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    CURSO REGULAR DE DIREITO TRIBUTRIO PARA A RECEITA FEDERAL 5TURMA TEORIA COMPLETA E QUESTES COMENTADAS

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    Prof.: Edvaldo Nilo www.pontodosconcursos.com.br

    PROFESSOR EDVALDO NILOCURSO REGULAR DE DIREITO TRIBUTRIO PARA A RECEITA

    FEDERAL 5 TURMA TEORIA COMPLETA E QUESTESCOMENTADAS AULA 10 Excluso do crdito tributrio.

    Administrao Tributria. Fiscalizao. Dvida Ativa. CertidesNegativas.

    Chegamos a nossa aula 10.

    O sumrio de hoje o seguinte:

    1. A Administrao Tributria: 1.1 Caractersticas legais.2. Fiscalizao Tributria; 2.1 Caractersticas gerais; 2.2Princpio documental e incio do procedimento; 2.3 Auxlio

    da fora pblica; 2.4 Jurisprudncia do STF e STJ; 2.5 Deverde prestar informaes, sigilo profissional e sigilo fiscal; 2.6Sigilo bancrio.3. Dvida ativa: 3.1 Ciclo de positivao do direito tributrio;3.2 Requisitos da Certido de Dvida Ativa; 3.3 Presunode certeza e liquidez e protesto prvio.4. Certides Negativas: 4.1 Certido positiva com efeito denegativa: 4.1.1 Smula 446 do STJ; 4.1.2 Fazenda Pblica;4.2 Dispensa de certido; 4.3 Responsabilidade pessoal doservidor.

    5. Funo socioeconmica dos tributos.6. Introduo a excluso do crdito tributrio: 6.1 Iseno:6.1.1 Classificaes: 6.1.1.1 Isenes objetivas e isenessubjetivas; 6.1.1.2 Isenes em carter geral e isenes emcarter especfico; 6.1.1.3 Isenes onerosas e isenessimples; 6.1.1.4 Isenes por prazo indeterminado eisenes por prazo determinado; 6.1.1.5 Isenes amplas eisenes restritas; 6.1.1.6 Isenes autnomas e isenesheternomas; 6.1.2 Fonte; 6.1.3 Extenso e revogao;6.2 Anistia.

    6. Garantias do Crdito Tributrio: 6.1 Aspectos gerais; 6.2Responsabilidade patrimonial do sujeito passivo; 6.3Exigncia de quitao de todos os tributos; 6.4 Presunode fraude execuo; 6.5 Penhora on line.7. Privilgios ou preferncias do crdito tributrio: 7.1Aspectos gerais; 7.2 Falncia e recuperao judicial dosujeito passivo; 7.3 Autonomia da execuo fiscal erequerimento de falncia pela Fazenda Pblica; 7.4Concurso de preferncia entre entes pblicos.

    Ento, vamos l.

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    1. A ADMINISTRAO TRIBUTRIA

    A administrao tributria a parte da administrao pblicadireta que cuida da orientao do sujeito passivo, fiscalizao earrecadao do tributo, bem como do treinamento dos servidorespblicos que atuam nestas reas, sobretudo os analistas tributrios eauditores-fiscais.

    1.1 CARACTERSTICAS LEGAIS

    O CTN disciplinou a administrao tributria em trs partes, queso a fiscalizao (arts. 194 a 200), a dvida ativa (arts. 201 a 204) eas certides negativas (arts. 205 a 208).

    Ressaltamos que a Emenda Constitucional n 42/2003estabeleceu dois importantes dispositivos sobre o tema daadministrao tributria.

    Assim, a CF/88 estatuiu que as administraes tributrias daUnio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, atividadesessenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores decarreiras especficas, tero recursos prioritrios para arealizao de suas atividades e atuaro de forma integrada,

    inclusive com o compartilhamento de cadastros e deinformaes fiscais, na forma da lei ou convnio (art. 37, inc.XXII).

    Nesse rumo, o art. 199 do CTN, concretiza esta regraconstitucional, estabelecendo que a Fazenda Pblica da Unio e asdos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios prestar-se-omutuamente assistncia para a fiscalizao dos tributos respectivos epermuta de informaes, na forma estabelecida, em carter geral ouespecfico, por lei ou convnio.

    Porm, apenas a Unio, na forma estabelecida em tratados,acordos ou convnios, poder permutar informaes com Estadosestrangeiros no interesse da arrecadao e da fiscalizao detributos.

    Noutro ponto, o texto constitucional tambm fixou acompetncia privativa do Senado Federal para avaliarperiodicamente a funcionalidade do Sistema Tributrio Nacional, emsua estrutura e seus componentes, e o desempenho das

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    administraes tributrias da Unio, dos Estados e do Distrito Federale dos Municpios (art. 52, XV).

    2. FISCALIZAO TRIBUTRIA

    A fiscalizao tributria regulada nos arts. 194 a 200 do CTN.

    2.1 CARACTERSTICAS GERAIS

    De incio, salientamos que a legislao tributria, observandoo disposto no CTN, regular, em carter geral, ou especificamente emfuno da natureza do tributo de que se tratar, a competncia e ospoderes das autoridades administrativas em matria defiscalizao da sua aplicao (art. 194 do CTN).

    Com efeito, o conceito de legislao tributria deve sercompreendido de acordo com o art. 96 do CTN, abrangendo as leis,os tratados e as convenes internacionais, os decretos e as normascomplementares que versem sobre tributos e relaes jurdicas a elespertinentes, sendo que essa legislao aplica-se s pessoas naturaisou jurdicas, contribuintes ou no, inclusive s que gozem deimunidade tributria ou de iseno de carter pessoal.

    Porm, em razo do princpio da legalidade tributria e da

    necessria observncia das regras do CTN, ressaltamos que nemtodas as normas sobre a competncia e os poderes das autoridadesadministrativas podem ser reguladas exclusivamente por normasinfralegais (decretos e normas complementares), tal como as normasreferentes quebra de sigilo fiscal e bancrio, que dependempreviamente de lei.

    Por sua vez, para os efeitos da legislao tributria, no tmaplicao quaisquer disposies legais excludentes ou limitativas dodireito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos,

    papis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ouprodutores, ou da obrigao destes de exibi-los, segundo o art. 195do CTN.

    Destarte, o CTN afasta a possibilidade das pessoas fsicas oujurdicas invocarem normas contratuais, ou at mesmo normas legaisde direito civil ou empresarial, que no permitam ou limitem o direitodo Fisco competente de fiscalizar e examinar mercadorias, livros,arquivos, documentos e papis, ou que limitem a obrigao acessriado sujeito passivo de exibir a regularidade dos seus livros ou

    documentos contbeis obrigatrios.

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    A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou corretosos seguintes enunciados: (i) O CTN, no artigo 195, nega aplicao sdisposies legais excludentes ou limitativas do direito de examinaros livros comerciais do contribuinte; (ii) A fiscalizao tem o seupoder limitado, dentre outras, por fora de questes funcionais eterritoriais.

    O prprio Cdigo Civil de 2002 corrobora com o disposto noCTN, estabelecendo que as restries estabelecidas ao exame daescriturao contbil, em parte ou por inteiro, no se aplicam sautoridades fazendrias, no exerccio da fiscalizao do pagamentodos tributos (art. 1.193).

    Neste sentido, registramos a smula 439 do STF: Estosujeitos fiscalizao tributria ou previdenciria, quaisquer livroscomerciais, limitado o exame aos pontos objeto dainvestigao.

    A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerouincorreto: O artigo 195 do CTN reza que para os efeitos dalegislao tributria, no tm aplicao quaisquer disposies legaisexcludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros,arquivos, documentos, papis e efeitos comerciais ou fiscais, dos

    comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigao destes deexibi-los. Com base nesse dispositivo, o Supremo Tribunal Federaleditou smula de modo a consolidar o entendimento de que sesujeitam fiscalizao tributria ou previdenciria quaisquer livroscomerciais, ilimitadamente, independentemente dos pontos objeto dainvestigao.

    Por outro lado, realamos que os livros obrigatrios deescriturao comercial e fiscal e os comprovantes dos lanamentosneles efetuados devero ser conservados pelo sujeito passivo da

    relao tributria at que ocorra a prescrio dos crditostributrios decorrentes das operaes a que se refiram, de acordocom o pargrafo nico do art. 195 do CTN.

    2.2 PRINCPIO DOCUMENTAL E INCIO DO PROCEDIMENTO

    A atividade de fiscalizao tributria deve ser documentada,obedecendo ao princpio documental. Esta atividade tambm nopode ser realizada por prazo indefinido ou por prazo desarrazoado,devendo existir incio, meio e fim.

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    Assim, a autoridade administrativa que proceder ou presidir aquaisquer diligncias de fiscalizao lavrar os termos necessriospara que se documente o incio do procedimento, na forma dalegislao aplicvel, que fixar prazo mximo para a conclusodaquelas (CTN, art. 196).

    Os termos do procedimento de fiscalizao tributria serolavrados, sempre que possvel, em um dos livros fiscais exibidos;quando lavrados em separado deles se entregar cpia autenticada pessoa sujeita fiscalizao, de acordo com o pargrafo nico do art.196 do CTN.

    A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerouincorreto: Determina o CTN que a autoridade administrativa quepresidir quaisquer diligncias de fiscalizao dever,preferencialmente, lavrar termo autnomo de incio do respectivoprocedimento, cuja cpia ser entregue ao sujeito fiscalizado; casohaja recusa de recebimento do aludido termo pelo contribuinte, oincio da ao fiscal h de ser certificado em um dos livros fiscais aserem exibidos na forma da legislao.

    O incio do procedimento fiscal delineia os contornosjurdicos de dois importantes institutos do direito tributrio, que so aexcluso da possibilidade da denncia espontnea e a antecipao do

    incio do prazo decadencial.O pargrafo nico do art. 138 do CTN, dispe que no se

    considera espontnea a denncia apresentada aps o incio dequalquer procedimento administrativo ou medida defiscalizao, relacionados com a infrao.

    E o pargrafo nico do art. 173 do mesmo Cdigo estabeleceque o direito de constituir o crdito tributrio extingue-sedefinitivamente com o decurso do prazo de cinco anos, contados da

    data em que tenha sido iniciada a constituio do crditotributrio pela notificao, ao sujeito passivo, de qualquermedida preparatria indispensvel ao lanamento.

    A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerou correto oseguinte item: Somente antes do incio de qualquer procedimento defiscalizao possvel ao contribuinte se socorrer do benefcio dadenncia espontnea, afastando-se a responsabilidade por infraes legislao tributria, desde que haja o pagamento integral dotributo devido acrescido dos juros de mora.

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    2.3 AUXLIO DA FORA PBLICA

    As autoridades administrativas federais podero requisitar oauxlio da fora pblica federal, estadual ou municipal, ereciprocamente, quando vtimas de embarao ou desacato noexerccio de suas funes, ou quando necessrio efetivao dmedida prevista na legislao tributria, ainda que no se configurefato definido em lei como crime ou contraveno (art. 200).

    Entretanto, ressaltamos que o CTN no pode e nem exclui osdireitos e garantias fundamentais estabelecidos no textoconstitucional, tais como o direito intimidade e a vida privada (art.5, X), a inviolabilidade do domiclio (art. 5, XI), o sigilo dacorrespondncia e das comunicaes telegrficas (art. 5, XII), o livreexerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso (art. 5, XIII),dentre outros.

    A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou incorretoo seguinte enunciado: O sigilo de correspondncia no pode serinvocado pelo contribuinte em sua defesa, uma vez que este direitopoder ser afastado no exerccio da fiscalizao pelas autoridadesadministrativas, mesmo sem haver autorizao judicial.

    Anotamos tambm que h norma constitucional explcita

    dispondo que facultada a administrao tributria, sobretudo paraconferir efetividade ao princpio constitucional da capacidadecontributiva, identificar o patrimnio, os rendimentos e as atividadeseconmicas do contribuinte, sempre respeitando os direitosindividuais nos termos da lei (art. 145, 1).

    2.4JURISPRUDNCIA DO STF E STJ

    O STF e o STJ tm fixado relevantes interpretaes e balizasrestritivas para a atuao legtima e eficiente da administrao

    tributria no exerccio da sua essencial funo de fiscalizaotributria, que se segue.

    Por exemplo, o STJ entende que os documentos e livros que serelacionam com a contabilidade da empresa no esto protegidos pornenhum tipo de sigilo e so, inclusive, de apresentao obrigatriapor ocasio das atividades fiscais.

    Segundo o STJ, tendo em vista o poder de fiscalizaoassegurado aos agentes fazendrios e o carter pblico dos livros

    contbeis e notas fiscais, sua apreenso, durante a fiscalizao,

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    no representa nenhuma ilegalidade (HC 18612 RJ, DJ17/03/2003).

    A FGV no concurso de Juiz de Direito/PA/2009 considerou correto oseguinte item: Agentes do Fisco Estadual apreenderam notas e livrosfiscais, durante determinada atividade fiscalizadora na empresa Beta,sem estarem munidos de mandado judicial para tal fim. Esseprocedimento considerado legal, sendo os documentos de exibioobrigatria pelo contribuinte.

    Todavia, h de ressaltar decises do STF no sentido danecessidade mandado judicial na hiptese de resistncia ouoposio por parte do representante da empresa quando doingresso dos agentes da fiscalizao fazendria.

    Seno, vejamos: Inadmissibilidade de apreenso de livroscontbeis e documentos fiscais realizada, em escritrio decontabilidade, por agentes fazendrios e policiais federais, semmandado judicial e sem consentimento do sujeito passivo darelao tributria, em razo da proteo constitucional dainviolabilidade domiciliar (HC 93.050/RJ, junho/08; ARRE 331.303-7,fevereiro/04).

    Afirma o relator Min. Celso de Mello o seguinte: Sem que

    ocorra qualquer das situaes excepcionais taxativamente previstasno texto constitucional (art. 5, XI), nenhum agente pblico, aindaque vinculado administrao tributria do Estado, poder, contra avontade de quem de direito (invito domino), ingressar, durante odia, sem mandado judicial, em espao privado no aberto ao pblico,onde algum exerce sua atividade profissional, sob pena de a provaresultante da diligncia de busca e apreenso assim executadareputar-se inadmissvel, porque impregnada de ilicitude material. Oatributo da auto-executoriedade dos atos administrativos, que traduzexpresso concretizadora do privilge du prelable, no prevalece

    sobre a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar, ainda quese cuide de atividade exercida pelo Poder Pblico em sede defiscalizao tributria. (HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de01/08/08)

    Em sntese, conforme o STF, apenas legal/constitucional osAgentes do Fisco apreenderam notas e livros fiscais, durantedeterminada atividade fiscalizadora em determinada empresa Beta,sem estarem munidos de mandado judicial para tal fim, na hiptesede consentimento do responsvel ou representante do

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    domiclio ao questionado sobre o ingresso dos respectivosfiscais.

    Noutro ponto, destacamos as seguintes smulas do STF sobreas denominadas sanes polticas aplicadas pela administraotributria:

    inadmissvel a interdio de estabelecimento como meiocoercitivo para cobrana de tributo (Smula 70);

    inadmissvel a apreenso de mercadorias como meiocoercitivo para pagamento de tributos (Smula 323);

    Ao contribuinte em dbito, no lcito autoridade proibir queadquira estampilhas, despache mercadorias nas alfndegas eexera suas atividades profissionais (Smula 547).

    Estas smulas probem e consideram inconstitucionais assanes polticas na seara tributria. Este tipo de sano ummeio coercitivo indireto de cobrana do tributo utilizado pelaadministrao tributria, que no observa o princpio constitucionaldo devido processo legal (art. 5, LIV).

    A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou corretosos seguintes enunciados: (i) O STF j pacificou o entendimento nosentido de no ser possvel a interdio de estabelecimento como

    meio coercitivo de cobrana de tributo; (ii) No se admite, segundoentendimento consagrado no STF, a apreenso de mercadorias comomeio coercitivo para pagamento de tributos.

    Nesse rumo, o STF entende que inconstitucional aobrigao de comprovao de regularidade fiscal na hiptese detransferncia de domiclio para o exterior e a vinculao do registroou arquivamento de contrato social e atos similares quitao decrditos tributrios. E afirma: Estas medidas so sanes polticase ofendem ao direito ao exerccio de atividades econmicas e

    profissionais lcitas (CF, art. 170, pargrafo nico), ao substantivedue process of law(devido processo legal substantivo), em razo dafalta de proporcionalidade e razoabilidade de medidas gravosas quese predispem a substituir os mecanismos de cobrana de crditostributrios, bem como ao devido processo legal formal, manifestadona garantia de acesso aos rgos do Executivo ou do Judicirio tantopara controle da validade dos crditos tributrios quanto paracontrole do prprio ato que culmina neste tipo de restrio (ADI173/DF e ADI 394/DF).

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    Por outro lado, o STF compreende que no ofende aosEnunciados 70, 323 e 547 da Smula do STF e tambm no afrontaagarantia fundamental do livre exerccio de qualquer trabalho, ofcioou profisso (art. 5, XIII, da CF/88), a apreenso de mercadoriasdesacompanhadas de documentao fiscal idnea e suareteno at a comprovao da legitimidade da posse peloproprietrio, uma vez que, neste caso, no se trata de coao parafins de pagamento de valores ao Fisco, mas sim de atribuioinerente a fiscalizao do cumprimento da legislao tributria, sendoconsiderada uma atuao constitucional da administrao tributria emedida legtima no exerccio do poder de polcia tributrio (ADI395/SP).

    Ademais, registramos a smula vinculante 24 que dispe queno se tipifica crime material contra a ordem tributria,previsto no art. 1, incisos I a IV, da Lei n 8.137/90, antes dolanamento definitivo do tributo. Ou seja, antes da constituiodefinitiva do crdito tributrio no pode a autoridade administrativarepresentar ao Ministrio Pblico sobre a existncia de crimetributrio.

    Importante: O art. 83. da Lei 9.430/96 (Redao dada pela MedidaProvisria 497/2010) estabelece: A representao fiscal para finspenais relativa aos crimes contra a ordem tributria previstos nosarts. 1o e 2o da Lei no 8.137/1990, e aos crimes contra a PrevidnciaSocial, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Cdigo Penal, serencaminhada ao Ministrio Pblico depois de proferida a decisofinal, na esfera administrativa, sobre a exigncia fiscal docrdito tributrio correspondente.

    2.5 DEVER DE PRESTAR INFORMAES, SIGILOPROFISSIONAL E SIGILOFISCAL

    O dever de prestar informaes ao Fisco parte do regularcumprimento das obrigaes tributrias acessrias.

    Portanto, de acordo com o art. 197 do CTN, medianteintimao escrita e sem necessidade de autorizao judicial,so obrigados a prestar autoridade administrativa todas asinformaes de que disponham com relao aos bens, negcios ouatividades de terceiros:

    Os tabelies, escrives e demais serventurios de ofcio; Os bancos, casas bancrias, Caixas Econmicas e demais

    instituies financeiras;

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    As empresas de administrao de bens; Os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; Os inventariantes; Os sndicos, comissrios e liquidatrios; Quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em

    razo de seu cargo, ofcio, funo, ministrio, atividade ouprofisso.

    Contudo, o pargrafo nico do mesmo art. 197, traz relevanteressalva, afirmando que a obrigao de prestar informaes noabrange informaes quanto a fatos sobre os quais o informanteesteja legalmente obrigado a observar segredo em razo de cargo,ofcio, funo, ministrio, atividade ou profisso.

    Assim, em razo do sigilo profissional ou sacerdotal, osadvogados, mdicos, psiclogos, padres, dentre outros, no estoobrigados a prestar informaes sobre confidncias de clientes ou depessoas que lhes procuram.

    Noutro ponto, sem prejuzo do disposto na legislao criminal, vedada (proibida) a divulgao, por parte da Fazenda Pblica oude seus servidores, de informao obtida em razo do ofciosobre a situao econmica ou financeira do sujeito passivoou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negcios

    ou atividades. o denominado sigilo fiscal, tambm chamado por corrente

    doutrinria minoritria de sigilo funcional, previsto no art. 198 doCTN.

    Contudo, existe ressalva a essa proibio, permitindo adivulgao nas hipteses de permuta de informaes entre os entesfederativos, e nos casos de:

    Requisio de autoridade judiciria no interesse da justia (art.198, 1, I, do CTN); Solicitaes de autoridade administrativa no interesse da

    Administrao Pblica, desde que seja comprovada ainstaurao regular de processo administrativo, no rgoou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar osujeito passivo a que se refere a informao, por prtica deinfrao administrativa (art. 198, 1, II, do CTN);

    Requisio de comisso parlamentar de inqurito (CPI),obedecendo-se aos princpios da colegialidade e da motivao,

    que so, respectivamente, a aprovao pela maioria absoluta

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    dos membros da comisso e a fundamentao do pedido (art.58, 3, da CF/88);

    Requisio do Ministrio Pblico da Unio (MPU), desde queconcernente a fatos e pessoas determinadas (art. 8, 2, daLC 75/1993).

    Nesse rumo, o intercmbio de informao sigilosa, no mbitoda Administrao Pblica, ser realizado mediante processoregularmente instaurado, e a entrega ser feita pessoalmente autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transfernciae assegure a preservao do sigilo.

    Importante: Ressaltamos que o STJ (REsp 819.455/RS) compreendeque o art. 198 do CTN no impede a requisio, pelo juiz, deinformaes Receita Federal, necessrias a promover atosexecutivos (ao de execuo), nem que tais informaes sejam

    juntadas aos autos. Neste sentido, o STJ afirma que o art. 198 temcomo destinatrios a Fazenda e seus agentes, mas no os rgosdo Poder Judicirio.

    Por sua vez, permitida, sem qualquer tipo de exceo, adivulgao de informaes relativas a:

    Representaes fiscais para fins penais;

    Inscries na Dvida Ativa da Fazenda Pblica; Parcelamento ou moratria do crdito tributrio.2.6 SIGILO BANCRIO

    Conforme compreenso do STF, as regras especficas sobre osigilo bancrio esto previstas exaustivamente na Lei Complementar105, de 10 de janeiro de 2001. A referida lei infraconstitucional optoupela possibilidade de fornecimento direto de informaes bancrias aautoridades fiscais.

    Nestes termos, o art. 5o dispe que o Poder Executivodisciplinar, inclusive quanto periodicidade e aos limites de valor,os critrios segundo os quais as instituies financeiras informaro administrao tributria da Unio, as operaes financeiras efetuadaspelos usurios de seus servios.

    E o art. 6o da LC 105/01 estabelece que as autoridades e osagentes fiscais tributrios da Unio, dos Estados, do Distrito Federal edos Municpios somente podero examinar documentos, livros e

    registros de instituies financeiras, inclusive os referentes a contas

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    de depsitos e aplicaes financeiras, quando houver processoadministrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso etais exames sejam considerados indispensveis pela autoridadeadministrativa competente.

    O resultado dos exames, as informaes e os documentos adevero ser conservados em sigilo, observada a legislao tributria.

    Nesse rumo, o STF ainda no se pronunciou definitivamentesobre a constitucionalidade dos arts. 5 e 6 da LC 105/01, o quedeve ocorrer quando da anlise do mrito das ADIs 2.386/DF,2.390/DF, 2.397/DF e 4.010/DF. Porm, registramos que, por cincovotos a quatro, o STF, em controle difuso, no final do ano passado(RE 389.808, julgamento em 15/12/2010), entendeu que no podehaver acesso da Receita Federal a dados bancrios docontribuinte sem ordem do Poder Judicirio.

    O Ministro Marco Aurlio (relator e voto vencedor no RE389.808) fundamentou a sua deciso no princpio da dignidade dapessoa, afirmando que necessrio assegurar a privacidade docontribuinte e que a exceo para mitigar esta regra s pode vir porordem judicial, e para instruo penal, no para outras finalidades.

    Assim, considerou que s possvel o afastamento do sigilobancrio de pessoas naturais e jurdicas a partir de ordem emanadado Poder Judicirio (reserva de jurisdio).

    A ESAF no concurso de Procurador da Fazenda Nacional/2006considerou incorretos os seguintes enunciados: (i) Aconstitucionalidade da LC n. 105/01 foi declarada pelo STF em ADInespecfica; (ii) A inconstitucionalidade da LC n. 105/01 foi declaradapelo STF em ADIn especfica; (iii) Os agentes fiscais tributrios daUnio podem examinar documentos, livros e registros de instituiesfinanceiras, inclusive os referentes a contas de depsitos e aplicaesfinanceiras, como providncia prvia instaurao de procedimentofiscal.

    Sobre o tema, o entendimento resumido do STJ o seguinte:

    O princpio da razoabilidade no violado com a quebrado sigilo pela Administrao Tributria, que ciente depossvel sonegao fiscal, deve apur-la;

    O sigilo bancrio no tem carter absoluto, devendoceder ao princpio da moralidade aplicvel de forma

    absoluta s relaes de direito pblico e privado, devendo ser

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    mitigado nas hipteses em que as transaes bancrias sodenotadoras de ilicitude, porquanto no pode o cidado, sobo alegado manto de garantias fundamentais, cometerilcitos. Decerto, conquanto o sigilo bancrio seja garantidopela Constituio Federal como direito fundamental, no o para preservar a intimidade das pessoas no af de encobririlcitos;

    O suposto direito adquirido de obstar a fiscalizao tributriano subsiste frente ao dever vinculativo de a autoridade fiscalproceder ao lanamento de crdito tributrio no extinto (REsp2009/0067034-4).

    Por sua vez, destacamos ainda que sero prestadas pelo BancoCentral do Brasil, pela Comisso de Valores Mobilirios e pelasinstituies financeiras as informaes ordenadas pelo PoderJudicirio, preservado o seu carter sigiloso mediante acesso restritos partes, que delas no podero servir-se para fins estranhos lide(LC 105/01, art. 3).

    Ademais, alm dos casos que j afirmamos, o Banco Central doBrasil e a Comisso de Valores Mobilirios fornecero Advocacia-Geral da Unio as informaes e os documentos necessrios defesada Unio nas aes em que seja parte (LC 105/01, art. 3, 3).

    A ESAF no concurso de Procurador da Fazenda Nacional/2006considerou incorreto o seguinte enunciado: A quebra de sigilopoder ser decretada, quando necessria para apurao de crimecontra a Administrao Pblica, pelo juiz, apenas na fase judicial.Por outro lado, a ESAF, no mesmo concurso, adotou como correto:

    Alm das requisies judiciais, o Banco Central do Brasil e aComisso de Valores Mobilirios podem fornecer Advocacia-Geral daUnio as informaes e os documentos necessrios defesa da Unionas aes em que seja parte.

    3. DVIDA ATIVA

    A dvida ativa representa os dbitos dos sujeitos passivos(contribuinte e sujeito passivo) para com a Fazenda Pblica (famosoFisco).

    Alis, o objetivo central do procedimento administrativo deinscrio de um crdito tributrio em dvida ativa propiciar o direitode ao de execuo fiscal da Fazenda Pblica, ou seja, o direito decobrana judicial da dvida que o contribuinte tem com o Fisco e no

    paga no seu devido tempo, sendo necessrio, portanto, que fisco

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    entre com uma ao no Poder Judicirio para que o contribuinte sejaobrigado a pagar tal dvida.

    Por exemplo, no mbito dos tributos federais, a competnciapara inscrio em dvida ativa da Procuradoria da Fazenda Nacional.

    Decerto, a inscrio de um crdito tributrio em dvida ativaconstitui um ttulo executivo extrajudicial chamado de Certido deDvida Ativa (CDA), que requisito necessrio para que asrespectivas procuradorias judiciais possam regularmente promover aexecuo judicial da dvida ativa.

    Assim sendo, constitui dvida ativa tributria a provenientede crdito dessa natureza, regularmente inscrita na repartioadministrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado,para pagamento, pela lei ou por deciso final proferida em processoregular (art. 201, caput, do CTN).

    A ESAF no concurso para ATRFB/2010 considerou correto: Somentese admite a inscrio de dbito em dvida ativa aps o decurso doprazo fixado para pagamento, pela lei ou por deciso final proferidaem processo administrativo.

    Deste modo, o CTN trata exclusivamente da dvida tributria,

    que decorre dos tributos no pagos pelo sujeito passivo (contribuinteou responsvel tributrio) e das multas decorrentes do no-pagamento de tributos.

    Ademais, apesar da Lei n. 6.830/80 (Lei de Execuo Fiscal)no fazer diferenciao entre dvida ativa tributria e dvida ativano-tributria para fins de execuo judicial para cobrana da DvidaAtiva da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios erespectivas autarquias, o CTN no dispe a respeito de dvidasativas no-tributrias, tais como aluguis, preo pblicos,

    indenizaes, laudmios, dentre outras.

    Importante: O laudmio (figura querida dos examinadores!) umaespcie de renda patrimonial ou contraprestao pecuniria que aUnio tem direito a receber, quando o ocupante ou o foreiro deimvel localizado em sua propriedade, transfere os direitos deocupao ou de foro a outrem. No tributo. Por exemplo, olaudmio devido pela transmisso de direitos do foreiro deterreno da Marinha. O mais importante saber que olaudmio uma divida ativa no-tributria.

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    Doutro aspecto,salientamos que a fluncia de juros de morano exclui a liquidez do crdito tributrio (art. 201, pargrafonico, do CTN). A liquidez do crdito tributrio se refere exatido dovalor da dvida tributria. Desta forma, a Fazenda Pblica no estimpedida de cobrar juros de mora de dbito inscrito em dvida ativa.

    Decerto, a inscrio do crdito tributrio em dvida ativa ocorrepelo inadimplemento da obrigao tributria por parte do sujeitopassivo, sendo que o objetivo fundamental uma posterior ao deexecuo fiscal pela respectiva procuradoria judicial competente. Porexemplo, no Distrito Federal, a ao de execuo fiscal decompetncia da Procuradoria do Distrito Federal (PGDF).

    Neste sentido, se o crdito tributrio est suspenso ouextinto, por conexo lgica no poder ser inscrito em dvidaativa.

    Destarte, o crdito tributrio constitudo pelo lanamento noimplica necessariamente a inscrio na dvida ativa, uma vez que ocrdito tributrio pode est suspenso ou extinto. Do mesmo modo, oauto de infrao lavrado pelo fisco (hiptese de lanamento de ofcio)contra o sujeito passivo tributrio constitui o crdito tributrio, masno motiva necessariamente a sua inscrio na dvida ativa.

    Por sua vez, mesmo que o crdito tributrio no estejasuspenso ou extinto, devemos afirmar tambm da necessidade deesperar esgotar o prazo fixado para o pagamento do tributo.

    Assim, esgota tal prazo para pagamento, a Procuradoria Judicialrealiza a atividade procedimental da inscrio em Dvida Ativa narepartio administrativa competente, sendo que o procedimento deinscrio em divida ativa do crdito tributrio tem o condo deconferir exequibilidade relao tributria.

    Portanto, a dvida ativa pode ser conceituada como o crditotributrio inscrito (Dvida Ativa = Crdito Tributrio + Inscrio),podendo-se de forma legal iniciar a propositura da ao deexecuo fiscal pela Fazenda Pblica.

    De mais a mais, registramos entendimento doutrinrio de Paulode Barros Carvalho, adotado pela ESAF, no concurso paraATRFB/2010, no sentido de que o controle da legalidade da inscrioem dvida ativa a derradeira oportunidade que a Administrao temde rever os requisitos jurdico-legais dos atos praticados no processo

    administrativo de cobrana. Nesse rumo, segundo o autor citado, os

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    procuradores da Fazenda no podem modific-los, mas tem meios deevitar que no prossigam os crditos tributrios inconsistentes e,fatalmente, sejam fulminados pela manifestao jurisdicional.

    3.1 CICLO DE POSITIVAO DO DIREITO TRIBUTRIO

    O ciclo de positivao do direito tributrio o fenmeno darelao jurdico-tributria de forma completa, isto , na hiptese emque o crdito tributrio no esteja suspenso ou extinto. Estefenmeno pode ser visualizado com a seguinte sequncia cronolgicade atos:

    HiptesedeIncidncia

    FatoGeradorinconcreto

    ObrigaoTributria

    LanamentoTributrio

    CrditoTributrio

    InscrioemDvidaAtiva

    CertidodeDvidaAtiva

    Ao deExecuoFiscal

    Ou com o seguinte grfico:

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    8. AO DE EXECUO FISCAL

    7. CERTIDO DE DVIDA ATIVA(CDA)

    6. INSCRIO EM DVIDA ATIVA5. CRDITO TRIBUTRIO

    4. LANAMENTOTRIBUTRIO

    3. OBRIGAOTRIBUTRIA

    2. FATOIMPONVEL ou

    1.

    HIPTESEDEINCIDNCIAouFATOGERADORINABSTRATO

    FATO GERADOR

    INCONCRETO

    3. OBRIGAOTRIBUTRIA

    4. LANAMENTOTRIBUTRIO

    5.CRDITO TRIBUTRIO

    6. INSCRIO EM DVIDA ATIVA7. CERTIDO DE DVIDA ATIVA(CDA)

    8. AO DE EXECUO FISCAL

    Os grficos servem para demonstrar que no direito tributrioposto no CTN existe uma sequencia cronolgica de atos ou momentosdiferentes da relao tributria.

    Primeiro, existe a hiptese de incidncia ou o fato gerador in

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    abstrato. Depois, ocorre o fato imponvel ou o fato gerador inconcreto. Da surge obrigao tributria, que, com o lanamentotributrio, transforma-se em crdito tributrio. A seguir, caso ocrdito tributrio no esteja suspenso ou extinto e, aps o prazo parapagamento do tributo, deve ocorrer a inscrio em dvida ativa pelasrespectivas procuradorias judiciais, extraindo-se a Certido de DvidaAtiva (CDA) e se promove a ao de execuo fiscal.

    Hiptese de Incidncia + Fato Gerador in concreto = ObrigaoTributria < Lanamento < Crdito Tributrio (no suspenso ouextinto) e prazo pra pagamento do tributo < Inscrio em DvidaAtiva < Certido de Dvida Ativa < Execuo Fiscal.

    1. Hiptese de Incidncia ou Fato Gerador in abstrato;2. Fato Gerador in concreto ou Fato imponvel;3. Obrigao Tributria;4. Lanamento;5. Crdito Tributrio (no suspenso ou extinto) e aps o prazo prapagamento do tributo;6. Inscrio em Dvida Ativa;7. Certido de Dvida Ativa;8. Execuo Fiscal.

    3.2 REQUISITOS DA CERTIDO DE DVIDA ATIVA

    O termo de inscrio da dvida ativa, autenticado pelaautoridade competente, dever indicar obrigatoriamente (art. 202, Ia V, CTN):

    O nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsveis, bemcomo, sempre que possvel, o domiclio ou a residncia de um ede outros;

    A quantia devida e a maneira de calcular os juros de moraacrescidos;

    A origem e natureza do crdito, mencionada especificamentea disposio da lei em que seja fundado; A data em que foi inscrita; Sendo caso, o nmero do processo administrativo de que

    se originar o crdito. Ou seja, na verdade, no h umanecessria obrigatoriedade, pois nem sempre existir umprocesso administrativo.

    Assim, a Certido de Dvida Ativa (CDA) conter os mesmoselementos do termo de inscrio e ser autenticada pela autoridade

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    competente, devendo conter, alm dos requisitos do termo deinscrio da dvida, a indicao do livro e da folha da inscrio.

    Nessa esteira, a inscrio na dvida ativa, formalizada medianteo termo de inscrio na dvida ativa deve ser preenchida com osrequisitos obrigatrios no livro da Dvida Ativa, no ambiente decompetncia da respectiva procuradoria judicial.

    De fato, atualmente, a inscrio feita num livro eletrnico.Portanto, os cadastros da dvida ativa no mais se consubstanciamem livros propriamente ditos, sendo registrados em sistemaseletrnicos de informao de dados.

    Nesse rumo, com a inscrio feita no livro da Dvida Ativa ou deforma eletrnico, reproduz-se e se estabelece a Certido de DvidaAtiva (CDA), que um titulo executivo extrajudicial, devendoconstar na petio inicial do processo judicial de execuo fiscal docrdito tributrio.

    Por sua vez, consideramos muito relevante para concursospblicos ter o conhecimento das conseqncias da omisso ou errode um dos requisitos obrigatrios fixados no art. 202 do CTN, que soas seguintes:

    A omisso de quaisquer dos requisitos previstos no artigoanterior, ou o erro a eles relativo, so causas de nulidade dainscrio e do processo de cobrana dela decorrente, masa nulidade poder ser sanada at a deciso de primeirainstncia, mediante substituio da certido nula, devolvido aosujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa,que somente poder versar sobre a parte modificada(art. 203 do CTN).

    Com efeito, a omisso de quaisquer dos requisitos previstos no

    art. 202, ou o erro a eles atinente, gera a nulidade da inscrio edo processo de cobrana dela decorrente.

    Todavia, a certido poder ser substituda at a deciso de1 instncia (significa deciso do juiz de primeiro grau e nodos Tribunais), sanando eventuais erros ou omisses, dando novoprazo para a defesa do sujeito passivo quanto partemodificada.

    Na hiptese de no ser sanada a nulidade at a deciso de 1

    instncia, o vcio (erros ou omisses na inscrio) acarretar o

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    reconhecimento da nulidade de todo o processo de cobrana,prevalecendo o ditado popular de que quanto mais tarde, pior.

    Importante: o STJ aprovou recentemente a smula 392, quedispe: A Fazenda Pblica pode substituir a certido de dvida ativa(CDA) at a prolao da sentena de embargos, quando se tratar decorreo de erro material ou formal, vedada a modificao do sujeitopassivo da execuo.

    Com efeito, o STJ adotou posio no sentido de no admitir asubstituio da CDA para a alterao do sujeito passivo delaconstante, pois isso no erro formal ou material, mas sim alteraodo prprio lanamento.

    Assim sendo, conforme afirmou o ministro Castro Meira do STJ,a CDA poder ser emendada ou substituda at a deciso de primeirainstncia, assegurada a devoluo do prazo para embargos. Nesserumo, a substituio da CDA s permitida quando se tratar de errosmateriais e defeitos formais ou de supresso de parcelas certas, eno em casos que impliquem alterao do prprio lanamento.

    3.3 PRESUNO DE CERTEZA E LIQUIDEZ E PROTESTO PRVIO

    A dvida regularmente inscrita goza da presuno de certeza

    e liquidez e tem o efeito de prova pr-constituda (art. 204,caput, do CTN).

    Neste sentido, o STJ tem jurisprudncia dominante no sentidode que no h necessidade de protesto prvio do ttulo emitidopela Fazenda Pblica, uma vez que a Certido de Dvida Ativa (CDA)tem presuno relativa de certeza e liquidez.

    Decerto, a CDA serve como prova pr-constituda, pois, nocaso, o inadimplemento do sujeito passivo caracterizado como

    elemento de prova. Assim sendo, falta interesse a Fazenda Pblicaque justifique o protesto prvio da CDA para satisfao do crditotributrio que este ttulo representa (AgA 936.606/PR, DJe04/06/08).

    Portanto, o STJ entende como desnecessrio e incuo (intil) oprotesto prvio da CDA, pois a CDA torna pblico o contedo dottulo, no havendo interesse de ser protestado, medida cujo efeito a s publicidade (REsp 1093601/RJ, DJe 15/12/2008).

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    Nesse rumo, a presuno de certeza diz respeito existncia dadvida e a presuno de liquidez se refere exatido do valor dadvida.

    Logo, a presuno de certeza e liquidez relativa (juristantum) e pode ser refutada (ilidida) por prova inequvoca, acargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite (art.204, pargrafo nico, do CTN).

    Notamos mais uma vez que a presuno de certeza e liquidez relativa (juris tantum), no sendo presuno absoluta (juris et de

    jure).

    PRESUNES NO DIREITOPresuno relativa (denominada de

    juris tantum), que admite

    prova em contrrio, que a prevista no pargrafo nico, do art.204, CTN.Presuno absoluta (denominada de juris et de jure), que noadmite prova em contrrio, no est prevista no art. 204 do CTN.

    4. CERTIDES NEGATIVAS

    A certido negativa tem por objetivo comprovar a inexistnciade dbito do sujeito passivo para com o fisco. Decerto, a obteno de

    certides, para a defesa de direitos e esclarecimentos de situaes deinteresses pessoais, constitui direito individual garantido no art. 5,inc. XXXIV, alnea b, da CF, independentemente do pagamento daespcie tributria denominada de taxa.

    Assim, por exemplo, se o contribuinte tem um dbito tributrioque j est prescrito ou pago (hipteses de extino do crdito) podecom tranquilidade obter uma certido negativa por meio derequerimento eletrnico ou por meio de requerimento junto a umaautoridade administrativa na repartio pblica competente.

    Portanto, a lei poder exigir que a prova da quitao dedeterminado tributo, quando exigvel, seja feita por certido negativa,expedida vista de requerimento do interessado, que contenhatodas as informaes necessrias identificao de sua pessoa,domiclio fiscal e ramo de negcio ou atividade e indique o perodo aque se refere o pedido, conforme o art. 205 do CTN.

    A certido negativa ser sempre expedida nos termos emque tenha sido requerida e ser fornecida dentro de 10 (dez)

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    dias da data da entrada do requerimento na repartio (art.205, pargrafo nico, CTN).

    Com efeito, a certido no pode ser expedida de ofcio (exofficio) pela autoridade administrativa, pois a norma tributria dispeque ser sempre expedida nos termos do requerimento do sujeitopassivo.

    O prazo para fornecimento da certido de no mximo dezdias, contados da data da entrada do requerimento narepartio pblica, o que no impede de a certido ser expedidaimediatamente, at porque normalmente, nos dias de hoje, ascertides so expedidas por meio eletrnico (via internet).

    4.1 CERTIDO POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA

    O assunto mais cobrado em concurso pblico referente acertido negativa a famosa certido positiva com efeitos denegativa prevista no art. 206 do CTN.

    Este dispositivo estabelece que os mesmos efeitos jurdicos dacertido negativa verificam-se na certido de que conste aexistncia de crditos no vencidos, em curso de cobranaexecutiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja

    exigibilidade esteja suspensa.So trs os casos de certido positiva com efeitos de

    negativa estabelecidos pelo CTN:

    A existncia de crditos no vencidos; A existncia de crditos em curso de cobrana executiva em

    que tenha sido efetivada a penhora; A existncia de crditos cuja exigibilidade esteja suspensa (art.

    151) e no extinta (art. 156) ou excluda (art. 175).

    Neste sentido, na hiptese em que tenha sido efetivadapenhora, a orientao prevalente em ambas as Turmas da 1 Seodo STJ no sentido de autorizar o fornecimento da certido apenasna hiptese de estar o dbito integralmente garantido por penhora.(REsp 494.881/CE, RESP 413.388/RS; AGA 469.422/SC)

    4.1.1 SMULA 446 DO STJ

    Nos tributos sujeitos ao lanamento por homologao, o STJ

    entende que a entrega da Declarao de Dbitos e Crditos

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    Tributrios Federais (DCTF) constitui o crdito tributrio, dispensandoa Fazenda Pblica de qualquer outra providncia, habilitando-aajuizar a execuo fiscal, razo pela qual, em caso do no-pagamento do tributo declarado, afigura-se legtima a recusa deexpedio da Certido Negativa ou Positiva com Efeitos deNegativa.

    Neste sentido, a smula 446 do STJ: Declarado e no pago odbito tributrio pelo contribuinte, legtima a recusa de expediode certido negativa ou positiva com efeito de negativa.

    Contudo, o STJ compreende que declarado o dbito e efetuadoo pagamento, ainda que a menor, no se afigura legtima a recusa deexpedio de CND antes da apurao prvia, pela autoridadefazendria, do montante a ser recolhido. Isto porque, conformedispe a legislao tributria, o valor remanescente, no declaradonem pago pelo contribuinte, deve ser objeto de lanamento supletivode ofcio (REsp n 1.123.557/RS).

    Importante: no lanamento por homologao (DCTF ou GIA),pagando-se o tributo a menor, desde que a declarao tambmesteja equivocada, o STJ compreende que ilegtima, em princpio, arecusa da expedio de CND, at que ocorra realizado o lanamentosupletivo do valor no pago ainda pelo contribuinte.

    Em outras palavras, na hiptese declarao de dvida de R$35.000,00 (a quantia correta R$ 50.000,00) e pagamento de R$20.000,00, a certido pode ser negada. Contudo, no caso citado, se opagamento efetuado de R$ 35.000,00 no cabe ao agente fiscalnegar a certido, pois dever da autoridade fazendria realizar olanamento supletivo no valor de R$ 15.000,00. Isto , at que oagente fiscal realize o lanamento supletivo no pode ser exigido docontribuinte qualquer valor tributrio.

    4.1.2 FAZENDA PBLICA

    Segundo o STJ,a Fazenda Pblica, quer em ao anulatria,quer em execuo embargada, faz jus expedio da certidopositiva de dbito com efeitos negativos, independentemente depenhora, posto inexpropriveis os seus bens (REsp n1.123.306/SP). Ou seja, a Fazenda Pblica no est sujeita a penhorade bens e a impenhorabilidade dos bens pblicos tem fundamentoconstitucional.

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    Assim, compreende o STJ que as prerrogativas da Fazendapblica federal, estadual ou municipal, mormente a impossibilidadede penhora de seus bens, revela a interpretao de que seja em sedede execuo embargada ou ao anulatria pelo Municpio,independentemente da prestao de garantia, cabvel a expedioda certido positiva de dbitos com efeitos negativos.

    4.2 DISPENSA DE CERTIDO

    Independentemente de disposio legal permissiva, serdispensada a prova de quitao de tributos, ou o seusuprimento, quando se tratar de prtica de ato indispensvelpara evitar a caducidade de direito (art. 207, CTN).

    Entretanto, respondem todos os participantes no ato dedispensa pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidadescabveis, exceto as relativas a infraes cuja responsabilidade sejapessoal do infrator.

    De fato, dispensada a prova de quitao de tributos (certidonegativa) quando sujeito passivo tiver que praticar atoindispensvel para evitar a caducidade do direito, sendoaqueles casos de urgncia em que no se pode esperar o prazo paraautoridade administrativa expedir a certido.

    Por exemplo, a participao em procedimento de licitaopblica quando os servidores competentes para expedir a certidoesto em greve.

    4.3 RESPONSABILIDADE PESSOAL DO SERVIDOR

    A certido negativa expedida com dolo ou fraude, quecontenha erro contra a Fazenda Pblica, responsabilizapessoalmente o funcionrio que a expedir, pelo crdito

    tributrio e juros de mora acrescidos, sendo que no se exclui aresponsabilidade criminal e funcional que no caso couber.

    Decerto, o servidor que emitir com dolo ou fraude uma certidonegativa que contenha erro contra o Fisco deve ser responsabilizadoa pagar a dvida tributria, acrescida de juros de mora.

    Assim sendo, o servidor que agir com dolo ou fraude responsvel pessoalmente pelo crdito tributrio e juros de moraacrescidos, podendo ser responsabilizado penalmente

    (criminalmente) e administrativa pelo ato de expedir a certido de

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    forma dolosa (com inteno de cometer o erro) ou de formafraudulenta (com ardil, de maneira maliciosa com propsito deenganar ou induzir a erro) contra a Fazenda Pblica.

    Outrossim, se o servidor agir apenas com culpa (sem inteno)poder ser responsabilizado na seara disciplinar e penal, mas,segundo o CTN, no fica responsvel pessoalmente pelo crditotributrio e juros de mora acrescidos.

    5. FUNO SOCIOECONMICA DOS TRIBUTOS

    A funo socioeconmica dos tributostem relao com a justaalocao dos recursos arrecadados pelo Estado com os tributos.Assim, concretizada com a promoo da redistribuio da rendaarrecadada, bem na atuao positiva do Estado para a satisfao dosdireitos sociais do cidado (alimentao, sade, vesturio, moradia,educao, acesso ao trabalho, livre iniciativa etc.).

    A doutrina aponta tambm como forma de concretizao funosocioeconmica dos tributos: (i) a tributao justa, com respeito aosprincpios tributrios constitucionais; (ii) a democratizao dosoramentos, com o incentivo a participao popular na gestopblica.

    6.GARANTIAS DO CRDITO TRIBUTRIOA garantia no direito tributrio uma forma ou maneira de se

    tentar assegurar o pagamento do crdito tributrio. Ou seja, paraassegurar a efetiva arrecadao do tributo, o CTN estabeleceespeciais garantias ao poder pblico.

    6.1 ASPECTOS GERAIS

    Ressaltamos, de incio, que a enumerao das garantias

    atribudas pelo CTN ao crdito tributrio no exclui outras que sejamexpressamente previstas em lei, em funo da natureza ou dascaractersticas do tributo a que se refiram (art. 183 do CTN).

    Ou seja, o CTN no impede que a lei ordinria amplie o nmerode garantias dispostas no Captulo VI, do Ttulo III, do Livro Segundodo CTN (entre os arts. 183 a 193). Por conseguinte, as garantiasprevistas no CTN so exemplificativas e no podem ser consideradasexaustivas.

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    Com efeito, repetindo parcialmente regra j disposta no art.140 do CTN, o pargrafo nico do art. 183 do mesmo Codexestabelece que a natureza das garantias atribudas ao crditotributrio no altera a natureza deste nem a da obrigao tributriaa que corresponda. Portanto, mesmo que seja legalmente atribudauma garantia qualquer ao crdito tributrio, este ou a sua obrigaorespectiva continuam a ter sempre a natureza tributria.

    6.2 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO SUJEITO PASSIVO

    Nesse rumo, o CTN estabelece que a totalidade dos bens edas rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo,seu esplio ou sua massa falida, inclusive os gravados por nus realou clusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for adata da constituio do nus ou da clusula, respondem pelopagamento do crdito tributrio.

    A exceo a esta regra so os bens e rendas que a lei declareabsolutamente impenhorveis. Isto significa que apenas quando alei estabelece a impenhorabilidade de determinados bens, podemosdizer que estes no respondem pelo pagamento do tributo.

    Ou seja, os indivduos por meio de clusula contratual (vontadeprpria) no podem excluir determinados bens da cobrana

    tributria. As regras contratuais s tm valor para os contratantes eno para a Fazenda Pblica, isto , a clusula contratual inoponvel ao Fisco.

    Por exemplo, a Lei 8.009/1990 (Lei do Bem de Famlia) dispeque impenhorvel o imvel residencial prprio do casal, ou daentidade familiar, sendo que, em regra, este imvel no responderpor qualquer tipo de dvida civil, comercial, fiscal, previdenciria oude outra natureza, contrada pelos cnjuges ou pelos pais ou filhosque sejam seus proprietrios e nele residam.

    Nessa senda, a prpria Lei do Bem de Famlia, dentre outrashipteses, exclui da impenhorabilidade os crditos detrabalhadores da prpria residncia e as respectivas contribuiesprevidencirias decorrentes do contrato de trabalho, bem comoa cobrana de impostos, predial ou territorial, taxas econtribuies devidas em funo do imvel familiar.

    Segundo o art. 649 do Cdigo de Processo Civil (CPC), salvo nahiptese de cobrana do crdito concedido para a aquisio do

    prprio bem, so absolutamente impenhorveis:

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    Os bens inalienveis e os declarados, por ato voluntrio, nosujeitos execuo;

    Os mveis, pertences e utilidades domsticas que guarnecem aresidncia do executado, salvo os de elevado valor ou queultrapassem as necessidades comuns correspondentes a ummdio padro de vida;

    Os vesturios, bem como os pertences de uso pessoal doexecutado, salvo se de elevado valor;

    Os vencimentos, subsdios, soldos, salrios, remuneraes,proventos de aposentadoria, penses, peclios e montepios; asquantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas aosustento do devedor e sua famlia, os ganhos de trabalhadorautnomo e os honorrios de profissional liberal, exceto nocaso de penhora para pagamento de prestao alimentcia;

    Os livros, as mquinas, as ferramentas, os utenslios, osinstrumentos ou outros bens mveis necessrios ou teis aoexerccio de qualquer profisso;

    O seguro de vida; Os materiais necessrios para obras em andamento, salvo se

    essas forem penhoradas; A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que

    trabalhada pela famlia; Os recursos pblicos recebidos por instituies privadas para

    aplicao compulsria em educao, sade ou assistnciasocial; At o limite de 40 (quarenta) salrios mnimos, a quantia

    depositada em caderneta de poupana. Os recursos pblicos do fundo partidrio recebidos, nos termos

    da lei, por partido poltico.

    6.3 EXIGNCIA DE QUITAO DE TODOS OS TRIBUTOS

    O CTN exige a quitao de todos os tributos:

    Paraa extino das obrigaes do falido (art. 191); Para a concesso de recuperao judicial, observada as

    excees referentes a suspenso da exigibilidade do crditotributrio e da certido negativa ou da certido positiva comefeitos de negativa;

    Relativos aos bens do esplio, ou s suas rendas, para apossibilidade de proferir a sentena de julgamento departilha ou adjudicao (art. 192);

    Para a celebrao de contrato ou aceitao de proposta emconcorrncia pblica de departamento da administrao pblica

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    da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municpios,ou sua autarquia: nesta hiptese, salvo quando expressamentepermitido por lei, exige-se a quitao de todos os tributosdevidos unicamente Fazenda Pblica interessada erelativos atividade em cujo exerccio o contratante ouproponente contrata ou concorre (art. 193).

    6.4 PRESUNO DE FRAUDE EXECUO

    O termo inicial para a fraude execuo fiscal a inscrioem dvida ativa do crdito tributrio.

    Assim, presume-se fraudulenta a alienao ou onerao debens ou rendas, ou seu comeo, por sujeito passivo em dbito paracom a Fazenda Pblica, por crdito tributrio regularmente inscritocomo dvida ativa (art. 185, CTN).

    Esta norma visa a proteger o Fisco do devedor mau-carter quetenta fraudulentamente dissolver o seu patrimnio para fugir dopagamento do crdito tributrio. Deste modo, exceto se o sujeitopassivo tiver reservado bens ou rendas suficientes ao totalpagamento da dvida inscrita, presume-se como fraude qualquer atodo devedor de venda ou imposio de nus ou obrigao aos seusbens e rendas se o crdito tributrio estiver inscrito em dvida ativa.

    Por exemplo, um contribuinte que no possui bens ou rendasdisponveis para pagar sua dvida tributria inscrita em dvida ativae comea a simular a venda de imveis para familiares de suaesposa. Esta venda se presume fraudulenta e no tem validade

    jurdica perante o Fisco.

    A respeito da aplicao do art. 185 do CTN, o STJ (REsp1.141.990/PR, DJe 19/11/2010) entende de forma consolidada que atransferncia de bens do devedor ocorrida aps a inscrio do dbito

    tributrio em dvida ativa configura fraude contra a execuo fiscal,independentemente de haver qualquer registro de penhora ede ser provada a m-f do adquirente.

    Em outras palavras, o STJ afirma que no se aplica a suasmula 375 s execues fiscais. A smula referida dispe que oreconhecimento da fraude execuo depende do registro dapenhora do bem alienado ou da prova de m-f do terceiroadquirente.

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    Ou seja, na hiptese, prevalece o CTN (lei especial) sobre oCdigo Civil (lei geral). o axioma romano lex specialis derrogat lexgeneralis (lei especial derroga lei geral). Logo, a smula 375 do STJno se aplica s execues fiscais (processos tributrios), mas sim asdemandas cveis.

    Nesse rumo, afirma o STJ: A diferena de tratamento entre afraude civil e a fraude fiscal justifica-se pelo fato de que, na primeirahiptese, afronta-se interesse privado, ao passo que, na segunda,interesse pblico, porquanto o recolhimento dos tributos serve satisfao das necessidades coletivas.

    Com efeito, o STJ entende atualmente que a fraude deexecuo prevista no artigo 185 do CTN encerra presunoabsoluta (jure et de jure), objetiva e dispensa a inteno defraude (concilium fraudis).

    Portanto, a fraude de execuo no depende da inteno dequem participou do negcio, bastando que tenha havidofrustrao da execuo em razo da alienao do bem e, porconseguinte, o art. 185 do CTN no condiciona a ocorrncia defraude a qualquer registro pblico.

    Ademais, ressaltamos que a incidncia da norma de fraude

    execuo fiscal (art. 185 do CTN) pode ser afastada pelo devedor oupelo adquirente se demonstrado que foram reservados pelo devedorbens ou rendas suficientes ao total pagamento da dvida.

    Segundo o STJ, tambm pode ser afastada a incidncia do art.185, desde que a citao no foi vlida (para alienaes ocorridas at08.06.2005), ou que a alienao se deu antes da citao (paraalienaes ocorridas at 08.06.2005), ou que a alienao se deuantes da inscrio em dvida ativa (para alienaes posteriores a09.06.2005). Anotamos que 09.06.2005 foi a data em que entrou em

    vigor a nova redao do art. 185 do CTN, conforme a LC 118/2005.

    6.5 PENHORA ON LINE

    A penhora on-line novidade tambm da LC n. 118/2005,estatuindo o art. 185-A do CTN que, no caso de o devedor tributrio,devidamente citado na execuo fiscal, no pagar nemapresentar bens penhora no prazo legal e no forem encontradosbens penhorveis, ojuiz determinar a indisponibilidade de seusbens e direitos, comunicando a deciso, preferencialmente por

    meio eletrnico, aos rgos e entidades que promovem registros de

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    transferncia de bens, especialmente ao registro pblico de imveis es autoridades supervisoras do mercado bancrio e do mercado decapitais, a fim de que, no mbito de suas atribuies, faam cumprira ordem judicial.

    Destarte, so quatro os requisitos legais para a determinaopelo magistrado da indisponibilidade de bens e direito do sujeitopassivo, que so: (a) a prvia citao no mbito do processo deexecuo fiscal; (b) o no pagamento do crdito tributrio; (c) a noapresentao de bens penhora no prazo legal; (d) a no localizaobens penhorveis.

    Outro requisito exigido pela jurisprudncia do STJ era anecessidade de exaurimento das diligncias para localizao dos benspenhorveis, pressupondo um esforo prvio do Fisco na identificaodo patrimnio do devedor tributrio. Todavia, decises mais recentesdo STJ (por exemplo, Ag 1.107.710-MG, publicado no DJ01/04/09)admitem a penhora on-line, independentemente dacomprovao de esgotamento das diligncias para localizao debens do devedor.

    Nesse rumo, destacamos que a indisponibilidade de bens edireitos limitar-se- ao valor total exigvel, devendo o juiz determinaro imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que

    excederem esse limite.Com efeito, existe a obrigatoriedade dos rgos e entidades aos

    quais se fizer a comunicao da deciso judicial de enviaremimediatamente ao juzo a relao discriminada dos bens e direitoscuja indisponibilidade houverem promovido.

    Por fim, salientamos que o bloqueio de bens efetivado junto sinstituies financeiras realizado com base igualmente no famosoBACEN-JUD, acordo celebrado entre o Banco Central do Brasil e o

    Poder Judicirio, permitindo aos magistrados a determinaoimediata da indisponibilidade de bens e valores do executado, pormodo eletrnico (via internet).

    6. INTRODUO A EXCLUSO DO CRDITO TRIBUTRIO

    A iseno e a anistia so as causas de excluso do crditotributrio. Excluso do crdito tributrio quer dizer impedir ou evitara sua constituio.

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    Como a constituio do crdito tributrio ocorre com olanamento, afirma-se que as hipteses de iseno e de anistia sosituaes ou causasinibitrias do lanamento tributrio, impedindo asua existncia. Portanto, segundo o CTN, a iseno e a anistiaocorrem antes do lanamento tributrio e aps o surgimento daobrigao tributria.

    Assim, a iseno e a anistia esto localizadas entre a obrigaoe o lanamento tributrio, evitando a constituio do crditotributrio.

    6.1 ISENO

    Os arts. 176 a 179, do CTN, tratam especificadamente daiseno tributria, sendo conceituada pelo STF como dispensa legalde pagamento de um tributo devido.

    6.1.1 CLASSIFICAES

    So diversas classificaes doutrinrias a respeito da iseno,conforme se segue.

    6.1.1.1 ISENES OBJETIVAS E ISENES SUBJETIVAS

    As isenes objetivas (ou reais) dirigem-se a certos atos,objetos ou servios. Um exemplo hipottico considerar isento doImposto de Importao (II) as mercadorias que estiverem nacategoria de materiais de informtica.

    As isenes subjetivas (ou pessoais) dirigem-se adeterminadas pessoas. Um exemplo hipottico a iseno parcial deIPI para a fabricao de carros especiais para deficientes fsicos.

    6.1.1.2 ISENES EM CARTER GERAL E ISENES EM

    CARTER ESPECFICO

    As isenes gerais (ou absolutas) so dispostas diretamente nalei no necessitam de requerimento a autoridade administrativacompetente, j as iseno especfica ou especial (ou relativas),embora disposta na lei, depende de despacho de autorizao daautoridade administrativa competente.

    6.1.1.3 ISENES ONEROSAS E ISENES SIMPLES

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    As isenes onerosas (ou condicionadas) exigem umacontraprestao e acarretam custo ao beneficiado. Por exemplo, naBahia, o governo do estado exigiu da empresa Ford a contrataode grande quantidade de empregados baianos.

    Nas isenes simples (ou incondicionadas) no h qualquerimposio de contraprestao ao beneficiado.

    6.1.1.4 ISENES POR PRAZO INDETERMINADO E ISENESPOR PRAZO DETERMINADO

    As isenes por prazo indeterminado so isenes concedidassem prazo definido e as isenespor prazo certo (determinado),que auto-explicativa.

    6.1.1.5 ISENES AMPLAS E ISENES RESTRITAS

    As isenes amplas se aplicam a todo territrio do entetributante e as isenes restritas (ou regionalizadas) se aplicamapenas em determinadas regies da entidade tributante. Porexemplo, uma iseno de IPI dos produtos industrializados oriundosda Zona Franca de Manaus.

    Neste caso, lembramos que proibido (vedado) Unio

    instituir tributo que no seja uniforme em todo o territrio nacionalou que implique distino ou preferncia em relao a Estado, aoDistrito Federal ou a Municpio, em detrimento de outro, sendoadmitida, todavia, a concesso de incentivos fiscais destinados apromover o equilbrio do desenvolvimento scio-econmicoentre as diferentes regies do pas (art. 151, inc. I, da CF).

    Destacamos tambm o pargrafo nico, do art. 176, do CTN,dispondo que a isenopode ser restrita a determinada regiodo territrio da entidade tributante, em funo de condies a

    ela peculiares.

    6.1.1.6 ISENES AUTNOMAS E ISENES HETERNOMAS

    As isenes autnomas so concedidas pelo prprio entefederativo competente para instituir o tributo. Por exemplo, a leifederal (Unio) concede iseno de tributos federais e a (leimunicipal) o Municpio concede iseno de tributos municipais.

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    Por sua vez, na iseno heternoma ou heterotpicadeterminado ente federativo concede iseno de tributo de outro entefederativo.

    Nesse rumo, o art. 151, inc. III, da CF, expressamente proibi aiseno heternoma, vedando Unio instituir isenes de tributosda competncia dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municpios.

    Todavia, h competncia da Repblica Federativa do Brasil parafirmar isenes tributos estaduais e municipais por meio de tratadosinternacionais, de acordo com o entendimento da jurisprudncia doSTF, que dispe: Iseno de tributo estadual prevista em tratadointernacional firmado pela Repblica Federativa do Brasil. Artigo 151,inciso III, da CF. Artigo 98 do CTN. No caracterizao de isenoheternoma. (...) O artigo 98 do CTN possui carter nacional, comeficcia para a Unio, os Estados e os Municpios. No direitointernacional apenas a Repblica Federativa do Brasil temcompetncia para firmar tratados (art. 52, 2, daConstituio da Repblica), dela no dispondo a Unio, osEstados-membros ou os Municpios. O Presidente da Repblicano subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe deEstado, o que descaracteriza a existncia de uma isenoheternoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituio(...).

    6.1.2 FONTENoutro ponto, a iseno, ainda quando prevista em contrato,

    deve ser estabelecida em lei, que deve especificar ascondies e requisitos exigidos para sua concesso, ostributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de durao(art. 176).

    Nesse rumo, em princpio, a lei concessiva da iseno leiordinria. No caso de tributos institudos por meio de lei

    complementar, exigir-se-, segundo entendimento doutrinriodominante, iseno por idntico diploma normativo (imposto sobregrandes fortunas, emprstimo compulsrio, impostos residuais daUnio e contribuies residuais).

    Contudo, ressaltamos que, independentemente de ser leiordinria ou complementar, a lei deve ser especfica, conforme o art.150, 6, da CF. A mesma regra vale para a anistia, portanto, leigeral que versar sobre qualquer outro assunto no poder incluir aiseno ou anistia. Exemplificando, determinada Lei geral que verse

    sobre o regime jurdico de servidores pblicos e, em um dos seus

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    artigos, trate de iseno de Imposto de Importao, inconstitucional por desobedecer ao art. 150, 6, da CF.

    Ademais, a fonte da iseno em relao ao ICMS so osconvnios interestaduais elaborados no mbito do CONFAZ, deacordo coma a LC 24/75.

    6.1.3 EXTENSO E REVOGAO

    Salvo disposio de lei em contrrio, a iseno no extensiva:

    s taxas e s contribuies de melhoria; Aos tributos institudos posteriormente sua concesso:

    trata-se da iseno de tributo cuja competncia ainda notenha sido exercida, sendo denominada pela doutrina deiseno em branco. Deste modo, em princpio, proibida aiseno de IGF (art. 153, VII, da CF/88), uma vez que aindano foi criado tal tributo.

    Doutro ponto, consoante o art. 178 do CTN, as isenes podemrevogadas a qualquer tempo, salvo as isenes condicionais(onerosas) e por prazo certo. Assim, conforme o entendimentosumulado 544 do STF: Iseno tributria concedida sob condio

    onerosa no pode ser livremente suprimida.Com base nesta smula do STF, a jurisprudncia predominante

    adota o seguinte posicionamento:

    A iseno pode ser revogada; Caso seja revogada e se trate se iseno incondicional, no h

    que se observar o princpio da anterioridade, conformeentendimento ainda predominante no STF, estabelecendo que

    revogada a iseno, o tributo torna-se imediatamente exigvel.

    Em caso assim, no h que se observar o princpio daanterioridade, dado que o tributo j existente; Caso seja iseno por prazo certo e condicional, no h que se

    falar em revogao, porque se trata de iseno irrevogvel,havendo direito adquirido.

    Por ltimo, devemos dizer que a iseno, quando no concedidaem carter geral, efetivada, em cada caso, por despacho daautoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessadofaa prova do preenchimento das condies e do cumprimento dos

    requisitos previstos em lei ou contrato para concesso (art. 179 do

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    CTN).

    Tratando-se de tributo lanado por perodo certo de tempo(IPTU ou IPVA, por exemplo), o despacho autorizativo da autoridadeadministrativa ser renovado antes da expirao de cada perodo,cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia doperodo para o qual o interessado deixar de promover a continuidadedo reconhecimento da iseno.

    Portanto, o despacho autorizativo da autoridade administrativano gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabvel, odisposto no artigo 155, que se refere moratria.

    6.2 ANISTIA

    A anistia regulada nos arts. 180 a 182 do CTN, sendo operdo legal das penalidades pecunirias (multa) decorrentes dasinfraes tributrias praticadas antes da constituio do crditotributrio, isto , antes do lanamento.

    A anistia abrange exclusivamente as infraes cometidas antesda vigncia da lei que a concedeu, o que a torna de efeitoretrospectivo (para o passado) e no prospectivo (para o futuro).

    Assim, a lei concessiva de anistia apenas tem aplicao apenaspara as infraes praticadas anteriormente sua vigncia, poisse a lei pretendesse estabelecer anistia a infraes futuras estaria, naverdade, deixando de definir aquele fato como ilcito, ou seja, eledeixaria de ser infrao.

    Sendo assim, o art. 180 do CTN estabelece expressamente quea anistia abrange exclusivamente as infraes cometidasanteriormente vigncia da lei que a concede, no seaplicando:

    Aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenes eaos que, mesmo sem essa qualificao, sejam praticados comdolo, fraude ou simulao pelo sujeito passivo ou porterceiro em benefcio daquele;

    Salvo disposio em contrrio, s infraes resultantes deconluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurdicas.

    De acordo com o art. 181 do CTN, anistia pode ser geral oulimitada, sendo, neste ltimo caso, concernente:

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    s infraes da legislao relativa a determinado tributo; s infraes punidas com penalidades pecunirias at

    determinado montante, conjugadas ou no com penalidades deoutra natureza;

    A determinada regio do territrio da entidade tributante, emfuno de condies a ela peculiares;

    Sob condio do pagamento de tributo no prazo fixado pela leiconcessiva do favor ou pela autoridade administrativa.

    Enaltecemos que a excluso do crdito tributrio, quer quanto anistia, quer quanto iseno, no dispensa o cumprimento dasobrigaes tributrias acessrias, dependentes da obrigao principalcujo crdito seja excludo.

    Portanto, o sujeito anistiado continua obrigado a cumprir asobrigaes tributrias acessrias, alm de continuar a arcar com ovalor principal do crdito exigido, pois a dispensa para multa, to-somente.

    Devemos afirmar tambm que a anistia, quando no concedidaem carter geral, efetivada, em cada caso, por despacho daautoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessadofaa prova do preenchimento das condies e do cumprimento dos

    requisitos previstos em lei para sua concesso (art. 182, do CTN).7. PRIVILGIOS OU PREFERNCIAS DO CRDITO TRIBUTRIO

    Neste tema, normalmente, cobra-se em concurso pblico osdispositivos literais do CTN ou a ordem de preferncia como expressana Lei 11.101/2005.

    7.1 ASPECTOS GERAIS

    A preferncia do crdito tributrio significa o privilgio destecrdito quando concorre com crditos de outra natureza jurdica.Deste modo, quando o sujeito passivo no tem bens ou valores parapagar todas as suas dvidas, o Fisco tem preferncia legal em relaoa outros credores.

    Assim, em situao normal, o crdito tributrio prefere aqualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de suaconstituio, exceto em relao aos crditos decorrentes dalegislao do trabalho ou do acidente de trabalho (art. 186, CTN).

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    Com efeito, os crditos tributrios so pagos preferencialmentea quaisquer crditos habilitados em inventrio ou arrolamento, ou aoutros encargos do monte, os crditos tributrios vencidos ouvincendos, a cargo do de cujus ou de seu esplio, exigveis nodecurso do processo de inventrio ou arrolamento (art. 189, CTN).

    Contestado o crdito tributrio, o juiz remeter as partes aoprocesso competente, mandando reservar bens suficientes extinototal do crdito e seus acrescidos, ouvido, quanto natureza e valordos bens reservados, o representante da Fazenda Pblica interessada(art. 189, pargrafo nico, CTN).

    Por sua vez, so pagos preferencialmente a quaisquer outros oscrditos tributrios vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas

    jurdicas de direito privado em liquidao judicial ou voluntria,exigveis no decurso da liquidao (art. 190, CTN).

    7.2 FALNCIA E RECUPERAO JUDICIAL DO SUJEITOPASSIVO

    No caso de falncia ou de recuperao judicial do empresriosujeito passivo da relao tributria o CTN estipula regrasespeciais.

    Nesse rumo, na hiptese de falncia do sujeito passivo: O crdito tributrio no prefere aos crditos extraconcursais

    ou s importncias passveis de restituio, nos termos dalei falimentar (Lei 11.101/2005), nem aos crditos comgarantia real, no limite do valor do bem gravado;

    A lei poder estabelecer limites e condies para a prefernciados crditos decorrentes da legislao do trabalho; e

    A multa tributria prefere apenas aos crditos subordinados.

    Os crditos extraconcursais so os crditos que no entramem concurso de preferncia com outros crditos e so decorrentes defatos ocorridos no curso do processo de falncia, inclusive os crditostributrios nascidos neste perodo.

    Com efeito, o art. 84 da Lei 11.101/2005 considera crditosextraconcursais e sero pagos, na ordem a seguir, os relativos a:

    Remuneraes devidas ao administrador judicial e seusauxiliares, e crditos derivados da legislao do trabalho ou

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    decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviosprestados aps a decretao da falncia;

    Quantias fornecidas massa pelos credores; Despesas com arrecadao, administrao, realizao do ativo

    e distribuio do seu produto, bem como custas do processo defalncia;

    Custas judiciais relativas s aes e execues em que a massafalida tenha sido vencida;

    Obrigaes resultantes de atos jurdicos vlidos praticadosdurante a recuperao judicial, ou aps a decretao dafalncia, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos aps adecretao da falncia.

    J as importncias passveis de restituio so bens nopertencentes a empresa falida, isto , bens de determinadoproprietrio arrecadado no processo de falncia ou que se encontreem poder do devedor falido na data da decretao da falncia.Tambm so importncias passveis de restituio a coisa vendida acrdito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores aorequerimento de sua falncia, se ainda no alienada.

    Neste sentido, a smula 307 do STJ dispe que a restituiode adiantamento de contrato de cmbio, na falncia, deve seratendida antes de qualquer crdito.

    Por sua vez, a Lei 11.101/2005 tambm limitou a preferncia,na hiptese de falncia, dos crditos derivados da legislao dotrabalho a 150 (cento e cinquenta) salrios-mnimos por credor. J oscrditos decorrentes de acidente de trabalho no tm limite.

    Podemos, portanto, dizer, com base no art. 83 da Lei11.101/2005, que a classificao dos crditos na falncia obedece seguinte ordem:

    (1) Importncias passveis de restituio e crditos extraconcursais;(2) Crditos derivados da legislao do trabalho, limitados a 150salrios-mnimos por credor, e os decorrentes de acidentes detrabalho;(3) Crditos com garantia real at o limite do valor do bemgravado;(4) Crditos tributrios, independentemente da sua natureza etempo de constituio, excetuadas as multas tributrias;(5) Crditos com privilgio especial;(6) Crditos com privilgio geral;

    (7) Crditos quirografrios;

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    (8) As multas contratuais e as penas pecunirias por infrao dasleis penais ou administrativas, inclusive as multas tributrias;(9) Crditos subordinados.

    Destacamos tambm que os crditos trabalhistas cedidos aterceiros sero considerados crditos quirografrios.

    Por sua vez, na hiptese de falncia, contestado o crditotributrio, o juiz tambm remeter as partes ao processocompetente, mandando reservar bens suficientes extino total docrdito e seus acrescidos, se a massa no puder efetuar a garantia dainstncia por outra forma, ouvido, quanto natureza e valor dos bensreservados, o representante da Fazenda Pblica interessada (CTN,1, do art. 188).

    Ou seja, o processo de falncia especial e tem varacompetente especfica para decidir a questo. Decerto, o dispositivorefere-se a crditos tributrios decorrentes de fatos geradoresocorridos durante o processo de falncia. E contestado tal crdito o

    juiz da vara de falncias remete esta discusso para uma das varasda fazenda pblica.

    Esta regra aplica-se aos processos de concordata (CTN, 2, doart. 188), que no existem mais de acordo a Lei 11.101/2005. A

    recuperao judicial o instituto que substituiu de forma maisadequada a antiga concordata.

    7.3 AUTONOMIA DA EXECUO FISCAL E REQUERIMENTO DEFALNCIA PELA FAZENDA PBLICA

    A cobrana judicial do crdito tributrio no sujeita a concursode credores ou habilitao em falncia, recuperao judicial(concordata), inventrio ou arrolamento, (art. 187, CTN).

    A interpretao importante e adequada deste dispositivo quea execuo fiscal tem autonomia e curso independente aoprocesso falimentar, sendo que a reserva de bens necessrios aopagamento do crdito tributrio ser feita conforme a ordem depreferncia estabelecida pelo CTN e pela Lei de Falncias (11.101/05)independentemente de pedido habilitao nos autos do processo defalncia.

    A respeito do tema da preferncia do crdito tributrio nafalncia igualmente se destaca a seguinte jurisprudncia do STJ:

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    A controvrsia dos autos resume-se possibilidade de o bemimvel, objeto de penhora em execuo fiscal, ser arrecadadopela massa falida aps penhora, ou mesmo aps o leilodaquele bem perante o juzo da execuo fiscal. A Smula 44do extinto Tribunal Federal de Recursos assim dispe: ajuizadaa execuo fiscal anteriormente falncia, com penhorarealizada antes desta, no ficam os bens penhorados sujeitos arrecadao no juzo falimentar; proposta a execuo fiscalcontra massa falida, a penhora far-se- no rosto dos autosdo processo da quebra, citando-se o sndico. Entretanto, emvista da preferncia dos crditos trabalhistas em facedos crditos tributrios, o produto da arremataorealizada na execuo fiscal deve ser colocado disposio do juzo falimentar para garantir a quitaodos crditos trabalhistas (AgRg no REsp 783318/SP, DJe14/04/2009).

    Esta deciso do STJ afirma, em outras palavras, que mesmo japarelhada a execuo fiscal com penhora, uma vez decretada afalncia da empresa executada, sem embargo do prosseguimento daexecuo singular, o produto da alienao deve ser remetido ao juzofalimentar, para que ali seja entregue aos credores, observada aordem de preferncia legal (EREsp 536033/RS, Corte Especial, DJ de09/02/2005).

    Ou seja, a preferncia do crdito trabalhista h de subsistirquer a execuo fiscal tenha sido aparelhada antes, quer depois dadecretao da falncia.

    Por sua vez, segundo o STJ (REsp 967626/RS, DJe27/11/2008), o art. 187 do CTN no representa um bice habilitao de crditos tributrios no concurso de credores dafalncia, tratam, na verdade, de uma prerrogativa do ente pblicoem poder optar entre o pagamento do crdito pelo rito da execuo

    fiscal ou mediante habilitao do crdito. Escolhendo um rito, ocorrea renncia da utilizao do outro, no se admitindo uma garantiadplice.

    Neste ponto, destacamos tambm que o STJ compreende que ofato de permitir-se a habilitao docrdito tributrio em processo defalncia no significa admitir o requerimento de quebra por parte daFazenda Pblica (REsp 967626/RS, DJe 27/11/2008).

    Portanto, impr