a influência do estado na produção territorial do município de iporá

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ CURSO DE GEOGRAFIA A INFLUÊNCIA DO ESTADO NA PRODUÇÃO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE IPORÁ RODRIGO BOTELHO DE ALMEIDA Iporá GO 2009

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Page 1: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁSUNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

CURSO DE GEOGRAFIA

A INFLUÊNCIA DO ESTADO NA PRODUÇÃO TERRITORIALDO MUNICÍPIO DE IPORÁ

RODRIGO BOTELHO DE ALMEIDA

Iporá – GO2009

Page 2: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

RODRIGO BOTELHO DE ALMEIDA

A INFLUÊNCIA DO ESTADO NA PRODUÇÃO TERRITORIALDO MUNICÍPIO DE IPORÁ

Monografia apresentadacomo exigência paraobtenção do grau delicenciado (a) no curso deGeografia daUniversidade Estadual deGoiás, UnidadeUniversitária de Iporá soborientação do (a)Professor (a) Ms. JúlioCésar Pereira Borges

Iporá – GO20009

Page 3: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁSUNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

CURSO DE GEOGRAFIA

“A Influência do Estado na produção territorial do municípiode Iporá”

por

Rodrigo Botelho de Almeida

Monografia submetida à Banca Examinadora designada pelo Curso de Geografiada Universidade Estadual de Goiás, UnU- Iporá com parte dos requisitosnecessários à obtenção do grau de Licenciado (a) em Geografia, sob orientação doprof.º Júlio César Pereira Borges

Iporá____de______________de______

Banca Examinadora:

_____________________________________________________Prof. Adjair Maranhão – UEG – Iporá

_____________________________________________________Prof. Gilmar Pereira – UEG – Iporá

_____________________________________________________Prof. Júlio César Pereira Borges – UEG – Iporá

Page 4: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

DEDICATÓRIA

Aos meus pais que

muito contribuíram e

incentivaram para a

superação deste desafio.

Rodrigo.

Page 5: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

Resumo

O trabalho que se apresenta tem como objetivo promover uma discussão sobre a

inserção do município de Iporá na atual produção do território goiano, tendo como vértice, a

atuação do Estado, através das políticas públicas, na movimentação do capital em Goiás. Para

atingir o objetivo proposto, tem-se como base as pesquisas feitas por geógrafos

contemporâneos que versam sobre o assunto, tais como Mendonça (2002), Chaveiro (2005)

Borges (2000) dentre outros. Tem-se ainda um levantamento de fontes quantitativas,

documentais, acrescidas de uma análise do seu significado político e econômico. Esta

discussão tem como base a análise da aliança entre Estado e Capital como agentes capazes de

gerar uma regionalização econômica do território goiano, através das políticas públicas que

beneficiam determinadas regiões como é o caso do sudoeste de Goiás. É nesse sentido que

busca-se entender o município de Iporá como uma realidade da produção do território goiano,

através da ação do Estado e do Capital.

Palavras Chaves: Estado, Políticas Públicas, Modernização do Território Goiano.

Page 6: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

Abstract

The work presented here is intended to promote discussion about the role of the

municipality of the Iporá the current production of Goiás territory, with the apex, the role of

the State, through public policies the movement the capital in Goiás. To achieve the goal

proposed, has been based as research by contemporary geographers have focused on the

subject, such as Mendonça (2002), Locksmith (2005), Borges (2000) among others. There is

also a quantitative study of sources, documentary, plus an analysis of its political and

economic. This discussion is based on analysis of the alliance between state and capital as

agents capable of generating an economic regionalization of Goiás territory, through public

policies that benefit certain regions such as Southwestern. That why we seek to understand the

municipality Iporá as a reality of the production of Goiás territory, through the action of the

State and the Capital.

Keywords: State, Public Policies, Modernization Planning Goiano

Page 7: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 População Total de Iporá de 1970 até 2007........................................................15

Gráfico 2 População Masculina e Feminina de Iporá de 1970 até

2007...........................................................................................................................................15

Gráfico 3 Produto Interno Bruto a Preços Correntes – PIB (R$ mil) de Iporá de 2000

até

2006...........................................................................................................................................16

Gráfico 4 Produção dos três setores econômicos de Iporá no ano de 2006.......................16

Gráfico 5 Produto Interno Bruto (PIB) per Capita (R$) de Iporá de 2000 até 2006.......17

Gráfico 6: População Urbana e Rural de Iporá de 1970 a

2007...........................................................................................................................................22

Gráfico 7: Urbanização de Iporá de 1970 a

2007...........................................................................................................................................24

Gráfico 4: Ranking dos Municípios Goianos mais Competitivos do Estado de

Goiás.........................................................................................................................................26

Gráfico 5:

Dinamismo...............................................................................................................................27

Gráfico 6: Riqueza

Econômica...............................................................................................................................27

Gráfico 7: Infra-estrutura Econômica, Localização

Estratégica/Logística...............................................................................................................28

Gráfico 8: Qualidade de

Vida..........................................................................................................................................28

Gráfico 9: Mão de

Obra.........................................................................................................................................29

Gráfico 10: Infra-estrutura

Tecnológica..............................................................................................................................30

Gráfico 11: Política de Incentivos Financeiros e

Tributários...............................................................................................................................30

Page 8: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 e 2 Infra-estrutura da Região Central de Iporá.................................................18

Imagem 3 e 4 Estrutura Residência da Região

Central.....................................................................................................................................18

Imagem 5 e 6 Infra-estrutura do Bairro Jardim dos

Passarinhos..............................................................................................................................19

Imagem 7 e 8 Estrutura Residencial do Bairro Jardim dos Passarinhos..........................19

Imagem 9 Contraste Campo e Cidade..................................................................................22

Page 9: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

LISTA DE MAPAS

Mapa de localização do município de Iporá.........................................................................14

Page 10: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................11

1 O MUNICÍPIO DE IPORÁ O CONTEXTO DA ATUAL PRODUÇÃO DOTERRITÓRIOGOIANO.........................................................................................................................................................................................................................................................................................131.1Caracterização do Município deIporá................................................................................................................................................................................................................................................................................................13

2. O MUNICÍPIO E IPORÁ NA DINÂMICA TERRITORIAL DE GOIÁS PÓS1970...........................................................................................................................................20

3 IPORÁ NO CONTEXTO DA RECENTE PRODUÇÃO DO TERRITÓRIOGOIANO..................................................................................................................................25

3.1 Dinamismo.........................................................................................................................263.2 RiquezaEconômica................................................................................................................................273.3Infra-Estrutura Econômica, LocalizaçãoEstratégica/Logística...............................................................................................................283.4 Qualidade deVida..........................................................................................................................................283.5 Mão de Obra......................................................................................................................293.6 Infra-estrutura Tecnológica.............................................................................................303.7 Políticas de Incentivos Financeiros e Tributários..........................................................30

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................32

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................34

Page 11: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

11

INTRODUÇÃO

O trabalho que se apresenta, tem como objetivo promover uma discussão sobre a

inserção do município de Iporá na atual dinâmica territorial de Goiás, tendo como vértice a

atuação do Estado através das políticas públicas nesta processualidade. Para dar plausibilidade

a esse objetivo, tem-se como direcionador, as pesquisas feitas por estudiosos do assunto,

acompanhado de fontes quantitativas que respalda o discutido, como foi o caso dos dados da

SEPLAN – GO (Secretaria do Planejamento de Goiás), que foi imprescindível para a

realização deste.

Alguns estudiosos, como Mendonça (2002), Chaveiro (2005), Borges (2000), entre

outros, afirmam que a matriz explicativa da transformação do território goiano

contemporâneo é a modernização do território e da agricultura, que se consolidou de 1970 e

se estende até agora.

Esse processo de modernização se deu de forma desigual o que conferiu ao território

goiano uma complexa configuração socioeconômica, dada pela forma como o capital foi e é

distribuído, promovendo uma regionalização econômica. Esse fato é responsabilidade da

atuação do Estado, tendo em vista, a sua ação através das políticas públicas que aliada ao

interesse do capital, imprimiu ao território goiano um desenvolvimento regional desigual. É

nesse sentido que é debatido a questão do município de Iporá, na busca de resposta para

algumas questões, tais como: A que nível de desenvolvimento regional o município se insere?

Como se deu a atuação do Estado através das políticas públicas no município?

De acordo com Borges (2007) neste contexto, o Estado pode ser caracterizado como,

como um representante político de classe que se consolida a partir da política pública, o qual

leva consigo a sua condição de classe, ou seja, o mesmo age de acordo com os interesses da

classe dominante.

No que se diz respeito à estrutura o presente trabalho está fundamentado em três

capítulos, nos quais buscou-se dar uma seqüência que possibilitasse a melhor compreensão do

assunto. No primeiro é feita uma discussão sobre a atuação do Estado na produção do

território goiano, caracterizando socioeconomicamente o objeto de pesquisa, que é o

município de Iporá.

No segundo capítulo é discutida a inserção de Iporá no contexto da produção

territorial de Goiás pós 1970, caracterizando os motivos que levaram a ausência do Estado no

Page 12: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

12

município em questão, já que o mesmo fica fora do pacote de políticas públicas voltadas a

modernização do território goiano.

No terceiro capítulo é discutido o município de Iporá na atual dinâmica territorial

de Goiás, enfatizando as condições recentes do avanço capitalista na região na tentativa de

compreender a realidade do município em questão no contexto socioeconômico do Goiás

atual.

Assim buscou-se promover uma discussão na tentativa de contribuir para a

compreensão da questão de Iporá, na esperança que este trabalho sirva como mais uma fonte

para pesquisas que venham ser feitas sobre o assunto.

Page 13: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

13

1. O MUNICÍPIO DE IPORÁ NO CONTEXTO DA ATUAL PRODUÇÃO DOTERRITÓRIO GOIANO

Para realização deste trabalho, foi feita uma delimitação temporal que vai do período

de 1970 aos dias atuais, período que se inicia com a modernização do campo, processo

considerado como fator principal da modernização do território goiano e se encerra na

atualidade com a chegada das modernas indústrias.

De acordo com Mendonça (2005), o que explica a transformação do território goiano

contemporâneo é a modernização da agricultura, que se consolidou a partir de 1970 e se

entende até agora. Nesse período Goiás passa por grandes transformações, as quais, o eleva a

um dos mais modernos e importantes centros econômicos do país.

Porém esse processo se deu de forma desigual o que conferiu ao território goiano uma

complexa configuração socioeconômica, dada pela forma como o capital foi e é distribuído,

gerando ao mesmo tempo regiões extremamente desenvolvidas, como é o caso da região

Centro Sul e regiões estagnadas como é o Caso do Nordeste Goiano.

De acordo com Borges (2007) essa desigualdade, tem em parte significativa a

influência do Estado, tendo em vista, a sua ação através das políticas públicas que aliada ao

interesse do capital, imprimiu ao território goiano um desenvolvimento regional desigual, ou

seja, o capital é investido onde o lucro é maior e mais rápido. Sendo assim a região mais

dinâmica atrai mais investimentos o que reproduz a desigualdade.

1.1 Caracterização do Município de Iporá.

O município de Iporá, localiza-se no Oeste goiano(Mapa 1), a 216 km da capital

Goiânia e a 400 km da capital nacional Brasília. O mesmo se destaca como pólo regional,

devido a influência que exerce na região, principalmente no que se refere a prestação de

serviço, na área da saúde, bancaria, comercio de bens duráveis e não duráveis e serviços

públicos em geral, como a Agência Rural1, Ipasgo2, dentre outras.

Tais características dá a cidade de Iporá a dinâmica de uma cidade media, por ser

influente regionalmente. De acordo com Costa (2002) uma cidade média numa perspectiva

qualitativa é definida pelas funções e pelo papel que estas desempenham no sistema urbano e

regional se constituindo como um pólo de influência.

1 Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário.2 Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás.

Page 14: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

14

1.2 Mapa de localização do município de Iporá

Page 15: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

15

Devido a essa condição a população da cidade de Iporá vem aumentado

consideravelmente, como demonstra o Gráfico 1, este fato é justificado pela falta de

perspectiva econômica das cidades vizinhas e da zona rural da região, que busca na cidade

melhores condições de vida.

Gráfico 1. População Total de Iporá de 1970 até 2007

17.199

27.24429.688 31.060

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

1970198019912000 até 2007

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos, 1970,1980, 1991, 2000 e estimativas de 2007.

Outro aspecto que pode ser levantado sobre a questão populacional de Iporá, é o

predomínio da população feminina, realidade que acontece a partir da década de 1990, pois

até a década de 1980, predominava a população masculina, como demonstra o gráfico 2. Este

fato pode ser justificado pela maior emigração de homens principalmente em direção ao

Estado do Mato Grosso e Goiânia em busca de trabalho e melhores condições de

sobrevivência.

Gráfico 2: População Masculina e Feminina de Iporá de 1970 até 2007

8.656 8.543

13.729 13.51514.714 14.974

15.280 15.763

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

Déc. de 70 Déc.de 80 Déc.de 90 Déc. de 00

População MasculinaPopulação Feminina

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos, 1970,1980, 1991, 2000 e estimativas de 2007

Page 16: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

16

No que se refere à questão econômica Iporá vem experimentando uma evolução do

PIB ( Produto Interno Bruto) a partir de 2000, como demonstra o gráfico 3, este fato se deve

principalmente ao incremento da produção nos três setores da economia. No setor primário o

crescimento se deve a melhoria genética e ao aumento do rebanho bovino; no setor

secundário, o de menor evolução, houve uma sensível melhora no setor de laticínios; O setor

terciário, o de maior evolução, se deu pelo crescimento do comercio de produtos não duráveis

e principalmente no setor de produtos duráveis com destaque ao mercado de automóveis.

Sendo assim, pode-se afirmar que o setor terciário é o principal responsável pelo crescimento

econômico de Iporá, como demonstra o gráfico 4.

Gráfico 3:Produto Interno Bruto a Preços Correntes – PIB (R$ mil) de Iporá de 2000até 2006

74.723,0081.694,00

115.980,63

133.481,91

150.062,13160.479,43

176.684,32

0,00

20.000,00

40.000,00

60.000,00

80.000,00

100.000,00

120.000,00

140.000,00

160.000,00

180.000,00

115.980,6 133.481,9 150.062,1 160.479,4 176.684,3

2000200120022003200420052006

Fonte: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/Gráfico 4: Produção dos três setores econômicos de Iporá no ano de 2006 ( R$ mil)

15.616,82; 10%

22.959,95; 14%

123.285,92;76%

setor primario setor secundario setor terciario

Fonte: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/

Page 17: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

17

Outro fator que pode ser levantado a respeito das condições socioeconômicas de Iporá

e o aumento na renda per capita da população, como demonstra o gráfico 5. Esse fato se deve

obviamente ao crescimento econômico do município. No entanto deve-se ressaltar que

embora os números sejam satisfatórios, os benefícios não se estenderam a toda população,

pois em qualquer sociedade regida pelo capitalismo, ocorre o processo de acumulação, o que

não é diferente em Iporá, onde o crescimento econômico se deu de forma excludente e

concentrador. Além disso deve-se ressaltar que a cidade de Iporá se destaca a nível regional

por ser um pólo econômico, se for analisado sua evolução econômica a nível nacional poderia

afirmar que Iporá pode ser considerada como uma cidade estagnada pela falta de infra-

estrutura em geral e que apenas acompanhou o desenvolvimento do país.

Gráfico 5: Produto Interno Bruto (PIB) per Capita (R$) de Iporá de 2000 até 2006

2.379,002.587,00

3.651,44

4.178,49

4.670,904.966,87

5.437,95

0,00

1.000,00

2.000,00

3.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00

2.379,00 2.587,00 3.651,44 4.178,49 4.670,90 4.966,87 5.437,95

2000200120022003200420052006

Fonte: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/

A desigualdade referida anteriormente esta visível na paisagem da cidade, basta uma

volta pela mesma, para notar que em alguns lugares a cidade é mais desenvolvida, como é a

região central onde se encontra o comercio e as residências possuem uma estética de melhor

ordenamento territorial demonstram as imagens 1, 2, 3 e 4.

Page 18: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

18

Imagens 1 e 2: Infra-estrutura da Região Central de Iporá

Fonte: BOTELHO, Rodrigo 2009.

Imagens 3 e 4: Estrutura Residencial da Região Central

Fonte: BOTELHO, Rodrigo 2009.

Já em bairros mais afastados a realidade e totalmente diferente, como é o caso do

Bairro Jardim dos Passarinhos que possui uma estrutura bastante deficitária, sem asfalto, rede

de esgoto, dentre outros. As residências de forma diferente da região central também

apresentam uma estética de precariedade que revela o nível de pobreza dos seus moradores.

As imagens 5, 6, 7 e 8 demonstram a realidade.

Page 19: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

19

Imagens 5 e 6: Infra-estrutura do Bairro Jardim dos Passarinhos

Fonte: VIEIRA. Liliane Alves.

Imagens 7 e 8: Estrutura Residencial do Bairro Jardim dos Passarinhos

Fonte: VIEIRA. Liliane Alves.

No próximo capítulo, será discutida a inserção de Iporá na dinâmica territorial de

Goiás a partir da década de 1970, quando o estado passou por profundas transformações

socioeconômicas e será analisado como o município em questão se encaixou no processo.

Page 20: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

20

2. O MUNICIPIO DE IPORÁ NA DINÂMICA TERRITORIAL DE GOIÁS PÓS

1970.

Ao analisar o município de Iporá no contexto político e econômico de Goiás a partir

da década de 1970, compreende-se que o mesmo não fazia parte da estratégia do capital na

sua ação sobre o território goiano. Este fato pode ser justificado pela ausência da ação do

estado no município, tendo em vista, a não aplicabilidade dos programas de governo para a

modernização do território em questão.

Neste período o município Iporá se caracteriza como agrário, primeiramente por

possuir maior fonte de renda a agropecuária, se destacando na produção leiteira e na

agricultura de subsistência. O setor comercial era de pouca expressão devido ao baixo

desenvolvimento do município. No que se refere à área industrial, esta era sem expressão pois

contava com pequenas fabriquetas, quase sempre a mão de obra era familiar. Por estas

características Iporá não interessava ao capital.

Na verdade, as políticas públicas do Estado Local, alinhadas ao Estado Nacional,

priorizaram as micro regiões sudeste e sudoeste de Goiás, alijando do processo o restante do

território. De acordo com Estevam (2000) uma das justificativas para esse fato é a localização

geográfica, caracterizada pela proximidade destas, com o sudeste brasileiro, importante

mercado consumidor de produtos alimentícios.

Outros fatores também contribuíram para essa ocorrência, tais como: a tradição na

atividade agropecuária com a presença dos latifúndios e de uma elite agrária voltada para a

absorção das inovações; pouco adensamento populacional no campo, o que facilitou o

processo de incorporação das terras, quase sem resistência por parte dos pequenos e médios

produtores rurais. (MENDONÇA, 2002, p. 12).

E deve ser levada em consideração a participação ativa do relevo. Os tabuleiros planos

oferecem possibilidades para a agricultura mecanizada. A relação entre o movimento

mecânico e o relevo, entra como um componente econômico, pois facilita a ação do trabalho,

aumenta a produtividade do mesmo, gera menos custos e, desdobra, numa maior rentabilidade

fundiária.

Ao analisar o município de Iporá, chega-se a conclusão que a não inserção do mesmo

na dinâmica da modernização do território goiano, justifica-se pela sua estrutura sócio

Page 21: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

21

espacial que não obedece aos critérios exigidos pelo capital, apresentados por Estevam e

Mendonça.

No primeiro caso, Iporá localiza-se distante da região dinâmica do país, o que o

mantinha afastado da relação comercial com mesma, fato que era agravado pela estrutura do

transporte na época, já que o oeste goiano, região a qual está localizado o município em

questão, não foi diretamente beneficiada pela política rodoviária do Governo de JK, que

aproximou a relação comercial do Centro Sul goiano com o Sudeste brasileiro.

No segundo caso, a estrutura fundiária do município de Iporá contrastava com a do

Sudoeste goiano, já que tinha como base a pequena e a media propriedade, as quais

produziam para a subsistência e para o comercio local. Outro fator de contraste era a questão

demográfica do lugar, já que, na década de 1970, a maioria da população residia na zona

rural, e tinham como comportamento um grande apego a terra, o que complicaria o processo

de apropriação da mesma pelo modelo capitalista de produção. A resistência por parte dos

proprietários seria mais intensa.

Outro fator determinante para o alijamento de Iporá do processo de modernização da

agricultura é sua configuração topográfica, pois é formada por um relevo irregular, ou seja,

bastante acidentado, o que não permite a produção em grande escala e inviabiliza a agricultura

mecanizada comprometendo a lucratividade do capital.

Assim, se o lugar não interessa ao capital, não interessa ao Estado, isso porque, como

foi afirmado anteriormente, a ação do Estado através das políticas públicas, na modernização

do território goiano foi e é manietada pela expansão capitalista no Brasil.(CHAVEIRO 2002).

Este fato justifica a dinâmica regional de Goiás, na qual se encontra, economicamente, regiões

fragilizadas e altamente desenvolvidas. Se por um lado a não intervenção do Estado significa

estagnação econômica, por outro conserva a regularidade das relações socioeconômica e

cultural do lugar.

Uma das transformações evidentes, no território goiano, após a década de 1980 foi a

relação cidade campo, fator comum a todas as regiões inseridas no processo de modernização

do setor agrário. As quais são caracterizadas da seguinte forma: o campo se constitui por

avançada tecnologia e um vazio demográfico, enquanto o setor urbano, símbolo do

“moderno”, configura-se em um espaço desordenado e com grande concentração

demográfica.

Diante desse quadro, o rural que antes era sinônimo de atraso passa a ter uma

conotação de moderno. O urbano símbolo do moderno é miscigenado com o rural,

proporcionado pelo então modelo híbrido de produção agrária. Em outras palavras, é para o

Page 22: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

22

urbano que é direcionado os deserdados da “modernização”. A cidade se enche de terra. E a

terra é habitada por máquinas, como demonstra a imagem 9.

Imagem 9: Contraste Campo e Cidade

Fonte: WWW. Google.com.br. link imagem relação campo cidade.

Essa realidade não pode ser empregada ao município de Iporá. É bem verdade que

ocorre um crescimento intenso da população urbana em relação à rural, após 1980, como

demonstra o gráfico 6. No entanto esse processo não esta relacionado à modernização do

campo, pois no município, ainda nos dias atuais, predomina a pecuária extensiva, e a

agricultura é desenvolvida de modo tradicional, ou seja, o sistema agrário de produção não se

diferencia do que era empregado em Goiás antes da década de 1970.

Gráfico 6 : População Urbana e Rural de Iporá de 1970 a 2007

9.7667.433

21.649

5.595

25.540

4.148

28.316

2.744

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

Déc. 70 Déc. 80 Déc. 90 Déc. 00

População UrbanaPopulação Rural

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos, 1970,1980, 1991, 2000 e estimativas de 2007

Page 23: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

23

O que explica a intensa urbanização a partir de 1980, (gráfico 7) foi o

desenvolvimento urbano que alcançou Iporá, dado principalmente pelo o crescimento do setor

terciário do município. Esse crescimento se deve principalmente a característica de pólo

regional da cidade, no que se diz respeito à prestação de serviço, pois ao contrario das cidades

vizinhas, Iporá foi contemplado com órgãos públicos regulamentadores da burocracia

cotidiana, tais como: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, IPASGO dentre outros. De

acordo com o Professor João Afonso de Souza3:

A existência desses órgãos atrai pessoas que necessitam dos serviços dos mesmos eao visitarem a cidade com esse intuito, acaba por realizar outras atividades, comocompras no comercio local. Em muitos casos os produtos comprados, não sãoencontrados no seu lugar de origem, ou são mais baratos, o que ajuda nacompensação da viagem. Por outro lado, contribui para o desenvolvimento docomercio local. Em crescimento, o comercio precisa de funcionários aumentando aoferta de emprego que atrai mais pessoas para cidade, desta vez para residirem,promovendo o crescimento da população. Essa justificativa parece simplista, maisno caso de Iporá, estima-se que 15% da população atual advêm desta realidade.

3 Professor do Curso de História da Universidade Estadual de Goiás Unidade Iporá. Corresponde ao umaentrevista exclusiva para esta pesquisa, já que o mesmo é pesquisador do assunto.

Page 24: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

24

56,80%

79,50%86,00% 91,20%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Grafico 7: Urbanização de Iporá de 1970 a 2007

1970198019912000 até 2007

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos, 1970,1980, 1991, 2000 e estimativas de 2007.

O que se pode afirmar é que o incremento da urbanização de Iporá a partir da década

de 1980, não tem uma influência direta do Estado. Na verdade é resultado de uma dinâmica

interna da região, na qual a cidade se destacou economicamente em relação as demais e

passou a desempenhar o papel de pólo regional, o que é comum na realidade goiana e

brasileira. Assim, atraiu não só moradores da zona rural como também das cidades

circunvizinhas aumentando o contingente populacional, como também pode ser analisado no

gráfico anterior.

Page 25: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

25

3. IPORÁ NO CONTEXTO DA RECENTE PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO GOIANO

Na atualidade, atuação do Estado na produção do território goiano, esta vinculado ao

modelo de ação dos poderes executivos, que por sua vez orienta os rumos do capital no Brasil.

De acordo com Borges (2007) os mesmos exercem funções de agenciadores das produções

econômicas de seus territórios, atraem empreendedores de outras partes e incentivam a

produção interna. Portanto, esse agenciamento favorece, quase sempre, as empresas de maior

capital e acaba por contribuir com a exploração dos pequenos empreendedores pelas empresas

multinacionais.

De acordo com Borges (2007, p. 102):

Essa situação de transformação do poder público em agenciador de negócioseconômicos pode gerar problemas de ordem social e econômica para a máquina doEstado. Isso porque, os incentivos fiscais que chegam a financiar 73% do ICMS,através de programas como o Produzir durante 7 ou 15 anos, onera o orçamento doestado e compromete o investimento no bem estar social. Esse tipo de incentivofiscal estrangula o sistema de arrecadação tributária do Estado que, por sua vez,tenta compensar o prejuízo tirando diretamente dos programas sociais e do bolso doconsumidor. Ou seja, os mais pobres pagam o empreendimento dos mais ricos.

No entanto, estes incentivos são destinados a lugares que oferecem melhores

condições para o investimento do capital, o que gera uma concentração de riquezas nas

regiões mais dinâmicas economicamente, como é o caso de Anápolis, Catalão, Rio Verde e

Aparecida de Goiânia que ocupam os primeiros lugares do Ranking goiano de municípios

mais dinâmicos4, portanto os que mais atraem investimentos. Iporá longe da realidade dos

mesmos ocupa a 37ª posição do referido Ranking, do montante de 59 municípios, como

demonstra o gráfico 8:

Os municípios não classificados entre os 10 mais competitivos na edição do Ranking

2007, como é o caso de Iporá, são os que não apresentaram índices satisfatórios no que se

refere à riqueza econômica, infra-estrutura tecnológica e políticas de incentivos tributários e

financeiros. Em geral são municípios onde a riqueza econômica, o dinamismo e a infra-

estrutura econômica e logística são baixos, também, são municípios com poucos recursos para

investimento e sua economia voltada para a agricultura básica. Tais fatores influem para o

4 Dados de 2007 da SEPLAN-GO (Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento de Goiás).

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26

baixo dinamismo e capacidade limitada de atração de investimentos, o que explica a ausência

do estado em relação às políticas públicas nestes municípios.

Fonte: SEPLAN/SEPIN 2007

De acordo com a SEPLAN (2007), para elaboração desse ranking, foi desenvolvida

uma metodologia que consiste na análise dos seguintes indicadores:

3.1Dinamismo: que consiste na avaliação dos índices da taxa de crescimento nominal

do VA5 do setor de serviços (exceto Administração Pública); Crescimento do consumo de

energia elétrica industrial em proporção ao número de consumidores industriais; Crescimento

do consumo de energia elétrica comercial em proporção ao número de consumidores

comerciais; Taxa de crescimento da população total; Crescimento saído do comércio varejista

em proporção ao número de contribuintes do comércio varejista; Crescimento nominal do

VAF6 em proporção ao número de contribuintes.

Na somatória de tais índices Iporá, encontra-se em 47º lugar bem distante dos 10

primeiros colocados, como demonstra o gráfico 9, o que revela uma realidade de baixa

capacidade de desenvolvimento.

5 Valor Adicionado.6 Valor Adicionado Fiscal.

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27

Fonte: SEPLAN/SEPIN 2007

3.2 Riqueza Econômica: Trata-se da avaliação dos índices do PIB municipal; da

Massa salarial; da Receita municipal; da População total; do Consumo total de energia

elétrica. Nesse quesito Iporá ocupa a 45º posição, com uma pontuação de 5,53 enquanto

Anápolis apresenta o índice de 90,35 pontos, uma discrepância considerável. Uma

característica desse quesito é que a mesma discrepância se apresenta entre os 10 primeiros

colocados, havendo um equilíbrio entre os três primeiros, como demonstra o gráfico 10:

Fonte: SEPLAN/SEPIN 2007

3.3 Infra-Estrutura Econômica, Localização Estratégica/Logística: Esse indicador

se refere a avaliação dos seguintes itens: Existência e infra-estrutura de distrito industrial;

Proximidade a grandes centros consumidores; Distância a terminal ferroviário; Distância a

terminal hidroviário; Existência de aeroporto ou aeródromo e sua infra-estrutura. Nesse

quesito Iporá se encontra mais próximo dos dez primeiros colocados, no entanto a

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28

discrepância em relação ao primeiro colocado ainda é grande o que lhe confere apenas 27°

posição, como demonstra o gráfico 11. Um detalhe que pode ser observado nesse item é o

equilíbrio entre os dez primeiros.

Fonte: SEPLAN/SEPIN 2007

3.4 Qualidade de Vida: Esse quesito se trata da análise do índice de violência; Leitos

hospitalares; Percentual da população atendida com água; Percentual da população atendida

com rede de esgoto; Matrícula no ensino fundamental em proporção à população (faixa etária

5 a 14 anos); Acessos telefônicos fixos em serviço por 100 habitantes; Consumo de energia

elétrica residencial per capita; Leitos hospitalares; Salário médio do emprego formal. Nesse

contexto Iporá, apresenta uma proximidade da realidade dos dez primeiro colocados, no

entanto o município de Águas Lindas de Goiás, que é o ultimo colocado na 59° posição,

apresenta uma pontuação próxima a de Iporá, o que deixa-o numa posição mediana, como

demonstra o gráfico 12.

Fonte: SEPLAN/SEPIN GO. 2007

3.5 Mão-de-obra: Nesse quesito é avaliado o Grau de instrução da mão-de-obra;

Percentual da população com emprego formal; Força de trabalho especializada. Iporá nesse

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29

indicador ocupa a 21° posição, como demonstra o gráfico 13. Como há um equilíbrio entre os

dez primeiros colocado, a pontuação de Iporá apresenta uma queda considerável em relação

aos mesmos, o que revela uma posição não muito favorável a atração de investimentos, uma

vez, que a mão de obra é fator primordial.

Fonte: SEPLAN/SEPIN GO. 2007

3.6 Infra-estrutura Tecnológica: Nesse quesito é avaliado as Vagas ofertadas no

ensino superior; Quantidade de mestres e doutores; Matrículas/Vagas em cursos de

capacitação de mão-de-obra e Matrículas em curso de Educação Profissional. Nesse contexto,

o que se pode perceber é o total domínio da cidade de Anápolis em relação aos demais

municípios de Goiás, como demonstra o gráfico 14. Ao mesmo tempo nota-se a péssima

condição do município de Iporá, com uma pontuação de apenas 2,41, o que revela a

incapacidade do município em sustentar investimentos no setor industrial, já que a infra-

estrutura e tecnologia são fatores determinantes para a atração de tais investimentos.

Page 30: A Influência Do Estado Na Produção Territorial Do Município de Iporá

30

Fonte: SEPLAN/SEPIN GO. 2007

3.7 Políticas de Incentivos Financeiros e Tributários: Este quesito avalia o volume

de intenção de investimentos e Financiamentos realizados com recursos do FCO. Como pode

ser visto no gráfico 15, há uma prioridade de investimento, por parte do Estado Local, nos

municípios de Anápolis e Rio Verde, enquanto o município de Iporá encontra-se na 36°

posição dos 59 municípios goianos, o que revela uma regionalização do dinamismo

econômico em Goiás.

Fonte: SEPLAN/SEPIN GO. 2007

Tendo como base os dados supracitados, pode-se afirmar, que a realidade de Iporá,

assim como da maioria dos municípios goianos, não condiz com a de municípios como

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31

Anápolis, Rio Verde, Catalão que são considerados modelos de desenvolvimento econômico,

pois consiste em atrativos de investimentos. Partes destes investimentos são oriundos do

Estado através da política de incentivos fiscais que também são aplicados nas regiões mais

dinâmicas.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pôde-se destacar que a atuação do Estado, através das políticas públicas, em Goiás ao

longo da história da produção do território goiano, principalmente após 1930, constituiu-se

num ponto estratégico para o sucesso da modernização do território brasileiro e por isso,

sempre ocupou um lugar de destaque na pauta do planejamento do Estado Nacional.

Outro fator que pode-se acrescentar sobre a atuação do Estado, é que esta se deu de

forma excludente e concentradora, em sua maioria o conteúdo das políticas publicas, ao

mesmo tempo em que priorizou investimentos a determinadas regiões, excluiu dos

financiamentos os pequenos e médios produtores.

Assim sendo, pode-se caracterizar que o conteúdo da política pública implementada na

modernização do território goiano, consiste no aceleramento das transformações estruturais

desse território, gerando fluxos através da otimização do transporte, da rede de comunicação,

amparado por uma significativa política creditícia. Esse processo se dá com o orquestramento

entre Capital, Infraestrutura e Dinheiro, sob a batuta do Estado, ou seja, O Estado como uma

locomotiva adentra o território goiano e sobre os trilhos do capital orienta os vagões repletos

de políticas modernizadoras.

Assim, a realidade do município de Iporá, é a realidade do mundo capitalista, que é

excludente e concentrador. O capital tem como finalidade gerar lucro, nesse sentido, busca a

forma mais fácil de conseguir seu objetivo, que por sua vez, são os lugares dinâmicos que

oferecem uma logística, a qual foi discriminada anteriormente. Nesse caso se o lugar não a

tem esta fora do roteiro de seu investimento. É a realidade de Iporá.

Nesse sentido, tem-se então uma concentração de capital nas regiões mais atrativas,

pois quanto mais dinâmicos mais investimentos receberão. Por outro lado, as regiões menos

atrativas entram num processo de estagnação, pois não recebem investimentos não se tornarão

dinâmicas e não atrairão investimentos, se transformando num ciclo vicioso. Esta realidade é

comprovada na historia do avanço do capital no território goiano, pois da chegada da estrada

de ferro no inicio do século XX, as modernas montadoras da atualidade os maiores

investimentos concentram-se no Sudeste e Sudoeste de Goiás, é se analisado o plano de

governo de Goiás até 2018, essa realidade não muda.

Diante deste contexto, fica evidente que não há um planejamento de Estado para um

desenvolvimento econômico homogêneo do território goiano. O que se tem é um Estado do

capital para o capital, já que as políticas são desenvolvidas para suprir seus interesses.

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Tendo como vértices tais conclusões, fica uma certeza: se Iporá não possui uma

dinamicidade passível a atração de investimentos e se esta dinamicidade é dada pelos

investimentos, economicamente Iporá é uma cidade que parou no tempo em meio a um

cenário urbano e rural cada vez mais moderno.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGES, Barsanufo Gomides. Goiás nos quadros da economia nacional: 1930-1960.Goiânia, ed.UFG,2000.

BORGES, Júlio César P. Estado e Políticas Públicas: trilhos, estradas, fios e gene damodernização do território goiano. Dissertação de mestrado 2007.

CHAVEIRO, Eguimar Felício. Traços, Linhas e Matrizes para a Compreensão de um GoiásProfundo. In A Captura do Território Goiano e a sua múltipla dimensão Socioespacial.Ed. Modelo. Goiânia, 2005.

CHAVEIRO, Eguimar Felício. Uma metrópole em travessia. Goiânia, USP, Tese dedoutorado. 2002

_________________________. A Urbanização do Sertão Goiano e a Criação de Goiânia.In: O Espaço Goiano. Goiânia, AGB.2004.

_________________________. Traços, Linhas e Matrizes para a Compreensão de umGoiás Profundo. In A Captura do Território Goiano e a sua múltipla dimensãoSocioespacial. Ed. Modelo. Goiânia, 2005.

ESTEVAM, Luís. O Tempo da Transformação: estrutura e dinâmica da formaçãoeconômica de Goiás. 2ª Ed. Goiânia: Editoria da UCG, 2004.

MENDONÇA, Marcelo A reestruturação do capital e a modernização da agricultura nosudeste de Goiás. Revista Pegada Eletrônica, Catalão, v.3, n.1, p6, outubro. 2002.

______________________. A Urdidura do Trabalho e do Capital no Cerrado doSudeste Goiano. Tese de Doutorado em Geografia-Faculdade de Ciências e tecnologia,UNESP, Presidente Prudente.SP, 2005.

SECRETARIA DO PLANEJAMENTO DE GOIÁS, 2007.

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística