jornal nossa voz umbandista ano 1 edição 3 agosto 2015

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 1 Ano 1 Edição Nº 3 Agosto 2015 NESTA EDIÇÃO Com a Vossa Licença Meus Irmão Pág. 3 Tranca Rua das Almas Pág. 4-5 A Geração de Yemanjá Pág. 6 Yemanjá Pág. 7-8 Oração do Perdão Pág. 9 Depoimentos Pág 14-15 Entrevista com Kaká Ferreira do Anjos Da Noite Pág. 16-24 E muito mais.... Tranca Rua Das Almas O Guardião dos Caminhos Pág 4-5

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É com grande alegria que lançamos nosso terceiro Jornal Nossa Voz Umbandista de agosto 2015, e esperamos levar aos leitores muita informação sobre a nossa querida Religião de Umbanda, um feliz Dia dos Pais a todos os nossos leitores e amigos. Axé a todos!!

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Page 1: Jornal Nossa Voz Umbandista Ano 1 Edição 3 Agosto 2015

Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 1

Ano 1Edição Nº 3Agosto 2015

NESTA EDIÇÃO

Com a Vossa Licença Meus IrmãoPág. 3

Tranca Rua das AlmasPág. 4-5

A Geração de YemanjáPág. 6

YemanjáPág. 7-8

Oração do PerdãoPág. 9

DepoimentosPág 14-15

Entrevista com Kaká Ferreira do Anjos Da Noite

Pág. 16-24

E muito mais....

Tranca Rua Das AlmasO Guardião dos Caminhos

Pág 4-5

Page 2: Jornal Nossa Voz Umbandista Ano 1 Edição 3 Agosto 2015

2 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Sou a mãe Roseli Proença médium umbandista desde que nasci,

sou maga e sacerdotisa de umbanda, e dirigente espiritual do “Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra” junto com Pai Ricardo Proença, que luta incansavelmente contra a intolerância religiosa dentro de nosso segmento religioso umbandista.

Nasce o nosso Jornal Nossa Voz Umbandista, e é uma alegria imensurável para todos nós da família Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra, e com ele vamos agregar mais conhecimento e informação para todos os nossos irmãos e também aos amigos simpatizantes de nossa religião linda e maravilhosa que dentro dos ditames da lei maior e da justiça divina trabalha na fé de Oxalá, fundamentada nos tronos de Deus e dos Orixás, religião essa brasileira que nos foi trazida pelo “Caboclo das Sete Encruzilhadas” no dia 15 de novembro de 1908.

Nosso jornal terá sempre noticias

pertinente a nossa religião de umbanda sagrada e sempre focando também tudo referente ao crescimento e evolução da mesma.

Lembrando que nosso jornal vem para agregar ao conhecimento e não para criticar a doutrina de nenhum segmento religioso, nossa intenção é mostrar que a religião de umbanda como todas, necessita-se crer em Deus, ter fé em Deus, e que a umbanda não é uma seita e sim uma religião sagrada, e caritativa e que não tem cobranças pecuniárias, a umbanda é uma religião nova com cerca de um século é sincrética e sua base está dentro dos preceitos cristãos, indígenas, e afros.

Apreciem a leitura do nosso jornal nossa voz umbandista que está em sua 3ª edição.

Agradecemos ao carinho de todos.

Mãe Roseli Proença e Pai Ricardo Proença

EDITORIAL NESTA EDIÇÃO2 Editorial3 Com Vossa Licença Meus Irmãos

4-5 Sr Tranca Rua das Almas6 A Geração de Yemanjá

7-8 Yemanjá9 Oração do Perdão

10-11 Orixá Ancestral, de Frente e Adjuntó

11 Caminhar na Umbanda12 Magia Divina13 As Três Peneiras13 O Médium Folgado

14-15 Trajetória de Alunos - Depoimentos

16-24 Entrevista com Kaká - Anos Da Noite

25 Homenagem ao Pai Rubens Saraceni

26 Informações sobre o Site27-31 Cursos

ESCRITORES - Mãe Roseli Proença - Pai Ricardo Proença - Pai Rubens Saraceni

FOTOGRAFIA

FOTÓGRAFO - Mãe Roseli ProençaCONTRIBUIDORES - Equipe do Jornal: Ricardo, Rafael, Edson, Vinícius , Gilberto e Danielle Zanotta

EDITORIAL

EDITOR - Mãe Roseli Proença - Pai Ricardo Proença

CRIADORDESIGNER - Carlos Rodrigues de SouzaE-mail: [email protected]

TERREIRO DE UMBANDA IANSÃ GUERREIRA E BAIANO ZÉ PILINTRA

ENDEREÇORua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé

São Paulo - SP, TELEFONE (11) 9 7596-5939

EMAIL: [email protected]

INFORMAÇÕES

REDAÇÃO

O Jornal Nossa Voz Umbandista deseja com muito carinho um maravilhoso Dia dos Pais nesse dia 09/08/2015 a TODOS os nossos leitores e amigos.

FELIZ DIA DOS PAISFonte: Internet

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 3

Com a Vossa licença Meus irmãos de Fé. Como ser de fato Religioso, mas não seguir os Ditames da Lei.Por Mãe Roseli Proença

Penso, quando teremos verdadeiramente de fato ‘União’ dentro dos segmentos Umbandista? Pois, só o que vejo hoje é desunião, e vieram me perguntar certo dia: Irmã, porque dentro do segmento Umbandista vemos tantas brigas, e porque ao invés disto, esses irmãos de fé devíamos se Unir e Lutar por um ideal em comum que é o de ser trabalhador da Lei Maior, e ser um verdadeiro instrumento de Deus?

Muitos dos que se dizem religiosos, dentro do segmento Umbandista, só o que sabe fazer é “Denegrir” os irmãos de fé, se julgando melhores, sabedores de tudo ao invés de fazer prevalecer o que o Pai Caboclo das Sete Encruzilhadas nos trouxe de

fato. Amor, Fé, Religiosidade, Caridade e muita União para nossa Evolução Espiritual. Mas ao invés disto o que ficamos vendo é apenas indiferenças, brigas, e irmãos tentando um parecer melhor ou maior que o outro e ainda hoje no século XXI, só o que vemos são irmãos de Fé se antagonizando um com o outro, se vendo como inimigos ou se vendo ou se sentindo prejudicados. Vejo irmãos pensando que o Trabalho Espiritual do outro pode afetar o seu. Mas, como então sermos filhos de Fé com esses pensamentos, e com esses sentimentos? Se a casa do irmão “CRESCE” ou está “CHEIA” é porque assim a LEI MAIOR, permitiu e a Espiritualidade definiu e permitiu a essa casa estar

cheia para seu ESTUDO, para seus ATENDIMENTOS.

E que assim cada CASA DE FÉ cresça no seu merecimento e necessidade, hoje e sempre na Lei na Fé de Oxalá. Porque tantos irmãos de Fé se julgam melhores a ponto de excluir, seus irmãos em Oxalá por causa da maldade de algumas pessoas, “fofoqueiras e mentirosas, caluniadoras e nefastas”, pois seus Guias a orientam, pois eles os guias não gostam de mentiras e orientam seus médiuns, sempre dizendo, é calunia filho o que está dizendo deste irmão. E se esses o sabem porque na maioria preferem compartilhar de tal ‘MALDADE’. (NÃO SABE QUE A LEI O ESTÁ A OLHAR)

e penso se somos todos irmãos de FÉ trabalhadores da ‘LUZ E DA LEI’ porque isto acontece?

Salve todos os irmãos trabalhadores da Lei de Umbanda, e sempre peço em minhas orações que um dia sejamos de fato irmãos fraternos em Oxalá.

Enquanto isto:Vamos trabalhar contra

todo tipo de Intolerância religiosa e Discriminação.

Esta Lei instituída nos protege:

Lei Nº 11 635/07 aos 27 de Dezembro de 2007

Mãe Roseli Proença

Arraiá no Terreiro!!!!!

Maravilhoso

Rua Francisco Marengo Nº 308 - altos Metrô Carrão

Dia 12/09/2015

Início as 17:00h

Barracas Típicas, Quadrilha e Bingos

Contamos com Todos nossos Amigos CONSULENTES

Filhos e Filhas.

Mãe Roseli

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4 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Tranca Rua das AlmasCapa

É o Guardião dos Caminhos, companheiro dos Pretos Velhos, Caboclos, aparador entre os homens e os Orixás, lutador incansável, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado. Senhor da escuridão e do plano negativo atuando dentro de seus mistérios, regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade.

Senhor do mundo espiritual onde está sua origem e sua morada. Senhor dos caminhos, orixá mensageiro e vencedor de demandas.

Na UMBANDA, Exu Tranca Ruas não é considerado como um Deus, mas como uma entidade em evolução que busca, através da caridade, a evolução de si mesmo. Nao é uma peculiaridade só dos Exus, mas de todos os espíritos no infinito cosmo espiritual. Não existe espírito evoluído,como se fosse um produto acabado. Todos os espíritos, independente da forma, estão em eterna evolução, partindo do pressuposto que só existe um ser plenamente perfeito, um modelo de absoluta perfeição, o próprio e Absoluto, “DEUS”.

A falange de TRANCA-RUAS é dividida em 7 sub-falanges. Cada sub-falange tem a direção de um Tranca-Ruas específico,

como se fosse um batalhão - cada batalhão, um general.

1ª Falange comandada por Tranca-Ruas das Almas;

2ª Falange comandada por Tranca-Ruas de Embaré;

3ª Falange comandada por Tranca-Ruas das Ruas;

4ª Falange comandada por Tranca-Ruas das

7 Encruzilhadas;

5ª Falange comandada por Tranca-Ruas das Porteiras;

6ª Falange comandada por Tranca-Ruas das 7 Luas;

7ª Falange comandada por Tranca-Ruas das 7 Giras;

...Em síntese, O grande agente Mágico do Equilíbrio Universal...

Dr. Tranca Ruas tem o poder de fechar e abrir os caminhos para o ser humano e também de ter as almas perdidas sem luz como escravos para prestar-lhe reverencias e fazer o que ele ordenar. Este é um dos motivos pelo qual ele foi enviado aqui no plano físico, para pegar as almas perdidas e formar uma hierarquia para que todas as almas perdidas fossem transformadas em seu exército, e desta forma encontrem o caminho novamente para a luz através dele mesmo, podendo assim vigiar, receber as oferendas que são depositadas nas ruas de qualquer cidade aonde Exu Tranca Ruas tem o poder absoluto (Dono da Rua).

Seu vestuário... Cartola sofisticada de época, sua capa varia nas cores azul turquesa, roxo e negro tendo contrastes em vermelho (decorada de safira de preferência amarelo dourada que simboliza sua riqueza e a presença de seu reino).

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 5

Tranca Rua das AlmasCapa

É extremamente educado e fino, poderoso e sinistro. Transita além dos limites monóculos da bondade e da maldade. Guardião das casas, das vilas, das pessoas. Exu não tem nada haver com demônios, pois ele é a própria alegria da vida.

Tranca ruas (O Guardião dos Caminhos), não é demônio que muitos acreditam que ele seja. Sua atribuição é trancar a evolução dos desqualificados, desequilibrados e desvirtuados espíritos humanos. Não deseja ser amado ou odiado, mas apenas respeitado e compreendido.

“O Guardião Tranca Ruas pode ser tudo o que queiram, menos como tentam mostrar: Um demônio. Jamais foi ou é o que este termo deturbado significa na atualidade e nem o aceita como qualificativo das suas atribuições: Trancar a evolução dos desqualificados, desequilibrados e desvirtuados espíritos humanos. Odeia os que odeiam, sente asco dos blasfemos, nojo dos invejosos, repulsa pelos falsos, ira pelos soberbos e pena dos libidinosos.

Senhor “Tranca-Rua das Almas”, senhor do Sétimo Grau de Evolução da Lei Maior de Ogum, conhecedor de

todas as magias e demandas praticadas por seres sem luz, interceda no caminho de todos os filhos de fé, livrando-nos de toda a energia que possa atrapalhar a evolução de todos os seres iluminados; fazei de meus pensamentos uma porta fechada para a inveja, discórdia e egoísmo.

Dos sete caminhos por ti ultrapassados, foi na rua que passou a ser dono de direito, abrindo as portas para os espíritos que merecem ajuda e evolução e fechando para os que querem praticar a maldade e a inveja contra seus semelhantes. Fazei dos nossos corações o mais puro que nossos próprios atos;

“Senhor (Pai) Tranca-Ruas das Almas” agradecemos por tudo que fizeste aprender nesta vida e em outras que passamos lado a lado, rogo por vós a proteção, para os irmãos de fé, para toda a família e porque não para todos os inimigos. Abençoe e guarde esses filhos que um dia entenderão o verdadeiro sentido da palavra Umbanda.

Palavra de ordem de Exu é “compromisso”! Por tudo isso ele não é e nem nunca foi traidor ou do “mal”.

Exu não faz mal a ninguém, mas joga para cima de quem merece, quem realmente é mau o mau que essa pessoa

fez a outra. Ele devolve, às vezes com até mais força, os trabalhos que alguns fizeram contra outros. Por isso, algumas pessoas consideram esse Orixá malvado.

Existem entidades que se dizem Exu e que fazem somente o mau em troca de presentes aos seus médiuns ou por grandes e custosas obrigações, serviços. Não se engane, Exu que é Exu, não faz mal, a não ser com quem merece e além disso, quando ajuda a uma pessoa não pede nada em troca, a não ser que a pessoa tome juízo, se comporte bem na vida, acredite em Deus e tenha fé.

Para finalizar, se você vier pedir a um “Exu de Lei” para prejudicar alguém... Pode estar certo que você será o primeiro a levar a execução da Justiça. Mas, se a entidade travestida ou disfarçada de Exu aceitar o seu pedido,... No outro lado... Você será apenas cobrado!

Muito grande, muito forte, Seu Tranca Ruas vem trazendo a sorte!

Louvado seja Tranca Rua das Almas

Exu de grande força e poder e que seja protetor, guardião de todas as minhas porteiras, caminhos e atalhos.

Guiando todos os negócios e afastando toda força do mal,tirando o demônio e qualquer mal fluido que venha me atormentar

Exu Tranca Rua me proteja hoje,amanhã e por todos os meus dias,que meu caminho seja aberto,e entrego ao meu bom Exu guardião de todas as porteiras e estradas.

Rogo que minhas passadas sejam sempre livres,peço que não existam berreiras no meu caminho e te suplico que meus adversários sejam esclarecidos e assim seja!

LAROIÊ EXU É MOJUBÁ

LAROIÊ EXU TRANCA RUA É MOJUBÁ

LAROIÊ EXU É MOJUBÁ

Fonte: Internet

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6 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

A Geração de YemanjáPor Rubens Saraceni

Olorun tem uma matriz geradora onde gera a vida em seu sentido mais amplo, pois nela são geradas todas as formas de vida.

Dentro dessa matriz existem tantos “ c o m p a r t i m e n t o s ” geradores de formas de vida quanto possamos imaginar, e ainda assim não chegamos à milionésima parte da sua capacidade de gerar formas de vida.

Nossas mais bem informadas fontes revelam que até o plasma divino que deu origem aos Orixás foi gerado nela, fato esse que confunde um pouco intérpretes dos Orixás pois, como Yemanjá foi gerada por Olorun nessa matriz, então é atribuída a ela a maternidade dos Orixás.

Mas o assunto é mais complexo do que parece ser e preferimos não elocubrar sobre algo que escapa á nossa imaginação e entendimento sobre o nosso Divino Criador Olorun.

A verdade, segundo todas as fontes, é que Yemanjá foi gerada na matriz geradora

da vida...e ponto final.

Bom, de posse dessa informação confiabilíssima, Yemanjá é um Orixá que traz em si tantos mistérios que é melhor nem tentar quantificá-los, porque a vida tem tantos mistérios em si

que seu número é infinito.

O que importa é que todos saibam que, se a vida é gerada nessa matriz geradora e Yemanjá é a mãe Orixá gerada nela, então, em certo sentido, a lenda que lhe atribui a maternidade de diversos Orixás não está errada, pois eles, mesmo sendo seres

divinos, são uma das muitas formas que a vida tem para fluir. Só que neles ela flui de forma divina, não é mesmo?

Então, ela é de direito a mãe de todos, ainda que não o seja de fato, pois, na realidade, quem é a mãe de

todos eles, que são vidas, é a matriz geradora de “vidas”.

Mas como todas as matrizes são suas realidades em si mesmas e a que a gerou é em si a realidade da vida, então Yemanjá, que a rege, é de fato a mãe da vida. Ou não?

Bem, como o assunto

é muito complexo e envolve elaboradíssimos conceitos teogônicos e metafísicos, então o melhor é simplificarmos as coisas para que possamos entender a importância de Yemanjá na criação ou na morada exterior de Olorun, certo?

Inclusive, o homônimo nigeriano de Édipo, e que é Orungã, não resistiu ao desejo de possuir Yemanjá, fato esse que, na lenda nigeriana, levou-a a fugir dele e durante a fuga acabou sofrendo um acidente que abriu seus fartos seios, que... etc. etc. etc., sabem?

Mas Exu, o mais bem informado dos Orixás, ainda que seja o mais indiscreto, revelou-nos que as coisas têm outra versão, tão intrigante quanto essa. E isso, segundo Exu, criou a mais humana das ciências, ainda que ela seja a mais inexata de todas, pois é a “Achologia”, e todos os que a adotaram e nela se formaram são chamados de “achólogos”.

Fonte: Lendas da Criação. Rubens Saraceni. Ed. Madras ( w w w. m a d ra s . c o m . b r )

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 7

YemanjáPor Rubens Saraceni

Olorum cria e gera em Si mesmo tudo o que existe e tem nesta Sua faculdade criativa e geradora uma de Suas qualidades, através da qual Sua gênese divina vai surgindo e concretizando-se, já como o meio e como os seres que nele vivem.

A qualidade genésica do Divino Criador é a Fonte da Vida e das coisas que dão sustentação a ela.

Olorum cria e gera em Si mesmo, e criou e gerou nessa Sua qualidade uma divindade criativa e geradora, que é essa Sua qualidade em si mesma.

Então surgiu Yemanjá, divindade unigênita gerada na qualidade criativa e geradora de Olorum, que a tornou em si mesma a Sua qualidade criativa e geradora.

Ela é unigênita e por isso tanto gera em si quanto gera de si.

Quando gera em si, dá origem à sua hierarquia de tronos da Criação e tronos da Geração, que são divindades que manifestam uma dessas duas naturezas de Yemanjá.

Quando gera de si, ela irradia essa sua dupla faculdade, e quem a absorve torna-se criativo e gerador no aspecto da vida a que se dedicar.

A lenda nos diz que Yemanjá é tida como a mãe

de todos os orixás, e ela está relativamente certa, já que

se algo existe é porque foi gerado. E, porque Yemanjá é em si mesma essa qualidade geradora do Divino Criador, então ela está na origem de todas as divindades.

Mas as coisas de Deus não acontecem assim, e Ele, quando começou a gerar, já havia ordenado sua geração. Então Ogum já existia e ordenava a geração de Yemanjá. Oxum já existia e agregava o que ela estava gerando, etc.

Bem, o caso é que

Yemanjá é a “Mãe da Vida”, e como tudo o que existe só existe porque foi gerado, então ela está na geração de tudo o que existe.

Ela tem nessa sua qualidade genésica um de seus aspectos mais marcantes, pois atua com intensidade na geração dos seres, das criaturas e das espécies, despertando em cada um e em todos, um amor único pela sua hereditariedade.

O amor maternal é uma característica marcante dessa divindade da Geração e quem se coloca de forma reta sob sua irradiação, logo começa a vibrar este amor maternal, que aflora e se manifesta com intensidade.

Yemanjá, por ser em si a Geração, está na gênese de tudo como os próprios processos genéticos. E se a qualidade Oxum agrega, ou funde o sêmen e o óvulo , Yemanjá é o processo genético que inicia a multiplicação celular, ordenada por Ogum, comandada por Oxossi, direcionada por Iansã, equilibrada por Xangô, estabilizada por Obaluaiyê e cristalizada num novo ser por Oxalá.

Viram como um orixá não dispensa a atuação dos outros e como todos são fundamentais e indispensáveis a tudo o que existe?

Bem, Yemanjá, a nossa Mãe da Vida é por demais conhecida em alguns de seus aspectos. Mas em outros, é totalmente desconhecida.

Ela, por ser em si mesma a qualidade criativa e geradora de Olorum, então gera de si duas hierarquias divinas: uma é regaida pelo Trono da Criatividade, que gera em si mesmo essa qualidade e a irradia de forma neutra a tudo o que vive, tornando todos os seres, criaturas e

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8 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

YemanjáPor Rubens Saraceni

espécies muito criativos e capazes de se adaptarem às condições e meios mais adversos; outra, é regida pelo Trono da Geração, que é em si mesmo a qualidade genésica do Divino Criador, e gera e irradia essa qualidade a tudo e todos, concedendo a tudo e todos a condição de se fundirem com coisas ou seres afins para multiplicarem-se e repetirem-se.

- minerais afins fundem-se e dão origem aos minérios;

- elementos afins fundem-se e dão origem a novos elementais;

- energias afins fundem-se e dão origem a novas energias;

- cores afins fundem-se e dão origem a novas cores;

- seres afins (machos e fêmeas de uma mesma espécie) fundem-se e dão origem a novos seres.

Os tronos da Geração regem sobre este aspecto ga gênese, e não só sobre o sexo. O campo desses tronos é tão vasto na vida dos seres e na criação divina, que os definimos melhor se simplesmente dissermos: “Os Tronos da Geração estão na gênese de tudo e de todos porque são uma das características de Yemanjá, que é em si mesma a Geração

Divina”.

Portanto, Criatividade Geração são os dois lados de uma mesma coisa: Gênese Divina! E Yemanjá as manifesta em suas duas hierarquias de tronos: os da Criatividade e os da Geração.

Por ser a divindade da Criatividade e da Geração, Yemanjá está em todas as outras qualidades divinas, mas polariza com o Orixá Omulu e faz surgir

a irradiação da Geração, que tem nele o recurso de paralisar todo processo criativo ou gerativo que se desvirtuar, se degenerar, se desequilibrar, se emocionar ou se negativar.

Yemanjá rege sobre a geração e simboliza a maternidade, o amparo materno, a mãe propriamente. Ela se projeta e faz surgir sete pólos magnéticos ocupados por sete Yemanjás intermediárias, que são

as regentes dos níveis vibratórios positivos e são as aplicadoras de seus aspectos, todos positivos, pois Yemanjá não possui aspectos negativos.

Estas sete Yemanjás são intermediárias e comandam incontáveis linhas de trabalho dentro da Umbanda. Suas orixás intermediadoras estão espalhadas por todos os níveis vibratórios positivos, onde atuam como mães da “criação”, sempre estimulando nos seres os sentimentos maternais ou paternais.

Oferenda: velas brancas, azuis e rosas; champagne, calda de ameixa ou de pêssego,manjar, arroz-doce e melão; rosas e palmas brancas, tudo depositado à beira-mar.

Água de Yemanjá para lavagem de cabeça (amaci): água de fonte com pétalas de rosas brancas e erva cidreira maceradas e curtidas por sete dias

POR RUBENS SARACENI

Fonte: Doutrina e Teologia de Umbanda. Rubens Saraceni. Ed. Madras (www.madras.com.br)

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 9

Oração do PerdãoFonte: Internet

Buscando eliminar todos os bloqueios que atrapalham minha evolução, dedicarei alguns minutos para perdoar. A partir deste momento, eu perdôo todas as pessoas que de alguma forma me ofenderam, injuriaram, prejudicaram ou causaram dificuldades desnecessárias. Perdôo, sinceramente, quem me rejeitou, odiou, abandonou, traiu, ridicularizou, humilhou, amedrontou, iludiu.

Perdoo, especialmente, quem me provocou até que eu perdesse a paciência e reagisse violentamente, para depois me fazer sentir vergonha, remorso e culpa inadequada. Reconheço, que também fui responsável pelas agressões que recebi, pois várias vezes confiei em indivíduos negativos, permiti que me fizessem de bobo e descarregassem sobre mim seu mau caráter.

Por longos anos suportei maus tratos, humilhações, perdendo tempo e energia, na tentativa inútil de conseguir um bom relacionamento com essas criaturas.

Já estou livre da necessidade compulsiva de sofrer, e livre da obrigação de conviver com indivíduos e ambientes tóxicos. Iniciei agora, uma nova etapa de

minha vida, em companhia de gente amiga, sadia e competente: quero compartilhar sentimentos nobres, enquanto trabalhamos pelo progresso de todos nós.

Jamais voltarei a me queixar, falando sobre mágoas e pessoas negativas. Se por acaso pensar nelas, lembrarei que já estão perdoadas e descartadas de minha vida íntima definitivamente. Agradeço pelas dificuldades que essas pessoas me causaram, que me ajudaram a evoluir, do nível humano comum ao espiritualizado em que estou agora.

Quando me lembrar das pessoas que me fizeram sofrer, procurarei valorizar suas boas qualidades e pedirei ao Criador que as perdoe também, evitando que sejam castigadas pela lei da causa e efeito, nesta vida ou em outras futuras. Dou razão a todas as pessoas que rejeitaram o meu amor e minhas boas intenções, pois reconheço que é um direito que assiste a cada um me repelir, não me corresponder e me afastar de suas vidas.

(Fazer uma pausa, respirar profundamente 7x vezes, para acúmulo de energia) .

Agora, sinceramente, peço perdão a todas as pessoas a quem, de alguma forma, consciente e inconscientemente, eu ofendi, injuriei, prejudiquei ou desagradei. Analisando e fazendo julgamento de tudo que realizei ao longo de toda a minha vida, vejo que o valor das minhas boas ações é suficiente para pagar todas as minhas dívidas e resgatar todas as minhas culpas, deixando um saldo positivo a meu favor.

Sinto-me em paz com minha consciência e de cabeça erguida respiro profundamente, prendo o ar e me concentro para enviar uma corrente de energia destinada ao Eu Superior. Ao relaxar, minhas sensações revelam, que este contato foi estabelecido.

Agora dirijo uma mensagem de fé ao meu Eu Superior, pedindo orientação, em ritmo acelerado, de um projeto muito importante que estou mentalizando e para o qual já estou trabalhando com dedicação e amor.

Agradeço de todo o coração, a todas as pessoas que me ajudaram e comprometo-me a retribuir trabalhando para o meu bem e do próximo, atuando como agente catalisador do entusiasmo, prosperidade e auto realização. Tudo farei em harmonia com as leis da natureza e com a permissão do nosso Criador, eterno, infinito, indescritível que eu, intuitivamente, sinto como o único poder real, atuante dentro e fora de mim.

Assim seja, assim é e assim será. AMÉM.

Observação: Orar diariamente,antes de dormir. Pedir para que durante o sono recebas sabedoria divina, compaixão divina e força divina. Jamais durma com o corpo físico “sujo” e sem alimentar a alma. Orações e mantras são alimentos da alma.

Fonte: Internet

“Após o final da oração, faça seu clamor a DEUS e a seus Protetores para que de fato, todos aqueles que por ventura você tenha prejudicado ou aqueles que te prejudicou, ambos sejam perdoados nos Mistérios Divinos de Deus”

Mãe Roseli

Page 10: Jornal Nossa Voz Umbandista Ano 1 Edição 3 Agosto 2015

10 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Orixá Ancestral, de Frente e AdjuntóPor Rubens Saraceni

Uma dúvida, e a que mais incomoda os umbandistas é sobre seu Orixá. Nós sabemos que Orixá Ancestral não é o mesmo que Orixá de Frente ou Adjuntó. O Orixá Ancestral está ligado à nossa ancestralidade e é aquele que nos recepcionou assim que, gerados por Deus, fomos atraídos pelo Seu magnetismo divino.

Todos somos gerados por Deus e somos fatorados por uma de suas divindades, que nos magnetiza em sua onda fatoradora e nos distingue com sua qualidade divina.

Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e são fatorados pelo Trono da Fé. E, se forem machos, é o Orixá Oxalá que assume a condição de seu Orixá Ancestral. Mas, se for fêmea, aí é a Orixá Oyá Tempo que assume sua ancestralidade.

Uns são distinguidos com a qualidade agregadora e são fatorados pelo Trono do Amor. E, se forem machos é o orixá Oxumaré que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Oxum que assume suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade expansora e são fatorados pelo Trono do Conhecimento. E, se forem machos é o Orixá Oxóssi que assume a condição de seu Orixá Ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a Orixá Obá que assume suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade equilibradora e são fatorados pelo Trono da Razão. E, se forem machos é o Orixá Xangô que assume as suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a Orixá Egunitá-Oroiná que assume suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e são fatorados pelo Trono da Lei. E, se forem machos é o Orixá Ogum que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a Orixá Iansã que assume suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (transmutadora) e são fatorados pelo Trono da Evolução. E, se forem machos é o Orixá Obaluayê que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a Orixá Nanã que assume suas ancestralidades

Uns são distinguidos com a qualidade geradora e são fatorados pelo Trono da Geração. E, se forem machos é o orixá Omulu que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Iemanjá que assume suas ancestralidades.

Observem que não estamos nos referindo ao espírito que “encarnou” no plano material e sim ao ser que acabou de ser gerado por Deus e foi atraído pelo magnetismo de uma de suas

divindades, que, por serem unigênitas (únicas geradas) transmitem naturalmente a qualidade que são em si mesmas aos seus “herdeiros”, aos quais imantam com seus magnetismos divinos e dão aos seres uma ancestralidade imutável, pois é divina e jamais deixará de guiá-los, porque a natureza íntima de cada um será formada na qualidade que o distinguiu, fatorando-o.

Alguém pode reencarnar mil vezes e sob as mais diversas irradiações que nunca mudará sua natureza íntima.Agora, a cada encarnação, ele será regido por um Orixá de Frente (que o guiará enquanto viver na carne) e será equilibrado por outro Orixá que será o auxiliar (o Adjuntó) desse Orixá de Frente ou “da cabeça”. Usamos o termo “Orixá da Cabeça” porque ele regerá a encarnação do ser e o influenciará o tempo todo pois está de “Frente” para ele.

Sim, o Orixá da Cabeça está à nossa frente nos atraindo mentalmente para seu campo de ação e para o seu mistério, ao qual absorveremos e desenvolveremos algumas faculdades regidas por Ele. Já o Orixá Adjuntó é um equilibrador do ser e atuará através do seu emocional, hora estimulando-o e hora apassivando-o, pois só assim o ser não se descaracterizará e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo familiar ou tronco hereditário, regido

pelo seu Orixá Ancestral.

A dúvida dos “médiuns” e dos umbandistas se explica pela precariedade dos métodos divinatórios usados para identificar o Orixá da Cabeça e seu Adjuntó. Daí, vemos pessoas reclamarem que a cada Babalorixá ou Ialorixá que consultaram deu um Orixá diferente a cada consulta, criando uma confusão e levando ao descrédito geral. Esta queixa é muito comum e não são poucos os médiuns que estão confusos porque uma consulta diz que é filho desse Orixá e outra consulta diz que é filho de outro Orixá.

Nós dizemos isto: na ancestralidade, todo ser macho é filho de um Orixá masculino e todo ser fêmea é filha de um Orixá feminino.

Na ancestralidade, Orixá masculino só fatora seres machos e os magnetiza com sua qualidade, fatorando-os de forma tão marcante que o Orixá feminino que o secunda na fatoração só participa como apassivadora de sua natureza masculina. E o inverso acontece com os seres fêmeas, onde o Orixá masculino só participa como apassivador dessa sua natureza feminina.

Portanto, no universo da ancestralidade dos seres machos há sete Orixás masculinos e na dos seres fêmeas há sete Orixás femininos. Também há sete

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 11

naturezas masculinas e sete naturezas femininas, tão marcantes que é impossível ao bom observador não vê-las nas pessoas.

Saibam que, mesmo que o Orixá da Cabeça ou de Frente seja, digamos, a Orixá Iansã, ainda assim, por trás desta regência, poderemos identificar a ancestralidade se observarem bem o olhar, as feições, os traços, os gestos a postura, etc., pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada pela regência da encarnação, mas não anulada por ela. Certo?

E o mesmo se aplica ao Orixá Adjuntó, pois

podemos identificá-lo nos gestos e nas iniciativas das pessoas, já que é através do emocional que ele atua.

Outra forma de identificação é através do Guia de frente e do Exu Guardião dos Médiuns. Mas esta identificação exige um profundo conhecimento do simbolismo dos nomes usados por eles para se identificarem. E também, nem sempre o Guia de frente ou o Exu guardião se mostram, pois preferem deixar isto para o Guia e o Exu de trabalho.

Saber interpretar corretamente o simbolismo é fundamental. Certo? Então, que todos entendam isto:

• Orixá Ancestral é aquele que magnetizou o ser assim que ele foi gerado por Deus e o distinguiu com sua qualidade original e natureza íntima, imutáveis e eternas;

• Orixá de Frente é aquele que rege a atual encarnação do ser e o conduz numa direção na qual o ser absorverá sua qualidade e a incorporará às suas faculdades, abrindo-lhes novos campos de atuação e crescimento interno;

• Orixá Adjuntó é aquele que forma par com o Orixá de Frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre visando seu equilíbrio

íntimo e crescimento interno permanente.

É por isso também que muitos encontram em si qualidades de vários Orixás. A cada encarnação há a troca de regência da encarnação. E, nessa troca, os seres vão evoluindo e desenvolvendo faculdades relativas a todos os Orixás.

Afinal, se somos “humanos”, absorvemos energias e irradiações, magnetismo e vibrações de todos eles. Certo?

RUBENS SARACENI

Orixá Ancestral, de Frente e AdjuntóPor Rubens Saraceni

Caminhar na UmbandaPor Mãe Roseli Proença

Caminhar é uma Dádiva Divina que Deus e os Orixás nos permite alcançar através, dos ensinamentos de luz que nos chegam, através das manifestações mediúnicas e ao chegarem, nos enche de vida e nos enfeita o espirito, nos engrandece a alma.

São passos singelos, que nos derrama conhecimento e sabedoria, trazendo nos evolução a partir de nossa remodelação, que alcançando nosso intimo transforma nossas vidas, preenchendo nossas almas com as pétalas do conhecimento, que penetra nosso âmago,

e nos enobrece, como Seres Espirituais, renovando-nos a vida e nossa religiosidade.

Ser filho de Umbanda, é caminhar ao lado de nosso presente Divino que nos imbui a vida.

De Paz na Fé, de Amor infinito, do Bálsamo de conhecimento, é ser ordenado nos mistérios da Lei, nos abençoa no sentido da justiça, nos presenteia com evolução nos preenchendo a vida e alma nos mistérios da Geração.

E nos Sete Sentidos, caminhamos nessa longa estrada que chamamos de Vida. Vida Mediúnica.

Ah!!! Como é bom ser filho de Umbanda.

Mãe Roseli ProençaCaminhar na Umbanda

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12 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Magia DivinaPor Rubens Saraceni

A Magia Divina não recorre à nenhuma prática contrária à Vida, à Lei Maior e à Justiça Divina. A Magia Divina, ou Teurgia, é uma Magia Iniciática ou Alta Magia que pode ser praticada pelas pessoas, independentemente da formação doutrinária ou crença religiosa delas. Não pede nada mais que a crença em um Deus Criador e a crença em Hierarquias Divinas regidas pelas Divindades.

A Magia Divina não tem um “lado negativo” e os seus praticantes não recorrem aos mistérios opostos aos mistérios da luz. Ela não é “dual” e não tem nenhuma possibilidade de ser invertida e usada para prejudicar a quem quer que seja. Aliás, condena-se veementemente o uso das “magias negras” por pessoas que têm nela um meio de extravasar de forma covarde e traiçoeira seus sentimentos de ódio, ciúme, inveja e afins, já que elas estão afrontando as Leis de Deus e os princípios da Vida e devem ser vistas com piedade porque ainda não desenvolveram uma consciência e são pessoas emotivas e instintivas.

Na Magia Divina, só se evocam poderes Divinos sustentadores da Vida e dos meios onde ela se sustenta e evolui e, justamente por

esse caráter, a Magia Divina é um refreador poderoso de todas as formas de “magias negativas”. Seus praticantes não se intimidam diante dos supostos poderosos magos das trevas encarnados ou não.

A Magia Divina traz em si os meios (forças e poderes) capazes de purificar de forma positiva os espíritos à margem da Lei Maior e, também, de anular gradativamente o negativismo e a maldade das pessoas que a praticam, pois as livra das hordas trevosas que tanto auxiliam com têm nessas pobres pessoas seus portais encarnados.

Mas a Magia Divina não se destina só ao combate incessante às investidas dos espíritos trevosos, já que um Mago iniciado usa dos conhecimentos que lhe foram transmitidos durante as suas aulas iniciatórias e usa dos poderes Divinos perante os quais se iniciou para plasmar no lado etérico toda uma aura luminosa e protetora das pessoas que a ele recorrem.

Aos magos iniciados também é ensinado como curar espíritos sofredores “encostados” nas pessoas, realizando isso unicamente através de procedimentos magísticos, dispensando o “transporte” ou incorporação deles para que sejam

beneficiados com o auxílio indispensável para que retomem suas evoluções. Os espíritos mestres da Magia Divina acolhem todos os espíritos curados e abrigam todos eles em moradas espirituais destinadas ao amparo e ao esclarecimento deles.

Mas um mago iniciado na Magia Divina realiza mais que isso e tem o conhecimento indispensável e outorga Divina necessários para atuar nos corpos espirituais das pessoas atendidas por ele, e é capaz de alcançar seus níveis mais profundos e realizar “cirurgias espirituais” durante as quais são retirados desses corpos profundos “inclusões” nocivas ao bem-estar delas.

Todo o trabalho magístico realizado por um Mago praticante da Magia Divina visa ao benefício das pessoas atendidas por ele.

Assim, a Magia Divina é um bem Divino, colocada à disposição de todos os que desejarem praticá-la com fé, amor, respeito, confiança e determinação. Com sua dinâmica própria, adapta-se às necessidades dos seus praticantes, não obrigando ninguém a renunciar ao seu modo de ser, pensar ou agir.

No estudo da Magia Divina,

o iniciado é “apresentado” a Deus e às suas divindades, e na sua iniciação consagra-se a Ele como Seu servo, Mago e instrumento de Sua Lei Maior e da Sua Justiça Divina, sempre pronto para servi-lo quando for necessária a sua atuação magística.

O Mago praticante de Magia Divina é um servo de Deus, da Sua Lei Maior e da Sua Justiça Divina e, consciente disso, não espera para si maiores benefícios que os que Ele concedeu-lhe quando o criou. E não alimenta o sentimento de superioridade porque sabe que não o é em momento algum ante os olhos de Deus.

Um praticante da Magia Divina sente-se um irmão da humanidade e trabalha magisticamente em benefício dela, não esmorecendo em momento algum e não se deixando abater-se.

Rubens Saraceni

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 13

As três peneiras (grande reflexão...)Por Pai Ricardo Proença

Olavo foi transferido de projeto.

Logo no primeiro dia, para fazer média com o novo chefe, saiu-se com esta:

- Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito do Silva. Disseram que ele...

Nem chegou a terminar a frase, e Juliano, o Chefe, interrompeu:

- Espere um pouco, Olavo. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?

- Peneiras? Que peneiras, chefe?

- A primeira, Olavo, é a da verdade. Você tem certeza de que esse fato que vai me contar é absolutamente verdadeiro?

- Não. Não tenho, não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram. Mas eu acho que...

E novamente, Olavo é interrompido pelo Chefe.

- Então sua história já vazou a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira que é a da bondade. O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?

- Claro que não! Deus

me livre, chefe! – Diz Olavo, assustado.

- Então, - continua o Chefe – sua história vazou a segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira, que é a da necessidade. Você acha mesmo necessário me contar esse fato ou mesmo passá-lo adiante?

- Não Chefe. Passando pelo crivo dessas peneiras, vi que não sobrou nada do que eu iria contar – Fala Olavo, surpreendido.

- Pois é Olavo. Já pensou como as pessoas seriam mais felizes se todos usassem essas peneiras? – Diz o Chefe sorrindo e continua:

- Da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o ao crivo dessas três peneiras: Verdade – Bondade – Necessidade, antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante, porque:

- PESSOAS INTELIGENTES FALAM SOBRE IDÉIAS.

- PESSOAS COMUNS FALAM SOBRE COISAS.

- PESSOAS MEDÍOCRES FALAM MAL SOBRE AS PESSOAS.

(Autor desconhecido.)

O médium folgado (reflexão...)Por Mãe Roseli Proença

É o último a chegar e o primeiro a ir embora.

Sempre com uma boa desculpa na ponta da língua.

Chega no templo, troca de roupa, põe a fofoca em dia e vai para corrente.

Corpo físico e vaidade presentes, espírito e caridade ausentes.

Bate a cabeça diante do congá, mas a sua cabeça está em outro lugar… repete mecanicamente os pontos cantados feito robô ou papagaio, sem sentir a emoção sagrada que abre os portais do coração para as dimensões superiores da vida.

Durante os trabalhos, confunde as sábias intuições do Guia (que por um extremo de compaixão AINDA o acompanha, sabe Deus até quando…) com o lixo venenoso de seu subconsciente.

R e s u l t a d o : passes

energéticos precários, consultas e conselhos estúpidos… coitados dos consulentes! Trabalho extra para os trabalhadores invisíveis da casa.

Coitados também dos outros médiuns, esses sérios e responsáveis, que são obrigados a triplicar sua doação de energia na sustentação da corrente para compensar a negligência do médium folgado, insensato e leviano.

Terminada a gira de atendimento, lá vai o médium para o vestiário se trocar rapidinho.

Varrer o chão do terreiro?Tirar o lixo dos banheiros?Ajudar os demais

companheiros?Acertar as mensalidades em

atraso?Que nada!”Tem um montão de médium

aí à toa para cuidar disso. Melhor

sair de fininho, pois tenho outro compromisso!”.

Ao sair para rua, sente uma coisa estranha: um peso desagradável nos ombros acompanhado de súbita confusão mental, uma sensação de vazio interior indefinível… lá vai o médium folgado arrastando atrás de si feito um imã humano vários ”kiumbas folgados” barrados na triagem vibratória feita pelos guardiões astrais na “porteira” do templo.

Todos eles pegando carona em seu campo áurico totalmente desequilibrado e “folgado”.

“Punição divina?”“Castigo de Orixá?”Bobagem, meus caros! É

apenas aplicação pura e simples da Lei.

Neste caso, a Lei das afinidades. Ao contrário do “médium folgado” e seus colegas astrais igualmente folgados, a Lei não folga.

A Lei não dorme.“Cada um recebe o que

merece. E merece o que recebe...”

Não está longe o dia em que o médium folgado sairá deste templo de Umbanda falando mal de seu dirigente, do corpo mediúnico, dos consulentes, dos guias e protetores que lhe deram amorosa acolhida e oportunidade de serviço regenerador… ele logo partirá em busca de outro lugar, crença ou distração que lhe forneça apenas os benefícios passageiros do “entretenimento” em vez dos benefícios permanentes do “comprometimento”.

Mensagem do Sr. Exú Marabô recebida pelo médium Vanderlei Alves.

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14 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Trajetória de alunos do Curso de Sacerdócio de Umbanda até chegarem ao Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé PilintraDepoimentos

Bom, o meu relato é o seguinte, meu nome é Valdane de Sousa, fui iniciado na umbanda desde pequeno pela minha mãe, pois nasci no dia 27 de setembro de 1960, data essa que se comemora o dia de Cosme e Damião. Naquela época haviam muitas crendices, então minha mãe fez uma promessa em que faria todos os meus aniversários até completar sete anos de idade no Centro de Umbanda onde ela frequentava. Desde então sempre tive contato com a Religião Umbanda, mas em uma época muito ruim, em que nada dava certo na minha vida, uma de minhas irmãs ficou sabendo que tinha na cidade um médium que recebia uma entidade de Marinheiro e foi consultá-lo. Lá, após a consulta, essa entidade perguntou se ela tinha irmão,ela respondeu que sim. Então ele pediu que eu lhe procurasse, com a finalidade de liberar o meu caminho, pois sem isso eu ficaria sem emprego e tudo que eu fizesse daria errado. Fui então conversar com essa tal entidade de Marinheiro, foi quando me disse que eu era uma pessoa que atraia muita inveja, tinha que procurar uma casa de Umbanda para abrir meus caminhos. De imediato disse a ele que tinha medo de mexer com tal coisas, ele respondeu que quando saísse encontraria uma Casa Espiritual.

Neste dia cheguei em casa tomei um banho, pedi a um amigo que me levasse a algum lugar sem destino, ele me deixou em uma rua qualquer. Foi quando encontrei um grupo de jovens e perguntei se por ali tinha alguma Casa de Umbanda, me indicaram que sim e era bem próximo do local. Chegando no Centro de Umbanda bati palmas e fui recebido por uma senhora que me falou, que naquela data, um sábado, só poderia frequentar os médiuns da casa, para minha surpresa, de dentro do Centro saiu a Dirigente incorporada pelo Caboclo Tupinamba, pedindo que eu adentrasse, fui até ele quando ele me disse “Nós estávamos te esperando.” O caboclo pediu que eu comprasse roupa branca pois eu tinha que girar, fiquei lá por um bom tempo, e assim a minha vida ganhou outro rumo.

No ano de 1984 prestei concurso para Polícia Militar onde fui aprovado e consequentemente teria que fazer o curso prático. Cheguei na minha Mãe espiritual, a fim de avisá-la quanto ao concurso e fui autorizado a me ausentar para fazer o curso da Policia Militar. Dai então casei-me, tive filhos, e devido ao serviço ter escalas diferentes de horários ficou

difícil de frequentar qualquer lugar onde praticassem a Umbanda. Com o passar dos anos retornei ao Kardecismo ficando por algum tempo, li vários livros entre eles: os livros dos Médiuns, Evangelho Segundo o Espiritismo, Ação e Reação, O Céu e o Inferno, entre outros. Apesar de estar frequentando uma casa espiritual juntamente com a minha família, não me sentia confortável. Com o passar dos anos em uma data especifica, após a prática do futebol de final de semana, fui junto com alguns amigos em um bar e bebemos cervejas. No bar comecei a passar mal, estava em transe, vindo a agredir pessoas a minha volta. Um de meus amigos me conteve e me levou para casa com o intuito de que eu não cometesse mais prejuízos a ninguém.

Foi quando notei que a partir daquela data eu não podia mais frequentar bares ou lugares com muitas pessoas e resolvi de novo procurar ajuda da Umbanda. Fui até a cidade de Biritiba Mirim e lá encontrei uma Casa onde resolvi frequentar. Daquela data em diante minha vida mudou em todos os sentidos. Na casa de uma de minhas irmãs, comecei junto delas, a tocar um trabalho espiritual, que decorreu com a formação de vários médiuns. Depois disso, no ano de 2014, fiz o Curso de Magia das Sete Chamas Sagradas, no Colégio de Umbanda Caboclo Pena Branca, onde quem ministrava o Curso era o Mago Alexandre Cumino, dai então, senti mais ainda a necessidade de estudar a fundo a nossa Religião. Em estudo e pesquisa pela internet, descobri o síte do Terreiro Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra. Eles estavam formando novas turmas para o Curso de Sacerdote de Umbanda, me interessei, fiz contato telefônico com o responsável pelo curso, que me matriculei. Comecei o curso e até hoje agradeço a Deus por ter conhecido essa Casa onde eu estou aprendendo os fundamentos da Umbanda, conhecendo pessoas boas e humildes com pensamentos só na evolução espiritual e caridade ao próximo.

Concluindo, neste momento estou satisfeito com tudo o que aprendi e estava procurando na nossa religião. Espero continuar a aprender e evoluir com o Pai

Ricardo Proença e Mãe Roseli Proença e praticar o ensino e a caridade dos mais necessitados.

Valdane de Sousa

Meu primeiro contato com a Umbanda foi em Petrópolis-RJ, 1993. Passava por dificuldades, principalmente financeira. Não sabia como resolver a situação, começava a faltar até o que comer em casa. Então, uma vizinha do mesmo prédio, bateu a minha porta, me dizendo que havia sonhado com sua mãe Yansã e que no sonho ela pedia para que ela me ajudasse, pois eu estava passando por necessidades. Além da cesta básica, a vizinha me convida para ir conhecer o centro que frequentava. Eu aceitei, apesar do medo. Como aquela mulher poderia saber da minha situação? Só poderia ser obra de Deus. Fomos até o centro e fui atendida por uma Preta velha,Vó Cambina, que me ajudou muito. E sempre me falava que eu era “burro de pemba”, mas que não me colocaria na gira porque eu não ficaria naquela terra.

Por várias vezes duvidei, pois a situação tinha melhorado. Tínhamos alguns problemas, mas nada fora do normal. Meu casamento era sólido, uma filha com pouco mais de dois anos e não achava que sairia do Rio, afinal tudo que construímos estava ali.

Dois anos depois veio a separação, voltei para São Paulo e fui morar com minha irmã gêmea Marlene. Levei um tempo para me recuperar, estava novamente em uma situação difícil, perdida, desempregada, e com uma filha pequena para criar. Ela e o marido me deram total amparo.

Comecei a trabalhar no salão de cabeleireiro com minha irmã e conheci

uma cliente, que dirigia um templo umbandista, que sabendo da minha história me convida à visitar sua casa. Um mês frequentando o terreiro e o chefe me convida para fazer parte da corrente como cambone, três meses depois estava atendendo e dando consultas aos adeptos.

Vários questionamentos, muitas duvidas. Não sabia nada sobre a religião e a dirigente pouco ensinava ou talvez ensinasse o que sabia. Mesmo assim, fiquei 12 anos na casa até ficar seriamente doente. Emagreci 12 quilos, a depressão tomava conta dos meus sentidos. Infelizmente, tive que procurar ajuda fora do templo onde trabalhava. Minhã irmã, desesperada por me ver daquele jeito, definhando mais a cada dia, resolveu me levar até sua mãe de santo, que muito me ajudou. Não abandonei a casa que trabalhava, pois tinha muita gratidão e amor pelo terreiro, mas confesso que adentrar a outra casa, conhecer o real valor dos Orixá, e dos Guardiões me fez repensar na espiritualidade. Muitas perguntas, novamente! Mas dessa vez algumas respostas vieram, meus guias me abraçaram e grandes coisas me ensinaram. Então refleti e cheguei a conclusão de que não era um tempo perdido, que a casa tinha me oferecido o que podia. Mas que era hora de procurar conhecimento, então pedi afastamento da casa.

Em meio a dúvidas e incertezas, fui acompanhar minha irmã no vale dos orixás, pois ela não dirige e eu me propus a levá-la. Enquanto ela fazia suas coisas, eu fui caminhar pelo lugar e encontrei um jornal onde

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Trajetória de alunos do Curso de Sacerdócio de Umbanda até chegarem ao Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé PilintraDepoimentosli uma reportagem com o escritor Rubens Saraceni. Me encantei por suas palavras e mais que depressa comprei dois de seus livros “O Guardião da meia noite” e “Diálogo com executor”.

Essas leituras me fizeram enxergar uma outra umbanda. Comecei a pesquisar sobre o autor e descobri que ele ministrava cursos, logo me matriculei em um: “Magia divina do fogo”. Cinco meses de curso e eu nunca tinha visto tanta humildade e sabedoria juntos num ser humano. Todas as perguntas tinham respostas. Fiz logo em seguida “Teologia da Umbanda”. Mal acabava um curso e já me matriculava em outro: “Sacerdócio de Umbanda”, queria absorver ao máximo seus ensinamentos. Mas com oito meses de curso, a vida nos surpreende, o marido da minha irmã sofre um aneurisma cerebral e fica neurovegetativo.

Trabalhávamos por conta, ficamos com três crianças, uma casa e muitas dividas. Com uma revolta sem fim, me perguntava a todo momento o porquê de tanto sofrimento. Tive que parar o curso de sacerdócio, pois todos dependiam de mim agora. Felizmente, nós seres humanos nos adaptamos com tudo, com as coisas boas e com as ruins.

Alguns anos depois, minha sobrinha, Daniela, casou-se com um dirigente espiritual do interior de São Paulo. Era feito no Candomblé e também cultuava a Umbanda. Ficaram três anos juntos e separaram. Ela voltou a morar comigo. Sabia que precisava de ajuda, pois estava em total desequilíbrio emocional e espiritual. E o pior é que estava super revoltada com a religião. Vivia falando que a espiritualidade não existia, que não tinha mediunidade e me perguntava onde eles estavam que permitiram tudo aquilo acontecer. Eu sempre pedindo que tivesse calma, que um dia

eles se mostrariam e que tudo tinha seu tempo certo! Exatamente, não demorou, a encorporação começou em casa. Eu muito preocupada, deixei que meu preto velho tomasse a frente e me auxiliasse. O fez e ainda me deixou um recado, que havia chegado a hora de voltar a trabalhar e que ele acharia uma casa!

Fomos em busca, passei por vários templos e nenhum conseguiu tocar meu coração. Desisti de procurar e resolvi que iria estudar, assim poderia cuidar dos meus e ajudar as pessoas.

Pesquisei na internet várias vezes por cursos de sacerdócio, só achava em lugares distantes. O mais próximo era em Santos mas estava decidida que iria. Numa ultima tentativa descobri o Terreiro Yasã Guerreira e Baiano Zé Pilintra, que anunciavam o curso de Sacerdócio de Umbanda e uma palestra explicativa. Fui assistir e era realmente o que eu procurava. Tudo se encaixava perfeitamente com a minha situação, tudo que o Pai Ricardo falava parecia que era exatamente pra mim. Sai da palestra matriculada no curso. Resolvi conhecer a casa mais a fundo, e me encantei. É completamente diferente de tudo que vi na espiritualidade. Conheci um trabalho sério, onde todos são tratados com igualdade, respeito, amor, dedicação e totalmente em prol da caridade ao seu semelhante. A Mãe Roseli e o Pai Ricardo nos fazem sentir acolhidos, em casa e em família! Nesta casa, quem quer evoluir está no lugar certo. A minha gratidão eterna à casa que me devolveu a credibilidade no ser humano e o resgate da fé.

Marli Belmiro

Passei longos períodos da minha vida com claros sintomas de depressão e ansiedade. Tive que tomar remédios psiquiátricos e passar por tratamentos com psicoterapeutas. Não entendia porque a tristeza insistia em morar dentro de mim pois, graças a Deus, sempre tive uma família presente e um trabalho que me proporciona uma vida confortável.

Sem forças para reagir, ia seguindo minha vida, certa de que a felicidade não aconteceria para mim nesta encarnação. Duvidei da existência de Deus e do meu anjo da guarda, insistindo no pensamento de que não era merecedora da presença divina em minha vida.

Cresci no Centro Kardecista do meu bisavô, aprendendo os seus ensinamentos, acreditando na reencarnação e na presença dos espíritos a nossa volta. Quando criança, tive muitas visões e sentia os espíritos por perto. Aos dezessete anos minha mediunidade aflorou e meus pais, agora dirigentes do Centro Espírita, me ajudaram no desenvolvimento. Durante alguns anos, frequentei as palestras e sessões mediúnicas. Porém a vida a vida cotidiana agitada e outros compromissos foram aos poucos me afastando da religião. Algumas vezes, fui até o Centro Perseverança para tomar os passes coletivos. Mas de quase nada adiantava, porque eu não assumia como compromisso, apenas como alívio para aquele momento em que eu me sentia muito mal.

Sempre tive vontade de conhecer a Umbanda mas achava que isso poderia entristecer meus pais que me criaram dentro do Kardecismo, então, fui adiando essa minha vontade por medo de magoá-los. Como a maioria das pessoas que não conhece os princípios da Umbanda, sentia medo do que poderia acontecer no Terreiro. Minha ignorância sobre a religião e o medo também me impediam de conhece la.

Com o coração apertado de tanta angústia, em uma tarde de terça feira do mês de abril deste ano, lá estava eu buscando no Google o Centro de Umbanda mais próximo de mim. Acredito que naquele instante meus guias espirituais me intuíram porque, dentre tantos lugares que apareceram na

busca, eu cliquei no link desta casa maravilhosa. Mandei uma mensagem no Facebook do Terreiro falando sobre a situação em que me encontrava e para minha surpresa, em alguns minutos, recebo a resposta carinhosa da Mãe Roseli pedindo para que eu fosse assistir à Gira naquele mesmo dia. Assim que entrei no Terreiro senti um arrepio percorrer o corpo todo, uma energia que não entendia de onde vinha, pronto... foi amor à primeira vista. Tudo pra mim era muito novo, encantador, diferente de tudo o que eu tinha vivido ou sentido. No outro dia, lá estava eu novamente mas desta vez, acompanhada do meu noivo e do meu filho para tomar passe com os amados pretos velhos. Todo o medo e preconceitos que por acaso eu ainda sentia sobre a religião de Umbanda, terminaram naquele momento. Eu estava de frente com entidades espirituais e médiuns que estavam lá com o único propósito de ajudar as pessoas sem cobrar nada, praticando a mais pura caridade aos seus irmãos.

Desde aquele dia passei a frequentar as giras e o trabalho de desenvolvimento mediúnico. Hoje, faço parte da corrente de trabalho e me sinto muito privilegiada por, em tão pouco tempo de aprendizado, os guias espirituais terem me escolhido para ajudar neste trabalho tão lindo e gratificante. Meus dias passaram a ser muito mais proveitosos e felizes. Consigo controlar melhor os sentimentos que antes me dominavam, e hoje sei que muitos deles não eram meus, mas sim de irmãos desencarnados em condições ruins que muitas vezes também procuravam ajuda. Ainda tenho muito o que aprender e muito a fazer para continuar merecedora de todas estas bênçãos que estão acontecendo em minha vida. Serei eternamente grata por tudo.A cada dia aprendo um pouco mais, a cada dia amo mais esta religião e essa família Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra que me abraçaram e me trouxeram de volta a vida, a fé em dias melhores e a certeza de que nada nesta vida é por acaso.

Abraço fraterno a todos.Alessandra Freitas

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16 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

Nossa Voz Umbandista – “Como surgiu Anjos Da Noite ?”

Kaká – “Bom, eu sou o Kaká, Kaká Ferreira, sou presidente do Anjos Da Noite. O Anjos Da Noite nasceu no dia 22 de Agosto de 1989, então, como é que surgiu isso?! Neste dia, 22 de Agosto de 1989, São Paulo tinha uma temperatura variando em torno dos 4°C e garoava, eu saia do trabalho, trabalhava no Ministério Da Agricultura, onde estou até hoje, e na esquina da Amaral Gurgel com a Marques de Itú um senhor me pediu ajuda, eu olhei ele estava de ‘calção’, com uma camiseta toda rasgada e descalço, o mesmo já estava “roxo” de tanto frio, e eu pensei “este homem vai morrer de hipotermia, né?!” E ai, imediatamente eu falei olha, eu vou ajudar né, tinha acabado de voltar de uma viagem de trabalho e minha mala estava dentro do carro, ai a minha roupa servia certinha para ele. Dei calça, camisa, sapato e um casaco, o rapaz se vestiu e eu o convidei para jantar, na esquina tinha um barzinho de comida popular e falei “vamos jantar ali”. E fui jantar com ele e “tal” e fiquei conversando com ele um tempão, e ai ficou muito tarde e eu falei “tenho que ir embora, amanhã eu trabalho”. Ai ele veio comigo até o carro, olhou para mim e disse “você é um anjo da noite!”, eu respondi “que anjo o quê?!”, e ele tornou a afirmar “você é um anjo da noite!”. E aquilo me tocou lá dentro, e a princípio eu achei que ele estava só elogiando, mas depois eu percebi a maneira com que ele falou, ele estava afirmando.

- Retornei para casa, e fui dormir, e sonhei que estava

no mesmo lugar lá na Amaral Gurgel mesmo, e eu estava servindo comida para o pessoal de rua, era um cenário diferente, havia uma mesa grande cheia de panelas, e eu ao lado dessa mesa servindo a comida para o pessoal de rua. Quem me aparece na fila? “O cara”. Ele olhou para mim, deu um sorrisão e disse “não falei que você é um anjo da noite?!”. Ai eu acordei emocionado e “tal” e liguei pra um amigo, José Mato “Zeca”, aconteceu isso e eu quero servir comida para o pessoal de rua. Ai ele veio pra cá, trouxe a mulher dele com os filhos e começamos a ligar para alguns amigos, e o pessoal todo se solidarizando. Aqui era minha casa e do meu irmão, e começaram a vir um monte de gente, foi um movimento na casa o dia inteiro, gente trazendo legumes, trazendo coisas para a gente fazer o tal do sopão para levar a noite na rua.

- Foi ai que surgiu o sopão em São Paulo, os Anjos Da Noite é pioneiro neste trabalho. Ai durante o dia todo nós ficamos preparando essa comida, foi nesta cozinha pequenininha aí, fogãozinho de quatro bocas e o panelão quase do tamanho desse sofá em cima do fogão, foi enchendo e uma hora o fogão arreou uma perna, era muito peso né, ai então calçamos o fogão com tijolo e continuamos fazendo a sopa até o final. E enquanto eu estava fazendo a sopa, no final da tarde, eu lembrei que não existia nenhuma estratégia de conhecimento, ou seja, não houve nenhum planejamento, só foi a emoção na base do amor, todo mundo no embalo, mas esquecemos o principal, o planejamento. Tudo o que se faz sem planejamento, não dá certo. E como eu sou administrador, eu tenho obrigação de trabalhar com planejamento não é?.

- Ai eu lembrei que tenho um amigo que tem um restaurante, e eu fui lá, “Marcelo, eu vou fazer isso e preciso da tua ajuda. Vou dar comida para o pessoal de rua e preciso de algum lugar para servir essa sopa”. E ele é meio “debochado” e me

Kaká Ferreira - Anjos Da Noite

Equipe do JNVU com Kaká Ferreira

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 17

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

disse “Poxa cara, você é fogo né?! Você quer entrar no céu, quer que eu compre sua passagem e ainda faça o check in ainda, né?!” (risos). Eu falei “não, tudo bem. Não precisa fazer o check in não, mas você pode me ajudar?”. Ai ele falou “bom, eu tenho umas cumbucas de feijoada que não usamos mais, se você quiser eu te dou”. Eu estava fazendo sopa pra cem pessoas, e ele tinha cem cumbucas. Quer dizer, a conta começou a fechar certinho, né. Ai ele me deu as cumbucas e eu sou meio pidão, e falei que eles iriam comer como cachorro né, e como eles iriam comer a comida? Ai ele me deu também as cem colheres de sopa. Ai eu vim todo maravilhado, lavamos tudo direitinho. E como é que nós vamos levar a sopa para rua? No carrinho? Na mão? Bom, ai eu tinha um amigo que tinha uma “carretinha”, ai como eu tinha um engate atrás do carro, eu liguei pra ele, e fui até a casa dele, e ele me emprestou a “carretinha”. Engatamos a carreta, vim pra cá e a carregamos, colocamos roupas as cumbucas, a sopa, pão, foi tudo dentro da carreta, virou uma “montanha”. E ai eu todo entusiasmado né, emoção mil, equilíbrio nenhum né, era noventa e nove de emoção e razão quase nada, mesmo porque o trabalho naquele momento, ele pedia emoção, ele não pedia razão. A razão vem depois, eu tinha uns lampejos de racionalidade quando eu pensava em planejar, mas a emoção acabava tomando conta, e seja tudo o que Deus quiser, né. Ai entramos no carro, e fomos para a cidade. Dirigir um carro com carreta é diferente de dirigir um carro sem nada, por que na hora de fazer curva é diferente, passar em buraco é completamente diferente, e eu fui daqui na cidade, desesperado para chegar logo para distribuir. A hora em que chegamos lá, as roupas para doação “lavadas” de sopa, pois foi pulando, mas ainda sobraram roupas limpas, e decidimos distribuir somente as que estavam limpas, as sujas

nós levamos pra casa, lavamos, e depois trazemos de novo. Ai distribuímos, servimos a sopa, e levamos um fogãozinho para a sopa ficar aquecida lá na cidade, afinal, estava muito frio né. Então servimos realmente uma comida quente para o pessoal, só que na hora de vir embora precisava pegar as cumbucas e tal, porque na minha cabeça a gente já sairia no sábado seguinte também e fomos pedir as cumbucas para o pessoal que já havia comido, e eles não quiseram devolver, “não moço, deixa as cumbucas aqui pra gente”. Eu falei “mas é que a gente quer voltar semana que vem, Mas por que vocês querem a cumbuca?”. Eles responderam “É porque as vezes a gente ganha alguma comida e não temos onde colocar, as vezes a comida vem em caixa de leite, vem em saco plástico, e foi tão legal isso que vocês fizeram, trazer tudo limpinho, deixa com a gente aqui? E na hora eu pensei “bom, isso não foi doado para mim, foi doado pra eles, então é deles, e, o Pai é rico né, faz as coisas direitinho que acontece.

- Ai fomos embora, e o pessoal preocupado como iria fazer na semana seguinte, uma vez que não tinham mais onde servir. E eu falei, “semana que vem não chegou ainda, é a semana que vem, então temos uma semana para pensar”. Ai eu fui trabalhar na segunda feira e fui comer um lanche do Mc Donald’s lá no shopping Paulista, ai estou sentado, comendo e já pensando nos moradores de rua, afinal, eu estava comendo lanche e os moradores lá... E tudo o que eu fazia eu já relacionava com a pessoa de rua, ai eu estou sentado e daqui a pouco, parecia uma projeção, eu vi na minha frente aquelas mesas do Mc Donald’s como se fosse uma praça de alimentação no meio da rua, em baixo do minhocão para ser mais preciso, eu olhei e falei “é isso que eu vou fazer!”. E nesse instante pensei “como é que vou fazer né, você é louco. Não tem ‘grana’, não tem nada, como é que você vai fazer uma

Kaká Ferreira

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18 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

praça de alimentação no meio da rua?!”. Ai eu vim pra casa já com isso na cabeça, a noite uma senhora me liga, do interior “fiquei sabendo que você está fazendo um trabalho assim na rua, queria te parabenizar e me colocar a disposição para ajudar. No que eu posso ajudar?”. Eu não sabia nem o que falar, nem o que pedir, e ai eu falei pra ela que tinha projetado isso na minha mente lá no Mc Donald’s, e sem me falar o que ela fazia, disse “Então faz o seguinte, me manda o seu logo”. E eu pensei “que logo?”, tinha três dias que eu havia ido na rua, não tinha nada muito menos logo, mas mesmo assim eu falei “a tá bom então, eu mando”, peguei o endereço, mas não sabia nem o que era (risos). Ai desliguei o telefone e pensei “e agora?”. Me sentei na mesa da cozinha e já imaginei dois corações assim, um entrando dentro do outro, mas ai nessa arte que eu fiz, eu tinha a ideia do amor e energia e do amor físico, um entrando dentro do outro, ou seja, as coisas se interligando, pra criar uma sinergia de amor. Quer dizer, na hora fui poético, eu fui tudo isso, mas ficou tudo na minha cabeça, mesmo por que eu achei que era “babaquice”, mas a hora que eu desenhei eu pensei “é isso, muito legal!”. Ai eu fiz tudo isso e escrevi embaixo ‘Anjos Da Noite – Porque amar é preciso’, e veio, as coisas começaram a surgir, vocês sabem de onde essas coisas vem né?! (risos).

- Ai no dia seguinte eu mandei pra essa senhora, passou a semana, chegou no sábado, toca a campainha logo cedo, era um caminhãozão, e o rapaz perguntou “Sr. Kaká?”, eu disse “sim, sou eu mesmo”, eu não lembro o nome desta senhora, mas o que ele dizia era o seguinte “Olha, eu vim lá do interior, e essa senhora mandou eu entregar isso pra você, ela falou pra você abrir e ver”. Ai, ele tirou uma caixa grande de dentro do caminhão, na hora que eu abri, uma mesa dessas de bar, que fecha, branquinha, com o logo dos ‘Anjos Da Noite

– porque amar é preciso’ no meio e em todas as cadeiras. Eu não chorei... não chorei quase nada. Ai, já veio todo o pessoal foi aquela emoção e tal, e arrumamos um caminhão no mesmo dia, convoquei o dono do caminhão, que era meu amigo para ir, e o avisei que não tinha dinheiro nenhum pra pagar pra ele, e que isso tudo iria ser voluntário, ai fomos com o caminhãozinho, levamos a comida, tudo bonitinho, e montamos pela primeira vez a praça de alimentação onde é hoje o terminal Arouche, lá era tudo aberto né, então nós usávamos aquela praça lá para fazer a praça de alimentação do Anjos, inclusive lá no site tem algumas fotos dessa época ainda. Ai fizemos a primeira praça de alimentação, e o legal é que na hora eu pensei “vamos estabelecer uma relação de profunda igualdade com eles. Eu vim aqui fazer caridade, não! Eu vim aqui interagir com vocês!”. Já era Anjos Da Noite desde o primeiro dia, então eu achei interessante jantar junto com eles, estabelece a igualdade, senta um morador de rua e senta um de nós, entendeu? Você resgata a pessoa. Eu não tinha nem intendido ainda que isto seria a missão fundamental do Anjos, a missão de resgatar as pessoas. Ai o pessoal todos sentados, e de vez em quando eu ia lá e olhava, chorava de soluçar, aquela praça branquinha, era uma coisa muito bonita de se ver. Ai começamos a fazer esse trabalho, e o Anjos Da Noite começou a crescer, e surgiu a necessidade de criar a personalidade jurídica, de criar uma instituição de direito de fato, né?! Então criamos com um nome, e já projetamos a ‘missão’ do Anjos Da Noite. Porque antigamente se falava ‘objeto social’, hoje, a gente quis ser mais “afrescalhado” (brincou ele) então é missão, que é mais moderno né?! (risos).

- Então a missão é a seguinte: resgatar a autoestima dessas pessoas em situações de rua para possibilitar a reintegração social. Vejam só, que a gente não colocou ‘para reintegrá-lo’

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 19

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

e sim para ‘dar a possibilidade da reintegração’. Porque dar a possibilidade? Você tem que respeitar o direito de escolha deles, o que você pode é propor e não impor, e o Anjos Da Noite, fundamentalmente ele propõe mudanças, então o resgate da autoestima também é uma proposta, e para que a pessoa seja resgatada o primeiro requisito é você interagir de igual para igual, não com você lá na rua de catequizador, como um religioso, como nada disso porque a rua não é catequese, o nosso trabalho de rua fundamentalmente ele é de reintegração social, então, eu tomei muito cuidado com isso, de não usar a religião como plano de fundo ou até pra sustentar o nosso trabalho até mesmo porque não tem sentido isso, tanto que eu fui lá, nos resquícios do passado e uma frase que eu já conheço desde criança de um escritor francês “Seja qual for tua raça, crença ou cor, abraça-me, sou teu irmão!”, eu lembrei desta frase e pensei, é isso o trabalho dos Anjos Da Noite, ai já usamos isso um uma bandeirona que eu fiz para os Anjos Da Noite, fiz a camiseta do anjos com essa frase, que está bem legal, e começamos a mostrar para as pessoas que pra você fazer um trabalho de assistência ao próximo, você não precisa de religião, ou seja, para amar o próximo o requisito fundamentar e principal é o querer e não o rótulo da religião, porque religião cada um tem a sua, o que quer que você tendo uma religião você vai amar ao próximo, ou seja, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Tem gente que é super religioso, anda todo caricata e não faz nada para o próximo mas o discurso é ótimo, e tem gente também de igrejas e outros seguimentos que estão cheios de discursos, mas também não fazem nada, assim como também tem gente que tem o discurso e faz, e o Anjos Da Noite ele quer mostrar ao contrário, não que nós somos melhores do que os outros, a minha visão é que amor não se teoriza,

amor se vive. Eu não consigo escrever sobre o amor, mas eu consigo exercitar na medida da minha capacidade, como amor não tem teoria não dá pra você nem escrever e muito menos codificar, você apenas vai doar, porque cada momento é um momento único de amar.

- Hoje se tá com uma capacidade muito grande de amor, mas será que é muito grande? Depende de quem recebe, entendeu? Então é sempre uma incógnita né?! O que a pessoa está precisando naquele momento, então a sua capacidade de amar tem que ir de encontro à necessidade do próximo, ou seja, coloque-se no lugar do próximo. Sempre que você quiser fazer alguma coisa se for fazer bem pra você, também faz bem para o próximo, isso pra mim é a prática do amor. E é isso que o Anjos Da Noite vem nos ensinando todos os dias em todos os nossos trabalhos que, o importante não é teorizar o amor e sim vivenciar, por isso que cada caso é um caso. Porque não dá pra você criar uma metodologia de atendimento na rua por que você está lidando com pessoas, e as pessoas reagem de acordo com o teu estado de espírito, com o estado emocional teu e delas, da forma com que você chega e da forma com que ela está, então e sempre uma “via de mão dupla”. Eu não acho que o amor seria uma troca, afinal, amor você não troca você dá o tempo todo, não dá pra trocar, mas dá pra você interagir com uma profundidade muito grande com o amor, quer dizer, como é que você cria a sinergia do amor? Dando amor! Não tem outra forma, não dá pra explicar, apenas sentir, e dá para amar. Amar como? Não sei, dá pra amar. Quando você olha pra uma pessoa e você dá um sorriso, isso é amor, é uma forma carinhosa de você estar perto das pessoas, de você mostrar pra pessoa que ela é muito bem-vinda. Então, por exemplo, as pessoas que veem até a nossa casa, eu quero que todas as pessoas

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20 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

que vierem aqui, ou como voluntários ou como assistido, se sintam muito bem acolhidas e, o primeiro requisito pra isso qual é? É você acolher, ninguém vai se sentir acolhido se você não se abrir, se você não permitir com que as pessoas se aproximem, né?! Então é isso que os Anjos Da Noite procura, não é ensinar para os outros não, é ensinar para todos nós, porque o Gonzaguinha já dizia “não tenha vergonha de ser um eterno aprendiz”, e o Anjos Da Noite nos ensina a ser permanentemente um eterno aprendiz. Quando você se coloca na situação de aprendiz, você já exercitou o requisito principal para aprender que é a humildade de entender que todo dia é um dia novo pra você aprender, pra você amar e pra você passar esse amor para os outros.

- O Anjos Da Noite começou atendendo cem pessoas, e 26 anos depois nós estamos atendendo uma média de oitocentas pessoas por noite. Agora, durante esta trajetória, lá no meu trabalho no Ministério Da Agricultura, eu fui nomeado para fazer parte do comitê de qualidade, ai é que surgiu essa história de qualidade, e que valeu, porque eu peguei os preceitos da qualidade que a gente utiliza lá e trouxe pra cá, porque o preceito da qualidade ele não vale para empresa, ele vale pra vida, como tudo na vida você tem que fazer com qualidade, e ai eu comecei a entender o seguinte, o morador de rua é o nosso principal cliente. Como cliente? Sim, ele é o nosso cliente! Nós não prestamos um serviço à ele? “Á, mas a gente não ganha nada”, não foi isso que eu falei, você presta um serviço ao morador de rua, você presta assistência, e assistência é serviço, não é?! Então, quem é o beneficiado pelo nosso serviço? É o morador de rua, e ele tem que estar profundamente satisfeito com o nosso trabalho, então o nosso trabalho tem que ter qualidade, e qualidade você

só sabe quando você mede, tem que medir, você tem que medir a satisfação do cliente. Eu coloquei em um formulário “pesquisa de satisfação do cliente”, como é que o morador de rua enxergava o nosso trabalho? Então nós saímos com as pranchetas, e sem colocar nomes de ninguém e perguntávamos “como é que você vê o presidente do Anjos Da Noite?”, “Como é que você vê o trabalho?”, “qual é a expectativa que vocês têm?”. E a gente colocou em uma linguagem muito acessível para eles, “qual é o tipo de comida que vocês querem? Sopa? Lanche?”. E com isso você está mostrando pra ele, que ele é tão importante quanto a gente, mostrando que ele é, e para ele entender que é e, se sentir assim também. E ai a gente começou a pontuar, toda a unanimidade é “burra”, esse é o princípio de qualidade, nenhuma pesquisa dá 100%, se der 100% a pesquisa foi feita errada, a abordagem está equivocada ou “roubaram” na pesquisa, e eu não queria nada direcionado, eu queria mesmo a visão do morador de rua, como é que ele enxergava, até pra melhoria dos processos, se você não faz melhoria de processos você não media a satisfação, e ai nessa pesquisa deu mais ou menos que 70% queriam a comida com mais sustância com arroz, feijão, carne, entre outros, e mais ou menos 5% era sopa e o restante era lanche. Ai eu falei “bem, a gente está fazendo tudo errado, porque o pessoal não aguenta mais tomar sopa”, porque tomar uma vez tudo bem, mas todo dia enjoa.

- A partir daí, fiz o mapa e chamei o pessoal para uma reunião, e disse que o pessoal não quer mais sopa, e nós temos que ter qualidade no nosso trabalho. Pra quem que a gente trabalha? “Para o morador de rua”, então ele tem que estar satisfeito com o nosso trabalho, se não, não tem nem sentido ir até lá. As pessoas começaram a entender, né.

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 21

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

Porque tem muita gente que trabalha como assistente e fala “a gente é voluntário e a gente faz o que quer”. Não faz não! Voluntario não faz o que quer, voluntario tem que fazer o que está programado. A instituição tem um programa de trabalho, e um bom voluntario é aquele que chega e soma com aquilo que a casa propõe, porque tem muita gente com invenção, está cheio de “achólogo” né?! Gente que faz pós-graduação em “achologia” (brincou ele), e vem achar coisas do trabalho que não conhece. E nessa instituição não é diferente das outras, e tem muito de “á, mas eu acho que eu está errado”, ai eu respondo “mas você acha porque, você já conhece o trabalho?”, a pessoa fala “não, é a primeira vez que eu venho”. Poxa, não pode né, está errado. E aí com essa pontuação toda que nós montamos com os princípios da qualidade nós montamos o trabalho e aí a “coisa” começou a melhorar, porque? Porque eles vinham com mais satisfação comer a nossa comida, eles sentavam e ficavam comendo lá na praça de alimentação, e também na hora em que a gente comia era melhor né, do que sempre sopa. E ai todo mundo comia, ficava um clima legal, e não foi tão mais difícil assim fazer comida, porque comida todo mundo faz em casa, e ai foi, e os Anjos Da Noite durante este tempo todo que trabalhou, ele sempre focou na figura do morador de rua. E enquanto eu for presidente desta instituição a missão do Anjos Da Noite não será alterada, porque não há a necessidade de alterar, porque ela já é atual, o resgate da dignidade humana existe em todas as épocas da humanidade, é sempre uma necessidade né, então você sempre tem que trabalhar pra você melhorar a forma de você resgatar, mas o princípio fundamental você não muda, ou seja, o resgate, tudo isso não passa de um monte de palavras bonitas, mas eu resumo tudo isso em amor.

Nossa Voz Umbandista: Quais são as principais ações dos Anjos da Noite?

Anjos da Noite: Trabalhar para que a missão seja cumprida. Então, como é a ação para que a missão seja cumprida? Nós vamos às ruas para interagir com as pessoas, usando como meio a comida, a nossa presença, mas fundamentalmente, priorizar as necessidades dele. E para priorizar, a primeira coisa que tem que aprender, é escutar. Você não vai lá para catequizar, você vai lá para escutar para saber a necessidade dele e aí começa a trabalhar em torno disso. Porque quando digo reintegração social, digo reintegração também com a família. Então fazemos o “meio de campo” com a família, pois há muitos moradores de rua que brigaram com suas famílias, perdeu a referência familiar. Assim, entramos de uma maneira muito leve para tentar trazer a família de volta, de fazer aceitá-lo de novo. Além disso, reconduzi-lo ao mercado de trabalho, quando possível. Muita gente diz que morador de rua não trabalha porque não quer. Isso não é verdade. Muitos empresários não aceitam. Até por uma questão legal, pois é preciso que o trabalhador tenha carteira de trabalho, moradia, não ter antecedentes criminais e referência. Tudo o que eles não têm. Primeiro: Domicílio deles é a rua. Qualquer rua, qualquer cidade. O principal ele não tem. Não tem onde morar. Assim, a primeira coisa é tentar levá-lo de volta à sua casa. Veja um caso de um amigo meu, empresário que prefere se manter no anonimato, mais chorão do eu (risos) foi à rua comigo pela primeira vez e começou a emitir sons, e eu não sabia se estava recebendo espírito ou se estava chorando...é brincadeira, pois eu sabia que ele estava chorando, pois uma pessoa classe AAA e aquele pessoal sem bem nenhum. Foi

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22 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

quando me perguntou o que ele podia fazer. Foi aí que eu pedi emprego para uma moça que estava lá. Em estado de choque, me disse para levá-la na segunda-feira. No entanto, era preciso que comprasse roupas e tivesse cuidados básicos. Meu amigo então, deu-me, na época (há mais de 10 anos) R$ 2.000,00 e disse: “Compre o que ela precisar. Faça o que for preciso.”

Foram compradas roupas, se arrumou e foi à entrevista. Passou pelo processo como se fosse em um processo normal de contratação. No decorrer do seu trabalho, sua secretária passava-lhe os detalhes e começaram a perceber que ela tinha muito potencial. A partir disso, começaram a pagar cursos para ela. E depois de 5 anos, já se tornara secretária da presidência.

Avaliando hoje, se tivesse acontecido só isso, já teria valido o trabalho dos Anjos da Noite. Tirou-se do nada para o tudo.

Outra coisa pitoresca que aconteceu, foi lá no interior, um casal de idosos que moravam junto a uma carroça, queriam casar. Nos mobilizamos e montamos uma casinha para eles. Conseguimos todas as coisas novas, eletrodomésticos...então fizemos um “chá de panela”. Em 15 dias, estávamos com a casa montada. Até televisão. Trouxemos um juiz para fazer o casamento. Ela queria um vestido de noiva e conseguimos um na rua das noivas. Realizei então, o casamento. Fiz um casamento espiritual. Num segmento muito maior do que seria no casamento espírita. Sem manifestação mediúnica. Envolvia todas as religiões. Tinha até tapete vermelho. Aqui no nosso salão mesmo. De lá pra cá, já realizamos 18 casamentos. Foi um casamento bem legal. Depois os levamos para a casa. Se fosse hoje, daria até pra encher a Cantareira com tanto choro (risos). Tudo começa com um sonho.

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

Algo interessante aconteceu também durante o casamento. Estavam moradores de ruas no casamento e no meio deles, havia um rapaz, meio “abobado” e via-se que não era pelo uso de drogas. Eu sabia que o conhecia. Chamei um pessoal para perguntar sobre ele e soube quem era e onde morava. Aí então fui conversar com a mãe dele. Perguntei sobre o filho dela para ter a certeza de que era ele mesmo. Me contou que seu filho era pedreiro, mas havia caído de cabeça no chão em uma obra e havia perdido sua memória. Estava sumido desde então. Pois esteve num hospital público e o liberaram sem tratamento. Quando eu disse que tinha localizado seu filho, chorando, ela me pediu para levá-la até ele. Chegando lá, abraçou seu filho chorando. Vendo isso, todos os moradores de rua que estavam perto se levantaram e começaram a aplaudir. Depois disso, conseguimos um com um amigo que é médico. Hoje, curado, é um Anjo da Noite. Um excelente voluntário. São coisas assim que nos fazem continuar a ser um Anjo da Noite. Então Anjos da Noite é isso...lágrimas, suor, alegria, sarro e amor!

Nossa Voz Umbandista: Em que regiões vocês atuam?

Anjos da Noite: Atuamos no centro da cidade, atrás do mercado municipal, na rua Carlos Souza Nazaré, esquina da Rua Barão de Duprat. De lá, vamos à Praça da Sé, Pátio do Colégio, Rua Boa Vista, Libero Badaró, Anhangabaú, Viaduto do Chá, Praça Ramos e Largo São Francisco. São 800 pessoas em média. Em todos os sábados.

Nossa Voz Umbandista: Como o projeto se mantém?

Equipe do Anjos Da Noite

Kaká Ferreira e Equipe do Anjos Da Noite

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 23

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

Anjos da Noite: Com pessoas como vocês. Que vêm, acreditam na gente, trazem a sua parcela de doação, nos insumos. Todas as semanas utilizamos nossa rede social para pedir os insumos. Até para poder manter o trabalho. Então, todas as semanas temos as doações de alimentos e também de recursos financeiros. Não dá pra manter uma casa com arroz e feijão, porque é preciso pagar água, luz, imposto, manutenção, abastecer carro etc. Na criação da página, a gente pensou em várias possibilidades de doação, inclusive da nossa conta bancária institucional. E assim, a gente vem mantendo a casa. É claro que cada dia é uma batalha, porque as coisas estão difíceis, principalmente num momento de crise pelo qual nosso país está passando agora. As pessoas estão doando muito menos e muitas não estão doando mais. Nós perdemos muitas parcerias, porque muitas empresas que nos ajudavam, simplesmente pararam. Havia empresas que nos ajudavam, que hoje estão vendendo 11, 12% do que vendiam. Assim, não estão conseguindo mais. Hoje está muito mais difícil, mas dá pra fazer. Eu sempre digo, o Pai é rico. Não foges do seu objetivo. Como diz o hino nacional, “Verás que um filho teu não foge à luta”. Mas isso não é política, é nossa prática do trabalho.

Nossa Voz Umbandista: Pensando em locomoção, como vocês vão aos locais ajudar?

Anjos da Noite: Nós temos hoje uma frota de Kombis. Temos duas (risos). Antes de termos uma personalidade jurídica, eu financiei uma Kombi usada em 36 vezes. Hoje está sendo reformada. Nesse interim, fui fazer uma palestra

em uma empresa multinacional, a FS Vaz comunicações, de tecnologia. Devia ter umas 400 pessoas no staff. Ao final da palestra, o presidente pegou o microfone e disse: “Cacá, você pode falar aqui durante uma semana, mas não irá conseguir explicar o que os Anjos da Noite fazem, de tão grandioso. É muito maior do que muitas pessoas dizem. Falo isso porque coloquei dois funcionários como voluntários no Anjos da Noite durante dois anos e fizeram um relatório da sua gestão durante esse tempo. Vocês não falam, vocês fazem. Como a gente acredita em vocês, vamos dar um presentinho. Uma lembrancinha da nossa empresa. Vamos lá no fundo do auditório para pegar.” Aí fui caminhando pelo auditório com ele e quando chegamos no meio, acabou a luz. Enquanto andávamos, todos aplaudiam. Quando chegamos ao final, abriu-se a cortina, começou um monte de fogos de artifício e estava lá a Kombi toda adesivada. Eu chorava muito, até tremia. Me deu até falta de ar de emoção. Ela está lá, com 2700 km rodados, com 3 meses de uso. Então, isso é uma injeção de ânimo, pois alguém está vendo seu trabalho e ele está sendo aprovado. Não pelo público interno, mas pelo público externo. O relatório de gestão é feito pelos auditores da empresa. Fiquei super orgulhoso, satisfeito.

Nossa Voz Umbandista: Vocês já sofreram algum tipo de preconceito na trajetória da Ong?

Anjos da Noite: Sempre. Para alguns, esse trabalho é “politicamente incorreto”. Esse é um clichê. O que é politicamente correto? É criticar? Nós estabelecemos nessa casa o seguinte jargão: “Todos os problemas são problemas de todos”. Dessa forma, você se coloca no lugar da pessoa.

Kaká Ferreira e Equipe JNVU

Kaká Ferreira e Equipe do Anjos Da Noite

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24 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Entrevista com Kaká do Anjos Da NoitePor Jornal Nossa Voz Umbandista

Assim, você entende que o problema dela é seu problema. Isso não significa que você trará o problema dela para si, mas irá participar da vida dela pra ela ter força para resolver. Você é coadjuvante do processo das mudanças necessárias. Na tua vida e na vida da pessoa, porque quando você começa a fazer alguma coisa, automaticamente quebra alguns paradigmas em que antes não acreditava. Na rua, a primeira coisa que você desenvolve é o senso de gratidão para as coisas que tem. Na rua, com uma marmitinha que você leva, já deixa a pessoa feliz. Enquanto isso, você tem sua casa, sua família, uma infraestrutura de vida legal. Todo aconchego familiar e a gente se acha no direito de estar infeliz, reclamando. Ou seja, a gente começa a valorizar aquilo que você tem. Então, as mudanças começam com a gente. Então, a grande lição que a gente traz é para nós mesmos. Faz sentido?

Nossa Voz Umbandista: Nesses 26 anos o Poder Público nunca deu apoio ao seu projeto?

Anjos da Noite: Não. Inclusive estou tentando há vários anos, o registro de utilidade pública. Sempre esbarro em uma série de coisas. Vou até um ponto e depois disso sou barrado. Sempre tem o interesse político por trás e como o Anjos da Noite é apolítico, não consigo nada. A utilidade pública federal é através de decreto da presidente. Até chegar na mão dela, acabou o mandato.

Nossa Voz Umbandista: Como as pessoas podem ajudar ao Anjos da Noite?

Anjos da Noite: Para ajudar, você tem várias alternativas. Entrando no nosso site: www.anjosdanoite.org.br . No Facebook: Anjos da Noite Ong. Podem doar alimentos, roupas e ajuda financeira, sempre através da nossa conta institucional. Nos avise que nós mandamos o recibo. Qualquer tipo de ajuda fará diferença na vida dos moradores de rua. Todos os problemas são problemas de todos. Não se esqueçam disso.

Equipe do Anjos Da Noite

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 25

Homenagem ao Colégio Pai Benedito de Aruanda Por Mãe Roseli Proença e Pai Ricardo Proença

Ficamos nesta casa aben-çoada de 2001 até 2012, e foram anos de muitos ensi-namentos, respeito, amor, dedicação, pois estávamos por amor nesta casa e tam-bém por amor na religião. Me lembro que quando che-gamos, não sabíamos nada e não conhecíamos ninguém, e depois de muitos meses ficamos sabendo que o pai daquela casa era importan-te no meio umbandista, mas para nós o importante era a simplicidade dele e da famí-lia dele que nos acolheu com tanto amor. Aprendemos o valor verdadeiro que a reli-gião tinha em nossas vidas, a caridade e o amor que nos trouxe tanta evolução, fo-ram muitos ensinamentos da querida Mãe Alzira no de-senvolvimento, foram muitos graus de estudo, mas graças a Deus esta casa nos ensi-nou que lutar e o nosso ideal dentro da umbanda contra a intolerância religiosa, coi-sa essa que sofremos muito, com muitas pessoas que cru-zaram nossos caminhos, mas a força dos orixás e dos guias

espirituais cada vez mais nos fortalece, só posso agradecer a Deus pelo ser humano ma-ravilhoso que nos tornamos.

Através de todo esse amor que a casa nos deu, e te-nho certeza que a justiça da lei maior está a olhar tudo e sabe do nosso amor verda-deiro por essa casa ate hoje, não importe o que aconteça ou o que falam, o importante foi o que nós vivemos e vi-

venciamos nessa casa mara-vilhosa...

Obrigado Pai, Obrigado Mãe, obrigado Pai Arranca Toco,

Pai Pena Verde e senhor, e também ao meu caboclo Pena Branca pela grande oportunidade que a espiri-tualidade nos deu e por nos permitir viver nesta casa, o que muitas pessoas não en-tendem, o verdadeiro signi-ficado da religião em nossas

vidas, pois para muitos vestir o branco e como um prêmio onde vencera o melhor.

Posso dizer que aqui apren-demos a fazer o bem sem olhar a quem, aprendemos que o que de graça recebe-mos e de graça que doamos, e mais que seres “obsesso-res” encarnados sempre nos perseguirão para tentar apa-gar a luz de nossa espiritu-alidade, mas todos que nos amparam jamais deixarão, pois nessa casa aprendemos a ser guerreiros de Oxalá.

Obrigado, Casa de Pai Bene-dito que tanto já me orientou e enxugou minhas lágrimas, e somos fortes e guerreiros, obrigado pelo vosso amparo.

Mãe Roseli Proença e Pai Ricardo Proença

Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano

Zé Pilintra

Pai Rubens Saraceni

“PAI AMIGO E MESTRE RUBENS SARACENI,ESTE DIA DOS PAIS FICOU APAGADO POR NÃO TE LO AO LADO DE TODOS OS SEUS FILHOS ESPIRITUAIS QUE TANTO O AMAVAM.PAI RUBENS NOSSO ETERNO AMOR E GRATIDÃO PARA TODO SEMPRE. PARA SEMPRE SERÁ NOSSO PAI...”

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26 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Cursos

Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé PilintraFuncionamento

Fone: (11) 97596-5939

http://www.iansaguerreiraezepilintra.com.br

Cursos com Inscrições Abertas:

Sacerdócio de Umbanda SagradaDesenvolvimento MediúnicoMagia Divina dos ElementaisMagia dos 7 Dragões Sagrados

Fundado em 27 de novembro de 2011. O Terreiro Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra na luta contra a intolerância religiosa e transmitindo os ensinamentos da nossa amada Umbanda (baseado nos ensinamentos do Mestre e Pai Rubens Saraceni).

Dia INÍCIO FIM

Quarta 19:00 22:00

Quinta 19:00 22:00

Sexta 20:00 22:00

Sábado 10:00 12:00

Sábado 18:00 22:30

Domingo 10:00 12:00

Domingo 19:00 22:30

Veja em no site sobre o nosso Jornal Nossa Voz Umbandista.

Leiam, baixem e compartilhe muita informação com seus amigos, visite-nos!!

Aqui você encontra muitos textos com informações e particularidades dos nossos Guias Espirituais.

Muita leitura e informação compartilhada com você.

Nossa Voz Umbandista Textos em Geral

Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé PilintraRua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé - São Paulo - SP

Estamos a 500m do Metro Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina

Page 27: Jornal Nossa Voz Umbandista Ano 1 Edição 3 Agosto 2015

Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 27

quintas-feiras das 20:00h as 22:00h sábados das 18:00h as 20:00h

Novo dia e horário

Aulas Práticas e TeóricasNos moldes do Pai Rubens Saraceni

Inscrições Abertas

mais informações

Fone: (11) 97596-5939

Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé PilintraRua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé - São Paulo - SP

Estamos a 500m do Metro Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina

Curso de Desenvolvimento Mediúnicocom Mãe Roseli Proença

Cursos

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28 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Cursos

Curso de Magia Divina dos Elementais

Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé PilintraRua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé

Estamos a 500 do metrô Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina

Curso de Magia Divina dos 7 Dragões Sagrados

sextas-feiras das 20:00h as 22h

Domingo das 10:00h às 12:00h

Ambos os recursos

são maravilhosos e

nos ensina a cortar

trabalhos de demandas,

trabalhos negativos,

cortar demandas, cortar

doenças de fundo

espiritual, encaminhar

espíritos e muito mais.

Trabalhando nos Tronos

de Deus nos Mistérios da

Fé, Conhecimento, amor,

lei, justiça, evolução e

Geração.

Curso Ministrado pela Maga Iniciadora Roseli Proença Nº 00.761 - Tatuapé

Informações e Reservas(11) 97596-5939

Page 29: Jornal Nossa Voz Umbandista Ano 1 Edição 3 Agosto 2015

Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 29

Cursos

Curso de Sacerdócio de Umbanda SagradaCom Pai Ricardo Proença

Nos moldes do mestre Rubens Saraceni

A duração do curso é de aproximadamente 2 anosRequisito: Fazer a magia do fogo

Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé PilintraRua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé - São Paulo - SP

Estamos a 500m do Metro Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina

Para médiuns desenvolvidos e não-desenvolvidos

Inscrições Abertas!!!Fone: (11) 97596-5939Aulas aos sábados das 20:00h as 22:00h

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30 Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista

Cursos

Novas Turmas da Magia do Fogo em BREVE!!Neste curso iniciático, aprendemos formas simples e eficazes de limpar e descar-regar pessoas e ambientes, cortar demandas e magias negras, encaminhar seres desequilibrados e negativos, quebrar invejas, harmonizar lares e locais de tra-balho, atrair prosperidade e saúde e muito mais.

Informações e Reservas Fone: (11) 97596-5939

Curso de Magia Divina das 7 Chamas

Sagradas(magia do fogo)

Maga Roseli Proença Nº 00.761 - Tatuapé

Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé PilintraRua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé - São Paulo - SP

Estamos a 500m do Metro Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina

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Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista 31

CursosTerreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra

Informações (11) 97596-5939

Desenvolvimento MediúnicoNos moldes do Pai Rubens Saraceni

Aulas Práticas e Teóricas

Quinta-feira das 20h às 22h

Sábados das 18:00h às 20h

Inscrições Abertas Inscrições AbertasSacerdócio de Umbanda

SagradaNos moldes do Pai Rubens Saraceni

Aulas Práticas e Teóricas

Sábados das 20h às 22h

Magia Divina das Sete Chamas Sagradas

Maga Roseli Proença Nº 00.761 Tatuapé

Aulas Práticas e Teóricas

Inscrições Abertas

Magia Divina dos Elementais

e OUTROS GRAUS DE MAGIA

Nos moldes do Pai Rubens Saraceni

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Inscrições Abertas

Curso de Curimba

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