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    Prof. Edvaldo Nilo www.pontodosconcursos.com.br

    PROFESSOR EDVALDO NILOCURSO REGULAR DE DIREITO TRIBUTRIO PARA A RECEITA

    FEDERAL 5 TURMA TEORIA COMPLETA E QUESTESCOMENTADAS

    Aula 2 Tributos de Competncia da Unio. Imposto sobre aImportao. Imposto sobre a Exportao. Imposto sobre aPropriedade Territorial Rural. Imposto sobre a Renda e Proventos deQualquer Natureza. Imposto sobre Produtos Industrializados. Impostosobre Operaes Financeiras. Imposto sobre Grandes Fortunas.

    1.IMPOSTOO imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma

    situao independente de qualquer atividade estatal especfica,relativa ao contribuinte (art. 16, do CTN).

    Isto , o imposto um tributo no-vinculado a uma atividadeestatal na classificao quanto hiptese de incidncia (fato geradorin abstrato) do tributo, sendo que a lei instituidora do imposto develevar em considerao fatos e situaes vinculadas ao contribuinte,estranhos a qualquer atuao do Estado direcionadaespecificadamente ao prprio contribuinte.

    Por exemplo, o fato de o contribuinte auferir renda (fato gerador doimposto sobre a renda - IR) ou a situao ftica de ser proprietrio

    de um bem imvel localizado na zona rural (fato gerador do impostosobre propriedade territorial rural - ITR) confere o dever jurdico docontribuinte de pagar o respectivo imposto, independentemente deo Estado exercer qualquer atividade relacionada ao contribuinte quepaga o imposto, tais como construir estradas, hospitais, escolas,pavimentar as ruas etc.

    O imposto um tributo que no possui referibilidade, pois suacobrana no tem juridicamente relao com qualquer atividadereferida ao contribuinte. Isto , no se pode deixar de pagar um

    determinado imposto sob o argumento ftico de que o Estado noest prestando servio populao.

    Alguns autores tambm afirmam que o imposto um tributo semcausa ou tributo no-contraprestacional, exatamente porque oEstado no se encontra no dever jurdico de oferecer qualquervantagem ou benefcio a quem paga.

    Noutro giro, essencial dizer que o fato gerador do imposto nopode ser um fato ou situao qualquer, mas sim um fato ou situao

    que revele natureza econmica, pois a CF/88 exige que, sempre que

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    possvel, os impostos tero carter pessoal e sero graduadossegundo a capacidade econmica do contribuinte (art. 145, 1).

    Isto significa que o fato gerador de determinado imposto deverepresentar algum signo presuntivo de riqueza, ou seja, fatos ou

    situaes econmicas que presumam riqueza do contribuinte.

    Portanto, o imposto tem fundamento na solidariedade social,uma vez que as pessoas que possuem capacidade contributiva devemconcorrer com os gastos das atividades estatais por meio do seurecolhimento.

    Para finalizar este tpico, salientamos que as taxas no poderoter base de clculo prpria de impostos e vice-versa (art. 145, 2,CF).

    2.1. Imposto sobre a Importao (II)

    As normas jurdicas infraconstitucionais que tratamespecificadamente do imposto sobre importao de produtosestrangeiros (II) so: os arts. 19 a 22 do CTN, o Decreto-lei 37/1966,o Decreto-lei 2.472/1988 e o Decreto 6.759/2009 (RegulamentoAduaneiro).

    Observamos de incio, tambm, que o II, juntamente com o

    imposto sobre exportao (IE), considerado pela classificaoestabelecida pelo CTN como imposto sobre o comrcio exterior.

    Nesse rumo, anotamos que o lanamento do II porhomologao, exceto no caso de bagagem acompanhada, em que olanamento feito por declarao. A hiptese de bagagemacompanhada aquela corriqueira de viagens internacionais, talcomo aquela a aprazvel Miami (EUA).

    Ademais, o II tem carter eminentemente extrafiscal, uma vez que

    influi diretamente na poltica econmica, fiscal e monetria do Estado,interferindo normalmente no sentido de proteo da indstriabrasileira. Por sua vez, no h previso no texto constitucional daaplicao da seletividade das alquotas ao II e este imposto no sesubmete aos princpios da anterioridade anual e nonagesimal.

    Importante: Desde j, informamos que, em regra, incidem trsimportantes impostos na importao de mercadorias, que so o II, oIPI e o ICMS.

    2 . 1 .1 . A s p e ct o m a t e r i a l

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    O II incide sobre a importao de produtos estrangeiros (art. 153,I, CF) e tem como fato gerador a entrada desses produtosestrangeiros no territrio nacional (art. 19 do CTN).

    Isto , o fato gerador do II o evento concreto ou acontecimento

    da entrada de determinado produto ou mercadoria estrangeira noBrasil. Assim, segundo a doutrina majoritria, juridicamente, o termoproduto abarca as mercadorias com finalidade comercial. Entende-setambm que para a entrada no territrio nacional indispensvel aincorporao do bem economia interna brasileira.

    Considerar-se- tambm como entrada no territrio nacional amercadoria que constar como tendo sido importada e cuja falta venhaa ser apurada pela autoridade aduaneira. Esta hiptese citada no seaplica s malas e remessas postais internacionais, que esto apenas

    de mera passagem pelo territrio brasileiro, sendo destinadas aoutros pases.

    Segundo a doutrina majoritria, considera-se estrangeiro apenaso produto que tem origem em outro pas. Assim, segundointerpretao doutrinria do art. 153, I, da CF, no seria admitido IIsobre qualquer tipo de produto nacional exportado e que retornou aoBrasil.

    Importante: Neste sentido, o STF (RE 104. 306-7/SP), ainda com

    base na Constituio de 1946, declarou inconstitucional o art. 93 doDecreto-Lei 37/66. Este dispositivo estabelecia como estrangeira,para efeito de incidncia do II, a mercadoria nacional ounacionalizada reimportada, quando houver sido exportada sem aobservncia da condio de reimportao no prazo mximo de 1 (um)ano, no mesmo estado ou submetida a processo de conserto, reparoou restaurao. Por conseguinte, o art. 93 do Decreto-Lei 37/66 tevesua execuo suspensa pela Resoluo do Senado Federal n436/1987.

    Contudo, registramos que, segundo legislao ordinria aindavlida e no declarada inconstitucional pelo STF, considera-seestrangeira a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, queretornar ao Pas, salvo se: (a) enviada em consignao e novendida no prazo autorizado; (b) devolvida por motivo de defeitotcnico, para reparo ou substituio; (c) por motivo de modificaesna sistemtica de importao por parte do pas importador; (d) pormotivo de guerra ou calamidade pblica; (e) por outros fatoresalheios vontade do exportador (art. 1, 1, do Decreto-Lei 37/66).

    Por outro lado, o II no incide sobre mercadoria estrangeira:(a)destruda sob controle aduaneiro, sem nus para a FazendaNacional, antes de desembaraada (Redao dada pela Medida

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    Provisria n 497/2010);(b) em trnsito aduaneiro de passagem,acidentalmente destruda; ou (c) que tenha sido objeto de pena deperdimento, exceto na hiptese em que no seja localizada, tenhasido consumida ou revendida (art. 1, 4, do Decreto-Lei 37/66).

    Tambm no incide o II nas hipteses que mercadoriasestrangeiras ingressam no territrio nacional, com finalidadesespordicas, tais como exposies, palestras, cursos, feiras etc. Aimportao deve ser feita a ttulo definitivo e no temporrio outransitrio.

    Assim, j decidiu a nossa jurisprudncia: O fato gerador doimposto de importao reside na entrada de produtos estrangeiros noterritrio nacional (CTN, art. 19), no bastando a simples entradafsica como ocorre com os bens existentes em navios ou aeronaves

    que apenas estejam de passagem pelo Brasil, mas sim com ainternao que encontra aqui o seu destino final (TRF - 3 Regio,AMS 92.03.072004-9/SP, DJde 09/09/05, p. 620).

    Igualmente no incide II na entrada no territrio nacional dopescado capturado fora das guas territoriais do Pas, por empresalocalizada no seu territrio, desde que satisfeitas as exigncias queregulam a atividade pesqueira; e no incide II sobre mercadoria qual tenha sido aplicado o regime de exportao temporria,ainda que descumprido o regime (art. 74, do Decreto 6.759/2009).

    Na hiptese de descumprimento do regime de exportaotemporria, aplica-se uma simples multa tributria, mas mesmoassim no incide o imposto.

    O regime de exportao temporria o que permite a sada, doPas, com suspenso do pagamento do imposto de exportao, demercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada reimportaoem prazo determinado, no mesmo estado em que foi exportada(Decreto-Lei n 37/66, art. 92).

    2 . 1 .2 . A sp e c t o t e m p o r a l

    O imposto de importao passa a ser devido no momento daentrada da mercadoria no territrio nacional. Decerto, para finsde ocorrncia do fato gerador do II, a entrada no territrio nacionalacontece, em regra, na data do registro,na repartio aduaneira,da declarao de importao.

    Ou conforme dispositivo literal, o fato gerador ocorre na data doregistro da declarao de importao de mercadoriasubmetida a despacho para consumo (art. 73, inc. I, Decreto6.759/2009), inclusive, no caso de despacho para consumo de

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    mercadoria sob regime suspensivo de tributao, e de mercadoriacontida em remessa postal internacional ou conduzida por viajante,sujeita ao regime de importao comum.

    Desse modo, o despacho aduaneiro o momento que completa a

    importao e representa a chegada no territrio nacional damercadoria para incidncia do II. Assim, a alquota a ser cobradadeve ser contempornea (pertinente) a este momento e no aalquota do dia da celebrao do contrato de compra e venda damercadoria ou do dia em que so embarcadas as mercadoriasadquiridas no estrangeiro ou, tambm, do momento do ingresso fsicodesses bens em territrio nacional.

    Qual o entendimento do STJ sobre o assunto? consolidado(por exemplo, REsp 1.220.979/RJ,DJe 15/04/2011) no sentido de que

    o aspecto temporal do II de mercadoria despachada para consumoocorre na data do registro da declarao de importao dobem. Por conseguinte, a alquota vigente nessa data a que deveser aplicada para o clculo do II.

    Registramos os dispositivos legais vlidos sobre o tema: Art. 19 doCTN: O imposto, de competncia da Unio, sobre a importao deprodutos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes noterritrio nacional; Arts. 23 e 44 do Decreto-Lei n. 37/1966:Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo,

    considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro, narepartio aduaneira, da declarao a que se refere o artigo 44;Toda mercadoria procedente do exterior por qualquer via, destinadaa consumo ou a outro regime, sujeita ou no ao pagamento doimposto, dever ser submetida a despacho aduaneiro, que serprocessado com base em declarao apresentada repartioaduaneira no prazo e na forma prescritos em regulamento.

    Assim, destacamos que o STJ j pacificou o entendimento de queno h incompatibilidade entre o art. 19 do CTN e o art. 23 do DL n.

    37/1966, pois o desembarao aduaneiro completaria aimportao e, consequentemente, representaria, para efeitosfiscais, a entrada de mercadoria no territrio nacional (EDcl noREsp 1.000.829-ES, DJe 17/6/2010; AgRg no Ag 1.155.843-RJ, DJe30/9/2009; REsp 1.046.361-RJ, DJe 5/3/2009).

    Por outro lado, o aspecto temporal do II deve ser considerado:

    O dia do lanamento do correspondente crdito tributrio,quando se tratar de: (a) bens contidos em remessa postalinternacional no sujeitos ao regime de importao comum; (b)bens compreendidos no conceito de bagagem, acompanhada oudesacompanhada; (c) mercadoria constante de manifesto ou de

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    outras declaraes de efeito equivalente, cujo extravio ou avariatenha sido apurado pela autoridade aduaneira; ou (d)mercadoria estrangeira que no haja sido objeto de declaraode importao, na hiptese em que tenha sido consumida ourevendida, ou no seja localizada;

    A data do vencimento do prazo de permanncia da mercadoriaem recinto alfandegado, se iniciado o respectivo despachoaduaneiro antes de aplicada a pena de perdimento da mercadoriano caso da mercadoria ser considerada abandonada pelo decursodo prazo de permanncia em recinto alfandegado.

    A data do registro da declarao de admisso temporria parautilizao econmica.

    2 . 1 . 3 . A s p e c t o e s p a c i a l

    O aspecto espacial do II o territrio nacional, que se refere aoterritrio aduaneiro para fins de tributao sobre o comrcioexterior (II e IE).

    Com efeito, a jurisdio dos servios aduaneiros se estende portodo o territrio aduaneiro, e abrange: (i) Zona primria compreendendo as faixas internas de portos e aeroportos, recintosalfandegados e locais habilitados nas fronteiras terrestres, bem como

    outras reas nos quais se efetuem operaes de carga e descarga demercadoria, ou embarque e desembarque de passageiros,procedentes do exterior ou a ele destinados; e (ii) Zona secundria compreendendo a parte restante do territrio nacional, nelaincludos as guas territoriais e o espao areo correspondente (art.33, do Decreto-Lei 37/66).

    Sendo assim, para efeito de adoo de medidas de controle fiscal,podero ser demarcadas, na orla martima e na faixa de fronteira,zonas de vigilncia aduaneira, nas quais a existncia e a circulao de

    mercadoria estaro sujeitas s cautelas fiscais, proibies e restriesque forem prescritas no regulamento aduaneiro (Decreto6.759/2009), de acordo com o pargrafo nico do art. 33 do Decreto-Lei 37/66.

    2 . 1 . 4 . A s p e c t o p e s s o a l

    O sujeito ativo a Unio.

    Noutro ponto, considera-se contribuinte do II: (a) o importadorou quem a lei a ele equipara, assim considerada qualquer pessoa quepromova a entrada de mercadoria estrangeira no Territrio Nacional;(b) o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados; (c) o

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    destinatrio de remessa postal internacional indicado pelo respectivoremetente; (d) o adquirente de mercadoria entrepostada (art. 22 doCTN c/c art. 31, do Decreto-Lei 37/66).

    A mercadoria entrepostada a mercadoria que fica aguardando

    uma definio para ser utilizada. Por exemplo, com grandesempresas importadoras e exportadoras acontece muito a situaopermitida legalmente em que uma mercadoria importada ficaarmazenada na Infraero, com suspenso do pagamento do tributo, e,na medida em que a empresa for utilizando a mercadoria, deve-sepagar o II.

    Pela importncia do tema, anotamos que responsvel tributrio(art. 32 do Decreto-Lei 37/66, com redao dada pelo Decreto-Lei2.472/88):

    o transportador, quando transportar mercadoria procedente doexterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percursointerno;

    o depositrio, assim considerada qualquer pessoa incumbida dacustdia de mercadoria sob controle aduaneiro.

    Por outro lado, responsvel solidrio (art. 32, pargrafo nico, doDecreto-Lei 37/66):

    o adquirente ou cessionrio de mercadoria beneficiada comiseno ou reduo do imposto; o representante, no Pas, do transportador estrangeiro; o adquirente de mercadoria de procedncia estrangeira, no caso

    de importao realizada por sua conta e ordem, por intermdiode pessoa jurdica importadora.

    o adquirente de mercadoria de procedncia estrangeira, no casode importao realizada por sua conta e ordem, por intermdiode pessoa jurdica importadora;

    o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de

    procedncia estrangeira de pessoa jurdica importadora.Importante: Com base na legislao sobre responsabilidadetributria do II, o STJ consolidou a sua jurisprudncia no sentido deque, antes do Decreto-Lei 2.472/88, inexistia hiptese legalexpressa de responsabilidade tributria do representante, no Pas, dotransportador estrangeiro, contexto que culminou na edio daSmula 192/TFR, editada em 19/11/1985, que cristalizou oentendimento de que: O agente martimo, quando no exerccioexclusivo das atribuies prprias, no considerado responsveltributrio, nem se equipara ao transportador para efeitos do Decreto-Lei 37/66. Desse modo, com base na Smula 192/TFR, consolidou atese de que, ainda que existente termo de compromisso firmado pelo

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    agente martimo, no se lhe pode atribuir responsabilidade pelosdbitos tributrios decorrentes da importao, por fora do princpioda reserva legal (REsp 1.129.430/SP, DJe14/12/2010). Em outrostermos, a Smula 192 do antigo TRF no mais aplicvel emconcursos pblicos, de acordo com a legislao vigente.

    2 . 1 .5 . A s p e ct o q u a n t i t a t i v o

    A base de clculo do II :

    Quando a alquota seja especfica, a unidade de medidaadotada pela lei tributria, que a quantidade de mercadoriaexpressa na unidade de medida estabelecida;

    Quando a alquota seja a d v a l o r e m , o preo normal que oproduto, ou seu similar, alcanaria, ao tempo da importao, em

    uma venda em condies de livre concorrncia, para entrega noporto ou lugar de entrada do produto no Pas: neste caso, existepreviso normativa relevante afirmando que a base de clculo o valor aduaneiro do produto ou mercadoria definido noartigo VII (7) do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras eComrcio (Acordo de Valorao Aduaneira de 1994), no qual oBrasil parte (art. 20, incs. I e II, do CTN c/c art. 2, incs. I e II,do Decreto-Lei 37/66);

    Quando se trate de produto apreendido ou abandonado,levado a leilo, o preo da arrematao (art. 20, incs. III, do

    CTN).

    Importante: essencial decorar as bases de clculo dos impostos!Decorar mesmo! assunto dos mais cobrados em provas. Em razoda sua relevncia para concursos, registramos que o artigo 7 doAcordo Geral sobre Tarifas e Comrcio GATT estabelece oseguinte: (i) O valor para fins alfandegrios das mercadoriasimportadas dever ser estabelecido sobre o valor real damercadoria importada qual se aplica o direito ou de uma

    mercadoria similar, e no sobre o valor do produto de origemnacional ou sobre valores arbitrrios ou fictcios; (ii) O valor realdever ser o preo pelo qual, em pocas e lugares determinadospela legislao do pas importador, essas mercadorias oumercadorias similares so vendidas ou oferecidas venda emcondies de plena concorrncia e atravs de operaes comerciaisnormais; (iii) Na medida em que o preo dessas mercadorias ou demercadorias similares dependa da quantidade sobre a qual recaiuma transao determinada, o preo considerado dever guardarrelao na conformidade da escolha efetuada em definitivo pelo pasimportador, quer com quantidades comparveis, quer comquantidades fixadas de forma no menos favorvel ao importador doque se fosse tomado o maior volume entre o pas exportador e o

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    pas importador; (iv) No caso em que for impossvel determinar ovalor real, o valor para fins alfandegrios dever ser baseado naequivalncia comprovvel, mais prxima desse valor; (v) O valorpara fins alfandegrios de qualquer mercadoria importada nodever compreender nenhuma taxa interna exigvel no pais de

    origem ou de provenincia, da qual a mercadoria importada tenhasido exonerada ou cuja importncia tenha sido ou seja destinada aum reembolso.

    Para melhor compreenso do que seja alquota especfica e alquotaad valorem, destacamos que a alquota especfica incide sobre aquantidade de mercadoria expressa na unidade de medida indicadana lei tributria, que pode ser o peso, o volume, o nmero de peasetc. Por exemplo, R$ 30,00 por 100 gramas de determinadamercadoria.

    J a alquota ad valorem uma percentagem que incide sobre opreo da mercadoria. Por exemplo, 10% (alquota ad valorem) de R$8.000,00 (suposto preo de um computador porttil da marca Sony).

    As alquotas do II, do IE, do IPI e do IOF podem ser alteradas peloPoder Executivo nas condies e limites contemplados na lei, deacordo com o art. 153, 1, da CF/88.

    Dispe de forma vlida o art. 92 do Decreto 6.759/2009 que

    competncia da Cmara de Comrcio Exterior (CAMEX) alterar asalquotas do imposto de importao (II), observadas as condies eos limites estabelecidos em lei.

    Qual o entendimento do STF sobre o assunto? Smula 582: constitucional a Resoluo 640/69, do Conselho de Poltica Aduaneira,que reduziu a alquota do imposto de importao para a sodacustica, destinada a zonas de difcil distribuio e abastecimento.

    Por sua vez, a smula 95 do STJ estabelece que a reduo da

    alquota do IPI ou do II no implica reduo do ICMS.Em outras palavras, o STJ afirma que o II, o IPI e o ICMS podem

    ser cobrados em conjunto ou de forma independente, desde queocorra o fato gerador de cada tributo, pois, em princpio, a cobranade um destes tributos no interfere na cobrana do outro.

    Neste sentido, a Lei Complementar n 87/1996 (normas geraissobre o ICMS) no estabelece qualquer tipo de vinculao entre adesonerao (reduo parcial ou total) do IPI e a desonerao doICMS incidente na importao de bens ou mercadorias, que previstano art. 13, inc. V, da LC n 87/1996.

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    2 . 1 . 6 . Qu a d r o s i n p t i c o

    Em resumo, temos o seguinte:

    Aspecto

    material

    Entrada do produto estrangeiro no

    territrio nacional.Aspectotemporal

    Em princpio, a data do registro dadeclarao de importao submetida adespacho para consumo.

    Aspectoespacial

    Territrio nacional, a que corresponde oterritrio aduaneiro.

    Aspectopessoal

    Sujeito ativo: Unio; Sujeito Passivo(contribuinte): o importador ou quem aele a lei equiparar.

    Aspectoquantitativo

    Base de clculo: (a) quando a alquota forad valorem, o valor aduaneiro definido noart. 7 (VII) no Acordo Geral sobre Tarifase Comrcio (GATT); (b) quando a alquotafor especfica, a quantidade demercadoria expressa na unidade de medidaestabelecida na legislao tributria.Alquota: aquela fixada na legislaofederal.

    2 . 1 . 7 . Re g im e s a d u a n e i r o s e s p e c i a i s d e t r i b u t ao

    A legislao aduaneira dispe sobre diversos regimes especiais detributao. Neste tpico trataremos dos principais, de acordo com asequncia estabelecida no Decreto 6.759/2009, a saber:

    Trnsito aduaneiro: o regime que permite o transporte demercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro doterritrio aduaneiro, com suspenso do pagamento de tributos(Decreto-Lei n 37/66, art. 73);

    Admisso temporria: o regime que permite a importao debens que devam permanecer no Pas durante prazo fixado, comsuspenso total do pagamento de tributos, ou com suspensoparcial, no caso de utilizao econmica (Decreto-Lei n 37/66,art. 75);

    Admisso temporria para aperfeioamento ativo: oregime que permite o ingresso, para permanncia temporria noPas, com suspenso do pagamento de tributos, de mercadoriasestrangeiras ou desnacionalizadas, destinadas a operaes deaperfeioamento ativo e posterior reexportao (Decreto6.759/2009, art. 380);

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    D r a w b a ck : considerado o regime de incentivo exportao, epode ser aplicado nas seguintes modalidades (Decreto-Lei n37/66, art. 78, caput; e Lei n 8.402/92, art. 1, inc. I): (i)suspenso do pagamento dos tributos exigveis na importao demercadoria a ser exportada aps beneficiamento ou destinada

    fabricao, complementao ou acondicionamento de outra a serexportada(D r a w b a ck suspenso); (ii) iseno dos tributosexigveis na importao de mercadoria, em quantidade equalidade equivalentes utilizada no beneficiamento, fabricao,complementao ou acondicionamento de produto exportado(D r a w b a ck iseno); e (iii) restituio, total ou parcial, dostributos pagos na importao de mercadoria exportada apsbeneficiamento, ou utilizada na fabricao, complementao ouacondicionamento de outra exportada (D r a w b a ck restituio).

    Importante:Destacamos trs relevantes entendimentosdo STJ sobre o tema: (a) ilcita aexigncia de nova certido negativa dedbito no momento do desembaraoaduaneiro da respectiva importao, se acomprovao de quitao de tributosfederais j fora apresentada quando daconcesso do benefcio inerente soperaes pelo regime de drawback (REsp1041237/SP, DJe 19/11/2009); (b) oregime aduaneiro de drawbackirrelevante na fixao do termo inicial doprazo para a constituio do crditotributrio, ou seja, o drawback no interfereno prazo inicial de decadncia tributria(REsp 1006535/PR, DJe 18/02/2009);(c)no necessrio que exista umaidentidade fsica absoluta do produto que foiimportado e o exportado para a concesso

    do benefcio sob o regime de drawback,uma vez que em se tratando de bemfungvel pode ser utilizado outro de igualespcie, qualidade e quantidade para quefaa valer o benefcio fiscal (AgRg no REsp591624/RS, DJe 08/05/2009).

    Como esse assunto foi cobrado emconcurso?

    O CESPE no concurso para Procurador

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    Federal-AGU/2010 considerou correto: Sedeterminada indstria traz matria-primado exterior, com iseno de impostos, paraser reexportada aps sofrer beneficiamento,

    ilcita a exigncia de nova certidonegativa de dbito no momento dodesembarao aduaneiro da respectivaimportao, uma vez j comprovada aquitao de tributos federais quando daconcesso do benefcio inerente soperaes pelo regime do drawback.

    Entreposto aduaneiro na importao: o regime que permitea armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto

    alfandegado de uso pblico, com suspenso do pagamento dosimpostos federais, da contribuio para o PIS/PASEP-Importaoe da COFINS-Importao incidentes na importao (Decreto-Lein 1.455/76, art. 9);

    Entreposto aduaneiro naexportao: o regime que permitea armazenagem de mercadoria destinada a exportao (Decreto-Lei n 1.455/76, art. 10);

    Entreposto industrial sob controle informatizado (RECOF): o regime que permite a empresa importar, com ou sem

    cobertura cambial, e com suspenso do pagamento de tributos,sob controle aduaneiro informatizado, mercadorias que, depoisde submetidas a operao de industrializao, sejam destinadasa exportao (Decreto-Lei n 37/66, art. 89);

    Importao de insumos destinados a industrializao porencomenda de produtos classificados nas posies 8701 a8705 da Nomenclatura Comum do Mercosul (RECOM): oregime que permite a importao, sem cobertura cambial, dechassis, carroarias, peas, partes, componentes e acessrios,

    com suspenso do pagamento do imposto sobre produtosindustrializados, da contribuio para o PIS/PASEP-Importao eda COFINS-Importao (Medida Provisria n 2.189-49/01, art.17; Lei n 10.865/04, art. 14);

    Exportao temporria: o regime que permite a sada, doPas, com suspenso do pagamento do imposto de exportao,de mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada reimportao em prazo determinado, no mesmo estado em quefoi exportada (Decreto-Lei n 37/66, art. 92);

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    Exportao temporria para aperfeioamento passivo: oregime que permite a sada, do Pas, por tempo determinado, demercadoria nacional ou nacionalizada, para ser submetida operao de transformao, elaborao, beneficiamento oumontagem, no exterior, e a posterior reimportao, sob a forma

    do produto resultante, com pagamento dos tributos sobre o valoragregado (Decreto-Lei n 37/66, art. 93);

    Exportao e importao de bens destinados s atividadesde pesquisa e de lavra das jazidas de petrleo e de gsnatural (REPETRO): o regime que permite, conforme o caso,a aplicao dos seguintes tratamentos aduaneiros (Decreto-Lei n37/66, art. 93): I - exportao, sem que tenha ocorrido suasada do territrio aduaneiro e posterior aplicao do regime deadmisso temporria, no caso de bens referidos em relao

    elaborada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), defabricao nacional, vendido a pessoa sediada no exterior; II -exportao, sem que tenha ocorrido sua sada do territrioaduaneiro, de partes e peas de reposio destinadas aos bensreferidos em relao elaborada pela SRFB, j admitidos noregime aduaneiro especial de admisso temporria; e III -importao, sob o regime de drawback, na modalidade desuspenso, de matrias-primas, produtos semi-elaborados ouacabados e de partes ou peas, utilizados na fabricao dos bensreferidos em relao elaborada pela SRFB, e posterior

    comprovao do adimplemento das obrigaes decorrentes daaplicao desse regime mediante a exportao referida nosincisos I ou II;

    Importao de petrleo bruto e seus derivados (REPEX): o regime que permite a importao desses produtos, comsuspenso do pagamento dos impostos federais, da contribuiopara o PIS/PASEP-Importao e da COFINS-Importao, paraposterior exportao, no mesmo estado em que foramimportados (Decreto-Lei n 37/66, art. 93);

    Incentivo modernizao e ampliao da estruturaporturia (REPORTO): o regime que permite, na importaode mquinas, equipamentos, peas de reposio e outros bens, asuspenso do pagamento do imposto de importao, do impostosobre produtos industrializados, da contribuio para oPIS/PASEP-Importao e da COFINS-Importao, quandoimportados diretamente pelos beneficirios do regime edestinados ao seu ativo imobilizado para utilizao exclusiva emportos na execuo de servios de carga, descarga,movimentao de mercadorias e dragagem, e na execuo detreinamento e formao de trabalhadores em Centros deTreinamento Profissional (Lei n 11.033/04, arts. 13 e 14);

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    Loja franca: o regime que permite a estabelecimentoinstalado em zona primria de porto ou de aeroporto alfandegadovender mercadoria nacional ou estrangeira a passageiro emviagem internacional, contra pagamento em moeda nacional ou

    estrangeira (Decreto-Lei n 1.455/76, art. 15);

    Depsito especial: o regime que permite a estocagem departes, peas, componentes e materiais de reposio oumanuteno, com suspenso do pagamento dos impostosfederais, da contribuio para o PIS/PASEP-Importao e daCOFINS-Importao, para veculos, mquinas, equipamentos,aparelhos e instrumentos, estrangeiros, nacionalizados ou no, enacionais em que tenham sido empregados partes, peas ecomponentes estrangeiros, nos casos definidos pelo Ministro de

    Estado da Fazenda (Decreto-Lei n 37/66, art. 93);

    Depsito afianado: o regime que permite a estocagem, comsuspenso do pagamento dos impostos federais, da contribuiopara o PIS/PASEP-Importao e da COFINS-Importao, demateriais importados sem cobertura cambial, destinados manuteno e ao reparo de embarcao ou de aeronavepertencentes a empresa autorizada a operar no transportecomercial internacional, e utilizadas nessa atividade (Decreto-Lein 37/66, art. 93);

    Depsito alfandegado certificado: o regime que permiteconsiderar exportada, para todos os efeitos fiscais, creditcios ecambiais, a mercadoria nacional depositada em recintoalfandegado, vendida a pessoa sediada no exterior, mediantecontrato de entrega no territrio nacional e ordem doadquirente (Decreto-Lei n 2.472/88, art. 6);

    Depsito franco: o regime que permite, em recintoalfandegado, a armazenagem de mercadoria estrangeira para

    atender ao fluxo comercial de pases limtrofes com terceirospases (Decreto 6.759/2009, art. 499).

    2.2. Imposto sobre Exportao, para o exterior, de produtosnacionais ou nacionalizados (IE)

    As normas jurdicas infraconstitucionais que dispemespecificadamente sobre o imposto sobre exportao, para o exterior,de produtos nacionais ou nacionalizados (IE) so: os arts. 23 a 28 doCTN, o Decreto-lei 1.578/1977 e o Decreto 6.759/2009 (RegulamentoAduaneiro).

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    Nesse rumo, anotamos que, no que couber, aplicar-se-,subsidiariamente, ao imposto de exportao (IE) a legislao relativaao imposto de importao (II). Isto , no existindo norma do IE paraaplicar em determinada situao, pode-se aplicar norma referente legislao do II.

    O IE tem carter eminentemente extrafiscal, pois tambm regula apoltica de preo dos produtos (funo regulatria) e no se submeteaos princpios da anterioridade anual e nonagesimal. O seulanamento por homologao.

    Por sua vez, no tem mais validade jurdica o art. 28 do CTN,dispondo que a receita lquida do IE destina-se formao dereservas monetrias, na forma da lei, uma vez que a CF/88 (art. 167,inc. IV) veda (probe), salvo algumas excees, a vinculao de

    receita de impostos a rgo, fundo ou despesa. Contudo,o STFainda no declarou a inconstitucionalidade do art. 28 do CTN.

    2 . 2 .1 . A s p e ct o m a t e r i a l

    O imposto sobre exportao, para o exterior, de produtos nacionaisou nacionalizados (IE) tem como fato gerador a sada destes doterritrio nacional (art. 23 do CTN c/c art. 1, do Decreto-Lei1.578/77).

    Isto , o fato gerador do IE a sada do territrio nacionalpara o estrangeiro de produtos nacionais ou nacionalizados.Decerto, considera-se nacional o produto produzido no territriobrasileiro e nacionalizado o produto estrangeiro importado a ttulodefinitivo, independentemente de qualquer outro fator. Por exemplo,o bem nacionalizado aquele beneficiado ou alterado no Brasil.

    Por sua vez, a doutrina entende que o IE um impostoexcepcional, pois cabe ao Poder Executivo relacionar osprodutos sujeitos a sua tributao (art. 1, 3, do Decreto-Lei

    1.578/77).Ou seja, se o produto no constar na lista de produtos disciplinados

    pelo Poder Executivo caso de no-incidncia do IE. Assim, cabe Cmara de Comrcio Exterior (CAMEX rgo pertencente ao PoderExecutivo), observada a legislao especfica, relacionar asmercadorias sujeitas ao IE.

    Ademais, tambm observamos que exceo dos II, IE e doICMS, nenhum outro imposto poder incidir sobre operaesrelativas energia eltrica, servios de telecomunicaes, derivadosde petrleo, combustveis e minerais do Pas (art. 155, 3, daCF/88).

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    Portanto, pode incidircontribuies tributrias especiais(exs.: COFINS e PIS) sobre operaes relativas energia eltrica,servios de telecomunicaes, derivados de petrleo, combustveis eminerais do Pas, mas no pode incidir impostos, exceto o II, o IE e

    o ICMS.

    Neste sentido, o STF afirma que legtima a cobrana da COFINS,do PIS e do FINSOCIAL sobre as operaes relativas a energiaeltrica, servios de telecomunicaes, derivados de petrleo,combustveis e minerais do pas (smula 659).

    2 . 2 .2 . A sp e c t o t e m p o r a l

    Considera-se ocorrido o fato gerador no momento da expedio da

    Guia de Exportao ou documento equivalente (art. 1, 1, doDecreto-Lei 1.578/77).

    Com base nesta regra, o art. 6, 1, do Decreto 660/92, dispeque para todos os fins e efeitos legais, os registros informatizadosdas operaes de exportao ou de importao no Sistema Integradode Comrcio Exterior (SISCOMEX) equivalem Guia deExportao, Declarao de Exportao, ao Documento Especial deExportao, Guia de Importao e Declarao de Importao.

    Nesse sentido, o STF afirma que no qualquer registro noSISCOMEX que corresponde expedio do documento equivalente guia de exportao, mas somente o Registro de Exportaocorresponde e que se equipara Guia de Exportao (AI578.372-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, DJEde 12-3-2010).

    O SISCOMEX o instrumento administrativo que integra asatividades de registro, acompanhamento e controle das operaes decomrcio exterior, mediante fluxo nico, computadorizado, deinformaes (art. 2, Decreto 660/92).

    Assim, tal registro estabelece tambm o incio do despacho deexportao, que procedimento mediante o qual verificada aexatido dos dados declarados pelo exportador em relao mercadoria, aos documentos apresentados e legislao especfica,com vistas a seu desembarao aduaneiro e a sua sada para oexterior (art. 580 do Decreto 6.759/2009).

    Por conseguinte, o despacho aduaneiro na exportao o atopelo qual registrada a concluso de toda conferncia aduaneira(despacho de exportao), e autorizado o embarque ou atransposio de fronteira da mercadoria, sendo que verificadadivergncia de dados ou infrao que no impea a sada damercadoria do Pas, o desembarao ser realizado, sem prejuzo da

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    formalizao de exigncias, desde que assegurados outros meios deprova necessrios (art. 591, Decreto 6.759/2009).

    Destacamos, por sua vez, que o Ministro da Fazenda temcompetncia para editar normas infralegais (por exemplo, portarias)

    estabelecendo que o pagamento do IE seja exigido antes daefetiva sada do produto a ser exportado, podendo tambmdispensar a cobrana do imposto em funo do destino da mercadoriaexportada (art. 4, do Decreto-Lei 1.578/77).

    2 . 2 . 3 . A s p e c t o e s p a c i a l

    O aspecto espacial do IE o territrio nacional, que se refere aoterritrio aduaneiro para fins de tributao sobre o comrcioexterior (II e IE).

    2 . 2 . 4 . A s p e c t o p e s s o a l

    O sujeito ativo a Unio.

    O contribuinte do IE o exportador ou quem a lei a ele equiparar,assim considerado qualquer pessoa que promova a sada do produtodo territrio nacional (art. 27 do CTN c/c art. 5, do Decreto-Lei1.578/77).

    2 . 2 .5 . A s p e ct o q u a n t i t a t i v o

    A base de clculo do IE a seguinte:

    Quando a alquota seja especfica, a unidade de medida adotadapela lei tributria;

    Quando a alquota seja ad valorem, o preo normal que oproduto, ou seu similar, alcanaria, ao tempo da exportao, emuma venda em condies de livre concorrncia (art. 24 do CTN).

    Nesse ltimo caso, quando a alquota seja ad valorem, a base declculo do IE o preo normal que o produto, ou seu similar,alcanaria, ao tempo da exportao, em uma venda em condies delivre concorrncia no mercado internacional, devendo-se observar asnormas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato da CAMEX (art.2, do Decreto-Lei 1.578/77).

    Anotamos tambm que o preo vista do produto, FOB ouposto na fronteira, indicativo do preo normal.

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    FOB significa FreeonBoard, isto , livre ou posto a bordo, sendo opreo da mercadoria livre de qualquer despesa para ocomprador, tais como despesas de frete e seguro.

    Ressaltamos que quando a alquota seja ad valorem, considera-se

    a entrega como efetuada no porto ou lugar da sada do produto,deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operao deexportao e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntesno mercado internacional, o custo do financiamento (art. 24,pargrafo nico, do CTN).

    Destarte, o CTN dispe que a lei ordinria pode adotar como basede clculo a parcela do valor ou do preo excedente de valor bsico,fixado de acordo com os critrios e dentro dos limites por elaestabelecidos (art. 25).

    Nesse caso, verificamos que somente ocorre a incidncia o IE casoo preo da mercadoria exportada consiga atingir um valor mnimo,em obedincia aos princpios constitucionais da capacidadecontributiva e da igualdade, eis que o contribuinte deve demonstraralgum tipo de riqueza para pagar o imposto, o que denominadodoutrinariamente de signo presuntivo de riqueza.

    Por conseguinte, de acordo com o art. 25 do CTN, se o valor doproduto no mercado internacional no ultrapassar a barreira do valor

    bsico estabelecido na lei ordinria, no h possibilidade jurdica paraincidncia do IE.

    E, nesse sentido, para efeito de determinao da base de clculodo IE, o preo de venda das mercadorias exportadas no poder serinferior ao seu custo de aquisio ou produo, acrescido dosimpostos e das contribuies incidentes e de margem de lucrode quinze por cento sobre a soma dos custos, mais impostos econtribuies (art. 2, 3, do Decreto-Lei 1.578/77, que foirecepcionado pela CF/88).

    Com efeito, quando o preo do produto for de difcil apurao oufor susceptvel de oscilaes bruscas no mercado internacional, oPoder Executivo, mediante ato da CAMEX, tambmfixarcritrios especficos ou estabelecer pauta de valor mnimo,para apurao de base de clculo (art. 2, 2, do Decreto-Lei1.578/77).

    No que se refere alquota do IE, esta de trinta por cento(30%), sendo facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aument-la,para atender aos objetivos da poltica cambial e do comrcio exterior.

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    Todavia, em caso de elevao, a alquota no poder ser superior acento e cinquenta por cento (150%), conforme o art. 3, do Decreto-Lei 1.578/77.

    Nesse rumo, o art. 2, inc. XIII, do Decreto do Poder Executivo n

    4.732/03, autoriza a CAMEX a fixar as alquotas do imposto deexportao, respeitadas as condies de trinta por cento (30%) acento e cinquenta por cento (150%).

    Tambm competncia da Cmara de Comrcio Exterior(CAMEX), dentre outras competncias relevantes, definir, no mbitodas atividades de exportao e importao, diretrizes bsicassobre a poltica tarifria e orientaes sobre normas eprocedimentos, para os seguintes temas, observada a reserva legal:a) racionalizao e simplificao do sistema administrativo; b)

    habilitao e credenciamento de empresas para a prtica de comrcioexterior; c) nomenclatura de mercadoria; d) conceituao deexportao e importao; e) classificao e padronizao deprodutos; f) marcao e rotulagem de mercadorias; g) regras deorigem e procedncia de mercadorias.

    2 . 2 . 6 . Qu a d r o s i n p t i c o Resumindo:

    Aspectomaterial

    A sada do territrio nacional para oestrangeiro de produtos nacionais ounacionalizados.

    Aspectotemporal

    Registro informatizado da operao deexportao no SISCOMEX.

    Aspectoespacial

    Territrio nacional, que equivale aoterritrio aduaneiro, para fins detributao sobre o comrcio exterior (IE eII).

    Aspecto

    pessoal

    Sujeito ativo: Unio; Sujeito Passivo(contribuinte): exportador ou quem a lei aele equiparar, assim considerado qualquerpessoa que promova a sada do produtodo territrio nacional.

    Aspectoquantitativo

    Base de clculo: (a) quando a alquotaseja especfica, a unidade de medidaadotada pela lei tributria; (b) quando aalquota seja a d v a l o r e m , o preo normalque o produto, ou seu similar, alcanaria,ao tempo da exportao, em uma vendaem condies de livre concorrncia.Alquota: a fixada na legislao federal(30%), que pode ser alterada pelo Poder

    Executivo at o limite de 150%.

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    2.3. Imposto sobre renda e proventos de qualquer

    natureza (IR)

    As normas jurdicas infraconstitucionais que dispem

    especificadamente sobre imposto sobre renda e proventos dequalquer natureza(IR) so: os arts. 43 a 45 do CTN, as Leis

    7.713/1988 e 9.250/95 (imposto de renda de pessoas fsicas IRPF),

    as Leis 8.981/1995 e 9.430/96 (imposto de renda de pessoas

    jurdicas IRPJ) e o Decreto 3.000/1999 (Regulamento do IR).

    Realamos tambm que o IR ser informado pelos critrios ou

    princpios da generalidade, da universalidade e da progressividade,

    na forma da lei (art. 153, 2, inc. I, da CF/88).O critrio da generalidade para a doutrina majoritria

    significa que todas as pessoas, independentemente de qualquer

    condio (raa, sexo, credo, estado civil etc.), que realizam o fato

    gerador, devem se submeter incidncia do imposto de renda,

    exceto quando alcanados pela imunidade ou iseno.

    O critrio da universalidade se contrape a idia de

    seletividade, isto , o imposto de renda deve incidir sobre todas as

    espcies de obteno de disponibilidade de renda ou provento.

    Desse modo, critrio da universalidade dispe que toda a

    obteno de disponibilidade de renda ou provento deve submeter-se

    incidncia do imposto, ou seja, os acrscimos patrimoniais de todas

    as espcies e gneros, independentemente da denominao,

    localizao, condio jurdica, nacionalidade da fonte ou origem,

    esto sujeitos incidncia do IR, salvo os excludos pelas prprias

    normas jurdicas (imunidade e iseno).

    A progressividade dispe que as alquotas devem ser tanto

    maiores ou crescentes quanto o aumento das respectivas bases de

    clculo, isto , a incidncia do IR aumenta em percentuais medida

    que se elevam as grandezas de valores que compem a base de

    clculo.

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    A progressividade do IR est de acordo com a capacidade

    econmica do contribuinte e observa o carter pessoal previsto no 1,

    do art. 145, da CF/88.

    A progressividade do IR predominantemente fiscal, isto , asua finalidade eminentemente arrecadatria, sendo a principal fonte

    de receita tributria da Unio.

    Nesse ponto, ainda destacamos que, a partir da Emenda

    Constitucional n 20/1998 (EC 20/98), o IR pode incidir, nos termos

    e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de

    aposentadoria e penso, pagos pela previdncia social da Unio, dos

    Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, a pessoa com idadesuperior a sessenta e cinco anos, cuja renda total seja constituda,

    exclusivamente, de rendimentos do trabalho.

    Logo, com o advento da EC 20/98, foi revogada a imunidade

    de proventos de aposentadoria e penso de idoso, que era

    considerado pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja

    renda total fosse constituda, exclusivamente, de rendimentos do

    trabalho.

    De mais a mais, o IR se submete ao princpio da anterioridade

    anual, mas no est sujeito ao princpio da anterioridade nonagesimal

    (art. 150, 1, CF/88).

    2 . 3 .1 . A s p e ct o m a t e r i a l

    O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR)

    tem como fato gerador a aquisio da disponibilidade

    econmica ou jurdica: a)de renda, assim entendido o produto do

    capital, do trabalho ou da combinao de ambos; b)de proventos

    de qualquer natureza, assim entendidos os acrscimos patrimoniais

    no compreendidos como renda (art. 43, do CTN).

    Desse modo, o fato gerador do IR a aquisio de renda ou

    proventos, que se caracterizem como riqueza nova (acrscimo

    patrimonial), podendo o contribuinte dispor livremente dessa renda

    ou provento.

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    Nessa esteira, o conceito de renda deve ser extrado da

    CF/88, principalmente das normas jurdicas dispostas no art. 145,

    1 (capacidade contributiva), c/c art.153, inciso III, e o seu 2,

    inciso I, mas preciso afirmar que as suas caractersticas no seencontram totalmente definidas pela CF/88, precisando o

    intrprete prestar ateno tambm nas leis infraconstitucionais para

    dissecar toda a extenso do seu conceito.

    O legislador ordinrio tem a seu talante o mbito de

    competncia outorgado pela CF/88, podendo claramente no utilizar

    toda amplitude de sua competncia normativa.

    Primeiramente, anotamos que da definio de renda eproventos de qualquer natureza devem ser excludos os fatos

    geradores dos demais impostos dispostos na CF/88, tais como

    propriedade territorial rural (ITR), produto industrializado (IPI),

    propriedade territorial urbana (IPTU), propriedade de veculo

    automotor (IPVA) etc.

    Segundo, que os proventos de qualquer natureza devem ser

    considerados como espcie de renda.

    Terceiro, que a idia de renda traz consigo a idia de

    acrscimo patrimonial, que deve ser entendido como disponibilidade

    de riqueza nova adquirida em certo intervalo de tempo ou at mesmo

    de forma isolada (ex.: contribuinte que ganha um prmio de loteria).

    exemplar a respeito do assunto a seguinte deciso do STF: a

    renda pressupe ganho, lucro, receita, crdito, acrscimo

    patrimonial, ou, como diz o processo transcrito, aquisio de

    disponibilidade econmica ou jurdica. Concordo em que a lei

    pode, casuisticamente, dizer o que ou o que no renda tributvel.

    Mas no deve ir alm dos limites semnticos, que so

    intransponveis. Entendo, por isso, que ela no pode considerar

    renda, para efeito de taxao, o que , de maneira

    incontestvel, nus, dispndio, encargo ou diminuio

    patrimonial, resultante do pagamento de um dbito (RE n

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    71.758). Isto , o conceito de renda decorre da Constituio e no

    pode a legislao infraconstitucional definir como renda o que no o

    .

    Assim, podemos dizer que renda o acrscimo patrimonial,riqueza nova, devendo ser realizado, em princpio, o confronto entre

    certas entradas e certas sadas ao longo de um determinado perodo

    de tempo para a verificao do saldo positivo (valor da aquisio de

    disponibilidade de renda ou provento).

    Por sua vez, com base nos argumentos citados, a jurisprudncia

    do STJ entende que diversas verbas no esto sujeitas a incidncia

    do IR, pois no constituem acrscimos patrimoniais ou riqueza nova.

    Nesse sentido, podemos formular os seguintes quadros com

    base nos entendimentos predominantes no STJ:

    NO INCIDE IR:(i) no pagamento de frias no gozadas portempo de servio (smula 125): naturezajurdica de indenizao, constituindo mera

    reparao do dano econmico sofrido;

    (ii) no pagamento de licena-prmio no gozadapor tempo de servio (smula 136): carterindenizatrio, constituindo mera compensao

    do dano econmico sofrido;

    (iii) na indenizao recebida pela adeso aprograma e incentivo demisso voluntria(smula 215): indenizao, de natureza

    reparatria, desde que exista quebra de vnculoempregatcio entre empregado e empregador

    (REsp 1.089.952, DJE08/04/2011);

    (iv) nas indenizaes de frias proporcionais e orespectivo adicional (smula 386): carter de

    indenizao e no tm origem em capital outrabalho as frias no gozadas;

    (v) na quantia recebida em virtude de

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    NO INCIDE IR:

    indenizao definida em conveno coletiva detrabalho e de indenizao recebida por causa derompimento de contrato de trabalho, sem justa

    causa; ou se ocorrida durante a vigncia daestabilidade temporria no emprego, salvo nocaso de renncia a este direito. Por sua vez, se,

    na dispensa sem justa causa, o empregadorpagar a indenizao espontaneamente, por

    liberalidade sua, sobre esse valor incide o IR(EREsp 769.118/SP);

    (vi) nos valores recebidos pelo contribuinte attulo de juros de mora (juros cobrados porcausa de atraso no pagamento) a partir da

    vigncia do Cdigo Civil de 2002;(vii) no lucro imobilirio da venda de imvel

    recebido por herana: a Portaria 80 do Ministrioda Fazenda ilegal e o Decreto-lei 94/1966, que

    autorizava a cobrana do IR sobre a venda deimveis herdados, foi revogado;

    (viii) no lucro inflacionrio acumulado pelasempresas: constitui apenas uma correo. O IR

    deve incidir no caso do lucro real, que oresultado da atividade econmica que servir de

    base para a cobrana do IR e da contribuiosocial sobre o lucro lquido;

    (ix) nos valores recebidos por meio de bolsas doConselho Nacional de Desenvolvimento Cientficoe Tecnolgico (CNPq): os resultados da atividade

    (estudo ou pesquisa) no representamvantagem ao doador (CNPq), tampouco exigem

    uma contraprestao de servios; Todavia,incide IR sobre valores recebidos por meio debolsas de estudos quando o beneficiado tem

    vnculo empregatcio com o rgoconcedente, porque, neste caso, a verbarecebida a ttulo de bolsa de estudos o salrio

    do servidor, j que ele permaneceu com seuvnculo empregatcio, apenas substituindo suas

    atividades laborais pelas acadmicas;

    (x) na verba recebida a ttulo de dano moral:indenizao, cujo objetivo a reparao dosofrimento e da dor da vtima ou de seus

    parentes, causados pela leso de direito (REsp686.920/MS; AgRg no Ag 1021368/RS; REsp

    865.693/RS);

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    NO INCIDE IR:

    (xi) na verba recebida a ttulo de ausnciaspermitidas por interesse particular (APIP's) ou

    abono-assiduidade no gozados, convertidos em

    pecnia (Pet 6.243/SP);(xii) na verba recebida a ttulo auxlio

    conduo: compensao pelo desgaste dopatrimnio dos servidores, que utilizam-se de

    veculos prprios para o exerccio da suaatividade profissional, inexistindo acrscimopatrimonial, mas uma mera recomposio ao

    estado anterior sem o incremento lquidonecessrio qualificao de renda (REsp

    825.907/RS; REsp 639.635/RS; REsp

    731883/RS).

    INCIDE IMPOSTO DE RENDA:

    (i) sobre o resultado das aplicaes financeirasrealizadas pelas cooperativas (Smula 262): asaplicaes financeiras no so atos cooperativose seu resultado deve ser levado conta para aincidncia de IR;

    (ii) nos valores percebidos a ttulo de indenizaopor horas extraordinrias trabalhadas, ainda quedecorrentes de acordo coletivo (smula 463).Ou seja, o pagamento de horas extraordinriastem natureza remuneratria e tem caractersticade acrscimo patrimonial, ainda que em virtudede acordo coletivo. Assim, por exemplo, a verbaintitulada indenizao por horas trabalhadas(IHT) paga aos funcionrios da Petrobrs (EREsp939.974/RN; EREsp 979.765/SE; EREsp666.288/RN);

    (iii) nas verbas concedidas ao empregado pormera liberalidade do empregador quando daresciso unilateral de seu contrato de trabalho:acrscimo patrimonial e no possuem carterindenizatrio (EREsp 769.118/SP; REsp n.706.817RJ; EAg 586.583/RJ);

    (iv) nas parcelas que o administrador ou osempregados de uma empresa recebem a ttulode participao nos resultados doempreendimento, uma vez que a isenoprevista no artigo 10 da Lei n. 9.249/95

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    INCIDE IMPOSTO DE RENDA:

    aplica-se apenas participao nos lucrosou dividendos distribudos aos scios, e noao administrador ou empregado da empresa;

    (v) nas quantias pagas a plano de previdnciaprivada pelas entidades empregadoras (valoresoriginados de verbas das empregadoras que nodecorrem de contribuies dos prpriosbeneficirios do plano, os empregados), poisestes valores devem ser tributados, inclusive,quando se referem migrao de um plano debenefcio para outro;

    (vi) nos lucros cessantes: significa o valor que a

    pessoa deixou de auferir e o que razoavelmentedeixou de ganhar em determinada situao. Porexemplo, um taxista foi atropelado por ummotorista imprudente que invadiu a calada. Otaxista ajuza com uma ao na justia pedindoa reparao dos prejuzos pelos dias notrabalhados (lucro cessante);

    (vii) sobre a gratificao de produtividade;dcimo terceiro salrio; adicional noturno; friasnormais gozadas e respectivas adicionais;complementao temporria de proventos;verbas recebidas a ttulo de renncia estabilidade provisria decorrentes, porexemplo, de gravidez ou estabilidade sindical;indenizao especial, em reconhecimento porrelevantes servios prestados empresa (RESP1.111.223/SP, AgRg nos EREsp 916.304/SP);

    (viii) nos valores recebidos em virtude dedeciso judicial que determinou a reintegraode trabalhador despedido injustamente (REsp1.142.177, julgamento em 09/08/2010): tais

    verbas so percebidas a ttulo de salriosvencidos, como se o empregado estivesse nopleno exerccio de seu vnculo empregatcio, comcarater remuneratrio. Contudo, entendendo oPoder Judicirio ser a reintegrao doempregado invivel, os valores a serempercebidos pelo empregado tm naturezaindenizatria, no incidindo IR.

    (ix) rendimentos recebidos a ttulo de abono depermanncia pelo servidor pblico estatutrio

    que tenha completado as exigncias paraaposentadoria voluntria (19 do art. 40 da

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    INCIDE IMPOSTO DE RENDA:

    CF), pois no h lei que autorize considerar oabono de permanncia como rendimento isento(REsp 1.192.556).

    Ademais, ressaltamos que a tributao do IR independe dadenominao dos rendimentos, ttulos ou direitos, da localizao,condio jurdica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bensprodutores da renda, e da forma de percepo das rendas ouproventos, bastando, para a incidncia do imposto, o benefcio docontribuinte por qualquer forma e a qualquer ttulo (art. 3, 4, Lei7.713/88).

    Qual o entendimento do STF sobre oassunto?No est isenta do imposto de renda aatividade profissional do arquiteto(Smula93); Incide imposto de renda sobre osjuros remetidos para o exterior, com baseem contrato de mtuo (Smula 586);Incide imposto de renda sobre opagamento de servios tcnicos contratadosno exterior e prestados no Brasil (Smula587).

    2 . 3 .2 . A sp e c t o t e m p o r a l

    O fato gerador do IR classificado por parte da doutrina como

    fato gerador peridico, eis que acontece ao longo de um perodo

    de tempo, que, segundo a legislao do IR pessoa fsica (IRPF), de

    1 de janeiro at 31 de dezembro do mesmo ano.

    O fato gerador peridico denominado pelo Amlcar Falco de

    Arajo de fato gerador complexivo. Desta maneira, o fato gerador

    do IRPF completa o seu crculo de formao e se caracteriza no

    ltimo momento do dia 31 de Dezembro de cada ano (ou exerccio),

    segundo interpretao do STF, o que serve para fixar as balizas do

    princpio da irretroatividade.

    Assim, nova lei publicada at 31 de Dezembro aumentando o

    IR, pode j ser aplicada no dia 1 de janeiro do ano posterior. o que

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    diz a smula 584, ainda aceita pelo STF: Ao imposto de renda

    calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente

    no exerccio financeiro em que deve ser apresentada a declarao.

    Com efeito, Amlcar Falco de Arajo tambm distingue o fatogerador em simples e complexo.

    O fato gerador do IR complexo, pois a incidncia do IR

    compreende um conjunto de fatos considerados como um

    todo. Ou como diz Ricardo Lobo Torres: fato gerador complexo o

    que abrange inmeros fatos, atos ou situaes jurdicas da mesma

    espcie.

    J o fato gerador simples o que se constitui com um fatoisolado. Por exemplo, no ICMS, com a sada da mercadoria do

    estabelecimento empresarial ocorre o fato gerador.

    Ademais, no IR pessoa jurdica (IRPJ), a legislao tambm

    estabelece o perodo de apurao trimestral, que encerrado nos

    dias 31 de maro, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de

    cada ano-calendrio. Por sua vez, pode a pessoa jurdica que optar

    pela tributao com base no lucro real adotar o perodo anual, que

    encerrado em 31 de dezembro de cada ano-calendrio.

    Qual o entendimento do STJ sobreo assunto? admissvel, em embargos execuo,compensar os valores de imposto de rendaretidos indevidamente na fonte com os

    valores restitudos apurados na declaraoanual (Smula 394).

    2 . 3 . 3 . A s p e c t o e s p a c i a l

    O IR adota o postulado da tributao em base global ou em

    bases universais, o que expressa a sua incidncia sobre a

    universalidade dos rendimentos, ganhos de capital e lucros no

    territrio nacional, at mesmo por pessoa residente ou domiciliada no

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    estrangeiro ou no territrio estrangeiro, por pessoa residente ou

    domiciliada no Brasil.

    Assim, no caso de receita ou de rendimento oriundos do

    exterior, a lei estabelecer as condies e o momento em que se darsua disponibilidade, para fins de incidncia do IR (art. 43, 2, do

    CTN).

    De tal modo, verificamos que o IR pode incidir na hiptese de

    receita ou de rendimento oriundos do exterior (territrio estrangeiro).

    Assim sendo, o IR pode incidir na hiptese de disponibilidade de

    renda ou proventos percebidos no exterior, por residentes e

    domiciliados no nosso territrio.Por outro lado,no caso de rendimentos adquiridos no Brasil,

    decorrentes de atividades situadas no exterior, mesmo que sejam

    percebidos por residentes e domiciliados no exterior, tambm

    podero ser tributados no Brasil. Isto , as pessoas no-residentes no

    Brasil podem ser tributadas, apenas sobre a renda gerada dentro do

    territrio brasileiro (princpio da territorialidade).

    Importante:Em facedo princpio da universalidade, aextraterritorialidade na tributao do IRindepende da existncia de tratado ouacordo internacional. Todavia, no seadmite atos concretos de cobrana emterritrio estrangeiro, sob pena de ofensa asoberania estatal.

    Registramos tambm o inc. VII, do art. 55, do Decreto3.000/1999 (RIR), estabelecendo que so tributveis os rendimentos

    recebidos no exterior, transferidos ou no para o Brasil, decorrentes

    de atividade desenvolvida ou de capital situado no exterior.

    Todavia, o imposto pago no exterior pode ser deduzido, eis que

    as pessoas fsicas, residentes ou domiciliadas no territrio nacional,

    que declararem rendimentos provenientes de fontes situadas no

    exterior podero subtrair o valor j cobrado pela nao de origem,

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    desde que (i) em conformidade com o previsto em acordo ou

    conveno internacional firmado com o pas de origem dos

    rendimentos, quando no houver sido restitudo ou compensado

    naquele pas; ou (ii) haja reciprocidade de tratamento em relaoaos rendimentos produzidos no Brasil. Esta deduo no poder

    exceder a diferena entre o imposto calculado com a incluso

    daqueles rendimentos e o imposto devido sem a incluso dos

    mesmos rendimentos (art. 103, caput e 1, do Decreto

    3.000/99).

    2 . 3 . 4 . A s p e c t o p e s s o a l

    O sujeito ativo do IR a Unio.Todavia, destacamos a smula 447 do STJ: Os Estados e o

    Distrito Federal (DF) so partes legtimas na ao de restituio de

    imposto de renda (IR) retido na fonte proposta por seus servidores.

    Portanto, podemos concluir que os Estados e o DF so partes

    legtimas para figurar no plo passivo das aes propostas por

    servidores pblicos estaduais que visam o reconhecimento do direito

    iseno ou repetio do indbito relativo ao IR retido na fonte. O

    fundamento jurdico para que a Unio no possua legitimidade

    passiva nestas hipteses o art. 157, I, da CF, que dispe que o

    produto da arrecadao deste tributo pertence aos Estados e ao DF.

    Tal entendimento tambm se estende aos Municpios, por fora

    do art. 158, I, da CF.

    No que se refere ao contribuinte do IR, o titular da

    disponibilidade econmica ou jurdica de renda ou proventos de

    qualquer natureza, sem prejuzo de atribuir a lei essa condio ao

    possuidor, a qualquer ttulo, dos bens produtores de renda ou dos

    proventos tributveis. A lei tambm pode atribuir fonte pagadora da

    renda ou dos proventos tributveis a condio de responsvel pelo

    imposto cuja reteno e recolhimento lhe caibam.

    Noutro ponto, registramos a interpretao do STF em relao

    ao art. 35 da Lei 7.713/88, que estabelece: O scio quotista, o

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    acionista ou titular da empresa individual ficar sujeito ao imposto de

    renda na fonte, alquota de oito por cento, calculado com base no

    lucro lquido apurado pelas pessoas jurdicas na data do

    encerramento do perodo-base.O STF afirma que indevida a exigncia do IR sobre o lucro

    lquido instituda pelo art. 35 da Lei n 7.713/88, quando inexistir no

    contrato social clusula de sua automtica distribuio no

    encerramento do perodo-base (RE n 172.058/SC, DJ 30/06/95).

    Em outras palavras, o STF entende que no h que se falar em

    disponibilidade econmica ou jurdica de renda ou proventos (art. 45

    do CTN) do acionista mediante a simples apurao do lucro lquido,pois, por exemplo, em sociedades annimas (S/A), a distribuio dos

    lucros depende, sobretudo, da manifestao em assemblia geral.

    Portanto, no que se refere ao scio quotista e ao titular da

    empresa individual, o art. 35, da Lei 7.713/88, no , em abstrato,

    inconstitucional (constitucionalidade formal), podendo s-lo, em

    concreto, dependendo do que estiver disposto no contrato

    (inconstitucionalidade material), de acordo tambm com o RE n

    204.886 (DJ 28/02/97).

    Assim, recentemente, o STF confirmou tal orientao no sentido

    de que h constitucionalidade das expresses o titular de empresa

    individual e o scio cotista, exceto, no tocante a esta ltima,

    quando, segundo o contrato social, a destinao do lucro

    lquido a outra finalidade que no a de distribuio no

    dependa do assentimento de cada scio (RE 591.518-AgR, DJE

    de 24/10/2008).

    Ademais, segundo a antiga smula 184 o STJ, a microempresa

    de representao comercial isenta do IR (Smula 184), afirmando

    que no tendo a lei includo a representao comercial entre as

    atividades sujeitas ao IR, padece de ilegalidade o ato administrativo

    declaratrio que a equipara corretagem, para efeito da tributao.

    2 . 3 .5 . A s p e ct o q u a n t i t a t i v o

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    A base de clculo do IR, de forma geral, considera-se o

    montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos

    tributveis (art. 44, do CTN).

    No que tange especificadamente ao imposto de renda dapessoa fsica (IRPF), a base de clculo o seu rendimento

    bruto, que todo o produto do capital, do trabalho ou da

    combinao de ambos, os alimentos e penses percebidas em

    dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim tambm

    entendidos os acrscimos patrimoniais no correspondentes aos

    rendimentos declarados (art. 3, 1, da Lei 7.713/88).

    Integra o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultadoda soma dos ganhos auferidos no ms, decorrentes de alienao de

    bens ou direitos de qualquer natureza, considerando-se como ganho

    a diferena positiva entre o valor de transmisso do bem ou direito e

    o respectivo custo de aquisio corrigido monetariamente (art. 3,

    2, da Lei 7.713/88).

    Na apurao do ganho de capital sero consideradas as

    operaes que importem alienao, a qualquer ttulo, de bens ou

    direitos ou cesso ou promessa de cesso de direitos sua aquisio,

    tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicao,

    desapropriao, dao em pagamento, doao, procurao em causa

    prpria, promessa de compra e venda, cesso de direitos ou

    promessa de cesso de direitos e contratos afins (art. 3, 3, da Lei

    7.713/88).

    No entanto, so permitidas algumas limitadas dedues (gastos

    e despesas autorizados pela legislao), tais como gastos com planos

    de sade, despesas com educao do contribuinte e de seus

    dependentes etc.

    Em relao ao imposto de renda da pessoa jurdica (IRPJ), a

    base de clculo pode ser o lucro real ou lucro presumido,

    ordinariamente, e, excepcionalmente, o lucro arbitrado.

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    O lucro real apurado com base em contabilidade rigorosa e

    bem formal, resultando da diferena entre a receita bruta menos as

    despesas operacionais. O lucro real no se confunde com o lucro

    lquido, que precede a determinao do lucro real. Alcanado o lucrolquido, realizam-se excluses, compensaes e adies determinadas

    em lei para a apurao do lucro real.

    A lei obriga determinadas pessoas jurdicas a utilizarem como

    base de clculo o lucro real e afirma que opcional para outras

    empresas. Por exemplo, esto obrigadas apurao do lucro real as

    pessoas jurdicas cujas atividades sejam de bancos comerciais,

    bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixaseconmicas, sociedades de crdito, financiamento e investimento,

    sociedades de crdito imobilirio, dentre outras.

    O lucro presumido base de clculo opcional para as

    empresas que no esto obrigadas legalmente utilizao do lucro

    real. O lucro presumido feito por estimativa.

    Decerto, a lei fixa o lucro presumido com base na aplicao de

    determinada percentagem sobre a receita bruta da pessoa jurdica.

    Por exemplo, a percentagem de 8% para a prestao de servios de

    transporte de carga ou de 32% para a prestao de servios em

    geral, exceto a de servios hospitalares.

    Nesse rumo, segundo o STJ, os laboratrios de anlises clnicas,

    prestadoras de servios de diagnsticos mdicos e clnicas de

    oftalmologia no tm direito reduo do percentual de 32% para

    8% para recolhimento do IR, pois a alquota reduzida direito

    apenas das instituies que prestam servios hospitalares,

    envolvendo, por exemplo, a internao de pacientes. De acordo

    com o STJ, os laboratrios e as clnicas oftalmolgicas esto inseridos

    na categoria de servios mdicos, diferentes dos hospitalares, pois

    no incluem a internao de pacientes. Destacamos, assim, que na

    hiptese dos laboratrios de diagnstico mdico, estes devem provar

    que realizam a internao de pacientes para tratamento de sade,

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    com oferta de todos os procedimentos exigidos para, assim, poderem

    recolher o IR com a alquota menor.

    O lucro arbitrado base de clculo excepcional, uma vez que

    decorre da impossibilidade de se apurar o lucro pelo critrio do lucroreal ou lucro presumido.

    A utilizao pelo fisco do lucro arbitrado ocorre em virtude do

    sujeito passivo (contribuinte ou responsvel tributrio) no cumprir

    com as suas obrigaes tributrias acessrias ou deveres

    instrumentais, tais como elaborao das demonstraes financeiras

    exigidas legalmente, apresentao dos livros fiscais ou do sistema de

    escriturao contbil estabelecido na lei, etc.Por sua vez, registramos a deciso do STJ (REsp

    1.168.038/SP), em rito de recurso repetitivo, no sentido de queos

    depsitos judiciais utilizados para suspender a exigibilidade do

    crdito tributrio consistem em ingressos tributrios, sujeitos sorte

    da demanda judicial, e no em receitas tributrias, de modo que

    no so dedutveis da base de clculo do IRPJ at o trnsito

    em julgado da demanda.

    Noutro ponto, registramos que o STJ compreende de forma

    predominante que no clculo do IR incidente sobre rendimentos

    pagos acumuladamente, devem ser levadas em considerao as

    tabelas e alquotas das pocas prprias a que se referem tais

    rendimentos e no o montante global auferido (REsp

    901.945PR, DJ 16082007, AgRg no REsp 641.531/SC, DJe

    21/11/2008).

    De mais a mais, o STJ tambm compreende que no

    possvel a iseno de IR a aposentados portadores de outras

    doenas graves e incurveis, que no as elencadas no artigo 6,

    inciso XIV, da Lei n. 7.713/88 (REsp 1.116.620, julgamento em

    09/08/2010). Em outras palavras, em regra, as isenes devem ser

    interpretadas literalmente e descabe a extenso do benefcio

    isencional situao que no se enquadre expressamente no texto

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    da lei. Portanto, a iseno, com base em outra molstia, no

    relacionada na Lei n. 7.713/88, ilegal, mesmo sendo o caso de

    molstia incapacitante, tal como a distonia cervical.

    Apenas para registrarmos que o inc. XIV, do art. 6, da Lei n.7.713/88, estabelece que ficam isentos do IR os proventos de

    aposentadoria ou reforma motivada por acidente em servio e os

    percebidos pelos portadores de molstia profissional, tuberculose

    ativa, alienao mental, esclerose mltipla, neoplasia maligna,

    cegueira, hansenase, paralisia irreversvel e incapacitante,

    cardiopatia grave, doena de Parkinson, espondiloartrose

    anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estadosavanados da doena de Paget (ostete deformante), contaminao

    por radiao, sndrome da imunodeficincia adquirida, com base em

    concluso da medicina especializada, mesmo que a doena tenha sido

    contrada depois da aposentadoria ou reforma.

    2.3.7. Quadro sinpticoPodemos resumir da seguinte forma:

    Aspectomaterial

    Aquisio da disponibilidade econmica oujurdica de renda ou de proventos de

    qualquer natureza.

    Aspectotemporal

    IPRF: em regra, no ltimo momento do dia31 de Dezembro de cada ano-calendrio;

    IPPJ: em regra, no ltimo momento dosdias 31 de maro, 30 de junho, 30 de

    setembro e 31 de dezembro de cada ano-

    calendrio.

    Aspectoespacial

    Territrio nacional (renda percebida no Pas)

    ou o territrio estrangeiro, desde que, nesteltimo caso, a pessoa seja residente ou

    domiciliada no Brasil.

    Aspectopessoal

    Sujeito ativo: Unio; Sujeito Passivo

    (contribuinte): titular da disponibilidade

    econmica ou jurdica de renda ou proventos

    de qualquer natureza, sem prejuzo de

    atribuir a lei essa condio ao possuidor, a

    qualquer ttulo, dos bens produtores de renda

    ou dos proventos tributveis.

    Aspecto Base de clculo: montante, real, arbitrado ou

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    quantitativo

    presumido, da renda ou dos proventos

    tributveis. Alquota: a fixada na

    legislao federal.

    2.4. Imposto sobre produtos industrializados (IPI)As normas jurdicas infraconstitucionais que dispem

    especificadamente sobre o imposto sobre produtos industrializados

    (IPI) so: os arts. 46 a 51 do CTN, a Lei 4.502/1964 e o Decreto

    7.212/2010 (Regulamento do IPI).

    De incio, importante dissertarmos que a CF/88 (art. 153,

    3) estabelece que o IPI ser seletivo, no-cumulativo, no incidir

    sobre produtos industrializados destinados ao exterior e ter reduzidoseu impacto sobre a aquisio de bens de capital pelo contribuinte do

    imposto (na forma da lei).

    Assim, o IPI ser seletivo, em funo da essencialidade do

    produto. Por conseguinte, a CF dispe que o IPI ser seletivo (

    obrigatrio) e no que o IPI poder ser seletivo (facultativo), tal

    como o ICMS.

    Segundo apropriada definio da ESAF, a seletividade quer

    dizer discriminao ou sistema de alquotas diferenciadas por

    espcies de mercadorias. A seletividade dirigida ao legislador

    ordinrio, recomendando- lhe que estabelea as alquotas em razo

    inversa da imprescindibilidade das mercadorias de consumo

    generalizado. Assim, quanto mais sejam os produtos necessrios

    alimentao, ao vesturio, moradia, ao tratamento mdico e

    higinico das classes mais numerosas, tanto menores devem ser as

    alquotas.

    Simplificando, pode-se dizer que a seletividade do IPI impe

    que as suas alquotas sejam estabelecidas conforme a essencialidade

    do produto industrializado. Portanto, as alquotas devem ser maiores

    para os produtos suprfluos ou luxuosos (exs.: caviar, cigarro, carros

    esportivos etc.) e menores para os produtos considerados essenciais

    (ex.: produtos da cesta bsica).

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    Por sua vez, o IPI ser no-cumulativo, compensando-se o

    que for devido em cada operao com o montante cobrado nas

    anteriores.

    A compensao, neste caso, no significa forma de extino docrdito tributrio estabelecido nos arts. 156, inc. II, e 170 do CTN,

    mas sim deduo do tributo j cobrado na cadeia produtiva.

    Desse modo, o IPI no-cumulativo, dispondo a lei de forma

    que o montante devido resulte da diferena a maior, em determinado

    perodo, entre o imposto referente aos produtos sados do

    estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.

    Ressaltamos que o saldo verificado, em determinado perodo,em favor do contribuinte transfere-se para o perodo ou perodos

    seguintes (art. 49 do CTN).

    Veja o seguinte exemplo da doutrina: Imagine uma Indstria

    1 que venda uma chapa de ao pelo valor de R$ 1.000,00 (mil reais),

    acrescido de IPI calculado pela alquota de 10%, ou seja, R$ 100,00

    (cem reais = 10% do valor da operao). O valor total da venda foi

    de R$ 1.100,00 (mil e cem reais). A Indstria 2, adquirente desta

    chapa, credita-se do valor de IPI recolhido pela Indstria 1, que foi

    de R$ 100,00 (cem reais). Imagine agora que a Indstria 2,

    transforme a chapa em uma caldeira (industrializao) e venda-a por

    R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) e que o IPI incidente nesta

    operao seja de 10%. O tributo devido pela venda da caldeira seria

    de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais). No entanto, como a

    Indstria 2 creditou-se no valor de R$ 100,00 (cem reais), o IPI a

    ser pago pela Indstria 2 de R$ 50,00 (cinquenta reais). Neste

    exemplo, simplificado, verificamos que o IPI a ser recolhido para

    Unio de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) R$ 100,00 cobrado

    da Indstria 1e R$ 50,00 cobrado da Indstria 2, o que

    corresponde exatamente a 10% do valor da venda do produto final,

    que foi de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais).

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    2 . 4 .1 . A s p e ct o m a t e r i a l

    O IPI tem como fato gerador(aspecto temporal geral):

    O seu desembarao aduaneiro, quando de procedncia

    estrangeira;

    A sada do produto do estabelecimento industrial, ou

    equiparado a industrial, quando for de produo nacional;

    A sua arrematao, quando apreendido ou abandonado

    e levado a leilo (art. 46, I a III, CTN).

    Sobre tal dispositivo, afirmamos que o ncleo do fato gerador

    (aspecto material) do IPI :

    Importar produtos industrializados do exterior (art. 46, I,

    CTN): ou seja, na hiptese, em regra, o IPI incide sobre o

    produto industrializado importado;

    Promover operaes com produtos industrializados (art.

    46, II, CTN): neste caso, como bem observa Tavares Paes: o

    fato gerador do IPI no s a industrializao tout court

    (simplesmente), mas tambm o consumo, pois se o produto forproduzido e se destruir, no saindo da fbrica, e.g., no h o fato

    gerador;

    Arrematar, em leilo, produtos industrializados

    apreendidos ou abandonados (art. 46, III, CTN).

    Nesse rumo, registramos que, atualmente, a hiptese de

    incidncia do IPI prevista no art. 46, III, a suaarrematao, quando

    apreendido ou abandonado e levado a leilo, no encontra respaldoou concretizao na Lei 4.502/64 e tambm no Decreto 7.212/2010.

    Assim, a doutrina amplamente majoritria entende que no incide IPI

    nesta hiptese. Contudo, o CESPE no concurso para Juiz

    Federal/TRF5/2010 considerou correto: Sobre determinado produto

    industrializado arrematado em leilo incidir o IPI se o produto tiver

    sido apreendido ou abandonado.

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    Para os efeitos do IPI, considera-se industrializado o produto

    que tenha sido submetido a qualquer operao que lhe modifique a

    natureza ou a finalidade, ou o aperfeioe para o consumo, sendo, em

    regra, irrelevantes, para caracterizar a operao comoindustrializao, o processo utilizado para obteno do produto e a

    localizao e condies das instalaes ou equipamentos

    empregados.

    Isto , podemos dizer que se caracteriza como industrializao

    qua