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A presença da mulher na literatura umbandista: uma análise de obras de W. W. Matta e Silva Giovanna Helena Teixeira da Cruz Silva 1 1. Introdução Tradicionalmente, verifica-se o controle masculino da produção do sagrado nas grandes religiões do mundo. Apesar de a mulher investir mais em religião, é o homem quem domina a construção das regras e doutrinas religiosas. A mulher está ausente dos espaços definidores das crenças e das políticas pastorais e organizacionais das instituições religiosas (ROSADO-NUNES, 2005, p. 363). Além disso, as religiões utilizam seus dogmas para explicar as atribuições femininas e masculinas em seus rituais, reproduzindo, muitas vezes, as diferenças de gênero da sociedade, mas sob o amparo de seres não humanos. Ou seja, a perspectiva de gênero existente nas grandes religiões não deixa espaço para contestações das funções de homens e mulheres em seu interior, já que o divino, o espiritual, não é algo que possa ser contestado (Ibid, p. 363). Em contraposição a esta dominação masculina do religioso, encontramos uma realidade aparentemente distinta no Candomblé brasileiro, fato já relatado por diversos autores, dentre eles Ruth Landes (2002) que pesquisou o candomblé na década de 1940. A percepção da presença feminina marcante nos terreiros de candomblé foi o ponto de partida para os questionamentos acerca da umbanda esotérica e das intrigantes relações de gênero nela existentes, já que nesta religião afro-brasileira a mulher aparentemente não possui o mesmo protagonismo. As relações de gênero na umbanda esotérica parecem estar amparadas em literatura produzida por W. W. Matta e Silva, grande idealizador desta vertente da umbanda no Brasil. O objetivo deste trabalho é, portanto, analisar a maneira como Matta e Silva aborda a mulher em suas obras, buscando comparar com o modo como os frequentadores do terreiro 1 Mestranda em Antropologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Érica Renata de Souza. E-mail: [email protected].

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Page 1: A presença da mulher na literatura umbandista: uma análise ... · A presença da mulher na literatura umbandista: uma análise de obras de W. W. Matta e Silva Giovanna Helena Teixeira

A presença da mulher na literatura umbandista: uma análise de obras de W. W. Matta e

Silva

Giovanna Helena Teixeira da Cruz Silva1

1. Introdução

Tradicionalmente, verifica-se o controle masculino da produção do sagrado nas

grandes religiões do mundo. Apesar de a mulher investir mais em religião, é o homem quem

domina a construção das regras e doutrinas religiosas. A mulher está ausente dos espaços

definidores das crenças e das políticas pastorais e organizacionais das instituições religiosas

(ROSADO-NUNES, 2005, p. 363).

Além disso, as religiões utilizam seus dogmas para explicar as atribuições femininas e

masculinas em seus rituais, reproduzindo, muitas vezes, as diferenças de gênero da

sociedade, mas sob o amparo de seres não humanos. Ou seja, a perspectiva de gênero

existente nas grandes religiões não deixa espaço para contestações das funções de homens

e mulheres em seu interior, já que o divino, o espiritual, não é algo que possa ser contestado

(Ibid, p. 363).

Em contraposição a esta dominação masculina do religioso, encontramos uma

realidade aparentemente distinta no Candomblé brasileiro, fato já relatado por diversos

autores, dentre eles Ruth Landes (2002) que pesquisou o candomblé na década de 1940. A

percepção da presença feminina marcante nos terreiros de candomblé foi o ponto de

partida para os questionamentos acerca da umbanda esotérica e das intrigantes relações de

gênero nela existentes, já que nesta religião afro-brasileira a mulher aparentemente não

possui o mesmo protagonismo.

As relações de gênero na umbanda esotérica parecem estar amparadas em literatura

produzida por W. W. Matta e Silva, grande idealizador desta vertente da umbanda no Brasil.

O objetivo deste trabalho é, portanto, analisar a maneira como Matta e Silva aborda a

mulher em suas obras, buscando comparar com o modo como os frequentadores do terreiro 1 Mestranda em Antropologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Érica Renata de Souza. E-mail: [email protected].

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interpretam as regras impostas à mulher. Pretende-se verificar também se há outros

elementos relacionados à mulher transmitidos aos médiuns através da oralidade e

compreender como esta aparente subordinação está contida na prática ritual do terreiro. É

preciso compreender ainda como as mulheres atualizam e performatizam as desiguais

expectativas de gênero que orientam as obras. As análises serão produzidas a partir das

observações de campo que vêm sendo realizadas desde março de 2015 em terreiro de

umbanda na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

2. Construções de gênero na literatura umbandista

Segundo a literatura da umbanda esotérica, é vedada à mulher a colheita de ervas

para confecção de banhos ou defumações, por conta de desequilíbrios próprios da natureza

feminina que podem impregnar as ervas de vibrações negativas e prejudicar a aura das

pessoas (NETO, 1991, p. 115)2. Silva (2011a) também justifica esse fato em uma de suas

obras. Segundo ele,

Nenhuma planta ou erva para “amacy” pode ser colhida, triturada e muito menos ser

submetida como ato de consagrar outra pessoa, por elemento do sexo feminino. Lembre-

se: em nenhuma corrente religiosa, iniciática, esotérica, mágica, templária, etc., do

mundo, foi dado à mulher a outorga, o poder de iniciar visões e nem mesmo a suas iguais

de sexo... Na Umbanda, jamais constou que essa OUTORGA também lhe fosse dada... O

comando vibratório da mulher é passivo, úmido, lunar, esquerdo – é aquilo cuja natureza

tem como eterna função de gerar, receber, ou seja, feita para ser eternamente fecundada

pelo princípio ativo, direito, de ação positivamente fecundante... E esse é o HOMEM, o

varão... (SILVA, 2011a, p. 88).

Estas vibrações negativas excretadas pela mulher são também utilizadas como

justificativa para o fato de ela não poder ser chefe de terreiro ou mãe de santo na umbanda

esotérica. Ainda em SILVA (2011a) podemos observar uma dessas justificativas.

2 Rivas Neto será citado ao longo deste trabalho por se tratar daquele que continuou o legado de Matta e Silva. Apesar de haver controvérsias quanto a isso (muitos o têm como um usurpador das ideias de Matta e Silva), as obras de Neto ainda são utilizadas no dia a dia do terreiro.

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Nós já vimos há muitos anos alertando contra os perigos desse “comando” que a mulher

“assumiu”, dos Candomblés para os terreiros de Umbanda popular...

(...)

Mas para essa maioria medrosa, podemos apontar também, como exemplo dignificante, a

atitude observada por Paulo VI, que, apesar das pressões, recusou taxativamente, várias

vezes, ordenar mulheres Sacerdotes. Do Jornal “O DIA” – 1977, podemos extrair as suas

razões (de Paulo VI), e compreendê-las perfeitamente. Com o título de “Paulo VI Explica

Por que Não Pode Haver Mulher Sacerdote”, se lê o seguinte: - “O Papa Paulo VI afirmará,

num importante documento, a ser divulgado hoje, que não pode haver discussões sobre a

elevação da mulher ao sacerdócio dentro da Igreja Católica Romana, porque ‘Cristo foi

homem’. (...)” (SILVA, 2011, p. 73).

Estes e outros elementos contidos na literatura umbandista normatizam os rituais,

pois estas obras amparam a prática. Porém, no que diz respeito às relações de gênero no

ritual, a percepção dos frequentadores do terreiro, muitas vezes difere do que é pregado nas

obras. Para compreender melhor estas discrepâncias, farei um relato de minha experiência

na umbanda e de eventos que permearam a pesquisa que realizo.

3. Entre uma umbandista e uma feminista: etnografia no terreiro de umbanda3

Parafraseando Strathern (1997), descrevo neste item alguns conflitos de ser mulher,

feminista e umbandista e de pesquisar relações de gênero na religião que escolhi para minha

vida. Frequentadora do terreiro de umbanda esotérica (TUO – Tenda de Umbanda Oriental4)

desde agosto de 2012, percebi, o que acreditava ser, uma separação entre as práticas

masculinas e femininas nos rituais e na hierarquia estabelecida pelo chefe do terreiro que

parecia colocar a mulher em posição de inferioridade. Essa intrigante separação se tornou

mais evidente ao ter contato com as obras escritas por Matta e Silva, chamado também de

pai Matta. Meu lugar de nativa, ou seja, de filiada ao terreiro, foi imprescindível para

3 Nesse item inicio a perspectiva antropológica do trabalho que venho realizando. A escrita será feita em primeira pessoa por motivos que espero ficarem claros ao longo do texto. 4 Não utilizei o nome original do terreiro para preservar meus colegas e parceiros de algum possível constrangimento, mesmo tendo sua autorização para realização da pesquisa e das entrevistas.

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percepção das relações de gênero no terreiro. Aos olhos externos talvez tais supostas

diferenças não se evidenciem.

Comentários entre as mulheres acerca das diferenças de tratamento entre os

médiuns masculinos e femininos eram comuns. Eu, enquanto mulher feminista, me

posicionava contrária a algumas atitudes, mas em reuniões e aulas públicas me sentia

intimidada pelo sexo oposto ao expor minhas opiniões. Sempre havia por trás dos discursos

de separação entre o que é papel feminino e o que é papel masculino questões dogmáticas,

caracterizadas como estabelecidas pelo plano astral – e, portanto, inquestionáveis – além de

estarem baseadas na obra de Matta e Silva. Mas, no interior do chamado corpo feminino do

terreiro, o assunto era mais abertamente debatido e muitas mulheres concordavam que

algo estava errado nas posições assumidas por homens e mulheres.

A visão corrente era de que o lado masculino do terreiro, o lado direito, era mais

harmônico e imune às influências negativas do astral inferior5. O lado feminino do terreiro (o

lado esquerdo) era o lado da fofoca, da demanda6 e da intriga. Ou seja, muitos acreditavam

que o lado feminino estava em desarmonia com o que se esperava de um terreiro de

umbanda, de um local de luz em que os médiuns pretendem ajudar pessoas que vão pedir

ajuda.

Embates e mais embates foram travados discutindo este e outros temas relacionados

ao terreiro. Mas as questões de gênero não se resolviam. Elas eram tidas como dadas e

pareciam não ter solução ou mesmo não deveriam ser solucionadas. Os questionamentos

passaram a existir somente em conversas informais onde transparecia a revolta do corpo

feminino de médiuns em relação às diferenças entre homens e mulheres no terreiro. Minha

tendência era questionar a naturalização das diferenças de gênero que se afirmava na

umbanda e a subordinação feminina. Eu também questionava a associação da mulher ao

que é natural e fisiológico e a forma como a mulher era abordada nas obras de Matta e Silva

(ROSALDO, 1979).

5 Espíritos tidos como malignos e que podem exercer influências negativas sobre o terreiro em vários níveis, levando em casos extremos até à morte (SILVA, 2011b). 6 Ataques espirituais promovidos pelas pessoas que podem ser feitos por meio de trabalhos de magia negra ou apenas através da força do pensamento. Quando se pensa algo ruim sobre alguém, já é uma maneira de demandar contra ela (SILVA, 2011b).

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4. Percalços e deslocamentos

Foi exu pomba gira o pivô de uma reviravolta no terreiro, iniciada no final de 2015 e

efetivada no início de 2016. A entidade feminina mais polêmica dos terreiros de umbanda e

candomblé, tida como maligna por várias igrejas evangélicas a ponto de acabar com

casamentos e necessitando ser expulsa dos corpos por ela dominados, esse espírito

representante da feminilidade e do amor foi, aparentemente, gerador de uma cisão no

terreiro. Relatarei os fatos acontecidos.

Ao final de 2015, começaram a ocorrer algumas mudanças no terreiro. Seu Renato7,

o pai de santo da TUO, anunciou que o terreiro passaria a ter um novo avô de santo, Ramon,

que traria de volta a raiz de Guiné, ou seja, a raiz verdadeira de pai Matta (Matta e Silva)8.

Esta mudança significou o abandono da linha de Rivas Neto e consequentemente sua

desvinculação da antiga matriz9.

O novo avô de santo visitaria a TUO no último ritual do ano de 2015, um ritual

especial no qual seriam feitos trabalhos de corte na gira de Exu (última gira do mês), ou seja,

trabalhos para cortar negatividades diversas das vidas das pessoas, como doenças,

influências de espíritos ruins, pessoas que querem prejudicar, etc. Todos no terreiro

esperavam ansiosos para conhecer Ramon. Mas antes disso acontecer, as mudanças já

estavam ocorrendo, aos poucos, nos rituais. Alguns elementos foram acrescentados, outros

retirados dos rituais. Os médiuns passaram a ser mais bem cuidados espiritualmente e

algumas pessoas passaram a ter atribuições diferentes, modificando a hierarquia do terreiro.

Muitos viam as mudanças com desconfiança, já outros achavam que estavam corretas; o

grupo estava dividido.

7 Foram utilizados nomes fictícios para todos os interlocutores para preservar sua identidade e evitar constrangimentos futuros. 8 De acordo com essa visão Rivas Neto, suposto seguidor de Matta e Silva, teria desvirtuado a raiz de Guiné introduzindo elementos característicos do candomblé e de outras religiões que não seriam originalmente da umbanda esotérica. 9 Até então, o terreiro de umbanda esotérica era uma filial de terreiro maior localizado também em Belo Horizonte. As orientações e os ensinamentos eram passados pelo chefe de terreiro de lá, antigo pai de santo de seu Renato.

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Eis que chega o dia do último ritual na última terça-feira do ano de 2015. Feitas as

orações de costume, as entidades dos exus incorporam10 nos médiuns. As primeiras a

incorporar foram a pomba gira de Ramon e o exu seu Renato. A pomba gira foi logo falando

e fazendo várias coisas que levaram alguns médiuns a um desconforto. Ela falava alto e

conversava com os consulentes rindo e fazendo brincadeiras, além de usar palavreado que

não era comum no terreiro até então. Após esse ritual, fomos para o período de descanso

anual (janeiro). Os ritos só voltaram a acontecer em fevereiro de 2016, iniciando com o rito

de preto velho.

Após o primeiro ritual de 2016, as desconfianças quanto às mudanças continuaram.

O corpo de médiuns ainda continuava o mesmo. Porém, no último ritual do mês de

fevereiro, dedicado aos exus, iniciou-se um processo mudança no terreiro que levou à saída

de vários médiuns antigos. Nesse referido ritual, houve a presença de Ramon e de médiuns

de seu terreiro. Ele e outros médiuns masculinos incorporaram pombas giras. A pomba gira

cigana incorporada em Ramon bebeu espumante e andou pelo terreiro conversando com os

consulentes e oferecendo-lhes bebida. Aos homens, ela se referia através de piadas de duplo

sentido, sempre fazendo referência ao ato sexual, ao órgão sexual masculino e à beleza dos

homens no local. Além disso, o corpo de Ramon demonstrava a feminilidade da entidade

nele incorporada. Vale lembrar que antes mesmo de o conhecermos, já fomos alertados de

que era homossexual.

Estes e outros acontecimentos incomodaram muito aos médiuns mais antigos da

casa, pessoas que trabalhavam no terreiro há quase 10 anos. E entre o ritual de exu

brevemente descrito acima e o ritual de criança, que seria na primeira semana de março,

estes médiuns incomodados se articularam e abandonaram o terreiro, após terem, sem

sucesso, tentado convencer seu Renato do suposto charlatanismo promovido por Tadeu.

Eles utilizaram o linguajar da pomba gira e as abordagens feitas por ela para deslegitimar

Ramon e seu savoir-faire umbandista. A questão da sexualidade também foi abordada.

O ritual seguinte estava esvaziado e isso gerou a saída de mais algumas pessoas. Os

médiuns que ficaram se perguntaram o que teria acontecido. Mas a maioria, por fidelidade 10 Incorporar significa, no meio umbandista, ter seu corpo e suas ações tomadas por algum espírito. (NETO, 1991).

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ao terreiro, à entidade chefe, ao pai de santo e, principalmente, em agradecimento às

conquistas alcançadas no período em que frequentaram a TUO, resolveram permanecer11.

Após o evento descrito, nenhum outro médium deixou o terreiro.

5. “É nesse barco que eu quero navegar”

Para compreender e analisar as relações de gênero na umbanda esotérica e sua

relação com as obras de Matta e Silva, foi necessária a descrição dos acontecimentos que

permearam a pesquisa, pois considero que a maneira como a mulher era compreendida

pelos umbandistas mudou após as inovações implantadas no terreiro e após a saída dos

vários médiuns.

O contato com a pomba gira cigana incorporada por Ramon ocorreu em 2015. Mas

foram nos rituais presenciados em 2016 que pude perceber melhor sua atuação. Em ritual

realizado no terreiro de Ramon, na cidade de Santa Luzia, no dia 16/04/16, a pomba gira

cigana incorporou em Ramon e, como de costume, deu gargalhadas bem altas. Saudou os

presentes e disse a alguns homens que encontrou no caminho até o local de realização dos

trabalhos que se estivesse encarnada12 os namoraria. Em outro ritual realizado na TUO em

30/04/16, a pomba gira cigana disse a quatro homens para os quais realizava trabalho “é

nesse barco que eu quero navegar”, referindo-se à vontade de namorar algum deles. E em

outros rituais também já havia presenciado a maneira como a pomba gira se referia aos

homens no terreiro. Ela não veste saia, mas usa pulseiras nos braços e tamanco nos pés, às

vezes dança durante a realização dos trabalhos.

Segundo Birman (1995),

Ruth Landes (1967), que primeiro destacou essa peculiar geografia moral predominante

nos circuitos dos candomblés baianos, foi seguida por René Ribeiro que sublinhou uma

maioria “homossexual” e “psicopata” nos cultos em Recife (Ribeiro, 1982). É o que

também parecem deduzir os Leacok (apud Fry, 1982) em Belém. Lá, como em Recife e na

11 Os motivos apontados foram relatados nas entrevistas concedidas pelos médiuns. 12 Os espíritas acreditam na existência da vida após a morte do corpo físico e na reencarnação do espírito. Portanto, um espírito pode ter várias vivências na Terra.

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Bahia, os candomblés parecem infestados de “homossexuais” masculinos, que muitas

vezes ocupam o lugar de dirigentes dos cultos (p. 58).

A autora afirma ainda que haveria uma visão comum, tanto nos terreiros quanto na

sociedade brasileira, que considera os candomblés locais de maior concentração de

homossexuais. Esses cultos seriam locais mais abertos à presença de “estilos de vida pouco

condizentes com a moral e os bons costumes” (Ibid, p. 59). Antes das mudanças ocorridas, as

atitudes de Ramon e de sua pomba gira não seriam permitidas, pois, segundo os médiuns

que saíram, não estariam condizentes com um local onde se pratica trabalhos de luz.

Para Ramon, a grande diferença das mulheres em relação aos homens na umbanda

esotérica está na menstruação. Nesse período, a mulher teria a capacidade de liberar a

menotoxina, substância maligna capaz de afetar negativamente as pessoas e os trabalhos no

terreiro (ANDRADE, 2016). Estes argumentos podem ser encontrados nas obras de Matta e

Silva (2011b). Este autor diz que

Quase todas as mulheres são ciclotímicas, isto é, seu condicionamento psicológico varia

muito, de acordo com a fisiologia que lhe é peculiar. Todas elas, na tensão pré-menstrual,

além de ficarem supertensas, irritadíssimas, com dores de cabeça e outros sintomas mais,

pelas toxinas que circulam no sangue, até precipitarem o fluxo sanguíneo (a menstruação)

transpiram, pelo hálito, pelo corpo e especialmente pelas mãos e pelos dedos, um suor

venenoso dito pela medicina como menotoxina (MATTA E SILVA, 2011b, p.73-74).

A substância em questão seria liberada somente no período menstrual e teria o

poder de alterar a sexualidade alheia, de atrair negatividades e de sujar a pessoa com a qual

a mulher menstruada tem contato. Ramon afirmou que em alguns locais a menotoxina pode

alterar o odor de perfumes e o gosto dos alimentos. Ele citou como exemplo as perfumarias

da França que não contratariam mulheres (ANDRADE, 2016). Estas afirmações estão

baseadas em Neto (1991), que diz que

devido à mulher excretar pelas mãos, no pré-mênstruo e durante a menstruação, uma

toxina (chamada menotoxina), na Holanda, as mulheres que trabalham na produção de

transistores (fábrica Phillips) nesses dias são dispensadas de suas funções. Na França, nos

centros produtores de perfumes e vinhos, também não comparecem ao trabalho as

mulheres nessas condições, em virtude de alterarem a essência do perfume e até o

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“bouquet” do vinho. Quem duvidar de nossas afirmações procure se informar e constatará

que relatamos a verdade (p. 116).

Por não ter período menstrual, o homem assume a liderança dos terreiros. Ainda

segundo Ramon, Matta e Silva, ao abordar as diferenças de gênero na umbanda, estaria

combatendo as mães de santo do candomblé que realizariam trabalhos de magia estando

menstruadas, desviando-se da maneira correta de realizar os trabalhos (ANDRADE, 2016).

Matta e Silva diz em Umbanda e o poder da mediunidade (2011b) que

De uns tempos para cá, cresceu assustadoramente o número de “babás-mulheres” que

passaram quase que a dominar o meio, tal a facilidade que têm de impressionar, apoiadas

no tipo de astúcia por nós já denunciado.

(...)

E depois, acontece que quase todas são excessivamente vaidosas, puxam pela roupagem

do santo, pelos colares vistosos, pelos bordados (aqui temos que fazer grande ressalva: -

estamos nos referindo a esse tipo de “babá-mulher”, espécie de aventureira de santo,

muito comum hoje em dia, pela facilidade com que adquirem diploma de yalorixá em

qualquer “pai-de-santo ou mãe”, em qualquer “federação” etc.(...)) (SILVA, 2011b, p. 97-

98)

Para combater o charlatanismo das vaidosas babás-mulheres, a mulher na umbanda

esotérica assume o lugar de auxiliar, condizente com sua energia passiva, receptora.

Enquanto que o homem tem energia ativa e é doador de energia. Antes da cisão da TUO, a

mulher não podia realizar inúmeras atividades no terreiro, como defumações, abertura do

portal de entrada e de saída dos médiuns e consulentes, colheita de ervas, etc. Com a

instauração da raiz de guiné, a mulher passa a poder fazer praticamente tudo, desde que

não esteja menstruada.

Segundo Ramon, o sangue menstrual atrai espíritos vampirescos, pois eles vão atrás

das energias livres – o esperma, o pus e o sangue – e delas se alimentam. Há na umbanda

esotérica uma interdição em relação ao sexo, os médiuns que trabalharão incorporados não

podem ter relações sexuais 24h antes e 12h depois do ritual, pois o esperma tem a mesma

toxidade do sangue menstrual. A entidade que se incorporará ao médium terá maior

dificuldade de chegar a ele se seu corpo não estiver puro. Este é outro motivo para não

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poder haver relação sexual antes do ritual. Após o ritual, o sexo é interdito porque não se

pode contaminar a energia positiva adquirida (ANDRADE, 2016).

Ramon disse ainda que o período menstrual é um período de pausa da mulher,

período em que ela tem que se resguardar, pois faz parte da sua natureza. É um processo da

natureza da mulher e ela deve, portanto, fazer aquilo que está dentro do seu limite. O

homem, por sua vez, não teria essa limitação por não menstruar (ANDRADE, 2016).

Sobre a menstruação, André, médium da TUO e filho de santo de Ramon, corrobora

as ideias de Ramon. Mas quando se trata das diferenças na atuação de homens e mulheres,

ele afirma que cada um tem seu papel no ritual, são polos distintos que necessitam um do

outro para trabalhar no terreiro. O eterno feminino recebe as energias do eterno masculino

e as direciona. Acredita que cada indivíduo tem os dois lados, feminino e masculino, e que

eles precisam estar harmonizados. André acredita que temos que ressaltar uma questão

cultural por trás das obras de Matta e Silva.

Pai Matta veio da década de 1920. (...) Isso que está contido nas obras tem interferência

cultural do médium. Se eu penso alguma coisa hoje pode ter interferência no guia. Temos

que ter cuidado então. Temos que datar as situações. A umbanda está sempre em

movimento. Radicalismos são incoerentes (SILVEIRA, 2016).

Com essa fala André quis dizer que as obras de Matta e Silva são datadas

historicamente. Elas foram produzidas na primeira metade do século XX, época em que,

segundo ele, o machismo estava mais arraigado na sociedade. Além disso, a umbanda é uma

religião que está sempre em movimento e que se atualiza. Portanto, ao interpretar as obras

de Matta e Silva deve-se considerar a época em que ele escrevia (SILVEIRA, 2016).

Essa visão é corroborada por Antônia, médium da TUO, que tem dúvidas se as

diferenças de gênero estão na corrente astral ou no médium que fundou a umbanda

esotérica. Ela acredita que a época, o local, a trajetória de vida de Matta e Silva e os

contextos sociais nos quais ele vivia podem ter sido mais influentes nessas questões de

gênero. Antônia não possui resposta para estas questões e respeita a maneira como as

coisas são feitas na umbanda esotérica. Mas, ao mesmo tempo, não absorve esses preceitos.

Quanto à menstruação, não acredita na toxidade desse período. Pensa que é mais uma

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forma de resguardar a médium de possíveis energias que possa absorver por estar mais

propícia, mais aberta a elas (TEIXEIRA, 2016).

Já a visão de Lina acerca das diferenças de gênero se refere ao número de mulheres

que procuram a umbanda. Ela observa que as mulheres sempre estão em maior número do

que o de homens, tanto de consulentes, quanto de médiuns (OLIVEIRA, 2016).

Complementarmente, Raimundo diz que não percebe diferenças de gênero no ritual.

Ele tinha dúvidas com relação à interdição de mulheres na chefia dos terreiros até conhecer

uma casa de umbanda não esotérica em que a chefe era uma mulher. Então pôde visualizar

essa possibilidade e sanar sua dúvida. Raimundo disse ainda, independentemente do fator

menstruação, percebe que não há diferença entre os trabalhos feitos por homem e os feitos

por mulheres e que as mesmas oportunidades são dadas a ambos (LOPES, 2016).

6. Relações de gênero na umbanda esotérica

A realização dessa pesquisa tem sido ao mesmo tempo emocionante e conflituosa. A

tentativa de compreender a mulher em um ambiente que, a princípio, transparecia

machismo e subordinação feminina se tornou um exercício árduo, pois esbarrava em meus

conflitos internos como feminista e como umbandista. A fé estaria em primeiro lugar? Ou

seria o feminismo? Ou seria ainda a antropologia? Meu interesse em fazer a pesquisa foi

enorme desde sempre, mas no seu decurso fui esbarrando nestas questões que remetem

aos conflitos e aos limites de uma autoantropologia, nos termos de Strathern (2014a).

Na tentativa de resolver alguns destes conflitos, me propus a realizar um exercício de

alteridade para compreender as relações de gênero na umbanda esotérica, evitando aplicar

meus pressupostos à análise. “A combinação das capacidades de participar da ‘alteridade’ e

de tratar essa ‘alteridade’ como objeto (de estudo) criou a antropologia” (STRATHERN, 2014,

p. 27b). Portanto, esse exercício é fundamental ao estudo antropológico. Minha intenção foi

realizar a análise das relações de gênero na umbanda esotérica tendo como base a proposta

feita por Marilyn Strathern em O gênero da dádiva e em O efeito etnográfico e outros

ensaios, evitando a utilização de meus construtos feministas e até mesmo umbandistas na

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análise das questões de gênero na umbanda. Assim como entre os Hagen, é importante

considerar que o uso umbandista do “gênero na diferenciação da atividade humana não

deve ser confundido com nossos próprios usos de uma dicotomia semelhante para

simbolizar a própria relação entre natureza e cultura” (STRATHERN, 2014b, p. 73).

A partir dos relatos dos médiuns do terreiro, das observações feitas nos rituais e da

vivência no meio umbandista, pude perceber que a mulher na umbanda esotérica ora tem

sua natureza acionada, ora tem sua importância enfatizada. O primeiro fato acontece

quando os médiuns do terreiro afirmam que há limites naturais à atuação da mulher nos

rituais, limites estes ligados à menstruação, principalmente. Neste caso, não há como fugir

das interferências malignas da menotoxina. Breve pesquisa no meio virtual permitiu a

descoberta de diversas contestações acerca dessa suposta substância nociva. Artigo revista

Super Interessante discute a questão da menotoxina.

Já na Antiguidade as alterações causadas pela menstruação eram motivo para

marginalização. Naquele tempo, não se sabia o que causava as perturbações, mas

percebia-se que algo acontecia à mulher e que esse algo provocava mudanças drásticas,

retratadas de forma crua na literatura. (...) Galeno (130–200), (...) influente médico grego,

descreveu uma substância tóxica presente no útero, a menotoxina, como responsável

pelas alterações de humor. Numerosos estudiosos repetiram, ciclicamente, especulações

deste tipo sem qualquer base científica.

Mesmo nos primórdios do século XX, continuaram a atribuir-se explicações peregrinas aos

sintomas pré-menstruais. (...) (SUPER INTERESSANTE, 2011).

O artigo afirma ainda que a medicina sempre se interessou menos pelos assuntos

ligados ao corpo feminino e que não há consenso quando se trata de TPM e ciclo menstrual

(Ibid., 2011). Portanto, como mostra o artigo, os argumentos relacionados à menotoxina

utilizados na umbanda esotérica estão ligados a uma medicina desatualizada, surgida na

Antiguidade, e que já sofreu diversas contestações. Nesse sentido, a afirmação de alguns

médiuns de que a obra de Matta e Silva tem que ser historicamente datada é compreensível.

Nesse caso, a dúvida de Antônia é pertinente: até que ponto as diferenças de gênero

encontradas nas obras de Matta e Silva são orientações de espíritos? Quanto de

interferência das visões da época existe nas obras?

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A pomba gira cigana, pivô da cisão no terreiro, pode representar uma maneira de

exercer a feminilidade, mas ao mesmo tempo, aparenta ser um modelo de mulher

desviante, ligado à prostituição, ao uso de palavras consideradas de baixo calão. Suas

atitudes foram vistas por muitos como condenáveis principalmente no que se refere à sua

necessidade de se mostrar aos homens e de incitá-los sexualmente. Mas a incorporação de

entidades femininas por médiuns masculinos passou a ser algo corriqueiro após o processo

de mudança pelo qual o terreiro passou. A volta à raiz de guiné, parece ter despertado a

energia feminina, mesmo que, às vezes, seja negada posição ativa às mulheres.

Birman (2005) afirma que o protagonismo feminino no candomblé já foi contestado

por diversos autores, “as suspeitas de transgressão sexual e de gênero mesmo entre aquelas

casas que meticulosamente cultivavam uma proximidade identitária com o modelo

dominante na sociedade inclusiva” não se dissiparam (p. 406). As mudanças introduzidas

pela raiz de Guiné na TUO parecem ter despertado esse cunho transgressor relatado por

Birman (2005), fugindo da norma vigente, mas reafirmando-a em alguns pontos – como nos

tabus acerca da menstruação –, uma ambiguidade também encontrada nos terreiros de

candomblé.

Os relatos dos médiuns que permaneceram após a mudança transparecem a ideia de

que as diferenças de gênero no terreiro não são importantes. Elas se mostram mais

evidentes apenas quando as mulheres estão menstruadas. Energeticamente, não são

percebidas diferenças nos trabalhos de médiuns femininos e masculinos, eles são

considerados complementares. A possibilidade de a mulher ser mãe de santo é admitida,

desde que se observe a restrição menstrual.

Algo se modificou após a introdução da raiz de Guiné. Antes as mulheres se sentiam

oprimidas, seu lado na areia era mais quente, os homens coordenavam o ritual e atribuíam

funções a elas, tudo passava pelo crivo dos médiuns masculinos. Cada médium atribuiu um

sentido às mudanças ocorridas, mas fica claro que todos consideram que o trabalho astral

do terreiro parece ter se aberto a novas perspectivas e submetido as diferenças de gênero a

elementos pontuais, principalmente ligados à menstruação.

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Na raiz de Guiné implantada na TUO, o eterno feminino e o eterno masculino são

complementares no trabalho espiritual. Portanto, não há diferenças que tornem um dos

polos subordinado ao outro. Os próprios umbandistas consideram que o ritual se atualizou e

que os preceitos do passado não se aplicam à atualidade. Com implantação da raiz de guiné,

se sentem mais livres e têm suas vozes ouvidas. O sujeito umbandista, mulher ou homem, é

dotado de espiritualidade e do poder de realizar caridade. Tanto homem quanto mulher

recebem entidades e atendem as pessoas que buscam ajuda.

Como ocorre em várias sociedades descritas pela Antropologia, o sangue menstrual é

considerado impuro e maligno. E este fato não parece ser questionado pelos umbandistas.

Como afirma Strathern (2014b) ao se referir aos Hagen, “as mulheres são ‘pessoas’ nesses

sistemas”, mas sua condição de pessoa é variante de acordo com a relação que mantém com

os homens (p. 71). Na umbanda esotérica, as mulheres são pessoas que possuem atributos

fisiológicos diferentes dos homens, atributos estes que justificam sua participação ser

interditada em determinados trabalhos. Este tipo de interdição aciona o que se considera

natural nas mulheres e que é comprovado pela existência da menotoxina, substância que

mesmo tendo sido questionada, possui efeitos maléficos para o ritual e para a mulher.

Concluindo, percebo que as relações de gênero mudaram após a implantação da raiz

de Guiné e da saída de diversos médiuns da TUO, mas as relações continuam ambíguas

como no candomblé (BIRMAN, 2005). Há imposições e tabus ligados à mulher que parecem

ser reproduzidos da sociedade inclusiva. Contudo, a raiz de Guiné conduziu à liberação de

certa feminilidade no terreiro que foi sentida pelos médiuns e percebida na presença de

mais entidades femininas. E uma dúvida ainda precisa ser esclarecida: as diferenças de

gênero encontradas nas obras de Matta e Silva são orientações de espíritos ou fazem parte

das orientações dos homens de carne e osso?

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