impotente e

espera uma fórmula milagrosa da Igreja Diocesana ou

Nacional.

Não é este o caminho. Não se trata de sacudir a

população. Tudo está perfeitamente à altura de qualquer

Paróquia: celebrações, palestras em grupos, folhetos, cartas,

cartazes, faixas, reflexão em grupos de famílias e círculos

bíblicos, etc.

O mais importante é a consciência, por parte da

Paróquia – Ministros e Lideranças - de duas verdades

fundamentais:

- os fiéis têm que participar da direção, vida,

organização e realizações da Paróquia;

- o Sistema do Dízimo é infinitamente mais pastoral

e de acordo com a natureza comunitária da Igreja,

que o Sistema de Taxas e coletas ao redor do altar.

O problema econômico da Comunidade é assumido

sem maiores dificuldades pelos fiéis quando estes atuam,

comprometendo-se realmente com a vida paroquial, como

sendo sua. Serão plenamente capazes de organizar e levar à

frente o Sistema do Dízimo. Implantar ou não o Dízimo é

159

mais questão de consciência pastoral que de existência de

meios concretos de conscientização do povo.271

Conscientização nada tem em comum com

propaganda comercial. Nesse sentido será necessário deixar

de lado todos aqueles meios publicitários que tentassem

colocar o “produto” prometendo privilégios e benefícios

especiais, tentando conquistar um “cliente dizimista”.

Estratégia altamente condenável pastoralmente falando.

Os meios de conscientização são aqueles meios

humildes, mas poderosos, de comunicação da mensagem e

de apelo ao coração informado pela fé, proclamados em um

ambiente de participação e vivência:

a) pregação litúrgica. Um roteiro de pregações

progressivas, durante vários domingos, é um

recurso muito viável e eficaz;

b) celebrações especiais sobre a participação e

compromisso, em que seja enfocado o aspecto de

responsabilidade econômica;

c) grupos de reflexão. Oferecemos um temário para

essas reflexões que pode servir de inspiração

básica;

d) cartas, cartões, cartazes, faixas e impressos em

geral, distribuídos na igreja, nos grupos, ou

mesmo enviados pelo correio, às famílias;

e) estabelecimento de clima e a criação de

estruturas: equipes, conselhos, serviços, etc. de

271 Cf. Ibidem, 72-74.

160

participação real na vida da Comunidade. Fiel

engajado pastoralmente é fiel naturalmente

Dizimista;

f) demonstrativo do que a Paróquia faz, necessita

e gasta. Tomar conhecimento pessoal dessa

realidade financeira da Paróquia, ser questionado

sobre isto, é mais conscientizador que várias

palestras sobre o dever de colaborar.

g) jornais diocesanos ou paroquiais, colunas de

jornais ou programas de rádio;

h) contato dos líderes da Comunidade com as

famílias. Este é um poderoso instrumento de

conscientização do Dízimo;

i) conscientização permanente, após o período de

implantação. A conscientização inicial não é

suficiente para manter o Sistema do Dízimo;

j) sustentar o entusiasmo: isto ocorre pelo contato

constante da Comunidade com os dizimistas.

Este contato entre Comunidade e dizimista pode

objetivar-se por correspondência. Se a Paróquia tiver um

informativo, os dizimistas devem recebê-lo. Pela Páscoa,

Natal ou festa do padroeiro, a Comunidade deve fazer

chegar uma mensagem de encorajamento e felicitações aos

dizimistas. Não basta uma lembrança genérica de todos os

dizimistas durante uma celebração, mesmo que seja especial

do Dízimo. Receber em casa alguma coisa, é conscientizar-

se de que pertence a algo e é lembrado por alguém.

161

Todas as datas importantes dos fiéis devem ser

lembradas. Sejam de nascimento, casamento, batismo etc.

Nunca perder uma oportunidade para fazer lembrar ao fiel

que ele pertence a uma Comunidade que o ama e que se

preocupa com ele.

A conscientização dos fiéis, como vimos acima, se dá

de modo privilegiado através dos grupos de famílias. Caso

eles existam pode-se utiliza-los como um instrumental de

altíssima eficácia. Caso eles não existam e não exista

também nada que se equipare a eles, esta é a oportunidade

para cria-los. Pode-se proceder do seguinte modo:

- primeiramente ter em mãos os subsídios de

reflexão, de preferência em número bastante

elevado, um volume para cada fiel;

- segundo passo é, através dos membros da equipe

de Pastoral do Dízimo representantes das

Comunidades e Setores localizar responsáveis

outros responsáveis por quadra. Estes são

chamados de Animadores do Dízimo. Homens ou

mulheres de boa vontade e um mínimo de cultura

que os permita liderar um pequeno grupo de

famílias, jovens etc.

- terceiro passo é estes “Animadores do Dízimo”

receberem o material e saírem num trabalho

“doméstico” , casa por casa, porta em porta

convidando as famílias para uma primeira reunião

de famílias. Não é necessário nesta fase nem

mesmo dizer às famílias do que se trata: basta que

eles saibam que se reunirão para rezar e refletir a

Palavra de Deus. Recomendamos que se escolha

162

um “Animador” destes para cada “quadra”

seguindo como critério as divisões próprias do

Município; para que se crie o maior número

possível de grupos de reflexão; em torno de cada

animador do Dízimo deve surgir um novo grupo

de reflexão;

- quarto passo é realizar em todos os setores ou

Comunidades e em cada quadra do território

paroquial todos os encontros de conscientização

sobre o Dízimo;

- quinto passo pode ser a escolha, dentro de cada

grupo nascente, de um Animador do Grupo.

Assim cada grupo de família ou reflexão, terá dois

animadores: um responsável ordinário pelo grupo

e um outro responsável em manter o Dízimo ativo

nas mentes e corações dos membros após o

processo de conscientização.

6.º Passo: Implantação oficial com data marcada.

A implantação oficial deve acontecer com data

marcada pois isto dá segurança aos fiéis. Outro aspecto a

favor da implantação oficial com data marcada é urgir, nos

fiéis, a iniciativa: todos sabem que a partir de “tal” data o

Sistema de Dízimos começa a vigorar em substituição

radical ao sitema de taxas.

Este evento deve ser amplamente divulgado: é

fundamental que isto ocorra somente após seguidos

163

rigorosamente os outros passos. Após a realização de um

passo, não passar ao próximo antes de fazer uma avaliação e

ter certeza de que o passo foi bem dado. Se resultar desta

avaliação que algum aspecto ficou a desejar, o passo inteiro

deve ser revisto e novamente executado. Pressa é inimiga da

perfeição. Estamos tratando de evangelização e não de novo

jeito de ganhar dinheiro.

2.2. Cronograma.

O processo inteiro, desde a iniciativa primeira da

parte do Pároco ou do CPP – Conselho Paroquial de

Pastoral -, até sua implantação oficial durará em média um

(01) ano. Neste período estamos prevendo o seguinte:

- 1º mês: montagem das equipe paroquial de

Pastoral do Dízimo (PD), com seus representantes

ou Coordenadores do Dízimo a nível setorial e

seus Animadores do Dízimo a nível de grupo de

reflexão; com as características descritas acima;

- 2º mês: montagem do Conselho Paroquial do

Dízimo (CPD); com as características descritas

acima. A partir do 2º ou 3º mêsl do processo pode-

se começar com uma S. Missa do Dízimo mensal,

onde se rezará pelos dizimistas e se fará a

experiência de um Deus Criador e dador de todos

os bens, por uma sociedade justa e fraterna;

- 3º, 4º e 5º meses: auto – formação da equipe de

Pastoral do Dízimo (PD) e do Conselho

164

Paroquial do Dízimo (CPD) usando os “Temas

de Reflexão” do último item deste capítulo;

- 6 º e 7º meses: levantamento e cadastramento de

todos os fiéis a nível Paroquial com a ficha

cadastral apresentada acima para coleta de dados o

mais completa possível, para que se possa

alimentar o Sistema de Gestão Canônico-

Pastoral, adotado pela Paróquia; durante este

tempo também já se agiliza, onde ainda não

existem, a criação dos grupos de reflexão para

casais, jovens e adolescente em torno da Palavra

de Deus e a reestruturação da Paróquia em

pequenas Comunidades setoriais;

- 8º, 9º e 10º meses: conscientização dos fiéis em

geral através dos grupos de reflexão de casais,

jovens e adolescentes; através de celebrações

especiais do Dízimo, no mínimo três durante este

trimestre, nunca com tônica de cobrança ou

amedrontamento, mas conscientizador e

comprometedor. É importantíssimo que durante

este período todos os seguimentos sejam

mobilizados, inclusive a catequese infantil;

adolescente e crismal;

- 11º e 12º meses: é o bimestre da revisão e

avaliação, marcando a dada a partir da qual o

Sistema do Dízimo é implantado oficialmente.

Esta data de implantação deve ser convenientemente

marcada por uma grande Celebração eucarística

envolvendo toda a Paróquia. Procissões vindas de todas as

Capelas ou Comunidades para a Igreja Mãe da Paróquia

165

para celebrarem juntos o marco inicial de uma caminhada de

maior compromisso com a Comunidade dos irmãos.

Trata-se de um momento muito importante na

caminhada de crescimento da Comunidade: é o

amadurecimento de uma etapa na caminhada de fé. É o

resultado pastoral de evangelização e compromisso com os

irmãos em prol de uma sociedade mais justa; é sinal da

Civilização do Amor e da Partilha, pré anúncio do Reino

definitivo.

2.3. Temas de Reflexão.

1º Encontro:

A Criação.

Idéia Chave:

Deus cria o Homem e a Mulher e tudo o que existe e entrega

a eles para que preservem e completem a Criação

colaborando racionalmente com Ele.

Atitude a Despertar:

Gratidão e reconhecimento a Deus por tudo o que Dele

recebemos para preservarmos e completarmos Sua Obra.

Material: Copo com água; punhado de arroz, feijão,...

caixote pequeno de terra fértil; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“A catequese sobre a criação se reveste de uma

importância capital. Ela diz respeito aos próprios

fundamentos da vida humana e cristã: pois explicita a

166

resposta da fé cristã à pergunta elementar feita pelos

homens de todas as épocas: “De onde viemos?”

“Para onde vamos?” “Qual é a nossa origem?”

“Qual é a nossa meta?” “Donde vem e para onde vai

tudo o que existe?”. As duas questões, a da origem e

a do fim, são inseparáveis. São decisivas para o

sentido e a orientação da nossa vida e do nosso agir.

A verdade da criação é tão importante para toda a

vida humana que Deus, na sua ternura, quis revelar a

seu Povo tudo o que é salutar que se conheça a este

respeito. Para além do conhecimento natural que

todo homem pode ter do Criador, Deus revelou

progressivamente a Israel o mistério da criação. Ele,

que escolheu os patriarcas, que fez Israel sair do

Egito, e que, ao escolher Israel, o criou e o formou,

se revela como Aquele a quem pertencem todos os

povos da terra, e a terra inteira, como o único que fez

“fez o céu e a terra” (Sl 115,15; 124,8; 134,3).”(cf.

Catecismo da Igreja Católica, Petrópolis 1992,

282.287).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- Arroz, feijão (...) representam todos os alimentos

que Deus dá a nós para o nosso bem;

167

- A terra simboliza o trabalho humano; é a mãe de

todos nós, dela saímos e para ela voltaremos, dela

tiramos nosso alimento; dela devemos cuidar para

deixá-la aos nossos filhos.

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: Gen 1,26-31

(após a leitura fazer a experiência de um mundo sem forma,

vazio ....trocar idéias e experiências, tendo presente a Idéia

Chave e a Atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista:

“Senhor, você criou tudo o que existe:

Animais, vegetais e minerais são seus.

Eu e meus familiares

Meus irmãos e irmãs de Comunidade,

Tudo o que penso ser meu;

Tudo, na verdade, é seu.

Senhor, Deus Pai e Mãe,

Ensina-me a reconhecê-lo,

Nos rostos de meus irmãos e irmãs,

Como Deus próximo de mim;

Ensina-me a não reter tudo o que você me dá;

Ensina-me a fazer “fluir” os bens materiais,

De minhas mãos para as mãos de meus irmãos e

irmãs.

Ensina-me a sentir, como minha:

A dor de meus irmãos e irmãs,

A Pobreza de minha Comunidade,

168

Os pecados da Igreja.

Senhor, louvado seja seu Nome,

Por que me fez Dizimista,

Agente da Fé comprometida,

Instrumento da sua Palavra.

Amém!”

6. Compromisso (neste momento todos se aproximam

do caixote com terra fértil e cada um planta uma

semente de feijão ou outra na terra para nos unirmos

aos milhares de irmãos que trabalham a terra e a Deus

seu criador; enquanto todos em voz alta proclamam o

texto abaixo):

Serei eternamente grato a Deus por tudo o

que Dele recebo e lutarei para que meus

irmãos sejam felizes como eu o sou; cuidarei

do mundo que Ele mo deu para deixá-lo a

meus filhos.

7. Canto (previamente escolhido);

8. Despedida .

169

2º Encontro:

O Batismo.

Idéia Chave:

Pelo Batismo nos tornamos membros da Comunidade, com

Direitos e Deveres: nos tornamos Igreja.

Atitude a Despertar:

Compromisso com a Comunidade e suas necessidades

tomando consciência de que os Problemas dela são os meus

problemas.

Material: Copo com água; feixe de varetas; Bíblia; vela

acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“O Batismo faz-nos membros do Corpo de Cristo.

“Somos membros uns dos outros” (Ef 4.25). O

Batismo incorpora à Igreja. Das fontes batismais

nasce o único povo de Deus da nova aliança, que

supera todos os limites naturais ou humanos das

nações, das culturas, das raças e dos sexos: “Fomos

todos batizados num só Espírito para sermos um só

corpo”(1 Cor 12,13).

Os batizados tornaram-se “pedras vivas” para a

“construção de um edifício espiritual, para um

sacerdócio santo” (1Pd 2,5). Pelo Batismo,

participam do sacerdócio de Cristo, da sua missão

profética e régia; “sois a raça eleita, o sacerdócio

real, a nação santa, o povo de sua particular

propriedade, a fim de que proclameis as excelências

daquele que vos chamou das trevas para a sua luz

170

maravilhosa” (1Pd 2,9). O Batismo faz participar do

sacerdócio comum dos fiéis.

Feito membro da Igreja, o batizado não pertence

mais a si mesmo (1Cor 6,19), mas àquele que morreu

e ressuscitou por nós. Logo, é chamado a submeter-se

aos outros, a servi-los na comunhão da Igreja, a ser

“obediente e dócil” aos chefes da igreja (Hb 13,17) e

a considerá-los com respeito e afeição. Assim como o

Batismo é a fonte de responsabilidade e de deveres, o

batizado também goza de direitos dentro da Igreja: a

receber os sacramentos, a ser alimentado com a

Palavra de Deus e a ser sustentado pelos outros

auxílios espirituais da Igreja.”(cf. Catecismo da

Igreja Católica, Petrópolis 1992, 1267-1269).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- As varetas representam a comunidade: posso

quebrar uma vareta isolada, mas se tento quebrar o

feixe inteiro não consigo;

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

171

4. A Palavra de Deus: Mt 28,16-20; Mc 16,14-16; At

2,37-41;

(refletir sobre a palavra de Deus. Após todos darem sua

opinião o animador deverá explicar o sentido do batismo –

passo a ser Sacerdote, Profeta e Pastor; tendo presente a

Idéia Chave e a Atitude a Despertar).

5. Oração do Dizimista: (Igual ao 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote onde

foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

vida que brota e cresce proclama o compromisso

abaixo):

Nunca mais serei uma “vareta isolada”

facilmente quebrável, serei sempre membro do

corpo que é a Comunidade e suas necessidades

serão as minhas; sua vida será a minha vida.

7. Canto: (previamente escolhido);

8. Despedida.

172

3º Encontro:

Desapego.

Idéia Chave:

Se tudo o que temos recebemos gratuitamente de Deus e Ele

não nos abandona jamais, por quê somos apegados aos bens

materiais? A nossa segurança está no Nome do Senhor!

Atitude a Despertar:

Vencer o apego e a mesquinhez em relação aos bens de

modo especial ao dinheiro, tomando consciência que devo

fazê-los fluir de minhas mãos para as mãos de meus irmãos.

Material: Copo com água; rosas vermelhas; Crucifixo;

Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“A hierarquia das criaturas é expressa pela ordem

dos “seis dias”, que vai do menos perfeito ao mais

perfeito. Deus ama todas as suas criaturas, cuida de

cada uma, até mesmo dos pássaros. Apesar disso,

Jesus diz: “Vós valeis mais do que muitos

pardais”(Lc 12, 6-7), ou ainda: “Um homem vale

muito mais do que uma ovelha” (Mt 12,12).

O homem é o píncaro da obra da criação. A

narração bíblica exprime isto distinguindo

nitidamente a criação do homem da das outras

criaturas.

Existe uma solidariedade entre todas as criaturas

pelo fato de terem todas o mesmo Criador, e de

todas estarem ordenadas à sua glória:

‘Louvado sejas, meu Senhor,

Com todas as tuas criaturas,

Especialmente o senhor irmão Sol,

173

Que clareia o dia

E com sua luz nos alumia.

Louvado sejas, meu Senhor,

Pela irmã Água.

Que é muito útil e humilde

E preciosa e casta....

Louvado sejas, meu Senhor,

Por nossa irmã, a mãe Terra,

Que nos sustenta e governa,

E produz frutos diversos

E coloridas flores e ervas.

Louvai e bendizei a meu Senhor,

E dai-lhe e bendizei a meu Senhor,

E dai-lhe graças,

E servi-o com grande humildade.’”(cf. Catecismo

da Igreja Católica, o. c., 342-344).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- As rosas vermelhas representam o Amor

incondicional de Deus por nós;

- O Crucifixo nos lembra até aonde o Amor

incondicional de Deus por nós foi capaz de chegar:

dar seu Filho na cruz por nós;

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

174

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos. As rosas representam o Amor

incondicional de Deus por nós;

-

4. A Palavra de Deus: At 5,1-11;

(refletir e trocar idéias sobre o desapego aos bens materiais

tendo presentes a Idéia Chave e a Atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista: (Igual ao 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote onde

foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

vida que brota e cresce proclama o compromisso

abaixo):

Abrirei minhas mãos e meu bolso para minha

Comunidade e meus irmãos que precisam de mim:

assim como Deus é generoso eu também o serei.

7. Canto: (previamente escolhido);

8. Despedida.

175

4º Encontro:

Deus é o Senhor de nossas Vidas.

Idéia Chave:

Deus é o Senhor Absoluto de tudo o que existe e de minha

vida e também da sociedade: tudo existe Nele, por Ele e

para Ele.

Atitude a Despertar:

Serenidade diante da Vida e seus problemas, sabendo que

Deus cuida de cada fio de cabelo de nossas cabeças;

coragem e confiança em lutar por um mundo mais humano e

justo.

Material: Copo com água; 1 passarinho; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“Crer em Deus, o Único, e amá-lo com todo o seu

ser, têm conseqüências imensas para toda a nossa

vida:

Significa conhecer a grandeza e a majestade de

Deus: “Deus é grande demais para que o possamos

conhecer.”(Jó 36,26). É por isso que Deus deve ser o

“primeiro a ser servido”.

Significa viver em ação de graças: Se Deus é o

Único, tudo o que somos e tudo o que possuímos

vem dele: “Que é que possuis, que não tenhas

recebido?” (1Cor 4,7). “Como retribuirei ao Senhor

todo o bem que me fez?” (Sl 116,12).

Significa conhecer a unidade e a verdadeira

dignidade de todos os homens: Todos eles são feitos

“à imagem e à semelhança de Deus”(Gn 1,27).

Significa usar corretamente das coisas criadas: A fé

no Deus Único nos leva a usar de tudo o que não é

ele na medida em que isto nos aproxima dele, e a

176

desapegar-nos das coisas na medida em que nos

desviam dele:

Meu Senhor e meu Deus, tirai-me tudo o que me

afasta de vós. Meu Senhor e meu Deus, dai-me tudo

o que me aproxima de vós. Meu Senhor e meu Deus,

desprendei-me de mim mesmo para doar-me por

inteiro a vós.

Significa confiar em Deus em qualquer

circunstância, mesmo na adversidade. Uma oração

de S. Teresa de Jesus exprime-0 de maneira

admirável:

Nada te perturbe / Nada te assuste

Tudo passa / Deus não muda

A paciência tudo alcança / Quem a Deus tem

Nada lhe falta / Só Deus basta.” (cf. Catecismo da

Igreja Católica, o. c., 222-227).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- Os pássaros não semeiam, nem colhem mas o

Senhor os alimenta e cuida deles; do mesmo modo

conosco.

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

177

a nossos filhos. As rosas representam o Amor

incondicional de Deus por nós;

4. A Palavra de Deus: Lv 27,30-34; Ex 34,14-17;

(Refletir e trocar idéias sobre o senhorio de Deus em nossa

vida tendo presentes a Idéia Chave e a atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista: (como a do 1º Encontro)

6. Compromisso:

(Todos se aproximam do caixote onde foram plantadas as

sementes no primeiro encontro, olhando as sementes

germinadas, refletindo o mistério da vida que brota e cresce

proclama o compromisso abaixo):

Uma vez que Deus é o Senhor Absoluto de minha

vida, devo buscar apenas o Reino de Deus – a Justiça

– e tudo o mais me será dado em acréscimo.

7. Canto: (previamente escolhido);

8. Despedida.

178

5º Encontro:

“Homem Algum é uma Ilha.”

Idéia Chave:

Homem algum é uma Ilha: o homem/mulher se humaniza

conforme se relaciona com os irmãos. Somos membros do

Corpo de Cristo.

Atitude a Despertar:

Gratidão e reconhecimento a Deus por tudo o que Dele

recebemos; compromisso com os irmãos na partilha

fraterna.

Material: Copo com água; 1 Mapa “Mundi”, com ilhas;

Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“Em qualquer época e em qualquer povo é aceito

por Deus todo aquele que o teme e pratica a justiça.

Aprouve contudo a Deus santificar e salvar os

homens não singularmente, sem nenhuma conexão

uns com os outros, mas constituí-los num povo, que

o conhecesse na verdade e santamente o servisse.

Escolheu por isso a Israel como o seu povo.

Estabeleceu com ele uma aliança, e instruiu-o passo

a passo ... Tudo isso, porém, aconteceu em

preparação e figura aquela nova e perfeita aliança

que se estabeleceria em Cristo ... Esta é a Nova

Aliança, isto é o Novo Testamento no seu sangue,

chamando de entre judeus e gentios um povo, que

junto crescesse na unidade, não segundo a carne,

mas no Espírito”(cf. Catecismo da Igreja Católica,

179

o.c., 781). Tornamo-nos membros deste povo pelo

Batismo.

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- Através do Mapa “Mundi” podemos ver o quê é

uma ilha, sua insignificância diante do Continente

e seu isolamento que a enfraquece em meio às

águas.

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos. As rosas representam o Amor

incondicional de Deus por nós;

4. A Palavra de Deus: At 4, 32-37;

(meditar sobre nosso isolamento uns dos outros e sobre

nosso papel enquanto membros de uma Comunidade –

Igreja que é Corpo Vivo de Cristo, tendo presentes a Idéia

Chave e a Atitude a Despertar);

5. Oração do Dizimista: (como no 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote onde

foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

180

vida que brota e cresce proclama o compromisso

abaixo):

Deixarei de viver como uma ilha, isolado dos irmãos.

Assumirei minha Comunidade pra valer, colocando

meu trabalho, talentos e dinheiro a serviço dos

irmãos.

7. Canto: (previamente escolhido);

8. Despedida.

181

6º Encontro:

Dar o Dízimo Empobrece?

Idéia Chave:

Dar o Dízimo não empobrece ninguém. Muito pelo

contrário: quem dá o Dízimo piedosamente tem sua vida

financeira abençoada por Deus.

Atitude a Despertar:

Aceitar o desafio de Deus no Livro de Malaquias e fazer a

experiência do Dízimo pela Comunidade e em sinal de uma

sociedade justa e fraterna, verdadeiro “Povo de Deus”, onde

a Lei suprema é o “Amor”, sinônimo de compromisso

responsável.

Material: Copo com água; punhado de arroz, feijão,....

punhado de terra; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“A palavra “Igreja” (“ekklèsia”, do grego “ek-

kalein” – “chamar fora”) significa “convocação”.

Designa assembléias do povo, geralmente de caráter

religioso. É o termo freqüentemente usado no Antigo

Testamento grego para a assembléia do povo eleito

diante de Deus, sobretudo para a assembléia do

Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por

Deus como seu povo santo. Ao denominar-se

“Igreja”, a primeira comunidade dos que criam em

Cristo se reconhece herdeira dessa assembléia.

Nela, Deus “convoca” seu Povo de todos os confins

da terra. O termo “Kyriakè”, do qual deriva

“Church”, “Kirche”, significa “a que pertence ao

Senhor”.

182

Na linguagem cristã, a palavra “Igreja” designa a

assembléia litúrgica, mas também a comunidade

local ou toda a comunidade universal dos crentes.

Na verdade, estes três significados são inseparáveis.

“A Igreja” é o Povo que Deus reúne no mundo

inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza

como assembléia litúrgica, sobretudo eucarística.

Vive da Palavra e do Corpo de Cristo e ela mesma

se torna assim Corpo de Cristo.”(cf. Catecismo da

Igreja Católica, o. c., 781-752).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- Arroz, feijão (...) representam todos os alimentos

que Deus dá a nós para o nosso bem;

- A terra é a mãe de todos nós, dela saímos e para

ela voltaremos, dela tiramos nosso alimento; dela

devemos cuidar para deixá-la aos nossos filhos..

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: Dt 14, 28-29; Mal. 3, 6-12.

183

(refletir sobre o Dízimo em relação à pobreza, à luz das

palavras de Deus em Malaquias, tendo presentes a Idéia

Chave e a Atitude a Despertar).

5. Oração do Dizimista: (como no 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote onde foram plantadas as

sementes no primeiro encontro, olhando as sementes

germinadas, refletindo o mistério da vida que brota e cresce

proclama o compromisso abaixo):

Aceitarei o desafio de Deus no Livro de Malaquias e

fazerei a experiência do Dízimo pela Comunidade e

em sinal de uma sociedade justa e fraterna,

verdadeiro “Povo de Deus”, onde a Lei suprema é o

“Amor”, sinônimo de compromisso responsável.

7. Canto: (previamente escolhido).

8. Despedida.

184

7º Encontro:

A Comunidade dos Primeiros Cristãos.

Idéia Chave:

Onde existe a Partilha Fraterna não existe necessitados:

Atitude a Despertar:

A dor e miséria de meu irmão é a minha dor e a minha

miséria.

Material: Copo com água; feixe de varetas; 1 pãozinho

francês; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“Os crentes – fiéis – que respondem à Palavra de

Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo se

tornam intimamente unidos a Cristo: “Neste corpo,

a vida de Cristo se difunde através dos crentes que

os sacramentos, de uma forma misteriosa e real,

unem a Cristo sofredor e glorificado”. Isto é

particularmente verdade do Batismo, pelo qual

somos unidos à morte e à Ressurreição de Cristo, e

da Eucaristia, pela qual, “participando realmente

do Corpo de Cristo”, “somos elevados à

comunhão com ele e entre nós”.

A unidade do corpo não acaba com a diversidade

dos membros: “Na edificação do corpo de Cristo,

há diversidade de membros e de funções. Um só é o

Espírito que distribui os dons variados para o bem

da Igreja segundo suas riquezas e as necessidades

dos ministérios”. A unidade do Corpo Místico

produz e estimula entre os fiéis a caridade: “Por

isso, se um membro sofre, todos os membros

185

padecem com ele; ou se um membro é honrado,

todos os membros se regozijam com ele”.

Finalmente, a unidade do Corpo Místico vence

todas as divisões humanas: “Todos vós, com

efeito, que fostes batizados em Cristo, vos vestistes

de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo

nem livre, não há homem nem mulher; pois todos

vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,27-28). (cf.

Catecismo da Igreja Católica, o. c., 790-791).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos: Copo com água; punhado de varetas; 1

pãozinho francês; Bíblia; vela acesa

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- O feixe de varetas representam a Comunidade:

posso quebrar uma vareta isolada, mas se tento

quebrar o feixe inteiro não consigo;

- Veremos como que apenas um pãozinho destes é

suficiente para que todos comam um pedacinho: é

o milagre da Partilha do Pão;

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: At 2, 42-47; At 4,32-35; 2Cor

8,1-6;

186

(traçar um perfil da Comunidade dos primeiros cristãos e

fazer um paralelo com a nossa Comunidade atual: levantar

pontos positivos e negativos; tendo presentes a Idéia Chave

e a Atitude a Despertar).

5. Oração do Dizimista: (como a do 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote

onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Não virarei as costas para meu irmão que sofre nem

para as necessidades de minha Comunidade: Igreja.

Darei integralmente o Dízimo de tudo o que o

Senhor me dá em sinal de amor à Igreja e por uma

sociedade justa e fraterna onde não existam

necessitados entre nós.

7. Canto: (previamente escolhido).

8. Despedida.

187

8º Encontro:

Deus Ama quem dá com Alegria.

Idéia Chave:

Deus abençoa quem dá aos irmãos e à Comunidade com

alegre generosidade, sem lamúrias e reclamações.

Atitude a Despertar:

Mudar o jeito de dar a Deus – Comunidade – e aos irmãos:

dar com alegria e Fé.

Material: Copo com água; uma moeda de “1” centavo;

Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“Jesus Cristo é aquele que o Pai ungiu com o

Espírito Santo e que constituiu ‘Sacerdote, Profeta e

Rei’. O Povo de Deus inteiro participa destas três

funções de Cristo e assume as responsabilidades de

missão e de serviço que daí decorrem.

Ao entrar no Povo de deus pela fé e pelo Batismo,

recebe-se participação na vocação única deste povo:

na sua vocação sacerdotal: “Cristo Senhor, Pontífice

tomado dentre os homens, fez do novo povo ‘um reino

e sacerdotes para Deus Pai’. Pois os batizados, pela

regeneração e unção do Espírito Santo, são

consagrados como casa espiritual e sacerdócio

santo’.

‘O povo santo de Deus participa também da função

profética de Cristo’. Tal se verifica de modo

particular pelo sentido sobrenatural da fé de todo o

povo, leigos e hierarquia, apegando-se

‘indefectivelmente à fé de todo o povo, leigos e

hierarquia, apegando-se ‘indefectivemente à fé uma

188

vez para sempre transmitida aos santos’, e aprofunda

a compreensão e torna-se testemunha de Cristo no

meio deste mundo.

O Povo de Deus participa finalmente da função régia

de Cristo. Cristo exerce sua realeza atraindo a si

todos os homens pela sua morte e Ressurreição.

Cristo, Rei e Senhor do universo, se fez servidor de

todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e

para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20, 28).

Para o cristão, ‘reinar é servir’, particularmente ‘nos

pobres e nos sofredores, nos quais a Igreja reconhece

a imagem do seu Fundador pobre e sofredor’. O povo

de Deus realiza sua ‘dignidade régia’ vivendo em

conformidade com esta vocação de servir com

Cristo.” (cf. Catecismo da Igreja Católica, o. c., 783-

786).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- A moeda de um centavo é a menor moeda

brasileira: representa a menor quantia que alguém

pode possuir: nos lembra a oferta da pobre viúva.

A quantidade não importa, o que importa é o modo

como se dá.

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

189

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: 2Cor 9,6-15.

(refletir sobre o modo como estamos colaborando com

nossa Comunidade, tendo presentes a Idéia Chave e a

Atitude a Despertar).

5. Oração do Dizimista: (como do 1º encontro).

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote

onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Mudarei meu jeito de dar a Deus – Comunidade – e

aos irmãos: darei meu Dízimo com generosa alegria

de poder colaborar; sabendo que neste gesto

manisfesto ao mundo que somos um povo sacerdotal,

profético e régio.

7. Canto: (previamente escolhido).

8. Despedida.

190

9º Encontro:

Dar a Deus o que é de Deus.

Idéia Chave:

O Dízimo é de Deus e de sua Comunidade de Fé: não é meu

nem do Estado. O que é de Deus comigo não fica, se não

dou a Ele, darei ao médico, ao mecânico, à farmácia ...etc.

Atitude a Despertar:

Dar o Dízimo Integral a Deus, pois é assim que a

Comunidade se mantêm e mantêm suas obras de caridade,

retornando a mim em bênçãos e assistência material

também; manifestando a união “conjugal” entre a Igreja e

Deus na pessoa de Jesus Cristo.

Material: Copo com água; um carnê de IPTU; um carnê (

envelope, carteira) de Dízimo; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“A unidade entre Cristo e a Igreja, Cabeça e

membros do Corpo, implica também a distinção dos

dois em uma relação pessoal. Este aspecto é muitas

vezes expresso pela imagem do Esposo e da Esposa.

O tema de Cristo Esposo da Igreja foi preparado

pelos Profetas e anunciado por João Batista. O

Senhor mesmo designou-se como ‘o Esposo’ (Mc

2,19). O apóstolo apresenta a Igreja, e cada fiel,

membro do seu Corpo, como uma Esposa

“desposada” com Cristo Senhor, para ser com Ele

um só Espírito. Ela é a Esposa imaculada do

Cordeiro imaculado, a qual só Cristo “amou, pela

qual se entregou a fim de santificá-la” (Ef 5, 26),

que associou a si por uma Aliança eterna, e da qual

191

não cessa de tomar cuidado como do seu próprio

Corpo:

Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só formado

por muitos... Quer seja a cabeça a falar, quer os

membros, é sempre Cristo quem fala. Fala na

pessoa da Cabeça fala na pessoa do Corpo.

Conforme o que está escrito: “Serão dois em uma só

carne. Eis um grande mistério: refiro-me a Cristo e

à Igreja” (Ef 5, 31-32). E o Senhor mesmo no

Evangelho: “Já não são dois, mas uma só carne”

(Mt 19,6). Como vistes, há de fato duas pessoas

diferentes, e todavia elas constituem uma só coisa

no amplexo conjugal. Na qualidade de Cabeça ele

se diz “Esposo”, na qualidade de Corpo se diz

“Esposa”.”(cf. Catecismo da Igreja Católica, o. c.,

796).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto;

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- O carnê de IPTU representa nosso nossas

obrigações para com o Estado/Município;

- O carnê (envelope, carteira) do Dízimo representa

nossas obrigações para com Deus e sua

Comunidade;

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

192

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: Mt 22, 15-23;

(refletir sobre o Direito de Deus em receber o que é seu: o

Dízimo para a manutenção da Comunidade de Fé, tendo

presentes a Idéia Chave e a Atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista: (como no 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote

onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Do mesmo modo que levo a sério minhas obrigações

para com o Estado, levarei a sério minhas obrigações

para com Deus e a Sua Igreja: darei integralmente

meu Dízimo, sem me esquecer da Justiça e da

Caridade.

7. Canto: (previamente escolhido).

8. Despedida.

193

10º Encontro:

“Quanto custa a Missa, Padre?”

Idéia Chave:

A Missa e demais Sacramentos e Sacramentais não têm

preço. O Dízimo garante a manutenção da Igreja e preserva

a dignidade e santidade dos Sacramentos.

Atitude a Despertar:

Valorização do Dízimo como substituto adequado das

“Taxas” pelos Sacramentos.

Material: Copo com água; uma lata de óleo de cozinha;

uma nota fiscal; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“Os sacramentos são sinais eficazes da graça,

instituídos por Cristo e confiados à Igreja, através

dos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos

visíveis sob os quais os sacramentos são celebrados

significam e realizam as graças próprias de cada

sacramento. Produzem fruto naqueles que os recebem

com as disposições exigidas.

A Igreja celebra os sacramentos como comunidade

sacerdotal estruturada pelo sacerdócio batismal e

pelo dos ministros ordenados.

O Espírito Santo prepara para a recepção dos

sacramentos através da Palavra de Deus e da fé que

acolhe a Palavra nos corações bem dispostos. Então,

os sacramentos fortalecem e exprimem a fé.

O fruto da vida sacramental é ao mesmo tempo

pessoal e eclesial. Por um lado, este fruto é para

cada fiel uma vida para Deus em Cristo Jesus; por

194

outro, é para a Igreja crescimento na caridade e na

sua missão de testemunho.” (cf. Catecismo da Igreja

Católica, o. c., 1131-1134).

“A Eucaristia é o coração e o ápice da vida da

Igreja, pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os

seus membros a seu sacrifício de louvor e de ação de

graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu

Pai; pelo seu sacrifício ele derrama as graças da

salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja.”(cf.

Catecismo da Igreja Católica, o. c., 1407).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- A lata de óleo representa a mercadoria que a gente

compra no mercado: “Quanto custa esta lata de

óleo?” - perguntamos ao balconista;

- A nota fiscal representa o título da posse e a prova

de que eu não roubei esta mercadoria: paguei por

ela;

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: At 8, 14-25;

(refletir sobre o pecado grave de se vender o Dom de Deus

tendo presentes a Idéia Chave e a Atitude a Despertar)

195

5. Oração do Dizimista: (a mesma do 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote

onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Darei integralmente meu Dízimo e serei um

divulgador e incentivador deste Sistema como

substituto radical do Sistema de Taxas, pois este é

o modo Bíblico de ajudar a Comunidade a se

manter.

7. Canto: (previamente escolhido).

8. Despedida.

196

11º Encontro:

Quem trabalha no Altar deve viver do altar.

Idéia Chave:

Os Sacerdotes e outros Ministros que servem a Comunidade

a tempo integral devem tirar seu sustento da Comunidade

para quem trabalham, assim podem se dedicar mais e

melhor pelo Reino de Deus.

Atitude a Despertar:

A consciência do dever, enquanto fiel, de dar o Dízimo à

Comunidade e a Deus; e o direito dos ministros de

receberem da Comunidade o necessário para seu digno

sustento.

Material: Copo com água; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão

confiada por Cristo a seus Apóstolos continua sendo

exercida na Igreja até o fim dos tempos; é portanto

o sacramento do ministério apostólico. Comporta

três graus: o episcopado, o presbiterado e o

diaconado.”(cf. Catecismo da Igreja Católica, o. c.,

1536).

“Este sacramento configura Cristo por meio de uma

graça especial do Espírito Santo, para servir de

instrumento de Cristo para sua Igreja. Pela

ordenação, a pessoa se habilita a agir como

representante de Cristo, Cabeça da Igreja, em sua

tríplice função de sacerdote, profeta e rei.

Como no caso do Batismo e da Confirmação, esta

participação na função de Cristo é concebida uma

197

vez por todas. O sacramento da Ordem também

confere um caráter espiritual indelével e não pode

ser reiterado nem conferido temporariamente. (...)

Como, afinal de contas, quem age e opera a

salvação é Cristo através do ministro ordenado, a

indignidade deste não impede Cristo de agir.”(cf.

Catecismo da Igreja Católica, o.c., 1581-1584).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: Lc 10, 1-12;

(refletir sobre o trabalho dos Sacerdotes e demais ministros,

sua necessidade de ganhar da Comunidade o necessário para

seu digno sustento, tendo presentes a Idéia Chave e a

Atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista: (a mesma do 1º Encontro).

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote

onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

198

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Não deixarei faltar dinheiro ou mão de obra para que

a Igreja realize seus fins próprios: Culto;

Apostolado; Caridade. Darei integralmente meu

Dízimo.

7. Canto: (previamente escolhido).

8. Despedida.

199

12º Encontro:

Pastoral do Dízimo.

Idéia Chave:

O Dízimo ajuda a Comunidade a melhorar seu desempenho

Pastoral. Sendo ele pessoal, livre, espontâneo e Sistemático

leva o fiel a sair do seu individualismo, abrindo-se para a

Comunidade de Fé, até chegar ao compromisso maduro com

a Sociedade justa e fraterna querida por Deus.

Atitude a Despertar:

Meu Dízimo é expressão de meu compromisso familiar,

livremente decidido, espontaneamente dado, para o bem da

Comunidade Paroquial onde pratico minha fé.

Material: Copo com água; punhado de Sal; Bíblia; vela

acesa.

Reflexão para o Animador(a):

“É específico dos leigos, pela sua própria

vocação, procurar o Reino de Deus exercendo

funções temporais e ordenando-as segundo

Deus... A eles, portanto, cabe de maneira

especial iluminar e ordenar de tal modo todas as

coisas temporais, às quais estão intimamente

unidos, que elas continuamente se façam e

cresçam segundo Cristo e contribuam para

louvor do Criador e Redentor”.

A Iniciativa dos cristãos leigos é

particularmente necessária quando se trata de

descobrir, de inventar meios para impregnar as

realidades sociais, políticas, econômicas, com as

200

exigências da doutrina e da vida cristãs. Esta

iniciativa é um elemento normal da vida da

Igreja:

Os fiéis leigos estão na linha mais

avançada da vida da Igreja: por eles a

Igreja é o princípio vital da sociedade

humana. Por isso, especialmente eles

devem ter uma consciência sempre mais

clara, não somente de pertencerem à

Igreja, mas de serem Igreja, isto é, a

comunidade dos fiéis na terra sob a direção

do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em

comunhão com ele. Eles são Igreja.”(cf.

Catecismo da Igreja Católica, o. c., 898-

899).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;

2. Canto: (previamente escolhido);

3. Símbolos:

- A água representa a vida que Deus faz brotar na

face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;

dela devemos cuidar para que sempre tenhamos

água viva.

- O Sal é o elemento que dá sabor. Para que ele seja

eficaz em sua finalidade não se pode morder o sal

quando se come o alimento, apenas sentir seu

sabor;

- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para

nossos passos na vida;

- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para

guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

a nossos filhos.

201

4. A Palavra de Deus: At 4, 32-37.

(refletir sobre o Dízimo enquanto ação pastoral em vista da

conversão e mudança de atitude diante dos irmãos, tendo

presentes a Idéia Chave e a Atitude a Despertar; pode ser

apresentado ao grupo quem compõem esta Pastoral na

Paróquia).

5. Oração do Dizimista: (a mesma do 1º Encontro).

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote

onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Darei apoio à Pastoral do Dízimo e serei um agente

dela, dando mais sabor à minha Comunidade. Levarei

meus irmãos a praticarem a Fé que professamos,

unindo Fé e Vida.

7. Canto: (previamente escolhido).

8. Despedida.

202

3. Organizando o Sistema do Dízimo.

Querer que o dízimo simplesmente funcione a partir

de apelos à generosidade, é desconhecer a realidade da

fraqueza humana. Não se pode confundir opção livre de

contribuir, com irresponsabilidade na contribuição. A

comunidade deve formar-se para que seus membros se

decidam livremente a um compromisso, mas, a partir daí,

deve ajudá-los a cumprirem o que assumiram e, mesmo,

urgir, quando for necessário.

É essencial que se defina uma periodicidade nas

contribuições, para distinguir bem o Dízimo das ofertas

espontâneas. Ainda aqui a experiência é variada.272

Aconselhamos uma periodicidade menor possível: semanal,

para os diaristas e comerciantes ou profissionais liberais;

mensal para os assalariados.

Periodicidade maior, é visto na prática pastoral de

inúmeras Paróquias, não dá à Comunidade as condições de

fazer frente às despesas próprias do dia – a – dia e nem

mensais: salários, água, luz, telefone, etc...

Na zona rural a oferta é feita, no mais das vezes,

anualmente, por ocasião da colheita. Freqüentemente é feito

em espécie, que depois é leiloada. O valor atingido é

anotado como pagamento do Dízimo do ofertante.273

272 Cf. Ibidem, 104-107. 273 Cf. Ibidem, 107.

203

3.1. Dízimo Mirim.

Achamos por bem tratar desta realidade que desponta

hoje em muitas Comunidades, neste item reservado à

organização do Sistema do Dízimo. Trata-se de uma matéria

a ser aprofundada, o que não é possível fazermos aqui.

Tudo o que foi falado até agora sobre levantamento e

conscientização se aplica também às crianças, adolescentes

e jovens.

Reafirmamos mais uma vez que o Dízimo funciona

muito melhor e dá mais frutos de responsabilidade quando é

impostado “individualmente”, ou seja, cada membro da

família que tem renda individual torna-se dizimista. De tudo

o que passa pelas “mãos” de cada membro da família deve-

se dar o Dízimo piedosamente.

Deste modo, podemos falar de Dízimo de Adultos,

dos Jovens, dos Adolescentes e das Crianças. A

conscientização para o Dízimo das crianças e adolescentes

acontece privilegiadamente na Catequese Sistemática. No

caso dos Adolescentes e Jovens, cada qual em seu nível

pastoral.

A criança é como uma “massa de cimento” mole; se

lançarmos dentro desta massa o espírito do Dízimo e a

generosidade para com a Comunidade, ninguém, nem o

tempo tirará isto dela. Estes “dizimistas mirins” de hoje

serão os grandes líderes pastorais de amanhã. Crescendo

neste espírito de doação e responsabilidade com certeza

204

inúmeras vocações sacerdotais e religiosas surgirão dentre

eles.

3.2. Arrecadação.

Primeiro passo para uma arrecadação eficaz é a

escolha e a distribuição de um instrumento de arrecadação

do Dízimo adequado à realidade de sua Paróquia. Pode ser

um “carnê”, uma “Carteira” , um “Envelope”, etc.

Nós aconselhamos o “Carnê” pois está mais de

acordo com a mentalidade do homem moderno e convida o

fiel ao compromisso. Diante de um “Carnê” com doze

folhinhas ele sente a responsabilidade e é continuamente

lembrado de seu compromisso livremente assumido.

Na verdade trata-se de um instrumento de

conscientização permanente pois deve ser elaborado de tal

modo que leve o fiel, apenas por olhá-lo a se questionar

sobre o Dízimo e seu lugar dentro da Comunidade.

Próximo passo é, através dos Animadores do

Dízimo que tem a função de animar os fiéis a oferecer seu

Dízimo como ato de Fé e Amor a Deus e à Comunidade.

Semanalmente, após os encontros, ele deve lembrar aos

irmãos da oferta do Dízimo.

Deve levar sempre consigo um elenco com os nomes

e endereços dos dizimistas de seu grupo e também alguns

“Carnês” pois algum novo dizimista pode surgir a cada

205

encontro. Semanalmente receberá as ofertas do Dízimo de

quem desejar “oferecer” naquele momento.

O que falamos acima sobre a arrecadação nos grupos

de famílias deve ser transportado para os grupos de crianças

na catequese, adolescentes e jovens . Na catequese inicial o

próprio Catequista será o “Animador do Dízimo”. Na

catequese posterior, nos grupos de adolescentes e jovens é

muito bom que se escolha um membro do grupo para ser o

“animador do Dízimo”. Este “animador mirim” teria as

mesmas funções do “animador do Dízimo” adulto. Este

método de organização levará a responsabilidade para

dentro do próprio grupo; fazendo com que todos sintam que

a Comunidade e o Dízimo são coisas “deles”, não é algo

distante que fique lá numa instância superior ou nos limites

da “Sacristia’.

Estes “Animadores do Dízimo” deverão ter sempre

presentes as notas características do Dízimo e não se

tornarem inconvenientes em citar “alíquotas” ou “colocar

valor” na oferta do Dízimo de nenhum fiel. Dízimo pessoal,

livre, espontâneo e sistemático rende mais frutos pastorais e

financeiros do que qualquer outra modalidade.

Tudo o que receberem dos dizimistas deve ser

imediatamente levado até a “Secretaria do Dízimo” ou

“Secretaria Paroquial”. Algumas Paróquias mais

organizadas criam uma secretaria do Dízimo que funciona

junto à secretaria paroquial durante a semana e dentro da

Igreja após as Celebrações.

Todos estes Dízimos recebidos pelos “animadores”

são, então, lançados no computador, alimentando-se o

Sistema de Gestão Canônico-Pastoral escolhido pela

206

Paróquia. Com estes dados será possível a cada semana ou

mês gerar os diversos relatórios para colocar a Comunidade

ao par de tudo o que arrecada e onde gasta seu dinheiro.

Os valores arrecadados com o Dízimo, na

“Secretaria do Dízimo” devem ir para o Banco

imediatamente. Lugar de dinheiro é no Banco,

principalmente dinheiro público, como o é o Dízimo. Esta

medida que pode parecer estrema para alguns facilita

tremendamente a contabilidade e a prestação de contas,

quando a administração do Dízimo for questionada, por

exemplo.

Se possível também, que todos os pagamentos e

repasses sejam efetuados com cheque nominal e escrito no

verso a finalidade do pagamento ou repasse. Os agentes do

Dízimo não podem cair na ilusão que, por serem honestos,

todos acreditarão neles. Quando se trata de dinheiro todo

cuidado e transparência é pouco.

207

3.3. Modelo de Carnê.

Frente:

Verso:

Rosto:

PARÓQUIA NOSSA SENHORA

Arquidiocese de Maringá – PR.

DÍZIMO: SINAL DE MINHA FÉ EM DEUS E

COMPROMISSO COM A COMUNIDADE

POR UMA SOCIEDADE JUSTA E FRATERNA

“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém

considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo

era posto em comum entre eles. Com grande poder, os apóstolos

davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E todos eles

gozavam de grande aceitação. Entre eles ninguém passava

necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as

vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos;

depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade.”

(Cf. At 4, 32-35)

.

Dar o Dízimo é querer uma Igreja Nova e uma sociedade justa

e fraterna!

Nome: _____________________________ ; N.º ___________

Comunidade: _______________________________________

Grupo: ______________________________________________

“Dai a Deus o que é de Deus ....”(cf. Mt 22, 21).

208

Folha do mês: são doze folhinhas destas. Cada uma

para um mês:

Oferta:____________

Data ____/____/_____

__________________

Animador do Dízimo

De tudo o que Deus me deu neste mês, em sinal de

reconhecimento a Ele, compromisso com a

Comunidade e por uma sociedade justa e fraterna

ofereço:

R$____________ ; Ref. Mês: ________________

Nome:____________________________, N.º_____

209

3.4. Organograma do Dízimo: nível

paroquial.

CONSELHO PAROQUIAL DE PASTORAL

(CPP)

CONSELHO PAROQUIAL DO

DÍZIMO (CPD)

EQUIPE DE PASTORAL DO

DÍZIMO (PD)

SECRETARIA

DO DÍZIMO

COORDENADORES

DO DÍZIMO

ANIMADORES DO DÍZIMO -

ADULTOS

ANIMADORES DO DÍZIMO -

MIRIN

210

3.5. Organograma do Conselho Paroquial de

Pastoral (CPP):

PRESIDENTE

CONSELHEIROS – REPRESENTANTES DE

TODOS OS SEGUIMENTOS PASTORAIS

SECRETÁRIO(A)

1º VICE -

PRESIDENTE

1º VICE-

SECRETÁRIO(A)

SECRETÁRIO(A)

2º VICE-

SECRETÁRIO(A)

2º VICE -

PRESIDENTE

211

3.6. Organograma da Equipe Paroquial de

Pastoral do Dízimo (PD):

COORDENADOR (A)

COORDENADORES SETORIAIS DO DÍZIMO

SECRETÁRIO(A)

1º VICE –

COORDENADOR(A)

VICE-

SECRETÁRIO(A)

ANIMAÇÃO

2º VICE –

COORDENADOR(A)

DIVULGAÇÃO

212

3.7. Organograma do Conselho Paroquial

do Dízimo (CPD):

PRESIDENTE

CONSELHEIROS

SECRETÁRIO(A)

1º VICE –

PRESIDENTE

VICE-

SECRETÁRIO(A)

TESOUREIRO

2º VICE –

PRESIDENTE

VICE-

TESOUREIRO

213

3.8. Organograma do Dízimo: nível setorial.

COORDENADOR (A) DO DÍZIMO - SETOR

ANIMADORES DO DÍZIMO –

GR. ADOLESCENTES

ANIMADORES DO DÍZIMO –

GR. JOVENS

ANIMADORES DO DÍZIMO -

ADULTO

ANIMADORES DO DÍZIMO –

GR. CATEQUÉTICO

214

Conclusão

Já em 1962, o pl. past. Plano de Emergência afirmava

a urgência em “vitalizar e dinamizar nossas paróquias,

tornando-as instrumentos aptos a responder à premência das

circunstâncias e da realidade em que nos encontramos”,

como vimos. Um dos caminhos propostos para isso era fazer

da Paróquia “uma comunidade de fé, de culto e de caridade”

para que se tornassem “fermento da comunidade

humana”.274

Recomendava-se ainda “identificar as comunidades

naturais e iniciar o trabalho a partir da realidade que

apresentam”. Nestas comunidades abertas à evangelização,

os elementos dinâmicos irão ajudar a despertar e formar

líderes das novas Comunidades.

Aos leigos cabe um papel decisivo275: “Observar que

a conquista das comunidades pagãs ou indiferentes dos

centros urbanos será feita de preferência por penetração das

comunidades naturais. O método mais seguro é a

evangelização partindo dos problemas de vida”276.

Encontramos, nestas afirmações, já em germe alguns dos

274 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, pl.

past. Plano de Emergência, Rio de Janeiro 1962, 5.4. 275 Cf. Ibidem, 5.5. 276 Cf. Ibidem, 5.6.

215

traços característicos constitutivos daquilo que seria a

Comunidade Eclesial de Base.277

Foi do agrado de Deus santificar e salvar os homens

não individualmente e sem alguma ligação entre si, mas quis

constituir deles um “Povo”, que o reconhecesse na verdade

e santamente o servisse278.

É difícil individuar, em modo preciso, os “fins da

Igreja”. Não é fácil, senão impossível elencá-los

taxativamente. Estão presentes nos vários setores da

atividade eclesial. Trata-se evidentemente de fins

sobrenaturais. Mas os meios que se usa para realizá-los nem

sempre são de ordem espiritual.

Disto se compreende como o c. 125§2 do CIC83, ao

indicar os fins próprios da Igreja – pelos quais tem direito

aos bens temporais -, usa o advébio “praecipue” –

principalmente. Estes “fins” são ordenados em modo

hierárquico mas pertencem igualmente à missão da Igreja,

também as obras de caridade, especialmente para com os

pobres.279

É importante aqui ter presente que por “fins da Igreja”

deve-se entender, como vimos, tudo aquilo que a Igreja

realiza ou deve realizar pela sua identidade institucional. A

saber: a pregação da verdade revelada em cada modalidade

e grau; a celebração do culto; o governo pastoral; a

atividade missionária e a prática da caridade evangélica.

277 Cf. IDEM, doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do

Brasil, 23-26 de novembro de 1982, 10. 278 Cf. const. dogm. Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, 9. 279 Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19.

216

Enfim, atuação de quanto pertence à “missão” recebida do

seu Fundador: Jesus Cristo.280

O “Dízimo” bíblico é apenas “uma” das expressões

duma realidade que aparece também de outras maneiras: o

homem oferece à divindade parte dos bens de que dispõe,

sob a forma de Dízimo, de “primícias”, ou ainda pagando

“impostos religiosos”.281 O Dízimo é apenas uma forma

entre muitas. O importante é que ele foi e quer ser expressão

de uma atitude interior.282

Na literatura patrística o Sistema do Dízimo foi

justificado pelas premissas lançadas nos textos do Antigo

Testamento, de modo especial nos textos do Levítico. Como

já vimos, o Dízimo bíblico parte de que a “terra e todos os

bens naturais pertencem ao Senhor. Em conseqüencia, uma

parte desses bens deve periodicamente reverter a Deus.”283

Ampliando a cosmovisão dos textos do Antigo

Testamento, podemos afirmar algumas premiças sobre o

Dízimo: o domínio universal do Criador sobre tudo284;

Testemunho ao Mundo285;286 membros vivos do Povo de

280 Cf. F. COCCOPALMERIO, “Diritto Patrimoniale della Chiesa”, in

PONTIFICIUM INSTITUTUM UTRIUSQUE IURIS, Il Diritto nel

Mistero della Chiesa, IV, Diritto Patrimoniale, Tutela della

Comunione e dei Diritti, Chiesa e Comunità Politica (Quaderni di

Apollinaris 4), Roma 1980, 5,15. 281 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,

est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 13. 282 Cf. Ibidem, 14. 283 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.

c., 36. 284 Cf. Ibidem, 36-37. 285 Cf. Lc 12, 21.

217

Deus287; regulamentação eclesiástica do dever divino –

natural em manter a Comunidade288; Sistema de Taxas:

inadequado às exigências pastorais de nossos dias.

As iniciativas de taxas, espórtulas e coletas foram

satisfatórias para seus fins econômicos e, por que não dizer,

também pastorais. Hoje, porém, a mentalidade e a Pastoral

atual não aceitam mais tais iniciativas. As espórtulas ou

ofertas por ocasião das prestações ministeriais gerou em

muitos fiéis a idéia de simonia ou comércio das coisas

sagradas. Como se os sacramentos fossem comprados com

dinheiro.

O sistema de taxas ignora também a diversidade e

desigualdade financeira entre os cristãos: o pobre e o rico

pagam a mesma quantia pela prestação. Como se todos

pudessem arcar igualmente com as mesmas despesas.289

Estas são razões que levaram a CNBB a optar pelo Sistema

do Dízimo, dando-lhe porém uma nova configuração.

Configuração esta que estamos trabalhando já ao longo

dessa análise canônico-pastoral do Sistema do Dízimo.290

O Sistema do Dízimo enquanto sistema de

contribuição é: pessoal; livre; espontânea; sistemática.

Pessoalidade: falamos de um Dízimo que é resultado

do direito / dever do fiel em manter a Obra Evangelizadora

da Igreja, retribuir amorosamente a Deus por tudo o que Ele

dá sinal de uma nova sociedade onde reine a justiça e a

286 Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS, o. c., 37. 287 Cf. const. dogm. Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, 2. 288 Cf. Ibidem, 38-39. 289 Cf. Ibidem, 39. 290 Cf. Ibidem

218

fraternidade. Não se trata de “individualismo” mas sim

compromisso pessoal e insubstituível do fiel para com sua

Comunidade e seu Deus. Não podemos permitir que fiéis

irresponsáveis se escondam atrás de um Dízimo

“supostamente familiar” para se omitir neste dever divino

– natural.

Liberdade na oferta: esta deve ser livremente

decidida. Não desejamos uma alíquota tributável.

Conseqüência da espontaneidade – própria da oblação – o

Sistema do Dízimo quer que o volume da oferta seja

livremente decidido. Só assim o Dízimo refletirá o

amadurecimento da fé de uma Comunidade Eclesial.

Espontaneidade na decisão donativa, da parte do fiel

– fruto de conversão e compromisso para com sua Igreja – é

a terceira das suas notas a merecer nossa atenção. O

Sistema do Dízimo quer fundar-se na espontânea e generosa

disposição em atender às necessidades da Igreja, fruto de

conversão, da consciência eclesial, adquirida com uma

intensa participação na Vida da sua Comunidade Eclesial.291

O Dízimo Radical é um desafio para a fé, em primeiro

lugar dos Sacerdotes e outros ministros que vivem

integralmente para os serviços da Comunidade, pois é dele

que tirarão o sustento digno.

A concepção do dízimo como um sistema de

contribuição sistemática (não ocasional) por um lado, e de

contribuição livre, fruto de obrigação moral ( e não legal ou

jurídica) de outro, impõe a busca de caminhos próprios de

291 Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 52.

219

implantação, que não desdigam na prática os valores

pastorais que se querem realizar.

Se o dízimo é concebido como expressão de vivência

de fé em Comunidade, sinal da doação livre e responsável

diante de Deus, sua implantação e manutenção parecem

excluir todo tipo de organização complexa, precisa e

impessoal, que sugerisse tratar-se de um departamento

especializado dentro da Igreja, ou lembrasse uma sucursal

de coletoria de impostos. A montagem, portanto, de um

“aparelho de captação de dízimos” devido a sua frieza,

preocupação aritmética e impessoalidade, estaria excluída

pelo próprio sentido do Dízimo.

A espontaneidade, por sua vez, abandonada a si

mesma, muito rapidamente subumbe a suas próprias

limitações. Um Sistema de Dízimos que simplesmente

deixasse plena espontaneidade para que cada um

contribuísse com quanto, como e quando quisesse, já não

poderia chamar-se de Dízimo e nem de Sistema.

Não teria nenhuma chance de se sistematizar e de

responsabilizar as pessoas. Já não seria mais Dízimo, mas se

classificaria dentro das “contribuições espontâneas” que,

com ou sem o Dízimo, sempre tiveram seu lugar nas

Comunidades religiosas.

É preciso ainda lembrar que, em um mundo técnico

como o que vivemos, tudo o que não tem um mínimo de

organização e controle é naturalmente menosprezado e não

é levado a sério. Igualmente, certas facilidades da sociedade

atual (cobranças em casa, pelo correio, pelos bancos) são

assumidos como verdadeiros valores que simplificam e

facilitam a vida.

220

O problema pastoral que se coloca, portanto, é

encontrar caminhos que sejam realmente pastorais (não

meramente técnicos), e, ao mesmo tempo, acessíveis à

mentalidade do homem de hoje. Em outros termos, como

descobrir um tipo de organização que não sufoque a

expressão da liberdade pessoal, mas, ao mesmo tempo, não

sucumba a seus defeitos? Ou ainda, como usar os meios

modernos de oraganização, corrigindo sua frieza e

impessoalidade? Como usar a informática a serviço da

Pastoral do Dízimo?

Mais do que em outros aspectos, parece importante

aqui uma elástica variedade de meios, que atendam às

diferenças culturais regionais.292

Com o Dízimo a Comunidade Paroquial atenderá às

suas despesas ordinárias, como veremos mais

detalhadamente no primeiro item do próximo Capítulo,

reservado à administração do Dízimo.

Como conseqüência do Sistema do Dízimo, levando

em conta suas peculiaridades, aconselhamos que se proíba

“pedir” ou “aceitar” qualquer “oferta” ou “taxa” por

qualquer prestação, seja do Poder de Ordem ou de

Jurisdição.

Fica aos fiéis, porém, o dever de “pessoalmente,

livremente, espontaneamente e sistematicamente oferecer o

seu Dízimo dentro das suas capacidades, e segundo a

generosidade de seu coração.

Deve ser grande preocupação da Pastoral dos

Sacramentos afastar toda e qualquer impressão de Simonia. 292 Cf. Ibidem, 56-57.

221

Procuramos afastar até mesmo a mais sutil aparência de

“negócio ou comércio” dos serviços, principalmente

daqueles de natureza sacramental:

“Deve-se afastar completamente (...) até mesmo

qualquer aparência de negócio ou comércio”293.

Os fiéis que, impulsionados pelo sentido religioso e

eclesial, querem unir, por uma mais ativa participação à

Celebração Eucarística, uma contribuição pessoal às

necessidades da Igreja e particularmente ao sustento dos

seus ministros294, podem e devem fazê-lo na oferta do

Dízimo.

Assim, o Sistema do Dízimo garante a mesma

característica das “oblações” e salvaguarda o mesmo direito

do fiel praticar sua piedade, contribuindo materialmente

para com a Igreja:

“Os fiéis que oferecem espórtula para que a missa

seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com

essa oferta, para o bem da Igreja e participam de seu

empenho no sustento de seus ministros e obras”295.

O principal órgão dentro da administração paroquial

é o “Conselho Paroquial do Dízimo”, uma vez que ele é a

principal forma de arrecadação, se não a única, dentro do

Sistema do Dízimo, implantado em sua radicalidade.

293 Cf. CIC83 c. 947. 294 Cf. PAULUS VI, m.p. Firma in Tradione, 13 de junho de 1974,

AAS 66(1974)308. 295 Cf. CIC83 c. 946.

222

Toda Paróquia deve criar seu Conselho do Dízimo

que se encarregará de administrá-lo, como veremos mais

detalhadamente no próximo capítulo.

Justifiquemos a nomenclatura utilizada. Trata-se de

um “Conselho” pois sua função é sempre sob a autoridade

administrativa e deliberativa do Pároco. Chamamos este

Conselho de Paroquial do Dízimo para reforçarmos o

papel do Dízimo dentro da vida econômica da Paróquia. Ele

poderia ser chamado de Conselho para Assuntos

Econômicos pois sua natureza é bem esta e suas atribuições

são as atribuições deste Conselho do c. 1280 do CIC83:

O Conselho Paroquial do Dízimo (ou Conselho

Para Assuntos Econômicos), com competência ordinária

na administração paroquial age sempre sob a autoridade e

em conjunto com o Pároco.

Quanto ao “digno sustento” dos ministros sagrados, o

Conselho Paroquial do Dízimo pagará aos Sacerdotes e

demais ministros aquela soma pecuniária estabelecida pelo

Ordinário Local no Direito Particular, juntamente com a

previdência social de ambos.

Falamos de Pastoral do Dízimo pois apostamos no

potencial pastoral deste Sistema. Trata-se de uma verdadeira

ação pastoral, ou seja, uma ação profética em vista da

edificação do Reino de Deus, uma vez que o escopo do

Dízimo não é arrecadar mais dinheiro. Seu objetivo é o

crescimento da Comunidade enquanto “Comunidade de fé”

que assume responsabilidades e vivencia o Evangelho,

preanunciando uma sociedade justa e fraterna, sinal

escatológico do Reino.

223

Sob o ponto de vista da Pastoral é notória a

preocupação de buscar os meios financeiros para a

manutenção dos serviços da comunidade cristã. Esta

preocupação do Sistema do Dízimo é Pastoral na medida

que inclui outros critérios que a coloquem dentro de todo o

sentido da ação pastoral da Igreja no mundo, enquanto

Comunidade de Salvação.

Não é todo Sistema de manutenção da Comunidade

que pode ser chamado de pastoral. A mera finalidade a que

se destina não lhe dá essa característica. Mesmo dentro os

sistemas coerentemente pastorais devemos escolher aquele

que, dadas as suas circunstâncias históricas e culturais, seja

o que melhor exprima o sentido religioso e cristão dos dons

materiais em benefício da Comunidade.296

Podemos reduzir a quatro os principais Sistemas de

manutenção da Comunidade Cristã ao longo de sua história:

o Sistema de doações espontâneas; o Sistema de Dízimo;

o Sistema de côngrua; o Sistema de taxas.

Eles não se excluem mutuamente. Em alguns

momentos da história coexistiram dois ou mais Sistemas no

mesmo lugar. Nunca se suprimiu as doações espontâneas,

por exemplo, qualquer que fosse o Sistema ulteriormente

adotado.

Nenhum outro Sistema se manifesta tão “pastoral”

quanto o Sistema do Dízimo, porém, não aquele Dízimo

bíblico e histórico tal qual era praticado, com a obrigação e

sanções jurídicas. Nem um Dízimo matemático ou

percentual (10% ou 1% dos rendimentos). Mas sim um

296 Cf. Ibidem, 49.

224

Sistema do Dízimo que beba nas fontes bíblicas, sustente-se

na força da história da Igreja e sua praxe; reforçando a

eqüidade da oferta dada, manifestando os caminhos para

uma sociedade nova, pautada pela justiça e fraternidade à

luz do Evangelho.

O Dízimo “percentual” impõe uma obrigação

matematicamente igual a todos, mas realmente diferente a

cada um, uma vez que é muito mais difícil para quem ganha

um (1) salário mínimo dar Dízimo de 10% do que para

quem ganha cinco ou dez salários.

Trata de um erro metodológico – pastoral que

algumas Comunidades cometem. Sob uma suposta

solidariedade e unidade na oferta, pede-se menos de quem

tem mais e pede-se mais de quem, na verdade, tem

menos.297

O Dízimo é uma catequese permanente e viva que dá

mais vida à Comunidade. Reeduca as atitudes religiosas do

homem vitimado pela cultura da técnica que afronta Deus

com seu poder “quase absoluto e ilimitado”. Restaurar este

Sistema do Dízimo renovado e radical é levar o mundo

hodierno a descobrir seus limites e a abrir-se ao Absoluto,

colocando-se nas mãos de Deus.

Seria falta de sensibilidade bater na tecla da obrigação

jurídica do Dízimo diante do homem de hoje, perdendo uma

oportunidade privilegiada de catequizar para o compromisso

social e comunitário.298

297 Cf. Ibidem, 50-51. 298 Cf. Ibidem, 52.

225

A ligação entre a Comunidade religiosa e o Sistema

do Dízimo – enquanto sistema de contribuição constante e

não apenas ocasional – é ressaltada quando analisamos

sociologicamente a Pastoral do Dízimo.

O Sistema do Dízimo, assim, podemos dizer que é

muito mais autêntico e verdadeiro para expressar a ligação

do fiel com sua Comunidade, na qual celebra os mistérios da

Fé. O Dízimo é, portanto, um instrumento prático de

inestimável valor na superação do individualismo que

destrói e na promoção do “Espírito Comunitário”.

O restabelecimento do Sistema do Dízimo se situa no

esforço pastoral primordial da Igreja e oferece um

instrumental a mais de realização desse mesmo esforço. É

expressão do espírito comunitário já existente e o

instrumento pedagógico de formação e aprofundamento

deste mesmo espírito.

Todo esforço de vida e espírito comunitário são uma

preparação e conscientização indireta para o

restabelecimento do Sistema do Dízimo. Isso leva-nos a

questionar a viabilidade prática de seu restabelecimento

naquelas Paróquias situadas fora do esforço de renovação

comunitária. Todo trabalho que leve ao comprometimento, à

participação, sobretudo nos centros paroquiais são passos

importantíssimos de conscientização para o Dízimo.

Não podemos pensar que o Sistema do Dízimo não

traga consigo sérios riscos, alguns deles podemos chamá-los

de “históricos” pois aconteceram de fato ao longo da

História da Igreja: a rotina; a aplicação abusiva; o

farisaísmo.

226

A “razão” pastoral nos leva a termos presentes tais

riscos, que são reais, para não cairmos na euforia otimista de

haver encontrado um Sistema perfeito. As inúmeras

qualidades e vantagens do Sistema do Dízimo, bem

realçadas por nós neste trabalho, não podem encobrir os

riscos, abusos e perigos inerentes a ele.

A implantação do Sistema do Dízimo como sistema

de arrecadação e instrumento pastoral de altíssima eficácia

no crescimento do Espírito Comunitário e de transformação

da Sociedade pode seguir os passos:

- organizar uma Equipe de Pastoral do Dízimo (PD);

- organizar um Conselho Paroquial do Dízimo

(CDP);

- auto conscientização e formação da própria

Equipe;

- levantamento da realidade sócio – econômico –

religiosa de todos os fiéis;

- conscientização dos fiéis em geral; implantação

oficial com data marcada.

Os meios de conscientização são aqueles meios

humildes, mas poderosos, de comunicação da mensagem e

de apelo ao coração informado pela fé, proclamados em um

ambiente de participação e vivência: pregação litúrgica;

celebrações especiais sobre a participação e compromisso;

grupos de reflexão; cartas, cartões, cartazes, faixas e

impressos em geral; estabelecimento de clima e a criação de

estruturas; demonstrativo do que a Paróquia faz, necessita e

gasta; jornais diocesanos ou paroquiais; contato dos líderes

227

da Comunidade com as famílias; conscientização

permanente.

A conscientização dos fiéis, como vimos acima, se dá

de modo privilegiado através dos grupos de famílias. Caso

eles existam pode-se utiliza-los como um instrumental de

altíssima eficácia. Caso eles não existam e não exista

também nada que se equipare a eles, esta é a oportunidade

para cria-los. Pode-se proceder do seguinte modo:

- primeiramente ter em mãos os subsídios de

reflexão, de preferência em número bastante

elevado, um volume para cada fiel;

- segundo passo é, através dos membros da equipe

de Pastoral do Dízimo representantes das

Comunidades e Setores, localizar responsáveis

por quadra. Estes são chamados de Animadores

do Dízimo. Homens ou mulheres de boa vontade e

um mínimo de cultura que os permita liderar um

pequeno grupo de famílias, jovens etc.

- terceiro passo é, estes “Animadores do Dízimo”,

receberem o material e saírem num trabalho

“doméstico” , casa por casa, porta em porta

convidando as famílias para uma primeira reunião

de famílias. Não é necessário nesta fase nem

mesmo dizer às famílias do que se trata: basta que

eles saibam que se reunirão para rezar e refletir a

Palavra de Deus. Recomendamos que se escolha

um “Animador” destes para cada “quadra”

seguindo como critério as divisões próprias do

Município; para que se crie o maior número

possível de grupos de reflexão; em torno de cada

228

animador do Dízimo deve surgir um novo grupo

de reflexão;

- quarto passo é realizar em todos os setores ou

Comunidades e em cada quadra do território

paroquial todos os encontros de conscientização

sobre o Dízimo;

quinto passo pode ser a escolha, dentro de cada grupo

nascente, de um Animador do Grupo. Assim cada grupo de

família ou reflexão, terá dois animadores: um responsável

ordinário pelo grupo e um outro responsável em manter o

Dízimo ativo nas mentes e corações dos membros após o

processo de conscientização;

O processo inteiro, desde a iniciativa primeira da

parte do Pároco ou do CPP – Conselho Paroquial de

Pastoral -, até sua implantação oficial durará em média um

(01) ano. Neste período estamos prevendo o seguinte:

- 1º mês: montagem da equipe paroquial de Pastoral

do Dízimo (PD), com seus representantes ou

Coordenadores do Dízimo a nível setorial e seus

Animadores do Dízimo a nível de grupo de

reflexão; com as características descritas acima;

- 2º mês: montagem do Conselho Paroquial do

Dízimo (CPD); com as características descritas

acima. A partir do 2º ou 3º mês do processo pode-

se começar com uma S. Missa do Dízimo mensal,

onde se rezará pelos dizimistas e se fará a

experiência de um Deus Criador e dador de todos

os bens, por uma sociedade justa e fraterna;

229

- 3º, 4º e 5º meses: auto – formação da equipe de

Pastoral do Dízimo (PD) e do Conselho

Paroquial do Dízimo (CPD) usando os “Temas

de Reflexão” do último item deste capítulo;

- 6 º e 7º meses: levantamento e cadastramento de

todos os fiéis a nível Paroquial com a ficha

cadastral apresentada acima para coleta de dados o

mais completa possível, para que se possa

alimentar o Sistema de Gestão Canônico-

Pastoral, adotado pela Paróquia; durante este

tempo também já se agiliza, onde ainda não

existem, a criação dos grupos de reflexão para

casais, jovens e adolescente em torno da Palavra

de Deus e a reestruturação da Paróquia em

pequenas Comunidades setoriais;

- 8º, 9º e 10º meses: conscientização dos fiéis em

geral através dos grupos de reflexão de casais,

jovens e adolescentes; através de celebrações

especiais do Dízimo, no mínimo três durante este

trimestre, nunca com tônica de cobrança ou

amedrontamento, mas conscientizador e

comprometedor. É importantíssimo que durante

este período todos os seguimentos sejam

mobilizados, inclusive a catequese infantil;

adolescente e crismal;

- 11º e 12º meses: é o bimestre da revisão e

avaliação, marcando a dada a partir da qual o

Sistema do Dízimo é implantado oficialmente.

230

Esperamos que nossas reflexões e sugestões acima

sejam úteis para a Implantação e manutenção do Sistema do

Dízimo, dando a esta Pastoral um novo impulso e

revigoramento neste final de século e milênio. Posso dizer

que, com este trabalho, modesto sim, mas repleto de amor e

esperança na capacidade que a Igreja tem em se auto

renovar buscando novos caminhos e novos métodos para

sua ação no mundo.

231

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O AUTOR:

Prof. Dr. José Francisco de

Assis DIAS, Brasileiro, nasceu a

16 de Março de 1964, em

Umuarama-Pr; estudou Filosofia

no Instituto Filosófico N. S. da

Glória, Maringá-Pr (1983-

1985); e Teologia no Instituto

Teológico Paulo VI, Londrina-

Pr (1986-1989); obteve a

Licenciatura Plena em Filosofia

na Universidade de Passo

Fundo-RS (1996).

É mestre em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade

Urbaniana, Cidade do Vaticano (1990-1992), com a

monografia "DE ACQUISITIONE BONORUM", Na

Legislação Particular da Diocese de Umuarama-Pr;

É mestre em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade

Urbaniana, Cidade do Vaticano (2004-2006), com a

monografia "CONSENSUS OMNIUM GENTIUM", O

Problema do Fundamento dos Direitos Humanos no

Pensamento de Norberto Bobbio (1909-2004);

É doutor em Direito Canônico também pela Pontifícia

Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano (2003-2005),

com a tese DIREITOS HUMANOS, Fundamentação Onto-

teleológica dos Direitos Humanos, com especialização em

Filosofia do Direito;

É doutor em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade

Urbaniana, Cidade do Vaticano, com a tese NÃO MATAR!

O Princípio Ético Não Matar como 'Imperativo Categórico'

no Pensamento de Norberto Bobbio (1909-2004).

252

Publicou:

- DIREITOS HUMANOS, Fundamentação Onto-teleológica

dos Direitos Humanos, Unicorpore, Maringá-Pr 2005,

ISBN: 978-85-98897-04-2

- CONSENSUS OMNIUM GENTIUM, O Problema do

Fundamento dos Direitos Humanos no Pensamento de

Norberto Bobbio (1909-2004), Humanitas Vivens, Sarandi

(Pr) 2008, 2ª Edição, ISBN: 978-85-61837-00-6.

- NÃO MATAR! O Princípio Ético Não Matar! no

Pensamento de Norberto Bobbio (1909-2004), Humanitas

Vivens, Sarandi (Pr) 2008, ISBN: 978-85-61837-02-0.

ATUALMENTE o autor é Professor de História da

Filosofia Antiga e Medieval, Ética, Estética e Metafísica no

Curso de Filosofia da PUC-PR, Campus de Maringá-PR.