análise das práticas de gestão da cadeia de suprimentos

96
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos para Hospitais da SESAPHeloísa Helena Oliveira da Silva NATAL 2017

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Page 1: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

“Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos para

Hospitais da SESAP”

Heloísa Helena Oliveira da Silva

NATAL

2017

Page 2: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

i

HELOÍSA HELENA OLIVEIRA DA SILVA

“Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

para Hospitais da SESAP”

Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de mestre em Engenharia de Produção. Linha de Pesquisa: Pesquisa Operacional e Logística Orientadora: Profa. Adjunta Dra Mariana Rodrigues de Almeida

NATAL

2017

Page 3: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

ii

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Silva, Heloisa Helena Oliveira da.

Análise das práticas de gestão da cadeia de suprimentos para hospitais da SESAP / Heloisa Helena Oliveira da Silva. - 2017.

96 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção, Natal, RN 2021. Orientadora: Profa. Dra. Mariana Rodrigues de Almeida.

1. Cadeia de suprimentos - Dissertação. 2. Gestão da cadeia de

suprimentos - Dissertação. 3. Hospital - Dissertação. 4. Gestão

da Qualidade - Dissertação. 5. ISO 9001 - Dissertação. I.

Almeida, Mariana Rodrigues de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 658:614.2

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262

Page 4: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

iii

2017

Page 5: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que abençoou e abençoa o meu

caminho em todos os momentos. A minha família, em especial a minha mãe

Antonia Matias e filhas Maria Luísa e Ana Lívia, pois elas foram essenciais para

que eu não desistisse, embora por muitas vezes estivéssemos privadas da

companhia umas das outras, sempre me encorajaram a continuar esta árdua e

enriquecedora jornada, ainda aos meus amados irmãos Isnard e Andreyd pela

torcida, apoio e presença mesmo distantes fisicamente. Agradeço ao Dr.

Miguel Angel Sicolo, médico e gestor de saúde exemplar, que me introduziu no

mundo da gestão da qualidade com foco em excelência na prestação de

serviços de saúde. A Almar Fagundes Vieira, homem íntegro com quem muito

aprendi acerca de auditorias e manutenção de Sistema de Gestão da

qualidade, o meu sincero agradecimento. Adriano Macêdo dos Santos, grande

incentivador, eterna gratidão. Gratidão também aos fazem a SESAP RN, a

todos os professores que contribuíram e enriqueceram meus conhecimentos

durante o programa da pós-graduação em Engenharia de Produção, em

especial a professora Mariana Rodrigues de Almeida, por ter me orientado

durante a realização desta pesquisa, seus ensinamentos foram essenciais para

realização deste trabalho. Agradeço também aos professores Hélio Roberto

Hicks e Kléber Cavalcanti Nóbrega, por terem aceitado o convite para participar

de minha banca examinadora de Defesa.

Por fim, agradeço aos meus colegas do mestrado, em especial aos queridos

Daniel Medeiros, Waleska Euflasino e Francisco Iranylson, por todo apoio,

amizade e colaboração. Jamais os esquecerei.

Page 6: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

v

“Não é suficiente fazer o seu melhor;

primeiro, é preciso saber exatamente o

que fazer para depois dar o seu melhor.”

Joseph Juran (1904 – 2008)

Page 7: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

vi

SILVA, Heloísa Helena Oliveira. Análise das práticas de gestão da cadeia de

suprimentos para hospitais da SESAP RN; Analysis of the supply chain

management practices for hospitals of the SESAP RN. 2017. 96 fls.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,

2017.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo identificar as práticas mais

relevantes acerca da Gestão de Cadeia de Suprimentos, adotadas por

hospitais e quais devem ser inseridas nas linhas de atenção hospitalar pela

Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte – SESAP, com

vistas na Qualidade. Para conduzir esta pesquisa, realizou-se uma

sistematização dos artigos publicados na temática extraídos da base de dados

Scopus, sendo também identificada a relação existente entre a estrutura da

Norma ISO 9001:2015 e da Gestão de Cadeia de Suprimentos. Com base nos

dados coletados, conduziu-se uma survey contemplando os 23 hospitais

públicos da Rede SESAP e analisaram-se suas respostas por meio da escala

de Likert, obtendo o grau de concordância dado pelo entrevistado a cada um

dos critérios presentes no questionário. Os resultados permitiram identificar a

adoção parcial de práticas relacionadas à Gestão de Cadeia de Suprimentos

na maioria dos hospitais, tendo maior destaque para Parceria Estratégica com

o Fornecedor, Compartilhamento da Informação e Qualidade da Informação.

Há, também, indícios de que os hospitais tenham um melhor desempenho

operacional quanto à Inovação. Como contribuição, elaborou-se um padrão,

baseado na Norma da Qualidade ISO 9001, para a adoção de práticas de

Gestão da Cadeia de Suprimentos na estratégia gerencial dos Hospitais da

rede SESAP e melhoria de desempenho.

Palavras chaves: Cadeia de Suprimentos, Gestão da Cadeia de Suprimentos,

Hospital, Gestão da Qualidade, ISO 9001.

Page 8: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

vii

ABSTRACT

This work aims to identify the most relevant practices on Supply Chain

Management, adopted by hospitals and standards to be inserted in the hospital

care areas by the Rio Grande do Norte State Public Health Department –

SESAP, focusing on Quality. For the accomplishment of this research, we

realize a systematization of the articles published by Scopus, and the

relationship between the structure of ISO 9001:2015 and Supply Chain

Management was also identified. Based on the collected data, a survey was

conducted with the 23 public hospitals of the SESAP Network. We analyzed

their responses using the Likert scale. The degree of importance was

delineated by the degree of concordance gave by the interviewee to each

criteria present in the questionnaire. The results allowed us to identify the partial

adoption of practices related to Supply Chain Management in most of the

hospitals, with greater emphasis on Strategic Partnership with the Supplier,

Information Sharing and Information Quality. There are also indications that

hospitals have a better operating performance in terms of Innovation. As a

contribution, we elaborate an standard based on the ISO 9001 Quality Standard

was developed for the adoption of Supply Chain Management practices in the

management strategy of the SESAP Hospitals and performance improvement.

Keywords: Supply Chain, Supply Chain Management, Hospital, Quality

Management, ISO 9001.

Page 9: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Áreas com maiores problemas no RN segundo opinião de sua

população................................................................................................................

5

Figura 1.1 – Estrutura Organizacional do trabalho.................................................. 8

Figura 2.1 – Apresentação esquemática de uma cadeia de suprimentos.............. 9

Figura 2.2 – Dimensões das Práticas de GCS........................................................ 11

Figura 2.3 – Gasto total com saúde no Brasil: público e privado (% e R$ bilhões)

– 2014.....................................................................................................................

14

Figura 2.4 – Cadeia de suprimentos de um hospital............................................... 18

Figura 2.5 – Barreira das Práticas de GCS na Saúde............................................ 20

Figura 2.6 – Time Line dos artigos publicados acerca de GCS no âmbito

hospitalar.................................................................................................................

21

Figura 2.7 – Publicações por país de origem.......................................................... 22

Figura 2.8 – Rede de autores que abordaram Práticas de GCS Hospitalar........... 23

Figura 3.1 – Requisitos da NBR ISO 9001:2015..................................................... 30

Figura 4 – Desenvolvimento das etapas da pesquisa........................................... 32

Figura 4.1 – Relação proposta entre Práticas de GCS e Desempenho

Operacional, conforme estudo de Li et al (2006) ...................................................

35

Figura 5 – Comportamento das notas referentes à Parceria estratégica com o

fornecedor...............................................................................................................

41

Figura 5.1 – Comportamento das notas referente ao Relacionamento com o

cliente......................................................................................................................

41

Figura 5.2 – Comportamento das notas referente ao Compartilhamento da

informação...............................................................................................................

43

Figura 5.3 – Comportamento das notas referente à Qualidade da informação...... 43

Figura 5.4 – Comportamento das notas referente ao Custo................................... 44

Figura 5.5 – Comportamento das notas referente à Qualidade.............................. 45

Figura 5.6 – Comportamento das notas referente à Entrega.................................. 46

Figura 5.7 – Comportamento das notas referente à Inovação................................ 46

Figura 5.8 – Comportamento das notas referente ao Tempo................................. 47

Page 10: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

ix

Figura 5.9 – Distribuição das notas na dimensão Parceria estratégica com o

fornecedor versus outras variáveis.........................................................................

49

Figura 5.10 – Distribuição dos hospitais da SESAP por região de saúde do RN... 52

Figura 5.11– Distribuição das Práticas em GCS adotadas pelos hospitais da

SESAP, por Região de Saúde segundo a percepção dos respondentes...............

63

Figura 5.12 – Padrão de Gestão de Cadeia de Suprimentos baseado na Norma

ISO 9001:2015........................................................................................................

66

Figura 5.13 – Etapas para implementação de práticas de GCS baseada na

Norma ISO 9001:2015............................................................................................

68

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1– Atividades práticas desenvolvidas em Gestão de Cadeia de

Suprimentos.............................................................................................................

12

Quadro 2.2 – Práticas de GCS Hospitalar e contribuições de pesquisas dentre

os autores mais citados na temática.......................................................................

25

Quadro 2.3– Relação entre Práticas de GCS Hospitalar e Dimensões de GCS.... 27

Quadro 3.1 – Normas pertencentes à Série ISO 9000............................................ 28

Quadro 4.1 – Unidades hospitalares públicas do RN conforme localização e

perfil assistencial.....................................................................................................

37

Quadro 5.1– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

GCS na dimensão Parceria Estratégica com o Fornecedor (PEF) por Regiões de

saúde do RN............................................................................................................

53

Quadro 5.2– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

GCS na dimensão Relacionamento com o Cliente (RC) por Regiões de saúde

do RN.......................................................................................................................

54

Quadro 5.3– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

GCS na dimensão Compartilhamento da Informação (CI) por Regiões de saúde

do RN.......................................................................................................................

55

Quadro 5.4– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

Page 11: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

x

GCS na dimensão Qualidade da Informação (QI) por Regiões de saúde do RN... 57

Quadro 5.5– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

GCS na dimensão Custo (C) por Regiões de saúde do RN...................................

58

Quadro 5.6– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

GCS na dimensão Qualidade (Q) por Regiões de saúde do RN............................

59

Quadro 5.7– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

GCS na dimensão Entrega (E) por Regiões de saúde do RN................................

60

Quadro 5.8– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

GCS na dimensão Inovação (I) por Regiões de saúde do RN................................

61

Quadro 5.9– Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de

GCS na dimensão Tempo (T) por Regiões de saúde do RN..................................

62

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Percentual de investimento em saúde por países........................... 13

Tabela 2.2 – Percentual de hospitais no Brasil..................................................... 15

Tabela 5 – Análise descritiva das barreiras.......................................................... 48

Tabela 5.1 – Resultado dos Testes de Correlação de Spearman........................ 50

Page 12: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANS– Agência Nacional de Saúde Suplementar

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

COHUR – Coordenadoria de Operacionalização de Hospitais e Unidades de

Referência

CPCS– Coordenadoria de Planejamento e Controle de Serviços de Saúde

CSCMP –Council of Supply Chain management Professionals

GCS – Gestão da Cadeia de Suprimentos

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO – International Organization for Standardization

PNASS–Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde

PNH - Política Nacional de Humanização

PNHOSP – Política Nacional de Atenção Hospitalar

PPA – Plano Plurianual

SEPLAN – Secretaria de Estado de Planejamento e Finanças

SESAP – Secretaria de Estado da Saúde Pública

SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade

SIH - Sistema de Informação Hospitalar

SIOPS – Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde

SUCOPE– Subcoordenadoria de Convênios e Projetos Específicos

SUS – Sistema Único de Saúde

Page 13: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

xiii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 1

1.1 Objetivos ....................................................................................................................................3

1.1.1 Objetivos Específicos .................................................................................................................... 3

1.2 Justificativas do projeto de pesquisa .....................................................................................4

1.3. Estrutura da Dissertação ................................................................................................................6

2. CADEIA DE SUPRIMENTOS DE HOSPITAIS E SUA GESTÃO ................................... 8

2.1 Cadeia de Suprimentos ...................................................................................................................8

2.2 Gestão da Cadeia de Suprimentos .................................................................................................9

2.3 Práticas adotadas e que influenciam a Gestão da Cadeia de Suprimentos ........................... 10

2.3.1 Dimensões relacionadas a práticas de GCS .............................................................................. 10

2.4 A área da saúde no Brasil ............................................................................................................ 12

2.4.1 Gastos com Serviços de Saúde no Brasil ................................................................................... 13

2.5 Sistema Único de Saúde – SUS ................................................................................................... 15

2.5.2 Diretrizes legais relacionadas ao SUS ......................................................................................... 16

2.6 Gestão da Cadeia de Suprimentos Hospitalar e suas práticas ................................................ 18

3. GESTÃO DA QUALIDADE E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ................................ 27

3.1 A Série ISO 9000 ............................................................................................................................ 28

3.1.1 A NBR ISO 9001:2015........................................................................................................................ 29

4. MÉTODO DA PESQUISA ......................................................................................................... 31

4.1 Etapas da Pesquisa ....................................................................................................................... 31

4.2 Instrumento de pesquisa .............................................................................................................. 33

4.2.1 Validação do instrumento de pesquisa ................................................................................... 35 4.2.2 Coleta de dados a partir de questionários .................................................................................. 37

4.3 Análise de dados ........................................................................................................................... 38

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................... 40

5.1 Perfil da amostra ........................................................................................................................... 40

5.2 Apresentação dos resultados e discussão ................................................................................ 40

5.2.1 Freqüência das respostas por grau de concordância para os itens das dimensões de práticas de GCS e desempenho operacional ....................................................................................... 40 5.2.2 Correlação entre as respostas para os itens da dimensão desempenho operacional e

as respostas para itens de práticas de GCS ........................................................................................ 49

Page 14: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

xiv

5.2.3 Freqüência das respostas por grau de concordância para os itens das dimensões Práticas de GCS e Desempenho Operacional por região de Saúde............................................... 52

5.3 Proposta de padrão com base na NBR ISO 9001 para implementação de práticas de GCS

nos Hospitais da SESAP RN ............................................................................................................ 640

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 69

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 71

APÊNDICES .......................................................................................................................................... 76

ANEXO .................................................................................................................................................... 82

Page 15: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

1

1. INTRODUÇÃO

A área de saúde possui uma complexa cadeia de suprimentos, gerando grandes

impactos nos serviços prestados a seus clientes (WERNZ; ZHANG; PHUSAVAT, 2014).

A gestão da cadeia de suprimentos (GCS), no âmbito hospitalar, pode auxiliar

viabilizando o acesso aos atendimentos diagnósticos, terapêuticos, ou

desenvolvendo novas tecnologias de saúde para preservar ou salvar vidas no

mundo inteiro. A evolução da GCS tem oportunidades promissoras para melhorar o

desempenho da organização hospitalar.

No Brasil, observa-se elevado tempo de espera para atendimentos de

urgência, desabastecimento em ambulatórios e hospitais públicos, baixa

resolutividade das Unidades Básicas de Saúde (USB) e o insuficiente acesso a

exames de média e alta complexidade para os usuários do SUS. Diante desta

realidade a Organização Mundial de Saúde - OMS atribuiu ao Brasil a 125a posição

entre os 191 países do ranking mundial em qualidade de saúde pública.

O serviço público costuma atribuir à escassez de recursos financeiros a causa

da baixa qualidade da saúde pública brasileira. De fato, há o impacto negativo do

desabastecimento, ocasionado por disfunções da execução orçamentária. Todavia,

questões como os desperdícios de insumos adquiridos, a pouca qualificação dos

profissionais da área de aquisição e as falhas de planejamento logístico nas

organizações públicas de saúde, devem ser consideradas.

O modelo estrutural de gerência pública brasileira envolve organizações

estatais, públicas não-estatais, corporativas e privadas (BRESSER-PEREIRA, 2008).

Motta (2013) afirma ser impossível planejar e agir, em qualquer área da

Administração, sem a visão planetária – ou holística. Essa visão impõe à

Administração Pública um novo papel colaborativo, de incentivo, de regulação e de

controle, para proteger não só a produção de bens e serviços, mas o próprio

interesse nacional.

O setor de prestação de serviços em saúde desenvolve suas atividades

dentro de ambientes complexos e muito dinâmicos, que requerem o atendimento a

requisitos diversos para a conclusão satisfatória de seu propósito. Fitzsimmons e

Fitzsimmons (2014) afirmam que o setor de serviços necessita de uma abordagem

gerencial que vá além de simples adaptações das técnicas encontradas no setor de

Page 16: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

2

manufatura, tamanha a complexidade do setor serviços. Neste sentido, se torna

imprescindível conhecer a cadeia de suprimentos da instituição de saúde, para a

qual se deseje obter um produto que satisfaça sua clientela.

Ampliar o conhecimento acerca de gestão da cadeia de suprimentos no

âmbito da prestação de serviços de saúde pode colaborar positivamente tanto para

os profissionais do setor de serviços como, também para os pesquisadores que

realizam estudos adicionais no campo (BALTACIOGLU; TUNCDAN et al, 2007). A

Cadeia de abastecimento hospitalar e seu impacto no desempenho das unidades de

saúde são bem reconhecidos

Melhorias aplicadas à cadeia de suprimentos além de significar excelentes

resultados para os elos que a compõem, também maximizam o valor para o

consumidor final (CHRISTOPHER, 2009). Empreender esforços em prol de uma

gestão dos serviços de saúde alinhada ao propósito assistencial da instituição de

forma sistematizada é um caminho para a melhoria do atual panorama da saúde.

Segundo Prajogo et al. (2012), uma das premissas centrais da coletânea de

normas ISO 9000 é regular as atividades da cadeia de abastecimento, que incluem

processos internos, bem como as atividades da rede em relação aos clientes e

fornecedores. Como tal, a implementação da ISO 9000 deve trazer mudanças

positivas para atividades de supply chain.

Práticas de gestão da qualidade podem gerar resultados positivos. Um

modelo eficaz de GCS pode conduzir a uma redução do total de recursos para

fornecer o nível necessário de serviço ao cliente para um segmento específico e

melhorar a satisfação das partes interessadas, através de uma maior disponibilidade

do produto e da ordem reduzida do tempo de ciclo e com a redução dos custos

(BANOMYONG, 2011).

A Organização Mundial da Saúde – OMS (2000) define os serviços de saúde

como sendo o conjunto de atividades cujo propósito primário é promover, restaurar e

manter a saúde de uma população. Assim, este estudo se propôs a contribuir na

ampliação dos conhecimentos na gestão da cadeia de suprimentos em serviços de

saúde no setor público, especificamente no tocante ao abastecimento de hospitais

públicos.

Outra contribuição se efetuou por meio do desenvolvimento de análise das

práticas de gestão de cadeia de suprimento adotadas pelos hospitais da SESAP,

além de propor padrão para implementação de práticas de GCS baseado na norma

Page 17: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

3

da Qualidade ISO 9001, dispondo de um plano de ação para implementação, com

horizonte de curto médio e longo prazo.

O sistema de saúde brasileiro possui grande diversidade de profissionais

envolvidos e é muito complexo, considerando este fato, o escopo deste estudo foi

definido para a Rede de hospitais públicos do estado do Rio Grande do Norte, sob a

gestão da Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN, considerando os órgãos

que compõem tal Organização.

A Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte –

SESAP/RN tem a sua missão estabelecida no âmbito da Administração Estadual,

estando a sua linha de competência atrelada à responsabilidade de coordenar e

implementar a Política Estadual de Saúde em consonância com os princípios e

diretrizes do Sistema Único de Saúde, na perspectiva da promoção à saúde,

atenção integral à saúde, promovendo a melhoria da qualidade de vida da

população norteriograndense. A SESAP/RN, órgão de natureza substantiva,

integrante da Administração Direta, foi fundada em 1964, através da Lei nº 3.088, de

17/02/1964.

Com base no contexto apresentado, o presente trabalho parte do pressuposto

que a adoção de práticas de gestão da qualidade contribui positivamente para o

gerenciamento da cadeia de suprimentos de hospitais públicos e assim a promoção

da saúde dos seus usuários. Assim a pesquisa buscou responder ao seguinte

problema de pesquisa: "Quais as práticas de gestão de cadeia de suprimentos

adotadas pelos hospitais públicos de gestão estadual no Rio Grande do Norte e qual

a contribuição destas práticas para o desempenho operacional destas unidades

hospitalares?".

1.1 Objetivos

O objetivo geral é identificar as práticas mais relevantes acerca da Gestão de

Cadeia de Suprimentos, adotadas por hospitais e quais devem ser inseridas nas

linhas de atenção hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio

Grande do Norte – SESAP, com vistas na melhoria da Qualidade.

1.1.1 Objetivos Específicos

Page 18: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

4

Os objetivos específicos foram planejados de modo a suportar o objetivo geral

e assim assegurar que este seja alcançado. Desta forma foram determinados os

seguintes:

▪ Identificar as principais práticas de Gestão de Cadeia de Suprimentos

(GCS) em hospitais descritas na literatura acadêmica;

▪ Enquadrar a estrutura padrão de GCS na estrutura padrão da Norma da

Qualidade, a ISO 9001:2015;

▪ Correlacionar as práticas de GCS adotadas pelos hospitais públicos

estaduais do RN com as principais práticas de GCS hospitalares

evidenciadas na literatura acadêmica e

▪ Propor à SESAP padrão para implementação de práticas de GCS em seus

hospitais, baseado nos requisitos da norma da Qualidade a NBR ISO

9001:2015.

1.2 Justificativas do projeto de pesquisa

O setor hospitalar, objeto deste estudo, é notadamente de fundamental

importância à população pela prestação de serviços de atenção à saúde, além de

sua relevância econômica. Os objetivos deste estudo foram definidos considerando

a importância social da prestação de serviços de saúde à população, a relevância

econômica, por representar 3,5% do PIB e quase 50% destes serem recursos

públicos, a possibilidade de a Gestão da Cadeia de Suprimentos oferecer

oportunidades de aperfeiçoamento dos processos e de melhor utilização dos

recursos e a aparente ausência de pesquisas sobre o tema no setor (IUKIMITSU et

al., 2009).

De modo geral, os hospitais brasileiros públicos e privados caracterizam-se

por sua cadeia de suprimentos ineficiente e inadequada utilização de seus recursos,

gerando o encarecimento dos custos hospitalares. Esse fato deve-se a pouca

integração dos que compõem a Saúde (NETO; MALIK, 2007). Justifica-se a escolha

pelo setor hospitalar dada a importância em elucidar as melhores práticas da GCS e

que contribuam para uma maior eficiência administrativa e melhoria da gestão e dos

processos hospitalares.

No estado do Rio Grande do Norte muitas são as protestações, por parte dos

usuários do SUS, acerca da falta de assistência à saúde, de medicamentos e de

vários outros insumos afins. A SEPLAN (2016), através do projeto Governança

Page 19: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

5

Inovadora, publicou o resultado da pesquisa de opinião, que questionou à

população, dentre outras coisas, “quais são as áreas em que os problemas são

maiores hoje no Estado do RN?”. A área da saúde foi indicada por 25,9% dos

respondentes, estando abaixo somente da Segurança (28,1%). (Figura 1).

Figura 1- Áreas com maiores problemas no RN segundo opinião de sua população

Fonte: SEPLAN RN/ Governança Inovadora, 2016.

A previsão orçamentária para gastos com a Saúde no RN previsto no Plano

Plurianual – PPA (2012-2015) foi da ordem de R$ 2.009.783.000,00. Todavia, este

orçamento não foi o suficiente para o cumprimento das despesas com a saúde no

RN.

Este cenário motivou o interesse em se identificar quais são as práticas de

gestão da cadeia de abastecimento dos hospitais públicos do RN, particularmente

àqueles sob a gestão direta da SESAP e com isto contribuir com proposta para sua

melhoria. Diante dos fatos apresentados, o estudo tem por base as seguintes

justificativas:

1) contribuir para ampliar a produção acadêmica acerca da gestão da cadeia de

suprimentos com foco em instituições de saúde;

2) ampliar o conhecimento sobre a gestão da cadeia de suprimentos no segmento

da saúde para os servidores públicos, para sociedade em geral e especialmente

para o cliente-paciente;

3) viabilizar a otimização na produtividade da prestação de serviços de assistência à

saúde, mediante adequada gestão da cadeia de suprimentos, de hospitais públicos

do Rio Grande do Norte, procurando combinar a adequada utilização do

28,10% 25,90%

19,30%

10,10%8,00%

5,70%1,90%

0,40% 0,40%

Page 20: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

6

investimento público e a redução de custos com o aumento no nível de serviço ao

usuário do SUS.

1.3. Estrutura da Dissertação

A pesquisa está organizada em 6 seções conforme ilustrado na Figura 1.2.

O Capítulo 1 – Introdução - contextualiza o tema e a problemática da pesquisa,

ressaltando a relevância do trabalho, a questão-problema, os objetivos do projeto e a

estrutura do trabalho.

O Capítulo 2 – Cadeia de Suprimentos de Hospitais e sua gestão - cujo referencial

teórico tratou da evolução dos conceitos, cadeia de suprimentos, gestão da cadeia

de suprimentos e a formação dos processos ao longo de sua realização em serviços

de saúde. Um framework expõe as principais práticas de gestão de cadeia de

suprimentos no âmbito hospitalar.

O Capítulo 3 – Gestão da qualidade e da cadeia de suprimentos – aborda os

princípios da qualidade, a evolução das normas ISO 9001 e suas aplicações com

foco em melhoria contínua e gestão de riscos, bem como suas interfaces com as

práticas de gestão de cadeia de suprimentos.

O Capítulo 4 – Método de pesquisa – Apresenta de forma detalhada o método

escolhido, com a definição dos instrumentos para coleta de dados e os critérios para

seleção da amostra em cada etapa do trabalho de modo a adquirir os subsídios

necessários para responder aos questionamentos da pesquisa.

O Capítulo 5 – Resultados e discussões – Considera todo o trabalho de campo

realizado, identificando as estruturas dos processos envolvidos, a percepção dos

gestores de suprimentos hospitalares da SESAP acerca da adoção de práticas de

GCS nos hospitais públicos estaduais do RN. Nesta seção foi proposto um modelo

conceitual que correlaciona a estrutura padrão de GCS e a Norma ISO 9001:2015,

para inserção de práticas de GCS baseado na Gestão da Qualidade para os

hospitais SESAP RN, em função da questão-problema e dos objetivos da pesquisa.

O Capítulo 6 – Conclusão – Conclui a pesquisa, apresentando discussões sobre o

tema, futuras sugestões de pesquisas e limitações do estudo.

Page 21: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

7

MÉTODO DE PESQUISA

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Fonte: Elaboração própria, 2017.

Capítulo 2

Cadeia de Suprimento

s de Hospitais e sua gestão

Conceitos

Práticas de GCS na Saúde

Dimensões

Capítulo 3

Gestão da Qualidade e da cadeia de suprimentos

ISO 9001: 2015

RiscosDesempenho

Capítulo 4

Qualitativa / Quantitativa

Revisão de literatura Survey

Capítulo 5

Capítulo 6 – Conclusão

Correlação das práticas de GCS dos hospitais SESAP e

Literatura

Perfil de gestão de cadeia de suprimentos dos hospitais SESAP

Proposição de Padrão para GCS dos

hospitais SESAP

Figura 1.1 – Estrutura organizacional do trabalho FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Page 22: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

8

2. CADEIA DE SUPRIMENTOS DE HOSPITAIS E SUA GESTÃO

Atualmente, a busca por soluções que mantenham a eficácia, a eficiência, a

rentabilidade e um excelente padrão de serviços em saúde tem despertado o

interesse de pesquisadores, tanto da academia como de consultores corporativos.

Estabelecer conhecimento científico no tocante à cadeia de suprimentos na saúde

torna-se ponto fundamental. Este capítulo pretende contribuir para melhor

compreensão acerca do tema e com a elucidação das principais práticas adotadas

frente à cadeia de suprimentos no setor saúde, com destaque para hospitais.

A gama de prestação de serviços de saúde é demasiadamente variada. São

oferecidos serviços que vão desde simples tratamentos clínicos, até aos de alta

tecnologia operatória. Neste ambiente ainda se desenvolvem atividades tais como

contabilidade complexa e hotelaria básica. Isto torna a administração de serviços de

saúde onerosa, sendo sua supervisão e controle extremamente desafiadores. Neste

sentido, estabelecer um método de controle da cadeia de suprimentos na saúde se

faz pertinente.

A fim de melhor compreender a gestão da cadeia de suprimentos em

hospitais será exposto no próximo tópico um alinhamento conceitual do que seja

cadeia de suprimentos.

2.1 Cadeia de Suprimentos

Novaes (2007) apresenta a cadeia de suprimentos como o “caminho que se

estende desde as fontes de matéria-prima, passando pelas fábricas dos

componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores e chegando

finalmente ao consumidor através do varejista”.

Percebe-se que garantir o controle sobre a prestação de serviços requer

profundidade e amplitude de conhecimentos que abranja todas as suas áreas de

modo a integrá-las. Monitorar o desempenho e o uso dos recursos requer

informações confiáveis, atuais e disponíveis no local de uso.

A cadeia de abastecimento representa uma maneira de se visualizar todos os

passos necessários do início ao fim, para entregar produtos ou serviços ao cliente.

Uma vez que estas etapas ocorrem, há possibilidades para conflitos entre a

perspectiva da cadeia de abastecimento e as fronteiras organizacionais; ou seja,

Page 23: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

9

interfaces entre organizações tornam-se barreiras à coordenação e fluxo do produto.

Na Figura 2.1, pode-se verificar a ideia de Meijboom (2010) acerca do fluxo de uma

cadeia de suprimentos, onde a fase inicial abrange todas as atividades do começo

ao fim; o que na indústria transformadora é muitas vezes apresentadoa partir de

matérias-primas resultando em produtos ou serviços. Observa-se que uma

organização pode ser parte de mais de uma cadeia de fornecimento eque toda

atividade deve adicionar valor ao produto para o cliente final. O fluxo de informações

entre as organizações em uma cadeia de abastecimento deve ser abordado

sistematicamente.

Após compreensão conceitual do que seja cadeia de suprimentos, segue

esclarecimentos acerca da gestão da cadeia de suprimentos.

Figura 2.1- Apresentação esquemática de uma cadeia de suprimentos

Fonte: Adaptado de Meijboom et al (2010, P 310.)

2.2 Gestão da Cadeia de Suprimentos - GCS

No início do século XXI, surgiram definições para GCS mais aprofundadas,

que contemplam a questão da sustentabilidade. Um exemplo é a definição de Ellram

et al. (2004) onde afirma que GCS é a gestão de processos, bens, informações e

recursos que vai desde o mais distante fornecedor, até o cliente final, passando pela

questão do descarte de resíduos.

Como já foi evidenciado, muitas são as definições para GCS, é tanto que no

ano de 2008 o Council of Supply Chain management Professionals (CSCMP)

Fornecedor

Insumos/ Matéria Prima

Organização "A"

Organização "..."

Organização "Z"

Consumidor

Outras redes/ cadeias de suprimentos

Outras redes/ cadeias de suprimentos

Rede de Organizações

Page 24: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

10

objetivando um alinhamento conceitual, divulgou uma definição mais ampliada e com

especificação de âmbito e limites. GCS então, é definida por esse conselho como o

planejamento e a gestão de todas as atividades associadas à logística interna e

Inter-organizacional, bem como a coordenação e colaboração entre todos os

parceiros da cadeia, sejam eles fornecedores, prestadores de serviço ou

consumidores. Este estudo adotará este conceito.

No próximo item, se apresenta questões relativas às práticas desempenhadas

para o gerenciamento de cadeias de suprimentos, conforme achados na literatura

acadêmica.

2.3 Práticas adotadas e que influenciam a Gestão da Cadeia de Suprimentos

A gestão eficaz da cadeia de abastecimento (SCM) tornou-se uma forma

potencialmente valiosa de garantir vantagem competitiva e melhorar o desempenho

organizacional, uma vez que a concorrência já não existe entre as organizações,

mas entre as cadeias de abastecimento (Li et al., 2006).

2.3.1 Dimensões relacionadas a práticas de GCS

Li et al. (2005) apresentam as práticas em seis grupos: parceria estratégica

com o fornecedor, relacionamento com o cliente, compartilhamento de informação,

qualidade da informação, práticas de produção enxuta e postponement. Em seu

trabalho publicado no ano seguinte, Li et al. (2006) utilizaram cinco dimensões para

representar as práticas de GCS: parceria estratégica com o fornecedor,

relacionamento com o cliente, compartilhamento de informação, qualidade da

informação e postponement, com o objetivo de verificar o impacto destas na

vantagem competitiva e no desempenho organizacional. (Figura 2.2).

A mensuração do desempenho é um processo utilizado para quantificar a

ação que leva ao desempenho. Uma medida de desempenho pode ser definida

como a métrica usada para quantificar a eficiência e/ou efetividade de uma ação

(NEELY et al., 2005).

Rungtusanatham et al. (2003) verificaram que a maior parte dos trabalhos que

estudam o desempenho operacional faz uso das dimensões custo, qualidade,

Page 25: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

11

flexibilidade e tempo para operacionalizá-lo. Li et al. (2006), ao analisar a relação

entre as práticas de GCS e o desempenho operacional, fizeram uso das dimensões

(custo, qualidade, entrega, inovação e tempo). Foram utilizadas tais dimensões

como guia para estruturar o questionário a ser aplicado neste estudo.

Figura 2.2- Dimensões das práticas em GCS

Fonte: Elaboração própria, 2017.

Não existe um consenso entre os autores sobre quais são as principais

práticas de GCS a serem adotadas para melhorar o desempenho da cadeia de

forma geral. Numa primeira análise pode-se perceber que ainda existe uma

dificuldade em se estabelecer qual a real relação entre as práticas de GCS e o

desempenho da empresa (LA LONDE; MASTERS, 1994; MIN; MENTZER, 2004;

FABBE-COSTE; JAHRE, 2008; DESHPANDE, 2012).

Numa segunda análise, a dificuldade estaria no fato de que cada empresa

tem suas especificidades, a exemplo os diferentes níveis de complexidade, métodos

de GCS distintos, modos de operações que interferem no desempenho da cadeia de

suprimentos e ainda sua extensão e complexidade (JIANG, 2011; DESHPANDE,

2012; ELROD; SUSAN MURRAY; BANDE, 2013).

Mapear as práticas de gestão de uma cadeia de suprimentos, considerando o

fato da dificuldade em se estabelecer quais as principais práticas a serem adotadas

para melhoria do desempenho é bastante complexo. Contudo, vários autores

focaram seus estudos para obtenção de conhecimento holístico acerca da

identificação de quais são as atividades desenvolvidas quando da adoção de GCS.

D I M E N S Õ E S D A S P R Á T I C A S em Gestão da Cadeia de Suprimentos

Parceria estratégica com o fornecedor

Relacionamento com o cliente

Compartilhamento de informação

Qualidade da informação

Postponement

Page 26: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

12

O Quadro 2.1 evidencia as principais práticas identificadas, de acordo com a

literatura pesquisada.

Quadro 2.1- Atividades práticas desenvolvidas em Gestão de Cadeia de Suprimentos.

ATIVIDADE DESCRIÇÃO AUTORES

Integração Colaboração estratégica da empresa com os parceiros da GCS, gerenciando intra e inter-organizacionalmente os processos, visando melhoria da comunicação, fluxos de produtos/serviços, tomada de decisão e lucro.

Chang Won; Kwon; Severance (2007), Chen; Daugherty; Landry (2009), Flynn; Huo; Zhao (2010), Schoenherra; Swink (2012)

Coordenação Gerenciamento de fluxo de produtos, serviços, pessoas e informações, objetivando planejamento e controle das operações de GCS.

Chang Won; Kwon; Severance (2007)

Alinhamento de

Objetivos

Objetivo e foco de atendimento aos clientes comuns a todos os membros da cadeia de suprimentos.

Sandberg; Abrahamsson (2009), Deshpande (2012), Marin-Garcia; Alfalla-Luque; Medina-López (2013)

Relação com

clientes

Gerenciamento de reclamações e sugestões, construção de relacionamentos de longos prazos e melhoria da satisfação dos clientes.

Li et al. (2005)

Parceria com

fornecedores

Relacionamento de longo prazo da instituição com o fornecedor.

Li et al. (2005)

Práticas Lean Eliminação de desperdícios. Li et al. (2005)

Just in time Produção puxada, impulsionada a partir das demandas. Produção de itens necessários, quando necessários e nas quantidades necessárias.

Li et al. (2005), Aronsson; Abrahamsson; Spens (2011)

Estratégia para

suprimentos

Atividades de suprimentos alinhadas ao propósito estratégico da instituição.

Chen; Paulraj (2004); Deshpande (2012)

Compartilhamento

de riscos e

recompensas

Distribuição justa dos riscos, custos e benefícios entre os membros da cadeia.

Narayanan; Raman (2004)

Fonte: Referencial teórico da pesquisa, 2017.

2.4 A área da saúde no Brasil

Esta seção apresenta os gastos com sistema de saúde brasileiro a fim de

justificar sua importância e os benefícios que a adoção de práticas de gestão da

cadeia de suprimentos pode trazer ao setor.

Page 27: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

13

2.4.1 Gastos com Serviços de Saúde no Brasil

Os gastos com saúde já ultrapassam 8% do Produto Interno Bruto (PIB)

brasileiro. Além disso, as proporções do PIB correspondentes à dívida pública

(45%), gastos públicos (mais de 40%) e carga tributária (35%), são consideradas

maiores do que em boa parte dos países de renda média. Sendo os hospitais a

maior fonte de gastos do sistema de saúde brasileiro, e quase 60% desse gasto é

financiado por dinheiro público. Conter o aumento de gastos se tornou importante

para a política de saúde em todos os níveis de governo (LA FORGIA et al, 2009).

Os números divulgados pela Organização Mundial de Saúde – OMS revela

que, em 2011, os gastos privados com a saúde no Brasil responderam por de 54%

das despesas totais na área, enquanto o governo financiou os 46% restantes.

Apesar do investimento substancial em saúde nos últimos anos, o Brasil ainda vive

uma contradição: é um país onde a população paga de seu próprio bolso mais de

50% dos gastos no setor, embora tenha um sistema público de saúde que prevê

gratuidade e universalidade.

Em outros países do mundo, a parcela do orçamento dos governos para

investimentos em saúde é maior, em relação ao Brasil, conforme se apresenta na

tabela 2.1.

Tabela 2.1- Percentual de investimento em saúde por países

Fonte: OMS/ 2011

PAÍS INVESTIMENTO EM SAÚDE (%)

Suíça 21%

Holanda 20,6%

Argentina 20,4%

Estados Unidos 19,8%

Colômbia 18,5%

Alemanha 18,5%

Japão 18,2%

Noruega 17,7%

Chile 15,1%

China 12,5%

Brasil 8,7%

Índia 8%

Afeganistão 3,3%

Média Mundial: 11,7%

Page 28: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

14

De modo a evidenciar discreto aumento nos percentuais de investimento

orçamentário em saúde conforme divulgado em 2011, os dados do IBGE (2014)

informam que os investimentos em saúde no Brasil, já ultrapassaram 9% do Produto

Interno Bruto – PIB, com tendência de crescimento para os próximos anos. Este fato

provavelmente se deve ao fato do aumento da expectativa de vida, melhoria na

distribuição da renda, investimento da iniciativa privada em hospitais de alto padrão

e investimento governamentais. A figura 2.3 detalha os gastos com saúde no Brasil

em 2014.

O setor privado tem uma maior participação em se tratando de investimentos

em saúde no Brasil. De cada R$ 100,00 investidos, R$ 54,00 são custeados por

famílias e empresas brasileiras. Os R$ 46,00 restantes correspondem a participação

do poder público (IBGE,2014).

Figura 2.3- Gasto total com saúde no Brasil: público e privado (% e R$ bilhões) – 2014

Fonte: Ministério da Saúde (SIOPS), ANS e IBGE, 2014.

De acordo com os especialistas, o Brasil é o único país que conta com um

sistema de saúde pública em que o gasto do governo é inferior ao gasto da iniciativa

privada. A tabela 2.2 apresenta o número de hospitais existentes no Brasil, onde a

quantidade de hospitais privados supera a quantidade de públicos.

Page 29: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

15

Tabela 2.2- Percentual de hospitais no Brasil.

HOSPITAIS PERCENTUAL

Municipais 21%

Estaduais 8%

Federais 1%

Privados 70%

Total: 6.657

Fonte: CNES – Maio/2016.

Diante desta realidade, torna-se importante gerir os gastos públicos com

insumos de saúde, ou seja, aperfeiçoar a gestão da cadeia de suprimentos

atualmente estabelecida quando da prestação de serviços. Estudos mostram que

uma parcela significativa dos custos associados a cadeias de abastecimento na área

de cuidados de saúde pode ser reduzida através da implementação de cadeias de

fornecimento eficazes (Burns, 2000; Da costa-Claro, 2002; Oliveira e Pinto, 2005).

2.5 Sistema Único de Saúde – SUS

Esta seção apresenta o Sistema Único de a fim de justificar sua importância

frente à prestação de serviços de assistência hospitalar e que a adoção de práticas

de gestão da cadeia de suprimentos pode trazer ao setor de saúde pública, alvo

deste estudo.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído pelo conjunto das ações e de

serviços de saúde sob gestão pública. Está organizado em redes regionalizadas e

hierarquizadas e atua em todo o território nacional, com direção única em cada

esfera de governo. O SUS não é, porém, uma estrutura que atua isolada na

promoção dos direitos básicos de cidadania. Insere-se no contexto das políticas

públicas de seguridade social, que abrangem, além da Saúde, a Previdência e a

Assistência Social.

A Constituição brasileira estabeleceu o Sistema Único de Saúde – SUS como

o principal provedor de serviços de saúde à população do Brasil. Desde meados dos

anos 80, reformas buscaram reestruturar o sistema de saúde brasileiro, de modo a

descentralizar sua coordenação para o nível estadual, a estabelecer formatos de

participação social, consolidar unificação do sistema, a descentralizar a oferta do

serviço de saúde para o nível municipal, a implantar meios para alocação de

Page 30: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

16

recursos federais, a distinguir os papéis institucionais, definir mudanças legais e

regulatórias, entre outras (LA FORGIA e COUTTOLENC , 2008).

Conseqüentemente, tais reformas mudaram a estrutura, a organização e o

financiamento do sistema de saúde brasileiro.

2.5.1 Responsabilidades à nível de governo

A saúde é um dever do Estado, sendo este não apenas o governo federal,

mas o poder público, abrangendo a União, os estados, o Distrito Federal e os

municípios.

A Lei n. 8.080/90 (BRASIL, 1990) determina, em seu artigo 9º, que a direção

do SUS deve ser única, de acordo com o inciso I do artigo 198 da Constituição

Federal, sendo exercida, em cada esfera de governo, pelos seguintes órgãos:

I. no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;

II. no âmbito dos estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde

ou órgão equivalente;

III. no âmbito dos municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão

equivalente.

2.5.2 Diretrizes legais relacionadas ao SUS

2.5.2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A Constituição Federal Brasileira de 1988 define o conceito de saúde,

incorporando novas dimensões. Para se ter saúde, é preciso ter acesso a um

conjunto de fatores, como alimentação, moradia, emprego, lazer, educação etc.

Neste documento o SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo:

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e

hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as

seguintes diretrizes:

I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo

dos serviços assistenciais;

III. Participação da comunidade.

Page 31: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

17

Parágrafo único – O Sistema Único de Saúde será financiado, com recursos do

orçamento da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, além de outras fontes.

2.5.2.2 LEI N. 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 – LEI ORGÂNICA DA SAÚDE

A Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos

serviços correspondentes. Essa lei regula em todo o território nacional as ações e os

serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou

eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado (BRASIL,

1990).

A Lei n. 8.080/90 trata:

a. da organização, da direção e da gestão do SUS;

b. da definição das competências e das atribuições das três esferas de governo;

c. do funcionamento e da participação complementar dos serviços privados de

assistência à saúde;

d. da política de recursos humanos;

e. dos recursos financeiros, da gestão financeira, do planejamento e do orçamento.

2.5.2.3 LEI N. 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990

A Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da

comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências

intergovernamentais de recursos financeiros na área de saúde, entre outras

providências. Também instituiu as Conferências e os Conselhos de Saúde em cada

esfera de governo (BRASIL, 1990).

A Lei n. 8.142/90 trata, ainda, da alocação dos recursos do Fundo Nacional

de Saúde, do repasse de forma regular e automática para municípios, estados e

Distrito Federal. Para o recebimento desses recursos, os municípios, os estados e o

Distrito Federal devem contar com:

i) Fundo de Saúde;

ii) Conselho de Saúde;

iii) Plano de Saúde;

iv) Relatório de Gestão;

v) Contrapartida de recursos para a Saúde no respectivo orçamento e

Page 32: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

18

vi) Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS).

De acordo princípio da universalidade, todos os brasileiros têm direito aos

serviços do SUS, sendo esse acesso universal, nada pode ser restringido. O SUS

deve disponibilizar, a todos os brasileiros, um conjunto de serviços, com base em

protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas e por meio de amplo movimento de

discussão que envolva os gestores de saúde na Comissão Intergestores Tripartite e

o Conselho Nacional de Saúde.

2.6 Gestão da Cadeia de Suprimentos Hospitalar e suas práticas

Nesta seção, serão apresentados os trabalhos encontrados na revisão da

literatura relacionados ao tema GCS no setor hospitalar.

A cadeia de suprimento de um hospital envolve medicamentos e

equipamentos em geral. O abastecimento hospitalar é complexo, sendo que a

importância dos materiais no hospital não se mede apenas pelo valor econômico,

mas sim pela prestação assistência e serviços ao paciente. “Uma cadeia de

suprimento é um conjunto de unidades produtivas unidas por um fluxo de materiais e

informações com o objetivo de fazer as necessidades de usuários ou clientes

específicos” (BARBIERI, 2006). A Figura 2.4 ilustra uma cadeia de abastecimento

hospitalar.

Figura 2.4- Cadeia de suprimentos de um hospital

Fonte: Elaboração própria, 2017.

HOSPITAL

PACIENTE

Indústria Farmacêutica

Indústria de equipamentos e

materiais hospitalares

Distribuidores

Atendimento

FORNECEDORES

Aquisição Recebimento

Armazenagem Distribuição

Prescrição, Dispensação e Administração

Page 33: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

19

A natureza das atividades hospitalares é de grande complexidade,

principalmente pelos elementos de intangibilidade que caracterizam suas funções,

porém tal situação não exclui a necessidade de melhoria do seu contexto

competitivo e aprimoramento operacional visando acréscimos no desempenho de

seu nível de serviço.

2.3.2 Barreiras relacionadas a práticas de GCS na Saúde

A área da saúde apresenta um cenário cuja característica principal é uma

intensa rede de serviços cada vez mais personalizados e com uma significativa

necessidade de colaboração entre os diversos atores que compõem sua cadeia de

suprimentos (BOYER; PRONOVOST, 2010).

Em seu estudo, Burns (2011) destaca as principais barreiras encontradas na

GCS na área de saúde, as quais são:

• Incorporação tecnológica constante aliada à pressão do corpo clínico pela

aquisição de novos insumos com ciclos de vida de curta duração e alto custo;

• Complexidade na previsão do volume e tipo de procedimentos clínicos a serem

realizados;

• Ausência de padronização de medicamentos e materiais hospitalares;

• Falta de infraestrutura adequada de tecnologia da informação e

• Capacitação deficiente dos colaboradores. (Figura 2.5).

Buscando melhor conhecimento acerca das práticas hospitalares em GCS, as

quais ocorrem no mundo, foi realizada pesquisa na base de dados Scopus. Assim foi

possível saber que são relativamente recentes os estudos acerca da gestão da

cadeia de suprimentos hospitalar, sendo ainda poucos os artigos produzidos nesta

temática. De acordo com a base de dados Scopus, até o presente momento foram

publicados 19 artigos com foco específico em GCS Hospitalar nos últimos 15 anos

(2002 a 2016).

Destaca-se os autores Uthayakumar, R., Priyan, S.(2013) que descrevem um

modelo de inventário que integra uma revisão contínua com produção e distribuição

para uma cadeia de suprimentos envolvendo uma empresa farmacêutica e uma

cadeia de suprimentos hospitalares. O modelo considera vários produtos

farmacêuticos, tempo de execução variável, atrasos de pagamento permitidos,

restrições à disponibilidade de espaço e o nível de atendimento ao cliente.

Page 34: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

20

Fonte: Elaboração própria, 2017.

Incorporação Tecnológica constante

Aquisição de novos insumos

Ciclo de Vida Curto Alto custo

Complexa previsão

Volume de Procedimentos Tipos de Procedimentos

Ausência de Padronização

Medicamentos Materiais hospitalares

Falta de infraestrutura de TI Baixa capacitação dos colaboradores

BARREIRAS DE GCS NA SAÚDE

Figura 2.5- Barreiras para GCS na área da Saúde

Page 35: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

21

A figura 2.6 apresenta a Time line dos artigos publicados acerca de gestão da

cadeia de suprimentos na no âmbito hospitalar.

Figura 2.6- Time line dos artigos publicados acerca de cadeia de suprimentos no âmbito hospitalar.

Fonte: Dados pesquisados pela autora, Scopus – Elsevier, 2017.

As áreas de interesse as quais publicaram seus estudos no período

mencionado. Destaca-se que as áreas técnicas de Medicina e Enfermagem somam

o total de 66% de estudos produzidos nesta temática, o que denota considerável

interesse, por parte destas categorias profissionais, acerca de produção científica

que aborde o gerenciamento na saúde. Justamente estas duas áreas estão

diretamente relacionadas a processos finalísticos da prestação de serviços de

saúde.

A partir da análise dos artigos, foi identificado que as publicações iniciais

acerca da témática deste estudo ocorreram no ano de 2002, sendo dois artigos

publicados. Os anos em que ocorreu maior número de publicações científicas em

GCS Hospitalar são 2013 (3), 2014 (4) e 2015 (4).

Dos 19 artigos publicados, conforme base de dados Scopus, destacam-se no

ranking de países com mais publicações, acerca do tema “GCS Hospitalar, os

Estados Unidos com (21,05%), seguido da Índia com (15,78%). O Brasil com as

publicações “A Organização do abastecimento do hospital público a partir da cadeia

produtiva: uma abordagem logística para a área de saúde” e “A management model

for decision making at the hospital supply chain to minimize waste” surge com o

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

1

2

3

4

5

Page 36: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

22

percentual de (10,52%). da amostra, juntamente com as demais nações que

compõem o restante da amostra. Figura 2.7.

Figura 2.7- Publicações por país de origem.

Fonte: Dados pesquisados pela autora, Scopus – Elsevier, 2017.

Com relação às Revistas com maior prevalência em publicações sobre GCS

Hospitalar, destacam-se as seguintes: International Journal Of Supply Chain

Management e Operations Research For Health Care.

Os artigos mais relevantes encontrados em consulta à base de dados

Scopus, relativos à GCS no setor hospitalar, são apresentados no Quadro 2.3. O

quadro foi elaborado de modo a expor uma síntese dos estudos encontrados

segundo o tema estudado, os objetivos da pesquisa e a metodologia utilizada.

Embora ainda sejam poucos os estudos produzidos com foco em Gestão de

Cadeia de Suprimentos Hospitalar, os resultados da pesquisa apontaram que as

suas contribuições são muito significativas e podem promover impactos positivos

quando adotadas as práticas descritas.

A Figura 2.8 expõe a rede dos principais autores que em seus estudos

abordaram as práticas de GCS Hospitalar.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Países

No.

Page 37: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

23

Figura 2.8: Rede de autores que abordaram Práticas de GCS Hospitalar.

Fonte: Elaboração própria, 2017.

Ao estudar sobre monitoramento de cadeia de suprimentos, Chapman; Cook

(2002) elucidaram modelo de sistema de gestão de dados que permite a análise por

pares do desempenho em relação aos níveis de estoque e ao desperdício de

glóbulos vermelhos do sangue. De forma inovadora para época, o sistema de

gerenciamento de dados baseado na web que permitiu a coleta de dados e

benchmarking da prática, o que pôde impulsionar mudanças na prática de gestão de

estoque, otimizando assim o uso do sangue doado.

Contribuindo com os estudos acerca do controle e monitoramento de

abastecimento farmacêutico, Uthayakumar; Priyan, (2013), percebeu que a falta de

medicamentos e uso indevido de produtos farmacêuticos não só pode levar a perdas

financeiras, mas também têm um impacto significativo sobre os pacientes. Em seu

trabalho desenvolveu procedimento que determina soluções ótimas para tamanho

do lote de estoque, o tempo de execução e o número de entregas visando alcançar

metas hospitalares com um custo total mínimo para a cadeia de suprimentos.

Destaca-se no Brasil estudo que descreveu uma metodologia para organizar

o fornecimento de materiais médicos em hospitais públicos, com base numa

abordagem de pesquisa-ação. Segundo Infante; Santos, (2007) as intervenções

desta pesquisa basearam-se no pressuposto de que uma parcela significativa dos

problemas nas instalações do Sistema Único de Saúde (SUS) decorre do fato de

que seus serviços clínicos e administrativos não se consideram pertencentes à

mesma cadeia produtiva.

Page 38: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

24

Segundo Mettler (2011), as práticas de gestão de relacionamento com

fornecedores e aprendizagem colaborativa contribuem para resultados positivos na

identificação de lacunas de desempenho, sistematizando iniciativas de melhoria na

CS dos hospitais.

Ampliando a abrangência nesta temática, Bhakoo; Singh; Sohal (2012),

realizaram estudo de caso que envolveu uma rede de fornecimento de dez

organizações de saúde (três fabricantes farmacêuticos, dois atacadistas /

distribuidores e cinco hospitais públicos). Os resultados da pesquisa apontaram que

a aplicação de acordos de colaboração entre fabricantes e grossistas / distribuidores

melhora as práticas de gestão de inventário em todas as cadeias de abastecimento.

Objetivando incorporar melhorias aos processos logísticos na área hospitalar,

Aguilar-Escobar et al (2013) analisaram como a aplicação dos princípios Lean

podem melhorar os custos logísticos e a satisfação dos usuários. Os dados

mostraram uma melhoria na gestão logística após a implementação dos princípios

Lean. Segundo esta pesquisa os custos de logística foram reduzidos e o nível de

satisfação dos usuários internos com o sistema de logística proposto foi aumentado.

Chandra et al. (2013), elaboram seu estudo com foco em gestão de materiais,

custos e continuidade da assistência. Descreveu um modelo inovador, denominado

Hospital Revolving Fund (HRF), desenvolvido em um instituto de pesquisa terciária

de cuidados na Ásia. A ideia principal subjacente ao surgimento da HRF era garantir

a disponibilidade de todos os suprimentos no hospital para que a qualidade da

prestação de cuidados de saúde não fosse afetada.

Segundo Uthayakumar; Priyan, S. (2013), a GCS farmacêutica é altamente

complexa e sensível ao nível de serviço e ao cliente. A responsabilidade de

assegurar que o medicamento certo chegue ao paciente certo, no momento certo e

na condição certa é o que se espera. Complementando o estudo anterior, Priyan;

Uthayakumar (2014), estudarem sobre controle e monitoramento de inventário.

Afirmaram que uma gestão eficaz de produtos farmacêuticos é necessária a fim de

se garantir a disponibilidade de 100% do produto no momento certo, com o custo

certo, em boas condições para os clientes certos.

Page 39: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

25

Quadro 2.2- Práticas de GCS Hospitalar e contribuições de pesquisas dentre os autores mais citados na temática

Fonte: Elaboração própria, 2017.

AUTOR PRÁTICA DE GCS HOSPITALAR CONTRIBUIÇÃO

Uthayakumar, R., Priyan, S. (2013)

Controle e monitoramento de abastecimento farmacêutico.

Procedimento para determinar soluções ideais de inventário, tempo de execução e no de distribuições para cadeia de fornecimento.

Bhakoo, V., Singh, P., Sohal, A. (2012)

Acordos colaborativos entre parceiros de cadeias de suprimentos hospitalares para gerenciar inventários.

Identificação de variáveis contingentes para a implementação de acordos de gestão colaborativa de inventário entre parceiros da cadeia de abastecimento de cuidados de saúde.

Chapman, J.F., Cook, R. (2002) Monitoramento de cadeia de suprimentos.

Sistema de gerenciamento de dados baseado na web que permite coleta de dados e benchmarking da prática.

Mettler, T. (2011) Gestão de relacionamento com fornecedores e aprendizagem colaborativa.

Modelo de maturidade que vincula métricas para prescrever a evolução de práticas-chave, serviços de TI e habilidades de pessoas.

Aguilar-Escobar, V.G. et al (2013)

Aplicação dos princípios Lean para melhorar os custos logísticos e a satisfação dos usuários.

Modelo de aplicabilidade e adequação dos princípios Lean para melhorar os custos operacionais de logística e aumentar a satisfação do usuário.

Priyan, S., Uthayakumar, R. (2014)

Controle e monitoramento de inventário.

Modelo de inventário integrado para produtos farmacêuticos em uma cadeia de fornecimento de dois escalões, que oferece a tomada de decisão estratégica para atingir o nível de atendimento ao cliente-alvo do hospital com o custo mínimo da cadeia de suprimentos.

Holm, M.R., Rudis, M.I., Wilson, J.W. (2015)

Controle e monitoramento de inventário. Programa Farmacêutico de Inventário Informatizado

Elleuch, H. et al (2014) Gerenciamento de riscos na cadeia de suprimentos (SCRM).

Estrutura de SCRM composta por diferentes técnicas e procedimentos especializados que podem auxiliar os responsáveis pela decisão da cadeia de suprimentos a identificar, avaliar e gerenciar riscos.

Infante, M., Dos Santos, M.A.B. (2007)

Fornecimento e gerenciamento de materiais

Metodologia para organizar o fornecimento de materiais médicos em hospitais públicos.

Bhuiyan Albarune, A.R. et al (2015)

Aprendizagem operacional e estratégica. Modelo de gestão da cadeia de suprimentos para gestão hospitalar integrada.

Chandra, H. et al (2013) Gestão de materiais, custos e continuidade da assistência.

Elaboração de um mecanismo de cadeia de abastecimento autossustentável, viável para assegurar a disponibilidade dos materiais certos, no momento certo a uma custo razoável.

Page 40: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

26

Em consonância com o atual momento em que ações em prol da segurança

do paciente são implementadas na área hospitalar, Elleuch et al. (2014), estudaram

acerca de gerenciamento de riscos na cadeia de suprimentos (SCRM). O estudo

relata que a gestão dos riscos nas cadeias de abastecimento tem surgido como uma

questão importante na gestão da cadeia de abastecimento. O estudo propôs uma

estrutura de SCRM composta por diferentes técnicas e procedimentos

especializados que podem auxiliar os responsáveis pela decisão da cadeia de

suprimentos a identificar, avaliar e gerenciar riscos. A abordagem proposta é

ilustrada através de um estudo de caso real da cadeia de abastecimento

farmacêutico hospitalar.

Para Holm; Rudis; Wilson, (2015) o Controle e monitoramento de inventário, pode

ser implementado através de um novo Programa Farmacêutico de Inventário

Informatizado (PCIP), o qual otimizaria a disponibilidade de medicamentos e

diminuiria a sua escassez.

Albarune, et al. (2015) pesquisaram sobre aprendizagem operacional e

estratégica. Este estudo revela a aplicação limitada de GCS em um hospital.

Consequentemente, os autores descrevem a recomendação e propõem um modelo

de gestão da cadeia de suprimentos que pode ser aplicado na gestão hospitalar

integrada. O modelo conceitual foi obtido após a análise exaustiva de numerosos

trabalhos de investigação.

O Quadro 2.3 evidencia a relação positiva existente entre a atual produção

acadêmica na área de GCS Hospitalar e as cinco dimenções evidenciadas por Li et

al (2006).

Page 41: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

27

Quadro 2.3- Relação entre Práticas de GCS Hospitalar e Dimensões de GCS

Fonte: Elaboração própria, 2017.

3. GESTÃO DA QUALIDADE E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Este capítulo apresenta a Gestão da Qualidade e sua relação com a gestão

de cadeia de suprimentos.

Semelhante ao recente surgimento de iniciativas para gestão da cadeia de

suprimentos, o tema da gestão da qualidade e melhoria tem sido abordado na

indústria de bens e serviços desde o início da década de 1970. Durante esta época,

a concorrência estrangeira, desafiava as arraigadas crenças de organizações, cujos

programas de qualidade consistiam principalmente na adoção de tradicionais

ferramentas e estratégias intraorganizacionais que resultavam em sucesso limitado

(ROBINSON, 2005).

AUTOR PRÁTICA DE GCS HOSPITALAR DIMENSÃO DE GCS CORRELACIONADA

Uthayakumar; Priyan, (2013)

Controle e monitoramento de abastecimento farmacêutico.

Compartilhamento da informação

Bhakoo; Singh; Sohal, (2012).

Acordos colaborativos entre parceiros de C.S. hospitalares para gerenciar inventários.

Parceria estratégica com fornecedores

Chapman; Cook, (2002)

Monitoramento de C.S. Compartilhamento da informação

Mettler, (2011) Gestão de relacionamento com fornecedores e aprendizagem colaborativa.

Parceria estratégica com fornecedores e Qualidade da informação

Aguilar-Escobar et al., (2013)

Aplicação dos princípios Lean para melhorar os custos logísticos e a satisfação dos usuários.

Parceria estratégica com fornecedores e Relacionamento com o cliente

Priyan; Uthayakumar, (2014)

Controle e monitoramento de inventário. Compartilhamento da informação

Holm; Rudis; Wilson, (2015)

Controle e monitoramento de inventário. Compartilhamento da informação

Elleuch et al., (2014)

Gerenciamento de riscos na cadeia de suprimentos (SCRM).

Relacionamento com o cliente e Qualidade da informação

Infante; Dos Santos, (2007)

Fornecimento e gerenciamento de materiais

Compartilhamento da informação e Qualidade da informação

Albarune et al., (2015)

Aprendizagem operacional e estratégica.

Qualidade da informação

Chandra et al., (2013)

Gestão de materiais, custos e continuidade da assistência.

Relacionamento com o cliente e Qualidade da informação

Page 42: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

28

Segundo Robinson (2005) no final do século XX, no entanto, as empresas

começaram a reconhecer não só a necessidade de melhoria contínua da qualidade

e de satisfazer as necessidades de seus clientes, mas também a necessidade de

competir de forma eficiente e ajustável aos mercados globais constantemente em

mutação. Como resultado, a GCS passa a contar com uma filosofia na qual as

empresas podem operar inter-organizacionalmente e fundir ambas as iniciativas

estratégicas de processos, e conseguir negócios excelência.

Programas tradicionais de qualidade, com foco em abordagens como TQM, o

Malcolm Baldrige National Quality Award (MBNQA) e ISO 9001 (padrão internacional

do sistema de gestão da qualidade), passaram desde os anos 90 a atuar de modo a

colaborar para que o abastecimento assuma uma perspectiva de cadeia, a fim de

fazer simultaneamente uso de relacionamentos com parceiros da cadeia de

suprimentos e ganhos em melhoria de qualidade essenciais para satisfação do

mercado.

3.1 A Série ISO 9000

A coletânia da norma ISO 9000 aborda vários aspectos da gestão da

qualidade e contém alguns dos padrões mais conhecidos da International

Organization for Standardization - ISO. Estes padrões fornecem orientação e

ferramentas para empresas e organizações que querem garantir que seus produtos

e serviços atendam de forma consistente aos requisitos do cliente, e que a qualidade

seja constantemente melhorada. A Série ISO 9000 está apresentada no Quadro 3.1.

Quadro 3.1- Normas pertencentes à Série ISO 9000

NORMA ENFOQUE

ISO 9001: 2015 Estabelece os requisitos de um sistema de gestão da qualidade.

ISO 9000: 2015 Abrange os conceitos básicos e linguagem específicos da norma.

ISO 9004: 2009 Concentra-se em como fazer um sistema de gestão de qualidade mais eficiente e eficaz.

ISO 19011: 2011 Estabelece orientações sobre auditorias internas e externas de sistemas de gestão da qualidade.

Fonte: Elaboração própria, 2017.

Page 43: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

29

Historicamente, em 1987 surgiu a norma ISO 9000, a qual com o passar do

tempo tornou-se um guia para que muitas organizações implantasse a gestão da

qualidade em todo o mundo. Há um senso comum de que ao se adotar as normas

ISO 9000, as empresas podem melhorar a gestão de seus processos internos,

atender melhor às expectativas dos clientes ou às pressões externa de outras partes

(Singels et al, 2001; Terziovski et al., 2007; Park et al., 2007; Jang e Lin, 2008).

Desde o surgimento das normas ISO 9000, muitos pesquisadores têm

estudado os efeitos da implementação ISO 9000 no desempenho das empresas.

Certos estudos descobriram que há benefícios internos e externos para adoção da

ISO 9000. Os benefícios internos incluem o controle gerencial, produtos e serviços

com uniformidade na qualidade e preferência de quota de mercado (ZARAMDINI,

2007). Os benefícios externos incluem uma relação estreita com os clientes e

fornecedores (KARAPETROVIC, 2005; SINGH et al, 2006).

Os resultados das pesquisas acerca do impacto obtido com a adoção da

norma ISO 9000 pelas empresas têm sido mistos. Um número de estudos sugere

que os resultados mistos dos benefícios realizados a partir aprovação ISO 9000

devem ser creditados às variações no processo de implementação das normas (Lee

et al., 2009). Em seu estudo, Naveh; Marcus (2005) sugerem que a maneira pela

qual uma empresa implementa as normas é o que causa variações no

resultado. Neste caso a falha não seria atributo da norma, e sim consequência em

decorrência da forma como a empresa internalizou suas recomendações.

3.1.1 A NBR ISO 9001:2015

Segundo a NBR ISO 9001(2015), “a adoção de um sistema de gestão da

qualidade é uma decisão estratégica para uma organização que pode ajudar a

melhorar seu desempenho global e a prover uma base sólida para iniciativas de

desenvolvimento sustentável.” Os benefícios potenciais para uma organização pela

implementação de um sistema de gestão da qualidade baseado nesta Norma são:

a) a capacidade de prover consistentemente produtos e serviços que atendam

aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares

aplicáveis;

b) facilitar oportunidades para aumentar a satisfação do cliente;

c) abordar riscos e oportunidades associados com seu contexto e objetivos;

Page 44: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

30

d) a capacidade de demonstrar conformidade com requisitos especificados de

sistemas de gestão da qualidade.

A Norma estabelece a adoção da abordagem de processo no

desenvolvimento, implementação e melhoria da eficácia de um sistema de gestão da

qualidade, objetivando aumentar a satisfação do cliente através do atendimento aos

seus requisitos. A abordagem de processo engloba a definição e a gestão

sistemáticas de processos e suas interações para alcançar os resultados

pretendidos de acordo com a política da qualidade e com o direcionamento

estratégico da organização (NBR ISO 9001, 2015).

Uma das premissas centrais da ISO 9000 é orientar as atividades da cadeia

de suprimentos – CS, que incluem processos internos, bem como as atividades da

rede de relacionamento com clientes e fornecedores. Como tal, a implementação da

ISO 9000 deve trazer mudanças positivas para as atividades de CS. Todavia, uma

extensa revisão da literatura demonstra uma falta de evidências empíricas neste

tocante, apesar do geral consenso de que clientes e gestão de fornecedores são

peças importantes e integrantes do sistema de gestão da qualidade (LO; YEUNG,

2006).

Esta Norma especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade

nas situações em que uma organização necessita demonstrar sua capacidade para

prover consistentemente produtos e serviços que atendam aos requisitos do cliente,

estatutários e regulamentares aplicáveis, e visa aumentar a satisfação do cliente por

meio da aplicação eficaz do sistema, incluindo processos para melhoria do sistema e

garantia da conformidade com os requisitos do cliente, estatutários e regulamentares

aplicáveis. Os requisitos genéricos desta norma são aplicáveis a todos os tipos de

organizações e estão apresentados na figura 3.1.

Figura 3.1- Requisitos da NBR ISO 9001:2015

Fonte: Adaptado da NBR ISO 9001 (2015)

4- Contexto da

Organização

5- Liderança

6- Planejamento

para o SGQ

7- Suporte

8- Operação 9- Avaliação do

desempenho 10- Melhoria

D C A P

Page 45: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

31

4. MÉTODO DA PESQUISA

Este capítulo apresenta a forma como o método da pesquisa foi estruturado,

caracterizando-o alinhadamente ao referencial teórico elucidado nos capítulos 2 e 3.

Nesta etapa será descrita a forma como foi desenvolvido o procedimento de pesquisa

durante o estudo.

4.1 Etapas da Pesquisa

Cada pesquisa possui um projeto implícito, se não explícito, que é

caracterizado pela sistematização de etapas que conecta os dados empíricos a

problematização inicial do estudo e tem por fim nessa sequência lógica as análises,

resultados e conclusões do trabalho (YIN, 2001). Sendo assim, a proposta dessa

pesquisa é dividida em duas etapas como veremos a seguir:

A primeira etapa da pesquisa consistiu na revisão bibliográfica com foco em

publicações de artigos acadêmicos acerca das principais práticas adotadas em

Gestão de Cadeia de Suprimentos na área hospitalar e a relação da Gestão da

Cadeia de Suprimentos com a Norma ISO 9001:2015 que trata da Gestão da

Qualidade. Os artigos foram selecionados principalmente na base de dados Scopus

– Elsevier, e no Portal Capes.

A segunda etapa consistiu na elaboração do protocolo e do questionário de

pesquisa bem como os modelos de tabelas para coleta de dados, sendo estes

alinhados ao referencial teórico pesquisado, realização de entrevistas estruturadas

conforme referencial teórico, análise e discussão dos dados seguida das conclusões

do estudo, contribuição, limitações percebidas e sugestões para futuras pesquisas. A

Figura 4 representa o desenvolvimento das etapas da pesquisa.

A pesquisa realizada caracteriza-se quanto à sua natureza como aplicada,

visto que almejou o interesse na aplicação, utilização e consequência prática do

conhecimento produzido acerca das principais práticas para o gerenciamento da

cadeia de suprimentos adotadas por hospitais, sobretudo, pelos hospitais públicos

do Rio Grande do Norte e como um padrão de GCS baseado na NBR ISO

9001:2015 pode contribuir para a adoção das melhores práticas de GCS.

Page 46: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

32

Figura 4 – Desenvolvimento das etapas da pesquisa

Fonte: Elaboração própria, 2017.

O Estudo tem centralizado mais esforços com a aplicação imediata numa

realidade pontual que na geração de conhecimento universal e sem previsão de

aplicação prática. (GIL, 2010; SILVA; MENEZES, 2001).

No que se trata ao objetivo, é possível classificá-la como exploratória e

descritiva. Segundo GIL (2010), a pesquisa exploratória é utilizada quando o assunto

escolhido é pouco explorado e torna-se difícil formular hipóteses precisas e

exequíveis. Esses estudos têm como objetivo principal obter familiaridade com o

tema abordado ou adquirir nova percepção, descobrir ideias novas (CERVO;

BERVIAN, 2002). A primeira fase da pesquisa exploratória se deu pela

sistematização bibliográfica das características mais importantes junto aos hospitais,

tendo como foco os processos de gestão de cadeia de suprimentos hospitalar.

Para a seleção das principais práticas de gestão de cadeia de suprimentos

hospitalar, procedeu-se a busca na base de dados SCOPUS durante o período de

agosto-outubro/2016, com a utilização dos descritores Supply Chain, Supply Chain

Management, Hospital, Quality Management, ISO 9001. No tocante à construção da

revisão de literatura específica acerca do tema, inserimos na busca algumas

restrições, com o objetivo de receber uma devolutiva de consulta dentro de 100% de

artigos científicos com foco em GSM aplicados a área hospitalar. Assim posto,

cumpre informar que as restrições para a busca das palavras-chave Supply Chain

Management e Hospital foi de que a mesmas constassem no título do artigo. Não

houve restrições para as demais palavras-chave. Desta forma foram obtidas

informações consistentes e elaborado um quadro com as principais práticas de

gestão de cadeia de suprimentos hospitalar conforme literatura pesquisada.

Revisão bibliográfica

ETAPA

I

Survey - Coleta de dados - Análise dos resultados, conclusões e contribuições

ETAPA

II

Page 47: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

33

Já a pesquisa descritiva possui como objetivo principal descrever

características de uma determinada população ou fenômeno. Neste grupo são

incluídas aquelas com o intuito de identificar as opiniões, atitudes e crenças de uma

população (GIL, 2010). Iniciou-se após a identificação dos critérios na fase

exploratória e posteriormente, realizou-se uma survey junto aos 23 gestores da área

de suprimentos hospitalares, todos farmacêuticos, dos hospitais públicos da rede

SESAP/RN, tendo sido apresentado para eles, as dimensões sugeridas para a

gestão da cadeia de suprimentos e questionado através do instrumento de pesquisa

– o questionário – quais eles julgaram como os mais importantes.

A survey aplicada caracteriza-se como transversal ou cross-section, pois

foram coletados dados em um só momento. Sendo a coleta realizada no período de

30 de setembro de 2016 a 22 de dezembro de 2016, onde foram descritas e

analisadas as variáveis sem a preocupação de estudar suas evoluções e mudanças

(HAIR et al., 2005). O período estendido para obtenção das respostas deveu-se a

grande rotatividade dos gestores, objetos de entrevista, em consequência às várias

mudanças de Secretários de Saúde durante o período deste estudo. Exatamente

três novos gestores da pasta SESAP de abril a dezembro de 2016.

Diante do exposto fica evidenciada a abordagem quali-quantitativa dada à

pesquisa, sendo elaborado inicialmente, na fase exploratória da pesquisa um

levantamento qualitativo das principais práticas de gestão de cadeia de suprimentos

adotadas por hospitais ao redor do mundo. Esta sistematização mostra-se

necessária uma vez que os dados relacionados aos critérios adotados estão

dispersos em várias instituições.

4.2 Instrumento de pesquisa

No questionário, foi utilizada uma escala de Likert com variação de 1(não

tenho como avaliar) a 5 (concordo), conforme as recomendações citadas por Hair et

al., (2005). Após a apuração dos resultados, os dados foram tabulados calculando-

se, para cada questão, qual a incidência de cada nível de resposta.

O instrumento de pesquisa utilizado foi elaborado com base no questionário

aplicado por Li et al. (2006) para os constructos práticas de GCS e desempenho

operacional. As definições de cada destas dimensões, as quais serão adotadas

nesta pesquisa são apresentadas a seguir.

Page 48: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

34

• Parceria estratégica com o fornecedor: Trata-se de relação de longo prazo

entre a organização e seus fornecedores. Desta forma, visa aumentar as

capacidades operacionais e estratégicas das organizações a fim de auxiliar a

obtenção de benefícios constantes.

• Relacionamento com o cliente: São todas as práticas utilizadas para gerenciar

as reclamações/ sugestões dos clientes, estabelecer relacionamento de longo

prazo com os mesmos e melhorar sua satisfação.

• Compartilhamento de informação: O alcance em que a informação crítica e de

propriedade é comunicada aos que se relacionam na cadeia.

• Qualidade da informação: Trata-se do quanto à informação compartilhada é

precisa, disponível quando necessária e de credibilidade.

• Custo: Refere-se à capacidade da organização em apresentar e manter

custos baixos em relação a seus concorrentes, no caso deste estudo os

hospitais semelhantes.

• Qualidade: Capacidade que a organização possui para oferecer produtos e/ou

serviços de qualidade que agreguem mais valor ao cliente.

• Entrega: Capacidade que a organização possui em oferecer no tempo correto

o tipo e volume de produto e/ou serviço especificado pelo cliente.

• Inovação: Capacidade da organização em inserir novos produtos e/ou

serviços e atributos no mercado.

• Tempo: Capacidade da organização em inserir novos produtos e/ou serviços

mais brevemente que seus concorrentes, no caso deste estudo os hospitais

semelhantes.

A figura 4.1 representa a relação positiva sugerida a partir dos conceitos

apresentados, entre as dimensões de Gestão de Cadeia de Suprimentos e as

dimensões de Desempenho Operacional.

O questionário (Apêndice 1) é composto por duas seções. A primeira é

composta por seis questões que objetivam identificar as características do hospital,

quanto ao tipo, natureza da administração, tamanho e localidade. A segunda seção

é composta pela escala para práticas de GCS, considerando as dimensões: Parceria

estratégica com o fornecedor (4 itens), Relacionamento com o cliente (4 itens),

Compartilhamento de informação (4 itens) e Qualidade da informação (5 itens), e

para desempenho operacional, com as dimensões: Custo (4 itens), Qualidade (4

Page 49: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

35

itens), Entrega (2 itens), Inovação (2 itens) e Tempo (2 itens). Para tanto, foi utilizada

uma escala tipo Likert de 5 pontos, sendo que os extremos 1= Não tenho como

avaliar e 5=concordo. O Anexo 1 é o questionário original utilizado por Li et al.

(2006).

Figura 4.1- Relação proposta entre práticas de GCS e Desempenho Operacional, conforme

estudo de Li et al., (2006).

Fonte: Elaboração própria.

De acordo com as definições das dimensões de práticas de GCS e do

conteúdo apresentado no capítulo 3 desta pesquisa, acerca do padrão estabelecido

entre gestão de cadeia de suprimentos e o padrão da Norma ISO 9001:2015, pode-

se inferir que as práticas de CGS são ações estratégicas concretas para que as

instituições trabalhem rumo à Qualidade em seus serviços.

4.2.1 Validação do instrumento de pesquisa

Nesta seção, descreveu-se como foi definida a validade do instrumento de pesquisa

e os procedimentos adotados para verificá-lo.

Mesmo tendo sido utilizada uma escala já testada e validada por Li et al., (2006),

o questionário foi adaptado à realidade dos hospitais públicos do RN e posteriormente

submetido a um pré-teste dadas as adaptações que sofreu.

A validade é o ponto até onde um constructo mede o que deve medir (HAIR et

al., 2005). Um constructo com validade perfeita não contém erros de mensuração.

Para avaliar a validade da mensuração, podem ser utilizadas as seguintes

abordagens: validade de conteúdo e validade de constructo.

Parceria estratégica com o

Fornecedor

Relacionamento com o cliente

Compartilhamento de informação

Qualidade da informação

Custo

Qualidade

Entrega

Inovação

Tempo

Gestão da Cadeia de Suprimentos Desempenho Operacional

Page 50: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

36

Para efeito de teste da validade do questionário, sorteou-se 10 hospitais da

amostra total de 23 hospitais da rede pública do RN, de modo a compor uma

amostra piloto de respostas, sendo os questionários, nesta fase, respondidos por 10

servidores dos hospitais públicos da rede SESAP/RN que têm um perfil semelhante

ao dos respondentes-alvo da pesquisa. Os respondentes avaliaram o questionário

quanto à linguagem, clareza dos itens e tempo de resposta. Não houve sugestão de

alterações nas afirmações.

Os dados foram coletados no período de setembro a dezembro/2016, tendo

como referência os 23, os quais são distribuídos em 8 regiões de saúde conforme

Quadro 4.1. De posse dos dados apurados, foi calculado o Alfa de Cronbach,

conforme demostrado a seguir.

Soma da variância das variáveis - Σvi 77,43 Variância total - Σvt 489,08 Número de variáveis - K 23

Alfa de Cronbach - α 0,88 Erro amostral - E Desvio padrão 0,800056

Mediante ao fato de que o Alfa de Cronbach calculado não indicar problemas

de validade e fidedignidade do instrumento, não foram feitas alterações no mesmo e

este foi considerado pronto para a aplicação junto aos respondentes-alvo. O

Apêndice 2 contém as informações acerca da aplicação do teste.

Page 51: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

37

Quadro 4.1 – Unidades hospitalares públicas do RN conforme localização e perfil assistencial.

REGIÃO UNIDADE HOSPITALAR MUNICÍPIO PERFIL

1ª Região de Saúde

H.M.A.B. S. José de Mipibú Geral

H.L.G.V. StºAntônio Geral / Maternidade

H.G.O.S. Canguaretama Geral

2ª Região de Saúde

H.R.T.V.M. Mossoró Geral com Ortopedia

H.R.F. Mossoró D.Infecto contagiosas

H.R.H.M.M. Apodi Geral / Maternidade

H.R.A.P. Caraúbas Geral / Maternidade

3ª Região de Saúde

H.R.J.A.G. João Câmara Geral / Maternidade

4ª Região de Saúde

H.R.S. Caicó Geral H.R.M.C. Currais Novos Geral H.O.G.S. Acari Geral

5ª Região de Saúde

H.R.S.P. S.Paulo Potengi Geral / Maternidade

6ª Região de Saúde

H.R.C.C.A. Pau dos Ferros Geral

7ª Região de Saúde – Região

Metropolitana

H.M.W.G. Natal Geral/ Trauma

H.G.T. Natal D. Infectocontagiosas

H.J.P.B. Natal Geral/ Obstetricia

H.J.M. Natal Geral

H.M.A.F. Natal Pediatrico

H.R.P.S. Natal Geral/Vascular

H.R.A.M.F. Macaíba Geral / Maternidade

H.R.D.M.L. Parnamirim Geral/ Ortopedia

8ª Região de Saúde

H.R.N.I.S. Assú Geral H.R.A. Angicos Geral

Total de 23 hospitais públicos estaduais distribuídos em 8 regiões da saúde Fonte: SESAP/RN, 2016.

4.2.2 Coleta de dados a partir de questionários

A coleta de dados foi realizada no período de 30 de setembro de 2016 a 22

de dezembro de 2016, onde foram descritas e analisadas as variáveis sem a

preocupação de estudar suas evoluções e mudanças (HAIR et al., 2005). O período

estendido para obtenção das respostas deveu-se a grande rotatividade dos

gestores, objetos de entrevista, em consequência às várias mudanças de

Secretários de Saúde durante o período deste estudo. Exatamente três novos

gestores da pasta SESAP de abril a dezembro de 2016. A survey aplicada

caracteriza-se como transversal ou cross-section, pois foram coletados dados em

um só momento.

Page 52: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

38

Os dados foram medidos quantitativamente e qualitativamente, através da

aplicação presencial de questionários aos 23 gestores da área de suprimentos

hospitalares, todos farmacêuticos, dos hospitais públicos da rede SESAP/RN, tendo

sido apresentado para eles, às dimensões sugeridas para a gestão da cadeia de

suprimentos e questionado quais eles julgaram como os mais importantes.

De acordo com Richardson (2007) diz que, a Pesquisa Quantitativa está

baseada em aspectos quantitativos para definição de estratégias. Geralmente requer

amostragem do público-alvo. É feita com questionários pré-elaborados que admitem

respostas alternativas e cujos resultados são apresentados de modo numérico,

permitindo uma avaliação quantitativa dos dados. Caracteriza-se pelo emprego da

quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento

delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual,

média e desvio-padrão, as mais complexas, como coeficiente de correlação, análise

e regressão.

A Pesquisa Qualitativa é uma técnica que visa conhecer estilo de vida,

comportamento, perfil, e opiniões dos entrevistados sobre um assunto, problema,

produto ou serviço. A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa

de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais

apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas

de características ou comportamentos.

4.3 Análise de dados

No presente estudo foi utilizado teste de significância como procedimento para

verificar a discrepância de uma hipótese estatística em relação aos dados

observados. Em todas as técnicas de análise estatística utilizadas foi adotado o nível

de significância de 5%.

Como medida para associação das variáveis estudadas, utilizou-se o Teste de

Correlação de Spearman (ρ), o qual consiste em método não paramétrico, baseado

nos postos, utilizado para mensurar a intensidade da relação entre variáveis quando

a suposição de Normalidade não for preenchida. Pode ser utilizada em variáveis

medidas ordinalmente.

Hipóteses: H0: 𝜌𝑥𝑦 = 0 (não existe correlação entre X e Y)

Page 53: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

39

H1: 𝜌𝑥𝑦 ≠ 0 (existe correlação entre X e Y).

Estatística de teste:

𝑟𝑥𝑦 = 1 −6 ∑ 𝑑𝑖

2𝑛𝑖=1

𝑛3−𝑛

Onde:

𝑑𝑖 = (𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑥𝑖 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑥) − (𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑦𝑖 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑦 )

Page 54: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

40

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresenta os resultados obtidos mediante a coleta de dados,

com suas respectivas análises à luz da literatura pesquisada. Considerando a

relação existente entre Norma da Qualidade ISO 9001:2015 e a GCS descrita neste

estudo, ao final deste capítulo, foi sugerido um padrão norteador para inclusão de

práticas de GCS na estratégia gerencial da SESAP frente aos seus hospitais.

5.1 Perfil da amostra

A amostra é composta na sua totalidade por 23 hospitais públicos sob a

gestão direta da Secretaria da Saúde do Estado do RN. Possuem perfil assistencial

Geral (39,13%), Geral com especialidade associada, (56,53%) e Pediatria (4,34%),

com o tamanho entre 28 a 377 leitos por unidade hospitalar. Os respondentes são

gestores das áreas suprimentos com especialidade em Farmácia.

5.2 Apresentação dos resultados e discussão

Os resultados foram apresentados a partir das seguintes análises:

1- Freqüência das respostas por grau de concordância para os itens das dimensões

Práticas de GCS e Desempenho Operacional;

2- Correlação entre as respostas obtidas para os itens da dimensão desempenho

operacional e as respostas para os itens de práticas de GCS e

3- Freqüência das respostas por grau de concordância para os itens das dimensões

Práticas de GCS e Desempenho Operacional por região de Saúde.

5.2.1 Freqüência das respostas por grau de concordância para os itens das dimensões de práticas de GCS e desempenho operacional

Esta seção tem como objetivo evidenciar a adoção de práticas de GCS pelos

hospitais públicos da rede SESAP e seu desempenho operacional, na percepção

dos respondentes. Para fins desta análise, foi considerado que quando o

respondente escolhe as alternativas 2 e 3, ou seja, quando discorda da afirmação

(item), esta não é adotada em seu hospital, e que quando escolhe as alternativas 4 e

5, ou seja, quando concorda com a afirmação (item), a prática está adotada na

instituição.

Page 55: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

41

Os resultados a seguir se referem ao comportamento das notas atribuídas

pelos respondentes frente às variáveis pesquisadas.

A Figura 5 se refere ao comportamento da população pesquisada frente a

variável Parceria estratégica com o fornecedor. Refere-se ao estabelecimento de

relação de longo prazo entre a organização e seus fornecedores. Esta prática

pretende aumentar as capacidades operacionais e estratégicas das organizações a

fim de auxiliar a obtenção de benefícios constantes. Neste tocante, dos 23 hospitais

que responderam à pesquisa, 52,2% disseram não ter como avaliar aos

questionamentos. Esta percepção dos respondentes pode ser atribuída ao fato de

que na atual gestão da cadeia de suprimentos da SESAP não se verifica adoção de

cultura de socialização deste tipo de informação entre as partes interessadas.

Segundo Mettler (2011), Bhakoo; Singh; Sohal (2012) a parceria estratégica com

fornecedores possibilita resultados positivos na identificação de lacunas de

desempenho e sistematização de iniciativas de melhorias na gestão da CS

hospitalar.

Figura 5 – Comportamento das notas referentes à parceria estratégica com o fornecedor

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Na figura 5.1 encontramos o comportamento das notas referentes à variável

Relacionamento com o cliente, que diz respeito às práticas utilizadas para gerenciar

as reclamações/ sugestões dos clientes, estabelecer relacionamento de longo prazo

com os mesmos e melhorar sua satisfação. 30,4% dos entrevistados afirmaram que

não se tem como avaliar a dimensão relacionamento com o cliente. Houve ainda

uma alta frequência de discordância (respostas 2 e 3).

Page 56: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

42

Estes dados, segundo a percepção dos respondentes, sugerem que os

hospitais não estão familiarizados com as práticas de Relacionamento com o cliente.

O estabelecimento de relação com o cliente pode possibilitar o alcance de sua

fidelização junto ao serviço prestado (CHIN et al., 2004). Como exemplo positivo

desta prática de GCS Hospitalar destaca-se a pesquisa de Bhakoo; Singh; Sohal

(2012), onde os resultados apontaram que a aplicação de práticas de colaboração

entre fabricantes e distribuidores melhora a gestão de inventários nas cadeias de

abastecimento.

Figura 5.1 – Comportamento das notas referentes ao relacionamento com o cliente

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

O Compartilhamento da informação é uma variável que se refere ao alcance

em que a informação crítica e de propriedade é comunicada aos que se relacionam

na cadeia. De acordo com a percepção dos respondentes elucidada na Figura 5.2,

21,7% dos respondentes afirmam não ter como avaliar, e 47,8 discordam que na

instituição na qual estão inseridos sejam praticadas ações relativas a essa prática.

Esse resultado pode ter razões distintas. Pode ser da própria cultura

organizacional, a qual não prevê valorização desta prática. Segundo Zhou; Benton Jr

(2007), algumas organizações possuem o entendimento de que o compartilhamento

da informação implica em perda de poder. Outra possibilidade pode residir na

dificuldade de se obter e distribuir informações, em função de complexidade e das

características do setor da saúde.

Page 57: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

43

Figura 5.2 – Comportamento das notas referentes ao compartilhamento da informação

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

A Figura 5.3 apresenta informações acerca do comportamento das notas

referentes a dimensão Qualidade da informação, que trata do quanto a informação

compartilhada é precisa, disponível quando necessária, adequada e de

credibilidade. Os dados obtidos neste tocante apontam que entrevistados tem

comportamento similar em relação a nota dada para esta variável. Esse resultado

pressupõe que a gestão dos hospitais não atenta, de forma padrão, que a

informação seja um aspecto chave para a gestão da cadeia de suprimentos. A

qualidade da informação possibilita melhor planejamento da cadeia, flexibilidade na

prestação de serviços e melhor qualidade da entrega (ZHOU; BENTON JR., 2007).

Figura 5.3 – Comportamento das notas referentes à Qualidade da informação

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Page 58: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

44

Para elucidar a impressão dos respondentes no que tange à capacidade da

organização em apresentar e manter custos baixos em relação a seus concorrentes,

no caso deste estudo os hospitais semelhantes, temos a Figura 5.4 que trata do

comportamento das notas referentes ao Custo. Percebe-se que as maiores notas

estão para as respostas “Não tenho com avaliar” (39,1%) e “Concordo” (26,1%), dois

extremos de percepção dos respondentes. Os autores Montgomery e Schneller

(2007) afirmam que conter os custos e manter a qualidade da atenção e a

segurança do paciente desafiam gestores de serviços de saúde e formuladores de

políticas públicas. Tal resultado pode pressupor que parte destes serviços de saúde

(26,1%) possui essa preocupação e adotam práticas referentes a Custos.

Figura 5.4 – Comportamento das notas referentes ao custo

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

A Qualidade é uma variável que se refere à capacidade que a organização

possui para oferecer produtos e/ou serviços de qualidade que agreguem mais valor

ao cliente. O maior percentual de respostas obtidas está situado nas notas 4 e 5

(Concordo totalmente: 34,8% e Condordo: 17,4%, respectivamente), conforme

apresentado na Figura 5.5. Desta forma pode-se pressupor que expressiva parte da

amostra (52,2%) concorda que a adoção de modelo de gestão de cadeia de

suprimentos baseada em práticas de enfoquem Qualidade contribui positivamente

para melhoria das instituições hospitalares nas quais atuam.

A literatura mostra que benefícios ocorrem quando da adoção de práticas que

visem Qualidade ocorrem. Internamente os benefícios incluem o controle gerencial,

produtos e serviços com uniformidade na qualidade e preferência de quota de

Page 59: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

45

mercado (ZARAMDINI, 2007). Os benefícios externos incluem uma relação estreita

com os clientes e fornecedores (CASADES; KARAPETROVIC, 2005; SINGH et al.,

2006).

Figura 5.5 – Comportamento das notas referentes à qualidade

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Na Figura 5.6 representam-se as notas referentes à dimensão Entrega, que é

a capacidade que a organização possui em oferecer no tempo correto o tipo e

volume de produto e/ou serviço especificado pelo cliente. Diante deste

entendimento, a maioria dos respondentes possui impressão positiva frente a

variável entrega (34,8% concordam e 4,3% concordam totalmente), para qual foi

afirmado que a instituição na qual estão inseridos atende os clientes com prontidão e

oferece os serviços que eles necessitam. Em contrapartida, 17,4% relatam que não

tem como avaliar a questão da entrega. A adoção de práticas de GCS relacionadas

à entrega de prestação de serviços de saúde possibilita a satisfação dos clientes. A

exemplo, Aguilar-Escobar et al (2013) sugere que a implementação de princípios

Lean contribui para melhoria na gestão logística dentro do ambiente hospitalar e

consequentemente a obtenção da satisfação do cliente.

Page 60: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

46

Figura 5.6 – Comportamento das notas referentes à entrega

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Inovação é a capacidade da organização em inserir novos produtos e/ou

serviços e atributos no mercado. Neste tocante, a Figura 5.7 evidencia que os

gestores de suprimentos dos hospitais pesquisados apresentaram comportamento

homogêneo em suas notas. Ao que parece, questões tais como desenvolver

serviços considerando sugestão de clientes ou adequar serviços às necessidades

dos clientes sempre que necessário não é senso comum entre as práticas da

população pesquisada.

Figura 5.7 – Comportamento das notas referentes à inovação

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Page 61: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

47

A variável Tempo corresponde à capacidade da organização em inserir novos

produtos e/ou serviços mais brevemente que seus concorrentes, no caso deste

estudo os hospitais semelhantes. A Figura 5.8 apresenta uma devolutiva de resposta

onde 60,9% dos respondentes afirmam não ter como avaliar, 21,7% discordam

totalmente que a instituição hospitalar que trabalha adota essa prática. Tal fato pode

denotar que o atual modelo de gerenciamento da cadeia de suprimentos dos

hospitais que compõem a rede SESAP RN não atenta para este tocante como fonte

de parâmetros para ajustes ou inserção de práticas de sucesso e que somem

positivamente a grade de serviços oferecidos.

Figura 5.8 – Comportamento das notas referentes ao tempo

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

De forma a sintetizar a opinião dos respondentes, a Tabela 5 apresenta os

valores mínimos e máximos atribuídos para cada quesito e o desvio padrão das

questões. Em relação à dimensão Custo, os entrevistados possuem opiniões

distintas quanto à percepção. As variáveis Custo, Entrega e Inovação obtiveram

maior variabilidade nas notas. Por exemplo, a dimensão Custo tem pontuação média

igual a 3 e desvio padrão, 2.

Page 62: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

48

Tabela 5 – Análise descritiva das barreiras

Variáveis Mínimo Média Mediana Máximo Desvio padrão

Parceria estratégica com o fornecedor 1 2 1 4 1 Relacionamento com o cliente 1 2 2 5 1 Compartilhamento da informação 1 3 3 5 1 Qualidade da informação 1 3 3 5 1 Custo 1 3 2 5 2 Qualidade 1 3 4 5 1 Entrega 1 3 3 5 2 Inovação 1 3 4 5 2 Tempo 1 3 4 5 1

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

O relacionamento com fornecedores na gestão de serviços públicos é um

grande desafio, considerando que toda contratação de serviços e suprimentos deve

ser realizada mediante licitação pública. Assim, neste estudo, optou-se por verificar

qual a percepção dos gestores sobre correlações entre relacionamento com

fornecedores e demais dimensões pesquisadas. A Figura 5.10 ilustra o

comportamento da dimensão Parceria estratégica com o fornecedor e as outras

dimensões. Os gráficos desta Figura são denominados Boxplots. No eixo x estão

situadas às dimensões e o eixo y refere-se às notas. O traço, que une as caixas pelo

tracejado, sinaliza na extremidade inferior dos gráficos as notas menores e as

maiores pontuações dadas pelos entrevistados na parte superior dos gráficos. As

caixas representam 50% das notas e as linhas centrais são as ilustrações das

médias das variáveis.

Dentre as dimensões deste trabalho, a parceria estratégica com o fornecedor

e o tempo obtiveram as médias menores. O compartilhamento da informação e a

qualidade da informação tem comportamento similar. O custo é a dimensão com

maior variabilidade. Em outras palavras, os entrevistados possuem opiniões bem

distintas no que se refere ao custo. Apesar de a variável inovação ter obtido a maior

média, constata-se que as notas dadas divergem entre os respondentes. A

qualidade tem média compatível com a inovação e a entrega tem média similar ao

compartilhamento da informação e qualidade da informação. Segundo Mettler, T.

(2011) e Bhakoo, V., Singh, P., Sohal, A. (2012) a implementação de práticas

relativas à Parceria Estratégica com Fornecedor possibilitam resultados positivos

frente ao desempenho relacionado a Custo, Qualidade e Inovação.

Page 63: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

49

O tempo tem duas notas que fogem ao comportamento considerado normal

da disposição das notas e são denominados outliers. Neste caso, pode-se citar que

quatro respondentes percebem que em suas instituições, eles não conseguem

implantar serviços mais rapidamente que outras instituições públicas do RN, porém

quando se trata de desenvolver as atividades implantadas já não obtém o mesmo

desempenho.

Figura 5.9 – Distribuição das notas nas dimensões Parceria estratégica com o fornecedor

versus outras variáveis

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

5.2.2 Correlação entre as respostas para os itens da dimensão desempenho operacional e as respostas para itens de práticas de GCS

Foi utilizado o teste Shapiro Wilk para testar se os dados seguem uma

distribuição Normal e assim obter as estimativas dos parâmetros dos dados e a partir

de então fazer inferências sobre os dados. Foi identificado que a maioria das

variáveis não seguia uma distribuição Normal. Logo, o método não paramétrico

utilizado para avaliar a existência, ou não, de correlação foi o Teste de correlação de

Spearman.

A Tabela 5.1 apresenta a relação existente entre as variáveis pesquisadas. O

teste de correlação de Spearman foi utilizado após sugestão de associação entre

duas variáveis. Este teste confirma, ou não, a existência de relação entre duas

Page 64: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

50

variáveis e mensura esta relação com o parâmetro denominado ρ (rho). O parâmetro

varia entre -1 e 1 sendo os valores extremos e fortemente negativo e positivo,

respectivamente.

Tabela 5.1 – Resultado dos Testes de Correlação de Spearman

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Segundo a percepção dos respondentes, Parceria estratégica com o fornecedor

está associada diretamente com Relacionamento com o cliente, Compartilhamento

da informação, Qualidade da informação e Inovação. Em relação ao Tempo, a

Variáveis Ρ P valor

Parceria estratégica com o fornecedor

Relacionamento com o cliente 0,53 < 0,01

Compartilhamento da informação

0,65 < 0,01

Qualidade da informação 0,55 < 0,01

Custo -0,17 0,43

Qualidade 0,1 0,66

Entrega -0,08 0,73

Inovação 0,47 0,02

Tempo -0,42 0,05

Relacionamento com o cliente

Compartilhamento da informação

0,43 0,04

Qualidade da informação 0,77 0,01 Custo -0,12 0,59

Qualidade 0,28 0,20 Entrega 0,21 0,33 Inovação 0,57 < 0,01 Tempo -0,23 0,30

Compartilhamento da informação

Qualidade da informação 0,64 < 0,01

Custo 0,14 0,53 Qualidade -0,01 0,95 Entrega 0,03 0,89 Inovação 0,45 0,03 Tempo 0,16 0,47

Qualidade da informação

Custo -0,01 0,99

Qualidade 0,23 0,28 Entrega 0,17 0,45 Inovação 0,70 < 0,01 Tempo 0,02 0,93

Custo

Qualidade 0,01 0,96

Entrega -0,56 < 0,01 Inovação 0,65 0,21 Tempo 0,23 < 0,01

Qualidade

Entrega 0,60 < 0,01

Inovação 0,22 0,32 Tempo 0,17 0,43

Entrega Inovação 0,52 0,01

Tempo -0,23 0,30

Inovação Tempo -0,11 0,61

Page 65: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

51

Parceria estratégica com o fornecedor está inversamente associada.

Relacionamento com o cliente tem associação positiva com o Compartilhamento da

informação, Qualidade da informação e Inovação. Compartilhamento da informação

tem relação direta com a Qualidade da informação e a Inovação. A Qualidade da

informação tem forte associação com a Inovação. Custo está diretamente

relacionado ao Tempo e inversamente associado à Entrega. A Qualidade e a

Entrega têm relação positiva. Em outras palavras, a quando Qualidade evolui, a

Entrega também evolui. A Entrega tem relação direta com a Inovação. A dimensão

Inovação é um ponto relevante a ser investigado tendo em vista esta dimensão não

tem associação com o Tempo, Custo e Qualidade.

À luz da literatura podemos identificar que as instituições de saúde têm

resistência a adotar as práticas de GCS em suas operações, justificando-se dada a

complexidade de sua prestação de serviços se comparada à manufatura, o que

predispõe a que esforços nas reduções dos custos comprometam a qualidade do

serviço prestado (Baltacioglu et al, 2007). Os dados mostram que a maioria dos

hospitais participantes desta pesquisa afirma não ter como avaliar ou discorda com

as afirmações relacionadas às práticas de GCS, o que indicaria que estas práticas

podem não estar adotadas nestes hospitais.

Ao avaliar cada uma das dimensões isoladamente, observamos que há variação

no número de respostas dentro da mesma prática, o que pode indicar falta de uma

política consistente na gestão daquela prática. Por exemplo, como foi visto na prática

de Tempo, onde ficou perceptível que é senso comum a discordância acerca da

adoção prática entre os respondentes.

Segundo Deshpande (2012), uma gestão de cadeia de suprimentos requer um

forte comprometimento de todos os membros da cadeia e que todas as partes

envolvidas devem estar com o pensamento alinhado aos objetivos da instituição.

Essa ideia encontrou defesa também nos estudos de Tan et al (2002) que cita como

exemplo o envolvimento de fornecedores no desenho de processos estratégicos,

como o desenvolvimento de novos produtos e processos de tomada de decisão.

No que tange as respostas relacionadas com as práticas de gestão da

informação, os resultados sugerem que a gestão da cadeia ainda não é vista como

estratégica. Esse fato é justificado tanto pelo compartilhamento da informação

quanto a qualidade da mesma, os quais tiveram resultados comparativamente

menores.

Page 66: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

52

5.2.3 Freqüência das respostas por grau de concordância para os itens das dimensões Práticas de GCS e Desempenho Operacional por região de Saúde

Esta seção tem como objetivo apresentar, por região de saúde do Rio Grande

do Norte, a adoção de práticas de GCS pelos hospitais públicos da rede SESAP e

seu desempenho operacional, conforme a percepção dos gestores da área de

abastecimento de insumos hospitalares.

Os hospitais da SESAP estão distribuídos por regiões de saúde com o

objetivo de oferecer cobertura assistencial aos usuários do SUS, sem que os

mesmos tenham que se deslocar para localidades mais distantes. A Figura 5.10

apresenta a distribuição dos hospitais da SESAP nas regiões de saúde.

Figura 5. 10- Distribuição dos hospitais da SESAP por região de saúde do RN.

Fonte: SESAP RN, 2016.

7a Região:

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel Hospital Drª. Giselda Trigueiro Hospital Dr. José Pedro Bezerra Hospital Dr. João Machado Hospital Materno Infantil Ma Alice Fernandes Hospital Dr. Ruy Pereira dos Santos Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho Hospital Reg. Deoclécio Marques de Lucena 8a Região: Hospital Regional Nelson Inácio dos Santos Hospital Regional de Angicos

Page 67: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

53

Os resultados a seguir se referem à frequência das notas atribuídas pelos

respondentes frente às variáveis pesquisadas, por região de saúde. Para fins desta

análise, é considerado que quando o respondente escolhe as alternativas 2 e 3, ou

seja, quando discorda da afirmação (item), esta não ocorre em seu hospital, e que

quando escolhe as alternativas 4 e 5, ou seja, quando concorda com a afirmação

(item), a prática está presente. Ressalta-se que as questões foram elaboradas de

modo que as afirmações estivessem associadas a sua dimensão correspondente.

No Quadro 5.1 as questões foram relacionadas à Parceria Estratégica com

Fornecedor (EPF). Os percentuais informados se referem a presença de hospitais

com concordância nas afirmações por Região de Saúde.

As afirmações EPF1- Nós sempre consideramos a qualidade como o principal

critério ao escolher nossos fornecedores e EPF2- Frequentemente resolvemos

problemas em conjunto com fornecedores foram as ações mais adotadas pelos

hospitais (34,78%), destacando-se a 3a, 6a e 7a Regiões. A 7ª Região possui

hospitais com autonomia financeira e, portanto, têm maior facilidade em interagir

com seus fornecedores. Os demais hospitais se utilizam da UNICAT como principal

fornecedor, absorvendo desta o que dispõe. As questões EPF3- Nossos

fornecedores participam de nossos programas de melhoria contínua e EPF4- Nossos

fornecedores-chave participam de nossas atividades de planejamento e definição de

metas; foram as que mais discordância obteve entre os respondentes.

Quadro 5.1- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão

Parceria Estratégica com o Fornecedor (PEF) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES

PE

F1

PE

F2

PE

F3

PE

F4

1ª Região de Saúde

1- H.M.A.B. S. José de Mipibú 1 1 1 1

2- H.L.G.V. S. Antônio 1 1 1 2

3- H.G.O.S. Canguaretama 2 2 2 2

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 3 5 3 3

5- H.R.F. Mossoró 1 1 1 1

6- H.R.H.M.M. Apodi 1 1 1 1

7- H.R.A.P. Caraúbas 1 1 1 1

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 5 1 1 1

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 1 3 3 5

10- H.R.M.C. Currais Novos 1 1 1 1

11- H.O.G.S. Acari 1 1 1 1

Page 68: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

54

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 1 1 1 1

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 5 4 4 3

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 4 4 1 1

15- H.G.T. Natal 2 5 2 3

16- H.J.P.B. Natal 5 5 1 3

17- H.J.M. Natal 5 5 3 3

18- H.M.A.F. Natal 5 5 3 3

19- H.R.P.S. Natal 3 1 3 3

20- H.R.A.M.F. Macaíba 1 1 1 2

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 1 1 1 1

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 1 3 3 5

23- H.R.A. Angicos 1 1 3 1

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

A dimensão Relacionamento com o Cliente (RC) foi apresentada no Quadro

5.2. As afirmativas RC1- Nossos clientes são sempre consultados para ajustes de

confiabilidade, presteza ao atendimento e outros padrões importante para uma

satisfatória prestação de serviços; RC2- Realizamos pesquisa e análise da

satisfação do nosso cliente; RC3- Avaliamos periodicamente a importância do nosso

relacionamento com o cliente e RC4- Frequentemente determinamos quais são as

expectativas de nossos clientes obtiveram concordância em 100% para duas

unidades hospitalares, sendo uma na 3ª Região (H.R.J.A.G.) e outra na 7ª Região

(H.M.A.F). Estes dados, sugerem que os hospitais já estão familiarizados com as

práticas de Relacionamento com o cliente, muito enfatizadas com o objetivo de

fidelizar os clientes (CHIN et al., 2004; BANOMYONG, 2011). 50% das Regiões de

Saúde discordam de que buscam medir e avaliar a satisfação e necessidades do

cliente (RC1, RC2) ou que determinam as necessidades futuras dos clientes e

desenvolvem um relacionamento mais próximo com o cliente (RC3 e RC4). Pode ser

que isso ocorra porque não há uma cultura de avaliação nos hospitais.

Quadro 5.2- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão Relacionamento com o Cliente (RC) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES

RC

1

RC

2

RC

3

RC

4

1ª Região de Saúde

1- H.M.A.B. S. José de Mipibú 1 1 1 1

2- H.L.G.V. StºAntônio 1 1 1 1

3- H.G.O.S. Canguaretama 2 2 2 2

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 2 2 3 3

5- H.R.F. Mossoró 3 3 3 3

6- H.R.H.M.M. Apodi 1 2 2 2

7- H.R.A.P. Caraúbas 2 2 2 2

Page 69: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

55

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 5 5 5 5

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 3 3 5 5

10- H.R.M.C. Currais Novos 1 1 1 1

11- H.O.G.S. Acari 2 2 2 2

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 2 2 2 2

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 3 3 3 3

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 3 3 3 3

15- H.G.T. Natal 1 3 3 3

16- H.J.P.B. Natal 1 1 1 1

17- H.J.M. Natal 3 3 3 3

18- H.M.A.F. Natal 5 5 5 5

19- H.R.P.S. Natal 2 3 3 3

20- H.R.A.M.F. Macaíba 1 1 1 1

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 1 1 1 1

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 3 3 5 5

23- H.R.A. Angicos 1 1 1 1

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

O Quadro 5.3 apresenta a freqüência das respostas para os itens da

dimensão Compartilhamento de Informação (CI).

Quadro 5.3- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão Compartilhamento da informação (CI) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES C

I1

CI2

CI3

CI4

1ª Região de Saúde

1- H.M.A.B. S. José de Mipibú 4 2 2 2

2- H.L.G.V. StºAntônio 1 1 1 1

3- H.G.O.S. Canguaretama 4 2 2 2

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 5 5 5 5

5- H.R.F. Mossoró 5 5 5 5

6- H.R.H.M.M. Apodi 5 2 2 2

7- H.R.A.P. Caraúbas 4 2 2 2

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 1 1 1 1

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 3 3 1 3

10- H.R.M.C. Currais Novos 1 1 1 1

11- H.O.G.S. Acari 4 2 2 2

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 3 5 1 5

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 5 3 3 5

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 5 5 5 4

15- H.G.T. Natal 3 4 3 2

16- H.J.P.B. Natal 1 5 5 5

17- H.J.M. Natal 5 5 3 3

18- H.M.A.F. Natal 3 3 3 3

19- H.R.P.S. Natal 2 3 5 3

20- H.R.A.M.F. Macaíba 1 1 1 1

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 4 2 2 2

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 3 3 1 3

23- H.R.A. Angicos 1 1 1 1

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Page 70: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

56

Com relação ao Compartilhamento de Informação, a 2a Região possui dois

hospitais (H.R.T.V.M. e H.R.F.) que concordam totalmente com as afirmações CI1-

Nós informamos com antecedência aos nossos parceiros/ fornecedores mudanças

ocorridas em nossas necessidades; CI2- Nossos parceiros/fornecedores nos

mantém com informações atualizadas acerca de questões que afetem o nosso

negócio; CI3- Nossos parceiros/fornecedores compartilham conhecimento conosco e

CI4- Regularmente, nós e nossos parceiros/fornecedores trocamos informações que

contribuem para nosso planejamento.

Chama a atenção a 2a e 7a Regiões como as que mais concordam com ações

de CI. Onde parte dos respondentes (47,82%) concorda informarem com

antecedência sobre mudanças de necessidades (CI1). Já as outras práticas (CI2 a

CI4) parecem estar menos presentes, principalmente a relacionada com

compartilhamento de informação por parte do fornecedor. Talvez, este seja indicativo

de que para parte dos hospitais ainda haja uma forte cultura de relações comerciais

entre eles e seus fornecedores e não de parceria.

O Quadro 5.4 se refere frequência das respostas para os itens da dimensão

Qualidade da informação.

Quanto à Qualidade da informação, em 50% das regiões os respondentes

concordam as informações fornecidas entre eles e os parceiros/fornecedores são

confiáveis (QI1), 37,5% concordam que as informações trocadas entre eles e os

parceiros/fornecedores são pertinentes ao negócio (QI2), 50% possuem

respondentes que concordam que as informações entre eles e os

parceiros/fornecedores sempre ocorre em tempo hábil para a tomada de decisão

(QI3), 50% concordam o método de controle de estoque e distribuição de insumos

que possuem possibilita obtenção de informações consistentes (QI4) e 62,5%

concordam que a troca de informação entre o hospital e seus fornecedores/parceiros

contribui para o planejamento (QI5). Destaque positivo para hospitais da 2 a, 4a, 5 a,

6a, 7 a e 8 a Regiões de Saúde na adoção de práticas de GCS focadas na Qualidade

da Informação. Tal fato pode estar relacionado visto que os mesmos proativamente

buscam informações que julgam salutares para o negócio junto aos seus

fornecedores/ parceiros.

Vários estudos relatam que a Qualidade da Informação colabora

positivamente para o alcance de ótimos resultados para a cadeia de suprimentos

hospitalar, desde ações de gerenciamento de materiais, aprendizagem colaborativa

Page 71: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

57

e operacional (INFANTE; DOS SANTOS, 2007; METTLER, 2011; ALBARUNE et al.,

2015).

Quadro 5.4- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão Qualidade da Informação (QI) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES

QI1

QI2

QI3

QI4

QI5

1ª Região de Saúde

1- H.M.A.B. S. José de Mipibú 3 3 2 2 2

2- H.L.G.V. StºAntônio 1 1 1 1 1

3- H.G.O.S. Canguaretama 3 3 2 2 2

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 3 3 3 2 5

5- H.R.F. Mossoró 5 4 3 2 5

6- H.R.H.M.M. Apodi 5 5 2 4 2

7- H.R.A.P. Caraúbas 3 2 2 2 2

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 1 5 3 3 3

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 5 3 5 5 5

10- H.R.M.C. Currais Novos 1 1 1 1 1

11- H.O.G.S. Acari 3 2 2 2 2

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 4 4 5 2 3

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 4 4 4 5 5

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 1 5 3 3 3

15- H.G.T. Natal 1 5 5 4 2

16- H.J.P.B. Natal 1 1 3 5 5

17- H.J.M. Natal 5 5 3 2 3

18- H.M.A.F. Natal 5 5 5 5 4

19- H.R.P.S. Natal 1 5 3 3 3

20- H.R.A.M.F. Macaíba 1 1 1 1 1

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 3 3 2 2 2

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 5 3 5 5 5

23- H.R.A. Angicos 1 1 1 1 1

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

O quadro 5.5 apresenta a freqüência das respostas para os itens da

dimensão Custo. Os percentuais informados se referem a presença de hospitais com

concordância nas afirmações por Região de Saúde.

Ao considerar Custo em relação aos hospitais por Região de Saúde, das 8

Regiões, 50% concordam que seus custos são inferiores (C1), 50% concordam que

são capazes de reduzir seus custos em relação a outros hospitais da rede pública do

RN (C2), 62,5% concordam que seus custos com estoque são inferiores (C3) e

62,5% concordam que têm índices percas com materiais e medicamentos com

validade expirada inferiores aos dos outros hospitais da rede pública do RN (C4).

Chama a atenção o número de respondentes que afirmou não conseguir

avaliar os itens referentes à Custo (1ª Região: H.L.G.V.; 3ª Região: H.R.J.A.G.; 4ª

Page 72: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

58

Região: H.R.S. e H.R.M.C.; 6ª Região: H.R.C.C.A.; 7ª Região: H.R.A.M.F e 8ª

Região: H.R.N.I.S. e - H.R.A.). Isso pode indicar um baixo conhecimento dos custos

de hospitais semelhantes ao seu ou dos custos de seu próprio hospital. Em qualquer

das situações, esses dados sugerem que há pouco avanço no setor em relação ao

desenvolvimento do desempenho em custo. Aguilar-Escobar et al., (2013) afirma em

seu estudo que a aplicação dos Princípios Lean contribui para a melhoria dos custos

logísticos e da satisfação dos clientes.

Quadro 5.5- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão Custo (C) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES

C1

C2

C3

C4

1ª Região de Saúde

1-H.M.A.B. S. José de Mipibú 5 5 5 5

2- H.L.G.V. StºAntônio 1 1 1 1

3- H.G.O.S. Canguaretama 5 5 5 5

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 3 3 3 3

5- H.R.F. Mossoró 5 5 1 1

6- H.R.H.M.M. Apodi 4 4 4 4

7- H.R.A.P. Caraúbas 5 5 5 5

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 1 1 1 1

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 1 1 1 1

10- H.R.M.C. Currais Novos 1 1 1 1

11- H.O.G.S. Acari 5 5 5 5

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 1 1 5 4

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 1 1 1 1

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 1 4 3 5

15- H.G.T. Natal 3 1 5 1

16- H.J.P.B. Natal 3 5 1 1

17- H.J.M. Natal 1 5 1 1

18- H.M.A.F. Natal 5 5 5 4

19- H.R.P.S. Natal 4 1 1 3

20- H.R.A.M.F. Macaíba 1 1 1 1

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 5 5 5 5

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 1 1 1 1

23- H.R.A. Angicos 1 1 1 1

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

O Quadro 5.6 apresenta a frequência das respostas para os itens da

dimensão Qualidade. Os percentuais informados se referem à presença de hospitais

com concordância nas afirmações por Região de Saúde.

Page 73: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

59

Quadro 5.6- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão Qualidade (Q) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES

Q1

Q2

Q3

Q4

1ª Região de Saúde

1-H.M.A.B. S. José de Mipibú 4 4 1 2

2- H.L.G.V. StºAntônio 1 4 4 5

3- H.G.O.S. Canguaretama 2 4 1 2

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 3 5 5 5

5- H.R.F. Mossoró 1 5 5 4

6- H.R.H.M.M. Apodi 4 4 5 4

7- H.R.A.P. Caraúbas 2 4 1 2

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 1 5 5 5

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 5 3 3 1

10- H.R.M.C. Currais Novos 1 1 1 1

11- H.O.G.S. Acari 2 4 1 2

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 4 4 5 4

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 1 4 4 5

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 1 1 3 5

15- H.G.T. Natal 1 5 3 4

16- H.J.P.B. Natal 1 1 1 4

17- H.J.M. Natal 1 1 3 5

18- H.M.A.F. Natal 5 5 5 5

19- H.R.P.S. Natal 1 5 5 5

20- H.R.A.M.F. Macaíba 1 4 4 5

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 4 4 4 4

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 5 3 3 1

23- H.R.A. Angicos 1 4 4 5

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

No que se refere à percepção dos respondentes acerca da Qualidade por

região de saúde se evidenciou que 75% das regiões pesquisadas possuem hospital

que concorda que seus serviços oferecidos são de melhor qualidade que os de

outros hospitais semelhantes (Q1); 100% concorda que seus serviços são confiáveis

(Q2); 87,5% das regiões concorda que seus serviços são eficientes (Q3) e que a

adoção de modelo de gestão de cadeia de suprimentos baseado nos princípios da

Qualidade contribuiria positivamente para melhoria da instituição (Q4).

As práticas com foco na Qualidade tais como o gerenciamento de risco na

cadeia de suprimentos hospitalar, contribuem para a manutenção da Qualidade da

prestação do serviço de assistência à saúde (ELLEUCH et al., 2014).

O Quadro 5.7 apresenta a frequência das respostas para os itens da

dimensão Entrega. Os percentuais informados se referem à presença de hospitais

com concordância nas afirmações por Região de Saúde.

Page 74: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

60

Quadro 5.7- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão Entrega (E) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES

E1

E2

1ª Região de Saúde

1-H.M.A.B. S. José de Mipibú 1 1

2- H.L.G.V. StºAntônio 5 5

3- H.G.O.S. Canguaretama 1 1

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 5 5

5- H.R.F. Mossoró 5 5

6- H.R.H.M.M. Apodi 3 3

7- H.R.A.P. Caraúbas 1 1

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 5 5

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 3 3

10- H.R.M.C. Currais Novos 3 3

11- H.O.G.S. Acari 3 1

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 5 4

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 5 5

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 3 1

15- H.G.T. Natal 3 3

16- H.J.P.B. Natal 5 1

17- H.J.M. Natal 3 3

18- H.M.A.F. Natal 5 5

19- H.R.P.S. Natal 3 3

20- H.R.A.M.F. Macaíba 5 5

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 1 1

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 3 3

23- H.R.A. Angicos 5 5

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Quanto à Entrega 87,5% das regiões pesquisadas possuem hospitais os

quais concordam que oferecem serviços que seus clientes necessitam (E1) e que

seus clientes são atendidos com prontidão (E2). É possível que o caráter de

urgência e de extrema necessidade que os hospitais têm os conduza a um bom

desempenho neste quesito. A 3a Região não concorda com nenhuma das

afirmativas pesquisadas. A literatura apresenta que práticas Lean possibilitam

melhor desempenho na produção de itens necessários, quando necessários e nas

quantidades necessárias (AGUILAR-ESCOBAR et al, 2013).

O Quadro 5.8 apresenta a frequência das respostas para os itens da

dimensão Inovação (I).

Page 75: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

61

Quadro 5.8- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão Inovação (I) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES

I1

I2

1ª Região de Saúde

1- H.M.A.B. S. José de Mipibú 1 1

2- H.L.G.V. StºAntônio 5 1

3- H.G.O.S. Canguaretama 2 2

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 5 5

5- H.R.F. Mossoró 5 3

6- H.R.H.M.M. Apodi 4 5

7- H.R.A.P. Caraúbas 2 2

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 5 5

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 5 5

10- H.R.M.C. Currais Novos 1 1

11- H.O.G.S. Acari 2 2

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 4 5

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 5 4

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 4 4

15- H.G.T. Natal 5 3

16- H.J.P.B. Natal 5 5

17- H.J.M. Natal 3 3

18- H.M.A.F. Natal 5 5

19- H.R.P.S. Natal 1 1

20- H.R.A.M.F. Macaíba 5 1

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 1 1

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 5 5

23- H.R.A. Angicos 5 1

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

De acordo com a percepção dos respondentes das 8 Regiões de Saúde

100% das regiões possuem hospitais os quais concordam que adequam os serviços

às necessidades dos clientes sempre que necessário (I1) e 87,5% concordam que

desenvolvem serviços considerando sugestão dos clientes (I2). Tal fato pode estar

relacionado à capacidade criativa dos trabalhadores da saúde que mesmo sem

recursos suficientes, buscam adaptar-se e assim prestar a assistência necessária.

O Quadro 5.9 apresenta frequência das respostas para os itens da dimensão

Tempo (T). Os percentuais informados se referem à presença de hospitais com

concordância nas afirmações por Região de Saúde.

Page 76: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

62

Quadro 5.9- Percepção dos respondentes acerca da adoção de práticas de GCS na dimensão Tempo (T) por Regiões de saúde do RN.

REGIÃO HOSPITAL MUNICÍPIO

QUESTÕES

T1

T2

1ª Região de Saúde

1-H.M.A.B. S. José de Mipibú 2 2

2- H.L.G.V. Stº.Antônio 1 1

3- H.G.O.S. Canguaretama 2 2

2ª Região de Saúde

4- H.R.T.V.M. Mossoró 5 5

5- H.R.F. Mossoró 3 3

6- H.R.H.M.M. Apodi 4 4

7- H.R.A.P. Caraúbas 2 2

3ª Região de Saúde 8- H.R.J.A.G. João Câmara 1 1

4ª Região de Saúde

9- H.R.S. Caicó 1 1

10- H.R.M.C. Currais Novos 1 1

11- H.O.G.S. Acari 2 2

5ª Região de Saúde 12- H.R.S.P. S.Paulo Potengi 5 5

6ª Região de Saúde 13- H.R.C.C.A. Pau dos Ferros 1 1

7ª Região de Saúde – Região Metropolitana

14- H.M.W.G. Natal 1 1

15- H.G.T. Natal 1 1

16- H.J.P.B. Natal 1 1

17- H.J.M. Natal 1 1

18- H.M.A.F. Natal 1 1

19- H.R.P.S. Natal 1 1

20- H.R.A.M.F. Macaíba 1 1

21- H.R.D.M.L. Parnamirim 2 2

8ª Região de Saúde 22- H.R.N.I.S. Assú 1 1

23- H.R.A. Angicos 1 1

Fonte: Dados coletados pela autora, 2016.

Ao responder sobre Tempo, apenas a 5a Região e dois hospitais da 2a Região

concordam que praticam ações favoráveis para a minimização do tempo empregado

afim de prestar seus serviços de assistência à saúde. 75% dos respondentes das 8

Regiões de Saúde não concordam que desenvolvem serviços mais rapidamente que

os outros hospitais da rede pública do RN (T1) e nem que implantam serviços mais

rapidamente que outros hospitais da rede pública do RN (T2).

A Figura 5.11 apresenta como estão distribuídas, em termos de adoção, as

práticas de GCS dos Hospitais Estaduais nas Regiões de Saúde do RN. Vale

salientar que apesar das variáveis aqui estudadas estarem presentes em

praticamente todas as regiões, as mesmas não estão sendo desenvolvidas

uniformemente em todos os hospitais de uma mesma região, chegando inclusive a

serem percentualmente inexpressivas como no caso de Custos e Entrega.

Page 77: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

63

Figura 5. 11- Distribuição das Práticas em GCS adotadas pelos hospitais da SESAP, por Região de Saúde segundo a percepção dos respondentes.

Fonte: Elaboração própria, 2017.

5.3 Proposta de padrão com base na NBR ISO 9001 para implementação de

práticas de GCS nos Hospitais da SESAP RN

Em 2009, Gionata Carmignani realizou um estudo no qual propôs a definição

de um padrão para se implementar um sistema de gestão de processos em uma

cadeia de suprimentos baseado na norma ISO 9001. Na época a versão 2000

possuía aspectos conceituais de qualidade voltados para uma única organização.

No estudo foi realizada uma interpretação modificada da norma ISO 9001: 2000,

para facilitar a introdução dos princípios e técnicas de GCS modernos,

estabelecendo então o modelo.

No seu modelo de padrão estrutural para CS, Carmignani (2009) afirma que

uma equipe de alta gerência deve ser criada e deverá definir a política e as

estratégias da cadeia de suprimentos. Unir eficiência e responsividade também é

Page 78: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

64

importante, tomando-se como base as características do produto, tipo de mercado,

Grande / curto período de produção / planejamento de compras, etc.

Na estrutura descrita foram identificados quatro processos principais:

requisitos de clientes e análise de demanda; gestão e partilha de informação; gestão

de inventário; e instalações e gestão de transportes. Muitos autores (Lee, 2000;

Hugos, 2003; Chopra; Meindl, 2001) consideram os últimos três como os principais

condutores que determinam o desempenho da cadeia de abastecimento. Cada

processo principal deve ser projetado e desenvolvido, adquirido, realizado,

monitorado e melhorado.

Considerando que a versão atual da NBR ISO 9001 é a 2015, e com base no

trabalho de Carmignani, elaborou-se para esta pesquisa um padrão visando

contribuir para o enquadramento da estrutura padrão da GCS com a estrutura

padrão da Norma ISO 9001: 2015. O modelo tem como principais objetivos

enfatizar a relevância dos resultados do SGQ e do seu escopo; adotar uma

estrutura comum a outras normas; reforçando a aplicação da abordagem por

processos; facilitar a implementação e a avaliação, ainda estabelecer um vínculo

estratégico mais forte entre cadeia de suprimentos e a Organização.

Neste novo padrão (Figura 5.12), a estrutura da NBR ISO 9001:2015 sinaliza

pontos a serem considerados:

A organização deve identificar e contextualizar o propósito do seu negócio,

ao ponto que possa determinar questões externas e internas que sejam pertinentes

para seu direcionamento estratégico e que afetem sua capacidade de alcançar os

resultados pretendidos.

A Alta Direção deve demonstrar liderança e comprometimento com relação a

sua política e objetivos. Ressalta-se que é importante pensar quais são os processos

necessários e suas interações e ainda como prover consistentemente produtos e

serviços que atendam aos requisitos do cliente, estatutários e regulamentares.

Atuando desta forma, pode-se inferir que os insumos necessários para o

estabelecimento de uma política e estratégia de cadeia de suprimentos se efetue,

gerando eficiência e a responsividade positivas.

Além de planejar e implementar os processos do negócio, a organização deve

controlar e monitorar os mesmos. Portando, os recursos devem ser administrados de

modo a suprir as necessidades de pessoal, infraestrutura, ambiente para operação

dos processos; monitoramento e medição e gerenciamento de riscos.

Page 79: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

65

A NBR ISO 9001:2015 esclarece que a abordagem de riscos e oportunidades

estabelece uma base para o aumento da eficácia do sistema de gestão da

qualidade, alcançar resultados melhorados e para a prevenção de efeitos negativos.

Qualquer incerteza pode ter um efeito positivo ou negativo, merecendo uma tratativa

pertinente.

A estrutura padrão ISO 9001:2015 uma vez executada fomentará a interação

de clientes, requisitos, demandas, gestão de instalações e transportes, gestão de

inventário e de informação. Por fim teremos o estabelecimento de um sistema de

análise de processos e mapa da melhoria de uma gestão de cadeia de suprimentos

diretamente relacionada com a qualidade.

A adoção do sistema de GCS com vistas à Qualidade deve ser uma decisão

estratégica para todas as áreas envolvidas na cadeia de suprimentos de uma

organização. A concepção e implementação de um sistema de gestão é influenciado

por necessidades diversas, objetivos específicos, produtos fornecidos, práticas

empregadas e estrutura de parceiros individuais (CARMIGNANI, 2009).

Cosiderando os resultados de pesquisa, obtidos através da perspectiva dos

gestores de suprimentos dos hospitais da SESAP RN, pode-se identificar que a

percepção deles acerca das práticas adotadas para gestão de suas respectivas

cadeias de abastecimento é bastante heterogênea, o que pode comprometer

negativamente o desempenho operacional destes hospitais.

De modo a contribuir positivamente para melhoria do atual panorama

evidenciado nesta pesquisa, sugere-se a adoção do Padrão de GCS baseado na

Norma ISO 9001:2015 (Figura 5.12).

Page 80: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

66

Figura 5.12- Padrão de Gestão de Cadeia de Suprimentos baseado na Norma ISO 9001:2015.

Fonte: Elaboração Própria, 2017.

Para compreensão e efetiva implementação do padrão proposto para gestão

da cadeia de suprimentos dos hospitais da SESAP RN, sugere-se o cumprimento

das seguintes etapas:

- Primeira etapa:

Esta fase consiste num primeiro momento em que a gestão central (SESAP

RN), aliada aos demais gestores envolvidos, contextualize as organizações

hospitalares sob sua responsabilidade, o que nada mais é do que identificar o real

propósito das mesmas e assim promover entre os que a compõe um melhor

entendimento acerca da grade de serviços a ser oferecida à população usuária. Para

tanto, será necessário que sejam definidos o perfil dos hospitais comtemplanto sua

Comprometimento e liderança, política e objetivos.

Pla

neja

mento

para

o S

GQ

e

alin

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ização.

Atendimento aos requisitos do cliente. Gestão de recursos, medição, análise e melhoria.

Aná

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pacto

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rocessos,

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serv

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forn

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os.

Política e estratégia de cadeia de suprimentos

Eficiência Responsividade

Cliente, requisitos e análise de demanda

Gestão de instalações e

transporte

Gestão da informação e compartilha-

mento

Gestão de inventário

Sistema de análise de processos e mapa da melhoria

Estrutura padrão ISO 9001:2015

Estrutura padrão cadeia de suprimentos

Page 81: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

67

grade de serviços a oferecer à população, quais os clientes e quais a diretrizes a

serem atendidas. Para esta última necessidade deve-se considerar requisitos dos

clientes, dos fornecedores e aqueles determinados por leis e portarias

regulamentares.

A realização de Benchmarking junto a outras organizações hospitalares é

recomendada, a fim de se obter valiosas informações acerca do estabelecimento

dos processos necessários para realização do negócio a que se propõe. Para que a

cadeia de abastecimento funcione eficazmente, tem que se identificar e gerir as

atividades. Uma atividade usando recursos e gerenciada para transformação de

inputs em outputs, pode ser considerado como um processo (CARMIGNANI, 2009).

A forma de relacionamento com fornecedores deve ser estabelecida nesta

fase, devendo atender ao propósito da organização e requisitos definidos.

Após contextualizar as organizações hospitalares, deverá ser definida a

política e a estratégia para cadeia de suprimentos. Para tanto devem ser

identificadas as lideranças que irão colaborar para nortear as ações, tecnicamente

competentes e estando devidamente cientes do propósito da organização na qual

estão inseridas.

Objetivos mensuráveis através de indicadores devem ser definidos a fim de

assegurar meios para o controle e monitoramento dos processos necessários à

realização das atividades. Objetivo e foco de atendimento ao cliente devem ser

comuns a todos os membros da cadeia de suprimentos (DESHPANDE, 2012;

MARIN-GARCIA et al., 2013).

A definição de fluxo de informação, elaboração de procedimentos

operacionais padrão contribuirão para melhor controle gerencial, porém a

capacitação de todas as partes interessadas deve ser realizada, objetivando

assegurar o bom atendimento às diretrizes estabelecidas. As capacidades precisam

ser desenvolvidas para permitir uma adaptação sustentada das práticas de trabalho

que podem ser fundamentais (METTLER ,2011).

- Segunda etapa:

Fase de operacionalização das diretrizes planejadas no período anterior.

Onde deverá ocorrer o atendimento aos requisitos regulamentares e de clientes. O

gerenciamento de processos necessários ao estabelecimento da cadeia de

suprimentos hospitalar é exercido, particularmente no que tange práticas nas

dimensões apresentadas na literatura pesquisada neste estudo e relativas a

Page 82: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

68

atividades de análise de demandas, instalação e transporte, inventário e informação

(LI et al, 2006; CARMIGNANI, 2009) . Periodicamente deverá ser realizada, de forma

crítica pelos gestores envolvidos, análise da viabilidade operacional, identificados

riscos potenciais e resultados obtidos. Tais procedimentos fomentarão a tomada de

decisão, ações para correção de desvios e ações preventivas.

- Terceira etapa:

A organização deve conduzir monitoramentos a intervalos planejados para

prover informação sobre se o sistema de gestão está conforme em relação aos

requisitos estabelecidos e se está implementado e mantido eficazmente (NBR ISO

9001, 2015). Como encaminhamentos do monitoramento realizado poderão ser

recomendados ações corretivas ou de melhoria. A figura 5.13 ilustra as Etapas para

implantação de práticas de GCS baseada na Norma ISO 9001.

Figura 5.13- Etapas para implementação de práticas de GCS baseada na Norma ISO

9001:2015

Fonte: Elaboração própria, 2017.

Leis e Portarias

Benchmarking

Política e estratégia de cadeia de suprimentos

Operacionalização

Análise de demanda

Informação

Inventário

Instalação

e

transporte

Análise da

viabilidade

operacional,

riscos e

resultados

Ger

enci

am

ento

2a ETAPA

3a ETAPA

Análise de processos e mapa de melhoria

Padronização de procedimentos

Monitoramento

Contextualização da organização e alinhamento dos processos necessários

Ações de melhoria

Perfil Hospitalar

Correções

Relacionamento com fornecedores

Atendimento

aos

requisitos

Lideranças

1a ETAPA

Capacitação

Fluxo da informação Objetivos e indicadores

Clientes

Page 83: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

69

6. CONCLUSÃO

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar as práticas mais

relevantes acerca da Gestão de Cadeia de Suprimentos, adotadas por hospitais e

quais devem ser inseridas nas linhas de atenção hospitalar pela Secretaria de

Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte – SESAP, com vistas na melhoria

da Qualidade, a fim de contribuir para um melhor conhecimento do setor, haja vista

que na revisão da literatura poucos estudos acerca do tema foram encontrados.

Conforme apresentado, são muitas as contribuições positivas que a Gestão

da Cadeia de Suprimentos pode trazer para os hospitais, tais como: a melhoria no

compartilhamento de informação, a coordenação entre as firmas, sinergia, redução

no lead-time, redução nos níveis de estoque, diminuição dos custos, melhora nos

processos, melhora na satisfação dos clientes (SEZEN, 2008).

Há indícios de que significativa quantidade de práticas de GCS, não foi

adotada por parte dos hospitais que responderam à pesquisa, portanto os seus

desempenhos operacionais têm chances potenciais de estarem comprometidos

negativamente.

As práticas que tratam do fornecedor e do cliente, as relacionadas ao

compartilhamento e qualidade da informação segundo a percepção dos

respondentes, são parcialmente difundidas nos hospitais, sendo que a qualidade da

informação e o relacionamento com clientes são as que aparecem como menos

adotadas, o que pode comprometer a Gestão da Cadeia de Suprimentos como um

todo, pois, segundo Mentzer et al. (2001), o compartilhamento mútuo de informação

e consequentemente a sua qualidade são fundamentais para a implantação da GCS.

Os hospitais parecem apresentar um melhor desempenho operacional à

Qualidade e especialmente a Inovação. Uma parcela expressiva dos respondentes

não sabia responder boa parte dos questionamentos. No tocante ao Custo de seu

hospital em relação a hospitais semelhantes, foi sinalizado pouco desenvolvimento

do setor neste aspecto, o que condiz com a realidade do setor, visto que muitos

hospitais não dispõem de mecanismos para controle e monitoramento de custos

hospitalares e muitos ainda estão implantando seus sistemas.

Logo, é possível inferir que poucas são as atividades relacionadas à GCS

adotadas por todos os hospitais geridos pela SESAP RN, não havendo à época

deste estudo, decisão deliberada pela sua implantação o que pode fazer com que os

Page 84: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

70

esforços isolados e concentrados em algumas práticas não apresentem resultados

positivos relevantes e consistentes no desempenho operacional.

A pesquisa atingiu os seus objetivos específicos ao identificar as principais

práticas de Gestão de Cadeia de Suprimentos (GCS) em hospitais no capítulo 2;

enquadrar a estrutura padrão de GCS na estrutura padrão da Norma da Qualidade,

a ISO 9001:2015 no capítulo 3; correlacionar as práticas de GCS adotadas pelos

hospitais públicos estaduais do RN com as principais práticas de GCS hospitalares

evidenciadas no capítulo 5 e propor à SESAP padrão para implementação de

práticas de GCS em seus hospitais, baseado nos requisitos da norma da Qualidade

a NBR ISO 9001:2015. Foi possível recomendar a adoção de práticas de GCS, com

especial atenção para Parceria Estratégica com fornecedores, Compartilhamento e

Qualidade da informação e Relacionamento com o cliente.

As etapas propostas ofereceram uma diretriz para a implementação de

práticas de GCS como parte da estratégia dos hospitais públicos do RN. A Norma da

Qualidade ISO 9001:2015 e sua correlação com a estrutura de CS, embora

genérica, atende às necessidades de direcionamento de uma boa estrutura padrão

de GCS Hospitalar, servindo-lhe de guia.

Como sugestão de pesquisa futura, sugere-se seja avaliada a adoção modelo

de gestão da cadeia de suprimentos hospitalar baseada na Norma da Qualidade,

elucidando então seu impacto para a melhoria do desempenho operacional das

unidades hospitalares. Outra sugestão seria estudar internamente a gestão da

cadeia de suprimento hospitalar, considerando inclusive o fluxo do paciente, o

gerenciamento do leito, o fluxo de informação das áreas e qual a influência do perfil

hospitalar frente ao desempenho operacional da cadeia de suprimentos.

Page 85: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

71

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Page 90: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

76

APÊNDICES

APÊNDICE 1

Questionário utilizado

1- CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL

Nome da Instituição:_____________________________________________________ Tipo: ( ) Hospital Geral ( ) Hospital Especializado:___________________________ Natureza: ( ) Público – com autonomia financeira ( ) Público – sem autonomia financeira No de leitos: ( ) Até 50 leitos ( ) de 51 a 150 leitos ( ) Acima de 150 leitos

2- QUESTIONÁRIO Por gentileza, assinale o seu grau de concordância acerca das afirmações abaixo, de modo a considerar o hospital no qual trabalha e de acordo com a classificação que se apresenta:

1- Não tenho como avaliar

2- Discordo totalmente

3- Discordo

4- Concordo totalmente

5- Concordo

Parceria estratégica com o fornecedor 1 2 3 4 5

Nós sempre consideramos a qualidade como o principal critério ao escolher nossos fornecedores.

Frequentemente resolvemos problemas em conjunto com fornecedores.

Nossos fornecedores participam de nossos programas de melhoria contínua.

Nossos fornecedores -chave participam de nossas atividades de planejamento e definição de metas.

Relacionamento com o cliente 1 2 3 4 5

Nossos clientes são sempre consultados para ajustes de confiabilidade, presteza ao atendimento e outros padrões importante para uma satisfatória prestação de serviços.

Realizamos pesquisa e análise da satisfação do nosso cliente.

Avaliamos periodicamente a importância do nosso relacionamento com o cliente.

Frequentemente determinamos quais são as expectativas de nossos clientes.

Compartilhamento da informação 1 2 3 4 5

Nós informamos com antecedência aos nossos parceiros/fornecedores mudanças ocorridas em nossas necessidades.

Nossos parceiros/fornecedores nos mantém com informações atualizadas acerca de questões que afetem o nosso negócio.

Nossos parceiros/fornecedores compartilham conhecimento conosco.

Regularmente, nós e nossos parceiros/fornecedores trocamos informações que contribuem para nosso planejamento.

Page 91: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

77

Qualidade da informação 1 2 3 4 5

As informações fornecidas entre nós e nossos parceiros/fornecedores são confiáveis.

As informações trocadas entre nós e nossos parceiros/fornecedores são pertinentes ao nosso negócio.

As informações entre nós e nossos parceiros/fornecedores sempre ocorre em tempo hábil para a tomada de decisão.

Nosso método de controle de estoque e distribuição de insumos possibilita obtenção de informações consistentes.

Regularmente, nós e nossos parceiros/fornecedores trocamos informações que contribuem para nosso planejamento.

Custo 1 2 3 4 5

Nossos custos são inferiores aos de hospitais de mesma natureza, porte e complexidade dentro da rede de saúde pública do RN.

Nós somos capazes de reduzir nossos custos em relação a outros hospitais da rede pública do RN.

Nossos custos com estoque são inferiores ao dos outros hospitais da rede pública do RN.

Nossos percas com mat./med. com validade expirada são inferiores aos dos outros hospitais da rede pública do RN.

Qualidade 1 2 3 4 5

Nossos serviços oferecidos são de melhor qualidade que os de outros hospitais semelhantes ao nosso.

Nossos serviços são confiáveis.

Nossos serviços são eficientes.

A adoção de modelo de gestão de cadeia de suprimentos baseado nos princípios da Qualidade contribuiria positivamente para melhoria da nossa instituição.

Entrega 1 2 3 4 5

Nossos serviços oferecidos são os que nossos clientes necessitam.

Nossos clientes são atendidos com prontidão.

Inovação 1 2 3 4 5

Nós adequamos nossos serviços às necessidades dos clientes sempre que necessário.

Nós desenvolvemos serviços considerando sugestão dos clientes.

Tempo 1 2 3 4 5

Desenvolvemos serviços mais rapidamente que os outros hospitais da rede pública do RN.

Nós implantamos serviços mais rapidamente que outros hospitais da rede pública do RN.

Page 92: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

78

APÊNDICE 2

Teste aplicado em amostra piloto de respondentes ao questionário

1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 2 2 2 3 3

2 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

3 2 2 2 2 2 2 2 2 4 2 2 2 3 3

4 3 5 3 3 2 2 3 3 5 5 5 5 3 3

5 1 1 1 1 3 3 3 3 5 5 5 5 5 4

6 1 1 1 1 1 2 2 2 5 2 2 2 5 5

7 1 1 1 1 2 2 2 2 4 2 2 2 3 2

8 5 1 1 1 5 5 5 5 1 1 1 1 1 5

9 1 3 3 5 3 3 5 5 3 3 1 3 5 3

10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

11 1 1 1 1 2 2 2 2 4 2 2 2 3 2

12 1 1 1 1 2 2 2 2 3 5 1 5 4 4

13 5 4 4 3 3 3 3 3 5 3 3 5 4 4

14 4 4 1 1 3 3 3 3 5 5 5 4 1 5

15 2 5 2 3 1 3 3 3 3 4 3 2 1 5

16 5 5 1 3 1 1 1 1 1 5 5 5 1 1

17 5 5 3 3 3 3 3 3 5 5 3 3 5 5

18 5 5 3 3 5 5 5 5 3 3 3 3 5 5

19 3 1 3 3 2 3 3 3 2 3 5 3 1 5

20 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

21 1 1 1 1 1 1 1 1 4 2 2 2 3 3

22 1 3 3 5 3 3 5 5 3 3 1 3 5 3

23 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Variância das variáveis/questões 3,50

4,00

0,94

1,50

2,00

2,00

2,78

2,78

2,03

2,25

2,50

1,53

3,78

3,44

Soma da variância das variáveis - Σvi 77,43 Variância total - Σvt 489,08 Número de variáveis - K 23

Alfa de Cronbach - α 0,88 Erro amostral - E

Desvio padrão

0,800056

Amostra piloto

Page 93: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

79

APÊNDICE 3

Análises Estatísticas

Distribuição das notas nas dimensões Parceria estratégica com o fornecedor versus outras variáveis

Distribuição das notas na dimensão Relacionamento com o cliente e outras variáveis.

Distribuição das notas na dimensão Compartilhamento da informação versus outras variáveis

Page 94: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

80

Distribuição das notas na dimensão Qualidade da informação versus outras variáveis.

Distribuição das notas na dimensão Custo versus outras variáveis.

Distribuição das notas na dimensão Qualidade versus outras variáveis.

Page 95: Análise das práticas de gestão da Cadeia de Suprimentos

81

Distribuição das notas na Entrega versus outras variáveis.

Distribuição das notas na dimensão Inovação versus outras variáveis.

Comportamento das variáveis em estudo

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ANEXO

Questionário Original