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    Prof. Edvaldo Nilo www.pontodosconcursos.com.br

    PROFESSOR EDVALDO NILOCURSO REGULAR DE DIREITO TRIBUTRIO PARA A

    RECEITA FEDERAL 5 TURMA TEORIA COMPLETA EQUESTES COMENTADAS AULA 4 (PARTE 1) IMPOSTOS DE

    COMPETNCIA DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL.IMPOSTO SOBRE TRANSMISSO CAUSA MORT I S E DOAO,

    DE QUAISQUER BENS OU DIREITOS (ITCMD). IMPOSTO SOBREOPERAES RELATIVAS CIRCULAO DE MERCADORIAS E

    SOBRE PRESTAES DE SERVIOS DE TRANSPORTEINTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAO

    (ICMS). IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VECULOSAUTOMOTORES (IPVA). IMPOSTOS DE COMPETNCIA DOSMUNICPIOS E DO DISTRITO FEDERAL. IMPOSTO SOBREPROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (IPTU);IMPOSTO SOBRE TRANSMISSO

    I N T ER VI VOS E DE BENS

    IMVEIS (ITBI); IMPOSTO SOBRE SERVIOS DE QUALQUERNATUREZA (ISS). (PARTE 2) SIMPLES NACIONAL

    ATUALIZADO.

    Ol, amigos (as).

    O nosso sumrio parte 1 de hoje continuao da aulapassada, a saber:

    3. Impostos dos Estados e do Distrito Federal:3.1 Imposto sobre Transmisso Causa Mortis e Doao, dequaisquer bens ou direitos (ITCMD): 3.1.1 Aspecto material;3.1.2 Aspecto temporal; 3.1.3 Aspecto espacial; 3.1.4Aspecto pessoal; 3.1.5 Aspecto quantitativo; 3.1.6Progressividade das alquotas; 3.1.7 Quadro sinptico;3.2 Imposto sobre operaes relativas circulao demercadorias e sobre prestaes de servios de transporteinterestadual e intermunicipal e de comunicao (ICMS):3.2.1 Princpio da neutralidade; 3.2.2 Aspecto material:

    3.2.2.1 Circulao de mercadorias: 3.2.2.1.1 Circulao demercadorias versus prestao de servios municipais (ICMSx ISS); 3.2.2.1.2 Circulao de mercadorias cumulada comprestao de servios municipais (ICMS x ISS); 3.2.2.2Prestao de servios de transporte interestadual eintermunicipal; 3.2.2.3 Prestao de servios decomunicao; 3.2.2.4 Incidncia sobre a importao demercadoria ou bem; 3.2.2.5 Incidncia sobre ascooperativas de consumo; 3.2.2.6 Incidncia sobre energiaeltrica, derivados de petrleo, lubrificantes, combustveis e

    minerais; 3.2.3 Aspecto temporal; 3.2.4 Aspecto espacial;3.2.5 Aspecto pessoal: 3.2.5.1 Smula 432 do STJ e

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    entendimento do STF; 3.2.6 Aspecto quantitativo; 3.2.7No-cumulatividade; 3.2.8 Legitimidade do MinistrioPblico para questionar acordos fiscais do ICMS; 3.2.9Quadro sinptico;3.3 Imposto Sobre Propriedade de Veculos Automotores(IPVA): 3.3.1Aspecto material; 3.3.2 Aspecto temporal;3.3.3 Aspecto espacial; 3.3.4 Aspecto pessoal; 3.3.5Aspecto quantitativo; 3.3.6 Quadro sinptico.4. Impostos dos Municpios e do Distrito Federal:4.1 Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana(IPTU): 4.1.1Aspecto material; 4.1.2 Aspecto temporal;4.1.3 Aspecto espacial; 4.1.4 Aspecto pessoal; 4.1.5Aspecto quantitativo; 4.1.6 Quadro sinptico;4.2 Impostos sobre transmisso inter vivos, por atooneroso, de bens imveis e de direitos reais sobre imveis(ITBI): 4.2.1Aspecto material; 4.2.2 Aspecto temporal;4.2.3 Aspecto espacial; 4.2.4 Aspecto pessoal; 4.2.5Aspecto quantitativo; 4.2.6 Quadro sinptico;4.3 Imposto sobre servios de qualquer natureza (ISS):4.3.1Aspecto material;4.3.2 Aspecto temporal; 4.3.3Aspecto espacial; 4.3.4 Aspecto pessoal; 4.3.5 Aspectoquantitativo; 4.3.6 Quadro sinptico.

    Ento, vamos l.

    3. IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL

    Os impostos estaduais e distritais (art. 155, I a III, CF) so osseguintes:

    Imposto sobre transmisso causa mortis e doao, dequaisquer bens ou direitos (ITCMD);

    Imposto sobre operaes relativas circulao de mercadoriase sobre prestaes de servios de transporte interestadual e

    intermunicipal e de comunicao, ainda que as operaes e asprestaes se iniciem no exterior (ICMS); Imposto sobre propriedade de veculos automotores (IPVA).

    Assim, passamos analisar cada um destes impostos, citando aslegislaes estaduais e distritais apenas com intuito deexemplificar, pois o livro no exclusivo para determinado entefederativo. Registramos, no caso, que cada legislao especficaestadual ou distrital tem seu mbito espacial de incidncia limitado.

    3.1 IMPOSTO SOBRE TRANSMISSO CAUSA MORT I S EDOAO, DE QUAISQUER BENS OU DIREITOS (ITCMD)

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    O imposto sobre transmisso causa mortis e doao dequaisquer bens ou direitos denominado por vrias siglas pelaslegislaes estaduais (ITCMD, ITCD, ICD, IHD, ITD), abrangendo noseu campo de incidncia quaisquer bens ou direitos ocorridos pormotivo de morte (herana), bem como doao.

    Contudo, nem sempre foi assim. Na Constituio de 1967/69,as transmisses de imveis (inter vivos ou causa mortis) sujeitavam-se a um nico imposto estadual, denominado de ITBI.

    Por seu turno, na atual CF/88, atribuiu-se competnciaestadual para o imposto sobre transmisso causa mortis e doaode quaisquer bens ou direitos (art. 155, I) e competnciamunicipal para o imposto sobre transmisso onerosa por ato entrevivos de bens imveis (art. 156, II), criando-se dois impostosdiversos.

    Dessa maneira, os arts. 35 a 42 do CTN foram estabelecidoscom intuito de regular o antigo imposto estadual sobre a transmissode bens imveis e de direitos a eles relativos. Portanto, como at omomento no foi instituda nova lei complementar fixando normasgerais para o ITCMD, aplica-se, no que for possvel e compatvelcoma atual Constituio, as antigas normas do CTN.

    Em outras palavras, aplica-se ao ITCMD o regramentoconstitucional, a alquota mxima fixada pelo Senado Federal, o CTN,no que for recepcionada pela CF, e, especificadamente, a legislaoestadual e distrital.

    Nesse rumo, o art. 155, I, 1, I a IV, da CF/88, estabelece oseguinte sobre o ITCMD:

    Relativamente a bens imveis e respectivos direitos,compete ao Estado da situao do bem, ou ao Distrito Federal;

    Relativamente a bens mveis, ttulos e crditos, compete aoEstado onde se processar o inventrio ou arrolamento, ou tiverdomiclio o doador, ou ao Distrito Federal;

    Ter a competncia para sua instituio regulada por leicomplementar: a) se o doador tiver domiclio ou residncia noexterior; b) se o de cujus possua bens, era residente oudomiciliado ou teve o seu inventrio processado no exterior;

    Ter suas alquotas mximas fixadas pelo Senado Federal.A Resoluo n 9/92 do Senado Federal dispe que a alquotamxima do ITCMD ser de oito por cento (8%).

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    O CESPE no concurso para Promotor ES/2010 considerou incorreto:O imposto sobre a transmisso causa mortis e doao, de quaisquerbens ou direitos, de competncia dos estados e do DF, tem suasalquotas mxima e mnima fixadas pelo Senado Federal.

    Neste item, ainda salientamos que o ITCMD, em regra, calculado pelo prprio sujeito passivo que fica obrigado a antecipar oseu pagamento, sem prvio exame da autoridade administrativa,sujeitando-se a extino do crdito tributrio a ulterior homologaopela Fazenda Pblica. Ou seja, em regra, o ITCMD hiptese delanamento por homologao.

    3.1.1 ASPECTO MATERIAL

    O imposto de transmisso de bens e direitos causa mortis temcomo ncleo do fato gerador, em regra, a transmisso de quaisquerbens ou direitos em face da morte.

    J o imposto de transmisso de bens e direitos inter vivosattulo gratuito tem como aspecto material, em regra, a doao dequaisquer bens ou direitos.

    Por conseguinte, o ITCMD, por exemplo, segundo a legislao

    do Estado do Rio de Janeiro (RJ),tem como fato gerador: A transmisso da propriedade ou domnio til de bens imveis

    por natureza ou acesso fsica, como definidos na lei civil; A transmisso de direitos reais sobre imveis, exceto os de

    garantia e as servides prediais; A transmisso de ttulos, crditos, aes, quotas, valores e

    outros bens mveis de qualquer natureza, bem como os direitosa eles relativos;

    A aquisio de bem ou direito em excesso pelo herdeiro,cnjuge ou companheiro, na partilha, em sucesso causamortis, dissoluo de sociedade conjugal ou alterao doregime de bens.

    Assim, considera-se doao qualquer ato ou fato no onerosoque importe ou se resolva em transmisso de bens ou direitos.Ressaltamos quea doao o contrato em que uma pessoa, porliberalidade, transfere do seu patrimnio bens ou vantagens para ode outra (art. 538, Cdigo Civil - CC).

    Deste modo, imprescindvel que ocorra a mudana jurdica detitularidade, com esprito de liberalidade, e efetivo animus donandi,

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    mediante o empobrecimento do doador e o enriquecimentopatrimonial do donatrio, com o aparecimento do signo presuntivo deriqueza.

    Neste sentido, por exemplo, embora os alimentos (pensoalimentcia) revistam caractersticas parecidas doao ato gratuitocom empobrecimento do doador e enriquecimento do donatrio nose pode cogitar de uma autntica liberalidade, uma vez que decorrede imposio legal (ptrio-poder); princpio da solidariedade familiar(filhos maiores ou parentes), ou social (idosos ou pobres).

    No entanto, evidenciamos que a transmisso de vrios imveisa um mesmo filho pode ter o condo de extrapolar as necessidadesvitais bsicas, desnaturar a caracterstica de dever de sustento,tipificando uma doao.

    Nesse rumo, registramos, tambm, que incide ITCMD, a ttulode doao, na renncia manifestada por herdeiro ou legatrio emfavor de pessoa determinada ou determinvel.

    Desta forma, decidiu o STJ: Na hiptese de um dos cnjugesabrir mo da sua meao em favor do outro, o direito tributrioconsidera tal fato como doao, incidindo, portanto, apenas o ITCD(REsp 723587/RJ).

    Ademais, ressaltamos as seguintes smulas do STF, aindavlidas, e tambm decises consagradas do STJ:

    Sobre os honorrios do advogado contratado peloinventariante, com a homologao do juiz, no incide oimposto de transmisso causa mortis (Smula 115 do STF):ou seja, sobre valor dos encargos financeiros com o profissionalda advocacia contrato para trabalhar no inventrio no incideITCMD;

    legtima a incidncia do imposto de transmisso causamortis no inventrio por morte presumida. (Smula 331 doSTF): a morte presumida a gerada pela ausncia, que,igualmente, permite a abertura da sucesso (art. 37 eseguintes do CC);

    Na separao judicial, a legalizao dos bens da meaono est sujeita a tributao. Em havendo a entrega a um doscnjuges de bens de valores superiores meao, semindcios de compensao pecuniria, entende-se que ocorreudoao, passando a incidir, sobre o que ultrapassar a meao,o Imposto de Transmisso por Doao, de competncia dosEstados (STJ, REsp 723587/RJ);

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    No devido o imposto de doao sobreextino defideicomisso, sob pena de ocorrncia de bitributao. Aoextinguir-se o fideicomisso no h transmisso de propriedade(STJ, REsp 606133/RJ).

    O excesso de meao ou de quinho o valor atribudo aocnjuge, ao companheiro ou ao herdeiro superior frao ideal a qualfaz jus, nos termos do Cdigo Civil.

    O CESPE no concurso para Procurador/PE/2009considerou correto: OITCMD estabelecido pela legislao pernambucana sobre a mortepresumida legtimo.O CESPE no concurso para Procurador/PE/2009considerou incorreto:No estado de Pernambuco, a diferena do montante partilhado emvirtude de separao judicial isento do pagamento do ITCMD, desdeque o casamento tenha ocorrido sob o regime de comunho de bens.

    Destacamos, por outro lado, que devido o ITCMD apenasna instituio de fideicomisso, que um instituto de direito civil,especificadamente do direito das sucesses, sendo uma forma detransmisso de um bem por meio de testamento e sobcondio resolutria. Nesta o negcio jurdico ocorre (transmissode propriedade) desde a sua celebrao, independentemente doimplemento da condio.

    Assim, no fideicomisso feito um testamento em vida em que otestador transmite um bem a um herdeiro (denominado de fiducirio)sob condio resolutria. Esta condio acontece normalmente com amorte do testador, sendo que o fiducirio deve com a morte dotestador transmitir a propriedade do bem a outra pessoa (chamadade fideicomissrio). Por isto, o ITCMD no incide na extino dofideicomisso, mas sim no momento da instituio do fideicomisso.Isto , no momento da prtica ou da celebrao do negcio chamadofideicomisso ocorre o fato gerador do ITCMD, eis que neste momento

    j feita a transmisso da propriedade por testamento ao fiducirio.De mais a mais, registramos regra clssica das legislaes

    estaduais, que assevera que nas transmisses causa mortis edoaes ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos forem osherdeiros, legatrios ou donatrios.

    3.1.2 ASPECTO TEMPORAL

    O aspecto temporal o momento da transmisso do bem ou

    direito.

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    Assim, no imposto causa mortis (herana) o marco temporal a transmisso da propriedade, que ocorre com a morte, de acordocom o art. 1.784 do CC. Neste sentido, afirma o STJ reiteradamenteque o marco temporal o momento do bito (AgRg no Ag721031/SP, REsp 752808/RJ). Realamos tambm que, segundo oprincpio da saisine, o patrimnio do de cujus transmite-se aosherdeiros com a morte.

    No entanto, atentamos para smula 114 do STF, O ITCM no exigvel antes da homologao do clculo. Realamos que umacoisa momento da ocorrncia do fato gerador (nascimento) e outra o momento da exigibilidade da obrigao tributria, que se d coma constituio do crdito no direito tributrio.

    Por sua vez, no imposto de transmisso inter vivos a ttulo

    gratuito (doao), o fato gerador se d, no caso de bens mveis,com a transmisso pela tradio e, na hiptese de bens imveis,com o registro do ttulo aquisitivo no Registro de Imveis.

    O CESPE no concurso para Procurador/PE/2009considerou incorreto:Apenas aps o encerramento do processo de inventrio que oestado de Pernambuco est legitimado para cobrana do ITCMD.

    3.1.3 ASPECTO ESPACIAL

    O aspecto espacial o territrio do Estado ou do DistritoFederal em que ocorre o fato gerador. Assim,lembramos novamenteregras importantes estabelecidas no art. 155, 1, CF para saberquem o ente tributante: (a) relativamente a bens imveis erespectivos direitos, compete ao Estado da situao do bem, ou aoDistrito Federal; (b) relativamente a bens mveis, ttulos ecrditos, compete ao Estado onde se processar o inventrio ouarrolamento, ou tiver domiclio o doador, ou ao Distrito Federal.

    Na hiptese do doador com domiclio ou residncia no exterior,ou do de cujus, que possua bens, residente ou domiciliado ou queteve o seu inventrio processado no exterior, a competncia pararegular a situao da lei complementar federal, que ainda noexiste.

    A ESAF no concurso para FRM/ISS/RJ/2010 considerou correto:Relativamente ao imposto sobre transmisso causa mortis, competeele, relativamente a bens mveis, ao estado onde se processar oinventrio ou arrolamento.

    3.1.4 ASPECTO PESSOAL

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    O sujeito ativo o Estado ou o Distrito Federal, titular dacompetncia para exigir o cumprimento da obrigao tributriadecorrente do ITCMD.

    Por sua vez, o contribuinte qualquer das partes na operaotributada, conforme dispuser a lei ordinria (art. 42, CTN). Ocontribuinte do ITCMD, por exemplo, segundo a legislao de SantaCatarina :

    O herdeiro, o legatrio, o fiducirio ou o fideicomissrio, nocaso de transmisso causa mortis;

    O donatrio ou cessionrio, no caso de doao ou de cesso; O beneficirio de direito real, quando de sua instituio; O nu-proprietrio, na extino do direito real.

    Ressaltamos que o nu-proprietrio o proprietrio de um bemcuja posse est com outra pessoa. Isto , a pessoa proprietria deum bem (nu-proprietrio), mas os direitos de uso esto com outrapessoa, que denominada usufruturio. Ou seja, quando seextingue este direito de uso pode o nu-proprietrio vir a sercontribuinte do ITCMD. Por seu turno, asseveramos que o direito realtem relao com os direitos de propriedade sobre um bem ou coisa.Ou seja, os direitos de usar, gozar e dispor da coisa, bem como o

    direito de reav-lo (direito de reivindicar a posse do bem). Assim, obeneficirio de direito real aquele que est sendo beneficiadocom um ou mais direitos sobre o bem ou a coisa. Por exemplo, ocaso do usufruturio citado.

    De mais a mais, nas transmisses causa mortis ou por doaoque se efetuarem sem o pagamento do ITD, em regra, sosolidariamente responsveis por esse pagamento oinventariante ou o doador, conforme o caso.

    3.1.5 ASPECTO QUANTITATIVO

    A base de clculo do ITCMD, em regra, o valor venal do bemou direito, ou o valor do ttulo ou crdito transmitido (art. 38, CTN).O valor venal o valor corrente de mercado, ou seja, em condiesnormais de livre concorrncia.

    Assim, a base de clculo ser considerada o valor real (atual)do bem ou direito, que a da data em que forem apresentadas aoFisco as informaes relativas ao lanamento do imposto. Neste

    sentido, a smula 113 do STF: O imposto de transmisso causamortis calculado sobre o valor dos bens na data da avaliao.

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    Por outro lado, a alquota deve ser a vigente na poca do fatogerador, em face do caputdo art. 144 do CTN e smula 112 doSTF, a saber:

    O lanamento reporta-se data da ocorrncia do fato geradorda obrigao e rege-se pela lei ento vigente, ainda queposteriormente modificada ou revogada;

    O imposto de transmisso causa mortis devido pela alquotavigente ao tempo da abertura da sucesso, que omomento da morte do de cujus.

    Contudo, realamos que, segundo o STF e o STJ, a base declculo do ITCMD nem sempre poder ser o valor integral do monte-mor (herana). Existem hipteses em que se devero afastar osvalores da meao do cnjuge ou do companheiro sobrevivente, deacordo com o regime de bens, bem como excluir as dvidas dofalecido. Neste sentido, j afirmou o STF que o ITCMD incide sobreo montante lquido da herana, sendo lcito abater do clculo asdespesas funerrias previstas no Cdigo Civil (Rel. Min. OctvioGallotti, DJde 07/08/1987, pg. 15.436).

    Decerto, devemos conhecer tambm os seguintesentendimentos jurisprudenciais:

    Calcula-se o Imposto de Transmisso Causa Mortis sobre osaldo credor da promessa de compra e venda de imvel, nomomento da abertura da sucesso do promitente comprador(Smula 590 do STF): neste caso, aquele que quer vender oimvel (promitente vendedor) morre e o ITCMD no incidesobre o valor total da promessa de compra e venda, mas simpelo valor que ainda se deve pagar pelo imvel (saldo credor ouvalor residual) e foi transmitido aos herdeiros no momento damorte. Ou seja, o proveito econmico obtido em face do

    contrato de promessa de compra e venda e transmitido aosherdeiros. Assim, o ITCMD incide sobre os crditos dasprestaes a receber. Em outras palavras, o ITCMD deve incidirem cima dos valores que sero pagos pelo promitentecomprador (prestaes a serem pagas ou a receber) em face docontrato, se este no for rescindido;

    A escolha do valor do monte-mor (herana) como base declculo da taxa judiciria encontra bice no artigo 145, 2, daCF, visto que o monte-mor que contenha bens imveis tambm base de clculo do imposto de transmisso causa

    mortis e inter vivos(STF, ADI 2.040); Tratando-se de tributo de competncia estadual, nada obsta

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    que lei estadual, em relao ao ITCMD, defina base de clculomenor do que a prevista em lei complementar federal, nohavendo, portanto, por que falar em violao do art. 38 doCTN (STJ, REsp 343578/SP);

    Feito o pagamento do ITCMD e juntado o comprovante aosautos, no pode o juiz condicionar a homologao da partilhaem processo de arrolamento sumrio entrega de documentos Receita estadual necessrios ao clculo do imposto. Ainda queo pagamento no esteja completo ou tenha o inventariantecalculado mal o imposto, essas questes no podem sertratadas e discutidas em arrolamento sumrio (STJ, REsp927530/SP); Segundo a jurisprudncia de ambas as Turmasde Direito Pblico desta Corte, inadmite-se a discusso acercado ITCMD em sede de arrolamento de bens em inventrio, nostermos do art. 1.034 do CPC (STJ, REsp 1076259/SP, DJe18/02/2010, AgRg no Ag 1074843/SP, DJe10/09/2009);

    Nos inventrios processados sob a modalidade de arrolamentosumrio, cabe administrao pblica, no ao juzo doinventrio, reconhecer a iseno do ITCMD (STJ, REsp1.150.356, julgamento em 09/09/2010): portanto, o processodeve ser sobrestado at a resoluo da questo na esferaadministrativa e o herdeiro dever juntar a certido de isenoaos autos. Contudo, ressaltamos que a jurisprudncia no STJsobre o procedimento completo de inventrio (mais complexo)

    afirma que compete ao juiz apreciar o pedido de iseno doITCMD. A correo monetria deve ser aplicada a partir da data do

    bito, desde que prevista em lei (REsp n 39.598/SP); No se coaduna com o sistema constitucional norma

    reveladora de automaticidade quanto alquota do ITCMD, aevidenciar a correspondncia com o limite mximo fixado emresoluo do Senado Federal (RE 213.266): Portanto, aoSenado Federal compete a fixao da alquota mxima para acobrana do ITCMD, cabendo aos Estados a definio da

    alquota interna exigvel, mediante lei especfica, observada aresoluo expedida por essa Casa Legislativa (STF, RE224.786-AgR);

    Cabe ao juiz do inventrio vista da situao dos herdeiros,miserveis na forma da lei, por isto ao apangio da JustiaGratuita, declar-los isentos do pagamento do imposto detransmisso causa mortis (STJ, REsp n. 238.161/SP; REsp138843/RJ).

    Ademais, as alquotas do ITCMD so fixadas na legislao

    estadual e distrital, com patamar mximo de 8%.

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    O CESPE no concurso para o Ministrio Pblico/TCE/BA/2010considerou correto: Certa pessoa faleceu em 2/12/2009, deixandobens mveis e imveis a partilhar entre os herdeiros. Ocorre que oITCMD s passou a ser cobrado, efetivamente, em maio de 2010,quando sua alquota j havia sido majorada, em abril de 2010. Nessasituao, o ITCMD ser devido pela alquota vigente ao tempo daabertura da sucesso.A ESAF no concurso para AFRFB/2010 assinalou como correto osseguintes itens: (i) Consoante entendimento do STF, o imposto detransmisso causa mortis devido pela alquota vigente ao tempo daabertura da sucesso e no ao tempo do incio do processo deinventrio e partilha; (ii) Ainda sobre o imposto de transmissocausa mortis, o clculo do referido imposto deve operar-se sobre ovalor dos bens na data da avaliao.O CESPE no concurso para Delegado de Polcia/RN/2009 consideroucorreto os seguintes itens acerca do ITCMD: (i) Deve ser calculadosobre o valor dos bens na data da avaliao; (ii) No incide sobre oshonorrios do advogado contratado pelo inventariante; (iii) No exigvel antes da homologao do clculo do valor devido; (iv) legtima sua incidncia no inventrio por morte presumida.O CESPE no concurso para Delegado de Polcia/RN/2009 considerouincorreto: vedada a atualizao de seu valor por ndice de correoestadual.

    3.1.6 PROGRESSIVIDADE DAS ALQUOTASO art. 2 daResoluo n 9/92 do Senado Federal estabelece

    que as alquotas do ITCMD fixadas em lei estadual podero serprogressivas em funo do quinho que cada herdeiro efetivamentereceber, nos termos da CF.

    Nesse rumo, diversas legislaes estaduais estabelecem aprogressividade de alquotas no ITCMD. Todavia, o STF vemhistoricamente decidindo que inexiste espao de liberdade decisria

    para o legislador infraconstitucional em tema de progressividadetributria, ou seja, no possvel instituir alquotas progressivas emsituaes no autorizadas explicitamente pelo texto da Constituio(ADI 2.010-MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJde 12-4-2002, ADC 8-MC, Plenrio, DJde 4-4-2003), tal como acontece com o IR (art. 153,2, II), o ITR (art. 153, 4, I), o IPTU (arts. 156, 1, 182, 4,II) e no ocorre com o ITCMD.

    Alm disso, noutros julgamentos (RE 153.771, Rel. Min. MoreiraAlves, DJde 5-9-1997, RE 234.105, Rel. Min. Carlos Velloso, DJde

    31-3-2000) o STF tem afirmado reiteradamente que no admitida aprogressividade fiscal para os impostos de carter real (IPTU, ITR),

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    insusceptvel da verificao de condio pessoal, sendo, portanto,incompatvel a progressividade dos impostos reais com a capacidadeeconmica do contribuinte (art. 145, 1), exceto se previstaexplicitamente no texto constitucional.

    O CESPE no concurso para Procurador/PE/2009considerou incorreto:O ITCMD imposto de natureza pessoal, em razo do que alegislao pernambucana estabeleceu validamente a progressividadedo tributo, observando o princpio da capacidade contributiva.

    Por sua vez, parece que o STF est inclinado a mudar deentendimento. No RE 562.045/RS, o Ministro Eros Grau entendeu quea suposta inconstitucionalidade da progressividade das alquotas doITCMD decorre da compreenso equivocada de que o 1, do art.145, da CF se aplica exclusivamente para os impostos de carterpessoal.

    Neste sentido, Eros Grau salientou que todos os impostos estosujeitos ao princpio da capacidade contributiva, mesmo os que notenham carter pessoal. Em outros termos, todos os impostos,independentemente de sua classificao (real ou pessoal), podem edevem guardar relao com a capacidade contributiva do sujeitopassivo, pois, do contrrio, haver um tratamento igual para osdesiguais. Concluiu, do mesmo modo, ser possvel se aferir a

    capacidade contributiva do sujeito passivo do ITCMD, pois, tratando-se de imposto direto, a sua incidncia poder expressar, em diversascircunstncias, progressividade ou regressividade direta. O voto doMinistro foi acompanhado pelos ministros Carlos Menezes Direito(falecido), Crmen Lcia Antunes Rocha e Joaquim Barbosa. Apspediu vista dos autos o Min. Carlos Britto. esperar o resultado finaldo julgamento.

    3.1.7 QUADRO SINPTICO

    Aspecto material: em regra, a transmisso de quaisquer bens oudireitos em face da morte ou a doao em vida de quaisquer bens oudireitos.

    Aspecto temporal: momento da transmisso do bem ou direito;(a) imposto sobreherana: data da morte; (b) imposto sobre

    doao: (i) bens mveis, com a tradio; e (ii)bens imveis, como registro do ttulo aquisitivo no Registro de Imveis .

    Aspecto espacial: territrio do Estado ou do Distrito Federal,obedecendo-se as seguintes regras: (a) relativamente a bens

    imveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situao do

    bem, ou ao Distrito Federal; (b) relativamente a bens mveis, ttulose crditos, compete ao Estado onde se processar o inventrio ou

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    arrolamento, ou tiver domiclio o doador, ou ao Distrito FederalAspecto pessoal: Sujeito ativo: Estado ou DF; Sujeito Passivo

    (contribuinte): proprietrio do imvel, o titular de seu domnio til,ou o seu possuidor a qualquer ttulo.

    Aspecto quantitativo: Base de clculo:em regra, ovalor venal dosbens ou direitos transmitidos; Alquota: a fixada na legislao

    estadual ou distrital, com limite mximo de 8%.

    3.2 IMPOSTO SOBRE OPERAES RELATIVAS CIRCULAODE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAES DE SERVIOS DETRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DECOMUNICAO (ICMS):

    O ICMS um imposto que compete aos Estados e ao Distrito

    Federal. Todavia, alm da legislao estadual e distrital, aplica-se aoICMS especificadamente:

    O art. 155, II, 2 a 5, da CF/88; A Lei Complementar 87/96, que estabelece as normas gerias do

    ICMS; A Lei Complementar n 24/75, que trata dos convnios

    interestaduais do ICMS; A Resoluo 22/89 do Senado Federal, dispondo sobre a

    alquota do ICMS, nas operaes e prestaes interestaduais

    (8%) e nas operaes e prestaes realizadas nas regies Sul eSudeste, destinadas s regies Norte, Nordeste e Centro-Oestee ao Estado do Esprito Santo (7%);

    A Resoluo 95/96 do Senado Federal, estabelecendo a alquotade 4% (quatro por cento) na prestao de transporte areointerestadual de passageiro, carga e mala postal.

    Sem sombra de dvidas, o ICMS o tema tributrio maiscomplexo e detalhado no texto constitucional. Assim, segue baixo umquadro geral das suas regras constitucionais relevantes.

    Compete aos Estados e ao DF instituir ICMS, ainda que asoperaes e as prestaes se iniciem no exterior. O ICMS

    atender ao seguinte:(i) serno-cumulativo, compensando-se o que for devido em cadaoperao relativa circulao de mercadorias ou prestao deservios com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ououtro Estado ou pelo Distrito Federal;(ii) a iseno ou no-incidncia, salvo determinao em contrrio dalegislao: (a) no implicar crdito para compensao com o

    montante devido nas operaes ou prestaes seguintes; (b)acarretar a anulao do crdito relativo s operaes anteriores.

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    (iii) poder ser seletivo, em funo da essencialidade dasmercadorias e dos servios;(iv) resoluo do Senado Federal, de iniciativa do Presidente daRepblica ou de um tero dos Senadores, aprovada pela maioriaabsoluta de seus membros, estabelecer as alquotas aplicveis soperaes e prestaes, interestaduais e de exportao;(v) facultado ao Senado Federal: (a) estabelecer alquotasmnimas nas operaes internas, mediante resoluo de iniciativa deum tero e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; (b)fixar alquotas mximas nas mesmas operaes para resolver conflitoespecfico que envolva interesse de Estados, mediante resoluo deiniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois teros de seusmembros;(vi) salvo deliberao em contrrio dos Estados e do Distrito

    Federal, nos termos dos convnios interestaduais (CONFAZ), asalquotas internas, nas operaes relativas circulao demercadorias e nas prestaes de servios, no podero ser inferioress previstas para as operaes interestaduais;(vii) em relao s operaes e prestaes que destinem bens eservios a consumidor final localizado em outro Estado (operaesinterestaduais), adotar-se-: (a) a alquota interestadual,quando o destinatrio for contribuinte do imposto; (b) a alquotainterna, quando o destinatrio no for contribuinte dele;(viii) na hiptese de alquota interestadual, quando o

    destinatrio for contribuinte do ICMS, caber ao Estado dalocalizao do destinatrio o imposto correspondente diferenaentre a alquota interna e a interestadual;(ix) incidir ICMS tambm: (a) sobre a entrada de bem oumercadoria importados do exterior por pessoa fsica ou jurdica,ainda que no seja contribuinte habitual do imposto, qualquer queseja a sua finalidade, assimcomo sobre o servio prestadonoexterior,cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domiclio ou oestabelecimento do destinatrio da mercadoria, bem ou servio; (b)sobre o valor total da operao, quando mercadorias forem

    fornecidas com servios no compreendidos na competnciatributria dos Municpios;(x) no incidir ICMS: (a) sobre operaes que destinemmercadorias para o exterior, nem sobre servios prestados adestinatrios no exterior, assegurada a manuteno e oaproveitamento do montante do imposto cobrado nas operaes eprestaes anteriores; (b) sobre operaes que destinem a outrosEstados petrleo, inclusive lubrificantes, combustveis lquidos egasosos dele derivados, e energia eltrica; (c) sobre o ouro, quandodefinido em lei como ativo financeiro (neste caso, apenas incideIOF); (d) nas prestaes de servio de comunicao nas

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    modalidades de radiodifuso sonora e de sons e imagens derecepo livre e gratuita;(xi) no compreender, em sua base de clculo, o montante do IPI,quando a operao, realizada entre contribuintes e relativa a produtodestinado industrializao ou comercializao, configure fatogerador dos dois impostos;(xii) cabe lei complementar: (a) definir seus contribuintes; (b)dispor sobre substituio tributria; (c) disciplinar o regime decompensao do imposto; (d) fixar, para efeito de sua cobrana edefinio do estabelecimento responsvel, o local das operaesrelativas circulao de mercadorias e das prestaes de servios;(e) prever casos de manuteno de crdito, relativamente remessa para outro Estado e exportao para o exterior, de serviose de mercadorias; (f) regular a forma como, mediante deliberao

    dos Estados e do Distrito Federal, isenes, incentivos e benefciosfiscais sero concedidos e revogados (LC 24/75); (g) definir oscombustveis e lubrificantes sobre os quais o ICMS incidir uma nicavez, qualquer que seja a sua finalidade, hiptese em que no seaplicar no-incidncia prevista constitucionalmente sobre operaesque destinem a outros Estados petrleo, inclusive lubrificantes,combustveis lquidos e gasosos dele derivados; (h) fixar a base declculo, de modo que o montante do imposto a integre, tambm naimportao do exterior de bem, mercadoria ou servio;(xiii) exceo do ICMS e do imposto de importao (II) e imposto

    de exportao (IE), nenhum outro imposto poder incidir sobreoperaes relativas a energia eltrica, servios de telecomunicaes,derivados de petrleo, combustveis e minerais do Pas;(xiv) na hiptese de incidncia nica do ICMS sobre combustveis elubrificantes, qualquer que seja a sua finalidade: (a) o ICMS caberao Estado onde ocorrer o consumo, nas operaes com oslubrificantes e combustveis derivados de petrleo; (b) o ICMS serrepartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se amesma proporcionalidade que ocorre nas operaes com as demaismercadorias, nas operaes interestaduais, entre contribuintes, com

    gs natural e seus derivados, e lubrificantes e combustveis noincludos na letra a acima; (c) o ICMS caber ao Estado de origem,nas operaes interestaduais com gs natural e seus derivados, elubrificantes e combustveis no includos na letra a acima,destinadas a no contribuinte; (d) as alquotas do imposto serodefinidas mediante deliberao dos Estados e Distrito Federal, nostermos dos convnios interestaduais (LC 24/75), observando-se oseguinte: (1) sero uniformes em todo o territrio nacional, podendoser diferenciadas por produto; (2) podero ser especficas, porunidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor

    da operao ou sobre o preo que o produto ou seu similaralcanaria em uma venda em condies de livre concorrncia;

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    (3)podero ser reduzidas e restabelecidas, no se lhes aplicandooprincpio da anterioridade genrica.(xv) as regras necessrias aplicao do disposto no (xiv) acima,inclusive as relativas apurao e destinao do imposto, seroestabelecidas mediante deliberao dos Estados e do DistritoFederal, nos termos dos convnios interestaduais (LC 24/75).

    A ESAF no concurso para FRM/ISS/RJ/2010 considerou correto:Relativamente ao imposto sobre operaes relativas circulao demercadorias e sobre prestaes de servios de transporteinterestadual e intermunicipal e de comunicao, cabe respectivaincidncia, na forma da respectiva lei complementar, ainda que asoperaes e as prestaes se iniciem no exterior.A ESAF no concurso para FRM/ISS/RJ/2010 considerou correto:

    Relativamente ao imposto sobre operaes relativas circulao demercadorias e sobre prestaes de servios de transporteinterestadual e intermunicipal e de comunicao, a iseno ou no-incidncia, salvo determinao em contrrio da legislao, noimplicar crdito para compensao com o montante devido nasoperaes ou prestaes seguintes.A ESAF no concurso para FRM/ISS/RJ/2010 considerou incorreto:Relativamente ao imposto sobre operaes relativas circulao demercadorias e sobre prestaes de servios de transporteinterestadual e intermunicipal e de comunicao, cabe aos estados e

    ao Distrito Federal, na forma das respectivas leis ordinrias, deliberarsobre a concesso e a revogao de redues discriminadas de basede clculo.

    Por seu turno, o ICMS classificado pela doutrina predominantecomo imposto e s t a d u a l , f i s c a l (funo eminentementearrecadatria), i n d i r e t o (quem paga o contribuinte de fato),r e a l (estabelecido em funo da matria tributada, pouco importandoa pessoa do sujeito passivo), p r o p o r c i o n a l (alquota no varia emrazo do valor da base de clculo), p lu r i f s ic o(incide sobre todas as

    etapas de circulao de riqueza), no c u m u l a t i v o (compensao doICMS pago nas operaes/prestaes anteriores) e n e u t r o (nodistorce a formao dos preos das mercadorias, isto , no produzefeitos econmicos paralelos).

    Porm, a classificao acima relativizada por parte dadoutrina, afirmando que o ICMS tambm pode ser consideradoextrafiscal(ex.: atrao de empresas mediante incentivos fiscais) e asua neutralidade impositiva marcadamente terica.

    Importante: O ICMS classificado como um imposto indireto, eisque o seu encargo financeiro repercute no preo final das

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    mercadorias e servios adquiridos pelo consumidor final, isto ,repercute tributariamente em cima do contribuinte de fato(consumidor final). Por sua vez, a seletividade nas alquotas do ICMS,que uma caracterstica facultativa deste imposto (art. 155, 2,III, CF), ou seja, no obrigatria. Todavia, quando seletividade utilizada pela lei, segundo parte da doutrina, tende a amenizar arepercusso tributria em cima do contribuinte de fato, sob o pontode vista da equidade, pois modera a tributao em face daessencialidade das mercadorias e dos servios de transporteinterestadual e intermunicipal e de comunicao prestados.

    O CESPE no concurso para Analista-EMBASA/2010 consideroucorreto: O ICMS, por incidir nas transaes com mercadorias eservios, classificado como um imposto indireto; seu carterseletivo, todavia, tende a amenizar a pior qualidade de que sereveste do ponto de vista da equidade.

    3.2.1 PRINCPIO DA NEUTRALIDADE

    Rubens Gomes de Souza (autor do CTN) afirma quetemosdenosguardardafalciadequeexistemimpostosneutros, ou seja,impostosque geram receita sem produzir outros efeitos econmicosparalelos.

    Neste sentido, a neutralidade tributria significa que o tributono gera distores econmicas, isto , no provoca distores naformao dos preos das mercadorias ou servios e, por conseguinte,tambm no interfere no regime de competio entre as empresas.

    A FGV no concurso para AFR/Angra dos Reis/2010 consideroucorreto: Quando o tributo onera determinada atividade, empresa, ougrupo empresarial, interferindo no regime de competioestaratingindo o princpio da neutralidade.

    De acordo com Alcides Jorge Costa, o ICMS um impostoneutro, pois sua carga tributria repassada para o consumidor finale no gera distores econmicas. A neutralidade impositivaexpressa, tambm, que o consumidor final sabe o quanto paga deimposto, eis que independentemente do nmero de operaes, oimposto ser igual multiplicao da alquota pelo preo da ltimasada.

    Assim, a neutralidade impositiva o contraponto da incidnciatributria em cascata ou cumulativa. No conceito de imposto indireto

    neutro, a valor do imposto corresponde ao que o consumidor final

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    est pagando ao adquirir uma mercadoria ou servio. Este oentendimento da doutrina majoritria.

    Por sua vez, registramos que o texto constitucional dispesobre a possibilidade (faculdade) do ICMS ser seletivo, em funoda essencialidade das mercadorias ou dos servios tributados.Ademais, ressaltamos que a caracterizao do fato gerador do ICMSindepende da natureza jurdica da operao que o constitua.

    3.2.2 ASPECTO MATERIAL

    Segundo a Lei Complementar 87/96, o ICMS incide sobre:

    Operaes relativas circulao de mercadorias, inclusive ofornecimento de alimentao e bebidas em bares, restaurantese estabelecimentos similares;

    Prestaes de servios de transporte interestadual eintermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadoriasou valores;

    Prestaes onerosas de servios de comunicao, por qualquermeio, inclusive a gerao, a emisso, a recepo, atransmisso, a retransmisso, a repetio e a ampliao decomunicao de qualquer natureza;

    Fornecimento de mercadorias com prestao de servios nocompreendidos na competncia tributria dos Municpios; Fornecimento de mercadorias com prestao de serviossujeitos ao imposto sobre servios, de competncia dosMunicpios, quando a lei complementar aplicvel expressamenteo sujeitar incidncia do imposto estadual.

    A entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, porpessoa fsica ou jurdica, ainda que no seja contribuintehabitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade;

    O servio prestado no exterior ou cuja prestao se tenhainiciado no exterior;

    A entrada, no territrio do Estado destinatrio, de petrleo,inclusive lubrificantes e combustveis lquidos e gasosos delederivados, e de energia eltrica, quando no destinados comercializao ou industrializao, decorrentes de operaesinterestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiverlocalizado o adquirente.

    Por seu turno, no incidir ICMS (art. 155, 2, X, CF):

    Sobre operaes que destinem mercadorias para o exterior,nem sobre servios prestados a destinatrios no exterior,

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    assegurada a manuteno e o aproveitamento do montante doimposto cobrado nas operaes e prestaes anteriores;

    Sobre operaes que destinem a outros Estados petrleo,inclusive lubrificantes, combustveis lquidos e gasosos delederivados, e energia eltrica;

    Sobre o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ouinstrumento cambial;

    Nas prestaes de servio de comunicao nas modalidades deradiodifuso sonora e de sons e imagens de recepo livre egratuita.

    Ou seja, taishipteses acima so consideradas de no-incidncia constitucionalmente qualificadas, isto , hipteses deimunidade tributria referentes ao ICMS.

    Nesse rumo, em relao as operaes que destinem a outrosEstados petrleo, combustveis e energia eltrica, o STF j decidiuque a imunidade tributria restringe-se ao Estado de origem,no abrangendo o Estado de destino da mercadoria, onde sotributadas todas as operaes que compem o ciclo econmico porque passam os produtos, independentemente de se tratar deconsumidor final ou intermedirio. (RE 190.992-AgR, DJ de 19-12-02; RE 338.681-AgR-ED, DJde 3-2-06).

    Importante: Segundo o STF, a hiptese de no-incidnciaconstitucional (imunidade) do ICMS relativa exportao de produtosindustrializados abrange todas as operaes que contriburampara a exportao, independentemente da natureza da moedaempregada (RE 248.499, Rel. Min. Cezar Peluso, DJE de 20-11-2009). Contudo, registramos que antes da promulgao da EmendaConstitucional n 42/2003, o art. 155, 2, X, a, da CF, estabelecia aincidncia do ICMS sobre a sada de semi-elaborados definidos em leicomplementar federal. Nesse rumo, o STJ aprovou a recente smula433: O produto semi-elaborado, para fins de incidncia de ICMS,

    aquele que preenche cumulativamente os trs requisitos do art. 1 daLei Complementar n. 65/1991. Decerto, a jurisprudncia do STJfirmou posicionamento no sentido de que o produto semi-elaboradodeve preencher cumulativamente os trs requisitos, indicados nosincisos I a III do art. 1 da LC 651991, para fins de incidncia doICMS antes EC 42/03, a saber: (i) que resulte de matria-prima deorigem animal, vegetal ou mineral sujeita ao imposto quandoexportada in natura; (ii) cuja matria-prima de origem animal,vegetal ou mineral no tenha sofrido qualquer processo que impliquemodificao da natureza qumica originria; (iii) cujo custo da

    matria-prima de origem animal, vegetal ou mineral represente mais

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    de sessenta por cento do custo do correspondente produto, apuradosegundo o nvel tecnolgico disponvel no Pas.

    A ESAF no concurso para o ISS/RJ/2010 considerou correto: O ICMSno incidir sobre operaes que destinem mercadorias ao exterior,bem como sobre servios prestados a destinatrios no exterior,assegurada a manuteno e o aproveitamento do montante doimposto cobrado nas operaes e prestaes anteriores.A FCC no concurso para Procurador Estadual/SP/2009 consideroucorreto: A iseno ou a no-incidncia do ICMS acarreta a anulaodo crdito relativo s operaes anteriores, salvo na hiptese dedeterminao em contrrio da legislao, mas assegurada amanuteno do crdito no caso de operaes que destinemmercadorias para o exterior ou de servios prestados a destinatriosno exterior, embora no incida o imposto nestas hipteses.

    Nessa linha, segundo o art. 3 da LC 87/96, o ICMS no incidesobre:

    Operaes com livros, jornais, peridicos e o papel destinado asua impresso (imunidade tributria cultural);

    Operaes e prestaes que destinem ao exterior mercadorias,inclusive produtos primrios e produtos industrializados semi-elaborados, ou servios;

    Operaes interestaduais relativas a energia eltrica epetrleo, inclusive lubrificantes e combustveis lquidos egasosos dele derivados, quando destinados industrializaoou comercializao;

    Operaes com ouro, quando definido em lei como ativofinanceiro ou instrumento cambial;

    Operaes relativas a mercadorias que tenham sido ou que sedestinem a ser utilizadas na prestao, pelo prprio autor dasada, de servio de qualquer natureza definido em leicomplementar como sujeito ao imposto sobre servios, de

    competncia dos Municpios, ressalvadas as hipteses previstasna mesma lei complementar; Operaes de qualquer natureza de que decorra a transferncia

    de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou deoutra espcie;

    Operaes decorrentes de alienao fiduciria em garantia,inclusive a operao efetuada pelo credor em decorrncia doinadimplemento do devedor;

    Operaes de arrendamento mercantil, no compreendida avenda do bem arrendado ao arrendatrio;

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    Operaes de qualquer natureza de que decorra a transfernciade bens mveis salvados de sinistro para companhiasseguradoras.

    Equipara-se s operaes que destinem ao exteriormercadorias, a sada de mercadoria realizada com o fim especfico deexportao para o exterior, destinada a: (a) empresa comercialexportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesmaempresa; (b) armazm alfandegado ou entreposto aduaneiro.

    O CESPE no concurso para Procurador/PE/2009considerou incorretoas seguintes afirmativas: O ICMS incide sobre operaes de quedecorra transferncia de propriedade de estabelecimento industrial.O DF tem competncia para instituir o ICMS sobre operaesrelativas circulao de mercadorias, salvo se as referidas operaesse iniciarem no exterior.

    3.2.2.1 CIRCULAO DE MERCADORIAS

    A operao relativa circulao de mercadorias um dosaspectos materiais do ICMS.

    A circulao a mudana de titularidade jurdica do bem, isto, no h circulao sem a transferncia de propriedade da

    mercadoria (circulao jurdica). Assim, a simples sada fsica damercadoria da empresa no d causa ao ICMS. Por conseguinte, asmula 166 do STJ diz que no constitui fato gerador do ICMS osimples deslocamento de mercadoria de um para outroestabelecimento do mesmo contribuinte.

    Neste sentido, a jurisprudncia do STJ compreende que omesmo entendimento se aplica as transferncias realizadas dentro doEstado e tambm entre Estados diversos. Portanto, mo constitui fatogerador de ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um

    estabelecimento para outro do mesmo contribuinte em estadosdiferentes (Resp 1.125.133).

    Sobre o tema, destacamos as seguintes decises: O STF fixouentendimento no sentido de que o simples deslocamento damercadoria de um estabelecimento para outro da mesma empresa,sem a transferncia de propriedade, no caracteriza a hiptese deincidncia do ICMS (RE 596.983-AgR); Efetuada a compra e vendaem matriz da empresa, no Rio de Janeiro, local do recolhimento doICMS, no cabe falar em cobrana do referido imposto quando da

    chegada da mercadoria ao consumidor final residente em outroEstado da federao, no caso Minas Gerais (RDDT vol. 56 p. 127).

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    Nesse contexto, entendemos que a circulao exige atransferncia da titularidade do bem, no mbito das operaesmercantis, ou seja, o deslocamento da mercadoria deve ser ato demercancia.

    Decerto, tambm no constitui fato gerador do imposto decirculao de mercadorias a sada fsica de mquinas, utenslios eimplementos a ttulo de comodato (emprstimo) (smula 573 doSTF). Do mesmo modo, acontece com a remessa para purademonstrao e/ou consignao, que tem o fim de exame edivulgao de um bem e que poder vir a ser comercializado; ou adoao de bens, porque no implica operao mercantil e tambm hiptese de incidncia do ITCMD.

    O CESPE no concurso para Procurador/PE/2009considerou correto: OICMS no incide no caso de simples deslocamento de mercadorias,como mveis e eletrodomsticos, de um estabelecimento para outro,do mesmo contribuinte.A FGV no concurso para FRE/RJ/2010 considerou correto: De acordocom o entendimento do STF no constitui fato gerador do ICMS asada fsica de mquinas e utenslios a ttulo de comodato.

    Ainda sobre a circulao de mercadoria, o STJ cancelou a

    smula 152 que previa a incidncia do ICMS na venda pelo seguradorde bens salvados de sinistros, por estar prevista no contrato deseguro, no podendo, por conseguinte, ser objeto de tributao porlei estadual. Isto , no incide ICMS na operao de venda pelosegurador de bens salvados de sinistros, segundo entendimento atualdo STJ e tambm do STF.

    Nesse rumo, a mercadoria, para fins de incidncia do ICMS, bem ou coisa mvel corprea ou incorprea sujeito mercancia, isto, tem por finalidade a sua distribuio para consumo.

    Por conseguinte, na hiptese de previso legal estadual oudistrital, o STF decidiu que constitucional a incidncia do ICMSsobre so f t w a r e s adquiridos por meio de transfernciaeletrnica de dados (sem suporte fsico) e que a condio de bemincorpreo no pode ser considerada para afastar a tributao doICMS (ADIMC 1.945/MT, informativo 588, julgamento em26/05/2010). Afirmou adequadamente o STF que fato de ser o bemincorpreo fosse ressalva incidncia do ICMS, no poderia, damesma forma, ser cobrado o imposto na aquisio de programa de

    computador de prateleira, visto que, nesse caso, estar-se-iaadquirindo no um disquete, CD ou DVD, a caixa ou o livreto de

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    manual, mas tambm e principalmente a mercadoria virtual gravadano instrumento de transmisso. Assim, se o argumento de que obem incorpreo no pode ser objeto de incidncia do ICMS, aassertiva haveria de valer para o caso de bens incorpreos vendidospor meio de bens materiais.

    Assim, com o advento da CF/88, ficou superado, por exemplo, oentendimento de que a energia eltrica (coisa incorprea) no mercadoria para fins de incidncia do ICMS, pois incide ICMS sobreenergia eltrica, exceto sobre operaes que destinem a outrosEstados a energia eltrica (operaes interestaduais).

    Nesse rumo, o STF decidiu pela impossibilidade da cobrana deICMS incidente sobre o fornecimento de gua potvel encanada,eis que se trata de servio pblico essencial e no mercadoria (AI682.565-AgR, DJEde 7-8-09). Por sua vez, a gua mineral e a guaoxigenada vendidas a consumidor final, qualificam-se comomercadorias, incidindo ICMS.

    Tambm decidiu o STF que na incorporao de uma sociedadepor outra inexiste circulao de mercadorias. Portanto, no incideICMS na hiptese de incorporao de uma sociedade por outra (RE208.932-ED-AgR, DJEde 17-4-09).

    igualmente indevida a cobrana do ICMS na hiptese devenda eventual e espordica de bem mvel integrante do ativofixo da pessoa jurdica, pois o bem alienado nessas condies no mercadoria e a operao no configura circulao de mercadoria, querequer habitualidade (RE 203.940/SP, de 04/05/1999). Portanto,compreende-se que a venda espordica de bens de ativo fixo dapessoa jurdica no se enquadram no conceito de mercadoria, umavez que no so bens comercializados habitualmente.

    Noutro ponto, no incide ICMS sobre o simples depsito,

    guarda e conservao de mercadorias, em armazns gerais, pois ofato gerador do ICMS exige circulao de mercadoria.

    A FGV no concurso para FRE/RJ/2010 considerou incorreto: Incideno caso de transferncia de titularidade de bens do ativo fixo ouimobilizado.

    3.2.2.1.1 CIRCULAO DE MERCADORIAS VERSUSPRESTAODE SERVIOS MUNICIPAIS (ICMS x ISS)

    Na distino entre circulao de mercadoria e prestao deservio tem-se importantes situaes que, normalmente, acarretam

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    grandes polmicas entre a competncia tributria estadual (incidnciado ICMS) e a municipal (incidncia do ISS).

    Assim sendo, a doutrina classifica a operao de circulao demercadoria (ICMS) como uma obrigao de dar (atividade-fim),diferentemente da obrigao de fazer (atividade-meio), que, dizrespeito prestao de uma utilidade ou comodidade terceiro, de modo personalizado, gerando a possibilidade deincidncia do ISS.

    Neste sentido, por exemplo, o STF decidiu que na confecode rtulos e etiquetas sob encomenda incide apenas de ISS, eno ICMS. (AI 533.202-AgR, DJEde 21-11-08).

    Em relao aos programas de computador (software), o STFdistingue o software de prateleira e o software sob encomenda,decidindo que no h incidncia do ICMS sobre o software sobencomenda.

    O STF compreende que o softwaresob encomenda desenvolvido para atender necessidades pessoais, sendopersonalizado conforme as exigncias do adquirente. Diante disso,entende-se que o softwaresob encomenda apenas pode ser alcanadopela incidncia do ISS.

    J o softwarede prateleira o programa-padro comercializadoem mdia e grande escala pelos estabelecimentos empresariais, semqualquer personalizao s necessidades individuais dos adquirentes,devendo incidir o ICMS.

    Em resumo, na comercializao de software produzido emmdia e larga escala incide ICMS e em programas personalizados,feitos sob encomenda, poder incidir o ISS.

    Nessa mesma linha, h incidncia do ICMS sobre acomercializao de filmes para vdeo cassete, uma vez queocorreoperao relativa circulao de mercadorias. Entretanto,incide ISSquando o servio de gravao feito por solicitao deoutrem, decorrente de encomenda.

    Decerto, a smula 135 do STJ ao estabelecer que no incideo ICMS na gravao e distribuio de filmes e videoteipes, restringe-se aos filmes e vdeos por encomenda. Ao contrrio, as fitas devdeo produzidas em srie e vendidas ao pblico em geral,

    caracterizam-se como mercadoria, incidindo o ICMS na venda decada fita.

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    O posicionamento do STF o seguinte: legtima a incidnciado ICMS na comercializao de exemplares de obrascinematogrficas, gravados em fitas de videocassete (Smula 662do STF).

    3.2.2.1.2 CIRCULAO DE MERCADORIAS CUMULADA COMPRESTAO DE SERVIOS MUNICIPAIS (ICMS x ISS)

    Na circulao de mercadorias cumulada com a prestao deservios tambm h grande controvrsia a respeito da incidncia doICMS ou ISS.

    Em sntese, o ICMS incide sobre: (a) operaes relativas circulao de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentao ebebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; (b)fornecimento de mercadorias com prestao de servios nocompreendidos na competncia tributria dos Municpios; (c)fornecimento de mercadorias com prestao de servios sujeitos aoISSQN, quando a LC 116/03 expressamente dispor sobre a incidnciado ICMS.

    A FGV no concurso para FRE/RJ/2010 considerou incorreto: Nopode haver uma mesma operao comercial, ainda que de natureza

    mista (com fornecimento de mercadoria e prestao de servios), queseja tributada tanto pelo ICMS (valor da mercadoria) como pelo ISS(valor do servio).A FCC no concurso para Procurador Estadual/So Paulo/2009considerou incorreto: vedado aos Estados exigir o ICMS sobrefornecimento de refeies por restaurantes, exceto se o consumo forrealizado fora do estabelecimento, visto que no h circulao demercadorias quando o consumo realizado in loco.

    Nesse rumo, destacamos algumas decises j predominantes

    do STJ e do STF, que servem sobremaneira para a compreenso dahiptese de incidncia do ICMS, a saber:

    Sem lei estadual que a estabelea, ilegtima a cobrana doimposto de circulao de mercadorias sobre o fornecimento dealimentao e bebidas em restaurante ou estabelecimentosimilar (Smula 574 do STF);

    O ISS incide na operao de arrendamento mercantil de coisasmveis (Smula 138 do STJ);

    A prestao de servio de composio grfica, personalizada esob encomenda, ainda que envolva fornecimento demercadorias, esta sujeita, apenas, ao ISS (Smula 156 do

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    STJ); O fornecimento de mercadorias com a simultnea prestao de

    servios em bares, restaurantes e estabelecimentos similaresconstitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total daoperao (Smula 163 do STJ);

    O fornecimento de concreto, por empreitada, para construocivil, preparado no trajeto at a obra em betoneiras acopladas acaminhes, e prestao de servio, sujeitando-se apenas aincidncia do ISS (Smula 167 do STJ);

    O ISS incide sobre o valor dos servios de assistncia mdica,incluindo-se neles as refeies, os medicamentos e as diriashospitalares (Smula 274 do STJ).

    A esse propsito, segundo o art. 1, 2, da LC 116/2003,ressalvadas as excees expressas na lista anexa da LC116/03, os servios nela mencionados no ficam sujeitos ao ICMS,ainda que sua prestao envolva fornecimento de mercadorias.

    Assim, devemos tomar nota dos seguintes itens da lista anexada LC 116/03, a saber:

    7.02 Execuo, por administrao, empreitada ousubempreitada, de obras de construo civil, hidrulica oueltrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem,

    perfurao de poos, escavao, drenagem e irrigao,terraplanagem, pavimentao, concretagem e a instalao emontagem de produtos, peas e equipamentos (exceto ofornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador deservios fora do local da prestao dos servios, que ficasujeito ao ICMS);

    7.05 Reparao, conservao e reforma de edifcios,estradas, pontes, portos e congneres (exceto o fornecimentode mercadorias produzidas pelo prestador dos servios, fora dolocal da prestao dos servios, que fica sujeito ao ICMS);

    14.01 Lubrificao, limpeza, lustrao, reviso, carga erecarga, conserto, restaurao, blindagem, manuteno econservao de mquinas, veculos, aparelhos, equipamentos,motores, elevadores ou de qualquer objeto (exceto peas epartes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS);

    14.03 Recondicionamento de motores (exceto peas epartes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS);

    17.11 Organizao de festas e recepes; buf (exceto ofornecimento de alimentao e bebidas, que fica sujeito aoICMS).

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    A FGV no concurso para Advogado/BADESC/2010: Considerando osverbos e complementos sublinhados, assinale a alternativa quecontm hiptese no geradora da incidncia de tributo institudo ecobrado pelo Estado de Santa Catarina: prestador de servio dedecorao e jardinagem fornece as mercadorias necessrias respectiva prestao. caso de ISS (item 7.11 da Lista anexa a LC116/03) e no de ICMS.

    Por sua vez, o aplicador do direito deve ficar atento aschamadas atividades simultneas ou complementares. a hiptese,por exemplo, de a empresa que tem por objeto bsico atividadescomerciais, e que, normalmente, se sujeita ao ICMS na venda demquinas (mercadorias), contudo, ao realizar os servios de concertodas mercadorias, sujeitam-se ao ISS.

    O mesmo ocorre com a concessionria de veculos que sesujeita ao ICMS nas operaes mercantis; todavia, fica obrigada aoISSQN em eventual servio de borracharia.

    3.2.2.2 PRESTAO DE SERVIOS DE TRANSPORTEINTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL

    A prestao de servios de transporte interestadual (entreEstados) e intermunicipal (entre Municpios) de pessoas, bens,

    mercadorias ou valores, ainda que a prestao se inicie no exterior, aspecto material do ICMS.

    A prestao de servios de transporte intramunicipal, ou seja,dentro do prprio Municpio, hiptese de incidncia do ISS dispostano item 16 da Lista de servios anexa a LC 116/03.

    O CESPE no concurso para Procurador/PE/2009considerou incorreto:A incidncia ou no do ICMS sobre o servio de transporte interno de competncia dos estados e independente de celebrao de

    convnio.O CESPE no concurso para Advogado-CEHAP/2009 consideroucorreto: A JN Transportes Ltda. pessoa jurdica prestadora deservios de transporte interestadual e intermunicipal de bens,mercadorias e valores. Nessa situao hipottica, ao exercer asreferidas atividades, a JN Transportes Ltda. pratica o fato geradordoICMS.

    Destacamos que o ICMS no deve incidir quando o transporte realizado em proveito do prprio contribuinte (carga prpria), isto ,

    no h juridicamente prestao de servio a si prprio, uma vez quea prestao de servios pressupe pelo menos duas pessoas. A

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    prestao de servios a outrem e no a si prprio.

    Por seu turno, salientamos como hiptese de incidncia doICMS as prestaes de servios de transporte interestadual eintermunicipal, por qualquer via, isto , transporte rodovirio,ferrovirio, lacustre, martimo e areo.

    No que diz respeito s prestaes de servios de transporteareo interestadual e intermunicipal existem dois precedentes do STFrelevantes.

    No primeiro (ADIN 1089-1), o STF entendeu que a exigncia doICMS no caso dos transportes areos configura nova hiptese deincidncia tributria, dependente de lei complementar, e insuscetvelde ser institudo pelo Convnio ICMS 66/88.

    No segundo (ADIn 1.600-DF, DJ 20.06.2003), aps osurgimento do art. 2, inc. II, da LC 87/96, o STF declarou ainconstitucionalidade, sem reduo de texto, da instituio do ICMSsobre a prestao de servios de transporte areo depassageiros intermunicipal, interestadual, internacional, porentender que a formatao da LC 87/96 seria inconsistente para otransporte de passageiros, uma vez que impossibilitaria a repartiodo ICMS entre os Estados, no havendo como aplicar as alquotas

    internas e externas.Nesta mesma ADIn 1.600-DF, o STF tambm julgou

    inconstitucional a hiptese de incidncia de ICMS sobre aprestao de servios de transporte areo internacional decargas pelas empresas areas nacionais, enquanto persistiremos convnios de iseno de empresas estrangeiras.

    Por sua vez, declarou a constitucionalidade da hiptese deincidncia do ICMS sobre a prestao de servios de transporte

    areo nacional de cargas.

    Em sntese, inconstitucional a incidncia do ICMS naprestao de servios de transporte areo de passageirosintermunicipal, interestadual, internacional e na prestao de serviosde transporte areo internacional de cargas. Todavia, constitucional a incidncia do ICMS na prestao de serviostransporte areo nacional de cargas.

    Noutro ponto, salientamos que, na dvida quanto incidncia

    de ICMS ou ISSQN, na prestao servios de transportes, o STJ temaplicado o postulado da preponderncia, a saber: O servio de

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    transporte interestadual e intermunicipal de mudanas, por constituira atividade-fim da empresa-recorrente, ensejar a incidncia doICMS e no do ISS, tomando como base de clculo o preo doservio ofertado, a se incluindo todos os demais servios de que sevale a empresa para bem prestar sua atividade-fim. Nas chamadasatividades mistas, h de ser aplicado o Princpio daPreponderncia, ou seja, a verificao de quais atividades/serviosprestados pela empresa se sobrepem aos outros, com o fito de seperquirir se se dar a incidncia da norma tributria estadual oumunicipal ao caso. (REsp 258121/PR, DJ 06.12.2004).

    Por fim, anotamos que o STJ compreende que noincideICMSsobre a locao de navios, eis que este tipo deatividade no se confunde com a prestao de servio transporteintermunicipal e interestadual de pessoas, bens, mercadorias ouvalores (Resp. 79.445/ES).

    3.2.2.3 PRESTAO DE SERVIOS DE COMUNICAO

    Incide ICMS sobre as prestaes onerosas de servios decomunicao, por qualquer meio, inclusive a gerao, a emisso, arecepo, a transmisso, a retransmisso, a repetio e a ampliaode comunicao de qualquer natureza.

    Isto quer dizer que incide ICMS sobre a prestao de serviosde comunicao interestadual, intermunicipal ou intramunicipal, aindaque as prestaes se iniciem no exterior, pois o inc. II, do art. 155,da CF, no restringe o campo de incidncia territorial do ICMS sobreprestao de servios de comunicao.

    Ressaltamos, entretanto, que o inc. X, do 2, do art. 155 daCF estabelece hiptese de imunidade tributria em relao aincidncia do ICMS nas prestaes de servio de comunicao nasmodalidades de radiodifuso sonora e de sons e imagens de

    recepo livre e gratuita. Ou seja, no incidir ICMS neste tipo deprestao de servio.

    Por sua vez, o ICMS no incide no servio dos provedores deacesso Internet (smula 334 do STJ). Segundo o STJ, os serviosprestados pelos provedores de acesso Internet enquadram-se noconceito de servio de valor adicionado fixado no art. 61 da LeiGeral de Telecomunicaes (Lei n 9.472/97). Este servio aatividade que acrescenta novas utilidades de acesso,armazenamento, apresentao, movimentao ou recuperao de

    informaes a um servio de telecomunicaes.

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    demudana de seleo de canais, de instalao de equipamento e deassistncia tcnica de TV a cabo no incide ICMS, pois no se incluino conceito de servio de telecomunicaes previsto na Lei 8.977/95(REsp 710774/MG, DJ 06.03.2006).

    Importante: De acordo com decises recentes (REsp 816.512/PI,08/09/2010, 1.176.753/RJ, DJe 17/09/2010), o STJ consolidou devez a tese de que servios de habilitao, instalao,disponibilidade, assinatura, cadastro de usurio eequipamentos, entre outros que configurem atividade-meio decomunicao, no sofrem incidncia de ICMS.

    Noutro ponto, na prestao propriamente de servios de TV acabo deve incidir ICMS. O servio de TV a cabo consiste, porexpressa disposio do art. 2 c/c o inciso V, do art. 5 da Lei8.977/95, em servio de telecomunicao, que espcie de serviode comunicao, prestado por operadora, que, utilizando umconjunto de equipamentos, instalaes e redes, de sua propriedadeou no, viabiliza a recepo, o processamento, agerao e adistribuio aos assinantes de programao e de sinais prprios ou deterceiros. Portanto, a prestao onerosa desse servio caracterizahiptese de incidncia do ICMS.

    No caso do servio de pay-per-view, podemos utilizar os

    mesmos argumentos e tambm citar o pargrafo nico do art. 2 damesma Lei 8.977/95, que inclui tal servio como espcie do serviode TV a cabo.

    Porm,em relao s produtoras de programas para TV a caboou comerciais, o STJ entende que inexiste hiptese de incidncia doICMS, pois as produtoras de programas para TV a cabo oucomerciais que efetivamente no distribuem tais programas pornenhum meio fsico ao pblico em geral, mas apenas contratam coma operadora/distribuidora de sinais de TV, no esto sujeitas ao

    recolhimento de ICMS, uma vez que os servios que prestam noesto previstos na Lei Complementar n. 87/96.

    Os servios de comunicao so os relativos s atividades detransmisso/recepo de sinais de TV (REsp 726103/MG, DJ08.08.2007).

    Noutro ponto, incide ICMS sobre os servios de radiochamada(bip ou pager), uma vez que h servio de comunicao. Confira-seprecedente do STJ, que, a contrario sensu, admite tributao pelo

    ICMS dos servios de radiochamada: O convnio ICMS 115/96 foielaborado com o escopo de autorizar os Estados e o DF a conceder

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    reduo de base de clculo do ICMS to-somente nas prestaes deservios deradiochamada (REsp 805795/RJ, DJ 04.10.2007).

    No seu voto vencedor, a Min. Eliana Camon, assim sepronunciou: (...) sendo a prestao do servio de radiochamadaservio destinado a possibilitar uma comunicao entre pessoasatravs da transmisso de sinais de chamada, especialmentecodificados, mediante contraprestao onerosa, conclui-se que umservio especial de telecomunicaes, sujeito, portanto, incidnciado ICMS, nos termos do art. 155, II, da CF88.

    Por fim, observamos que, segundo o STJ, incide ICMS sobre acobrana de assinatura bsica residencial, que se constitui emverdadeira remunerao do servio de telefonia, j que sua previsolegal de estabelecer valor mnimo que justifique a viabilidadeeconmica do servio com a contrapartida de franquia de utilizao(REsp 1022257/RS, DJe 17.03.2008).

    3.2.2.4 INCIDNCIA SOBRE A IMPORTAO DE MERCADORIAOU BEM

    O antigo art. 155, 2, IX, a, da CF/88, estabelecia que incideICMS sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, aindaquando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo do

    estabelecimento, assim como sobre servio prestado no exterior,cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o estabelecimentodestinatrio da mercadoria ou do servio.

    Com base neste dispositivo constitucional, o inc. I, do pargrafonico, do art. 4, da LC 87/96, estabeleceu que contribuinte doICMS a pessoa fsica ou jurdica que, mesmo sem habitualidade,importe mercadorias do exterior, ainda que as destine a consumo ouao ativo permanente do estabelecimento.

    Estas duas revogadas regras jurdicas deram ensejo a duassmulas do STJ, afirmando este Tribunal que na importao deveiculo por pessoa fsica, destinado a uso prprio, incide o ICMS(Smula 198). Do mesmo modo estabeleceu que o ICMS incide naimportao de aeronave, por pessoa fsica, para uso prprio(Smula 155).

    Todavia, o STF na interpretao do antigo art. 155, 2, IX,a, da CF/88, posicionou-se de forma bem diversa do STJ,estabelecendo que no incide ICMS na importao de bens por

    pessoa fsica ou jurdica que no seja contribuinte do imposto(smula 660).

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    Neste caso, o STF compreendeu que para ser contribuinte doICMS deve-se praticar a operao relativa circulao demercadoria, isto , no contribuinte do ICMS a pessoa fsica queimporta a mercadoria para uso prprio, sem habitualidade, pois osignificado do enunciado consumo disposto na citada regra dizrespeito ao estabelecimento empresarial que exerce a atividade decirculao de mercadoria.

    Nesse rumo, contrariando a interpretao do STF, o CongressoNacional aprovou a EC n 33/01, alterando o enunciado do art. 155,2, IX, a, da CF/88, para estabelecer a incidncia do ICMS sobrea entrada de bem ou mercadoria importados do exterior porpessoa fsica ou jurdica, ainda que no seja contribuintehabitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assimcomo sobre o servio prestado no exterior, cabendo o imposto aoEstado onde estiver situado o domiclio ou o estabelecimento dodestinatrio da mercadoria, bem ou servio.

    Ou seja, o novo enunciado constitucional alargou o campo deincidncia do ICMS para abranger mercadoria ou bem importado,estabelecendo como contribuinte pessoa fsica ou jurdica, aindaque no seja contribuinte habitual do ICMS, bem comodeixando sem relevncia a finalidade da importao.

    A FGV no concurso para FRE/RJ/2010 considerou incorreto: Noincide quando se tratar de bem ou mercadoria importado por pessoaque no seja contribuinte habitual do imposto, nos termos dasConstituio Federal.A FCC no concurso para Procurador Estadual/SP/2009 consideroucorreto: O ICMS devido na importao de bem por pessoa fsica oujurdica, ainda que ela no seja contribuinte habitual do imposto.

    De acordo com a nova regra constitucional, o inc. I, do

    pargrafo nico, do art. 4, da LC 87/96, tambm foi alterado, paraestabelecer que contribuinte a pessoa fsica ou jurdica que,mesmo sem habitualidade ou intuito comercial importemercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a suafinalidade.

    Entretanto, mesmo aps a mudana do texto constitucional, oSTF contrariando a interpretao literal do novo art. 155, 2, IX,a, da CF/88, estabeleceu que no incideICMS na importao deaeronaves e/ou peas ou equipamentos que as componham em

    regime de leasing (arrendamento mercantil), pois, nesta operaono h transferncia de titularidade do bem. Neste sentido, STF

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    afirmou que a importao de aeronaves e/ou peas ou equipamentosque as componham em regime de leasing no admite posteriortransferncia ao domnio do arrendatrio. A circulao de mercadoria pressuposto de incidncia do ICMS (...) No h operao relativa circulao de mercadoria sujeita incidncia do ICMS em operaode arrendamento mercantil contratado pela indstria aeronutica degrande porte para viabilizar o uso, pelas companhias de navegaoarea, de aeronaves por ela construdas (RE 461.968, DJde 24-8-2007; AI 686.970-AgR, DJEde 14-8-2009; AC 1.930-REF-MC, DJEde6-2-2009).

    Neste sentido, o STJ pacificou a sua jurisprudncia no sentidode que no incide ICMS nas operaes de importao de aeronavesrealizadas por meio de arrendamento mercantil, dada aimpossibilidade de aquisio do bem ao final do contrato e, portanto,a ausncia de circulao de mercadoria, pressuposto da incidncia dotributo em questo (REsp 110816 /SP, DJe 24/09/2009).

    Contudo, em operao de arrendamento mercantil (leasing), oSTF entende que incide ICMS na hiptese de importao deequipamento ou mercadoria destinado ao ativo fixo de empresa,situao na qual a opo do arrendatrio pela compra do bemnecessariamente acontece. Nesse rumo, por exemplo, incide ICMS naimportao de veculo automotor ou aeronave destinada ao ativo fixo

    de empresa.Neste sentido, a seguinte deciso do STF: incide ICMS sobre

    a entrada de mercadoria importada do exterior. Desnecessria,portanto, a verificao da natureza jurdica do negcio internacionaldo qual decorre a importao, o qual no se encontra ao alcance doFisco nacional. O art. 3, VIII, da LC 87/96 aplica-se exclusivamentes operaes internas de leasing (RE 206.069, Plenrio, DJde 1-9-2006). O art. 3, VIII, da LC 87/96, estabelece que no incide ICMSnas operaes de arrendamento mercantil, no compreendida a

    venda do bem arrendado ao arrendatrio.

    Em resumo, segundo o STF, em operao de arrendamentomercantil, no incide ICMS na de importao de aeronavee incideICMS na importao de equipamento destinado ao ativo fixo deempresa.

    No 22 Concurso para Procurador da Repblica foi consideradocorreto: Na importao de equipamento atravs de contrato dearrendamento mercantil (leasing) incide o ICMS

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    O CESPE no concurso para Procurador/PE/2009considerou incorreto:No incide ICMS na importao de automveis por pessoa jurdicaque no seja contribuinte do imposto.

    3.2.2.5 INCIDNCIA SOBRE AS COOPERATIVAS DE CONSUMO

    No que concerne a incidncia do ICMS e as cooperativas deconsumo, quando praticam atos cooperativos e atos nocooperativos, o STJ entende que incide ICMS nas duas hipteses.Seno, vejamos: pacfico o entendimento da Corte de que incideICMS ainda que em operaes da cooperativa com seus cooperados.(REsp 243882/RS, DJ24.06.2002)

    As cooperativas de consumo secaracterizam pela compra emcomum de artigos de consumo para seus cooperantes, buscandodiminuir o custo desses produtos. Na prtica funcionam comosupermercados.

    Nesse rumo, registramos tambm aos seguintes precedentes doSTF, a saber:

    ICMS. Cooperativas de consumo. Inexiste, no caso, ofensa aoartigo 146, III, c, da Constituio, porquanto esse dispositivoconstitucional no concedeu s cooperativas imunidade

    tributria, razo por que, enquanto no for promulgada a leicomplementar a que ele alude, no se pode pretender que, combase na legislao local mencionada no aresto recorrido, nopossa o Estado-membro, que tem competncia concorrente emse tratando de direito tributrio, dar s Cooperativas otratamento que julgar adequado, at porque tratamentoadequado no significa necessariamente tratamentoprivilegiado (RE 141800/SP, DJ03-10-1997);

    O art. 146, III, c, da CF, no implica imunidade ou tratamentonecessariamente privilegiado s cooperativas (AC 2.209-AgR,

    DJEde 26-3-2010).Portanto, no h imunidade tributria em relao aos atos

    cooperativos praticado pelas sociedades cooperativas.

    3.2.2.6 INCIDNCIA SOBRE ENERGIA ELTRICA, DERIVADOSDE PETRLEO, LUBRIFICANTES, COMBUSTVEIS E MINERAIS

    A CF/88 dispe no art. 155, XII, h, que cabe a leicomplementar definir os combustveis e lubrificantes sobre os quais o

    ICMS incidir uma nica vez, qualquer que seja a sua finalidade.

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    Nesta hiptese, segundo a citada regra constitucional, noincidir ICMS sobre operaes que destinem a outros Estados(operaes interestaduais) petrleo, inclusive lubrificantes,combustveis lquidos e gasosos dele derivados, e energia eltrica.Por sua vez, o 3, do art. 155, da CF/88, dispe que exceo doICMS, do imposto de importao (II) e do imposto de exportao(IE), nenhum outro imposto poder incidir sobre operaes relativas energia eltrica, servios de telecomunicaes, derivados depetrleo, combustveis e minerais do Pas.

    Logo, poder incidir ICMS sobre operaes relativas a energiaeltrica, derivados de petrleo, lubrificantes, combustveis e minerais.

    Com fundamentado nestes dispositivos constitucionais, o inc.III, do 1, do art. 2 a LC 87/96, estabelece que incide ICMS sobrea entrada, no territrio do Estado destinatrio, de petrleo, inclusivelubrificantes e combustveis lquidos e gasosos dele derivados, e deenergia eltrica, quando no destinados comercializao ou industrializao, decorrentes de operaes interestaduais,cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.

    No mesmo sentido, o inc. III, do art. 3, da LC 87/96,estabelece que no incide ICMS sobre operaes interestaduaisrelativas a energia eltrica e petrleo, inclusive lubrificantes e

    combustveis lquidos e gasosos dele derivados, quando destinados industrializao ou comercializao.

    Assim, no caso, podemos dividir em trs as incidncias doICMS: (a) ICMS sobre energia eltrica; (b) ICMS sobrederivados depetrleo, lubrificantes, combustveis lquidos e gasosos delederivados; (c) ICMS sobre minerais.

    A respeito do ICMS sobre energia eltrica, a legislao estadualou distrital poder vir a estabelecer como hiptese de incidncia as

    operaes relativas a servio, circulao ou importao de energiaeltrica.

    No que se refere ao ICMS sobrederivados de petrleo,lubrificantes, combustveis lquidos e gasosos dele derivados, alegislao estadual ou distrital poder vir a estabelecer como hiptesede incidncia as operaes relativas a servio, circulao ouimportao ligadas umbilicalmente ao petrleo, lubrificante,combustvel lquido e gasoso.

    Neste ponto, Roque Carrazza ensina: Nos termos daConstituio Federal, este imposto tem por hiptese de incidncia

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    possvel a circunstncia de uma pessoa produzir, importar, fazercircular, distribuirou consumir lubrificantes ou combustveis lquidose gasosos. O legislador ordinrio (estadual ou distrital), ao criar, inabstrato, este imposto, poder colocar em sua hiptese de incidncia,todos, alguns ou um desses fatos. Qualquer operao relativa aproduo, importao, circulao, distribuio ou consumo delubrificantes e combustveis lquidos e gasosos s pode ser objeto detributao por via do ICMS. Nunca de ISS.

    A lio do autor parcialmente adequada, eis que o enunciados pode ser objeto de tributao equivocado, uma vez que, porexemplo, a CIDE-combustveis incide sobre a importao e acomercializao de petrleo e seus derivados, gs natural e seusderivados, e lcool etlico combustvel.

    Do mesmo modo acontece com a smula 659 do STF,afirmando a legitimidade da cobrana da COFINS, do PIS e doFINSOCIAL sobre as operaes relativas a derivados de petrleo ecombustveis. Porm, como bem lembrou, no pode incidir ISS.

    Decerto, recentemente o STF decidiu que incide ICMS sobre aoperao de bombeamento e tancagem de combustvel. (RE 358.956,DJEde 27-6-08).

    A respeito do ICMS sobre minerais, a legislao estadual oudistrital poder vir a estabelecer como hiptese de incidncia asoperaes relativas extrao, consumo, distribuio ou circulaode minerais.

    Neste ponto, destacamos tambm o 5, do art. 153, da CF/88,estabelecendo que o ouro, quando definido em lei como ativofinanceiro ou instrumento cambia